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A longa duração
Há uma crise geral das ciências do homem: todas elas se encontram esmagadas
pelos próprios progresso. [...] Todas elas se preocupam com o próprio lugar no
conjunto monstruoso das antigas e recentes investigações, cuja necessária
convergência se vislumbra. (p. 7)
As ciências humanas, na época e de acordo com Braudel, preocupavam-se
excessivamente em definir objetivos, métodos e superioridades, estabelecendo
lutas de fronteiras entre si. (p. 8)
Há matérias que sonham em manter antigos domínios ou voltar-se a estes.
Outros, porém, arriscam um reagrupamento, como a Antropologia Estrutural de
Lévi-Strauss – antropologia, linguística, história inconsciente e matemática
qualitativa ou estatística.
Cada uma pretende captar o social na sua totalidade; cada uma delas se
intromete no terreno das suas vizinhas, na crença de permanecer no próprio. [...]
apesar das reticências, das oposições e das tranquilas ignorâncias, vai-se
esboçando a instalação de um mercado comum. (p. 9)
Braudel deseja uma reunião completa das ciências do homem, sem que se
menospreze a mais antiga em proveito das mais jovens. (p. 10)
Crise da História: duração social. Tempos múltiplos e contraditórios da vida
dos homens que são não só substâncias do passado, mas também a matéria da
vida social e atual. (p. 10)
Braudel define a importância da História como pautada na dialética da
duração: o valor do tempo longo. Oposição entre instante e o tempo lento no
decorrer (evento x estrutura), indispensável para consciência da pluralidade do
tempo social numa metodologia comum das ciências do homem (p. 10 / 11)
1. História e duração
2. A controvérsia do tempo
Braudel trata das rivalidades das ciências sociais com a história, como a
negação dos etnólogos em assumir o passado histórico em seus estudos
(etnografia do eterno presente), bem como a acusação da história ser uma
mera reconstrução empobrecida e simplificada da realidade. Porém, para o
autor, até mesmo a “fotografia sociológica” não passa de uma reconstrução.
[...] a surpresa, a desorientação, o afastamento e a perspectiva são
igualmente necessários para compreender aquilo que nos rodeia tão de
perto. (p. 34)
Frente o atual, o passado confere, da mesma maneira, perspectiva. [...] O
presente e o passado esclarecem-se mutualmente, com uma luz recíproca. (p.
34)
Braudel acusa os etnólogos de iludirem-se ao tentar captar o mecanismo
social de uma sociedade tribal com pouquíssimo tempo de estudo, como um
curto inquérito por formulário. “O social é uma lebre muito mais esquiva”.
(p. 35)
A história dialética da duração, não é, por acaso, à sua maneira, a explicação
do social em toda a sua realidade e, portanto, também do atual? (p. 37)