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ARGUMENTOS PROVA 1

• Linguagem
A gramática normativa prescreve as regras do que seria o bom uso da língua e
é pautada nos usos do português europeu. Por isso, ela também é chamada de
gramática prescritiva. A gramática normativa apresenta o que se chama de
visão “doutrinária”: estabelece regras que consideram umas formas como
corretas e outras como incorretas sem que haja justificativa

A Linguística é a ciência que estuda a linguagem humana. Essa ciência também


elabora uma gramática chamada “descritiva”, que nos mostra os usos reais da
língua em situação de comunicação. No nosso caso, ela descreve as estruturas do
português brasileiro

VARIAÇÃO LINGUISTICA

Variação social ou diastrática

É um tipo de variação que acontece devido a diferenças entre os grupos


sociais. Esse tipo de variação acontece em relação a sexo, idade,
escolaridade, profissão, nível de escolarização, classe social.
A variação social merece especial atenção dos profissionais de Letras. Lidamos
com alunos de diferentes classes sociais e, em muitos casos, com pouca
leitura de textos redigidos de acordo com a norma culta. Nosso papel é fazê-
los entender que algumas estruturas marcam mais que outras. Dizer “os
pessoal” tem um peso maior que “a gente vai”, embora as duas formas sejam
rejeitadas pela gramática normativa. Há outras formas presentes em filmes e
novelas para marcar a personagem como alguém pouco escolarizado: o
apagamento de “-ndo” das formas verbais (falando ~ falano); ausência de
concordância; o rotacismo de r~l (blusa ~ brusa), entre outros.

Variação de Registro ou Diafásica

Esse tipo de variação também é chamado de “variação estilística” e acontece


de acordo com o nível de formalidade/informalidade do ambiente.
É preciso observar que tanto na fala quanto na escrita haverá ambientes mais
ou menos formais e que necessitam, em medidas diferentes, de um uso da
variedade padrão, ou norma culta, ou de uma variedade mais informal.
Embora a variedade culta seja mais associada à escrita, sabemos que há
ambientes formais na fala. No entanto, a escrita tende a ser mais
conservadora: as mudanças que acontecem mais naturalmente na fala
demoram muito a chegar a nossos textos escritos. Além disso, algumas
diferenças entre fala e escrita são, apenas, características da oralidade.
Vamos considerar a variação diafásica usando como exemplo algo de que
fazemos uso todos os dias? A internet. Reflita sobre o questionamento a
seguir: toda forma de comunicação na internet é informal?

Variação regional ou diatópica

É a variação que acontece nas diferentes regiões. Insere-se nela a variação


existente entre o português brasileiro e o português europeu. Esse tipo de
variação é mais facilmente percebido pelos indivíduos porque transparece no
sotaque e no uso de palavras e expressões típicas de certo lugar.
Em todas as regiões, há a liberdade no léxico: usar “macaxeira” não é melhor
nem pior que usar “aipim”. Essa ideia faz parte da maneira como enxergamos
a língua: uma forma é melhor para nós; a outra, para os demais.
Veja como aquele pãozinho que comemos em nosso café da manhã é chamado
de formas diferentes pelo Brasil:

Variação Diamésica
Falar “tá certo”, mas escrever “está certo” é um exemplo de variação
diamésica, já que diferenciamos fala e escrita.

Por que se considera que algumas regiões falam o português


mais correto que outras?
“No Brasil, a colonização começou pelo Nordeste [...] Mas a descoberta do
ouro em Minas Gerais provocou a transferência da capital da Colônia para
o Rio de Janeiro, em 1763, por ser o porto mais próximo para a remessa
de ouro para a Europa [...] Com o século XX, a crescente industrialização
de São Paulo levou esta cidade a compartilhar com o Rio de Janeiro a
importância econômico-político-cultural. Tudo isso fez com que o
português formal empregado pelas classes sociais privilegiadas [...]
começasse a ser considerado o modelo a ser imitado, a norma a ser
seguida, o português-padrão do Brasil.”

Linguagem

Variedade PADRÃO x Variedade NÃO PADRÃO


A variedade padrão é considerada a variedade prestigiada, mais valorizada socialmente.
Ela é o resultado de uma atitude diante da língua: seleciona-se um dos modos de falar e
esse é considerado o modo “correto”.

A variedade não padrão seria a variedade desprestigiada, menos valorizada e portadora


de formas marcadas de maneira negativa. Fazem parte dessa variedade: estruturas com
ausência de concordância nominal e/ou verbal; apagamento da desinência –ndo (andando
~andano); uso de palavras como pobrema (problema), estrupo (estupro) etc.

Os linguistas observaram, por meio de suas pesquisas, que definir uma


variedade como padrão é, na verdade, um processo histórico: as línguas
mudam e a definição de “certo”, também

Será que a variedade padrão permanece sempre a mesma? Não! A norma


padrão é fruto de um processo histórico e é, em sua origem, a língua do poder
econômico, político e social. O curioso em relação a essa tão falada “língua
padrão” é o fato de ela mudar com o tempo, de tal modo que, hoje, formas
que já pertenceram ao padrão fazem parte da variedade não padrão da
língua.
Quer exemplos? Marcos Bagno, em A língua de Eulália, nos mostra que
“avoar” e “despois” são formas encontradas em Os Lusíadas que hoje fazem
parte da variedade não padrão da língua.

Assim, uma estrutura pode deixar de pertencer à variedade padrão da língua e


o contrário também pode acontecer. Bagno nos traz outros exemplos, como
“dereito”, “despois”, “premeiramente”: formas encontradas no texto de
Caminha (1500) e que hoje são representantes da variedade não padrão da
língua portuguesa que usamos.

• Leia o capítulo “Quem não se alembra de Camões”, no livro A língua


de Eulália, de Marcos Bagno.

• Para aprofundar seu conhecimento sobre português padrão e


português não padrão, estude, agora, no livro A língua de Eulália, as
páginas 20–30.

• Leia as páginas 69–71 do Manual de Sociolinguística, de Stella Maris


Bortoni-Ricardo.

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