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CÓD: OP-035JN-24

7908403547715

SES-MT
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO MATO GROSSO

Comum aos cargos de Nível Médio: Técnico em Enfermagem,


Técnico em Farmácia, Técnico em Imobilização Ortopédica (Técnico em Gesso), Técnico
em Saúde Bucal, Técnico em Manutenção de Equipamentos Médico Hospitalares,
Técnico em Radiologia, Técnico em Patologia Clínica, Técnico em Segurança do
TrabalhoTécnico em Segurança do Trabalho, Técnico em Órtese e Prótese

EDITAL - Nº 001/2023 - SES-MT, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023


• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura, compreensão e interpretação de textos........................................................................................................................ 7
2. Estruturação do texto e dos parágrafos...................................................................................................................................... 7
3. Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores sequenciais..................................................... 8
4. Significação contextual de palavras e expressões....................................................................................................................... 9
5. Equivalência e transformação de estruturas............................................................................................................................... 9
6. Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. ................................................................................................................. 10
7. Emprego de tempos e modos verbais. Funções das classes de palavras.................................................................................... 14
8. Pontuação................................................................................................................................................................................... 21
9. Estrutura e formação de palavras............................................................................................................................................... 25
10. Flexão nominal e verbal.............................................................................................................................................................. 25
11. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação........................................................................................................... 30
12. Concordância nominal e verbal.................................................................................................................................................. 31
13. Regência nominal e verbal.......................................................................................................................................................... 33
14. Ortografia oficial......................................................................................................................................................................... 34

Raciocínio Lógico-matemático
1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; dedução de novas informações
das relações fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e
análise da lógica de uma situação, utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio
sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos.......................................... 41
2. Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................... 65
3. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais........................................................................ 68

Noções de informática
1. Noções básicas sobre hardware e software: conceitos, características, componentes e funções, memória, dispositivos de ar-
mazenamento, de impressão, de entrada e de saída de dados, barramentos interfaces, conexões, discos rígidos, pen-drives,
CD-R, DVD, Blu-Ray, impressoras, scanner, plotters.................................................................................................................... 69
2. Conhecimentos básicos sobre os sistemas operacionais Microsoft Windows XP/7/8/8.1/10 BR: conceitos, características,
ícones, atalhos de teclado, uso dos recursos.............................................................................................................................. 72
3. Conhecimentos e utilização dos recursos do gerenciador de pastas e arquivos (Windows Explorer/Computador).................. 98
4. Conhecimentos sobre editores de texto Word x Writer, planilhas eletrônicas Excel x Calc e editor de apresentações Power-
point x Impress (MS Office 2013/2016/2019 BR X Libre-Office v6.3 ou superior, em português, versões de 32 e 64 bits: con-
ceitos, características, atalhos de teclado e emprego dos recursos........................................................................................... 100
5. Redes de computadores e Web.................................................................................................................................................. 142
6. Conceitos sobre Internet x Intranet x Extranet x e-mail x WebMail, características, atalhos de teclado e emprego de recursos
de navegadores (browsers Internet Explorer 11 BR x Edge x Mozilla Firefox x Google Chrome nas versões atuais em portu-
guês, de 32 e 64 bits).................................................................................................................................................................. 143
7. Outlook do pacote MSOffice 2013/2016/2019 BR.................................................................................................................... 149
8. Mozilla Thunderbird em português, versões de 32 e 64 bits X Web Mail.................................................................................. 152
9. Segurança de equipamentos, de sistemas, em redes e na internet: conceitos, características, vírus, firewall, medidas de pro-
teção........................................................................................................................................................................................... 156
ÍNDICE

10. Redes sociais: Face book x Twiter x Linkedin x Whatsapp.......................................................................................................... 159


11. Computação em Nuvem: conceitos, características, exemplos.................................................................................................. 161

Noções de Administração Pública, Ética, Filosofia e Atualidades


1. Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada...................................................................................... 167
2. Excelência nos serviços públicos: Gestão da Qualidade............................................................................................................. 168
3. Gestão de resultados na produção de serviços públicos............................................................................................................ 171
4. Aspectos fundamentais da comunicação: liderança, motivação, grupos, equipes e cultura organizacional.............................. 172
5. Conduta profissional: comunicação verbal e apresentação pessoal........................................................................................... 185
6. O papel do servidor.................................................................................................................................................................... 189
7. Constituição do Estado de Mato Grosso - Título II: dos direitos, garantias e deveres individuais e coletivos............................ 194
8. Estatuto dos Servidores Públicos da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Públicas Estaduais (Lei Comple-
mentar nº 04, de 15 de outubro de 1990).................................................................................................................................. 196
9. Cidadania: direitos e deveres do cidadão................................................................................................................................... 218
10. O cidadão como usuário e contribuinte...................................................................................................................................... 226
11. Noções de Ética: Ética no exercício da função pública................................................................................................................ 227

História e Geografia do Estado do Mato Grosso


1. Geografa. A organização do espaço: a conquista e a expansão da Amazônia Colonial; a produção do espaço amazônico
atual............................................................................................................................................................................................ 231
2. O espaço natural: estrutura geológica e características do relevo............................................................................................. 232
3. ecossistemas florestais e não-florestais...................................................................................................................................... 233
4. o clima........................................................................................................................................................................................ 233
5. a rede hidrográfica...................................................................................................................................................................... 233
6. aproveitamento dos recursos naturais e impactos ambientais.................................................................................................. 234
7. Organização do espaço mato-grossense: posição geográfica; mesorregiões e microrregiões................................................... 235
8. o processo de ocupação: aspectos geopolíticos e planos de desenvolvimento regional........................................................... 238
9. Aspectos socioeconômicos: crescimento da população; dinâmica dos fluxos migratórios e problemas sociais........................ 239
10. o extrativismo florestal (importância da biodiversidade; biodiversidade e manipulação genética para fins comerciais; ecotu-
rismo).......................................................................................................................................................................................... 242
11. extrativismo mineral; a produção agrícola: principais características; concentração fundiária e conflitos pela terra................ 243
12. o processo de urbanização e redes urbanas............................................................................................................................... 244
13. fontes de energia: potencial hidrelétrico, hidrelétricas e meio ambiente.................................................................................. 244
14. análise dos diferentes modais de transporte.............................................................................................................................. 245
15. Questões atuais: a questão indígena: invasão, demarcação das terras indígenas...................................................................... 247
16. A questão ecológica: desmatamento, queimadas, poluição das vias hídricas, alterações climáticas......................................... 249
17. História. As sociedades indígenas na época da conquista: origem e distribuição das populações indígenas; Grupos linguísti-
cos e tribais; O modo de vida e a organização dos grupos tribais; Estimativas demográficas.................................................... 250
18. Conquista e colonização: as bases da colonização portuguesa: as ordens religiosas e a expansão bandeirante; a descoberta
de ouro e os primeiros núcleos urbanos.................................................................................................................................... 251
ÍNDICE

19. A política pombalina: Portugal Metropolitano; medidas pombalinas. Demarcações de limites: tratados de Madri e de Santo
Ildefonso. A capitania de Mato Grosso....................................................................................................................................... 254
20. O século XIX: a economia na primeira metade do século XIX..................................................................................................... 255
21. A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai: a participação de Mato Grosso........................................................................ 255
22. República: definição das fronteiras; incorporação do Acre ao Estado Nacional Brasileiro; o Território de Rondônia................ 259
23. A “marcha para oeste”: a integração pela ferrovia.................................................................................................................... 260
24. A construção de Brasília: repercussões. A integração pelas rodovias. As políticas de integração e os planos de desenvolvimen-
to dos governos militares............................................................................................................................................................ 260
25. 1977: a divisão norte/sul. A dinâmica dos fluxos migratórios.................................................................................................... 261
26. Séc. XXI: participação do Estado de Mato Grosso na economia brasileira................................................................................. 261

Legislação
1. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios, diretrizes, estrutura e organização; políticas de saúde; Estrutura e funcionamento
das instituições e suas relações com os serviços de saúde......................................................................................................... 267
2. Níveis progressivos de assistência à saúde................................................................................................................................. 274
3. Políticas públicas do SUS para gestão de recursos físicos, financeiros, materiais e humanos.................................................... 275
4. Sistema de planejamento do SUS: estratégico e normativo....................................................................................................... 275
5. Direitos dos usuários do SUS: participação e controle social...................................................................................................... 276
6. Ações e programas do SUS......................................................................................................................................................... 278
7. Legislação básica do SUS............................................................................................................................................................. 279
8. Política Nacional de Humanização.............................................................................................................................................. 295
9. Organização do Sistema de Saúde do Estado de Mato Grosso: metas, programas e ações em saúde....................................... 304
LÍNGUA PORTUGUESA

LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS


TEXTOS
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
completo. e o do leitor.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- Parágrafo
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
interpretação. desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma-
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- sentada na introdução.
tório do leitor.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em
parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Dicas práticas
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca prova.
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
cidas. Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possível
te de referências e datas. usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de citações de pessoas que tenham autoridade no assunto.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto conclusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor
quando afirma que... Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
odo, e o tópico que o antecede.
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
para a clareza do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas vezes
o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumentativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento mais
direto.

ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos)
– anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA
advérbios) – catafórica africana.
Comparativa (uso de comparações por Mais um ano igual aos outros...
semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco
ELIPSE Omissão de um termo
convidados. (omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
relação entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL genéricos ou palavras que possuem sentido aproximado
cozinha têm janelas grandes.
e pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Arcaísmo
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
EXPRESSÕES. do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça mácia / franquia <—> sinceridade.
as principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS.


As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto A equivalência e transformação de estruturas consiste em sa-
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- ber mudar uma sentença ou parte dela de modo a que fique gra-
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: maticalmente correta. Um exemplo muito comum em provas de
forte <—> fraco concursos é o enunciado trazer uma frase no singular, por exemplo,
e pedir que o aluno passe a frase para o plural, mantendo o sentido.
Parônimos e homônimos Outro exemplo é o enunciado dar a frase em um tempo verbal, e
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- pedir que o aluno a passe para outro tempo. Ou ainda a reescritura
núncia semelhantes, porém com significados distintos. de trechos, mantendo a correção semântica e sintática.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma O paralelismo sintático é um conceito que trata de um encade-
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo amento ou de uma repetição de estruturas sintáticas semelhantes
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). (termos ou orações), em uma sequência ou enumeração. Tal con-
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma ceito está diretamente ligado ao conceito de coordenação. Termos
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- coordenados entre si são aqueles que desempenham a mesma fun-
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). ção sintática dentro do período.
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, Orações coordenadas são aquelas sintaticamente semelhantes
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- e independentes uma da outra. Normalmente há conectivos ligan-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). do tais termos ou orações.
Segundo o gramático Manoel Pinto Ribeiro, neste processo de
Polissemia e monossemia encadeamento de termos ou orações, há elementos gramaticais,
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar principalmente conectivos coordenativos, que são utilizados com
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a frequência.1
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). A coerência é um dos pontos importantes nesta temática.
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas Desta forma, para que toda interlocução se materialize de forma
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). plausível, antes de tudo, as ideias precisam estar dispostas em uma
sequência lógica, clara e precisa, pois, se por um motivo ou outro
Denotação e conotação houver uma quebra desta sequência, o discurso certamente estará
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam comprometido.
um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher. Mediante este aspecto, vale dizer que determinados elemen-
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam tos revelam sua parcela de contribuição para que tais pressupostos
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé se tornem efetivamente concretizados, o que é garantido, muitas
da cadeira. vezes, pelo paralelismo sintático e pelo paralelismo semântico.
Esses se caracterizam pelas relações de semelhança que deter-
Hiperonímia e hiponímia minadas palavras e expressões apresentam entre si. Tais relações
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- de similaridade podem se dar no campo morfológico (quando as
ficado entre as palavras. palavras integram a mesma classe gramatical), no semântico (quan-
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que do há correspondência de sentido) e no sintático (quando a cons-
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. trução de frases e orações se apresenta de forma semelhante).
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- Assim, analisemos um caso no qual podemos constatar a au-
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: sência de paralelismo de ordem morfológica:
Limão é hipônimo de fruta. “A tão inesperada decisão é fruto resultante de humilhações,
mágoas, concepções equivocadas e agressores por parte de colegas
Formas variantes que almejavam ocupar sua função.”
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem Constatamos uma nítida ruptura relacionada a fatores de or-
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- dem gramatical, demarcada pela exposição de um adjetivo (agres-
farto / gatinhar – engatinhar. sores) em detrimento ao substantivo “agressões”.

1 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier. 2013.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ausência de Paralelismo de Ordem Semântica Tempos Verbais


Oberve o exemplo: “Marcela amou-me durante quinze meses e Oberve o exemplo:
onze contos de réis” (Machado de Assis). “Se todos comparecessem, o evento ficaria mais animado.”
Detectamos que houve uma quebra de sentido com relação à “Se todos comparecerem, o evento ficará mais animado.”
ideia expressa pelo tempo, ao associá-lo com a noção de quantida- Constatamos que o emprego do pretérito imperfeito do sub-
de, valor. juntivo (comparecessem) na oração subordinada condicional requi-
sita o emprego do futuro do pretérito (ficaria) na oração principal.
Ausência de Paralelismo de Ordem Sintática Já o emprego do futuro do subjuntivo (comparecerem) na ora-
Oberve o exemplo: “O respeito às leis de trânsito não represen- ção subordinada pede o emprego do futuro do presente (ficará) na
ta segurança somente para o motorista e é para o pedestre.” principal.2
Tal ocorrência manifesta-se por intermédio do uso do conec-
tivo “e” em detrimento a outro, que também integra a classe das
conjunções aditivas, representado pela expressão “mas também.” SINTAXE: PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E
Assim, no intento de reformularmos o discurso, obteríamos: “O SUBORDINAÇÃO.
respeito às leis de trânsito não representa segurança somente para
o motorista, mas também para o pedestre.”
Vejamos outros casos que representam esta dualidade para- SINTAXE: ANÁLISE SINTÁTICA, FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
lelística:
Frase
– Não só... mas também É todo enunciado capaz de transmitir a outrem tudo aquilo que
“O respeito às leis de trânsito representa segurança não só para pensamos, queremos ou sentimos.
o motorista, mas também para o pedestre.”
Tal construção, além de expressar a ideia de adição, ainda re- Exemplos
trata um enfoque especial ao se referir aos pedestres (representada Caía uma chuva.
pela conjunção “mas também”). Dia lindo.

– Quanto mais... (tanto) mais Oração


“Atualmente, quanto mais nos aperfeiçoamos, mais temos con- É a frase que apresenta estrutura sintática (normalmente, su-
dições de ser bem sucedidos.” jeito e predicado, ou só o predicado).
As estruturas paralelísticas denotam o sentido de progressão
entre os elementos. Exemplos
Ninguém segura este menino. (Ninguém: sujeito; segura este
– Tanto... quanto menino: predicado)
”O tabagismo é prejudicial tanto para os fumantes ativos, quan- Havia muitos suspeitos. (Oração sem sujeito; havia muitos sus-
to para os passivos.” peitos: predicado)
Aqui, tais estruturas, além de expressarem adição, ainda acres-
centam uma ideia de equiparação ou equivalência. Termos da oração

- Primeiro... segundo
“Há dois procedimentos a realizar: primeiro você diz toda a ver- Termos es- sujeito
1.
dade; segundo, pede desculpas pelo erro cometido.” senciais predicado
Constatamos que os elementos utilizados se relacionam à ideia
de uma enumeração, evidenciados de forma sequencial.
complemento objeto direto
– Não... e não / nem objeto indireto
“Não obteve um bom resultado neste ano, nem no anterior.” verbal
Tal recurso foi empregado no sentido de evidenciar uma sequ- Termos inte- complemento
2.
ência negativa em relação aos fatos. grantes nominal
agente da
– Seja... seja / quer...quer / ora... ora passiva
“Quer você apareça, quer não, iremos ao cinema.”
O emprego das estruturas paralelísticas está relacionado à no-
ção de alternância no que se refere às ações. Adjunto adno-
minal
– Por um lado... por outro Termos aces-
3. adjunto adver-
“Se por um lado as obras garantem o emprego de todos, por sórios
bial
outro, desagradam aos moradores.” aposto
4. Vocativo
2 classroombr.blogspot.com.br/2014/07/equivalencia-e-transformacao-de.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas Orações sem sujeito
note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo: São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito inexis-
Chove. (Não há referência a sujeito.) tente.
Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.)
Os termos “acessórios” são assim chamados por serem supos- Ocorrem nos seguintes casos:
tamente dispensáveis, o que nem sempre é verdade. - com verbos que se referem a fenômenos meteorológicos.
Exemplo: Chovia. Ventava durante a noite.
Sujeito e predicado
Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o verbo - haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo de-
concorda. corrido.
Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas)
Exemplos
A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singular - fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo
concordando com a notícia.) decorrido.
As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plural, Exemplo: Fazia 40° à sombra.
concordando com as notícias.)
- ser nas indicações de horas, datas e distâncias.
O núcleo do sujeito é a palavra principal do sujeito, que encerra Exempl: São duas horas.
a essência de sua significação. Em torno dela, como que gravitam
as demais. Predicado nominal
Exemplo: Os teus lírios brancos embelezam os campos. (Lí- O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado
rios é o núcleo do sujeito.) gravitam e que contém o que de mais importante se comunica a
respeito do sujeito, e um nome (isto é, um substantivo ou adjetivo,
Podem exercer a função de núcleo do sujeito o substantivo e ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de ligação (liga o nú-
palavras de natureza substantiva. Veja: cleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, continuar, ficar, perma-
O medo salvou-lhe a vida. (substantivo) necer; também andar, com o sentido de estar; virar, com o sentido
Os medrosos fugiram. (Adjetivo exercendo papel de substanti- de transformar-se em; e viver, com o sentido de estar sempre).
vo: adjetivo substantivado.) Exemplo:
Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação mais
A definição mais adequada para sujeito é: sujeito é o termo da núcleo substantivo: sapos)
oração com o qual o verbo normalmente concorda.
Verbos de ligação
Sujeito simples: tem um só núcleo. São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam um
Exemplo: As flores morreram. sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, ficar, pa-
recer, permanecer, continuar, tornar-se etc.
Sujeito composto: tem mais de um núcleo. Exemplo: A rua estava calma.
Exemplo: O rapaz e a moça foram encostados ao muro.
Predicativo do sujeito
Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso e que pode ser de- É o termo da oração que, no predicado, expressa qualificação
terminado pela desinência verbal ou pelo contexto. ou classificação do sujeito.
Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu) Exemplo: Você será engenheiro.

Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não podemos - O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de liga-
ou não queremos identificá-lo com precisão. ção, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com ver-
Ocorre: bos transitivos.
- quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referência a
nenhum substantivo anteriormente expresso. Predicado verbal
Exemplo: Batem à porta. Ocorre quando o núcleo é um verbo. Logo, não apresenta pre-
dicativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos.
- com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de li- Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo
gação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice de do sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo transi-
indeterminação do sujeito (IIS). tivo indireto)
Exemplos:
Vive-se bem. (VI) Verbos intransitivos
Precisa-se de pedreiros. (VTI) São verbos que não exigem complemento algum; como a ação
Falava-se baixo. (VI) verbal não passa, não transita para nenhum complemento, rece-
Era-se feliz naquela época. (VL) bem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predicado sozi-
nhos ou com adjuntos adverbiais.
Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos transitivos Predicativo do sujeito


São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do sujei- O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação,
to, exigem um complemento para a perfeita compreensão do que pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. Nes-
se quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pessoa ou se caso, o predicado é verbo-nominal.
coisa para onde se dirige a atividade transitiva do verbo se denomi- Exemplo: A criança brincava alegre no parque.
na objeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos e indiretos.
Predicativo do objeto
Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto. Exprime qualidade, estado ou classificação que se referem ao
Exemplo: Espero-o no aeroporto. objeto (direto ou indireto).

Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto. Exemplo de predicativo do objeto direto:
Exemplo: Gosto de flores. O juiz declarou o réu culpado.
Exemplo de predicativo do objeto indireto:
Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto direto Gosto de você alegre.
e um objeto indireto.
Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi- Adjunto adnominal
ca aos trabalhadores. (VTDI) É o termo acessório que vem junto ao nome (substantivo), res-
tringindo-o, qualificando-o, determinando-o (adjunto: “que vem
Complementos verbais junto a”; adnominal: “junto ao nome”). Observe:
Os complementos verbais são representados pelo objeto direto Os meus três grandes amigos [amigos: nome substantivo] vie-
(OD) e pelo objeto indireto (OI). ram me fazer uma visita [visita: nome substantivo] agradável on-
tem à noite.
Objeto indireto São adjuntos adnominais os (artigo definido), meus (pronome
É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição possessivo adjetivo), três (numeral), grandes (adjetivo), que estão
por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto ou gravitando em torno do núcleo do sujeito, o substantivo amigos;
transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que ligam o mesmo acontece com uma (artigo indefinido) e agradável (adje-
o objeto indireto ao verbo são a, de, em, com, por, contra, para etc. tivo), que determinam e qualificam o núcleo do objeto direto, o
Exemplo: Acredito em você. substantivo visita.

Objeto direto O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo,


Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obri- ao passo que o predicativo se refere ao substantivo por meio de
gatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo um verbo.
direto e indireto.
Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores. Complemento nominal
É o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Objeto direto preposicionado advérbios porque estes não têm sentido completo.
É aquele que, contrariando sua própria definição e característi- - Objeto – recebe a atividade transitiva de um verbo.
ca, aparece regido de preposição (geralmente preposição a). - Complemento nominal – recebe a atividade transitiva de um
O pai dizia aos filhos que adorava a ambos. nome.
O complemento nominal é sempre ligado ao nome por prepo-
Objeto pleonástico sição, tal como o objeto indireto.
É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um Exemplo: Tenho necessidade de dinheiro.
pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da noção
contida no objeto direto ou no objeto indireto. Adjunto adverbial
Exemplos É o termo da oração que modifica o verbo ou um adjetivo ou
Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico) o próprio advérbio, expressando uma circunstância: lugar, tempo,
Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto pleo- fim, meio, modo, companhia, exclusão, inclusão, negação, afirma-
nástico) ção, duvida, concessão, condição etc.

Predicado verbo-nominal Período


Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é for- Enunciado formado de uma ou mais orações, finalizado por:
mado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo. ponto final ( . ), reticencias (...), ponto de exclamação (!) ou ponto
Exemplos: de interrogação (?). De acordo com o número de orações, classifi-
A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do sujei- ca-se em:
to com verbo transitivo indireto) Apresenta apenas uma oração que é chamada absoluta.
A riqueza tornou-o orgulhoso. (predicativo do objeto com ver- O período é simples quando só traz uma oração, chamada
bo transitivo direto) absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração.
Exemplo: Comeu toda a refeição. (Período simples, oração absolu-
ta.); Quero que você leia. (Período composto.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uma maneira fácil de saber quantas orações há num período Período Composto por Subordinação
é contar os verbos ou locuções verbais. Num período haverá tan- Nesse período, a segunda oração exerce uma função sintática
tas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais nele em relação à primeira, sendo subordinada a ela. Quando um perío-
existentes. do é formado de pelo menos um conjunto de duas orações em que
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su- uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (prin-
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo cipal), ele é classificado como período composto por subordinação.
(também chamada de misto). As orações subordinadas são classificadas de acordo com a função
que exercem.
Período Composto por Coordenação
As três orações que formam esse período têm sentido próprio Orações Subordinadas Adverbiais
e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: são inde- Exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
pendentes. Há entre elas uma relação de sentido, mas uma não de- (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
pende da outra sintaticamente. que as introduz:
As orações independentes de um período são chamadas de - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração prin-
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações co- cipal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto
ordenadas é chamado de período composto por coordenação. que.
As orações coordenadas podem ser assindéticas e sindéticas. - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor-
As orações são coordenadas assindéticas (OCA) quando não rência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, contanto
vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: que, a menos que, a não ser que, desde que.
Os jogadores correram, / chutaram, / driblaram. - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
OCA OCA OCA principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções: em-
bora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que.
- As orações são coordenadas sindéticas (OCS) quando vêm in- - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
troduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
A mulher saiu do prédio / e entrou no táxi. - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
OCA OCS foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que,
logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
As orações coordenadas sindéticas se classificam de acordo - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun-
com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as in- ciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, por-
troduzem. Pode ser: que (=para que), que.
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia-
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... do na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque),
mas também, não só... mas ainda. pois que, visto que.
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa - Comparativas: Expressam ideia de comparação com referên-
ideia de acréscimo ou adição com referência à oração anterior, ou cia à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal como,
seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou
mais).
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém, - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro-
todavia, contudo, entretanto, no entanto. porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto
ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma conjunção menos.
coordenativa adversativa.
Orações Subordinadas Substantivas
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por São aquelas que, num período, exercem funções sintáticas pró-
isso, pois, logo. prias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjun-
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres- ções integrantes que e se.
sa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração anterior, ou - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
Observe: O filho quer que você o ajude. (objeto direto)
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou, - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela
ora... ora, seja... seja, quer... quer. que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração princi-
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabele- pal. Observe: Preciso que você me ajude. (objeto indireto)
ce uma relação de alternância ou escolha com referência à oração - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa alternativa. exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É
importante que você ajude. (sujeito)
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
pois, porquanto. aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo
A 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa da oração principal. Observe: Estamos certos de que ele é inocente.
ideia de explicação, de justificativa em relação à oração anterior, ou (complemento nominal)
seja, por uma conjunção coordenativa explicativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, vindo
sempre depois do verbo ser. Observe: O principal é que você esteja feliz. (predicativo)
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Observe: Ela
tinha um objetivo: que todos fossem felizes. (aposto)

Orações Subordinadas Adjetivas


Exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da oração principal.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo (que, qual, cujo, quem, etc.) e são classificadas
em:

- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se referem, escla-
recendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou especificá-lo.

Orações Reduzidas
São caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerúndio, particípio ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subordi-
nadas, as orações reduzidas não são ligadas através dos conectivos. Há três tipos de orações reduzidas:

- Orações reduzidas de infinitivo:


Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir.

Reduzida: Meu desejo era ganhar na loteria.


Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse na loteria. (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)

- Orações Reduzidas de Particípio:


Particípio: terminações –ado, -ido.

Reduzida: A mulher sequestrada foi resgatada.


Desenvolvida: A mulher que sequestraram foi resgatada. (Oração Subordinada Adjetiva Restritiva)

- Orações Reduzidas de Gerúndio:


Gerúndio: terminação –ndo.

Reduzida: Respeitando as regras, não terão problemas.


Desenvolvida: Desde que respeitem as regras, não terão problemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. FUNÇÕES DAS CLASSES DE PALAVRAS

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.

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Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-


Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão que
protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.

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Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; pri- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
meiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por per-
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
to
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas

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DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas • Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- substantivas, definidas pelas palavras que e se.
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como • Causais: porque, que, como.
preposição em determinadas sentenças). • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Condicionais: e, caso, desde que.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
tre. • Comparativas: como, tal como, assim como.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Finais: a fim de que, para que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. • Temporais: quando, enquanto, agora.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-


cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: PONTUAÇÃO
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. PONTUAÇÃO
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e
• Lugar: O vírus veio de Portugal. vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc.
• Companhia: Ela saiu com a amiga. Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados
• Posse: O carro de Maria é novo. corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto.
• Meio: Viajou de trem.
— A Importância da Pontuação
Combinações e contrações 3
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática,
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- semântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia,
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria pre-
havendo perda fonética (contração). judicada.
• Combinação: ao, aos, aonde O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de
pontuação pode causar situações desastrosas, como em:
Conjunção – Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- – Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar)
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois — Ponto
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla-
mento de redigir um texto. mativa e as reticências.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar
conjunções subordinativas. muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros.

Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura,


o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este,
Conjunções coordenativas quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia.
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro
cinco grupos: Ribeiro)
• Aditivas: e, nem, bem como. O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e
• Adversativas: mas, porém, contudo. vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer.
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos
• Explicativas: que, porque, porquanto. curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era
um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou.
Conjunções subordinativas Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação em narrações em geral.
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. 3 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Fronteira, 2009.

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LÍNGUA PORTUGUESA

— Ponto Parágrafo Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen-


Separa-se por ponto um grupo de período formado por ora- sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima.
ções que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa,
o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa- podem ser substituídas por etc.
rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do
com que o texto foi iniciado, mas em outra linha. interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no
O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada
de lei. uma dessas partes.
Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão,
— Ponto de Interrogação geralmente utiliza-se uma linha pontilhada.
É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter- As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação
rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida. ou interrogação.
A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e re-
quer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interro- — Vírgula
gação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima A vírgula (,) é utilizada:
palavra se inicia com maiúscula. - Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por
Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com- conjunção (caso haja pausa).
plicada? Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”.
— Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz
Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos. IMPORTANTE!
Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de
Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série
que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna. .
Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de
patamar”. Alencar tinham-nas começado.

Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa- - Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas
nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa.
um personagem perante diante de um fato. Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu
Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês levava-lhe quanta podia obter”.
em diante são mais cinquenta...
— ?!...” - Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer,
etc.), quando forem proferidas com pausa.
— Ponto de Exclamação Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.
Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com en-
tonação exclamativa. IMPORTANTE!
Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!” Quando ou exprimir retificação, esta mesma regra vigora.
“Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!” Ex.: Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer ou-
tro nome, que eu de nome não curo.
Este sinal é colocado após uma interjeição. Caso denote equivalência, o ou posto entre os dois termos não
Ex.: — Olé! exclamei. é separado por vírgula.
— Ah! brejeiro! Ex.: Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino.

- Em aposições, a não ser no especificativo.


As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em Ex.: “ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para
relação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou mi- residência própria, casa de feitio moderno...”
núscula inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de ex- - Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive-
clamação. rem efeito superlativamente.
Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!”
— Reticências A casa é linda, linda.
As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude
de um pensamento. - Para intercalar ou separar vocativos e apostos.
Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento.
na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
de ventura...”
— “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos - Para separar orações adjetivas de valor explicativo.
os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem... Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu-
tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais,
muito mais do que ele, — ...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações
distintas se juntam. — Dois Pontos
Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este São utilizados:
acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira- - Na enumeração, explicação, notícia subsidiária.
mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...” Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
“que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma
IMPORTANTE! asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos-
Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração pital concentrado”
adjetiva, esta pontuação pode acontecer. “Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dis-
Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem parate”
fazer gala da sua própria ignorância.
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res-
- Para separar orações intercaladas. ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que
Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu” assim julgamos, de outrem.
Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito:
- Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem — Creio que o Damião desconfia alguma coisa”
o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da
sua principal. - Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente
Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...” o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de
aspas, e poucas vezes de travessão.
- Para separar o nome do lugar em datas. Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às supli-
Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020. cas de meu pai:
— Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acha-
- Para separar os partículas e expressões de correção, continu- rás tua mãe morta!”
ação, explicação, concessão e conclusão.
Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução” Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação es-
Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã. pecial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou expli-
cação.
- Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém, Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria”
todavia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos.
Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações - Em expressões que possuam uma quebra na sequência das
últimas...” ideias.
Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou.
- Algumas vezes, para indicar a elipse do verbo. “Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe
Ex.: Ele sai agora: eu, logo mais. (omitiu o verbo “sairei” após as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se”
“eu”; elipse do verbo sair)
— Ponto e Vírgula
- Omissão por zeugma. Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais
Ex.: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) re- fraca que o ponto. É utilizado:
lapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo “relapsos”)
- Para indicar a interrupção de um seguimento natural das - Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma
ideias e se intercala um juízo de valor ou uma reflexão subsidiária. pausa mais forte.
- Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei-
ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na -lhe da mão; D. Plácida foi à janela”
oração, a expressão deslocada é separada por vírgula.
Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior - Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con-
e a derradeira. traste.
Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu
- Em enumerações no projeto”
sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da - Em leis, separando os incisos.
despedida.
- Enumeração com explicitação.
Não se separa por vírgula: Ex.: Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para
- sujeito de predicado; o concurso; um romance, para me distrair nas horas vagas; e um
- objeto de verbo; dicionário, para enriquecer meu vocabulário.
- adjunto adnominal de nome;
- complemento nominal de nome; - Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para mar-
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta car distribuição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um - Isolar explicações ou retificações.


bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã. Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha
preocupação.
— Travessão
É importante não confundir o travessão (—) com o traço de Os parênteses e os colchetes estão ligados pela sua função dis-
união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de cursiva, mas estes são utilizados quando os parênteses já foram em-
sílabas. pregados, com o objetivo de introduzir uma nova inserção.
O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colche- São utilizados, também, com a finalidade de preencher lacunas
tes, indicando uma expressão intercalada: de textos ou para introduzir, em citações principalmente, explica-
Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último ções ou adendos que deixam a compreensão do texto mais simples.
baile, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, me-
nos dos seus versos ou prosas” — Aspas
A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto,
Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso há a possibilidade do uso das aspas simples (‘ ’) para diferentes fina-
contrário, se utiliza o travessão duplo. lidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas
Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algi- simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’
beira das calças — umas largas calças de enfiar —, ou na gaveta da port.
mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta” As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expres-
são de sentido particular, ressaltando uma expressão dentro do
IMPORTANTE! contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma
Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após gíria.
o travessão. Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que
está entre aspas, o competente sinal de pontuação deve ser utili-
O travessão pode, também, denotar uma pausa mais forte. zado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição;
Ex.: “... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar —, mas se as aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sen-
solidariedade do aborrecimento humano” tença, a respectiva pontuação é abrangida por elas.
Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de
Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na segurar? Ninguém.”
transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. “Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal,
Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente que toda a luz resume!”
no sofá. “Por que não nasce eu um simples vaga-lume?”
— Cansado? perguntei eu.
— Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...) - Delimitam transcrições ou citações textuais.
Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.”
Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas.
— Alínea
— Parênteses e Colchetes Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota
Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin- diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudan-
tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim ça de linha.
como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor. De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida
Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es- de um traço curvo.
pecial. Ex.: Os substantivos podem ser:
Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o a) próprios
sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se b) comuns
a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no-
tação deve aparecer dentro deles. — Chave
Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a
seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo.
frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida” 4
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
“A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma
se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta operação, definindo sua ordem de resolução.
nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet] Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
Também podem ser utilizadas na linguística, representando
- Isolar datas. morfemas.
Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914- Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.
1918).
— Asterisco
- Isolar siglas. Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção
Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população eco- de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma
nomicamente ativa (PEA)... 4 https://bit.ly/2RongbC.

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LÍNGUA PORTUGUESA

explicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do Hibridismo


período). Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial, línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode decli- culo (bi – grego + oculus – latim).
nar: o Dr.*, B.**, L.***
Combinação
— Barra Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
recer + adolescente).
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
cos, de modo que as palavras se dividem entre: adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra colizar (em vez de protocolar).
palavra. Ex: flor; pedra
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala- Neologismo
vras. Ex: floricultura; pedrada Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
azeite • Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
palavras: compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
Derivação um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos. Onomatopeia
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa- Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz) mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro FLEXÃO NOMINAL E VERBAL.
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
do (des + governar + ado)
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala- FLEXÃO NOMINAL
vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe Flexão de número
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral, admitem
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo a flexão de número: singular e plural.
próprio – sobrenomes). Ex.: animal – animais.

Composição Palavras Simples


A formação por composição ocorre quando uma nova palavra 1) Na maioria das vezes, acrescenta-se S.
se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais. Ex.: ponte – pontes / bonito – bonitos.
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen- 2) Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES.
tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex: Ex.: éter – éteres / avestruz – avestruzes.
aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto) Observação: o pronome qualquer faz o plural no meio: quais-
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man- quer.
tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija- 3) Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES.
-flor / passatempo. Ex.: ananás – ananases.
Observação: as paroxítonas e as proparoxítonas são invariá-
Abreviação veis. Ex.: o pires − os pires / o ônibus − os ônibus.
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto 4) Palavras terminadas em IL:
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica). a) átono: trocam IL por EIS. Ex.: fóssil – fósseis.
b) tônico: trocam L por S. Ex.: funil – funis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5) Palavras terminadas em EL: mal e cônsul − males e cônsules


a) átono: plural em EIS. Ex.: nível – níveis.
b) tônico: plural em ÉIS. Ex.: carretel – carretéis. Palavras Compostas
Quanto a variação das palavras compostas:
6) Palavras terminadas em X são invariáveis.
Ex.: o clímax − os clímax. 1) Variação de dois elementos: neste caso os compostos são
formados por substantivo mais palavra variável (adjetivo, substanti-
7) Há palavras cuja sílaba tônica avança. vo, numeral, pronome). Ex.:
Ex.: júnior – juniores / caráter – caracteres. amor-perfeito − amores-perfeitos
Observação: a palavra caracteres é plural tanto de caractere couve-flor − couves-flores
quanto de caráter. segunda-feira − segundas-feiras

8) Palavras terminadas em ÃO, ÃOS, ÃES e ÕES. 2) Variação só do primeiro elemento: neste caso quando há
Fazem o plural, por isso veja alguns muito importantes: preposição no composto, mesmo que oculto. Ex.:
a) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões. pé-de-moleque − pés-de-moleque
b) Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a vapor)

Observação: os paroxítonos, como os dois últimos, sempre fa- 3) A palavra também irá variar quando o segundo substantivo
zem o plural em ÃOS. determina o primeiro (fim ou semelhança). Ex.:
banana-maçã − bananas-maçã (semelhante a maçã)
c) Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães. navio-escola − navios-escola (a finalidade é a escola)
d) Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos, anões/
anãos Observações:
e) Em ões ou ães: charlatões/charlatães, guardiões/guardiães, - Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos, porém
cirugiões/cirurgiães. é uma situação polêmica.
f) Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães, ermitões/er- Ex.: mangas-espada (preferível) ou mangas-espadas.
mitãos/ermitães.
- Quando apenas o último elemento varia:
9) Plural dos diminutivos com a letra Z a) Quando os elementos são adjetivos. Ex.: hispano-americano
Coloca-se a palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se zi- − hispano-americanos.
nhos (ou zinhas). Exemplo: Observação: a exceção é surdo-mudo, em que os dois adjetivos
Coraçãozinho → corações → coraçõe → coraçõezinhos. se flexionam: surdos-mudos.
Azulzinha → azuis → azui → azuizinhas. b) Nos compostos em que aparecem os adjetivos GRÃO, GRÃ
e BEL. Ex.: grão-duque − grão-duques / grã-cruz − grã-cruzes / bel-
10) Plural com metafonia (ô → ó) -prazer − bel-prazeres.
Algumas palavras, quando vão ao plural, abrem o timbre da vo- c) Quando o composto é formado por verbo ou qualquer ele-
gal o; outras, não. Veja a seguir. mento invariável (advérbio, interjeição, prefixo etc.) mais substan-
tivo ou adjetivo. Ex.: arranha-céu − arranha-céus / sempre-viva −
Com metafonia singular (ô) e plural (ó) sempre-vivas / super-homem − super-homens.
coro - coros d) Quando os elementos são repetidos ou onomatopaicos (re-
corvo - corvos presentam sons). Ex.: reco-reco − reco-recos / pingue-pongue − pin-
destroço - destroços gue-pongues / bem-te-vi − bem-te-vis.
forno - fornos Observações:
fosso - fossos - Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver alguma altera-
poço - poços ção nos elementos, ou seja, não serem iguais.
rogo - rogos - Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os dois no
plural. Ex.: pisca-pisca − pisca-piscas ou piscas-piscas.
Sem metafonia singular (ô) e plural (ô)
adorno - adornos 4) Quando nenhum elemento varia.
bolso - bolsos - Quando há verbo mais palavra invariável. Ex.: o cola-tudo − os
endosso - endossos cola-tudo.
esgoto - esgotos - Quando há dois verbos de sentido oposto. Ex.: o perde-ganha
estojo - estojos − os perde-ganha.
gosto - gostos - Nas frases substantivas (frases que se transformam em subs-
tantivos). Ex.: O maria-vai-com-as-outras − os maria-vai-com-as-ou-
11) Casos especiais: tras.
aval − avales e avais
cal − cales e cais Observações:
cós − coses e cós - São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, sem-te-
fel − feles e féis to e sem-terra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Os sem-terra apreciavam os arco-íris. eclipse - cal


formicida - cataplasma
- Admitem mais de um plural: grama (peso) - grafite
pai-nosso − pais-nossos ou pai-nossos milhar - libido
padre-nosso − padres-nossos ou padre-nossos plasma - omoplata
terra-nova − terras-novas ou terra-novas soprano - musse
salvo-conduto − salvos-condutos ou salvo-condutos suéter - preá
xeque-mate − xeques-mates ou xeques-mate telefonema

- Casos especiais: palavras que não se encaixam nas regras. - Existem substantivos que admitem os dois gêneros. Ex.: dia-
o bem-me-quer − os bem-me-queres betes (ou diabete), laringe, usucapião etc.
o joão-ninguém − os joões-ninguém
o lugar-tenente − os lugar-tenentes Flexão de grau
o mapa-múndi − os mapas-múndi Por razões meramente didáticas, incluo, aqui, o grau entre os
processos de flexão.
Flexão de gênero
Os substantivos e as palavras que o acompanham na frase ad- Grau do substantivo
mitem a flexão de gênero: masculino e feminino. Ex.: 1) Normal ou positivo: sem nenhuma alteração. Ex.: chapéu.
Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário.
Minha amiga diretora recebeu a primeira prestação. 2) Aumentativo:
A flexão de feminino pode ocorrer de duas maneiras. a) Sintético: chapelão;
b) Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc.
1) Com a troca de o ou e por a. Ex.: lobo – loba / mestre – mes-
tra. 3) Diminutivo:
a) Sintético: chapeuzinho;
2) Por meio de diferentes sufixos nominais de gênero, muitas b) Analítico: chapéu pequeno, chapéu reduzido etc.
vezes com alterações do radical. Veja alguns femininos importantes: Obs.: Um grau é sintético quando formado por sufixo; analítico,
ateu − ateia por meio de outras palavras.
bispo − episcopisa
conde − condessa Grau do adjetivo
duque − duquesa 1) Normal ou positivo: João é forte.
frade − freira
ilhéu − ilhoa 2) Comparativo:
judeu − judia a) De superioridade: João é mais forte que André. (ou do que);
marajá − marani b) De inferioridade: João é menos forte que André. (ou do que);
monje − monja c) De igualdade: João é tão forte quanto André. (ou como);
pigmeu − pigmeia
3) Superlativo:
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, ou seja, a) Absoluto
possuem uma única forma para masculino e feminino. E podem ser Sintético: João é fortíssimo.
divididos em:
Analítico: João é muito forte. (bastante forte, forte demais etc.)
a) Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo desig-
nar os dois sexos. Ex.: a pessoa, o cônjuge, a testemunha. b) Relativo:
b) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, podendo De superioridade: João é o mais forte da turma.
então ser masculinos ou femininos. Ex.: o estudante − a estudante, De inferioridade: João é o menos forte da turma.
o cientista − a cientista, o patriota − a patriota.
c) Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os ani- Observações:
mais. Ex.: O jacaré, a cobra, o polvo. a) O grau superlativo absoluto corresponde a um aumento do
adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo, érrimo ou imo)
Observações: ou uma palavra de apoio, como muito, bastante, demasiadamente,
- O feminino de elefante é elefanta, e não elefoa. Aliá é correto, enorme etc.
mas designa apenas uma espécie de elefanta.
- Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado epice- b) As palavras maior, menor, melhor e pior constituem sempre
no. É algo discutível. graus de superioridade. Ex.:
- Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas costu- O carro é menor que o ônibus. (menor - mais pequeno = com-
mam trocar. Veja alguns que convém gravar. parativo de superioridade.)
Masculinos - Femininos Ele é o pior do grupo. (pior - mais mau = superlativo relativo
champanha - aguardente de superioridade.)
dó - alface

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Alguns superlativos absolutos sintéticos também podem Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
apresentar dúvidas.
acre − acérrimo c) Futuro:
amargo − amaríssimo - Do presente: estudaremos
amigo − amicíssimo - Do pretérito: estudaríamos
antigo − antiquíssimo
cruel − crudelíssimo Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples,
doce − dulcíssimo temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o futuro (sem
fácil − facílimo divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
feroz − ferocíssimo
fiel − fidelíssimo 5) Vozes: são três.
geral − generalíssimo a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
humilde − humílimo Ex.: O carro derrubou o poste.
magro − macérrimo
negro − nigérrimo b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
pobre − paupérrimo - Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
sagrado − sacratíssimo Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.
sério − seriíssimo
soberbo – superbíssimo - Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
Ex.: Derrubou-se o poste.
FLEXÃO VERBAL
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula
1) Número: singular ou plural apassivadora) na sétima lição: concordância verbal.
Ex.: ando, andas, anda → singular
andamos, andais, andam → plural c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um
pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machucou.
2) Pessoas: são três.
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu Formação do Imperativo
(singular) e nós (plural). 1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a
Ex.: escreverei, escreveremos. letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pro- Bebo → beba
nomes tu (singular) e vós (plural). bebes → bebe (tu) bebas
Ex.: escreverás, escrevereis. bebe beba → beba (você)
bebemos bebamos → bebamos (nós)
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos bebeis → bebei (vós) bebais
pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural). bebem bebam → bebam (vocês)
Ex.: escreverá, escreverão. Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.

3) Modos: são três. 2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indu- Ex.: beba
bitável. Ex.: vendo. bebas → não bebas (tu)
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hi- beba → não beba (você)
potética. Ex.: que eu venda. bebamos → não bebamos (nós)
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma or- bebais → não bebais (vós)
dem. Ex.: venda! bebam → não bebam (vocês)
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais,
4) Tempos: são três. não bebam.
a) Presente: falo
b) Pretérito: Observações:
- Perfeito: falei a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a
- Imperfeito: falava terceira pessoa é você.
- Mais-que-perfeito: falara b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do pre-
sente do indicativo. Eis o seu imperativo:
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfei- - Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
to, uma ação que se prolongava num determinado ponto do pas- - Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não
sado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra sejam.
ação, também passada. Ex.:
Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito)

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode f) o particípio.


mudar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos Ex.: caber → cabido.
passar para tu, e vice-versa.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu) Tempos Compostos
Peça agora a sua comida. (tratamento: você) Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou
haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar.
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afir-
mativo, perder também a letra e que aparece antes da desinência s. 1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particí-
Ex.: faze (tu) ou faz (tu) pio do verbo principal.
dize (tu) ou diz (tu) Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indica-
tivo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do subjuntivo.
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do
imperativo. É assunto muito cobrado em concursos públicos. 2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais
particípio do principal.
Tempos Primitivos e Tempos Derivados Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pes- tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
soa do singular sai todo o presente do subjuntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc. 3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
dizes Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro
diz do presente).
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não
apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular. Verbos Irregulares Comuns em Concursos
Ex.: eu sou → que eu seja. É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles
eu sei → que eu saiba. estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos mais pro-
blemáticos.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa 1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integral-
do singular saem: mente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
a) o mais-que-perfeito. pus → compus, repus, expus etc.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos,
coubéreis, couberam. 2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o
verbo ter.
b) o imperfeito do subjuntivo. Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, tiveste → retiveste, mantiveste etc.
coubésseis, coubessem.
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o
c) o futuro do subjuntivo. verbo vir.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couber- Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
des, couberem. vim → intervim, convim etc.

4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo


3) Do infinitivo impessoal derivam: ver.
Ex.: vi → revi, previ etc.
a) o imperfeito do indicativo. víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.
Observações:
b) o futuro do presente. - Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado se-
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, gue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo primitivo
caberão. e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos
derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma
c) o futuro do pretérito. regra explicada acima.
Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis, Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se
caberiam. fala por aí).

d) o infinitivo pessoal. - Requerer e prover não seguem integralmente os verbos que-


Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, cabe- rer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
rem.
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cre-
e) o gerúndio. mos, crestes, creram.
Ex.: caber → cabendo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fe- subjuntivo.


chado em todos os tempos, inclusive o presente do indicativo. Ex.: A Ex.: requeiro, requeres, requer
bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz). requeira, requeiras, requeira
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expe- requeri, requereste, requereu
lir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, ade- 16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfei-
rimos, aderem. to, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no futuro do
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adi- subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo
rais, adiram. ver.
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; pro-
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira vesse, provesses, provesse etc.
pessoa do singular do presente do indicativo e em todas do presen- provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, prove-
te do subjuntivo. rás, proverá etc.

8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar: 17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, res-
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxá- sarcir, demolir, acontecer, doer são verbos defectivos. Estude o que
guas, enxágua. falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxá- dos verbos. Ex.: Reaver, no presente do indicativo: reavemos, rea-
gues, enxágue. veis.

9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, argui-


mos, arguis, argúem. PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo: COLOCAÇÃO
apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos, apazigueis, apazi-
gúem.
11) Mobiliar: A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobilia- frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
mos, mobiliais, mobíliam. me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobilie- após o verbo – ênclise.
mos, mobilieis, mobíliem. De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos, gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
polis, pulem. formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros termina- Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
dos em ear) as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passea- não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
mos, passeais, passeiam. dique a eufonia da frase.
b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passee-
mos, passeeis, passeiem. Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Observações: Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
- Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o diton- Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
go ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos dois presentes. cientemente.
- Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto. Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia. Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares. Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam. Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Observações: posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
- Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas. Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
- Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, ape- jam reduzidas: Percebia que o observavam.
sar de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei. Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam, tudo dá.
medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis, medeiem. Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do pre-
sente do indicativo e, consequentemente, em todo o presente do

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: Apres-
sei-me a convidá-los.

Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?

Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?

Colocação do pronome átono nas locuções verbais


Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deverá
ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.

Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.

Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, o pronome átono ficará depois do auxiliar.

Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.

Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar.


Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.

Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do infinitivo.


Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade.

Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,

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LÍNGUA PORTUGUESA

também, aos casos específicos.


Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há
É proibida a entrada.
É PERMITIDO presença de um artigo. Se não houver essa determinação,
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO deve permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito
da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na
MENOS
existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

33
LÍNGUA PORTUGUESA

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível;
útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto;
DE diferente; dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto;
longe; medo; natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.

A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)

As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS

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LÍNGUA PORTUGUESA

• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,


ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

QUESTÕES

1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desa-
fetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Ira-
cema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jor-
nal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse
personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na
crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela coope-
ração voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores
conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a
mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem
acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa em 8. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras
que todas as palavras estão adequadamente grafadas. agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto.
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima. (A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni-
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento. cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta. camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo. isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo. (B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em L.
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
4. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI- (D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético –
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de eu.
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta (E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
erroneamente, exceto em: 9. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó. Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
(B) É um privilégio estar aqui hoje. Uma organização não governamental holandesa está propondo
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade. um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
(D) A criança estava com desinteria. sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(E) O bebedoro da escola estava estragado. grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
5. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
classificação. um contador na rede social.
“____________ o céu é azul?” Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
sito pelo caminho.” Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
ao nosso encontro.” a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun- ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
diais. ____________?” (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
(C) Por que – porque – porquê – Por quê rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
(D) Porquê – porque – por quê – Por que pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
(E) Por que – porque – por quê – Porquê usuários longe da rede social.”
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
(A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
6. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras ticamente.
de acentuação da língua padrão. (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. raria o sentido do texto.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- informação nova.
seguia se recompôr e viver tranquilo. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
Remígio resolveu pedí-la em casamento. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, qual são introduzidas de forma mais generalizada
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.
10. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
7. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- dem a um adjetivo, exceto em:
tuadas devido à mesma regra: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) saí – dói (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) relógio – própria (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) só – sóis (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) dá – custará sem fim.
(E) até – pé (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.

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LÍNGUA PORTUGUESA

11. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
____________________.” (E) A cessão de terras compete ao Estado.
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
mente a frase acima. Assinale-a. 16. (UEPB – 2010)
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos
(B) desista da ação contra aquele salafrário. maiores nomes da educação mundial na atualidade.
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. Carlos Alberto Torres
(E) tentamos aquele emprego novamente. 1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por-
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito
12. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver-
as lacunas do texto a seguir: sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida-
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as crí- processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver-
ticas foram ______________ indulgentes ______________ rapaz, o sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se
qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciências exatas, a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e
demonstrava uma certa propensão _______________ arte.” a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográ-
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a fica em termos de constante articulação 11democrática, você não
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há
(C) bastante - por - meias - ao - a - à o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso
(D) meias - para - muito - pelo - em - por e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça,
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na de classe.
[…]
13. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma Rosa Maria Torres
culta é: 15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal 16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
líderes pefelistas. pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
íses passou despercebida. tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a indesejadas.
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação […]
social. Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
a aventura à repetição.
14. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
as lacunas correspondentes. semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
A arma ___ se feriu desapareceu. mo, em relação à “diversidade”.
Estas são as pessoas ___ lhe falei. II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
Aqui está a foto ___ me referi. dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. no paradigma argumentativo do enunciado.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
(A) que, de que, à que, cujo, que. dade e identidade”.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. ção(ões) verdadeira(s).
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. (A) I, apenas
(B) II e III
15. (FMPA – MG) (C) III, apenas
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- (D) II, apenas
te aplicada: (E) I e II
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.

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LÍNGUA PORTUGUESA

17. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irre- 18 D


conhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
(A) sufixação - prefixação – parassíntese 19 B
(B) sufixação - derivação regressiva – prefixação 20 D
(C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação
(D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação
(E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese ANOTAÇÕES
18. (UFSC) Aponte a alternativa cujas palavras são respectiva-
mente formadas por justaposição, aglutinação e parassíntese: ______________________________________________________
(A) varapau - girassol - enfaixar
(B) pontapé - anoitecer - ajoelhar ______________________________________________________
(C) maldizer - petróleo - embora
(D) vaivém - pontiagudo - enfurece ______________________________________________________
(E) penugem - plenilúnio - despedaça
______________________________________________________
19. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem todas as pala- ______________________________________________________
vras são de um mesmo radical:
(A) noite, anoitecer, noitada ______________________________________________________
(B) luz, luzeiro, alumiar
(C) incrível, crente, crer _____________________________________________________
(D) festa, festeiro, festejar
(E) riqueza, ricaço, enriquecer _____________________________________________________

20. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- _____________________________________________________


guintes palavras:
_____________________________________________________
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas
(B) descompõem, desempregados, desejava _____________________________________________________
(C) estendendo, escritório, espírito
(D) quietação, sabonete, nadador _____________________________________________________
(E) religião, irmão, solidão
_____________________________________________________
GABARITO _____________________________________________________

______________________________________________________
1 D
______________________________________________________
2 E
3 A ______________________________________________________
4 B _____________________________________________________
5 C
_____________________________________________________
6 E
7 B _____________________________________________________
8 E _____________________________________________________
9 D
_____________________________________________________
10 B
_____________________________________________________
11 C
12 A _____________________________________________________
13 E _____________________________________________________
14 C
_____________________________________________________
15 C
16 B _____________________________________________________

17 D _____________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um


ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ENTRE PESSOAS, LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS ções, selecionando uma das possíveis respostas:
FICTÍCIOS; DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAÇÃO DAS formações ou opiniões contidas no trecho)
CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES. COMPREENSÃO E formações ou opiniões contidas no trecho)
ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUAÇÃO, UTILIZANDO C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
AS FUNÇÕES INTELECTUAIS: RACIOCÍNIO VERBAL, verdadeira ou falsa sem mais informações)
RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL,
ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FORMAÇÃO DE ESTRUTURAS LÓGICAS
CONCEITOS, DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura Elas podem ser:
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
consiste nos seguintes conteúdos: co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Operação com conjuntos. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Cálculos com porcentagens. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- – Fez Sol ontem?
tricos e matriciais. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Geometria básica. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Álgebra básica e sistemas lineares. televisão.
- Calendários. - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Numeração. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
- Razões Especiais. do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
Argumentação. Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
vam os conteúdos: cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
- Lógica sequencial simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
- Calendários nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

RACIOCÍNIO VERBAL ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar por duas proposições simples.
conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha- Proposições Compostas – Conectivos
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma As proposições compostas são formadas por proposições sim-
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli- ples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do podemos vê na tabela a seguir:
conhecimento por meio da linguagem.

41
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

42
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

43
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposição
é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que


são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

44
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

45
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

46
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo por
“e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

48
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão 1. Podem ocorrer as situações:
o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argu- 2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
mentos lógicos, tiverem valores verdadeiros. 3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
Conectivo “ou” (v) 5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente). Temos então sua tabela verdade:

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-
te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
• Mais sobre o Conectivo “ou” 4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
– “inclusivo”(considera os dois casos) verdade:
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das


proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi-


vo”(considera apenas um dos casos) Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.
Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a
S: Maria é jovem ou idosa tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qual-
quer questão referente ao assunto.
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das
proposições é verdadeira, podendo ser ambas. Ordem de precedência dos conectivos:
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos
proposições poderá ser verdadeiro ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:
Conectivo “Se... então” (→)
Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer
sol, então irei à praia”.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Em resumo: V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante


de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-


Exemplo:
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
temos:
los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de
acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, res-
pectivamente.
ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que
(C) p -> q, p v q, ¬ p
pode ou não existir entre duas proposições.
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Exemplo:

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o
conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
da pelo símbolo (→).
Resposta: B Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:
CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua
tabela-verdade:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo-
sição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência. Propriedades
(E) uma disjunção. • Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
Resolução: – Uma proposição complexa implica ela mesma.
Montando a tabela teremos que:
• Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
P ~p ~p ^p
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
V F F P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)

50
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.

Regras de Inferência obtidas da implicação lógica

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.
• Silogismo Disjuntivo
Inferências

• Regra do Silogismo Hipotético

• Modus Ponens
Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


• Modus Tollens Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Tautologias e Implicação Lógica Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
• Teorema – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...) categórica em afirmativa ou negativa.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica


uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A”
letras A, E, I e O. tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo
• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B” A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.
Teremos duas possibilidades.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
representações possíveis:

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
mo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
grama (A ∩ B = ø): Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
que Algum B não é A.

• Negação das Proposições Categóricas


Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” uma proposição categórica particular.
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro- – Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição
posição: categórica particular geramos uma proposição categórica universal.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
uma proposição de natureza afirmativa.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Em síntese: • Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não Exemplo:
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
mação anterior é: a cinco”?
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (A) Todo número natural é menor do que cinco.
dos. (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (C) Todo número natural é diferente de cinco.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
não miam alto. (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é Resolução:
pardo. Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
Resolução: O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação. ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo dos e Nenhum, que também são universais.
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a


afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
(A) Todos os não psicólogos são professores. nativas A, B e C.
(B) Nenhum professor é psicólogo. Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
(C) Nenhum psicólogo é professor. cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor. Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo. negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

53
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.
ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

ALGUM
O
A NÃO é B
TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A, Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


então pertence também a B. ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
NENHUM junto A - B
E
AéB
Exemplo:
Existe pelo menos um elemento que (GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
pertence a A, então não pertence a B, e – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
vice-versa. cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Existe pelo menos um elemento co- Vamos chamar de:
mum aos conjuntos A e B. Cinema = C
Podemos ainda representar das seguin- Casa de Cultura = CC
tes formas: Teatro = T
ALGUM Analisando as proposições temos:
I - Todo cinema é uma casa de cultura
AéB

54
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

- Existem teatros que não são cinemas (D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
mo princípio acima. der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos Argumentos Válidos
afirma isso Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.

Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

55
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.
ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
essa frase da seguinte maneira: necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!

Argumentos Inválidos
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade das
premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- de chocolate.
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO. meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença


“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
comum.
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:

56
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “• ” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)• r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma conjunção
(e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos de p e q. Ape-
sar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Teremos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verdadeiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas verdadeiras! Teremos:
- 1ª Premissa) (p∧q)• r é verdade. Sabendo que p e q são verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é verda-
deira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!

Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no 4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência simul-
tânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!

Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.

58
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
• Quando Fernando está estudando, não chove. JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
• Durante a noite, faz frio. então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o bruxa.
item subsecutivo. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
( ) Certo (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
( ) Errado (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
Resolução: (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: Resolução:
A = Chove Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
B = Maria vai ao cinema bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
C = Cláudio fica em casa o valor lógico (V), então:
D = Faz frio (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
E = Fernando está estudando →V
F = É noite (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
(F) → V
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
Lembramos a tabela verdade da condicional: →V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-


deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
utilizando isso temos: Resposta: B
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
estava estudando. // B → ~E LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Iniciando temos: Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove mos o passo a passo:
tem que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). 01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia,
// C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
vai ao cinema tem que ser V. trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
= V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome
sai de casa tem que ser F. de suas esposas.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). a) O médico é casado com Maria.
// E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode b) Paulo é advogado.
ser V ou F. c) Patrícia não é casada com Paulo.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V d) Carlos não é médico.

Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao Vamos montar o passo a passo para que você possa compreen-
cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos der como chegar a conclusão da questão.
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F). 1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualiza-
Resposta: Errado ção da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas
no enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: ho-
mens, esposas e profissões.

59
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

60
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

61
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz não viajou para Fortaleza.
resolvido:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Luiz N N N
Carlos Engenheiro Patrícia Arnaldo N N
Luís Médico Maria Mariana N N S N
Paulo Advogado Lúcia Paulo N N
Exemplo: Agora, completando o restante:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi-
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram,
sabe-se que: Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Luiz N S N N
− Mariana viajou para Curitiba;
Arnaldo S N N N
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Mariana N N S N
Paulo N N N S
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Resposta: B
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Quantificador
(D) Mariana viajou para Salvador. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(E) Luiz viajou para Curitiba. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Tipos de quantificadores
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N • Quantificador universal (∀)
Arnaldo N O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Exemplo:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Todo homem é mortal.
Luiz N N A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Arnaldo N N mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria:
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Mariana N N S N mem.
Paulo N N A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.

62
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.


A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀ Exemplos:
(x) (A (x) → B). Todo cavalo é um animal. Logo,
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão (A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional. (B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
Aplicando temos: (D) Nenhum animal é cavalo.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x Resolução:
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, sões:
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
gar, logo, é uma proposição lógica. – Se é cavalo, então é um animal.
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
• Quantificador existencial (∃) de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: de conclusão).
Resposta: B

(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-


ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Exemplo: Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase (R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
é: tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. – 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ Existe sim! y = 0.
(x)) (A (x) ∧ B). X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
Aplicando temos: x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ N reto.
/ x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x + Resposta: CERTO
2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira? As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos quência, o importante é que existem pelo menos três elementos
julgar, logo, é uma proposição lógica. que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas séries
necessitam de mais elementos para definir sua lógica1. Um bom co-
ATENÇÃO: nhecimento em Progressões Algébricas (PA) e Geométricas (PG), fa-
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B” zem com que deduzir as sequências se tornem simples e sem com-
é diferente de “Todo B é A”. plicações. E o mais importante é estar atento a vários detalhes que
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é elas possam oferecer. Exemplos:
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/21/sequencias-com-numeros-
-com-figuras-de-palavras/

63
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo número.

Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um mesmo número.

Sequência de Figuras: Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir. Exemplos:

Exemplos:
Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a 277ª
posição dessa sequência é:

Resolução:
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277 ocu-
pa, então, a mesma posição das figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é
representada pela letra “B”.
Resposta: B

(CÂMARA DE ARACRUZ/ES - AGENTE ADMINISTRATIVO E LEGISLATIVO - IDECAN) A sequência formada pelas figuras representa as
posições, a cada 12 segundos, de uma das rodas de um carro que mantém velocidade constante. Analise-a.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Após 25 minutos e 48 segundos, tempo no qual o carro permanece nessa mesma condição, a posição da roda será:

Resolução:
A roda se mexe a cada 12 segundos. Percebe-se que ela volta ao seu estado inicial após 48 segundos.
O examinador quer saber, após 25 minutos e 48 segundos qual será a posição da roda. Vamos transformar tudo para segundos:
25 minutos = 1500 segundos (60x25)
1500 + 48 (25m e 48s) = 1548
Agora é só dividir por 48 segundos (que é o tempo que levou para roda voltar à posição inicial)
1548 / 48 = vai ter o resto “12”.
Portanto, após 25 minutos e 48 segundos, a roda vai estar na posição dos 12 segundos.
Resposta: B

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS

Um conjunto é uma coleção de objetos, chamados elementos, que possuem uma propriedade comum ou que satisfazem determinada
condição.

Representação de um conjunto
Podemos representar um conjunto de várias maneiras.

ATENÇÃO: Indicamos os conjuntos utilizando as letras maiúsculas e os elementos destes conjuntos por letras minúsculas.

Vejamos:
1) os elementos do conjunto são colocados entre chaves separados por vírgula, ou ponto e vírgula.
A = {a, e, i, o, u}

2) os elementos do conjunto são representados por uma ou mais propriedades que os caracterize.

3) os elementos do conjunto são representados por meio de um esquema denominado diagrama de Venn.

65
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Relação de pertinência 4) O número de seu subconjunto é dado por: 2n; onde n é o nú-
Usamos os símbolos ∈ (pertence) e ∉ (não pertence) para rela- mero de elementos desse conjunto.
cionar se um elemento faz parte ou não do conjunto.
Operações com Conjuntos
Tipos de Conjuntos Tomando os conjuntos: A = {0,2,4,6} e B = {0,1,2,3,4}, como
• Conjunto Universo: reunião de todos os conjuntos que esta- exemplo, vejamos:
mos trabalhando. • União de conjuntos: é o conjunto formado por todos os
• Conjunto Vazio: é aquele que não possui elementos. Repre- elementos que pertencem a A ou a B. Representa-se por A ∪ B.
senta-se por 0/ ou, simplesmente { }. Simbolicamente: A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}. Exemplo:
• Conjunto Unitário: possui apenas um único elemento.
• Conjunto Finito: quando podemos enumerar todos os seus
elementos.
• Conjunto Infinito: contrário do finito.

Relação de inclusão
É usada para estabelecer relação entre conjuntos com conjun-
tos, verificando se um conjunto é subconjunto ou não de outro con-
junto. Usamos os seguintes símbolos de inclusão:

• Intersecção de conjuntos: é o conjunto formado por todos


os elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a B. Repre-
senta-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}
Igualdade de conjuntos
Dois conjuntos A e B são IGUAIS, indicamos A = B, quando pos-
suem os mesmos elementos.
Dois conjuntos A e B são DIFERENTES, indicamos por A ≠ B, se
pelo menos UM dos elementos de um dos conjuntos NÃO pertence
ao outro.

Subconjuntos
Quando todos os elementos de um conjunto A são também
elementos de um outro conjunto B, dizemos que A é subconjunto
de B. Exemplo: A = {1,3,7} e B = {1,2,3,5,6,7,8}.

OBSERVAÇÃO: Se A ∩ B = φ , dizemos que A e B são conjun-


tos disjuntos.

Propriedades da união e da intersecção de conjuntos

1ª) Propriedade comutativa


A U B = B U A (comutativa da união)
A ∩ B = B ∩ A (comutativa da intersecção)

2ª) Propriedade associativa


Os elementos do conjunto A estão contidos no conjunto B. (A U B) U C = A U (B U C) (associativa da união)
(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (associativa da intersecção)
ATENÇÃO:
1) Todo conjunto A é subconjunto dele próprio; 3ª) Propriedade associativa
2) O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer A ∩ (B U C) = (A ∩ B) U (A ∩ C) (distributiva da intersecção em
conjunto; relação à união)
3) O conjunto das partes é o conjunto formado por todos os A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C) (distributiva da união em relação
subconjuntos de A. à intersecção)

66
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

4ª) Propriedade
Se A ⊂ B, então A U B = B e A ∩ B = A, então A ⊂ B
Número de Elementos da União e da Intersecção de Conjun-
tos
E dado pela fórmula abaixo:

Em saneamento se inscreveram: 3 + 7 + 8 = 18
Resposta: C

• Diferença: é o conjunto formado por todos os elementos que


pertencem a A e não pertencem a B. Representa-se por A – B. Para
determinar a diferença entre conjuntos, basta observamos o que
o conjunto A tem de diferente de B. Tomemos os conjuntos: A =
{1,2,3,4,5} e B = {2,4,6,8}

Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) Dos 43 vereadores de uma cidade, 13 dele não se inscreveram
nas comissões de Educação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos
vereadores se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles
se inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e oito
deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e Saneamen-
to Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu em apenas uma
dessas comissões. O número de vereadores inscritos na comissão
de Saneamento Básico é igual a
(A) 15. Note que: A – B ≠ B - A
(B) 21.
(C) 18. Exemplo:
(D) 27. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM SAÚDE NM –
(E) 16. AOCP) Considere dois conjuntos A e B, sabendo que assinale a al-
ternativa que apresenta o conjunto B.
Resolução: (A) {1;2;3}
De acordo com os dados temos: (B) {0;3}
7 vereadores se inscreveram nas 3. (C) {0;1;2;3;5}
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não (D) {3;5}
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois ele já (E) {0;3;5}
desconsidera os que se inscreveram nos três)
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico. Resolução:
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões, A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é elemento de
pois 13 dos 43 não se inscreveram. B.
Portanto, 30 – 7 – 12 – 8 = 3 A – B são os elementos que tem em A e não em B.
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores. Então de A ∪ B, tiramos que B = {0; 3; 5}.
Resposta: E

• Complementar: chama-se complementar de B (B é subcon-


junto de A) em relação a A o conjunto A - B, isto é, o conjunto dos
elementos de A que não pertencem a B. Exemplo: A = {0,1,2,3,4} e
B = {2,3}

67
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARIT-
______________________________________________________
MÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
______________________________________________________
O raciocínio lógico é uma habilidade essencial em diversos
______________________________________________________
campos do conhecimento e, especialmente, na resolução de pro-
blemas matemáticos. Entre eles, podemos destacar os problemas ______________________________________________________
aritméticos, geométricos e matriciais, que exigem diferentes estra-
tégias e conhecimentos para serem resolvidos de forma eficiente. ______________________________________________________
Os problemas aritméticos, em geral, envolvem operações ma-
temáticas básicas, como adição, subtração, multiplicação e divisão. ______________________________________________________
Eles podem ser apresentados em diferentes contextos, como pro-
blemas de tempo e velocidade, problemas envolvendo dinheiro ou ______________________________________________________
problemas de proporção. Para resolvê-los, é fundamental compre-
ender a lógica por trás das operações e aplicar os conceitos mate- ______________________________________________________
máticos de forma correta. ______________________________________________________
Já os problemas geométricos requerem uma compreensão
mais avançada dos conceitos de geometria. Eles podem envolver ______________________________________________________
cálculos de áreas, perímetros, volumes, ângulos e outras grandezas
geométricas. Além disso, muitas vezes, a resolução desses proble- ______________________________________________________
mas envolve a aplicação de fórmulas específicas e a interpretação
de figuras geométricas. Por isso, é importante ter um conhecimento ______________________________________________________
sólido de geometria e estar familiarizado com os diferentes tipos de
figuras e suas propriedades. ______________________________________________________
Por fim, os problemas matriciais exigem uma compreensão
______________________________________________________
mais avançada de álgebra linear e matrizes. Eles envolvem opera-
ções com matrizes, como soma, subtração e multiplicação, além de ______________________________________________________
conceitos como determinante, inversa e transposição. Para resolvê-
-los, é necessário ter uma boa compreensão dos conceitos matemá- ______________________________________________________
ticos envolvidos e saber aplicá-los de forma coerente.
Independentemente do tipo de problema matemático, é fun- ______________________________________________________
damental ter uma boa capacidade de raciocínio lógico. Isso envolve
a habilidade de analisar o problema, identificar as informações re- _____________________________________________________
levantes, estabelecer relações entre as grandezas envolvidas e es-
colher a melhor estratégia para resolvê-lo. Além disso, é importante _____________________________________________________
verificar sempre os resultados obtidos e garantir que eles estejam ______________________________________________________
de acordo com as expectativas do problema.
Em resumo, os problemas aritméticos, geométricos e matriciais ______________________________________________________
envolvem diferentes tipos de raciocínio lógico e conhecimentos ma-
temáticos. Para resolvê-los de forma eficiente, é fundamental ter ______________________________________________________
uma boa compreensão dos conceitos envolvidos e estar familiariza-
do com as estratégias e técnicas necessárias para cada tipo de pro- ______________________________________________________
blema. Com prática e dedicação, é possível desenvolver essa habili-
dade e se tornar um bom solucionador de problemas matemáticos. ______________________________________________________

______________________________________________________

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tipos:
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE HARDWARE E SOFTWARE:
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, COMPONENTES
E FUNÇÕES, MEMÓRIA, DISPOSITIVOS DE PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
ARMAZENAMENTO, DE IMPRESSÃO, DE ENTRADA E DE ENTRADA
DE SAÍDA DE DADOS, BARRAMENTOS INTERFACES, PERIFÉRICOS Utilizados para saída/visualização de
CONEXÕES, DISCOS RÍGIDOS, PEN-DRIVES, CD-R, DVD, DE SAÍDA dados
BLU-RAY, IMPRESSORAS, SCANNER, PLOTTERS
• Periféricos de entrada mais comuns.
Hardware – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
do, monitor, scanner, etc. para uso no computador;
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
Software podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- putador.
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas • Periféricos de saída populares mais comuns
em linguagem de máquina e executadas por computador. – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
O software pode ser categorizado em dois tipos: – Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
– Software de sistema operacional rial físico;
– Software de aplicativos em geral – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
– Fones de ouvido.
• Software de sistema operacional
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do Sistema Operacional
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo- namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
ws, Linux, Unix , Solaris etc. Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
• Software de aplicação
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para • Aplicativos e Ferramentas
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati- São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc. fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
Para não esquecer:
HD (Hard Disk - Disco Rígido)1
HARDWARE É a parte física do computador
São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida- O HD é o item responsável pelo armazenamento de dados per-
de de som, alto falantes, etc. manentes (os dados armazenados no HD não são perdidos quando
o computador é desligado, como é o caso da memória RAM). O HD

1 Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/disco-rigido/

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

é o local onde é instalado e mantido o sistema operacional, todos SSD2


os outros programas que são instalados no computador e todos os
arquivos que do usuário.
O armazenamento do HD é contado normalmente em GB
(Gigabytes), porem atualmente já existe discos rígidos com
capacidade de TB (Tera Bytes - 1024 GB). Para se ter acesso aos
dados do HD, é necessário um Sistema operacional.
Atualmente os sistemas operacionais conseguem utilizar o HD
como uma extensão da memória, na chamada Gestão de memória
Virtual. Porém esta função é utilizada somente quando a memória
principal (memória RAM) está sobrecarregada.
Os HD’s Externos são uma grande evolução. Estes podem ser
carregados em mochilas, pastas, no bolso ou mesmo na mão sem
problema algum.
Os dados do HD são guardados em uma mídia magnética,
parecida com um DVD. Esta é muito sensível, se receber muitas O SSD (solid-state drive) é uma nova tecnologia de armazena-
batidas pode se deslocar e o HD perde a utilidade. Nestes casos é mento considerada a evolução do disco rígido (HD). Ele não possui
quase impossível recuperar dados do HD. partes móveis e é construído em torno de um circuito integrado
Obs: Um GB Equivale a 1024 MB(Mega Bytes), e cada TB semicondutor, o qual é responsável pelo armazenamento, diferen-
equivale a 1024GB. temente dos sistemas magnéticos (como os HDs).
O número 1024 parece estranho, porém as unidades Mas o que isso representa na prática? Muita evolução em re-
de armazenamento utilizam códigos binários para gravar as lação aos discos rígidos. Por exemplo, a eliminação das partes me-
informações (portanto, sempre múltiplo de 2). cânicas reduz as vibrações e tornam os SSDs completamente silen-
Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo, que ciosos.
pode ser padrão IDE, SATA, SATA II ou SATA III. Outra vantagem é o tempo de acesso reduzido à memória flash
presente nos SSDs em relação aos meios magnéticos e ópticos. O
HD Externo SSD também é mais resistente que os HDs comuns devido à ausên-
cia de partes mecânicas – um fator muito importante quando se
trata de computadores portáteis.
O SSD ainda tem o peso menor em relação aos discos rígidos,
mesmo os mais portáteis; possui um consumo reduzido de energia;
consegue trabalhar em ambientes mais quentes do que os HDs (cer-
ca de 70°C); e, por fim, realiza leituras e gravações de forma mais
rápida, com dispositivos apresentando 250 MB/s na gravação e 700
MB/s na leitura.
Mas nem tudo são flores para o SSD. Os pequenos velozes ain-
da custam muito caro, com valores muito superiores que o dos HDs.
A capacidade de armazenamento também é uma desvantagem,
pois é menor em relação aos discos rígidos. De qualquer forma,
eles são vistos como a tecnologia do futuro, pois esses dois fatores
negativos podem ser suprimidos com o tempo.
Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capacida- Obviamente, é apenas uma questão de tempo para que as em-
de de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Terabytes. presas que estão investindo na tecnologia consigam baratear seus
Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada USB do custos e reduzir os preços. Diversas companhias como IBM, Toshiba
computador. e OCZ trabalham para aprimorar a produção dos SSDs, e fica cada
As grandes vantagens destes dispositivos são: vez mais evidente que os HDs comuns estão com seus dias conta-
Alta capacidade de armazenamento; dos.
Facilidade de instalação;
Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar sem CD, CD-R e CD-RW
necessidade de abrir o computador. O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80 e
é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digital-
mente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
- Uma camada de policarbonato (espécie de plástico), onde fi-
cam armazenados os dados.
- Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de refletir
o laser.
- Uma camada de acrílico, para proteger os dados.

2 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/memoria/202-o-que-e-ssd-.htm

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos. drive. O pen drive também é conhecido como thumbdrive (por ter o
Na camada de gravação existe uma grande espiral que tem um tamanho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdrive (por
relevo de partes planas e partes baixas que representam os bits. usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a informação. Temos Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos CDs, ou
hoje, no mercado, três tipos principais de CDs: seja, armazenar dados para serem transportados, porém, com uma
1. CD Comercial: que já vem gravado com música ou dados. capacidade maior, chegando a 256 GB.
2. CD-R: que vem vazio e pode ser gravado uma única vez.
3. CD-RW: que pode ter seus dados apagados e regravados. Cartão de Memória

Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de 700


MB ou 80 minutos de música.

DVD, DVD-R e DVD-RW


O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje o
formato mais comum para armazenamento de vídeo digital. Foi in-
ventado no final dos anos 90, mas só se popularizou depois do ano
2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas, com a
diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informações é
menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que proporcio-
na maior capacidade de armazenamento. Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo de
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de grava- dispositivo de armazenamento de dados com memória flash, muito
ção única e RW que possibilita a regravação de dados. A capacidade encontrado em máquinas fotográficas digitais e aparelhos celulares
dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de dados, existindo smartphones.
ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que contém duas ca- Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e nos te-
madas de gravação, cuja capacidade de armazenamento chega a lefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ringtones, endere-
8,5 GB. ços, números de telefone etc.
O cartão de memória funciona, basicamente, como o pen dri-
Blu-Ray ve, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente no dispositivo
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre 25 e e é bem mais compacto.
50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de gravação. Os formatos mais conhecidos são:
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD co- - Memory Stick Duo.
muns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitura é - SD (Secure Digital Card).
ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem maior - Mini SD.
de dados no disco. - Micro SD.
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico
que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta Unidade de Disquete
azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por fins As unidades de disquete armazenam informações em discos,
jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre co- também chamados discos flexíveis ou disquetes. Comparado a
mercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido no CDs e DVDs, os disquetes podem armazenar apenas uma pequena
mercado no ano de 2006. quantidade de dados. Eles também recuperam informações de for-
ma mais lenta e são mais vulneráveis a danos. Por esses motivos,
Pen Drive as unidades de disquete são cada vez menos usadas, embora ainda
sejam incluídas em alguns computadores.

É um dispositivo de armazenamento de dados em memória Disquete.


flash e conecta-se ao computador por uma porta USB. Ele
combina diversas tecnologias antigas com baixo custo, baixo Por que estes discos são chamados de “disquetes”? Apesar de a
consumo de energia e tamanho reduzido, graças aos avanços nos parte externa ser composta de plástico rígido, isso é apenas a capa.
microprocessadores. Funciona, basicamente, como um HD externo O interior do disco é feito de um material de vinil fino e flexível.
e quando conectado ao computador pode ser visualizado como um

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE OS SISTEMAS OPERACIONAIS MICROSOFT WINDOWS XP/7/8/8.1/10 BR:


CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, ÍCONES, ATALHOS DE TECLADO, USO DOS RECURSOS

O Windows XP é um sistema operacional da Microsoft que foi lançado no ano de 2001, em abril de 2014 a Microsoft encerrou o
suporte técnico para este sistema operacional, o que significa que ele não irá mais receber atualizações de proteção ou falhas de segurança
do código do sistema.
O sistema operacional continua funcionando, hoje mesmo com o fim do suporte e muitas empresas e órgãos do governo ainda utilizam
o Windows XP, a recomendação da Microsoft é para que as pessoas que tem esta versão do Windows no computador migrem para o
Windows 8. As principais versões são a Home voltada para o uso doméstico e a Professional para empresas e usuários com conhecimentos
avançados.

Tela inicial do Windows XP.

A tela inicial do Windows XP é iniciada ao ligar o computador, através dela podemos acessar todos os componentes do sistema
operacional. Ela é composta pela área de trabalho, botão iniciar, a barra de tarefas e a área de notificação.

Área de trabalho do Windows XP.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

— Área de Trabalho

Área de trabalho do Windows XP

Local usado para armazenar itens que necessitem de acesso rápido, que são representados por ícones, no exemplo abaixo temos acesso apenas
a lixeira, esta é configuração inicial do Windows XP. Quando instalamos novos programas no computador sempre é sugerida a criação de um atalho
para o mesmo, que vai aparecer na área de trabalho, também é possível criar atalhos ou pastas. Não é recomendado que sejam criadas pastas na
área de trabalho, pois quanto mais pastas e arquivos existirem na área de trabalho, mais lenta se tornara a inicialização de seu sistema operacional.
O ícone que visualizamos na área de trabalho permite acessar a lixeira, a lixeira é o local onde ficam armazenados os arquivos ou
pastas que foram excluídos.
A pasta que armazena os arquivos da lixeira fica oculta, o ícone que aparece na área de trabalho é um atalho e mesmo que você o selecione e
aperte o botão delete a lixeira não será apagada. Para acessá-la basta clicar duas vezes com o mouse sobre o ícone, em seguida uma janela vai se
abrir mostrando o conteúdo da lixeira. Quando clicamos duas vezes no ícone de uma pasta a mesma é exibida em uma janela e dentro dela todos
seus arquivos e pastas que possam existir dentro dela. Ao clicar duas vezes sobre o ícone de um atalho podem ocorrer duas situações, se o atalho
for de uma pasta, uma janela será iniciada com o conteúdo da mesma, caso o atalho seja de um programa o mesmo será iniciado.

Lixeira vazia Lixeira com arquivos e pastas

Janela que é iniciada ao clicar duas vezes no ícone da lixeira.


Note que não há nada na lixeira, isto significa que nada foi excluído até o momento.

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação: para excluir um arquivo ou pasta basta selecioná-lo e pressionar o botão delete, em seguida uma mensagem de
confirmação será exibida, confirmando o arquivo será excluído e vai para a lixeira, também existe a opção de excluir um arquivo sem que
ele seja enviado para a lixeira, é só pressionar o botão (Shift + Delete), assim também vai aparecer uma mensagem de confirmação, porem
se você excluir este arquivo ele não vai para a lixeira e não será possível recupera-lo.

Mensagem de confirmação que é exibida antes de enviar um arquivo para a lixeira.

Mensagem de confirmação que é exibida antes de excluir um arquivo definitivamente.

É possível restaurar um documento que está na lixeira, selecionando o arquivo e clicando na opção restaurar item, ao realizar esta
ação o documento irá voltar ao local de origem.

Restaurando um item da lixeira.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A opção esvaziar lixeira apaga todos os arquivos da lixeira, fazendo isso não será possível recuperá-los.
— Ícones
Os ícones permitem que sejam acessados os programas, pastas ou arquivos, há diversos tipos de ícones, na tabela abaixo serão
listados os principais ícones que podem ser visualizados em uma instalação nova do Windows XP.

Ícone Descrição

Pasta: representa as pastas onde são armazenados


arquivos, programas ou outras pastas.

Áudio: arquivos de som que por padrão são


reproduzidos com o programa Windows Media Player.

Atalho de programa: permite abrir o programa Internet


Explorer, o navegador padrão do Windows XP. Note que o
desenho deste atalho é o mesmo do programa, geralmente
cada programa possui um ícone diferente.

Atalho de pasta: permite acessar a pasta sem ter de ir


até o local original da mesma.

Documento de texto: arquivos de texto no formato .TXT,


por padrão abre com o bloco de notas.

Documento RTF: arquivos de texto no formato RTF, por


padrão abre com o programa WordPad, que é o editor de
textos padrão do Windows XP.

Imagem JPEG: arquivos de imagem que são visualizados


por padrão com o visualizador de imagens do Windows e
podem ser editados com o Paint.

Lixeira: local para onde vão os arquivos quando são


apagados.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação: para identificar os ícones que representam atalhos, basta olhar no canto inferior esquerdo e observar se há uma seta
que indica que este ícone é um atalho.

— Barra de Tarefas
Sempre que um programa é executado ou uma janela é aberta um botão correspondente a eles será exibido na barra de tarefas, com
isso, é possível abrir várias pastas ao mesmo tempo.
Este botão permite alterar o que está sendo visualizado de acordo com as necessidades do usuário. Sempre que uma janela ou
programa é fechado ele irá desaparecer da barra de tarefas.
Fazem parte da barra de tarefas o menu iniciar, a barra de ferramentas e a área de notificação.

Barra de tarefas.

Barra de tarefas com programas e pastas iniciados.

Barra de Ferramentas
Permite alterar opções de configuração do computador, como o idioma, ou permitir acesso rápido a programas ou a área de trabalho.

Opção de seleção de idioma da barra de ferramentas.

Área de Notificação
Mostra o relógio e o status de atividades que ocorrem no computador, como o monitoramento de um antivírus, informações sobre
uma impressão, um dispositivo USB conectado, lembretes de atualização do sistema, etc.

Área de notificação

Botão Iniciar

Imagem do botão iniciar

O botão iniciar permite o acesso ao menu de opções do Windows XP, que oferece opções para acessar os programas instalados, o
painel de controle, a ajuda do Windows, as bibliotecas e desligar o computador.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Iniciar

1 – Nome e imagem do usuário atual do sistema operacional: usuário do Windows.


As contas de usuário permitem que cada usuário tenha sua área de trabalho personalizada, oferece uma pasta Meus documentos para
cada usuário, tornando os arquivos que estão dentro dela particulares.
Há dois tipos de contas de usuário, o Administrador, que tem permissão para alterar todas as configurações do computador, as
principais permissões de um administrador são: instalar programas, acessar todos os arquivos mesmo sendo de outros usuários e criar e
excluir contas de usuário. A conta limitada que permite que o usuário altere apenas seus arquivos, sua imagem de usuário e sua senha.
2 – Atalhos fixados de programas: estes atalhos sempre irão aparecer quando clicar no botão iniciar, podemos adicionar qualquer
programa neste grupo de opções.
3 – Listagem dos programas utilizados com mais frequência.
4 – Todos os programas: dá acesso aos programas instalados no computador, no menu iniciar sempre que aparecer uma seta voltada
para o lado direito significa que há um submenu com mais opções.

Opção Todos os programas e alguns submenus.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5 – Opções para encerrar o sistema operacional: através do botão acessamos as opções para desligar o computador.

– Fazer Logoff
Oferece duas opções: trocar Usuário, permite que outro usuário acesse o sistema operacional enquanto os programas do usuário
atual permanecem abertos. A opção Fazer Logoff fecha os programas em execução e encerra a seção do usuário no Windows.

Opção Fazer Logoff do Windows

– Desligar o computador
Oferece três opções: hibernar, que salva o estado atual da área de trabalho do computador no HD e desliga o computador, permitindo
continuar de onde parou quando ligar o computador novamente. Desativar, encerra o Windows de forma segura, fechando todos os
programas que estão sendo executados. Reiniciar, encerra o Windows e o reinicia.

Opção Desligar o computador

6 – Executar: permite abrir um programa, uma pasta ou um site. Note na imagem abaixo que foi digitada a palavra calc, que é o nome
da calculadora do Windows, a clicar em Ok o aplicativo de calculadora será iniciado.

Tela do item executar.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

7 – Pesquisar: auxilio para localizar programas ou arquivos no computador. Na tela de pesquisa podemos definir qual tipo de arquivo
estamos procurando, isto ajuda a refinar a pesquisa, é possível escolher entre imagens, músicas ou vídeos, Documentos, planilhas..., Todos
arquivos ou pastas, computadores, informações de ajuda ou realizar uma pesquisa na internet. Como exemplo vou mostrar uma pesquisa
usando a opção “Todos arquivos ou pastas”.

Tela de pesquisa do Windows XP

Ao clicar na opção “Todos arquivos ou pastas”, poderemos definir os critérios de pesquisa, pelo nome do arquivo, por uma palavra ou
frase que está no arquivo, podemos escolher em qual unidade de disco queremos procurar e para refinar mais ainda o resultado há opções
como definir a data em que o arquivo foi modificado, o tamanho do arquivo ou escolher opções avançadas, que permitem pesquisar
arquivos ocultos, diferenciar letras maiúsculas de minúsculas, etc. No exemplo abaixo vamos pesquisa arquivos ou pastas que contenham
em seu nome a palavra texto.

Pesquisa de arquivos ou pastas que contenham no nome a palavra texto.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da pesquisa.

Como resultado da pesquisa temos vários arquivos de texto que são .txt, um arquivo de imagem .bmp e uma pasta. Note que todos
possuem a palavra texto no nome. Nesta tela temos informações como o nome do arquivo ou pasta, o caminho do local onde o arquivo ou
pasta está gravado, seu tamanho, seu tipo e a data da sua última modificação.
Para auxiliar nas pesquisas podemos utilizar os caracteres curinga, que servem para impor restrições a nossa pesquisa, por exemplo:
Se ao invés de digitar a palavra “texto” eu digitar “texto*” a pesquisa do Windows vai pesquisa apenas arquivos ou pastas que comecem
exatamente com a palavra texto, porem o nome do arquivo pode ter mais caracteres, desde que estejam depois da palavra texto. Veja
abaixo o resultado da pesquisa quando adicionamos o “*” a palavra “texto”.

Resultado da pesquisa pela palavra “texto*”.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Agora nossa pesquisa tem dois arquivos a menos, que são os que continham a palavra “texto”, porém o nome deles não se iniciava
com esta palavra. Compare com a imagem anterior e note a diferença no resultado.
O caractere “*” (asterisco), é usado quando sabemos como se inicia o nome do arquivo, mas não sabemos como termina.
Se soubermos o tipo do arquivo, basta adicionar a extensão do arquivo na pesquisa. Veja na tabela abaixo as principais extensões de
arquivos utilizadas no Windows.

Extensão Descrição
.accdb Arquivos de banco de dados, extensão usada pelo Microsoft Access.
.avi Arquivos de vídeo
.bmp Arquivos de imagem
.doc Arquivo de texto, extensão usada pelo Microsoft Word
.docx Arquivo de texto, extensão usada pelo Microsoft Word a partir da versão 2007
.exe Arquivo executável. Programas a serem instalados ou já instalados no computador.
.html Formato usado para páginas Web, caso tenha alguma salva em seu computador elas costuma ter esta extensão.
.hlp Arquivos de ajuda que vem com os programas.
.ico Arquivos de ícone do Windows.
.ini Dados sobre configuração de algum programa.
.iso Arquivos de imagem de disco. Contém todas as informações de um disco seja ele CD ou DVD.
.jpg Arquivos de imagem.
.mp3 Arquivos de áudio.
.mp4 Arquivos de vídeo.
.pdf Documentos eletrônicos, geralmente exibem textos.
.png Arquivos de imagem.
.ppt Arquivo de apresentação, extensão usada pelo Microsoft Power Point.
.pptx Arquivo de apresentação, extensão usada pelo Microsoft Power Point a partir da versão 2007.
.rar Arquivos comprimidos. Usado quando desejamos compactar um documento ou vários em um único arquivo.
.reg Arquivos com informações referente ao registro do Windows
.txt Arquivos de texto, abrem com qualquer editor de textos.
.xls Arquivo de planilha, extensão usada pelo Microsoft Excel
.xlsx Arquivo de planilha, extensão usada pelo Microsoft Excel a partir da versão 2007
Arquivos comprimidos. Usado quando desejamos compactar um documento ou vários em um único arquivo. É o formato
.zip
mais utilizado.

Principais extensões de arquivos do Windows

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pesquisa de arquivos com a extensão “.txt”

Note que a pesquisa trouxe menos resultados ainda, pois definimos como critério arquivos com o nome “texto”, onde não sabemos
como termina o nome do arquivo usando o “*” e agora ainda acrescentamos o critério de que o arquivo deve ter a extensão “.txt”, ou
seja, o resultado só contém arquivos de texto, já são dois arquivos a menos que na pesquisa anterior, isto ajuda muito, pois dependendo
da pesquisa podemos ter centenas de resultados, refinando-a o trabalho de encontrar um arquivo perdido torna-se mais fácil de realizar.
Ainda existe mais um caractere curinga que pode ser usado para auxiliar nas pesquisas, que é o “?” (interrogação). O “?” serve para substituir um único
caractere em um nome de arquivo quando pesquisamos usando a extensão do arquivo. Veja abaixo o resultado de uma pesquisa usando este caractere.

Resultado de pesquisa usando o caractere “?”

Agora nossa pesquisa só retornou dois resultados, pois apenas aparecem os arquivos que tenham a extensão “.txt” e que possuam um
caractere após o nome “texto”, note que o arquivo “Texto.txt” não apareceu nesta pesquisa, pois não existe nenhum caractere após o fim
da palavra “Texto”. Ao encontrar o arquivo basta clicar duas vezes sobre ele para visualizá-lo.

Observação: em pesquisas onde usamos o caractere “?” não é levado em consideração para a pesquisa o tipo da extensão do arquivo.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

8 – Ajuda e suporte: traz dicas e informações sobre o Windows. Através desta opção é possível tirar dúvidas sobre o sistema operacional.

Tela de ajuda e suporte do Windows XP.

9 – Opções de configuração do sistema


– Painel de Controle
Permite personalizar a aparência e funcionalidades do computador, adicionar ou remover programas e configurar conexões de rede
e contas de usuário.

Tela do painel de controle

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Definir acesso e padrões de Programa


Permite escolher qual será o programa padrão para determinadas atividades como navegador WEB, reprodutor padrão de áudio, para
envio de e-mail, etc. Note que no título da tela de exemplo abaixo, o nome da tela é “Adicionar ou remover programas, porque a definição
de acesso e padrões de programa é um subitem deste grupo de opções.

Tela de definições de acesso e padrões do programa

Observação: no Windows XP há diversas maneiras de acesso diferentes para cada opção de configuração do computador.

– Impressoras e Aparelhos de Fax


Mostra as impressoras e aparelhos de fax disponíveis, permite adicionar novos ou configurá-los.

10 – Atalhos para abrir arquivos: oferece diversas maneiras de acesso às pastas do Windows:
– Meus Documentos: pasta criada na instalação do sistema para que o usuário do computador armazene seus arquivos.
– Documentos Recentes: exibe uma lista dos últimos arquivos visualizados.
– Minhas Imagens: pasta criada na instalação do sistema para que o usuário do computador armazene suas fotos.
– Minhas Músicas: pasta criada na instalação do sistema para que o usuário do computador armazene suas músicas.
– Meu Computador: fornece acesso às unidades de disco que estão conectadas ao computador como o HD, pen drive ou câmeras
digitais e outros dispositivos que possam estar conectados.

Meu computador

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na imagem acima é possível visualizar no item unidades de disco rígido a partição “C: “que representa o HD do computador, no item
dispositivos com armazenamento removível temos a unidade “D:” que representa o drive de CD do computador.

— Windows Explorer
Exibe em uma estrutura hierárquica os arquivos pastas e unidades de disco presentes no computador, a estrutura dele permite que
criemos pastas ou arquivos e a navegação estre eles. A janela do Windows Explorer é iniciada através da combinação de teclas (Windows
+ E). Sempre que estamos navegando entre pastas a configuração de janela será a mesma, segue abaixo as explicações sobre os itens que
são exibidos em na janela do Windows Explorer.

Tecla Windows (fica localizada na parte inferior do teclado)

Tela do Windows Explorer

1 – Barra de Títulos: exibe o nome da pasta ou da unidade de disco acessada. No lado direito aparecem os botões de minimizar,
maximizar e fechar.
– Minimizar: reduz a janela a um botão na barra de tarefas.

Ícone do botão minimizar

– Maximizar: amplia a janela até ocupar toda a área de trabalho, ao clicar novamente o tamanho da janela retornara ao tamanho
original.

Ícone do botão maximizar

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Fechar: fecha a janela atual.

Ícone do botão fechar

2 – Menu: traz opções de configurações dos arquivos e pastas que aparecem na janela, como exclusão, copiar, colar, recortar, configurar
modos de visualização, ajuda.

Menu

3 – Barra de Navegação: local que permite acessar os arquivos e pastas de forma rápida, possui diversos botões.
Para entender melhor como funcionam os botões basta observarmos o item:
– Exibição de nível hierárquico de pastas: possibilita uma visualização da maneira que as pastas estão organizadas.

Exibição do nível hierárquico de pastas

Ao visualizar estas opções, note que aparecem símbolos de “+” (significa que há subpastas e ao clicar nele o item será expandido e as
subpastas serão mostradas) e “ - “, (permite ocultar as subpastas).
Na imagem acima é onde há uma seta vermelha significa que foi clicado no “+” para exibir suas subpastas. As pastas expandidas são:
Meu computador, Disco local (C:), Documents and settings, ultimoxp (pasta do usuário do computador). A pasta Meus Documentos fica
dentro da pasta do usuário do computador, note que o caminho até ela é bem extensa, e o Windows Explorer facilita adicionando um
atalho que fica localizado logo abaixo do da área de trabalho, como é possível visualizar com a seta verde.
Quando estamos em uma subpasta sabemos que ela faz parte de alguma outra pasta, esta pasta está um nível acima, por exemplo,
na imagem abaixo há uma pasta com o nome “Pasta”, um nível acima dela eu tenho a pasta “Exemplo ícones”, que está dentro da pasta
“Meus documentos”, assim um nível acima da pasta “Exemplo de ícones” há a pasta “Meus documentos”.

Exemplo de hierarquia de pastas

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Olhando para a imagem acima note que quando não há sinal de “+” ou de “ - “ significa que não há pastas dentro. As pastas “Minhas
imagens”, “Minhas músicas” e “Textos” não possuem subpastas. Elas estão dentro da pasta Meus Documentos, observe que sempre que
um diretório está dentro de outro ele fica mais à direita, assim quando vemos as pastas “Exemplo de ícones”, Minhas imagens”, “Minhas
músicas” e “Textos” é possível notar que elas estão alinhas na mesma direção, pois todas estão dentro da pasta “Meus documentos.

Visualização da pasta “Meus documentos”.

– Voltar: permite voltar para a pasta visualizada anteriormente.

Botão voltar (a seta do lado direito permite escolher para onde desejamos voltar)

Ex.: (Ao iniciar o Windows Explorer, e clicar para abrir a pasta “Meus documentos” (1) em seguida a pasta “Minhas imagens” (2), note
que o botão avançar está desabilitado, pois não acessamos nenhuma pasta que faz parte do diretório “Minhas imagens”, clicando no botão
voltar (3) retornaremos a pasta “Meus documentos” (4).

Exemplo uso do botão voltar.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Avançar: permite visualizar uma pasta já visualizada que esteja dentro da pasta atual.

Botão avançar (a seta do lado direito permite escolher para onde desejamos avançar).

Seguindo o exemplo anterior, imagine que agora decidimos ir para a pasta “Minhas imagens” novamente, é só clicar na opção avançar
(5) para ir para a pasta minhas imagens (6), se ao invés de clicarmos em avançar clicarmos em voltar serão exibidos os itens do “Meu
computador”.

Exemplo botão avançar

– Acima: direciona a janela para uma pasta de nível acima. Quando acessamos muitas pastas na mesma janela utilizar o botão voltar
para retornar a uma pasta de nível superior pode demorar, para isso podemos clicar neste ícone

Botão acima

Na imagem abaixo estou visualizando a pasta “Textos”, e navegando pelos níveis hierárquicos cliquei na pasta com o nome “Pasta”,
se eu clicar no botão voltar eu voltarei para a pasta “Textos”, mas se eu clicar no botão acima irei para a pasta “Exemplo de ícones”, pois a
pasta “Pasta” pertence a ela, pois, a pasta exemplo de ícones está um nível acima.

Exemplo de uso do botão acima

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Pesquisar: abre o menu de pesquisa, igual ao da opção pesquisar que fica no menu iniciar.

Botão pesquisar

– Pastas: se habilitada permite visualizar os níveis de hierarquia se não mostra um menu padrão do Windows XP.

Exemplo do ícone pastas desabilitado

– Modos de Exibição: permite escolher a forma que as pastas e os arquivos serão exibidos.

Botão modos de exibição.

4 – Barra de endereço: exibe a localização da pasta.

Barra de endereço

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5 – Exibição de nível hierárquico de pastas: explicado no item – Shift enquanto faz clique em Fechar (apenas Meu
3 – Barra de navegação. Computador): Fechar a pasta selecionada e todas as pastas
associadas.
— Principais teclas de atalho do Windows XP3 – Alt + Seta para a esquerda: Retroceder para a vista anterior.
Quando houver o + indicando que existe mais de uma tecla – Seta para a direita: Expandir a seleção atual se estiver
a ser utilizada no atalho, você deverá segurar as duas ou três fechada (+).
teclas indicadas ao mesmo tempo e só soltá-las depois de todas – Num Lock + asterisco: Expandir todas as pastas abaixo da
pressionadas. Onde tiver “Windows”, esse se refere àquela tecla seleção.
da bandeirinha do Windows que fica do lado esquerdo do teclado – Num Lock + Tecla +: Expandir a pasta selecionada.
entre as teclas ctrl e alt. – Seta para a esquerda: Fechar a seleção atual se estiver
– Windows: Abre o menu Iniciar. expandida (-).
– Windows + D: Minimizar ou restaurar todas as janelas e – Num Lock+ Tecla -: Fechar a pasta selecionada.
mostrar a área de trabalho. Acessibilidade
– Windows + M: Minimizar todas as janelas. – Alt da esquerda + Shift da esquerda + Num Lock: Ativar/
– Shift + Windows + M: Maximizar todas as janelas abertas. Desativar teclas do mouse.
– Windows + Tab = Percorrer os botões da barra de tarefas. – Shift cinco vezes: Ativar/Desativar Fixar Teclas.
– Windows + F: Localizar: Todos os discos. – Num Lock] durante cinco segundos: Ativar/Desativar avisos
– Ctrl + Windows + D: Localizar: Meu Computador. sonoros das Teclas de Alternância.
– Windows + F1: Ajuda. – Shift da direita durante oito segundos: Ativar/Desativar
– Windows + R: Executar. Teclas de Filtragem.
– Windows + Pause: Propriedades do sistema. – Alt da esquerda + Shift da esquerda + Print Screen: Ativar/
– Windows + E: Abrir o Windows Explorer (Meu computador). Desativar Alto Contraste.
– Alt + Espaço: Abrir Menu de sistema da janela ou programa aberto.
– CTRL + ESC: Abre o menu Iniciar. Aplicativos
– CTRL + ALT + DEL: Gerenciador de tarefas, permite fechar – Ctrl + C ou Ctrl + Insert: Copiar.
programas travados. – Ctrl + V ou Shift + Insert: Colar.
– Windows + L: Bloquear computador ou trocar de usuário sem – Ctrl + X ou Shift + Del: Recortar.
fazer logoff. – Ctrl + Home: Ir para o início do documento.
– Ctrl + End: Ir para o fim do documento.
Caixas de Diálogo – Ctrl + Z ou Alt + Backspace: Desfazer últimas ações.
– Ctrl + Tab: Navegar pelas abas (orelhas) da janela.
– Ctrl + Shift + Tab: Retroceder pelas abas. Recursos Especiais
– F1: Apresentar Ajuda a um item selecionado. – Windows + Scroll Lock: Copiar o ecrã ampliado para a área de
– Esc: Cancelar, Sair. transferência sem o cursor.
– Espaço ou enter: Fazer clique no botão selecionado. – Windows + Page up: Alternar a inversão de cores.
– Espaço: Ativar ou desativar a caixa de verificação da opção – Windows + Page Down: Alternar o seguimento do cursor.
selecionada. – Windows + Seta para cima: Ampliar.
– Tab: Avançar para as opções seguintes. – Windows + Seta para baixo: Reduzir.
– Shift + Tab: Retroceder para as opções anteriores. – Windows + Print Screen: Copiar o ecrã ampliado e o cursor
– Shift enquanto insere um CD: Avançar a inicialização para a área de transferência.
automática do CD.
– Alt + Enter ou Alt + duplo clique: Propriedades de um item. Recursos Gerais
– Shift + delete: Deletar o arquivo, sem enviar para a Lixeira. – F10: Ativar a barra de menus em programas.
– Ctrl + A: Selecionar tudo. – Ctrl + F4: Fechar a janela atual do programa.
– Alt + F4: Fechar a janela ou o programa ativo.
Meu computador e windows explorer – Alt + Backspace: Abrir o menu do sistema da janela atual.
– F2: Renomear arquivo selecionado.
– F3: Pesquisar arquivos na pasta atual.
– F4: Abre a listinha da barra de endereços.
– F5: Atualiza a janela atual.
– F6: Alternar entre os painéis esquerdo e direito e entre as
barras de menu.
– F11: Abre a página em tela cheia. Tecle F11 para voltar ao
normal.
– CTRL + H: Abre a lista do histórico.
– CTRL + I: Abre a lista dos favoritos.
– Alt + Seta para a direita: Avançar para a vista anterior.
– Backspace: Ir para a pasta um nível acima.

3 http://www.vejam.com.br/atalhos-do-windows-xp

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de trabalho do Windows 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de transferência Programas e aplicativos


A área de transferência é muito importante e funciona em se- • Media Player
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários • Media Center
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. • Limpeza de disco
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Desfragmentador de disco
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Os jogos do Windows.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Ferramenta de captura
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Backup e Restore
área de transferência. Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
Manipulação de arquivos e pastas tendermos melhor as funções categorizadas.
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e
outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos executar tare- Facilidades
fas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

WINDOWS 8

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. Área de trabalho do Windows 8

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.


Área de transferência
Arquivos e atalhos A área de transferência é muito importante e funciona em se-
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, estamos copiando dados para esta área intermediária.
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
da pasta ou arquivo propriamente dito. área de transferência.
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
Programas e aplicativos

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.
Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive Área de trabalho


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. Área de transferência
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center. pia de segurança.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONHECIMENTOS E UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO GERENCIADOR DE PASTAS E ARQUIVOS (WINDOWS EXPLORER/


COMPUTADOR)

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)4.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

4 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.
Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft5.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.

5 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

CONHECIMENTOS SOBRE EDITORES DE TEXTO WORD X WRITER, PLANILHAS ELETRÔNICAS EXCEL X CALC E EDITOR
DE APRESENTAÇÕES POWERPOINT X IMPRESS (MS OFFICE 2013/2016/2019 BR X LIBRE-OFFICE V6.3 OU SUPERIOR,
EM PORTUGUÊS, VERSÕES DE 32 E 64 BITS: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, ATALHOS DE TECLADO E EMPREGO DOS
RECURSOS

Conhecido como o mais popular editor de textos do mercado, a versão 2013 do Microsoft Word traz tudo o que é necessário para
editar textos simples ou enriquecidos com imagens, links, gráficos e tabelas, entre outros elementos6.
A compatibilidade entre todos os componentes da família Office 2013 é outro dos pontos fortes do Microsoft Word 2013. É possível
exportar texto e importar outros elementos para o Excel, o PowerPoint ou qualquer outro dos programas incluídos no Office.
Outra das novidades do Microsoft Word 2013 é a possibilidade de guardar os documentos na nuvem usando o serviço SkyDrive. Dessa
forma, é possível acessar documentos do Office de qualquer computador e ainda compartilhá-los com outras pessoas.

6 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4685295/mod_resource/content/1/Apostila%20de%20Word.pdf

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os menus e as barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções (Guias e Comandos) e pelo modo de exibição Backstage
(área de gerenciamento de arquivo)8.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Esta barra permite acesso rápido para alguns comandos que são executados com frequência: como iniciar um novo arquivo, salvar um
documento, desfazer e refazer uma ação, entre outros.

Na parte superior do Word 2013 você encontra uma faixa de opções, que também é organizada por guias. Cada guia tem várias faixas
de opções diferentes. Estas faixas de são formadas por grupos e estes grupos têm vários comandos. O comando é um botão, uma caixa
para inserir informações ou um menu.

Botão Arquivo
Ao clicar sobre ele será exibido opções como Informações, Novo, Abrir, Salvar, Salvar como, Imprimir, etc. Portanto, clique sobre ele e
visualize essas opções.

7 Fonte: http://www.etec.sp.gov.br/view/file/wv_file.aspx?id=84AFA42DFAD089D53534D753C0488CE2E8CCFF5EC8324596BECE07A8164EDF12521C97DA04C-
93379CD1A503BE1561B8D7DFDD0202571B27264EF62AF01F952C6
8 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/20/word-2013-estrutura-basica-dos-documentos/

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Página inicial
Área de transferência, Fonte, Parágrafo, Estilo e Edição.

Inserir
Páginas, Tabelas, Ilustrações, Aplicativos, Links, comentários, Cabeçalho e Rodapé, Texto e Símbolos.

Design
Formatação do documento.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Layout da Página
Configurar Página, Parágrafo e Organizar.

Referências
Sumário, Notas de Rodapé, Citações e Bibliografia, Legendas e Índice.

Correspondências
Criar, Iniciar Mala Direta, Gravar e Inserir Campos, Visualizar Resultados e Concluir.

Exibição
Modo de Exibição, Mostrar, Zoom, Janela e Macros.

Formatos de arquivos Word 2013


Formatos de arquivo suportados e suas extensões9:
.doc: documento do Word 97-2003
.docm: documento para macro do Word. Baseado em XML par macro do Word 2019, 2016, 2013 2010 e 2007
.docx: padrão Word 2019, 2016, 2013, 2010 e 2007 e Documento Strict de Open XML
.htm e .html: página da Web Página da Web, Filtrado
.mht e .mhtml: página da Web de Arquivo Único
.odt: texto do OpenDocument. Este é a extensão do LibreOffice, mas o Word dá suporte para que os arquivos salvos do Word 2019,
2016 e 2013 possam ser abertos no Writer do LibreOffice e arquivos do Writer possam ser abertos no Word 2019, 2016 e 2013, mas aten-
ção, a formatação do documento pode ser perdida.
.dot: modelo do Word 97-2003
.dotm: modelo habilitado para macro do Word
.dotx: modelo do Word
.pdf: arquivos que usam o formato de arquivo PDF podem ser visualizados, editados e salvos em .docx ou .pdf usando o Word 2019,
o Word 2016 e o Word 2013. Atenção: Os arquivos PDF podem não ter uma correspondência perfeita de página para paginação com o
original.
.rtf: formato Rich Text . Formato para ser multiplataforma. Os documentos criados em diferentes sistemas operacionais e aplicativos
de software podem ser utilizados entre eles.

9 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/17/word-2013-formatos-de-arquivos/

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

.txt: texto simples. Quando o documento é salvo perde sua formatação. É o formato do bloco de notas e WordPad.
.xml: documento XML do Word 2003 e Word 2019, 2016, 2013 e 2007 (Open XML). É também chamado de MetaFile e arquivo de
MetaDados (arquivos com informações extras).
.xps: XML Paper Specification, um formato de arquivo que preserva a formatação do documento e habilita o compartilhamento de
arquivos.
.wps: documento Works 6-9. Este é o formato de arquivo padrão do Microsoft Works, versões 6.0 a 9.0.

Criando um documento
Ao criar um documento no Word 2013, é possível começar com um documento em branco ou deixar que um modelo faça a maior
parte do trabalho10.

Iniciando um documento
A maioria das pessoas costuma criar um documento a partir de uma página em branco, apesar de o Word ter vários modelos com
temas e estilos pré-definidos, assim só é preciso adicionar conteúdo.

Abrir um documento
Ao iniciar o Word, aparece uma galeria de modelo separado por categorias. É só clicar em uma delas e escolher um modelo que atenda
melhor seu objetivo.
Aparecerá do lado esquerdo (ver imagem anterior) uma lista com os documentos recentes que você usou.
É só clicar em uma delas e escolher um modelo que atenda melhor seu objetivo.
Caso queira outro documento que não está nesta lista você verá bem abaixo desta coluna a opção abrir outros documentos.

10 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/21/edicao-e-formatacao-de-textos-word-2013/

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se já estiver trabalhando no Word e quiser abrir um arquivo é só ir na Barra de Opções e clicar em Arquivo > Abrir e navegar até o local
onde se encontra o arquivo.
Caso você esteja abrindo um documento criado em versões anteriores do Word, você verá Modo de Compatibilidade na barra de título
da janela do documento. Você pode trabalhar no modo de compatibilidade ou atualizar o documento e usar os recursos do Word 2013.
Ctrl + O: atalho para abrir um documento novo documento.
Ctrl + A: atalho para abrir um documento já existente.

Salvando e Fechando o Arquivo


Para salvar um documento digitado, clique na guia Arquivo.

Em seguida, clique na opção Salvar como.

Após o clique, a caixa de diálogo Salvar como será aberta, onde devemos informar o nome do arquivo e o local onde será salvo.
É possível também salvar na nuvem (on-line) clicando em OneDrive e assim podendo compartilhar o arquivo em vários dispositivos
como no celular ou outros computadores.
O Word já salva automaticamente o arquivo no formato .docx mas caso queira salvar em outro formato, logo abaixo do nome do ar-
quivo tem uma lista de tipos de arquivos suportados pelo Word 2013.

No Word tem uma barra de acesso rápido no topo do editor na qual o documento pode ir sendo salvo
conforme se vai trabalhando nele.
Ctrl + B: atalho para salvar documento.

Funções básicas em um editor de texto


Ctrl + C (Copiar): é quando copiar um texto para repetir no mesmo texto ou colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com direito
do mouse e clique em Copiar.
Ctrl + X (Recortar): recurso para tirar o texto selecionado e colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com botão direito do mouse
e selecione Recortar. Este arquivo copiado ou recortado irá para a área de transferência.
Área de transferência: área separada do sistema operacional para guardar uma pequena quantidade de dados.
Ctrl + V (Colar): recurso para colar o texto que foi copiado ou recortado. Selecione o local que quer colar e clique no botão direito do
mouse e selecione o tipo de colagem.

Cabeçalho e rodapé
Para colocar números das páginas, título ou data em todas as páginas de seu documento, você deve adicionar um cabeçalho ou ro-
dapé11.
Basta clicar na aba Inserir e em adicionar Cabeçalho ou rodapé.
11 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/28/cabecalho-e-rodape-word-2013/

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Seleciona o formato clicando no modelo de seu interesse. Abrirá o cabeçalho para editar a parte interna dele.

Digite o Título e feche o cabeçalho.

Todas as páginas do documento terão o mesmo cabeçalho.

Parágrafos
No Word 2013 tem dois lugares em que encontramos funções para formatarmos parágrafos12.

Guia Página Inicial

12 https://centraldefavoritos.com.br/2019/10/28/paragrafos-word-2013/

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Layout de Páginas

A formatação propriamente dita é feita na página inicial.

Alinhamento de parágrafos

Alinhar à esquerda (Ctrl+Q): alinha todo parágrafo na margem esquerda do documento.


Centralizar (Ctrl+E): centraliza o texto no centro da página, dando ao documento uma aparência mais formal
Alinhar à direita (Ctrl+G): alinha o conteúdo à margem direita do documento.
Justificar (Ctrl+J): distribui o texto uniformemente entre as margens

Espaçamento de linhas e parágrafos

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolhe o espaçamento entre linha ou parágrafos. Para colocar a borda basta selecionar o texto ou parágrafo e
Clicando na seta de opções tem os valores de espaçamento. clica na borda desejada.
Quanto maior o número maior o espaçamento. Classificar

Sombreamento de parágrafo

Nesta opção, pode-se classificar itens selecionado em ordem


alfabética ou numérica.
Ex.: Lista de animais
Vaca
Elefante
Porco
Girafa

Ao selecionar a lista e clica na opção ela fica em ordem


alfabética; Na janela que abrir, pode-se colocar a lista em ordem
Para realçar o texto, parágrafo ou célula de tabela selecionada. crescente ou decrescente.
Ele simplesmente muda a cor atrás dando maior destaque.
Recuos
Bordas
Além do sombreamento, você pode dar um destaque a um tex-
to colocando uma borda. E clicando na seta você poderá alterar o
estilo da borda.

A primeira opção o parágrafo vai para mais perto da margem


(DIMINUIR RECUO)
A segunda opção o parágrafo vai para mais longe da margem
(AUMENTAR RECUO)
É só selecionar o parágrafo e clicar na opção. Cada clicada ele
salta 1,25 cm.

Mostrar tudo (Ctrl+*)

Mostra as marcas de parágrafo e outros símbolos de formata-


ção ocultos. É útil para formatação de layouts avançados.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Inserir (Grupo Tabelas)

Tabela: permite inserir e trabalhar com tabelas


no documento13. Ao clicar na setinha logo abaixo do
botão Tabela, abre-se um menu com opções.

Neste quadro é possível configurar o número de colunas e o


número de linhas da tabela, além de largura de coluna fixa, ajustada
automaticamente.

Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e


novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu-
mentos de maneira fácil e prática14.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
Selecionando-se uma sequência de quadradinhos, é possível um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
inserir uma tabela automaticamente, após soltar o mouse. quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
Exemplo: Na figura abaixo, é possível notar a seleção de alguns permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
quadradinhos e a indicação Tabela 3x2, o que significa que ao soltar gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
o botão do mouse, será inserida no documento uma tabela com 3 Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.
colunas e 2 linhas.
Novidades no Word 2016
– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
procurar.

Inserir Tabela: permite inserir uma


tabela na posição do cursor. Note que
a opção tem reticências no final, o que
significa que será aberta uma janela de
opções, para que sejam feitas as confi-
gurações da tabela que será inserida no
documento.

13 https://bit.ly/2BH2KiN 14 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários – Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da
usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea. Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre
qualquer palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função
Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela
do programa e lista todas as entradas na internet relacionadas com
a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível
ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o
dedo ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhe-
cer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no Sha- – Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico
rePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou para conferir uma lista completa de alterações feitas a um docu-
Word On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no mento e para acessar versões anteriores.
documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, cli- – Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar
que em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por para compartilhar seu documento com outras pessoas no Share-
e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em Point, no OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um
compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.
em tempo real.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere for-


mas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapida-
mente o visual desejado.

– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão


2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout15.

15 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.16

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201617.

Área de trabalho do Word 2016.

16 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
17 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela fica-
rá toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente esti-
ver sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados
diferentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em
tabela e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Office 2019 foi uma iniciativa da Microsoft que manteve os re-


cursos anteriores mais utilizados. Desta vez foi investido numa maior
integração com os dispositivos, acesso a nuvem e numa melhor ex-
periência do usuário. Dentro deste cenário vamos relatar algumas
funções já conhecidas e melhorias na edição de documentos.

Word
• Alinhamentos de linhas Com as opções abaixo podemos escolher os marcadores para
os tópicos conforme desejado, vide figura abaixo:
Guia da Tecla de
Tipo de Alinhamento
Página Inicial Atalho
Alinhamento justifi-
cado, isto é, o parágrafo é
Control
alinhado de tal forma que
+J Outros Recursos interessantes utilizados com frequência e
fique alinhado a direita e a
esquerda. mantidos nesta versão:
Texto alinhado a Control
direita +G Guia /
Ícones do menu Ação
Menu
Control
Texto centralizado Para mudar a
+E
Forma
Texto alinhado a Control Na página Para Mudar a
esquerda +Q inicial cor de fundo
Para mudar a
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho) cor do texto
Verifique o quadro, que apresenta cada uma das funções exem-
plificadas a seguir.
Para inserir
Tabelas
No menu
Para inserir
Imagens

Guia página inicial Função Para a verifi-


No menu
cação e correção
Opção para mudar o Tipo Revisão
ortográfica
de letra

Opção para mudar o tama- No menu Para salvar o


nho da letra arquivo documento

Opção para aumentar / No Word 2019 foram acrescentadas diversas melhorias para a
diminuir o tamanho da letra experiência do usuário e merece destaque os novos ícones adicio-
Muda de minúsculas para nados, que podem ser usados para a elaboração de documentos,
maiúsculas conforme abaixo:

Limpa a formatação

• Marcadores
Os marcadores servem para organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outro recurso que merece destaque é o Ler em voz alta, conforme a figura abaixo;

É o principal software de planilhas eletrônicas entre as empresas quando se trata de operações financeiras e contabilísticas18.
O Microsoft Excel 2013 tem um aspeto diferente das versões anteriores.

Tela inicial do Excel 2013.

18 http://www.prolinfo.com.br

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As cinco principais funções do Excel são: Guia de Planilhas


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e anali- Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos
sar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráfi-
gráfico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como cos, tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada
retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar for- item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
matos pré-definidos em tabelas. Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por pa-
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e adminis- drão encontramos apenas uma planilha.
trar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando
operações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual
seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramen-
tas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar
apresentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem Guia de Planilhas.
ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros. – Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As co-
Planilha Eletrônica lunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem
de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos no total de 16.384 colunas em cada planilha.
de cálculos matemáticos, simples ou complexos. – Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que cal- linhas de uma planilha são representadas em números, formam um
culam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, total de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical es-
imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples. querda da planilha.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a dei-
xar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de
impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Linhas e colunas.

– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura


abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a cé-
lula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula poden-
do conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Barra de Fórmulas. Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções
está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anterio-
res ao MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
1. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma repre-
senta tarefas principais executadas no Excel.
2. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relaciona-
dos reunidos.

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Faixa de opções do Excel.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de prioridade de cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.

Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:


Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).


Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.
NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

• Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

• Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.


A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como19:
19 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

Tela Inicial do Excel 2016.

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas20.

20 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As cinco principais funções do Excel são21: Guia de Planilhas


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e anali- Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos
sar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráfi-
gráfico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como cos, tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada
retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar for- item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
matos pré-definidos em tabelas. Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por pa-
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e adminis- drão encontramos apenas uma planilha.
trar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando
operações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual
seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramen-
tas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar
apresentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem Guia de Planilhas.
ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros. – Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As co-
lunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
Planilha Eletrônica alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma no total de 16.384 colunas em cada planilha.
de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos – Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As
de cálculos matemáticos, simples ou complexos. linhas de uma planilha são representadas em números, formam um
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que cal- total de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical es-
culam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, querda da planilha.
imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a dei-
xar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de
impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Linhas e colunas.

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figu-


ra abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um en-
dereço que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B,
então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome
logo acima da planilha.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula poden-
do conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade. Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções
está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anterio-
res ao MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Barra de Fórmulas. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma repre-
senta tarefas principais executadas no Excel.
21 http://www.prolinfo.com.br

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas
Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos
aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde
contar a quantidade de homens e mulheres.
que atenda a uma condição especificada:
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE
Sintaxe
(B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Excel
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai
O Excel é um aplicativo que permite a criação de planilhas de
analisar o critério.
cálculo. Essas planilhas são úteis em vários segmentos para contro-
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter-
les dos mais diversos. Através das planilhas podemos montar uma
valo a ser analisado.
tabela com fórmulas, gráficos, etc., visando automatizar algum pro-
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido
cesso para facilitar o trabalho, além de planilhas para controle de
é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter
funcionários, produtos e tarefas.
texto neste intervalo.
O Excel é formado por um conjunto de linhas e colunas e o cru-
zamento entre a linha e a coluna é chamado de Célula. Essas células
podem ser formatadas de acordo com as categorias abaixo:

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gêne-
ro. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solici-
tado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado
e o critério para ser verificado.
Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai
analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter-
valo a ser analisado.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Algumas fórmulas são úteis para se trabalhar com as células, tais como a SOMA é a MEDIA.
— A função SOMA faz a adição de um intervalo de células. No caso para somarmos o intervalo de A5 até A10 digitaremos =SOMA(A5:A10).
— A função MEDIA calcula a média aritmética de um intervalo de células, no caso para calcularmos a média aritmética do intervalo de
A5 até A10 digitaremos =MEDIA(A5:A10).
No Excel 2019 assim como no Word foram adicionadas diversas funções de nuvem para acesso a dispositivos e outras funções para melhorar a
experiência do usuário. Além disso, foram criadas novas fórmulas e novos tipos de gráficos bem como uma integração com o Microsoft Power-BI.
Vamos destacar o gráfico de Mapa, onde através de uma planilha do Excel monta-se um gráfico conforme a especificação.
Abaixo está um exemplo em que o mapa é destacado conforme as vendas por estado.

O PowerPoint 2013 é um do programa para produção de apresentações incluído no conjunto de programas do Microsoft Office 201322.
Munido de um vasto conjunto de ferramentas, o PowerPoint permite ao utilizador produzir apresentações dinâmicas e profissionais.

Tela inicial do PowerPoint 2013.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
22 https://carlosdiniz.pt/manuais/Manual_PowerPoint2013.pdf

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informações
entre si através do documento, através de comentários.
1. Guia Arquivo: ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar,
Enviar, Publicar e Fechar.

2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido23 : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão
do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento. É
possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa Power-
Point.

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou
disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia
Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos24.

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

23 http://www.professorcarlosmuniz.com.br
24 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; es-
colher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura e criar
efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento exis-
tente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de cores,
fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.


3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado clicando
sobre ele.

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.

Fonte: altera o tipo de fonte.


Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, promoven-
do uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.

– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2013 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

O aplicativo Power Point 2016 é um programa para apresentações eletrônicas de slides. Nele encontramos os mais diversos tipos de
formatações e configurações que podemos aplicar aos slides ou apresentação de vários deles. Através desse aplicativo, podemos ainda,
desenvolver slides para serem exibidos na web, imprimir em transparência para projeção e melhor: desenvolver apresentações para pales-
tras, cursos, apresentações de projetos e produtos, utilizando recursos de áudio e vídeo.
O MS PowerPoint é um aplicativo de apresentação de slides, porém ele não apenas isso, mas também realiza as seguintes tarefas25:
– Edita imagens de forma bem simples;
– Insere e edita áudios mp3, mp4, midi, wav e wma no próprio slide;
– Insere vídeos on-line ou do próprio computador;
– Trabalha com gráficos do MS Excel;
– Grava Macros.

Tela inicial do PowerPoint 2016.


25 FRANCESCHINI, M. Ms PowerPoint 2016 – Apresentação de Slides.

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
– Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informa-
ções entre si através do documento, através de comentários.

Novos Recursos do MS PowerPoint


Na nova versão do PowerPoint, alguns recursos foram adicionados. Vejamos quais são eles.
• Diga-me: serve para encontrar instantaneamente os recursos do aplicativo.
• Gravação de Tela: novo recurso do MS PowerPoint, encontrado na guia Inserir. A Gravação de Tela grava um vídeo com áudio das
ações do usuário no computador, podendo acessar todas as janelas do micro e registrando os movimentos do mouse.

• Compartilhar: permite compartilhar as apresentações com outros usuários on-line para edição simultânea por meio do OneDrive.
• Anotações à Tinta: o usuário pode fazer traços de caneta à mão livre e marca-texto no documento. Esse recurso é acessado por
meio da guia Revisão.

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Ideias de Design: essa nova funcionalidade da guia Design abre um painel lateral que oferece sugestões de remodelagem do slide
atual instantaneamente.

Guia Arquivo
Ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar, Publicar e
Fechar26.

26 popescolas.com.br/eb/info/power_point.pdf

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido27


Localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do
Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um con-
junto de comandos independentes da guia exibida no momento.
É possível adicionar botões que representam comandos à barra e
mover a barra de um dos dois locais possíveis.

Painel de Anotações
Nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em
um slide.

Barra de Status
Exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre
elas: o número de slides; tema e idioma.

Barra de Título
Exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também
exibe o nome do documento ativo. Nível de Zoom
Clicar para ajustar o nível de zoom.

Botões de Comando da Janela


Modos de Exibição do PowerPoint
O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir,
agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O Power-
Point 2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exi-
bição:
Acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e res- – Normal,
taurar a janela do programa PowerPoint. – Classificação de Slides,
– Anotações,
Faixa de Opções – Modo de exibição de leitura,
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os co- – Slide Mestre,
mandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são – Folheto Mestre,
organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está – Anotações Mestras.
relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição
de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são
exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferra-
mentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for
selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimi-
na grande parte da navegação por menus e busca aumentar a pro-
dutividade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa
localizada abaixo da barra de títulos28.

27 http://www.professorcarlosmuniz.com.br
28 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

138
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde


você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 englo-
ba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo;
escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando
o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura
e criar efeitos, como transições de slides animados.
Ao iniciarmos o aplicativo Power Point 2016, automaticamente
é exibida uma apresentação em branco, na qual você pode começar
a montar a apresentação. Repare que essa apresentação é montada
sem slides adicionais ou formatações, contendo apenas uma caixa
de texto com título e subtítulo, sem plano de fundo ou efeito de
preenchimento. Para dar continuidade ao seu trabalho e criar uma
outra apresentação em outro slide, basta clicar em Página Inicial e
em seguida Novo Slide.

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para
selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão
pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o bo-
tão esquerdo.
Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da guia
Página Inicial. O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste
grupo aplicar um tipo de letra, um tamanho, efeitos, cor, etc.
Fonte: altera o tipo de fonte.
Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser
Layout acionado através do comando Ctrl+S.
O layout é o formato que o slide terá na apresentação como Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
títulos, imagens, tabelas, entre outros. Nesse caso, você pode esco- Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecio-
lher entre os vários tipos de layout. nado para destacá-lo no slide.
Para escolher qual layout você prefere, faça o seguinte proce- Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre
dimento: caracteres.
1. Clique em Página Inicial; Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para
2. Após clique em Layout; MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
3. Em seguida, escolha a opção. minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também
pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode
ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
nando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, pro-
movendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita
da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

139
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas ca-
Excluir slide racterísticas para toda a apresentação. Ele armazena informações
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado. como plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de tran-
sição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por
Salvar Arquivo exemplo, na imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é
salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B. a numeração da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mes-
Inserir Figuras tre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em layout de slide seja configurado de maneira diferente, todos os
um desses botões: layouts que estão associados a um determinado slide mestre con-
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo. têm o mesmo tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompa- Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida
nham o Microsoft Office. em Slide Mestre.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos,
setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comuni-
car informações visualmente. Esses elementos gráficos variam des-
de listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais com-
plexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Powerpoint
O PowerPoint é um aplicativo usado para montar apresenta-
ções, facilitando assim a demonstração e o entendimento de um
Transição de Slides determinado assunto. Podemos montar uma aula, uma apresen-
A Microsoft Office PowerPoint 2016 inclui vários tipos diferen- tação para uma reunião ou uma palestra de modo relativamente
tes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher simples, apenas digitando na sua área de trabalho ou inserindo
a transição de slide desejada. imagens de acordo com formatações desejadas.
Ao iniciarmos a digitação de uma apresentação podemos utili-
zar de recursos padrão do Office, tais como:

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Verifique o quadro, que apresenta cada uma das funções exem-
plificadas a seguir.
Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresen-
tação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para
iniciar a apresentação a partir do primeiro slide. Guia página inicial Função
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultanea-
mente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do Opção para mudar o Tipo
slide atual. de letra

Opção para mudar o


tamanho da letra

140
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opção para aumentar /


diminuir o tamanho da letra

Muda de minúsculas para


maiúsculas

Limpa a formatação

Os marcadores servem para organizar um texto em tópicos da seguinte forma:

Com as opções abaixo podemos escolher os marcadores para os tópicos conforme desejado, vide figura abaixo:

Outros Recursos interessantes utilizados com frequência e mantidos nesta versão:

Guia / Menu Ícones do menu Ação


Para mudar a Forma
Na página Para Mudar a cor de
inicial fundo
Para mudar a cor do texto

Para inserir Tabelas


No menu
Para inserir Imagens

No menu Para a verificação e


Revisão correção ortográfica

No menu
Para salvar o documento
arquivo

141
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Alinhamentos de linhas

Guia
Tecla
da Página Tipo de Alinhamento
de Atalho
Inicial
Alinhamento justificado,
isto é, o parágrafo é alinhado de Con-
tal forma que fique alinhado a trol + J
direita e a esquerda.
Con-
Texto alinhado a direita
trol + G
Con-
Texto centralizado
trol + E
Con-
Texto alinhado a esquerda
trol + Q

Funções interessantes para aplicar em apresentações

Uma vez que fizemos o primeiro slide podemos duplica-lo para


Duplicar slides
construir os outros slides;
Podemos escolher temas pré-definidos. Desta forma aproveita-
Escolha de temas
mos toda a formatação herdada do tema;
Mostrar a apre-
A tecla F5 mostra a apresentação;
sentação
É a passagem de um slide para o próximo, desta forma podemos
Transições
alterar esta transição conforme a desejada.

NO PowerPoint 2019 foram implementadas melhorias a acesso a nuvem e acesso a diversos dispositivos, novos modelos e transições,
bem como uma melhoria geral na experiência do usuário em geral. Foi adicionada ainda a ferramenta “zoom” e a “transformar”, além do
recurso de inclusão de imagens 3D na apresentação.

REDES DE COMPUTADORES E WEB.

— Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


As redes podem ser classificadas de acordo com o quadro abaixo:

Conceitos Básicos

TIPO DE REDE DE COMPUTADORES

Uma rele Local, abrange somente um local defini-


LAN do.
Exemplo: (casa, escritório e etc.)

142
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma rede Metropolitana, pode abranger uma


grande cidade ou inúmeras cidades. As MANS não
MAN
precisam estar em áreas urbanas. O termo MAN
tem relação ao tamanho da rede.

É uma rede com uma grande abrangência. É maior


WAN que a MAN, abrange uma área global. Podemos
usar a INTERNET para estabelecer a conexão.

CONCEITOS SOBRE INTERNET X INTRANET X EXTRANET X E-MAIL X WEBMAIL, CARACTERÍSTICAS, ATALHOS DE


TECLADO E EMPREGO DE RECURSOS DE NAVEGADORES (BROWSERS INTERNET EXPLORER 11 BR X EDGE X MOZILLA
FIREFOX X GOOGLE CHROME NAS VERSÕES ATUAIS EM PORTUGUÊS, DE 32 E 64 BITS)

– Internet: conhecida como a rede mundial de computadores. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros
dispositivos que se comunicam através de um endereço IP para os usuários trocarem informações. Cada máquina conectada possui um IP
válido e a comunicação se dá através do protocolo TCP/IP.
– Intranet: é um serviço similar a INTERNET, onde somente usuários autorizados acessam as páginas no navegador. As organizações
usam a INTRANET para acessar seus dados tanto localmente (Matrix) ou distante (Filiais).

— Aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


– Navegadores: Aplicativos usados para navegar na internet, como por exemplo, o Google Chrome, Edge, Firefox, Internet Explorer e etc.).
– Download: utilizado para baixar ou receber arquivos.
– Firewall: Barreira de segurança.
– Correio eletrônico: é a comunicação entre usuários da rede.
– Roteador: equipamento para se conectar na rede.
– Upload: Utilizado para subir ou enviar arquivos.
– HTML: Hyper Text Markup Language (Linguagem de Marcação de Hiper Texto). É uma linguagem utilizada para produzir páginas da
Internet.
– HTTP: Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Hipertexto): Navegação na internet (links).
– HTTPS: Hyper Text Transfer Protocol Secure (Protocolo de Transferência de Hiper Texto Seguro.
– SMTP e POP: são os protocolos de serviços da internet responsáveis pelo envio e recepção de mensagens eletrônicas, como por
exemplo, o e-mail.
– Servidor Proxy: tem a função de mediar as comunicações da rede de uma empresa ou usuário (local) com a Internet (rede externa).
– Servidor FTP: (File Transfer Protocol) é um protocolo que tem a função de transferir arquivos entre dois computadores via INTERNET.

143
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Servidor WEB: É o local onde reside as páginas WEB para estabelecer o contato para poder acessar conteúdos, páginas HTML,
arquivos de som, imagem, vídeos e etc.

O servidor WEB é um software que verifica a segurança e gera a informação para atender à solicitação.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

144
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

À primeira vista notamos uma grande área disponível para vi-


sualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica 6 Ver históricos e favoritos
automaticamente desativada, possibilitando uma maior área de
exibição. Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,
7
Menu e outros)
Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura: Sincronização com a conta FireFox (Vamos
1. Voltar/Avançar página 8
detalhar adiante)
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos pági-
na visitada anteriormente; 9 Mostra menu de contexto com várias opções

2. Barra de Endereços
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
procurada;
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado
3. Ícones para manipulação do endereço da URL
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da-
situação pode aparecer fechar ou atualizar.
dos seguros após o uso.
4. Abas de Conteúdo
Google Chrome
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-


biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
de nosso estudo:
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

145
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
seguir.

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-


dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe- • Pesquisar palavras
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio- o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
nalidades. podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Favoritos • Salvando Textos e Imagens da Internet


No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi- Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto. • Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa- site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
Para removê-lo, basta clicar em excluir. progresso e os downloads concluídos.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba,
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo • Sincronização
dia a dia se preferir. Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.

146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.

Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos


da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos • Histórico e Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bas-


tante comuns.

Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere-
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda • Pesquisar palavras
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
pronto. busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo- demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
vê-lo, basta clicar em excluir.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OUTLOOK DO PACOTE MSOFFICE 2013/2016/2019 BR

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar

149
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho


7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
Mostrar campo cco (cópia
17 ALT +S + B Menu opções CCO
oculta)

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:
Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-
ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

151
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada
mensagem.

MOZILLA THUNDERBIRD EM PORTUGUÊS, VERSÕES


DE 32 E 64 BITS X WEB MAIL

O Mozilla Thunderbird é um aplicativo usado principalmente


para enviar e receber e-mails . Também pode ser usado para ge-
renciar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de
calendário e entradas, tarefas, contatos e anotações semelhantes.

Atalhos das funções principais

AÇÃO ATALHO
Nova mensagem CTRL + N
Responder à mensagem (apenas
CTRL + R
remetente)
Responder a todos na mensagem
CTRL + SHIFT + R
(remetente e todos os destinatários)
Responder à lista CTRL + SHIFT + L
Reencaminhar mensagem CTRL + L
Editar como nova mensagem CTRL + E
Obter novas mensagens para a conta atual F5
Obter novas mensagens para todas as
SHIFT + F5
contas
Abrir mensagem (numa nova janela ou
CTRL + O ENTER
separador)
Abrir mensagem na conversa CTRL + SHIFT + O
Ampliar CTRL +
Imprimir uma mensagem de e-mail Reduzir CTRL -
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

152
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva
@ – Símbolo padronizado
• Nome do domínio a que o e-mail pertence.

Vejamos um exemplo real: joaodasilva@empresa.com.br


• Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
• Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas;
• E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
e-mails que foram enviados;
• Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
nou de redigir; Enviar e-mail
• Lixeira: Armazena as mensagens excluídas. De acordo com a figura abaixo, deve-se clicar em “Enviar”
(Send) do lado esquerdo para enviar o e-mail.
Ao escrever mensagem, temos os seguintes campos :
• Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
rio do e-mail;
• CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
• CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
• Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros);
• Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail Responder e Encaminhar mensagens


É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está Utiliza-se os botões Reply e Forward, ilustrador a seguir
apto a receber, enviar ou até mesmo guardar mensagens conforme
a necessidade.

Escrever novo e-mail

Destinatário oculto

Ao clicar em Write é aberta uma outra janela para digitação


do texto e colocar o destinatário. Podemos preencher também os
campos CC (outra pessoa que também receberá uma cópia deste
e-mail) e o campo CCO ou BCC (outra pessoa que receberá outra
cópia do e-mail, porém esta outra pessoa não estará visível aos ou-
tros destinatários).

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquivos anexos Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de


A melhor maneira de anexar é colar o objeto desejado no corpo e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
do e-mail. Pode-se ainda usar o botão indicado a seguir, para ter e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
acesso a caixa de diálogo na qual selecionará arquivos desejados. mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe
naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
e-mail do destinatário.
E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men- Ações no correio eletrônico
sagem atualmente29. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
e-mail, não importando a distância ou a localização. – Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru- recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido – Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descarta-
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. dos pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
O resultado é algo como: Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
maria@apostilasopcao.com.br lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por en-
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook. gano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar,
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun- existentes.
to de regras para o uso desses serviços. – Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensa-
gem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
Correio Eletrônico – Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor- geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um de destino separados por ponto-e-vírgula.
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio – CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repas-
e recebimento de mensagens30. Estas mensagens são armazenadas samos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos – CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repas-
e extração de cópias das mensagens. samos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destina-
tários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também
Funcionamento básico de correio eletrônico foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro- – Assunto: título da mensagem.
gramas funcionando em uma máquina servidora: – Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men- ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação
sagens. de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso,
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de cor- recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiá-
reio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens. veis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem
ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus
e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails an-
tes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por
29 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E- exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo
7ado.pdf contém arquivos com malware.
30 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-
-e-mozilla-thunderbird/

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

31

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um
servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

31 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

155
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

32

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

SEGURANÇA DE EQUIPAMENTOS, DE SISTEMAS, EM REDES E NA INTERNET: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, VÍRUS,


FIREWALL, MEDIDAS DE PROTEÇÃO

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização33.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares34:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

Existem outros termos importantes com os quais um profissional da área trabalha no dia a dia.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se refere ao
controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de segurança da informação, ras-
treando as suas etapas e os responsáveis por cada uma delas.

Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares


– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança da
informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.

32 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email
33 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
34 https://bit.ly/2E5beRr

156
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segurança da
informação.

Tipos de ataques
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles35:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque passivo não é prejudicial,
mas a informação coletada durante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adulteração, fraude, reprodução, bloqueio).
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados coletados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, infectar
o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: interceptação, mo-
nitoramento, análise de pacotes).

Política de Segurança da Informação


Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança da organização através de regras de alto nível que representam os prin-
cípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível tático) e proce-
dimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão para informar
sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
de formação e periodicidade de troca.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e
frequência de execução.
• Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a terceiros.
Mecanismos de segurança
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar o
conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Ele pode ser aplicado de duas formas:
– Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informação
ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antivírus,
firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos de en-
criptação, que transformam as informações em códigos que terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a certificação
e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.

Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da informação da
empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação36.

Tem duas maneiras de criptografar informações:


• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequên-
cia de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

35 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-informacao/
36 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

157
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.37

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser38.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e diminuir
o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se instalam
e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

37 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
38 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

158
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware Facebook


etc.) Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais
de seus membros.
• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas
maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um pa-
pel fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que
o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo
de uma ação inesperada em que o usuário aciona um executável
que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne
quarentena, remoção definitiva e reparos. muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne-
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos po- gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e
tencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as família, informar-se, dentre outros40.
medidas de segurança.
WhatsApp
• Firewall É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele deter- telefônicas através da internet gratuitamente.
mina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa,
bloqueando entradas indesejáveis e protegendo assim o compu-
tador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da im-
plementação, isso pode ser limitado a combinações simples de IP /
porta ou fazer verificações completas.

• Antispyware A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm


Spyware é um software espião, que rouba as informações, em instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap
contrário, o antispyware protege o computador funcionando como zap”.
o antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação. operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra-
vés dele.
REDES SOCIAIS: FACE BOOK X TWITER X LINKEDIN X
WHATSAPP YouTube
Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-
net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
resses ou valores comuns39. Muitos confundem com mídias sociais,
porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
inclusive na internet.
O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas.
Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-
as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po- dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais. horas de vídeos visualizados diariamente.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes Instagram
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com- Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou- O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
tras pessoas. acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook, publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos dispositivos móveis.
como o Youtube que compartilha vídeos. É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, tros formatos, como vídeos, stories e mais.
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente-
mente, o Tik Tok.
39 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/ 40 https://bit.ly/32MhiJ0

159
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo. Pinterest


Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes, Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam-
vídeos em sequência e o uso de GIFs. bém compartilha vídeos.
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
cionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de


Rede social que funciona como um microblog onde você pode “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar
atualizações que seus contatos fazem e eles as suas. links para URLs externas.
Os temas mais populares são:
– Moda;
– Maquiagem;
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets;
– Viagem e design.
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.
O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá Snapchat
está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam Rede para mensagens baseado em imagens.
de usar a rede social.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
futebol e outros programas.
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
em primeira mão por ali.
O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-
LinkedIn deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
emprego por exemplo. A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram
Stories.
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
bem específico, formado por jovens hiperconectados.
A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado
Skype
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon-
Facebook.
ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
aparelho conectado à internet
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio-
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

160
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você


pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
MSN Messenger. você interaja.
Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de Vantagens:
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para – Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em tudo é executado em servidores remotos.
grupo ou até mesmo enviar SMS. – Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró- de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal
prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações — ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um
a taxas reduzidas. único computador.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos Desvantagens:
e tamanhos. – Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu-
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em
Tik Tok um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à
O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS e vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar servidores
Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usuários remotos, é primordial que a conexão com a internet seja estável e
mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de seguidores41. rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos.

Exemplos de computação em nuvem

Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar rando espaço no PC ou smartphone.
duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas
famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

COMPUTAÇÃO EM NUVEM: CONCEITOS,


CARACTERÍSTICAS, EXEMPLOS Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-
bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi- cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net42. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador OneDrive
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
específico, mas sim em uma rede. de espaço para os usuários43. Mas é possível conseguir ainda mais
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito promoções que a empresa lança regularmente.
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar pagos com capacidades variadas também.
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.

41 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/
42 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com- 43 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
putacao-em-nuvens-.htm -servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

161
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira


encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
para procurar palavras e expressões.
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo.
Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço, Tipos de implantação de nuvem
o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis- Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
pensada a necessidade de realizar o download para só então poder nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser-
modificar o conteúdo do arquivo. viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de
iCloud TI44.
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem:
a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo – Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS. terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur-
De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita. sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
Existem planos pagos para maior capacidade de armazena- via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su-
mento também. porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor
de nuvem contratado pela organização.
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infraestru-
tura de computação em nuvem utilizados pela empresa são manti-
dos em uma rede privada.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone. empresa.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de Tipos de serviços de nuvem
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra
caso você o tenha perdido. em quatro categorias amplas:
– IaaS (infraestrutura como serviço);
Google Drive – PaaS (plataforma como serviço);
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca- – Sem servidor;
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá- – SaaS (software como serviço).
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima- Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha
gens, etc. da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre
o outro.

IaaS (infraestrutura como serviço)


A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi-
ços cloud, pagando somente pelo seu uso.
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera-
cionais.

Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser- PaaS (plataforma como serviço)
viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re- PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for-
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste,
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
44 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

162
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen- 3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui- riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
to mais rápida. e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou um exemplo de periférico somente de entrada.
ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar- (A) Monitor
mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol- (B) Impressora
vimento. (C) Caixa de som
(D) Headphone
Computação sem servidor (E) Mouse
A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento 4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso. res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja- bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
sua equipe. reço válido na Internet é:
As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e (A) http:@site.com.br
controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre (B) HTML:site.estado.gov
uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade. (C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br
SaaS (software como serviço) (E) www.#social.*site.com
O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de software
pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em assinaturas. 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe- res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja- localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
cente. presencial, chamamos esse serviço de:
Além de realizarem manutenções, como atualizações de soft- (A) Computação On-Line.
ware e aplicação de patch de segurança. (B) Computação na nuvem.
Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po- (C) Computação em Tempo Real.
dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na- (D) Computação em Block Time.
vegador da web em seu telefone, tablet ou PC. (E) Computação Visual

6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos


QUESTÕES de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
tos associados à Internet, julgue o próximo item.
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
versões em papel para o formato digital, é denominado áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
(A) joystick. Youtube (http://www.youtube.com).
(B) plotter. ( ) CERTO
(C) scanner. ( ) ERRADO
(D) webcam.
(E) pendrive. 7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar
2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um danos ao computador do usuário.
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem ( ) CERTO
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou ( ) ERRADO
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
adicionada para resolver o problema constatado por João. com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
(A) Placa de som cia de vírus.
(B) Placa de fax modem Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
(C) Placa usb adotado no exemplo acima.
(D) Placa de captura (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
(E) Placa de vídeo ao administrador de rede.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
de vírus.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.

163
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
toramento. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (A) init 0.
analisá-lo posteriormente. (B) init 6.
(C) exit
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (D) ls.
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (E) cd.
são para processadores de 64 bits.
( ) Certo 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
( ) Errado minúsculas
( ) CERTO
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do ( ) ERRADO
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
uma versão oficial do Microsoft Windows 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(A) Windows 7 (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
(B) Windows 10 nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
(C) Windows 8.1 de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
(D) Windows 9 meros e letras.
(E) Windows Server 2012 (B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
Windows: útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(A) Windows Gold. que o Excel.
(B) Windows 8. (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(C) Windows 7. gens de correio eletrônico.
(D) Windows XP. (E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe- 18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
cuta? ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho. na Inicial” do Word 2010.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner. (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(C) Capturar uma janela inteira (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
(D) Capturar uma seção retangular da tela. do documento.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou (C) Definir o alinhamento do texto.
uma caneta eletrônica (D) Inserir uma tabela no texto

13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, 19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
assinale a alternativa INCORRETA: 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos cativo.
pela Microsoft. A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
pre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits.
( ) CERTO
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi- ( ) ERRADO
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
( ) Certo noros à apresentação em elaboração.
( ) Errado ( ) CERTO
( ) ERRADO

164
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
5 B ______________________________________________________
6 ERRADO ______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 C
9 CERTO ______________________________________________________

10 D ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 D
14 CERTO ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 CERTO
______________________________________________________
17 A
18 D ______________________________________________________

19 CERTO ______________________________________________________
20 CERTO ______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
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______________________________________________________
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165
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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166
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA,
FILOSOFIA E ATUALIDADES

tica desejável para essas relações.


CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO A questão para a gerência pública está no fato de construir re-
PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA lacionamentos apropriados entre as organizações e seus públicos,
todavia nessa relação quem é considerado como o “chefe” dos bu-
Para tentar entender as principais diferenças entre os dois mo- rocratas é o político e não o cidadão. No governo, a prova definitiva
delos de administração, acredita-se que o “ponto de partida” está para os administradores não pode ser o produto ou então um gan-
na própria finalidade de cada uma das duas esferas de ação, ou seja, ho, mas sim precisa ser vista como a reação favorável dos políticos
o Estado se define pelo seu objetivo de bem comum ou interesse eleitos.
geral que, no caso do Brasil, está explícito na Constituição Federal1. Além disso, como eles são motivados geralmente pelos grupos
Inclusive destaca-se sobre a importância do preâmbulo da de interesses, os administradores públicos no caso, ao contrário
Constituição Federal Brasileira, quando estabelece a razão de ser dos gerentes de empresas, precisam incluir os grupos de interes-
do Estado brasileiro: se na sua “equação”, no que tange ao seu trabalho. Não é à toa
Um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos que é por esses motivos que um governo democrático e aberto tem
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, movimentos mais lentos se comparados aos das empresas, cujos
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos administradores podem tomar decisões rapidamente e a portas fe-
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada chadas.
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacio- Existem diferenças entre as questões da administração públi-
nal, com a solução pacífica das controvérsias. ca e privada, sendo que um desses fatores está ligado à motiva-
ção, visto que, esse fator nos chefes do setor público é a reeleição,
Ainda de acordo com a Constituição Federal, no artigo 3° de- enquanto os empresários têm como fim último o lucro. A missão
termina os principais objetivos fundamentais do Brasil, dentre eles: fundamental do governo é ‘fazer o bem’, e o da empresa é “fazer
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; dinheiro”.
II - garantir o desenvolvimento nacional; Assim, apresenta-se uma visão similar quando afirma que as
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- burocracias públicas são totalmente diferentes das firmas privadas
gualdades sociais e regionais; num aspecto fundamental, que contribui de certa forma que para
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, possibilidade de uma supervisão mais efetiva. Os serviços estatais
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. geralmente são executados e produzidos por meio de uma burocra-
cia, no qual os membros normalmente são indicados por políticos,
Sob esse prisma, observa-se que todas as constituições moder- por isso acredita-se que o controle dos cidadãos sobre a burocracia
nas fazem a definição do Estado de um modo semelhante, sendo só poderá ser de fato indireto, isto é, pelo fato que as instituições
que a maioria dessas constituições foram inspiradas na dos Esta- democráticas não contêm mecanismos que permitam que os cida-
dos Unidos que, em 1787, onde foi estabelecida no seu preâmbulo dãos sancionem diretamente as ações legais dos burocratas.
os objetivos nacionais: formar uma União perfeita, estabelecer a Na verdade, o que pode acontecer é os cidadãos poderem ava-
justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, liar o desempenho da burocracia ao sancionarem, pelo voto, os po-
promover o bem-estar geral, além de garantir os direitos referentes líticos eleitos.
a liberdade.
Todavia, todos esses fatos, sabe-se que não são considerados — Elementos de diferenciação
como finalidades de uma empresa, que tem como sua definição, Considera-se que existem vários elementos que são fundamen-
uma organização de recursos materiais, financeiros, humanos e tec- tais para a diferenciação das duas formas de administração. Logo,
nológicos, destinada a produzir um bem ou prestar um serviço para, de um modo geral, as empresas privadas pautam sua ação pelo pla-
em geral, obter um ganho econômico. Neste sentido, entende-se nejamento e gestão estratégicos.
que fatores ligados a racionalidade bem como a própria essência da Neste sentido, destaca-se que a administração pública está
atividade estatal são caracterizadas por serem diferentes da gestão baseada em função de sistemas de planejamento governamental
de empresas. mais rígido, no qual se orientam por princípios gerais previstos na
Sendo que a relação existente das organizações governamen- Constituição, e, por sistemas de política pública. No setor público
tais perante o seu público não pode ser vista como um provedor existem sistemas mais abrangentes de planejamento em alguns se-
com um cliente. A gerência pública refere-se a dependentes, cida- tores, como por exemplo, o elétrico, transporte, industrial e dentre
dãos, fornecedores, presidiários, contribuintes, bem como aqueles outros.
indivíduos que recebem benefícios e subsídios, como no caso dos Assim, a empresa privada tem como objetivo principal a rea-
clientes, além do mais, a proximidade não é sempre uma caracterís- lização da sua atividade principal de produção de um bem ou de
prestação de um serviço, e, como finalidade mediata, captar um
1 Gestão de organizações públicas, privadas e da sociedade civil [recurso ele- lucro econômico para a sua organização. Ainda, uma organização
trônico] / Organizador Elói Martins Senhoras. – Ponta Grossa, PR: Atena, 2020.

167
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

pública também tem como objetivo essencial a realização do cum- Logo, as pessoas que trabalham em instituições privadas estão
primento de sua missão institucional, para, através dela, obter o regidas pelo direito trabalhista (CLT) e as pessoas que trabalham
bem da comunidade e servir ao interesse geral. pela administração pública é, em princípio, estatutárias ou de di-
Por isso que muitos autores acreditam que partem dessa pre- reito público.
missa o interesse de mobilizador da empresa privada seja a lucra-
tividade e o das organizações públicas seja a efetividade. Abaixo,
resumem-se as principais diferenças e relação a esse tipo de orga- EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS: GESTÃO DA
nização. QUALIDADE

Diferenças dos Modelos de administração do setor privado e — Prêmios da qualidade públicos


do setor público A partir da década de 80, governos de diversos países
começaram a implementar um conjunto de ideias que ficou conhe-
Modelo do Setor Privado Modelo do Setor Público cido como a „nova administração pública – NPM, do inglês, New
Public Management. O objetivo principal dessa doutrina é o de mo-
Escolha individual no mercado Escolha coletiva na sociedade
dernizar a administração pública de forma a propiciar mais benefí-
organizada
cios ao cidadão2.
Demanda e preço Necessidade de recursos As principais diretrizes da NPM são: administração visível e pro-
públicos fissional, utilização de medidas e padrões de desempenho, maior
Caráter privado da decisão Transparência da ação pública ênfase no controle de resultados, desagregação de unidades para
empresarial melhor administrar, aumento da competição no setor público (prin-
cipalmente, em licitações e parcerias), foco na utilização dos estilos
A equidade do mercado A equidade das necessidades de gestão da iniciativa privada, e maior disciplina e economia no
A busca da satisfação do A busca da justiça uso dos recursos públicos.
mercado Desde então, o serviço público caminha, cada vez mais, no sen-
tido de modernizar suas práticas de gestão. Para execução dessa
Soberania do consumidor Cidadania tarefa, a gestão da qualidade é uma importante aliada, pois traz con-
Competição como instrumento Ação coletiva como ceitos que auxiliam na consecução de objetivos com uma melhor uti-
do mercado instrumento da sociedade lização de recursos. Na aplicação da gestão da qualidade em serviços
organizada públicos, é importante que se alinhe esses conceitos com as políticas
a serem implementadas e com as expectativas dos cidadãos.
Estímulo: possibildiade de o Condição: consumidor pode
Dessa maneira, é preciso melhorar internamente, sem perder,
consumidor escolher modificar serviços públicos
porém, o foco externo. Portanto, além de boas políticas, é necessá-
rio que as organizações adotem boas práticas de gestão, alinhadas à
No que se refere ao Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
estratégia traçada, com a possibilidade de medição de desempenho.
Estado no Brasil, observa-se que o referido plano conseguiu susten-
Aplicar a gestão da qualidade a serviços é um desafio, tanto
tar praticamente a mesma linha de pensamento, quando afirmava
para o setor privado quanto para o público. Em uma pesquisa rea-
que: “enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos
lizada, onde usuários atribuíram notas a alguns serviços públicos e
que os clientes fazem livremente na compra de seus produtos e ser-
privados oferecidos no Estado da Geórgia (EUA), apesar do estereó-
viços, a receita do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribui-
tipo consagrado de que os serviços públicos possuem um nível de
ções obrigatórias, sem contrapartida direta”. Desse modo, entende-
desempenho abaixo do nível privado, esses recebem notas seme-
-se que na medida em que o mercado controla a administração das
lhantes às atribuídas à iniciativa privada em processos de prestação
empresas, a sociedade, através da eleição de políticos é responsá-
de serviços.
vel por controlar a administração pública.
Além disso, as notas atribuídas pelas pessoas que não utiliza-
Diferente por exemplo da administração de empresas, já que
ram o serviço público (baseadas apenas na sua percepção) foram
a mesma tem o seu objetivo voltado principalmente para o lucro
menores do que as notas das pessoas que os haviam utilizado re-
privado, além da maximização dos interesses dos acionistas, espe-
centemente. A melhoria na qualidade dos serviços públicos benefi-
rando-se que ao longo do tempo, por meio do mercado, o interesse
cia, além do cidadão, o funcionário público.
coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está explí-
Estudos demonstraram, por meio de uma pesquisa realizada
cita e diretamente voltada para o interesse público.
com 274 gestores públicos, que a motivação dos funcionários está
Também é muito importante mencionar a influência direta
diretamente relacionada com o ambiente da organização. Uma
que o Plano Diretor teve e ainda mantém na administração pública
organização pública que consegue manter um alto nível de motiva-
brasileira, no âmbito federal e, especialmente, em vários estados e
ção e uma boa imagem perante a sociedade facilita o recrutamento
cidades. Portanto, considera-se que ao se mencionar do ponto de
de novos funcionários e aumenta o comprometimento com o ser-
vista da propriedade, o patrimônio da empresa é privado, enquanto
viço público.
que da organização pública é público, sendo que, o regime jurídico
Os agentes públicos tendem a ter um perfil pessoal e profissio-
aplicável para a empresa é de direito privado e para a organização
nal diferente daquelas que optam pela iniciativa privada. Gestores
pública, pelo menos, em princípio, é o direito público.
públicos tendem a ser menos sensíveis a incentivos financeiros do
que os seus pares privados.
2 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pd-
f?sequence=1

168
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Para que ocorra a motivação dos agentes públicos, é necessário presta o serviço (habilidade técnica do servidor), polidez e gentileza
que eles sintam que prestam um serviço que agrega valor à socieda- do pessoal (que é um elemento-chave na qualidade de um serviço),
de, e não apenas servem à burocracia. Dessa forma, é importante credibilidade (no setor público, requer tratamento igualitário e pro-
um trabalho de comunicação que permita a esses agentes visualizar fissionalismo.
os benefícios que trazem para a sociedade. Possui relação direta com a imagem da organização), confia-
Nesse processo, a gestão da qualidade é válida, pois aumenta bilidade e responsabilidade (consistência e precisão na prestação
a eficiência da prestação de serviços, melhora a comunicação orga- do serviço), e segurança e qualidade dos aspectos tangíveis (ins-
nizacional e focaliza resultados. Qualidade já é um requisito básico talações adequadas, acesso a pessoas deficientes, por exemplo, e
para a existência das empresas da iniciativa privada. que passem uma imagem de serviço de qualidade, mobiliário, por
Em alguns mercados, uma qualidade superior significa, ain- exemplo).
da, um diferencial competitivo. A disseminação dessa filosofia nas
empresas ocorreu, em grande parte, devido à criação dos prêmios Quanto à medição de desempenho, no setor privado ela ocorre
da qualidade. de forma mais simples, visto que pode-se utilizar resultados finan-
Neste momento, para que os governos sirvam à população com ceiros como forma de comparação, enquanto que, no setor públi-
qualidade, os prêmios da qualidade públicos estão sendo utilizados co, há que se considerar resultados para os diferentes interessados
enquanto estratégia gerencial. Um prêmio da qualidade público (usuários do serviço, sociedade, dentre outros). Os prêmios públi-
pode ser definido como um instrumento que incentiva inovação e cos, em sua maioria, são compostos por modelos gerenciais, conhe-
desempenho no setor público, por meio da identificação de organi- cidos como modelos de excelência em gestão.
zações públicas com excelência em serviços. Esses modelos são focados numa gama de atividades geren-
Dessa forma, introduz competição em setores que não pos- ciais, comportamentos e processos que influenciam a qualidade
suem concorrência e incentivam o aprendizado organizacional, dos produtos e serviços entregues pelas organizações e contêm
pois as companhias que se destacam mostram suas virtudes para critérios a serem atendidos pelo setor. Eles estão baseados nos
outras organizações, participantes ou não da premiação. Boa parte princípios, conceitos e linguagem próprios da natureza pública das
das premiações da qualidade premiam tanto organizações privadas organizações.
quanto as públicas.
O que motiva a criação de prêmios exclusivamente públicos é — Critérios de Excelência em Gestão Pública
o fato de as restrições desse ambiente serem diferentes das do am- Critérios de Excelência definem o que uma organização deve
biente privado. Fundamentalmente, o setor público pertence a uma apresentar para que seu modelo de gestão seja considerado com-
comunidade, enquanto o setor privado pertence a um empresário patível com o modelo de determinada premiação. Os critérios cons-
ou grupo de acionistas. tituem-se de requisitos, e a forma de atingi-los é determinada pela
Além disso, os serviços públicos são custeados, majoritaria- própria organização.
mente, com recursos de impostos, enquanto que os serviços pri- Os critérios de grande parte dos prêmios existentes atualmente
vados são sustentados pelos valores pagos pelos clientes. Assim, baseiam-se nos critérios de três premiações: o japonês, Prêmio De-
as organizações públicas são guiadas, principalmente, por forças ming; o europeu, EQA (do inglês, European Quality Award); e o nor-
políticas ao invés de forças econômicas, gerando diferentes fontes te-americano, Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA).
de autoridade, que podem ser conflitantes. Cada premiação elenca os seus critérios de acordo com o enfo-
Tais características influenciam no modo de administração. Na que desejado, por exemplo, o Prêmio Deming é mais voltado para a
administração privada, os empresários ou sócios procuram contro- implementação de ferramentas de controle estatístico da qualida-
lar o negócio diretamente, e os administradores possuem benefí- de, enquanto que o EQA possui maior foco no impacto na socieda-
cios financeiros diretos de um bom resultado da companhia, seja de e na gestão de pessoas da organização.
através de ações ou de programas de incentivo. Na administração O objetivo do Prêmio Nacional da Gestão Pública - PQGF é o
pública, geralmente, os administradores não obtêm benefícios fi- de elevar o padrão dos serviços públicos prestados e aumentar a
nanceiros de um bom resultado alcançado na instituição. competitividade do país. O prêmio está inserido no Programa Na-
Outro entrave é a burocracia, que tende a ser maior no setor cional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA), criado
público, devido à necessidade de controle sobre o patrimônio públi- em 2005, a partir da união do Programa de Qualidade no Serviço
co. Muitas vezes, essa característica pode levantar barreiras à busca Público com o Programa Nacional de Desburocratização.
de inovações, ou, ainda, uma preocupação excessiva com regras e O modelo de excelência utilizado pelo PQGF é o Modelo de
processos ao invés de resultados. Excelência em Gestão Pública - MEGP, cujos critérios são voltados
Por fim, o horizonte de planejamento, geralmente é curto, para os clientes externos e internos da organização, inspirados nos
dada a instabilidade decorrente do fato de as forças políticas mu- critérios do Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ, que são utilizados
darem periodicamente. Em relação à medição da qualidade em para organizações privadas.
serviços públicos, definem-se dez dimensões principais: acesso ao Esses critérios estão em constante atualização, de forma a esta-
serviço (p.ex., localização, tempo de espera, disponibilidade, dentre rem alinhados com o que há de mais atual em excelência em gestão
outros), nível de comunicação (associado à linguagem simplifica- e com as mudanças que ocorrem na administração pública.
da, mas que mantenha o rigor à legislação), sistema administrativo O MEGP está alicerçado sobre os cinco princípios constitucio-
inteligível (por meio de processos simplificados com informação nais da Administração Pública (legalidade, impessoalidade, mora-
suficiente e de boa qualidade), respostas flexíveis e rápidas (rea- lidade, publicidade e eficiência) e sobre treze fundamentos que
lização de adaptação quando as necessidades dos cidadãos mu- expressam o estado da arte da gestão pública contemporânea: pen-
dam), receptividade aos serviços (privilegiando o envolvimento dos samento sistêmico, aprendizado organizacional, cultura da inova-
cidadãos na definição dos serviços), competência do pessoal que ção, liderança e constância de propósitos, orientação por processos

169
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

e informações, visão de futuro, geração de valor, comprometimento com as pessoas, foco no cidadão e na sociedade, desenvolvimento de
parcerias, responsabilidade social, controle social, e gestão participativa.
Além disso, o MEGP está dividido em oito partes, que constituem os critérios, os quais estão integrados em quatro blocos, como
mostra a figura abaixo.
Em cada caixa encontra-se o número, o nome e a pontuação máxima possível de cada critério. Os critérios de 1 até 7 formam a dimen-
são “Processos Gerenciais” do modelo, enquanto que o critério 8 compõe a dimensão “Resultados Organizacionais”.

Relação entre as partes que compõem o MEGP

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pdf?sequence=1

O modelo segue a lógica do PDCA, que vem do inglês, Plan (Planejar), Do (Executar), Check (Verificar) e Act (Agir).
O primeiro bloco (Liderança, Estratégias e Planos, Cidadãos e Sociedade) corresponde à fase de “planejamento” do modelo, onde a
Alta Administração traça estratégias que atendam às necessidades dos cidadãos. O segundo bloco (Pessoas e Processos) engloba a parte
de “execução” do ciclo, transformação das estratégias em resultados.
No terceiro bloco (Resultados) é onde ocorre a etapa de “controle” do atendimento das necessidades dos usuários, da gestão de
pessoas, da execução orçamentária, dentre outros. O último bloco representa a etapa de “ação”, pois é a parte onde a organização analisa
dados internos e externos e toma atitudes no sentido de corrigir ou melhorar suas práticas de gestão.
Para efeito de avaliação das organizações, as oito partes são transformadas em Critérios de Excelência. Esses são desdobrados em
itens, que, por sua vez, se desdobram em requisitos.
O GESPÚBLICA trabalha com três instrumentos de auto avaliação da gestão, de acordo com o estágio de desenvolvimento na busca
pela excelência da organização: o instrumento de 250 pontos, o de 500 pontos e o de 1000 pontos. Os instrumentos de 250 e 500 pontos
são utilizados por organizações que estão iniciando essa busca pela excelência, enquanto que o modelo de 1000 pontos é utilizado por
instituições que desejam concorrer ao PQGF.
A auto avaliação consiste na avaliação do grau de aderência das práticas de gestão da organização em relação ao referencial de ex-
celência proposto. As deficiências identificadas na organização dão origem a um Plano de Melhoria da Gestão (PMG), com ações para a
melhoria do seu desempenho.
A auto avaliação e o PMG são submetidos ao GESPÚBLICA para validação externa e posterior emissão do certificado do nível de gestão,
o qual possui validade de um ano e seis meses. O sistema de pontuação determina o estágio de maturidade da gestão da organização nas
dimensões “Processos Gerenciais” e “Resultados Organizacionais”.
Os processos gerenciais são avaliados em quatro fatores de pontuação: enfoque (que analisa se as práticas de gestão são adequadas
e proativas), aplicação (que avalia a disseminação e continuidade das práticas na organização), aprendizado (que verifica se houve refina-

170
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

mento das práticas) e integração (que examina se existe coerência É necessário que se estabeleçam alguns mecanismos de res-
com as estratégias, se as práticas estão inter-relacionadas com as ponsabilização para a habilitação do gestor público, apontando os
outras e se existe cooperação entre as partes interessadas). seguintes:
Os resultados organizacionais são avaliados em relação aos se- (a) objetivos esclarecidos para a conscientização de todos;
guintes fatores de pontuação: relevância (que verifica a importância (b) definição de indicadores de rendimento para avaliar os re-
dos resultados para o alcance dos objetivos estratégicos), tendência sultados;
(que analisa o comportamento ao longo do tempo) e nível atual (c) implementação de sistemas de informações viáveis;
(que examina o atendimento ao requerido pelas partes interessa- (d) elaboração de relatórios tempestivos de resultados.
das e a comparação com o nível dos resultados de outras organi-
zações). De acordo com a pontuação global obtida, a organização Na busca da administração por resultados, deve-se abandonar
é enquadrada em um dos nove estágios de maturidade de gestão o excesso de burocracia, eliminando-se controles desnecessários
do modelo. que representam limitações ou barreiras para a obtenção de resul-
A organização deve, antes de proceder à sua auto avaliação, tados oriundos de decisões centralizadas. Assim, o processo de evi-
elaborar o seu perfil, onde consta uma apresentação da organiza- denciação e comunicação exigem o fornecimento e detalhamento
ção, com aspectos relevantes sobre seus processos, área de atua- de uma informação completa e útil.
ção, desafios, o relacionamento com as partes interessadas e um Na base da administração por resultados, está o accounta-
histórico da busca pela excelência. Esse perfil proporciona uma vi- bility (prestação de contas) que representa uma etapa crucial na
são sistêmica da organização, tornando explícitos conhecimentos implementação deste modelo de gestão no processo gerencial da
implícitos e, por consequência, facilitando a auto avaliação. administração pública. A adoção do modelo da administração por
resultados requer uma mudança mais cultural do que estrutural.
O MEGP é um modelo genérico para todos os tipos de organi-
zações públicas, mas possui versões adaptadas às particularidades Compromisso, responsabilidade e envolvimento constituem fa-
de alguns setores, como o de saneamento. Ele também serve de re- tores que devem determinar o comportamento do agente público
ferencial para outros prêmios estaduais e municipais de excelência frente à máquina administrativa pública, no sentido da busca por
em gestão pública. resultados concretos. A conscientização sobre esses valores facilita
o processo contínuo da perseguição de resultados no setor público.
Portanto, deduz-se que a dimensão comportamental é parte
GESTÃO DE RESULTADOS NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS integrante da gestão por resultados e mostra-se como elemento
PÚBLICOS essencial para o seu êxito. O estágio atual da sociedade moderna
exige da administração pública um foco nos resultados.
A prática da administração voltada para os resultados tem Assim, é preciso que ela responda às expectativas modernas, o
como requisito uma gestão organizacional articulada acerca de vá- que obriga a passagem pela gestão por resultados. Com isso, passa-
rios elementos que podem ser identificados em quatro principais -se a exigir dos gestores públicos não somente a prestarem contas,
dimensões3: com o principal objetivo de tornar públicos os relatórios descritivos
a) quadro estratégico responsável pela formulação da estraté- de fatos gerenciais acontecidos, mas, sobretudo, a evidenciarem
gia referente à meta da organização e os meios necessários para um “income of accountability”.
alcançá-la; Um modelo de administração centralizado nos resultados per-
b) delegação, habilitação e responsabilização; mite às organizações centrar constantemente sua atenção no alcan-
c) concentração em resultados pela eliminação de controles ce de resultado. Para tanto devem mensurar seu desempenho de
inúteis; forma regular e objetiva. Nesse modelo, destaca-se a necessidade
d) implementação de um sistema de reporting e de comuni- de o gestor público apreender novos mecanismos e de adaptá-los,
cação. para melhorar a sua eficácia administrativa.
A nova abordagem da gestão pública requer que os cidadãos
A implementação de um quadro estratégico na administração sejam colocados no centro das preocupações da administração,
pública requer o abandono da visão legalista. No setor público, buscando meios de integrá-los aos debates e fazer com que par-
costuma-se cumprir metas orçamentárias preocupando-se sempre ticipem nas decisões. Com essa medida, os administradores públi-
com o equilíbrio de receitas e despesas. O enfoque nos resultados cos podem gerir os recursos colocados à sua disposição de maneira
deve ser traduzido pela formulação de estratégias gerenciais que econômica e eficaz.
permitam ao órgão público identificar a meta a ser atingida, bem
como o caminho apropriado para o alcance da meta traçada. — A administração por resultados: novo paradigma da admi-
O quadro de gestão por resultados exige novos valores que nistração pública
possam catalisar o processo de obtenção de resultados. A delega- No estágio atual da gestão pública, o principal debate acerca da
ção implica a transferência de mais responsabilidades aos gestores, nova administração pública diz respeito à administração por resul-
enquanto a habilitação consiste em disponibilizar-lhes os meios ne- tados. Ela representa fortemente um dos elementos-chave da New
cessários que possam facilitar o processo decisório, como a infor- Public Management (Nova Gestão Pública).
mação, a formação e a autoridade exigida. Esta busca por resultados se evidencia nas reformas ou mo-
dernizações de muitas administrações no mundo. Em quase todos
os projetos de modernização ou de reforma de uma administração
pública, é sempre conferida uma ênfase maior na gestão por resul-
3 http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ENAPG360.pdf tados.

171
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

A avaliação dos resultados das políticas, dos programas e dos A literatura voltada à mensuração de resultados da gestão pú-
serviços constitui um elemento essencial da administração pública. blica tem defendido a utilização de indicadores físicos ou qualitati-
Essa avaliação ajuda a identificar o que funciona e o que não funcio- vos para indicar os benefícios que constituem os objetivos e metas
na, bem como a evidenciar outros meios estratégicos de melhorar das políticas avaliadas. Conclui que somente os custos são expres-
as políticas, os programas e as iniciativas. sos em termos monetários, fazendo-se necessária a comparação
Uma política de administração baseada em resultados favorece desses custos aos benefícios quantitativos ou qualitativos para fins
a geração de conhecimentos objetivos e detalhados, no sentido de de avaliação.
auxiliar os gestores a tomar decisões mais eficientes sobre suas po- Os resultados no setor público assumem um significado espe-
líticas e seus programas de governo. cial. Por isso, devem existir unidades organizadas do setor público,
A administração por resultados tem um papel importante nes- para propiciar o alcance do resultado desejado de uma determina-
te cenário de reformas recentes do setor público no mundo. Esse da política. Mas suas ações se concentram totalmente nos produ-
modelo disponibiliza informações relevantes voltadas para a eficá- tos/serviços das políticas, ao invés dos resultados que devem ser
cia, a eficiência e a performance das políticas vinculadas ao setor atingidos. A gestão por resultados exige uma visão mais ampla do
público. Além disso, contribui para a otimização da gestão pública. que aquela preocupada apenas em equacionar recursos com pro-
O direcionamento da administração pública na busca de resul- dutos/serviços.
tados permite aos gestores responder às preocupações dos contribuin- Qualquer organização, seja pública ou privada, precisa desen-
tes quanto à utilização dos recursos públicos. Enfim, uma administra- volver uma atenção equilibrada para o que está fazendo, devendo
ção pública voltada para os resultados é essencial para um governo que priorizar sua relação com as necessidades dos consumidores.
prioriza os cidadãos e busca assegurar o bem-estar social. Um outro aspecto que não se pode silenciar diz respeito a gran-
As organizações dos setores público e privado que mensuram de quantidade de leis que regem a administração pública brasileira
e avaliam os resultados de suas atividades consideram que esta in- que muitas das vezes trazem interpretações contraditórias, dificul-
formação as leva a repensar seu papel e contribui para melhorar tado assim sua eficácia nos três entes federativos, levando assim os
seu rendimento. Elas podem, em consequência, recompensar os gestores a usarem, muita das vezes, técnicas informais no modo de
sucessos, manter as experiências anteriores e gerar a confiança da gerir os recursos públicos.
sociedade. Sua aptidão para mensurar e avaliar os resultados é in-
dispensável à execução de programas, à prestação de serviços e à
aplicação de políticas de qualidade.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA COMUNICAÇÃO:
No passado, e ainda com resquícios no presente, os governos
LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO, GRUPOS, EQUIPES E
enfatizavam o que gastavam, o que faziam e o que produziam. Não
CULTURA ORGANIZACIONAL
se pode negar que é importante ter informações exatas nessas
áreas. Entretanto, isto não é suficiente para concretizar a orienta- — Motivação
ção centralizada em resultados imposta por este modelo de admi- A implantação da psicologia nas organizações nas últimas dé-
nistração. cadas concedeu aos gestores, as respostas de certas lacunas sobre
Uma administração baseada em resultados permite aos órgãos o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior,
públicos oferecer um melhor serviço aos cidadãos, identificando os mas, para que seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por
pontos fortes e os pontos de estrangulamento dos programas. Com fatores externos. No ponto econômico das organizações, quando
isso, é possível detectar aqueles que não dão bons resultados. o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e
Um programa de administração moderna impede os gestores mais rentabilidade para a empresa.
de irem além do que fazem (atividades) e do que produzem (ou- Motivação é um processo responsável por impulso no compor-
tput), orientando-os a centrar sua atenção nos resultados reais, isto tamento do ser humano para uma determinada ação, que o estimu-
é, nas consequências e nos efeitos dos seus programas. la para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja
Os requisitos para a avaliação da performance da administração alcançado de forma satisfatória.
baseada em resultados têm se acentuado muito nos últimos anos, De acordo com Robbins (2005) a motivação possui três proprie-
tornando complexa a avaliação da performance das atividades em dades que a regem, uma é a direção, o foco da pessoa em sua meta
todos os níveis de todo o governo. Pesquisas sobre a avaliação da e como realizar, outra é a intensidade, se o objetivo proposto é feito
performance administrativa, no setor público, vêm apontando pro- como algo que vai lhe trazer satisfação ou será realizado por obriga-
blemas na concepção e gestão desses sistemas, indicando sua efi- ção, e a permanência. “A motivação é específica. Uma pessoa mo-
cácia como principal fator no tocante a accountability dos governos. tivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice-
Para que se possa implantar uma administração focalizada em -versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa
resultados, impõe-se redesenhar o modo de gestão dos sistemas de a sempre ter disposição para tudo.” (MAXIMILIANO, 2007, p.250).
administração pública. Os gestores públicos precisam definir claramen- “Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir
te os resultados que se pretende obter, implementar o programa ou com algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período
serviço, mensurar e avaliar o rendimento e, caso seja necessário, fazer de execução da tarefa, auxiliado por fatores externos, mas princi-
ajustamentos para aumentar a sua eficiência e a sua eficácia. palmente pelos internos. O sentir-se bem num ambiente holístico,
A administração dirigida à geração de resultados assegura um ambientar pessoas e manter-se em paz e harmonia, com a soma
melhoramento contínuo da performance, facilita o alcance de ser- dos diversos papéis que encaramos neste teatro da vida chamado
viços de excelência e favorece o desenvolvimento da liderança e a “sociedade”, resulta em uma parcialidade única e que requer cuida-
responsabilização pelos indivíduos e pela coletividade. A adoção de dos e atenção.” (KLAVA, 2010).
critérios para a obtenção de resultados, por parte da gestão pública O que os gestores estão buscando são como manter sempre
gerencial, envolve questões relevantes de mensuração.

172
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

seus colaboradores satisfeitos, para que assim possam exercer suas “As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para
funções com o rendimento esperado pela organização, de modo induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti-
que também, lhe seja prazeroso e satisfatório. Por exemplo, além vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto-
da remuneração, que já foi provado não ser o principal fator moti- nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer-
vacional do ser humano, existe os fatores de relações interpessoais, citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO,
como ambiente de trabalho, o relacionamento com os demais co- 2007 p.268-269).
laboradores, são estímulos para que os funcionários se motivem ao Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação
trabalho. Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou
A partir da análise do filme Invictus (2010) a liderança exercida que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e
com democracia revela o respeito das pessoas, sem forçá-las para punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe
que isso aconteça. E dessa forma as pessoas se sentem motivadas proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor
a realizarem seus trabalhos sem uma pressão superior, dando-lhes diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de
bem estar em seu ambiente. natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
Com a compreensão desses pontos, sabemos de que forma “A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial
uma pessoa pode sentir-se motivada dentro da organização. Mas, apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi-
por trás de tudo isso, tem a questão do poder, pois pela busca do dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor-
bem estar no trabalho, há também a ambição econômica e por sta- rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui-
tus dentro das organizações, cabe aos gestores a complicada tarefa camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152).
de fazer dos seus colaboradores, aliados, de forma benéfica para Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar
todos da organização. a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de
forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que
Teorias que abordam a motivação formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados
De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur- para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo
gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena-
humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali- to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui-
sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”.
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana- Processo motivacional
lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi- De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela-
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos. da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar
Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar
comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa- a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a
indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi- satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali-
dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne- zação, ainda segundo o autor:
cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide “Os seres humanos são motivados por uma grande variedade
hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte
necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis- forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto
feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli-
da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au- minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer
to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262), determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis-
vai dizer: fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa
Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou
dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273).
em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma- Essas considerações referentes à motivação nos levam a enten-
nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási- der que o processo motivacional está intimamente ligado ao com-
cas, segurança, sociais, estima, auto-realização. portamento do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro
Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa- e faz se lembrar que o ambiente é fator preponderante para a busca
tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem da realização das necessidades, vários fatores são responsáveis pela
apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa- motivação humana. Dentro do contexto organizacional entende-se,
tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação; pois que o clima organizacional está relacionado com a motivação,
e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es- segundo Chiavenato (2005).
tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti- “O clima organizacional está intimamente relacionado com o
vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg grau de motivação de seus participantes. Quando há elevada moti-
caracterizou como fatores higiênicos. vação entre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz-
Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda -se em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração ir-
dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho restrita etc., todavia, quando a baixa motivação entre os membros,
vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon- seja por frustração ou imposição de barreiras a satisfação, das ne-
dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem cessidades, o clima organizacional tende a baixar, caracterizando-se
ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo. por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc.,

173
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

podendo em casos extremos chegar ao estado de agressividade, tu- as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida
multo, inconformismo etc., típicos de situação em que os membros pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010).
se defrontam abertamente com a organização, como nos casos de As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269). roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias
Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi- anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que
zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do as organizações terão que enfrentar.
momento que a organização oferece um ambiente que seja propí-
cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado — Liderança
com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados As organizações têm evoluído, sobretudo em termos estrutu-
positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten- rais e tecnológicos. As mudanças e o conhecimento são os novos
de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta paradigmas e têm vindo a exigir uma nova postura nos estilos pes-
é favorecer um ambiente de trabalho agradável. soais e organizacionais, voltados para uma realidade diferenciada
e emergente. Neste contexto, a Liderança passa a ser a chave para
As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as o sucesso organizacional, decorrendo de uma nova cultura e estru-
organizações tura, na qual se privilegia o capital intelectual, pois são as pessoas
A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e que proporcionam as condições essenciais ao desenvolvimento das
qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida- organizações.
de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co- Ao longo dos tempos, a liderança tem sido alvo de interesse
laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais por parte das organizações e dos gestores, estes começaram a per-
principalmente no trabalho. ceber a importância que a mesma tem para o sucesso e o alcance
Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness, dos objetivos traçados.
Growth), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, in- Os líderes devem procurar incrementar, um melhor relaciona-
formações das organizações contemporâneas, e propôs três grupos mento entre as pessoas, incentivando o trabalho em equipa, moti-
de motivação no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que vando os colaboradores e proporcionando um ambiente de traba-
está associado às necessidades básicas, como descritas por Maslow lho saudável, seguro e propício ao progresso e desenvolvimento das
nas necessidades fisiológicas e de segurança. O segundo, as neces- suas capacidades e talentos.
sidades de relacionamento, desejo que os seres humanos têm em A Liderança é um tema muito atual e de importância estratégi-
manter relações sociais. No último grupo, aparece a necessidade de ca para as organizações, como tal, deve ser integrada na definição
crescimento do colaborador, o desejo por cargos e status dentro da da estratégia organizacional. As organizações precisam das pessoas
organização, realização pessoal dá ênfase as necessidades de nível para atingirem os seus objetivos e alcançar a sua visão e missão de
alto da teoria de Maslow. “Um desejo intrínseco de desenvolvimen- futuro, assim como as pessoas necessitam das organizações para
to pessoal. Isto inclui os componentes intrínsecos da categoria esti- atingirem as suas metas e realizações pessoais.
ma de Maslow, bem como as características da necessidade de auto As pessoas têm sido uma preocupação constante da gestão das
realização”. (ROBBINS, 2005 p.136). organizações, uma vez que uma boa gestão das mesmas se traduz
David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi- no diferencial que alavanca os bons resultados. Para trabalhar o ca-
dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di- pital humano de modo a maximizar o seu desempenho, é necessá-
ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de rio que os indivíduos se sintam motivados e satisfeitos com o seu
realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez líder e com a forma como que a Liderança vem sendo exercida.
melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores Os líderes têm a missão de atingir os resultados pretendidos
se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as pela organização através das pessoas que lideram. Assim sendo,
coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza para que a gestão de pessoas seja eficaz, os líderes têm de ser os
pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa- modelos sociais, dando o exemplo, estando sempre na linha da
ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o frente, mostrando como se faz, fazendo.
prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho A liderança é considerada como um processo dinâmico e que
eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam vem sofrendo alterações e adaptações aos vários níveis, daí a ne-
a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe- cessidade de trabalhar algumas das suas principais características
tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de que permitem obter o máximo de eficiência e eficácia.
compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139) Sejam quais forem as características pessoais e de personali-
As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa- dade do líder, estas afetam as relações com os liderados e, conse-
se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra- quentemente, o desempenho destes nas tarefas que executam nas
balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente- organizações.
ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na As diversas definições de liderança não são unânimes e estão
previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati- longe de gerar consenso entre os autores. Desta forma, tem sido
va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida muito difícil definir o que é ser líder e o que é a liderança, havendo
para objetivo terá o resultado esperado. inúmeras definições para este conceito.
“O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia- Segundo Yukl (1998, p.5), “A liderança é um processo através
dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar do qual um membro de um grupo ou organização influencia a in-
não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na terpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos
administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade objectivos e estratégias, a organização das actividades de trabalho,
do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam a motivação das pessoas para alcançar os objectivos, a manutenção

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

das relações de cooperação, o desenvolvimento das competências derar consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os gestores são
e confiança pelos membros, e a obtenção de apoio e cooperação de pessoas que sabem o que devem fazer. Os líderes são as que sabem
pessoas exteriores ao grupo ou organização.” o que é necessário fazer.”
A Liderança é uma tentativa de influência, de modo a conse- Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam-
guir dos seus liderados empenho e cooperação. Nessa perspectiva, -se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu-
quando um chefe manipula ou exige obediência e cooperação de des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e
forma coerciva, não há liderança. usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes
estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam
Liderança X Gestão pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
A liderança e a gestão são vocábulos que por vezes são vistos desejados.
por muitos como sinônimos, no entanto existem diferenças bem Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo-
notórias entre ambos, além disso um bom líder pode não ser um balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A
bom chefe e vice-versa. gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão
De acordo com Rost & Smith (1992), “A liderança é uma influên- do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini-
cia de relacionamento, ao passo que a gestão é um relacionamento dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir
de autoridade. A liderança é levada a cabo com líderes seguidores, esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas.
enquanto a gestão é executada com gestores e subordinados.” Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir
a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem
acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos
• Liderança vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide-
A liderança é um processo mais emocional, envolve o coração. rança estratégica.
Os líderes são dinâmicos, criativos, carismáticos e inspiradores, são
visionários, assumem os riscos e sabem lidar com a mudança. Tipos de liderança
Os líderes são criativos e têm estilos mais imprevisíveis, são
mais intuitivos do que racionais. Em vez de se adaptarem, tentam
transformar o estado das coisas. Os líderes atuam proativamente • Líder Gestionário
formando ideias em vez de lhes reagirem. O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan-
Um bom líder não é aquele que se preocupa em sê-lo, mas ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto
aquele que dá o exemplo mostrando como as coisas devem ser fei- prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
tas, que tem ética e se preocupa com as pessoas que o rodeiam, timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
que envolve e motiva toda a equipa. Deve focar-se no desenvolvi- raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
mento das pessoas com quem trabalha para que se tornem mais que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
autónomas. tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
O líder tem a capacidade de gerir diferentes personalidades os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
mobilizando-as para objetivos comuns. Liderar é saber comunicar desejosos ou sonhos.
e conquistar a admiração e o respeito dos outros, fazendo com que
todo o grupo se identifique com o líder, o siga e execute as suas
decisões. • Líder Visionário
Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati-
Os líderes são inovadores e criativos, procuram agir sobre a si- vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca
tuação em causa, as suas perspectivas e aspirações são a longo pra- daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen-
zo, têm uma atitude proativa, são emocionais e empáticos e atraem volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal-
fortes sentimentos de identidade e diferenciação. As competências mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas
de liderança não podem ser ensinadas nem aprendidas são inatas de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a
ao ser humano, estas vão sendo moldadas pelas experiências e co- longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza
nhecimentos adquiridos. no curto prazo.
Para Monford e tal. (2000, p.24), “Os líderes não nascem nem
• Líder Estratégico
são feitos; de facto, o seu potencial inato é moldado pelas experi-
O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com-
ências que lhes permitem desenvolver as capacidades necessárias
bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas
à resolução de problemas sociais significativas.
escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas
estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa-
• Gestão bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e
A gestão tem uma abrangência muito maior do que a liderança, as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca
envolve tanto os aspectos comportamentais como os que estão di- dos seus superiores, colaboradores e dele próprio.
retamente ligados à sua gestão, tais como: planeamento, controlo e Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da
regulamentos internos e externos. Os gestores são mais racionais, conciliação da liderança visionária e gestionária.
trabalham mais com a “cabeça” do que com o “coração”. Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para
Segundo Bennis & Nanus (1995), “gerir consiste em provocar, gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes.
realizar, assumir responsabilidades, comandar. Diferentemente, li- No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão
(2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide- e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste
rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con- tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de
sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga-
estratégico.” nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não
estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria.
A importância dos líderes O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên-
HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A
com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas
papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir com evidentes sinais de frustração e agressividade.
que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor-
diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa
para benefício delas próprias e da empresa como um todo.” • Liderança Liberal
Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne- A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber-
as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici-
não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003)
liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras,
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio- parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne-
nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas
bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir. nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é
A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho, considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar-
os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza-
proporcionar benefícios para todos. ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre para resolver os conflitos.
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in-
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas. satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes desrespeito pelo líder.
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim-
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.”
• Liderança Democrática
O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem
No que respeita à liderança democrática, participativa ou con-
como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun-
sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de
damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se
toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
implementem e tomem as melhores decisões.
nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi-
lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance
Estilos de liderança
desses mesmos objetivos.
As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e
Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati-
no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su-
das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”.
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado
O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões,
com o estilo de liderança adoptado.
existe confiança mútua, relações amistosas e muita compreensão.
White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi-
Este estilo de liderança está orientado para as tarefas e para as pes-
car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo
soas. Os grupos submetidos à liderança democrática, apresentam
eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au-
elevados níveis de produtividade, quer em quantidade quer em
toritária, liberal e democrática.
qualidade. Existe ainda, um clima de satisfação, integração e com-
prometimento das pessoas para com a organização.
• Liderança Autoritária De acordo com Fachada (1998), “A diferença entre o estilo efi-
Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa caz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder,
as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele
todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo desempenha as suas funções.”
tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003)
Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca- O estilo de liderança a adoptar vai depender sobretudo da
-se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das equipa a liderar e do seu tamanho. Deverá estar adaptada a cada
mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera pessoa, à equipa e à tarefa a realizar, só assim se conseguirá a máxi-
a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de ma eficácia na persecução dos objetivos.
liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma
postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos

176
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Teorias da liderança do seu próprio destino e têm talento para atravessar os tempos de
Existem várias teorias de liderança e podem ser classificadas adversidade com sucesso.
em quatro grupos: teorias de traços de personalidade (até aos anos
40), teorias sobre estilos de liderança/comportamento do líder (até Bass (1995) descobriu que as três principais características de
aos anos 60), teorias situacionais/contingências da liderança (desde um líder transformacional são o carisma, reconhecimento e estímu-
os anos 50 até final da década de 70) e por último as teorias dos lo de cada seguidor como incentivo intelectual para que os segui-
traços e do carisma (últimas décadas). dores examinem as situações de acordo com novas perspectivas.
O mesmo autor (BASS, 2000, p.297) sustenta que “as qualida-
des dos líderes transformacionais são afetadas pelas experiências
• Teoria dos Estilos de Liderança de infância (pais zelosos e que estabelecem objetivos desafiantes).
Na Teoria sobre os Estilos de Liderança a preocupação domi- Afirma mesmo que causas hereditárias podem estar na sua origem.”
nante nas várias teorias foi definir o comportamento do líder mais Um líder Transformacional consegue que os seus seguidores
eficaz. A abordagem dos estilos refere-se não ao que o indivíduo é prossigam além dos seus próprios interesses e altera ou transforma
mas ao que ele faz, ou seja, o seu estilo de liderar. Aqui destacam-se as suas metas em metas de todo o grupo ou da organização. Ele
as maneiras e estilos de comportamento adoptados pelo líder: au- faz com que os seguidores se envolvam integralmente para que se
tocracia, liberalismo e democracia, bem como a liderança centrada atinjam os objetivos organizacionais.
nos resultados da tarefa e a liderança centrada na preocupação com Segundo Yukl (1999, p.46), “as teorias da liderança carismáti-
as pessoas. ca e transformacional contribuem para o nosso entendimento da
Como instrumento de avaliação dos estilos de liderança Black eficácia de liderança, mas a sua singularidade e contributo foram
e Mouton (1964), apresentam uma grelha de gestão, que é uma exagerados.”
tabela de dupla entrada, composta por dois eixos: o eixo vertical
representa a “ênfase nas pessoas” e o eixo horizontal representa
a “ênfase na produção”. Nos quatro cantos e no centro da grelha • Liderança Transacional
os autores colocaram os principais estilos de liderança, de acordo A Liderança Transacional baseia-se na relação do líder e do li-
com a orientação para a tarefa ou para o relacionamento. Segundo derado. O líder conduz e motiva toda a equipa na direção dos obje-
os autores, é muito importante que cada líder aprenda a observar tivos estabelecidos.
o seu estilo de liderança através da grelha, a fim de melhorar o seu Segundo Bass (1995), a liderança transacional “envolve a atri-
desempenho, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento pro- buição de recompensas aos seguidores em troca da sua obediência.
fissional, bem como para o desenvolvimento da organização. O líder reconhece as necessidades e desejos dos seus colaborado-
Para Chiavenato (2003, p.124), “São teorias que estudam a li- res, clarificando-lhes como podem satisfazê-las em troca da execu-
derança em termos de estilos de comportamento do líder em rela- ção das tarefas e do desempenho.”
ção aos seus subordinados. A abordagem dos estilos de liderança Muitas situações de liderança são baseadas num entendimen-
se refere àquilo que o líder faz, isto é, o seu comportamento de to entre o líder e os seus seguidores. Existe um contrato social im-
liderar”. plícito indicando que se concordar com o que o líder deseja fazer, o
seguidor terá certos benefícios, tais como remuneração melhorada
ou a não-demissão.
• Teoria dos Traços e do Carisma As transações construtivas resultam em consequências posi-
Nas últimas décadas os psicólogos organizacionais começam a tivas, tais como a obtenção de uma promoção. Essas promoções
interessar-se pela cultura organizacional e pela mudança cultural. são vistas como mais eficazes e satisfatórias do que as transações
De acordo com o trabalho de Shein (1989) os líderes têm de ter corretivas, que trazem consequências negativas, tais como uma hu-
capacidades específicas como a paciência, persistência, contenção milhação.
da ansiedade, garantir estabilidade e confiança emocional, etc. Da Este tipo de liderança, a par da liderança carismática, constitui
análise de Shein resultam dois importantes conceitos: a liderança o estilo de liderança mais apropriado para a mudança organizacio-
transformacional e a liderança transacional. nal.
Não é a força da autoridade que os chefes possuem devido à
sua posição privilegiada no organograma da organização que lhes
• Liderança Transformacional
proporciona eficácia para liderar as pessoas, mas a percepção posi-
Bass (1985), foi um dos pioneiros nos estudos da liderança
tiva desses seguidores que faz dele um verdadeiro líder.
transformacional e transacional, a considerar que a liderança tanto
Num mundo altamente dinâmico e instável onde o ambiente
envolve comportamentos transformacionais como transacionais.
organizacional sofre continuamente profundas alterações impul-
Alguns autores (Barling, Slater e Kelloway, 2000; Judge e Bono,
sionadas pelo processo de globalização, o mercado torna-se mais
2000) destacaram exclusivamente o papel da liderança transforma-
exigente e competitivo, exigindo das organizações adaptações e
cional.
respostas rápidas a estas mudanças e alterações sofridas. As em-
A Liderança Transformacional é o tipo de liderança que resul-
presas necessitam de profissionais capazes de responderem de for-
ta do processo de influenciar as grandes mudanças das atitudes e
ma ajustada e em tempo útil aos novos desafios.
comportamentos dos membros da organização e o comprometi-
O alinhamento entre as Práticas de Liderança e a Cultura Orga-
mento com a missão e os objetivos da organização.
nizacional é compreendido através dos conceitos percebidos atra-
Segundo Bass (1985), os líderes transformacionais têm “visão”,
vés da revisão bibliográfica. A revisão da literatura permitiu uma
prendem-se às suas convicções internas, têm vontade de encorajar
melhor compreensão dos conceitos de Liderança e dos principais
e olhar os problemas de diferentes formas. Estes líderes são donos
fatores que a influenciam.

177
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

A chave do sucesso para um elevado desempenho das orga- Por isso, saber escrever de forma clara e objetiva, assim como
nizações está na congruência entre os elementos da organização, se comunicar de forma geral, utilizando todos os meios, é funda-
principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas, a própria mental para o desenvolvimento das demandas. Neste sentido,
cultura e como não podia deixar de ser a Liderança. Assim sendo, investir em uma comunicação eficaz não é somente investir em
será crucial que a organização repense a forma como a Liderança comunicações verbais, uma vez que esta envolve também as comu-
vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli- nicações não verbais.
zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan- Lembre-se sempre que um bom profissional deve saber plane-
ce da organização. jar e esquematizar suas ideias para transmiti-las de forma eficiente
e serem entendidas com assertividade por aqueles que receberem
Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os estas mensagens.
interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em-
penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa-
vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a • Porque é importante investir em uma comunicação eficaz?
alcançarem os objetivos comuns. É importante que as empresas entendam o quão valioso é ter
uma comunicação eficaz, que seja clara e direta entre todos aqueles
Comunicação que fazem parte dos negócios. É essa comunicação que garante o
Diferente do que muitos acreditam, a comunicação não está bom andamento dos processos, a execução das atividades e o al-
ligada apenas ao fato de saber dizer algo a outras pessoas. Ela con- cance de resultados extraordinários.
siste em fazer com que o outro lado – no caso, o receptor – entenda Pode soar como exagero, querida pessoa, mas não é. Quando
aquilo que é dito, sem que haja qualquer tipo de má interpretação. uma mensagem ou uma informação relevante para a equipe é mal
transmitida ela, consequentemente, será mal compreendida. Essa
falha na comunicação – que impactará o andamento das atividades
• O que é comunicação eficaz? de toda uma equipe – poderá afetar negativamente o ambiente de
Uma comunicação eficaz no cenário organizacional pode ser trabalho e trazer diversos outros prejuízos para os negócios.
entendida como aquela que transforma a atitude das pessoas. Se a Uma informação mal transmitida poderá impactar negativa-
comunicação apenas muda suas ideias, mas não provoca nenhuma mente o atendimento aos clientes e fornecedores, por exemplo,
mudança de comportamentos, então ela não atingiu seu resultado. além de interferir nas relações interpessoais de colegas de trabalho.
Assim, quando falamos em comunicação eficaz, estamos falan- Diante disso, é essencial que você, seja empreendedor, empre-
do daquela que atinge com efetividade seu objetivo, que é transmi- sário ou colaborador de uma empresa, perceba como é importante
tir uma mensagem com clareza, utilizando os mais diversos tipos de garantir que a comunicação dentro das organizações seja realmente
canais de comunicação para isso. Ou seja, basicamente é quando eficaz, pois ela contribui de maneira positiva com o equilíbrio orga-
o emissor passa uma informação ao seu receptor e este entende a nizacional.
mensagem exatamente como ela foi transmitida, sem acrescentar
nada a mais ou a menos à sua interpretação.
Veja que neste parágrafo eu falei sobre os elementos que com- • Assertividade nos processos
põem a comunicação eficaz, aos quais vou ressaltar mais uma vez, Todos sabemos que um dos maiores gaps existentes nos mais
para que fique claro o que é necessário para que se estabeleça um diversos ambientes corporativos é a falha na comunicação. Isso
processo comunicacional: acontece, pois, em grande parte dos casos, as pessoas que fazem
– Emissor: Responsável por transmitir a mensagem, com todas parte da empresa e dos negócios, de uma forma geral, não têm a
as informações necessárias para que haja o entendimento assertivo consciência de que é necessário transmitir informações com clareza
e efetivo desta; e objetividade, para que assim, a execução dos processos organiza-
– Receptor: Trata-se de quem recebe a mensagem e faz a sua cionais sejam o mais assertivos possíveis.
interpretação; Assim, criar esta consciência e este hábito em todos, indepen-
– Linguagem: Aqui estamos falando dos códigos de linguagem dentemente dos cargos ocupados, faz com que os processos te-
que são utilizados para que haja a transmissão correta das infor- nham um bom andamento e as demandas sejam executadas com
mações; muito mais facilidade, tornando, assim, muito mais fácil, também, o
– Mensagem: Por fim, a mensagem é basicamente o conjunto alcance dos objetivos e resultados extraordinários.
de informações que são transmitidas
• Engaja e motiva os colaboradores
A junção de todos estes elementos, faz com que a comunicação
Quando existe uma comunicação eficaz nas empresas, os co-
aconteça, de forma verdadeiramente eficaz, nos mais diversos con-
laboradores que dela fazem parte sentem-se altamente satisfeitos.
textos, principalmente no empresarial.
Isso acontece, pois eles enxergam que estão em um lugar onde exis-
E por falar em mundo corporativo, é necessário lembrar que
te transparência, objetividade e espírito de cooperação na forma de
a boa comunicação neste ambiente é bastante dinâmica. Ela não
se comunicar.
é realizada apenas por meio de conversas, formais e informais, te-
A consequência disso é um ambiente em que as atividades são
lefonemas e reuniões. Ela está presente desde a pausa do café até
realizadas com muito mais fluidez, o que traz resultados positivos
a emissão de documentos importantes. Além disso, há também a
para todos. Além disso, quando observam que a comunicação é efi-
utilização de ferramentas de comunicação escrita – como e-mail,
caz na empresa, ou seja, que o que cada um diz verdadeiramente
memorandos e circulares, por exemplo – que fazem parte do dia a
importa e é levado em consideração, aumenta a sensação de per-
dia de qualquer organização atualmente.

178
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

tencimento destes colaboradores, fazendo com haja um aumento texto. Caso a resposta não seja satisfatória, vejam o que pode ser
significativo de seu engajamento e motivação. feito, levando em consideração o cenário da organização em si, bus-
cando e pesquisando ferramentas que lhes ajude a reverter esse
quadro.
• Diminuição de conflitos
A partir do momento que uma empresa investe em comuni-
cação eficaz, ela evita a incidência de conflitos entre seus colabo- • Conheça o seu receptor
radores. O motivo disso se dá pelo fato de que todos têm a grande Quando se diz que cada indivíduo é único não é algo dito alea-
preocupação de transmitirem suas mensagens com o maior núme- toriamente. Cada pessoa tem a sua própria construção de significa-
ro de informações possíveis, que facilitem a interpretação do colega dos, que é pautada por toda uma carga cultural adquirida durante
que irá recebê-la e que, por ventura, executará determinada tarefa. toda a sua existência. Ou seja, as pessoas não agem igual, pois suas
Com isso, ocorre uma diminuição considerável de discussões formas de pensar são embasadas em questões culturais e particu-
desnecessárias, que surgem por simples falhas que acontecem na lares.
comunicação, seja por parte do emissor, ou por parte do receptor, Com isso, a forma de se expressar, a escolha das palavras, o
situações estas que, infelizmente, ainda são bastante corriqueiras tom da voz ou o meio utilizado na comunicação influencia tanto na
nos mais diversos ambientes organizacionais. maneira como o ouvinte interpretará a mensagem recebida quanto
na forma que esta mensagem será transmitida.
Além disso, por tornar o ambiente organizacional o mais trans- Devido a isso, é importante entender quem é o seu receptor,
parente possível, caso ocorram conflitos, estes logo são resolvidos para que assim você consiga se comunicar com ele, de uma maneira
entre todos os envolvidos, uma vez que, através da comunicação que seja mais fácil para que ele compreenda e também para que
eficaz, estes tornaram-se maduros o suficiente, para, em um con- a sua mensagem seja recebida exatamente da forma como você
versa amigável, sentarem-se e resolverem suas diferenças, sem que transmitiu, sem interpretações dúbias no futuro.
ninguém saia ofendido ou prejudicado com isso.
• Invista na cultura de feedbacks
O processo de comunicação deve estar em evolução contínua,
• Melhora o clima organizacional sendo aperfeiçoado todos os dias. Para isso, o feedback é uma
Como um dos benefícios trazidos pelo investimento em uma ferramenta de suma importância, pois ele dá a oportunidade de
comunicação assertiva e eficaz nas empresas é a transparência, o conversarmos com nossos receptores, no sentido de entender se a
clima organizacional melhora de forma considerável com isso. mensagem que transmitimos foi bem compreendida, se eles neces-
Isso acontece, pois os gestores, principalmente, fazem questão sitam de mais informações, entre outros pontos, assim como eles
de compartilhar todas as informações necessárias com seus cola- também podem nos ajudar com sugestões, dizendo de que forma
boradores, o que tem como resultado uma equipe mais motivada e podemos melhorar estes processos dentro da empresa, para que
altamente valorizada, pois se sente parte dos processos, bem como se tornem verdadeiramente eficazes e contribuam com o trabalho
a diminuição de fofocas e especulações, que geralmente são os mo- de todos.
tivos mais recorrentes dentro de uma empresa, que fazem com que Dessa maneira, assegure-se do retorno da mensagem que foi
o seu clima seja prejudicado, assim como o trabalho de todos. transmitida, certifique-se se ela cumpriu com o objetivo e, de fato,
gerou a atitude esperada. Caso isto não ocorra, o que você pode
fazer é passar a informação novamente, porém, dessa vez, utilizan-
• Dicas para desenvolver a comunicação eficaz na sua orga- do mecanismos que a deixem mais clara, usando outros meios e
nização palavras, por exemplo.
Agora que conseguimos entender o quão importante é ter O ideal aqui, na implementação da cultura de feedback, é que
uma comunicação cada vez mais eficaz no ambiente corporativo, todos procurem entender quais são as dúvidas, a fim de esclarecê-
vou compartilhar com você algumas dicas para que você consiga -las, e melhorar cada vez mais a comunicação existente entre cada
desenvolver e acelerar este processo em seus negócios. Continue um que faz parte da organização.
a leitura e confira:

• Atente-se para o uso da Língua Portuguesa


• Avalie o cenário Umas das situações, que ainda observamos bastante nos mais
No dia a dia das organizações é muito importante que os co- diversos tipos de empresas, é o uso incorreto da língua portuguesa,
laboradores e a empresa estejam alinhados quanto aos objetivos seja de forma falada ou escrita. Por mais que tenhamos acesso à
a serem alcançados, para que assim, todos caminhem juntos em uma infinidade de informações, bem como facilidade para aprimo-
direção aos resultados extraordinários. Sendo assim, é através da rar nossos conhecimentos, muitos de nós ainda comete inúmeros
comunicação eficaz que a organização conseguirá criar uma cultura pecados linguísticos, o que acaba por prejudicar consideravelmente
corporativa, onde cada membro da equipe entende quais são os a comunicação no ambiente organizacional.
valores, crenças e regras de conduta da empresa. Sendo assim, é essencial que antes de falarmos algo ou, prin-
Neste sentido, para iniciar o processo de desenvolvimento de cipalmente, de escrevermos um e-mail ou ainda aquela mensagem
uma comunicação assertiva e transparente em seus negócios, é pri- no bate-papo do trabalho, independentemente das pessoas com as
mordial que o seu primeiro passo a ser dado seja reunir os gestores quais estejamos conversando, nós façamos o exercício de nos certi-
e líderes da sua empresa, para avaliarem se a comunicação exis- ficamos se estamos nos comunicando corretamente, ou seja, se as
tente contribui positivamente com a cultura corporativa e também palavras estão ortográfica e gramaticalmente certas, se cada uma
com todos os processos que citei nos parágrafos anteriores deste

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

delas está transmitido a mensagem com o sentido que queremos • Gerenciar conflitos
transmitir, entre outros cuidados, que farão com que a comunica- Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos a
ção seja de fato eficaz e alcance o seu objetivo, que é passar infor- todo custo. No entanto, muitas vezes eles aparecem, e ignorá-los
mações, sem que haja erros de interpretação, tanto decorrentes de não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para traba-
nossa parte, quanto do receptor. lhar em equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar e re-
Cultive o hábito de, sempre que tiver em dúvida sobre como solver conflitos.
dizer ou escrever isso ou aquilo, pesquisar antes, seja na internet ou Para isso, é necessário desenvolver um conjunto de habilidades
em um dicionário, pois isso não é vergonha nenhuma e vai te aju- sociais. Destacam-se a empatia e a assertividade. A empatia é fun-
dar no aprimoramento de seus conhecimentos e em seu repertório damental para que você consiga acessar o ponto de vista das outras
com o passar do tempo. pessoas, compreendendo a situação por diferentes perspectivas. Já
a assertividade ajudará a não fugir das situações socialmente des-
— Trabalho em equipe confortáveis e estabelecer os seus limites sem agressividade.
Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços con- Falando na agressividade, a inteligência emocional é outra ha-
juntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um proble- bilidade importantíssima tanto para a gestão de conflitos quanto
ma. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a para o ambiente profissional como um todo.
realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira
Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta, • Comunicação eficiente
possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas Se comunicar de forma clara e eficiente é essencial para um
áreas. bom trabalho em equipe. Alinhar as metas e objetivos é o primei-
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o ro passo para que tudo funcione sem problemas. Quando todos os
trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo. colaboradores entendem qual a direção que devem seguir com o
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que trabalho, é mais fácil orquestrar a execução.
o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é ne- A comunicação também é importante para que todas as partes
cessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de saibam o que é esperado delas. A delegação de tarefas deve ser
cada tarefa. clara, e ser respeitada. Novamente, a assertividade será uma habili-
dade essencial para a boa comunicação.
Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times Quando um colaborador não sabe expressar seus limites, pode
esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função específi- acabar pressionado a aceitar prazos que não pode cumprir ou tare-
ca, devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função dos fas que não sabe realizar. Isso prejudicará tanto o desempenho da
seus companheiros de time. equipe, quanto a confiança dos colaboradores. E claro, o produto
Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que final também será amplamente afetado.
apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande Por isso a comunicação pode ser vista como um dos principais
maioria das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes pilares do bom trabalho em equipe.
setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que
essencial.
• Proatividade
A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você
A proatividade é antecipar necessidades e, de forma autôno-
apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um
ma, todas as atitudes para atendê-las. Para o bom trabalho em
ambiente corporativo composto por pessoas que se comunicam
equipe, é preciso que todos os colaboradores tenham a habilidade
bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando
de identificar situações-problema antes que elas aconteçam. O mais
muito a qualidade de vida de todos os envolvidos.
importante, no entanto, é tomar uma atitude e oferecer soluções.
O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons
Uma equipe formada por colaboradores proativos tem um fun-
líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você
cionamento mais eficiente. Os resultados são melhores e obtidos
precisa desenvolver essa capacidade.
de forma mais rápida. Essa característica também possibilita que
De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com
os processos sejam otimizados, elevando a qualidade do trabalho
trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm
como um todo.
mais qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de rece-
Para que funcionários sejam proativos, no entanto, é necessá-
ber uma promoção.
rio que o estilo de liderança da organização seja flexível. A abertura
a feedbacks, sugestões e opiniões entre os gestores é essencial para
Quais as principais competências para trabalhar bem em
estimular a proatividade.
equipe
O trabalho em equipe é uma competência composta de dife-
rentes habilidades. São capacidades que podem ser aprendidas e • Inovação
desenvolvidas, e que devem ser trabalhadas por todos os profis- A criatividade e inovação são habilidades capazes de transfor-
sionais. Independente da sua área, o autoconhecimento visando a mar a forma que uma equipe interage. Para o bom trabalho em
melhora nunca deve cessar. equipe, é preciso que seus integrantes estejam sempre inovando
A seguir, confira quais habilidades precisam ser desenvolvidas os processos e procurando soluções criativas. Isso possibilita a ob-
para aprimorar sua capacidade de trabalho em equipe. tenção de melhores resultados, aumento da eficiência e otimização
dos processos.

180
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Da mesma forma que a proatividade, a criatividade na equipe liderados facilita no desbloqueio da insegurança que rodeiam os co-
precisa de espaço concedido pela liderança para florescer. Estimular laboradores no dia a dia, o respeito e admiração trazem harmonia
a autogestão na equipe possibilita que os profissionais criem solu- para o ambiente de trabalho.
ções inovativas para realizar suas tarefas. O aprimoramento deste relacionamento é diário, construído
aos poucos e deve ser regado para que futuras frustrações e discór-
dias no trabalho não venham a aparecer.
• Confiança Algumas vezes, lidar com as diferenças causa incompatibilida-
Não existe trabalho em equipe sem confiança mútua. Afinal, de, desentendimentos, problemas, que devem ser solucionados a
cada um precisa fazer a sua parte das tarefas e acreditar no po- partir do bom relacionamento e diálogo entre os colaboradores,
tencial de seus companheiros. Quando você confia no resto na sua pois, “pequenas ações são as sementes dos grandes resultados”
equipe, consegue delegar tarefas sem temer pela qualidade do pro- (ALBUQUERQUE, 2012, p. 85).
duto final. “As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do
Isso é especialmente verdadeiro para os líderes. Muitos gesto- processo de interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira
res cometem o erro de praticar a microgestão, tentando controlar de conhecer mais, aprender com situações diversas no grupo social,
todos os aspectos das tarefas de toda a equipe. Isso passa aos co- vivenciando e trocando informações.
laboradores a mensagem de que o líder não confia em suas habili- Interagir com o outro ou se comunicar muita das vezes se torna
dades, afetando o relacionamento entre a equipe, a autoconfiança uma tarefa complicada, quando essa prática costuma falhar alguns
e a motivação. conflitos surgem e não são fáceis de serem resolvidos. O ser hu-
Para delegar, é preciso confiar. Se sua equipe sentir que a lide- mano é envolvido por sentimentos, sensações e quase nunca pela
rança e seus pares confiam em seu trabalho, tem muito mais chan- razão, para se trabalhar em equipe é necessário a flexibilidade e
ces de realizar as tarefas eficientemente e com motivação. compreensão, afinal realizar tarefas em equipe e estar no meio de
pessoas no ambiente de trabalho pode gerar eficiência nas ativi-
dades e os objetivos lançados são alcançados com mais facilidade.
• Respeito
“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação.
O respeito mútuo é importantíssimo para o bom trabalho em
A cooperação vai além do favor, que é uma gentileza espontânea,
equipe. Colaboradores que não se respeitam como profissionais e
além da obrigação e do poder de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p.
como pessoas jamais terão um bom relacionamento. Sem o respei-
84). As pessoas se sentem parte do grupo quando podem colaborar.
to, nenhuma outra habilidade que citamos anteriormente é possí-
O trabalho em equipe também é muito característico do rela-
vel.
cionamento interpessoal, o individuo precisa aprender a trabalhar
Para estimular o respeito entre a equipe, é necessário trabalhar
dentro de uma organização.
as habilidades de empatia e construir uma boa convivência entre os
Equipe é considerada um “conjunto ou grupo de pessoas com
membros. Dinâmicas e exercícios de team building são ferramentas
habilidades complementares, comprometidas umas com as outras
valiosíssimas nesse cenário.
pela missão comum, objetivos comuns, obtidos pela negociação en-
tre os membros envolvidos em um plano de trabalho bem difundi-
— Relacionamento interpessoal
do” (CARVALHO, 2009, p. 94).
Para Albuquerque (2012), uma maneira de desenvolver a in-
As empresas necessitam de funcionários qualificados e com
dividualidade de cada ser é aprender a aceitá-los como são, pois
desenvoltura, transformar um grupo em equipe é um grande de-
assim nos adaptamos a cada um, construindo um comportamento
safio, os funcionários estão cada dia mais isolados uns dos outros,
tolerante. Quando estamos dispostos a aceitar as pessoas, conse-
possuem egoísmo e temem se aproximar demais do outro temendo
quentemente nos tornamos mais flexíveis e observadores, o que
perder a vaga para um colega da mesma equipe. Gestores estão
facilita o convívio, o aprendizado, e a capacidade de desenvolver-se,
a procura de pessoas que pensam juntas, desenvolvem juntas e
descobrindo valores a partir de fraquezas de outros.
buscam crescimentos visando os lucros da empresa, hoje em dia
Mesmo sendo impossível agradar a todos o ser humano ne-
funcionários estão sendo desligados por falta destas características.
cessita entender que precisa conviver com as pessoas a sua volta,
Muitos visam somente o salário no começo do mês ou benefí-
ninguém consegue viver sozinho, por isso tratar as pessoas bem ou
cios que a empresa pode oferecer a ele, é necessário abrir a mente,
saber lhe dar com a presença de vários a sua volta é o mínimo que
pensar e agir alto, ter ações que vão deixar a empresa orgulhosa de
se precisa diante de uma sociedade em decorrente ascensão.
ter um funcionário que possua os valores da organização, proativo
De acordo com Chiavenato (2010), o relacionamento inter-
e faz acontecer na área de atuação.
pessoal é uma variável do sistema de administração participativo,
A comunicação é uma poderosa ferramenta capaz transformar
que representa o comportamento humano que gera o trabalho em
situações, resolver conflitos e também esclarecer fatos embaraço-
equipe, confiança e participação das pessoas. “As pessoas não atu-
sos decorrentes do dia a dia, bem como ser gentil e educado no
am isoladamente, mas por meio de interações com outras pessoas
ambiente de trabalho.
para poderem alcançar seus objetivos” (CHIAVENATO, 2010, p. 115).
Além de influenciar os outros, uma boa comunicação contribui
Manter um bom relacionamento é imprescindível, o sucesso
para a imagem de si mesmo, em um ambiente de trabalho não é
no dia a dia, na convivência com pessoas e também no ambiente
diferente, saber conversar com o gestor ou com a equipe de traba-
profissional depende muito de como você trata as pessoas a sua
lho é necessário, expressar ideias, expor opiniões, concordar com
volta, não se pode escolher com quem trabalhar, ou com quem
palavras e atitudes que vão levar a empresa a resultados positivos
dividir uma mesa no trabalho, somos “convidados” a lidar com as
é essencial.
diferenças em todos os aspectos.
A comunicação é uma “ferramenta muito poderosa para o co-
Um relacionamento interpessoal saudável entre o líder e seus
mando, tanto que é considerada uma das competências essenciais

181
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

para o êxito profissional. Nos relacionamentos humanos tem seu A escolha do questionário com questões fechadas deu-se pelo
valor potencializado” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 104). fato dos resultados obtidos serem mais reais, o leitor e responsável
A dificuldade em expressar ideias ou falar em público existe e por responder as perguntas necessita de mais atenção e compro-
acompanha diversas pessoas, somente o fato do colaborador saber metimento em analisar e interagir com o responsável pela pesquisa.
que precisa apresentar sua proposta em uma reunião ou expor sua O questionário elaborado foi aplicado a gestores de uma em-
opinião em algo importante dentro da organização gera medo e an- presa, logo em seguida os dados foram abordados e analisados sob
siedade. O desenvolvimento pessoal de cada profissional é neces- uma estatística, objetivando descrever qual o grau de satisfação e
sário, aperfeiçoar nas habilidades propostas deixa de lado o fato de de interesse dos mesmos em seus subordinados.
não entregar o trabalho ofertado pela empresa. Através do gráfico 4.3 podemos observar que as mulheres
Um assunto mal falado gera confusão de informações tornando possuem maior dificuldade no relacionamento interpessoal dentro
o ambiente de trabalho confuso e tenso, a união do relacionamento desta organização. Não foi identificada a quantidade de homens e
interpessoal com uma boa comunicação torna-se eficaz diante de mulheres em cada área, porem com este questionário foi possível
uma organização que necessita de colaboradores fluentes e certos identificar que o publico feminino tem certa dificuldade em se re-
do seu papel no trabalho. lacionar.
“O desenvolvimento de competência interpessoal exige a aqui- Mesmo possuindo certa dificuldade com as colaboradoras,
sição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de comunicação este índice não prejudica a gestão dos gerentes, conforme gráfico
para facilidade de compreensão mútua” (MOSCOVICI, 2011, p. 102). 4.4 podemos ver que é maior a satisfação dos gestores quando hou-
Existem vários elementos primordiais e fundamentais dentro ve falar em relacionamento interpessoal.
da comunicação e que devemos utilizar em nosso dia a dia. Olhando de um modo geral os colaboradores conseguem se
Elementos - Segundo NASSAR (2005, p. 51), a estrutura comu- adequar uns aos outros e também com a empresa, a organização
nicacional possui quatro características essenciais. Tais como: Emis- oferece benefícios que fazem com que os mesmos se sintam moti-
sor – está ligado a organização é quem inicia a mensagem; Meio ou vados a trabalhar em equipe.
Canal de transmissão – ligado as ferramentas de comunicação, é o Lacombe (2005) afirma que a satisfação do pessoal com o am-
meio através do qual é transmitida a mensagem; Receptor – público biente interno da empresa está vinculada a motivação, á lealdade
interno, a quem a mensagem é dirigida e as Respostas ou Feedback e á identificação com a empresa, facilitando, assim, a comunicação
– que são os resultados obtidos. interna e o relacionamento entre as pessoas.
Obstáculos – Algumas palavras transmitidas não possuem o
mesmo significado para o emissor e receptor, surge então proble- — Relações humanas
mas devido diferenças de interpretação. O principal conceito dessa teoria administrativa é procurar
Para que a importante comunicação exerça seu papel dentro identificar e entender os sentimentos dos trabalhadores, bem como
das empresas é necessário as ferramentas citadas acima, através relacionar essas emoções com as atividades por eles desempenha-
delas as pessoas terão mais facilidade em transmitir suas ideias e das.
opiniões e também de ouvir o que está sendo falado. Em outras palavras, é quando o colaborador deixa de ser trata-
A valorização do seu quadro de pessoal é primordial para que do apenas como um “homem profissional” e começa a ser analisa-
a empresa cresça e dê frutos, através disto os colaboradores se tor- do por um viés mais humano, como um “homem social”, que tem
naram mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho e com as um comportamento complexo e mutável.
atividades designadas. Assim, o seu desempenho não poderia ser avaliado apenas pe-
Para ARGENTI (2006, p. 169), “A comunicação interna no sé- los números finais apresentados, mas por todo o processo de pro-
culo XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve dução.
desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a Surgem aí questões como: o que o levou a produzir assim? Por
mudança organizacional”. que em determinado mês ele tinha uma performance melhor ou
O ideal é envolver os colaboradores certos na área certa e no pior?
local correto, resultados positivos virão e uma gestão mais eficaz Tudo começou a fazer parte de uma questão maior e, a partir
irá surgir. de então, fatores externos ao ambiente organizacional passaram a
Baseado nos conceitos acima se entende que a comunicação ser observados como elementos impactantes na mensuração dos
interna exerce um importante papel dentro das empresas, através resultados.
dela os colaboradores executam suas funções de forma mais objeti-
va e de acordo com os negócios da organização. Características da teoria das relações humanas
Para DUBRIN (2003) os canais formais de comunicação são os Também conhecida como Escola das Relações Humanas, essa
caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora da em- teoria se baseava em três princípios básicos, que contrastavam com
presa, tendo como fonte de informação o organograma organiza- o modelo vigente até então, chamado de clássico ou mecanicista.
cional, que indica os canais que a mensagem deve seguir.
A metodologia utilizada neste trabalho foi à pesquisa de cam- Confira as suas principais características:
po, onde foi elaborado um questionário fechado com perguntas 1 – O homem não é somente um ser mecânico, pois suas ações
direcionadas ao relacionamento interpessoal dentro das organiza- são muito mais complexas do que as de uma máquina
ções. 2 – Todo ser humano tem seu comportamento direcionado pelo
O uso do questionário para Luz (2003) é a técnica mais utilizada sistema social, em conjunto com as suas necessidades biológicas
nas pesquisas de clima, pois permite o uso das questões abertas ou 3 – As pessoas precisam de alguns elementos fundamentais
fechadas, o custo é relativamente baixo, e pode ser aplicada a todos para viver, tais como: carinho, aprovação social, influência, prote-
ou só a uma amostra de colaboradores. ção e autorrealização.

182
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

• Como surgiu a teoria das relações humanas? çando ferramentas para abastecer o trabalho. Esse era o chamado
A teoria das relações humanas surgiu no período entre o final time experimental.
da década de 1920 e início da década de 1930, nos Estado Unidos. O outro grupo era formado por apenas cinco funcionárias e um
Na época, o país vivia a chamada Grande Depressão, que cul- contador, que contabilizava o número de peças produzidas. Essa era
minou com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. a equipe de controle.
O movimento, então, aparece como uma tentativa de encon- O estudo foi dividido em 12 períodos e identificou que o time
trar respostas para os problemas econômicos vividos no país. experimental produziu melhor, pois a supervisão era mais branda
Soluções que até então eram inquestionáveis passaram a ser e não havia aquela cobrança induzida pelo instrumento que fazia a
problematizadas. quantificação do trabalho.
Tudo o que os empresários e a população em geral queriam No cenário um, o ambiente mais amistoso possibilitava um cli-
naquele momento era se reerguer como nação. ma mais descontraído, no qual as colegas passaram a ficar amigas e
Justamente por isso, a teoria traz uma nova visão administra- a construir uma boa relação fora dali.
tiva para as empresas, com o intuito de rever o entendimento do Isso sem falar nos sentimentos de colaboração e de empatia,
capital humano dentro das organizações. também bastante reforçados.
Era o oposto do encontrado no grupo de controle, no qual a
Experiência de Hawthorne competitividade imperava e o individualismo tomava conta.
O grande marco da teoria das relações humanas foi a chamada
“experiência de Hawthorne”. – Terceira fase:
Hawthorne é um bairro da cidade de Chicago, onde ficava a Nesse momento, as questões físicas começaram a ser deixadas
Western Electric Company, empresa de componentes telefônicos um pouco de lado para dar mais atenção ao emocional e às relações
na qual foi realizado o primeiro estudo, dividido em quatro etapas e interpessoais no trabalho.
conduzido por Elton Mayo e Fritz Roethlisberger. Foi quando iniciou o programa de entrevistas, que tinha como
Os dois professores da Universidade de Harvard foram contra- objetivo ouvir as opiniões dos funcionários a respeito de suas atri-
tados para analisar a produtividade dos funcionários e a sua relação buições.
com as condições físicas de trabalho. O objetivo era entender como eles se sentiam ao realizar deter-
minadas atividades e também como mudanças dentro da empresa
Elton Mayo poderiam ser conduzidas e em quais aspectos.
Elton Mayo é considerado por muitos como o pai da teoria das No início, essas conversas eram dirigidas: o entrevistador con-
relações humanas. duzia o bate-papo conforme desejava.
O pesquisador australiano foi o principal responsável pela me- No entanto, com o passar do tempo, os diálogos se tornaram
todologia da experiência de Hawthorne, assim como pela sua apli- mais livres e os colaboradores podiam abrir o coração e falar aber-
cação. tamente sobre os seus anseios.
Durante as entrevistas, foi descoberta uma organização com-
– Primeira fase: posta pelos operários, algo informal, mas muito sério, que servia
Conhecida como estudos de iluminação, essa etapa contava como uma rede de apoio para que a classe se protegesse dos even-
com dois grupos de funcionárias que realizavam o mesmo tipo de tuais desmandos das chefias.
atividade, só quem em condições distintas.
Na primeira equipe, a experimental, as colaboradoras deve- – Quarta fase:
riam desempenhar suas funções com uma exposição variável de A quarta e última fase se propôs, justamente, a entender um
luz. Ora elas recebiam mais luminosidade, ora menos. pouco mais sobre esse movimento iniciado pelos empregados.
No time dois, o de controle, as trabalhadoras produziam com A ideia foi de apresentar uma alternativa que poderia ser van-
uma exposição constante à luz. tajosa para todos os funcionários: que tal oferecer aumento às
O resultado foi que, em ambos os casos, a eficiência aumentou. equipes caso houvesse um crescimento geral da produção?
Foi, então, que os pesquisadores procuraram entender o que De pronto, a maioria aceitou e o que se observou foi um senti-
levava a isso. mento de solidariedade total.
Depois de aumentar, diminuir e deixar os dois grupos em uma Cada trabalhador ajudava o outro, a fim de que todos conse-
exposição contínua de luz, a conclusão foi de que a melhora no de- guissem cumprir suas metas e, assim, aumentassem os seus salá-
sempenho se dava mais por um fator psicológico do que algo fisio- rios ao final do mês.
lógico. Foi criada uma uniformidade de comportamento, de modo que
Ou seja, as mulheres se viam mais pressionadas a produzirem, todos tinham que produzir em um determinado ritmo, com um ní-
muito em função da pressão colocada sobre elas do que propria- vel de exigência que pudesse ser acompanhado pelos demais.
mente por uma mudança drástica causada pela luz.
Por isso, os resultados encontrados nessa primeira fase foram
deixados à margem do experimento. Conclusão da experiência
A experiência de Hawthorne não trouxe só uma, mas inúmeras
– Segunda fase: conclusões, que serviram como verdadeiras bandeiras para a teoria
A segunda fase também era composta por dois grupos. das relações humanas.
Um deles era formado por seis moças, sendo que cinco delas Nos próximos tópicos, vamos trazer detalhes sobre elas.
realizavam o trabalho de montar as relés – parte dos aparelhos te-
lefônicos – e a outra era responsável por prestar ajuda a elas, alcan-

183
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

– Produtividade e interação social quiar o problema, melhorando as relações de trabalho e valorizan-


Diferentemente do que defendiam as teorias clássicas, que do o empenho coletivo.
entendiam que o desempenho profissional estava baseado única e
exclusivamente em questões fisiológicas e físicas, a escola das rela- – Visão romântica do trabalhador
ções humanas trouxe o contraponto, que relacionava produtividade Essa objeção vai muito ao encontro do que foi citado no item
e interação social. anterior.
Ou seja, quanto mais uma equipe trabalhar em sintonia, me- Os defensores da escola das relações humanas acreditavam
lhores vão ser os resultados alcançados. que um trabalhador feliz teria um desempenho melhor, mas muitos
argumentam que isso nem sempre representa a realidade.
– A influência do grupo no pensamento individual
A reação dos trabalhadores não acontece de forma isolada, – Baixo nível de amostragem em seus estudos
mas sim como membros de uma coletividade. Outro ponto bastante criticado é a limitação do campo expe-
Isso fica evidente ao observar a maneira como todos procuram rimental. Afinal, como basear um experimento em um grupo tão
se adequar a determinados padrões e evitar punições por não se- pequeno?
guirem uma diretriz aceita pelo grande grupo. Autores resistentes à teoria defendem que as pesquisas deve-
riam ser aprofundadas para se alcançar resultados mais conclusi-
– O reconhecimento além do monetário vos.
Receber um aumento é importante, é claro. Mas o que a teo-
ria das relações humanas busca mostrar é que o trabalhador busca Escola das relações humanas e seus teóricos
uma aprovação social, mais do que qualquer reajuste salarial. Ele Como já dito, Elton Mayo é considerado o maior expoente da
também deseja participar das atividades em grupo com maior re- escola das relações humanas. Mas isso não significa dizer que ele é
presentatividade e da criação de outras estruturas organizacionais. o único.
Quem foi que disse que a única estrutura possível dentro de Nomes como o próprio Fritz Roethlisberger, co-autor da expe-
uma empresa é a tradicional, aquela montada pelos gestores? riência de Hawthorne, William Dickson e Idalberto Chiavenato tam-
A teoria das relações humanas mostrou o contrário, com os bém contribuíram com temas relevantes para a área.
próprios operários montando o seu próprio grupo classista.
Roethlisberger e Dickson
– A especialização e a troca de funções Juntos, os pesquisadores lançaram em 1939 a obra “Manage-
A especialização não era vista como uma forma de tornar uma ment and the worker”, na qual analisaram um grupo de emprega-
empresa mais eficaz. Na verdade, a busca por mais capacitação era dos trabalhando.
a oportunidade que os profissionais tinham de se livrar da rotina Entre outros elementos, o livro trouxe contribuições importan-
monótona e repetitiva de seus cargos. tes para a corrente teórica, enfatizando, por exemplo, que costu-
Assim, era possível buscar uma promoção e trocar de função mes e códigos de comportamento eram mais importantes do que
dentro da organização. incentivos financeiros.
Além disso, os autores abordaram o desenvolvimento natural
– Foco maior nos sentimentos do trabalhador da liderança. Segundo eles, essa é uma habilidade inata, mas que
A maior conclusão tirada da teoria das relações humanas foi, pode ser aprimorada.
sem dúvidas, o aprofundamento do lado social do profissional. Em outras palavras, você pode se tornar o líder que tanto de-
O comportamento teve atenção total dos chamados autores seja ser.
humanistas, que viam nos operários gente de carne e osso, que Ainda de acordo com Roethlisberger e Dickson, todas as pes-
também tem anseios, dificuldades e sentimentos irracionais. soas têm necessidades sociais, que são tão importantes quanto às
– Quais são as críticas à teoria das relações humanas? físicas.
Mas como nem tudo são flores, também existem muitas críti- Em outras palavras, o lado técnico e humano estão intimamen-
cas referentes a alguns métodos desenvolvidos pelos pensadores te ligados e, para a compreensão total de um trabalhador, precisam
da teoria. ser analisados em conjunto.

Conheça os pontos mais desaprovados dentro da escola das Chiavenato


relações humanas: Idalberto Chiavenato é um pensador contemporâneo da teoria
das relações humanas.
– Negação total de outras teorias O escritor brasileiro tem diversos livros publicados nas áreas de
É natural que um pensamento surja para contrapor uma norma administração de empresas e de recursos humanos.
vigente. No entanto, para muitos estudiosos, a teoria das relações Com algumas adaptações para a realidade atual em relação ao
humanas simplesmente negou todos os preceitos das chamadas texto original da Escola, como a correlação da satisfação profissio-
teorias clássicas e não debateu nem confrontou nenhum posicio- nal e os índices de turnover, por exemplo, Chiavenato é visto como
namento anterior. um dos maiores pensadores dos processos administrativos corpo-
rativos no mundo.
– Desvio do principal problema das indústrias
Muitos críticos defendem que a falta de produtividade nas em-
presas ainda não tem uma resposta conclusiva.
Segundo eles, o que a teoria das relações humanas fez foi ma-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Qual a importância da teoria das relações humanas para as A importância da qualidade


empresas? As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contínu-
Criada há quase um século, a teoria das relações humanas ain- as aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao
da é bastante atual e tem diversos pontos que podem ser explora- fenômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocu-
dos nos dias de hoje. pação com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar seu
A importância de olhar e valorizar o colaborador perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajustando
Um dos principais ensinamentos da teoria que pode ser trazido às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os novos
para a atualidade é o de que o colaborador é parte fundamental do desafios impostos pela realidade e atender às expectativas dos cli-
desempenho da empresa e que, como tal, precisa ser valorizado. entes, as empresas precisam de profissionais competentes e que
Por isso, enfatizar questões sociais e humanísticas defendidas pela realizem suas atividades com qualidade.
teoria é algo que deve ser feito, mesmo 90 anos depois. Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor-
Valorizar esse profissional significa dar todas as condições para porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia,
que ele desempenhe o seu papel da melhor maneira possível, além significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou
de recompensar sua atuação acima da média. seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma
Escutar o que ele tem a dizer, suas principais necessidades e positiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agre-
suas inseguranças, é um meio de oferecer esse suporte, assim como gam valor ao seu trabalho.
dar feedbacks constantes. Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o
Como medir o desempenho do colaborador? profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas
Garantir a valorização do seus funcionários é certeza de uma a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O
produtividade mais elevada e com qualidade. grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber
Mas como se certificar de que esse desempenho é, de fato, se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se
aquele esperado? disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compatív-
Quanto a isso, você pode ficar tranquilo. Existem formas de el com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se fazer
mensurar a performance do seus colaboradores. entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir).
Resolução de situações com a avaliação de desempenho Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâmi-
Com os Key Performance Indicators (KPIs), popularmente co- co, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que representa
nhecidos como indicadores de performance, é possível recolher da- qualidade para uma empresa não necessariamente o é para outra.
dos confiáveis para basear uma avaliação de desempenho. Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional, procure en-
Existem diferentes tipos, capazes de avaliar questões como tender quais são as competências valorizadas naquele ambiente de
produtividade, eficácia e vendas, por exemplo. trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para realizar suas tarefas
Basta escolher as melhores opções para o seu caso e manter com qualidade.
um acompanhamento contínuo.
As novas exigências
Teoria das relações humanas e o ciclo motivacional Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já
A partir dos estudos propostos pela teoria das relações huma- devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experi-
nas, outros elementos comportamentais dos profissionais começa- entes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é
ram a ser analisados. preciso se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já
A motivação foi um deles, entendendo que um indivíduo moti- podem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática?
vado tem maior propensão a atingir um objetivo pré-determinado Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es-
do que aquele que já não tem perspectivas. colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não
Em um primeiro momento, isso parece uma dedução lógica, é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma
mas foi fazendo com que cada vez mais e mais empresas se preo- vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas
cupassem em manter seus colaboradores dispostos e comprome- de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho
tidos, inclusive a partir de incentivos e melhorias na qualidade do que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as
ambiente organizacional.4 “habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na
verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque re-
centemente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizan-
CONDUTA PROFISSIONAL: COMUNICAÇÃO VERBAL E do-se. Vejamos algumas delas:
APRESENTAÇÃO PESSOAL  Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissional
exige uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber se
A postura profissional comportar em público, honrar os compromissos e prezar pela
É o comportamento adequado dentro das organizações, na organização no ambiente de trabalho.
qual busca seguir os valores da empresa para um resultado positivo.  Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário
estar sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar
a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo
com que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é
certo e o que é errado para cada ambiente.
4 Fonte: www.administradores.com.br/www.rhportal.com.br/www.  Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma questão
ibccoaching.com.br/www.sbcoaching.com.br/www.administradores.com.br de bom senso, mas também uma questão de comprometimento

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um tividade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.
ponto positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
colaborador. mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho.
 Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos
cumpra os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior
para os compromissos marcados. competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em-
 Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o
ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma conjunto, melhores resultados.5
obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais
situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca criativa
relacionamento com os outros é fundamental. da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória organ-
 Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e izacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para apren-
aceitar opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as der. E motivação só é possível se as pessoas se identificam e con-
pessoas a também entenderem o seu ponto de vista, sem que este sideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de fazer
seja imposto ao demais. parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que é bom
 Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constante trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento
em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a postura conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não
profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é um há medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes.
ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais. Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organ-
 Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico, izacional pode se constituir numa instância da aprendizagem pois,
mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável à
interesse incansáveis para aprender. participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho, fa-
 É necessário ter um ânimo permanente, disposição para vorecer a credibilidade da direção (desde que seja transparente),
o trabalho e para correr atrás do que se quer. fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de mel-
 O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e horia da organização ao favorecer o pensamento criativo entre os
boa administração do seu tempo e das suas tarefas. empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte,
 Muitas organizações começam a mostrar interesse em 1996).
investir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas
preciso uma sólida relação de confiança mútua. será fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as em-
 A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, presas, pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva
nenhuma relação profissional pode dar certo. é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é atrair
para a empresa pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e
Há, ainda, outras características que certamente podem contar manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um ambiente ade-
pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência quado para trabalhar.
diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per- Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta); para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exercício
cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade. A Conexão da função gerencial é certamente a habilidade comunicacional. As
Profissional, na terceira edição da série Desafios para se tornar um outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a
bom profissional, trata de mais um dos desafios dos recém-chega- inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a de-
dos ao mundo corporativo: a atenção aos processos e às rotinas nas sordem e a incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem;
organizações. saber fazer e saber ser.
Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empre-
a serem dados é procurar compreender a rotina da organização. sas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda
Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser
é indispensável para um bom desempenho e, principalmente, encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis.
para a conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental at- O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo,
enção contínua aos processos. Com isso, você pode compreender saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre ap-
o seu papel na equipe e na organização, além de entender como enas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra meta-
os setores interagem e qual a função e inter-relação de cada um, de é de quem a escuta e a processa. Lasswell já dizia que quem
considerando o conjunto. decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessi-
Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar dade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório de quem vai
e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar processá-los.
melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um
com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar a ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem es-
qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados. tão na autoestima, na empatia e na afetividade. Sem esses elemen-
Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber tos, não se estabelece a comunicação nem o entendimento. Emb-
o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos ora durante o texto tenhamos exposto inúmeros obstáculos para o
produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso advento dessa nova realidade e que poderiam nos levar a acredi-
pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur- tar, tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação,
sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competi- 5 Por Rozilane Mendonça

186
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

acreditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar. familiarizados com o conceito de remetente e destinatário na
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que comunicação, vamos então diferenciar os dois tipos de comunicação.
traz consigo uma radical mudança no processo de troca de infor-
mações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de Definições
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de – Comunicação pessoal: é uma atividade espontânea e
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de inconsciente.
novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas – Comunicação impessoal: são os meios de comunicação,
pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e atmosfera, eventos e outros canais que transmitem mensagens sem
o comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais contato ou comunicação face a face. A comunicação de massa influi
de passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados o comportamento e as atitudes pessoais por meio de um processo
e introduz-se o novo. de fluxo de comunicação que ocorre em etapas.
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações – Comunicação verbal: o processo de troca de informações e
profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verda- ideias entre pessoas usando palavras que podem ser escritas ou
deiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas ilumin- faladas. Um dos principais benefícios da comunicação verbal é que
istas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e ela permite um feedback quase imediato do receptor, o que pode
que se autodenominam reengenheiros da cultura. ajudar a garantir que a mensagem seja compreendida.
Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a – Comunicação interpessoal: refere-se ao processo de
comunicação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se comunicação que ocorre entre duas ou mais pessoas usando
esquecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a ex- linguagem verbal ou não verbal. Como sabemos, a interação social
periência vivida e praticada, e não a simples transmissão unilater- e o compartilhamento de pensamentos e ideias são essenciais para
al de conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão próprias da a existência humana. Este processo é necessário para cada pessoa
chamada educação bancária descrita por Paulo Freire. refrigerar sua mente. A comunicação interpessoal que envolvendo
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma duas pessoas é chamada de comunicação um-para-um. Já quando
política de comunicação e de RH. A construção e a viabilização temos três ou mais pessoas estão envolvidas no processo de
dessa política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de comunicação é a comunicação em grupo.
comunicação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que – Comunicação interpessoal: tipo de comunicação em que
Ricarte de referiu e viabilizar, assim, a construção da organização as pessoas se comunicam consigo mesmas. Nesse caso, você é o
qualificante, capaz de enfrentar os desafios constantes de um mun- remetente e o destinatário. Conhecido como “diálogo interno”
do em mutação, incerto e inseguro. ou “discurso interno”. Esse tipo de comunicação ocorre quando a
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de pessoa pensa profundamente e tenta descobrir as coisas por conta
interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido própria. Basicamente a comunicação interpessoal é regida por três
como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas áreas: autoconceito, expetativa e percepção.
características, interajam uns com os outros, aceitem direitos e
obrigações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade A diferença entre os tipos de comunicação é baseada no
comum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos número de pessoas envolvidas nesse tipo de comunicação. A
se percebam de alguma forma afiliados ao grupo. comunicação interna é o tipo de conexão que você estabelece
Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade de consigo mesmo; nesse caso, a mesma pessoa é o remetente e o
o homem viver em contato com os outros homens. Nesta relação destinatário. A comunicação intrapessoal também é conhecida
homem-homem, vários fenômenos estão presentes; comunicação, como diálogo intrapessoal ou discurso intrapessoal. Em contraste,
percepção, afeição liderança, integração, normas e outros. À medi- a comunicação interpessoal é um tipo de comunicação entre duas
da que nós nos observamos na relação eu-outro surge uma ampli- ou mais pessoas por meio de uma linguagem verbal ou não verbal.
tude de caminhos para nosso conhecimento e orientação.
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá re- COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO
torno ao outro, através do feedback. INTRAPESSOAL INTERPESSOAL
Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em
aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos A comunicação
e quando queremos. A comunicação interpessoal
Nas relações humanas, nada é mais importante do que nos- intrapessoal refere- é o tipo de
sa motivação em estar com outro, participar na coordenação de se ao processo de comunicação que
caminhos ou metas a alcançar. comunicação ocorre se faz consigo
Definição
Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessi- entre duas ou mais mesmo; neste
ta viver com outros homens, pela sua própria natureza social, mas pessoas usando caso, a própria
ainda não se harmonizou nessa relação. linguagem verbal ou pessoa é o
Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual não verbal. remetente e o
o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satis- destinatário.
fação das necessidades físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.·.

Comunicação
A comunicação é um dos principais processos da vida, que nos
deixa trocar pensamentos, informações, emoções, etc. Estamos

187
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Algumas das - ao uso de roupas adequadas, de acordo com ambiente, oca-


Principalmente sião ou momento;
características
três aspectos - aparência física, como cabelos, unhas e barba;
mais marcantes
governam a - higiene pessoal;
da comunicação
comunicação - e até mesmo a limpeza e organização do local e equipamentos
Características intrapessoal são que
interpessoal; de trabalho.
ela é inescapável,
autoconceito, De modo geral, a apresentação pessoal se torna importante
complexa, contextual
expectativa e tanto para o profissional quanto para empresa que representa. A
e irreversível ou
percepção. imagem transmitida pode representar definições prévias sobre a
irrepetível.
impressão que o cliente forma da pessoa e do negócio. Todas as
Pessoas São necessárias pelo posições precisam se preocupar com esse tema, seja um analista
Um
envolvidas menos duas pessoas que conversa por videochamada, um técnico parceiro que atende
A comunicação o cliente em local físico ou um gerente que recebe fornecedores
A comunicação diariamente.
interpessoal ocorre
intrapessoal ocorre
continuamente
Acontece regularmente, pois Dicas para melhorar sua apresentação pessoal
quando estamos
é uma necessidade Em casos como estes, saiba que é totalmente possível ter cui-
pensando em algo
social. dados e posturas básicas na rotina que vão ajudar na melhor proje-
ou aspecto.
Fonte: https://diferenciario.com/br/comunicao-intrapessoal-e-co- ção e apresentação pessoal no momento do atendimento ao clien-
municao-interpessoal/ te. A seguir, listamos algumas dicas que poderão orientar você no
cuidado com a imagem pessoal.
Apresentação pessoal no atendimento ao cliente
Existem muitos fatores na relação com o cliente que fazem Entenda a empresa que você representa
toda a diferença no momento de proporcionar uma boa experiên- Estar alinhado a imagem profissional que a sua deseja passar
cia de contato — e a apresentação pessoal é apenas uma delas. A pode ser um primeiro passo importante e essencial para cuidar da
imagem de uma pessoa é tão importante quanto o tratamento que apresentação pessoal. Para isso, entenda seus valores e seus méto-
você proporciona ou o vocabulário que utiliza. Por exemplo, a sua dos de comunicação, converse com profissionais que podem ajudar
articulação verbal pode ser fantástica, mas se a sua imagem não você nesse posicionamento, como seus líderes e parceiros diretos,
está alinhada ao seu discurso você pode correr um risco implícito. especialistas de marketing, vendas e outros.
A apresentação ou imagem pessoal é um conjunto de elemen- Com esse tipo de informação em mente você saberá que ima-
tos da nossa aparência que podem ser notados no dia a dia, como gem deseja refletir no seu contato com o cliente. É possível que
cabelo, roupas, barba, calçados e outros. A postura corporal e as existem grupos de pessoas da companhia que você pode tomar
gesticulações também compõem esse grupo de coisas que podem como referência de vestuário e comportamento. Além disso, conhe-
transmitir algum tipo de comunicação ou impressão sobre você, cer o ambiente empresarial em que se encontra para a realização
mesmo sem reproduzir nenhuma palavra. de um serviço também pode colaborar com essas escolhas.
Já ouviu falar que, na maioria das vezes, a primeira impressão
é a que fica? Mesmo sem qualquer contato, um cliente pode tirar Cuide da aparência
conclusões e ter impressões sobre você apenas observando — e Dica básica: sua apresentação pessoal também está relaciona-
isso acontece com mais frequência do que se imagina, com qual- da a sua imagem e, por isso, é importante cuidar bem da aparência.
quer pessoa. Isso inclui a escolha e limpeza de vestimentas, higiene pessoal e
diversos elementos que compõe esse conjunto de coisas sobre você
Como a apresentação pessoal pode interferir no atendimento que também comunicam cuidado e zelo, como cabelo, adereços,
ao cliente? unhas, barba, perfume, entre outros.
Muitas coisas interferem no ânimo das pessoas. É muito co-
mum que o estado físico e emocional reflita a comunicação do nos- Prazos e pontualidade
so corpo. Se você passou por um dia exaustivo ou uma noite mal Atitudes e compromisso também podem espelhar o modo
dormida, é bem provável que a imagem transmitida ao longo do dia como as pessoas enxergam você. A pontualidade, por exemplo, faz
seja de desânimo, cansaço e descuido. parte da sua apresentação. Busque chegar no horário ou com algum
Não que isso seja um total problema, mas o cuidado com a tempo de antecedência, considerado o surgimento de possíveis im-
apresentação pessoal pode transmitir outra sensação no contato previstos, como trânsito e outros acontecimentos.
com o cliente, mesmo passando por situações como essa. Indepen- Além dos horários, o compromisso assumido com a entrega do
dente da profissão ou função exercida, a imagem pessoal se torna trabalho também representa o nível de responsabilidade que o pro-
quase um fator de respeito e cuidado consigo mesmo e com as pes- fissional e sua empresa possuem. Para prestadoras, por exemplo, o
soas do seu ambiente social e profissional. cumprimento de prazo é um dos principais diferenciais em relação
É incontestável que um cliente sempre presará pelo atendi- à concorrência e zelar por isso é um dever da organização, de seus
mento competente, rápido e educado, que solucione de fato o que colaboradores e parceiros.
ele precisa. No entanto, contido de diferentes formas no modo de
se relacionar de cada pessoa, a apresentação pessoal pode interfe- Comunicação e tratamento pessoal
rir de diversas maneiras. Ela pode estar relacionada: Por fim, ao considerar todo o conjunto de elementos da apre-
sentação pessoal, nunca se trata apenas da aparência física. É preci-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

so estar preparado em todos os aspectos, inclusive quando falamos Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por
de comunicação e tratamento pessoal. subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
Todos esses itens, juntos, podem demonstrar respeito, cuidado gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
e confiança ao cliente. Estar preparado para lidar com imprevistos outra espécie remuneratória.
ou trazer soluções diante de problemas não mapeados também
pode ser um meio para expor ideias e irradiar a segurança que sua b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços
empresa e você proporcionam no trabalho. ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e
indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e
sua remuneração é paga pelos cofres públicos.
O PAPEL DO SERVIDOR Também chamados de servidores estatais engloba todos aque-
les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
Conceito fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência.
Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física Servidores públicos podem ser:
que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública – estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função pública, sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa
seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público, etc.). situação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o
A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes
Agente Público: por meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo
“Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta que com a concordância de ambos, por se tratar de normas de
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem ordem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou e a Administração, tendo em vista sua natureza não contratual
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, mas sim regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”. posse.
– empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos
Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam
“...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de-
conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos missão precisa ser motivada;
que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de – temporários ou em regime especial: são os contratados por
sua vontade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam
episodicamente. Quem quer que desempenhe funções estatais, cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
enquanto as exercita, é um agente público.” público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios
A denominação “agente público” é tratada como gênero das constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um
diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da processo seletivo simplificado.
sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária
divididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de
públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a
comissionados), particulares em colaboração, agentes militares e motivação do interesse público.
os agentes de fato. – cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera-
ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção,
Espécies (classificação) chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio-
Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão
que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado, aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui-
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta. ção Federal, artigo 40, § 13.
Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi-
nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane- c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser-
cendo externamente. viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42,
Vamos analisar cada uma dessas categorias: CF).
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co- regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e aplicável aos servidores civis.
Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí- Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me-
tica do País. diante remuneração paga pelos cofres públicos.
Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando
mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta- d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestado-
do também termina automaticamente. res de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa- e sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser
mental não é profissional, mas institucional e estatutária. prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An-
tônio Bandeira de Mello, se dá por:

189
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

– requisitados de serviço: como mesários e convocados para o público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada
serviço militar (conscritos); ente federado.
– gestores de negócios públicos: são particulares que assumem
espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais, Regime jurídico
quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
blico. Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor-
– contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem- mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju-
plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer; rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que
– concessionários e permissionários: exercem função pública reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico
por delegação estatal; passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
– delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito
de cartórios. Federal e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990
(por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o
e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le- aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos.
boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso,
não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas. Provimento
Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o
pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular.
ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar
posse sem cumprir algum requisito do cargo. cargo público Podendo ser:
Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
calamidade pública ou emergência. anterior com a Administração Pública;
b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a
Cargo, emprego e função pública Administração.
Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra-
balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos. Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe-
A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu- tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou
los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po- eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse
rém que existem paralelamente na Administração. determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer-
cício, além de cumprir a exigência regulamentar.
Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio-
nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem-
Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício
servidor público, submetidos ao regime estatuário. é considerada como o marco inicial para a produção de todos os
Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di- efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para
ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo
toda função pressupõe a existência de um cargo. de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per-
Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e cepção de férias e outras vantagens remuneratórias.
indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de- São formas de provimento: nomeação, promoção, readaptação,
nominação própria. reversão, aproveitamento, reintegração e recondução.
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- possuirá relação anterior com o Estado;
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o
agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exercida.
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza finalidade de prover o servidor em outro cargo compatível com
contratual e somente podem ser criados por lei. eventual limitação de capacidade física ou mental, condicionada a
inspeção médica.
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- a aposentadoria por invalidez.
dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
chefia, direção e assessoramento; posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja

190
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên-
quanto as atribuições e vencimentos. cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais
f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no
de seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF.
decorrer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que Hipóteses:
anteriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art.
probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado 41, §1º, I, da CF);
ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu-
servidor que ocupava o cargo anteriormente. rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF);
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe-
Vacância nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art.
A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está 41, § 1º, III, da CF);
sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais: d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e
- o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido); inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF).
exercício (exoneração ex officio);
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão); A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que pre-
- o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em encher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe
sua capacidade física ou mental (readaptação); garante a permanência no serviço.
- aposentadoria ou falecimento do servidor; O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora
- acesso ou promoção. da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan-
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
Para Di Pietro6, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser- é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no
vidor é destituído do cargo, emprego ou função. art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de
Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e forma proporcional ao tempo de serviço.
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação
e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans- O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela
formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97. lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período
A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi- de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba-
cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para
de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as o qual foi nomeado em tais fatores:
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, a) Assiduidade;
o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. b) Disciplina;
Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí- c) Capacidade de iniciativa;
cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros d) Produtividade;
do funcionalismo. e) Responsabilidade.
A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo
superior e vacância no cargo inferior. Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí- que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou nº 19/98.
mental verificada em inspeção médica”. Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2
anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3
anos de efetivo exercício.
Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca- Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas
ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli-
integrantes dos diversos quadros funcionais. cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas).
Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos - Requisitos para adquirir estabilidade:
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu- a) estágio probatório de três anos;
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da b) nomeação em caráter efetivo;
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver c) aprovação em avaliação especial de desempenho.
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de • Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
desempenho durante o período de estágio probatório. maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
2018 vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade Súmula nº 378 STJ
configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças
cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne- salariais decorrentes”.
cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina- Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o
dos grupos de pessoas. servidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil: investido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional.
- Magistrados (Art. 95, I, CF); Isso porque inafastável o princípio da imprescindibilidade
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF); de concurso público para o preenchimento de cargos pela
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º). administração pública, No entanto, tem direito a receber os
vencimentos correspondentes à função desempenhada.
Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual
cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para Remuneração
atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-
nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo
a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à público, com valor fixado em lei.
Constituição Federal poderá fazê-lo.
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O
ções públicas acréscimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição efetivo é irredutível.
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior
respectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de ao salário mínimo
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, define IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o
suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto
Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se
cria um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas Direitos e deveres
competências podem criar um cargo por meio da lei. No caso Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam:
dos cargos públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias,
públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. licenças, concessões e direito de petição.
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração
na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in-
cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte
o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver e auxílio moradia.
o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior. Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as
A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte-
efetuada por meio de lei. resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que
No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela acarrete mudança de domicílio em caráter permanente.
exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a
da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete-
funções ou cargos públicos quando vagos. nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
sede.
Desvio de função
O servidor público deve exercer suas atividades funcionais Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei
respeitando as competências e atribuições previstas para o cargo nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter
que ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
quais são os limites das atribuições e competências do cargo. para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas
No entanto, não raro identificar o servidor exercendo extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.
atribuições diversas daquelas previstas em lei para o cargo
atualmente ocupado. Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº
Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre 8.112/90 que as discrimina, a saber:
quando este desempenha função diversa daquela correspondente – retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em sessoramento,
concurso público. – gratificação natalina,
Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
servidor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização ou penosas,
relativas as diferenças salarias decorrentes do desvio. – adicional pela prestação de serviço extraordinário,
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de – adicional noturno,
Justiça que editou Sumula a respeito. – adicional de férias,

192
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

– outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho), regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau-
– gratificação por encargo de curso ou concurso. sado a outrem.
A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe- seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto
ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío- casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor
dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas. público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res-
sarcimento do dano.
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con- b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi-
cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade ao servidor o contraditório e a ampla defesa.
política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará
para desempenho de mandato classista. o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen-
Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen- tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou
tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos. destituição de função comissionada.
O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão, A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com-
vejamos: petente para sua aplicação, sob pena de nulidade.
– por um dia para doação de sangue, Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a
– pelo período comprovadamente necessário para alistamen- autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam-
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do
dias, processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação
– por oito dias consecutivos em razão de casamento, faleci- penal contra o servidor
mento de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, fi- c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi-
lhos, enteados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos. dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções
Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do imputadas ao servidor, nessa qualidade.
direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos
e dirigido à autoridade competente que deve decidir. 312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais.
Responsabilidade A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri-
Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma
desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi- sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de-
cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen- tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens
do de sua função, cargo ou emprego. e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi- cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana)
nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou ou multa (Código Penal, art. 32).
de poder a responsabilidade deve estar presente. Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa
Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa- da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa-
bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo
responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito patrimonial (ilícito civil).
de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as
do dano. sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida- independentes entre si.
de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu A responsabilidade administrativa do servidor será afastada
agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de-
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu,
à vítima. não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o
Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon-
Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o sabilidade administrativa não será afastada.
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa
ou dolo. Processo administrativo disciplinar
Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado
nos âmbitos civil, penal e administrativo. O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições,
que geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido
a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de este rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre- disciplinares.
juízo ao erário ou a terceiros. Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas
Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade administrativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do
patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a Estado, que assegura a responsabilização dos agentes públicos

193
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

quando comentem ações que contrariam seus deveres e proibições forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
relacionados às atribuições do cargo, função ou emprego de que interesses.
estão investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
a aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação. públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com-
Dos Deveres panheiro;
Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus quer espécie, em razão de suas atribuições;
deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi- – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer – praticar usura sob qualquer de suas formas;
com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados – proceder de forma desidiosa;
sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi-
os estatutos arrolam como proibições. ços ou atividades particulares;
– Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí- – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que
cio da coletividade. ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
– Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
moralidade. – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita-
– Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar do.
contas do dinheiro público.
– Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades
rendimento funcional. Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados,
– Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de- Distrito Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos
mais colegas de trabalho e com o público em geral. agentes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento
– Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu dos demais depende de cada Estado/Município.
serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado. Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes
devem fazer aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles
Das Proibições descumpram a legislação, ocorre uma infração administrativa, pelo
De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú- poder disciplinar, os agentes infratores estão sujeitos a penalidades,
blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais, que podem ser: advertência, suspensão, demissão, cassação
ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi- de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em
ções sendo elas: comissão e destituição de função comissionada.
– Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada
torização do chefe imediato; a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
– Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
qualquer documento ou objeto da repartição; atenuantes e os antecedentes funcionais.
– Recusar fé a documentos públicos; É necessário que cada penalidade imposta mencione o
– Opor resistência injustificada ao andamento de documento e fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
processo ou execução de serviço;
– Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
da repartição; CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO -
– Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- TÍTULO II: DOS DIREITOS, GARANTIAS E DEVERES
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon- INDIVIDUAIS E COLETIVOS.
sabilidade ou de seu subordinado;
– Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as- CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO
sociação profissional ou sindical, ou a partido político; PROMULGADA EM 05 DE OUTUBRO DE 1989 - D.O. 18.10.89.
– Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; PREÂMBULO
– Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
em detrimento da dignidade da função pública; NÓS, REPRESENTANTES DO POVO MATO-GROSSENSE, VERDA-
– Participar de gerência ou administração de sociedade priva- DEIRO SUJEITO DA VIDA POLÍTICA E DA HISTÓRIA DO ESTADO
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto DE MATO GROSSO, INVESTIDOS DOS PODERES CONSTITUIN-
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; TES ATRIBUÍDOS PELO ART. 11 DAS DISPOSIÇÕES CONSTI-
TUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NO
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá: FIRME PROPÓSITO DE AFIRMAR NO TERRITÓRIO DO ESTADO
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em- OS VALORES QUE FUNDAMENTAM A EXISTÊNCIA E ORGANI-
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta- ZAÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, OBJETIVAN-
mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa DO ASSEGURAR O PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS SOCIAIS,
constituída para prestar serviços a seus membros; INDIVIDUAIS E OS VALORES DO SER HUMANO, NA BUSCA DA
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na

194
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

CONCRETIZAÇÃO DE UMA SOCIEDADE FRATERNA, SOLIDÁ- dade entre os administrados e ao devido processo legal, especial-
RIA, JUSTA E DIGNA, INVOCANDO A PROTEÇÃO DE DEUS E O mente quanto à exigência de publicidade, do contraditório, da am-
AVAL DE NOSSAS CONSCIÊNCIAS, PROMULGAMOS A SEGUIN- pla defesa e da decisão motivada;
TE CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO. XI- todos têm direito a tomar conhecimento, gratuitamente, do
que constar a seu respeito nos registros em bancos de dados e ca-
(...) dastros estaduais e municipais, públicos e privados, bem como do
fim a que se destinam essas informações, podendo exigir, a qual-
TÍTULO II quer momento, a retificação ou a atualização das mesmas;
DOS DIREITOS, GARANTIAS E DEVERES INDIVIDUAIS E SO- XII- as informações pessoais constantes de registros ou bancos
CIAIS de dados de entidades governamentais ou de caráter público só se-
rão utilizadas para os fins exclusivos de sua solicitação ou cessão,
CAPÍTULO I vedando-se a interconexão de arquivos;
DOS DIREITOS, GARANTIAS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLE- XIII- são vedados o registro ou a exigência de informações, para
TIVOS inserção em bancos de dados estaduais ou municipais, públicos ou
privados, referentes a convicções políticas, filosóficas ou religiosas,
Art. 10 O Estado de Mato Grosso e seus Municípios assegura- à filiação partidária ou sindical e outras concernentes à vida privada
rão, pela lei e pelos atos dos agentes de seus Poderes, a imediata e e à intimidade pessoal, salvo quando se tratar de processamento
plena efetividade de todos os direitos e garantias individuais e co- estatístico e não individualizado;
letivas, além dos correspondentes deveres, mencionados na Cons- XIV- a garantia do exercício do direito de reunião e de outras
tituição Federal, assim como qualquer outro decorrente do regime liberdades constitucionais, só podendo o aparelho repressivo do
e dos princípios que ela adota, bem como daqueles constantes dos Estado intervir para assegurá-lo, bem como defender a segurança
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil pessoal e do patrimônio público, preferencialmente, e privado, ca-
seja parte, nos termos seguintes: bendo responsabilidade pelos excessos;
I- a garantia da aplicação da justiça e da efetividade dos direi- XV- qualquer violação à intimidade, à honra, à imagem das
tos subjetivos públicos do indivíduo e dos interesses gerais, coletivos pessoas, bem como às garantias e direitos estabelecidos no art. 5º,
ou difusos; incisos LVIII, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI e LXVII, da Constituição
II- a apuração de responsabilidade, com aplicação de sanção Federal, por parte do aparelho repressivo do Estado, sujeitará o
de natureza administrativa, econômica e financeira, independente agente à responsabilidade, independentemente da ação regressiva
das sanções criminais previstas em lei, em qualquer tipo de discri- por danos materiais ou morais, quando cabível;
minação; XVI- o Estado e os Municípios promoverão política habitacional
III- a implantação de meios assecuratórios de que ninguém será que assegure moradia adequada e digna, à intimidade pessoal e
prejudicado ou privilegiado em razão de nascimento, raça, cor, sexo, familiar, em pagamentos compatíveis com o rendimento familiar,
estado civil, natureza de seu trabalho, idade, religião, orientação se- priorizando, nos projetos, as categorias de renda mais baixa, estan-
xual, convicções políticas ou filosóficas, deficiência física ou mental do os reajustes das prestações vinculados, exclusivamente, aos ín-
e qualquer particularidade ou condição; dices utilizados para reajustamento dos salários dos compradores;
IV- a repressão, na forma de lei e com estrita observância dos (A expressão “e dos Municípios” foi declarada inconstitucional, em
ritos, procedimentos e princípios jurídicos, a qualquer transgressão controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal, pela ADI nº
ou abuso dos direitos e obrigações contidas neste Título; 282-1, julgada em 05.11.2019, publicada no DJE em 28.11.2019)
V- ninguém será discriminado ou prejudicado, de qualquer for- XVII- é direito subjetivo público daqueles que comprovarem in-
ma, por litigar com órgão dos Poderes do Estado e dos Municípios, suficiência de recursos, a assistência jurídica integral e gratuita pela
no âmbito administrativo ou judicial; Defensoria Pública;
VI- são assegurados a todos, independentemente do pagamen- XVIII- é assegurada a indenização integral ao condenado por
to de taxas, emolumentos ou da garantia de instância, os seguintes erro judiciário e àquele que ficar preso além do tempo fixado na
direitos: sentença;
a)de petição e representação aos Poderes Públicos em defesa XIX- ao jurisdicionado é assegurada a preferência no julga-
de direitos ou para coibir mento de ação de inconstitucionalidade, do “habeas-corpus”, do
ilegalidade ou abuso de poder; mandado de segurança individual ou coletivo, do “habeas-data”, do
b)de obtenção de certidões em repartições públicas para a de- mandado de injunção, da ação popular e da ação indenizatória por
fesa de direitos e esclarecimento de situação de interesse pessoal e erro judiciário;
coletivo; XX- o “habeas-data” poderá ser impetrado em face de registro
VII- são gratuitos para os reconhecidamente pobres: em banco de dados ou cadastro de entidades particulares e públicas
a)o registro civil em todas as suas modalidades e as respectivas com atuação junto à coletividade e ao público consumidor;
certidões; XXI- preferência de julgamento da ação indenizatória, dos pro-
b)a expedição da cédula de identidade individual; cedimentos e das ações previstos no inciso anterior;
VIII- a garantia do direito de propriedade e o seu acesso; XXII- a gratuidade das ações de “habeas-corpus”, “habeas-da-
IX- prioridade no estabelecimento de meios para o financia- ta”, mandado de segurança e ação popular, além dos atos necessá-
mento e o desenvolvimento da pequena propriedade rural traba- rios ao exercício da cidadania, na forma da lei.
lhada pela família; Parágrafo único As omissões dos Poderes do Estado que invia-
X- os procedimentos e processos administrativos obedecerão, bilizem ou obstaculizem o pleno exercício dos direitos constitucio-
em todos os níveis dos Poderes do Estado e dos Municípios, à igual- nais serão sanadas, na esfera administrativa, sob pena de respon-

195
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

sabilidade do agente competente, no prazo de trinta dias após o


requerimento do interessado, sem prejuízo da utilização do manda- ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA
do de injunção, da ação de inconstitucionalidade e demais medidas ADMINISTRAÇÃO DIRETA, DAS AUTARQUIAS
judiciais. Nos casos deste parágrafo único: E DAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS ESTADUAIS (LEI
I- será destituído do mandato administrativo ou do cargo ou COMPLEMENTAR Nº 04, DE 15 DE OUTUBRO DE 1990).
função de direção na Administração Direta ou Indireta, se o agente
integrar o Poder Executivo; LEI COMPLEMENTAR Nº 4, DE 15 DE OUTUBRO DE 1990
II- haverá previsão de medida semelhante na Lei de Organiza-
ção Judiciária e no Regimento Interno da Assembleia Legislativa, DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA
referentes aos agentes dos Poderes Judiciário e Legislativo, respec- ADMINISTRAÇÃO DIRETA, DAS AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES PÚ-
tivamente. BLICAS ESTADUAIS.
CAPÍTULO II O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO: Faço saber
DOS DIREITOS E DEVERES SOCIAIS que a Assembleia Legislativa do Estado decreta e eu sanciono a se-
guinte lei complementar:
Art. 11 O Estado e os Municípios garantirão e assegurarão o
pleno exercício dos direitos sociais consagrados na Constituição Fe- TÍTULO I
deral, sendo os abusos cometidos responsabilizados na forma da
lei. (A expressão “e dos Municípios” foi declarada inconstitucional, CAPÍTULO ÚNICO
em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal, pela ADI DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
nº 282-1, julgada em 05.11.2019, publicada no DJE em 28.11.2019)
Art. 12 A liberdade de associação profissional ou sindical e o di- Art. 1º Esta lei complementar institui o Estatuto dos Servidores
reito de greve são assegurados aos agentes estaduais e municipais Públicos da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações
nos termos estabelecidos na Constituição Federal. Estaduais criadas e mantidas pelo Poder Público.
Parágrafo único A inviolabilidade do domicílio é extensiva às Art. 2º Para os efeitos desta lei complementar, servidor é a pes-
sedes das entidades associativas, obedecidas as exceções previstas soa legalmente investida em cargo público.
em lei. Art. 3º Cargo Público integrante da carreira é o conjunto de
Art. 13 É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente, atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacio-
com prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa- nal que deve ser cometido a um servidor.
ção, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à convivência familiar Parágrafo único - Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-
e comunitária, bem como colocá-los a salvo de toda forma de negli- sileiros, são criados por lei complementar, com denominação pró-
gência, discriminação, exploração, violência e maus tratos. pria e remuneração paga pelos cofres públicos, para provimento em
Art. 14 Os meios de comunicação comungam com o Estado de caráter efetivo ou em comissão.
Mato Grosso no dever de prestar e socializar a informação. Art. 4º Os cargos de provimento efetivo da Administração Dire-
Art. 15 O Estado garante a participação dos servidores públicos ta, das Autarquias e das Fundações criadas e mantidas pelo Poder
estaduais e municipais nos organismos públicos em que seus inte- Público, serão organizados e providos em carreiras.
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e Art. 5º As carreiras serão organizadas em classes de cargos, ob-
deliberação, na forma da lei. servadas a escolaridade e a qualificação profissional exigidas, bem
Parágrafo único Os representantes, a que se referem este arti- assim a natureza e complexidade das atribuições a serem exercidas
go, serão eleitos pelas respectivas categorias. e manterão correlação com as finalidades dos órgãos ou entidades
Art. 16 Todos têm direito a receber informações objetivas de a que devam atender.
interesse particular, coletivo ou geral, acerca dos atos e projetos do § 1º Classe é a divisão básica da carreira, que agrupa os cargos
Estado e dos Municípios, antes de sua aprovação ou na fase de sua da mesma denominação, segundo o nível de atribuições e respon-
implementação. sabilidades, inclusive aquelas das funções de direção, chefia, asses-
§ 1º As informações requeridas serão, obrigatoriamente, pres- soramento e assistência.
tadas no prazo da lei, sob pena de crime de responsabilidade. § 2º As classes serão desdobradas em padrões, aos quais cor-
§ 2º Os documentos que relatam as ações do Poder Público respondem a remuneração do cargo.
do Estado e dos Municípios serão vazados em linguagem simples e § 3º As carreiras compreendem classes de cargos do mesmo
acessível à população. grupo profissional, reunidas em segmentos distintos, escalonados
§ 3º Haverá, em todos os níveis dos Poderes Públicos, a siste- nos níveis básico, auxiliar, médio e superior.
matização dos documentos e dados, de modo a facilitar o acesso Art. 6º Quadro é o conjunto de carreira e em comissão, inte-
aos processos de decisão. grantes das estruturas dos órgãos da Administração Direta, das Au-
tarquias e das Fundações criadas e mantidas pelo Poder Público.
Art. 7º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
casos previstos em lei.

196
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

TÍTULO II Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso e o de-


DO PROVIMENTO, PROGRESSÃO, VACÂNCIA, PROMOÇÃO, senvolvimento do servidor na carreira, mediante progressão, pro-
ASCENSÃO, ACESSO, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTI- moção, ascensão e acesso serão estabelecidos pela lei que fixar as
TUIÇÃO diretrizes do sistema de carreira na administração pública estadual
e seus regulamentos.
CAPÍTULO I
DO PROVIMENTO SEÇÃO III
DO CONCURSO PÚBLICO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 14 O concurso será de caráter eliminatório e classificatório,
compreendendo, provas ou provas e títulos.
Art. 8º São requisitos básicos para o ingresso no serviço públi- § 1º - A publicação do resultado do concurso deverá ser efetiva-
co: da no prazo máximo de 30 (trinta) dias após a realização do mesmo.
I - a nacionalidade brasileira; (Parágrafo Único transformado em § 1º pela Lei Complementar nº
II - o gozo dos direitos políticos; 298/2008)
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; § 2º O concurso público e as vagas estabelecidas no edital po-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; derão ser dispostas por região ou municípios polos, a critério da
V - a idade mínima prevista em lei; Administração Pública. (Redação acrescida pela Lei Complementar
VI - a boa saúde física e mental. nº 298/2008)
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de § 3º A Administração Pública, observando-se estritamente a
outros requisitos estabelecidos em lei. ordem classificatória e a pontuação obtida no certame, quando
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi- não forem preenchidas todas as vagas existentes em determinada
to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo região ou município polo poderá aproveitar os candidatos classifi-
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são cados e excedentes dos demais polos. (Redação acrescida pela Lei
portadoras; para as quais deverá ser reservado um mínimo de 5% Complementar nº 298/2008)
(cinco por cento) das vagas oferecidas no concurso, observando-se § 4º O aproveitamento dos candidatos classificados e exceden-
o disposto na Lei Estadual nº 4.902, de 09.10.85. tes de que trata o § 3º se dará por convocação publicada em Diário
Art. 9º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato Oficial. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 298/2008)
da autoridade competente de cada Poder, do dirigente superior da § 5º O candidato que opta por assumir vagas em outros mu-
autarquia ou da fundação pública. nicípios ou região polo que eventualmente tiver vagas não preen-
Art. 10 A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. chidas, automaticamente, será considerado desistente de assumir
Art. 11 São formas de provimento de cargo público: na região ou município polo opção para qual se inscreveu para o
I - nomeação; concurso. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 298/2008)
II - ascensão; Art. 15 O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos,
III - transferência; podendo ser prorrogada uma única vez, por igual período.
IV - readaptação; § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea-
V - reversão; lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial
VI - aproveitamento; do Estado e em jornal diário de grande circulação.
VII - reintegração; § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
VIII - recondução. realização serão fixados em edital que será publicado no Diário Ofi-
cial do Estado. (Redação dada pela Lei Complementar nº 260/2006)
SEÇÃO II § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
DA NOMEAÇÃO aprovado em concurso anterior com prazo de validade ainda não
expirado.
Art. 12 A nomeação far-se-á: § 3º Os princípios da ética e da filosofia serão matérias obriga-
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de carreiras; tórias nos concursos públicos. (Redação acrescida pela Lei Comple-
II - em comissão, para os cargos de confiança, de livre exone- mentar nº 400/2010)
ração, respeitando o que dispõe o Artigo 7º da Lei nº 5.601, de
09.05.90. SEÇÃO IV
Parágrafo único - A designação por acesso, para a função de di- DA POSSE E DO EXERCÍCIO
reção, chefia, assessoramento e assistência, recairá, exclusivamen-
te, em servidor de carreira, satisfeitos os requisitos de que trata o Art. 16 Posse é a investidura no cargo público mediante a acei-
Artigo 13, parágrafo único. tação expressa das atribuições, deveres e responsabilidades ineren-
Art. 13 A nomeação para cargo de carreira depende de prévia tes ao cargo público com o compromisso de bem servir, formaliza-
habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, da com a assinatura do termo pela autoridade competente e pelo
obedecida a ordem de classificação e o prazo de sua validade. empossado.
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de 60 (sessenta) dias, contados
da publicação do ato de provimento, prorrogável por mais 30 (trin-
ta) dias, a requerimento do interessado.

197
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 1º A posse ocorrerá no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual sua aptidão e
contados da publicação do ato de provimento. (Redação dada pela capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
Lei Complementar nº 289/2007) observados os seguintes fatores:
§ 2º Em se tratando de servidor em licença, ou afastamento I - assiduidade;
por qualquer outro motivo legal, o prazo será contado do término II - disciplina;
do impedimento. III - capacidade de iniciativa;
§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração específica. IV - produtividade;
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por V - responsabilidade;
nomeação, acesso e ascensão. VI - idoneidade moral.
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará, obrigatoriamen- § 1º 04 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
te, declaração dos bens e valores que constituem seu patrimônio e probatório, será, obrigatoriamente, submetida à homologação da
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor,
função pública. realizada de acordo com o que dispuser a lei e o regulamento do
§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse plano de carreira, sem prejuízo da continuidade de apuração dos
não ocorrer no prazo previsto no §1º. fatores enumerados nos incisos I a VI.
§ 7º O ato de provimento ocorrerá no prazo máximo de 30 § 2º Se, no curso do estágio probatório, for apurada, em pro-
(trinta) dias após a publicação do resultado do concurso para as va- cesso regular, a inaptidão para exercício do cargo, será exonerado.
gas imediatamente disponíveis conforme o estabelecido no edital § 3º No curso do processo a que se refere o parágrafo anterior,
de concurso. e desde a sua instauração, será assegurado ao servidor ampla de-
Art. 17 A posse em cargo público dependerá de comprovada fesa que poderá ser exercitada pessoalmente ou por intermédio de
aptidão física e mental para o exercício do cargo, mediante inspeção procurador habilitado, conferindo-se lhe, ainda, o prazo de 10 (dez)
médica oficial. dias, para juntada de documentos e apresentação de defesa escrita.
Parágrafo único - Será empossado em cargo público aquele que § 4º Para a avaliação prevista neste artigo, deverá ser constitu-
for julgado apto física e mentalmente pela assistência médica públi- ída uma comissão paritária no órgão ou entidade composta por 06
ca do Estado, excetuando-se os casos previstos no § 2º do Artigo 8º (seis) membros.
desta lei complementar. § 5º Não constituem provas suficientes e eficazes as certidões
Art. 18 Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do ou portarias desacompanhadas dos documentos de atos adminis-
cargo. trativos para avaliar negativamente a aptidão e capacidade do ser-
§ 1º É de 30 (trinta) dias o prazo para o servidor entrar em exer- vidor no desempenho do cargo, sobretudo nos fatores a que refere
cício, contados da data da posse. os incisos I, II, III, IV, V e VI deste artigo.
§ 1º É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor empossado
em cargo público de provimento efetivo entrar em exercício, con- SEÇÃO V
tados da data da posse. (Redação dada pela Lei Complementar nº DA ESTABILIDADE
289/2007)
§ 2º Será exonerado o servidor empossado que não entrar em Art. 24 O servidor habilitado em concurso público e empossa-
exercício no prazo previsto no parágrafo anterior. do em cargo de carreira adquirirá estabilidade no serviço público ao
§ 3º A autoridade competente do órgão ou entidade para onde completar 02 (dois) anos de efetivo exercício.
for designado o servidor compete dar-lhe exercício. Art. 25 O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sen-
Art. 19 O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer- tença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo
cício serão registrados no assentamento individual do servidor. disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
Parágrafo único - Ao entrar em exercício, o servidor apresenta-
rá ao órgão competente os elementos necessários ao assentamento SEÇÃO VI
individual. DA TRANSFERÊNCIA
Art. 20 A promoção ou a ascensão não interrompem o tempo
de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a Art. 26 Transferência é a passagem do servidor estável de cargo
partir da data da publicação do ato que promover ou ascender o efetivo de carreira para outro de igual denominação, classe e re-
servidor. muneração, pertencente a quadro de pessoal diverso e na mesma
Art. 21 O servidor transferido, removido, redistribuído, requi- localidade.
sitado ou cedido, quando licenciado, que deva prestar serviços em Art. 27 Será admitida a transferência de servidor ocupante de
outra localidade, terá 30 (trinta) dias de prazo para entrar em exer- cargo de quadro em extinção para igual situação em quadro de ou-
cício, incluído nesse tempo o necessário ao deslocamento para a tro órgão ou entidade.
nova sede. Parágrafo único - A transferência far-se-á a pedido do servidor,
Parágrafo único - Na hipótese do servidor encontrar-se afasta- atendendo a conveniência do serviço público.
do legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a Art. 28 São requisitos essenciais da transferência:
partir do término do afastamento. I - interesse comprovado do serviço;
Art. 22 O ocupante de cargo de provimento efetivo, integrante II - existência de vaga;
do sistema de carreira, fica sujeito a 30 (trinta) horas semanais de III - contar, o servidor, com 02 (dois) anos de efetivo exercício
trabalho. no cargo.
Art. 23 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para o Parágrafo único - Nos casos de transferência não se aplicam os
cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por incisos deste artigo para cônjuge ou companheiro (a).

198
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Art. 29 As transferências não poderão exceder de 1/3 (um ter- Art. 38 Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
ço) das vagas de cada classe. servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração inte-
gral.
SEÇÃO VII Art. 39 O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
DA READAPTAÇÃO far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui-
ções e remunerações compatíveis com o anteriormente ocupado.
Art. 30 Readaptação é a investidura do servidor em cargo de Parágrafo único - O Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibi-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins- lidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos da administração pú-
peção médica. blica, na localidade em que trabalhava anteriormente ou em outra
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando com a concordância do servidor.
será aposentado, nos termos da lei vigente. Art. 40 O aproveitamento do servidor que se encontra em
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de carreira de atri- disponibilidade há mais de 12 (doze) meses dependerá de prévia
buições afins, respeitada a habilitação exigida. comprovação de sua capacidade física e mental, por junta médica
§ 3º Em qualquer hipótese, a readaptação não poderá acarre- oficial.
tar aumento ou redução de remuneração do servidor. § 1º Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício do cargo
no prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação do ato de apro-
SEÇÃO VIII veitamento.
DA REVERSÃO § 2º Verificada a incapacidade definitiva, o servidor em disponi-
bilidade será aposentado, na forma da legislação em vigor.
Art. 31 Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta- Art. 41 Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
do por invalidez. quando, por junta médica oficial, forem declarados disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal,
insubsistentes os motivos determinantes da aposentadoria. salvo doença comprovada por junta médica oficial.
Art. 32 A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul- Art. 42 Havendo mais de um concorrente à mesma vaga, terá
tante de sua transformação, com remuneração integral. preferência o de maior tempo de disponibilidade e, no caso de em-
Parágrafo único - Encontrando-se provido este cargo, o servi- pate, o de maior tempo de serviço público
dor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de
vaga. CAPÍTULO II
Art. 33 Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple- DA VACÂNCIA
tado 70 (setenta) anos de idade.
Art. 34 A reversão far-se-á a pedido. Art. 43 A vacância do cargo público decorrerá de: (Vide Lei
Complementar nº 79/2000)
SEÇÃO IX I - exoneração;
DA REINTEGRAÇÃO II - demissão;
III - ascensão;
Art. 35 Reintegração é a investidura do servidor estável no car- IV - acesso;
go anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua transfor- V - transferência;
mação, quando invalidada a sua demissão por ocasião administrati- VI - readaptação;
va ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. VII - aposentadoria;
§ 1º Na hipótese do cargo ter sido extinto, o servidor ocupará VIII - posse em outro cargo inacumulável;
outro cargo equivalente ao anterior com todas as vantagens. IX - falecimento.
§ 2º O cargo a que se refere o artigo somente poderá ser preen- Art. 44 A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser-
chido em caráter precário até o julgamento final. vidor, ou de ofício.
Parágrafo único - A exoneração de ofício dar-se-á:
SEÇÃO X I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
DA RECONDUÇÃO II - quando por decorrência do prazo, ficar extinta a punibilida-
de para demissão por abandono de cargo;
Art. 36 Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo III - quando, tendo tomado posse, não entrar no exercício no
anteriormente ocupado e decorrerá de: prazo estabelecido.
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; Art. 45 A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
II - reintegração do anterior ocupante. I - a juízo da autoridade competente, salvo os cargos ocupados
Parágrafo único - Encontrando-se provido o cargo de origem, o por servidores do plano de carreira através de eleições;
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no Artigo II - a pedido do próprio servidor;
40. III - em conformidade com o que dispõe a Lei nº 5.601, de
09.05.90.
SEÇÃO XI Parágrafo único - Os cargos em comissão ocupados por servi-
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO dores do quadro de carreiras eleitos conforme Artigo 134 da Cons-
tituição Estadual, só poderão ser exonerados a pedido ou quando
Art. 37 Aproveitamento é o retorno do servidor em disponibili- comprovadamente através de processo administrativo, agir contra
dade ao exercício do cargo público. os interesses do Estado e da categoria que o elegeu. (Revogado

199
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

pela Lei Complementar nº 266/2006) (Repristinado pela Lei Com- em que o interessado esteja matriculado, devendo permanecer no
plementar nº 550/2014) exercício do cargo.
§ 1º Efetivar-se-á a remoção se o servidor concluir o curso, dei-
CAPÍTULO III xar de cursá-lo ou for reprovado durante 02 (dois) anos consecuti-
DA PROGRESSÃO, PROMOÇÃO, ASCENSÃO E ACESSO vos.
§ 2º Semestralmente, o interessado deverá apresentar prova
Art. 46 Progressão é a passagem do servidor de uma referên- de sua frequência regular do curso que estiver matriculado perante
cia para a imediatamente superior, dentro da mesma classe e da a repartição a que esteja subordinado.
categoria funcional a que pertence, obedecidos os critérios especi-
ficados para a avaliação de desempenho e tempo de efetiva perma- SEÇÃO II
nência na carreira. DA REDISTRIBUIÇÃO
Art. 47 Ascensão é a passagem do servidor de um nível para ou-
tro sendo posicionado na primeira classe e em referência ou padrão Art. 53. Redistribuição é o deslocamento do servidor, com o
de vencimento imediatamente superior àquele em que se encon- respectivo cargo, para o quadro de pessoal do mesmo ou qualquer
trava, na mesma carreira. órgão ou entidade do governo, cujos planos de carreira e remune-
Art. 48 Promoção é a passagem do servidor de uma classe para ração sejam idênticos, observado sempre o interesse da administra-
a imediatamente superior do respectivo grupo de carreira que per- ção. (Redação dada pela Lei Complementar nº 187/2004)
tence, obedecidos os critérios de avaliação, desempenho e qualifi- § 1º A redistribuição dar-se-á exclusivamente para ajustamento
cação funcional. de quadros de pessoal às necessidades dos serviços, inclusive nos
Art. 49 Acesso é a investidura do servidor na função de direção, casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade.
chefia, assessoramento e assistência, segundo os critérios estabe- § 2º Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servidores
lecidos em lei. estáveis que não puderem ser redistribuídos, na forma deste artigo,
Art. 50 Os critérios para aplicação deste capítulo serão defini- serão colocados em disponibilidade com remuneração integral, até
dos ao instituir o plano de carreira. seu aproveitamento na forma do Artigo 40.
Parágrafo único - Fica assegurada a participação dos servidores
na elaboração do plano de carreira e seus critérios. CAPÍTULO V
DA SUBSTITUIÇÃO
CAPÍTULO IV
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO Art. 54 Os servidores investidos em função de direção ou chefia
e os ocupantes de cargos em comissão terão substitutos indicados
SEÇÃO I no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente desig-
DA REMOÇÃO nados pela autoridade competente. (Regulamentada pelo Decreto
nº 719/1999)
Art. 51 Remoção é o deslocamento do servidor a pedido, ob- § 1º O substituto assumirá automaticamente o exercício do car-
servada a lotação existente em cada órgão, no âmbito do mesmo go ou função de direção ou chefia nos afastamentos ou impedimen-
quadro com a sua mudança de sede e só poderá ser feita: tos regulamentares do titular.
I - de uma para outra repartição da mesma Secretaria de Esta- § 2º (VETADO) (Revogado pela Lei Complementar nº 266/2006)
do; Art. 55 O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de
II - de um para outro órgão da mesma repartição. unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. (Re-
Parágrafo único - A remoção a pedido para outra localidade, gulamentada pelo Decreto nº 719/1999) (Revogado pela Lei Com-
por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou depen- plementar nº 266/2006)
dente, fica condicionada à comprovação por junta médica e à exis-
tência de vaga. TÍTULO III
Art. 51 Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de DOS DIREITOS E VANTAGENS
ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede,
observada a lotação existente em cada órgão: CAPÍTULO I
I - de uma para outra repartição do mesmo órgão ou entidade; DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
II - de um para outro órgão ou entidade, desde que compatíveis
a situação funcional e a carreira específica do servidor removido. Art. 56 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
§ 1º A remoção a pedido para outra localidade, por motivo de cargo público, com valor fixado em lei.
saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, fica con- Art. 57 Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
dicionada à apresentação de laudo pericial emitido pela Coordena- cido das vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias, pre-
doria-Geral de Perícia Médica da Secretaria de Estado de Adminis- vistas nas Constituições Federal e Estadual, em acordos coletivos ou
tração - SAD, bem como à existência de vaga. em convenções de trabalho que venham a ser celebrados.
§ 2º A remoção para outra localidade, baseada no interesse pú- Art. 58 A remuneração total do servidor será composta exclu-
blico, deverá ser devidamente fundamentada. (Redação dada pela sivamente do vencimento base, de uma única verba de representa-
Lei Complementar nº 187/2004) ção e do adicional por tempo de serviço.
Art. 52 O ato que remover o servidor estudante de uma para
outra cidade ficará suspenso se, na nova sede, não existir estabe-
lecimento congênere oficial, reconhecido ou equiparado àquele

200
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Parágrafo único - O adicional por tempo de serviço concedido § 2º Nos casos de comprovada má fé e abandono de cargo, a
aos ocupantes dos cargos de carreira de provimento efetivo e aos reposição deverá ser feita de uma só vez, sem prejuízo das penali-
empregados públicos como única vantagem pessoal, não será con- dades cabíveis, inclusive no que se refere a inscrição na dívida ativa.
siderado para efeito deste artigo. Art. 67 O servidor em débito com o erário que for demitido,
Art. 59 Ao servidor nomeado para o exercício de cargo em co- exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
missão, é facultado optar entre o vencimento de seu cargo efetivo e sada, terá o prazo de 60 (sessenta) dias para quitá-lo.
do cargo em comissão, acrescido da verba única de representação. Art. 67-A Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Ge-
Parágrafo único - O servidor investido em cargo em comissão ral do Estado os créditos constituídos pelo Estado de Mato Grosso
de órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remune- em razão de benefícios previdenciários ou assistenciais pagos in-
ração de acordo com o estabelecido no Artigo 119, § 1º. devidamente ou além do devido, hipótese em que se aplica o dis-
Art. 60 O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens posto na Lei Federal nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, para
de caráter permanente, é irredutível. a execução judicial. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº
Art. 61 É assegurada a isonomia de vencimento para cargos de 659/2020)
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre ser- Parágrafo único - A não-quitação do débito no prazo previsto
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi- implicará sua inscrição na dívida ativa.
vidual e as relativas à natureza e ao local de trabalho. Art. 68 O vencimento, a remuneração e o provento não serão
Art. 62 Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres-
título de remuneração, importância superior à soma dos valores tação de alimentos resultantes de decisão judicial.
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no Art. 69 O pagamento da remuneração dos servidores públicos
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Secretários de Estado, por dar-se-á até o dia 10 (dez) do mês seguinte ao que se refere.
membros da Assembleia Legislativa e membros do Tribunal de Jus- § 1º O não-pagamento até a data prevista neste artigo impor-
tiça. tará na correção do seu valor, aplicando-se os índices federais de
Parágrafo único - Excluem-se do teto de remuneração, o adi- correção diária, a partir do dia seguinte ao do vencimento até a data
cional por tempo de serviço e as vantagens previstas no Artigo 82, do efetivo pagamento.
I a VIII. § 2º O montante da correção será pago juntamente com o ven-
Art. 63 A relação entre a menor e a maior remuneração atribu- cimento do mês subsequente, corrigido o seu total até o último dia
ída aos cargos de carreira não poderá ser superior a 08 (oito) vezes. do mês, pelos mesmos índices do parágrafo anterior.
Art. 64 O servidor perderá:
I - vencimento ou remuneração do dia que não comparecer ao CAPÍTULO II
serviço, salvo motivo legal ou moléstia comprovada; DAS VANTAGENS
II - 1/3 (um terço) do vencimento ou da remuneração do dia,
quando comparecer ao serviço com atraso máximo de uma hora, Art. 70 Além do vencimento poderão ser pagas ao servidor as
ou quando se retirar antecipadamente; seguintes vantagens:
III - 1/3 (um terço) do vencimento ou da remuneração durante I - indenizações;
o afastamento por motivo de prisão preventiva, pronúncia por cri- II - gratificações e adicionais.
me comum, denúncia por crime funcional, condenação recorrível Parágrafo único - A indenização não se incorpora ao vencimen-
por crime inafiançável ou processo no qual haja pronúncia, com di- to ou provento para qualquer efeito.
reito à diferença, se absolvida; Art. 71 As vantagens não serão computadas nem acumuladas
IV - 2/3 (dois terços) do vencimento ou da remuneração duran- para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniá-
te o período de afastamento em virtude da condenação por senten- rios ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
ça definitiva, cuja pena não resulte em demissão .
Art. 65 Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum SEÇÃO I
desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. DAS INDENIZAÇÕES
§ 1º Mediante autorização do servidor poderá haver consigna-
ção em folha de pagamento a favor de terceiros, ou seja, institui- Art. 72 Constituem indenizações ao servidor:
ções de previdências, associações, sindicatos, pecúlio, seguros e os I - ajuda de custo;
demais na forma definida em regulamento instituído pelas associa- II - diárias.
ções e sindicatos dos servidores. Art. 73 Os valores das indenizações, assim como as condições
§ 2º Sob pena de responsabilidade a autoridade que determi- para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
nar o desconto em folha de pagamento para instituições de previ-
dência ou associações, deverá efetivar o repasse do desconto, no SUBSEÇÃO I
prazo máximo dos 05 (cinco) primeiros dias úteis do mês subse- DA AJUDA DE CUSTO
quente.
Art. 66 As reposições e indenizações ao erário serão desconta- Art. 74 A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
das em parcelas mensais não excedentes à décima parte da remu- de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter
neração ou provento. exercício em nova sede, com mudança de domicílio, em caráter per-
§ 1º Independente do parcelamento previsto neste artigo, o manente.
recebimento de quantias indevidas poderá implicar processo dis- § 1º Correm por conta da administração as despesas com trans-
ciplinar para apuração de responsabilidades e aplicação das pena- porte do servidor e de sua família, bem como de um empregado
lidades cabíveis. doméstico, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais.

201
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 2º À família do servidor que falecer na nova sede são asse- V - adicional de férias;
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, VI - adicional por tempo de serviço;
dentro do prazo de 06 (seis) meses, contado do óbito. (Revogado VII - (VETADO)
pela Lei Complementar nº 59/1999) VIII - (VETADO)
Art. 75 A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do IX - gratificação por eficiência e resultado. (Redação acrescida
cargo do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não po- pela Lei Complementar nº 756/2023)
dendo exceder a importância correspondente a 02 (dois) meses.
(Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) Subseção V
Art. 76 Não será concedida a ajuda de custo ao servidor que se Da Gratificação Natalina
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
Art. 77 Será concedida ajuda de custo àquele que, sendo servi- Art. 83 A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
dor do Estado, for nomeado para cargo em comissão, com mudança avos) de remuneração a que o servidor fizer jus ao mês de dezem-
de domicílio, inclusive quando do retorno ao domicílio de origem. bro, por mês de exercício, no respectivo ano.
Parágrafo único - No afastamento previsto no Artigo 121, I, a Parágrafo único - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. será considerada como mês integral.
(Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) Art. 84. A gratificação natalina será paga até o dia 20 (vinte)
Art. 78 O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo do mês de dezembro de cada ano. (Redação dada pela Lei Comple-
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra- mentar nº 479/2012)
zo determinado no Artigo 21. Parágrafo único - (Revogado pela Lei Complementar nº
Parágrafo único - Não haverá obrigação de restituir a ajuda de 479/2012)
custo nos casos de exoneração de ofício, ou de retorno por motivo Art. 85 O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata-
de doença comprovada. lina, proporcionalmente aos de efetivo exercício, calculada sobre a
remuneração do mês da exoneração.
SUBSEÇÃO II
DAS DIÁRIAS SUBSEÇÃO VI
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
Art. 79 O servidor que, a serviço, se afastar da sede, em caráter
eventual ou transitório, para outro ponto do território mato-gros- Art. 86 O adicional por tempo de serviço é devido à razão de
sense e de outras unidades da Federação, fará jus a passagens e di- 2% (dois por cento), por ano de serviço público estadual, incidente
árias para cobrir as despesas de pousada, alimentação, locomoção sobre o vencimento-base do cargo efetivo, até o limite de 50% (cin-
urbana e rural. quenta por cento).
Parágrafo único - A diária será concedida por dia de afastamen- § 1º O servidor fará jus ao adicional a partir do mês imediato
to, sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir àquele em que completar o anuênio, independente de requerimen-
pernoite fora da sede. to.
Art. 80 O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, § 2º (VETADO)
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no § 3º Fica excluído do teto constitucional o adicional por tempo
prazo de 05 (cinco) dias. de serviço. (Redação dada pela Lei Complementar nº 42/1996)
Parágrafo único - Na hipótese do servidor retornar à sede em
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as SUBSEÇÃO VII
diárias recebidas em excesso, em igual prazo. DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE OU
PENOSIDADE
SUBSEÇÃO III
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE Art. 87 Os servidores que trabalham com habitualidade em lo-
cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas
Art. 81 Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor ou com risco de vida, fazem jus a um adicional no termos da legis-
que realizar despesas com a utilização do meio próprio de locomo- lação pertinente.
ção para execução de serviços externos, por força das atribuições § 1º O servidor que fizer jus a mais de um adicional será conce-
próprias do cargo, conforme regulamento. dido o pagamento, de acordo com a legislação pertinente.
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
SUBSEÇÃO IV cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau-
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS sa à sua concessão.
Art. 88 Caberá à Administração Estadual exercer permanente
Art. 82 Além da remuneração e das indenizações previstas nes- controle da atividade de servidores em operações ou locais consi-
ta lei complementar, poderão ser deferidas aos servidores as se- derados penosos, insalubres ou perigosos.
guintes gratificações adicionais: Parágrafo único - A servidora gestante ou lactante será afasta-
I - gratificação natalina; da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
II - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e
ou penosas; em serviço não perigoso.
III - adicional pela prestação de serviço extraordinário; Art. 89 Na concessão dos adicionais de penosidade, insalubri-
IV - adicional noturno; dade e de periculosidade serão observadas as situações especifica-

202
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

das na legislação pertinente aplicável ao servidor público. servada a escala a ser organizada pela repartição.
Art. 90 O adicional de penosidade será devido ao servidor em § 5º As férias poderão ser parceladas em até 03 (três) etapas,
exercício em zonas de fronteira ou em localidades, cujas condições se assim requeridas pelo servidor, com período mínimo de 10 (dez)
de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em dias em cada, sendo que o terço constitucional será corresponden-
regulamento. te ao período usufruído. (Redação dada pela Lei Complementar nº
Art. 91 Os locais de trabalho e os servidores que operam com 640/2019)
Raios X ou substâncias radioativas devem ser mantidos sob controle § 6º Caso não cumprido o estabelecido no caput deste artigo, o
permanente, de modo que as doses de radiação ionizantes não ul- servidor público, automaticamente, entrará em gozo de férias a par-
trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. tir do primeiro dia do terceiro período aquisitivo. (Redação acresci-
Parágrafo único - Os servidores a que se refere este artigo de- da pela Lei Complementar nº 293/2007)
vem ser submetidos a exame médico oficial. Art. 98 Quando em gozo de férias, o servidor terá direito a re-
ceber o equivalente a 01 (um) mês de vencimento.
SUBSEÇÃO VIII Parágrafo único - No caso de férias proporcionais, o servidor
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO perceberá uma remuneração correspondente ao número de dias
gozados. (Redação dada pela Lei Complementar nº 141/2003)
Art. 92 O serviço extraordinário será remunerado com acrés- Art. 99 O pagamento da remuneração das férias será efetuado
cimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) em relação à hora até 02 (dois) dias antes do início do respectivo período, observan-
normal de trabalho. do-se o disposto no § 1º deste artigo.
Art. 93 Somente será permitido serviço extraordinário para § 1º É facultado ao servidor converter 1/3 (um terço) das
atender situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite férias em abono pecuniário, desde que o requeira com pelo me-
máximo de 02 (duas) horas diárias, conforme se dispuser em regu- nos 60 (sessenta) dias de antecedência do seu início. (Vide Lei nº
lamento. 8316/2005)
§ 2º No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor
SUBSEÇÃO IX do adicional de férias, previsto no Artigo 82, V.
DO ADICIONAL NOTURNO Art. 100 O servidor que opera direta e permanentemente com
Raios X ou substâncias radioativas gozará, obrigatoriamente, 20
Art. 94 O serviço noturno prestado em horário compreendido (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade pro-
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 05 (cinco) horas do dia fissional, proibida, em qualquer hipótese, a acumulação.
seguinte, terá o valor hora acrescido de mais 25% (vinte e cinco por Art. 101 É proibida a transferência e remoção do servidor quan-
cento), computando-se cada hora com 52 (cinquenta e dois) minu- do em gozo de férias.
tos e 30 (trinta) segundos. Art. 102 As férias somente poderão ser interrompidas por mo-
Parágrafo único - Em se tratando de serviço extraordinário, o tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri,
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração serviço militar ou eleitoral ou por motivo de superior interesse pú-
prevista no Artigo 93. blico definidos em lei, devendo o período interrompido ser gozado
imediatamente, após a cessação do motivo da interrupção.
SUBSEÇÃO X
DO ADICIONAL DE FÉRIAS SUBSEÇÃO XI
DA GRATIFICAÇÃO POR EFICIÊNCIA E RESULTADO (REDAÇÃO
Art. 95 Independente de solicitação, será pago ao servidor, por ACRESCIDA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 756/2023)
ocasião das férias, um adicional de 1/3 (um terço) da remuneração
correspondente ao período de férias. Art. 102-A O Poder Executivo fica autorizado a implementar,
Parágrafo único - No caso do servidor exercer função de di- para os servidores públicos civis e militares, gratificação por eficiên-
reção, chefia, assessoramento ou assistência ou ocupar cargo em cia e resultado em parcela única anual, limitada a 50% (cinquenta
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do por cento) do subsídio da classe e nível iniciais do respectivo cargo.
adicional de que trata este artigo. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 756/2023)
Art. 96 O servidor em regime de acumulação lícita perceberá o
adicional de férias calculado sobre a remuneração do cargo em que CAPÍTULO III
for gozar as férias. DAS LICENÇAS
Art. 97 O servidor fará jus a 30 (trinta) dias de férias, que po-
dem ser cumuladas até o máximo de dois períodos, mediante com- SEÇÃO I
provada necessidade de serviço, ressalvadas as hipóteses em que DISPOSIÇÕES GERAIS
haja legislação específica. (Redação dada pela Lei Complementar
nº 141/2003) Art. 103 Conceder-se-á, ao servidor, licença:
§ 1º Para o período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) I - por motivo de doença em pessoa da família;
meses de exercício. II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. III - para serviço militar;
§ 3º Fica proibida a contagem, em dobro, de férias não gozadas, IV - para atividade política;
para fins de aposentadoria e promoção por antiguidade, acumula- V - prêmio por assiduidade;
das por mais de 02 (dois) períodos. VI - para tratar de interesses particulares;
§ 4º Para gozo das férias previstas neste artigo, deverá ser ob- VII - para qualificação profissional.

203
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 1º A licença, prevista no inciso I, será precedida de exame por § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
médico da junta médica oficial. desempenha sua função e que exerça cargo de direção, chefia, as-
§ 2º O servidor não poderá permanecer em licença da mesma sessoramento, assistência, arrecadação ou fiscalização, dele será
espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) meses, salvo nos afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura
casos dos incisos II, III, IV e VII deste artigo. perante a justiça eleitoral, até o décimo quinto dia seguinte ao do
§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante o pleito.
período da licença prevista no inciso I deste artigo, ressalvada a hi- § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo quinto
pótese no Artigo 105 e seus parágrafos. dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença como se em
Art. 104 A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do exercício estivesse, com o vencimento de que trata o Artigo 57.
término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
rogação. SEÇÃO VI
DA LICENÇA-PRÊMIO POR ASSIDUIDADE
SEÇÃO II
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- Art. 109. Após cada quinquênio ininterrupto de efetivo exercí-
LIA cio no serviço público estadual, o servidor fará jus a 90 (noventa)
dias de licença, a título de prêmio por assiduidade, com o subsídio
Art. 105 Poderá ser concedida licença ao servidor, por motivo do cargo efetivo, acrescido do valor do cargo em comissão ou fun-
de doença do cônjuge ou companheiro, padrasto ou madrasta, as- ção de confiança, se for o caso. (Redação dada pela Lei Complemen-
cendente, descendente, enteado e colateral consanguíneo ou afim tar nº 738/2022)
até o segundo grau civil, mediante comprovação médica. § 1º Para fins da licença-prêmio de que trata este artigo, será
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do considerado o tempo de serviço desde seu ingresso no serviço pú-
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea- blico estadual.
mente com o exercício do cargo, o que deverá ser apurado através § 2º É facultado ao servidor fracionar a licença de que trata este
de acompanhamento social. artigo, conforme disposto em regulamento. (Redação dada pela Lei
§ 2º A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do Complementar nº 738/2022)
cargo efetivo, até um 01 (um) ano, com 2/3 (dois terços) do venci- § 3º (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999)
mento ou remuneração, excedendo esse prazo, até 02 (dois) anos. § 4º (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999)
Art. 110 Não se concederá licença-prêmio ao servidor que, no
SEÇÃO III período aquisitivo: (Vide Decreto nº 3621/2004)
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão;
II - afastar-se do cargo em virtude de:
Art. 106 Poderá ser concedida licença ao servidor para acom- a) licença por motivo de doença em pessoa da família, sem re-
panhar o cônjuge ou companheiro que for deslocado para outro muneração;
ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de b) licença para tratar de interesses particulares;
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. c) condenação a pena privativa de liberdade, por sentença de-
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem remunera- finitiva;
ção. d) afastamento para acompanhar cônjuge ou companheiro.
§ 2º Na hipótese do deslocamento de que trata este artigo, o Parágrafo único - As faltas injustificadas ao serviço retardarão a
servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição da Ad- concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de um mês
ministração Estadual Direta, Autárquica ou Fundacional, desde que para cada três faltas.
para exercício de atividade compatível com o seu cargo com remu- Art. 111 O número de servidor em gozo simultâneo de licen-
neração do órgão de origem. ça-prêmio não poderá ser superior a 1/3 (um terço) da lotação da
respectiva unidade administrativa do órgão ou entidade.
SEÇÃO IV Art. 112 Para efeito de aposentadoria será contado em dobro o
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR tempo de licença-prêmio não gozado.
Art. 113 Para possibilitar o controle das concessões da licença,
Art. 107 Ao servidor convocado para o serviço militar será con- o órgão de lotação deverá proceder anualmente à escala dos servi-
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe- dores, a fim de atender o disposto no Artigo 109, § 4º, e garantir os
cífica. recursos orçamentários e financeiros necessários ao pagamento, no
Parágrafo único - Concluído o serviço militar o servidor terá 30 caso de opção em espécie.
(trinta) dias, com remuneração, para reassumir o exercício do cargo. § 1º O servidor não poderá cumular duas licenças-prêmio. (Re-
dação acrescida pela Lei Complementar nº 293/2007)
SEÇÃO V § 2º O servidor deverá gozar a licença-prêmio concedida, obri-
DA LICENÇA PARA A ATIVIDADE POLÍTICA gatoriamente, no período aquisitivo subsequente. (Redação acres-
cida pela Lei Complementar nº 293/2007)
Art. 108 O servidor terá direito a licença, sem remuneração, § 3º Caso não usufrua no período subsequente, entrará, auto-
durante o período que mediar entre a sua escolha, em convenção maticamente, em gozo da referida licença a partir do primeiro dia
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro do terceiro período aquisitivo. (Redação acrescida pela Lei Comple-
de sua candidatura perante a justiça eleitoral. mentar nº 293/2007)

204
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

SEÇÃO VII CAPÍTULO IV


DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES DOS AFASTAMENTOS

Art. 114 A pedido e sem prejuízo do serviço será concedida, ao SEÇÃO I


servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTI-
prazo de até 02 (dois) anos consecutivos, sem remuneração, poden- DADE
do esta licença ser interrompida a qualquer momento por interesse
do servidor. Art. 119. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
§ 1º A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo, a outro órgão ou entidade do Poder Executivo Estadual ou dos Pode-
pedido do servidor ou no Interesse do serviço público. res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas
§ 2º Não se concederá nova licença antes de decorridos 02 seguintes hipóteses:
(dois) anos do término da anterior. I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
§ 3º Não se concederá licença a servidor nomeado, removido, II - em situações de comprovado interesse público;
redistribuído ou transferido, antes de completar 02 (dois) anos de III - em casos previstos em leis específicas. (Redação dada pela
exercício. Lei Complementar nº 662/2020)
§ 4º O requerente aguardará, em exercício no cargo, a publi- § 1º O ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessio-
cação no Diário Oficial, do ato decisório sobre a licença solicitada. nária, salvo disposição legal em contrário. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 662/2020)
SEÇÃO VIII § 2º Mediante autorização da Secretaria de Estado de Planeja-
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DO MANDATO CLASSISTA mento e Gestão, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício
em outro órgão da Administração Pública Estadual, que não tenha
Art. 115. É assegurado ao servidor público efetivo o direito à quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a certo prazo.
licença remunerada, para o exercício de mandato eletivo em direto- (Redação dada pela Lei Complementar nº 627/2019)
ria de entidade sindical ou associativa, ainda que de caráter nacio- § 3º O afastamento previsto neste artigo será de até 05 (cinco)
nal, desde que representativas das carreiras integrantes da Admi- anos, prorrogáveis por interesse da Administração Pública. (Reda-
nistração Pública Estadual, nos termos do art. 133 da Constituição ção acrescida pela Lei Complementar nº 640/2019)
Estadual.
Parágrafo único. A licença terá duração igual à do mandato, po- SEÇÃO II
dendo ser prorrogada no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO
Complementar nº 662/2020)
Art. 120 Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se
SEÇÃO IX as seguintes disposições:
DA LICENÇA PARA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
afastado do cargo;
Art. 116 A licença para qualificação profissional dar-se-á com II - investido no mandato de prefeito, será afastado do cargo,
prévia autorização do Governador do Estado e consiste no afas- sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
tamento do servidor de suas funções, sem prejuízo dos seus ven- III - investido no mandato de vereador:
cimentos, assegurada a sua efetividade para todos os efeitos de a) havendo compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
carreira e será concedida para frequência de curso de formação, gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
treinamento, aperfeiçoamento e especialização profissional ou em b) não havendo compatibilidade de horários, será afastado do
nível de pós-graduação e estágio, no país ou no exterior, se de inte- cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
resse do Estado. c) não poderá exercer cargo em comissão ou de confiança na
Art. 117 Para concessão da licença de que trata o artigo ante- administração pública, de livre exoneração.
rior, terão preferências os servidores que satisfaçam os seguintes § 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
requisitos: para a seguridade social como se em exercício estivesse.
I - residência em localidade onde não existam unidades univer- § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista não
sitárias ou faculdades isoladas; poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di-
II - experiência no máximo de 05 (cinco) anos de Magistério Pú- versa onde exerce o mandato.
blico Estadual e o servidor com 05 (cinco) anos de efetivo exercício
no Estado; SEÇÃO III
III - curso correlacionado com a área de atuação. DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR
Art. 118 Realizando-se o curso na mesma localidade da lotação
do serviço ou em outra de fácil acesso, em lugar da licença será Art. 121 O servidor não poderá ausentar-se do Estado ou País
concedida simples dispensa do expediente pelo tempo necessário à para estudo ou missão oficial, sem autorização do Governador do
frequência regular do curso. Estado, ou Presidente dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judici-
Parágrafo único - A dispensa de que trata o artigo deverá ser ário.
obrigatoriamente comprovado mediante frequência regular do cur- § 1º A ausência não excederá de 04 (quatro) anos, e finda a
so. missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
nova ausência.
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será

205
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular, CAPÍTULO VI


antes de decorrido período igual a do afastamento, ressalvada a hi- DO TEMPO DE SERVIÇO
pótese do ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
Art. 122 O afastamento de servidor para servir em organismo Art. 127 É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar- público prestado ao Estado de Mato Grosso, inclusive o das Forças
-se-á com direito a opção pela remuneração. Armadas.
Art. 123 O afastamento para estudo ou missão oficial no exte- Art. 128 A apuração do tempo de serviço será feita em dias
rior obedecerá ao disposto em legislação específica. que serão convertidos em anos, considerado o ano como de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias.
CAPÍTULO V Parágrafo único - Feita a conversão, os dias restantes, até 182
DAS CONCESSÕES (cento e oitenta e dois), não serão computados, arredondando-se
para 1 (um) ano quando excederem deste número, para efeito de
Art. 124 A. Fica concedido ao servidor público que tenha côn- aposentadoria.
juge, filho ou dependente com deficiência, redução da jornada de Art. 129 Além das ausências ao serviço previstas no Artigo 125,
trabalho da respectiva lei de carreira em 50% (cinquenta por cento), são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em vir-
sem compensação de horário e sem prejuízo da remuneração, des- tude de:
de que observados os seguintes requisitos: I - férias;
I - ser titular de cargo efetivo; II - exercício de cargo em comissão ou equivalente em órgãos
II - comprovar a dependência socioeducacional e econômica da ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis-
pessoa com deficiência; trito Federal;
III - não estar no exercício de cargo em comissão ou função gra- III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,
tificada. em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presi-
§ 1º Fica assegurada a redução da jornada prevista no caput dente da República, Governo Estadual e Municipal;
deste artigo mediante averiguação por assistente social referente IV - participação em programa de treinamento regularmente
à dependência socioeducativa e a realização de avaliação médica instituído;
pericial, nos termos do regulamento. V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici-
§ 2º A redução da jornada prevista no caput deste artigo fica pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
estendida enquanto permanecer a necessidade de assistência e a VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
dependência econômica da pessoa com deficiência nos termos do VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afas-
regulamento. tamento;
§ 3º Fica concedida a redução da jornada prevista no caput des- VIII - licença:
te artigo apenas para um dos pais ou responsáveis do dependente a) à gestante, à adotante e à paternidade;
com deficiência quando ambos forem servidores públicos estaduais b) para tratamento da própria saúde, até 02 (dois) anos;
efetivos. c) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
§ 4º Fica vedado ao servidor alcançado pela redução prevista d) prêmio por assiduidade;
no caput deste artigo a ocupação de qualquer atividade, remunera- e) por convocação para serviço militar;
da ou não, enquanto perdurar a redução. (Redação acrescida pela f) qualificação profissional;
Lei Complementar nº 607/2018) (Lei Complementar nº 607/2018 g) licença para acompanhar cônjuge ou companheiro;
declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso, h) licença para tratamento de saúde em pessoa da família;
conforme ADI nº 1011123-34.2019.8.11.0000) i) para o desempenho de mandato classista;
Art. 125 Será concedido horário especial ao servidor estudante, IX - deslocamento para a nova sede de que trata o Artigo 21;
quando comprovado a incompatibilidade entre o horário escolar e X - participação em competição desportiva estadual e nacional
o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. ou convocação para integrar representação desportiva nacional, no
Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo, será País ou no exterior, conforme disposto em lei específica.
exigida a compensação de horários na repartição, respeitada a du- Art. 130 Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis-
ração semanal do trabalho. (Revogado pela Lei Complementar nº ponibilidade:
293/2007) I - o tempo de serviço público federal, estadual e municipal,
Art. 126 Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse mediante comprovação do serviço prestado e de recolhimento da
da administração, é assegurada, na localidade da nova residência previdência social;
ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, II - a licença para atividade política, no caso do Artigo 108, § 2º ;
em qualquer época, independente de vaga, na forma e condições III - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
estabelecidas na legislação específica. tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no
Parágrafo único - O disposto neste artigo estende-se ao cônju- serviço público estadual;
ge ou companheiro, aos filhos ou enteados do servidor, que vivam IV - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previ-
na sua companhia, bem como aos menores sob a sua guarda, com dência Social, e após decorridos 05 (cinco) anos de efetivo exercício
autorização judicial. no serviço público;
V - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VI - (VETADO)
§ 1º O tempo de serviço a que se refere o inciso I deste artigo
não poderá ser contado em dobro ou com quaisquer outros acrésci-

206
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

mos, salvo se houver norma correspondente na legislação estadual. veis, interrompem a prescrição.
§ 2º O tempo em que o servidor esteve aposentado ou em Parágrafo único - Interrompida a prescrição, o prazo recomeça-
disponibilidade será apenas contado para nova aposentadoria ou rá a correr pelo restante, no dia em que cessar a interrupção.
disponibilidade. Art. 139 A prescrição é de ordem publica, não podendo ser re-
§ 3º Será contado, em dobro, o tempo de serviço prestado às levada pela administração.
Forças Armadas em operações de guerra. Art. 140 Para o exercício do direito de petição, é assegurada
§ 4º É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço vista do processo ou documento na repartição ao servidor ou a pro-
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função em curador por ele constituído.
órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal Art. 141 A administração deverá rever seus atos, a qualquer
e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia tempo, quando eivados de ilegalidade.
mista e empresa pública. Art. 142 São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
neste Capítulo.
CAPÍTULO VII
DO DIREITO DE PETIÇÃO TÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR
Art. 131 É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Po-
deres Públicos, em defesa de direito ou de interesse legítimo. CAPÍTULO I
Parágrafo único. É possibilitado, dependente somente de sin- DOS DEVERES
dicalização prévia, que o requerimento seja subscrito pelo respec-
tivo Sindicato da categoria do servidor. (Redação acrescida pela Lei Art. 143 São deveres do funcionário:
Complementar nº 345/2009) I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
Art. 132 O requerimento será dirigido à autoridade competen- II - ser leal às instituições a que servir;
te para decidi-lo e encaminhado através daquela a que estiver ime- III - observar as normas legais e regulamentares;
diatamente subordinado o requerente. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
Art. 133 Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- mente ilegais;
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo V - atender com presteza:
ser renovado. a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
Parágrafo único - O requerimento e o pedido da reconsideração ressalvadas as protegidas por sigilo;
de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
prazo de 05 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias, con- ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
tados a partir do recebimento dos autos pela autoridade julgadora, c) às requisições para a defesa da fazenda pública;.
após a apreciação pela Procuradoria-Geral do Estado, consoante es- VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula-
tabelece o art. 14, II, da Lei Complementar nº 111, de 1º de julho de ridades de que tiver ciência em razão do cargo;
2002. (Redação dada pela Lei Complementar nº 123/2003) VII - zelar pela economia do material e pela conservação do
Art. 134 Caberá recurso: patrimônio público;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; VIII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
§ 1º O recurso será dirigido a autoridade imediatamente supe- tiva;
rior a que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva- X - ser assíduo e pontual ao serviço;
mente, em escala ascendente, às demais autoridades. XI - tratar com urbanidade as pessoas;
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade XII - representar contra ilegalidade ou abuso de poder.
a que estiver imediatamente subordinado o requerente Parágrafo único - A representação de que trata o inciso XII será
Art. 135 O prazo para interposição de pedido de reconsidera- encaminhada pela via hierárquica e obrigatoriamente apreciada
ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegu-
ciência, pelo interessado, da decisão decorrida. rando-se ao representado direito de defesa.
Art. 136 O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
a juízo da autoridade competente. CAPÍTULO II
Parágrafo único - Em caso de provimento do pedido de recon- DAS PROIBIÇÕES
sideração ou de recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
ato impugnado. Art. 144 Ao servidor público é proibido:
Art. 137 O direito de requerer prescreve: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
I - em 5 (cinco anos), quanto aos atos de demissão e de cassa- torização do chefe imediato;
ção de aposentadoria ou disponibilidade ou que afetem interesse II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
patrimonial e créditos resultantes das relações do trabalho; qualquer documento ou objeto da repartição;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando III - recusar fé a documentos públicos;
o outro prazo foi fixado em lei. IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado da data e processo ou execução de serviço;
da publicação do ato impugnado ou da ciência, pelo interessado, V - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às autori-
quando o ato não for publicado. dades públicas ou aos atos do Poder Público, mediante manifesta-
Art. 138 O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí- ção escrita ou oral, podendo, porém, criticar ato do Poder Público,

207
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço, em tra- CAPÍTULO IV


balho assinado; DAS RESPONSABILIDADES
VI - cometer à pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
vistos em lei, o desempenho de atribuições que sejam sua respon- Art. 148 O servidor responde civil, penal e administrativamen-
sabilidade ou de seu subordinado; te, pelo exercício irregular de suas atribuições.
VII - compelir ou aliciar outro servidor no sentido de filiação a Art. 149 A responsabilidade civil decorre do ato omissivo ou
associação profissional ou sindical, ou a partido político; comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou
VIII - manter sob sua chefia imediata, cônjuge, companheiro ou a terceiros.
parente até o segundo grau civil, salvo se ambos servidores forem § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
ocupantes de cargo de provimento efetivo; (Redação dada pela Lei somente será liquidada na forma prevista no Artigo 66, na falta de
Complementar nº 692/2021) outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
trem, em detrimento da dignidade da função pública; servidor perante a fazenda estadual, em ação regressiva.
X - participar de gerência ou administração de empresa pri- § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
vada, de sociedade civil, ou exercer comércio, e, nessa qualidade, e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece-
transacionar com o Estado; bida.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti- Art. 150 A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários venções imputados ao servidor, nessa qualidade.
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou Art. 151 A responsabilidade administrativa resulta de ato omis-
companheiro; sivo ou comissivo praticado no desempenho de cargo ou função.
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagens de qual- Art. 152 As sanções civis, penais e administrativas poderão
quer espécie, em razão de suas atribuições; cumular-se sendo independentes entre si.
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão do Estado estran- Art. 153 A responsabilidade civil ou administrativa do servidor
geiro, sem licença do Governador do Estado; será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; do fato ou a sua autoria.
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoa ou recursos materiais em serviços ou ativi- CAPÍTULO V
dades particulares; DAS PENALIDADES
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas às do car-
go que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; Art. 154 São penalidades disciplinares:
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis I - repreensão;
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho. II - suspensão;
XIX - assediar sexualmente ou moralmente outro servidor pú- III - demissão;
blico. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 347/2009) IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
XX - violar prerrogativas e direitos dos advogados no exercí- V - destituição de cargo em comissão.
cio de sua função. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº Art. 155 Na aplicação das penalidades serão consideradas a
657/2020) natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
CAPÍTULO III atenuantes e os antecedentes funcionais.
DA ACUMULAÇÃO Art. 156. A repreensão será aplicada por escrito, nos casos de
violação de proibição constante do art. 143, I a IX, do art. 144, XX,
Art. 145 Ressalvados os casos previstos na Constituição, é veda- e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamento
da a acumulação remunerada de cargos públicos. ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos grave. (Redação dada pela Lei Complementar nº 657/2020)
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, Art. 157 A suspensão será aplicada em caso de reincidência das
sociedades de economia mista da União, dos Estados e dos Muni- faltas punidas com repreensão e de violação das demais proibições
cípios. que não tipifiquem infração sujeita à penalidade de demissão, não
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada podendo exceder de 90 (noventa) dias.
à comprovação da compatibilidade de horários. § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser-
Art. 146 O servidor não poderá exercer mais de um cargo em vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe-
comissão nem ser remunerado pela participação em órgão de deli- ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
beração coletiva. efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
Art. 147 O servidor vinculado ao regime desta lei complemen- § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
tar, que acumular licitamente dois cargos de carreira, quando in- de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-
vestido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de quenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
ambos os cargos efetivos, recebendo a remuneração do cargo em o servidor obrigado a permanecer em serviço.
comissão, facultando-lhe a opção pela remuneração. Art. 158 As penalidades de repreensão e de suspensão terão
Parágrafo único - O afastamento previsto neste artigo ocorrerá seus registros cancelados, após o decurso de 01 (um) ano e 03 (três)
apenas em relação a um dos cargos, se houver compatibilidade de meses de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
horários. ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.

208
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não surtirá mente inferior àquelas mencionadas no inciso I, quando se trata de
efeitos retroativos. suspensão superior a 30 (trinta) dias;
Art. 159 A demissão será aplicada nos seguintes casos: III - pelo chefe da repartição e outra autoridade, na forma dos
I - crime contra a administração pública; respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de repreensão
II - abandono de cargo; ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
III - inassiduidade habitual; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
IV - improbidade administrativa; tratar de destituição de cargo em comissão de não ocupante do car-
V - incontinência pública e conduta escandalosa; go efetivo.
VI - insubordinação grave em serviço; Art. 169 A ação disciplinar prescreverá:
VII - ofensa física em serviço a servidor ou a particular, salvo em I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
legítima defesa própria ou de outrem; são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
VIII - aplicação irregular de dinheiro público; cargo em comissão;
IX - revelação de segredo apropriado em razão do cargo; II - em 02 (dois) anos, quanto à repreensão e suspensão.
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio es- § 1º O prazo de prescrição começa da data em que o fato ou
tadual; transgressão se tornou conhecido.
XI - corrupção; § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
XII - acumulação ilegal de cargos ou funções públicas após às infrações disciplinares capituladas também como crime.
constatação em processo disciplinar; § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo
XIII - transgressão do Artigo 144, X a XVII. disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
Art. 160 Verificada em processo disciplinar acumulação proibi- por autoridade competente. (Revogado pela Lei Complementar nº
da, e provada a boa fé, o servidor optará por um dos cargos. 584/2017)
§ 1º Provada a má fé, perderá também o cargo que exercia há § 4º Interrompido o curso da prescrição, este recomeçará a cor-
mais tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente. rer pelo prazo restante, a partir do dia em que cessar a interrupção.
§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos ou (Revogado pela Lei Complementar nº 584/2017)
função exercido em outro órgão ou entidade, a demissão lhe será § 5º Decorrido o prazo legal para o disposto no § 3º, sem a con-
comunicada. (Revogado pela Lei Complementar nº 584/2017) clusão e o julgamento, recomeçará a correr o curso da prescrição.
Art. 161 Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do (Revogado pela Lei Complementar nº 584/2017)
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de-
missão. TÍTULO V
Art. 162 A destituição de cargo em comissão, exercido por não DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
ocupante de cargo efetivo, será aplicada nos casos de infração sujei-
ta às penalidades de suspensão e de demissão. CAPÍTULO I
Parágrafo único - Ocorrida a exoneração de que trata o Artigo DISPOSIÇÕES GERAIS
45, o ato será convertido em destituição de cargo em comissão pre-
vista neste artigo. Art. 170 A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
Art. 163 A demissão ou a destituição de cargo em comissão, serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
nos casos dos incisos IV, VIII e X do Artigo 144, implica indisponi- mediante sindicância ou processo disciplinar, assegurada ao acusa-
bilidade dos bens e ressarcimento ao erário sem prejuízo da ação do ampla defesa.
penal cabível. Art. 171 As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
Art. 164 A demissão ou a destituição de cargo em comissão por apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
infringência do Artigo 144, X, XII e XIII, incompatibiliza o ex-servidor denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
para nova investidura em cargo público estadual, pelo prazo míni- ticidade.
mo de 05 (cinco) anos. Parágrafo único - Quando o fato narrado não configurar eviden-
Parágrafo único - Não poderá retornar ao serviço público esta- te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada por
dual o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comis- falta de objeto.
são por infringência do Artigo 159, I, IV, VIII, X e XI. Art. 172 Da sindicância poderá resultar:
Art. 165 Configura o abandono de cargo a ausência intencional I - arquivamento do processo
do servidor ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias consecutivos. II - aplicação de penalidade de repressão ou suspensão de até
Art. 166 Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao servi- 30 (trinta) dias;
ço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, interpoladamente, III - instauração de processo disciplinar.
durante o período de 12 (doze) meses. Art. 173 Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a
Art. 167 O ato de imposição da penalidade mencionará sempre imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias
o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. de demissão ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória
Art. 168 As penalidades disciplinares serão aplicadas: a instauração do processo disciplinar.
I - pelo Governador do Estado, pelos Presidentes do Poder Le-
gislativo e dos Tribunais Estaduais, pelo Procurador-Geral da Justiça
e pelo dirigente superior de autarquia e fundação, quando se tra-
tar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de
servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-

209
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

CAPÍTULO II SEÇÃO I
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO DO INQUÉRITO

Art. 174 Como medida cautelar e a fim de que o servidor não Art. 180 O inquérito administrativo será contraditório, assegu-
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- rada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recur-
radora do processo disciplinar poderá ordenar o seu afastamento sos admitidos em direito.
do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre- Art. 181 Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
juízo da remuneração. nar, como pela informativa da instrução.
Parágrafo único - O afastamento poderá ser prorrogado por Parágrafo único - Na hipótese do relatório da sindicância con-
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
concluído o processo. competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
CAPÍTULO III Art. 182 Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada
DO PROCESSO DISCIPLINAR de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
Art. 175 O processo disciplinar é o instrumento destinado a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer- fatos.
cício de suas atribuições, ou que tenha relação mediata com as atri- Art. 183 É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
buições do cargo em que se encontre investido. processo em qualquer fase, pessoalmente ou por intermédio de
Parágrafo único - Para aplicação das penas previstas no Artigo procurador, arrolar-se e reinquirir testemunhas, produzir provas e
170, ensejará a instauração do processo de que trata este artigo. contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova peri-
§ 1º O servidor que responde a processo administrativo disci- cial.
plinar nos termos do caput deste artigo, até decisão final da auto- § 1º O Presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
ridade competente e independentemente do que dispõe o artigo siderados impertinentes meramente protelatórios ou de nenhum
anterior, deverá ser remanejado para exercer as atribuições do car- interesse para o esclarecimento dos fatos.
go em que se encontra investido em ambiente de trabalho diverso § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
daquele em que as exercia quando da instauração do referido pro- provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
cesso, sem prejuízo da remuneração. (Redação acrescida pela Lei Art. 184 As testemunhas serão intimadas a depor mediante
Complementar nº 85/2001) mandado expedido pelo Presidente da comissão, devendo a segun-
§ 2º Para a aplicação das penalidades previstas nesta lei com- da via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.
plementar, observar-se-á o disposto no art. 168. (Redação acrescida Parágrafo único - Se a testemunha for servidor público, a ex-
pela Lei Complementar nº 85/2001) pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
Art. 176 (VETADO) repartição onde serve, com indicação do dia e hora marcados para
Art. 177 A comissão de inquérito exercerá suas atividades com a inquirição.
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à Art. 185 O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração. termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
Art. 178 O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fa- § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
ses: § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in-
I - instauração, com a publicação do ato que constituirá a co- firmem, proceder-se-á a acareação entre os depoentes.
missão; Art. 186 Concluída a inquirição das testemunhas a comissão
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
e relatório; mentos previstos nos Artigos 184 e 185.
III - julgamento. § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi-
Art. 179 O prazo para a conclusão do processo disciplinar não do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra- eles.
zo, quando as circunstâncias o exigirem. § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
§ 1º Decorrido, sem que seja apresentado o relatório conclu- bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interfe-
sivo, a autoridade competente deverá determinar a apuração da rir nas perguntas e respostas, facultando-lhe, porém, reinquiri-las,
responsabilidade dos membros da comissão. por intermédio do Presidente da comissão.
§ 2º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte- Art. 187 Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon- acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
to, até a entrega do relatório final. submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
§ 3º As reuniões da comissão serão registradas em atas que menos um médico psiquiatra.
deverão detalhar as deliberações adotadas. Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será proces-
sado em auto partado e apenso ao processo principal, após a expe-
dição do laudo pericial.
Art. 188 Tipificada a infração disciplinar será formulada a indi-
cação do servidor com a especificação dos fatos a ele imputados e
das respectivas provas.

210
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo Presi- § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 processo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 123/2003)
(dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo na repartição. § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e trata o Artigo 169, § 2º, será responsabilizada na forma do Capítulo
de 20 (vinte) dias. V do Título V desta lei complementar.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para Art. 197 Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
diligências reputadas indispensáveis. julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indi-
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia viduais do servidor.
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em Art. 198 Quando a infração estiver capitulada como crime, o
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação. processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
Art. 189 O indiciado que mudar de residência fica obrigado a tauração da ação penal, ficando translado na repartição.
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. Art. 199 O servidor que responde processo disciplinar só pode-
Art. 190 Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, rá ser exonerado a pedido, do cargo, ou aposentado voluntariamen-
será citado por edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em te, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co- acaso aplicada.
nhecido, para apresentar defesa. Parágrafo único - Ocorrida a exoneração de que trata o Artigo
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa 44, parágrafo único, I, o ato será convertido em demissão, se for o
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital. caso.
Art. 191 Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente Art. 200 Serão assegurados transporte e diárias;
citado, não apresentar defesa no prazo legal. I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede
§ 1º A revelia será declarada por termo nos autos do processo de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in-
e devolverá o prazo para a defesa. diciado;
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga-
do processo designará um servidor como defensor dativo de cargo dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis-
de nível igual ou superior ao do indiciado. são essencial ao esclarecimento dos fatos.
Art. 192 Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi-
nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará SEÇÃO III
as provas em que se baseou para formar a sua convicção. DA REVISÃO DO PROCESSO
§ 1º O relatório será conclusivo quanto à inocência ou respon-
sabilidade do servidor. Art. 201 O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
§ 2º O processo disciplinar, com o relatório da comissão, indi- tempo, a pedido, ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
cará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstanciais suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
circunstâncias agravantes ou atenuantes. inadequação da penalidade aplicada.
Art. 193 O processo disciplinar, com o relatório da comissão, § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para servidor, qualquer pessoa poderá requerer a revisão do processo.
julgamento. § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será
requerida pelo respectivo curador.
SEÇÃO II Art. 202 No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re-
DO JULGAMENTO querente.
Art. 203 A simples alegação de injustiça da penalidade não
Art. 194 No prazo de 60 (sessenta) dias, contados do recebi- constitui fundamento para revisão que requer elementos novos,
mento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. ainda não apreciados no processo originário.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- Art. 204 O requerimento de revisão do processo será dirigido
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida- ao Secretário de Estado ou autoridade equivalente, que se autorizar
de competente que decidirá em igual prazo. a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, onde se originou o processo disciplinar.
o julgamento caberá a autoridade competente para a imposição da Parágrafo único - Recebida a petição, o dirigente do órgão ou
pena mais grave. entidade providenciará a constituição da comissão na forma previs-
§ 3º Se a penalidade prevista for a de demissão, o julgamento ta no Artigo 176 desta lei complementar.
caberá às autoridades de que trata o inciso I do Artigo 169. Art. 205 A revisão correrá em apenso ao processo originário.
Art. 195 O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
quando contrário às provas dos autos. hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
Parágrafo único - Quando o relatório da comissão contrariar as arrolar.
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, Art. 206 A comissão revisora terá até 60 (sessenta) dias para a
agravar a penalidade proposta, abrandá-la, ou isentar o funcionário conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por igual prazo, quando as
de responsabilidade. circunstâncias o exigirem.
Art. 196 Verificada a existência de vício insanável, a autoridade Art. 207 Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que
julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo e orde- couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do pro-
nará a constituição de outra comissão, para a instauração de novo cesso disciplinar.
processo. Art. 208 O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pena-

211
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

lidade nos termos do Artigo 154 desta lei complementar. CAPÍTULO II


Parágrafo único - O prazo para julgamento será até 60 (sessen- DOS BENEFÍCIOS
ta) dias, contados do recebimento do processo no curso do qual a
autoridade julgadora poderá determinar diligências. SEÇÃO I
Art. 209 Julgada procedente a revisão, será declarada sem efei- DA APOSENTADORIA
to a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do
servidor, exceto em relação à destituição de cargo em comissão que Art. 213 O servidor será aposentado:
será convertida em exoneração. I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar quando decorrentes de acidentes em serviço, moléstia profissional
agravamento de penalidade. ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, com
base de conclusões de junta médica do IPEMAT-Instituto de Previ-
TÍTULO VI dência do Estado de Mato Grosso e proporcional nos demais casos.
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR (Redação dada pela Lei Complementar nº 68/2000)
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade, com
CAPÍTULO I proventos proporcionais ao tempo de serviços;
DISPOSIÇÕES GERAIS III - voluntariamente:
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
Art. 210 O Estado manterá Plano de Seguridade Social para o (trinta), se mulher, com proventos integrais;
servidor e sua família submetido ao Regime Jurídico Único. b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma-
Art. 211 O Plano de Seguridade Social visa dar cobertura aos gistério, se professor, e 25 (vinte e cinco), se professora, com pro-
riscos a que está sujeito o servidor e sua família, e compreende um ventos integrais;
conjunto de benefícios e ações que atendam as seguintes finalida- c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
des: cinco), se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva- d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e re- 60 (sessenta), se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
clusão; de serviço.
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; § 1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis,
III - . (Revogado pela Lei Complementar nº 94/2001) a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, aliena-
Parágrafo único - Os benefícios serão concedidos nos termos ção mental, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, esclerose múltipla,
desta lei complementar. hepatopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e
Art. 212 Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi- incapacitante, expondiloartrose anquilorante, nefropatia grave,
dor compreende: estado avançado do mal de Paget, osteíte deformante, síndrome
I - quanto ao servidor: da imunodeficiência adquirida, AIDS; no caso de magistério, surdez
a) aposentadoria; permanente, anomalia da fala e outros que a lei indicar com base
b) (Revogado pela Lei Complementar nº 94/2001) na medicina especializada. (Redação dada pela Lei Complementar
c) salário família; nº 568/2015)
d) licença à gestante, à adotante e licença paternidade; § 2º Nos casos de exercício de atividades consideradas insalu-
d) licença à adotante e à gestante; (Redação dada pela Lei Com- bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no Artigo 90,
plementar nº 124/2003) a aposentadoria de que trata o inciso III, “a”, “b” e “c”, observará o
d) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; (Reda- disposto em lei específica.
ção dada pela Lei Complementar nº 263/2006) § 3º Estende-se aos ocupantes de cargos em comissão, as
e) licença por acidente em serviço; prerrogativas inseridas no inciso I deste artigo, quando se tratar de
f) licença para tratamento de saúde; acidente em serviço, moléstia profissional e invalidez permanente.
II - quanto ao dependente: (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 68/2000)
a) pensão vitalícia e temporária; § 4º Para atender ao disposto no inciso I deste artigo, a Junta
b) pecúlio; (Revogado pela Lei Complementar nº 94/2001) Médica do IPEMAT terá o prazo de 30 (trinta) dias para expedir o
c) auxílio funeral; (Revogado pela Lei Complementar nº laudo ou atestado de invalidez, contados da data do requerimen-
94/2001) to do interessado. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº
d) auxílio reclusão. 68/2000)
§ 1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas Art. 214 A aposentadoria compulsória será automática e decla-
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os rada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que
servidores, observando-se o disposto nos Artigos 213 e 248, desta o servidor atingir a idade limite de permanência no serviço ativo.
lei complementar. (Revogado pela Lei Complementar nº 254/2006) Art. 215 A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a
§ 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, partir da data da publicação do respectivo ato.
dolo ou ma fé implicará na devolução ao erário do total auferido, § 1º A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
sem prejuízo da ação penal cabível. para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte
e quatro) meses.

212
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 2º Expirado o período de licença e não estando em condi- SEÇÃO II


ções de reassumir o cargo, ou de ser readaptado, o servidor será DO AUXÍLIO NATALIDADE
aposentado.
§ 3º O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Art. 223 (Revogado pela Lei Complementar nº 124/2003)
ça e a publicação do ato de aposentadoria será considerado como
de prorrogação de licença. SEÇÃO III
Art. 216 O provento de aposentadoria será calculado com ob- DO SALÁRIO FAMÍLIA
servância do disposto no Artigo 57, e revisto na mesma data e pro-
porção, sempre que se modificar a remuneração do servidor em Art. 224 O salário família, definido na legislação específica, é
atividade. devido ao servidor ativo ou ao inativo, por dependente econômico.
Parágrafo único - São estendidos aos inativos quaisquer be- Parágrafo único - Consideram-se dependentes econômicos
nefícios ou vantagens posteriormente concedidos ao servidor em para efeito de percepção do salário família:
atividade, inclusive, quando decorrentes da transformação ou re- I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
classificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
Art. 217 O servidor aposentado com provento proporcional ao quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias especi- II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
ficadas no Artigo 213, § 1º, passará a perceber provento integral. ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor ou do
Art. 218 Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento inativo;
não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade nem III - a mãe e o pai sem economia própria.
ao valor do vencimento mínimo do respectivo plano de carreira. § 1º Consideram-se dependentes para efeito de percepção do
(Revogado pela Lei Complementar nº 524/2014) salário-família:
Art. 219 O servidor que contar tempo de serviço para aposen- I - o filho, até quatorze anos de idade ou inválido; e
tadoria com provento integral, será aposentado: II - o enteado e o menor que esteja sob sua tutela, comprovada
I - com a remuneração da classe imediatamente superior, cor- a dependência econômica, e desde que não possua bens suficientes
respondente àquela em que se encontra posicionado, quando pres- para o próprio sustento e educação. (Redação dada pela Lei Com-
tado menos de 15 (quinze) anos de efetivo exercício no Estado de plementar nº 124/2003)
Mato Grosso; § 2º O salário-família somente será devido ao servidor que
II - com provento aumentado em 20% (vinte por cento), quan- perceber remuneração, vencimento ou subsídio igual ou inferior ao
do ocupante da última classe e referência da respectiva carreira, se teto fixado para esse fim pelo Regime Geral de Previdência Social.
prestado mais de 15 (quinze) anos de efetivo exercício no Estado de (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 124/2003)
Mato Grosso; Art. 225 Não se configura a dependência econômica quando o
III - com remuneração da última classe e referência, quando beneficiário do salário família perceber rendimento do trabalho ou
prestados mais de 10 (dez) anos de serviço efetivo ao Estado de de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento de aposen-
Mato Grosso. (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) tadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Art. 220 O servidor que tiver exercido função de direção, che- Art. 226 Quando pai e mãe forem servidores públicos e vive-
fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por perío- rem em comum, o salário família será pago a um deles, quando
do de 05 (cinco) anos consecutivos ou 10 (dez) anos interpolados separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
poderá se aposentar com a gratificação da função ou remuneração dos dependentes.
do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um Parágrafo único - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
período mínimo de 02 (dois) anos. madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
Parágrafo único - Quando o exercício da função ou cargo em Art. 227 O salário família não está sujeito a qualquer tributo,
comissão de maior valor não corresponde ao período de 02 (dois) nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para pre-
anos, será incorporada a gratificação ou remuneração da função ou vidência social.
cargo em comissão imediatamente inferior dentre os exercidos. Art. 228 O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
Art. 221 Ao servidor aposentado será paga a gratificação nata- não acarreta a suspensão do pagamento do salário família.
lina, até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro, em valor equivalente
ao respectivo provento, deduzido adiantamento recebido. SEÇÃO IV
Art. 222 Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa- DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
termos da Lei nº 5.315, de 12.09.67, será concedida a aposentado- Art. 229 Será concedida ao servidor licença para tratamento
ria com proventos integrais, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica sem
efetivo. prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 230 A inspeção para fins de licença para Tratamento de
Saúde será feita pelo Médico Assistente do órgão da Previdência
Estadual ou Junta Médica Oficial, conforme se dispuser em regula-
mento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 12/1992)
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
encontrar internado.
§ 2º Inexistindo médico do órgão ou entidade no local onde

213
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

se encontra o servidor, será aceito atestado passado por médico (seis) meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de
particular. trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em 02
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o atestado só produzirá (dois) períodos de 1/2 (meia) hora.
efeitos depois da homologação pelo setor médico do respectivo ór- Art. 238. Será concedida licença à servidora que adotar ou ob-
gão ou entidade. tiver guarda judicial para fins de adoção de criança pelo período
§ 4º No caso de não ser homologada a licença, o servidor será de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, para ajustamento do
obrigado a reassumir o exercício do cargo, sendo considerado, adotado ao novo lar, mediante apresentação de documento oficial
como de faltas justificadas, os dias em que deixou de comparecer comprobatório da adoção ou guarda, expedido pela autoridade
ao serviço por esse motivo, ficando, no caso, caracterizada a res- judiciária competente. (Redação dada pela Lei Complementar nº
ponsabilidade do médico atestante. 724/2022)
§ 5º Será facultado à administração, em caso de dúvida razoá- § 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 124/2003)
vel, exigir inspeção, por junta médica oficial. § 2º (Revogado pela Lei Complementar nº 124/2003)
Art. 231 Findo o prazo da licença, se necessário, o servidor será § 3º (Revogado pela Lei Complementar nº 724/2022)
submetido a nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao ser- § 4º (Revogado pela Lei Complementar nº 724/2022)
viço, pela prorrogação da licença ou pela aposentadoria. § 5º Cessados os motivos da licença, a servidora deverá se apre-
Art. 232 O atestado e o laudo da junta médica não se referirão sentar no órgão de gestão de pessoas para revogação da concessão,
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões sob pena de perda total da remuneração ou subsídio a partir da
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou quais- data da revogação da guarda judicial, sem prejuízo da aplicação das
quer das doenças especificadas no Artigo 213, § 1º. penalidades disciplinares cabíveis. (Redação dada pela Lei Comple-
Art. 233 O servidor que apresente indícios de lesões orgânicas mentar nº 724/2022)
ou funcionais será submetido à inspeção médica. § 6º No caso da adoção ou guarda judicial conjunta, caberá aos
Art. 234 Será punido disciplinarmente o servidor que se recusar adotantes ou guardiães, em comum acordo, decidirem aquele que
à inspeção médica, cessando os efeitos da pena logo que se verifi- usufruirá da licença fixada no caput deste artigo, por meio de decla-
que a inspeção. ração escrita a ser apresentada no seu respectivo órgão. (Redação
acrescida pela Lei Complementar nº 724/2022)
SEÇÃO V
DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LICENÇA PATER- SEÇÃO VI
NIDADE DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO

Art. 235. Será concedida licença à servidora gestante pelo pe- Art. 239 Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
ríodo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, contados a partir acidentado em serviço.
da data de nascimento da criança, sem prejuízo da remuneração, Art. 240 Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
mediante apresentação de requerimento e certidão de nascimento. sofrido pelo servidor e que se relacione mediata ou imediatamente
§ 1º O início da licença poderá ser antecipado a partir do pri- com as atribuições do cargo exercido.
meiro dia do nono mês de gestação ou em razão de prescrição mé- Parágrafo único - Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
dica, mediante requerimento e comprovação documental. I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
§ 2º Publicada a licença tratada neste artigo, o usufruto não dor no exercício do cargo;
será interrompido, mesmo com o falecimento da criança, salvo a II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
pedido da servidora. -versa.
§ 3º No caso de natimorto ou aborto devidamente comprova- Art. 241 O servidor acidentado em serviço que necessite de tra-
do, poderá ser concedida licença para tratamento de saúde, me- tamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à
diante prescrição de médico assistente e de avaliação médica pe- conta de recursos públicos, dentro ou fora do Estado.
ricial. Parágrafo único - O tratamento recomendado por junta médica
§ 4º A servidora que entrar em exercício no cargo público após oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan-
o nascimento da criança terá direito ao usufruto do restante do pe- do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública.
ríodo da licença. Art. 242 A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
§ 5º Ao servidor cujo cônjuge ou convivente estiver no usufruto dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
da licença maternidade e vier a falecer, será concedido o direito do Art. 243 Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a
usufruto do período remanescente de que trata o caput deste arti- uma pensão mensal de valor correspondente ao da respectiva re-
go, mediante solicitação e comprovação documental. muneração ou provento, a partir da data do óbito, observado o limi-
§ 6º No caso de recém-nascido prematuro ou com deficiência te estabelecido no Artigo 62 desta lei complementar.
visual, auditiva, mental, motora ou com má-formação congênita, o Art. 244 As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vi-
período da licença estabelecido no caput deste artigo poderá ser talícias e temporárias.
prorrogado por até 120 (cento e vinte) dias, mediante fundamenta- § 1º A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanen-
ção subscrita em laudo clínico por médico assistente e avaliação mé- tes, que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus
dica pericial. (Redação dada pela Lei Complementar nº 724/2022) beneficiários.
Art. 236. Pelo nascimento ou adoção de filho, o servidor terá § 2º A pensão temporária é composta de cota ou cotas que
direito à licença-paternidade de 05 (cinco) dias consecutivos. (Re- podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação da
dação acrescida pela Lei Complementar nº 263/2006) invalidez ou maioridade do beneficiário.
Art. 237 Para amamentar o próprio filho, até a idade de 06 § 3º Aplica-se, para efeito deste artigo, os benefícios previstos

214
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

na alínea “a” do Artigo 140 da Constituição Estadual. alimentícia, o valor do benefício corresponderá àquele determina-
Art. 245 São beneficiários das pensões: do judicialmente a título de alimentos. (Redação acrescida pela Lei
I - vitalícia: Complementar nº 524/2014)
a) cônjuge; Art. 247. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, sendo que será devida a contar da data:
com percepção de pensão; I - do óbito, quando requerida até 30 (trinta) dias depois deste;
c) o companheiro ou companheira designada que comprove II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto
união estável como entidade familiar; no inciso anterior;
c) o companheiro ou companheira designado(a) que compro- III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Redação
ve união estável como entidade familiar, por meio de ação judicial dada pela Lei Complementar nº 524/2014)
própria ao reconhecimento; (Redação dada pela Lei Complementar Art. 248 Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela
nº 524/2014) prática de crime doloso de que resultou a morte do servidor.
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do Art. 249 Será concedida pensão provisória por morte do servi-
servidor; dor nos seguintes casos:
d) a mãe e o pai que comprovem a dependência econômica I - declaração de ausência pela autoridade judiciária compe-
do servidor, por meio de ação judicial própria ao reconhecimento. tente;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 524/2014) II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
e) (Revogado pela Lei Complementar nº 124/2003) acidente não caracterizado como em serviço;
II - temporária: III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
a) os filhos, ou enteados, até 24 (vinte e quatro) anos de idade, ou em missão de segurança.
se estudante de curso superior ou se inválidos, enquanto durar a Parágrafo único - A pensão provisória será transformada em vi-
invalidez; talícia ou temporária conforme o caso, decorridos 05 (cinco) anos
a) os filhos ou enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou se de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
inválidos, enquanto durar a invalidez; (Redação dada pela Lei Com- hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
plementar nº 124/2003) Art. 250 Acarreta perda de qualidade de beneficiário:
a) os filhos até que atinjam a maioridade civil ou se inválidos, I - o seu falecimento;
enquanto durar a invalidez; (Redação dada pela Lei Complementar II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
nº 197/2004) concessão da pensão do cônjuge;
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de III - a cessação da invalidez em se tratando de beneficiário in-
idade; (Revogada pela Lei Complementar nº 197/2004) válido;
c) o irmão órfão de pai e sem padrasto, até 21 (vinte e um) IV - a cessação da menoridade civil por qualquer das causas
anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, que comprovem de- previstas na legislação em vigor, bem como a da invalidez; (Redação
pendência econômica do servidor; dada pela Lei Complementar nº 197/2004)
c) o irmão órfão de pai e sem padrasto, até18 (dezoito) anos e V - a acumulação de pensão na forma do Artigo 249;
o irmão inválido, enquanto durar a invalidez, que comprovem de- VI - a renúncia expressa.
pendência econômica do servidor, por meio de ação judicial pró- VII - a constituição de nova união estável ou a celebração de
pria ao reconhecimento. (Redação dada pela Lei Complementar nº novo casamento para os que recebem o benefício com fundamento
524/2014) nas alíneas `a`, `b` ou `c` do inciso I do art. 245. (Redação acrescida
d) (Revogado pela Lei Complementar nº 124/2003) pela Lei Complementar nº 197/2004)
§ 1º A concessão da pensão vitalícia aos beneficiários de que Art. 251 Por morte ou perda da qualidade de beneficiário a res-
tratam as alíneas “a” a “c” do inciso I deste artigo, exclui desse direi- pectiva cota reverterá:
to os demais beneficiários referidos nas alíneas “d” e “e”. I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou
§ 2º A concessão da pensão temporária aos beneficiários de para os titulares da pensão temporária, se não houver pensionista
que tratam as alíneas “a” e “b” do inciso II deste artigo, exclui desse remanescente da pensão vitalícia;
direito os demais beneficiários referidos nas alíneas “c” e “d”. II - da pensão temporária para os cobeneficiários ou, na falta
Art. 246 A pensão será concedida integralmente ao titular da destes, para o beneficiário da pensão vitalícia.
pensão vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão tem- Art. 252 As pensões serão automaticamente atualizadas na
porária. mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimen-
§ 1º Decorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalí- tos dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do
cia, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os benefici- Artigo 214.
ários habilitados. Art. 252. As pensões serão reajustadas segundo critérios esta-
§ 2º Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, belecidos pelas normas constitucionais e legais aplicáveis ao bene-
metade do valor caberá ao titular ou titulares da pensão vitalícia, fício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 524/2014)
sendo a outra metade rateada, em partes iguais, entre os titulares Art. 253 Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
da pensão temporária. cumulativa de mais de 02 (duas) pensões.
§ 3º Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o
valor integral da pensão será rateado, em partes iguais, entre os
que se habilitarem.
§ 4º Quando o beneficiário se tratar de pessoa desquitada,
separada judicialmente ou divorciada, com percepção de pensão

215
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

SEÇÃO VIII CAPÍTULO III


DO PECÚLIO ESPECIAL DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Art. 254 Aos beneficiários do servidor falecido, ativo ou inativo, Art. 261 (Revogado pela Lei Complementar nº 94/2001)
será pago um pecúlio especial correspondente a 03 (três) vezes o
valor total da remuneração ou provento. CAPÍTULO IV
§ 1º O pecúlio será concedido obedecida a seguinte ordem de DO CUSTEIO
preferência:
I - ao cônjuge ou companheiro sobrevivente; Art. 262 O Plano de Seguridade Social do servidor será custea-
II - aos filhos e aos enteados, menores de 21 (vinte e um) anos; do com o produto de arrecadação de contribuições sociais obriga-
III - aos indicados por livre nomeação do servidor; tórias dos servidores dos três Poderes do Estado, das Autarquias e
IV - aos herdeiros, na forma da lei civil. das Fundações e das Fundações Públicas, criadas e mantidas pelo
§ 2º (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) Poder Público Estadual.
Art. 255 No caso de morte presumida, o pecúlio somente será § 1º A contribuição do servidor, diferenciada em função da re-
pago decorridos 60 (sessenta) dias contados da declaração de au- muneração mensal, bem como dos órgãos e entidades, será fixada
sência ou do desaparecimento do servidor. em lei.
Parágrafo único -(Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) § 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral
Art. 256 O direito ao pecúlio caducará decorridos 05 (cinco) do tesouro do Estado.
anos contados:
I - do óbito do servidor; TÍTULO VII
II - (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999)
CAPÍTULO ÚNICO
SEÇÃO IX DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERES-
DO AUXÍLIO FUNERAL SE PÚBLICO

Art. 257 O auxílio funeral é devido à família do servidor falecido Art. 263 Para atender a necessidade temporária de excepcional
na atividade ou do aposentado, em valor equivalente a 03 (três) interesse público, poderão ser efetuadas contratações de pessoal
meses de remuneração ou proventos. por tempo determinado.
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos no Estado, o auxílio Art. 264 Consideram-se como de necessidade temporária de
será pago tomando-se por base a soma de ambas as remunerações. excepcional interesse público as contratações que visem a: (Reda-
§ 2º O auxílio será devido também, ao servidor, por morte do ção dada pela Lei Complementar nº 12/1992)
cônjuge, companheiro ou dependente econômico. I - combater surtos epidêmicos;
§ 3º (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) II - fazer recenseamento;
Art. 258 (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) III - atender a situações de calamidade pública;
Art. 259 (Revogado pela Lei Complementar nº 59/1999) IV - substituir professor ou admitir professor visitante, inclusive
estrangeiro, conforme lei específica do magistério;
SEÇÃO X V - permitir a execução de serviço, por profissional de notória
DO AUXÍLIO RECLUSÃO especialização, inclusive estrangeiro, nas áreas de pesquisas cientí-
fica e tecnológica;
Art. 260 À família do servidor ativo é devido o auxílio reclusão, VI - atender a outras situações motivadamente de urgência.
nos seguintes valores: (Redação dada pela Lei Complementar nº 12/1992)
I - 2/3 (dois terços) da remuneração, quando afastado por mo- § 1º As contratações de que trata este artigo terão dotação
tivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela auto- específica e não poderão ultrapassar o prazo de 06 (seis) meses,
ridade competente, enquanto perdurar a prisão; exceto nas hipóteses dos incisos II e IV, cujo prazo máximo será de
II - metade da remuneração, durante o afastamento em virtude 12 (doze) meses, e inciso V, cujo prazo máximo será de 24 (vinte e
de condenação, por sentença definitiva, à pena que não determine quatro) meses, prazos estes que serão improrrogáveis.
perda do cargo. § 1º As contratações de que trata este artigo terão dotação es-
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá pecífica e não poderão ultrapassar o prazo de 06 (seis) meses, exce-
direito à integralização da remuneração, desde que absolvido. to nas hipóteses dos incisos II, IV e VI, cujo prazo máximo será de 12
§ 2º O pagamento do auxílio reclusão cessará a partir do dia (doze) meses, e inciso V, cujo prazo máximo será de 24 (vinte e qua-
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda tro) meses, prazos estes somente prorrogáveis se o interesse públi-
que condicional. co, justificadamente, assim o exigir ou até a nomeação por concurso
§ 3º O auxílio reclusão somente será devido à família do ser- público. (Redação dada pela Lei Complementar nº 12/1992)
vidor que perceber remuneração, vencimento ou subsídio igual ou § 2º (Revogado pela Lei Complementar nº 600/2017)
inferior ao teto fixado para esse fim pelo Regime Geral de Previdên- Art. 265 (Revogado pela Lei Complementar nº 600/2017)
cia Social. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 124/2003) Art. 266 (Revogado pela Lei Complementar nº 600/2017)

216
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

TÍTULO VIII ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em


lei, de livre nomeação e exoneração, conforme Artigo 12 desta lei
CAPÍTULO ÚNICO complementar.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
TÍTULO IX
Art. 267 O dia do servidor público será comemorado a vinte e
oito de outubro. CAPÍTULO ÚNICO
Art. 268 Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais,
além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: Art. 280 Ficam submetidos ao regime jurídico desta lei com-
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos plementar, os servidores dos Poderes do Estado da Administração
que favoreçam o aumento da produtividade e a redução dos custos Direta, das Autarquias e Fundações criadas e mantidas pelo Estado
operacionais; e de Mato Grosso, regidos pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis
II - concessão de medalhas, diploma de honra ao mérito, con- do Estado, de que trata a Lei nº 1.638, de 28 de outubro de 1961, ou
decorações e elogio. pela Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, aprovada pelo Decre-
Art. 269 Os prazos previstos nesta lei complementar serão con- to-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados por
tados em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se prazo determinado, conforme o disposto nesta lei complementar.
o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil se- § 1º A submissão de que trata este artigo fica condicionada ao
guinte, o prazo vencido em dia em que não haja expediente. que dispõe a lei que instituir o Regime Jurídico Único.
Art. 270 Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosó- § 2º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regi-
fica ou política, nenhum servidor poderá ser privado de quaisquer me estatutário ficam transformados em cargos, na data da publica-
de seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem ção desta lei complementar.
eximir-se do cumprimento de seus deveres. § 3º Os contratos individuais de trabalho se extinguem automa-
Art. 271 É vedado exigir atestado de ideologia como condição ticamente pela transformação dos empregos ou funções, ficando
para posse ou exercício de cargo ou função pública. assegurados aos respectivos ocupantes a continuidade da conta-
Parágrafo único - Será responsabilizada administrativa e crimi- gem de tempo de serviço para fins de férias, gratificação natalina,
nalmente a autoridade que infringir o disposto neste artigo. anuênio, aposentadoria e disponibilidade, e ao pessoal optante nos
Art. 272 São assegurados ao servidor público os direitos de as- termos da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, o levantamento
sociação profissional ou sindical e o de greve. do FGTS.
§ 1º O direito de greve será exercido nos termos e nos limites § 4º O regime jurídico desta lei complementar é extensivo aos
definidos em lei. serventuários da justiça, remunerados com recursos do Estado, no
§ 2º Asseguram-se aos servidores os direitos de celebrarem que couber.
acordos ou convenções coletivas de trabalho. § 5º Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
Art. 273 É vedado ao servidor servir sob a direção imediata de no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade bra-
cônjuge ou parente até segundo grau, salvo em função de confiança sileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão
ou livre escolha, não podendo ultrapassar de 02 (dois) o seu núme- ou entidade, sem prejuízo.
ro. § 6º (VETADO)
Art. 274 Consideram-se da família do servidor, além de cônjuge § 7º Assegura-se aos servidores contratados sob o regime jurí-
e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem dico celetista que não desejarem ser submetidos ao regime jurídico
de seu assentamento individual. estatutário o direito de, alternativamente:
Parágrafo único - Equipara-se ao cônjuge a companheira ou I - ter o contrato de trabalho rescindido, garantindo-lhe a in-
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar. denização pecuniária integral de todos os direitos adquiridos na
Art. 275 Para os fins desta lei complementar, considera-se sede vigência do regime celetista, inclusive os previstos nos §§ 3º e 6º
o município onde a repartição estiver instalada e onde o servidor deste artigo;
tiver exercício, em caráter permanente. II - obter remanejamento para empresas públicas ou de eco-
Art. 276 Aos servidores regidos pelas leis especiais, de que nomia mista do Estado, desde que haja manifestação favorável da
trata o parágrafo único do Artigo 45 da Constituição Estadual, com administração do órgão de origem e da empresa de destino do ser-
exceção do inciso VII e Artigo 79, serão aplicadas, subsidiariamente, vidor.
as disposições deste Estatuto. Art. 281 (VETADO)
Art. 277 Quando da fixação das condições para realização de
concurso público de provas ou de provas e títulos, deverá ser ob- SEÇÃO ÚNICA
servado que a inscrição de ocupantes de cargo público independerá DOS DIREITOS INERENTES AOS PLANOS DE CARREIRA AOS
do limite de idade. QUAIS SE ENCONTRAM VINCULADOS OS EMPREGOS
Parágrafo único - Ao estipular o limite de vagas, deverão ser
reservados 50% (cinquenta por cento) do quantitativo fixado, para Art. 282 A licença especial, disciplinada pelo Artigo 120 da Lei
fins de ascensão funcional. nº 1.638/61, ou por outro diploma legal, fica transformada em li-
Art. 278 As Polícias Militar e Civil do Estado serão regidas por cença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos Artigos 109 a
estatuto próprio. 113 desta lei complementar.
Art. 279 A investidura em cargo público depende de aprova- Art. 283 Até a data de vigência da lei de que trata o Artigo 262,
ção prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, § 1º, os servidores abrangidos por esta lei complementar contribui-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

rão na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos para o Federal, é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.
servidor do Estado, conforme regulamento próprio. Na realidade, rigorosamente falando, nem haveria necessidade de
Art. 284 Esta lei complementar entra em vigor na data de sua tal alusão, uma vez que as noções de democracia e cidadania são
publicação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês intrinsecamente indissociáveis.
subsequente. A tendência, conforme o País avance no processo de consoli-
Art. 285 Revogam-se as Leis nº 1.638, de 28 de outubro de dação da democracia, será a ampliação das formas de participação
1961; nº 5.083, de 03 de dezembro de 1986; e nº 968, de 04 de da coletividade nos assuntos de interesse geral, mediante o desen-
novembro de 1957, Decreto nº 511, de 25 de março de 1968, Lei nº volvimento de diversos expedientes, como audiências e consultas
5.063, de 20 de novembro de 1986, e Decreto nº 2.245, de 02 de públicas, conselhos de gestão e de fiscalização de serviços públicos,
dezembro de 1986. incremento dos espaços públicos de reivindicação e pelo fortaleci-
mento dos movimentos populares e das organizações criadas no
Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 15 de outubro de 1990. seio da sociedade civil.
Tal fenômeno resultará na ampliação dos estreitos limites da
definição jurídica do conceito de cidadania de uma noção relativa-
CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO mente passiva, onde o cidadão é visto da perspectiva de mero por-
tador de direitos e deveres para com o Estado, para uma concepção
Cidadania é termo que advém do latim (com raiz em civitatis, mais ativa, na qual “os cidadãos participantes da esfera pública”
de civitas, que significa cidade, palavra da qual deriva cidadão e ci- (BENEVIDES, 1998) serão potenciais agentes da exigência do res-
dadania)7 e possui vários sentidos, que vão desde o técnico-jurídico, peito aos direitos assegurados e, ainda, da criação de mais espaços
isto é, qualidade daquele que “usufrui de direitos civis e políticos públicos e quiçá de novos direitos não enunciados.
garantidos pelo Estado e desempenha deveres que, nesta condição,
lhe são atribuídos”8 , passando pela associação ao ato de fazer valer Sentido originário greco-romano de cidadania
os direitos, e havendo inclusive, no Estado Contemporâneo, quem Segundo expõe MARILENA CHAUÍ (2001, p. 371), o termo civi-
fale em cidadania universal9: exercitada pelo “cidadão do mundo”, tas (raiz etimológica de cidadania) é tradução latina da palavra gre-
ou seja, pelo indivíduo “que coloca suas obrigações para com a hu- ga polis, que indica cidade como ente público e coletivo. Também
manidade acima dos interesses de seu país”10. res publica, por exemplo, é tradução latina de ta politika, “signifi-
A polissemia ou ambiguidade do termo ao mesmo tempo que cando, portanto, os negócios públicos dirigidos pelo populus roma-
aponta para um potencial ou riqueza de sentidos faz com que ele, nus, isto é, os patrícios ou cidadãos livres e iguais, nascidos no solo
de certa forma, perca sua força originária, que deita raízes na Anti- de Roma”. Polis e civitas correspondem ao conjunto de instituições
guidade greco-romana, conforme se exporá. públicas, incluindo leis, erário público, serviços públicos e sua admi-
Atualmente, do ponto de vista estrito do Direito, costuma-se nistração pelos cidadãos.
dizer que cidadão é o nacional que está no gozo dos direitos po- Em Roma, cidadania designava uma situação política detida por
líticos. Trata-se, portanto, de quem possui título de eleitor e, por alguns, com exclusão, por exemplo, dos escravos, das mulheres e
conseguinte, pode participar diretamente dos assuntos do Estado, das crianças, em relação à possibilidade de participação dos assun-
via de regra, por meio de eleição, plebiscito, referendo ou iniciativa tos relativos ao Estado Romano. Segundo expõe DALMO DE ABREU
popular. DALLARI:
Tal sentido, entretanto, enfraquece as potencialidades da no- “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa
ção de cidadania em um Estado Democrático de Direito. Cidadania a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de
é um conceito em construção e não algo dado ou acabado. Ade- seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído
mais, a construção da amplitude da noção de cidadania não se deu da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de
de forma tranquila e pacífica, mas foi produto de lutas travadas inferioridade dentro do grupo social” (DALLARI, 1998:14).
contra privilégios infundados rumo à afirmação de direitos relacio- Foi, contudo, na Grécia do auge da democracia, que a questão
nados com a igualdade e consequentemente à universalização de da participação dos cidadãos na condução dos assuntos coletivos
seu exercício. assumiu uma dimensão mais pronunciada. Neste período, houve
Neste contexto, deve-se ressaltar que, no Brasil, a Constituição a cisão entre as concepções de esfera privada, na qual as pessoas
de 1988 representou um marco na transição de um regime auto- desempenhavam atividades ligadas à sobrevivência, num espaço de
ritário para um Estado Democrático de Direito, o que implicou na sujeição (dos escravos, das mulheres e dos menores), e de esfera
necessidade de implementação de várias formas de participação da pública, considerada como espaço de igualdade, no qual homens
sociedade nos assuntos coletivos, que não se restringem às três ex- livres exerciam a cidadania.
pressões de democracia direta positivadas na Constituição (art. 14). Os cidadãos gregos desta época eram iguais em dois sentidos:
A cidadania, conforme especifica o artigo 1º, II, da Constituição (a) o da isonomia, que implicava a igualdade perante a lei; e (b) o da
isegoria, a qual atribuía idêntico direito a todos de expor e discutir
7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . em público sobre as ações que a polis deveria ou não realizar. Como
(CUNHA, 200:182) os gregos conferiam elevado valor à noção de igualdade, o sorteio
8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . foi considerado a mais justa forma de distribuição de encargos esta-
(HOUAISS, 2001:714) tais, uma vez que assim todos os cidadãos seriam, de fato, tratados
9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . com isonomia[2].
(BENEVIDES, 1998) Assevere-se que, para os gregos, o espaço público era um re-
10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ferencial valorativo que apontava para a finalidade superior da vida
(BENEVIDES, 1998) dos homens livres, entendida como racional e justa. Nesta perspec-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

tiva, o desenvolvimento das virtudes políticas fazia parte do ideal urbanos, que transformou o campo em instância menos atraente.
de educação (JAEGER, 2001:1098) do homem grego, para a garantia Também houve a ascensão progressiva do poder público, advinda
de uma existência livre e ativa em face dos serviços públicos desen- da consolidação do modelo federativo de Estado.
volvidos para a coletividade. Enfraquecidos diante de seus dependentes e rivais, os coronéis
se viram na necessidade de fazer alianças políticas com o Estado,
Barreiras históricas e culturais à vivência da cidadania plena que expandia sua influência na proporção em que diminuía a dos
no Brasil donos de terra. A essência do compromisso coronelista repousou,
portanto, no acordo firmado entre o poder privado decadente e o
Cidadania, conforme visto é conceito relacionado com a atu- poder público em ascensão, e este complicado arranjo, denomina-
ação dos indivíduos na condução dos negócios públicos. Trata-se, do por NUNES LEAL de “sistema de reciprocidade”, envolveu:
portanto, de circunstância relacionada com a democracia, que, “de um lado, os chefes municipais e os coronéis, que conduzem
quando transformada em realidade, exige e incentiva que o indiví- magotes de eleitores como que toca tropa de burros; de outro lado,
duo tenha uma postura ativa, no sentido de integrar-se, discutir e a situação política dominante do Estado, que dispõe do erário, dos
fazer-se ouvir perante o organismo político. empregos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o
cofre das graças e o poder da desgraça” (LEAL, 1975:43).
O exercício pleno da cidadania é conquista social, relacionada O coronelismo caracterizou-se como sistema político baseado
com a afirmação e respeito aos Direitos Humanos. Mesmo que qua- na “troca de favores”. O Estado, de um lado, negociava a nomeação
se todos os ordenamentos jurídicos nacionais tenham incorporado dos cargos públicos, o erário e o controle da polícia e, de outro lado,
em seus preceitos normas que enunciam valores favoráveis ao de- o coronel oferecia a liderança em relação aos trabalhadores de sua
sempenho da cidadania, a sua prática (práxis) varia muito de Estado circunscrição rural, que com a República foram transformados em
para Estado e de período para período no mesmo local. eleitores. A ideia era buscar um compromisso no qual haveria a ga-
É pressuposto do pleno exercício da cidadania o desenvolvi- rantia de eleição dos governadores e simultaneamente a manuten-
mento de relações sociais mais igualitárias, por isso que incomo- ção do poder privado dos coronéis, mesmo que em decadência.
da tanto a formulação feita por FRIEDRICH MÜLLER (2000, p.5-60): O governo estadual, em troca do apoio político, concedia uma
que grau de exclusão social ainda pode ser tolerado por um sistema autonomia “extralegal” aos coronéis que compreendia: (1) o poder
democrático? Tender-se-ia responder cinicamente que em uma de- para a nomeação de cargos públicos, permitindo o surgimento do
mocracia material nenhum grau de exclusão social pode ser tole- denominado “filhotismo”, pois o coronel nomeava pessoas com as
rado, contudo, a problemática denuncia que as pessoas, no geral, quais mantinha relações; (2) o apoio do poder de polícia estadual
como cidadãs que são, tendem a retirar de suas costas a respon- para a perseguição dos opositores do coronel, o que deu ensejo ao
sabilidade de promover ações no sentido da inclusão social, pro- chamado “mandonismo”; e (3) o poder de administração dos recur-
curando não se fazer essa verdadeira e, por isso mesmo, incômoda sos financeiros do município, que eram utilizados para fins pessoais,
questão. Também é pressuposto do pleno exercício da cidadania: a ocasionando o que o autor denominou de “desorganização dos ser-
consciência da diferenciação que existe entre vida privada e espaço viços públicos locais”.
público. Estes são aspectos que esbarram em problemas históricos Assim, os coronéis falseavam os votos dos seus “rebanhos elei-
e, consequentemente, culturais no Brasil. torais”, isto é, direcionavam os votos para o resultado pactuado
Sabe-se que o Brasil foi tratado ab ovo, como um local para com os governantes, utilizando-se dos votos de cabresto e de ele-
ser explorado para o enriquecimento de interesses de fora de seu mentos coercitivos, como a ação de pistoleiros, geralmente capan-
território. Diferentemente do que ocorreu em colônias de povoa- gas de sua confiança, ou grupo de jagunços, ou seja, de um “bando
mento, o objetivo precípuo de grande parte dos colonizadores que de caboclos dedicados ao ofício das armas, que viviam à sombra de
aqui se fixaram foi o enriquecimento rápido mediante a produção sua autoridade”.
extrativista (agrícola ou de mineração) baseada, via de regra, no la- Entretanto, após a Revolução de 30, com a promulgação do
tifúndio, no trabalho escravo e no suprimento de carências do mer- Código Eleitoral, houve a instauração do voto secreto, que acabru-
cado externo. Mesmo com a abolição da escravatura e a adoção nhou o sistema coronelista, porém, não foi suficiente para solapá-
do trabalho assalariado, que se deu no País na divisa dos séculos -lo, haja vista que a sua base de sustentação era a estrutura agrária
XIX e XX, predominou, a partir da Proclamação da República, com do País, e não o voto em si.
a progressiva expansão dos direitos políticos no Brasil, o que se de- Portanto, segundo NUNES LEAL, a estrutura agrária, aliada à
nominou de “coronelismo”. Este é fenômeno cuja análise é impres- falta de autonomia municipal, e ao sistema representativo, cuja uni-
cindível para que se entenda o nascimento distorcido da noção de versalização fez surgir no cenário local um novo ator político com
espaço público no Brasil. amplos poderes, isto é, o governador, são fatores que contribuíram
O coronelismo, segundo VICTOR NUNES LEAL, representou a para a manifestação plena do coronelismo em seu período auge,
decadência do poder privado e a ascensão do poder público, com a que foi o da República Velha (de 1889 a 1930).
emergência do sufrágio universal a partir da Constituição de 1891, Contudo, mesmo com as mudanças que foram sentidas no
que transformou grande contingente de trabalhadores rurais (em Brasil a partir da década de trinta, a reflexão acerca do fenômeno
um país que era, à época, essencialmente agrário) em eleitores. é indispensável na medida em que provoca inferências que trans-
O poder privado, que existia relativamente inconteste desde as cendem aos estreitos limites de contextualização de sua ocorrência
grandes divisões do território pelo sistema das sesmarias (que foi mais evidente, fornecendo uma importante explicação sobre as ori-
fonte de origem dos grandes latifúndios no País), enfrentou acen- gens distorcidas das relações entre o espaço público e privado no
tuada decadência em função de vários aspectos, dentre os quais se Brasil, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, na Grécia no perí-
ressaltam: o êxodo rural, produto da industrialização, e a afirma- odo auge da democracia, onde artesãos e comerciantes não foram
ção e garantia dos direitos trabalhistas somente aos trabalhadores considerados cidadãos, à medida que não dispunham de “tempo

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

livre” para se dedicarem às tarefas efetivamente públicas. -liberdade para exercer sua profissão;
Ademais, a análise evidencia que diante da miséria e da ausên- -direito à propriedade.
cia de informação da população, ela acaba sendo mais facilmente
manipulada pelos detentores de poder que, por este motivo, preo- Direitos sociais
cupam-se menos em promover um projeto efetivo de emancipação
social do que com a sua permanência no poder. Os direitos sociais são os direitos que garantem e protegem a
Portanto, apesar de todo avanço que as instituições públicas qualidade de vida e dignidade do cidadão. Estão previstos no art. 6º
foram objeto no Brasil, ao longo do século XX, com a industrializa- da Constituição Federal:
ção e a formação de uma classe média sustentadora de uma nova -educação;
base de relações sociais, o coronelismo explica as origens da pro- -saúde;
pensão cultural brasileira à privatização de espaços públicos, o que -alimentação;
surte efeitos até os dias atuais, prejudicando o livre exercício da ci- -trabalho;
dadania. -moradia;
A partir de sua análise, entende-se parcela da razão pela qual o -transporte;
povo brasileiro ainda prefere sofrer calado e aguentar a opressão[6] -lazer;
sem levar a sério as instituições públicas e as leis garantidoras de -segurança;
direitos, em vez de se unir para romper com a idéia distorcida de -previdência social;
que os direitos sejam mera concessão dos “donos do poder” aos -proteção à infância e à maternidade;
que estão abaixo (ou mais próximos) deles. -assistência aos desamparados.
Não se pode ignorar, todavia, que a partir da década de trinta,
apesar de todo desenvolvimento ocorrido, o Brasil vivenciou longos Direitos políticos
períodos de autoritarismo, com Getúlio Vargas e, posteriormente,
com o golpe militar, que durou de 1964 até meados da década de Os direitos políticos são os que se referem à participação nas
oitenta. Assim, pode-se dizer que apenas a partir da Constituição de decisões políticas do país. São os seguintes:
1988 surgiu um cenário institucional mais favorável ao desabrochar -garantia de voto direto e secreto, com igual valor para todos;
pleno da cidadania no País. -direito a ser candidato a um cargo nas eleições.
Todavia, mesmo com todas as instituições e mecanismos de
participação assegurados no ordenamento e diante do avanço que Deveres do cidadão
deve ser comemorado, ainda existem muitas barreiras à plena vi-
vência da cidadania no Brasil, pois esta pressupõe, inicialmente, Além de poder cobrar do Estado o cumprimento dos direitos, é
relações sociais mais igualitárias e, sobretudo, a predisposição do preciso ser um cidadão que cumpre com os seus deveres.
povo em fazer valer os direitos assegurados, para que eles saiam do São os principais deveres do cidadão brasileiro:
papel e transformem a realidade. participar das eleições, escolhendo e votando nos seus candi-
datos;
Os direitos e deveres do cidadão são relacionados ao conceito -estar atento ao cumprimento das leis do país;
de cidadania. Ser um cidadão consciente e exercer a cidadania é sa- -pagar os impostos devidos;
ber quais são os seus direitos e deveres para participar ativamente -participar da escolha das políticas públicas;
das decisões políticas e sociais que têm consequências na vida de -respeitar os direitos dos outros cidadãos;
todos. -proteger o patrimônio público;
É preciso conhecer os direitos que são garantidos para poder -proteger o meio ambiente.
fiscalizar o cumprimento deles e cobrar do Estado que eles sejam
prioridade nos governos. Ao mesmo tempo é preciso saber quais Segue o disposto na Constituição Federal Brasileira:
são os seus deveres para contribuir com desenvolvimento do país e
com o bem comum. TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Direitos do cidadão
CAPÍTULO I
Os direitos garantidos são muitos e estão definidos na Consti- DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
tuição, na Declaração Universal dos Direitos do Homem e em outras
leis. Os direitos podem ser classificados em civis, sociais e políticos. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
Direitos civis sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Os direitos civis são os que têm o objetivo de garantir a liber- I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
dade individual e a igualdade entre as pessoas. São os principais: termos desta Constituição;
-direito à vida; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
-direito à liberdade de expressão; coisa senão em virtude de lei;
-liberdade de ir e vir; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
-igualdade entre homens e mulheres; mano ou degradante;
-proteção da intimidade e da vida privada; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

anonimato;   prietário indenização ulterior, se houver dano;


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;   XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;   ros pelo tempo que a lei fixar;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
prestação alternativa, fixada em lei; desportivas;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri-
terial ou moral decorrente de sua violação;    vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela poden- ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
do penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fla- e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015)    (Vi- XXX - é garantido o direito de herança;
gência) XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a do “de cujus”;
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro- XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
cessual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) sumidor;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;    mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguarda- que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;    ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa-
manecer ou dele sair com seus bens; gamento de taxas:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
petente; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada ou ameaça a direito;
a de caráter paramilitar; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- perfeito e a coisa julgada;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
estatal em seu funcionamento; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- que lhe der a lei, assegurados:
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- a) a plenitude de defesa;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; b) o sigilo das votações;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- c) a soberania dos veredictos;
necer associado; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto- a vida;
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
extrajudicialmente; sem prévia cominação legal;
XXII - é garantido o direito de propriedade; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação tos e liberdades fundamentais;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
previstos nesta Constituição; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecen-
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
podendo evitá-los, se omitirem;(Regulamento) de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de lia e de advogado;
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
o Estado Democrático; sua prisão ou por seu interrogatório policial;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de dade judiciária;
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
outras, as seguintes: pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-
a) privação ou restrição da liberdade; tícia e a do depositário infiel;
b) perda de bens; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
c) multa; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
d) prestação social alternativa; de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
e) suspensão ou interdição de direitos; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
XLVII - não haverá penas: reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
art. 84, XIX; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
b) de caráter perpétuo; atribuições do Poder Público;
c) de trabalhos forçados; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
d) de banimento; por:
e) cruéis; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física defesa dos interesses de seus membros ou associados;
e moral; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamen- liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
tação; dade, à soberania e à cidadania;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, LXXII - conceder-se-á habeas data:
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
drogas afins, na forma da lei; de entidades governamentais ou de caráter público;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
político ou de opinião; por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
toridade competente; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
devido processo legal; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, da sucumbência;
com os meios e recursos a ela inerentes; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por aos que comprovarem insuficiência de recursos;
meios ilícitos; LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
gado de sentença penal condenatória; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identifi- ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento) a) o registro civil de nascimento;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se b) a certidão de óbito;
esta não for intentada no prazo legal; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; (Regulamento)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- celeridade de sua tramitação.  (Incluído pela Emenda Constitucional
litar, definidos em lei; nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
do preso ou à pessoa por ele indicada; Constitucional nº 115, de 2022)

222
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen- dor de baixa renda nos termos da lei;  (Redação dada pela Emenda
tais têm aplicação imediata. Constitucional nº 20, de 1998)
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di-
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado- árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
va do Brasil seja parte. coletiva de trabalho;  (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na- ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (In- mingos;
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)  (Vide DLG nº XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
186, de 2008), (Vide Decreto nº 6.949, de 2009), (Vide DLG 261, de mo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59
2015), (Vide Decreto nº 9.522, de 2018)   (Vide ADIN 3392)    (Vide § 1º)
DLG 1, de 2021),   (Vide Decreto nº 10.932, de 2022) XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- terço a mais do que o salário normal;
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão.  (Incluído pela XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
CAPÍTULO II XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
DOS DIREITOS SOCIAIS centivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência normas de saúde, higiene e segurança;
aos desamparados, na forma desta Constituição.   (Redação dada XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade XXIV - aposentadoria;
social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
público em programa permanente de transferência de renda, cujas cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;   (Re-
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observa- dação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
da a legislação fiscal e orçamentária  (Incluído pela Emenda Consti- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
tucional nº 114, de 2021) trabalho;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá incorrer em dolo ou culpa;
indenização compensatória, dentre outros direitos; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- nº 28, de 2000)
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos 28, de 2000)
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação b) (Revogada).  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
para qualquer fim; 28, de 2000)
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
trabalho; ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção estado civil;
ou acordo coletivo; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
percebem remuneração variável; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral intelectual ou entre os profissionais respectivos;
ou no valor da aposentadoria; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de de-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua zesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
retenção dolosa; anos;   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- empregatício permanente e o trabalhador avulso.
sa, conforme definido em lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,

223
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII CAPÍTULO III
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- DA NACIONALIDADE
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- Art. 12. São brasileiros:
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como I - natos:
a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Constitucional nº 72, de 2013) pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado país;
o seguinte: b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas tiva do Brasil;
ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
dical; sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô- optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha- nacionalidade brasileira;   (Redação dada pela Emenda Constitucio-
dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à nal nº 54, de 2007)
área de um Município; II - naturalizados:
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
administrativas; dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratan- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
dependentemente da contribuição prevista em lei; sileira.             (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a nº 3, de 1994)
sindicato; § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
coletivas de trabalho; direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas tituição.               (Redação dada pela Emenda Constitucional de
organizações sindicais; Revisão nº 3, de 1994)
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas III - de Presidente do Senado Federal;
as condições que a lei estabelecer. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- V - da carreira diplomática;
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os VI - de oficial das Forças Armadas.
interesses que devam por meio dele defender. VII - de Ministro de Estado da Defesa                 (Incluído pela
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas que:
da lei. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:            (Reda-
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão ção dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
e deliberação. a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- trangeira;               (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade nº 3, de 1994)
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
gadores. brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
vis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais.

224
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
símbolos próprios. das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta
CAPÍTULO IV ou indireta.              (Redação dada pela Emenda Constitucional de
DOS DIREITOS POLÍTICOS Revisão nº 4, de 1994)
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
termos da lei, mediante: fraude.
I - plebiscito; § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
II - referendo; de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
III - iniciativa popular. manifesta má-fé.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições munici-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; pais as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas
II - facultativos para: Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no-
a) os analfabetos; venta) dias antes da data das eleições, observados os limites ope-
b) os maiores de setenta anos; racionais relativos ao número de quesitos.    (Incluído pela Emenda
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Constitucional nº 111, de 2021)
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du- § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda
I - a nacionalidade brasileira; gratuita no rádio e na televisão.    (Incluído pela Emenda Constitu-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; cional nº 111, de 2021)
III - o alistamento eleitoral; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; suspensão só se dará nos casos de:
V - a filiação partidária;           Regulamento I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
VI - a idade mínima de: julgado;
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- II - incapacidade civil absoluta;
pública e Senador; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e rarem seus efeitos;
do Distrito Federal; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
d) dezoito anos para Vereador. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou Constitucional nº 4, de 1993)
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subseqüente.              (Redação dada pela Emenda CAPÍTULO V
Constitucional nº 16, de 1997) DOS PARTIDOS POLÍTICOS
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
pleito. mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- humana e observados os seguintes preceitos:               Regulamento
juge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou I - caráter nacional;
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
dições: sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
da atividade; organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
da diplomação, para a inatividade. de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi- distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade de disciplina e fidelidade partidária.  (Redação dada pela Emenda
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside- Constitucional nº 97, de 2017)

225
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju- ciona ODETE MEDAUAR, o de “exercer controle sobre a organização
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal geral do serviço, exigindo o funcionamento em seu benefício” (ME-
Superior Eleitoral. DAUAR, 2005:152).
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e Enfatiza, portanto, a autora (MEDAUAR, 2005:152), que à me-
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos dida que o serviço público é atividade de interesse geral, indispen-
políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Cons- sável à coesão social e à democracia, atendendo às necessidades
titucional nº 97, de 2017) coletivas essenciais, o usuário do serviço emerge com vários direi-
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no tos, não podendo ser equiparado a simples cliente ou consumidor.
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em As relações de mercado não se compatibilizam com a noção de so-
pelo menos um terço das unidades da Federação, com um míni- lidariedade e, consequentemente, de igual acesso ao serviço públi-
mo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; co, pois este é instrumento que tem por finalidade objetivos sociais,
ou                (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) como a redução das desigualdades sociais, econômicas e culturais.
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais Atualmente, no início do século XXI, os cidadãos brasileiros se
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federa- deparam com inúmeras perplexidades: ao mesmo tempo em que
ção.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) houve um significativo avanço proporcionado pelos instrumentos
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza- de caráter democrático, previstos direta ou indiretamente pela
ção paramilitar. Constituição de 1988, o mundo se deparou com uma crise financei-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre- ra iminente que ameaça de desemprego inúmeros setores, o que
vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi- se refletirá sobre o desenvolvimento econômico e sobre a acessi-
liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi- bilidade dos cidadãos aos serviços ofertados, seja pelo regime de
do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos mercado ou mesmo através da delegação de serviços público.
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) Para seu conhecimento: Proteção e Defesa do Usuário de Servi-
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Depu- ços Públicos[ http://www.cidadao.sp.gov.br/protecao.php]
tados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido pelo
qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de Principais Pontos
anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabe- A Lei que dispõe sobre a Proteção e Defesa do Usuário de Servi-
lecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração de ços Públicos é uma iniciativa do Poder Executivo e teve apoio amplo
partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou e imediato da Assembleia Legislativa. (clique aqui para a lei em sua
de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televi- íntegra)
são.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco Normas Básicas - Esta lei estabelece normas básicas de prote-
por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na ma- ção e defesa do usuário dos serviços públicos prestados pela Admi-
nutenção de programas de promoção e difusão da participação nistração Pública direta e indireta e por todos os demais órgãos que
política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidá- prestam serviço ao público para o Governo do Estado. Também es-
rios.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) tão incluídos os órgãos do Ministério Público, quando no desempe-
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Cam- nho de função administrativa, e as empresas privadas que prestam
panha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas elei- serviço de caráter público ao Governo do Estado mediante conces-
torais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na são, permissão, autorização ou qualquer outra forma de delegação
televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, por ato administrativo, contrato ou convênio (Artigo 1º).
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor- Divulgação - Com periodicidade mínima de um ano, o Poder
me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas Executivo publicará e divulgará quadro geral dos serviços públicos
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti- prestados pelo Estado, especificando os órgãos ou entidades res-
dário.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) ponsáveis por sua realização (Artigo 2º).

Direitos - O usuário tem direito à informação, à qualidade e


O CIDADÃO COMO USUÁRIO E CONTRIBUINTE ao controle adequado do serviço público. É indispensável a parti-
cipação do cidadão no planejamento, execução e fiscalização dos
CIDADÃO COMO USUÁRIO E CONTRIBUINTE serviços (Artigo 3º).

Usuário, assim como cidadão, também é expressão que tem Informações Precisas - O usuário tem o direito de obter in-
vários sentidos. No Direito, geralmente indica o indivíduo que faz formações precisas sobre o horário de funcionamento, o tipo de
uso de determinado serviço. Se o serviço for prestado no desenvol- atividade exercida em cada órgão, localização exata e a indicação
vimento de atividade econômica, livre à iniciativa privada, o usuário do responsável pelo atendimento ao público. É necessário que o
é, via de regra, protegido pelo Código de Defesa do Consumidor; usuário seja informado sobre procedimentos para acesso a exames,
contudo, se houver um serviço público, o usuário passa da categoria formulários e a outros dados necessários à prestação do serviço.
de simples consumidor de determinado serviço e é alçado ao sta- Todo usuário tem o direito de saber a quem reclamar.
tus de cidadão, o que lhe confere mais direitos, entre os quais, men- O prestador do serviço público deve oferecer aos usuários
acesso a atendimento pessoal, por telefone, informação computa-

226
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

dorizada e banco de dados. As minutas de contratos-padrão devem de classes ou categorias profissionais para defesa dos associados.
ser redigidas em termos claros, legíveis e de fácil compreensão. O O Sistema Estadual de Defesa do Usuário do Serviço Público
cidadão deve ter acesso a informações sobre taxas e tarifas cobra- atuará de forma integrada com entidades representativas da so-
das pela prestação de serviços públicos e o usuário deve receber a ciedade civil. Será formada uma Comissão de Centralização das in-
cobrança em tempo hábil. Para permitir ao contribuintes um acom- formações dos Serviços Públicos do Estado com representação dos
panhamento do uso dos recursos públicos, deverá estar disponível usuários, para sistematizar e controlar todas as informações relati-
banco de dados com informações sobre gastos, licitações e contra- vas aos serviços especificados na lei (Artigos 29º a 31º).
tações (Artigos 4º e 5º).
O cliente da economia privada, adquire um bem, sabendo
Qualidade - O usuário tem direito à prestação de serviços pú- quanto vale, quanto pesa, quais as suas características, qual o seu
blicos de boa qualidade, com urbanidade, respeito e igualdade de diferencial em relação aos bens concorrentes, e depende somente
tratamento. Também será assegurado o atendimento por ordem de dele - consumidor - qual será a destinação. Por outro lado, na eco-
chegada, com prioridade aos idosos, grávidas, doentes e deficientes nomia pública, o contribuinte nem sempre sabe onde será empre-
físicos. Serão perseguidos a racionalização, cumprimento de prazos gado o produto da arrecadação, nem se será beneficiado de forma
e normas de procedimentos, fixação e cumprimento de horários e direta, ou mesmo indireta por tal arrecadação.
normas e adoção de medidas de proteção à saúde ou segurança dos Se para a empresa privada, o cliente é parte essencial do negó-
usuários (Artigos 6º e 7º). cio, para os dirigentes públicos, o cidadão é a razão de ser da exis-
tência do governo, e o seu atendimento é o item mais importante
Ouvidorias e Comissões de Ética - Serão instituídas ouvidorias em qualquer atividade pública.
e comissões de ética em todos os órgãos e entidades prestadores Na economia privada, o cliente, se não for convenientemente
de serviços públicos no Estado. As ouvidorias avaliarão a procedên- atendido, sempre pode optar por um outro fornecedor, enquanto
cia das sugestões, reclamações e denúncias e as encaminharão às que o contribuinte e usuário do serviço público ou atividade mono-
autoridades competentes, incluindo a Comissão de Ética. polizada, sempre deverá retornar ao mesmo balcão de atendimen-
O Governador receberá relatório semestral das atividades das to, e interagir com as mesmas pessoas, nem sempre motivadas para
ouvidorias, acompanhado de sugestões para o aprimoramento do proporcionar o melhor e mais rápido atendimento.
serviço público. Nos casos de infração comprovada, as Comissões A autoridade no setor público, deriva de um consentimento da
de Ética devem adotar as providências cabíveis (Artigos 8º, 9º e população, e fundamenta-se apenas na delegação de poderes, con-
10º). cedidos pela comunidade, por um determinado tempo, e condicio-
nado à prestação de bons serviços à coletividade.
Responsabilidade - Os prestadores de serviços públicos res- O público (usuário/contribuinte) nunca interrompe o trabalho
ponderão pelos danos que causarem ao usuário ou a terceiros. do funcionalismo, pois ele é a própria essência e o único propósito
Serão instaurados processos administrativos para apurar queixas e deste trabalho, pois sem público, não há funcionalismo; haja vista
reclamações, que serão registrados em banco de dados, indicando que ele não é uma parte descartável do processo, mas sim a parte
data e local da emissão e assinatura do agente público responsável. essencial na continuidade dos cargos burocráticos.
O projeto de lei estabelece prazos para providências que, no total, Quem paga a conta, é somente o público, o usuário, o contri-
não devem ultrapassar 66 dias (Artigos 11º a 15º). buinte, e assim, o salário e os vencimentos de todos participantes
na pirâmide hierárquica depende tão somente do público, aquele
Processos - Os processos administrativos serão encaminha- mesmo que em um momento antes, elegeu os dirigentes majori-
dos à Ouvidoria do órgão ou entidade responsável pela infração. O tários, que assim puderam contratar suas assessorias e manter os
usuário deverá ter à disposição formulários simplificados e de fácil demais partícipes do meio burocrático.
compreensão para a apresentação do requerimento. Apenas serão Da mesma forma que a empresa privada pesquisa o mercado
rejeitadas as representações improcedentes. Serão assegurados o para verificar o grau de aceitação que está tendo seus bens e ser-
contraditório e a ampla defesa, admitindo-se toda e qualquer forma viços, assim também o serviço público deve pesquisar e ouvir seus
de prova, desde que lícitas (Artigos 16º a 26º). cidadãos, no sentido de fazer os ajustes necessários na máquina
administrativa.
Decisão e Sanções - Caberá ao órgão responsável pela apura-
ção da infração determinar se o processo será arquivado ou enca-
minhado aos órgãos competentes para apurar os ilícitos adminis- NOÇÕES DE ÉTICA: ÉTICA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
trativos, além de elaborar sugestões para a melhoria dos serviços PÚBLICA
públicos. A infração às normas desta lei sujeitará o servidor público
às sanções previstas no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do De fato, não se pode negar que o desenvolvimento, retificação
Estado e nos regulamentos das entidades da Administração indireta e refinamento moral da sociedade impõem que “todas as institui-
(Artigos 27º e 28º). ções sociais (públicas e privadas), ao lado dos indivíduos, devem
se afinar no sentido da conquista da cultura da moralidade”. Ora, a
Sistema de Defesa - Para o exercício desta lei será criado e reverência da moralidade nas relações entre particulares, no âmbi-
assegurado canal de comunicação direto entre prestadores de ser- to individual e privado, é forma de cultivo da futura moralidade na
viços e usuários. Os usuários terão manuais informativos de seus administração da coisa pública (res publica).11
direitos, dos procedimentos disponíveis para o seu exercício e dos Da mesma forma, a sobrevivência (individual e coletiva) e har-
órgãos e endereços para apresentação de queixas e sugestões. Será 11 BORTOLETO, Leandro; MÜLLER, Perla. Noções de ética no serviço público.
incentivada a participação de associações e órgãos representativos Editora Jus Podivm, 2014.

227
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

monia social dependem do eficaz e satisfatório desempenho moral sob pena de serem anulados.
de todas as atividades do homem. É lugar mais que comum ouvir- Veja-se que neste ponto, aliás, a Constituição Federal também
-se debates a respeito da ética médica, ética econômica, ética es- trouxe importante avanço, quando em seu artigo 5º, inciso LXXIII,
portiva, e, em especial, ética na gestão da res pública. E, de fato, a inclui a moralidade administrativa dentre os motivos que ensejam
relação entre ética e política é tema dos mais árduos na contempo- a vida da ação popular a ser proposta por qualquer cidadão que
raneidade. constate uma postura imoral praticada por qualquer entidade da
Historicamente sustentou-se uma distinção entre a “moral co- qual o Estado participe.
mum” e a “moral política”, chegando Maquiavel a afirmar que o É justamente neste ponto que a ética exerce seu papel, permi-
homem político poderia comportar-se de modo diversos da moral tindo realizar ponderações sobre a moralidade da vontade expressa
comum, como se o homem comum e aquele que gere a coisa pú- em determinado ato ou procedimento administrativo praticado por
blica ou exerce função pública obedecessem a “códigos” de ética uma agente público. Assim, não basta quer o agente público seja
distintos. competente para emanar o ato administrativo ou conduzir um pro-
Todavia, atualmente não se duvida da necessária integração ou cedimento de sua alçada, nem que seja respeitada a forma prescrita
“afinamento” entre a moral comum e a moral política. Não se pode em lei, devendo, antes de tudo, corresponder a uma conduta eti-
imaginar a existência de uma absoluta distinção entre a ética alme- camente aceitável e, sobretudo, pautar-se pela preponderância do
jada pelos indivíduos que compõem a sociedade e aquela esperada interesse público sobre qualquer outro.
dos órgãos do Estado, que exercem a função pública. Desta forma, com a finalidade de amoldar a conduta dos agen-
Justamente por representarem a coletividade, as instituições tes públicos dentro do que eticamente se espera da Administração
públicas devem se pautar, de forma mais eficaz, pela ética, posto Pública, visando compeli-los a absterem-se de práticas que não se-
que devem assumir uma posição de espelho dos anseios da socie- jam moralmente aceitáveis, é que surgem as normas deontológicas,
dade. Para que o Estado possa gerir a res pública, de forma demo- ou seja, as regras que definem condutas correlatas a serem segui-
crática e não autoritária, este deve gozar de credibilidade, a qual so- das, positivadas através dos Códigos de Ética.
mente pode ser conquistada com a transparência e a moralidade de
seus atos, para que não seja necessário o uso excessivo da força, o
que transformaria um Estado democrático em uma nefasta tirania.
QUESTÕES
Cumpre lembrar que, quando se fala em agir ético do Estado,
ou das instituições públicas que o compõem, na realidade devemos 1-FGV - 2019
nos atentar que o agir ético é sempre exercido por pessoas físicas, já Embora possuam processos semelhantes, a gestão pública e a
que o Estado, como uma ficção jurídica que é, não goza de vontade gestão privada não se confundem.
própria. Estas pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoria- Assinale a opção que indica uma peculiaridade exclusiva da
mente, do exercício de alguma função estatal, a quem chamamos gestão privada.
de agentes públicos, é que devem, em última análise, pautar-se (A) A realização de qualquer ação não proibida por lei.
pela ética, já que expressam, com seus atos, a vontade do Estado. (B) A elaboração de planejamento de estratégico.
A vontade do Estado é, pois, materializada através dos atos e (C) A busca pela eficácia em suas operações.
procedimentos administrativos executados pelos agentes públicos. (D) O uso de novas tecnologias desenvolvidas pelo mercado.
Estes atos e procedimentos administrativos que dão forma e via- (E) O estabelecimento de missão e visão do negócio.
bilizam a atuação da Administração Pública devem ser entendidos
como foco de análise da ética, constituindo-se seu objeto, quando a 2- FGV - 2022
questão se refere à ética na Administração Pública. Embora a gestão pública e a gestão privada possuam seme-
Embora emanados por ato de vontade dos agentes públicos, lhanças, a exemplo de algumas técnicas administrativas usadas, as
os atos e procedimentos administrativos não podem expressar a divergências também são numerosas, em razão da própria natureza
vontade individual do agente que os exterioriza. Isto porque os atos de cada uma.
e procedimentos administrativos estão submetidos ao princípio da Evidencia-se como exemplo de diferença o fato de que
moralidade administrativa, o que equivale dizer que o “interesse (A) as gerências são mais estáveis na administração privada,
público está acima de quaisquer outros tipos de interesses, sejam enquanto na pública possuem maior rotatividade.
interesses imediatos do governante, sejam interesses imediatos de (B) as ações na gestão privada são mais rígidas e complexas,
um cidadão, sejam interesses pessoais do funcionário. enquanto na pública são mais flexíveis.
Apesar de se reconhecer que a moralidade sempre foi um traço (C) todos os acionistas pagam pelos serviços na gestão priva-
característico necessário ao ato administrativo, já que não se pode da, enquanto na pública apenas os cidadãos que os utilizam
supor a legitimidade de um Estado que não se amolde ao que mo- pagam.
ralmente é aceito pela sociedade que o constitui, é com a Consti- (D) o gestor privado pode fazer apenas o que é determinado
tuição Federal de 1988, que o princípio da moralidade é expressa- por lei, enquanto ao gestor público é permitido fazer tudo que
mente elevado à categoria de princípio essencial da administração não é proibido.
pública, ao lado dos princípios da legalidade, da impessoalidade e (E) o processo decisório é mais lento e organizado na gestão
da publicidade dos atos administrativos, conforme dispõe seu arti- privada, enquanto na pública é mais rápido e diligente.
go 37.
Os atos e procedimentos administrativos, portanto, além de se
submeterem a requisitos formais e objetivos para que possam go-
zar de validade e legalidade (competência, finalidade, fora, motivo,
objeto), devem também se apresentar como moralmente legítimos,

228
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

3- FGV - 2018 (B) classificado em concurso público, Tício tem direito líquido
Com base no “Modelo de Excelência em Gestão Pública”, a con- e certo à nomeação, mas necessitará ajuizar demanda judicial
cepção de que a administração deve ser transparente e dar publici- para tanto, uma vez que foi classificado além das vagas do edi-
dade aos seus atos está suportada pela ideia de: tal;
(A) controle social; (C) Tício não tem direito líquido e certo à nomeação na hipóte-
(B) desenvolvimento de parcerias; se formulada, uma vez que foi classificado em posição além das
(C) visão de futuro; vagas inicialmente oferecidas pelo edital;
(D) cultura da inovação; (D) há direito líquido e certo de Tício ser nomeado na hipótese
(E) orientação por processos. formulada, nada impedindo que, até a finalização dos trâmites,
para suprir a necessidade do serviço, a Administração Pública
4-FGV - 2018 contrate servidores temporários para o mesmo cargo;
A gestão por resultados permite maior flexibilidade aos colabo- (E) a criação das vagas em lei e a realização de concurso público
radores da organização, enfatizando o alcance dos resultados finais. vinculam a Administração, que deve nomear todos os candida-
Sendo assim, em um modelo de gestão por resultados, é im- tos classificados
prescindível a presença de
(A) técnicas relativistas. 7-FGV - 2023
(B) grades gerenciais. Com o objetivo de estimular o desenvolvimento da participa-
(C) estruturas matriciais. ção popular em questões diretamente relacionadas à vida diária, o
(D) atividades interdependentes. Município Alfa editou a Lei municipal nº X, que dispôs sobre o for-
(E) indicadores de desempenho. talecimento das associações de bairro na perspectiva municipalista.
Para tanto, dispôs que a adesão à associação se aperfeiçoaria com
5-FGV - 2022 a só residência no respectivo bairro, assegurado o desligamento a
Débora foi aprovada em concurso público de provas e títulos, partir de processo administrativo instaurado para esse fim, em que
mas não logrou êxito, ao ver da Administração Pública, em compro- o interessado declinaria os respectivos motivos à Secretaria Munici-
var o período de exercício da atividade profissional exigido na lei e pal competente, que decidiria pelo deferimento ou não.
no edital. A decisão administrativa, apesar de estar bem fundamen- Considerando os termos da narrativa, é correto afirmar, à luz da
tada e de apresentar total coerência interna, veio a ser desconsti- Constituição da República, que
tuída em sede judicial, sendo determinada a posse de Débora no (A) a adesão à associação, pela só residência no local, e a restri-
respectivo cargo de provimento efetivo. A posse ocorreu três anos ção ao desligamento são inconstitucionais.
após a de cinco candidatos com colocação imediatamente posterior (B) a decisão da Secretaria Municipal deve ser necessariamente
à de Débora, os quais já tinham ascendido à classe imediatamente motivada, para que o proceder seja constitucional.
superior da respectiva carreira. (C) a Lei municipal nº X ponderou os interesses público e priva-
À luz dessa narrativa, Débora: do corretamente, não apresentando qualquer vício.
(A) terá direito à indenização e às promoções ou progressões (D) o critério de adesão está lastreado em padrões objetivos e
que a alcançariam caso tivesse sido nomeada em momento an- genericamente aplicados a todos, atendendo à isonomia, sen-
terior, antes dos cinco candidatos referidos; do constitucional.
(B) fará jus apenas à indenização, ainda que não tenha sido re- (E) a análise do desligamento da associação deveria ser realiza-
conhecida qualquer arbitrariedade da Administração Pública, da pelo respectivo órgão diretivo.
por não ter sido investida em momento anterior;
(C) não fará jus à indenização e não terá direito às promoções 8-FGV - 2023
ou progressões que a alcançariam caso tivesse sido nomeada Johnson, nacional do País Alfa, foi acusado e condenado por
em momento anterior, antes dos cinco candidatos referidos; ter violado segredos de Estado. Por tal razão, decidiu fugir para o
(D) terá direito apenas às promoções ou progressões que a al- território brasileiro. Assim que o País Alfa teve conhecimento do pa-
cançariam caso tivesse sido nomeada no momento devido, o radeiro de Johnson, firmou tratado de extradição com a República
que deveria ter ocorrido antes dos cinco candidatos referidos; Federativa do Brasil e requereu a extradição desse fugitivo.
(E) deve ser indenizada, beneficiada pelas promoções ou pro- À luz da sistemática estabelecida na Constituição da República
gressões que a alcançariam caso tivesse sido nomeada em mo- de 1988, é correto afirmar que
mento anterior, além de ocupar a classificação original. (A) Johnson somente poderia ser extraditado se tivesse pratica-
do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, sendo
6-FGV - 2023 o tratado de extradição dispensável, bastando a promessa de
Tício inscreveu-se em concurso público para o provimento de reciprocidade.
cargo efetivo junto ao Município, tendo sido abertas vinte vagas. (B) o tratado de extradição não pode ser aplicado a Johnson,
Com a publicação do resultado, constatou que foi classificado em embora a infração penal que lhe foi imputada, por ter a nature-
vigésimo quinto lugar. A Administração Pública Municipal vem no- za de crime comum, autorize a sua extradição.
meando aos poucos os candidatos aprovados, restando pouco tem- (C) o tratado de extradição pode ser aplicado a Johnson e a in-
po para o encerramento do prazo do concurso. De acordo com a fração penal que lhe foi imputada, por ter a natureza de crime
legislação em vigor, é correto afirmar que, em regra: comum, autoriza a sua extradição.
(A) a Administração Municipal é obrigada a nomear Tício, uma
vez que, classificado no concurso público, tem direito líquido e
certo a ser cumprido;

229
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ÉTICA, FILOSOFIA E ATUALIDADES

(D) apesar de o tratado de extradição poder ser aplicado a


Johnson, o crime que lhe foi imputado não permite a sua ex- GABARITO
tradição.
(E) o tratado de extradição não pode ser aplicado a Johnson e o
crime que lhe foi imputado não permite a sua extradição. 1 A
2 A
9-FGV - 2023
Em tema de regras deontológicas, consoante dispõe a Código 3 A
de Ética Funcional do Servidor Público Chvill do Estado de Mato 4 E
Grosso, o exercício da função pública exige conduta compatível com
5 C
os preceitos deste Código e com os demais princípios aplicáveis.
Nesse sentido, assinale a opção que não contém uma dessas 6 C
regras. 7 A
(A) O servidor público não poderá jamais desprezar o elemen-
to ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente 8 D
entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o 9 B
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente
entre o honesto e o desonesto. 10 A
(B) A função pública exercida pelo servidor deve ser objeto de
permanente avaliação de produtividade, mas não se integra na ANOTAÇÕES
vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
______________________________________________________
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada não
poderão, em qualquer hipótese, acrescer ou diminuir o seu ______________________________________________________
bom conceito na vida funcional.
(C) A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu- ______________________________________________________
tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele pró-
prio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade ______________________________________________________
administrativa se integre no Direito, como elemento indisso-
ciável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como ______________________________________________________
consequência, em fator de legalidade.
(D) A moralidade da Administração Pública Estadual não se li- ______________________________________________________
mita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da
______________________________________________________
ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que ______________________________________________________
poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.
(E) Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor público não ______________________________________________________
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública Es- ______________________________________________________
tadual. O Estado de Mato Grosso não pode crescer ou estabili-
zar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão, ______________________________________________________
ou da mentira, que sempre aniquila a dignidade humana.
______________________________________________________
10-FGV - 2022 ______________________________________________________
Diversas técnicas administrativas são usadas tanto no setor pú-
blico como no setor privado, apesar das diferenças que caracteri- ______________________________________________________
zam esses setores em razão da própria natureza de cada uma.
Assinale a opção que apresenta um exemplo dessa diferença. ______________________________________________________
(A) As gerências são mais estáveis na administração privada,
enquanto na pública possuem maior rotatividade. ______________________________________________________
(B) As ações na gestão privada são mais rígidas e complexas,
enquanto na pública mais flexíveis. ______________________________________________________
(C) Todos os acionistas pagam pelos serviços na gestão privada,
______________________________________________________
enquanto na pública apenas os cidadãos que os utilizam.
(D) O gestor privado pode fazer apenas o que é determinado ______________________________________________________
por lei, enquanto ao gestor público é permitido fazer tudo que
não é proibido. ______________________________________________________
(E) O processo decisório é mais lento e organizado na gestão
privada, enquanto na pública é mais rápido e diligente. ______________________________________________________

______________________________________________________

230
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Devastação
GEOGRAFA. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO: A Nas últimas décadas, a Amazônia testemunhou um aumento
CONQUISTA E A EXPANSÃO DA AMAZÔNIA COLONIAL; significativo no desmatamento de suas extensões. Uma pesqui-
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO AMAZÔNICO ATUAL sa conduzida pelo norte-americano Thomas Lovejoy, professor da
George Mason University, e pelo brasileiro Carlos Nobre, coorde-
A Amazônia, o maior bioma do Brasil e lar da maior floresta tro- nador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudan-
pical do mundo, abrange nove países da América do Sul, incluindo ças Climáticas, alerta para o risco de perdas irreversíveis no bioma
Bolívia, Equador e Peru. Essa vasta região contribui com um quinto Amazônia devido a essa prática. De acordo com os pesquisadores, o
da água doce que flui para os oceanos globais. Dos 100 mil tipos de desmatamento já atingiu 17% nos últimos 50 anos, aproximando-se
plantas presentes nos países sul-americanos, 30 mil são encontra- do limite crítico de 20%, além do qual as consequências para o cli-
das na Amazônia. ma e o ciclo hidrológico poderiam se tornar irreversíveis.
Ao longo do tempo, o cenário amazônico passou por transfor- O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
mações significativas. Inicialmente, durante a colonização europeia, relata um aumento expressivo de aproximadamente 40% no des-
a Amazônia era um espaço minimamente alterado, predominando matamento do bioma entre os anos de 2017 e 2018, resultando na
uma extensa área natural utilizada principalmente para atividades perda de quase 4.000 km2 de mata nativa. Essa devastação ocorreu
extrativistas. Algumas áreas eram destinadas a pequenas lavouras, predominantemente em áreas privadas, assentamentos e unidades
conhecidas como “roças”. Nesse período, as modificações na natu- de conservação. A persistência desse padrão de desmatamento le-
reza eram limitadas, pois a população utilizava apenas o necessário vanta sérias preocupações quanto ao impacto ambiental e destaca
para sua subsistência, sem as grandes rodovias existentes atual- a urgência de medidas eficazes para preservar a Amazônia e suas
mente. Os rios, apesar de serem utilizados como vias de transporte funções vitais no equilíbrio ambiental global.
e fonte de alimentos, não sofriam a poluição observada nos dias
de hoje.
Contudo, nas últimas décadas, a situação mudou devido a fa-
tores sociais, políticos e econômicos. O governo passou a incenti-
var grandes investimentos na Amazônia, desencadeando um pro-
cesso intenso e muitas vezes violento de ocupação e povoamento.
Esse processo resultou em inúmeras consequências negativas para
o espaço amazônico, como a desordenada derrubada da mata, a
implementação de projetos lucrativos para poucos e a grilagem de
grandes propriedades rurais por grandes latifundiários.
O bioma enfrenta sérios problemas de degradação devido à ex-
ploração ilegal de madeira e ao avanço da agropecuária. Em respos-
ta a esses desafios, o governo brasileiro criou o programa Amazônia
Legal, visando promover a sustentabilidade, aliada ao desenvolvi-
mento social e econômico das populações amazônicas. Atualmen-
te, nove estados fazem parte do projeto: Acre, Amapá, Amazonas,
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Mara-
nhão.

Destaques sobre a Amazônia Localização do bioma Amazônia, segundo o Instituto Brasileiro


- Considerada a região de maior biodiversidade do planeta. de Geografia e Estatística. (Fonte: IBGE.)
- Não é exclusiva do território brasileiro, abrangendo áreas de
outros países. O processo de ocupação com fins econômicos tem gerado, e
- Engloba a Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mun- continua gerando, uma série de problemas ambientais na Amazô-
do, e a Bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do planeta. nia, como desmatamento, queimadas, tráfico de espécies animais e
- Possui uma fauna extremamente rica, com mais de 30 milhões vegetais, entre outros. A seguir, apresentamos a ordem cronológica
de espécies. da ocupação e destruição da maior floresta tropical do mundo:
- Sua flora é diversificada, composta por árvores, ervas, arbus- 1494: O Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espa-
tos, lianas e trepadeiras. nha, concedeu aos espanhóis o domínio da porção oeste da Améri-
- Aproximadamente 17% do bioma foi devastado nos últimos ca do Sul, onde se localiza a Floresta Amazônica.
50 anos. 1540: Apesar do domínio espanhol na região, os portugueses
ocuparam a Amazônia, impedindo a invasão de ingleses, franceses

231
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

e holandeses na floresta. Paraguai, Planalto do Arruda-Mutum e Planalto de São Vicente.


1637: Os portugueses realizaram a primeira grande expedição
pela Amazônia, explorando frutos como cacau e castanha. Depressões periféricas e marginais
1750: Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, conce- Essas depressões são geradas por processos erosivos nos con-
dendo o domínio da Floresta Amazônica àquele que realizasse sua tatos das bordas das bacias sedimentares com maciços antigos.
ocupação e exploração. Os portugueses conquistaram esse direito. Atividades erosivas esculpiram depressões periféricas, marginais e
Final do século XIX: Período marcado pela exploração da borra- monoclinais, circundando as bordas das bacias e se interpondo en-
cha, que se tornou expressiva para a economia local. tre estas e os maciços antigos do cristalino.
1960: Com receio de internacionalização, os militares promove-
ram obras de infraestrutura, como a Transamazônica, visando inte- Planícies
grar a Amazônia ao restante do país. Relevos enquadrados como Planícies são áreas planas geradas
1970: Políticas públicas de ocupação levaram a um aumento por deposição fluvial de sedimentos recentes, predominantemen-
populacional significativo, atingindo sete milhões de habitantes. te associadas a processos agradacionais recentes do Quaternário,
Surgiram os primeiros problemas ambientais, com 14 milhões de especialmente do Holoceno. Três grandes unidades de planícies e
hectares desmatados. pantanais foram identificadas em Mato Grosso: Planície e Pantanal
1980: Intensificação dos desmatamentos, impulsionados pela do Rio Guaporé, Planície e Pantanal do Rio Paraguai e Planície do
venda de madeira e expansão agropecuária. A Amazônia, erronea- Rio Araguaia.
mente considerada o “pulmão do mundo”, sofreu pressões inter- Além disso, foram identificadas diversas depressões em Mato
nacionais. Grosso, incluindo a do Norte de Mato Grosso, do Guaporé, do Ara-
1988: Introdução do PRODES para monitorar o desmatamento guaia, do Alto Paraguai, Cuiabana e a Depressão Interplanáltica de
na Amazônia. Assassinato do ativista Chico Mendes. Paranatinga.
1990: Cultivo de soja na região, alcançando 41 milhões de hec-
tares desmatados. Solo
2000: Introdução da pecuária em larga escala, com 64 milhões Os ambientes naturais diversificados do Estado de Mato Grosso
de cabeças de gado. Expansão urbana e aumento populacional, refletem uma variedade de coberturas pedológicas, destacando-se
com mais de 21 milhões de pessoas na região. as seguintes classes de solos em termos de extensão:
2005–2009: Início de políticas eficazes de preservação ambien- - Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho-Escuro:
tal. Assassinato da ambientalista Dorothy Stang e desmatamento Aproximadamente 366.389,81 km².
de 70 milhões de hectares. Entre 2008 e 2009, o menor índice de - Podzólicos Vermelho-Amarelos: Cerca de 216.286,72 km².
desmatamento em 20 anos, sendo 46% inferior ao período anterior. - Areias Quartzosas: Com uma extensão de 116.202,38 km², to-
das em caráter de dominância.
O ESPAÇO NATURAL: ESTRUTURA GEOLÓGICA E Os Latossolos e Podzólicos, presentes em áreas de relevos pla-
CARACTERÍSTICAS DO RELEVO nos e suavemente ondulados sob Cerrados e Florestas, são predo-
minantemente ácidos e de baixa fertilidade, requerendo correção
Relevo
com calcário e adubação química para uso agropecuário. Os Latos-
Conforme a classificação de Ross (1996), como descrito por Vas-
solos na parte centro-sul do Estado, sobre planaltos e chapadas,
concelos (2005), o relevo do Estado de Mato Grosso exibe três tipos
apresentam condições físicas excelentes para a prática de agricul-
de unidades geomorfológicas que refletem suas origens:
tura mecanizada.
Os Podzólicos sob florestas, distribuídos na parte norte do Esta-
Planaltos
do, demandam atenção especial devido ao regime climático (predo-
- Planaltos em bacias sedimentares: Estas são quase inteiramen-
minantemente sob clima equatorial), menor profundidade efetiva,
te circundadas por depressões marginais, apresentando relevos es-
presença de cascalhos, pedregosidade e gradiente textural, tornan-
carpados em relação às depressões circundantes ou incorporados
do-os mais suscetíveis a processos erosivos.
em seu interior. Exemplos incluem o Planalto e Chapada dos Pare-
Os solos de areias quartzosas, com baixa retenção de umidade
cis, o Planalto e Chapada dos Guimarães, e o Planalto dos Alcantila-
e nutrientes, podem ser utilizados para preservação, culturas adap-
dos-Alto Araguaia. Esses planaltos integram o planalto central bra-
tadas, pastagens nativas e reflorestamentos.
sileiro, com extensiva substituição da cobertura original de cerrados
Destacam-se, devido à fertilidade mais elevada, os Podzólicos
pela agricultura tecnificada.
Vermelho-Escuros e Terras Roxas Estruturadas, encontrados em pe-
- Planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma:
quenas áreas no embasamento cristalino ao norte do Estado. No
Estas unidades não são exclusivamente compostas por coberturas
sudeste, como dominantes, ocupam um total de 1.282,66 km², dis-
sedimentares residuais, mas também por serras e morros isolados
tribuídos em relevo suave ondulado a ondulado, tornando-se sus-
associados a intrusões graníticas, derrames vulcânicos antigos e do-
cetíveis a processos erosivos.
bramentos. Exemplos incluem Planaltos e Serras Residuais do Norte
No Planalto de Tapirapuã, os Latossolos Roxos ocupam 1.576,34
de Mato Grosso e Planaltos e Serras Residuais do Guaporé-Jauru.
km². Outras classes de solos ocorrem em menor extensão, incluin-
- Planaltos em cinturões orogênicos: Estes ocorrem em faixas de
do Cambissolos, Solos Litólicos, Planossolos e Solos Concrecioná-
orogenia ou dobramentos antigos, sendo relevos residuais susten-
rios, todos caracterizados por baixa fertilidade natural.
tados por rochas metamórficas associadas a intrusivas. Em Mato
Grosso, estão relacionados às estruturas dobradas do cinturão Pa-
raguai-Araguaia, como a Província Serrana/Serras Residuais do Alto

232
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

variações de terreno condicionando formações vegetais distintas.


ECOSSISTEMAS FLORESTAIS E NÃO-FLORESTAIS

O CLIMA
A vegetação no Estado de Mato Grosso está inserida nos Bio-
mas e/ou Domínios dos Cerrados e das Florestas, conforme defini- Clima
do pela SEPLAN/CNEC (2002), em consonância com a classificação O Estado de Mato Grosso apresenta um clima predominante-
de Ab’Saber (1977). No bioma do Cerrado, a fisionomia vegetal mente continental, caracterizado por duas estações bem-definidas:
predominante é caracterizada por bosques abertos, compostos por - Verão Chuvoso: Esta estação ocorre de outubro a março, com-
árvores contorcidas e de pequena estatura (entre 8 e 12 metros), preendendo a primavera e o verão.
acompanhadas por um estrato arbustivo e herbáceo onde predo- - Inverno Seco: Inicia em abril e se estende até setembro, abran-
minam gramíneas e leguminosas. gendo o outono e o inverno.

Devido a peculiaridades edáficas, topográficas e climáticas des- A variação nas médias de temperatura é influenciada principal-
se bioma, destacam-se os seguintes tipos relevantes no Estado, mente por dois fatores: a ampla extensão do território no sentido
conforme estudos da SEPLAN/CNEC (2002): norte-sul e a localização no interior do continente, resultando em
- Campo Cerrado (Savana Parque): Nesta fisionomia, predo- uma reduzida influência marítima. Essa configuração climática con-
mina o componente herbáceo e arbustivo, com árvores esparsas, tribui para uma baixa amplitude térmica.
formando uma expressão campestre da savana conhecida como No extremo norte do estado, a temperatura média anual atinge
“Campo Cerrado”. Possui uma diversificada composição florística, cerca de 26°C, enquanto no extremo sul, essa média é de 22°C. As
com arbustos e árvores de 1 a 2 metros de altura, características da variações diárias de temperatura podem ser significativas apenas
Savana Arborizada. durante a penetração de massas de ar frio de origem polar, princi-
- Cerrado Propriamente Dito (Savana Arborizada): Caracteriza- palmente nos meses de junho e julho.
-se por um tapete gramíneo lenhoso contínuo, com presença de
espécies arbóreas de troncos retorcidos e folhas grandes. Variações O regime de chuvas segue um padrão tropical continental:
fisionômicas e estruturais, decorrentes de características pedológi- - Estação Chuvosa: De outubro a março, abrangendo primavera
cas e perturbações antropogênicas, resultam em distribuição irre- e verão.
gular de indivíduos, com alturas entre 2 e 7 metros. - Estação Seca: De abril a setembro, compreendendo outono e
- Cerradão (Savana Florestada): Esta expressão florestal das inverno.
formações savânicas apresenta árvores de troncos grossos, dossel
simples, e estratificação lenhosa perenifólia. Não possui um estrato As médias anuais de chuva variam de 1.250 a 2.750 mm. Na
arbustivo nítido, e o estrato graminoso é entremeado por espécies região norte do estado, as precipitações ultrapassam os 2.000 mm
lenhosas de pequeno porte. Alcança alturas em torno de 15 a 18 por ano, enquanto no Pantanal, a média é inferior a 1.200 mm.
metros, com uma composição florística diversificada.
- Florestas de Galeria: Estas florestas, também conhecidas como Dois principais tipos de clima predominam em Mato Grosso:
matas ciliares, iniciam-se nos nascedouros dos ribeirões, formando - Clima Equatorial: No norte do estado, caracterizado por chuvas
alamedas de buritis (Mauritia.sp). Ao longo dos cursos d’água, ad- intensas ao longo de todo o ano, com temperaturas elevadas. Essa
quirem outras espécies arbóreas, ocupando gradualmente as “ram- área sofre a influência da massa equatorial continental, resultando
pas” dos interflúvios. As matas ciliares são consideradas o fim da em altas temperaturas, baixas pressões atmosféricas, forte evapo-
área nuclear do Domínio dos Cerrados. ração e intensas precipitações.
- Clima Tropical Continental: Apresenta duas estações distintas,
No Bioma das Florestas, que compreende as Florestas Ombrófi- uma chuvosa e outra seca. No verão, essa região é influenciada pela
la e Estacional, destacam-se: massa equatorial continental, enquanto no inverno, essa massa
- Floresta Ombrófila: Presente no extremo Noroeste do Estado, permanece estacionária sobre a Região Norte do Brasil. Durante o
esta formação florestal pluriestratificada possui dossel de 20 a 30 inverno, a massa tropical continental avança sobre o Centro-Oes-
metros de altura e emergentes que atingem até 45 metros. Predo- te, ocasionando estiagem devido às altas pressões e impedindo a
minam espécies perenifólias, com a presença frequente de epífitas, chegada de ventos úmidos. Eventuais chuvas podem ocorrer pela
lianas e plantas escandentes. penetração da massa polar atlântica.
- Floresta Estacional: Associada à estacionalidade climática e
solos mais férteis do que nas Savanas, esta floresta ocorre entre os
paralelos 10°00’ e 14°00’S. A faixa de contatos, chamada de áreas A REDE HIDROGRÁFICA
de transição, representa comunidades indiferenciadas entre dois ou
mais tipos de vegetação, podendo ser encraves preservados ou ecó- O Estado de Mato Grosso ocupa uma posição proeminente no
tonos onde diferentes tipos de vegetação se misturam. contexto nacional, sendo um divisor de águas que abriga as nascen-
- Complexo do Pantanal: Considerado uma área de transição tes de rios que formam as três principais bacias hidrográficas do
entre os Domínios dos Cerrados e o Chaco Central, o Pantanal é Brasil: Amazônica, do Paraná e Tocantins. Os rios mato grossenses
um hotspot fitogeográfico que convergem quatro das principais que fazem parte da Bacia Amazônica drenam a porção norte do Es-
províncias fitogeográficas da América do Sul: Amazônia, Cerrados, tado, escoando rapidamente em direção à Planície Amazônica. En-
Florestas Meridionais e Chaquenha. A dinâmica de cheias e vazan- tre esses rios, destacam-se o Juruena, Teles, Pires, Arinos, Aripuanã,
tes contribui para uma complexidade biótica única, com pequenas Roosevelt e Xingu.

233
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Seus principais rios da bacia do Amazonas são Araguaia, Rio das Mortes, Xingu, Juruena, Manoel Teles Pires e Roosevelt.
Na Bacia do Tocantins, o rio Araguaia destaca-se, tendo sua nascente no extremo sul do Estado e fluindo para o norte, marcando o
limite com os Estados de Goiás e Tocantins. Seus principais afluentes incluem os rios das Mortes, das Garças, Cristalino e Xavante.
Na Bacia do Paraná, a rede de afluentes do rio Paraguai domina a porção sul e sudeste do Estado. Esses rios caracterizam-se por um
escoamento mais lento sobre aluviões recentes. O rio Paraguai é navegável em grande parte de seu curso, com afluentes notáveis como
Jauru, Cabaçal, Sepotuba e Cuiabá, este último cortando a cidade de Cuiabá, a capital do Estado, e sendo um dos principais contribuintes
do Pantanal Mato-Grossense.
A hidrografia do estado também é marcada por diversas cachoeiras, como as do Véu de Noiva (Chapada dos Guimarães), da Fumaça
(Jaciara) e o Salto dos Dardanellos (Aripuanã). A represa do Rio Manso, localizada a 60 km de Cuiabá, é destacada pela presença da Usina
Hidrelétrica do Rio Manso, oferecendo grande potencial turístico para esportes náuticos, assim como as baías de Chacororé, Siá-Mariana,
Uberaba e Guariba.
Embora o Estado seja rico em recursos hídricos, a navegabilidade de seus rios é pouco explorada. Alguns trechos notáveis incluem os
rios Paraguai, Guaporé, Juruena, Araguaia e rio das Mortes, integrando as hidrovias Paraguai-Paraná e Tocantins-Araguaia.

APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS E IMPACTOS AMBIENTAIS

O Mato Grosso é caracterizado por uma vasta diversidade de ecossistemas, incluindo florestas, cerrados e áreas úmidas. Essa riqueza
biológica torna a região uma fonte significativa de recursos naturais, como madeira, plantas medicinais, frutos e fibras.
Os rios que cortam Mato Grosso, como o Rio Paraguai e seus afluentes, oferecem recursos hídricos abundantes. Essa disponibilidade
de água é essencial para diversas atividades econômicas, desde a agricultura até a geração de energia.
O solo fértil da região é propício para a prática agrícola. Mato Grosso é conhecido por ser um grande produtor de grãos, com destaque
para a soja, milho e algodão.
Além de sua diversidade biológica, Mato Grosso possui um potencial mineral significativo, com a presença de depósitos de ouro, cal-
cário, fosfato e outros minerais.

Desafios no Aproveitamento Sustentável


- Desmatamento e Pressão Ambiental: O avanço da fronteira agrícola e a expansão agropecuária têm sido associados ao desmata-
mento, representando um desafio significativo para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais. A pressão ambiental decorrente
dessas atividades demanda práticas mais sustentáveis.
- Conflitos Socioambientais: A exploração de recursos naturais muitas vezes está associada a conflitos socioambientais, especialmente
quando não envolve a participação e o respeito aos direitos das comunidades locais, incluindo populações indígenas e tradicionais.
- Necessidade de Regularização Ambiental: A regularização ambiental é crucial para garantir o aproveitamento sustentável dos recur-
sos naturais. Instrumentos como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) são essenciais para monitorar e controlar as atividades que impactam
o meio ambiente.

Oportunidades para a Sustentabilidade:


- Manejo Florestal Sustentável: O extrativismo florestal com base em práticas sustentáveis pode ser uma oportunidade para aproveitar
recursos como madeira, óleos essenciais e produtos não madeireiros, contribuindo para a conservação da biodiversidade.
- Agricultura Sustentável: A implementação de práticas agrícolas sustentáveis, como a agricultura de precisão e a integração lavoura-
-pecuária-floresta (ILPF), pode permitir o aproveitamento dos solos férteis sem comprometer os recursos naturais.
- Turismo Sustentável: A biodiversidade única e as belezas naturais de Mato Grosso oferecem oportunidades para o desenvolvimento
do turismo sustentável, promovendo a preservação ambiental e gerando renda para as comunidades locais.

Desmatamento
O desmatamento da Floresta Amazônica emerge como uma preocupação global, representando uma ameaça ao equilíbrio ecológico
da região. Desde o início da exploração definitiva da Amazônia na década de 1970, aproximadamente 12 a 13% de sua área original já foi
desmatada. A prática do desmatamento resulta em desequilíbrios ecológicos significativos, afetando a evaporação, prejudicando a infil-
tração da água no solo e reduzindo o reabastecimento dos lençóis freáticos e rios. Além disso, compromete a biodiversidade, podendo
levar à extinção de espécies vegetais desconhecidas. Em uma área relativamente pequena de 300 centímetros cúbicos de floresta, podem
coexistir cerca de 1500 espécies de animais e vegetais.

234
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MATO-GROSSENSE: POSIÇÃO GEOGRÁFICA; MESORREGIÕES E MICRORREGIÕES

Localizado no coração do Centro-Oeste brasileiro, Mato Grosso ocupa o centro geodésico da América Latina. A capital, Cuiabá, repousa
precisamente no ponto médio entre os oceanos Atlântico e Pacífico, configurando-se como o epicentro linear do continente. A determina-
ção exata desse marco foi realizada pelo Marechal Rondon durante suas expedições pelo estado, sendo solenemente demarcada por um
monumento, o imponente obelisco da Câmara dos Vereadores.
O estado de Mato Grosso caracteriza-se por altitudes moderadas, apresentando um relevo marcado por vastas áreas planas esculpidas
em rochas sedimentares. Três regiões distintas delineiam essa geografia: a porção centro-norte exibe chapadões sedimentares e planaltos
cristalinos, situados a altitudes entre 400 e 800 metros, integrando o planalto central brasileiro. A região sul, por sua vez, é dominada pelo
planalto arenito-basáltico, uma extensão do planalto meridional. Já a porção centro-ocidental é ocupada pela singular baixada do Pantanal
Mato-Grossense.
Devido à vasta extensão no sentido Leste-Oeste, Mato Grosso atravessa quatro fusos horários a oeste de Greenwich. O estado adota o
fuso horário quatro negativo (-4), o que implica uma diferença de 4 horas em relação ao horário GMT (Greenwich Meridian Time), toman-
do Londres como referência.
Com uma extensão territorial de 903.208,361 km² (Fonte: IBGE 2022), classificando-se como o terceiro maior estado do Brasil, sendo
superado apenas pelo Amazonas e Pará. Mato Grosso está na posição 15 entre os 27 estados. Já a área urbanizada em 2019 era de 1.244,2
km², o que o deixava na posição 13 entre os 27 estados. Mato Grosso é um estado único que apresenta características dos três principais
biomas brasileiros: Pantanal, Cerrado e Amazônia. Com um clima continental bem definido, o estado possui duas estações distintas: uma
chuvosa, de outubro a março, e uma seca, de abril a setembro.

235
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

O ponto mais elevado de Mato Grosso está na Serra de Santa Bárbara, atingindo 1.118 metros de altitude, localizada entre os municí-
pios de Pontes e Lacerda e Porto Esperidião.
Quanto ao relevo, o estado possui diversas unidades, incluindo altos planaltos, planaltos rebaixados, depressões e planícies fluviais.
Após pesquisas do Projeto RADAMBRASIL, foram identificadas 17 regiões altimétricas em Mato Grosso, cada uma associada a diferentes
características de relevo.
Mato Grosso apresenta uma diversidade de climas, compreendendo seis tipos distintos: Clima Tropical Monçoico (AM), Clima Tropical
de Savana (AW), Clima Tropical de Savana com Primavera Quente, Clima Tropical do Pantanal, Clima Tropical de Altitude e Clima Tropical
com Verão Chuvoso.
Quanto à hidrografia, Mato Grosso destaca-se por abrigar o maior divisor de águas da América do Sul. Esse divisor percorre o estado
no sentido oeste-leste, separando as bacias hidrográficas da Amazônica e Platina. A Chapada dos Parecis e a Serra Azul funcionam como
divisores entre essas bacias. As cabeceiras dos rios Guaporé, Jauru e Juruena formam o início desse divisor, seguindo até as cabeceiras
dos rios Teles Pires, Xingu e Cuiabá. O divisor desce para sudeste, alcançando as cabeceiras dos rios Araguaia e Taquari nas proximidades
das divisas de Mato Grosso do Sul e Goiás. Em alguns pontos, ocorrem as águas emendadas, onde um banhado dá origem a rios vertentes
para o norte e sul.
Esse estado diversificado também conta com a Bacia do Tocantins, com o Rio Araguaia como tributário essencial em terras mato-gros-
senses. Mato Grosso desempenha um papel crucial na separação dessas bacias hidrográficas, com suas chapadas atuando como divisores
naturais.

Mesorregiões
As mesorregiões de Mato Grosso são divisões geográficas que consideram aspectos como relevo, clima e características econômicas
mais amplas. O estado é dividido cinco mesorregiões:
- Norte Mato-Grossense;
- Nordeste Mato-Grossense;
- Centro-Sul Mato-Grossense;
- Sudoeste Mato-Grossense;

236
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

- Sudeste Mato-Grossense.

Microrregiões
As microrregiões são subdivisões mais detalhadas, considerando elementos mais específicos, como aspectos culturais e econômicos.
Mato Grosso possui diversas microrregiões que refletem as particularidades locais:
- Cuiabá: A microrregião da capital Cuiabá destaca-se por ser um polo econômico, político e cultural, além de possuir uma diversidade
ambiental significativa.
- Alto Teles Pires: Esta microrregião, situada no norte do estado, é marcada pela atividade agrícola e pela presença de rios importantes.
- Guiratinga: Localizada no Sudeste, essa microrregião tem uma economia voltada para a agricultura e pecuária.
Entre outras.

237
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

co governantes para Mato Grosso. Durante esses anos (7/9/1822


O PROCESSO DE OCUPAÇÃO: ASPECTOS GEOPOLÍTICOS a 23/7/1840), eventos significativos incluíram a oficialização de
E PLANOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Cuiabá como a capital da Província (Lei nº 19 de 28/8/1835) e o
movimento nativista conhecido como “Rusga” (30/05/1834), que
resultou na matança de portugueses.
Geopolítica de Mato Grosso Após a maioridade de Dom Pedro II em 23 de julho de 1840,
Até meados do século XIX, Mato Grosso apresentava um bai- Mato Grosso foi governado por 28 presidentes nomeados pelo im-
xo índice de modernidade, evidenciado por construções urbanas, perador até a Proclamação da República em 15/11/1889. Durante
serviços de navegação e usinas. Contudo, no século XX, o estado o Segundo Império, a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai
passou a integrar-se ao sistema nacional de comunicação, com des- (27/12/1864 a 01/03/1870) foi um evento marcante. Destacam-se
taque para o bairro Campo Velho em Cuiabá, que abrigava empre- episódios notáveis durante a guerra em Mato Grosso, como a inva-
sas como Panair do Brasil, Cruzeiro do Sul e Real Aerovias. Nesse são pelas tropas paraguaias, a defesa heroica do Forte de Coimbra,
período, foram implementados serviços de correio aéreo, construí- o sacrifício de Antônio João Ribeiro em Dourados, a evacuação de
do o Aeroporto Marechal Rondon e erguidas novas praças urbanas. Corumbá, os preparativos para a defesa de Cuiabá e a expulsão dos
Entre 1960 e 1970, observaram-se transformações significativas inimigos do sul de Mato Grosso.
nos âmbitos rural e urbano, marcando um período de intensa urba- A via fluvial trouxe 4.200 homens sob o comando do Coronel
nização e desenvolvimento. Destacam-se as seguintes mudanças: Vicente Barrios, enfrentando a resistência em Coimbra, e a via ter-
- Desenvolvimento de eixos rodoviários. restre viu 2.500 homens liderados pelo Coronel Isidoro Rasquin
- Crescimento da urbanização. enfrentando a bravura de Antônio João Ribeiro em Dourados. A
- Expansão da agropecuária. evacuação de Corumbá, desprovida de recursos para a defesa, foi
- Adoção da mecanização agrícola. notável, com a população dirigindo-se a pé para Cuiabá em abril
- Crescimento da agroindústria. de 1865.
- Avanços significativos na área de serviços de informática. Com a expectativa de invasão a Cuiabá, a população e as auto-
- Progressos no setor de telecomunicações. ridades iniciaram preparativos para a resistência, destacando-se o
Barão de Melgaço na organização das fortificações. Os invasores, ao
Esse conjunto de avanços permitiu que Mato Grosso se inserisse saberem que o Almirante Augusto Leverger (futuro Barão de Mel-
na dinâmica política, econômica e tecnológica mundial, contribuin- gaço) comandava a defesa, desistiram de avançar para Cuiabá. A
do para: expulsão dos invasores do sul de Mato Grosso foi realizada por uma
- Aumento dos lucros. coluna expedicionária composta de soldados da Guarda Nacional e
- Reforço da competitividade. voluntários, originários de São Paulo e Minas Gerais, que reprimi-
- Impacto positivo na balança comercial brasileira. ram os inimigos para dentro do território paraguaio.
- Atendimento das demandas internas, inter-regionais, intra-re-
gionais e externas. A Retirada da Laguna
A Retirada da Laguna durante a Guerra da Tríplice Aliança repre-
Além de ser um importante fornecedor de matéria-prima, o es- sentou uma das páginas mais notáveis da atuação do Exército Brasi-
tado destaca-se pelos seguintes feitos: leiro. Imortalizada por aqueles que participaram, como o Visconde
- Crescimento substancial do Produto Interno Bruto (PIB). de Taunay, esse episódio foi registrado em uma das obras mais re-
- Participação ativa na integração sul-americana, notadamente nomadas da literatura brasileira. Da mesma forma, a retomada de
no Mercosul. Corumbá foi uma conquista brilhante para as forças brasileiras no
- Expansão contínua da economia. conflito.
- Construção do gasoduto Brasil-Bolívia. O presidente da Província na época, o Dr. Couto de Magalhães,
- Ativação da Hidrovia no Rio Paraguai, apesar de questões po- tomou a decisão de organizar três corpos de tropa para recuperar
lêmicas. Corumbá, que estava sob domínio inimigo há quase dois anos. O 1º
- Implantação de rodovias com acesso ao Oceano Pacífico. corpo, liderado pelo Tte. Cel. Antônio Maria Coelho, partiu de Cuia-
- Intensificação das relações comerciais com países como Peru, bá em 15/05/1867. Essa tropa, composta por 400 homens, avançou
Chile, Bolívia, Argentina, entre outros. através dos Pantanais em canoas, utilizando o Paraguai-Mirim, um
braço do rio Paraguai.
Ocupação do território Desconfiando de uma possível detecção pelos inimigos, Antô-
O que hoje conhecemos como Mato Grosso já foi parte do ter- nio Maria optou por lançar um ataque surpresa usando apenas o
ritório espanhol. As primeiras incursões na região datam de 1525, 1º Corpo. Com estratégia e combate corpo a corpo, o comandante
quando Pedro Aleixo Garcia explorou as terras em direção à Bolívia, conseguiu recuperar a praça, contando até mesmo com a ajuda de
seguindo os cursos dos rios Paraná e Paraguai. Posteriormente, por- duas mulheres que o acompanharam desde Cuiabá e enfrentaram
tugueses e espanhóis foram atraídos pela região, motivados pelos trincheiras paraguaias com baionetas. Quando o 2º Corpo dos Vo-
rumores de riquezas inexploradas. Jesuítas espanhóis também che- luntários da Pátria chegou a Corumbá, a cidade já estava nas mãos
garam à área, construindo missões entre os rios Paraná e Paraguai. brasileiras em 13/06/1867.
A história de Mato Grosso no período colonial é de grande im- Contudo, o presidente Couto de Magalhães, que participava do
portância, pois durante nove governos, o Brasil defendeu seu perfil 2º Corpo, teve que evacuar a cidade devido a um surto de varíola,
territorial, consolidando a propriedade e posse até os limites dos que causou muitas vítimas. O combate do Alegre foi outro episódio
rios Guaporé e Mamoré. Com a independência proclamada, os go- notável, quando navios paraguaios tentaram abordar os retirantes
vernos imperiais de Dom Pedro I e das Regências nomearam cin- de Corumbá que se dirigiam a Cuiabá. A soldadesca brasileira, lide-

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

rada pelo Comandante José Antônio da Costa, venceu as tropas paraguaias em confrontos intensos.
Após a vitória, os remanescentes da retomada de Corumbá retornaram a Cuiabá, transmitindo inadvertidamente a varíola à população,
resultando na perda de quase metade da cidade. Com o fim da guerra, a notícia da derrota e morte de Solano Lopez nas Cordilheiras (Cerro
Corá) chegou a Cuiabá em 23 de março de 1870, pelo vapor “Corumbá”. Dezenove anos depois, em 9 de dezembro de 1889, Cuiabá foi
informada sobre a Proclamação da República, marcando outro capítulo significativo na história do Brasil.

Origem do nome
Os irmãos Paes de Barros descobriram as Minas de Mato Grosso em 1734, e o nome foi mantido após a transformação da região em
Estado. Em 1718, Pascoal Moreira Cabral Leme descobriu jazidas de ouro, iniciando a corrida do ouro, e em 1726, o Arraial de Cuiabá foi
fundado. Em 1734, os irmãos Paes de Barros descobriram veios auríferos, nomeando a área de Minas do Mato Grosso. A origem do nome
refere-se a sete léguas de mato espesso nas margens do rio Galera. A Capitania de Cuiabá foi criada em 1748, consolidando a posse por-
tuguesa na fronteira com a Espanha. A Rainha D. Mariana de Áustria ratificou o nome Mato Grosso em 1748. Com a independência do
Brasil em 1822, tornou-se Província e, em 1899, Estado de Mato Grosso. A economia teve altos e baixos, com um período de decadência
no século XIX. Em 1977, o estado foi dividido em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20)


Focaliza na “descentralização e desconcentração territorial e estruturação de uma ampla rede urbana” como um dos principais eixos
estratégicos. Essa abordagem visa promover um desenvolvimento equilibrado no território, integrar regiões, desconcentrar atividades
econômicas e nivelar indicadores sociais. O plano é dividido em duas partes: a primeira abrange macrocenários global, nacional e estadual,
além das Estratégias de Desenvolvimento do Estado; a segunda detalha a Estratégia de Desenvolvimento das Regiões de Planejamento,
apresentando planos de ação específicos para cada região, baseados em suas potencialidades e desafios. A regionalização busca reorgani-
zar o território mato-grossense, contribuindo para a desconcentração regional da economia e da qualidade de vida. A elaboração dos pla-
nos regionais envolveu oficinas com representantes da sociedade de cada região, proporcionando uma análise das características internas
confrontadas com as condições externas expressas nos cenários estaduais. As propostas resultantes dessas oficinas foram sistematizadas
e consolidadas de acordo com a estrutura do MT+20, contribuindo para a coerência entre a estratégia global e as particularidades regio-
nais. O recorte territorial adotado divide o Estado em 12 Regiões de Planejamento, facilitando a gestão e organização das iniciativas de
desenvolvimento.

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS: CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO; DINÂMICA DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS E PROBLEMAS


SOCIAIS

População
Com uma população estimada em 3.658.649 habitantes em 2022, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Mato Grosso figura como o décimo-sexto estado mais populoso do Brasil. Apresentando uma densidade demográfica de 4,05 ha-
bitantes por quilômetro quadrado, o perfil demográfico destaca um predomínio de adultos, indicando um declínio na proporção de jovens
e um aumento no contingente de idosos.
A distribuição por gênero revela uma predominância masculina, impulsionada pela migração de outros estados para o Mato Grosso. No
entanto, na região metropolitana de Cuiabá, observa-se um predomínio de mulheres, alinhando-se com a média nacional. O Mato Grosso
ocupa a nona posição entre os estados brasileiros com os maiores índices de desenvolvimento humano.

POPULAÇÃO
População no último censo [2022] ----- 3.658.649 pessoas
Densidade demográfica [2022] -----4,05 habitante por quilômetro quadrado
Total de veículos [2022] ----- 2.568.240 veículos

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Mato Grosso é um estado caracterizado pela diversidade étnica, resultado da miscigenação entre índios, negros, espanhóis e portu-
gueses nos primeiros anos do período colonial. Essa população miscigenada foi posteriormente enriquecida pela chegada de migrantes de
diversas partes do país. Atualmente, 41% dos residentes do estado são provenientes de outras regiões do Brasil ou do exterior.
Conforme o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, Mato Grosso abriga uma
população de 3.035.122 habitantes, representando 1,59% do total da população brasileira. A predominância urbana é evidente, com
81,9% dos habitantes residindo em áreas urbanas, enquanto 18,1% vivem em zonas rurais. A distribuição entre homens e mulheres é
ligeiramente favorável aos homens, correspondendo a 51,05%, em comparação com 48,95% de mulheres.
Apesar de suas proporções geográficas vastas, Mato Grosso apresenta extensas áreas desabitadas, impactando diretamente na taxa
de densidade demográfica, que é de 3,3 habitantes por km². O estado é o segundo mais populoso da região Centro-Oeste, ficando atrás
apenas de Goiás, que possui quase o dobro de habitantes (6.003.788), e ultrapassando levemente Mato Grosso do Sul (2.449.341). A taxa
de crescimento demográfico em Mato Grosso é de 1,9% ao ano.

Economia
Mato Grosso, conhecido como o celeiro do país, destaca-se como líder na produção de soja, milho, algodão e rebanho bovino. O estado
busca conquistar novos títulos além das fronteiras das fazendas, concentrando esforços em cinco setores de grande potencial de cresci-
mento: agroindústria, turismo, piscicultura, economia criativa e polo joalheiro.
Dois fatores cruciais moldam a compreensão do estado de Mato Grosso:
- A construção de Brasília nos anos 1960, refletindo a filosofia do presidente Juscelino Kubitscheck de interiorizar o Brasil. Essa visão
visava expandir o desenvolvimento e a nacionalidade, historicamente concentrados no litoral, para o interior do país.
- Na década de 1970, a estratégia dos governos militares de integrar o Centro-Oeste à Amazônia, complementando a expansão de
Brasília.

Esses avanços foram influenciados por contextos específicos:


- No Rio Grande do Sul, problemas sociais afetaram descendentes de imigrantes europeus que chegaram ao Brasil nos séculos XIX e XX.
O minifúndio de 25 hectares, recebido inicialmente, foi dividido entre os descendentes, levando a migrações para Santa Catarina, Paraná
e Sul de Mato Grosso a partir da década de 30 do século XX.
- A segunda geração remanescente no Rio Grande enfrentou desafios sociais, acampando na entrada de Porto Alegre após ser expulsa
de terras indígenas invadidas anos antes. Esses descendentes, juntamente com cafeicultores impactados pelas geadas de 1974/75 no Pa-
raná, agravaram a crise social no Sul do Brasil, que era uma referência econômica nacional.

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Municípios mais populosos e IDH1


Os municípios mais populosos de Mato Grosso são Cuiabá
(585.831 habitantes), Várzea Grande (248.307 habitantes), Rondo-
nópolis (180.783), Sinop (115.762) e Cáceres (88.175). A Baixada
Cuiabana, que engloba 13 municípios, destaca-se como a região
mais densamente povoada do estado.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), uma métrica com-
Esses eventos, aliados à perspectiva estratégica de ocupar a preensiva de riqueza, alfabetização, educação, expectativa de vida,
Amazônia, levaram o governo do presidente Emílio Garrastazu Mé- natalidade e outros fatores, é uma ferramenta padronizada utiliza-
dici (1971-1975) a instituir programas especiais de desenvolvimen- da para avaliar e medir o bem-estar de uma população, especial-
to. Essas iniciativas visavam criar infraestrutura nas regiões Sul e mente o bem-estar infantil. Segundo o PNUD-Brasil, os municípios
Norte de Mato Grosso, preparando o estado para se tornar o “Por- de Mato Grosso com os maiores índices de desenvolvimento hu-
tal da Amazônia” e, a partir dele, expandir para o norte amazônico. mano são: Sorriso, Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Cláudia, Campos de
Como suporte para essa ocupação, o governo federal, por meio Júlio, Campo Novo dos Parecis e Sinop.
do Programa de Integração Nacional – PIN, realizou a pavimenta-
ção das rodovias BR-163 e 364. Essas estradas conectam Cuiabá Fluxo migratório e problemas sociais
a Goiânia e Campo Grande, estendendo-se pela malha rodoviária O asfaltamento da BR-364 facilitou o acesso, resultando na che-
nacional. gada de novos migrantes a Mato Grosso e Rondônia, principalmen-
Além disso, foi criada a Universidade Federal de Mato Grosso, e te de estados onde a modernização agrícola era intensa, como São
foram estendidos linhões de energia elétrica a partir de Cachoeira Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia. O elevado
Dourada, em Goiás. Como medida final para consolidar o “Portal da número de migrantes superou as previsões, tornando insuficientes
Amazônia”, o governo federal dividiu Mato Grosso em 1977, efe- os recursos para assentamento e fixação dos produtores, levando a
tuando a separação de Mato Grosso do Sul em 1º de janeiro de conflitos pela posse da terra, invasões de áreas indígenas e reservas
1979. Essa divisão ocorreu porque a região Sul possuía uma infraes- florestais.
trutura mais desenvolvida e uma posição geográfica mais favorável Em Mato Grosso, a situação fundiária entrou em colapso, com
em relação ao Sul e Sudeste. produção ilegítima de títulos de propriedade. A regularização fun-
diária precária exacerbou conflitos e falta de garantias nas transa-
ECONOMIA (Dados IBGE) ções imobiliárias. O asfaltamento da BR-364 causou intensa valo-
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) [2021] ------ 0,736 rização fundiária, pressionando o Estado para a regularização de
Receitas orçamentárias realizadas [2017] ------23.958.528,84 R$ terras, diluindo patrimônio de terras devolutas estaduais.
(×1000) Falhas nas obras de infraestrutura, como escolas e saúde, foram
Despesas orçamentárias empenhadas [2017] ------ 18.187.363,27 evidentes, com dimensionamento inadequado e localização ina-
R$ (×1000) dequada. Algumas estradas vicinais beneficiaram apenas grandes
Número de agências [2021] ------ 279 agências fazendeiros, distanciando a produção agrícola da infraestrutura.
Depósitos a prazo [2021] ------ 18.125.344.030,00 R$ A eletrificação rural teve baixa média de ligações por quilômetro,
Depósitos à vista [2021] ------ 4.227.014.379,00 R$ sendo mais usada para iluminação doméstica. Houve aumento sig-
nificativo da malária na década de 80, destacando a falta de instru-
mentos para fixação dos produtores em seus lotes.
A falta de contrapartidas, como crédito e assistência técnica, fa-
voreceu a concentração de propriedade. O crescimento da pecuária
extensiva teve impactos ambientais e estruturais, com surtos espe-
culativos impulsionando aumentos nos preços da terra. O segmen-
to ambiental não harmonizou desenvolvimento rural e ecológico,
1 Disponível em https://brasilcc.blogspot.com/2011/12/geografia-do-
-mato-grosso-mt.html Acesso 08.01.2024

241
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

com invasões de reservas florestais, queimadas e desmatamentos porte ilegal de madeira, e as mudanças na política ambiental esta-
ilegais. dual. Além disso, enfrentou as sucessivas desvalorizações cambiais
A integração institucional necessária enfrentou dificuldades, do dólar, resultando em uma perda de US$ 52 milhões em 2011.
com interesses distintos e atrasos na liberação de verbas. Investi- Diante desses eventos desfavoráveis, o beneficiamento da ma-
mentos em infraestrutura física absorveram a maior parte dos re- deira contou apenas com 719 unidades industriais em 2011, em-
cursos, revelando descompasso entre segmentos e destacando a pregando 14.122 trabalhadores. Comparando com os resultados
necessidade de melhor coordenação entre esferas federal, estadual de 2010, registrou-se uma queda de 31% no número de empregos
e municipal. gerados pelo setor em 2011.

O EXTRATIVISMO FLORESTAL (IMPORTÂNCIA DA Agronegócio


BIODIVERSIDADE; BIODIVERSIDADE E MANIPULAÇÃO Em um período um pouco superior a uma década, o Produto
GENÉTICA PARA FINS COMERCIAIS; ECOTURISMO) Interno Bruto (PIB) do estado experimentou um notável aumento,
elevando-se de R$ 12,3 bilhões em 1999 para R$ 80,8 bilhões em
O extrativismo florestal em Mato Grosso desempenha um pa- 2012, registrando um crescimento de 554%. Em comparação, no
pel crucial na interface entre a preservação da biodiversidade e o mesmo intervalo, o PIB nacional cresceu 312%, conforme dados do
desenvolvimento econômico. Ao reconhecer a importância da bio- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempe-
diversidade na região, é possível criar estratégias que promovam nho positivo é amplamente atribuído ao setor agrícola. Atualmen-
práticas sustentáveis, conservação ambiental e o bem-estar das te, Mato Grosso lidera a produção nacional de soja, estimando-se
comunidades locais, contribuindo para a construção de um futuro 28,14 milhões de toneladas para a safra 2014/2015. Além disso,
equilibrado e resiliente. destaca-se na produção de algodão em pluma, com 856.184 tonela-
das previstas para o mesmo período, e lidera também em rebanho
Importância da Biodiversidade no Extrativismo Florestal em bovino, contando com 28,41 milhões de cabeças. O Instituto Mato-
Mato Grosso -Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que o agrone-
- Diversidade de Espécies: Mato Grosso, com sua vasta extensão gócio contribua com expressivos 50,5% do PIB do estado.
de florestas e ecossistemas, abriga uma riqueza extraordinária de Com o agronegócio solidamente estabelecido, Mato Grosso tor-
espécies vegetais e animais. O extrativismo florestal na região se nou-se propício para as indústrias que atuam tanto antes quanto
beneficia dessa diversidade, explorando uma ampla gama de recur- depois da produção agrícola. Até 2013, segundo dados da Fede-
sos, como madeira, frutas, óleos e plantas medicinais. ração das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), o estado
- Culturalmente Significativo: Para as comunidades locais em abrigava 11.398 unidades industriais em operação, gerando aproxi-
Mato Grosso, especialmente as indígenas e tradicionais, o extrati- madamente 166 mil empregos.
vismo florestal é parte integrante de suas culturas. Essas comuni- Não obstante, há uma necessidade de agregar maior valor aos
dades têm conhecimentos profundos sobre a biodiversidade local, produtos originários de Mato Grosso. Internamente, há um poten-
transmitidos por gerações, e utilizam esses recursos de maneira cial considerável para empresas que fornecem insumos como adu-
sustentável para suas necessidades cotidianas. bos, defensivos agrícolas e maquinário aos produtores. No âmbito
- Manutenção da Biodiversidade: O extrativismo sustentável em externo, as indústrias de beneficiamento, como a têxtil e de etanol,
Mato Grosso incentiva práticas que visam à preservação da biodi- também têm espaço para crescimento e desenvolvimento.
versidade. A coleta seletiva, quando realizada de maneira responsá-
vel, permite a regeneração natural das espécies, contribuindo para Pesquisa e tecnologia
a manutenção de ecossistemas equilibrados. Mato Grosso, além de ser um grande produtor de grãos, desta-
- Fonte de Renda: Além de seu valor cultural, o extrativismo ca-se como o principal produtor de pescado de água doce no Brasil,
florestal em Mato Grosso é uma fonte significativa de renda para contribuindo com 20% da produção nacional, totalizando 75,629
muitas comunidades. A comercialização de produtos florestais sus- mil toneladas em 2013, conforme dados do IBGE. O estado apre-
tentáveis, como óleos essenciais e produtos derivados de plantas senta um potencial significativo para o crescimento desse mercado,
nativas, contribui para a economia local. impulsionado pela abundância de rios e lagos em seu território.
- Conservação de Espécies Ameaçadas: Em Mato Grosso, onde Atualmente, aproximadamente 72% do pescado produzido em
diversas espécies podem enfrentar ameaças, o extrativismo flo- Mato Grosso é direcionado ao consumo interno, conforme informa-
restal pode desempenhar um papel importante na conservação ções de 2014 do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuá-
de plantas e animais ameaçados de extinção. A coleta responsável ria (Imea). O Pará é o segundo maior consumidor, respondendo por
pode ser parte de estratégias mais amplas de conservação. 9,71%, seguido pelo Tocantins, com 2,35%.
A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão
Madeira Rural (Empaer) desempenha um papel relevante nesse setor, inves-
O setor agroindustrial madeireiro destaca-se como um com- tindo tanto em pesquisa quanto na produção. Localizada no muni-
ponente significativo na economia do Estado. Segundo o IBGE, em cípio de Nossa Senhora do Livramento, a estação de piscicultura da
2010, aproximadamente 28% da força de trabalho em Mato Grosso instituição produz e comercializa alevinos de espécies como pacu,
estava envolvida na indústria madeireira. No mesmo ano, existiam tambacu e tambatinga. A Empaer mantém 39 tanques de reprodu-
2.520 indústrias de produtos de madeira no estado, gerando 22.057 ção, com capacidade para um milhão de alevinos, oferecendo cur-
empregos diretos. Embora o setor estivesse em um período de cres- sos para produtores rurais e técnicos agrícolas sobre noções básicas
cimento notável, o ano de 2005 foi marcado por dois eventos signi- de piscicultura.
ficativos que o impactaram profundamente: a Operação Curupira, Outro enfoque importante na política de incentivos do Governo
conduzida pela Polícia Federal para combater a extração e o trans- de Mato Grosso é a borracha natural. O estado é o segundo maior

242
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

produtor do país, com 40 mil hectares de área plantada e o envolvi-


mento de 25 mil famílias nessa atividade, de acordo com dados da EXTRATIVISMO MINERAL; A PRODUÇÃO AGRÍCOLA:
Empaer. A empresa pioneira na produção e pesquisa da seringueira PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS; CONCENTRAÇÃO
mantém um campo experimental em Rosário Oeste, onde são con- FUNDIÁRIA E CONFLITOS PELA TERRA
duzidos estudos e disponibilizado suporte à agricultura familiar. O
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pro- Recursos Minerais
naf Eco) oferece apoio aos produtores, disponibilizando uma linha A mineração foi o impulso inicial para a ocupação de Mato Gros-
de crédito com prazo de 20 anos para pagamento e oito de carência. so, marcando a presença avançada dos portugueses nessa região.
Além disso, o estado investe em inovação e qualificação de mão Cidades como Cuiabá, Vila Bela, Diamantino, Cocais e outros surgi-
de obra na área de tecnologia, com a criação do primeiro parque ram em decorrência dessa atividade. Ao contrário do senso comum,
tecnológico de Mato Grosso pela Secretaria de Ciência e Tecnologia os minerais úteis são escassamente distribuídos na crosta terrestre,
(Secitec). Paralelamente, são realizadas negociações com centros e suas concentrações seletivas naturais, além de raras, nem sempre
europeus para cooperações no campo da tecnologia. são exploráveis.
No que tange à energia, Mato Grosso é superavitário no setor, A exploração mineral exige a presença de certos fatores para ser
alcançando uma produção de 14 milhões/MWh em 2014. Do to- bem-sucedida, incluindo:
tal, 9 milhões/MWh foram consumidos internamente, enquanto 5 a) Níveis atuais da economia, refletindo o desenvolvimento eco-
milhões/MWh foram exportados via Sistema Interligado Nacional nômico-industrial da região ou do país, de acordo com o tamanho
(SIN). do empreendimento e a tecnologia disponível;
b) Condições geográficas da ocorrência;
Paraíso do ecoturismo c) Peculiaridades do depósito e qualidade do minério.
Cachoeiras majestosas, safaris envolventes, trilhas ecológicas
deslumbrantes, observação de pássaros fascinante e mergulhos em Além de sua escassez, os depósitos minerais estão se tornando
aquários naturais. Seja explorando o Pantanal, imerso no Cerrado cada vez mais efêmeros devido ao contínuo crescimento do con-
ou desbravando o rio Araguaia, Mato Grosso emerge como o desti- sumo. A probabilidade de descobrir novas jazidas está em declínio
no ideal tanto para entusiastas do ecoturismo quanto para investi- constante. Mato Grosso possui diversas reservas minerais identifi-
dores interessados no segmento que ostenta o maior crescimento cadas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM-
no setor turístico. -MT), incluindo água mineral, areia, apatita, argila, água termal,
Conforme dados da Organização Mundial de Turismo (OMT), o ametista, calcário, cascalho, chumbo, cristal de rocha, cobre, dia-
ecoturismo registra uma média de crescimento anual de 20%, en- mante, ferro, grafite, manganês, molibdênio, ouro, pirita, sal, turfa,
quanto o turismo convencional apresenta uma taxa de incremento titânio, topázio e zinco.
de 7,5% ao ano, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo em
2014. A OMT estima, ademais, que cerca de 10% dos turistas glo- Do ouro às pedras coradas
bais optam pelo turismo ecológico. Durante a colonização, Mato Grosso se notabilizou pela riqueza
Em virtude das abundantes belezas naturais em Mato Grosso, do ouro, mas hoje em dia, destaca-se como um mercado promissor
os governos Federal e Estadual investem consideravelmente na in- para a produção de joias e semijoias a partir de pedras preciosas.
fraestrutura para acesso aos paraísos naturais do estado, notada- Além de liderar a produção nacional de diamantes, contribuindo
mente no Pantanal. Um exemplo é o projeto de substituição das com 88% do total no Brasil, de acordo com o Departamento Nacio-
pontes de madeira ao longo da rodovia Transpantaneira, que co- nal de Produção Mineral (DNPM), o estado sobressai-se também
necta a cidade de Poconé à localidade de Porto Jofre, atravessando pelas pedras coradas, como ametistas, quartzo rosa, ágatas e tur-
a planície alagável. Este ambicioso empreendimento contempla a malinas.
construção de 31 pontes de concreto. A atividade mineral em Mato Grosso possui raízes históricas,
Outro foco prioritário da Secretaria de Desenvolvimento Eco- vinculadas à exploração do ouro e diamante. A descoberta do ouro
nômico (Sedec) é a Chapada dos Guimarães, atraindo visitantes às margens do Rio Coxipó em 1719 marcou o início desse ciclo, en-
apaixonados pelo turismo contemplativo e esportes de aventura. quanto a exploração do diamante teve início no final do século XVIII
Na cidade, estão em andamento a conclusão do Complexo Turístico nas regiões de Coité, Poxoréu e Diamantino.
da Salgadeira e a pavimentação das rodovias MT-060 e MT-020. O Atualmente, conforme informações da Companhia Mato-gros-
Governo Estadual também retomou as negociações com o Institu- sense de Mineração (Metamat), as pedras coradas concentram-se
to Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para nas regiões noroeste, centro-sul e leste do estado. Granada, zircão e
avançar nas obras do Portão do Inferno e na entrada da Cachoeira diopsídio são frequentemente encontrados associados ao diaman-
Véu de Noiva, ambos pontos de destaque para apreciação no Par- te, nas áreas de Paranatinga e Juína. Próximo a Rondolândia, há um
que Nacional de Chapada. depósito de quartzo rosa, enquanto as turmalinas são encontradas
nas proximidades de Cotriguaçu, e as ametistas estão concentradas
nas regiões próximas aos municípios de Aripuanã (noroeste) e Pon-
tes e Lacerda (oeste).

Política fundiária
A política fundiária e as tensões sociais no campo foram pro-
fundamente influenciadas pelo encerramento oficial do sistema de
sesmarias com a promulgação da Lei de Terras de 1850. Essa legisla-
ção estabeleceu a compra como a única forma de aquisição de ter-

243
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

ras, favorecendo as camadas mais abastadas e excluindo os pobres dades econômicas, acesso à saúde e perspectivas de futuro para
do acesso às terras públicas. As camadas mais ricas eram as únicas os filhos, contribui para a decisão de muitos migrarem para centros
capazes de adquirir terras do governo, deixando os homens livres urbanos. Esse movimento reflete uma complexa interação entre fa-
pobres sem a oportunidade de obter um pedaço de terra. tores socioeconômicos e culturais que moldam a dinâmica da urba-
A Lei de Terras também determinou que a legalização das pos- nização em Mato Grosso.
ses, anteriormente concedidas por meio das Cartas de Sesmarias,
deveria ser realizada em Cartório a partir de 1850. Ficou a cargo Trabalho e Rendimento
dessa instituição reconhecer e registrar as posses adquiridas pelo Em 2022, o rendimento nominal mensal domiciliar per capita
antigo sistema. Com a Proclamação da República e a Constituição era de R$ 1.674, ficando na posição 9 entre os 27 estados. Em 2016,
de 1891, as terras devolutas passaram para o domínio dos Estados, o número de pessoas de 16 anos ou mais, ocupadas na semana de
que assumiram a responsabilidade sobre as terras em seus territó- referência, era de 1.577 pessoas (x1000), ficando na posição 16 en-
rios. tre os 27 estados. Em 2016, a proporção de pessoas de 16 anos
A primeira lei de terras específica para Mato Grosso, datada de ou mais em trabalho formal, considerando apenas as ocupadas na
16 de novembro de 1892, criou a Diretoria de Obras Públicas, Ter- semana de referência era de 58,5%, ficando na posição 10 entre os
ras, Minas e Colonização, a primeira instituição estadual encarrega- 27 estados. Em 2022, a proporção de pessoas de 14 anos ou mais
da das questões de terras no estado. Além da legalização de terras, de idade, ocupadas na semana de referência em trabalhos formais
o governo mato-grossense iniciou um processo vigoroso de venda era de 59,7%, ficando na posição 9 entre os 27 estados. Em 2022, o
de terras devolutas a partir de 1893, com compradores geralmente rendimento médio real habitual do trabalho principal das pessoas
sendo pessoas abastadas buscando investir em terras. de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência
Em 1927, um novo regulamento de terras foi implementado, es- em trabalhos formais era de R$ 2.774, ficando na posição 11 en-
tabelecendo maior rigor na regularização das terras para coibir abu- tre os 27 estados. Em 2021, a quantidade de pessoas ocupadas na
sos. O Estado do Mato Grosso teve seu primeiro Código de Terras administração pública, defesa e seguridade social era de 132.197
em 1949, intensificando a venda de terras devolutas e aprimoran- pessoas, ficando na posição 19 entre os 27 estados.
do a ação dos medidores e demarcadores a serviço do Estado. No
entanto, o código foi modificado em 1951 para facilitar o processo
FONTES DE ENERGIA: POTENCIAL HIDRELÉTRICO, HI-
de venda de terras devolutas, visando preencher “vazios popula-
DRELÉTRICAS E MEIO AMBIENTE
cionais”.
A criação da Superintendência do Plano de Valorização da Ama-
zônia (SPVEA) em 1953 aumentou o interesse pelas terras mato-
FONTES DE ENERGIA: POTENCIAL HIDRELÉTRICO, HIDRELÉTRI-
-grossenses, visando a apropriação dos recursos naturais da Ama-
CAS E MEIO AMBIENTE;
zônia Legal. A SPVEA buscava modernizar as tecnologias na região
para tornar o extrativismo mais lucrativo, considerando os habitan-
O fornecimento de energia elétrica em Mato Grosso é assegu-
tes locais, como índios e caboclos, como atrasados e pouco pro-
rado por dois sistemas distintos: o sistema interligado, abastecido
dutivos. O ano de 1954 testemunhou um aumento significativo na
pela Eletronorte através da energia proveniente dos sistemas de
compra de terras.
Furnas e Celg, e o sistema isolado, suprido por usinas termelétri-
cas (UTE) movidas a óleo diesel, bem como por pequenas centrais
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E REDES URBANAS
hidrelétricas (UHE), integrando um sistema híbrido de geração de
energia (MATO GROSSO, 1994).
A urbanização do Estado
Até o ano de 2002, a geração de energia permaneceu aquém da
O processo de urbanização em Mato Grosso é uma trajetória
demanda, tornando-se historicamente um dos desafios ao desen-
que se desenvolve ao longo do tempo, sendo notável o crescimento
volvimento industrial de Mato Grosso. Para atender à população, o
urbano no estado. Na década de 1960, a população brasileira era
estado necessitava adquirir energia de outras unidades federativas,
predominantemente rural, com 55% no campo e 45% nas áreas ur-
dado que sua capacidade de geração hidráulica e térmica não aten-
banas. No censo de 1970, o Brasil registrou pela primeira vez que
dia às exigências mínimas de consumo.
a população urbana ultrapassou a rural. Atualmente, aproximada-
Conforme dados do Anuário Estatístico de Mato Grosso (2002),
mente 85% da população brasileira reside em áreas urbanas.
o estado não dispunha, até 2001, de capacidade de geração de ener-
Mato Grosso, seguindo essa tendência, passou por um processo
gia suficiente para suprir a demanda existente. A energia consumi-
significativo de urbanização, consolidando-se como um estado pre-
da naquele ano totalizou 3.017.463 MWh, com um contingente de
dominantemente urbano a partir da década de 1970. A industriali-
625.688 consumidores. A energia adquirida foi de 3.193.562 MWh,
zação desempenhou um papel crucial no impulso desse fenômeno.
sendo a maior parte (78,66%) proveniente da Eletronorte/Furnas, e
A taxa média de crescimento da urbanização tem diminuído ao
o restante de produtores independentes dentro do estado.
longo do tempo, e diversos fatores influenciam esse movimento. O
A Rede Cemat, concessionária responsável pela distribuição de
êxodo rural, impulsionado pela mecanização agrícola, a implemen-
energia elétrica no estado, registrou em 2003 um total de 706.456
tação de leis trabalhistas no campo, fatores naturais, como a seca
consumidores, com um consumo total de 3.644.818 MWh, repre-
no Nordeste, e a percepção de uma melhor qualidade de vida nas
sentando um aumento de 17,21% em relação a 2001. A classe re-
cidades são alguns dos elementos atrativos. No entanto, há tam-
sidencial manteve a posição histórica de maior consumidora do
bém fatores repulsivos, como a concentração fundiária e desafios
estado, enquanto a classe industrial demonstrou um crescimento
de infraestrutura em algumas áreas urbanas em comparação com
constante entre 1999 e 2003. Neste setor, a indústria de transfor-
determinadas regiões rurais.
mação, especialmente a de produtos alimentícios, liderou o consu-
A mitificação da vida urbana, associada à busca por oportuni-

244
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

mo, seguida pelos setores madeireiro e têxtil. A classe comercial apresentou uma redução em seu desempenho estável dos últimos quatro
anos. A classe rural, vinculada ao setor primário, foi a menos consumidora. A mecanização agrícola e a eletrificação rural foram fatores
decisivos para a modernização do consumo no setor agropecuário. A principal fonte de energia para essa classe provém das usinas tér-
micas a óleo diesel e das pequenas usinas alimentadas pelo sistema misto hidrelétrico/termelétrico, com a região Norte Mato-grossense
liderando esse tipo de consumo.
Criadas em 1961, as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) gerenciaram o sistema de energia em todo o país até 1995, quando
se iniciou o programa de privatização das empresas estatais, alinhado à política neoliberal vigente. Em Mato Grosso, o setor elétrico era
administrado pelas Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat), uma concessionária estadual estabelecida em 1958, sendo o Estado de
Mato Grosso o principal acionista. Essas empresas foram responsáveis pela operação do sistema isolado de energia, além da distribuição
e atendimento aos consumidores nesse período.

Usinas hidrelétricas
- Usina Hidrelétrica de Colíder
- Complexo Teles Pires
- Usina Hidrelétrica de Manso
- Usina Hidrelétrica de São Manoel
- Usina Hidrelétrica de Sinop
- Usina Hidrelétrica Teles Pires
- Usina Hidrelétrica Dardanelos
- Usina Hidroelétrica Canoa Quebrada

Questões ambientais
A Usina Hidrelétrica de Sinop, no Rio Teles Pires, está operando há mais de um ano, mas a população afetada ainda não foi devida-
mente compensada pelos impactos ambientais e sociais. Perícias estimam o valor da terra na região em cerca de R$ 23 mil por hectare,
mas o consórcio responsável pela usina pagou seis vezes menos aos moradores pelas terras perdidas. Seca no rio, alta mortandade de
peixes e surgimento de malária e leishmaniose agravam a qualidade de vida na área. A população afetada luta por compensações justas e
proteção dos recursos naturais pela empresa responsável, Companhia Energética Sinop (CES). A degradação ambiental tem consequências
dramáticas para as comunidades que dependem do rio, agora afetado por outros empreendimentos hidrelétricos. A qualidade da água
deteriorou-se, resultando em surtos de doenças como malária e leishmaniose, enquanto a diminuição do nível do reservatório aumentou
os focos de mosquitos transmissores a apenas 500 metros do assentamento das famílias.

ANÁLISE DOS DIFERENTES MODAIS DE TRANSPORTE

Localizado no centro geográfico do Brasil, o estado de Mato Grosso apresenta uma infraestrutura de transporte em constante expan-
são, com foco particular no desenvolvimento da malha rodoviária.

As principais rodovias que cruzam o estado são:


- A BR-364, orientada no sentido Leste-Oeste, conecta Mato Grosso tanto ao Sudeste do país (incluindo o Porto de Santos) quanto a
estados como Rondônia, Acre e aos portos do Peru, via Estrada do Pacífico. A distância entre Cuiabá e o Porto de Santos é de 1640 km,
com Cuiabá situada a 1400 km de Porto Velho, 1900 km de Rio Branco, 3290 km da cidade portuária peruana de Ilo e 3900 km da cidade
portuária peruana de Matarani.
- A BR-163 (Cuiabá-Santarém) percorre o estado no sentido Norte-Sul, conectando-o ao Mato Grosso do Sul e ao Rio Amazonas, via
estado do Pará. Essa rodovia facilita o acesso aos portos da região de Santarém, fundamentais para o escoamento da produção agrope-
cuária local. Santarém é a área portuária mais próxima da maioria das cidades do Mato Grosso, com distâncias que variam de 1000 km a
1760 km, dependendo da localização.
- A BR-070 liga Cuiabá a Brasília.
- A BR-158 percorre a região leste do estado, conectando Mato Grosso a Belém, no Pará.
- A MT-060, conhecida como Transpantaneira, é uma rodovia turística que liga Cuiabá a Corumbá, passando por diversos trechos do
Pantanal Mato-grossense.

245
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Devido ao seu vasto território, Mato Grosso conta com vários aeroportos, sendo o Aeroporto Internacional de Cuiabá o maior. Outros
aeroportos relevantes incluem o de Alta Floresta, com a quarta maior pista na região Centro-Oeste, além dos aeroportos de Cáceres e Barra
do Garças, entre outros.
No que diz respeito à ferrovia, destaca-se a Ferrovia Norte Brasil, que conecta Mato Grosso ao Sudeste, estabelecendo uma ligação vital
com o Porto de Santos, em São Paulo. A Ferrovia conta com terminais estratégicos, como Alto Araguaia, Alto Taquari, Itiquira e Rondonó-
polis, este último sendo o maior terminal intermodal da América Latina.
Apesar das condições favoráveis de navegação nos rios que banham o estado, as hidrovias em Mato Grosso são menos exploradas de-
vido a questões ambientais e sociais, com várias obras atualmente embargadas. As principais hidrovias incluem Paraguai-Paraná, Rio das
Mortes-Araguaia-Tocantins e Madeira-Amazonas.
O transporte ainda enfrenta desafios devido às grandes distâncias e ao estágio inicial de desenvolvimento do estado. Nos últimos anos,
o Governo Federal intensificou os investimentos na região, com melhorias notáveis, como a duplicação da rodovia entre Cuiabá e Rondo-
nópolis e o asfaltamento da BR-163 no Estado do Pará, concluído em novembro de 2019, proporcionando avanços logísticos significativos
para o escoamento das safras de Mato Grosso.

Corredores
1) Corredor Noroeste: A principal via de transporte para a região noroeste é composta pela BR 364/MT-235, BR-174 e a Hidrovia do
Madeira-Amazonas, conectando os municípios de Campo Novo dos Parecis, Sapezal, Porto Velho, Itacoatiara e Rotterdam. A conclusão
da pavimentação da BR-364 entre Comodoro e Sapezal e a pavimentação da MT-343 entre Cáceres e Barra do Bugres são essenciais para
facilitar o escoamento pela Hidrovia do Rio Paraguai.
2) Corredor Norte (Centro-amazônico): A rota principal segue de Sorriso para Alto Araguaia, Santos e Rotterdam, incluindo também
a rota Sorriso-Paranaguá-Rotterdam, utilizando as BR-163/BR-364/BR-262 e a Ferronorte. A conclusão da pavimentação da BR-163 até o
Porto de Santarém é crucial para otimizar essa rota.
Corredor Sudeste: A principal rota envolve Primavera do Leste, Alto Araguaia, Santos e Rotterdam, com a rota alternativa de Primavera
do Leste-Paranaguá-Rotterdam pelas MT-130/BR-070/BR-163/BR-364/BR-262 e a Ferronorte. A conclusão da implantação da Ferronorte
até Rondonópolis e da pavimentação da MT-130 entre Primavera do Leste e Paranatinga é desejável para a eficiência dessa rota.
3) Corredor Centro-Nordeste: A rota principal vai de Nova Xavantina a Alto Araguaia, Santos e Rotterdam, com a rota alternativa de
Nova Xavantina-Paranaguá-Rotterdam pelas BR-163/BR-364/BR-158/BR-262/MT-130 e a Ferronorte. A conclusão da pavimentação da BR-
158 entre Ribeirão Cascalheira e a divisa de MT/PA é fundamental para conectar essa região até o Porto de Itaqui, seja pela Ferrovia de
Carajás ou pela Hidrovia Mortes-Araguaia e BR-242 até São Félix do Araguaia.

246
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Rede Ferroviária
A integração de Mato Grosso à malha ferroviária nacional é recente e foi realizada pela iniciativa privada, notadamente pelo Grupo
Itamarati, por meio da implantação do corredor ferroviário Ferronorte/Brasil Ferrovias. Este corredor liga Aparecida do Taboado (MS) a
Cuiabá, abrangendo 956km e passando por Alto Taquari, Alto Araguaia e Rondonópolis. A operação inclui terminais em Alto Araguaia e
Alto Taquari, movimentando produtos como soja, farelo de soja e açúcar, com retorno de adubo, gasolina e óleo diesel.

QUESTÕES ATUAIS: A QUESTÃO INDÍGENA: INVASÃO, DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS

A questão indígena
Cerca de metade dos aproximadamente 900 mil indígenas que habitam o território brasileiro reside na região Norte do país. As diversas
tribos e comunidades indígenas enfrentaram significativa redução populacional ao longo do processo de ocupação da região, um cenário
que só começou a ser revertido com a demarcação de terras e a criação de áreas de preservação. Atualmente, as populações indígenas
experimentam um crescimento numérico.

Na década de 70, a região amazônica tornou-se alvo das políticas de integração territorial do governo federal. As chamadas rodovias
de integração nacional, como a Transamazônica, a Perimetral Norte, a Cuiabá-Santarém e a Manaus-Boa Vista, cortaram a região em várias
direções, facilitando o acesso às terras amazônicas, mas também expondo grandemente as áreas das aldeias indígenas.
Devido à ocupação de suas terras por atividades como exploração madeireira, mineração, construção de hidrelétricas e garimpos, as
comunidades nativas muitas vezes ficaram em condições precárias de sobrevivência, resultando no desaparecimento de algumas e na total
incorporação de outras como mão de obra barata, ou ainda, na migração para áreas urbanas. A introdução de técnicas mais avançadas
de exploração dos recursos naturais na Amazônia trouxe sérias consequências para a vida indígena, que, em muitos casos, se encontra
impactada por esse processo.

247
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Assim, a demarcação das terras indígenas emerge como uma medida crucial para preservar e assegurar a sobrevivência dos povos
indígenas e de suas futuras gerações. No entanto, muitos setores da sociedade, interessados na exploração dessas terras, são contrários a
essas demarcações e frequentemente entram em conflito com os grupos nativos.

Demarcação das terras indígenas2


Conforme estabelecido pela Constituição Federal de 1988, uma Terra Indígena (TI) representa um território demarcado e protegido
para a posse permanente e o usufruto exclusivo dos povos indígenas. Essas áreas são reconhecidas como patrimônio da União e destinam-
-se à preservação de suas culturas, tradições, recursos naturais e formas de organização social. Além disso, têm como objetivo garantir
a reprodução física e cultural dessas comunidades. A demarcação das terras indígenas é um direito constitucional fundamental que visa
assegurar a autodeterminação, autonomia e proteção dos direitos dos povos indígenas, incluindo sua participação ativa na gestão e pre-
servação desses territórios.
Conforme a legislação vigente, especificamente a Constituição Federal de 1988, o Estatuto do Índio (Lei 6001/73) e o Decreto n.º
1775/96, as terras indígenas podem ser categorizadas nas seguintes modalidades:
- Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas: Refere-se às áreas habitadas pelos indígenas de maneira permanente, utilizadas para
atividades produtivas, culturais, bem-estar e reprodução física, em conformidade com seus usos, costumes e tradições.
- Reservas Indígenas: Correspondem a terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União, destinadas à posse per-
manente dos indígenas. São áreas que pertencem ao patrimônio da União, mas não se confundem com as terras de ocupação tradicional.
- Terras Dominiais: Representam as terras de propriedade das comunidades indígenas, adquiridas por meio de qualquer uma das for-
mas de aquisição do domínio, conforme estabelecido pela legislação civil.

Atualmente, constam 736 terras indígenas nos registros da Funai. Essas áreas representam aproximadamente 13,75% do território
brasileiro, estando localizadas em todos os biomas, sobretudo na Amazônia Legal.

O processo de demarcação de terras indígenas, regulamentado pelo Decreto nº 1775/96, envolve diversas etapas coordenadas pelo
Poder Executivo. Estas etapas incluem estudos de identificação e delimitação realizados pela Funai, contraditório administrativo, decla-
ração de limites pelo Ministro da Justiça, demarcação física, levantamento fundiário avaliado em conjunto com o cadastro dos ocupantes
não-índios, homologação da demarcação pela Presidência da República, retirada de ocupantes não-índios com pagamento de benfeitorias,
reassentamento, registro das terras na Secretaria de Patrimônio da União e interdição de áreas para proteção de povos indígenas isolados.
Em casos excepcionais, como conflitos internos irreversíveis, impactos de grandes empreendimentos ou impossibilidade técnica de re-
conhecimento de terra de ocupação tradicional, a Funai pode promover o reconhecimento do direito territorial na modalidade de Reserva
Indígena, envolvendo compra direta, desapropriação ou doação de imóveis.
No caso de povos isolados, a Funai utiliza restrições legais para proteger a área ocupada pelos indígenas enquanto realiza estudos
de identificação e delimitação, garantindo a integridade física desses povos. O órgão busca transparência e legalidade em suas ações,
evitando conflitos fundiários locais e contribuindo para o ordenamento territorial em nível local e regional através da sistematização de
informações fundiárias.

2 Disponível em https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/terras-indigenas/demarcacao-de-terras-indigenas Acesso 06.01.2024

248
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

O procedimento demarcatório das terras tradicionalmente ocu- restais, frequentemente associados aos eventos de El Niño, podem
padas por povos indígenas, regido pelo Decreto 1775/1996, passa ampliar significativamente as emissões de carbono provenientes de
por diversas fases: mudanças no uso do solo. Este ciclo vicioso de empobrecimento da
- Em estudo: Realização de estudos antropológicos, históricos, paisagem amazônica começa com o desmatamento ou exploração
fundiários, cartográficos e ambientais para fundamentar a identifi- madeireira, reduzindo a liberação de água pela vegetação para a
cação e delimitação da área indígena. atmosfera (evapotranspiração) e, consequentemente, diminuindo
- Delimitadas: Conclusão dos estudos aprovados pela Presidên- a quantidade de chuva. Com menos chuva, há maior propensão a
cia da Funai, publicados no Diário Oficial da União e do Estado onde incêndios florestais, resultando na mortalidade de árvores. A fu-
se localiza a área em processo de demarcação. maça gerada pelos incêndios e queimadas interfere na formação
- Declaradas: Submissão do processo ao Ministro da Justiça, que de nuvens, prejudicando a precipitação. Esses fatores podem ser
decide sobre o tema, declara os limites e determina a demarcação intensificados pelo aquecimento global, tornando os eventos de El
física da área por meio de Portaria publicada no Diário Oficial da Niño mais intensos e frequentes, ameaçando a biodiversidade da
União. floresta amazônica.
- Homologadas: Publicação dos limites materializados e georre-
ferenciados da área por Decreto Presidencial, constituindo-a como Todo ano tem fogo na Amazônia por causa da estação seca?4
terra indígena. Infelizmente, sim, e isso ocorre principalmente devido a um
- Regularizadas: A Funai auxilia a Secretaria de Patrimônio da motivo específico: a ignição causada pelo ser humano, muitas ve-
União (SPU) no registro cartorário da área homologada, conforme zes originada pela simples ação de acender um fósforo. A floresta
a Lei 6.015/73. amazônica é um ambiente naturalmente úmido, e o fogo natural
ocorre extremamente raramente nesse bioma, com intervalos de
Além dessas fases, pode haver restrições de uso e ingresso de aproximadamente 500 anos ou mais. Mesmo durante a estação
terceiros para a proteção de indígenas isolados, com a interdição de seca, quando as condições ambientais e o material combustível tor-
áreas pela Presidência da Funai. nam-se mais propícios, a umidade presente na região impediria a
proliferação de tantos focos de calor se não fosse pela ação humana
No caso das Reservas Indígenas como uma fonte constante de ignição.
- Encaminhadas à constituição de Reserva Indígena (RI): Áreas O fogo na Amazônia resulta da interação de três fatores, conhe-
em processo administrativo de constituição de reserva (compra di- cidos como o “triângulo do fogo”:
reta, desapropriação ou doação) ainda não finalizado. - Condições ambientais: Especialmente durante o “verão ama-
- Regularizadas: Áreas em procedimento administrativo de zônico,” entre maio e outubro, quando o clima está mais seco.
constituição de reserva já finalizado, com a área registrada em car- - Material combustível: Abundância de vegetação seca, incluin-
tório imobiliário em nome da União, mantendo o usufruto indígena. do folhas e galhos caídos das copas das árvores e até mesmo árvo-
A QUESTÃO ECOLÓGICA: DESMATAMENTO, res derrubadas.
QUEIMADAS, POLUIÇÃO DAS VIAS HÍDRICAS, - Ignição: A fonte que inicia o fogo.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Existem três tipos principais de fogo na Amazônia:
- Fogo de manejo agropecuário: Utilizado por diversos produto-
Como o desmatamento contribui para as mudanças climáti- res rurais, desde grandes fazendeiros até comunidades tradicionais,
cas?3 para limpar áreas de pragas e renovar o solo. Geralmente ocorre em
Quando há alterações no uso do solo, como o desmatamento áreas de pastagem e é sempre intencional.
e a queima de florestas para dar lugar a pastagens, agricultura ou - Fogo de desmatamento recente: O ato de queimar a vegetação
outras formas de ocupação, ocorre a liberação significativa de car- derrubada é uma prática mais econômica do que removê-la com
bono na atmosfera, principalmente na forma de dióxido de carbo- tratores; além disso, as cinzas contribuem para a fertilidade do solo
no (CO2), contribuindo para o aquecimento global. Estima-se que, amazônico, favorecendo, por exemplo, o plantio de pasto. Este tipo
na década de 1990, aproximadamente 1,6 bilhões de toneladas de de fogo é sempre intencional.
carbono foram emitidas anualmente devido a mudanças no uso do - Incêndios florestais: Incêndios que atingem a floresta viva,
solo. propagando-se rapidamente pelas folhas secas acumuladas no solo.
Nos últimos 300 anos, cerca de 10 milhões de quilômetros qua- Podem ser acidentais, escapando de queimadas próximas, ou in-
drados de florestas foram convertidos para outros tipos de uso da tencionais, quando iniciados deliberadamente com o propósito de
terra. Em regiões tropicais, a remoção da cobertura florestal pode degradar a floresta.
ter impactos no balanço hídrico, resultando em um clima mais seco
e quente. A taxa de evapotranspiração da floresta é significativa- Poluição
mente maior do que a de cultivos ou pastagens, e a mudança no Poluição nos rios de pequeno e médio porte da bacia passa a
uso do solo reduz consideravelmente o fluxo de vapor de água para apresentar notáveis trechos com alterações significativas. A presen-
a atmosfera, modificando o ciclo hidrológico. Na Amazônia, estudos ça de poluentes, como carbono e outros nutrientes, como nitro-
indicam que, até 2100, a temperatura pode aumentar de 5 a 8ºC, e gênio e fósforo, se intensifica nos rios devido à água da chuva não
a redução na precipitação pode atingir 20%. absorvida pelo solo. Em concentrações elevadas, esses compostos
O desmatamento, a exploração madeireira e os incêndios flo- acabam contaminando os rios ao longo de extensas distâncias. A
3 Disponível em Disponível em https://ipam.org.br/entenda/como-o- 4 Disponível em Disponível em https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/
-desmatamento-contribui-para-as-mudancas-climaticas/ Acesso em tudo-o-que-voce-queria-saber-sobre-fogo-na-amazonia-mas-nao-sa-
12.12.2021 bia-para-quem-perguntar/ Acesso em 12.12.2021

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

problemática da poluição nos rios da bacia do Ji-Paraná, localizada gração até a América do Sul. Esses grupos eram nômades, dedica-
em Rondônia, assemelha-se à situação observada nos rios Atibaia, dos à caça e à coleta, perseguindo grandes manadas de animais.
afluente do Piracicaba, no estado de São Paulo. A população indígena do Brasil Pré-cabraliano exibia notáveis
Na Amazônia brasileira, embora a exploração de petróleo seja diversidades, abrangendo diferenças linguísticas, modos de vida e
relativamente recente, já ocorreram alguns derramamentos nos culturas distintas. Em geral, as sociedades indígenas brasileiras ado-
rios próximos às áreas de exploração. Um poliduto de Urucú para tavam um regime comunitário-familiar, com posse coletiva da terra,
Coari foi concluído em 1998, permitindo o transporte de petróleo distribuição do trabalho por sexo e idade, respeito à hierarquia fa-
de Coari para Manaus por meio de barcaças que cruzam o rio. Em miliar e ênfase na produção para subsistência. Na Amazônia, os po-
1999, um oleoduto rompeu entre o porto e a refinaria em Manaus, vos indígenas estavam harmoniosamente integrados ao ambiente,
resultando em um vazamento de petróleo no igarapé de Cururú em baseando sua subsistência na caça, pesca e na agricultura de sub-
2001. Incidentes de vazamento de petróleo de barcaças entre Coarí sistência praticada nas várzeas, onde cultivavam mandioca, milho,
e Manaus e de embarcações fluviais em geral têm causado uma sé- algodão, tabaco, frutas e vegetais durante as épocas de vazante dos
rie de pequenos eventos de poluição por óleo. A contaminação por rios. Os ameríndios amazônicos também demonstravam caracterís-
óleo pode ser particularmente prejudicial se afetar as florestas de ticas expansionistas, estabelecendo alianças políticas para a defesa
várzea, onde muitas espécies de peixes da região se reproduzem. comum diante de ameaças. Muitos desses grupos indígenas não
Os solos amazônicos apresentam concentrações elevadas de eram originários da Amazônia, tendo migrado do litoral para esca-
mercúrio proveniente de fontes naturais. Esses solos são antigos, par do avanço português.
com milhões de anos de idade, e acumularam mercúrio ao longo A colonização da Amazônia, que hoje compreende os estados
do tempo por meio da deposição de poeira resultante de erupções do Amazonas e do Pará, foi impulsionada pela necessidade de asse-
vulcânicas e outras fontes ao redor do mundo. gurar a posse e o acesso ao rio Amazonas, bem como evitar a pre-
sença de rivais de outros países. A ocupação da região teve como
Desmatamento base o extrativismo vegetal e o apresamento indígena.
O desmatamento na Amazônia é uma prática antiga que ga- O extrativismo vegetal envolveu a exploração das “drogas do
nhou intensidade nas últimas décadas. Inicialmente impulsionado sertão”, como cacau, guaraná, borracha, urucu, salsaparrilha, cas-
por projetos de infraestrutura, como a Rodovia Transamazônica, o tanha-do-pará, gergelim, noz de pixurim, baunilha, coco, entre
desmatamento evoluiu devido à expansão do agronegócio, minera- outras. Nesse contexto, a escravidão enfrentava obstáculos, pois a
ção e extrativismo ilegal. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais exploração da Amazônia demandava um conhecimento profundo
(Inpe) foi criado nos anos 1970 para monitorar o desmatamento. da região, destacando a importância dos índios locais que atuavam
Nos últimos 30 anos, as taxas variaram, sendo afetadas por fato- como guias. A forma predominante de integração da Amazônia à
res econômicos. Em 2004, o governo implementou o Plano de Ação economia colonial foi o estabelecimento de missões jesuíticas, que
para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal chegaram a aldear cerca de 50 mil índios.
(PPCDAm), associado ao sistema DETER de alerta. Houve uma re-
dução significativa até 2015, mas as taxas aumentaram novamente A Expansão Lusa
após 2016, alcançando níveis alarmantes em 2019. No ano de 1415, Portugal conquistou Ceuta, marcando o início
O desmatamento é causado por projetos de infraestrutura, ex- de sua expansão para o litoral da África e as Ilhas do Atlântico. Esse
pansão do agronegócio e extrativismo, sendo a falta de fiscalização feito representou a superação dos limites da navegação e o começo
um fator contribuinte. As consequências incluem perda de habitat, de novas conquistas. Ao longo do século XV, a descoberta de uma
extinção de espécies, contribuição para o aquecimento global, em- nova rota para as Índias, com a possibilidade de adquirir produtos
pobrecimento do solo e problemas de saúde. Queimadas também orientais a preços mais acessíveis, tornou-se o principal objetivo do
aumentaram, com motivos como preparo do solo para agricultura, Estado português.
manutenção de áreas agrícolas e incêndios florestais. Nesse processo de conquistas e expansão, Lisboa se tornou um
O governo enfrenta críticas por políticas que podem favorecer o centro comercial crucial, oferecendo produtos considerados exóti-
desmatamento, incluindo redução na fiscalização ambiental. A pre- cos no mercado europeu. Em 1500, a oficialização da posse sobre o
servação da Amazônia é vital para o equilíbrio climático global e a Brasil ocorreu quando Cabral chegou ao novo território. Isso mar-
biodiversidade, exigindo esforços para promover o desenvolvimen- cou o início de um ambicioso empreendimento português, com a
to sustentável na região. grande colônia prometendo prosperidade e lucro substancial.

A Expansão Espanhola
HISTÓRIA. AS SOCIEDADES INDÍGENAS NA ÉPOCA Em 1492, após superar a presença árabe e resolver divisões
DA CONQUISTA: ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DAS internas, a Espanha consolidou-se como uma potência para parti-
POPULAÇÕES INDÍGENAS; GRUPOS LINGUÍSTICOS E cipar das disputas comerciais e da exploração do mundo colonial,
TRIBAIS; O MODO DE VIDA E A ORGANIZAÇÃO DOS impulsionada por suas necessidades mercantis. Cristóvão Colombo,
GRUPOS TRIBAIS; ESTIMATIVAS DEMOGRÁFICAS navegador genovês, embarcou em agosto de 1492 com o objetivo
de descobrir novas terras e horizontes que enriquecessem a Espa-
A rica história do povoamento humano na Amazônia tem início nha. Sua jornada o levou à ilha de Guanabara (San Salvador) nas
praticamente junto com a formação da floresta que conhecemos Bahamas, marcando o início da exploração de novos territórios nas
hoje. Embora não existam vestígios concretos da presença huma- Américas.
na na Amazônia entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente), é
provável que os primeiros grupos humanos, provenientes da Ásia,
tenham chegado durante esse período, marcado por uma longa mi-

250
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Os Traçados Ultramarinos A Coroa Portuguesa incentivava oficialmente empreendimentos


No século XV, a corrida expansionista de Portugal e Espanha le- agrícolas para estabilizar a colonização da região. No entanto, as
vantou controvérsias que resultaram em diversos tratados. O Tra- condições ainda eram desfavoráveis devido à distância do acesso
tado de Toledo, assinado em 1480, foi o mais antigo, garantindo aos escravos negros, transporte caro, falta de recursos agrícolas ex-
a Portugal as terras ao sul das Ilhas Canárias, assegurando a rota cepcionais e baixa produção nas colheitas. A maioria dos colonos na
das Índias pelo sul da África. Em 1493, a Bula Intercoetera, do papa Amazônia era pobre para comprar escravos.
Alexandre VI, determinou a partilha ultramarina entre espanhóis e Diante desses desafios, os colonos portugueses optaram por es-
portugueses. Devido a discordâncias, Portugal propôs o Tratado de cravizar os índios para utilizá-los como mão de obra. Os maus tratos
Tordesilhas em 1494, estabelecendo que a Espanha ficaria com ter- aos índios levaram os missionários a impedir o acesso deles às mis-
ras a oeste de uma linha imaginária e Portugal com as terras a leste. sões, hostilizando ainda mais os colonos, cujos investimentos eco-
A divisão resultante concedeu à Espanha grande parte da Amé- nômicos regrediram por falta de mão de obra. A atividade coletora
rica, incluindo o Amazonas, Pará, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, tornou-se atraente para a população “cabocla” devido às exigências
Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para Por- mínimas de capital. Entre 1760 e 1822, mais da metade das expor-
tugal, restava uma porção de terra na foz do Rio Madeira, na Ama- tações do Pará provinha principalmente de fontes silvestres do que
zônia. Em 1500, Vicente Yanez Pinzon, espanhol, atingiu o Brasil, en- de plantações.
quanto Pizarro, em 1532, chegou ao Peru. A exploração espanhola
na Amazônia foi abandonada em 1538 por falta de recursos. Povoamentos Indígenas nos Séculos XVI a XVIII
Na América Portuguesa, o amansamento do indígena ocorreu O desaparecimento das nações indígenas ao longo do Rio Ama-
por descimentos, resgates (escambo de mercadorias por prisio- zonas, substituídas por grupos de índios descendentes dos afluentes
neiros) e guerra justa (expedições para extermínio ou captura). O pelos colonizadores, resultou em uma transformação etnográfica
contato europeu com os indígenas amazônicos resultou em acul- em relação à encontrada pelos primeiros exploradores. Os padrões
turação, extermínio, fuga ou assimilação, incluindo a conversão ao demográficos e organizacionais das populações originais desapare-
catolicismo, troca de vestuário e adaptação a novos costumes e ceram, dando lugar a novos grupos e desencadeando processos de
culinária. desenraizamento e aculturação intertribal e interétnica. Essa nova
população assimilou técnicas essenciais ao manejo fluvial, forman-
O Povoamento e a Mão de Obra Utilizada na Economia do a cultura do tapuio ou caboclo, que inclui também a população
Os elementos humanos que contribuíram para o povoamento branca e mameluca da região.
na Amazônia foram semelhantes aos encontrados em outras re- A história dos povoados ribeirinhos do Rio Amazonas remon-
giões do Brasil: ta ao mito das amazonas americanas e das terras de Omagua e El
- O índio: Apesar de ser uma população numerosa, não era con- Dorado. Após o fim da ilusão de fabulosas riquezas, franceses, ho-
siderado uma fonte suficiente para o trabalho árduo. Assim, era landeses e ingleses estabeleceram feitorias e relações de escambo
caçado violentamente pelos sertanistas, reunido em aldeamentos na região. Os portugueses reagiram e expulsaram os invasores. A
pelos missionários e empregado pelas autoridades civis e milita- chegada de dois franciscanos a Belém, via rios Napo e Amazonas,
res. Os aldeamentos eram núcleos humanos com maior número de demonstrou a viabilidade de alcançar o Peru por meio do Rio Ama-
membros e utilizados para diversas tarefas. zonas.
- O negro africano: Embora não fosse tão representativo, era es- Alguns dos povos principais das regiões do Alto e Médio Ama-
cravizado. Como a agricultura era incipiente, sua mão de obra não zonas são caracterizados por suas bases territoriais, etnias, relações
era tão necessária inicialmente. A falta de fundos financeiros não genéticas, filiações linguísticas e traços culturais marcantes.
permitia o comércio de escravos pelos colonos, mesmo com a insis- A várzea, parte integrante do sistema fluvial do Rio Amazonas,
tência do governo para facilitar o mercado negreiro. Os primeiros consiste em um tipo de solo formado por elementos depositados
negros foram introduzidos pelos holandeses. pelas inundações características da área. Representa o leito maior
dos rios, podendo ocorrer em ambas as margens ou em apenas
A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará trouxe 12.587 uma delas, ou até mesmo estar ausente em determinados trechos,
pessoas para a região, sendo 7.606 escravos. No início da coloni- dependendo da região. A várzea não constitui um ecossistema ho-
zação, a força de trabalho do negro era menos valorizada devido mogêneo, sendo seu ciclo biótico influenciado pelo regime fluvial.
à facilidade de aprisionamento dos índios. A Lei de 6 de junho de Essa área concentra significativa parte da história indígena ao longo
1755 aboliu a escravidão dos índios, intensificando a procura por do Rio Amazonas.
trabalhadores africanos. Desde 1616, com a fundação do Presépio,
os portugueses consideravam trazer açorianos para a região. Entre CONQUISTA E COLONIZAÇÃO: AS BASES DA
1620 e 1921, mais de 200 pessoas chegaram e se distribuíram nas COLONIZAÇÃO PORTUGUESA: AS ORDENS RELIGIOSAS
capitanias. Em 1667, foram distribuídas mais de 700 pessoas nos E A EXPANSÃO BANDEIRANTE; A DESCOBERTA DE
distritos políticos. Cada capitão-mor ou governador que chegava de OURO E OS PRIMEIROS NÚCLEOS URBANOS
Portugal a Belém trazia consigo novos povoadores.
As primeiras décadas de colonização da Amazônia baseavam-se Os Bandeirantes: Escravidão Indígena e Exploração do Ouro
em expedições coletoras, organizadas com os índios, para extrair Nos primórdios da colonização, os engenhos de açúcar floresce-
substâncias naturais como óleo de tartaruga, especiarias, madeiras ram na Capitania de São Vicente. No entanto, essa empreitada não
nobres, óleos vegetais e sementes de cacau. Em troca, os índios resistiu à concorrência do polo açucareiro do Nordeste. Durante o
recebiam ferramentas, bugigangas e, ocasionalmente, salários dos século XVII, o Tratado de Tordesilhas, que estabelecia limites terri-
missionários e comerciantes portugueses. toriais entre Portugal e Espanha, perdeu sua relevância. O território
português, inicialmente restrito ao litoral e ao sertão nordestino,

251
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

expandiu-se por diversos fatores. pela região tropical, ainda desconhecida para o mundo europeu.
O bandeirantismo representou a série de iniciativas dos habi- A expedição de Pizarro encontrou diversas adversidades, in-
tantes da Capitania de São Vicente em direção ao interior, particu- cluindo doenças que acometeram o líder, levando-o a ser acolhido
larmente os habitantes da Vila de São Paulo de Piratininga, capital por um cacique local que ofereceu assistência com medicamentos e
de São Vicente, de onde partiam as expedições. Essa região distante alimentos. Pizarro permaneceu dois meses nesse local. Apesar das
das relações mercantilistas que uniam a Metrópole e a colônia foi tentativas, os espanhóis do século XVI acabaram por abandonar
fundamental para a exploração do interior do Brasil, contribuindo a exploração da Amazônia. Muitos membros da expedição, tanto
decisivamente para o crescimento territorial do país. espanhóis quanto índios, perderam a vida, enfrentando as belezas
O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, dividiu o mundo naturais, mas desafiadoras, da floresta.
americano entre Portugal e Espanha, estipulando que as terras si- Em um contexto mais amplo, entre 1580 e 1640, devido a even-
tuadas até 360 léguas a leste das Ilhas de Cabo Verde pertenceriam tos históricos, sociais e políticos, incluindo a morte de D. Henrique,
a Portugal, enquanto as do lado oeste seriam da Espanha. rei de Portugal, Portugal foi anexado à Espanha. Durante esse perío-
As Entradas, organizadas pelo governo, buscavam explorar o do, em 1595, holandeses, ingleses e franceses tentaram colonizar
território e metais preciosos, partindo principalmente de Salvador, a Amazônia, realizando inúmeras tentativas que se estenderam de
Bahia, enquanto as Bandeiras, expedições particulares, não respei- 1530 a 1668. Dezenas de expedições desceram dos Andes para a
tavam os limites de Tordesilhas, partindo da Vila de São Paulo de selva tropical, enfrentando os desafios da mata e dos rios.
Piratininga, em São Vicente, dedicando-se também ao apresamento
de índios para escravização. Novas Tentativas de Colonização
O bandeirantismo prospectivo foi realizado em busca de metais No ano de 1538, o imperador Carlos V da Espanha concedeu
e pedras preciosas, sendo a busca por ouro uma constante preo- aos comerciantes da cidade de Augsburg o direito de posse de
cupação da Coroa portuguesa. Governadores da metrópole organi- uma parte da Venezuela, buscando uma estratégia para adentrar
zaram expedições chamadas Entradas, sendo notáveis as lideradas na Amazônia. Diversas expedições foram enviadas na tentativa de
por Fernão Dias Paes Leme, Borba Gato, Garcia Rodrigues Paes e ocupar a região. Pedro de Candia e Pedro Anzurey exploraram-na
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, que penetraram o inte- em 1533, navegando pelos rios Madre de Dios e Beni (Bolívia). Em
rior do Brasil, alcançando Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. 1536, George de Spires, sucessor de Alfinger, liderou outra expedi-
Já o bandeirantismo apresador destinava-se à captura de indí- ção que, no entanto, não gerou lucros. Em abril de 1539, Alonso de
genas, que eram escravizados. Essas bandeiras atacavam aldeias ou Alvarado fundou a cidade que atualmente é Chachapoyas, no vale
missões jesuítas para escravizar os índios, contribuindo para o de- do Marañon. Em 1541, o alemão Philip von Huten navegou pelo rio
senvolvimento das regiões açucareiras. Caquetá por quase um ano, sem sucesso. Ao retornar à costa da
As Descidas eram expedições realizadas pelos jesuítas em busca Venezuela, encontrou a povoação alemã ocupada por piratas espa-
de índios para suas missões ou reduções. nhóis e foi decapitado.
As primeiras incursões no território do Mato Grosso datam de Diante da dificuldade de conquista, Pizarro confiou a Francis-
1525, quando Pedro Aleixo Garcia explorou a região, seguindo os co Orellana a continuação da exploração. A expedição de Orellana
rios Paraná e Paraguai. A presença de portugueses e espanhóis foi identificou a formação do rio Amazonas pela confluência dos rios
motivada pelos rumores de riquezas inexploradas na região, en- Negro e Madeira, tentando desembarcar em aldeias indígenas em
quanto jesuítas espanhóis estabeleceram Missões entre os rios Pa- vários trechos do rio. Em 1541, Orellana encontrou as índias Amazo-
raná e Paraguai para assegurar os limites de Portugal. nas, distintas das outras tribos indígenas. Um ano depois, alcançou
o Oceano Atlântico. Em 13 de fevereiro de 1544, Orellana recebeu
Exploração do Ouro os títulos de Adelantado, Governador e Capitão Geral das terras que
Antônio Pires de Campos, em 1718, explorou o ribeirão Mutuca colonizou, denominadas Nova Andaluzia, posteriormente chamada
e o rio Coxipó, descobrindo índios, mas não ouro. Pascoal Moreira de Amazônia. Há controvérsias sobre a rota de Orellana, com alguns
Cabral, em 1719, ao subir o rio Coxipó-Mirim, encontrou ouro nas historiadores sugerindo a entrada pelo rio Pará e outros pelo Ama-
proximidades do Arraial de São Gonçalo Velho, fundando Cuiabá zonas. Orellana faleceu em 1546.
em 1719. Miguel Sutil, em 1722, descobriu uma grande jazida aurí- Outros navegadores tentaram alcançar a Amazônia pelo Atlânti-
fera às margens do rio Cuiabá. Com as descobertas, Cuiabá tornou- co, como Luiz de Melo da Silva e o piloto francês João Afonso, sem
-se o centro do desenvolvimento. sucesso. Diversas tentativas espanholas ocorreram em 1560, lidera-
das por Pedro de Ursua, Gusman e Lope de Aguirre. Surgiram várias
Conquistas espanolas lendas e histórias acerca do El Dorado, afirmavam que a riqueza
Em 1538, Pedro de Anzurey liderou uma nova tentativa de ex- era inestimável, os templos, palácios e pavimentação das ruas de
ploração na Amazônia, conduzindo uma expedição composta por Manao eram construídos com ouro puro, e o rei banhava-se em um
espanhóis e índios, atravessando os Andes. No entanto, essa em- lago de águas perfumadas, sobre o qual espalhavam ouro em pó.
preitada enfrentou sérias dificuldades e não obteve sucesso devi-
do às adversidades climáticas, temporais, geográficas e à falta de Reação Portuguesa
conhecimento da densa floresta, o que impossibilitou o avanço da Durante esse período, a expansão das atividades dos portugue-
expansão territorial. ses no Brasil foi notavelmente lenta, dada a escassez de população
Em fevereiro de 1541, Francisco Pizarro partiu de Quito, no Peru, no reino de Portugal disposta a emigrar, especialmente para dedi-
em busca do lendário “El Dorado”. Durante essa jornada, Orellana, car-se ao trabalho na colônia. A ocupação da região amazônica teve
que estava em Guayaquil, juntou-se à expedição, mesmo enfren- início por volta de 1600, quando outras potências europeias, como
tando fome e falta de recursos financeiros. As principais barreiras holandeses, ingleses e franceses, competiam pela posse das terras,
encontradas pelos exploradores eram os desafios apresentados invadindo e explorando a área do delta do rio, estabelecendo co-

252
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

mércio com os nativos como se fossem os legítimos proprietários. O Povoamento e a Mão de Obra utilizada na Economia
Em resposta às tentativas de colonização estrangeira, os portu- Os fatores humanos que contribuíram para o povoamento da
gueses partiram de Pernambuco para confrontar os franceses, que Amazônia foram semelhantes aos encontrados em outras partes do
estavam se estabelecendo nas costas brasileiras, notadamente no Brasil:
Maranhão, onde São Luiz se destacava como o principal ponto da - O Índio: Apesar de constituir uma população numerosa, os in-
colônia francesa. Em 1616, uma expedição liderada por Francisco dígenas não eram considerados fonte suficiente para o árduo tra-
Caldeira Castelo Branco expulsou os franceses do Maranhão e avan- balho requerido na região. Por isso, eram frequentemente caçados
çou para o norte, estabelecendo o Forte do Presépio, que se tornou violentamente pelos sertanistas, reunidos em aldeamentos pelos
o núcleo inicial da povoação de Belém e a base estratégica dos por- missionários e submetidos pelas autoridades civis e militares. Os
tugueses contra os invasores estrangeiros. aldeamentos representavam o maior núcleo humano, utilizado para
No ano de 1612, os primeiros jesuítas adentraram o Maranhão, diversas tarefas.
assumindo a responsabilidade pela catequese dos nativos, sujeitan- - O Negro Africano: Embora não tenha sido tão representativo,
do-os às atividades laborais em prol dos colonizadores. os africanos eram escravizados. Devido à incipiência da agricultura
na época, sua mão de obra não era tão essencial. A falta de recursos
Expedição de Pedro Teixeira financeiros também limitava o comércio de escravos pelos colonos,
Em 1621, sob o comando de Pedro Teixeira, os portugueses mesmo com a insistência do governo para facilitar o mercado ne-
derrotaram os últimos bastiões ingleses, irlandeses e holandeses greiro. Os primeiros africanos foram introduzidos pelos holandeses.
na região. Além de Teixeira, exploradores adentraram o território
amazônico, ultrapassando significativamente o alcance de Teixeira. A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará trouxe 12.587
Originados de Belém, Gurupá e Cametá, eles percorreram as re- pessoas para a região, incluindo 7.606 escravos. No início da co-
giões de Tapajós, indo em direção ao Oeste, alcançando os limites lonização, a força de trabalho negra era subestimada devido à fa-
com as colônias espanholas e avançando até o rio Solimões, com cilidade de aprisionamento dos indígenas. A procura por escravos
o intuito de buscar ouro e produtos naturais da região interiorana. africanos intensificou-se após a abolição da escravização indígena
Enquanto exploravam a floresta, também caçavam os nativos, mas pela Lei de 06 de junho de 1755.
enfrentaram dificuldades na busca por ouro e na colheita de recur- A Coroa Portuguesa oficialmente incentivava empreendimen-
sos do interior. Embora a caça aos indígenas fosse mais lucrativa, tos agrícolas para estabilizar a colonização. No entanto, as condi-
era também mais trabalhosa, levando os portugueses a se torna- ções para o desenvolvimento agrícola eram desfavoráveis devido
rem os ocupantes efetivos da Amazônia em um período de 10 anos. ao acesso distante aos escravos negros, altos custos de transporte,
Entre 1600 e 1630, os portugueses consolidaram seu domínio falta de recursos agrícolas excepcionais e metais preciosos, baixa
total na foz do rio Amazonas. Em 28 de outubro de 1637, sob o produção nas colheitas e a pobreza dos colonos incapazes de com-
comando de Pedro Teixeira, uma expedição partiu com sucesso do prar escravos.
Porto de Belém, violando o Tratado de Tordesilhas em quase 1.500 Diante dessas dificuldades, os colonos optaram por escravizar
milhas. os índios para utilizá-los como mão-de-obra, apesar da resistência
Em 1669, para bloquear a passagem de navios holandeses que dos missionários. Esta prática hostilizava os colonos, cujos investi-
desciam do Orenoco para negociar com os índios Omágua, o co- mentos econômicos regrediam por falta de mão-de-obra, enquanto
mandante Pedro da Costa Favela construiu a fortaleza da Barra de florescia a agricultura e a pecuária dos jesuítas. A atividade coletora
S. José do Rio Negro. Frei Teodoro, um franciscano, foi responsável tornou-se atraente para a população “cabocla” devido às exigên-
pelo estabelecimento dos índios Tarumá na boca do rio Negro, ori- cias mínimas de capital. Entre 1760 e 1822, mais da metade das
ginando o povoado que se tornaria, no futuro, a cidade de Manaus. exportações do Pará provinha principalmente de fontes silvestres,
Após diversas aventuras e descobertas, a região acabou sendo em detrimento das plantações agrícolas.
negligenciada e caiu no esquecimento, até que os frades Domingos
de Brieba e André Toledo desceram novamente o rio Amazonas, Povoamentos Indígenas nos séculos XVI a XVIII
chegando a Belém do Pará e despertando o interesse de outros ca- O desaparecimento das nações indígenas que habitavam as
pitães portugueses. Pedro Teixeira, apesar da oposição da Câmara margens do Rio Amazonas, substituídas por grupos indígenas trazi-
Municipal de Belém do Pará, liderou a viagem em 1637 em direção dos pelos colonizadores dos afluentes, resultará em uma etnografia
aos confins da Amazônia, conquistando a região de Paianino em 16 distinta daquela encontrada pelos exploradores iniciais. Os padrões
de agosto de 1639. Essa expedição foi justificada pela Carta Régia, demográficos e organizacionais da população original desapare-
que estabeleceu a capitania do Cabo do Norte em 1637, por decre- cem, dando lugar a novos grupos, levando ao desenraizamento e
to de Felipe IV da Espanha. ao processo de aculturação intertribal e interétnica. Essa nova po-
No entanto, todos os esforços empreendidos pela expedição pulação assimilará técnicas cruciais para a navegação fluvial, for-
não foram suficientes para evitar o abandono da Amazônia naque- mando a cultura do tapuio ou caboclo, na qual também se incluirá a
la época, especialmente considerando a vasta extensão geográfica população branca e mameluca da região.
que ia da foz do rio Amazonas à província de Quito e dos altiplanos A narrativa dos povoados ribeirinhos do Rio Amazonas come-
guianenses à Bacia do Mamoré – Guaporé. ça com os mitos das amazonas americanas e das terras de Oma-
gua e El Dorado. Quando a ilusão de riquezas fabulosas se dissipa,
franceses, holandeses e ingleses estabelecem feitorias e relações
de escambo na região. Os portugueses reagem, desalojando os in-
vasores. A chegada de dois franciscanos a Belém, via rios Napo e
Amazonas, demonstra a viabilidade de alcançar o Peru através do
Amazonas.

253
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Nas regiões do Alto e Médio Amazonas, alguns povos principais acumulavam considerável riqueza, chegando a rivalizar com o Esta-
apresentam características distintas em termos de bases territo- do português em poder econômico.
riais, etnias, relações genéticas, filiações linguísticas e traços cultu- Em 1734, um exemplo da sua influência econômica era eviden-
rais significativos. ciado pelo embarque para Lisboa de 2.538 arrobas de cacau, além
A várzea, integrante do sistema fluvial do Rio Amazonas, repre- de uma considerável quantidade de cravo e salsa parrilha, todos
senta um tipo de solo formado pelos elementos depositados duran- provenientes do interior, sem o pagamento de dízimos ao Estado
te as inundações características da região. O leito maior dos rios, nem direitos alfandegários na metrópole.
a várzea pode ocorrer em ambas as margens ou apenas em uma A riqueza dos jesuítas, sua isenção fiscal, o controle sobre a mão
delas, ou mesmo inexistir em determinadas áreas, dependendo da de obra e sua participação nas câmaras municipais tornavam-nos
região. Esse ecossistema não é homogêneo, e seu ciclo biótico está um grande obstáculo para os esforços do Marquês de Pombal em
intrinsecamente ligado ao regime fluvial. A várzea concentra uma modernizar Portugal. Ao expulsá-los, Pombal almejava retomar o
parte significativa da história indígena ao longo do Rio Amazonas. controle sobre a mão de obra indígena, aumentar a produtividade
nas colônias e elevar a arrecadação de impostos.

A POLÍTICA POMBALINA: PORTUGAL METROPOLITANO; Tratado de Madri – 1750 - D. João V (Portugal) / D. Fernando VI
MEDIDAS POMBALINAS. DEMARCAÇÕES DE LIMITES: (Espanha) – 13 de janeiro de 1750
TRATADOS DE MADRI E DE SANTO ILDEFONSO. A Com o desejo de consolidar eficazmente a sincera e cordial ami-
CAPITANIA DE MATO GROSSO zade, especialmente no que se refere aos limites das duas Coroas
na América, cujas conquistas têm avançado com incerteza e dúvida
O primeiro-ministro do Rei D. José I atendia pelo nome de Se- devido à falta de averiguação dos verdadeiros limites desses domí-
bastião José de Carvalho e Melo, que posteriormente se tornaria o nios, ou da localização para a qual se deve imaginar a Linha Divisó-
Marquês de Pombal. Durante seu mandato, uma série de reformas ria, ambas as Coroas, Portugal e Espanha, apresentaram alegações.
econômicas e administrativas significativas foram implementadas Por parte da Coroa de Portugal, afirmava-se que ao contar os 180º
em Portugal, em seu império colonial e, notadamente, na Amazô- da demarcação, desde a linha para o Oriente, a Espanha ocupava
nia. Pombal era um autêntico déspota esclarecido, caracterizado mais espaço do que o atribuído aos portugueses na América meri-
por governar de maneira absolutista, porém, influenciado pelas dional, ao Ocidente da mesma Linha, devido à extensão do domínio
ideias iluministas. O iluminismo, ou movimento das luzes, preconi- espanhol na extremidade Asiática do mar do sul, que ultrapassava
zava a emancipação humana do estado de ignorância, promovendo os 180º.
o uso da razão e da ciência, com ênfase no ser humano como foco Já por parte da Coroa de Espanha, alegava-se que ao imaginar
central de atenção. a linha de norte a sul a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde,
O governo de Pombal destacou-se por sua tentativa de moder- mesmo que não estivesse especificado de qual ilha começar a con-
nizar Portugal em relação às demais potências europeias, adotando tar, e concordando que se começasse pela mais ocidental, Santo An-
medidas inspiradas nas ideias iluministas. Seu objetivo primordial tão, as 370 léguas chegariam apenas à cidade do Pará. No entanto,
era recuperar o controle sobre todas as riquezas provenientes das Portugal ocupou as duas margens do rio Amazonas, estendendo-se
colônias em direção a Lisboa. Antes do governo de Pombal, grande até a boca do rio Javarí, assim como no interior do Brasil com a in-
parte das riquezas coloniais portuguesas caía nas mãos de holan- ternação que fez até o Cuiabá e Mato Grosso.
deses que participavam do comércio ou de piratas que atacavam as Após a análise dessas razões pelos dois Monarcas, decidiram
embarcações portuguesas. Além disso, os jesuítas detinham consi- encerrar as disputas passadas e futuras, deixando de usar e esque-
derável poder nas colônias portuguesas, principalmente devido ao cer todos os direitos e ações que poderiam pertencer-lhes em vir-
controle sobre a mão-de-obra. Por meio das reformas, Portugal al- tude dos tratados de Tordesilhas, Lisboa, Utrecht e da escritura de
mejava modernizar-se e restabelecer o domínio sobre o que restava Saragoça, ou de qualquer outro fundamento que pudesse influen-
de seu vasto império colonial. ciar a divisão de seus domínios por linha meridiana.

As principais medidas das reformas pombalinas incluíram: Tratado preliminar de limites - Sto. Ildefonso Dona Maria I
- Expulsão da ordem jesuíta de todas as colônias portuguesas; (Portugal) / Carlos III (Espanha) 1º outubro de 1777
- Criação das companhias de comércio, iniciada pela Companhia Com a Divina Providência inspirando os nobres corações de
Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão; Suas Majestades Fidelíssima (Portugal) e Católica (Espanha) com
- Instituição do Diretório dos índios, transferindo o controle da o sincero desejo de pôr fim às discordâncias que perduram entre
mão-de-obra para funcionários da coroa portuguesa; as duas Coroas, assim como entre seus respectivos súditos, ao lon-
- Política de integração e assimilação dos indígenas aos coloni- go de quase três séculos, em relação aos limites de seus domínios
zadores. na América e na Ásia. Com o intuito de alcançar esses objetivos de
grande importância, foram nomeados representantes, os quais,
A expulsão dos jesuítas após compartilhar e validar seus plenos poderes de maneira apro-
A expulsão dos jesuítas, ocorrida no século XVI, foi uma res- priada, concordaram nos seguintes artigos, guiados pelas diretrizes
posta da Igreja Católica à Reforma Protestante. A Ordem Jesuíta, e intenções de seus Soberanos.
diretamente subordinada ao Papa, causava descontentamento em
Portugal, uma vez que o restante do clero respondia primeiramente
à coroa portuguesa e, em seguida, ao Papa. A independência dos
jesuítas poderia gerar conflitos de ideias na metrópole e, principal-
mente, confrontos de ações nas colônias. Na Amazônia, os jesuítas

254
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Capitania do Mato Grosso Com a Proclamação da República Brasileira (1889) e a Constitui-


A Coroa portuguesa estabeleceu a Capitania de Mato Grosso, ção de 1891, a antiga província foi transformada no estado de Mato
no Brasil, em 9 de maio de 1748, por meio de desmembramento Grosso, que posteriormente foi subdividido nos estados atuais de
do território da Capitania de São Paulo. A capital da nova capitania Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
foi Vila Bela da Santíssima Trindade, mantendo-se nessa posição de
1752 a 1815.
O SÉCULO XIX: A ECONOMIA NA PRIMEIRA METADE DO
SÉCULO XIX
Antecedentes
No século XVI, as atuais regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil fa-
Economia de Mato Grosso durante a Primeira República: Usi-
ziam parte do território da Coroa espanhola, conforme estipulado
nas de Açúcar e Criação de Gado
pelo Tratado de Tordesilhas (1494). A área, explorada ocasional-
No ano de 1894, os salesianos foram solicitados pelo bispo Dom
mente por aventureiros e missionários, viu os jesuítas espanhóis
Carlos Luís D’Amour, a pedido do fundador Dom Bosco, a estabele-
iniciarem a colonização da região das Missões (Itatín, Guairá) no sé-
cerem-se em Mato Grosso. Sua presença deixou um marcante le-
culo XVII, até serem expulsos pelos bandeirantes paulistas a partir
gado cultural no estado, destacando-se por suas missões junto aos
de 1680.
povos indígenas. O período político tumultuado de 1889 a 1906 foi
No século XVIII, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral descobriu
marcado por avanços econômicos significativos. Usinas de açúcar às
ouro na região de Mato Grosso (1719), resultando na fundação de
margens do Rio Cuiabá prosperaram, transformando-se em impor-
Cuiabá (1723), elevada à categoria de vila com o nome de Vila Real
tantes potências econômicas no estado.
do Senhor Bom Jesus em 1º de janeiro de 1727, pelo Governador
Dentre essas, destacam-se as Usinas da Conceição, Aricá e Itai-
e Capitão-general da Capitania de São Paulo, Rodrigo César de Me-
cy, entre outras. A produção de borracha também experimentou
neses.
um notável impulso, e as plantações de erva-mate na região fron-
Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como “Anhanguera,” en-
teiriça com o Paraguai emergiram como outra fonte crescente de
tre 1722 e 1728, explorou Goiás, descobrindo ouro e estabelecendo
riqueza. Em 1905, teve início a construção da estrada de ferro, que
os primeiros arraiais e povoações.
cortou o sul do estado.
A pecuária, com a criação de gado e suínos, desempenhou um
A Capitania de Mato Grosso
papel crucial na economia de Mato Grosso durante os séculos XVII
Por volta de 1732, o ouro de aluvião em Cuiabá mostrava si-
e XIX.
nais de esgotamento, levando à exploração do vale do rio Guaporé
(1733-1734). Manuel Félix de Lima desceu os rios Guaporé, Madei-
Economia entre os séculos XVIII, XIX e meados dos séculos XX
ra e Amazonas, abrindo caminho até Belém do Pará (1742). Poste-
• Culturas agrícolas: Cana-de-açúcar, erva-mate (arrendamento
riormente, foram encontrados diamantes em Goiás (1746) e Mato
pela Cia Matte Laranjeira, gerando uma renda seis vezes maior que
Grosso (1747). Essas descobertas levaram ao desmembramento da
a do estado de Mato Grosso), poaia (exportação rica em emetina
Capitania de São Paulo (Carta-régia de 9 de março de 1748), criando
com propriedades medicinais, presente na Bacia do Rio Paraguai
as Capitanias Gerais de Goiás (sede em Vila Boa de Goiás) e Mato
e do Guaporé, abrangendo Cáceres, Barra do Bugres, Vila Bela e
Grosso. A capital desta última foi estabelecida em Pouso Alegre
Cuiabá).
e, posteriormente, em Vila Bela da Santíssima Trindade de Mato
• Borracha: Mangabeiras nas regiões dos rios Paraguai e Ama-
Grosso, a partir de 19 de março de 1752. A instalação da Casa dos
zonas.
Quintos (1751) em ambas as capitais visava arrecadar tributos e for-
• Pecuária: Século XVIII - Atividade subsidiária (Cuiabana e
tificar o limite ocidental da Colônia. Os Tratados de Madrid (1750)
Guapareana) - impulsionou o desenvolvimento da indústria do
e de Santo Ildefonso (1777) com a Espanha finalizaram o processo,
charque em Cáceres.
definindo as fronteiras na região.
• Hidrovia - Rio Paraná/Rio Paraguai - 1858-1870 - Ativada em
1880, ligando Cáceres ao Uruguai.
Ao longo de sua história, os governadores e capitães-generais
• Território com aproximadamente 1.750.000 km² - População
foram:
de 17 milhões de habitantes (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai) -
- Antônio Rolim de Moura Tavares (1751-1765)
Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Cáceres, com um
- João Pedro da Câmara (1764-1769)
parque industrial voltado para exportação de produtos via Merco-
- Luís Pinto de Sousa Coutinho (1769-1772)
sul.
- Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres (1772-1789)
- João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres (1789-1796)
- Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1796-1802) A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTRA O PARA-
- Manuel Carlos de Abreu e Meneses (1802-1807) GUAI: A PARTICIPAÇÃO DE MATO GROSSO
- João Carlos Augusto d’Oeynhausen e Gravembourg, Marquês
de Aracati (1807-1819)
Guerra da Tríplice Aliança Contra o Paraguai
- Francisco de Paula Magessi de Carvalho, Barão de Vila Bela
(1819-1821).
Guerra do Paraguai
Entre novembro de 1864 e março de 1870, desenrolou-se a
Da Independência aos nossos dias
Guerra do Paraguai, a mais longa e sangrenta guerra na América do
Em 28 de fevereiro de 1821, às vésperas da Independência do
Sul, com consequências que influenciaram decisivamente a história
Brasil, a região foi elevada à categoria de província, mantendo o
dos países envolvidos. Até maio de 1865, enfrentaram-se apenas
mesmo nome.

255
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

o Paraguai e o Brasil. A partir daí, com a assinatura do tratado da tante da Inglaterra, enquanto o Paraguai lutava sozinho.
Tríplice Aliança, os paraguaios passaram a lutar contra o Brasil, a
Argentina e o Uruguai. Sob o ponto de vista militar, a Guerra do Paraguai pode ser di-
Dentre aos razoes que desencadearam a guerra do Paraguai, vidida em quatro grandes fases:
destacam-se em primeiro lugar as questões que dividiam os países -Ofensiva paraguaia (dezembro de 1864 a dezembro de 1865);
do Prata. a iniciativa militar coube aos paraguaios e a guerra desenrolou-se
O Paraguai, em meados do século XIX, era um país diferente em território brasileiro e argentino;
dos demais da América latina. Desde a sua independência em 1811, -Invasão do Paraguai (de janeiro de 1866 a janeiro de 1868): a
até a guerra, tivera apenas três governantes: Francia, Carlos Antô- guerra já em território paraguaio, foi comandada pelo aliado gene-
nio Lopez e seu filho Francisco Solano Lopez. O governo paraguaio ral Mitre;
não era democrático, como não era nenhum dos outros governos -Comando de Caxias (de janeiro de 1868 a janeiro de 1869):
latino-americanos. Caxias assumiu o comando geral dos Aliados;
Apesar disso, o governo paraguaio, mais do que qualquer outro -Campanha da Cordilheira (janeiro de 1869 a março de 1870):
do continente, realizava uma política favorável às camadas popula- sob o comando de Conde D’Eu, destruiu-se o remanescente do
res. Desde os tempos de Francia, a elite agrária fora progressiva- exército paraguaio.
mente eliminada, e suas terras expropriadas pelo governo e entre-
gues em usufruto aos trabalhadores rurais. O mesmo acontecera Consequências da Guerra
com a exploração de madeira e erva-mate, produtos monopoliza- A Guerra do Paraguai teve consequências dramáticas para am-
dos pelo Estado. bos os lados.
Assim, em meados do século XIX, o padrão médio de vida do O Paraguai ficou completamente destruído, e perdeu 150000
povo paraguaio superava o de qualquer outro povo latino-america- km² de territórios cedidos ao Brasil e à Argentina. Durante a ocu-
no: o analfabetismo fora quase erradicado e era garantido o empre- pação aliada (1870-1876), o nascente parque industrial paraguaio
go, a moradia, alimentação e vestuário para a maioria das famílias. foi totalmente destruído pelos aliados, sendo a fundição de Ibicuí
Embora pobre, o Paraguai não tinha dívida externa, suas riquezas completamente demolida. A ferrovia foi vendida a preço de suca-
não eram exploradas por estrangeiros e estava começando a criar ta para os ingleses e as reservas de mate e madeira vendidas para
um parque industrial próprio. empresas estrangeiras. As terras públicas que eram cultivadas pe-
los camponeses passaram para as mãos de banqueiros ingleses, ho-
Causas da guerra landeses e estadunidenses, que passaram a aluga-las aos próprios
Em 1850, brasil e Paraguai assinaram um tratado comprome- paraguaios.
tendo-se a defender a independência do Uruguai. Pouco depois, Além desses aspectos, a consequência mais trágica da guerra
Paraguai e Uruguai assinaram um novo tratado, estabelecendo que foi a dizimação da população paraguaia: estima-se que 75% da po-
se qualquer vizinho invadisse um desses países, o outro lhe pres- pulação paraguaia tenha morrido em decorrência da guerra, com
taria imediato auxilio militar. Por isso, em agosto de 1864, quando 90% da população masculina dizimada.
o Brasil já ameaçava claramente invadir o Uruguai para derrubar o
governo de Aguirre, o presidente paraguaio, Solano Lopez, comuni- Guerra no Mato Grosso5
cou ao Império que consideraria a invasão atentatória ao equilíbrio Proclamada a 23 de julho de 1840 a maioridade de Dom Pedro
político do Prata e agiria conforme essa convicção. II, Mato Grosso foi governado por 28 presidentes nomeados pelo
Mesmo assim, em setembro de 1864, o governo imperial or- Imperador, até à Proclamação de República, ocorrida a 15/11/1889.
denou o ataque ao Uruguai. Com base nos tratados anteriores e na Durante o Segundo Império (governo de Dom Pedro II), o fato mais
certeza de que seriam as próximas vítimas, os paraguaios reagiram: importante que ocorreu foi a Guerra da Tríplice Aliança, movida pela
em novembro, aprisionaram o navio Brasileiro “Marquês de Olinda” República do Paraguai contra o Brasil, Argentina e Uruguai, iniciada
em frente a assunção, e logo em seguida, Solano Lopez declarou a 27/12/1864 e terminada a 01/03/0870 com a morte do Presiden-
guerra ao Brasil. te do Paraguai, Marechal Francisco Solano Lopez, em Cerro-Corá.
Entre novembro de 1864 e maio de 1865, a guerra envolveu Os episódios mais notáveis ocorridos em terras mato-grossen-
apenas Brasil e Paraguai. A partir dessa data, com a oficialização ses durante os 5 anos dessa guerra foram:
da Tríplice Aliança, o Paraguai passou a enfrentar Brasil, Argentina a) o início da invasão de Mato Grosso pelas tropas paraguaias,
e Uruguai. pelas vias fluvial e terrestre;
O balanço das forças, ao iniciar-se a guerra, era o seguinte: b) a heroica defesa do Forte de Coimbra;
Brasil, 18000 soldados; Argentina, 8000; Uruguai, 1500; Paraguai, c) o sacrifício de Antônio João Ribeiro e seus comandados no
60000. Apesar da vantagem no tamanho das tropas, o Paraguai en- posto militar de Dourados.
frentava um grande número de desvantagens em relação aos ini- d) a evacuação de Corumbá;
migos. e) os preparativos para a defesa de Cuiabá e a ação do Barão
Os aliados tinham 13 milhões de habitantes, contra 800 mil do de Melgaço;
Paraguai, a dimensão territorial dos inimigos impedia que os pa- f) a expulsão dos inimigos do sul de Mato Grosso e a retirada
raguaios os ocupassem efetivamente. A única via de comunicação da Laguna;
do Paraguai com o resto do mundo era o rio da Prata, facilmente g) a retomada de Corumbá;
bloqueável pelos aliados, que também contavam com superiorida- h) o combate do Alegre;
de naval: o Brasil possuía 42 navios, enquanto o Paraguai possuía Pela via fluvial vieram 4.200 homens sob o comando do Coro-
apenas 14 e apenas 3 estavam preparados para a guerra. A última nel Vicente Barrios, que encontrou a heroica resistência de Coimbra
grande vantagem dos países inimigos era o apoio financeiro cons- 5 http://www.mt.gov.br/historia

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

ocupado por uma guarnição de apenas 115 homens, sob o coman- Retirada da Laguna
do do Tte. Cel. Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero. Pela A retirada da Laguna foi, sem dúvida, a página mais brilhante
via terrestre vieram 2.500 homens sob o comando do Cel. Isidoro escrita pelo Exército Brasileiro em toda a Guerra da Tríplice Aliança.
Rasquin, que no posto militar de Dourados encontrou a bravura do O Visconde de Taunay, que dela participou, imortalizou-a num dos
Tte. Antônio João Ribeiro e mais 15 brasileiros que se recusaram a mais famosos livros da literatura brasileira. A retomada de Corumbá
rendição, respondendo com uma descarga de fuzilaria à ordem para foi outra página brilhante escrita pelas nossas armas nas lutas da
que se entregassem. Guerra da Tríplice Aliança. O presidente da Província, então o Dr.
Foi ai que o Tte. Antônio João enviou ao Comandante Dias da Couto de Magalhães, decidiu organizar três corpos de tropa para
Silva, de Nioaque, o seu famoso bilhete dizendo: “Ser que morro recuperar a nossa cidade que há quase dois anos se encontrava em
mas o meu sangue e de meus companheiros será de protesto solene mãos do inimigo. O 1º corpo partiu de Cuiabá a 15.05/1867, sob
contra a invasão do solo da minha Pátria” A evacuação de Corumbá, as ordens do Tte. Cel. Antônio Maria Coelho. Foi essa tropa leva-
desprovida de recursos para a defesa, foi outro episódio notável, da pelos vapores “Antônio João”, “Alfa”, “Jaurú” e “Corumbá” até o
saindo a população, através do Pantanal, em direção a Cuiabá, onde lugar denominado Alegre. Dali em diante seguiria sozinha, através
chegou, a pé, a 30 de abril de 1865. dos Pantanais, em canoas, utilizando o Paraguai -Mirim, braço do
Na expectativa dos inimigos chegarem a Cuiabá, autoridades e rio Paraguai que sai abaixo de Corumbá e que era confundido com
povo começaram preparativos para a resistência. Nesses preparati- uma “boca de baía”.
vos sobressaia a figura do Barão de Melgaço que foi nomeado pelo Desconfiado de que os inimigos poderiam pressentir a pre-
Governo para comandar a defesa da Capital, organizando as forti- sença dos brasileiros na área, Antônio Maria resolveu, com seus
ficações de Melgaço. Se os invasores tinham intenção de chegar a Oficiais, desfechar o golpe com o uso exclusivo do 1º Corpo, de
Cuiabá dela desistiram quando souberam que o Comandante da de- apenas 400 homens e lançou a ofensiva de surpresa. E com esse
fesa da cidade era o Almirante Augusto Leverger - o futuro Barão de estratagema e muita luta corpo a corpo, consegui o Comandante
Melgaço -, que eles já conheciam de longa data. Com isso não subi- a recuperação da praça, com o auxílio, inclusive, de duas mulheres
ram além da foz do rio São Lourenço. Expulsão dos invasores do sul que o acompanhavam desde Cuiabá e que atravessaram trincheiras
de Mato Grosso- O Governo Imperial determinou a organização, no paraguaias a golpes de baionetas. Quando o 2º Corpo dos Voluntá-
triângulo Mineiro, de uma “Coluna Expedicionária ao sul de Mato rio da Pátria chegou a Corumbá, já encontrou em mãos dos brasi-
Grosso”, composta de soldados da Guarda Nacional e voluntários leiros. Isso foi a 13/06/1867. No entanto, com cerca de 800 homens
procedentes de São Paulo e Minas Gerais para repelir os invasores às suas ordens o Presidente Couto de Magalhães, que participava
daquela região. Partindo do Triângulo em direção a Cuiabá, em Co- do 2º Corpo, teve de mandar evacuar a cidade, pois a varíola nela
xim receberam ordens para seguirem para a fronteira do Paraguai, grassava, fazendo muitas vítimas. O combate do Alegre foi outro
reprimindo os inimigos para dentro do seu território. episódio notável da guerra. Quando os retirantes de Corumbá, após
A missão dos brasileiros tornava-se cada vez mais difícil, pela a retomada, subiam o rio no rumo de Cuiabá, encontravam-se nes-
escassez de alimentos e de munições. Para cúmulo dos males, as se porto “carneando” ou seja, abastecendo-se de carne para a ali-
doenças oriundas das alagações do Pantanal mato-grossense, de- mentação da tropa eis que surgem, de surpresa, navios paraguaios
vastou a tropa. Ao aproximar-se a coluna da fronteira paraguaia, tentando uma abordagem sobre os nossos.
os problemas de alimentos e munições se agravava cada vez mais A soldadesca brasileira, da barranca, iniciou uma viva fuzilaria e
e quando se efeito a destruição do forte paraguaio Bela Vista, já após vários confrontos, venceram as tropas comandadas pela cora-
em território inimigo, as dificuldades chegaram ao máximo. Decidiu gem e sangue frio do Comandante José Antônio da Costa. Com essa
então o Comando brasileiro que a tropa segue até a fazenda Lagu- vitória chegaram os da retomada de Corumbá à Capital da Província
na, em território paraguaio, que era propriedade de Solano Lopez (Cuiabá), transmitindo a varíola ao povo cuiabano, perdendo a ci-
e onde havia, segundo se propalava, grande quantidade de gado, o dade quase a metade de sua população. Terminada a guerra, com a
que não era exato. Desse ponto, após repelir violento ataque para- derrota e morte de Solano Lopez nas “Cordilheiras” (Cerro Corá), a
guaio, decidiu o Comando empreender a retirada, pois a situação 1º de março de 1870, a notícia do fim do conflito só chegou a Cuia-
era insustentável. bá no dia 23 de março, pelo vapor “Corumbá”, que chegou ao porto
Iniciou-se aí a famosa “Retirada da Laguna”, o mais extraordi- embandeirado e dando salvas de tiros de canhão. Dezenove anos
nário feito da tropa brasileira nesse conflito. Iniciada a retirada, a após o término da guerra, foi o Brasil sacudido pela Proclamação da
cavalaria e a artilharia paraguaia não davam tréguas à tropa brasi- República, cuja notícia só chegou a Cuiabá na madrugada de 9 de
leira, atacando-as diariamente. Para maior desgraça dos nacionais dezembro de 1889.
veio o cólera devastar a tropa. Dessa doença morreram Guia Lopes,
fazendeiro da região, que se ofereceu para conduzir a tropa pelos Consequências do pós Guerra para a Província de Mato Gros-
cerrados sul mato-grossenses, e o Coronel Camisão, Comandante so:
das forças brasileiras. No dia da entrada em território inimigo (abril - Reabertura da Bacia Platina.
de 1867), a tropa brasileira contava com 1.680 soldados. A 11 de - Afirmação dos principais portos: Corumbá, Cuiabá e Cáceres.
junho foi atingido o Porto do Canuto, às margens do rio Aquidaua- - Surgimento de um nova burguesia: comercio de importação
na, onde foi considerada encerrada a trágica retirada. Ali chegaram e exportação.
apenas 700 combatentes, sob o comando do Cel. José Thomás Gon- - Aumento territorial.
çalves, substituído de Camisão, que baixou uma “Ordem do dia”, - Imigração.
concluída com as seguintes palavras: “Soldados! Honra à vossa
constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nos- Economia Mato-grossense após a Guerra da Tríplice Aliança
sas bandeiras”. POAIA - Também conhecida como Ipéca ou Ipecacuanha esta
planta com o formato de um arbusto de aproximadamente 45 cm

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

de altura, tem a sua raiz utilizada devidos as suas propriedades me- máquinas e instalaram as primeiras usinas. Essas usinas se localiza-
dicinais. A poaia destacou-se na economia de Mato Grosso, a partir vam as margens do Rio Paraguai, sendo a que mais se destacou foi
de 1860, logo na segunda metade do século XIX período em que a Usina Ressaca, e nas margens do Rio Cuiabá (na região de Santo
ocorreu a Revolução Industrial na Europa. A extração se dava na Antonio) sendo as que mais de destacaram foram as Usinas Itaicí,
região oeste de Mato Grosso onde ela é nativa. Através do arrenda- maravilha, Conceição. As usinas se localizavam as margens dos rios
mento de terras devolutas para empresários nacionais e estrangei- devido a fertilidade do solo e a facilidade do escoamento da produ-
ros extraiam a sua raiz sempre no período das chuvas. A seguir, esse ção, pois nesse período a produção era escoada pela Bacia Platina e
produto do extrativismo vegetal era destinado ao mercado externo, seu mercado consumidor era tanto o mercado interno como os paí-
mais especificamente a Europa, para atender as necessidades das ses da América do Sul e outras províncias brasileiras. A mão de obra
indústrias farmacêuticas. Já no Brasil, esta raiz passou a ser consu- utilizada nas Usinas era assalariada, baseado na produção e com
mida somente a partir da década de 40, com o desenvolvimento in- tratamento escravista. Os proprietários das usinas eram conhecidos
dustrial promovido pelo governo Vargas. No século XIX, a poaia era como “Coronel” e as pessoas que trabalhavam nesta atividade eram
escoada para a Europa através da Bacia Platina, sendo que a mão chamados de “Camaradas”. A usina mais importante com certeza
de obra utilizada para sua extração era assalariada, mas baseada na foi a de “Itaicí”. Era de propriedade de Totó Paes de Barros, e che-
produção e os trabalhadores recebiam tratamento escravista. gou a pagar os seus trabalhadores com a sua própria moeda. Essa
moeda era feita de cobre e recebia o nome de “Tarefa”. Esse fato
- BORRACHA - O auge da extração o látex em Mato Grosso se demonstra a força política de seu proprietário, considerado um dos
deu a partir de 1870 com o avanço da industrialização. E, 1834, a maiores coronéis da região, e chegou a ocupar o cargo de Presi-
borracha já passava pelo processo da vulcanização desenvolvida dente do Estado de Mato Grosso. Os camaradas de Itaicí chegavam
por Charles Goodyear e pelo processo de elasticidade e resistên- a trabalhar até 19 horas por dia no período das safras e eram cas-
cia desenvolvida por Hancoock. Em Mato Grosso, a látex podia ser tigados, humilhados pelo patrão. Na década de 30, com ascensão
extraído tanto da seringueira, localizada na região norte (vale Ama- de Vargas, a sorte dos usineiros começou a mudar. Getúlio Vargas
zônico), como da mangabeira, encontrada às margens dos Rios da empreendeu uma série de medidas que visavam destruir o poder
Bacia Platina. Ao contrário da poaia, a borracha era sempre extraída destes coronéis. Uma destas medidas foi a criação do I.A.A. (Institu-
no período das secas, uma vez que o látex malhasse, ele não pode- to do Álcool e do Açúcar). Com o objetivo de financiar a produção
ria ser coagulado (processo pelo qual ele passava antes de ser trans- das usinas, o governo federal estabeleceu que somente os grandes
portado). O mercado consumidor da borracha era a Europa, e seu produtores receberiam financiamento, e como Mato Grosso tinha
escoamento no século XIX ocorreu através da Bacia Platina. No sé- uma pequena produção, os usineiros de MT faliram. Outra medida
culo XX , o produto era escoado através da estrada de ferro Madei- que enfraqueceu mais ainda o poder destes produtores de açúcar
ra-Momoré até o porto de Manaus. A mão de obra utilizada na sua foi a cobrança das leis trabalhistas.
extração era assalariada, baseada na produção e com o tratamento
escravista. A produção de borracha era realizada principalmente - PECUÁRIA - A pecuária no século XVIII abastecia o mercado
pelos nordestinos, que vieram trabalhar na extração da borracha interno. O gado era criado solto, consequentemente era uma eco-
com a promessa de uma vida melhor. A decadência da produção nomia de baixa produtividade. A região que mais se destacou na
ocorreu a partir de 1912, quando os ingleses levaram mudas da criação do gado foi Vila Maria de Cáceres. Uma das fazendas mais
seringueira para a Ásia. O plantio obteve sucesso, e não demorou importantes desse período foi a Fazenda Jacobina. No século XIX,
para que os asiáticos se tornassem o maior produtos mundial da com a Revolução Industrial na Vila Maria de Cáceres esta começou
extração do látex. O governo brasileiro tentou reverter à situação, a se destacar pelo surgimento das usinas de charque, sendo a mais
criando o “Plano de Defesa da Borracha”. Para isso tomou algumas importante a de Descalvado. Descalvado, localizada as margens do
medidas como incentivo da plantação de árvores, a isenção dos Rio Paraguai era uma saladeiro que foi construído com o capital bel-
impostos para a importação de equipamentos que facilitassem a ga e posteriormente foi vendido aos argentinos. O escoamento do
extração do látex. Mas estas tentativas não foram suficientes para charque era feito através da Bacia Platina, e a mão de obra utilizada
colocar o Brasil novamente como líder mundial. Durante o Governo era assalariada. No entanto, o pagamento feito ao peão geralmente
de Getúlio Vargas, com os incentivos dados a indústria nacional, o era em gado. Durante o século XX, na Primeira República, com a
látex passou a atender o mercado interno. construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a pecuária flo-
resceu principalmente na região sul de Mato Grosso. O gado era
- CANA DE AÇÚCAR - Em relação à cana de açúcar na História criado em MT e transportado pel estrada de ferro até Bauru e Ube-
de Mato Grosso podemos descrevê-la em dois momentos. Primei- raba, onde era abatido e beneficiado. Com a pecuária, Corumbá
ramente no século XVIII, quando o governo português interessado se tornou local de instalação de grandes casas comerciais, em sua
na mineração, proibiu a instalação dos engenhos. O governo alegou grande maioria estrangeiras. Ocorreu a valorização das terras nessa
que a produção de aguardente trazia efeitos prejudiciais aos escra- região, o aparecimento de cidades como Águas Claras e Três Lagoas,
vos, e que ao invés de minerar só queriam se dedicar à fabricação além do crescimento e desenvolvimento da região de Campo Gran-
dela. Os engenhos eram movidos por tração animal ou através de de, que passou a ambicionar o stratus de capital.
uma roda d’água, sendo encontrados em pequenas propriedades,
e voltados para abastecer o mercado interno, como por exemplo, - ERVA MATE - A erva mate é um produto do extrativismo ve-
as Minas de Cuiabá. Os engenhos se localizavam na região da Cha- getal rico em cálcio, magnésio, sódio, potássio e ferro. Era utilizada
pada (Serra acima) e nas margens do Rio Cuiabá (Santo Antonio do para descansar os músculos, atenuar a fome, tinha função diurética
Rio abaixo). Os engenhos produziam rapadura, melado, açúcar e segundo os médicos e poder afrodisíaco. Era encontrada na região
cachaça. No século XIX, temos o advento da Revolução Industrial e sul de Mato Grosso. Em 1870, após a Guerra do Paraguai, Tomás
o surgimento das máquinas, os proprietários de terras importaram Laranjeira, empresário de visão e tinha sido Secretário do Governo

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

Imperial, usou da sua influência política para arrendar as terras do cutu. Em 1901, Brasil e Inglaterra assinaram o Tratado de Arbitra-
sul ricas em ervais. Com o arrendamento concedido, Tomas Laran- mento em Londres, submetendo o litígio ao rei da Itália. O laudo de
jeira funda a Companhia Mate Laranjeira. Devido a sua influência 1904 determinou a fronteira entre Brasil e Guiana Britânica, com al-
foi fácil conseguir financiamentos e sócios com os irmãos Murtinha. gumas indefinições, resolvidas apenas em 1926 com a assinatura de
Joaquim Murtinho era Ministra da Fazenda do Governo Campos uma “Convenção Complementar e de um Tratado Geral de Limites”.
Salles e Manoel Murtinho era Senador da República e Presidente Em 18 de março de 1930, foi aprovado o Protocolo de Instru-
do Supremo Tribunal Federal. Essa empresa desenvolveu tanto, que ções para a demarcação dessa fronteira, e a Comissão Mista Demar-
a sua renda era seis vezes mais que o valor da renda do Estado de cadora de Limites Brasil-Guiana foi constituída em abril de 1930.
Mato Grosso, por isso se dizia que a Mate Laranjeira era um “Estado Essa fronteira permaneceu em litígio de 1841 a 1904, com o acordo
dentro de outro Estado”. A mão de obra utilizada era principalmen- de Londres prejudicando o Brasil ao perder uma área de 19.630 km²
te dos paraguaios, que estavam desempregados devido à guerra e nas nascentes dos rios Mau e Tacutu.
entravam em Mato Grosso para trabalhar por qualquer salário. Os Em 1932, foi acertado um acordo para a delimitação de áreas
trabalhadores da era mate eram chamados de “Mineros” e eram ribeirinhas entre os dois países, com critérios claros para a adju-
assalariados, recebiam conforme a produção, porém o tratamento dicação de ilhas e o acompanhamento das alterações do leito ou
era escravista. Para a repressão daqueles que não queriam traba- talvegue de rios fronteiriços. Em 1939, a Ata da Décima Primeira
lhar quase como escravos existia a polícia particular da Companhia conferência da Comissão Mista concluiu o trabalho, aprovando a
que se denominavam “Comitiveros”, que demonstra o poder dos descrição da fronteira.
seus proprietários, uma vez que o segundo a legislação somente Após a independência da Guiana em 1966, a questão da fron-
o Estado podia constituir Polícia. A produção do mate era voltada teira foi abordada em 1994, durante a primeira conferência da nova
principalmente para o mercado externo, sendo a Argentina o seu Comissão Mista Brasileiro-Guianense de Limites, que acordou a rea-
princiál comprador. Em 1902, o Governo Campos Salles atravessou lização de uma inspeção geral dos marcos. Em 10 de dezembro de
uma forte recessão, o Banco Rio e Mato Grosso faliu, as suas ações 1894, os brasileiros assumiram uma postura ofensiva na região do
Cia Mate Laranjeiras foram colocadas a venda. O comprador foi Cunani, com líderes como Francisco Xavier da Veiga Cabral, conhe-
Francisco Mendes, empresário argentino. Tal fato levou a empre- cido como Cabralzinho, Desidério Antônio Coelho e Manuel Gonçal-
sa a mudar a sua razão social, e passou a ser chamada Laranjeiras, ves Tocantins. Desidério foi aclamado chefe do movimento.
Mendes e Cia. Nesse momento Tomás Laranjeira ficou responsável
pela extração em Mato Grosso e Francisco Mendes, pela sua indus- Anexação do Acre
trialização, distribuição e venda na Argentina. A decadência da em- Com o advento do ciclo da borracha, um grande número de nor-
presa ocorreu na década de 30, quando Getúlio Vargas estimulou destinos em busca de novas plantações de seringueiras ultrapassou
a produção de erva mate no sul, e o governo não concedeu um os limites do território brasileiro, chegando ao Acre, que na época
novo arrendamento de terras alegando que as terras usadas pela pertencia à Bolívia.
Cia Mate Laranjeira seriam usadas para promover a colonização no Em 1898, a Bolívia estabeleceu uma alfândega no rio Aquiri, em
sul de Mato Grosso. Além disso, a decadência da Companhia estava Puerto Alonso, iniciando a cobrança de pedágios aos brasileiros,
também associada a produção da erva mate em Corrientes e Mis- que resistiram a essa imposição, resultando em repressões e reta-
siones, assim a empresa perdeu o seu maior comprador. liações. Nesse mesmo ano, diversos seringalistas expulsaram os bo-
livianos, dando início ao conflito. Paralelamente, a Bolívia negociava
com empresários internacionais para criar uma empresa destinada
REPÚBLICA: DEFINIÇÃO DAS FRONTEIRAS; a explorar a região do Acre, com apoio militar dos Estados Unidos.
INCORPORAÇÃO DO ACRE AO ESTADO NACIONAL O Estado do Amazonas financiou a segunda rebelião em 1899,
BRASILEIRO; O TERRITÓRIO DE RONDÔNIA com o objetivo de incorporar o território do Acre ao Amazonas. Em
1900, ocorreu a terceira revolta. Temendo a intervenção inglesa no
A questão das fronteiras mercado da borracha, os bolivianos aceleraram as negociações com
A questão das fronteiras na segunda metade do século XIX foi grupos estrangeiros da Bélgica e dos Estados Unidos.
marcada pela criação de comissões destinadas à demarcação da li- Em 1902, a quarta revolta foi liderada por Plácido de Castro. O
nha de fronteira. Em 1912, após a Proclamação da República, Brasil conflito teve início em Xapuri, que foi proclamado como o Estado
e Venezuela assinaram um novo Protocolo de Limites que perdurou Independente do Acre. A luta prosseguiu pela bacia do Purus. Em
por três décadas. Entre 1965 e 1970, uma nova fase demarcatória janeiro de 1903, Puerto Alonso foi tomada e renomeada Porto do
ocorreu, estendendo-se por 1.356 km, com 231 marcos estabele- Acre.
cendo a fronteira de Leste a Oeste, do marco trinacional Brasil-Ve- No dia 17 de novembro de 1903, Brasil e Bolívia assinaram o
nezuela-Guiana até o marco internacional nas coordenadas geográ- Tratado de Petrópolis. Segundo o acordo, a Bolívia vendeu o Acre ao
ficas de 3°40’29’’ Norte e 62°44’30’’ Oeste. Brasil por dois milhões de libras esterlinas, e o Brasil se comprome-
Na fase mais recente, os trabalhos de densificação estão em teu a concluir a construção da estrada de ferro Madeira–Mamoré.
andamento, com 1.770 marcos erguidos até 1993. Embora haja a
possibilidade de mudanças na linha de fronteira entre Brasil e Ve- O território de Rondônia
nezuela durante o adensamento entre as cordilheiras de Pacaraima Até a Constituição de 1988, o Brasil tinha dispositivos legais que
e do Parima, acredita-se que isso não comprometerá as boas rela- permitiam a criação de Territórios da União, unidades autônomas
ções entre os dois países. administrativas dependentes do poder central. A Constituição de
Com relação à República Cooperativista da Guiana, no século 1891 não previa novas conquistas de terras, mas a consolidação dos
XIX, o Governo Imperial do Brasil protestou contra a penetração estados na América do Sul resultou na criação do Território do Acre
inglesa na região do Pirara, ao Norte e Oeste dos rios Cotingo e Ta- pelo Tratado de Petrópolis (1903). Outros Territórios, incluindo o

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

do Guaporé (1943), surgiram nas décadas seguintes. A Constituição sileira só poderia ser encontrada no interior do país, considerando o
de 1967, durante o regime militar, permitiu a criação de novos ter- litoral como um espaço permeado por influências estrangeiras. Esse
ritórios. Rondônia, antes Território do Guaporé, tornou-se Estado tema foi explorado por Getúlio Vargas durante sua visita a Goiânia
em 1981. em 1940.
A Comissão Rondon, responsável pela exploração dos sertões,
deu nome ao Território de Rondônia. A região foi habitada por tri- Características da Marcha para o Oeste
bos nativas, que ao longo do século XX foram dizimadas ou integra- O cerne desse projeto residia na promoção da integração entre
das. Na década de 1930, com o declínio dos seringais, o governo o interior do Brasil e as áreas litorâneas por meio do desenvolvi-
transferiu a administração da ferrovia Madeira-Mamoré para o Mi- mento populacional e da conectividade rodoviária. Para concreti-
nistério da Viação, liderado pelo tenente Aluízio Ferreira. Projetos zar esse objetivo, foram estabelecidas colônias de habitação em
de colonização e agricultura visavam à integração e soberania das diversos estados, incluindo Goiás, Amazonas, Mato Grosso, Pará e
fronteiras. Maranhão.
Durante a Segunda Guerra, a borracha teve novo ciclo de de- A proposta varguista preconizava a integração econômica des-
manda. Nos anos 1950, a descoberta de cassiterita atraiu mais po- sas regiões, especialmente por meio do aumento da produção agrí-
pulação. Em 1960, a BR-364 foi aberta, impulsionando o desenvolvi- cola. Para alcançar esse objetivo, a Marcha para o Oeste advogava
mento. Em 1971, o governo fechou as lavras manuais de cassiterita, pelo desmantelamento dos latifúndios existentes e pela implemen-
resultando em impactos negativos na economia local. Na década de tação da reforma agrária, permitindo que os colonos desenvolves-
1970, projetos desenvolvimentistas dos governos militares incenti- sem uma agricultura familiar em pequenas propriedades. A inte-
varam a migração para Rondônia, expondo a região a processos de ração com as populações indígenas também era parte integrante
expropriação e violência. dessa estratégia.
Rondônia tornou-se Estado em 1981, com foco econômico na O incremento populacional seria alcançado por meio de volun-
pecuária de corte, seguida do cultivo de soja e milho. tários, principalmente provenientes do Nordeste, que se dispuses-
sem a se mudar para as regiões contempladas pelo projeto. Essa
A “MARCHA PARA OESTE”: A INTEGRAÇÃO PELA iniciativa visava, principalmente, envolver brasileiros de condição
FERROVIA econômica mais precária, conforme detalhado a seguir.
Segundo a visão de Vargas, a ocupação dos chamados ‘vazios
demográficos’ deveria ser conduzida preferencialmente por brasi-
A iniciativa conhecida como Marcha para o Oeste foi concebida leiros economicamente desfavorecidos. A ‘Marcha para o Oeste’
por Getúlio Vargas durante o período da ditadura do Estado Novo, defendia uma valorização do trabalhador nacional, considerando
com a finalidade de fomentar o crescimento demográfico e promo- que, na perspectiva do governo, os estrangeiros representavam um
ver a integração econômica entre as regiões Norte e Centro-Oeste risco, como evidenciado pelos que residiam em áreas urbanas e
do Brasil. Esse projeto incentivou a formação de pequenos núcleos participavam de movimentos grevistas antes de 1930.
de colonização, embora tenha alcançado resultados limitados. Por fim, era crucial para o governo que o desenvolvimento da
malha rodoviária ocorresse para facilitar o escoamento da produ-
Contexto histórico da Marcha para o Oeste no Brasil ção agrícola dessas regiões em direção às áreas litorâneas. Dada a
A Marcha para o Oeste foi uma iniciativa inserida no programa sua posição geográfica estratégica, o estado de Goiás era considera-
de desenvolvimento econômico e populacional das regiões Norte do fundamental, pois conectava o litoral ao interior do país.
e Centro-Oeste durante a ditadura do Estado Novo, que teve iní- A campanha do governo varguista obteve sucesso na promo-
cio em 1937 com o golpe político liderado por Getúlio Vargas. Esse ção do desenvolvimento populacional dessas regiões, juntamente
período foi caracterizado pela repressão ideológica e pela intensa com o avanço da produção e o crescimento da malha rodoviária.
propaganda política promovida pelo Departamento de Imprensa e Entretanto, o projeto não conseguiu desarticular os latifúndios exis-
Propaganda (DIP), sendo a marcha para o oeste um dos projetos tentes, e as colônias de habitação enfrentaram desafios significati-
propagandeados por essa instância governamental. vos devido à falta de estímulo e apoio, como foi observado no caso
As regiões Norte e Centro-Oeste eram identificadas como áreas goiano, em que muitos colonos venderam suas terras pouco tempo
pouco povoadas e pouco conectadas às regiões litorâneas, especial- após estabelecerem-se na colônia que originou a cidade de Ceres
mente o Sudeste e Sul do Brasil. Dessa forma, o objetivo inicial era
impulsionar o desenvolvimento populacional e econômico dessas
regiões, incluindo a integração por meio do aprimoramento da ma- A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA: REPERCUSSÕES. A
lha rodoviária, com foco em Goiás, considerado estratégico devido INTEGRAÇÃO PELAS RODOVIAS. AS POLÍTICAS DE
à sua localização central no mapa do Brasil. INTEGRAÇÃO E OS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
A responsabilidade de liderar a promoção desse programa foi DOS GOVERNOS MILITARES
atribuída ao escritor modernista Cassiano Ricardo, que exerceu fun-
ções de censor e diretor do Jornal A Manhã entre 1941 e 1945, além
de chefiar o Departamento Político Cultural da Rádio Nacional. Cas- A criação de Brasília foi um empreendimento realizado duran-
siano Ricardo defendeu o projeto varguista por meio de sua obra te o mandato de Juscelino Kubitschek e transcorreu entre 1957 e
‘Marcha para o Oeste: a influência da bandeira na formação social 1960. A mudança da capital do Brasil para o Planalto Central estava
e política do Brasil’. Nesse livro, ele sustentou a visão ditatorial de inserida em um plano concebido desde os primórdios da República
Vargas. brasileira. A construção de Brasília tornou-se o emblemático símbo-
A propaganda elaborada por Cassiano Ricardo baseava-se em lo do desenvolvimentismo promovido pelo governo de JK.
um nacionalismo que argumentava que a verdadeira essência bra- Estima-se que tenham sido despendidos bilhões de dólares para

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

concretizar a nova capital, e fala-se em significativo custo humano, Com os principais protagonistas, como JK, Israel Pinheiro, Oscar
dado que os trabalhadores desempenhavam suas funções em con- Niemeyer e Lúcio Costa, a construção foi iniciada. O trabalho frené-
dições bastante adversas. A edificação de Brasília estava integrada tico envolveu migrantes nordestinos, conhecidos como candangos.
ao Plano de Metas, elaborado com o intuito de impulsionar o cres- A inauguração oficial de Brasília ocorreu em 21 de abril de 1960,
cimento e o desenvolvimento do país. simbolizando a transferência da capital do Rio de Janeiro para o cen-
tro do país. O projeto custou bilhões de dólares em valores atuais,
Contexto e sua construção refletiu os ideais de modernização de JK, servindo
A edificação de Brasília ocorreu durante o mandato de Juscelino também como distração para outros problemas do governo.
Kubitschek, que foi presidente do Brasil de 1956 a 1961. Juscelino
Kubitschek, um proeminente membro do Partido Social Democráti-
co (PSD) e ex-governador de Minas Gerais, conquistou a presidência 1977: A DIVISÃO NORTE/SUL. A DINÂMICA DOS FLUXOS
ao vencer a eleição de 1955 por uma estreita margem. MIGRATÓRIOS
A década de 1950 foi marcada por agitação na política brasileira,
especialmente em 1955, quando grupos conservadores associados No processo de divisão do estado de Mato Grosso, ocorreu a
à União Democrática Nacional (UDN) promoviam a possibilidade de fundação de Mato Grosso do Sul em 11 de outubro de 1977, me-
um golpe contra a eventual posse de JK. A ameaça de um golpe era diante a sanção presidencial de Ernesto Geisel, então líder da dita-
tão iminente que o ministro da guerra, Henrique Teixeira Lott, con- dura militar que governava o Brasil desde 1964. Contudo, a efetiva
duziu um contra-ataque em 11 de novembro de 1955, assegurando concretização dessa divisão só ocorreu em 1º de janeiro de 1979.
a posse de JK. Diversos fatores são apontados como motivadores para a cria-
Juscelino Kubitschek foi eleito com uma plataforma desenvolvi- ção do estado de Mato Grosso do Sul, embora não haja um con-
mentista, enfatizando a necessidade de o Brasil retomar o caminho senso sobre todos eles. Os movimentos “divisionistas” no sul do
do crescimento econômico e prometendo que o país cresceria 50 estado, liderados pela elite ruralista e latifundiária, encontravam-se
anos em cinco. Ele obteve a vitória com 36% dos votos, e sua posse em um período de baixa atuação e com escasso apoio popular. De
ocorreu em 31 de janeiro de 1956. acordo com a historiadora Marisa Bitar, os motivos que levaram a
ditadura a impor a divisão, sem consultar a população, foram:
Plano de Metas a) Impulsionar o desenvolvimento regional e a ocupação terri-
Ao longo de seu mandato, Juscelino Kubitschek realizou investi- torial;
mentos substanciais visando o desenvolvimento e a industrialização b) Fortalecer as fronteiras locais com a Bolívia e o Paraguai;
do Brasil. A materialização de sua busca por esses objetivos foi con- c) Manter uma melhor relação política com o partido da ditadu-
cretizada por meio do Plano de Metas, um programa de moderniza- ra, o Arena, ampliando a sua base de apoio por meio da criação de
ção implementado a partir de 1º de fevereiro de 1956. mais uma seção.
O Plano de Metas estabeleceu 31 objetivos a serem atingidos
pelo governo, por meio de investimentos tanto públicos quanto pri- A criação de Mato Grosso do Sul gerou tanto defensores quanto
vados. Esses propósitos abrangiam áreas consideradas fundamen- críticos. Os argumentos favoráveis à divisão incluíam a expectati-
tais pelo governo, tais como energia elétrica, transportes (infraes- va de um maior desenvolvimento na região emancipada, baseados
trutura), indústria de base, alimentos e educação. nas constantes alegações de que o governo sediado em Cuiabá não
Essa estratégia impulsionou a construção de rodovias e usinas estava providenciando os investimentos necessários para o desen-
hidrelétricas, contribuindo de forma significativa para o cresci- volvimento do sul. Entre as críticas à criação de Mato Grosso do
mento industrial do Brasil. Do ponto de vista econômico, o Plano Sul, destaca-se o fato de a divisão ter sido realizada sem consulta
foi bem-sucedido, sendo que grande parte desse êxito se deveu à prévia à população, além de ter sido conduzida sob circunstâncias
construção da nova capital, a cidade de Brasília. predominantemente políticas e sem um planejamento adequado.

Idealização da construção de Brasília SÉC. XXI: PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO


A ideia de construir uma nova capital no interior do Brasil sur- NA ECONOMIA BRASILEIRA
giu no período monárquico, ganhando força com a Proclamação da
República. A Constituição de 1891 já previa a posse de um território
no planalto central para a futura capital. A Missão Cruls, em 1892, Durante o período colonial do Brasil, a capitania de São Paulo
demarcou as terras. Em 1922, Epitácio Pessoa lançou a pedra fun- (atualmente Mato Grosso) detinha o monopólio do comércio com a
damental em Planaltina. Getúlio Vargas também ordenou estudos Metrópole, Portugal. Os principais setores produtivos eram a mine-
nesse território. ração, cana-de-açúcar, erva-mate, poaia, borracha e pecuária.
O historiador Jônatas Soares de Lima destaca que a construção A mineração foi o sustentáculo vital para os habitantes da região
de Brasília ocorreu após um questionamento de um eleitor a JK du- durante as expedições bandeirantes no século XVIII, com a mão-de-
rante a campanha de 1955. A resposta afirmativa de JK impulsionou -obra composta por escravos negros e índios, sob uma fiscalização
o plano de construir Brasília, destacando-se como um projeto mo- rigorosa imposta pela coroa portuguesa. A estrutura social baseava-
dernizador. -se essencialmente em mineradores e escravos.
Em 1956, o Congresso aprovou o projeto de construção de Bra- A cana-de-açúcar, originária do litoral do Brasil, passou por duas
sília, apesar da resistência da UDN. A Novacap foi criada para imple- fases: os engenhos nos séculos XVIII e XIX, e as usinas nos sécu-
mentar o plano, liderada por Israel Pinheiro, com participação de los XIX e XX. A distinção entre essas épocas reside na mão-de-obra,
Oscar Niemeyer e Bernardo Sayão. Um concurso, vencido por Lúcio sendo escrava nos engenhos e tanto escrava quanto livre nas usi-
Costa, definiu o desenho urbano. nas. Nos engenhos, o consumo era interno, enquanto nas usinas

261
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

expandia-se para além da região, graças à abertura de vias fluviais Disponível em SILVA, Daniel Neves. “Marcha para o Oeste no
para escoamento. Estado Novo”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.
A era da erva-mate, de 1882 a 1947, teve seu pioneirismo com uol.com.br/historiab/estado-novo-marcha-para-oeste.htm. Acesso
Tomás Laranjeira, conforme indicado no decreto de 1879 do Ma- 06.012024
rechal Deodoro da Fonseca. Inicialmente, muitos imigrantes de re- GAMBINI, Roberto. O Espelho Índio. Rio de Janeiro: Espaço Tem-
giões ervateiras do Paraguai migraram para Mato Grosso, mas as po, 1988.
condições desfavoráveis, como a falta de infraestrutura e as doen- MAXWELL, Keneth. Marquês e Pombal – Paradoxo do Iluminis-
ças, prejudicaram a produção. O ápice ocorreu na década de 1920, mo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996,
e a atividade declinou após o cancelamento do decreto em 1937, SANTOS, Francisco Jorge dos. Além da Conquista - Guerras e Re-
persistindo até seu fim em 1947. beliões Indígenas na Amazônia Pombalina. Manaus: EDUA, 1999.
A poaia, uma das principais exportações para a Europa no sé- Queiroz, Jonas Marçal e Coelho, Mauro Cezar. A Cultura do Tra-
culo XIX, era utilizada na fabricação de medicamentos, conhecida balho – O Diretório dos Índios em novo paradigma de Colonização
cientificamente como Cephaeles Ipecapuanha. na Amazônia do século XVIII in Amazônia Modernização e Conflito.
A borracha era obtida da mangabeira nas matas próximas às Belém: UFPA/NAEA; Macapá UNIFAP, 2001.
baias do Paraguai e Amazonas. O látex extraído dessas árvores era Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_de_
exportado e também consumido internamente. Mato_Grosso Acesso 07.01.2024
A pecuária, envolvendo a criação de gado e porcos, desempe- Disponível em http://www.repositorio.seplan.mt.gov.br/plane-
nhou um papel significativo na economia de Mato Grosso entre os jamento/download/dr/XII_sinop.pdf Acesso 07.01.2024
séculos XVII e XIX. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_
Mato_Grosso Acesso 08.01.2024
Economia atual Disponível em http://querepublicaeessa.an.gov.br/uma-supre-
A economia atual do Mato Grosso é predominantemente agrí- sa/305-rondonia-1981.html Acesso 08.01.2024
cola, com foco na produção de soja e na criação de gado. A região Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br/historiado-
Centro-Oeste, em que se insere, tem sua base econômica centra- brasil/construcao-de-brasilia.htm Acesso 08.01.2024
da no setor agrícola, contando também com atividades como o Geografia de Mato Grosso: Seleção de Conteúdo para o Concur-
extrativismo mineral e vegetal, além da indústria, entre outros. O so Público do Governo de Mato Grosso – 2009./ Gislaene Moreno
Produto Interno Bruto (PIB) da região atinge aproximadamente R$ (org.), Tereza Cristina Souza Higa (org.), Gilda Tomasini Mai- telli (co-
279 bilhões, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e lab.). Cuiabá: Entrelinhas, 2009.
Estatística (IBGE). Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemo-
Na agricultura, destacam-se cultivos como milho, mandioca, rativas/mato-grosso-sulfundacao.htm Acesso 08.01.2024
abóbora, feijão e arroz. Além disso, grãos como café, trigo e soja,
anteriormente plantados nas regiões sul e sudeste, também en- QUESTÕES
contram espaço no Centro-Oeste. A economia do Mato Grosso é
fortemente impulsionada pela agricultura e pecuária, sendo a soja
o principal produto de exportação. No período colonial, a produção 1. (SEJUDH - MT - AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCA-
agrícola incluía cana-de-açúcar, algodão, erva-mate, poaia e borra- TIVO – FEMININO - IBADE – 2018) A história de Mato Grosso, no
cha, além da criação de gado. período “colonial”, possui relevância porque o Brasil defendeu o seu
Atualmente, com ênfase na exportação de grãos, o Mato Grosso perfil territorial, e consolidou a sua propriedade e posse até os limi-
se destaca com oito municípios entre os dez mais ricos, responsá- tes do rio Guaporé e Mamoré durante nove governos. Durante esse
veis por 65% das exportações da região Centro-Oeste. A região é o período foram reprimidas as aspirações espanholas de domínio
segundo maior exportador de grãos no país, com um Produto Inter- desse território. Depois foi proclamada a independência do Brasil
no Bruto totalizando cerca de R$ 42 bilhões. A soja tornou-se uma e, durante os governos imperiais de Dom Pedro I e das Regências
moeda de troca na região, sendo utilizada até mesmo para transa- (1° Império), fatos importantes ocorreram em Mato Grosso. Dentre
ções comerciais, como a compra de carros. eles destacou-se a “Rusga”, que foi um movimento:
Na agricultura, o Centro-Oeste responde por 46% da produção (A) em defesa das terras portuguesas.
nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. O Mato Grosso li- (B) de combate do Alegre.
dera como maior produtor de grãos do Brasil, com destaque para a (C) de expulsão dos inimigos.
soja, milho, algodão e feijão. Na pecuária, o estado possui o maior (D) em defesa do Forte de Coimbra.
rebanho bovino do país, representando quase 14% da produção na- (E) nativista de matança de portugueses.
cional. Na indústria, os setores de construção, alimentos, serviços
industriais de utilidade pública, bebidas e derivados de petróleo e 2. (SEJUDH - MT - AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCA-
biocombustíveis são os mais relevantes, concentrando 86,9% da in- TIVO - IBADE – 2018) O nome Mato Grosso é originário de uma
dústria estadual. grande extensão de sete léguas de mato alto, espesso, quase im-
Quanto à energia, Cuiabá gera parte significativa da eletricidade penetrável, localizado nas margens do rio Galera, percorrido pela
consumida no estado, contando com a Usina Termelétrica de Cuia- primeira vez em 1734 pelos irmãos:
bá, que utiliza gás natural boliviano para reduzir a dependência de (A) Paes de Bairros.
importação de energia do Sistema Interligado Nacional. (B) Gonçalves da Fonseca.
Referências bibliográficas: (C) Freire de Andrade.
Disponível em https://brasilcc.blogspot.com/2011/12/geogra- (D) Xavier de Barros.
fia-do-mato-grosso-mt.html Acesso 06.01.2024 (E) Caetano Borges.

262
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

3. (SEJUDH - MT - ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCA- (D) resistência dos militares do posto militar de Dourados, que
TIVO – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - IBADE – 2018) “Ser que derrotou os invasores sem sofrer baixas.
morro, mas o meu sangue e de meus companheiros será de protes- (E) vitória paraguaia, que resultou na tomada, sem resistência,
to solene contra a invasão do solo da minha Pátria”. Essa famosa do Forte Coimbra.
frase é um dos marcos de momentos históricos em terras mato-
-grossenses. A citada frase foi escrita pelo Tenente: 7. (PJC-MT - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CESPE –
(A) Coronel Isidoro Rasquin. 2017) Nas instruções entregues a dom Rolim de Moura, em 1749,
(B) Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero. a metrópole portuguesa revelava claramente que a Capitania Geral
(C) Dias da Silva de Nioaque. de Mato Grosso, instituída por Carta Régia em 1748, havia sido cria-
(D) Marechal Francisco Solano Lopez. da para
(E) Antônio João Ribeiro. (A) exercer maior controle sobre a mais importante e duradou-
ra área de exploração de ouro e diamantes na colônia.
4. (SEJUDH - MT - ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCATI- (B) conferir absoluta autonomia a Mato Grosso em relação à
VO – TÉCNICO DE SAÚDE BUCAL - IBADE – 2018) Durante a coloni- administração colonial sediada no Rio de Janeiro.
zação da província de Mato Grosso, a alternativa econômica nessas (C) impedir a chegada de novos forasteiros a Mato Grosso, so-
terras era advinda da extração de: bretudo daqueles oriundos dos domínios espanhóis vizinhos.
(A) bauxila. (D) assegurar obediência ao governo da União Ibérica nos ser-
(B) bronze. tões brasileiros, zelando pelo cumprimento de suas decisões.
(C) ouro. (E) consolidar e institucionalizar a posse portuguesa na estraté-
(D) prata. gica região de fronteira com os domínios espanhóis.
(E) esmeralda.
8. (SEJUDH - MT - ASSISTENTE SOCIAL - IBADE – 2017) A Rus-
5. (SEDUC-MT - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA – HISTÓ- ga destaca-se como um importante episódio da história de Mato
RIA - IBFC – 2017) Leia o trecho a seguir: “Embarca bicudo, embar- Grosso, sendo reflexo de acontecimentos e disputas nacionais. A
ca canalha vil que os brasileiros não querem Bicudos no seu Brasil.” polarização foi uma marca da disputa pelo poder que colocou fren-
(in. Correa, Virgilio. História do Mato Grosso.) A anedota exposta te a frente as denominadas “Sociedade dos Zelosos da Indepen-
anteriormente foi feita como resultado da Rusga mato grossense, dência” e “Sociedade Filantrópica”. Entre as alternativas a seguir,
movimento ocorrido em Mato Grosso no ano de 1834. Sobre isso assinale a que mais se relaciona com a composição da denominada
assinale a alternativa incorreta. Sociedade Filantrópica.
(A) Foi uma revolta de cunho nativista, que envolveu tanto a (A) Formada principalmente por bolivianos de língua espanho-
elite como a população mais pobre la.
(B) Tinha como uma de suas reivindicações a expulsão dos Por- (B) Liderada por brancos pobres e negros libertos com ideias
tugueses (chamados bicudos) liberais.
(C) Ficou conhecida por alguns estudiosos como a “noite de São (C) Aliados ao Regente Feijó contra o governo do Mato Grosso.
Bartolomeu mato grossense” (D) Agregava liberais e conservadores contra D Pedro I.
(D) Pode se afirmar que a Rusga representou a situação política (E) Com posta por muitos portugueses que defendiam o status
do Império na época, considerando que ela partidariamente se quo.
dividiu em dois os “Sociedade dos zelosos da Independência”
associada aos liberais, em oposição aos “Caramurus”/ conser- 9. (SEDUC-MT - APOIO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL -
vadores IBFC – 2017) Cândido Mariano da Silva Rondon (1865 – 1958), ou
(E) Pode se dizer que a Rusga efetivou uma brusca mudança Marechal Rondon, foi importante figura mato grossense e brasilei-
social na província de Mato Grosso, exigindo tanto a indepen- ra, atuando constantemente na geografa e política do país e ficou
dência da região do Mato Grosso para com o Império, assim conhecido como patrono da comunicação. Sobre ele, assinale a al-
como o fim da escravidão ternativa correta:
(A) O Marechal Rondon, descendente de indígenas (Bororo e
6. (PJC-MT - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CESPE Terena), dominava inúmeras línguas e dialetos dos povos da
– 2017) Na segunda metade do século XIX, o Brasil participou de região, por isso ficou conhecido como patrono da comunicação
importante conflito na América do Sul, a Guerra da Tríplice Alian- (B) Por ser de origem Bororo e Terena, etnias indígenas que
ça (Brasil, Argentina e Uruguai), também conhecida como Guerra habitam o território brasileiro, ele conhecia todos os rios da re-
do Paraguai. Invadido pelas tropas paraguaias por vias fluvial e ter- gião norte do Brasil, o que lhe permitiu efetivar seus trabalhos
restre, Mato Grosso protagonizou importantes acontecimentos no como geólogo
transcorrer do conflito. Esses fatos incluem a (C) Cândido Rondon, mato-grossense, conquista o posto de
(A) retirada de Laguna, apesar de as tropas brasileiras estarem Marechal do Exército brasileiro devido aos longos anos de vida
suficientemente providas de armas e alimentos. dedicado à integração das regiões mais afastadas do interior
(B) resistência heroica da população de Corumbá, que nunca brasileiro e tinha por lema a frase: “morrer se for preciso, ma-
chegou a ser sitiada nem evacuada. tar nunca” , demonstrando sempre respeito pela imensa diver-
(C) ação do barão de Melgaço nos preparativos para Cuiabá fa- sidade da fauna e fora, bem como as culturas indígenas com as
zer frente a possível ataque inimigo. quais teve contato

263
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

(D) O Marechal Rondon recebeu o título de Marechal devido a (A) V, F, F


seus corajosos atos durante a Guerra da Cisplatina que permiti- (B) V, V, F
ram ao Brasil manter as fronteiras territoriais do país (C) F, V, V
(E) Por ser de origem Terena, etnias indígenas que habitam o (D) V, F, V
território brasileiro, ele conhecia todos os rios da região norte
do Brasil, o que lhe permitiu efetivar seus trabalhos como ar- 13. (SEJUDH - MT - ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCA-
queólogo TIVO – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - IBADE – 2018) Durante a
colonização da província de Mato Grosso, a alternativa econômica
10. (PJC-MT - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO - CESPE nessas terras era advinda da extração de:
– 2017) Com relação à história econômica, social e política de Mato (A) prata.
Grosso a partir de meados do século passado até as primeiras déca- (B) ouro.
das do século XXI, é correto afirmar que (C) esmeralda.
(A) os equívocos da política de integração nacional implemen- (D) bauxita.
tada pelo regime militar durante a década de 70 do século XX (E) bronze.
retardaram o avanço do agronegócio na região Centro-Oeste.
(B) os imigrantes que passaram a buscar o Mato Grosso vie- 14. (CAU-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - IADES – 2019)
ram basicamente do Norte e do Nordeste, enquanto imigrantes O Mato Grosso é um estado peculiar nos respectivos aspectos físi-
provenientes do Sul e do Sudeste optaram, prioritariamente, cos e ganha grande destaque no cenário nacional. Com relação a
pelo extremo setentrional do país. tais aspectos e a assuntos correlatos, assinale a alternativa correta.
(C) a população mato-grossense conheceu, entre a Era Vargas (A) O relevo matogrossense é bastante homogêneo, apresen-
e o regime militar, relativa redução, fenômeno explicado pela tando áreas de planalto e de planície, com destaque para a
ampliação dos problemas fundiários, fator de fuga dos antigos Chapada dos Parecis.
habitantes locais. (B) O clima predominante é o tropical seco, com temperatu-
ras acima de 26 °C, e o índice pluviométrico nunca ultrapassa
(D) a divisão de Mato Grosso em dois estados, no final dos anos 1.000 mm/ano.
70 do século passado, foi justificada pelo governo federal como (C) A vegetação, mesmo sendo diversificada, é considerada
necessária para o desenvolvimento da região devido à sua pobre e homogênea. O Pantanal é o grande destaque, porém
grande extensão e diversidade. ocupa uma área ínfima, não sendo representativa na região.
(E) Mato Grosso passou ao largo de graves tensões decorrentes (D) O cerrado é a vegetação predominante, possui um elevado
de problemas relativos a invasões de terras indígenas, ao con- grau de preservação e não é afetado pelos avanços do setor
trário do ocorrido no Norte do país. agropecuário.
(E) É um estado interiorano, ou seja, não possui saída para o
11. (PREFEITURA DE SÃO ROQUE DO CANAÃ - ES - AUXILIAR mar e limita-se ao norte com o Pará, a nordeste com o Tocan-
ADMINISTRATIVO - IDCAP – 2019) Queimadas atingiram quase tins, a leste com Goiás, ao sul com o Mato Grosso do Sul, a
toda terra indígena Areões, no município de Nova Nazaré - MT, se- noroeste com o Amazonas e a oeste com Rondônia e Bolívia.
gundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renová-
veis (Ibama) - um território de 219 mil hectares. (Fonte adaptada: 15. (SEJUDH - MT - AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO
https://g1.globo.com/>acesso em 28 de agosto de 2019) – FEMININO - IBADE – 2018) O Mato Grosso é um dos lugares com
Com base na notícia acima e utilizando seus conhecimentos so- maior volume de água doce no mundo por conta dos seus inúme-
bre o assunto, é correto afirmar que o estado do Mato Grosso está ros rios, aquíferos e nascentes. O planalto dos Parecis é o principal
localizado em qual região brasileira? divisor de águas do Estado e ocupa toda porção centro-norte do
(A) Região Noroeste. território. Ele reparte as águas das três bacias hidrográficas mais
(B) Região Norte. importantes do Brasil, que são:
(C) Região Sudeste. (A) Bacia Amazônica, Bacia do Xingu e Bacia do Peres.
(D) Região Sul. (B) Bacia do Guaporé, Bacia do Tocantins e Bacia do Xingu.
(E) Região Centro-oeste. (C) Bacia Amazônica. Bacia Platina e Bacia do Tocantins.
(D) Bacia Corumbá, Bacia do Xingu e Bacia do Peres.
12. (PREFEITURA DE CUIABÁ - MT - ANALISTA DE TECNOLOGIA (E) Bacia do Juruena-Arinos, Bacia Planiina e Bacia do Tocan-
DA INFORMAÇÃO - ANALISTA DE SISTEMAS - IBFC – 2019) Consi- tins.
dere a seguir as afirmativas relacionadas à formação do território
do Mato Grosso, nos diferentes períodos da história do Brasil e dê 16. (SEJUDH - MT - ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCATI-
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). VO – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - IBADE – 2018) O Mato Grosso
( ) Conquistas dos bandeirantes, na região do Mato Grosso, fo- é um Estado bastante rico em termos de biodiversidade. Ele é o
ram reconhecidas pelo Tratado de Madrid, em 1750. único do Brasil a ter, simultaneamente, três dos principais biomas
( ) A capitania de Mato Grosso foi criada pelo governo colonial do país, quais sejam:
português em 1630, desmembrando-o da província do Amazonas. (A) Pantanal, Mata Atlântica e Pampa.
( ) A província do Mato Grosso passou a ser chamada de estado (B) Amazônia. Cerrado e Pantanal.
do Mato Grosso após a Proclamação da República, em 1989. (C) Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de (D) Amazônia. Caatinga e Cerrado.
cima para baixo. (E) Mata Atlântica. Pampa e Amazônia.

264
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

17. (PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS - MT - ANALISTA INS- ( ) O Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à


TRUMENTAL - FISCAL TRIBUTÁRIO - UFMT – 2019) Leia a charge Agroindústria do Norte e Nordeste (Proterra), criado em 1971, ti-
abaixo. nha o objetivo de financiar e implantar projetos particulares de co-
lonização em áreas de contato entre a floresta e os cerrados, nas
regiões centro-norte e leste do estado.
( ) O Programa Especial de Desenvolvimento do Estado de Mato
Grosso (Promat), criado em 1977, teve como objetivo consolidar
a organização administrativa e complementar as ações de desen-
volvimento urbano, transportes, saneamento, agricultura e outras
áreas.
Assinale a sequência correta.
(A) F, V, F, F
(B) V, V, V, V
(C) V, F, F, V
(D) F, F, V, F

19. (SEJUDH - MT - AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATI-


VO – FEMININO - IBADE – 2018) Com o agronegócio consolidado, o
Estado de Mato Grosso é considerado o celeiro do país. De terreno
fértil para as indústrias que atuam antes e depois da porteira, o es-
tado possui um agronegócio consolidado. Nesse contexto, analise
as seguintes afirmativas sobre Estado de Mato Grosso:
A charge refere-se a duas questões fundamentais para a histó- I. Possui cinco setores com grande potencial de crescimento
ria recente do Estado de Mato Grosso. Quais são essas questões? na região (agroindústria, turismo, piscicultura, economia criativa e
(A) A demarcação de terras indígenas e os incentivos fiscais polo joalheiro).
para instalação de indústrias. II. É o maior produtor de pescado de água doce do Brasil, res-
(B) O crescimento do rebanho bovino e a instalação da indús- ponsável por 20% da produção do país.
tria moveleira. III. Atualmente 72% do pescado produzido no Estado são desti-
(C) A expansão do agronegócio e a preservação ambiental. nados ao consumo externo e exportado para China, de acordo com
(D) O uso de agrotóxicos e o aumento do reconhecimento de dados de 2014 do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrope-
comunidades quilombolas. cuária (IMEA).
IV. O segundo maior consumidor do peixe produzido no Estado
18. (PREFEITURA DE VÁRZEA GRANDE - MT - TÉCNICO ADMI- é o Maranhão (9,71 %) e depois o Piauí (2,35%).
NISTRATIVO EDUCACIONAL- UFMT – 2018) A inserção de Mato Assim, estão corretas apenas as alternativas:
Grosso na economia brasileira no século XX se deu, num primeiro (A) I, II e IV
momento, no contexto da expansão cafeeira e do crescimento dos (B) I e II.
centros urbanos do Sudeste, face às necessidades alimentares des- (C) lI e IV
ta região. O sul do estado (hoje Mato Grosso do Sul) e o sul de Goi- (D) I e IV.
ás começaram a desenvolver a agricultura comercial em pequenos (E) II e III.
estabelecimentos agrícolas. A partir dos anos de 1970, a economia
brasileira passou a requerer a incorporação de novas áreas ao pro- 20. (PREFEITURA DE CUIABÁ - MT - ANALISTA DE TECNOLO-
cesso produtivo nacional. Assim, o governo federal, por meio da Lei GIA DA INFORMAÇÃO - ANALISTA DE SISTEMAS - IBFC – 2019) “O
n.º 5.178/1966, criou a Superintendência do Desenvolvimento da Mato Grosso teve na _____, durante a primeira metade do século
Amazônia (SUDAM). Outros programas foram criados com o objeti- XVIII, o impulso econômico que permitiu a sua consolidação inicial”
vo de colonizar e expandir o setor agropecuário, bem como aliviar (GARCIA, 2001). Em relação à atividade econômica desenvolvida no
as tensões sociais do campo no estado. Mato Grosso no período citado, assinale a alternativa que preencha
(MORENO, G. Geografia de Mato Grosso: território, sociedade, corretamente a lacuna.
ambiente. MORENO, G; HIGA, T. C. S. Cuiabá: Entrelinhas, 2005.) (A) Mineração
Sobre a política de integração nacional e os programas criados, (B) Industrialização
marque V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. (C) Extração do pré-sal
( ) O Programa de Integração Nacional (PIN) tinha como foco (D) Cafeicultura
o ideal nacionalista a fim de convencer a sociedade brasileira de
que era necessário integrar a Amazônia para não entregá-la aos es-
trangeiros. Visava financiar obras de infraestrutura e abertura de
rodovias federais.
( ) O Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste
do Brasil (Polonoroeste), criado em 1980, destinava-se a financiar
obras de infraestrutura e implantar projetos de colonização nas áre-
as de influência da BR-364 – Cuiabá-Porto Velho, e regularizar terras
indígenas.

265
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MATO GROSSO

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 A ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 C
______________________________________________________
5 E
6 C ______________________________________________________
7 C ______________________________________________________
8 E
______________________________________________________
9 C
10 D ______________________________________________________

11 E ______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 B
______________________________________________________
14 E
15 C ______________________________________________________
16 B ______________________________________________________
17 C
______________________________________________________
18 B
19 B ______________________________________________________

20 A ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
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266
LEGISLAÇÃO

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)


SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): PRINCÍPIOS, Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
DIRETRIZES, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO; POLÍTICAS de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
DE SAÚDE; ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DAS dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
INSTITUIÇÕES E SUAS RELAÇÕES COM OS SERVIÇOS
DE SAÚDE Conselhos de Saúde
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- colegiado composto por representantes do governo, prestadores
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema legalmente constituído em cada esfera do governo.
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
da saúde. de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e sem fins lucrativos.
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, esta-
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a dual e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemioló-
gica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fe-
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. deral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde

Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da nasems)
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tra-
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. tar de matérias referentes à saúde

Ministério da Saúde Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)


Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora São reconhecidos como entidades que representam os entes
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacio- municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
nal de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
(CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estru- forma que dispuserem seus estatutos.
tura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hos-
pitais federais. Responsabilidades dos entes que compõem o SUS

Secretaria Estadual de Saúde (SES) União


Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede públi-
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e ca de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade
implementar o plano estadual de saúde. de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o
Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra

267
LEGISLAÇÃO

metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na- mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, processo de descentralização da saúde.
fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela- A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Estados e Distrito Federal Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento uma política de recursos humanos.
à saúde em seu território. O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
Municípios so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur- todos e dever do Estado” (art. 196).
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. quização, descentralização com direção única em cada esfera de
Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para ços assistenciais.
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
pode oferecer. ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
História do sistema único de saúde (SUS) nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Princípios do SUS
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira. 8.080/1990. Os principais são:
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS sem qualquer custo;
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e
à Saúde. tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- de complexidade;
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos maior atenção aos que mais necessitam;
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
saúde e alguns parlamentares. ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti- Descentralização: é o processo de transferência de responsa-
ca, considerando a descentralização, universalização e unificação bilidades de gestão para os municípios, atendendo às determina-
como elementos essenciais para a reforma do setor. ções constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atri-
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- buições comuns e competências específicas à União, aos estados,
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, ao Distrito Federal e aos municípios.
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), Principais leis
em 1976. Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder

268
LEGISLAÇÃO

Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações Responsabilização Microssanitária


e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
participação da iniciativa privada. ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal Instâncias de Pactuação
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
área da saúde e dá outras providências. do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
ção social em cada esfera de governo. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
Responsabilização Sanitária tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- existentes no País.
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú-
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
processo de pactuação, no âmbito regional. rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
Responsabilização Macrossanitária apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a nesse espaço.
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades es-
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O pecíficas em saúde existentes nas regiões.
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri-
buições de gestão, incluindo: Descentralização
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, es-
pal; pecialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização para a esfera municipal, estimulando novas competências e capa-
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- cidades político-institucionais dos gestores locais, além de meios
das no Plano Municipal de Saúde; adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e ma-
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- crorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e racionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a ser- financeira para o processo de municipalização.
viços de maior complexidade, não disponíveis no município.

269
LEGISLAÇÃO

Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser- Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos saúde em níveis de atenção, que são de básica, média e alta com-
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida- plexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planeja-
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer mento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve,
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se atenção à saúde deve ser integral.
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
atendimento e o processo de descentralização. ponsabilidade.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
atendimento em um nível mais primário. SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal porque possibilita melhor organização e funcionamento também
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces- dos serviços de média e alta complexidade.
so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
modo a atender as necessidades da população de seu município corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul-
de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos
função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, recursos existentes.
assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos
os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con- Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu- reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um
avaliação dos resultados. conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer-
magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa-
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali-
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian-
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. do os resultados obtidos.

270
LEGISLAÇÃO

Só assim estará promovendo saúde integral, como determina Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
verdade. fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis.
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais A responsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servi-
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- dor público deve ser compartilhada por todos os entes e esferas
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, governamentais, resguardando suas características, atribuições e
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas competências. O desafio primordial dos governos, sobretudo na
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- esfera municipal, é avançar na transformação dos preceitos cons-
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os titucionais e legais que constituem o SUS em serviços e ações que
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- assegurem o direito à saúde, como uma conquista que se realiza
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela cotidianamente em cada estabelecimento, equipe e prática sani-
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- tária. É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A cons-
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores trução de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica,
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- em ambiente democrático e plural, é condição essencial para que o
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
a realização de ações conjuntas. Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por inventivas e capacidade de governo.
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera-
de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso
da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados universal e igualitário às ações e serviços de saúde.
à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran- O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis-
doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am- trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com-
biental em saúde e a análise de situação de saúde. petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza
os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Competências municipais na vigilância em saúde Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re-
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças nam as políticas e ações em cada Subsistema.
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade tes na União, nos Estados e Municípios.
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
em saúde e capacitação de recursos.

271
LEGISLAÇÃO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis- a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
social e econômica protetivas da saúde. Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni-
área de atuação do Sistema Único de Saúde. dade humana.
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú- clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabe-
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços lecer o que pode e o que não pode ser financiado com recursos
públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para dos fundos de saúde. Esses parâmetros também servirão para cir-
a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o cunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no
Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia- âmbito do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham
tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O
órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com Conselho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também dis-
a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode ciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e
receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos portarias).
etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente,
do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti- O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio- De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
nado somente nos arts. 198 e 200. ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni- dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. causas.
200 e leis específicas. Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po-
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po- líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais).
derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen- A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200
dem, também, de lei para a sua exequibilidade. da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
tido os incisos daquele artigo, tão somente). Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
São objetivos do SUS: limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
terminantes da saúde; qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
outros agravos; e pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
vez, o §3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.

272
LEGISLAÇÃO

Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen- com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
3087-6/600-RJ, aqui mencionado. saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
do Fundo Estadual da Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis-
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra-
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
pedido de cautelar. compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- inciso I a “alimentação e nutrição”.
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
necessidade básica de alimentar-se. cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda põe o Sistema Único de Saúde.
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
8.080/90. Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or-
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de-
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas não podem ser prejudicadas.
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí-
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to-
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais dos os níveis de complexidade do sistema”.
previstas na Lei n. 8.080/90. A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
da Saúde: as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
a) política nacional de saúde; do sistema.
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c) Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos ín- necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
dios; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
d) informações em saúde; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
e) insumos críticos para a saúde; a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
camentos e alimentos; A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde. completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
(registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de da assistência
serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda. E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
da assistência socialou de outro setor da Administração Pública e saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual

273
LEGISLAÇÃO

deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas


na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. NÍVEIS PROGRESSIVOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demar-
cação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos Os níveis progressivos de assistência à saúde, referem-se a uma
entes políticos. abordagem hierárquica na prestação de cuidados de saúde, que são
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- organizados de acordo com a complexidade e a intensidade dos ser-
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- viços fornecidos.
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão Esses níveis ajudam a garantir que os pacientes recebam a
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e atenção apropriada com base na gravidade de sua condição. Vale
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando ressaltar que a terminologia exata e a organização dos níveis podem
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju- variar entre sistemas de saúde e países.
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da Aqui estão alguns dos níveis progressivos comuns no SUS:
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. 1.Atenção Primária:
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. • Local: Centros de saúde, Unidade Básica de Saúde, clínicas de
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação cuidados primários.
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto • Foco: Cuidados preventivos, diagnóstico e tratamento de con-
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na dições comuns.
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- • Profissionais: Médicos de família, enfermeiros, médicos ge-
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses neralistas.
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- 2.Atenção Secundária:
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, apro- • Local: Unidade de Pronto Atendimento, Hospitais locais e clí-
var e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. nicas especializadas.
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, • Foco: Cuidados especializados para condições mais comple-
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que xas.
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti- • Profissionais: Especialistas médicos, cirurgiões, terapeutas.
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
namentais. 3.Atenção Terciária:
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, • Local: Hospitais de referência e centros médicos especializa-
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- dos.
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira • Foco: Tratamento de doenças raras e complexas, procedimen-
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo tos especializados.
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano • Profissionais: Especialistas altamente especializados, cirurgi-
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- ões especializados.
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades 4.Cuidados Quaternários:
de recursos, além da necessária observação do que ficou decidido • Local: Instituições de pesquisa médica e hospitais universi-
nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que tários.
não contrariem a lei. • Foco: Pesquisa médica avançada, tratamento de casos extre-
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- mamente complexos.
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus • Profissionais: Pesquisadores médicos, especialistas de reno-
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente me internacional.
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar 5.Atenção Domiciliar:
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados • Local: Residência do paciente.
em instrumentos jurídicos competentes . • Foco: Fornecer cuidados médicos em casa, especialmente
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- para pacientes crônicos ou em recuperação.
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações • Profissionais: Equipes de enfermagem domiciliar, terapeutas
e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua in- domiciliares.
dividualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e
emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as Essa estrutura hierárquica permite que os sistemas de saúde
demais atividades da saúde como a de maior reivindicação indivi- forneçam serviços progressivamente mais especializados, direcio-
dual. Falemos dela no tópico seguinte. nando os pacientes aos níveis apropriados com base em suas ne-
cessidades. A abordagem é flexível e pode ser adaptada conforme
necessidade para atender às demandas específicas de cada sistema
de saúde.

274
LEGISLAÇÃO

POLÍTICAS PÚBLICAS DO SUS PARA GESTÃO DE SISTEMA DE PLANEJAMENTO DO SUS: ESTRATÉGICO E


RECURSOS FÍSICOS, FINANCEIROS, MATERIAIS E NORMATIVO
HUMANOS
O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil possui um sistema de
O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil possui várias políti- planejamento que inclui componentes estratégicos e normativos. O
cas públicas para a gestão de recursos físicos, financeiros, materiais planejamento é uma ferramenta essencial para orientar as ações e
e humanos. Essas políticas são implementadas visando garantir o garantir a efetividade na prestação de serviços de saúde. Aqui estão
acesso universal, integral e equitativo aos serviços de saúde. Aqui os principais aspectos do sistema de planejamento do SUS:
estão algumas das principais políticas relacionadas à gestão de re-
cursos no âmbito do SUS: 1.Planejamento Estratégico:
• Plano Nacional de Saúde (PNS): O PNS estabelece diretrizes,
1.Financiamento: metas e objetivos para um período determinado, geralmente em
• Política Nacional de Financiamento do SUS (PNF): Define os ciclos quadrienais. Ele é desenvolvido pelo Ministério da Saúde em
critérios e mecanismos de transferência de recursos entre as esfe- colaboração com estados, municípios e a sociedade civil. O plano
ras de governo (federal, estadual e municipal). visa orientar as ações e investimentos para fortalecer o SUS e me-
• Emenda Constitucional 29 (EC 29): Regulamenta os percentu- lhorar a saúde da população.
ais mínimos de gastos com saúde por cada ente federativo. • Planos Estaduais e Municipais de Saúde: Estados e municí-
pios elaboram seus próprios planos alinhados ao PNS, consideran-
2.Gestão de Recursos Humanos: do suas realidades locais e regionais. Esses planos têm como objeti-
• Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: Busca vo descentralizar as ações e adaptar estratégias mais específicas às
o desenvolvimento de recursos humanos, promovendo a educação necessidades da população local.
continuada. • Conferências de Saúde: As conferências de saúde, realizadas
• Programa Mais Médicos: Busca ampliar a presença de médi- em níveis federal, estadual e municipal, são eventos participativos
cos em regiões carentes, com a contratação de profissionais brasi- que contribuem para a elaboração e avaliação das políticas de saú-
leiros e estrangeiros. de. Elas têm papel importante na construção do planejamento es-
tratégico ao envolver a participação da sociedade civil na definição
3.Gestão de Recursos Materiais: de prioridades.
• Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PN-
GTS): Define diretrizes para incorporação, avaliação e monitora- 2.Planejamento Normativo:
mento de tecnologias em saúde. • Leis e Normativas: Existem leis e normativas que regulamen-
• Programa Nacional de Qualificação da Gestão e da Atenção tam o funcionamento do SUS e estabelecem diretrizes gerais. Exem-
no SUS (QualiSUS): Visa fortalecer a capacidade de gestão e melho- plos incluem a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990) e a Lei de
ria da qualidade dos serviços. Responsabilidade Fiscal, que estabelece regras para a gestão fiscal
e financeira.
4.Infraestrutura e Equipamentos: • Portarias e Resoluções: O Ministério da Saúde emite porta-
• Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde rias e resoluções que estabelecem normas e procedimentos especí-
(Requalifica UBS): Busca melhorar a infraestrutura e a qualidade ficos para áreas como financiamento, recursos humanos, assistên-
dos serviços nas unidades básicas de saúde. cia farmacêutica, entre outros.
• Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): Inclui inves- • Pactuação Interfederativa: Consiste em acordos entre os ges-
timentos em infraestrutura hospitalar e unidades de pronto aten- tores das diferentes esferas de governo (federal, estadual e munici-
dimento. pal) para definir responsabilidades, recursos e metas. O Pacto pela
Saúde é um exemplo desse processo de pactuação.
5.Gestão de Tecnologia da Informação:
• Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SI- O sistema de planejamento do SUS busca integrar as dimen-
SAB): Busca melhorar a coleta e análise de dados na atenção básica. sões estratégicas e normativas, alinhando as ações e recursos de
• Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS): Busca integrar sis- acordo com as necessidades da população e promovendo a parti-
temas de informação em saúde. cipação da sociedade na definição das políticas de saúde. Esse pro-
cesso contribui para uma gestão mais eficiente e transparente do
6.Farmácia Popular: sistema de saúde no país.
• Programa Farmácia Popular do Brasil: Busca ampliar o acesso
a medicamentos, oferecendo descontos em estabelecimentos far-
macêuticos conveniados.

Essas políticas refletem a complexidade e a abrangência do


SUS, que é um sistema amplo e descentralizado. A implementação
e o sucesso dessas políticas dependem da cooperação entre as di-
ferentes esferas de governo, bem como da participação efetiva da
sociedade civil e dos profissionais de saúde.

275
LEGISLAÇÃO

Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece


DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS: PARTICIPAÇÃO E em seu art. 12 a criação de comissões intersetoriais subordinadas
CONTROLE SOCIAL ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as
políticas públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.°
Participação e Controle Social no SUS 8.142/1990 que dispõe sobre a participação social no SUS, definin-
Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na do que a participação popular estará incluída em todas as esferas
busca por um Estado democrático aos serviços de saúde impulsio- de gestão do SUS. Legitimando assim os interesses da população no
naram a modificação do modelo vigente de controle social da época exercício do controle social (BRASIL, 2009).
que culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Fede- Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avança-
rativa de 1988. das de democracia, pois determina uma nova relação entre o Es-
O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de tado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na
participação popular e controle social no SUS, bem como favorecer saúde deverão ser negociadas com os representantes da sociedade,
reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pes- uma vez que eles conhecem a realidade da saúde das comunidades.
quisa narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no Amiúde, as condições necessárias para que se promova a de-
Brasil nos últimos 11 anos. mocratização da gestão pública em saúde se debruça com a discus-
são em torno do controle social em saúde.
É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do
que este aconteça na prática. Entretanto, a sociedade civil, ainda modelo vigente de participação popular e controle social no SUS e
não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação. ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a partici-
O processo de criação do SUS teve início a partir das defini- pação e o controle social, bem como favorecer algumas reflexões a
ções legais estabelecidas pela nova Constituição Federal do Brasil todos os atores envolvidos no cenário do SUS.
de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas
da Saúde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nes- Participação e Controle Social
tas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde, Após um longo período no qual a população viveu sob um es-
bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamen- tado ditatorial, com a centralização das decisões, o tecnicismo e
to, critérios de repasses para os estados e municípios além de disci- o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura
plinar o controle social no SUS em conformidade com as represen- democrática que reconhece a necessidade de revisão do modelo
tações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FINKELMAN, de saúde vigente na época, com propostas discutidas em ampliar a
2002; FARIA, 2003; SOUZA, 2003). participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública
O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a em saúde, com vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidia-
coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, ser- no dos cidadãos brasileiros (DALLARI, 2000; SCHNEIDER et al., 2009;
viços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princí- VANDERLEI; ALMEIDA, 2007).
pios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde; Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância es-
Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político- sencial para a compreensão do controle social, o que pode provocar
-administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hie- reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente
rarquização (REIS, 2003). A participação popular e o controle social exercido pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na
em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), época da ditadura militar.
destacam-se como de grande relevância social e política, pois se É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui
constituem na garantia de que a população participará do processo será dada refere-se às ações que os cidadãos exercem para moni-
de formulação e controle das políticas públicas de saúde. torar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso.
No Brasil, o controle social se refere à participação da comu- Pois, como vimos, também denominam-se controle social as ações
nidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao contro- do Estado para controlar a sociedade, que se dá por meio da legisla-
le sobre a ação do Estado (ARANTES et al., 2007). Nesse contex- ção, do aparato institucional ou mesmo por meio da força.
to, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da A organização e mobilização popular realizada na década de 80,
comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia do século XX, em prol de um Estado democrático e garantidor do
da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibi-
priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a par- lidade de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de
ticipação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL, 2006). um controle da sociedade civil sobre o Estado, sendo incorporada
pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação
Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar cons- do SUS (CONASS, 2003).
titucionalmente a participação popular como um de seus princí- A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Cons-
pios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob as tituição Federal de 1998, em seu artigo 198, que trata das diretrizes
práticas de saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comuni-
exercício através de outros espaços institucionalizados em seu arca- dade. Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do
bouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde sistema, com o intuito de torná-lo mais adequado a atender às ne-
de n° 8.142/90, os conselhos e as conferências de saúde. Destaca, cessidades da população brasileira (BRASIL, 2006; WENDHAUSEN;
ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da BARBOSA; BORBA, 2006; OLIVEIRA, 2003).
sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais (CONASS, 2003; A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Cons-
BARBOSA, 2009; COSSETIN, 2010). tituição se expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por
meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços ins-

276
LEGISLAÇÃO

titucionais que garantem a participação da sociedade civil organiza- o controle social no SUS sejam enfocadas em dois níveis: um geral,
da na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo. garantindo a representação de todos os segmentos, e outro específi
Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente co, que poderá ser estruturado e oferecido de acordo com o inte-
para caracterizar a participação popular na gestão pública de saú- resse ou a necessidade dos segmentos que compõem os Conselhos
de, a que consta em nossa Carta Magna e o termo ‘participação da de Saúde e os demais órgãos da sociedade.
comunidade na saúde’. Porém, iremos utilizar aqui o termo mais
comum em nosso meio: ‘controle social’. Sendo o controle social Para promover o alcance dos objetivos do processo de edu-
uma importante ferramenta de democratização das organizações, cação permanente para o controle social no SUS, recomenda-se a
busca-se adotar uma série de práticas que efetivem a participação utilização de metodologias que busquem a construção coletiva de
da sociedade na gestão (GUIZARDI et al ., 2004). conhecimentos, baseada na experiência do grupo, levando-se em
consideração o conhecimento como prática concreta e real dos su-
Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consi- jeitos a partir de suas vivências e histórias. Metodologias essas que
deramos que se trata de um reducionismo, uma vez que este não ultrapassem as velhas formas autoritárias de lidar com a aprendiza-
traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição gem e muitas vezes utilizadas como, por exemplo, a da comunica-
Federal de 1988, que permite não só o controle e a fiscalização ção unilateral, que transforma o indivíduo num mero receptor de
permanente da aplicação de recursos públicos. Este também se teorias e conteúdos.
manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel Recomenda-se, também, a utilização de dinâmicas que propi-
social a desempenhar através da execução de suas funções, ou ain- ciem um ambiente de troca de experiências, de refl exões pertinen-
da através da proposição, onde cidadãos participam da formulação tes à atuação dos Conselheiros de Saúde e dos sujeitos sociais e de
de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração técnicas que favoreçam a sua participação e integração, como, por
Pública quanto às melhores medidas a serem adotadas com objeti- exemplo, reuniões de grupo, plenárias, estudos dirigidos, seminá-
vo de atender aos legítimos interesses públicos (NOGUEIRA, 2004; rios, ofi cinas, todos envolvendo debates.
BRASIL, 2011b; MENEZES, 2010). A 12.ª Conferência Nacional de Saúde (CONFERÊNCIA..., 2005)
recomendou a realização de ações para educação permanente e
Estratégias operacionais e metodológicas para o controle so- propôs que as atividades do Conselheiro de Saúde fossem consi-
cial deradas de relevância pública. Essa proposição foi contemplada na
Recomenda-se que o processo de educação permanente para Resolução n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c), aprovada pelo Conselho
o controle social no SUS ocorra de forma descentralizada, respei- Nacional de Saúde, que garante ao Conselheiro de Saúde a dis-
tando as especifi cidades e condições locais a fim de que possa ter pensa, sem prejuízo, do seu trabalho, para participar das reuniões,
maior efetividade. eventos, capacitações e ações específi cas do Conselho de Saúde.
Considerando que os membros do Conselho de Saúde reno- Assim, o processo proposto, especialmente, no que diz respei-
vam-se periodicamente e outros sujeitos sociais alternam-se em to aos Conselhos de Saúde deve dar conta da intensa renovação de
suas representações, e o fato de estarem sempre surgindo novas Conselheiros de Saúde, que ocorre em razão do final dos manda-
demandas oriundas das mudanças conjunturais, torna-se necessá- tos, ou por decisão da instituição ou entidade de substituir o seu
rio que o processo de educação permanente para o controle social representante. Isto requer, no mínimo, a oferta de material básico
esteja em constante construção e atualização. informativo, uma capacitação inicial promovida pelo Conselho de
A operacionalização do processo de educação permanente Saúde e a garantia de mecanismos que disponibilizem informações
para o controle social no SUS deve considerar a seleção, preparação aos novos Conselheiros.
do material e a identifi cação de sujeitos sociais que tenham condi-
ções de transmitir informações e possam atuar como facilitadores Sugestões de material de apoio:
e incentivadores das discussões sobre os temas a serem tratados. • Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU);
Para isso é importante: • Declaração dos Direitos da Criança e Adolescente (Unicef);
• identificar as parcerias a serem envolvidas, como: universida- • Declaração de Otawa, Declaração de Bogotá e outras;
des, núcleos de saúde, escolas de saúde pública, técnicos e especia- • Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2003) – Capítulo da
listas autônomos ou ligados a instituições, entidades dos segmentos Ordem Social;
sociais representados nos Conselhos, Organização Pan-Americana • Leis Federais: 8.080/90 (BRASIL, 1990a), 8.142/90 (BRASIL,
da Saúde (Opas), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni- 1990b), 8.689/93 (BRASIL, 1993), 9.656/98 (BRASIL, 1998) e respec-
cef), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e tivas Medidas Provisórias;
a Cultura (Unesco), Instituto Brasileiro de Administração Municipal • Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde;
(Ibam), Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva • Normas Operacionais do SUS;
(Abrasco) e outras organizações da sociedade que atuem na área
de saúde. Na identifi cação e articulações das parcerias, deve fi car • Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho (NOB/ RH
clara a atribuição dos conselhos, conselheiros e parceiros; – SUS), 2005 (BRASIL, 2005), Diretrizes e Competências da Comis-
• realizar as atividades de educação permanente para os con- são Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras Bipartites
selheiros e os demais sujeitos sociais de acordo com a realidade (CIBs) e das Condições de Gestão dos Estados e Municípios;
local, garantindo uma carga horária que possibilite a participação e • Constituição do Estado e Leis Orgânicas do Estado, do Distrito
a ampla discussão dos temas, democratização das informações e a Federal e Município;
utilização de técnicas pedagógicas para o controle social que facili- • Seleção de Deliberações do Conselho Estadual de Saúde
tem a construção dos conteúdos teóricos e, também, a interação do (CES), Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pactuações das Comis-
grupo. Sugere-se que as atividades de educação permanente para sões Intergestoras Tripartite e Bipartite;

277
LEGISLAÇÃO

• Resoluções e deliberações do Conselho de Saúde relaciona-


das à Gestão em Saúde: Plano de Saúde, Financiamento, Normas, Estratégia Saúde da Família (ESF)
Direção e Execução, Planejamento – que compreende programa- O projeto propõe a reorganização da atenção básica no País, de
ção, orçamento, acompanhamento e avaliação; acordo com os preceitos do SUS, a partir da expansão, qualificação
• Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003 e consolidação do atendimento prestado.
(BRASIL, 2003c), Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolu-
ção n.º 196/96 (BRASIL, 1996) e outras correspondentes com mes- HumanizaSUS
mo mérito, e deliberações no campo do controle social – formula- A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde 2003
ção de estratégias e controle da execução pelos Conselhos de Saúde para efetivar os princípios do SUS nas práticas de atenção e gestão,
e pela sociedade. qualificando a saúde pública no Brasil.

A definição dos conteúdos básicos de educação permanente Melhor em Casa - Serviço de Atenção Domiciliar
para o controle social no SUS deve ser objeto de deliberação pelos Serviço presta atenção à saúde na moradia do paciente, ofere-
plenários dos Conselhos de Saúde nas suas respectivas esferas go- cendo prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, a fim de
vernamentais. garantir a continuidade do cuidado pelo SUS.
Recomenda-se que, para esse processo, seja prevista a criação
de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente)
das atividades Política reúne uma série de medidas para garantir ações de
promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal dos brasileiros.
Responsabilidades Programa Farmácia Popular do Brasil
O Programa foi criado com o objetivo de oferecer o acesso da
Esferas governamentais população aos medicamentos considerados essenciais, como parte
Compete ao Estado, nas três esferas do governo: da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
a) Oferecer todas as condições necessárias para que o processo
de educação permanente para o controle social ocorra, garantindo Programa Nacional de Controle do Tabagismo
o pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde e a realização das O Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fu-
ações para a educação permanente e controle social dos demais mantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consu-
sujeitos sociais. mo de derivados do tabaco.
b) Promover o apoio à produção de materiais didáticos desti-
nados às atividades de educação permanente para o controle social Programa Mais Médicos
no SUS, ao desenvolvimento e utilização de métodos, técnicas e fo- O projeto propõe a melhoria do atendimento aos usuários do
mento à pesquisa que contribuam para esse processo. SUS, levando médicos para regiões onde há escassez ou ausência
desses profissionais.
Ministério da Saúde
a) Incentivar e apoiar, inclusive nos aspectos fi nanceiros e téc- Programa Nacional de Segurança do Paciente
nicos, as instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal para O PNSP objetiva contribuir para a qualificação do cuidado em
o processo de elaboração e execução da política de educação per- saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacio-
manente para o controle social no SUS; nal.
b) Manter disponível e atualizado o acervo de referências sobre Rede Cegonha
saúde e oferecer material informativo básico e audiovisual que pro- Estratégia reúne um pacote de ações para garantir o atendi-
picie a veiculação de temas de interesse geral em saúde, tais como: mento de qualidade, seguro e humanizado para mulheres, da gravi-
legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial, mo- dez até os dois primeiros anos de vida da criança.
delo de gestão e outros.
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Modelo propõe um novo modelo de atenção em saúde mental,
AÇÕES E PROGRAMAS DO SUS a partir do acesso e a promoção de direitos das pessoas, baseado na
convivência dentro da sociedade.
Ações e programas do SUS
SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
Cartão Nacional de Saúde (CNS) Serviço disponibiliza atendimento pré-hospitalar a vítimas em
O Cartão Nacional de Saúde (CNS) é o documento de identifi- situação de urgência ou emergência, que possam levar a sofrimen-
cação do usuário do SUS. Este contém as informações como dados to, a sequelas ou mesmo à morte.
pessoais, contatos, além de RG e CPF.
UPA 24h - Unidade de Pronto Atendimento
DigiSUS - Estratégia de Saúde Digital para o Brasil Serviço concentra atendimentos de saúde de complexidade in-
Estratégia de incorporação da saúde digital (e-Saúde) no SUS, termediária, compondo uma rede organizada em conjunto com a
visando à melhoria da qualidade dos serviços, dos processos e da Atenção Básica e a Atenção Hospitalar.
atenção à saúde, por meio da disponibilização e uso de informação
abrangente, precisa e segura.

278
LEGISLAÇÃO

Programa Saúde na Escola (3) promove a articulação de saberes, a participação de estu-


O Programa Saúde na Escola (PSE) visa à integração e articula- dantes, pais, comunidade escolar e sociedade em geral na constru-
ção permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria ção e controle social da política pública.
da qualidade de vida da população brasileira. Como consolidar essa Nos quadros a seguir, estão expostos os tópicos principais do
atitude dentro das escolas? Essa é a questão que nos guiou para Projeto Municipal, elaborado no processo de adesão ao PSE pelo
elaboração da metodologia das Agendas de Educação e Saúde, a Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI) e, na seqüência, a proposta da
serem executadas como projetos didáticos nas Escolas. Agenda de Educação e Saúde, como estratégia de implementação
O PSE tem como objetivo contribuir para a formação integral nos territórios da escola.
dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e aten-
ção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que
comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da
LEGISLAÇÃO BÁSICA DO SUS
rede pública de ensino.
O público beneficiário do PSE são os estudantes da Educação Legislação do SUS - diretrizes, fundamentos e princípios do
Básica, gestores e profissionais de educação e saúde, comunidade SUS
escolar e, de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma referência mundial en-
de Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e tre programas de saúde pública no mundo.
Adultos (EJA). Criado em 22 de setembro de 1988, o SUS garante que todos
As atividades de educação e saúde do PSE ocorrerão nos Terri- os brasileiros tenham acesso universal ao sistema público de saúde,
tórios definidos segundo a área de abrangência da Estratégia Saú- existindo há mais de 30 anos.
de da Família (Ministério da Saúde), tornando possível o exercício Segundo a Constituição Federal de 88, o SUS é composto pelo:
de criação de núcleos e ligações entre os equipamentos públicos 1. Ministério da Saúde,
da saúde e da educação (escolas, centros de saúde, áreas de lazer 2. Estados (Secretaria Estadual de Saúde – SES);
como praças e ginásios esportivos, etc). 3. Municípios (Secretaria Municipal de Saúde – SMS).
No PSE a criação dos Territórios locais é elaborada a partir das
estratégias firmadas entre a escola, a partir de seu projeto político- Cada segmento desse tem suas próprias responsabilidades
-pedagógico e a unidade básica de saúde. O planejamento destas e são regidos por uma legislação bem definida. Devido a sua alta
ações do PSE considera: o contexto escolar e social, o diagnóstico complexidade e importância, a Legislação do SUS é um dos assun-
local em saúde do escolar e a capacidade operativa em saúde do tos mais cobrados tanto em provas de concursos e residências,
escolar. quanto no cotidiano no profissional da saúde.
A Escola é a área institucional privilegiada deste encontro da O SUS contrata seus funcionários do quadro efetivo de cada
educação e da saúde: espaço para a convivência social e para o es- um dos órgãos através da realização de concursos públicos. Além
tabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde pelo disso, para suprir necessidades temporárias são realizados diversos
viés de uma Educação Integral. processos seletivos.
Para o alcance dos objetivos e sucesso do PSE é de fundamental Além da estabilidade garantida, os salários oferecidos pelo SUS
importância compreender a Educação Integral como um conceito constituem um dos principais atrativos dos concursos. A remunera-
que compreende a proteção, a atenção e o pleno desenvolvimento ção pode ultrapassar R$ 10 mil, para além do acréscimo de vários
da comunidade escolar. Na esfera da saúde, as práticas das equipes benefícios e gratificações.
de Saúde da Família, incluem prevenção, promoção, recuperação e Porém, para passar em qualquer concurso na área da Saúde,
manutenção da saúde dos indivíduos e coletivos humanos. você precisará entender profundamente sobre a Legislação do Sis-
Para alcançar estes propósitos o PSE foi constituído por cinco tema Único de Saúde.
componentes:
a) Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescen- Qual a importância da Legislação do SUS?
tes e jovens que estão na escola pública; A Legislação do SUS é o conjunto de regulamentos e leis que
b) Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção; determinam as formas de agir dos três segmentos ligados ao Siste-
c) Educação Permanente e Capacitação dos Profissionais da ma Único de Saúde.
Educação e da Saúde e de Jovens; Nessa legislação há desde a definição do SUS, suas diretrizes e
d) Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes; propósitos, até a estrutura de ação, forma de organização e condu-
e) Monitoramento e Avaliação do Programa. tas do Sistema.
Considerado como um dos maiores sistemas públicos de saúde
Mais do que uma estratégia de integração das políticas seto- existentes, o SUS é descrito pelo Ministério da Saúde como “um
riais, o PSE se propõe a ser um novo desenho da política de educa- sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e
ção e saúde já que: igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambula-
(1) trata a saúde e educação integrais como parte de uma for- torial aos transplantes de órgãos”.
mação ampla para a cidadania e o usufruto pleno dos direitos hu-
manos; Lei Orgânica da Saúde - Lei 8.080/90
(2) permite a progressiva ampliação das ações executadas pe-
los sistemas de saúde e educação com vistas à atenção integral à LEI FEDERAL N° 8.080/1990
saúde de crianças e adolescentes; e
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-

279
LEGISLAÇÃO

peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços CAPÍTULO I


correspondentes e dá outras providências. DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
nos campos econômico e social, a observância do disposto no §1º
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações do art. 2º desta lei;
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
direito Público ou privado. das ações assistenciais e das atividades preventivas.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
TÍTULO I Único de Saúde (SUS):
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- b) de vigilância epidemiológica;
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno c) de saúde do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº 14.572,
exercício. de 2023)
§1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023)
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento II - a participação na formulação da política e na execução de
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações ações de saneamento básico;
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
§2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das saúde;
empresas e da sociedade. IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicio- V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bási- endido o do trabalho;
co, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
da população expressam a organização social e econômica do País. participação na sua produção;
Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân-
econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicio- cias de interesse para a saúde;
nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bá- VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas
sico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade para consumo humano;
física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. IX - a participação no controle e na fiscalização da produção,
(Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013) transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati-
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, vos, tóxicos e radioativos;
por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e científico e tecnológico;
social. XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de-
rivados.
TÍTULO II XII – a formulação e a execução da política de informação e
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE assistência toxicológica e de logística de antídotos e medicamentos
utilizados em intoxicações. (Incluído pela Lei nº 14.715, de 2023)
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR §1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ-
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po- saúde, abrangendo:
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen-
§1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições pú- te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
blicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, processos, da produção ao consumo; e
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san- II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. ou indiretamente com a saúde.
§2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de §2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de
Saúde (SUS), em caráter complementar. ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

280
LEGISLAÇÃO

§3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, integridade física e moral;
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi- IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção vilégios de qualquer espécie;
da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi- V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
advindos das condições de trabalho, abrangendo: ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
ou portador de doença profissional e do trabalho; prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único VIII - participação da comunidade;
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos IX - descentralização político-administrativa, com direção única
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- em cada esfera de governo:
balho; a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- de;
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de biente e saneamento básico;
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi- Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença pulação;
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos de assistência; e
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos cidade de meios para fins idênticos.
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- XIV – organização de atendimento público específico e especia-
blicas e privadas; lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº
das entidades sindicais; e 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427,
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao de 2017)
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou XV – proteção integral dos direitos humanos de todos os usuá-
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco rios e especial atenção à identificação de maus-tratos, de negligên-
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. cia e de violência sexual praticados contra crianças e adolescentes.
§4º Entende-se por saúde bucal o conjunto articulado de ações, (Incluído pela Lei nº 14.679, de 2023)
em todos os níveis de complexidade, que visem a garantir promo-
ção, prevenção, recuperação e reabilitação odontológica, individual CAPÍTULO III
e coletiva, inseridas no contexto da integralidade da atenção à saú- DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
de. (Incluído pela Lei nº 14.572, de 2023)
§5º Entende-se por assistência toxicológica, a que se refere Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
o inciso XII do caput deste artigo, o conjunto de ações e serviços Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
de prevenção, diagnóstico e tratamento das intoxicações agudas e complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re-
crônicas decorrentes da exposição a substâncias químicas, medi- gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
camentos e toxinas de animais peçonhentos e de plantas tóxicas. Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de
(Incluído pela Lei nº 14.715, de 2023) acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
CAPÍTULO II I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri- III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de
vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único Saúde ou órgão equivalente.
de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre- Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de-
vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes
seguintes princípios: correspondam.
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os §1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o
níveis de assistência; princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo-
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar- rão sobre sua observância.
ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, §2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po-
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur-
de complexidade do sistema; sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua saúde.

281
LEGISLAÇÃO

Art. 11. (Vetado). nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas de 2011).
da sociedade civil.
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade CAPÍTULO IV
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). SEÇÃO I
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
vidades: Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - alimentação e nutrição; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
II - saneamento e meio ambiente; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
IV - recursos humanos; II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
V - ciência e tecnologia; e destinados, em cada ano, à saúde;
VI - saúde do trabalhador. III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- da população e das condições ambientais;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- IV - organização e coordenação do sistema de informação de
sional e superior. saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de sistência à saúde;
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VII - participação de formulação da política e da execução das
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde ção do meio ambiente;
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- IX - participação na formulação e na execução da política de
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
2011). X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de XII - realização de operações externas de natureza financeira de
2011). interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
Lei nº 12.466, de 2011). bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, -lhes assegurada justa indenização; (Vide ADIN 3454)
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen-
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- tes e Derivados;
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co- internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;
nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote-
(Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos ção e recuperação da saúde;
entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do
à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função exercício profissional e outras entidades representativas da socie-
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes-
2011). quisa, ações e serviços de saúde;
§1º O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza-
convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ção inerentes ao poder de polícia sanitária;
§2º Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-
são reconhecidos como entidades que representam os entes mu- tratégicos e de atendimento emergencial.

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LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II XX - definir as diretrizes e as normas para a estruturação física


DA COMPETÊNCIA e organizacional dos serviços de saúde bucal. (Incluído pela Lei nº
14.572, de 2023)
Art. 16. À direção nacional do SUS compete: (Redação dada §1º A União poderá executar ações de vigilância epidemioló-
pela Lei nº 14.572, de 2023) gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
II - participar na formulação e na implementação das políticas: direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
b) de saneamento básico; e único pela Lei nº 14.141, de 2021)
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; §2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
III - definir e coordenar os sistemas: cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
b) de rede de laboratórios de saúde pública; regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
c) de vigilância epidemiológica; e §3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
d) vigilância sanitária; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- mônio genético de que trata o §2º deste artigo serão repartidos nos
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela Lei
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; nº 14.141, de 2021)
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar compete:
a política de saúde do trabalhador; I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância e das ações de saúde;.
epidemiológica; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de Sistema Único de Saúde (SUS);
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; tar supletivamente ações e serviços de saúde;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de serviços:
consumo e uso humano; a) de vigilância epidemiológica;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- b) de vigilância sanitária;
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- c) de alimentação e nutrição; (Redação dada pela Lei nº 14.572,
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; de 2023)
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução d) de saúde do trabalhador;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023)
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência VI - participar da formulação da política e da execução de ações
à saúde; de saneamento básico;
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
cias de interesse para a saúde; e dos ambientes de trabalho;
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
atuação institucional; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu-
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis- al e regional;
tência à saúde; X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga-
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva- nização administrativa;
mente, de abrangência estadual e municipal; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con-
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio- trole e avaliação das ações e serviços de saúde;
nal de Sangue, Componentes e Derivados; XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple-
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; e substâncias de consumo humano;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis- de portos, aeroportos e fronteiras;
trito Federal; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional Art. 18. À direção municipal do SUS compete: (Redação dada
em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede- pela Lei nº 14.572, de 2023)
ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços

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LEGISLAÇÃO

de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; ritórios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização §2º Em situações emergenciais e de calamidade pública: (Inclu-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde ído pela Lei nº 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; dígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu-
IV - executar serviços: ído pela Lei nº 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; (Redação dada pela Lei nº 14.572, referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela
de 2023) Lei nº 14.021, de 2020)
e) de saúde do trabalhador; Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
f) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023) realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
equipamentos para a saúde; se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
lá-las; 1999)
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; §1º O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de 9.836, de 1999)
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; §1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
dos de saúde; ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- saúde. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
cos de saúde no seu âmbito de atuação. §1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
das aos Estados e aos Municípios. gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
§2º O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
CAPÍTULO V Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- Lei nº 9.836, de 1999)
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, §3º As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999) do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí- secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi- Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e
com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de
9.836, de 1999) Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan- o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
nº 9.836, de 1999) CAPÍTULO VI
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti- DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICI-
tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena LIAR
do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen- Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de
te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído
1999) pela Lei nº 10.424, de 2002)
§1º A União instituirá mecanismo de financiamento específi- §1º Na modalidade de assistência de atendimento e internação
co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter- cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência

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LEGISLAÇÃO

social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes CAPÍTULO VIII
em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§2º O atendimento e a internação domiciliares serão realizados DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina TECNOLOGIA EM SAÚDE”
preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424,
de 2002) Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
§3º O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- 12.401, de 2011)
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
CAPÍTULO VII terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO À MULHER NOS vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
SERVIÇOS DE SAÚDE com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
(Redação dada pela Lei nº 14.737, de 2023) II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
Art. 19-J. Em consultas, exames e procedimentos realizados em pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
unidades de saúde públicas ou privadas, toda mulher tem o direito território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
de fazer-se acompanhar por pessoa maior de idade, durante todo Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
o período do atendimento, independentemente de notificação pré- das as seguintes definições: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
via. (Redação dada pela Lei nº 14.737, de 2023) I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
§1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será de coletoras e equipamentos médicos; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
livre indicação da paciente ou, nos casos em que ela esteja impos- 2011)
sibilitada de manifestar sua vontade, de seu representante legal, e II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
estará obrigado a preservar o sigilo das informações de saúde de estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
que tiver conhecimento em razão do acompanhamento. (Redação saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
dada pela Lei nº 14.737, de 2023) produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
§2º No caso de atendimento que envolva qualquer tipo de das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
sedação ou rebaixamento do nível de consciência, caso a paciente a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
não indique acompanhante, a unidade de saúde responsável pelo gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
atendimento indicará pessoa para acompanhá-la, preferencialmen- Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
te profissional de saúde do sexo feminino, sem custo adicional para verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
a paciente, que poderá recusar o nome indicado e solicitar a indi- diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
cação de outro, independentemente de justificativa, registrando-se tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
o nome escolhido no documento gerado durante o atendimento. e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
(Redação dada pela Lei nº 14.737, de 2023) vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
§2º-A Em caso de atendimento com sedação, a eventual renún- escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
cia da paciente ao direito previsto neste artigo deverá ser feita por Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
escrito, após o esclarecimento dos seus direitos, com no mínimo 24 dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
(vinte e quatro) horas de antecedência, assinada por ela e arquiva- quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
da em seu prontuário. (Incluído pela Lei nº 14.737, de 2023) para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
§3º As unidades de saúde de todo o País ficam obrigadas a de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
manter, em local visível de suas dependências, aviso que informe Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
sobre o direito estabelecido neste artigo. (Redação dada pela Lei nº tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
14.737, de 2023) 2011)
§4º No caso de atendimento realizado em centro cirúrgico ou I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
unidade de terapia intensiva com restrições relacionadas à seguran- gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
ça ou à saúde dos pacientes, devidamente justificadas pelo corpo nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
clínico, somente será admitido acompanhante que seja profissional Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
de saúde. (Incluído pela Lei nº 14.737, de 2023) 2011)
§5º Em casos de urgência e emergência, os profissionais de II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
saúde ficam autorizados a agir na proteção e defesa da saúde e da suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
vida da paciente, ainda que na ausência do acompanhante requeri- pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
do. (Incluído pela Lei nº 14.737, de 2023) mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu-
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS

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LEGISLAÇÃO

de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
do pela Lei nº 12.401, de 2011) na Anvisa. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§1º A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí-
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, do pela Lei nº 14.313, de 2022)
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
Conselho Nacional de Saúde, de 1 (um) representante, especialista tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina e de 1 (um) re- tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
presentante, especialista na área, indicado pela Associação Médica de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
Brasileira. (Redação dada pela Lei nº 14.655, de 2023) as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
§2º O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
do pela Lei nº 12.401, de 2011) II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- suas entidades vinculadas, nos termos do §5º do art. 8º da Lei nº
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.313, de
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos 2022)
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
§3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
que se refere o inciso II do §2º deste artigo serão dispostas em regu-
lamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos indica- TÍTULO III
dores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em combinação DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- CAPÍTULO I
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- DO FUNCIONAMENTO
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
§1º O processo de que trata o caput deste artigo observará, no promoção, proteção e recuperação da saúde.
que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
de 2011) de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com infor- condições para seu funcionamento.
mações necessárias para o atendimento do disposto no §2º do art. Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do 2015)
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei 2015)
nº 12.401, de 2011) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
pela Lei nº 14.313, de 2022) policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº nº 13.097, de 2015)
14.313, de 2022) b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
§2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- 13.097, de 2015)
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído

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LEGISLAÇÃO

pela Lei nº 13.097, de 2015) lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que en-
CAPÍTULO II volve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
adequadas. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- ticados na modalidade telessaúde, terão validade em todo o terri-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos tório nacional. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
serviços ofertados pela iniciativa privada. Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- telessaúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
das, a respeito, as normas de direito público. ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluído
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do pela Lei nº 14.510, de 2022)
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
Conselho Nacional de Saúde. que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
§1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de 14.510, de 2022)
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde, serão ob-
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato servadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento,
lidade de execução dos serviços contratados. observada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído
§2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- pela Lei nº 14.510, de 2022)
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do de serviço de telessaúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
contrato. da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacientes.
§3° (Vetado). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
§4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as seguintes de-
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou terminações: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pa-
ciente, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do
TÍTULO III-A profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965, de 23
DA TELESSAÚDE de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho
de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de serviços Geral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- (Código de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- ditames da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Pron-
cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) tuário Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen-
14.510, de 2022) tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris-
II - consentimento livre e informado do paciente; dição exclusivamente por meio da modalidade telessaúde. (Incluído
III - direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaú- pela Lei nº 14.510, de 2022)
de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
do; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) TÍTULO IV
IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluído DOS RECURSOS HUMANOS
pela Lei nº 14.510, de 2022)
V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será
pela Lei nº 14.510, de 2022) formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas
VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei nº 14.510, de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
de 2022) I - organização de um sistema de formação de recursos huma-
VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além
ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis- pessoal;
são; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) II - (Vetado)
IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei nº 14.510, de III - (Vetado)
2022) IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema
Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a moda- Único de Saúde (SUS).

287
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II


Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
exercidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou §1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos ser- de, através do Fundo Nacional de Saúde.
vidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes §2º (Vetado).
de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. §3º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). §4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
entidades profissionais correspondentes. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I - (Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
tência à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;
§1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual outras esferas de governo.
será destinada à recuperação de viciados. §1º (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012) (Vide
§2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde Lei nº 8.142, de 1990)
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- §2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas. cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
§3º As ações de saneamento que venham a ser executadas su- serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
pletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financiadas cional, em especial o número de eleitores registrados.
por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Dis- §3º (Vetado).
trito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da §4º (Vetado).
Habitação (SFH). §5º (Vetado).
§4º (Vetado). §6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação
§5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe-
tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas
Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de na gestão dos recursos transferidos.
recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
externa e receita própria das instituições executoras.
§6º (Vetado).

288
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de


DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em §1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), §2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
função das características epidemiológicas e da organização dos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de serviços.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 48. (Vetado).
Art. 49. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§1º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§2º (Vetado). zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§3º (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§4º (Vetado). Art. 51. (Vetado).
§5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
§6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventa- de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
riados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens Art. 53. (Vetado).
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
mediante simples termo de recebimento. de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§7º (Vetado). clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
§8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro- Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas em contrário.
médico-hospitalares. Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e
Art. 40. (Vetado) 102º da República.
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela Constituição Federal - Artigos 196 a 200
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
como referencial de prestação de serviços, formação de recursos TÍTULO VIII
humanos e para transferência de tecnologia. DA ORDEM SOCIAL
Art. 42. (Vetado). (...)
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser- SEÇÃO II
vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas DA SAÚDE
dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva- Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
das. do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
Art. 44. (Vetado). risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-

289
LEGISLAÇÃO

rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú- da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa 2010) Regulamento
física ou jurídica de direito privado. §6º Além das hipóteses previstas no §1º do art. 41 e no §4º
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: (Vide ADPF 672) combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
verno; cício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades §7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da
III - participação da comunidade. União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
§1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
outras fontes. (Parágrafo único renumerado para §1º pela Emenda de 2022)
Constitucional nº 29, de 2000) §8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos
§2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às ende-
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mias serão consignados no orçamento geral da União com dotação
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) de 2022)
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo §9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários
cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de
recadação dos impostos a que se referem os arts. 155 e 156-A e dos 2022)
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, I, “a”, e II, deduzidas as §10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de com-
parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Reda- bate às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às
ção dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023) funções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- seus vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela Emen-
recadação dos impostos a que se referem os arts. 155 e 156-A e dos da Constitucional nº 120, de 2022)
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, I, “a”, e II, deduzidas as §11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Esta-
parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Reda- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do ven-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023) cimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários
§3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto
cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pessoal.
29, de 2000) Regulamento (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do §2º; (Reda- §12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais
ção dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfer-
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à magem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de
saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, direito público e de direito privado. (Incluído pela Emenda Consti-
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan- tucional nº 124, de 2022)
do a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela §13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, até
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que tra-
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe- ta o §12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou dos
sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a atender
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional. (Incluído
IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
86, de 2015) §14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência
§4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às nicípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi- por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para o
cos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, cumprimento dos pisos salariais de que trata o §12 deste artigo.
de 2006) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022)
§5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial §15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da assis-
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a tência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos presta-

290
LEGISLAÇÃO

dores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% CAPÍTULO I


(sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o §12 deste
artigo serão consignados no orçamento geral da União com dotação Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de se-
própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
de 2022) de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. articulação interfederativa.
§1º As instituições privadas poderão participar de forma com- Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se:
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên- por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de
cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica-
§2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida-
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações
§3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou e serviços de saúde;
capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo
previstos em lei. de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade
§4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio-
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi-
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho,
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle
todo tipo de comercialização. e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras implementação integrada das ações e serviços de saúde;
atribuições, nos termos da lei: III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias do usuário no SUS;
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen-
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in- sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão
sumos; compartilhada do SUS;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de
bem como as de saúde do trabalhador; recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala-
IV - participar da formulação da política e da execução das da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos
ações de saneamento básico; indicadores de saúde do sistema;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a
Constitucional nº 85, de 2015) finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo
humano; ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
tóxicos e radioativos; saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen- produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
dido o do trabalho. das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. gestores do SUS.

Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para CAPÍTULO II


dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o pla- DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfe-
derativa, e dá outras providências. Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser-
viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado
posto na Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990, de forma regionalizada e hierarquizada.
DECRETA:
SEÇÃO I
DAS REGIÕES DE SAÚDE

Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em


articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-

291
LEGISLAÇÃO

tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado
inciso I do art. 30. em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e
§1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva
compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec- região.
tivos Estados em articulação com os Municípios. Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re-
§2º A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na
fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem respectiva área de atuação.
as relações internacionais. Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário
Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes
mínimo, ações e serviços de: federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua-
I - atenção primária; das pelas Comissões Intergestores:
II - urgência e emergência; I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no
III - atenção psicossocial; acesso às ações e aos serviços de saúde;
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
V - vigilância em saúde. saúde;
Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e
cronograma pactuado nas Comissões Intergestores. IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.
Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência para as transferên- Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri-
cias de recursos entre os entes federativos. zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa-
Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonân-
cia com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores . CAPÍTULO III
Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
elementos em relação às Regiões de Saúde:
I - seus limites geográficos; Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente
II - população usuária das ações e serviços; e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con-
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros.
escala para conformação dos serviços. §1º O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públi-
cos e será indutor de políticas para a iniciativa privada.
SEÇÃO II §2º A compatibilização de que trata o caput será efetuada no
DA HIERARQUIZAÇÃO âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de
Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e saúde.
serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com- §3º O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a
pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com- serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo
plexidade do serviço. com as características epidemiológicas e da organização de serviços
Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nos entes federativos e nas Regiões de Saúde.
nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e
I - de atenção primária; as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar
II - de atenção de urgência e emergência; ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio-
III - de atenção psicossocial; e nal, estadual e nacional.
IV - especiais de acesso aberto. Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das
Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos
o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po- entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, de saúde.
considerando as características da Região de Saúde. Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos
especializados, entre outros de maior complexidade e densidade Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde.
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de
trata o art. 9º . que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja-
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado mentos estadual e nacional.
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas CAPÍTULO IV
com proteção especial, conforme legislação vigente. DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Parágrafo único. A população indígena contará com regramen-
tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se
e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento
com disposições do Ministério da Saúde. do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas

292
LEGISLAÇÃO

Comissões Intergestores. entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac-


tuado nas Comissões Intergestores.
SEÇÃO I Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu-
DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE - tica pressupõe, cumulativamente:
RENASES I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do
SUS;
Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE- II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde,
NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao no exercício regular de suas funções no SUS;
usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde. III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os
Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es-
âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT. pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica-
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso- mentos; e
lidará e publicará as atualizações da RENASES. IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di-
Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios reção do SUS.
pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon- §1º Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário
sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE- à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
NASES. justifiquem.
Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão §2º O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen-
adotar relações específicas e complementares de ações e serviços ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon- Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es-
sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac- tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão
tuado nas Comissões Intergestores. conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária - ANVISA.
SEÇÃO II
DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS - CAPÍTULO V
RENAME DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA

Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE- SEÇÃO I


NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos DAS COMISSÕES INTERGESTORES
indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito
do SUS. Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e
Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re-
Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa- des de atenção à saúde, sendo:
ção e o uso dos seus medicamentos. I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde
Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis- para efeitos administrativos e operacionais;
por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu- II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual
ticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e
CIT. III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio-
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con- nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis-
solidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo FTN trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB.
e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de
Parágrafo único. O Ministério da Saúde consolidará e publicará saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre-
as atualizações: (Redação dada pelo Decreto nº 11.161, de 2022) tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias
Vigência Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se-
I - da RENAME, a cada dois anos, e disponibilizará, nesse prazo, cretarias Municipais de Saúde - COSEMS.
a lista de tecnologias incorporadas, excluídas e alteradas pela CONI- Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão:
TEC e com a responsabilidade de financiamento pactuada de forma I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges-
tripartite, até que haja a consolidação da referida lista; (Incluído tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de
pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de
II - do FTN, à medida que sejam identificadas novas evidências saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde;
sobre as tecnologias constantes na RENAME vigente; e (Incluído II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi-
pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos
III - de protocolos clínicos ou de diretrizes terapêuticas, quando vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en-
da incorporação, alteração ou exclusão de tecnologias em saúde no tes federativos;
SUS e da existência de novos estudos e evidências científicas identi- III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes-
ficados a partir de revisões periódicas da literatura relacionada aos tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde,
seus objetos. (Incluído pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado- ações e serviços dos entes federativos;
tar relações específicas e complementares de medicamentos, em IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten-
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-

293
LEGISLAÇÃO

volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili- V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde;
dades individuais e as solidárias; e VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora-
V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de mento permanente;
atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên- VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos
cia. em relação às atualizações realizadas na RENASES;
Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac- VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon-
tuação: sabilidades; e
I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES; IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada
II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser- um dos partícipes para sua execução.
viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas
da gestão; e de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das
III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões ações e serviços de saúde.
operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou- Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob-
tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges-
as relações internacionais. tão participativa:
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação
SEÇÃO II do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me-
DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu-
Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos ário; e
para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em
firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú- todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas
de. que dele participem de forma complementar.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator
Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas
saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên- Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi-
cia aos usuários. zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação.
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede- Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS,
rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do
pactuações estabelecidas pela CIT. Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde.
Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de- §1º O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4º
finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede- da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe-
rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato
e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os Organizativo de Ação Pública de Saúde.
recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle §2º O disposto neste artigo será implementado em conformi-
e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em
implementação integrada das ações e serviços de saúde. Lei.
§1º O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de ga- Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução
rantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do SUS, do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação
a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saúde. ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à
§2º O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais aplicação dos recursos disponibilizados.
de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato
desempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regi- em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao
ões de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regio- respectivo Conselho de Saúde para monitoramento.
nais e estaduais.
Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con- CAPÍTULO VI
terá as seguintes disposições essenciais: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo- Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis-
ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter- tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo:
-regional; I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe- prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre-
rante a população no processo de regionalização, as quais serão vistas neste Decreto;
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990 ;
de cada ente federativo da Região de Saúde; III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
IV - indicadores e metas de saúde; ceiros; e

294
LEGISLAÇÃO

IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento. Mas o SUS é ainda uma reforma incompleta na Saúde, encon-
Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações trando-se em pleno curso de mudanças. Portanto, ainda estão em
e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são debate as formas de organização do sistema, dos serviços e do
ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de trabalho em saúde, que definem os modos de se produzir saúde e
forma direta ou indireta. onde investir recursos, entre outros.
Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
zes de que trata o §3º do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a Diante disto, muitos desafios para a produção de saúde perma-
partir da publicação deste Decreto. necem, como por exemplo:
Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. - Qualificar o sistema de co-gestão do SUS;
Brasília, 28 de junho de 2011; 190º da Independência e 123º - Criar um sistema de saúde em rede, que supere o isolamento
da República. dos serviços em níveis de atenção, o que produz baixa transversa-
lização/comunicação entre as equipes e, consequentemente, seg-
mentação do cuidado e dificuldades de seguimento/continuidade
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO da ação clínica pela equipe que cuida do usuário;
- Fortalecer e qualificar a atenção básica e ampliá-la como es-
Humanização/Política Nacional de Humanização (PNH) tratégia organizadora das redes de cuidado em saúde;
No campo da Saúde, humanização diz respeito a uma aposta - Fortalecer os processos de regionalização cooperativa e soli-
ético-estético-política: ética porque implica a atitude de usuários, dária, na perspectiva da ampliação do acesso com equidade;
gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e corresponsá- - Considerar a diversidade cultural e a desigualdade socioeco-
veis. Estética porque acarreta um processo criativo e sensível de nômica presente no território nacional;
produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonis- - Considerar o complexo padrão epidemiológico do povo bra-
tas. Política porque se refere à organização social e institucional das sileiro, que requer a utilização de multiplicidade de estratégias e
práticas de atenção e gestão na rede do SUS. O compromisso éti- tecnologias;
co-estético- político da humanização do SUS se assenta nos valores - Superar a disputa de recursos entre os entes federados, para a
de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de corresponsabilidade afirmação da contratação de corresponsabilidades sanitárias;
entre eles, de solidariedade dos vínculos estabelecidos, dos direitos - Diminuir a interferência da lógica privada na organização da
dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão. rede de saúde, ampliando a co-responsabilização nos processos de
cuidado de todos os serviços que compõem a rede do SUS;
MARCO TEÓRICO-POLÍTICO - Superar o entendimento de saúde como ausência de doença
AVANÇOS E DESAFIOS DO SUS (cultura sanitária biomédica), para a ampliação e o fortalecimento
da concepção de saúde como produção social, econômica e cultu-
O SUS institui uma política pública de saúde que visa à integra- ral;
lidade, à universalidade, à busca da equidade e à incorporação de - Garantir recursos suficientes para o financiamento do SUS,
novas tecnologias, saberes e práticas. para a superação do subfinanciamento;
Entre os avanços e conquistas, pode-se facilmente destacar - Superar a fragmentação do processo de trabalho e das rela-
que há um SUS que dá certo, pois: ções entre os diferentes profissionais;
- A rede de atenção pública de saúde está presente em todo o - Implantar diretrizes do acolhimento e da clínica ampliada,
território nacional, em todos os estados e municípios; para a ratificação do compromisso ético-político dos serviços de
- Muitos serviços de saúde têm experimentado, em todo ter- saúde na defesa da vida;
ritório nacional, inovações na organização e oferta das práticas de - Melhorar a interação nas equipes e qualificá-las para lidarem
saúde, permitido a articulação de ações de promoção e de preven- com as singularidades dos sujeitos e coletivos nas práticas de aten-
ção, com ações de cura e reabilitação; ção à saúde;
- O SUS vem reorganizando a rede de atenção à saúde, produ- - Fomentar estratégias de valorização do trabalhador: promo-
zindo impacto na qualidade de vida do brasileiro; ver melhorias nas condições de trabalho (ambiência), ampliar in-
- O SUS tem propiciado a produção de cidadania, envolvendo e vestimentos na qualificação dos trabalhadores, etc.
corresponsabilizando a sociedade na condução da política de saú- - Fomentar processos de co-gestão, valorizando e incentivando
de, criando um sistema de gestão colegiada com forte presença e a inclusão dos trabalhadores e usuários em todo processo de pro-
atuação de conferências e conselhos de saúde; dução de saúde;
- O SUS construiu novos arranjos e instrumentos de gestão, que - Incorporar de forma efetiva nas práticas de gestão e de aten-
ampliaram a capacidade de gestão e de co-responsabilização, ser- ção os direitos dos usuários da saúde.
vindo inclusive de referência para a organização de outras políticas
públicas no Brasil. A humanização como política transversal na rede
- O SUS vem fortalecendo o processo de descentralização, am- A humanização vista não como programa, mas como política
pliando a presença, a autonomia e a responsabilização sanitária de pública que atravessa/transversaliza as diferentes ações e instân-
municípios na organização das redes de atenção à saúde; cias gestoras do SUS, implica em:
- Tem havido uma ampliação da articulação regional, melho- - Traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos dife-
rando a oferta de recursos assistenciais e a relação custo-efetivida- rentes equipamentos e sujeitos da rede de saúde;
de, ampliando o acesso da população ao conjunto dos serviços de - Orientar as práticas de atenção e gestão do SUS a partir da
saúde. experiência concreta do trabalhador e usuário, construindo um sen-
tido positivo de humanização, desidealizando “o Homem”. Pensar o

295
LEGISLAÇÃO

humano no plano comum da experiência de um homem qualquer; Princípios norteadores da política de humanização
- Construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla tare- - Valorização da dimensão subjetiva e coletiva em todas as prá-
fa de produção de saúde e produção de sujeitos; ticas de atenção e gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com
- Oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, destacan- os direitos de cidadania, destacando-se as necessidades específicas
do o aspecto subjetivo nelas presente; de gênero, étnico - racial, orientação/expressão sexual e de seg-
- Contagiar, por atitudes e ações humanizadoras, a rede do SUS, mentos específicos (população negra, do campo, extrativista, povos
incluindo gestores, trabalhadores da saúde e usuários; indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, assentados, popula-
- Posicionar-se, como política pública: ção em situação de rua, etc.);
a) nos limites da máquina do Estado onde ela se encontra com - Fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, fo-
os coletivos e as redes sociais; mentando a transversalidade e a grupalidade;
b) nos limites dos Programas e Áreas do Ministério da Saúde, - Apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e com-
entre este e outros ministérios (intersetorialidade). prometidas com a produção de saúde e com a produção de sujeitos;
- Construção de autonomia e protagonismo dos sujeitos e cole-
Assim, entendemos humanização do SUS como: tivos implicados na rede do SUS;
- Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de - Corresponsabilidade desses sujeitos nos processos de gestão
produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; e atenção;
- Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e - Fortalecimento do controle social, com caráter participativo,
dos coletivos; em todas as instâncias gestoras do SUS;
- Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de - Compromisso com a democratização das relações de trabalho
saúde e de sujeitos; e valorização dos trabalhadores da saúde, estimulando processos
- Estabelecimento de vínculos solidários e de participação cole- de educação permanente em saúde;
tiva no processo de gestão; - Valorização da ambiência, com organização de espaços de tra-
- Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas balho saudáveis e acolhedores.
e subjetivas de saúde;
- Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasi- A PNH se estrutura a partir de:
leiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de - Princípios;
idade, raça/cor, origem, gênero e orientação sexual; - Método;
- Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indissocia- - Diretrizes;
bilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produ- - Dispositivos.
ção de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valorizan-
do os trabalhadores e as relações sociais no trabalho; Princípios da PNH
- Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais
acolhedor, mais ágil, e mais resolutivo; Por princípio entende-se o que causa ou força a ação, ou que
- Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando dispara um determinado movimento no plano das políticas públi-
as condições de trabalho e de atendimento; cas. A PNH, como movimento de mudança dos modelos de atenção
- Compromisso com a articulação dos processos de formação e gestão, possui três princípios a partir dos quais se desdobra en-
com os serviços e práticas de saúde; quanto política pública de saúde:
- Luta por um SUS mais humano, porque construído com a par-
ticipação de todos e comprometido com a qualidade dos seus servi- Transversalidade
ços e com a saúde integral para todos e qualquer um. - Aumento do grau de comunicação intra e intergrupos;
- Transformação dos modos de relação e de comunicação entre
Para isso, a Humanização do SUS se operacionaliza com: os sujeitos implicados nos processos de produção de saúde, pro-
- O resgate dos fundamentos básicos que norteiam as práticas duzindo como efeito a desestabilização das fronteiras dos saberes,
de saúde no SUS, reconhecendo os gestores, trabalhadores e usuá- dos territórios de poder e dos modos instituídos na constituição das
rios como sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde; relações de trabalho.
- A construção de diferentes espaços de encontro entre sujeitos
(Grupo de Trabalho em Humanização; Rodas; Colegiados de Gestão, Indissociabilidade entre atenção e gestão
etc.); - Alteração dos modos de cuidar inseparável da alteração dos
- A construção e a troca de saberes; modos de gerir e se apropriar do trabalho;
- O trabalho em rede com equipes multiprofissionais, com atu- - Inseparabilidade entre clínica e política, entre produção de
ação transdisciplinar; saúde e produção de sujeitos;
- O mapeamento, análise e atendimento de demandas e inte- - Integralidade do cuidado e integração dos processos de tra-
resses dos diferentes sujeitos do campo da saúde; balho
- O pacto entre os diferentes níveis de gestão do SUS (federal,
estadual e municipal), entre as diferentes instâncias de efetivação Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e
das políticas públicas de saúde (instâncias da gestão e da atenção), dos coletivos
assim como entre gestores, trabalhadores e usuários desta rede; - Trabalhar implica na produção de si e na produção do mundo,
- A construção de redes solidárias e interativas, participativas e das diferentes realidades sociais, ou seja, econômicas, políticas, ins-
protagonistas do SUS. titucionais e culturais;
- As mudanças na gestão e na atenção ganham maior efetivi-

296
LEGISLAÇÃO

dade quando produzidas pela afirmação da autonomia dos sujeitos Esses dispositivos encontram-se detalhados em cartilhas, tex-
envolvidos, que contratam entre si responsabilidades compartilha- tos, artigos e documentos específicos de referência, disponibiliza-
das nos processos de gerir e de cuidar. dos nas publicações e site da PNH <http://www.saude.gov.br/hu-
manizasus>.
O Método da PNH
Resultados Esperados com a PNH
Por método entende-se a condução de um processo ou o seu
modo de caminhar (meta = fim; hodos = caminho). A PNH caminha Com a implementação da PNH, trabalhamos para alcançar re-
no sentido da inclusão, nos processos de produção de saúde, dos sultados englobando as seguintes direções:
diferentes agentes implicados nestes processos. Podemos falar de - Serão reduzidas as filas e o tempo de espera, com ampliação
um “método de tríplice inclusão”: do acesso, e atendimento acolhedor e resolutivo, baseado em cri-
- inclusão dos diferentes sujeitos (gestores, trabalhadores e térios de risco;
usuários) no sentido da produção de autonomia, protagonismo e - Todo usuário do SUS saberá quem são os profissionais que
corresponsabilidade. Modo de fazer: rodas; cuidam de sua saúde e a rede de serviços que se responsabilizará
- inclusão dos analisadores sociais ou, mais especificamente, por sua referência territorial e atenção integral;
inclusão dos fenômenos que desestabilizam os modelos tradicio- - As unidades de saúde garantirão os direitos dos usuários,
nais de atenção e de gestão, acolhendo e potencializando os pro- orientandos e pelas conquistas já asseguradas em lei e ampliando
cessos de mudança. Modo de fazer: análise coletiva dos conflitos, os mecanismos de sua participação ativa, e de sua rede sociofami-
entendida como potencialização da força crítica das crises. liar, nas propostas de plano terapêutico, acompanhamento e cuida-
- inclusão do coletivo seja como movimento social organizado, dos em geral;
seja como experiência singular sensível (mudança dos perceptos e - As unidades de saúde garantirão gestão participativa aos seus
dos afetos) dos trabalhadores de saúde quando em trabalho grupal. trabalhadores e usuários, com investimento na educação perma-
Modo de fazer; fomento das redes. nente em saúde dos trabalhadores, na adequação de ambiência e
espaços saudáveis e acolhedores de trabalho, propiciando maior
Diretrizes da PNH integração de trabalhadores e usuários em diferentes momentos
(diferentes rodas e encontros);
Por diretrizes entende-se as orientações gerais de determinada - Serão implementadas atividades de valorização e cuidado aos
política. No caso da PNH, suas diretrizes expressam o método da trabalhadores da saúde.
inclusão no sentido da:
- Clínica Ampliada; Tanto no âmbito dos resultados esperados quanto nos pro-
- Co-gestão; cessos disparados, está-se procurando ajustar metodologias para
- Acolhimento; monitoramento e avaliação (articulados aos planos de ação), cui-
- Valorização do trabalho e do trabalhador; dando para que o próprio processo avaliativo seja inovado à luz dos
- Defesa dos Direitos do Usuário; referenciais da PNH, em uma perspectiva formativa, participativa e
- Fomento das grupalidades, coletivos e redes; emancipatória, de aprender-fazendo e fazer-aprendendo.
- Construção da memória do SUS que dá certo.
Estratégias Gerais
Dispositivos da PNH
A implementação da PNH pressupõe vários eixos de ação que
Por dispositivos entende-se a atualização das diretrizes de uma objetivam institucionalização, difusão dessa estratégia e, principal-
política em arranjos de processos de trabalho. Na PNH, foram de- mente, a apropriação de seus resultados pela sociedade:
senvolvidos vários dispositivos que são postos a funcionar nas prá- - No eixo das instituições do SUS, propõe-se que a PNH faça
ticas de produção de saúde, envolvendo coletivos e visando promo- parte dos planos estaduais e municipais dos governos, como já faz
ver mudanças nos modelos de atenção e de gestão: do Plano Nacional de Saúde e dos Termos de Compromisso do Pac-
- Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e Câmara Técnica to Pela Saúde;
de Humanização (CTH); - No eixo da gestão do trabalho, propõe-se a promoção de
- Colegiado Gestor; ações que assegurem a participação dos trabalhadores nos pro-
- Contrato de Gestão; cessos de discussão e decisão, fortalecendo e valorizando os traba-
- Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores lhadores, sua motivação, seu desenvolvimento e seu crescimento
da saúde: gerência de “porta aberta”; ouvidorias; grupos focais e profissional;
pesquisas de satisfação, etc.; - No eixo do financiamento, propõe-se a integração de recursos
- Visita Aberta e Direito à Acompanhante; vinculados a programas específicos de humanização e outros recur-
- Programa de Formação em Saúde do Trabalhador (PFST) e Co- sos de subsídio à atenção, unificando-os e repassando-os, fundo a
munidade Ampliada de Pesquisa (CAP); fundo, mediante o compromisso dos gestores com a PNH;
- Equipe Transdisciplinar de Referência e de Apoio Matricial; - No eixo da atenção, propõe-se uma política incentivadora de
- Projetos Co-Geridos de Ambiência; ações integrais, promocionais e intersetoriais de saúde, inovando
- Acolhimento com Classificação de Riscos; nos processos de trabalho que busquem o compartilhamento dos
- Projeto Terapêutico Singular e Projeto de Saúde Coletiva; cuidados, resultando em aumento da autonomia e protagonismo
- Projeto Memória do SUS que dá certo. dos sujeitos envolvidos;

297
LEGISLAÇÃO

- No eixo da educação permanente em saúde indica-se que a Parâmetros para implementação de ações na atenção básica
PNH: - Organização do acolhimento de modo a promover a amplia-
1) seja incluída como conteúdo e/ou componentes curriculares ção efetiva do acesso à atenção básica e aos demais níveis do siste-
de cursos de graduação, pós-graduação e extensão em saúde, vin- ma, eliminando as filas, organizando o atendimento com base em
culando-se às instituições de formação; riscos/vulnerabilidade priorizados e buscando adequação da capa-
2) oriente processos de educação permanente em saúde de cidade resolutiva;
trabalhadores nos próprios serviços de saúde; - Definição inequívoca de responsabilidades sanitárias da equi-
- No eixo da informação/comunicação, indica-se por meio de pe de referência com a população referida, favorecendo a produção
ação da mídia e discurso social amplo a inclusão da PNH no debate de vínculo orientado por projetos terapêuticos de saúde, individu-
da saúde; ais e coletivos, para usuários e comunidade, contemplando ações
- No eixo da gestão da PNH, propõem-se práticas de planeja- de diferentes eixos, levando em conta as necessidades/demandas
mento, monitoramento e avaliação, baseadas em seus princípios, de saúde. Avançar na perspectivas do: a) exercício de uma clínica
diretrizes e dispositivos, dimensionando seus resultados e gerando ampliada, capaz de aumentar a autonomia dos sujeitos, das famílias
conhecimento específico na perspectiva da Humanização do SUS. e da comunidade; b) estabelecimento de redes de saúde, incluindo
todos os atores e equipamentos sociais de base territorial (e ou-
Alguns parâmetros para orientar a implantação de ações /dis- tros), firmando laços comunitários e construindo políticas e inter-
positivos venções intersetoriais;
Para orientar a implementação de ações de Humanização na - Organização do trabalho, com base em equipes multiprofis-
rede SUS, reafirmam-se os princípios da PNH, direcionados nos se- sionais e atuação transdisciplinar, incorporando metodologias de
guintes objetivos: planejamento e gestão participativa, colegiada, e avançando na
- Ampliar o diálogo entre os trabalhadores, entre os trabalha- gestão compartilhada dos cuidados/atenção;
dores e a população e entre os trabalhadores e a administração, - Implementação de sistemas de escuta qualificada para usuá-
promovendo a gestão participativa, colegiada e a gestão comparti- rios e trabalhadores, com garantia de análise e encaminhamentos a
lhada dos cuidados/atenção; partir dos problemas apresentados;
- Implantar, estimular e fortalecer os Grupos de Trabalho e Câ- - Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de
maras Técnicas de Humanização com plano de trabalho definido; educação permanente em saúde;
- Estimular práticas de atenção compartilhadas e resolutivas, - Promoção de atividades de valorização e de cuidados aos tra-
racionalizar e adequar o uso dos recursos e insumos, em especial balhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promo-
o uso de medicamentos, eliminando ações intervencionistas des- ção da saúde e a qualidade de vida no trabalho;
necessárias; - Organização do trabalho com base em metas discutidas cole-
- Reforçar o conceito de clínica ampliada: compromisso com o tivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na im-
sujeito e seu coletivo, estímulo a diferentes práticas terapêuticas e plementação de contratos internos de gestão.
corresponsabilidade de gestores, trabalhadores e usuários no pro-
cesso de produção de saúde; Parâmetros para implementação de ações de urgência e emer-
- Sensibilizar as equipes de saúde para o problema da violência gência, nos prontos-socorros, pronto atendimentos, assistência pré-
em todos os seus âmbitos de manifestação, especialmente a vio- -hospitalar e outros
lência intrafamiliar (criança, mulher e idoso), a violência realizada - Demanda acolhida e atendida de acordo com a avaliação de
por agentes do Estado (populações pobres e marginalizadas), a vio- risco, garantido o acesso referenciado aos demais níveis de assis-
lência urbana e para a questão dos preconceitos (racial, religioso, tência;
sexual, de origem e outros) nos processos de recepção/acolhida e - Garantia de resolução da urgência e emergência, provido o
encaminhamentos; acesso ao atendimento hospitalar e à transferência segura confor-
- Adequar os serviços ao ambiente e à cultura dos usuários, me a necessidade dos usuários;
respeitando a privacidade e promovendo a ambiência acolhedora - Promoção de ações que garantam a integração com o restante
e confortável; da rede de serviços e a continuidade do cuidado após o atendimen-
- Viabilizar a participação ativa dos trabalhadores nas unidades to de urgência ou de emergência;
de saúde, por meio de colegiados gestores e processos interativos - Definição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de
de planejamento e de tomada de decisão; intervenções desnecessárias e respeitando a singularidade do su-
- Implementar sistemas e mecanismos de comunicação e in- jeito;
formação que promovam o desenvolvimento, a autonomia e o pro- - Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de
tagonismo das equipes e da população, ampliando o compromisso educação permanente em saúde;
social e a co-responsabilização de todos os envolvidos no processo - Promoção de atividades de valorização e de cuidados aos tra-
de produção da saúde; balhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promo-
- Promover ações de incentivo e valorização da jornada de tra- ção da saúde e a qualidade de vida no trabalho.
balho integral no SUS, do trabalho em equipe e da participação do - Organização do trabalho com base em metas discutidas cole-
trabalhador em processos de educação permanente em saúde que tivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na im-
qualifiquem sua ação e sua inserção na rede SUS; plementação de contratos internos de gestão.
- Promover atividades de valorização e de cuidados aos traba-
lhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promoção Parâmetros para implementação de ações na atenção especia-
da saúde e qualidade de vida no trabalho. lizada
- Garantia de agenda de atendimento em função da análise de

298
LEGISLAÇÃO

risco e das necessidades do usuário; Observação


- Critérios de acesso: identificados de forma pública, incluídos Esses parâmetros devem ser associados à definição de indica-
na rede assistencial, com efetivação de protocolos de referência e dores capazes de monitorar as ações implementadas.
contrarreferência; Em outros documentos específicos encontram-se disponibiliza-
- Otimização do atendimento ao usuário, articulando a agenda dos indicadores que podem ser tomados como referência.
multiprofissional de ações diagnósticas e terapêuticas que deman-
dam diferentes saberes e tecnologias de reabilitação; Para maiores detalhes consultar o sítio da PNH. Disponível:
- Definição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de <http//www.saude.gov.br/humanizasus>.
intervenções desnecessárias e respeitando a singularidade do su-
jeito; Glossário HumanizaSUS
- Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de
educação permanente; Acolhimento
- Promoção de atividades de valorização e de cuidados aos tra- Processo constitutivo das práticas de produção e promoção de
balhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promo- saúde que implica responsabilização do trabalhador/equipe pelo
ção da saúde e a qualidade de vida no trabalho. usuário, desde a sua chegada até a sua saída. Ouvindo sua queixa,
- Organização do trabalho com base em metas discutidas cole- considerando suas preocupações e angústias, fazendo uso de uma
tivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na im- escuta qualificada que possibilite analisar a demanda e, colocando
plementação de contratos internos de gestão. os limites necessários, garantir atenção integral, resolutiva e res-
ponsável por meio do acionamento/articulação das redes internas
Parâmetros para implementação de ações na atenção hospi- dos serviços (visando à horizontalidade do cuidado) e redes exter-
talar nas, com outros serviços de saúde, para continuidade da assistência
- Implantação de Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) quando necessário.
com plano de trabalho definido;
- Garantia de visita aberta, da presença do acompanhante e de Alteridade
sua rede social, respeitando a dinâmica de cada unidade hospitalar Alter: “outro”, em latim. A alteridade refere-se à experiência in-
e peculiaridades das necessidades do acompanhante; ternalizada da existência do outro, não como um objeto, mas como
- Implantação de mecanismos de recepção com acolhimento um outro sujeito co-presente no mundo das relações intersubjeti-
aos usuários; vas.
- Implantação de mecanismos de escuta para a população e
para os trabalhadores; Ambiência
- Estabelecimento de equipe multiprofissional de referência Ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais
para os pacientes internados (com médico e enfermeiro, com apoio que deve estar relacionado a um projeto de saúde voltado para a
matricial de psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacio- atenção acolhedora, resolutiva e humana. Nos serviços de saúde a
nais, farmacêuticos, nutricionistas e outros profissionais de acordo ambiência é marcada tanto pelas tecnologias médicas ali presentes
com as necessidades), com horário pactuado para atendimento à quanto por outros componentes estéticos ou sensíveis apreendidos
família e/ou sua rede social; pelo olhar, olfato, audição, por exemplo, a luminosidade e os ruídos
- Implantação de Conselho de Gestão Participativa; do ambiente, a temperatura, etc. Muito importante na ambiência é
- Implantação de acolhimento com avaliação de risco nas áreas o componente afetivo expresso na forma do acolhimento, da aten-
de acesso (pronto atendimento, pronto-socorro, ambulatório, ser- ção dispensada ao usuário, da interação entre os trabalhadores e
viço de apoio diagnóstico e terapia); gestores. Devem-se destacar também os componentes culturais e
- Implantação de mecanismos de desospitalização, visando al- regionais que determinam os valores do ambiente.
ternativas às práticas hospitalares como as de cuidados domicilia-
res; Apoio matricial
- Garantia de continuidade de assistência, com ativação de re- Lógica de produção do processo de trabalho na qual um pro-
des de cuidados para viabilizar a atenção integral; fissional oferece apoio em sua especialidade para outros profissio-
- Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de nais, equipes e setores. Inverte-se, assim, o esquema tradicional e
educação permanente; fragmentado de saberes e fazeres já que ao mesmo tempo em que
- Promoção de atividades de valorização e de cuidados aos tra- o profissional cria pertencimento à sua equipe/setor, também fun-
balhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promo- ciona como apoio, referência para outras equipes.
ção da saúde e a qualidade de vida no trabalho;
- Realização de atividades sistemáticas de formação, articulan- Apoio institucional
do processos de educação permanente em saúde para os trabalha- Apoio institucional é uma função gerencial que reformula o
dores, contemplando diferentes temáticas permeadas pelos princí- modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento, supervi-
pios e conceitos da PNH; são e avaliação em saúde. Um de seus principais objetivos é fomen-
- Organização do trabalho com base em metas discutidas cole- tar e acompanhar processos de mudança nas organizações, mis-
tivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na im- turando e articulando conceitos e tecnologias advindas da análise
plementação de contratos internos de gestão. institucional e da gestão. Ofertar suporte ao movimento de mudan-
ça deflagrado por coletivos, buscando fortalecê-los no próprio exer-
cício da produção de novos sujeitos em processos de mudança é
tarefa primordial do apoio. Temos entendido que a função do apoio

299
LEGISLAÇÃO

é chave para a instauração de processos de mudança em grupos e em saúde obrigam a modificação dos modelos de atenção e de ges-
organizações, porque o objeto de trabalho do apoiador é, sobre- tão dos processos de trabalho em saúde.
tudo, o processo de trabalho de coletivos que se organizam para A modificação das práticas de cuidado se faz no sentido da am-
produzir, em nosso caso, saúde. A diretriz do apoio institucional é a pliação da clínica, isto é, pelo enfrentamento de uma clínica ainda
democracia institucional e a autonomia dos sujeitos. Assim sendo, o hegemônica que:
apoiador deve estar sempre inserido em movimentos coletivos, aju- 1) toma a doença e o sintoma como seu objeto;
dando na análise da instituição, buscando novos modos de operar 2) toma a remissão de sintoma e a cura como seu objetivo;
e produzir das organizações. É, portanto, em, uma região limítrofe 3) realiza a avaliação diagnóstica reduzindo-a à objetividade
entre a clínica e a política, entre o cuidado e a gestão – lá onde positivista clínica ou epidemiológica;
estes domínios se interferem mutuamente – que a função de apoio 4) define a intervenção terapêutica considerando predominan-
institucional trabalha no sentido da transversalidade das práticas e temente ou exclusivamente os aspectos orgânicos.
dos saberes no interior das organizações. O apoiador institucional Ampliar a clínica, por sua vez, implica:
tem a função de: 1) estimular a criação de espaços coletivos, por 1) tomar a saúde como seu objeto de investimento, conside-
meio de arranjos ou dispositivos que propiciem a interação entre rando a vulnerabilidade, o risco do sujeito em seu contexto;
os sujeitos; 2) reconhecer as relações de poder, afeto e a circulação 2) ter como objetivo produzir saúde e ampliar o grau de auto-
de conhecimentos propiciando a viabilização dos projetos pactua- nomia dos sujeitos;
dos pelos atores institucionais e sociais; 3) mediar junto ao grupo a 3) realizar a avaliação diagnóstica considerando não só o saber
construção de objetivos comuns e a pactuação de compromissos e clínico e epidemiológico, como também a história dos sujeitos e os
contratos; 4) trazer para o trabalho de coordenação, planejamento saberes por eles veiculados;
e supervisão os processos de qualificação das ações institucionais; 4) definir a intervenção terapêutica considerando a complexi-
5) propiciar que os grupos possam exercer a crítica e, em última dade biopsíquicossocial das demandas de saúde.
instância, que os profissionais de saúde sejam capazes de atuar com As propostas da clínica ampliada:
base em novos referenciais, contribuindo para melhorar a qualida- 1) compromisso com o sujeito e não só com a doença;
de da gestão no SUS. A função apoio se apresenta, nesta medida, 2) reconhecimento dos limites dos saberes e a afirmação de
como diretriz e dispositivo para ampliar a capacidade de reflexão, que o sujeito é sempre maior que os diagnósticos propostos;
entendimento e análise de coletivos, que assim poderiam qualificar 3) afirmação do encontro clínico entre dois sujeitos (trabalha-
sua própria intervenção, sua capacidade de produzir mais e melhor dor de saúde e usuário) que se co-produzem na relação que esta-
saúde com os outros. belecem;
4) busca do equilíbrio entre danos e benefícios gerados pelas
Atenção especializada/serviço de assistência especializada práticas de saúde;
Unidades ambulatoriais de referência, compostas por equipes 5) aposta nas equipes multiprofissionais e transdisciplinares;
multidisciplinares de diferentes especialidades que acompanham 6) fomento da corresponsabilidade entre os diferentes sujeitos
os pacientes, prestando atendimento integral a eles e a seus fami- implicados no processo de produção de saúde (trabalhadores de
liares. saúde, usuários e rede social);
7) defesa dos direitos dos usuários.
Autonomia
No seu sentido etimológico, significa “produção de suas pró- Colegiado gestor
prias leis” ou “faculdade de se reger por suas próprias leis”. Em Em um modelo de gestão participativa, centrado no trabalho
oposição à heteronomia, designa todo sistema ou organismo do- em equipe e na construção coletiva (planeja quem executa), os co-
tado da capacidade de construir regras de funcionamento para si legiados gestores garantem o compartilhamento do poder, a coaná-
e para o coletivo. Pensar os indivíduos como sujeitos autônomos é lise, a codecisão e a coavaliação. A direção das unidades de saúde
considerá-los como protagonistas nos coletivos de que participam, tem diretrizes, pedidos que são apresentados para os colegiados
co-responsáveis pela produção de si e do mundo em que vivem. Um como propostas/ofertas que devem ser analisadas, reconstruídas
dos valores norteadores da Política Nacional de Humanização é a e pactuadas. Os usuários/familiares e as equipes também têm pe-
produção de sujeitos autônomos, protagonistas e co-responsáveis didos e propostas que serão apreciadas e acordadas. Os colegiados
pelo processo de produção de saúde. são espaços coletivos deliberativos, tomam decisões no seu âmbito
de governo em conformidade com as diretrizes e contratos defini-
Classificação de Risco (Avaliação de Risco) dos. O colegiado gestor de uma unidade de saúde é composto por
Mudança na lógica do atendimento, permitindo que o critério todos os membros da equipe ou por representantes. Tem por fina-
de priorização da atenção seja o agravo à saúde e/ou grau de sofri- lidade elaborar o projeto de ação da instituição, atuar no processo
mento e não mais a ordem de chegada (burocrática). Realizado por de trabalho da unidade, responsabilizar os envolvidos, acolher os
profissional da saúde que, utilizando protocolos técnicos, identifica usuários, criar e avaliar os indicadores, sugerir e elaborar propostas.
os pacientes que necessitam de tratamento imediato, considerando
o potencial de risco, agravo à saúde ou grau de sofrimento e provi- Controle social (participação cidadã)
dencia, de forma ágil, o atendimento adequado a cada caso. Participação popular na formulação de projetos e planos, defi-
nição de prioridades, fiscalização e avaliação das ações e dos servi-
Clínica ampliada ços, nas diferentes esferas de governo, destacando-se, na área da
O conceito de clínica ampliada deve ser entendido como uma Saúde, as conferências e os conselhos de saúde.
das diretrizes impostas pelos princípios do SUS. A universalidade do
acesso, a integralidade da rede de cuidado e a equidade das ofertas

300
LEGISLAÇÃO

Diretrizes da PNH Equidade


Por diretrizes entendem-se as orientações gerais de determina- No vocabulário do SUS, diz respeito aos meios necessários para
da política. No caso da PNH, suas diretrizes apontam no sentido da: se alcançar a igualdade, estando relacionada com a ideia de justiça
1) Clínica Ampliada; social. Condições para que todas as pessoas tenham acesso aos di-
2) Cogestão; reitos que lhe são garantidos. Para que se possa exercer a equidade,
3) Valorização do Trabalho; é preciso que existam ambientes favoráveis, acesso à informação,
4) Acolhimento; acesso a experiências e habilidades na vida, assim como oportu-
5) Valorização do trabalho e do trabalhador da Saúde do Tra- nidades que permitam fazer escolhas por uma vida mais sadia. O
balhador; contrário de equidade é iniquidade, e as iniquidades no campo da
6) Defesa dos Direitos do Usuário; saúde têm raízes nas desigualdades existentes na sociedade.
7) Fomento das grupalidades, coletivos e redes; e
8) Construção da memória do SUS que dá certo. Equipe de referência/equipe multiprofissional
Grupo que se constitui por profissionais de diferentes áreas e
Dispositivos da PNH saberes (interdisciplinar, transdisciplinar), organizados em função
Dispositivo é um arranjo de elementos, que podem ser con- dos objetivos/missão de cada serviço de saúde, estabelecendo-se
cretos (ex.: uma reforma arquitetônica, uma decoração, um manu- como referência para os usuários desse serviço (clientela que fica
al de instruções) e/ou imateriais (ex.: conceitos, valores, atitudes) sob a responsabilidade desse grupo/equipe). Está inserido, num
mediante o qual se faz funcionar, se catalisa ou se potencializa um sentido vertical, em uma matriz organizacional. Em hospitais, por
processo. Na PNH, foram desenvolvidos vários dispositivos que são exemplo, a clientela internada tem sua equipe básica de referência
acionados nas práticas de produção de saúde, envolvendo coleti- e especialistas e outros profissionais organizam uma rede de ser-
vos e visando promover mudanças nos modelos de atenção e de viços matriciais de apoio às equipes de referência. As equipes de
gestão: referência em vez de serem um espaço episódico de integração ho-
- Acolhimento com Classificação de Risco; rizontal passam a ser a estrutura permanente e nuclear dos serviços
- Equipes de Referência e de Apoio Matricial; de saúde.
- Projeto Terapêutico Singular e Projeto de Saúde Coletiva;
- Projetos Cogeridos de Ambiência Familiar participante
- Colegiado Gestor; Representante da rede social do usuário que garante a articula-
- Contrato de Gestão; ção entre a rede social/familiar e a equipe profissional dos serviços
- Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores de saúde na elaboração de projetos de saúde.
da saúde: gerência de “porta aberta”; ouvidorias; grupos focais e
pesquisas de satisfação, etc.; Gestão participativa
- Visita Aberta e Direito à Acompanhante; Modo de gestão que incluiu novos sujeitos no processo de
- Programa de Formação em Saúde do trabalhador (PFST) e análise e tomada de decisão. Pressupõe a ampliação dos espaços
Comunidade públicos e coletivos, viabilizando o exercício do diálogo e da pac-
Ampliada de Pesquisa (CAP); tuação de diferenças. Nos espaços de gestão é possível construir
- Programas de Qualidade de Vida e Saúde para os Trabalhado- conhecimentos compartilhados considerando as subjetividades e
res da Saúde; singularidades dos sujeitos e coletivos.
- Grupo de Trabalho de Humanização (GTH);
- Câmaras Técnicas de Humanização (CTH); Grupalidade
- Projeto Memória do SUS que dá certo. Experiência que não se reduz a um conjunto de indivíduos nem
tampouco pode ser tomada como uma unidade ou identidade imu-
Educação permanente em saúde tável. É um coletivo ou uma multiplicidade de termos (usuários,
As ações de educação permanente em saúde envolvem a arti- trabalhadores, gestores, familiares, etc.) em agenciamento e trans-
culação entre educação e trabalho no SUS, visando à produção de formação, compondo uma rede de conexão na qual o processo de
mudanças nas práticas de formação e de saúde. Por meio da Educa- produção de saúde e de subjetividade se realiza.
ção Permanente em Saúde articula-se o ensino, gestão, atenção e
participação popular na produção de conhecimento para o desen- Grupo de Trabalho de Humanização (GTH)
volvimento da capacidade pedagógica de problematizar e identifi- Espaço coletivo organizado, participativo e democrático, que
car pontos sensíveis e estratégicos para a produção da integralidade funciona à maneira de um órgão colegiado e se destina a empreen-
e humanização. der uma política institucional de resgate dos valores de universali-
dade, integralidade e aumento da equidade no cuidado em saúde e
Eficácia/eficiência (resolubilidade) democratização na gestão, em benefício dos usuários e dos traba-
A resolubilidade diz respeito à combinação dos graus de eficá- lhadores da saúde.
cia e eficiência das ações em saúde. A eficácia fala da produção da É constituído por lideranças representativas do coletivo de pro-
saúde como valor de uso, da qualidade da atenção e da gestão da fissionais e demais trabalhadores em cada equipamento de saúde,
saúde. A eficiência refere-se à relação custo/benefício, ao menor (nas SES e nas SMS), tendo como atribuições:
investimento de recursos financeiros e humanos para alcançar o - difundir os princípios norteadores da PNH;
maior impacto nos indicadores sanitários. - pesquisar e levantar os pontos críticos do funcionamento de
cada serviço e sua rede de referência;

301
LEGISLAÇÃO

- promover o trabalho em equipes multiprofissionais, estimu- (trabalho, emprego e renda), num segundo. A escolha do prefixo
lando a transversalidade e a grupalidade; inter e não do trans é efetuada em respeito à autonomia adminis-
- propor uma agenda de mudanças que possam beneficiar os trativa e política dos setores públicos em articulação.
usuários e os trabalhadores da saúde;
- incentivar a democratização da gestão dos serviços; Núcleo de saber
- divulgar, fortalecer e articular as iniciativas humanizadoras Demarca a identidade de uma área de saber e de prática pro-
existentes; estabelecer fluxo de propostas entre os diversos setores fissional. A institucionalização dos saberes e a sua organização em
das instituições de saúde, a gestão, os usuários e a comunidade; práticas se dá mediante a conformação de núcleos que são mutan-
- melhorar a comunicação e a integração do equipamento com tes e se interinfluenciam na composição de um campo de saber di-
a comunidade (de usuários) na qual está inserida. nâmico. No núcleo há aglutinação de saberes e práticas, compondo
um grupo ou um gênero profissional e disciplinar.
Humanização/Política Nacional de Humanização (PNH)
No campo da Saúde, humanização diz respeito a uma aposta Ouvidoria
ético-estético-política: ética porque implica a atitude de usuários, Serviço representativo de demandas do usuário e/ou trabalha-
gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e corresponsá- dor de saúde e instrumento gerencial na medida em que mapeia
veis. Estética porque acarreta um processo criativo e sensível de problemas, aponta áreas críticas e estabelece a intermediação das
produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonis- relações, promovendo a aproximação das instâncias gerenciais.
tas. Política porque se refere à organização social e institucional das
práticas de atenção e gestão na rede do SUS. O compromisso éti- Princípios da PNH
co-estético- político da humanização do SUS se assenta nos valores Por princípio entende-se o que causa ou força determinada
de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de corresponsabilidade ação ou o que dispara um determinado movimento no plano das
entre eles, de solidariedade dos vínculos estabelecidos, dos direitos políticas públicas. A PNH, enquanto movimento de mudança dos
dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão. modelos de atenção e gestão, possui três princípios a partir dos
quais se desdobra enquanto política pública de saúde:
Igualdade 1) A transversalidade enquanto aumento do grau de abertura
Segundo os preceitos do SUS e conforme o texto da Constitui- comunicacional intra e intergrupos, isto é, a ampliação da grupali-
ção brasileira, o acesso às ações e aos serviços, para promoção, pro- dade ou das formas de conexão intra e intergrupos promovendo
teção e recuperação da saúde, além de universal, deve basear-se na mudanças nas práticas de saúde;
igualdade de resultados finais, garantida mediante políticas sociais 2) A inseparabilidade entre clínica e política, o que impõe a in-
e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros separabilidade entre atenção e gestão dos processos de produção
agravos. de saúde;
3) O protagonismo dos sujeitos e coletivos.
Integralidade
Um dos princípios constitucionais do SUS garante ao cidadão o Produção de saúde e produção de subjetividade
direito de acesso a todas as esferas de atenção em saúde, contem- Em uma democracia institucional, diz respeito à constituição
plando, desde ações assistenciais em todos os níveis de complexi- de sujeitos autônomos e protagonistas no processo de produção
dade (continuidade da assistência), até atividades inseridas nos âm- de sua própria saúde. Neste sentido, a produção das condições de
bitos da prevenção de doenças e de promoção da saúde. Prevê-se, uma vida saudável não pode ser pensada sem a implicação, neste
portanto, a cobertura de serviços em diferentes eixos, o que requer processo, de sujeitos.
a constituição de uma rede de serviços (integração de ações), capaz
de viabilizar uma atenção integral. Por outro lado, cabe ressaltar Projeto de saúde
que por integralidade também se deve compreender a proposta de Projetos voltados para os sujeitos, individualmente, ou co-
abordagem integral do ser humano, superando a fragmentação do munidades, contemplando ações de diferentes eixos, levando em
olhar e intervenções sobre os sujeitos, que devem ser vistos em conta as necessidades/demandas de saúde. Comportam planos de
suas inseparáveis dimensões biopsicossociais. ação assentados na avaliação das condições biopsicossociais dos
usuários. A sua construção deve incluir a corresponsabilidade de
Intersetorialidade usuário, gestor e trabalhador/equipes de saúde, e devem ser consi-
Integração dos serviços de saúde e outros órgãos públicos com derados: a perspectiva de ações intersetoriais, a rede social de que
a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a o usuário faz parte, o vínculo usuário-equipamento de saúde e a
saúde, cuja execução envolva áreas não-compreendidas no âmbito avaliação de risco/vulnerabilidade.
do SUS, potencializando, assim, os recursos financeiros, tecnoló-
gicos, materiais e humanos disponíveis e evitando duplicidade de Protagonismo
meios para fins idênticos. Se os determinantes do processo saúde/ É a ideia de que a ação, a interlocução e a atitude dos sujeitos
doença, nos planos individual e coletivo, encontram-se localizados ocupam lugar central nos acontecimentos. No processo de produ-
na maneira como as condições de vida são produzidas, isto é, na ção da saúde, diz respeito ao papel de sujeitos autônomos e corres-
alimentação, na escolaridade, na habitação, no trabalho, na capa- ponsáveis no processo de produção de sua própria saúde.
cidade de consumo e no acesso a direitos garantidos pelo poder
público, então é impossível conceber o planejamento e a gestão da Reabilitar-Reabilitação/Habilitar-Habilitação
saúde sem a integração das políticas sociais (educação, transporte, Habilitar é tornar hábil, no sentido da destreza/inteligência ou
ação social), num primeiro momento, e das políticas econômicas no da autorização legal. O “re” constitui prefixo latino que apresen-

302
LEGISLAÇÃO

ta as noções básicas de voltar atrás, tornar ao que era. A questão Transversalidade


que se coloca no plano do processo saúde/ doença é se é possível Nas experiências coletivas ou de grupalidade, diz respeito à
“voltar atrás”, tornar ao que era. O sujeito é marcado por suas ex- possibilidade de conexão/confronto com outros grupos, inclusive
periências; o entorno de fenômenos, relações e condições históri- no interior do próprio grupo, indicando um grau de abertura à al-
cas e sempre muda; então a noção de reabilitar é problemática. Na teridade e, portanto, o fomento de processos de diferenciação dos
saúde, estaremos sempre desafiados a habilitar um novo sujeito a grupos e das subjetividades. Em um serviço de saúde, pode se dar
uma nova realidade biopsicossocial. Porém, existe o sentido estrito pelo aumento de comunicação entre os diferentes membros de
da volta a uma capacidade legal pré-existente e, por algum motivo, cada grupo, e entre os diferentes grupos. A ideia de comunicação
perdida, e nestes casos o “re” se aplica. transversal em um grupo deve ser entendida não a partir do esque-
ma bilateral emissor-receptor, mas como uma dinâmica multiveto-
Rede psicossocial rializada, em rede, e na qual se expressam os processos de produ-
Esquematicamente, todos os sujeitos atuam em três cenários: ção de saúde e de subjetividade.
a família, o trabalho e o consumo, onde se desenrolam as suas his-
tórias com seus elementos, afetos, dinheiro, poderes e símbolos, Universalidade
cada qual com sua força e onde somos mais ou menos hábeis, mais A Constituição brasileira instituiu o princípio da universalidade
ou menos habilitados, formando uma rede psicossocial. Esta rede da cobertura e do atendimento para determinar a dimensão do de-
é caracterizada pela participação ativa e criativa de uma série de ver estatal no campo da Saúde, de sorte a compreender o atendi-
atores, saberes e instituições, voltados para o enfrentamento de mento a brasileiros e a estrangeiros que estejam no País, crianças,
problemas que nascem ou se expressam numa dimensão humana jovens, adultos e idosos. A universalidade constitucional compre-
de fronteira, aquele que articula a representação subjetiva com a ende, portanto, a cobertura, o atendimento e o acesso ao Sistema
prática objetiva dos indivíduos em sociedade. Único de Saúde, expressando que o Estado tem o dever de prestar
atendimento nos grandes e pequenos centros urbanos, e também
Redes de atenção em saúde às populações isoladas geopoliticamente, os ribeirinhos, os indí-
Modo de organização dos serviços configurados em redes sus- genas, os ciganos e outras minorias, os prisioneiros e os excluídos
tentadas por critérios, fluxos e mecanismos de pactuação de funcio- sociais. Os programas, as ações e os serviços de saúde devem ser
namento, para assegurar a atenção integral aos usuários. Na com- concebidos para propiciar cobertura e atendimento universais, de
preensão de rede, deve-se reafirmar a perspectiva de seu desenho modo equitativo e integral.
lógico, que prevê níveis de complexidade, viabilizando encaminha-
mentos resolutivos (entre os diferentes equipamentos de saúde), Usuário, cliente, paciente
porém reforçando a sua concepção central de fomentar e assegurar Cliente é a palavra usada para designar qualquer comprador
vínculos em diferentes dimensões: intraequipes de saúde, intere- de um bem ou serviço, incluindo quem confia sua saúde a um tra-
quipes/serviços, entre trabalhadores e gestores, e entre usuários e balhador da saúde. O termo incorpora a ideia de poder contratual
serviços/equipes. e de contrato terapêutico efetuado. Se, nos serviços de saúde, o
paciente é aquele que sofre, conceito reformulado historicamente
Sujeito/subjetividade para aquele que se submete, passivamente, sem criticar o trata-
Território existencial resultado de um processo de produção de mento recomendado, prefere-se usar o termo cliente, pois implica
subjetividade sempre coletivo, histórico e determinado por múlti- em capacidade contratual, poder de decisão e equilíbrio de direitos.
plos vetores: familiares, políticos, econômicos, ambientais, midiá- Usuário, isto é, aquele que usa, indica significado mais abrangente,
ticos, etc. capaz de envolver tanto o cliente como o acompanhante do cliente,
o familiar do cliente, o trabalhador da instituição, o gerente da ins-
Trabalho tituição e o gestor do sistema.
O trabalho tem sido identificado a emprego ou assalariamento
e, também, a tarefas e produtos esperados. O trabalho é mais que Vínculo
isso, é atividade que se opõe à inércia. É o conjunto dos fenômenos Na rede psicossocial, compartilhamos experiências e estabele-
que caracterizam o ser vivo. É, assim, resistência a toda situação cemos relações mediadas por instâncias. No caso da instância insti-
de heterodeterminação das normas definidas para a sua execução. tuição de saúde, a aproximação entre usuário e trabalhador de saú-
Nos processos de trabalho surgem, a todo o momento, situações de promove um encontro, este “ficar em frente um do outro”, um e
novas e “ventos imprevisíveis” não definidos pelas prescrições da outro sendo sujeitos, com suas intenções, interpretações, necessi-
organização do trabalho. Para dar conta dessas situações, os tra- dades, razões e sentimentos, mas em situação de desequilíbrio, de
balhadores são convocados a criar, a improvisar ações. Quando as habilidades e expectativas diferentes, em que um, o usuário, busca
normas são seguidas fielmente, sem serem questionadas, podemos assistência, em estado físico e emocional fragilizado, junto ao ou-
colocar o trabalho em crise, pois as prescrições não são suficientes tro, um profissional supostamente capacitado para atender e cuidar
para responder aos imprevistos que acontecem a cada dia. O traba- da causa de sua fragilidade. Desse modo cria-se um vínculo, isto é,
lho inclui, também, uma dimensão que não é observável – como os processo que ata ou liga, gerando uma ligação afetiva e ética entre
fracassos e as frustrações por não poder ter sido feito como se gos- ambos, numa convivência de ajuda e respeito mútuos.
taria – e exige invenções, escolhas e decisões muitas vezes difíceis.
A atividade do trabalho, portanto, é submetida a uma regulação
que se efetiva na interação entre os trabalhadores da saúde, numa
dinâmica intersubjetiva. Somos gestores e produtores de saberes e
de novidades.

303
LEGISLAÇÃO

Visita aberta e direito de acompanhante


É o dispositivo que amplia as possibilidades de acesso para os visitantes de forma a garantir o elo entre o paciente, sua rede social e
os demais serviços da rede de saúde, mantendo latente o projeto de vida do paciente durante o tempo de internação.

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE DO ESTADO DE MATO GROSSO: METAS, PROGRAMAS E AÇÕES EM SAÚDE

O SUS, sistema único de saúde, é gerido pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, e as suas principais funções são: a defi-
nição de políticas para saúde, o assessoramento aos municípios, a programação, o acompanhamento e a avaliação das ações e atividades
em saúde.
A missão da secretária é coordenar a Política Estadual de Saúde juntamente com os Municípios e a União, auxiliando na melhoria da
qualidade de vida da população de acordo com os princípios do SUS.
Visando sempre o reconhecimento de excelência pela gestão inovadora, moderna, democrática e resolutiva do SUS de forma ética,
cooperativa, transparente e com compromisso e respeito à vida.

Fonte: http://egprocessos.seplag.mt.gov.br/orgao/2

Gestão e Formulação de politicas públicas na área da saúde


- Analisar demandas de saúde;
- Formular propostas e apoiar implantação de políticas públicas;
- Acompanhar e avaliar as políticas públicas;
- Disponibilizar informações referente a aplicação dos recursos em saúde.

QUESTÕES

1. FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE


“Em cada território, os serviços de saúde são articulados entre si e organizados em níveis crescentes de complexidade”. Assinale a
opção que indica os dois aspectos da organização do Sistema Único de Saúde (SUS) a que o fragmento acima se refere.
(A) Regionalização e hierarquização.
(B) Descentralização e participação popular.
(C) Comando único e cooperação.
(D) Ordenação e centralização.
(E) Integração e acesso popular.

2. FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - Técnico em Enfermagem


Quando um gestor público promove políticas de saúde efetivas, capazes de atender todas as necessidades do indivíduo, desde as mais
simples até as mais complexas, de forma articulada e complementar, esse gestor está cumprindo diretamente o seguinte princípio do SUS:
(A) igualdade;
(B) equidade;
(C) integralidade;

304
LEGISLAÇÃO

(D) universalidade; 7. FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE


(E) descentralização. A Política Nacional de Humanização recomenda praticar o aco-
lhimento com classificação de risco, pois ele permite
3. FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - (A) estabelecer um fluxo resolutivo de internações com base
A atenção à saúde no Brasil segue uma organização que estabe- nas queixas dos pacientes, o que economiza recursos antes
lece níveis diferentes de assistência. destinados à qualificação de equipes.
Campanhas de vacinação e ambulatórios de especialidades fa- (B) oferecer uma assistência impessoal, por ordem de chegada,
zem parte, respectivamente, dos níveis: em sintonia com os princípios da universalidade e da equidade
(A) primário e secundário; que norteiam o SUS.
(B) primário e terciário; (C) encaminhar para a área amarela da emergência os pacien-
(C) secundário e terciário; tes críticos e semicríticos já com terapêutica de estabilização
(D) secundário e quaternário; iniciada.
(E) terciário e quaternário. (D) direcionar para a área verde da emergência os pacientes
em observação e que aguardam atendimento de consultas de
4. FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE baixa complexidade
Assinale a opção que apresenta os princípios estruturantes do (E) reservar a área vermelha da emergência para o atendimen-
SUS. to imediato de consultas de média complexidade, em colabo-
(A) Universalidade – Prioridade – Equidade. ração com o Serviço Social, quando necessário.
(B) Liberdade – Igualdade – Fraternidade.
(C) Realidade – Equidade – Universalidade. 8. FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE
(D) Universalidade – Equidade – Integralidade. Mesmo contra a vontade do paciente, usuário do SUS, adulto
(E) Prioridade – Integralidade – Honestidade. e lúcido, o médico assistente informou a família sobre o seu estado
de saúde.
5. FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE Essa conduta:
Relacione os princípios da Política Nacional de Humanização às (A) fere o direito do paciente de decidir se seus familiares e
suas respectivas definições. acompanhantes deverão ser informados sobre seu estado de
1. Transversalidade saúde;
2. Indissociabilidade entre atenção e gestão (B) é adequada, pois os familiares e acompanhantes têm o di-
3. Protagonismo, corresponsabilidade e empoderamento reito de receber informação sobre o estado de saúde do pa-
ciente;
( ) Reconhecer e considerar a interferência direta das decisões (C) está de acordo com a carta de direitos dos usuários do SUS,
da gestão na atenção à saúde. que determina que o médico tem autonomia para decidir esse
( ) Promover a troca de experiências entre profissionais multi- tipo de impasse;
disciplinares e o usuário, ampliando a intercomunicação. (D) fere o direito dos familiares, que respondem e decidem
( ) Reconhecer cada pessoa como legítima cidadã de direitos e pelo paciente durante o período de internação;
valorizar e incentivar sua atuação na produção de saúde. (E) está de acordo com o que dispõe a legislação acerca dos
Assinale a opção que apresenta a relação correta, segundo a limites dos direitos dos usuários do SUS, que não podem sobre-
ordem apresentada. por os direitos dos familiares.
(A) 1 – 2 – 3.
(B) 3 – 1 – 2. 9. 1.FGV - SEE SP - 2023
(C) 2 – 3 – 1. Considerando as disposições normativas acerca do planeja-
(D) 2 – 1 – 3. mento e da organização dos serviços de saúde no SUS, avalie se as
(E) 1 – 3 – 2. afirmativas a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Em âmbito estadual, o planejamento da saúde deve ser
6. FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos
Na Política Nacional de Humanização do SUS, o princípio da Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde.
Transversalidade diz respeito a ( ) O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públi-
(A) promoção da autonomia e participação dos usuários. cos e deve ser indutor de políticas para a iniciativa privada.
(B) abordagem clínica com base na singularidade do sujeito. ( ) O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de
(C) estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. saúde deve ser ordenado pela atenção primária e fundado na ava-
(D) gestão participativa com a contribuição de vários atores. liação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério cro-
(E) criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis. nológico.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) V – V – V.
(B) F – V – F.
(C) F – F – F.
(D) V – F – V
(E) F – V – V.

305
LEGISLAÇÃO

10. FGV - 2021


O planejamento estratégico situacional é um processo dinâmi-
ANOTAÇÕES
co e contínuo que precede e preside a ação. No âmbito do SUS, o ______________________________________________________
planejamento estratégico situacional norteia o Sistema Nacional de
Planejamento – Planeja-SUS. As afirmativas a seguir a respeito do ______________________________________________________
Planeja-SUS estão corretas, à exceção de uma. Assinale-a.
(A) Ele possui planejamento contínuo e transversal às três esfe- ______________________________________________________
ras de governo, articulando e integrando as ações desenvolvi-
das no SUS de forma ascendente e solidária. ______________________________________________________
(B) Ele reúne o Plano Intersetorial de cunho orçamentário que
______________________________________________________
inclui o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). ______________________________________________________
(C) Ele considera o Plano de Saúde que demonstra os resulta-
dos alcançados na atenção integral à saúde, verificando a efeti- ______________________________________________________
vidade e a eficiência na sua execução.
(D) Ele compatibiliza o Relatório Detalhado do Quadrimestre ______________________________________________________
Anterior (RDQA) e o Relatório Resumido de Execução Orçamen-
tária (RREO). ______________________________________________________
(E) Ele apresenta as intenções e os resultados a serem busca-
______________________________________________________
dos no período de quatro anos, os quais são expressos em ob-
jetivos, diretrizes e metas ______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 D
5 D ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 C
______________________________________________________
8 A
9 A ______________________________________________________

10 C ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

306

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