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CÓD: OP-069JL-23

7908403538454

IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

Agente de Pesquisas e Mapeamento


EDITAL N° 03/2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

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no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais........................... 5
2. Domínio da ortografia oficial....................................................................................................................................................... 15
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de
conectores e de outros elementos de sequenciação textual....................................................................................................... 16
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras.
Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................. 17
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos
da oração..................................................................................................................................................................................... 23
6. Emprego dos sinais de pontuação............................................................................................................................................... 26
7. Concordância verbal e nominal................................................................................................................................................... 27
8. Regência verbal e nominal........................................................................................................................................................... 28
9. Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................... 29
10. Reescrita de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de
orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade......................................... 30
11. Significação das palavras.............................................................................................................................................................. 31

Matemática e Raciocínio Lógico


1. Princípios de contagem............................................................................................................................................................... 51
2. Razões e proporções. ................................................................................................................................................................. 53
3. Regras de três simples................................................................................................................................................................ 54
4. Porcentagens............................................................................................................................................................................. 56
5. Equações de 1º e de 2º graus...................................................................................................................................................... 57
6. Sequências numéricas. Progressões aritméticas e geométricas................................................................................................ 60
7. Funções e gráficos. ..................................................................................................................................................................... 64
8. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação. Analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposi-
cional). Tabelas-verdade. Equivalências. Leis de De Morgan. Diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Raciocínio logico
envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais................................................................................................... 68
9. Proposições simples e compostas.............................................................................................................................................. 90
10. Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................................................... 90
11. Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................... 92

Ética no Serviço Público


1. Código de Ética do IBGE............................................................................................................................................................... 103
2. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo único; art. 117,
incisos I a VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII; art. 136 a art. 141; art.
142, incisos I, primeira parte, II e III, e §1º a §4º)........................................................................................................................ 106
ÍNDICE

Geografia
1. Noções básicas de cartografia. Orientação: pontos cardeais. Localização: coordenadas geográficas, latitude, longitude e
altitude. Representação: leitura, escala, legendas e convenções............................................................................................... 111
2. Aspectos físicos do Brasil e meio ambiente no Brasil (grandes domínios de clima, vegetação, relevo e hidrografia; ecossiste-
mas)............................................................................................................................................................................................ 115
3. Organização do espaço agrário: atividades econômicas, modernização e conflitos................................................................... 127
4. organização do espaço urbano: atividades econômicas, emprego e pobreza............................................................................ 130
5. rede urbana e regiões metropolitanas........................................................................................................................................ 131
6. Dinâmica da população brasileira: fluxos migratórios, áreas de crescimento e de perda populacional..................................... 132
7. Formação territorial e divisão político-administrativa (organização federativa)........................................................................ 136
LÍNGUA PORTUGUESA

Apreensão
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE Captação das relações que cada parte mantém com as outras
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender
GÊNEROS TEXTUAIS o sentido integral.
Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância interior do qual ganha sentido.
em se entender um texto?
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- Compreensão
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma re- A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
ceita; assim também não é superpondo frases que se constrói um cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
texto”.1 forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? uma série de etapas:
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura,
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
presentes. Veja a diferença: ali empregadas.
2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
Qual opção abaixo pertence ao grupo? ídas dentro do texto
3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações obti-
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, das na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece ao que é lido.
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao ler
curto e muitas questões. o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come- responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de- técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura, contidas no texto e a localização das informações procuradas.
compreensão e interpretação.
E assim teremos:
Apreender X Compreensão X Interpretação2
Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses
níveis. Interpretação
Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011. conclusões, formando opiniões.
2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar
sobre a interpretação de texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos envolvidos na interpretação textual3


Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais que
possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes aos
tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A considera-
ção desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações esta-
belecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos sua
posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a sucedem.
Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.

Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006. 
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textual
utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a es-
trutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, espe-
cialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
textualidade/ ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
diferentes fases da leitura de um texto.
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
para uma ampla compreensão. São eles: leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um tex-
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- to, na qual você faz um reconhecimento do “território” do texto.
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- Nesse momento identificamos os elementos que compõem o enun-
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos ciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É nessa
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis fase que entramos em contato pela primeira vez com o assunto,
em um texto. com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa-
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- 8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO
do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.  À LEITURA CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE
7 https://bit.ly/2P415JM. LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar infor- Observemos mais um exemplo:
mações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente um longo caminho a trilhar (...).”
contém uma determinada informação procurada.
(Veja São Paulo,1990)
Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor-
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito Esse texto diz explicitamente que:
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi-
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e
- Neto não tem o mesmo nível desses craques;
julgamos as informações discutidas no texto.
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda- - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas O texto deixa implícito que:
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao que - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem ques citados;
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
Os sentidos no texto de esportiva;
Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
do texto. Alguns desses sentidos são mais literais enquanto outros peito ao tempo disponível para evoluir.
são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão
por parte do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os
escondidos e precisam se localizados. subentendidos
Sentidos denotativo ou próprio A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logica-
O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido mente a partir de ideias e palavras presentes no texto. Apesar do
em estado de dicionário. O sentido geral que ela tem na maioria dos pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir
contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor
da relação com marcas linguísticas e informações explícitas. Obser-
está em seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido lite-
ral dessa palavra (planta). O sentido próprio, na acepção tradicional vemos um exemplo:
não é próprio ao contexto, mas ao termo. Maria está bem melhor hoje

Sentido conotativo ou figurado Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte


O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito informação pressuposta: Maria não estava bem nos dias passados.
presente em metáforas e a interpretação é geralmente subjetiva e Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.
isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. As-
sim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido figura- Marcadores de Pressupostos
do, pois significa delicadeza e beleza. - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
Sentidos explícitos e implícitos9 “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto nasceram depois de Julinha.
ou podem ser compreendidos por uma inferência (uma dedução) a
partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.
a isso, afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
as implícitas.
da usada como referência.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas
dentro de um texto, enquanto as implícitas são aquelas informa-
ções contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas - Certos verbos
a partir de relações com outras informações e conhecimentos pré- Ex.: Renato continua doente.
vios do leitor. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Observemos o exemplo abaixo mento anterior ao presente.
Maria é mãe de Joana e Luzia.
Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.
Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
explícita e uma implícita. A explícita refere-se ao fato de Maria ter desque não existia em português.
duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos instanta-
neamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implí- - Certos advérbios
cita, que é o fato de Joana ser irmã de Luzia, só é compreendida a Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas
medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que mãos das multinacionais.
possuem a mesma mãe são irmãs. O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indús-
9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/ tria automobilística nacional.
implicitos-e-pressupostos.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Você conferiu o resultado da loteria?


Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) é
que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O
produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar.

B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que não estão marcados linguisticamente no texto. A compreensão do suben-
tendido se dá a partir de relações que você estabelece com seus conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos o exemplo
a seguir:

Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em sua casa. Após sentar em seu sofá, ela diz:
- Nossa! Esse calor dá uma sede.

A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. Essa
interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expressa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela.

Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas entre-
linhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguisticamente
materializados no texto. Toda vez que uma questão de prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você deverá deduzir
os sentidos baseados na relação que essa palavra ou frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguístico) e nas relações
estabelecidas com os contextos sócio-histórico-cultural (contexto extralinguístico).

Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:

https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-redentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo

Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não verbal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendimen-
to e compreensão da temática.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a outros implícitos (ou pressupostos).
denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa inter- Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem-
pretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos ques- plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamen-
tionamentos como: te a existência de ao menos uma além daquela indicada.
- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca
a riscos”? lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro.
- O que significam as balas que o cercam por todos os lados? O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além
- Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de ba- daquele que está sendo autografado.
las?
A interpretação e a organização do texto e a ideia central
A partir de questionamentos como os citados acima é possível Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a iden-
adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura tificação da ideia principal do texto e do ponto de vista defendido
críticas e denúncias a determinada realidade. pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes e resumir informações dentro do texto. Para isso é necessário um
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva. conhecimento acerca da forma como um texto é construído e como
as ideias são organizadas.
Ampliação de Sentido Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemen-
Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de- te, o tipo argumentativo. Dessa forma, abordaremos essa organiza-
signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que ção das informações dentro de um texto argumentativo e as formas
originariamente. de como encontrar as ideias principais bem como as opiniões de-
“Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para fendidas pelo autor.
designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos. Observemos o seguinte exemplo
Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
- embarcou num ter. O que é arquitetura?
- embarcou no ônibus dás dez. Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualida-
- embarcou no avião da força aérea. de, é como tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas ou ciências,
- embarcou num transatlântico. pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão aceleradas,
a dinâmica da vida toma indispensável um constante reexame do
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que escala pensamento teórico e prático. Entretanto, há um notável consen-
os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por ampliação de so acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugerida, já em
sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte 1940, pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
de escalar montanhas. “Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção
Restrição de Sentido concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, espaço para determinada finalidade e visando a determinada in-
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita tenção. E, nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se,
de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exem- ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis
plo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do
com sentido determinado, dentro de um universo restrito do co- projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
nhecimento. específico, certa margem final de opção entre os limites — máximo
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica,
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, programa, — cabendo então ao sentimento individual do arquiteto,
porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de pala- no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores
vras por composição em que a junção dos elementos acarreta alte- contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a
ração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.”
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu-
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa
por aglutinação, mas por justaposição. das Artes, 1995 (fragmento), com adaptações.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi-
cado das palavras para dar precisão à comunicação. Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não de uma ideia principal. No texto anterior podemos observar que
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de
torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar se conceituar arquitetura. Essa discussão em um texto argumentati-
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o vo não é desordenada, mas há um padrão de estruturação da ideia
movimento do Sol. central e das ideias secundárias.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje
constituem o texto. Cada parágrafo se constrói em torno de uma é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de
ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central. sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao
Dentre os vários períodos que compõem o parágrafo, um traz a paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.”
ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as ideias A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa
principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos pa- estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por
rágrafos. meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres
No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é associações de ideias e de sentimentos”.
construído em torno de uma ideia núcleo. No primeiro parágrafo
podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primei- Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às
ro período “Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua-
atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes técnicas ou gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen-
ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici-
também é a ideia principal do texto. Dessa forma, concluímos que tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da
todo o texto se construirá em torno da definição do conceito de compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica
arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia.
principal, expressa no período “Arquitetura é antes de mais nada
construção, mas construção concebida com o propósito primordial Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud,
de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e vi- que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da
sando a determinada intenção”. Todas as informações que apare- tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir-
cem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando
respectivas ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la, a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual.
exemplificá-la, entre outros propósitos.
Para compreender as temáticas bem como as opiniões discuti- Relação entre ideias
das é importante encontrar cada uma dessas ideias núcleos como A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na
veremos no exemplo abaixo construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec-
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para
“Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista aus- que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja
tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade transmitir.
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras,
camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e sub- como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma
consciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação,
anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual,
com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias.
histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipno- Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto
tismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa
o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em
pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de des- uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa-
cobrir a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de re- nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira
gresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente efetiva.
da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
é de origem sexual.” uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
(Salvatore D’Onofrio) necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a forma clara e objetiva ao leitor.
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique Outras dicas para Interpretar um Texto
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma, - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
e subconsciente. talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- ficar uma possível resposta.
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a Estrutura e organização do texto e dos parágrafos
melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
pontuar melhor os assuntos de um texto. to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
- Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im- cada uma de forma isolada a seguir:
portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
- Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc., Introdução
pois fazem diferença na escolha adequada. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
- Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
pelo autor. Desenvolvimento
- Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível. desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
- Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
na leitura. lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
- Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela. tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
to no qual estávamos mais atentos. São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
- Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual- ção do desenvolvimento:
quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me- - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
lhor o assunto do texto. - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- dificultando a linha de compreensão do leitor.
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma Conclusão
distração, mas também um aprendizado. Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa tos levantados pelo autor.
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
Parágrafo
Erros de Interpretação Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
seleção e compreensão das ideias presentes no texto: conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
menor que pareça, deve ser levada em consideração. Às vezes uma sintética de acordo com os objetivos do autor.
pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
falha na interpretação. atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir dade na discussão.
de relações excessivas com outras ideias e contextos, você pode fa- - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
zer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão
sugeridas ou motivadas pelo texto. Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a al- desenvolvimento e conclusão):
guns aspectos e ideias do texto, deixando de lado outras que pa-
recem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e con- “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
siderável. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
de argumentação dentro do texto. A fim de defender um ponto de trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
cuidado para não interpretar erroneamente e confundir a opinião caos. ”
defendida pelo autor.
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de dis- (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
cutir as ideias do texto, você deve considerar a opiniões do autor,
materializadas e defendidas no texto.

10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbe-
tes/extrapolacao-na-leitura

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elemento relacionador: Nesse contexto. Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos tex-
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. tos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalísti-
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce ca, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textu-
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação ais: romance, conto, receita, notícia, bula de remédio.
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constitui-
Conclusão: Enfim, viveremos o caos. ção da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da lin-
guagem possuem uma preocupação estética. São classificados de
Tipologia Textual acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- ou épico. Pode-se afirmar que todo gênero literário é um gênero
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro
classificações. de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, poden-
do ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertati-
Tipos textuais vo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- classificações varia de acordo como o texto se apresenta e com a
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se finalidade para o qual foi escrito.
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada
específico para se fazer a enunciação. um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi- textual.
cas: A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
Apresenta um enredo, com ações e da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
relações entre personagens, que ocorre não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
TEXTO em determinados espaço e tempo. É
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
NARRATIVO contado por um narrador, e se estrutura
da seguinte maneira: apresentação > sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
desenvolvimento > clímax > desfecho Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
Tem o objetivo de defender determina- • Bilhete
TEXTO do ponto de vista, persuadindo o leitor • Bula
DISSERTATIVO a partir do uso de argumentos sólidos. • Carta
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução > • Conto
desenvolvimento > conclusão. • Crônica
Procura expor ideias, sem a necessidade • E-mail
de defender algum ponto de vista. Para • Lista
TEXTO isso, usa-se comparações, informações, • Manual
EXPOSITIVO definições, conceitualizações etc. A • Notícia
estrutura segue a do texto dissertativo- • Poema
-argumentativo. • Propaganda
• Receita culinária
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
• Resenha
de modo que sua finalidade é descrever,
TEXTO • Seminário
ou seja, caracterizar algo ou alguém.
DESCRITIVO
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
em verbos de ligação.
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
Oferece instruções, com o objetivo de to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
são os verbos no modo imperativo. dade e à função social de cada texto analisado.

Gêneros Textuais e Gêneros Literários


Gêneros textuais Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial ferem apenas aos textos literários.
saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo tex-
tual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma
é preciso ter atenção, cada uma possui um significado totalmente as questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração,
diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalha-
literário e um tipo textual: remos com essa diferença.
11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os gêneros literários são divisões feitas segundo características Balada


formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité- Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas
rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se
- Gênero lírico; destinam à dança.
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático. Canção (ou Cantiga, Trova)
Poema oral com acompanhamento musical.
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po- Gazal (ou Gazel)
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo- Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da Soneto
função emotiva da linguagem.
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
tos e dois tercetos.
Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor-
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa Vilancete
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
melancólico. Um bom exemplo é a peça  Roan e Yufa, de William nio e de maldizer); satíricas, portanto. 
Shakespeare.
Gênero Épico ou Narrativo
Epitalâmia Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
Ode (ou hino) a crônica, a fábula.
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a Épico (ou Epopeia)
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom- Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
panhamento musical. um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Idílio (ou écloga)  ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas Ensaio
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
diálogos (muito rara). certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
Sátira
subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém
cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode
malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun-
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.
Acalanto
Canção de ninar. Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Acróstico tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
mam uma palavra ou frase. Ex.: papéis das personagens nas cenas.

Amigos são Tragédia


Muitas vezes os É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Irmãos que escolhemos. compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Zelosos, eles nos presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Ajudam e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Eterna

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LÍNGUA PORTUGUESA

Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a caricatura,
o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.

Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)
Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, excla-
POR QUÊ
mação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO


E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar repe- Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
tição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de qua-
CONJUNÇÃO
entre elas rentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes gené-
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a cozi-
COESÃO LEXICAL ricos ou palavras que possuem sentido aproximado e
nha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. EMPREGO


DAS CLASSES DE PALAVRAS. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conecti-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO vos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão que
protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber, dis-
ciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.
Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Conjunções subordinativas


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
preposição em determinadas sentenças). Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, substantivas, definidas pelas palavras que e se.
per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre. • Causais: porque, que, como.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Condicionais: e, caso, desde que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que.
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Temporais: quando, enquanto, agora.
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
• Lugar: O vírus veio de Portugal. DA ORAÇÃO
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Meio: Viajou de trem. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
dos e suas unidades: frase, oração e período.
Combinações e contrações Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
havendo perda fonética (contração). Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Combinação: ao, aos, aonde Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Conjunção opcional.
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (pe-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois ríodo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finaliza-
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e dos com a pontuação adequada.
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo-
Análise sintática
mento de redigir um texto.
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
conjunções subordinativas.
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
Conjunções coordenativas nominais, agentes da passiva)
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma biais, apostos)
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em
cinco grupos: Termos essenciais da oração
• Aditivas: e, nem, bem como. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
• Adversativas: mas, porém, contudo. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
• Conclusivas: logo, portanto, assim. onde o verbo está presente.
• Explicativas: que, porque, porquanto.
O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intransi-
tivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apresenta
um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse modo,
eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adverbial
(modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza o
sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na ora-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
ção anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel de
substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações subor-
dinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista, está sendo
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
Ele foi o primeiro presidente que se preocupou com
DESENVOLVIDAS conjuntivas.
a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas.
REDUZIDAS Assisti ao documentário denunciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou
infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que, na
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações ou
Esse é o problema da pandemia: as pes-
: Dois-pontos sequência de palavras para resumir / explicar ideias apre-
soas não respeitam a quarentena.
sentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho, den-
Antes de citação direta
te por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de Excla-
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
mação
Após interjeição Ufa!
Ponto de Interro-
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
gação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda está
sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a da aula.
PRÓPRIO que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da formatu-
ra.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um adje-
nheira.
tivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensali-
dade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Exceto
caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum; con-
A trário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; do-
DE tado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negli-
EM
gente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado de
um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser reti-
rado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Operações linguísticas de reescrita:
se: A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- trução do texto escrito.
mos uma reunião frente a frente. - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
atender daqui a pouco. várias frases.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
fica a 50 metros da esquina. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha fi-
dificar sua ordem no processo de encadeamento.
lha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei Graus de Formalismo
minha avó até à feira. São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
Ana da faculdade. construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
à escola / Amanhã iremos ao colégio.
As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
DE TEXTO. REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO. REESCRITA cífico de algum campo científico, por exemplo).
DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE
FORMALIDADE Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos aceito
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – acendido, aceso (formas similares) – idem
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – à custa de – e não às custas de
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
forme
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois,
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não
– a meu ver – e não ao meu ver
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto.
– a ponto de – e não ao ponto de
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – em termos de – modismo; evitar
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – enquanto que – o que é redundância
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – implicar em – a regência é direta (sem em)
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- – ir de encontro a – chocar-se com
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer – ir ao encontro de – concordar com
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, sepa-
rado; quando não se pode, junto
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja – todo mundo – todos
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa – todo o mundo – o mundo inteiro
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
do processo de escrever do aluno. for substantivo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).

30
LÍNGUA PORTUGUESA

Expressões não recomendadas Polissemia e monossemia


– a partir de (a não ser com valor temporal). As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, segun- um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
do...
Denotação e conotação
– devido a. Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
– dito. um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
Opção: citado, mencionado. da cadeira.

– enquanto. Hiperonímia e hiponímia


Opção: ao passo que. Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
ficado entre as palavras.
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
– no sentido de, com vistas a. tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. Limão é hipônimo de fruta.

– pois (no início da oração). Formas variantes


Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
– principalmente. farto / gatinhar – engatinhar.
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sen- encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
tidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as mácia / franquia <—> sinceridade.
principais relações e suas características:
QUESTÕES
Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente 1. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- O Sueco mudará para uma nova residência no próximo mês. Ele
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: elaborou uma lista com algumas pendências a serem solucionadas
forte <—> fraco antes de sua mudança. Leia atentamente as alternativas abaixo e
assinale, dentre as palavras em destaque, a única que apresenta
Parônimos e homônimos uma palavra contendo desvio ortográfico.
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- (A) Reivindicar a alteração do endereço residencial junto ao
núncia semelhantes, porém com significados distintos. banco.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- (B) Solicitar a compania elétrica o religamento da energia.
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). (C) Pintar a fachada.
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma (D) Retirar o enxame de abelhas da varanda.
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo (E) Verificar o funcionamento de registro de água.
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de
A Lição da Borboleta voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole-
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela ta para passar através da pequena abertura eram necessários para
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo.
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em
dia e não conseguia ir além. nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas desafio, pois só assim voar será realmente possível.
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Segundo as regras de acentuação, todas as palavras proparo-
Nada aconteceu! xítonas são acentuadas, entretanto, essa regra não se aplica as pa-
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando lavras paroxítonas. Atente ao trecho (...) “uma pequena abertura
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de apareceu num casulo” (...). A palavra casulo é uma paroxítona não
voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não acentuada. Assinale, dentre as palavras abaixo, a paroxítona que foi
compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole- acentuada incorretamente.
ta para passar através da pequena abertura eram necessários para (A) amigável.
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que (B) Assembléia.
ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo. (C) repórter.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em (D) Abdômen.
nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno 4. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
desafio, pois só assim voar será realmente possível.
Observe atentamente os hábitos do Sueco. Considerando-se a
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido. norma culta da Língua Portuguesa e o uso dos acentos ortográficos,
assinale a alternativa em que há desvio a essas normas.
No que tange a norma culta da língua portuguesa, existem qua- (A) O Sueco está tranqüilo, pois contratou uma empresa de
tro tipos de porquês (por que, porque, por quê e porquê). Analise mudanças.
cuidadosamente o trecho a seguir. (...) “O homem continuou a ob- (B) A empresa de mudanças teve dificuldade em embalar o mi-
servar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, cro-ondas.
as asas dela se abrissem (...)”. Assinale a alternativa que justifica o (C) Como consequência, quebraram o eletrodoméstico.
uso do porquê em destaque. (D) O Sueco reclamou sobre a infraestrutura da empresa de
(A) Ele está exercendo a função de uma conjunção coordena- mudanças.
tiva. (E) A empresa marcou ao meio-dia, mas chegou quase duas
(B) Ele está desempenhando a função de um pronome relativo. horas depois.
(C) Justifica-se devido ao fato de preceder um pronome pes-
soal. 5. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMI-
(D) Ele apresenta o valor de um substantivo. NISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022

3. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 Texto I

A Lição da Borboleta A menina que criava peixes na barriga (fragmento)


Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer sua vez desaguava no rio.
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
dia e não conseguia ir além. nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas ções familiares.
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
Nada aconteceu! do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e

32
LÍNGUA PORTUGUESA

alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda-
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo.
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não
até o barulho delas lhe encantava. tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do
o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita- rebanho.
mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al-
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
acompanhamento da refeição do dia seguinte. cantoria era olhado de lado por alguns.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento “Isso tem que acabar”, disse consigo.
mais isso todo dia. Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio-
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na- nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que
com azeite de copaíba. não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia segredo adiante.
os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia,
restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que
casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida- Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta
mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca- que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam
dores da área. [...] milhares de contos de réis. [...]
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa alterou a
(Fernando Canto) acentuação de algumas palavras. No entanto, “réis” conserva o
acento que recebia em função de seu ditongo aberto. Dentre as pa-
No terceiro parágrafo, há algumas ocorrências do sinal indica- lavras abaixo, assinale a que apresenta, INDEVIDAMENTE, o acento
tivo de crase. De acordo com a Gramática Tradicional, o “a” é sem- gráfico.
pre acentuado nas locuções de natureza adverbial formadas com (A) herói.
palavra feminina, motivo pelo qual a construção “à tarde” recebe o (B) céu.
acento grave. Assinale a alternativa em que esse acento é emprega- (C) dói.
do por essa mesma razão. (D) véu.
(A) Todos passearam à vontade por toda a região. (E) jibóia.
(B) Entregou o material à recepcionista da empresa.
(C) Gosta de usar calça larga e chapéu à Napoleão. 7. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
(D) Normalmente, prestam obediência às leis.
(E) Você fez jus à nota da sua última avaliação. Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
6. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
RANÇA DO TRABALHO/2022 atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Texto I Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
O conto do vigário (Joseli Dias) sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que desses restos não reclamados.
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de-
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu-
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
uma nova por cima. de existir.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol- em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo, pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen- pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha

33
LÍNGUA PORTUGUESA

um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- Todos os vocábulos abaixo, retirados do texto, recebem o acen-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a to gráfico em razão da mesma regra de acentuação, exceto.
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (A) diárias.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (B) sobrevivência.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- (C) geográfica.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões (D) privilégio.
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos 9. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
dedos e os limpa no macacão.
Texto I
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2018, p. 71-72) A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci-
Alguns vocábulos deixaram de ser acentuados a partir do Novo do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam-
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. “Voo” e “colmeia” ilus- bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com
tram essa afirmação. Dentre as palavras abaixo, assinale a alterna- bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general
tiva que apresenta a única que ainda deve receber acento gráfico. e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
(A) leem. do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
(B) jiboia. O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti-
(C) feiura. mou-o a comparecer à delegacia.
(D) herói. O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto
não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
8. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a
VO/2022 ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
É proibido chorar tinha a dizer-lhe o seguinte.
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos- CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
são os quixotes da periferia. general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no senhor.
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
disso. - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas balbuciar humildemente.
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro, - Da ativa, minha senhora?
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa braços desalentado.
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...] Fernando Sabino

(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e


inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)

34
LÍNGUA PORTUGUESA

Utilize o texto acima para responder a questão janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
As classes de palavras possuem formações sufixais. Retorne ao arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
texto “A Mulher do vizinho” e observe a lista das palavras abaixo em e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
seu contexto. Assinale a alternativa que apresenta a única em que o frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
sufixo “-ADO” é formador de um substantivo. zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
(A) Reclinado. verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
(B) Delegado. exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
(C) Espantado. diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
(D) Desalentado. os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
(E) Descuidado. deficiência falando alto. [...]

10. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p.
MÁTICA/2022 63-64)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Em “Fabiano esfregou as mãos satisfeito” (3º§), o vocábulo
Texto I destacado ilustra o seguinte emprego das classes de palavras.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que (A) a indicação do modo de realizar uma ação feita pelo ad-
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil vérbio.
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam (B) a representação de uma ideia abstrata feita pelo substan-
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para tivo.
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam (C) a caracterização de um estado provisório feita por um ad-
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no jetivo.
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- (D) uma qualidade própria às mãos atribuída pelo adjetivo.
vam cedo também, trazendo nos
olhos e no estômago a desesperada expectativa. Será que hoje (E) a nomeação de uma qualidade feita por um substantivo.
tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos
no ar exigindo o peito da mãe ou a mamadeira completada com 12. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
mais água sempre.
Texto
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
No contexto em que se encontram, os vocábulos destacados enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
em “para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para o pre- todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
paro das pobres marmitas” devem ser classificados, morfologica- pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
mente, como. dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
(A) verbos. te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
(B) adjetivos. um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
(C) pronomes. sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
(D) substantivos. força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
(E) advérbios. zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
11. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
Texto I dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
Inverno tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no compreender.
pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza. 2020.)
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um Na passagem “O criado, pálido, contava” (2º§), as vírgulas cum-
trovão distante. prem um papel importante em relação ao adjetivo “pálido” porque.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a (A) indicam tratar-se de uma característica momentânea.
ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de (B) revelam um traço intrínseco do personagem apresentado.
luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen- (C) expressam uma interlocução, um modo de chamar o outro.
te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados. (D) mostram o modo como a ação seria desenvolvida.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e (E) indicam a reação do sujeito depois da ação de “contar”.
apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da

35
LÍNGUA PORTUGUESA

13. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 16. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD-
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
O Sueco morou com os parentes desde pequeno. Entretanto
passou a morar com a esposa. Há um padrão de tempo verbal (pre- Texto I
térito perfeito) nessas duas orações.
Assinale a alternativa em que esse padrão se repete. A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
(A) O Sueco passava horas lendo. A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
(B) O Sueco estudou e lecionou português. casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
(C) O Sueco assistia vídeos em português.
sua vez desaguava no rio.
(D) A casa do Sueco estava muito bem conservada.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
(E) Na casa havia lustres de cristal. nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
14. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- ções familiares.
MÁTICA/2022 Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
Utilize o texto abaixo para responder a questão. esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
Texto I longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina,
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para até o barulho delas lhe encantava.
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita-
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe-
acompanhamento da refeição do dia seguinte.
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou mais isso todo dia.
a mamadeira completada com mais água sempre. A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
Na última frase do texto, destaca-se a presença de verbos no e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
gerúndio. Esse emprego indica ações que. os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os
(A) se apresentam como possibilidades futuras. restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
(B) ocorreram, pontualmente, uma só vez no passado. casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
(C) foram interrompidas antes de serem concluídas. mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
(D) denotam o sentido imperativo comum aos pedidos. dores da área. [...]
(E) expressam continuidade em um período de tempo
(Fernando Canto)
15. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
MÁTICA/2022 Ao longo do texto, é recorrente o emprego de verbos flexio-
nados no pretérito imperfeito do modo Indicativo. Considerando
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
o contexto, pode-se compreender que esse emprego revela ações
que.
Texto II (A) se limitam a uma ocorrência única num momento passado.
(B) marcadas pela incompletude, não foram plenamente rea-
ciclo vicioso lizadas.
minha namorada sempre sonha que namora seu namorado an- (C) ocorrerão no futuro em diálogo com fatos ocorridos no pas-
tigo minha ex-namorada sado.
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito (D) se repetem, sendo apresentadas como rotineiras ou habi-
tudo para não sonhar... tuais.
(E) remetem a fatos do universo fantástico, com caráter fabu-
(Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8) loso.

No poema, o emprego do verbo “sonha”, flexionado no presen-


te do indicativo, expressa uma ação.
(A) de caráter repetitivo, habitual.
(B) que se refere a um fato futuro.
(C) ocorrida apenas no momento da fala.
(D) com sentido de possibilidade.
(E) de sentido imperativo, mas atenuada.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

17. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 18. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022

Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- Texto


be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
desses restos não reclamados. te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
pois. Sua consciência sobre o fim de todas força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado e princi- zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
palmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
Assim como não teme o pôr do sol, Edgar Wilson entende que não Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
contínuo. De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que faça, seja o cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
bem, seja o mal, ele deixará de existir. tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros compreender.
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido 2020.)
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o Em “como se estivesse em um espetáculo” (1º§), a ideia de in-
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha certeza, de possibilidade pode ser percebida pelo emprego do ver-
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- bo no modo subjuntivo. Assinale a alternativa em que se observa
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a outro exemplo desse modo verbal.
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (A) Realmente faríamos o evento ontem à noite.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (B) É importante que eu esteja pronto para o projeto.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- (C) Não era verdade o que ele acreditara.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões (D) Leremos o documento, na reunião, ou não?
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se (E) Ficávamos atentos à mensagem transmitida.
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
dedos e os limpa no macacão. 19. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022

Na oração “Edgard fora atraído para esse trecho”(1º§), a forma Texto


verbal destacada está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do
modo indicativo. No contexto em que se encontra, constata-se que Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
ela expressa uma ação. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
(A) futura que se relaciona com um fato do passado. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
(B) hipotética que poderia ter ocorrido no passado. todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
(C) passada e anterior a outra ação também passada. pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
(D) incompleta porque interrompida num momento passado. dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em “quando pela manhã me acordei com um enorme barulho Destaca-se, na passagem, o vocábulo “mesmo” que cumpre
na casa toda.” (1º§), o pronome destacado faz parte de uma cons- um papel de reforço em relação ao pronome “Ele”. Entendendo
trução que provoca certo estranhamento no leitor. Seu uso sugere “mesmo” também como pronome, deve ser classificado morfolo-
um sentido. gicamente como.
(A) passivo. (A) relativo.
(B) recíproco. (B) indefinido.
(C) reflexivo. (C) demonstrativo.
(D) indeterminado. (D) possessivo.
(E) interrogativo. (E) interrogativo.

20. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- 21. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
RANÇA DO TRABALHO/2022
Texto I
Texto I
Inverno
O conto do vigário (Joseli Dias) A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- trovão distante.
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen-
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
uma nova por cima. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol- do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo, e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen- frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda- verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do deficiência falando alto. [...]
rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al- (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de 64)
cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo. Considerando-se o contexto, verifica-se que o pronome de-
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio- monstrativo destacado em “De quando em quando estes se me-
nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto xiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles.”
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que (3º§), foi empregado em uma referência.
não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo (A) espacial, indicando a proximidade entre os personagens.
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o (B) espacial, indicando a proximidade do narrador.
segredo adiante. (C) temporal, aproximando o leitor da ação descrita.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, (D) textual, apontando uma ideia que ainda será apresentada.
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que (E) textual, retomando o último elemento de uma sequência.
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam
milhares de contos de réis. [...]

Considere a passagem abaixo para responder à questão.


“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã
cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja
em construção.”

38
LÍNGUA PORTUGUESA

22. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
Texto estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a
dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa- dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém. prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre dedos e os limpa no macacão.
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen- Letras, 2018, p. 71-72)
tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender. Sabendo que a classe gramatical de uma palavra deve consi-
derar o contexto em que ela se encontra, na frase “Assim como a
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard.”(1º§),
2020.) os vocábulos destacados são classificados, respectivamente, como.
(A) pronome oblíquo e pronome oblíquo.
O pronome relativo destacado, em “Levaram-me para o fundo
(B) pronome oblíquo e pronome demonstrativo.
da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados.”
(C) pronome demonstrativo e artigo definido.
(2º§), tem seu emprego em conformidade com a Norma Padrão. No
entanto, comumente, esse pronome é empregado de modo equivo- (D) artigo definido e pronome oblíquo.
cado nos mais variados textos. Assinale a alternativa que apresenta
um exemplo desse equívoco. 24. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
(A) A adolescência é sempre aquela fase onde mudanças des- Considere o texto a seguir para responder a questão.
tacam-se.
(B) Levou-me até uma região onde todos se sentiam um pouco Texto II
mais seguros.
(C) Faltam medidas suficientes para os moradores do bairro Senhor Ministro,
onde resido. Tenho a honra de convidar Vossa Excelência a participar do lan-
(D) Custaram a se lembrar da casa onde ficavam nas férias anu- çamento do Ciclo de Debates sobre a Execução do Plano Nacional
ais. da Pessoa com Deficiência, a ser realizado em 15 de março de 2018,
(E) Deixaram as ferramentas na sala onde estávamos anterior- às 9 horas, no Auditório da Escola Nacional de Administração Públi-
mente. ca (Enap), no Setor de Áreas Isoladas Sul, em Brasília. O debate ini-
cial faz parte de uma sequência de cinco encontros, com o objetivo
23. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 de acompanhar o desenvolvimento das diversas ações contidas no
referido Plano.
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
Atenciosamente, (espaço para assinatura)
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como [NOME DO SIGNATÁRIO]
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard [Ministro de Estado]
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assun-
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios tos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-reda-
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem cao.pdf.Adaptado Acesso em 14/05/2022)
desses restos não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu O texto anterior é parte de um ofício, um dos exemplos de
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- correspondência oficiais. Trata-se de um documento enviado a um
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- Ministro de Estado. Em relação aos pronomes de tratamento em-
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher pregados, é correto afirmar que.
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr (A) as formas de tratamento diferenciadas relacionam-se com
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos os momentos distintos em que foram empregadas no texto.
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o (B) o uso da forma “Senhor Ministro” é equivocada, pois indica
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- um registro bastante informal para referir-se a um ministro.
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
(C) o pronome “Vossa Excelência” poderia ser substituído por
de existir.
“Sua Excelência” a fim de reforçar a impessoalidade.

39
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) o redator poderia ter empregado “Vossa Excelência” no vo- A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
cativo e a forma abreviada deste pronome no corpo do texto. o jantarc, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subi-
(E) a substituição, no vocativo, de “Senhor” por “Excelentíssi- tamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
mo” é uma escolha estilística possível ao redator. logo com cachos de açaí para serem debulhadosd e preparados no
acompanhamento da refeição do dia seguinte.
25. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
MÁTICA/2022 mais isso todo dia.
Utilize o texto abaixo para responder a questão A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
Texto III com azeite de copaíba.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui a prote- Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
ção de dados pessoais como direito fundamental do cidadão, apro- e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
vada pelo Senado nesta semana, é extremamente relevante para os os maiores, descamava-os com rapidez e os fritavae para o jantar.
dias de hoje, de acordo com o professor da Singularity University e Os restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
especialista em digital, Ricardo Cavallini. casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
Em entrevista à CNN, ele afirmou que o conceito de privacida- mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
de mudou muito. “No mundo conectado, tudo é gravado, ninguém dores da área. [...]
mais será anônimo, não tem mais escolha, a cada milissegundo tem
alguém capturando dados sobre a gente, com quem fala, onde está, (Fernando Canto)
por onde passa”, explicou.
As preposições, ainda que contraídas, podem introduzir locu-
(Matéria publicada em 22/10/2021. Disponível em. https.//www.cn- ções que conferem características a um substantivo, delimitando-o.
nbrasil. com.br/business/privacidade-e-protecao-de-dados-hoje-sao- Assinale a alternativa que apresenta o fragmento em que se desta-
-sinonimo-deliberdade- diz-especialista/Acesso em 07/12/2021) ca uma preposição ou contração que cumpra essa função.
(A) “para o fundo da casa de madeira”.
Em todas as passagens abaixo, retiradas do texto, destacam-se (B) “formando um córrego que por sua vez” .
termos ou expressões de caráter adverbial, EXCETO em. (C) “Era hora de preparar o jantar”.
(A) “aprovada pelo Senado nesta semana” . (D) “cachos de açaí para serem debulhados”
(B) “é extremamente relevante para os dias de hoje” . (E) “descamava-os com rapidez e os fritava” .
(C) “o conceito de privacidade mudou muito” .
(D) “No mundo conectado, tudo é gravado” . 27. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
(E) “com quem fala, onde está,” .
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
26. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
Texto I fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
A menina que criava peixes na barriga (fragmento) Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
casa de madeiraa. No quintal havia um lago de águas represadas desses restos não reclamados.
que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
por sua vezb desaguava no rio. algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de-
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô- pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu-
nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei- todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
ções familiares. do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o
esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan- de existir.
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
até o barulho delas lhe encantava. pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a

40
LÍNGUA PORTUGUESA

colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (C) porque.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (D) mas.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões 29. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos Texto I
dedos e os limpa no macacão.
Inverno
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no
Letras, 2018, p. 71-72) pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o
Em “Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
aguçada desde que abatia o gado”(2º§), o conectivo destacado pos- Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
sui um valor semântico. Assinale a alternativa em que foi emprega- sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um
do com sentido diferente desse identificado no trecho. trovão distante.
(A) O evento ocorrerá desde que todos ajudem. Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a
(B) Desde que você saiu, comecei a estudar. ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de
(C) Moro na mesma casa desde que nasci. luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen-
(D) Desde que acordei, não levantei da cama. te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e
28. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
VO/2022 do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da
janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
É proibido chorar arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos- exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. deficiência falando alto. [...]
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito:
são os quixotes da periferia. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no 64)
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- No período composto “Como recursos de expressão eram min-
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta guados, tentavam remediar a deficiência falando alto.” (3º8), a con-
disso. junção que o introduz é essencial para a produção de sentido. Con-
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo siderando seu emprego contextual, percebe-se que apresenta valor.
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, (A) causal.
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- (B) conformativo.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os (C) consecutivo.
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como (D) comparativo.
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos (E) condicional.
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- 30. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas Assunto: Questões Variadas de Classe de Palavras
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro,
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa A Lição da Borboleta
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho-
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque-
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...] le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer
Em “Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz so- qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po-
frer.” (4º§), a vírgula separa duas ideias que se relacionam sem uma dia e não conseguia ir além.
conjunção explícita. Caso fosse explicitada, não haveria alteração O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e
de sentido com a presença do seguinte conectivo. cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas
(A) mas também. seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O
(B) portanto.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. tinha a dizer-lhe o seguinte.
Nada aconteceu! - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole- CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
ta para passar através da pequena abertura eram necessários para este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo. o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos tão general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desa- senhor.
fio, pois só assim voar será realmente possível. Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido. licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Pode-se afirmar que as palavras são categorizadas em classes O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
(classes de palavras ou classes gramaticais). Essa categorização - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
depende da sua natureza e da sua função gramatical. Existem dez o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
classes de palavras em português. substantivos, adjetivos, artigos, Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
numerais, pronomes e etc. Considerando-se o trecho. “ele pegou pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
uma tesoura e cortou o (...) casulo”. Leia atentamente as assercões sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
abaixo e assinale a única aternativa em que todas as classificações coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
estão corretas. Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
I. A palavra “ele” é um pronome, mais especificamente, corres- balbuciar humildemente.
ponde a terceira pessoa do singular. - Da ativa, minha senhora?
II. “pegou” é um verbo e está conjugado no pretérito imper- E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
feito. braços desalentado.
III. Pode-se classificar “uma” como um artigo indefinido. - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
IV. A palavra “tesoura” é um substantivo abstrato.
V. Pode-se afirmar que “e” é uma conjunção. Fernando Sabino
VI. “cortou’ também é um verbo e também está conjugado no
pretérito imperfeito. Utilize o texto acima para responder a questão
VII. Pode-se afirmar que “o” é um artigo definido masculino. Sabe-se que a língua é viva, frequentemente, palavras são in-
VIII. A palavra “casulo” é um advérbio de modo. corporadas a ela e, consequentemente, outras caem em desuso. No
trecho “(...) outra vez que eu souber que andaram incomodando o
(A) As asserções I, III, V e VII apenas. general, vai todo mundo em cana. Morou?” Assinale a alternatia
(B) As asserções II, IV, VI e VIII apenas. correta que apresenta o sinônimo da expressão morou .
(C) As asserções I, II, III e IV apenas. (A) Desconheceu.
(D) As asserções V, VI, VII e VIII apenas. (B) Despercebeu.
(C) Ignorou.
31. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 (D) Compreendeu.
(E) Viveu.
Texto I
32. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci- Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam- be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco. Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti- Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
mou-o a comparecer à delegacia. sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto desses restos não reclamados.
não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a

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LÍNGUA PORTUGUESA

Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos tinha a dizer-lhe o seguinte.
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
de existir. cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha senhor.
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
dedos e os limpa no macacão. pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Letras, 2018, p. 71-72) Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
balbuciar humildemente.
“Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. - Da ativa, minha senhora?
Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhante. Leva a mão até E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da lín- braços desalentado.
gua.”(3º§) - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
O ritmo de um texto é construído também por meio de sua es-
trutura sintática. Na passagem acima, percebe-se que o dinamismo Fernando Sabino
com que os fatos foram apresentados deve-se.
(A) à recorrência de orações subordinadas substantivas e ad- Utilize o texto acima para responder a questão
jetivas. Atente-se ao início do texto, mais especificamente, à expres-
(B) ao excesso de orações coordenadas sindéticas e assindéti- são. “Contaram-me que na rua onde mora (...)”, nessa passagem
cas. manifesta-se um sentido indeterminado do agente. Assinale a alter-
(C) ao predomínio de períodos simples e presença de orações nativa que apresenta esse agente indeterminante.
coordenadas. (A) na rua.
(D) à presença reiterada de orações subordinadas adverbiais. (B) onde.
(C) Contaram-me.
33. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 (D) mora.
(E) me.
Texto I

A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci-
do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam-
bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com
bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general
e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti-
mou-o a comparecer à delegacia.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

34. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
MÁTICA/2022 Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
Utilize o texto abaixo para responder a questão. dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
Texto I prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
dedos e os limpa no macacão.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam Letras, 2018, p. 71-72)
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam “Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte.
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhante. Leva a mão até
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da lín-
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe- gua.”(3º§)
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns Considerando a transitividade dos verbos presentes na passa-
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou gem acima, é correto afirmar que todos os termos abaixo exercem
a mamadeira completada com mais água sempre. a função de complemento verbal, exceto.
(A) “Nada”.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) (B) “abelhas”.
(C) “a mão”.
No texto, os vocábulos “Uns” e “Outros” relacionam-se entre (D) “um favo de mel”.
si por meio de uma estrutura de paralelismo. Pode-se afirmar que,
sintaticamente, exercem a função de. 36. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
(A) objeto direto. VO/2022
(B) sujeito simples.
(C) adjunto adnominal. É proibido chorar
(D) objeto indireto. Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades
(E) predicativo do sujeito. de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
35. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos-
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- so grito de que não aceitaríamos tudo calados.
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer.
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito:
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. são os quixotes da periferia.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas-
desses restos não reclamados. tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu disso.
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também,
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui-
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen-
de existir. tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro,
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- (VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na seguinte sequência de orações “Vejo e me identifico com a 38. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso”(7º§), repete-se
um tipo de sujeito que. Texto
(A) possui um caráter de indeterminação do agente.
(B) deve ser identificado pela desinência verbal. Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
(C) sofre as ações e classifica-se como passivo. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
(D) pode ser entendido como inexistente. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
37. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
RANÇA DO TRABALHO/2022 dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
Texto I um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
O conto do vigário (Joseli Dias) força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o compreender.
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
uma nova por cima.
2020.)
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas,
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol-
O vocábulo “todo”, flexionado ou não, é empregado de forma
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando
recorrente no primeiro parágrafo do texto. Assinale a alternativa
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho
em que ele possui um caráter adverbial.
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
(A) “com um enorme barulho na casa toda”.
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen-
(B) “gente correndo para todos os cantos”.
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com
Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda- (C) “a gente toda que estava ali”.
deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. (D) “minha mãe estava toda banhada em sangue”.
Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não (E) “mandou então que todos saíssem”.
tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do 39. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
rebanho. MÁTICA/2022
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al- Utilize o texto abaixo para responder a questão.
moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
cantoria era olhado de lado por alguns. Texto II
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio- Ciclo vicioso
nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto minha namorada sempre sonha que namora seu namorado an-
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que tigo minha ex-namorada
não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o tudo para não sonhar...
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, (Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8)
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta O “ciclo vicioso”, indicado no título, é estruturado, nos três pri-
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam meiros versos, por meio do encadeamento de orações principais e.
milhares de contos de réis. [...] (A) coordenadas sindéticas.
O adjunto adverbial “relativamente” reposiciona a caracteriza- (B) subordinadas adverbiais.
ção da vida de Pedro Lulu visto que está, direta e sintaticamente, (C) subordinadas substantivas.
relacionado com o seguinte elemento. (D) subordinadas adjetivas.
(A) verbo de ligação. (E) coordenadas assindéticas.
(B) sujeito simples.
(C) predicativo do sujeito.
(D) adjunto adnominal.
(E) objeto direto.

45
LÍNGUA PORTUGUESA

40. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
MÁTICA/2022 tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
Utilize o texto abaixo para responder a questão. com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
Texto I e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para dores da área. [...]
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no (Fernando Canto)
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda-
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe- A estrutura oracional presente no título é reiterada duas vezes
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns no primeiro parágrafo do texto. Trata-se de um tipo de oração que
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou cumpre o papel de.
a mamadeira completada com mais água sempre. (A) explicitar uma circunstância em relação ao verbo.
(B) complementar o verbo da oração principal.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) (C) caracterizar o substantivo a que se refere.
(D) indicar uma concessão em relação ao referente.
Em “todas as famílias que restavam na favela”, a oração desta- (E) reiterar o significado introduzido pela conjunção.
cada caracteriza o substantivo “família” cumprindo um papel.
(A) restritivo. 42. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU-
(B) elogioso. RANÇA DO TRABALHO/2022
(C) ofensivo.
(D) aumentativo. Texto I
(E) irônico.
O conto do vigário (Joseli Dias)
41. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era
Texto I tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes-
A menina que criava peixes na barriga (fragmento) se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual-
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa
casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o
no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até
sua vez desaguava no rio. achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô- uma nova por cima.
nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas,
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei- ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol-
ções familiares. teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho
esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen-
longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan- to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda-
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo.
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
até o barulho delas lhe encantava. e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar rebanho.
o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita- Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al-
mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no cantoria era olhado de lado por alguns.
acompanhamento da refeição do dia seguinte. “Isso tem que acabar”, disse consigo.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio-
mais isso todo dia. nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que

46
LÍNGUA PORTUGUESA

não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
segredo adiante. Nada aconteceu!
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole-
milhares de contos de réis. [...] ta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que
Considere a passagem abaixo para responder à questão. ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo.
“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em
cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
em construção.” tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno
As três últimas orações do período composto acima conser- desafio, pois só assim voar será realmente possível.
vam, em sua estrutura, um traço comum que nos permite classifi-
cá-las como. Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
(A) reduzidas.
(B) substantivas. Analise atentamente a seguinte estrutura. (...) “Ela nunca foi
(C) adjetivas. capaz de voar” (...). Efetue a análise sintática da estrutura mencio-
(D) assindéticas. nada e assinale a alternativa correta.
(E) justapostas. (A) O pronome “ela” é o sujeito da oração e está se referindo
a borboleta.
43. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- (B) “foi” é o verbo da estrutura e está conjugado no pretérito
VO/2022 mais-que-perfeito.
(C) “capaz de voar” é o predicado.
(D) “de voar” é o objeto direto.
Separação (fragmento)
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem
45. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD-
repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evi-
tar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do
amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, Texto I
onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao
mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
era tudo impossível entre eles. A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
(MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor. São Paulo: Compa- no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
nhia das Letras, 2010, p. 24) sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
Os pronomes oblíquos átonos são largamente empregado no nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
texto em análise. Considerando o contexto em que se encontram e de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
a prescrição gramatical, indique, dentre as alternativas abaixo, um ções familiares.
exemplo desse tipo de pronome na função de objeto indireto. Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
(A) “mirou-a”. esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
(B) “como a pedir-lhe”. casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
(C) “preferia não tê-lo”. longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
(D) “Ela o olhava”. do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores
44. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina,
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas
A Lição da Borboleta até o barulho delas lhe encantava.
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita-
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- acompanhamento da refeição do dia seguinte.
dia e não conseguia ir além. Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e mais isso todo dia.
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, com azeite de copaíba.

47
LÍNGUA PORTUGUESA

Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia O título do texto possui um caráter imperativo. Considerando
e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia sua estrutura sintática, pode-se afirmar que.
os maioresa, descamava-os com rapidezb e os fritava para o jan- (A) a primeira oração apresenta um verbo transitivo.
tarc. Os restantes eram jogadosd ainda vivos no pequeno igarapé (B) o sentido impositivo é apresentado por um substantivo.
atrás da casa. Eram de várias espéciese e se reproduziam e cresciam (C) a segunda oração exerce a função de sujeito da primeira.
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos (D) o verbo da primeira oração não está flexionado.
pescadores da área. [...]
47. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
(Fernando Canto)
De acordo com as regras normativas pertinentes à Língua Por-
Para construir as relações sintáticas e de sentido no último pa- tuguesa do Brasil, observe a explicação dada sobre uma das pontu-
rágrafo, o vocábulo “peixes” foi empregado várias vezes de modo ações utilizadas na representação do discurso.
implícito. Caso fosse explicitado nas passagens abaixo, assinale a _________representa uma maior pausa do que a marcada pela
alternativa em que se aponta sua classificação sintática correta. vírgula, comumente utilizada. Seu uso ocorre para separar orações
(A) “A mãe escolhia os maiores” – predicativo do objeto. coordenadas quanto muito longas. Sua função é a de conceder cla-
(B) “descamava-os com rapidez” – objeto indireto. reza em uma frase, principalmente a fim de organizar os itens apre-
(C) “e os fritava para o jantar” – complemento nominal. sentados.
(D) “Os restantes eram jogados” – predicativo do sujeito.
(E) “Eram de várias espécies” –núcleo do sujeito. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
(A) Ponto e vírgula.
46. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- (B) Ponto final.
VO/2022 (C) Trema.
(D) Dois pontos.
É proibido chorar (E) Hífen.
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- 48. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. MÁTICA/2022
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras Utilize o texto abaixo para responder a questão.
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos-
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. Texto I
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil
são os quixotes da periferia. continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda-
disso. vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe-
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- a mamadeira completada com mais água sempre.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como (Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que Na passagem “Outros, em busca do primeiro gole de cachaça”,
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- o emprego da vírgula é justificado em função.
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas (A) da presença de uma enumeração.
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro, (B) de isolar um aposto explicativo.
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa (C) da elipse de um termo.
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa (D) de acompanhar um vocativo.
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. (E) da presença de um termo no plural.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]

(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e


inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)

48
LÍNGUA PORTUGUESA

49. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
Texto I de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
Inverno em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza. pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
trovão distante. bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-
ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen- Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados. dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben- prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da dedos e os limpa no macacão.
janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram Letras, 2018, p. 71-72)
frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na No terceiro parágrafo, há uma construção linguística incomum
verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam em “Distrai-se dos voos dos abutres”. Tal estranhamento deve-se a
exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce- uma alteração de regência e sugere o sentido de que Edgar Wilson.
diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como (A) deixou de prestar atenção nos voos dos abutres.
os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a (B) continuou encantado com os voos dos abutres.
deficiência falando alto. [...] (C) passou a seguir, com cautela, os voos dos abutres.
(D) comprometeu-se com os voos dos abutres.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
64) GABARITO
No último parágrafo do texto, ao observar o emprego de dois-
-pontos, percebe-se que esse sinal de pontuação foi usado para. 1 B
(A) mostrar a consequência do que se afirmou.
(B) marcar enunciados de diálogo. 2 A
(C) representar a reprodução de citações. 3 B
(D) Indicar um esclarecimento.
4 A
(E) sinalizar a omissão de termos.
5 A
50. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 6 E
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- 7 D
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra 8 C
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard 9 B
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. 10 D
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
11 A
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem 12 A
desses restos não reclamados. 13 B
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- 14 E
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- 15 A
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
16 D
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos 17 C
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o 18 B

49
LÍNGUA PORTUGUESA

______________________________________________________
19 C
20 C ______________________________________________________
21 A ______________________________________________________
22 A
______________________________________________________
23 B
24 C ______________________________________________________
25 E ______________________________________________________
26 A
______________________________________________________
27 A
______________________________________________________
28 D
29 C ______________________________________________________
30 A ______________________________________________________
31 D
______________________________________________________
32 C
33 C ______________________________________________________

34 B ______________________________________________________
35 A
______________________________________________________
36 B
______________________________________________________
37 C
38 D ______________________________________________________
39 C ______________________________________________________
40 A
______________________________________________________
41 C
42 A ______________________________________________________

43 B ______________________________________________________
44 A ______________________________________________________
45 E
______________________________________________________
46 C
47 A ______________________________________________________
48 C ______________________________________________________
49 B
______________________________________________________
50 A
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
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______________________________________________________
______________________________________________________
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_____________________________________________________
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50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução:
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen- 6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve- Resposta: B.
jamos eles:
Fatorial
Princípio fundamental de contagem (PFC) Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
É o total de possibilidades de o evento ocorrer. a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem. Exemplos:
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120.
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra. 7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.

Exemplos: ATENÇÃO
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três 0! = 1
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade 1! = 1
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
passando necessariamente por B?
(A) Oito.
Arranjo simples
(B) Dez.
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
(C) Quinze.
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
(D) Dezesseis.
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
(E) Vinte.
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
Resolução:
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
assim sucessivamente.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
• Sem repetição
primeira opção.
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
2ª possibilidade: 5 (B para Roma).
Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
uma sucessão de escolhas.
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.
Onde:
(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em n = Quantidade total de elementos no conjunto.
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes, P =Quantidade de elementos por arranjo
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre- escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com gico. Quantas as possibilidades de escolha?
que ele poderia fazer o seu pedido, é: n = 18 (professores)
(A) 19 p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi-
(B) 480 co)
(C) 420
(D) 90

51
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Com repetição Exemplo:
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re- (CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo-
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri-
mesmo elemento em um agrupamento. ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin-
por: guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no
máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado
Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo Resolução:
com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.
ao conjunto P.

Resolução:
P = {A, B, C, D}
n=4 Resposta: Certo.
p=2
A(n,p)=np • Circular
A(4,2)=42=16 A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
Permutação realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili- a) Pessoas estão em um formato circular.
zamos todos os elementos. b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
de 4 lugares.
• Sem repetição

Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser


resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC). Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
Exemplo: pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL – mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre ticipantes da reunião é superior a 102.
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en- ( ) Certo
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é ( ) Errado
(A) 24.
(B) 25. Resolução:
(C) 26. É um caso clássico de permutação circular.
(D) 27. Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
(E) 28. Resposta: CERTO.

Resolução: Combinação
Anagramas de RENATO Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
______ SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
6.5.4.3.2.1=720
• Sem repetição
Anagramas de JORGE Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples
_____ desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
5.4.3.2.1=120 elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que
diferem entre si pela natureza de seus elementos.
Razão dos anagramas: 720/120=6
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos. Fórmula:
Resposta: C.

• Com repetição
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

52
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo
é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

RAZÕES E PROPORÇÕES.

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto pare-
cido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma mistura
da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o traficante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava apenas 2 kg
da Cannabis sativa; o restante era composto por várias “outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo o produto
apreendido, o traficante usou
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas.
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas.
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas.

53
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
forma de razão , logo :

Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
Resposta: C desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do
Razões Especiais comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu- mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
mas: igual a
(A) 588.
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas- (B) 350.
to para percorrê-la. (C) 454.
(D) 476.
(E) 382.

Resolução:
Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-
me ocupado por esse corpo.

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:


Proporção
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
Lemos: a esta para b, assim como c está para d. L = 21 ladrilhos
Ainda temos: Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A

REGRAS DE TRÊS SIMPLES.

Regra de três simples


Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES.
• Propriedades da Proporção • Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
– Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di-
produto dos extremos: minui.
a.d=b.c • Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan-
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.
– A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri-
meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença Exemplos:
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). (PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

54
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
12.x = 4 . 15
x = 60 / 12
x=5h
Resposta: B

Regra de três composta


Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(A) 8 horas e 15 minutos.
(B) 9 horas.
(C) 7 horas e 45 minutos.
(D) 7 horas e 30 minutos.
De acordo com essas informações, o número de casos regis- (E) 5 horas e 30 minutos.
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007, Resolução:
aproximadamente, de Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
(A) 70%.
(B) 65%. M² ↑ varredores ↓ horas ↑
(C) 60%.
(D) 55%. 6000 18 5
(E) 50%. 7500 15 x

Resolução: Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais)


Utilizaremos uma regra de três simples:
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro-
ano % porcionais)

11442 100
17136 x

11442.x = 17136 . 100


x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
ras e 30 minutos.
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa Resposta: D
transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras- (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra- tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
balho? dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
(A) 3 h 12 min equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
(B) 5 h por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
(C) 5 h 30 min (A) 4500 m²
(D) 6 h (B) 5000 m²
(E) 6 h 15 min (C) 5200 m²
(D) 6000 m²
Resolução: (E) 6200 m²
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar Resolução:
a carga:
Operários ↑ horas ↑ dias ↑ área ↑
caminhões horas
4 20 8 60 4800
15 15 10 80 x
(15 – 3) x

55
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo: Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
ao de compra?
(A) 67%.
Resposta: D (B) 61%.
(C) 65%.
PORCENTAGENS. (D) 63%.
(E) 69%.
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
Resolução:
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
Preço de venda: V
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
Preço de compra: C
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
V – 0,16V = 1,4C
“por cento”).
0,84V = 1,4C

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio- Resposta: A
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em Aumento e Desconto em porcentagem
relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra- – Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5. Logo:

Resolução:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Resposta: B
Fator de multiplicação
Lucro e Prejuízo em porcentagem
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se É o valor final de , é o que chama-
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA, mos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos
temos PREJUÍZO (P). de porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo
no valor do produto.
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

56
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos
fatores de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual
o preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

EQUAÇÕES DE 1º E DE 2º GRAUS.

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).

Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser representadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes reais,
com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descritas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equação por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

• Membros de uma equação


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita da
igualdade, de 2º membro da equação.

• Resolução de uma equação


Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam variável, e no segundo membro os termos que não apresentam variável.
Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
5x – 8 = 12 + x
5x – x = 12 + 8
4x = 20
X = 20/4
X=5

Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos o seguinte:


5x – 8 = 12 + x
5.5 – 8 = 12 + 5
25 – 8 = 17
17 = 17 ( V)

Quando se passa de um membro para o outro se usa a operação inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e o que está
dividindo passa multiplicando. O que está adicionando passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.

Exemplo:
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um grupo formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas famí-
lias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar. Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou R$ 57,00
a mais.

57
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
(E) R$ 1.520,00 des quanto á natureza da equação dada.
Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
6.x = 570 Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que
x = 570 / 6 não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
x = 95 existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E • Relações entre raízes e coeficientes

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser
representadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são
constantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11). Exemplo:
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
diz incompleta. (A) x²-3x+4=0
Exs.: (B) -3x²-5x+1=0
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0). (C) 3x²+5x+2=0
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0). (D) 2x²-5x+3=0
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
Resolução:
• Resolução da equação Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta) x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
x . (x – 16) = 0, multiplicadas resultam no valor de c.
x=0
x – 16 = 0
x = 16
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)


x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferen-
ça de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,
x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7

ou
Resposta: D
x2 – 49 = 0
x2 = 49
Inequação do 1º grau
x2 = 49
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
Logo, S = {–7, 7}.
ax + b > 0
ax + b < 0
3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
ax + b ≥ 0
Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
ax + b ≤ 0

58
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Onde a, b são números reais com a ≠ 0 Resposta: B

• Resolvendo uma inequação de 1° grau Inequação do 2º grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto- presentada da seguinte forma:
do é bem parecido com o das equações. Ex.: ax2 + bx + c > 0
Resolva a inequação -2x + 7 > 0. ax2 + bx + c < 0
Solução: ax2 + bx + c ≥ 0
-2x > -7 ax2 + bx + c ≤ 0
Multiplicando por (-1) Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
2x < 7
x < 7/2 Resolução da inequação
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
Atenção: > , ≥ , < , ≤.
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por Ex.: x2 -3x + 2 > 0
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen-
tido invertido. Resolução:
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do x2 -3x + 2 > 0
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- x ‘ =1, x ‘’ = 2
dimento: Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
2. Localiza-se a raiz no eixo x; de x isso ocorre.
3. Estuda-se o sinal conforme o caso.

Pegando o exemplo anterior temos:


-2x + 7 > 0
-2x + 7 = 0
x = 7/2

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}

Exemplo:
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0,
no universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R

Exemplo: (C)
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de (D)
que satisfazem a seguinte inequação:
(E)

Resolução:
Resolvendo por Bháskara:
(A) x > 2
(B) x - 5
(C) x > - 5
(D) x < 2
(E) x 2

Resolução:

59
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:

Resposta: C

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS. PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS.

Progressão aritmética (P.A.)


É toda sequência numérica em que cada um de seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante r, deno-
minada razão da progressão aritmética. Como em qualquer sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.

• Classificação
Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ CRESCENTE. Se r < 0 ⇒ DECRESCENTE. Se r = 0 ⇒ CONSTANTE.

• Fórmula do Termo Geral


Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
n° termo é:

60
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

n° termo é:

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

62
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: B

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

63
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Gráficos
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
0,09; 0,009; …) é ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
(A) 3,1 -se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
(B) 3,9 Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
(C) 3,99 uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
(D) 3, 999 e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
(E) 4 indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
Resolução: tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da exclui a outra.
PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim: Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
S = 3 + S1 ser observadas:
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
infinita para obter S1: chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
Resposta: E pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
eixos.
FUNÇÕES E GRÁFICOS.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
Tabelas corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
das quais o dado numérico se destaca como informação central. 4 cm.
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples − O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
mínimo de espaço. do texto.
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-
Elementos da tabela do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e interpretação.
elementos complementares. Os elementos essenciais são:
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig- Tipos de Gráficos
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos • Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-
os dados. sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
− Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú- de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
do das colunas. tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo
das linhas.

Os elementos complementares são:


− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
cer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
ordem em que foram descritos.

64
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma- b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico
pas). de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo-
rem maiores que a base dos mesmos.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
• Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
como instrumento de comparação.
dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
lizados em situações que exijam maior precisão.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total.
fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°,
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores. subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa-
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa- o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor-
radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical- respondentes a cada divisão.
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Para o cálculo:
(PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es- Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri-
tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição:
dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Exemplo:
Observe os gráficos e analise as informações. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS-
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia
(A) 1,5.
(B) 2,0.
(C) 2,5.
(D) 3,0.
(E) 3,5.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M

(I)

Foi pedido:

Na equação ( I ), temos que:

Resposta: E
A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir- • Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
mar que: plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza Para o cálculo
e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi
maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.
ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou
ponderada), deve ser entendida como média aritmética.
Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os
Exemplo:
gráficos é a C.
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
Resposta: C
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
Média Aritmética
na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Ela se divide em:
Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
e 9,0 na terceira?
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo
(A) 7,0
número de elementos n.

66
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(B) 8,0 (D) o inverso da média aritmética entre AB e CD.
(C) 7,8 (E) o inverso da média harmônica entre AB e CD.
(D) 8,4
(E) 7,2 Resolução:
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a
Resolução: AB, esta será perpendicular a CD também.
Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e
nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos: outra perpendicular a AB passando por D:

Resposta: B

Média geométrica
É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
duto de n elementos de um conjunto de dados.

Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen-


tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é
ponto médio de CD.
• Aplicações Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri-
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter- mento AF vale AB-CD/2.
pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF:
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
definição de média geométrica.

Exemplo:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por: (1)
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013
Aplicamos agora no triângulo ECB:
Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi- (2)
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser Agora diminuímos a equação (1) da equação (2):
calculada:

Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-


mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
substituir na expressão acima AD = AB:

Exemplo:
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir-
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:
Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.
Resposta: B

(A) a média aritmética entre AB e CD.


(B) a média geométrica entre AB e CD.
(C) a média harmônica entre AB e CD.

67
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO. ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES.


LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL). TABELAS-VERDADE. EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE DE MORGAN. DIAGRAMAS
LÓGICOS. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. RACIOCÍNIO LOGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO

Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL

O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL

Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.


Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhe-
cimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

68
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

69
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

70
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos

71
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

72
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.

73
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo por
“e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

74
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

75
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

76
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Ordem de precedência dos conectivos:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

77
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verda-
deira. Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolica-
mente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente


distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um
conectivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação • Silogismo Disjuntivo
lógica que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
Tautologias e Implicação Lógica
• Transitiva:
• Teorema
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,-
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
q,r,...)
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em
outras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de
proposições verdadeiras já existentes.

78
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido
no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é
também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente
de “Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Princípio da inconsistência
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógi-
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
ca p ^ ~p ⇒ q
mesmo que dizer “nenhum B é A”.
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
sição q.
diagrama (A ∩ B = ø):
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam pro-
posições com quantificadores. Numa proposição categórica, é
importante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa. • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
Vejamos algumas formas: posição:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica- Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição. “A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”.
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”


Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
representações possíveis:

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

79
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verda-
que Algum B não é A. deira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
• Negação das Proposições Categóricas (B) Nenhum professor é psicólogo.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar (C) Nenhum psicólogo é professor.
as seguintes convenções de equivalência: (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
uma proposição categórica particular.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma propo- Resolução:
sição categórica particular geramos uma proposição categórica Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a ne-
universal. gação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, através de um quantificador existencial negativo. Logo teremos:
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, Pelo menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Resposta: E
uma proposição de natureza afirmativa.
Em síntese: • Equivalência entre as proposições
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo
na resolução de questões.

Exemplos: Exemplo:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da a cinco”?
afirmação anterior é: (A) Todo número natural é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
dos. (C) Todo número natural é diferente de cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos. Resolução:
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pe-
pardo. de-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
Resolução: esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação. Todos e Nenhum, que também são universais.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, se-
guindo o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou
nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por:
Todo A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

80
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Diagramas lógicos
Podemos ainda representar das seguin-
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários pro-
tes formas:
blemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envol-
vam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumen- ALGUM
I
to podem ser formadas por proposições categóricas. AéB
ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

NENHUM
E
AéB

Existe pelo menos um elemento que


pertence a A, então não pertence a B, e
ALGUM
vice-versa. O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).

Temos também no segundo caso, a dife-


rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

81
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de: (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Cinema = C mo princípio acima.
Casa de Cultura = CC (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Erra-
Teatro = T do, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
Analisando as proposições temos: nos afirma isso
- Todo cinema é uma casa de cultura

- Existem teatros que não são cinemas (D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o últi-
mo diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.

82
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
bem construído), quando a sua conclusão é uma consequência “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto
obrigatória do seu conjunto de premissas. em comum.
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
Exemplo: vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
do? necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Argumentos Inválidos
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
essa frase da seguinte maneira: das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança,
pois a primeira premissa não afirmou que somente as crianças
gostam de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo
artifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

83
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argu-
mento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre
quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “• ” e “↔”. Baseia-se na
construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem
de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilida-
de do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos
o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

84
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q
Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta tam-
bém é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!

85
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- 1ª Premissa) (p ∧ q)• r é verdade. Sabendo que r é falsa, A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma utilizando isso temos:
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernan-
ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores do estava estudando. // B → ~E
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar Iniciando temos:
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
argumento é ou NÃO VÁLIDO. = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
tem que ser F.
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
mos: vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
deiro! = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas sai de casa tem que ser F.
verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 1ª Premissa) (p∧q)• r é verdade. Sabendo que p e q são // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima também ser V ou F.
é verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
Logo: r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois
temos dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no Resposta: Errado
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência
simultânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma
fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então
Exemplos: Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Triste-
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as za é uma bruxa.
seguintes proposições sejam verdadeiras. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Durante a noite, faz frio. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o Resolução:


item subsecutivo. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclu-
( ) Certo são o valor lógico (V), então:
( ) Errado (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V
Resolução:
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
B = Maria vai ao cinema xa(F) → V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio
E = Fernando está estudando Logo:
F = É noite Temos que:
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Esmeralda não é fada(V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será ver-


dadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a
única que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

87
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

88
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é − Luiz não viajou para Fortaleza.
Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís). Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está
resolvido: Luiz N N N
Arnaldo N N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Mariana N N S N
Carlos Engenheiro Patrícia Paulo N N
Luís Médico Maria
Agora, completando o restante:
Paulo Advogado Lúcia Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi- Luiz N S N N
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Arnaldo S N N N
sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Mariana N N S N
− Mariana viajou para Curitiba; Paulo N N N S
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Resposta: B

É correto concluir que, em janeiro, Quantificador


(A) Paulo viajou para Fortaleza. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os
(B) Luiz viajou para Goiânia. quantificadores são utilizados para transformar uma sentença
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
Resolução:
Tipos de quantificadores
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
• Quantificador universal (∀)
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo
Exemplo:
− Mariana viajou para Curitiba; Todo homem é mortal.
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Na representação do diagrama lógico, seria:
Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;


ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclu-
Luiz N N
sões:
Arnaldo N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Mariana N N S N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Paulo N N
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).

89
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclu- Resolução:
são de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicio- A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
nal. sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
Aplicando temos: – Se é cavalo, então é um animal.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda for-
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? ma de conclusão).
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, Resposta: B
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica. (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
• Quantificador existencial (∃)
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números
reais (R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos
reais (R) tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
Exemplo: cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase – 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
é: x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- de x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ correto.
(x)) (A (x) ∧ B). Resposta: CERTO
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal
que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
sentença será verdadeira? em tópicos anteriores.
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE

ATENÇÃO: PROBABILIDADES
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de
B” é diferente de “Todo B é A”. ocorrência de um número em um experimento aleatório.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. Elementos da teoria das probabilidades
• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam re-
Forma simbólica dos quantificadores sultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). sejam semelhantes.
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). • Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). possíveis de um experimento aleatório.
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). • Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou
seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço
Exemplos: amostral.
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

90
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 =
18
Logo a probabilidade é:

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simulta-
neamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o
número de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos Resposta: D
números de elementos dos espaços amostrais de cada experimen-
to. Probabilidade da união de eventos
n(U) = n(U1).n(U2) Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
a seguinte expressão:
Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩


B = Ø, utilizamos a seguinte equação:
Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja,


todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
Probabilidade de um evento complementar
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
representadas em porcentagem.
de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%
Probabilidade condicional
Exemplo: Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral,
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B)
repartição pública: ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilida-
de de ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que
NÚMERO DE vai ocorrer o evento B, ou seja:
FAIXA DE IDADES (ANOS)
FUNCIONÁRIOS
20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que”
Mais de 50 4 ou “sabendo que” a probabilidade de B.

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade – Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para
de que ele tenha mais de 40 anos é: se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
(A) 30%; sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade
(B) 35%; de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro,
(C) 40%; sabendo que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:
(D) 45%;

91
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (sucesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorrerem três faces 6?

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opostos
dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

92
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por
a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

93
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- Conjunto dos números racionais – Q
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo m
pelo módulo do divisor. Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
ATENÇÃO: de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa m por n.
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)
negativo.
Subconjuntos:
Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten- SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
Conjunto dos números
possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem * Q*
racionais não nulos
espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
(A) 10 Conjunto dos números
+ Q+
(B) 15 racionais não negativos
(C) 18 Conjunto dos números
(D) 20 *e+ Q*+
racionais positivos
(E) 22
Conjunto dos números
- Q_
racionais não positivos
Resolução:
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm Conjunto dos números
*e- Q*_
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, racionais negativos
temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm Representação decimal
36 : 3 = 12 livros de 3 cm Podemos representar um número racional, escrito na forma de
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo. fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possí-
Resposta: D veis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um núme-
• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida ro finito de algarismos. Decimais Exatos:
como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi- 2
plicado por a n vezes. Tenha em mente que: = 0,4
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
5
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo. 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú- algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Deci-
mero inteiro negativo. mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:

Propriedades da Potenciação 1
= 0,333...
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base 3
e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a Representação Fracionária
base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2 É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se possíveis:
os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e 1) Transformando o número decimal em uma fração numera-
(+a) = +a
1
dor é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas de-
a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1 cimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

94
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½

95
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(B) 1 Exemplo:
(C) 3/2 (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
(D) 2 – MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
(E) 3 portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
Resolução: fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução:
Somando português e matemática:
Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in-
teiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número O que resta gosta de ciências:
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
Representação geométrica frações, através de:

• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini- ÷ q = p × q-1
tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a (B) 185
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: (C) 220
p – q = p + (–q) (D) 260
(E) 120

ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,


conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

96
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: 2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.

Exemplo:
Resposta: A (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
meros racionais.
O valor, aproximado, da soma entre A e B é
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra- (A) 2
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base (B) 3
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do (C) 1
expoente anterior. (D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E

Múltiplos
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
Expressões numéricas natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- existir algum número natural n tal que:
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de x = y·n
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
Procedimentos podemos escrever: x = n/y
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na Observações:
ordem que aparecem; 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Depois as multiplicações e/ou divisões; 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem. 3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.

97
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili- 21 . 30=2
dade/ - reeditado) 21 . 31=2.3=6
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 22 . 31=4.3=12
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub- 22 . 30=4
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida- O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7. A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
Outros critérios Máximo divisor comum (MDC)
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é É o maior número que é divisor comum de todos os números
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é primos. Procedemos da seguinte maneira:
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
Fatoração numérica EXPOENTE.
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

98
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sabe-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e que
Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros.

Resolução:
Escrevendo em forma de equações, temos:
C = M + 0,05 ( I )
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então:
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05

99
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00 O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do dividida a unidade.
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês? O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
(A) R$ 498,00 dade.
(B) R$ 450,00 Lê-se: um quarto.
(C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00 Atenção:
(E) R$ 324,00 • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Resolução: • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
Primeiro mês = x tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
Segundo mês = x + 126 mos etc.
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 • Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
3.x = 1176 – 204 palavra “avos”.
x = 972 / 3
x = R$ 324,00 (1º mês) Tipos de frações
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00 – Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
Resposta: B Ex.: 7/15
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE nador. Ex.: 6/7
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos – Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era Ex.: 6/3
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra- – Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven- outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de – Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
(A) 1 / 4. a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
(B) 1 / 3. – Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
(C) 2 / 5. nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3. Operações com frações

Resolução: • Adição e Subtração


Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú- Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim: ma-se ou subtrai-se os numeradores.
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )

, ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos: Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
7.Q = 2. (360 – Q) mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
7.Q = 720 – 2.Q mos tanto na adição quanto na subtração.
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
Resposta: B
dados. Ex.:
Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:

100
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
segunda fração. Ex.: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da ______________________________________________________


fração resultante de forma a torna-la irredutível.
______________________________________________________
Exemplo:
______________________________________________________
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5 ______________________________________________________
pessoas. Cada uma recebeu
______________________________________________________
(A) ______________________________________________________

______________________________________________________
(B) ______________________________________________________

______________________________________________________
(C) ______________________________________________________

______________________________________________________
(D) ______________________________________________________

______________________________________________________
(E)
______________________________________________________

______________________________________________________
Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas, ______________________________________________________
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
suco é de 3/5 de suco da garrafa. ______________________________________________________
Resposta: B
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

101
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
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102
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

officio, nos Processos de Apuração Ética, e segue de maneira estrita


CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE a Resolução nº 10/2008 da Comissão de Ética Pública, vinculada à
Presidência da República.
Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE A Comissão de Ética do IBGE está à disposição de todos no
e-mail etica@ibge.gov.br.
Apresentação
Todo trabalho realizado no IBGE, seja ele de natureza finalísti- Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE
ca, seja ele de natureza administrativa, está pautado pela compe-
tência e pela excelência técnica adquiridas ao longo desses quase CAPÍTULO I
80 anos em que vimos servindo aos cidadãos brasileiros, sem qual-
quer espécie de discriminação. SEÇÃO I
Considero importante que os princípios éticos sejam mais co- DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
nhecidos por todos os servidores para orientar suas condutas no
trabalho diário. Foi com essa ideia em mente que reconstituímos, I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia, a eficiência e a cons-
em 2013, a Comissão de Ética do IBGE, a qual vem agora apresen- ciência dos princípios morais são primados maiores que devem
tar-nos importante documento: o Código de Ética do IBGE. nortear o servidor público do IBGE, seja no exercício do cargo ou
Tenho a convicção de que todo servidor do IBGE contribui so- função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do pró-
bremaneira para que diariamente cumpramos nossa missão institu- prio poder estatal.
cional, de todos bem conhecida. A expectativa da Direção do IBGE é Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para
a de que nossa missão, no que diz respeito ao ambiente de trabalho a preservação da honra e da tradição do serviço público, como um
profissional, seja agora aperfeiçoada pela presença ainda mais in- todo, e, em especial, das pesquisas estatísticas e geocientíficas ofi
tensa da ética em todos os setores da Casa. ciais, cujas fontes de dados escolhidas devem contemplar a qualida-
Agradeço, por fi m, a todos os servidores a seriedade e a ex- de, a oportunidade, os custos e o ônus para os cidadãos.
tremada dedicação com que realizam seu trabalho. São vocês que II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
fazem do IBGE uma das instituições mais respeitadas do País. ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
Introdução o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
Na Administração Pública brasileira, a ética tem assumido rele- e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e §
vante papel. O IBGE, como não poderia deixar de ser, vem fomen- 4°, da Constituição Federal. Por se integrar à condição de servidor
tando e instigando a disseminação daquilo que se entende por ética do IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além dos primados
no âmbito administrativo federal. Para tanto, a Presidência da Casa, maiores, a adoção dos melhores princípios, métodos e práticas, de
entre outras medidas, delegou à Comissão de Ética do IBGE a elabo- acordo com considerações estritamente profissionais, incluídos os
ração de dois documentos essenciais: o Código de Ética Profissional princípios técnicos, científicos e a ética profissional.
do Servidor Público do IBGE, que ora apresentamos nesta singela III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
publicação em papel, e o Regimento Interno da Comissão de Ética tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que
do IBGE (disponível somente em formato digital, no seguinte ende- o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
reço eletrônico: http://w3.presidencia.ibge.gov.br/etica). finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
O Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE visa a moralidade do ato administrativo. Para melhor exercício de sua
a estabelecer, fundamentalmente, os princípios de natureza deon- função pública no IBGE, o servidor deve ter consciência da relevân-
tológica, os deveres e as vedações a que estão sujeitos os agentes cia das informações estatísticas e geocientíficas, a fi m de atender
públicos lotados no Instituto. Documento de imprescindível leitura ao direito à informação pública de modo imparcial e com igualdade
para todos nós, o Código foi construído, naturalmente, a partir do de acesso. É imprescindível que o servidor do IBGE zele pela quali-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- dade dos processos de produção das informações oficiais, adotan-
cutivo Federal (Decreto n° 1.171/1994), agregando a ele, contudo, do critérios de boas práticas tanto nas atividades finalísticas quanto
algumas particularidades do trabalho realizado no IBGE. nas atividades de apoio.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
O Regimento Interno da Comissão de Ética do IBGE, por sua tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
vez, delimita e define as competências e atribuições da Comissão de por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
Ética do IBGE, cuja função primeira – ressalte-se – é a de orientar e trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
educar cotidianamente o agente público para a ética. O Regimento aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em
também estabelece, não obstante, o rito processual pelo qual se fator de legalidade.
orienta a Comissão quando provocada por denúncia ou, ainda, ex

103
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a ficos nacionais de responsabilidade do IBGE. Portanto, compete ao
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio Instituto propor, discutir e estabelecer, em conjunto com as demais
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito instituições nacionais, diretrizes, planos e programas para a produ-
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. ção estatística e cartográfica – processo que deve irradiar-se à esfera
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional internacional, especialmente na cooperação bilateral e multilateral,
e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. a fim de melhorar as informações estatísticas e geocientíficas oficiais
Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia a dia em sua em todos os países, por meio da utilização de conceitos, classifica-
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na ções e métodos que promovam a coerência e a eficiência entre os
vida funcional. diversos sistemas estatísticos e cartográficos.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, SEÇÃO II
a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE
nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou
negar. Entretanto, os dados individuais de pessoas físicas ou jurídi- emprego público de que seja titular;
cas coletados pelo IBGE são estritamente confidenciais e exclusiva- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-
mente utilizados para fins estatísticos. Ademais, leis, regulamentos to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações
e medidas que regem a operação dos sistemas estatístico e carto- procrastinatórias, principalmente diante de fi las ou de qualquer
gráfico no Instituto devem ser de conhecimento público. outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode que exerça suas atribuições, com o fi m de evitar dano moral ao
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria usuário;
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar cargo;
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-
significa causar lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a do o processo de comunicação e contato com o público;
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, f ) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens blicos;
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
esperanças e seus esforços para construí-los. peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética dano moral;
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
usuários dos serviços públicos. presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais ra em que se funda o Poder Estatal;
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função imorais, ilegais ouaéticas e denunciá-las;
pública. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- cífi cas da defesa da vida e da segurança coletiva;
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua au-
sempre conduz à desordem nas relações humanas. sência provoca danos ao trabalho ordenado, refl etindo negativa-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- mente em todo o sistema;
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da dências cabíveis;
Nação. O caráter colaborativo e participativo deve estar presente n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
nas atividades estatísticas e cartográficas, privilegiando-se, assim, guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
um contato estreito e harmonioso entre ambas as atividades – con- ção;
tato essencial para melhorar a qualidade, comparabilidade e coerên- o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
cia dos dados produzidos. Esse espírito colaborativo e participativo a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
deve estender-se à coordenação dos sistemas estatísticos e cartográ- zação do bem comum;

104
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
exercício da função; de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser- tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções dor para o mesmo fim;
superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí- h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em nhar para providências;
boa ordem; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de dimento em serviços públicos;
direito; j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti-
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais cular;
que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente l) retirar da Instituição, sem estar legalmente autorizado, qual-
aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris- quer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;
dicionados administrativos; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in-
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos
ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes- ou de terceiros;
mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual-
quer violação expressa à lei; mente;
v) apresentar, nas análises estatísticas e geográficas, informa- o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra
ções que estejam de acordo com as normas científicas sobre fontes, a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
métodos e procedimentos, bem como comentar as interpretações p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
errôneas e o uso indevido de informações estatísticas e geocientí- empreendimentos de cunho duvidoso.
ficas; q) disponibilizar informações de caráter sigiloso e confidencial
x) zelar pela qualidade dos processos de produção das infor- sobre pessoas físicas ou jurídicas, bem como antecipar resultados
mações estatísticas e geocientíficas oficiais, adotando critérios de de pesquisas à sua divulgação oficial, exceto quando autorizado.
boas práticas tanto nas atividades finalísticas quanto nas atividades
de apoio; CAPÍTULO II
z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so- DA COMISSÃO DE ÉTICA DO IBGE
bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
cumprimento. A conduta ética do servidor do IBGE deve respeitar XVI – A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de orientar
a legislação e as normatizações do Ministério do Planejamento, Or- e aconselhar sobre a ética profissional dos servidores da Casa, no
çamento e Gestão, assim como as normas internas desta Fundação, tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin-
expressas em suas Resoluções, Ordens de Serviço, Portarias, Nor- do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento
mas de Serviço e Memorandos. susceptível de censura.

SEÇÃO III XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quando


DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE necessário e a quem de direito, os registros sobre a conduta ética
dos servidores da Casa, para o efeito de instruir e fundamentar pro-
XV - É vedado ao servidor público do IBGE: moções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po- de servidor público no âmbito do IBGE.
sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
para outrem; Ética do IBGE é a de censura e sua fundamentação constará do res-
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido- pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciên-
res ou de cidadãos que deles dependam; cia do faltoso.
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente XIX - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,
de sua profissão; contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-
ou material; gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al- as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, do Estado.
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
rarquicamente superiores ou inferiores;

105
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento


LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES (ART. 116, e processo ou execução de serviço;
INCISOS I A IV, INCISO V, ALÍNEAS A E C, INCISOS VI A V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
XII E PARÁGRAFO ÚNICO; ART. 117, INCISOS I A VI E da repartição;
IX A XIX; ART. 118 A ART. 126; ART. 127, INCISOS I A III; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
ART. 132, INCISOS I A VII, E IX A XIII; ART. 136 A ART. vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
141; ART. 142, INCISOS I, PRIMEIRA PARTE, II E III, E §1º sabilidade ou de seu subordinado;
A §4º) IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
trem, em detrimento da dignidade da função pública;
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada
União, das autarquias e das fundações públicas federais. pela Lei nº 11.784, de 2008
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
TÍTULO IV ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
DO REGIME DISCIPLINAR ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
CAPÍTULO I XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
DOS DEVERES quer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
Art. 116. São deveres do servidor: geiro;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
II - ser leal às instituições a que servir; XV - proceder de forma desidiosa;
III - observar as normas legais e regulamentares; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- serviços ou atividades particulares;
mente ilegais; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
V - atender com presteza: que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
ressalvadas as protegidas por sigilo; com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici-
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; tado.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do CAPÍTULO III
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver DA ACUMULAÇÃO
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
de 2011) vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
mônio público; e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra- Estados, dos Territórios e dos Municípios.
tiva; § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; da à comprovação da compatibilidade de horários.
XI - tratar com urbanidade as pessoas; § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu-
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- nerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- 9.527, de 10.12.97)
sentando ampla defesa. Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
CAPÍTULO II nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
DAS PROIBIÇÕES coletiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº neração devida pela participação em conselhos de administração e
2.225-45, de 4.9.2001) fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
torização do chefe imediato; dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla-
qualquer documento ou objeto da repartição; ção específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
III - recusar fé a documentos públicos; de 4.9.2001)

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi-
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário penal cabível.
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
5 (cinco) anos. (Vide ADIN 2975)
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
DAS RESPONSABILIDADES ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamen- Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
te pelo exercício irregular de suas atribuições. do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
a terceiros. durante o período de doze meses.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduida-
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de de habitual, também será adotado o procedimento sumário a que
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. se refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso- nº 9.527, de 10.12.97)
res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
recebida. período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun- a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
ção. ses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
cumular-se, sendo independentes entre si. tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
fato ou sua autoria. cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
CAPÍTULO V julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DAS PENALIDADES Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
Art. 127. São penalidades disciplinares: Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
I - advertência; da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
II - suspensão; tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
III - demissão; der, órgão, ou entidade;
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
I - crime contra a administração pública; mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
II - abandono de cargo; tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III - inassiduidade habitual; III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
IV - improbidade administrativa; respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
VI - insubordinação grave em serviço; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo tratar de destituição de cargo em comissão.
em legítima defesa própria ou de outrem; Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
cargo; cargo em comissão;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
cional; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
XI - corrupção; § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- fato se tornou conhecido.
cas; § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. às infrações disciplinares capituladas também como crime.

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo 4.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por formática)
autoridade competente. A Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre o regime jurídico dos servido-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a res públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. federais e trata das penalidades disciplinares. Sobre o assunto, ana-
lise as afirmativas abaixo:
I. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza
QUESTÕES e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
1.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) e os antecedentes funcionais.
Sobre o regime disciplinar previsto na Lei nº 8.112/1990, que II. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fun-
dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da damento legal e a causa da sanção disciplinar.
União, das autarquias e das fundações públicas federais, assinale a III. Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
alternativa que apresente um dever do servidor público: de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 100%
(A) Praticar usura sob qualquer de suas formas (cem por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o
(B) Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando soli- servidor obrigado a permanecer em serviço
citado
(C) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo Assinale a alternativa correta.
(D) Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangei- (A) As afirmativas I, II e III estão corretas
ro (B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
(E) Proceder de forma desidiosa (C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
2.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) (E) Apenas a afirmativa III está correta
A Lei nº 8.112/1990 dispõe que “é dever do servidor público
representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder” (artigo 5.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
116, inciso XII). Acerca do assunto, assinale a alternativa que dispõe formática)
sobre o procedimento adequado da representação: No que se refere à prescrição da ação disciplinar, nos termos
(A) A representação será analisada pela mesma pessoa que das disposições da Lei nº 8.112/1990, assinale a alternativa correta:
realizou abuso de poder, não podendo ser reanalisada por su- (A) O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
perior hierárquico fato foi praticado
(B) A representação será encaminhada pela via hierárquica e (B) Os prazos de prescrição previstos na lei penal não se apli-
apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é for- cam às infrações disciplinares capituladas também como crime
mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa (C) A ação disciplinar prescreverá em 30 (trinta) dias quanto à
(C) No procedimento da representação, por tratar de interesse pena de advertência
público, não é necessário assegurar o direito ao contraditório (D) Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a cor-
e ampla defesa rer a partir do dia em que o ato foi praticado
(D) A representação será enviada pelo servidor público omisso, (E) A abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
que poderá avaliar possibilidade de reconsideração ou não do ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
ato por autoridade competente
(E) Caso o servidor púbico cometa um ato contrário a lei, esse
ato não poderá ser objeto de representação 6.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
formática)
3.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) O abandono de cargo é uma das hipóteses de aplicação da
No que se refere ao regime disciplinar do servidor público, con- pena de demissão ao servidor público, conforme dispõe a Lei nº
forme dispõe a Lei nº 8112/1990, assinale a alternativa que não 8.112/90.
apresenta uma das proibições previstas em lei:
(A) Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto Sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
da repartição (A) O abandono de cargo pode ser configurado pela ausência
(B) Recusar fé a documentos públicos não intencional, quando ocorrer ausência justificada por mais
(C) Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, de 45 (quarenta e cinco) dias
qualquer documento ou objeto da repartição (B) Abandono de cargo e inassiduidade habitual são sinônimos
(D) Tratar com urbanidade as pessoas (C) O abandono de cargo restará configurado quando o servi-
(E) Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- dor faltar ao serviço, sem causa justificada, por 30 (trinta) dias,
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res- interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses
ponsabilidade ou de seu subordinado (D) Configura abandono de cargo a ausência intencional do ser-
vidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias consecutivos
(E) Para configurar abandono de cargo basta 15 (quinze) faltas
no período de 12 (doze) meses

108
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

7.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-


formática)
ANOTAÇÕES
No que se refere à aplicação das penalidades disciplinares, con-
forme previsão na Lei nº 8.112/1990, assinale a alternativa correta. ______________________________________________________
(A) Serão aplicadas pela autoridade que houver feito a nome-
ação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão ______________________________________________________
(B) Deverão ser aplicadas pelo chefe da repartição, em qual-
quer hipótese ______________________________________________________
(C) Não é possível que o Procurador-Geral da República aplique
penalidade disciplinar, por falta de previsão legal ______________________________________________________
(D) A penalidade de advertência apenas poderá ser aplicada
______________________________________________________
pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu-
nais Federais ______________________________________________________
(E) A penalidade de suspensão de até 30 (trinta) dias apenas
pode ser aplicada pelo Presidente da República ______________________________________________________

8.(IBFC - 2021 - Supervisor de Pesquisas (IBGE) ______________________________________________________


A Lei nº 8.112/1990 trata em seu artigo 127 das denominadas
“penalidades disciplinares”. ______________________________________________________

______________________________________________________
Acerca das disposições da supracitada lei, assinale a alternativa
que apresente uma penalidade disciplinar. ______________________________________________________
(A) Acordo de leniência
(B) Suspensão ______________________________________________________
(C) Exoneração
(D) Pena restritiva de direitos ______________________________________________________
(E) Pena privativa de liberdade
______________________________________________________
9.(IBFC - 2021 - Supervisor de Pesquisas (IBGE)
A Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre o regime jurídico dos servido- ______________________________________________________
res públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
______________________________________________________
federais e traz em seu artigo 132 as hipóteses em que a pena de de-
missão será aplicada. Sobre as hipóteses de aplicação da demissão, ______________________________________________________
assinale a alternativa incorreta.
(A) Prática de crime contra a administração pública ______________________________________________________
(B) Inassiduidade habitual
(C) Improbidade administrativa ______________________________________________________
(D) Acumulação legal de cargos, empregos ou funções públicas
(E) Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 E ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 B
9 D ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

109
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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110
GEOGRAFIA

— Projeções Cartográficas
NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA. ORIENTAÇÃO: O que são: são representações da superfície esférica da Terra
PONTOS CARDEAIS. LOCALIZAÇÃO: COORDENADAS através de desenhos planificados. Essas representações são consti-
GEOGRÁFICAS, LATITUDE, LONGITUDE E ALTITUDE. tuídas por um sistema de coordenadas geográficas, consistindo em
REPRESENTAÇÃO: LEITURA, ESCALA, LEGENDAS E linhas paralelas e meridianos, construindo assim, um mapa.
CONVENÇÕES
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
Cartografia é a ciência em que se estuda o espaço geográfico existem três principais classificações de projeções cartográficas. São
através da sua representação em mapas. elas:
• Projeção Plana (ou Azimutal): a superfície terrestre é proje-
— Coordenadas Geográficas tada sob uma parte plana tocante. Normalmente, utiliza-se a pro-
São linhas imaginárias que dividem o espaço geográfico nos jeção plana para representar uma área menor. Seu formato é feito
sentidos vertical e horizontal. Elas servem para localizar qualquer de forma que as coordenadas geográficas criem círculos concêntri-
ponto no planeta. A distância das coordenadas geográficas é medi- cos. A projeção plana é classificada em três tipos: polar, equatorial
da em graus, minutos e segundos. Um grau tem 60 minutos e um e oblíqua.
minuto tem 60 segundos. As coordenadas geográficas são classifi-
cadas em dois tipos:
• Latitude: são as linhas em sentido horizontal. O maior círcu-
lo da esfera da terra, horizontalmente, é chamado de equador. O
equador é 0° de latitude, dividindo o planeta em dois hemisférios,
norte e sul. Latitudes tem variação de 0° e 90° nos dois hemisférios.
• Longitude: são as linhas em sentido vertical, também chama-
das de meridianos. Divide o planeta em Ocidente (oeste) e Oriente
(Leste). Tem variação de 0° e 180°, nos sentidos leste e oeste. O
meridiano de Greenwich é o ponto de partida, com longitude de 0°.

— Escala Cartográfica
É a proporção do quanto a área geográfica real foi reduzida Projeção plana
para sua representação no mapa. Essa proporção é de muita impor- Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geogra-
tância, pois dessa forma, a representação não é feita de forma ale- fia-enem/
atória, mas proporcional. Ela nos faz entender os mapas e medidas
representadas nos mesmos. • Projeção Cilíndrica: a superfície terrestre é projetada na base
A escala cartográfica é classificada em dois tipos: de um cilindro, de forma que envolve o globo todo. Normalmen-
te, utiliza-se a projeção cilíndrica para representar o mapa inteiro
— Escala numérica como um todo, como o mapa múndi. Ocorre, ao planificar a ima-
Utiliza-se os números para representar as proporções. gem, uma deformação nas áreas de latitude alta, podendo causar
Exemplo: 1:100.000 exagero na representação dos polos.

Os dois pontos demonstram a proporção e o número variante


(nesse caso, 100.000) sempre estará em centímetros. Neste caso, a
proporção é de 1 centímetro no mapa para 1km na área real.

— Escala Gráfica
Outro tipo de representação utilizada nos mapas para demons-
trar as medidas reais do espaço geográfico. É uma linha horizontal
com retângulos brancos e pretos. Ela pode ser expressa em metros
ou quilômetros.

Projeção Cilíndrica
Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geogra-
fia-enem/

111
GEOGRAFIA

• Projeção Cônica: a superfície terrestre é projetada na base de um cone que envolve todo o globo. Seu formato é feito de forma que
as coordenadas geográficas criem arcos concêntricos.Assim como a cilíndrica, a projeção cônica apresenta deformações na base e vértice
do cone.

Projeção Cônica
Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geografia-enem/

— Mapas Temáticos
Diante de uma variedade de características de um espaço geográfico que podem ser representadas em mapas, os cartógrafos criaram
os mapas temáticos, que tratam de temáticas específicas. Eles são de cinco principais tipos. São eles:
• Mapa Político: representam as divisões territoriais (fronteiras) entre um espaço delimitado, como cidades, países, continentes, etc

Mapa político que mostra as regiões do Brasil


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.ht

112
GEOGRAFIA

• Mapa Demográfico: descrevem dados sobre uma população de determinado espaço geográfico, ou seja, são utilizados para repre-
sentar informações como número de habitantes, fluxos migratórios, taxa de natalidade, entre muitas outras.

Mapa Demográfico do Brasil


Imagem: https://www.infoescola.com/mapas/mapa-da-densidade-demografica-do-brasil/

113
GEOGRAFIA

• Mapa Físico: apresentam informações sobre os elementos naturais daquele espaço, como a vegetação, o relevo, clima, hidrografia
(cursos d’água), entre outros.

Mapa físico com informações sobre o relevo da América do Sul


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm

• Mapa Econômico: apresentam informações sobre as atividades econômicas de determinado local (cidade, país, continente). Com
isso, é possível identificar as áreas de maior poder aquisitivo, as atividades agropecuárias, produções industriais e locais com jazidas mi-
nerais.

Mapa econômico que mostra a produção de algodão em diferentes pontos do país


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm

114
GEOGRAFIA

• Mapa Histórico: apresentam informações sobre o passado de um local, como por exemplo, como era a delimitação de território do
Brasil colonial.

Mapa do Brasil Colonial


Imagem: Pinterest

ASPECTOS FÍSICOS DO BRASIL E MEIO AMBIENTE NO BRASIL (GRANDES DOMÍNIOS DE CLIMA, VEGETAÇÃO, RELEVO
E HIDROGRAFIA; ECOSSISTEMAS)

— Domínios Morfoclimáticos Brasileiros


Domínios Morfoclimáticos são classificação que divide o espaço geográfico baseado nas características climáticas, vegetativas, do solo
e a hidrografia. Os domínios morfoclimáticos do Brasil são definidos como seis:
• Amazônico: é o maior entre eles. Localizado no Norte do país, possui relevo de terras de baixa latitude e grandes depressões. Seu
clima é quente e úmido (equatorial), com chuvas em todos os meses do ano. A temperatura nesse domínio varia entre 24ºC e 27 ºC, e nele
está a maior bacia hidrográfica do Brasil. O solo da Amazônia não é muito fértil.
• Caatinga: situado na região do Nordeste do país, apresenta características de um relevo com grandes depressões e clima semiárido,
ocorrendo diversas secas. Sua hidrografia é instável, pois os rios secam uma vez por ano, por conta da temperatura alta padrão desse do-
mínio. O solo da Caatinga tem má permeabilidade.
• Mares de Morros: domínio situado no litoral do país, de relevo caracterizado por morros arredondados e serras. Apresenta clima
tropical úmido, com alto índice de chuvas. Esse domínio possui duas bacias hidrográficas importantes: a Bacia do Rio Paraná e a Bacia do
Rio São Francisco. O solo é fértil.
• Cerrado: de relevo caracterizado por planaltos e chapadões, o clima desse domínio é tropical sazonal. A sua temperatura média é de
22ºC, mas pode variar bastante, tendo secas no inverno. É o domínio que abriga 8 de 12 bacias hidrográficas no Brasil, com rios importan-
tes como o Rio Tocantins e o Rio Araguaia. O solo é avermelhado e argiloso.
• Araucárias: o relevo desse domínio é caracterizado por ondulações e montanhas. Seu clima é subtropical, e apresenta as estações
do ano bem definidas. A temperatura varia de 14ºC a 30ºC. O domínio abriga usinas hidrelétricas importantes para o país. Apresenta solo
de bastante umidade e bem fértil.

115
GEOGRAFIA

• Pradarias (ou Pampas): situado no Sul do Brasil, o relevo desse domínio apresenta características de baixa latitude e algumas ondu-
lações. Possui dois tipos de clima, as temperadas, com clima de estações bem definido (verão com temperaturas altas e chuva e inverno
frio e seco), e pradarias tropicais, com clima quente e seco em todos os meses do ano. Abrange rios como o Ibicuí e o Rio Uruguai. Solo
fértil e profundo, bastante utilizado para a agricultura.

— Mudança Climática e Poluição Atmosférica.


Mudanças climáticas são transformações que o clima e a temperatura sofrem ao longo do tempo. Elas são naturais, porém os seres
humanos veem interferindo no ciclo natural desde o século XVIII, principalmente após a Revolução Industrial.
A queima de combustíveis como petróleo e carvão polui a atmosfera Terrestre com gases de efeito estufa, retendo o calor na Terra
e gerando mudanças climáticas intensas. O principal gás liberado pelos combustíveis fósseis utilizados em carros, motos e indústrias é o
dióxido de carbono. Além de causar mudanças climáticas e o aquecimento global, a poluição atmosférica afeta a vida de todos os seres
vivos do planeta, inclusive os seres humanos. Diversas doenças respiratórias e pulmonares, por exemplo, se intensificaram ao longo dos
anos com o aumento do aquecimento global.
A vegetação do Brasil são os diferentes tipos de plantas que se formam em todo o país. Ela é bem diversa, pois o Brasil é um país de
grande extensão territorial. A vegetação pode variar porque, fatores como o clima, o relevo, o solo, influenciam muito no tipo de seres
vivos que irão se formar naquele local. As principais são:
• Floresta Amazônica: floresta tropical de clima úmido e quente, é a maior floresta tropical do mundo e, no Brasil, sua extensão é de
60% da sua superfície. Nela, existem diferentes tipos de vegetação, e é dividida em mata de várzea, mata de igapó e mata de terra firme.
• Mata atlântica: de clima tropical úmido, tem grande biodiversidade, com mais de 20 mil espécies de plantas. Anteriormente, cobria
cerca de 15% do território nacional, porém, com o desmatamento esse número foi reduzido a quase 13% e vem diminuindo.
• Cerrado: é a vegetação que predomina na região do Centro-Oeste do Brasil. Com um clima tropical, sua vegetação é formada por
herbáceas, arbustos e árvores de pequeno porte. Também sofre desmatamento.
• Caatinga: de clima semiárido, é caracterizada por muitos dias de seca e pouca chuva. Sua vegetação consiste em gramíneas, arbus-
tos, árvores pequenas e médias.
• Pantanal: encontrado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é caracterizado por muitas áreas alagadas por conta da
superfície plana. Sua vegetação conta com arbustos, matas ciliares, árvores de grande porte e plantas aquáticas.
• Pampa: encontrado na região do Sul do país, é formado por gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte.

Imagem: IBGE (adaptado)

116
GEOGRAFIA

Uma Bacia Hidrográfica é definida como uma área alimentada Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios
por um rio e seus afluentes. Sua delimitação se dá pelo relevo que a e ecossistemas
contorna e/ou a vegetação em volta. O Brasil possui uma das biodiversidades mais ricas do mundo,
O Brasil se encontra em uma área privilegiada, pois possui cer- detentor das maiores reservas de água doce e de um terço das flo-
ca de 12% da água potável do planeta. Existem 12 bacias ao todo restas tropicais que ainda não foram desmatadas. Segundo o IBGE
no país: o Brasil é formado por seis biomas1 de características distintas:
• Bacia Hidrográfica amazônica: é a maior bacia do planeta, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
com área de drenagem de cerca de 7 milhões de quilômetros qua- Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e
drados, onde 3 milhões estão só no Brasil. Tem enorme potencial de fauna.
em questões de gerar energia hidrelétrica e transportes fluviais. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes
• Bacia Hidrográfica do São Francisco: com cerca de 640 quilô- da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a
metros quadrados, ela liga as regiões Nordeste e Sudeste. existência ou não de hábitats para as espécies, a manutenção de
• Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia: sua área de dre- serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevi-
nagem é de 967.059 quilômetros quadrados, sendo a maior bacia vência de populações humanas.
exclusiva do Brasil. Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o esta-
• Bacia Hidrográfica do Paraná: é encontrada em vários países belecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de
da América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Com gran- oportunidades para a conservação, uso sustentável e repartição de
de potencial hidrelétrico, existem diversas usinas que utilizam desta benefícios da biodiversidade.
bacia, como a usina Ilha Solteira, Itaipu, Capivari, entre outras.
• Bacia Hidrográfica do Parnaíba: área de drenagem de cer-
ca de 340 mil quilômetros quadrados, encontra-se nos estados do
Piauí, Maranhão e Ceará e os rios principais são Balsas, Uruçuí-Pre-
to, Gurguéia, entre outros.
• Bacia Hidrográfica do Uruguai: encontra-se nos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o rio principal é o Rio Uruguai,
com grande potencial hidrelétrico.
• Bacia Hidrográfica do Paraguai: encontra-se nos estados do
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com área de drenagem de cerca
de 360 quilômetros quadrados. O rio principal é o Paraguai.
• Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental: tem área
de drenagem de cerca de 288 quilômetros quadrados e encontra-se
nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco e
Alagoas. os rios principais são Beberibe e Capibaribe.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental: com área
de drenagem de cerca de 254 quilômetros quadrados, encontra-se
nos estados do Maranhão e do Pará e os principais rios são o Mea-
rim, Itapecuru e Turiaçu.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Leste: com área de drenagem
de cerca de 374 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados
de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. O principal rio é o
Jequitinhonha.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste: com área de drenagem
de cerca de 230 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados
do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Amazônia
Seus principais rios são os Doce, Itapemirim, São Mateus, Iguape, A Amazônia é quase mítica: um verde e vasto mundo de águas
Paraíba do Sul, etc. e florestas, onde as copas de árvores imensas escondem o úmido
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sul: de menor porte, sua área de nascimento, reprodução e morte de mais de um-terço das espécies
drenagem tem cerca de 185 quilômetros quadrados. que vivem sobre a Terra.
Os números são igualmente monumentais. A Amazônia é o
— Uso dos Recursos Hídricos e Impactos Ambientais. maior bioma do Brasil: num território de 4,196.943 milhões de km2
A existência de água potável sofre ameaças por conta da po- (IBGE,2004), crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de
luição de rios, lagos e oceanos. A poluição hídrica é causada prin- toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das
cipalmente pelo despejamento de lixo e substâncias químicas das 100 mil da América do Sul).
indústrias. Isso traz diversas consequências, pois influencia negati- A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: co-
vamente as bacias hidrográficas, além de contaminar água que po- bre cerca de 6 milhões de km2 e e tem 1.100 afluentes. Seu princi-
deria ser utilizada para o consumo e outras atividades. pal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlân-
tico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada
segundo.

1 https://www.mma.gov.br/biomas.html

117
GEOGRAFIA

As estimativas situam a região como a maior reserva de madei- Em decorrência dessa parceria e das iniciativas próprias dos estados
ra tropical do mundo. Seus recursos naturais – que, além da madei- da caatinga, os processos de seleção de áreas e de criação de UC´s
ra, incluem enormes estoques de borracha, castanha, peixe e miné- foram agilizados. Os primeiros resultados concretos já aparecem,
rios, por exemplo – representam uma abundante fonte de riqueza como a criação do Parque Estadual da Mata da Pimenteira, em Ser-
natural. A região abriga também grande riqueza cultural, incluindo ra Talhada-PE, e da Estação Ecológica Serra da Canoa, criada por
o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar es- Pernambuco em Floresta-PE, com cerca de 8 mil hectares, no dia
ses recursos naturais sem esgotá-los nem destruir o habitat natural. da caatinga de 2012 (28/04/12). Além disso, houve a destinação de
Toda essa grandeza não esconde a fragilidade do escossistema recursos estaduais para criação de unidades no Ceará, na região de
local, porém. A floresta vive a partir de seu próprio material orgâni- Santa Quitéria e Canindé.
co, e seu delicado equilíbrio é extremamente sensível a quaisquer Merece destaque a destinação de recursos, para projetos que
interferências. Os danos causados pela ação antrópica são muitas estão sendo executados, a partir de 2012, na ordem de 20 milhões
vezes irreversíveis. de reais para a conservação e uso sustentável da caatinga por meio
Ademais, a riqueza natural da Amazônia se contrapõe drama- de projetos do Fundo Clima – MMA/BNDES, do Fundo de Conversão
ticamente aos baixos índices sócio-economicos da região, de baixa da Dívida Americana – MMA/FUNBIO e do Fundo Socioambiental -
densidade demográfica e crescente urbanização. Desta forma, o MMA/Caixa Econômica Federal, dentre outros (documento com re-
uso dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento lação dos projetos). Os recursos disponíveis para a caatinga devem
da região. aumentar tendo em vista a previsão de mais recursos destes fundos
e de novas fontes, como o Fundo Caatinga, do Banco do Nordeste
Caatinga - BNB, a ser lançado ainda este ano. Estes recursos estão apoiando
A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros iniciativas para criação e gestão de UC´s, inclusive em áreas prioritá-
quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os rias discutidas com estados, como o Rio Grande do Norte.
estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Também estão custeando projetos voltados para o uso susten-
Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico tável de espécies nativas, manejo florestal sustentável madeireiro
em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 e não madeireiro e para a eficiência energética nas indústrias ges-
de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 seiras e cerâmicas. Pretende-se que estas indústrias utilizem lenha
abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maio- legalizada, advinda de planos de manejo sustentável, e que econo-
ria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A mizem este combustível nos seus processos produtivos. Além dos
caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços projetos citados acima, em 2012 foi lançado edital voltado para uso
ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explo- sustentável da caatinga (manejo florestal e eficiência energética),
rado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país. A pelo Fundo Clima e Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal –
biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas Serviço Florestal Brasileiro, incluindo áreas do Rio Grande do Norte.
voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos Devemos ressaltar que o nível de conhecimento sobre o bioma,
ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. sua biodiversidade, espécies ameaçadas e sobreexplotadas, áreas
Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de prioritárias, unidades de conservação e alternativas de manejo sus-
forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido princi- tentável aumentou nos últimos anos, fruto de uma série de diag-
palmente ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e nósticos produzidos pelo MMA e parceiros. Grande parte destes
insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio diagnósticos pode ser acessados no site do Ministério: Legislação e
e a conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado des- Publicações. Este ano estamos iniciando o processo de atualização
matamento que chega a 46% da área do bioma, segundo dados do das áreas prioritárias para a caatinga, medida fundamental para di-
Ministério do Meio Ambiente (MMA), o governo busca concretizar recionar as políticas para o bioma.
uma agenda de criação de mais unidades de conservação federais Da mesma forma, aumentou a divulgação de informações
e estaduais no bioma, além de promover alternativas para o uso para a sociedade regional e brasileira em relação à caatinga, assim
sustentável da sua biodiversidade. como o apoio político para a sua conservação e uso sustentável.
Em relação às Unidades de Conservação (UC´s) federais, em Um exemplo disso é a I Conferência Regional de Desenvolvimento
2009 foi criado o Monumento Natural do Rio São Francisco, com 27 Sustentável do Bioma Caatinga - A Caatinga na Rio+20, realizada em
mil hectares, que engloba os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e, maio deste ano, que formalizou os compromissos a serem assumi-
em 2010, o Parque Nacional das Confusões, no Piauí foi ampliado dos pelos governos, parlamentos, setor privado, terceiro setor, mo-
em 300 mil hectares, passando a ter 823.435,7 hectares. Em 2012 vimentos sociais, comunidade acadêmica e entidades de pesquisa
foi criado o Parque Nacional da Furna Feia, nos Municípios de Ba- da região para a promoção do desenvolvimento sustentável do bio-
raúna e Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, com 8.494 ma. Estes compromissos foram apresentados na Conferência das
ha. Com estas novas unidades, a área protegida por unidades de Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20.
conservação no bioma aumentou para cerca de 7,5%. Ainda assim, Por outro lado, devemos reconhecer que a Caatinga ainda
o bioma continuará como um dos menos protegidos do país, já que carece de marcos regulatórios, ações e investimentos na sua con-
pouco mais de 1% destas unidades são de Proteção Integral. Ade- servação e uso sustentável. Para tanto, algumas medidas são fun-
mais, grande parte das unidades de conservação do bioma, espe- damentais: a publicação da proposta de emenda constitucional
cialmente as Áreas de Proteção Ambiental – APAs, têm baixo nível que transforma caatinga e cerrado em patrimônios nacionais; a as-
de implementação. sinatura do decreto presidencial que cria a Comissão Nacional da
Paralelamente ao trabalho para a criação de UCs federais, algu- Caatinga; a finalização do Plano de Prevenção e Controle do Des-
mas parcerias vêm sendo desenvolvidas entre o MMA e os estados, matamento da Caatinga; a criação das Unidades de Conservação
desde 2009, para a criação de unidades de conservação estaduais.

118
GEOGRAFIA

prioritárias, como aquelas previstas para a região do Boqueirão da Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de
Onça, na Bahia, e Serra do Teixeira, na Paraíba, e finalmente a desti- todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor
nação de um volume maior de recursos para o bioma. porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma apresen-
ta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de
Cerrado conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocu- proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sus-
pando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território tentável, incluindo RPPNs (0,07%).
nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás,
Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Mata Atlântica
Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, A Mata Atlântica é composta por formações florestais nati-
além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço vas (Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também
territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidro- denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta;
gráficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual),
Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece e ecossistemas associados (manguezais, vegetações de restingas,
a sua biodiversidade. campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do
Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Nordeste).
Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e Originalmente, o bioma ocupava mais de 1,3 milhões de km²
sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diver- em 17 estados do território brasileiro, estendendo-se por grande
sidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana parte da costa do país. Porém, devido à ocupação e atividades hu-
mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas manas na região, hoje resta cerca de 29% de sua cobertura original.
já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que de-
terminam uma notável alternância de espécies entre diferentes fi- Mesmo assim, estima-se que existam na Mata Atlântica cerca
tofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, de 20 mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil,
e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números aproximadamente), incluindo diversas espécies endêmicas e amea-
de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 es- çadas de extinção.
pécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhe- Essa riqueza é maior que a de alguns continentes, a exemplo da
cido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: América do Norte, que conta com 17 mil espécies vegetais e Euro-
28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, pa, com 12,5 mil. Esse é um dos motivos que torna a Mata Atlântica
o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e prioritária para a conservação da biodiversidade mundial.
23% dos cupins dos trópicos. Em relação à fauna, o bioma abriga, aproximadamente, 850 es-
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande impor- pécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos
tância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos na- e 350 de peixes.
turais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribei- Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiver-
rinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, sidade, a Mata Atlântica fornece serviços ecossistêmicos essenciais
juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e para os 145 milhões de brasileiros que vivem nela.
detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Mais As florestas e demais ecossistemas que compõem a Mata Atlân-
de 220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas tica são responsáveis pela produção, regulação e abastecimento de
na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o ven- água; regulação e equilíbrio climáticos; proteção de encostas e ate-
to, proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores nuação de desastres; fertilidade e proteção do solo; produção de
naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são re- alimentos, madeira, fibras, óleos e remédios; além de proporcionar
gularmente consumidos pela população local e vendidos nos cen- paisagens cênicas e preservar um patrimônio histórico e cultural
tros urbanos, como os frutos do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti imenso.
(Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Euge- Neste contexto, a conservação dos remanescentes de Mata
nia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do cerrado Atlântica e a recuperação da sua vegetação nativa tornam-se
(Anacardium humile), Araticum (Annona crassifolia) e as sementes fundamentais para a sociedade brasileira, destacando-se para
do Barú (Dipteryx alata). isso áreas protegidas, como Unidades de Conservação (SNUC –
Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco Lei nº 9.985/2000) e Terras Indígenas (Estatuto do Índio – Lei nº
de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já 6001/1973), além de Áreas de Preservação Permanente e Reserva
não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies Legal (Código Florestal – Lei nº 12.651/2012).
de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. O bioma também é protegido pela Lei nº 11.428/2006, conhe-
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais cida como Lei da Mata Atlântica, regulamentada pelo Decreto nº
sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pres- 6.660/2008.
são para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produ- No dia 27 de maio é comemorado o Dia Nacional da Mata
ção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo Atlântica.
esgotamento dos recursos naturais da região. Nas três últimas dé-
cadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da frontei- Pampa
ra agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde
exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004). Isto corresponde a
produção de carvão. 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro. As pai-
sagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de

119
GEOGRAFIA

morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso patrimônio Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o
cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pam- bioma que menor tem representatividade no Sistema Nacional de
pa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas há Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da
também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de área continental brasileira protegida por unidades de conservação.
pau-ferro, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é
rochosos, etc. signatário, em suas metas para 2020, prevê a proteção de pelo me-
Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa nos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não cada bioma.
completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Re-
em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade partição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”, atualizadas em
de gramíneas, são mais de 450 espécies (campim-forquilha, gra- 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa,
ma-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos de-porco, dentre destas, 41 (um total de 34.292 km2) foram consideradas de impor-
outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as es- tância biológica extremamente alta.
pécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a ba- Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em
bosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e 0,9% de pro-
afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de teção integral), com grande lacuna de representação das principais
cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa valem fisionomias de vegetação nativa e de espécies ameaçadas de extin-
destacar o Algarrobo (Prosopis algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia ção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a re-
farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados cuperação de áreas degradadas e a criação de mosaicos e corredo-
apenas no Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra do res ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
Quaraí. conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, dentre O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é ou-
elas a ema (Rhea americana), o perdigão (Rynchotus rufescens), tro elemento essencial para assegurar a conservação do Pampa. A
a perdiz (Nothura maculosa), o quer-quero (Vanellus chilensis), o diversificação da produção rural a valorização da pecuária com ma-
caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o joão-de-barro (Fur- nejo do campo nativo, juntamente com o planejamento regional, o
narius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o pica-pau zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossis-
do campo (Colaptes campestres). Também ocorrem mais de 100 têmicos são o caminho para assegurar a conservação da biodiversi-
espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro dade e o desenvolvimento econômico e social.
(Ozotoceros bezoarticus), o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), O Pampa é uma das áreas de campos temperados mais impor-
o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita tantes do planeta.
(Dasypus hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco- Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fi-
-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema muito rico, sionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como predomínio
com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos
flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul (Heliomaster furcifer); o sapi- protegidos em todo o planeta.
nho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma
ameaçadas de extinção tais como: o veado campeiro (Ozotocerus área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada por Brasil,
bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o ca- Uruguai e Argentina.
boclinho-de-barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzi- No Brasil, o bioma Pampa está restrito ao Rio Grande do Sul,
nho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003). onde ocupa 178.243 km2 – o que corresponde a 63% do território
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de im- estadual e a 2,07% do território nacional.
portância nacional e global. Também é no Pampa que fica a maior O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à bio-
parte do aquífero Guarani. diversidade. Em sua paisagem predominam os campos, entremea-
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os dos por capões de mata, matas ciliares e banhados.
campos nativos tem sido a principal atividade econômica da região. A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das flo-
Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem restas e das savanas – é mais simples e menos exuberante, mas não
permitido a conservação dos campos e ensejado o desenvolvimen- menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços
to de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional repre- ambientais. Ao contrário: os campos têm uma importante contri-
sentada pela figura do gaúcho. buição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das serem fonte de variabilidade genética para diversas espécies que
pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degra- estão na base de nossa cadeia alimentar.
dação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Esti-
mativas de perda de hábitat dão conta de que em 2002 restavam Pantanal
41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões
bioma Pampa (CSR/IBAMA, 2010). úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desen- o de menor extensão territorial no Brasil, entretanto este dado em
volvimento sustentável da região, seja perda de espécies de valor nada desmerece a exuberante riqueza que o referente bioma abri-
forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo compro- ga. A sua área aproximada é 150.355 km² (IBGE,2004), ocupando
metimento dos serviços ambientais proporcionados pela vegetação assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço
campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de territorial o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por
carbono que atenua as mudanças climáticas, por exemplo. rios que drenam a bacia do Alto Paraguai.

120
GEOGRAFIA

O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso sofre in-
fluência do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse
bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do
tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de
peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo
a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e
algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.
Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agro-
pecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes do bioma. De acordo com o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros
por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, o bioma Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa.
Assim como a fauna e flora da região são admiráveis, há de se destacar a rica presença das comunidades tradicionais como as indíge-
nas, quilombolas, os coletores de iscas ao longo do Rio Paraguai, comunidade Amolar e Paraguai Mirim, dentre outras. No decorrer dos
anos essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da população pantaneira.
Apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção
integral e 1,7% a UCs de uso sustentável (BRASIL, 2015).

Os Domínios Morfoclimáticos são conjuntos formados por aspectos naturais, como solo, relevo, hidrografia, vegetação e clima que
predominam em um determinado local, formando uma determinada paisagem. O grande responsável por esta classificação no Brasil foi
o professor Aziz Ab´ Saber.

— Domínio Equatorial Amazônico está situado na região Norte do Brasil, é formado, em sua maior parte, por terras baixas (Planície
Amazônica e as áreas de depressões), predominando o processo de sedimentação, banhado pela Bacia Amazônica, com um clima e flo-
resta equatorial.
— Domínio dos Cerrados está localizado na porção central do território brasileiro, há um predomínio de chapadões (Planalto Central),
apresentando algumas nascentes importantes como dos rios da Bacia do Tocantins-Araguaia, com a vegetação predominante do Cerrado
e o clima tipicamente tropical.
— Domínio dos Mares de Morros está localizado ao longo do litoral brasileiro, o domínio de mares de morros recebe esse nome em
função de sua estrutura geológica. Formada por dobramentos cristalinos da Era Pré-Cambriana, esse relevo sofreu intensa ação erosiva ao
longo dos milhões de anos, o que contribuiu para a formação de morros com vertentes arredondadas, chamadas de “morros em meia laran-
ja”. A vegetação característica desse domínio é a Floresta Tropical Úmida ou Mata Atlântica, que possui cerca de 20 mil espécies de plantas,
das quais 8 mil são consideradas endêmicas.
— Domínio das Caatingas localiza-se no nordeste brasileiro, no conhecido polígono das secas ou Sertão Nordestino, caracterizado por
depressões interplanálticas e alguns chapadões, a hidrografia é bastante limitada pela condição climática que é o Semiárido e a vegetação
é a quem dá o nome a este domínio.

121
GEOGRAFIA

— Domínio das Araucárias encontra-se no Sul do país, com pre- Cerrado


domínio de planaltos, com a Bacia do Paraná sendo destaque, o clima O Cerrado é um bioma do tipo savana, com árvores espaçadas
é subtropical e a vegetação é formada por araucárias (quase extintas). uma das outras e de pequeno porte.
— O domínio das Pradarias, também conhecido por Pampa ou Este é considerado um dos ecossistemas brasileiros que mais
Campanha Gaúcha, é composto por uma vegetação rasteira, forma- vem sofrendo com o desmatamento causado pelo avanço das plan-
da por herbáceas e gramíneas. Localizado no sul do país, em espe- tações agrícolas.
cial no estado do Rio Grande do Sul, essa região exibe relevo sua- Localização: Ocupa a região central do Brasil. Abrange os esta-
vemente ondulado (coxilhas), onde se desenvolvem práticas como do de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do
a pecuária extensiva e a agricultura da soja e do trigo. O pisoteio Sul e oeste de São Paulo e Paraná.
constante do gado e a prática da monocultura, respectivamente, Condições climáticas: O clima é relativamente quente. As tem-
têm levado à compactação e à redução da fertilidade do solo, ge- peraturas anuais variam de 21ºC a 27ºC. Possui uma época seca,
rando áreas desertificadas. com possibilidade da vegetação pegar fogo naturalmente.
— Os ecossistemas são todos os sistemas abertos onde estão Flora: As árvores possuem uma casca grossa, troncos retorci-
envolvidos fatores físicos e biológicos de uma área determinada e dos e raízes profundas. Existe um predomínio de gramíneas e plan-
que estão englobados seres vivos, os meios em que vivem e todas tas herbáceas. Destacam-se o ipê, peroba-do-campo e pequi.
as interações entre ambos. Destaca-se que um domínio pode con- Fauna: Alguns animais característicos são os gambás, taman-
ter mais de um bioma e de um ecossistema. duás, lobo-guará, cutias, antas, tatus e suçuarana.
O Brasil apresenta grande extensão territorial, isso confere di- Mata Atlântica
ferentes tipos de clima e de solo, resultando em diferentes condi- Também chamada de floresta Atlântica, é um dos ecossistemas
ções ambientais e ecossistemas. mais devastados do Brasil.
Estima-se que existam apenas 5% da sua vegetação original.
Amazônia2 Aproximadamente 70% da população brasileira vivem na área des-
A Amazônia constitui a maior área remanescente de florestas se bioma.
tropicais do mundo. Ela ocupa cerca de 49,29% do território brasi- Localização: Estende-se do Rio Grande do Norte até o Rio Gran-
leiro. de do Sul.
Localização: Abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Condições climáticas: Clima subtropical úmido ao sul e tropical
Pará, Roraima, Rondônia e uma porção do Mato Grosso, Maranhão úmido ao norte.
e Tocantins. Flora: As plantas apresentam folhas largas e perenes. A vegeta-
Condições climáticas: Clima quente e úmido, com temperatu- ção é rica em plantas epífitas. As plantas características deste ecos-
ras variando entre 20ºC a 41ºC durante o ano. As precipitações plu- sistema são os ipês, pau-brasil, jacarandá, jequitibás e palmeiras.
viométricas são superiores a 1800 mm/ano. A umidade na região Fauna: Os animais representativos da Mata Atlântica são as ja-
apresenta índices de 80 a 100%. guatiricas, saguis, mico-leão-dourado, tucanos e papagaios.
Flora: Castanheiro-do-pará, a seringueira, a sumaúma, o guara-
ná e uma diversidade de plantas epífitas. Mata dos Cocais
Fauna: insetos, anfíbios, jiboias, sucuris, bichos-preguiça, pei- A Mata dos Cocais é considerada uma “mata de transição” e
xe-boi, botos, onças-pintadas e pirarucu. está localizada entre as florestas úmidas da Amazônia e a Caatinga.
Este ecossistema já foi muito explorado, ainda no período colo-
Caatinga nial, para extração de produtos específicos, como o óleo de babaçu
A Caatinga representa 10% do território brasileiro. Uma de suas e a cera de carnaúba. Com o passar do tempo as plantações de soja
principais características são suas plantas que se adaptaram à falta tomaram uma dimensão extensa, o que contribui com a destruição
de água do ambiente. do ambiente.
A sobrevivência das plantas da Caatinga é sua resistência em Localização: Abrange os estados do Maranhão, Piauí e Rio
períodos de seca, visto que elas armazenam água em seus troncos Grande do Norte.
e folhas. Condições climáticas: Apresenta índices elevados de chuva,
Localização: Abrange os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande com 1500 mm a 2200 mm. A temperatura média anual é de 26ºC.
do Norte, Paraíba, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Flora: A espécie mais característica desses ecossistemas é a
Norte de Minas Gerais. palmeira Orbignya martiana, o babaçu. Essa palmeira possui impor-
Condições climáticas: Clima semi-árido, com índices pluviomé- tância econômica para a população, pois de suas sementes se extrai
tricos entre 500 mm a 700 mm anuais e temperatura entre 24ºC a um óleo e as folhas são usadas para cobertura de casas.
26ºC. Fauna: Apresenta diversas espécies de aves, mamíferos, rép-
Flora: A vegetação é formada por plantas adaptadas ao clima teis, anfíbios, insetos, os animais característicos são a arara-verme-
seco. As plantas possuem folhas transformadas em espinhos, cutí- lha, gavião-rei, ariranha, gato-do-mato, macaco-prego, lobo-guará,
culas impermeáveis e caules que armazenam água. Essas caracterís- boto, jacu, paca, cotias, acará-bandeira, dentre outros.
ticas correspondem às plantas xeromórficas. Como exemplos, estão
as cactáceas (mandacaru e facheiro). Pantanal
Fauna: Alguns animais típicos da Caatinga são o preá, veado, O pantanal é considerado a maior planície inundada do Brasil.
calango, iguanas, onças e macaco-preto. Isso ocorre em alguns períodos do ano, onde determinadas áreas
podem ficar parcialmente ou totalmente submersas.
É um dos biomas com maior diversidade de animais e plantas.
2 https://www.todamateria.com.br/ecossistema Localização: Oeste de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

122
GEOGRAFIA

Condições climáticas: Clima Tropical Continental. No verão, as Desmatamento3


temperaturas atingem 32ºC, enquanto no inverno, chegam a 21ºC. Desmatamento, também chamado de desflorestamento, con-
Flora: Apresenta poucas espécies endêmicas, ou seja, próprias siste na retirada da cobertura vegetal parcial ou total de um deter-
deste ecossistema. A palmeira carandá é a mais representativa. minado lugar. Enquanto alguns enxergam essa prática como uma
Fauna: A fauna é diversificada. Existem moluscos, crustáceos ação necessária ao suprimento das necessidades do ser humano,
e peixes, como o dourado, pau, jaú, surubim e piranhas. Além de outros apontam o desmatamento como um dos maiores problemas
tuiuiús, socós, sara-curas, jacarés, capivaras, onças e veados. ambientais da atualidade. A retirada da cobertura vegetal está rela-
cionada a diversas causas, como a urbanização, mineração e expan-
Mata de Araucárias são do agronegócio, e seus impactos são inúmeros.
Recebe esse nome uma vez que a região está repleta de pinhei-
ro-do-paraná (Araucaria angustifolia), conhecido como Araucária. • Causas do desmatamento
A Mata das Araucárias apresenta, de forma bem definida, as di- A exploração dos recursos naturais acontece desde os primór-
ferentes estações do ano, ou seja, os invernos são frios e os verões dios da humanidade. Contudo, na medida em que a sociedade se
são quentes desenvolveu, essa exploração intensificou-se, colocando em risco o
Localização: Abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa equilíbrio do planeta e comprometendo o suprimento das gerações
Catarina, Paraná e São Paulo. futuras.
Condições climáticas: Apresenta temperaturas baixas no inver- A questão do desmatamento tomou grandes proporções a par-
no. O índice pluviométrico é de 1400 mm anuais. tir da Revolução Industrial. A introdução de novas tecnologias (que
Flora: A espécie mais representativa é a Araucária, que pode proporcionaram o aumento da produção industrial) e o consumo
atingir até 25 m de altura. Também podem ser encontradas samam- (que aumentou consideravelmente) fizeram com que diversas flo-
baias e plantas epífitas. restas temperadas e tropicais fossem devastadas, a fim de atender
Fauna: Existem de mamíferos, aves, répteis e insetos. a essa nova demanda.
Manguezais Os países industrializados apresentaram, durante esse perío-
As plantas com raízes expostas no manguezal do, maiores taxas de desmatamento. Com o passar dos anos, essas
Os manguezais são biomas litorâneos com vegetação arbustiva taxas começaram a cair nesses países e a aumentar nos países em
que se desenvolve em um solo lodoso e salgado. desenvolvimento e subdesenvolvidos.
Para o meio ambiente, este é um importante ecossistema pois
ele evita o assoreamento das praias, funcionado como uma barrei- O desmatamento pode ser atribuído a diversas atividades, sen-
ra. do essas, em sua maioria, antrópicas. A retirada da cobertura vege-
Localização: Estende-se por toda a costa brasileira. Entretanto, tal está relacionada, por exemplo, com a expansão do agronegócio;
pode penetram vários quilômetros no continente, seguindo o curso com o extrativismo animal, vegetal ou mineral; com a necessidade
de rios, cujas águas encontram, as águas salgadas durante a maré de explorar matéria-prima para atividades de todos os setores da
cheia. economia; com a urbanização referente ao aumento das cidades;
Flora: Existem três espécies principais de mangue, o Mangue- e também com atividades ilegais que envolvem queimadas propo-
-vermelho, com predomínio da espécie Rhizophora mangle; Man- sitais e até mesmo exploração de áreas de conservação para fins
gue-branco, com predomínio da espécie Laguncularia racemosa e o pessoais, como especulação fundiária.
Mangue-preto, com predomínio da espécie Avicennia schaueriana. A expansão do agronegócio é considerada uma das principais
Fauna: Predominam caranguejos, moluscos e aves, como as causas do aumento do desmatamento no mundo todo. Segundo a
garças. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), só na América Latina, a expansão da agricultura e da pecuá-
Pampas ria comercial é responsável por aproximadamente 70% do desma-
Também chamado de campos ou campos sulinos. Representa tamento.
um tipo de pradaria. Dados da FAO revelam que a prática agrícola, por meio das pro-
Ocorre em locais onde a região de relevo apresenta topos ar- duções em escala industrial, e a pecuária, por meio do aumento dos
redondados. A pecuária é considerada a principal atividade econô- pastos extensivos, fomentam o desmatamento em vários países do
mica. mundo.
Localização: Predomina no Norte do Rio Grande do Sul. Essa questão tem gerado diversas polêmicas, pois o agrone-
Condições climáticas: O clima do Pampa é subtropical com as gócio é o carro-chefe da economia de diversos países. Portanto,
quatro estações do ano bem definidas. muitos justificam o desmatamento como necessário ao suprimento
Flora: Predomínio de gramíneas e arbustos. Algumas plantas das necessidades humanas, como a produção de alimentos. Contu-
são louro-pardo, cedro, capim-forquilha, grama-tapete, pau-de-lei- do, segundo o relatório O estado das florestas do mundo, de 2016,
te, unha-de-gato, babosa-do-campo, cactáceas, timbaúva, araucá- lançado pela FAO, aponta que não é necessário desmatar florestas
rias, algarrobo, palmeira anã. para produzir alimentos. É necessário, ao invés de expandir as áreas
Fauna: onça-pintada, jaguatirica, macaco-prego, guariba, ta- agrícolas retirando as florestas, intensificar a atividade agrícola e as
manduá, ema, perdigão, perdiz, quero-quero, joão-de-barro, vea- medidas de proteção social.
do-campeiro, preá, tuco-tucos, tucanos, saíras, gaturamos.

3 SOUSA, Rafaela. “Desmatamento”; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-desmatamento.htm.

123
GEOGRAFIA

• Consequências do desmatamento Estados Unidos) divulgou dados que mostram também os países que
Assim como as causas do desmatamento são muitas, suas con- mais desmataram florestas primárias (correspondentes à vegetação
sequências são proporcionais. Apesar de muitos acreditarem que em seu estado original e não ao resultado de reflorestamento).
se trata de um “mal necessário” para a manutenção do bem-estar A lista dos países que mais desmataram é liderada pelo Bra-
social, especialmente com a questão da agropecuária e do extra- sil e seguida por países como a República Democrática do Congo,
tivismo, que são atividades essenciais ao desenvolvimento de um Indonésia, Colômbia, Bolívia e Malásia. Brasil e Indonésia, juntos,
país, a questão do desmatamento tomou proporções jamais vistas, desmataram aproximadamente 46% das florestas tropicais no mun-
colocando em risco todo o equilíbrio biológico do planeta Terra. do em 2018. Acredita-se que esse aumento do desmatamento tem
As principais consequências estão relacionadas ao meio am- prejudicado os esforços para conter o aquecimento global.
biente e a tudo que lhe diz respeito. Ao desmatar, compromete- Paralelamente, alguns países têm diminuído suas taxas de des-
-se toda a biodiversidade da área. Espécies da fauna perdem seu matamento. Entre 2010 e 2015, a diminuição do desmatamento
habitat e espécies da flora podem entrar para a lista de ameaças à mundial foi para cerca de 33 mil quilômetros quadrados líquidos,
extinção e assim causar um enorme desequilíbrio ambiental, preju- segundo a FAO. Esse é o resultado obtido entre a devastação das
dicando até mesmo as atividades primárias, das quais dependem áreas e o reflorestamento. Anualmente são perdidos cerca 76 mil
muitas famílias, e também a economia, como a caça, a agricultura quilômetros quadrados, compensados por 43 mil quilômetros qua-
e a pecuária. drados de reflorestamento.
A retirada da cobertura vegetal também agrava a questão das A Indonésia, por exemplo, tem se esforçado para preservar as
mudanças climáticas. Além do aumento das emissões de gases suas florestas primárias, conseguindo reduzir, de 2018 até os dias
poluentes à atmosfera que tem agravado o efeito estufa e o aque- atuais, cerca de 40% do desmatamento nessas áreas. O Ministro do
cimento global, o desmatamento também é considerado um dos Meio Ambiente da Indonésia alegou o esforço do país para garantir
fatores responsáveis pelas alterações no clima. Os anos estão cada o cumprimento das leis nacionais de política ambiental, punindo e
vez mais quentes, e o aumento da temperatura da Terra tem causa- alertando empresas.
do inúmeros danos aos ecossistemas e também à saúde humana. A Noruega, que desmatou cerca de 10 milhões de m3 em seu ter-
Outra questão diretamente ligada ao desmatamento está rela- ritório desde 2014, reflorestou aproximadamente 25 milhões de m3. A
cionada às alterações provocadas no solo, bem como nos recursos atitude de reflorestar contribui para que o país compensasse cerca de
hídricos. Retirar a vegetação de uma determinada área favorece o 60% das emissões de gases de efeito estufa à atmosfera. Outro exem-
processo de erosão do solo, pois é a cobertura vegetal que auxilia plo é a Alemanha, que desmatou 58 mil hectares de florestas, entre os
na infiltração da água da chuva. Portanto, sem ela, a água escorre anos de 2002 e 2012, e reflorestou cerca de 108 mil hectares.
sobre o solo, provocando deslizamentos e a erosão. A retirada da O Brasil também havia demonstrado redução de desmatamen-
vegetação próxima a áreas de cursos d’água também provoca des- to, entre os anos de 2010 e 2011, para 20 mil quilômetros quadra-
lizamentos de terra, que se deposita nos rios, provocando então o dos devastados, 20 mil a menos que os registros de anos anterio-
assoreamento. res. No entanto, atualmente, o cenário modificou-se novamente.
Todas essas questões convertem para o bem-estar e a quali- As taxas de desmatamento voltaram a subir, e esse assunto será
dade de vida de todos os seres vivos no planeta. Todos nós depen- abordado no tópico seguinte.
demos das florestas, seja para a produção de oxigênio, seja para o
fornecimento de matéria-prima para a produção de itens essenciais • Desmatamento no Brasil
à vida. Se acabamos com esse recurso natural, obviamente somos Como dito, o Brasil lidera o ranking mundial de desmatamento
nós que sofreremos diretamente as consequências. E isso já tem de florestas primárias, especialmente nos biomas Amazônia, Cerra-
sido observado. do e Mata Atlântica. No ano de 2017, o país devastou 45 mil km²,
Diversos recursos naturais estão acabando, comprometendo as demonstrando que o país tornou a aumentar suas taxas de desma-
gerações futuras. O clima tem sofrido mudanças sentidas em todas tamento que haviam caído.
as partes do mundo. E exatamente por essas questões, o desma- Segundo o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Bra-
tamento tem sido apontando como um dos maiores desafios da sil, divulgado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
atualidade. tística, o país perdeu cerca de 7,5% da sua cobertura vegetal. A área
de vegetação do país era de 4.017.505 km2 em 2000. Esse número
• Desmatamento no mundo caiu para 3.719.801 km2 em 2016.
O desmatamento é uma questão de ordem mundial. De acordo Esse levantamento também mostra que mais de 62.000 km2
com dados fornecidos pelo Observatório Mundial das Florestas, a da área do país sofreram alterações entre os anos de 2014 e 2016.
devastação das florestas alcançou cerca de 29,7 milhões de hecta- A perda da vegetação acompanhou o ritmo acelerado da expan-
res no mundo todo em 2016, um aumento de quase 51% compa- são das áreas agrícolas (especialmente em estados da região Norte,
rado a 2015. Os principais contribuintes desse aumento foram os como Rondônia, Amazonas e Pará) e de pastagens próximas ao bio-
incêndios florestais, como os que ocorrem em Portugal e na Cali- ma Amazônia.
fórnia (EUA), e também a expansão da agricultura, do extrativismo O monitoramento do desmatamento no país é feito oficialmen-
vegetal e da mineração. te pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e por algu-
Só em 2018, segundo os dados da Global Forest Watch, o mun- mas organizações independentes, como o Instituto do Homem e do
do perdeu cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais, o Meio Ambiente na Amazônia (Imazon).
que equivale a quase 30 campos de futebol por minuto. A World Re-
sources Institute (organização não governamental ambientalista dos

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GEOGRAFIA

• Desmatamento na Amazônia • Como conter o desmatamento


O desmatamento da Amazônia tem provocado um grande pe- Conter o desmatamento parece óbvio: basta não desmatar. No
sar no mundo todo. A região de maior biodiversidade do planeta entanto, essa não é uma questão tão simples. Sabemos que muitos
tem sofrido com o aumento do desmatamento e preocupado repre- países colocam, à frente dos seus patrimônios ambientais, questões
sentantes de diversos países, assim como inúmeras organizações econômicas. É importante ressaltar que, sim, o agronegócio é fun-
ambientais, considerando que a Amazônia é responsável pelo equi- damental para o desenvolvimento de uma economia, bem como
líbrio ambiental não só do Brasil mas do mundo todo. para o suprimento alimentar do mundo. Entretanto há de buscar-se
Segundo estudos divulgados por pesquisadores da Universida- uma maneira sustentável de desenvolvimento, e esse é atualmente
de de Oklahoma, nos Estados Unidos, publicados na revista Nature um dos maiores desafios da humanidade.
Sustainability, a Amazônia brasileira perdeu 400 mil km² de suas flo- Estamos provocando um colapso ambiental por meio das ativi-
restas, área essa maior que o território da Alemanha, entre os anos dades humanas, e o desmatamento é uma das questões que, como
de 2000 e 2017. dito, possuem inúmeras consequências. Como afirmado pela FAO,
O Inpe divulgou, em 2019, novos dados a respeito da perca da não há necessidade de expandir as áreas voltadas à produção agrí-
cobertura vegetal no bioma. Esses dados apontam que o desmata- cola, mas sim a de intensificar a produção, de modo que as leis am-
mento aumentou em 278% no mês de julho comparado a julho do bientais sejam asseguradas.
ano anterior. Foram devastados, só nesse período, cerca de 2.254,9 Segundo o Estado das Florestas do Mundo 2016 (Sofo, sigla em
km² de florestas. Os dados são levantados pela Detecção do Desma- inglês), o incentivo da administração pública a iniciativas privadas
tamento em Tempo Real (Deter), que monitora instantaneamente o que aliam o recebimento de créditos quando as normas ambientais
desmatamento na região da Amazônia. são cumpridas é um dos caminhos para o combate ao desmatamen-
O aumento entre 2018 e 2019 foi de 49,5%, com relação ao to. De acordo também com o Sofo, países melhoraram sua segu-
período entre 2017 e 2018. A devastação está relacionada com o rança alimentar mantendo sua cobertura vegetal, desde 1990. Isso
aumento das áreas destinadas à agropecuária; com a interferência significa que não há necessidade de desmatar para que se produza
na infraestrutura, como a de transporte; com a construção de hi- a quantidade de alimentos necessária.
drelétricas; com a mineração; e com os incêndios criminosos. Com relação ao Brasil, Paulo Barreto, engenheiro florestal da
Imazon, apontou algumas medidas necessárias para conter o des-
• Desmatamento no Cerrado matamento. Confira alguns exemplos:
O Cerrado, assim como a Amazônia, tem sofrido com a inten- — Políticas de fiscalização e controle devem ser efetivas;
sificação do desmatamento. De acordo com dados divulgados pelo — Cobrança do imposto rural, a fim de evitar a especulação
Inpe em 2018, o bioma perdeu cerca de 6.657 km², 11% a menos fundiária;
que em 2016 e 33% a menos que o registrado em 2010. — Expansão da moratória da soja para o Cerrado. A moratória
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, atrás apenas da da soja é um acordo setorial entre produtores e compradores de
área ocupada pela Amazônia. Apesar da redução da taxa de desma- soja que se comprometem a não comprar soja produzida em áreas
tamento nos últimos anos, é preciso ressaltar que a perca da vege- desmatadas;
tação do bioma já chega a 51%. Esse desmatamento é associado ao — Fechamento do mercado para carne de procedência ilegal,
avanço do agronegócio. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental ou seja, provinda de áreas devastadas;
da Amazônia (Ipam), em 15 anos, o desmatamento do Cerrado foi — Subsidiar crédito apenas para quem cumpre as leis ambien-
superior ao praticado na Amazônia. tais, ou seja, quem desmatar não tem direito ao crédito para pro-
duzir;
• Desmatamento na Mata Atlântica — Reflorestar.
Sem dúvidas, o bioma Mata Atlântica é o que mais sofreu com a
devastação no Brasil, e é no país o único bioma que possui legislação Desenvolvimento Sustentável4
especifica, uma contradição. De acordo com o SOS Mata Atlântica, O objetivo de uma política visando o desenvolvimento susten-
esse bioma, que cobria cerca de 15% do território brasileiro, possui tável é de incentivar o desenvolvimento econômico e, ao mesmo
apenas 1% da sua mata original. Seu desmatamento já chegou a tempo, promover o uso eficiente dos recursos naturais, reduzir a
92%. Nele se encontra o maior número de espécies ameaçadas. degradação do meio ambiente e assegurar os recursos naturais
Dados apresentados pelo SOS Mata Atlântica apontam que o para o futuro. Os modelos atuais de desenvolvimento econômico
desmatamento do bioma caiu cerca de 9,8% entre os anos de 2017 têm levado a uma imensa desigualdade social, além de serem per-
e 2018, se comparado ao período entre 2016 e 2017. Em 2018 fo- dulários e altamente poluidores.
ram desmatados cerca de 113 km². Alguns estados alcançaram o
desmatamento zero (desflorestamento abaixo de 100 hectares), É impossível dissociar a preservação ambiental da péssima
como Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito qualidade de vida de milhares de seres humanos. Ao mesmo tem-
Santo, Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Isso demonstra que os go- po o consumo de energia e a produção de resíduos são, de sobra,
vernos têm se esforçado para cumprir as leis que protegem as áreas maiores nos países desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos
compreendidas pelo bioma. ou em desenvolvimento.
Contudo, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais Para um país em desenvolvimento como o Brasil, seria aparen-
da Mata Atlântica, alguns estados ainda apresentam elevadas ta- temente aconselhável explorar ao máximo seus recursos naturais
xas de desmatamento do bioma, como Minas Gerais, Paraná, Piauí, para aumentar a riqueza da nação. Porém, se os recursos naturais
Bahia e Santa Catarina. A devastação nessas áreas está associada 4 https://www.educabras.com/enem/materia/geografia/meio_am-
a atividades como a produção de carvão, a plantação de soja e a biente_2/aulas/o_desenvolvimento_sustentavel_e_os_impactos_am-
indústria de celulose. bientais

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forem utilizados mais rapidamente que sua capacidade de repo- mitadas para poluir ou explorar certas áreas, implementando um
sição, o desenvolvimento será insustentável, pois no futuro, eles sistema de cotas ou por outros meios legais que cedem o direito do
deixarão de existir. Mas, se os recursos forem explorados de uma uso limitado dos recursos naturais.
maneira responsável, eles poderão se regenerar e continuar a exis- Essas licenças ou permissões, além de limitarem a degradação
tir perpetuamente. do meio ambiente, passam a ter um valor econômico para quem as
Existem vários recursos naturais que são renováveis e que po- possui. Por exemplo, impostos sobre poluição reduzem o incentivo
dem se regenerar. Os peixes ou outros animais se reproduzem, a de se manufaturar produtos que poluem; também servem como in-
água e o ar se limpam e a grama e as árvores crescem novamente centivo para os produtores acharem alternativas menos poluentes.
- caso o estrago não seja tão grande a ponto de esgotar os recursos Proteger o meio ambiente tem seus custos, por isso muitos paí-
antes de sua reposição. ses pobres são mais tolerantes em relação às indústrias poluentes.
Portanto, é necessário explorar recursos renováveis de uma Porém, os governantes desses países pobres devem se conscienti-
forma sustentável e responsável e com a intervenção dos governos. zar que estão sacrificando o meio ambiente e recursos naturais que
são uma fonte de capital preciosa e insubstituível.
• Assegurando o desenvolvimento sustentável
No último século, a Terra sofreu grandes alterações ambien- • Tratados Internacionais
tais. Ocorreu também o esgotamento de diversos recursos natu- Os problemas ecológicos são problemas mundiais. Danos irre-
rais como o desaparecimento de florestas inteiras e a extinção de versíveis ao meio ambiente, incluindo mudanças na temperatura da
várias espécies. O comprometimento de bens naturais, considera- Terra, não têm fronteiras políticas.
dos livres e abundantes, como o ar e a água, tem chegado a níveis As organizações mundiais e os países desenvolvidos têm tenta-
alarmantes. Acesso ao meio ambiente é disponível para todos. Os do desenvolver políticas para incentivar ou até mesmo pressionar
recursos são limitados e o acesso a eles é ilimitado. É necessário, os países do “sul” a manterem o meio ambiente. Países ricos têm
portanto, uma regulamentação do governo. dado abatimentos nas dívidas externa de países mais pobres com a
Desmatamento por causa de práticas agrícolas e as queimadas condição desses se empenharem para conservar o meio ambiente.
têm alterado drasticamente o habitat de várias espécies. O período Governos e instituições não governamentais têm trabalhado
de reposição dessas florestas é enorme e dependo da situação do para elaborar normas que conciliam o desenvolvimento econômi-
solo após o desmatamento, até impossível. co e a preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento
Internacionalmente, um foco muito grande é sempre dado sustentável. O crescimento econômico deve ser regido por políticas
à Floresta Amazônica. O governo brasileiro, visando o desenvol- capazes de preservar os recursos naturais.
vimento do estado da Amazônia, chegou a subsidiar a criação de Em 1972, na Suécia, as nações do mundo se reuniram na pri-
gado, indústrias e outras atividades que causaram o desmatamento meira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente, com a
de áreas extensas da floresta. Internacionalmente, o governo brasi- finalidade de debater os problemas causados pela poluição e ma-
leiro sofre pressão a respeito de medidas sérias para a preservação neiras de preservar o ambiente. O documento resultante dessa con-
da Floresta Amazônica - que é frequentemente chamada de “o pul- ferência ficou conhecido como Declaração de Estocolmo e discute a
mão do mundo”. importância da manutenção da qualidade do ambiente para garan-
O tempo de recuperação e reposição de florestas é muito maior tir o bem-estar físico, mental e social do homem.
do que o tempo de reposição de peixes ou de outras espécies. Po- O Brasil, em 1992, sediou a segunda conferência da ONU sobre
rém, quando a caça e a pesca não são controladas, a extinção se tor- ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro. O tema central visou ela-
na uma realidade. Acesso livre à pesca acaba desabonando classes borar normas de conduta que conseguissem conciliar o desenvol-
inteiras de peixes. O pacu, por exemplo, um peixe muito apreciado, vimento econômico e a preservação dos ambientes naturais. Essa
antes abundante em todos os rios de Mato Grosso do Sul, parte de problemática sintetiza o chamado desenvolvimento sustentado: o
São Paulo e do Paraná, foi tão perseguido, que hoje é muito raro. crescimento econômico deve ser regido por políticas capazes de
manter os recursos naturais, sem destruir o ambiente. Deve-se en-
Portanto, por mais que a caça, a pesca, a indústria e o desma- contrar alternativas energéticas e novas tecnologias para a produ-
tamento contribuam para a economia, é necessário visar um de- ção de recursos e para o reaproveitamento dos resíduos.
senvolvimento econômico com um dano mínimo aos ecossistemas
naturais. Incêndios na Austrália
O papel do Estado deve ser o de passar e implementar medidas O fogo tomou conta das florestas da Austrália no início de ja-
que integrem as considerações ambientais com as econômicas. neiro. A tragédia matou dezenas de pessoas e mais de meio bilhão
Alguns fatores precisam ser levados em consideração: de animais. Milhares de moradores tiveram que ser deslocados e
Que é o período de reposição de cada recurso natural renová- muitas cidades foram evacuadas em consequência do fogo.
vel? A temporada de incêndios na Austrália começou no fim de
Qual é o perigo de explorar até o limite irreversível cada recur- 2019 mas se intensificou em janeiro e os incêndios ficaram fora do
so natural? controle, segundo as autoridades locais. Barcos e aviões foram utili-
Qual é o perigo de levar espécies à extinção? zados para transportar ajuda humanitária e avaliar os danos, já que
Como o governo pode controlar o uso do meio ambiente? algumas regiões declararam estado de emergência.
Os incêndios florestais acontecem com frequência na Austrália,
Após ser determinada a melhor forma de manter o desenvol- mas de acordo com especialistas a intensidade está fora do nor-
vimento sustentável, o governo pode regular o acesso a recursos mal e a provável causa está relacionada com o clima. Os problemas
através de impostos sobre poluição e da venda de permissões li-

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foram atribuídos ao fenômeno El Niño, que causa um período de O Governo do Mato Grosso decretou estado de calamidade na
mais calor e seca. Além das altas temperaturas nos últimos meses região. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
na Austrália a causa também foi agravada por incêndios propositais. o incêndio que destrói o Pantanal desde julho já é considerado o
Desmatamento e queimadas na Amazônia maior da história. Uma área 10 de vezes o tamanho das cidades
O mês de agosto moveu as atenções do mundo inteiro para a do Rio de Janeiro e São Paulo juntas já foi queimada. Milhares de
Amazônia. A maior floresta tropical do mundo registrou um aumen- animais, inclusive espécies em extinção, morreram.
to de 196% dos focos de incêndio em relação ao mesmo período no O Governo Federal vem sendo criticado por diversos países por
ano anterior. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto omissão no combate aos crimes ambientais, incluindo a situação do
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao todo foram considerados Pantanal. O Ministério Público Federal (MPF) pede o afastamento
mais de 30 mil focos ativos somente em agosto, sendo o maior nú- do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por sua “política de
mero nos últimos nove anos. destruição ambiental”. Segundo o MPF, “a permanência de Salles à
A crise no país começou assim que o Inpe divulgou os dados frente do Ministério tem trazido consequências trágicas à proteção
do aumento do desmatamento na região durante o mês de julho. ambiental”.
O diretor do instituto, o físico Ricardo Galvão, teve desgastes com Como ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, Ri-
o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro do Meio Ambiente, cardo Salles vem sendo acusado de proteger fazendeiros e grileiros
Ricardo Salles. Bolsonaro contestou os dados do Inpe e alegou que que cometem crimes ambientais para lucrar com o agronegócio e
Galvão estaria prestando serviço a alguma ONG, enquanto o diretor mineração. No final de setembro, Salles, por meio do Conselho Na-
defendeu os dados da pesquisa e também criticou a atitude do pre- cional do Meio Ambiente (Conama), aprovou a extinção de regras
sidente. No dia 2 de agosto, Galvão foi exonerado. que protegiam manguezais. No entanto, a Justiça suspendeu sua
decisão.
“Dia do Fogo”
No meio de toda a confusão, os problemas com as queimadas
começaram a se agravar ainda mais no dia 10 de agosto. Por meio
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIO: ATIVIDADES
de um grupo no WhatsApp, alguns agricultores e grileiros (nome
ECONÔMICAS, MODERNIZAÇÃO E CONFLITOS
dados às pessoas que fazem grilagem de terras, isto é, falsificação
de documentos para, ilegalmente, tomar posse da terra), no Pará, Políticas Agrícolas no Mundo Desenvolvido
programaram incendiar áreas da floresta. A data ficou conhecida
como “Dia do Fogo” e a ação está sendo investigada pela polícia. A agricultura é uma das atividades básicas da humanidade e
De acordo com integrantes do grupo, o motivo dos incêndios era provavelmente foi responsável pela primeira grande transforma-
chamar a atenção dos governantes, alegando que trabalham sem ção no espaço geográfico. Surgiu há cerca de 12 mil anos, no perío-
apoio do governo. do Neolítico, quando as comunidades primitivas passaram de um
O fato é que, após o dia 10, as queimadas aumentaram, prin- modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos,
cipalmente no Pará, nos municípios de Novo Progresso, Altamira e para um modo de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plan-
São Félix do Xingu. Em Altamira, o aumento foi de 179% dos focos. tas e pela domesticação de animais.
Em Novo Progresso e São Félix do Xingu, as queimadas aumentaram Inicialmente foi praticada às margens de grandes rios, como o
em mais de 300%, de acordo com imagens do satélite do Inpe. Tigre e o Eufrates (antiga Mesopotâmia, atual Iraque), o Nilo (no
Além do Pará, os dados mostraram que o crescimento das quei- Egito), o Yang-tse-kiang (na China), o Ganges e o Indo (na Índia). Foi
madas também afetou outros estados: Mato Grosso do Sul, Acre, justamente nessas áreas que se desenvolveram as primeiras gran-
Amazonas, Rondônia e Tocantins. des civilizações.
Com o número de queimadas aumentando, a Nasa, agência do Com a evolução da agricultura começou a haver excedente de
governo dos Estados Unidos, divulgou imagens de um satélite mos- produção, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, ini-
trando o aumento dos incêndios na floresta. A repercussão foi au- cialmente baseado na troca de produtos. Nos locais onde ocorriam
mentando pelo mundo, manifestações começaram a ser realizadas as trocas, surgiram várias cidades.
fora do país e o apelo de populares, celebridades mundiais e gover-
nantes aumentou a pressão em cima do governo por uma solução Da Revolução Agrícola à Revolução Verde
para conter as queimadas. Nas redes sociais, a hashtag #PrayForA- Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas agrícolas,
mazonia (Ore pela Amazônia) foi uma das mais citadas em todo o o que possibilitou aumento da produção sem a necessidade de
mundo durante uma semana. ampliar a área de cultivo, com base apenas no aumento da produ-
Quando falamos em Amazônia, não podemos nos esquecer de tividade. Esse desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura
citar sua ampla biodiversidade. A grande variedade de espécies faz ficou conhecido como Revolução Agrícola.
desse bioma uma das grandes riquezas da humanidade. Esse aumento de produtividade foi necessário em decorrência
do aumento da população em geral, da elevação percentual da po-
Queimadas no Pantanal pulação urbana (cujas atividades de subsistência eram limitadas a
As queimadas e os incêndios criminais no Pantanal atingiram alguns gêneros apenas) e da diminuição proporcional da população
recordes em setembro. Mais de 2 milhões de hectares já foram rural, responsável pela produção agrícola. As bases técnicas da Re-
queimados em 2020 na região e, em relação a 2019, o aumento é volução Agrícola foram propiciadas pelas indústrias consumidoras
de mais de 60%. Boa parte dos incêndios foi criminal e iniciou em de matérias-primas ou fornecedoras de insumos para a agricultura
fazendas, segundo a Polícia Federal. (máquinas e fertilizantes, por exemplo).

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Os períodos de expansão colonial constituíram fases importan- rioração dos produtos agrícolas após a colheita ou torna-los mais
tes da expansão agrícola. Tanto nas terras conquistadas pelos eu- resistentes às pragas, aos herbicidas e aos pesticidas durante a fase
ropeus na América, desde o século XVI, quanto naquelas tomadas do plantio, assim como possibilitar maior adequação dos vegetais
durante a expansão imperialista na África e na Ásia, no século XIX, aos diferentes tipos de solos e climas. Os vegetais derivados da al-
os colonizadores implantaram um sistema agrícola para a produção teração genética são chamados de transgênicos.
de gêneros alimentícios e de matérias-primas voltado ao abasteci- Nos produtos agrícolas criados através da engenharia genética,
mento do mercado europeu. Esse sistema ficou conhecido como os traços genéticos naturais indesejáveis podem ser eliminados, e
plantation e era baseado na produção monocultora de gêneros tro- outros implantados artificialmente para aprimorar a sua qualidade.
picais para fins de exportação, praticada em grandes propriedades A biotecnologia utilizada para estimular o aumento da produ-
(latifúndios), com mão-de-obra barata (ou escrava). tividade na agropecuária tem sido aplicada já há algum tempo e
Após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de descolo- a avaliação dos resultados é bastante controvertida. Na pecuária,
nização em marcha, os países desenvolvidos criaram uma estraté- são utilizadas injeções de hormônios para aumentar a capacidade
gia de elevação da produção agrícola mundial: a Revolução Verde. reprodutiva, o crescimento e o peso dos animais. O uso de ana-
Concebida nos Estados Unidos, objetivava combater a fome e a mi- bolizantes é outra técnica bastante utilizada na atividade criatória,
séria nos países subdesenvolvidos, por meio da introdução de um inclusive no Brasil: eles permitem maior absorção dos nutrientes
“pacote tecnológico”, contendo: novas técnicas de cultivo; equipa- pelo organismo do animal, promovendo uma elevação substancial
mentos para mecanização; fertilizantes; defensivos agrícolas e se- da massa, que pode atingir até 20% em relação ao processo de cria-
mentes selecionadas. ção natural. Os efeitos desses produtos alimentícios para a saúde
No entanto, essas sementes selecionadas, produzidas nos labo- humana estão sendo estudados.
ratórios dos países desenvolvidos, não eram geneticamente capa- Na agricultura, também há muitas controvérsias sobre os possí-
zes de enfrentar as condições climáticas típicas da região dos tró- veis danos dos vegetais transgênicos não só para a saúde das pes-
picos (clima muito quente), algumas doenças e certas espécies de soas, mas também para os ecossistemas. De modo geral, os crítico
insetos. A solução consistia na utilização de adubos, defensivos e ao uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) apon-
fertilizantes, também importados dos países que haviam subven- tam para a necessidade de se fazer testes mais amplos e específi-
cionado essas novas formas de cultivo, aumentando a dependência cos, ou seja, para cada produto transgênico.
dos países subdesenvolvidos em relação aos países desenvolvidos. Além disso, as novas variedades genéticas são produzidas por
Nos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde aumentou grandes corporações multinacionais.
a distância entre os grandes agricultores, que tiveram acesso ao Essas novas variedades só podem ser utilizadas mediante o uso
“pacote tecnológico”, e os pequenos agricultores, que não tiveram das patentes e do pacote tecnológico necessário à sua produção.
condições de competir com os novos parâmetros de produtividade. Com isso, é reduzida a quantidade de beneficiados por essa tecno-
O aumento da produção abaixou o preço dos produtos agrícolas a logia, além de acentuar a dependência tecnológica dos países sub-
valores inviáveis para os pequenos agricultores. desenvolvido em relação aos desenvolvidos.
Essas novas circunstâncias de mercado criadas pela Revolução Além disso, a biotecnologia não está totalmente isenta de da-
Verde contribuíram para o abandono e/ou a venda de pequenas nos generalizados na produção de alimentos. Com ela, haverá uma
propriedades, que foram sendo incorporadas pelos grandes latifún- homogeneidade cada vez maior das espécies cultivadas, pois os
dios. Nesse sentido, apesar de a Revolução Verde ter contribuído agricultores optarão pela plantação das mais produtivas e mais re-
para um aumento significativo da produção de alimentos no pla- sistentes.
neta, acentuaram-se ainda mais os problemas da concentração de Nos últimos tempos, o desafio da engenharia genética tem sido
propriedade agrícola em vários países do mundo, como Índia, Pa- a criação de produtos sintéticos em laboratórios. O impacto des-
quistão, Indonésia e Brasil. ses produtos deverá ser ainda mais intenso que aquele provocado
pela introdução de novas tecnologias nos setores industriais e de
A Biotecnologia e a Nova Revolução Agrícola serviços.
A biotecnologia é o conjunto de tecnologias aplicadas à Biologia,
utilizadas para manipular geneticamente plantas, animais e micro- A Agricultura Orgânica
-organismos por meio de seleção, cruzamentos naturais e transfor- Ao mesmo tempo em que a engenharia genética enfrenta desa-
mações no código genético. Ela teve grande desenvolvimento nas fios e a biotecnologia avança a passos largos, a prática da agricultu-
décadas de 1970 e 1980, mas vem sendo estudada e aplicada desde ra orgânica ganha muitos adeptos não só nos países desenvolvidos,
os anos 1950, em vários países do mundo. A própria Revolução Ver- sobretudo europeus, mas também em vários países subdesenvolvi-
de, que criou semente híbridas, foi uma das detonadoras da biotec- dos, com a utilização de métodos naturais para correção do solo e
nologia. Embora, em boa parte, ela se associe à atividade agrícola, controle de pragas, por exemplo.
tem aplicabilidade também em outros setores. As suas atividades Vários problemas – como carne bovina contaminada (“doença
estão ligadas à clonagem, à indústria farmacêutica (na manipulação da vaca louca”, na Europa), verduras com excessos de agrotóxicos,
de novas fórmulas de medicamentos, por exemplo), à fabricação de águas poluídas por pesticidas, esgotamento do solo por causa do
plásticos biodegradáveis e de conservantes de alimentos e a outras uso intensivo de irrigação – têm forçado as pessoas envolvidas no
aplicações ainda em fase de desenvolvimento. processo de produção agropecuária a representarem os métodos
Uma das aplicações modernas da biotecnologia consiste na al- utilizados. A agricultura orgânica é, desse modo, uma prática que
teração da composição genética dos seres vivos, quando se inse- pode contribuir para a redução dos danos causados aos ecossiste-
rem, por exemplo, genes de outros organismos vivos no DNA (sigla mas, muitos deles já bastante afetados pela aplicação das técnicas
em inglês para ácido desoxirribonucleico) dos vegetais. Por esse
processo pode-se alterar o tamanho das plantas, retardar a dete-

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GEOGRAFIA

próprias da agricultura moderna, que contribuem para a degrada- Desde a década de 1950, a participação dos produtos agrícolas
ção dos solos, a poluição dos lençóis freáticos, córregos e rios, a no mercado mundial vem diminuindo gradativamente. Em parte,
destruição de espécies vegetais e animais. isso se deve à expansão odo comércio mundial de mercadorias e
Os consumidores deste início do século XXI, por sua vez, estão à diversificação dos produtos negociados internacionalmente, so-
cada vez mais conscientes em relação aos problemas ecológicos e bretudo nas últimas décadas com a consolidação da globalização.
muitos têm optado por produtos naturais, que apresentam a des- Para defender seus produtores, os países desenvolvidos utili-
vantagem de serem mais caros que os tradicionais, além de, n ocaso zam subsídios e aplicam elevadas tarifas de importação aos produ-
de frutas, verduras e legumes, terem menor volume. tos agrícolas, contrariando as regras da OMC (Organização Mundial
do Comércio). Mas barreiras não-tarifárias, como barreiras zoos-
Política Agrícola e Mercado no Mundo Desenvolvido sanitárias e fitossanitárias, são aplicadas também, de forma indis-
criminada e não raro injustificada (apesar de estar de acordo com
A política agrícola da maior parte dos países ainda não se adap- as normas da OMC), prejudicando as exportações do mundo sub-
tou à economia globalizada e à liberalização da economia mundial. desenvolvido que já são afetadas pelas barreiras tarifárias e pelas
De um lado, os países subdesenvolvidos não dispõem de recursos cotas de importação.
financeiros volumosos para subvencionar seus agricultores. De ou- Entre 1950 e 1973, a produção mundial de cereais duplicou, fa-
tro, os países desenvolvidos, como Japão, Estados Unidos e inte- zendo cair os preços no mercado internacional. A partir de 1973,
grantes da União Europeia, mantêm uma política agrícola com sub- o crescimento da produção de cereais passou a atingir a média de
sídios aos agricultores e protecionismo de mercado. 2% ao ano, índice inferior ao crescimento da população mundial.
Entre os temas mais polêmicos na OMC (Organização Mundial No continente africano, por exemplo, onde a população tem sido
do Comércio) estão as queixas dos países subdesenvolvidos, que bastante afetada por problemas de subnutrição, o crescimento po-
pedem redução dos subsídios para a produção agrícola e o fim da pulacional ultrapassa a média de 2,5% a.a. (ao ano), enquanto o
proteção dos mercados internos (os países protecionistas impõem aumento da produção de cereais gira em torno de 1% a.a. e até
tarifas elevadas às importações de alimentos e matérias-primas de decresce em vários países.
origem agropecuária). A defasagem entre a produção de alimentos básicos e o cres-
Essa elevada taxação, reforçada por uma redução nas cotas de cimento demográfico aumentou o déficit alimentar em vários paí-
importação por parte dos três principais centros da economia mun- ses do mundo, em particular na África subsaariana (países que se
dial (EUA, Japão e União Europeia), agrava ainda mais os problemas situam ao sul do deserto do Saara). Essa situação tem se agrava-
econômicos e sociais dos países que dependem da exportação agrí- do com o fato de que boa parte da produção agrícola dos países
cola e dificulta as importações de produtos fundamentais ao seu subdesenvolvidos é destinada à exportação. Os produtos agrícolas
desenvolvimento, como máquinas, equipamentos industriais e im- (e também os minerais) constituem a fonte de divisa básica dessa
plementos agrícolas. parte do mundo, sem as quais as importações tornam-se inviáveis.
Do ponto de vista do consumidor que vive nos países desen-
volvidos, as políticas agrícolas têm sido duplamente prejudicais. A Questão Agrária na América Latina
Primeiro, porque os recursos (subsídios) destinados aos agriculto- A questão agrária é um problema grave que afeta historicamen-
res são pagos indiretamente por todos os contribuintes. Segundo, te a população da maioria dos países latino-americanos. A coloniza-
porque as altas tarifas para as importações elevam também o preço ção da América Latina foi baseada na exploração mineral e na pro-
pago pelos consumidores no mercado interno desses países. Essa dução agrícola de produtos de exportação, praticada em latifúndios
situação não pode ser generalizada, mas ela atinge a maioria da monocultores e com utilização de trabalho escravo. Esse modelo
população que vive nos países desenvolvidos. agrícola é denominado plantation. Após o processo de indepen-
Por fim, é preciso ressaltar também que os países dência latino-americana, no século XIX, a oligarquia rural escravo-
subdesenvolvidos, de modo geral, exportam, principalmente, crata manteve o modelo colonizador.
gêneros que não são de primeira necessidade, ocorrendo o oposto Atualmente, a produção agropecuária ainda é praticada em
em relação aos países desenvolvidos. Costuma-se afirmar, com base grandes propriedades e concentra os investimentos em produtos
nisso, que os países subdesenvolvidos exportam a “sobremesa”, com ampla aceitação e competitividade no mercado internacional.
enquanto os desenvolvidos, “o prato principal”. Em vário países da América Latina, mais da metade dos pobres e
miseráveis habitam áreas rurais. São milhões de trabalhadores sem
O Espaço Agrário no Mundo Subdesenvolvido terras e sem trabalho, que possuem alguma forma de renda apenas
nas épocas de plantio e colheita, como mão-de-obra contratada. É
As Atividades Agrícolas no Mundo Subdesenvolvido o caso do México, dos países da América Central (Honduras, Guate-
Os países subdesenvolvidos já foram caracterizados como ex- mala, Nicarágua, entre outros), dos países andinos (Peru e Colôm-
portadores de produtos agrícolas e de matérias-primas. Apesar de bia, entre outros), e do Paraguai. Também é o caso do Brasil, embo-
tal caracterização continuar válida para a maioria dos países desse ra aqui exista a particularidade de os pobres das cidades superarem
grupo, são os países desenvolvidos que respondem pelo maior vo- numericamente os pobres das áreas rurais.
lume da produção e exportação de produtos agrícolas. Em contraste com essa situação, na maioria desses países há
Nos países desenvolvidos, a modernização da produção e os abundância de terras, dominadas por grandes fazendas comerciais
enormes incentivos destinados à atividade agrícola têm gerado que são responsáveis pelo maior volume de produção agrícola.
cada vez mais excedentes, colocando-os na liderança mundial das
exportações do setor. Além disso, as políticas protecionistas de seus
mercados dificultam o acesso da produção agrícola dos países sub-
desenvolvidos.

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GEOGRAFIA

Os países andinos formam um grupo de seis países sul-america- Essas formas de relações de trabalho no mundo subdesenvolvi-
nos situados onde se estende a cordilheira dos Andes: Chile, Bolívia, do tornam pouco estimulante e economicamente inviável o investi-
Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. A maioria da população é de mento em aprimoramento técnico, visando à melhoria da qualida-
origem indígena e, desde as últimas décadas do século XX, tem se de e da produtividade agrícola, para aqueles que de fato trabalham
organizado contra a exclusão social e pela reforma agrária. a terra.
Assim, a reforma agrária também deve ser vista como geradora
Estrutura Fundiária nos Países Subdesenvolvidos de ocupação de mão-de-obra nos países subdesenvolvidos, princi-
Do ponto de vista econômico, a produção de cana, soja, café, palmente naqueles que apresentam um percentual significativo da
cacau, algodão e outros produtos típicos da agricultura dos trópicos população economicamente ativa no setor primário. Além de ge-
não se adapta à pequena propriedade. Essas culturas exigem solo, radora de emprego e de renda, que dinamiza o restante da econo-
clima e relevo adequados e grandes extensões cultivadas para que mia, a reforma agrária constitui a única forma possível de diminuir o
o empreendimento seja rentável e competitivo. A concentração êxodo rural, que pressiona o mercado de trabalho urbano e agrava
fundiária, explicada pelo passado colonial, ganhou um retoque de a crise social das cidades.
modernidade com a Revolução Verde e a mecanização rural.
A Revolução Verde exclui ainda mais os pequenos proprietários,
incapacitados financeiramente para adquirir a parafernália tecno-
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: ATIVIDADES
lógica que ela trouxe consigo: herbicidas, pesticidas, adubos quí-
ECONÔMICAS, EMPREGO E POBREZA
micos, máquinas e outros implementos agrícolas. Ela também não
incentivou a agricultura voltada para o mercado interno, que não O espaço urbano brasileiro foi profundamente marcado pelas
gera dividas no Comércio Exterior. Na maior parte dos países sub- dinâmicas ocorridas no século XX e conta com uma elevada concen-
desenvolvidos do planeta, o desenvolvimento tecnológico da Revo- tração populacional em torno das cidades do Sudeste.
lução Verde resultou em concentração fundiária e marginalização O processo de urbanização no território brasileiro iniciou-se, de
dos trabalhador rural. maneira mais concreta, a partir do final do século XIX, com o início
Não foi por acaso que várias rebeliões e revoluções populares gradativo da industrialização no país. No entanto, foi após os anos
nas últimas duas décadas do século XX tiveram como lema a refor- 1930 que a presença das indústrias tornou-se mais intensiva e a ur-
ma agrária. A necessidade de reformas na estrutura de produção banização começou a intensificar-se. A segunda metade do século
agrícola e de redistribuição da propriedade rural são aspectos que XX serviu de incremento graças ao intenso êxodo rural ocasionado
precisam ser atendidos simultaneamente e são urgentes nos países pela mecanização das atividades produtivas no meio rural, o que
subdesenvolvidos. gerou um maior desemprego no campo e a grande leva de migran-
tes em direção às principais cidades do Brasil.
A Reforma Agrária consiste na adoção de medidas para me- A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela primei-
lhorar a distribuição da terra, promovendo a justiça social, criando ra vez, passou a ter uma população predominantemente urbana,
condições de melhoria de vida do trabalhador rural, elevando a pro- ou seja, a maior parte dos habitantes concentrava-se nas cidades.
dução e a produtividade agropastoris. A redistribuição das terras é Atualmente, mais de 80% dos habitantes do Brasil residem em cida-
apenas uma parte do processo de reforma agrária, que deve incluir des, sendo a maioria desses em grandes centros urbanos e capitais,
apoio técnico, infraestrutura adequada à produção, sistema de ar- tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre
mazenamento e transporte, garantia de preços mínimos, crédito ao e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a urbanização
pequeno agricultor, orientação para a criação de cooperativas e de brasileira contou com um intensivo processo de metropolização —
pequenas agroindústrias, entre outros aspectos. a concentração das populações nas grandes metrópoles.
Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigualdade tanto
A reforma agrária é um processo mais amplo que a simples re- em tamanho das cidades e número de habitantes quanto em níveis
distribuição de terras. Criar as condições para que o trabalhador ru- de avanço econômico e ofertas de infraestrutura no espaço urbano
ral torne-se proprietário e possa produzir sua própria subsistência é brasileiro. A região Sudeste, dessa forma, abrange a maior parte
apenas o primeiro passo de um conjunto de medidas que incluem dos habitantes e possui as maiores taxas de urbanização, com des-
assessoria técnica e administrativa, inclusive um sistema de crédito taque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam
especial. Cabe ao Estado, enfim, estimular e garantir a produção com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades.
agrícola dos pequenos agricultores e criar os mecanismos necessá- Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da região Nor-
rios para coloca-los no mercado. Aliás, muito mais que isso já foi e deste apresentam números mais modestos nesse sentido. Os es-
é feito para os grandes proprietários e para as empresas rurais, me- tados menos urbanizados do Brasil são Pará, Maranhão e Piauí,
diante mecanismos de crédito a juros mais baixos, outros subsídios enquanto outros apresentam números pouco maiores, mas com
e medidas protecionistas. índices populacionais baixos, o que torna suas cidades menores em
termos demográficos, a exemplo do Acre e de Roraima.
Reforma Agrária e Geração de Renda Outro exemplo de estado com pouca população e com elevada
Além dos conflitos e das convulsões sociais constantes, a con- urbanização é Goiás, graças à grande quantidade de pessoas habi-
centração da propriedade da terra é responsável por uma varieda- tando a região metropolitana de Goiânia e o entorno do Distrito Fe-
de de relações de trabalho no meio rural. O arrendamento (aluguel) deral. Assim como os dois estados do Sudeste acima mencionados,
e a parceria (pagamento em espécie pelo uso da terra em cotas esti- o território goiano é cerca de 90% composto por populações urba-
puladas entre o parceiro e o proprietário), para citar duas modalida- nas, mas o seu número total de habitantes é de apenas seis milhões
des bastante difundidas, obrigam o agricultor a dividir o resultado e meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a capital
de seu trabalho com o proprietário da terra. paulista, que, sozinha, ultrapassa os onze milhões.

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A densidade populacional mais elevada na região Sudeste de- dam para a zona urbana a fim de encontrar empregos e condições
ve-se às heranças econômicas e estruturais herdadas dos ciclos melhores de vida, o que ocorreu bastante no processo da revolução
produtivos anteriores, sobretudo do auge do período cafeeiro da Industrial.
história da economia brasileira. Por esse motivo, é nessa região
que se encontram as duas únicas cidades globais do país, São Paulo — Urbanização Brasileira e Regiões Metropolitanas
e Rio de Janeiro, que, juntas, formam uma megalópole, ponto de A urbanização brasileira iniciou-se no século XX, com o desen-
intensa aglomeração urbana com níveis internacionais de alcance volvimento da indústria o êxodo rural começou a acontecer, em
produtivo. meados de 1950, e portanto, a urbanização a se desenvolver prin-
Atrás das duas cidades globais estão as metrópoles nacionais, cipalmente no Sudeste do país. Algo que influenciou bastante esse
responsáveis por estabelecer articulações intensivas com pratica- desenvolvimento foi a política de desenvolvimento dos governos
mente todo o território nacional. São elas: Belo Horizonte, Porto Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek que prometiam “50 anos em
Alegre, Curitiba, Fortaleza, Brasília e outras. Enquanto isso, há tam- 5”. Nos anos 60, a urbanização começa a se desenvolver no centro-
bém as metrópoles regionais, com destaque para Campinas, Goiâ- -oeste do país. Hoje, mais de 70% da população do Brasil reside em
nia, Manaus, Florianópolis, entre outras. áreas urbanas, portanto as regiões diferem bastante em relação a
Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e metropoli- infraestruturas. As regiões do Sudeste e do Sul são mais desenvol-
zação vistos ao longo do século XX, o início do século XXI, sobretudo vidas, enquanto o Nordeste ainda tem uma grande carência. Assim,
nessa segunda década, demarca um gradativo processo de descen- a urbanização junto da industrialização causou buracos na socie-
tralização, com o crescimento das metrópoles de médio porte e a dade, como a desigualdade social e falta de oportunidades para as
desmetropolização — quando as cidades médias passam a receber pessoas.
uma maior carga de investimentos, indústrias, empregos e habitan-
tes. No entanto, é errado pensar que as grandes metrópoles do país — A Questão Agrária e Conflitos no Campo no Brasil
perderam a importância, pelo contrário, suas estruturas seguem A questão agrária diz respeito a conflitos que ocorrem no meio
modernizando-se e, de cidades industriais, elas lentamente vão se rural, nos meios de produção agrícolas e a relação entre o capita-
tornando centros burocráticos, concentrando a maior parte das se- lismo e o trabalho rural. Com a modernização deste espaço rural,
des das grandes empresas nacionais e internacionais. problemas como a desigualdade, concentração de terras e êxodo
rural acabaram se intensificando. A urbanização causou um aumen-
to na demanda de produtos agrícolas, e como consequência, meios
REDE URBANA E REGIÕES METROPOLITANAS. de acelerar essa produção, como o uso de agrotóxicos. Isso diminui
o preço dos produtos enquanto produtos industrializados tem seu
— Definição e função preço elevado.
— Rede e Hierarquia Urbana Brasileira
Cidade Hierarquia Urbana é a organização de cidades em níveis hie-
Area industrializada e povoada com zonas residenciais e co- rárquicos de subordinação, ou seja, cidades médias têm influência
merciais. A cidade é uma zona urbana, o contrário de zona rural, ou sobre as menores. Dizemos maior em relação a produtividade, bens
seja, é a parte do município em que há uma grande concentração e serviços oferecidos, e não em relação a seu tamanho físico. A hie-
de pessoas e estruturas industriais. rarquia também integra as cidades em uma rede urbana, uma rede
As zonas rurais, também denominadas de campo, são partes que as conecta econômica, social e culturalmente. Pode ser cate-
de um município em que são utilizadas para atividades da agricul- gorizada em:
tura e agropecuária, onde há pouquíssima industrialização, e são • Metrópole: cidade de grande porte que exerce influência so-
áreas que abrigam paisagens naturais. bre outras cidades. Uma metrópole pode ser nacional (grande cen-
As zonas urbanas e rurais coexistem, são dependentes umas tro urbano) ou regional (uma cidade em que habitam mais de um
das outras, pois a zona urbana utiliza produtos produzidos nas zo- milhão de habitantes e exerce influência em todo o estado).
nas rurais e as zonas rurais comercializam com as zonas urbanas. • Centros Regionais: cidades de médio porte, exercem influên-
cia na região e produzem bens para outras cidades.
— Industrialização e Urbanização • Cidade local: cidades de porte pequeno que dependem de
Os processos de industrialização e urbanização são interligados, cidades maiores.
desde a revolução industrial as cidades começaram a se desenvol- • Vilas: pequena concentração urbana que não atinge critérios
ver de forma que o movimento de pessoas aumentou e consequen- para se considerar uma cidade, e depende muito das grandes me-
temente, a urbanização se desenvolveu. Quanto maior o número trópoles.
de pessoas, mais consumiam e produziam, movimentando assim, a
indústria e ocasionando também deu rápido desenvolvimento. — Concentração e Desconcentração das Indústrias no Brasil
O crescimento da Indústria em todos os países do mundo, Concentração e Desconcentração Industrial é o processo de
mas principalmente na Inglaterra, proporcionou diversas transfor- migração das indústrias dentro de um certo país. No Brasil, a indus-
mações no espaço geográfico. Além de um maior movimento de trialização ocorreu tarde, mas não demorou muito para se solidifi-
pessoas, estruturas relacionadas ao transporte, como trens, metrô, car, nos anos 70, a região do Sudeste já estava bem industrializada
veículos em geral, ruas asfaltadas, grandes centros comerciais, en- e com boa infraestrutura urbana. Há muito tempo, o Sudeste lidera
tre outros, foram criadas e desenvolvidas. Isso, mas principalmente o processo industrial no Brasil, porém atualmente tem acontecido
o fator de empregos na área industrial, acabou causando o êxodo uma mudança nessa concentração, a partir de planejamentos go-
rural, que é quando as pessoas que residem nas zonas rurais se mu- vernamentais de democratizar a indústria pelas regiões do país. São
Paulo continua sendo o estado de maior concentração industrial,

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porém o desenvolvimento desse setor nas outras regiões tem cres- Movimentos migratórios no Brasil
cido e possivelmente causará em breve uma desconcentração das
Indústrias no Brasil. Externos
Até 1934, foi liberada a entrada de estrangeiros no Brasil. A
partir dessa data, ficou estabelecido que só poderiam imigrar 2%
DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: FLUXOS de cada nacionalidade dos estrangeiros que haviam migrado entre
MIGRATÓRIOS, ÁREAS DE CRESCIMENTO E DE PERDA 1884 e 1934.
POPULACIONAL Os fatores que mais favoreceram a entrada de imigrantes no
Brasil foram:
O crescimento da população brasileira, nas últimas décadas, – A dificuldade de encontrar escravos após a extinção do tráfi-
está ligado principalmente ao crescimento vegetativo (ou natural). co, depois de 1850;
A queda nesse crescimento apresenta outras justificativas que me- – O ciclo do café, que exigia mão de obra numerosa;
recem atenção. – Abundância de terras.
• Maior custo para criar filhos;
• Acesso a métodos anticoncepcionais; Para a maior parte dos imigrantes, a adaptação foi muito difí-
• Trabalho feminino extradomiciliar; cil, pois além das diferenças climáticas, da língua e dos costumes,
• Acesso a tratamento médico; não havia no país uma política firme que assegurasse garantias as
• Saneamento básico. pessoas que aqui chegavam. As regiões sul e sudeste foram as que
receberam maior contingente de imigrantes, principalmente por
Para conhecer a população de um país, devemos, primeira- causa do ciclo do café e povoamento da região sul.
mente, definir dois conceitos demográficos básicos:
– População absoluta: corresponde ao número total de pessoas Internos
de uma área. No Brasil, por exemplo, a população absoluta era de Em nossa história, os principais movimentos migratórios foram:
190.755.799 pessoas, pelo censo de 2010. – Migração de nordestinos da Zona da Mata para o sertão, sé-
– População relativa: é também chamada de densidade demo- culos XVI e XVII (gado);
gráfica e é dada pelo número de habitantes por quilômetro quadra- – Migração de nordestinos e paulistas para Minas Gerais, sécu-
do de uma determinada região. lo XVII (ouro);
O declínio da mortalidade deve-se, em grande parte, à dimi- – Migração de mineiros para São Paulo, século XIX (café);
nuição da mortalidade infantil, isto é, dos óbitos de crianças com – Migração de nordestinos para a Amazônia, devido ao ciclo da
menos de um ano de idade. Em 1970, a taxa era de cem mortes em borracha;
cada mil nascimentos vivos; em 1980, caiu para setenta por mil; em – Migração de nordestinos para Goiás, na década de 1950
1991, para 45 por mil; e no ano de 2000, para 35 por mil. (construção de Brasília);
Em relação aos países desenvolvidos, este índice ainda é ele- – Migrações de paulistas para Rondônia e Mato Grosso, na dé-
vado. Por isso, programas de combate à mortalidade vêm sendo cada de 1970.
implementados tanto pelo governo quanto por entidades privadas
A taxa de mortalidade infantil no Brasil está baixando, confor-
me indicadores. A queda da mortalidade infantil indica aumento no
percentual de adultos e melhorias na expectativa de vida, que em
1950 era de mais ou menos 46 anos e, em 2018, chegou a 76 anos
(IBGE).

Migrações populacionais
As migrações populacionais remontam aos tempos pré-histó-
ricos. O homem parece estar constantemente à procura de novos
horizontes. As razões que justificam as migrações são inúmeras Fonte: www.sogeografia.com.br
(político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, ca-
tástrofes naturais, entre outras), ainda que as razões econômicas Os movimentos migratórios mais intensos nas décadas de 1980
sejam predominantes. e 1990 foram nas regiões:
A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores – Centro-oeste: Brasília e arredores; áreas do interior do MT,
condições de vida. Todo ato migratório apresenta causas repulsivas MS e GO, onde ocorre a expansão da pecuária e da agricultura co-
(o indivíduo é forçado a migrar) e/ou atrativas (o indivíduo é atraído mercial.
por determinado lugar ou país). – Norte: zonas de extrativismo mineral em RO, AP e PA; zonas
Considera-se emigração como a saída de uma área para ou- madeireiras no PA e AM; áreas agrícolas em RO e AC.
tra; imigração é a entrada de pessoas em uma área. As migrações – Sudeste: migrações das capitais para o interior dos estados
podem ser internas, quando ocorrem dentro do país, e externas, de SP, RJ e MG.
quando ocorrem de um país para outro. Ainda podem ser perma- – Sul: até o final da década de 1980, os movimentos emigrató-
nentes ou temporárias. rios para o centro-Oeste e norte foram muito significativos. Na dé-
cada de 1990, houve forte migração intraestadual, principalmente
das metrópoles para o interior.

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– Nordeste: tradicionalmente, o Nordeste era uma área de evasão populacional, principalmente do sertão para a Zona da Mata ou
outras regiões do país, como sudeste e centro-oeste. Atualmente, há uma atração devido os incentivos fiscais dos estados às empresas
de fora, mão de obra barata e turismo.

Estrutura etária da população brasileira


Avalia-se a estrutura da população através da sua distribuição etária, condição socioeconômica e sua posição no IDH (Índice de Desen-
volvimento Humano). Em relação aos critérios de avaliação dos países, desde 1950 até o final da década de 1980, a classificação comum
era aquela que enquadrava os países da seguinte forma:

1º mundo: países capitalistas desenvolvidos;


2º mundo: países socialistas de economia planificada;
3º mundo: países subdesenvolvidos.
Acontecimentos na geopolítica internacional, como a queda do Muro de Berlim, fim da Guerra Fria, ressurgimento da Europa como
potência econômica e o fim da experiência socialista soviética, marcam uma nova disposição da ordem mundial, em que se menciona o
mundo multipolar e a globalização da economia.
A partir daí, tornou-se necessário um novo entendimento para classificar os países. A ONU passou a utilizar o IDH (Índice de Desenvol-
vimento Humano), que tem por objetivo avaliar a qualidade de vida através de alguns critérios:
– Expectativa de vida;
– Renda per capita;
– Grau de instrução.

O IDH avalia e aplica uma nota que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do 1, melhor o IDH de uma país, ou de uma região. Veremos
mais informações sobre o IDH nos próximos tópicos.

Essa organização é apresentada em gráficos cartesianos, em que na abscissa (horizontal) são colocadas as populações por milhões,
divididas em homens e mulheres, cada qual ficando de um lado da ordenada (vertical), onde é colocada uma tabela de idades, dividida em
faixas de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos. Esses gráficos cartesianos são chamados de pirâmides etárias. Normalmente, as faixas resultantes
são divididas em três partes ou faixas etárias:
– População jovem: 0 a 19 anos.
– População adulta: de 20 a 59 anos.
– População idosa: acima de 60 anos.

A pirâmide etária do Brasil tem sua base larga e vai estreitando-se até atingir o topo. Isso significa que o número de idosos é relativa-
mente pequeno. O gráfico do Brasil demonstra que, mesmo com todo o crescimento, continuamos a ser um país jovem, pois no caso dos
países mais desenvolvidos, a base da pirâmide costuma ser menos larga e o topo mais amplo.

Fonte: IBGE

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Fonte: IBGE

PEA (População Economicamente Ativa)


É a população que exerce atividade remunerada nas formas da lei. Nos países desenvolvidos, os ativos são predominantemente a
população adulta, enquanto nos subdesenvolvidos tanto os jovens quanto os idosos trabalham juntamente com os adultos.

— A população e as formas de ocupação do espaço


Quando avaliamos esta regionalização, percebemos também que existem formas de ocupação de espaço e população.
Região Norte: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização), também é vazia de-
mograficamente (baixa concentração populacional);
Região Nordeste: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização, e segunda região
mais populosa do Brasil);
Centro Oeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para
aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também
é vazia demograficamente (baixa concentração populacional).
Sul: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da
produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização). É a terceira região
mais populosa do Brasil.
Sudeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento
da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também é cheia
demograficamente (grande concentração populacional).
Vários aspectos sobre as regiões:
– A Sul é a região que possui menor extensão territorial;
– A Norte é a região que possui maior extensão territorial;
– A Nordeste é a região possui mais estados;
– A Sul é a região que possui menos estados;
– A Sudeste é a mais desenvolvida e a mais populosa do Brasil;
– A Nordeste é a região com maior faixa litorânea;
– A Centro-Oeste é a região que não possui litoral;
– A mais fria do Brasil é a Região Sul.

— Os contrastes regionais do brasil


Vamos caracterizar esses contrastes de acordo com divisão abaixo proposta pelo geógrafo Milton Santos chamada (“os quatro brasis”),
de acordo com a figura abaixo:

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Conhecida os “quatro brasis” é o registro técnico-científico-informacional”;


Nesta divisão encontramos a região concentrada que a união das regiões sul e sudeste do modelo do IBGE.
São as regiões: Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Região Concentrada: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tecnologia, genética,
inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil. Nesta região concentrada temos o sul,
resumindo e a união da região sul e sudeste.
Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e pouca industrialização,
Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização).
Região Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária extensiva. Também existem polos industriais
(Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e considerada a maior bacia hidrográfica do
planeta.
Região Centro-Oeste: Temos também a pecuária intensiva (é diferente a extensiva, este se baseia na criação do gado em pequenas
áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras,
tudo isso visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional). O estado de Tocantins nesta
divisão encontra-se incorporado.

— Urbanização e metropolização 
O que caracteriza uma metrópole é sua elevada taxa de urbanização. No caso, existe uma centralização de trabalho, serviços, capital,
em fim uma roda econômica.

Dentro deste contexto surgiram diversos problemas de infraestrutura, tais como moradia, saneamento básico, transporte, segurança,
que impacta diretamente na vida da população, temos então o conceito de macrocefalia urbana que nada mais é que o crescimento de-
sordenado das cidades resultando os problemas mencionados e muitos outros.

São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, O estado com a menor índice populacional é
Roraima, que tem 522.636 habitantes.
No cenário econômico, as metrópoles brasileiras impulsionam as mais variadas atividades financeiras e comerciais tornado um motor
econômico.

Isso faz com que as metrópoles se tornam-se importante no contexto nacional tanto no aspecto positivo, quando no aspecto negativo
(desafios, problemas e a complexidade das relações, etc.).

135
GEOGRAFIA

Região Metropolitana Quantidade de Municípios Número de Habitantes (2010)


São Paulo 39 19 683 975
Rio de Janeiro 19 11 835 708
Belo Horizonte 34 5 414 701
Porto Alegre 32 3 958 985
Recife 14 3 690 547
Fortaleza 15 3 615 767
Salvador 13 3 753 973
Curitiba 29 3 174 201
Campinas 19 2 797 137
Goiânia 11 2 173 141
Censo Demográfica IBGE 2010

FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ORGANIZAÇÃO FEDERATIVA).

A cartografia da formação territorial brasileira revela, em diferentes períodos, os processos que levaram o Brasil a chegar até a forma
territorial e as divisões internas atuais. Desde 1500, o país passou por diversas conformações territoriais, fruto de diferentes organizações
políticas e administrativas. Observe o mapa.

Brasil: Capitanias Hereditárias (1534-1536)

136
GEOGRAFIA

A doação de uma capitania era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral. Pela primeira, o donatário re-
cebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa
na extensão de toda a capitania. Devia fundar vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a
pena de morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento
de parte das rendas devidas à Coroa.
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário.
Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o
monopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e de-
fendê-las, tornando-se assim colonos.
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para a exportação. Dois fatores influí-
ram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro africano. A colonização ini-
ciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado
europeu e o trabalho escravo.
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a adaptação às condições climáticas
e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns do-
natários nem chegaram a tomar posse das terras, deixando-as abandonadas.

A cartografia da formação territorial do Brasil

Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o território americano passou a ser cobiçado pelos principais países euro-
peus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, que repartia
as novas terras entre esses dois países. Observe o mapa a seguir.

Brasil: o Tratado de Tordesilhas

Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas seriam de posse de Portugal e aquelas localizadas a oeste seriam de
propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não garantiu na prática a posse dos territórios na América. Primeiro porque esses
territórios não estavam vazios, ou seja, encontravam-se ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espanhóis teriam de
conquistar suas terras, o que envolveu muitas batalhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França, Inglaterra e Holanda) não reco-
nheciam a legitimidade do tratado nem o direito de Portugal e Espanha sobre essas terras e também as disputavam.
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocorreu de fato a partir de 1530. Até então, Portugal limitou-se a criar postos
de comércio no litoral para a comercialização de pau-brasil – as feitorias. Porém, devido a constantes invasões de piratas e expedições
estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar o território para garantir o seu domínio.
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições de exploração e colonização do litoral brasileiro e de algumas regiões
no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a exploração e o povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao seu interior.
No século XVII, o desenvolvimento da economia açucareira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno mercado interno
proporcionou a exploração e ocupação de novos territórios – uma vez que era necessário espaço para desenvolvê-las. Observe o mapa a
seguir.

137
GEOGRAFIA

Brasil: povoamento no século XVI trovérsia. Não devemos esquecer que eles foram responsáveis pela
escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa
a seguir, que mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII.

Brasil: principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)

A exploração e a ocupação de novas terras na Colônia acompa-


nharam o processo de desenvolvimento da economia local, confor-
me é possível observar o mapa anterior. É importante ressaltar que
o desenvolvimento econômico e as consequentes possibilidades de
enriquecimento serviam de estímulo para promover o povoamento
da Colônia. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991
É possível notar ainda que, no século XVII, a maior parte de
cidades e vilas ainda se concentrava no litoral. Porém, graças às ati- Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que par-
vidades como a pecuária e a procura pelas chamadas drogas do ser- tiam de São Paulo tinham como direção o interior da Colônia, ul-
tão, ervas encontradas na região amazônica, foi possível conhecer trapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições
e ocupar novos territórios no continente – ultrapassando, inclusive, foram responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas
os limites da Linha de Tordesilhas. regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país – que até então haviam
Porém, ainda havia uma grande parcela de terras a leste de Tor- sido nada ou pouco exploradas.
desilhas que não tinha sido explorada pelos portugueses. Por mais É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal perma-
que, segundo o tratado, pertencessem à Portugal, na prática esses neceu sob domínio espanhol, época conhecida como a União Ibéri-
territórios ainda eram controlados por indígenas. Portanto, para se- ca. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas pas-
rem conquistados, eles deveriam ser explorados e ocupados. sou a ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação
A exploração desses territórios deu-se a partir do século XVII, de territórios além de seus limites por parte dos bandeirantes.
por meio das entradas e bandeiras. As entradas eram expedições Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tra-
oficiais de exploração do território da Colônia, financiados pela Co- tado que substituía o de Tordesilhas. Ambos os países reconheciam
roa Portuguesa. Já as bandeiras, apesar de também possuírem um que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historica-
caráter exploratório, eram expedições particulares, movidas por in- mente respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de
teresses econômicos e comandadas por homens conhecidos como Madri, que teve como objetivo regularizar a fronteira entre suas
bandeirantes. colônias.
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colô-
As Bandeiras e os Bandeirantes nias deveriam ser estabelecidas como base na lógica de Uti Posside-
tis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado
Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicen- território tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou
te e São Paulo. Devido às dificuldades econômicas enfrentadas no a fronteira brasileira após o Tratado de Madri.
sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos
territórios em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de
escravos indígenas para vender. Outra atividade comum era a cap-
tura de escravos negros fugitivos.
Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram
responsáveis pela exploração de grande parte do atual território
brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão
do território brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de con-

138
GEOGRAFIA

O território brasileiro após o Tratado de Madri (1750)

Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos imites do Tratado de Tordesilhas – aproximando-se, inclusive, de seus
limites atuais.
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu graças à ação exploratória dos bandeirantes, que foram responsáveis por
explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no Tratado de Madri, em 1750.
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões referentes a territórios e fronteiras na região. Até o fim do período co-
lonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados entre Brasil e Espanha.

A Organização Política e Administrativa do Brasil

Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a separação da Colônia portuguesa em dois estados: Estado do Maranhão,
com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital no Rio de Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido em várias
capitanias, conforme representa o mapa que mostra a divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão era composto
pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo sua capital transferida para a cidade de Belém. Em 1763, foi a vez de mudar a capital
do Estado do Brasil, passando de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1774, a Coroa portuguesa decretou a reunificação da Colônia, que
permaneceu assim até a sua independência.
Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil em 1709 e em 1822, ano da independência do país.

Divisão Territorial do Brasil (1709) - São Paulo no seu Máximo


A partir de 1709, o Brasil já estava dividido em sete estados. Onde hoje abrange parte da Amazônia, no Norte do país, localizava-se a
província do Grão-Pará. Abaixo, na área que pertence atualmente a Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais,
Goiás, São Paulo e parte do Paraná, era dominada pelo Estado de São Paulo. O estado do Nordeste era ocupado apenas por Maranhão,
Pernambuco e Bahia. Na região Sul, apenas a província de São Pedro. A Sudeste, o Rio de Janeiro.

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GEOGRAFIA

Divisão territorial do Brasil (1889)

Divisão territorial do Brasil (1822)

Em 1822, ano da independência brasileira, o território brasileiro Na época da independência, a divisão político-administrativa
configurava-se assim: brasileira era baseada em províncias, e não em estados, como hoje
em dia. Repare como as diversas províncias existentes em 1822, as-
Brasil em 1822 sim como suas fronteiras, deram origem a muitos estados atuais.
Até o fim do Império e a formação da República, em 1889, o ter-
ritório brasileiro sofreu algumas pequenas modificações. Da mesma
forma, alguns territórios deixaram de pertencer a algumas provín-
cias e foram incorporados a outras, como mostra o mapa acima.
Com a instauração da República, a divisão político-administra-
tiva brasileira, que antes compunha várias províncias, passou a se
basear em estados. Dessa forma, o Brasil tornou-se uma República
Federativa, composta por diferentes unidades.
Desde 1889 foram criados alguns estados novos, bem como
uma nova divisão político-administrativa: os territórios federais.
Esses territórios integravam diretamente a União, sem pertencer a
nenhum estado. Em 1988, os territórios federais existentes foram
extintos e suas áreas foram incorporadas a estados vizinhos.

As Unidades Federativas do Brasil

As unidades federativas são entidades político-administrativas


e territoriais vinculadas ao Estado Nacional – no caso brasileiro, à
Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro asse- República Federativa.
melhavam-se aos atuais. Nesse caso, deve-se destacar a região da Elas possuem autonomia no que diz respeito à eleição de seus
Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a governantes, à criação de determinadas leis e à cobrança de im-
Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar postos.
Uruguai. Atualmente, o Estado brasileiro é composto por 27 unidades fe-
derativas: 26 estados e o Distrito Federal, onde se localiza Brasília,
1823: Províncias Imperiais a capital do país.
O estado é composto por diversos municípios. Todos os estados
No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, possuem um governador e uma assembleia legislativa que são res-
foram acrescentados ainda mais territórios. O Brasil ganhou os esta- ponsáveis por gerir e regular as políticas dentro de seu território.
dos do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará
e Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da
Província da Cisplatina, o atual Uruguai.

140
GEOGRAFIA

O Brasil no Mundo: Localização e Extensão europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes
permitem explorar, até a exaustão, os cardumes que se deslocam
Posição Geográfica e Noções Cartográficas do Brasil em alto-mar.
Os pontos extremos do Brasil são: setentrional – nascente do Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspecti-
Rio Ailã, no Monte Caburaí (em Roraima, fronteira com a Guiana); vas às nações, que passaram a considerar o mar não só uma via
meridional: Arroio Chuí (no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uru- de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de
guai); oriental: Ponta do Seixas (na Paraíba); ocidental: a nascente riquezas e matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram-
do Rio Moa, na Serra do Divisor ou Contamana (no Acre, na frontei- -se estratégicos, e muitos países passaram a tentar incorporar áreas
ra com o Peru). marítimas aos seus territórios.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diver-
O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719 sas reuniões sobre os limites marinhos. Elas ficaram conhecidas
quilômetros de fronteiras que o Brasil possui com quase todos os como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nes-
países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos sa época, muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos,
7.367 quilômetros de costa atlântica. situados além das jurisdições nacionais, fossem considerados pa-
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do trimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser ne-
Equador e o Trópico de Capricórnio, e que o predomínio das terras cessário determinar os limites marítimos de cada Estado costeiro.
nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em
país tropical. 1970, para resguardar os interesses econômicos do país e por ra-
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção zões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca
de diferentes fusos horários. de 370 quilômetros) para exploração das águas territoriais brasilei-
ras.
A Posição Latitudinal do Brasil e suas Implicações Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados de
A latitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um superfície aquática – somente navios brasileiros e de empresas es-
lado paralelo em relação à Linha do Equador. trangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exercer
A variação latitudinal implica mudanças da obliquidade, isto é, alguma atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam multas
da inclinação com a qual os raios solares incidem sobre a superfície e seriam apreendidos.
terrestre. Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Uni-
No território brasileiro, dadas as suas grandes dimensões, essa das sobre o Direito do Mar (CNUDM). Foi nessa convenção que os
mudança da inclinação da incidência solar é relativamente percep- limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma:
tível.
O extremo sul do Brasil recebe raios oblíquos, que implicam * mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas
temperaturas médias anuais mais baixas e, consequentemente, cli- (cerca de 22 quilômetros) de largura, medidas a partir do litoral e
mas mais amenos em comparação àqueles dominantes na maior das ilhas brasileiras. Nesse espaço marítimo, o Estado costeiro tem
parte do país. total controle sobre as águas, o espaço aéreo e o fundo do mar;
Quanto a extensão latitudinal do Brasil e a localização espacial
do extremo sul, essa porção do território brasileiro está situada ao * zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do
sul do Trópico de Capricórnio, o que implica obliquidade maior. Por mar territorial. Essa faixa é importante, pois se trata de uma área de
isso, é dominada pelo clima zonal temperado, cujas temperaturas segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações
médias estão entre as mais baixa registradas no país. que nela navegarem;

A Posição Longitudinal do Brasil e suas Implicações * zona econômica exclusiva: área que se estende até 200
A longitude corresponde ao ângulo formado pela distância de milhas além do mar territorial. Pela convenção da ONU, os Estados
um ponto qualquer da superfície terrestre em relação ao meridiano costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os
de Greenwich, que, divide a Terra em dois hemisférios: o Ocidental recursos (sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em
e o Oriental. toda essa região. Desde o início da década de 1980, o Brasil vem
A longitude varia de zero a 180 graus a partir do Meridiano de realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano
Greenwich, tanto para o leste, como para oeste. O território brasi- Atlântico e zelar pela manutenção dele;
leiro se localiza integralmente no Hemisfério Ocidental.
* plataforma continental: conforme a convenção de 1982, cor-
Fronteiras Marítimas do Brasil responde ao leito e ao subsolo das áreas submarinas que se esten-
dem além do seu mar territorial.
Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a
atenção da sociedade e do governo brasileiro: e as águas do Oceano Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para
Atlântico que banham nosso território. além das 200 milhas devem apresentar um relatório para a Conven-
Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Se- ção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga
gunda Guerra Mundial criou navios mais rápidos que os anterio- para além de 200 milhas.
res e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na
distâncias, explorando economicamente as águas longe de seus década de 1980, o projeto Levantamento da Plataforma Continental
territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos japoneses e (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras participaram
dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente

141
GEOGRAFIA

todo aprovado pela comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a Pernambuco – Capital: Recife.
área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o que prati- Piauí – Capital: Teresina.
camente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia. Rio Grande do Norte – Capital: Natal.
Foi por isso que muitos passaram a chamar essa região de Amazô- Sergipe – Capital: Aracaju.
nia Azul.
Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasi- Região Centro-Oeste
leira. Muitos especialistas afirmam que em um futuro próximo será Goiás – Capital: Goiânia.
possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar. Mato Grosso – Capital: Cuiabá.
Por esse tratado, o Brasil também é responsável, por exemplo, Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande.
por operações de resgate em uma área muito maior que a Amazô- Distrito Federal – Capital: Brasília.
nia Azul. Trata-se de uma nova fronteira que ainda precisa ser muito
estudada e conhecida. Região Sudeste
Espírito Santo – Capital: Vitória.
A Divisão Regional do IBGE Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte.
São Paulo – Capital: São Paulo.
Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e foram Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro.
realizados sob a coordenação do engenheiro, geógrafo e professor
Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar as diversas Região Sul
propostas de divisão regional que já existiam naquela época, esse Paraná – Capital: Curitiba.
trabalho visava a elaborar uma única divisão regional do Brasil para Rio Grande do Sul – Capital: Porto Alegre.
a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade socioespacial Santa Catarina – Capital: Florianópolis.
de nosso país.
Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do
IBGE, que levava em conta sobretudo as características naturais.
QUESTÕES
Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste,
Sul e Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste 1.(IBFC - 2023 - Professor (SEC BA)/Educação Básica)
Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez, a região Leste foi subdi-
vidida em Leste Setentrional e Leste Meridional. A região Sudeste concentra o maior número de população re-
Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil, sidente no Brasil, seguida pela região Nordeste (AGÊNCIA BRASIL,
levando em consideração, agora, sub-regiões denominadas zonas 2019). No que se refere às Unidades Federativas (UF) mais populo-
fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao sas do Brasil, segundo o Censo demográfico realizado pelo Instituto
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espa- Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2010, assinale a al-
ciais de dimensão mais reduzida que as das unidades da federação. ternativa incorreta.
Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta (A) São Paulo é a UF mais populosa do Brasil
pelo IBGE. (B) Minas Gerais é a segunda UF mais populosa do Brasil
Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo (C) Rio de Janeiro é a terceira UF mais populosa do Brasil
IBGE, há um aspecto importante em comum: os limites das regiões (D) Bahia é a quarta UF mais populosa do Brasil
coincidem com os limites estaduais. (E) Ceará é a quinta UF mais populosa do Brasil
Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta as
especificidades naturais do nosso país. O norte de Minas Gerais, 2.(IBFC - 2021 - Porteiro (MGS)/Escolar/Ed.01.2021)
por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão “O país chegou a 211,8 milhões de habitantes em 2020, cres-
nordestino, integra a região Sudeste. cendo 0,77% em relação ao ano passado, de acordo com as Esti-
mativas da População divulgadas hoje (27) pelo IBGE para os 5.570
Lista do Estados e Capitais por região municípios” (IBGE, 2020).
No que se refere a aspectos da população brasileira, analise as
Região Norte afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F):
Acre – Capital: Rio Branco. ( ) A maior parte da população brasileira vive nas zonas rurais.
Amapá – Capital: Macapá. ( ) A região Sudeste é a mais populosa entre as grandes regiões
Amazonas – Capital: Manaus. do Brasil.
Pará – Capital: Belém. ( ) O estado de Minas Gerais é o mais populoso entre os estados
Rondônia – Capital: Porto Velho. do Brasil.
Roraima – Capital: Boa Vista. ( ) A população brasileira cresceu entre 2000 e 2010. Assinale a
Tocantins – Capital: Palmas. alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
(A) V, F, V, F
Região Nordeste (B) V, V, V, F
Alagoas – Capital: Maceió. (C) F, V, F, V
Bahia – Capital: Salvador. (D) F, F, F, V
Ceará – Capital: Fortaleza.
Maranhão – Capital: São Luís.
Paraíba – Capital: João Pessoa.

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GEOGRAFIA

3.(IBFC - 2019 - Professor de Educação Básica II (Pref Vinhedo)/ 6.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa-
Geografia) ção Básica (SEED RR)/Geografia)
“Contando os gatos e outros animais o número sobe para cem Os versos abaixo estão presentes na canção “Carneiro”, de au-
milhões. Segundo o IBGE, as famílias brasileiras cuidam de 52 mi- toria dos compositores cearenses Ednardo e Augusto Pontes, lança-
lhões de cães contra 45 milhões de crianças. E a tendência indica da por Ednardo em 1974. Nela, os autores discutem a possibilidade
que haverá cada vez mais espaço nas casas para os animais e menos de deixar a terra natal e tentar uma nova vida no Rio de Janeiro.
para os filhos pequenos”. (ARIAS, EL PAÍS, jun.2015). Acerca da dinâ- “Amanhã se der o carneiro, o carneiro
mica populacional brasileira, assinale a alternativa correta: Vou-me embora daqui pro Rio de Janeiro.
(A) Tal fato se explica por haver uma verdadeira crise no tocan- As coisas vêm de lá
te a proliferação de cães e gatos nos centros urbanos brasileiros Eu mesmo vou buscar
(B) As taxas de mortalidade infantil no Brasil têm se elevado na E vou voltar em vídeo tapes
primeira década do séc XXI, o que justifica tal fato E revistas supercoloridas
(C) Este fato se relaciona às transformações assistidas na socie- Pra menina meio distraída
dade brasileira, como aumento da população urbana, avanços Repetir a minha voz
nos métodos contraceptivos, inserção das mulheres no merca- Que Deus salve todos nós [...]”.
do de trabalho e planejamento familiar Assinale a alternativa que aponta a forma com que pode ser
(D) Por ser um país de economia retardatária, o Brasil tem co- chamado este tipo de migração.
piado o que acontece nos EUA, Europa e Japão (A) Migração interna
(B) Migração externa
4.(IBFC - 2019 - Professor de Educação Básica II (Pref Vinhedo)/ (C) Nomadismo
Geografia) (D) Diáspora
“Um dado emblemático que caracteriza bem a questão é a
participação do homicídio como causa de mortalidade da juventu- 7.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa-
de masculina (15 a 29 anos), que, em 2016, correspondeu a 50,3% ção Básica (SEED RR)/Geografia)
do total de óbitos. Se considerarmos apenas os homens entre 15
e 19 anos, esse indicador atinge a incrível marca dos 56,5% [...]”. “A ‘Caminhada do Imigrante” partiu no sábado de San Pedro
Os alarmantes dados revelam o crescimento do número de mor- Sula, a cidade mais violenta de ________. […] O argumento repeti-
tes violentas no Brasil, que segundo o mesmo estudo, chegaram do para sair de seu país é o medo da violência das gangues (maras)
à 62.567 mortes em 2016 (Atlas da Violência, 2018, p. 20 e 21). O e da pobreza. Em uma das faixas com as quais partiram se lê: “Não
fragmento nos traz um primeiro recorte, que se refere ao aponta- estamos saindo, estamos sendo expulsos.” (EL PAÍS, 17 out. 2018).
mento do sexo das principais vítimas. Assinale a alternativa correta Com base no fragmento, assinale a alternativa que completa corre-
que complementa este recorte: tamente a lacuna.
(A) Jovens negros e pardos são as principais vítimas dos homi- (A) Nicarágua
cídios, situação que ampliada para a morte de mulheres negras (B) Colômbia
é ainda mais alarmante. A região Nordeste lidera este índice na (C) Honduras
relação número de mortes por 100 mil habitantes (D) Guatemala
(B) Há uma proximidade entre Negros e Não-Negros vitimados
por mortes violentas no caso brasileiro, e a região Norte foi a 8.(IBFC - 2017 - Professor de Educação Básica (SEDUC MT)/Geo-
grande responsável pela alarmante alta das mortes violentas grafia)
(C) A região Sudeste, em específico o Estado de São Paulo, teve Leia a letra da música Fotografia 3X4 do compositor e cantor
expressivo aumento das taxas de mortes violentas cearense Belchior:
(D) O número de mortes no Estado do Rio de Janeiro teve acen-
tuada queda no ano de 2016, o que se liga às políticas postas “Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
em prática e perpetuadas desde a primeira década dos anos Jovem que desce do norte pra cidade grande
2000 Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
E lágrimas nos olhos de ler o Pessoa e ver o verde da cana
5.(IBFC - 2019 - Professor (Pref C Sto Agostinho)/II Geografia)
Dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- Em cada esquina que eu passava um guarda me parava,
tística (IBGE) mostram que a população brasileira permaneceu, em Pedia os meus documentos e depois sorria,
sua maioria, rural até a década de 1960 e, nas décadas seguintes, Examinando o três-por-quatro da fotografia
passou a ser mais urbana. Sobre uma causa do êxodo rural no pe- E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha
ríodo citado, assinale a alternativa incorreta.
(A) A industrialização e a oferta de empregos nas cidades
(B) A ampliação das relações capitalistas e a mecanização do Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
campo Disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
(C) A desestruturação das relações tradicionais de trabalho no São Paulo violento, corre o rio que me engana
campo Copacabana, zona norte e os cabarés da Lapa onde eu morei
(D) A desconcentração das terras no campo e a expansão dos (...)
latifúndios

143
GEOGRAFIA

Veloso o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver comando. Ao mesmo tempo expressa a escala local, da cidade e
na rua das referências sócio-espaciais, presentes e fortalecidas em qual-
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia quer escala de vida ampliada e sempre localizada, sobre a temática
e pela dor eu descobri o poder da alegria da urbanização. Em relação a essa temática, leia as afirmativas a
e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer. seguir:
I. Entre os pioneiros da articulação do tempo/espaço, em re-
A minha história é... talvez, é talvez igual a tua, lação à urbanização, temos Henri Lefebvre, para quem o espaço se
jovem que desce do norte e que no sul viveu na rua resumiria a um reflexo das relações sociais de produção, e a urba-
e que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo nização enquanto processo de disseminação do urbano, que se am-
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo pliava e generalizava-se em escala mundial, e deveria ser entendida
e que ficou apaixonado e violento como você enquanto expressão das relações sociais ao mesmo tempo em que
incidiria sobre elas (LEFEBVRE, 1972). O significado dos termos ur-
Eu sou como você que me ouve agora bano e urbanização para Lefebvre, contudo, restringia-se aos limi-
Eu sou como você, eu sou como você. tes das cidades. Em seu entender a urbanização seria uma conden-
Assinale a alternativa correta que reflete elementos identitá- sação dos processos sociais e espaciais, que decorriam das relações
rios que representam essa canção: essenciais de produção do capitalismo, e estaria baseada na criação
(A) Valorização das características dos grandes centros urba- de um espaço social crescentemente abrangente, instrumental e
nos como a cidade de São Paulo mistificado (LEFEBVRE, 1991).
(B) Denúncia da precariedade social provocada pela seca, con- II. A produção teórica a partir da década de 70, sobre o espaço
tribuindo para que os nordestinos migrem para outras locali- e a urbanização, tanto a estruturalista quanto a de reação ao positi-
dades vismo estruturalista, corporificou- se em uma economia política da
(C) Experiência de estranhamento, preconceito e a recepção urbanização e do desenvolvimento. A interdisciplinaridade episte-
vivenciada pelo migrante ao chegar em São Paulo mológica levou a diferentes conceituações e definições do espaço e
(D) Ressalta a profunda desigualdade social entre as regiões do urbano e à percepção das mudanças da urbanização conforme
brasileiras, principalmente entre as Regiões Nordeste e Sudeste o capitalismo se ampliava e avançava, num constante processo de
(E) Retrata a expansão da fronteira agrícola na Região Nordeste reestruturação e globalização.
e a expulsão de imigrantes qualificados do campo para a cidade III. Após analisar a produção teórica relativa à urbanização Cas-
tells define-a enquanto uma noção ideológica (CASTELLS, 1978);
9.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa- por partir da proposição que esta se refere tanto a formas espaciais
ção Básica (SEED RR)/Geografia) quanto a um sistema cultural específico, de onde consequentemen-
“Um crescimento que expande a cidade, prolongando-a de te não haveria uma problemática especificamente urbana. Descar-
dentro para fora de seu perímetro, e absorve aglomerados rurais e ta-a, assim, enquanto objeto de estudo e propõe que mais que falar
outras cidades. Estas, até então com vida autônoma, acabam com- de urbanização, trataremos do tema da produção social de formas
portando-se como parte integrante da metrópole. Com a expansão espaciais (CASTELLS, 1978), e reduz o urbano ao espaço funcional
e a integração, desaparecem os limites físicos entre os diferentes onde se concentra uma população.
núcleos urbanos – fenômeno chamado de ” (SCARLATTO, Estão corretas as afirmativas:
2011). Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna. (A) I, II e III.
(A) Cidades gêmeas (B) I e II, apenas.
(B) Anisotropia (C) II e III, apenas.
(C) Conurbação (D) I e III, apenas.
(D) Megacidade
12.( IBFC - 2019 - Professor (Pref C Sto Agostinho)/II Geografia)
10.(IBFC - 2019 - Almoxarife (MGS))
Em relação as causas do êxodo rural no período de 1960 e A figura abaixo apresenta uma charge. Interprete-a atentamen-
2000, assinale a alternativa que apresenta de forma incorreta uma te.
causa do êxodo rural no período citado.
(A) Ampliação das relações capitalistas no campo
(B) Mecanização da agricultura e expansão dos latifúndios
(C) Fortalecimento das relações tradicionais de trabalho no
campo (parceria, arrendamento etc.)
(D) Os atrativos da cidade e a necessidade de mão-deobra na
indústria

11.( IBFC - 2013 - Professor de Educação Básica (SEDF)/Geo-


grafia)
A emergência teórica e a relevância da questão urbana no
mundo contemporâneo são amplamente discutidas teoricamente.
Expressam a inevitabilidade da centralidade do fato urbano, quan-
do as redes de informação e de articulação da economia capitalista Fonte: http://www.arionaurocartuns.com.br/2016/09/
ganham dimensão global têm nas cidades seu principal espaço de

144
GEOGRAFIA

Julgue as alternativas abaixo e assinale a que está relacionada


com a charge, de forma correta. GABARITO
(A) A revolução verde foi um modelo baseado no uso intensivo
de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos na agricultura 1 E
(B) A revolução alimentar teve como intuito reduzir o uso de
agrotóxicos no Brasil, estimulando a agricultura familiar 2 C
(C) A revolução alimentar foi um modelo que visou expandir as 3 C
fronteiras agrícolas brasileiras, produzindo monoculturas em 4 A
países vizinhos para erradicar a fome no Brasil
(D) A revolução verde foi um programa do governo federal que 5 D
teve como intuito promover a educação alimentar do brasileiro 6 A
7 C
13.(IBFC - 2017 - Soldado (PM BA) (e mais 1 concurso)
Assinale a alternativa correta. 8 C
A chamada Revolução Verde teve início na segunda metade do 9 C
século XX. Compreende a implantação de mudanças nas técnicas
agrícolas e na estrutura fundiária, com vistas a aumentar a produ- 10 C
ção. Vários países do mundo implementaram suas medidas, incluin- 11 C
do o Brasil. 12 A
Sobre a Revolução Verde e o seu contexto, assinale a alterna-
tiva correta: 13 E
(A) Compreende o cultivo familiar de sementes não-transgê- 14 A
nicas, mediante uso de adubação orgânica e emprego de força
15 B
animal no preparo do solo
(B) Objetiva a diversificação das espécies cultivadas, com uso
intenso de adubação orgânica e emprego de força humana no
preparo do solo
ANOTAÇÕES
(C) Consiste na política de retorno da população ao campo e
preconiza o cultivo de culturas tradicionais ______________________________________________________
(D) Tem início com a introdução de sementes transgênicas re-
sistentes a herbicidas, combinação que facilita o manejo do ______________________________________________________
campo
(E) Enfatiza o uso de adubos químicos, fertilizantes e agrotóxi- ______________________________________________________
cos, e considera a mecanização do preparo do solo
______________________________________________________
14.( IBFC - 2023 - Analista Ambiental (SEAD GO)/Geografia)
Cinturões orogênicos correspondem aos relevos mais eleva- ______________________________________________________
dos da superfície terrestre. No Brasil, há registros da existência de
______________________________________________________
cadeias orogênicas antigas (Pré-Cambriano) (adaptado de ROSS,
2010). Assinale a alternativa correspondente a um cinturão orogê- ______________________________________________________
nico localizado no território brasileiro, de forma correta.
(A) Cinturão orogênico do Atlântico ______________________________________________________
(B) Cinturão orogênico Amazônico
(C) Cinturão orogênico do São Francisco ______________________________________________________
(D) Cinturão orogênico da bacia do Paraná
(E) Cinturão orogênico dos Parecis ______________________________________________________

______________________________________________________
15. (IBFC - 2018 - PAAFEF (Divinópolis)/Ciências Humanas/Geo-
grafia) ______________________________________________________
O território brasileiro por sua extensão e variada estrutura geo-
morfológica apresenta uma variedade de conjuntos morfológicos ______________________________________________________
compondo seu relevo. Com base em seus conhecimentos a respeito
de Relevos Cársticos no Brasil, assinale a alternativa correta: ______________________________________________________
(A) Esta formação é recorrente na região semiárida brasileira
(B) Por muito tempo relacionou-se quase que diretamente re- ______________________________________________________
levo cárstico à rochas calcárias apenas
(C) A formação cárstica tem o intemperismo físico como prin- ______________________________________________________
cipal agente
______________________________________________________
(D) A definição deste tipo de relevo se faz com base na compo-
sição litológica em primazia a sua morfogênese

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GEOGRAFIA

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