Você está na página 1de 231

CÓD: OP-051JN-23

7908403532155

ITAPECERICA DA SERRA-SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPECERICA DA SERRA DO ESTA-
DO DE SÃO PAULO - SP

Assistente Administrativo
CONCURSO PÚBLICO 01/2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)......................................................................... 5
2. Sinônimos e antônimos.............................................................................................................................................................. 14
3. Sentido próprio e figurado das palavras..................................................................................................................................... 14
4. Pontuação................................................................................................................................................................................... 16
5. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelece.................................................................................................................... 18
6. Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................. 24
7. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 26
8. Colocação pronominal................................................................................................................................................................ 27
9. Crase........................................................................................................................................................................................... 28
10. Processo de formação das palavras............................................................................................................................................ 28
11. Coesão........................................................................................................................................................................................ 29
12. Ortografia.................................................................................................................................................................................... 29

Matemática e Raciocínio Lógico


1. Operações com números reais. Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum.................................................................. 39
2. Razão e proporção........................................................................................................................................................................ 48
3. Porcentagem................................................................................................................................................................................. 49
4. Regra de três simples e composta................................................................................................................................................ 50
5. Média aritmética simples e ponderada........................................................................................................................................ 52
6. Juro simples.................................................................................................................................................................................. 53
7. Sistema de equações do 1º grau................................................................................................................................................... 54
8. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos................................................................................................................................. 57
9. Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras.............................................................. 61
10. Resolução de situações-problema................................................................................................................................................ 71
11. Estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos fictícios; dedução de novas informações das
relações fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Identificação de re-
gularidades de uma sequência, numérica ou figural, de modo a indicar qual é o elemento de uma dada posição. Estruturas
lógicas, lógicas de argumentação, diagramas lógicos, sequências............................................................................................... 72

Conhecimentos Gerais e Atualidades


1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais, culturais, científicos, ambientais, de âmbito nacional e internacional,
ocorridos a partir de janeiro de 2022, divulgados na mídia nacional................................................................................................... 95
ÍNDICE

Noções de Informática
1. MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos....................................... 97
2. MS-Office 2016, MS-Word 2016: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos,
fontes, colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, le-
gendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas,
conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros,
impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras e numeração de páginas, obtenção de dados
externos, classificação de dados. MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações,
régua, guias, cabeçalhos e rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de
páginas, botões de ação, animação e transição entre slides........................................................................................................ 100
3. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos....................................... 105
4. Internet: navegação internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas....................................................... 108

Noções de Contabilidade
1. Contabilidade: princípios e convenções. Contabilidade Geral. Princípios fundamentais da contabilidade.................................. 119
2. Escrituração: contábil e conciliação de contas, conceitos básicos de ativo, passivo, receita, despesa, investimento.................. 121
3. Sistema de Análise de Apuração de Custos. Conceitos básicos de custo...................................................................................... 122
4. Estrutura conceitual básica da contabilidade............................................................................................................................... 125

Noções de Direito Administrativo


1. Servidores públicos: Conceito, classificação e regime jurídico. Remuneração dos servidores públicos. Acessibilidade aos
cargos públicos. Concurso público. Processo seletivo público. Contratação temporária. Terceirização. Cargos públicos. Está-
gio probatório. Estabilidade. Provimento. Remoção. Cessão de servidores. Enquadramento. Redistribuição. Deveres e proi-
bições dos servidos públicos. Regime disciplinar dos servidores públicos. Sanções disciplinares. Processo administrativo
disciplinar: apuração preliminar, sindicância, processo sumário, procedimento sumário, inquérito administrativo, inquérito
administrativo especial, exoneração de servidor em estágio probatório. Responsabilidade civil dos servidores públicos......... 159
2. Atos administrativos. Ato administrativo e fato administrativo. Conceito, classificação, espécies de ato administrativo. Exis-
tência, validade e eficácia do ato administrativo. Elementos e pressupostos. Atributos. Extinção e modificação do ato admi-
nistrativo. Revogação. Retificação e invalidação. Convalidação. Efeitos dos vícios...................................................................... 171
3. Processo administrativo: conceito, requisitos, objetivos, fases, espécies, princípios do processo administrativo...................... 176
4. Licitações públicas. Lei Federal nº 8.666/93. Dever de licitar, Princípios da licitação. Modalidades licitatórias. Pregão, Lei
Federal 10.520/02. Processo licitatório. Registros cadastrais. Registro de preços...................................................................... 183
5. Contratos administrativos. Conceito, natureza jurídica. Peculiaridade e características dos contratos administrativos. Prazo e
prorrogação do contrato. Formalidades, instrumento contratual. Eficácia. Extinção.................................................................. 194
6. Serviços públicos. Conceito, pressupostos constitucionais, regime jurídico, princípios do serviço público, usuário, titu-
laridade. Serviços de interesse local.................................................................................................................................. 199

Noções de Direito Tributário


1. Competência Tributária.......................................................................................................................................................... 217
2. Impostos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios................................................................................................... 219
3. Empréstimos Compulsórios................................................................................................................................................... 222
4. Contribuições sociais e outras contribuições. ....................................................................................................................... 223
5. Repartição das Receitas Tributárias. ..................................................................................................................................... 223
6. Código Tributário Nacional: conceito e natureza jurídica do tributo. Impostos, taxas, contribuições de melhoria............... 225
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS) dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas:
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Apresenta um enredo, com ações e
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
interpretação. da seguinte maneira: apresentação >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
Tem o objetivo de defender determinado
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper-
DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
tório do leitor. ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, desenvolvimento > conclusão.
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi-
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo-
Dicas práticas
argumentativo.
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, de modo que sua finalidade é descrever,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca Com isso, é um texto rico em adjetivos e
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- em verbos de ligação.
cidas. Oferece instruções, com o objetivo de
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
te de referências e datas. são os verbos no modo imperativo.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- Gêneros textuais
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
quando afirma que... padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Tipologia Textual
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail

5
LÍNGUA PORTUGUESA
• Lista Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Manual A é igual a B.
• Notícia A é igual a C.
• Poema Então: C é igual a B.
• Propaganda
• Receita culinária Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Resenha que C é igual a A.
• Seminário Outro exemplo:
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Todo ruminante é um mamífero.
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- A vaca é um ruminante.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, Logo, a vaca é um mamífero.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
dade e à função social de cada texto analisado. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a entender bem como eles funcionam.
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
de linguagem. um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
escolher entre duas ou mais coisas”. Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. Tipos de Argumento
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor argumento. Exemplo:
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. Argumento de Autoridade
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
enunciador está propondo. para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não verdadeira. Exemplo:
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
apenas do encadeamento de premissas e conclusões.

6
LÍNGUA PORTUGUESA
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
conhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
Alex José Periscinoto. fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
indevidas.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir Argumento do Atributo
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
acreditar que é verdade. raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
que é mais grosseiro, etc.
Argumento de Quantidade Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz da celebridade.
largo uso do argumento de quantidade. Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
competência linguística. A utilização da variante culta e formal
Argumento do Consenso da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. médico:
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
frases carentes de qualquer base científica. por bem determinar o internamento do governador pelo período
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
Argumento de Existência - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas hospital por três dias.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na Como dissemos antes, todo texto tem uma função
mão do que dois voando”. argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
navios, etc., ganhava credibilidade. dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
Argumento quase lógico não outras, etc. Veja:
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios trocavam abraços afetuosos.”
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
provável. amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,

7
LÍNGUA PORTUGUESA
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
meio ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
o argumento. essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e desenvolver as seguintes habilidades:
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, totalmente contrária;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
outros à sua dependência política e econômica”. argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
contra a argumentação proposta;
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos oposta.
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
assunto, etc). A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros sociedade.
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu dedução.
pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não da verdade:
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - evidência;
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - divisão ou análise;
inflexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, - enumeração.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, A forma de argumentação mais empregada na redação
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos alguns não caracteriza a universalidade.
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
vista. (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se

8
LÍNGUA PORTUGUESA
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
para o efeito. Exemplo: adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Fulano é homem (premissa menor = particular) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
Logo, Fulano é mortal (conclusão) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
sistematizar a pesquisa.
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
O calor dilata o ferro (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o bronze (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o cobre (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O ferro, o bronze, o cobre são metais todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
relógio estaria reconstruído.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe ser assim relacionadas:
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
- Lógico, concordo. abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? dos elementos que farão parte do texto.
- Claro que não! Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
Exemplos de sofismas: experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
Dedução constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
Todo professor tem um diploma (geral, universal) fenômeno.
Fulano tem um diploma (particular) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Indução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
(particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
– conclusão falsa) são empregados de modo mais ou menos convencional. A
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A artificial.
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
sentimentos não ditados pela razão.

9
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
sabiá, torradeira. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. ou instalação”;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Os elementos desta lista foram classificados por ordem definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na expandida;d
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) diferenças).
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e palavra e seus significados.
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
os pontos de vista sobre ele. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que fundamentação coerente e adequada.
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
- o termo a ser definido; argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
- o gênero ou espécie; se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
- a diferença específica. se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
O que distingue o termo definido de outros elementos da é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por
mesma espécie. Exemplo: indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Elemento especiediferença Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
a ser definidoespecífica de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou

10
LÍNGUA PORTUGUESA
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, cordeiro”;
assim, desse ponto de vista. Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração verdadeira;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, universalidade da afirmação;
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada.
menos que, melhor que, pior que. Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais para a elaboração de um Plano de Redação.
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para tecnológica
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
tem mais caráter confirmatório que comprobatório. a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam resposta, justificar, criando um argumento básico;
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
Nesse caso, incluem-se que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, (rever tipos de argumentação);
mortal, aspira à imortalidade); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
postulados e axiomas); podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de consequência);
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto argumento básico;
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
que parece absurdo). poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de argumento básico;
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
concretos, estatísticos ou documentais. sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: menos a seguinte:
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, Introdução
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões - função social da ciência e da tecnologia;
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - definições de ciência e tecnologia;
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade Desenvolvimento
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - apresentação de aspectos positivos e negativos do
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- desenvolvimento tecnológico;
argumentação: - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;

11
LÍNGUA PORTUGUESA
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade Tipos de Intertextualidade
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos A intertextualidade acontece quando há uma referência
países subdesenvolvidos; explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
passado; apontar semelhanças e diferenças; intertextualidade.
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
urbanos; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
mais a sociedade. as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
Conclusão texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
consequências maléficas; com outras palavras o que já foi dito.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
apresentados. A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
redação: é um dos possíveis. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados
que ela é inserida. de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante.
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
textos caracterizada por um citar o outro. “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
diferentes. Assim, como você constatou, uma história em produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
opinião pode mencionar um provérbio conhecido. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com termo “citação” (citare) significa convocar.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, Pastiche é uma recorrência a um gênero.
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los a recriação de um texto.
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
ou lido. comum ao produtor e ao receptor de textos.
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
daquela citação ou alusão em questão.

12
LÍNGUA PORTUGUESA
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita Introdução
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
Desenvolvimento
A intertextualidade explícita: Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– é facilmente identificada pelos leitores; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
– não exige que haja dedução por parte do leitor; lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
– apenas apela à compreensão do conteúdos. Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores; São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; ção do desenvolvimento:
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
parte dos leitores; - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para dificultando a linha de compreensão do leitor.
a compreensão do conteúdo.
Conclusão
PONTO DE VISTA Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos tos levantados pelo autor.
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
compreende a perspectiva através da qual se conta a história. “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma Parágrafo
narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
narrador-observador e o narrador-personagem. esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
Primeira pessoa - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto sintética de acordo com os objetivos do autor.
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma dade na discussão.
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
só descobrimos ao decorrer da história.
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
Segunda pessoa desenvolvimento e conclusão):
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
sinta quase como outro personagem que participa da história. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
Terceira pessoa trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa caos. ”
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse. Elemento relacionador: Nesse contexto.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
acompanhando a leitura não fique confuso. de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
estrutura e organização do texto e dos parágrafos
São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
cada uma de forma isolada a seguir:

13
LÍNGUA PORTUGUESA
Arcaísmo
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
as principais relações e suas características: mácia / franquia <—> sinceridade.

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto As figuras de linguagem são recursos especiais usados por
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: e beleza.
forte <—> fraco São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos);
Parônimos e homônimos Figuras de Construção (de sintaxe);
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- Figuras de Pensamento.
núncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- Figuras de Palavra
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui-
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida-
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). de. São as seguintes as figuras de palavras:
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo:
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

Polissemia e monossemia Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta


As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a pensamento.
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns;
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati-
va: como, tal qual, assim como.
Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam “Sejamos simples e calmos
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. Como os regatos e as árvores”
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam Fernando Pessoa
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
da cadeira. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Hiperonímia e hiponímia Observe os exemplos abaixo:
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de
ficado entre as palavras. Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta. - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
Formas variantes contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
farto / gatinhar – engatinhar. ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
seja, mulheres grávidas).

- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-


nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
gadores.)

14
LÍNGUA PORTUGUESA
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana. Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de
(Fumei um saboroso charuto.). reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa-
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas- para dentro”, etc.
tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”.
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados. Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou
- indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua. orações com o fim de lhes dar destaque:
(Alguns astronautas foram à Lua.). “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
de Andrade)
- singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma) sei.” (Graciliano Ramos)
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so- início da frase.
frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais
- matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma- comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da
téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”). oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá-
tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
nome de Sinédoque. O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para Castelo Branco)
facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de pressos. A silepse pode ser:
antonomásia. - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
Exemplos: adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
bem. esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as pessoal sugere).
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
lêncio = auditivo; negro = visual) dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
que fala está incluída em os brasileiros).
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu de palavras os sons da realidade.
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
da cadeira” . Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Figuras de Construção
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres- Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de um verso).
construção: “Vozes veladas, veludosas vozes,
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no volúpias dos violões, vozes veladas,
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- vagam nos velhos vórtices velozes
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos
e garrafas vazias). (Cruz e Sousa)

Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes


para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.

15
LÍNGUA PORTUGUESA
Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão:
“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da casona.” (Bernardo Élis)
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)

Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enunciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na segunda
oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu gosto de português.).
Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim, vi,
venci.

Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de construção
muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira, e que um
dia nos há de salvar

Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de significados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo: Come-
mos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.

Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho temporário).

Figuras de Pensamento
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
pensamentos.

Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias, que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de mãos
dadas.

Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe corres-
ponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres.

Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as expressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a expressão
“para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)

Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, sen-
taram, comeram e dançaram.

Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, expressa uma ideia de forma exagerada.
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).

Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico.
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou o que estava gravado?

Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o paradoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente absurdas.
Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais
ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira,
sendo esta uma “qualidade humana”.)
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Exemplo:
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.” (Machado de Assis)

Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual seria o
procedimento.

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).

16
LÍNGUA PORTUGUESA
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem - Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações Esse é o problema da pandemia:
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias as pessoas não respeitam a
apresentadas anteriormente quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho,
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 —
ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

17
LÍNGUA PORTUGUESA

CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, ARTIGO, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO
E CONJUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECE

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo, Todos parecem meio bobos.
VERBO
número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação A cidade é muito bonita quando vista do alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

18
LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

19
LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
primeiramente de noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

20
LÍNGUA PORTUGUESA
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

21
LÍNGUA PORTUGUESA
Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

22
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Lugar: O vírus veio de Portugal. • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Companhia: Ela saiu com a amiga. • Concordância em número: flexão em singular e plural
• Posse: O carro de Maria é novo. • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
• Meio: Viajou de trem.
Concordância nominal
Combinações e contrações Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
havendo perda fonética (contração). ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
• Combinação: ao, aos, aonde atento, também, aos casos específicos.
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
Conjunção adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante japonesa.
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
mento de redigir um texto. vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e tantivo mais próximo:
conjunções subordinativas. • Linda casa e bairro.

Conjunções coordenativas Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma vos (sendo usado no plural):
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em • Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arru-
cinco grupos: mada.
• Aditivas: e, nem, bem como. • Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arru-
• Adversativas: mas, porém, contudo. mados.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer.
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou
• Explicativas: que, porque, porquanto. de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão
Conjunções subordinativas entre os melhores escritores brasileiros.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. seja ocupado por dois substantivos ou mais:
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: • O operário e sua família estavam preocupados com as conse-
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas quências do acidente.
substantivas, definidas pelas palavras que e se.
• Causais: porque, que, como.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
• Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Temporais: quando, enquanto, agora.

24
LÍNGUA PORTUGUESA

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


Deve concordar com o substantivo quando
É PROIBIDO
há presença de um artigo. Se não houver essa É proibida a entrada.
É PERMITIDO
determinação, deve permanecer no singular e no É proibido entrada.
É NECESSÁRIO
masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
Quando tem função de adjetivo para um volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
não existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
Devem concordar com o substantivo a que se
ANEXO INCLUSO As professoras estão inclusas na greve.
referem.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

25
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

26
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que Ênclise
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser indicativo: Trago-te flores.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. Apressei-me a convidá-los.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- Mesóclise


direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
panha eleitoral. futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o Far-me-ias um favor?
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi-
ção) e de um objeto indireto (com preposição): Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
à senhora. Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
COLOCAÇÃO PRONOMINAL Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Exemplos:
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Devo-lhe dizer a verdade.
após o verbo – ênclise. Devo dizer-lhe a verdade.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, do auxiliar ou depois do principal.
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Exemplos:
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Não lhe devo dizer a verdade.
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas Não devo dizer-lhe a verdade.
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
dique a eufonia da frase. Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Próclise Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. auxiliar.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
cientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. do infinitivo.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Exemplos:
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Observação
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se- Devo-lhe dizer tudo.
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Estava-lhe dizendo tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Havia-lhe dito tudo.
tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.

27
LÍNGUA PORTUGUESA
Derivação
CRASE A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
prego da crase: depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- do (des + governar + ado)
na. • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
estresse. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- próprio – sobrenomes).
xando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima Composição
à esquerda. A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
se: modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
mos uma reunião frente a frente. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
atender daqui a pouco. -flor / passatempo.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. Abreviação
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
fica a 50 metros da esquina. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. Hibridismo
/ Dei um picolé à minha filha. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
minha avó até à feira. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à Combinação
Ana da faculdade. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no recer + adolescente).
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
à escola / Amanhã iremos ao colégio. Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
colizar (em vez de protocolar).
Formação de Palavras
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
cos, de modo que as palavras se dividem entre:
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
palavra. Ex: flor; pedra
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
vras. Ex: floricultura; pedrada • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; compromisso) / dar a volta por cima (superar).
azeite • Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
palavras:

28
LÍNGUA PORTUGUESA
Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

COESÃO

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta:
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
colonização africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco
ELIPSE Omissão de um termo
convidados. (omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e pertencente
cozinha têm janelas grandes.
a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

ORTOGRAFIA

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

29
LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do “X” 2. (UEPB – 2010)
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos
X no lugar do CH: maiores nomes da educação mundial na atualidade.
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
gar) Carlos Alberto Torres
• Depois de ditongos (ex: caixa) 1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por-
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito
no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver-
Uso do “S” ou “Z” sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida-
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um
servadas: processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver-
• Depois de ditongos (ex: coisa) sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e
(ex: casa > casinha) a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográ-
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou fica em termos de constante articulação 11democrática, você não
origem. (ex: portuguesa) sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso
populoso) e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça,
de classe.
Uso do “S”, “SS”, “Ç” […]
• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
diversão) Rosa Maria Torres
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo) 15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa- 16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela) lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
Os diferentes porquês reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
Usado para fazer perguntas. Pode ser tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
POR QUE indesejadas.
substituído por “por qual motivo”
[…]
Usado em respostas e explicações. Pode
PORQUE
ser substituído por “pois” Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
O “que” é acentuado quando aparece lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
como a última palavra da frase, antes da
POR QUÊ
pontuação final (interrogação, exclamação, Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
ponto final) identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
É um substantivo, portanto costuma vir I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
ou pronome mo, em relação à “diversidade”.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
Parônimos e homônimos dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- no paradigma argumentativo do enunciado.
núncia semelhantes, porém com significados distintos. III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). dade e identidade”.
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
(B) II e III
EXERCÍCIOS (C) III, apenas
(D) II, apenas
1. (FMPA – MG) (E) I e II
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
te aplicada: 3. (UNIFOR CE – 2006)
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televisões
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao resgate
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um rio. Assis-
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. ti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o silêncio
(E) A cessão de terras compete ao Estado. em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as suas ocu-
pações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Perguntei-me:

30
LÍNGUA PORTUGUESA
indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, indiferença é – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e de negligência. – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
Mas podemos considerá-la também uma forma de ceticismo e de- terror.
sinteresse, um “estado físico que não apresenta nada de particular”; – E ele faz o quê?
enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralidade. – Atrapalha a gente na hora de escrever.
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa usar trema nem se lembrava da regrinha.
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos rão ao menos para determinar minha idade.
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] – Esse aí é do tempo do trema.”

(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001. Assinale a alternativa correta.
p.68) (A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo- (B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu-
o contexto, é ída por “nós”.
(A) ceticismo. (C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
(B) desdém. correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
(C) apatia. acordo com a norma culta da língua portuguesa.
(D) desinteresse. (D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
(E) negligência. e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. 6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
para os carros e os pedestres. na salada – o meu jeito de querer bem.”
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- de:
mônimos e parônimos. (A) objeto indireto e aposto
(A) I e III. (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(B) II e III. (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(C) II apenas. (D) complemento nominal e aposto
(D) Todas incorretas. (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo

5. (UFMS – 2009) 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-


Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de pressa esqueci o Quincas Borba”.
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (A) objeto direto
30/09/08. Em seguida, responda. (B) sujeito
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (C) agente da passiva
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (D) adjunto adverbial
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (E) aposto
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto. 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (A) Sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (B) Objeto direto
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (C) Predicativo do sujeito
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (D) Adjunto adverbial
mática na cabeça. (E) Adjunto adnominal
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa manhã de segunda-feira”.
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (A) Predicativo
la, lá vinham as palavras mágicas. (B) Complemento nominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (C) Objeto indireto
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (D) Adjunto adverbial
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (E) Adjunto adnominal

31
LÍNGUA PORTUGUESA
10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen- 15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
te”. O termo destacado funciona como: Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece
(A) Objeto indireto ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos
(B) Objeto direto (trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du-
(C) Adjunto adnominal vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
(D) Vocativo que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
(E) Sujeito lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
11. (UFRJ) Esparadrapo dos dois, a mãe ficava furiosa.)
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es- A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná- até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
bulo*”. meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se-
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de riam rompidas mais uma vez.
Janeiro, Globo. 1987. p. 83. Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes-
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente,
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem
impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem. que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan-
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do te.
texto. Sua função resume-se em: (E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
coisa. eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
te. me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- oitenta ainda está ativo e presente.
to. Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí-
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.”
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
dos. LUFT, 2014, p.104-105

12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
É preciso que ela se encante por mim! “(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. queria correr nas lajes do pátio (...)”
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal hora (...)”
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
netas, borracha (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto: (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(B) Desejo que ela volte. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. ____________________.”
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- mente a frase acima. Assinale-a.
tem. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
um “se” que é . ________. (E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
(C) relativa, pronome reflexivo
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito

32
LÍNGUA PORTUGUESA
17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as 22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
lacunas do texto a seguir: as lacunas correspondentes.
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas A arma ___ se feriu desapareceu.
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as Estas são as pessoas ___ lhe falei.
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- Aqui está a foto ___ me referi.
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
arte.”
(A) que, de que, à que, cujo, que.
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(C) bastante - por - meias - ao - a - à (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(D) meias - para - muito - pelo - em - por (E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
com a gramática: (B) Informei-lhe a nota obtida.
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. (C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
II - Muito obrigadas! – disseram as moças. sinais de trânsito.
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
IV - A pobre senhora ficou meio confusa. (E) Muita gordura não implica saúde.
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
(A) em I e II ser seguidos pela mesma preposição:
(B) apenas em IV (A) ávido / bom / inconsequente
(C) apenas em III (B) indigno / odioso / perito
(D) em II, III e IV (C) leal / limpo / oneroso
(E) apenas em II (D) orgulhoso / rico / sedento
(E) oposto / pálido / sábio
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
Hoje, só ___ ervas daninhas. 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
(A) fazem, havia, existe tas nos itens a seguir:
(B) fazem, havia, existe I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(C) fazem, haviam, existem migos de hipócritas;
(D) faz, havia, existem II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(E) faz, havia, existe desprezo por tudo;
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
dância verbal, de acordo com a norma culta:
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. A frase reescrita está com a regência correta em:
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. (A) I apenas
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (B) II apenas
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (C) III apenas
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (D) I e III apenas
(E) I, II e III
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
culta é: em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
líderes pefelistas. (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
íses passou despercebida.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
social.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.

33
LÍNGUA PORTUGUESA
27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI- 32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen-
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de tuadas devido à mesma regra:
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta (A) saí – dói
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas (B) relógio – própria
erroneamente, exceto em: (C) só – sóis
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó. (D) dá – custará
(B) É um privilégio estar aqui hoje. (E) até – pé
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(D) A criança estava com desinteria. 33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras
(E) O bebedoro da escola estava estragado. agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto.
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni-
28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas.
classificação. (B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em
“____________ o céu é azul?” L.
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- (C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
sito pelo caminho.” (D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético –
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado eu.
ao nosso encontro.” (E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
diais. ____________?” 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
assinale a afirmação verdadeira.
(A) Porque – porquê – por que – Por quê (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
como “também” e “porém”.
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
mesma razão.
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
(E) Por que – porque – por quê – Porquê
mesma razão que a palavra “país”.
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- rem monossílabos tônicos fechados.
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma que todas as paroxítonas são acentuadas.
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
Assinale-a. vra é acentuada graficamente:
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(B) O infrator foi preso em flagrante. (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas. (C) saudade, onix, grau, orquídea
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. (D) voo, legua, assim, tênis
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. (E) flores, açucar, album, virus

30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão 36. (IFAL - 2011)
grafadas corretamente. Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas nião, 12.10.2010)
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
seguia se recompôr e viver tranquilo.
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou,
Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.

34
LÍNGUA PORTUGUESA
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontuado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos, na
pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
40. (FCC – 2020)

A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:


(A) O segundo é o “capitalismo de Estado”, que confia ao governo a tarefa de estabelecer a direção da economia.
(B) milhões prosperaram, à medida que empresas abriam mercados.
(C) Por fim, executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente ligado ao de seus
clientes.
(D) De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas ecológicas.
(E) Na verdade, esse deveria ser seu propósito definitivo.

41. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irreconhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
(A) sufixação - prefixação – parassíntese
(B) sufixação - derivação regressiva – prefixação
(C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação
(D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação
(E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese

42. (UFSC) Aponte a alternativa cujas palavras são respectivamente formadas por justaposição, aglutinação e parassíntese:
(A) varapau - girassol - enfaixar
(B) pontapé - anoitecer - ajoelhar
(C) maldizer - petróleo - embora
(D) vaivém - pontiagudo - enfurece
(E) penugem - plenilúnio - despedaça

36
LÍNGUA PORTUGUESA
43. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem todas as pala- 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
vras são de um mesmo radical: dem a um adjetivo, exceto em:
(A) noite, anoitecer, noitada (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(B) luz, luzeiro, alumiar (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(C) incrível, crente, crer (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(D) festa, festeiro, festejar (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(E) riqueza, ricaço, enriquecer sem fim.
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se-
guintes palavras: 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(B) descompõem, desempregados, desejava respectivamente:
(C) estendendo, escritório, espírito (A) adjetivo, adjetivo
(D) quietação, sabonete, nadador (B) advérbio, advérbio
(E) religião, irmão, solidão (C) advérbio, adjetivo
(D) numeral, adjetivo
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras (E) numeral, advérbio
não é formada por prefixação:
(A) readquirir, predestinado, propor 49. (ITA-SP)
(B) irregular, amoral, demover Beber é mal, mas é muito bom.
(C) remeter, conter, antegozar
(D) irrestrito, antípoda, prever (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
(E) dever, deter, antever
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (A) adjetivo
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (B) substantivo
Uma organização não governamental holandesa está propondo (C) pronome
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias (D) advérbio
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (E) preposição
grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar pela ordem, a:
um contador na rede social. (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
GABARITO
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
1 C
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro- 2 B
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos 3 D
usuários longe da rede social.”
4 C
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
(A) da retomada de informações que podem ser facilmente de- 5 C
preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman- 6 A
ticamente.
(B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo 7 D
possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte- 8 C
raria o sentido do texto.
9 B
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
informação conhecida, e da especificação, no segundo, com 10 E
informação nova. 11 C
(D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo. 12 B
(E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo 13 E
qual são introduzidas de forma mais generalizada

37
LÍNGUA PORTUGUESA

14 B ANOTAÇÕES
15 A
16 C ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 D
20 C ______________________________________________________

21 E ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 D
25 E ______________________________________________________
26 A ______________________________________________________
27 B
______________________________________________________
28 C
29 B ______________________________________________________

30 A ______________________________________________________
31 E ______________________________________________________
32 B
______________________________________________________
33 E
34 B ______________________________________________________
35 B ______________________________________________________
36 E
______________________________________________________
37 A
38 A ______________________________________________________

39 B ______________________________________________________
40 A ______________________________________________________
41 D
______________________________________________________
42 D
43 B ______________________________________________________
44 D ______________________________________________________
45 E
_____________________________________________________
46 D
_____________________________________________________
47 B
48 B ______________________________________________________
49 B ______________________________________________________
50 E
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

38
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

39
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- (A) 10
tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (B) 15
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- (C) 18
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a (D) 20
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre (E) 22
será do maior número.
Resolução:
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
do, ou seja, é dado o seu oposto. temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
Exemplo: 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- Resposta: D
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida-
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
anotadas, o total de pontos atribuídos foi inteiro positivo.
(A) 50. – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
(B) 45. mero inteiro negativo.
(C) 42.
(D) 36. Propriedades da Potenciação
(E) 32. 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
Resolução: 2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
50-20=30 atitudes negativas base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
20.4=80 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
30.(-1)=-30 os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
80-30=50 4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
Resposta: A (+a)1 = +a
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. Conjunto dos números racionais – Q m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
pelo módulo do divisor. m por n.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:
N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)
Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
Subconjuntos:
Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre negativo.

Exemplo: SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten- Conjunto dos números
* Q*
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros racionais não nulos
possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem Conjunto dos números
espessura de 3cm, o número de livros na pilha é: + Q+
racionais não negativos

40
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Conjunto dos números


*e+ Q*+
racionais positivos
Conjunto dos números
- Q_
racionais não positivos
Conjunto dos números
*e- Q*_
racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.


a)

41
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.
b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Resolução:

Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números inteiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número (a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

42
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Representação geométrica • Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.
• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
Operações operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração ÷ q = p × q-1
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
p – q = p + (–q) Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
(C) 220
(D) 260
(E) 120
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- Resolução:
tada.

Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução:
Somando português e matemática: Resposta: A

• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme-


ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú-
meros racionais.

O que resta gosta de ciências: A) Toda potência com expoente negativo de um número ra-
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do
expoente anterior.

Resposta: B

43
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da Resolução:
base. Vamos resolver cada expressão separadamente:

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- Resposta: E
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
associação, que podem aparecer em uma única expressão. Múltiplos
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
Procedimentos ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
1) Operações: natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
ordem que aparecem; existir algum número natural n tal que:
- Depois as multiplicações e/ou divisões; x = y·n
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem.
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
2) Símbolos: podemos escrever: x = n/y
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses, Observações:
-Depois os colchetes [ ]; 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- E por último as chaves { }. 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
ATENÇÃO: 4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col- 5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
com os seus sinais originais. + 1 (k ∈ N).
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col- 6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos Critérios de divisibilidade
com os seus sinais invertidos. São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
Exemplo:
(MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5
(E) 1,5

44
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios: Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili- 21 . 30=2
dade/ - reeditado) 21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 22 . 30=4
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtra-
ído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
Máximo divisor comum (MDC)
Outros critérios É o maior número que é divisor comum de todos os números
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. primos. Procedemos da seguinte maneira:
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
EXPOENTE.
Fatoração numérica
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de- Exemplo:
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o MDC (18,24,42) =
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então


pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor
Comum entre 18,24 e 42 é 6.

45
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Mínimo múltiplo comum (MMC) (A) R$ 498,00
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos (B) R$ 450,00
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, (C) R$ 402,00
apenas com a seguinte ressalva: (D) R$ 334,00
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, (E) R$ 324,00
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos: Resolução:
MMC (18,24,42) = Primeiro mês = x
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7 Segundo mês = x + 126
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78
Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504. Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176
3.x = 1176 – 204
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC x = 972 / 3
(A,B). MMC (A,B)= A.B x = R$ 324,00 (1º mês)
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e sub- Resposta: B
trações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
utilização da álgebra. número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar: 2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5.
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3.

Resolução:
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
Exemplos: mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura: Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:
(A) 1,52 metros. 7.Q = 2. (360 – Q)
(B) 1,58 metros. 7.Q = 720 – 2.Q
(C) 1,54 metros. 7.Q + 2.Q = 720
(D) 1,56 metros. 9.Q = 720
Q = 720 / 9
Resolução: Q = 80 (queimadas)
Escrevendo em forma de equações, temos: Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
C = M + 0,05 ( I ) Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então: Resposta: B
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?

46
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma • Multiplicação e Divisão
a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra- Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura: dados. Ex.:

O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi


dividida a unidade.
O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
dade. – Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
Lê-se: um quarto. segunda fração. Ex.:

Atenção:
• Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
• Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc.
• Denominadores diferentes dos citados anteriormente: Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da fração resultante de forma a torna-la irredutível.
palavra “avos”.
Exemplo:
Tipos de frações (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
Ex.: 7/15 pessoas. Cada uma recebeu
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
nador. Ex.: 6/7 (A)
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3 (B)
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos) (C)
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi- (D)
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Operações com frações (E)

• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so- Resolução:
ma-se ou subtrai-se os numeradores. Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:

Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-


mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração. Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

47
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proporção
RAZÃO E PROPORÇÃO É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:
Lemos: a esta para b, assim como c está para d.
Ainda temos:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias
“outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo • Propriedades da Proporção
o produto apreendido, o traficante usou – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas. produto dos extremos:
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas. a.d=b.c
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas.
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas. – A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri-
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas. meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
forma de razão , logo :

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.
Resposta: C

Razões Especiais
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
mas:

Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas-


to para percorrê-la.
Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do
Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu- comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
me ocupado por esse corpo. mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
igual a
(A) 588.
(B) 350.
(C) 454.
(D) 476.
(E) 382.

48
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
L = 21 ladrilhos
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A

Exemplo:
PORCENTAGEM (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu- quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se: ao de compra?
“por cento”). (A) 67%.
(B) 61%.
(C) 65%.
(D) 63%.
(E) 69%.
Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA- Resolução:
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O Preço de venda: V
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio- Preço de compra: C
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de V – 0,16V = 1,4C
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em 0,84V = 1,4C
relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5. O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
(D) 2/9. Resposta: A
(E) 3/5.
Aumento e Desconto em porcentagem
Resolução: – Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Resposta: B
- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por
Lucro e Prejuízo em porcentagem
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
temos PREJUÍZO (P).
Logo:

49
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fato-
res de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o
preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA

Regra de três simples


Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um proces-
so prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES.
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/diminui.
• Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quando ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.

Exemplos:
(PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
De acordo com essas informações, o número de casos regis- (C) 7 horas e 45 minutos.
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um (D) 7 horas e 30 minutos.
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007, (E) 5 horas e 30 minutos.
aproximadamente, de
(A) 70%. Resolução:
(B) 65%. Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
(C) 60%.
(D) 55%. M² ↑ varredores ↓ horas ↑
(E) 50%.
6000 18 5
Resolução: 7500 15 x
Utilizaremos uma regra de três simples:
Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais)
ano %
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro-
11442 100 porcionais)
17136 x

11442.x = 17136 . 100


x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E

(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa


transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras- Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra- ras e 30 minutos.
balho? Resposta: D
(A) 3 h 12 min
(B) 5 h (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-
(C) 5 h 30 min tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
(D) 6 h dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
(E) 6 h 15 min equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
Resolução: (A) 4500 m²
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto (B) 5000 m²
menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar (C) 5200 m²
a carga: (D) 6000 m²
(E) 6200 m²
ho-
caminhões Resolução:
ras
15 4
Operários
(15 – 3) x horas ↑ dias ↑ área ↑

12.x = 4 . 15 20 8 60 4800
x = 60 / 12 15 10 80 x
x=5h
Resposta: B Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:
Regra de três composta
Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO Resposta: D
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(A) 8 horas e 15 minutos.
(B) 9 horas.

51
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
Média Aritmética so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
Ela se divide em: na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo e 9,0 na terceira?
número de elementos n. (A) 7,0
Para o cálculo: (B) 8,0
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri- (C) 7,8
co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: (D) 8,4
(E) 7,2

Resolução:
Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua
nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos:

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS-
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa Resposta: B
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a Média geométrica
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
idades deles e a idade de João valia duto de n elementos de um conjunto de dados.
(A) 1,5.
(B) 2,0.
(C) 2,5.
(D) 3,0.
(E) 3,5.
• Aplicações
Resolução:
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter-
Foi dado que: J = 2.M
pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
(I)
definição de média geométrica.

Exemplo:
Foi pedido:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por:
Na equação ( I ), temos que: G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013

Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi-
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser
calculada:

Resposta: E
• Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
Para o cálculo

ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou


ponderada), deve ser entendida como média aritmética.

52
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir- mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os substituir na expressão acima AD = AB:
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:

Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.


Resposta: B

JURO SIMPLES
(A) a média aritmética entre AB e CD.
(B) a média geométrica entre AB e CD. Matemática Financeira
(C) a média harmônica entre AB e CD. A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
(D) o inverso da média aritmética entre AB e CD. sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
(E) o inverso da média harmônica entre AB e CD. no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
Resolução: aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
AB, esta será perpendicular a CD também. na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
outra perpendicular a AB passando por D: acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
nome de juros.

Capital
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
pela tecla PV nas calculadoras financeiras).

Taxa de juros e Tempo


A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro
Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen- emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente
tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí-
ponto médio de CD. odo de tempo a que se refere:
Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri- 8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
mento AF vale AB-CD/2. 10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF:
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
(1)
Montante
Aplicamos agora no triângulo ECB: Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi-
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
(2) Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
questões.
Agora diminuímos a equação (1) da equação (2): M=C+J
M = montante
C = capital inicial
J = juros
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n)

Juros Simples
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em-
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial.

53
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado O cálculo do montante é dado por:
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação. M = C (1 + i)t
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
envolvendo juros simples é a seguinte: Exemplo
J = C i n, onde: Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
J = juros R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C = capital inicial C = 25000
i = taxa de juros i = 25%aa = 0,25
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre, i = 72 meses = 6 anos
ano...)
M = C (1 + i)t
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica- M = 25000 (1 + 0,25)6
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois M = 25000 (1,25)6
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O M = 95367,50
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
qualquer outra combinação de períodos. M=C+J
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU- J = 95367,50 - 25000 = 70367,50
ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).
qualquer combinação.
Equação do 1º grau
Exemplo As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser re-
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. presentadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descri-
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de tas a seguir.
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de: Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma
(A) 5,0% equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
(B) 5,9% a igualdade se mantém.
(C) 7,5% Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa-
(D) 10,0% ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.
(E) 12,5%
Resposta Letra “e”. • Membros de uma equação
Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a da igualdade, de 2º membro da equação.
parcela a ser paga de R$45.
Aplicando a fórmula M = C + J:
45 = 40 + J
J=5
Aplicando a outra fórmula J = C i n:
5 = 40 X i X 1 • Resolução de uma equação
i = 0,125 = 12,5% Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam
variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va-
Juros Compostos riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo 5x – 8 = 12 + x
no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in- 5x – x = 12 + 8
tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render 4x = 20
juros também. X = 20/4
X=5
Quando usamos juros simples e juros compostos?
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com- Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos
postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras o seguinte:
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan- 5x – 8 = 12 + x
ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos 5.5 – 8 = 12 + 5
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de 25 – 8 = 17
juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro- 17 = 17 ( V)
cesso de desconto simples de duplicatas.

54
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- ou
ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e x2 – 49 = 0
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando x2 = 49
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando. x2 = 49
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
Exemplo: Logo, S = {–7, 7}.
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru-
po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas 3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar. Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou
R$ 57,00 a mais.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
(D) R$ 1.480,00 des quanto á natureza da equação dada.
(E) R$ 1.520,00

Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570 Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que
16.x – 10.x = 570 não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
6.x = 570 existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.
x = 570 / 6
• Relações entre raízes e coeficientes
x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser re-
presentadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são cons-
tantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa. Exemplo:
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7, (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
c = 11). equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
(A) x²-3x+4=0
2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se (B) -3x²-5x+1=0
diz incompleta. (C) 3x²+5x+2=0
Exs.: (D) 2x²-5x+3=0
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0). Resolução:
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0). Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
• Resolução da equação raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta) multiplicadas resultam no valor de c.
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência
x . (x – 16) = 0,
x=0
x – 16 = 0
x = 16
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)


x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença
de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,
x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7 Resposta: D

55
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Inequação do 1º grau Resolução:
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.:
Resolva a inequação -2x + 7 > 0. Resposta: B
Solução:
-2x > -7 Inequação do 2º grau
Multiplicando por (-1) Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
2x < 7 presentada da seguinte forma:
x < 7/2 ax2 + bx + c > 0
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. ax2 + bx + c < 0
ax2 + bx + c ≥ 0
Atenção: ax2 + bx + c ≤ 0
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen-
tido invertido. Resolução da inequação
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
dimento: > , ≥ , < , ≤.
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; Ex.: x2 -3x + 2 > 0
2. Localiza-se a raiz no eixo x;
3. Estuda-se o sinal conforme o caso. Resolução:
x2 -3x + 2 > 0
Pegando o exemplo anterior temos: x ‘ =1, x ‘’ = 2
-2x + 7 > 0 Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
-2x + 7 = 0 zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
x = 7/2 de x isso ocorre.

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}
Exemplo:
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ- Exemplo:
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de (VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no
que satisfazem a seguinte inequação: universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R

(C)

(A) x > 2
(B) x - 5 (D)
(C) x > - 5
(D) x < 2 (E)
(E) x 2

56
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Resolvendo por Bháskara:

Gráficos
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima: Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
-se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
exclui a outra.
Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Resposta: C Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
Tabelas eixos.
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, − Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
das quais o dado numérico se destaca como informação central. iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
mínimo de espaço. 4 cm.
− O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
Elementos da tabela seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e do texto.
elementos complementares. Os elementos essenciais são: − O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig- do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado. interpretação.
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos
os dados. Tipos de Gráficos
− Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú- • Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-
do das colunas. sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
das linhas. tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.

Os elementos complementares são:


− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
cer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
ordem em que foram descritos.

57
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma- b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico
pas). de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo-
rem maiores que a base dos mesmos.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
• Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi- e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti- como instrumento de comparação.
lizados em situações que exijam maior precisão.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total.
A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°,
• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa-
fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores. o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor-
respondentes a cada divisão.
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa-
radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical-
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

Exemplo:
(PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es-
tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar
dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).

58
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe os gráficos e analise as informações.

A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afirmar que:


(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianópolis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.

Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os gráficos é a C.
Resposta: C

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS

O sistema métrico decimal é parte integrante do Sistema de Medidas. É adotado no Brasil tendo como unidade fundamental de me-
dida o metro.
O Sistema de Medidas é um conjunto de medidas usado em quase todo o mundo, visando padronizar as formas de medição.

Medidas de comprimento
Os múltiplos do metro são usados para realizar medição em grandes distâncias, enquanto os submúltiplos para realizar medição em
pequenas distâncias.

MÚLTIPLOS UNIDADE FUNDAMENTAL SUBMÚLTIPLOS


Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
km hm Dam m dm cm mm
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

59
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Para transformar basta seguir a tabela seguinte (esta transformação vale para todas as medidas):

Medidas de superfície e área


As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o me-
tro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.

Vejamos as relações entre algumas essas unidades que não fazem parte do sistema métrico e as do sistema métrico decimal (valores
aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros
1 pé = 30 centímetros

Medidas de Volume e Capacidade


Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o centímetro cúbico(cm3).
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal. Acrescentamos a nomenclatura cúbico.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.

Medidas de Massa
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). Assim as denominamos:
Kg – Quilograma; hg – hectograma; dag – decagrama; g – grama; dg – decigrama; cg – centigrama; mg – miligrama
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). Medidas Especiais:
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg
1 Quilate = 0,2 g

Em resumo temos:

Relações importantes

1 kg = 1l = 1 dm3
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2
1 m3 = 1000 l

60
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Uma peça de um determinado tecido tem 30 metros, e para se confeccionar
uma camisa desse tecido são necessários 15 decímetros. Com duas peças desse tecido é possível serem confeccionadas:
(A) 10 camisas
(B) 20 camisas
(C) 40 camisas
(D) 80 camisas

Resolução:
Como eu quero 2 peças desse tecido e 1 peça possui 30 metros logo:
30 . 2 = 60 m. Temos que trabalhar com todas na mesma unidade: 1 m é 10dm assim temos 60m . 10 = 600 dm, como cada camisa
gasta um total de 15 dm, temos então:
600/15 = 40 camisas.
Resposta: C

(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Um veículo tem capacidade para transportar duas toneladas de carga. Se a
carga a ser transportada é de caixas que pesam 4 quilogramas cada uma, o veículo tem capacidade de transportar no máximo:
(A) 50 caixas
(B) 100 caixas
(C) 500 caixas
(D) 1000 caixas

Resolução:
Uma tonelada(ton) é 1000 kg, logo 2 ton. 1000kg= 2000 kg
Cada caixa pesa 4kg
2000 kg/ 4kg = 500 caixas.
Resposta: C

NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA, PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO, TEOREMA DE PITÁGORAS

Geometria plana
Aqui nos deteremos a conceitos mais cobrados como perímetro e área das principais figuras planas. O que caracteriza a geometria
plana é o estudo em duas dimensões.

Perímetro
É a soma dos lados de uma figura plana e pode ser representado por P ou 2p, inclusive existem umas fórmulas de geometria que
aparece p que é o semiperímetro (metade do perímetro). Basta observamos a imagem:

Observe que a planta baixa tem a forma de um retângulo.

Exemplo:
(CPTM - Médico do trabalho – MAKIYAMA) Um terreno retangular de perímetro 200m está à venda em uma imobiliária. Sabe-se que
sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento. Se o metro quadrado cobrado nesta região é de R$ 50,00, qual será o valor pago
por este terreno?
(A) R$ 10.000,00.
(B) R$ 100.000,00.
(C) R$ 125.000,00.
(D) R$ 115.200,00.
(E) R$ 100.500,00.

61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
O perímetro do retângulo é dado por = 2(b+h);
Pelo enunciado temos que: sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento, logo 2 (x + (x-28)) = 2 (2x -28) = 4x – 56. Como ele
já dá o perímetro que é 200, então
200 = 4x -56  4x = 200+56  4x = 256  x = 64
Comprimento = 64, largura = 64 – 28 = 36
Área do retângulo = b.h = 64.36 = 2304 m2
Logo o valor da área é: 2304.50 = 115200
Resposta: D

• Área
É a medida de uma superfície. Usualmente a unidade básica de área é o m2 (metro quadrado). Que equivale à área de um quadrado
de 1 m de lado.

Quando calculamos que a área de uma determinada figura é, por exemplo, 12 m2; isso quer dizer que na superfície desta figura cabem
12 quadrados iguais ao que está acima.

Planta baixa de uma casa com a área total

Para efetuar o cálculo de áreas é necessário sabermos qual a figura plana e sua respectiva fórmula. Vejamos:

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

62
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Geometria espacial Poliedros Regulares
Aqui trataremos tanto das figuras tridimensionais e dos sóli- Um poliedro e dito regular quando:
dos geométricos. O importante é termos em mente todas as figuras - suas faces são polígonos regulares congruentes;
planas, pois a construção espacial se dá através da junção dessas - seus ângulos poliédricos são congruentes;
figuras. Vejamos:
Por essas condições e observações podemos afirmar que todos
Diedros os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) π e π’, o
espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é Exemplo:
feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os planos. (PUC/RS) Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e
três pentagonais. O número de arestas e o número de vértices des-
Poliedros te poliedro são, respectivamente:
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais for- (A) 30 e 40
madas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Cha- (B) 30 e 24
mamos de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos (C) 30 e 8
planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois so- (D) 15 e 25
mente uma aresta em comum. Veja alguns exemplos: (E) 15 e 9

Resolução:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais, logo,
tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 3 lados e
o pentágono 5 lados. Temos:

Resposta: E
Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos
polígonos são as arestas e os vértices do poliedro. Não Poliedros
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a ne-
nhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não
possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.

Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o
número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes rela-
ções de Euler:
Poliedro Fechado: V – A + F = 2
Poliedro Aberto: V – A + F = 1

Para calcular o número de arestas de um poliedro temos que Os sólidos acima são. São considerados não planos pois pos-
multiplicar o número de faces F pelo número de lados de cada face suem suas superfícies curvas.
n e dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de face, basta Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por
somar os resultados. curvas fechadas em superfície lateral curva.
A = n.F/2 Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e
uma superfície lateral curva.
Poliedros de Platão Esfera: é formada por uma única superfície curva.
Eles satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de ares-
tas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

63
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Planificações de alguns Sólidos Geométricos Área e Volume dos sólidos geométricos
PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases iguais
e paralelas.

Exemplo:
(PREF. JUCÁS/CE – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – INSTITUTO
NEO EXITUS) O número de faces de um prisma, em que a base é um
polígono de n lados é:
(A) n + 1.
(B) n + 2.
(C) n.
(D) n – 1.
(E) 2n + 1.

Resolução:
Se a base tem n lados, significa que de cada lado sairá uma face.
Assim, teremos n faces, mais a base inferior, e mais a base su-
Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-WWDbQ-Gh5zU/Wb7iCjR42BI/AA- perior.
AAAAAAIR0/kfRXIcIYLu4Iqf7ueIYKl39DU-9Zw24lgCLcBGAs/s1600/re- Portanto, n + 2
vis%25C3%25A3o%2Bfiguras%2Bgeom%25C3%25A9tricas-page-001. Resposta: B
jpg
PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base e um
Sólidos geométricos vértice superior.
O cálculo do volume de figuras geométricas, podemos pedir
que visualizem a seguinte figura:

a) A figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é:
V = Ab. a
Onde a é igual a h (altura do sólido)
c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;
d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

64
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: CONE: é um sólido geométrico que tem uma base circular e
Uma pirâmide triangular regular tem aresta da base igual a 8 vértice superior.
cm e altura 15 cm. O volume dessa pirâmide, em cm3, é igual a:
(A) 60
(B) 60
(C) 80
(D) 80
(E) 90

Resolução:
Do enunciado a base é um triângulo equilátero. E a fórmula
da área do triângulo equilátero é . A aresta da base é a = 8 cm e h
= 15 cm.
Cálculo da área da base:

Cálculo do volume:

Exemplo:
Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura desse cone,
em cm, é:

(A)

(B)

(C)

(D)
Resposta: D
(E) 8
CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases iguais,
paralelas e circulares. Resolução:
Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o raio
é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
g2 = h2 + r2
162 = h2 + 82
256 = h2 + 64
256 – 64 = h2
h2 = 192

Resposta: D

65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
ESFERA: superfície curva, possui formato de uma bola. Resolução:

AB=144 dm²
Ab=36 dm²

Resposta: E

Geometria analítica
Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta
que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta
dada, estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.

Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)


Para representar graficamente um par ordenado de números
reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta
x é o eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se
pode verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas proprieda-
des.

TRONCOS: são cortes feitos nas superfícies de alguns dos sóli-


dos geométricos. São eles:

Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos


linhas perpendiculares aos eixos x e y.
• xp é a abscissa do ponto P;
• yp é a ordenada do ponto P;
• xp e yp constituem as coordenadas do ponto P.
Exemplo:
(ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LOGÍSTI-
CA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO) O volume de um
tronco de pirâmide de 4 dm de altura e cujas áreas das bases são
iguais a 36 dm² e 144 dm² vale:
(A) 330 cm³
(B) 720 dm³
(C) 330 m³
(D) 360 dm³
(E) 336 dm³

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas


que serão uteis ao cálculo.

66
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Distância entre dois pontos de um plano Condição de alinhamento de três pontos
Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo- Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras.

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se:

Ponto médio de um segmento

Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices


de um triângulo cuja área é:

onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta (ou


declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de
inclinação da reta r do plano cartesiano.

Baricentro
O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
de 2:1.

Já a declividade é dada por: m = tgα

67
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Cálculo do coeficiente angular Equação reduzida da reta
Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da
coeficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da reta y - b = mx
reta, como podemos verificar na imagem.

Reta
– Equação segmentária da reta
Equação da reta É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis- terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação:

1) Um ponto e o coeficiente angular

Exemplo:
Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente angular m = 2.
Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:
ax + by + c = 0

onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-


multaneamente nulos.

2) Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2) Posições relativas de duas retas
Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa- Em relação a sua posição elas podem ser:
ções, podemos determinar o coeficiente angular da reta:

Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos


dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
m = -3 e Q(x, y)
y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x +
y - 4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0

68
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A) Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus C) Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor-
ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên- tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes. ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão
iguais.

Intersecção de retas
Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção
P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações
de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta
resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas.

Condição de perpendicularismo
Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte
relação deverá ser verdadeira.
B) Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o
eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces-
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes

onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2,


respectivamente.

Distância entre um ponto e uma reta


A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento
perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir
para obtermos esta distância.

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .

69
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Exemplo:
(UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar a (VUNESP) A equação da circunferência, com centro no ponto
procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta. C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor (A) x2 + (y – 3)2 = 0
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido (B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este (C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
trajeto ficou bem definido através da equação: (D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
(A) y = 2x – 1 (E) x2 + (y – 3)2 = 8
(B) y = - 3x + 14
(C) y = x + 2 Resolução:
(D) y = - x + 8 Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado no
(E) y = 3x – 4 enunciado.
(x – a)2 + (y – b)2 = r2
Resolução: (x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo ponto P,
xo = 3, yo = 5 e = 1. As alternativas estão na forma de equação basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
reduzida, então: (0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
y – yo = m(x – xo) (- 2)2 + 22 = r2
y – 5 = 1.(x – 3) 4 + 4 = r2
y–5=x–3 r2 = 8
y=x–3+5 (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
y=x+2 Resposta: C
Resposta: C
Elipse
Circunferência É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias
É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos:
fixo O, denominado centro da circunferência.
A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao
centro O é sempre constante e é denominada raio.

Equação reduzida da circunferência


Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe-
rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r.

Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para


o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida.

Equação Geral da circunferência


A equação geral de uma circunferência é obtida através do de-
senvolvimento da equação reduzida.

70
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Equações da elipse Resolução:
a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.

x 2 = 32 + 42
x2 = 9 + 16
b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical. x2 = 25
Resposta: E

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA

Os problemas matemáticos são resolvidos utilizando inúmeros


recursos matemáticos, destacando, entre todos, os princípios algé-
bricos, os quais são divididos de acordo com o nível de dificuldade
e abordagem dos conteúdos. A prática das questões é que faz com
que se ganhe maior habilidade para resolver problemas dessa na-
tureza.

TEOREMA DE PITÁGORAS Exemplos:


Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de hipo- 01. (Câmara Municipal de São José dos Campos/SP – Analista
tenusa e os outros dois lados são os catetos. Deste triângulo tira- Técnico Legislativo – Designer Gráfico – VUNESP) Em um condomí-
mos a seguinte relação: nio, a caixa d’água do bloco A contém 10 000 litros a mais de água
do que a caixa d’água do bloco B. Foram transferidos 2 000 litros de
água da caixa d’água do bloco A para a do bloco B, ficando o bloco
A com o dobro de água armazenada em relação ao bloco B. Após a
transferência, a diferença das reservas de água entre as caixas dos
blocos A e B, em litros, vale
(A) 4 000.
(B) 4 500.
(C) 5 000.
(D) 5 500.
(E) 6 000.

Resolução:
A = B + 10000( I )
Transferidos: A – 2000 = 2.B , ou seja,A = 2.B + 2000( II )
Substituindo a equação ( II ) na equação ( I ), temos:
2.B + 2000 = B + 10000
“Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual 2.B – B = 10000 – 2000
à soma dos quadrados dos catetos”. B = 8000 litros (no início)
a2 = b2 + c2 Assim, A = 8000 + 10000 = 18000 litros (no início)
Portanto, após a transferência, fica:
Exemplo: A’ = 18000 – 2000 = 16000 litros
Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas para o B’ = 8000 + 2000 = 10000 litros
oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o sul chegando Por fim, a diferença é de : 16000 – 10000 = 6000 litros
a um ponto C, depois 13 milhas para o leste chagando a um ponto D Resposta: E.
e finalmente 9 milhas para o norte chegando a um ponto E. Onde o
barco parou relativamente ao ponto de partida? 02. (IFNMG – Matemática - Gestão de Concursos) Uma linha
(A) 3 milhas a sudoeste. de produção monta um equipamento em oito etapas bem defini-
(B) 3 milhas a sudeste. das, sendo que cada etapa gasta exatamente 5 minutos em sua
(C) 4 milhas ao sul. tarefa. O supervisor percebe, cinco horas e trinta e cinco minutos
(D) 5 milhas ao norte. depois do início do funcionamento, que a linha parou de funcionar.
(E) 5 milhas a nordeste. Como a linha monta apenas um equipamento em cada processo de
oito etapas, podemos afirmar que o problema foi na etapa:
(A) 2
(B) 3
(C) 5
(D) 7

71
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: Resolução:
Um equipamento leva 8.5 = 40 minutos para ser montado. Caio = Pedro + 15cm
5h30 = 60.5 + 30 = 330 minutos Pedro = João – 6cm
330min : 40min = 8 equipamentos + 20 minutos (resto) João = Felipe + 7cm, ou seja:Felipe = João – 7
20min : 5min = 4 etapas Caio – Felipe = ?
Como as alternativas não apresentam a etapa 4, provavelmen- Pedro + 15 – (João – 7) =
te, o problema ocorreu na etapa 3. João – 6 + 15 – João + 7 = 16
Resposta: B. Resposta: E.

03. (EBSERH/HU-UFGD – Técnico em Informática – AOCP) Joa-


na pretende dividir um determinado número de bombons entre ESTRUTURA LÓGICA DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS EN-
seus 3 filhos. Sabendo que o número de bombons é maior que 24 e TRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS FICTÍCIOS;
menor que 29, e que fazendo a divisão cada um dos seus 3 filhos re- DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES
ceberá 9 bombons e sobrará 1 na caixa, quantos bombons ao todo FORNECIDAS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES USADAS
Joana possui? PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELA-
(A) 24. ÇÕES. IDENTIFICAÇÃO DE REGULARIDADES DE UMA
(B) 25. SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU FIGURAL, DE MODO A IN-
(C) 26. DICAR QUAL É O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO.
(D) 27. ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO,
(E) 28 DIAGRAMAS LÓGICOS, SEQUÊNCIAS

Resolução: RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Sabemos que 9 . 3 = 27 e que, para sobrar 1, devemos fazer 27 Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble-
+ 1 = 28. mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
Resposta: E. rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte
04. (Câmara Municipal de São José dos Campos/SP – Analista consiste nos seguintes conteúdos:
Técnico Legislativo – Designer Gráfico – VUNESP) Na biblioteca de - Operação com conjuntos.
um instituto de física, para cada 2 livros de matemática, existem 3 - Cálculos com porcentagens.
de física. Se o total de livros dessas duas disciplinas na biblioteca é - Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé-
igual a 1 095, o número de livros de física excede o número de livros tricos e matriciais.
de matemática em - Geometria básica.
(A) 219. - Álgebra básica e sistemas lineares.
(B) 405. - Calendários.
(C) 622. - Numeração.
(D) 812. - Razões Especiais.
(E) 1 015. - Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.
Resolução:
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
𝑀 2 , ou seja, 3.M = 2.F( I ) Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
=
𝐹 3 Argumentação.
M + F = 1095 , ou seja, M = 1095 – F( II )
Vamos substituir a equação ( II ) na equação ( I ): ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
3 . (1095 – F) = 2.F O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
3285 – 3.F = 2.F figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
5.F = 3285 temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
F = 3285 / 5 O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-
F = 657 (física) vam os conteúdos:
Assim: M = 1095 - 657 = 438 (matemática) - Lógica sequencial
A diferença é: 657 – 438 = 219 - Calendários
Resposta: A.
RACIOCÍNIO VERBAL
05. (CEFET – Auxiliar em Administração – CESGRANRIO) Caio Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
é 15 cm mais alto do que Pedro. Pedro é 6 cm mais baixo que João. conclusões lógicas.
João é 7 cm mais alto do que Felipe. Qual é, em cm, a diferença Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
entre as alturas de Caio e de Felipe? bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
(A) 1 vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
(B) 2 gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
(C) 9 conhecimento por meio da linguagem.
(D) 14 Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
(E) 16 trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ções, selecionando uma das possíveis respostas:

72
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos atri-
buir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

73
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.

74
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F
Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

75
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

76
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

77
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

78
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

79
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “ou” (v)
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando


a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “ou” (v) Conectivo “Se e somente se” (↔)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-
te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das
proposições é verdadeira, podendo ser ambas. Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.
proposições poderá ser verdadeira
ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a
Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi- tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qual-
vo”(considera apenas um dos casos) quer questão referente ao assunto.

Exemplo: Ordem de precedência dos conectivos:


R: Paulo é professor ou administrador O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos
S: Maria é jovem ou idosa ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das
proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeiro Em resumo:

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer
sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

80
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo- tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de que pode ou não existir entre duas proposições.
acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, res- Exemplo:
pectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o Observe:
conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre- - Toda proposição implica uma Tautologia:
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
da pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente - Somente uma contradição implica uma contradição:
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua
tabela-verdade:

Exemplo: Propriedades
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo- • Reflexiva:
sição ~P ∧ P é: – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
(A) uma tautologia. – Uma proposição complexa implica ela mesma.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição. • Transitiva:
(D) uma contingência. – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
(E) uma disjunção. Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
Resolução: – Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
Montando a tabela teremos que:
Regras de Inferência
P ~p ~p ^p • Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
V F F tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
V F F sições verdadeiras já existentes.
F V F
Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante


de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-


q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:
P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

81
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Silogismo Disjuntivo Inferências

• Regra do Silogismo Hipotético

Princípio da inconsistência
• Modus Ponens – Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
• Modus Tollens tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
Tautologias e Implicação Lógica categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
• Teorema uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...) ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.
Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

82
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no • Negação das Proposições Categóricas
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam- Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de seguintes convenções de equivalência:
“Todo B é A”. – Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular.
• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B” – Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum categórica particular geramos uma proposição categórica universal.
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes- – Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
mo que dizer “nenhum B é A”. sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia- negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
grama (A ∩ B = ø): uma proposição de natureza afirmativa.

Em síntese:

• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” não miam alto.
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. pardo.

• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resolução:


Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
representações possíveis: do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o


conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
que Algum B não é A.

83
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
(A) Todos os não psicólogos são professores. negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
(B) Nenhum professor é psicólogo. Resposta: D
(C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor. Diagramas lógicos
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo. Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
Resolução: argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega- dem ser formadas por proposições categóricas.
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
menos um professor não é psicólogo. conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.
Resposta: E
Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
• Equivalência entre as proposições
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS
resolução de questões.

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto


A, então pertence também a B.

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação NENHUM
E
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual AéB
a cinco”?
Existe pelo menos um elemento que
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
pertence a A, então não pertence a B, e
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
vice-versa.
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe Existe pelo menos um elemento co-
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To- mum aos conjuntos A e B.
dos e Nenhum, que também são universais. Podemos ainda representar das se-
guintes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.

84
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- Algum teatro é casa de cultura

ALGUM
O
A NÃO é B

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
Perceba-se que, nesta sentença, a aten- (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
ção está sobre o(s) elemento (s) de A que diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
não são B (enquanto que, no “Algum A é menos um dos cinemas é considerado teatro.
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
(D) existe casa de cultura que não é cinema. mo princípio acima.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Resolução: afirma isso
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
- Existem teatros que não são cinemas não é cinema.

Resposta: E

85
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo- mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse- pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa “Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu- Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
mento. lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
formado por duas premissas e a conclusão). comum.
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten- vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.

Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.
... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
conclusão sejam totalmente questionáveis. será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON- junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido, conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
Argumentos Inválidos
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
do? ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- são.
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Exemplo:
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar P2: Patrícia não é criança.
essa frase da seguinte maneira: Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.

86
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo artifício,
que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

87
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma con-
junção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos de
p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é ou
NÃO VÁLIDO.

88
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução pelo 4º Método 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
mos: sai de casa tem que ser F.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
deiro! // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas ser V ou F.
verdadeiras! Teremos: 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver-
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
r é verdadeiro. dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Resposta: Errado
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!
(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! bruxa.
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
Exemplos: (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
seguintes proposições sejam verdadeiras. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Quando Fernando está estudando, não chove. Resolução:
• Durante a noite, faz frio. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o o valor lógico (V), então:
item subsecutivo. (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. →V
( ) Certo (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
( ) Errado (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
Resolução: →V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
A = Chove Logo:
B = Maria vai ao cinema Temos que:
C = Cláudio fica em casa Esmeralda não é fada(V)
D = Faz frio Bongrado não é elfo (V)
E = Fernando está estudando Monarca não é um centauro (V)
F = É noite Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
Lembramos a tabela verdade da condicional: que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia,
Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também
utilizando isso temos: não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome
estava estudando. // B → ~E de suas esposas.
Iniciando temos: a) O médico é casado com Maria.
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B b) Paulo é advogado.
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove c) Patrícia não é casada com Paulo.
tem que ser F. d) Carlos não é médico.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
// C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
vai ao cinema tem que ser V.

89
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.

90
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia

91
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Agora, completando o restante:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi-
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Luiz N S N N
− Mariana viajou para Curitiba; Arnaldo S N N N
− Paulo não viajou para Goiânia;
Mariana N N S N
− Luiz não viajou para Fortaleza.
Paulo N N N S
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Resposta: B
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Quantificador
(D) Mariana viajou para Salvador. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(E) Luiz viajou para Curitiba. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
Resolução:
Vamos preencher a tabela: QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
Tipos de quantificadores
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N • Quantificador universal (∀)
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;


Exemplo:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Todo homem é mortal.
Luiz N N A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Arnaldo N N Na representação do diagrama lógico, seria:
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Arnaldo N N mem.
Mariana N N S N A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Paulo N N
2ª) Se José é homem, então José é mortal.
− Luiz não viajou para Fortaleza.
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador (x) (A (x) → B).
Luiz N N N Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.
Arnaldo N N
Mariana N N S N Aplicando temos:
Paulo N N x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul-
gar, logo, é uma proposição lógica.

92
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Quantificador existencial (∃) (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
Exemplo: os valores de x devem satisfazer a propriedade.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
é: cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ reto.
(x)) (A (x) ∧ B). Resposta: CERTO

Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ ANOTAÇÕES
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira? ______________________________________________________
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos ______________________________________________________
julgar, logo, é uma proposição lógica.
______________________________________________________
ATENÇÃO: ______________________________________________________
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”. ______________________________________________________
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. ______________________________________________________

Forma simbólica dos quantificadores ______________________________________________________


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
______________________________________________________
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). ______________________________________________________
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
______________________________________________________
Exemplos:
Todo cavalo é um animal. Logo, ______________________________________________________
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal. ______________________________________________________
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo. ______________________________________________________

______________________________________________________
Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu- ______________________________________________________
sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal. ______________________________________________________
– Se é cavalo, então é um animal.
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça ______________________________________________________
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
de conclusão). ______________________________________________________
Resposta: B
______________________________________________________

______________________________________________________

93
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

94
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos


QUESTÕES RELACIONADAS A FATOS POLÍTICOS, ECO- do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente,
NÔMICOS, SOCIAIS, CULTURAIS, CIENTÍFICOS, AM- jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
BIENTAIS, DE ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL, Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula pre-
OCORRIDOS A PARTIR DE JANEIRO DE 2022, DIVULGA- parado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com
DOS NA MÍDIA NACIONAL o material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os
fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação vir-
A importância do estudo de atualidades tuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu- a veracidade das informações um caminho certeiro.
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor-
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, ANOTAÇÕES
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen-
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a ______________________________________________________
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos
de escola. ______________________________________________________
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos ______________________________________________________
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de ______________________________________________________
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur-
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico ______________________________________________________
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo.
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con- ______________________________________________________
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po- ______________________________________________________
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política,
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões ______________________________________________________
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se-
______________________________________________________
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons- ______________________________________________________
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê ______________________________________________________
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio- ______________________________________________________
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex-
trema recorrência na mídia. ______________________________________________________
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo.
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é ______________________________________________________
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por ______________________________________________________
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.)
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem ______________________________________________________
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades,
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- ______________________________________________________
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in-
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de ______________________________________________________
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados ______________________________________________________
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto
______________________________________________________
de informações veiculados impede que saibamos de fato como es-
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam ______________________________________________________
rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma
disciplina que se renova a cada instante. ______________________________________________________
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló-
gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham ______________________________________________________
em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara

95
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES
_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquivos e atalhos
MS-WINDOWS 7: CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA DE TRABALHO, ÁREA vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
DE TRANSFERÊNCIA, MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
PASTAS, USO DOS MENUS, PROGRAMAS E APLICATI- Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
VOS, INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
WINDOWS 7 da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7 Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
Programas e aplicativos
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
• Media Player
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
• Media Center
estamos copiando dados para esta área intermediária.
• Limpeza de disco
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
• Desfragmentador de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
• Os jogos do Windows.
área de transferência.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Manipulação de arquivos e pastas
Interação com o conjunto de aplicativos
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
tendermos melhor as funções categorizadas.
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.
Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ferramentas do sistema • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró- tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
confirmar sua exclusão. que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Área de trabalho do Word
MS-OFFICE 2016, MS-WORD 2016: ESTRUTURA BÁSICA Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
DOS DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEX- com a necessidade.
TOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS, FONTES, COLUNAS,
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO
DE PÁGINAS, LEGENDAS, ÍNDICES, INSERÇÃO DE OB-
JETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO.
MS-EXCEL 2010: ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS,
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS
E GRÁFICOS, ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS,
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, IMPRES-
SÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS,
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS,
OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS, CLASSIFICAÇÃO DE
DADOS. MS-POWERPOINT 2010: ESTRUTURA BÁSICA
DAS APRESENTAÇÕES, CONCEITOS DE SLIDES, ANO- • Iniciando um novo documento
TAÇÕES, RÉGUA, GUIAS, CABEÇALHOS E RODAPÉS,
NOÇÕES DE EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE APRESEN-
TAÇÕES, INSERÇÃO DE OBJETOS, NUMERAÇÃO DE
PÁGINAS, BOTÕES DE AÇÃO, ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO
ENTRE SLIDES

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas Justificar (arruma a direito
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – e a esquerda de acordo Ctrl + J
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – com a margem
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
Alinhamento à direita Ctrl + G
Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele Centralizar o texto Ctrl + E
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades. Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO São exemplos de planilhas:


– Planilha de vendas;
Tipo de letra – Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


Tamanho tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


Aumenta / diminui tamanho
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
Recursos automáticos de caixa-altas pecíficas do aplicativo.
e baixas – A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

– Podemos também ter o intervalo A1..B3


Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar
diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar
Forma – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
Página - Mudar cor lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
inicial de Fundo uma planilha.
- Mudar cor
do texto • Formatação células

- Inserir
Tabelas
Inserir
- Inserir
Imagens

Verificação e
Revisão correção ortográ-
fica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Fórmulas básicas Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
trabalho com o programa.
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de célu-
=MAX(célula X:célulaY)
las)
MÍNIMA (em um intervalo de célu-
=MIN(célula X:célulaY)
las)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta- Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
veremos os princípios para a utilização do aplicativo. A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.
• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro


slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
para passagem entre elementos das apresentações.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente
ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti-
pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- – É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
a digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- questão do compartilhamento dos arquivos.
vando a experiência dos usuários a outro nível.
• Atualizações no PowerPoint
Office 2013 – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen- tão do compartilhamento dos arquivos;
tos com telas simples funciona normalmente. – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, 3D na apresentação.
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- Office 2019
fones diversos. O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
• Atualizações no Word 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; • Atualizações no Word
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; desenvolvimento de documentos;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações. – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.
• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de algum
mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUI-
VOS

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Escrevendo e-mails Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos: ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina- os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
tário do e-mail; outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior,
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con-
forme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos Imprimir uma mensagem de e-mail
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden- sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
te, segundo a figura abaixo: computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

Grupos de discussão
Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Inter-
net que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via
e-mail entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geral-
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem mente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos expõem suas opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é
um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmente,
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a
ter um pré- requisito, as informações nem sempre são confiáveis.
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada
Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.
mensagem. br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um
grupo pode ser montado independentemente, onde pessoas façam
uma lista de e – mails e troquem informações.

Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar


um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns passos
serão necessários:
1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quan-
do estudamos os sites de busca.
2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no
menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em
“Grupos”.

!
Grupos

Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar um


grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...”

Passo 2 – Criando um grupo

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Seguiremos alguns passos propostos pelo website. Os convidados a participarem do grupo receberão o convite em
Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é Pro- seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser realizada
fale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endereço de depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos casos, as
e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo auto- mensagens de convite são identificadas pelos servidores de mensa-
maticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição grupo, gens como Spams e por esse motivo são automaticamente enviadas
que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se trata esse para a pasta Spam dos destinatários.
grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto abortado. O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá:
Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo,
visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de discus-
podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, nudez
são, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configurações do
ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse grupo é
necessário confirmar que você é maior de 18 anos. seu grupo.
Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de dis-
Escolheremos também, o nível de acesso entre: cussão, será aberta uma página semelhante a de criação de um e
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer – mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchida com o nome
pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar do proprietário e o endereço do grupo. A linha “Para”, também será
mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode ler preenchida automaticamente com o nome do grupo. Teremos que
os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente os ad- digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar mensa-
ministradores podem postar mensagens.” gem”.
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso ser A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde as
convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não aparecem pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um fórum)
nos resultados de pesquisa públicos do Google nem no diretório.” ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro-
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações como
nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas ambas as fer-
ramentas acabam tornado o grupo de discussão muito semelhante
ao fórum. Para criar um grupo de discussão da maneira padrão, sem
utilizar ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um
e – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de endereços
dos convidados, possibilitando a troca de informações via e – mail.

INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, CONCEITOS DE


URL, LINKS, SITES, BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

!
Configurar grupo

Após este passo, teremos que adicionar os membros do grupo


e faremos isto através de um convite que será enviado aos e – mails
que digitaremos em um campo especial para esta finalidade. Cada
destinatário dos endereços cadastrados por nós receberá um convi-
te e deverá aceitá-lo para poder receber as mensagens e participar
do nosso grupo.
A mensagem do convite também será digitada por nós, mas o
nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados auto-
maticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”. Quando
clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem:

!
Finalização do processo de criação do grupo

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- • Sites
plo. Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde
o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento
qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns


dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Micro-


soft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador sim-
plificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que
Navegação e navegadores da Internet protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um en-
• Internet dereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção www.gov.br/pt-br/
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co- – Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No
municam. exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
• Procedimentos de Internet e intranet – Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas – Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como:
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa- imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down- outras.
load), etc.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da inter-
net muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos
que possibilitam ricas experiências para os usuários.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços 1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página


6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 3 Botão atualizar a página


7
Menu e outros)
4 Barra de Endereço.
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8
detalhar adiante) 5 Adicionar Favoritos
Mostra menu de contexto com várias
9 6 Usuário Atual
opções
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na 7
seguir.
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
dos seguros após o uso. atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.
Google Chrome
• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- Para removê-lo, basta clicar em excluir.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Histórico • Sincronização
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, rão disponíveis na sua conta Google.
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Por exemplo:
dia a dia se preferir. – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
ções implementadas.
• Downloads Vejamos:
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes- • Guias
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar


CTRL + T ou

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos • Histórico e Favoritos
da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.


• Pesquisar palavras
8 Lista de Leitura Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bas- atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
tante comuns. demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
Vejamos algumas de suas funcionalidades:
• Salvando Textos e Imagens da Internet
• Lista de Leitura e Favoritos Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos- direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere-
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda • Downloads
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
pronto. gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo- progresso e os downloads concluídos.
vê-lo, basta clicar em excluir.

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co- • Preparo e envio de mensagens
nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail. • Boas práticas para criação de mensagens


com.br / @editora.com.br – Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
recebidas; – A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda extremo dando muitas voltas;
não enviadas; – Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.
e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi- • Anexação de arquivos
nou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
rio do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
programas, música, textos e outros); o texto.
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.
• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
• Uso do correio eletrônico – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail; que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra- – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria- e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
ção de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente Computação de nuvem (Cloud Computing)
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no • Conceito de Nuvem (Cloud)
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas-
tante parecidas.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi- São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de- Drive.
mandas de usuários e empresas. As informações são mantidas em grandes Data Centers das
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
vem que podem ser contratados.

QUESTÕES

1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como


principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores versões em papel para o formato digital, é denominado
remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuá- (A) joystick.
rios e às empresas. (B) plotter.
A computação em nuvem permite que os consumidores alu- (C) scanner.
guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser- (D) webcam.
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas (E) pendrive.
usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec- 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
tado no mundo. novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
um local chamado Data Center dentro do provedor. baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro- tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem, adicionada para resolver o problema constatado por João.
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas (A) Placa de som
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas (B) Placa de fax modem
de TI, Telecomunicações. (C) Placa usb
(D) Placa de captura
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage) (E) Placa de vídeo

3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-


riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
um exemplo de periférico somente de entrada.
(A) Monitor
(B) Impressora
(C) Caixa de som
(D) Headphone
(E) Mouse

4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-


res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
reço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br
A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim- (B) HTML:site.estado.gov
ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet. (C) html://www.mundo.com
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez (D) https://meusite.org.br
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces- (E) www.#social.*site.com
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso cuta?
presencial, chamamos esse serviço de: (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(A) Computação On-Line. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(B) Computação na nuvem. (C) Capturar uma janela inteira
(C) Computação em Tempo Real. (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(D) Computação em Block Time. (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
(E) Computação Visual uma caneta eletrônica

6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- assinale a alternativa INCORRETA:
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- pela Microsoft.
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
Youtube (http://www.youtube.com). pre visível ao usuário.
( ) Certo (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
( ) Errado 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a Kapersky.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
danos ao computador do usuário. res x86 e 64 bits.
( ) Certo
( ) Errado 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- ( ) Certo
cia de vírus. ( ) Errado
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
adotado no exemplo acima. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
ao administrador de rede. (A) init 0.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo (B) init 6.
de vírus. (C) exit
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. (D) ls.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- (E) cd.
toramento.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
analisá-lo posteriormente. minúsculas
( ) Certo
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows ( ) Errado
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
são para processadores de 64 bits. 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
( ) Certo (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
( ) Errado nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do meros e letras.
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é (B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
uma versão oficial do Microsoft Windows e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(A) Windows 7 (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
(B) Windows 10 útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(C) Windows 8.1 que o Excel.
(D) Windows 9 (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(E) Windows Server 2012 gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do e recebimento de páginas web.
Windows:
(A) Windows Gold.
(B) Windows 8.
(C) Windows 7.
(D) Windows XP.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
ANOTAÇÕES
na Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento. ______________________________________________________
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento. ______________________________________________________
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________

______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli- ______________________________________________________
cativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo
______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
noros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 E ______________________________________________________
3 E ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 B
6 ERRADO ______________________________________________________

7 CERTO ______________________________________________________
8 C
_____________________________________________________
9 CERTO
_____________________________________________________
10 D
11 A ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 CERTO
15 D ______________________________________________________

16 CERTO ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 D
______________________________________________________
19 CERTO
20 CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

118
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Externos - Esses usuários costumam analisar qual situação da


CONTABILIDADE: PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES. CON- empresa no mercado, eles procuram saber quais as condições fi-
TABILIDADE GERAL. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA nanceiras da empresa, tem capacidade de cumprir com suas obri-
CONTABILIDADE gações para realizar operações de crédito (score), se estão em dia
com suas obrigações tributárias. Resumindo, os usuários externos
Conceito precisão saber se empresa está cumprindo com os seus compromis-
Contabilidade é ciência social que registra fenômenos financei- sos para que assim possam negociar.
ros e econômicos que estão atrelados com PATRIMÔNIO (bens, di- • Concorrentes;
reitos e obrigações) da entidade (pode ser pessoa física ou jurídica; • Bancos;
• Fornecedores;
exemplo empresa, organização ou cia). Gerar relatórios com inter-
• Governo; e
pretação das mudanças que ocorreram com patrimônio da empresa • Investidores.
e auxiliando na tomada de decisões pelos usuários.
Funções da Contabilidade
Objetivo As principais funções na contabilidade é:
Objetivo da Contabilidade é estudar e compreender o patrimô- • Registrar os fatos ocorridos identificado na escrituração em
nio, que é formado por: livros contábeis;
• BENS – prédios, veículos, máquinas, estoque, etc; • Organizar adequar sistema para empresa, exemplo, arquiva-
• DIREITOS – contas a receber (exemplo, cliente que efetua o mento de documentos físicos ou eletrônicos;
pagamento) que pode ser de curto ou longo prazo; • Demonstrar, expor por meio de relatórios a situações econô-
• OBRIGAÇÕES – contas a pagar (exemplo, boletos de fornece- mica, com base nos dados adquiridos no registro, exemplo elaborar
dores, empréstimos) que são em curto ou longo prazo; balanço das contas contábeis;
• Analisar as demonstrações com finalidade de apuração de
E com identificação das alterações do patrimônio expor os da- resultado, exemplo análise do balanço patrimonial;
dos aos usuários ligados a entidade (internos e externos) para de- • Acompanhar o planejamento financeiro definidos após aná-
lise dos resultados. Normalmente fica uma equipe responsável por
senvolver objetivos a organização.
controlar o desempenho dos eventos financeiro, e verificando se os
planos estabelecidos estão sendo cumpridos e se existe necessida-
Finalidade de de ajustes.
Contabilidade tem finalidade de organizar, analisar e mensu-
rar a riqueza da empresa. Com coleta e registro das mudanças do Princípios Contábeis
patrimônio, é possível visualizar o desenvolvimento da organização A contabilidade é estudo das mudanças econômicas por acom-
junto ao mercado. panhar as alterações do mercado é definida como ciência social, e
Além de acompanhar os resultados, compreendendo os da- para manter confiabilidade e segurança sobre estes estudos surgi
dos financeiro é possível a tomada de decisão pelos usuários da os Princípios Fundamentas da Contabilidade. Resumindo, os princí-
entidade. Com atual cenário econômico no mundo, a contabilidade pios são como “leis” para regulamentar os conhecimentos técnicos
passou a ser importante direcionador de estratégias definindo dire- e nenhum órgão (como Banco Central, Receita Federal ou Comitê
trizes a serem tomadas pelas empresas. de Pronunciamentos Contábeis) pode ultrapassá-las.
Os princípios contábeis foram elaborados pela Resolução do
Usuários CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 750, de 29/12/1993
Com as informações contábeis analisadas e registradas, os da- (posteriormente alterado pela Resolução nº 1282/2010), e nº 774,
de 16/12/1994. São eles:
dos para criação de medidas ficam adequadas para os usuários in-
— Princípio da Entidade – reconhece que o patrimônio da em-
ternos e externos. Que são:
presa é independente dos patrimônios dos sócios. Objetivo é dife-
Internos – São aqueles que estão ligados diretamente com renciar as contas da pessoa física, no caso dos proprietários, das
empresa, que precisam acompanhar o crescimento, rentabilidade, contas da pessoa jurídica (entidade).
verificar a criação de projetos. Com os dados os usuários internos — Princípio da Continuidade – determina a continuidade das
podem saber o melhor momento de expansão da empresa, como atividades da entidade, considerando as mudanças patrimoniais,
criação de filial; aumentar folha de pagamento; aumenta ou dimi- classificando e avaliando de forma quantitativa e qualitativa. Exem-
nuição dos lucros. plo, é confirmação que a contabilidade vai manter os registros atua-
• Sócios e proprietários; lizados das mutações financeiras durante tempo de vida da entida-
• Acionista; de.
• Empregados; — Princípio da Oportunidade – afirma que os registros finan-
• Administradores. ceiros devem ser computados no mesmo tempo que são realizadas.

119
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Exemplo:
Empresa fez compra de matéria prima no dia 25/04/2021 por R$ 50.000,00. Essa movimentação deve ser lançada no livro:
Data: 25/04/2021 D - Estoque
C - Banco 50.000,00

Obs.: D – DÉBITO
C - CRÉDITO

— Princípio do Registro pelo valor Original – considera os registros dos verdadeiros valores dos componentes do patrimônio fiéis as
transações e configuração em moeda nacional.

Usando o exemplo acima, no momento de registrar o valor da compra correto, identificar os descontos, e no caso de moeda estran-
geira, dever realizar a conversão para moeda do país.
— Princípio da atualização monetária - este princípio estabelece que os valores originais do patrimônio devam sempre ser atualizados,
e utilizando indexadores econômicos para ajustar conforme moeda nacional.
— Princípio da Prudência – procurar medidas aceitáveis e que não sofram grandes impactos no patrimônio, seria cautela para que as
ações realizadas não prejudiquem o Patrimônio Líquido da empresa. Exemplo, seria controlar os gastos mensais para que isso não interfira
no lucro no fechamento do balanço.

Todos esses princípios tem intenção de ajudar o contabilista salvar- guarda informações ligados a entidade. Por tanto o contador se-
guindo esses princípios auxilia os gestores e sócios na realização de tomadas de decisão mantendo segurança financeira, realiza atividades
dentro da conduta ética do profissional de contabilidade.

Patrimônio
Patrimônio é conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa. Bens e direitos são denominados como ATIVO e as obrigações
denominados PASSIVO, junto com passivo inclui o PQTRIMÔNIO LIQUIDO.

▪ Ativos
Onde constitui os direitos e bens da empresa e é identificada no lado esquerdo do Balanço Patrimonial.
Os bens são classificados como Tangíveis (que são materiais), exemplo carro, computador, e bens Intangíveis (não são materiais),
exemplo: no hall, marcas e patentes.
Direitos é tudo que é de direito da empresa, exemplo, é direito da empresa receber seus dividendos, manter conta bancária e que
pode ser mensurado.
No ativo é identificado as seguintes contas:
• Caixa;
• Banco;
• Estoque;
• Duplicatas a receber;
• Imobilizado.

▪ Passivos
Representado pelas obrigações da empresa, conhecidas como as dívidas, que pode ser boleto, cobranças, empréstimos, folha de pa-
gamento, recolhimento de tributos. O passivo fica no lado direito do Balanço Patrimonial, e com o total somado das obrigações tem que
igualar ao valor do total do ativo. Exemplo:

120
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

As contas do passivo são classificadas em Circulante, Exigível ELEMENTOS ESSENCIAIS


a longo prazo e Patrimônio Líquido. No circulante é identificado as O lançamento no livro Diário é realizado em ordem cronológi-
obrigações de curto prazo (mensais): ca e os elementos que o compõem obedecem a uma determinada
• Fornecedores; disposição:
• Alugueis a pagar; a) Local e data da ocorrência do fato.
• Salários a pagar; b) Veracidade do documento que foi emitido na operação.
• Impostos a pagar. c) Identificação de elementos envolvidos na operação.
d) Conta(s) de débito.
As contas do exigível a longo prazo, são os que tem mais de e) Conta(s) de crédito.
um ano: f) Histórico.
• Empréstimos a longo prazo; g0 Valor.
• Financiamento.
FÓRMULAS DE LANÇAMENTO
Patrimônio Liquido Para a realização dos lançamentos existem quatro fórmulas:
Patrimônio Líquido pode ser identificado como riqueza liquida 1ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
da empresa, é a dedução entre o ativo e passivo e as contas, são: outra creditada.
• Capital Social; Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$
• Reserva de Capital; 700,00.
• Lucros Acumulados.
São Paulo, 30 de junho de XX
Todas as contas identificadas a cima representa o patrimônio
da empresa e agrupadas formam o demonstrativo BALANÇO PATRI- Caixa (Débito)
MONIAL, onde o profissional de contabilidade irá informar a evolu- a Duplicatas a receber (Crédito)
ção financeira da instituição frequentemente seguindo os princípios Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA
contábeis: . R$ 700,00
• Princípio da Entidade;
• Princípio da Continuidade; 2ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
• Princípio da Oportunidade; diversas creditadas.
• Princípio do Registro pelo valor Original; Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$
• Princípio da atualização monetária; e 700,00. Venda de mercadorias à vista, nº 8200, no valor de R$
• Princípio da Prudência. 400,00.
Desta forma a contabilidade como uma ciência constitui de
princípios éticos para evitar irregularidades e distorções dos fatos São Paulo, 30 de agosto de XX
contábeis, isso faz com que exista uma padronização na apresenta- Caixa (Débito)
ção da movimentação financeira das organizações. a Diversos (Crédito)
a Duplicatas a receber
ESCRITURAÇÃO: CONTÁBIL E CONCILIAÇÃO DE
CONTAS, CONCEITOS BÁSICOS DE ATIVO, PASSIVO, Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00
RECEITA, DESPESA, INVESTIMENTO a Vendas
Vendas de mercadorias à vista conf. NF. 8200 R$ 400,00
CONCEITOS R$ 1.100,00
Escrituração é a técnica contábil que tem por objetivo o regis-
tro em livros específicos de todos os fatos que alteram o patrimô-
nio. É a partir da escrituração que se desenvolvem as técnicas de
demonstração, análises, auditoria, etc., e também a gestão do Pa-
trimônio das empresas.

LANÇAMENTOS CONTÀBEIS
Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração.
Os fatos administrativos são registrados através do lançamen-
to, primeiramente no livro Diário, mediante documentos que com-
provem a operação (Notas fiscais, recibos, contratos, etc.).

121
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

3ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita- Livro Diário: tem a função de registrar diariamente todos os
das e uma conta creditada. fatos contábeis que afetam o Patrimônio da empresa. Os registros
Fato: pagamento da duplicata nº 1330, no valor de R$ 300,00. devem ser efetuados de maneira individualizada, em ordem crono-
Pagamento do imposto predial, guia nº 223, no valor de R$ 200,00. lógica de dia, mês e ano, todas as movimentações que provocam al-
terações no Patrimônio. É obrigatório, devendo obedecer algumas
São Paulo, 30 de Julho de XX formalidades:
a) Formalidades intrínsecas (internas): ser escriturado em
Diversos (Débito) idioma e moeda corrente nacionais; com linguagem contábil, de
a Caixa (Crédito) forma individualizada e transparente; fundamentado em documen-
Duplicatas a pagar tos verídicos que comprovem as operações registradas; sem conter
rasuras, emendas, intervalos, borrões; por ordem cronológica (dia,
Pagamento de duplicata nº 1330 R$ 300,00 mês e ano).
Impostos e Taxas Diversas b) Formalidades extrínsecas (externas): deve ser encadernado
Pagamento de imposto predial Guia nº 223 e conter numeração em todas as folhas de forma seqüencial; conter
R$ 200,00 R$ 500,00 Termo de Abertura na primeira folha, Termo de Encerramento la-
vrado na última página do livro, e assinado por profissional habilita-
4ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita- do e por um dirigente da empresa e, ser registrado na Junta Comer-
das e diversas contas creditadas. cial ou no Cartório em que foram arquivados os atos constitutivos.
Fato: pagamento de duplicata nº 3332, no valor de R$ 450,00. Livro Razão: tem a função de registrar a movimentação indi-
Recebimento de duplicata nº 55, no valor de R$ 520,00. Vendas de vidual das contas contábeis. É obrigatório e deve ser escriturado
mercadorias a vista nº 3321 à 3328, no valor de R$ 420,00. Paga- sem rasuras, entrelinhas, borrões, rasuras ou qualquer indício que
mento de imposto predial guia nº 4567, no valor de R$ 310,00. impeça a clareza dos registros.
Livro Caixa: a finalidade do Livro Caixa é registrar a movimenta-
ção de entrada e saída de dinheiro da empresa.
São Paulo, 30 de setembro de XX Livro Contas – Correntes: é o auxiliar o Razão, serve para con-
Diversos (Débito) trolar as contas que representam Direitos e Obrigações para a em-
a Diversos (Crédito) presa.

Duplicatas a pagar MÉTODOS E PROCESSOS


Duplicatas a pagar São as formas em que ocorrem as escriturações de fatos e atos
a Caixa administrativos.
Métodos das partidas dobradas: Método de aceitação univer-
Pagamento de duplicata nº 3332 Betys R$ 450,00 sal, que consiste em que o registro de qualquer operação implica
Caixa que, um débito em uma ou mais contas, deverá corresponder a um
a Duplicatas a receber crédito de valor igual em uma ou mais contas. Dessa maneira, a
soma dos valores debitados sempre será a mesma dos valores cre-
Recebimento da duplicata nº 55 Xfactor R$ 520,00 ditados.
Caixa Método das partidas simples: Método que envolve os elemen-
a Mercadorias tos de maneira individual (conta a conta), sem relacioná-las entre si;
registrando as operações através do controle de um só elemento.
Vendas a vista Conf. Nf. 3321 à 3328 R$ 420,00 REGIME DE COMPETENCIA E REGIME DE CAIXA
Impostos e taxas diversas Regime de Competência: O procedimento do registro de lança-
a Caixa mentos contábeis é efetuado no período de competência da receita
ou despesa, ou seja, quando estas forem de fato realizadas.
Pagamento de imposto predial guia 4567 R$ 310,00 Regime de Caixa: É considerado o registro dos documentos
R$ 1.700,00 apenas na data em que foram pagos ou recebidos.
LIVROS DE ESCRITURAÇÃO
Os livros de escrituração contábeis obrigatórios são o livro Diá- SISTEMA DE ANÁLISE DE APURAÇÃO DE CUSTOS.
rio e o livro Razão. Cada um tem sua formalidade no que consiste a CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTO
estruturas e obrigatoriedades de conteúdos.
Existem ainda, alguns livros que são utilizados como apoio aos Contabilidade de custos
lançamentos, que são os Livros Auxiliares do Diário e do Razão, Seguindo o exemplo da Contabilidade Geral, a Contabilidade
como o Caixa, o Contas-Correntes, Registro de Duplicatas, Contas de Custos não nasceu completa, porém,entrou em processo evo-
a Pagar, etc. lutivo de constante aperfeiçoamento que se verifica até os dias de
hoje, estando, pois, em constante formação. Atualmente, a Con-
tabilidade de Custos, em todas as atividades empresariais, reflete
sua utilidade como instrumento gerencial do planejamento e do

122
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

controle, e principalmente, na tomada de decisão. Pode-se afirmar Apropriar e Alocar - Identificar gastos, ou “distribuir recursos”
então que a Contabilidade de Custos mensura e relata informações a um determinado produto ou fim específico. Pode também signifi-
financeiras e não financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo car agregar, ou somar, quando estiver relacionado à acumulação de
de recursos pela organização. gastos em um centro de custo.
A avaliação dos estoques e a apuração do resultado econômi- Objeto de custeio – é qualquer item, como produtos, clientes,
co, por meio do controle de custos, criam condições para acompa- departamentos, processos, atividades, e assim por diante, para o
nhar o desempenho empresarial, vinculando a aplicação do ciclo da qual os custos são medidos e atribuídos.
contabilidade de custos aos resultados preestabelecidos. Custeio – é a técnica ou procedimento de se obter o custo de
um objeto de custo qualquer (um produto, um serviço, um cliente
Objetivos da Contabilidade de Custos etc.).
• Determinação do Lucro
• Tomadas de Decisões Elementos de custos
• Controle Operacional Materiais
• Materiais - Os materiais que integram fisicamente o produto
Nomenclaturas (Matérias-primas e materiais secundários), e as embalagens quan-
Gasto - é a renúncia de um ativo feita pela empresa (dinheiro do aplicadas aos produtos dentro da área de produção são chama-
ou promessa de entrega de bens e direitos), para obtenção de um dos de materiais diretos.
bem ou serviço - seja para uso, troca, transformação ou consumo. • Matéria-prima - é a substância bruta principal e indispensável
Podem ser classificados em: na fabricação de um produto.
• Investimentos; • Materiais secundários - entram na composição dos produtos,
• Custo; juntamente com a matéria-prima, complementando-a ou até mes-
• Despesa; mo dando o acabamento necessário ao produto.
• Perda • Materiais Auxiliares - são todos os materiais que, embora ne-
cessários ao processo de fabricação, não entram na composição dos
Investimentos – são gastos destinados à obtenção de bens, di- produtos. Ex. Numa indústria de móveis de madeira, são as lixas, as
reitos ou serviços que serão ativados em função de sua vida útil ou estopas, os pincéis, a graxa etc.
de benefícios atribuíveis à períodos futuros. • Materiais de embalagem - são os materiais destinados a
Custo - são gastos que a entidade realiza com o objetivo de acondicionar ou embalar os produtos antes que eles deixem a área
por o seu produto pronto para ser comercializado, fabricando-o ou de produção. Ex: sacos plásticos, caixas de papelão.
apenas revendendo-o, ou o de cumprir com o seu serviço contrata-
do. É todo dispêndio efetuado (ou ainda devido) pela empresa, que Mão de obra
esteja diretamente relacionado ao processo de industrialização, É o esforço do homem aplicado na fabricação dos produtos.
comercialização ou de prestação de serviços. Em uma indústria, o Compreende os gastos com salários, com benefícios a que os em-
preço pago ou a pagar pela matéria prima, pelos salários dos em- pregados têm direito (cestas básicas, vale-transporte, vale-refeição
pregados da fábrica, pela energia elétrica da fábrica, pelo aluguel da e outros) e com encargos sociais (Previdência Social, FGTS, etc).
fábrica etc., representam custos porque estão “ligados” ao processo
de produção de outros bens e serviços. Custos indiretos de fabricação (cif)
Despesas – são gastos efetuados para obtenção de bens ou ser- • Materiais indiretos – são materiais auxiliares empregados no
viços aplicados nas áreas administrativa, comercial ou financeira, processo de produção e que não integram fisicamente os produtos
visando a obtenção de receitas. (Serras, lixas, estopas, solventes etc.) e os materiais diretos, cujo
Desembolso – é o pagamento resultante da aquisição de bens consumo não pode ser quantificado nos produtos (Colas, vernizes,
ou serviços e pode ocorrer antes, durante ou depois da entrega dos pregos etc.) em função do princípio da materialidade;
bens ou serviços comprados, portanto, pode haver ou não defasa- • Mão-de-obra indireta – corresponde à mão de obra que não
gem em relação ao momento do gasto. trabalha diretamente na transformação da matéria-prima em pro-
duto, ou cujo tempo gasto na fabricação dos produtos não pode ser
Diferença entre Custo e Despesa determinado;
Despesa - vai para o Resultado, não é recuperada nas vendas, • Outros custos indiretos – são os demais custos indiretos in-
provoca redução do Ativo (adquiridas a vista) ou aumento do Passi- corridos na fábrica, cujo consumo não pode ser quantificado de for-
vo (adquiridas a prazo). ma direta, objetiva nos produtos.
Custo - Vai para o produto, é recuperado diretamente nas ven-
das, vai para o estoque e aumenta o Ativo. Classificação dos custos
Perda – gasto não intencional, ocorrido no processo de fabrica- Em relação ao produto
ção, no transporte ou manuseio de produtos. • Custos Diretos – são os custos que estão relacionados a um
• Decorrente de fatores externos/fortuitos: Considera-se des- determinado objeto de custo e que podem ser identificados com
pesa e vai para o Resultado do Exercício. este de maneira economicamente viável (custo efetivo). Como
• Decorrente da atividade produtiva da empresa: Integra o cus- exemplo tem-se: matéria-prima, mão de obra dos operários, ener-
to do produto. gia elétrica (quando se tem condições objetivas de medir o consu-
mo efetivo).

123
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

• Custos Indiretos estão relacionados a um determinado objeto • Salários dos funcionários em geral;
de custo, mas não podem ser identificados com este de maneira • Material de escritório;
economicamente viável (custo efetivo). Os custos indiretos são alo- • FGTS, INSS e outras despesas relacionadas aos salários;etc.
cados ao objeto de custo através de um método de alocação de
custo denominado rateio. A alocação tem de ser feita de maneira Despesas variáveis ou extraordinárias, são os gastos que fogem
estimada e muitas vezes arbitrária. Exemplo: aluguel da fábrica, de- da previsibilidade dos gestores, ocorrendo justamente por conta de
preciação (método linear), manutenção, seguro. imprevistos ou outros problemas. Podemos considerar esses gastos
como:
Em relação ao volume de produção: • Multas e encargos por atrasos;
Custos Fixos - São aqueles cujos valores são os mesmos qual- • Manutenções não previstas;
quer que seja o volume de produção da empresa. É o caso, por • Avarias;
exemplo, do aluguel da fábrica. Este será cobrado pelo mesmo va- • Acidentes ou incidentes na produção;
lor qualquer que seja o nível da produção, inclusive no caso de a • Gastos com processos; etc.
fábrica nada produzir. Os custos fixos se tornam progressivamente
menores em termos unitários à medida que o direcionador de custo Os sistemas de produção
aumenta. Exemplos: Imposto Predial, depreciação dos equipamen- Sistema de Produção é um conjunto de atividades e operações
tos (pelo método linear), salários de vigias e porteiros da fábrica, inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços a
prêmios de seguros. partir do uso de recursos (inputs) para mudar o estado ou condição
Custos Variáveis – São aqueles cujos valores se alteram em de algo para produzir saídas/resultados (outpus). Tradicionalmente
função do volume de produção da empresa. Os custos variáveis os sistemas de produção são agrupados em três categorias:
aumentam à medida que aumenta o volume de produção. Outros Sistemas de Produção Contínua: Os sistemas de produção con-
exemplos matéria-prima consumida, materiais indiretos consumi- tínua, também chamado de fluxo em linha apresentam uma se-
dos, depreciação dos equipamentos quando esta for feita em fun- qüência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são
ção das horas/máquina trabalhadas, gastos com horas-extras na bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro
produção. numa seqüência prevista. Por exemplo, o processo de engarrafa-
Custos semivariáveis – São custos que variam com o nível de mento de uma empresa de bebidas.
produção, entretanto, têm uma parcela fixa mesmo que nada seja Sistemas de Produção Intermitente: A produção é feita em
produzido. Exemplo: conta de energia elétrica da fábrica, na qual a lotes. Terminando-se a fabricação do lote de um produto, outros
concessionária cobra uma taxa mínima mesmo que nada seja gasto produtos tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só
no período. Outros exemplos: aluguel de uma copiadora no qual voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim
se cobra uma parcela fixa mesmo que nenhuma cópia seja tirada; uma produção intermitente de cada um dos produtos. Por exemplo,
gasto com combustível para aquecimento de uma caldeira, já que a em metalúrgicas que dividem as operações em etapas e na mesma
caldeira não pode esfriar. máquina, faz-se o primeiro processo, para-se a máquina e começa
Custos semifixos – Também chamados Custos por Degraus, a produção do segundo processo, quando terminado volta-se ao
são custos que são fixos em uma determinada faixa de produção, primeiro processo.
mas que variam se houver uma mudança desta faixa. Considere, Sistema de Produção para Grandes Projetos: Tem-se uma se-
por exemplo, a necessidade de supervisores de produção de uma qüência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa dura-
empresa. ção, com pouca ou nenhuma repetitividade. Caracteriza-se por ter
um alto custo e dificuldade de gerenciamento nas fases de planeja-
Outras classificações de custos mento e controle.
Custo de Produção = custos com matéria prima + mão de obra
direta + custos indiretos. Sistemas de custeio
Custo Primário = matéria prima + mão de obra direta. Os sistemas ou métodos de custeio referem-se às formas como
Custo de Transformação ou de conversão = mão de obra direta os custos são registrados e transferidos internamente dentro da en-
+ custos indiretos de fabricação. tidade. É o fundamento da Contabilidade de Custos ligado à decisão
Custo de Transformação ou de conversão = mão de obra direta de como deve ser mensurado o custo do produto. Então, podemos
+ custos indiretos de fabricação. dizer que é o método de custeio um modelo para a decisão, men-
suração e informação.
Classificação de despesas A mensuração da receita dos produtos e serviços, recursos,
Despesas são os gastos que a empresa tem com a sua gestão atividades e da empresa tem como o fundamento o preço de mer-
e são necessários para manter o negócio funcionando, embora não cado. Custeio significa método de Apropriação de Custos. Assim,
ajudem a aumentar a receita e não colaboram com o aumento da existe Custeio por Absorção, Custeio Direto, Custeio Padrão, Margi-
produção de produtos ou serviços. São gastos que não estão direta- nal, ABC, RKW e etc.
mente ligados com as vendas, dentre eles comumente estão: Custeio por absorção:É aquele que utiliza todos os custos, se-
• Aluguel do imóvel; jam eles fixos ou variáveis diretas ou indiretas, para apuração do
• Pró-labore; custo dos produtos. Esse método derivado da aplicação dos princí-
• Salários dos administradores; pios fundamentais da contabilidade, sendo no Brasil adotado pela
• Contas fixas (água, luz, telefone, internet, etc); legislação comercial e pela legislação fiscal.

124
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Custeio Direto ou Variável:É aquele que se utilizam apenas os empresa conhecer, de uma forma instantânea, os seus custos estru-
custos diretos e variáveis, não utilizando os custos fixos e indiretos. turais fixos que estão, de certa forma diretamente relacionados à
Fundamenta-se na separação dos gastos em gastos variáveis e gas- capacidade instantânea.
tos fixos. Isto é, os gastos oscilam proporcionalmente ao volume de Custeio ABC:É o método de custeio baseado em atividades. É o
produção/venda e gastos que se mantêm estável perante o volume novo método de análise de custos que busca “rastrear” o gasto de
de produção/venda oscilante dentro de certos limites. uma empresa para analisar, monitorar as diversas rotas de consumo
dos recursos “diretamente identificáveis” com suas atividades mais
No custeio direto ou variável causam em relação as suas vanta- relevantes, e destas para os produtos de serviços; com o objetivo
gens causam divergências entre os doutrinadores. CREPALDI (2002) de facilitar as mudanças de atitudes dos gestores de uma empresa,
defende esse método de custeio com três argumentos: a fim de que estes, paralelamente a otimização de lucros para os
• Os custos fixos, por sua própria natureza, existem indepen- investidores, busquem também a otimização do valor dos produtos
dentemente da sua fabricação ou não de determinado produto ou para os clientes. Assim define (NAKAGAWA, 2001). O custeamento
do aumento ou redução da quantidade produzida. Os custos fixos com base em atividades é fundamentado no seguinte conceito: pro-
podem ser encarados como necessário para empresa por si só exis- dutos consomem atividades, atividades consomem recursos.
tir. Custeio RKW:Esse método de custeio, não é recomendado,
• A maioria dos rateios é feita através da utilização de fatores, nem muito utilizado, tem por procedimento ratear e alocar aos cus-
que na realidade, não vinculam cada custo a cada produto. Em ter- tos unitários. Ele é considerado uma despesa operacional e lançado
mo de avaliação de estoque, o rateio é mais ou menos lógico. Assim pelo seu valor total na demonstração de resultados como gasto do
qualquer decisão em base de custo deve levar em conta, também o período.
volume da produção.
• Esse método não vincula nenhum produto especifico a uma
ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE
unidade de produção, eles sempre são distribuídos aos produtos
por meio de critério de rateio.
Diante da globalização e do estreitamento das relações entre
Em contrapartida, há três argumentos que mostram as desvan- os países, viu-se a necessidade de uma padronização das Normas
tagens desse método. Internacionais da Contabilidade. Isso se tornou importante para
• A exclusão dos custos fixos indiretos para valoração dos esto- que a comparabilidade e transparência dos relatórios fossem pre-
ques causa a sua subavaliação, fere os princípios contábeis e altera servadas.
o resultado do período. Dessa maneira, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
• Na pratica a separação de custos fixos e variáveis não é tão passou a ter como uma de suas funções a tradução das normas in-
clara como parece, pois existem custos semivariáveis e semifixos, ternacionais, que, no caso do Setor Público, são produzidas e emi-
podendo o custeamento direto incorrer em problemas semelhan- tidas pelo International Federation of Accountants (IFAC) e adapta-
tes de identificação dos elementos de custeio. das para o contexto brasileiro. Em 23 de Setembro de 2016, o CFC
• O custeamento direto é um custeamento e análise de cus- aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) e suas técnicas
tos para decisão a curto prazo, mas subestima os custos fixos, que aplicadas ao Setor Público, formando, assim, a NBC TSP ESTRUTURA
são ligados à capacidade de produção e de planejamento de longo CONCEITUAL.
prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa” Portanto, a Estrutura Conceitual traz os conceitos que devem
(PADOVESE, 2003, p.326). ser levados em consideração pelas entidades públicas, na elabora-
Entendemos que, o custeio variável/Direto é conceitualmente ção e divulgação dos seus relatórios contábeis.
adequado para a gestão econômica do sistema empresa no âmbi- Agora, se a atividade finalística do Estado é prestação de servi-
to da contabilidade de custos, enquanto o método de custeio por ços à sociedade, qual a utilidade dessas informações para os seus
absorção não é adequada para a tomada de decisão, as maiores usuários?
criticas a este método centram-se nos critérios de rateio e custos Então, para que haja a prestação de serviços pelo Estado são
indiretos fixos a serem distribuídos. necessários recursos que financiem esses gastos. Diante do princi-
Custeio Padrão:É o Custo cientificamente predeterminado, pio Constitucional da “Eficiência”, o Estado deve oferecer o máximo
constituindo base para avaliação do desempenho efetivo. Repre- com os recursos à sua disposição. Nesse sentido, encontra-sea im-
senta o quanto o produto deveria custar, equivalem aos custos reais portância dos relatórios contábeis para os seus usuários, os quais
apurados no final do período. Representam o custo alocado ao pro- acabam por ter uma função fiscalizatória sobre o dinheiro público.
duto mediante taxas predeterminadas de CIF, elaboradas com base
na média dos CIF´s passados, em possíveis mudanças futuras e no Além disso, há outras informações que podem ser retiradas
volume de produção. desses relatórios, como:
Custeio Marginal:Esse método, ainda constitui novidade para - a capacidade de prestação de serviços da entidade;
muitos administradores de empresa do país. Essa forma é o modo - os recursos disponíveis para gastos futuros;
pelo quais todos os gastos despendidos por uma empresa, de na- - mudanças na carga tributária.
tureza variável, são alocados ao produto. Esse método propicia
meios bastante objetivos de se identificar os custos e a margem de
contribuição de cada produto vendido, além de a administração da

125
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Agora, quem são os usuários desses relatórios emitidos pelas O equilíbrio entre esses agentes internos da economia só é
entidades do setor público? permitido pela evidenciação e registros contábeis emitidos pelo
Os principais usuários dos Relatórios Contábeis de Propósito Governo e suas entidades. Mas, de que valeria, no contexto mun-
Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs) - como são conheci- dial da globalização, um país equilibrado internamente e que não
dos – são: se comunica com os demais, economicamente? Por isso a Estrutura
- Aqueles que utilizam os serviços oferecidos pelo Governo e Conceitual é importante, pois auxilia no diálogo do Brasil com os
pelas entidades do setor público; demais países, transmitindo suas informações com maior transpa-
- Os provedores dos recursos que financiam esses serviços. rência e fidedignidade, no momento em que seguem um “padrão
internacional”.1
Observação: Assim como os usuários citados acima, os mem-
bros do Poder Legislativo são considerados usuários primários dos NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE - NBC TSP ESTRUTU-
RCPGs, já que são os representantes dos mais interessados na des- RA CONCEITUAL, DE 23.09.2016
tinação dos recursos - os cidadãos -, que exercem fortemente a fun-
ção fiscalizadora desses relatórios. Aprova a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Concei-
tual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Pro-
Além dos usuários primários, os RCPGs também devem aten- pósito Geral pelas Entidades do Setor Público.
der àqueles que não são considerados cidadãos, mas que utilizam O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de
os serviços, ou seja, provedores de recursos e que dependam dos suas atribuições legais e regimentais e com fundamento no dispos-
RCPGs para a tomada de decisão, prestação de contas e responsa- to na alínea “f” do Art. 6º do Decreto-Lei nº 9.295/1946, alterado
bilização (accountability). pela Lei nº 12.249/2010, faz saber que foi aprovada em seu Plenário
Logo, a própria NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL exemplifica a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC):
os “indivíduos que pagam tributos e recebem benefícios, mas não NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL
são cidadãos; agências bilaterais ou multilaterais; fornecedores de PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL DE
recursos e corporações que realizam transações com o Governo; e PROPÓSITO GERAL PELAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO
aqueles que financiam e/ou se beneficiam dos serviços fornecidos
por organizações governamentais internacionais” como interessa- Prefácio
dos nas informações contidas no RCPGs.
No entanto, há outros usuários dos relatórios, os quais podem Introdução
se apropriar da informação para usá-la de distintas formas. Como, 1. A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de In-
por exemplo: formação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Pú-
“os responsáveis pelas estatísticas de finanças públicas, os ana- blico (Estrutura Conceitual) estabelece os conceitos que devem ser
listas, a mídia, os consultores financeiros, os grupos de interesse aplicados no desenvolvimento das demais Normas Brasileiras de
público ou privado” Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCs TSP) do Conselho
Além das organizações que possuem a prerrogativa de exigir a Federal de Contabilidade (CFC) destinados às entidades do setor
elaboração do relatório contábil, há também: público.
“agências reguladoras e supervisoras, entidades de auditoria, Além disso, tais conceitos são aplicáveis à elaboração e à divul-
comissões do Poder Legislativo ou outro órgão do Governo, órgãos gação formal dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Enti-
centrais de orçamento e controle, gestão da entidade, agências de dades do Setor Público (RCPGs).
classificação de risco e, em alguns casos, entidades emprestadoras 2. O objetivo principal da maioria das entidades do setor pú-
de recursos e de fomento” blico é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e gerar
Portanto, a essencialidade dos RCPGs é que eles devem ser ela- retorno financeiro aos investidores. Consequentemente, o desem-
borados de modo que as necessidades de todos os usuários sejam penho de tais entidades pode ser apenas parcialmente avaliado por
atendidas, contendo informações úteis e relevantes para a tomada meio da análise da situação patrimonial, do desempenho e dos flu-
de decisão, prestação de contas e responsabilização (accountabili- xos de caixa.
ty). Os RCPGs fornecem informações aos seus usuários para subsi-
Nesse sentido, a ilustração abaixo demonstra a relação de co- diar os processos decisórios e a prestação de contas e responsabili-
laboração entre o Governo e os principais usuários dos RCPGs, a zação (accountability).
qual enfatiza a conversão dos recursos monetários - entregues pe- Portanto, os usuários dos RCPGs das entidades do setor público
los usuários - em prestação de serviços – geridos e executados pelo precisam de informações para subsidiar as avaliações de algumas
Governo e entidades públicas. questões, tais como:
(a) se a entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira
eficiente e eficaz;
(b) quais são os recursos atualmente disponíveis para gastos
futuros, e até que ponto há restrições ou condições para a utilização
desses recursos;
(c) a extensão na qual a carga tributária, que recai sobre os con-
tribuintes em períodos futuros para pagar por serviços correntes,
tem mudado; e
(d) se a capacidade da entidade para prestar serviços melhorou
ou piorou em comparação com exercícios anteriores.

1 Fonte: www.mmpcursos.com.br

126
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

3. Os governos geralmente têm amplos poderes, incluindo a 9. Devido à importância do orçamento público aprovado, as in-
capacidade de estabelecer e fazer cumprir requisitos legais e alterar formações que possibilitam aos usuários compararem a execução
esses requisitos. Globalmente, o setor público varia consideravel- orçamentária com o orçamento previsto facilitam a análise quanto
mente em suas disposições constitucionais e em suas metodolo- ao desempenho das entidades do setor público. Tais informações
gias de funcionamento. No entanto, a governança no setor público, instrumentalizam a prestação de contas e a responsabilização (ac-
geralmente, envolve a realização de prestação de contas do Poder countability) e fornecem subsídios para o processo decisório rela-
Executivo para o Poder Legislativo. tivo aos orçamentos dos exercícios subsequentes. A elaboração de
4. As seções a seguir destacam as características do setor pú- demonstrativo que apresenta e compara a execução do orçamento
blico selecionadas para serem incluídas no desenvolvimento desta com o orçamento previsto é o mecanismo normalmente utilizado
estrutura conceitual. para demonstrar a conformidade com os requisitos legais relativos
às finanças públicas. As necessidades dos usuários quanto às infor-
Volume e significância das transações sem contraprestação mações orçamentárias são discutidas no Capítulo 2.
5. Em transação sem contraprestação, a entidade recebe o
valor da outra parte sem dar diretamente em troca valor aproxi- Natureza dos programas e longevidade do setor público
madamente igual. Tais transações são comuns no setor público. A 10. Muitos programas do setor público são de longo prazo, e a
quantidade e a qualidade dos serviços públicos prestados a um in- capacidade para cumprir os compromissos depende dos tributos e
divíduo ou a um grupo de indivíduos, normalmente, não são direta- das contribuições a serem arrecadados no futuro. Muitos compro-
mente proporcionais ao volume de tributos cobrados. O indivíduo missos decorrentes dos programas do setor público e as prerroga-
ou o grupo pode ter que pagar tarifa ou taxa adicional e/ou pode tivas para cobrar e arrecadar tributos futuros não se encaixam nas
estar sujeito a cobranças específicas para ter acesso a determina- definições de ativo e passivo apresentados no Capítulo 5, intitulado
dos serviços. Elementos das Demonstrações Contábeis. Portanto, os compromis-
No entanto, essas operações são, geralmente, transações sem sos e as prerrogativas com essa característica não são reconhecidos
contraprestação, porque o valor dos benefícios que indivíduo ou nas demonstrações contábeis.
grupo de indivíduos pode obter não será aproximadamente igual 11. Consequentemente, as demonstrações que evidenciam a
ao valor de quaisquer cobranças pagas por eles. A natureza das situação patrimonial e o desempenho não fornecem todas as in-
transações sem contraprestação pode impactar a forma pela qual formações que os usuários precisam conhecer a respeito dos pro-
elas são reconhecidas, mensuradas e evidenciadas, no sentido de gramas de longo prazo. Os efeitos financeiros de determinadas de-
dar suporte às avaliações por parte dos usuários dos serviços e dos cisões poderão ser observados após muitos anos. Dessa forma, os
provedores de recursos. RCPGs, ao conterem informações financeiras prospectivas acerca
6. A tributação é uma transação que ocorre por força de lei e, da sustentabilidade em longo prazo das finanças e de programas
portanto, uma transação sem contraprestação entre entidades (ou essenciais da entidade do setor público, são documentos necessá-
indivíduos) e o governo. A distribuição das competências tributárias rios para fins de prestação de contas e responsabilização (accounta-
entre os níveis de governo não é uniforme e depende da relação bility) e tomada de decisão, como será visto no Capítulo 2.
entre as competências tributárias do governo federal, dos demais 12. Embora o controle político possa mudar periodicamente, os
entes federativos e de outras entidades do setor público. As entida- estados soberanos, geralmente, têm existências muito longas. Eles
des internacionais do setor público são financiadas principalmente continuam a existir mesmo que passem por severas dificuldades fi-
por meio de transferências oriundas dos governos. Tal financiamen- nanceiras e se tornem inadimplentes com as obrigações oriundas
to pode ser regido por tratados e convenções e pode também ser da sua respectiva dívida soberana. Se os entes subnacionais passa-
voluntário. rem por dificuldades financeiras, os governos nacionais podem, por
7. Os governos e outras entidades do setor público são res- exemplo, agir como credores em última instância ou podem prestar
ponsabilizáveis perante os provedores de recursos, especialmente garantias em larga escala para os empréstimos tomados por esses
àqueles que provêm esses recursos por meio do pagamento de entes. Nesse exemplo, os principais compromissos de prestação de
obrigações tributárias e de outras obrigações da mesma natureza. serviços das entidades subnacionais podem continuar a serem fi-
O objetivo da prestação de contas e responsabilização (accountabi- nanciados pelo governo nacional (ou central). Em outros exemplos,
lity) relacionado com a elaboração e divulgação dos RCPGs consta as entidades do setor público que são incapazes de liquidar as suas
no Capítulo 2, intitulado Objetivos e Usuários da Informação Contá- obrigações na data de vencimento podem continuar a existir por
bil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público. meio da reestruturação de suas operações.
13. A continuidade das entidades do setor público (going con-
Importância do orçamento público cern principle) fundamenta a elaboração das demonstrações con-
8. O governo e outras entidades do setor público elaboram tábeis.
orçamentos. No Brasil, a Constituição exige a elaboração do orça-
mento anual, a sua aprovação pelo poder Legislativo e a sua dis- É necessário que a interpretação desse princípio expresse as
ponibilização à sociedade. A legislação brasileira define o que a questões discutidas nos itens 11 e 12.
peça orçamentária deve conter. A sociedade fiscaliza a gestão das
entidades públicas diretamente, respaldada pela Constituição, ou
indiretamente, por meio de representantes. O orçamento aprovado
é utilizado como base para a definição dos níveis de tributação e de
outras receitas, compondo o processo de obtenção de autorização
legislativa para a realização do gasto público.

127
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Natureza e propósito dos ativos e passivos no setor público 19. Governos podem também se autorregularem e regularem
14. No setor público, a principal razão de se manterem ativos outras entidades do setor público. Pode ser necessário um julga-
imobilizados e outros ativos é voltada para o potencial de serviços mento para determinar se a regulação cria direitos ou obrigações
desses ativos e, não, para a sua capacidade de gerar fluxos de caixa. para as entidades do setor público, os quais irão requerer o reco-
Em razão dos tipos de serviços prestados, uma parcela signifi- nhecimento de ativos e passivos, ou se a prerrogativa de modificar
cativa dos ativos utilizados pelas entidades do setor público é espe- essa regulação exerce impacto na forma que tais direitos e obriga-
cializada, como, por exemplo, os ativos de infraestrutura e os ativos ções são contabilizados.
militares. O Capítulo 5 aborda os direitos e as obrigações das entidades
Pode existir mercado limitado para esses ativos e, mesmo as- do setor público.
sim, eles podem necessitar de uma considerável adaptação para
serem utilizados por outros operadores. Esses fatores têm implica- Relacionamento com as estatísticas de finanças públicas (EFP)
ções para a mensuração desses ativos. O Capítulo 7, intitulado Men- 20. Muitos governos produzem dois tipos de informações fi-
suração de Ativos e Passivos nas Demonstrações Contábeis, discute nanceiras ex-post: (a) Estatísticas de Finanças Públicas (EFP) do
as bases de mensuração dos ativos no setor público. Setor Governo Geral (SGG), com o propósito de permitir a análise
15. Governos e outras entidades do setor público podem man- macroeconômica e a tomada de decisão; e (b) Demonstrações Con-
ter itens que contribuam para o legado cultural e histórico da nação tábeis de Propósito Geral (Demonstrações Contábeis) para a pres-
ou da região, como, por exemplo, obras de arte, prédios históricos tação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de
e outros artefatos. Os entes públicos também podem ser responsá- decisão ao nível da entidade, incluindo as demonstrações contábeis
veis por parques nacionais e outras áreas naturais relevantes com consolidadas do governo.
fauna e flora nativas. Esses itens geralmente não são mantidos para 20A. Os objetivos das informações contábeis e das estatísticas
serem vendidos, mesmo que o mercado para eles exista. Além dis- de finanças públicas são distintos e podem ocasionar interpreta-
so, os governos e as entidades do setor público, normalmente, têm ções diferentes para o mesmo fenômeno, mas deve-se buscar, sem-
a responsabilidade de preservá-los e mantê-los para as gerações pre que possível, o alinhamento entre essas informações.
atuais e futuras. 21. (Não convergido).
16. Governos frequentemente exercem poderes sobre recursos 22. As demonstrações contábeis e os relatórios de EFP têm
naturais e outros recursos, como reservas minerais, água, áreas de muito em comum. Ambas as estruturas de relatórios estão voltadas
pesca, florestas e o espectro eletromagnético (bandas de frequên- para (a) informação contábil, baseada no regime de competência,
cia de transmissões de telecomunicações). Esses poderes conferem (b) ativos, passivos, receitas e despesas governamentais e (c) infor-
aos governos a prerrogativa de concessão de licenças, a obtenção mações abrangentes sobre os fluxos de caixa. Há uma considerável
de royalties ou a arrecadação de tributos pela utilização desses re- sobreposição entre as duas estruturas de relatórios que sustentam
cursos. A definição e os critérios de reconhecimento de ativo são essas informações.
discutidos nos capítulos 5, intitulado Elementos das Demonstrações 23. No entanto, as NBCs TSP e as diretrizes para relatórios de
Contábeis, e 6, intitulado Reconhecimento nas Demonstrações Con- EFP têm objetivos diferentes. O objetivo das demonstrações con-
tábeis. tábeis das entidades do setor público é o fornecimento de infor-
17. Governos e outras entidades do setor público incorrem em mações úteis sobre a entidade que reporta a informação, voltadas
passivos relacionados aos seus objetivos de prestação de serviços. para os usuários dos RCPGs para fins de prestação de contas e
Muitos passivos são oriundos de transações sem contrapres- responsabilização (accountability) e para a tomada de decisão. Os
tação e isso inclui aqueles relacionados a programas direcionados relatórios de EFP são utilizados, principalmente, para: (a) analisar
ao fornecimento de benefícios sociais. Os passivos também podem opções de política fiscal, definir essas políticas e avaliar os seus im-
ser oriundos do papel governamental de credor em última instân- pactos; (b) determinar o impacto sobre a economia; e (c) comparar
cia de entidades com problemas financeiros, e podem ser oriundos os resultados fiscais nacional e internacionalmente. O foco é sobre
de quaisquer obrigações de transferência de recursos para afetados a avaliação do impacto do SGG e do setor público em geral sobre a
por desastres. economia, no âmbito da estrutura conceitual das estatísticas ma-
A definição de passivo e os critérios de reconhecimento são croeconômicas.
discutidos nos capítulos 5 e 6. 24. Os objetivos e o alcance distintos levam ao tratamento tam-
bém distinto de algumas transações e eventos. A eliminação das
Papel regulador das entidades do setor público diferenças não fundamentais para os objetivos das duas estruturas
18. Muitos governos e outras entidades do setor público pos- conceituais e a utilização de um único sistema de informação con-
suem poder de regulação de entidades que operam em determina- tábil integrado para gerar tanto as demonstrações contábeis quanto
dos setores da economia, de forma direta ou por meio de agências os relatórios de EFP podem proporcionar benefícios aos usuários
reguladoras. A principal razão da regulação é assegurar o interesse em termos de qualidade, tempestividade e compreensibilidade dos
público de acordo com objetivos definidos nas políticas públicas. relatórios.
A intervenção regulatória também pode ocorrer quando exis- Essas questões e suas implicações foram consideradas no de-
tem mercados imperfeitos ou falhas de mercado para determinados senvolvimento dos capítulos 2, 4, e 7.
serviços, ou, ainda, para mitigar alguns fatores, como, por exemplo,
a poluição. Essas atividades regulatórias são conduzidas de acordo
com o estabelecido na legislação.

128
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

CAPÍTULO 1 - FUNÇÃO, AUTORIDADE E ALCANCE DA ESTRU- dos relatórios é determinado pela necessidade de informações dos
TURA CONCEITUAL usuários primários dos RCPGs e pelos objetivos da elaboração e
divulgação da informação contábil. Os fatores que determinam o
Função que deve estar no alcance da informação contábil são abordados
1.1 A estrutura conceitual estabelece os conceitos que funda- no Capítulo 2.
mentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de
Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais Alcance da estrutura conceitual e das NBCs TSP
devem ser elaborados com base no regime de competência. O Con- 1.8 (Não convergido).
selho Federal de Contabilidade (CFC) aplicará estes conceitos no de- 1.8A Esta estrutura conceitual e as demais NBCs TSP aplicam-
senvolvimento das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas -se, obrigatoriamente, às entidades do setor público quanto à ela-
ao Setor Público (NBCs TSP) e nas demais disposições aplicáveis à boração e divulgação dos RCPGs. Estão compreendidos no conceito
elaboração e divulgação dos RCPGs. Autoridade de entidades do setor público: os governos nacionais, estaduais,
1.2 (Não convergido). distrital e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os
1.2A Os requisitos obrigatórios relacionados ao reconhecimen- tribunais de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos,
to, mensuração e apresentação das transações e outros eventos e secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (insti-
atividades evidenciados nos RCPGs são especificados nas demais tuídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios públicos
NBCs TSP, aplicando-se, subsidiariamente, os conceitos descritos e outras repartições públicas congêneres das administrações direta
nesta estrutura conceitual. e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes).
1.2B Em caso de eventual conflito entre esta estrutura concei- 1.8B As empresas estatais dependentes são empresas contro-
tual e outras NBCs TSP, prevalecem as disposições específicas vigen- ladas que recebem do ente controlador recursos financeiros para
tes nestas últimas em relação às constantes na primeira. As referên- pagamento de despesas com pessoal, despesas de custeio em geral
cias às NBCs TSP abrangem as NBCs T 16 nas partes não revogadas ou despesas de capital, excluídos, no último caso, aqueles prove-
destas últimas (ver dispositivos de revogação nas disposições finais nientes de aumento de participação acionária.
desta estrutura conceitual e nas demais NBCs TSP). 1.8C As empresas estatais independentes são todas as demais
1.3 Esta estrutura conceitual pode fornecer orientações para empresas controladas pelas entidades do setor público que não se
lidar com situações a serem evidenciadas pelas entidades do setor enquadram nas características expostas no item 1.8B, as quais, em
público que não são tratadas por outras NBCs TSP ou por outras princípio, não estão no alcance desta estrutura conceitual e das de-
disposições do CFC aplicáveis às entidades do setor público. Nessas mais NBCs TSP (ver item 1.8D).
circunstâncias, os profissionais da contabilidade podem consultar 1.8D As demais entidades não compreendidas no item 1.8A,
e considerar a aplicabilidade das definições, dos critérios de reco- incluídas as empresas estatais independentes, poderão aplicar esta
nhecimento, dos princípios de mensuração e de outros conceitos estrutura conceitual e as demais NBCs TSP de maneira facultativa
identificados nesta estrutura conceitual. ou por determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscaliza-
dores e congêneres.
Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor
Público (RCPG) CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS E USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
1.4 Os RCPGs são os componentes centrais da transparência da CONTÁBIL DE PROPÓSITO GERAL DAS ENTIDADES DO SETOR
informação contábil dos governos e de outras entidades do setor PÚBLICO
público, aprimorando-a e favorecendo-a. Os RCPGs são relatórios
contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários Objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil
em geral, não tendo o propósito de atender a finalidades ou neces- 2.1 Os objetivos da elaboração e divulgação da informação
sidades específicas de determinados grupos de usuários. contábil estão relacionados ao fornecimento de informações sobre
1.5 Alguns usuários da informação contábil podem ter a prer- a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs
rogativa de exigir a elaboração de relatórios para atender às suas para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e
necessidades específicas. Mesmo que esses usuários identifiquem tomada de decisão.
que a informação fornecida pelos RCPGs seja útil aos seus propósi- 2.2 A elaboração e a divulgação de informação contábil não são
tos, esses relatórios não são elaborados especificamente para aten- um fim em si mesmas. O propósito é o de fornecer informações
der a essas necessidades. úteis aos usuários dos RCPGs. Os objetivos da elaboração e divulga-
1.6 Os RCPGs podem compreender múltiplos relatórios, cada ção da informação contábil são determinados com base nos usuá-
qual atendendo a certos aspectos dos objetivos e do alcance da ela- rios dos RCPGs e suas necessidades de informações.
boração e divulgação da informação contábil. Os RCPGs abrangem
as demonstrações contábeis, incluindo as suas notas explicativas Usuários dos RCPGs
(doravante referido como demonstrações contábeis, a menos que 2.3 Governos e outras entidades do setor público obtêm re-
especificado em contrário). Os RCPGs abrangem também a apre- cursos dos contribuintes, doadores, credores por empréstimos e de
sentação de informações que aprimoram, complementam e suple- outros provedores de recursos para serem utilizados na prestação
mentam as demonstrações contábeis. de serviços aos cidadãos e aos outros usuários. Essas entidades são
1.7 O alcance da elaboração e divulgação da informação con- responsáveis pela gestão e utilização dos recursos perante os usu-
tábil estabelece o limite relacionado às transações e outros even- ários desses serviços. Aqueles que provêm os recursos também re-
tos e atividades que podem ser reportados nos RCPGs. O alcance querem informações que sirvam de base para a tomada de decisão.

129
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

2.4 Consequentemente, os RCPGs devem ser elaborados e di- educação pública, segurança nacional e defesa nacional. Na maioria
vulgados, principalmente, para atender às necessidades de infor- dos casos, esses serviços são fornecidos como resultado de transa-
mações dos usuários dos serviços e dos provedores de recursos, ção sem contraprestação em ambiente não competitivo.
quando estes não detêm a prerrogativa de exigir que a entidade do 2.8 Governos e outras entidades do setor público devem pres-
setor público divulgue as informações que atendam às suas neces- tar contas àqueles que provêm os seus recursos, bem como àqueles
sidades específicas. Os membros do poder Legislativo são também que dependam deles para que os serviços sejam prestados durante
usuários primários dos RCPGs e utilizam extensiva e continuamente determinado exercício ou em longo prazo. O atendimento das obri-
esses relatórios enquanto atuam como representantes dos interes- gações relacionadas à prestação de contas e responsabilização (ac-
ses dos usuários de serviços e dos provedores de recursos. Assim, countability) requer o fornecimento de informações sobre a gestão
para os propósitos desta estrutura conceitual, os usuários primários dos recursos da entidade confiados com a finalidade de prestação
dos RCPGs são os usuários dos serviços e seus representantes e os de serviços aos cidadãos e aos outros indivíduos, bem como a sua
provedores de recursos e seus representantes (doravante identifi- adequação à legislação, regulamentação ou outra norma que dis-
cados como usuários dos serviços e provedores de recursos, a não ponha sobre a prestação dos serviços e outras operações. Em razão
ser que sejam identificados de outra forma). da maneira pela qual os serviços prestados pelas entidades do se-
2.5 Os cidadãos recebem os serviços do governo e de outras tor público são financiados (principalmente pela tributação e outras
entidades do setor público e proveem parte dos recursos para esse transações sem contraprestação) e da dependência dos usuários
fim. Assim, eles são usuários primários dos RCPGs. Alguns usuários dos serviços no longo prazo, o atendimento das obrigações relacio-
dos serviços e alguns provedores de recursos que dependem dos nadas à prestação de contas e responsabilização (accountability)
RCPGs para obter informações que eles necessitam para os propó- requer também o fornecimento de informação sobre o desempe-
sitos de prestação de contas e responsabilização (accountability) e nho da prestação dos serviços durante o exercício e a capacidade
tomada de decisão podem não ser cidadãos, como, por exemplo: de continuidade dos mesmos em exercícios futuros.
indivíduos que pagam tributos e recebem benefícios e não são con- 2.9 Os usuários dos serviços e os provedores de recursos tam-
siderados cidadãos; agências bilaterais ou multilaterais; provedores bém exigem informações como insumo para a tomada de decisão,
de recursos e corporações que realizam transações com o governo; como, por exemplo:
bem como aqueles que financiam e/ou se beneficiam dos serviços (a) credores, doadores e outros que provêm recursos volunta-
fornecidos por organizações governamentais internacionais. Na riamente, incluindo transação com contraprestação, tomam deci-
maioria dos casos, os governos que provêm recursos para as organi- sões sobre se provêm recursos para dar suporte às atividades atuais
zações governamentais internacionais são dependentes dos RCPGs ou futuras do governo ou de outra entidade do setor público. Em
daquelas organizações para fins de prestação de contas e responsa- algumas circunstâncias, os membros do legislativo ou órgão repre-
bilização (accountability) e tomada de decisão. sentativo semelhante, que dependem dos RCPGs para obter a in-
2.6 Os RCPGs, elaborados para atender às necessidades de in- formação de que necessitam, podem tomar ou influenciar as deci-
formações dos usuários dos serviços e provedores de recursos com sões sobre os objetivos da prestação do serviço dos departamentos,
a finalidade de prestação de contas e responsabilização (accounta- órgãos ou programas do governo e os recursos alocados para dar
bility) e tomada de decisão, podem também fornecer informações suporte à sua realização; e
úteis para outros indivíduos ou entidades para propósitos distintos. (b) os contribuintes normalmente não provêm recursos ao
Por exemplo, os responsáveis pelas estatísticas de finanças pú- governo ou a outra entidade do setor público voluntariamente ou
blicas, os analistas, a mídia, os consultores financeiros, os grupos como resultado de transação com contraprestação. Além disso, em
de interesse público ou privado podem entender que a informação muitos casos, eles não detêm a prerrogativa de escolher se aceitam
fornecida pelos RCPGs é útil para os seus propósitos. As organiza- ou não os serviços prestados pela entidade do setor público ou de
ções que possuem a prerrogativa de exigir a elaboração de relatório escolher um prestador alternativo do serviço. Consequentemente,
contábil estruturado para atender as suas necessidades específicas eles têm pouca capacidade direta ou imediata para tomar decisões
de informação podem também utilizar a informação fornecida pe- sobre prover recursos ao governo, sobre os recursos a serem alo-
los RCPGs para os seus propósitos - como, por exemplo: agências cados para a prestação dos serviços por entidade do setor públi-
reguladoras e supervisoras, entidades de auditoria, comissões do co em particular ou, ainda, se compram ou consomem os serviços
poder Legislativo ou de outro órgão do governo, órgãos centrais prestados. Entretanto, os usuários dos serviços e os provedores de
de orçamento e controle, agências de classificação de risco e, em recursos podem tomar decisões sobre as suas preferências de voto
alguns casos, entidades emprestadoras de recursos e de fomento. e das representações que delegam aos eleitos ou aos órgãos gover-
Mesmo que esses outros indivíduos ou entidades encontrem infor- namentais essas decisões, em tese, podem ter implicação na aloca-
mações úteis nos RCPGs, eles não são usuários primários desses ção de recursos para determinadas entidades, setores ou serviços
relatórios. Assim, os RCPGs não são elaborados e divulgados para públicos.
atender a necessidades de informações específicas ou particulares. 2.10 A informação fornecida nos RCPGs para fins de prestação
de contas e responsabilização (accountability) subsidia e contribui
Prestação de contas e responsabilização (accountability) e to- para a tomada de decisão. Por exemplo, as informações sobre os
mada de decisão custos, a eficiência ou a eficácia das atividades de prestação de ser-
2.7 A principal função dos governos e de outras entidades do viços no passado, o montante e as fontes de recuperação de custos
setor público é a de fornecer serviços que aprimorem ou mante- e os recursos disponíveis para dar suporte às atividades futuras, são
nham o bem-estar dos cidadãos e dos outros indivíduos. Esses ser- necessárias para o atendimento da prestação de contas e respon-
viços incluem, por exemplo: programas e políticas de bem-estar, sabilização (accountability). Essa informação também é útil para a

130
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

tomada de decisão pelos usuários dos RCPGs, inclusive as decisões atividades e objetivos da prestação de serviços, aos montantes e
que os doadores e outros patrocinadores tomam sobre o provimen- às fontes de recuperação dos custos necessários para dar suporte
to de recursos à entidade. a essas atividades.

Necessidade de informação dos usuários dos serviços e dos 2.13 Os provedores de recursos exigem informação como sub-
provedores de recursos sídio para as avaliações sobre se a entidade:
2.11 Para fins de prestação de contas e responsabilização (ac- (a) está alcançando os objetivos estabelecidos de modo a justi-
countability) e tomada de decisão, os usuários de serviço e os pro- ficar os recursos angariados durante o exercício;
vedores de recursos necessitam de informações que possam dar (b) financiou as operações atuais a partir dos recursos anga-
suporte às avaliações de questões como: riados dos contribuintes, de empréstimos ou de outras fontes no
(a) o desempenho da entidade durante o exercício como, por período atual; e
exemplo, em: (c) provavelmente necessita de recursos adicionais (ou menos
(I) satisfazer a sua prestação de serviços e outros objetivos ope- recursos) no futuro e as fontes prováveis destes recursos.
racionais e financeiros; Os credores por empréstimos e outros credores exigem in-
(II) administrar os recursos pelos quais é responsável; e formação como insumo para avaliações da liquidez da entidade
(III) estar em conformidade com a legislação, regramentos or- e, portanto, se o montante e o prazo para pagamento estarão em
çamentários ou com os pronunciamentos de outro órgão ou entida- conformidade com o que foi contratado. Os doadores exigem infor-
de que regulamente a captação e a utilização dos recursos; mação para dar suporte às avaliações se a entidade está utilizando
(b) a liquidez (por exemplo, a capacidade de satisfazer as obri- os recursos com eficácia, eficiência e economicidade, e da maneira
gações atuais) e a solvência (por exemplo, a capacidade de satisfa- pretendida.
zer as obrigações em longo prazo) da entidade;
(c) a sustentabilidade da prestação de serviços pela entidade Eles também exigem informação sobre as atividades previstas
e de outras operações em longo prazo, e as mudanças decorrentes de prestação de serviços e as necessidades de recursos.
como resultado das atividades da entidade durante o exercício, in-
cluindo, por exemplo: Informação fornecida pelos RCPGs
(I) a capacidade de a entidade de continuar a financiar as suas
atividades para satisfazer aos seus objetivos operacionais em futuro Situação patrimonial, desempenho e fluxos de caixa
(a sua capacidade financeira), inclusive as fontes prováveis de finan- 2.14 A informação sobre a situação patrimonial do governo ou
ciamento e a extensão na qual a entidade depende de tais fontes e, outra entidade do setor público possibilita aos usuários identifica-
portanto, é vulnerável ao financiamento ou a pressões por deman- rem os recursos da entidade e as demandas sobre esses recursos na
das que estariam fora do seu controle; e data de divulgação do relatório. Isso fornece informação útil como
(II) os recursos físicos e outros disponíveis atualmente para dar subsídio às avaliações de questões tais como:
suporte à prestação de serviços no futuro (a sua capacidade opera- (a) a extensão na qual a administração cumpriu suas obriga-
cional); e ções em salvaguardar e administrar os recursos da entidade;
(d) a capacidade da entidade de se adaptar a novas situações, (b) a extensão na qual os recursos estão disponíveis para dar
devido a mudanças demográficas ou nas condições econômicas suporte às atividades relativas à prestação de serviços futuros e as
nacionais ou globais que provavelmente irão impactar a natureza mudanças durante o exercício relativas ao montante ou à composi-
ou a composição das atividades que realiza ou os serviços que são ção desses recursos, bem como as demandas sobre esses recursos;
prestados. e
(c) os montantes e o cronograma de fluxos de caixa futuros
2.12 A informação que os usuários dos serviços e os provedo- necessários aos serviços e ao pagamento das demandas existentes
res de recursos precisam para os propósitos citados no item 2.11, sobre os recursos da entidade.
provavelmente, se sobrepõe em muitos aspectos. Por exemplo, os
usuários de serviços exigem informação como insumo para avalia- 2.15 A informação sobre o desempenho do governo ou de outra
ção de questões tais como se: entidade do setor público orienta as avaliações de questões, como,
(a) a entidade está utilizando os recursos com eficácia, eficiên- por exemplo, se a entidade adquiriu recursos com economicidade e
cia e economicidade, e da maneira pretendida, e se tal uso corres- os utilizou com eficácia e eficiência para atingir os seus objetivos de
ponde ao interesse público; prestação de serviços. A informação sobre os custos da prestação
(b) o alcance, o volume e o custo dos serviços prestados duran- de serviços e os montantes e fontes de recuperação desses custos
te o exercício são apropriados, bem como os montantes e as fontes durante o exercício irá auxiliar os usuários a determinar se os custos
de recuperação dos custos; e operacionais foram recuperados a partir de, por exemplo, tributos,
(c) a carga tributária atual e outros recursos angariados são su- cobranças aos usuários, contribuições e transferências, ou se foram
ficientes para manter o volume e a qualidade dos serviços presta- financiados pelo aumento do nível de endividamento da entidade.
dos atualmente. 2.16 A informação sobre os fluxos de caixa do governo ou de
Os usuários dos serviços exigem, também, informação sobre outra entidade do setor público contribui para as avaliações do de-
as consequências das decisões tomadas e das atividades realizadas sempenho e da liquidez e da solvência da entidade. Ela indica como
pela entidade durante o exercício e sobre os recursos disponíveis a entidade arrecadou e utilizou os recursos durante o período, in-
para dar suporte à prestação de serviços em períodos futuros, às clusive os empréstimos tomados e pagos, bem como as suas aqui-

131
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

sições e vendas, por exemplo, do seu ativo imobilizado. Identifica 2.21 A inclusão nos RCPGs de informação que auxilia os usu-
também os recursos recebidos a partir de, por exemplo, tributos e ários na avaliação da extensão na qual as receitas, as despesas, os
investimentos ou as transferências de recursos concedidas ou rece- fluxos de caixa e os resultados financeiros da entidade devem es-
bidas em transações com outros governos, órgãos governamentais tar em conformidade com as estimativas refletidas nos orçamentos
ou organismos internacionais. A informação sobre os fluxos de caixa aprovados, bem como a aderência da entidade à legislação ou outra
também pode subsidiar as avaliações sobre a conformidade da en- regulamentação acerca da captação e da utilização dos recursos, é
tidade com o que foi definido pelos responsáveis pela gestão finan- importante para a determinação de quão bem a entidade do setor
ceira e informar a avaliação dos montantes e fontes prováveis de público alcançou os seus objetivos financeiros. Tal informação é ne-
recursos para dar suporte aos objetivos da prestação de serviços. cessária para a prestação de contas e responsabilização (accounta-
2.17 As informações sobre a situação patrimonial, sobre o de- bility) do governo ou de outra entidade do setor público perante os
sempenho e sobre os fluxos de caixa são normalmente apresenta- administrados, para o aprimoramento da avaliação do desempenho
das nas demonstrações contábeis. Para auxiliar os usuários a en- da entidade e para a tomada de decisão.
tender, interpretar e inserir em contexto a informação apresentada
nas demonstrações contábeis, os RCPGs também podem fornecer Resultado da prestação de serviços
informações financeiras e não financeiras que aprimoram, comple- 2.22 O objetivo principal dos governos e da maioria das en-
mentam e suplementam as demonstrações contábeis, inclusive as tidades do setor público é prestar os serviços necessários para a
informações sobre questões relacionadas ao governo ou outra enti- sociedade. Consequentemente, o desempenho dos governos e da
dade do setor público, tais como: maioria das entidades do setor público não está total ou adequa-
(a) a conformidade com os orçamentos aprovados e outra re- damente refletido em qualquer medida de resultados financeiros.
gulamentação relativa às suas operações; Portanto, os resultados financeiros necessitam ser avaliados no
(b) as atividades de prestação de serviços e os seus respectivos contexto dos resultados da prestação de serviços à sociedade.
resultados durante o exercício; e 2.23 Em alguns casos, as mensurações quantitativas dos pro-
(c) as expectativas relacionadas às atividades da prestação de dutos e resultados das atividades de prestação de serviços da enti-
serviços e outras atividades no futuro, bem como as consequências, dade durante o exercício fornecem informações relevantes sobre o
em longo prazo, das decisões tomadas e das atividades realizadas cumprimento dos objetivos da prestação de serviços - por exemplo,
durante o exercício, inclusive aquelas que possam impactar as ex- a informação sobre o custo, o volume e a frequência da prestação
pectativas sobre o futuro. de serviços e a relação dos serviços prestados com a quantidade de
Essa informação pode ser apresentada nas notas explicativas recursos da entidade. Em outros casos, pode ser necessário comu-
às demonstrações contábeis ou em relatórios separados incluídos nicar a realização dos objetivos da prestação de serviços por meio
nos RCPGs. da explicação da qualidade de determinados serviços prestados ou
do resultado de determinados programas.
Informação orçamentária e cumprimento da legislação ou ou- 2.24 A divulgação de informações não financeiras e de infor-
tra regulamentação relativa à captação e à utilização de recursos mações financeiras das atividades de prestação de serviços, desem-
2.18 O governo elabora, aprova e divulga o orçamento anual. penho e/ou os resultados durante o exercício, fornecem insumos
O orçamento fornece informação financeira aos interessados para avaliações da economicidade, da eficiência e da eficácia das
sobre os planos operacionais da entidade para o período futuro, operações da entidade. A divulgação dessas informações é necessá-
as suas necessidades de capital e, frequentemente, os seus obje- ria para que o governo ou outra entidade do setor público cumpra
tivos e as suas expectativas em relação à prestação de serviços. O com suas obrigações de prestação de contas e responsabilização
orçamento é utilizado para justificar a captação de recursos dos (accountability) - isto é, justificar a utilização dos recursos capta-
contribuintes e de outros provedores de recursos e estabelece os dos da sociedade ou em nome dela. Decisões de doadores sobre
regramentos para os dispêndios de recursos. a alocação de recursos para entidades e programas específicos são
2.19 Alguns recursos para dar suporte às atividades das enti- também tomadas com base em informação sobre os resultados da
dades do setor público podem ser recebidos de doadores, credores prestação de serviços durante o período e os objetivos da prestação
por empréstimos ou como resultado de transações com contrapres- de serviços no futuro (pelo menos em parte).
tação.
Entretanto, os recursos se originam, predominantemente, de Informações financeiras e não financeiras prospectivas
transações sem contraprestação advindas dos contribuintes e de 2.25 Dada a longevidade das entidades do setor público e de
outros, de acordo com as expectativas refletidas no orçamento muitos programas governamentais, os efeitos financeiros de muitas
aprovado. decisões tomadas no exercício somente podem se tornar evidentes
2.20 Os RCPGs fornecem informação sobre os resultados (sen- vários anos depois. As demonstrações contábeis que apresentam
do descritos como “superávit ou déficit”, “lucro ou prejuízo”, ou por informação sobre a situação patrimonial em um ponto no tempo e
outros termos cabíveis), o desempenho e os fluxos de caixa da enti- sobre o desempenho e os fluxos de caixa durante o exercício preci-
dade durante o exercício, os ativos e os passivos na data do relatório sam ser avaliadas no contexto de longo prazo.
e as alterações realizadas nesses itens durante o período (situação 2.26 As decisões tomadas pelo governo ou por outra entidade
patrimonial), bem como os resultados obtidos na prestação de ser- do setor público em determinado período sobre programas para a
viços. prestação e financiamento de serviços no futuro podem ter conse-
quências significativas para:

132
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(a) os usuários que são dependentes desses serviços no futuro; Outras fontes de informação
e 2.31 Os RCPGs têm papel significativo em fornecer a informa-
(b) as gerações atuais e futuras de contribuintes e outros pro- ção necessária para dar suporte ao cumprimento da obrigação do
vedores involuntários que recolhem tributos e taxas para financiar governo ou de outra entidade do setor público em prestar contas,
as atividades planejadas de prestação de serviços e os compromis- assim como o de fornecer informação útil para a tomada de deci-
sos financeiros relacionados. são.
Entretanto, é improvável que os RCPGs forneçam todas as in-
2.27 As informações sobre os objetivos e atividades previstas formações que os usuários necessitem para fins de prestação de
de prestação de serviços futuros, bem como o impacto provável contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
nas necessidades futuras de recursos pela entidade e as fontes de Consequentemente, os usuários dos serviços e os provedores de
financiamento prováveis, são necessárias como subsídio para qual- recursos podem também considerar informação de outras fontes,
quer avaliação da capacidade do governo ou de outra entidade do inclusive os relatórios sobre as condições econômicas atuais e pro-
setor público em satisfazer aos seus compromissos financeiros e de jetadas, orçamentos e conjunturas governamentais, além de infor-
prestação de serviços no futuro. A evidenciação de tais informações mação sobre as iniciativas de políticas governamentais não relata-
nos RCPGs permite avaliações da sustentabilidade da prestação de das nos RCPGs.
serviços pelo governo ou outra entidade do setor público, aprimora
a prestação de contas e responsabilização (accountability) e fornece CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS
informação útil adicional para fins de tomada de decisão.
Introdução
Informação explicativa 3.1 Os RCPGs apresentam informações financeiras e não finan-
2.28 As informações sobre os principais fatores relacionados ceiras sobre fenômenos econômicos, além de outros fenômenos.
ao desempenho e aos resultados da prestação de serviços da enti- As características qualitativas da informação incluída nos RCP-
dade durante o exercício e sobre as premissas que corroboram as Gs são atributos que tornam a informação útil para os usuários e
expectativas sobre esses fatores que provavelmente irão influen- dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil.
ciar o desempenho futuro da entidade podem ser apresentadas O objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é for-
nos RCPGs em notas explicativas às demonstrações contábeis ou necer informação para fins de prestação de contas e responsabiliza-
em relatórios separados. Tal informação irá auxiliar os usuários a ção (accountability) e tomada de decisão.
entenderem melhor, e no contexto adequado, as informações fi- 3.2 As características qualitativas da informação incluída nos
nanceiras e não financeiras incluídas nos RCPGs e, ainda, aprimorar RCPGs são a relevância, a representação fidedigna, a compreensi-
o papel dos RCPGs, no sentido de fornecer informação útil para fins bilidade, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade.
de prestação de contas e responsabilização (accountability) e toma- 3.3 As restrições inerentes à informação contida nos RCPGs são
da de decisão. a materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apro-
priado entre as características qualitativas.
Demonstrações contábeis e a informação que as aprimore, 3.4 Cada uma das características qualitativas é integrada e
complemente e suplemente funciona em conjunto com as outras características, de modo a
2.29 O alcance da informação contábil estabelece o limite das fornecer informação útil nos RCPGs para cumprir os objetivos da
transações, outros eventos e atividades que podem ser reporta- informação contábil. Entretanto, na prática, talvez não seja possível
das nos RCPGs. Para responder às necessidades de informação dos alcançar todas as características qualitativas e, nesse caso, um equi-
usuários, esta estrutura conceitual reflete o alcance da informa- líbrio ou compensação entre algumas delas poderá ser necessário.
ção contábil, que é mais abrangente do que é evidenciado pelas 3.5 As características qualitativas se aplicam a todas as infor-
demonstrações contábeis. Ela fornece a apresentação nos RCPGs mações financeiras e não financeiras apresentadas nos RCPGs, in-
de informação adicional que aprimore, complemente e suplemente clusive às informações histórica e prospectiva, além da informação
essas demonstrações. explicativa. Contudo, pode haver variação no grau que as caracte-
2.30 Mesmo que a estrutura conceitual preveja que o alcance rísticas qualitativas podem ser alcançadas, dependendo do nível
da informação contábil seja mais abrangente do que aquela evi- de incerteza e de avaliação subjetiva envolvidos na compilação das
denciada nas demonstrações contábeis, a informação apresentada informações financeiras e não financeiras. A necessidade de orien-
nestas últimas permanece sendo o núcleo da informação contábil. tação adicional na interpretação e aplicação das características
A forma na qual os elementos das demonstrações contábeis são qualitativas àquilo que estende o alcance da informação contábil
definidos, reconhecidos e mensurados e as formas de apresentação para além das demonstrações contábeis deve ser considerada no
e comunicação que podem ser adotadas para a informação incluída desenvolvimento de qualquer NBC TSP ou de outras disposições do
nos RCPGs são consideradas em outros capítulos desta estrutura CFC inerentes às entidades do setor público e que tratam de tais
conceitual, e no desenvolvimento de outras normas, quando for questões.
apropriado.
Relevância
3.6 As informações financeiras e não financeiras são relevan-
tes caso sejam capazes de influenciar significativamente o cumpri-
mento dos objetivos da elaboração e da divulgação da informação
contábil. As informações financeiras e não financeiras são capazes

133
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de exercer essa influência quando têm valor confirmatório, prediti- informação sobre questões, tais como: as classes importantes do
vo ou ambos. A informação pode ser capaz de influenciar e, desse imobilizado; os fatores que afetaram a sua utilização no passado ou
modo, ser relevante, mesmo se alguns usuários decidirem não con- que podem impactar a sua utilização no futuro; e a base e o pro-
siderá-la ou já estiverem cientes dela. cesso para determinar a sua representação numérica. Do mesmo
3.7 As informações financeiras e não financeiras têm valor modo, as informações financeiras e não financeiras prospectivas e
confirmatório se confirmarem ou alterarem expectativas passadas a informação sobre o cumprimento dos objetivos e dos resultados
(ou presentes). Por exemplo, a informação é relevante, para fins de incluídos nos RCPGs devem ser apresentadas em conjunto com as
prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada premissas-chave e quaisquer explicações que sejam necessárias
de decisão, se confirmar as expectativas sobre questões, tais como: para assegurar que a sua representação seja completa e útil para
a extensão na qual os gestores cumpriram as suas responsabilida- os usuários.
des pelo uso eficiente e eficaz dos recursos; a realização dos obje- 3.13 A neutralidade da informação contábil corresponde à au-
tivos especificados da prestação de serviços; e o cumprimento da sência de viés. Isso significa que a seleção e a apresentação das in-
legislação e de regulamentos orçamentários, além de outros. formações financeiras e não financeiras não devem ser feitas com a
3.8 Os RCPGs podem apresentar informação acerca dos objeti- intenção de se atingir um resultado particular predeterminado, por
vos, custos e atividades previstas de prestação de serviços, além do exemplo, para influenciar a avaliação dos usuários acerca da pres-
montante e das fontes de recursos que se destinam a serem aloca- tação de contas e responsabilização (accountability) por parte da
das na prestação de serviços no futuro. Tal informação voltada para entidade, para uma decisão ou julgamento que está para ser feito,
o futuro tem valor preditivo e é relevante para fins de prestação de ou, ainda, para induzir a determinado comportamento.
contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. A 3.14 A informação neutra representa fielmente os fenômenos
informação sobre fenômenos econômicos e outros que existam ou econômicos e outros fenômenos que ela se propõe a representar.
já tenham ocorrido também pode ter valor preditivo ao auxiliar a Contudo, exigir que a informação incluída nos RCPGs seja neu-
formar expectativas sobre o futuro. Por exemplo, a informação que tra não significa que não haja propósito ou que não influencie al-
confirma ou refuta expectativas passadas pode reforçar ou alterar gum comportamento.
expectativas sobre o desempenho e os resultados da prestação de A relevância é uma característica qualitativa, e, por definição, a
serviços que possam ocorrer no futuro. informação relevante é capaz de influenciar as avaliações e as deci-
3.9 As funções confirmatória e preditiva da informação são in- sões dos seus usuários.
ter-relacionadas, por exemplo, a informação sobre o nível e a es- 3.15 Os fenômenos econômicos e outros fenômenos represen-
trutura atual dos recursos da entidade e as demandas por esses tados nos RCPGs ocorrem normalmente sob condições de incerteza.
recursos auxilia os usuários a confirmarem o resultado das estraté- Desse modo, a informação incluída nos RCPGs frequentemente
gias de gestão durante o período, além de preverem a capacidade apresenta estimativas que incorporam o julgamento de valor dos
da entidade em responder às mudanças e às necessidades previstas gestores. Para representar fielmente o fenômeno econômico ou de
relacionadas à prestação de serviços no futuro. A mesma informa- outra natureza, a estimativa deve ser baseada em dados apropria-
ção auxilia a confirmar ou a corrigir as expectativas e previsões pas- dos e cada um deles precisa refletir a melhor informação disponível.
sadas dos usuários acerca da capacidade da entidade de responder Deve-se ter o devido cuidado ao se lidar com condições de incer-
a tais alterações. Auxilia também a confirmar ou corrigir as informa- teza. Às vezes, pode ser necessário divulgar explicitamente o nível
ções financeiras prospectivas incluídas nos RCPGs anteriores. de incerteza das informações financeiras e não financeiras para re-
presentar fielmente fenômenos econômicos ou de outra natureza.
Representação fidedigna 3.16 Estar livre de erro material não significa exatidão completa
3.10 Para ser útil como informação contábil, a informação deve em todos os aspectos. Estar livre de erro material significa que não
corresponder à representação fidedigna dos fenômenos econômi- há erros ou omissões que sejam individualmente ou coletivamente
cos e outros que se pretenda representar. A representação fidedig- relevantes na descrição do fenômeno, e que o processo utilizado
na é alcançada quando a representação do fenômeno é comple- para produzir a informação relatada foi aplicado conforme descri-
ta, neutra e livre de erro material. A informação que representa to. Em alguns casos, pode ser possível determinar a exatidão de
fielmente um fenômeno econômico ou outro fenômeno retrata a alguma informação incluída nos RCPGs, por exemplo, o montante
substância da transação, a qual pode não corresponder, necessaria- da transferência de disponibilidades para outra esfera de governo,
mente, à sua forma jurídica. o volume dos serviços prestados ou o valor pago pela aquisição
3.11 Na prática, pode não ser possível ter certeza ou saber se a de item do imobilizado. Entretanto, em outros casos pode não ser
informação apresentada nos RCPGs está completa, neutra e livre de possível determinar a exatidão da informação, por exemplo, pode
erro material. Entretanto, a informação deve estar completa, neutra não ser possível estimar a eficácia de programa de prestação de
e livre de erro material tanto quanto possível. serviços com exatidão ou o valor ou custo do item. Nesses casos, a
3.12 A omissão de algumas informações pode fazer com que estimativa está livre de erro material se o montante for descrito cla-
a representação do fenômeno econômico ou outro qualquer seja ramente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações
falsa ou enganosa, não sendo útil para os usuários dos RCPGs. Por do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro ma-
exemplo, a descrição completa de item do imobilizado nos RCPGs terial tiver sido identificado na seleção e na aplicação do processo
deve incluir a representação numérica do montante agregado do de elaboração da estimativa.
item juntamente com outras informações quantitativas, descriti-
vas e explicativas necessárias para representar fielmente essa clas-
se de ativo. Em alguns casos, isso pode incluir a evidenciação de

134
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Compreensibilidade 3.22 A comparabilidade difere da consistência. A consistência


3.17 A compreensibilidade é a qualidade da informação que se refere à utilização dos mesmos princípios ou políticas contábeis e
permite que os usuários compreendam o seu significado. Os RCP- da mesma base de elaboração, seja de período a período dentro da
Gs devem apresentar a informação de maneira que corresponda às entidade ou de um único período entre duas ou mais entidades. A
necessidades e à base do conhecimento dos usuários, bem como a comparabilidade é o objetivo, enquanto que a consistência auxilia a
natureza da informação apresentada. Por exemplo, as explicações atingi-lo. Em alguns casos, os princípios ou políticas contábeis ado-
acerca das informações financeiras e não financeiras e as informa- tados pela entidade podem ser revisados para melhor representar
ções adicionais acerca da prestação de serviços e outros resultados determinada transação ou evento nos RCPGs.
durante o exercício, além das expectativas para os períodos futu- Nesses casos, a inclusão de evidenciação ou explicação adicio-
ros, devem ser escritas em linguagem simples e apresentadas de nal pode ser necessária para satisfazer às características da compa-
maneira que sejam prontamente compreensíveis pelos usuários. A rabilidade.
compreensão é aprimorada quando a informação é classificada e 3.23 A comparabilidade também difere da uniformidade. Para
apresentada de maneira clara e sucinta. A comparabilidade pode que a informação seja comparável, coisas semelhantes devem pare-
também aprimorar a compreensibilidade. cer semelhantes e coisas distintas devem parecer distintas. A ênfase
3.18 Espera-se que os usuários dos RCPGs tenham conheci- demasiada na uniformidade pode reduzir a comparabilidade ao fa-
mento razoável das atividades da entidade e do ambiente no qual zer com que coisas distintas pareçam semelhantes. A comparabili-
ela funciona, além de serem capazes e preparados para lerem os dade da informação nos RCPGs não é aprimorada ao se fazer com
RCPGs e revisar e analisar a informação apresentada com a diligên- que coisas distintas pareçam semelhantes, assim como ao fazer
cia apropriada. Alguns fenômenos econômicos e de outra natureza com que coisas semelhantes pareçam distintas.
são particularmente complexos e difíceis de serem representados 3.24 A informação sobre a situação patrimonial da entidade, o
nos RCPGs, e alguns usuários podem precisar de ajuda de assistente desempenho, os fluxos de caixa, a conformidade com os orçamen-
para auxiliá-los em sua compreensão. Todos os esforços devem ser tos aprovados ou com outra legislação relevante ou com os demais
realizados para representar os fenômenos econômicos e de outra regulamentos relacionados à captação e à utilização dos recursos,
natureza incluídos nos RCPGs de maneira que seja compreensível o desempenho da prestação de serviços e os seus planos futuros,
para a grande quantidade de usuários. Contudo, a informação não é necessária para fins de prestação de contas e responsabilização
deve ser excluída dos RCPGs somente pelo fato de ser muito com- (accountability) e tomada de decisão. A utilidade de tal informação
plexa ou ser difícil para alguns usuários compreenderem sem a de- é aprimorada se puder ser comparada com, por exemplo:
vida assistência. (a) informações financeiras e não financeiras prospectivas ante-
riormente apresentadas para aquele exercício ou data do relatório;
Tempestividade (b) informação similar sobre a mesma entidade referente a al-
3.19 Tempestividade significa ter informação disponível para os gum outro exercício ou a algum outro momento no tempo; e
usuários antes que ela perca a sua capacidade de ser útil para fins (c) informação similar sobre outras entidades (por exemplo,
de prestação de contas e responsabilização (accountability) e toma- entidades do setor público prestando serviços semelhantes em ju-
da de decisão. Ter informação disponível mais rapidamente pode risdições distintas) para o mesmo exercício.
aprimorar a sua utilidade como insumo para processos de avalia- 3.25 A aplicação consistente dos princípios contábeis, das polí-
ção da prestação de contas e responsabilização (accountability) e a ticas e da base de elaboração para as informações financeiras e não
sua capacidade de informar e influenciar os processos decisórios. A financeiras prospectivas aprimora a utilidade de qualquer compa-
ausência de tempestividade pode tornar a informação menos útil. ração entre os resultados projetados e os reais. A comparabilidade
3.20 Alguns itens de informação podem continuar sendo úteis com outras entidades pode ser menos significativa para as explica-
por bastante tempo após a publicação do relatório ou após o encer- ções da percepção ou opinião dos gestores acerca de fatores rela-
ramento do exercício. Por exemplo, para fins de prestação de contas cionados ao desempenho atual da entidade.
e responsabilização (accountability) e tomada de decisão, os usuá-
rios dos RCPGs podem precisar avaliar as projeções do desempenho Verificabilidade
e da prestação de serviços da entidade e a sua conformidade com 3.26 A verificabilidade é a qualidade da informação que ajuda
os orçamentos por vários exercícios. Adicionalmente, o resultado e a assegurar aos usuários que a informação contida nos RCPGs re-
os efeitos de alguns programas de prestação de serviços podem não presenta fielmente os fenômenos econômicos ou de outra natureza
ser determináveis até períodos futuros, por exemplo, em relação que se propõe a representar. A suportabilidade, ou seja, a qualidade
aos programas em que se tenha a intenção de aprimorar o bem-es- referente àquilo que dá suporte a algo, algumas vezes é utilizada
tar econômico da sociedade, reduzir a incidência de determinada para descrever esta qualidade, quando aplicada em relação à in-
doença ou aumentar os níveis de alfabetização de determinados formação explicativa e à informação quantitativa financeira e não
grupos etários. financeira prospectiva divulgada nos RCPGs. Quer referida como ve-
rificabilidade ou como suportabilidade, a característica implica que
Comparabilidade dois observadores esclarecidos e independentes podem chegar ao
3.21 Comparabilidade é a qualidade da informação que possi- consenso geral, mas não necessariamente à concordância comple-
bilita aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois ta, em que:
conjuntos de fenômenos. A comparabilidade não é uma qualidade (a) a informação representa os fenômenos econômicos e de
de item individual de informação, mas, antes, a qualidade da rela- outra natureza, os quais se pretende representar sem erro material
ção entre dois ou mais itens de informação. ou viés; ou

135
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(b) o reconhecimento apropriado, a mensuração ou o método de referência e das expectativas sobre a prestação de serviço e o
de representação foi aplicado sem erro material ou viés. desempenho no futuro. Consequentemente, não é possível especi-
3.27 Para ser verificável, a informação não precisa ser um pon- ficar um limite quantitativo uniforme no qual determinada informa-
to único estimado. Um intervalo de possíveis valores e suas proba- ção se torna material.
bilidades relacionadas também pode ser utilizado. 3.33 As avaliações de materialidade são feitas no contexto do
ambiente legislativo, institucional e operacional dentro do qual as
3.28 A verificação pode ocorrer de forma direta ou indireta. entidades funcionam e, em relação às informações financeiras e
Com a verificação direta, o montante ou outra representação não financeiras prospectivas, o conhecimento de quem as elabora
podem ser verificados em si mesmos, tais como: pela contagem de e as expectativas acerca do futuro. A evidenciação da informação
caixa; pela observação de títulos negociáveis e suas cotações de sobre a conformidade, ou não, com a legislação, regulamentação ou
preço; ou pela confirmação de que os fatores identificados que in- outro normativo pode ser material devido à sua natureza, indepen-
fluenciaram o desempenho passado estejam presentes e relaciona- dentemente da magnitude de quaisquer dos montantes envolvidos.
dos com os efeitos identificados. Com a verificação indireta, o mon- Nesse contexto, ao se determinar se um item é material, deve-se
tante ou outra representação podem ser verificados ao se checar os levar em consideração questões, tais como a natureza, a legalidade,
dados e recalcular os resultados utilizando a mesma convenção ou a sensibilidade e os efeitos de eventos e transações passados ou
metodologia contábil. previstos; as partes envolvidas em tais transações; e as circunstân-
Um exemplo corresponde à verificação do valor contábil do cias que deram origem a essas transações.
estoque por meio da conferência das entradas (quantidades e cus- 3.34 De acordo com esta estrutura conceitual, a materialidade
tos) e do recálculo do estoque final utilizando o mesmo método é classificada como uma restrição na informação incluída nos RCP-
de mensuração (por exemplo, custo médio ou “primeiro que entra, Gs. Ao se desenvolver as NBCs TSP e outras disposições, deve-se
primeiro que sai” (PEPS)). considerar a materialidade dos efeitos da aplicação de uma polí-
3.29 A qualidade da verificabilidade (ou suportabilidade, se tal tica contábil específica. Sujeitas aos requisitos de quaisquer NBCs
termo for utilizado para descrever essa característica) não é absolu- TSP, a entidade, ao elaborar os RCPGs, deve considerar também a
ta - alguma informação pode ser mais ou menos passível de verifi- materialidade, por exemplo, da aplicação de uma política contábil
cação do que outra. Contudo, quanto mais verificável for a informa- específica e da evidenciação em separado de determinados itens
ção incluída nos RCPGs, mais se irá assegurar aos usuários de que a da informação.
informação representa fielmente os fenômenos econômicos, ou de
outra natureza os quais se pretende representar. Custo-benefício
3.30 Os RCPGs podem incluir informação financeira e outra in- 3.35 A informação contábil impõe custos, e seus benefícios de-
formação quantitativa, além de explicação sobre (a) as influências- vem justificá-los. Avaliar se os benefícios da informação justificam
-chave a respeito do desempenho da entidade durante o período; seus custos é, com frequência, uma questão de julgamento de valor,
(b) os efeitos ou resultados futuros projetados dos programas de pois não é possível identificar todos os custos e todos os benefícios
prestação de serviços realizados durante o período; e (c) informa- da informação incluída nos RCPGs.
ções financeiras e não financeiras prospectivas. Pode não ser pos- 3.36 Os custos, para fornecerem a informação, incluem os de
sível verificar a exatidão de todas as representações quantitativas e coleta, de processamento e de verificação e/ou de apresentação
explicações de tal informação até período futuro. das premissas e das metodologias que dão suporte a elas, além dos
3.31 Para ajudar a assegurar aos usuários de que a informação de disseminação. Os usuários incorrem nos custos da análise e in-
quantitativa financeira e não financeira (prospectivas) e as expli- terpretação.
cações incluídas nos RCPGs representam fielmente os fenômenos A omissão da informação útil também impõe custos, inclusive
econômicos ou de outra natureza os quais se pretende representar, aqueles em que os usuários incorrem na obtenção de informação
deve haver transparência nas premissas observadas em relação à necessária de terceiros, além dos custos advindos da tomada de
informação divulgada, nas metodologias adotadas na compilação decisão utilizando dados incompletos fornecidos pelos RCPGs.
dessa informação e nos fatores e nas circunstâncias que apoiam 3.37 Os responsáveis pelos RCPGs envidam a maior parte dos
quaisquer opiniões expressas ou evidenciações feitas. Isso possi- seus esforços para agregar informação aos relatórios. Entretanto,
bilita aos usuários formar opinião sobre a adequabilidade dessas os usuários dos serviços e os provedores de recursos acabam por
premissas e sobre o método de compilação, mensuração, represen- assumir os custos desses esforços, uma vez que os recursos são re-
tação e interpretação da informação. direcionados da prestação de serviços para a elaboração da infor-
mação dos RCPGs.
Restrições acerca da informação incluída nos RCPGs Materia- 3.38 Os usuários em geral obtêm a maior parte dos benefícios
lidade das informações fornecidas nos RCPGs. Contudo, a informação ela-
3.32 A informação é material se a sua omissão ou distorção borada para os RCPGs também pode ser utilizada internamente
puder influenciar o cumprimento do dever de prestação de contas pela administração, influenciando o processo decisório por parte
e responsabilização (accountability), ou as decisões que os usuá- dela. A evidenciação da informação nos RCPGs, consistente com os
rios tomam com base nos RCPGs elaborados para aquele exercício. conceitos desta estrutura conceitual e das NBCs TSP e com outras
A materialidade depende tanto da natureza quanto do montante disposições do CFC, deve aprimorar e reforçar as percepções da
do item analisado dentro das particularidades de cada entidade. transparência da informação contábil pelos governos e outras en-
Os RCPGs podem englobar informação qualitativa e quantitativa tidades do setor público, além de contribuir para a avaliação mais
acerca do cumprimento da prestação de serviços durante o período

136
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

precisa da dívida pública por agentes externos. Portanto, as entida- dades com identidade jurídica própria ou autonomia operacional
des do setor público podem beneficiar-se de diversas maneiras da para realizar, ou de outra maneira dar suporte à prestação de ser-
informação fornecida nos RCPGs. viços à sociedade.
3.39 A aplicação da restrição custo-benefício envolve avaliar se Outras organizações do setor público, inclusive organizações
os benefícios de divulgar a informação provavelmente justificam os internacionais do setor público e autoridades municipais, podem
custos incorridos para fornecê-la e utilizá-la. Ao fazer essa avalia- realizar também determinadas atividades por intermédio das en-
ção, é necessário considerar se uma ou mais características quali- tidades com identidade jurídica própria ou autonomia operacional
tativas podem ser sacrificadas até certo ponto para reduzir o custo. e podem beneficiar-se e estarem sujeitas a encargo financeiro ou
3.40 Ao se desenvolverem as NBCs TSP, leva-se em considera- perda resultante das atividades.
ção a informação obtida dos responsáveis pelas demonstrações, 4.5 Os RCPGs são elaborados para reportar informação útil
dos usuários, da academia e de outros atores, acerca da natureza aos usuários para fins de prestação de contas e responsabilização
e dos benefícios esperados, bem como dos custos dos requisitos (accountability) e tomada de decisão. Os usuários de serviços ou
propostos. os provedores de recursos são os usuários primários dos RCPGs.
Consequentemente, uma característica-chave da entidade do setor
Equilíbrio entre as características qualitativas público que reporta a informação, inclusive de grupo dessas en-
3.41 As características qualitativas funcionam, conjuntamente, tidades, é a existência de usuários de serviços ou provedores de
para contribuir com a utilidade da informação. Por exemplo, nem a recursos que são dependentes dos RCPGs para fins de prestação
descrição que represente fielmente um fenômeno irrelevante, nem de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
a descrição que represente de modo não fidedigno um fenômeno 4.6 Os RCPGs englobam as demonstrações contábeis e a infor-
relevante resultam em informação útil. Do mesmo modo, para ser mação que as aprimore, complemente e suplemente. As demons-
relevante, a informação precisar ser tempestiva e compreensível. trações contábeis apresentam informação sobre os recursos e as
3.42 Em alguns casos, o equilíbrio ou a compensação (tradeoff) demandas sobre estes, além dos fluxos de caixa da entidade ou gru-
entre as características qualitativas pode ser necessário para se al- po de entidades que reportam a informação durante o exercício.
cançar os objetivos da informação contábil. A importância relativa Portanto, para possibilitar a elaboração das demonstrações contá-
das características qualitativas em cada situação é uma questão de beis, a entidade que reporta a informação deve captar recursos e/
julgamento profissional. A meta é alcançar o equilíbrio apropriado ou deve utilizar recursos captados anteriormente para realizar ativi-
entre as características para satisfazer aos objetivos da elaboração dades em benefício da sociedade ou em nome dela.
e da divulgação da informação contábil. 4.7 A existência de usuários dos RCPGs de entidade do setor
público ou grupo de entidades pressupõe a existência de entidade
CAPÍTULO 4 - ENTIDADE QUE REPORTA A INFORMAÇÃO CON- que tenha a responsabilidade ou a capacidade de captar ou utilizar
TÁBIL recursos, adquirir ou administrar bens públicos, incorrer em passi-
vos ou realizar atividades para atingir os objetivos da prestação de
Introdução serviços.
4.1 A entidade do setor público que reporta a informação con- Quanto maiores os recursos que a entidade do setor públi-
tábil é um ente governamental ou outra organização, programa ou co capta, administra e/ou tem a capacidade de utilizar, e quanto
outra área identificável de atividade (doravante referida como enti- maiores as obrigações que incorre e maior o impacto econômico
dade ou entidade do setor público) que elabora os RCPGs. ou social das suas atividades, é mais provável que existam usuários
4.2 A entidade do setor público que reporta a informação con- de serviços ou provedores de recursos que sejam dependentes dos
tábil pode compreender duas ou mais entidades que apresentem RCPGs para obter informação para fins de prestação de contas e
os RCPGs como se fossem uma única entidade - tal entidade é refe- responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Na ausên-
rida como grupo de entidades que reportam a informação contábil. cia desses fatores, em que eles não sejam significativos, é imprová-
Características-chave de entidade do setor público que reporta vel que existam usuários dos RCPGs dessas entidades.
a informação contábil 4.8 A elaboração dos RCPGs não é um processo sem custos.
4.3 As características-chave de entidade do setor público que Portanto, se a imposição de requisitos para a informação contá-
reporta a informação contábil são: bil pressupõe que estas devam ser eficientes e eficazes, é importan-
(a) ser uma entidade que capta recursos da sociedade ou em te que seja exigido que os RCPGs sejam elaborados somente pelas
nome desta e/ou utiliza recursos para realizar atividades em bene- entidades do setor público para as quais existam usuários.
fício dela; e 4.9 Em muitos casos, é clara a existência, ou não, de usuá-
(b) existir usuários de serviços ou provedores de recursos de- rios de serviços ou de provedores de recursos que dependam dos
pendentes de informações contidas nos RCPGs para fins de pres- RCPGs para fornecer informação para fins de prestação de con-
tação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de tas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Por
decisão. exemplo, tais usuários, provavelmente, existem para os RCPGs de
governo em nível nacional, estadual ou municipal e para as organi-
4.4 O governo pode estabelecer e/ou funcionar por meio de zações internacionais do setor público. Isso porque esses governos
unidades administrativas como, por exemplo, ministérios, secreta- e organizações normalmente têm a capacidade de captar recursos
rias ou departamentos. Ele pode funcionar também por meio de substanciais e/ou empregar esses recursos em nome da sociedade,
fundos, autoridades estatutárias, empresas estatais e outras enti-

137
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

incorrer em responsabilidades e impactar o bem-estar econômico 5.4 Em algumas circunstâncias, para assegurar que as demons-
e/ou social das comunidades que dependem deles para a prestação trações contábeis forneçam informação útil para uma avaliação sig-
de serviços. nificativa do desempenho e da situação patrimonial da entidade, o
4.10 Contudo, nem sempre está claro se há usuários de servi- reconhecimento de fenômenos econômicos não capturados pelos
ços ou provedores de recursos que dependam dos RCPGs de, por elementos definidos neste capítulo pode ser necessário. Conse-
exemplo, departamentos ou órgãos individuais do governo, progra- quentemente, a identificação dos elementos neste capítulo não im-
mas especiais ou áreas identificáveis de atividades com informação pede as NBCs TSP de exigirem ou permitirem o reconhecimento de
para fins de prestação de contas e responsabilização (accountabi- recursos ou obrigações que não satisfaçam a definição de elemento
lity) e tomada de decisão. Determinar se essas organizações, pro- identificada neste capítulo (doravante referidos como “outros re-
gramas ou atividades devem ser identificados como entidades que cursos” ou “outras obrigações”), quando necessário no sentido de
reportam a informação e, consequentemente, serem exigidas a ela- se alcançarem os objetivos da informação contábil.
borarem os RCPGs envolve o exercício de julgamento profissional.
Elementos
4.11 O governo e algumas outras entidades do setor público
5.5 Os elementos definidos neste capítulo são:
têm identidade e enquadramento legal específicos (personalidade
(a) ativo;
jurídica).
(b) passivo;
Entretanto, as organizações, os programas e as atividades do
(c) receita;
setor público sem personalidade jurídica também podem captar ou (d) despesa;
empregar recursos, adquirir e administrar ativos, incorrer em obri- (e) contribuição dos proprietários;
gações, realizar atividades para atingir os objetivos da prestação de (f) distribuição aos proprietários.
serviços ou, de outra maneira, implementar a política governamen- Ativo
tal.
Os usuários de serviços e os provedores de recursos podem de- Definição
pender dos RCPGs para obter informação para os fins de prestação 5.6 Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade
de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. como resultado de evento passado.
Consequentemente, a entidade que reporta a informação contábil
do setor público pode ter personalidade jurídica específica ou ser, Recurso
por exemplo, organização, acordo administrativo ou programa sem 5.7 Recurso é um item com potencial de serviços ou com a ca-
personalidade jurídica. pacidade de gerar benefícios econômicos. A forma física não é uma
condição necessária para um recurso. O potencial de serviços ou
CAPÍTULO 5 - ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS a capacidade de gerar benefícios econômicos podem surgir direta-
mente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. Alguns
Introdução recursos incluem os direitos da entidade a uma série de benefícios,
inclusive, por exemplo, o direito a:
Propósito (a) utilizar o recurso para a prestação de serviços (inclusive
5.1 Este capítulo define os elementos utilizados nas demons- bens);
trações contábeis e fornece explicação adicional acerca dessas de- (b) utilizar os recursos de terceiros para prestar serviços como,
finições. por exemplo, arrendamento mercantil;
(c) converter o recurso em caixa por meio da sua alienação;
Elementos e sua importância (d) beneficiar-se da valorização do recurso; ou
5.2 As demonstrações contábeis retratam os efeitos financei- (e) receber fluxos de caixa.
ros e não financeiros das transações e outros eventos ao agrupá-los
em classes amplas que compartilham características econômicas 5.8 O potencial de serviços é a capacidade de prestar serviços
comuns. que contribuam para alcançar os objetivos da entidade. O potencial
Essas classes amplas são denominadas elementos das demons- de serviços possibilita a entidade alcançar os seus objetivos sem,
trações contábeis. Os elementos correspondem às estruturas bási- necessariamente, gerar entrada líquida de caixa.
cas a partir das quais as demonstrações contábeis são elaboradas. 5.9 Os ativos do setor público que ensejam potencial de ser-
Essas estruturas fornecem um ponto inicial para reconhecer, clas- viços podem ser representados pelos ativos de recreação, do pa-
sificar e agregar dados e atividades econômicas de maneira a for- trimônio cultural, comunitários, de defesa nacional e outros que
necer aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja sejam mantidos pelos governos e outras entidades do setor público
as características qualitativas da informação contábil, levando em e que sejam utilizados para a prestação de serviços a terceiros. Tais
consideração as restrições sobre a informação incluída nos RCPGs. serviços podem ser para consumo coletivo ou individual. Vários ser-
5.3 Os elementos definidos neste capítulo não se referem aos viços podem ser fornecidos em áreas onde não haja concorrência
itens individuais que são reconhecidos como resultado de transa- de mercado ou concorrência limitada de mercado. A utilização e a
ções e eventos. As subclassificações dos itens individuais dentro de alienação de tais ativos podem ser restritas, já que muitos ativos
um elemento e as agregações de itens são utilizadas para aprimorar que ensejam potencial de serviços são especializados por natureza.
a compreensibilidade das demonstrações contábeis. A apresenta- 5.10 Os benefícios econômicos correspondem a entradas de
ção dos RCPGs é tratada no Capítulo 8, intitulado Apresentação de caixa ou a reduções das saídas de caixa. As entradas de caixa (ou as
Informação no Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades reduções das saídas de caixa) podem derivar, por exemplo:
do Setor Público.

138
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(a) da utilização do ativo na produção e na venda de serviços; Evento passado


ou 5.13 A definição de ativo exige que o recurso controlado pela
(b) da troca direta do ativo por caixa ou por outros recursos. entidade no presente tenha surgido de transação ou outro even-
to passado. Podem existir diversas transações passadas ou outros
Controlado no presente pela entidade eventos que resultem no ganho do controle do recurso pela enti-
5.11 A entidade deve ter o controle do recurso. O controle do dade e, por conseguinte, o caracterize como ativo. As entidades
recurso envolve a capacidade da entidade em utilizar o recurso (ou podem obter ativos por intermédio da sua compra em transação
controlar terceiros na sua utilização) de modo que haja a geração com contraprestação, bem como pelo seu desenvolvimento. Os
do potencial de serviços ou dos benefícios econômicos originados ativos também podem surgir de transações sem contraprestação,
do recurso para o cumprimento dos seus objetivos de prestação de inclusive por meio do exercício dos direitos soberanos. O poder de
serviços, entre outros. tributar ou emitir licenças, acessar, restringir ou negar acesso aos
5.12 Para avaliar se a entidade controla o recurso no presente, benefícios oriundos de recursos intangíveis como, por exemplo, o
deve ser observada a existência dos seguintes indicadores de con- espectro eletromagnético (bandas de frequência de transmissões
trole: de telecomunicações), são exemplos dos poderes específicos do
(a) propriedade legal; setor público e dos direitos que podem dar origem a ativos. Ao se
(b) acesso ao recurso ou a capacidade de negar ou restringir o avaliar o surgimento do direito de controle de recursos, os seguin-
acesso a esses; tes eventos devem ser considerados:
(c) meios que assegurem que o recurso seja utilizado para al- (a) a capacidade geral para exercer o poder;
cançar os seus objetivos; ou (b) a constituição de poder por meio de lei, estatuto ou instru-
(d) a existência de direito legítimo ao potencial de serviços ou mento congênere;
à capacidade para gerar os benefícios econômicos advindos do re- (c) o exercício do poder de criar um direito; e
curso. (d) o evento que dá origem ao direito de receber recursos de
Embora esses indicadores não sejam determinantes conclu- terceiros.
sivos acerca da existência do controle, sua identificação e análise
podem subsidiar essa decisão. O ativo surge quando o poder for exercido e os direitos de re-
5.12A A propriedade legal do recurso, tal como terreno ou ceber recursos existirem.
equipamento, é um dos métodos para se verificar o potencial de
serviços ou os benefícios econômicos de um ativo. No entanto, os Passivo
direitos ao potencial de serviços ou à capacidade de gerar benefí-
cios econômicos podem existir sem que se verifique a propriedade Definição
legal do recurso. Por exemplo, os direitos ao potencial de serviços 5.14 Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento
ou à capacidade de gerar benefícios econômicos por meio da ma- passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da enti-
nutenção e utilização de item patrimonial arrendado são verifica- dade.
dos sem que haja a propriedade legal do próprio item arrendado.
Portanto, a propriedade legal do recurso não é uma característica Obrigação presente
essencial de um ativo. No entanto, a propriedade legal é um indica- 5.15 As entidades do setor público podem ter uma série de
dor de controle. obrigações. Obrigação presente é uma obrigação que ocorre por
5.12B O direito de acesso ao recurso pode fornecer à entidade força de lei (obrigação legal ou obrigação legalmente vinculada) ou
a capacidade para determinar se pode, ou não: uma obrigação que não ocorre por força de lei (obrigação não legal-
(a) utilizar diretamente o potencial de serviços do recurso para mente vinculada), as quais não possam ser evitadas pela entidade.
prestar serviços aos usuários;
(b) trocar o recurso por outro ativo, tal como caixa; ou Saída de recursos da entidade
(c) utilizar o ativo em quaisquer outras maneiras de modo a 5.16 Um passivo deve envolver uma saída de recursos da en-
prestar serviços ou gerar benefícios econômicos. tidade para ser liquidado ou extinto. A obrigação que pode ser li-
quidada ou extinta sem a saída de recursos da entidade não é um
5.12C Enquanto o acesso ao recurso é crucial, existem recur- passivo.
sos aos quais a entidade tem acesso que não dá origem a ativos 5.16A Para os fins desta estrutura conceitual, os termos “liqui-
como, por exemplo, o ar. Portanto, a capacidade de acessar o recur- dado” ou “liquidação” não se confundem com os termos corres-
so precisa ser suplementada pela capacidade de negar ou restringir pondentes utilizados na execução orçamentária, conforme legisla-
o acesso de terceiros ao recurso, por exemplo, (a) a entidade pode ção brasileira sobre orçamento.
decidir se estabelece entrada grátis ao museu ou restringe o aces-
so daqueles que não pagam a taxa, e (b) o governo pode controlar Evento passado
um recurso natural sob o seu território ao qual pode restringir o 5.17 Para satisfazer a definição de passivo, é necessário que a
acesso de terceiros. Demandas legalmente aplicáveis relativas a re- obrigação presente surja como resultado de transação ou de ou-
cursos específicos como, por exemplo, o direito de acesso a uma tro evento passado e necessite da saída de recursos da entidade
rodovia ou o direito de explorar um território na busca por recursos para ser extinta. A complexidade inerente ao setor público faz com
minerais, poderia representar um ativo para o titular. No entanto, que eventos diversos referentes ao desenvolvimento, implantação
a entidade pode ser capaz de acessar o potencial de serviços ou a e execução de determinado programa ou atividade possam gerar
capacidade de gerar benefícios econômicos associados ao recurso obrigações. Para fins de elaboração e divulgação da informação
sem que haja a necessidade de obtenção de direitos jurídicos.

139
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

contábil, é necessário determinar se tais compromissos e obriga- Obrigações não legalmente vinculadas
ções, inclusive aqueles que não possam ser evitados pela entidade, 5.23 Passivos podem surgir de obrigações não legalmente vin-
mas que não ocorrem por força de lei (obrigações não legalmente culadas. Estas se diferenciam das obrigações legais, pois as partes a
vinculadas), são obrigações presentes e satisfazem a definição de quem as obrigações dizem respeito não podem tomar ações legais
passivo. Quando a transação tem forma jurídica e é vinculada, tal para liquidá-las. Obrigações não legalmente vinculadas que geram
como um contrato, o evento passado pode ser identificado de for- passivos têm as seguintes características:
ma inequívoca. Em outros casos, pode ser mais difícil identificar o (a) a entidade indica a terceiros, por meio de um padrão esta-
evento passado e é necessário fazer uma avaliação de quando a en- belecido de práticas passadas, políticas publicadas ou de declaração
tidade tem pouca ou nenhuma alternativa realista de evitar a saída específica, que aceitará certas responsabilidades;
de recursos. Ao se fazer tal avaliação, fatores jurisdicionais devem (b) como resultado de tal indicação, a entidade cria uma ex-
ser levados em consideração pela entidade. pectativa válida da parte de terceiros de que cumprirá com essas
responsabilidades; e
Obrigações legais e não legalmente vinculadas (c) a entidade tem pouca ou nenhuma alternativa realista para
5.18 As obrigações vinculadas podem ser obrigações legais (ou evitar o cumprimento da obrigação gerada a partir dessas respon-
legalmente vinculadas) ou não legalmente vinculadas. As obriga- sabilidades.
ções vinculadas podem originar-se tanto de transações com contra-
prestação quanto de transações sem contraprestação. A obrigação 5.24 No setor público, as obrigações podem surgir em uma sé-
deve estar relacionada a um terceiro para poder gerar um passivo. rie de eventos. Por exemplo, na implementação de programa ou
A entidade não pode obrigar a si mesma, mesmo quando tenha di- serviço, a obrigação pode decorrer:
vulgado publicamente a intenção de se comportar de determinado (a) da realização de promessa política, tal como compromisso
modo. A identificação de terceiros é uma indicação da existência de eleitoral;
obrigação que dá origem a um passivo. Entretanto, não é essencial (b) do anúncio de política; e
saber a identidade dos terceiros antes da época da extinção do pas- (c) da proposta (e aprovação) do orçamento (que podem ser
sivo para que a obrigação presente exista. dois eventos distintos).
5.19 Muitas transações que dão origem à obrigação preveem Os estágios iniciais de implementação não devem dar origem
prazos de liquidação. A existência de prazo de liquidação pode for- a obrigações presentes que atendem à definição de passivo. Fases
necer uma indicação de que a obrigação envolve a saída de recur- posteriores como, por exemplo, requerimentos que cumpram os
sos e origina um passivo. Entretanto, existem muitos contratos ou critérios de elegibilidade para o serviço a ser prestado, pode dar
acordos que não preveem prazos para a liquidação. A ausência de lugar a obrigações que atendem à definição de passivo.
data de liquidação não impede que a obrigação origine um passivo.
5.25 O momento no qual a obrigação dá origem ao passivo
Obrigações legais depende da natureza da obrigação. Os fatores que provavelmente
5.20 Obrigação legal (ou legalmente vinculada) é exigível por irão impactar os julgamentos de que terceiros podem concluir de
força de lei. Tais obrigações exigíveis podem advir de uma série de maneira válida que a obrigação é tal que a entidade tem pouca ou
dispositivos legais. Transações com contraprestação normalmente nenhuma alternativa realista de evitar a saída de recursos incluem:
são de natureza contratual e, portanto, exigíveis por meio do direi- (a) a natureza do evento ou eventos passados que dão origem
to contratual ou equivalente. Para alguns tipos de transações sem à obrigação. Por exemplo, a promessa feita em eleição é improvável
contraprestação, é necessário julgamento profissional para se de- que dê origem a uma obrigação presente, porque uma promessa
terminar se a obrigação é exigível por força de lei. Quando for defi- eleitoral raramente cria uma expectativa válida por parte de tercei-
nido que a obrigação é exigível por força de lei, não há dúvida que ros de que a entidade tem obrigação que tem pouca ou nenhuma
a entidade não tem realisticamente alternativa alguma para evitar a alternativa realista para evitar o seu cumprimento. No entanto, um
obrigação e que, consequentemente, o passivo existe. anúncio em relação a evento ocorrido pode ter apoio político tal
5.21 Algumas obrigações relacionadas a transações com con- que o governo não possa se desobrigar de cumpri-lo. Onde o gover-
traprestação não são rigorosamente exigíveis por terceiros na data no se comprometeu a introduzir e a assegurar a dotação orçamen-
de apresentação das informações contábeis, mas serão exigíveis no tária necessária, tal anúncio pode dar origem a uma obrigação não
transcurso do tempo sem que terceiros tenham que satisfazer ou- legalmente vinculada;
tras condições - ou ter que realizar qualquer outra ação - antes da (b) a capacidade da entidade em modificar ou alterar a obri-
liquidação. gação antes que ela se cristalize. Por exemplo, o anúncio de uma
As demandas que são exigíveis incondicionalmente em razão política geralmente não vai dar origem a uma obrigação não legal-
do transcurso do tempo são obrigações exigíveis no contexto da de- mente vinculada, que não possa ser modificada antes de ser imple-
finição de passivo. mentada. Da mesma forma, se a obrigação depende da ocorrência
5.22 O poder soberano é a autoridade maior do governo para de eventos futuros, pode haver discernimento para evitar a saída de
fazer, aditar e vetar os dispositivos legais. A existência do poder so- recursos antes de ocorrerem esses eventos; e
berano não é uma condição para se concluir que a obrigação não (c) pode haver uma correlação entre a disponibilidade de fun-
satisfaz a definição de passivo conforme esta estrutura conceitual. dos para liquidar uma obrigação particular e a criação de uma obri-
A situação jurídica deve ser avaliada a cada apresentação da infor- gação presente. Por exemplo, quando a despesa orçamentária foi
mação contábil para determinar se a obrigação deixa de ser vincu- aprovada e seu financiamento vinculado é assegurado por meio
lada e de satisfazer a definição de passivo. de apropriação, quando há disponibilidade de financiamento para

140
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

uma contingência ou quando há transferência de nível diferente de 5.34 Distribuição aos proprietários corresponde a saída de re-
governo, a obrigação não legalmente vinculada pode existir. No en- cursos da entidade a título de distribuição a partes externas, que
tanto, a ausência de dotação orçamentária própria não significa que representa retorno sobre a participação ou a redução dessa partici-
a obrigação presente não surgiu. pação no patrimônio líquido da entidade.
5.26 “Coerção econômica”, “necessidade política” ou outras 5.35 É importante distinguir os conceitos de despesa e receita
circunstâncias podem criar situações em que, apesar de o setor pú- dos conceitos de distribuição aos proprietários e contribuição dos
blico não ser legalmente obrigado a incorrer na saída de recursos, proprietários, inclusive as entradas que estabelecem inicialmente
as consequências políticas ou econômicas de não as atender são suas participações na entidade. Além do aporte de recursos e do
tão significativas que não deixam alternativa à entidade a não ser a pagamento de dividendos que podem ocorrer, é relativamente co-
de despender recursos para liquidá-las. mum que ativos e passivos sejam transferidos entre entidades do
setor público. Sempre que tais transferências satisfizerem as defini-
Situação patrimonial líquida, outros recursos e outras obriga- ções de contribuição dos proprietários ou de distribuição aos pro-
ções prietários, elas devem ser contabilizadas como tal.
5.27 Conforme o item 5.4, em alguns casos, ao se desenvolver 5.36 As participações dos proprietários podem surgir na cria-
ou revisar uma NBC TSP, pode-se determinar que, para alcançar os ção da entidade quando outra entidade contribui com recursos
objetivos da informação contábil, o recurso ou a obrigação que não para dar à nova entidade a capacidade de iniciar suas operações.
satisfaça a definição de elemento definido nesta estrutura concei- No setor público, as contribuições ou as distribuições de recursos
tual precise ser reconhecido nas demonstrações contábeis. Nesses são, algumas vezes, relacionadas à reestruturação do governo e
casos, as NBCs TSP podem exigir ou permitir que esses recursos ou irão tomar a forma de transferências de ativos e passivos em vez de
obrigações sejam reconhecidos como outros recursos ou outras transações em espécie. As participações dos proprietários podem
obrigações, os quais são itens adicionais aos seis elementos defini- tomar diferentes formas, podendo não ser evidenciadas por meio
dos nesta estrutura conceitual. de instrumento de capital próprio.
5.28 A situação patrimonial líquida é a diferença entre os ativos 5.37 A contribuição dos proprietários pode tomar a forma de
e os passivos após a inclusão de outros recursos e a dedução de aporte inicial de recursos na criação da entidade ou de aporte de
outras obrigações, reconhecida na demonstração que evidencia a recursos subsequente, inclusive quando da reestruturação da en-
situação patrimonial como patrimônio líquido. A situação patrimo- tidade.
nial líquida pode ser um montante residual positivo ou negativo. Já a distribuição aos proprietários pode ser: (a) o retorno sobre
investimento;
Receita e despesa (b) o retorno total ou parcial de investimentos; ou (c) no caso
5.29 Receita corresponde a aumentos na situação patrimonial da extinção ou reestruturação da entidade, o retorno de qualquer
líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietá- recurso residual.
rios.
5.30 Despesa corresponde a diminuições na situação patrimo- CAPÍTULO 6 - RECONHECIMENTO NAS DEMONSTRAÇÕES
nial líquida da entidade não oriundas de distribuições aos proprie- CONTÁBEIS
tários.
5.31 Receitas e despesas originam-se de transações com con- Critérios de reconhecimento e sua relação com a evidenciação
traprestação e sem contraprestação, de outros eventos, tais como: 6.1 Este capítulo identifica os critérios que devem ser satisfei-
aumentos e decréscimos não realizados de ativos e passivos; do tos para que um elemento seja reconhecido nas demonstrações
consumo dos ativos por meio da depreciação; e da redução do po- contábeis. O reconhecimento é o processo de incorporar e de in-
tencial de serviços e da capacidade de gerar benefícios econômi- cluir um item, expresso em valores a serem demonstrados no corpo
cos por meio da redução ao valor recuperável. Receitas e despesas da demonstração contábil apropriada, que satisfaça a definição de
podem ser originadas de transações individuais ou de grupos de elemento e possa ser mensurado de maneira que observe as carac-
transações. terísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre
a informação incluída nos RCPGs.
Superávit ou déficit do exercício 6.2 O item deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis
5.32 O superávit ou o déficit da entidade para o exercício é a di- quando:
ferença entre as receitas e as despesas que constam na demonstra- (a) satisfizer a definição de elemento; e
ção que evidencia o desempenho das entidades do setor público. (b) puder ser mensurado de maneira que observe as caracte-
rísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre a
Contribuição dos proprietários e distribuição aos proprietá- informação incluída nos RCPGs.
rios
5.33 Contribuição dos proprietários corresponde a entrada de 6.3 Todos os itens que satisfaçam os critérios de reconhecimen-
recursos para a entidade a título de contribuição de partes exter- to são inseridos nas demonstrações contábeis. Em algumas circuns-
nas, que estabelece ou aumenta a participação delas no patrimônio tâncias, determinada NBC TSP pode também especificar que, para
líquido da entidade. alcançar os objetivos da elaboração e da divulgação da informação
contábil, um recurso ou obrigação que não satisfaça a definição
de elemento deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis
desde que possa ser mensurado de maneira que satisfaça as ca-

141
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

racterísticas qualitativas e as restrições sobre a informação incluída elemento, mas nem todas. A evidenciação pode também fornecer
nos RCPGs. Outros recursos e outras obrigações são discutidos no informação sobre os itens que satisfazem a definição de elemen-
Capítulo 5. to, mas que não podem ser mensurados de maneira que satisfa-
6.4 O reconhecimento envolve a avaliação da incerteza relacio- ça suficientemente as características qualitativas e ir de encontro
nada à existência e à mensuração do elemento. As condições que aos objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil.
dão origem à incerteza, se existirem, podem mudar. Portanto, é im- A evidenciação é apropriada quando o conhecimento sobre o item
portante que a incerteza seja avaliada em cada data de divulgação é considerado relevante para a avaliação da situação patrimonial
do relatório. líquida da entidade e, portanto, satisfaz os objetivos da elaboração
e divulgação da informação contábil.
Definição de elemento
6.5 Para ser reconhecido como elemento, o item precisa satis- Desreconhecimento
fazer a definição de um dos elementos descritos no Capítulo 5. A 6.10 O desreconhecimento é o processo de avaliar se ocorre-
incerteza sobre a existência de elemento é examinada ao conside- ram mudanças, desde a data do relatório anterior, que justifiquem
rar a evidência disponível para emitir julgamento neutro sobre se a remoção de elemento que tenha sido previamente reconhecido
o item satisfaz todas as características essenciais da definição de nas demonstrações contábeis, bem como remover esse item se tais
elemento, considerando todos os fatos e circunstâncias disponíveis mudanças ocorrerem. Ao se avaliar a incerteza sobre a existência
na data do relatório. do elemento, os mesmos critérios devem ser utilizados para o des-
6.6 Caso se determine que o elemento, de fato, existe, a incer- reconhecimento, tais como aqueles utilizados no reconhecimento
teza sobre o montante do potencial de serviços ou da capacidade inicial.
de gerar benefícios econômicos representados por ele deve ser le-
vado em consideração na sua mensuração (ver itens 6.7 e 6.8). Os CAPÍTULO 7 - MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS NAS DE-
responsáveis pela elaboração dos RCPGs revisam e avaliam toda a MONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
evidência disponível ao determinarem se o elemento existe e deve
ser reconhecido, se aquele elemento continua a se qualificar para o Introdução
reconhecimento (ver item 6.9), ou se houve mudança em elemento 7.1 Este capítulo identifica os conceitos que orientam a seleção
existente. das bases de mensuração de ativos e passivos para as NBCs TSP e
pelos responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis
Incerteza quanto à mensuração quando não existirem regramentos específicos constantes das NBCs
6.7 Para se reconhecer um item nas demonstrações contábeis, TSP.
é necessário atribuir um valor monetário a ele. Isso requer escolher
a base de mensuração apropriada e determinar se a mensuração do Objetivo da mensuração
item cumpre as características qualitativas, levando-se em conside- 7.2 O objetivo da mensuração é selecionar bases que reflitam
ração as restrições acerca da informação nos RCPGs, inclusive que de modo mais adequado o custo dos serviços, a capacidade opera-
a mensuração seja suficientemente relevante e fidedignamente re- cional e a capacidade financeira da entidade de forma que seja útil
presentativa para o item a ser reconhecido nas demonstrações con- para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e
tábeis. A seleção da base de mensuração adequada é considerada tomada de decisão.
no Capítulo 7. 7.3 A seleção da base de mensuração para ativos e passivos
6.8 Pode haver incerteza associada à mensuração de montantes contribui para satisfazer aos objetivos da elaboração e divulgação
apresentados nas demonstrações contábeis. O uso de estimativas é da informação contábil pelas entidades do setor público ao forne-
parte essencial da contabilidade sob o regime de competência. cer informação que possibilita os usuários avaliarem:
Uma decisão acerca da relevância e da representação fidedig- (a) o custo dos serviços prestados no período, em termos his-
na da mensuração envolve a consideração de técnicas como, por tóricos ou atuais;
exemplo, utilizar intervalos de resultados e estimativas pontuais, (b) a capacidade operacional - a capacidade da entidade em
e se uma evidência adicional sobre as circunstâncias econômicas dar suporte à prestação de serviços no futuro por meio de recursos
existentes na data do relatório está disponível. A evidenciação pode físicos e outros; e
fornecer informação útil sobre as técnicas de estimativa emprega- (c) a capacidade financeira - a capacidade da entidade em fi-
das. Pode haver raras circunstâncias nas quais o nível de incerteza nanciar as suas próprias atividades.
em um único ponto da estimativa é tão grande que a relevância e 7.4 A seleção da base de mensuração também pressupõe a
a representação fidedigna da medida utilizada são questionáveis, avaliação do grau de observância das características qualitativas
mesmo que haja a evidenciação das técnicas de estimativa utiliza- enquanto considera as restrições sobre a informação nos RCPGs.
das. Nessas circunstâncias, o item não deve ser reconhecido.
Bases de mensuração e sua seleção.
Evidenciação e reconhecimento 7.5 No nível de estrutura conceitual, não é possível identificar
6.9 A falha ao se reconhecer itens que satisfazem a definição de uma única base de mensuração que melhor atenda ao objetivo
elemento e os critérios de reconhecimento utilizados não é convali- da mensuração. Portanto, a estrutura conceitual não propõe uma
dada pela evidenciação das políticas contábeis, notas ou outro deta- única base de mensuração (ou a combinação de bases de mensu-
lhe explicativo. Contudo, a evidenciação pode fornecer informação
sobre os itens que satisfazem muitas características que definem o

142
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ração) para todas as transações, eventos e condições. A estrutura Medidas específicas e não específicas para a entidade
conceitual fornece orientação na seleção da base de mensuração 7.11 As medidas podem ser também classificadas conforme o
para ativos e passivos. fato de serem ou não específicas para a entidade. As bases de men-
7.6 As seguintes bases de mensuração para os ativos são identi- suração que são específicas para a entidade refletem as restrições
ficadas e discutidas à luz da informação que fornecem sobre o custo de cunho econômico ou político presentes que afetam as utiliza-
de serviços prestados, a capacidade operacional e a capacidade fi- ções possíveis de ativo e a extinção de passivo. As medidas especí-
nanceira da entidade, além da extensão na qual fornecem informa- ficas para a entidade podem refletir as oportunidades econômicas
ção que satisfaça as características qualitativas: que não estão disponíveis para outras entidades e os riscos que não
(a) custo histórico; são vivenciados por estas. As medidas não específicas para a enti-
(b) valor de mercado; dade refletem as oportunidades e os riscos gerais de mercado. A
(c) custo de reposição ou substituição; decisão de se utilizar ou não uma medida específica para a entidade
(d) preço líquido de venda; é tomada com base no objetivo da mensuração e nas características
(e) valor em uso. qualitativas.

7.7 As seguintes bases de mensuração dos passivos são identi- Nível de agregação ou desagregação para fins de mensuração
ficadas e discutidas à luz (a) da informação que fornecem sobre o 7.12 Para apresentar os ativos e os passivos nas demonstrações
custo dos serviços prestados, da capacidade operacional e da capa- contábeis de modo a fornecer a informação que melhor satisfaça
cidade financeira da entidade, e (b) da extensão na qual fornecem o objetivo da mensuração e a observar as características qualita-
informação que satisfaça as características qualitativas: tivas pode ser necessário agregá-los ou desagregá-los para fins de
(a) custo histórico; mensuração. Os custos são comparados com os benefícios para se
(b) custo de cumprimento da obrigação; avaliar se tal agregação ou desagregação é apropriada.
(c) valor de mercado;
(d) custo de liberação; e Bases de mensuração para os ativos
(e) preço presumido.
Custo histórico
Valores de entrada e de saída 7.13 Custo histórico de um ativo é a importância fornecida para
7.8 As bases de mensuração podem fornecer valores de entra- se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou
da e valores de saída. Para o ativo, os valores de entrada refletem equivalentes de caixa ou o valor de outra importância fornecida à
o custo da compra. O custo histórico e o custo de reposição são época de sua aquisição ou desenvolvimento.
valores de entrada. Os valores de saída refletem os benefícios eco- 7.14 Custo histórico é o valor de entrada, específico para a enti-
nômicos da venda e também o montante que será obtido com a uti- dade. No modelo do custo histórico, os ativos devem ser inicialmen-
lização do ativo. Em economia diversificada, os valores de entrada e te reconhecidos pelo custo incorrido na sua aquisição. Subsequen-
saída diferem à medida que as entidades, normalmente: temente ao reconhecimento inicial, esse custo pode ser alocado
(a) adquirem ativos concebidos para suas particularidades ope- como despesa do exercício na forma de depreciação ou amortiza-
racionais para as quais outros participantes do mercado não esta- ção para determinados ativos, à medida que o potencial de serviços
riam dispostos a pagar valor semelhante; e ou a capacidade de gerar benefícios econômicos fornecidos por tais
(b) incorrem em custos de transação na aquisição. ativos são consumidos durante a sua vida útil. Após o reconheci-
mento inicial, a mensuração de ativo não é alterada para refletir as
7.9 As bases de mensuração para o passivo também podem mudanças nos preços ou aumentos no valor do ativo.
ser classificadas em termos de valores de entrada ou de saída. Os 7.15 No modelo do custo histórico, o montante do ativo pode
valores de entrada se relacionam à transação na qual a obrigação ser reduzido ao se reconhecer a redução ao valor recuperável. O
é contraída ou ao montante que a entidade aceitaria para assumir referido ajuste corresponde à extensão na qual o potencial de ser-
um passivo. Os valores de saída refletem o montante exigido para viços ou a capacidade de gerar benefícios econômicos fornecidos
cumprir a obrigação ou o montante exigido para liberar a entidade por ativo diminuiu devido às mudanças nas condições econômicas
da obrigação. ou em outras condições, as quais são distintas do seu consumo. Isso
envolve avaliações da capacidade de recuperação. Por outro lado,
Medidas observáveis e não observáveis o montante do ativo pode ser aumentado para refletir o custo das
7.10 Determinadas medidas podem ser classificadas como sen- adições e aprimoramentos (excluindo aumentos de preço para os
do ou não observáveis em mercado aberto, ativo e organizado. As ativos sem melhorias) ou outros eventos como, por exemplo, o in-
medidas observáveis em mercado são, provavelmente, mais fáceis cremento do valor de face de ativo financeiro.
de serem compreendidas e verificadas do que as medidas não ob-
serváveis. Custo dos serviços
Elas também podem representar mais fielmente os fenômenos 7.16 Quando o custo histórico for utilizado, o custo dos serviços
que estejam mensurando. reflete o montante dos recursos gastos para se adquirir ou desen-
volver ativos consumidos na prestação de serviços. Normalmente,
o custo histórico fornece um elo direto com as transações que, de
fato, foram realizadas pela entidade. Como os custos utilizados são

143
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

aqueles trazidos de exercícios anteriores sem ajuste pelas mudan- 7.20 A informação do custo histórico é comparável na extensão
ças do preço, eles não refletem o custo dos ativos quando consu- em que os ativos tenham a mesma data de aquisição ou data simi-
midos. lar. Como o custo histórico não reflete o impacto das mudanças do
Na medida em que o custo dos serviços é evidenciado utilizan- preço, não é possível comparar os montantes dos ativos que foram
do-se preços passados, a informação fornecida pelo custo histórico adquiridos em épocas distintas quando os preços variarem signifi-
não irá facilitar a avaliação do custo futuro de prestação de serviços cativamente.
caso as mudanças no valor cumulativo desde a sua aquisição sejam 7.21 Em determinadas circunstâncias, a aplicação do custo his-
significativas. tórico pressupõe o uso de alocações, por exemplo, quando:
(a) vários ativos são adquiridos em uma única transação;
Capacidade operacional (b) os ativos são construídos pela própria entidade e os custos
7.17 Caso o ativo tenha sido adquirido em transação com con- operacionais e outros gastos têm que ser atribuídos; e
traprestação, o custo histórico fornece informação sobre os recur- (c) a utilização de método de mensuração, tal como o primeiro
sos disponíveis para a prestação de serviços no futuro, baseada no a entrar é o primeiro a sair (PEPS), é necessária quando vários ativos
seu custo de aquisição. À época em que o ativo é comprado ou de- semelhantes são mantidos. Na medida em que tais alocações forem
senvolvido, pode-se assumir que o valor do seu potencial de servi- arbitrárias, faz com que se reduza a extensão na qual a mensuração
ços para a entidade é igual ou maior do que o custo da aquisição. atende às características qualitativas.
Quando a depreciação ou amortização é reconhecida, ela re-
flete a extensão na qual o potencial de serviços do ativo foi con- Mensurações a valor corrente
sumido. A informação do custo histórico mostra que os recursos 7.22 As mensurações a valor corrente refletem o ambiente eco-
disponíveis para serviços futuros são equivalentes ao montante no nômico vigente na data de apresentação do relatório.
qual foram evidenciados. 7.23 Existem quatro bases de mensuração a valor corrente para
Os aumentos no valor do ativo não são refletidos no modelo os ativos:
do custo histórico. Caso o ativo tenha sido adquirido em transação (a) valor de mercado;
sem contraprestação, o valor da transação não fornece informação (b) custo de reposição ou substituição;
sobre a capacidade operacional. (c) preço líquido de venda; e
(d) valor em uso.
Capacidade financeira
7.18 O montante no qual os ativos são apresentados nas de- Valor de mercado
monstrações contábeis auxilia na avaliação da capacidade financei- 7.24 Valor de mercado para ativos é o montante pelo qual um
ra. ativo pode ser trocado entre partes cientes e dispostas, em transa-
O custo histórico pode fornecer informação sobre o montante ção sob condições normais de mercado.
dos ativos que pode ser utilizado como garantia efetiva para em- 7.25 Na aquisição, o valor de mercado e o custo histórico são os
préstimos. mesmos, caso os custos da transação sejam ignorados e a transação
A avaliação da capacidade financeira também exige informação seja uma transação com contraprestação. A extensão na qual o va-
sobre o montante que poderia ser recebido pela venda do ativo e lor de mercado satisfaz os objetivos da elaboração e divulgação da
reinvestido em outros ativos para fornecer serviços diferentes. informação contábil e as necessidades de informação dos usuários
O custo histórico não fornece essa informação quando é signi- depende, parcialmente, da qualidade das evidências do mercado.
ficativamente diferente dos valores de saída atuais. Essas, por sua vez, dependem das características do mercado no
qual o ativo é comercializado. O valor de mercado é especialmente
Aplicação das características qualitativas apropriado quando se julga que a diferença entre os valores de en-
7.19 Os itens 7.16 a 7.18 explicam as áreas nas quais o cus- trada e de saída provavelmente não será significativa ou o ativo é
to histórico fornece informação relevante em termos do seu valor mantido com a intenção de ser vendido.
confirmatório ou preditivo. Frequentemente, a aplicação do custo 7.26 Em princípio, os valores de mercado fornecem informa-
histórico é direta, porque a informação da transação está disponível ção útil porque refletem, de maneira adequada, o valor do ativo
prontamente. Como resultado, os montantes derivados do modelo para a entidade. Em mercado aberto, ativo e organizado (ver item
do custo histórico são, geralmente, representações fidedignas na 7.28), o ativo não pode valer menos do que o valor de mercado,
medida em que representam o que pretendem representar, isto é, uma vez que a entidade pode obter esse montante pela venda, e o
o custo de se adquirir ou desenvolver um ativo baseado nas tran- ativo também não pode valer mais do que o valor de mercado, uma
sações efetivamente ocorridas. As estimativas de depreciação e re- vez que a entidade pode obter potencial de serviços equivalente ou
dução ao valor recuperável utilizadas no modelo do custo histórico, capacidade de gerar benefícios econômicos pela compra do mesmo
particularmente para ativos não geradores de caixa, podem afetar ativo.
a fidedignidade da representação da informação. Pelo fato da apli- 7.27 A utilidade dos valores de mercado é mais questionável
cação do custo histórico geralmente refletir os recursos consumidos quando não se observa a premissa de que os mercados são abertos,
com referência às transações efetivamente ocorridas, as medidas ativos e organizados. Em tais circunstâncias, não se pode presumir
dessa aplicação são verificáveis, compreensíveis e podem ser ela- que o ativo possa ser vendido pelo mesmo valor pelo qual ele pode
boradas em tempo hábil. ser adquirido e é necessário determinar se o valor de saída ou de
entrada é a medida mais útil. Os valores de mercado baseados em
valores de saída são úteis para ativos que são mantidos para co-

144
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

mercialização como, por exemplo, certos instrumentos financeiros, Consequentemente, pode haver pouca relevância nas infor-
mas pode não ser útil para ativos operacionais especializados. Além mações de resultados decorrentes de saídas baseadas em valores
disso, enquanto a compra de um ativo fornece evidência de que o de mercado.
valor do ativo para a entidade é, pelo menos, tão grande quanto o 7.32 Conforme observado no item 7.30, a receita da presta-
seu preço de compra, os fatores operacionais podem significar que ção de serviços evidenciada nas demonstrações contábeis deve ser
o valor para a entidade pode ser maior. Desse modo, os valores de mensurada com base nos valores correntes no exercício. Assim, o
mercado podem não refletir o valor do ativo para a entidade, repre- superávit ou o déficit do período inclui movimentações de valores
sentado pela sua capacidade operacional. que acontecem durante o período no qual os ativos e passivos são
mantidos e nenhum resultado é evidenciado na venda do ativo.
Valores de mercado em mercado aberto, ativo e organizado Quando o ativo é comercializado em mercado aberto, ativo e or-
7.28 Os mercados abertos, ativos e organizados têm as seguin- ganizado, a existência do mercado fornece segurança à entidade
tes características: para constatar o valor de mercado (e nada além disso) à data do
(a) não existem barreiras que impeçam a entidade de realizar relatório. Portanto, é desnecessário adiar o reconhecimento das
transações no mercado; mudanças no valor até que o ganho seja realizado no ato da venda.
(b) eles são mercados ativos e, assim, há frequência e volume Contudo, quando os ativos utilizados para prestar serviços não são
suficientes de transações para fornecer informação sobre o valor; e comercializados em mercados abertos, ativos e organizados (ou em
(c) eles são organizados, com compradores e vendedores bem mercados assemelhados), a relevância da receita e da despesa rela-
informados, agindo sem impulsos, de modo a haver garantia de im- cionadas às mudanças no valor de mercado é questionável.
parcialidade na determinação dos preços correntes, inclusive que
os preços não representem vendas precipitadas. Capacidade operacional
Mercado organizado é aquele que funciona de maneira con- 7.33 A informação sobre o valor de mercado dos ativos manti-
fiável, segura, precisa e eficiente. Tais mercados lidam com ativos dos para prestar serviços futuros é útil se refletir o valor que a enti-
que são idênticos e, portanto, mutuamente intercambiáveis como, dade é capaz de obter deles ao utilizá-los na prestação de serviços.
por exemplo, commodities, moedas e títulos em que os preços são Entretanto, se o valor de mercado baseado em valores de saída
públicos. for significativamente menor do que o custo histórico, o valor de
Na prática, poucos mercados, se houver, exibem plenamente mercado é provavelmente menos relevante do que o custo históri-
todas essas características, mas alguns poderão se aproximar de co para fornecer informação sobre a capacidade operacional. Além
mercado organizado tal como descrito. disso, esse valor de mercado também é provavelmente menos re-
levante do que as medidas correntes baseadas em valores de en-
Valores de mercado em que os mercados não podem ser con- trada.
siderados abertos, ativos e organizados
7.29 Os mercados de ativos que sejam únicos e raramente co- Capacidade financeira
mercializados não são abertos, ativos e organizados, ou seja, quais- 7.34 A avaliação da capacidade financeira requer a informação
quer compras e vendas são negociadas individualmente e pode ha- sobre o montante que deveria ser recebido na venda do ativo. Essa
ver grande amplitude de valores pelos quais uma transação pode informação é fornecida pelo valor de mercado.
ser acordada. Portanto, os participantes incorrem em custos signi-
ficativos para comprar ou vender um ativo. Em tais circunstâncias, Aplicação das características qualitativas
é necessário utilizar uma estimativa do valor de venda, à data de 7.35 Os valores determinados em mercados abertos, ativos
mensuração e conforme as condições presentes de mercado. e organizados podem ser prontamente utilizados para fins de ela-
boração e divulgação da informação contábil. Nesses casos, a in-
Custos dos serviços formação irá satisfazer as características qualitativas, isto é, é rele-
7.30 A receita da prestação de serviços evidenciada nas de- vante, fidedignamente representada, compreensível, comparável e
monstrações contábeis deve ser mensurada com base nos valores verificável. Em tais condições de mercado, os valores de entrada e
relativos ao exercício. Caso os ativos utilizados para prestar os servi- de saída podem ser assumidos como sendo os mesmos ou muito
ços sejam mensurados pelo valor de mercado, a alocação do custo semelhantes. Pelo fato de ser em tempo hábil, tal informação, pro-
dos ativos para refletir o seu consumo no período se baseia nele. vavelmente, também é tempestiva.
7.31 A utilização de valores do mercado permite que o retorno 7.36 A extensão na qual os valores de mercado satisfazem as
sobre os ativos seja determinado. Contudo, as entidades do setor características qualitativas diminui na medida em que a qualidade
público normalmente não realizam atividades com o objetivo prin- das evidências de mercado diminui e a determinação de tais valo-
cipal de gerar lucros, e os serviços, com frequência, são prestados res é baseada em estimativas. Conforme indicado acima, os valores
por meio de transações sem contraprestação ou em condições sub- de mercado baseados em valores de saída somente são relevantes
sidiadas. para avaliações da capacidade financeira e, não, para as avaliações
dos custos dos serviços e da capacidade operacional.

145
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Custo de reposição ou substituição entidade é capaz de restaurar a sua posição para aquela imedia-
7.37 Custo de reposição ou substituição é o custo mais econô- tamente anterior ao consumo do ativo pelo desembolso igual ao
mico exigido para a entidade substituir o potencial de serviços de custo de reposição.
ativo (inclusive o montante que a entidade recebe a partir de sua 7.44 Os custos dos serviços devem ser evidenciados em ter-
alienação ao final da sua vida útil) na data do relatório. mos presentes quando baseados no custo de reposição. Assim, o
7.38 O custo de reposição difere do valor de mercado porque: montante do ativo consumido deve ser reconhecido pelo valor dos
(a) no contexto do setor público, é, explicitamente, um valor de ativos à época em que foram consumidos - e não na época em que
entrada que reflete o custo de reposição do potencial de serviços foram adquiridos, como custo histórico. Isso fornece uma base vá-
do ativo; lida para a comparação entre o custo dos serviços e o montante de
(b) inclui todos os custos que seriam, necessariamente, incorri- tributos e outras receitas recebidos no período - os quais são ge-
dos na reposição do potencial de serviços do ativo; e ralmente as transações do período atual e mensuradas aos valores
(c) é específico à entidade e, portanto, reflete a posição eco- atuais - e para avaliar se os recursos foram utilizados com economi-
nômica da entidade em vez da posição predominante em mercado cidade e eficiência.
hipotético. Por exemplo, o custo de reposição de veículo é menor Fornece também uma base útil para comparação com outras
para a entidade que normalmente adquire grande número de veí- entidades que evidenciam na mesma base, já que os valores do ati-
culos em uma única transação e é capaz de negociar descontos do vo não são afetados pelas diferentes datas de aquisição, além de
que para a entidade que compra os veículos individualmente. possibilitar a avaliação do custo de se prestar serviços futuros e das
7.39 Como as entidades normalmente adquirem os seus ativos necessidades futuras de recursos, já que os custos futuros prova-
pelo meio mais econômico disponível, o custo de reposição reflete velmente serão mais assemelhados aos custos presentes do que
o processo de compra ou de construção que a entidade geralmente aqueles incorridos no passado, quando os valores eram diferentes
observa. O custo de reposição reflete a substituição do potencial de (ver também o item 7.48).
serviços no curso normal das operações e, não, os custos que pode-
riam ser incorridos caso surgisse a necessidade urgente resultante Capacidade operacional
de evento imprevisível, tal como um incêndio. 7.45 Em princípio, o custo de reposição fornece uma medida
7.40 O custo de reposição corresponde ao custo para substi- útil dos recursos disponíveis para prestar os serviços no futuro, uma
tuir o potencial de serviços do ativo. O custo de reposição adota vez que está centrado no valor atual dos ativos e o seu potencial de
a abordagem otimizada e difere do custo de reprodução, que é o serviços para a entidade.
custo de se adquirir um ativo idêntico. Ainda que, em muitos ca-
sos, a substituição mais econômica do potencial de serviços corres- Capacidade financeira
ponda à compra de ativo semelhante ao que é controlado, o custo 7.46 O custo de reposição não fornece informação sobre os
de reposição se baseia em ativo alternativo caso forneça o mesmo montantes que seriam recebidos na venda de ativos. Portanto, não
potencial de serviços, com custo menor. Para os fins da informação facilita a avaliação da capacidade financeira.
contábil, portanto, é necessário evidenciar a diferença no potencial
de serviços entre o ativo existente e o ativo substituto. Aplicação das características qualitativas
7.41 O potencial de serviços apropriado é aquele no qual a en- 7.47 Conforme observado anteriormente, o custo de reposição
tidade seja capaz de utilizar ou espera utilizar, tendo em vista a ne- é relevante para avaliações do custo dos serviços e da capacidade
cessidade de se manter capacidade de serviços suficiente para lidar operacional, mas não é relevante para avaliações da capacidade
com as contingências. Dessa maneira, o custo de reposição do ativo financeira. Em algumas circunstâncias, o cálculo do custo de repo-
reflete a redução na capacidade de serviço exigida. Por exemplo, sição é complexo e exige opiniões subjetivas. Esses fatores podem
se a entidade possui uma escola que comporte quinhentos alunos, reduzir a representação fidedigna do custo de reposição. Nesse
mas, devido a mudanças demográficas desde a sua construção, seja contexto, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade
adequada uma escola para cem alunos para as necessidades atuais da informação elaborada com base no custo de reposição podem
e razoavelmente requeridas, o custo de reposição do ativo é aquele ser afetadas e o custo de reposição pode ser mais dispendioso do
de uma escola para cem alunos. que outras alternativas. A informação do custo de reposição pode
7.42 Em alguns casos, o valor a ser obtido do ativo será maior também não ser de compreensão direta, especialmente quando a
do que o seu custo de reposição. Contudo, não seria apropriado informação reflete a redução na capacidade de serviços exigida (ver
mensurar o ativo por aquele valor, uma vez que ele inclui os be- item 7.41).
nefícios das atividades futuras, em vez do potencial de serviços na 7.48 A informação do custo de reposição é comparável dentro
data do relatório. O custo de reposição representa o maior valor da entidade quando os ativos que fornecem potencial de serviços
potencial do ativo, já que, por definição, a entidade deve ser capaz equivalentes são informados em montantes semelhantes, inde-
de assegurar o potencial de serviços equivalente ao incorrer no cus- pendentemente de quando tiverem sido adquiridos. Em princípio,
to de reposição. entidades diferentes podem evidenciar ativos semelhantes em
montantes diferentes porque o custo de reposição é uma medida
Custo dos serviços específica que reflete as oportunidades de substituição que estão
7.43 O custo de reposição fornece uma medida relevante do disponíveis para a entidade. As oportunidades de substituição po-
custo de prestação de serviços. O custo de consumo do ativo é equi- dem ser as mesmas ou semelhantes para diferentes entidades do
valente ao montante do sacrifício do potencial de serviços incorrido setor público. Quando são diferentes, a vantagem econômica da en-
por essa utilização. Esse montante é o seu custo de reposição - a tidade que é capaz de adquirir o ativo de forma menos dispendiosa

146
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

é evidenciada nas demonstrações contábeis por meio de valores Para os ativos mais importantes, pode ser possível obter, com
mais baixos dos ativos e de menor custo de serviços, de modo a ser custo benefício razoável, avaliações de profissionais. O preço líqui-
uma representação fidedigna. do de venda geralmente fornece informação compreensível.
7.57 Na maioria dos casos em que é relevante, o preço líquido
Preço líquido de venda de venda cumpre as características qualitativas da representação
7.49 Preço líquido de venda é o montante que a entidade pode fidedigna, da verificabilidade e da tempestividade.
obter com a venda do ativo após deduzir os gastos para a venda.
7.50 O preço líquido de venda é diferente do valor de mercado, Valor em uso
uma vez que não exige mercado aberto, ativo e organizado ou esti- 7.58 Valor em uso é o valor presente, para a entidade, do po-
mativa de preço em tal mercado e que inclua os gastos para a venda tencial de serviços ou da capacidade de gerar benefícios econômi-
da entidade. Portanto, o preço líquido de venda reflete as restrições cos remanescentes do ativo, caso este continue a ser utilizado, e do
na venda e é específico à entidade. valor líquido que a entidade receberá pela sua alienação ao final da
7.51 A utilidade potencial de mensurar ativos pelo preço líqui- sua vida útil.
do de venda é que o ativo não pode valer menos para a entidade
do que o montante que ela poderia obter na venda do ativo. Entre- Adequação do valor em uso
tanto, não é apropriado como base de mensuração se a entidade 7.59 O valor em uso é um valor específico à entidade que refle-
for capaz de utilizar os seus recursos de maneira mais eficiente ao te o montante que pode ser obtido do ativo por meio da sua opera-
empregar o ativo de outra maneira, por exemplo, ao utilizá-lo na ção e de sua alienação ao final da sua vida útil. Como observado no
prestação de serviços. item 7.42, o valor que deriva do ativo é, muitas vezes, maior do que
7.52 O preço líquido de venda é útil, portanto, quando o em- seu custo de reposição - normalmente é, também, maior do que o
prego mais eficiente para a entidade, sob o ponto de vista dos re- seu custo histórico.
cursos, for vender o ativo. Esse é o caso quando o ativo não puder Quando for esse o caso, evidenciar o ativo pelo seu valor em
fornecer potencial de serviços ou gerar benefícios econômicos ao uso é de utilidade limitada, uma vez que, por definição, a entidade
menos tão valiosos quanto seu preço líquido de venda. O preço lí- é capaz de garantir o potencial de serviços equivalente pelo custo
quido de venda pode fornecer informação útil quando a entidade de reposição.
estiver obrigada contratualmente a vender o ativo abaixo do valor 7.60 O valor em uso também não é base de mensuração apro-
de mercado. Pode haver casos em que o preço líquido de venda priada quando for menor que o preço líquido de venda, já que, nes-
pode indicar uma oportunidade de negócios. se caso, o uso mais eficiente do ativo é vendê-lo em vez de conti-
nuar a utilizá-lo.
Custo dos serviços 7.61 Portanto, o valor em uso é apropriado quando for menor
7.53 Não é apropriado quantificar o custo da prestação de ser- do que o custo de reposição e maior do que o seu preço líquido de
viços pelo preço líquido de venda. Tal abordagem envolveria a utili- venda. Isso ocorre quando não vale a pena substituir o ativo, mas
zação do valor de saída como base da despesa evidenciada. o valor do seu potencial de serviços ou da capacidade de gerar be-
nefícios econômicos for maior do que o seu preço líquido de venda.
Capacidade operacional
7.54 O registro de ativos mantidos para utilização na prestação Em tais circunstâncias, o valor em uso representa o valor do
de serviços ao preço líquido de venda não fornece informação útil ativo para a entidade.
para a avaliação da capacidade operacional. O preço líquido de ven- 7.62 O valor em uso é base de mensuração apropriada para a
da demonstra o montante que poderia ser obtido na venda do ativo avaliação de determinados ajustes de redução ao valor recuperável
em vez do valor do potencial de serviços que poderia ser obtido porque é utilizado na determinação do montante recuperável para
daquele ativo. o ativo ou grupo de ativos.

Capacidade financeira Custo dos serviços, capacidade operacional e capacidade fi-


7.55 Conforme observado anteriormente, a avaliação da ca- nanceira
pacidade financeira exige informação sobre o montante que seria 7.63 Dada a sua complexidade potencial (ver item 7.66), a sua
recebido na venda do ativo. Tal informação é fornecida pela utiliza- aplicabilidade limitada e o fato de que a sua operacionalização no
ção do preço líquido de venda. Entretanto, essa mensuração não é contexto do setor público para ativos não geradores de caixa envol-
relevante para ativos que podem gerar potencial de serviços mais ve, subsidiariamente, a utilização do custo de reposição, em regra, o
significativos ao continuar utilizando-os para prestar serviços. valor em uso é inapropriado para determinar o custo dos serviços e
sua utilidade para avaliações da capacidade operacional é limitada
Aplicação das características qualitativas e provavelmente só deve ser significativa em circunstâncias atípi-
7.56 Conforme indicado no item 7.52, o preço líquido de ven- cas quando as entidades têm grande número de ativos que não se
da fornece informação relevante somente quando o emprego mais justifique substituir, mas o seu valor em uso é maior do que o seu
eficiente para a entidade, sob o ponto de vista dos recursos, for ven- preço líquido de venda. Esse pode ser o caso, por exemplo, da des-
der o ativo. As avaliações do preço líquido de venda podem ser fei- continuidade da prestação do serviço no futuro, em que os recursos
tas por meio de referência aos mercados ativos onde eles existirem. advindos da venda imediata sejam menores do que o potencial de
serviços gerado pelos ativos. O valor em uso não envolve uma esti-

147
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

mativa do montante líquido que a entidade receberá pela alienação 7.71 No modelo do custo histórico, as mensurações iniciais po-
do ativo. Entretanto, a sua aplicabilidade limitada reduz a sua rele- dem ser ajustadas para refletir fatores como o acúmulo de juros, o
vância para as avaliações da capacidade financeira. acréscimo de descontos ou a amortização de prêmio.
7.72 Quando o valor temporal do passivo é material – por
Aplicação das características qualitativas exemplo, quando o prazo de vencimento for significativo - o mon-
7.64 Enquanto o valor em uso pode ser utilizado nas avaliações tante do pagamento futuro é descontado de modo que, quando do
de determinadas perdas por redução ao valor recuperável, a sua reconhecimento inicial do passivo, ele represente o valor do mon-
relevância para a informação contábil é limitada às circunstâncias tante recebido. A diferença entre o montante a ser pago no futuro e
delineadas no item 7.61. o valor presente do passivo é amortizada ao longo da vida do passi-
7.65 A extensão na qual o valor em uso satisfaz as outras ca- vo, sendo registrada conforme a data do fato gerador.
racterísticas qualitativas depende de como ele for determinado. Em 7.73 As vantagens e as desvantagens de se utilizar a base do
alguns casos, o valor em uso do ativo pode ser quantificado ao se custo histórico para passivos são semelhantes às aplicadas em re-
calcular o valor que a entidade pode obter do ativo assumindo a lação aos ativos. O custo histórico é apropriado quando os passivos
sua utilização continuada. Isso pode se basear nas entradas de caixa provavelmente forem liquidados nos termos estabelecidos. No en-
futuras relacionadas ao ativo ou nas reduções de custo que se acu- tanto, o custo histórico não pode ser aplicado para os passivos que
mulam para a entidade por meio do controle do ativo. O cálculo do não se originam de transação como, por exemplo, passivo para o
valor em uso leva em consideração o valor temporal do dinheiro e, pagamento de danos civis. É também improvável que o custo his-
em princípio, o risco das variações no montante e no cronograma tórico forneça informação relevante quando o passivo decorrer de
dos fluxos de caixa. transação sem contraprestação, uma vez que esta não fornece uma
7.66 O cálculo do valor em uso pode ser complexo. Os ativos representação fidedigna das demandas sobre os recursos da enti-
que são empregados nas atividades geradoras de caixa fornecem, dade. Também se torna difícil aplicar o custo histórico aos passivos
muitas vezes, fluxos de caixa juntamente com outros ativos. que podem variar em seu montante como, por exemplo, aqueles
Nesses casos, o valor em uso pode ser estimado somente ao relacionados a passivos previdenciários.
calcular o valor presente dos fluxos de caixa de grupo de ativos e
então fazer a alocação para os ativos individuais. Custo de cumprimento da obrigação
7.67 No setor público, a maioria dos ativos é mantida com o 7.74 Custo de cumprimento da obrigação corresponde aos cus-
objetivo primordial de contribuir para o fornecimento de serviços tos nos quais a entidade incorre no cumprimento das obrigações
em vez da geração de retorno comercial, sendo que tais ativos são representadas pelo passivo, assumindo que o faz da maneira menos
referidos como ativos não geradores de caixa. Como o valor em uso onerosa.
normalmente é derivado dos fluxos de caixa esperados, a sua ope- 7.75 Quando o custo de cumprimento depender de eventos fu-
racionalização em tal contexto pode ser difícil. Pode ser inapropria- turos incertos, todos os resultados possíveis devem ser levados em
do calcular o valor em uso com base nos fluxos de caixa esperados consideração em sua estimativa, visando refletir todos esses possí-
porque tal mensuração não seria uma representação fidedigna do veis resultados de forma imparcial.
valor em uso de tal ativo para a entidade. Portanto, seria necessário 7.76 Quando o cumprimento da obrigação exigir que algum
utilizar, subsidiariamente, o custo de reposição para fins de elabo- trabalho venha a ser feito (obrigação de fazer) - por exemplo, quan-
ração e divulgação da informação contábil. do o passivo for para sanar dano ambiental -, os custos relevantes
7.68 O método de se determinar o valor em uso reduz a sua devem corresponder àqueles em que a entidade irá incorrer; pode
representação fidedigna em muitos casos. Afeta também a tempes- corresponder ao custo de reparação por conta própria ou por meio
tividade, a comparabilidade, a compreensibilidade e a verificabili- de terceiros. Contudo, os custos de contratar um terceiro somente
dade da informação elaborada com base no valor em uso. são relevantes quando se tratar da maneira menos onerosa para se
liquidar a obrigação.
Bases de mensuração para os passivos 7.77 Quando o cumprimento da obrigação vier a ser realizado
7.69 Esta seção discute as bases de mensuração para os pas- por conta própria, o custo de cumprimento da obrigação não deve
sivos, não repete toda a discussão sobre os ativos e considera as incluir qualquer ganho, dado que tais ganhos não representam a
seguintes bases de mensuração: utilização dos recursos da entidade. Quando o cumprimento for
(a) custo histórico; baseado em terceiros, o montante deve incluir, implicitamente, o
(b) custo de cumprimento da obrigação; lucro exigido pelo contratado, já que o valor total cobrado por este
(c) valor de mercado; é uma demanda por recursos da entidade - isso é consistente com
(d) custo de liberação; e a abordagem para ativos, em que o custo de reposição incluiria o
(e) preço presumido. lucro exigido pelo fornecedor, mas nenhum lucro seria incluído no
custo de reposição para ativos que a entidade deve substituir por
Custo histórico meio de desenvolvimento próprio.
7.70 Custo histórico para o passivo é a importância recebida 7.78 Quando o cumprimento da obrigação não acontecer por
para se assumir uma obrigação, a qual corresponde ao caixa ou período prolongado, os fluxos de caixa devem ser descontados para
equivalentes de caixa, ou ao valor de outra importância recebida à refletir o valor do passivo na data do relatório.
época na qual a entidade incorreu no passivo. 7.79 Geralmente, o custo de cumprimento da obrigação é rele-
vante para mensurar passivos, com exceção das seguintes circuns-
tâncias:

148
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(a) quando a entidade puder ser dispensada da obrigação em 7.85 Ao se avaliar se o custo de liberação é adequado para
montante menor do que o custo de seu cumprimento, então o cus- mensurar passivos, é necessário considerar se a maneira prevista
to dessa dispensa é a mensuração mais relevante do ônus do pas- é uma opção que, na prática, está aberta para entidade, estando
sivo, do mesmo modo que, para o ativo, o preço líquido de venda é ciente de quaisquer consequências da obtenção da liberação como,
mais relevante quando for maior do que o valor em uso; e por exemplo, dano à reputação da entidade.
(b) no caso dos passivos assumidos por determinada impor- 7.86 Assim como o preço líquido de venda é relevante somente
tância, o preço presumido (ver itens 7.87 a 7.91) é mais relevante quando a alternativa mais eficiente do recurso para a entidade for
quando for maior que o custo de cumprimento da obrigação e o vender o ativo, o custo de liberação é relevante somente quando a
custo da liberação. alternativa mais eficiente for buscar a liberação imediata da obriga-
ção. Em especial, quando o custo do cumprimento da obrigação for
Valor de mercado menor do que o custo de liberação, o primeiro fornece informação
7.80 Valor de mercado para passivos é o montante pelo qual mais relevante do que o segundo, mesmo se for viável negociar a
um passivo pode ser liquidado entre partes cientes e interessadas liberação da obrigação, conforme os métodos de transferência de
em transação sob condições normais de mercado. passivos previstos no item 7.84.
7.81 As vantagens e desvantagens do valor de mercado para os
passivos são as mesmas que para os ativos. Tal base de mensuração Preço presumido
pode ser adequada, por exemplo, quando o passivo for atribuível a 7.87 O preço presumido é o termo utilizado no contexto dos
mudanças em determinada taxa, preço ou índice cotado em mer- passivos para se referir ao mesmo conceito do custo de reposição
cado aberto, ativo e organizado. Entretanto, quando a capacidade para os ativos. Do mesmo modo que o custo de reposição represen-
para transferir o passivo for restrita e os termos nos quais a trans- ta o montante que a entidade pagaria racionalmente para adquirir o
ferência puder ser feita não estiverem claros, os casos nos quais os ativo, o preço presumido representa o montante que a entidade ra-
valores de mercado são aplicáveis, mesmo que existam, serão signi- cionalmente aceitaria na troca pela assunção do passivo existente.
ficativamente mais frágeis. Esse é particularmente o caso dos passi- As transações com contraprestação realizadas em condições nor-
vos originados das obrigações nas transações sem contraprestação, mais fornecem evidência do preço presumido - esse não é o caso
dado ser improvável que exista mercado aberto, ativo e organizado das transações sem contraprestação.
para tais passivos. 7.88 No contexto da atividade que é realizada visando lucro, a
entidade assumirá o passivo somente se o montante pago para as-
Custo de liberação sumi-lo for maior do que o custo de cumprimento da obrigação ou
7.82 O custo de liberação é o termo utilizado no contexto dos que o custo de liberação, isto é, o montante da liquidação. Uma vez
passivos para se referir ao mesmo conceito de preço líquido de ven- que o preço presumido tiver sido aceito pela entidade, a entidade
da utilizado no contexto dos ativos. O custo de liberação se refere ao tem a obrigação com o seu credor.
montante que corresponde à baixa imediata da obrigação. O custo 7.89 Quando se incorre em passivo pela primeira vez em
de liberação é o montante que o credor aceita no cumprimento da transação com contraprestação, o preço presumido representa
sua demanda, ou que terceiros cobrariam para aceitar a transferên- o montante que foi aceito pela entidade para assumi-lo - é razo-
cia do passivo do devedor. Quando há mais de um modo de garantir ável considerar que o preço presumido é o valor que a entidade
a liberação do passivo, o custo de liberação é aquele que representa racionalmente aceitaria para assumir um passivo semelhante. Se-
o menor montante - isso é consistente com a abordagem para os ria cobrado um valor maior caso algumas pressões concorrenciais
ativos, em que, por exemplo, o preço líquido de venda não refletiria permitissem fazê-lo, mas não necessariamente um menor. Assim,
o montante que deveria ser recebido na venda a sucateiro, caso o como o custo de reposição é o valor atual, conceitualmente o preço
preço maior pudesse ser obtido na venda para o comprador que presumido também é. Existem, contudo, problemas práticos ao se
utilizaria o ativo. refletir mudanças nos valores das obrigações que são informadas
7.83 Para alguns passivos, especialmente no setor público, a no preço presumido.
transferência de passivo é praticamente impossível e, assim, o custo 7.90 Uma consequência de se informar as obrigações do exer-
de liberação corresponde ao montante que o credor aceita para o cício com base no preço presumido é que nenhum ganho é infor-
cumprimento da sua demanda. Esse montante é conhecido se esti- mado à época na qual a obrigação é aceita. O ganho ou a perda é
ver especificado no acordo com o credor - por exemplo, quando o evidenciado nas demonstrações contábeis no período em que ocor-
contrato inclui cláusula específica de cancelamento. re o cumprimento da obrigação (ou liberação), já que corresponde
7.84 Em alguns casos, pode haver evidência do valor pelo qual à diferença entre a receita originada e o custo de cumprimento da
o passivo poderá ser transferido - por exemplo, no caso do passivo obrigação.
de algumas obrigações por pensões. Transferir o passivo pode ser 7.91 A entidade pode ter a obrigação potencial que seja maior
diferente de celebrar um acordo com a parte que cumprirá a obri- do que o preço presumido. Caso a entidade tenha que buscar a li-
gação da entidade ou arcará com todos os custos decorrentes do beração do contrato, a outra parte no contrato poderá ser capaz de
passivo. Para o passivo ser transferido é necessário que todos os demandar compensação por perdas, bem como o retorno de quais-
direitos do credor em relação à entidade sejam extintos. Caso esse quer montantes pagos. Contudo, dado que a entidade pode liquidar
não seja o efeito do acordo, o passivo da entidade permanece com a obrigação, ela pode evitar tais obrigações adicionais e seria uma
ela. representação fidedigna evidenciar a obrigação por valor inferior
ao preço presumido - esta é uma situação análoga à situação do

149
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ativo que gera benefícios superiores ao custo de reposição. Em tais ração e divulgação da informação contábil aplicados à área coberta
circunstâncias, como explicado no item 7.42, o custo de reposição por determinado relatório orientam as decisões sobre a apresenta-
(em vez do valor em uso) é a base de mensuração mais relevante. ção daquele relatório.
8.7 As decisões sobre a apresentação podem:
CAPÍTULO 8 - APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÃO NO RELA- (a) resultar no desenvolvimento de novo RCPG, na movimen-
TÓRIO CONTÁBIL DE PROPÓSITO GERAL DAS ENTIDADES DO tação da informação entre os relatórios ou na fusão dos relatórios
SETOR PÚBLICO existentes; ou
(b) ser decisões detalhadas sobre a seleção, a localização e a
Introdução organização da informação no RCPG.
8.1 Este capítulo estabelece os conceitos aplicáveis à apresen-
tação da informação nos RCPGs, inclusive nas demonstrações con- Decisões sobre a apresentação estão interligadas
tábeis dos governos e outras entidades do setor público. 8.8 As decisões sobre a seleção, a localização e a organização
8.2 A apresentação das informações nos RCPGs possui ligação da informação estão interligadas e, na prática, provavelmente são
com os capítulos 1 a 4 - os objetivos da elaboração e da divulga- consideradas em conjunto. O montante ou o tipo de informação
ção da informação contábil, as necessidades dos usuários, as ca- selecionada pode ter implicações sobre se relatório é elaborado em
racterísticas qualitativas, as restrições na informação incluída nos separado ou organizado em quadros ou tabelas separados. As três
RCPGs e a entidade que reporta a informação contábil influenciam seções seguintes focam separadamente em cada decisão sobre a
as decisões relativas à apresentação das informações. Para a infor- apresentação.
mação evidenciada nas demonstrações contábeis, a apresentação é
relacionada também às definições dos elementos, critérios de reco- Seleção da informação
nhecimento e bases de mensuração identificados nos capítulos 5 a 8.9 As decisões sobre a seleção da informação tratam da infor-
7, por exemplo: mação que é evidenciada:
(a) a definição dos elementos afeta os itens que podem ser (a) nas demonstrações contábeis; e
apresentados nas demonstrações contábeis; (b) nos RCPGs que não correspondam às demonstrações con-
(b) a aplicação dos critérios de reconhecimento afeta a locali- tábeis (outros RCPGs).
zação da informação; e
(c) a seleção das bases de mensuração impacta a informação 8.10 Como explica o Capítulo 2, os objetivos da elaboração e da
apresentada nas metodologias de mensuração. divulgação da informação contábil são o de fornecer informação so-
bre a entidade que seja útil para os usuários dos RCPGs para fins de
Idioma no qual as demonstrações contábeis e outros RCPGs prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada
são divulgados de decisão. O Capítulo 2 descreve os tipos de informações que os
8.3 O idioma (ou idiomas) no qual as demonstrações contábeis usuários necessitam para satisfazer esses objetivos. Aquela descri-
e outros RCPGs são divulgados dá suporte à realização dos objetivos ção orienta as decisões sobre se determinados tipos de relatórios
da elaboração e da divulgação da informação contábil e as caracte- são necessários. Este capítulo foca na seleção da informação a ser
rísticas qualitativas. Todas as versões traduzidas precisam ser fiéis à apresentada nos RCPGs, incluindo as demonstrações contábeis e
versão do idioma original. A versão traduzida é disponibilizada para outros relatórios.
satisfazer as necessidades dos usuários em referência a:
(a) dispositivos legais na jurisdição da entidade; e Seleção e natureza da informação
(b) relação custo-benefício da tradução.
Natureza da informação nas demonstrações contábeis
Apresentação 8.11 As necessidades de informação dos usuários identificados
8.4 A apresentação corresponde à seleção, à localização e à or- no Capítulo 2 corroboram a seleção da informação para as demons-
ganização da informação que é evidenciada nos RCPGs. trações contábeis. Essas necessidades incluem a informação sobre
8.5 A apresentação visa fornecer informação que contribua a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da enti-
com os objetivos da elaboração e da divulgação da informação con- dade para:
tábil e alcança as características qualitativas, enquanto considera (a) possibilitar aos usuários identificarem os recursos da enti-
as restrições na informação incluída nos RCPGs. As decisões sobre dade e as demandas por estes recursos na data do relatório;
a seleção, a localização e a organização da informação são tomadas (b) informar as avaliações de questões como se a entidade ad-
em resposta às necessidades dos usuários pela informação sobre os quiriu recursos com economicidade e os utilizou de forma eficiente
fenômenos econômicos, financeiros e de outra natureza. e eficaz para alcançar os seus objetivos na prestação de serviços; e
8.6 O Capítulo 1 explica que os RCPGs compreendem relatórios (c) informar as avaliações do desempenho e a liquidez e solvên-
múltiplos, cada um respondendo mais diretamente a determinados cia da entidade.
aspectos dos objetivos da elaboração e divulgação da informação
contábil ou no alcance dessas informações. Adicionalmente às de-
monstrações contábeis, os RCPGs fornecem informação relevante,
por exemplo, para avaliações do desempenho dos serviços da enti-
dade e a sustentabilidade das suas finanças. Os objetivos da elabo-

150
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

8.12 As demonstrações contábeis podem fornecer também in- patrimonial ou no demonstrativo que evidencia o desempenho das
formação que auxilia os usuários na avaliação da extensão na qual: entidades do setor público e/ou divulgada nas notas explicativas
(a) a entidade satisfez os seus objetivos financeiros; ou em outro lugar nos RCPGs. Em outros casos, por exemplo, a de-
(b) as receitas, as despesas, os fluxos de caixa e o desempenho monstração dos fluxos de caixa apoia também o cumprimento dos
da entidade estão em conformidade com os orçamentos aprova- objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil.
dos; e 8.20 O desenvolvimento de requisitos para a exposição das
(c) a entidade observou a legislação vigente e outros regula- rubricas dos relatórios e os respectivos totais envolve equilibrar a
mentos que regem a captação e a utilização de recursos públicos. padronização da informação exposta (a qual facilita a compreensibi-
lidade) com a informação que é elaborada para os fatores específi-
8.13 As demonstrações contábeis não evidenciam de modo cos à entidade. O objetivo tanto dos requisitos da exposição padro-
abrangente o desempenho dos serviços da entidade. Contudo, a in- nizada como da informação específica à entidade é assegurar que a
formação nas demonstrações contábeis pode fornecer informação informação necessária para satisfazer aos objetivos da elaboração
relevante aos aspectos financeiros do desempenho dos serviços, e da divulgação da informação contábil esteja disponível para todas
como informação sobre: as entidades, ao permitir que a informação seja exposta de maneira
(a) receita, despesa e fluxos de caixa relativos aos serviços; e que reflita a natureza e as operações de entidades específicas.
(b) os ativos e os passivos que orientam as avaliações dos usuá-
rios em relação à capacidade operacional da entidade ou aos riscos Informação selecionada para evidenciação
financeiros que podem impactar no fornecimento do serviço. 8.21 A informação evidenciada deve incluir:
(a) a base para a informação exposta como, por exemplo, polí-
8.14 Outros relatórios nos RCPGs apresentam informação adi- ticas e metodologias aplicáveis;
cional às demonstrações contábeis. Tal informação poderia, por (b) detalhamentos da informação exposta; e
exemplo, incluir: (c) itens que compartilham alguns, mas nem todos os aspectos
(a) informação sobre a sustentabilidade das finanças públicas da informação exposta, por exemplo, evidenciações de itens que sa-
da entidade; tisfaçam algumas, mas nem todas as características da definição de
(b) discussão e análise das demonstrações contábeis; ou elemento ou evidenciações sobre itens que satisfaçam a definição
(c) informação sobre o desempenho dos serviços. de elemento, mas não os critérios de reconhecimento. O Capítulo
5 explica quais os outros recursos e outras obrigações que não sa-
Informação selecionada para exposição ou evidenciação tisfazem a definição de elementos e que podem ser reconhecidos
8.15 A informação é selecionada para exposição ou para evi- para contribuir com os objetivos da elaboração e da divulgação da
denciação nos RCPGs. A informação selecionada para exposição informação contábil.
comunica mensagens-chave no RCPG, enquanto a informação sele-
cionada para evidenciação torna a informação exposta mais útil ou 8.22 O nível de detalhe fornecido pela informação exposta con-
fornece detalhes que auxiliam os usuários a entenderem a informa- tribui para a realização dos objetivos da elaboração e da divulgação
ção exposta. A evidenciação não substitui a exposição. da informação contábil, desde que não seja excessivo. A informação
8.16 A repetição da informação no RCPG geralmente precisa evidenciada, assim como a informação exposta, é necessária para a
ser evitada. Contudo, a mesma informação pode ser tanto exposta realização dos objetivos da elaboração e da divulgação da informa-
como evidenciada. Por exemplo, o montante exposto nas demons- ção contábil.
trações contábeis pode ser repetido nas notas explicativas quando 8.23 A informação evidenciada nas notas explicativas às de-
tais notas fornecem o detalhamento do total exposto. Do mesmo monstrações contábeis:
modo, a mesma informação pode ser apresentada em RCPGs dife- (a) é necessária para a compreensão dos usuários das demons-
rentes para tratar diferentes propósitos. trações contábeis;
(b) fornece informação que apresenta as demonstrações con-
Informação selecionada para exposição tábeis no contexto da entidade e o seu ambiente operacional; e
8.17 Todos os RCPGs contêm mensagens-chave que são co- (c) geralmente tem relação clara e demonstrável com a infor-
municadas, uma vez que todos eles contêm informação exposta. A mação exposta nas demonstrações contábeis às quais ela pertence.
informação exposta observa um nível conciso e compreensível de
modo que os usuários possam focar nas mensagens-chave apresen- 8.24 A informação evidenciada nas notas explicativas pode in-
tadas e não serem distraídos por algum detalhe que, de outra ma- cluir também:
neira, poderia obscurecer essas mensagens. A informação exposta (a) os fatores relacionados à entidade que podem influenciar as
é destacadamente apresentada utilizando-se técnicas de apresenta- opiniões sobre a informação evidenciada (por exemplo, informação
ção apropriadas, como classificações, margens, quadros e gráficos. sobre as partes relacionadas e entidades controladas ou participa-
8.18 Os itens expostos nas demonstrações contábeis fornecem ções em outras entidades);
informação sobre questões como, por exemplo, a situação patrimo- (b) a fundamentação para o que é exposto (por exemplo, a in-
nial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade que reporta a formação sobre as políticas contábeis e critérios de mensuração,
informação. inclusive os métodos e as incertezas quanto à mensuração, quando
8.19 A avaliação se o item satisfaz os critérios de reconhecimen- aplicáveis);
to é um dos principais mecanismos para se determinar se a infor- (c) os detalhamentos dos montantes expostos nas demonstra-
mação deve ser exposta no demonstrativo que evidencia a situação ções (por exemplo, a divisão do imobilizado em classes diferentes);

151
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(d) os itens que não satisfazem a definição de elemento ou os 8.31 A informação precisa ser apresentada em base suficiente-
critérios de reconhecimento, mas são importantes para a devida mente oportuna para possibilitar aos usuários manter a administra-
compreensão das finanças e da capacidade de prestar serviços da ção sujeita à prestação de contas e responsabilização (accountabi-
entidade, por exemplo, a informação sobre os eventos e as condi- lity) e para subsidiar a tomada de decisão por parte dos usuários.
ções que podem afetar fluxos de caixa ou potencial de serviços futu- 8.32 Os RCPGs podem incluir informação adicional derivada de
ros, inclusive as suas naturezas, os efeitos possíveis sobre os fluxos fontes distintas do sistema de informação financeira. As caracterís-
de caixa ou potencial de serviços, as probabilidades de ocorrência e ticas qualitativas se aplicam a essa informação e a data da entrega
as sensibilidades a mudanças nas condições; e dela precisa ser mais próxima possível da data da divulgação das
(e) a informação que pode explicar as tendências subjacentes demonstrações contábeis, de modo que seja tempestiva.
afetando os totais expostos.
Princípios para a seleção da informação para a exposição ou
Princípios aplicáveis à seleção da informação evidenciação
8.25 As decisões sobre qual informação precisa ser exposta e 8.33 As decisões sobre a exposição e a evidenciação se aplicam
evidenciada envolve considerar: tanto às demonstrações contábeis quanto aos outros RCPGs.
(a) os objetivos da elaboração e da divulgação da informação Os objetivos da elaboração e da divulgação da informação con-
contábil; tábil são aplicados à área coberta por relatório em particular para
(b)as características qualitativas e as restrições das informa- orientar a identificação da informação para exposição ou evidencia-
ções contidas nos RCPGs; e ção. A identificação da informação para exposição e evidenciação
(c) os fenômenos econômicos relevantes e outros fenômenos em RCPG em particular pode envolver o desenvolvimento de:
sobre os quais a informação seja necessária. (a) princípios de classificação;
(b) lista de tipos gerais de informações que são expostas e de
8.26 A seleção da informação contribui para satisfazer aos ob- lista semelhante de tipos gerais de informações que são evidencia-
jetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil, uma das; e/ou
vez que deve ser aplicada à informação coberta por relatório em (c) listas de informação específica que aqueles que elaboram a
particular e fornecer o nível de detalhe apropriado. As decisões so- informação precisam expor ou evidenciar.
bre a seleção da informação envolvem priorizar e resumir e evita
a sobrecarga de informação, a qual reduz a compreensibilidade. 8.34 As decisões sobre a seleção da informação a ser exposta e
Informação em demasia pode dificultar a compreensão das mensa- evidenciada são tomadas:
gens- chave por parte dos usuários e, consequentemente, compro- (a) com referência umas às outras, em vez de estarem isoladas;
meter a realização dos objetivos da elaboração e da divulgação da e
informação contábil. (b) para comunicar efetivamente o conjunto integrado de in-
8.27 Os responsáveis pela elaboração das demonstrações con- formação.
tábeis, que aplicam as normas e o julgamento profissional, são res-
ponsáveis por assegurar que a informação que satisfaça aos obje- 8.35 As decisões sobre a seleção da informação em outros RCP-
tivos da elaboração e da divulgação da informação contábil e que Gs são tomadas após considerar, cuidadosamente, a relação dos
alcance as características qualitativas fornecidas nos RCPGs. outros RCPGs com as demonstrações contábeis.
8.28 As decisões sobre a seleção da informação exigem revisão
contínua e crítica. A informação identificada para possível seleção Localização da informação
é revisada à medida que for desenvolvida e considerada para apre- 8.36 As decisões sobre a localização da informação são toma-
sentação, com referência especial à sua relevância, materialidade e das sobre:
custo-benefício, embora todas as características qualitativas e res- (a) o local no qual a informação é contida no relatório; e
trições sejam aplicadas às decisões sobre a seleção da informação. (b) o local no qual o componente do relatório está localizado.
As decisões passadas podem exigir reconsideração porque nova in-
formação pode tornar redundante a informação existente, fazendo 8.37 A localização da informação tem impacto sobre a contri-
com que esses itens não alcancem mais as características qualitati- buição da informação para a realização dos objetivos da elaboração
vas e/ou as restrições. e da divulgação da informação contábil e para o atendimento das
8.29 Todas as transações materiais, eventos e outros itens re- características qualitativas. A localização pode afetar a maneira que
portados são apresentados de maneira que transmitam a sua es- os usuários interpretam a informação e a comparabilidade da in-
sência em vez da sua forma jurídica ou outra forma, de modo que formação.
as características qualitativas da relevância e da representação fide- A localização pode ser utilizada para:
digna sejam alcançadas. (a) transmitir a importância relativa da informação e as suas
8.30 Os benefícios para os usuários ao receberem a informação conexões com os outros itens da informação;
precisam justificar os custos das entidades em coletar e apresentar (b) transmitir a natureza da informação;
a informação. Ao se fazer essa avaliação, é importante considerar (c) ligar itens de informação diferentes que se combinam para
como os itens individuais impactam o quadro geral apresentado e satisfazer a necessidade de um usuário em particular; e
a natureza da informação apresentada. Os itens que aparentarem (d) distinguir entre a informação selecionada para exposição e
gerar pouco benefício quando vistos isoladamente, podem contri- a informação selecionada para evidenciação.
buir significativamente para o conjunto completo da informação
apresentada.

152
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Princípios para a alocação da informação entre diferentes re- Organização da informação


latórios 8.45 A organização da informação trata da disposição, agrupa-
8.38 Os fatores relevantes para as decisões sobre alocar a infor- mento e ordenamento da informação, a qual inclui decisões sobre:
mação entre as demonstrações contábeis e outros RCPGs incluem: (a) como a informação está disposta no RCPG;
(a) Natureza: se a natureza da informação - por exemplo, histó- (b) a estrutura geral do RCPG.
rica versus prospectiva - indica a inclusão da informação no mesmo
ou em RCPG diferente em razão das considerações relacionadas a, 8.46 A organização da informação envolve uma série de deci-
por exemplo, comparabilidade e/ou compreensibilidade; sões incluindo as decisões sobre a utilização de referência cruzada,
(b) Especificidade à jurisdição: se os fatores específicos à juris- quadros, tabelas, gráficos, cabeçalhos, numeração e a disposição
dição, como, por exemplo, os dispositivos legais vigentes, especifi- dos itens dentro de determinado componente de relatório, incluin-
carem regras acerca da localização da informação; e do decisões sobre a ordem dos itens. A forma na qual a informação
(c) Conexão: se a informação adicional considerada precisa ou está organizada pode afetar a sua interpretação por parte dos usu-
não estar conectada de modo estreito com a informação já incluída ários.
em relatório existente. As conexões entre todas as informações pre-
cisam ser avaliadas, não se restringindo somente à conexão entre a Natureza da informação relevante para fins de organização
informação nova e a já existente. 8.47 As decisões sobre a organização da informação levam em
consideração:
8.39 Os fatores expostos nos itens 8.36 a 8.38, os quais repre- (a) importantes relacionamentos entre a informação; e
sentam a perspectiva de se adicionar informação ao conjunto de (b) se a informação é para exposição ou para evidenciação.
informação já existente, também se aplicam à consideração se o
agrupamento da informação existente pode ser aprimorado, o que Tipos de relacionamentos
é discutido na seção sobre a organização da informação. 8.48 Os relacionamentos importantes incluem, mas não se res-
8.40 Um RCPG específico pode ser necessário quando: tringem a:
(a) necessidades adicionais de informação do usuário, não sa- (a) aprimoramento;
tisfeitas por relatório existente, são identificadas; e (b) similaridade; e
(b) um RCPG específico para satisfazer essas necessidades é (c) propósito comum.
mais adequado ao alcance dos objetivos da elaboração e da divul-
gação da informação contábil e do cumprimento das características 8.49 Aprimoramento: a informação em determinado lugar no
qualitativas do que a inclusão da informação em relatório já exis- RCPG pode ser aprimorada por meio de informação fornecida em
tente. outro local. Por exemplo, o orçamento, a informação prospectiva e
do desempenho de serviços aprimoram a informação das demons-
Princípios para a localização da informação dentro do relató- trações contábeis. Os quadros e os gráficos podem ser utilizados
rio para aprimorar a compreensão da informação narrativa. Os elos
8.41 O item 8.17 afirma que a informação exposta é destaca- com a informação evidenciada fora dos RCPGs podem aprimorar a
damente apresentada utilizando-se técnicas de apresentação apro- compreensibilidade da informação evidenciada pelos RCPGs.
priadas - a localização é o modo de se alcançar isso. A localização da 8.50 Similaridade: a relação de similaridade existe quando a
informação dentro do relatório assegura que a informação exposta informação evidenciada em um lugar se baseia na informação rela-
tenha o destaque apropriado e não fique obscurecida por informa- tada em outro local nos RCPGs, e a informação ou não foi ajustada
ção evidenciada com mais detalhe e extensão. ou teve ajustes relativamente menores. Por exemplo, caso a infor-
8.42 A localização da informação nas demonstrações contábeis mação do desempenho dos serviços inclua o custo dos serviços, ou
contribui para representar um panorama financeiro mais abrangen- o valor dos ativos utilizados em diferentes serviços, pode auxiliar
te da entidade. a demonstrar como aqueles totais se relacionam à despesa e aos
8.43 Para as demonstrações contábeis, a informação exposta é ativos evidenciados nas demonstrações contábeis. Outro exemplo
mostrada na demonstração apropriada, enquanto as evidenciações é a relação entre a despesa total evidenciada no orçamento e o
encontram-se nas notas explicativas. Distinguir a informação ex- total da despesa evidenciada na demonstração de desempenho. A
posta e a informação evidenciada por meio da localização assegura conciliação ou aproximação, na medida do possível, entre os dois
que esses itens, os quais se relacionam diretamente a questões de montantes diferentes, pode aprimorar a compreensão dos usuários
comunicação, como, por exemplo, os itens da demonstração que sobre as finanças da entidade.
evidencia a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa 8.51 Propósito comum: o relacionamento de propósito comum
da entidade, podem ser realçados, com informação ainda mais de- existe quando a informação relatada em locais diferentes contribui
talhada fornecida por meio da evidenciação em notas explicativas. para os mesmos fins. Um exemplo é quando demonstrações e evi-
8.44 Para outros RCPGs, a informação exposta pode estar lo- denciações diferentes fornecem informação necessária para avalia-
calizada separadamente da informação evidenciada ou no mesmo ções de responsabilização pelos serviços prestados. As informações
local, mas difere-se da informação evidenciada e do destaque dado sobre (a) o custo real e orçado de serviços diferentes, (b) os recur-
por meio de outra técnica de apresentação. sos financeiros e não financeiros utilizados na prestação de serviços
diferentes e (c) o fornecimento futuro de serviços diferentes podem
ser incluídos em locais diferentes. Para tornar clara a relação entre

153
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

a informação em locais diferentes, é adequado organizar a infor- Princípios da organização da informação nas demonstrações
mação por intermédio da utilização de técnicas como cabeçalhos contábeis
e referências. 8.58 A informação exposta nas demonstrações contábeis, usu-
8.52 Podem existir relações entre informações expostas em di- almente, é organizada em totais e subtotais numéricos. A sua or-
ferentes: ganização fornece um resumo estruturado de tais parâmetros por
(a) RCPGs; meio dos itens das demonstrações que evidenciam a situação patri-
(b) componentes dentro do RCPG; monial, o desempenho e os fluxos de caixa.
(c) partes de um único componente. 8.59 Nas demonstrações contábeis, algumas relações podem
existir entre:
Agrupamento da informação (a) subconjuntos de montantes expostos ou mudanças nos
8.53 Os três fatores constantes do item 8.38 da seção sobre montantes expostos e o seu impacto nos itens das demonstrações
localização da informação - natureza, especificidade à jurisdição e que evidenciam a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos
conexão - se aplicam também às considerações se o agrupamento de caixa da entidade;
da informação existente puder ser aprimorado. As decisões sobre o (b) os diferentes montantes expostos em demonstrações con-
agrupamento efetivo da informação consideram as conexões entre tábeis diferentes, os quais refletem o impacto de determinado
os conjuntos de informações, a natureza dos diferentes conjuntos evento externo comum ou contribuem juntos para a compreensão
de informações e, na extensão apropriada, os fatores específicos à de aspecto das demonstrações que evidenciam a situação patrimo-
determinada jurisdição. nial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade; e
(c) os montantes expostos e as evidenciações respectivas nas
Princípios aplicáveis à organização da informação notas explicativas que explicam ou podem, de outra maneira, dar
8.54 A organização da informação: suporte à compreensão dos usuários acerca dos itens expostos.
(a) dá suporte ao alcance dos objetivos da elaboração e da di-
vulgação da informação contábil; e 8.60 A organização da informação nas demonstrações contá-
(b) auxilia a informação evidenciada a satisfazer as caracterís- beis inclui decisões sobre:
ticas qualitativas. (a) o tipo e o número de demonstrações;
(b) o detalhamento dos totais em subcategorias significativas;
8.55 A organização da informação: (c) o ordenamento e o agrupamento de itens expostos em cada
(a) busca assegurar que as mensagens-chave sejam compreen- demonstração;
síveis; (d) a identificação de agregados (aditivos ou subtrativos); e
(b) identifica claramente as relações importantes; (e) a identificação de outra informação para inclusão na de-
(c) fornece o destaque apropriado à informação que transmite monstração.
mensagens-chave; e 8.61 A informação evidenciada nas notas explicativas às de-
(d) facilita as comparações. monstrações contábeis é organizada de modo que as relações com
os itens evidenciados nas demonstrações contábeis sejam claras.
8.56 A informação evidenciada está conectada por meio da As notas explicativas são parte integrante das demonstrações con-
utilização de cabeçalhos consistentes, ordem de apresentação e/ tábeis.
ou outros métodos apropriados à relação e ao tipo de informação.
Quando há conexões com informações evidenciadas fora dos RCP- Princípios para a organização da informação em outros RCPGs
Gs é importante que: 8.62 A organização da informação em outros RCPGs, assim
(a) as conexões com a informação proveniente de outras fontes como para as demonstrações contábeis, busca assegurar que as
não prejudiquem o alcance das características qualitativas do RCPG; e mensagens-chave que são transmitidas pela informação exposta
(b) a data de emissão de qualquer informação conectada seja tão são compreensíveis. A apresentação que identifica claramente as
próxima quanto possível à data da divulgação das demonstrações con- relações relevantes aprimora a extensão na qual o relatório:
tábeis, de modo que a informação evidenciada seja tempestiva. (a) satisfaça os objetivos da elaboração e da divulgação da in-
formação contábil;
Comparabilidade (b) alcance as características qualitativas.
8.57 A organização da informação leva em consideração os
benefícios da apresentação consistente no decorrer do tempo. A 8.63 Conectar informações relacionadas auxilia os usuários a
apresentação consistente dá suporte à capacidade dos usuários em encontrar informações importantes. Algumas informações são mais
entenderem a informação e facilitam o seu acesso. Além disso, au- compreensíveis quando organizadas em gráficos, quadros, tabelas,
xilia o alcance da característica qualitativa da comparabilidade. percentuais ou indicadores-chave de desempenho. Outra informa-
ção pode ser representada mais efetivamente de forma narrativa. A
organização da informação apoia a compreensão por parte dos usu-
ários acerca das conexões entre as informações no mesmo RCPG.
8.64 A organização da informação facilita as comparações ao
tornar mais claro quando determinados itens são semelhantes ou
não.

154
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

A comparabilidade intertemporal é facilitada ao se evitar alte- Representação e processos democráticos na produção dessas
rações no modo em que a informação é organizada, para a mesma informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário,
entidade, ano após ano, a menos que tais mudanças aprimorem a intermediário, academia, governo).
relevância e a compreensibilidade. A comparação entre entidades
é facilitada quando diferentes entidades que reportam a informa- Criação e Objetivo
ção contábil organizam de maneira semelhante a informação que Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como obje-
apresentam. tivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos
sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informa-
Disposições Finais ções dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela enti-
1A. Esta estrutura conceitual entra em vigor na data de sua pu- dade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização
blicação, tendo os seus efeitos aplicados a partir de 1º de janeiro do seu processo de produção, levando sempre em conta a conver-
de 2017. gência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.
2B. Ficam revogados, a partir de 1º de janeiro de 2017:
(a) a Resolução CFC nº 750/1993, publicada no D.O.U., Seção
Características Básicas
1, de 31.12.1993;
- O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas,
b) a Resolução CFC nº 1.111/2007, publicada no D.O.U., Seção
deliberando por 2/3 de seus membros;
1, de 5.12.2007;
(c) a Resolução CFC nº 1.128/2008, publicada no D.O.U., Seção - O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura ne-
1, de 25.11.2008; cessária;
(d) a Resolução CFC nº 1.129/2008, publicada no D.O.U., Seção - As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a
1, de 25.11.2008; ser convidadas futuramente;
(e) a Resolução CFC nº 1.130/2008, publicada no D.O.U., Seção - Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contado-
1, de 25.11.2008; res, não auferem remuneração.
(f) a Resolução CFC nº 1.131/2008, publicada no D.O.U., Seção
1, de 25.11.2008; Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a par-
(g) a Resolução CFC nº 1.132/2008, publicada no D.O.U., Seção ticipar representantes dos seguintes órgãos:
1, de 25.11.2008; - Banco Central do Brasil;
(h) os arts. 1º, 2º e 3º da Resolução CFC nº 1.268/2009, publi- - Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
cada no D.O.U., Seção 1, de 21.12.2009; - Secretaria da Receita Federal;
(i) a Resolução CFC nº 1.282/2010, publicada no D.O.U., Seção - Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
1, de 2.6.2010;
(j) a Resolução CFC nº 1.367/2011, publicada no D.O.U., Seção Outras entidades ou especialistas poderão ser convidados. Po-
1, de 29.11.2011; derão ser formadas Comissões e Grupos de Trabalho para temas
(k) os arts. 1º e 2º da Resolução CFC nº 1.437/2013, publicada específicos.
no D.O.U., Seção 1, de 2.4.2013; Produtos do CPC:
(l) os itens 12(a), 12(b), 12(c), 12(d), 27 e 28 da NBC T 16.6 (R1), Pronunciamentos Técnicos;
publicada no D.O.U., Seção 1, de 31.10.2014. Orientações; e
Interpretações.
JOSÉ MARTONIO ALVES COELHO
Presidente do Conselho FICADICA
Os Pronunciamentos Técnicos serão obrigatoriamente subme-
Comitê de Pronunciamentos Contábeis
tidos a audiências públicas. As Orientações e Interpretações pode-
rão, também, sofrer esse processo.
Origem
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a
Estrutura
partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes
entidades: Assembleia dos Presidentes das Entidades elegem os membros
ABRASCA; do CPC (representantes das seis entidades), com mandatos de qua-
APIMEC NACIONAL; tro anos (exceto metade dos primeiros membros, com dois anos);
BOVESPA; - podem, por 3/4 de seus membros, indicar outros membros
Conselho Federal de Contabilidade; do CPC;
FIPECAFI; e - podem alterar o Regimento Interno do CPC.
IBRACON.
Quatro Coordenadorias:
Em função das necessidades de: - de Operações;
- convergência internacional das normas contábeis (redução - de Relações Institucionais;
de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e - de Relações Internacionais;
custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); - Técnica.2
- centralização na emissão de normas dessa natureza (no Bra-
sil, diversas entidades o fazem); 2 Fonte: www.cpc.org.br

155
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

4. (ESAF – ISS/RJ – 2010) Assinale abaixo a única opção que


QUESTÕES contém uma afirmativa falsa.
(A) A finalidade da Contabilidade é assegurar o controle do pa-
1. (ESAF – ACE/MDIC – 2012) Em relação ao patrimônio, objeto trimônio administrado e fornecer informações sobre a compo-
da contabilidade, é correto afirmar que: sição e as variações patrimoniais, bem como sobre o resultado
(A) o ativo patrimonial é composto dos bens, direitos e obriga- das atividades econômicas desenvolvidas pela entidade para
ções de uma pessoa física ou jurídica. alcançar seus fins.
(B) o patrimônio líquido pode ser entendido como sendo a (B) A Contabilidade pode ser conceituada como sendo “a ciên-
diferença entre o valor do ativo e o valor do passivo de um cia que estuda, registra, controla e interpreta os fatos ocorri-
patrimônio. dos no patrimônio das entidades com fins lucrativos ou não”.
(C) se calcularmos os direitos reais e os direitos pessoais per- (C) Pode-se dizer que o campo de aplicação da Contabilidade
tencentes a uma entidade, estaremos calculando o ativo patri- é a entidade econômico-administrativa, seja ou não de fins lu-
monial dessa entidade. crativos.
(D) o capital social de um empreendimento comercial é o mon- (D) O objeto da Contabilidade é definido como o conjunto de
tante de recursos aplicados em seu patrimônio. bens, direitos e obrigações vinculado a uma entidade econômi-
(E) o montante dos bens e dos direitos de uma pessoa física ou co-administrativa.
jurídica tem o mesmo valor de seu passivo real. (E) Enquanto a entidade econômico-administrativa é o objeto
da Contabilidade, o patrimônio é o seu campo de aplicação.
2. (ESAF – ACF/SEFAZ-CE – 2007) Para alcançar seus objetivos
precípuos, a Contabilidade utiliza técnicas formais específicas. Assi- 5. (ESAF – AFC/CGU – 2008) Em relação ao patrimônio de uma
nale abaixo o grupo que discrimina essas técnicas. empresa e às diversas situações patrimoniais que pode assumir de
(A) Registro contábil, Balanços e Auditoria. acordo com a equação fundamental do patrimônio, indique a op-
(B) Escrituração, Demonstração, Auditoria e Análise de Balan- ção incorreta.
ços. (A) A empresa tem passivo a descoberto quando o Ativo é igual
(C) Livros contábeis Diário e Razão, Inventários, Orçamentos e ao Passivo menos a Situação Líquida.
Balanços. (B) A Situação Líquida negativa acontece quando o total do Ati-
(D) Escrituração, Lançamentos, Balancetes, Balanços, Inventá- vo é menor que o passivo exigível.
rios e Auditoria. (C) Na constituição da empresa, o Ativo menos o Passivo Exigí-
(E) Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exer- vel é igual a zero.
cício, Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados e De- (D) A situação em que o Passivo mais o Ativo menos a Situação
monstração de Origem e Aplicação de Recursos. Líquida é igual a zero é impossível de acontecer.
(E) A Situação Líquida é positiva quando o Ativo é maior que o
3. (FGV – Técnico de Gestão Administrativa/ALEMA – 2013) Passivo Exigível.
Com relação aos conceitos básicos da Contabilidade Geral, relacio-
ne os tópicos a seguir. 6. (ESAF – ATRFB/RFB – 2000) Considerando as regras funda-
1. Objeto de estudo ( ) Escrituração mentais da digrafia contábil, que determina o registro da aplicação
2. Campo de aplicação ( ) Fornecedor dos recursos simultaneamente e em valores iguais às respectivas
3. Finalidade econômica ( ) Entidade origens, temos como correta a seguinte equação contábil geral:
4. Usuário Externo ( ) Resultado (A) Ativo = Passivo + Capital Social + Despesas - Receitas
5. Técnica Contábil ( ) Patrimônio (B) Ativo + Receitas = Capital Social + Despesas + Passivo
(C) Ativo - Passivo = Capital Social + Receitas + Despesas
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de (D) Ativo + Capital Social + Receitas = Passivo + Despesas
cima para baixo. (E) Ativo + Despesas = Capital Social + Receitas + Passivo
(A) 1 – 3 – 2 – 4 – 5
(B) 3 – 4 – 1 – 5 – 2 7. (CESGRANRIO – Técnico/BNDES – 2010) O objeto da conta-
(C) 2 – 1 – 4 – 5 – 3 bilidade é o patrimônio da entidade e o seu campo de aplicação são
(D) 5 – 4 – 2 – 3 – 1 as entidades econômico-administrativas, assim chamadas aquelas
(E) 1 – 2 – 4 – 3 – 5 que, para atingirem seu objetivo, seja ele econômico ou social, uti-
lizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo
que pratica atos de natureza econômica necessários a seus fins.
Esse é o enunciado de
(A) Sociedade empresária.
(B) Entidade lucrativa.
(C) Empresa.
(D) Companhia.
(E) Azienda.

156
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

8. (CESGRANRIO – Técnico/BNDES – 2010) Sabendo-se que A =


5 A
Ativo; P = Passivo e PL = Patrimônio Líquido, na equação patrimo-
nial, ocorrerá situação patrimonial nula quando 6 E
(A) A + P = PL. 7 E
(B) A + PL = P.
8 C
(C) A = P.
(D) A = PL. 9 B
(E) A = P + PL. 10 B

9. (NUCEPE – Analista do Tesouro Estadual/SEFAZ-PI – 2007) 11 C


Na equação patrimonial, existem casos em que o PL fica do lado do 12 E
Ativo. Nesse caso, isso se dá porque o PL é:
(A) = zero
(B) < zero ANOTAÇÕES
(C) > zero
(D) positivo
(E) nulo ______________________________________________________

______________________________________________________
10. (FCC – Técnico Judiciário/TRT – 2005) Em uma empresa
onde a soma de seus Ativos é maior do que a soma de seus Passi- ______________________________________________________
vos, pode-se dizer que sua situação patrimonial é
(A) deficitária. ______________________________________________________
(B) superavitária.
(C) equilibrada. ______________________________________________________
(D) negativa.
______________________________________________________
(E) nula.
______________________________________________________
11. (FGV - Técnico Contabilidade/AL - BA - 2014) Assinale a op-
ção que indica o objeto da Contabilidade. ______________________________________________________
(A) Os ativos.
(B) As receitas. ______________________________________________________
(C) O patrimônio.
______________________________________________________
(D) As demonstrações contábeis.
(E) O balanço patrimonial. ______________________________________________________

12. (ESAF – Contador/Ministério do Turismo – 2014) Assinale ______________________________________________________


a opção correta.
(A) Na representação gráfica do patrimônio, devem constar os ______________________________________________________
grupos Ativo Circulante, Ativo Permanente, Passivo Circulante
______________________________________________________
e Patrimônio Líquido.
(B) Capital Social é o mesmo que o capital aplicado pelos sócios ______________________________________________________
na atividade empresarial.
(C) O capital próprio mais o capital de terceiros é o capital apli- ______________________________________________________
cado no patrimônio.
(D) O valor dos bens, dos direitos e das obrigações é o valor do ______________________________________________________
patrimônio líquido da empresa.
______________________________________________________
(E) Dá-se o nome de patrimônio bruto ao valor dos ativos apli-
cados na atividade empresarial. ______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 E

157
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

158
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO)
SERVIDORES PÚBLICOS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo
REGIME JURÍDICO. REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado,
PÚBLICOS. ACESSIBILIDADE AOS CARGOS PÚBLICOS. seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta.
CONCURSO PÚBLICO. PROCESSO SELETIVO PÚBLICO. Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi-
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO. nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane-
CARGOS PÚBLICOS. ESTÁGIO PROBATÓRIO. cendo externamente.
ESTABILIDADE. PROVIMENTO. REMOÇÃO.
CESSÃO DE SERVIDORES. ENQUADRAMENTO. Vamos analisar cada uma dessas categorias:
REDISTRIBUIÇÃO. DEVERES E PROIBIÇÕES DOS a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função
SERVIDOS PÚBLICOS. REGIME DISCIPLINAR DOS pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co-
SERVIDORES PÚBLICOS. SANÇÕES DISCIPLINARES. mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí-
APURAÇÃO PRELIMINAR, SINDICÂNCIA, PROCESSO tica do País.
SUMÁRIO, PROCEDIMENTO SUMÁRIO, INQUÉRITO Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando
ADMINISTRATIVO, INQUÉRITO ADMINISTRATIVO mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta-
ESPECIAL, EXONERAÇÃO DE SERVIDOR EM ESTÁGIO do também termina automaticamente.
PROBATÓRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa-
SERVIDORES PÚBLICOS mental não é profissional, mas institucional e estatutária.
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por
CONCEITO subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública outra espécie remuneratória.
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi-
ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público, b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços
etc.). ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e
A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e
Agente Público: sua remuneração é paga pelos cofres públicos.
“Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, Também chamados de servidores estatais engloba todos aque-
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu- les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência.
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre- Servidores públicos podem ser:
- estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa si-
tuação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o
Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello
ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes
“...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode
por meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo
conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que que com a concordância de ambos, por se tratar de normas de or-
servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von- dem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a
tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica- Administração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim
mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse.
exercita, é um agente público.” - empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos
A denominação “agente público” é tratada como gênero das contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam
diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de-
sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di- missão precisa ser motivada;
vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores - temporários ou em regime especial: são os contratados por
públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co- tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam
missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
agentes de fato. público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um
processo seletivo simplificado.

159
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio-
a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração
contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por
motivação do interesse público. servidor público, submetidos ao regime estatuário.
- cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera- Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di-
ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção, ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem
chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio- toda função pressupõe a existência de um cargo.
nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e
aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui- indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
ção Federal, artigo 40, § 13. agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de-
nominação própria.
c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser- Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142, para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42, pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
CF). cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per-
aplicável aos servidores civis. manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de-
Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me- sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza
diante remuneração paga pelos cofres públicos. contratual e somente podem ser criados por lei.

d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as
de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies:
sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An- dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de
tônio Bandeira de Mello, se dá por: chefia, direção e assessoramento;
- requisitados de serviço: como mesários e convocados para o b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado
serviço militar (conscritos); para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
- gestores de negócios públicos: são particulares que assumem público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada
espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais, ente federado.
quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
blico. REGIME JURÍDICO
- contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem- Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor-
plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer; mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju-
- concessionários e permissionários: exercem função pública rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que
por delegação estatal; reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico
- delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
de cartórios. No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990
e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le- (por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o
gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso, fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos.
não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.
Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade Provimento
pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o
ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular.
posse sem cumprir algum requisito do cargo. Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar
Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de cargo público Podendo ser:
calamidade pública ou emergência. a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
anterior com a Administração Pública;
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad-
Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra- ministração.
balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos.
A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu-
los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po-
rém que existem paralelamente na Administração.

160
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe- Para Di Pietro1, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser-
tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou vidor é destituído do cargo, emprego ou função.
eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e
determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer- falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação
cício, além de cumprir a exigência regulamentar. e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans-
formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97.
Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem- A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi-
penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função
é considerada como o marco inicial para a produção de todos os de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as
efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse,
o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per- Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí-
cepção de férias e outras vantagens remuneratórias. cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros
São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta- do funcionalismo.
ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo
a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o superior e vacância no cargo inferior.
servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura
possuirá relação anterior com o Estado; do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor mental verificada em inspeção médica”.
passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer-
cida. Efetividade, estabilidade e vitaliciedade
c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali- Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca-
dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos
limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção integrantes dos diversos quadros funcionais.
médica. Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos
seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu-
a aposentadoria por invalidez. rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da
e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver
posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte
inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de
do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja desempenho durante o período de estágio probatório.
no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
quanto as atribuições e vencimentos. Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên-
f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais
seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor- só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no
rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial. artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF.
g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio Hipóteses:
probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art.
ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do 41, §1º, I, da CF);
servidor que ocupava o cargo anteriormente. b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu-
rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF);
Vacância c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe-
A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art.
sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais: 41, § 1º, III, da CF);
- o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido); d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não
exercício (exoneração ex officio); surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF).
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão);
- o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preen-
sua capacidade física ou mental (readaptação); cher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe ga-
- aposentadoria ou falecimento do servidor; rante a permanência no serviço.
- acesso ou promoção. O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora
da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan-
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

161
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de ções públicas
forma proporcional ao tempo de serviço. Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba- cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
o qual foi nomeado em tais fatores: Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação
a) Assiduidade; própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria
b) Disciplina; um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com-
c) Capacidade de iniciativa; petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos
d) Produtividade; públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para
e) Responsabilidade. provimento em caráter efetivo ou em comissão.
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o
para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há
que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver
nº 19/98. o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2 A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser
anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar efetuada por meio de lei.
que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3 No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela
anos de efetivo exercício. exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente
Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli- funções ou cargos públicos quando vagos.
cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas).
Desvio de função
- Requisitos para adquirir estabilidade: O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res-
a) estágio probatório de três anos; peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que
b) nomeação em caráter efetivo; ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais
c) aprovação em avaliação especial de desempenho. são os limites das atribuições e competências do cargo.
No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui-
Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente
maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através ocupado.
de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre
cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do quando este desempenha função diversa daquela correspondente
vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini- ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con-
cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade curso público.
configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi-
cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne- dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati-
cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem vas as diferenças salarias decorrentes do desvio.
que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina- Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de
dos grupos de pessoas. Justiça que editou Sumula a respeito.
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil: Súmula nº 378 STJ
- Magistrados (Art. 95, I, CF); “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen-
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF); ças salariais decorrentes”.
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser-
Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves-
cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso
atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu- porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso
nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com público para o preenchimento de cargos pela administração públi-
a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon-
Constituição Federal poderá fazê-lo. dentes à função desempenhada.

162
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

REMUNERAÇÃO O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão,


Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo vejamos:
público, com valor fixado em lei. - por um dia para doação de sangue,
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés- to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é dias,
irredutível. - por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen-
Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en-
ao salário mínimo teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos.

IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro- Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. e dirigido à autoridade competente que deve decidir.

DIREITOS E DEVERES RESPONSABILIDADE


Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam: Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão
vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias, desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi-
licenças, concessões e direito de petição. cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen-
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in- do de sua função, cargo ou emprego.
denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi-
e auxílio moradia. nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou
Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as de poder a responsabilidade deve estar presente.
despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte- Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa-
resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o
acarrete mudança de domicílio em caráter permanente. responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito
Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- do dano.
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida-
sede. de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu
Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou à vítima.
para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao
extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana. Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa
8.112/90 que as discrimina, a saber: ou dolo.
- retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado
sessoramento, nos âmbitos civil, penal e administrativo.
- gratificação natalina,
- adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de
penosas, ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
- adicional pela prestação de serviço extraordinário, juízo ao erário ou a terceiros.
- adicional noturno, Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade
- adicional de férias, patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a
- outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho), regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau-
- gratificação por encargo de curso ou concurso. sado a outrem.
A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe- seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto
ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío- casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor
dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas. público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res-
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con- sarcimento do dano.
cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi-
política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
para desempenho de mandato classista. ao servidor o contraditório e a ampla defesa.
Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen-
tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos.

163
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará Dos Deveres


o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen- observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus
tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi-
destituição de função comissionada. ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer
com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados
A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com- sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que
petente para sua aplicação, sob pena de nulidade. os estatutos arrolam como proibições.
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a - Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí-
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam- cio da coletividade.
bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do - Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma
processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da
penal contra o servidor moralidade.
- Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi- contas do dinheiro público.
dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração - Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções rendimento funcional.
imputadas ao servidor, nessa qualidade. - Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de-
Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos mais colegas de trabalho e com o público em geral.
312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a - Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais. serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado.
A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri-
minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma Das Proibições
sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de- De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú-
tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi- ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi-
cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana) ções sendo elas:
ou multa (Código Penal, art. 32). - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa torização do chefe imediato;
da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa- - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual-
bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo quer documento ou objeto da repartição;
patrimonial (ilícito civil). - recusar fé a documentos públicos;
- opor resistência injustificada ao andamento de documento e
Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as processo ou execução de serviço;
sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
independentes entre si. da repartição;
A responsabilidade administrativa do servidor será afastada - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de- tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi-
clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, lidade ou de seu subordinado;
não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon- sociação profissional ou sindical, ou a partido político;
sabilidade administrativa não será afastada. - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que em detrimento da dignidade da função pública;
geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis- personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
ciplinares. qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis-
trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado, A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá:
que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co- I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio- presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a constituída para prestar serviços a seus membros;
aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação. II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
interesses.

164
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com- de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
panheiro; na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
quer espécie, em razão de suas atribuições; III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; anos, prorrogável uma vez, por igual período;
- praticar usura sob qualquer de suas formas; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
- proceder de forma desidiosa; cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
ços ou atividades particulares; dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita- ções de direção, chefia e assessoramento;  
do. VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
ciação sindical;
Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito definidos em lei específica;
Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
demais depende de cada Estado/Município. sua admissão;
Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fazer IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram a legisla- terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
ção, ocorre uma infração administrativa, pelo poder disciplinar, os agen- interesse público;
tes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem ser: advertência, X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela de índices;
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
atenuantes e os antecedentes funcionais. ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda- fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
mento legal e a causa da sanção disciplinar. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
A Constituição Federal, em capítulo específico determina as tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata- Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
públicos da Administração Direta ou Indireta. Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema. cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
CAPÍTULO VII Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
SEÇÃO I aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
DISPOSIÇÕES GERAIS sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- tivo;
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos serviço público;
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
como aos estrangeiros, na forma da lei; não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores;

165
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
qualquer caso o disposto no inciso XI: ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
a) a de dois cargos de professor; ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
saúde, com profissões regulamentadas; seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu-
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que
ou indiretamente, pelo poder público; possibilite o acesso a informações privilegiadas.
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último I - o prazo de duração do contrato;
caso, definir as áreas de sua atuação; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, III - a remuneração do pessoal.
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni-
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações geral.
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
obrigações. cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- exoneração.
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de caráter indenizatório previstas em lei.
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
ridades ou servidores públicos. tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
da lei. § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
dos serviços; gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
e XXXIII;    inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

166
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser- ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- disposto no art. 37, XI.
guintes disposições: § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; empregos públicos.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
ção; tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen-
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de da Constitucional nº 103, de 2019)
2019) Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
SEÇÃO II mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
DOS SERVIDORES PÚBLICOS ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
planos de carreira para os servidores da administração pública di- social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional
reta, das autarquias e das fundações públicas.         (Vide ADIN nº nº 103, de 2019)
2.135-4) I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
instituirão conselho de política de administração e remuneração de em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
deres.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
nentes do sistema remuneratório observará: de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
cargos componentes de cada carreira;   III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
II - os requisitos para a investidura;   se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
III - as peculiaridades dos cargos. e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
de convênios ou contratos entre os entes federados.   de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
admissão quando a natureza do cargo o exigir.   Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

167
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so- social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-
cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- exoneração, e de cargo eletivo.
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re-
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi- critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda-
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nº 103, de 2019) § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten- emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
Constitucional nº 103, de 2019) de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen- gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e
ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada 103, de 2019)
a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui-
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple- § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
Constitucional nº 103, de 2019) gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos tituição do correspondente regime de previdência complementar.
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a na forma da lei.
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu- rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
cional nº 103, de 2019) superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
estabelecidos em lei. 2019)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
gem de tempo de contribuição fictício. § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene-

168
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio- para essa finalidade.
nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019) EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ- A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma-
dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos.
já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro-
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) le e fiscalização.
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção
tucional nº 103, de 2019) de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- proferidos por servidores com regime contratual – CLT.
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi-
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) servidores celetistas.
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios,
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluí- de atuacão do Estado”.
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata
servados os princípios relacionados com governança, controle inter- dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000),
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime
de 2019) celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re-
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- lator:
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional “...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os
nº 103, de 2019) direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa-
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser-
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização,
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue
concurso público. sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a
rada ampla defesa; adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor de Contas etc.”
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi-
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re- mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o
muneração proporcional ao tempo de serviço. emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi-
outro cargo. dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do
Poder de Polícia.

169
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti-
tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando
Concurso público a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física
Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou – TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia-
emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de dos entre homens e mulheres.
prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos
a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu- públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina:
cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen- Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
to de cargos públicos I - a nacionalidade brasileira;
A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação II - o gozo dos direitos políticos;
previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi- III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
nistrativa. IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de V - a idade mínima de dezoito anos;
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro- VI - aptidão física e mental.
vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car-
gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a
Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública lei deverá reservar percentual do total das vagas a serem preen-
para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li- chidas por concurso público de cargos e empregos públicos para
vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
concurso público. admissão.
O concurso público terá prazo de validade de até dois anos,
podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho- Invalidação do concurso.
menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea-
prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos
for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa- públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e
dos para assumir cargo ou emprego. igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse
tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas. concurso público.
A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces- Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi-
sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que
que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem desvirtuam as finalidades da realização do concurso público.
como aos estrangeiros, na forma da lei.
Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti- Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em
vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con- edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que
curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual-
na Administração Direta ou Indireta. quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguem em
concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certame.
Requisito de inscrição e requisitos de cargos
Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz
é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros dos tribunais pátrios
natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi- O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico do
cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal. Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos termos
Artigo 12. do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988.
[...] Art. 5º
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: [...]
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; ou ameaça a direito;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judi-
V - da carreira diplomática; ciário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal,
VI - de oficial das Forças Armadas. como forma de controle externo da Administração Pública.
VII - de Ministro de Estado da Defesa. Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti-
midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e
Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do resultados em provas de concurso público.
artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con-
crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para
a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o

170
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do


Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri- ATOS ADMINISTRATIVOS. ATO ADMINISTRATIVO E
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên- FATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO,
ESPÉCIES DE ATO ADMINISTRATIVO. EXISTÊNCIA,
cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência
VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO.
durante a realização do certame.
ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS. ATRIBUTOS. EXTINÇÃO
A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen- E MODIFICAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja REVOGAÇÃO. RETIFICAÇÃO E INVALIDAÇÃO.
impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con- CONVALIDAÇÃO. EFEITOS DOS VÍCIOS
feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade
dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados
candidatos, com a exclusão arbitrária de outros. CONCEITO
Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade, Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita
não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí- e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às
dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro- Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
cessos de seleção. vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
Da investidura do servidor público tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o ou a si própria”.
cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
efetivo. claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam- serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
período de estágio probatório. do interesse público.
Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
público passa a ser representante do Estado nas manifestações culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de referidos atos.
prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
satisfazer as demandas coletivas. Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan-
te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no REQUISITOS
Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida- São as condições necessárias para a existência válida do ato.
des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo. Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu- - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali- deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três) O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
anos de efetivo desempenho da função. todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do minado ou vínculo de natureza permanente.
desempenho do profissional em função das atividades que realiza, Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten- que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
cial de desenvolvimento. dade.
Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
de legitimação para a prática de atos.

171
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi- O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele-
nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato,
pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá-
de poder. lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina- ou judicial.
lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das
demandas da sociedade. b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
- Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte- independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com tração possui para impor determinado comportamento a terceiros.
a expedição do ato administrativo.
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum-
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
os casos dos semáforos, por exemplo. em regra, nascem no mesmo momento.
A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins- Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati-
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali-
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque zando, de modo indireto o ato desrespeitado.
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro-
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate-
atos concatenados, com um propósito certo. rialmente pela própria administração, independentemente de re-
curso ao Poder Judiciário.
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati- vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
conduta estatal. em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
razões que levaram à prática do ato.
CLASSIFICAÇÃO
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece- Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi- cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da os doutrinadores administrativos.
Administração Pública.
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- Quanto à composição da vontade produtora do ato:
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
cidido pela prática do ato. to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
ATRIBUTOS agente em órgãos singulares.
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
fins almejados pelo Estado. ou mais órgãos para formar um único ato.
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis- edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
macia do interesse público sobre o privado. blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
São atributos dos atos administrativos: deve contar com o que ocorrer com o primeiro.

a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção Quanto a formação do ato:


de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação partes. Exemplo: licença
dos serviços públicos. Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios Exemplo: contrato administrativo;
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. Exemplo: convênios.

172
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Quanto aos destinatários do ato: Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já
Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue
determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse a situação existente, apenas a reconhece.
momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin-
geral restringindo seu âmbito de atuação. ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de
Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego- atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato
de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão
abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange do servidor público.
todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
-se de imposição geral e abstrata para determinada relação. Quanto à situação de terceiros:
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno
Quanto à posição jurídica da Administração: da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula-
Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe- res e pareceres.
rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por-
praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada-
de estabelecimento comercial. mente seus efeitos.
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem
as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal), Quanto à validade do ato:
sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên-
o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri- cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto
vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
tenham relação com a supremacia do interesse público. Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível ou alu- que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal. partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos,
ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa,
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria: seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os
çam regras gerais (regulamentos). direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito nulo.
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi- Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser
duais. sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
ção se cumpra. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
expressamente previstos em lei.
Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
do ato: nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad- público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad- sível.
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen-
tos expressos em lei para a prática do ato. Quanto à exequibilidade:
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo às etapas de sua formação.
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
Quanto aos efeitos: termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío- casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
do de suspensão. cífica.
Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
concessão de licença para doar sangue.

173
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ESPÉCIES - Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res-


a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge- ponsáveis por obras ou serviços públicos;
ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre- - Provimentos – atos administrativos intermos, com determina-
sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem
geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção para regularização ou uniformização dos serviços;
(decreto de nomeação de um servidor). - Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis-
Os atos normativos se subdividem em: tração a terceiros;
- Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos, - Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto-
que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man- ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da
damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de função administrativa) em requerimentos e processos administrati-
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto- vos sujeitos à sua administração.
-executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu- c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara-
ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado
ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con-
legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple- dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica, - Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a
com a criação de direitos e obrigações. Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de-
2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi- terminada atividade.
sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre - Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis-
matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada
ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa- atividade.
cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar - Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra-
qualquer previsão anterior. ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida-
de nas situações determinadas por ela;
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não - Aprovação - análise pela própria administração de atividades
de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do prestadas por seus órgãos;
princípio da legalidade. - Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra-
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons- ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade;
tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos - Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato
privativos dos Ministros de Estado. praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia;
- Regimentos – São atos administrativos internos que emanam - Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- primento de certa obrigação até então conferida por lei.
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu. gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
- Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen- mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo.
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra-
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
ministração. motivo e ao conteúdo.
- Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. meio dos órgãos competentes;
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
particulares. que estejam na repartição pública;
São eles: - Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- assuntos submetidos à sua consideração.
quico em desempenhar determinada função;
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos-
nados funcionários ou agentes; ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
nistério; culares perante a Administração.
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dispo-
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais sições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços.
ou gerais;

174
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação Não há limite temporal para a revogação de atos administrati-
externa e interna. Quando for interna, compete à Administração vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo
punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado
contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos, a qualquer tempo.
fazendo com que se respeite as normas administrativas. Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por
razões de conveniência e oportunidade.
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina- Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com
lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-
fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto. -lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que
Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde
no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei- o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à
tos, causando sua extinção. convalidação, utilizam a expressão sanatória.
Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori-
dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos: tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc.
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos,
administrado deixa de preencher condição necessária para perma- sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu-
nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos
indispensável para manutenção do ato administrativo. anuláveis.
Existem três formas de convalidação:
Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa- a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade
zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou que praticou o ato;
seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior
ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc. àquela que praticou o ato;
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi- c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou
nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju- seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade
diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando superior.
a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação
tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o
inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa, ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base
pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros. o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a
De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri- convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa-
bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto,
de boa-fé. que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra
alternativa senão anular o ato.
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF:
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA
de dos seus próprios atos. A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situa-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ções jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja,
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para serem
em todos os casos, a apreciação judicial. exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
trativa. derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu dentro de determinado tempo.
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-

175
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta O PAD simplificado possui uma sindicância punitiva/acusatória,
de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou uma vez que ao final ela apresenta uma penalidade. Esta distinção
outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos ocorre, pois, caso esteja-se diante de uma sindicância investigati-
denominando-os de prescricionais. va/ inquisitória, não é necessário fornecer a ninguém o direito de
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do ampla defesa e contraditório, uma vez que não se está acusando
prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administração. ninguém, mas apenas investigando.
Não existe muitas regras sobre o processo administrativo dis-
ciplinar simplificado, de modo que, de maneira geral, utiliza-se o
PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
REQUISITOS, OBJETIVOS, FASES, ESPÉCIES, PRINCÍPIOS procedimento do propriamente dito como margem.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO O prazo para a conclusão de um PAD simplificado é de 30 dias,
ou seja, após o início da sindicância tem-se 30 dias para encerrar,
podendo ser prorrogados por mais 30 dias.
Processo administrativo
O Processo Administrativo Disciplinar tem como objetivo apu- II. Processo Administrativo Disciplinar Propriamente Dito: utili-
rar possíveis infrações disciplinares e, conforme o caso, aplicar a zado nos casos de infrações gravíssimas. Este processo administra-
penalidade cabível. tivo disciplinar possui três fases, sendo elas:
As regras disciplinares são de competência de cada ente fede- * Primeira Fase: Compreende a instauração do processo. Para a
rativo, que irão regular os devidos procedimentos disciplinares de instauração do processo é necessário que o Administrador Público
seus respectivos servidores públicos. tome conhecimento de uma conduta indisciplinar, assim, é preciso
Na esfera federal, temos o nosso estudo baseado na Lei conhecer a conduta, para depois instaurar um PAD.
8.112/90, sendo o estatuto dos servidores públicos. Vale destacar, *Diante de uma denuncia anônima é preciso instaurar o PAD? A
que as regras estatutárias não podem desrespeitar os princípios e Lei 8.112/90 de a entender que a denuncia anônima está vedada de
as regras constitucionais. maneira geral para evitar o chamado denuncismo. Uma vez que, a
Dentro da Lei 8.112/90 existem três modalidades de Processo Lei fala que a denúncia deve ser clara, demonstrando seu endereço,
Administrativo Disciplinar, logo nas três hipóteses, por se tratar de nome, ou seja, você tem que ser responsável pela sua denúncia –
processo administrativo disciplinar é possível à existência de uma assumir a responsabilidade. Ocorre que, nessa situação, ao exigir
penalidade ao final. São modalidades do PAD: que a denúncia seja sempre clara, pode estar evitando que certas
I. Processo Administrativo Disciplinar Simplificado/ Sindicância denúncias cheguem à Administração Pública. Assim, conclui-se que
(Art. 145 da Lei 8.112/90): possui como objetivo a apuração das a denúncia anônima não deve ser desconsiderada de fato, sendo
condutas que em tese são de menor potencial ofensivo, pressupõe necessário analisar a presença de elementos concretos na denúncia
então que os tipos de penalidade a serem aplicadas aqui possuem anônima.
natureza leve. De modo que, ao receber a denúncia anônima a Autoridade
Caso ao dar início a esta modalidade de PAD e, verifica-se a não competente não pode abrir um PAD de prontidão. Mas, caso a Au-
existência do fato, o PAD é arquivado, uma vez que está ausente de toridade verifique elementos concretos nesta denúncia anônima,
provas/ elementos probatórios. instaura-se um PAD de sindicância investigatório, se neste proces-
Por outro lado, caso o PAD simplificado seja confirmado, apli- so for confirmado os elementos instaura-se um PAD propriamente
ca-se uma advertência, ou então, uma suspensão de até 30 dias ao dito, para apurar a fundo as infrações e aplicar as penalidades ne-
servidor público. cessárias.
Assim, a punição para condutas do servidor público de natu- O PAD Propriamente Dito pode ser instaurado de prontidão
reza leve é de advertência ou suspensão de até 30 dias. Nota-se caso verifique-se uma conduta gravíssima, de uma denúncia clara
que caso conclua-se, diante da apuração do PAD simplificado, que a (pessoa assumi a responsabilidade), desta forma percebe-se que a
infração é gravíssima, finaliza-se o PAD simplificado e instaura-se o sindicância não é pré-requisito para a instauração do PAD, desde
PAD propriamente dito. que a denúncia seja clara.
Ex. Ocorre uma denuncia de um servidor, que está vendendo Um dos elementos da Portaria que instaura o PAD é o afasta-
pão de mel dentro da administração pública, as pessoas sabem que mento preventivo da servidor público (Ato Administrativo – Porta-
este servidor não sabe cozinhar. A autoridade recebe a informação. ria). Esse afastamento ocorre, pois muitas vezes, os demais servi-
Sabe-se que essa conduta não é gravíssima, assim abre-se um PAD dores não se sentem confortáveis em testemunharem algo com o
simplificado para apurar a situação, mas com a informação de que acusado ainda ocupando o cargo, pois ele poderia utilizar sua in-
a pessoa não sabe cozinhar, ao abrir o PAD simplificado ele não se fluência – por exemplo, se vocês testemunharem acontecerá algo.
confirma, assim arquiva-se. No caso de confirmação, por exemplo, Assim, o afastamento é utilizado como um acautelamento do Admi-
não era pão de mel, mas cocada, aqui não se arquiva o processo, nistrador Público em relação ao processo administrativo disciplinar.
mas aplica-se uma advertência. Vale ressaltar que o afastamento temporário não é uma puni-
ção, tendo em vista que ainda não houve PAD. Sendo assim, neste
Obs. Cuidado com o termo sindicância, na doutrina do Direito afastamento é razoável que o servidor público continue recebendo
Administrativo em Geral (Processo Administrativo – Lei 9.784/99), a sua remuneração. O prazo de afastamento temporário do servidor
existe o termo sindicância, no sentido investigativo-inquisitório e público é de no máximo 60 dias, prorrogáveis, desde que justificá-
acusatória- punitivo. Assim, dentro do Processo Administrativo Ge- vel, por mais 60 dias (Art. 147 da Lei 8.112/90).
ral, existem duas modalidades de sindicância.

176
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Caso passe o período total de 120 dias (60 + 60 prorrogáveis), e Ademais, importante ressaltar que no momento em que o PAD
a Autoridade necessite de mais tempo para a investigação, não tem é aberto, o prazo prescricional do mesmo se interrompe até a de-
como aumentar o prazo e o servidor continuar afastado, assim o cisão da autoridade competente (Art. 142, § 3º da Lei 8.112/90).
servidor retorna para o seu cargo e o PAD continua. Entretanto existem discussões acerca da razoabilidade desse tempo
O Ato Administrativo que instaura o PAD indica o nome de três de decisão da autoridade competente, de modo que a previsão le-
servidores públicos para compor uma Comissão Processante. Ou gal diverge da jurisprudencial.
seja, uma autoridade instaura o PAD, sendo somente os Ministros A lei entende que a Autoridade tem o tempo necessário para
que possuem competência para tanto, entretanto não são os Minis- se chegar a uma decisão, já a jurisprudência, entende que, uma vez
tros que tocam o Processo Administrativo Disciplinar, mas sim uma interrompido o prazo prescricional do PAD, após 140 dias, diante
Comissão Processante. da ausência de uma decisão pela autoridade competente, o pra-
Dentro do ato de instauração o Ministro já indica os servido- zo prescricional volta a correr. Isto é, uma vez instaurado o PAD, a
res públicos, sendo a regra geral que a Comissão Processante seja autoridade competente tem 140 dias para concluí-lo, uma vez que
composta por três Servidores Estáveis (estabilidade é um requisito o PAD normalmente deve durar 60 dias, prorrogáveis por mais 60,
– Artigo 149 da Lei 8.112/90). Um desses três Servidores será Presi- após isso a autoridade competente tem 20 dias para julgá-lo – to-
dente da Comissão, este tem que ter o cargo superior ou similar ao talizando 140 dias.
do servidor púbico acusado.
A regra geral prevê a estabilidade, pois esta funciona como * Segunda Fase: esta se subdivide em:
uma garantia do servidor público que compõe a comissão, de modo - Inquérito Administrativo: é tocado pela Comissão Processan-
a garantir que este não pode ser retirado/ perder o cargo a não ser te, composta por três servidores públicos que possuem estabilida-
nas hipóteses do artigo 41 da CF, ou seja, não sofro o risco de ser de.
ameaça a ser mandada embora. (Obs. Não pode estar este Servidor - Instrução do Processo: nesta fase mantem-se a regra funda-
Público somente no cargo de comissão, uma vez que cargos em co- mental inserida no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Em
missão não possuem a estabilidade). que, toda fase de Processo Administrativo Disciplinar será acom-
Obs. É muito comum na jurisprudência quando se anula um panhada pelo Servidor acusado, uma vez que, caso não tenha este
processo administrativo, anula-se a comissão processante em um acompanhamento não existirá a possibilidade do contraditório e
sentido geral. Assim qual é o ato que a autoridade competente tem nem da ampla defesa.
que fazer? Instaurar um novo PAD, com a nomeação de novas pes-
soas para compor a comissão processante, uma vez que a anterior Outro princípio que rege esta fase é o Princípio da Oficialidade,
foi desfeita, pois não garantiu a ampla defesa e o contraditório. no sentido de que a Comissão Processante ao tocar o inquérito ad-
Caso anteriormente tenha ocorrido alguma nulidade que tenha ge- ministrativo age de ofício, não sendo necessário que a Autoridade
rado o desfazimento da comissão processante, pode esta mesma Administrativa de comandos para a Comissão Processante.
comissão ser escolhida novamente. Assim, a Comissão Processante Nesta fase também é necessário buscar a verdade material/
só não pode ser a mesma caso esta não garanta o contraditório e a real, ou seja, a verdade mais próxima do que realmente aconteceu,
ampla defesa. nesse sentido, pode se falar que o PAD é muito parecido com o pro-
A Suspensão e Advertência podem ser aplicadas no PAD, no cesso penal.
momento em que o Servidor Público é suspenso ou advertido, Durante a Instrução do Processo serão tomadas todas as me-
começa a correr um prazo para o cancelamento desse registro de didas necessárias como, por exemplo: oitiva de testemunhas, pe-
penalidades na sua ficha de servidor público. De modo que, após rícias, acareações, sempre com a possibilidade de o servidor pú-
3 (para o caso de advertência) ou 5 (para a suspensão) anos o servi- blico causado intervir no procedimento, ou seja, apresentar seus
dor cometa outro ilícito/ não sofra nenhuma outra sanção, ele não próprios laudos, testemunhas.
será considerado como reincidente. Assim, aqui não se cancela os Nota-se que caso ocorra à violação ao contraditório e a ampla
efeitos da suspensão e da advertência, mas o Registro de Penalida- defesa, o PAD deverá ser arquivado.
des em sua ficha.
Prazo de Prescrição do PAD: o Servidor Público no exercício da Obs. É possível emprestar provas produzidas em processos ju-
sua atividade, pratica uma conduta em que a penalidade típica é dicias em andamento? Sim, desde que esta prova emprestada seja
demissão, assim, o poder público / administração pública, tem o lícita.
prazo de 5 anos, a partir do conhecimento do fato da conduta pela Obs. É necessário que se dê a possibilidade de participação de
autoridade competente para abrir um PAD, sob pena de prescrição. advogado, não podendo ser vedada a sua participação no PAD.
Caso a conduta leve a suspensão do servidor, a Administração
Pública tem dois anos, a partir do conhecimento da conduta, para Esta situação do Advogado gerou a Súmula Vinculante nº 5 do
abrir o PAD sob pena de prescrição. STF, que prevê que a falta de defesa técnica, ou seja, de advoga-
Por outro lado, caso a conduta leve a advertência ao servidor, do em um PAD não ofende a Constituição Federal. Entretanto o STJ
a Administração Pública tem 180 dias, a partir do conhecimento da acredita que é necessária a presença do advogado no PAD. O que
conduta, para abrir o PAD, sob pena de prescrição. vale, neste caso, é a posição do STF na Súmula Vinculante nº 5.
Vale ressaltar, que nos três casos acima (demissão, suspen- - Defesa
são e advertência), caso a Autoridade competente, tome conheci- - Relatório
mento da conduta e não instaure o PAD ela sofre as sanções da Lei
8.112/90, ou seja, assume a responsabilidade. * Terceira Fase: Julgamento

177
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999 CAPÍTULO II


DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
Pública Federal. Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
CAPÍTULO I suas obrigações;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que
tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad- documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci-
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
quando obrigatória a representação, por força de lei.
Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
de função administrativa.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: CAPÍTULO III
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad- DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
ministração direta e da estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,
jurídica; sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder I - expor os fatos conforme a verdade;
de decisão. II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos III - não agir de modo temerário;
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro- IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo-
porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran- rar para o esclarecimento dos fatos.
ça jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa- CAPÍTULO IV
dos, entre outros, os critérios de: DO INÍCIO DO PROCESSO
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to- Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a
tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; pedido de interessado.
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
a promoção pessoal de agentes ou autoridades; que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e conter os seguintes dados:
boa-fé; I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as II - identificação do interessado ou de quem o represente;
hipóteses de sigilo previstas na Constituição; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co-
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- municações;
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita- IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
mente necessárias ao atendimento do interesse público;
fundamentos;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter-
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
minarem a decisão;
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in-
direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi- Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
nistrados; modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale- pretensões equivalentes.
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula-
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem pre-
juízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me-
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.

178
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO V CAPÍTULO VII


DOS INTERESSADOS DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi- Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser-
nistrativo: vidor ou autoridade que:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re- II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste-
presentação; munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
direitos e interesses coletivos; Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen-
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan- to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se
to a direitos ou interesses difusos. de atuar.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi-
maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor- mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
mativo próprio. Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte-
CAPÍTULO VI ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes
DA COMPETÊNCIA e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
delegação e avocação legalmente admitidos. CAPÍTULO VIII
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos autoridade responsável.
presidentes. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
I - a edição de atos de caráter normativo; § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
II - a decisão de recursos administrativos; ser feita pelo órgão administrativo.
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencial-
dade. mente e rubricadas.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,
cados no meio oficial. no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes o processo.
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
de exercício da atribuição delegada. cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela au- Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
toridade delegante. autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar ex- participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo-
plicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo dele- tivo de força maior.
gado. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos até o dobro, mediante comprovada justificação.
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi- o local de realização.
camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a
unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
grau hierárquico para decidir.

179
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO IX § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação


DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-
sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale-
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo gações escritas.
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si,
de decisão ou a efetivação de diligências. a condição de interessado do processo, mas confere o direito de
§ 1o A intimação deverá conter: obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad- comum a todas as alegações substancialmente iguais.
ministrativa; Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,
II - finalidade da intimação; diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú-
III - data, hora e local em que deve comparecer; blica para debates sobre a matéria do processo.
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria
representar; relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de
V - informação da continuidade do processo independente- administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa-
mente do seu comparecimento; ções legalmente reconhecidas.
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou-
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias tros meios de participação de administrados deverão ser apresen-
úteis quanto à data de comparecimento. tados com a indicação do procedimento adotado.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên-
via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali-
que assegure a certeza da ciência do interessado. zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre-
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a
ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por ser juntada aos autos.
meio de publicação oficial. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a
das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su- instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
pre sua falta ou irregularidade. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco- registrados em documentos existentes na própria Administração
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór-
administrado. gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti- documentos ou das respectivas cópias.
do direito de ampla defesa ao interessado. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili-
que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos objeto do processo.
de outra natureza, de seu interesse. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na
motivação do relatório e da decisão.
CAPÍTULO X § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun-
DA INSTRUÇÃO damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces- expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações forma e condições de atendimento.
probatórias. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór-
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au- gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a
tos os dados necessários à decisão do processo. omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec-
obtidas por meios ilícitos. tiva apresentação implicará arquivamento do processo.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan-
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de do-se data, hora e local de realização.
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
a parte interessada. consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin-
ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior
prazo.

180
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti- § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. § 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade origi-
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser nária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído pela Lei nº
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e 14.210, de 2021)
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade § 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali-
de quem se omitiu no atendimento. dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser necessário, da simplificação do procedimento e da concentração
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res- § 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi-
ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór- nistrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei nº
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for 14.210, de 2021)
legalmente fixado. III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin-
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública tos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde-
prévia manifestação do interessado. nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob- 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir
o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote- direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade
gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. responsável pela convocação da decisão coordenada. (Incluído pela
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi- Lei nº 14.210, de 2021)
tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci- Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser
são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori- intimados na forma do art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210,
dade competente. de 2021)
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável
CAPÍTULO XI pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à
DO DEVER DE DECIDIR respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar
o processo da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir 2021)
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla- Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo
mações, em matéria de sua competência. abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre-
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad- cedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro- Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão
gação por igual período expressamente motivada. coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma
fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte-
CAPÍTULO XI-A ração necessárias para a resolução da questão. (Incluído pela Lei nº
DA DECISÃO COORDENADA 14.210, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao
objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de- Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada
cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações: (In-
setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci- cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
são coordenada, sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210,
I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela Lei de 2021)
nº 14.210, de 2021) II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pela Lei nº
II - houver discordância que prejudique a celeridade do proces- 14.210, de 2021)
so administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação; (In-
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das
de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces- propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca-
so administrativo mediante participação concomitante de todas as ção; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura
técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida- atuação governamental em matéria idêntica ou similar; e (Incluído
de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti- pela Lei nº 14.210, de 2021)
nente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

181
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujei- CAPÍTULO XIV


ta à sua competência. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun-
damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan-
matéria de competência do órgão ou da entidade representada. (In- do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis-
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União, trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV do decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada salvo comprovada má-fé.
e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor, § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº 14.210, cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
de 2021) § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
CAPÍTULO XII dade do ato.
DA MOTIVAÇÃO Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen-
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad-
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: ministração.
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; CAPÍTULO XV
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de
tatório; razões de legalidade e de mérito.
V - decidam recursos administrativos; § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão,
VI - decorram de reexame de ofício; a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão à autoridade superior.
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- tivo independe de caução.
ção de ato administrativo. § 3oSe o recorrente alegar que a decisão administrativa contra-
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po- ria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora
dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabili-
neste caso, serão parte integrante do ato. dade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte- instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
ressados. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis- I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro-
sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo cesso;
escrito. II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
afetados pela decisão recorrida;
CAPÍTULO XIII III - as organizações e associações representativas, no tocante a
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCES- direitos e interesses coletivos;
SO IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
difusos.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o pra-
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re- zo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da
nunciar a direitos disponíveis. ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
atinge somente quem a tenha formulado. trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, do recebimento dos autos pelo órgão competente.
não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
considerar que o interesse público assim o exige. prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces- Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

182
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem CAPÍTULO XVII
efeito suspensivo. DAS SANÇÕES
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe-
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa-
efeito suspensivo ao recurso. zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo CAPÍTULO XVIII
de cinco dias úteis, apresentem alegações. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
I - fora do prazo; Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a
II - perante órgão incompetente; reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
III - por quem não seja legitimado; os preceitos desta Lei.
IV - após exaurida a esfera administrativa. Art. 69-A.Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a auto- ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como
ridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra- I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;(In-
ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão cluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
administrativa. II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con- pela Lei nº 12.008, de 2009).
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci- III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
são recorrida, se a matéria for de sua competência. IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla,
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan-
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi- te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui-
cado para que formule suas alegações antes da decisão. losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
Art. 64-A.Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú- doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação,
mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explici- síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave,
tará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, con- com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
forme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído
Art. 64-B.Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação pela Lei nº 12.008, de 2009).
fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á § 1oA pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando
ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julga- prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra-
mento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões admi- tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri-
nistrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização das. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.(Incluído pela Lei § 2oDeferida a prioridade, os autos receberão identificação pró-
nº 11.417, de 2006). Vigência pria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san- Lei nº 12.008, de 2009).
ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, § 3o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí- § 4o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
veis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção.
LICITAÇÕES PÚBLICAS. LEI FEDERAL Nº 8.666/93.
DEVER DE LICITAR, PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO.
CAPÍTULO XVI MODALIDADES LICITATÓRIAS. PREGÃO, LEI FEDERAL
DOS PRAZOS 10.520/02. PROCESSO LICITATÓRIO. REGISTROS
CADASTRAIS. REGISTRO DE PREÇOS
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin-
Princípios
do-se o do vencimento.
Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se-
mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
ou este for encerrado antes da hora normal. ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. com a aplicação da nova Lei.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
os prazos processuais não se suspendem.

183
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº. Princípio da impessoalidade


14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da
que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº. impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra-
8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art. ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que
5º, da seguinte forma: estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões
da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob-
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi- do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi-
cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como
disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei passível de fazer interferências no julgamento das propostas.
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta Princípios da moralidade e da probidade administrativa
que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios
à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades
que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina- distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de
da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu- que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética,
cional da isonomia. isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes
Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside-
é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou- rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos
tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis-
expressa no texto legal. tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses
Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com
art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa, os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é
apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade
qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa
de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992.
serviços nacionais.
Princípio da Publicidade
Princípio da legalidade Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu-
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento
juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade do que os administradores estão realizando, e também de manei-
de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório. ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se
A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra- Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e
dos contra as condutas abusivas do Estado. acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega- conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.
lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in-
que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú- terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos
blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici-
venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela
alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên-
ou judicial. cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual- número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- valor do contrato dispensa maior divulgação. “
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for-
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. obediência ao princípio da publicidade.

184
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da eficiência do interesse público Princípio do Planejamento


Trata-se de um dos princípios norteadores da administração A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili- contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o
dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, dever legal do planejamento como um todo.
da segurança jurídica e do interesse público. Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen-
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial licitação e também toda a contratação pública de forma adequada
que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de
haja melhor organização e estruturação advinda da administração forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros
pública. princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um
Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme- todo.
tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla-
atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a
jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res-
devem atuar de forma acoplada e não sobreposta. ponsabilidade do agente público.
Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao Princípio da transparência
cuidar da Administração Pública. O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade,
Princípio da Probidade Administrativa imparcialidade, eficiência, dentre outros.
A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro- Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é
bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici-
princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções
pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans-
Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio
comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida-
em conformidade com a ética e os bons costumes. de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever
Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí- das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus
pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita
significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos. de forma transparente.
O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor-
vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida- mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição
de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da
8.429/1992. Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob-
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085,
Princípio da igualdade Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009).
Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan- Princípio da eficácia
tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual- Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for-
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação, ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por
todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe, parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado
ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das dentro da legalidade.
propostas. Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação
8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir, administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien-
prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de
ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem maneira conjunta e não sobrepostas.
o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên- Princípio da segregação de funções
cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar
“qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o
específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a poder e criando independência para as funções de execução opera-
12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991. cional, custódia física, bem como de contabilização
Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina-
restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun-
relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru- ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa
mento de convocação do certame. venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e
O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua- controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização
litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi- de uma verificação cruzada.
guais, na medida de suas desigualdades.

185
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco-
moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput, plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação
da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida
3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.
Interno do Ministério da Fazenda.
Princípio da competitividade
Princípio da motivação O princípio da competição se encontra relacionado à competiti-
O princípio da motivação predispõe que a administração no vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade
processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio
a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do
a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei-
haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que
sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos
levaram o agente público a proceder daquele modo. pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi-
dade na licitação.
Princípio da vinculação ao edital Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin-
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi- gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta
dade das determinações de habilidades, que possui o condão de poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro-
impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de cesso licitatório.
que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é
objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade. aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con-
Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si-
estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada
que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a
entidades. Administração Pública, como também a observância do princípio
Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá-
a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a rio).
seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada Princípio da proporcionalidade
e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le- O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio
galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi- da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades
cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí- exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão
pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer no âmbito dos direitos fundamentais.
proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje- Princípio da celeridade
to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal. Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside-
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o
Princípio do julgamento objetivo princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro-
O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi-
acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató- gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for
rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório, possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão.
para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas. Princípio da economicidade
Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre- Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e, vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces-
por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros. sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona-
Princípio da razoabilidade do ao princípio da moralidade e da eficiência.
Trata-se de um princípio de grande importância para o contro- Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade,
le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida-
que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco-
requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente
trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí- sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho,
nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im- 1998, p.66).
portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que
determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a
razão administrativa como um todo.

186
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da licitação sustentável mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten- Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2
tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de (dois) a 3 (três) anos, e multa;
que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a
preservação do meio ambiente”. Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi-
na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não
12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta
do desenvolvimento nacional sustentável. nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior.
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga-
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi- rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con-
mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser- trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto.
vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal. Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é
Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a
fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de- licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in-
vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º: teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula-
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- ridade Insanável.
lidos gerados pelas obras contratadas;
B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental, Princípio da competitividade
que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental; É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha-
c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova- vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi-
damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais; nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio
D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da
urbanística; competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú-
E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi- cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem
reto causado pelas obras contratadas; o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope-
F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu-
mobilidade reduzida. ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto
Princípios correlatos do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e
Além dos princípios anteriores determinados pela Lei no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” .
8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten-
também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como
quais se destacamos: manifestação do princípio da indistinção.

Princípio da obrigatoriedade Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas


Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen-
no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá,
as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es-
locações da Administração Pública, quando forem contratadas por teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub-
terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório, sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas
com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente. ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da
Lei 8.666/1993.
Princípio do formalismo
Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo Competência Legislativa
com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o A União é munida de competência privativa para legislar sobre
art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro- normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi-
cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati- nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII,
Pública”. da CFB/1988.
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita-
Princípio do sigilo das propostas das pela União são de observância obrigatória por todos os entes
Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante- federados, competindo a estes, editar normas específicas que são
cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple-
pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43, mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la.
§ 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-

187
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar Dispensa e inexigibilidade


supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li- Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta- inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art. tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú- em especial nos casos de:
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá empresa ou representante comercial exclusivos;
dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com- II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente
pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis- ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
tração pública. crítica especializada ou pela opinião pública;
A mencionada modificação constitucional, teve como objeti- III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba- serviços de publicidade e divulgação:
lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado. a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje-
O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das tos executivos;
vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi- c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras
cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti- ou tributárias;
cos da administração direta, autárquica e fundacional. d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser-
Em observância e cumprimento à determinação da Constitui- viços;
ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi- f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde- h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en-
ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento
nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I. de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais
De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em- serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen- IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga- credenciamento;
ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins-
a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por talações e de localização tornem necessária sua escolha.
não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias. Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu-
Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu-
nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser- sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do
va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme- serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02. ainda, pelas entidades equivalentes.
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis-
Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis-
pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário,
nº. 14.133/2.021: levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente.
1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula- Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos
da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32, especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas
IV, da Lei nº 13.303/16; de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na publicidade e divulgação.
seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de
3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a
nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de- competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá
sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se ser adotado.
encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao
vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações. inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe-
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O

188
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória trabalho de qualidade.
especialização.
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória Maior desconto
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto ponentes venham a oferecer seus descontos.
do contrato. Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata- para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
ção de serviços de advocacia e também de contabilidade. grande importância para a administração Pública, tendo em vista
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife- do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar
rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que
nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o a Administração admite.
procedimento.
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação Melhor técnica ou conteúdo artístico
de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva
parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques-
de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce- tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es-
der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços
razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen- de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por
sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi-
doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou-
Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a tros pertinentes à matéria.
Administração já determinou previamente para qual órgão ou en-
tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de Técnica e preço
realização do certame licitatório. Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga-
tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica
Critérios de Julgamento como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de
Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe-
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis- cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu-
tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac- mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro
terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e
tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe- o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva
cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em ordem.
seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des- Maior lance (leilão)
conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon-
lance (leilão), maior retorno econômico. tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos
Vejamos: próximos tópicos.

Menor preço Maior retorno econômico


Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida-
o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási- des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser
co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam
pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor uma espécie de contrato de eficiência.
entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações:
atenda a todos os requisitos estipulados no edital. LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação
Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento
comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape- de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante,
nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra-
tado com base em percentual da economia gerada;

189
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma- oportunidade das autoridades competentes.
quina pública.
Leilão
Modalidades Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Li- ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
citações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: concor- oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
rência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação serem leiloados
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica- de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
ção da nova Lei. licitante vencedor, na forma definida no edital.

Concorrência Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se


Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior
é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi- de avaliação do bem.
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou
seu objeto. por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme
Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade os ditames da legislação pertinente.
licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso
ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi-
de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon- nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos
tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não
forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve-
publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações.
procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da
modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida- Pregão
de, jamais o contrário. Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata-
Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con- -se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço,
corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns.
a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in- Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas
termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para formas eletrônica e presencial.
contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge- Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei
ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais 10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é
simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão
prazos mais extensos de publicidade do certame. eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05.
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de
Concurso processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras
Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade diferentes que serão adotadas pelo Poder Público.
de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico, Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para
científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita- contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
ções: 5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe-
Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas rencial.
em edital, que indicará: Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici-
I - a qualificação exigida dos participantes; par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos
II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho; quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia-
III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem
concedida ao vencedor. como os documentos pertinentes.

190
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
A classificação a respeito das formas de pregão está também diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego- tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas. parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em mentos necessários para a realização do projeto.
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema, Habilitação, Julgamento e recursos
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou
carta convite. Habilitação
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
ma, até que esta fase venha a se encerrar. aceitação de balanço de abertura.
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
denciamento. para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
participantes, para evitar conluio. e devidamente justificados no processo de licitação.
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ- De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha-
metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex-
da Sessão. pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se
No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das
de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis- empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos.
trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
conter as exposições com a motivação da interposição. ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada
Diálogo competitivo por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali- quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser
dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi- contratada.
nistração: Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata- exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio-
ções em que a Administração: nal. Vejamos:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis-
a) inovação tecnológica ou técnica; sional e técnico-operacional será restrita a:
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade I - apresentação de profissional, devidamente registrado no
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser-
com precisão suficiente pela Administração; viço de características semelhantes, para fins de contratação;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse-
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta- lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem
que para os seguintes aspectos: capacidade operacional na execução de serviços similares de com-
a) a solução técnica mais adequada; plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi- como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do
nida; art. 88 desta Lei;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato. III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc-
nica que se responsabilizará pelos trabalhos;

191
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o
cial, quando for o caso; encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho-
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou
quando for o caso; administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
as informações e das condições locais para o cumprimento das obri- Considera-se que a homologação do processo de licitação re-
gações objeto da licitação. presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues
(1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor-
Julgamento dante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob trato.
os seguintes critérios:
1. Menor preço; Registro de preços
2. Maior desconto; Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
4. Técnica e preço; mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
5. Maior lance, no caso de leilão; de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
6. Maior retorno econômico. Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do mais órgãos pertencentes à Administração.
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor-
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
de eficiência de forma geral. das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço tais bens vir a perecer ou deteriorar.
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
trouxer um maior retorno econômico. Lictações que regem o sistema de registro de preços:
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
Recursos as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor- I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta- II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato no caso de serviços, de unidades de medida;
deverá acontecer em apenas uma etapa. III - a possibilidade de prever preços diferentes:
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul- a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se rentes;
manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi- b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
no de cada sessão, sob pena de preclusão c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre- lote;
cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento, d) por outros motivos justificados no processo;
afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in- IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
das propostas. nos limites dela;
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
Adjudicação e homologação preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo mercado;
o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade VI - as condições para alteração de preços registrados;
de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi-
como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante
pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com
a execução. a ordem de classificação;
Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais
início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de
Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi- validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de
ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório, ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto
embora não seja livre. no edital;
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços
e suas consequências

192
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó-
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados rio e à ampla defesa”.
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
a contratação posterior de item específico constante de grupo de de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
vantagem para o órgão ou entidade. e a ampla defesa.
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
apenas nas seguintes situações: reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
entidade não tiver registro de demandas anteriores; nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
II - no caso de alimento perecível; nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
de bens. 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
de outro órgão ou entidade na ata. procedimento de licitação tiver sido concluído.
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
engenharia, observadas as seguintes condições: traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re- ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
gulamento; força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
IV - atualização periódica dos preços registrados; os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.
V - definição do período de validade do registro de preços;
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
que mantiver sua proposta original. será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- para todos os procedimentos licitatórios.
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato
serviços por mais de um órgão ou entidade. e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro- obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri- • O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste-
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita- ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade,
ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
motivada. • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações,
comprovado o preço vantajoso. sejam eles federais, estaduais ou municipais.
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de • Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de-
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
posições nela contidas. qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
Revogação e anulação da licitação • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce- a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va-
tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não • São atos da Administração Pública antes de formalizar ou
se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal
impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer- do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas
tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
interesse público, impõe-se a aplicação da revogação.

193
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe- Podemos utilizar este princípio tanto no momento da elabora-
nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có- ção da lei quanto à sua execução em concreto pela administração
digo Penal de 1.940: pública. Desta forma, permite-se que exista o bem estar social para
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- atender o interesse da coletividade.
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Princípio da força obrigatória
Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação Entende-se que o contrato é lei entre as partes, fazendo com
ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu- que seja válido e eficaz para ser cumprido por ambas as partes, que
ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: é o caso do pacta sunt servant.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. É a base do direito contratual, devendo o ordenamento con-
ferir à parte instrumentos judiciários que obrigue o contratante a
Perturbação de processo licitatório cumprir o contrato ou a indenizar as partes.
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo
Pela intangibilidade do contrato, ninguém pode alterar unila-
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua-
teralmente o contrato, nem sequer o juiz. Isso ocorre em virtude
lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao
de terem as partes contratadas de livre e espontânea vontade e,
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs-
submetido a sua vontade à restrição do cumprimento contratual,
tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no
PNCP. no entanto, em se tratando de contratos administrativos regidos
pelas ordens de direito público, há exceções legais que garantem a
alteração unilateral do contrato.
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. CONCEITO,
NATUREZA JURÍDICA. PECULIARIDADE Princípio da boa-fé contratual
E CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS Para se chegar a perfeição do contrato, é preciso que exista
ADMINISTRATIVOS. PRAZO E PRORROGAÇÃO boa- fé das partes contratantes, antes, depois e durante o contrato,
DO CONTRATO. FORMALIDADES, INSTRUMENTO verificando se essa boa fé está sendo descumprida.
CONTRATUAL. EFICÁCIA. EXTINÇÃO Para tanto, deve-se observar as circunstâncias que foi celebra-
do o contrato, como o nível de escolaridade entre os contratantes,
Noções gerais o momento histórico e econômico.
Os contratos administrativos são os instrumentos jurídicos ce-
lebrado pela Administração Pública, com base em normas de direito Este princípio não está expresso na Constituição, por isso, com-
público, com o propósito de satisfazer as necessidades de interesse pete ao juiz analisar o comportamento dos contratantes.
público, previsto na Lei 8.666/93 (Licitações e Contratos).
Os contratos administrativos serão formais, consensuais, co- Características
mutativos e, em regra, intuitu personae (em razão da pessoa). As a) Presença do Poder Público: o Poder Público tem que estar
normas gerais sobre contrato de trabalho são de competência da presente no contrato.
União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios legislarem
supletivamente. b) formal: tem várias formalidades previstas pela lei;
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo reconhecendo
que a doutrina majoritária aceita a designação “contrato adminis- c) consensual: é aquele que se aperfeiçoa na manifestação de
trativo”, assim o define “são relações convencionais que por força vontade. O que vem depois é a execução do contrato (exemplo:
de lei, de cláusulas contratuais ou do objeto da relação jurídica si- contrato de compra e venda). O contrato consensual já existe desde
tuem a Administração em posição peculiar em prol da satisfação do o momento da manifestação de vontade. O contrato administrativo
bem comum”. se aperfeiçoa no momento da manifestação de vontade. Isso é di-
ferente do contrato real, que só se aperfeiçoa a partir do momento
Princípios, elementos, características, formalização, prazo em que há a entrega do bem (exemplo: contrato de empréstimo).

Princípio da autonomia da vontade d) Comutativo: é aquele que tem prestação e contraprestação


É a liberdade de contratação. A liberdade contratual confere equivalentes e preestabelecidas. O contrato comutativo é diferente
às partes a criação de um contrato de acordo com as suas neces- do contrato aleatório. O contrato administrativo deve ser comuta-
sidades, como acontece nos contratos atípicos ou nos típicos, que tivo: prestação e contraprestação equivalentes e preestabelecidas.
consiste em usar modelos previstos em lei
e) Personalíssimo: leva em consideração as qualidades pessoais
Princípio da supremacia da ordem pública do contrato. A subcontratação não autorizada pela Administração
Primeiramente devemos saber o que significa interesse públi- dá causa à rescisão contratual (artigo 78 da Lei 8666). Assim, pela
co. letra da lei, em regra não é possível subcontratação, salvo se houver
Por interesse entende-se que corresponde a uma porção de autorização expressa da Administração a esse respeito.
coletividade, que destina-se ao interesse de um grupo social como
um todo. É esse interesse que leva ao princípio do interesse público.

194
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para que a administração autorize, a doutrina majoritária elen- Prazo


ca mais 2 (dois) requisitos, a saber: Todo contrato administrativo deve ter um prazo determinado
1) a subcontratada deve preencher os mesmos requisitos, as e extingue-se normalmente ao final desse prazo. A regra é que os
mesmas condições exigidas na licitação; contratos têm sua duração limitada em 12 meses, ou seja, um exer-
2) a subcontratação deve ser parcial – não é admitida a sub- cício financeiro. Porém, a lei prevê as seguintes exceções, em que é
contratação total do contrato, pois se for possível a subcontrata- possível a adoção de prazo mais dilatados:
ção total estar-se-ia desestimulando as empresas a participarem da a) contratos relativos a projetos incluídos no plano plurianual –
concorrência, podendo optar por aguardar o vencedor e assumir o o prazo será aquele previsto na lei que aprovou o plano, atendendo
contrato como subcontratada. ao limite de quatro anos;
b) serviços de execução contínua – limite de 60 meses, poden-
f) Adesão: uma das partes tem o monopólio da situação, ou do ser estendido por mais 12 meses;
seja, define as regras. À outra parte só resta a opção de aderir ou c) aluguel e utilização de materiais de informática – limite de
não. 48 meses.
O licitante, quando vem para a licitação, já sabe que o contrato
é anexo do edital. Ele não poderá discutir as cláusulas contratuais. As concessões de serviços públicos não estão vinculadas aos
Deverá aceitá-las na forma em que foram elaboradas. O monopó- créditos orçamentários anuais, pois exigem prazos mais dilatados
lio da situação está nas mãos da Administração. Não há debate de para que o contratado recupere seu investimento. Requer-se ape-
cláusula contratual. nas que o contrato seja firmado por tempo determinado.
Os prazos contratuais podem ser prorrogados nas seguintes si-
g) bilateral: trata-se de acordo de vontades que prevê obriga- tuações:
ções e direitos de ambas as partes. a) alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
Formalização nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
Para que um contrato seja válido e eficaz ele não pode ser feito ções de execução do contrato;
de qualquer maneira, deverá respeitar algumas peculiaridades que, c) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
formalmente, devem seguir em seu corpo de texto. Seguem abaixo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
as formalidades para que seja firmado um contrato: d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
a) Procedimento Administrativo Próprio: é o procedimento de to, nos limites permitidos na Lei;
licitação, que pode ser substituído pelo procedimento de justifica- e) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
ção (artigo 26 da Lei 8666). terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
porâneo à sua ocorrência;
b) Forma Escrita: o contrato administrativo deve ser formali- f) omissão ou atraso de providências a cargo da Administração,
zado por escrito (regra). O artigo 60, parágrafo único da Lei 8666 inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta-
estabelece que é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal, salvo o mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
de pronta entrega, pronto pagamento ou até R$4.000,00 (exceção). sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

c) Publicação: o contrato administrativo deve ser publicado Alteração


(artigo 61, parágrafo único, 8666). Não se publica a íntegra do con- A Administração Pública tem o dever de zelar pela eficiência
trato, mas apenas um resumo do mesmo (extrato do contrato), do- dos serviços públicos e, muitas vezes, celebrado um contrato de
cumento este que contém as principais informações do contrato. acordo com determinados padrões, posteriormente se observa que
Por previsão expressa da lei, a publicação é condição de eficá- estes não mais servem ao interesse público, quer no plano dos pró-
cia do contrato. O contrato não publicado é válido, mas não tem prios interesses, quer no plano das técnicas empregadas.
eficácia. Essa alteração não pode sofrer resistência do particular contra-
A publicação é um dever da Administração. É esta quem deve tado, desde que o Poder Público observe uma cláusula correlata,
providenciar a publicação do contrato administrativo. qual seja, o Equilíbrio Econômico-financeiro do contrato.
Assim, a Administração Pública deve, em defesa do interesse
d) Instrumento de Contrato: instrumento de contrato é o docu- público e desde que assegurada a ampla defesa, no processo admi-
mento que define os parâmetros da relação. nistrativo, promover a alteração do contrato, ainda que discordante
Será obrigatório quando o valor do contrato for corresponden- o contratado.
te à concorrência ou à tomada de preços. Se a hipótese for de dis- Por óbvio, a possibilidade de alteração do que fora pactuado
pensa ou inexigibilidade de licitação (contratação direta) e o valor sempre se sujeita à existência de justa causa, presente na modifi-
do contrato for da concorrência ou da tomada, será obrigatório o cação da necessidade coletiva, ou do interesse público. Ao parti-
instrumento de contrato. O critério único, portanto, é o valor do cular restará, se caso, eventual indenização pelos danos que vier a
contrato. Será facultativo quando o valor do contrato for correspon- suportar.
dente ao convite, desde que possa se fazer de outra forma. O cri-
tério, portanto, é o valor do convite e a possibilidade de se praticar
de outra forma.

195
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A lei autoriza que a Administração realize modificação unila- Hipóteses de alteração por acordo das partes (rol taxativo):
teral no objeto do contrato para melhor adequação às finalidades – Quando conveniente a substituição da garantia da execução
de interesse público. A alteração pode consistir na modificação do (art. 65, II, “a” da Lei 8.666/93).
projeto ou em acréscimo e diminuição na quantidade do objeto. – Quando necessária a modificação do regime de execução da
Desse modo, as alterações unilaterais podem ser modificações qua- obra ou serviço bem como do modo de fornecimento, em face de
litativas ou quantitativas. verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais origi-
– Qualitativas: Alterações qualitativas são autorizadas quan- nários (art. 65, II, “b” da Lei 8.666/93).
do houver modificação do projeto ou das especificações para me- – Quando necessária modificação da forma de pagamento, por
lhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, I, a, da Lei n. imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial
8.666/93), desde que não haja descaracterização do objeto descrito atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
no edital licitatório. Ou seja, quando ocorrer modificação do proje- cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta-
to ou das especificações para melhor adequação técnica; ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço (art.
– Quantitativas: Já as alterações quantitativas são possíveis 65, II, “c” da Lei 8.666/93). Exemplo: Resolvem mudar a data de
quando necessária a modificação do valor contratual em decorrên- pagamento, pois “cai” no feriado.
cia de acréscimo ou diminuição na quantidade do seu objeto, nos
limites permitidos em lei (art. 65, I, b, da Lei n. 8.666/93). A Teoria da Imprevisão autoriza a modificação ou revisão das
A alteração unilateral do contrato exige mudança na remune- cláusulas inicialmente pactuadas em vista de fatos supervenientes
ração do contratado, ensejando direito ao reequilíbrio econômico- e imprevisíveis capazes de impedir ou dificultar o cumprimento do
-financeiro. ajuste nos termos inicialmente fixados. Tem por objetivo a manu-
Constituem cláusulas exorbitantes porque podem ser impostas tenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. –
à revelia da concordância do contratado. Esta teoria só se aplica diante da álea extraordinária (riscos, prejuí-
zos anormais ocorridos na execução do contrato).
Revisão do contrato
Os contratos administrativos podem ser alterados por decisão Prorrogação e renovação
unilateral da Administração ou por acordo entre as partes. Prorrogação do Contrato é o fato que permite a continuidade
Tendo em vista que as hipóteses de alteração são taxativas, do que foi pactuado além do prazo estabelecido, e por esse motivo
qualquer alteração fora dessas hipóteses será nula. Estas alterações pressupõe a permanência do mesmo objeto contratado inicialmen-
devem vir acompanhadas das razões e fundamentos que lhe deram te. Observe-se, todavia, que apenas nas hipóteses legais poderá o
origem (art. 65 da Lei 8666/93). contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a re-
gra, mas sim a exceção.
Hipóteses de alteração unilateral pela Administração (rol ta- “Se fosse livre a prorrogabilidade dos contratos, os princípios
xativo): da igualdade e da moralidade estariam irremediavelmente atingi-
– Quando houver modificações do projeto ou das especifica- dos” (CARVALHO FILHO)
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, A possibilidade de prorrogação do contrato e do prazo para a
I, “a” da Lei 8666/93): Esta hipótese não pode ser confundida com execução está prevista no art. 57 da Lei nº. 8.666/93.
alteração do objeto, pois seria uma fraude à licitação.
– Quando necessária a modificação do valor contratual em de- Os contratos de prestação de serviço de forma contínua podem
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, nos ter sua duração prorrogada por sucessivos períodos iguais, com o
limites permitidos pela lei (art. 65, I, “b” da Lei 8666/93). mesmo contratado e o mesmo objeto, se houver cláusula prevendo
essa possibilidade, com o objetivo de obter preços e condições mais
O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições vantajosas para a Administração, no limite máximo de sessenta me-
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, ses, admitindo-se a prorrogação por mais doze meses, em caráter
serviços ou compras, até 25% do valor inicial atualizado do contrato excepcional. Somente se permite a prorrogação pelo mesmo prazo
e, no caso particular de reforma de prédios ou de equipamentos, inicial do contrato original.
até o limite de 50% para os seus acréscimos (art. 65, § 1.º da Lei Não é exigida licitação para a prorrogação do contrato. Nos de-
8666/93). mais casos, o prazo da execução do contrato pode ser prorrogado
A elevação das quantidades além desses limites representa de acordo com a previsão da lei, ou seja, desde que ocorram os
fraude à licitação, não sendo admitida nem mesmo com a con- motivos que ela elenca:
cordância do contratado. Entretanto, as supressões resultantes – alteração do projeto e suas especificações pela Administra-
de acordo celebrado podem ser estabelecidas (art. 65, § 2.º da Lei ção;
8666/93). – superveniência de fato excepcional ou imprevisível que altere
Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os as condições de execução;
encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por – interrupção da execução ou diminuição do ritmo de trabalho
aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial (art. 65, § 6.º por ordem e interesse da Administração;
da Lei 8666/93). Teoria da Imprevisão também está presente nas – aumento de quantidades;
alterações unilaterais. – impedimento da execução por fato ou ato de terceiro reco-
nhecido pela Administração;
– omissão ou atraso de providências pela Administração.

196
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A renovação em todo ou em parte do contrato é vedada e ne- como metros cúbicos de concreto fundido. O pagamento é devido
cessita de licitação, dando oportunidade à concorrência. após cada medição. A empreitada por preço unitário é muito utiliza-
A recontratação somente é permitida nas hipóteses de dispen- da em reformas, quando não se pode prever as quantidades certas
sa ou inexigibilidade de licitação. e exatas que serão objeto do contrato.

Execução do contrato administrativo – Tarefa: é o regime de execução próprio para pequenas obras
A Administração deve designar servidor para acompanhar e fis- ou para partes de uma obra maior. Refere-se, predominantemente,
calizar o contrato, em data anterior ao início de sua vigência. Pode, à mão de obra. A tarefa pode ser ajustada por preço certo, global
ainda, contratar terceiros para assessorá-lo nos casos em que, tec- ou unitário, com pagamento efetuado periodicamente, após a ve-
nicamente, isso se fizer necessário. rificação ou a medição pelo fiscal do órgão contratante. Em geral, o
O fiscal do contrato deve registrar todas as ocorrências verifi- tarefeiro só concorre com a mão de obra e os instrumentos de tra-
cadas, inclusive o que for determinado para a correção das falhas balho, mas nada impede que forneça também pequenos materiais.
observadas. Se as medidas extrapolarem suas competências devem
ser comunicadas aos seus superiores em tempo hábil para a adoção – Empreitada integral: é a contratação da integralidade de
dos procedimentos adequados. um empreendimento, compreendendo todas as etapas das obras,
– Regime de execução O regime de execução disciplina a forma serviços e instalações necessárias, inclusive projeto executivo, sob
de apuração do valor a ser pago à empresa contratada pela presta- inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra-
ção do serviço, gerando modalidades de empreitada, diretamente tante em condições de ocupação.
influenciadas pelo critério para apuração do valor da remuneração
devida da contratante à contratada. Quando na modalidade de Inexecução do contrato
empreitada por preço global, o contrato definirá o valor devido ao É o descumprimento de suas cláusulas, total ou parcial. Cul-
particular tendo em vista a prestação de todo o serviço; quando na posa ou não. Pode ocorrer por ação ou omissão, culposa ou sem
modalidade de empreitada por preço unitário o valor será fixado culpa, de qualquer das partes, caracterizando o retardamento ou o
pelas unidades executadas. descumprimento integral do ajustado. Quaisquer dessas situações
Na categoria de contrato de obras e serviços, a Lei de Licitações podem ensejar responsabilidades para o inadimplente e até mesmo
admite a empreitada por preço global, a empreitada por preço uni- propiciar a rescisão do contrato.
tário, a tarefa e a empreitada integral. Ocorre também a inexecução quando o contratado descumpre
obrigações contratuais ou realiza ato que, de acordo com regimes
– Empreitada por preço global: é aquela em que se ajusta a jurídicos, não poderia fazê-lo; quando não há mais interesse público
execução da obra ou serviço por preço certo e total. Ou seja, a em- ou conveniência a mantença do contrato.
presa contratada receberá o valor certo e total para execução de A inexecução ou inadimplência culposa é a que resulta de ação
toda a obra. Será responsável pelos quantitativos e o valor total só ou omissão da parte, decorrente de negligência, imprudência ou
será alterado se houver modificações de projetos ou das condições imperícia no atendimento às cláusulas contratuais. Tanto pode se
pré-estabelecidas para execução da obra, sendo as medições feitas referir aos prazos contratuais (mora), como ao modo de realização
por etapas dos serviços concluídos. O pagamento, no entanto, po- do objeto de ajuste, como a sua própria consecução. É previsto para
derá ser efetuado parceladamente, nas datas prefixadas, na conclu- esse caso multas e até a rescisão do contrato, com a cobrança de
são da obra ou de cada etapa, conforme ajustado entre as partes. perdas e danos, a suspensão provisória e a declaração de idoneida-
É comum nos contratos de empreitada por preço global a exigência de para contratar com a administração.
da especificação de preços unitários, tendo em vista a obrigação da
empresa contratada de aceitar acréscimos ou supressões nos quan- Quando a rescisão se dá por culpa do contratado, a Administra-
titativos dentro dos limites legais (Art. 65, § 1.º). ção Pública terá direito:
Art. 65 – [...] – Assunção imediata do objeto do contrato; tratando-se de ser-
§ 1° - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi- viço essencial;
ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas – Ocupação das instalações, material, equipamentos e, inclu-
obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do sive, funcionários, para dar continuidade ao contrato em razão do
valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma princípio da continuidade do serviço público essencial;
de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por – A administração poderá executar a garantia prestada;
cento) para os seus acréscimos. – Retenção dos créditos decorrentes do contrato até os limites
dos danos.
– Empreitada por preço unitário: é aquela em que se contrata Sendo assim, o descumprimento do pactuado pelo contratado
a execução por preço certo de unidades determinadas. Ou seja, o leva à imposição de sanções, penalidades e à apuração da respon-
preço global é utilizado somente para avaliar o valor total da obra, sabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou parcial pode
para quantidades pré-determinadas pelo Edital para cada serviço, ensejar a apuração de responsabilidade civil, criminal e administra-
que não poderão ser alteradas para essa avaliação, servindo para tiva do contratado, propiciando, ainda, a rescisão do contrato. Já a
determinar o vencedor do certame com o menor preço. As quan- inexecução sem culpa é a que decorre de atos ou fatos estranhos
tidades medidas serão as efetivamente executadas e o valor total à conduta da parte, retardando ou impedindo totalmente a execu-
da obra não é certo. Nesta modalidade o preço é ajustado por uni- ção do contrato. Nesses casos, seria provinda de força maior, caso
dades, que tanto podem ser metros quadrados de muro levantado, fortuito, etc.

197
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua imprevi- As cláusulas exorbitantes - também conhecidas como cláusulas
sibilidade e inevitabilidade, criam para o contrato impossibilidade privilégios - fazem parte dos requisitos essenciais para qualificação
intransponível de normal execução do contrato. No caso de força do contrato administrativo; buscam garantir a regular satisfação do
maior, temos uma greve que paralise os transportes ou a fabricação interesse público presente no contrato administrativo. São cláusu-
de um produto de que dependa a execução do contrato. No caso las que asseguram certas desigualdades entre as partes.
fortuito, é o evento da natureza - como, por exemplo, um tufão,
inundação. Anulação, Revogação, Extinção
Anulação: Nos termos do que estabelece o artigo 59 da Lei nº
Teoria do Fato do Príncipe: Trata-se de todo acontecimento ex- 8.666/93, o contrato administrativo revestido de ilegalidades deve-
terno ao controle de natureza geral, que abrange a coletividade. No rá ser anulado pela Administração, operando retroativamente seus
caso de alteração unilateral das cláusulas expressas em um contra- efeitos jurídicos, isto é, tornar-se-ão nulos todos os atos praticados.
to, a responsabilidade deriva do próprio contrato. Assim a invalidação de um contrato administrativo determina a
Portanto, na hipótese de inexecução pelo fato do príncipe há supressão de tudo que dele resultou (efeito ex tunc, ou seja, supres-
uma determinação estatal, geral, imprevista e imprevisível que one- são de seus efeitos desde o início)
ra substancialmente a execução do contrato administrativo, obri- Da mesma forma, é nulo o contrato administrativo decorrente
gando o poder público contratante a compensar integralmente os de licitação porventura anulada por ilegalidade.
prejuízos suportados pela outra parte, a fim de possibilitar o pros- Muito embora seja prerrogativa da Administração Pública, em
seguimento da execução do ajuste. homenagem ao Princípio da Autotutela, a nulidade contratual não
A característica marcante do fato do príncipe é a generalidade afasta a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que
e a coercitividade da medida prejudicial ao contrato, além da sua já tenha executado, até a data de declaração, a não ser que o pró-
surpresa e imprevisibilidade, com agravo efetivo para o contratado. prio contratado tenha dado causa à anulação.
Na teoria do fato do príncipe a administração não pode causar
dano ou prejuízo aos administradores, e muito menos aos seus con- Revogação do ato administrativo: Os atos administrativos po-
tratados. A medida não objetiva fazer cessar a execução do contrato derão ser revogados por questões de conveniência e oportunidade,
e só incide indiretamente sobre o ajustado pelas partes. a partir do momento em que estes se tornarem inconvenientes e
inoportunos para a Administração.
Teoria da imprevisão: por ela as partes possuem autorização,
possibilidade para a revisão do contrato através do reconhecimento Extinção é o fim do vínculo obrigacional entre contratante e
de eventos novos imprevistos no contrato e que sejam imprevisí- contratado. Pode ser decorrente de:
veis. a) conclusão do objeto: nesse caso, o ato administrativo que
Com este entendimento aplicamos a cláusula “rebus sic standi- extingue o contrato é, como visto, o recebimento definitivo;
bus”, mas só é possível a utilização desta quando sobrevierem fatos b) término do prazo: é a regra nos contratos por tempo deter-
imprevistos e imprevisíveis - ou se previsíveis incalculáveis nas suas minado. É possível a prorrogação antes do fim do prazo previsto no
consequências desequilibrando assim o contrato celebrado, poden- contrato;
do haver o reajuste contratual de preço - desde que isto seja men- c) anulação;
cionado no contrato inicial. d) rescisão: forma excepcional de extinção do contrato, pois
A presente teoria somente interessa aos contratos de execução implica cessação antecipada do vínculo. Pode ser unilateral, bilate-
continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo, ral (amigável ou consensual) e judicial. A rescisão amigável, que não
uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea. precisa ser homologada pelo juiz, é possível nos seguintes casos,
previstos no art. 78:
Cláusulas Exorbitantes XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, servi-
Os contratos administrativos têm como sua maior particula- ços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contra-
ridade a busca constante pelo interesse público e a consequente to além do limite permitido no § 1.º do art. 65 desta Lei;
sujeição aos princípios basilares do Direito Público, quais sejam, XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad-
o da supremacia do interesse público sobre o particular e a indis- ministração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em
ponibilidade do interesse público. Isto acaba por fazer com que as caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
partes do contrato administrativo não sejam colocadas em situação ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mes-
de igualdade, uma vez que, conforme amplamente sabido, são con- mo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de inde-
feridas à Administração Pública prerrogativas que lhe colocam em nizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobili-
patamar diferenciado, de superioridade em face do particular que zações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado,
com ela contrata. São as chamadas “cláusulas exorbitantes”, que nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das
constituem poderes conferidos pela lei à Administração no manejo obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
contratual que extrapolam os limites comumente utilizados no Di- XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos de-
reito Privado. vidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou forne-
cimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna

198
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus- Portanto, no reajuste é promovida uma simples atualização
pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normali- monetária da remuneração, ao passo que na revisão ocorre um au-
zada a situação; mento real no valor pago ao contratado
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
cal ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos Convênios e Terceirização
prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais es- Convênios e consórcios administrativos surgem no direito ad-
pecificadas no projeto. ministrativo, fundamentalmente, como instrumentos jurídicos que
permitem a cooperação de diferentes pessoas de direito público, ou
Equilíbrio econômico-financeiro entre estas e particulares. Estes instrumentos de cooperação pos-
O art. 37, XXI, da Constituição Federal, ao disciplinar a obrigato- sibilitam a conjugação de esforços de diversos entes naquilo que,
riedade do procedimento licitatório, prescreve que isoladamente, não são capazes de realizar.
“Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, Os convênios em primeiro plano - e os consórcios em menor
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- grau - são os instrumentos jurídicos que permitem que União, Es-
so de licitação pública, com cláusulas que estabeleçam obrigações tados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização do
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta”. interesse público. Tanto nas áreas em que a Constituição indicou a
competência concorrente de todos ou de dois dos entes públicos,
Essa alusão a “mantidas as condições efetivas da proposta” quanto naquelas em que, embora a norma de competência indi-
tornou obrigatória a criação de um sistema legal de preservação que um ente como responsável, a realização material da finalidade
da margem de lucro do contratado, denominado equilíbrio econô- pública diz interesse geral e, portanto, também cabe aos demais
mico-financeiro. cooperarem no que for possível.
A disciplina legislativa do tema consta da Lei n. 8.666/93 (arts. No âmbito da cooperação interna da Administração, propug-
57, § 1º, e 65, II, d), da Lei n. 8.987/95 (art. 9º, § 2º) e da Lei n. na-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, inclusive de ges-
9.074/95 (art. 35). tão financeira e orçamentária, a partir da celebração de contratos
A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro por uma re- de gestão, estabelecendo deveres e responsabilidades do órgão
lação de igualdade a ser perseguida com base na equação formada autônomo. Em relação à gestão associada entre vários órgãos ou
pelas obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajus- entidades da Administração, sua operação se observa através de
te e a compensação econômica para realizar essas obrigações. Visa consórcios públicos e convênios de cooperação.
assegurar uma remuneração justa ao contratante. Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos e
consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa como ins-
Para Alexandre Mazza “A manutenção desse equilíbrio é um di- trumentos de cooperação entre os diversos órgãos da Administra-
reito constitucionalmente tutelado do contratado e decorre do prin- ção e destes com os particulares, com vista à realização do interesse
cípio da boa-fé e também da busca pelo interesse público primário, público.
tendo como fundamentos a regra do rebus sic stantibus e a teoria
da imprevisão.”
SERVIÇOS PÚBLICOS. CONCEITO, PRESSUPOSTOS
CONSTITUCIONAIS, REGIME JURÍDICO, PRINCÍPIOS
Em termos práticos, a garantia do equilíbrio econômico-finan- DO SERVIÇO PÚBLICO, USUÁRIO, TITULARIDADE.
ceiro obriga o contratante a alterar a remuneração do contratado SERVIÇOS DE INTERESSE LOCAL
sempre que sobrevier circunstância excepcional capaz de tornar
mais onerosa a execução. Assim, procura-se recompor a margem de
lucro inicialmente projetada no momento da celebração contratual. CONCEITO
Essa alteração remuneratória pode se dar mediante reajuste Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Adminis-
ou revisão. tração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previamente
estipuladas por ela para a preservação do interesse público.
Reajuste é o nome dado para a atualizar o valor remuneratório A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
ante as perdas inflacionárias ou majoração nos insumos. Normal- da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
mente, as regras de reajuste têm previsão contratual e são formali- particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre
zadas por meio de instituto denominado apostila. fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente
O reajuste pode ocorrer nos seguintes casos: de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato
a) reajustamento contratual de preços; administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
b) cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda; Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
c) fato do príncipe e fato da administração; utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
d) caso fortuito e força maior. Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se ob-
servar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o
Revisão ou recomposição são alterações no valor efetivo da ta- regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras de di-
rifa, por muitas vezes não possuem uma previsão contratual, diante reito público, será serviço público; sendo regras de direito privado,
de circunstâncias insuscetíveis de recomposição por reajuste. será serviço privado.

199
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não signifi- Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja di-
ca que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto poderá verso do órgão regulador, do contrário, haverá uma tendência na-
prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação, tural a que a atividade de regulação seja deixada de lado, em detri-
conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo, mento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção,
titulação para que os prestem, segundo os termos e condições fixa- indispensável a sua adequada realização.
das, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução.
Dessa forma, esses serviços podem ser delegados a outras entida- Regulamentação e controle
des públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão ou au- A regulamentação e o controle competem ao serviço público,
torização. independente da forma de prestação de serviço público ao usuário.
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o
a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado; Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro que
já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra- se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiência para
ção pública. o cumprimento do contrato.
Como a Administração goza de poder discricionário, poderão
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do serviço
Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos funda- público revogada, atendendo ao interesse público.
mentais que configuram seus elementos constitutivos, quais sejam: O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas
- Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da Adminis-
seja à coletividade. tração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando
- Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço a sua obrigação.
público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente.
- Continuidade: não se pode suspender ou interromper a pres- Características jurídicas:
tação do serviço público. As características do serviço público envolvem alguns elemen-
- Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas tos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento
técnicas. material.
- Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais ba- - Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado
rata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se considerar a que poderá delegar determinados serviços públicos, através de lei
capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado, e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Es-
evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência tado é responsável pela escolha dos serviços que em determinada
de condições financeiras. ocasião serão conhecidos como serviços públicos. Exemplo: energia
- Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira elétrica; navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte fer-
eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com novos roviário e marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais;
processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
com o menos dispêndio. portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia
e geologia
Em caso de descumprimento de um dos elementos supra men- - Elemento Material – o serviço público deve corresponder a
cionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao Judiciário uma atividade de interesse público.
e exigir a correta prestação. - Elemento Formal – a partir do momento em que os particula-
res prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do regime
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito
Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a
A regulação de serviços públicos responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes
Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de- serão indenizados pelo Estado)
sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consiste no
disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO
do serviço prestado por outro ente da Administração Pública ou
por concessionário ou permissionário do serviço público, à luz de Titularidade
poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
adequação daquele serviço, do respeito às regras fixadoras da po- da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
lítica tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da composição dos particular a execução do serviço público.
interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Admi-
como da aplicação de penalidades pela inobservância das regras nistração, independentemente de quem esteja executando o servi-
condutoras da sua execução. ço público.
A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
executados de forma direta, outorgados a entes da administração utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, per-
missão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade
regulatória é diversa e independente da prestação dos serviços.

200
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Quando não houver definição constitucional a respeito, de- De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Dis-
ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem trito Federal:
como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
gras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
privado, será serviço privado. ção.
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de ser- § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes
viços públicos, como concessão e permissão, transferem apenas a sejam vedadas por esta Constituição.
prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
do serviço público. cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado; § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra- regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
ção pública.
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada
cas de interesse comum.
pela administração direta, indireta ou por particulares. Oportuno
lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não
Ao Distrito Federal:
têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em juí- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
zo para propor ou sofrer medidas judiciais. reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, socie- tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
dades de economia mista. Constituição.
Por outro lado, o serviço público também pode ser executado § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização. lativas reservadas aos Estados e Municípios.
[...]
Competência
São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de compe-
a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio aéreo tência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V
nacional. Art. 30. Compete aos Municípios:
Art. 21, CF Compete à União: I - legislar sobre assuntos de interesse local;
() II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
artigo constitucional: IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
Art. 21, CF Compete à União: estadual;
() V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
ou permissão: de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
tuária; da ocupação do solo urbano;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- Formas de prestação do serviço público
cional de passageiros; a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administra-
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; ção Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras:
- pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos
Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem públicos da administração direta.
prestar, independentemente de concessão, são os serviços sociais. - com auxílio de particulares: quando for realizada licitação,
Ex: serviços de saúde, educação, assistência social. celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita por
particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a
reparação de eventual dano é de responsabilidade do Estado.

201
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de Concessão de serviço público:
serviços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especializa- É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder
da criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de presta- concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pes-
ção é feita pela Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autar- soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade
quias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado.
e sociedades de economia mista. A responsabilidade pela reparação Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de habi-
de danos decorrentes da prestação de serviços, neste caso, é objeti- litação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros, no caso
va e do próprio prestador do serviço, mas o Estado (Administração de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que
Direta) tem responsabilidade subsidiária, caso a Administração In- responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Constituição Federal)
direta não consiga suprir a reparação do dano. A remuneração paga tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a Ad-
pelo usuário tem natureza de taxa. ministração Direta subsidiariamente.
É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato
c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces- de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delegação concedente. A subconcessão corresponde à transferência de par-
tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de servi- cela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio
ço público e se depender de autorização legislativa, é chamada de de empresas. É o contrato firmado por interesse da concessionária
permissão de serviço público. para a execução parcial do objeto do serviço concedido.
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos cha-
mados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por danos Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens
causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias, São formas de extinção do contrato de concessão:
podendo o Estado responder apenas subsidiariamente. A natureza - Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95).
da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público. - Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95).
Importante lembrar, que o poder de fiscalização da prestação - Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95).
de serviços públicos é sempre do Poder Concedente. - Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95).
- Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95).
DELEGAÇÃO - Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento
As formas de delegação por concessões de serviços públicos e ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual (art. 35,
de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão VI da Lei 8987/95).
pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95,
pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensá- Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público pelo
veis contratos. poder concedente assim que extinta a concessão.
Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição Fede- Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei 8.987/75:
ral: “Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamen- do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamen-
te ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de tos, avaliações e liquidações necessários).
licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre: Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de no contrato) usados durante a concessão.
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua pror- Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei 8.987/75:
rogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e res- “Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
cisão da concessão ou permissão; dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos
II - os direitos dos usuários; ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no
III - política tarifária; contrato”.
IV - a obrigação de manter serviço adequado. a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos
contratos de concessão por força do término do prazo inicial previs-
Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de to. Esta é a única forma de extinção natural.
serviço público, talvez porque os chamados serviços públicos auto- b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de con-
rizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particu- cessão, mediante autorização de lei específica, durante sua vigên-
lares beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos, cia, por razões de interesse público. Tem fundamento na suprema-
porque atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis- cia do interesse público sobre o particular.
cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias ne- fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato administra-
cessidades. tivo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à inde-
nização.

202
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75: § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder con-
“Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço pelo cedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos en-
poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de in- cargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
teresse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio empregados da concessionária.
pagamento da indenização na forma do artigo anterior”
d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de conces-
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de con- são, durante sua vigência, por descumprimento de obrigações pelo
cessão durante sua vigência, por descumprimento de obrigações poder concedente.
contratuais pelo concessionário. O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas pre-
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o cisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços prestados
fará de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder Judiciá- pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados
rio. até decisão judicial transitada em julgado
O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75:
uma irregularidade, mas tem direito a um procedimento adminis- “Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por
trativo no qual será garantido contraditório e ampla defesa. iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das nor-
Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75: mas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial es-
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a pecialmente intentada para esse fim”
critério do poder concedente, a declaração de caducidade da con- Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os
cessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as dis- serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrom-
posições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre pidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
as partes.
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo po- O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à rescisão
der concedente quando: do contrato, tais como:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela Admi-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- nistração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parce-
metros definidores da qualidade do serviço; las destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão; ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- suas obrigações até que seja normalizada a situação;
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Administra-
maior; ção Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur-
ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- bação da ordem interna ou guerra.
cedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão dos
infrações, nos devidos prazos; contratos administrativo, sendo elas:
VI - a concessionária não atender a intimação do poder conce- 1. Rescisão por ato unilateral da Administração;
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e 2. Rescisão amigável,
VII - a concessionária não atender a intimação do poder conce- 3. Rescisão judicial.
dente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documenta-
ção relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo apenas
do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida pelo
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser pre- concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo
cedida da verificação da inadimplência da concessionária em pro- poder concedente.
cesso administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de conces-
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim- são, durante sua vigência, por razões de ilegalidade.
plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta
os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo, espécie de extinção da concessão, diferenciando-se apenas quanto
dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta- à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo unilate-
das e para o enquadramento, nos termos contratuais. ralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a ina- A administração pode anular seus próprios atos, quando eiva-
dimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder con- dos de vícios que os tornem ilegais, porque deles não originam di-
cedente, independentemente de indenização prévia, calculada no reitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
decurso do processo. respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos,
§ 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devi- a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmula do STF nº 473.
da na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor
das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.

203
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimen- e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela
to ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual: Administração e a sua fiscalização;
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de conces- f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
são, durante sua vigência, por falta de condições financeiras do momento pela Administração, por motivo de interesse público;
concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem
promover esta espécie de extinção da concessão. a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permis-
forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigên- sionário direito à indenização.
cia, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do con-
cessionário. CLASSIFICAÇÃO
A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públicos:
Permissão de Serviço Público:
É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo po- a) Serviços delegáveis e indelegáveis:
der concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capaci- Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou pelo
dade de desempenho por sua conta e risco. fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser execu-
tados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex: serviço de
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza abastecimento de água e energia elétrica
jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja “precá- Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados
ria”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que pressupõe pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: serviço de
um contrato e um contrato de natureza não precária. segurança nacional.
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritária
entende que concessão é uma espécie de contrato administrativo b) Serviços administrativos e de utilidade pública:
destinado a transferir a execução de um serviço público para tercei- O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços
ros enquanto permissão é ato administrativo unilateral e precário. prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos seus agentes, basicamente de infraestrutura e de uso geral, como
quando a eles se refere correios e telecomunicações, fornecimento de energia, dentre ou-
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con- tros.
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so- Ex: imprensa oficial
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementari-
dade dos sistemas privado, público e estatal. c) Serviços coletivos e singulares:
[...] - Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela Ad-
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven- ministração à sociedade como um todo, sem destinatário determi-
cido o prazo, depende de decisão judicial. nado e são mantidos pelo pagamento de impostos.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para - Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de
taxa ou tarifa.
Autorização: Ex: serviço de telefonia domiciliar
É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário,
pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de d) Serviços sociais e econômicos:
um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não tem - Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender aos
prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propicia-
qualquer momento. dora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais e proteti-
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o vos. Ex: serviços de educação e saúde.
grau de precariedade. A autorização de serviço público tem preca- - Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibilidade
riedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É apli- de lucro, representam atividades de caráter industrial ou comercial.
cada para execução de serviço público emergencial ou transitório Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado.
Relativamente à permissão de serviço público, as suas caracte-
rísticas assim se resumem: e). Serviços próprios
a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri-
pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja tratada pela buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra-
oneroso, intuitu personae. dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não
b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da Cons- podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na
tituição; maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a
titularidade do serviço com o Poder Público;
d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua
conta e risco;

204
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

f). Serviços impróprios


Por não afetarem substancialmente as necessidades da socie- QUESTÕES
dade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser
remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, como 01. (Prefeitura de Jataí/GO - Auditor de Controladoria - Quadrix
é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda /2019) A cúpula diretiva investida de poder político para a condu-
por delegação. ção dos interesses nacionais consiste
(A) no Estado.
PRINCÍPIOS (B) na Administração Pública.
Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as dire- (C) no Poder Executivo.
trizes do serviço público: (D) no governo.
a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público: (E) nos agentes políticos.
Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é o
da continuidade de sua prestação. 02. (CRO-GO - Assistente Administrativo – Quadrix/2019) No
Na vigência de contrato administrativo, quando o particular que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Adminis- A noção de Estado de direito baseia‐se na regra de que, ao
tração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar‐se a ele.
não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da conti- ( ) CERTO
nuidade da prestação. ( ) ERRADO
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi-
nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particular, 03. (CRO-GO - CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) No
colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
interesse público. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário exercem suas res-
b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução pectivas funções com absoluta exclusividade.
do serviço público pode ser alterada, desde que para atender o in- ( ) CERTO
teresse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de ser- ( ) ERRADO
viços públicos, nem os contratados pela administração pública, têm
direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico. 04. (CRF-PR - Analista de RH – Quadrix/2019) A supremacia do
c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula interesse público sobre o privado, também chamada simplesmente
que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con- de princípio do interesse público ou da finalidade pública, princípio
tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas implícito na atual ordem jurídica, significa que os interesses da co-
possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife- letividade são mais importantes que os interesses individuais, razão
renciadas. pela qual a Administração, como defensora dos interesses públicos,
d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares.
que o serviço adequado é aquele que preenche as condições de re-
gularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre outros. Dessa Alexandre Mazza. Manual de direito administrativo. 8.ª ed. São Paulo:
forma, se nota que à Administração Pública e aos seus delegados é Saraiva Educação, 2018.
necessário que se respeite o que a legislação exige.
e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade Com relação a esse princípio, assinale a alternativa correta.
discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a fazer, (A) Apesar da supremacia presente, não possibilita que a Admi-
sendo, dessa maneira, um dever jurídico. nistração Pública convoque particulares para a execução com-
f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor exi- pulsória de atividades públicas.
gido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço deve (B) Só existe a supremacia do interesse público primário sobre
ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para o interesse privado. O interesse patrimonial do Estado como
remunerar o prestador com acréscimo de pequena margem de lu- pessoa jurídica, conhecido como interesse público secundário,
cro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”, isto é, algo não tem supremacia sobre o interesse do particular.
barato, acessível. (C) Não permite a requisição de veículo particular, pela polícia,
Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço para perseguir criminoso. Referida atitude não é prevista no di-
remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo reito brasileiro.
princípio da modicidade da remuneração. (D) Não permite que a Administração Pública transforme com-
g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de receber pulsoriamente propriedade privada em pública.
do poder concedente e da concessionária informações para defesa (E) Estará presente em todos os atos de gestão da Administra-
de interesses individuais ou coletivos. ção Pública.

205
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

05. (TRT /8ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2016). A res- 09. (JARU-PREVI - RO - Assistente Administrativo – IBADE/2019)
peito dos elementos do Estado, assinale a opção correta. Com base nos três poderes do estado e nas suas funções, afirma-se
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indisso- que ao:
ciáveis do Estado. (A) legislativo: cabe a ele criar leis em cada uma das três esferas
(B) O Estado é um ente despersonalizado. e fiscalizar e controlar os atos do poder executivo.
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judi- (B) executivo: estabelece normas que regem a sociedade.
ciário e o Poder Executivo. (C) judiciário: responsável pela regulação da administração dos
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencia- interesses públicos.
lista ou parlamentarista. (D) legislativo: poder exercido pelos secretários do Estado.
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são (E) executivo: sua principal tarefa é a de controle de constitu-
elementos do Estado brasileiro. cionalidade.

06. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). No 10. (CONRERP 2ª Região - Assistente Administrativo - Qua-
sistema de governo brasileiro, os chefes do Poder Executivo (presi- drix/2019) Quanto à Administração Pública, julgue o item.
dente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao mesmo À Administração Pública é facultado fazer tudo o que a lei não
tempo, as funções administrativa (Administração Pública) e política proíbe.
(governo). No entanto, são funções distintas, com conceitos e ob- ( ) CERTO
jetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e governo, ( ) ERRADO
assinale a alternativa correta.
(A) Administração Pública e governo são considerados sinôni- 11. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) No que diz
mos, visto que ambos têm como objetivo imediato a busca da respeito à administração pública direta, à administração pública in-
satisfação do interesse coletivo. direta e aos agentes públicos, julgue o item que se segue.
(B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a A administração pública indireta é composta por órgãos e agen-
satisfação do interesse público e são voltadas à execução das tes públicos que, no âmbito federal, constituem serviços integrados
políticas públicas. na estrutura administrativa da presidência da República e dos mi-
(C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixa- nistérios.
ção dos objetivos do Estado, ou seja, nada mais é que o Estado ( ) CERTO
desempenhando sua função política. ( ) ERRADO
(D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídi-
cas de que o Estado dispõe para colocar em prática as políticas 12. (AL-AP - Analista Legislativo - FCC – 2020) A organização
públicas. administrativa pode implicar desconcentração e descentralização.
(E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos) A criação de empresas estatais
como atos de execução das políticas públicas. (A) depende da edição de lei instituidora dos entes, da qual
também deverão constar as competências próprias atribuídas
07. (UFAL - Auxiliar em Administração – COPEVE-UFAL). O ter- a essas pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica de
mo Administração Pública, em sentido estrito e objetivo, equivale direito privado ou de direito público.
(A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- (B) difere da instituição de autarquias e fundações, pessoas
diciário. jurídicas que expressam a desconcentração da Administração
(B) à noção de governo. pública.
(C) ao conceito de Estado. (C) indica a desconcentração da organização administrativa,
(D) ao conceito de função administrativa. que se caracteriza pela criação de pessoas jurídicas com com-
(E) ao Poder Executivo. petências próprias.
(D) é expressão da descentralização administrativa, que implica
08. (CESPE – INSS - Perito Médico Previdenciário – CESPE). a criação de pessoas jurídicas com atribuições previstas em lei
Acerca do direito administrativo, julgue os itens a seguir. e em seus atos constitutivos.
Povo, território e governo soberano são elementos do Estado. (E) e de outras pessoas jurídicas com personalidade jurídica de
( ) CERTO direito público configura forma híbrida de organização admi-
( ) ERRADO nistrativa.

206
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

13. (FITO – Advogado - VUNESP – 2020) De acordo com o orde- 16. (TRF - 1ª REGIÃO - Estagiário – Direito - COPESE – UFPI/2019)
namento jurídico brasileiro, uma fundação pública Considere o seguinte conceito.
(A) poderá celebrar parcerias com organizações da sociedade “Pessoa jurídica de direito privado composta por capital exclu-
civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de sivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou
finalidades de interesse público e recíproco, mediante a exe- exploração de atividades econômicas, sob qualquer modalidade
cução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos empresarial.”
em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração,
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva,
em termos de fomento ou em acordos de cooperação.
2016.
(B) poderá consorciar-se com outras fundações públicas que in-
tegrem a Administração indireta de outros entes da federação, Esse conceito aplica-se à:
para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a (A) Empresa pública.
realização de objetivos de interesse comum, passando a cons- (B) Autarquia.
tituir consórcio público com personalidade jurídica de direito (C) Agência executiva.
público. (D) Sociedade de economia mista.
(C) criada por lei, poderá representar a Administração direta
na celebração de acordos de cooperação técnica com outros 17. (Prefeitura de Porto Alegre /RS - Auditor Fiscal da Receita
órgãos ou entidades integrantes da Administração indireta dos Municipal – FUNDATEC/2019) Acerca da administração pública in-
demais entes federados, com a finalidade de expandir o alcan- direta e do regime jurídico das empresas públicas e sociedades de
ce das finalidades de interesse público que justificaram sua economia mista, analise as seguintes assertivas:
criação. I. Empresa pública é a entidade com criação autorizada por lei e
com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pelo
(D) cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa cien-
poder público, dotada de personalidade jurídica de direito público.
tífica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preserva- II. A criação de subsidiárias de empresa pública e de sociedade
ção do meio ambiente, à cultura e à saúde, serão qualificadas de economia mista independe de autorização legislativa.
como organizações da sociedade civil de interesse público, III. Sociedade de economia mista é a entidade com criação au-
podendo celebrar contrato de gestão com dispensa de chama- torizada por lei sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
mento público, com o poder público. direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
(E) que tenha sido constituída e esteja em funcionamento regu- Distrito Federal, aos Municípios ou à entidade da administração in-
lar há, no mínimo, três anos, poderá qualificar-se como organi- direta, dotada de personalidade jurídica de direito privado.
zação da sociedade civil de interesse público com fundamento
no princípio da universalização dos serviços de interesse públi- Quais estão corretas?
co que autorizaram sua criação. (A) Apenas III.
(B) Apenas I e II.
14. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) A amplitude (C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
da Administração pública considera dois grupos de instituições, que
são classificados em Administração direta e indireta. Considera-se 18. (SPPREV - Analista em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
Administração Direta, As autarquias são pessoas jurídicas integrantes da Administração
(A) as Fundações públicas. pública indireta, que podem ter receitas próprias e receber recur-
(B) as Autarquias. sos orçamentários e financeiros do erário público. No caso de uma
(C) as Empresas públicas. autarquia auferir receitas próprias em montante suficiente para su-
(D) as Sociedades de Economia mista. portar todas as despesas e investimentos do ente,
(E) a Casa Civil. (A) fica excepcionada a aplicação do regime jurídico de direito
público durante o período em que perdurar a condição de pes-
15. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) soa jurídica não dependente.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente um conceito de (B) poderá realizar contratações efetivas sem a necessidade de
Desconcentração Administrativa. prévio concurso público, diante da não incidência da regra para
(A) Distribuição de competências de uma para outra pessoa, os entes da Administração pública indireta que não sejam de-
pendentes.
física ou jurídica
(C) permanece sujeita aos princípios e regras que regem a Ad-
(B) Distribuição interna de competências, ou seja, uma distri-
ministração pública, tais como a impenhorabilidade de seus
buição de competências dentro da mesma pessoa jurídica bens, exigência de autorização legislativa para alienação de
(C) Distribuição de competências de uma pessoa jurídica inte- bens imóveis e realização de concurso público para admissão
grante da Administração Pública para uma pessoa física de servidores, com exceção de comissionados.
(D) Distribuição de competências de uma pessoa física inte- (D) permanecerá obrigada à regra geral de licitação para firmar
grante da Administração Pública para uma pessoa jurídica contratos administrativos, com exceção das hipóteses de alie-
nação de bens imóveis, porque geram receita como resultado.
(E) ficará equiparada, em direitos e obrigações, às empresas
estatais não dependentes, que podem adquirir bens e serviços
sem prévia realização de licitação, mas têm patrimônio sujeito
à penhorabilidade e prescritibilidade.

207
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

19. (Prefeitura de Aracruz - ES – Contador - IBADE – 2019) Os 22. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) Ricardo Reis,
órgãos públicos representam compartimentos internos da pessoa servidor público, foi acusado, em processo disciplinar, de haver
pública, podendo ser criados ou extintos por meio de lei. Já a es- subtraído da repartição um aparelho de ar condicionado, falta que
truturação e as atribuições dos órgãos podem ser processadas por: ensejaria sua demissão a bem do serviço público. Em processo cri-
(A) lei, apenas. minal instaurado concomitantemente, o juiz absolveu Ricardo, con-
(B) lei em tese do Chefe do Judiciário. cluindo que Bernardo Soares, pessoa totalmente estranha à reparti-
(C) decreto do Chefe do Executivo. ção, era o verdadeiro responsável pelo furto. Constatou-se, todavia,
(D) resolução legislativa. que Ricardo Reis havia se ausentado da repartição sem acionar os
(E) ofício da Presidência da República. alarmes antifurto, providência de sua exclusiva responsabilidade.
Tal comportamento não gerou punição na esfera criminal, por se
20. (IF Baiano - Assistente em Administração - IF-BA – 2019) tratar de conduta criminalmente atípica.
No que se refere à organização administrativa do Estado, assinale a Diante do relato hipotético, conclui-se que Ricardo Reis
afirmativa incorreta. (A) será absolvido da conduta que lhe foi inicialmente imputa-
(A) Compreende-se como Administração Pública Direta ou Cen- da, mas ainda poderá ser punido pela conduta omissiva, pois,
tralizada aquela constituída a partir de um conjunto de órgãos embora considerada criminalmente atípica, pode configurar
públicos despersonalizados, através dos quais o Estado desem- falta disciplinar residual.
penha diretamente a atividade administrativa. (B) deve pedir a inclusão de Bernardo Soares no processo dis-
(B) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e ciplinar, na qualidade de corréu, de maneira a diminuir sua res-
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de ponsabilidade no incidente.
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, (C) não sofrerá punições em âmbito administrativo, visto que a
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. decisão criminal é vinculante na esfera administrativa.
(C) Compreende-se como Administração Pública Indireta ou (D) pode ser demitido pela subtração do equipamento, visto
Descentralizada aquela constituída a partir de um conjunto de que as conclusões da decisão proferida na esfera criminal não
entidades dotadas de personalidade jurídica própria, algumas vinculam a Administração.
de direito público, outras de direito privado, responsáveis pelo (E) será indenizado pela injusta submissão a processo discipli-
exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certa nar, o que é suficiente para configurar dano moral.
e determinada atividade administrativa.
(D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista 23. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
fazem parte da Administração Pública Direta. – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
(E) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, cria- julgue o item conforme o texto constitucional.
das por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readap-
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pú- tado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades
blica. sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capa-
cidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, des-
21. (Prefeitura de São Roque - SP – Advogado - VUNESP – 2020) de que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para
A respeito dos servidores públicos estatutários, assinale a alterna- o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.
tiva correta. ( ) CERTO
(A) O regime jurídico dos servidores estatutários não pode ser ( ) ERRADO
alterado de forma prejudicial aos agentes públicos que estejam
no exercício da função pública. 24. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
(B) Os ocupantes de empregos públicos não dispõem de estabi- – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
lidade no serviço público. julgue o item conforme o texto constitucional.
(C) A estabilidade garante ao agente público a permanência no A investidura em cargo ou emprego público independe de apro-
serviço público, de modo que o vínculo somente poderá ser vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
desconstituído por decisão judicial com trânsito em julgado. de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
(D) É constitucional lei que propicie ao servidor investir-se em na forma prevista em lei, exceto para nomeações para cargo em
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investi- comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
do, sem prévia aprovação em concurso público. ( ) CERTO
(E) O candidato aprovado em concurso público dentro do nú- ( ) ERRADO
mero de vagas previstos no edital possui expectativa de direito
à nomeação.

208
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

25. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) 28. (CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix
O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercí- – 2020) Texto associado.
cio irregular de suas atribuições. Analise o texto abaixo e assinale Considera‐se como agente público aquele que, mesmo que por
a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas. período determinado e sem remuneração, exerce mandato, cargo,
“A responsabilidade _____ abrange os crimes e contravenções emprego ou função pública.
imputadas ao servidor, nessa qualidade.” “A responsabilidade _____
decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resul- Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito administrativo descom-
te em prejuízo ao erário ou a terceiros.” A responsabilidade _____ plicado. 16.ª ed. 2008. p. 122.
do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue
a existência do fato ou sua autoria.” “As sanções civis, penais e ad- Com relação aos agentes públicos, julgue o item.
ministrativas poderão cumular-se, sendo _____ entre si.” Agentes políticos têm sua competência extraída da Constitui-
(A) penal / civil / administrativa / independentes ção Federal e normalmente são investidos em seus cargos por elei-
(B) civil / administrativa / penal / independentes ção, nomeação ou designação.
(C) penal / administrativa / civil / dependentes ( ) CERTO
(D) penal / civil / administrativa / dependentes ( ) ERRADO

26. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) 29. CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix –
Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União 2020) Com relação aos agentes públicos, julgue o item.
(Lei nº 8.112/1990), analise as afirmativas abaixo e dê valores Ver- Agentes administrativos consistem naqueles agentes públicos
dadeiro (V) ou Falso (F). que exercem funções de alta direção e orientação da Administração
( ) Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são cria- Pública e, por isso, possuem prerrogativas pessoais para garantir li-
dos por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos co- berdade para suas tomadas de decisão.
fres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. ( ) CERTO
( ) Os requisitos básicos para investidura em cargo público es- ( ) ERRADO
tão contidos no artigo 5º e portanto, as atribuições do cargo não po-
dem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. 30. (CREFONO - 1ª Região - Agente Fiscal - Quadrix – 2020) Jul-
( ) O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença gue o item no que se refere à Administração Pública.
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disci- Os requisitos para acesso a cargos públicos mediante concurso
plinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. devem estar claramente estabelecidos na lei e(ou) no edital.
( ) A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé- ( ) CERTO
dica oficial. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto ( ) ERRADO
física e mentalmente para o exercício do cargo.
31. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários VU-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de NESP – 2020) É o de que dispõe a Administração para distribuir e
cima para baixo. escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
(A) F, V, V, F seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os ser-
(B) V, V, F, F vidores de seu quadro de pessoal. Dele decorrem algumas prerro-
(C) F, V, F, V gativas: delegar e avocar atribuições, dar ordens, fiscalizar e rever
(D) V, F, V, V atividades de órgãos inferiores.
É correto afirmar que o texto do enunciado se refere ao poder
27. (UFRJ – Administrador - CESGRANRIO – 2019) O servidor (A) disciplinar.
público W foi demitido do serviço público, após processo adminis- (B) hierárquico.
trativo disciplinar. Inconformado, ele propôs ação judicial, buscan- (C) de delegação.
do o retorno ao serviço público, tendo obtido decisão favorável, (D) regulamentar.
após dez anos de duração do processo. (E) de polícia.
Nos termos da Lei no 8.112/1990, quando invalidada a demis-
são por decisão judicial, ocorre a denominada 32. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) Cada um do
(A) reinclusão item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma
(B) reintegração assertiva a ser julgada, acerca dos poderes administrativos.
(C) recondução O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca da
(D) revisão garantia de máximo benefício da coletividade, interditou uma esco-
(E) repristinação la privada, por falta de condições adequadas para a evacuação em
caso de incêndio. Nesse caso, a atuação do corpo de bombeiros de-
corre imediatamente do poder disciplinar, ainda que o proprietário
da escola tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho.
( ) CERTO
( ) ERRADO

209
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

33. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária - FCC – 2019) 35. (SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional - IADES/2019)
Um agente público, em regular diligência de fiscalização a es- C. L. V., agente de segurança prisional, estava realizando sua ronda
tabelecimentos de ensino, constatou potencial irregularidade no habitual durante o respectivo turno, quando observou que dois de-
procedimento de matrícula de determinado nível de escolaridade tentos – R. M. V. e J. O. M. – estavam em vias de fato no momento
e determinou a interdição do estabelecimento. Considerando os do “banho de sol”. Ao tentar separá-los, utilizou-se de força des-
fatos descritos, uma das possíveis conclusões para a atuação do proporcional, amarrando os dois detentos com uma corda, a qual
agente público é causou lesões contusas em ambos os detentos. Essa situação hipo-
(A) atuação com excesso de poder disciplinar, pois este somen- tética representa caso de
te incide na esfera hierárquica do quadro de servidores de ór- (A) desvio de poder.
gão da Administração direta ou pessoa jurídica integrante da (B) desvio de finalidade.
Administração indireta. (C) estrito cumprimento do dever legal.
(B) a regularidade da conduta, considerando o princípio da su- (D) excesso de poder.
premacia do interesse público, cabendo ao responsável pelo (E) abuso de direito.
estabelecimento regularizar o procedimento apontado e, após,
pleitear a reabertura da unidade de ensino. 36. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSUL-
(C) a viabilidade jurídica da conduta, considerando que será PLAN/2017) Quando a Administração Pública aplica penalidade de
oportunizado contraditório e ampla defesa ao responsável pela cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as
escola, com possibilidade de reposição das aulas no caso de regras de direção de veículos configura-se o exercício do poder
procedência de suas alegações. (A) de polícia.
(D) ter agido com abuso de poder no exercício do poder de po- (B) disciplinar.
lícia inerente à sua atuação, não se mostrando razoável a me- (C) ordinatório.
dida adotada, que prejudicou o cronograma de aulas de todos (D) regulamentar
os alunos da instituição.
(E) que o poder regulamentar confere ao representante da Ad- 37. (PC/SE - Delegado de Polícia – CESPE/2018) Acerca do po-
ministração pública o poder de baixar atos normativos dotados der de polícia — poder conferido à administração pública para im-
de autoexecutoriedade, protegendo o direito à educação em por limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em
detrimento do direito individual dos alunos. função do interesse público —, julgue o próximo item.
O poder de polícia é indelegável.
34. (IF Baiano - Contador IF-BA -2019) A respeito dos poderes ( ) CERTO
administrativos da Administração Pública, assinale a alternativa cor- ( ) ERRADO
reta.
(A) O Poder Normativo ou regulamentar se traduz no poder 38. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Consideran-
conferido à Administração Pública de expedir atos administra- do os Poderes e Deveres da Administração Pública e dos administra-
tivos gerais e abstratos, com efeitos erga omnes, podendo, in- dores públicos, é correta a seguinte afirmação:
clusive, inovar no ordenamento jurídico, criando e extinguindo (A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder
direitos e obrigações a todos os cidadãos. Executivo expeça regulamentos para a fiel execução de leis.
(B) O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura (B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever-
das pessoas jurídicas da Administração Pública, sejam os entes -poder disciplinar ou dever-poder da supremacia da admi-
da Administração Direta ou Indireta. Trata-se de atribuição con- nistração perante os súditos, é a atividade da administração
cedida ao administrador para organizar, distribuir e escalonar pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
as funções de seus órgãos. berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
(C) O Poder Disciplinar é a atribuição de aplicar sanções àque- de interesse público concernente à segurança, à higiene, à or-
les que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Podem ser dem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
aplicadas sanções aos particulares, mesmo não possuindo vín- exercício de atividades econômicas dependentes de concessão
culo. ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
(D) O Poder de Polícia, segundo doutrina majoritária, não é ad- respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
mitido no ordenamento jurídico brasileiro, por ferir o Estado (C) Verificado que um agente público integrante da estrutura
Democrático de Direito. organizacional da Administração Pública praticou uma infração
(E) O Poder Discricionário se verifica quando a lei cria um ato funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior
administrativo estabelecendo todos os elementos de forma ob- hierárquico aplique as sanções previstas para aquele agente.
jetiva, sem que a autoridade pública possa valorar acerca da (D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação en-
conduta exigida legalmente. tre a Administração Pública e o administrado. Esta é a razão
pela qual este dever-poder possui por fundamento a suprema-
cia especial.
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens
e punir servidores que desrespeitem o ordenamento jurídico
não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no de-
ver-poder normativo.

210
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

39. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COM- 42. (EBSERH - Assistente Administrativo - VUNESP/2020) O re-
PERVE/2017) Os poderes inerentes à Administração Pública são vestimento exteriorizador do ato administrativo normal é a escrita,
necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade embora existam atos consubstanciados em ordens verbais e até
individual, o interesse público ao privado. Nessa perspectiva, mesmo em sinais convencionais. Esse requisito do ato é denomi-
(A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações nado
e aplicadas penalidades aos servidores públicos sempre por (A) objeto.
meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla de- (B) motivo.
fesa e o contraditório. (C) forma.
(B) no exercício do poder normativo, são editados decretos re- (D) mérito.
gulamentares estabelecendo normas ultra legem, inovando na (E) finalidade.
ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coerci- 43. (CRN - 2° Região - Assistente Administrativo - Quadrix –
bilidade, carece do atributo da autoexecutoriedade, de modo 2020) Atos administrativos são atos jurídicos que constituem ma-
que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário nifestações unilaterais de vontade. A respeito dos atos administra-
para executar suas decisões. tivos, julgue o item.
(D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade A Administração pode anular seus próprios atos quando eiva-
que a Constituição e a lei colocam à disposição do administra- dos de vícios que os tornem ilegais ou revogá‐los, por motivo de
dor, que o exercerá de acordo com sua livre convicção. conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
40. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUN- ( ) CERTO
CAB/2016) No tocante aos poderes administrativos pode-se afirmar ( ) ERRADO
que a delegação e avocação decorrem do poder:
(A) hierárquico. 44. (MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial – CES-
(B) discricionário. PE/2020) Com o fim de assegurar a adequação na prestação do ser-
(C) disciplinar. viço e o fiel cumprimento das normas previstas em contrato de con-
(D) regulamentar. cessão de serviço público, o poder público concedente, mesmo sem
(E) de polícia. autorização judicial, interveio na concessão por meio de resolução
que previu a designação de interventor, o prazo da intervenção e os
41. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários - VU- objetivos e limites da medida interventiva.
NESP/2020) É correto afirmar que o ato administrativo do Analista Nessa situação hipotética, o ato administrativo de intervenção
de Benefícios Previdenciários é dotado de encontra-se eivado de vício quanto
(A) autoexecutoriedade, ante a inevitabilidade de sua execu- (A) ao objeto.
ção, porquanto reúne sempre poder de coercibilidade para (B) ao motivo.
aqueles a que se destina, havendo a possibilidade de ser revo- (C) à finalidade.
gado pela própria Administração e pelo Poder Judiciário, quan- (D) à competência.
do sua manutenção deixar de ser conveniente e oportuna. (E) à forma.
(B) imperatividade, ante a inevitabilidade de sua execução, por-
quanto reúne sempre poder de coercibilidade para aqueles a 45. (TJ-PA - Auxiliar Judiciário - CESPE – 2020) A propriedade da
que se destina, havendo a possibilidade de ser revogado pela administração de, por meios próprios, pôr em execução suas deci-
própria Administração quando sua manutenção deixar de ser sões decorre do atributo denominado
conveniente e oportuna. (A) exigibilidade.
(C) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por- (B) autoexecutoriedade.
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da (C) vinculação.
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a pos- (D) discricionariedade.
sibilidade de ser revogado pela própria Administração e pelo (E) E medidas preventivas.
Poder Judiciário, quando sua manutenção deixar de ser conve-
niente e oportuna. 46. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA-
(D) imperatividade, uma vez que será executado, quando ne- DESP/2020) Um ato administrativo é o ato jurídico praticado, segun-
cessário e possível, ainda que sem o consentimento do seu des- do o Direito Administrativo, pelas pessoas administrativas, ou a Ad-
tinatário, havendo a possibilidade de ser revogado pelo Poder ministração Pública, por intermédio de seus agentes, no exercício
Judiciário, em razão de sua eventual ilegalidade. de suas competências funcionais, capaz de produzir efeitos com fim
(E) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por- público. Os atos administrativos podem ser invalidados pela própria
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. O ato administrati-
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a possi- vo pode vir a ser invalidado, quando o agente público
bilidade de ser revogado pelo Poder Judiciário, em razão de sua
eventual ilegalidade.

211
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(A) foi empossado recentemente em cargo que lhe atribuiu a (D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários po-
competência para o ato administrativo. dem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário.
(B) praticou ato administrativo de modo a melhorar o ambiente (E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, ser-
organizacional de que faz parte, sem que, seja considerado um vindo especificamente para demonstrar sua organização e seu
ato com fim público. funcionamento.
(C) praticou ato administrativo motivado por fatores apresenta-
dos por terceiros que correspondem à realidade e foram apre- 50. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CIDA-
sentados formalmente. DES/2016). A anulação do ato administrativo:
(D) praticou ato administrativo formalmente, para contraste (A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público.
com a lei e aferido, pela própria Administração ou pelo Judiciá- (B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde
rio, que foi considerado estranho às vontades do gestor máxi- que exista base legal para isso.
mo da instituição pública. (C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela
administração pública competente.
47. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária – FCC/2019) A (D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato
edição de um ato administrativo de natureza vinculada acarreta ou administrativo tem força de lei.
pressupõe, para a Administração pública, o dever
(A) de ter observado o preenchimento dos requisitos legais 51.(TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) O
para a edição, tendo em vista que nos atos vinculados a legis- controle administrativo pode ser conceituado como “o conjunto de
lação indica os elementos constitutivos do direito à prática do instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de permitir
ato. a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria
(B) subjetivo de emissão do mesmo, este que, em razão da na- Administração Pública, dos Poderes Legislativos e Judiciário, assim
tureza, não admite anulação ou revogação. como pelo povo”. Nesse sentido, analise as afirmativas abaixo e dê
(C) de observar as opções legalmente disponíveis para decisão valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
do administrador, que deverá fundamentá-la em razão de con- ( ) O Brasil adota o sistema de jurisdição única quanto ao con-
veniência e interesse público. trole da Administração Pública, razão pela qual não é possível a pro-
(D) do administrado destinatário do ato exercer o direito que vocação do Poder Judiciário para análise de controvérsias antes do
lhe fora concedido, tendo em vista que os atos administrativos esgotamento das instâncias administrativas.
são vinculantes para os particulares, que não têm opção de não ( ) O controle administrativo decorre do poder de autotutela
realizar o objeto ou finalidade do mesmo. conferido à Administração Pública que deve efetivar a fiscalização
(E) de submeter o ato ao controle externo do Tribunal de Con- e revisão de seus atos, mediante provocação ou de ofício, com a
tas competente e do Poder Judiciário, sob o prisma da legalida- finalidade de verificar os aspectos de ilegalidade ou inconveniência
de, conveniência e oportunidade. do ato.
( ) O controle legislativo, realizado no âmbito do parlamento e
48. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Sobre a dos órgãos auxiliares do Poder Legislativo, inclui o controle político
revogação dos atos administrativos, assinale a alternativa INCOR- sobre o próprio exercício da função administrativa e o controle fi-
RETA. nanceiro sobre a gestão dos gastos públicos dos três poderes.
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados. ( ) A ação popular é considerada pela doutrina como remédio
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinaria- constitucional que pode ser utilizado por pessoas físicas ou jurídicas
mente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe ainda examinar os para provocar o controle judicial, visando a anulação de ato lesivo
aspectos de validade do ato revogador. ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi pra- moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
ticado em conformidade com a lei, seus efeitos são ex nunc. tórico e cultural.
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação
de determinado ato. Assinale a alternativa que representa a sequência correta de
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discri- cima para baixo:
cionário da Administração Pública (A) V, F, V, F
(B) V, V, V, F
49. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Assinale (C) F, V, V, F
a alternativa CORRETA sobre os atos administrativos. (D) F, F, F, V
(A) Atos individuais, também chamados de normativos, são
aqueles que se voltam para a regulação de situações jurídicas
concretas, com destinatários individualizados, como instruções
normativas e regulamentos.
(B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administra-
tivo deve sempre ser escrito, sendo juridicamente insubsisten-
tes comandos administrativos verbais.
(C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
ministração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico.

212
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

52. (TJ-PA - Oficial de Justiça Avaliador - CESPE – 2020) Acerca 56. (MPE-CE - Técnico Ministerial – CESPE/2020) Acerca da res-
do controle da administração pública, julgue os itens a seguir. ponsabilidade civil do Estado e de improbidade administrativa, jul-
I Em nenhuma hipótese é possível a revogação, pelo Poder Ju- gue o item seguinte.
diciário, de atos praticados pelo Poder Executivo. A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público
II A reclamação para anulação de ato administrativo em des- pelos atos causados por seus agentes é objetiva, enquanto a res-
conformidade com súmula vinculante é uma modalidade de contro- ponsabilidade civil dos agentes públicos é subjetiva.
le externo da atividade administrativa. ( ) CERTO
III Nenhuma lei pode criar uma modalidade inovadora de con- ( ) ERRADO
trole externo não prevista constitucionalmente.
57. (TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa – IBFC/2020)
Assinale a opção correta. A responsabilidade civil do Estado brasileiro pelos danos causados
(A) Apenas o item I está certo. a terceiros encontra-se disciplinada no artigo 37, parágrafo 6º, da
(B) Apenas o item II está certo. Constituição Federal de 1988 (CF/88). Sobre o tema, assinale a al-
(C) Apenas os itens I e III estão certos. ternativa correta.
(D) Apenas os itens II e III estão certos. (A) Segundo a teoria do risco integral, o ente público deve ser
(E) Todos os itens estão certos. responsabilizado objetivamente pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros, sendo, contudo, admitida a exclusão da
53. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração - FADESP responsabilidade em determinadas situações, tais como culpa
– 2020) O controle da administração pública é realizado por meio exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, h aja vista ser
de um conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a orien- o Estado garantidor universal de seus subordinados
tação e a correção da atuação administrativa. Esse controle pode (B) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pú-
ser classificado como interno ou externo. É considerado um tipo de blico e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
controle interno serviços públicos não depende da comprovação de elementos
(A) análises do Tribunal de Contas da União – TCU. subjetivos ou da ilicitude do ato
(B) apuração de irregularidades em Comissão Parlamentar de (C) A Constituição Federal de 1988 admite ação de regresso do
Inquérito – CPI. Estado em face do agente público que, nessa qualidade, causar
(C) controle administrativo por autotutela. danos a terceiros, cujo direito ao ressarcimento será aferido
(D) controle judicial mediante provocação. por meio da responsabilidade objetiva do agressor
(D) As empresas públicas e sociedades de economia mista, en-
54. (DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - FCC - 2019) quanto exploradoras de atividade econômica, estão submeti-
Determinado órgão da Administração Estadual está sofrendo um das aos ditames da responsabilidade objetiva prevista no artigo
processo de tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas do 37, parágrafo 6º, da CF/88, uma vez que gozam das prerrogati-
Estado. Nesse caso, a tomada de contas é uma manifestação de vas e sujeições inerentes ao regime jurídico administrativo
controle
(A) prévio. 58. (TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administração – CES-
(B) interno. PE/2020) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a op-
(C) jurisdicional. ção correta.
(D) político. (A) É vedado ao Estado realizar pagamento administrativo de-
(E) externo. dano causado a terceiro, devendo aguardar eventual condena-
ção em ação judicial para proceder ao pagamento mediante
55. (TCE-RO - Auditor de Controle Externo - CESPE – 2019) A precatório.
competência para o julgamento das contas do chefe do Executivo (B) O Estado não deve indenizar prejuízos oriundos de altera-
é do: ção de política econômico-tributária caso não se tenha com-
(A) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer vincu- prometido previamente por meio de planejamento específico.
lativo emitido pelo tribunal de contas. (C) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso
(B) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio público gera direito a indenização caso se comprove cabalmen-
e vinculativo do tribunal de contas. te erro da administração pública.
(C) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer prévio (D) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pri-
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas. vado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a
(D) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio terceiros usuários, mas subsidiária para não usuários.
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas. (E) O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos emprega-
(E) Tribunal de Contas da União (TCU), exclusivamente. dos de empresa terceirizada não gera responsabilidade solidá-
ria do poder público, mas tão somente subsidiária.

213
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

59. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA- 63. (CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) Com relação à
DESP/2020) A responsabilidade civil do Estado é decorrente de ação responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
ou omissão estatal lícita ou ilícita que cause dano a alguém. São Para a teoria da responsabilidade objetiva, a responsabilização
considerados excludentes de responsabilização civil do Estado do Estado prescinde da demonstração de culpa quanto ao fato da-
(A) força maior e caso fortuito. noso, bastando que esteja presente a relação causal entre o fato e
(B) culpa exclusiva da vítima e danos exclusivamente morais. o dano.
(C) dano não intencional e culpa exclusiva de terceiros. ( ) CERTO
(D) força maior e culpa de agentes públicos terceirizados. ( ) ERRADO

60. (Prefeitura de Contagem - MG - Procurador Municipal – 64. (CRO-GO - Assistente Administrativo - Quadrix – 2019) Com
FUNDEP/ 2019) Analise a situação a seguir. relação à responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
Dirigindo a serviço um veículo oficial, um motorista servidor É objetiva a responsabilidade das fundações públicas de natu-
público municipal colide em um carro particular, ocasionando estra-
reza autárquica.
gos em ambos os carros, sem que haja vítimas.
( ) CERTO
Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil
( ) ERRADO
do estado em relação ao particular, é correto afirmar:
(A) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art.
37, §6º, da Constituição da República, pois o dano não foi cau- 65 (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário – Administrativa - FCC
sado por um ato administrativo, mas sim por um fato. – 2019) Julio exerce cargo público efetivo de motorista em uma
(B) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor pú- autarquia federal e, durante o exercício funcional, envolveu-se em
blico motorista, que agiu com imprudência e imperícia no de- acidente que causou danos patrimoniais a terceiros. Nesse caso, no
sempenho da função. tocante ao regime de responsabilidade civil, o referido servidor
(C) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo de- (A) responderá de forma objetiva e solidária com a autarquia.
corrente da colisão, sofrido pelo particular podendo cobrar do (B) não responderá em hipótese alguma, pois se trata de hipó-
servidor o valor desembolsado em ação de regresso. tese de responsabilidade integral da União.
(D) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor (C) responderá de forma subjetiva apenas se incluído no polo
condutor do veículo estava dirigindo a serviço e não pode ser passivo da ação pelo terceiro afetado.
responsabilizado pelo exercício de suas funções. (D) responderá de forma objetiva e subsidiária em relação à
autarquia.
61. (METRÔ-SP - Analista Desenvolvimento Gestão Júnior - FCC (E) responderá de forma subjetiva e por meio de ação regres-
– 2019) Considere a seguinte situação. siva.
Em uma determinada metrópole, há duas linhas de trem me-
tropolitano: uma é operada por uma empresa privada, mediante
regime contratual de concessão, e o sistema de condução dos trens GABARITO
é totalmente automatizado, sem maquinistas ou operadores ma-
nuais; na outra linha, gerida por empresa estatal, os trens são con- 1 D
duzidos por maquinistas.
Em caso de ocorrência de acidentes envolvendo usuários em 2 CERTO
cada uma dessas linhas, é correto concluir que será aplicado o regi- 3 ERRADO
me de responsabilidade
4 B
(A) subjetivo, em ambas as situações.
(B) objetivo, em ambas as situações. 5 A
(C) subjetivo na linha gerida pela concessionária e objetivo na 6 B
linha gerida pela empresa estatal.
(D) objetivo na linha gerida pela concessionária e subjetivo na 7 D
linha gerida pela empresa estatal. 8 CERTO
(E) integral, em ambas as situações.
9 A
62. (IF Baiano – Contador - IF-BA/2019) Em relação à responsa- 10 ERRADO
bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
11 ERRADO
(A) A responsabilidade civil do Estado prevista no art. 37, §6º
da CF/88 é subjetiva. 12 D
(B) A teoria do risco administrativo não admite excludente da 13 A
responsabilidade.
(C) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco integral. 14 E
(D) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco adminis- 15 B
trativo.
(E) Não se admite a responsabilidade por omissão do Estado, 16 A
segundo a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada 17 A
dos Tribunais Superiores.

214
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

18 C 60 C
19 C 61 B
20 D 62 D
21 B 63 CERTO
22 A 64 CERTO
23 CERTO 65 E
24 ERRADO
25 A ANOTAÇÕES
26 D
27 B ______________________________________________________
28 CERTO
______________________________________________________
29 ERRADO
30 ERRADO ______________________________________________________

31 B ______________________________________________________
32 ERRADO ______________________________________________________
33 D
______________________________________________________
34 B
35 D ______________________________________________________
36 A ______________________________________________________
37 ERRADO
______________________________________________________
38 A
______________________________________________________
39 A
40 A ______________________________________________________
41 B ______________________________________________________
42 C
______________________________________________________
43 CERTO
44 E ______________________________________________________
45 B ______________________________________________________
46 B
______________________________________________________
47 A
______________________________________________________
48 B
49 D ______________________________________________________
50 C ______________________________________________________
51 C
______________________________________________________
52 E
53 C ______________________________________________________

54 E ______________________________________________________
55 C
______________________________________________________
56 CERTO
_____________________________________________________
57 B
58 B _____________________________________________________
59 A ______________________________________________________

215
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

216
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

• Competência Tributária Plena


COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A União poderá instituir e cobrar todos os tributos previstos
na Constituição da República, em caso de criação de Território e
Classificação não sendo este, subdividido em Municípios. Seria o único caso de
A doutrina majoritária classifica a competência tributária em: competência tributária plena.
Entretanto, ela pode também, no caso de guerra externa ou
• Competência Privativa sua iminência, exercer a bitributação e o bis in idem.
Refere-se à competência para criar impostos atribuída com ex-
clusividade a um ente político. Os impostos tiveram sua competên- Exercício da competência tributária
cia para instituição definida pela CF de maneira privativa. O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma
Assim, cabe privativamente a instituição dos seguintes impos- imposição constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus
tos: critérios de oportunidade e conveniência política, sobre seu exer-
a) À União: IR, II, IE, IOF, IPI, IEG, IGF, ITR, impostos residuais. cício.
b) Aos Estados e DF: IPVA, ITCMD, ICMS. No entanto, importante ressaltar que constituem requisitos
c) Aos Municípios e DF; ISS, IPTU, ITBI. essenciais da responsabilidade fiscal, a instituição, previsão e efe-
tiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucio-
A lista de impostos dos Estados, DF e Municípios é absoluta- nal do ente da federação (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, art.
mente exaustiva, não podendo instituírem quaisquer outros. Já a 11). Isso deve ser entendido com razoabilidade, já que se o tributo
da União é exemplificativa, já que os impostos residuais permitem for antieconômico, não há como se entender pela obrigatoriedade
a criação de uma série de outros impostos por meio de lei com- de sua instituição.
plementar, inclusive permitindo a bitributação1 e o bis in idem2. Além disso, impôs a LRF a proibição de transferências volun-
tárias para os entes federados que deixem de instituir impostos de
• Competência Tributária Comum sua competência (art. 11, p. único).
Ela é comum quando todos os entes federativos podem insti-
tuir os mesmos tributos, como por exemplo as taxas e contribui- Capacidade tributária ativa
ção de melhoria. A competência tributária se distingue da capacidade tributá-
ria ativa. A primeira é o poder, a aptidão de criar tributos, é legislar
• Competência Tributária Cumulativa instituindo tributos, já a segunda diz respeito à capacidade de ser
Prevista no art. 147 da CF/88, refere-se à competência da sujeito ativo da relação jurídica tributária.
União em instituir impostos estaduais nos Territórios, os Munici- A capacidade tributária ativa é a aptidão para ser colocado,
pais, caso eles não sejam divididos em Municípios, e da compe- por lei, na posição de sujeito ativo da relação tributária, ou seja,
tência do DF instituir os impostos municipais em seu território. na posição de credor, com as prerrogativas que lhe são inerentes
CF, Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os im- de fiscalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes,
postos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, lançar e cobrar os respectivos créditos tributários.
cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal ca- Apenas as pessoas jurídicas de direito público é que têm ca-
bem os impostos municipais. pacidade tributária ativa, podendo, pois, ser colocadas na posição
de sujeito ativo de obrigações tributárias (art. 119 do CTN); aliás
só as pessoas políticas de direito público desenvolvem atividade
administrativa plenamente vinculada (art. 3º do CTN).
O sujeito ativo será o próprio ente político do qual a lei institui-
dora do tributo emana (posição esta que se presume) ou, se a lei
expressamente designar, outras pessoas jurídicas de direito público,
1 Bitributação é um fenômeno do direito tributário que leva à tributação dupla
de um mesmo fato gerador, realizada por dois entes diferentes. Ou seja: dois
ou seja, uma autarquia ou uma fundação3.
poderes públicos (União, estados e municípios, por exemplo) cobram um tributo A capacidade tributária ativa é o poder de cobrar e fiscalizar o
do contribuinte sobre a mesma operação. tributo; esta, ao contrário da competência tributária, é delegável a
2 O bis in idem é um fenômeno do direito que consiste na repetição (bis) de outras pessoas jurídicas de direito público. A delegação da capaci-
uma sanção sobre o mesmo fato (in idem). Ele pode ocorrer em diversas áreas dade tributária compreende as garantias e os privilégios processuais
do direito brasileiro, como no ramo do Direito Tributário, quando o mesmo ente
que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
tributante cobra um tributo do mesmo contribuinte sobre o mesmo fato gerador
várias vezes. É importante destacar que o bis in idem não pode ser confundido
com a bitributação, que ocorre quando entes distintos realizam a cobrança do 3 PAULSEN, L. Direito Tributário – Constituição e Código Tributário à Luz da Dou-
mesmo tributo sobre um mesmo contribuinte. trina e da Jurisprudência. 6ª ed. rev. e atual. Porto Alegre, 2004.

217
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Imunidade tributária 1 - Se dá quando o fato não se enquadra (não se subsume) ao


A imunidade ocorre quando a Constituição Federal impede os campo material que se pretende correlacionar;
entes de tributar determinadas situações, isso ocorre quando da 2 – Ocorre quando o fato não corresponde ao campo territorial
delimitação da competência. próprio (incompetência territorial);
Em termos simples, pode-se dizer que a imunidade é o impe- 3 – Situação de “não incidência”, assim qualificados pela pró-
dimento constitucional de se tributar pessoas, coisas ou situações. pria Constituição.
Trata-se de hipótese de não incidência.
Difere da isenção porque essa é concedida por meio de lei e é Imunidades em espécie
exercício de competência, podendo ser definida como a dispensa
legal do pagamento. Trata-se de hipótese de exclusão do crédito • Imunidade Recíproca
tributário, uma vez que impede a formação do mesmo. A Imunidade Recíproca está contida na CF, art. 150, IV, ‘a’, é
Perceba-se que na isenção há o fato gerador abstrato e con- cláusula pétrea, pois protege o pacto federativo. Proíbe que um
creto, porém não haverá o lançamento, uma vez que exclusão im- ente tribute, por meio de imposto, a renda, o patrimônio e os ser-
pede sua feitura. Já na imunidade sequer há fato gerador abstrato, viço de outro.
portanto não poderá haver sua realização e tampouco lançamento, Como essa regra só é aplicável aos impostos, fica permitido a
isso porque a imunidade é uma limitação constitucional ao poder tributação por meio das demais espécies tributárias. Deve-se ob-
de tributar. servar o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal que estende
A isenção ocorre quando, o ente competente para instituir de- a imunidade para as autarquias e fundações públicas, porém, dife-
terminado tributo, resolve dispensar do pagamento certas pessoas rentemente dos entes federados, esses órgãos somente terão imu-
e ou situações. É, portanto, uma faculdade daquele que detém a nidade se seu patrimônio, renda e serviços estiverem vinculados às
competência constitucional para instituir o tributo. suas finalidades essenciais.
O rol de imunidades contidos nesse capítulo não é exaustivo, O § 3º veda a aplicação das imunidades ao patrimônio, à renda
haja vista haver previsão de outras na Constituição Federal. Assim, e aos serviços das empresas ou sociedades que, embora tenham ca-
sempre que a CF proibir a tributação de determinada situação ou pital público, se sujeitam às normas de direito privado ou que haja
pessoa, haverá imunidade. contraprestação ou pagamento pelo usuário. Isso se deve ao fato de
Nem sempre a CF usa as expressões “imune”, “imunidade”. a própria Constituição proibir a concorrência desleal.
Muitas vezes as imunidades estão descritas com as seguintes ex-
pressões “não incidem”, “são isentos”. • Imunidade Religiosa
Ainda que se utilize a expressão isenção, em se tratando de im- A Imunidade Religiosa se dá devido ao Brasil ser considera-
pedimento constitucional à tributação, haverá imunidade. Vejamos do um estado laico, assim, entendeu por bem o constituinte, não
o art. 5°, LXXIII que a um só tempo é exemplo de imunidade cons- permitir que fossem cobrados impostos das instituições religiosas,
tante fora do rol do art. 150 e exemplo de imunidade veiculada sob visto que esse poderia ser um meio utilizado para dificultar ou até
a expressão “isento”: mesmo impedir o exercício de determinada religião.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação Esse dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o § 4º,
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de de sorte que não somente o templo (prédio) seja imune, mas todo
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, patrimônio, renda e serviços relacionados às atividades essenciais
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o da instituição religiosa.
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência. • Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhado-
res e Entidades Educacionais e Assistenciais sem fins lucrativos
Distinção entre imunidade, isenção e não incidência Ao conferir imunidade aos partidos políticos, buscou o legisla-
Imunidade é um instituto que será regrado em âmbito cons- dor constituinte proteger o pluralismo político, necessário para a
titucional, ou seja, a dispensa ao pagamento de tributo deve ser manutenção da democracia. Já as entidades sindicais são imunes
disciplinado na Constituição Federal. Isenção é uma dispensa legal, devido à necessidade de efetivar a liberdade de associação sindical,
isso significa que a desobrigação ao pagamento decorrerá da lei. prevista constitucionalmente.
Incidência tributária nada mais é do que a situação em que o Para que as entidades educacionais e assistenciais sem fins lu-
tributo passa a ser devido por ter ocorrido o fato gerador. A hipóte- crativos gozem da imunidade precisam atender aos requisitos pre-
se de incidência tributária representa o momento abstrato, previsto vistos em lei complementar, obedecendo ao disposto no art. 146, II,
em lei, hábil a deflagrar a relação-jurídico tributária4. CF, além de estar em concordância com o art. 14 do CTN:
Assim, numa leitura a contrario sensu a não incidência tribu- Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subor-
tária, é a ausência do surgimento da relação jurídico-tributária em dinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele
face da não ocorrência do fato gerador. Há três situações que carac- referidas:
terizam a não-incidência5: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de
suas rendas, a qualquer título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manu-
tenção dos seus objetivos institucionais;
4 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. Saraiva. III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em li-
5 CASSONE, Vittorio, 1999, p.116. vros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

218
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou O IR tem ainda uma sistemática de cobrança que prevê reten-
no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a ções pela fonte pagadora (IRRF), cujo valor pode ser posteriormen-
aplicação do benefício. te aproveitado pela pessoa que teve parte de seu pagamento reti-
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do do. Este raciocínio aplica-se tanto a pagamentos efetuados no Brasil
artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com quanto a valores remetidos ao Exterior.
os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, — Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): incide no
previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. momento da saída do produto que sofre industrialização do esta-
belecimento, ou no momento da importação do produto, tendo
• Imunidade Cultural alíquotas variáveis conforme cada produto.
A Imunidade Cultural tem por objetivo facilitar o acesso à cul- — Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): como o próprio
tura, promover a livre manifestação do pensamento, proporcionar nome sugere, incide sobre operações financeiras, e conta com alí-
a expressão artística, científica e intelectual bem como favorecer o quotas variáveis em função da operação financeira efetivada: ope-
acesso à informação. rações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários.
• Imunidade da Música Nacional — Imposto Territorial Rural (ITR): é cobrado dos proprietários
A Imunidade da Música Nacional foi introduzida pela EC de áreas rurais, e tem alíquotas variáveis conforme o uso e a loca-
75/2013, oriunda da aprovação da chamada PEC da Música, que lização da terra.
proíbe a tributação de fonogramas e videofonogramas musicais — Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF): embora conte com
desde que produzidos no Brasil e que contenham obras de autores previsão constitucional desde 1988, ainda não há lei que o tenha
brasileiros ou interpretadas por artistas nacionais. A intenção do le- instituído e regulamentado.
gislador foi combater à pirataria e facilitar o acesso à cultura. — Contribuição Social sobre o Lucro (CSL): incide, juntamen-
te com o Imposto de Renda, sobre o lucro apurado pelas pessoas
jurídicas.
IMPOSTOS DA UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E
MUNICÍPIOS. — Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS): desti-
nada ao financiamento da Seguridade Social, incidente sobre o fa-
turamento mensal das empresas. A mesma alíquota incide sobre
A União tem competência privativa para legislar sobre os tribu- bens ou serviços importados, calculado segundo termos fixados
tos de abrangência nacional e que são estratégicos para os interes- pela Receita Federal.
ses da República. — Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS): incide
Segundo o art. 153, CF, normalmente a união instituirá os se- sobre o faturamento e sobre importações.
guintes impostos: importação de produtos estrangeiros; exporta- — Contribuição Social ao Instituto Nacional de Seguridade
ção, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; renda Social (INSS): recai sobre a folha de pagamentos do empregador, a
e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; ope- cargo deste, e sobre salário de contribuição do empregado.
rações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores — Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
mobiliários; propriedade territorial rural; grandes fortunas, nos ter- (AFRMM): é calculado sobre o valor do frete.
mos de lei complementar. — Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
Excepcionalmente, conforme art. 154, CF, a união, mediante lei (CIDE): existem várias espécies de CIDE, porém a de maior impacto
complementar, poderá instituir impostos que não foram previstos nas operações de empresas multinacionais no Brasil é a chamada
pelo art. 153, e não tenham fato gerador e base de cálculo pró- “CIDE-Royalties”. Trata-se de uma contribuição devida pela pessoa
prio dos discriminados na CF, e impostos extraordinários no caso de jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimen-
guerra ou na iminência desta. tos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que im-
pliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou
Compete à União dispor sobre os seguintes tributos: domiciliados no Exterior.
— Imposto de Importação (II): recai sobre os produtos estran-
geiros no Brasil, sendo devido a partir do registro da declaração de Os Impostos da União têm disposição legal na CF, em seus Arti-
importação. Sua base de cálculo é o valor aduaneiro da mercadoria, gos 153 e 154. Vejamos:
e suas alíquotas variam em função dos produtos importados (bens
considerados essenciais têm alíquotas reduzidas, enquanto bens SEÇÃO III
considerados supérfluos têm alíquotas mais elevadas). DOS IMPOSTOS DA UNIÃO
— Imposto de Exportação (IE): destina-se aos produtos a se-
rem exportados, sendo devido a partir da declaração de exporta- Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
ção. O IE é cobrado sobre pouquíssimos produtos, de modo a esti- I - importação de produtos estrangeiros;
mular as exportações brasileiras. II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou na-
— Imposto de Renda (IR): o Imposto de Renda é devido tanto cionalizados;
pelas pessoas físicas (IRPF) quanto pelas jurídicas (IRPJ), sobre ren- III - renda e proventos de qualquer natureza;
das e proveitos de qualquer natureza que tenham sido recebidos a IV - produtos industrializados;
cada ano. V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos
ou valores mobiliários;

219
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

VI - propriedade territorial rural; Cabem aos Estados-Membros os impostos estaduais abaixo


VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. elencados:
§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e — Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD):
os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos cobrado sobre a transmissão de quaisquer bens ou direitos.
enumerados nos incisos I, II, IV e V. — Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
§ 2º O imposto previsto no inciso III: (ICMS): excetuadas as exportações, incide, em regra, as operações
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universa- de circulação de mercadorias (inclusive sobre a prestação de servi-
lidade e da progressividade, na forma da lei; ços de transporte interestadual e intermunicipal) e as operações de
II - (Revogado) comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: exterior. Sua incidência se dá sempre sobre o valor agregado a cada
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; operação mercantil, respeitada a não cumulatividade.
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em — Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (IPVA): como explicita o próprio nome do tributo, o IPVA incide so-
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao bre a propriedade de veículos automotores. Tem alíquota variável
exterior. de Estado a Estado.
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de
capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. Impostos dos Estados e do Distrito Federal estão elencados no
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: Art. 155 da CF:
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; SEÇÃO IV
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim opta- Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir im-
rem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto postos sobre:
ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro direitos;
ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
imposto de que trata o inciso V do «caput» deste artigo, devido prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se ini-
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos se- ciem no exterior;
guintes termos: III - propriedade de veículos automotores.
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Territó- § 1º O imposto previsto no inciso I:
rio, conforme a origem; I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete
II - setenta por cento para o Município de origem. ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
Art. 154. A União poderá instituir: II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no arti- Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver do-
go anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato micílio o doador, ou ao Distrito Federal;
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Cons- III - terá competência para sua instituição regulada por lei com-
tituição; plementar:
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos ex- a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
traordinários, compreendidos ou não em sua competência tributá- b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
ria, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas teve o seu inventário processado no exterior;
de sua criação. IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
Impostos dos Estados e do Distrito Federal I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
A Constituição Federal delega aos Estados e ao Distrito Federal cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação
autonomia para estabelecer determinados tributos dentro de sua de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
circunscrição. outro Estado ou pelo Distrito Federal;
Tal capacidade está prevista no art. 155, CF, que incumbe a es- II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrá-
tes entes da federação a competência para instituir impostos: de rio da legislação:
transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos; a) não implicará crédito para compensação com o montante
sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre pres- devido nas operações ou prestações seguintes;
tações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações an-
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no teriores;
exterior; e sobre a propriedade de veículos automotores. III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mer-
Ao Distrito Federal, nos termos do art. 147, caput, cabe tam- cadorias e dos serviços;
bém os impostos municipais

220
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante
da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maio- do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação,
ria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicá- realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à in-
veis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; dustrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois
V - é facultado ao Senado Federal: impostos;
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, me- XII - cabe à lei complementar:
diante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria a) definir seus contribuintes;
absoluta de seus membros; b) dispor sobre substituição tributária;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resol- c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
ver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabeleci-
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois mento responsável, o local das operações relativas à circulação de
terços de seus membros; mercadorias e das prestações de serviços;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distri- e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o ex-
to Federal, nos termos do disposto no inciso XII, “g”, as alíquotas terior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso
internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e X, “a”;
nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à re-
para as operações interestaduais; messa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços
VII - nas operações e prestações que destinem bens e servi- e de mercadorias;
ços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e
em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
Estado de localização do destinatário o imposto correspondente concedidos e revogados.
à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alí- h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o im-
quota interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional posto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade,
nº 87, de 2015) hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;
a) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto
87, de 2015) a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria
b) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº ou serviço.
87, de 2015) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto corres- do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto po-
pondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de derá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
que trata o inciso VII será atribuída: (Redação dada pela Emenda telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais
Constitucional nº 87, de 2015) do País.
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do impos- § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:
to; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo;
do imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás
IX - incidirá também: natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluí-
a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do ex- dos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os
terior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuin- Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcio-
te habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim nalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;
como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao III - nas operações interestaduais com gás natural e seus deri-
Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do vados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste
destinatário da mercadoria, bem ou serviço; parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Es-
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias fo- tado de origem;
rem fornecidas com serviços não compreendidos na competência IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante delibera-
tributária dos Municípios; ção dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, obser-
X - não incidirá: vando-se o seguinte:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser
nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegu- diferenciadas por produto;
rada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada,
cobrado nas operações e prestações anteriores; ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condi-
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele deri- ções de livre concorrência;
vados, e energia elétrica; c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; o disposto no art. 150, III, b.
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalida-
des de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre
e gratuita;

221
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, in- I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorpo-
clusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão es- rados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital,
tabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
nos termos do § 2º, XII, g. incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nes-
§ 6º O imposto previsto no inciso III: ses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrenda-
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e uti- mento mercantil;
lização. II - compete ao Município da situação do bem.
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste
Impostos dos Municípios artigo, cabe à lei complementar:
Nos termos do art. 156, a Constituição Federal delegou aos I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
Municípios a competência para instituir os impostos: sobre pro- II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o ex-
priedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a terior.
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de ga- benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
rantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; serviços de § 4º (Revogado).
qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos
em lei complementar.
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
Aos Municípios competem os seguintes tributos:
— Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU): incidente sobre a propriedade de bens imóveis localizados Empréstimo compulsório
dentro do perímetro urbano, podendo ter suas alíquotas progressi- Nessa espécie tributária, o contribuinte é obrigado a emprestar
vas de forma a assegurar o cumprimento da função social da pro- dinheiro para o Estado sempre que realizar o fato gerador, em con-
priedade. formidade com o art. 148 da Constituição:
— Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI): Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
devido na transmissão, por ato oneroso e a qualquer título, por empréstimos compulsórios:
natureza ou acessão física, de direitos reais sobre imóveis, exceto I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de ca-
os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição. Têm lamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
alíquotas variáveis de acordo com a legislação de cada Município. II - no caso de investimento público de caráter urgente e de re-
— Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza (ISS): incide levante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.
sobre serviços definidos em lei complementar, excluídos aqueles Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de em-
sujeitos ao recolhimento do ICMS (serviços de comunicação e de préstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou
transporte interestadual e intermunicipal). sua instituição.
— Contribuição para Iluminação Pública (CIP): após um longo
debate jurídico, a Emenda Constitucional 39, de 19 de dezembro de Os empréstimos compulsórios são tributos de competência pri-
2002, regularizou tal cobrança. vativa da União, portanto, somente ela pode instituí-los. Para fazer
isso, deve utilizar de lei complementar, sob pena de inconstitucio-
Os impostos dos Municípios estão previstos na CF, em seu Art. nalidade formal.
156, conforme: O empréstimo compulsório somente pode ser instituído quan-
do ocorrerem os motivos descritos nos incisos do artigo supracitado
SEÇÃO V e todos os recursos angariados com essa espécie devem ser aplica-
DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS dos na situação que motivou sua instituição, logo, são classificados
como tributos de receita vinculada.
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana; Contribuições
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, O Art. 149 da CF dispõe sobre as contribuições especiais. Ve-
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais jamos:
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribui-
a sua aquisição; ções sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
155, II, definidos em lei complementar. sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts.
IV - (Revogado). 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios insti-
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; tuirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposen-
do imóvel. tados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de
§ 2º O imposto previsto no inciso II:

222
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de A Contribuição de Melhoria tem previsão legal nos artigos 81
aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela Emenda Constitu- e 82 do CTN:
cional nº 103, de 2019) Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
§ 1º-A. Quando houver déficit atuarial, a contribuição ordinária Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos pro- suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
ventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo. obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
1º-A para equacionar o déficit atuarial, é facultada a instituição de Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores seguintes requisitos mínimos:
públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído pela I - publicação prévia dos seguintes elementos:
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) a) memorial descritivo do projeto;
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B b) orçamento do custo da obra;
deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada
equacionamento do déficit e vigorará por período determinado,
pela contribuição;
contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda Constitu-
d) delimitação da zona beneficiada;
cional nº 103, de 2019)
e) determinação do fator de absorção do benefício da valori-
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio eco-
zação para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas,
nômico de que trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; nela contidas;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estran- II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impug-
geiros ou serviços; nação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no
III - poderão ter alíquotas: inciso anterior;
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta III - regulamentação do processo administrativo de instrução
ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importa- § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada
ção poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
uma única vez. respectivos fatores individuais de valorização.
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do servi- deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos
ço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respec-
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que tivo cálculo.
se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Da leitura dos dispositivos supracitados, extrai-se que a União
é a única competente para instituir as contribuições sociais, as con- REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS.
tribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições
de interesse de categorias profissionais ou econômicas. • Repartição das receitas tributárias
A forma de Estado adotada pela Constituição Federal é a Fe-
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E OUTRAS CONTRIBUIÇÕES. deração, e esta só estará legitimada se cada ente da Federação
gozar de autonomia administrativa e fiscal. Em consonância com
este entendimento a Constituição institui a competência tributária
Contribuição de melhoria de cada um dos Entes da Federação, porém há uma concentração
A Contribuição de melhoria é um tributo de competência co- mais elevada de tributos na esfera federal.
mum, assim, todo o ente que fizer uma obra pública que valorize Atento a esta discrepância, o legislador constituinte originá-
imóveis, é competente para a sua cobrança. Está descrita no art. rio determinou que algumas das receitas tributárias deveriam ser
145, III, da Constituição Federal: repartidas com outros Entes da Federação. Diante da necessidade
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de uma melhor distribuição da parcela dos tributos arrecadados,
poderão instituir os seguintes tributos: nota-se que a repartição sempre ocorrerá do maior Ente da fede-
(....); ração para o menor, ou seja, a União repartirá algumas de suas re-
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. ceitas com os Estados, DF e Municípios, e os Estados distribuirão
O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização parte de suas receitas tributárias com os Municípios.
imobiliária decorrente de obra pública. A contribuição de melhoria Esta distribuição ocorrerá de forma direta ou indireta. Na for-
possui dois limites, quais sejam: ma direta, o Ente beneficiado receberá diretamente os recursos,
a) Individual - o contribuinte não pode pagar valor maior que o enquanto que na forma indireta a parcela distribuída integrará
quantum da valorização experimentada; um fundo, que posteriormente será repartido.
b) Geral - a soma das contribuições não pode ultrapassar o va-
lor total da obra.

223
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Além disso, é importante frisar que os tributos vinculados a I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda
uma atuação estatal não estão sujeitos a repartição de suas recei- e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendi-
tas, isto ocorre como uma decorrência lógica do próprio sistema mentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
tributário. Se a receita proveniente destes tributos deve custear a fundações que instituírem e mantiverem;
atividade do Estado, não faz sentido que a mesma seja repartida. II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do impos-
Neste mesmo sentido, as receitas provenientes dos emprés- to da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente
timos compulsórios também não podem ser objeto de repartição, aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da
visto que a mesma deverá ser aplicada, integralmente, no motivo opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;
que embasou a sua instituição e cobrança. No mesmo sentido, III – cinquenta por cento do produto da arrecadação do im-
as contribuições também estariam fora do rol dos tributos que posto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores li-
podem ter suas receitas repartidas, com exceção das cides-com- cenciados em seus territórios;
bustíveis6. IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do im-
Assim, restam-se os impostos. Estes sim podem ter suas re- posto do Estado sobre operações relativas à circulação de merca-
ceitas repartidas com outros Entes da Federação, visto que a sua dorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual
cobrança independe de qualquer atividade estatal relativa ao con- e intermunicipal e de comunicação.
tribuinte (não-vinculados) e suas receitas, em regra, não podem Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Mu-
estar vinculadas a qualquer órgão, fundo ou despesa (art. 167, nicípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os
IV, CF). seguintes critérios:
I - 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, na proporção
Discriminação constitucional de Rendas Tributárias do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mer-
Trata-se de uma técnica constitucional peculiar do federalis- cadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territó-
mo que abrange a atribuição de competência (partilha do poder rios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
tributário) e a distribuição de receitas tributárias. Atribuir com- II - até 35% (trinta e cinco por cento), de acordo com o que
petência tributária significa repartir o poder de instituir e cobrar dispuser lei estadual, observada, obrigatoriamente, a distribuição
tributos entre a União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni- de, no mínimo, 10 (dez) pontos percentuais com base em indica-
cípios, definindo os fatos jurídicos de incidência que cabe a cada dores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento
um (privativamente). da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos.
Já a distribuição de receitas é o produto arrecadado que se (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
divide entre as entidades. Assim, a repartição de receitas tribu- Art. 159. A União entregará:
tárias constitui um instrumento financeiro, que cria para os entes I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e
políticos menores o direito a uma parcela da arrecadação do ente proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados,
maior. 49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma:
As participações podem ser diretas (através de transferência a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de
orçamentária) ou indiretas (por meio de fundos de participação Participação dos Estados e do Distrito Federal;
ou de fundos compensatórios). b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de
A CF traz matéria referente à Repartição das receitas tributá- Participação dos Municípios;
rias, em seus Artigos 157 a 162, conforme segue abaixo: c) três por cento, para aplicação em programas de financia-
mento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Cen-
Seção VI tro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter re-
DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS gional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento,
ficando assegurada ao semiárido do Nordeste a metade dos recur-
Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: sos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que
e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendi- será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada
mentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas ano;
fundações que instituírem e mantiverem; e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municí-
II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que pios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de
a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída cada ano;
pelo art. 154, I. II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos
Art. 158. Pertencem aos Municípios: industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal,
proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de pro-
dutos industrializados.
6 A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combus- III - do produto da arrecadação da contribuição de interven-
tíveis) foi instituída pela Lei 10.336/2001 com a finalidade de assegurar ção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e
um montante mínimo de recursos para investimento em infraestrutura nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos
de transporte, em projetos ambientais relacionados à indústria de pe- na forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso
tróleo e gás, e em subsídios ao transporte de álcool combustível, de gás II, c, do referido parágrafo.
natural e derivados, e de petróleo e derivados. (Fonte: Agência Senado)

224
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

§ 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo


com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL: CONCEITO E
imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO. IMPOSTOS, TAXAS,
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do
disposto nos arts. 157, I, e 158, I.
§ 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada Conceito
parcela superior a vinte por cento do montante a que se refere A primeira palavra utilizada para a descrição de tributo, foi
o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os “prestação”, haja vista que toda obrigação jurídica tem por objeto
demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de uma prestação, seja ela de dar, de fazer, de não fazer, etc. Logo, vê-
partilha nele estabelecido. -se que o tributo tem natureza jurídica obrigacional.
§ 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e O tributo possui conceito legal expresso no art. 3º do Código
cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso Tributário Nacional (CTN):
II, observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
único, I e II. moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua san-
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que ção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento serão destinados aos administrativa plenamente vinculada.
seus Municípios, na forma da lei a que se refere o mencionado
inciso. O tributo compõe-se de cinco elementos essenciais, quais se-
Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega jam:
e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, 1 O tributo é prestação pecuniária, em moeda, ou cujo valor
ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicio- que nela se possa exprimir, ou seja, o tributo é uma obrigação men-
nais e acréscimos relativos a impostos. surável economicamente, que deve ser cumprida, em regra, em di-
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede nheiro, na moeda corrente no País, o que exclui o pagamento do
a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: tributo por meio do recebimento de coisas ou através da prestação
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autar- de serviços.
quias; A exceção para este elemento é a dação em pagamento, previs-
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II ta no art. 156, IX, CTN. Por esse instituto é possível que o devedor
e III. entregue para a Fazenda Pública um bem imóvel a fim de extinguir
Art. 161. Cabe à lei complementar: o crédito tributário.
I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158,
parágrafo único, I; 2 O tributo é uma prestação compulsória, ou seja, na relação
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que jurídico-tributária, diferentemente da relação contratual cível, não
trata o art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos cabe manifestação de vontade das partes. Assim, a prestação é
fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio obrigatória porque decorre da vontade da lei, não cabendo disposi-
socioeconômico entre Estados e entre Municípios; ção de vontade das partes.
III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do O sujeito deve cumprir com a obrigação tributária não porque
cálculo das quotas e da liberação das participações previstas nos quer, mas porque realizou o fato gerador e, portanto, incidiu em hi-
arts. 157, 158 e 159. pótese que a lei determina o cumprimento de obrigação, qual seja,
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o o pagamento.
cálculo das quotas referentes aos fundos de participação a que
alude o inciso II. 3 O tributo não deve constituir sanção de ato ilícito e essa ca-
Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- racterística deve ser analisada sob dois ângulos:
pios divulgarão, até o último dia do mês subsequente ao da arre- I- Tributo não é sanção, não é penalidade, não é castigo, logo,
cadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os ele não é instituído para punir o cidadão, ao contrário, o instrumen-
recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a to sancionatório é a multa.
entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. II- Não se pode tributar ato ilícito, ou seja, não se pode ter por
Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão dis- fato gerador de um tributo um ato ilícito. Isso não significa que a
criminados por Estado e por Município; os dos Estados, por Mu- renda e os bens que são obtidos por meios ilícitos não estejam su-
nicípio. jeitos à tributação.

4 Todo tributo é uma prestação instituída em lei, em decor-


rência do princípio da legalidade e do princípio democrático. Logo,
somente a lei pode criar um tributo.
De acordo com o princípio da legalidade previsto no art. 5º, II,
da Constituição Federal, somente a lei pode obrigar alguém a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa. Ora, se o tributo implica em obri-
gação, ele somente pode ser instituído mediante lei.

225
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

5 Deve o tributo ser cobrado mediante atividade administra- Alguns doutrinadores preferem dizer que os impostos incidem
tiva plenamente vinculada, o que significa que o agente público sobre fatores econômicos, como a renda, a produção e a proprie-
não exerce nenhum juízo de discricionariedade no que reporta à dade. Ambas as posições são harmônicas, haja vista que os fatos
cobrança. Não se pode escolher entre cobrar ou não o tributo, ao econômicos nada mais são, do que manifestações de riqueza.
contrário, deve-se total obediência à lei e se é a lei quem determina A definição legal de imposto está prevista no art. 16 do CTN:
a cobrança, o agente obedece. Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gera-
dor uma situação independente de qualquer atividade estatal espe-
Natureza jurídica cífica, relativa ao contribuinte.
A natureza jurídica do tributo é regulamentada pelo art. 4º do
Código Tributário Nacional: Percebe-se que o próprio conceito de imposto afirma ser esse
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada um tributo não vinculado. Suas receitas, em regra, também não são
pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para vinculadas, cabendo ao administrador público, utilizando os crité-
qualificá-la: rios de conveniência e oportunidade, decidir pela melhor destina-
I - a denominação e demais características formais adotadas ção, que decorre unicamente da lei.
pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Embora não se receba contraprestação direta e específica, os
contribuintes de todos os impostos são beneficiados pela renda ar-
Da leitura do artigo supracitado, conclui-se que, fato gerador recadada pelos mesmos, haja vista que essas financiam vários servi-
é o elemento que define a natureza jurídica do tributo, não impor- ços públicos como segurança, saúde, educação.
tando o nome que a ele foi atribuído e nem mesmo o destino da De acordo com o art. 145, § 1º da Constituição Federal, sempre que
arrecadação. for possível os impostos devem respeitar a capacidade contributiva:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Pelo fato gerador, os tributos podem ser classificados como: poderão instituir os seguintes tributos:
• Vinculados: são aqueles em que há uma contraprestação es- (....);
pecífica por parte do Estado; § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
• Não Vinculados: o contribuinte tem o dever de pagar o tribu- serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
to porque realizou o fato gerador, mas, não receberá nada específi- facultado à administração tributária, especialmente para conferir
co por parte do Estado a exemplo dos impostos. efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos in-
dividuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
Assim, para que se defina a natureza jurídica do tributo deve-se atividades econômicas do contribuinte.
analisar seus elementos e verificar em qual espécie tributária ele se
enquadra. O Código Tributário Nacional adotou a teoria tripartida, Taxa
através da qual, a natureza jurídica do tributo vinculado são as ta- Taxas são tributos vinculados e de competência comum, pois
xas ou contribuição de melhoria e dos não vinculados que são os podem ser instituídos por todos os entes da Federação, desde que
impostos. prestem o serviço ou exerçam o poder de polícia7. Tem definição no
art. 145, II da Constituição Federal:
Espécies Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Existem três principais correntes sobre as espécies de tributos: poderão instituir os seguintes tributos:
a) Teoria dualista: Para teoria dualista considera-se tributo ape- (....);
nas as taxas e os impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
b) Teoria tripartida: Teoria adotada pelo CTN, são espécies de utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e di-
tributos, as taxas, os impostos e as contribuições de melhoria; visíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
c) Teoria pentapartida ou quinquipartida: adotada pelo STF, Igualmente, as taxas também possuem definição no artigo 77
engloba-se como tributos, os impostos, as taxas, os empréstimos do Código Tributário Nacional:
compulsórios, as contribuições de melhoria e as contribuições es- Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Dis-
peciais. trito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
Os tributos podem ser de cinco espécies: Imposto, Taxa, Con- polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público espe-
tribuição de Melhoria, Empréstimo Compulsório e Contribuições cífico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
(especiais). Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato
gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calcu-
Imposto lada em função do capital das empresas.
Impostos são tributos não vinculados, que tem incidência so-
bre as manifestações de riqueza, por isso, diz-se que os mesmos
promovem a solidariedade social, afinal, aquele que, de alguma for-
ma manifesta riqueza se obriga a fornecer recursos para o Estado e
cumprir com suas obrigações e objetivos. 7 Poder de Polícia: é uma atividade administrativa fundamentada no princípio
da supremacia do interesse público. O art. 78 do CTN o define.

226
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

• Poder de Polícia 2. (TJ/RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Pro-


O Poder de Polícia é definido pelo Art. 78 do CTN: vimento - IESES/2017). Nos termos da Constituição Federal, é ve-
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra- dado à União, EXCETO:
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li- (A) Utilizar tributo com efeito de confisco.
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de (B) Instituir, na iminência ou no caso de guerra externa, impos-
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos tos extraordinários, compreendidos ou não em sua competên-
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de cia tributária.
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização (C) Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie- (D) Instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos
dade e aos direitos individuais ou coletivos. Estados e Municípios.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
3. (TJ/RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Pro-
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des- vimento - IESES/2017). Sem prejuízo de outras garantias assegu-
vio de poder. radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Pelo poder de polícia os interesses individuais são restringidos Federal e aos Municípios instituir impostos sobre:
de forma que o bem coletivo seja preservado. É exercido pela polí- I. Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
cia administrativa. II. Templos de qualquer culto, condomínios edilícios.
III. Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
• Serviços Públicos Específicos e Divisíveis, Efetivos ou Poten- Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores bra-
ciais sileiros.
Os serviços públicos são específicos quando o contribuinte IV. Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos; li-
sabe o que está pagando. Já para ser divisível é preciso que se pos- vros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
sa identificar os usuários daquele serviço, que se possa mensurar
quem e quanto cada um utilizou daquele serviço. A sequência correta é:
O serviço efetivo é aquele efetivamente prestado ao contri- (A) Apenas as assertivas I, III, IV estão corretas.
buinte. Já o serviço potencial é aquele posto à disposição do con-
(B) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
tribuinte.
(C) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
Sobre os serviços dispõe o CTN:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consi- (D) Apenas a assertiva IV está correta.
deram-se:
I - utilizados pelo contribuinte: 4. (TJ/SP - Juiz Substituto - VUNESP/2017). Considerando-se
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; o disposto no artigo 150, VI, “d” da Constituição Federal de 1988,
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, notadamente a expressão “… e o papel destinado à sua impres-
sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa são”, é de se concluir corretamente que
em efetivo funcionamento; (A) a imunidade deve ser estendida também aos livros com su-
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades au- portes em CD e outros meios eletrônicos, em face das interpre-
tônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; tações evolutiva e teleológica.
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, (B) somente o livro de papel deve ser imune a impostos, uma
por parte de cada um dos seus usuários. vez que, operando a imunidade como limitação ao poder de
tributar de que dotado o Estado, sua interpretação há de ser
restritiva.
QUESTÕES
(C) somente o livro de papel é imune a impostos, à vista da
cláusula expressa “… e o papel destinado à sua impressão”. (ar-
1. (PGE/AC - Procurador do Estado - FMP Concursos/2017). tigo 150,VI, “d”, Constituição Federal).
Em matéria de direito constitucional tributário é CORRETO afir- (D) se a Constituição não distinguiu o suporte tecnológico de
mar que elaboração de livros, jornais e periódicos, não pode o intérpre-
(A) a proibição de confisco é adstrita aos tributos em si, con- te fazê-lo para o fim de ampliar a imunidade.
forme a letra da constituição, e não abarca as multas sancio-
natórias. 5. (TJ/RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Pro-
(B) o princípio da isonomia tributária não é corolário do prin- vimento - IESES/2017). Analise as sentenças abaixo e assinale a
cípio da igualdade, sendo aquele, em razão do caráter tributá- opção correta considerando as disposições expressas do Código
rio, bem mais restrito, exigindo-se duas situações exatamente Tributário Nacional acerca das hipóteses que suspendem a exigi-
idênticas para a comparação. bilidade do crédito tributário:
(C) a lei complementar tributária é hierarquicamente superior I. A moratória e a concessão de medida liminar em mandado
à lei ordinária tributária.
de segurança.
(D) a lei tributária pode ser editada com o objetivo de prevenir
II. O depósito parcial do montante e o parcelamento.
distorções de concorrência mercadológica.
(E) a Constituição Federal define perfeitamente cada tributo, III. A concessão de medida liminar ou tutela antecipada em
não havendo espaço para o legislador infraconstitucional defi- ação judicial.
nir os tributos.

227
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

(A) Todas as alternativas estão corretas. 9. (PGE/AC - Procurador do Estado - FMP/2017). Sobre even-
(B) Apenas as alternativas II e III estão corretas. tual mandado de segurança em matéria tributária, é CORRETO
(C) Apenas a alternativa II está correta. afirmar que
(D) Apenas as alternativas I e III estão corretas. (A) só cabe para discutir eventos futuros, pois é proibida sua
utilização como substitutivo da ação de repetição de indébito.
6. (CREA/SP - Analista Advogado - NR/2017). Considere o Ca- (B) é possível utilizar-se para desconstituir auto de infração,
pítulo IV, Extinção do Crédito Tributário, do Sistema Tributário mas somente até 120 dias do ato coator, ou seja, da autuação
Nacional e analise os itens abaixo. fiscal, mesmo que haja recurso administrativo.
I. Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido (C) a liminar pode suspender a exigibilidade do tributo, mas
ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, desde que se tenham esgotado todas as tentativas de anulação
ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efe- auto de infração administrativamente.
tivamente ocorrido. (D) caso o pedido seja de compensação com pagamento indevi-
II. Erro na edificação do sujeito passivo, na determinação do usualmente inadmitido pelo Fisco, o mandamus é preventi-
da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na vo porque o ato coator, a negativa, ainda está por ocorrer, não
se computando o prazo decadencial de 120 dias.
elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao
(E) nenhuma das alternativas acima está CORRETA.
pagamento.
III. A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no paga-
10. (TJ/SP - Juiz Substituto - VUNESP/2017). Assinale a alter-
mento por esta modalidade.
nativa correta.
IV. Reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão
(A) A norma de isenção se aloca no plano da definição da com-
condenatória.
petência tributária, não ocorrendo, portanto, o fato imponível,
por não existir a possibilidade de formulação da hipótese de
O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio
incidência.
protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a (B) As imunidades e isenções não se distinguem a partir da fon-
modalidade do seu pagamento, nos casos apresentados em te formal da qual emanam.
(A) II e III, apenas. (C) As isenções técnicas são legitimamente reconhecidas ante a
(B) I e III, apenas. ausência de capacidade contributiva como a concedida visando
(C) III e IV, apenas. à preservação do mínimo vital ou destinada a uma pessoa jurí-
(D) II e IV, apenas. dica para que possa desenvolver suas atividades.
(E) I, II e IV apenas. (D) A imunidade política é também denominada de imunidade
recíproca e veda a tributação sobre patrimônio, renda e servi-
7. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Município - ços das pessoas jurídico-políticas (União, Estados, Distrito Fe-
CESPE/2017). Julgue o item subsequente, a respeito de regime deral e Municípios).
constitucional dos precatórios, crédito público e dívida ativa.
Entende o STF que, em decorrência da autonomia tributária 11. (TJ/SP - Juiz Substituto - VUNESP/2018). Com relação à
municipal, uma lei estadual que dispense a cobrança de débitos administração tributária, é correto afirmar que
de pequeno valor inscritos em dívida ativa não deve vincular os (A) a Constituição Federal dispõe que à administração tributá-
municípios. ria é facultado identificar o patrimônio, os rendimentos e as ati-
( ) Certo vidades econômicas do contribuinte com a finalidade precípua
( ) Errado de assegurar a eficiência da arrecadação.
(B) a Constituição Federal dispõe que a atividade de fiscalização
8. (PGE/AC - Procurador do Estado - FMP/2017). Os Estados será estritamente formal, de modo a assegurar o respeito às
costumam apreender mercadorias e não permitir a emissão de garantias do contribuinte.
notas fiscais a quem deve para o Fisco. Examine as assertivas (C) não há dispositivo constitucional expresso a respeito da
abaixo e assinale a CORRETA. matéria, integralmente disciplinada pelo Código Tributário Na-
(A) O procedimento de apreensão é o correto, pois muitas ve- cional.
zes se a fiscalização permitir que a mercadoria passe, mesmo (D) a Constituição Federal dispõe que à administração tributá-
com tributo recolhido a menor, poderá ocorrer de o Estado não ria é facultado identificar o patrimônio, os rendimentos e as
mais conseguir cobrar. atividades econômicas do contribuinte com a finalidade pre-
(B) Estes procedimentos são ilegais e se denominam sanções cípua de assegurar o respeito ao caráter de pessoalidade dos
políticas, pois muitas vezes são utilizados para perseguição dos impostos e à capacidade econômica do contribuinte.
inimigos políticos dos governantes.
(C) São inconstitucionais os procedimentos referidos, já assim
declarados mais de uma vez pelo STF.
(D) Apreender as mercadorias é correto, mas impedir a empre-
sa de emitir notas fiscais ou vender produtos não.
(E) Nenhuma das alternativas acima é CORRETA.

228
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

12. (TJ/SP - Juiz Substituto - VUNESP/2018). Com relação à


competência tributária e aos princípios e limitações constitucio- GABARITO
nais ao poder de tributar, é correto afirmar:
(A) a Constituição prevê a progressividade não só para o Im-
posto de Renda mas também para o Imposto Territorial Ru- 1 D
ral e para o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana, 2 B
e, com relação a estes, acrescentou previsão de confisco na
3 A
hipótese de não cumprimento da função social da proprie-
dade. 4 A
(B) o Supremo Tribunal Federal tem adotado entendimento 5 D
no sentido de que, embora o confisco seja conceito jurídico
indeterminado, o princípio da vedação do confisco deve ser 6 E
utilizado para limitar o percentual de multa imposta ao con- 7 A
tribuinte. 8 C
(C) a competência tributária, nela compreendidas a compe-
tência legislativa para instituir e majorar tributos e a com- 9 D
petência para fiscalizá-los e arrecadá-los, é indelegável, não 10 C
recebidas pela atual Constituição as normas que dispunham
11 D
em sentido contrário.
(D) o princípio da anterioridade, tal como previsto no texto 12 B
constitucional vigente, impede que qualquer imposto seja 13 D
cobrado no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei
que o instituiu ou aumentou e antes de decorridos noventa
dias da data daquela publicação. ANOTAÇÕES
13. (TJ/MT - Juiz Substituto - VUNESP/2018). As certidões de
débitos são instrumentos frequentes no dia a dia das empresas e ______________________________________________________
cidadãos, sendo exigidos como condição para a celebração de uma
série de negócios jurídicos. A esse respeito, é correto afirmar que ______________________________________________________
(A) tem os mesmos efeitos da certidão negativa a certidão de
que conste a existência de créditos vencidos, em curso de co- ______________________________________________________
brança executiva em que não tenha ainda sido efetivada a pe-
______________________________________________________
nhora e cuja exigibilidade não esteja suspensa.
(B) a certidão negativa será sempre expedida nos termos em ______________________________________________________
que tenha sido requerida e será fornecida dentro do prazo im-
próprio de 30 (trinta) dias da data da entrada do requerimento ______________________________________________________
na repartição.
(C) a certidão positiva expedida com dolo ou fraude, que conte- ______________________________________________________
nha erro contra o sujeito passivo, responsabiliza pessoalmente
o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de ______________________________________________________
mora acrescidos.
______________________________________________________
(D) a lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado
tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, que ______________________________________________________
contenha todas as informações necessárias à identificação de
sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e ______________________________________________________
indique o período a que se refere o pedido.
(E) apenas mediante expressa disposição legal permissiva será ______________________________________________________
dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimen-
to, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar ______________________________________________________
a caducidade de direito.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

229
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

230

Você também pode gostar