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CONCU

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I COS
A
PROVA

APOSTILA COMPLETA E ATUALIZADA


ELABORADA APÓS PUBLICAÇÃO DO
EDITAL OFICIAL.

CARGO: ANALISTA
BANCÁRIO I.

EDITAL Nº 1 - BNB, DE 26 DE
JANEIRO DE 2024
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Reconhecimento detipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores 8
e de outros elementos de sequenciação textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Emprego de tempos e modos verbais. Reescrita de frases e parágrafos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6. Domínio da estrutura morfossintática do período . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
7. Emprego das classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos 22
da oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
10. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
11. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
12. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
13. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
14. Significação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Matemática / Raciocínio Lógico e Quantitativo


1. Números reais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, radiciação e potenciação); expressões numéricas........ 47
2. Multiplos e divisores; máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum; problemas............................................................. 52
3. Proporcionalidade: razões e proporções; divisão em partes diretamente e inversamente proporcionais................................. 55
4. Médias aritmética, geométrica e ponderada.............................................................................................................................. 56
5. Regras de três simples e composta............................................................................................................................................. 57
6. Porcentagem; problemas............................................................................................................................................................ 59
7. Funções, equações e inequações de 1º e de 2º graus, exponenciais e logarítmicas: conceito, representação gráfica, proble-
mas............................................................................................................................................................................................. 61
8. Sistemas lineares........................................................................................................................................................................ 78
9. Análise combinatória e probabilidade: princípios fundamentais de contagem, arranjos, permutações, combinações, binômio
de Newton, cálculo de probabilidades....................................................................................................................................... 88
10. Matemática financeira. Juros simples e compostos: capitalização e descontos. Taxas de juros: nominal, efetiva, equivalen-
tes, proporcionais, real e aparente. Planos ou sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos. Cálculo financei-
ro: custo real efetivo de operações de financiamento, empréstimo e investimento. Taxas de retorno.................................... 94
ÍNDICE

Conhecimentos Bancários
1. Sistema Financeiro Nacional. Instituições do Sistema Financeiro Nacional - tipos, finalidades e atuação. Banco Central do
Brasil e Conselho Monetário Nacional - funções e atividades.................................................................................................... 115
2. Instituições Financeiras Oficiais Federais - papel e atuação....................................................................................................... 119
3. Operações de Crédito Bancário.................................................................................................................................................. 125
4. Cadastro de pessoas físicas. Cadastro de pessoas jurídicas. Tipos e constituição das pessoas. Composição societária/acioná-
ria................................................................................................................................................................................................ 127
5. Forma de tributação. Mandatos e procurações.......................................................................................................................... 127
6. Fundamentos do crédito. Conceito de crédito. Elementos do crédito. Requisitos do crédito................................................... 128
7. Riscos da atividade bancária. De crédito. De mercado. Operacional. Sistêmico. De liquidez..................................................... 139
8. Principais variáveis relacionadas ao risco de crédito. Clientes. Operação.................................................................................. 140
9. Tipos de operações de crédito bancário (empréstimos, descontos, financiamentos e adiantamentos).................................... 140
10. Operações de Crédito Geral. Crédito pessoal e Crédito Direto ao Consumidor. Desconto de duplicatas, notas promissórias e
cheques pré-datados. Contas garantidas. Capital de giro. Cartão de crédito. Microcrédito urbano.......................................... 141
11. Operações de Crédito Especializado. Crédito Rural. Conceito, beneficiários, preceitos e funções básicas; Finalidades: opera-
ções de investimento, custeio e comercialização....................................................................................................................... 145
12. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF): base legal, finalidades, beneficiários, destinação,
condições.................................................................................................................................................................................... 146
13. Crédito industrial, agroindustrial, para o comércio e para a prestação de serviços: conceito, finalidades (investimento fixo e
capital de giro associado), beneficiários..................................................................................................................................... 148
14. Recursos utilizados na contratação de financiamentos.............................................................................................................. 153
15. Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE): base legal, finalidades, regras, administração............................ 154
16. BNDES/FINAME: base legal, finalidade, regras, forma de atuação............................................................................................. 162
17. Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): base legal, finalidades, regras, forma de atuação...................................................... 163
18. Microfinanças: base legal, finalidade, forma de atuação............................................................................................................ 164
19. Serviços bancários e financeiros. Conta corrente: abertura, manutenção, encerramento, pagamento, devolução de cheques
e cadastro de emitentes de cheques sem fundos (CCF). Depósitos à vista. Depósitos a prazo (CDB e RDB). Fundos de Investi-
mentos. Caderneta de poupança. Títulos de capitalização. Planos de aposentadoria e de previdência privados. 3.8 Seguros.
Convênios de arrecadação/pagamentos (concessionárias de serviços públicos, tributos, INSS e folha de pagamento de clien-
tes). Serviço de Compensação de Cheque e Outros Papéis. Cobrança....................................................................................... 167
20. Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)..................................................................................................................................... 172
21. Aspectos jurídicos. Noções de direito aplicadas às operações de crédito. Sujeito e Objeto do Direito. Fato e ato jurídico....... 177
22. Contratos: conceito de contrato, requisitos dos contratos, classificação dos contratos; contratos nominados, contratos de
compra e venda, empréstimo, sociedade, fiança, contratos formais e informais...................................................................... 177
23. Instrumentos de formalização das operações de crédito. Contratos por instrumento público e particular. Cédulas e notas de
crédito......................................................................................................................................................................................... 178
24. Garantias. Fidejussórias: fiança e aval. Reais: hipoteca e penhor. Alienação fiduciária de bens móveis.................................... 179
25. Títulos de Crédito - nota promissória, duplicata, cheque........................................................................................................... 186
26. O Banco do Nordeste do Brasil S.A.: legislação básica, programas e informações gerais de sua atuação como agente impul-
sionador do desenvolvimento sustentável da região nordeste.................................................................................................. 199
27. Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes........................................................................................................................... 200
28. noções de ética empresarial e profissional................................................................................................................................. 200
29. A gestão da ética nas empresas públicas e privadas................................................................................................................... 201
30. Código de Conduta Ética e Integridade do Banco do Nordeste do Brasil................................................................................... 201
31. Política de Responsabilidade Socioambiental do Banco do Nordeste do Brasil.......................................................................... 213
32. Estratégia ASG (Ambiental, Social e Governança): Estratégia de sustentabilidade do Banco do Nordeste do Brasil................. 215
ÍNDICE

33. Atualidades do mercado financeiro. Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios. Internet banking.Mobile
banking. Open banking. Novos modelos de negócios. Fintechs, startups e big techs. O dinheiro na era digital: blockchain,
bitcoin e demais criptomoedas................................................................................................................................................... 216
34. Sistema de bancos sombra (Shadow banking)............................................................................................................................ 218
35. Funções da moeda...................................................................................................................................................................... 219
36. Marketplace................................................................................................................................................................................ 220
37. Correspondentes bancários........................................................................................................................................................ 221
38. Arranjos de pagamentos............................................................................................................................................................. 222
39. Sistema de pagamentos instantâneos (PIX)................................................................................................................................ 223
40. Segmentação e interações digitais.............................................................................................................................................. 224
41. Transformação digital no Sistema Financeiro............................................................................................................................. 225
42. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 e suas alterações......................................... 226
43. Legislação anticorrupção: Lei nº 12.846/2013............................................................................................................................ 239
44. Decreto nº 11.129 de 11/07/2022.............................................................................................................................................. 242
45. Segurança cibernética: Resolução CMN nº 4.893, de 26/02/2021............................................................................................. 252
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
GÊNEROS VARIADOS dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações
completo. e relações entre personagens, que
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e ocorre em determinados espaço e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua e se estrutura da seguinte maneira:
interpretação. apresentação > desenvolvimento >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- determinado ponto de vista,
tório do leitor. TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO uso de argumentos sólidos. Sua
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- estrutura comum é: introdução >
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido desenvolvimento > conclusão.
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. necessidade de defender algum
ponto de vista. Para isso, usa-
Dicas práticas TEXTO EXPOSITIVO se comparações, informações,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- definições, conceitualizações
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- etc. A estrutura segue a do texto
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, dissertativo-argumentativo.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
Expõe acontecimentos, lugares,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
pessoas, de modo que sua finalidade
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
TEXTO DESCRITIVO é descrever, ou seja, caracterizar algo
cidas.
ou alguém. Com isso, é um texto rico
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
em adjetivos e em verbos de ligação.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Oferece instruções, com o objetivo
opiniões. de orientar o leitor. Sua maior
TEXTO INJUNTIVO
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- característica são os verbos no modo
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- imperativo.
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do Gêneros textuais
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
quando afirma que... da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Artigo
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bilhete
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bula
classificações. • Carta

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Conto Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• Crônica • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
• E-mail diversão)
• Lista • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• Manual • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
• Notícia ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
• Poema
• Propaganda Os diferentes porquês
• Receita culinária
• Resenha Usado para fazer perguntas. Pode ser
• Seminário POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- substituído por “pois”
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, O “que” é acentuado quando aparece como
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
dade e à função social de cada texto analisado. final (interrogação, exclamação, ponto final)
É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ou pronome

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes Parônimos e homônimos


à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- núncia semelhantes, porém com significados distintos.
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
também faz aumentar o vocabulário do leitor. go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
atento!

Alfabeto DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL.


O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co- EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.
consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpre-
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de tação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. componentes do texto, de modo que são independentes entre si.
Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente,
Uso do “X” e vice-versa.
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja,
X no lugar do CH: ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer- ao conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
gar)
• Depois de ditongos (ex: caixa) Coesão
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de co-
nectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida
Uso do “S” ou “Z” a partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (anteci-
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- pa um componente).
servadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
(ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
populoso)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO.

A Reescrita de Frases é um assunto solicitado em muitos editais. A habilidade de reescrever frases requer diferentes conhecimentos
da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, pontuação, sintaxe, significação das palavras, as classes de palavras e interpretação
de texto.
A grande maioria das questões de Reescrita de Frases solicitará que uma frase seja reescrita sem que haja alteração em seu sentido
e que a correção gramatical seja preservada. Ou seja, uma frase reescrita deve obedecer aos padrões da norma-culta e deve manter o
sentido original daquilo que a frase diz.
Por isso é importante possuir boa habilidade de interpretação e compreensão de texto, já que é necessário, antes de tudo, compreen-
der aquilo que a frase está dizendo.

“Desde dezembro, bombeiros salvaram mil pessoas nas praias paulistas”

O que a frase acima está dizendo? Que desde o mês de dezembro, os bombeiros salvaram mil pessoas nas praias do estado de São
Paulo (paulistas). Este é o sentido original da frase, e note que já foi realizada uma reescrita da frase. Apesar de apresentar palavras dife-
rentes, ambas falam a mesma coisa. Além disso, o exemplo acima não apresenta nenhum erro gramatical.
Depois de compreender o sentido da frase, você deve verificar se há erros de grafia, acentuação, concordância, regência, crase, pon-
tuação. Em uma questão, se a alternativa apresentar algum destes erros, você já poderá eliminá-la, pois não será a correta.

Questão: (Câmara de Sertãozinho - SP - Tesoureiro - VUNESP) Uma frase condizente com as informações do texto e escrita em con-
formidade com a norma-padrão da língua portuguesa é:
(A) Os brasileiros desconfiam de que adaptarão-se à nova realidade do mercado de trabalho, ainda que estão entusiasmados com as
novas tecnologias.
(B) Embora otimistas com os efeitos da revolução digital em suas carreiras, os brasileiros dispõem de capacidades digitais aquém do
que imaginam.
(C) De acordo com lista do LinkedIn para 2018, quase metade dos brasileiros desconhecem as habilidades que o mercado mais neces-
sita.
(D) Fazem cinco anos apenas que certas habilidades digitais passou a ser requeridas, o que significa que o cenário das empresas mu-
dou muito rápido.
(E) Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que estão otimistas no que refere-se às novas tecnologias, mas reconhecem que não as
domina.

Na alternativa “A”, o correto seria “desconfiam de que se adaptarão”. Esta alternativa já poderia ser eliminada.
A alternativa “C” também está incorreta, pois quem desconhece as habilidades que o mercado mais necessita é quase metade dos
brasileiros, o verbo é no singular.
Na alternativa “D”, temos um erro logo no início. O correto é “Faz cinco anos”. Ademais, certas habilidades digitais passaram a ser
requeridas, plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o pronome relativo “que” é um fator atrativo, a prócli- Substituir verbo por substantivo
se deve ser utilizada. Por isso, na alternativa “E”, o correto seria “no Em gramática, temos o substantivo verbal, que é um substanti-
que se refere”. vo derivado do infinitivo, do gerúndio ou do particípio de um verbo.
Resta-nos a alternativa “B”, que é a correta e não apresenta Ex.: Espero que se corrija a prova.
erros. Espero a correção da prova.

Mas não basta somente verificar se há erros, é preciso muito Substituir substantivo por verbo
mais para reescrever frases e mandar bem neste tipo de questão. A ideia aqui é a mesma, só que ocorre o oposto.
É preciso ter em mente que as frases reescritas devem: Ex.: Exijo a dedicação dos alunos.
– Respeitar as sequências de ideias Exijo que os alunos se dediquem.
Ex.: “Você está intragável hoje. Qual é o seu problema?”
Aqui, temos uma afirmação e depois uma pergunta. Essa or- — A Voz Verbal
dem precisa ser respeitada na reescrita. Uma solução seria: Hoje Voz verbal é a forma assumida pelo verbo para indicar se o su-
você está intragável. Posso saber por quê? jeito gramatical é agente ou paciente da ação. Existem três vozes
verbais:
– Não omitir informação essencial – Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres-
Utilizando o mesmo exemplo acima, se só houvesse a pergun- sa pelo verbo.
ta, a informação sobre o sujeito estar intragável hoje seria omitida, Ex.: Ele | fez | o trabalho. (ele - sujeito agente) (fez - ação) (o
o que seria um erro. trabalho - objeto paciente)

– Não expressar opinião – Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
É uma reescrita daquilo que a frase diz, não daquilo que você pressa pelo verbo.
acha. Não mude o sentido da frase de acordo com sua opinião. Ex.: O trabalho | foi feito | por ele. (O trabalho - sujeito pacien-
te) (foi feito - ação) (por ele - agente da passiva)
– Utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto
original – Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva:
Afinal, é para reescrever a frase, utilizar outras palavras. 1) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva quando o
sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
— Sinônimos e Antônimos Ex.: - Carla machucou-se.
Aproveitando o gancho, uma reescrita é utilizar palavras dife- – Marcos cortou-se com a faca.
rentes para dizer a mesma coisa. Para isso, nada melhor do que
conhecer os sinônimos e os antônimos. 2) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva recíproca
quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a ação so-
Sinônimos bre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
São palavras diferentes que possuem o mesmo significado. Ex.: - Paula e Renato amam-se.
Ex.: Muitas pessoas conseguiram emprego. – Os jovens agrediram-se durante a festa.
Diversas pessoas conseguiram emprego. – Os ônibus chocaram-se violentamente.
Apesar de diferentes, as duas palavras expressam valor de
quantidade elevada. A mudança da voz verbal pode ser utilizada na reescrita de fra-
ses.
Antônimos Ex.: Qualquer cidadão comprova isso.
São palavras que se contradizem, opostos. Também podem Isso é comprovado por qualquer cidadão.
ocorrer por complementaridade (onde a negação de uma implica a
afirmação da outra e vice-versa). Pode-se observar isso.
Ex.: O rapaz estava triste. Isso pode ser observado.
O rapaz não estava feliz.
Ao negar a felicidade do rapaz, implica-se que este estava triste. Muitas questões, inclusive, solicitam que a frase seja reescrita
em determinada voz verbal.
— Verbos e Substantivos
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Os verbos e os substantivos são elementos importantes das Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) O cére-
frases. Os substantivos compõem a classe de palavras com que se bro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes
denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abs- experiências.
tratos, os estados, as qualidades, as ações. Já os verbos, são a classe Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de resultante será:
ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a (A) são exibidas
função de núcleo do predicado das sentenças. (B) são exibidos
Ao reescrever uma frase, é possível: (C) exibe-se
(D) é exibido
(E) exibiam-se
1 https://bit.ly/2U03syd

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LÍNGUA PORTUGUESA

A alternativa correta é a “B”. A reescrita ficaria: “Diferentes pa- Mesmo com a alteração, a frase ainda diz a mesma coisa, o
drões de atividade são exibidos pelo cérebro humano para diferen- sujeito continua praticando a mesma ação.
tes experiências”. O sujeito “O cérebro humano” torna-se agente
da passiva. — O Tempo Composto
Para ter um tempo composto, é preciso um verbo auxiliar e
— O Tempo Verbal um principal. O verbo auxiliar sofrerá flexão em tempo e pessoa,
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Os tempos verbais indicam quando, o momento em que uma ao mesmo tempo em que o verbo principal permanecerá sempre
ação ocorre. Tal ação pode ocorrer no presente, no passado ou no no particípio.
futuro. O verbo auxiliar mais utilizado é o “ter”, contudo, o verbo “ha-
ver” também pode ser utilizado.
Verbo “ir” - 1ª pessoa do singular
Indicativo Tempos compostos do indicativo
Presente: vou. – Pretérito perfeito composto do indicativo: indica uma ação
Pretérito Imperfeito: ia. que ocorreu no passado de maneira repetida, e se prolonga até ao
Pretérito Perfeito: fui. momento presente.
Pretérito Mais-que-perfeito: fora. Ex.: Eu tenho feito exercícios todos os dias.
Futuro do Presente: irei.
Futuro do Pretérito: iria. – Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: indica
uma ação que ocorreu no passado, antes de outra ação que tam-
Subjuntivo bém ocorreu no passado.
Presente: que eu vá. Ex.: Eu tinha feito exercícios antes de ir trabalhar.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse.
Futuro: quando eu for. – Futuro do presente composto do indicativo: indica uma ação
que ocorrerá no futuro, mas que estará terminada antes de outra
Imperativo ação futura.
Imperativo Afirmativo: #-# Ex.: Eu terei feito exercícios antes de falar com minha mãe ao
Imperativo Negativo: #-# entardecer.

Infinitivo – Futuro do pretérito composto do indicativo: indica uma ação


Infinitivo Pessoal: por ir eu. que poderia ter acontecido, mas que fica condicionada a outra ação
passada.
É possível reescrever uma frase alterando o tempo verbal, sem Ex.: Eu teria feito exercícios se tivesse dormido bastante.
alterar seu sentido.
Ex.: Em 1930 ocorreu a Grande Depressão. Tempos compostos do subjuntivo
Em 1930 ocorre a Grande Depressão. – Pretérito perfeito composto do subjuntivo: indica ação que já
está concluída e que é anterior a outra.
Mesmo com os tempos verbais alterados, o sentido da frase foi Ex.: Ninguém acredita que eu tenha feito exercícios.
preservado. Ficamos sabendo quando a Grande Depressão ocorreu.
– Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo: indica
— A Locução Verbal ação ocorrida no passado, antes de outra ação que também ocor-
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Uma locução verbal é composta por um verbo principal em reu no passado.
uma de suas formas nominais seguido por verbo auxiliar devida- Ex.: Embora eu tivesse feito exercícios, ninguém acreditou.
mente flexionado.
O verbo principal expressa a ideia principal da frase. O verbo – Futuro composto do subjuntivo: indica ação que estará ter-
auxiliar, por sua vez, auxilia uma das formas nominais, constituindo minada no futuro, antes de outra ação que também ocorrerá no
uma locução verbal, onde somente ele é conjugado. futuro.
“Ainda estou assistindo àquele filme que você me indicou”. Ex.: Quando eu tiver feito exercícios, todos acreditarão.
Locução Verbal: estou assistindo
Verbo auxiliar: estou Uso das formas nominais compostas
Verbo principal: assistindo – Infinitivo pessoal composto: indica um fato passado já con-
cluído. Segue as regras de uso do infinitivo pessoal simples.
Ao reescrever uma frase, podemos eliminar a locução verbal e Ex.: Termos feito exercícios melhorou nosso humor.
manter somente o verbo. Ou podemos incluir uma locução verbal
na frase. – Infinitivo impessoal composto: indica um fato passado já con-
Ex.: Vou conversar com meu gerente a respeito do emprésti- cluído. Segue as regras de uso do infinitivo impessoal simples.
mo. Ex.: Gostei muito de ter feito exercícios.
Conversarei com meu gerente a respeito do empréstimo.
– Gerúndio composto: indica uma ação prolongada que termi-
2 https://bit.ly/36uVZtL nou antes da ação da oração principal.
3 https://bit.ly/2Rvfg9X Ex.: Tendo feito exercícios, eu já me sentia bem melhor.

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O tempo composto pode ser utilizado para reescrever uma fra- – Este, esta e isto, no discurso direto, passam para aquele,
se e manter seu sentido. aquela, aquilo no discurso indireto.
Ex.: Eu acabara de comer quando o telefone tocou. Há questões que solicitam a mudança de discurso.
Eu tinha acabado de comer quando o telefone tocou.
Questão: (Câmara de Fortaleza - CE - Consultor Técnico Legis-
— Discurso Direto e Indireto4 lativo - FCC) Ao se transpor o trecho O padre Lopes confessou que
não imaginara a existência de tantos doidos no mundo (1° parágra-
Discurso direto fo) para o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte
É uma transcrição exata da fala das personagens, ou de alguém, forma:
sem a participação do narrador. (A) imaginaria.
Ex.: O treinador afirmou: (B) imagino.
– O elenco precisa focar mais nos jogos. (C) imaginarei.
(D) imaginei.
Discurso indireto (E) imaginasse.
É uma intervenção do narrador no discurso ao fazer uso de suas
próprias palavras para reproduzir as falas das personagens. A alternativa correta é a “D”. O verbo “imaginar” está no preté-
Ex.: O treinador afirmara que o elenco precisava focar mais nos rito mais-que-perfeito, ao transpor para o discurso direto, vai para
jogos. o pretérito perfeito do indicativo. O padre Lopes confessou: “Eu não
imaginei a existência de tantos doidos no mundo”.
Para passar do discurso direto para o discurso indireto
Mudança das pessoas do discurso: — Substituir Locuções por Palavras (e Vice-Versa)
– A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no As locuções são formadas pelo conjunto de duas ou mais pa-
discurso indireto. lavras que denotam um único significado, exercendo somente uma
– Os pronomes eu, me, mim, comigo, no discurso direto, pas- função gramatical.
sam para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no discurso indireto. As locuções se classificam de acordo com a função que desem-
– Os pronomes nós, nos, conosco, no discurso direto, passam penham na oração:
para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto. – Locução adjetiva: desempenha função de adjetivo;
– Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nos- – Locução adverbial: desempenha função de advérbio;
sa, nossas, no discurso direto, passam para seu, seus, sua e suas no – Locução prepositiva: desempenha função de preposição;
discurso indireto. – Locução conjuntiva: desempenha função de conjunção;
– Locução verbal: desempenha função de verbo;
Mudança de tempos verbais: – Locução substantiva: desempenha função de substantivo;
– O presente do indicativo, no discurso direto, passa para pre- – Locução pronominal: desempenha função de pronome;
térito imperfeito do indicativo no discurso indireto. – Locução interjetiva: desempenha função de interjeição.
– O pretérito perfeito do indicativo, no discurso direto, passa
para pretérito mais-que-perfeito do indicativo no discurso indireto. Ao reescrever uma frase, é possível substituir uma locução e
– O futuro do presente do indicativo, no discurso direto, passa preservar o sentido original.
para futuro do pretérito do indicativo no discurso indireto. Ex.: A higiene da boca das crianças é muito importante. (te-
– O presente do subjuntivo, no discurso direto, passa para pre- mos uma locução adjetiva, da + substantivo boca, desempenhando
térito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. a função de adjetivo)
– O futuro do subjuntivo, no discurso direto, passa para preté- A higiene bucal das crianças é muito importante. (adjetivo bu-
rito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. cal)
– O imperativo, no discurso direto, passa para pretérito imper-
feito do subjuntivo no discurso indireto. Ficou feliz assim que soube o resultado do sorteio.
Ficou feliz quando soube o resultado do sorteio.
Mudança na pontuação das frases:
– As frases exclamativas, interrogativas imperativas, no discur- Ele fez o jantar a fim de impressionar a namorada.
so direto, passam para frases declarativas no discurso indireto. Ele fez o jantar para impressionar a namorada.

Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais: — Oração Desenvolvida Por Reduzida e Vice-Versa5
– Ontem, no discurso direto, passa para no dia anterior no dis- As orações reduzidas são introduzidas por formas nominais (in-
curso indireto. finitivo, gerúndio ou particípio) e não são acompanhadas por con-
– Hoje e agora, no discurso direto, passam para naquele dia e junção ou pronome relativo.
naquele momento no discurso indireto. Ex.: Oração reduzida de infinitivo: É provável ele atrasar a aula.
– Amanhã, no discurso direto, passa para no dia seguinte no Oração reduzida de gerúndio: Mesmo atrasando a aula, ele dis-
discurso indireto. se que faria.
– Aqui, aí, cá, no discurso direto, passam para ali e lá no dis- Oração reduzida de particípio: Mesmo atrasado, ele disse que
curso indireto. daria a aula.

4 https://bit.ly/2t2i7hr 5 https://bit.ly/2O2Uw7y

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LÍNGUA PORTUGUESA

Oração desenvolvida: Depois de que passar três anos nesta ci- Há maior ênfase ao substantivo e a frase no primeiro caso, pois
dade, sentia-se muito triste. o adjetivo “alegre” aparece antes dos substantivos.
Oração Reduzida: Após três anos passados nesta cidade, sen- Contudo, é bom sempre ficar atento, já que alguns adjetivos
tia-se muito triste. podem assumir significados diferentes de acordo com sua posição.
Ex.: Moça pobre (sem recursos financeiros), pobre moça (infe-
É possível reescrever uma frase optando pela forma reduzida liz); jogador simples (humilde), simples jogador (mero).
ou desenvolvida, e ainda assim manter o sentido original.
Ex.: Não comendo o jantar, não terás sobremesa. Em nossa Língua Portuguesa, há a anteposição dos possesivos
Se não comeres o jantar, não terás sobremesa. aos substantivos.
Ex.: Nosso pai.
Como fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Teu olhar.
Quando fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Todavia, há uma posposição proposital quando se trata da lin-
Fazendo bagunça, os meninos ficaram de castigo. guagem enfática.
Ex.: Pai nosso, que estai no céu...
— Substituir Conectivos de Valor Semântico Equivalente Quanto meu dói um olhar teu!
Assim como os sinônimos, o mesmo vale para os conectivos
de valor semântico equivalente. Sinônimos são palavras diferentes É preferível utilizar a conjunção porém intercalada na oração.
que dizem a mesma coisa. Há, também, conectivos que, apesar de Ex.: O filme, porém, se repetia.
serem palavras diferentes, exercem a mesma função. Mesmo assim, é possível inserir tal conjunção adversativa ao
Por isso é possível substituir o conector e manter o sentido da final da oração pertencente.
frase. Ex.: O filme se repetia, porém.
Ex.: Conectivos com valor de oposição/restrição: Mas, apesar
de, no entanto, entretanto, porém, contudo, todavia, tampouco, por Lembrando que!7
outro lado. Frase: É uma junção de palavras que apresenta sentido comple-
to, mesmo que não haja um verbo para dar sentido e termina com
Eu faria todo o trabalho, mas estava cansado. uma pausa pontuada. “Socorro!”, por exemplo, é uma frase que
Eu faria todo o trabalho, porém estava cansado. apresenta sentido completo: alguém está pedindo ajuda. As frases
que apresentam verbos são constituídas de oração(ões).
Ana empurrou a amiga e a ameaçou. (valor de adição)
Ana empurrou a amiga, como também a ameaçou. (valor de Oração: Toda oração possui um verbo ou uma locução verbal.
adição) Uma frase pode conter uma ou mais orações. “Socorro, eu preciso
de ajuda!” Uma oração, sozinha, nem sempre faz sentido. Às vezes
— Ordem Das Palavras Na Frase6 ela precisa de outros elementos para ter sentido. Entretanto, sem-
As frases podem ser construídas de forma direta ou inversa. pre que houver um verbo na frase, há uma oração.
Numa frase em ordem direta, os termos regentes precedem os ter-
mos regidos: sujeito + verbo + complementos e/ou adjuntos: Período: Um período é uma frase que possui uma oração ou
Ex.: Roberto / fez / uma casa de pássaros em seu quintal. mais: “Quando ele apareceu, mostrou as garras com as quais ata-
caria.”. Aqui, há três verbos, ou seja, mais de uma oração, o que
Já na ordem inversa, há alteração na sequência normal dos ter- compõe um período composto. Um período simples apresenta so-
mos. mente uma oração que se agrupa em torno de apenas um verbo ou
Ex.: Em seu quintal, Roberto fez uma casa de pássaros. locução verbal: “Faltam somente alguns dias.”.

Por apresentar maior sentimentalismo, transmitir mais emo- Há algumas questões de concursos públicos que podem solici-
ção, a ordem inversa aparece mais na literatura. tar para que diversas frases sejam reescritas em apenas um único
período, sem que o sentido da frase seja alterado.
Há mais...
Um período pode ser organizado de diversas maneiras, sem Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC)
que isso altere seu sentido original. Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos
Ex.: Ele notou a ponta de sarcasmo em seu sorriso. adultos. // Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem
Em seu sorriso, ele notou a ponta de sarcasmo. crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul. (1° pará-
Ele notou, em seu sorriso, a ponta de sarcasmo. grafo)
A ponta de sarcasmo, ele notou em seu sorriso.
As frases acima estão reescritas em um único período, com cor-
Alguns adjetivos, que aparecem antes ou depois dos substanti- reção e coerência, do seguinte modo:
vos, dão à frase maior ou menor ênfase. (A) Afetam dois terços dos adultos a privação de sono crônica,
Ex.: É um alegre sujeito de boa postura. uma enfermidade moderna, que tem crescido na esteira dos dispo-
É um sujeito alegre de boa postura. sitivos que emitem luz azul.

6 https://bit.ly/2RtO1wG 7 https://bit.ly/2RvjdeN

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(B) Uma enfermidade moderna, à qual afeta dois terços dos – inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
adultos, é a privação de sono crônica, que tem crescido na esteira Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
de dispositivos que emitem luz azul.
(C) A enfermidade moderna, que vem afetando dois terços dos – no sentido de, com vistas a.
adultos e crescendo na esteira de dispositivos dos quais emitem luz Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
azul é a privação de sono crônica.
(D) Tem vindo crescendo junto aos dispositivos que emitem luz – pois (no início da oração).
azul, a privação de sono crônica: uma enfermidade moderna, que Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
afeta dois terços dos adultos.
(E) A privação de sono crônica, uma enfermidade moderna que – principalmente.
vem crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul, afeta Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.
dois terços dos adultos.
Expressões que demandam atenção
Na alternativa “A” o sujeito não concorda com “a privação de – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se.
sono crônica”. Por isso deve ser flexionado no singular “Afeta dois – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
terços...”. aceito.
Na alternativa “B”, há o uso incorreto da crase em “à qual”, o – acendido, aceso (formas similares) – idem.
correto seria “a qual”. – à custa de – e não às custas de.
Na alternativa “C” o correto seria “os quais emitem luz azul”, – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
pois os dispositivos são quem emitem a luz azul. forme.
Na alternativa “D”, o sujeito é “a privação de sono crônica”, que – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que.
está sendo separada, incorretamente, do verbo por vírgula. – a meu ver – e não ao meu ver.
Resta a alternativa “E”, que está correta. As vírgulas isolam o – a ponto de – e não ao ponto de.
aposto explicativo de maneira correta. – a posteriori, a priori – não tem valor temporal.
– em termos de – modismo; evitar.
— Dicas para uma boa escrita – enquanto que – o que é redundância.
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a.
Expressões Condenáveis Uso Recomendado – implicar em – a regência é direta (sem em).
– ir de encontro a – chocar-se com.
A nível de / Ao nível Em nível, No nível – ir ao encontro de – concordar com.
Ante, Diante, Em face de, – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
Face a / Frente a parado; quando não se pode, junto.
Em vista de, Perante
– todo mundo – todos.
Em que, Na qual, Nas – todo o mundo – o mundo inteiro.
Onde (Quando não exprime lugar)
quais, No qual, Nos quais
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
Sob um ponto de vista De um ponto de vista for substantivo.
Por (ou através de) um – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
Sob um prisma presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando).
prisma
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
Em virtude de, Por causa (tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
Em função de de, Em consequência de, sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
Por, Em razão de

Expressões não recomendadas


– a partir de (a não ser com valor temporal). DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... PERÍODO

– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
gundo... dos e suas unidades: frase, oração e período.
Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
– devido a. que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
– dito. Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
Opção: citado, mencionado. bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
– enquanto. opcional.
Opção: ao passo que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (perí-
odo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finalizados com a pontuação adequada.

Análise sintática
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um período e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e nominais, agentes da passiva)
• Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adverbiais, apostos)

Termos essenciais da oração


Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o predicado
é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo, onde o verbo está presente.

O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificável, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se concentra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intran-
sitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apre-
senta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão que
protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

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• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.

As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pente-
ar-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura.
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila.
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo.
• Meio: Viajou de trem.

Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras palavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração).
• Combinação: ao, aos, aonde
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso

Conjunção
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabelecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante de
conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e interpre-
tação de textos, além de ser um grande diferencial no momento de redigir um texto.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.

Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintática entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma função
gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em cinco grupos:
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer.
• Conclusivas: logo, portanto, assim.

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• Explicativas: que, porque, porquanto. Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura,
o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este,
Conjunções subordinativas quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Ribeiro)
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar.
substantivas, definidas pelas palavras que e se.
• Causais: porque, que, como. Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era
• Condicionais: e, caso, desde que. um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado
• Comparativas: como, tal como, assim como. em narrações em geral.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que. — Ponto Parágrafo
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. Separa-se por ponto um grupo de período formado por ora-
• Temporais: quando, enquanto, agora. ções que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que
o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa-
rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem
com que o texto foi iniciado, mas em outra linha.
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos
E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE de lei.
SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
, DA ORAÇÃO — Ponto de Interrogação
É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida.
em tópicos anteriores. A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e re-
quer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interro-
gação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima
palavra se inicia com maiúscula.
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com-
plicada?
Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso — Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz
adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos.
vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc.
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer
corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto. que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna.
Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no
— A Importância da Pontuação patamar”.
8
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática,
semântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia, Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa-
os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria pre- nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de
judicada. um personagem perante diante de um fato.
O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês
solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de em diante são mais cinquenta...
pontuação pode causar situações desastrosas, como em: — ?!...”
– Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido)
– Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar) — Ponto de Exclamação
Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com en-
— Ponto tonação exclamativa.
Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!”
qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla- “Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!”
mativa e as reticências.
Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar Este sinal é colocado após uma interjeição.
muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros. Ex.: — Olé! exclamei.
— Ah! brejeiro!
8 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2009.

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As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em - Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive-
relação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou mi- rem efeito superlativamente.
núscula inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de ex- Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!”
clamação. A casa é linda, linda.

— Reticências - Para intercalar ou separar vocativos e apostos.


As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento.
de um pensamento. É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria
na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda - Para separar orações adjetivas de valor explicativo.
de ventura...” Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu-
— “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais,
os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem... muito mais do que ele, — ...”

Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen- - Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva
sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima. de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações
As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa, distintas se juntam.
podem ser substituídas por etc. Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este
Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira-
interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...”
meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada
uma dessas partes. IMPORTANTE!
Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão, Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração
geralmente utiliza-se uma linha pontilhada. adjetiva, esta pontuação pode acontecer.
As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem
ou interrogação. fazer gala da sua própria ignorância.

— Vírgula - Para separar orações intercaladas.


A vírgula (,) é utilizada: Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu”
- Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por
conjunção (caso haja pausa). - Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem
Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”. o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da
sua principal.
IMPORTANTE! Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...”
Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de
verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série - Para separar o nome do lugar em datas.
. Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020.
Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de
Alencar tinham-nas começado. - Para separar os partículas e expressões de correção, continua-
ção, explicação, concessão e conclusão.
- Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução”
se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa. Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã.
Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu
levava-lhe quanta podia obter”. - Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém,
todavia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos.
- Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer, Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações
etc.), quando forem proferidas com pausa. últimas...”
Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.
- Algumas vezes, para indicar a elipse do verbo.
IMPORTANTE! Ex.: Ele sai agora: eu, logo mais. (omitiu o verbo “sairei” após
Quando ou exprimir retificação, esta mesma regra vigora. “eu”; elipse do verbo sair)
Ex.: Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer ou-
tro nome, que eu de nome não curo. - Omissão por zeugma.
Caso denote equivalência, o ou posto entre os dois termos não Ex.: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) re-
é separado por vírgula. lapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo “relapsos”)
Ex.: Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino.
- Para indicar a interrupção de um seguimento natural das
- Em aposições, a não ser no especificativo. ideias e se intercala um juízo de valor ou uma reflexão subsidiária.
Ex.: “ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para
residência própria, casa de feitio moderno...”

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- Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei-
ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na -lhe da mão; D. Plácida foi à janela”
oração, a expressão deslocada é separada por vírgula.
Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior - Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con-
e a derradeira. traste.
Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu
- Em enumerações no projeto”
sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da - Em leis, separando os incisos.
despedida.
- Enumeração com explicitação.
Não se separa por vírgula: Ex.: Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para
- sujeito de predicado; o concurso; um romance, para me distrair nas horas vagas; e um
- objeto de verbo; dicionário, para enriquecer meu vocabulário.
- adjunto adnominal de nome;
- complemento nominal de nome; - Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para mar-
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta car distribuição.
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um
bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã.
— Dois Pontos
São utilizados: — Travessão
- Na enumeração, explicação, notícia subsidiária. É importante não confundir o travessão (—) com o traço de
Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta. união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de
“que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma sílabas.
asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos- O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colche-
pital concentrado” tes, indicando uma expressão intercalada:
“Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dis- Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último
parate” baile, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, me-
nos dos seus versos ou prosas”
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res-
ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso
assim julgamos, de outrem. contrário, se utiliza o travessão duplo.
Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito: Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algi-
— Creio que o Damião desconfia alguma coisa” beira das calças — umas largas calças de enfiar —, ou na gaveta da
mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta”
- Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente
o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de IMPORTANTE!
aspas, e poucas vezes de travessão. Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após
Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às supli- o travessão.
cas de meu pai:
— Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acha- O travessão pode, também, denotar uma pausa mais forte.
rás tua mãe morta!” Ex.: “... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar —,
solidariedade do aborrecimento humano”
Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação es-
pecial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou expli- Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na
cação. transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria” Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente
no sofá.
- Em expressões que possuam uma quebra na sequência das — Cansado? perguntei eu.
ideias. — Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...)
Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou.
“Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas.
as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se”
— Parênteses e Colchetes
— Ponto e Vírgula Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin-
Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim
fraca que o ponto. É utilizado: como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor.
Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es-
- Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma pecial.
pausa mais forte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o Ex.: Os substantivos podem ser:
sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se a) próprios
a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no- b) comuns
tação deve aparecer dentro deles.
Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que — Chave
seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a
frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida” reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo.
“A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que 9
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma
nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet] operação, definindo sua ordem de resolução.
Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
- Isolar datas. Também podem ser utilizadas na linguística, representando
Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914- morfemas.
1918). Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.

- Isolar siglas. — Asterisco


Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população eco- Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção
nomicamente ativa (PEA)... de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma
explicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do
- Isolar explicações ou retificações. período).
Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial,
preocupação. indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode decli-
nar: o Dr.*, B.**, L.***
Os parênteses e os colchetes estão ligados pela sua função dis-
cursiva, mas estes são utilizados quando os parênteses já foram em- — Barra
pregados, com o objetivo de introduzir uma nova inserção. Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.
São utilizados, também, com a finalidade de preencher lacunas
de textos ou para introduzir, em citações principalmente, explica-
ções ou adendos que deixam a compreensão do texto mais simples. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
— Aspas
A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto, Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
há a possibilidade do uso das aspas simples (‘ ’) para diferentes fina- harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
lidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’ refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
port. • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expres- • Concordância em número: flexão em singular e plural
são de sentido particular, ressaltando uma expressão dentro do • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma
gíria. Concordância nominal
Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
está entre aspas, o competente sinal de pontuação deve ser utili- artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
zado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição; ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
mas se as aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sen- ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
tença, a respectiva pontuação é abrangida por elas. atento, também, aos casos específicos.
Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
segurar? Ninguém.” o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
“Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
que toda a luz resume!” • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
“Por que não nasce eu um simples vaga-lume?” japonesa.

- Delimitam transcrições ou citações textuais. Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.” a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
— Alínea tantivo mais próximo:
Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota • Linda casa e bairro.
diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudan-
ça de linha.
De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida
de um traço curvo. 9 https://bit.ly/2RongbC.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

26
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concor- Regência nominal


dar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser
substantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
com o numeral quanto com o substantivo: complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores ou um numeral.
votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo. Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma prepo-
sição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras
Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique que pedem seu complemento:
quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que
segue a expressão: PREPOSIÇÃO NOMES
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifesta-
ção. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova. acessível; acostumado; adaptado; adequado;
agradável; alusão; análogo; anterior; atento;
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre benefício; comum; contrário; desfavorável;
na terceira pessoa do singular: devoto; equivalente; fiel; grato; horror;
A
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista. idêntico; imune; indiferente; inferior; leal;
necessário; nocivo; obediente; paralelo;
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, posterior; preferência; propenso; próximo;
concordando com o coletivo partitivo: semelhante; sensível; útil; visível...
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo;
matilha cansou depois de tanto puxar o trenó. convicto; cúmplice; descendente; destituído;
devoto; diferente; dotado; escasso; fácil;
Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira DE feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno;
pessoa do singular (impessoal): inimigo; inseparável; isento; junto; longe;
• Faz chuva hoje medo; natural; orgulhoso; passível; possível;
seguro; suspeito; temeroso...
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o ver-
opinião; discurso; discussão; dúvida;
bo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração
SOBRE insistência; influência; informação;
principal ao qual o pronome faz referência:
preponderante; proeminência; triunfo...
• Foi Maria que arrumou a casa.
acostumado; amoroso; analogia;
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o compatível; cuidadoso; descontente;
verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quan- generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
to com o próprio nome, na 3ª pessoa do singular: mal; misericordioso; ocupado; parecido;
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa. relacionado; satisfeito; severo; solícito;
triste...
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando abundante; bacharel; constante; doutor;
como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa erudito; firme; hábil; incansável; inconstante;
do singular: EM
indeciso; morador; negligente; perito;
• Nenhum de nós merece adoecer. prático; residente; versado...
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, atentado; blasfêmia; combate; conspiração;
porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. CONTRA declaração; fúria; impotência; litígio; luta;
Exceto caso o substantivo vier precedido por determinante: protesto; reclamação; representação...
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
sumiram.
Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi-
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado
também por adjuntos adverbiais.
A regência estuda as relações de concordâncias entre os ter- Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran-
mos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
Dessa maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e verbo vai depender do seu contexto.
o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que
nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
relação é sempre intermediada com o uso adequado de alguma de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar,
preposição. modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:

27
LÍNGUA PORTUGUESA

• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: à escola / Amanhã iremos ao colégio.
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in-


direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
panha eleitoral. frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- após o verbo – ênclise.
ção) e de um objeto indireto (com preposição): De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
à senhora. gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
dique a eufonia da frase.
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- Próclise
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
prego da crase: Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- cientemente.
na. Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
estresse. Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
xando de lado a capacidade de imaginar. posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
à esquerda. Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
jam reduzidas: Percebia que o observavam.
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
se: tudo dá.
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- tentos são para nos prejudicarem.
mos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. Ênclise
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
atender daqui a pouco.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. indicativo: Trago-te flores.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
fica a 50 metros da esquina. Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
/ Dei um picolé à minha filha. Apressei-me a convidá-los.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
minha avó até à feira. Mesóclise
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no — Sinonímia11


futuro do pretérito que iniciam a oração. Ocorre quando há mais de uma palavra com significado seme-
Dir-lhe-ei toda a verdade. lhante, podendo estar no lugar da outra em determinado contexto,
Far-me-ias um favor? mesmo que haja diferentes nuanças de sentido ou de carga estilís-
tica.
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de Ex.: casa, lar, morada, residência, mansão.
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. A identidade dos sinônimos é relativa. Em seus diferentes usos
Eu lhe direi toda a verdade. (literário ou popular), assumem sentidos “ocasionais” fazendo com
Tu me farias um favor? que, pelo contexto, um não pode ser empregado pelo outro sem
que haja uma perda do real significado da expressão.
Colocação do pronome átono nas locuções verbais Dependendo do domínio, os sinônimos podem surgir com le-
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal ves gradações semânticas: sentido abstrato ou concreto; valor po-
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- pular ou literário (morrer / fenecer); menor ou maior intensidade
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. de significação (chamar/clamar/bradar/berrar); aspecto cultural
Exemplos: (escutar/auscultar), entre outros.
Devo-lhe dizer a verdade. Vale lembrar também que muitas palavras são sinônimas, se
Devo dizer-lhe a verdade. levarmos em conta as variações geográficas (aipim = macaxeira;
mexerica = tangerina; pipa = papagaio; aipo = salsão).
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
do auxiliar ou depois do principal. — Antonímia
Exemplos: Ocorre quando palavras estabelecem oposição contraditória
Não lhe devo dizer a verdade. entre si (vida/morte), contrária (chegar/partir) ou correlativa (ir-
Não devo dizer-lhe a verdade. mão/irmã).
A antonímia pode ser entendida a partir de três subconceitos:
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, – Complementaridade (onde a negação de uma implica a afir-
o pronome átono ficará depois do auxiliar. mação da outra e vice-versa): Rafael não está casado implica que
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. Rafael é solteiro; Rafael está casado implica que João não é Rafael);
– Antonímia (opostos por excelência): grande/pequeno;
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do – Correlação: comprar/vender; marido/mulher).
auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. A respeito da manifestação da antonímia, há três aspectos dis-
tintos:
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois Por meio de palavras de radicais diferentes: bom/mau;
do infinitivo. Com a ajuda de um prefixo negativo nas palavras do mesmo
Exemplos: radical: feliz/infeliz; legal/ilegal;
Hei de dizer-lhe a verdade. Palavras que possuem significados opostos: excluir/incluir; pro-
Tenho de dizer-lhe a verdade. gredir/regredir.

Observação A antonímia, em alguns casos, pode ocorrer porque a palavra


Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: apresenta valor ativo e passivo.
Devo-lhe dizer tudo. Ex.: alugar
Estava-lhe dizendo tudo. – dar de aluguel
Havia-lhe dito tudo. – receber de aluguel

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE


TEXTO
O significado das palavras10 é estudado pela semântica, a parte
da gramática que estuda não só o sentido das palavras como as re- Para a realização de exercícios de substituição de palavras e ex-
lações de sentido que as palavras estabelecem entre si: relações de pressões de um texto, é necessário algum conhecimento gramatical
sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia... prévio.
Compreender essas relações nos proporciona o alargamento Substituir uma palavra pode parecer simples, porém é uma
do nosso universo semântico, contribuindo para uma maior diversi- ação que possui certa complexidade. Não basta apenas substituir a
dade vocabular e maior adequação aos diversos contextos e inten- palavra em si, é preciso atenção para manter o sentido original da
ções comunicativas. frase; em suma, quando substituímos uma palavra de uma frase,
nenhum erro gramatical ou semântico pode ocorrer.

11 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,


10 https://bit.ly/2RMI90C 2009.

29
LÍNGUA PORTUGUESA

Justamente por isso o conhecimento gramatical prévio é de ex- ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen-
trema importância, afinal o ato de substituir palavras ou expressões volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer
requer inúmeras habilidades. melhor seus objetivos e razões para a produção de textos.
Imagine só que uma determinada questão solicite que você
substitua tal palavra por um sinônimo? Como você vai responder Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
se não souber o que é um sinônimo? Ou pode ser que a questão um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa
apresente uma alternativa onde é preciso substituir uma figura de a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento
linguagem, ou até mesmo alternativas onde a regência ou concor- do processo de escrever do aluno.
dância precisa ser mantida.
Operações linguísticas de reescrita:
Por exemplo: “O menino ficou muito triste porque sua bola fu- A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
rou”. rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
trução do texto escrito.
A palavra triste poderia ser substituída por chateado, e ainda - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
assim a frase manteria seu significado original. mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
Essa mesma frase poderia ser reescrita dessa forma: “A bola bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
furou, por isso o menino ficou triste”. Veja como a frase foi alterada, várias frases.
porém ainda diz a mesma coisa. - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
Já a conjunção porque pode ser substituída por pois, já que do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
ambas são conjunções explicativas. mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
Como você pode ver, não se trata de algo tão simples assim, - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
entretanto, não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta ter bastan- mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
te atenção, ler a questão com atenção, verificar o que é solicitado. ma, ou sobre conjuntos generalizados.
Também cabe aqui a interpretação de textos, pois muitas vezes ha- - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
verá um texto que deverá ser lido e a expressão a ser substituída dificar sua ordem no processo de encadeamento.
será retirada desse mesmo texto, sendo assim, antes de substituir
será preciso compreender o texto. Graus de Formalismo
Algumas habilidades que você deve possuir para substituir pa- São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
lavras ou expressões de textos são: significação das palavras (se- como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
mântica), ortografia, classes de palavras (morfologia), figuras de quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
linguagem e de sintaxe, regência e concordância (nominal e verbal) construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
e interpretação de texto. curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
PERÍODOS DO TEXTO malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
em tópicos anteriores. cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
cífico de algum campo científico, por exemplo).

Expressões que demandam atenção


REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
NÍVEIS DE FORMALIDADE – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
aceito
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – acendido, aceso (formas similares) – idem
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos – à custa de – e não às custas de
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, forme
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, – a meu ver – e não ao meu ver
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – a ponto de – e não ao ponto de
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – a posteriori, a priori – não tem valor temporal
– em termos de – modismo; evitar
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – enquanto que – o que é redundância
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – implicar em – a regência é direta (sem em)
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – ir de encontro a – chocar-se com
– ir ao encontro de – concordar com

30
LÍNGUA PORTUGUESA

– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se- 2. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA
parado; quando não se pode, junto INFORMAÇÃO/2021
– todo mundo – todos Assunto: Acentuação
– todo o mundo – o mundo inteiro Medo da eternidade
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a
for substantivo eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha prova-
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo do chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando) bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o di-
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte nheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre- eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinhei-
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). ro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se
Expressões não recomendadas acaba. Dura a vida inteira.
— Como não acaba?
– a partir de (a não ser com valor temporal). — Parei um instante na rua, perplexa.
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... — Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- -rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase
gundo... não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às
– devido a. vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de
aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do
– dito. qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal
Opção: citado, mencionado. pondo o chicle na boca.
— E agora que é que eu faço?
– enquanto. — Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria
Opção: ao passo que. haver.
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a
eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia
– no sentido de, com vistas a. dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. escola.
— Acabou-se o docinho. E agora?
– pois (no início da oração). — Agora mastigue para sempre.
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em
breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que
– principalmente. não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia con-
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular. trafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem
de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se
tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis con-
fessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava afli-
QUESTÕES ção. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até
que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um
1. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
INFORMAÇÃO/2021 — Olha só o que me aconteceu!
Assunto: Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que, porquê — Disse eu em fingidos espanto e tristeza.
e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc) — Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
A frase em que a palavra ou expressão destacada respeita as — Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca.
regras ortográficas e gramaticais da norma padrão é: Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigan-
(A) As crianças querem estar aonde a fantasia está. do, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama.
(B) Queremos saber por que a ideia de eternidade nos fascina. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
(C) O gosto adocicado do chicle mau acaba e queremos outro. Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, en-
(D) Nada como balas e chicletes durante uma seção de cinema. vergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da
(E) A ideia de viver para sempre persegue o homem a séculos. boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, p.2, 6 jun. 1970.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

No texto, foram empregadas as palavras aí e ótimo, ambas Daí a importância da conscientização. É preciso que tanto clien-
acentuadas graficamente. tes como empresas busquem mais informação e conteúdo técni-
Duas outras palavras corretamente acentuadas pelos mesmos co sobre o tema. Às organizações, cabe o desafio de orientar seus
motivos que aí e ótimo são, respectivamente, clientes, já que, na maioria das vezes, eles não sabem quais são os
(A) juíz e ébano limites da privacidade digital.
(B) Icaraí e rítmo Vivemos em uma época em que todo mundo pode falar per-
(C) caquís e incrédulo manentemente o que quer. Nesse contexto, a informação deixou
(D) país e sonâmbulo de ser algo confiável e cabe a cada um de nós aprender a ler isso e
(E) abacaxí e econômia se proteger. Precisamos de consciência, senso crítico, responsabi-
lidade e cuidado para levar a internet a um outro nível. É fato que
3. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021 ela não é segura, a questão, então, é como usá-la de maneira mais
Assunto: Uso do Hifen inteligente e contribuir para fortalecer a privacidade digital? Essa é
O grupo de palavras que atende às exigências relativas ao em- uma causa comum a todos os usuários da rede.
prego ou não do hífen, segundo o Vocabulário Ortográfico da Lín- No trecho “Esse limite poderia ser dado pelo próprio consumi-
gua Portuguesa, é dor, se ele assim quiser?” (parágrafo 6), a forma verbal destacada
(A) extra-escolar / médico-cirurgião expressa a noção de
(B) bem-educado / vagalume (A) dever
(C) portarretratos / dia a dia (B) certeza
(D) arco-íris / contra-regra (C) hipótese
(E) subutilizar / sub-reitor (D) obrigação
(E) necessidade
4. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos 5. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA
e tempos verbais INFORMAÇÃO/2022
Privacidade digital: quais são os limites Assunto: Locução verbal
Atualmente, somos mais de 126,4 milhões de brasileiros usuá- Uma cena
rios de internet, representando cerca de 69,8% da população com É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa
10 anos ou mais. Ao redor do mundo, cerca de 4 bilhões de pessoas época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase
frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu
usam a rede mundial, sendo que 2,9 bilhões delas fazem isso pelo
já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conse-
smartphone.
guiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias,
Nesse cenário, pensar em privacidade digital é (quase) utópico.
por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele
Uma vez na rede, a informação está registrada para sempre: deixa-
trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase
mos rastros que podem ser descobertos a qualquer momento.
madrugada.
Ainda assim, mesmo diante de tamanha exposição, essa é uma
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.
discussão que precisa ser feita. Ela é importante, inclusive, para tra-
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua ca-
zer mais clareza e consciência para os usuários. Vale lembrar, por deira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa
exemplo, que não são apenas as redes sociais que expõem as pes- quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem
soas. Infelizmente, basta ter um endereço de e-mail para ser rastre- pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássa-
ado por diferentes empresas e provedores. ros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando
A questão central não se resume somente à política de privaci- sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora
dade das plataformas X ou Y, mas, sim, ao modo como cada socie- das gaiolas.
dade vem paulatinamente estruturando a sua política de proteção Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sen-
de dados. tada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples,
A segurança da informação já se transformou em uma área es- suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar
tratégica para qualquer tipo de empresa. Independentemente da quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repou-
demanda de armazenamento de dados de clientes, as organizações sa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
têm um universo de dados institucionais que precisam ser salva- alguém passar.
guardados. É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias.
Estamos diante de uma realidade já configurada: a coleta de Parece coisa de antigamente.
informações da internet não para, e esse é um caminho sem vol- Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placi-
ta. Agora, a questão é: nós, clientes, estamos prontos e dispostos damente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está
a definir o limite da privacidade digital? O interesse maior é nosso! atrás das grades.
Esse limite poderia ser dado pelo próprio consumidor, se ele assim Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem
quiser? O conteúdo é realmente do usuário? vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o im-
Se considerarmos a atmosfera das redes sociais, muito possi- pressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre
velmente não. Isso porque, embora muitas pessoas não saibam, a as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros,
maioria das redes sociais prevê que, a partir do momento em que tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
um conteúdo é postado, ele faz parte da rede e não é mais do usu- todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de
ário. certa forma já me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem sa-
ber o que dizer.

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente, todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de
junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil certa forma já me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem sa-
pintado com tinta cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão ber o que dizer.
antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que mesmo Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora.
sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente,
que prende, constrange, restringe. junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de pintado com tinta cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão
metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que mesmo
porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores. sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico,
“E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já que prende, constrange, restringe.
me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem saber o que dizer.” Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de
O uso do verbo em destaque no pretérito mais-que-perfeito metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os
simples do indicativo estabelece que o fato representado por esse porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores. O empre-
verbo se deu antes de outro fato passado. Esse mesmo significado go do pronome oblíquo em destaque respeita a norma-padrão da
é encontrado no que está destacado em: língua em:
(A) Ela já foi uma mulher alegre e jovial. (A) Quando perguntaram sobre as grades, fiquei sem saber o
(B) A mesma cena se repete ao nascer de cada manhã. que lhes dizer.
(C) A velha senhora estava sentada na calçada enquanto ama- (B) O sol oblíquo nasce atrás dos prédios, mas ainda não con-
nhecia. seguiu vencer-lhes.
(D) Na última manhã, a velha senhora chegou e o sol já tinha (C) A velha senhora está sempre lá. Já espero lhe ver quando
surgido. saio todas as manhãs.
(E) As grades impressionariam qualquer um que chegasse à (D) Ainda demora para o sol nascer, mas, mesmo assim, a velha
cidade. senhora já está lá a lhe esperar.
(E) Quando as pessoas passam na calçada, aquela senhora tem
6. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA o sorriso pronto para lhes cumprimentar.
INFORMAÇÃO/2022
Assunto: Pronomes pessoais 7. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
Uma cena Assunto: Pronomes relativos
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa O período em que a palavra ou a expressão em destaque NÃO
época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase está empregada de acordo com a norma-padrão é:
frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu (A) As professoras de que falamos são ótimas.
já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conse- (B) A folha em que deve ser feita a prova é essa.
guiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias, (C) A argumentação onde é provado o crime foi dele.
por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele (D) O aluno cujo pai chegou é Pedro.
trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase (E) As meninas que querem cortar os cabelos são aquelas.
madrugada.
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol. 8. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua ca- Assunto: Advérbio
deira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa A palavra salário vem mesmo de “sal”?
quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem Vem. A explicação mais popular diz que os soldados da Roma
pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássa- Antiga recebiam seu ordenado na forma de sal. Faz sentido. O di-
ros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando nheiro como o conhecemos surgiu no século 7 a.C., na forma de
sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora discos de metal precioso (moedas), e só foi adotado em Roma 300
das gaiolas. anos depois.
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sen- Antes disso, o que fazia o papel de dinheiro eram itens não
tada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples, perecíveis e que tinham demanda garantida: barras de cobre (fun-
suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar damentais para a fabricação de armas), sacas de grãos, pepitas de
quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repou- ouro (metal favorito para ostentar como enfeite), prata (o ouro de
sa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando segunda divisão) e, sim, o sal.
alguém passar. Num mundo sem geladeiras, o cloreto de sódio era o que ga-
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. rantia a preservação da carne. A demanda por ele, então, tendia ao
Parece coisa de antigamente. infinito. Ter barras de sal em casa funcionava como poupança. Você
Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placi- poderia trocá-las pelo que quisesse, a qualquer momento.
damente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está As moedas, bem mais portáteis, acabariam se tornando o gran-
atrás das grades. de meio universal de troca – seja em Roma, seja em qualquer outro
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem lugar. Mas a palavra “salário” segue viva, como um fóssil etimológico.
vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o im- Só há um detalhe: não há evidência de que soldados romanos
pressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre recebiam mesmo um ordenado na forma de sal. Roma não tinha
as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros, um exército profissional no século 4 a.C. A força militar da época

33
LÍNGUA PORTUGUESA

era formada por cidadãos comuns, que abandonavam seus afaze- Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora.
res voluntariamente para lutar em tempos de guerra (questão de Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente,
sobrevivência). junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil
A ideia de que havia pagamentos na forma de sal vem do his- pintado com tinta cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão
toriador Plínio, o Velho (um contemporâneo de Jesus Cristo). Ele antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que mesmo
escreveu o seguinte: “Sal era uma das honrarias que os soldados re- sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico,
cebiam após batalhas bem-sucedidas. Daí vem nossa palavra sala- que prende, constrange, restringe.
rium.” Ou seja: o sal era um bônus para voluntários, não um salário Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de
para valer. Quando Roma passou a ter uma força militar profissional metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os
e permanente, no século 3 a.C., o soldo já era mesmo pago na for- porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.
ma de moedas. No trecho “Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal”,
A palavra destacada em “bem mais portáteis” (parágrafo 4) traz a relação semântica construída entre as duas orações pode ser ex-
para o trecho uma ideia de plicitada pelo conector
(A) adição (A) porém
(B) adversidade (B) porque
(C) comparação (C) entretanto
(D) extensão (D) a fim de que
(E) soma (E) apesar de que

9. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA 10. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-


INFORMAÇÃO/2022 CLEAR/ESPECIALISTA EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA/2022
Assunto: Conjunção Assunto: Conjunção
Uma cena Texto
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa Maria José
época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase Paulo Mendes Campos
frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre,
já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conse- violenta quando necessário. Eu era menino e apanhava de um com-
guiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias, panheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a
por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele pedra que marcava o gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com
trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase a briga por milagre.
madrugada. Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devota-
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol. va-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua ca- mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comun-
deira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa gava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco.
quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia recebido,
pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássa- menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal no-
ros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando turno, perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos.
sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu
das gaiolas. que tinha chegado à humildade da velhice; já não se importava com
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sen- quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa
tada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples, dos filhos e dos netos.
suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia
quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repou- e o verdor da minha meninice. Ensinou- me a ler as primeiras sen-
sa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando tenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e
alguém passar. o de Assis; apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que ha-
Parece coisa de antigamente. via decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de
Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placi- Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me
damente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José,
atrás das grades. com irônico afeto, me repetia a advertência de Drummond: “Paulo,
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o im- não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém
pressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre sabe o que será”.
as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros, Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha
tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto
certa forma já me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem sa- espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades mais
ber o que dizer. singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos

34
LÍNGUA PORTUGUESA

lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as al- vas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios, segundo
mas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce
flecha e o alvo das criaturas. um fascínio irresistível para os jovens.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre
fazia difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que as preocupações da ONU: as vendas crescentes, em especial nos
doía um pouco, por delicadeza. mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia e substâncias tóxicas em muitos componentes, trazendo risco à
acompanhar um casal amigo a Copacabana, passar do bar da moda saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje 150
ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo
serenidade e aceitar com alegria o prato exótico. de resíduo cresce a uma velocidade três a cinco vezes maior que a
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava do lixo urbano.
São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer AFONSO, J. C. Revista Ciência Hoje, n. 314, maio 2014. São Paulo:
violência para entrar no reino celeste. SBPC. Disponível em: https://cienciahoje.periodicos.capes. gov.br/
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, storage/acervo/ch/ch_314.pdf. Adaptado.
destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se.
Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do No trecho do 3o parágrafo “segundo estudo da Organização
espírito. Perdi quem me amava e perdoava, quem me encomen- das Nações Unidas”, a palavra destacada expressa ideia de
dava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de (A) condição
revólver na mão. (B) concessão
No trecho do parágrafo 3 “já não se importava com quem ten- (C) conformidade
tasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa dos filhos (D) causalidade
e netos”, a conjunção mas pode ser substituída, sem alteração de (E) temporalidade
sentido, por
(A) caso 12. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
(B) portanto Assunto: Conjunção
(C) logo Privacidade digital: quais são os limites
(D) porque Atualmente, somos mais de 126,4 milhões de brasileiros usuá-
(E) porém rios de internet, representando cerca de 69,8% da população com
10 anos ou mais. Ao redor do mundo, cerca de 4 bilhões de pessoas
11. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- usam a rede mundial, sendo que 2,9 bilhões delas fazem isso pelo
AR/ADMINISTRADOR/2022 smartphone.
Assunto: Conjunção Nesse cenário, pensar em privacidade digital é (quase) utópico.
Texto Uma vez na rede, a informação está registrada para sempre: deixa-
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente mos rastros que podem ser descobertos a qualquer momento.
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroele- Ainda assim, mesmo diante de tamanha exposição, essa é uma
trônico) são, por definição, produtos que têm componentes elétri- discussão que precisa ser feita. Ela é importante, inclusive, para tra-
cos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva zer mais clareza e consciência para os usuários. Vale lembrar, por
ou programada) e impossibilidade de conserto, são descartados exemplo, que não são apenas as redes sociais que expõem as pes-
pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e soas. Infelizmente, basta ter um endereço de e-mail para ser rastre-
equipamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletro- ado por diferentes empresas e provedores.
domésticos, equipamentos médicos, brinquedos, sistemas de alar- A questão central não se resume somente à política de privaci-
me, automação e controle. dade das plataformas X ou Y, mas, sim, ao modo como cada socie-
Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar dade vem paulatinamente estruturando a sua política de proteção
um produto que se torne obsoleto ou não funcional após certo tem- de dados.
po, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse A segurança da informação já se transformou em uma área es-
produto. Já a obsolescência perspectiva é uma forma de reduzir a tratégica para qualquer tipo de empresa. Independentemente da
vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas no- demanda de armazenamento de dados de clientes, as organizações
vas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças fun- têm um universo de dados institucionais que precisam ser salva-
cionais, dando à geração em uso aspecto de ultrapassada, o que guardados.
induz o consumidor à troca. Estamos diante de uma realidade já configurada: a coleta de
O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos pro- informações da internet não para, e esse é um caminho sem vol-
blemas ambientais da atualidade. O consumidor raramente reflete ta. Agora, a questão é: nós, clientes, estamos prontos e dispostos
sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, a definir o limite da privacidade digital? O interesse maior é nosso!
preocupando- se em satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroele- Esse limite poderia ser dado pelo próprio consumidor, se ele assim
trônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida, e a quiser? O conteúdo é realmente do usuário?
explosão da indústria da informação é uma força motriz da socieda- Se considerarmos a atmosfera das redes sociais, muito possi-
de, oferecendo ferramentas para rápidos avanços na economia e no velmente não. Isso porque, embora muitas pessoas não saibam, a
desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constan- maioria das redes sociais prevê que, a partir do momento em que
te busca de informações em tempo real, e a sua interação com no- um conteúdo é postado, ele faz parte da rede e não é mais do usu-
ário.

35
LÍNGUA PORTUGUESA

Daí a importância da conscientização. É preciso que tanto clien- — Acabou-se o docinho. E agora?
tes como empresas busquem mais informação e conteúdo técni- — Agora mastigue para sempre.
co sobre o tema. Às organizações, cabe o desafio de orientar seus Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em
clientes, já que, na maioria das vezes, eles não sabem quais são os breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que
limites da privacidade digital. não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia con-
Vivemos em uma época em que todo mundo pode falar per- trafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem
manentemente o que quer. Nesse contexto, a informação deixou de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se
de ser algo confiável e cabe a cada um de nós aprender a ler isso e tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis con-
se proteger. Precisamos de consciência, senso crítico, responsabi- fessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava afli-
lidade e cuidado para levar a internet a um outro nível. É fato que ção. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até
ela não é segura, a questão, então, é como usá-la de maneira mais que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um
inteligente e contribuir para fortalecer a privacidade digital? Essa é jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
uma causa comum a todos os usuários da rede. — Olha só o que me aconteceu!
Disponível em: <https://digitalks.com.br/artigos/privacidade-digital — Disse eu em fingidos espanto e tristeza.
-quais-sao-os-limites>. 7/04/2019. Acesso em: 3 fev. 2021.Adaptado. — Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
— Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca.
No trecho “Às organizações, cabe o desafio de orientar seus Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigan-
clientes, já que, na maioria das vezes, eles não sabem quais são os do, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama.
limites da privacidade digital” (parágrafo 8), a expressão destacada Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
expressa a noção de Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, en-
(A) condição vergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da
(B) finalidade boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
(C) concessão LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade.
(D) causalidade
(E) comparação Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, p.2, 6 jun. 1970. sim
como no trecho “E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a es-
13. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA cola.”, a colocação do pronome destacado respeita a norma-padrão
INFORMAÇÃO/2021 da língua portuguesa, em:
Assunto: Colocação pronominal (A) Pediria-lhes para considerar a possibilidade da eternidade.
Medo da eternidade (B) A curiosidade não leva-nos a atitudes bobas e desproposi-
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a tadas.
eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha prova- (C) O prazer que experimenta-se com o sabor dos doces é enor-
do chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia me.
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o di- (D) Poucos se impressionam com a descoberta da possibilidade
nheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro da eternidade.
eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinhei- (E) Nos perguntamos até quando vamos sonhar com uma vida
ro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: eterna de prazer.
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se
acaba. Dura a vida inteira. 14. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
— Como não acaba? Assunto: Colocação pronominal
— Parei um instante na rua, perplexa. O pronome destacado foi utilizado na posição correta, segundo
— Não acaba nunca, e pronto. as exigências da norma-padrão da língua portuguesa, em:
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino (A) A associação brasileira de mercados financeiros publicou
de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-
uma diretriz de segurança, na qual mostra-se a necessidade de
-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase
adequação de proteção de dados.
não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às
(B) A segurança da informação já transformou-se em uma área
vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só
estratégica para qualquer tipo de empresa.
para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de
(C) Naquele evento, ninguém tinha-se incomodado com o pa-
aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do
lestrante no início do debate a respeito de privacidade digital.
qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal
(D) Apesar das dificuldades encontradas, sempre referimo-nos
pondo o chicle na boca.
— E agora que é que eu faço? com cuidado aos nossos dados pessoais, como CPF, RG, e-mail,
— Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria para proteção da vida privada.
haver. (E) Quando a privacidade dos dados bancários é mantida, como
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só nos garantem as instituições, ficamos tranquilos.
depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a
vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a
eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia
dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a
escola.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

15. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021 A colocação do pronome oblíquo átono destacado está de
Assunto: Colocação pronominal acordo com o que prevê a norma-padrão da língua portuguesa no
O que é o QA e por que ele pode ser mais importante que o QI seguinte período:
no mercado de trabalho (A) Consideraria-se o QA mais importante que o QI há duas dé-
Há algum tempo, se você quisesse avaliar as perspectivas de al- cadas?
guém crescer na carreira, poderia considerar pedir um teste de QI, (B) Se busca investir naquilo que pode fazer a diferença entre a
o quociente de inteligência, que mede indicadores como memória máquina e o homem.
e habilidade matemática. (C) As mudanças no mercado de trabalho jamais dar-se-ão sem
Mais recentemente, passaram a ser avaliadas outras letrinhas: investimento no capital humano.
o quociente de inteligência emocional (QE), uma combinação de (D) Os candidatos que saem-se melhor nas entrevistas são con-
habilidades interpessoais, autocontrole e comunicação. Não só no tratados mais rapidamente.
mundo do trabalho, o QE é visto como um kit de habilidades que (E) Alguns se consideram mais preparados para enfrentar ad-
pode nos ajudar a ter sucesso em vários aspectos da vida. versidades no trabalho do que em família.
Tanto o QI quanto o QE são considerados importantes para o
sucesso na carreira. Hoje, porém, à medida que a tecnologia rede- 16. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
fine como trabalhamos, as habilidades necessárias para prosperar Assunto: Colocação pronominal
no mercado de trabalho também estão mudando. Entra em cena A colocação do pronome oblíquo destacado está de acordo
então um novo quociente, o de adaptabilidade (QA), que considera com a norma-padrão em:
a capacidade de se posicionar e prosperar em um ambiente de mu- (A) O dinheiro não foi-me bastante.
danças rápidas e frequentes. (B) O depósito só estará concretizado, se houver quem validá-
O QA não é apenas a capacidade de absorver novas informa- -lo.
ções, mas de descobrir o que é relevante, deixar para trás noções (C) Se você pudesse emprestar esse dinheiro, depositaria-o ain-
obsoletas, superar desafios e fazer um esforço consciente para mu- da esta semana?
dar. Esse quociente envolve também características como flexibili- (D) Explique-me como funciona esse financiamento.
dade, curiosidade, coragem e resiliência. (E) Me empreste seu cartão, que eu faço a transação hoje.
Amy Edmondson, professora de Administração da Harvard Bu-
siness School, diz que é a velocidade vertiginosa das mudanças no 17. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE DE TECNOLO-
mercado de trabalho que fará o QA vencer o QI. Automatiza-se fa- GIA/2021
cilmente qualquer função que envolva detectar padrões nos dados Assunto: Colocação pronominal
(advogados revisando documentos legais ou médicos buscando o Lições após um ano de ensino remoto na pandemia
histórico de um paciente, por exemplo), diz Dave Coplin, diretor da No momento em que se tornam ainda mais complexas as dis-
The Envisioners, consultoria de tecnologia sediada no Reino Unido. cussões sobre a volta às aulas presenciais, o ensino remoto conti-
A tecnologia mudou bastante a forma como alguns trabalhos são nua a ser a rotina de muitas famílias, atualmente.
feitos, e a tendência continuará. Isso ocorre porque um algoritmo Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado
pode executar essas tarefas com mais rapidez e precisão do que um de lições inéditas para professores, alunos e estudiosos. Diante do
humano. pouco acesso a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de
Para evitar a obsolescência, os trabalhadores que cumprem es- muitas famílias e professores tem sido se conectar regularmente via
sas funções precisam desenvolver novas habilidades, como a criati- aplicativos de mensagens.
vidade para resolver novos problemas, empatia para se comunicar Uma pesquisa apontou que 83% dos professores mantinham
melhor e responsabilidade. contato com seus alunos por meio dos aplicativos de mensagens,
Edmondson diz que toda profissão vai exigir adaptabilidade e muito mais do que pelas próprias plataformas de aprendizagem.
flexibilidade, do setor bancário às artes. Digamos que você é um Esse uso foi uma grande surpresa, mas é porque não temos outras
contador. Seu QI o ajuda nas provas pelas quais precisa passar para ferramentas de massificação. A maior parte do ensino foi feita pelo
se qualificar; seu QE contribui na conexão com um recrutador e de- celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários
pois no relacionamento com colegas e clientes no emprego. Então, membros da família), o que é algo muito desafiador.
quando os sistemas mudam ou os aspectos do trabalho são auto- Outro aspecto a ser considerado é que, felizmente, mensagens
matizados, você precisa do QA para se acomodar a novos cenários. direcionadas são uma forma relativamente barata de comunicação.
Ter QI, mas nenhum QA, pode ser um bloqueio para as habili- A importância de cultivar interações entre os estudantes, mesmo
dades existentes diante de novas maneiras de trabalhar. No mundo que eles não estejam no mesmo ambiente físico, também é uma
corporativo, o QA está sendo cada vez mais buscado na hora da forma de motivá-los e melhorar seus resultados. Recentemente,
contratação. Uma coisa boa do QA é que, mesmo que seja difícil uma pesquisadora afirmou que “Aprendemos que precisamos dos
mensurá-lo, especialistas dizem que ele pode ser desenvolvido. demais: comparar estratégias, falar com alunos, com outros profes-
Como diz Edmondson: “Aprender a aprender é uma missão sores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que
crítica. A capacidade de aprender, mudar, crescer, experimentar se seja cada um na sua casa. Além disso, a pandemia ressaltou a im-
tornará muito mais importante do que o domínio de um assunto.” portância do vínculo anterior entre escolas e comunidades”.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert- Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das
-cap-50429043>.Acesso em: 9 jul. 2021. (Adaptado) escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos alunos, educado-
res internacionais estimam que estudantes da educação básica já
foram impactados. É preciso pensar em como agrupar esses alunos

37
LÍNGUA PORTUGUESA

e averiguar os que tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir como qualificar para o bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibi-
enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos lidade de o indivíduo cair em fraudes, preparar o caminho para a
(letivos) de transição. realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor.
IDOETA, P.A. 8 lições após um ano de ensino remoto na pan demia. Dis- BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira – Ges-
ponível em: <https://educacao.uol.com.br/noticias/ bbc/2021/04/24/ tão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013. p. 12. Adaptado.
8-licoes-apos-um-ano-de-ensino-remoto-na- pandemia. htm>. Acesso
em: 21 jul. 2021. Adaptado. A colocação do pronome oblíquo átono está em acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa em:
O pronome oblíquo átono em destaque está colocado de acor- (A) Poder-se-á levar a educação financeira para as salas de aula,
do com a norma-padrão em: o que será muito proveitoso.
(A) No processo ensino-aprendizagem, o objetivo deve ser de- (B) Nos perguntam sempre sobre como gerir melhor a vida fi-
senvolver aptidões para que os alunos sempre mantenham-se nanceira.
em dia com os avanços da ciência. (C) As famílias nunca preocuparam-se com a educação finan-
(B) Se reclama muito das dificuldades do ensino remoto devido ceira como parte da formação de seus filhos.
a problemas de conexão. (D) Aqueles que relacionam-se bem com o dinheiro têm uma
(C) Os profissionais da educação nunca cansam-se de estudar vida mais organizada.
os conteúdos que possam interessar os alunos nas aulas. (E) Compreenderia-se melhor o desempenho da empresa, se o
(D) Para garantir o progresso dos estudantes, os professores mercado fosse estudado.
sempre dedicam-se a pesquisar novos métodos de ensino.
(E) Quando as escolas se preocuparem em empregar novas 19. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-
metodologias no ensino-aprendizagem, alcançarão melhores CLEAR/ESPECIALISTA EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA/2022
resultados. Assunto: Sinônimos e Antônimos
Texto
18. CESGRANRIO - TBN (CEF)/CEF/”SEM ÁREA”/2021 Maria José
Assunto: Colocação pronominal Paulo Mendes Campos
Relacionamento com o dinheiro
Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre,
ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito do seu dinheiro, é violenta quando necessário. Eu era menino e apanhava de um com-
muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável a panheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a
você. O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos de pedra que marcava o gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com
educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de a briga por milagre.
nossas finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devota-
equilibradas sob o ponto de vista financeiro. va-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o
Se pararmos para pensar, estamos sujeitos a um mundo finan- mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comun-
ceiro muito mais complexo que o das gerações anteriores. No entan- gava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco.
to, o nível de educação financeira da população não acompanhou Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia recebido,
esse aumento de complexidade. A ausência de educação financeira, menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal no-
aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas turno, perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos.
ao endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda em Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu
função do pagamento de prestações mensais que reduzem suas ca- que tinha chegado à humildade da velhice; já não se importava com
pacidades de consumir produtos que lhes trariam satisfação. quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa
Infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das pesso- dos filhos e dos netos.
as buscar informações que as auxiliem na gestão de suas finanças. Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia
Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou seja, e o verdor da minha meninice. Ensinou- me a ler as primeiras sen-
uma preocupação da sociedade organizada em torno do tema. Nas tenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e
escolas, pouco ou nada é falado sobre o assunto. As empresas, não o de Assis; apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas
compreendendo a importância de ter seus funcionários alfabeti- de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que ha-
zados financeiramente, também não investem nessa área. Similar via decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de
problema é encontrado nas famílias, nas quais não há o hábito de Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me
reunir os membros para discutir e elaborar um orçamento familiar. desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José,
Igualmente entre os amigos, assuntos ligados à gestão financeira com irônico afeto, me repetia a advertência de Drummond: “Paulo,
pessoal muitas vezes são considerados invasão de privacidade e sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
pouco se conversa em torno do tema. Enfim, embora todos lidem não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém
diariamente com dinheiro, poucos se dedicam a gerir melhor seus sabe o que será”.
recursos. Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha
A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre os amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
quais, possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, preparar para o Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto
enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria, espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades mais
singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos

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LÍNGUA PORTUGUESA

lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as al- Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devota-
mas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a va-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o
flecha e o alvo das criaturas. mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comun-
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se gava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco.
fazia difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia recebido,
doía um pouco, por delicadeza. menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal no-
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia turno, perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos.
acompanhar um casal amigo a Copacabana, passar do bar da moda Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu
ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa que tinha chegado à humildade da velhice; já não se importava com
serenidade e aceitar com alegria o prato exótico. quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava dos filhos e dos netos.
São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia
violência para entrar no reino celeste. e o verdor da minha meninice. Ensinou- me a ler as primeiras sen-
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, tenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e
destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se. o de Assis; apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas
Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que ha-
espírito. Perdi quem me amava e perdoava, quem me encomen- via decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de
dava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me
revólver na mão. desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José,
No texto, Maria José é descrita como alguém que apresenta com irônico afeto, me repetia a advertência de Drummond: “Paulo,
características muitas vezes opostas, o que a faz possuidora de uma sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
rica personalidade. não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém
Um adjetivo usado para caracterizar Maria José é “terna”, que, sabe o que será”.
no texto, se opõe a Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha
(A) violenta amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
(B) alegre Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto
(C) caridosa espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades mais
(D) doce singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos
(E) carinhosa lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as al-
mas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a
20. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- flecha e o alvo das criaturas.
AR/ADMINISTRADOR/2022 Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se
Assunto: Homônimos e Parônimos fazia difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que
A palavra destacada está adequada ao contexto da frase, de doía um pouco, por delicadeza.
acordo com o seu significado dicionarizado, em: Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia
(A) A despensa dos alunos ocorreu com maior frequência du- acompanhar um casal amigo a Copacabana, passar do bar da moda
rante a pandemia da Covid-19 do que no mês destinado às fé- ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa
rias. serenidade e aceitar com alegria o prato exótico.
(B) A explanação do orador foi recebida com descrição pelos Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava
estudiosos nos seminários sobre a globalização. São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer
(C) O tráfego internacional de animais silvestres prejudica a violência para entrar no reino celeste.
conservação das espécies, contribuindo para aumentar os que Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu,
estão em extinção. destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se.
(D) Os deputados devem cumprir completamente o mandato Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do
durante o tempo estipulado pela legislação eleitoral. espírito. Perdi quem me amava e perdoava, quem me encomen-
(E) Várias personalidades apresentam nomes que são grafados dava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
com apóstrofe, entre elas o marido da Princesa Isabel, o Conde revólver na mão.
d´Eu. Em “escutava maternalmente meus contos toscos” (parágrafo
4), a palavra toscos pode ser substituída, sem a alteração de seu
21. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU- significado no contexto, por
CLEAR/ESPECIALISTA EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA/2022 (A) criativos
Assunto: Significação de vocábulo e expressões (B) malfeitos
Texto (C) primorosos
Maria José (D) incompletos
Paulo Mendes Campos (E) sofisticados
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre,
violenta quando necessário. Eu era menino e apanhava de um com-
panheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a
pedra que marcava o gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com
a briga por milagre.

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LÍNGUA PORTUGUESA

22. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- equipamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletro-
AR/ADMINISTRADOR/2022 domésticos, equipamentos médicos, brinquedos, sistemas de alar-
Assunto: Significação de vocábulo e expressões me, automação e controle.
Texto Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente um produto que se torne obsoleto ou não funcional após certo tem-
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroele- po, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse
trônico) são, por definição, produtos que têm componentes elétri- produto. Já a obsolescência perspectiva é uma forma de reduzir a
cos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas no-
ou programada) e impossibilidade de conserto, são descartados vas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças fun-
pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e cionais, dando à geração em uso aspecto de ultrapassada, o que
equipamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletro- induz o consumidor à troca.
domésticos, equipamentos médicos, brinquedos, sistemas de alar- O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos pro-
me, automação e controle. blemas ambientais da atualidade. O consumidor raramente reflete
Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar sobre as consequências do consumo crescente desses produtos,
um produto que se torne obsoleto ou não funcional após certo tem- preocupando- se em satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroele-
po, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse trônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida, e a
produto. Já a obsolescência perspectiva é uma forma de reduzir a explosão da indústria da informação é uma força motriz da socieda-
vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas no- de, oferecendo ferramentas para rápidos avanços na economia e no
vas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças fun- desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constan-
cionais, dando à geração em uso aspecto de ultrapassada, o que te busca de informações em tempo real, e a sua interação com no-
induz o consumidor à troca. vas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios, segundo
O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos pro- estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce
blemas ambientais da atualidade. O consumidor raramente reflete um fascínio irresistível para os jovens.
sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre
preocupando- se em satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroele- as preocupações da ONU: as vendas crescentes, em especial nos
trônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida, e a mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais
explosão da indústria da informação é uma força motriz da socieda- e substâncias tóxicas em muitos componentes, trazendo risco à
de, oferecendo ferramentas para rápidos avanços na economia e no saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje 150
desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constan- milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo
te busca de informações em tempo real, e a sua interação com no- de resíduo cresce a uma velocidade três a cinco vezes maior que a
vas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios, segundo do lixo urbano.
estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce AFONSO, J. C. Revista Ciência Hoje, n. 314, maio 2014. São Paulo:
um fascínio irresistível para os jovens. SBPC. Disponível em: https://cienciahoje.periodicos.capes. gov.br/
Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre storage/acervo/ch/ch_314.pdf. Adaptado.
as preocupações da ONU: as vendas crescentes, em especial nos
mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais No 3o parágrafo, no trecho “a explosão da indústria da infor-
e substâncias tóxicas em muitos componentes, trazendo risco à mação é uma força motriz da sociedade”, a palavra destacada pode
saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje 150 ser substituída, sem prejuízo de sentido, por
milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo (A) infalível
de resíduo cresce a uma velocidade três a cinco vezes maior que a (B) obrigatória
do lixo urbano. (C) abrangente
No trecho “Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os jo- (D) imprescindível
vens.” (parágrafo 3), a palavra que apresenta o sentido contrário ao (E) impulsionadora
da palavra destacada é
(A) atração 24. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
(B) encanto Assunto: Predicado
(C) repulsa O que é o QA e por que ele pode ser mais importante que o QI
(D) sedução no mercado de trabalho
(E) embevecimento Há algum tempo, se você quisesse avaliar as perspectivas de al-
guém crescer na carreira, poderia considerar pedir um teste de QI,
23. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- o quociente de inteligência, que mede indicadores como memória
AR/ADMINISTRADOR/2022 e habilidade matemática.
Assunto: Significação de vocábulo e expressões Mais recentemente, passaram a ser avaliadas outras letrinhas:
Texto o quociente de inteligência emocional (QE), uma combinação de
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente habilidades interpessoais, autocontrole e comunicação. Não só no
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroele- mundo do trabalho, o QE é visto como um kit de habilidades que
trônico) são, por definição, produtos que têm componentes elétri- pode nos ajudar a ter sucesso em vários aspectos da vida.
cos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva Tanto o QI quanto o QE são considerados importantes para o
ou programada) e impossibilidade de conserto, são descartados sucesso na carreira. Hoje, porém, à medida que a tecnologia rede-
pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e fine como trabalhamos, as habilidades necessárias para prosperar

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LÍNGUA PORTUGUESA

no mercado de trabalho também estão mudando. Entra em cena Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devota-
então um novo quociente, o de adaptabilidade (QA), que considera va-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o
a capacidade de se posicionar e prosperar em um ambiente de mu- mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comun-
danças rápidas e frequentes. gava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco.
O QA não é apenas a capacidade de absorver novas informa- Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia recebido,
ções, mas de descobrir o que é relevante, deixar para trás noções menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal no-
obsoletas, superar desafios e fazer um esforço consciente para mu- turno, perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos.
dar. Esse quociente envolve também características como flexibili- Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu
dade, curiosidade, coragem e resiliência. que tinha chegado à humildade da velhice; já não se importava com
Amy Edmondson, professora de Administração da Harvard Bu- quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa
siness School, diz que é a velocidade vertiginosa das mudanças no dos filhos e dos netos.
mercado de trabalho que fará o QA vencer o QI. Automatiza-se fa- Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia
cilmente qualquer função que envolva detectar padrões nos dados e o verdor da minha meninice. Ensinou- me a ler as primeiras sen-
(advogados revisando documentos legais ou médicos buscando o tenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e
histórico de um paciente, por exemplo), diz Dave Coplin, diretor da o de Assis; apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas
The Envisioners, consultoria de tecnologia sediada no Reino Unido. de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que ha-
A tecnologia mudou bastante a forma como alguns trabalhos são via decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de
feitos, e a tendência continuará. Isso ocorre porque um algoritmo Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me
pode executar essas tarefas com mais rapidez e precisão do que um desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José,
humano. com irônico afeto, me repetia a advertência de Drummond: “Paulo,
Para evitar a obsolescência, os trabalhadores que cumprem es- sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
sas funções precisam desenvolver novas habilidades, como a criati- não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém
vidade para resolver novos problemas, empatia para se comunicar sabe o que será”.
melhor e responsabilidade. Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha
Edmondson diz que toda profissão vai exigir adaptabilidade e amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
flexibilidade, do setor bancário às artes. Digamos que você é um Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto
contador. Seu QI o ajuda nas provas pelas quais precisa passar para espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades mais
se qualificar; seu QE contribui na conexão com um recrutador e de- singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos
pois no relacionamento com colegas e clientes no emprego. Então, lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as al-
quando os sistemas mudam ou os aspectos do trabalho são auto- mas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a
matizados, você precisa do QA para se acomodar a novos cenários.
flecha e o alvo das criaturas.
Ter QI, mas nenhum QA, pode ser um bloqueio para as habili-
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se
dades existentes diante de novas maneiras de trabalhar. No mundo
fazia difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que
corporativo, o QA está sendo cada vez mais buscado na hora da
doía um pouco, por delicadeza.
contratação. Uma coisa boa do QA é que, mesmo que seja difícil
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia
mensurá-lo, especialistas dizem que ele pode ser desenvolvido.
acompanhar um casal amigo a Copacabana, passar do bar da moda
Como diz Edmondson: “Aprender a aprender é uma missão
ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa
crítica. A capacidade de aprender, mudar, crescer, experimentar se
tornará muito mais importante do que o domínio de um assunto.” serenidade e aceitar com alegria o prato exótico.
A frase em que o verbo apresenta a mesma predicação que o Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava
verbo ocorrer em “Isso ocorre porque um algoritmo pode executar São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer
essas tarefas” (parágrafo 5) é: violência para entrar no reino celeste.
(A) “Entra em cena então um novo quociente”. (parágrafo 3) Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu,
(B) “Esse quociente envolve também características como flexi- destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se.
bilidade, curiosidade, coragem e resiliência.” (parágrafo 4) Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do
(C) “A tecnologia mudou bastante a forma como alguns traba- espírito. Perdi quem me amava e perdoava, quem me encomen-
lhos são feitos”. (parágrafo 5) dava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
(D) “você é um contador.” (parágrafo 7) revólver na mão.
(E) “Seu QI o ajuda nas provas”. (parágrafo 7) No trecho: “Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que
recebera, menina-e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no
25. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU- quintal noturno, perseguindo um ladrão”, (parágrafo 2), a oração
CLEAR/ESPECIALISTA EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA/2022 destacada pode ser substituída, sem prejuízo de seu significado, por
Assunto: Orações subordinadas adverbiais (A) por isso perseguia um ladrão.
Texto (B) enquanto perseguia um ladrão.
Maria José (C) embora perseguisse um ladrão.
Paulo Mendes Campos (D) desde que perseguisse um ladrão.
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, (E) por mais que perseguisse um ladrão.
violenta quando necessário. Eu era menino e apanhava de um com-
panheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a
pedra que marcava o gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com
a briga por milagre.

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LÍNGUA PORTUGUESA

26. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE DE TECNOLO- Se pararmos para pensar, estamos sujeitos a um mundo finan-
GIA/2021 ceiro muito mais complexo que o das gerações anteriores. No entan-
Assunto: Orações subordinadas adverbiais to, o nível de educação financeira da população não acompanhou
Lições após um ano de ensino remoto na pandemia esse aumento de complexidade. A ausência de educação financeira,
No momento em que se tornam ainda mais complexas as dis- aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas
cussões sobre a volta às aulas presenciais, o ensino remoto conti- ao endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda em
nua a ser a rotina de muitas famílias, atualmente. função do pagamento de prestações mensais que reduzem suas ca-
Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado pacidades de consumir produtos que lhes trariam satisfação.
de lições inéditas para professores, alunos e estudiosos. Diante do Infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das pesso-
pouco acesso a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de as buscar informações que as auxiliem na gestão de suas finanças.
muitas famílias e professores tem sido se conectar regularmente via Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou seja,
aplicativos de mensagens. uma preocupação da sociedade organizada em torno do tema. Nas
Uma pesquisa apontou que 83% dos professores mantinham escolas, pouco ou nada é falado sobre o assunto. As empresas, não
contato com seus alunos por meio dos aplicativos de mensagens, compreendendo a importância de ter seus funcionários alfabeti-
muito mais do que pelas próprias plataformas de aprendizagem. zados financeiramente, também não investem nessa área. Similar
Esse uso foi uma grande surpresa, mas é porque não temos outras problema é encontrado nas famílias, nas quais não há o hábito de
ferramentas de massificação. A maior parte do ensino foi feita pelo reunir os membros para discutir e elaborar um orçamento familiar.
celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários Igualmente entre os amigos, assuntos ligados à gestão financeira
membros da família), o que é algo muito desafiador. pessoal muitas vezes são considerados invasão de privacidade e
Outro aspecto a ser considerado é que, felizmente, mensagens pouco se conversa em torno do tema. Enfim, embora todos lidem
direcionadas são uma forma relativamente barata de comunicação. diariamente com dinheiro, poucos se dedicam a gerir melhor seus
A importância de cultivar interações entre os estudantes, mesmo recursos.
que eles não estejam no mesmo ambiente físico, também é uma A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre os
forma de motivá-los e melhorar seus resultados. Recentemente, quais, possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, preparar para o
uma pesquisadora afirmou que “Aprendemos que precisamos dos enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria,
demais: comparar estratégias, falar com alunos, com outros profes- qualificar para o bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibi-
sores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que lidade de o indivíduo cair em fraudes, preparar o caminho para a
seja cada um na sua casa. Além disso, a pandemia ressaltou a im- realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor.
portância do vínculo anterior entre escolas e comunidades”. No trecho do parágrafo 3 “As empresas, não compreendendo
Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das es- a importância de ter seus funcionários alfabetizados financeira-
colas vai afetar o desenvolvimento futuro dos alunos, educadores inter- mente, também não investem nessa área”, a oração destacada tem
nacionais estimam que estudantes da educação básica já foram impacta- valor semântico de
dos. É preciso pensar em como agrupar esses alunos e averiguar os que (A) causa
tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir como enfrentar essa ruptura, (B) proporção
com aulas ou encontros extras, com anos (letivos) de transição. (C) alternância
IDOETA, P.A. 8 lições após um ano de ensino remoto na pan demia. Dis-
(D) comparação
ponível em: <https://educacao.uol.com.br/noticias/ bbc/2021/04/24/
(E) consequência
8-licoes-apos-um-ano-de-ensino-remoto-na- pandemia. htm>. Acesso
em: 21 jul. 2021. Adaptado. 28. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO/2021
No trecho “A importância de cultivar interações entre os estu- Assunto: Orações reduzidas
dantes, mesmo que eles não estejam no mesmo ambiente físico” Medo da eternidade
(parágrafo 4), a expressão destacada estabelece com a oração prin- Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a
cipal a relação de eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha prova-
(A) condição do chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia
(B) concessão bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o di-
(C) comparação nheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro
(D) conformidade
eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinhei-
(E) proporcionalidade
ro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se
27. CESGRANRIO - TBN (CEF)/CEF/”SEM ÁREA”/2021
acaba. Dura a vida inteira.
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
— Como não acaba?
Relacionamento com o dinheiro
— Parei um instante na rua, perplexa.
Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações
— Não acaba nunca, e pronto.
ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito do seu dinheiro, é
muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável a Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino
você. O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos de de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-
educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de -rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase
nossas finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às
equilibradas sob o ponto de vista financeiro. vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só
para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de

42
LÍNGUA PORTUGUESA

aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do mentos necessários para atender os mais de 9 bilhões de pessoas
qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal que habitarão o planeta em 2050. De acordo com pesquisadores
pondo o chicle na boca. da Embrapa, a região possui potencial e áreas para ampliação sus-
— E agora que é que eu faço? tentável da agricultura. Portanto, a responsabilidade do agricultor
— Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria brasileiro é muito grande.
haver. A região amazônica se mostra promissora para a agricultura,
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só pois ela é rica em um insumo fundamental, a água. Estados como
depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a Rondônia e Acre têm municípios que recebem até 2.800 milímetros
vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a de chuvas por ano. E isso proporciona a qualidade e a possibilidade
eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia de semear mais de uma cultura por ano.
dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a Entretanto, as críticas internacionais, quanto ao uso e à am-
escola. pliação da agricultura na região amazônica, são um limitante para a
— Acabou-se o docinho. E agora? exploração dessas áreas. Para cada nova área aberta para a agricul-
— Agora mastigue para sempre. tura, parte deveria ser obrigatoriamente destinada à preservação
Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em ambiental, segundo as exigências dos países que compram nossos
breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que produtos agrícolas.
não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia con- De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o em-
trafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem prego adequado da vírgula está plenamente atendido em:
de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se (A) A criação de animais para a produção de alimentos, é de
tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis con- grande importância para o sustento de milhares de famílias.
fessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava afli- (B) A floresta Amazônica, apesar de parecer homogênea, pos-
ção. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até sui muitas diferenças na sua vegetação.
que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um (C) A melhor maneira de proteger as povoações situadas nas
jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. margens dos rios, é procurar soluções que impeçam o comér-
— Olha só o que me aconteceu! cio ilegal.
— Disse eu em fingidos espanto e tristeza. (D) O estado do Amazonas apresenta, a maior população in-
— Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! dígena do Brasil com aproximadamente trinta mil habitantes.
— Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca. (E) O número de estudiosos preocupados com o futuro do pla-
Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigan- neta, aumentou devido ao aquecimento global.
do, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama.
Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. 30. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, en- INFORMAÇÃO/2022
vergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. ses etc)
LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade. Uma cena
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa
A frase que guarda o mesmo sentido do trecho “Até que não época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase
suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu
chicle mastigado cair no chão de areia.” é: já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conse-
(A) Até que não suportei mais, e, como atravessei o portão da guiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias,
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele
(B) Até que não suportei mais, e, já que atravessei o portão da trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. madrugada.
(C) Até que não suportei mais, e, para que atravessasse o por- Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.
tão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua ca-
de areia. deira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa
(D) Até que não suportei mais, e, embora atravessasse o portão quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem
da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássa-
areia. ros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando
(E) Até que não suportei mais, e, quando atravessei o portão da sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. das gaiolas.
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sen-
29. CESGRANRIO - TEC BAN (BASA)/BASA/2022 tada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples,
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar
ses etc) quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repou-
Maior fronteira agrícola do mundo está no bioma amazônico”, sa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
diz pesquisador da Embrapa alguém passar.
O Brasil é um dos poucos países no mundo com a possibilidade É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias.
de ampliar áreas com a agropecuária. De fato, um estudo da ONU Parece coisa de antigamente.
mostra que o país será o grande responsável por produzir os ali-

43
LÍNGUA PORTUGUESA

Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placi- via decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de
damente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me
atrás das grades. desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José,
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem com irônico afeto, me repetia a advertência de Drummond: “Paulo,
vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o im- sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
pressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém
as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros, sabe o que será”.
tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
certa forma já me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem sa- Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto
ber o que dizer. espontâneo da qualidade das coisas, renunciou às vaidades mais
Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos
Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente, lúcidos. Fiel à disciplina religiosa, compreendia celestialmente as al-
junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil mas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram para ela a
pintado com tinta cor de cobre. flecha e o alvo das criaturas.
E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola as- Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se
sim, por trás de barras de ferro, que mesmo sendo de alumínio para fazia difícil para o médico saber o que sentia; acabava dizendo que
não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, doía um pouco, por delicadeza.
restringe. Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de acompanhar um casal amigo a Copacabana, passar do bar da moda
metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa
porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores. serenidade e aceitar com alegria o prato exótico.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o em- Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava
prego adequado da vírgula está plenamente atendido em: São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer
(A) O outono que o Rio nos oferece, tem um ar fino, quase frio. violência para entrar no reino celeste.
(B) Uma senhora de cabelos muito brancos, ficava sentada, em Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu,
uma cadeira. destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se.
(C) Ele se incomodou, com as grades do Rio. Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do
(D) Todos os dias que passo pelo Aterro vejo, as árvores cada espírito. Perdi quem me amava e perdoava, quem me encomen-
vez mais crescidas.
dava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
(E) O porteiro, que prende passarinhos em gaiolas, não vê que
revólver na mão.
o outono fica mais lindo quando estamos livres.
Considerando-se o emprego da vírgula, a frase que está de
acordo com o padrão formal escrito da língua é
31. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-
(A) Eu que era frágil, sentia-me seguro, em sua presença.
CLEAR/ESPECIALISTA EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA/2022
(B) Todos os dias, Maria José lia poemas para seu filho.
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
(C) Seu desejo, era sempre, estar por perto para me proteger.
ses etc)
Texto (D) Maria José era uma mulher terna e, ao mesmo tempo firme.
Maria José (E) Nem ela, nem o médico, nem eu, esperávamos aquele des-
Paulo Mendes Campos fecho, triste.
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre,
violenta quando necessário. Eu era menino e apanhava de um com- 32. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE-
panheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a AR/ADMINISTRADOR/2022
pedra que marcava o gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
a briga por milagre. ses etc)
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devota- O emprego da vírgula está plenamente de acordo com as exi-
va-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o gências da norma-padrão da Língua Portuguesa em:
mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comun- (A) Caso sejam priorizadas medidas de proteção ao meio am-
gava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. biente, a substituição dos lixões por uma forma adequada para
Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia recebido, tratar o lixo será benéfica.
menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal no- (B) Em todo o mundo há uma preocupação com a maneira de
turno, perseguindo um ladrão, para espanto de meus cinco anos. descartar o lixo por isso, é sempre preferível corrigir nossos há-
Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu bitos.
que tinha chegado à humildade da velhice; já não se importava com (C) O aterro sanitário apresenta inúmeras vantagens, como a
quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa redução da poluição porém, há desvantagens, como o seu alto
dos filhos e dos netos. custo.
Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia (D) O lixo eletrônico encontrado, em televisores, rádios, gela-
e o verdor da minha meninice. Ensinou- me a ler as primeiras sen- deiras, celulares, pilhas compromete a saúde pública.
tenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e (E) O lixo hospitalar decorrente do atendimento médico a se-
o de Assis; apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas res humanos ou animais, acarreta muitos problemas de saúde
de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que ha- pública.

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LÍNGUA PORTUGUESA

33. CESGRANRIO - TEC CIEN (BASA)/BASA/TECNOLOGIA DA (B) São consideradas maravilhosas, aquelas histórias de prínci-
INFORMAÇÃO/2021 pes e fadas, que vivem eternamente.
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- (C) Aproveitou, a textura, o sabor docinho do chicle, e ainda o
ses etc) comparou com o mundo impossível da eternidade.
Medo da eternidade (D) Muitas crianças, quando se deparam com o desconhecido,
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a passam a fantasiar sobre ele na tentativa de entendê-lo.
eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha prova- (E) Quando as crianças sonham, em serem príncipes, princesas
do chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia e fadas, elas fantasiam sobre viverem felizes para sempre.
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o di-
nheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro 34. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinhei- Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
ro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: ses etc)
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se A palavra salário vem mesmo de “sal”?
acaba. Dura a vida inteira. Vem. A explicação mais popular diz que os soldados da Roma
— Como não acaba? Antiga recebiam seu ordenado na forma de sal. Faz sentido. O di-
— Parei um instante na rua, perplexa. nheiro como o conhecemos surgiu no século 7 a.C., na forma de
— Não acaba nunca, e pronto. discos de metal precioso (moedas), e só foi adotado em Roma 300
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino anos depois
de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de- Antes disso, o que fazia o papel de dinheiro eram itens não
-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase perecíveis e que tinham demanda garantida: barras de cobre (fun-
não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às damentais para a fabricação de armas), sacas de grãos, pepitas de
vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só ouro (metal favorito para ostentar como enfeite), prata (o ouro de
para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de segunda divisão) e, sim, o sal.
aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do Num mundo sem geladeiras, o cloreto de sódio era o que ga-
qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal rantia a preservação da carne. A demanda por ele, então, tendia ao
pondo o chicle na boca. infinito. Ter barras de sal em casa funcionava como poupança. Você
— E agora que é que eu faço? poderia trocá-las pelo que quisesse, a qualquer momento.
— Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria As moedas, bem mais portáteis, acabariam se tornando o gran-
haver. de meio universal de troca – seja em Roma, seja em qualquer outro
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só lugar. Mas a palavra “salário” segue viva, como um fóssil etimoló-
depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida gico.
inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternida- Só há um detalhe: não há evidência de que soldados romanos
de? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que recebiam mesmo um ordenado na forma de sal. Roma não tinha
era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola. um exército profissional no século 4 a.C. A força militar da época
— Acabou-se o docinho. E agora? era formada por cidadãos comuns, que abandonavam seus afaze-
— Agora mastigue para sempre. res voluntariamente para lutar em tempos de guerra (questão de
Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em sobrevivência).
breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que A ideia de que havia pagamentos na forma de sal vem do his-
não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia con- toriador Plínio, o Velho (um contemporâneo de Jesus Cristo). Ele
trafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem escreveu o seguinte: “Sal era uma das honrarias que os soldados re-
de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se cebiam após batalhas bem-sucedidas. Daí vem nossa palavra sala-
tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis con- rium.” Ou seja: o sal era um bônus para voluntários, não um salário
fessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava afli- para valer. Quando Roma passou a ter uma força militar profissional
ção. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até e permanente, no século 3 a.C., o soldo já era mesmo pago na for-
que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um ma de moedas.
jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. VERSIGNASSI, A. A palavra salário vem mesmo de “sal” VC
— Olha só o que me aconteceu! S/A, São Paulo: Abril, p. 67, Jun. 2021. Adaptado.
— Disse eu em fingidos espanto e tristeza.
— Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! O período em que o sinal de dois pontos é empregado para
— Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca. introduzir uma enumeração, como no trecho que segue “demanda
Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigan- garantida” (parágrafo 2), é:
do, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. (A) A remuneração faz parte do conjunto de ganhos de um
Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. prestador de serviço; ou seja: todos os ganhos auferidos pela
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, en- pessoa compõem sua remuneração.
vergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da (B) As horas extras, o vale-transporte e o plano de saúde po-
boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. dem fazer parte da remuneração: muitos trabalhadores esco-
A frase que apresenta todas as vírgulas corretamente emprega- lhem seus empregos com base nessas vantagens.
das, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, é: (C) O gerente informou aos candidatos como seria a remune-
(A) A menina que descobriu o chicle, também experimentou, a ração pelos serviços: “O valor mensal vai depender de diversos
possibilidade da eternidade. itens, a serem combinados.”

45
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Muitos itens já fizeram papel de dinheiro: o sal, usado até


hoje por tribos da Etiópia, a cachaça, utilizada no Brasil colo- GABARITO
nial, e o bacalhau, antes usado na Escandinávia.
(E) O tabaco também já foi usado como moeda de troca: no sé-
1 B
culo XVIII, o estado americano de Virginia adotou esse método.
2 D
35. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE DE TECNOLO- 3 E
GIA/2021
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- 4 C
ses etc) 5 D
Lições após um ano de ensino remoto na pandemia
No momento em que se tornam ainda mais complexas as dis- 6 A
cussões sobre a volta às aulas presenciais, o ensino remoto conti- 7 C
nua a ser a rotina de muitas famílias, atualmente. 8 C
Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado
de lições inéditas para professores, alunos e estudiosos. Diante do 9 B
pouco acesso a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de 10 E
muitas famílias e professores tem sido se conectar regularmente via
aplicativos de mensagens. 11 C
Uma pesquisa apontou que 83% dos professores mantinham 12 D
contato com seus alunos por meio dos aplicativos de mensagens,
13 D
muito mais do que pelas próprias plataformas de aprendizagem.
Esse uso foi uma grande surpresa, mas é porque não temos outras 14 E
ferramentas de massificação. A maior parte do ensino foi feita pelo 15 E
celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários
membros da família), o que é algo muito desafiador. 16 D
Outro aspecto a ser considerado é que, felizmente, mensagens 17 E
direcionadas são uma forma relativamente barata de comunicação.
A importância de cultivar interações entre os estudantes, mesmo 18 A
que eles não estejam no mesmo ambiente físico, também é uma 19 A
forma de motivá-los e melhorar seus resultados. Recentemente,
20 D
uma pesquisadora afirmou que “Aprendemos que precisamos dos
demais: comparar estratégias, falar com alunos, com outros profes- 21 B
sores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que 22 C
seja cada um na sua casa. Além disso, a pandemia ressaltou a im-
portância do vínculo anterior entre escolas e comunidades”. 23 E
Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das 24 A
escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos alunos, educado-
25 B
res internacionais estimam que estudantes da educação básica já
foram impactados. É preciso pensar em como agrupar esses alunos 26 B
e averiguar os que tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir como 27 A
enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos
(letivos) de transição. 28 E
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o em- 29 B
prego adequado da vírgula está plenamente atendido em:
(A) O ensino remoto, com a pandemia de Covid-19 passou a 30 E
fazer parte do processo de escolarização em todo o Brasil. 31 B
(B) A melhor fase do ensino on-line tem sido vivida, atualmente
32 A
embora permaneça a dúvida se é possível ensinar às crianças
de forma remota. 33 D
(C) Como o país não tinha experiências significativas no ensino 34 D
remoto, precisou aderir à prática de forma emergencial.
(D) A qualidade do ensino remoto era questionada, no passa- 35 C
do porém o aprendizado conta com tecnologias que garantem
ótimos resultados.
(E) Um grande número de pesquisadores tem procurado ava-
liar, quais são as vantagens e desvantagens da educação a dis-
tância.

46
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

NÚMEROS REAIS: OPERAÇÕES (ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, RADICIAÇÃO E POTENCIAÇÃO); EXPRES-
SÕES NUMÉRICAS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

47
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- Exemplo:


tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
será do maior número. (A) 10
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., (B) 15
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- (C) 18
do, ou seja, é dado o seu oposto. (D) 20
(E) 22
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para Resolução:
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma temos:
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Resposta: D
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes
anotadas, o total de pontos atribuídos foi • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
(A) 50. como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
(B) 45. base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
(C) 42. plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(D) 36. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(E) 32. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo.
Resolução: – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
50-20=30 atitudes negativas mero inteiro negativo.
20.4=80
30.(-1)=-30 Propriedades da Potenciação
80-30=50 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
Resposta: A e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- (+a) = +a
1

mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
pelo módulo do divisor. a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

ATENÇÃO: Conjunto dos números racionais – Q m


1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro. onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
2) Não existe divisão por zero. de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero, m por n.
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
negativo.
N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

48
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2
= 0,4
5
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:
1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.


a)

49
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.
b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3
Resolução:

Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números inteiros.
Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número (a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

50
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Representação geométrica O que resta gosta de ciências:

Resposta: B

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini- • Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
tos números racionais. pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração frações, através de:
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
b d
de frações, através de:

• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
÷ q = p × q-1

• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a


própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
p – q = p + (–q)

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual, mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
tada. (A) 145
(B) 185
Exemplo: (C) 220
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS (D) 260
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua (E) 120
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual Resolução:
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução:
Somando português e matemática:

Resposta: A

51
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- Exemplo:


ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
meros racionais. VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra- A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do
expoente anterior. O valor, aproximado, da soma entre A e B é
(A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5
(E) 1,5

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E
Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- MÚLTIPLOS E DIVISORES; MÁXIMO DIVISOR COMUM E
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM; PROBLEMAS
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Múltiplos
Procedimentos Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
1) Operações: ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
ordem que aparecem; nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
- Depois as multiplicações e/ou divisões; existir algum número natural n tal que:
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem. x = y·n
2) Símbolos: Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál- podemos escrever: x = n/y
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ]; Observações:
- E por último as chaves { }. 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
2) Todo número natural é múltiplo de 1.
ATENÇÃO: 3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col- 4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou 5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
com os seus sinais originais. mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col- + 1 (k ∈ N).
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou 6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.

52
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Critérios de divisibilidade Divisores


São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão. os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios: número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi- 20 . 31=3
bilidade/ - reeditado) 21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 22 . 31=4.3=12
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtra- 22 . 30=4
ído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de
7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7. A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28

Outros critérios Máximo divisor comum (MDC)


Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é É o maior número que é divisor comum de todos os números
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é primos. Procedemos da seguinte maneira:
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
Fatoração numérica EXPOENTE.
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de- Exemplo:
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o MDC (18,24,42) =
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

53
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então (CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em
pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
Comum entre 18,24 e 42 é 6. derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
Mínimo múltiplo comum (MMC) que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos (A) R$ 498,00
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, (B) R$ 450,00
apenas com a seguinte ressalva: (C) R$ 402,00
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, (D) R$ 334,00
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE. (E) R$ 324,00
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) = Resolução:
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7 Primeiro mês = x
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Segundo mês = x + 126
Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504. Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176
(A,B). MMC (A,B)= A.B 3.x = 1176 – 204
x = 972 / 3
Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e sub- x = R$ 324,00 (1º mês)
trações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro- * No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, Resposta: B
isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
utilização da álgebra. DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar: testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5.
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3.
Exemplos: Resolução:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa- B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros. Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:
(B) 1,58 metros. 7.Q = 2. (360 – Q)
(C) 1,54 metros. 7.Q = 720 – 2.Q
(D) 1,56 metros. 7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Resolução: Q = 720 / 9
Escrevendo em forma de equações, temos: Q = 80 (queimadas)
C = M + 0,05 ( I ) Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
C = A – 0,10 ( II ) Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então:
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 Resposta: B
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

54
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-


PROPORCIONALIDADE: RAZÕES E PROPORÇÕES; DIVISÃO me ocupado por esse corpo.
EM PARTES DIRETAMENTE E INVERSAMENTE PROPORCIO-
NAIS

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se Proporção
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0. É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.
Temos que:

Lemos: a esta para b, assim como c está para d.


Exemplo: Ainda temos:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias
“outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo
o produto apreendido, o traficante usou
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas. • Propriedades da Proporção
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas. – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas. produto dos extremos:
a.d=b.c
Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que – A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri-
2kg da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escre- meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença
ver em forma de razão , logo : dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-
rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

Resposta: C
Exemplo:
Razões Especiais (MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu- VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
mas: para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas- desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
to para percorrê-la. revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do
comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
igual a
(A) 588.
(B) 350.
(C) 454.
(D) 476.
(E) 382.

55
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução: Na equação ( I ), temos que:

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
L = 21 ladrilhos Resposta: E
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A • Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
MÉDIAS ARITMÉTICA, GEOMÉTRICA E PONDERADA Para o cálculo

Média Aritmética
Ela se divide em:

• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo


número de elementos n. ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou
Para o cálculo: ponderada), deve ser entendida como média aritmética.
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri-
co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
e 9,0 na terceira?
Exemplo: (A) 7,0
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS- (B) 8,0
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa (C) 7,8
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam (D) 8,4
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a (E) 7,2
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia Resolução:
(A) 1,5. Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua
(B) 2,0. nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos:
(C) 2,5.
(D) 3,0.
(E) 3,5.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M Resposta: B

Média geométrica
(I) É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
duto de n elementos de um conjunto de dados.
Foi pedido:

56
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Aplicações Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen-


Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter- tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é
pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de ponto médio de CD.
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri-
definição de média geométrica. mento AF vale AB-CD/2.
Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF:
Exemplo:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por:
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013
(1)
Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi- Aplicamos agora no triângulo ECB:
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser (2)
calculada:
Agora diminuímos a equação (1) da equação (2):

Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-


mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
Exemplo: substituir na expressão acima AD = AB:
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir-
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:

Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.


Resposta: B

REGRAS DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA

Regra de três simples


(A) a média aritmética entre AB e CD. Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou
(B) a média geométrica entre AB e CD. inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um
(C) a média harmônica entre AB e CD. processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES.
(D) o inverso da média aritmética entre AB e CD. • Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
(E) o inverso da média harmônica entre AB e CD. ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di-
minui.
Resolução: • Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan-
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.
AB, esta será perpendicular a CD também.
Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e
outra perpendicular a AB passando por D:

57
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplos: Resolução:
(PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas. a carga:

cami- ho-
nhões ras
15 4
(15 – 3) x

12.x = 4 . 15
x = 60 / 12
x=5h
Resposta: B

Regra de três composta


Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
De acordo com essas informações, o número de casos regis- Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007, (A) 8 horas e 15 minutos.
aproximadamente, de (B) 9 horas.
(A) 70%. (C) 7 horas e 45 minutos.
(B) 65%. (D) 7 horas e 30 minutos.
(C) 60%. (E) 5 horas e 30 minutos.
(D) 55%.
(E) 50%. Resolução:
Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
Resolução:
Utilizaremos uma regra de três simples:
M² ↑ varredores ↓ horas ↑
ano % 6000 18 5
11442 100 7500 15 x
17136 x Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais)
11442.x = 17136 . 100 Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro-
x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado) porcionais)
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E

(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa


transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra-
balho?
(A) 3 h 12 min
(B) 5 h
(C) 5 h 30 min Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
(D) 6 h ras e 30 minutos.
(E) 6 h 15 min Resposta: D

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

(PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons- Resolução:


tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
(A) 4500 m²
(B) 5000 m²
(C) 5200 m²
(D) 6000 m²
(E) 6200 m²

Resolução: Resposta: B

Lucro e Prejuízo em porcentagem


Operários É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
horas ↑ dias ↑ área ↑
↑ a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
20 8 60 4800 temos PREJUÍZO (P).

15 10 80 x Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:

Resposta: D

PORCENTAGEM; PROBLEMAS
Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu- pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se: quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
“por cento”). ao de compra?
(A) 67%.
(B) 61%.
(C) 65%.
(D) 63%.
Exemplo: (E) 69%.
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O Resolução:
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio- Preço de venda: V
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de Preço de compra: C
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em V – 0,16V = 1,4C
relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra- 0,84V = 1,4C
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5. O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
Resposta: A

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fato-
res de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o
preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
FUNÇÕES, EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES DE 1º E DE 2º (PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru-
GRAUS, EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICAS: CONCEITO, po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA, PROBLEMAS famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar.
Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou
Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma R$ 57,00 a mais.
relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...). O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
Equação do 1º grau (B) R$ 980,50
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser re- (C) R$ 1.350,00
presentadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes (D) R$ 1.480,00
reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo (E) R$ 1.520,00
de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descri-
tas a seguir. Resolução:
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros, 16 . x = Total
a igualdade se mantém. Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa- Combinando as duas equações, temos:
ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém. 16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
• Membros de uma equação 6.x = 570
Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é x = 570 / 6
chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita x = 95
da igualdade, de 2º membro da equação. O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser re-
presentadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são cons-
• Resolução de uma equação tantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.
Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam
variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va- • Equação completa e incompleta
riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados. 1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
5x – 8 = 12 + x Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
5x – x = 12 + 8 c = 11).
4x = 20
X = 20/4 2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se
X=5 diz incompleta.
Exs.:
Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
o seguinte: x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0).
5x – 8 = 12 + x 2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
5.5 – 8 = 12 + 5
25 – 8 = 17 • Resolução da equação
17 = 17 ( V) 1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta)
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência
Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- x . (x – 16) = 0,
ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e x=0
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando x – 16 = 0
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando. x = 16
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)


x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença
de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,

x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7

61
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

ou Resolução:
x2 – 49 = 0 Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x2 = 49 x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
x2 = 49 raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
x = 7, (aplicando a segunda propriedade). multiplicadas resultam no valor de c.
Logo, S = {–7, 7}.

3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)


Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.

Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-


des quanto á natureza da equação dada.

Resposta: D

Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que Inequação do 1º grau


não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0. do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax + b > 0
• Relações entre raízes e coeficientes ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.:
Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
Solução:
Exemplo: -2x > -7
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a Multiplicando por (-1)
equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2? 2x < 7
(A) x²-3x+4=0 x < 7/2
(B) -3x²-5x+1=0 Portanto a solução da inequação é x < 7/2.
(C) 3x²+5x+2=0
(D) 2x²-5x+3=0 Atenção:
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen-
tido invertido.
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce-
dimento:
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero;
2. Localiza-se a raiz no eixo x;
3. Estuda-se o sinal conforme o caso.

62
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Pegando o exemplo anterior temos: Resolução:


-2x + 7 > 0 x2 -3x + 2 > 0
-2x + 7 = 0 x ‘ =1, x ‘’ = 2
x = 7/2 Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
de x isso ocorre.

Exemplo: Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ- e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de
que satisfazem a seguinte inequação: Exemplo:
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no
universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R
(A) x > 2 (C)
(B) x - 5
(C) x > - 5 (D)
(D) x < 2
(E) x 2 (E)
Resolução:
Resolução:
Resolvendo por Bháskara:

Resposta: B
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:
Inequação do 2º grau
Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
presentada da seguinte forma:
ax2 + bx + c > 0
ax2 + bx + c < 0
ax2 + bx + c ≥ 0
ax2 + bx + c ≤ 0
Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0

Resolução da inequação
Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
> , ≥ , < , ≤.
Ex.: x2 -3x + 2 > 0
Resposta: C

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Funções lineares Mas, se a = -1 e b = 0, temos então y = -x. A reta determinada


Chama-se função do 1º grau ou afim a função f: R  R definida por esta função é a bissetriz dos quadrantes pares, conforme mos-
por y = ax + b, com a e b números reais e a 0. a é o coeficiente an- tra o gráfico ao lado. x e y têm valores iguais em módulo, porém
gular da reta e determina sua inclinação, b é o coeficiente linear da com sinais contrários.
reta e determina a intersecção da reta com o eixo y.

Com a ϵ R* e b ϵ R.

Atenção • Função linear


Usualmente chamamos as funções polinomiais de: 1º grau, 2º É a função do 1º grau quando b = 0, a ≠ 0 e a ≠ 1, a e b ∈ R.
etc, mas o correto seria Função de grau 1,2 etc. Pois o classifica a
função é o seu grau do seu polinômio. • Função afim
É a função do 1º grau quando a ≠ 0, b ≠ 0, a e b ∈ R.
A função do 1º grau pode ser classificada de acordo com seus
gráficos. Considere sempre a forma genérica y = ax + b. • Função Injetora
É a função cujo domínio apresenta elementos distintos e tam-
• Função constante bém imagens distintas.
Se a = 0, então y = b, b ∈ R. Desta maneira, por exemplo, se y
= 4 é função constante, pois, para qualquer valor de x, o valor de y
ou f(x) será sempre 4.

• Função identidade • Função Sobrejetora


Se a = 1 e b = 0, então y = x. Nesta função, x e y têm sempre É quando todos os elementos do domínio forem imagens de
os mesmos valores. Graficamente temos: A reta y = x ou f(x) = x é PELO MENOS UM elemento do domínio.
denominada bissetriz dos quadrantes ímpares.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Função Bijetora De modo geral, dada a função f(x) = ax + b, para determinarmos


É uma função que é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora. a intersecção da reta com os eixos, procedemos do seguinte modo:

• Função Par
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio temos 1º) Igualamos y a zero, então ax + b = 0 ⇒ x = - b/a, no eixo x
f(x)=f(-x), ∀ x ∈ D(f). Ou seja, os valores simétricos devem possuir encontramos o ponto (-b/a, 0).
a mesma imagem. 2º) Igualamos x a zero, então f(x) = a. 0 + b ⇒ f(x) = b, no eixo y
encontramos o ponto (0, b).
• f(x) é crescente se a é um número positivo (a > 0);
• f(x) é decrescente se a é um número negativo (a < 0).

• Função ímpar
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio, temos
f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja, os elementos simétricos do domínio
terão imagens simétricas. Raiz ou zero da função do 1º grau
A raiz ou zero da função do 1º grau é o valor de x para o qual y =
f(x) = 0. Graficamente, é o ponto em que a reta “corta” o eixo x. Por-
tanto, para determinar a raiz da função, basta a igualarmos a zero:

Gráfico da função do 1º grau


A representação geométrica da função do 1º grau é uma reta,
portanto, para determinar o gráfico, é necessário obter dois pontos.
Em particular, procuraremos os pontos em que a reta corta os eixos
x e y.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Estudo de sinal da função do 1º grau (CBTU/RJ - ASSISTENTE OPERACIONAL - CONDUÇÃO DE VEÍ-


Estudar o sinal de uma função do 1º grau é determinar os valo- CULOS METROFERROVIÁRIOS – CONSULPLAN) Qual dos pares de
res de x para que y seja positivo, negativo ou zero. pontos a seguir pertencem a uma função do 1º grau decrescente?
1º) Determinamos a raiz da função, igualando-a a zero: (raiz: (A) Q(3, 3) e R(5, 5).
x =- b/a) (B) N(0, –2) e P(2, 0).
2º) Verificamos se a função é crescente (a>0) ou decrescente (a (C) S(–1, 1) e T(1, –1).
< 0); temos duas possibilidades: (D) L(–2, –3) e M(2, 3).

Resolução:
Para pertencer a uma função polinomial do 1º grau decrescen-
te, o primeiro ponto deve estar em uma posição “mais alta” do que
o 2º ponto.
Vamos analisar as alternativas:
( A ) os pontos Q e R estão no 1º quadrante, mas Q está em uma
posição mais baixa que o ponto R, e, assim, a função é crescente.
( B ) o ponto N está no eixo y abaixo do zero, e o ponto P está no
eixo x à direita do zero, mas N está em uma posição mais baixa que
o ponto P, e, assim, a função é crescente.
( D ) o ponto L está no 3º quadrante e o ponto M está no 1º
quadrante, e L está em uma posição mais baixa do que o ponto M,
sendo, assim, crescente.
Exemplos: ( C ) o ponto S está no 2º quadrante e o ponto T está no 4º qua-
(PM/SP – CABO – CETRO) O gráfico abaixo representa o salário drante, e S está em uma posição mais alta do que o ponto T, sendo,
bruto (S) de um policial militar em função das horas (h) trabalhadas assim, decrescente.
em certa cidade. Portanto, o valor que este policial receberá por Resposta: C
186 horas é
Equações lineares
As equações do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3 + .....+ anxn = b, são equa-
ções lineares, onde a1, a2, a3, ... são os coeficientes; x1, x2, x3,... as
incógnitas e b o termo independente.
Por exemplo, a equação 4x – 3y + 5z = 31 é uma equação line-
ar. Os coeficientes são 4, –3 e 5; x, y e z as incógnitas e 31 o termo
independente.
Para x = 2, y = 4 e z = 7, temos 4.2 – 3.4 + 5.7 = 31, concluímos
que o terno ordenado (2,4,7) é solução da equação linear
4x – 3y + 5z = 31.

Funções quadráticas
Chama-se função do 2º grau ou função quadrática, de domínio
R e contradomínio R, a função:
(A) R$ 3.487,50.
(B) R$ 3.506,25.
(C) R$ 3.534,00.
(D) R$ 3.553,00.
Resolução: Com a, b e c reais e a ≠ 0.

Onde:
a é o coeficiente de x2
b é o coeficiente de x
c é o termo independente

Resposta: A

66
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Atenção:
Chama-se função completa aquela em que a, b e c não são nulos, e função incompleta aquela em que b ou c são nulos.

Raízes da função do 2ºgrau


Analogamente à função do 1º grau, para encontrar as raízes da função quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então:
ax2 + bx + c = 0

A expressão assim obtida denomina-se equação do 2º grau. As raízes da equação são determinadas utilizando-se a fórmula de Bhaskara:

Δ (letra grega: delta) é chamado de discriminante da equação. Observe que o discriminante terá um valor numérico, do qual temos de
extrair a raiz quadrada. Neste caso, temos três casos a considerar:
Δ > 0 ⇒ duas raízes reais e distintas;
Δ = 0 ⇒ duas raízes reais e iguais;
Δ < 0 ⇒ não existem raízes reais (∄ x ∈ R).

Gráfico da função do 2º grau


• Concavidade da parábola
Graficamente, a função do 2º grau, de domínio r, é representada por uma curva denominada parábola. Dada a função y = ax2 + bx + c,
cujo gráfico é uma parábola, se:

• O termo independente
Na função y = ax2 + bx + c, se x = 0 temos y = c. Os pontos em que x = 0 estão no eixo y, isto significa que o ponto (0, c) é onde a pará-
bola “corta” o eixo y.

• Raízes da função
Considerando os sinais do discriminante (Δ) e do coeficiente de x2, teremos os gráficos que seguem para a função y = ax2 + bx + c.

67
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Vértice da parábola – Máximos e mínimos da função


Observe os vértices nos gráficos:

O vértice da parábola será:


• o ponto mínimo se a concavidade estiver voltada para cima (a > 0);
• o ponto máximo se a concavidade estiver voltada para baixo (a < 0).
A reta paralela ao eixo y que passa pelo vértice da parábola é chamada de eixo de simetria.

Coordenadas do vértice
As coordenadas do vértice da parábola são dadas por:

Estudo do sinal da função do 2º grau


Estudar o sinal da função quadrática é determinar os valores de x para que y seja: positivo, negativo ou zero. Dada a função f(x) = y =
ax2 + bx + c, para saber os sinais de y, determinamos as raízes (se existirem) e analisamos o valor do discriminante.

68
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplos: Considere um sistema de coordenadas cartesianas com centro


(CBM/MG – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – FUMARC) Duas em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto mais alto do
cidades A e B estão separadas por uma distância d. Considere um arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos de apoio desse
ciclista que parte da cidade A em direção à cidade B. A distância d, arco sobre a porta (A e B).
em quilômetros, que o ciclista ainda precisa percorrer para chegar Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse arco é
f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a distância ,
ao seu destino em função do tempo t, em horas, é dada pela função em metros, é igual a
(A) 2,1.
. Sendo assim, a velocidade média desenvolvida (B) 1,8.
(C) 1,6.
pelo ciclista em todo o percurso da cidade A até a cidade B é igual a (D) 1,9.
(A) 10 Km/h (E) 1,4.
(B) 20 Km/h
(C) 90 Km/h Resolução:
(D) 100 Km/h C=0,81, pois é exatamente a distância de V
F(x)=-x²+0,81
Resolução: 0=-x²+0,81
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0: X²=0,81
X=±0,9
A distância AB é 0,9+0,9=1,8
Resposta: B

(TRANSPETRO – TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE


Agora, vamos substituir na função: JÚNIOR – CESGRANRIO) A raiz da função f(x) = 2x − 8 é também raiz
da função quadrática g(x) = ax²+ bx + c. Se o vértice da parábola, grá-
fico da função g(x), é o ponto V(−1, −25), a soma a + b + c é igual a:
(A) − 25
(B) − 24
100 – t² = 0 (C) − 23
– t² = – 100 . (– 1) (D) − 22
t² = 100 (E) – 21
t= √100=10km/h
Resposta: A Resolução:
2x-8=0
(IPEM – TÉCNICO EM METROLOGIA E QUALIDADE – VUNESP) 2x=8
A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB sobre a porta da X=4
entrada de um salão:

Lembrando que para encontrar a equação, temos:


(x - 4)(x + 6) = x² + 6x - 4x - 24 = x² + 2x - 24
a=1
b=2
c=-24
a + b + c = 1 + 2 – 24 = -21
Resposta: E

69
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Função exponencial
Antes seria bom revisarmos algumas noções de potencialização e radiciação.
Sejam a e b bases reais e diferentes de zero e m e n expoentes inteiros, temos:

Equação exponencial
A equação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente. Exemplos:

Para resolver estas equações, além das propriedades de potências, utilizamos a seguinte propriedade:
Se duas potências são iguais, tendo as bases iguais, então os expoentes são iguais: am = an ⇔ m = n, sendo a > 0 e a ≠ 1.

Gráficos da função exponencial


A função exponencial f, de domínio R e contradomínio R, é definida por y = ax, onde a > 0 e a ≠1.

Exemplos:
01. Considere a função y = 3x.
Vamos atribuir valores a x, calcular y e a seguir construir o gráfico:

70
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

02. Considerando a função, encontre a função: y = (1/3)x

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = ax:


• se a > 1, a função exponencial é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Graficamente temos:

Inequação exponencial
A inequação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Analisando seus gráficos, temos:

Observando o gráfico, temos que:


• na função crescente, conservamos o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

• na função decrescente, “invertemos” o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

Desde que as bases sejam iguais.

71
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplos:
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – COVEST – UNEMAT) As funções exponenciais são muito
usadas para modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma determinada região em um determinado período de tempo.
A função P(t) = 234(1,023)t modela o comportamento de uma determinada cidade quanto ao seu crescimento populacional em um deter-
minado período de tempo, em que P é a população em milhares de habitantes e t é o número de anos desde 1980.
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa cidade?
(A) 1,023%
(B) 1,23%
(C) 2,3%
(D) 0,023%
(E) 0,23%

Resolução:

Primeiramente, vamos calcular a população inicial, fazendo t = 0:

Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t = 1:

Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:


População----------%
234 --------------- 100
239,382 ------------ x

234.x = 239,382 . 100


x = 23938,2 / 234
x = 102,3%
102,3% = 100% (população já existente) + 2,3% (crescimento)
Resposta: C

(POLÍCIA CIVIL/SP – DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL – VUNESP) Uma população P cresce em função do tempo t (em anos), segundo a
sentença P = 2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de 50 000 indivíduos daqui a
(A) 20 anos.
(B) 25 anos.
(C) 50 anos.
(D) 15 anos.
(E) 10 anos.

Resolução:

Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os expoentes. Assim:


0,1 . t = 2
t = 2 / 0,1
t = 20 anos
Resposta: A

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Função logarítmica
• Logaritmo
O logaritmo de um número b, na base a, onde a e b são positivos e a é diferente de um, é um número x, tal que x é o expoente de a
para se obter b, então:

Onde:
b é chamado de logaritmando
a é chamado de base
x é o logaritmo

OBSERVAÇÕES
– loga a = 1, sendo a > 0 e a ≠ 1
– Nos logaritmos decimais, ou seja, aqueles em que a base é 10, está frequentemente é omitida. Por exemplo: logaritmo de 2 na
base 10; notação: log 2

Propriedades decorrentes da definição

• Domínio (condição de existência)


Segundo a definição, o logaritmando e a base devem ser positivos, e a base deve ser diferente de 1. Portanto, sempre que encontra-
mos incógnitas no logaritmando ou na base devemos garantir a existência do logaritmo.

– Propriedades

Logaritmo decimal - característica e mantissa


Normalmente eles são calculados fazendo-se o uso da calculadora e da tabela de logaritmos. Mas fique tranquilo em sua prova as
bancas fornecem os valores dos logaritmos.

Exemplo: Determine log 341.

Resolução:
Sabemos que 341 está entre 100 e 1.000:
102 < 341 < 103
Como a característica é o expoente de menor potência de 10, temos que c = 2.
Consultando a tabela para 341, encontramos m = 0,53275. Logo: log 341 = 2 + 0,53275  log 341 = 2,53275.

Propriedades operatórias dos logaritmos

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Cologaritmo
cologa b = - loga b, sendo b> 0, a > 0 e a ≠ 1

Mudança de base
Para resolver questões que envolvam logaritmo com bases diferentes, utilizamos a seguinte expressão:

Função logarítmica
Função logarítmica é a função f, de domínio R*+ e contradomínio R, que associa cada número real e positivo x ao logaritmo de x na
base a, onde a é um número real, positivo e diferente de 1.

Gráfico da função logarítmica


Vamos construir o gráfico de duas funções logarítmicas como exemplo:
A) y = log3 x
Atribuímos valores convenientes a x, calculamos y, conforme mostra a tabela. Localizamos os pontos no plano cartesiano obtendo a
curva que representa a função.

B) y = log1/3 x
Vamos tabelar valores convenientes de x, calculando y. Localizamos os pontos no plano cartesiano, determinando a curva correspon-
dente à função.

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = logax:


• se a > 1, a função é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Equações logarítmicas
A equação logarítmica caracteriza-se pela presença do sinal de igualdade e da incógnita no logaritmando.
Para resolver uma equação, antes de mais nada devemos estabelecer a condição de existência do logaritmo, determinando os valores
da incógnita para que o logaritmando e a base sejam positivos, e a base diferente de 1.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Inequações logarítmicas
Identificamos as inequações logarítmicas pela presença da incógnita no logaritmando e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Assim como nas equações, devemos garantir a existência do logaritmo impondo as seguintes condições: o logaritmando e a base
devem ser positivos e a base deve ser diferente de 1.
Na resolução de inequações logarítmicas, procuramos obter logaritmos de bases iguais nos dois membros da inequação, para poder
comparar os logaritmandos. Porém, para que não ocorram distorções, devemos verificar se as funções envolvidas são crescentes ou de-
crescentes. A justificativa será feita por meio da análise gráfica de duas funções:

Na função crescente, os sinais coincidem na comparação dos logaritmandos e, posteriormente, dos respectivos logaritmos; porém,
o mesmo não ocorre na função decrescente. De modo geral, quando resolvemos uma inequação logarítmica, temos de observar o valor
numérico da base pois, sendo os dois membros da inequação compostos por logaritmos de mesma base, para comparar os respectivos
logaritmandos temos dois casos a considerar:
• se a base é um número maior que 1 (função crescente), utilizamos o mesmo sinal da inequação;
• se a base é um número entre zero e 1 (função decrescente), utilizamos o “sinal inverso” da inequação.

Concluindo, dada a função y = loga x e dois números reais x1 e x2:

Exemplos:
(PETROBRAS-GEOFISICO JUNIOR – CESGRANRIO) Se log x representa o logaritmo na base 10 de x, então o valor de n tal que log n =
3 - log 2 é:
(A) 2000
(B) 1000
(C) 500
(D) 100
(E) 10

Resolução:
log n = 3 - log 2
log n + log 2 = 3 * 1
onde 1 = log 10 então:
log (n * 2) = 3 * log 10
log(n*2) = log 10 ^3
2n = 10^3
2n = 1000
n = 1000 / 2
n = 500
Resposta: C

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

(MF – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF) Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na base 10, calcule o valor
da expressão log 20 + log 5.
(A) 5
(B) 4
(C) 1
(D) 2
(E) 3

Resolução:
E = log20 + log5
E = log(2 x 10) + log5
E = log2 + log10 + log5
E = log10 + log (2 x 5)
E = log10 + log10
E = 2 log10
E=2
Resposta: D

Funções trigonométricas
Podemos generalizar e escrever todos os arcos com essa característica na seguinte forma: π/2 + 2kπ, onde k Є Z. E de uma forma geral
abrangendo todos os arcos com mais de uma volta, x + 2kπ.
Estes arcos são representados no plano cartesiano através de funções circulares como: função seno, função cosseno e função tangente.

• Função Seno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu seno, então f(x) = sem x. O sinal da função f(x) = sem x é positivo no 1º
e 2º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 3º e 4º quadrantes.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Função Cosseno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu cosseno, então f(x) = cos x. O sinal da função f(x) = cos x é positivo no
1º e 4º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 2º e 3º quadrantes.

• Função Tangente
É uma função f : R → R que associa a cada número real x a sua tangente, então f(x) = tg x.
Sinais da função tangente:
- Valores positivos nos quadrantes ímpares.
- Valores negativos nos quadrantes pares.
- Crescente em cada valor.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
SISTEMAS LINEARES. (PM/SE – SOLDADO 3ª CLASSE – FUNCAB) A matriz abaixo re-
gistra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade duran-
Matriz te uma semana.
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo
linhas horizontais e colunas verticais.
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de-
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de
elemento da matriz.

• Tipo ou ordem de uma matriz


As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
(B) 59
(C) 58
(D) 60
(E) 62

Resolução:
Turno i –linha da matriz
Turno j- coluna da matriz
2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Somando:18+25+19=62
Resposta: E
• Representação genérica de uma matriz
Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula • Igualdade de matrizes
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra. Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.

• Operações com matrizes


– Adição: somamos os elementos correspondentes das matri-
zes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sen-
tença envolvendo matrizes:

78
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10

Resposta: D

– Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

– Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

– Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

79
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

Resposta: B

• Casos particulares
– Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

– Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

80
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2

Resposta: E

– Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

Determinantes
Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

• Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

• Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2

Resposta: C

• Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO) Dada a matriz

, assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é

(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores. Exemplo:

Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.
Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63
Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

83
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores. Dica:
pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: . Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

Resposta: D

• Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565

• Propriedades dos determinantes


a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

84
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, • Representação genérica de um sistema linear
então o determinante é nulo. Um sistema linear de m equações nas n incógnitas x1, x2, ..., xn
é da forma:

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um


número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mes-
mo número k.

onde a11, a12 , ..., an e b1, b2 , ..., bn são números reais.

Se o conjunto de números reais (k1, k2, ..., kn) torna verdadeiras


todas as equações do sistema, dizemos que esse conjunto é solu-
ção do sistema linear. Como as equações lineares são homogêneas
quando b = 0, então, consequentemente, um sistema linear será
homogêneo quando b1 = b2 = ... = bn = 0. Assim, o sistema admitirá
a solução trivial, (0, 0, ... 0).

Exemplo:
d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a se- Na equação 4x – y = 2, o par ordenado (3,10) é uma solução,
guinte propriedade: pois ao substituirmos esses valores na equação obtemos uma igual-
det (A. B) = det A + det B. dade.
4. 3 – 10 → 12 – 10 = 2
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu Já o par (3,0) não é a solução, pois 4.3 – 0 = 2 → 12 ≠ 2
determinante for diferente de zero.
• Representação de um sistema linear por meio de matrizes
Sistemas lineares Um sistema linear de m equações com n incógnitas pode ser
Entendemos por sistema linear um conjunto de equações li- escrito sob a forma de matrizes, bastando separar seus componen-
neares reunidas com o objetivo de se obterem soluções comuns a tes por matriz.
todas essas equações. Sejam:
Amn ⇒ a matriz dos coeficientes das incógnitas;
• Equação linear Xn1 ⇒ a matriz das incógnitas;
Chamamos de equações lineares as equações do 1º grau que Bn1 ⇒ a matriz dos termos independentes.
apresentam a forma:
a1x1 + a2x2 + a3x3+...anxn = b,

onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais


x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3..., an são chamados de coeficientes e
b é o termo independente.

ATENÇÃO: TODOS os expoentes de todas as variáveis são


SEMPRE iguais a 1. Portanto, podemos escrever o sistema sob a forma matricial:

• Solução de uma equação linear


Dada uma equação linear com n incógnitas:
a1x1 + a2x2 + ... + anxn = b, temos que sua solução é a sequência
de números reais (k1, k2, ..., kn) que, colocados correspondentemen-
te no lugar de x1, x2, ..., xn, tornam verdadeira a igualdade.
Quando a equação linear for homogênea, então ela admitirá
pelo menos a solução (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial.

85
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

• Sistema normal
É o sistema em que o número de equações é igual ao número de incógnitas (m = n) e o determinante da matriz dos coeficientes é
diferente de zero.

Exemplo:
Dado o sistema S: , temos

Logo, o sistema linear S é normal.

• Classificação de um sistema linear


Classificar um sistema linear é considerá-lo em relação ao número de soluções que ele apresenta. Assim, os sistemas lineares podem
ser:
a) Sistema impossível ou incompatível: quando não admite solução. O sistema não admite solução quando o det A for nulo, e pelo
menos um dos determinantes relativos às incógnitas for diferente de zero, isto é: det A 1 0 ou det A2 0 ou ... ou det An 0.
b) Sistema possível ou compatível: quando admite pelo menos uma solução. Este sistema pode ser:
– Determinado: quando admitir uma única solução. ‘O sistema é determinado quando det A 0.
Em resumo temos:

• Regra de Cramer
Para a resolução de sistemas normais, utilizaremos a regra de Cramer.
Consideramos os sistemas .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta desse sistema é

, cujo determinante é indicado por D = ad – bc.

Escalonando o sistema, obtemos:

Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela coluna dos coeficientes independentes, obteremos , cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.
Assim, em (*), na 2ª equação, obtemos D. y = Dy. Se D ≠ 0, segue que

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e considerando a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

86
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Em síntese, temos:

O sistema é possível e determinado quando , e a solução desse sistema é dada por:

Esta regra é um importante recurso na resolução de sistemas lineares possíveis e determinados, especialmente quando o escalona-
mento se torna trabalhoso (por causa dos coeficientes das equações) ou quando o sistema é literal.

Exemplo:
Aplicando a Regra de Cramer para resolver os sistemas

Temos que , dessa forma, SPD.

Uma alternativa para encontrar o valor de z seria substituir x por -2 e y por 3 em qualquer uma das equações do sistema.
Assim, S = {(-2,3-1)}.

Exemplos:
(UNIOESTE – ANALISTA DE INFORMÁTICA – UNIOESTE) Considere o seguinte sistema de equações lineares

Assinale a alternativa correta.


(A) O determinante da matriz dos coeficientes do sistema é um número estritamente positivo.
(B) O sistema possui uma única solução (1, 1, -1).
(C) O sistema possui infinitas soluções.
(D) O posto da matriz ampliada associada ao sistema é igual a 3.
(E) Os vetores linha (1, 2, 3/2) e (2, 4, 3) não são colineares.

87
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução:
ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE: PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DE CONTAGEM, ARRANJOS, PERMUTA-
ÇÕES, COMBINAÇÕES, BINÔMIO DE NEWTON, CÁLCULO
DE PROBABILIDADES

A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen-


volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve-
jamos eles:
O sistema pode ser SI(sistema impossível) ou SPI(sistema pos-
sível indeterminado) Princípio fundamental de contagem (PFC)
É o total de possibilidades de o evento ocorrer.
Para ser SI Dx = 0 e SPI Dx ≠ 0 • Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.

Exemplos:
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade
Dx ≠ 0, portanto o sistema tem infinitas soluções. B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
Resposta: C quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
passando necessariamente por B?
(SEDUC/RJ - PROFESSOR – MATEMÁTICA – CEPERJ) Sabendo- (A) Oito.
-se que 2a + 3b + 4c = 17 e que 4a + b - 2c = 9, o valor de a + b + c é: (B) Dez.
(A) 3. (C) Quinze.
(B) 4. (D) Dezesseis.
(C) 5. (E) Vinte.
(D) 6.
(E) 7. Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
Resolução: Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
(I) 2a + 3b + 4c = 17 x(-2) 1ª possibilidade: 3 (A para B).
(II) 4a + b – 2c = 9 Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
Multiplicamos a primeira equação por – 2 e somamos com a primeira opção.
segunda, cancelando a variável a:
(I) 2a + 3b + 4c = 17 2ª possibilidade: 5 (B para Roma).
(II) – 5b – 10c = - 25 : (- 5) Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
uma sucessão de escolhas.
Então: Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
(I) 2a + 3b + 4c = 17 Resposta: C.
(II) b +2c = 5
Um sistema com três variáveis e duas equações é possível e (PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em
indeterminado (tem infinitas soluções), então fazendo a variável c = um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
α (qualquer letra grega). 4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o
Substituímos c em (II): cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre-
b + 2α = 5 mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com
Reposta: D que ele poderia fazer o seu pedido, é:
(A) 19
(B) 480
(C) 420
(D) 90

Resolução:
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
Resposta: B.

88
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Fatorial Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},


Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial) tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
a expressão: com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2. ao conjunto P.

Exemplos: Resolução:
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120. P = {A, B, C, D}
7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040. n=4
p=2
ATENÇÃO A(n,p)=np
A(4,2)=42=16
0! = 1
1! = 1 Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
zamos todos os elementos.
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
• Sem repetição
Arranjo simples
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
assim sucessivamente. Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
• Sem repetição IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por: o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
(A) 24.
(B) 25.
(C) 26.
(D) 27.
(E) 28.
Onde:
n = Quantidade total de elementos no conjunto. Resolução:
P =Quantidade de elementos por arranjo Anagramas de RENATO
______
Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão 6.5.4.3.2.1=720
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
gico. Quantas as possibilidades de escolha? Anagramas de JORGE
n = 18 (professores) _____
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico) 5.4.3.2.1=120

Razão dos anagramas: 720/120=6


Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
Resposta: C.
• Com repetição • Com repetição
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re- Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
mesmo elemento em um agrupamento. iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada por:

89
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas coloridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitrine de
uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistinguíveis e 1
faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.

Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular) de 4 lugares.

Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocupados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o número
de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os participantes da reunião é superior a 102.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resposta: CERTO.

Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.

• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que diferem entre si pela natureza de seus elementos.

Fórmula:

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

90
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

91
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o nú-
mero de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa repartição
pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

Resposta: D

92
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:
P (A ∩ B) = P(A). P(B)

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Lei Binomial de probabilidade Usamos a seguinte fórmula:


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su-
cesso); Em juros simples:
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p – O capital cresce linearmente com o tempo;
k: número de sucessos. – O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J=C.i
– A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma unidade.
ATENÇÃO: – Devemos expressar a taxa i na forma decimal.
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições: – Montante (M) ou FV (valor futuro) é a soma do capital com
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as os juros, ou seja:
n vezes. M=C+J
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
M = C.(1+i.t)
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.
Exemplo:
Exemplo: (PRODAM/AM – Assistente – FUNCAB) Qual é o capital que,
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre- investido no sistema de juros simples e à taxa mensal de 2,5 %, pro-
rem três faces 6? duzirá um montante de R$ 3.900,00 em oito meses?
(A) R$ 1.650,00
Resolução: (B) R$ 2.225,00
n: número de tentativas ⇒ n = 5 (C) R$ 3.250,00
k: número de sucessos ⇒ k = 3 (D) R$ 3.460,00
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6 (E) R$ 3.500,00
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6
Resolução:
Montante = Capital + juros, ou seja: j = M – C , que fica: j =
MATEMÁTICA FINANCEIRA. JUROS SIMPLES E COMPOS- 3900 – C ( I )
TOS: CAPITALIZAÇÃO E DESCONTOS. TAXAS DE JUROS: Agora, é só substituir ( I ) na fórmula do juros simples:
NOMINAL, EFETIVA, EQUIVALENTES, PROPORCIONAIS,
REAL E APARENTE. PLANOS OU SISTEMAS DE AMORTI-
ZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS. CÁLCULO
FINANCEIRO: CUSTO REAL EFETIVO DE OPERAÇÕES DE
FINANCIAMENTO, EMPRÉSTIMO E INVESTIMENTO. TAXAS
DE RETORNO

Juros simples (ou capitalização simples)


Os juros são determinados tomando como base de cálculo o 390000 – 100.C = 2,5 . 8 . C
capital da operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que – 100.C – 20.C = – 390000 . (– 1)
empresta) no final da operação. Devemos ter em mente: 120.C = 390000
– Os juros são representados pela letra J*. C = 390000 / 120
– O dinheiro que se deposita ou se empresta chamamos de ca- C = R$ 3250,00
pital e é representado pela letra C (capital) ou P(principal) ou VP ou Resposta: C
PV (valor presente) *.
– O tempo de depósito ou de empréstimo é representado pela
letra t ou n.*
– A taxa de juros é a razão centesimal que incide sobre um ca-
pital durante certo tempo. É representado pela letra i e utilizada
para calcular juros.
*Varia de acordo com a bibliografia estudada.

ATENÇÃO: Devemos sempre relacionar a taxa e o tempo na


mesma unidade para efetuarmos os cálculos.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Juros compostos (capitalização composta)


A taxa de juros incide sobre o capital de cada período. Também conhecido como “juros sobre juros”.
Usamos a seguinte fórmula:

O (1+i)t ou (1+i)n é chamado de fator de acumulação de capital.

ATENÇÃO: as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e do período (t), tem de ser necessariamente iguais.

O crescimento do principal (capital) em:


– juros simples é LINEAR, CONSTANTE;
– juros compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”;
Observe no gráfico que:
– O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de juros simples como para juros compostos;
– Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de juros simples;
– Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime de juros compostos.

Exemplo:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com taxa
de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que essa aplicação rendeu juros que corresponderam a, exatamente:
(A) 30% do capital aplicado.
(B) 31,20% do capital aplicado.
(C) 32% do capital aplicado.
(D) 33,10% do capital aplicado.

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução:

Como, M = C + j , ou seja , j = M – C , temos:


j = 1,331.C – C = 0,331 . C
0,331 = 33,10 / 100 = 33,10%
Resposta: D

Juros Compostos utilizando Logaritmos


Algumas questões que envolvem juros compostos, precisam de conceitos de logaritmos, principalmente aquelas as quais precisamos
achar o tempo/prazo. Normalmente as questões informam os valores do logaritmo, então não é necessário decorar os valores da tabela.

Exemplo:
(FGV-SP) Uma aplicação financeira rende juros de 10% ao ano, compostos anualmente. Utilizando para cálculos a aproximação de ,
pode-se estimar que uma aplicação de R$ 1.000,00 seria resgatada no montante de R$ 1.000.000,00 após:
(A) Mais de um século.
(B) 1 século
(C) 4/5 de século
(D) 2/3 de século
(E) ¾ de século

Resolução:
A fórmula de juros compostos é M = C(1 + i)t e do enunciado temos que M = 1.000.000, C = 1.000, i = 10% = 0,1:
1.000.000 = 1.000(1 + 0,1)t

(agora para calcular t temos que usar logaritmo nos dois lados da equação para pode utilizar a propriedade
, o expoente m passa multiplicando)

t.0,04 = 3

Resposta: E

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MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Taxas de juros
Índices fundamentais no estudo da matemática financeira, sendo incorporadas sempre ao capital. São elas:

Taxa efetiva: são aquelas onde a taxa da unidade de tempo coincide com a unidade de tempo do período de capitalização(valoriza-
ção). Exemplo: Uma taxa de 13% ao trimestre com capitalização trimestral.

ATENÇÃO: Quando no enunciado não estiver citando o período de capitalização, a mesma vai coincidir com unidade da taxa. Em ou-
tras palavras iremos trabalhar com taxa efetiva!!!

Taxa nominal: são aquelas cujas unidade de tempo NÂO coincide com as unidades de tempo do período de capitalização.

Exemplo:
(TJ/PE- ANALISTA JUDICIÁRIO-CONTADOR-FCC) Uma taxa de juros nominal de 21% ao trimestre, com juros capitalizados mensalmen-
te, apresenta uma taxa de juros efetiva, trimestral de, aproximadamente,
(A) 21,7%.
(B) 22,5%.
(C) 24,8%.
(D) 32,4%.
(E) 33,7%.

Resolução:
21% a. t capitalizados mensalmente (taxa nominai), como um trimestre tem 3 meses, 21/3 = 7% a.m(taxa efetiva).
im = taxa ao mês
it= taxa ao trimestre.
(1+im)3 = (1+it)  (1+0,07)3 = 1+it  (1,07)3 = 1+it  1,225043 = 1+it  it= 1,225043-1  it = 0,225043 x 100  it= 22,5043%
Resposta: B

ATENÇÃO: Para resolução de questões com taxas nominais devemos primeiramente descobri a taxa efetiva (multiplicando ou dividin-
do a taxa)

Toda taxa nominal traz implícita uma taxa efetiva que deve ser calculada proporcionalmente.

Taxas proporcionais (regime de juros simples): são taxas em unidade de tempo diferente que aplicadas sobre o mesmo capital ao
mesmo período de tempo irão gerar o mesmo montante.

Exemplo:
(PREF. FLORIANÓPOLIS/SC – AUDITOR FISCAL – FEPESE) A taxa de juros simples mensais de 4,25% equivalente à taxa de:
(A) 12,5% trimestral.
(B) 16% quadrimestral.
(C) 25,5% semestral.
(D) 36,0% anual.
(E) 52% anual.

Resolução:
Sabemos que taxas a juros simples são ditas taxas proporcionais ou lineares. Para resolução das questões vamos avaliar item a item
para sabermos se está certo ou errado:
4,25% a.m
Trimestral = 4,25 .3 = 12,75 (errada)
Quadrimestral = 4,25 . 4 = 17% (errada)
Semestral= 4,25 . 6 = 25,5 % (correta)
Anual = 4,25.12 = 51% (errada)
Resposta: C

Taxas equivalentes (regime de juros compostos): as taxas de juros se expressam também em função do tempo da operação, porém
não de forma proporcional, mas de forma exponencial, ou seja, as taxas são ditas equivalentes.

97
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:

Taxa Real, Aparente e Inflação


– Taxa real (ir) = taxa que considera os efeitos da inflação e seus ganhos.
– Taxa aparente (ia) = taxa que não considera os efeitos da inflação (são as taxas efetivas/nominais).
– Taxa de inflação (ii) = a inflação representa a perda do poder de compra.

Escrevendo todas as taxas em função uma das outras, temos:

(1+ia) = (1+ir).(1+ii)

Onde: , independe da quantidade de períodos e do regime de juros.

Descontos
É a diferença entre o valor título (valor nominal) e o valor recebido (valor atual).
D=N–A

Onde:
D = desconto
N = valor nominal
A = valor atual

ATENÇÃO: Comparando com o regime de juros, observamos que:


– o Valor Atual, ou valor futuro (valor do resgate) nos dá ideia de Montante;
– o Valor Nominal, nome do título (valor que resgatei) nos dá ideia de Capital;
– e o Desconto nos dá ideia de Juros.

98
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Os descontos podem ser:

Desconto racional simples (por dentro): nos passa a ideia de “honesto”, pois todas a taxas são cobradas em cima do valor atual (A) do
título. Associando com os juros simples teremos:

Também podemos escrever a seguinte fórmula:

Exemplo:
(ASSAF NETO) Seja um título de valor nominal de R$ 4.000,00 vencível em um ano, que está sendo liquidado 3 meses antes de seu
vencimento. Sendo de 42% a.a. a taxa nominal de juros corrente, pede-se calcular o desconto e o valor descontado desta operação.
N = 4 000
t = 3 meses
i = 42% a.a = 42 / 12 = 3,5% a.m = 0,035
D=?
Vd = ?

Vd = 4 000 – 380,10 = 3 619,90

Desconto comercial simples ou bancário (por fora): nos passa a ideia de que alguém está “levando” um por fora, pois, todas as taxas
são cobradas em cima do valor nominal (N) do título. O valor nominal é sempre maior e é justamente onde eles querem ganhar.

• Desconto comercial (bancário) acrescido de uma taxa pré-fixada: quando se utiliza taxas pré-fixadas aos títulos, que são as taxas
de despesas bancárias/administrativas (comissões, taxas de serviços, ...) cobradas sobre o valor nominal (N). Fazemos uso da seguinte
formula:
Dc = N. (i.t + h)

Onde:
Dc = desconto comercial ou bancário
N = valor nominal
i = taxa de juros cobrada
t = tempo ou período
h = taxa de despesas administrativas ou bancárias.

99
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo:
Um banco ao descontar notas promissórias, utiliza o desconto comercial a uma taxa de juros simples de 12% a.m.. O banco cobra,
simultaneamente uma comissão de 4% sobre o valor nominal da promissória. Um cliente do banco recebe R$ 300.000,00 líquidos, ao
descontar uma promissória vencível em três meses. O valor da comissão é de:

Resolução:
h = 0,04
t=3
iB = 0,12 . 3
AB = N . [1 - (iB + h)]
300 000 = N . [1 - (0,12.3 + 0,04)]
300 000 = N . [1 – 0,4]
N = 500 000
Vc = 0,04 . N
Vc = 0,04 . 500 000
Vc = 20 000

Resposta: 200 000

– Relação entre Desconto Comercial (Dc) e Desconto Racional (Dr): para sabermos o valor do desconto caso fosse utilizado o desconto
comercial e precisássemos saber o desconto racional e vice-versa, utilizamos a seguinte relação: Dc = Dr . (1 + i.t)
Desconto Racional Composto (por dentro): as fórmulas estão associando com os juros compostos, assim teremos:

Desconto Comercial Composto (por fora): como a taxa incide sobre o Valor Nominal (maior valor), trocamos na fórmula o N pelo A e
vice-versa, mudando o sinal da taxa (de positivo para negativo).

100
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Exemplo: 3. observe se os prazos de vencimento dos títulos e compro-


(PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP - AUDITOR FISCAL MUNICI- missos estão na mesma unidade de medida de tempo periodicida-
PAL – CETRO) Com adiantamento de dois meses do vencimento, um de da taxa; se não estiverem, faça as transformações necessárias
título de valor nominal de R$30.000,00 é descontado a uma taxa (ou você expressa a taxa na unidade de tempo do prazo ou expressa
composta de 10% a.m.. A diferença entre o desconto racional com- o prazo na unidade de tempo da taxa – escolha a transformação que
posto e o desconto comercial composto será de: torne os cálculos mais simples);
(A) R$246,59. 4. leve todos os valores para a data escolhida para a negociação
(B) R$366,89. (data focal), lembrando sempre que capitais exigíveis antes da data
(C) R$493,39. focal deverão ser capitalizados através da fórmula do montante M =
(D) R$576,29. C (1 + in), dependendo da modalidade de desconto utilizada;
(E) R$606,49. 5. tendo transportado todos os capitais para a data focal e com
base no diagrama de fluxo de caixa que você esquematizou, monte
Resolução: a EQUAÇÃO DE VALOR, impondo que a soma dos valores dos títulos
N = 30000 (transportados para a data focal) da parte de cima do diagrama de
t = 2 meses fluxo de caixa seja igual à soma dos valores dos títulos (transpor-
i = 10% am = 0,10 tados para a data focal) da parte de baixo do diagrama de fluxo de
Vamos utilizar a formula do Drc: caixa;
N = A(1 + i)t  30.000= A (1+ 0,1)2  30000 = A (1,1)2  30000 6. resolva a equação de valor;
= A.1,21 7. releia a PERGUNTA do problema e verifique se o valor que
A = 30000 / 1,21 = 24793,39 você encontrou corresponde ao que o problema está pedindo (às
Como D = N – A vezes, devido à pressa, o candidato se perde nos cálculos, encontra
D = 30000 – 24793,39 um resultado intermediário e assinala a alternativa que o contém,
Drc = 30.000 - 24.793,39 = 5206,61 colocada ali para induzi-lo em erro, quando seria necessário ainda
Para o desconto comercial composto (lembre-se que a taxa re- uma passo a mais para chegar ao resultado final correto).
caí sobre o nominal, então trocamos na formula o A pelo N e vice e
versa e mudamos o sinal), temos: Exemplo:
A = N.(1 - i)t A aplicação de R$ 2.000,00 foi feita pelo prazo de 9 meses, con-
A = 30000 . (1 - 0,1)2 tratando-se a taxa de juros de 28% a.a. Além dessa aplicação, existe
A = 30000 . 0,81 outra de valor nominal R$ 7.000,00 com vencimento a 18 meses.
A = 24300 Considerando-se a taxa de juros de 18% a.a., o critério de desconto
Como D = N – A racional e a data focal 12 meses, a soma das aplicações é, em R$:
D = 30000 – 24300 = 5700, que é o desconto comercial com-
posto Resolução:
A diferença será dada pelo módulo, uma vez que sabemos que Inicialmente, precisamos calcular o valor nominal da primeira
o Desconto Comercial é maior que o racional: |Drc - Dcc| aplicação. Considerando n = 9 meses = 0,75 anos, temos que:
|5.206,61 - 5.700 | = 493,39 N = C (1 + in)
N = 2.000 (1 + 0,28 . 0,75) = 2.000 (1,21) = 2.420
Resposta: C Observando o diagrama de fluxo de caixa, vemos que, para se-
rem transportados à data doze, o título de 2.420 terá que ser capi-
Equivalência de capitais talizado de três meses, ao passo que o título de 7.000 terá que ser
Dois ou mais capitais que se encontram em datas diferentes, descapitalizado de 6 meses. Além disso, a taxa de 18% a.a., consi-
são chamados de equivalentes quando, levados para uma mesma derando-se capitalização simples, é equivalente a 1,5% a.m. = 0,015
data, nas mesmas condições, apresentam o mesmo VALOR nessa a.m. Desta forma, podemos escrever que:
data. 2.420 (1 + 0,015 . 3) + 7.000/1 + 0,015 . 6 = x
2.420 (1,045) + 7.000/1,09 = x
2.528,9 + 6.422,02 = x
• Equação de Valor
x = 8.950,92
Va1 + Va2 + Va3 + … = Vaa + Vab + Vac + …
Anuidades
• Resolução de Problemas de Equivalência
Séries Financeiras também conhecidas como Rendas Certas ou
1. leia o problema todo;
Anuidades. São séries de depósitos ou prestações periódicas ou não
2. construa, a partir do enunciado do problema, um diagrama
periódicas, em datas de previamente estabelecidas, por um deter-
de fluxo de caixa esquemático, colocando na parte de cima o plano
minado período de tempo. Os depósitos ou prestações podem ser
original de pagamento e na parte de baixo o plano alternativo pro-
uniformes quando todos são iguais ou variáveis quando os valores
posto, indicando todos os valores envolvidos, as datas respectivas são diferentes.
e as incógnitas a serem descobertas – esse diagrama é importante Quando as séries financeiras que tem como objetivo de acumu-
porque permite visualizar os grupos de capitais equivalentes e esta- lar capital ou produzir certo montante temos uma Capitalização e
belecer facilmente a equação de valor para resolução do problema; quando as séries financeiras têm como objetivo pagar ou amortizar
uma dívida temos uma Amortização.

101
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Elementos das séries financeiras


– Valor presente (VP) = Numa série de pagamentos, definimos VALOR ATUAL como sendo a parcela única que equivale (ou que subs-
titui) a todos os termos (devidamente descapitalizados) até o início do fluxo. É a soma dos valores atuais de todos os termos que compõe
a série.

– Valor futuro (VF) = Numa série de pagamentos, definimos MONTANTE como sendo a parcela única, que equivale (ou substitui) a
todos os termos (devidamente capitalizados) até o final do fluxo. É a soma dos montantes de todos os termos que compõe a série.

– Prestações (P) = Numa série de pagamentos, definimos Prestações como sendo o valor que é pago (ou recebido) a cada período de
capitalização de uma Série Pagamentos.

– Número de prestações (n) = número de Parcelas, Depósitos ou Pagamentos.


– Taxa efetiva de juro (i)= com capitalização na periodicidade das Prestações.

Séries financeiras postecipadas


São aquelas em que as prestações, pagamentos ou depósitos são efetuados no final de cada período.

Valor Futuro Postecipado (VFp)


O Valor Futuro (VF) produzido por uma série de n prestações P postecipadas, iguais e periódicas, aplicadas a uma taxa de juros i, na
forma unitária, no mesmo período das prestações, será igual à soma de todos esses depósitos capitalizados para uma mesma data focal,
coincidindo com o último depósito.

Fazemos uso da seguinte fórmula:

O valor capitalizado de cada um dos termos da Série de Pagamentos forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja soma resulta na
seguinte expressão:

Fator de Capitalização Postecipado

102
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Valor Presente postecipado (VPp)


O Valor Presente (VP) produzido por uma série de n prestações P, iguais e periódicas, aplicadas a uma taxa de juros i, na forma unitária,
no mesmo período das prestações, será igual à soma de todos esses depósitos descapitalizados para uma mesma data focal 0.

O valor descapitalizado de cada um dos termos de uma Série de Financeira postecipada forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja
soma resulta na seguinte expressão:

Fator de Descapitalização Postecipado

Séries financeiras antecipadas


São aquelas em que o depósito ou pagamento é efetuado no início de cada período e o valor futuro é obtido em um período de tempo
após o último depósito ou pagamento da última prestação.

Valor Futuro antecipado (VFa)

103
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

O Valor Futuro de uma série financeira é obtido fazendo-se a capitalização da entrada e de cada um dos pagamentos, realizando-se a
soma destes valores no final, conforme a seguir:

O valor capitalizado de cada uma das prestações de uma Série de Pagamentos forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja soma
resulta na seguinte expressão:

Fator de Capitalização Antecipado

O valor da prestação é obtido isolando-se a P na equação anterior.

Valor Presente antecipado (VPa)

O Valor Presente de uma série financeira antecipada é obtido fazendo-se a descapitalização de cada uma das prestações, somando-se
no final a entrada e cada um destes valores, conforme a seguir:

104
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

O valor descapitalizado de cada um dos termos de uma Série de Financeira forma uma Progressão Geométrica cuja soma resulta na
seguinte expressão:

O Fator de Descapitalização Antecipado

Séries financeiras diferidas ou com carência


Uma série de pagamentos possui DIFERIMENTO INICIAL quando ANTES do início do primeiro pagamento, é dado um prazo de dois ou
mais períodos, nos quais não ocorrem pagamentos pertencentes à série.
Uma série de pagamentos possui DIFERIMENTO FINAL quando APÓS o último pagamento, é dado um prazo de dois ou mais períodos,
nos quais não ocorrem pagamentos pertencentes à série.

Valor Presente com diferimento inicial


Podemos calcular o Valor Presente de duas maneiras: postecipado ou antecipado.

Cálculo do Valor Presente postecipado com diferimento inicial (VPpdi)


Numa série de pagamentos com diferimento inicial, vamos primeiro calcular o valor presente da série financeira postecipada, em
seguida, vamos efetuar a descapitalização deste valor a juros compostos até o início do prazo da contratação (data focal 0).

CÁLCULO DO VP DA SÉRIE CÁLCULO DA DESCAPITALIZAÇÃO CÁLCULO DIRETO DO VPA COM


ANTECIPADA: DO PERÍODO DE DIFERIMENTO: D DIFERIMENTO INICIAL:

Valor futuro com diferimento final


Podemos calcular o Valor Futuro de duas maneiras: postecipado ou antecipado.

105
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Cálculo do Valor Futuro postecipado com diferimento final (VFpdf)


Numa série de pagamento com diferimento final, vamos primeiro calcular o valor futuro da série financeira postecipada, onde esse
valor futuro é obtido logo após o último pagamento.
Já o cálculo com o diferimento final, temos que efetuar a capitalização desse valor, a juros compostos, até o prazo final do período de
carência. Pode ocorrer que no período de carência a taxa de juros não seja a mesma da série financeira.

O VALOR FUTURO DA SÉRIE DE CAPITALIZAÇÃO DO PERÍODO DE CÁLCULO DIRETO DO VFP COM


PAGAMENTOS POSTECIPADA CARÊNCIA DIFERIMENTO FINAL

Cálculo do Valor Futuro antecipado com diferimento final (VFadf)


Numa série de pagamento com diferimento final, vamos primeiro calcular o valor futuro da série financeira antecipada, onde esse
valor futuro é obtido um período após o último pagamento.
Já o cálculo com o diferimento final, temos que efetuar a capitalização desse valor, a juros compostos, até o prazo final do período de
carência. Pode ocorrer que no período de carência a taxa de juros não seja a mesma da série financeira.

O VALOR FUTURO DA SÉRIE DE CAPITALIZAÇÃO DO PERÍODO DE CÁLCULO DIRETO DO VFA COM


PAGAMENTOS ANTECIPADA CARÊNCIA DIFERIMENTO FINAL

=Exemplo:
Uma máquina é vendida a prazo através de oito prestações mensais de $4.000,00 sendo que o primeiro pagamento só irá ocorrer após
três meses da compra. Determine o preço à vista, dada uma taxa de 5% ao mês.

106
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Resolução:
R = $4.000,00
i = 5% a.m.
n = 8 meses
m = 2 meses

Pd = $23.449,30

Sistema de amortização
Visam liquidar uma dívida mediante de pagamentos periódicos e sucessivos.

Principais conceitos
Sempre que efetuamos um pagamento estamos pagando parte do valor relativo aos juros, que são calculados sobre o saldo devedor
e outra parte chamada de amortização, que faz com que o saldo devedor diminua.
– Saldo devedor: é o valor nominal do empréstimo ou financiamento ou simplesmente o Valor Presente (VP) na data focal 0, que é
diminuído da parcela de amortização a cada período.
– Amortização: é a parcela que é deduzida do saldo devedor a cada pagamento.
– Juros: é o valor calculado a partir do saldo devedor e posteriormente somado à parcela de amortização.
– Prestação: é o pagamento efetuado a cada período, composto pela parcela de juros mais a amortização: PRESTAÇÃO = JUROS +
AMORTIZAÇÃO

Existem diversos sistemas de amortização de financiamentos e empréstimos, dos quais os mais usados são:
– Sistema de Amortização Francês (Tabela Price):
– Sistema de Amortização Constante (SAC):
– Sistema de Amortização Crescente (SACRE) ou Sistema de Amortização Misto (SAM).

Sistema de Amortização Francês (SAF)


Este sistema utiliza a chamada TABELA PRICE que consiste no cálculo do fator de descapitalização postecipado representado por
fdp(i%,n) e é normalmente usada para financiamento em geral de bens de consumo, tipo: carros, eletrodomésticos, empréstimos bancá-
rios de curto prazo, etc.
O SAF caracteriza-se por PRESTAÇÕES CONSTANTES E IGUAIS, normalmente mensais e decrescentes, com isso, as parcelas de amorti-
zações são crescentes. Isto é, o valor amortizado é crescente ao longo do tempo, ao contrário dos juros, que decrescem proporcionalmente
ao saldo devedor.
Logo, as principais características do SAF são:
a) A prestação é constante durante todo o período de financiamento;
b) A parcela de amortização aumenta a cada período;
c) Os juros diminuem a cada período;
d) O percentual de prestações pagas não é igual ao percentual de quitação da dívida, pois no início das prestações os juros são maiores
que as amortizações, sendo que do meio para o final das prestações esta situação é invertida.
e) Nos juros, temos uma PG (Progressão geométrica) de razão descrente.

Utilizamos as seguintes fórmulas:

107
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Com isso podemos reescrever da seguinte forma, sabendo que :

Sistema de Amortização Constante (SAC)


O SAC foi bastante usado pelo Sistema Financeiro de Habitação no início dos anos 70 e, atualmente, é amplamente utilizado para
financiamentos bancários de longo prazo de imóveis.
O tomador do empréstimo pagará uma prestação decrescente em cada período, a qual é composta por duas parcelas: a amortização
e os juros.
As principais características do SAC são:
a) A parcela de amortização é constante em todo período de financiamento;
b) A prestação é decrescente durante todo o período;
c) Os juros diminuem uniformemente a cada período;
d) O percentual de prestações pagas é igual ao percentual de quitação da dívida.
e) Nos Juros e nas Prestações observa-se de uma PA (Progressão Aritmética) de razão decrescente.

Fórmulas do Cálculo da Prestação (Séries Postecipadas)

UTILIZANDO O CAPITAL UTILIZANDO O MONTANTE

CASO O EXPOENTE SEJA NEGATIVO, UTILIZA-SE:

Para séries antecipadas (com entrada), basta multiplicar o valor da prestação por .

Sistema de Amortização Crescente (SACRE) ou Sistema de Amortização Misto (SAM)


No Sistema de Amortização Crescente ou Sistema de Amortização Misto, cada prestação é a média aritmética das prestações nos
sistemas Francês (Tabela Price) e Sistema de Amortização Constante (SAC), quando a proporção for de 50% para o Sistema de Amortização
Frances (SAF) e 50% para o Sistema de Amortização Constante (SAC), com isto as primeiras prestações são maiores que no SAF e menores
que no SAC, sendo que a partir da metade do período do financiamento a situação é invertida. As parcelas de juros, das amortizações e
dos saldos devedores de cada período também são obtidas pela média aritmética dos dois sistemas.

Exemplos:
(UFGD – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ECONOMIA – AOCP) O sistema que consiste no plano de amortização de uma dívida em pres-
tações periódicas, sucessivas e decrescentes, em progressão aritmética, denomina-se:
(A) Sistema de Amortização Misto.
(B) Sistema Price.
(C) Sistema de Amortização Constante.
(D) Sistema Americano com fundo de amortização.
(E) Sistema Alemão.

Resolução:
Como vimos no estudo dos tipos de Amortização, a única que apresenta esta característica é o Sistema de Amortização Constante
(SAC).
Resposta: C

108
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

(PREF. FLORIANÓPOLIS/SC – AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS MUNICIPAIS – FEPESE) Uma pessoa financiou 100% de um imóvel no
valor de R$ 216.000,00 em 9 anos. O pagamento será em prestações mensais e o sistema de amortização é o sistema de amortização
constante (SAC).
Sabendo que o valor da terceira prestação é de R$2.848,00, a taxa de juros mensal cobrada é de:
(A) 0,2%.
(B) 0,4%.
(C) 0,5%.
(D) 0,6%.
(E) 0,8%.

Resolução:
Sabemos que no SAC Amortizações são constantes:
Sabemos que E = 216.000
n = 9 anos x 12(mensal) = 108 parcelas
A=?

Com a cota de amortização, podemos calcular o Saldo Devedor para todos os períodos:

PERÍODO SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO


0 216.000 - - -
1 216.000 – 2.000 = 214.000 2.000
2 214.000 – 2.000 = 212.000 2.000
3 212.000 – 2.000 = 210.000 2.000
...

Sabemos a prestação do período 3 que é R$ 2.848,00. Lembrando que P = A + J, temos que para o período 3:
P = A + J  2 848 = 2 000 + J  J = 2 848 – 2 000 = 848. Os juros incidem sobre o capital do período anterior que neste caso é o 2.O
tempo é 1
J = C.i.t  848 = 212 000.i.1  i = 848 / 212 000  i = 0,004 x 100%  i = 0,4%
Resposta: B

QUESTÕES

1. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NUCLE-


AR/2022
Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do complemento e da diferença
Em uma gincana escolar, uma turma foi pesquisada, por dois grupos concorrentes, sobre as idades de seus estudantes. Um dos gru-
pos constatou que 78% dos estudantes dessa turma têm, pelo menos, 15 anos; outro grupo concluiu que, nessa mesma turma, 34% dos
estudantes têm, no máximo, 15 anos.
Com base nessas pesquisas, qual o percentual de estudantes, dessa turma, com exatamente 15 anos?
(A) 44%
(B) 63%
(C) 49%
(D) 22%
(E) 12%

109
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

2. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- 5. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE-


AR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NU- AR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NU-
CLEAR/2022 CLEAR/2022
Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
complemento e da diferença ros naturais
Dois conjuntos não vazios A e B são tais que: A ∪ B = {3,4,6,7,9}; Um jogo de estratégia é jogado por dois jogadores num tabu-
A ∩ B = {4,7} leiro quadriculado com 10 linhas e 10 colunas, conforme a Figura a
O conjunto (A - B) ∪ (B - A) é igual a seguir.
(A) N
(B) {3,4,6,7,9}
(C) {3,6,9}
(D) {4,7}
(E) ∅

3. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021


Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do
complemento e da diferença
Antes de iniciar uma campanha publicitária, um banco fez uma
pesquisa, entrevistando 1000 de seus clientes, sobre a intenção de
adesão aos seus dois novos produtos. Dos clientes entrevistados,
430 disseram que não tinham interesse em nenhum dos dois pro-
dutos, 270 mostraram- -se interessados no primeiro produto, e 400
mostraram-se interessados no segundo produto.
Qual a porcentagem do total de clientes entrevistados que se
mostrou interessada em ambos os produtos?
(A) 10%
(B) 15% Cada jogador recebe 16 fichas que devem ser colocadas nas ca-
(C) 20% sas do tabuleiro e, após a colocação de todas as fichas de ambos os
(D) 25% jogadores, um jogador é sorteado para colocar uma peça especial
(E) 30% em qualquer uma das casas não ocupadas.
Quantas são as casas não ocupadas nas quais o jogador escolhi-
4. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021 do pode colocar a peça especial?
Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do (A) 78
complemento e da diferença (B) 72
Um banco está selecionando um novo escriturário e recebeu (C) 68
um total de 50 currículos. Para o exercício desse cargo, três habi- (D) 64
lidades foram especificadas: comunicação, relacionamento inter- (E) 62
pessoal e conhecimento técnico. As seguintes características foram
detectadas entre os candidatos a essa vaga: 6. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE-
• 15 apresentavam habilidade de comunicação; AR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NU-
• 18 apresentavam habilidade de relacionamento interpessoal; CLEAR/2022
• 25 apresentavam conhecimento técnico; Assunto: Números inteiros (propriedades, operações, módulo
• Seis apresentavam habilidade de relacionamento interpesso- etc)
al e de comunicação; Sejam a, b e c números reais tais que a ≠ 0 e a < b < c.
• Oito apresentavam habilidade de relacionamento interpesso- É necessariamente verdadeiro que
al e conhecimento técnico; (A) a . b < b . c
• Dois candidatos apresentavam todas as habilidades; (B) b - a < c - b
• Oito candidatos não apresentavam nenhuma das habilidades.
(C)
Com base nessas informações, qual o número total de candida-
tos que apresentam apenas uma das três habilidades apontadas? (D) a . b < a . c
(A) 28 (E) a + b < a + c
(B) 38
(C) 21 7. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE-
(D) 13 AR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NU-
(E) 15 CLEAR/2022
Assunto: Frações e dízimas periódicas
M = 6,6666... é uma dízima periódica de período 6;
N = 2,3333... é uma dízima periódica de período 3.

110
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

Dividindo M por N, encontra-se o mesmo resultado que divi- 10. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
dindo Assunto: Radiciação e potenciação
(A) 20 por 7 O método da bisseção é um algoritmo usado para encontrar
(B) 65 por 23 aproximações das raízes de uma equação. Começa- -se com um in-
(C) 29 por 9 tervalo [a,b], que contém uma raiz, e, em cada passo do algoritmo,
(D) 66 por 23 reduz-se o intervalo pela metade, usando-se um teorema para de-
(E) 37 por 13 terminar se a raiz está à esquerda ou à direita do ponto médio do
intervalo anterior. Ou seja, após o passo 1, obtém-se um intervalo
8. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- de comprimento ; após o passo 2, obtém-se um intervalo de
AR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE NU- comprimento ; e após o passo n,obtém- -se um intervalo de
CLEAR/2022 comprimento . Esse processo continua até que o intervalo ob-
Assunto: Frações e dízimas periódicas tido tenha comprimento menor que o erro máximo desejado para
Em certa escola técnica, cada estudante só pode fazer um curso a aproximação. Para aplicar esse método no intervalo [1,5], quan-
de cada vez. Do total de estudantes, 1/4 cursa enfermagem, e 1/6 tos passos serão necessários para obter-se um intervalo de compri-
dos restantes cursa eletrônica. Além desses estudantes de enfer- mento menor que 10−3 ?
magem e de eletrônica, a escola possui 350 estudantes em outros (A) 9
cursos. (B) 10
Sendo X o total de estudantes dessa escola, qual é a soma dos (C) 11
algarismos de X? (D) 12
(A) 11 (E) 13
(B) 12
(C) 13 11. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE-
(D) 14 AR/ENGENHARIA AMBIENTAL/2022
(E) 15 Assunto: Números irracionais
O número irracional π está escrito a seguir com 15 casas deci-
9. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLE- mais.
AR/ENGENHARIA AMBIENTAL/2022 π = 3,141592653589793
Assunto: Frações e dízimas periódicas
As lojas L1 e L2 possuem, cada uma delas, N peças em seu esto- Truncando π na 5a casa decimal e arredondando π na 5a casa
que, enquanto o estoque da loja L3 está vazio. Metade do estoque decimal, obtêm-se, respectivamente, os registros
de L1 e um quarto do estoque de L2 são transferidos para L3, for- (A) 3,14160 e 3,14160
mando o novo estoque de L3. Esse novo estoque de L3 é dividido (B) 3,14160 e 3,14159
em três grupos com a mesma quantidade de peças e, de um desses (C) 3,14159 e 3,14159
grupos, é retirado um quinto do total de peças do novo estoque de (D) 3,14159 e 3,14160
L3. (E) 3,14159 e 3,14161
Quantas peças permaneceram nesse grupo do qual as peças
foram retiradas? 12. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-
CLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE
NUCLEAR/2022
(A) Assunto: Números reais (propriedades e operações; intervalos)
Sejam x1, x2 e x3 números reais.
A média aritmética desses três números é maior que zero se,
(B) e apenas se,
(A) X2 > 0
(B) X1 + X2 + X3 > 0
(C) (C) X1 > 0 ; X2 > 0 ; X3 > 0
(D) X1 . X2 . X3 > 0
(E) XI < 0 para, no máximo, um valor de i entre 1, 2 e 3
(D)

(E)

111
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

13. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021 Qual era a massa corpórea do homem, em quilogramas, duas
Assunto: Análise combinatória (princípio fundamental da con- semanas depois do início da dieta?
tagem, arranjos, combinações, permutações) (A) 60
De quantas formas diferentes, em relação à ordem entre as (B) 65
pessoas, dois homens e quatro mulheres poderão ser dispostos em (C) 70
fila indiana, de modo que entre os dois homens haja, pelo menos, (D) 75
uma mulher? (E) 80
(A) 10
(B) 20 17. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-
(C) 48 CLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE
(D) 480 NUCLEAR/2022
(E) 720 Assunto: Porcentagem
Uma sala é usada no dia a dia para mostrar aos visitantes o
14. CESGRANRIO - TEC BAN (BASA)/BASA/2022 funcionamento da empresa. Nessas visitas, por segurança, apenas
Assunto: Porcentagem 28 pessoas podem ingressar na sala, o que corresponde a 80% de
Em outubro de 2021, segundo dados do Banco Central, os sa- sua capacidade. Na festa de fim de ano, a mesma sala será usada
ques nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em cerca para uma confraternização, mas sem a restrição de segurança, ou
de R$7,4 bilhões. Foram R$278 bilhões em depósitos e R$285,4 bi- seja, com a capacidade total. Quantas pessoas, no máximo, podem
lhões em saques, aproximadamente, no período. participar da confraternização?
(A) 28
Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/ noticia (B) 30
/2021/11/05/saques-na-poupanca-superam-depositos-em- -r-743-bi- (C) 32
lhoes-em-outubro.ghtml>. Acesso em: 12 nov. 21. Adaptado. (D) 35
(E) 40
Tomando-se como base o valor total dos depósitos, a diferença
percentual entre os totais de retirada e de depósitos, no mês de 18. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU-
outubro de 2021, CLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE
(A) foi de menos de 2%. NUCLEAR/2022
(B) ficou entre 2% e 8%. Assunto: Porcentagem
(C) ficou entre 8% e 14%. O funcionário de uma loja cometeu um erro ao reajustar o pre-
(D) ficou entre 14% e 20%. ço de um produto: ele aumentou o preço em 80%, quando o per-
(E) foi superior a 20%. centual correto de aumento era de 40%. Após o aumento de 80%, o
produto passou a custar R$ 450,00.
15. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU- Se o funcionário tivesse dado o aumento correto, de 40%, o
CLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE produto teria passado a custar
NUCLEAR/2022 (A) R$ 126,00
Assunto: Porcentagem (B) R$ 270,00
Na tentativa de atrair clientela, um hotel passou a cobrar por 4 (C) R$ 290,00
diárias o mesmo valor que cobrava por 3 diárias, o que implica um (D) R$ 350,00
desconto, no preço da diária, de (E) R$ 410,00
(A) 20%
(B) 25% 19. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021
(C) 30% Assunto: Porcentagem
(D) 33% Uma empresa paga um salário bruto mensal de R$ 1.000,00 a
(E) 75% um de seus funcionários. Além desses honorários, a empresa deve
recolher o FGTS desse empregado.
16. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONU- Sabendo-se que o valor pago corresponde a, aproximadamen-
CLEAR/ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DE ÁREA PROTEGIDA DE te, 8,33% do salário bruto, qual o valor pago, a título de FGTS, por
NUCLEAR/2022 esse funcionário?
Assunto: Porcentagem (A) R$ 1.008,33
Por conta de uma doença, um homem precisou fazer uma dieta (B) R$ 8,33
extremamente rigorosa. Nas duas primeiras semanas de dieta, ele (C) R$ 83,30
perdeu 12,5% de sua massa corpórea e, na semana seguinte, ele (D) R$ 991,67
perdeu mais 5kg, ficando com 81,25% da massa que tinha logo an- (E) R$ 1.083,30
tes do início da dieta.

112
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

20. CESGRANRIO - ESC BB/BB/AGENTE COMERCIAL/2021


Assunto: Porcentagem
ANOTAÇÕES
Uma profissional liberal comprou dois apartamentos com o ob-
jetivo de vendê-los. Na venda do primeiro deles, obteve um lucro ______________________________________________________
de 36% sobre o preço de compra e, na do segundo, um lucro de
12%, também sobre o preço de compra. Ela recebeu por essas duas ______________________________________________________
vendas uma quantia 27% maior do que a soma das quantias pagas
na compra dos dois apartamentos. ______________________________________________________
Nessas condições, sendo P a quantia paga pelo primeiro apar-
tamento, e S a quantia paga pelo segundo, a razão P/S é igual a ______________________________________________________
(A) 8/5
______________________________________________________
(B) 5/3
(C) 12/5 ______________________________________________________
(D) 17/14
(E) 9/8 ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 C
6 E ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 D
10 D ______________________________________________________

11 C ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 B
15 B ______________________________________________________
16 C ______________________________________________________
17 D
______________________________________________________
18 D
19 C _____________________________________________________

20 B _____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

113
MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO E QUANTITATIVO

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114
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - TIPOS, FINALIDADES E


ATUAÇÃO. BANCO CENTRAL DO BRASIL E CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL - FUNÇÕES E ATIVIDADES.

O Sistema Financeiro Nacional é formado por um conjunto de instituições cujo principal objetivo é proporcionar condições satisfa-
tórias para a manutenção dos fluxos de recursos financeiros entre poupadores e investidores do país. O Sistema Financeiro Nacional visa
criar condições para a liquidez de títulos e valores mobiliários no mercado financeiro.

Tomadores finais de recursos (Agentes Deficitários)


São agentes que possuem um nível de despesa superior à capacidade de gerar receitas; por esse motivo, acabam tendo a necessidade
de utilizar recursos de terceiros para ajuste orçamentário. Logo, estão dispostos a pagar juros para resolver o déficit orçamentário.

Doadores finais de recursos (Agentes Superavitários)


São agentes que conseguem gerar recursos em volume maior do que suas despesas, ocasionando um excedente financeiro. Logo,
estão dispostos a alocar seus recursos em uma instituição financeira, em troca do recebimento de juros sobre o capital.

Instituições Financeiras (Intermediadoras)


As instituições financeiras possuem um papel importante no SFN, atuando propiciando que o excesso de liquidez financeira produzida
pelos agentes superavitários possa ser redirecionado para os agentes deficitários que possuem escassez de recursos.

— Banco Central
O Banco Central do Brasil é, conforme a Lei Complementar nº 179, de 24 de fevereiro de 2021:
Art. 6º O Banco Central do Brasil é autarquia de natureza especial caracterizada pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela ou
de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes
e pela estabilidade durante seus mandatos [...].

— Missão do Bacen

Garantir a estabilidade do poder de compra da moeda


Poder de compra é a capacidade que o dinheiro possui para adquirir bens e serviços. No momento em que há inflação, ocorre um
aumento no nível de preços, ocasionando uma diminuição do poder de compra. A missão do Banco Central (Bacen) é evitar essa perda.

Zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo


As relações de intermediação financeira são fundamentadas em expectativas e confiança. Para que isso ocorra, as autoridades mone-
tárias devem proporcionar um ambiente com padrões elevados de controle e segurança, a fim de evitar desconfiança. Um sistema finan-
ceiro competitivo propicia uma concorrência maior entre as instituições, estimulando o desenvolvimento de produtos melhores a custos
menores, sendo o consumidor final quem se beneficia.

Fomentar o bem-estar econômico da sociedade


Variáveis como aumento da renda, queda no desemprego e inflação controlada são elementos que possibilitam o bem-estar econô-
mico. Logo, o Banco Central (Bacen) atua para que essa relação seja a melhor possível.

115
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Composição VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas;    


A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil terá 9 (nove) Todos itens mencionados até aqui estão relacionados a moeda
membros, sendo um deles o Presidente, todos nomeados pelo Pre- e instrumentos de política monetária, quando mencionado serviços
sidente da República entre brasileiros idôneos, de reputação iliba- do meio circulante, significa emissão de dinheiro o gerenciamen-
da e de notória capacidade em assuntos econômico-financeiros ou to e o controle da emissão de papel-moeda é do Banco Central,
com comprovados conhecimentos que os qualifiquem para a fun- assim como determinar o quanto que os bancos devem recolher
ção. via depósito compulsório, essa medida restringe a capacidade dos
Antes de 2021, o presidente do Banco Central era escolhido bancos emprestar dinheiro, também vale destacar as operações de
pelo Presidente da República e tinha mandato, assim como seus redesconto que são empréstimos efetuados com a finalidade de su-
diretores, compatível com o mandato presidencial. Atualmente, de- prir desequilíbrios financeiros das instituições e evitar insolvência
pois da Lei Complementar 179/2021, a regra passou a ser diferente. financeira no sistema financeiro nacional, por esta modalidade de
De acordo com a LC, a partir do próximo mandato, o regramento empréstimo o Bacen é considerado Banco dos Bancos.
de nomeação do Presidente do Banco Central e de seus diretores VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros, nos termos
passa a funcionar de forma distinta. da lei;             
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda es-
Leia com atenção o disposto a seguir: trangeira e de Direitos Especiais de Saque e fazer com estas últimas
Art. 4º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil todas e quaisquer operações previstas no Convênio Constitutivo do
serão indicados pelo Presidente da República e por ele nomeados, Fundo Monetário Internacional;   
após aprovação de seus nomes pelo Senado Federal. Por essa atribuição de ser depositário das reservas oficiais de
§ 1º O mandato do Presidente do Banco Central do Brasil terá ouro e moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque o Bacen
duração de 4 (quatro) anos, com início no dia 1º de janeiro do ter- é conhecido como o Banqueiro do Governo.   
ceiro ano de mandato do Presidente da República. IX - Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar
§ 2º Os mandatos dos Diretores do Banco Central do Brasil te- as penalidades previstas;           
rão duração de 4 (quatro) anos, observando-se a seguinte escala: [...]
I - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de XII - efetuar, como instrumento de política monetária, ope-
março do primeiro ano de mandato do Presidente da República; rações de compra e venda de títulos públicos federais, consoante
II - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de remuneração, limites, prazos, formas de negociação e outras con-
janeiro do segundo ano de mandato do Presidente da República; dições estabelecidos em regulamentação por ele editada, sem pre-
III - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de juízo do disposto no art. 39 da Lei Complementar nº 101, de 4 de
janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da República; e maio de 2000;  
IV - 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de Essa operação de compra e venda de títulos também é conhe-
janeiro do quarto ano de mandato do Presidente da República. cida como Open Market, um instrumento de política monetária,
muito utilizado para controlar a quantidade de moeda disponível
Principais Competências do Bacen nos bancos, pode ser usado para restringir (controlar a inflação) ou
Conforme a Lei 4.595 artigo 10, compete ao Bacen: expandir (estimular a economia) a oferta de moeda.       
Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da Repúbli- [...]
ca do Brasil: XIV - aprovar seu regimento interno;        
[..] XV - Efetuar, como instrumento de política cambial, operações
II - Executar os serviços do meio-circulante; de compra e venda de moeda estrangeira e operações com instru-
III - determinar o recolhimento de até cem por cento do total mentos derivativos no mercado interno, consoante remuneração,
dos depósitos à vista e de até sessenta por cento de outros títulos limites, prazos, formas de negociação e outras condições estabele-
contábeis das instituições financeiras, seja na forma de subscrição cidos em regulamentação por ele editada.      
de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos
da Dívida Pública Federal, seja através de recolhimento em espécie, Ademais, conforme consta no art. 18 da Lei nº 4.595, de 1964:
em ambos os casos entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e Art. 18 As instituições financeiras somente poderão funcionar
condições por ele determinadas, podendo:              no País mediante prévia autorização do Banco Central da República
a) adotar percentagens diferentes em função:             do Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando forem estrangei-
1. das regiões geoeconômicas;               ras.
2. das prioridades que atribuir às aplicações;              
3. da natureza das instituições financeiras;                — Comitê de Política Monetária (COPOM)
b) determinar percentuais que não serão recolhidos, desde que O Copom está dentro da estrutura do Bacen e é composto por
tenham sido reaplicados em financiamentos à agricultura, sob juros uma diretoria colegiada, na qual participam o presidente do Ban-
favorecidos e outras condições por ele fixadas co Central do Brasil e mais 8 (oito) diretores. Reúnem-se a cada 45
IV - Receber os recolhimentos compulsórios de que trata o inci- dias com a finalidade de avaliar o desempenho monetário do país
so anterior e, ainda, os depósitos voluntários à vista das instituições e, com base nas informações apuradas, estabelecer a meta da taxa
financeiras, nos termos do inciso III e § 2° do art. 19.                 Selic, considerada a taxa de juros básica da economia. Quando o Co-
V - Realizar operações de redesconto e empréstimo com ins- pom se reúne, esse encontro tem a duração de 2 (dois) dias, sendo
tituições financeiras públicas e privadas, consoante remuneração, que no segundo dia, após as 18:00 horas, é divulgada a informação
limites, prazos, garantias, formas de negociação e outras condições referente à decisão da taxa Selic.
estabelecidos em regulamentação por ele editada;     

116
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A principal função do Copom é cumprir a meta de inflação de- Competências da CVM


finida pelo CMN, por meio de aumento ou redução da taxa Selic, de Com base na lei 6.385 artigo 8º:
acordo com a necessidade do momento. Quanto à meta de infla- Art . 8º Compete à Comissão de Valores Mobiliários:
ção para os anos de 2024 e 2025, está estabelecida em 3,00% a.a, I - Regulamentar, com observância da política definida pelo
podendo variar em 1,5% para cima e 1,5% para baixo. Portanto, a Conselho Monetário Nacional, as matérias expressamente previstas
inflação pode situar-se no intervalo de 1,50% a.a – 4,50% a.a. nesta Lei e na lei de sociedades por ações;
Caso a meta não seja atingida, será necessário que o Presidente II - Administrar os registros instituídos por esta Lei;
do Banco Central do Brasil informe publicamente, via carta aberta III - fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do
ao Ministro de Estado da Fazenda, os motivos do não atingimento mercado de valores mobiliários, de que trata o Art. 1º, bem como
da meta. Esta carta deve apresentar: a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que
– Descrição detalhada das causas do descumprimento; dele participem, e aos valores nele negociados;
– Providências para assegurar o retorno da inflação aos limites IV - Propor ao Conselho Monetário Nacional a eventual fixação
estabelecidos; e de limites máximos de preço, comissões, emolumentos e quaisquer
– O prazo no qual se espera que as providências produzam efei- outras vantagens cobradas pelos intermediários do mercado;
to. V - Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas dada priori-
Esse fato de emissão de carta aberta, ocorreu pela última vez dade às que não apresentem lucro em balanço ou às que deixem de
em 10 de janeiro de 2023, quando o Presidente do Bacen, teve que pagar o dividendo mínimo obrigatório.
justificar o descumprimento da meta de inflação no ano de 2022. Verifica-se que a CVM se preocupa em assegurar o funciona-
mento eficiente e regular dos mercados de capitais, protegendo os
— Comissão de Valores Mobiliários (CVM) titulares de valores mobiliários contra possíveis irregularidades dos
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão supervi- participantes e visa coibir possíveis fraudes como por exemplo: a
sor do sistema financeiro nacional, cujas atribuições incluem disci- manipulações de preços.
plinar, normatizar e fiscalizar a atuação de todos os integrantes do Já que estamos vendo o poder punitivo que a CVM pode ter,
mercado de valores mobiliários no país. Funciona como uma autar- importante saber quais penalidades ela pode aplicar:
quia em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com – Advertência;
personalidade jurídica e patrimônio próprio. Possui autoridade ad- – Multa (não deverá exceder o maior destes valores):                 
ministrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, a) R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais);
mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, além de autonomia b) o dobro do valor da emissão ou da operação irregular;      
financeira e orçamentária. c) 3 (três) vezes o montante da vantagem econômica obtida ou
da perda evitada em decorrência do ilícito; ou                       
De acordo com e lei 6.385 no artigo 1º, fica a cargo da CVM a d) o dobro do prejuízo causado aos investidores em decorrên-
fiscalização dos seguintes ítens: cia do ilícito.
Art. 1o Serão disciplinadas e fiscalizadas de acordo com esta Lei – Inabilitação temporária / proibição temporária;
as seguintes atividades:                 – Suspensão da autorização ou registro para o exercício das ati-
I - a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado;                     vidades de que trata esta Lei;
II - a negociação e intermediação no mercado de valores mo- Composição:
biliários;                  A composição da CVM pode ser observada na lei:
III - a negociação e intermediação no mercado de derivativos;             
IV - a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas Art. 6ª A Comissão de Valores Mobiliários será administrada
de Valores;                por um Presidente e quatro Diretores, nomeados pelo Presidente
V - a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas da República, depois de aprovados pelo Senado Federal, dentre
de Mercadorias e Futuros; pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência em maté-
VI - a administração de carteiras e a custódia de valores mobi- ria de mercado de capitais.                                 
liários;                 § 1ª O mandato dos dirigentes da Comissão será de cinco anos,
VII - a auditoria das companhias abertas;                 vedada a recondução, devendo ser renovado a cada ano um quinto
VIII - os serviços de consultor e analista de valores mobiliários. dos membros do Colegiado.              
§ 2ª Os dirigentes da Comissão somente perderão o mandato
Para compreendermos melhor o nicho de atuação da CVM, em virtude de renúncia, de condenação judicial transitada em julga-
podemos classificar os valores mobiliários como títulos emitidos do ou de processo administrativo disciplinar.                
por empresas do tipo sociedades anônimas, que representam, para § 3ª Sem prejuízo do que preveem a lei penal e a lei de im-
aqueles que os adquirem, um investimento com determinado grau probidade administrativa, será causa da perda do mandato a inob-
de risco. servância, pelo Presidente ou Diretor, dos deveres e das proibições
inerentes ao cargo.                
Essas negociações ocorrem no Mercado de Capitais. Portanto, § 4ª Cabe ao Ministro de Estado da Fazenda instaurar o pro-
se surgir em sua prova alguma questão abordando os temas men- cesso administrativo disciplinar, que será conduzido por comissão
cionados acima, há grandes chances de a resposta estar relacionada especial, competindo ao Presidente da República determinar o
à CVM. afastamento preventivo, quando for o caso, e proferir o julgamento.                  

117
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 5ª No caso de renúncia, morte ou perda de mandato do Presi- g) fiscalizar a execução das normas gerais de contabilidade e
dente da Comissão de Valores Mobiliários, assumirá o Diretor mais estatística fixadas pelo CNSP para as Sociedades Seguradoras;
antigo ou o mais idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem pre- h) fiscalizar as operações das Sociedades Seguradoras, inclusive
juízo de suas atribuições.                  o exato cumprimento deste Decreto-lei, de outras leis pertinentes,
§ 6ª  No caso de renúncia, morte ou perda de mandato de Dire- disposições regulamentares em geral, resoluções do CNSP e aplicar
tor, proceder-se-á à nova nomeação pela forma disposta nesta Lei, as penalidades cabíveis;
para completar o mandato do substituído. De acordo com as competências demonstradas acima podemos
perceber que a palavra fiscalizar é uma constante nas atribuições da
Atente-se ao fato de que a cada ano 1/5 dos membros da Dire- Susep, sempre que o assunto tratar de seguros, capitalização, pre-
toria Colegiada é renovado, o que significa que anualmente encer- vidência privada aberta e resseguros, estará associado a ela. Como
ra-se o mandato de um Diretor. um órgão supervisor zelar pela solvência das empresas participan-
tes assim como pelos interesses dos consumidores, propicia uma
Vimos até aqui que a CVM tem um papel muito relevante no harmonia no Sistema Nacional de Seguros Privados.
sistema financeiro nacional. Através dela, fica assegurado o aces- Seguindo com as competências da Susep:
so do público a informações sobre valores mobiliários negociados, i) proceder à liquidação das Sociedades Seguradoras que tive-
além da supervisão do mercado de capitais em todos os seus parti- rem cassada a autorização para funcionar no País;
cipantes. Tudo isso ocorre para aumentar a eficiência e o funciona- j) organizar seus serviços, elaborar e executar seu orçamento.
mento do mercado no país, estimulando a formação de poupança e k) fiscalizar as operações das entidades autorreguladoras do
sua aplicação em valores mobiliários. mercado de corretagem, inclusive o exato cumprimento deste De-
creto-Lei, de outras leis pertinentes, de disposições regulamentares
— Superintendência de Seguros Privados - SUSEP em geral e de resoluções do Conselho Nacional de Seguros Privados
A SUSEP é o órgão supervisor do sistema financeiro nacional, (CNSP), e aplicar as penalidades cabíveis; e
responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, [...]
capitalização, previdência privada aberta e resseguro.
A autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, foi criada pelo Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP certamente
Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. é a maior competência da Susep. Portanto, caso seja identificada
alguma irregularidade no cumprimento das normas e leis estabele-
Missão cidas, a Susep aplicará multas e penalidades, além de ter poderes
“Estimular o desenvolvimento dos mercados de seguro, resse- para efetuar a liquidação das operações das seguradoras que este-
guro, previdência complementar aberta e capitalização, garantindo jam em situação de irregularidade.
a livre concorrência, estabilidade e o respeito ao consumidor.”
— Superintendência Nacional de Previdência Complementar
Composição (PREVIC)
A Susep é administrada por um Conselho Diretor, composto A Previc é uma entidade supervisora, constituída na forma de
por um superintendente e quatro diretores, o cargo de superinten- uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia adminis-
dente é uma nomeação exclusiva do presidente da república. trativa e financeira, bem como de patrimônio próprio, vinculada ao
Entre as atribuições do Colegiado, estão: a coordenação do Ministério da Previdência Social.
mercado de seguros, cumprir as deliberações do CNSP (órgão nor-
mativo) e aprovar instruções, circulares e pareceres de orientação Principais competências da PREVIC
em matérias de sua competência. Conforme a lei 1254 no artigo 2º.
Art. 2ª Compete à Previc:
Compete a Susep I - Proceder à fiscalização das atividades das entidades fecha-
Com base no decreto de lei nº 73 no artigo 36: das de previdência complementar e de suas operações;
Art 36. Compete à SUSEP, na qualidade de executora da política II - Apurar e julgar infrações e aplicar as penalidades cabíveis;
traçada pelo CNSP, como órgão fiscalizador da constituição, orga- III - expedir instruções e estabelecer procedimentos para a apli-
nização, funcionamento e operações das Sociedades Seguradoras: cação das normas relativas à sua área de competência, de acordo
a) processar os pedidos de autorização, para constituição, orga- com as diretrizes do Conselho Nacional de Previdência Complemen-
nização, funcionamento, fusão, encampação, grupamento, transfe- tar, a que se refere o inciso XVIII do art. 29 da Lei no 10.683, de 28
rência de controle acionário e reforma dos Estatutos das Sociedades de maio de 2003;
Seguradoras, opinar sobre os mesmos e encaminhá-los ao CNSP; IV - autorizar:
b) baixar instruções e expedir circulares relativas à regulamen- a) a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de
tação das operações de seguro, de acordo com as diretrizes do previdência complementar, bem como a aplicação dos respectivos
CNSP; estatutos e regulamentos de planos de benefícios;
c) fixar condições de apólices, planos de operações e tarifas a b) as operações de fusão, de cisão, de incorporação ou de qual-
serem utilizadas obrigatoriamente pelo mercado segurador nacio- quer outra forma de reorganização societária, relativas às entidades
nal; fechadas de previdência complementar;
d) aprovar os limites de operações das Sociedades Segurado- c) a celebração de convênios e termos de adesão por patroci-
ras, de conformidade com o critério fixado pelo CNSP; nadores e instituidores, bem como as retiradas de patrocinadores
[...] e instituidores; e

118
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

d) as transferências de patrocínio, grupos de participantes e as- IV - Quatro representantes das entidades de classe dos merca-
sistidos, planos de benefícios e reservas entre entidades fechadas dos afins, por esses indicados em lista tríplice.
de previdência complementar;
V - Harmonizar as atividades das entidades fechadas de previ- O presidente do CRSFN é um dos integrantes indicados pelo
dência complementar com as normas e políticas estabelecidas para ministério da fazenda e o vice-presidente é um dos representantes
o segmento; das entidades de classe, porém indicado pelo ministério da fazenda.
Assim como os demais órgãos supervisores em suas respecti- Fazem ainda parte do Conselho de Recursos três Procuradores
vas competências, a Previc é quem autoriza a constituição/funcio- da Fazenda Nacional, designados pelo Procurador-Geral da Fazenda
namento dos participantes de sua responsabilidade. no caso são os Nacional, com atribuição de zelar pela fiel observância da legislação
planos de previdência fechados (fundos de pensão) aplicável.
VI - Decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entida-
des fechadas de previdência complementar, bem como nomear in- Mandato
terventor ou liquidante, nos termos da lei; Os conselheiros titulares e os conselheiros suplentes, terão seu
VII - nomear administrador especial de plano de benefícios es- mandato com duração de 3 (três) anos, podendo ser reconduzido
pecífico, podendo atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação aos cargos até duas vezes.
extrajudicial, na forma da lei;
VIII - promover a mediação e a conciliação entre entidades fe- INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS OFICIAIS FEDERAIS -
chadas de previdência complementar e entre estas e seus partici- PAPEL E ATUAÇÃO.
pantes, assistidos, patrocinadores ou instituidores, bem como diri-
mir os litígios que lhe forem submetidos na forma da Lei no 9.307,
de 23 de setembro de 1996; As Instituições Financeiras Federais são regidas pela Lei nº
IX - Enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da 6.404/76, e pela Lei nº 4.595/1964. Sujeitam-se, portanto, ao re-
Previdência Social e, por seu intermédio, ao Presidente da Repúbli- gime das empresas privadas. Ao mesmo tempo, estão obrigadas a
ca e ao Congresso Nacional; e cumprirem sua função social e a se submeterem à fiscalização do
X - Adotar as demais providências necessárias ao cumprimento Estado e da sociedade.
de seus objetivos. Estas instituições sujeitam-se ao regime das empresas privadas
Suas atividades principais são fiscalizar e supervisionar as ati- e mesmo tempo, estão obrigadas a cumprirem sua função social e a
vidades das entidades fechadas de previdência complementar se submeterem à fiscalização do Estado e da sociedade.
(fundos de pensão) e executar as políticas estabelecidas pelo CNPC
(órgão colegiado) para o regime de previdência complementar ope- Neste grupamento, estão classificadas instituições como o Ban-
rado pelas entidades fechadas de previdência complementar. co do Brasil S.A. – BB, Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
Composição: mico e Social – BNDES e a Caixa Econômica Federal – Caixa.
Com base no decreto n° 11.241 de 2022, a Previc é dirigida por
uma Diretoria Colegiada, composta por: Banco do Brasil S.A
– Diretor-Superintendente; Até a criação do Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil era o
– Diretor de Administração; banco do governo.
– Diretor de Fiscalização e Monitoramento; O Banco do Brasil S.A. (BB) é uma instituição financeira brasi-
– Diretor de Licenciamento; e leira, constituída na forma de sociedade de economia mista, com
– Diretor de Normas. participação da União brasileira em 68,7% das ações. Juntamente
com a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvi-
CRSFN - Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional mento Econômico e Social, o Banco da Amazônia e o Banco do Nor-
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRS- deste, o Banco do Brasil é um dos cinco bancos estatais do governo
FN) é um órgão paritário integrante da estrutura do Ministério da brasileiro.
Fazenda. Sua principal atribuição é ser responsável por julgar, em Segundo sua filosofia corporativa sua missão é: “Ser um banco
segunda e última instância, os recursos interpostos sobre a aplica- competitivo e rentável, promover o desenvolvimento sustentável
ção de penalidades administrativas pelo Banco Central do Brasil, do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência”.
pela Comissão de Valores Mobiliários, pelo COAF em processos re- De acordo com dados do próprio banco, a empresa possui
ferentes a crimes de lavagem de dinheiro, além de sanções inter- 15.133 pontos de atendimento distribuídos pelo país, entre agên-
postas pela SUSEP e demais autoridades competentes. cias e postos, sendo que 95% de suas agências possuem salas de
autoatendimento (são mais de 40 mil terminais), que funcionam
Estrutura além do expediente bancário. Possui ainda opções de acesso via
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional - CR- internet, telefone e telefone celular. Está presente em mais de 21
SFN é constituído, paritariamente, por oito Conselheiros, possui- países além do Brasil.
dores de conhecimentos especializados em assuntos relativos aos O Banco do Brasil possui cinco mil agências, estando presente
mercados financeiro, de câmbio, de capitais, de consórcios e de cré- na maioria dos municípios do país, com uma estrutura de mais de
dito rural e industrial, observada a seguinte composição: 110 mil funcionários,6 além de dez mil estagiários, cinco mil contra-
I - Dois representantes do Ministério da Fazenda; tados temporários e 4,8 mil adolescentes trabalhadores.
II - Um representante do Banco Central do Brasil (Bacen);
III - Um representante da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM);

119
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Vamos ver o que ensina a Lei nº 4.595/1964 sobre esta institui- X - financiar as atividades industriais e rurais, estas com o favo-
ção: recimento referido no art. 4º, inciso IX, e art. 53, desta lei;
XI - difundir e orientar o crédito, inclusive às atividades comer-
(...) ciais suplementando a ação da rede bancária;
SEÇÃO II
DO BANCO DO BRASIL S. A. a) no financiamento das atividades econômicas, atendendo às
necessidades creditícias das diferentes regiões do País;
Art. 19. Ao Banco do Brasil S. A. competirá precipuamente, sob b) no financiamento das exportações e importações. (Vide Lei
a supervisão do Conselho Monetário Nacional e como instrumento nº 8.490 de 19.11.1992)
de execução da política creditícia e financeira do Governo Federal: § 1º - O Conselho Monetário Nacional assegurará recursos es-
I - na qualidade de Agente, Financeiro do Tesouro Nacional, sem pecíficos que possibilitem ao Banco do Brasil S. A., sob adequada
prejuízo de outras funções que lhe venham a ser atribuídas e ressal- remuneração, o atendimento dos encargos previstos nesta lei.
vado o disposto no art. 8º, da Lei nº 1628, de 20 de junho de 1952: § 2º - Do montante global dos depósitos arrecadados, na forma
a) receber, a crédito do Tesouro Nacional, as importâncias pro- do inciso III deste artigo o Banco do Brasil S. A. Colocará à disposição
venientes da arrecadação de tributos ou rendas federais e ainda o do Banco Central da República do Brasil, observadas as normas que
produto das operações de que trata o art. 49, desta lei; forem estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, a parcela
b) realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execu- que exceder as necessidades normais de movimentação das con-
ção do Orçamento Geral da União e leis complementares, de acor- tas respectivas, em função dos serviços aludidos no inciso IV deste
do com as autorizações que lhe forem transmitidas pelo Ministério artigo.
da Fazenda, as quais não poderão exceder o montante global dos § 3º - Os encargos referidos no inciso I, deste artigo, serão ob-
recursos a que se refere a letra anterior, vedada a concessão, pelo jeto de contratação entre o Banco do Brasil S. A. e a União Federal,
Banco, de créditos de qualquer natureza ao Tesouro Nacional; esta representada pelo Ministro da Fazenda.
c) conceder aval, fiança e outras garantias, consoante expressa § 4º - O Banco do Brasil S. A. prestará ao Banco Central da Re-
autorização legal; pública do Brasil todas as informações por este julgadas necessárias
d) adquirir e financiar estoques de produção exportável; para a exata execução desta lei.
e) executar a política de preços mínimos dos produtos agropas- § 5º - Os depósitos de que trata o inciso II deste artigo, também
toris; poderão ser feitos nas Caixas econômicas Federais, nos limites e
f) ser agente pagador e recebedor fora do País; condições fixadas pelo Conselho Monetário Nacional.
g) executar o serviço da dívida pública consolidada; Art. 20. O Banco do Brasil S. A. e o Banco Central da República
II - como principal executor dos serviços bancários de interesse do Brasil elaborarão, em conjunto, o programa global de aplicações
do Governo Federal, inclusive suas autarquias, receber em depósi- e recursos do primeiro, para fins de inclusão nos orçamentos mone-
to, com exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades tários de que trata o inciso III, do artigo 4º desta lei.
federais, compreendendo as repartições de todos os ministérios Art. 21. O Presidente e os Diretores do Banco do Brasil S. A. de-
civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, verão ser pessoas de reputação ilibada e notória capacidade.
comissões, departamentos, entidades em regime especial de ad- § 1º A nomeação do Presidente do Banco do Brasil S. A. será
ministração e quaisquer pessoas físicas ou jurídicas responsáveis feita pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Fe-
por adiantamentos, ressalvados o disposto no § 5º deste artigo, as deral.
exceções previstas em lei ou casos especiais, expressamente auto- § 2º As substituições eventuais do Presidente do Banco do Brasil
rizados pelo Conselho Monetário Nacional, por proposta do Banco S. A. não poderão exceder o prazo de 30 (trinta) dias consecutivos,
Central da República do Brasil; sem que o Presidente da República submeta ao Senado Federal o
III - arrecadar os depósitos voluntários, à vista, das instituições nome do substituto.
de que trata o inciso III, do art. 10, desta lei, escriturando as res- § 3º (Vetado)
pectivas contas; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 2.284, de 1986) § 4º (Vetado).
IV - executar os serviços de compensação de cheques e outros
papéis; Caixas Econômicas
V - receber, com exclusividade, os depósitos de que tratam os São instituições eminentemente de cunho social, concedendo
artigos 38, item 3º, do Decreto-lei nº 2.627, de 26 de setembro de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de
1940, e 1º do Decreto-lei nº 5.956, de 01/11/43, ressalvado o dis- assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos
posto no art. 27, desta lei; e esporte.
VI - realizar, por conta própria, operações de compra e venda de
moeda estrangeira e, por conta do Banco Central da República do Sua principal atividade, porém, está ligada ao Sistema Brasileiro
Brasil, nas condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Na- de Poupança e Empréstimo (SBPE), ligada ao Sistema Financeiro da
cional; Habitação (SFH), onde sua principal fonte de recursos, a caderneta
VII - realizar recebimentos ou pagamentos e outros serviços de de poupança, canaliza as economias da sociedade para a aplicação
interesse do Banco Central da República do Brasil, mediante contra- no crédito imobiliário de habitações populares, na infraestrutura e
tação na forma do art. 13, desta lei; no saneamento básico das cidades.
VIII - dar execução à política de comércio exterior (Vetado)
IX - financiar a aquisição e instalação da pequena e média pro-
priedade rural, nos termos da legislação que regular a matéria;

120
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Outras atividades: Art 1º Fica o Poder Executivo autorizado a constituir a Caixa Eco-
- captar depósitos à vista e a prazo; nômica Federal - CEF, instituição financeira sob a forma de empresa
- realizar operações ativas e de prestação de serviços, basica- pública, dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
mente às pessoas físicas; patrimônio próprio e autonomia administrativa, vinculada ao Mi-
- têm o monopólio das operações de empréstimo sob penhor de nistério da Fazenda.
bens pessoais e sob consignação; Parágrafo único. A CEF terá sede e foro na Capital da República
- vender bilhetes das loterias; e jurisdição em todo o território nacional.
- centralização do recolhimento e da posterior aplicação dos re-
cursos do FGTS. Art 2º A CEF terá por finalidade:
a) receber em depósito sob a garantia da União, economias po-
Atualmente, não há no Brasil caixas econômicas estaduais. pulares, incentivando os hábitos de poupança;
b) conceder empréstimos e financiamentos de natureza assis-
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL tencial, cooperando com as entidades de direito público e privado
na solução dos problemas sociais e econômicos;
A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está regulada pelo c) operar no setor habitacional, como sociedade de crédito imo-
Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública biliário e principal agente do Banco Nacional de Habitação, com o
vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição asse- objetivo de facilitar e promover a aquisição de sua casa própria, es-
melhada aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vis- pecialmente pelas classes de menor renda da população;
ta, realizar operações ativas e efetuar prestação de serviços. Uma d) explorar, com exclusividade, os serviços da Loteria Federal
característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de do Brasil e da Loteria Esportiva Federal nos termos da legislação
empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de pertinente;
assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e) exercer o monopólio das operações sobre penhores civis,
e esporte. Pode operar com crédito direto ao consumidor, finan- com caráter permanente e da continuidade;
ciando bens de consumo duráveis, emprestar sob garantia de pe- f) prestar serviços que se adaptem à sua estrutura de natureza
nhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do financeira, delegados pelo Governo Federal ou por convênio com
empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignação e tem outras entidades ou empresas.
o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal. Além de cen- g) realizar, no mercado financeiro, como entidade integrante do
tralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos Sistema Financeiro Nacional, quaisquer outras operações, no plano
oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra interno ou externo, podendo estipular cláusulas de correção mone-
o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema tária, observadas as condições normativas estabelecidas pelo Con-
Financeiro da Habitação (SFH). selho Monetário Nacional;
h) realizar, no mercado de capitais, para investimento ou reven-
A Caixa Econômica Federal: a CEF caracteriza-se por estar volta- da, as operações de subscrição, aquisição e distribuição de ações,
da ao financiamento habitacional e ao saneamento básico. obrigações e quaisquer outros títulos ou valores mobiliários, obser-
É um instrumento governamental de financiamento social. vadas as condições normativas estabelecidas pelo Conselho Mone-
Tem como missão, promover a melhoria contínua da qualidade tário Nacional;
de vida da sociedade, intermediando recursos e negócios financei- i) realizar, na qualidade de Agente do Governo Federal, pôr con-
ros de qualquer natureza, atuando, prioritariamente, no fomento ta e ordem deste, e sob a supervisão do Conselho Monetário Nacio-
ao desenvolvimento urbano e nos segmentos de habitação, sanea- nal, quaisquer operações ou serviços nos mercados financeiro e de
mento e infraestrutura, e na administração de fundos, programas e capitais, que Ihe forem delegados, mediante convênio.
serviços de caráter social, tendo como valores fundamentais: Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.259, de 1973)
Direcionamento de ações para o atendimento das expectativas
da sociedade e dos clientes; Art 3º O capital inicial da CFF pertencerá integralmente à União
- Busca permanente de excelência na qualidade de serviços; e será constituído pelo total do patrimônio líquido do Conselho Su-
- Equilíbrio financeiro em todos os negócios; perior das Caixas Econômicas Federais e de todas as Caixas Econô-
- Conduta ética pautada exclusivamente nos valores da socie- micas Federais ora existentes, devidamente avaliados e cujo mon-
dade; tante se estabelecerá através de ato do Ministro da Fazenda.
- Respeito e valorização do ser humano.
Art 4º O patrimônio da CEF será constituído pelo acervo de to-
DECRETO-LEI Nº 759, DE 12 DE AGOSTO DE 19691 das as Caixas Econômicas Federais e do seu Conselho Superior, in-
cluídos em tal acervo os haveres, direitos, obrigações e ações, bens
Autoriza o Poder Executivo a constituir a empresa pública Caixa móveis e documentos e papéis de seu arquivo que lhe serão auto-
Econômica Federal e dá outras providências. maticamente incorporados.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe
confere o § 1º do artigo 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de de- Art 5º O pessoal da CEF será obrigatoriamente admitido me-
zembro de 1969, diante concurso público de provas ou de provas e títulos.
DECRETA: § 1º O regime legal do pessoal da CEF será o da Consolidação
das Leis Trabalhistas.
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0759.htm. Acessado em
03.03.2021

121
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º Poderão eventualmente ser requisitados pela CEF servido- § 2º A CEF contabilizará em separado todas as operações rela-
res dos quadros do serviço público federal, das autarquias federais tivas à exploração dos serviços da Loteria Federal e da Loteria Es-
ou das empresas públicas e sociedades de economia mista, exclu- portiva Federal, não podendo os resultados financeiros decorrentes
sivamente para o exercício de funções técnicas, mediante o ressar- dessa exploração inclusive os referidos no parágrafo anterior, ser
cimento, pela CEF, aos órgãos de origem ou entidades de origem, consideradas sob forma alguma para o cálculo de gratificações e
dos proventos globais a que fizerem jus os servidores requisitados. de quaisquer vantagens devidas a empregados ou administradores.
§ 3º O limite máximo para as despesas efetivas de custeio e ma-
Art 6º Como instituição integrante do Sistema Financeiro Nacio- nutenção dos serviços lotéricos e para a comissão de venda referida
nal, a CEF estará sujeita às normas gerais, às decisões e a disciplina no § 1º assim como as normas sobre a contabilização da renda líqui-
normativa estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e à fis- da decorrente da exploração dos mesmos serviços serão estabeleci-
calização do Banco Central do Brasil. dos em regulamento.

Art 7º Os recursos das Agências Estaduais da CEF serão aplica- Art 11. Fica vedado às instituições financeiras em geral e a quais-
dos obrigatoriamente nas respectivas jurisdições, de forma propor- quer outras empresas, ressalvadas as Caixas Econômicas Estaduais
cional aos depósitos ali captados e aos resultados da venda de bi- já em funcionamento, o uso da denominação “Caixa Econômica”.
lhetes de loteria no Estado.
Parágrafo único. Tendo em vista a instalação de novas Agências Art 12. As atuais Caixas Econômicas Estaduais não poderão rea-
ou Filiais e o desenvolvimento dos negócios da empresa, poderão lizar operações vedadas à CEF.
ser feitas aplicações, até o limite de 10% (dez por cento) das apli-
cações totais da CEF, em áreas diversas da origem dos depósitos. Art 13. Considerar-se-ão extintos em 31 de dezembro de 1970 o
Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais e as Caixas Eco-
Art 8º Os diretores da CEF, respeitados os princípios da legisla- nômicas Federais dos Estados e no Distrito Federal.
ção em vigor, serão solidariamente responsáveis pelos prejuízos ou
danos causados pelo não cumprimento das obrigações ou deveres Art 14. Os atuais servidores do Conselho Superior e das Caixas
impostos pela lei ou regulamentos que lhes definam os encargos e Econômicas Federais serão aproveitados como empregados da CEF,
atribuições. de preferência nas respectivas jurisdições, em conformidade com o
que for estabelecido pelo Poder Executivo.
Art 9º Os estatutos da CEF, expedidos pelo Ministro da Fazenda Parágrafo único. Os dispositivos do artigo 461 do Decreto-lei nº
e aprovados por Decreto do Presidente da República, estabelecerão 5.452, de 1º de maio de 1943, não prevalecerão para efeito de equi-
a constituição, atribuições e funcionamento dos órgãos que com- paração entre os novos empregados da CEF e os antigos servidores
põem sua estrutura básica. dos órgãos públicos indicados neste artigo.
Parágrafo único. Tanto na elaboração dos estatutos, quanto na Art 15. O Poder Executivo poderá baixar os atos que se fizerem
plantação da estrutura geral e normas de funcionamento da CEF, necessários a assegurar a continuidade administrativa do Conselho
serão observadas, entre outras, os seguintes princípios fundamen- Superior e dos Conselhos Administrativos das Caixas Econômicas
tais: Federais, em fase de extinção, bem como antecipar a extinção pre-
I - programação e coordenação das atividades em todos os ní- vista no artigo 13.
veis administrativos;
II - desconcentração da autoridade executiva, objetivando en- Art 16. Os depósitos judiciais em dinheiro relativos a processos
curtar os canais processuais e assegurar rapidez à solução das ope- de competência dos juízes federais serão obrigatoriamente feitos
rações; na CEF, ficando sujeitos à correção monetária a contar do segundo
III - descentralização e desburocratização dos serviços e opera- trimestre civil posterior à data do depósito, ressalvadas as disposi-
ções, eliminando-se as tramitações desnecessárias e os controles ções legais que fixem momento anterior para essa correção.
supérfluos;
IV - economia dos gastos administrativos, reduzindo-se as des- Art 17. Fica constituído a partir da data deste Decreto-lei o Fun-
pesas de pessoal ao estritamente necessário; do de instalação da CEF, que será administrado e aplicado de acordo
V - simplificação das estruturas, evitando-se o excesso de che- com instruções baixadas pelo Ministro da Fazenda.
fias e níveis hierárquicos; §1º O Fundo a que se refere este artigo receberá, entre outras
VI - incentivo ao aumento de produtividade de seus serviços. contribuições, depósitos correspondentes à percentagem que vier
a ser fixada em regulamento sobre o preço do plano de cada bilhete
Art 10. Os resultados da exploração da Loteria Federal e da Lo- de loteria vendido pelas Agências das Caixas Econômicas Federais
teria Esportiva Federal que couberem à CEF como executora desses nos Estados e no Distrito Federal.
serviços públicos serão destinados ao fortalecimento do patrimônio § 2º Os recursos do Fundo criado por este artigo serão aplica-
da empresa, vedada sua aplicação no custeio de despesas corren- dos na aquisição ou construção de prédio destinado aos serviços
tes. centrais da CEF, bem como para pagamento de serviços e materiais
§ 1º A CEF terá direito a uma comissão de venda a título de indispensáveis à criação e instalações da empresa.
remuneração fixa pelos serviços de distribuição nacional dos bilhe-
tes de loteria, cujo saldo líquido será anualmente levado à conta Art 18. Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publica-
do Fundo de Reserva, para futuro aproveitamento em aumentos ção, revogadas as disposições em contrário.
de capital.

122
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

RELAÇÃO CEF/BNH um novo escritório na América do Sul (Montevidéu), outro na Eu-


Em 21 de novembro de 1986 (DL 2291), foi decretada a extinção ropa (Londres), e, em 2013, uma nova representação na África (Jo-
do BNH, por incorporação à CEF, que assumiu o conjunto de atri- anesburgo) a fim de buscar novas alternativas ao desenvolvimento
buições antes de responsabilidade do BNH. Assim, toda orientação, em um mundo globalizado e interconectado.
disciplinamento e controle do SFH está ao cargo da CEF. Todos os segmentos econômicos são contemplados pelo Banco:
agropecuária, indústria, comércio e serviços, infraestrutura, sempre
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So- com condições especiais para as micro, pequenas e médias empre-
cial sas. O incentivo às exportações e o fortalecimento do mercado de
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BN- capitais permanecem como ações estratégicas. Presente em todos
DES, ex-autarquia federal criada pela Lei nº 1.628, de 20 de junho os setores, o BNDES promove o aumento da competitividade e o
de 1952, foi enquadrado como uma empresa pública federal, com fortalecimento da economia nacional, apoia o avanço social e cul-
personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio, pela tural e contribui para ampliar o acesso de todos os cidadãos a uma
Lei nº 5.662, de 21 de junho de 1971. O BNDES é um órgão vincu- vida melhor, com mais educação, saúde, emprego e cidadania.
lado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte-
rior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam Missão, Visão e Valores
para o desenvolvimento do país. Missão: Promover o desenvolvimento sustentável e competiti-
Desta ação resultam a melhoria da competitividade da econo- vo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das
mia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população. desigualdades sociais e regionais.
Desde a sua fundação, em 20 de junho de 1952, o BNDES vem Visão: Ser o Banco do desenvolvimento do Brasil, instituição de
financiando os grandes empreendimentos industriais e de infra- excelência, inovadora e pró-ativa ante os desafios da nossa socie-
estrutura tendo marcante posição no apoio aos investimentos na dade.
agricultura, no comércio e serviço e nas micro, pequenas e médias Valores:
empresas, e aos investimentos sociais, direcionados para a educa- - A ética é o solo sobre o qual o BNDES vem sendo construído
ção e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e ambiental e desde sua criação. Assim, o BNDES exige de seus profissionais uma
transporte coletivo de massa. conduta ética irrepreensível no exercício de suas atribuições. Tal
Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo pra- conduta se traduz sobretudo em responsabilidade e honestidade.
zo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de Preservamos o respeito e a confiança em nossos relacionamentos e
investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamen- marcamos nossos atos pela transparência. Partimos do princípio de
tos novos, fabricados no país, bem como para o incremento das ex- que só há desenvolvimento com ética.
portações brasileiras. - Agimos em todas as circunstâncias com responsabilidade, reti-
Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de ca- dão, integridade, honestidade e senso de justiça.
pital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de ca- - Respeitamos a individualidade, dignidade e privacidade de
pitais. todos, valorizamos a diversidade e repudiamos qualquer forma de
A BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacio- discriminação.
nais através da subscrição de ações e debêntures conversíveis. - Temos compromisso vital com os direitos humanos de todos os
O BNDES considera ser de fundamental importância, na execu- participantes de nossa cadeia de relacionamentos.
ção de sua política de apoio, a observância de princípios ético-am- - Construímos um ambiente de trabalho marcado por respeito,
bientais e assume o compromisso com os princípios do desenvolvi- pluralidade de pensamentos, diálogo e capacidade de se colocar no
mento sustentável. lugar do outro.
As linhas de apoio financeiro e os programas do BNDES aten- - Estabelecemos e mantemos nossos relacionamentos com res-
dem às necessidades de investimentos das empresas de qualquer peito, confiança e transparência
porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com instituições fi- - Zelamos pela discrição e pelo sigilo no tratamento das infor-
nanceiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a mações utilizadas nas atividades do BNDES.
disseminação do crédito, possibilitando um maior acesso aos recur-
sos do BNDES. As instituições financeiras oficiais federais desempenham um
papel crucial na economia brasileira, atuando como agentes de po-
Desafios contemporâneos líticas públicas, fomento ao desenvolvimento econômico e social, e
O século 21 começou com a consolidação da vertente social na inclusão financeira. Entre essas instituições, destacam-se o Banco
missão do Banco, que é promover a competitividade da economia do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (CAIXA), o Banco Nacio-
brasileira, de forma agregada à sustentabilidade, à geração de em- nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do
prego e renda e à redução das desigualdades sociais e regionais. O Nordeste (BNB) e o Banco da Amazônia (BASA). Cada uma dessas
BNDES busca promover, nos projetos que solicitam apoio, o desen- entidades possui atribuições específicas, refletindo a diversidade
volvimento local e regional, o compromisso socioambiental e a ca- de necessidades do país em termos de desenvolvimento regional,
pacidade de inovação, desafios mais urgentes em um mundo cada setorial e social.
vez mais dinâmico e em constante transformação.
O BNDES é hoje uma instituição ativa e moderna, que continua Banco do Brasil (BB)
desbravando novas fronteiras em prol do crescimento do Brasil. Ao O Banco do Brasil, fundado em 1808, é uma das instituições fi-
mesmo tempo em que se expande internamente, com a alocação nanceiras mais antigas do país. Como banco múltiplo, oferece uma
em salas de um novo prédio no Rio de Janeiro e com a difusão de ampla gama de produtos e serviços bancários tanto para o setor
sua rede de agências credenciadas, o Banco inaugurou, em 2009, público quanto para o privado. Além de sua atuação comercial, o

123
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

BB desempenha um papel significativo no desenvolvimento agríco- atuação dessas instituições é fundamental, pois reflete o amplo es-
la do país, sendo responsável pela execução de políticas de crédito pectro de atuação e responsabilidade social que caracteriza o setor
agrícola e financiamento de safra, contribuindo diretamente para bancário público no Brasil.
a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do setor
agrário brasileiro. Papel e Atuação
As instituições financeiras oficiais federais no Brasil desempe-
Caixa Econômica Federal (CAIXA) nham papéis cruciais que vão além da oferta de produtos e serviços
A CAIXA, criada em 1861, é uma instituição chave para a política financeiros típicos. Elas são ferramentas estratégicas nas mãos do
habitacional e de assistência social do governo federal. Administra governo para promover políticas públicas, impulsionar o desenvol-
programas de grande impacto social, como o Fundo de Garantia do vimento econômico e social, garantir a inclusão financeira e respon-
Tempo de Serviço (FGTS), o Programa de Integração Social (PIS) e o der a desafios regionais específicos. A atuação desses bancos refle-
seguro-desemprego. Além disso, é o principal agente de políticas te a diversidade de necessidades econômicas, sociais e ambientais
públicas para habitação, operando programas como o Minha Casa do país, e cada um contribui de maneira única para o bem-estar da
Minha Vida, o que a torna essencial para a promoção da inclusão sociedade brasileira e para a sustentabilidade do desenvolvimento
social e redução do déficit habitacional no Brasil. nacional.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BN- • Promoção de Políticas Públicas


DES) Um dos papéis mais importantes dessas instituições é a execu-
O BNDES, fundado em 1952, é uma das mais importantes fer- ção de políticas públicas determinadas pelo governo federal. Isso
ramentas de financiamento de longo prazo para investimento em inclui programas de financiamento com condições especiais para
todos os setores da economia brasileira. Seu objetivo principal é setores considerados estratégicos para o desenvolvimento nacio-
apoiar projetos que contribuam para o desenvolvimento econômi- nal, como agricultura, indústria, infraestrutura e exportação. Por
co e social do Brasil. Isso inclui desde grandes infraestruturas até o exemplo, o BNDES oferece linhas de crédito para projetos de infra-
apoio a micro, pequenas e médias empresas. O BNDES também de- estrutura que visam melhorar a logística do país, enquanto o Ban-
sempenha um papel vital na promoção de exportações brasileiras, co do Nordeste e o Banco da Amazônia focam no desenvolvimento
na modernização da infraestrutura e na sustentabilidade ambiental. regional sustentável.

Banco do Nordeste (BNB) • Desenvolvimento Econômico e Social


Fundado em 1952, o BNB é focado no desenvolvimento da re- Os bancos federais têm um papel fundamental no desenvolvi-
gião Nordeste, uma das mais desafiadas economicamente no Brasil. mento econômico e social do Brasil. Eles financiam desde grandes
É responsável pela administração do Fundo Constitucional de Finan- projetos que impulsionam o crescimento econômico até pequenas
ciamento do Nordeste (FNE), oferecendo condições favoráveis de iniciativas que promovem o desenvolvimento local e a geração de
crédito para estimular o desenvolvimento regional, apoiando desde empregos. Por meio de linhas de crédito especiais, essas institui-
a agricultura familiar até grandes empreendimentos industriais e de ções apoiam a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento em di-
infraestrutura, com especial atenção à inovação e sustentabilidade. versos setores, contribuindo para a competitividade da economia
brasileira no cenário global.
Banco da Amazônia (BASA)
Criado em 1942, o BASA é essencial para o desenvolvimento • Inclusão Financeira
da Região Amazônica, administrando o Fundo Constitucional de Fi- A inclusão financeira é outro aspecto crucial da atuação des-
nanciamento do Norte (FNO). Seu papel é vital para promover o sas instituições. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por
desenvolvimento sustentável na região, financiando projetos que exemplo, têm uma extensa rede de agências que alcança regiões re-
conciliam crescimento econômico com preservação ambiental. O motas do país, oferecendo acesso a serviços financeiros para popu-
BASA apoia diversas atividades econômicas, desde a agricultura até lações que, de outra forma, estariam excluídas do sistema bancário.
o turismo ecológico, desempenhando um papel chave na inclusão Além disso, programas governamentais de transferência de renda
financeira das populações locais. e financiamento habitacional são administrados por esses bancos,
garantindo que recursos cheguem diretamente às mãos daqueles
Outras Instituições Relevantes que mais precisam.
Além dessas, existem outras instituições financeiras federais
que desempenham papéis específicos, como o Banco Central do • Resposta a Desafios Regionais
Brasil (BACEN), responsável pela supervisão do sistema financeiro, A atuação dos bancos federais é fundamental para responder
controle da inflação e formulação da política monetária. aos desafios econômicos e sociais específicos de diferentes regiões
As instituições financeiras oficiais federais são pilares para a do Brasil. O Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia, por exem-
execução de políticas públicas, desenvolvimento econômico e so- plo, oferecem condições de financiamento adaptadas às realidades
cial, e inclusão financeira no Brasil. Cada banco possui uma missão locais, fomentando o desenvolvimento em áreas que enfrentam
específica que reflete as prioridades do país em diferentes áreas desafios particulares, como pobreza, desemprego e questões am-
e regiões, trabalhando em conjunto para promover o bem-estar bientais. Esses bancos desempenham um papel essencial na pro-
da população e a sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro. moção do desenvolvimento sustentável, equilibrando crescimento
Para candidatos a concursos bancários, compreender o papel e a econômico com preservação ambiental.

124
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

As instituições financeiras oficiais federais no Brasil são mais do - Arrendamento Mercantil: a propriedade do bem arrendado
que meros bancos; elas são instrumentos de política pública com fica com a arrendadora, neste caso a instituição financeira, que con-
o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social, cede o direito de uso desse bem ao arrendatário, o cliente durante
garantir a inclusão financeira e atender às necessidades específi- o prazo do contrato. O arrendamento mercantil oferece a opção de
cas de diversas regiões do país. Sua atuação é fundamental para compra do bem por parte do arrendatário ao final do contrato.
a realização de objetivos estratégicos nacionais, incluindo o cresci-
mento sustentável, a redução das desigualdades e a promoção de - Leasing: é uma operação classificada como financeira ou ope-
uma sociedade mais justa e inclusiva. Compreender o papel e a atu- racional e em geral, o contrato de leasing financeiro, o qual se as-
ação desses bancos é essencial para qualquer pessoa interessada semelha a uma operação de financiamento, por abranger a quase
na economia brasileira, na política de desenvolvimento e na gestão totalidade do valor do bem, onde o cliente quase sempre opta pela
pública. compra do bem ao final do contrato, no entanto, possuem prazo
mínimo de duração, que são determinados pela legislação e variam
conforme o prazo de vida útil do produto. Já o contrato de leasing
OPERAÇÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO operacional, possui prazo mais curto e similaridade com uma loca-
ção, e é mais utilizado quando o cliente não pretende, pelo menos
Operações de Crédito são acordos de vontades entre as partes, em princípio, adquirir o bem. Uma das principais características do
pelo princípio da autonomia2, onde as instituições financeiras têm Leasing é que o prazo mínimo da operação é de dois anos para bens
autonomia para conceder empréstimos e financiamentos com base com vida econômica útil igual ou menor do que cinco anos.
em critérios próprios. O Banco Central, na qualidade de ente regu-
lador e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional, não interfere - Empréstimo em Consignação: é uma modalidade de emprés-
na celebração de contratos de empréstimos e financiamentos, nem timo em que o desconto da prestação é feito diretamente na fo-
na renegociação de dívidas entre as instituições financeiras e seus lha de pagamento ou de benefício previdenciário do contratante.
clientes. A consignação em folha de pagamento ou de benefício depende
de autorização prévia e expressa do cliente à instituição financeira
As operações de crédito são divididas entre operações de finan- concedente do empréstimo.
ciamento e de empréstimo.3 Em relação ao empréstimo consignado, a Circular do Banco Cen-
- Operações de Financiamentos: são recursos financeiros des- tral nº 3.522/20114 em seu artigo 1º estabelece a vedação às insti-
tinados a finalidade ou segmento específico previstos no contrato. tuições financeiras na celebração de convênios.
Como exemplo, podem ser citados os financiamentos imobiliários, “Art. 1º Fica vedada às instituições financeiras, na prestação de
industriais e rurais. Nesses casos, o próprio bem financiado pode serviços e na contratação de operações, a celebração de convênios,
servir de garantia, tornando a operação mais segura para o credor contratos ou acordos que impeçam ou restrinjam o acesso de clien-
e menos onerosa para o tomador. As regras para sua concessão tes a operações de crédito ofertadas por outras instituições, inclusi-
são mais rigorosas e os procedimentos mais detalhados. Em linhas ve aquelas com consignação em folha de pagamento”.
gerais, as instituições financeiras realizam a análise da capacidade
financeira do tomador do crédito, a avaliação do bem a ser adqui- Há também normas federais que tratam do assunto, como a Lei
rido e eventualmente em outras garantias oferecidas por este pro- 10.820 de 20035, onde estabelece:
ponente. Art. 1º - Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
- Operações de Empréstimos: são caracterizados por não se de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o
destinarem a uma finalidade específica. É o caso dos empréstimos desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponí-
pessoais, dos empréstimos consignados, do cheque especial, do vel dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, financia-
cartão de crédito, entre outros. A liberação do empréstimo, por en- mentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil
volver menos formalidades do que um financiamento, costuma ser concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrenda-
mais simples e rápida, com menor número de procedimentos. O mento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos. (Reda-
proponente ao empréstimo é submetido à análise de crédito pela ção dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
instituição financeira podendo, inclusive, não ser exigida uma ga- § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá inci-
rantia, embora tal condição possa ser negociada entre as partes dir sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim pre-
com o propósito de redução do grau de risco da operação e conse- visto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, cartão
quentemente, da taxa de juros e demais encargos a serem conven- de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35% (trinta e
cionados. cinco por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusiva-
mente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
Outras alternativas para a aquisição de bens são as operações I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
conhecida como arrendamento mercantil ou leasing. crédito;
[...]

2 Princípio que consiste no poder entre partes para estipular livremente, como me-
lhor convier, mediante acordo a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos 4 https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/
ordem jurídica, envolvendo a criação de contratos e a liberdade de contratar ou Lists/Normativos/Attachments/49474/Circ_3522_v1_O.pdf
não contratar. 5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.820.htm - Último acesso em
3 https://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/noticias/223 26/10/2018 as 09h12min

125
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 5º Nas operações de crédito consignado de que trata este ar- maioria das vezes não vencido, e o recebe em cessão. Dessa forma
tigo, o empregado poderá oferecer em garantia, de forma irrevogá- a instituição financeira paga pelo crédito descontado, representado
vel e irretratável:(Redação dada pela Lei nº 13.313, de 2016) geralmente por título de crédito, como duplicata, notas promissó-
I - até 10% (dez por cento) do saldo de sua conta vinculada no rias e outros, deduzindo os juros correspondente ao período com-
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; (Redação dada pela preendido entre a data da antecipação e do vencimento do título.
Lei nº 13.313, de 2016); O Desconto Bancário é considerado contrato real, uma vez que se
II - até 100% (cem por cento) do valor da multa paga pelo em- aperfeiçoa com a transferência do crédito a instituição financeira.
pregador, em caso de despedida sem justa causa ou de despedida
por culpa recíproca ou força maior, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. Adiantamento Bancário
18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. (Redação dada pela Lei O Adiantamento Bancário pode ser definido como o contrato
nº 13.313, de 2016); bancário pelo qual o Banco adianta certa importância pecuniária ao
[...] cliente contra a entrega de uma garantia real do pagamento do em-
Art. 6º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do préstimo, a qual será executada caso haja inadimplemento da obri-
Regime Geral de Previdência Social poderão autorizar o Instituto gação. O adiantamento ou antecipação bancária se caracteriza por:
Nacional do Seguro Social - INSS a proceder aos descontos referi- a) Oferta de uma garantia real dada pelo interessado;
dos no art. 1º e autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que b) Adiantamento pecuniário de um crédito cambiário lastreado
a instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha, pela garantia;
para fins de amortização, valores referentes ao pagamento mensal c) Concedido por banco ou instituição financeira equiparada.
de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de
arrendamento mercantil por ela concedidos, quando previstos em As formas de Antecipação bancária variam em função dos ob-
contrato, nas condições estabelecidas em regulamento, observadas jetos sobre os quais recairá a garantia real, podendo incidir sobre:
as normas editadas pelo INSS. (Redação dada pela Lei nº 13.172, - Mercadorias ou documentos;
de 2015); - Títulos de crédito representados por mercadorias ou estoques;
[...] - Outros títulos de crédito em geral;
§ 5º Os descontos e as retenções mencionados no caput não po- - Direitos creditórios diversos.
derão ultrapassar o limite de 35% (trinta e cinco por cento) do valor
dos benefícios, sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamen- Crédito Direto ao Consumidor (CDC)7
te para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015); É uma operação de crédito concedida tanto a pessoas físicas
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de como jurídicas para a aquisição de bens ou serviços. O consumidor
crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015); que contrata esse tipo de crédito passa a desfrutar imediatamente
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de de um bem que será pago com sua renda futura. Os cartões de cré-
crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015). dito também podem conceder crédito direto ao consumidor para
aquisição de bens. Normalmente são contemplados em contratos
- Empréstimo com Cheque Especial: neste caso tipo de emprés- no máximo de 60 parcelas.
timo o banco que o cliente é correntista disponibiliza um crédito As taxas de juros correspondem à média das taxas praticadas8
pré-aprovado com um limite de recurso em dinheiro estabelecido nas diversas operações realizadas pelas instituições financeiras em
de acordo com o perfil do correntista que pode ser usado como cada modalidade de crédito. Em uma mesma modalidade, as taxas
empréstimo de cheque especial quando necessário. de juros diferem entre clientes de uma mesma instituição financeira
e variam de acordo com diversos fatores de risco envolvidos nas
- Empréstimo Rotativo: este tipo de empréstimo se caracteriza operações, tais como o valor e a qualidade das garantias apresen-
como a liberação de uma valor a título de emprestado e no ato do tadas na contratação do crédito. Na modalidade9 para pessoa físi-
pagamento, será pago apenas parte dele, ou seja, consiste no valor ca divindade em pré-fixada e pós-fixadas. Já para pessoa jurídica
mínimo da fatura de um cartão de crédito, por exemplo. Em contra- também em pré-fixadas e pós-fixadas, mas nesta última em juros
partida é nessa modalidade onde as taxas e encargos cobrados são flutuantes e em moedas estrangeira.
os mais altos do mercado.
Contas Garantidas
- Empréstimo com Penhor: modalidade de empréstimo onde a A conta garantida é uma conta de cré­dito com um valor limite, Nor-
pessoa física tem acesso a um crédito rápido, ficando livre de aná- malmente é movimentada pelo cliente através de seus cheques, desde
lise de cadastro e livre de avalista. Além disso, o consumidor pode que não haja saldo dispo­níveis em sua conta corrente de movimenta­
estar com restrições. ção. A medida que entram recursos na conta corrente do cliente, eles
são usados para cobrir o saldo devedor da conta ga­rantida.
Desconto Bancário
O Desconto bancário é uma operação bancária, através da qual É um tipo de empréstimo em que são utilizadas em conjunto
a instituição adianta créditos de terceiros para clientes, deduzindo duas contas:
assim os juros da operação mediante a cessão do crédito que é feita - A conta corrente de livre movimenta­ção
através do endosso cambiário6. Neste caso, a instituição financei- - A conta garantida
ra antecipa ao seu cliente o valor de crédito que este titulariza, ou 7 http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2009/11/saiba-como-viabilizar-o-
seja, antecipa assim os recebíveis deste cliente perante terceiro, na -credito-direto-ao-consumidor
6 É o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem trans- 8 https://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/txjuros/1
mite os seus direitos à outra pessoa. 9 https://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/TXJUROS/

126
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Sendo assim garante uma fluidez de recursos para as empresas, contrato social entre os sócios, enquanto uma sociedade anônima
já para o banco é um excelente recurso mercadológico. O valor de (S.A.) é regida por um estatuto social e suas ações podem ser nego-
limite e o prazo de pagamentos são definidos pela instituição finan- ciadas publicamente, dependendo de sua categoria.
ceira conforme capacidade de pagamento da empresa. Em relação
aos encargos, podem ser: Composição Societária/Acionária
- Taxas pré ou pós-fixadas: que são incidente sobre os valores A composição societária ou acionária é um elemento chave na
utilizado se respectivo prazo. Para cálculo dos juros devidos, as ins- estrutura de uma empresa. Em uma sociedade limitada, os sócios
tituições financeiras somam os valores utilizado sem um determi- têm sua responsabilidade limitada ao valor de suas quotas, mas ge-
nado período (mês cheio ou 30 dias corridos) e, sobre o somatório, renciam ativamente os negócios. Em uma sociedade anônima, os
aplicam a taxa mensal de juros convertidas para um dia. acionistas podem ter responsabilidade limitada ao valor de suas
- Incidente sobre os prazos e valores utilizados, conforme legis- ações e podem ou não ter um papel ativo na gestão da empresa. A
lação em vigor: nessa modalidade, é cobrado somente após a utili- composição acionária de uma S.A. é particularmente relevante em
zação do crédito e para calcular o valor devido as instituições finan- empresas listadas em bolsa de valores, onde as ações são negocia-
ceiras e somam os valores utilizados em um determinado período. das publicamente e a estrutura acionária pode influenciar significa-
- Taxa de Abertura de Crédito (TAC): cobrada pela instituição tivamente as decisões corporativas e a governança.
para cada contrato, conforme tabela de tarifas. Entender esses aspectos é crucial não apenas para a conformi-
dade legal e regulatória, mas também para a análise de risco, plane-
jamento financeiro e estratégico das entidades envolvidas. No setor
CADASTRO DE PESSOAS FÍSICAS. CADASTRO DE bancário, um conhecimento profundo dessas áreas permite uma
PESSOAS JURÍDICAS. TIPOS E CONSTITUIÇÃO DAS melhor avaliação dos clientes, uma gestão de risco mais eficiente
PESSOAS. COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA/ACIONÁRIA. e facilita o cumprimento das normas anti-lavagem de dinheiro e de
financiamento ao terrorismo.
Na área de conhecimentos bancários, compreender o cadastro
e a estrutura legal de entidades é essencial, pois estas informações FORMA DE TRIBUTAÇÃO. MANDATOS E
são cruciais para a realização de transações financeiras, conformi- PROCURAÇÕES.
dade regulatória e relacionamentos comerciais. Este entendimento
abrange tanto pessoas físicas quanto jurídicas, cada uma com suas
características e exigências específicas. A forma de tributação e a utilização de mandatos e procura-
ções são aspectos importantes no contexto empresarial e financei-
Cadastro de Pessoas Físicas ro, influenciando diretamente a gestão fiscal e legal das entidades.
O cadastro de pessoas físicas é fundamental para a identifica-
ção de indivíduos no sistema financeiro. No Brasil, o CPF (Cadastro Forma de Tributação
de Pessoa Física) é o registro principal utilizado para tal propósito. No Brasil, as formas de tributação variam de acordo com o tipo
É um número único atribuído pela Receita Federal a cada cidadão e tamanho da entidade, assim como a natureza de suas operações.
brasileiro ou residente no país. Este número é essencial para uma Empresas podem optar por diferentes regimes tributários, como o
variedade de funções, incluindo a abertura de contas bancárias, a Simples Nacional, o Lucro Presumido ou o Lucro Real, cada um com
realização de investimentos e a declaração de impostos. O CPF não suas especificidades e implicações fiscais.
apenas identifica o indivíduo perante as instituições financeiras, • Simples Nacional: é um regime tributário simplificado des-
mas também é utilizado para rastrear suas atividades econômicas tinado a micro e pequenas empresas. Essa opção permite o paga-
e financeiras, garantindo a conformidade com as leis tributárias e mento de vários impostos federais, estaduais e municipais em uma
regulamentações bancárias. única guia, facilitando o processo fiscal. É limitado a empresas com
receita bruta anual de até um determinado teto.
Cadastro de Pessoas Jurídicas
O cadastro de pessoas jurídicas é igualmente importante no • Lucro Presumido: é um regime onde a base de cálculo do
setor bancário. No Brasil, o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Ju- imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido é
rídica) é o número que identifica empresas e outras organizações. determinada por um percentual fixo sobre a receita bruta da em-
Similar ao CPF, o CNPJ é fundamental para a realização de ativida- presa. É uma opção vantajosa para empresas com lucratividade alta
des empresariais, como a abertura de contas bancárias corporati- e despesas operacionais baixas.
vas, emissão de notas fiscais, contratação de empregados, e para
cumprir obrigações tributárias e regulatórias. O CNPJ fornece infor- • Lucro Real: é o regime onde a empresa paga os impostos com
mações vitais sobre a empresa, incluindo sua natureza jurídica, en- base em seu lucro líquido real. Esse regime é obrigatório para em-
dereço, descrição da atividade econômica, entre outros. presas com receitas anuais acima de um determinado valor e pode
ser mais complexo em termos de gestão fiscal, exigindo uma conta-
Tipos e Constituição das Pessoas bilidade mais detalhada.
A constituição de uma pessoa jurídica no Brasil pode assumir Cada regime tributário tem suas vantagens e desvantagens, e
várias formas, incluindo sociedades limitadas, sociedades anôni- a escolha depende de uma série de fatores, incluindo a estrutura
mas, cooperativas, entre outras. Cada tipo tem suas próprias regras operacional da empresa, suas despesas, receitas e objetivos de ne-
de constituição, governança, responsabilidades e obrigações fiscais. gócios.
Por exemplo, uma sociedade limitada (Ltda.) é formada por um

127
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Mandatos e Procurações Através da análise também é possível detectar fraudadores, eli-


Mandatos e procurações são instrumentos legais que permi- minando, na cadeia de créditos, o nome das pessoas inidôneas. Em
tem a uma pessoa (o mandatário ou procurador) agir em nome de outras palavras, a análise de crédito é importante para manter a
outra (o mandante ou outorgante). No ambiente corporativo, esses harmonia entre clientes e empresa, diminuindo os riscos das dívi-
instrumentos são vitais para a delegação de poderes, permitindo das não serem pagas e fazendo que, consequentemente, as empre-
que representantes legais ou agentes realizem atividades especí- sas possam trabalhar com cliente mais comprometidos.
ficas, como operações bancárias, decisões de negócios, ou ações
legais. Análise e contratação10
• Mandatos: normalmente se referem a uma autorização mais Consiste a análise de crédito no momento em que, de forma
geral para agir em nome do mandante em uma variedade de situa- automática (política ou estratégica) ou de forma manual (análise
ções. Eles podem ser específicos (para uma tarefa ou tipo de deci- subjetiva efetuada, em regra, por profissionais especializados), as
são particular) ou gerais (cobrindo uma ampla gama de atividades). informações do interessado em adquirir crédito são avaliadas e
ponderadas em relação ao risco e a capacidade, seja do endivida-
• Procurações: são tipicamente mais formais e detalhadas do mento da pessoa ou da empresa que concederá o crédito. Desta
que os mandatos. Elas especificam exatamente quais poderes estão forma, a concessão de crédito se torna mais inteligente e segura,
sendo concedidos e em que circunstâncias podem ser exercidos. e o crédito passa a ser o que se denomina atualmente de “crédito
As procurações são amplamente utilizadas em transações legais e responsável”, conceito estratégico intimamente ligado à inadim-
financeiras, como a assinatura de contratos, a representação em plência, ao equilíbrio econômico e ao fomento do mercado.
processos judiciais ou a realização de transações bancárias. Através da análise também é possível detectar fraudadores, eli-
minando, na cadeia de créditos, o nome das pessoas inidôneas. Em
Tanto os mandatos quanto as procurações devem ser elabo- outras palavras, a análise de crédito é importante para manter a
rados cuidadosamente para garantir que confiram os poderes cor- harmonia entre clientes e empresa, diminuindo os riscos das dívi-
retos e sejam válidos sob a lei. Além disso, eles precisam estar em das não serem pagas e fazendo que, consequentemente, as empre-
conformidade com as regulamentações locais e ser revisados regu- sas possam trabalhar com cliente mais comprometidos.
larmente para garantir que permaneçam relevantes e adequados às A análise subjetiva do tomador do crédito é importante, visto
necessidades atuais da empresa ou do indivíduo. que através da experiência do agente de crédito é possível identifi-
car fatores de caráter, capacidade, capital e condições de pagamen-
FUNDAMENTOS DO CRÉDITO. CONCEITO DE CRÉDITO. to. Porém, essa análise não pode ser realizada de maneira aleatória,
ELEMENTOS DO CRÉDITO. REQUISITOS DO CRÉDITO é preciso estar embasada em conceitos técnicos que irão guiar a
tomada de decisão.
Algumas empresas de pequeno porte não dispõem de capaci-
FUNDAMENTOS DO CRÉDITO dade financeira para manter um analista de crédito, por isso tem
O crédito cada vez mais se torna elemento importante no de- surgido empresas que podem dar um suporte a esses empreende-
senvolvimento econômico do nosso país, com os clientes buscan- dores, visando a diminuição das perdas financeiras com a inadim-
do operações com taxas de juros e condições mais vantajosas e as plência. Todos os processos descritos abaixo, são feitos por essas
instituições financeiras buscando priorizar a segurança e a certeza empresas e em seus relatórios com os resultados da análise de cré-
de recebimento dos valores emprestados, com o foco principal, ob- dito também estão incluídas as consultas no SPC/SERASA.
viamente, em seus lucros. A contratação de crédito, nada mais é do que o fornecimento
Esta operação causa um impacto financeiro na empresa credo- de crédito para um indivíduo. Este capital possibilita acesso a bens
ra, já que ceder crédito a uma pessoa que não possui condições de e serviços que, de outra forma, não seriam adquiridos ou demora-
efetuar seu pagamento pode exigir renegociações, obrigar a empre- riam a ser.
sa a arcar com o crédito cedido até que o cliente faça o pagamento
e, em algumas vezes, até fazer com que a empresa se responsabili- Processo de análise de crédito para pessoa física
ze completamente pela dívida. Nesse último caso, a empresa pode O processo de análise de crédito para pessoa física visa a iden-
recorrer à justiça. No entanto, a pessoa pode não possuir nenhum tificar os riscos para a organização que está concedendo o crédito,
bem ou recurso e, consequentemente, não conseguirá pagar, fazen- evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do to-
do com que a empresa credora, além de assumir a dívida, tenha mador e fazer recomendações sobre o melhor tipo de empréstimo
custo adicional de serviços jurídicos. Por isso a importância da aná- a ser concedido.
lise de crédito.
Análise de crédito é o momento em que, de forma automática A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e
(política ou estratégica) ou de forma manual (análise subjetiva efe- dentro de um nível de risco aceitável, a partir de documentação
tuada, em regra, por profissionais especializados), as informações apresentada e análise da mesma, objetivando a maximização dos
do interessado em adquirir crédito são avaliadas e ponderadas em resultados da instituição, segundo Schrickel (2000).
relação ao risco e a capacidade, seja do endividamento da pessoa Este processo é extremamente importante para a análise de
ou da empresa que concederá o crédito. Desta forma, a concessão crédito efetuada em organizações de concessão de microcrédito,
de crédito se torna mais inteligente e segura, e o crédito passa a principalmente devido à simplificação e desburocratização desta
ser o que se denomina atualmente de crédito responsável, conceito modalidade, conforme explicado anteriormente.
estratégico intimamente ligado à inadimplência, ao equilíbrio eco- 10 Sabrina Carvalho. Por que realizar análise de crédito no meu negócio? Netcon-
nômico e ao fomento do mercado. sultas. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_de_cr%C3%A-
9dito.

128
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Além disso, a análise subjetiva de crédito não é um exercício Segundo o Manual de Normas e Instruções do Banco Central
que visa ao cumprimento de disposições normativas, mas sim tem do Brasil (2006), as instituições de crédito, micro crédito e bancos
por objetivo chegar a uma decisão clara sobre a concessão ou não tradicionais só devem conceder empréstimos (crédito) a tomadores
do crédito ao solicitante, acrescenta Santos (2006). se possuírem adequadas e não restritivas informações cadastrais.
Porém, o processo de análise subjetiva, como o próprio nome Schrickel (2000) reafirma todos estes fatos, dizendo que as institui-
diz, não é uma ciência exata, podendo existir inúmeras soluções ções de crédito devem munir-se de elementos informativos essen-
para cada situação de concessão, sendo certo que a análise pode ciais e indispensáveis sobre o potencial tomador do crédito, antes
fazer emergir opções durante o processo decisório, complementa de manter qualquer tipo de relacionamento concreto ou formalizar
Blatt (1999). alguma operação de crédito.
É preciso dizer, ainda, que a análise de crédito é um processo
organizado a fim de reunir e montar todos os fatos que conduzem Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o
ao problema, determinar as questões e suposições relevantes para sigilo das informações coletadas pelos agentes de crédito. Schrickel
a tomada de decisão, analisar e avaliar os fatos levantados e desen- (2000) sugere que as informações e documentação pessoal devem
volver uma decisão a partir das alternativas funcionais e aceitáveis. ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal atenção é
Schrickel (2000) complementa que a análise será mais consis- necessária para que ocorra sigilo das informações e para que me-
tente quanto mais presentes e valiosas forem as quantificações dos lhor lhe permita o controle, manuseio e atualização dos dados.
riscos identificados e praticidade, bem como a viabilidade das con-
clusões chegadas. Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo
Portanto, o processo de análise de crédito para pessoa física Santos (2006), deverão ser os seguintes:
baseia-se na qualidade das informações obtidas e nas decisões de- - Escolaridade;
correntes. Essas decisões devem ser práticas e viáveis dentro de um - Estado Civil;
modelo funcional adaptado à realidade da organização. - Idade;
- Idoneidade;
Além disso, em qualquer situação de análise de crédito, há três - Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);
etapas distintas a percorrer, conforme Schrickel (2000): - Número de dependentes;
- Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico - Renda (principal e complementar);
do tomador potencial, analisando os riscos inerentes ao mesmo e - Situação legal dos documentos; e
como foram contornados. Este processo visa identificar fatores na - Tempo no atual emprego ou atividade exercida.
atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da
dívida; Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de cré-
- Análise de Tendências: projeção da condição futura do toma- dito deve-se considerar todas as informações relacionadas com a
dor do crédito, a fim de avaliar o nível de endividamento suportável situação financeira do cliente, pois a análise conjunta dos dados irá
e o quão oneroso será o crédito que se espera obter; e fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão. Para
- Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador Schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte
apresenta e a projeção do seu nível de endividamento futuro, ava- documentação legal:
liar a capacidade creditícia do tomador, ou seja, qual a quantia de - Certidão de Casamento, se casado (a);
capital que ele poderá obter junto ao credor. - Cédula de Identidade (RG);
- Cartão de Identificação do Contribuinte (CPF);
Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de - Declaração de Bens (anexo da declaração do Imposto de Ren-
concessão de crédito à pessoa física, é preciso passar por algumas da), conforme Lei 8.009/1990 – Lei de Impenhorabilidade do Bem
fases distintas durante o processo. Santos (2006) define seis fases de Família;
para este processo, conforme quadro a seguir: - Comprovante de rendimentos;
- Análise Cadastral; - Comprovante de residência;
- Análise de Idoneidade; - Procurações (se houver);
- Análise Financeira; - Cartões de Instituições Financeiras (originais); e
- Análise de Relacionamento; - Ficha Cadastral preenchida e assinada.
- Análise Patrimonial; e
- Análise de Sensibilidade. Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo
da vida do cliente, por meio da qual o credor tem a possibilidade
Análise cadastral de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele ainda define
A análise refere-se a processo de análise dos dados de identifi- como “[...] um conjunto de informações financeiras e não financei-
cação dos clientes. Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da ras que subsidiam o processo decisório de crédito, auxiliando na
concessão do crédito depende de informações confiáveis a respeito avaliação [...] do cliente. (BLATT, 1999, p. 78).
do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:
“O levantamento e a análise das informações básicas de crédito Análise de idoneidade
são requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédi- Já a análise de idoneidade consiste no levantamento e análise
to, prazo de amortização, taxas de juros e, se necessário reforço ou de informações relacionadas à idoneidade do cliente com o mer-
vinculação de novas garantias.” (SANTOS, 2006, p. 47). cado de crédito. Segundo Santos (2006), esta análise baseia-se na
coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto às em-
presas especializadas no gerenciamento de risco de crédito. Empre-

129
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

sas como Serasa, Boa Vista Serviços (SCPC), EQUIFAX e SPC (Serviço É sugerido, por Santos (2006), a construção de um Balanço Pa-
de Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem trimonial adaptado do solicitante do crédito, por parte do agente
fornecer informações úteis sobre a situação de crédito do cliente. de crédito. Tal instrumento visa a uma melhor visualização dos ati-
Para Santos (2006), a análise da idoneidade deve ser uma das vos e passivos a fim de determinar a situação financeira e capacida-
primeiras informações averiguadas, pois caso o cliente não possua de de pagamento do cliente.
informações negativas as demais informações poderão ser coleta- Os ativos representam os bens, tanto financeiros como patrimo-
das e analisadas para a análise do risco total. niais, dos clientes. São colocados em ordem de liquidez, iniciando
A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro pelos ativos que melhor possam ser convertidos em receita imedia-
categorias, conforme Santos (2006): ta, representados por valores em conta corrente, salário e outros,
- Sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o até os ativos menos líquidos, como por exemplo, veículos e imóveis.
cliente no mercado de crédito; Os passivos representam todos os compromissos que o cliente as-
- Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, sumiu com o mercado de crédito ou para a compra de bens e servi-
já solucionados, que não impedem a concessão de novos créditos. ços. São organizados de maneira a iniciar pelos de maior solvência
Apenas ocorre a exigência de uma análise mais criteriosa por parte (imediata) até os de maior prazo de pagamento.
do agente de crédito; Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do ativo total
- Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabo- em relação ao passivo total, maior será a capacidade de o cliente
nadoras no mercado de crédito. São exemplos: registros de atrasos, honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o patrimônio líquido, cal-
renegociações e geração de prejuízos a credores. Podem ser clas- culado pela diferença entre o total dos ativos e o total dos passivos,
sificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de instituições será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguin-
do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos, te, da capacidade de pagamento do mesmo.
registros de cheques sem fundo, ações de busca e apreensão, den-
tre outros; e Análise de relacionamento
- Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas fí- A análise de relacionamento baseia-se principalmente na análi-
sicas atuem como tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios se realizada sobre as informações extraídas do histórico do relacio-
de bens, impedimentos no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), namento do cliente com o credor e o mercado de crédito. Quando
proibições legais de concessão de crédito, dentre outros. o cliente já é conhecido da instituição de concessão de crédito, é
possível extrair informações de créditos adquiridos anteriormente,
Análise financeira taxas de juros aplicadas, frequência de utilização, pontualidade na
Em relação à análise financeira, Blatt (1999) explica que a mes- amortização, dentre outros.
ma é primordial para a determinação das forças e fraquezas finan- Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento au-
ceiras do cliente, a partir das informações das demonstrações fi- xilia na análise da idoneidade do cliente e pode garantir uma deci-
nanceiras do mesmo. A análise da renda total do cliente e posterior são mais favorável ou não à concessão do crédito. Contudo, aponta
análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informações
de vital importância no processo de análise dos riscos de crédito. precisas junto a outras instituições de crédito devido à necessidade
Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atenção de manter sigilo sobre as operações com que trabalham. Conhecer
especial à análise da renda, pois consideram existir relação direta o patrimônio dos clientes é importante no processo de análise de
entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. Santos crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em con-
(2006) ainda diz que é de suma importância determinar o valor tratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum
exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade risco maior.
de continuar sendo recebida. Desta maneira é possível identificar
fatores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da dívida Análise patrimonial
contraída. A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avalia-
Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) de- ção das garantias que os clientes podem oferecer para vincularem
finem os Demonstrativos de Pagamento, Declaração de Imposto de ao contrato de concessão, segundo Santos (2006). O autor define
Renda e Extratos Bancários como as melhores fontes de informa- garantia como a vinculação de um bem que assegure a liquidação
ções sobre a renda do cliente. do crédito caso o tomador não honre suas dívidas.
Os Demonstrativos de Pagamento, fornecidos pelos emprega- Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do crédito
dores dos solicitantes de crédito, constituem-se na fonte mais uti- não pode estar atrelada ao bem disposto como garantia, pois assim
lizada pelas instituições de concessão de crédito. A Declaração do a organização estaria comprando um bem que não é de interesse.
Imposto de Renda é uma fonte alternativa de dados que possibilita Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garan-
um melhor cálculo sobre a renda média mensal do solicitante, se- tia é evitar que fatores imprevisíveis impossibilitem a quitação do
gundo Santos (2006). crédito adquirido pelo solicitante. O Banco Central estabelece que
No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que tra- as instituições financeiras que trabalham com a concessão de crédi-
balhem em atividades sazonais, o agente de crédito deve tomar es- to devem exigir dos solicitantes garantias suficientes para garantir o
pecial cuidado com discrepâncias na renda média mensal do clien- retorno do capital utilizado na operação.
te. Para Santos (2006), nessa situação, a comprovação da renda é de Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito defi-
extrema dificuldade e por isso o agente de crédito deve se basear nir quais garantias serão aceitas, bem como a real necessidade das
em cálculos aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais mesmas para a realização da operação de crédito. Além disso, San-
como extratos de contas bancárias. tos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser corretamente

130
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mes- A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes
mas, assim como seu valor de mercado real e a existência de ações ao candidato à operação de crédito, os analistas de credit scoring
legais que impeçam que sejam utilizadas. geram uma pontuação que representa o risco de inadimplência, ou
seja, o escore que resultante da equação de credit scoring pode ser
Análise de sensibilidade interpretado como probabilidade de inadimplência.
A análise de sensibilidade é uma fase extremamente importan- Conforme ressalta Saunders (2000), o escore pode ser utilizado
te no processo de análise da concessão de um crédito. Nesta fase, para classificação de créditos como adimplentes ou inadimplentes,
o agente de crédito ou analista financeiro irá monitorar a situação bons ou maus, desejáveis ou não, de acordo com a pontuação ob-
macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar tida por cada crédito. Esta classificação, por sua vez, pode orientar
o nível de risco da operação. a decisão do analista em relação à concessão ou não do crédito so-
Santos (2006) cita como exemplo o monitoramento das taxas licitado.
de juros. O aumento das mesmas pode desencadear a redução do Assim, a ideia essencial dos modelos de credit scoring é identi-
nível de atividade econômica ou até levar à recessão, reduzindo a ficar certos fatores-chave que influenciam na adimplência ou ina-
capacidade de geração e retenção de fluxos de caixa, comprome- dimplência dos clientes, permitindo a classificação dos mesmos em
tendo a capacidade real de pagamento dos compromissos financei- grupos distintos e, como consequência, a decisão sobre a aceitação
ros das mesmas. ou não do crédito em análise.
É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado A diferenciação desse modelo em relação aos modelos subje-
e a economia em geral a fim de prever possíveis situações de de- tivos de análise de crédito se dá pelo fato da seleção dos fatores-
sequilibro na economia. O objetivo é evitar o cenário de incumpri- -chave e seus respectivos pesos ser realizada através de processos
mento dos pagamentos nas suas carteiras de crédito. Blatt (1999) estatísticos. Além disso, a pontuação gerada para cada cliente, a
explica que uma correta avaliação do mercado pode ajudar a definir partir da equação do modelo credit scoring, fornece indicadores
quais taxas serão praticadas, quais prazos de pagamento são mais quantitativos das chances de inadimplência desse cliente, confor-
favoráveis e em quais situações o devedor poderá se tornar incum- me Blatt (1999).
pridor. Os modelos de credit scoring podem ser aplicados tanto à análi-
se de crédito de pessoas físicas quanto a empresas. Quando aplica-
Método credit scoring de análise de crédito dos a pessoas físicas, eles utilizam informações cadastrais e socioe-
A aplicação de modelos de credit scoring e outras ferramentas conômicas dos clientes de acordo com Vasconcellos (2002).
para análises de crédito se iniciaram na década de 1930, em com- Blatt (1999) ressalta que a metodologia básica para o desenvol-
panhias seguradoras, conforme Blatt (1999). Porém, seu desenvol- vimento de um modelo de credit scoring não difere entre aplicações
vimento em instituições financeiras deu-se a partir da década de para pessoa física ou jurídica, sendo que as seguintes etapas devem
1960, conforme Vasconcellos (2002). ser cumpridas para o seu desenvolvimento:
Este modelo proporciona uma vantagem competitiva para a or- - Planejamento e definições: mercados e produtos de crédito
ganização, porém, apenas após a estabilização da economia brasi- para os quais serão desenvolvidos o sistema, finalidades de uso, ti-
leira, em 1994, é que começou a ser difundido no Brasil. pos de clientes, conceito de inadimplência a ser adotado e horizon-
O termo credit scoring é utilizado para descrever métodos esta- te de previsão do modelo;
tísticos adotados para classificar candidatos à obtenção de um cré- - Identificação das variáveis potenciais: caracterização do pro-
dito em grupos de risco. Segundo Blatt (1999) a partir do histórico ponente ao crédito, caracterização da operação, seleção das vari-
de concessões de crédito efetuadas por uma instituição de crédito é áveis significativas para o modelo e análise das restrições a serem
possível, através de técnicas estatísticas, identificar as variáveis so- consideradas em relação às variáveis;
cioeconômicas que influenciam na capacidade do cliente em pagar - Planejamento amostral e coleta de dados: seleção e dimen-
o crédito, ou seja, na qualidade do crédito da pessoa física. sionamento da amostra, coleta dos dados e montagem da base de
O método de credit scoring é baseado na classificação de can- dados;
didatos a crédito em grupos de acordo com seus prováveis compor- - Determinação da fórmula de escoragem através de técnicas
tamentos de pagamento. Vasconcellos (2002) informa que a proba- estatísticas, como por exemplo, a análise discriminante ou regres-
bilidade de um candidato gerar ou não um risco a organização deve são logística; e
ser estimada com base nas informações que o tomador fornecer na - Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é
data do pedido de concessão, e a estimativa servirá como funda- classificado como adimplente ou bom pagador; em outras palavras,
mento para a decisão de aprovação ou não do crédito. é o ponto a partir do qual a instituição financeira pode aprovar a
Santos (2006) complementa, explicando que o modelo, basea- liberação do crédito.
do em informações do passado recente da carteira de crédito, gera
notas (scores) para novos candidatos ao crédito que representam a Segundo Chaia (2003), os modelos de credit scoring propria-
expectativa de que os clientes paguem suas dividas sem se torna- mente ditos são ferramentas que dão suporte à tomada de deci-
rem inadimplentes. são sobre a concessão de crédito para novas aplicações ou novos
Assim, conforme Zerbini (2000), o modelo de credit scoring é clientes.
uma ferramenta valiosa para decisões de aprovação ou não de pe-
didos de crédito, obedecendo à hipótese de que o público alvo da
carteira de crédito, após a implementação do modelo, se mantenha
o mesmo que no passado recente sobre o qual todo o procedimen-
to estatístico se baseia.

131
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Chaia (2003) faz o seguinte resumo das principais vantagens dos Com a dívida em posse da empresa, o processo passa a ser a re-
modelos credit scoring: cuperação do crédito devido. Por serem especializadas no assunto,
- Consistência: são modelos bem elaborados, que utilizam a ex- conseguem oferecer meios aos devedores de maneira que possam
periência da instituição, e servem para administrar objetivamente pagar com mais facilidade, como por parcelamentos ou renegocia-
os créditos dos clientes já existentes e dos novos solicitantes; ções
- Facilidade: os modelos credit scoring tendem a ser simples e Recuperação de crédito é um procedimento que visa reparar
de fácil interpretação, com instalação relativamente fácil. As meto- inadimplências. Inadimplência, por sua vez, é o fato que se dá quan-
dologias utilizadas para construção de tais modelos são comuns e do uma das partes de uma negociação não cumpre com o que havia
bem entendidas, assim como as abordagens de avaliação dos mes- sido acordado. No comércio, o mais comum é a inadimplência ocor-
mos; rer através do atraso no pagamento de determinada dívida.
- Melhor organização da informação de crédito: a sistematiza- Empresas recuperadoras de crédito operam com dívidas nega-
ção e organização das informações contribuem para a melhoria do tivadas, em que o consumidor do crédito está como o “nome sujo”.
processo de concessão de crédito; Negociar dívidas com estas empresas é uma das formas de conse-
- Redução de metodologia subjetiva: o uso de método quanti- guir limpar o nome e voltar a ter acesso ao crédito
tativo com regras claras e bem definidas contribui para a diminuição As recuperadoras de crédito também costumam compram dívi-
do subjetivismo na avaliação do risco de crédito; e das de bancos ou financeiras. Assim, as contas não pagas passam a
- Maior eficiência do processo: o uso de modelos credit scoring ser cobradas por essas empresas. E depois de negociar o pagamen-
na concessão de crédito direciona os esforços dos analistas, trazen- to, seu nome fica limpo, e você pode voltar ao mercado de crédito.
do redução de tempo e maior eficiência a este processo.
Como funciona a compra das dívidas?
Chaia (2003) também demonstra as principais desvantagens Quando você tem uma dívida velha, e que pode até chegar ao
dos modelos de credit scoring: ponto de caducar, muitas vezes o banco prefere vender a dívida
- Custo de desenvolvimento: desenvolver um sistema credit para recuperadoras. E deixam de ter que fazer todo o processo de
scoring pode acarretar custos, não somente com o sistema em si, cobrança e recuperação.
mas também com o suporte necessário para sua construção, como No momento em que a dívida passa para recuperadora, não
por exemplo, profissionais capacitados, equipamentos, coleta de muda o valor inicial da dívida dentro dos bancos de dados de ina-
informações necessárias ao desenvolvimento do modelo, dentre dimplentes, mas muda a possibilidade de negociação. A recupera-
outros; ção de crédito tem como objetivo não só quitar a dívida, mas te aju-
- Excesso de confiança nos modelos: algumas estatísticas po- dar a limpar seu nome e voltar a conseguir crédito. Para isso existe
dem superestimar a eficácia dos modelos, fazendo com que usu- o momento de negociação do valor.
ários, principalmente aqueles menos experientes, considerem tais
modelos perfeitos, não criticando seus resultados; Qual a diferença entre cobrança e recuperação de crédito?
- Falta de dados oportunos: se o modelo necessita de dados De forma genérica é a abordagem que a empresa tem com você
que não foram informados, pode haver problemas na sua utilização e o tipo de dívida a ser negociado. Em ambos os casos, as empresas
na instituição, gerando resultados diferentes dos esperados. Além entram em contato por mensagem, e-mail ou por ligações.
da falta de algumas informações necessárias, faz-se necessário ana- Quando é uma cobrança de pagamento, a empresa tem como
lisar também a qualidade e fidedignidade das informações disponí- objetivo apenas fazer com que você pague aquela pendência, que
veis, uma vez que elas representam o insumo principal dos modelos pode estar negativada ou não. Você vai ouvir várias ofertas, mas
de credit scoring; e pode ser que nenhuma caiba no seu bolso, e a empresa não vai
- Interpretação equivocada dos escores: o uso inadequado do conseguir o pagamento.
sistema devido à falta de treinamento e aprendizagem de como Agora, em caso de recuperação, as empresas têm a preocupa-
utilizar suas informações pode ocasionar problemas sérios à insti- ção de oferecer alternativas que possam ser uma oportunidade
tuição. para você negociar o valor e quitar sua dívida. Nesses casos, o tipo
de dívida é negativada, eles não trabalham com caso de contas em
Verifica-se, portanto, que os modelos de credit scoring podem atraso.
trazer significativos benefícios à instituição quando adequadamen- Algumas pessoas odeiam o contato das recuperadoras de crédi-
te desenvolvidos e utilizados. No entanto, eles também possuem to, enxergam como um incômodo. No entanto, é um bom momento
limitações que precisam ser bem avaliadas antes do desenvolvi- para você conseguir negociar suas pendências de uma forma que
mento e implementação de um modelo dessa natureza. te favoreça.

Recuperação de Crédito Acompanhamento e Controle de operações


O processo de recuperação de crédito11 é feito por empresas 1 - Na classificação das operações de crédito, pelos diversos tí-
especializadas em conseguir o pagamento de dívidas. Elas podem tulos contábeis, deve-se ter em conta:
ser contratadas, por exemplo, por instituições financeiras para fazer a) a aplicação dada aos recursos, por tipo ou modalidade de
a cobrança da pendência. O que muitas destas empresas fazem é operação;
adquirir (comprar) as dívidas que pertencem a bancos ou outros b) a atividade predominante do tomador do crédito.
tipos de instituições financeiras e de crédito.

11 https://www.serasa.com.br/ensina/seu-nome-limpo/recuperacao-de-credito/

132
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

2 - As operações de crédito distribuem-se segundo as seguintes Classificação das Operações de Crédito por Nível de Risco e
modalidades: Provisionamento
a) empréstimos - são as operações realizadas sem destinação 1 - As instituições financeiras e demais instituições autorizadas
específica ou vínculo à comprovação da aplicação dos recursos. São a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem classificar as opera-
exemplos os empréstimos para capital de giro, os empréstimos pes- ções de crédito, em ordem crescente de risco, nos seguintes níveis:
soais e os adiantamentos a depositantes; nível AA; nível A; nível B; nível C; nível D; nível E; nível F; nível G e
b) títulos descontados - são as operações de desconto de títu- nível H. (Res 2682 art 1º I/IX)
los;
c) financiamentos - são as operações realizadas com destinação 2 - A classificação da operação no nível de risco correspondente
específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos recursos. é de responsabilidade da instituição detentora do crédito e deve
São exemplos os financiamentos de parques industriais, máquinas ser efetuada com base em critérios consistentes e verificáveis, am-
e equipamentos, bens de consumo durável, rurais e imobiliários. parada por informações internas e externas, contemplando, pelo
menos, os seguintes aspectos: (Res 2682 art 2º I, II)
3 - Em operações de repasse, a instituição pode proceder ao seu a) em relação ao devedor e seus garantidores:
registro segundo a origem dos recursos em desdobramentos de uso I - situação econômico-financeira;
interno, sem prejuízo do disposto no item anterior. II - grau de endividamento;
III - capacidade de geração de resultados;
4 - Mediante a utilização de subtítulos de uso interno ou de IV - fluxo de caixa;
sistema computadorizado paralelo, as aplicações em operações de V - administração e qualidade de controles;
crédito devem ser segregadas segundo a atividade predominante VI - pontualidade e atrasos nos pagamentos;
do tomador do crédito, de forma que permita o preenchimento dos VII - contingências;
documentos da Estatística Econômico-Financeira previstos na seção VIII - setor de atividade econômica;
1.19. IX - limite de crédito;
b) em relação à operação:
5 - Os saldos credores em contas de empréstimo devem ser ins- I - natureza e finalidade da transação;
critos, diariamente, pelo valor global, em SALDOS CREDORES EM II - características das garantias, particularmente quanto à sufi-
CONTAS DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS, do Passivo Circu- ciência e liquidez;
lante, no subtítulo adequado. III - valor.

6 - As operações de crédito rural alongadas na forma da Reso- 3 - A classificação das operações de crédito: (Res 2682 art 2º
lução nº 2.238, de 31/01/96, bem assim aquelas renegociadas na parágrafo único, 3º)
forma do seu art. 1º, inciso IX, devem ser reclassificadas para sub- a) de titularidade de pessoas físicas deve levar em conta, tam-
títulos de uso interno específicos dos subtítulos contábeis destina- bém, as situações de renda e de patrimônio, bem como outras in-
dos ao registro das operações de financiamento rural originalmente formações cadastrais do devedor;
efetuadas, observada a atividade preponderante desenvolvida pelo b) de um mesmo cliente ou grupo econômico deve ser definida
tomador do crédito. considerando aquela que apresentar maior risco, admitindo-se ex-
cepcionalmente classificação diversa para determinada operação,
7 - O recebimento, em produto, das parcelas de operações alon- observado o disposto na alínea “b” do item anterior.
gadas deve ser registrado, pelo valor correspondente ao da parcela
a ser amortizada, no título DEPOSITÁRIOS DE VALORES EM CUS- 4 - A classificação da operação nos níveis de risco de que trata
TÓDIA, subtítulo De Terceiros, código 3.0.4.30.20-0, tendo como o item 1.6.2.1 deve ser revista: (Res 2682 art 4º I e II; Cta-Circ 2899
contrapartida o título DEPOSITANTES DE VALORES EM CUSTÓDIA, item 12 I e II)
código 9.0.4.80.00-1. (Cta-Circ 2642 item 6) a) mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em
função de atraso verificado no pagamento de parcela de principal
8 - Os valores repassados à instituição financeira pela Compa- ou de encargos, devendo ser observado, no mínimo:
nhia Nacional de Abastecimento - CONAB, contra entrega dos pro- I - atraso entre 15 (quinze) e 30 (trinta) dias: risco nível B;
dutos e sua incorporação aos estoques governamentais, devem ser II - atraso entre 31 (trinta e um) e 60 (sessenta) dias: risco nível
transferidos ao Tesouro Nacional na mesma data do seu recebimen- C;
to, promovendo-se a simultânea baixa dos registros efetuados na III - atraso entre 61 (sessenta e um) e 90 (noventa) dias: risco
forma do item anterior. (Cta-Circ 2642 item 7) nível D;
IV - atraso entre 91 (noventa e um) e 120 (cento e vinte) dias:
9 - As operações de desconto de notas promissórias rurais, du- risco nível E;
plicatas rurais e títulos assemelhados devem ser registradas nos V - atraso entre 121 (cento e vinte e um) e 150 (cento e cinqüen-
títulos e subtítulos adequados do desdobramento do subgrupo Fi- ta) dias: risco nível F;
nanciamentos Rurais e Agroindustriais, código 1.6.3.00.00-0. (Cta- VI - atraso entre 151 (cento e cinqüenta e um) e 180 (cento e
-Circ 2723 item 1) oitenta) dias: risco nível G;
VII - atraso superior a 180 (cento e oitenta) dias: risco nível H;
b) com base nos critérios estabelecidos nos itens 2 e 3;

133
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

I - a cada 6 (seis) meses, para operações de um mesmo cliente dias, não sendo admitido o registro em período inferior. A operação
ou grupo econômico cujo montante seja superior a 5% (cinco por classificada na forma deste item deve permanecer registrada em
cento) do patrimônio líquido ajustado; conta de compensação pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos e en-
II - uma vez a cada 12 (doze) meses, em todas as situações, ex- quanto não esgotados todos os procedimentos para cobrança. (Res
ceto na hipótese prevista no item 1.6.2.6; 2682 art 7º e parágrafo único; Cta-Circ 2899 item 12 VI)
c) por ocasião da revisão mensal prevista na alínea “a”, a reclas-
sificação da operação para categoria de menor risco, em função da 9 - A operação objeto de renegociação deve ser mantida, no mí-
redução do atraso, esta limitada ao nível estabelecido na classifica- nimo, no mesmo nível de risco em que estiver classificada, observa-
ção anterior; do que aquela registrada como prejuízo deve ser classificada como
d) para efeito do disposto no inciso anterior, deve ser considera- de risco nível H, bem como que: (Res 2682 art 8º § 1º/3º)
da classificação anterior a classificação mais recente efetuada com a) admite-se a reclassificação para categoria de menor risco
base nos critérios estabelecidos nos itens 1.6.2.2 e 3, observada a quando houver amortização significativa da operação ou quando
exigência prevista na alínea “b”. fatos novos relevantes justificarem a mudança do nível de risco;
b) o ganho eventualmente auferido por ocasião da renegocia-
5 - Com relação ao disposto no item anterior deve ser observa- ção deve ser apropriado ao resultado quando do seu efetivo rece-
do: (Res 2682 art 4º § 1º,2º; Res 2697 art 5º) bimento;
a) para as operações com prazo a decorrer superior a 36 (trinta c) considera-se renegociação a composição de dívida, a prorro-
e seis) meses admite-se a contagem em dobro dos prazos previstos gação, a novação, a concessão de nova operação para liquidação
na alínea “a”; parcial ou integral de operação anterior ou qualquer outro tipo de
b) o não atendimento ao ali disposto implica a reclassificação acordo que implique alteração nos prazos de vencimento ou nas
das operações do devedor para o risco nível H, independentemente condições de pagamento originalmente pactuadas.
de outras medidas de natureza administrativa.
10 - É vedado o reconhecimento no resultado do período de
6 - As operações de crédito contratadas com cliente cuja respon- receitas e encargos de qualquer natureza relativos a operações de
sabilidade total seja de valor inferior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil crédito que apresentem atraso igual ou superior a 60 (sessenta)
reais) podem ser classificadas mediante adoção de modelo interno dias, no pagamento de parcela de principal ou encargos. (Res 2682
de avaliação ou em função dos atrasos consignados na alínea “a” do art 9º)
item 1.6.2.4, observado que a classificação deve corresponder, no
mínimo, ao risco nível A, bem como que o Banco Central do Brasil 11 - As instituições devem manter adequadamente documenta-
pode alterar o valor de que se trata. (Res 2682 art 5º e parágrafo das sua política e procedimentos para concessão e classificação de
único; Res 2697 art 2º) operações de crédito, os quais devem ficar à disposição do Banco
Central do Brasil e do auditor independente. A documentação deve
7 - A provisão para fazer face aos créditos de liquidação duvido- evidenciar, pelo menos, o tipo e os níveis de risco que se dispõe a
sa deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior ao administrar, os requerimentos mínimos exigidos para a concessão
somatório decorrente da aplicação dos percentuais a seguir men- de empréstimos e o processo de autorização. (Res 2682 art 10 e
cionados, sem prejuízo da responsabilidade dos administradores parágrafo único)
das instituições pela constituição de provisão em montantes sufi-
cientes para fazer face a perdas prováveis na realização dos crédi- 12 - Devem ser divulgadas em nota explicativa às demonstra-
tos: (Res 2682 art 6º I/VIII) ções financeiras informações detalhadas sobre a composição da
a) 0,5% (cinco décimos por cento) sobre o valor das operações carteira de operações de crédito, observado, no mínimo: (Res 2682
classificadas como de risco nível A; art 11 I/III; Res 2697 art 3º)
b) 1% (um por cento) sobre o valor das operações classificadas a) distribuição das operações, segregadas por tipo de cliente e
como de risco nível B; atividade econômica;
c) 3% (três por cento) sobre o valor das operações classificadas b) distribuição por faixa de vencimento;
como de risco nível C; c) montantes de operações renegociadas, lançados contra pre-
d) 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classificados juízo e de operações recuperadas, no exercício;
como de risco nível D; d) distribuição nos correspondentes níveis de risco previstos no
e) 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações classifica- item 1, segregando-se as operações, pelo menos, em créditos de
dos como de risco nível E; curso normal com atraso inferior a 15 (quinze) dias, e vencidos com
f) 50% (cinquenta por cento) sobre o valor das operações classi- atraso igual ou superior a 15 (quinze) dias.
ficados como de risco nível F; 13 - O auditor independente deve elaborar relatório circunstan-
g) 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classifi- ciado de revisão dos critérios adotados pela instituição quanto à
cados como de risco nível G; classificação nos níveis de risco e de avaliação do provisionamento
h) 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classifica- registrado nas demonstrações financeiras. (Res 2682 art 12)
das como de risco nível H.
14 - O Banco Central do Brasil pode determinar: (Res 2682 art
8 - A operação classificada como de risco nível H deve ser trans- 13 I/VI)
ferida para conta de compensação, com o correspondente débito a) reclassificação de operações com base nos critérios estabele-
em provisão, após decorridos 6 (seis) meses da sua classificação cidos nesta seção, nos níveis de risco de que trata o item 1;
nesse nível de risco, desde que apresente atraso superior a 180

134
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

b) provisionamento adicional, em função da responsabilidade 21 - Os créditos baixados como prejuízo e porventura renego-
do devedor junto ao Sistema Financeiro Nacional; ciados devem ser registrados pelo exato valor da renegociação, ob-
c) providências saneadoras a serem adotadas pelas instituições, servado o disposto no inciso anterior quanto ao registro do ganho
com vistas a assegurar a sua liquidez e adequada estrutura patrimo- eventualmente auferido, a crédito da conta RECUPERAÇÃO DE CRÉ-
nial, inclusive na forma de alocação de capital para operações de DITOS BAIXADOS COMO PREJUÍZO, com baixa simultânea dos seus
classificação considerada inadequada; valores das respectivas contas de compensação. (Cta-Circ 2899 item
d) alteração dos critérios de classificação de créditos, de conta- 12 IX)
bilização e de constituição de provisão;
e) teor das informações e notas explicativas constantes das de- 22 - No caso de recuperação de créditos mediante dação de
monstrações financeiras; bens em pagamento, devem ser observados os seguintes procedi-
f) procedimentos e controles a serem adotados pelas institui- mentos: (Cta-Circ 2899 item 12 X)
ções. I - quando a avaliação dos bens for superior ao valor contábil
dos créditos, o valor a ser registrado deve ser igual ao montante do
15 - O disposto nesta seção: (Res 2682 art 14,15) crédito, não sendo permitida a contabilização do diferencial como
a) aplica-se também às operações de arrendamento mercantil receita;
e a outras operações com características de concessão de crédito; II - quando a avaliação dos bens for inferior ao valor contábil dos
b) não contempla os aspectos fiscais, sendo de inteira responsa- créditos, o valor a ser registrado limita-se ao montante da avaliação
bilidade da instituição a observância das normas pertinentes. dos bens.

16 - A provisão para créditos de liquidação duvidosa deve ser 23 - Na recuperação de créditos ainda não baixados como pre-
constituída sobre o valor contábil dos créditos mediante registro a juízo que atendam ao disposto no inciso II do item anterior, o mon-
debito de DESPESAS DE PROVISOES OPERACIONAIS e a crédito da tante que exceder ao valor de avaliação do bem deve ser registrado
adequada conta de provisão para operações de crédito. No caso de a débito da adequada conta de provisão para operações de crédito,
insuficiência, reajusta-se o saldo das contas de provisão a débito até o limite desta, e a diferença, se ainda houver, a débito de DESPE-
da conta de despesa. No caso de excesso, reajusta-se o saldo das SAS DE PROVISÕES OPERACIONAIS. (Cta-Circ 2899 item 12 XI)
contas de provisão a crédito da conta de despesa, para os valores
provisionados no período, ou a crédito de REVERSAO DE PROVISOES 24 - Considera-se valor contábil dos créditos o valor da opera-
OPERACIONAIS, se já transitados em balanço. (Cta-Circ 2899 item ção na data de referência, computadas as receitas e encargos de
12 III) qualquer natureza, observado o disposto no item 1.6.2.10. (Cta-Circ
2899 item 13)
17 - O disposto no item anterior aplica-se também as provisões
adicionais eventualmente constituídas em função da classificação 25 - Os créditos titulados por empresas concordatárias devem
das operações de crédito contratadas ate 29 de fevereiro de 2000, ser classificados levando-se em conta os novos prazos e condições
nos diferentes níveis de risco previstos no item 1.6.2.1. (Cta-Circ estabelecidos nas sentenças judiciais homologatórias das respecti-
2899 item 12 IV) vas concordatas. (Com 2559)

18 - Para fins de constituição de provisão em operações de ar- 26 - Às custas judiciais e outros gastos ressarcíveis referentes a
rendamento mercantil, deve-se considerar como base de cálculo o créditos em situação anormal ou baixados como prejuízo, aplicam-
valor presente das contraprestações dos contratos, utilizando-se a -se os seguintes procedimentos: (Circ 1273; Res 2682 art 1º I/IX)
taxa interna de retorno de cada contrato na forma do previsto no a) escrituram-se em DEVEDORES DIVERSOS - PAÍS ou em despe-
item 1.11.8.5. (Cta-Circ 2899 item 12 V) sas, enquanto mantidas referidas operações nas contas de origem;
b) escrituram-se em despesas as relativas a créditos já baixados
19 - Os créditos baixados como prejuízo devem ser registrados como prejuízo;
em contas próprias do sistema de compensação, em subtítulos
adequados à identificação do período em que ocorreu o registro, 27 - As instituições financeiras, detentoras de créditos realizados
devendo ser mantido controle analítico desses créditos, com identi- com recursos de origem interna vencidos e vincendos, contratados
ficação das características da operação, devedor, valores recupera- com a Siderurgia Brasileira S.A. (SIDERBRÁS) não abrangidos pelas
dos, garantias e respectivas providências administrativas e judiciais, disposições da Resolução nº 1.757, de 29.10.90, e que tenham sido
visando a sua recuperação. (Cta-Circ 2899 item 12 VII) objeto de refinanciamento e reescalonamento junto ao Governo
Federal, podem: (Res 1904 art 1º; Res 2682 art 1º I/IX)
20 - O ganho eventualmente auferido por ocasião da renegocia- a) estornar para a conta de origem, os valores relativos àqueles
ção de operações de crédito, calculado pela diferença entre o valor créditos;
da renegociação e o valor contábil dos créditos, deve ser registrado b) manter em contas de rendas a apropriar os encargos relativos
em subtítulo de uso interno da própria conta que registra o crédito aos períodos anteriores à repactuação, para reconhecê-los como
e ser apropriado ao resultado somente quando do seu recebimen- receita efetiva quando de seu recebimento;
to, mediante registro na conta RENDAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDI- c) registrar os respectivos encargos a decorrer em contas de
TO, segundo critérios previstos na renegociação ou proporcional- rendas a apropriar, observadas a periodicidade mensal, os quais
mente aos novos prazos de vencimento. (Cta-Circ 2899 item 12 VIII) somente são reconhecidos como receita efetiva quando do seu re-
cebimento.

135
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

28 - Prevalecem as condições de que trata o item anterior en- 2 - As composições de dívidas de operações, originalmente clas-
quanto o crédito renegociado não tenha sido cedido, ou de qual- sificadas como Operações de Crédito, devem ser mantidas no mes-
quer forma transferido ou utilizado. (Res 1904 art 1º § 1º) mo subgrupo, apenas com a reclassificação contábil, se for o caso.
(Circ 1273)
29 - Ocorrendo a cessão, transferência ou utilização do crédito,
de que trata o item 27 anterior, as correspondentes rendas a apro- 3 - As composições de dívidas de operações anteriormente clas-
priar integram a receita do mês, ocasião em que é igualmente leva- sificadas em outros subgrupos, que guardarem características de
da à conta cabível de resultado a eventual diferença entre o valor operações de crédito, classificam-se no adequado desdobramento
do crédito e o preço da operação em questão. (Res 1904 art 1º § 2º) do subgrupo Operações de Crédito. (Circ 1273)

30 - A instituição que se utilizar da faculdade prevista no item 4 - As operações de crédito realizadas sob a forma de consórcio,
29, desta seção, deve aplicá-la, uniformemente, durante todo o pe- em que uma instituição financeira assuma a condição de líder da
ríodo de vigência dos respectivos créditos resultantes da repactua- operação, devem ser registradas de forma proporcional entre todas
ção e evidenciá-la em nota explicativa nas demonstrações financei- as instituições participantes. Igual procedimento deve ser adotado
ras publicadas, quantificando seus efeitos no resultado. (Res 1904 para escrituração das receitas e despesas. (Circ 1273)
art 1º § 3º)
5 - As instituições financeiras, demais entidades autorizadas a
31 - Para as operações de crédito rural objeto de renegociação funcionar pelo Banco Central e as administradoras de consórcio
ao amparo de decisões do Conselho Monetário Nacional, ficam fa- devem ajustar os contratos de mútuo de ouro, mensalmente, com
cultadas em relação às regras previstas na Resolução nº 2.682, de base no valor de mercado do metal, fornecido pelo Banco Central
21 de dezembro de 1999: (Res 3749 art 1º I, II) do Brasil. (Circ 2333 art 1º, item II)
a) a classificação em categorias de menor risco, conforme pre-
visão do seu art. 3º (Cosif 1.6.2.3.b), sem considerar a existência de Por fim, vejamos o que dispõe a Circular do BCB sobre o tema:
outras operações de natureza diversa classificadas em categoria de
maior risco; CIRCULAR Nº 3.870, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017
b) a observância ao disposto no seu art. 8º (Cosif 1.6.2.9), po-
dendo a instituição em atendimento a critérios consistentes e pre- Dispõe sobre o fornecimento de informações relativas a opera-
vistos naquela resolução, reclassificar a operação para categoria de ções de crédito ao Sistema de Informações de Créditos (SCR), de que
menor risco. trata a Resolução nº 4.571, de 26 de maio de 2017.

32 - Para efeito do disposto no item anterior, considera-se re- A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, em sessão
negociação a composição de dívida, a prorrogação, a novação, a realizada em 19 de dezembro de 2017, com base no disposto nos
concessão de nova operação para liquidação parcial ou integral de arts. 9º, 10, inciso VI, 11, inciso VII, e 37 da Lei nº 4.595, de 31 de
operação anterior ou qualquer outro tipo de acordo que implique dezembro de 1964, no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei Complementar
alteração nos prazos de vencimento ou nas condições de pagamen- nº 105, de 10 da janeiro de 2001, nos arts. 9º e 15 da Lei nº 12.865,
to originalmente pactuadas. (Res 3749 art 1º § 1º) de 9 de outubro de 2013, e tendo em vista o disposto na Resolução
nº 4.571, de 26 de maio de 2017,
33 - O disposto no item 1.6.2.31 aplica-se somente caso o de-
vedor se mantenha na atividade regular de produção agropecuária. R E S O L V E:
(Res 3749 art 1º § 2º)
Art. 1º As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº
34 - O disposto nos itens 1.6.2.31 a 1.6.2.33 aplica-se também 4.571, de 26 de maio de 2017, devem fornecer ao Sistema de Infor-
às operações de crédito rural realizadas com recursos do fundo mações de Créditos (SCR) informações sobre as operações de crédi-
Constitucional de financiamento do Centro-Oeste (FCO) e do Fun- to de que trata o art. 3º daquela Resolução:
do de Amparo ao Trabalhador (FAT) abrangidas por autorizações de I - de forma individualizada em relação a cada uma das ope-
refinanciamentos, renegociações ou prorrogações específicas dos rações, quando o valor do conjunto das operações do cliente for
respectivos Órgãos ou Conselhos Gestores, desde que as referidas igual ou superior a R$200,00 (duzentos reais), incluídas, nesse valor,
operações sejam realizadas com risco dos agentes financeiros. (Res as operações de crédito realizadas ou adquiridas pelas entidades e
3749 art 2º) programas ou fundos públicos mencionados no art. 5º da Resolução
4.571, de 2017;
Disposições Gerais II - de forma agregada, quando o valor do conjunto das opera-
1 - A comissão de abertura de crédito recebida antecipadamen- ções do cliente for inferior a R$200,00 (duzentos reais), incluídas,
te registra-se em RENDAS ANTECIPADAS e apropria-se mensalmen- nesse valor, as operações de crédito realizadas ou adquiridas pelas
te “pro rata temporis”. Pode ser reconhecida como receita efetiva entidades e programas ou fundos públicos mencionados no art. 5º
no ato do recebimento, se estabelecida em até 3% (três por cento) da Resolução 4.571, de 2017;
do valor da operação. (Circ 1273) § 1º Independentemente do valor, as informações relativas a
estatísticas de crédito e arrendamento mercantil devem ser remeti-
das de forma agregada.

136
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º As operações de crédito realizadas ou adquiridas por de- Art. 4º Para os títulos e valores mobiliários adquiridos pela ins-
pendências e subsidiárias localizadas no exterior das instituições tituição em operações reconhecidas como de crédito pelo Banco
de que trata o caput, devem ser informadas conforme disposto a Central do Brasil, nos termos do inciso X do art. 3º da Resolução nº
seguir: 4.571, de 2017, as instituições devem fornecer as informações ao
I - relativas a clientes pessoas físicas - de forma agregada; SCR considerando o emitente como cliente.
II - relativas a clientes pessoas jurídicas:
a) até a data-base de outubro de 2018 - de forma agregada; Art. 5º As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução
b) a partir da data-base de novembro de 2018 - de forma in- nº 4.571, de 2017, devem fornecer ao SCR dados individualizados
dividualizada em relação a cada uma das operações, quando o complementares sobre os clientes e a relação de suas contrapartes
valor do conjunto das operações do cliente for igual ou superior a conectadas, de que trata o art. 22 da Resolução nº 4.557, de 23 de
US$2,000,000.00 (dois milhões de dólares dos Estados Unidos da fevereiro de 2017.
América), e de forma agregada quando o conjunto das operações
do cliente for inferior ao citado valor. Art. 6º Para fins de remessa de informações ao SCR, as insti-
§ 3º As instituições enquadradas nos Segmentos 4 e 5 (S4 e S5), tuições mencionadas no art. 4º da Resolução nº 4.571, de 2017,
nos termos do art. 2º da Resolução nº 4.553, de 30 de janeiro de devem observar o disposto na Resolução nº 3.533, de 31 de janeiro
2017, devem remeter as informações de que trata o § 2º deste arti- de 2008, em relação à negociação de operações de crédito, bem
go de forma agregada. como o seguinte:
§ 4º Nos casos em que a legislação da jurisdição em que estiver I - nos casos em que houver retenção substancial dos riscos e
localizada a dependência ou subsidiária impeça o fornecimento de benefícios por parte do cedente:
informação de forma individualizada, essa deverá ser remetida de a) as instituições cedentes, mencionadas no caput deste artigo,
forma agregada. devem identificar como cliente, o sacado, o devedor ou o tomador
§ 5º As informações sobre operações de crédito realizadas ou final das operações de crédito;
adquiridas por dependências e subsidiárias localizadas no exterior b) as instituições cessionárias devem fornecer ao SCR as infor-
destinam-se exclusivamente à finalidade mencionada no inciso I do mações relativas às operações de crédito, informando como cliente,
art. 2º da Resolução nº 4.571, de 2017. o interveniente ou o cedente;
§ 6º As informações sobre operações de crédito realizadas ou c) o disposto neste inciso aplica-se também às negociações rea-
adquiridas pelas entidades e programas ou fundos públicos men- lizadas entre as instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº
cionados no art. 5º da Resolução nº 4.571, de 2017, serão reporta- 4.571, de 2017, e pelas entidades e programas ou fundos públicos
das ao SCR: referidos no art. 5º da mesma Resolução.
I - a partir da data-base de maio de 2019 - em relação a outras II - nos casos em que houver transferência substancial dos riscos
entidades, não mencionadas no art. 4º da Resolução nº 4.571, de e benefícios por parte do cedente:
2017, que tenham suas demonstrações consolidadas nos seus res- a) as instituições cessionárias devem fornecer ao SCR as infor-
pectivos conglomerados prudenciais; mações sobre as operações de crédito objeto de negociação, em
II - a partir da data-base de novembro de 2019 - em relação a nome do sacado, do devedor ou do tomador final;
programas ou fundos públicos, inclusive os municipais, os estadu- b) as instituições cedentes devem fornecer ao SCR as informa-
ais e os constitucionais federais, não consolidados nos respectivos ções sobre as operações de crédito objeto de negociação, em nome
conglomerados prudenciais, nos quais as instituições referidas no do sacado, do devedor ou do tomador final, quando essa negocia-
art. 4º da Resolução nº 4.571, de 2017, ou as entidades referidas no ção se der com fundos de investimento administrados pela institui-
inciso I, desempenhem função de administrador, agente financeiro ção cedente ou por outra instituição pertencente ao conglomerado
ou operador. prudencial;
§ 7º As instituições enquadradas nos Segmentos 4 e 5 (S4 e S5), III - nos casos de negociação de operações de crédito sem trans-
nos termos do art. 2º da Resolução nº 4.553, de 2017, ficam deso- ferência e sem retenção substancial dos riscos e benefícios, mas
brigadas da remessa das informações de que trata o inciso I do § 6º com retenção de controle pelo cedente, deve ser observado o dis-
deste artigo. posto no inciso I;
§ 8º As instituições referidas no caput devem comunicar a ine- IV - nos casos de negociação de operações de crédito sem trans-
xistência de operações de crédito contratadas, na forma estabeleci- ferência e sem retenção substancial dos riscos e benefícios, mas
da por esta Autarquia. com a assunção de controle pelo cessionário, deve ser observado o
disposto na alínea “a” do inciso II.
Art. 2º Para fins do disposto no inciso XVIII do art. 4º da Resolu- Parágrafo único. A partir da data-base de novembro de 2019, as
ção nº 4.571, de 2017, e nesta Circular, as instituições de pagamen- informações relativas às operações de crédito concedidas pelas ins-
to devem remeter ao SCR informações relativas às operações de tituições e entidades mencionadas no art. 4º e no inciso I do art. 5º
crédito, nos termos daquela Resolução. da Resolução nº 4.571, de 2017, e que sejam objeto de negociação
com transferência substancial dos riscos e benefícios ou de contro-
Art. 3º Para fins do disposto no inciso X do art. 3º da Resolução le, no próprio mês da concessão, devem ser fornecidas ao SCR pela
nº 4.571, de 2017, e nesta Circular, os créditos decorrentes da co- instituição cedente.
mercialização de bens e de serviços, adquiridos por sociedade de Art. 7º A retenção substancial de riscos e de benefícios ou de
fomento mercantil (factoring) equiparam-se a operações de crédito. controle em negociação de operações de crédito, conforme dispos-
to na Resolução nº 3.533, de 2008, fica caracterizada quando as
instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº 4.571, de 2017,
realizarem:

137
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

I - a aquisição dos seguintes instrumentos financeiros que atri- c) o registro de manifestação de discordância quanto às infor-
buam à instituição adquirente participação significativa nos riscos e mações constantes do sistema;
benefícios sobre operações de crédito: IV - a consulta sobre qualquer informação do sistema depende
a) cotas subordinadas de fundos de investimento; de prévia autorização do cliente;
b) certificados de recebíveis imobiliários (CRI); V - a autorização de que trata o inciso IV se estende às institui-
c) debêntures emitidas por companhias securitizadoras de cré- ções que, nos termos da regulamentação vigente, podem realizar
ditos; e consultas ao SCR e que adquiram ou recebam em garantia, ou ma-
d) certificados de cédulas de crédito bancário (CCCB) ou outros nifestem interesse de adquirir ou de receber em garantia, total ou
instrumentos financeiros representativos da negociação dos títulos parcialmente, operações de crédito de responsabilidade do cliente;
de crédito. VI - é de responsabilidade exclusiva da instituição remetente a
II - na forma do art. 6º desta Circular, a negociação em que o inserção de informações que digam respeito ao cliente;
interveniente ou o cedente assumir, ainda que de forma tácita, a VII - independentemente do que conste no SCR a respeito das
obrigação de substituir ou de recomprar, em razão de inadimplência operações de responsabilidade do cliente, a decisão sobre a con-
do sacado, do devedor ou do tomador final, quaisquer operações cessão de novas operações de crédito é exclusiva da instituição, se-
dentre aquelas negociadas. gundo sua política de crédito;
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se também às negociações VIII - os extratos das informações constantes no SCR são elabo-
de operações de crédito realizadas com os fundos de investimento, rados de acordo com critérios contábeis e metodologia específica
com as companhias securitizadoras de créditos ou com as entidades estabelecidos pelo Banco Central do Brasil, podendo diferenciar-se
de propósito específico. daqueles apresentados por outros sistemas que tenham natureza e
§ 2º Os dados sobre retenções ou transferências substanciais finalidade distintas;
dos riscos e dos benefícios de parte das operações de crédito ne- IX - as informações relativas ao montante de responsabilidades
gociadas na forma do art. 6º desta Circular somente podem ser for- de clientes em operações de crédito são encaminhadas ao Banco
necidos ao SCR de forma proporcional, pelas instituições envolvidas Central do Brasil com base no saldo existente no último dia do mês
na negociação, quando for possível identificar inequivocamente a de referência, havendo, portanto, lapso temporal entre a remessa
parcela ou a proporção do valor da operação correspondente aos dos dados, seu processamento pelo Banco Central do Brasil e sua
riscos e benefícios retidos ou transferidos. disponibilização no SCR;
Art. 8º Não devem ser fornecidas ao SCR as informações sobre: X - a consulta às informações existentes em nome do próprio
I - os créditos decorrentes da comercialização de bens e de ser- cliente no SCR pode ser feita, também, por meio do sistema Regis-
viços realizada pelas entidades referidas no inciso I do art. 5º da trato - Extrato do Registro de Informações no Banco Central; e
Resolução nº 4.571, de 2017, com exceção daqueles referidos no XI - a responsabilidade pela operacionalização do cumprimento
art. 3º desta Circular; de medidas judiciais é das instituições remetentes de informações.
II - os títulos públicos;
III - as operações de intermediação de títulos e valores mobili- Art. 11. As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº
ários; 4.571, de 2017, devem remeter, no mínimo, as seguintes informa-
IV - as cotas de fundo de investimento e títulos de securitização, ções sobre as decisões judiciais relativas a operações de crédito:
conforme definição do art. 115 da Circular nº 3.648, de 4 de março I - a identificação do cliente;
de 2013; II - a operação de crédito, quando especificada;
V - as ações, as cotas e os bônus de subscrição, quando não III - a data-base de referência, quando especificada;
tenham característica de renda fixa; IV - o período de abrangência; e
VI - as operações com instrumentos financeiros derivativos ou V - a natureza da decisão, especificando a obrigação de eliminar
certificados de operações estruturadas; o registro da operação no SCR ou de realizar a sua marcação como
VII - os depósitos interfinanceiros, depósitos bancários ou letras sub judice.
emitidas por instituições financeiras; e Parágrafo único. Para fins do disposto no inciso II do art. 2º da
VIII - os créditos decorrentes de operações de seguro, de cos- Resolução nº 4.571, de 2017, será realizada a retirada de informa-
seguro, de resseguro, de títulos de capitalização, de consórcio, de ções ou a marcação sub judice para a data-base objeto da decisão
planos de previdência complementar e de planos de saúde. judicial, conforme informações remetidas pela instituição.
Art. 9º O fornecimento de informações ao SCR deve ser reali-
zado considerando o valor presente na data-base de cada um dos Art. 12. As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº
fluxos previstos no contrato, observado o disposto no art. 9º da Re- 4.571, de 2017, devem remeter, no mínimo, as seguintes informa-
solução nº 2.682, de 21 de dezembro de 1999. ções sobre as manifestações de discordância apresentadas pelos
clientes de operações de crédito:
Art. 10. As instituições obrigadas à remessa de informações ao I - a identificação do cliente;
SCR devem divulgar, no mínimo, os seguintes esclarecimentos: II - a operação de crédito a que se referem;
I - a finalidade e o uso das informações do sistema; III - a data-base de referência;
II - as formas de consulta às informações do sistema; IV - o período objeto de discordância; e
III - os procedimentos a serem observados perante as próprias V - os motivos da discordância.
instituições para:
a) a correção e a exclusão de informações constantes no siste-
ma;
b) o cadastramento de medida judicial;

138
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 13. As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº


4.571, de 2017, devem, tão logo tenham conhecimento, remeter, RISCOS DA ATIVIDADE BANCÁRIA. DE CRÉDITO. DE
no mínimo, as seguintes informações relativas aos processos de re- MERCADO. OPERACIONAL. SISTÊMICO. DE LIQUIDEZ
cuperação judicial e extrajudicial de clientes de operações de cré-
dito: Os riscos da atividade bancária são elementos cruciais que as
I - a identificação do cliente; instituições financeiras devem gerenciar para garantir sua estabi-
II - a etapa do processo; e lidade, rentabilidade e conformidade regulatória. Estes riscos são
III - a data de início de cada etapa. variados e incluem riscos de crédito, de mercado, operacionais,
sistêmicos e de liquidez. Cada um desses riscos apresenta desafios
Art. 14. As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº únicos para os bancos e requer estratégias específicas de mitigação.
4.571, de 2017, ao constatarem fraude na concessão de operação,
devem proceder à retirada do registro no SCR ou à marcação de Risco de Crédito
vício de contrato dessa operação. O risco de crédito é talvez o mais conhecido dos riscos bancá-
Parágrafo único. A retirada de que trata este artigo não carac- rios. Ele ocorre quando um mutuário não consegue cumprir suas
teriza erro na remessa de informação ao Banco Central do Brasil. obrigações financeiras para com o banco, seja em termos de paga-
Art. 15. As instituições referidas no art. 4º da Resolução nº mento de juros ou do principal. Isso pode resultar de insolvência do
4.571, de 2017, poderão ter acesso às informações consolidadas de mutuário ou de uma deterioração de sua situação financeira. Ban-
que trata o art. 9º da referida Resolução, somente para as datas-ba- cos gerenciam o risco de crédito através de uma cuidadosa análise
ses remetidas ao Banco Central do Brasil e incorporadas à base de de crédito antes da concessão de empréstimos e monitoramento
dados do SCR. contínuo da saúde financeira dos mutuários durante o período do
Art. 16. As instituições de que trata o art. 4º da Resolução nº empréstimo.
4.571, de 2017, devem designar diretor responsável pelo cumpri-
mento do disposto nesta Circular e indicar empregado para respon- Risco de Mercado
der a eventuais questionamentos sobre as informações fornecidas O risco de mercado refere-se à possibilidade de um banco so-
ao SCR. frer perdas devido a mudanças adversas nas condições de merca-
§ 1º A designação e a indicação referidas neste artigo devem ser do, como flutuações nas taxas de juros, taxas de câmbio, preços de
registradas no Sistema de Informações sobre Entidades de Interes- ações e preços de commodities. Este tipo de risco é particularmente
se do Banco Central (Unicad), instituído pela Circular nº 3.165, de 4 relevante para bancos que mantêm grandes portfólios de títulos ou
de dezembro de 2002. que participam ativamente de negociações no mercado financeiro.
§ 2º Para fins da responsabilidade de que trata este artigo, ad- A gestão do risco de mercado envolve o uso de ferramentas sofisti-
mite-se que o diretor designado desempenhe outras funções na cadas de modelagem e análise para prever e mitigar possíveis per-
instituição, exceto as relativas à administração de recursos de ter- das.
ceiros e a operações de tesouraria.
Art. 17. As instituições de que trata o art. 4º da Resolução nº Risco Operacional
4.571, de 2017, devem manter à disposição do Banco Central do O risco operacional decorre de falhas nos processos internos,
Brasil, pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos, os dados e a descrição sistemas, pessoas ou eventos externos. Isso inclui tudo, desde er-
da metodologia utilizados para a elaboração das informações for- ros simples de processamento de dados até fraudes, ciberataques
necidas ao SCR. e catástrofes naturais. A gestão eficaz do risco operacional requer
Art. 18. As instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº sistemas robustos de controle interno, auditoria regular, treinamen-
4.571, de 2017, resultantes de processo de transformação, incor- to de funcionários e planos de contingência para lidar com eventos
poração, fusão ou cisão, assumem as obrigações das instituições inesperados.
transformadas, incorporadas, fusionadas ou cindidas, relativas ao
fornecimento de informações ao SCR, inclusive no que tange ao dis- Risco Sistêmico
posto nos arts. de 11 a 14 desta Circular. O risco sistêmico se refere ao risco de colapso de todo o sis-
Art. 19. Conforme disposto no Regimento Interno do Banco tema financeiro ou mercado, muitas vezes desencadeado pelo fra-
Central do Brasil, o departamento responsável pela gestão do SCR casso de uma única entidade ou grupo de entidades, que leva a um
estabelecerá a forma, os prazos e as condições para remessa, pelas efeito dominó. Este tipo de risco foi notavelmente exemplificado
instituições mencionadas no art. 4º da Resolução nº 4.571, de 2017, pela crise financeira de 2008. A gestão do risco sistêmico é comple-
das informações de que trata esta Circular, observada a necessida- xa, pois envolve não apenas a gestão de riscos individuais dos ban-
de para fins de supervisão. cos, mas também a regulação e supervisão do sistema financeiro
Art. 20. Esta Circular entra em vigor em 1º de janeiro de 2018. como um todo.
Art. 21. Fica revogado o art. 17 da Circular nº 3.681, de 4 de no-
vembro de 2013, e a Circular nº 3.567, de 12 de dezembro de 2011, Risco de Liquidez
passando as citações e o fundamento de validade de normativos O risco de liquidez é o risco de um banco não conseguir aten-
editados pelo Banco Central do Brasil, com base nas normas ora der suas obrigações financeiras quando elas vencem, sem incorrer
revogadas, a ter como referência esta Circular. em perdas significativas. Isso pode ocorrer devido à incapacidade
de converter ativos em dinheiro rapidamente ou devido a saques

139
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

inesperados em grande escala por depositantes. Bancos gerenciam • Taxa de Juros: A taxa de juros do empréstimo reflete o risco
o risco de liquidez mantendo reservas adequadas de liquidez e di- percebido. Clientes com maior risco de crédito geralmente recebem
versificando suas fontes de financiamento. taxas de juros mais altas.
O gerenciamento eficaz desses riscos é vital para a saúde e es-
tabilidade do setor bancário. Ele requer uma combinação de análise • Condições de Mercado: As condições econômicas gerais e as
cuidadosa, supervisão regulatória, estratégias de mitigação de ris- tendências de mercado podem influenciar o risco de crédito. Por
cos e, em alguns casos, intervenção governamental para proteger o exemplo, uma recessão econômica pode aumentar o risco de ina-
sistema financeiro como um todo. dimplência devido à perda de empregos e diminuição da renda.

• Regulamentações e Políticas: As políticas de crédito da insti-


PRINCIPAIS VARIÁVEIS RELACIONADAS AO RISCO DE tuição financeira e as regulamentações do setor também desem-
CRÉDITO. CLIENTES. OPERAÇÃO. penham um papel crucial na gestão do risco de crédito. Políticas
mais estritas podem reduzir o risco, mas também limitam o acesso
O risco de crédito é uma das principais preocupações no setor ao crédito.
financeiro, especialmente para instituições que oferecem emprésti-
mos e créditos. Esse risco refere-se à possibilidade de perda resul- Ao avaliar o risco de crédito, é vital para os credores considerar
tante do não cumprimento das obrigações financeiras por parte dos uma combinação dessas variáveis para formar uma visão abrangen-
tomadores de empréstimo. As principais variáveis relacionadas ao te do perfil de risco do cliente e da operação. Essa avaliação cuida-
risco de crédito podem ser categorizadas em duas grandes áreas: dosa não apenas protege a instituição financeira, mas também aju-
clientes e operação. Cada uma dessas áreas abrange diferentes fa- da a garantir práticas de empréstimo responsáveis que beneficiam
tores que as instituições financeiras devem avaliar cuidadosamente a economia como um todo.
ao tomar decisões de crédito.
TIPOS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO
Variáveis Relacionadas aos Clientes (EMPRÉSTIMOS, DESCONTOS, FINANCIAMENTOS E
Capacidade de Pagamento: A capacidade de pagamento do ADIANTAMENTOS).
cliente é um dos fatores mais críticos. Isso envolve avaliar a situação
financeira atual do cliente, incluindo sua renda, despesas, dívidas
existentes e outras obrigações financeiras. Análises de relatórios — Introdução
de crédito e históricos de pagamento são comuns para avaliar este As operações de crédito bancário desempenham um papel cru-
aspecto. cial no funcionamento do sistema financeiro, fornecendo recursos
para indivíduos, empresas e governos. Neste contexto, é essencial
• Histórico de Crédito: O histórico de crédito de um cliente for- compreender os diferentes tipos de operações de crédito disponí-
nece informações valiosas sobre seu comportamento em relação a veis, incluindo empréstimos, descontos, financiamentos e adianta-
obrigações financeiras anteriores. Pontuações de crédito baixas ou mentos.
históricos de inadimplência são indicadores de risco elevado.
— Empréstimos
• Estabilidade de Emprego e Renda: Clientes com empregos es-
táveis e fontes de renda consistentes são geralmente considerados Definição
de menor risco. A instabilidade no emprego ou renda irregular pode Os empréstimos são uma forma comum de operação de cré-
aumentar o risco de inadimplência. dito, onde o tomador recebe uma quantia específica de dinheiro
com a obrigação de devolvê-la ao banco em parcelas, geralmente
• Garantias Oferecidas: As garantias oferecidas pelo cliente, acompanhadas de juros.
como imóveis ou outros ativos, podem reduzir o risco de crédito,
pois proporcionam uma forma de recuperação no caso de inadim- Características
plência. Montante: determinado valor é concedido ao tomador.
Prazo: período definido para a quitação do empréstimo.
• Propósito do Empréstimo: O propósito para o qual o emprés- Juros: taxa de juros aplicada sobre o valor emprestado.
timo é solicitado também pode afetar o risco. Por exemplo, emprés-
timos para investimentos em negócios podem ser mais arriscados Vantagens e cautelas
do que empréstimos para melhorias residenciais. Os empréstimos oferecem flexibilidade financeira, mas é cru-
cial analisar as taxas de juros e garantias necessárias para evitar en-
Variáveis Relacionadas à Operação dividamentos excessivos.
Quantia do Empréstimo: Quanto maior o valor do empréstimo,
maior o risco para o credor. Bancos geralmente aplicam critérios Exemplo prático:
de avaliação mais rigorosos para empréstimos de valores elevados. Suponha que uma empresa necessite de capital para expandir
suas operações. Optando por um empréstimo, ela pode receber um
• Prazo do Empréstimo: Empréstimos com prazos mais longos montante específico, com a obrigação de devolver em prestações
geralmente apresentam um risco maior devido à incerteza a longo mensais ao longo de cinco anos, com uma taxa de juros anual fixa
prazo na capacidade de pagamento do cliente. de 8%.

140
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Considerações adicionais — Adiantamentos


Além das características mencionadas, é essencial compreen-
der que os empréstimos podem ser classificados em diversas moda- Definição
lidades, como empréstimos pessoais, empresariais e consignados, Adiantamentos envolvem a concessão de valores antes da data
cada um adequado a diferentes necessidades e perfis de tomado- prevista para seu recebimento.
res.
Características
— Descontos Antecipação: recebimento de valores antes do vencimento.
Aplicações: comum em transações comerciais.
Definição
As operações de desconto referem-se à antecipação de valo- Benefícios
res a receber, geralmente relacionados a títulos de crédito, como Adiantamentos facilitam fluxos de caixa, permitindo que as
duplicatas. partes envolvidas obtenham recursos previamente.
Exemplo prático:
Características Um fornecedor pode oferecer um desconto significativo se um
Antecipação: o banco adianta o valor presente do título ao cliente efetuar o pagamento antecipado de uma fatura, incentivan-
cliente. do a prática de adiantamentos.
Taxa de Desconto: taxa cobrada pelo banco pela antecipação. Estratégias empresariais
Empresas frequentemente utilizam adiantamentos como estra-
Aplicações comuns tégia para melhorar a previsibilidade financeira e garantir a conti-
Empresas frequentemente recorrem aos descontos para obter nuidade das operações.
liquidez imediata, antecipando recebíveis.

Exemplo prático:
OPERAÇÕES DE CRÉDITO GERAL. CRÉDITO PESSOAL
Uma empresa possui uma duplicata de R$10.000,00 com venci-
E CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR. DESCONTO DE
mento para daqui a 60 dias. Optando pelo desconto, o banco adian-
DUPLICATAS, NOTAS PROMISSÓRIAS E CHEQUES PRÉ-
ta, por exemplo, 90% desse valor, cobrando uma taxa de desconto
DATADOS. CONTAS GARANTIDAS. CAPITAL DE GIRO.
de 5%.
CARTÃO DE CRÉDITO. MICROCRÉDITO URBANO

Benefícios adicionais Operações de Crédito Geral


Além de fornecer liquidez, operações de desconto podem re-
duzir riscos financeiros ao transferir parte da responsabilidade de — Crédito pessoal e crédito direto ao consumidor
pagamento para o banco.
Introdução
— Financiamentos As operações de crédito geral desempenham um papel vital
na vida financeira de indivíduos e no crescimento econômico. Duas
Definição modalidades amplamente utilizadas são o Crédito Pessoal e o Cré-
Os financiamentos representam a concessão de recursos para dito Direto ao Consumidor (CDC).
aquisição de bens ou realização de projetos específicos. Ambas proporcionam acesso a recursos financeiros para aten-
der necessidades diversas, desde emergências pessoais até aquisi-
Características ção de bens de consumo duráveis.
Finalidade: recursos destinados a um propósito específico.
Amortização: pagamento em parcelas ao longo do tempo. — Crédito Pessoal
Garantias: podem ser exigidas pelo banco.
Definição
Utilização O Crédito Pessoal é uma modalidade de empréstimo não vincu-
Indivíduos e empresas utilizam financiamentos para adquirir lado a uma finalidade específica, oferecendo flexibilidade ao toma-
imóveis, veículos e investir em projetos de longo prazo. dor para utilizar os recursos conforme sua necessidade.

Exemplo Prático: Características


Suponha que um indivíduo deseje adquirir um imóvel no valor Finalidade livre: pode ser usado para qualquer fim, como paga-
de R$200.000,00. Optando por um financiamento, ele pode realizar mento de dívidas, despesas médicas, ou viagens.
o pagamento em prestações mensais ao longo de 20 anos, com uma Rápida disponibilidade: aprovação e liberação ágeis, propor-
taxa de juros de 7% ao ano. cionando acesso imediato aos recursos.
Taxas de juros variáveis: geralmente mais altas devido à au-
Variações de financiamentos sência de garantias, tornando-o adequado para situações de curto
Existem diferentes tipos de financiamentos, como o imobiliá- prazo.
rio, automotivo e empresarial, cada um adaptado a necessidades
específicas. Compreender as características de cada modalidade é
crucial para tomar decisões financeiras informadas.

141
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Exemplo prático: Diferenças


Suponha que um indivíduo se depara com despesas médicas Finalidade e flexibilidade: o Crédito Pessoal é mais flexível
inesperadas. Optando pelo Crédito Pessoal, ele pode receber uma quanto à finalidade, enquanto o CDC está vinculado à aquisição de
quantia específica para uso imediato, pagando-a posteriormente bens específicos.
em parcelas ajustadas à sua capacidade financeira. Taxas de juros: o CDC, geralmente, apresenta taxas mais baixas
devido à garantia do bem financiado, tornando-o adequado para
Considerações adicionais aquisições de longo prazo.
Além da flexibilidade, o Crédito Pessoal é uma opção valiosa
para situações emergenciais, mas a avaliação criteriosa das taxas de Escolha consciente
juros e a análise do impacto financeiro são essenciais. A escolha entre Crédito Pessoal e CDC deve ser guiada pelas ne-
cessidades específicas do consumidor. Enquanto o Crédito Pessoal
Estratégias de utilização oferece versatilidade, o CDC é ideal para quem busca adquirir bens
O Crédito Pessoal pode ser estrategicamente utilizado para con- de maneira planejada, com benefícios financeiros a longo prazo.
solidar dívidas, realizar investimentos de curto prazo ou lidar com
despesas inesperadas. A chave está na compreensão das condições Considerações finais
contratuais e na escolha de um plano de pagamento adequado. Entender as nuances entre o Crédito Pessoal e o CDC é crucial
para escolher a modalidade mais adequada às necessidades indivi-
— Crédito Direto ao Consumidor (CDC) duais. A análise cuidadosa de prazos, taxas e garantias é fundamen-
tal para uma decisão financeira informada.
Definição
O CDC refere-se a operações de financiamento direto para Documentos de Cobrança
aquisição de bens de consumo, como eletrodomésticos, eletrôni-
cos, veículos, e até mesmo viagens ou procedimentos médicos es- Duplicatas
pecíficos. A emissão de duplicata possibilita um processo de pagamento
que se originou da celebração de um contrato à vista ou a prazo de
Características compra e venda mercantil, sendo emitida de forma facultativa pelo
Vinculado a bens: destinado à compra de produtos específi- vendedor contra o comprador. Na hipótese de haver endossante
cos, oferecendo uma solução estruturada para aquisição de bens ou avalista, se torna necessário a anuência destes para manter sua
duráveis. coobrigação.
Parcelamento: pagamento em prestações ao longo do tempo, Para não perder o direito regressivo contra endossantes e res-
adaptado à vida útil do bem adquirido. pectivos avalistas, deverá o portador tirar o protesto de duplicata
Garantia do bem financiado: o bem adquirido serve como ga- dentro do prazo de 30 dias contados da data do seu vencimento. É
rantia, permitindo taxas de juros mais vantajosas. necessário o protesto contra o aceitante, seu avalista para garantir
a ação executiva. Mas se o sacado não deu aceite no título ou não
Exemplo prático: devolveu, torna-se indispensável o protesto para promover a ação
Suponha que um consumidor deseje adquirir um veículo zero executiva, desde que esteja acompanhado do documento compro-
quilômetro. Optando pelo CDC Automotivo, ele pode parcelar o batório da remessa ou entrega da mercadoria ou comprovante de
valor do automóvel ao longo de vários anos, utilizando o próprio prestação de serviços. A duplicata poderá ser protestada pelos se-
veículo como garantia. guintes motivos:
- Por falta de aceite;
Variações de CDC - Por falta de devolução;
Existem diferentes formas de CDC, adaptadas às característi- - Por falta de pagamento;
cas específicas dos bens financiados. O CDC Eletrodomésticos, por - Ação para cobrança.
exemplo, pode oferecer parcelamentos específicos para produtos
dessa categoria. Nota Promissória
A Nota promissória12 é um título cambiário em que seu respon-
Vantagens adicionais sável assume a obrigação direta e principal de pagar a soma cons-
Além da conveniência do parcelamento, o CDC frequentemen- tante no título. Se caracteriza como vínculo jurídico transitório en-
te proporciona taxas de juros mais atrativas em comparação com tre credor e devedor.
outras formas de crédito. A garantia do bem financiado reduz o Em sentido amplo essa obrigação refere-se a uma relação entre
risco percebido pelas instituições financeiras, resultando em condi- pelo menos duas partes e para que se concretize, é necessária a
ções mais favoráveis para o consumidor. imposição de uma dessas e a sujeição de outra em relação a uma
restrição de liberdade da segunda. A nota promissória nada mais
— Comparação entre Crédito Pessoal e CDC é do que um documento formal de uma promessa de pagamento.
Como nos demais títulos de crédito a nota promissória pode ser
Similaridades transferida a terceiro por endosso, bem como nela é possível a ga-
Ambas as modalidades oferecem acesso rápido a recursos fi- rantia do aval.
nanceiros, permitindo que o consumidor atenda às suas necessida-
des imediatas.
12 https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=20329

142
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Caso a nota promissória não seja paga em seu vencimento poderá ser protestada, como ainda será possível ao beneficiário efetuar a
cobrança judicial, a qual ocorre por meio da ação cambial que é executiva, no entanto a parte só pode agir em juízo se estiver representada
por advogado legalmente habilitado.

Cheque
O cheque13 é uma ordem de pagamento à vista e um título de crédito. A operação com cheque envolve três agentes:
- O emitente (emissor ou sacador), que é aquele que emite o cheque;
- O beneficiário, que é a pessoa a favor de quem o cheque é emitido;
- O sacado, que é o banco onde está depositado o dinheiro do emitente.

Contudo, para os cheques de valor superior a R$ 5.000,00 (Cinco Mil Reais), é prudente que o cliente comunique ao banco com ante-
cedência, pois a instituição pode postergar saques acima desse valor para o expediente seguinte. O cheque é também um título de crédito
para o beneficiário que o recebe, porque pode ser protestado ou executado em juízo. Nele estão presentes dois tipos de relação jurídica.
A primeira entre o emitente e o banco (baseada na conta bancária). Já a segunda entre o emitente e o beneficiário.

Cheque pré-datado
Trata-se de um cheque comum, entretanto ele é preenchido com uma data futura. Ou seja, quando você deseja comprar a prazo e
coloca, na parte de baixo da folha do cheque a data que você deseja que o valor seja compensado. Isso o torna um cheque pré-datado.

Descontar cheque pré-datado e/ ou cruzá-lo


A maneira do preenchimento de cheque pré-datado pode fazer valer algumas características que irão influenciar diretamente em seu
uso. É possível torná-lo um cheque endereçado.
Dessa maneira, quando esse estilo de cheque está endereçado, ele só poderá ser sacado pela pessoa ou conta em que está destinado.
Essa modalidade é conhecida como cheque nominal quando tem um nome em específico ou cheque cruzado quando for para conta
corrente.
Além do direcionamento, o cheque cruzado pode conter também o banco ao qual deverá ser realizado o saque, descrito entre as linhas
cruzadas.

Para cruzar cheque pré-datado, basta seguir os passos a seguir:


Preencher o cheque com as informações básicas de valor, data, nome ou conta remetente;
No caso do cheque pré-datado, colocar a data futura em que deverá ser compensado;
Realizar dois riscos de forma paralela “//” em algum dos lados na parte frontal do cheque;
Para direcionar também o banco, basta colocar entre os riscos o nome do banco em questão.

Capital de Giro
Capital de Giro é uma linha de crédito concedida pelos bancos para financiar a operação diárias de uma organização, sendo oferecido
em condições facilitadas pelos bancos e instituições financeiras.
A gestão do capital de giro é uma das mais importantes, e também uma das mais complexas e abrangentes áreas financeiras de uma or-
ganização. A gestão do capital de giro diz respeito aos elementos de giro, que correspondem aos recursos correntes de curto prazo da uma
organização, como o ativo circulante e o passivo circulante, e de que maneira estes elementos estão inter-relacionados, conforme abaixo:

13 http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/servicos6.asp

143
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A gestão do capital de giro refere-se à capacidade da firma em O contrato de intermediação de pagamentos à vista é o contrato
saldar, as compras de matérias-primas, o pagamento de fornecedo- realizado entre o consumidor e uma administradora de cartões de
res, o processo produtivo, os estoques, as vendas, a concessão de crédito, que tem por objeto a prestação do serviço de intermedia-
crédito, o recebimento, o pagamento de salários, impostos e outros ção de pagamentos à vista das obrigações assumidas por meio de
encargos referentes à operação das empresas. cartão, até um limite estabelecido entre o consumidor e um forne-
cedor de bens ou serviços pertencente a uma rede credenciada,
No estudo do ativo circulante são naturais implicações com o desde que o consumidor pague suas obrigações integralmente até
gerenciamento de caixa, nível de crédito e nível de estoque, ou seja, o dia do vencimento da fatura e não opte pelo parcelamento do
de que maneira os recursos da empresa são aplicados no capital de valor das compras.
giro.
A gestão do ativo circulante de uma empresa deve estabelecer Fatura ou Demonstrativo do Cartão
a quantidade de caixa necessário para sustentar a atividade opera- As instituições devem fornecer aos seus clientes demonstrati-
cional de caixa e também para: vos ou faturas mensais de cartão de crédito, explicitando informa-
a) atender a necessidades inesperadas de caixa. A empresa ções, no mínimo, a respeito dos seguintes aspectos:
deve possuir caixa para atender a necessidades inesperadas de di- - Limite de crédito total e limites individuais para cada tipo de
nheiro, como campanha de marketing repentina, devido a mudan- operação de crédito passível de contratação;
ças na concorrência; - Limite de crédito total e limites individuais para cada tipo de
b) obter crédito (reciprocidade). A liquidez das empresas é im- operação de crédito passível de contratação;
portante para enfrentar as necessidades financeiras e manter sua - Gastos realizados com o cartão, por evento, inclusive quando
classificação de risco de crédito, junto às instituições financeiras. parcelados;
Além disso, os bancos costumam conceder descontos em tarifas - Identificação das operações de crédito contratadas e respec-
bancárias, conforme o montante de recursos da empresa aplicados tivos valores;
no banco (reciprocidade); - Valores relativos aos encargos cobrados, informados de forma
c) obter descontos comerciais. A disponibilidade de caixa tam- segregada de acordo com os tipos de operações realizadas por meio
bém é útil para aproveitar descontos comerciais, como aqueles do cartão;
obtidos pelo pagamento antecipado das contas ou obtidos ao se - Valor dos encargos a ser cobrado no mês seguinte no caso de
adquirir uma quantidade maior de produtos. Não havendo possibi- o cliente optar pelo pagamento mínimo da fatura;
lidade de ganhos financeiros, o caixa deve tender a zero, a partir de - Custo Efetivo Total (CET), para o próximo período, das opera-
um adequado planejamento. ções de crédito passíveis de contratação;
- Taxas dos encargos de atraso no pagamento ou na liquidação
A concessão de crédito também deve ser observada pelo ad- de obrigações.
ministrador durante a gestão do comportamento das vendas e da
formulação de uma política de crédito que compreenda a avaliação Tarifas
do risco de crédito, prazos de concessão e política de cobrança. O Banco Central, através da Resolução 3.919/201014 definiu cin-
Outro elemento importante na gestão do ativo circulante é o co tipos de tarifas para cartão de crédito:
estoque. Para a determinação do nível adequado de estoques deve - Segunda Via de Cartão: é cobrada para emissão de uma nova
ser feita a comparação entre o custo que esse estoque representa via do mesmo cartão, por motivo de roubo, perda, entre outros
incorrerá, caso venha a faltar estoque. pelo usuário;
- Saque: é cobrado quando o usuário efetua saques através do
Cartão de Crédito cartão de crédito através de caixas eletrônicos ou outros canais de
O cartão de crédito é um serviço de intermediação que permite atendimento no Brasil ou no exterior;
ao consumidor adquirir bens e serviços em estabelecimentos co- - Anuidade: é cobrado uma vez por ano, podendo ser paga à
merciais previamente credenciados, mediante a comprovação de vista ou parcelada;
sua condição de usuário. Tal comprovação é feita com a apresenta- - Avaliação de Crédito em Caráter de Urgência: é a tarifa cobra-
ção do cartão no ato da aquisição da mercadoria. da quando o cliente ultrapassa o limite máximo do cartão;
- Pagamentos de Contas: é cobrada quando o cliente utiliza o
Juridicamente, o cartão de crédito é um contrato de adesão en- cartão de crédito para pagamento de contas, como água, luz, bole-
tre consumidor e administradora de cartões de crédito, que tem por tos, entre outros.
objeto a prestação dos seguintes serviços:
– Serviços de intermediação de pagamentos à vista entre consu- Crédito Rotativo
midor e fornecedor pertencente a uma rede credenciada; A partir de Abril de 2017, com a entrada em vigor da Resolução
– Serviço de intermediação financeira (crédito) para cobertura do BACEN 4.549/201715 e 3.892/201816, o saldo devedor da fatura
de obrigações assumidas através do cartão de crédito junto a forne- de cartão de crédito, quando não pago integralmente até o venci-
cedor pertencente a uma rede credenciada; mento, somente pode ser mantido em crédito rotativo até o venci-
– Serviço de intermediação financeira (crédito) para cobertura mento da próxima fatura, normalmente no prazo de 30 dias.
de inadimplemento por parte do consumidor de obrigações assu- 14 https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=res&a-
midas junto a fornecedor pertencente a uma rede credenciada; no=2010&numero=3919&r=1
– Serviço de intermediação financeira (crédito) para emprésti- 15 https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?numero=4549&ti-
mos em dinheiro direto ao consumidor, disponibilizado através de po=Resolu%C3%A7%C3%A3o&data=26/1/2017
operação de saque. 16 https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?numero=3892&ti-

144
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Sendo assim no mês seguinte, ou seja, no final do prazo dos investimentos rurais reprodutivos, bem como atender às necessi-
30 dias, o cliente não terá mais a opção do pagamento mínimo e dades de custeio e comercialização da produção agropecuária e da
deverá escolher entre pagar o valor integral ou parcelar a fatura, de Pesca, onde proporciona:
acordo com as opções que o banco ofereça, com a taxa de juros do a) Estimular os investimentos rurais efetuados pelos produtores
parcelamento sempre menor do que a do rotativo. ou por suas cooperativas;
b) Favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a
Microcrédito Urbano comercialização de produtos agropecuários;
O microcrédito é a concessão de empréstimos de pequeno va- c) Fortalecer o setor rural;
lor a microempreendedores formais e informais, normalmente sem d) Incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de
acesso ao sistema financeiro tradicional.17 produção, visando ao aumento de produtividade, à melhoria do
Podem obter recursos do BNDES Microcrédito as pessoas físicas padrão de vida das populações rurais e à adequada utilização dos
e jurídicas empreendedoras de atividades produtivas de pequeno recursos naturais;
porte, ou seja, aquelas que obtenham receita bruta igual ou inferior e) Propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e regularização
a R$ 360 mil em cada ano-calendário. Os recursos destinam-se sem- de terras pelos pequenos produtores, posseiros e arrendatários e
pre ao financiamento de capital de giro ou de investimentos produ- trabalhadores rurais;
tivos fixos, como obras civis, compra de máquinas e equipamentos f) Desenvolver atividades florestais e pesqueiras;
novos e usados, e compra de insumos e materiais. g) Estimular a geração de renda e o melhor uso da mão-de-obra
O valor do financiamento e a taxa de juros são determinados na agricultura familiar.
pelo agente operador, de acordo com limites pré-estabelecidos.
Como o BNDES não atua diretamente no apoio aos microempreen- De acordo com o Decreto-Lei nº 167/196720, e da Lei nº
dedores, os interessados devem dirigir-se aos agentes operadores 10.931/200421, a formalização do crédito rural pode ser realizada
do microcrédito de sua cidade/região, que analisarão a possibilida- por meio dos seguintes títulos:
de de concessão de crédito e as condições do financiamento. - Cédula Rural Pignoratícia (CRP)22;
- Cédula Rural Hipotecária (CRH)23;
- Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária (CRPH);
OPERAÇÕES DE CRÉDITO ESPECIALIZADO. CRÉDITO - Nota de Crédito Rural (NCR).
RURAL. CONCEITO, BENEFICIÁRIOS, PRECEITOS E - Cédula de Crédito Rural Bancário (CCB).
FUNÇÕES BÁSICAS; FINALIDADES: OPERAÇÕES DE
INVESTIMENTO, CUSTEIO E COMERCIALIZAÇÃO Beneficiários
São beneficiários do Crédito Rural os produtores rurais, classi-
Operações de Crédito são acordos de vontades entre as partes, ficados como Pessoa Física ou Jurídicas, também Cooperativas de
pelo princípio da autonomia18, onde as instituições financeiras têm produtores rurais que exercem a atividade com fins lucrativos, e
autonomia para conceder empréstimos e financiamentos com base Pessoais Físicas ou Jurídicas que, embora não conceituados como
em critérios próprios. O Banco Central, na qualidade de ente regu- “produtor rural”, ou seja, empresas que trabalham para atender as
lador e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional, não interfere necessidade dos produtores, se dedicando as seguintes atividades:
na celebração de contratos de empréstimos e financiamentos, nem - Pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou
na renegociação de dívidas entre as instituições financeiras e seus certificadas;
clientes. - Pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e
Aqui traremos algumas operações de créditos que são disponi- embriões;
bilizadas para determinados ramos ou situações onde se há neces- - Prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária,
sidade de crédito. em imóveis rurais, inclusive para proteção do solo;
- Prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis
Crédito Rural rurais;
O crédito rural foi institucionalizado no Brasil através da Lei nº. - Medição de lavouras;
4.829 de 05/11/196519 e constitui hoje um dos principais instru- - Atividades florestais.
mentos utilizados pelo governo brasileiro na execução de sua polí-
tica Agrícola. Basicamente, o crédito rural consiste no suprimento Custeio
adequado, suficiente e oportuno de recursos financeiros por esta- A estabilidade monetária, obtida com a implantação do Plano
belecimentos de crédito oficiais e particulares para incrementar os Real na economia brasileira, permite que o governo estabeleça uma
política agrícola de longo prazo, com regras claras sobre a sua atu-
ação na produção e no mercado de produtos agrícolas, sobretudo
no que tange à política de crédito e aos instrumentos de amparo à
po=Circular&data=26/4/2018 produção e à comercialização.
17 https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/bndes-microcredi-
to/bndes-microcredito 20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0167.htm
18 Princípio que consiste no poder entre partes para estipular livremente, como 21 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.931.htm
melhor convier, mediante acordo a disciplina de seus interesses, suscitando efei- 22 É baseada no penhor rural e que passa a valer como título de crédito
tos ordem jurídica, envolvendo a criação de contratos e a liberdade de contratar ou 23 É um título de crédito vinculado a financiamento rural, no qual o emitente presta
não contratar. garantia hipotecária
19 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4829.htm

145
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Introduziram-se alguns ajustes nas regras atuais do crédito ru-


ral, que foram identificados mediante o comportamento e a avalia- PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA
ção das medidas que vigoram na safra passada. Esses ajustes estão AGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF): BASE LEGAL,
agora sendo divulgados, de modo a contribuir para a tomada de FINALIDADES, BENEFICIÁRIOS, DESTINAÇÃO,
decisão do agricultor, permitindo que ele faça sua programação de CONDIÇÕES.
maneira adequada e oportuna.
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
Custeio Agrícola: Tem por finalidade atender as despesas nor- (PRONAF)
mais do ciclo de produção vegetal como opção de crédito ou uma O PRONAF destina-se a estimular a geração de renda e melho-
forma de capital de giro. O crédito de custeio para o campo é uma rar o uso da mão de obra familiar, por meio do financiamento de
forma de custeio que permite ao produtor planejar seu trabalho e atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários de-
capital de giro para atividades sazonais. senvolvidos em estabelecimento rural ou em áreas comunitárias
Uma vez tomada à decisão, o produtor não pode recuar sem próximas24, proporcionando assim a manutenção de novas tecno-
grandes prejuízos. Esse risco muda de acordo com a lavoura ou la- logias e estimulando a pesquisa e desenvolvimento de técnicas à
vouras, também conhecidas como mix de produção, na região de agricultura familiar.
plantio e o tamanho da área a ser semeada. Durante o ciclo produ-
tivo das lavouras é abrangido o preparo das terras até a entrega da Beneficiários25
produção, despesas de armazenamento no imóvel ou em coope- São beneficiários do PRONAF os agricultores e produtores rurais
rativas, aquisição de mudas, sementes, fertilizantes, corretivos de que compõem as unidades familiares de produção rural e que com-
solo, etc. provem seu enquadramento mediante apresentação da Declaração
de Aptidão ao Pronaf (DAP) ativa, em um dos seguintes grupos:
Custeio Pecuário: Tem por finalidade atender as despesas nor-
mais de exploração pecuária, podendo estender à aquisição isolada Grupo A: Agricultores familiares assentados pelo Programa Na-
de insumos como sal, forragens, rações, minerais, defensivos vege- cional de Reforma Agrária (PNRA) ou beneficiários do Programa Na-
tais e animais, abrangendo também apicultura, piscicultura, serici- cional de Crédito Fundiário (PNCF) que não contrataram operação
cultura, fenação, silagem, etc. de investimento sob a égide do Programa de Crédito Especial para a
Reforma Agrária (Procera) ou que ainda não contrataram o limite de
Investimentos: Esta operação de investimento é toda aplicada operações ou de valor de crédito de investimento para estruturação
em bens ou serviços e se destinam na formação do capital fixo ou no âmbito do Pronaf;
semifixo para os produtores, sendo eles:
a) Fixos: Aplicação em bem estável de longa duração e vários Grupo B: Beneficiários que possuam renda bruta familiar nos
ciclos de produção. Ex.: Construção de mangueiras, pontes, cercas, últimos 12 meses de produção normal, que antecedem a solicita-
coxos cobertos, barracões, etc., e ção da DAP, não superior a R$20.000,00 (vinte mil reais) e que não
b) Semifixo: Bem estável de curta e média duração: Ex.: Aquisi- contratem trabalho assalariado permanente;
ção de matrizes (vacas), reprodutores, etc.
Grupo A/C: Agricultores familiares assentados pelo PNRA ou
Pagamento e Fiscalização beneficiários do PNCF que:
O pagamento do crédito deve ser efetuado de uma única vez ou a) Tenham contratado a primeira operação no Grupo A;
em parcelas, segundo os ciclos das explorações financiadas. O prazo b) Não tenham contratado financiamento de custeio, exceto no
e o cronograma de pagamentos devem ser estabelecidos em fun- próprio Grupo A/C.
ção da capacidade de pagamento, de maneira que os vencimentos
coincidam com as épocas normais de obtenção dos rendimentos da Os Agricultores Familiares que:
atividade assistida. a) Explorem parcela de terra na condição de proprietário, pos-
É obrigatória a fiscalização direta de todos os créditos, ressal- seiro, arrendatário, comodatário, parceiro, concessionário do PNRA
vados os casos expressamente previstos e deve ser efetuada nos ou permissionário de áreas públicas;
seguintes momentos: b) Residam no estabelecimento ou em local próximo, conside-
- Crédito de custeio agrícola, antes da época prevista para co- rando as características geográficas regionais;
lheita; c) Não detenham, a qualquer título, área superior a quatro mó-
- Empréstimo do Governo Federal (EGF) no curso da operação; dulos fiscais, contíguos ou não, quantificados conforme a legislação
- Crédito de custeio pecuário, pelo menos uma vez no curso da em vigor;
operação, em época que seja possível verificar sua correta aplica- d) Obtenham, no mínimo, 50% da renda bruta familiar da explo-
ção; ração agropecuária e não agropecuária do estabelecimento;
- Crédito de investimento para construções, reformas ou am- e) Tenham o trabalho familiar como predominante na explo-
pliações de benfeitorias até a conclusão do cronograma de execu- ração do estabelecimento, utilizando mão de obra de terceiros de
ção, previsto no projeto; acordo com as exigências sazonais da atividade agropecuária, po-
- Demais financiamentos em até sessenta dias após cada utiliza-
ção, para comprovar a realização das obras, serviços ou aquisições.

24 https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/PRONAF.asp
25 https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/PRONAF.asp#1

146
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

dendo manter empregados permanentes em número menor ou Principais Condições ao Crédito


igual ao número de pessoas da família ocupadas com o empreen- É necessária a apresentação de garantias para obtenção de fi-
dimento familiar; nanciamento do PRONAF, sendo a escolha dessas de livre conven-
f) Tenham obtido renda bruta familiar nos últimos 12 meses ção entre o financiado e o financiador, que devem ser ajustadas de
de produção normal, que antecedem a solicitação da DAP, de até acordo com a natureza e o prazo do crédito. Um dos benefícios do
R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), considerando neste PRONAF é de a documentação pertinente à relação contratual en-
limite a soma de 100% do Valor Bruto de Produção (VBP), 100% do tre o proprietário da terra e o beneficiário do crédito não estarem
valor da receita recebida de entidade integradora e das demais ren- sujeitas à exigência de registro em cartório.
das provenientes de atividades desenvolvidas no estabelecimento
e fora dele, recebida por qualquer componente familiar, excluídos Limites e Prazos
os benefícios sociais e os proventos previdenciários decorrentes de O valor do custeio rural contratado ao amparo do PRONAF fica
atividades rurais; limitada a R$250.000,00 por mutuário e por ano agrícola.
O prazo de pagamentos observando os ciclos de cada empreen-
Demais Beneficiários: São também beneficiários do Pronaf, me- dimento são:
diante apresentação de DAP válida, as pessoas que: - Para o Custeio Agrícola:
- Atendam, no que couber, às exigências previstas no tópico IV - De até 3 anos para as culturas de açafrão e palmeira real (pal-
Agricultores familiares - e que sejam: mito);
- Pescadores artesanais que se dediquem à pesca artesanal, De até 2 anos para as culturas bianuais;
com fins comerciais, explorando a atividade como autônomos, com De até 1 ano para as demais culturas.
meios de produção próprios ou em regime de parceria com outros
pescadores igualmente artesanais; - Para o Custeio Pecuário:
- Aquicultores que se dediquem ao cultivo de organismos que De até 6 meses, no financiamento para aquisição de bovinos e
tenham na água seu normal ou mais frequente meio de vida e que bubalinos para engorda em regime de confinamento;
explorem área não superior a 2 (dois) hectares de lâmina d’água De até 2 anos quando o financiamento envolver a aquisição de
ou, quando a exploração se efetivar em tanque-rede, ocupem até bovinos e bubalinos para recria e engorda em regime extensivo e o
500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água; crédito abranger as duas finalidades na mesma operação;
- Silvicultores que cultivem florestas nativas ou exóticas e que De até 1 ano nos demais financiamentos, podendo esse prazo
promovam o manejo sustentável daqueles ambientes; ser estendido por mais 1 ano quando o crédito se destinar à aqui-
- Que se enquadrem nas alíneas de A até F26 e que sejam: cultura, conforme o ciclo produtivo de cada espécie contido no pla-
a) extrativistas que exerçam o extrativismo artesanalmente no no, proposta ou projeto.
meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;
b) integrantes de comunidades quilombolas rurais; Subprogramas do PRONAF27
c) povos indígenas; - Pronaf Agroindústria: financiamento a agricultores e produ-
d) demais povos e comunidades tradicionais. tores rurais familiares, pessoas físicas e jurídicas, e a cooperativas
para investimento em beneficiamento, armazenagem, processa-
Importante: A Lei nº 11.326, de 2006, estabelece as diretrizes mento e comercialização agrícola, extrativista, artesanal e de pro-
para a formulação da Política da Agricultura Familiar e Empreendi- dutos florestais; e para apoio à exploração de turismo rural;
mentos Familiares Rurais, e o seu artigo 3º define quem é conside-
rado agricultor familiar e empreendedor familiar rural. - Pronaf Mulher: financiamento à mulher agricultora integrante
de unidade familiar de produção enquadrada no Pronaf, indepen-
Destinação dentemente do estado civil.
Os créditos são destinados ao:
- Custeio: Para financiar atividades agropecuárias e não agrope- - Pronaf Agroecologia: financiamento a agricultores e produto-
cuárias de acordo com projetos específicos ou propostas de finan- res rurais familiares, pessoas físicas, para investimento em sistemas
ciamento; de produção agroecológicos ou orgânicos, incluindo-se os custos
- Investimento: Para financiar atividades agropecuárias ou não relativos à implantação e manutenção do empreendimento.
agropecuárias, para implantação, ampliação ou modernização da
estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de ser- - Pronaf ECO: financiamento a agricultores e produtores rurais
viços, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais familiares, pessoas físicas, para investimento na utilização de tecno-
próximas, de acordo com projetos específicos. Integralização de logias de energia renovável, tecnologias ambientais, armazenamen-
cotas-partes pelos beneficiários nas cooperativas de produção: des- to hídrico, pequenos aproveitamentos hidro energéticos, silvicultu-
tinam-se a financiar a capitalização de cooperativas de produção ra e adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez
agropecuárias formadas por beneficiários do Pronaf; e fertilidade do solo, visando sua recuperação e melhoramento da
- Industrialização: Para financiar atividades agropecuárias, da capacidade produtiva.
produção própria ou de terceiros enquadrados no Pronaf, de acor-
do com projetos específicos ou propostas de financiamento. Os - Pronaf Mais Alimentos: financiamento a agricultores e pro-
créditos individuais, independentemente da classificação dos bene- dutores rurais familiares, pessoas físicas, para investimento em sua
ficiários a que se destinam, devem objetivar, sempre que possível, o estrutura de produção e serviços, visando ao aumento de produti-
desenvolvimento do estabelecimento rural como um todo. vidade e à elevação da renda da família.
26 As alíneas A até F deste tópico. 27 https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/pronaf

147
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

- Pronaf Jovem: financiamento a agricultores e produtores ru- CAPÍTULO I


rais familiares, pessoas físicas, para investimento nas atividades de Do Financiamento Industrial
produção, desde que beneficiários sejam maiores de 16 anos e me-
nores de 29 anos entre outros requisitos. Art. 1º O financiamento concedido por instituições financeiras a
pessoa física ou jurídica que se dedique à atividade industrial pode-
- Pronaf Microcrédito (Grupo “B”): financiamento a agriculto- rá efetuar-se por meio da cédula de crédito industrial prevista neste
res e produtores rurais familiares, pessoas físicas, que tenham obti- Decreto-lei.
do renda bruta familiar de até R$ 20 mil, nos 12 meses de produção
normal que antecederam a solicitação da Declaração de Aptidão ao Art. 2º O emitente da cédula fica obrigado a aplicar o financia-
PRONAF (DAP). mento nos fins ajustados, devendo comprovar essa aplicação no
prazo e na forma exigidos pela instituição financiadora.
- Pronaf Cotas-Partes: financiamento para integralização de
cotas-partes por beneficiários do Pronaf associados a cooperativas Art. 3º A aplicação do financiamento ajustar-se-á em orçamen-
de produção rural; e aplicação pela cooperativa em capital de giro, to, assinado, em duas vias, pelo emitente e pelo credor, dele deven-
custeio, investimento ou saneamento financeiro. do constar expressamente qualquer alteração que convencionarem.
Parágrafo único. Far-se-á, na cédula, menção do orçamento que
a ela ficará vinculado.
CRÉDITO INDUSTRIAL, AGROINDUSTRIAL, PARA
O COMÉRCIO E PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: Art. 4º O financiador abrirá, com o valor do financiamento conta
CONCEITO, FINALIDADES (INVESTIMENTO FIXO E vinculada à operação, que o financiado movimentará por meio de
CAPITAL DE GIRO ASSOCIADO), BENEFICIÁRIOS cheques, saques, recibos, ordens, cArt.as ou quaisquer outros docu-
mentos, na forma e no tempo previstos na cédula ou no orçamento.
Crédito Industrial e Agroindustrial
O crédito Industrial e Agroindustrial é uma modalidade que Art. 5º As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão ju-
busca promover o desenvolvimento do segmento por meio da ex- ros e poderão sofrer correção monetária às taxas e aos índices que
pansão, diversificação e aumento de competitividade das empre- o Conselho Monetário Nacional fixar, calculados sobre os saldos de-
sas, contribuindo para agregar valor às matérias-primas locais, me- vedores da conta vinculada à operação, e serão exigíveis em 30 de
diante o financiamento de empreendimentos de pequeno, médio e junho, 31 de dezembro, no vencimento, na liquidação da cédula ou,
grande porte. Financia principalmente: também, em outras datas convencionadas no título, ou admitidas
- A aquisição de bens de capital e implantação ou moderniza- pelo referido Conselho.
ção, reforma ou ampliação de empreendimentos; Parágrafo único. Em caso de mora, a taxa de juros constante da
- Aquisição de veículos utilitários necessários ao funcionamento cédula será elevável de 1% (um por cento) ao ano.
do empreendimento;
- Modernização de máquinas e equipamentos; Art. 6º O devedor facultará ao credor a mais ampla fiscalização
- Aquisição de móveis e utensílios; do emprego da quantia financiada, exibindo, inclusive os elementos
- Elaboração de estudos ambientais; que lhe forem exigidos.
- Capital de giro associado ao investimento;
- Entre outras modalidades. Art. 7º O financiador poderá, sempre que julgar conveniente e
por pessoas de sua indicação, não só percorrer todas e quaisquer
O público alvo são empresários registrados na junta comercial e dependências dos estabelecimentos industriais referidos no título,
pessoas jurídicas de direito privado que realizem atividades produ- como verificar o andamento dos serviços neles existentes.
tivas no setor industrial e agroindustrial, como por exemplo, Coope-
rativas, Associações de Produtores, Pequenas Indústria, Empresas Art. 8º Para ocorrer às despesas cem a fiscalização, poderá ser
Prestadoras de Serviços, entre outros. ajustada, na cédula, comissão fixada e exigível na forma do Art. 5º
Abaixo trazemos na íntegra o Decreto Lei 413/1969 que dispões deste Decreto-lei, calculada sobre os saldos devedores da conta vin-
sobre o financiamento industrial. culada à operação, respondendo ainda o financiado pelo pagamen-
to de quaisquer despesas que se verificarem com vistorias frustra-
DECRETO-LEI Nº 413, DE 09 DE JANEIRO DE 1969.28 das, ou que forem efetuadas em consequência de procedimento seu
que possa prejudicar as condições legais e celulares.
Dispõe sobre títulos de crédito industrial e dá outras providên-
cias. CAPÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe Da Cédula de Crédito Industrial
confere o § 1º do Art.2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezem-
bro de 1968, Art. 9º A cédula de crédito industrial e promessa de pagamento
DECRETA em dinheiro, com garantia real, cedularmente constituída.

Art. 10. A cédula de crédito industrial é título líquido e certo, exigível


pela soma dela constante ou do endosso, além dos juros, da comissão
28 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0413.htm - Último de fiscalização, se houver, e demais despesas que o credor fizer para
acesso em 27/10/2018 as 12h36min segurança, regularidade e realização de seu direito creditório.

148
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 1º Se o emitente houver deixado de levantar qualquer parce- § 2º A descrição dos bens vinculados poderá ser feita em docu-
la do credito deferido, ou tiver feito pagamentos parciais, o credor mento à pArt.e, em duas vias, assinado pelo emitente e pelo credor,
desconta-los-á da soma declarada na cédula, tornando-se exigível fazendo-se, na cédula, menção a essa circunstância, logo após a in-
apenas o saldo. dicação do grau do penhor ou da hipoteca, da alienação fiduciária
§ 2º Não constando do endosso o valor pelo qual se transfere e de seu valor global.
a cédula, prevalecerá o da soma declarada no título, acrescido dos § 3º Da descrição a que se refere o inciso V deste Art.igo, dis-
acessórios, na forma deste Art.igo, deduzido o valor das quitações pensa-se qualquer alusão à data, forma e condições de aquisição
parciais passadas no próprio título. dos bens empenhados. Dispensar-se-ão, também, para a caracteri-
zação do local ou do depósito dos bens empenhados ou alienados
Art. 11. Importa em vencimento antecipado da dívida resultante fiduciariamente, quaisquer referências a dimensões, confrontações,
da cédula, independentemente de aviso ou de interpelação judicial, benfeitorias e a títulos de posse ou de domínio.
a inadimplência de qualquer obrigação do eminente do título ou, § 4º Se a descrição do imóvel hipotecado se processar em docu-
sendo o caso, do terceiro prestante da garantia real. mento à pArt.e, deverão constar também da cédula todas as indi-
§ 1º Verificado o inadimplemento, poderá, ainda, o financiador cações mencionadas no item V deste Art.igo, exceto confrontações
considerar vencidos antecipadamente todos os financiamentos con- e benfeitorias.
cedidos ao emitente e dos quais seja credor. § 5º A especificação dos imóveis hipotecados, pela descrição
§ 2º A inadimplência, além de acarretar o vencimento antecipa- pormenorizada, poderá ser substituída pela anexação à cédula de
do da dívida resultante da cédula e permitir igual procedimento em seus respectivos títulos de propriedade.
relação a todos os financiamentos concedidos pelo financiador ao § 6º Nos casos do parágrafo anterior, deverão constar da cé-
emitente e dos quais seja credor, facultará ao financiador a capita- dula, além das indicações referidas no § 4º deste Art.igo, menção
lização dos juros e da comissão de fiscalização, ainda que se trate expressa à anexação dos títulos de propriedade e a declaração de
de crédito fixo. ou eles farão pArt.e integrante da cédula até sua final liquidação.

Art. 12. A cédula de crédito industrial poderá ser aditada, ratifi- CAPÍTULO III
cada e retificada, por meio de menções adicionais e de aditivos, da- Da Nota de Crédito Industrial
tados e assinados pelo emitente e pelo credor, lavrados em folha à
pArt.e do mesmo formato e que passarão a fazer pArt.e integrante Art. 15. A nota de crédito industrial é promessa de pagamento
do documento cedular. em dinheiro, sem garantia real.

Art. 13. A cédula de crédito industrial admite amortizações pe- Art. 16. A nota de crédito industrial conterá os seguintes requisi-
riódicas que serão ajustadas mediante a inclusão de cláusula, na tos, lançados no contexto:
forma prevista neste Decreto-lei. I - Denominação “Nota de Crédito Industrial”.
II - Data do pagamento; se a nota fôr emitida para pagamento
Art. 14. A cédula de crédito industrial conterá os seguintes requi- parcelado, acrescentar-se-á cláusula discriminando valor e data de
sitos, lançados no contexto: pagamento das prestações.
I - Denominação “Cédula de Crédito Industrial”. III - Nome do credor e cláusula à ordem.
II - Data do pagamento, se a cédula for emitida para pagamento IV - Valor do crédito deferido, lançado em algarismos e por ex-
parcelado, acrescentar-se-á cláusula discriminando valor e data de tenso, e a forma de sua utilização.
pagamento das prestações. V - Taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização, se houver, e
III - Nome do credor e cláusula à ordem. épocas em que serão exigíveis, podendo ser capitalizadas.
IV - Valor do crédito deferido, lançado em algarismos por exten- VI - Praça de pagamento.
so, e a forma de sua utilização. VII - Data e lugar da emissão.
V - Descrição dos bens objeto do penhor, ou da alienação fiduci- VIII - Assinatura do próprio punho do emitente ou de represen-
ária, que se indicarão pela espécie, qualidade, quantidade e marca, tante com poderes especiais.
se houver, além do local ou do depósito de sua situação, indicando- Art. 17. O crédito pela nota de crédito industrial tem privilégio
-se, no caso de hipoteca, situação, dimensões, confrontações, ben- especial sobre os bens discriminados no Art.igo 1.563 do Código Ci-
feitorias, título e data de aquisição do imóvel e anotações (número, vil.
livro e folha) do registro imobiliário.
VI - Taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização, se houver, e Art. 18. Exceto no que se refere à garantias e a inscrição, apli-
épocas em que serão exigíveis, podendo ser capitalizadas. cam-se à nota do crédito industrial as disposições deste Decreto-lei
VII - Obrigatoriedade de seguro dos bens objeto da garantia. sobre cédula de crédito industrial.
VIII - Praça do pagamento.
IX - Data e lugar da emissão. CAPÍTULO IV
X - Assinatura do próprio punho do emitente ou de representan- Das Garantias da Cédula de Crédito Industrial
te com poderes especiais.
§ 1º A cláusula discriminando os pagamentos parcelados, quan- Art. 19. A cédula de crédito industrial pode ser garantida por:
do cabível, será incluída logo após a descrição das garantias. I - Penhor cedular.
II - Alienação fiduciária.
III - Hipoteca cedular.

149
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 20. Podem ser objeto de penhor cedular nas condições deste Art. 26. Aplicam-se à hipoteca cedular os princípios da legisla-
Decreto-lei: ção ordinária sobre hipoteca, no que não colidirem com o presente
I - Máquinas e aparelhos utilizados na indústria, com ou sem os Decreto-lei.
respectivos pertences;
II - Matérias-primas, produtos industrializados e materiais em- Art. 27. Quando da garantia da cédula de crédito industrial fizer
pregados no processo produtivo, inclusive embalagens; pArt.e a alienação fiduciária, observar-se-ão as disposições cons-
Ill - Animais destinados à industrialização de carnes, pescados, tantes da Seção XIV da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, no que
seus produtos e subprodutos, assim como os materiais empregados não colidirem com este Decreto-lei.
no processo produtivo, inclusive embalagens;
IV - Sal que ainda esteja na salina, bem assim as instalações, Art. 28. Os bens vinculados à cédula de crédito industrial conti-
máquinas, instrumentos utensílios, animais de trabalho, veículos nuam na posse imediata do emitente, ou do terceiro prestante da
terrestres e embarcações, quando servirem à exploração salineira; garantia real, que responderá por sua guarda e conservação como
V - Veículos automotores e equipamentos para execução de ter- fiel depositário, seja pessoa física ou jurídica. Cuidando-se de garan-
raplanagem, pavimentação, extração de minério e construção ci- tia constituída por terceiro, este e o emitente da cédula responderão
vil bem como quaisquer viaturas de tração mecânica, usadas nos solidariamente pela guarda e conservação dos bens gravados.
transportes de passageiros e cargas e, anda, nos serviços dos esta- Parágrafo único. O disposto neste Art.igo não se aplica aos pa-
belecimentos industriais; péis mencionados no item IX, Art.. 20, deste Decreto-lei, inclusive
VI - Dragas e implementos destinados à Iimpeza e à desobstru- em consequência do endosso.
ção de rios, portos e canais, ou à construção dos dois últimos, ou
utilizados nos serviços dos estabelecimentos industriais; CAPÍTULO V
VII - Toda construção utilizada como meio de transporte por
água, e destinada à indústria da revelação ou da pesca, quaisquer SEÇÃO I
que sejam as suas características e lugar de tráfego; Da Inscrição e Averbação da Cédula do Crédito Industrial
VIII - Todo aparelho manobrável em vôo apto a se sustentar a
circular no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas, e capaz Art. 29. A cédula de crédito industrial somente vale contra ter-
de transportar pessoas ou coisas; ceiros desde a data da inscrição. Antes da inscrição, a cédula obriga
IX - Letra de câmbio, promissórias, duplicatas, conhecimentos apenas seus signatários.
de embarques, ou conhecimentos de depósitos, unidos aos respec-
tivos “ warrants “; Art. 30. De acordo com a natureza da garantia constituída, a
X - Outros bens que o Conselho Monetário Nacional venha a ad- cédula de crédito industrial inscreve-se no CArt.ório de Registro de
mitir como lastro dos financiamentos industriais. Imóveis da circunscrição do local de situação dos bens objeto do
penhor cedular, da alienação fiduciária, ou em que esteja localizado
Art. 21. Podem-se incluir na garantia os bens adquiridos ou pa- o imóvel hipotecado.
gos com o financiamento, feita a respectiva averbação nos termos
deste Decreto-lei. Art. 31. A inscrição fa-se-á na ordem de apresentação da cédula,
em livro próprio denominada “Registro de Cédula de Crédito     In-
Art. 22. Antes da liquidação da cédula, não poderão os bens em- dustrial”, observado o disposto nos Art.igos 183, 188, 190 e 202, do
penhados ser removidos das propriedades nela mencionadas, sob Decreto 4.857, de 9 de novembro de 1939.
qualquer pretexto e para onde quer que seja, sem prévio consenti- § 1º Os livros destinados à inscrição da cédula de crédito indus-
mento escrito do credor. trial serão numerados em série crescente a começar de 1 (um) e
Parágrafo único. O disposto neste Art.igo não se aplica aos ve- cada livro conterá termos de abertura e de encerramento, assina-
ículos referidos nos itens IV, V, VI, VII e VIII do Art.igo 20 deste De- dos pelo Juiz de Direito da Comarca, que rubricará todas as folhas.
creto-lei, que poderão ser retirados temporariamente de seu local e § 2º As formalidades a que se refere o parágrafo anterior prece-
situação, se assim o exigir a atividade financiada. derão a utilização do livro.
§ 3º Em cada CArt.ório haverá, em uso, apenas um livro “Re-
Art. 23. Aplicam-se ao penhor cedular os preceitos legais vigen- gistro de Cédula de Crédito Industrial”, utilizando-se o de número
tes sobre penhor, no que não colidirem com o presente Decreto-lei. subsequente depois de findo o anterior.

Art. 24. São abrangidos pela hipoteca constituída as constru- Art. 32. A inscrição consistirá na anotação dos seguintes requi-
ções, respectivos terrenos, instalações e benfeitorias. sitos cedulares:
a) Data e forma do pagamento.
Art. 25. Incorporam-se na hipoteca constituída as instalações e b) Nome do emitente, do financiador e, quando houver, do ter-
construções, adquiridas ou executadas com o crédito, assim como ceiro prestante da garantia real e do endossatário.
quaisquer outras benfeitorias acrescidas aos imóveis na vigência da c) Valor do crédito deferido e forma de sua utilização.
cédula, as quais, uma vez realizadas, não poderão ser retiradas ou d) Praça do pagamento.
destruídas sem o consentimento do credor, por escrito. e) Data e lugar da emissão.
Parágrafo único. Faculta-se ao credor exigir que o emitente faça § 1º Para a inscrição, o apresentante do título oferecerá, com o
averbar, à margem da inscrição principal, a constituição de direto original da cédula, cópia em impresso idêntico, com a declaração
real sobre os bens e benfeitorias referidos neste Art.igo. “Via não negociável”, em linhas paralelas transversais.
§ 2º O CArt.ório conferirá a exatidão da cópia, autenticando-a.

150
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 3º Cada grupo de 200 (duzentas) cópias será encadernado na Art. 38. As inscrições das cédulas e as averbações posteriores
ordem cronológica de seu arquivamento, em livro que o CArt.ório serão efetuadas no prazo de 3 (três) dias úteis a contar da apresen-
apresentará no prazo de quinze dias depois de completado o grupo, tação do título sob pena de responsabilidade funcional do oficial
ao Juiz de Direito da Comarca, para abri-lo e encerra-lo, rubricando encarregado de promover os atos necessários.
as respectivas folhas numeradas em série crescente a começar de § 1º A transgressão do disposto neste Art.igo poderá ser co-
1 (um). municada ao Juiz de Direito da Comarca pelos interessados ou por
§ 4º Nos casos do § 5º do Art.. 14 deste Decreto-lei, à via da qualquer pessoa que tenha conhecimento do fato.
cédula destinada ao CArt.ório será anexada cópia dos títulos de do- § 2º Recebida a comunicação, o Juiz instaurará imediatamente
mínio, salvo se os imóveis hipotecados se acharem registrados no inquérito administrativo.
mesmo CArt.ório. § 3º Apurada a irregularidade, o oficial pagará multa de valor
correspondente aos emolumentos que seriam cobrados, por dia de
Art. 33. Ao efetuar a inscrição ou qualquer averbação, o Oficial atraso, aplicada pelo Juiz de Direito da Comarca, devendo a respec-
do Registro de Imóveis mencionará, no respectivo ato, a existência tiva importância ser recolhida, dentro de 15 (quinze) dias, a esta-
de qualquer documento anexo à cédula e nele aporá sua rubrica, belecimento bancário que a transferirá ao Banco Central do Brasil,
independentemente de qualquer formalidade. para crédito do Fundo Geral para Agricultura e Indústria - FUNAGRI,
criado pelo Decreto nº 56.835, de 3 de setembro de 1965.
Art. 34. O CArt.ório anotará a inscrição, com indicação do nú-
mero de ordem, livro e folhas, bem como valor dos emolumentos SEÇÃO II
cobrados no verso da cédula, além de mencionar, se for o caso, os Do Cancelamento da Inscrição da Cédula de Crédito Industrial
anexos apresentados.
11§ 1º Pela inscrição da cédula, serão cobrados do interessado, Art. 39. Cancela-se a inscrição mediante a averbação, no livro
em todo o território nacional, o seguintes emolumentos, calculados próprio:
sobre o valer do crédito deferido:      (Extinto pela Lei nº 8.522, de I - da prova da quitação da cédula, lançada no próprio título ou
1992) passada em documento em separado com força probante;
a) até NCr$ 200,00 - 0,1% II - da ordem judicial competente.
b) de NCr$ 200,01 a NCr$ 500,00 - 0,2% § 1º No ato da averbação do cancelamento, o serventuário
c) de NCr$ 500,01 a NCr$ 1.000,00 - 0,3% mencionará o nome daquele que recebeu, a data do pagamento
d) de NCr$ 1.000,01 a NCr$ 1.500,00 - 4% e, em se tratando de quitação em separado, as características des-
e) acima de NCr$ 1.500,00 - 0,5% - até o máximo de ¼ (um se instrumento; no caso de cancelamento por ordem judicial, esta
quArt.o) do salário-mínimo da região. também será mencionada na averbação, pela indicação da data do
22§ 2º Cinquenta por cento (50%) dos emolumentos referidos mandato, Juízo de que precede, nome do Juiz que o subscreveu e
no parágrafo anterior caberão ao oficial do Registro de Imóveis e demais características correntes.
os restantes cinquenta por cento (50%) serão recolhidos ao Banco § 2º Arquivar-se-ão no CArt.ório a ordem judicial de cancela-
do Brasil S.A., a crédito do Tesouro Nacional.      (Extinto pela Lei nº mento da inscrição ou uma das vias do documento da quitação da
8.522, de 1992) cédula, procedendo-se como se dispõem no § 3º do Art.igo 32 deste
Decreto-lei.
Art. 35. O oficial recusará efetuar a inscrição, se já houver regis-
tro anterior no grau de prioridade declarado no texto da cédula, ou SEÇÃO III
se os houverem sido objeto de alienação fiduciária considerando-se Da Correição dos Livros de Inscrição da Cédula de Crédito
nulo o ato que infringir este dispositivo. Industrial

Art. 36. Para os fins previstos no Art.. 29 deste Decreto-lei aver- Art. 40. O Juiz de Direito da Comarca precederá à correção do
bar-se-ão, à margem da inscrição da cédula, os endossos posterio- livro “Registro de Cédula de Crédito Industrial” uma vez por semes-
res à inscrição, as menções adicionais, aditivos e qualquer outro ato tre, no mínimo.
que promova alteração na garantia ou noções     pactuadas.
§ 1º Dispensa-se a averbação dos pagamentos parcial e do en- CAPÍTULO VI
dosso das instituições financiadoras em operações de redesconto Da Ação para Cobrança da Cédula de Crédito Industrial
ou caução.
22§ 2º Os emolumentos devidos pelos atos referidos neste Art. Art. 41. Independentemente da inscrição de que trata o Art.. 30
igo serão calculados na base de 10% (dez por cento) sobre os valo- deste Decreto-lei, o processo judicial para cobrança da cédula de
res constante do parágrafo único do Art.igo 34 deste Decreto-lei, crédito industrial seguirá o procedimento seguinte:
cabendo ao oficial do Registro de Imóveis e ao Juiz de Direito     da 1º) Despachada a petição, serão os réus, sem que haja preparo
Comarca as mesmas percentagens naquele dispositivo.     (Extinto ou expedição de mandado, citados pela simples entrega de outra
pela Lei nº 8.522, de 1992) via do requerimento, para, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, pa-
gar a dívida;
Art. 37. Os emolumentos devidos pela inscrição da cédula ou 2º) não depositado, naquele prazo, o montante do débito, pro-
pela averbação de atos posteriores poderão ser pagos pelo credor, a ceder-se-á a penhora ou ao sequestro dos bens constitutivos da ga-
débito da conta a que se refere o Art.igo 4º deste Decreto-lei. rantia ou, em se tratando de nota de crédito industrial, à daqueles
enumerados no Art.. 1.563 do Código Civil (Art.igo 17 deste Decre-
to-lei);

151
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

3º) no que não colidirem com este Decreto-lei, observar-se-ão, Art. 48. Quando, do penhor ou da alienação fiduciária, fizerem
quanto à penhora, as disposições do Capítulo III, Título III, do Livro pArt.e veículos automotores, embarcações ou aeronaves, o grava-
VIII, do Código de Processo Civil; me será anotado nos assentamentos próprios da repArt.ição com-
4º) feita a penhora, terão réus, dentro de 48 (quarenta e oito) petente para expedição de licença ou registro dos veículos.
horas, prazo para impugnar o pedido;
5º) findo o termo referido no item anterior, o Juiz, impugnado Art. 49. Os bens onerados poderão ser objeto de nova garantia
ou não o pedido, procederá a uma instrução sumária, facultando às cedular a simples inscrição da respectiva cédula equivalerá à aver-
pArt.es a produção de provas, decidindo em seguida; bação à margem da anterior, do vínculo constituído em grau sub-
6º) a decisão será proferida dentro de 30 (trinta) dias, a contar sequente.
da efetivação da penhora;
7º) não terão efeito suspensivo os recursos interpostos das de- Art. 50. Em caso de mais de um financiamento, sendo os mes-
cisões proferidas na ação de cobrança a que se refere este Art.igo; mos o credor e emitente da cédula, o credor e os bens onerados, po-
8º) o foro competente será o da praça do pagamento da cédula derá estender-se aos financiamentos subsequentes o vínculo origi-
de crédito industrial. nariamente constituído mediante referência à extensão nas cédulas
posteriores, reputando-se uma só garantia com cédulas industriais
CAPÍTULO VI distintas.
Disposições Especiais § 1º A extensão será averbada à margem da inscrição anterior e
não impede que sejam vinculados outros bens à garantia.
Art. 42. A concessão dos financiamentos previstos neste Decre- § 2º Havendo vinculação de novos bens, além da averbação, es-
to-lei bem como a constituição de suas garantias, pelas instituições tará a cédula sujeita à inscrição no CArt.ório do Registro de Imóveis.
de crédito, públicas e privadas, independe da exibição de compro- § 3º Não será possível a extensão se tiver havido endosso ou se
vante de cumprimento de obrigações fiscais, da previdência social, o bens já houverem sido objeto de novo ônus em favor de terceiros.
ou de declaração de bens e certidão negativa de multas.
Parágrafo único. O ajuizamento da dívida fiscal ou previdenci- Art. 51. A venda dos bens vinculados à cédula de crédito indus-
ária impedirá a concessão do financiamento industrial, desde que trial depende de prévia anuência do credor, por escrito.
sua comunicação pela repArt.ição competente às instituições de
crédito seja por estas recebida antes da emissão da cédula, exceto Art. 52. Aplicam-se à cédula de crédito industrial e à nota de
se as garantias oferecidas assegurarem a solvabilidade do crédito crédito industrial, no que forem cabíveis, as normas do direito cam-
em litígio e da operação proposta pelo interessado. bial, dispensado, porém, o protesto para garantir direito de regres-
so contra endossantes e avalistas.
Art. 43. Pratica crime de estelionato e fica sujeito às penas
do Art. 171 do Código Penal aquele que fizer declarações falsas ou CAPÍTULO VIII
inexatas acerca de bens oferecidos em garantia de cédula de crédito Disposições Gerais
industrial, inclusive omitir declaração de já estarem eles sujeitos a
outros ônus ou responsabilidade de qualquer espécie, até mesmo Art. 53. Dentro do prazo da cédula, o credor, se assim o enten-
de natureza fiscal. der, poderá autorizar o emitente a dispor de pArt.e ou de todos os
bens da garantia, na forma e condições que convencionarem.
Art. 44. Quando, do penhor cedular fizer pArt.e matéria-prima,
o emitente se obriga a manter em estoque, na vigência da cédula, Art. 54. Os bens dados em garantia assegurarão o pagamento
uma quantidade desses mesmos bens ou dos produtos resultantes do principal, juros, comissões, pena convencional, despesas legais e
de sua transformação suficiente para a cobertura do saldo devedor convencionais, com as preferências estabelecidas na legislação em
pôr ela garantido. vigor.

Art. 45. A transformação da matéria-prima oferecida em penhor Art. 55. Se baixar no mercado o valor dos bens onerados ou se
cedular não extingue o vínculo real, que se transfere para os produ- se verificar qualquer ocorrência que determine sua diminuição ou
tos e subprodutos. depreciação, o emitente reforçará a garantia dentro do prazo de
Parágrafo único. O penhor dos bens resultantes da transforma- quinze dias da notificação que o credor lhe fizer, por cArt.a enviada
ção, industrial poderá ser substituído pelos títulos de crédito repre- pelo Correio, ou pelo Oficial do CArt.ório de Títulos e Documentos
sentativos da comercialização daqueles produtos, a crédito do cre- da Comarca.
dor, mediante endosso pleno.
Art. 56. Se os bens oferecidos em garantia de cédula de crédito
Art. 46. O penhor cedular de máquinas e aparelhos utilizado na industrial, pertencerem a terceiras, estes subscreverão também o
indústria tem preferência sobre o penhor legal do locador do imóvel título para que se constitua o vínculo.
de sua situação.
Parágrafo único. Para a constituição da garantia cedular a que, Art. 57. Os bens vinculados à cédula de crédito industrial não
se refere este Art.igo, dispensa-se o consentimento do locador. serão penhorados ou sequestrados por outras dívidas do emitente
ou de terceiro prestante da garantia real, cumprindo a qualquer de-
Art. 47. Dentro do prazo estabelecido para utilização do crédito, les denunciar a existência da cédula as autoridades incumbidas da
poderá ser admitida a reutilização pelo devedor, para novas aplica- diligência, ou a quem a determinou, sob pena de responderem pelos
ções, das parcelas entregues para amortização ao débito. prejuízos resultantes de sua omissão.

152
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 66. Este Decreto-lei entrará em vigor 90 (noventa) dias


Art. 58. Em caso de cobrança em processo contencioso ou não, depois de publicado, revogando-se os Decretos-leis nºs 265, de
judicial ou administrativo, o emitente da cédula de crédito industrial 28 de fevereiro de 1967, 320, de 29 de março de 1967 e 331, de
responderá ainda pela multa de 10% (dez por cento) sobre o princi- 21 de setembro de 1967 na pArt.e referente à cédula Industrial
pal e acessórios em débito, devida a pArt.ir do primeiro despacho da Pignoratícia,1.271, de 16 de maio de 1939, 1.697, de 23 de outu-
autoridade competente na petição de cobrança ou de habilitação bro de 1939, 2.064, de 7 de março de 1940, 3.169, de 2 de abril
do crédito. de 1941, 4.191, de 18 de março de 1942, 4.312, de 20 de maio de
1942 e Leis nºs 2.931, de 27 de outubro 1956, e 3.408, de 16 de
Art. 59. No caso de execução judicial, os bens adquiridos ou pa- junho de 1958, as demais disposições em contrário.
gos com o crédito concedido pela célula de crédito industrial res- Brasília, 9 de janeiro de 1969; 148º da Independência e 81º da
ponderão primeiramente pela satisfação do título, não podendo ser República.
vinculados ao pagamento de dívidas privilegiadas, enquanto não
fôr liquidada a cédula.
RECURSOS UTILIZADOS NA CONTRATAÇÃO DE
Art. 60. O emitente da cédula manterá em dia o pagamento dos
FINANCIAMENTOS.
tributos e encargos fiscais, previdenciários e trabalhistas de sua res-
ponsabilidade, inclusive a remuneração dos empregados, exibindo — Introdução
ao credor os respectivos comprovantes sempre que lhe forem exi- A tomada de decisão sobre os recursos utilizados na contrata-
gidos. ção de financiamentos é uma etapa crucial para atingir objetivos
financeiros. Nesta seção, exploraremos detalhadamente diversas
Art. 61. A cédula de crédito industrial e a nota de crédito indus- opções, desde recursos próprios até alternativas oferecidas pelo
trial poderão ser redescontadas em condições estabelecidas pelo mercado financeiro.
Conselho Monetário Nacional.
— Recursos próprios
Art. 62. Da cédula de crédito industrial poderão constar outras
condições da dívida ou obrigações do emitente, desde que não con- Definição
trariem o disposto neste Decreto-lei e a natureza do título. Recursos próprios representam o capital investido pelo toma-
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional, observadas dor do financiamento, proveniente de suas economias ou patrimô-
as condições do mercado de crédito, poderá fixar prazos de venci- nio líquido.
mento dos títulos do crédito industrial, bem como determinar inclu-
são de denominações que caracterizem a destinação dos bens e as Vantagens
condições da operação. Flexibilidade: liberdade para determinar a quantia a ser inves-
tida.
Art. 63. Os bens apenhados poderão, se convier ao credor, ser Menor risco financeiro: não gera obrigações de pagamento a
entregues à guarda de terceiro fiel-depositário, que se sujeitará às terceiros.
obrigações e às responsabilidades legais e cedulares.
§ 1º Os direitos e as obrigações do terceiro fiel-depositário, in- Estratégias avançadas
clusive a imissão, na posse, do imóvel da situação dos bens ape- Investimentos inteligentes: utilizar os recursos próprios em
nhados, independerão da lavratura de contrato de comodato e de investimentos que gerem retornos, contribuindo para a sustenta-
prévio consentimento do locador, perdurando enquanto subsistir a bilidade financeira.
dívida.
§ 2º Tôdas as despesas de guarda e conservação dos bens con- — Financiamento bancário
tratados ao terceiro fiel-depositário correrão, exclusivamente, por
conta do devedor. Definição
§ 3º Nenhuma responsabilidade terão credor e terceiro fiel-de- O financiamento bancário é uma opção tradicional que envolve
positário pelos dispêndios que se tornarem precisos ou aconselhá- a obtenção de recursos diretamente de instituições financeiras.
veis para a boa conservação do imóvel e dos bens apenhados. Características
§ 4º O devedor é obrigado a providenciar tudo o que fôr recla- Variedade de modalidades: instituições oferecem diferentes
mado pelo credor para a pronta execução dos reparos ou obras de tipos de financiamento adaptados a diversas necessidades.
que, porventura, necessitar o imóvel, ou que forem exigidos para a Taxas de juros competitivas: a taxa de juros pode variar, mas a
perfeita armazenagem dos bens empenhados. concorrência entre bancos oferece oportunidades de negociação.
Possibilidade de negociação de prazos: alguns bancos permi-
Art. 64. Serão segurados, até final resgate da cédula, os bens tem ajustes nos prazos de pagamento conforme a capacidade do
nela descritos e caracterizados, observada à vigente legislação de tomador.
seguros obrigatórios.

Art. 65. A cédula de crédito industrial e a nota de crédito indus-


trial obedecerão aos modelos anexos, quais poderão ser padroni-
zados e alterados pelo Conselho Monetário Nacional, observado o
disposto no Art.igo 62 deste Decreto-lei.

153
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Análise de riscos Características


Avaliação de capacidade de pagamento: importante para evi- Diversidade de modelos: existem modelos de crowdfunding de
tar endividamento excessivo. recompensa, dívida e equity, cada um adequado a diferentes obje-
tivos.
Garantias exigidas: compreender as garantias exigidas pelo Interação direta com investidores/doadores: possibilidade de
banco e os riscos associados. estabelecer uma conexão direta com a comunidade.

Modalidades específicas Estratégias eficientes


Crédito imobiliário: destinado à aquisição de propriedades, Transparência: fornecer informações detalhadas sobre o proje-
oferece prazos extensos e taxas competitivas. to ou necessidade para atrair investidores/doadores.
Crédito para empresas de pequeno porte: adaptação de linhas Recompensas atrativas: oferecer recompensas interessantes
de crédito para atender às necessidades específicas de micro e pe- para os apoiadores pode impulsionar a arrecadação.
quenas empresas.

— Consórcio
FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO
NORDESTE (FNE): BASE LEGAL, FINALIDADES, REGRAS,
Definição
ADMINISTRAÇÃO
O consórcio é uma modalidade colaborativa em que indivíduos
se unem para adquirir um bem ou serviço por meio de contribui- Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE29
ções mensais.
Base Legal
Características A redução das desigualdades sociais e regionais é preconizada
Planejamento coletivo: os participantes planejam a compra pela Constituição Federal brasileira, suscitando a existência de po-
em conjunto, sem a necessidade de recursos iniciais significativos. líticas públicas que promovam a diminuição das diferenças inter e
Possibilidade de antecipação: lances podem acelerar a con- intrarregionais, mediante a democratização de investimentos pro-
templação. dutivos que impulsionem o desenvolvimento econômico com a cor-
respondente geração de emprego e renda.
Vantagens adicionais Criado em 1988 (artigo 159, inciso I, alínea “c” da Constituição
Ausência de Juros: diferentemente de empréstimos, não há da República Federativa do Brasil e artigo 34 do Ato das Disposi-
cobrança de juros. ções Constitucionais Transitórias) e regulamentado em 1989 (Lei nº
Participação em grupos específicos: consórcios podem ser seg- 7.827, de 27/09/1989), o Fundo Constitucional de Financiamento
mentados para atender a grupos específicos, como consórcios para do Nordeste (FNE) é um instrumento de política pública federal
aquisição de veículos pesados. operado pelo Banco do Nordeste que objetiva contribuir para o
desenvolvimento econômico e social do Nordeste, através da exe-
— Empréstimos Pessoais cução de programas de financiamento aos setores produtivos, em
consonância com o plano regional de desenvolvimento, possibili-
Definição tando, assim, a redução da pobreza e das desigualdades.
Os empréstimos pessoais são uma alternativa rápida para ob- Provido de recursos federais, o FNE financia investimentos de
tenção de recursos, sem vinculação a uma finalidade específica. longo prazo e, complementarmente, capital de giro ou custeio.
Além dos setores agropecuário, industrial e agroindustrial, também
Características são contemplados com financiamentos os setores de turismo, co-
Acesso rápido: processo ágil de aprovação e liberação dos re- mércio, serviços, cultural e infraestrutura.
cursos. Os recursos do Fundo representam ingressos adicionais para o
Ampla disponibilidade: disponível em bancos, cooperativas e Nordeste, mas não substituem outros fluxos financeiros do Gover-
plataformas online. no Federal, de órgãos repassadores ou do próprio BNB. Por defi-
nição legal, não se sujeita a injunções de políticas conjunturais de
Cuidados na contratação contingenciamento de crédito, tendo em vista a conveniência e a
Avaliação da necessidade: utilizar empréstimos pessoais so- necessidade de se assegurar a continuidade das inversões de de-
mente em situações verdadeiramente necessárias. senvolvimento regional.
Comparação de taxas: pesquisar e comparar as taxas de dife- Atualmente, o FNE atende a 1.990 municípios situados nos nove
rentes instituições antes de decidir. estados que compõem a região Nordeste e no Norte dos estados do
Espírito Santo e de Minas Gerais, incluindo os Vales do Jequitinho-
— Crowdfunding nha e do Mucuri, contemplando com acesso ao crédito os segmen-
tos empresariais de microempreendedores individuais, produtores,
Definição empresas, associações e cooperativas.
O crowdfunding é uma abordagem inovadora em que recursos O Fundo é operacionalizado em respeito às diretrizes legais, tais
são obtidos por meio de doações ou investimentos de um grande como: destinação de pelo menos metade do ingressos de recursos
número de pessoas. para o semiárido; ação integrada com as instituições federais sedia-

29 https://www.bnb.gov.br/sobre-o-nordeste-fne

154
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

das na Região; tratamento preferencial aos mini, micro e pequenos regional, mediante a execução de programas de financiamento aos
empreendedores; preservação do meio ambiente; conjugação do setores produtivos, em consonância com os respectivos planos re-
crédito com a assistência técnica; democratização do acesso ao cré- gionais de desenvolvimento.
dito e apoio às atividades inovadoras. § 1° Na aplicação de seus recursos, os Fundos Constitucionais
Na medida em que o Fundo prioriza o atendimento a mini e de Financiamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste ficarão a sal-
pequenos produtores rurais, a micro e pequenas empresas, à região vo das restrições de controle monetário de natureza conjuntural
semiárida e aos municípios localizados em microrregiões de baixa e deverão destinar crédito diferenciado dos usualmente adotados
renda, dinâmicas e estagnadas no âmbito da Política Nacional de pelas instituições financeiras, em função das reais necessidades das
Desenvolvimento Regional (PNDR), reforça-se a importância desse regiões beneficiárias.
instrumento de política de fomento para o desenvolvimento. Dessa § 2° No caso da região Nordeste, o Fundo Constitucional de
forma, o planejamento da ação desenvolvimentista e a integração Financiamento do Nordeste inclui a finalidade específica de finan-
de políticas, programas e ações em múltiplas escalas, desde o in- ciar, em condições compatíveis com as peculiaridades da área, ati-
traurbano ao mesorregional, são fundamentais para assegurar uma vidades econômicas do semi-árido, às quais destinará metade dos
maior eficiência na utilização dos recursos públicos e maior efetivi- recursos ingressados nos termos do art. 159, inciso I, alínea c, da
dade na intervenção nas economias locais. Constituição Federal.
Nesse contexto, o FNE Itinerante, fruto de uma parceria entre Art. 3° Respeitadas as disposições dos Planos Regionais de De-
o Ministério da Integração Nacional (MI) e a Superintendência de senvolvimento, serão observadas as seguintes diretrizes na formu-
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), tem por objetivo benefi- lação dos programas de financiamento de cada um dos Fundos:
ciar, por meio da divulgação das linhas de financiamento do FNE, as I - concessão de financiamento aos setores produtivos das regi-
micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais, ões beneficiadas; (Redação dada pela Lei nº 13.530, de 2017)
instaladas naqueles municípios que apresentam maiores dificulda- II - ação integrada com instituições federais sediadas nas regi-
des de acesso ao sistema bancário. Os eventos do FNE Itinerante ca- ões;
racterizam-se pela oferta de palestras técnicas e informativas, aten- III - tratamento preferencial às atividades produtivas de peque-
dimento negocial individual dos participantes e pelo agendamento nos e miniprodutores rurais e pequenas e microempresas, às de uso
de visitas gerenciais a microempresários e microempreendedores intensivo de matérias-primas e mão-de-obra locais e as que produ-
individuais (para maiores informações, acessar o Relatório do FNE zam alimentos básicos para consumo da população, bem como aos
Itinerante 2017 no link disponível no final da página). projetos de irrigação, quando pertencentes aos citados produtores,
O Banco do Nordeste, anualmente, elabora e submete ao MI e suas associações e cooperativas;
à Sudene, proposta de aplicação de recursos por meio da Progra- IV - preservação do meio ambiente;
mação do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, a V - adoção de prazos e carência, limites de financiamento, ju-
qual contempla, dentre outros aspectos, as estratégias de ação e os ros e outros encargos diferenciados ou favorecidos, em função dos
programas de financiamento, além dos planos estaduais de aplica- aspectos sociais, econômicos, tecnológicos e espaciais dos empre-
ção de recursos. endimentos;
VI - conjugação do crédito com a assistência técnica, no caso de
Seguem os dispositivos da Lei 7.827/1989: setores tecnologicamente carentes;
VII - orçamentação anual das aplicações dos recursos;
LEI Nº 7.827, DE 27 DE SETEMBRO DE 1989 VIII - uso criterioso dos recursos e adequada política de garan-
tias, com limitação das responsabilidades de crédito por cliente ou
Regulamenta o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Fe- grupo econômico, de forma a atender a um universo maior de be-
deral, institui o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte neficiários e assegurar racionalidade, eficiência, eficácia e retorno
- FNO, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE às aplicações;
e o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste - FCO, IX - apoio à criação de novos centros, atividades e pólos dinâmi-
e dá outras providências. cos, notadamente em áreas interioranas, que estimulem a redução
das disparidades intra-regionais de renda;
O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no exercício do X - proibição de aplicação de recursos a fundo perdido.
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso XI - programação anual das receitas e despesas com nível de
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: detalhamento que dê transparência à gestão dos Fundos e favore-
ça a participação das lideranças regionais com assento no conselho
Art. 1° Ficam criados o Fundo Constitucional de Financiamen- deliberativo das superintendências regionais de desenvolvimento;
to do Norte - FNO, o Fundo Constitucional de Financiamento do (Incluído pela Lei Complementar nº 129, de 2009).
Nordeste - FNE e o Fundo Constitucional de Financiamento do Cen- XII - ampla divulgação das exigências de garantia e de outros
tro-Oeste - FCO, para fins de aplicação dos recursos de que trata a requisitos para a concessão de financiamento; (Redação dada pela
alínea c do inciso I do art. 159 da Constituição Federal, os quais se Lei nº 13.530, de 2017)
organizarão e funcionarão nos termos desta Lei. XIII - concessão de financiamento a estudantes regularmente
I - Das Finalidades e Diretrizes Gerais matriculados em cursos superiores não gratuitos, de que trata a Lei
Art. 2° Os Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, nº 10.260, de 12 de julho de 2001. (Incluído pela Lei nº 13.530, de
Nordeste e Centro-Oeste têm por objetivo contribuir para o desen- 2017)
volvimento econômico e social das regiões Norte, Nordeste e Cen- II -- Dos Beneficiários
tro-Oeste, através das instituições financeiras federais de caráter

155
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 4o São beneficiários dos recursos dos fundos constitucio- Parágrafo único. Nos casos dos recursos previstos no inciso I
nais de financiamento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste: deste artigo, será observada a seguinte distribuição:
(Redação dada pela Lei nº 13.530, de 2017) I - 0,6% (seis décimos por cento) para o Fundo Constitucional
I - produtores e empresas, pessoas físicas e jurídicas, e coopera- de Financiamento do Norte;
tivas de produção que, de acordo com as prioridades estabelecidas II - 1,8% (um inteiro e oito décimos por cento) para o Fundo
nos planos regionais de desenvolvimento, desenvolvam atividades Constitucional de Financiamento do Nordeste; e
produtivas nos setores agropecuário, mineral, industrial, agroin- III - 0,6% (seis décimos por cento) para o Fundo Constitucional
dustrial, de empreendimentos comerciais e de serviços das regiões de Financiamento do Centro-Oeste.
Norte, Nordeste e Centro-Oeste; (Incluído pela Lei nº 13.530, de Art. 7º A Secretaria do Tesouro Nacional liberará ao Ministério
2017) da Integração Nacional, nas mesmas datas e, no que couber, se-
II - estudantes regularmente matriculados em cursos superio- gundo a mesma sistemática adotada na transferência dos recursos
res e de educação profissional, técnica e tecnológica não gratuitos dos Fundos de Participação dos Estados, do Distrito Federal e dos
que contribuirão para o desenvolvimento do setor produtivo das Municípios, os valores destinados aos Fundos Constitucionais de Fi-
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, de acordo com as priorida- nanciamento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, cabendo ao
des estabelecidas nos planos regionais de desenvolvimento. (Inclu- Ministério da Integração Nacional, observada essa mesma sistemá-
ído pela Lei nº 13.530, de 2017) tica, repassar os recursos diretamente em favor das instituições fe-
§ 1º Os Fundos Constitucionais de Financiamento poderão fi- derais de caráter regional e do Banco do Brasil S.A. (Redação dada
nanciar empreendimentos de infra-estrutura econômica, inclusive pela Lei nº 10.177, de 12.1.2001)
os de iniciativa de empresas públicas não dependentes de transfe- Parágrafo único. O Ministério da Fazenda informará, mensal-
rências financeiras do Poder Público, considerados prioritários para mente, ao Ministério da Integração Nacional, às respectivas supe-
a economia em decisão do respectivo conselho deliberativo. (Reda- rintendências regionais de desenvolvimento e aos bancos adminis-
ção dada pela Lei nº 11.775, de 2008) tradores dos Fundos Constitucionais de Financiamento a soma da
§ 2º No caso de produtores e empresas beneficiárias de fundos arrecadação do imposto sobre a renda e proventos de qualquer
de incentivos regionais ou setoriais, a concessão de financiamentos natureza e do imposto sobre produtos industrializados, o valor das
de que trata esta Lei fica condicionada à regularidade da situação liberações efetuadas para cada Fundo, bem como a previsão de da-
para com a Comissão de Valores Mobiliários - CVM e os citados fun- tas e valores das 3 (três) liberações imediatamente subseqüentes.
dos de incentivos. (Redação dada pela Lei nº 11.775, de 2008) (Redação dada pela Lei Complementar nº 125, de 2007)
§ 3º (Revogado pela lei nº 12.716, de 2012) Art. 8° Os Fundos gozarão de isenção tributária, estando os
§ 4o Os estudantes e os cursos mencionados no inciso II do seus resultados, rendimentos e operações de financiamento livres
caput deste artigo deverão atender aos requisitos estabelecidos no de qualquer tributo ou contribuição, inclusive o imposto sobre ope-
art. 1o da Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001. (Incluído pela Lei rações de crédito, imposto sobre renda e proventos de qualquer
nº 13.530, de 2017) natureza e as contribuições do PIS, Pasep e Finsocial.
Art. 5° Para efeito de aplicação dos recursos, entende-se por: § 1º Para os efeitos do art. 14 da Lei Complementar nº 101, de
I - Norte, a região compreendida pelos Estados do Acre, Amazo- 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a fim de com-
nas, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, eTocantins; pensar a renúncia de receita do crédito presumido de que trata o §
II - Nordeste, a região abrangida pelos Estados do Maranhão, 3º do art. 1º da Lei nº 9.826, de 23 de agosto de 1999, entre 1º de
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2025 será cobrado o Imposto
Sergipe e Bahia, além das partes dos Estados de Minas Gerais e Es- sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos
pírito Santo incluídas na área de atuação da Sudene; (Redação dada ou Valores Mobiliários (IOF) sobre as operações de crédito pratica-
pela Lei nº 9.808, de 20.7.1999) das com recursos do FCO, não aplicada a respectiva isenção de que
III - Centro-Oeste, a região de abrangência dos Estados de Mato trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.076, de 2020)
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal; § 2º Relativamente às operações de crédito de que trata o §
IV - semi-árido, a região natural inserida na área de atuação da 1º deste artigo, a alíquota do IOF será a mesma alíquota incidente
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene, defi- nas demais operações de crédito não isentas sujeitas ao referido
nida em portaria daquela Autarquia. (Redação dada pela Lei Com- imposto. (Incluído pela Lei nº 14.076, de 2020)
plementar nº 125, de 2007) Art. 9º Observadas as diretrizes estabelecidas pelo Ministério
III - Dos Recursos e Aplicações da Integração Nacional, os bancos administradores poderão repas-
Art. 6° Constituem fontes de recursos dos Fundos Constitucio- sar recursos dos Fundos Constitucionais a outras instituições auto-
nais de Financiamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste: rizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com capacidade
I - 3% (três por cento) do produto da arrecadação do imposto técnica comprovada e com estrutura operacional e administrativa
sobre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre aptas a realizar, em segurança e no estrito cumprimento das diretri-
produtos industrializados, entregues pela União, na forma do art. zes e normas estabelecidas, programas de crédito especificamente
159, inciso I, alínea c da Constituição Federal; criados com essa finalidade. (Redação dada pela Lei nº 10.177, de
II - os retornos e resultados de suas aplicações; 12.1.2001)
III - o resultado da remuneração dos recursos momentanea- § 1º Respeitado o disposto no caput deste artigo, caberá aos
mente não aplicados, calculado com base em indexador oficial; Conselhos Deliberativos das Superintendências Regionais de De-
IV - contribuições, doações, financiamentos e recursos de ou- senvolvimento definir o montante de recursos dos respectivos Fun-
tras origens, concedidos por entidades de direito público ou priva- dos Constitucionais de Financiamento a serem repassados a outras
do, nacionais ou estrangeiras; instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central
V - dotações orçamentárias ou outros recursos previstos em lei. do Brasil. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018)

156
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º As instituições financeiras beneficiárias dos repasses de- § 7º Os bancos administradores deverão manter sistema que
volverão aos bancos administradores os valores devidos, de acordo permita consolidar as disponibilidades e aplicações dos recursos,
com o cronograma de reembolso das operações formalizadas nos independentemente de estarem em nome do Fundo Constitucio-
contratos, independentemente do pagamento pelo tomador final. nal ou da instituição financeira. (Incluído pela Medida Provisória nº
(Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020 2.196-3, de 24.8.2001)
§ 3º Aos bancos cooperativos e às confederações de coope- § 8º As instituições financeiras, nas operações de financiamen-
rativas de crédito, em conformidade com o § 5º do art. 2º da Lei to realizadas nos termos deste artigo, gozam da isenção tributária
Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, no seu conjunto, sob a que se refere o art. 8º desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória
seu risco exclusivo, fica assegurado, nos casos do FCO e do FNO, o nº 2.196-3, de 24.8.2001)
repasse de 10% (dez por cento) dos recursos previstos para cada § 9º Poderão ser considerados, para os efeitos deste artigo, os
exercício ou do valor efetivamente demandado por essas institui- valores que já tenham sido repassados às instituições financeiras e
ções, o que for menor. (Redação dada pela Lei nº 14.227, de 2021) as operações de crédito respectivas. (Incluído pela Medida Provisó-
§ 4º O montante do repasse de que trata este artigo terá como ria nº 2.196-3, de 24.8.2001)
teto o limite de crédito da instituição beneficiária do repasse peran- § 10. Na hipótese do § 9º: (Incluído pela Medida Provisória nº
te o banco administrador dos recursos dos Fundos Constitucionais 2.196-3, de 24.8.2001)
de Financiamento, observadas as boas práticas bancárias. (Incluído I - não haverá risco de crédito para as instituições financeiras
pela Lei nº 13.682, de 2018) nas operações contratadas até 30 de novembro de 1998; (Incluído
§ 5º As instituições financeiras beneficiárias dos repasses deve- pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001)
rão assumir integralmente o risco da operação perante o respectivo II - nas operações contratadas de 1º de dezembro de 1998 a 30
Fundo. (Incluído pela Lei nº 14.227, de 2021) de junho de 2001, o risco de crédito das instituições financeiras fica
Art. 9º-A. Os recursos dos Fundos Constitucionais poderão ser limitado a cinqüenta por cento; e (Incluído pela Medida Provisória
repassados aos próprios bancos administradores, para que estes, nº 2.196-3, de 24.8.2001)
em nome próprio e com seu risco exclusivo, realizem as operações III - o del credere das instituições financeiras, mantendo-se
de crédito autorizadas por esta Lei e pela Lei nº 10.177, de 12 de inalterados os encargos pactuados com os mutuários: (Incluído
janeiro de 2001. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.196-3, de pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001)
24.8.2001) a) fica reduzido a zero para as operações a que se refere o in-
§ 1º O montante dos repasses a que se referem o caput estará ciso I; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001)
limitado a proporção do patrimônio líquido da instituição financei- b) fica limitado a três por cento para as operações a que se
ra, fixada pelo Conselho Monetário Nacional. (Incluído pela Medida refere o inciso II. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.196-3, de
Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) 24.8.2001)
§ 2º O retorno dos recursos aos Fundos Constitucionais se su- § 11. Para efeito do cálculo da taxa de administração a que fa-
bordina à manutenção da proporção a que se refere o § 3º e inde- zem jus os bancos administradores, serão deduzidos do patrimônio
pende do adimplemento, pelos mutuários, das obrigações contra- líquido dos Fundos Constitucionais os valores repassados às insti-
tadas pelas instituições financeiras com tais recursos. (Incluído pela tuições financeiras, nos termos deste artigo. (Incluído pela Medida
Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001)
§ 3º O retorno dos recursos aos Fundos Constitucionais, em IV - Dos Encargos Financeiros
decorrência de redução do patrimônio líquido das instituições fi- Art. 10. (Revogado pela Lei 9.126, de 10.11.1995)
nanceiras, será regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional. Art. 11. (Revogado pela Lei nº 10.177, de 18.1.2001)
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) Art. 12. (Revogado pela Lei 9.126, de 10.11.1995)
§ 4º Nas operações realizadas nos termos deste artigo: (Incluí- V - Da Administração
do pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) Art. 13. A administração dos Fundos Constitucionais de Finan-
I - serão observados os encargos estabelecidos na Lei nº 10.177, ciamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste será distinta e autô-
de 12 de janeiro de 2001; e (Redação dada pela Lei nº 13.682, de noma e, observadas as atribuições previstas em lei, exercida pelos
2018) seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 10.177, de 12.1.2001)
II - o del credere das instituições financeiras: (Incluído pela Me- I - Conselho Deliberativo das Superintendências de Desenvol-
dida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) vimento da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste; (Redação
a) fica limitado a seis por cento ao ano; (Incluído pela Medida dada pela Lei Complementar nº 129, de 2009).
Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) II - Ministério da Integração Nacional; e (Redação dada pela Lei
b) está contido nos encargos a que se refere o inciso I; e (Inclu- nº 10.177, de 12.1.2001)
ído pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001) III - instituição financeira de caráter regional e Banco do Brasil
c) (Revogado pela Lei nº 14.227, de 2021) S.A. (Incluído pela Lei nº 10.177, de 12.1.2001)
§ 5º Os saldos diários das disponibilidades relativas aos re- Art. 14. Cabe ao Conselho Deliberativo da respectiva superin-
cursos transferidos nos termos do caput serão remunerados pelas tendência de desenvolvimento das regiões Norte, Nordeste e Cen-
instituições financeiras com base na taxa extra-mercado divulgada tro-Oeste: (Redação dada pela Lei Complementar nº 125, de 2007)
pelo Banco Central do Brasil. (Incluído pela Medida Provisória nº I - estabelecer, anualmente, as diretrizes, prioridades e progra-
2.196-3, de 24.8.2001) mas de financiamento dos Fundos Constitucionais de Financiamen-
§ 6º Os recursos transferidos e utilizados em operações de cré- to, em consonância com o respectivo plano regional de desenvol-
dito serão remunerados pelos encargos pactuados com os mutuá- vimento; (Redação dada pela Lei Complementar nº 125, de 2007)
rios, deduzido o del credere a que se refere o § 4º, inciso II; (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.196-3, de 24.8.2001)

157
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II - aprovar, anualmente, até o dia 15 de dezembro, os progra- II - definir normas, procedimentos e condições operacionais
mas de financiamento de cada Fundo para o exercício seguinte, es- próprias da atividade bancária, respeitadas, dentre outras, as dire-
tabelecendo, entre outros parâmetros, os tetos de financiamento trizes constantes dos programas de financiamento aprovados pelos
por mutuário; (Redação dada pela Lei Complementar nº 125, de Conselhos Deliberativos de cada Fundo; (Redação dada pela Lei nº
2007) 10.177, de 12.1.2001)
III - avaliar os resultados obtidos e determinar as medidas de III - analisar as propostas em seus múltiplos aspectos, inclusive
ajustes necessárias ao cumprimento das diretrizes estabelecidas e quanto à viabilidade econômica e financeira do empreendimento,
à adequação das atividades de financiamento às prioridades regio- mediante exame da correlação custo/benefício, e quanto à capaci-
nais; (Redação dada pela Lei Complementar nº 125, de 2007) dade futura de reembolso do financiamento almejado, para, com
IV - encaminhar o programa de financiamento para o exercício base no resultado dessa análise, enquadrar as propostas nas faixas
seguinte, a que se refere o inciso II do caput deste artigo, junta- de encargos e deferir créditos; (Redação dada pela Lei Complemen-
mente com o resultado da apreciação e o parecer aprovado pelo tar nº 125, de 2007)
Colegiado, à Comissão Mista permanente de que trata o § 1º do IV - formalizar contratos de repasses de recursos na forma pre-
art. 166 da Constituição Federal, para conhecimento e acompanha- vista no art. 9º desta Lei, respeitados os limites previstos no § 3º
mento pelo Congresso Nacional. (Incluído pela Lei Complementar do referido dispositivo; (Redação dada pela Lei nº 13.682, de 2018)
nº 125, de 2007) V - prestar contas sobre os resultados alcançados, desempe-
§ 1º Até o dia 30 de outubro de cada ano, as instituições finan- nho e estado dos recursos e aplicações ao Ministério da Integração
ceiras federais de caráter regional encaminharão, à apreciação do Nacional e aos respectivos conselhos deliberativos; (Redação dada
Conselho Deliberativo da respectiva superintendência de desenvol- pela Lei Complementar nº 125, de 2007)
vimento regional, a proposta de aplicação dos recursos relativa aos VI - exercer outras atividades inerentes à aplicação dos recur-
programas de financiamento para o exercício seguinte, a qual será sos, à recuperação dos créditos, inclusive nos termos definidos nos
aprovada até 15 de dezembro. (Redação dada pela Lei nº 13.682, arts. 15-B, 15-C e 15-D, e à renegociação de dívidas, de acordo com
de 2018) as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. (Re-
§ 2º Na data prevista no § 1º deste artigo, as instituições finan- dação dada pela Lei nº 12.793, de 2013)
ceiras administradoras deverão informar àquelas previstas no art. § 1º O Conselho Monetário Nacional, por meio de proposta do
9º desta Lei os limites disponíveis para repasse a cada uma, e os Ministério da Integração Nacional, definirá as condições em que os
valores deverão ser apurados segundo critérios de avaliação forne- bancos administradores poderão renegociar dívidas, limitando os
cidos previamente pelas instituições administradoras às instituições encargos financeiros de renegociação aos estabelecidos no contra-
tomadoras dos recursos. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) to de origem da operação inadimplida. (Incluído pela Lei nº 12.793,
§ 3º Para fins do disposto no § 2º deste artigo, as instituições de 2013)
beneficiárias dos repasses deverão habilitar-se até a data prevista § 2º Até o dia 30 de setembro de cada ano, as instituições fi-
no § 1º deste artigo perante as instituições financeiras administra- nanceiras de que trata o caput encaminharão ao Ministério da In-
doras. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) tegração Nacional e às respectivas superintendências regionais de
§ 4º As instituições financeiras administradoras somente reser- desenvolvimento, para análise, a proposta dos programas de finan-
varão a parcela de que trata o § 3º do art. 9º desta Lei às instituições ciamento para o exercício seguinte. (Incluído pela Lei nº 12.793,
financeiras beneficiárias que cumprirem a exigência do § 3º deste de 2013)
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) Art. 15-A. (Revogado pela Lei Complementar nº 125, de 2007)
Art. 14-A. Cabe ao Ministério da Integração Nacional estabele- Art. 15-B. Ficam convalidadas as liquidações de dívida efetua-
cer as diretrizes e orientações gerais para as aplicações dos recursos das pelas instituições financeiras federais administradoras dos Fun-
dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, Nordeste e dos Constitucionais, que tenham sido realizadas em conformidade
Centro-Oeste, de forma a compatibilizar os programas de financia- com as práticas e regulamentações bancárias das respectivas insti-
mento com as orientações da política macroeconômica, das políti- tuições e que tenham sido objeto de demanda judicial, recebidas
cas setoriais e da Política Nacional de Desenvolvimento Regional. pelo equivalente financeiro do valor dos bens passíveis de penhora
(Incluído pela Lei Complementar nº 125, de 2007) dos devedores diretos e respectivos garantes, relativamente a ope-
Parágrafo único. O Ministério da Integração Nacional exercerá rações concedidas com recursos dos Fundos Constitucionais de Fi-
as competências relativas aos Conselhos Deliberativos das Superin- nanciamento, de que trata esta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.945, de
tendências de Desenvolvimento das Regiões Norte e Nordeste, de 2009).
que trata o art. 14 desta Lei, até que sejam instalados os menciona- § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se liquidada a dívida
dos Conselhos. (Incluído pela Lei nº 11.524, de 2007) pelo equivalente financeiro do valor dos bens passíveis de penhora
Art. 15. São atribuições de cada uma das instituições financei- quando obtida mediante o desconto a uma taxa real que correspon-
ras federais de caráter regional e do Banco do Brasil S.A., nos ter- da ao custo de oportunidade do Fundo que tenha provido os recur-
mos da lei: (Redação dada pela Lei nº 10.177, de 12.1.2001) sos financiadores da dívida liquidada, pelo tempo estimado para o
I - aplicar os recursos e implementar a política de concessão desfecho da ação judicial, aplicada sobre o valor de avaliação dos
de crédito de acordo com os programas aprovados pelos respecti- referidos bens. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009).
vos Conselhos Deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 10.177, de § 2º A convalidação referida no caput deste dispositivo resul-
12.1.2001) tará na anotação de restrição que impossibilitará a contratação de
novas operações nas instituições financeiras federais, ressalvada a
hipótese de o devedor inadimplente recolher ao respectivo Fundo
financiador da operação o valor atualizado equivalente à diferença
havida entre o que pagou na renegociação e o que deveria ter sido

158
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

pago caso incidissem no cálculo os encargos de normalidade em 2. bônus de adimplência para pagamento dos créditos repactu-
sua totalidade, quando então poderá ser baixada a aludida anota- ados atualizados na forma do § 5º deste artigo, segundo critérios e
ção. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). percentuais a serem definidos em regulamento; (Incluído pela Lei
§ 3º As instituições financeiras federais administradoras dos nº 14.166, de 2021)
Fundos Constitucionais deverão apresentar relatório ao Ministério II – as garantias vigentes deverão ser mantidas, permitidos o
da Integração Nacional, com a indicação dos quantitativos renego- oferecimento de exoneração mediante pagamento do valor equi-
ciados sob a metodologia referida no caput. (Incluído pela Lei nº valente, a substituição, a liberação ou a alienação de garantias e
11.945, de 2009). de constrições, inclusive com a utilização do patrimônio rural em
§ 4º O disposto neste artigo somente se aplica aos devedores afetação, de acordo com o disposto na Lei nº 13.986, de 7 de abril
que tenham investido corretamente os valores financiados, confor- de 2020. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
me previsto nos respectivos instrumentos de crédito. (Incluído pela § 4º Fica vedada a renegociação extraordinária que envolva
Lei nº 11.945, de 2009). operação de crédito objeto de renegociação extraordinária anterior
Art. 15-C. As instituições financeiras federais poderão, nos rescindida por descumprimento pelo mutuário das cláusulas e das
termos do art. 15-B e parágrafos, proceder à liquidação de dívidas condições pactuadas. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
em relação às propostas cujas tramitações tenham sido iniciadas § 5º O valor total dos créditos a serem liquidados ou repactu-
em conformidade com as práticas e regulamentações bancárias de ados será obtido mediante a soma dos valores que se enquadrem
cada instituição financeira federal. (Incluído pela Lei nº 11.945, de nos termos deste artigo, atualizados com base nos encargos de
2009). normalidade, sem o cômputo de multa, de mora ou de quaisquer
Art. 15-D. Os administradores dos Fundos Constitucionais ficam outros encargos de inadimplemento, mesmo que tenham sido in-
autorizados a liquidar dívidas pelo equivalente financeiro do valor corporados ou pactuados por meio de aditivos contratuais ou de
atual dos bens passíveis de penhora, observando regulamentação escrituras públicas de confissão. (Incluído pela Lei nº 14.166, de
específica dos respectivos Conselhos Deliberativos, a qual deverá 2021)
respeitar, no que couber, os critérios estabelecidos no art. 15-B. (In- § 6º Ao saldo devedor a ser liquidado ou repactuado, atuali-
cluído pela Lei nº 11.945, de 2009). zado na forma do § 5º deste artigo, conforme o caso, poderão ser
Art. 15-E. Além das medidas de recuperação de crédito e de acrescidos honorários advocatícios máximos equivalentes a 1% (um
renegociação de dívidas dispostas no inciso VI do caput e no § 1º por cento) do valor da dívida atualizada no caso de operações que
do art. 15 desta Lei, os bancos administradores do FNO, do FNE e se encontrem em cobrança judicial . (Incluído pela Lei nº 14.166,
do FCO ficam autorizados a realizar acordos de renegociação ex- de 2021)
traordinária de operações de crédito inadimplidas sob sua gestão. § 7º A partir da data de repactuação, incidirão sobre o saldo de-
(Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) (Regulamento) vedor não liquidado nos termos deste artigo os encargos aplicáveis
§ 1º § 1º A renegociação extraordinária poderá ser solicitada a novos créditos destinados ao financiamento de itens semelhantes
pelo mutuário sempre que satisfeitas as condições estabelecidas aos originalmente financiados pela operação renegociada, obser-
neste artigo.. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) vadas a atividade econômica e a classificação original de porte do
§ 2º Os acordos de renegociação extraordinária de que trata devedor.. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
o caput deste artigo aplicam-se exclusivamente às operações de § 8º Na hipótese de repactuação, o pagamento das prestações
crédito cuja contratação original tenha ocorrido há, no mínimo, 7 será realizado em até 120 (cento e vinte) meses, admitidas presta-
(sete) anos da data de sua solicitação e que, nas demonstrações ções anuais para as operações de crédito rural. (Incluído pela Lei nº
financeiras dos Fundos Constitucionais, tenham sido: (Incluído pela 14.166, de 2021)
Lei nº 14.166, de 2021) § 9º O disposto neste artigo não se aplica às operações de cré-
I - integralmente provisionadas; (Incluído pela Lei nº 14.166, dito de mutuários que tenham comprovadamente cometido inapli-
de 2021) cação, desvio de finalidade ou fraude em operações de crédito con-
II - totalmente lançadas em prejuízo. (Incluído pela Lei nº tratadas com recursos dos Fundos Constitucionais. (Incluído pela
14.166, de 2021) Lei nº 14.166, de 2021)
§ 3º Nos acordos de renegociação extraordinária de que trata § 10. O disposto no § 9º deste artigo não impede a renegocia-
o caput deste artigo ficam autorizadas a concessão de prazos e for- ção nos casos em que: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
mas de pagamento especiais, incluídos o diferimento, a moratória e I - a irregularidade tenha sido devidamente saneada pelo inte-
a concessão de descontos, observadas as seguintes condições: (In- ressado ou em que seja saneada concomitantemente à liquidação
cluído pela Lei nº 14.166, de 2021) ou à repactuação; (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
I – os descontos: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) II – na hipótese de inaplicação, o objeto do financiamento te-
a) não poderão reduzir o valor original da operação de crédi- nha sido, de forma comprovada, fisicamente implantado ou adqui-
to, excluídos os acréscimos a qualquer título; (Incluído pela Lei nº rido. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
14.166, de 2021) § 11. Para os fins deste artigo, considera-se contratação origi-
b) não poderão implicar redução superior a 90% (noventa por nal: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
cento) dos valores a serem renegociados; e (Incluído pela Lei nº I - a operação que deu origem ao crédito, mesmo que renego-
14.166, de 2021) ciada por meio dos normativos internos da instituição financeira, de
c) serão concedidos na forma de: (Incluído pela Lei nº 14.166, resoluções do Conselho Monetário Nacional ou de autorização legal
de 2021) específica, inclusive aquelas operações alongadas com fundamento
1. rebate para liquidação dos créditos atualizados na forma do no § 3º do art. 5º da Lei nº 9.138, de 29 de novembro de 1995; e
§ 5º deste artigo, segundo critérios e percentuais a serem definidos (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
em regulamento; (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)

159
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II - as operações renegociadas com fundamento no § 6º do art. I - na hipótese de substituição do titular da operação em que o
5º da Lei nº 9.138, de 29 de novembro de 1995, e da Resolução nº novo titular exerça atividade econômica passível de financiamento
2.471, de 26 de fevereiro de 1998, do Conselho Monetário Nacio- pelo Fundo Constitucional: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
nal. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) a) o programa de crédito vigente para a concessão de crédito
§ 12. O ônus financeiro decorrente do ajuste do saldo deve- no momento da renegociação e que financie a principal atividade
dor e dos descontos previstos neste artigo será suportado: (Incluído econômica desenvolvida pelo novo titular e que seja passível de
pela Lei nº 14.166, de 2021) financiamento pelo Fundo Constitucional; e (Incluído pela Lei nº
I – no caso das operações provisionadas integralmente ou lan- 14.166, de 2021)
çadas totalmente em prejuízo nas demonstrações financeiras dos b) o porte do novo titular no momento da renegociação, de
Fundos Constitucionais, pela instituição financeira administradora, acordo com as normas de concessão de crédito; ou (Incluído pela
pela instituição repassadora ou pelo respectivo Fundo Constitucio- Lei nº 14.166, de 2021)
nal, de acordo com a proporção do risco de cada um; (Incluído pela II – na hipótese de não haver substituição do titular da opera-
Lei nº 14.166, de 2021) ção ou na hipótese de substituição do titular em que o novo titu-
II – nos demais casos, pelo respectivo Fundo Constitucional.. lar não exerça atividade econômica passível de financiamento pelo
(Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) Fundo Constitucional: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
§ 13. Para os fins do disposto neste artigo, sem prejuízo do es- a) o programa de crédito vigente para a concessão de crédito
tabelecido no § 3º do art. 195 da Constituição Federal, ficam afas- no momento da renegociação e que financie itens semelhantes aos
tadas as exigências de regularidade fiscal previstas no art. 62 do financiados originalmente pela operação renegociada; e (Incluído
Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, no § 1º do art. 1º do pela Lei nº 14.166, de 2021)
Decreto-Lei nº 1.715, de 22 de novembro de 1979, na alínea b do b) a atividade econômica e o porte do devedor original no mo-
caput do art. 27 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e na Lei mento da contratação do crédito renegociado. (Incluído pela Lei nº
nº 10.522, de 19 de julho de 2002. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 14.166, de 2021)
2021) § 4º Para os fins do disposto neste artigo, sem prejuízo do es-
§ 14. O regulamento tratará dos casos omissos que necessitem tabelecido no § 3º do art. 195 da Constituição Federal, ficam afas-
ser disciplinados para dar efetividade ao disposto neste artigo. (In- tadas as exigências de regularidade fiscal previstas no art. 62 do
cluído pela Lei nº 14.166, de 2021) Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, no § 1º do art. 1º do
Art. 15-F. Além das medidas de recuperação de crédito e de Decreto-Lei nº 1.715, de 22 de novembro de 1979, na alínea b do
renegociação de dívidas dispostas no inciso VI do caput e no § 1º caput do art. 27 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e na Lei
do art. 15 desta Lei, os bancos administradores dos Fundos Cons- nº 10.522, de 19 de julho de 2002.’. (Incluído pela Lei nº 14.166, de
titucionais de Financiamento ficam autorizados a realizar renego- 2021)
ciações de dívidas com substituição dos encargos contratados na Art. 15-G. Para os fins do disposto nos arts. 15-E e 15-F desta
operação de crédito pelos encargos correntemente utilizados para Lei: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
contratação de nova operação. (Incluído pela Lei nº 14.166, de I - o encaminhamento para cobrança judicial, as execuções e
2021) as cobranças judiciais em curso e o prazo de prescrição das dívidas
§ 1º A substituição de encargos de que trata o caput deste arti- para as quais foi solicitada a renegociação ficam suspensos a partir
go aplica-se exclusivamente às operações de crédito: (Incluído pela do protocolo do pedido de renegociação até o término da análise
Lei nº 14.166, de 2021) do pedido pelo banco administrador; (Incluído pela Lei nº 14.166,
I - que tenham sido integralmente provisionadas ou lançadas de 2021)
totalmente em prejuízo nas demonstrações financeiras dos Fundos II – a instituição financeira deverá apresentar ao devedor, caso
Constitucionais; e (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) este solicite formalmente, extrato demonstrativo da evolução da
II – em que seja proposta a realização de um dos seguintes pro- dívida conforme os critérios estabelecidos nesta Lei; (Incluído pela
cedimentos: (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) Lei nº 14.166, de 2021)
a) substituição do titular da operação, por meio de assunção, III - as regras previstas nos demais dispositivos desta Lei apli-
de expromissão ou por outro meio que transfira a obrigação da dívi- cam-se subsidiariamente. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
da a terceiro; ou (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) Art. 15-H. Ficam os bancos administradores dos Fundos Cons-
b) alteração do controle societário direto ou indireto da empre- titucionais de Financiamento autorizados a ceder a empresas es-
sa mutuária. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021) pecializadas na cobrança de créditos inadimplidos operações en-
§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, as renego- quadradas mas não renegociadas nos termos dos arts. 15-E e 15-F
ciações serão condicionadas à avaliação do banco administrador desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.166, de 2021)
acerca da idoneidade financeira e da capacidade de pagamento do Parágrafo único. O valor obtido com a cessão de que trata o
assuntor, do expromitente ou do controlador direto ou indireto su- caput deste artigo será dividido entre o banco administrador e o
perior em relação ao devedor ou controlador original e a outros Fundo Constitucional na proporção do risco de crédito assumido
critérios, em conformidade com as práticas e as regulamentações por cada um na data da concessão. (Incluído pela Lei nº 14.166, de
bancárias das respectivas instituições. (Incluído pela Lei nº 14.166, 2021)
de 2021) Art. 16. O Banco da Amazônia S.A. - Basa, o Banco do Nordeste
§ 3º Os encargos a serem utilizados para a substituição de do Brasil S.A. - BNB e o Banco do Brasil S.A. - BB são os administra-
que trata este artigo terão como parâmetros: (Incluído pela Lei nº dores do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO,
14.166, de 2021) do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE e do
Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste - FCO, res-
pectivamente.

160
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 1° O Banco do Brasil S.A. transferirá a administração, patri- § 5º Ato conjunto dos Ministros de Estado da Economia e do
mônio, operações e recursos do Fundo Constitucional de Financia- Desenvolvimento Regional regulamentará a taxa de performance
mento do Centro-Oeste - FCO para o Banco de Desenvolvimento de que trata o § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.227,
do Centro-Oeste, após sua instalação e entrada em funcionamento, de 2021)
conforme estabelece o art. 34, § 11, do Ato das Disposições Consti- § 6º Ato do Presidente da República regulamentará a sistemá-
tucionais Transitórias. tica do cálculo e da apropriação da taxa de administração a que fa-
§ 2° (Parágrafo revogado pela Lei nº 10.177, de 18.1.2001) zem jus os bancos administradores do FNO, do FNE e do FCO. (Inclu-
Art. 17. (Revogado implicitamente pela Lei 10.177, de 12.1.200 ído pela Lei nº 13.682, de 2018)
que revogou o art. 13 da Lei 9.126/1995) VI - Do Controle e Prestação de Contas
Art. 17-A. Os bancos administradores do FNO, do FNE e do FCO Art. 18. Cada Fundo terá contabilidade própria, registrando to-
farão jus a taxa de administração sobre o patrimônio líquido dos dos os atos e fatos a ele referentes, valendo-se, para tal, do sistema
respectivos Fundos, apropriada mensalmente, nos seguintes per- contábil da respectiva instituição financeira federal de caráter regio-
centuais: (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) nal, no qual deverão ser criados e mantidos subtítulos específicos
I - 3% (três por cento) ao ano, no exercício de 2018; (Incluído para esta finalidade, com apuração de resultados à parte.
pela Lei nº 13.682, de 2018) Art. 18-A. Observadas as orientações gerais estabelecidas pelo
II - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) ao ano, no Ministério da Integração Nacional, as Superintendências de De-
exercício de 2019; (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) senvolvimento da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste são
III - 2,4% (dois inteiros e quatro décimos por cento) ao ano, no responsáveis pelo funcionamento de ouvidorias para atender às su-
exercício de 2020; (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) gestões e reclamações dos agentes econômicos e de suas entidades
IV - 2,1% (dois inteiros e um décimo por cento) ao ano, no exer- representativas quanto às rotinas e aos procedimentos empregados
cício de 2021; (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) na aplicação dos recursos do respectivo Fundo Constitucional de
V - 1,8% (um inteiro e oito décimos por cento) ao ano, no exer- Financiamento. (Redação dada pela Lei nº 12.716, de 2012)
cício de 2022; e (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) § 1º As ouvidorias a que se refere o caput deste artigo terão seu
VI - 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) ao ano, a partir funcionamento guiado por regulamento próprio, que estabelecerá
de 1º de janeiro de 2023. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) as responsabilidades e as possibilidades das partes envolvidas, re-
§ 1º Para efeitos do cálculo da taxa de administração a que se servando-se às instituições financeiras a obrigação de fornecimento
refere o caput deste artigo, serão deduzidos do patrimônio líquido das informações e justificações necessárias à completa elucidação
apurado para o mês de referência: (Incluído pela Lei nº 13.682, de dos fatos ocorridos e à superação dos problemas detectados e pen-
2018) dências existentes. (Incluído pela Lei nº 12.716, de 2012)
I - os saldos dos recursos do FNO, do FNE e do FCO de que trata § 2º Cabe ao Conselho Deliberativo das Superintendências de
o art. 4º da Lei nº 9.126, de 10 de novembro de 1995; (Incluído pela Desenvolvimento da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste
Lei nº 13.682, de 2018) estabelecer o regulamento para o funcionamento da ouvidoria do
II - os valores repassados ao banco administrador nos termos respectivo Fundo. (Incluído pela Lei nº 12.716, de 2012)
do § 11 do art. 9º-A desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.682, de § 3º O ouvidor de cada Fundo será nomeado, por proposta da
2018) Superintendência Regional de Desenvolvimento, pelo respectivo
III - os saldos das operações contratadas na forma do art. 6º-A Conselho Deliberativo, do qual participará com direito à voz. (Inclu-
da Lei nº 10.177, de 12 de janeiro de 2001, conforme regulamenta- ído pela Lei nº 12.716, de 2012)
do pelo Conselho Monetário Nacional. (Incluído pela Lei nº 13.682, § 4º No prazo de até 30 (trinta) dias de sua solicitação, o to-
de 2018) mador de financiamento tem o direito de receber do banco admi-
§ 2º Os bancos administradores farão jus ao percentual de nistrador uma ficha completa de cada uma de suas operações de
0,09% a.a. (nove centésimos por cento ao ano) sobre os saldos dos crédito, com a discriminação de todos os lançamentos desde sua
recursos do FNO, do FNE e do FCO de que trata o art. 4º da Lei contratação. (Incluído pela Lei nº 12.716, de 2012)
nº 9.126, de 10 de novembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº § 5º As entidades representativas dos produtores rurais pode-
14.227, de 2021) rão, nos termos do regulamento previsto no § 1o, assistir aos toma-
§ 3º O montante a ser recebido pelos bancos administradores dores na obtenção de informações sobre as pendências em suas
em razão da taxa de administração de que trata este artigo, deduzi- operações de crédito e promover reuniões de conciliação entre os
do o valor a que se refere o § 2º deste artigo, poderá ser acrescido agentes econômicos e os bancos administradores. (Incluído pela Lei
em até 20% (vinte por cento), a título de taxa de performance. (Re- nº 12.716, de 2012)
dação dada pela Lei nº 14.227, de 2021) § 6º A participação das entidades representativas dos produto-
§ 4º A taxa de administração de que trata o caput deste artigo res rurais, nos termos do § 5º, não exclui nem mitiga a responsabi-
somada à remuneração de que trata o § 2º deste artigo ficam limi- lidade primária dos bancos administradores em divulgar e dissemi-
tadas, em cada mês, a 20% (vinte por cento) do valor acumulado, nar as informações acerca das operações de crédito. (Incluído pela
até o mês de referência, das transferências de que trata a alínea c Lei nº 12.716, de 2012)
do inciso I do caput do art. 159 da Constituição Federal, realizadas § 7º Caso o banco administrador não atenda à solicitação pre-
pela União a cada um dos bancos administradores, descontados os vista no § 4º, a respectiva ouvidoria assumirá a responsabilidade
valores pagos nos meses anteriores referentes à taxa de administra- pela solicitação e informará ao Conselho Deliberativo em sua pri-
ção de que trata o caput deste artigo e ao percentual de que trata o meira reunião após esse fato, cabendo ao Presidente do Banco Ad-
§ 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) ministrador justificar o não atendimento ou a demora em fazê-lo.
(Incluído pela Lei nº 12.716, de 2012)

161
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 19. As instituições financeiras federais de caráter regional Art. 21. Até a aprovação da proposta prevista no inciso I do art.
farão publicar semestralmente os balanços dos respectivos Fundos, 14 desta Lei, ficam as instituições financeiras federais de caráter re-
devidamente auditados. gional autorizadas a aplicar os recursos dos respectivos Fundos de
Art. 20. Os bancos administradores dos Fundos Constitucionais acordo com as diretrizes gerais estabelecidas no art. 3° desta Lei.
de Financiamento apresentarão, anualmente, ao Ministério da In- § 1° Dentro de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação desta
tegração Nacional e às respectivas Superintendências Regionais de Lei, as instituições financeiras federais de caráter regional apresen-
Desenvolvimento relatório circunstanciado sobre as atividades de- tarão, aos Conselhos Deliberativos das respectivas superintendên-
senvolvidas e os resultados obtidos pelos respectivos Fundos. (Re- cias de desenvolvimento regional, as propostas de programas de
dação dada pela Lei nº 13.682, de 2018) financiamento de que trata o parágrafo único do art. 14 desta Lei,
§ 1° O exercício financeiro de cada Fundo coincidirá com o ano as quais deverão ser aprovadas até 60 (sessenta) dias após o rece-
civil, para fins de apuração de resultados e apresentação de rela- bimento.
tórios. § 2° As operações realizadas antes da aprovação de que trata o
§ 2° Deverá ser contratada auditoria externa, às expensas do parágrafo anterior, pelas instituições financeiras federais de caráter
Fundo, para certificação do cumprimento das disposições constitu- regional, com os recursos dos Fundos Constitucionais de Financia-
cionais e legais estabelecidas, além do exame das contas e outros mento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ficam ao abrigo desta
procedimentos usuais de auditagem. Lei, inclusive para efeito de eventuais benefícios financeiros.
§ 3° Os bancos administradores deverão colocar à disposição Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
dos órgãos de fiscalização competentes os demonstrativos, com po- Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
sições de final de mês, dos recursos, aplicações e resultados dos
Fundos respectivos. Brasília, 27 de setembro de 1989; 168° da Independência e
§ 4º O relatório de que trata o caput deste artigo, acompa- 101° da República.
nhado das demonstrações contábeis, devidamente auditadas, será
encaminhado pelo respectivo conselho deliberativo da superinten-
dência do desenvolvimento, juntamente com sua apreciação, às co-
BNDES/FINAME: BASE LEGAL, FINALIDADE, REGRAS,
missões que tratam da questão das desigualdades inter-regionais
FORMA DE ATUAÇÃO.
de desenvolvimento na Câmara dos Deputados e no Senado Fede-
ral, para efeito de fiscalização e controle. (Redação dada pela Lei O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -
Complementar nº 129, de 2009). BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do
§ 5º O relatório de que trata o caput deste artigo, acompa- Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como
nhado das demonstrações contábeis, devidamente auditadas, será objetivo o financiamento de longo prazo de empreendimentos que
encaminhado pelo respectivo conselho deliberativo de desenvol- contribuam para o desenvolvimento do país. Essa atividade de fi-
vimento regional, juntamente com sua apreciação, a qual levará nanciamento resulta na melhoria da competitividade da economia
em consideração o disposto no § 4° deste artigo, à Comissão Mista brasileira e no aumento da qualidade de vida de sua população.
permanente de que trata o § 1º do art. 166 da Constituição Fede- O BNDES também busca fortalecer a estrutura de capital das
ral, para efeito de fiscalização e controle, devendo ser apreciado na empresas privadas e o desenvolvimento do mercado de capitais,
forma e no prazo do seu regimento interno. (Redação dada pela Lei o comércio de máquinas e equipamentos e o financiamento às ex-
Complementar nº 125, de 2007) portações. As linhas de apoio financeiro e os programas do BNDES
§ 6º Do montante de recursos a que se refere o inciso II do atendem às necessidades de investimentos de empresas de qual-
caput do art. 6º desta Lei, será destinada anualmente a parcela de quer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com institui-
até 0,01% (um centésimo por cento) para contratação pelas respec- ções financeiras, com agências instaladas em todo o país, permite
tivas superintendências de desenvolvimento regional, e pagamento a divulgação do crédito, possibilitando maior acesso aos recursos
pelo banco administrador do respectivo Fundo, de atividades de do BNDES.
avaliação dos impactos econômicos e sociais decorrentes da aplica- O BNDES se considera de fundamental importância, na execu-
ção dos recursos dos Fundos, de forma a permitir a aferição da efi- ção de sua política de crédito, levando em consideração os princí-
cácia, da eficiência e da efetividade desses recursos, de acordo com pios ético-ambientais e o compromisso com os princípios do de-
as diretrizes definidas conjuntamente pelo Ministério da Economia senvolvimento sustentável. O BNDES apoia projetos que tenham
e pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, a ser descontada impacto direto na melhoria das condições de vida da população
de cada Fundo Constitucional de Financiamento na proporção defi- nas áreas de desenvolvimento urbano, ambiental, social, regional e
nida no parágrafo único do referido art. 6º. (Redação dada pela Lei rural. Em especial, um papel importante é o apoio a investimentos
nº 14.227, de 2021) sociais voltados para educação e saúde, agricultura familiar, sanea-
§ 7º O conjunto mínimo de informações que deve constar do mento básico e transporte coletivo de massa.
relatório a que se refere o caput deste artigo e sua estrutura serão O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
definidos em ato conjunto dos Ministros de Estado da Integração (BNDES) é o principal agente financiador do desenvolvimento no
Nacional e da Fazenda, com indicadores qualitativos e quantitativos Brasil. Desde sua fundação, em 1952, o BNDES tem desempenhado
que permitam a mensuração do desempenho, consoante os pro- um papel fundamental no estímulo à expansão da indústria e da
pósitos e os resultados da política de aplicação dos recursos dos infraestrutura no país. Ao longo da história do Banco, sua atuação
Fundos. (Incluído pela Lei nº 13.682, de 2018) evoluiu de acordo com os desafios socioeconômicos brasileiros, e
VII - Das Disposições Gerais e Transitórias

162
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

agora inclui apoio à exportação, inovação tecnológica, desenvolvi- Os desembolsos do BNDES encerraram o ano de 2011 em R$
mento socioambiental sustentável e modernização da administra- 139,7 bilhões. O resultado ficou dentro das expectativas do Banco
ção pública. e permitiu que a instituição continuasse contribuindo para a expan-
O Banco oferece diversos mecanismos de apoio financeiro a são dos investimentos na economia brasileira, com destaque para o
empresas brasileiras de todos os portes e entidades da administra- setor de infraestrutura.
ção pública, viabilizando investimentos em todos os setores eco-
nômicos. Em qualquer empreendimento apoiado, desde a fase de
análise até o monitoramento, o BNDES destaca três fatores que FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR (FAT): BASE
considera estratégicos: inovação, desenvolvimento local e desen- LEGAL, FINALIDADES, REGRAS, FORMA DE ATUAÇÃO.
volvimento socioambiental.
No século XXI, o BNDES alinha sua atuação à realidade de um Base legal
mundo globalizado, com economias profundamente conectadas, e O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é uma instituição
intensifica seus esforços para assumir papéis e atribuições que ul- brasileira com base legal na Constituição Federal de 1988, especi-
trapassam as fronteiras do Brasil, em consonância com o aumento ficamente nos artigos 239 e 240. Sua criação foi estabelecida para
da inserção internacional de o país. Hoje, o Banco tem escritórios viabilizar recursos destinados à execução de políticas de amparo
em Londres, um dos centros financeiros mais importantes do pla- aos trabalhadores.
neta, e em Montevidéu, considerada a “capital” do bloco comer-
cial do Mercosul e sede de diversos organismos regionais. O BNDES — Finalidades
também financia a expansão de empresas nacionais muito além das
fronteiras do país e busca diversificar as fontes de seus recursos no Apoio ao trabalhador desempregado
mercado internacional. Além disso, o BNDES fortaleceu seus esfor- Uma das principais finalidades do FAT é prover assistência fi-
ços já tradicionalmente realizados, como o financiamento à expor- nanceira aos trabalhadores desempregados, garantindo-lhes um
tação de bens e serviços brasileiros em projetos realizados no exte- suporte temporário enquanto buscam nova colocação no mercado
rior e a captação de recursos institucionais por meio de organismos de trabalho.
multilaterais, compartilhamento de experiências e oportunidades
de promoção. Financiamento de programas de desenvolvimento econômico
O BNDES possui três subsidiárias integrais: FINAME, BNDESPAR O FAT também desempenha um papel crucial no financiamento
e BNDES Limited. Juntas, as quatro empresas compõem o Sistema de programas e projetos que visam o desenvolvimento econômico
BNDES. e a geração de empregos. Isso inclui ações voltadas para o fomento
Os recursos do FINAME destinam-se ao financiamento de ope- de setores estratégicos e a capacitação profissional.
rações de compra e venda e exportação de máquinas e equipamen-
tos brasileiros, bem como à importação de bens da mesma natureza Incentivo à Economia Regional
produzidos no exterior. Suas atividades são desenvolvidas em con- Para promover o desenvolvimento de regiões menos desenvol-
junto com a colaboração do BNDES, que por sua vez é responsável vidas, o FAT opera programas específicos que visam à criação de
pela FINAME. No entanto, a gestão desta agência é da responsabili- oportunidades de trabalho e ao fortalecimento da infraestrutura
dade do seu Conselho de Administração. econômica regional.
A BNDESPAR é uma sociedade empresária, que foi constituída
como subsidiária integral do BNDES. Realiza operações de capitali- — Regras e funcionamento
zação de empreendimentos controlados por grupos privados, res-
peitando os planos e políticas do BNDES. Arrecadação de recursos
Entre os outros objetivos, a subsidiária é responsável por con- O FAT é alimentado por recursos provenientes das contribui-
tribuir para o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro por ções sociais pagas pelos empregadores, sendo uma porcentagem
meio da ampliação da oferta de títulos e da democratização da titu- incidente sobre a folha de salários. Além disso, parte dos recursos
laridade do capital social. provêm do PIS/PASEP.
O banco é o principal instrumento de apoio financeiro no Bra-
sil para investimentos em todos os setores econômicos. O Banco Governança e administração
destina recursos especiais, preferencialmente na forma de financia- O Conselho Deliberativo do FAT, composto por representantes
mentos de longo prazo e participações acionárias, além de apoiar do governo, empregadores e trabalhadores, exerce papel funda-
empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento econô- mental na definição das diretrizes e na alocação dos recursos. A
mico e social. gestão cotidiana é realizada pelo Conselho Diretor.
O dinamismo do sistema econômico moderno estimula o BN-
DES a investir não apenas em projetos de grande porte, mas tam- Auditorias e transparência
bém em empreendimentos de micro, pequenas e médias empre- Para assegurar a integridade e eficiência na gestão dos re-
sas, pessoas físicas e órgãos da administração pública. Dessa forma, cursos, o FAT está sujeito a auditorias regulares. A transparência
o Banco universalizou o acesso ao crédito e, assim, contribui para o é promovida por meio da divulgação de relatórios e informações
avanço da economia e, consequentemente, para a geração de em- detalhadas sobre o uso dos recursos, proporcionando prestação de
prego e renda. contas à sociedade.

163
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Pagamento do seguro-desemprego
O Seguro-Desemprego é um dos principais benefícios ofere- MICROFINANÇAS: BASE LEGAL, FINALIDADE, FORMA
cidos pelo FAT. Este benefício, garantido por lei, proporciona uma DE ATUAÇÃO.
compensação financeira temporária ao trabalhador dispensado
sem justa causa, visando mitigar os impactos financeiros do desem- MICROFINANÇAS30
prego. As microfinanças, sobretudo por meio das operações de mi-
crocrédito (concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos
Abono salarial empreendedores informais e microempresas sem acesso ao siste-
Outra responsabilidade do FAT é o pagamento do Abono Sala- ma financeiro tradicional), têm sido percebidas como importantes
rial, um benefício anual destinado a trabalhadores que atendem a ferramentas mitigação da pobreza em todo o mundo.
critérios específicos, como ter exercido atividade remunerada por Entende-se por microfinanças o conjunto de serviços financei-
pelo menos 30 dias no ano-base e ter remuneração média de até ros que envolvem valores de pequena monta, oferecidos a indiví-
dois salários mínimos. duos de baixa renda.
Tais serviços podem compreender ampla gama, desde o forne-
Critérios para recebimento de benefícios cimento de crédito à oferta de mecanismos de investimento e de
Os critérios para recebimento de benefícios, como Seguro-De- seguro. O crédito, por sua vez, sob a nomenclatura de “microcrédi-
semprego e Abono Salarial, são estabelecidos em regulamentações to”, tem ganhado grande destaque internacional.
específicas. Tais critérios incluem tempo de contribuição, remune- Em resumo, as microfinanças são serviços e produtos desenvol-
ração média e outros fatores que garantem a distribuição justa dos vidos para atender às necessidades financeiras de pessoas com par-
recursos. cos rendimentos e pouco ou nenhum patrimônio economicamente
apreciável. Esse leque de serviços e produtos financeiros tem apoio
— Forma de atuação fundamental no crédito, que é concedido com base em metodolo-
gias de análise de crédito especificamente desenvolvidas para esse
Investimento em programas de qualificação setor, de grande simplicidade e flexibilidade quanto aos requisitos
O FAT direciona recursos significativos para programas de quali- de acesso, quanto à documentação e às garantias exigidas, e com
ficação profissional, visando melhorar a empregabilidade dos traba- envolvimento direto do mutuante no cotidiano do mutuário, para
lhadores brasileiros. Esses programas incluem cursos, treinamentos compreender suas dificuldades de natureza técnica, administrativa,
e outras ações que capacitam os trabalhadores para as demandas ou mesmo relativa à apresentação de garantias, e fornecer auxílio
do mercado de trabalho. ou soluções capazes de superar semelhantes obstáculos à conces-
são do crédito e a seu regular pagamento.
Apoio a setores estratégicos Dentro das microfinanças, os principais agentes são conhecidos
Parte dos recursos do FAT é destinada a financiar setores es- por Instituições de Microfinanças (IMF). As IMFs são organizações
tratégicos da economia, impulsionando o crescimento e a criação que oferecem serviços financeiros para pessoas de baixa renda.
de empregos. Essa atuação contribui para a sustentabilidade e for- Também se enquadram no conceito de IMFs as Sociedades que rea-
talecimento de segmentos-chave, como a indústria, agricultura e lizam operações de Crédito aos Microempreendedores.
tecnologia. Dentro desta definição se encaixam diversos tipos de organiza-
ções que variam em sua estrutura jurídica, missão, metodologia e
Apoio a micro e pequenos empreendedores sustentabilidade, mas que têm por ponto em comum a oferta de
O FAT desenvolve programas específicos de crédito e apoio téc- serviços financeiros para uma clientela que simplesmente não é al-
nico para micro e pequenos empreendedores. Essa iniciativa visa cançada pelos bancos tradicionais.
fortalecer a base da economia, promovendo a sustentabilidade e a
diversificação dos negócios locais. Tipos de organizações e forma de atuação em microfinanças31
Todas as organizações legalmente constituídas como microfinan-
Parcerias com entidades de capacitação ceiras podem atuar no microcrédito empreendedor e em microfinan-
O FAT estabelece parcerias com entidades especializadas em ças, observadas as disposições legais que as disciplinam. Assim, os
capacitação profissional, buscando a eficácia na implementação de operadores de microcrédito/microfinanças podem ser agrupados de
programas voltados para a melhoria das competências dos traba- acordo com as suas características e vínculos de supervisão legal:
lhadores.
1. Instituições reguladas
Conclusão As instituições reguladas são aquelas autorizadas e diretamente
O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) desempenha um pa- supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) como insti-
pel crucial na promoção do amparo social e no estímulo ao desen- tuições financeiras componentes do Sistema Financeiro Nacional
volvimento econômico. Sua base legal, finalidades, regras e forma (SFN). O Bacen as reclassifica ainda de acordo com os seus níveis de
de atuação convergem para a construção de uma sociedade mais interação com o SFN e o público em geral. Confira a reclassificação:
justa e preparada para os desafios do mercado de trabalho.
Em resumo, o FAT não apenas oferece suporte financeiro a tra- 30 https://www.bcb.gov.br/htms/public/microcredito/livro_microfinan%C3%A7as_in-
balhadores em momentos de desemprego, mas também investe ternet.pdf
em iniciativas que fortalecem a capacitação profissional e impulsio- 31 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/tipos-de-organiza-
nam o crescimento econômico do país. coes-e-forma-de-atuacao-em microfinancas,ef59d53342603410VgnVCM-
100000b272010aRCRD

164
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Instituições captadoras de recursos. Instituições de segundo piso.


São as instituições financeiras autorizadas a captar recursos jun- As instituições de segundo piso são formadas por entidades re-
to ao público em geral. Fazem parte desse grupo os bancos múlti- guladas pelo Bacen, e possuem maior capacidade de captação de
plos com carteira comercial; os bancos comerciais; a Caixa Econô- recursos junto ao público em geral e/ou de investidores qualifica-
mica Federal; e as cooperativas de crédito. Por se constituírem em dos. Entre as entidades dessa classificação, o Banco do Brasil, Caixa
instituições financeiras plenas, estão habilitadas, do ponto de vista Econômica Federal, BDMG, Desenbahia e o Badesc.
regulatório, a praticar operações de microcrédito empreendedor e Representam o grupo de entidades que atuam com operações
demais produtos e serviços financeiros das microfinanças, como os financeiras junto às instituições de primeiro piso, podendo também
depósitos. operar diretamente com o público dos micros e pequenos negócios.
São reconhecidas como fornecedoras de recursos (funding) para os
Demais instituições financeiras. operadores de microcrédito.
Nesse grupo, o Bacen inclui aquelas que não possuem autoriza-
ção para captar recursos junto ao público. É o caso das agências de Microcrédito
fomento, dos bancos de desenvolvimento, das sociedades de cré- É um tipo de empréstimo32 para pequenos empreendedores,
dito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte (SCM) que desejam ampliar seu próprio negócio, comprar equipamento,
e das “financeiras” (sociedade de crédito, financiamento e investi- mudar de estabelecimento, etc. O microcrédito é uma proposta do
mento). Assim, por restrição legal, esse grupo se atém à oferta de Governo Federal para incentivar microempreendedores e promo-
crédito. As SCM são constituídas como pessoa jurídica de direito ver o crescimento de renda para a população.
privado com fins lucrativos na forma de uma sociedade de respon- O microcrédito é voltado a empreendedores formais – pessoa
sabilidade limitada (Ltda.) ou companhia fechada (S/A). jurídica ou MEI, por exemplo – e informais que não conseguem
acessar empréstimos ou créditos convencionais; eles são de até R$
2. Instituições não reguladas 20 mil por cliente.
Essas instituições operam com instituições de microcrédito e O microcrédito e suas regras são geridos pelo BNDES (Banco Na-
programas governamentais que não fazem parte do Sistema Finan- cional do Desenvolvimento), mas quem o oferece são instituições
ceiro Nacional. Suas formas operacionais possuem maiores restri- financeiras do país.
ções em relação às entidades reguladas. Seguem legislações pró- Atualmente, o microcrédito33 é concedido no Brasil de várias
prias e estão basicamente conformadas em três grupos: formas, por meio de ações do Poder Público, da sociedade civil e da
iniciativa privada, apresentando diferentes desenhos institucionais.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). O Poder Público vem atuando com programas voltados direta-
Constituídas como entidades de direito privado, sem fins lucra- mente para o tomador de microcrédito, por meio de bancos oficiais
tivos e qualificadas pelo Ministério da Justiça (MJ) como de interes- com carteiras especializadas, a exemplo do programa CrediAmigo
se público, nos termos da Lei 9.790/99. Essas entidades não estão do Banco do Nordeste, ou através de programas conhecidos como
sujeitas à Lei da Usura, portanto, podem praticar taxas de mercado. “Bancos do Povo”, que trabalham majoritariamente com recursos
Atualmente, o MJ mantém registro de 270 OSCIP. orçamentários. Há ainda os programas públicos de fomento a ins-
tituições de microcrédito da sociedade civil e da iniciativa privada.
Organizações não governamentais (ONG). São as chamadas “instituições de segunda linha”, a exemplo do
Trata-se de organizações de direito privado sem fins lucrativos. Programa de Crédito Produtivo Popular do BNDES e do Programa
Geralmente, são formadas por associações, institutos e outras for- SEBRAE de Apoio ao Segmento de Microcrédito.
mas jurídicas da sociedade civil. A ONG está sujeita à Lei da Usura, O microcrédito adota uma metodologia específica, que consis-
não podendo praticar juros superiores a 12% ao ano. te, primeiramente, na concessão assistida do crédito. Ao contrário
do que acontece no sistema financeiro tradicional, onde existe uma
Programas e fundos financeiros de governo. postura reativa (o cliente é que vai até o banco), nas instituições de
Criados no âmbito de governos estaduais e municipais, são microcrédito os Agentes de Crédito vão até o local onde o candidato
comumente conhecidos como “Banco do Povo”. Do ponto de vis- ao crédito exerce sua atividade produtiva, para avaliar as necessida-
ta legal, essas organizações também estão sujeitas à Lei da Usura, des e as condições de seu empreendimento, bem como as possibili-
além de não poder oferecer serviços de depósitos e outros meios dades de pagamento. Após a liberação do crédito, esse profissional
de captação de recursos junto ao público. passa a acompanhar a evolução do negócio.
Outro ponto que diferencia o microcrédito do crédito tradicio-
Outras classificações nal são os sistemas de garantias, importantes para a cobertura de
As instituições microfinanceiras (IMF) também podem ser clas- possíveis inadimplências. Aprática de concessão do crédito tradicio-
sificadas de acordo com a forma de atuação: nal é a exigência de garantias reais. O microcrédito adota sistemas
de garantias mais próximos das condições sócio-econômicas dos
Instituições de primeiro piso. pequenos empreendedores, cuja ausência de bens para oferecer
Referem-se às instituições – inclusive as não reguladas pelo como garantia real é compensada pelo capital social da comunida-
Bacen – que atuam de forma direta junto aos micros e pequenos de (relações de confiança, reciprocidade e participação). Assim, as
empreendimentos, independentemente de sua forma jurídica de garantias podem ser oferecidas: individualmente, com o tomador
organização. indicando um avalista/fiador; coletivamente, por meio de aval so-

32 https://www.serasa.com.br/ensina/seu-credito/o-que-e-microcredito/
33 https://www.bcb.gov.br/content/publicacoes/outras_pub_alfa/microcredito.pdf

165
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

lidário, que consiste na formação de grupos, geralmente de três a O trabalho do Agente de Crédito, resumidamente, começa com
cinco pessoas, em que cada um é ao mesmo tempo tomador do uma entrevista com o pretendente ao microcrédito, no local do em-
crédito e avalista dos demais. preendimento, muitas vezes sua própria moradia. No diálogo com o
cliente, o Agente de Crédito faz o diagnóstico da situação financeira
Principais características do Microcrédito e dos aspectos gerenciais do negócio, dimensionando a viabilida-
de do crédito a ser concedido. A utilização de índices financeiros,
Crédito Produtivo planos de investimentos, fluxos de caixa e outros instrumentos faz
O microcrédito é um crédito especializado para determinado parte do processo de avaliação. De um modo geral, para emprésti-
segmento da economia: o pequeno empreendimento informal e mos de valores muito baixos essa análise quantitativa é simplifica-
a microempresa. Portanto, está voltado para apoiar negócios de da, com destaque para a confiabilidade do empreendedor, o plano
pequeno porte, gerenciados por pessoas de baixa renda, e não se de investimento e o fluxo de caixa.
destina a financiar o consumo. O Agente de Crédito está envolvido em todo o processo de li-
beração e recebimento do crédito. Diferentemente das práticas
Ausência de Garantias Reais bancárias tradicionais, o Agente de Crédito vai até o cliente e não o
A concessão de crédito a empreendedores de baixa renda, que contrário. Assim, estabelece-se uma relação que deve pautar-se em
não têm garantias reais para respaldá-lo, tem sido atendida pelo mi- uma série de contatos pessoais e na aplicação de vários instrumen-
crocrédito de duas maneiras. A primeira é o aval solidário (ou fiança tos de conhecimento e análise da atividade econômica que está
solidária), que consiste na reunião, em geral, de três a cinco pesso- sendo fomentada.
as com pequenos negócios e necessidades de crédito, que confiam
umas nas outras para formar um Grupo Solidário, com o objetivo de Crédito Adequado ao Ciclo do Negócio
assumir as responsabilidades pelos créditos de todo o grupo. Embora sejam grandes as diferenças entre os negócios apoia-
O processo de formação de Grupos Solidários é auto-seletivo, dos, algumas características são comuns às operações de microcré-
pois as pessoas buscam o bom pagador sabendo que o não paga- dito, quais sejam:
mento de um faz com que todos respondam, pagando, pelo crédito - empréstimos de valores pequenos: o empréstimo médio
concedido. Assim, estabelece-se uma rede de apoio e vigilância que das instituições brasileiras de microcrédito está em torno de R$
tem como resultado a baixa inadimplência. 1.000,00;
Outra opção para aqueles que não querem participar do aval - prazos de pagamentos curtos: semanais, quinzenais e, no má-
solidário é a apresentação de um avalista/fiador que preencha as ximo,
condições estabelecidas pela instituição de microcrédito. - mensais; caracterização como linha de crédito: possibilidade
O fato de os tomadores de microcrédito serem pessoas empre- de renovação dos empréstimos;
endedoras, que têm uma atividade econômica de escala diminu- - empréstimos com valores crescentes: aumento dos valores
ta, porém viável economicamente, e o reconhecimento por parte dos empréstimos de acordo com a capacidade de pagamento até
dos tomadores do inestimável valor que o acesso a uma linha de o limite estabelecido pela política de crédito de cada instituição.
crédito permanente representa para suas atividades econômicas, Essas características criam uma espécie de “círculo virtuoso”
conformam as principais garantias das instituições de microcrédito. onde o tomador é incentivado a pagar em dia, já que esse é um in-
Agrega-se a esses fatores o acompanhamento realizado pelo Agen- dicativo importante para o recebimento de novo crédito, que pode
te de Crédito junto a cada cliente, indispensável para a verificação ser de valor maior. O fato de o tomador de microcrédito vivenciar
da necessidade do crédito e para o sucesso da operação financeira. a obtenção, a administração e a liquidação de diversos créditos
aumenta a confiança e a motivação em relação à possibilidade de
Crédito Orientado crescimento do seu negócio e o grau de informação e de organiza-
O caráter informal de grande parte dos pequenos negócios, o ção do seu pequeno empreendimento. Além disso, a instituição de
valor reduzido das operações de microcrédito, a ausência de garan- microcrédito ganha sustentabilidade e escala nas operações.
tias reais nas operações e a formação sócio- cultural dos pequenos
empreendedores requerem procedimentos específicos no processo Baixo Custo de Transação e Elevado Custo Operacional
de concessão de microcrédito. A decisão de fazer um empréstimo, do ponto de vista do peque-
O tomador de microcrédito nem sempre vislumbra o crédito no empreendedor, esbarra na ausência de tempo (deixar o local de
como investimento no seu ramo de negócio e, em alguns casos, tem trabalho) e recursos (garantias) para negociá- lo. Por isso, o empre-
receio de se endividar. Assim, torna-se fundamental que o micro- endedor de baixa renda busca reduzir ao máximo os custos de tran-
crédito seja concedido de forma assistida, o que é feito pelo Agente sação que, para ele, podem pesar mais do que o custo financeiro.
de Crédito. A postura do Agente de Crédito, suas atitudes, lingua- Baixo custo de transação significa:
gem e abordagem devem levar aos pequenos empreendedores as - proximidade do cliente: a localização da instituição de micro-
informações e orientações essenciais para o êxito do negócio. crédito deve ser próxima da residência e/ou local de trabalho dos
Ele é o elo entre a instituição de microcrédito e o tomador do clientes;
empréstimo, sendo o responsável pelo estabelecimento de uma re- - mínimo de burocracia: adoção de poucos procedimentos buro-
lação profissional e de confiança. Afinal, concedentes e tomadores cráticos, tais como documentos, assinaturas etc;
precisam que os empréstimos sejam pagos e retornem à instituição - agilidade na entrega do crédito: o prazo entre a solicitação e a
de microcrédito, assegurando sua continuidade em bases susten- entrega do crédito deve ser o mais curto possível.
táveis.

166
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Essas características incentivam o bom uso do crédito e o paga-


mento em dia. Por outro lado, o custo de uma instituição sustentá- SERVIÇOS BANCÁRIOS E FINANCEIROS. CONTA
vel de microcrédito é significativo, o que requer, além da eficiência CORRENTE: ABERTURA, MANUTENÇÃO,
administrativa, a cobrança de taxas de juros nem sempre baixas. ENCERRAMENTO, PAGAMENTO, DEVOLUÇÃO DE
O uso de tecnologia micro financeira adequada é imprescindível CHEQUES E CADASTRO DE EMITENTES DE CHEQUES
às instituições de microcrédito. Essa tecnologia consiste na utiliza- SEM FUNDOS (CCF). DEPÓSITOS À VISTA. DEPÓSITOS
ção de ferramentas gerenciais e organizacionais atualizadas, com A PRAZO (CDB E RDB). FUNDOS DE INVESTIMENTOS.
sistemas integrados de informações financeiras e contábeis, que CADERNETA DE POUPANÇA. TÍTULOS DE
elevam a sua eficiência e produtividade e reduzem seus custos ad- CAPITALIZAÇÃO. PLANOS DE APOSENTADORIA E DE
ministrativos e operacionais. O BNDES vem incentivando essa mo- PREVIDÊNCIA PRIVADOS. 3.8 SEGUROS. CONVÊNIOS
dernização, através do Programa de Desenvolvimento Institucional/ DE ARRECADAÇÃO/PAGAMENTOS (CONCESSIONÁRIAS
PDI, e vem criando novos instrumentos para o setor, a exemplo de DE SERVIÇOS PÚBLICOS, TRIBUTOS, INSS E FOLHA
sistemas alternativos de pontuação de crédito e classificação insti- DE PAGAMENTO DE CLIENTES). SERVIÇO DE
tucional. O SEBRAE também atua nesse sentido, ofertando serviços COMPENSAÇÃO DE CHEQUE E OUTROS PAPÉIS.
destinados à reestruturação e expansão das instituições de micro- COBRANÇA
crédito, capacitação profissional e sistema informatizado de gestão,
que deverão resultar em crescimento e modernização das organiza- Os serviços bancários e financeiros constituem um conjunto
ções. Espera-se com o ganho de escala e eficiência das instituições essencial de atividades que abrangem uma ampla gama de transa-
a consolidação de uma indústria microfinanceira no País. ções e operações destinadas a atender às necessidades financeiras
dos indivíduos, empresas e instituições. Nesta seção, exploraremos
Ação Econômica com Forte Impacto Social em detalhes os principais serviços oferecidos pelo setor bancário
O impacto positivo do microcrédito nas situações de pobreza e financeiro, destacando sua importância na economia e na vida
é amplamente reconhecido. Ao permitir o acesso continuado ao cotidiana.
crédito para negócios com capital próprio mínimo (razão pela qual
não alcançam empréstimos junto ao sistema financeiro tradicional — Conta corrente
e pagam juros muito elevados a agiotas), fortalece-se o empreendi- A conta corrente é um dos principais serviços bancários, ofe-
mento e aumenta-se a renda das famílias. Desse processo, muitas recendo uma plataforma para a realização de diversas transações
vezes, resulta a volta do filho para a escola, a construção de novos financeiras. Vamos explorar cada aspecto relacionado à conta cor-
cômodos na casa e a melhoria da qualidade da alimentação familiar. rente de maneira abrangente.
De fato, o microcrédito vem apoiando modelos alternativos
de geração de ocupação e renda para o segmento mais pobre da Abertura de conta corrente
população, firmando-se como elemento importante de estratégias A abertura de uma conta corrente é o primeiro passo para ter
destinadas a enfrentar a pobreza e a exclusão social. Isso faz com acesso a diversos serviços bancários. Este processo envolve a apre-
que ele se constitua em alternativa às tendências mais gerais da sentação de documentos pessoais e, em alguns casos, comprovan-
sociedade contemporânea de concentração da renda e ampliação tes de renda. As instituições financeiras podem oferecer diferentes
das disparidades sócio-econômicas tipos de contas correntes, cada uma adaptada às necessidades es-
pecíficas do cliente.
Condições para contratar
O BNDES determina algumas regras para a captação do micro- Manutenção da conta corrente
crédito. A primeira delas está relacionada à receita de quem con- A manutenção da conta corrente refere-se à gestão regular da
trata. mesma. Os titulares devem monitorar saldos, efetuar depósitos e
Para ter acesso a este tipo de empréstimo, é preciso que o con- retiradas, além de ficarem atentos a possíveis tarifas associadas ao
tratante, seja pessoa jurídica ou pessoa física que pretende come- serviço. A adoção de práticas responsáveis é essencial para manter
çar um negócio, desempenhe atividades produtivas de pequeno a conta corrente em bom estado.
porte. Na prática, isso significa que ele deve ter uma receita bruta
- ou seja, sem os descontos de impostos - igual ou inferior a 360 000 Encerramento de conta corrente
reais por ano, o que representa uma renda média mensal de até 30 O encerramento de uma conta corrente pode ocorrer por di-
000 reais. versos motivos, como mudança de banco, insatisfação com os ser-
Outra regra diz respeito ao uso do dinheiro: o valor do emprésti- viços oferecidos, ou mesmo por decisão estratégica do titular. É
mo deve ser destinado a projetos específicos, como capital de giro e importante seguir os procedimentos estabelecidos pela instituição
investimentos na companhia. Isso inclui aquisições de matéria-pri- financeira para evitar contratempos no processo.
ma, máquinas e equipamentos.
Pagamento por meio de cheques
Os cheques são uma forma tradicional de efetuar pagamentos
por meio da conta corrente. Ao emitir um cheque, o titular autoriza
o banco a transferir fundos para a pessoa ou empresa beneficiária.
A compensação do cheque pode levar alguns dias, e é importante
garantir que haja saldo suficiente na conta.

167
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Devolução de cheques — Depósitos a prazo (CDB E RDB)


A devolução de cheques pode ocorrer por diversos motivos, Os depósitos a prazo são uma modalidade de investimento em
como fundos insuficientes, assinatura não reconhecida, ou cheques que os recursos ficam aplicados por um período determinado, pro-
emitidos sem a devida provisão. As instituições financeiras utilizam porcionando ao investidor remuneração de acordo com as condi-
sistemas, um deles seria o Cadastro de Emitentes de Cheques Sem ções acordadas. Vamos aprofundar nos detalhes dos Certificados
Fundos ou CCF para registrar e monitorar esse tipo de ocorrência. de Depósito Bancário (CDB) e Recibos de Depósito Bancário (RDB).

Cadastro de Emitentes de Cheques Sem Fundos (CCF) Certificados de Depósito Bancário (CDB)
O CCF é um instrumento utilizado pelos bancos para registrar Características do CDB:
e compartilhar informações sobre clientes que emitiram cheques O CDB, Certificado de Depósito Bancário, representa um ins-
sem fundos. Estar cadastrado no CCF pode acarretar restrições, trumento de renda fixa originado por instituições financeiras com o
como a impossibilidade de obtenção de crédito, até que a pendên- propósito de angariar fundos.
cia seja regularizada. Algumas de suas características incluem:
Rentabilidade fixa ou variável: dependendo do tipo de CDB, a
— Depósitos à vista remuneração pode ser pré-fixada, pós-fixada ou vinculada a índices
Os depósitos à vista constituem uma parte fundamental dos específicos.
serviços bancários, oferecendo aos clientes a conveniência de aces- Prazos diversificados: os CDBs podem ter prazos variados, per-
sar seus fundos a qualquer momento. Nesta seção, exploraremos mitindo aos investidores escolherem de acordo com suas necessi-
os aspectos relacionados a depósitos à vista, destacando suas ca- dades.
racterísticas, benefícios e implicações.
Benefícios do CDB:
Características dos depósitos à vista Segurança: o CDB é assegurado pelo Fundo Garantidor de Cré-
São uma forma de conta bancária que permite aos titulares ditos (FGC) até determinado valor, conferindo segurança ao inves-
depositar e retirar fundos sem restrições significativas. Essa flexi- tidor.
bilidade é característica dos depósitos que não possuem prazo de Diversificação: disponibilidade de diferentes tipos de CDBs,
vencimento, proporcionando liquidez imediata aos recursos. permitindo a diversificação da carteira de investimentos.

Benefícios dos depósitos à vista Implicações fiscais


Acessibilidade: garantem fácil acesso aos fundos, possibilitan- Os rendimentos do CDB estão sujeitos à tributação de Imposto
do transações rápidas e eficientes. de Renda (IR), seguindo a tabela regressiva de alíquotas.
Liquidez: a ausência de prazo de vencimento assegura a liqui-
dez imediata, permitindo que os clientes atendam a necessidades Recibos de Depósito Bancário (RDB)
financeiras urgentes. Características do RDB:
Facilidade de movimentação: os titulares podem movimentar O RDB é um instrumento similar ao CDB, mas com algumas par-
seus fundos por meio de transferências, saques, cheques e opera- ticularidades:
ções eletrônicas. Intransferibilidade: o RDB é, geralmente, intransferível, o que
significa que não pode ser negociado antes do vencimento.
Tipos de depósitos à vista Rentabilidade pós-fixada: a remuneração geralmente está
Conta corrente: associada à conta corrente, essa modalidade atrelada a índices de mercado, como o CDI (Certificado de Depósito
de depósito oferece ampla flexibilidade para movimentação de re- Interbancário).
cursos.
Conta salário: destinada ao recebimento de salários, permite Vantagens do RDB:
ao titular acessar seus ganhos de forma rápida e direta. Rentabilidade atrativa: RDBs pós-fixados podem oferecer ren-
Conta poupança com movimentação: algumas instituições tabilidade atrativa, especialmente em cenários de elevadas taxas
oferecem contas poupança que possibilitam a movimentação de de juros.
recursos de forma mais ágil.
Implicações fiscais
Implicações fiscais Assim como o CDB, os rendimentos do RDB estão sujeitos à
Em muitos países, os rendimentos provenientes de depósitos tributação de Imposto de Renda (IR).
à vista podem estar sujeitos a tributação. É crucial que os titulares
estejam cientes das implicações fiscais associadas a esses rendi- Estratégias de escolha entre CDB e RDB
mentos e cumpram as obrigações fiscais estabelecidas pelas auto- Ao decidir entre CDB e RDB, é importante considerar fatores
ridades competentes. como prazo de investimento, perfil de risco e objetivos financeiros.
A diversificação da carteira também pode envolver a inclusão de
Estratégias de maximização de rendimentos ambas as modalidades para otimizar os resultados.
Alguns bancos oferecem serviços que permitem a maximização
dos rendimentos de depósitos à vista. Isso pode incluir programas
de cashback, remuneração diferenciada e benefícios exclusivos
para clientes.

168
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

— Fundos de investimento — Caderneta de poupança


Os fundos de investimento representam uma forma coletiva de A caderneta de poupança é uma das formas mais tradicionais
investir, onde recursos de diversos investidores são agrupados e ge- de investimento, oferecendo simplicidade e segurança para os in-
ridos por uma instituição financeira. Essa gestão profissional busca vestidores. Nesta seção, abordaremos os principais aspectos da ca-
otimizar ganhos e diversificar riscos. Vamos explorar os principais derneta de poupança, suas características, benefícios e limitações.
aspectos dos fundos de investimento. Características da caderneta de poupança:
Características dos Fundos de Investimento:
Rentabilidade
Diversificação A caderneta de poupança possui uma remuneração definida
Os fundos possibilitam a diversificação automática de inves- por uma taxa básica de juros (TR) mais a Taxa Referencial (TR). Essa
timentos, distribuindo os recursos entre diferentes ativos, como rentabilidade é calculada mensalmente.
ações, títulos de renda fixa, câmbio, entre outros. Isso ajuda a redu-
zir os riscos associados a um ativo específico. Liquidez
A liquidez é uma das principais vantagens da poupança. Os re-
Profissionalismo na gestão cursos podem ser resgatados a qualquer momento, proporcionan-
A gestão dos fundos é realizada por profissionais especializa- do flexibilidade aos investidores.
dos, os gestores de fundos, que tomam decisões baseadas em aná-
lises de mercado, cenários econômicos e objetivos do fundo. Isenção de Imposto de Renda
Os rendimentos da caderneta de poupança são isentos de Im-
Liquidez posto de Renda, o que a torna uma opção atrativa para investidores
A liquidez dos fundos varia conforme a categoria. Fundos de de diferentes perfis.
curto prazo tendem a oferecer maior liquidez, permitindo resgates Limitações da Caderneta de Poupança:
mais rápidos, enquanto fundos de longo prazo podem ter prazos de
resgate mais extensos. Baixa rentabilidade em cenários de queda de juros
Tipos de fundos de investimento: Em momentos de queda nas taxas de juros, a poupança pode
oferecer uma rentabilidade menor em comparação a outras opções
Fundos de renda fixa de investimento.
Alocam seus recursos principalmente em ativos de natureza Rendimento atrelado à taxa básica de juros
fixa, tais como títulos públicos e privados. São indicados para perfis A caderneta de poupança é impactada diretamente por mu-
de investidores mais conservadores. danças na taxa básica de juros (Selic). Quedas na Selic podem redu-
zir a rentabilidade da poupança.
Fundos de ações Estratégias de Utilização da Caderneta de Poupança:
Concentram seus investimentos em ações de empresas listadas
na bolsa de valores. São mais voláteis, mas oferecem potencial de Reserva de emergência
retorno elevado. A poupança é frequentemente recomendada para formação de
uma reserva de emergência, proporcionando segurança financeira
Fundos multimercado em situações inesperadas.
Possuem a liberdade de alocar recursos em diferentes classes
de ativos, como renda fixa, ações, câmbio, entre outros. Buscam Objetivos de curto prazo
diversificação e rentabilidade. Investidores com objetivos de curto prazo, como aquisição de
bens ou viagens, podem utilizar a poupança devido à sua liquidez
Fundos de previdência privada imediata.
Voltados para o planejamento de aposentadoria, esses fundos
visam o crescimento do patrimônio ao longo do tempo, oferecendo Complemento a outras modalidades de investimento
benefícios fiscais. A caderneta de poupança pode ser utilizada como complemen-
to a outros investimentos, equilibrando a carteira de acordo com os
Implicações fiscais objetivos do investidor.
Os rendimentos obtidos nos fundos de investimento podem
estar sujeitos à tributação de Imposto de Renda (IR), que varia con- — Títulos de capitalização
forme o tipo de fundo e o prazo do investimento. Os títulos de capitalização representam uma modalidade de
investimento que combina características de poupança e sorteio
Estratégias de escolha de fundos de prêmios. Vamos explorar os elementos fundamentais dos títulos
Ao escolher um fundo de investimento, é essencial considerar de capitalização, suas particularidades, benefícios e considerações
o perfil de risco, os objetivos financeiros e o horizonte de investi- importantes.
mento. Além disso, analisar o histórico de rentabilidade e a taxa de Características dos títulos de capitalização:
administração é crucial para uma decisão informada.
Depósito inicial
O investidor realiza um depósito inicial para adquirir um título
de capitalização. Esse valor pode variar de acordo com o tipo e as
condições estabelecidas pela instituição financeira.

169
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Sorteios e prêmios Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)


Os títulos de capitalização oferecem a chance de participar de Permite dedução das contribuições na declaração de Imposto
sorteios periódicos, concorrendo a prêmios em dinheiro. O valor de Renda até um limite específico.
dos prêmios e a frequência dos sorteios dependem do tipo de tí- O imposto de renda incide sobre o total resgatado no momento
tulo. da aposentadoria.

Resgate ao final do prazo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)


Ao final do prazo estipulado no contrato, o investidor tem direi- Não oferece dedução fiscal e a tributação do imposto de renda
to a resgatar o valor investido, corrigido pela taxa de remuneração ocorre exclusivamente sobre os ganhos no momento do resgate.
estabelecida.
Modalidades de títulos de capitalização: Benefícios
Flexibilidade: os planos de previdência privada oferecem flexi-
Tradicionais bilidade quanto ao valor e periodicidade das contribuições.
Nessa modalidade, o investidor concorre a prêmios através de Sucessão patrimonial: em caso de falecimento do titular, os
sorteios regulares, sem a possibilidade de resgate antecipado. beneficiários indicados recebem os recursos do plano, possibilitan-
do uma sucessão patrimonial eficiente.
Incentivo
Os títulos de capitalização de incentivo oferecem a opção de Planos de aposentadoria complementar
resgate antecipado, proporcionando ao investidor a flexibilidade de Objetivo Principal:
recuperar parte do capital antes do prazo estipulado. Os planos de aposentadoria complementar são oferecidos por
algumas empresas como benefício adicional aos seus colaborado-
Compra programada res, contribuindo para a segurança financeira na aposentadoria.
Destinada a quem busca disciplina financeira, essa modalidade Contribuições:
permite realizar depósitos periódicos, acumulando valor ao longo Normalmente, as contribuições para esses planos são realiza-
do tempo e concorrendo a sorteios. das tanto pelos colaboradores quanto pela empresa, constituindo
Benefícios e considerações: uma forma de poupança conjunta.
Vantagens:
Possibilidade de ganho extra Contribuição empresarial: a empresa pode oferecer contrapar-
Os sorteios de prêmios oferecem uma oportunidade adicional tidas financeiras, ampliando os benefícios aos colaboradores.
de ganho, tornando os títulos de capitalização atrativos para quem Gestão profissional: os recursos são geridos por profissionais
busca entretenimento e potencial retorno financeiro. especializados, visando maximizar os retornos.

Rentabilidade limitada Considerações Importantes:


A rentabilidade dos títulos de capitalização costuma ser inferior Planejamento antecipado: quanto mais cedo iniciar o planeja-
a outras opções de investimento, como CDBs e fundos de investi- mento da aposentadoria, mais eficaz será o acúmulo de recursos ao
mento. É crucial analisar as taxas de remuneração proporcionadas. longo do tempo.
Perfil de investimento: a escolha entre PGBL e VGBL, assim
Contrato e prazo como a seleção de investimentos, deve estar alinhada ao perfil de
Antes de adquirir um título de capitalização, é crucial compre- risco e objetivos do investidor.
ender as condições contratuais, prazos e eventuais taxas associa-
das. A transparência nas informações é essencial. — Seguros
Os seguros desempenham um papel crucial na proteção finan-
— Planos de aposentadoria e de previdência privados ceira, proporcionando cobertura contra diversos riscos e imprevis-
Os planos de aposentadoria e previdência privados desempe- tos. Nesta seção, exploraremos os fundamentos dos seguros, as di-
nham um papel crucial no planejamento financeiro a longo prazo, ferentes modalidades disponíveis e considerações importantes na
oferecendo uma fonte de renda durante a aposentadoria. Vamos escolha de uma apólice.
explorar os elementos essenciais desses planos, suas vantagens,
modalidades e considerações importantes. Fundamentos dos seguros
Princípio Básico:
Planos de Previdência Privada O princípio fundamental dos seguros é a transferência do risco
Objetivo principal: financeiro de um indivíduo para uma seguradora. Em troca do pa-
Os planos de previdência privada visam proporcionar uma ren- gamento de prêmios, a seguradora assume a responsabilidade de
da complementar à aposentadoria, contribuindo para a manuten- cobrir prejuízos em situações especificadas.
ção do padrão de vida do investidor.
Prêmios e apólices:
Contribuições: Prêmios: são os pagamentos regulares realizados pelo segura-
O investidor realiza contribuições periódicas ao longo do tem- do à seguradora.
po, acumulando um fundo de reserva que será utilizado como fonte Apólice: é o contrato que estabelece os termos, condições e
de renda na aposentadoria. limites da cobertura oferecida.
Modalidades:

170
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Modalidades de seguros Convênios com o INSS


Seguro de Vida: Pagamento de contribuições:
– Garantem amparo financeiro aos beneficiários no evento do Empregadores podem utilizar convênios para efetuar o paga-
falecimento do segurado. mento das contribuições previdenciárias de seus funcionários ao
– Pode incluir coberturas adicionais, como invalidez ou doen- INSS.
ças graves. Isso simplifica o cumprimento de obrigações trabalhistas e pre-
videnciárias.
Seguro de Automóvel
– Cobertura contra danos ao veículo segurado, a terceiros e Convênios para folha de pagamento de clientes
eventuais despesas médicas. Pagamentos a fornecedores e colaboradores:
– Possibilidade de inclusão de coberturas adicionais, como pro- Empresas podem estabelecer convênios para realizar paga-
teção contra roubo. mentos a fornecedores e colaboradores de forma eficiente.
Isso contribui para a organização financeira e a otimização dos
Seguro Residencial processos internos.
– Protege a residência contra danos causados por eventos
como incêndios, roubos e desastres naturais. — Benefícios dos convênios de arrecadação e pagamentos
– Inclui responsabilidade civil para danos a terceiros dentro da
propriedade. Centralização de Pagamentos
Os convênios permitem centralizar pagamentos em diferentes
Seguro Saúde segmentos, facilitando o controle financeiro.
– Fornece cobertura para gastos médicos, hospitalares e odon- Empresas podem oferecer aos clientes e colaboradores uma
tológicos. ampla rede de locais para efetuar pagamentos.
– Modalidades incluem planos individuais, familiares ou em-
presariais. Redução de Custos Operacionais
Para empresas, a utilização de convênios pode reduzir custos
Seguro de Responsabilidade Civil operacionais associados à gestão de pagamentos e recebimentos.
– Protege contra danos causados a terceiros, seja em acidentes Facilita a conciliação financeira e evita atrasos nos processos.
de trânsito, acidentes domésticos ou atividades profissionais.
Facilidade e Acessibilidade
Considerações importantes na escolha de seguros Para consumidores, a possibilidade de realizar pagamentos em
Avaliação de Necessidades: identificar os riscos específicos que diferentes estabelecimentos conveniados proporciona facilidade e
necessitam de cobertura é crucial para escolher apólices adequadas. acessibilidade.
Comparação de Coberturas: analisar as coberturas oferecidas Isso se traduz em uma experiência mais conveniente no cum-
por diferentes seguradoras, considerando valores de franquia, limi- primento de obrigações financeiras.
tes e exclusões.
Revisão Periódica: à medida que as circunstâncias mudam, é — Serviço de compensação de cheque e outros papéis
essencial revisar as apólices para garantir que continuem atenden- O serviço de compensação de cheques e outros papéis desem-
do às necessidades do segurado. penha um papel fundamental na liquidação segura e eficiente de
transações financeiras. Nesta seção, exploraremos os princípios e
— Convênios de arrecadação e pagamentos processos envolvidos nesse serviço, destacando sua importância no
Os convênios de arrecadação e pagamentos desempenham um sistema financeiro.
papel central na gestão financeira, facilitando o pagamento de tri-
butos, serviços públicos e outras obrigações. Nesta seção, explora- Compensação de cheques
remos os fundamentos desses convênios, sua importância e como Princípios Básicos:
eles simplificam processos para empresas e cidadãos. A compensação de cheques é o processo pelo qual os bancos
trocam e reconciliam os valores correspondentes aos cheques emi-
Convênios com concessionárias de serviços públicos tidos pelos clientes.
Pagamento de contas de consumo: Esse processo garante que o valor do cheque seja devidamente
Os convênios permitem que os consumidores paguem suas debitado da conta do emitente e creditado na conta do beneficiário.
contas de água, energia elétrica, gás e outros serviços essenciais
em locais conveniados. Câmaras de compensação
Essa facilidade proporciona comodidade aos clientes, evitando As câmaras de compensação são entidades responsáveis por
deslocamentos desnecessários. facilitar a troca de cheques entre os bancos.
Elas agem como intermediárias, permitindo que os bancos re-
Convênios para Pagamento de Tributos: gistrem e ajustem suas transações diárias.
Impostos e taxas:
Empresas e cidadãos podem utilizar convênios para efetuar o Compensação de outros papéis
pagamento de impostos municipais, estaduais e federais. Duplicatas e Títulos de Crédito:
A rede de estabelecimentos conveniados amplia os pontos de Além dos cheques, a compensação também pode envolver ou-
pagamento, tornando o processo mais acessível. tros papéis, como duplicatas e títulos de crédito.

171
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

O objetivo é assegurar que as transações comerciais sejam efe- Negociação Flexível


tivamente liquidadas. Oferecer opções de pagamento flexíveis pode facilitar a quita-
ção de dívidas.
Importância da compensação Negociações que consideram a capacidade financeira do deve-
Eficiência nas Transações: dor aumentam as chances de sucesso.
O serviço de compensação promove eficiência nas transações
financeiras, garantindo a liquidação rápida e precisa. Utilização de Meios Tecnológicos
Isso reduz o risco de inadimplência e fortalece a confiança no Ferramentas tecnológicas, como sistemas de gestão financeira
sistema financeiro. e plataformas de cobrança online, otimizam o processo.
Automatização de lembretes e notificações contribui para a
Padronização e segurança eficácia.
Os processos de compensação são baseados em padrões e pro-
tocolos definidos, garantindo segurança e conformidade. Importância da Cobrança para Empresas
A padronização contribui para a interoperabilidade entre dife- Fluxo de Caixa:
rentes instituições financeiras. A cobrança eficiente impacta diretamente o fluxo de caixa da
empresa.
Controle financeiro Pagamentos pontuais fortalecem a estabilidade financeira e a
Para as instituições financeiras, a compensação é essencial capacidade de investimento.
para o controle financeiro, permitindo a conciliação e a verificação Redução de Inadimplência
das transações. Uma estratégia de cobrança eficaz contribui para a redução da
inadimplência.
Evolução tecnológica na compensação Isso minimiza perdas financeiras e preserva a saúde financeira
Digitalização e Automatização: da empresa.
Com a evolução tecnológica, o processo de compensação tem
se beneficiado da digitalização e automatização. Relacionamento com Clientes
Isso resulta em maior rapidez e eficiência, além da redução de O processo de cobrança pode ser conduzido de maneira a pre-
custos operacionais. servar o relacionamento com os clientes.
Uma abordagem respeitosa promove a fidelização, mesmo em
Segurança cibernética situações de inadimplência.
A segurança cibernética é uma preocupação crescente, e as
instituições investem em tecnologias para proteger o sistema de Regulamentação e Ética na Cobrança
compensação contra ameaças digitais. Respeito às Leis e Normas:
A cobrança deve ser conduzida em estrita conformidade com
— Cobrança as leis e normas vigentes.
O processo de cobrança é fundamental para a gestão finan- Práticas éticas são fundamentais para evitar problemas legais e
ceira, permitindo que empresas recebam pagamentos pendentes manter a reputação da empresa.
de clientes. Nesta seção, exploraremos os princípios da cobrança,
estratégias eficazes e a importância desse processo para a saúde Treinamento de Equipe
financeira das organizações. Treinamento adequado da equipe de cobrança é crucial para
garantir práticas éticas e profissionais.
Princípios da cobrança A empatia e a habilidade de lidar com situações delicadas são
Registro e Monitoramento: aspectos essenciais.
O processo de cobrança inicia-se com o registro e monitora-
mento atento dos pagamentos pendentes.
Manter registros precisos é crucial para identificar padrões de
SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB)
pagamento e atrasos.
Conceito
Comunicação clara e respeitosa Conceitua-se o Sistema de Pagamentos Brasileiro como o con-
A comunicação com devedores deve ser clara, respeitosa e pro- junto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integra-
fissional. das que, por meio eletrônico, dão suporte à movimentação finan-
Estabelecer um diálogo transparente contribui para a resolu- ceira entre os diversos agentes econômicos do mercado brasileiro,
ção eficiente de pendências. tanto em moeda local quanto estrangeira, visando a maior proteção
contra rombos ou quebra em cadeia de instituições financeiras.
Estratégias Eficazes de Cobrança Sua função básica é permitir a transferência de recursos finan-
Proatividade: ceiros, o processamento e liquidação de pagamentos para pessoas
A proatividade na identificação de contas inadimplentes é es- físicas, jurídicas e entes governamentais.
sencial. Toda transação econômica que envolva o uso de cheque, cartão
O monitoramento constante permite a antecipação de proble- de crédito, ou TED, por exemplo, envolve o Sistema de Pagamentos.
mas e a aplicação de estratégias preventivas.

172
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

História Em 2002, nasceu o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro


Os bancos têm três funções principais: 1) a função do depósito; (SPB), regulamentado pela Lei nº 10.214, de 27.03.2001, e baseado
2) a função do sistema de pagamentos; 3) a função de crédito. no Sistema de Transferência de Reservas (STR), um sistema de liqui-
A função de sistema de pagamentos é exercida pelos bancos na dação bruta em tempo real de transferência de fundos entre seus
medida em que realizam a liquidação financeira das transações na participantes.
economia. O STR, operado pelo Banco Central do Brasil, começou a funcio-
No século XVII, nasceu a primeira câmara de compensação na nar em 22.04.2002, ocasião em que surgiu a Transferência Eletrôni-
França, cidade de Lião. ca Disponível (TED).
Em 1921, nasceu a Câmara de Compensação do Rio de Janei- A TED é o instrumento para a realização de transferência ele-
ro, sob a responsabilidade do Banco do Brasil (Lei nº 2.591, de trônica de fundos entre os bancos, liquidada sempre no mesmo dia,
07.08.1912). através do STR ou de outra câmara de compensação (a CIP). O DOC
Em 1932, nasceu a Câmara de Compensação de São Paulo. O ar- é hoje liquidado em “D + 1” através do Serviço de Compensação de
tigo 11, VI, da Lei nº 4.595, de 31.12.64, delegou ao BCB competên- Cheques e Outros Papéis.
cia para regular a execução dos serviços de compensação de che- A partir de 29.07.2002, o valor mínimo para a emissão de Trans-
ques e outros papéis, e o artigo 19, IV, atribuiu ao Banco do Brasil a ferências Eletrônicas Disponíveis (TED) passou a ser de R$ 5.000,00
execução desses serviços. O BCB aprovou o primeiro Regulamento e restou cumprida a meta estabelecida na implantação do novo
do Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis através da SPB. Anunciado em 07.07.99 pelo BCB, o novo SPB começou em
Circular nº 52, de 16.09.66. 22.04.2002 com o valor mínimo da TED fixado em R$ 5 milhões,
Em 1969, surgiu o Sistema Integrado Regional de Compensação reduzido em 13.05.2002 para R$ 1 milhão, em 10.06.2002 para R$
(SIRC), o qual permitiu a integração de praças localizadas em uma 100.000,00, em 08.07.2002 para R$ 50.000,00 e, por último, em
mesma região. 29.07.2002, para R$ 5.000,00.
Na década de 70, surgiu a Compensação de Recebimentos e o Na forma da Lei nº 10.214, de 27.03.2002, integram o novo SPB,
Documento de Crédito (DOC), uma ordem de transferência de fun- além do Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis - a
dos interbancária (uma forma de transferência de recursos entre partir da Circular nº 3.102, de 28.03.2002, do BCB, Centralizadora
contas de bancos diferentes), instrumento alternativo ao uso do de Compensação de Cheques e Outros Papéis (COMPE) -, os seguin-
cheque. tes sistemas, na forma de autorização concedida às respectivas câ-
Até 1979, o cheque e o DOC desempenharam papel pratica- maras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação,
mente exclusivo como instrumentos de liquidação financeira. Mas a pelo BCB ou pela CVM, em suas áreas de competência:
transferência de fundos, por meio eletrônico, operada por sistemas I. de compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito
especiais, substituiu o cheque: num primeiro passo, nas transações e de crédito;
no âmbito do mercado financeiro com a implantação da SELIC e da II. de transferência de fundos e de outros ativos financeiros;
CETIP; depois, em 2002, nas transações comerciais com a implanta- III. de compensação e de liquidação de operações com títulos e
ção do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). valores mobiliários;
Em 1979, nasceu o Sistema Especial de Liquidação e Custódia IV. de compensação e de liquidação de operações realizadas em
(SELIC), o qual passou a realizar a custódia e a liquidação financeira bolsas de mercadorias e de futuros; e
das operações envolvendo títulos públicos. O SELIC eliminou o uso V. outros, inclusive envolvendo operações com derivativos fi-
do cheque para a liquidação de operações com títulos públicos. nanceiros, cujas câmaras ou prestadores de serviços tenham sido
Em 1980, o Banco Central do Brasil, através da Circular nº 492, autorizados.
de 07.01.80, instituiu a conta de “Reservas Bancárias”, adstrita aos De acordo com a Resolução nº 2.882, de 30.08.2001, do CMN,
bancos comerciais. A Circular nº 3.101, de 28.03.2002, do BCB, es- as câmaras de compensação e de liquidação são as pessoas jurídi-
tabeleceu que as disponibilidades mantidas no Banco Central do cas que, na forma da Lei nº 10.214, de 27.03.2001, exercem, em
Brasil, em moeda nacional, pelos bancos comerciais, bancos de in- caráter principal, atividade no SPB e operam um dos sistemas inte-
vestimento, caixas econômicas e bancos múltiplos devem ser regis- grantes do SPB.
tradas na conta Reservas Bancárias. Os regulamentos das diferentes “clearings” devem ser explí-
Em 1983, surgiu o Sistema Nacional de Compensação, o qual in- citos quanto às responsabilidades dos participantes e da própria
terligou todo o País e melhorou o uso do cheque como instrumento “clearing”, assim como devem estar claramente definidas as res-
de liquidação financeira. ponsabilidades do Banco Central. Os procedimentos aplicáveis na
Em 1986, nasceu a Central de Custódia e de Liquidação Finan- hipótese de inadimplemento de qualquer participante devem estar
ceira de Títulos (CETIP), empresa de liquidação financeira. A CETIP minuciosamente definidos, inclusive no tocante aos mecanismos de
eliminou o uso do cheque para a liquidação de operações com tí- repartição de perdas.
tulos privados.
Em 1988, surgiu a Compensação Eletrônica, dando velocidade e O Banco Central do Brasil, através do Comunicado nº 9.419, de
segurança ao Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis, 18.04.2002, divulgou a autorização de funcionamento das seguintes
o qual em 2001, através de Sistemas Locais, 15 SIRC e do Sistema câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação:
Nacional, compensou diariamente, em média, 13,4 milhões de do- I. Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações
cumentos ou R$ 17,2 bilhões. de Câmbio BM&F, para a liquidação e a gerência de riscos das ope-
rações interbancárias com moeda estrangeira;
II. Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Opera-
ções de Derivativos BM&F, para a liquidação e gerência de riscos
das operações de contratos de derivativos e de mercadorias;

173
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

III. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), para O Comitê de Sistemas de Pagamentos e Liquidações do BIS de-
a liquidação de operações com títulos de renda variável, de renda finiu princípios para os sistemas de pagamentos e liquidações dos
fixa pública e privada, nos mercados à vista e de liquidação futura; países. De acordo com esses princípios, além de alto grau de segu-
IV. Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (VISANET), rança e confiança operacional, um sistema deve oferecer meios de
para a liquidação de transações com cartões de crédito e de débito; se efetuarem pagamentos que sejam práticos para seus usuários e
V. Redecard S.A., para a liquidação de transações com cartões eficientes para a economia; o sistema deve prever a pronta liqui-
de crédito e de débito; dação dos valores no dia, de preferência ao longo do dia e de um
VI. Tecnologia Bancária S.A. - (TECBAN), para a liquidação de mínimo no final do expediente.
transações com cartões de débito e ordens de crédito;
VII. Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Aspectos Institucionais
(CETIP), para a realização de negócios e leilões em ambiente ele- O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as enti-
trônico, bem como para registro e liquidação de operações (Comu- dades, os sistemas e os procedimentos relacionados com o proces-
nicado nº 10.233, de 10.10.2002). samento e a liquidação de operações de transferência de fundos,
O Banco Central do Brasil, através do Comunicado nº 10.455, de de operações com moeda estrangeira ou com ativos financeiros e
27.11.2002, divulgou a autorização de funcionamento da Câmara valores mobiliários. São integrantes do SPB, os serviços de compen-
Interbancária de Pagamento (CIP) para operar sistema de liquida- sação de cheques, de compensação e liquidação de ordens eletrô-
ção de transferências interbancárias de fundos, por ordem de cré- nicas de débito e de crédito, de transferência de fundos e de outros
dito eletrônica. ativos financeiros, de compensação e de liquidação de operações
A CIP iniciou suas atividades em 06.12.2002 e pretende atrair com títulos e valores mobiliários, de compensação e de liquidação
parte do volume de transferências de recursos por meio de TEDs, de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros, e
até então realizadas com exclusividade pelo STR. A CIP está apta outros, chamados coletivamente de entidades operadoras de Infra-
para processar mais de 300 mil TEDs por dia e oferecerá aos bancos estruturas do Mercado Financeiro (IMF).
custo unitário mais reduzido que o STR. O volume de TEDs hoje é A partir de outubro de 2013, com a edição da Lei 12.865, os
de 55 mil por dia. arranjos e as instituições de pagamento passaram, também, a in-
A CETIP operacionaliza a Central Clearing de Compensação e Li- tegrar o SPB.
quidação (CENTRAL), câmara de ativos, a qual tem por objeto com- As infraestruturas do mercado financeiro desempenham um
pensar e liquidar as operações de mercado secundário (envolvendo papel fundamental para o sistema financeiro e a economia de uma
títulos públicos ou privados, valores mobiliários, derivativos e ou- forma geral. É importante que os mercados financeiros confiem na
tros ativos financeiros) cursadas na CETIP. qualidade e continuidade dos serviços prestados pelas IMF. Seu fun-
A CETIP, na liquidação de operações, não assume riscos e opera cionamento adequado é essencial para a estabilidade financeira e
no conceito “Entrega contra Pagamento” (somente efetiva as ope- condição necessária para salvaguardar os canais de transmissão da
rações quando o vendedor tem saldo de ativos para transferir para política monetária.
o comprador e quando o comprador efetua o pagamento). Mas a
Central Clearing assume riscos e dá limites operacionais para a ne- O Comunicado 25.164/2014 enumera os sistemas de compen-
gociação de ativos a descoberto. sação e de liquidação, depósito centralizado e registro de ativos
Observa João Cirilo Miedzinski, diretor da Controlbanc, consul- financeiros e de valores mobiliários que atualmente integram o Sis-
toria contratada pela CETIP: “A lógica de liquidação de operações tema de Pagamentos Brasileiro:
estabelecida pelo SPB possui duas vertentes distintas: a primeira - Sistemas de transferências de fundos:
é que as transações que devam ser liquidadas pelo seu valor bruto - Sistema de Transferência de Reservas (STR), operado pelo Ban-
serão processadas diretamente no STR; a segunda é que transações co Central do Brasil (BCB);
que devam ser liquidadas pelo seu valor líquido (“net value”) serão - Centralizadora da Compensação de Cheques (Compe), do Ban-
processadas através de câmaras especializadas para estas funções co do Brasil S.A.;
e que proporcionem a certeza da liquidação aos seus participantes - Sistema de Liquidação Financeira Multibandeiras, da Cielo;
através de um sistema de garantias homologado pelo Banco Cen- - Sistema de Liquidação Doméstica, da Redecard;
tral.” - Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancá-
Gilberto Mifano, diretor geral da Companhia Brasileira de Liqui- rias de Ordens de Crédito (Siloc), da CIP; e
dação e Custódia (CBLC), avisa: a CBLC é uma das câmaras e pres- - Sistema de Transferência de Fundos (Sitraf), da CIP.
tadores de serviços de compensação e de liquidação do novo SPB, - Sistemas de liquidação de operações com títulos, valores mo-
conforme Comunicado nº 9.419, de 18.04.2002, do BCB, o qual au- biliários, derivativos e câmbio:
torizou a CBLC a realizar a liquidação de operações com títulos de - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), operado
renda variável e de renda fixa pública e privada, nos mercados à pelo BCB;
vista e de liquidação futura. A CBLC é a única depositária de ações - Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações
no Brasil e uma das maiores da América Latina e, desde o ano 2001, de Câmbio da BM&FBovespa;
oferece serviços de custódia de títulos de renda fixa privada, como - Câmara de Compensação, Liquidação e Gerenciamento de Ris-
debêntures e “commercial papers”, ressalta Gilberto Mifano, que cos de Operações no Segmento Bovespa e da Central Depositária de
acrescenta: a CBLC é a única depositária do Brasil (e uma das poucas Ativos (CBLC) da BM&FBovespa;
no mundo) que identifica os clientes finais, os quais podem fazer - Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Ativos da
consulta dos saldos de suas aplicações via internet, em tempo real. BM&Bovespa;
As empresas podem pagar os dividendos à CBLC, a qual, em um - Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações
único dia, os repassa para o acionista. de Derivativos da BM&FBovespa;

174
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

- Sistema de Registro, de compensação, de liquidação e custódia do “efeito dominó”. Até abril de 2002, para mitigar tal risco e não
da Cetip S.A. – Mercados Organizados (Cetip); propagar a falta de liquidez de um participante aos outros, muitas
- Central de Cessão de Crédito (C3) da Câmara Interbancária de vezes o BCB bancava operações a descoberto em conta Reservas
Pagamentos (CIP). Bancárias, o que significava elevar o seu risco de não receber os re-
cursos em caso de liquidação da instituição financeira, consequen-
Com a efetividade da Lei nº 12.865, a partir do início de maio de temente, provocando prejuízo para a sociedade brasileira. Com as
2014, os arranjos de pagamento autorizados pelo BCB na forma da alterações nos procedimentos, houve significativa redução do risco
Circular nº 3.682, estarão assim sujeitos aos procedimentos de vi- de crédito incorrido pelo BCB.
gilância análogos àqueles aplicáveis as infraestruturas do mercado A reforma de 2002, entretanto, foi além dessas modificações.
financeiro integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Para redução do risco sistêmico, que era o objetivo maior da refor-
Os padrões internacionais induzem o tratamento homogêneo ma, foram igualmente importantes algumas alterações legais.
das infraestruturas de diferentes países permitindo maior trans- A base legal relacionada com os sistemas de liquidação foi forta-
parência de regras, políticas e procedimentos adotados mundial- lecida por intermédio da Lei 10.214, de março de 2001, que, entre
mente. É importante ressaltar que a interligação entre os mercados outras disposições, reconhece a compensação multilateral e pos-
financeiros mundiais demanda que os países cooperem e padroni- sibilita a efetiva realização de garantias no âmbito desses sistemas
zem as exigências de funcionamento das infraestruturas. mesmo no caso de insolvência civil de participante. Caso uma enti-
dade opere algum sistema sistemicamente importante é necessário
Principais aspectos do SPB: que atue como contraparte central e, ressalvado o risco de emissor,
O Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB apresenta alto grau assegure a liquidação dessas operações em seu sistema.
de automação, com crescente utilização de meios eletrônicos para As entidades que atuam como contraparte central devem ado-
transferência de fundos e liquidação de obrigações, em substituição tar adequados mecanismos de proteção, dependendo do tipo de
aos instrumentos baseados em papel. sistema e da natureza das operações cursadas em seus sistemas,
Até meados dos anos 90, as mudanças no SPB foram motivadas e devem ser autorizadas pelo BCB. O princípio da entrega contra
pela necessidade de se lidar com altas taxas de inflação e, por isso, pagamento é observado em todos os sistemas de compensação e
o progresso tecnológico então alcançado visava principalmente o de liquidação de títulos e valores mobiliários. No caso de operação
aumento da velocidade de processamento das transações financei- em câmara de compensação e de liquidação envolvendo moeda es-
ras. trangeira, o princípio de pagamento contra pagamento também é
Na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil – BCB até observado.
2002, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. A en- Após a implantação das reformas de 2002, o Banco Central do
trada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas Brasil iniciou um projeto institucional de modernização de paga-
- STR, em abril de 2002, marca o início de uma nova fase do SPB. mentos de varejo. O processo gerou os relatórios “Diagnóstico do
O STR, operado pelo BCB, é um sistema de liquidação bruta em Sistema de Pagamentos de Varejo do Brasil”, em 2005, e “Relatório
tempo real onde há a liquidação final de todas as obrigações finan- sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos”, em 2010, apontado
ceiras no Brasil. São participantes do STR as instituições financeiras, ineficiências e sugerindo melhorias no mercado de pagamentos
as câmaras de compensação e liquidação e a Secretaria do Tesouro de varejo, culminando com edição da Lei 12.865 em 2013. Em de-
Nacional. corrências das novas competências atribuídas pela referida Lei, o
Com esse sistema, o país ingressou no grupo daqueles em que Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil editaram
transferências de fundos interbancárias podem ser liquidadas em normas disciplinando arranjos e instituições de pagamento. Esse
tempo real, em caráter irrevogável e incondicional, Além disso, novo arcabouço normativo buscou estabelecer condições mínimas
qualquer transferência de fundos entre as contas dos participantes para a oferta segura de serviços de pagamento, estimular a compe-
do STR passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de tição, com a entrada de novos atores, potencializando o surgimento
recursos na conta do participante emitente da transferência. Para de modelos mais competitivos e eficientes, criando, portanto, um
que haja liquidez e consequentemente um melhor funcionamento ambiente mais inclusivo e favorável a inovações em pagamentos de
do sistema de pagamentos no ambiente de liquidação em tempo varejo.
real, três aspectos são especialmente importantes: O CMN estabeleceu as diretrizes a serem observadas pelo BCB
1. o BCB concede, às instituições financeiras participantes do na regulamentação, supervisão e vigilância e, em linha com os obje-
STR, crédito intradia na forma de operações compromissadas com tivos estabelecidos pela Lei, e direcionou as ações desta autarquia
títulos públicos federais, sem custos financeiros; no sentido de promover a interoperabilidade, a inovação, a solidez,
2. utilização pelos bancos dos saldos do recolhimentos compul- a eficiência, a competição, o acesso não discriminatório aos servi-
sórios ao longo do dia para fins de liquidação de obrigações, já que ços e às infraestruturas, o atendimento às necessidades dos usuá-
a verificação de cumprimento é feita com base em saldos de final rios finais e a inclusão financeira.
do dia; e
3. acionamento pelo BCB de rotina para otimizar o processo de Cobrança e Pagamento de Títulos e Carnês
liquidação das ordens de transferência de fundos mantidas em filas A cobrança de títulos foi o produto mais importante envolvido
de espera no âmbito do STR. pelas instituições nos últimos 10 anos.
Servem para aumentar o relacionamento instituição financei-
Esses fatos possibilitaram a redução dos riscos de liquidação ra x empresa, aumentam a quantidade de recursos transitórios e
nas operações interbancárias, com consequente redução também permitem maiores aplicações destes recursos em títulos públicos.
do risco sistêmico, isto é, o risco de que a quebra de uma institui-
ção financeira provoque a quebra em cadeia de outras, no chama-

175
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A cobrança é feita através de bloquetes que podem circular pela Pagamentos de Títulos e Carnês
câmara de compensação (câmara de integração regional) o que per- Os títulos a pagar de um cliente têm o mesmo tratamento de
mite que os bancos cobrem títulos de clientes em qualquer praça seus títulos a receber (cobrança).
(desde que pagos até o vencimento após o vencimento, pagamento O cliente informa ao banco, via computador, os dados sobre
somente poderá ser feito na agencia emissora do bloquete). seus fornecedores, com datas e valores a serem pagos e, se for o
Os valores resultantes da operação de cobrança são automati- caso, entrega de comprovantes ne­cessários ao pagamento.
camente creditados na conta corrente da empresa cliente no prazo De posse desses dados, o banco orga­niza e executa todo o fluxo
estipulado entre o banco e o cliente. de pagamento do cliente, via débito em conta DOC ou ordem de
pagamento, informando ao cliente todos os passos executados.
Vantagens da cobrança de títulos: O documento de crédito (DOC) é utilizado para pagamentos ou
Para o Banco: depósitos entre bancos, mesmo estando em praças diferentes.
1. aumento dos depósitos à vista, pelos créditos das liquidações; A ordem de pagamento OP é utilizada para pagamentos ou de-
2. aumento das receitas pela cobrança de tarifas sobre serviços; pósitos dentro do mesmo banco, para agencias em praças diferentes.
3. consolidação do relacionamento com o cliente;
4. inexistência do risco de crédito. O Papel dos Intermediários Financeiros
Ocupam posição de destaque no âmbito do sistema de pagamen-
Para o Cliente: tos, os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial,
1. capilaridade da rede bancária; as caixas econômicas e, em plano inferior, as cooperativas de crédito.
2. crédito imediato dos títulos cobrados; Essas instituições captam depósitos à vista e, em contrapartida, ofere-
3. consolidação do relacionamento com o banco; cem a seus clientes, pessoas físicas e jurídicas, contas de depósito que
4. garantia do processo de cobrança (quando necessário o pro- são utilizadas para movimentação de recursos e para pagamentos.
testo); Além dessas instituições, é importante citar que, atuando em
nome dos bancos, os correspondentes bancários, tipicamente ca-
Processo de cobrança bancária: sas lotéricas, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos
1. Os títulos a serem cobrados (ou mo­dernamente apenas seus varejistas, oferecem alguns serviços bancários e de pagamentos in-
dados, via com­putador) são passados ao banco; clusive em locais não atendidos pela rede bancária convencional.
2. o banco emite os bloquetes aos sa­cados (aquele que deverá
pagar o valor do bloquete); O Papel do Banco Central
3. o sacado paga; O Banco Central do Brasil - BCB tem como missão institucional a esta-
4. o banco credita o valor na conta do cliente (cedente). bilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro.
As infraestruturas do mercado financeiro desempenham um papel fun-
Diferentes tipos de cobrança (criados devido à concorrência): damental para o sistema financeiro e a economia de uma forma geral.
- cobrança imediata: sem registro de títulos; Seu funcionamento adequado é essencial para a estabilidade financeira
- cobrança seriada: para pagamento de parcelas; e condição necessária para salvaguardar os canais de transmissão da po-
- cobrança de consórcios: para paga­mento de consórcios; lítica monetária. Assim, cumpre ao BCB atuar no sentido de promover
- cobrança de cheques prédatados: cobrança remunerada: re- sua solidez, normal funcionamento e contínuo aperfeiçoamento.
muneração dos valores cobrados; Nesse sentido, qualquer infraestrutura de mercado financeiro no
- cobrança indexada: em qualquer índi­ce ou moeda; Brasil, para funcionar, está sujeito à autorização e à vigilância do BCB,
- cobrança casada: cedente sensibiliza sacado e viceversa; inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores mobi-
- cobrança programada: garantia do fluxo de caixa do cedente; liários, moeda estrangeira e derivativos financeiros. Ainda cabe ao
- cobrança antecipada: eliminação de tributos de vendas a pra- Banco Central do Brasil, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Mo-
zo; netário Nacional, o papel de regulador, juntamente com a Comissão
- cobrança caucionada: cobrança das garantias de contratos de de Valores Mobiliários, nas suas respectivas esferas de competência.
empréstimos Na função de vigilância cabe ao BCB assegurar que as infraestru-
- cobrança de títulos descontados: ­desconto de títulos. turas e os arranjos de pagamentos operados no Brasil sejam admi-
nistrados consistentemente com os objetivos de interesse público,
Diferença entre nota fiscal x fatura x duplicata mantendo a estabilidade financeira e reduzindo o risco sistêmico.
- nota fiscal: é um documento fiscal, comprovante obrigatório A partir de outubro de 2013, com a edição da Lei 12.865, os
da saída de mer­cadoria de um estabelecimento comercial ou in- arranjos e as instituições de pagamento passaram, também, a inte-
dustrial; grar o SPB. Como decorrência do novo marco normativo os arranjos
- fatura: é uma relação de notas fiscais que correspondem a de pagamento, de que são exemplo aqueles baseados em cartões
uma venda a prazo; de pagamento, estarão sujeitos a procedimentos de vigilância, aná-
- duplicata: é um título de crédito formal e nominativo emitido logos àqueles aplicáveis as IMF.
pelo vendedor com a mesma data, valor global e vencimento da Compete também ao BCB a definição de quais são os sistemas
fatura que lhe deu origem e representa um direito de crédito do de liquidação sistemicamente importantes.
sacador (vendedor) contra o sacado (comprador). A proprieda­de da Além disso, o BCB atua também como provedor de serviços de
duplicata pode ser transferida por endosso. liquidação e nesse papel ele opera o Sistema de Transferência de
Reservas - STR e o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia -
Selic, respectivamente um sistema de transferência de fundos e um
sistema de liquidação de operações com títulos públicos.

176
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Como operador do STR, sistema onde há a liquidação final de todas O direito comercial regulamenta as operações de crédito rea-
as obrigações financeiras no Brasil, o BCB deve executar as ordens de lizadas por empresas, como o crédito bancário e as operações de
transferência de fundos, observar os requisitos, inclusive os de seguran- factoring.
ça, aplicáveis às situações de recebimento e de emissão de mensagens
de transferência de fundos, assegurar o contínuo funcionamento do sis- Sujeito e objeto do Direito:
tema, observando índice de disponibilidade mínimo de 99,8% (noventa O sujeito de direito é todo aquele que possui direitos e obriga-
e nove vírgula oito por cento), observar as disposições legais aplicáveis ções reconhecidos pela ordem jurídica. São exemplos de sujeitos de
ao sigilo de dados, e prestar aos participantes tempestivamente infor- direito as pessoas físicas (indivíduos) e as pessoas jurídicas (empre-
mações sobre o funcionamento do sistema. O BCB pode, também, a seu sas, associações, etc.).
critério, suspender ou excluir participante que esteja colocando em risco O objeto de direito é aquilo sobre o qual incidem os direitos e
o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional - SFN ou do STR, ou obrigações do sujeito de direito. Pode ser um bem material ou ima-
operando em desacordo com o disposto no regulamento do STR ou nas terial, como um imóvel, um contrato, uma patente, entre outros.
demais normas que regulam o funcionamento do SFN.
Para que haja liquidez e consequentemente um bom funciona- Fato e ato jurídico:
mento do sistema de pagamentos no ambiente de liquidação de O fato jurídico é um acontecimento que produz consequências
obrigações em tempo real, o Banco Central do Brasil pode conceder no mundo jurídico, ou seja, que gera direitos e obrigações para as
crédito intradia às instituições financeiras participantes do STR, na partes envolvidas. Os fatos jurídicos podem ser naturais (como o
forma de operações compromissadas com títulos públicos federais, nascimento de uma pessoa) ou humanos (como a celebração de
sem custos financeiros. um contrato).
O ato jurídico é uma manifestação de vontade que tem a in-
Instrumentos de Pagamento tenção de produzir efeitos no campo do direito. Pode ser um ato
Os instrumentos de pagamento são classificados em ordens de unilateral, quando depende apenas da vontade de uma pessoa, ou
débito e ordens de crédito. um ato bilateral (contrato), quando depende da vontade de duas ou
- Na ordem de débito, o comando do pagamento é iniciado pelo mais pessoas. Para que o ato jurídico seja válido, é necessário ob-
beneficiário. Exemplo: o cheque, cujo processo de liquidação é ini- servar determinados requisitos legais, como forma válida, capacida-
ciado pelo beneficiário. de das partes, ausência de vícios de consentimento, entre outros.
- Na ordem de crédito, o pagamento é iniciado pelo pagador. Exem-
plos: a Transferência Eletrônica Disponível (TED), o Documento de Cré-
dito (DOC), cartões de pagamento e o Boleto de Cobrança Bancário.
CONTRATOS: CONCEITO DE CONTRATO, REQUISITOS
DOS CONTRATOS, CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS;
Diferença entre instrumentos de pagamentos e meios de pa-
CONTRATOS NOMINADOS, CONTRATOS DE COMPRA
gamentos
E VENDA, EMPRÉSTIMO, SOCIEDADE, FIANÇA,
De acordo com a Lei nº 12.865/2013 (art. 6º, inciso V), um ins-
CONTRATOS FORMAIS E INFORMAIS.
trumento de pagamento é um dispositivo ou um conjunto de proce-
dimentos acordado entre o usuário final e seu prestador de serviço Os contratos são uma parte fundamental das relações jurídicas,
de pagamento utilizado para iniciar uma transação de pagamento. comerciais e pessoais no mundo moderno. Eles formam a base so-
Entre os instrumentos de pagamento estão as ordens de transfe- bre a qual as partes acordam em realizar trocas de bens, serviços,
rência de crédito (Transferência Eletrônica Disponível – TED; Docu- dinheiro, ou outros termos. O entendimento dos contratos, seus re-
mento de Crédito – DOC; Transferência Eletrônica de Crédito – TEC; quisitos e classificações é essencial para garantir que acordos sejam
transferência entre clientes de uma mesma instituição; e o boleto legalmente válidos e executáveis.
de pagamento); o cheque; os cartões de pagamento (crédito, débi-
to e pré-pago) e o débito direto (débito automático em conta). Conceito e Requisitos dos Contratos
Já os meios de pagamento são os ativos utilizados para liquidar Um contrato é um acordo entre duas ou mais partes que cria
as obrigações que o pagador possui junto ao recebedor. São exem- obrigações legais para serem cumpridas por ambas as partes. Para
plos de meios de pagamento: o papel-moeda e os depósitos à vista ser considerado válido, um contrato deve atender a determinados
e a prazo (poupança) nos bancos. requisitos básicos:
• Capacidade das Partes: Todos os envolvidos devem ter a ca-
ASPECTOS JURÍDICOS. NOÇÕES DE DIREITO pacidade legal para contratar, o que geralmente exclui menores de
APLICADAS ÀS OPERAÇÕES DE CRÉDITO. SUJEITO E idade e pessoas com incapacidade mental.
OBJETO DO DIREITO. FATO E ATO JURÍDICO • Consentimento: O acordo deve ser feito de forma voluntária,
sem coerção, fraude ou erro.
• Objeto: O objeto do contrato deve ser claro, possível, deter-
Noções de direito aplicadas às operações de crédito: minado ou determinável, e legal.
• Forma: Embora muitos contratos possam ser feitos verbal-
As operações de crédito são regulamentadas pelo direito civil e mente, certos tipos de contratos devem ser feitos por escrito e, em
pelo direito comercial, dependendo do tipo de operação. alguns casos, notariados ou registrados para serem válidos.
O direito civil estabelece as regras gerais aplicáveis às opera-
ções de crédito, como a capacidade das partes, a forma de contrata-
ção, os direitos e deveres das partes, entre outros aspectos.

177
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Classificação dos Contratos Contratos por Instrumento Público e Particular


Os contratos podem ser classificados de várias maneiras, de- Os contratos de crédito podem ser formalizados como instru-
pendendo de sua natureza e dos termos acordados. mento público ou particular, dependendo da natureza da transação
• Contratos Bilaterais e Unilaterais: Um contrato bilateral é aquele e dos requisitos legais envolvidos.
em que ambas as partes se comprometem a cumprir obrigações, en- • Contratos por Instrumento Público: São contratos formaliza-
quanto um unilateral envolve obrigação por apenas uma das partes. dos em cartório, na presença de um tabelião. Têm a vantagem de
• Contratos Onerosos e Gratuitos: Nos contratos onerosos, maior segurança jurídica, pois o tabelião assegura a autenticidade
ambas as partes se beneficiam e assumem obrigações, enquanto do documento, a capacidade legal das partes e o cumprimento das
nos gratuitos, apenas uma das partes obtém benefício sem assumir formalidades legais. São frequentemente exigidos em operações de
contrapartidas. maior valor ou complexidade, como hipotecas ou financiamentos
• Contratos Comutativos e Aleatórios: Um contrato comutativo de grande porte.
tem prestações certas e determinadas para ambas as partes. Já os
contratos aleatórios envolvem elementos de risco e incerteza. • Contratos por Instrumento Particular: São mais comuns em
operações de crédito e não requerem a formalização em cartório.
Contratos Nominados e Inominados Basta que as partes envolvidas assinem o documento para que ele
• Contratos Nominados: São aqueles que têm sua estrutura tenha validade. Esses contratos são mais flexíveis e menos onero-
e condições definidas por lei, como contratos de compra e venda, sos em termos de custos e tempo. Porém, podem oferecer menor
empréstimo, sociedade, fiança, entre outros. segurança em relação à autenticidade e ao cumprimento das obri-
• Contratos Inominados: São acordos que não se enquadram gações, comparados aos contratos públicos.
em categorias previamente estabelecidas pela lei, muitas vezes exi-
gindo mais negociação e personalização nos termos. Cédulas e Notas de Crédito
As cédulas e notas de crédito são títulos que formalizam as ope-
Tipos Específicos de Contratos rações de crédito e têm grande importância no sistema financeiro.
• Compra e Venda: Este é um contrato onde uma parte se com-
promete a transferir a propriedade de um bem ou serviço em troca • Cédulas de Crédito: São títulos representativos de dívida que
de um preço estipulado. especificam os termos e condições sob os quais o crédito foi conce-
• Empréstimo: Pode ser de duas formas principais: comodato dido, incluindo valor, taxa de juros, prazo de pagamento, garantias,
(uso de bem não fungível, gratuito) e mútuo (transferência de pro- entre outros. Exemplos incluem a Cédula de Crédito Bancário (CCB),
priedade de bem fungível, geralmente com pagamento de juros). Cédula de Crédito Imobiliário (CCI) e Cédula de Crédito à Exporta-
• Sociedade: Um contrato onde duas ou mais pessoas se obri- ção (CCE). Esses títulos são negociáveis e podem ser utilizados para
gam a contribuir com bens ou serviços para exercer uma atividade obtenção de recursos ou refinanciamento da dívida.
econômica e dividir entre si os lucros.
• Fiança: Onde uma pessoa garante satisfazer a obrigação de • Notas de Crédito: As notas de crédito, como a Nota Promis-
um devedor caso este não cumpra seu compromisso. sória, são compromissos de pagamento onde o emitente se com-
promete a pagar uma determinada quantia em uma data futura.
Contratos Formais e Informais São amplamente utilizadas em operações de financiamento e em-
• Contratos Formais: São aqueles que exigem formalidades es- préstimos de curto prazo. A vantagem das notas de crédito é a sua
peciais para sua validade, como escritura pública ou registro. simplicidade e flexibilidade, sendo menos complexas que as cédulas
• Contratos Informais: São válidos sem necessidade de formali- de crédito.
dades específicas, podendo ser até mesmo verbais, desde que res-
peitem os requisitos básicos de um contrato. Ambos, cédulas e notas de crédito, são instrumentos negociá-
veis e podem ser cedidos ou transferidos a terceiros, o que facilita a
Entender essas diversas formas e requisitos de contratos é cru- liquidez no mercado financeiro. Eles desempenham um papel cru-
cial para a realização de transações seguras e para a proteção dos cial na concessão de crédito, pois proporcionam um meio formal
direitos e interesses de todas as partes envolvidas. e legalmente reconhecido de documentar as obrigações de paga-
mento.
A escolha entre estes diferentes instrumentos de formalização
INSTRUMENTOS DE FORMALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES depende da natureza da operação de crédito, da necessidade de se-
DE CRÉDITO. CONTRATOS POR INSTRUMENTO gurança jurídica, dos custos envolvidos e da preferência das partes.
PÚBLICO E PARTICULAR. CÉDULAS E NOTAS DE Entender esses instrumentos é fundamental para profissionais do
CRÉDITO. setor bancário, empresas e indivíduos que buscam acessar crédito
no sistema financeiro.
Os instrumentos de formalização das operações de crédito são
essenciais no setor financeiro, pois garantem a legalidade e a execu-
ção das transações de crédito. Entre os principais instrumentos uti-
lizados estão os contratos por instrumento público e particular, bem
como as cédulas e notas de crédito. Cada um desses instrumentos
possui características específicas e serve para diferentes propósitos
dentro do contexto de operações de crédito.

178
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Fiança bancária
GARANTIAS. FIDEJUSSÓRIAS: FIANÇA E AVAL. REAIS: É um compromisso contratual pelo qual uma instituição finan-
HIPOTECA E PENHOR. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE ceira garante o cumprimento de obrigações de seus clientes. O pú-
BENS MÓVEIS. blico alvo são as pessoas físicas e jurídicas. A fiança bancária é uma
obrigação por escrito (carta de fiança) assumida pelo banco, res-
As instituições financeiras ao analisar suas operações levam em ponsabilizando-se por dívida total ou parcial de cliente que queira
conta vários fatores e ao concluir pela viabilidade do negócio, fixa as assumir uma obrigação perante terceiros.
condições em que ele será realizado, definindo: Regulamentação do CMN estipula o limite máximo de exposição
• valor liberado, por cliente a ser observado pelas instituições financeiras na presta-
• prazo, ção de garantia de fiança bancária.
• encargos financeiros, e A vantagem se trabalhar com fiança bancária é que a garantia
• garantias. oferecida pelos bancos goza de grande respeitabilidade no mundo
dos negócios. A fiança bancária está sujeita a cobrança de tarifas,
A constituição de garantias visa gerar maior comprometimen- mas não se sujeita a cobrança de IOF, por tratar-se de um contrato.
to pessoal e patrimonial do tomador de recursos e aumentar, caso
o cliente se torne insolvente, a possibilidade de retorno do capital 2. Garantias reais que vinculam patrimônio ao cumprimento da
emprestado. obrigação assumida pelo devedor. Recaem sobre bens móveis ou
A garantia assume papel acessório à decisão de crédito, não po- imóveis do patrimônio do devedor ou de terceiros; se ele não pagar,
dendo ser determinante para a realização do negócio, já que sua haverá um processo de execução em que será requerida a venda ju-
execução é sabidamente onerosa e demorada. dicial do bem, pagando-se preferencialmente o credor, onde temos
O negócio de um banco não é cobrar judicialmente seus crédi- o penhor, a hipoteca e a alienação fiduciária.
tos; é emprestar bem e receber.
Espécies:
As garantias do Sistema Financeiro Nacional podem ser dividi-
das em 2 modalidades: Penhor
É um direito real que consiste na tradição de coisa móvel, sus-
1. Garantias pessoais ou Garantias Fidejussórias que baseiam- cetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao cre-
-se na confiança, isto é, se o devedor não pagar, uma terceira pes- dor, a fim de garantir o pagamento do débito. Tem como sujeitos o
soa (que prestou a garantia pessoal) será obrigada a pagar no lugar devedor pignoratício (pode ser tanto o sujeito passivo da obrigação
dele, onde temos o aval e a fiança. principal como terceiro que ofereça o ônus real) e o credor pignora-
tício (o que empresta o dinheiro).
Espécies:
Penhor mercantil
Aval É caracterizando-se pela dispensa da tradição da coisa onerada,
O aval é a garantia de pagamento formal e solidária firmada por ou seja, o devedor continua na sua posse, equiparando-se ao de-
terceiro em um título de crédito, onde os intervenientes são: o ava- positário para todos os efeitos. Visa garantir obrigação comercial.
lista (aquele que presta o aval), o avalizado (aquele que recebe o Penhor mercantil é a garantia na qual o bem empenhado faz
aval) e o credor. Para tanto, basta que se lance o aval no próprio parte integrante do negócio comercial. Pode abranger tanto esto-
título ou na folha de alongamento. A simples assinatura no anverso ques de matérias-primas quanto estoques de produtos acabados.
do título é suficiente para configurar o aval. Os estoques objeto de penhor mercantil são confiados a fiel deposi-
Considera-se não escrito o aval cancelado. Tratando-se de ga- tário, que se torna responsável pela guarda, existência e conserva-
rantia solidária, implica que o avalista é coobrigado, isto é, é code- ção dos bens dados em garantia.
vedor principal.
Hipoteca
Fiança A hipoteca é um direito real sobre um bem imóvel ou aos que
Dá-se a fiança quando uma pessoa se obriga a satisfazer deter- forem a ele equiparados, que tem por objetivo assegurar o paga-
minada obrigação, caso o respectivo devedor não a cumpra. mento de uma dívida.
A fiança é um contrato acessório; pode ser gratuito ou oneroso. A posse do bem gravado não se transfere ao credor.
Os intervenientes são: o devedor (afiançado), o fiador (pessoa física A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou cons-
ou pessoa jurídica) e o credor. truções no imóvel e deve ser registrada no Cartório de Registro de
Caso o devedor principal não cumpra a obrigação e o fiador ve- Imóveis.
nha a ser acionado para responder pela dívida, sem que antes te- Podem ser objeto de hipoteca os imóveis, seus acessórios, as
nha sido acionado aquele, poderá alegar o benefício de ordem para estradas de ferro (linhas, estações, locomotivas e vagões), as minas
que os bens do devedor sejam excutidos em primeiro lugar, salvo se e pedreiras, os navios e os aviões.
foi estipulada solidariedade no contrato de fiança.
O fiador tem a prerrogativa de renunciar a este direito.
A fiança só pode ser concedida pelo cônjuge quando o outro
der seu consentimento. A este requisito se dá o nome de outorga
uxória. A falta da autorização torna o ato anulável.

179
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Alienação fiduciária Fiança – código civil


Pelo contrato de alienação fiduciária, o devedor transfere ao (...)
credor a propriedade de uma coisa móvel ou imóvel, até que a dí- Art. 818 Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer
vida daquele seja inteiramente paga. O devedor é chamado fidu- ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
ciante e o credor denomina-se fiduciário. Uma vez completado o cumpra.
pagamento, a propriedade do bem alienado volta ao fiduciante. Art. 819 A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpreta-
A alienação fiduciária de coisas móveis rege-se pelo Decreto-Lei ção extensiva.
911/1969. Até a entrada em vigor do novo Código Civil os contra- Art. 820 Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimen-
tos de empréstimos com garantia de alienação fiduciária de coisa to do devedor ou contra a sua vontade.
móvel só podiam ser pactuados entre instituições financeiras e o Art. 821 As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o
financiado, pessoa física ou jurídica. A partir de da entrada em vigor fiador, neste caso, não será demandado senão depois que se fizer
da Lei 9.514/97, passou a existir também a alienação fiduciária da certa e líquida a obrigação do principal devedor.
coisa imóvel. Art. 822 Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os
A mora ou o inadimplemento do fiduciante possibilita ao fiduci- acessórios da dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde
ário requerer em juízo a busca e apreensão do bem móvel objeto do a citação do fiador.
contrato, para vendê-lo a terceiros e tornar efetiva a sua garantia. Art. 823 A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação
Se o bem móvel não for encontrado na posse do fiduciante, a busca principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando ex-
e apreensão podem transformar-se em ação de depósito; se ele não ceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá
entregar a coisa, poderá ser considerado depositário infiel. senão até ao limite da obrigação afiançada.
A lei faculta a venda da coisa independentemente de leilão, ava- Art. 824 As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, ex-
liação prévia ou interpelação do devedor. O credor deve aplicar o ceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do de-
preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decor- vedor.
rentes, entregando ao devedor o saldo apurado, se houver. Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não
abrange o caso de mútuo feito a menor.
Legislação sobre as garantias do Sistema Financeiro Nacional Art. 825 Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor
não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domi-
Aval – código civil ciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua
bens suficientes para cumprir a obrigação.
(..) Art. 826 Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o
Art. 897 O pagamento de título de crédito, que contenha obri- credor exigir que seja substituído.
gação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval. Art. 827 O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem
Parágrafo único. É vedado o aval parcial. direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro execu-
Art. 898 O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio tados os bens do devedor.
título. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a
§ 1° Para a validade do aval, dado no anverso do título, é sufi- que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no
ciente a simples assinatura do avalista. mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
§ 2° Considera-se não escrito o aval cancelado. solver o débito.
Art. 899 O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na Art. 828 Não aproveita este benefício ao fiador:
falta de indicação, ao emitente ou devedor final. I - se ele o renunciou expressamente;
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;
seu avalizado e demais coobrigados anteriores. III - se o devedor for insolvente, ou falido.
§ 2° Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a Art. 829 A fiança conjuntamente prestada a um só débito por
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre
decorra de vício de forma. elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.
Art. 900 O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efei- Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador respon-
tos do anteriormente dado. de unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no paga-
mento.
(...) Art. 830 Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida
Art. 1.647..., nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do que toma sob sua responsabilidade, caso em que não será por mais
outro, exceto no regime da separação absoluta: obrigado.
... Art. 831 O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-ro-
III - prestar fiança ou aval. gado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um
(...) dos outros fiadores pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pe-
los outros.
Art. 832 O devedor responde também perante o fiador por todas
as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fia

180
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 833 O fiador tem direito aos juros do desembolso pela taxa V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encon-
estipulada na obrigação principal, e, não havendo taxa convencio- tra em seu poder;
nada, aos juros legais da mora. VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autori-
Art. 834 Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução zação judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa em-
iniciada contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe o anda- penhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O
mento. dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, subs-
Art. 835 O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assi- tituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.
nado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obri- Art. 1.434 O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa
gado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago,
notificação do credor. podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja
Art. 836 A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a res- vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, su-
ponsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte ficiente para o pagamento do credor
do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. Art. 1.435 O credor pignoratício é obrigado:
Art. 837 O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono
pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao devedor a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compen-
principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, sada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da respon-
salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor. sabilidade;
Art. 838 O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício
devedor; de ação possessória;
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433,
direitos e preferências; inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capi-
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmen- tal da obrigação garantida, sucessivamente;
te do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez
ainda que depois venha a perdê-lo por evicção*. paga a dívida;
Evicção: perda, parcial ou total, que sofre o adquirente duma V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga,
coisa em consequência da reivindicação judicial promovida pelo no caso do inciso IV do art. 1.433.
verdadeiro dono ou possuidor. Art. 1.436 Extingue-se o penhor:
Art. 839 Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, re- I - extinguindo-se a obrigação;
tardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o fia- II - perecendo a coisa;
dor que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao III - renunciando o credor;
tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada. IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor
(...) e de dono da coisa;
Art. 1.647, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do ou- V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da
tro, exceto no regime da separação absoluta: coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada.
III - prestar fiança ou aval. § 1º Presume-se a renúncia do credor quando consentir na ven-
(...) da particular do penhor sem reserva de preço, quando restituir a
sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua substituição por outra
Penhor – código civil garantia.
(...) § 2º Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da
Art. 1.431 Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da dívida pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.
posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, Art. 1.437 Produz efeitos a extinção do penhor depois de averba-
faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de do o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.
alienação. Art. 1.438 Constitui-se o penhor rural mediante instrumento pú-
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de ve- blico ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis
ículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
as deve guardar e conservar. Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que
Art. 1.432 O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, garante com penhor rural, o devedor poderá emitir, em favor do
por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado credor, cédula rural pignoratícia, na forma determinada em lei es-
no Cartório de Títulos e Documentos. pecial.
Art. 1.433 O credor pignoratício tem direito: Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem
I - à posse da coisa empenhada; ser convencionados por prazos superiores aos das obrigações ga-
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devida- rantidas. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
mente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa § 1º Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquan-
sua; to subsistirem os bens que a constituem.
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício § 2º A prorrogação deve ser averbada à margem do registro
da coisa empenhada; respectivo, mediante requerimento do credor e do devedor.
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se
lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor
mediante procuração;

181
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 1.440 Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá Hipoteca – código civil
constituir-se independentemente da anuência do credor hipotecá- (...)
rio, mas não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a Art. 1.473 Podem ser objeto de hipoteca:
extensão da hipoteca, ao ser executada. I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com
Art. 1.441 Tem o credor direito a verificar o estado das coisas eles;
empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pes- II - o domínio direto (diz respeito ao direito de dispor do imóvel);
soa que credenciar. III - o domínio útil (diz respeito ao direito de utilizar ou usufruir
Art. 1.442 Podem ser objeto de penhor: do imóvel);
I - máquinas e instrumentos de agricultura; IV - as estradas de ferro;
II - colheitas pendentes, ou em via de formação; V - os recursos naturais (as jazidas, minas e demais recursos
III - frutos acondicionados ou armazenados; minerais) independentemente do solo onde se acham;
IV - lenha cortada e carvão vegetal; VI - os navios;
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola. VII - as aeronaves.
Art. 1.443 O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, VIII - o direito de uso especial para fins de moradia;
ou em via de formação, abrange a imediatamente seguinte, no caso IX - o direito real de uso;
de frustrar-se ou ser insuficiente a que se deu em garantia. X - a propriedade superficiária (o domínio da construção ou da
Parágrafo único. Se o credor não financiar a nova safra, poderá plantação separado do solo).
o devedor constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima Art. 1.474 A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramen-
equivalente à do primeiro; o segundo penhor terá preferência sobre tos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus reais constituídos e
o primeiro, abrangendo este apenas o excesso apurado na colheita registrados, anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel.
seguinte. Art. 1.475 É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar
Art. 1.444 Podem ser objeto de penhor os animais que integram imóvel hipotecado.
a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios. Art. 1.476 O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra
Art. 1.445 O devedor não poderá alienar os animais empenha- hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de
dos sem prévio consentimento, por escrito, do credor. outro credor.
Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado Art. 1.477 Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da
empenhado ou, por negligência, ameace prejudicar o credor, pode- segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o imóvel
rá este requerer se depositem os animais sob a guarda de terceiro, antes de vencida a primeira.
ou exigir que se lhe pague a dívida de imediato. Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por fal-
Art. 1.446 Os animais da mesma espécie, comprados para subs- tar ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas poste-
tituir os mortos, ficam sub-rogados no penhor. riores à primeira.
Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste arti- Art. 1.478. Se o devedor da obrigação garantida pela primeira
go, mas não terá eficácia contra terceiros, se não constar de men- hipoteca não se oferecer, no vencimento, para pagá-la, o credor da
ção adicional ao respectivo contrato, a qual deverá ser averbada. segunda pode promover-lhe a extinção, consignando a importância
Art. 1.447 Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, e citando o primeiro credor para recebê-la e o devedor para pagá-
materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os -la; se este não pagar, o segundo credor, efetuando o pagamento, se
acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens sub-rogará nos direitos da hipoteca anterior, sem prejuízo dos que
destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura, ani- lhe competirem contra o devedor comum.
mais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias- Parágrafo único. Se o primeiro credor estiver promovendo a exe-
-primas e produtos industrializados. cução da hipoteca, o credor da segunda depositará a importância
Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos ar- do débito e as despesas judiciais.
mazéns gerais o penhor das mercadorias neles depositadas. Art. 1.479 O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não
Art. 1.448 Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, me- se tenha obrigado pessoalmente a pagar as dívidas aos credores
diante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de hipotecários, poderá exonerar-se da hipoteca, abandonando-lhes o
Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coi- imóvel.
sas empenhadas. Art. 1.485 Mediante simples averbação, requerida por ambas
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que as partes, poderá prorrogar-se a hipoteca, até 30 (trinta) anos da
garante com penhor industrial ou mercantil, o devedor poderá emi- data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsis-
tir, em favor do credor, cédula do respectivo crédito, na forma e para tir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo
os fins que a lei especial determinar. registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então
Art. 1.449 O devedor não pode, sem o consentimento por escri- lhe competir.
to do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a situa- Art. 1.486 Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hi-
ção, nem delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, alienar as poteca, autorizar a emissão da correspondente cédula hipotecária,
coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza, na forma e para os fins previstos em lei especial.
que ficarão sub-rogados no penhor. Art. 1.487 A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívi-
Art. 1.450 Tem o credor direito a verificar o estado das coisas da futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo
empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pes- do crédito a ser garantido.
soa que credenciar. § 1º Nos casos deste artigo, a execução da hipoteca dependerá
(...) de prévia e expressa concordância do devedor quanto à verificação
da condição, ou ao montante da dívida.

182
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º Havendo divergência entre o credor e o devedor, caberá gistro de Títulos e Documentos do domicílio do credor, sob pena de
àquele fazer prova de seu crédito. Reconhecido este, o devedor res- não valer contra terceiros, e conterá, além de outros dados, os se-
ponderá, inclusive, por perdas e danos, em razão da superveniente guintes:
desvalorização do imóvel. a) o total da dívida ou sua estimativa;
Art. 1.492 As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do b) o local e a data do pagamento;
imóvel, ou no de cada um deles, se o título se referir a mais de um. c) a taxa de juros, as comissões cuja cobrança for permitida e,
Parágrafo único. Compete aos interessados, exibido o título, re- eventualmente, a cláusula penal e a estipulação de correção mone-
querer o registro da hipoteca. tária, com indicação dos índices aplicáveis;
Art. 1.493 Os registros e averbações seguirão a ordem em que d) a descrição do bem objeto da alienação fiduciária e os ele-
forem requeridas, verificando-se ela pela da sua numeração suces- mentos indispensáveis à sua identificação.
siva no protocolo. § 2º Se, na data do instrumento de alienação fiduciária, o deve-
Parágrafo único. O número de ordem determina a prioridade, e dor ainda não for proprietário da coisa objeto do contrato, o domí-
esta a preferência entre as hipotecas. nio fiduciário desta se transferirá ao credor no momento da aquisi-
Art. 1.494 Não se registrarão no mesmo dia duas hipotecas, ou ção da propriedade pelo devedor, independentemente de qualquer
uma hipoteca e outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em favor formalidade posterior.
de pessoas diversas, salvo se as escrituras, do mesmo dia, indicarem § 3º Se a coisa alienada em garantia não se identifica por nú-
a hora em que foram lavradas. meros, marcas e sinais indicados no instrumento de alienação fi-
Art. 1.495 Quando se apresentar ao oficial do registro título de duciária, cabe ao proprietário fiduciário o ônus da prova, contra
hipoteca que mencione a constituição de anterior, não registrada, terceiros, da identidade dos bens do seu domínio que se encontram
sobrestará ele na inscrição da nova, depois de a prenotar, até trinta em poder do devedor.
dias, aguardando que o interessado inscreva a precedente; esgota- § 4º No caso de inadimplemento da obrigação garantida, o pro-
do o prazo, sem que se requeira a inscrição desta, a hipoteca ulte- prietário fiduciário pode vender a coisa a terceiros e aplicar preço
rior será registrada e obterá preferência. da venda no pagamento do seu crédito e das despesas decorrentes
Art. 1.497 As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão da cobrança, entregando ao devedor o saldo porventura apurado,
ser registradas e especializadas. se houver.
Art. 1.498 Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação § 5º Se o preço da venda da coisa não bastar para pagar o cré-
perdurar; mas a especialização, em completando vinte anos, deve dito do proprietário fiduciário e despesas, na forma do parágrafo
ser renovada. anterior, o devedor continuará pessoalmente obrigado a pagar o
Art. 1.499 A hipoteca extingue-se: saldo devedor apurado.
I - pela extinção da obrigação principal; § 6º É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a
II - pelo perecimento da coisa; ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no
III - pela resolução da propriedade; seu vencimento.
IV - pela renúncia do credor; § 7º Aplica-se à alienação fiduciária em garantia o disposto nos
V - pela remição; artigos 758, 762, 763 e 802 do Código Civil, no que couber.
VI - pela arrematação ou adjudicação. § 8º O devedor que alienar, ou der em garantia a terceiros, coisa
Art. 1.500 Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no que já alienara fiduciariamente em garantia, ficará sujeito à pena
Registro de Imóveis, do cancelamento do registro, à vista da res- prevista no art. 171, § 2º, inciso I, do Código Penal.
pectiva prova. § 9º Não se aplica à alienação fiduciária o disposto no artigo
(...) 1279 do Código Civil.
§ 10. A alienação fiduciária em garantia do veículo automotor
Alienação fiduciária de bens móveis - deverá, para fins probatórios, constar do certificado de Registro, a
que se refere o artigo 52 do Código Nacional de Trânsito.
DECRETO-LEI Nº 911, DE 1º DE OUTUBRO DE 196934
Art. 2º No caso de inadimplemento ou mora nas obrigações
Altera a redação do art. 66, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o proprietá-
1965, estabelece normas de processo sôbre alienação fiduciária e rio fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros, indepen-
dá outras providências. dentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer
outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em
Art 1º A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor contrário prevista no contrato, devendo aplicar o preço da venda no
o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, in- pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar
dependentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alie- ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de
nante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as contas. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)
responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a § 1º O crédito a que se refere o presente artigo abrange o prin-
lei civil e penal. cipal, juros e comissões, além das taxas, cláusula penal e correção
§ 1º A alienação fiduciária somente se prova por escrito e seu monetária, quando expressamente convencionados pelas partes.
instrumento, público ou particular, qualquer que seja o seu valor, § 2º A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para pa-
será obrigatoriamente arquivado, por cópia ou microfilme, no Re- gamento e poderá ser comprovada por carta registrada com aviso
de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do re-
34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0911Compilado. ferido aviso seja a do próprio destinatário. (Redação dada pela Lei
htm. Acessado em 04.01.2022 nº 13.043, de 2014)

183
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 3º A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais ga- § 12. A parte interessada poderá requerer diretamente ao juízo
rantidas por alienação fiduciária, ou a ocorrência legal ou conven- da comarca onde foi localizado o veículo com vistas à sua apreen-
cional de algum dos casos de antecipação de vencimento da dívida são, sempre que o bem estiver em comarca distinta daquela da tra-
facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as mitação da ação, bastando que em tal requerimento conste a cópia
obrigações contratuais, independentemente de aviso ou notificação da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do despacho
judicial ou extrajudicial. que concedeu a busca e apreensão do veículo. (Incluído pela Lei nº
§ 4º Os procedimentos previstos no caput e no seu § 2º apli- 13.043, de 2014)
cam-se às operações de arrendamento mercantil previstas na forma § 13. A apreensão do veículo será imediatamente comunicada
da Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974. (Incluído pela Lei nº ao juízo, que intimará a instituição financeira para retirar o veículo
13.043, de 2014) do local depositado no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas.
(Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que § 14. O devedor, por ocasião do cumprimento do mandado de
comprovada a mora, na forma estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou busca e apreensão, deverá entregar o bem e seus respectivos docu-
o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e mentos. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida § 15. As disposições deste artigo aplicam-se no caso de reinte-
liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário. (Reda- gração de posse de veículos referente às operações de arrendamen-
ção dada pela Lei nº 13.043, de 2014) to mercantil previstas na Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974.
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem
no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições compe- Art. 4º Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado
tentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a
propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em
livre do ônus da propriedade fiduciária. ação de depósito, na forma prevista no Capítulo II, do Título I, do
§ 2º No prazo do § 1º o devedor fiduciante poderá pagar a in- Livro IV, do Código de Processo Civil.
tegralidade da dívida pendente, segundo os valores apresentados
pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será Art. 5º Se o credor preferir recorrer à ação executiva, direta ou
restituído livre do ônus. a convertida na forma do art. 4º, ou, se for o caso ao executivo fis-
§ 3º O devedor fiduciante apresentará resposta no prazo de cal, serão penhorados, a critério do autor da ação, bens do devedor
quinze dias da execução da liminar. quantos bastem para assegurar a execução. (Redação dada pela Lei
§ 4º A resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor nº 13.043, de 2014)
tenha se utilizado da faculdade do § 2º, caso entenda ter havido
pagamento a maior e desejar restituição. (...)
§ 5º Da sentença cabe apelação apenas no efeito devolutivo. Art. 7º-A. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos
§ 6º Na sentença que decretar a improcedência da ação de bus- por alienação fiduciária nos termos deste Decreto-Lei, sendo que,
ca e apreensão, o juiz condenará o credor fiduciário ao pagamento qualquer discussão sobre concursos de preferências deverá ser re-
de multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a cinquenta solvida pelo valor da venda do bem, nos termos do art. 2º. (Incluído
por cento do valor originalmente financiado, devidamente atualiza- pela Lei nº 13.043, de 2014)
do, caso o bem já tenha sido alienado.
§ 7º A multa mencionada no § 6º não exclui a responsabilidade LEI Nº 9.514, DE 20 DE NOVEMBRO DE 199735
do credor fiduciário por perdas e danos.
§ 8º A busca e apreensão prevista no presente artigo constitui Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a
processo autônomo e independente de qualquer procedimento pos- alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências.
terior. (...)
§ 9º Ao decretar a busca e apreensão de veículo, o juiz, caso Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio
tenha acesso à base de dados do Registro Nacional de Veículos Au- jurídico pelo qual o fiduciante, com o escopo de garantia de obriga-
tomotores - RENAVAM, inserirá diretamente a restrição judicial na ção própria ou de terceiro, contrata a transferência ao credor, ou
base de dados do Renavam, bem como retirará tal restrição após a fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel. (Redação dada
apreensão. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) pela Lei nº 14.711, de 2023)
§ 10. Caso o juiz não tenha acesso à base de dados prevista no
§ 9º, deverá oficiar ao departamento de trânsito competente para Art. 23º Constitui-se a propriedade fiduciária de coisa imóvel
que: (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) mediante registro, no competente Registro de Imóveis, do contrato
I - registre o gravame referente à decretação da busca e apreen- que lhe serve de título.
são do veículo; e (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) § 1º Parágrafo único. Com a constituição da propriedade fidu-
II - retire o gravame após a apreensão do veículo. (Incluído pela ciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o fiduciante
Lei nº 13.043, de 2014) possuidor direto e o fiduciário possuidor indireto da coisa imóvel.
§ 11. O juiz também determinará a inserção do mandado a que (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023)
se refere o § 9o em banco próprio de mandados. (Incluído pela Lei
nº 13.043, de 2014)

35 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9514.htm. Acessado em 04.01.2022

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º Caberá ao fiduciante a obrigação de arcar com o custo do § 1º Para fins do disposto neste artigo, o devedor e, se for o caso,
pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Ur- o terceiro fiduciante serão intimados, a requerimento do fiduciário,
bana (IPTU) incidente sobre o bem e das taxas condominiais existen- pelo oficial do registro de imóveis competente, a satisfazer, no prazo
tes. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023) de 15 (quinze) dias, a prestação vencida e aquelas que vencerem
Art. 24º O contrato que serve de título ao negócio fiduciário con- até a data do pagamento, os juros convencionais, as penalidades
terá: e os demais encargos contratuais, os encargos legais, inclusive os
I - o valor da dívida, sua estimação ou seu valor máximo; (Reda- tributos, as contribuições condominiais imputáveis ao imóvel e as
ção dada pela Lei nº 14.711, de 2023) despesas de cobrança e de intimação. (Redação dada pela Lei nº
II - o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do 14.711, de 2023)
crédito do fiduciário; § 1º-A Na hipótese de haver imóveis localizados em mais de
III - a taxa de juros e os encargos incidentes; uma circunscrição imobiliária em garantia da mesma dívida, a inti-
IV - a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a mação para purgação da mora poderá ser requerida a qualquer um
descrição do imóvel objeto da alienação fiduciária e a indicação do dos registradores competentes e, uma vez realizada, importa em
título e modo de aquisição; cumprimento do requisito de intimação em todos os procedimentos
V - a cláusula que assegure ao fiduciante a livre utilização, por de excussão, desde que informe a totalidade da dívida e dos imó-
sua conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária, exceto a veis passíveis de consolidação de propriedade. (Incluído pela Lei nº
hipótese de inadimplência; (Redação dada pela Lei nº 14.711, de 14.711, de 2023)
2023)VI - a indicação, para efeito de venda em público leilão, do § 2º O contrato poderá estabelecer o prazo de carência, após o
valor do imóvel e dos critérios para a respectiva revisão; qual será expedida a intimação. (Redação dada pela Lei nº 14.711,
VI - a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor de 2023)
do imóvel e dos critérios para a respectiva revisão; § 2º-A Quando não for estabelecido o prazo de carência no con-
VII - a cláusula que disponha sobre os procedimentos de que trato de que trata o § 2º deste artigo, este será de 15 (quinze) dias.
tratam os arts. 26-A, 27 e 27-A desta Lei. (Redação dada pela Lei (Incluído pela Lei nº 14.711, de 2023)
nº 14.711, de 2023) Art. 27º Uma vez consolidada a propriedade em seu nome, o
Parágrafo único (Revogado pela Medida Provisória nº 1.162, de fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do registro de
2023) que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá público leilão para a
§ 1º Caso o valor do imóvel convencionado pelas partes nos alienação do imóvel.
termos do inciso VI do caput seja inferior ao utilizado pelo órgão § 1º Se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido for
competente como base de cálculo para a apuração do imposto so- inferior ao valor do imóvel, estipulado na forma do inciso VI do art.
bre transmissão inter vivos, exigível por força da consolidação da 24, será realizado o segundo leilão, nos quinze dias seguintes.
propriedade em nome do credor fiduciário, este último será o valor § 2º No segundo leilão será aceito o maior lance oferecido des-
mínimo para efeito de venda do imóvel no primeiro leilão. (Incluído de que igual ou superior ao valor da dívida, das despesas, dos prê-
pela Medida Provisória nº 1.162, de 2023) mios de seguro, dos encargos legais, inclusive tributos, e das contri-
§ 2º Nos contratos firmados com cláusula de alienação fiduci- buições condominiais.
ária em garantia, caberá ao fiduciante a obrigação de arcar com o § 3º Para os fins do disposto neste artigo, entende-se por:
custo do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Terri- I - dívida: o saldo devedor da operação de alienação fiduciária,
torial Urbana - IPTU incidente sobre o bem e das taxas condominiais na data do leilão, nele incluídos os juros convencionais, as penalida-
existentes. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.162, de 2023) des e os demais encargos contratuais;
Art. 25º Com o pagamento da dívida e seus encargos resolve-se, II - despesas: a soma das importâncias correspondentes aos
nos termos deste artigo, a propriedade fiduciária do imóvel. encargos e custas de intimação e as necessárias à realização do
§ 1º No prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de liquidação público leilão, nestas compreendidas as relativas aos anúncios e à
da dívida, o fiduciário fornecerá o termo de quitação ao devedor comissão do leiloeiro.
e, se for o caso, ao terceiro fiduciante. (Redação dada pela Lei nº
14.711, de 2023) § 4º Nos cinco dias que se seguirem à venda do imóvel no leilão,
§ 1º-A O não fornecimento do termo de quitação no prazo pre- o credor entregará ao devedor a importância que sobejar, conside-
visto no § 1º deste artigo acarretará multa ao fiduciário equivalente rando-se nela compreendido o valor da indenização de benfeitorias,
a 0,5% (meio por cento) ao mês, ou fração, sobre o valor do con- depois de deduzidos os valores da dívida e das despesas e encargos
trato, que se reverterá em favor daquele a quem o termo não tiver de que tratam os §§ 2º e 3º, fato esse que importará em recíproca
sido disponibilizado no referido prazo. (Incluído pela Lei nº 14.711, quitação, não se aplicando o disposto na parte final do art. 516 do
de 2023) Código Civil.
§ 2º À vista do termo de quitação de que trata o parágrafo ante- § 5º Se, no segundo leilão, o maior lance oferecido não for igual
rior, o oficial do competente Registro de Imóveis efetuará o cancela- ou superior ao valor referido no § 2º, considerar-se-á extinta a dívi-
mento do registro da propriedade fiduciária. da e exonerado o credor da obrigação de que trata o § 4º.
Art. 26. Vencida e não paga a dívida, no todo ou em parte, e § 6º Na hipótese de que trata o parágrafo anterior, o credor,
constituídos em mora o devedor e, se for o caso, o terceiro fidu- no prazo de cinco dias a contar da data do segundo leilão, dará ao
ciante, será consolidada, nos termos deste artigo, a propriedade do devedor quitação da dívida, mediante termo próprio.
imóvel em nome do fiduciário. (Redação dada pela Lei nº 14.711, § 7º Se o imóvel estiver locado, a locação poderá ser denunciada
de 2023) com o prazo de trinta dias para desocupação, salvo se tiver havido
aquiescência por escrito do fiduciário, devendo a denúncia ser reali-
zada no prazo de noventa dias a contar da data da consolidação da

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

propriedade no fiduciário, devendo essa condição constar expressa- I - aquele em que o funcionário responsável pelo recebimento
mente em cláusula contratual específica, destacando-se das demais de correspondência se recuse a atender a pessoa encarregada pela
por sua apresentação gráfica. intimação; ou (Incluído pela Lei nº 14.711, de 2023)
§ 8º Responde o fiduciante pelo pagamento dos impostos, ta- II - aquele em que não haja funcionário responsável pelo recebi-
xas, contribuições condominiais e quaisquer outros encargos que mento de correspondência para atender a pessoa encarregada pela
recaiam ou venham a recair sobre o imóvel, cuja posse tenha sido intimação. (Incluído pela Lei nº 14.711, de 2023)
transferida para o fiduciário, nos termos deste artigo, até a data em § 5º Purgada a mora no Registro de Imóveis, convalescerá o
que o fiduciário vier a ser imitido na posse. contrato de alienação fiduciária.
§ 3º A intimação será feita pessoalmente ao devedor e, se for o § 6º O oficial do Registro de Imóveis, nos três dias seguintes à
caso, ao terceiro fiduciante, que por esse ato serão cientificados de purgação da mora, entregará ao fiduciário as importâncias recebi-
que, se a mora não for purgada no prazo legal, a propriedade será das, deduzidas as despesas de cobrança e de intimação.
consolidada no patrimônio do credor e o imóvel será levado a leilão § 7o Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem a purgação da
nos termos dos arts. 26-A, 27 e 27-A desta Lei, conforme o caso, mora, o oficial do competente Registro de Imóveis, certificando esse
hipótese em que a intimação poderá ser promovida por solicitação fato, promoverá a averbação, na matrícula do imóvel, da consoli-
do oficial do registro de imóveis, por oficial de registro de títulos e dação da propriedade em nome do fiduciário, à vista da prova do
documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de pagamento por este, do imposto de transmissão inter vivos e, se for
quem deva recebê-la, ou pelo correio, com aviso de recebimento, o caso, do laudêmio. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
situação em que se aplica, no que couber, o disposto no art. 160 da
Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos). § 8o O fiduciante pode, com a anuência do fiduciário, dar seu
(Redação dada pela Lei nº 14.711, de 2023) direito eventual ao imóvel em pagamento da dívida, dispensados
§ 3o-A. Quando, por duas vezes, o oficial de registro de imó- os procedimentos previstos no art. 27. (Incluído pela Lei nº 10.931,
veis ou de registro de títulos e documentos ou o serventuário por de 2004)
eles credenciado houver procurado o intimando em seu domicílio
ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita motivada Art. 28. A cessão do crédito objeto da alienação fiduciária impli-
de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, cará a transferência, ao cessionário, de todos os direitos e obriga-
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, retornará ao imóvel, a ções inerentes à propriedade fiduciária em garantia.
fim de efetuar a intimação, na hora que designar, aplicando-se sub-
sidiariamente o disposto nos arts. 252, 253 e 254 da Lei no 13.105, Art. 29. O fiduciante, com anuência expressa do fiduciário, po-
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela derá transmitir os direitos de que seja titular sobre o imóvel objeto
Lei nº 13.465, de 2017) da alienação fiduciária em garantia, assumindo o adquirente as res-
§ 3o-B. Nos condomínios edilícios ou outras espécies de conjun- pectivas obrigações.
tos imobiliários com controle de acesso, a intimação de que trata o
§ 3o-A poderá ser feita ao funcionário da portaria responsável pelo Art. 30. É assegurada ao fiduciário, ao seu cessionário ou aos
recebimento de correspondência. (Incluído pela Lei nº 13.465, de seus sucessores, inclusive ao adquirente do imóvel por força do lei-
2017) lão público de que tratam os arts. 26-A, 27 e 27-A, a reintegração
§ 4º Quando o devedor ou, se for o caso, o terceiro fiduciante, na posse do imóvel, que será concedida liminarmente, para deso-
o cessionário, o representante legal ou o procurador regularmente cupação no prazo de 60 (sessenta) dias, desde que comprovada a
constituído encontrar-se em local ignorado, incerto ou inacessível, o consolidação da propriedade em seu nome, na forma prevista no
fato será certificado pelo serventuário encarregado da diligência e art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.711, de 2023)
informado ao oficial de registro de imóveis, que, à vista da certidão,
promoverá a intimação por edital publicado pelo período mínimo Art. 31. O fiador ou terceiro interessado que pagar a dívida fi-
de 3 (três) dias em jornal de maior circulação local ou em jornal de cará sub-rogado, de pleno direito, no crédito e na propriedade fi-
comarca de fácil acesso, se o local não dispuser de imprensa diária, duciária.
contado o prazo para purgação da mora da data da última publica- Parágrafo único. Nos casos de transferência de financiamento
ção do edital. (Redação dada pela Lei nº 14.711, de 2023) para outra instituição financeira, o pagamento da dívida à institui-
ção credora original poderá ser feito, a favor do mutuário, pela nova
§ 4º-A É responsabilidade do devedor e, se for o caso, do terceiro instituição credora. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013)
fiduciante informar ao credor fiduciário sobre a alteração de seu
domicílio. (Incluído pela Lei nº 14.711, de 2023)
TÍTULOS DE CRÉDITO - NOTA PROMISSÓRIA,
§ 4º-B Presume-se que o devedor e, se for o caso, o terceiro fi-
DUPLICATA, CHEQUE.
duciante encontram-se em lugar ignorado quando não forem en-
contrados no local do imóvel dado em garantia nem no endereço Os títulos de crédito são documentos representativos de obri-
que tenham fornecido por último, observado que, na hipótese de o gações pecuniárias, não se confundindo com a obrigação, mas sim,
devedor ter fornecido contato eletrônico no contrato, é imprescin- a representando. Digamos que o título de crédito é, antes de tudo,
dível o envio da intimação por essa via com, no mínimo, 15 (quinze) um documento, no qual se materializa e se incorpora a promessa
dias de antecedência da realização de intimação edilícia. (Incluído da prestação futura a ser realizada pelo devedor, em pagamento da
pela Lei nº 14.711, de 2023) prestação atual realizada pelo credor. Nem todo documento será
§ 4º-C Para fins do disposto no § 4º deste artigo, considera-se
lugar inacessível: (Incluído pela Lei nº 14.711, de 2023)

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

título de crédito; mas, todo título de crédito é, antes de tudo, um 3. Constituição do Título de Crédito
documento, no qual se consigna a prestação futura prometida pelo a) Saque: Este instituto somente será encontrado pela emissão
devedor. de letras de câmbio, já que estas são ordens de pagamento que, por
Não adentrando em maiores discussões doutrinárias basica- meio do saque, criam três situações jurídicas distintas, sendo estas:
mente são divididos os principais títulos de crédito em: letra de - a figura do sacador, o qual dá a ordem de pagamento e que
câmbio; nota promissória; cheque; duplicata comercial; duplicada determina a quantia que deve ser paga;
de serviços; conhecimento de depósito; warrant; letra hipotecária; - a figura do sacado, àquele para quem a ordem é dirigida, o
cédula rural pignoratícia; ações de sociedade por ações; debênture; qual deve realizar o pagamento dentro das condições estabeleci-
dentre outros. das; e, por último,
- o tomador (beneficiário), credor da quantia mencionada no
1. Características do título de crédito título.
- Negociabilidade: facilidade com que o crédito pode circular. O saque, portanto, é o ato de criação, ou seja, da emissão da
Quando alguém emite um título de crédito, não está fazendo uma letra de câmbio. Após esse ato, o tomador pode procurar o sacado
promessa de pagamento dirigida exclusivamente ao beneficiário para receber do mesmo a quantia devida. Sendo que não tem por
original, mas para pessoa indeterminada que, na data do vencimen- única função emitir o título, mas também visa vincular o sacador
to, esteja com a posse do título. ao pagamento da letra de câmbio, assim sendo, caso o sacado não
- Executividade: os títulos gozam de maior eficiência em sua co- pague a dívida ao tomador, este último poderá cobrá-la do próprio
brança. São títulos executivos extrajudiciais de acordo com o art. sacador, que é o próprio devedor do título.
784, I, do NCPC: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque. Basta, pois, sua apresentação em Juízo para b) Aceite: É por meio deste que o sacado se compromete ao
que se dê início ao processo de execução (cobrança), ficando dis- pagamento do título ao beneficiário, na data do vencimento. Para
pensada a prévia ação de conhecimento. que seja válido este aceite deverá conter o nome e assinatura do
- Cartularidade: de acordo com o princípio da cartularidade, a aceitante. Importante frisar que, se este aceite se der no verso do
execução somente poderá ser ajuizada se acompanhada do título título, deverá acompanhar a palavra “aceito” ou “aceitamos”, para
de crédito original. As únicas defesas possíveis do executado (deve- que não se confunda com endosso; mas se no anverso do título,
dor) serão aquelas fundadas em defeito de forma do título ou falta bastará a assinatura do aceitante.
de requisito necessário ao exercício da ação. O sacado/aceitante deverá ser civilmente capaz e não poderá
ser falido. Se este vier a falecer poderá o inventariante proceder o
2. Classificação dos Títulos de Crédito aceite em nome dos sucessores daquele.
Havendo endossantes neste título, deverão estes responder
a) Quanto ao modelo: podem ser vinculados ou livres. como devedores cambiários solidários e, assim sendo, deverão pa-
- Vinculados: devem atender a um padrão específico, definido gar o que estabelece o título ao beneficiário, caso o sacado não o
por lei, para a criação do título. Exemplo: cheque. aceite. O aceite é irretratável, ou seja, desde que produzido o saca-
- Livres: são os títulos que não exigem um padrão obrigatório do não poderá se eximir do pagamento da letra.
de emissão, basta que conste os requisitos mínimos exigidos por lei.
Exemplo: letra de câmbio e nota promissória. Prazo de respiro: é o prazo de um dia dado em virtude da pri-
meira apresentação do título para aceite do sacado. De acordo com
b) Quanto à estrutura: podem ser ordem de pagamento ou pro- o art. 24, do anexo I, da Lei Uniforme da Letra de Câmbio: “o sacado
messa de pagamento. pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia
- Ordem de pagamento: por esta estrutura o saque cambial dá seguinte ao da primeira apresentação”.
origem a três situações distintas: sacador ou emitente, que dá a or- As letras com data certa para vencimento ou à vista dispensam a
dem para que outra pessoa pague; sacado, que recebe a ordem e apresentação para aceite, porque vencem no momento em que são
deve cumpri-la; e o beneficiário, que recebe o valor descrito no títu- apresentadas, devendo ser feita em 1 (um) ano.
lo. Exemplo: letra de câmbio, cheque. Será considerada a falta de aceite quando o sacado não for en-
- Promessa de pagamento: envolve apenas duas situações jurí- contrado, estiver muito enfermo, não podendo, ao menos, expres-
dicas: promitente, que deve, e beneficiário, o credor que receberá a sar-se, ou quando nega o aceite ao título expressamente. Diante
dívida do promitente. Exemplo: nota promissória. da recusa do aceite, o beneficiário deverá, a fim de receber o valor
representado pelo título, protestá-lo no primeiro dia útil seguinte,
c) Quanto à natureza: podem ser títulos causais ou abstratos. já que esta recusa acarreta o vencimento antecipado do título. Po-
- Títulos causais: são aqueles que guardam vínculo com a causa dendo o tomador perder o direito, se não protestar neste prazo, de
que lhes deu origem, constando expressamente no título a obriga- acionar os demais coobrigados cambiários. Sendo assim, verifica-se
ção pelo qual o título foi assumido, sendo assim, só poderão ser que o protesto pressupõe a ausência do aceite.
emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu como uma possível causa O aceite deverá ser puro e simples, não podendo ser condicio-
para o mesmo. Podem circular por endosso. Exemplo: duplicatas. nado, e poderá ser limitado de acordo com que o aceitante se obri-
- Títulos abstratos: são aqueles que não mencionam a relação gar nos termos do mesmo. A lei permite que o sacador estabeleça
que lhes deu origem, podendo ser criados por qualquer motivo. uma cláusula de proibição de aceitação do aceite, tornando a letra
Exemplo: letra de câmbio, cheque. inaceitável. Com isso, deverá o beneficiário esperar até a data do
vencimento do título para apresentá-lo ao sacado, que só então, se
recusá-lo, poderá voltar-se ao sacador. Se, entretanto, antes da data
do vencimento o sacado aceitar o título, ele será válido.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Essa cláusula não será permitida quando a letra for sacada a certo termo da vista, pois quando isso ocorre o prazo do vencimento só
corre a partir da data do aceite.

c) Endosso: É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no título através da tradição da própria cártula.
De acordo com o art. 893 do Código Civil: “a transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes” e,
por assim dizer, entende-se que não só a propriedade da letra que se transfere, como também a garantia de seu adimplemento.
Figuram dois sujeitos no endosso:
- endossante ou endossador: quem garante o pagamento do título transferido por endosso;
- endossatário ou adquirente: quem recebe por meio dessa transferência a letra de câmbio.

O endosso responsabiliza solidariamente o endossante ao pagamento do crédito descrito na cártula caso o sacado e sacador não
efetuem o pagamento. Portanto, se o devedor entregar a seu credor um título, por mera tradição e sem endosso, não estará vinculado ao
pagamento deste crédito caso as outras partes se tornem inadimplentes.

Poderá o endosso se apresentar:


- em preto: quando na própria letra traz a indicação do endossatário do crédito. Também conhecido por endosso nominal.
- em branco: quando apenas constar a assinatura do endossante, sem qualquer indicação de quem seja o endossatário. Deverá este
ser feito sempre no verso do título e se tornará um título ao portador.

Classificações doutrinárias de endosso:


- Endosso próprio: transfere ao endossatário não só a titularidade do crédito como também o exercício de seus direitos.
- Endosso impróprio: difere do anterior uma vez que não transfere a titularidade do crédito, mas tão somente o exercício de seus
direitos. Este se subdivide em:
- Endosso-mandato ou endosso-procuração: permite que o endossatário aja como representante do endossante, podendo exercer os
direitos inerentes ao título.
- Endosso-caução ou pignoratício: figura como mera garantia ao endossatário de uma dívida do endossante para com ele. Deve
sempre conter a cláusula: “valor em garantia” ou “valor em penhor”. Tendo, portanto, o endossante cumprido a obrigação para a qual se
destinou a garantia, poderá rever o título de crédito.

d) Cessão Civil: é a transferência de um título de crédito por meio diverso ao do endosso.

Diferenças de Endosso e Cessão Civil:


- Endosso: ato unilateral que só será admitido mediante assinatura e declaração contidas no título. Confere direitos autônomos ao
endossatário (direitos novos) e não poderá ser parcial.
- Cessão Civil: ato bilateral, por meio de um negócio jurídico; pode ser feita da mesma forma que qualquer outro contrato; confere
os direitos derivados de quem o cedeu e poderá ser parcial.

e) Aval: Disciplina o art. 30 da Lei Uniforme da Letra de Câmbio, “o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar
soma determinada, pode ser garantido por aval”. Com isso, estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista) firma
para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do pagamento do título, se este último não o fizer.

Poderá o aval se apresentar:


- em preto: indica o avalizado nominalmente;
- em branco: não indica expressamente o avalizado, considerando, por conseguinte, o sacador como o mesmo.

É permitido o aval parcial ou limitado, segundo o art. 30 da Lei Uniforme.

O aval difere da fiança pelo fato desta última se caracterizar em contratos cíveis e não sob títulos de crédito, como a primeira.
Conceitua-se a fiança como um contrato acessório pelo qual a pessoa garante ao credor satisfazer a obrigação assumida pelo devedor
caso este não a cumpra, ao passo que a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado. A fiança produz mais efeitos que
o aval, uma vez que a posição do fiador adquire características de principal.
Por fim, cumpre ressaltar que a lei concede ao fiador o benefício de ordem, benefício este inexistente para o avalista.

188
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

4. Exigibilidade do Título de Crédito

a) Vencimento
O vencimento do título ocorrerá, ordinariamente, com o término normal do prazo, sob as seguintes formas elencadas pelo art. 6° do
Decreto. 2.044/1908:
a) à vista;
b) a dia certo;
c) a tempo certo da data;
d) a tempo certo da vista.
Ou, também, extraordinariamente, quando se dá pela interrupção do prazo por fato imprevisto e anormal, elencados no art. 19 da
mesma norma em questão.
a) falta ou recusa de aceite;
b) falência do aceitante.

b) Pagamento
É através do pagamento que se tem por extinta uma, algumas ou todas as obrigações declaradas no título de crédito. Pode-se dizer,
com isso, que o pagamento pode extinguir:
- algumas obrigações: se o pagamento é efetuado pelo coobrigado ou pelo avalista do aceitante, extingue-se a própria obrigação de
quem pagou e também a dos posteriores coobrigados;
- todas obrigações: se o pagamento é realizado pelo aceitante do título.

c) Protesto
É a prova literal de que o título foi apresentado a aceite ou a pagamento e que nenhuma dessas providências foram atendidas, pelo
sacado ou aceitante.
O protesto será levado a efeito por:
- falta ou recusa do aceite;
- falta ou recusa do pagamento;
- falta da devolução do título.

5. Dos Títulos de Crédito

A) Nota promissória: A Nota Promissória é um título de crédito no qual uma pessoa- sacador, emitente ou subscritor (obrigado prin-
cipal) firma, por escrito, uma promessa de pagamento para outra, beneficiário ou sacado, constante do documento, ou a sua ordem, uma
quantia em dinheiro. Está sujeita às mesmas normas aplicadas à letra de câmbio, com exceções previstas na Lei Uniforme. Enquanto a letra
de câmbio é uma ordem de pagamento, porque através dela o signatário (sacador) do título requisita a uma pessoa (sacado) o pagamento
de uma soma, a nota promissória é uma promessa de pagamento feita pelo próprio devedor que se obriga, dentro de certo prazo, ao pa-
gamento de uma soma pré-fixada. Passa a ser um título de crédito desde a sua emissão feita pelo devedor e o seu possuidor ou portador
poderá, logo após o vencimento, não sendo paga, propor ação executiva para recebê-la.
Por se tratar de um título autônomo que independe da indagação da causa que motivou a obrigação. “Nota promissória regularmente
emitida e avalizada, mesmo originária de um contrato particular, - decidiu o Tribunal - pode circular. Uma vez endossada, representa dívida
autônoma, com causa legítima” (in RT 659/150).
Em conclusão: nota promissória é uma promessa direta que o devedor faz ao credor, pois ela é emitida pelo devedor. Já a letra de câm-
bio é emitida por uma pessoa que dá uma ordem ao seu devedor (sacado) para pagar certa quantia a um terceiro. Quando a nota promis-
sória é emitida, intervêm, necessariamente, duas pessoas: o emitente que é o devedor, e o beneficiário, que é o credor. Além delas, podem
aparecer outras pessoas, como o “avalista”, que se obriga com o emitente, solidariamente, ao pagamento do título e o “endossatário”, ou
terceiro, em cujas mãos passa o título quando o credor o aliena.

São requisitos essenciais da nota promissória:


1. a denominação nota promissória;
2. a importância por extenso a ser paga;
3. o nome da pessoa a quem deve ser paga;
4. a assinatura de próprio punho do emitente (devedor) ou do mandatário especial. “Se a cambial foi emitida por procuração, observa-
dos os poderes outorgados, é considerada válida (Súmula 6 deste Tribunal)” (in RT 652/151).
Esses requisitos devem ser lançados por extenso no seu contexto, como acontece com a letra de câmbio; a assinatura do devedor deve
ficar do lado direito e no final; o nome do credor deve aparecer logo após a expressão “nota promissória” situada no centro do título. A
nota promissória não pode ser emitida ao portador. Um de seus requisitos essenciais é que ela contenha o nome do credor. “A nota pro-
missória ao portador não constitui, per se, título de dívida líquida e certa - decidiu certa vez o Tribunal - podendo, quando muito, auxiliar a
prova da obrigação assumida pelo signatário para com o autor, cobrável pela via ordinária, e não pela executiva” (in RT 598/213).

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Atualmente, a ação própria para a cobrança via ordinária é a “ação monitória”. Entretanto, nada impede que se emita a nota promis-
sória em branco, que poderá circular livremente. Somente no momento de ser apresentada em juízo, ou no Cartório de Protesto deve ser
colocado o nome do credor. O Tribunal já decidiu que não enseja execução o título incompleto, “por lhe faltar um requisito de forma” (in
RT 591/220).
“Se o credor não exercitar os poderes que lhe são conferidos no mandato tácito contido na emissão da nota promissória em branco,
deixando de complementá-la até o momento de sua cobrança, não se reconhece ao título a natureza cambial, tornando nula a execução
nele embasada” (in RT 588/210). O pagamento da promissória será feito no tempo indicado no próprio título. Se não se determina o prazo
para pagamento, entende-se que se trata de promissória à vista.

A nota promissória pode ser passada:


1. à vista;
2. em dia certo;
3. a tempo certo da data da emissão; neste caso, a data da emissão tem relevância.

Pelo art. 77 da Lei Uniforme, são aplicáveis à nota promissória todas as disposições da letra de câmbio, evidentemente no que não lhe
contrariem a natureza. Vale, assim, tudo o que for válido à letra de cambia aplica-se, mutatis mutantis, à nota promissória, no que diz res-
peito a endosso, aval, vencimento, pagamento, protesto, execução, etc. Exceto no que se refere ao aceite, pois na promissória não se utiliza
deste instituto, pela simples razão de que o próprio emitente da promissória equipara-se ao aceitante da letra de câmbio. É por isso que
a nota promissória é um título de crédito desde o seu nascedouro. A prescrição é de três anos do credor contra o emitente e o respectivo
avalista e, de um ano, a ação do portador contra o endossante.

B) Duplicata : A duplicata, título príncipe do direito brasileiro, como assim se refere o doutrinador Tullio Ascarelli, é um título de crédito
emitido pelo fornecedor de mercadoria ou serviço, correspondente a uma fatura de venda mercantil a prazo (da qual é cópia), e que, aceito
pelo comprador, é em geral descontado num banco, que efetua sua cobrança.
No sentido etimológico, duplicata significa cópia, traslado, reprodução. Contudo, o termo “duplicata” não pode ser interpretado ao pé
da letra, como cópia ou documento duplicado de outro, mas sim como título emitido com base em crédito decorrente da venda de merca-
doria ou prestação de serviços. Existe uma corrente que defende que se pode dizer que a duplicata já existia desde o Código Comercial de
1850. Era imposto aos comerciantes a emissão de fatura. Era a fatura-duplicata, a relação por escrito das mercadorias entregue.
Em 1908, a parte que disciplinava essa matéria foi revogada pelo Decreto nº 2.044 e, mais adiante, veio a ser tratada novamente por
vários decretos e leis. Atualmente, a emissão de duplicatas é disciplinada pela lei 5.474/68. Trata-se de título de crédito causal, que se
transmite por endosso, garante-se por aval e cobra-se por ação cambial. Assim, por estar também submetida aos institutos do endosso,
aceite e aval, aplicam-se subsidiariamente, à duplicata as regras da letra de câmbio. O empresário que quer emitir duplicatas é obrigado a
ter e escriturar o Livro de registro de Duplicatas, que deve ser conservado no seu próprio estabelecimento.
A duplicata caracteriza-se como um instrumento de saque do vendedor de mercadorias pela importância faturada ao comprador. Tra-
ta-se assim, de ordem de pagamento, assemelhando-se à letra de câmbio. Distingue-se desta porque, enquanto a letra é título abstrato
(pode ser sacada em qualquer situação, de acordo com a vontade do emitente), a duplicata é título causal que, para ser regular, deve ter
sido emitida sob o lastro de uma venda de mercadorias ou prestação de serviços, ou seja, embasada em fatura, que é a relação de mer-
cadorias vendidas, discriminadas por sua natureza, quantidade e preço, ou relação de serviços, também discriminados de acordo com a
respectiva qualidade, natureza e preço.
É um título padronizado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), através da resolução n. 102, e por isso deve conter:
I - A denominação “duplicata”;
II - A data de emissão;

190
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

III - O número de ordem; com a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatá-


IV - O número da fatura da qual foi extraída; rio, no qual conste, no verso, que seu valor se destina à amortização
V - A data certa do vencimento ou a declaração de ser a dupli- ou liquidação da duplicata nele mencionada.
cata à vista;
VI - O nome e o domicilio do vendedor e do comprador; Aval
VII - A importância a pagar, em algarismos e por extenso; De acordo com o art. 12 da Lei 5.474/68, o pagamento da du-
VIII - A cláusula à ordem (a cláusula “não à ordem” somente plicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado
pode ser inserida no título por endossante, e, como o vendedor àquele cujo nome indicar, caso não haja indicação, este será equi-
saca a seu favor, ele, necessariamente, é o primeiro endossante do parado àquele cuja firma estiver aposta acima da sua, fora desses
título); casos, ao comprador.
IX - A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obri-
gação de pagá-la a ser assinada pelo comprador, como aceite cam- Protesto
bial (o comprador deve ser identificado com nome, domicílio e do- Poder-se-á efetuar o protesto de uma duplicata na praça de pa-
cumento: RG, CPF etc.); gamento constante do título pelas seguintes razões:
X - A assinatura do emitente (seguindo a indicação de seu nome I - Falta de aceite;
e domicílio). II - Falta de devolução do título pelo comprador;
A duplicata não pode compreender a mais de uma fatura e não III -Falta de pagamento.
pode ser emitida a certo termo de vista, nem a certo termo de data, O fato de não ter sido protestado o título por falta de aceite
uma vez que deve conter a data certa de vencimento. ou de devolução não elide a possibilidade de protesto por falta de
pagamento (art. 13, § 2º, da Lei n. 5.474/68). Como nas cambiais,
Aceite e Pagamento a consequência da falta de protesto dentro do prazo legal (30 dias
Para que ocorra o aceite, a duplicata deverá ser enviada ao sa- contados da data do seu vencimento) é a mesma, qual seja, a perda
cado na praça ou no lugar de seu estabelecimento, diretamente do direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas
pelo vendedor ou por intermédio de instituições financeiras, pro- do título (art. 13, § 4º).
curadores ou correspondentes, dentro do prazo de 30 (trinta) dias
contados da data da sua emissão (art 6º da Lei 5.474/68). No caso Triplicata
de remessa por intermédio de representantes, instituições finan- A triplicata nada mais é do que uma cópia da duplicata que foi
ceiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar perdida ou extraviada, possuindo os mesmos efeitos, requisitos e
o título ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data formalidades da duplicata que substitui (art. 23). Geralmente é emi-
de seu recebimento na praça de pagamento. Se não for à vista, o tida uma triplicata quando o comprador retém a duplicata original.
comprador terá, no máximo, 10 (dez) dias para devolver o título ao
apresentante, contados da data de apresentação, devendo a dupli- Cobrança
cata estar devidamente assinada ou acompanhada de declarações, A duplicata aceita expressamente, como é título de crédito per-
por escrito, das razões da falta de aceite (art. 7º da Lei 5.474/68). feito e acabado, pode ser executada sem a exigência de maiores
A duplicata é um título de aceite obrigatório, ou seja, o sacado, formalidades. Basta a apresentação do título.
em regra, está obrigado a aceitar a ordem do título. Ele somente No entanto, a execução da duplicata aceita por presunção segue
poderá negar o aceite da duplicata por motivo de: regra diferente. Além da apresentação do título, são necessários o
I. Avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando não ex- protesto (mesmo que a execução se dirija contra o devedor princi-
pedidas ou não entregues por sua conta e risco; pal) e o comprovante de entrega das mercadorias. Essa sistemática
II. Vícios, defeitos e diferença na qualidade ou na quantidade está prevista no art. 15 da lei das duplicatas:
das mercadorias devidamente comprovados;
III. Divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Art. 15. A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efe-
tuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos execu-
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mer- tivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo
cantil pode ser discriminado em três categorias: Civil, quando se tratar:
I. Aceite ordinário – Resulta da assinatura do comprador aposta l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
no local apropriado do título de crédito. II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumula-
II. Aceite por comunicação – resulta da detenção da duplicata tivamente:
mercantil pelo comprador autorizado por eventual instituição fi- a) haja sido protestada;
nanceira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao vendedor, b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da
de seu aceite. entrega e recebimento da mercadoria; e
III. Aceite por presunção – Resulta do recebimento das merca- c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite,
doria pelo comprador, desde que não tenha havido causa legal mo- no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º
tivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao vendedor. desta Lei.
A prova do pagamento da duplicata é o recibo passado pelo le-
gítimo portador, ou por seu representante com poderes especiais,
no verso do próprio título ou em documento separado com referên-
cia expressa à duplicata. Também se presume resgatada a duplicata

191
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Prescrição
Nos termos do art. 18 da Lei n. 5.474/68, a pretensão à execução da duplicata prescreve: I- Em 3 anos, contados da data do vencimento
do título, contra o sacado e respectivos avalistas; II- Em 1 ano, contando da data do protesto, contra os endossantes e respectivos avalistas;
III- Em 1 ano, contando da data em que haja sido efetuado o pagamento do título, de qualquer dos coobrigados, uns contra os outros.

Duplicata De Serviços
As empresas individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, bem como os profissionais liberais e aqueles que prestam serviços
de natureza eventual, poderão, também, emitir fatura e duplicata (art. 20). Na fatura será discriminada a natureza dos serviços prestados,
bem como a soma correspondente ao preço desses serviços (art. 20, § 1º). Nesse caso, o sacado poderá negar aceite ao título se: I- Os
serviços prestados não corresponderem efetivamente aos contratados; II- Forem comprovados vícios ou defeitos na qualidade dos serviços
prestados; III- Houver divergência quanto aos prazos e preços ajustados.

Duplicata Simulada
Nos termos do art. 172 do Código Penal, caracteriza crime de duplicata simulada a conduta de “emitir fatura, duplicata ou nota de ven-
da que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou serviço prestado”. A pena é de detenção, de dois a quatro
anos e multa. Nas vendas a prazo, com a emissão da nota e da fatura, é possível que o vendedor emita uma duplicata que, por se tratar de
título de crédito, pode ser colocada em circulação. Assim, vendedor pode descontar antecipadamente o valor nela contido com terceira
pessoa (instituições financeiras na maioria das vezes), e esta, por ocasião do vencimento, receber do comprador a quantia respectiva. Se a
duplicata, fatura ou nota de venda for emitida sem que corresponda a uma efetiva venda ou serviço prestado, poderá gerar prejuízo para
quem a descontar. Isso porque, na data do vencimento da duplicata, é evidente que a pessoa que constar no título como adquirente da
mercadoria se negará a pagar o seu valor, já que, na realidade, nada adquiriu. Por isso, o legislador incrimina a simples conduta de “emitir”,
ainda que disso não advenha efetivo prejuízo para terceiros. Trata-se de crime formal, que se consuma com a simples emissão da duplicata,
fatura ou nota fiscal.

C) Documentos comerciais
Os documentos comerciais deverão ser fornecidos sempre que ocorrer o fornecimento de um bem ou prestação de serviços, ainda que
a saída ou a prestação do serviço esteja isenta ou imune do pagamento de impostos.
Para fins de lançamento do imposto, os contribuintes do ICMS são obrigados a utilizar os documentos fiscais instituídos pela legislação
tributária vigente, quando da ocorrência dos fatos geradores do imposto.

192
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Apesar da obrigatoriedade da emissão do documento fiscal ser do vendedor da mercadoria, os clientes, ou seja, aqueles a quem as
mercadorias estão destinadas, também são corresponsáveis pela sua emissão, pois de acordo com o Art. 148 do Regulamento do ICMS,
sempre que for obrigatória a emissão de documentos fiscais, aqueles a quem se destinarem essas mercadorias são obrigados a exigir tais
documentos dos que devam emiti-los, contendo todos os requisitos legais.

Observação: É importante enfatizar que a correta emissão da nota fiscal ou cupom fiscal assegura:
1 – Que o ICMS, imposto embutido no preço da mercadoria e pago pelo adquirente, seja recolhido aos cofres públicos;
2 – A certeza, para o adquirente do bem (cidadão, empresa, ou poder público), de que a sua compra está corretamente formalizada
em um documento que lhe assegura todos os direitos.

Nota fiscal
A nota fiscal é um documento fiscal que tem por fim o registro de uma transferência de propriedade sobre um bem ou uma atividade
comercial prestada por uma empresa a uma pessoa física ou outra empresa. Nas situações em que a nota fiscal registra transferência de
valor monetário entre as partes, a nota fiscal também destina-se ao recolhimento de impostos e a não utilização caracteriza sonegação fis-
cal. Entretanto, as notas fiscais podem também ser utilizadas em contextos mais amplos como na regularização de doações, transporte de
bens, empréstimos de bens, ou prestação de serviços sem benefício financeiro à empresa emissora. Uma nota fiscal também pode cancelar
a validade de outra nota fiscal, como por exemplo na devolução de produtos industrializados, outros cancelamentos ou cancelamento de
contratos de serviços e produtos.

O Convênio S/Nº, de 15 de dezembro de 1970, que cria o Sistema Nacional Integrado de Informações Econômico-Fiscais, traz em seus
artigos as principais características que devem conter a nota fiscal, vejamos:

(...)
Seção II
Da Nota Fiscal

Art. 18. Os estabelecimentos, excetuados os de produtores agropecuários, emitirão Nota Fiscal:


I - sempre que promoverem a saída de mercadorias;
II - na transmissão da propriedade das mercadorias, quando estas não devam transitar pelo estabelecimento transmitente.
III - sempre que, no estabelecimento, entrarem bens ou mercadorias, real ou simbolicamente, nas hipóteses do artigo 54.

Art. 19. A nota fiscal conterá, nos quadros e campos próprios, observada a disposição gráfica dos modelos 1 e 1-A, as seguintes indi-
cações:
I - no quadro “EMITENTE”:
a) o nome ou razão social;
b) o endereço;
c) o bairro ou distrito;
d) o Município;
e) a unidade da Federação;
f) o telefone e/ou fax;
g) o Código de Endereçamento Postal;
h) o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda;
i) a natureza da operação de que decorrer a saída ou a entrada, tais como: venda, compra, transferência, devolução, importação, con-
signação, remessa (para fins de demonstração, de industrialização ou outra);
j) o Código Fiscal de Operações e Prestações - CFOP;
l) o número de inscrição estadual do substituto tributário na unidade da Federação em favor da qual é retido o imposto, quando for o
caso;
m) o número de inscrição estadual;
n) a denominação “NOTA FISCAL”;
o) a indicação da operação, se de entrada ou de saída;
p) o número de ordem da nota fiscal e, imediatamente abaixo, a expressão SÉRIE, acompanhada do número correspondente, se ado-
tada nos termos do inciso I do art. 11;
q) o número e destinação da via da nota fiscal;
r) a data-limite para emissão da nota fiscal ou a indicação “00.00.00”, quando o Estado não fizer uso da prerrogativa prevista no § 2º
do artigo 16, deste Convênio;
s) a data de emissão da nota fiscal;
t) a data da efetiva saída ou entrada da mercadoria no estabelecimento;
u) a hora da efetiva saída da mercadoria do estabelecimento;
II - no quadro “DESTINATÁRIO/REMETENTE”:
a) o nome ou razão social;

193
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

b) o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes ou j) a quantidade de volumes transportados;


no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda; l) a espécie dos volumes transportados;
c) o endereço; m) a marca dos volumes transportados;
d) o bairro ou distrito; n) a numeração dos volumes transportados;
e) o Código de Endereçamento Postal; o) o peso bruto dos volumes transportados;
f) o Município; p) o peso líquido dos volumes transportados;
g) o telefone e/ou fax; VII - no quadro “DADOS ADICIONAIS”:
h) a unidade da Federação; a) no campo “INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES” - outros da-
i) o número de inscrição estadual; dos de interesse do emitente, tais como: número do pedido, ven-
III - no quadro “FATURA”, se adotado pelo emitente, as indica- dedor, emissor da nota fiscal, local de entrega, quando diverso do
ções previstas na legislação pertinente; endereço do destinatário nas hipóteses previstas na legislação, pro-
IV - no quadro “DADOS DO PRODUTO”: paganda, etc.;
a) o código adotado pelo estabelecimento para identificação do b) no campo “RESERVADO AO FISCO” - indicações estabelecidas
produto; pelo Fisco do Estado do emitente;
b) a descrição dos produtos, compreendendo: nome, marca, c) o número de controle do formulário, no caso de nota fiscal
tipo, modelo, série, espécie, qualidade e demais elementos que emitida por processamento eletrônico de dados;
permitam sua perfeita identificação; VIII - no rodapé ou na lateral direita da nota fiscal: o nome, o
c) o código estabelecido na Nomenclatura Comum do Merco- endereço e os números de inscrição, estadual e no Cadastro Geral
sul/Sistema Harmonizado - NCM/SH, nas operações realizadas por de Contribuintes do Ministério da Fazenda, do impressor da nota; a
estabelecimento industrial ou a ele equiparado, nos termos da le- data e a quantidade da impressão; o número de ordem da primeira
gislação federal, e nas operações de comércio exterior; e da última nota impressa e respectiva série, quando for o caso; e o
d) o Código de Situação Tributária - CST; número da autorização para impressão de documentos fiscais;
e) a unidade de medida utilizada para a quantificação dos pro- IX - no comprovante de entrega dos produtos, que deverá inte-
dutos; grar apenas a 1ª via da nota fiscal, na forma de canhoto destacável:
f) a quantidade dos produtos; a) a declaração de recebimento dos produtos;
g) o valor unitário dos produtos; b) a data do recebimento dos produtos;
h) o valor total dos produtos; c) a identificação e assinatura do recebedor dos produtos;
i) a alíquota do ICMS; d) a expressão “NOTA FISCAL”;
j) a alíquota do IPI, quando for o caso; e) o número de ordem da nota fiscal.
l) o valor do IPI, quando for o caso; 28,0 cm e 28,0 x 21,0 cm para os modelos 1 e 1-A, respecti-
V - no quadro “CÁLCULO DO IMPOSTO”: vamente, e suas vias não poderão ser impressas em papel jornal,
a) a base de cálculo total do ICMS; observado o seguinte:
b) o valor do ICMS incidente na operação; 1. os quadros terão largura mínima de 20,3 cm, exceto os qua-
c) a base de cálculo aplicada para a determinação do valor do dros:
ICMS retido por substituição tributária, quando for o caso; a) “DESTINATÁRIO/REMETENTE”, que terá largura mínima
d) o valor do ICMS retido por substituição tributária, quando de 17,2 cm;
for o caso; b) “DADOS ADICIONAIS”, no modelo 1-A;
e) o valor total dos produtos; 2. o campo “RESERVADO AO FISCO” terá tamanho mínimo
f) o valor do frete; de 8,0 cm x 3,0 cm em qualquer sentido;
g) o valor do seguro; 3. os campos “CGC”, “INSCRIÇÃO ESTADUAL DO SUBSTITUTO
h) o valor de outras despesas acessórias; TRIBUTÁRIO”, “INSCRIÇÃO ESTADUAL”, do quadro “EMITENTE”, e os
i) o valor total do IPI, quando for o caso; campos “CGC/CPF” e “INSCRIÇÃO ESTADUAL”, do quadro “DESTINA-
j) o valor total da nota; TÁRIO/REMETENTE”, terão largura mínima de 4,4 cm.
VI - no quadro “TRANSPORTADOR/VOLUMES TRANSPORTA-
DOS”: 1. das alíneas “a” a “h”, “m”, “n”, “p”, “q” e “r” do inciso I, de-
a) o nome ou razão social do transportador e a expressão “AU- vendo as indicações das alíneas “a”, “h” e “m” ser impressas, no
TÔNOMO”, se for o caso; mínimo, em corpo “8”, não condensado;
b) a condição de pagamento do frete: se por conta do emitente 2. do inciso VIII, devendo ser impressas, no mínimo, em corpo
ou do destinatário; “5”, não condensado;       
c) a placa do veículo, no caso de transporte rodoviário, ou outro 3. das alíneas “d” e “e” do inciso IX.
elemento identificativo, nos demais casos;
d) a unidade da Federação de registro do veículo; § 3º As indicações a que se refere as alíneas “a” a “h” e “m” do
e) o número de inscrição do transportador no Cadastro Geral inciso I, poderão ser dispensadas de impressão tipográfica, a juízo
de Contribuintes ou no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério do fisco estadual da localização do remetente, desde que a nota
da Fazenda; fiscal seja fornecida e visada pela repartição fiscal, hipótese em que
f) o endereço do transportador; os dados a esta referentes serão inseridos no quadro “Emitente”,
g) o Município do transportador; e a sua denominação será “Nota Fiscal Avulsa”, observado, ainda:
h) a unidade da Federação do domicílio do transportador; 1. o quadro “Destinatário/Remetente” será desdobrado em
i) o número de inscrição estadual do transportador, quando for quadros “Remetente” e “Destinatário”, com a inclusão de campos
o caso; destinados a identificar os códigos dos respectivos municípios;

194
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

2. no quadro informações complementares, poderão ser incluí- 17. A aposição de carimbos nas notas fiscais, quando do trânsi-
dos o código do Município do transportador e o valor do ICMS inci- to da mercadoria, deve ser feita no verso das mesmas, salvo quan-
dente sobre o frete. do forem carbonadas.
§ 4º Observados os requisitos da legislação pertinente, a nota § 18. Caso o campo “INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES” não
fiscal poderá ser emitida por processamento eletrônico de dados, seja suficiente para conter as indicações exigidas, poderá ser utiliza-
com: do, excepcionalmente, o quadro “DADOS DO PRODUTO”, desde que
1. as indicações das alíneas “b” a “h”, “m” e “p” do inciso I e da não prejudique a sua clareza.
alínea “e” do inciso IXimpressas por esse sistema; § 19. É permitida a inclusão de operações enquadradas em di-
2. espaço em branco de até 5,0 cm na margem superior, na hi- ferentes códigos fiscais numa mesma nota fiscal, hipótese em que
pótese de uso de impressora matricial. estes serão indicados no campo “CFOP
§ 5º As indicações a que se referem a alínea “l” do inciso Ie as § 20. É permitida a indicação de informações complementares
alíneas “c” e “d” do inciso V, só serão prestadas quando o emitente de interesse do emitente, impressas tipograficamente no verso da
da nota fiscal for o substituto tributário. nota fiscal, hipótese em que sempre será reservado espaço, com a
§ 6º Nas operações de exportação o campo destinado ao Mu- dimensão mínima de 10 x15 cm, em qualquer sentido, para atendi-
nicípio, do quadro “DESTINATÁRIO/REMETENTE”, será preenchido mento ao disposto no § 17.
com a cidade e o país de destino. § 21. O fisco poderá dispensar a inserção na Nota Fiscal, do ca-
A nota fiscal poderá servir como fatura, feita a inclusão dos ele- nhoto destacável, comprovante da entrega da mercadoria, median-
mentos necessários no quadro “FATURA”, caso em que a denomina- te indicação na AIDF.
ção prevista nas alíneas “n” do inciso I e “d” do inciso IX, passa a ser § 22. A Nota Fiscal poderá ser impressa em tamanho inferior
Nota Fiscal-Fatura; ao estatuído no § 1º,exclusivamente nos casos de emissão por pro-
cessamento eletrônico de dados, desde que as indicações a serem
§ 9º Serão dispensadas as indicações do inciso IVse estas cons- impressas quando da sua emissão sejam grafadas em, no máximo,
tarem de romaneio, que passará a constituir parte inseparável da 17 caracteres por polegada, sem prejuízo do disposto no § 2º.
nota fiscal, desde que obedecidos os requisitos abaixo: § 24. A critério da unidade da Federação, poderá ser exigida dos
1. o romaneio deverá conter, no mínimo, as indicações das alí- estabelecimentos gráficos, em complemento às indicações constan-
neas “a” a “e”, “h”, “m”, “p”, “q”, “s” e “t” do inciso I; “a” a “d”, “f”, tes do inciso VIII, a impressão do código da repartição fiscal a que
“h” e “i” do inciso II; “j” do inciso V; “a”, “c” a “h” do inciso VIe estiver vinculado o contribuinte.
do inciso VIII; § 25. Em se tratando dos produtos classificados nos códigos 3003
2. a nota fiscal deverá conter as indicações do número e da data e 3004 da Nomenclatura Brasileira de Mercadoria/Sistema Harmoni-
do romaneio e, este, do número e da data daquela. zado - NBM/SH, na descrição prevista na alínea “b” do inciso IV deste
§ 10. A indicação da alínea “a”, do inciso IV: artigo, deverá ser indicado o número do lote de fabricação a que a
1. deverá ser efetuada com os dígitos correspondentes ao códi- unidade pertencer, devendo a discriminação ser feita em função dos
go de barras, se o contribuinte utilizar o referido código para o seu diferentes lotes de fabricação e respectivas quantidades e valores.
controle interno; § 26. A Nota Fiscal emitida por fabricante, importador ou distri-
2. poderá ser dispensada, a critério da unidade da Federação buidor, relativamente à saída para estabelecimento atacadista ou
do emitente, hipótese em que a coluna “CÓDIGO PRODUTO”, no varejista, dos produtos classificados nos códigos 3002, 3003, 3004
quadro “DADOS DO PRODUTO” poderá ser suprimida. e 3006.60 da Nomenclatura Brasileira de Mercadoria/Sistema Har-
§ 11. REVOGADO monizado - NBM/SH, exceto se relativa às operações com produtos
§ 12. REVOGADO veterinários, homeopáticos ou amostras grátis, deverá conter, na
§ 13. Os dados relativos ao Imposto sobre Serviços de Qualquer descrição prevista na alínea “b” do inciso IV deste artigo, a indica-
Natureza serão inseridos, quando for o caso, entre os quadros “DA- ção do valor correspondente ao preço constante da tabela, suge-
DOS DO PRODUTO” e “CÁLCULO DO IMPOSTO”, conforme legisla- rido pelo órgão competente para venda a consumidor e, na falta
ção municipal, observado o disposto no item 4 do § 4º do artigo deste preço, o valor correspondente ao preço máximo de venda a
7ºdo Convênio s/nº, de 15 de dezembro de 1970. consumidor sugerido ao público pelo estabelecimento industrial.
§ 14. Caso o transportador seja o próprio remetente ou o desti- § 27. Nas operações não alcançadas pelo disposto na alínea “c”
natário, esta circunstância será indicada no campo “NOME/RAZÃO do inciso IV do caput deste artigo, será obrigatória somente a in-
SOCIAL”, do quadro “TRANSPORTADOR/VOLUMES TRANSPORTA- dicação do correspondente capítulo da Nomenclatura Comum do
DOS”, com a expressão “Remetente” ou “Destinatário”, dispensadas Mercosul/Sistema Harmonizado - NCM/SH. (Acrescido o § 28 ao
as indicações das alíneas “b” e “e” a “i” do inciso VI. art. 19 pelo Ajuste SINIEF 01/14, efeitos a partir de 01.05.14).
§ 15. Na nota fiscal emitida relativamente à saída de mercado- § 28. Tratando-se de destinatário não contribuinte do imposto, a
rias em retorno ou em devolução deverão ser indicados, ainda, no entrega da mercadoria em local situado na mesma unidade federa-
campo “INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES”, o número, a data da da de destino poderá ser efetuada em qualquer de seus domicílios
emissão e o valor da operação do documento original. ou em domicílio de outra pessoa, desde que esta também não seja
§ 16. No campo “PLACA DO VEÍCULO” do quadro “TRANSPOR- contribuinte do imposto e o local da efetiva entrega esteja expressa-
TADOR/VOLUMES TRANSPORTADOS”, deverá ser indicada a placa mente indicado no documento fiscal relativo à operação (Acrescido o
do veículo tracionado, quando se tratar de reboque ou semirrebo- § 29 ao art. 19 pelo Ajuste SINIEF 01/14, efeitos a partir de 01.05.14).
que deste tipo de veículo, devendo a placa dos demais veículos tra- § 29. O disposto no parágrafo anterior não se aplica à mercado-
cionados, quando houver, ser indicada no campo “INFORMAÇÕES ria cuja entrega efetiva seja destinada a não contribuinte do impos-
COMPLEMENTARES”. to, situado ou domiciliado no Estado de Mato Grosso.

195
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 20. A Nota Fiscal será emitida:


I - antes de iniciada a saída das mercadorias;
II - no momento do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias, em restaurantes, bares, cafés e estabelecimentos
similares;
III - antes da tradição real ou simbólica das mercadorias:
a) nos casos de transmissão de propriedade de mercadorias ou de títulos que as represente, quando estas não transitarem pelo esta-
belecimento do transmitente;
b) nos casos de ulterior transmissão de propriedade e de mercadorias, que tendo transitado pelo estabelecimento transmitente, deste
tenham saído sem o pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados e/ou Imposto de Circulação de Mercadorias, em decorrência
de locação ou de remessas para armazéns gerais ou depósitos fechados.
IV - relativamente à entrada de bens ou mercadorias, nos momentos definidos no artigo 56.
§ 1º Na Nota Fiscal emitida no caso de ulterior transmissão de propriedade de mercadorias, previstas na alínea “b” do inciso III, de-
verão ser mencionados o número, a série e subsérie e a data da Nota Fiscal emitida anteriormente por ocasião da saída das mercadorias.
§ 2º No caso de mercadorias de procedência estrangeira que, sem entrar em estabelecimento do importador ou arrematante, sejam
por este remetidas a terceiros, deverão o importador ou arrematante emitir Nota Fiscal, com a declaração de que as mercadorias sairão
diretamente da repartição federal em que se processou o desembaraço.

Art. 21. A Nota Fiscal, além das hipóteses previstas no artigo anterior, será também emitida:
I - no caso de mercadorias cuja unidade não possa ser transportada de uma só vez, desde que o Imposto sobre Produtos Industrializa-
dos e/ou o Imposto de Circulação de Mercadorias deva incidir sobre o todo;
II - no reajustamento de preço em virtude de contrato escrito de que decorra acréscimo do valor das mercadorias;
III - na regularização em virtude de diferença de preço ou de quantidade das mercadorias, quando efetuada no período de apuração
dos respectivos impostos em que tenha sido emitida a Nota Fiscal originária;
IV - para lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados e/ou do Imposto de Circulação de Mercadorias, não pagos nas épocas
próprias, em virtude de erro de cálculo ou de classificação fiscal, quando a regularização ocorrer no período de apuração dos respectivos
impostos em que tenha sido emitida a Nota Fiscal originária;
V - no caso de diferença apurada no estoque de selos especiais de controle fornecidos ao usuário, pelas repartições do Fisco federal,
para aplicação em seus produtos.
§ 1º Na hipótese do inciso I, serão observadas as seguintes normas:
1. a Nota Fiscal inicial será emitida se o preço de venda se estender para o todo sem indicação correspondente a cada peça ou parte;
a Nota Fiscal especificará o todo, com o lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados e destaque do Imposto de Circulação de
Mercadorias, devendo constar que a remessa será feita em peças ou partes.
2. a cada remessa corresponderá nova Nota Fiscal, sem lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados e destaque do Imposto
de Circulação de Mercadorias, mencionando-se o número, a série e subsérie e a data da Nota Fiscal inicial.
§ 2º Na hipótese do inciso II, a Nota Fiscal será emitida dentro de 3 (três) dias da data em que se efetivou o reajustamento do preço.
§ 3º Nas hipóteses dos incisos III e IV, se a regularização não se efetuar dentro dos prazos mencionados, a Nota Fiscal será também
emitida, sendo que as diferenças dos impostos devidos serão recolhidas em guias especiais, com as especificações necessárias da regulari-
zação; na via da Nota Fiscal presa ao talonário deverá constar essa circulação, mencionando-se o número e a data da guia de recolhimento.
§ 4º Para efeito de emissão da Nota Fiscal na hipótese do inciso V:
1. a falta de selos caracteriza saída de produtos sem a emissão de Nota Fiscal e sem pagamento do Imposto sobre Produtos Industria-
lizados e do Imposto de Circulação de Mercadorias;
2. o excesso de selos caracteriza saída de produtos sem aplicação do selo e sem pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados
e do Imposto de Circulação de Mercadorias.
§ 5º A emissão da Nota Fiscal na hipótese do inciso V somente será efetuada antes de qualquer procedimento do Fisco.
§ 6º (Revogado).

196
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Características da Nota Fiscal Eletrônica


A Nota Fiscal Eletrônica proposta possuirá as seguintes características:
- Documento digital, que atende aos padrões definidos na MP 2.200/01, no formato XML (Extended Markup Language);
- Garantia de autoria, integridade e irrefutabilidade, certificadas através de assinatura digital do emitente, definido pela Infraestrutura
de Chaves Públicas Brasileiras (ICP Brasil), no formato e-CNPJ;
- O arquivo da NF-e deverá seguir o leiaute de campos definido em legislação específica;
- A NF-e deverá conter um “código numérico”, obtido por meio de algoritmo fornecido pela administração tributária, que comporá a
“chave de aceso” de identificação da NF-e, juntamente com o CNPJ do emitente e número da NF-e;
- A NF-e, para poder ser válida, deverá ser enviada eletronicamente e autorizada pelo fisco, da circunscrição do contribuinte emissor,
antes de seu envio ao destinatário e antes da saída da mercadoria do estabelecimento;
- A transmissão da NF-e será efetivada, via Internet, por meio de protocolo de segurança ou criptografia;
- A NF-e transmitida para a SEFAZ não pode mais ser alterada, permitindo-se apenas, dentro de certas condições, seu cancelamento;
- As NF-e deverão ser emitidas em ordem consecutiva crescente e sem intervalos a partir do 1º número sequencial, sendo vedado a
duplicidade ou reaproveitamento dos números inutilizados ou cancelados;
- A critério das administrações tributárias, a NF-e poderá ter o seu recebimento confirmado pelo destinatário.

197
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nota_fiscal_eletr%C3%B4nica

Quadro atual da NF-e


Com a gradual adesão das empresas aos sistemas de documentos eletrônicos, a Secretaria da Fazenda (SEFAZ) verificou que a maioria
dos contribuintes deixou de utilizar o emissor gratuito e optou por soluções próprias, ou online.

Os passos para emitir NF-e são semelhantes, independentemente da alternativa usada:

1. Certificado digital:
O primeiro passo para emitir nota eletrônica é possuir um certificado digital, que assegura validade jurídica ao documento por permitir
confirmação de sua autenticidade. Há diversos órgãos autorizados como autoridades certificadoras pela ICP (Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira).

2. Credenciamento na SEFAZ:
Mesmo usando um sistema próprio ou contratado, é preciso se credenciar junto à secretaria da fazenda para emitir NF-e. Cada estado
tem um procedimento específico, mas normalmente trata-se de um cadastro simples.

3. Escolha o emissor de NF-e:


Existem softwares que podem ser baixados em seu computador para emitir notas. Outra opção é usar serviços que rodam na nuvem e
podem ser acessados online a qualquer hora em um dispositivo conectado à Internet. O volume é um dos fatores a se considerar: empresas
que tiram um volume grande de notas têm mais motivos para adotar um emissor integrado a um sistema de faturamento ou sistema de
gestão, por exemplo.

198
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

4. Gere as notas conforme sua necessidade:


Com certificado digital adequado, credenciamento realizado junto à Sefaz e emissor de NF-e escolhido, sua empresa está pronta para
faturar. Vale a pena realizar testes para homologar as notas, mas é um processo simples para seu negócio funcionar normalmente.

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo firmou parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) para atender uma parcela de contribuintes que ainda utiliza os emissores gratuitos de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e do Conhe-
cimento de Transporte Eletrônico (CT-e). A Fazenda irá transferir ao Sebrae a solução gratuita e, a partir de julho de 2017, a instituição
passará a disponibilizar e atualizar as versões do aplicativo para as empresas. Até essa data a Fazenda paulista manterá o aplicativo em
funcionamento. Além do Sebrae, a Secretaria da Fazenda do Maranhão também oferecerá o serviço gratuito, a partir do código fonte
cedido ao governo maranhense pela Fazenda paulista.

O BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A.: LEGISLAÇÃO BÁSICA, PROGRAMAS E INFORMAÇÕES GERAIS DE SUA
ATUAÇÃO COMO AGENTE IMPULSIONADOR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO NORDESTE.

— Legislação básica, programas e informações gerais de sua atuação como agente impulsionador do desenvolvimento sustentável
da região nordeste
O Banco do Nordeste do Brasil S.A. é uma instituição financeira fundamental para o desenvolvimento socioeconômico da região Nor-
deste do Brasil. Este banco desempenha um papel crucial como agente impulsionador do desenvolvimento sustentável, implementando
uma série de programas e políticas direcionadas ao fortalecimento da economia local e à melhoria das condições de vida da população.

Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE)


O FNE é o principal instrumento financeiro utilizado pelo Banco do Nordeste, sendo uma parte integral da Política Nacional de De-
senvolvimento Regional (PNDR). Este fundo é um dos pilares do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), fornecendo
recursos financeiros essenciais para a região. O FNE visa a promoção do crescimento econômico e a redução das desigualdades regionais,
apoiando diversos setores, como agricultura, indústria, turismo e infraestrutura.

Programas de Microcrédito: Crediamigo e Agroamigo


O Crediamigo é reconhecido como o maior programa de microcrédito produtivo e orientado do Brasil. Ele tem como objetivo fornecer
crédito a empreendedores de pequeno porte, facilitando o acesso a recursos financeiros para o desenvolvimento de negócios e geração
de emprego e renda. Já o Agroamigo é um programa voltado para melhorar o perfil social e econômico das famílias do campo, oferecendo
crédito e apoio técnico para os agricultores familiares.

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)


O Pronaf é uma iniciativa que apoia a agricultura familiar, um segmento econômico vital para o Nordeste. O Banco do Nordeste atua
como agente financeiro principal deste programa na região, proporcionando crédito e assistência técnica aos agricultores familiares, visan-
do fortalecer este segmento e melhorar a segurança alimentar.

Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter)


O Prodeter é uma iniciativa estratégica do Banco do Nordeste que combina políticas governamentais com iniciativas de desenvolvi-
mento local. O programa visa promover o planejamento, a implementação e a autogestão do processo de desenvolvimento sustentável
dos territórios, fortalecendo a economia local. Envolve a construção e implementação de planos de ação, fortalecimento da governança
local e territorial, e a integração de políticas públicas necessárias para o desenvolvimento.

Soluções Digitais e Governança


Além destes programas, o Banco do Nordeste oferece uma série de soluções digitais para facilitar o acesso aos seus serviços, tanto
para pessoas físicas quanto jurídicas. Com um forte enfoque em governança e planejamento empresarial, o banco busca direcionar esfor-
ços para o desenvolvimento da região, buscando reduzir as desigualdades regionais e promover mudanças significativas nas condições de
vida das pessoas.
O Banco do Nordeste, portanto, não apenas fornece recursos financeiros essenciais para o desenvolvimento da região Nordeste, mas
também desempenha um papel ativo na formulação e implementação de políticas e estratégias voltadas para o desenvolvimento susten-
tável. A instituição é um exemplo de como um banco pode contribuir significativamente para o progresso socioeconômico de uma região,
apoiando a inovação, o empreendedorismo e a inclusão financeira.
Para mais informações detalhadas sobre os programas, ações e a atuação do Banco do Nordeste, você pode visitar o Portal do Banco
do Nordeste (https://www.bnb.gov.br/).

199
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

ÉTICA APLICADA: ÉTICA, MORAL, VALORES E NOÇÕES DE ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL


VIRTUDES
As noções de ética empresarial e profissional são fundamentais
Ética Aplicada é um campo da filosofia que se concentra na no mundo dos negócios e nas diversas profissões, atuando como
aplicação prática de conceitos éticos e morais em situações do co- um guia para a conduta e as decisões tomadas dentro e fora do am-
tidiano. Este campo abrange uma ampla gama de áreas, incluindo biente de trabalho. Esses conceitos estão intrinsecamente ligados
negócios, medicina, tecnologia e meio ambiente, enfatizando a im- ao bom funcionamento das organizações e à manutenção de uma
portância de tomar decisões conscientes e responsáveis. Para en- sociedade justa e ordenada.
tender melhor a Ética Aplicada, é essencial explorar os conceitos de
ética, moral, valores e virtudes, que formam a base deste campo. Ética Empresarial
A ética empresarial refere-se aos princípios e padrões que as
Ética empresas seguem para garantir integridade e transparência em
Ética é o estudo dos princípios que governam o comportamen- suas operações. Ela abrange uma variedade de aspectos, incluindo,
to humano em termos do certo e errado. Ela se concentra em nor- mas não se limitando a:
mas, valores e crenças compartilhadas que orientam ações e deci- Honestidade e Transparência: As empresas devem fornecer in-
sões. Em contextos profissionais ou pessoais, a ética ajuda a definir formações verdadeiras sobre seus produtos, serviços e operações
padrões de conduta esperados e desejados. financeiras.
Responsabilidade Social: Isso envolve o compromisso da em-
Moral presa com o bem-estar da sociedade e do meio ambiente, indo
Moral refere-se a regras e códigos de conduta que são adota- além do objetivo de lucro.
dos por indivíduos ou grupos. A moral pode variar entre diferentes Justiça e Equidade: As práticas empresariais devem ser justas,
culturas e sociedades, refletindo crenças e tradições locais. Enquan- garantindo igualdade de oportunidades para funcionários, clientes
to a ética é mais teórica e filosófica, a moral é prática e aplicada, e parceiros de negócios.
influenciando diretamente as escolhas e ações das pessoas. Respeito pelas Leis e Regulamentos: Cumprimento rigoroso de
todas as leis e regulamentos aplicáveis.
Valores
Valores são crenças fundamentais que orientam ou motivam Ética Profissional
atitudes e ações. Eles expressam o que é importante para um indiví- A ética profissional, por outro lado, foca na conduta individual
duo ou grupo e podem incluir conceitos como honestidade, integri- dos profissionais em seus campos de trabalho. Ela orienta como os
dade, igualdade e respeito. Os valores são cruciais na ética aplicada, indivíduos devem agir em situações profissionais, baseando-se em
pois fornecem a base para julgamentos e escolhas éticas. valores como:
- Integridade: Manter um comportamento honesto e íntegro
Virtudes em todas as atividades profissionais.
Virtudes são qualidades ou traços de caráter considerados mo- - Confidencialidade: Proteger informações sensíveis, respeitan-
ralmente bons e desejáveis em uma pessoa. Incluem honestidade, do a privacidade de clientes e da empresa.
coragem, compaixão, generosidade e humildade. A virtude ética se - Competência: Manter um alto nível de profissionalismo e co-
concentra no desenvolvimento de características pessoais que pro- nhecimento na área de atuação.
movem o bem-estar individual e coletivo. - Respeito pelas Pessoas: Tratar colegas, clientes e outras par-
Na Ética Aplicada, estes conceitos são utilizados para resolver tes interessadas com respeito e dignidade.
dilemas éticos em situações práticas. Por exemplo, em um ambien-
te de trabalho, um profissional pode se deparar com um dilema en- Importância da Ética Empresarial e Profissional
tre seguir um procedimento padrão (ética) ou agir de acordo com - Construção de Confiança: Uma forte ética empresarial e pro-
sua consciência pessoal (moral). Nesse contexto, os valores pesso- fissional ajuda a construir confiança entre a empresa, seus funcio-
ais e as virtudes do indivíduo desempenham um papel crucial em nários, clientes e outras partes interessadas.
sua decisão final. - Sustentabilidade do Negócio: Empresas que adotam práticas
Além disso, a ética aplicada é importante para estabelecer pa- éticas tendem a ser mais sustentáveis a longo prazo.
drões em profissões que têm um impacto direto na vida das pesso- - Melhoria da Imagem Corporativa: A ética no ambiente de tra-
as, como na medicina ou no direito. Aqui, os profissionais devem balho melhora a imagem pública da empresa e pode ser um dife-
equilibrar suas responsabilidades éticas e morais com as necessida- rencial competitivo.
des e direitos de seus clientes ou pacientes. - Prevenção de Conflitos Legais e Financeiros: Adotar uma pos-
Ética Aplicada é um campo vital que orienta indivíduos e orga- tura ética ajuda a evitar litígios e problemas financeiros decorrentes
nizações na tomada de decisões responsáveis e moralmente justas. de práticas inadequadas.
Ela envolve uma compreensão profunda de ética, moral, valores
e virtudes, e como esses conceitos podem ser usados para guiar
ações em um mundo complexo e em constante mudança.

200
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A ética empresarial e profissional não é apenas uma questão - Treinamento e Educação: Oferecer treinamento regular em
de cumprir a lei ou seguir regras. Trata-se de cultivar uma cultura ética para garantir que todos os membros da organização enten-
de integridade e responsabilidade, que não só beneficia a empresa dam as normas e práticas éticas.
e os profissionais individualmente, mas também a sociedade como - Canais de Comunicação e Denúncia: Estabelecer mecanismos
um todo. É um investimento na reputação e na sustentabilidade a seguros e confidenciais para que os funcionários possam relatar
longo prazo de qualquer organização ou carreira profissional. comportamentos antiéticos ou dilemas éticos.

- Avaliação e Monitoramento: Regularmente avaliar e moni-


A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS PÚBLICAS E torar a aderência às práticas éticas, ajustando políticas conforme
PRIVADAS. necessário para lidar com novos desafios éticos.

— A gestão da ética nas empresas públicas e privadas; A gestão da ética é um processo contínuo que requer compro-
A gestão da ética em empresas públicas e privadas é um aspec- metimento e adaptação constantes. Empresas públicas e privadas,
to crucial que aborda como as organizações desenvolvem, imple- embora enfrentem desafios únicos em relação à ética, comparti-
mentam e mantêm políticas e práticas éticas. Este conceito é fun- lham o objetivo comum de operar de maneira responsável e íntegra,
damental tanto para sustentar a integridade das operações quanto o que é crucial para o sucesso a longo prazo e a sustentabilidade.
para construir uma reputação positiva no mercado e na sociedade.
A abordagem da gestão da ética varia entre empresas públicas e CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA E INTEGRIDADE DO
privadas devido às suas diferentes naturezas e objetivos. BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
Empresas Públicas
Nas empresas públicas, a gestão da ética frequentemente en- CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA E INTEGRIDADE DO BANCO DO
volve considerações adicionais devido ao seu papel e responsabili- NORDESTE DO BRASIL S.A.
dade perante o público e os stakeholders governamentais. Aspectos
chave incluem: CAPÍTULO I
- Transparência e Prestação de Contas: Como entidades públi- DOS OBJETIVOS
cas, há uma expectativa mais alta de transparência em suas opera-
ções. Isso inclui a gestão financeira, contratações e decisões ope- Art. 1º O conteúdo deste Código está vinculado à missão, à
racionais. visão e aos valores que definem a identidade única do Banco do
- Conformidade com Regulamentos Governamentais: Empre- Nordeste e representa o compromisso da instituição, dos seus ad-
sas públicas devem aderir estritamente às leis e regulamentos, ministradores, empregados, colaboradores e daqueles que atuam
muitas vezes sujeitas a escrutínio e auditorias governamentais mais ou prestam serviços em nome ou para o Banco com o alinhamento
rigorosos. dos padrões requeridos de comportamento pessoal e profissional
- Interesse Público e Serviço: A tomada de decisão deve consi- ao mais alto nível de ética e de integridade desejado para os proces-
derar o bem-estar público e a ética no serviço público, colocando os sos e relacionamentos internos e externos da Instituição.
interesses da comunidade acima dos interesses empresariais. Art. 2º São objetivos deste Código:
I- Identificar e sistematizar os princípios e valores éticos e de in-
Empresas Privadas tegridade essenciais, que devem orientar os relacionamentos inter-
Nas empresas privadas, a gestão da ética também é vital, mas nos e externos e a condução das atividades do Banco do Nordeste;
com enfoque em aspectos ligeiramente diferentes, como: II- A partir deste conjunto de princípios e valores, alinhar e ins-
- Cultura Corporativa Ética: A criação de uma cultura empresa- pirar diretrizes e compromissos a serem expressos nas iniciativas,
rial que valoriza a ética, desde a liderança até os colaboradores, é políticas, programas e normas do Banco do Nordeste;
essencial. Isso envolve a incorporação de princípios éticos nas práti- III- Servir como guia e inspiração para o estabelecimento de
cas diárias e na tomada de decisão. uma linha de comportamento profissional dentro do padrão ético e
- Reputação e Competitividade no Mercado: Empresas privadas de integridade esperado pelo Banco do Nordeste e pela sociedade;
muitas vezes usam a ética como um diferencial competitivo, melho- IV- Estabelecer os princípios de integridade para prevenção à
rando a reputação e a confiança do consumidor. corrupção e a outros atos lesivos ao Banco do Nordeste, inclusive
- Responsabilidade Social Corporativa (RSC): Iniciativas de RSC como forma de realizar negócios responsáveis e sustentáveis;
são cruciais para demonstrar compromisso ético, envolvendo-se V- Orientar a tomada de decisão em situações de conflitos ou
em práticas que beneficiam a sociedade e o meio ambiente. dilemas éticos;
VI- Servir como elemento norteador na busca constante de ga-
Gestão da Ética em Ambos os Tipos de Empresas rantir a integridade das nossas ações e uma comunicação precisa,
Em ambos os cenários, a gestão eficaz da ética envolve: oportuna e transparente com todas as partes interessadas;
- Códigos de Conduta e Políticas Éticas: Desenvolver e imple- VII- Orientar a participação de todos os agentes externos, públi-
mentar códigos de conduta claros e políticas éticas que definem as cos e privados, em seus relacionamentos com o Banco do Nordeste;
expectativas e orientam o comportamento de todos na organiza- VIII- Fortalecer, na dimensão ética, a imagem e a reputação da
ção. instituição perante a sociedade;
IX- Ser referência nas análises e apurações de eventuais infra-
ções éticas ou de integridade.

201
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO II I- Ética, como princípio fundamental para o aprimoramento


DO PÚBLICO-ALVO contínuo da atuação, dos comportamentos e das atitudes do ser
humano, sendo pré-requisito e suporte para a confiança pública;
Art. 3º Este Código aplica-se ao seguinte público-alvo, para o II- Legalidade (atuação sempre conforme as leis), Impessoalida-
qual o referencial ético aqui apresentado deve, obrigatoriamente, de (prevalência do interesse público sobre interesses particulares),
balizar a condução de suas atividades e relacionamentos, seja no Moralidade (conduta pautada por padrões éticos de boa-fé, decoro,
mundo real ou no mundo virtual. lealdade, honestidade e probidade na busca sempre do bem co-
mum), Publicidade (ampla divulgação dos atos da Instituição para a
I- Membros dos órgãos estatutários: sociedade) e Eficiência (melhor desempenho com economicidade,
a)Membros do Conselho de Administração; redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e ren-
b)Membros da Diretoria Executiva; dimento funcional para melhores resultados) como princípios esta-
c)Membros do Conselho Fiscal; belecidos na Constituição da República Federativa do Brasil para a
d)Membros do Comitê de Auditoria; Administração Pública;
e)Membros do Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e III- Justiça, Governança, Honestidade, Sustentabilidade, Igual-
Remuneração; e dade, Compromisso, Democracia, Transparência, Respeito, Coope-
f)Comitê de Sustentabilidade, Riscos e de Capital. ração, Confiança, Disciplina e Civilidade como valores institucionais
que devem reger todos os relacionamentos e processos do Banco
II- Empregados; do Nordeste;
IV- Meritocracia, Integridade, Inovação e Foco nos Clientes e
III- Colaboradores: Resultados como princípios de gestão;
a)Terceirizados; V- Todas as pessoas devem ser tratadas com igualdade, sen-
b)Bolsistas; do inadmissível qualquer forma de discriminação, seja de origem
c)Jovens aprendizes. social, cultural, étnica, sexual, ou relativa a questão de cor, idade,
religião, idioma, convicção filosófica ou política, orientação sexual,
IV- Fornecedores; identidade de gênero, estado civil, condição física e psíquica, ori-
V- Parceiros e pessoas físicas prestadoras de serviços, bem gem, grau de escolaridade, formação, aparência e nacionalidade;
como profissionais de empresas contratadas ou parceiras que de- VI- A convivência no ambiente de trabalho deve ser harmonio-
senvolvam suas atividades, ou parte delas, nas dependências do sa e produtiva, baseada na equidade, no respeito mútuo, na cordia-
Banco do Nordeste; lidade, na colaboração e no espírito de equipe, independentemente
VI-Pessoas que atuem em nome do Banco do Nordeste, mesmo do cargo ou função;
que de forma temporária, recebendo ou não remuneração sobre VII- Ambientes de trabalho saudáveis e seguros são indispensá-
essa atuação. veis para a garantia do bem-estar de empregados e colaboradores
e para a adequada prestação de serviços para clientes e usuários;
Art.4º São considerados agentes externos e devem observar o VIII- A corrupção, em todas as suas formas, bem como as prá-
que está disciplinado neste Código, no que couber: ticas fraudulentas, o nepotismo, o conflito de interesses, os atos ilí-
a) Clientes; citos ou criminosos de toda ordem são incompatíveis com o padrão
b) Usuários de serviços; ético do Banco do Nordeste, devendo ser repudiados, combatidos e
c) Empregados da Caixa de Previdência dos Funcionários do denunciados às instâncias competentes;
Banco do Nordeste do Brasil – Capef e do Grupo Caixa de Assistên- IX- Os direitos humanos fundamentais devem ser respeitados,
cia dos Funcionários do Banco do Nordeste – Grupo Camed; não sendo admitido qualquer ato que afronte a dignidade das pes-
d) Empregados das instituições parceiras e patrocinadas; soas e a igualdade de direitos entre elas; X Repúdio a todas as pres-
e) Representantes de órgãos de regulação e controle, bem sões ou tentativas de interferência política, internas ou externas,
como de empresas de auditoria externa, no exercício de suas ativi- que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevi-
dades nas dependências do Banco do Nordeste; das em decorrência de ações imorais, ilegais, aéticas ou em desa-
f) Pessoas que atuem para o Banco do Nordeste, mesmo que cordo com os normativos internos;
de forma temporária, recebendo ou não remuneração. XI- Responsabilidade socioambiental como um conjunto de
compromissos, princípios e diretrizes de atuação fundamentais
CAPÍTULO III para o desenvolvimento sustentável e que orientam o Banco do
DA MISSÃO E DOS PRINCÍPIOS E VALORES ÉTICOS FUNDA- Nordeste, como banco de desenvolvimento, na aplicação do crédito
MENTAIS e em seus processos internos de trabalho;
XIII- senção e imparcialidade no exercício das atividades e na
Art. 5º A missão do Banco do Nordeste é atuar como o banco condução dos relacionamentos institucionais e interpessoais, não
de desenvolvimento da Região Nordeste. usando a posição dentro do Banco do Nordeste para a obtenção de
Parágrafo único: O Banco tem por objeto social a promoção do benefícios ou vantagens para si ou para terceiros;
desenvolvimento e a circulação de bens por meio da prestação de XIII- A exploração do trabalho infantil e a utilização do trabalho
assistência financeira, de serviços, técnica e de capacitação a em- análogo à escravidão são práticas repudiadas pelo Banco do Nor-
preendimentos de interesse econômico e social. deste;
Art. 6º Os princípios e valores que fundamentam a atuação dos XIV- Zelo permanente de todos pela imagem e integridade ins-
diversos agentes submetidos a este Código são os seguintes: titucional do Banco do Nordeste;

202
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

XV- Atitudes e comportamentos baseados sempre no com- IX- Resguardar as informações dos clientes do Banco, em espe-
promisso inalienável de buscar fazer sempre o melhor, o que inclui cial aquelas relativas à sua situação econômica, financeira e comer-
atuar com espírito público, elevado senso de responsabilidade e de cial e dos respectivos empreendimentos;
acordo com o disposto neste Código, nas normas internas e na le- X- Analisar as operações de financiamento e de crédito de acor-
gislação vigente. do com os critérios técnicos disponíveis, incluindo aqueles relacio-
Art. 7º Todas as políticas e iniciativas institucionais devem pau- nados com o risco e a viabilidade pertinentes;
tar-se, no que couber, no conteúdo deste Código de Conduta Ética XI- Tratar de forma colegiada as decisões sobre operações de
e Integridade, respeitando todos os seus dispositivos, não sendo crédito e de financiamento;
admitido qualquer regramento interno que contrarie o que este Có- XII- Não apresentar indicações a clientes, ainda que por eles
digo estabelece. solicitadas, de fornecedores ou prestadores de serviços, mantendo
sempre uma comunicação estritamente profissional, preservando a
CAPÍTULO IV isenção necessária e exigida.
NAS RELACÕES COM CLIENTES E USUÁRIOS
CAPÍTULO V
Art. 8º As interações com clientes e usuários são orientadas pe- NAS RELAÇÕES COM INVESTIDORES E ACIONISTAS
las diretrizes e compromissos da Política de Relacionamento com
Clientes e Usuários de Produtos e Serviços Financeiros do Banco do Art. 10º As relações com investidores e acionistas devem ser
Nordeste e devem ser regidas pelos seguintes princípios: pautadas nos princípios de governança universalmente aceitos e
I. Integridade; nos pressupostos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publi-
II. Conformidade; cidade e eficiência, que norteiam a gestão pública, visando à (ao):
III.Confiabilidade; I- Transparência nas relações com o mercado, mediante a pres-
IV. Segurança e sigilo das transações; tação de informações claras, fidedignas, ágeis e oportunas, que
V. Legitimidade das operações contratadas e dos serviços pres- possibilitem a avaliação do desempenho da Instituição ou funda-
tados; mentem, da melhor forma possível, a tomada de decisões sobre
VI.Respeito; investimentos;
VII.Equidade; IIEquidade de tratamento para os acionistas e respeito aos seus
VIII.Cortesia; direitos, não se admitindo privilégios, tanto na distribuição de resul-
IX.Diligência; tados, como na divulgação de informações, nem quaisquer atitudes
X.Responsabilidade; discriminatórias;
XI.Transparência; III- Disponibilização de declarações, demonstrativos, relatórios,
XII.Receptividade a sugestões e críticas; comunicados e outros informativos que reflitam a realidade da ins-
XIII.Privacidade e proteção de dados; tituição com objetividade, clareza, simplicidade e consistência;
XIV.Observância de princípios e normas pertinentes aos direi- IV- Publicação das demonstrações financeiras e contábeis de
tos do consumidor. acordo com o estabelecido na lei e em conformidade com os prin-
Art. 9º Na realização de negócios, empregados e colaboradores cípios e normas de contabilidade, de maneira a representar, com ri-
do Banco do Nordeste devem seguir, além dos princípios e valores gor e precisão, as transações realizadas, o resultado das operações,
apresentados no artigo 6° anterior, as seguintes orientações: os fluxos de caixa e a posição patrimonial e financeira do Banco do
I -Dispensar tratamento justo e equitativo a clientes e usuários, Nordeste;
considerando seus perfis de relacionamento e vulnerabilidades as- V- Conformidade com as leis, normas e regulamentos e exigên-
sociadas; cia de seu cumprimento pelas contrapartes;
II- Oferecer produtos e serviços adequados às necessidades de VI- Aperfeiçoamento contínuo de diretrizes e práticas de gover-
clientes e usuários de cada segmento; nança corporativa;
III- Fornecer, de forma clara, precisa e tempestiva, as informa- VII Cumprimento da missão institucional;
ções necessárias à livre escolha e à tomada de decisões por parte VIII Continuidade da Instituição no longo prazo e geração de
de clientes e usuários, explicitando, inclusive, direitos e deveres, resultados positivos e sustentáveis.
responsabilidades, custos ou ônus, penalidades e eventuais riscos Parágrafo único: É vedada ao público-alvo deste Código a di-
existentes na execução de operações e na prestação de serviços; vulgação, sem autorização da autoridade competente do Banco, de
IV- Cumprir os normativos internos e externos que regram a informação que possa causar impacto na cotação dos títulos da Ins-
atuação institucional; tituição e em suas relações com o mercado ou com consumidores
V- Cumprir as normas internas e externas de prevenção à lava- e fornecedores.
gem de dinheiro e de combate à corrupção e ao financiamento do
terrorismo; CAPÍTULO VI
VI- Abster-se de realizar negócios com clientes que exploram o NAS RELAÇÕES COM O PODER PÚBLICO
trabalho infantil ou o trabalho análogo ao escravo;
VII- Prevenir e combater atos de fraude e corrupção, denun- Art. 11 O relacionamento com o Setor Público e seus agentes
ciando os fatos suspeitos às alçadas competentes; deve ser norteado pela discussão democrática e pelo estabeleci-
VIII- Manter sigilo sobre as informações que ainda não sejam mento de parcerias institucionais, objetivando a implementação de
de domínio público, referentes a possíveis negócios com empresas políticas, projetos e programas voltados para o desenvolvimento
e pessoas ou com o setor público; sustentável da área de atuação do Banco do Nordeste.

203
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Parágrafo único: É vedada a realização de doações eleitorais, CAPÍTULO VII


financeiras ou não, a pessoas ou partidos políticos por parte do NAS RELAÇÕES COM ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO, FISCALIZAÇÃO
Banco do Nordeste. E AUDITORIA
Art. 12 São exemplos de parâmetros a serem seguidos na defi-
nição da conduta em relação a agentes públicos ou políticos: Art. 14 O relacionamento com os representantes de órgãos re-
I- Relações de caráter institucional com agentes públicos, in- guladores e fiscalizadores, bem como com as equipes de auditoria
dependentemente da posição hierárquica, devem ser conduzidas interna e externa, deve se dar de forma atenciosa, transparente,
pela legalidade e transparência, em especial quanto ao seu objeto, prestativa e respeitosa, sempre de acordo com os princípios e valo-
finalidade e destino dos recursos envolvidos, bem como seguidas res éticos estabelecidos neste Código e procurando atender a even-
de rigorosa prestação de contas; tuais solicitações de informação nos prazos estabelecidos.
II- Decisões originadas a partir de relacionamentos com o setor Art. 15 O Banco do Nordeste comunica aos órgãos de controle
público devem ser isentas de preferências partidárias ou ideológi- e de fiscalização, através da Unidade competente, de forma transpa-
cas, de forma a preservar a integridade do Banco do Nordeste; rente e fidedigna, informações sobre situações ocorridas na empresa
III- Parcerias e eventuais destinações de recursos, reembolsá- que afrontem o Código de Conduta da Alta Administração Federal,
veis ou não, para o setor público devem ter sempre como objetivos não se eximindo de realizar as apurações internas, no que couber.
o aprimoramento dos serviços destinados à sociedade pelo gover- Art. 16 Quando solicitado por órgãos de fiscalização ou de re-
no, órgão ou entidade pública e o bem comum; gulação, o Banco do Nordeste concederá acesso aos documentos
IV- O Banco do Nordeste respeita o direito individual dos seus e às informações necessários à realização dos trabalhos, inclusive
administradores e demais membros dos órgãos estatutários, dos aqueles classificados como sigilosos, observado o disposto na Lei
empregados e colaboradores de participar de assuntos e proces- de Acesso à Informação - LAI (Lei 12.527/2011) e na Lei Geral de
sos políticos, porém eventuais manifestações de opinião e a própria Proteção de Dados - LGPD (Lei 13.709/2018).
participação política desse público devem ter caráter estritamente Art. 17 É compromisso do público-alvo deste Código, quando
pessoal e ocorrer somente em seu tempo livre e às suas próprias solicitado, disponibilizar sempre a informação mais completa, atua-
custas. e, em nenhuma hipótese, representarão o posicionamento lizada, objetiva e clara possível aos órgãos de regulação e fiscaliza-
do Banco do Nordeste nem seu apoio institucional; ção, bem como às empresas de auditoria externa e às unidades de
V- No relacionamento com agentes públicos ou políticos, sem- auditoria interna.
pre considerar a percepção que a sociedade possa ter da condu- Art. 18 São consideradas condutas inadmissíveis apresentar, de
ta adotada no caso concreto, assegurando-se de que não existam maneira deliberada, informações incorretas, dar falsas declarações,
dúvidas sobre a ética e a integridade individuais e as do Banco do destruir ou alterar registros e documentos potencialmente impor-
Nordeste. tantes em processos de apuração ou investigação e até mesmo ten-
Art. 13 No relacionamento com agentes públicos, as seguintes tar induzir ao erro auditores internos ou externos e representantes
condutas são inadmissíveis: de órgãos de regulação e fiscalização.
I- Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
gem indevida a agente público ou político, ou a terceira pessoa a CAPÍTULO VIII
eles relacionada, bem como receber qualquer benefício, monetário NAS RELACÕES COM O MERCADO E COM OS CONCORRENTES
ou não, com a finalidade de dar cumprimento ao que já seria uma
obrigação ou para fazer com que processos ou rotinas sejam indevi- Art. 19 A integridade, o respeito mútuo, a civilidade e a pro-
damente facilitados, abreviados, apressados ou mesmo suprimidos; moção da concorrência justa e leal são compromissos permanentes
II- Compactuar com fraudes em contratos de financiamento nas relações de mercado ou entre concorrentes.
com governos, órgãos ou entidades públicas; Art. 20 O Banco do Nordeste respeita a concorrência e proíbe
III- Servir a interesses particulares em detrimento do bem co- que sejam divulgados ou disseminados por qualquer meio e sob
mum ou colaborar para a apropriação indevida de recursos públicos qualquer pretexto, conceito, comentário ou boato que possa com-
por entes privados; prometer a imagem de empresas do mercado ou prejudicá-las de
IV- Aliciar autoridades, agentes públicos, concessionários e alguma maneira, zelando pela proteção de informações e pelo res-
permissionários de serviço público ou candidatos a cargos eletivos, peito à reputação, opiniões e posicionamentos dos concorrentes.
por meio de presentes, ofertas, benefícios ou vantagens indevidas Art. 21 O intercâmbio de dados, informações e experiências
direcionadas a esse público, ou a terceira pessoa a eles relacionada, com a concorrência deve ser conduzido de forma lícita, transpa-
seja para facilitar negócios ou contratações, seja para que cumpram rente e fidedigna, preservando os princípios do sigilo bancário e os
as próprias responsabilidades legais ou para precipitar processos; interesses do Banco do Nordeste.
V- Utilizar recursos, estrutura, instalações, imagens, informa-
ções, marcas e identidade visual do Banco do Nordeste para aten- CAPÍTULO IX
der a interesses político-partidários. NAS RELACÕES COM A SOCIEDADE E AS COMUNIDADES

Art. 22 Nos relacionamentos com a sociedade em geral e, em


particular, junto às comunidades em que o Banco do Nordeste atua,
o público-alvo deste Código deve-se primar pelo respeito às seguin-
tes diretrizes:
I- Valorizar os vínculos estabelecidos entre o Banco do Nordes-
te e as comunidades em que atua, respeitando os valores culturais
existentes no local;

204
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II- Desenvolver sua atuação com integridade e transparência, bro ou empregado ou à participação em acordos ou práticas que
cultivando a credibilidade junto à população de forma permanente caracterizem conflito de interesses reais ou aparentes para os en-
e influenciando positivamente a sociedade; volvidos, de qualquer uma das partes;
III- Levar em consideração, em todas as decisões, os impactos II- Prestar qualquer favor ou serviço remunerado a fornecedo-
que elas trarão às comunidades e ao meio ambiente e buscar sem- res, prestadores de serviços ou parceiros com os quais mantenham
pre a promoção do desenvolvimento sustentável nas ações desen- relação por força das suas atividades no Banco do Nordeste;
volvidas; III- Propor disposições contratuais ou termos de parceria que
IV- Considerar os princípios e diretrizes da Política de Respon- afrontem ou minimizem a dignidade, a qualidade de vida e o bem-
sabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) como premissa na -estar dos empregados das empresas fornecedoras, prestadoras de
definição de políticas corporativas, programas de financiamento e serviços ou parceiras.
nas iniciativas de um modo geral.
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO X NAS RELACÕES COM A IMPRENSA E DEMAIS ÓRGÃOS DE
NAS RELACÕES COM FORNECEDORES E PARCEIROS COMUNICAÇÃO

Art. 23 O Banco do Nordeste pauta seu relacionamento com Art. 27 O Banco do Nordeste valoriza e respeita a imprensa e
fornecedores, prestadores de serviços e parceiros pelo comparti- demais órgãos de comunicação, reconhecendo que são meios fun-
lhamento dos padrões morais, éticos e de integridade constantes damentais para a disseminação dos princípios e valores da Institui-
deste Código. ção, bem como de fatos relevantes, produtos e serviços, iniciativas,
Art. 24 A seleção de fornecedores e prestadores de serviços realizações, resultados alcançados e do conhecimento gerado inter-
é realizada com imparcialidade e transparência, de forma a nunca namente, permitindo a visibilidade pública.
existir favorecimento de qualquer espécie, procurando sempre ga- Art. 28 O Banco do Nordeste prima por uma relação transpa-
rantir a pluralidade e a livre concorrência entre eles, bem como a rente, independente, ágil e respeitosa com a imprensa e demais
qualidade e a viabilidade socioeconômica dos serviços prestados e órgãos de comunicação e, por meio de seus representantes deno-
dos produtos fornecidos. minados porta-vozes, compromete-se em prestar as informações
Art. 25 São exigidos dos fornecedores e prestadores de servi- produzidas ou custodiadas pela Instituição sempre de forma clara,
ços, bem como de eventuais parceiros: precisa, confiável e oportuna, preservando aquelas consideradas
I -A adesão ao conjunto de princípios, valores e condutas éticas confidenciais e estratégicas.
e de integridade do Banco do Nordeste; § único O público alvo deste código deve respeitar a compe-
II- O respeito aos direitos humanos e à legislação vigente; tência restrita dos porta-vozes para atender a demanda de informa-
III- O cumprimento das exigências trabalhistas, ambientais, ções pela mídia, conforme disposto na Política de Porta- Vozes do
previdenciárias, fiscais e de segurança do trabalho; Banco do Nordeste.
IV- Um padrão de integridade representado pela adoção das re- Art. 29 A publicidade, os pronunciamentos e a disponibilização
gulamentações referentes à prevenção e ao combate à corrupção; de informações institucionais devem ser impessoais e não podem
V- A não utilização de trabalho infantil, escravo ou em condi- resultar em qualquer espécie de promoção pessoal.
ções degradantes, inclusive na cadeia produtiva de seus fornece-
dores; CAPÍTULO XII
VI- O não envolvimento em práticas que possam, de qualquer NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
modo, contribuir para a disseminação do proveito criminoso da
prostituição; Art. 30 Nas relações de trabalho, constituem-se como compro-
VII- Responsabilidade socioambiental e compromisso com a missos da Alta Administração do Banco do Nordeste:
sustentabilidade de suas atividades; I- Cumprir as leis, as normas e as políticas de desenvolvimento
VIII- Confidencialidade e sigilo quando do eventual acesso a humano instituídas, estimulando a convivência harmoniosa, a cida-
dados e informações do Banco do Nordeste, a qualquer tempo, no dania, o espírito de equipe, a honestidade, a transparência dos atos
desenvolvimento das suas atividades como fornecedor, prestador e a cordialidade no ambiente de trabalho;
de serviços ou parceiro; II- Garantir ambiente de trabalho adequado, confortável, segu-
IX- Que seus empregados ou representantes sejam orientados ro e em permanente melhoria, primando pela saúde, bem-estar e
a respeitar os princípios éticos e as diretrizes de conduta definidos qualidade de vida de empregados e colaboradores;
neste Código, bem como as normas operacionais do Banco do Nor- III- Prover condições para que empregados e colaboradores se-
deste. jam tratados com igualdade, tornando inadmissível qualquer forma
Art. 26 No relacionamento com fornecedores, prestadores de de discriminação, seja de origem social, cultural, étnica, sexual, ou
serviços e parceiros, são condutas vedadas ao público-alvo deste relativa a questões de cor, idade, religião, idioma, convicção filosófi-
Código: ca, política ou ideológica, orientação sexual, identidade de gênero,
I- Condicionar a contratação de empresa ou a celebração de estado civil, filiação sindical e partidária, condição física e psíquica,
parceria, bem como a manutenção dessas relações à obtenção de origem, grau de escolaridade, formação, aparência e nacionalidade;
benefício que extrapole os interesses do Banco do Nordeste, à rea- IV- Repudiar, coibir, apurar e punir qualquer procedimento que
lização de negócio do qual possam resultar vantagens ou benefícios possa configurar assédio de qualquer natureza, seja de caráter físi-
pessoais ou para terceiros, à admissão pela contratada ou parceira co, sexual, moral ou psicológico;
de qualquer profissional indicado por si próprio ou por outro mem-

205
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

V- Repudiar toda e qualquer prática ilícita, a exemplo de subor- IV- Agir sempre de acordo com as responsabilidades que o car-
no, extorsão, corrupção, propina, nepotismo, lavagem de dinheiro, go ou a função lhe confere, exercendo suas atividades com profis-
em todas as suas formas; sionalismo e contribuindo para a excelência dos serviços prestados
VI- Aperfeiçoar o fluxo de informações necessárias à excelência pelo Banco;
de procedimentos no ambiente de trabalho; V- Respeitar a diversidade, tanto a presente no âmbito interno,
VII- Proporcionar e democratizar oportunidades de ascensão quanto a do conjunto de pessoas com as quais o Banco do Nordeste
profissional, mediante critérios claros de acesso a treinamentos, mantém relacionamento, não adotando e combatendo quaisquer
avaliações de desempenho, suprimento e substituição de cargos e comportamentos preconceituosos ou discriminatórios;
funções, observando os interesses institucionais, assegurando aos VI- Manter sigilo sobre assuntos de interesse do Banco do Nor-
empregados lisura e transparência em todos os processos dessa na- deste, inclusive relacionados aos seus clientes, parceiros, concor-
tureza e valorizando o mérito como o principal critério para acesso rentes e acionistas, não devendo divulgá-los, sob qualquer pretex-
às funções comissionadas; VIII Incentivar o autodesenvolvimento to, salvo se autorizado;
dos empregados, oferecendo treinamentos e capacitações adequa- VII- Zelar pelo patrimônio do Banco do Nordeste e primar pela
dos para o exercício das suas atividades no Banco do Nordeste; economia, guarda e conservação dos bens corporativos e recursos
IX- Estimular inovações em produtos, serviços, soluções, siste- materiais à sua disposição, utilizando-os unicamente para trabalhos
mas, políticas de financiamento e ações corporativas; de interesse do Banco, protegendo-os de danos, manuseio inade-
X- Estimular ações de sustentabilidade e de responsabilidade quado, perdas ou extravios;
socioambiental; VIII- Agir com responsabilidade socioambiental, especialmente
XI- Buscar sempre o desenvolvimento sustentável em nossa no uso de recursos como água, energia, papel e materiais de consu-
atuação direta e indireta ou dentro da nossa esfera de influência; mo, promovendo a destinação final ambientalmente adequada de
XII- Respeitar e valorizar a diversidade do conjunto de empre- resíduos e evitando qualquer forma de desperdício ou de utilização
gados e colaboradores, bem como de todas as pessoas com as quais diferente daquela guiada pelo interesse institucional;
o Banco do Nordeste mantém relacionamento, combatendo todas IX- Cuidar da integridade dos recursos patrimoniais e financei-
as formas de preconceito e discriminação; ros de terceiros que estejam sob a guarda ou estejam sendo admi-
XIII- Assegurar que não haja restrição de ascensão funcional ou nistrados pelo Banco;
qualquer outro tipo de discriminação a empregadas do Banco do X- Contribuir e zelar permanentemente para a boa imagem do
Nordeste pelo fato de serem ou de poderem vir a ser mães; Banco do Nordeste, dentro e fora do ambiente de trabalho;
XIV- Prover condições adequadas de trabalho para empregados XI- Abster-se em decisões que envolvam interesses pessoais
e colaboradores com deficiências; ou relação de parentesco consanguíneo ou por afinidade, em linha
XV- Manter canais internos de comunicação efetivos, seguros reta ou colateral, até 3º grau;
e confiáveis para recepcionar e tratar sugestões de melhoria dos XII- Abster-se de receber favores, vantagens ou presentes de
processos operacionais e de gestão, bem como consultas, críticas, qualquer natureza, para si ou para outrem, oferecidos de forma
reclamações e denúncias, garantindo o anonimato; direta ou indireta, resultantes ou não de relacionamentos com o
XVI- Na forma do regramento ético vigente e, em especial, da Banco do Nordeste e que possam influenciar decisões, facilitar ne-
Política de Proteção ao Denunciante, prover garantias institucionais gócios ou beneficiar terceiros;
quanto ao sigilo, à reserva de informações dos processos e à identi- XIII- Privar-se de obter proveito de cargo, função ou de infor-
dade de colaboradores envolvidos em denúncias, objetivando pre- mações em benefício próprio ou de terceiros;
servar direitos e proteger a neutralidade das decisões; XIV- Abster-se de adotar procedimento que possa configurar
XVII- Assegurar que informações pessoais, inclusive médicas assédio de qualquer natureza, seja físico, moral, sexual ou psico-
e sobre benefícios, fiquem restritas ao próprio empregado e ao lógico;
pessoal responsável pela guarda, manutenção e disponibilização XV- Comunicar às áreas competentes pressão ou assédio de
dessas informações. As solicitações, análises e repasses dessas in- qualquer pessoa cujo interesse conflite com os do Banco do Nor-
formações serão feitas somente por quem tiver legitimidade para deste;
tanto, nos termos da lei e disposições normativas; XVI- Contribuir para manutenção de ambiente de trabalho sau-
XVIII- Respeitar a liberdade de associação sindical e buscar con- dável baseado em respeito, solidariedade, honestidade, harmonia,
ciliar, de forma transparente, os interesses do Banco do Nordeste autodesenvolvimento, espírito de equipe, cidadania e no comparti-
com os interesses dos empregados e de suas entidades represen- lhamento de conhecimentos em prol do Banco;
tativas, assumindo a negociação como prática permanente e modo XVII- Colaborar para um ambiente de trabalho livre de ofensas,
preferencial de solução de conflitos trabalhistas; difamação, exploração, discriminação, repressão, intimidação, assé-
XIX- Promover a ampla divulgação deste Código na organização. dio e violência verbal ou não verbal;
Art. 31 O público alvo deste Código compromete-se a: XVIII- Compartilhar com os demais colegas os conhecimentos e
I- Cumprir a missão institucional; as informações necessárias ao exercício das atividades próprias da
II- Atuar sempre de acordo com as leis, regulamentos e normas instituição, respeitadas as normas relativas ao sigilo;
aplicáveis; XIX- Não permitir que interesses de ordem pessoal, simpatias
III- Alinhar atividades, processos, operações e negócios do Ban- ou antipatias interfiram no trato com colegas, público em geral e no
co do Nordeste com a Missão, Visão, Valores, Código de Conduta andamento dos trabalhos;
Ética e Integridade, Normas de Conduta e com os princípios e dire- XX- Não prejudicar deliberadamente, no ambiente de trabalho
trizes contidos nas políticas corporativas; ou fora dele, por qualquer meio, a imagem da instituição ou a repu-
tação dos administradores, demais membros dos órgãos estatutá-
rios, empregados e colaboradores;

206
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

XXI- Notificar à área responsável sobre quaisquer ocorrências IV- Usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
que possam oferecer risco à saúde e/ou integridade física sua ou regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
de outrem; ou material;
XXII- Aceitar e respeitar opiniões divergentes e de caráter cons- V- Deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
trutivo, agindo continuamente para prevenir e solucionar eventuais cance ou do seu conhecimento para cumprimento de suas respon-
conflitos; sabilidades funcionais ou execução de suas atividades;
XXIII- Promover a união de esforços entre as diversas unidades, V- IPermitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
dispondo-se sempre a compartilhar conhecimentos e informações paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
nos trabalhos conjuntos, contribuindo, dessa forma, para a manu- público ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
tenção de um ambiente amplamente cooperativo; VII- Pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
XXIV- Para todos aqueles que intervenham em processos de tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
contratação, seleção e/ou promoção profissional, seja qual for a sua vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pes-
posição, agir com objetividade técnica em todas as suas interven- soa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outra
ções e decisões, atuando com respeito aos regulamentos vigentes pessoa para o mesmo fim;
e com o único objetivo de identificar as pessoas mais adequadas ao VIII- Alterar ou deturpar o teor de documentos que deva enca-
perfil e necessidades da função a preencher, promovendo a todo o minhar para providências;
tempo e circunstâncias a igualdade de oportunidades, observando- IX- Iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
-se os interesses institucionais; atendimento do Banco do Nordeste;
XXV- Respeitar os direitos autorais e a legislação específica so- X- Desviar empregados ou colaboradores para atendimento a
bre propriedade intelectual, tanto das produções do Banco do Nor- interesse particular;
deste como de terceiros; XI- Retirar das instalações do Banco do Nordeste, sem estar
XXVI- Praticar o diálogo e a cooperação com os públicos de re- legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten-
lacionamento do Banco do Nordeste, recepcionando críticas e su- cente ao Banco ou a terceiros;
gestões de melhoria, respondendo corretamente e com rapidez às XII- Fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito
dúvidas apresentadas e procurando, a partir dessas condutas, agre- interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de ami-
gar continuamente valor a produtos e serviços; gos ou de terceiros;
XXVII- Cumprir este Código e as normas internas a ele relacio- XIII- Apresentar-se embriagado ou sob o efeito de substâncias
nadas, agindo de acordo com os princípios e valores éticos e de in- ilícitas no serviço ou fora dele habitualmente;
tegridade aqui apresentados e escolhendo sempre, diante de mais XIV- Cooperar com qualquer instituição que atente contra a
de uma opção, a melhor para o Banco e para a sociedade; moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
XXVIII- Adotar os mais elevados padrões de profissionalismo, XV- Exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
integridade e comportamento ético no seu cotidiano, utilizando-se empreendimentos de cunho duvidoso.
dessa conduta como elemento básico e norteador de suas respon- Parágrafo único: É vedado ao Presidente e aos Diretores do
sabilidades funcionais; Banco do Nordeste opinar publicamente a respeito:
XXIX- Conhecer e difundir, inclusive por meio das próprias atitu- I- Da honorabilidade e do desempenho funcional de outra au-
des, os valores e princípios contidos neste Código; toridade pública federal; e
XXX- Comunicar imediatamente quaisquer suspeitas, tentativas II Do mérito de questão que lhe será submetida, para decisão
ou práticas de atos ilícitos ou condutas inapropriadas que afrontem individual ou em órgão colegiado.
o disposto neste Código, por meio dos canais de denúncias apresen-
tados no Artigo 62. CAPÍTULO XIII
XXXI- Assegurar que informações pessoais, inclusive médicas e DO COMPORTAMENTO NAS REDES E MÍDIAS SOCIAIS
sobre benefícios, a que tenham conhecimento em razão do cargo
ou função, sejam manuseadas com o cuidado e a reserva necessá- Art. 33 O público-alvo deste Código e todos aqueles que atuam
ria, devendo ficar restritas ao conhecimento daqueles que precisem ou prestam serviços em nome ou para o Banco do Nordeste deve-
das informações para a realização de suas atividades no Banco. rão aplicar, no que couber, os dispositivos contidos neste Código
Art. 32 São condutas vedadas nas relações de trabalho, presen- sempre que se identificarem ou forem identificáveis como vincula-
ciais, virtuais ou remotas: dos a essa Instituição em redes e mídias sociais.
I O uso do cargo ou função, de facilidades, de amizades, de Art. 34 O Banco do Nordeste respeita e valoriza o direito à li-
tempo, de posição ou de influências, para obter qualquer favoreci- vre expressão, porém é essencial que cada um esteja consciente
mento, para si ou para outrem; de que seu comportamento em redes e mídias sociais, ainda que
II- Prejudicar deliberadamente a reputação de administrado- em interações de caráter pessoal, pode comprometer a imagem, a
res, empregados e colaboradores do Banco do Nordeste, agentes reputação e a integridade institucionais.
públicos de órgãos e entidades federais, estaduais ou municipais e Parágrafo único: Redes e mídias sociais devem ser utilizadas
de cidadãos que deles dependam, bem como de clientes, parceiros, com responsabilidade, empatia e compromisso com a ética e a in-
fornecedores e concorrentes; tegridade institucionais.
III- Ser, mesmo que em função de seu espírito de solidariedade, Art. 35 Nas interações em redes e mídias sociais, o público-alvo
conivente com erro ou infração a este Código de Conduta Ética e deste Código deve observar as seguintes orientações:
Integridade; I- Ter a consciência de que é responsável por tudo o que publica
ou compartilha nas redes e mídias sociais;

207
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II- A má conduta no mundo virtual se compara e equivale àque- Art. 38 Baseados na premissa de que o exemplo vem de cima,
la realizada no mundo real e pode até ser mais grave em razão da os membros da Alta Administração do Banco do Nordeste devem
publicidade que pode ser alcançada; também:
III- Respeitar os outros usuários da rede e suas opiniões e con- I- Entender e assumir que são os principais vetores de promo-
vicções, mesmo em caso de discordância; ção da cultura ética e da integridade no Banco do Nordeste;
IV- Ser o primeiro a tentar corrigir eventual erro cometido nas II- Incentivar e monitorar a promoção da cultura ética e, em to-
suas interações virtuais, estando pronto para, se for o caso, recuar dos os momentos, demonstrar de forma inequívoca e contundente,
e desculpar-se; por meio de suas ações e decisões, o compromisso com a ética e a
V- Entender que o fato de as redes e mídias sociais permitirem integridade e a não tolerância à má conduta;
que qualquer pessoa publique o que pensa na Internet não dá a ela III- Adotar postura ética exemplar no relacionamento com em-
o direito de ofender, maltratar, ameaçar, discriminar, violar direitos pregados e colaboradores, com terceiros, com autoridades públicas
autorais, revelar informações confidenciais ou sigilosas ou prejudi- e com clientes, usuários, fornecedores e parceiros da instituição e
car pessoas e instituições. solicitar que todos os empregados e colaboradores da instituição
Art. 36 São práticas inadmissíveis nas interações em redes e também o façam, procurando garantir que a promoção dos mais
mídias sociais: altos padrões de ética e de integridade seja uma preocupação cons-
I- Acessar imoderadamente as redes e mídias sociais no am- tante dentro da instituição;
biente de trabalho para fins não relacionados às suas atribuições IV- Patrocinar o Plano de Trabalho Anual da Comissão de Ética,
institucionais; bem como o Programa de Integridade perante os públicos interno e
II- Criar perfis relacionados ou que façam menção ao Banco do externo, destacando recursos humanos, financeiros e materiais su-
Nordeste ou a alguma de suas unidades sem a expressa autorização ficientes para o desenvolvimento e execução de ambos e solicitan-
da Superintendência de Marketing e Comunicação; do o comprometimento efetivo de todos os empregados, colabora-
III- Usar a identidade visual do Banco do Nordeste e/ou de seus dores e partes interessadas, para o fortalecimento de um ambiente
produtos e iniciativas em perfis pessoais ou de grupos; ético e íntegro no Banco do Nordeste;
IV- Falar em nome da empresa, sem a devida designação for- V- Participar ou manifestar, de forma sistemática, apoio em to-
mal; das as fases de desenvolvimento e execução do Plano de Trabalho
V- Ofender a honra do Banco do Nordeste, seus administrado- Anual da Comissão de Ética e do Programa de Integridade do Banco
res e demais membros dos órgãos estatutários, empregados, cola- do Nordeste, tomando para si a responsabilidade de também fo-
boradores, parceiros, fornecedores ou concorrentes; mentar a cultura ética, as políticas corporativas de integridade e o
VI- Divulgar ou tratar informações de natureza interna, confi- respeito às leis dentro e fora da instituição;
dencial ou protegidas por sigilo em canais de comunicação não ho- VI- Promover o engajamento dos gestores do Banco do Nor-
mologados pelo Banco do Nordeste; deste na criação de uma cultura institucional de ética e integrida-
VII- Obrigar quem quer seja a participar de grupos de discus- de, criando mecanismos para encorajar, reforçar e disseminar esse
são ou de aplicativos de mensagens instantâneas não institucionais, comprometimento em todos os níveis da hierarquia organizacional;
uma vez que, se o canal de comunicação a ser utilizado não é do VII- Procurar garantir que o Banco do Nordeste seja tão trans-
Banco do Nordeste, a eventual participação deve ser sempre vo- parente quanto possível sobre todas as decisões, ações, planos,
luntária; projetos, iniciativas, orçamentos, despesas e resultados, fornecen-
VIII- Divulgar fotos, vídeos ou textos que possam comprometer do às partes interessadas e à sociedade em geral informações que
ou expor a vida privada de administradores e demais membros dos permitam sua colaboração no desenvolvimento, acompanhamento
órgãos estatutários, empregados, colaboradores, clientes, parceiros e avaliação das atividades institucionais, como forma de demons-
ou fornecedores do Banco do Nordeste; trar sua atuação sempre em conformidade com o interesse público;
IX- Curtir ou compartilhar comentário, feito por terceiro, que VIII- Acompanhar, de maneira sistemática, o desempenho do Ban-
atente contra os princípios e valores deste Código ou que seja ofen- co do Nordeste nas áreas de ética e de integridade, bem como garantir
sivo ao Banco do Nordeste, por poder se constituir em ato lesivo à a atualização constante das políticas, programas e instrumentos cor-
honra e à reputação institucional; porativos frente a novos cenários, de forma a reforçar a resiliência da
X- Produzir e/ou divulgar informações e notícias que deveria instituição a atos de improbidade, corrupção, fraude, nepotismo, con-
saber ser falsa. flito de interesses e outros que violem a ética e a integridade e, conse-
quentemente, comprometam o desempenho da missão institucional;
CAPÍTULO XIV IX- Promover e incentivar a manutenção dos mais altos níveis
DAS RESPONSABILIDADES ADICIONAIS DA ALTA ADMINIS- de ética e de integridade na Instituição e o desenvolvimento de uma
TRAÇÃO cultura organizacional baseada em elevados padrões de conduta;
X- Estimular o contínuo aprimoramento dos sistemas de gestão
Art. 37 A Alta Administração, composta pelos membros do Con- da ética e da integridade do Banco do Nordeste e o trabalho con-
selho de Administração, presidente e diretores, baseada na crença junto e coordenado dos respectivos componentes, favorecendo as
de que suas ações e decisões não apenas são exemplos para todos tomadas de decisão baseadas em critérios técnicos e não com base
os empregados e colaboradores, mas que também ajudam a com- em interesses particulares, minimizando os riscos de corrupção,
por a imagem do Banco do Nordeste perante o mercado e a socie- fraude, nepotismo e situações de conflito de interesses e aumen-
dade, deve enxergar-se e atuar como a principal responsável pela tando, assim, a qualidade dos serviços prestados pela Instituição;
promoção da cultura ética e de integridade dentro da instituição. XI- Promover eventos de treinamento e capacitação para admi-
nistradores e demais membros dos órgãos estatutários, emprega-
dos e colaboradores.

208
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO XV III- Exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da


DAS RESPONSABILIDADES ADICIONAIS DOS GESTORES sua natureza seja incompatível com as atribuições do cargo, função
ou emprego, considerando-se como tal, inclusive, a atividade de-
Art. 39 Os gestores devem atuar de forma a que suas condutas senvolvida em áreas ou matérias correlatas;
estejam sempre em conformidade com os padrões éticos e de inte- IV- Atuar, ainda que informalmente, como procurador, consul-
gridade exigidos por este Código, exercendo a liderança pelo exem- tor, assessor ou intermediário de interesses privados junto ao Ban-
plo e pelo compromisso contínuo de acompanhar, avaliar e cobrar co do Nordeste;
das suas equipes a adesão permanente aos princípios e valores do V- Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de
Banco do Nordeste, orientando empregados e colaboradores para que participe administrador outro membro de órgão estatutário,
a apropriada condução de suas atividades. empregado ou colaborador, seu cônjuge, companheiro ou parentes,
Art. 40 Também é dever dos gestores: consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro
I- Cumprir e fazer cumprir as leis, os normativos internos, as grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos
políticas corporativas, o Código de Conduta Ética e Integridade e as de gestão;
Normas de Conduta do Banco do Nordeste; VI- Receber presente de quem tenha interesse em decisão de
II Assumir postura de responsabilidade pelo todo, acompa- administrador, de membro de órgão estatutário ou de empregado
nhando e adotando medidas que inibam irregularidades e violações ou ainda de colegiado do qual estes participem fora dos limites e
ao disposto neste Código, em especial, atos de corrupção, fraude, condições estabelecidos no Capítulo XVII.
nepotismo, conflito de interesses e todas as formas de assédio; §1º A ocorrência de conflito de interesses independe da exis-
III- Controlar o acesso e o uso das informações e sistemas cor- tência de lesão ao patrimônio público, bem como do recebimento
porativos pela equipe subordinada; de qualquer benefício ou ganho, financeiro ou não.
IV- Abster-se de utilizar, para fins particulares, bens ou serviços §2º O empregado que tenha dúvidas quanto a uma eventual
corporativos; situação concreta, que lhe diga respeito e que possa configurar con-
V- Abster-se de manter, sob sua subordinação hierárquica dire- flito de interesses, deverá realizar consulta ao Sistema Eletrônico de
ta, cônjuge, companheiro(a) ou parente em linha reta ou colateral, Prevenção de Conflito de Interesses (SeCI), do Ministério da Trans-
por consanguinidade ou afinidade, até o 3º grau; parência e Controladoria-Geral da União (CGU).
VI- Não apenas buscar continuamente o autodesenvolvimento §3º Situação ou circunstância de conflito de interesses deverá
nos temas de ética e integridade, mas também estimular e apoiar ser comunicada por meio dos canais de denúncias apresentados no
treinamentos, capacitações e o desenvolvimento de suas equipes Artigo 62.
nesses temas; §4º Ao Presidente e aos Diretores do Banco do Nordeste é
VII- Procurar certificar-se da autenticidade, fidedignidade, cla- permitido o exercício não remunerado de encargo de mandatário,
reza e objetividade das informações prestadas pela equipe subor- desde que não implique a prática de atos de comércio ou quaisquer
dinada; outros incompatíveis com o exercício do seu cargo ou função, nos
VIII- Difundir a cultura do cuidado e do zelo com o patrimônio, termos da lei, e desde que previamente autorizado ou determinado
com os recursos postos à disposição da equipe e com a imagem do pelo Conselho de Administração.
Banco do Nordeste. Art. 43 O exercício de atividades extrabanco é permitido ao
IX- Evitar demandar tarefas ou realizar cobranças relacionadas empregado, desde que não exista conflito de interesses e que seja
ao trabalho fora do horário de expediente de subordinados, nos fins observado o disposto neste Código e nos demais normativos que
de semana, feriados e férias. tratam do tema e, em especial, que:
I- Não haja interferência em suas atividades e responsabilida-
CAPÍTULO XVI des perante o Banco do Nordeste e seja compatível com seu horário
DO CONFLITO DE INTERESSES de trabalho;
II- Não acarrete nem possa acarretar dano à reputação ou à
Art. 41 Toda e qualquer situação que possa criar, ou sugerir imagem do Banco do Nordeste;
conflitos, reais ou potenciais, entre interesses públicos, em espe- III- Não sejam divulgadas ou utilizadas informações privilegia-
cial os do Banco do Nordeste, e interesses privados, que possam das obtidas em função do desempenho de suas atividades no Banco
comprometer o bem comum ou influenciar, de maneira imprópria, do Nordeste, observado o disposto no inciso III do Artigo 49;
o desempenho da função pública da Instituição, deve ser prevenida, IV- Não sejam utilizados os recursos materiais e humanos pos-
coibida e reportada. tos a sua disposição para o desempenho de suas atividades no Ban-
Parágrafo único: O conflito de interesses é real quando a si- co do Nordeste.
tuação geradora já se consumou e é potencial quando interesses
particulares podem gerar conflito de interesses em situação futura. CAPÍTULO XVII
Art. 42 São exemplos de situações que geram ou sugerem con- DOS PRESENTES, BRINDES E HOSPITALIDADES
flito de interesses e que devem ser evitadas:
I- Divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito Art. 44 É vedado exigir, pedir, inclusive mediante insinuação,
próprio ou de terceiros, obtida em razão das atividades exercidas; oferecer, ou aceitar qualquer tipo de favor, presente, comissão, aju-
II- Exercer atividade que implique a prestação de serviços ou da financeira, vantagem, contribuição, cortesia, compensação, do-
a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica ação, recompensa, gratificação, prêmio ou convites pessoais para
que tenha interesse em decisão de administrador ou empregado viagens, hospedagens e entretenimento para si, para familiares ou
ou do colegiado dos quais estes participem no Banco do Nordeste; para terceiros, para o cumprimento da sua missão ou para influen-
ciar outro agente público para o mesmo fim.

209
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§1º Podem ser aceitos ou oferecidos brindes que: CAPÍTULO XVIII


I- Sejam distribuídos de forma generalizada a título de propa- DOS BENS E RECURSOS DO BANCO DO NORDESTE
ganda, promoção institucional, divulgação habitual ou por ocasião
de eventos especiais ou datas comemorativas de caráter histórico Art. 46 O patrimônio, as instalações e os recursos materiais,
ou cultural e que possuam valor unitário menor do que um por cen- técnicos e financeiros do Banco do Nordeste devem ser utiliza-
to do teto remuneratório previsto no inciso XI do caput do art. 37 dos de forma legal, zelosa, sustentável e primordialmente para o
da Constituição; cumprimento das atribuições que atendam aos propósitos insti-
II- Não possuam valor comercial. tucionais, bem como protegidos de danos, manuseio inadequado,
§2º Independentemente das hipóteses previstas no § 1º, não perdas ou extravios, evitando e combatendo toda forma de uso in-
pode ser aceito brinde distribuído por uma mesma pessoa, empre- devido, abuso e desperdício.
sa ou entidade a intervalos menores do que doze meses. Art. 47 É vedada a utilização da infraestrutura, instalações,
§3º Se o valor do brinde ultrapassar o valor mencionado o inci- equipamentos, redes de dados, canais de comunicação, recursos
so I do §1º acima, será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe, humanos, materiais e de tecnologia da informação (correio eletrô-
em caso de impossibilidade de recusa ou de devolução imediatas, nico, Internet, Intranet, sistemas, aplicativos etc.) do Banco do Nor-
uma das seguintes providências: deste para atividades ou assuntos político-partidários, religiosos ou
I- Tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, de interesse comercial próprio ou de terceiros.
destiná-lo ao acervo do Banco do Nordeste para que este lhe dê o
destino adequado; CAPÍTULO XIX
II- Promover a sua doação a entidade de caráter assistencial DA SEGURANÇA E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que,
tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem Art. 48 São compromissos do público-alvo deste Código:
ou o produto da sua alienação em suas atividades-fim; ou I- Proteger a informação de forma a garantir sua integridade,
III- Determinar a incorporação ao patrimônio do Banco do Nor- confidencialidade e disponibilidade, conforme o caso;
deste. II- Preservar a segurança da informação, abstendo-se de tratar
§4º Somente é permitido receber valor monetário, presente ou de assuntos sigilosos, de uso interno do Banco, em salas de con-
brinde acima do limite estabelecido nas seguintes situações: versação, fóruns de discussão, redes e mídias sociais, plataformas
I- Quando procedentes de programas ou iniciativas de reconhe- de videoconferência e serviços de comunicação com acesso pela
cimento interno do Banco do Nordeste. internet não autorizados pelo Banco;
II- Quando oriundos de campanhas promocionais da CAPEF ou III- Resguardar as informações privilegiadas, relevantes ao pro-
da CAMED destinadas aos participantes e beneficiários respectiva- cesso de decisão no âmbito do Banco do Nordeste que tenham ou
mente. possam ter repercussão econômica ou financeira e que não sejam
III- Quando se configurarem como prêmio concedido em razão de amplo conhecimento público, obtidas tanto no exercício de suas
de concurso de acesso público a trabalho de natureza acadêmica, atribuições, quanto por meio casual, em virtude da falta de discri-
científica, tecnológica ou cultural. ção ou cuidado de pessoas obrigadas a guardar;
IV- Em razão de laços de amizade ou coleguismo entre em- IV- Preservar a privacidade, proteger e tratar com sigilo os da-
pregados ou colaboradores por ocasião de datas comemorativas dos pessoais e demais informações pertinentes a clientes, forne-
ou de confraternização, a exemplo de aniversários, despedidas e cedores, prestadores de serviços e demais parceiros, obtidos em
movimentações de pessoal, desde que a oferta não seja atrelada decorrência do relacionamento empresarial, fazendo uso apenas
à intenção de obter ganhos indevidos ou de recompensar alguém para fins apropriados e legalmente permitidos;
pelo cumprimento de uma obrigação inerente ao cargo ou função V- Abster-se de consultar o cadastro, as contas de depósitos (à
ocupada, nem caracterize troca de favores ou benefícios. vista ou vinculadas) e aplicações de empregados ou de correntistas
V- Quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos sem que seja por necessidade do serviço, preservando o sigilo ca-
protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício dastral, bancário, empresarial e profissional;
de funções diplomáticas. VI- Prestar esclarecimentos fidedignos, quando solicitado, nos
Art. 45 Na participação, por interesse institucional, em congres- prazos estabelecidos em legislação.
sos, seminários e eventos similares, a cobertura dos custos caberá
ao Banco do Nordeste, sendo vedado o recebimento de qualquer CAPÍTULO XX
hospitalidade ou remuneração oferecida por terceiros. DA GESTÃO DA ÉTICA E DA INTEGRIDADE
Parágrafo único: Poderão ser custeados inscrição, passagem,
hospedagem e traslados, pela organização do evento, desde que Art. 49 A gestão da ética no Banco do Nordeste é conduzida
não se trate de benefício exclusivo ao Banco do Nordeste ou nos pela Comissão de Ética e por sua Secretaria Executiva, ambas cons-
casos em que essas despesas forem providas por governo estran- tituídas nos termos da legislação pertinente, em especial o Decreto
geiro e suas instituições, por organismos internacionais ou institui- nº 6.029/2007 e a Resolução nº 10/2008 da Comissão de Ética Pú-
ções acadêmicas, científicas ou culturais, que não tenham interesse blica da Presidência da República (CEP).
em decisão ou atos dos participantes do Banco do Nordeste ou de Parágrafo único: As normas e procedimentos que orientam os
colegiados dos quais estes participem. trabalhos da Comissão de Ética estão consolidados no seu Regimen-
to Interno.
Art. 50 Dentre as atribuições da Comissão de Ética do Banco do
Nordeste, destacam-se:

210
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

I- Na dimensão educativa, recomendar, acompanhar e avaliar §6º Os trabalhos da Comissão de Ética são considerados prio-
o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capaci- ritários sobre as atribuições próprias do cargo ou função dos seus
tação e treinamento sobre as normas de ética, bem como a divul- membros, quando estes não atuarem com exclusividade na Comis-
gação e implementação deste Código, em parceria com as demais são.
unidades competentes; §7º O registro nos assentamentos funcionais do empregado
II- Apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desa- pode ocorrer também para o Secretário-Executivo da Comissão de
cordo com as normas éticas pertinentes, aplicando as consequen- Ética e para aquelas pessoas que, a juízo de seus membros, tenham
tes medidas preventivas e punitivas, conforme disciplinado no Ca- prestado relevante serviço à Comissão.
pítulo XXIII; §8º A infração de natureza ética cometida por membro da Co-
III- Atuar como instância consultiva e orientativa em questões missão de Ética será apurada pela Comissão de Ética Pública da Pre-
relacionadas a este Código; sidência da República.
IV- Dirimir dúvidas atinentes à interpretação deste Código e das Art. 54 Aos membros da Comissão de Ética do Banco do Nor-
normas que versem sobre questões éticas e deliberar sobre casos deste, titulares e suplentes, será assegurada inamovibilidade de lo-
omissos; tação e função em comissão durante o mandato e após o fim de seu
V- Supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta mandato por até12 (doze) meses, conforme parágrafo único.
Administração Federal e comunicar à Comissão de Ética Pública Parágrafo único: Caso o período do mandato seja inferior a três
(CEP) a ocorrência de fatos que possam configurar descumprimen- anos, será calculado tempo de asseguramento de forma proporcio-
to de suas normas; nal ao tempo de exercício como membro na Comissão de Ética, li-
VI- Representar o Banco do Nordeste na Rede de Ética do Poder mitado ao período de 12 meses.
Executivo Federal. Art. 55 Os membros da Comissão de Ética e de sua Secretaria
Art. 51 A representação, a denúncia ou qualquer outra deman- Executiva terão assistência jurídica interna durante o mandato e por
da deve ser encaminhada por meio dos canais apresentados no Ar- período indeterminado posterior ao mandato, ainda que desligados
tigo 62. dos quadros de empregados da empresa, acaso demandados admi-
§1º Quando o autor da demanda não se identificar, a Comissão nistrativa ou juridicamente por atos seus nesta qualidade.
de Ética poderá acolher os fatos narrados para fins de instauração, Art. 56 O funcionamento da Comissão de Ética é estabelecido
de ofício, de procedimento investigatório, desde que contenha in- em Regimento Interno aprovado pela própria Comissão.
dícios suficientes da ocorrência da infração ou, em caso contrário, Art. 57 As orientações e diretrizes para estruturação, efetivação
determinar o arquivamento sumário. e melhoria contínua do Programa de Integridade são apresentadas
§2º Compete à Comissão de Ética analisar as ocorrências de na Política de Integridade e Ética do Banco do Nordeste.
descumprimento deste Código no que concerne à dimensão da éti- Parágrafo único: O Programa de Integridade do Banco do Nor-
ca e decidir pela abertura do respectivo processo de apuração ou deste consiste no conjunto de mecanismos e procedimentos inter-
pelo encaminhamento da demanda às áreas internas competentes, nos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregulari-
no caso de tema ou infração de outra natureza. dade e na aplicação efetiva deste Código, das normas de conduta e
§3º A Comissão de Ética fica obrigada a preservar o sigilo de das políticas e diretrizes institucionais, com o objetivo de detectar
quaisquer informações a que tenha acesso. e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados
Art. 52 São princípios fundamentais no trabalho desenvolvido contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
pelos membros da Comissão de Ética: Art. 58 A gestão da integridade no Banco do Nordeste ocorre
I- Preservar a honra e a imagem da pessoa investigada; de forma distribuída e envolve coordenação e a utilização de meca-
II- Proteger a identidade do denunciante; nismos e procedimentos pelas diversas áreas da Instituição.
II-I Atuar de forma independente e imparcial. Parágrafo único: O Ambiente de Controles e Internos e Com-
Art. 53 A Comissão de Ética do Banco do Nordeste é composta pliance é a instância colegiada responsável pela coordenação das
por 3 (três) membros titulares, com respectivos suplentes, todos ações da Política de Integridade e Ética do Banco do Nordeste, sub-
escolhidos entre os empregados do quadro permanente e em ati- missão de atualizações dessa política e do Programa de Integridade
vidade no Banco. à Diretoria Executiva, bem como de eventuais fragilidades, opor-
§1º Dois membros titulares e dois suplentes são designados tunidades de melhoria e ações necessárias ao aprimoramento dos
pelo Presidente do Banco do Nordeste. mecanismos e procedimentos de integridade.
§2º Um membro titular e um suplente são escolhidos pelos
empregados do Banco do Nordeste, respectivamente o primeiro e CAPÍTULO XXI
o segundo mais votados em eleição direta conduzida pelo Banco e DAS DENÚNCIAS
realizada a cada três anos
§3º Compete ao Presidente do Banco do Nordeste designar, Art. 59 Qualquer pessoa pode apresentar denúncia relativa a
dentre os componentes, o presidente da Comissão. comportamentos que infringem o estabelecido neste Código.
§4º O mandato dos membros da Comissão é de três anos, não §1º O Banco do Nordeste disponibiliza canais que possibilitam
coincidentes, permitida apenas uma recondução. o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao des-
§5ºA atuação na Comissão de Ética é considerada prestação de cumprimento deste Código e das demais normas internas e obriga-
relevante serviço público e não enseja qualquer remuneração, de- cionais ou situações com indício de ilicitude de qualquer natureza,
vendo ser registrada nos assentamentos funcionais do empregado. relacionadas às atividades da Instituição.

211
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§2º A Política de Proteção ao Denunciante é parte integrante §2º A Comissão de Ética do Banco do Nordeste dará publicida-
do Código de Conduta Ética e de Integridade do Banco do Nordeste de das decisões que resultar em sanção, em recomendação ou em
e possui mecanismos de proteção que impedem qualquer espécie ACPP, de forma resumida, com omissão dos nomes dos envolvidos,
de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias. através de ementa, no sítio eletrônico do Banco do Nordeste na in-
Art. 60 A denúncia deverá conter: ternet.
I -Identificação opcional do denunciante; §3º A Comissão de Ética manterá banco de dados com as san-
II- Identificação do denunciado; ções aplicadas nos últimos três anos, que deverá ser consultado
III- Descrição detalhada dos fatos; para fins de nomeação para o exercício de função em comissão.
IV- Apresentação dos elementos de prova ou indicação de onde §4º A penalidade de Censura Ética será aplicada independente-
podem ser encontrados. mente de outras sanções, legais ou administrativas, determinadas
Art. 61 Os responsáveis pelo tratamento de denúncias com- por outras áreas competentes.
prometem-se a garantir o anonimato do denunciante quando este Art. 64 No caso dos membros da Comissão de Ética do Banco
assim o desejar. do Nordeste, Secretaria da Comissão de Ética, da alta administração
(presidente e diretores), além de membros do Conselho de Admi-
CAPÍTULO XXII nistração e Fiscal, a competência para apuração e aplicação de san-
DOS CANAIS DE DENÚNCIA ções éticas é da Comissão de Ética Pública (CEP).
Art. 65 No caso dos colaboradores sujeitos às normas deste có-
Art. 62 Os canais de denúncia do Banco do Nordeste são: digo, que não sejam empregados do Banco do Nordeste, compete
I- E-mail: comissaodeetica@bnb.gov.br ou ouvidoria@bnb.gov. à Comissão de Ética do Banco do Nordeste, tão somente proceder
br ou superauditoriabnbdenuncias@bnb.gov.br ou comitedeAudi- a devida apuração dos fatos, sem aplicação de penalidade, com o
toria@bnb.gov.br; envio do resultado ao gestor do contrato, reservando cópia ao Pre-
II- Telefones: Comissão de Ética (85) 3251-7693/ (85) 3251- sidente do Banco do Nordeste, para as providências cabíveis, junto
7694 ou Ouvidoria0800 033 3033. Para pessoas com deficiência à empresa a qual o colaborador pertence.
auditiva: 0800 033 3031; Art. 66 Pela infringência às disposições legais, normas e regu-
III- Carta: Comissão de Ética - Av. Doutor Silas Munguba, 5.700 lamentos do Banco, e após conclusão de procedimento disciplinar
– Polo de Lazer – Passaré – Fortaleza – CE – CEP: 60.743-902; pelo envolvimento na irregularidade, o empregado, de acordo com
IV- Presencial, na sala da Comissão de Ética, no endereço cons- a natureza e a gravidade, poderá sofrer punições disciplinares, sem
tante do inciso III acima, mediante agendamento com a Secretaria prejuízo, quando for o caso, da aplicação de responsabilização pe-
Executiva da Comissão; e cuniária.
V- Para denúncias de assédio sexual: (85) 99857-0268. Art. 67 As punições disciplinares são:
I- Repreensão: aplicada para condutas que descumpram deve-
CAPÍTULO XXIII res funcionais, sem indícios de dolo ou má-fé, de gradação leve e
DAS SANÇÕES que não justifique imposição de penalidade mais grave;
II- Advertência: aplicada em caso de reincidência de conduta
Art. 63 O descumprimento ao disposto neste Código no tocante anteriormente punida com repreensão ou nas hipóteses de des-
aos aspectos éticos ocasionará a aplicação da penalidade de Censu- cumprimento de qualquer das vedações ou deveres funcionais pre-
ra Ética, após o devido Processo de Apuração Ética (PAE), assegu- vistos em lei, regulamentação ou norma interna que não justifique
rando-se o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo de outras imposição de penalidade mais grave;
providências a cargo da Comissão de Ética do Banco do Nordeste, III- Suspensão: aplicada em caso de reincidência das faltas pu-
cumulativamente ou não, tais como: nidas com advertência, nas ocorrências de gradação média, ou de
I- Recomendação de dispensa de função de confiança; violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
II- Outras medidas necessárias para evitar ou sanar desvios éti- à penalidade de rescisão contratual por justa causa. É expressa pelo
cos, lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta Pessoal e Profis- compulsório afastamento de empregado do exercício de suas ativi-
sional – ACPP dades por período de até 30 (trinta) dias;
§1º Da aplicação da censura decorrem as seguintes consequ- IV- Despedida por justa causa: aplicada quando do cometimen-
ências, além de outras que venham a ser criadas por normativos to de infração prevista na legislação vigente como justa causa para
internos: rescisão do contrato de trabalho.
I- Não recebimento de promoção por mérito no processo em Parágrafo único: A aplicação de punição disciplinar não exclui
curso ou subsequente à decisão da Comissão de Ética do Banco do a possibilidade de, a critério do Banco, serem adotadas as medidas
Nordeste, conforme o caso; judiciais cabíveis para que o empregado repare os danos e prejuízos
II- Comunicação à Comissão de Ética Pública (CEP), com o nome causados.
do empregado censurado, para registro em seu banco de dados,
para fins de consulta pelos órgãos ou entidades da administração CAPÍTULO XXIV
pública federal em casos de nomeação para cargo em comissão ou DAS DÚVIDAS E PEDIDOS DE INFORMAÇÃO
de alta relevância pública;
III- Registro da penalidade nos assentamentos funcionais, pelo Art. 68 Em caso de dúvida quanto à aplicação deste Código ou
prazo de 3 (três) anos, contados da data em que a decisão se tornou sobre supostas infrações ao seu conteúdo, consultar a Comissão de
definitiva, após o qual deverá ser retirado, caso o empregado cen- Ética do Banco do Nordeste por meio dos canais apresentados no
surado não tenha praticado nova infração ética. Artigo 62, ou ainda, por meio dos representantes locais da Comis-
são nas Superintendências Estaduais.

212
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO XXV A presente PRSAC foi elaborada em consonância com a Reso-


DISPOSIÇÕES FINAIS lução do Conselho Monetário Nacional nº4.945, de 15/09/2021,
que dispõe sobre a Política de Responsabilidade Social, Ambiental
Art. 69 Como afirmação do compromisso do Banco do Nordes- e Climática (PR- SAC) e sobre as ações com vistas à sua efetividade
te com a equidade de gênero, destaca-se que os termos “empre- a serem estabelecidas pelas instituições financeiras edemais insti-
gados”, “colaboradores”, “contratados” e outros usados na forma tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
gramatical do masculino ao longo deste Código referem-se sempre
a mulheres e homens. PRINCÍPIOS
Art. 70 Os editais de concurso público para seleção de empre- São princípios de Responsabilidade Social, Ambiental e Climá-
gados do Banco do Nordeste farão expressa referência a este Códi- tica do Banco do Nordeste:
go de Conduta Ética e Integridade para prévio conhecimento dos Promoção do desenvolvimento de sua área de atuação em ba-
candidatos. ses social, ambiental e climática sus- tentáveis;
Art. 71 Ninguém poderá ser responsabilizado civil, penal ou Promoção de inovação social e tecnológica para o semiárido
administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, brasileiro;
quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade Respeito e promoção da diversidade, equidade e inclusão em
competente para apuração de informação concernente à prática de seus negócios, atividades e processos e na relação com as partes
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em interessadas;
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. Gestão da operação empresarial de forma ecoeficiente e so-
Art. 72 A Comissão de Ética apreciará toda e qualquer sugestão cioambientalmente responsável;
de aprimoramento deste Código e proporá à Diretoria Executiva e Atuação pautada na ética, integridade e transparência em seus
ao Conselho de Administração do Banco do Nordeste eventuais atu- negócios, atividades e processos de trabalho e na relação com as
alizações que julgar necessárias. partes interessadas;
Parágrafo único: Este Código deverá ser revisado a cada três Apoio à transição para uma economia de baixo carbono e
anos. contribuição à mitigação de impactosassociados à mudança cli-
Art. 73 Este Código encontra fundamentos na Constituição mática;
Federal; no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Alinhamento às normas legais, às políticas públicas e aos princi-
do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto n°. 1.171, de pais tratados, acordos, pactos e con-venções nacionais e internacio-
22/06/1994; no Código de Conduta da Alta Administração Federal, nais relacionadas à responsabilidade social, ambiental e climática
aprovado em 21/08/2000; no Decreto n° 6.029, de 01/02/2007, que dos quais o Brasil é signatário, em especial à Declaração Universal
instituiu o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal; dos Direitos Humanos, aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-
nas Resoluções n° 3 e nº 10, de 23/11/2000 e 29/09/2008, respec- vel da ONU e ao Acordo de Paris;
tivamente, da Comissão de Ética Pública (CEP); na Lei Anticorrup- Contribuição de impacto positivo e mitigação dos impactos
ção n° 12.846, de 01/08/2013; na Lei de Conflito de Interesses n° negativos de seus produtos, serviços,atividades e processos;
12.813, 16/05/2013; na Lei das estatais n°13.303, de 30/06/2016; Promoção da inclusão social e da inserção produtiva em bases so-
na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) nº 13.709, de cial, ambiental e climática sustentáveis;
14/08/2018, e em outras Resoluções correlatas à Gestão da Ética Engajamento de partes interessadas e incentivo à adoção de
e Integridade. práticas social, ambiental e climatica- mente sustentáveis à toda
Art. 74 Este Código de Conduta Ética e Integridade entra em sua cadeia de valor.
vigor na data de sua publicação.
DIRETRIZES
Aprovação pelo Conselho de Administração e publicação em A atuação do Banco do Nordeste é norteada pelas seguintes
21/03/2023. diretrizes:
Contribuir para o desenvolvimento de atividades e setores
da economia com potencial de impactopositivo de natureza social,
POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ambiental ou climática;
DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL Apoiar a agricultura familiar e o agronegócio sustentável, em
especial a agroecologia, a agricultura orgânica, a agricultura de bai-
APRESENTAÇÃO xo carbono, metodologias produtivas regenerativas, a convivência
A Política de Responsabilidade Social, Ambien- como semiárido, o combate à desertificação, bem como o reflores-
tal e Climática (PRSAC) do Banco do Nordeste consiste tamento e a recuperação ambiental deáreas degradadas;
no conjunto de princípios e diretrizes de natureza social, ambiental Vedar a concessão de crédito a atividades, empreendimen-
e climática a ser observado por todo o Banco na condução de seus tos e práticas produtivas excluídas pornorma legal e àquelas que
negócios, atividades e processos, bem como na sua relação com não condizem com os princípios e diretrizes da Política de Respon-
partes interes- sadas (clientes e usuários dos produtos e serviços; sabili- dade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) do Banco do Nor-
comunidade interna; fornecedores e os prestadores de serviços deste;
terceirizados relevantes; investidores em títulos ou valores mobi- Considerar na análise das propostas de financiamento as espe-
liários emitidos pelo Banco; e de- mais pessoas impactadas pelos cificidades, fragilidades e restrições legais relacionadas a Unidades
produtos, serviços, atividades e processos do Banco do Nordeste, de Conservação, bem como a terras indígenas, povos tradicionais,
segundo critérios estabelecidos pelo próprio Banco). territórios quilombolas e comunidades afetadas por projetos de in-
fraestrutura;

213
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Adotar mecanismos para prevenção ao desmatamento ilegal Atentar para que a estrutura remuneratória e de campanha de
nos financiamentos; vendas de produtos e serviços não incentivem comportamentos in-
Apoiar a inclusão financeira e produtiva de microempreende- compatíveis com esta Política;
dores rurais e urbanos, além de micro epequenas empresas; Induzir a adoção de melhores práticas sociais, ambientais e cli-
Apoiar projetos para inclusão social de indivíduos e grupos máticas para fornecedores de produ-tos e serviços;
em situação de risco e vulnerabilidadesocial; Contemplar, em todos os instrumentos de crédito, termos de
Fomentar o uso de fontes renováveis para geração de energia; parceria, acordos, convênios e con- tratos celebrados pelo Banco,
Incentivar a inovação, pesquisa e desenvolvimento científico exigências relacionadas ao combate à discriminação de qualquer
e tecnológico para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da natureza, ao trabalho infantil, ao trabalho adolescente (salvo na
região, incluindo tecnologias sociais, visando soluções que con- condição de aprendiz), ao trabalhoem condição análoga à de escra-
tribuampara avanços de natureza social, ambiental ou climática; vo, ao assédio moral e sexual, ao proveito criminoso da prostituição
Observar a comprovação do licenciamento ambiental, auto- e a danos ao meio ambiente;
rização para desmatamento e outorga de uso de recurso hídrico, Incentivar parcerias com partes interessadas, reforçando o
quando couber, das atividades e empreendimentos, de acordo reconhecimento dos compromissos denatureza social, ambiental
com as normas e critérios estabelecidos pela legislação ambiental e climática do Banco;
federal, estadual e/ou municipal; Incentivar a produção e difusão cultural, inclusive nos estados
Incorporar critérios sociais, ambientais e climáticos na cria- e municípios nos quais não há Cen-tros Culturais Banco do Nordes-
ção, no desenvolvimento, operação e avaliação de programas de te;
financiamento, produtos, serviços, atividades e processos; Incorporar as temáticas social, ambiental e climática nos ins-
Incorporar critérios sociais, ambientais e climáticos ao processo trumentos de planejamento estratégi-co do Banco;
de análise e concessão de financia-mentos e acompanhamento de Alinhar as ações de comunicação com os princípios e diretrizes
operações de crédito, bem como na aceitação, renovação e execu- desta Política.
ção de garantias imobiliárias;
Estimular o desenvolvimento territorial e espacialmente dis- PAPEIS E RESPONSABILIDADES
tribuído; Todas as unidades organizacionais relacionadas com a PRSAC
Contribuir para a segurança hídrica na área de atuação do Ban- devem conhecer, aplicar e adotar as roti-nas e procedimentos ope-
co, em especial no semiárido; racionais necessários para sua efetivação.
Estabelecer procedimentos e medidas visando ao uso de recur-
sos e serviços de maneira sustentá- vel, destinar corretamente os GOVERNANÇA
resíduos, gerenciar a emissão de Gases de Efeito Estufa; Compõem a Governança da Política de Responsabilidade
Respeitar os direitos trabalhistas, a liberdade de associação e Social, Ambiental e Climática do Banco doNordeste:
de negociação coletiva na relação com a comunidade interna; A Diretoria de Planejamento, com as seguintes competências:
Promover a valorização da diversidade, equidade e inclusão e Prestação de subsídios e participação no processo de tomada
propiciar um ambiente de trabalho plural, inclusivo, saudável, segu- de decisões relacionadas ao esta-belecimento e à revisão da PRSAC,
ro e sem discriminação de qualquer natureza; auxiliando o Conselho de Administração;
Proporcionar o desenvolvimento pessoal e profissional dos Implementação de ações com vistas à efetividade da PRSAC;
empregados promovendo a equidadede oportunidades, a transpa- Monitoramento e avaliação das ações implementadas;
rência nos processos de seleção, promoção e avaliação e nas políti- Aperfeiçoamento das ações implementadas quando identifi-
cas de remuneração e plano de carreira dos empregados; cadas eventuais deficiências;
Desenvolver ações que promovam a adoção de boas práticas Divulgação adequada e fidedigna de informações constantes
de educação financeira para clientes e comunidade interna; da seção “Divulgação” deste nor-mativo.
Atuar em consonância com a Política de Relacionamento O Comitê de Sustentabilidade, Riscos e de Capital, com as se-
com Clientes e Usuários de Produtos eServiços Financeiros e Po- guintes competências:
lítica de Privacidade; Propor recomendações ao Conselho de Administração sobre
Buscar a integração do Banco a pactos, acordos e compromis- o estabelecimento e a revisão daPRSAC;
sos nacionais e internacionais, de na-tureza social, ambiental ou cli- Avaliar o grau de aderência das ações implementadas à PRSAC
mática; e, quando necessário, propor re-comendações de aperfeiçoamento;
Atuar no relacionamento com suas partes interessadas de Manter registro das recomendações relativas aos dois itens
acordo com a Política de Integridadee Ética, a Política de Preven- imediatamente anteriores.
ção e Combate à Lavagem de Dinheiro e o Código de Conduta Ética O Conselho de Administração, com as seguintes competências:
eIntegridade do Banco do Nordeste; Aprovar e revisar a PRSAC, com o auxílio da Diretoria de Pla-
Proporcionar acessibilidade física e digital aos clientes e demais nejamento e do Comitê de Sustenta-bilidade, Riscos e de Capital;
usuários; Assegurar a aderência do Banco do Nordeste à PRSAC e às ações
Manter e promover canais de comunicação de fácil acesso com com vistas à sua efetividade;
todos os públicos de interesse; Assegurar a compatibilidade e a integração da PRSAC às de-
Instituir mecanismos de divulgação de informações acerca de mais políticas estabelecidas pela ins- tituição, incluindo políticas
seu desempenho em termos de con-tribuição social, ambiental e cli- de crédito, de gestão de recursos humanos, de gerenciamento
mática para o desenvolvimento de sua área de atuação; deriscos, de gerenciamento de capital e de conformidade;
Prover, à comunidade interna, competências necessárias para a Assegurar a correção tempestiva de deficiências relacionadas
efetivação desta Política; à PRSAC;

214
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Estabelecer a organização e as atribuições do comitê responsá- Plano de Ação da PRSAC - conjunto de ações e iniciativas a se-
vel pela PRSAC no Banco do Nor- deste; rem implementadas pelas unidadesda Direção Geral com vistas a
Assegurar que a estrutura remuneratória do Banco não incenti- sanarem lacunas e / ou incorporarem avanços corporativos para
ve comportamentos incompatíveis com a PRSAC; efetivação dos princípios e diretrizes da PRSAC;
Promover a disseminação interna da PRSAC e das ações com Matriz de Responsabilidades PRSAC - as ações básicas de
vistas à sua efetividade. cumprimento da PRSAC distribuídas pelas unidades da DIRGE de
A Diretoria Executiva com a seguinte competência: acordo com suas respectivas atribuições.
Conduzir suas atividades em conformidade com a PRSAC e
com as ações implementadas comvistas à sua efetividade. CANAIS DE COMUNICAÇÃO
Os processos relativos ao estabelecimento da PRSAC e à imple- Dúvidas e sugestões relacionadas a esta Política e sua aplica-
mentação de ações com vistas à suaefetividade devem ser avaliados ção, devem ser encaminhadas ao endereço eletrônico: relaciona-
periodicamente pela Auditoria Interna. mento@bnb.gov.br.
Informações públicas acerca dessa Política estão disponíveis
DIVULGAÇÃO no link: https://www.bnb.gov.br/sustentabilidade/politica-de-res-
O Banco divulgará ao público externo, em local único e de fácil ponsabilidade-social-ambiental-e-climatica
identificação em seu sítio na internet, asseguintes informações:
A PRSAC; RESPONSÁVEIS PELO DOCUMENTO
As ações implementadas com vistas à efetividade da PRSAC, Elaboração: Célula de Estratégias de Sustentabilidade – Am-
bem como os critérios para a suaavaliação; biente de Políticas de Desenvolvimento Sus-tentável – Superinten-
A relação dos setores econômicos sujeitos a restrições nos ne- dência de Políticas de Desenvolvimento Sustentável.
gócios realizados em decorrência deaspectos de natureza social, de
natureza ambiental ou de natureza climática, quando existentes; Aprovação: Conselho de Administração Diretoria responsá-
A relação de produtos e serviços oferecidos que contribuam vel: Diretoria de Planejamento
positivamente em aspectos de natu- reza social, de natureza am-
biental ou de natureza climática, quando existentes; ESTRATÉGIA ASG (AMBIENTAL, SOCIAL E
A relação de pactos, acordos ou compromissos nacionais ou GOVERNANÇA): ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE
internacionais de natureza social, de natureza ambiental ou de DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
natureza climática, dos quais o Banco seja participante, quando
existentes;
Os mecanismos utilizados para promover a participação de A Estratégia ASG (Ambiental, Social e Governança) do Banco do
partes interessadas no processo deestabelecimento e de revisões Nordeste do Brasil representa um marco significativo em sua jorna-
da PRSAC; da para se tornar uma instituição financeira líder em sustentabili-
Facultativamente, a avaliação das ações quanto à sua contribui- dade e responsabilidade social. Esta estratégia é uma abordagem
ção para a efetividade da PRSAC. multifacetada que permeia todas as operações e políticas do banco,
refletindo seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da
ATUALIZAÇÃO região Nordeste do Brasil.
A revisão da PRSAC deve ser feita no mínimo a cada três anos
ou quando da ocorrência de mudança re-gulatória ou eventos consi- Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática
derados relevantes pelo Banco, incluindo: O Banco do Nordeste adotou uma política abrangente que en-
Oferta de novos produtos ou serviços relevantes; globa responsabilidade social, ambiental e climática. Esta política
Modificações relevantes nos produtos, nos serviços, nas ativi- não só cumpre os requisitos regulatórios, mas também coloca o
dades ou nos processos do Banco; banco na vanguarda de práticas sustentáveis no setor financeiro.
Mudanças significativas no modelo de negócios do Banco; Ela reflete o compromisso do banco em mitigar os impactos am-
Reorganizações societárias significativas; bientais adversos e promover um desenvolvimento que seja susten-
Mudanças políticas, legais, regulamentares, tecnológicas, ou tável e benéfico para as comunidades locais.
de mercado, incluindo alterações significativas nas preferências
de consumo que impactem de forma relevante os negócios da Linhas de Financiamento e Produtos para Sustentabilidade
instituição, tanto positiva quanto negativamente; O banco oferece uma variedade de linhas de crédito e produtos
Alterações relevantes em relação à dimensão e à relevância da financeiros que têm um impacto positivo no meio ambiente, co-
exposição ao risco social, ao riscoambiental e ao risco climático, de nhecidos como crédito verde. Esses produtos são projetados para
que tratam a Resolução CMN nº 4.557/2021. incentivar e facilitar projetos e empresas que se dedicam a práticas
sustentáveis e ecologicamente corretas. Isso inclui tudo, desde a
AÇÕES COM VISTAS À EFETIVIDADE DA PRSAC promoção de energias renováveis até o apoio a pequenas empresas
Para monitorar e avaliar a efetividade da Política de Res- e agricultores que empregam técnicas agrícolas sustentáveis.
ponsabilidade Social, Ambiental e Climática(PRSAC) foram insti-
tuídos os seguintes mecanismos: Gestão Ambiental Empresarial
Índice de Cumprimento da PRSAC - conjunto de indicadores O Banco do Nordeste incorporou uma robusta gestão ambien-
de responsabilidade das unidades da Direção Geral, elaborados tal empresarial em suas operações. A instituição adotou um Siste-
com participação das unidades responsáveis e do Ambiente de Pla- ma de Gestão Ambiental que não apenas garante a conformidade
nejamento, devendo compor o Programa de Ação do Banco; com as leis e regulamentos, mas também promove uma cultura

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

interna de respeito e cuidado com o meio ambiente. O banco se Internet banking, banco virtual e “dinheiro de plástico”
esforça para reduzir sua pegada ecológica e implementar práticas Internet Banking
de negócios que sejam ambientalmente sustentáveis. É a plataforma bancária que utiliza a tecnologia como sua alia-
da. É o ambiente que fica na internet em que os clientes realizam
Gestão Socialmente Responsável operações bancárias, em ambiente fora da agência.
A estratégia ASG do Banco do Nordeste também se concentra No site do banco, os clientes podem realizar operações de ex-
fortemente na gestão socialmente responsável. Esta abordagem tratos, saldos, pagamentos, empréstimos, etc.; permitindo que as
inclui a promoção de igualdade de gênero e diversidade racial em movimentações sejam realizadas com mais conforto e comodidade,
seus quadros de funcionários, especialmente em cargos de lide- pois não há necessidade de se deslocar até uma agência.
rança. O banco está comprometido em oferecer oportunidades de
treinamento e desenvolvimento para seus empregados, garantindo Banco virtual
que eles estejam equipados para contribuir efetivamente para os São plataformas tecnológicas, também conhecidas como finte-
objetivos de sustentabilidade da organização. chs (empresas que inovaram no modelo de negócios e operação) do
Sistema Financeiro Nacional.
Relatórios de Sustentabilidade Foram criados para com a intenção de permitir o acesso ao
O Banco do Nordeste publica relatórios de sustentabilidade sistema bancário aos brasileiros que não tem acesso aos bancos
detalhados, que demonstram seu compromisso com a transparên- comuns.
cia e a responsabilidade. Estes relatórios, elaborados conforme os Toda sua operação é realizada de modo virtual, sem agências fí-
padrões da Global Reporting Initiative (GRI), fornecem insights va- sicas abertas. Desde a abertura de contas até as movimentações de
liosos sobre o desempenho do banco em áreas ambientais, sociais pagamentos, consultas diversas, transferências são realizadas por
e de governança. Eles são fundamentais para avaliar o impacto das meio de sites ou aplicativos.
atividades do banco, permitindo que stakeholders e o público em
geral acompanhem seu progresso e desempenho em relação aos “Dinheiro de plástico”
objetivos de sustentabilidade. É o meio físico de pagamento, mais conhecido como “cartão”,
A Estratégia ASG do Banco do Nordeste do Brasil é um exemplo utilizado para pagamentos, saques e diversas movimentações em
de como uma instituição financeira pode integrar a sustentabilida- caixas eletrônicos.
de em seu núcleo de negócios. O banco demonstra um compromis- Facilitam na rapidez e no sentido de evitar idas nas agências,
so genuíno com a promoção de práticas que não apenas beneficiam apenas para tais serviços. Promove também o conforto e a seguran-
o ambiente e a sociedade, mas também garantem a governança ça do cliente que não necessita da utilização de dinheiro em espécie
responsável e ética. Essa abordagem holística é crucial para impul- para suas operações financeiras. Reduz custos para as instituições
sionar um desenvolvimento sustentável e inclusivo na região Nor- financeiras e promove a garantia do recebimento para os comer-
deste do Brasil. ciantes.
Os cartões mais utilizados são:
• Cartões de débito – Débito automático na conta do cliente
ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO. OS do valor referente a compra. Segurança também para o estabele-
BANCOS NA ERA DIGITAL: ATUALIDADE, TENDÊNCIAS cimento, pois tem a certeza que o pagamento já saiu da conta do
E DESAFIOS. INTERNET BANKING.MOBILE BANKING. cliente.
OPEN BANKING. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS. • Cartão de crédito – Incentiva o consumo, pois o pagamento
FINTECHS, STARTUPS E BIG TECHS. O DINHEIRO de suas compras ocorrerá apenas no vencimento da fatura, inclusi-
NA ERA DIGITAL: BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS ve em parcelas.
CRIPTOMOEDAS. • Cartões múltiplos – Que exercem duas funções simultâneas
(débito e crédito).
Presente, tendências e desafios
Os bancos “tradicionais” já utilizam a tecnologia para oferecer Mobile banking
serviços e facilidades aos seus clientes. Seja através de internet É a tecnologia do banco voltada para a tela do celular ou outros
banking ou móbile banking. No entanto, esses bancos precisam ino- dispositivos móveis, 365 dias por ano, permitindo a realização de
var tecnologicamente o mais rápido possível, caso contrário, serão diversas transações financeiras através de aplicativos que são bai-
substituídos pelos bancos digitais. xados em smartphones, relógios inteligentes, etc.
O maior desafio de um banco digital no Brasil é transformar Possibilita aos clientes rapidez e comodidade, devido acesso
uma cultura de muitos anos de contatos diretos com atendentes, em qualquer localidade e sem a necessidade de idas as agências
gerentes e pagamentos via operadores de caixa em agências físi- físicas; o que também reduz custos das instituições financeiras.
cas para o atendimento virtual. Pois ainda existe a desconfiança de
muitos clientes, principalmente aqueles com idades mais elevadas; Open banking e o modelo de bank as a service
inclusive a dificuldade e insegurança para o acesso. Open Banking
Para conquistarem mais clientes, os bancos digitais inovam É um conjunto de práticas que torna o cliente detentor de seus
cada vez mais em tecnologia e resolução de problemas de forma dados financeiros, como por exemplo, datas e valores de transfe-
mais simples e rápido, trazendo um conceito de valor e utilidade rências, pagamentos, ou produtos que selecionou para investimen-
para seus usuários. tos. O que proporciona inovação e concorrência entre os serviços
financeiros.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Em abril de 2019, o Banco Central do Brasil, iniciou a imple- Com o objetivo de ampliar o acesso de muitas pessoas a ser-
mentação do Open Banking no Brasil. viços financeiros, essas instituições identificaram espaços para in-
Essas novas ações possibilitam que o consumidor tenha o po- clusão de produtos e serviços, inclusive para quem não tem vínculo
der de escolha de transferir seus dados do banco A para o banco com os bancos. Por exemplo, cartão de crédito pré-pago.
B; pois acredita, por exemplo, que no segundo banco terá melhor Ou seja, o segmento de seus clientes é muito variado, embora
condições de taxas de juros, tarifas ou até mesmo, melhor atendi- os mais jovens sejam “mais simpáticos” e confiantes com serviços
mento. prestados de forma virtual.
Assim, o usuário tem a propriedade de seus dados e escolhe Além da qualidade dos serviços oferecidos, os bancos digitais
com quem compartilhá-los. atraem seus clientes pelas tarifas bem mais baixas que os demais
bancos e a simplicidade e comodidade de ter um banco acessível a
Modelo de bank as a service qualquer momento e lugar.
Também conhecido por “banco como serviço”, é uma solução
que tem o potencial de ampliar a competitividade e a colaboração Inteligência artificial cognitiva
na prestação de serviços financeiros. É a utilização da inteligência de computadores (robôs) que
Com o bank as a service, empresas de qualquer segmento de adquirem conhecimento com o passar do tempo. Ao utilizar essa
mercado, passam a ter condições de oferecer serviços bancários de tecnologia em seus serviços, as instituições financeiras tem como
uma forma simples e rápida. objetivo principal, a eficácia, rapidez no atendimento. E personali-
Os grandes benefícios para o consumidor é a variedade de em- zação dos serviços oferecidos.
presas oferecendo serviços bancários, as filas em bancos ficam ape- A cada acesso, o computador é abastecido com as informações
nas na lembrança, pois tudo é realizado por meio digital. do cliente, percebendo suas necessidades e preferências, por isso
que o sistema fica cada vez mais inteligente; por exemplo, ao aces-
O comportamento do consumidor na relação com o banco sar o internet banking. É a tecnologia em constante desenvolvimen-
Cada vez mais ligados as tecnologias, consumidores tem bus- to.
cado facilidade, comodidade e rapidez nos serviços em geral. Em Essa tecnologia é utilizada principalmente no atendimento te-
relação aos serviços bancários não seria diferente. lefônico das instituições, nos caixas eletrônicos através da leitura
Os bancos digitais preencheram grande parte dessas necessi- biométrica e também na internet e móbile banking.
dades, através da redução de burocracia, fim das filas e idas em
agências físicas dos bancos tradicionais. Com essas instituições já é Banco digitalizado versus banco digital
possível abrir contas, realizar aplicações, obter financiamentos por Banco digitalizado é a modalidade já conhecida de bancos
aplicativos de forma rápida e segura. “tradicionais” (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc.) que
Desde a entrada dos bancos virtuais, os clientes mudaram o utilizaram a tecnologia para modernizar o atendimento e inovar
relacionamento e o comportamento com os bancos, deixando a de- o modo como seus clientes realizam as transações. Através da di-
pendência física das agências, passando a se comunicar pelo inter- gitalização, conseguiram mudar o foco das agências para internet
net banking e móbile banking na utilização dos serviços financeiros. banking e móbile banking.
Porém, mesmo passando por essa inovação, não são totalmen-
A experiência do usuário te digitais e ainda possuem agências físicas para apoio presencial
A experiência do usuário (user experience – UX) é o termo uti- com operadores de caixa, atendentes e gerentes.
lizado para mencionar a relação de uma pessoa com um produto, Os bancos digitais são aqueles totalmente virtuais, não pos-
serviço, objeto, etc. Essa relação de utilidade vai definir se a experi- suem atendimento em agências físicas, por exemplo, Nubank e
ência foi boa ou ruim. Neon.
Os bancos digitais tem concentrado todos os esforços para que Já foram criados nesse novo conceito e seus clientes utilizam
a experiências de seus clientes seja a melhor possível. Para isso, de- 100% de internet banking e móbile banking para realizar operações
senvolvem a todo momento, produtos e serviços que atendam às como pagamentos, transferências, consultas, etc.; o saque ocorre
necessidades dos usuários, tanto na forma de redução de burocra- em caixas eletrônicos espalhados por estabelecimentos diversos.
cia de atendimento, facilidade e rapidez na solução de problemas, Para abrir uma conta nos bancos digitais, todo o processo é via
realização de tarefas de maneira mais ágil. ambiente virtual. O interessado se cadastra, faz a solicitação e após
São produtos e serviços cada vez mais inovadores e tecnológi- aprovação; envia os documentos e assinatura digitalizados.
cos, que proporcionam aos clientes e as empresas geração de valor.
Fintechs, Startups e Big Techs
Segmentação e interações digitais As fintechs (finanças + tecnologia) são startups que trabalham
Devido a facilidade de interação com a tecnologia, os usuários para otimizar o processo tradicional dos serviços financeiros e tam-
que mais crescem entre os clientes dos bancos digitais, são os jo- bém resolver através da tecnologia, problemas específicos de pes-
vens. Público que antigamente não se importava por assuntos de soas físicas ou jurídicas.
dinheiro, tem se mostrado cada vez mais interessados nos produtos Em geral, trazem produtos altamente inovadores, simples e
e serviços dos bancos digitais, que prezam pela resolução de pro- muito eficientes. Muitas vezes, analisando e preenchendo espaços
blemas. que deveriam ser dos bancos tradicionais, atendendo um público
Diferente dos bancos tradicionais, os virtuais trazem rapidez, que em muitos casos, não tem acesso as instituições financeiras
inovação e inclusive linguagens mais fáceis de entendimento. comuns.

217
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Big Techs são grandes empresas de tecnologia que dominam o Demais criptomoedas
mercado, moldam como as pessoas compra, vendem, consomem e As principais criptomoedas negociadas são:
trabalham. Tem como motor a inovação, sempre definindo novas • XRP Ripple – Criptomoeda centralizada, projetada para au-
tecnologias e serviços. Entre as principais estão a Apple, Amazon e xiliar instituições financeirasa movimentar dinheiro de forma mais
Microsoft. rápida, global e também com redução de custos.
• Litecan – Criptomoeda criada para transações mais rápidas e
Soluções mobile e service design com menos custos que a bitcoin, para ser utilizada em pagamentos
Soluções Mobile do dia a dia.
Utilização de aplicativos na tecnologia da resolução das ne- • Bitcoin Cash – Projetada para transações mais rápidas e roti-
cessidades dos clientes. Para que esse processo ocorra de maneira neiras, com taxas mais baixas.
mais eficaz, é necessário identificar quais serviços e produtos os • Ethereum – Blockchain que permite o armazenamento de
usuários mais precisam. contratos inteligentes e aplicativos em sua rede. Utiliza como crip-
No sistema bancário, são os aplicativos que permitem abertura tomoeda a Ether, lançada em 2017.
de conta e a realização de todas as transações bancárias e atendi-
mento ao cliente no local em que estiver, através de um smartpho-
ne.
SISTEMA DE BANCOS SOMBRA (SHADOW BANKING)

Service Design SISTEMA DE BANCOS - SOMBRA (SHADOW BANKING)


Serviço capaz de oferecer aos clientes utilidade, eficiência, efi-
cácia, ou seja, o serviço que é reconhecido pelos clientes a ponto de Com a globalização, os mercados financeiros de todo o mundo
gerar valor para ambas as partes. ficaram cada vez mais interligados e dependentes entre si. Mas ape-
No setor financeiro, os bancos digitais procuram oferecer servi- sar dos benefícios que essa integração trouxe, os riscos envolvidos
ços de qualidade, otimizando tempo e custos de clientes e trazendo em cada mercado deixaram de ter um caráter local e passaram a
soluções simples e rápidas para problemas financeiros. comprometer o mundo inteiro. Nesse contexto, um dos principais
fatores de preocupação atualmente é a operação do controverso
O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais cripto- sistema de shadow banking.
moedas
Shadow banking
Blockchain O shadow banking36, também conhecido em português como
É a tecnologia que permite o registro de informações de forma “sistema bancário sombra”, é um conjunto de operações e interme-
segura. Através dela, ocorre a transferência de valores digitalmente diários financeiros que fornecem crédito em todo o sistema finan-
mesmo sem a intermediação de instituições financeiras. Devido seu ceiro global de forma “informal”.
nível de segurança, não há necessidade da confiança entre terceiros Ou seja, por meio de uma série de atividades paralelas ao sis-
para as transações. tema bancário, algumas instituições e agentes conseguem realizar
Essa tecnologia pode ter outras funções, como a utilização na financiamentos de forma indireta, sem passar por nenhuma super-
indústria, para que a cadeia produtiva seja mais passível de rastrea- visão ou regulação.
mento e suas informações fiquem registradas de forma imutável e, Estas empresas intermediárias do segmento financeiro não par-
ainda, para que seus dados seu se percam. ticipam do sistema bancário tradicional. Ou seja, estão “à sombra”
Tudo pode ser registrado na blockchain, pois sua composição do sistema, por isso o nome.
se assemelha a uma grande biblioteca e a chave pública pode ser O sistema financeiro tradicional é organizado em função dos
comparada a pastas de arquivos. bancos e da relação que eles possuem com os governos de cada
Para utilizar seus recursos, os usuários devem possuir um ende- país. No entanto, como consequência da evolução mundial em ter-
reço na própria blockchain. mos de globalização e aumento de tecnologia, nos dias atuais exis-
tem diversas alternativas dentro do segmento.
Bitcoin Assim passou a existir essas novas formas de trabalhar com ope-
Bitcoin é uma moeda em forma de código, que não existe fisi- rações financeiras com o nome de “shadow banking”.
camente e não tem um banco central que organize sua organização.
Ou seja, só existe no mundo virtual. Dentre os intermediários não-regulamentados que podem fazer
Ela surgiu em 2008, tendo sua criação associada a um grupo de parte do shadow banking estão os:
a um grupo de programadores, usando um pseudônimo de Satoshi Bancos de investimento;
Nakamoto. Para isso, seus criadores utilizaram a soma do processa- Fundos de hedge;
mento de seus computadores para acelerar tal ação; pois um com- Operações com derivativos e títulos securitizados;
putador apenas levaria aproximadamente um ano para a realização Fundos do mercado monetário;
de uma fração de bitcoin. Companhias de seguros;
Para ser dono de bitcoins é necessário possuir uma carteira vir- Fundos de capital privado;
tual, representada por um aplicativo em que fica armazenado uma Fundos de direitos creditórios;
sequência de letras, que representa o dinheiro do comprador. Caso Factorings e fomentadoras mercantis;
esse código seja perdido, o resultado será a perda do investimento. Empréstimos descentralizados (peer-to-peer lending).
Atualmente existem diversas corretoras que trabalham com a
venda de bitcoins. 36 https://www.suno.com.br/artigos/shadow-banking/

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A grande questão em relação ao shadow banking é a falta de Isso significa que o shadow banking ainda permanece ativo e al-
fiscalização. Eles não sofrem com o mesmo rigor imposto aos ban- tamente alavancado, com uma alta proporção de dívida em relação
cos tradicionais, algo que pode apresentar maiores riscos a todas as aos seus ativos de garantia. Por isso, muitos acreditam que o esse
partes envolvidas. sistema ainda pode estar expondo os mercados financeiros de todo
Apenas para ilustrar essa questão, podemos citar duas das obri- mundo a um risco sistêmico excessivo.
gações que uma instituição bancária regulamentada precisa seguir:
FUNÇÕES DA MOEDA
O banco precisa ter patrimônio líquido suficiente para cobrir
todos os seus compromissos financeiros - inclusive com os seus
clientes. A moeda desempenha um papel crucial nas economias moder-
O banco é obrigado a estabelecer processos que permitam a ve- nas, desempenhando diversas funções que facilitam as transações
rificação dos seus clientes com o intuito de impedir o uso dos seus e promovem o funcionamento suave do sistema financeiro. Vamos
recursos de maneira ilegal. explorar as principais funções da moeda:
Como um shadow banking deixa de ser regulamentado e fisca-
lizado, ele também não precisa seguir todas as exigências. Neste Meio de troca
ponto, vale reforçar que citamos apenas dois exemplos de uma sé- Flexibilidade na especialização:
rie de requisitos que instituições bancárias seguem. Sem a obriga- A função primordial da moeda como meio de troca não apenas
toriedade, quem garante que uma empresa fará todos os processos simplifica as transações, mas também promove uma especialização
exigidos? Com isso, claro, aumenta-se o risco do negócio. mais eficiente entre os agentes econômicos.
Essa flexibilidade na especialização tem impactos significativos
Existência do Shadow banking no tecido produtivo das economias, impulsionando a eficiência e o
Instituições que praticam o shadow banking geralmente servem desenvolvimento econômico.
como intermediários entre credores e tomadores de empréstimos, Ao permitir que as transações ocorram de maneira mais sua-
fornecendo crédito e capital para investidores e corporações. ve e descomplicada, a moeda facilita a concentração de recursos e
Mas como essas instituições não são bancárias, elas não rece- habilidades em áreas específicas, contribuindo para o crescimento
bem depósitos tradicionais como um banco tradicional. Por isso, sustentável.
muitas operações feitas por essas instituições possuem maiores ris-
cos de mercado, de crédito e de liquidez, além de não possuir uma Unidade de conta
reserva de capital para servir como garantia. Desafios da inflação e estratégias de mitigação:
Críticas e riscos envolvidos no shadow banking Enquanto a moeda serve como uma unidade padrão para ex-
pressar o valor de bens e serviços, desafios surgem com a inflação,
O setor bancário paralelo desempenha um papel crítico ao que pode distorcer a estabilidade da unidade de conta ao longo do
atender crescente demanda por crédito no mercado global. Porém, tempo.
embora muitos argumentam que a atuação desse sistema bancário Estratégias de mitigação desses efeitos envolvem o desenvolvi-
paralelo pode aumentar a eficiência econômica, sua operação gera mento de políticas monetárias sólidas, controle inflacionário e ado-
preocupações quanto ao risco sistêmico de sistema financeiro. ção de medidas para preservar a estabilidade do poder de compra.
Muitos acreditam, por exemplo, que o shadow banking foi o A compreensão desses desafios é crucial para manter a con-
principal responsável pela crise de 2008 – a maior recessão econô- fiança na moeda como uma medida confiável de valor.
mica desde a Grande Depressão dos anos 1930.
Isso se deve porque, na véspera da crise de 2008, o sistema fi- Reserva de valor
nanceiro paralelo nos Estados Unidos tinha crescido aproximada- Diversificação de ativos para preservar o poder de compra:
mente o mesmo tamanho do sistema bancário tradicional do país. Além de sua função como meio de troca, a moeda atua como
Por isso, quando os junk bonds imobiliários criados pelo shadow reserva de valor, permitindo que as pessoas armazenem poder de
banking começaram a derreter, os investidores correram para ten- compra para o futuro.
tar resgatar seu capital. Estratégias inteligentes de diversificação de ativos tornam-se
Mas como todas essas operações estavam completamente ala- imperativas para preservar o poder de compra em cenários econô-
vancadas (ou seja, sem nenhum lastro ou garantia real), não haviam micos variados.
fundos para honrar nenhum compromisso. Logo, esse problema se Investir em ativos diversificados, como ações, títulos e commo-
alastrou por todo o mercado financeiro, desencadeando todo o res- dities, pode proporcionar uma abordagem robusta para enfrentar
tante da crise e afetando profundamente a economia mundial. a volatilidade econômica e preservar o valor ao longo do tempo.

Regulação e limitações propostas ao shadow banking Padrão de pagamentos diferidos


Após a crise de 2008, as autoridades do mundo inteiro se em- Influência nas Relações Contratuais:
penharam para aprovar uma série de medidas que regulasse e limi- A moeda, ao facilitar transações a prazo, desempenha um pa-
tasse a operação do shadow banking. Porém, apesar das reformas, pel crucial na moldagem das relações contratuais.
principalmente aquelas aprovadas pelo Congresso americano, es- Mudanças nas políticas monetárias podem ter impactos signifi-
sas instituições ainda não estão sujeitas aos mesmos regulamentos cativos em contratos e compromissos financeiros.
que os bancos depositários tradicionais.

219
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Compreender a influência da moeda nessas relações é funda- No contexto da globalização financeira, as regulações interna-
mental para assegurar a estabilidade e a confiança no ambiente de cionais desempenham um papel crucial na moldagem da interação
negócios, destacando a interconexão entre as decisões políticas e o entre moedas.
funcionamento do sistema econômico. A necessidade de padrões e regulamentações em uma econo-
mia globalizada é um ponto de discussão vital para assegurar a es-
Instrumento de cálculo tabilidade e a equidade nas transações internacionais.
Tecnologia na contabilidade:
No contexto das finanças modernas, a moeda atua não apenas
como uma unidade de conta, mas também como um instrumento
MARKETPLACE.
de cálculo.
A integração de tecnologias inovadoras, como blockchain, na O marketplace é um modelo de negócio que surgiu no Brasil
contabilidade moderna está transformando a confiabilidade e a efi- em 2012, também é conhecido como uma espécie de shopping cen-
ciência dos processos financeiros. ter virtual. É considerado vantajoso para o consumidor, visto que
A transparência e a segurança proporcionadas por essas ino- reúne diversas marcas e lojas em um só lugar, facilita a procura pelo
vações têm o potencial de remodelar a forma como os registros melhor produto e melhor preço.
financeiros são mantidos, promovendo uma maior confiança nas Um marketplace37 é um espaço onde vendedores e comprado-
transações. res se encontram e fazem transações.
Falando mais especificamente do mundo virtual, s são platafor-
Liquidez mas onde vendedores oferecem seus produtos e serviços a poten-
Efeitos da Iliquidez e estratégias de mitigação: ciais compradores.
Enquanto a liquidez é uma vantagem fundamental da moeda, O pode ser definido como um shopping virtual, no qual diver-
os efeitos da iliquidez podem ser desafiadores em diferentes con- sos lojistas dividem a mesma plataforma. No caso de um e-commer-
textos econômicos. ce convencional, cada empresa é responsável por criar e por gerir o
Desenvolver estratégias eficazes para mitigar riscos associados seu site de vendas. No Marketplace, a lógica é coletiva.
à iliquidez é vital. Isso pode envolver práticas como gestão de fluxo A principal vantagem do Marketplace é tornar os seus produ-
de caixa, diversificação de investimentos e o uso de instrumentos tos visíveis para mais internautas, aumentando as possibilidades de
financeiros adequados para garantir a flexibilidade financeira em você alcançar o seu público-alvo. Os consumidores também têm
momentos de volatilidade. vantagens em comprar neste tipo de canal, já que podem ter uma
experiência semelhante à que acontece em um shopping center.
Redução da complexidade nas transações
Globalização e desafios transnacionais: Qual a diferença de um marketplace para uma loja virtual?
A moeda, ao eliminar a necessidade de trocas complexas e Enquanto uma loja virtual, como Submarino ou Magazine Lui-
sistemas complicados de compensação, reduz a complexidade nas za, só tem um dono, um marketplace, como eBay ou MercadoLivre,
transações comerciais. reúne muitas lojas, de diferentes donos, que podem, inclusive, ven-
No entanto, à medida que as transações se tornam mais glo- der produtos iguais a preços diferentes.
bais, a moeda enfrenta desafios de complexidade em cenários No marketplace, o cliente encontra concorrência e isso significa
transnacionais. maior poder de escolha e melhores preços.
A evolução dos sistemas de pagamento e a adoção de padrões Para quem vende, a vantagem é a visibilidade. Vender seus
internacionais tornam-se cruciais para enfrentar esses desafios, produtos em um marketplace significa poder ser encontrado mais
promovendo uma economia global mais eficiente. facilmente pelo comprador.

Estímulo ao crescimento econômico Funcionamento do Marketplace


Inovações financeiras: O marketplace é dividido em dois níveis de acesso: um para o
Além de proporcionar estabilidade, a moeda também atua lojista e um para o cliente. Dessa forma, o lojista tem a oportuni-
como um catalisador para o crescimento econômico por meio de dade de customizar o seu mix de produtos ofertados e lidar com a
inovações financeiras. organização do marketplace.
A ascensão das fintechs, por exemplo, influencia significativa- Enquanto isso, para o cliente, é como acessar uma loja virtual
mente o ambiente econômico, estimulando a adoção de novas prá- comum, com a diferença de que existem várias opções de lojas.
ticas e tecnologias. Ou seja, isso quer dizer que, na hora de fechar uma compra, o
Essas inovações criam oportunidades para investimentos, au- procedimento adotado é como em qualquer outro comércio virtual.
mentam a eficiência financeira e contribuem para um ambiente Então, não é necessário redirecionar o consumidor para o site de
propício ao desenvolvimento econômico sustentável. cada loja ou fazer cobranças separadas.
O Marketplace reúne todos os vendedores virtuais no mesmo ambien-
Desafios e evolução contemporânea te e centraliza a função de pagamento. Assim, o procedimento para fechar
Inovações tecnológicas e globalização financeira: uma venda é semelhante a dos outros comércios eletrônicos. Não é necessá-
As inovações tecnológicas, especialmente a ascensão das crip- rio que o cliente seja redirecionado para a página de cada loja e, se ele com-
tomoedas, estão redefinindo as funções tradicionais da moeda. prar produtos de diferentes vendedores, poderá fazer um pagamento único
O impacto das criptomoedas, com considerações sobre segu-
rança, volatilidade e aceitação generalizada, destaca a necessidade 37 https://meunegocio.uol.com.br/blog/o-que-e-um-marketplace-e-como-ele-pode-
de uma abordagem dinâmica e regulamentações adequadas. -ser-util-para-minha-loja-virtual/#rmcl

220
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

O marketplace pode ser desenvolvido para um determinado O Banco Central define correspondente bancário como “em-
segmento específico ou então trabalhar com todas as lojas interes- presa contratada por instituições financeiras e demais instituições
sadas, agrupando-as em segmentos, como em uma loja de depar- autorizadas pelo Banco Central para a prestação de serviços de
tamentos. atendimento aos clientes e usuários dessas instituições.”
Em alguns casos, a visibilidade dos lojistas aumenta porque os Em outras palavras é uma empresa não bancária (pessoa ju-
marketplaces são sites conhecidos e comumente acessados pelos rídica) responsável por mediar instituições financeiras e clientes.
consumidores. Essas empresas realizam operações de crédito e outros serviços,
Não existe um padrão estabelecido para os shoppings online. em nome de um banco, e podem estar conveniadas a mais de uma
Alguns são mais focados no varejo, outros no atacado e há ainda companhia.
aqueles que atendem os dois tipos de clientes. Entre os correspondentes mais conhecidos encontram-se as lo-
téricas e o banco postal, marca utilizada pela Empresa Brasileira de
Vantagens do Marketplace 38 Correios e Telégrafos - ECT.
O principal objetivo é levar serviços bancários à maior parte da
Visibilidade população, estender a lugares onde não há agência dos principais
É mais fácil atrair o público para um website que conta com bancos, por exemplo. Dessa forma, consegue acelerar o atendimen-
diversas marcas e produtos do que para um e-commerce de apenas to ao cliente e facilitar o acesso ao crédito.
uma loja. Portanto, ganha-se visibilidade através da divulgação feita Além disso, muitas organizações apostam em parcerias de ven-
por todo o marketplace. das com outras empresas para alcançar um maior número de clien-
tes. Por exemplo, várias fintechs, companhias especializadas em
Baixo investimento e alto retorno finanças, concedem crédito, mas precisam de instituições parceiras
Exige-se um baixo investimento para começar as vendas atra- para emitir propriamente o capital e outras para captar público
vés de um marketplace e o retorno obtido pode ser alto de acordo Os correspondentes bancários geralmente são pequenos es-
com o sucesso das vendas. tabelecimentos comerciais que, atuando em nome dos bancos,
oferecem alguns serviços bancários e de pagamentos inclusive em
Diversificação de público locais não atendidos pela rede bancária convencional, permitindo a
O público que acessa o marketplace é muito variado. Ou seja, expansão geográfica do sistema de meios de pagamento. Normal-
muitos deles nunca procurariam pela sua loja. Mas, ao ver os pro- mente são casas lotéricas, farmácias, supermercados e outros esta-
dutos todos em um mesmo lugar, podem acabar se interessando. belecimentos varejistas que agregam o serviço bancário”.
Cada vez mais encontrados em casas lotéricas, supermercados
Desvantagens do Marketplace e até farmácias, os correspondentes bancários podem prestar uma
série de serviços também encontrados fora dos postos onde atuam.
Depender do marketplace O leque de serviços oferecidos pelo profissional vai da abertura de
Um grande perigo é ficar dependente do marketplace e não contas de depósitos até a análise de crédito e cadastro.
conseguir vender por conta própria. Então, isso pode ser um grande A função de corresponde bancário foi criada sob o argumento
problema em casos de imprevistos em relação ao marketplace. de oferecer à população acesso mais simples ao Sistema Financeiro
Nacional, “como forma de propiciar a melhoria das condições de
Pouca importância para a sua marca obtenção de crédito, de realização de poupança e de aquisição de
Por estar exposto com várias outras marcas, a importância e o produtos financeiros, além da maior comodidade para pagamento
reconhecimento que você recebe por não ser tão bom quanto nas de contas por parte das pessoas de menor renda”, justifica a Reso-
vendas pelo seu próprio site. lução 3.156 do Banco Central.

Competição pelo preço Características principais do Correspondente Bancário


Em marketplaces com muitas lojas de um mesmo segmento - Definição: execução de serviços de cunho acessório às ativi-
pode acontecer de ter tantas opções diferentes que o preço se tor- dades privativas de instituições financeiras, por meio de empresas
na um fator diferencial. Pois, a competição pelo preço nem sempre contratadas para este fim
é vantajosa. - Correspondente não pode ter como atividade principal a re-
cepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de
depósitos à vista, a prazo e de poupança e os recebimentos e paga-
CORRESPONDENTES BANCÁRIOS mentos relativos a contas de depósitos à vista, a prazo e de poupan-
ça, bem como a aplicações e resgates em fundos de investimento
Correspondentes Bancários são empresas, integrantes ou não - Responsabilidade pelos serviços prestados permanece com o
do Sistema Financeiro Nacional, contratadas por Instituições Finan- banco
ceiras para a prestação de determinados serviços. - Correspondente não pode cobrar tarifa por conta própria
A nomenclatura “correspondente bancário” ou “banco corres-
pondente” deve ser utilizada apenas para as instituições financeiras Aproveitamento de sinergias
que estabeleceram convênios com outros bancos para a prestação Banco: ganha capilaridade, canal de menor investimentos,
de serviços financeiros, conforme previsto na Resolução 1.865, do compartilhamento de custos e amigável para clientes de menor
Conselho Monetário Nacional, de 05 de setembro de 1991. renda, horário flexível
Correspondente: aproveita recursos ociosos, aumenta o movi-
38 https://blog.vindi.com.br/o-que-e-marketplace-e-como-funciona/ mento e usa a marca do banco e amplia as receitas

221
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Atividades de correspondentes bancário


De acordo com a regulamentação do Banco Central, essas insti- ARRANJOS DE PAGAMENTOS
tuições podem realizar serviços financeiros variados, como:
Um arranjo de pagamento39 é o conjunto de regras e procedi-
Recebimentos e pagamentos de contas qualquer natureza; mentos que disciplina a prestação de determinado serviço de pa-
Recepção e encaminhamento de propostas de abertura de con- gamento ao público. As regras do arranjo facilitam as transações fi-
tas de depósitos à vista e a prazo; nanceiras que usam dinheiro eletrônico. Diferentemente da compra
Coleta de informações cadastrais e análise de crédito; com dinheiro vivo entre duas pessoas que se conhecem, o arranjo
Serviços de cobranças; conecta todas as pessoas que a ele aderem. É o que acontece quan-
Ordens de pagamento; do o cliente usa uma bandeira de cartão de crédito numa compra
Solicitação de empréstimos pessoais, empresariais e financia- que só é possível porque o vendedor aceita receber daquela ban-
mentos; deira.
Solicitação de cartão de crédito e débito para trabalhadores e O arranjo conecta pessoas que, sem ele, não teriam como re-
aposentados; alizar transações financeiras entre si. Supervisionado pelo Banco
Realização de recebimentos, pagamentos e transferências ele- Central, o arranjo fornece praticidade, confiabilidade e acesso do
trônicas visando à movimentação de contas de depósitos de titula- público a diversas formas de pagamento.
ridade de clientes mantidas pela instituição contratante; Os arranjos de pagamento são as regras para viabilizar transfe-
Aplicação e resgate em fundo de investimento; rências de recursos, aportes e saques e tudo a mais que puder ser
Realização de operações de câmbio de responsabilidade da ins- definido como pagamento.
tituição contratante. Os arranjos podem se referir, por exemplo, aos procedimentos
Outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil. utilizados para realizar compras com cartões de crédito, débito e
pré-pago, em moeda nacional ou estrangeira. Os serviços de trans-
Vantagens e cuidados ferência e remessas de recursos também são arranjos de pagamen-
tos.
O correspondente bancário facilita o acesso a inúmeras ope- As pessoas jurídicas não financeiras que executam os serviços
rações, sem que você precise se deslocar até uma agência. Assim, de pagamento no arranjo são chamadas de instituições de paga-
ganha tempo, pode continuar no conforto do seu lar e não corre mento e são responsáveis pelo relacionamento com os usuários fi-
perigo na rua. nais do serviço. Instituições financeiras também podem operar com
Também é possível resolver tudo em um lugar só. Por exemplo, pagamentos.
uma padaria, além de vender produtos próprios, pode disponibi- Alguns tipos de arranjo de pagamentos não estão sujeitos à re-
lizar saques, pagamento, abertura de contas, recarga de celular e gulação do BCB, tais como os cartões private label – emitidos por
seguros. grandes varejistas e que só podem ser usados no estabelecimento
Poderia até oferecer empréstimos, mas isso não costuma acon- que o emitiu ou em redes conveniadas. Também não são sujeitos à
tecer, pois a operação é um pouco mais rebuscada. Por isso existem supervisão do BC os arranjos para pagamento de serviços públicos
correspondentes bancários especializados nesse setor. (como provisão de água, energia elétrica e gás) ou carregamento de
Sem contar que é muito mais barato para os bancos e financei- cartões pré-pagos de bilhete de transporte. Incluem-se nessa cate-
ras ter correspondentes em diferentes lugares em vez de instalar goria, ainda, os cartões de vale-refeição e vale-alimentação.
várias agências ou caixas eletrônicos. Com custos baixos, as em- A legislação proíbe que instituições de pagamento prestem ser-
presas credoras também conseguem oferecer condições de paga- viços privativos de instituições financeiras, como a concessão de
mento melhores. Então, no caso de empréstimos e financiamentos, empréstimos e financiamentos ou a disponibilização de conta ban-
você encara juros bem menores que a média, e prazos mais longos. cária e de poupança.
Por outro lado, é importante ressaltar o que essas empresas
NÃO podem fazer, segundo a lei. Estão proibidas de: Entre as empresas que prestam serviços de pagamento, temos:
Cobrar pagamento adiantado. As instituidoras do arranjo, isto é , aquelas que estabelecem as
Impor tarifas sobre o serviço de intermediação prestado regras. É os casos das bandeiras de cartão de crédito, que conectam
Liberar empréstimo sem ter parceria com um banco. pessoas do mundo inteiro para que o dinheiro do comprador che-
gue ao vendedor.
Ganhos para o país e para a sociedade
- Penetração bancária no segmento mais pobre da população As instituições financeiras ou de pagamento que aderirem ao
e para as regiões mais desassistidas, contribuindo para realizar a arranjo. O papel delas é variado incluindo, respectivamente, a ges-
inclusão social; tão das contas correntes bancárias, e a emissão dos instrumentos
- Desenvolvimento e disponibilidade de produtos e serviços de pagamento, com os cartões de crédito e débito.
ajustados para a população de baixa renda e para as operações de
pequeno valor; As transações são registradas em conta corrente ou em conta de
- Fomento da economia local; pagamento. Esta diferente daquela pois seus recursos não podem
- Aumento da arrecadação; ser usados para empréstimos a terceiros.
- Geração de empregos;
- Fomento de novos negócios;
- Valorização da cidadania da população local.
39 https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/arranjospagamento

222
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Arranjos de pagamentos integrantes do Sistema de Pagamento Prazo e forma de entrega das informações exigidas dos arran-
Brasileiro (SPB)40 jos integrantes do SPB
Arranjos de pagamento integrantes do SPB são aqueles em que Essa obrigação deve ser cumprida conforme o disposto na Carta
o conjunto de participantes apresenta, de forma consolidada, nos Circular nº 3.923/2018 e na Carta Circular nº 3.872/2018.
últimos 12 meses, volumes iguais ou superiores a pelo menos um
dos limites constantes no quadro ao lado e não estão enquadrados
nas demais hipóteses do art. 2º da Circular nº 3.682/2013.
SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS (PIX)
Os instituidores de arranjos de pagamento, integrantes do SPB,
devem solicitar autorização de funcionamento em até 30 dias após Sistema de pagamentos e transferências desenvolvido pelo
o arranjo de pagamento superar os limites do quadro.​ Banco Central do Brasil. As transações realizadas através dele são
instantâneas, acontecendo no máximo em 10 segundos.
BR Code, padrão único de QR Code para pagamentos no Brasil Funciona 24 por dia, todos os dias do ano, inclusive finais de
O BR Code é o padrão de QR Code que deve ser utilizado pelos semana e feriados.
arranjos de pagamento integrantes do SPB que ofertem a iniciação As transações podem ocorrer entre pessoas físicas, pessoas fí-
de uma transação de pagamento por meio desse mecanismo, con- sicas e jurídicas, pessoas jurídicas e entre órgãos públicos para pa-
forme disposto na Circular nº 3.989/2020. gamentos de impostos e taxas.
A existência de um único QR Code vai facilitar o processo de A intenção é integrar o sistema bancário, assim as transferên-
iniciação dos pagamentos pelos usuários pagadores, que terão um cias poderão ocorrer entre diferentes instituições.
instrumento comum para iniciar a transação, utilizando o arranjo Para fazer um PIX é necessário ter uma conta aberta em ban-
da sua escolha que seja aceito pelo usuário recebedor para efetivar co, numa fintech ou em uma instituição de pagamento. Será criada
a operação. Do ponto de vista do recebedor, existe uma redução uma chave com alguns dados, utilizados dentro da própria conta
dos custos de aceitação de arranjos que permitem a iniciação por bancária.
meio do BR Code, além de uma racionalização da quantidade de QR
Codes expostos nos estabelecimentos. • Diferença entre Pix e outros meios de transferência e de pa-
Conforme estabelecido pela Carta Circular nº 4.014/2020, as gamento
especificações técnicas do BR Code estão detalhadas no Manual do O Pix foi criado para ser um meio de pagamento bastante am-
BR Code. plo. Qualquer pagamento ou transferência que hoje é feito usando
diferentes meios (TED, cartão, boleto etc.), poderá ser feito com o
Pedido de autorização de funcionamento Pix, simplesmente com o uso do aparelho celular.
As informações e os documentos que compõem o pedido de au- As transferências tradicionais no Brasil são entre contas da
torização de arranjos de pagamento integrantes do SPB devem ser mesma instituição (transferência simples) ou entre contas de insti-
apresentados em conformidade com os modelos e as orientações tuições diferentes (TED e DOC). O Pix é mais uma opção disponível
descritas nos anexos da Carta Circular nº 3.949/2019. à população que convive com os tipos tradicionais. A diferença é
O Banco Central do Brasil iniciou, em 23/8/2018, um ciclo de que, com o Pix, não é necessário saber onde a outra pessoa tem
autorizações para arranjos de pagamento. conta. Você realiza a transferência a partir, por exemplo, de um te-
lefone na sua lista de contatos, usando a Chave Pix. Outra diferença
Ciclo de autorizações é que o Pix não tem limite de horário, nem de dia da semana e os
As autorizações estão organizadas em “lotes”, de acordo com recursos são disponibilizados ao recebedor em poucos segundos. O
critérios de semelhança de características, natureza dos arranjos e Pix funciona 24 horas, 7 dias por semana, entre quaisquer bancos,
complexidade da análise, bem como de cronologia do recebimento de banco para fintech, de fintech para instituição de pagamento,
dos pedidos de autorização. entre outros.
Nesse contexto, o rito de autorização adota a seguinte ordem As transações de pagamento por meio de boleto exigem a lei-
de prioridade: (i) arranjos fechados com conta de pagamento pré- tura de código de barras, enquanto o Pix pode fazer a leitura de um
-paga ou pós-paga; (ii) arranjos abertos com conta de pagamento QR Code. A diferença é que, no Pix a liquidação é em tempo real, o
de depósito à vista ou pré-paga; e (iii) arranjos abertos com conta pagador e o recebedor são notificados a respeito da conclusão da
de pagamento pós-paga. Esse processo depende, ainda, do aten- transação e o pagamento pode ser feito em qualquer dia e horário.
dimento tempestivo a demandas do Banco Central por ajustes ou As transações de pagamento utilizando cartão de débito exi-
de particularidades que podem, eventualmente, não estar no pleno gem uso de maquininhas ou instrumento similar. Com Pix, as tran-
domínio do instituidor. sações podem ser iniciadas por meio do telefone celular, sem a ne-
Vale ressaltar que a autorização dos arranjos é apenas um dos cessidade de qualquer outro instrumento.
processos que compõem a vigilância dos arranjos de pagamentos O Pix tende a ter um custo de aceitação menor por sua estrutu-
integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Independente- ra ter menos intermediários.
mente da concessão de autorização, o Banco Central continua atu- Mais detalhes sobre a diferenciação entre o Pix e os demais
ando, por outros meios, a fim de garantir a segurança e a eficiência meios de transferência e de pagamento podem ser visualizadas na
dos arranjos de pagamento. FAQ do Pix.

40 https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/arranjosintegrantesspb

223
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

• Com quem é possível fazer um Pix Atualmente, atribui-se às Startups e Fintechs, a fonte impulsio-
O Pix pode ser utilizado para transferências e pagamentos: nadora dos grandes movimentos tecnológicos, já que figuram como
— entre pessoas (transações P2P, person to person); agentes de transformação. A demanda pelo universo digital vem
— entre pessoas e estabelecimentos comerciais, incluindo co- crescendo a passos largos, devido as facilidades oferecidas e a boa
mércio eletrônico (transações P2B, person to business); aceitação dos usuários.
— entre estabelecimentos, como pagamentos de fornecedo- As Startups e Fintechs vieram para revolucionar a forma de
res, por exemplo (transações B2B, business to business); como se executa algo, seu objetivo principal é facilitar a vida de
— para transferências envolvendo entes governamentais, seus usuários em busca da satisfação, ingrediente primordial para o
como pagamentos de taxas e impostos (transações P2G e B2G, per- sucesso de qualquer organização no mercado.
son to government e business to government). Nesse contexto, a disputa ente as Fintechs e os grandes bancos
no Brasil são acirradas, já que aquelas são estruturas enxutas e alta-
• Limite de valor nas transações mente dinâmicas no quesito digital, o que lhes garantem maior fle-
Não há limite mínimo para pagamentos ou transferências via Pix. xibilidade e possibilidade de desenvoltura, já os bancos tradicionais
Isso quer dizer que você pode fazer transações a partir de R$0,01. Em precisam se reinventar a cada dia, para fazer frente à manutenção
geral, também não há limite máximo de valores. Entretanto, as institui- de seus clientes e usuários, de forma a garantir que no futuro te-
ções que ofertam o Pix poderão estabelecer limites máximos de valor nham espaço no mercado.
baseados em critérios de mitigação de riscos de fraude e de critérios de
prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.” O desenvolvimento tecnológico aplicado ao segmento bancá-
rio
SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS A evolução digital vem revolucionando a forma de como se rea-
liza negócios em todos os segmentos do mercado. Em especial, o
setor bancário tradicional é altamente afetado pelos reflexos das
A era dos avanços tecnológicos traz em seu bojo inúmeras variações tecnológicas, e por conta disso, busca a cada dia se ade-
transformações, em especial na forma de como os negócios tradi- quar às inovações, para garantir sua permanência em um mercado
cionais no mercado se realizam. Quanto a transformação digital do altamente competitivo.
setor bancário, por muitos anos, esse era um setor cheio de forma- Em uma análise de contexto específico sobre essas mudanças
lidades, com muitas agências físicas, grandes filas e alguns procedi- que a era digital vem ocasionando no mercado financeiro, área
mentos exigiam retorno duas ou mais vezes às agências, ou seja, era onde circulam grande volume de negócios, pode-se perceber a
sinônimo de preocupação ao usuário. O cenário era de concentra- ocorrência de uma constante ruptura do formalismo bancário tradi-
ção de mercado, pautada no domínio centrado em poucas institui- cional, exigido pela legislação que afeta ao segmento, para muitas
ções contribuindo para desbancarização de muitas pessoas41. flexibilizações e facilidades na forma de disponibilizar seus produtos
Diante da mudança de cenário, onde o modelo digital de negó- e serviços a seus consumidores de forma eficiente e com rapidez.
cios cresce a cada dia surgem as Startups voltadas ao meio finan- Essas mudanças de paradigmas demonstradas com o avanço
ceiro denominadas de Fintechs, que são empresas de tecnologia da tecnologia impulsionaram os bancos tradicionais a se adaptarem
financeira com o objetivo de cobrir os gargalos do sistema financei- às mesmas, por conta do desenvolvimento tecnológico responsável
ro tradicional, com o lema “inovação”. A ideia vem apresentando por despontar no mercado, em especial o financeiro, novos presta-
forte crescimento e se demonstrando como tendência mundial. O dores de produtos e serviços carregados de novidades e transfor-
sucesso das Fintechs se deve ao fato das facilidades e efetividade do mações aos usuários, como as Startups e Fintechs, disputando o
suprimento das necessidades dos clientes e usuários. competitivo e pouco aberto mercado financeiro.
O material genético de uma Startup é a palavra “inovação”, e o Neste cenário, pode-se perceber que a expansão das Fintechs
objetivo principal é a transformação com vistas a um “melhor servir”. no Brasil é recente, por volta de 2010, a mudança ainda era silen-
Por serem segmentos novos no mercado, o futuro é incerto, mas alta- ciosa, mas hoje essas empresas comandam uma grande transfor-
mente promissor, tanto que a cada ano o crescimento é exponencial. mação nesse mercado. Com o surgimento das primeiras Fintechs,
Ainda que diante de toda incerteza verifica-se que as Startups observa-se no mercado um vertiginoso crescimento destas, impul-
estão presentes em todos os segmentos da sociedade, como exem- sionando e influenciando mudanças aos participantes do mercado
plo: saúde, lazer, agronegócios, alimentação, vestuário, financeiros, financeiro, em especial os bancos tradicionais.
bancário, entre outros. É importante salientar que no desenvolvimento tecnológico no
Dando ênfase ao segmento bancário tem-se que as Startups segmento bancário despontam as Fintechs, empresas 100% (cem
atuantes neste contexto são denominadas de Fintechs, as quais são por cento) digitais, que se dedicam a área financeira, facilitando a
empresas que inovam quanto à forma de dispor os serviços financeiros concessão de produtos e serviços, como por exemplo:
e bancários, trazendo facilidades atribuídas pelo rompimento da buro- — A disponibilização de crédito rápido, menos burocrático e
cracia dos métodos tradicionais de fornecimento de bens e serviços. com reduzidas taxas de juros;
Das definições apresentadas entende-se que, as Fintechs são — Abertura de conta corrente sem custos;
Startups especializadas no setor financeiro/bancário tendo como — Concessão de cartões de créditos com limites que agradam
propósito a desburocratização e capilarização dos serviços e pro- os usuários e sem anuidades;
dutos financeiros. O objetivo maior é o fornecimento de soluções —Serviços bancários como: transferências, pagamentos, segu-
ágeis e eficazes para cada usuário, melhorando assim, a experiência ros e investimentos;
no consumo de bens e produtos do segmento. — Atendimento remoto e muito ágil, facilitando a rotina dos
41 https://www.famaqui.edu.br/app/webroot/ojs/index.php/saberes/article/ usuários, já que não é necessário atendimento presencial, ou seja,
download/26/25/. agradável ao público a que se destina.

224
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Diante dessas facilidades, verifica-se o crescimento das Star- As parcerias digitais como forma de cooperação
tups e Fintechs por atuarem e buscarem parcela de clientes não É notória a presença crescente das Startups e Fintechs em par-
bancarizados, ou descontentes com a forma de prestação de servi- cela significativa do mercado financeiro, e a principal causa desse
ço bancário tradicional. Parcela de clientes que na maioria das vezes crescimento, é sem dúvida, a facilitação na contratação de serviços
possui ampla voz ativa no mercado, aliados com contribuição que ou na aquisição de produtos do segmento.
o marketing digital disponibiliza para a expansão crescente deste Nesse cenário de crescimento digital no ramo dos negócios, os
modelo de negócio. bancos no movimento de observar os players do mercado tecno-
Verifica-se que as Startups e Fintechs possuem hoje presença lógico (aqui definidos como grupos com muita expertise no ramo,
mínima no mercado financeiro, porém suficiente para impulsionar investidores em mercados não tão promissores, mas com grande
as mudanças no segmento, já que disponibiliza facilidades nunca perspectiva de desenvolvimento), adotam a posição para mitigação
antes vistas na forma de ofertar produtos e serviços financeiros aos de riscos inerentes à atividade, cuja forma mais comum se dá por
diversos clientes, que precisam de novidades como medida de atra- meio das parcerias.
ção e segurança, e uma forma de fidelização em negócios de alta Consta-se que muitas das Fintechs ainda não contabilizam lu-
competitividade. cros, por dependerem de aportes pecuniários externos, fator deter-
Neste cenário, as instituições bancárias tradicionais cientes das minante para sua sobrevivência. Os bancos tradicionais conhecedo-
evoluções tecnológicas buscam moldar-se às tendências de merca- res dessa realidade frequentemente firmam parcerias em forma de
do, para assegurar sua permanência no competitivo mercado finan- capital x tecnologia, onde injetam recursos financeiros em troca de
ceiro. toda tecnologia desenvolvida para aplicarem em seus negócios. Os
resultados geralmente são de altas performances financeiras.
Sobre a relação de parceria entre as Fintechs e bancos, a mes-
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SISTEMA FINANCEIRO ma se restringe a preocupação de Fintechs com uma chamada de
experiência do cliente, algo que os bancos também estão buscando
Disruptura do método tradicional de atendimento bancário alcançar um novo desenvolvimento de serviços.
Sobre a conceituação do termo disruptura, que significa rup- Observa-se que por meio das parcerias se obtêm grande com-
tura ou quebra da continuidade, diante do poder de influência das partilhamento de informações, e essas permitem o crescimento e
Startups e Fintechs, os bancos a cada dia criam formas de se ajustar fortalecimento das organizações. Importante destacar, que as par-
a oferta de produtos e serviços seguindo as tendências de mercado, cerias entre as Fintechs e grandes bancos, ocorrem em formatos
que em termos de avanços tecnológicos muitas mudanças deverão variados das mais rápidas e pontuais: como maratonas de progra-
ocorrer para melhorias continuas dos processos. Para tanto, a prá- mação, conhecidas por hackathons; até níveis mais profundos de
tica mais adotada pelas instituições financeiras é a implementação relacionamento e investimento, exemplo: a constituição de fundos
dos canais digitais. Hoje os principais players do mercado financeiro para aporte em startups.
estão altamente digitalizados42. Os grandes bancos e correlatas do segmento que patrocinam
Nesse sentido, as principais ferramentas implementadas fo- as hackathons (maratonas de programação) buscam encontrar so-
ram: acesso ao mobile banking; internet banking; correspondentes luções inovadoras para seus produtos e serviços. Complementando
bancários e terminais de autoatendimento. Destes canais, o que tem-se os aportes financeiros vultosos de grandes bancos e suas
mais cresceu foi o mobile banking devido aos smartphones ganha- subsidiárias nos chamados laboratórios de inovação, responsáveis
rem significativo espaço no quotidiano das pessoas. pela experimentação de novas tecnologias a serem aplicadas atra-
Os negócios bancários digitais, ou seja, aqui entendidos como vés de testes.
os produtos e serviços bancários transacionados por meios digitais, Hoje existe uma única certeza no mercado financeiro: que todo
se solidificam a cada dia, devido à percepção ao usuário externo grande banco precisa pensar como Fintech se não quiser ser inco-
da segurança e agilidade que possuem. Neste sentido, os bancos, modado por elas. Diante dessa constatação as grandes instituições
se consubstanciam como o setor de mercado que mais investe em bancárias no Brasil, já sinalizaram que entenderam o recado do
segurança no meio digital. mercado, e por conta disso, percebe-se a evolução digital nos ne-
O cenário de atuação bancária é de risco, e, portanto, são ex- gócios bancários.
tremamente necessários os investimentos de tecnologia aliados Pode-se afirmar que nesse regime de parceria, os bancos de-
com a segurança, com vistas a garantir que seus usuários e clientes têm uma vantagem em relação às Fintechs, que é o requisito con-
tenham a proteção necessária, o que culminará com o sucesso da fiança. Por representarem solidez no mercado vislumbra-se que ao
instituição no mercado. adequarem a tecnologia ao meio digital, podem atingir resultados
A iminente concorrência de mercado ocasionada pelos players sustentáveis e crescentes. Os grandes conglomerados bancários
digitais, como as Fintechs, bem como o acelerado mundo dos negó- despontam na vanguarda da tecnologia digital, modernizando sua
cios traz o despertar e a necessidade de incorporar a tecnologia aos estrutura de atendimento de forma a proporcionar a melhor expe-
processos bancários. Junto a esta necessidade, os bancos investem riência a seus usuários.
maciçamente em segurança, pois de nada adiantaria tecnologia que Percebe-se que todo grande banco precisará pensar e agir
colocasse em risco os usuários e clientes. como uma Fintech, caso deseje perpetuar no mercado competi-
tivo e altamente digital. Trata-se de um novo processo de gestão
bancária, onde a implementação das tecnologias tem a finalidade
de melhorias nos processos, bem como a fidelização com o cliente
de forma a dispor ao público produtos e serviços com segurança e
42 https://www.famaqui.edu.br/app/webroot/ojs/index.php/saberes/article/ rapidez.
download/26/25/.

225
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11


LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD): LEI desta Lei;
Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018 E SUAS III - realizado para fins exclusivos de:
ALTERAÇÕES. a) segurança pública;
b) defesa nacional;
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018 c) segurança do Estado; ou
d) atividades de investigação e repressão de infrações penais;
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). (Redação ou
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam
objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o
país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pesso-
CAPÍTULO I ais adequado ao previsto nesta Lei.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES § 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será
regido por legislação específica, que deverá prever medidas pro-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, porcionais e estritamente necessárias ao atendimento do interesse
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurí- público, observados o devido processo legal, os princípios gerais de
dica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei.
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desen- § 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso
volvimento da personalidade da pessoa natural. III do caput deste artigo por pessoa de direito privado, exceto em
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de in- procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de direito público, que
teresse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Dis- serão objeto de informe específico à autoridade nacional e que de-
trito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) verão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo.
Vigência § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou reco-
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como mendações referentes às exceções previstas no inciso III do caput
fundamentos: deste artigo e deverá solicitar aos responsáveis relatórios de impac-
I - o respeito à privacidade; to à proteção de dados pessoais.
II - a autodeterminação informativa; § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
e de opinião; tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que pos-
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; sua capital integralmente constituído pelo poder público. (Redação
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consu- Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
midor; e I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural iden-
VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personali- tificada ou identificável;
dade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento re- étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a
alizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referen-
ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou do te à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
país onde estejam localizados os dados, desde que: vinculado a uma pessoa natural;
I - a operação de tratamento seja realizada no território nacio- III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser
nal; identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o e disponíveis na ocasião de seu tratamento;
fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de in- IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais,
divíduos localizados no território nacional; ou (Redação dada pela estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou
Lei nº 13.853, de 2019) Vigência físico;
III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido cole- V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais
tados no território nacional. que são objeto de tratamento;
§ 1º Consideram-se coletados no território nacional os dados VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público
pessoais cujo titular nele se encontre no momento da coleta. ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamen-
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo o tratamen- to de dados pessoais;
to de dados previsto no inciso IV do caput do art. 4º desta Lei. VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do
I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente parti- controlador;
culares e não econômicos; VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera-
II - realizado para fins exclusivamente: dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os
a) jornalístico e artísticos; ou titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
(ANPD); (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
IX - agentes de tratamento: o controlador e o operador;

226
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

X - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão,
como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a ne-
utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processa- cessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;
mento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações cla-
controle da informação, modificação, comunicação, transferência, ras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamen-
difusão ou extração; to e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos
XI - anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e dis- comercial e industrial;
poníveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrati-
perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indi- vas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados
víduo; e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração,
XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívo- comunicação ou difusão;
ca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência
pessoais para uma finalidade determinada; de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação IX - não discriminação: impossibilidade de realização do trata-
de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de mento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;
dados; X - responsabilização e prestação de contas: demonstração,
XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de compro-
armazenados em banco de dados, independentemente do proce- var a observância e o cumprimento das normas de proteção de da-
dimento empregado; dos pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
XV - transferência internacional de dados: transferência de da-
dos pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do CAPÍTULO II
qual o país seja membro; DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, trans-
ferência internacional, interconexão de dados pessoais ou trata- SEÇÃO I
mento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e DOS REQUISITOS PARA O TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
entidades públicos no cumprimento de suas competências legais,
ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser
específica, para uma ou mais modalidades de tratamento permiti- realizado nas seguintes hipóteses:
das por esses entes públicos, ou entre entes privados; I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;
XVII - relatório de impacto à proteção de dados pessoais: docu- II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
mentação do controlador que contém a descrição dos processos de controlador;
tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades III - pela administração pública, para o tratamento e uso com-
civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas partilhado de dados necessários à execução de políticas públicas
e mecanismos de mitigação de risco; previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, con-
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração vênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do
pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem Capítulo IV desta Lei;
fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com IV - para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garanti-
sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em da, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais;
seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de V - quando necessário para a execução de contrato ou de pro-
caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (Redação cedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência o titular, a pedido do titular dos dados;
XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res- VI - para o exercício regular de direitos em processo judicial,
ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei nº 9.307,
Lei em todo o território nacional. (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
de 2019) Vigência VII - para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular
Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão ou de terceiro;
observar a boa-fé e os seguintes princípios: VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legí- realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autorida-
timos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibi- de sanitária; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
lidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do
finalidades; controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direi-
II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalida- tos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos
des informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento; dados pessoais; ou
III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo neces- X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na
sário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos legislação pertinente.
dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
finalidades do tratamento de dados; Vigência
IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre Vigência
a integralidade de seus dados pessoais;

227
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos conti-
deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse público que jus- dos no art. 18 desta Lei.
tificaram sua disponibilização. § 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse
§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no será considerado nulo caso as informações fornecidas ao titular te-
caput deste artigo para os dados tornados manifestamente públi- nham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresen-
cos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios tadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca.
previstos nesta Lei. § 2º Na hipótese em que o consentimento é requerido, se hou-
§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no in- ver mudanças da finalidade para o tratamento de dados pessoais
ciso I do caput deste artigo que necessitar comunicar ou comparti- não compatíveis com o consentimento original, o controlador de-
lhar dados pessoais com outros controladores deverá obter consen- verá informar previamente o titular sobre as mudanças de finalida-
timento específico do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses de, podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde das
de dispensa do consentimento previstas nesta Lei. alterações.
§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não § 3º Quando o tratamento de dados pessoais for condição para
desobriga os agentes de tratamento das demais obrigações previs- o fornecimento de produto ou de serviço ou para o exercício de di-
tas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e reito, o titular será informado com destaque sobre esse fato e sobre
da garantia dos direitos do titular. os meios pelos quais poderá exercer os direitos do titular elencados
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se re- no art. 18 desta Lei.
ferem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas Art. 10. O legítimo interesse do controlador somente poderá
finalidades, desde que observados os propósitos legítimos e especí- fundamentar tratamento de dados pessoais para finalidades legí-
ficos para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular, timas, consideradas a partir de situações concretas, que incluem,
assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. (In- mas não se limitam a:
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência I - apoio e promoção de atividades do controlador; e
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei II - proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus
deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre direitos ou prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as
a manifestação de vontade do titular. legítimas expectativas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse de- nos termos desta Lei.
verá constar de cláusula destacada das demais cláusulas contratu- § 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo interesse do
ais. controlador, somente os dados pessoais estritamente necessários
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o consenti- para a finalidade pretendida poderão ser tratados.
mento foi obtido em conformidade com o disposto nesta Lei. § 2º O controlador deverá adotar medidas para garantir a
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício transparência do tratamento de dados baseado em seu legítimo
de consentimento. interesse.
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades determi- § 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao controlador re-
nadas, e as autorizações genéricas para o tratamento de dados pes- latório de impacto à proteção de dados pessoais, quando o trata-
soais serão nulas. mento tiver como fundamento seu interesse legítimo, observados
§ 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer momento os segredos comercial e industrial.
mediante manifestação expressa do titular, por procedimento gra-
tuito e facilitado, ratificados os tratamentos realizados sob amparo SEÇÃO II
do consentimento anteriormente manifestado enquanto não hou- DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS SENSÍVEIS
ver requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI do caput
do art. 18 desta Lei. Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente po-
§ 6º Em caso de alteração de informação referida nos incisos derá ocorrer nas seguintes hipóteses:
I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controlador deverá informar ao I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma
titular, com destaque de forma específica do teor das alterações, específica e destacada, para finalidades específicas;
podendo o titular, nos casos em que o seu consentimento é exigido, II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóte-
revogá-lo caso discorde da alteração. ses em que for indispensável para:
Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro-
sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibiliza- lador;
das de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução,
características previstas em regulamentação para o atendimento do pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis
princípio do livre acesso: ou regulamentos;
I - finalidade específica do tratamento; c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sem-
II - forma e duração do tratamento, observados os segredos pre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;
comercial e industrial; d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em pro-
III - identificação do controlador; cesso judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da
IV - informações de contato do controlador; Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
V - informações acerca do uso compartilhado de dados pelo e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de
controlador e a finalidade; terceiro;
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamen-
to; e

228
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado vistas em regulamento específico e que incluam, sempre que pos-
por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitá- sível, a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem como
ria; ou (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência considerem os devidos padrões éticos relacionados a estudos e
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos pesquisas.
processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas § 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do es-
eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta tudo ou da pesquisa de que trata o caput deste artigo em nenhuma
Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades funda- hipótese poderá revelar dados pessoais.
mentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais. § 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela segurança
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tratamento da informação prevista no caput deste artigo, não permitida, em
de dados pessoais que revele dados pessoais sensíveis e que possa circunstância alguma, a transferência dos dados a terceiro.
causar dano ao titular, ressalvado o disposto em legislação especí- § 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será objeto de
fica. regulamentação por parte da autoridade nacional e das autorida-
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas “a” e “b” des da área de saúde e sanitárias, no âmbito de suas competências.
do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos e pelas entidades pú- § 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização é o tra-
blicas, será dada publicidade à referida dispensa de consentimento, tamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de as-
nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei. sociação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de in-
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais formação adicional mantida separadamente pelo controlador em
sensíveis entre controladores com objetivo de obter vantagem eco- ambiente controlado e seguro.
nômica poderá ser objeto de vedação ou de regulamentação por
parte da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do Poder SEÇÃO III
Público, no âmbito de suas competências. DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS DE CRIANÇAS E DE
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre ADOLESCENTES
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela- Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de ado-
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica lescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, deste artigo e da legislação pertinente.
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefí- § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser
cio dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: (Redação realizado com o consentimento específico e em destaque dado por
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal.
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo,
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência os controladores deverão manter pública a informação sobre os ti-
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do pos de dados coletados, a forma de sua utilização e os procedimen-
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. (Incluí- tos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
do pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de sele- for necessária para contatar os pais ou o responsável legal, utiliza-
ção de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como dos uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e
na contratação e exclusão de beneficiários. (Incluído pela Lei nº em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consen-
13.853, de 2019) Vigência timento de que trata o § 1º deste artigo.
Art. 12. Os dados anonimizados não serão considerados dados § 4º Os controladores não deverão condicionar a participação
pessoais para os fins desta Lei, salvo quando o processo de anoni- dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações
mização ao qual foram submetidos for revertido, utilizando exclusi- de internet ou outras atividades ao fornecimento de informações
vamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis, puder pessoais além das estritamente necessárias à atividade.
ser revertido. § 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar em con- para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste ar-
sideração fatores objetivos, tais como custo e tempo necessários tigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tecno-
para reverter o processo de anonimização, de acordo com as tecno- logias disponíveis.
logias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios. § 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como dados pesso- neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e
ais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para formação do perfil acessível, consideradas as características físico-motoras, percepti-
comportamental de determinada pessoa natural, se identificada. vas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de re-
§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões e téc- cursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a
nicas utilizados em processos de anonimização e realizar verifica- informação necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada
ções acerca de sua segurança, ouvido o Conselho Nacional de Pro- ao entendimento da criança.
teção de Dados Pessoais.
Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos
de pesquisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que se-
rão tratados exclusivamente dentro do órgão e estritamente para
a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em
ambiente controlado e seguro, conforme práticas de segurança pre-

229
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

SEÇÃO IV § 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado com funda-


DO TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS mento em uma das hipóteses de dispensa de consentimento, em
caso de descumprimento ao disposto nesta Lei.
Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá § 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos mediante
nas seguintes hipóteses: requerimento expresso do titular ou de representante legalmente
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os constituído, a agente de tratamento.
dados deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da § 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata da pro-
finalidade específica almejada; vidência de que trata o § 3º deste artigo, o controlador enviará ao
II - fim do período de tratamento; titular resposta em que poderá:
III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito I - comunicar que não é agente de tratamento dos dados e indi-
de revogação do consentimento conforme disposto no § 5º do art. car, sempre que possível, o agente; ou
8º desta Lei, resguardado o interesse público; ou II - indicar as razões de fato ou de direito que impedem a ado-
IV - determinação da autoridade nacional, quando houver vio- ção imediata da providência.
lação ao disposto nesta Lei. § 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo será atendi-
Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de do sem custos para o titular, nos prazos e nos termos previstos em
seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das atividades, regulamento.
autorizada a conservação para as seguintes finalidades: § 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro- agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti-
lador; lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo-
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possí- queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
vel, a anonimização dos dados pessoais; nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos-
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisi- sível ou implique esforço desproporcional. (Redação dada pela Lei
tos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou nº 13.853, de 2019) Vigência
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por tercei- § 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se refere o inciso
ro, e desde que anonimizados os dados. V do caput deste artigo não inclui dados que já tenham sido anoni-
mizados pelo controlador.
CAPÍTULO III § 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também po-
DOS DIREITOS DO TITULAR derá ser exercido perante os organismos de defesa do consumidor.
Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a dados pesso-
Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de ais serão providenciados, mediante requisição do titular:
seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liber- I - em formato simplificado, imediatamente; ou
dade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei. II - por meio de declaração clara e completa, que indique a ori-
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do con- gem dos dados, a inexistência de registro, os critérios utilizados e a
trolador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qual- finalidade do tratamento, observados os segredos comercial e in-
quer momento e mediante requisição: dustrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) dias, contado da data
I - confirmação da existência de tratamento; do requerimento do titular.
II - acesso aos dados; § 1º Os dados pessoais serão armazenados em formato que
III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualiza- favoreça o exercício do direito de acesso.
dos; § 2º As informações e os dados poderão ser fornecidos, a cri-
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desneces- tério do titular:
sários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse fim; ou
nesta Lei; II - sob forma impressa.
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou § 3º Quando o tratamento tiver origem no consentimento do
produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula- titular ou em contrato, o titular poderá solicitar cópia eletrônica in-
mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer- tegral de seus dados pessoais, observados os segredos comercial e
cial e industrial; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigên- industrial, nos termos de regulamentação da autoridade nacional,
cia em formato que permita a sua utilização subsequente, inclusive em
VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o consenti- outras operações de tratamento.
mento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei; § 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma diferencia-
VII - informação das entidades públicas e privadas com as quais da acerca dos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo
o controlador realizou uso compartilhado de dados; para os setores específicos.
VIII - informação sobre a possibilidade de não fornecer consen- Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de
timento e sobre as consequências da negativa; decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa-
IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art. tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as
8º desta Lei. decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
§ 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. (Reda-
relação aos seus dados contra o controlador perante a autoridade ção dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
nacional.

230
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas, § 5º Os órgãos notariais e de registro devem fornecer acesso
informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos pro- aos dados por meio eletrônico para a administração pública, tendo
cedimentos utilizados para a decisão automatizada, observados os em vista as finalidades de que trata o caput deste artigo.
segredos comercial e industrial. Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de economia
§ 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata mista que atuam em regime de concorrência, sujeitas ao disposto
o § 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e no art. 173 da Constituição Federal , terão o mesmo tratamento
industrial, a autoridade nacional poderá realizar auditoria para veri- dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos
ficação de aspectos discriminatórios em tratamento automatizado termos desta Lei.
de dados pessoais. Parágrafo único. As empresas públicas e as sociedades de eco-
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência nomia mista, quando estiverem operacionalizando políticas pú-
Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de blicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento
direitos pelo titular não podem ser utilizados em seu prejuízo. dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos
Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de deste Capítulo.
dados poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato interoperá-
forma do disposto na legislação pertinente, acerca dos instrumen- vel e estruturado para o uso compartilhado, com vistas à execução
tos de tutela individual e coletiva. de políticas públicas, à prestação de serviços públicos, à descen-
tralização da atividade pública e à disseminação e ao acesso das
CAPÍTULO IV informações pelo público em geral.
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder Pú-
blico deve atender a finalidades específicas de execução de políticas
SEÇÃO I públicas e atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,
DAS REGRAS respeitados os princípios de proteção de dados pessoais elencados
no art. 6º desta Lei.
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas § 1º É vedado ao Poder Público transferir a entidades privadas
de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº dados pessoais constantes de bases de dados a que tenha acesso,
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , exceto:
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, I - em casos de execução descentralizada de atividade pública
na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as que exija a transferência, exclusivamente para esse fim específico
competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço pú- e determinado, observado o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de
blico, desde que: novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ;
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exercício de suas II - (VETADO);
competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecen- III - nos casos em que os dados forem acessíveis publicamente,
do informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a fina- observadas as disposições desta Lei.
lidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
dessas atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou
em seus sítios eletrônicos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
II - (VETADO); e V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
Lei; e (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência que vedado o tratamento para outras finalidades. (Incluído pela Lei
IV - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência nº 13.853, de 2019) Vigência
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as formas de § 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º deste artigo
publicidade das operações de tratamento. deverão ser comunicados à autoridade nacional.
§ 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas jurídicas Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de dados pes-
mencionadas no caput deste artigo de instituir as autoridades de soais de pessoa jurídica de direito público a pessoa de direito priva-
que trata a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Aces- do será informado à autoridade nacional e dependerá de consenti-
so à Informação) . mento do titular, exceto:
§ 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos direitos do I - nas hipóteses de dispensa de consentimento previstas nesta
titular perante o Poder Público observarão o disposto em legislação Lei;
específica, em especial as disposições constantes da Lei nº 9.507, II - nos casos de uso compartilhado de dados, em que será dada
de 12 de novembro de 1997 (Lei do Habeas Data) , da Lei nº 9.784, publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; ou
de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) , III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta Lei.
e da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
Informação) . trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação. (Incluído
§ 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter pri- pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
vado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento Art. 28. (VETADO).
dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, nos Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
termos desta Lei. mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-

231
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar Art. 34. O nível de proteção de dados do país estrangeiro ou do
para garantir o cumprimento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº organismo internacional mencionado no inciso I do caput do art.
13.853, de 2019) Vigência 33 desta Lei será avaliado pela autoridade nacional, que levará em
Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer normas consideração:
complementares para as atividades de comunicação e de uso com- I - as normas gerais e setoriais da legislação em vigor no país de
partilhado de dados pessoais. destino ou no organismo internacional;
II - a natureza dos dados;
SEÇÃO II III - a observância dos princípios gerais de proteção de dados
DA RESPONSABILIDADE pessoais e direitos dos titulares previstos nesta Lei;
IV - a adoção de medidas de segurança previstas em regula-
Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em decorrência do mento;
tratamento de dados pessoais por órgãos públicos, a autoridade V - a existência de garantias judiciais e institucionais para o res-
nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer peito aos direitos de proteção de dados pessoais; e
cessar a violação. VI - outras circunstâncias específicas relativas à transferência.
Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a agentes do Po- Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-padrão contra-
der Público a publicação de relatórios de impacto à proteção de da- tuais, bem como a verificação de cláusulas contratuais específicas
dos pessoais e sugerir a adoção de padrões e de boas práticas para para uma determinada transferência, normas corporativas globais
os tratamentos de dados pessoais pelo Poder Público. ou selos, certificados e códigos de conduta, a que se refere o inciso
II do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela autoridade na-
CAPÍTULO V cional.
DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS § 1º Para a verificação do disposto no caput deste artigo, de-
verão ser considerados os requisitos, as condições e as garantias
Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais so- mínimas para a transferência que observem os direitos, as garantias
mente é permitida nos seguintes casos: e os princípios desta Lei.
I - para países ou organismos internacionais que proporcionem § 2º Na análise de cláusulas contratuais, de documentos ou de
grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei; normas corporativas globais submetidas à aprovação da autoridade
II - quando o controlador oferecer e comprovar garantias de nacional, poderão ser requeridas informações suplementares ou
cumprimento dos princípios, dos direitos do titular e do regime de realizadas diligências de verificação quanto às operações de trata-
proteção de dados previstos nesta Lei, na forma de: mento, quando necessário.
a) cláusulas contratuais específicas para determinada transfe- § 3º A autoridade nacional poderá designar organismos de cer-
rência; tificação para a realização do previsto no caput deste artigo, que
b) cláusulas-padrão contratuais; permanecerão sob sua fiscalização nos termos definidos em regu-
c) normas corporativas globais; lamento.
d) selos, certificados e códigos de conduta regularmente emi- § 4º Os atos realizados por organismo de certificação poderão
tidos; ser revistos pela autoridade nacional e, caso em desconformidade
III - quando a transferência for necessária para a cooperação ju- com esta Lei, submetidos a revisão ou anulados.
rídica internacional entre órgãos públicos de inteligência, de inves- § 5º As garantias suficientes de observância dos princípios ge-
tigação e de persecução, de acordo com os instrumentos de direito rais de proteção e dos direitos do titular referidas no caput deste
internacional; artigo serão também analisadas de acordo com as medidas técnicas
IV - quando a transferência for necessária para a proteção da e organizacionais adotadas pelo operador, de acordo com o previsto
vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; nos §§ 1º e 2º do art. 46 desta Lei.
V - quando a autoridade nacional autorizar a transferência; Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas como sufi-
VI - quando a transferência resultar em compromisso assumido cientes de observância dos princípios gerais de proteção e dos di-
em acordo de cooperação internacional; reitos do titular referidas no inciso II do art. 33 desta Lei deverão ser
VII - quando a transferência for necessária para a execução de comunicadas à autoridade nacional.
política pública ou atribuição legal do serviço público, sendo dada
publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; CAPÍTULO VI
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consentimento es- DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
pecífico e em destaque para a transferência, com informação prévia
sobre o caráter internacional da operação, distinguindo claramente SEÇÃO I
esta de outras finalidades; ou DO CONTROLADOR E DO OPERADOR
IX - quando necessário para atender as hipóteses previstas nos
incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. Art. 37. O controlador e o operador devem manter registro das
Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste artigo, as pessoas operações de tratamento de dados pessoais que realizarem, espe-
jurídicas de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º cialmente quando baseado no legítimo interesse.
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Infor- Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao contro-
mação) , no âmbito de suas competências legais, e responsáveis, no lador que elabore relatório de impacto à proteção de dados pes-
âmbito de suas atividades, poderão requerer à autoridade nacional soais, inclusive de dados sensíveis, referente a suas operações de
a avaliação do nível de proteção a dados pessoais conferido por país tratamento de dados, nos termos de regulamento, observados os
ou organismo internacional. segredos comercial e industrial.

232
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Parágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o § 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova
relatório deverá conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a
coletados, a metodologia utilizada para a coleta e para a garantia alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova
da segurança das informações e a análise do controlador com re- ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessiva-
lação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco mente onerosa.
adotados. § 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham
Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento segundo as por objeto a responsabilização nos termos do caput deste artigo
instruções fornecidas pelo controlador, que verificará a observância podem ser exercidas coletivamente em juízo, observado o disposto
das próprias instruções e das normas sobre a matéria. na legislação pertinente.
Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões de § 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regres-
interoperabilidade para fins de portabilidade, livre acesso aos da- so contra os demais responsáveis, na medida de sua participação
dos e segurança, assim como sobre o tempo de guarda dos regis- no evento danoso.
tros, tendo em vista especialmente a necessidade e a transparência. Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabiliza-
dos quando provarem:
SEÇÃO II I - que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes
DO ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS é atribuído;
II - que, embora tenham realizado o tratamento de dados pes-
Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado pelo trata- soais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de pro-
mento de dados pessoais. teção de dados; ou
§ 1º A identidade e as informações de contato do encarrega- III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos
do deverão ser divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, dados ou de terceiro.
preferencialmente no sítio eletrônico do controlador. Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregular quando
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: deixar de observar a legislação ou quando não fornecer a segurança
I - aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar que o titular dele pode esperar, consideradas as circunstâncias rele-
esclarecimentos e adotar providências; vantes, entre as quais:
II - receber comunicações da autoridade nacional e adotar pro- I - o modo pelo qual é realizado;
vidências; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - orientar os funcionários e os contratados da entidade a res- III - as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à
peito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados época em que foi realizado.
pessoais; e Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes da viola-
IV - executar as demais atribuições determinadas pelo contro- ção da segurança dos dados o controlador ou o operador que, ao
lador ou estabelecidas em normas complementares. deixar de adotar as medidas de segurança previstas no art. 46 desta
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas comple- Lei, der causa ao dano.
mentares sobre a definição e as atribuições do encarregado, inclusi- Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular no âmbito
ve hipóteses de dispensa da necessidade de sua indicação, confor- das relações de consumo permanecem sujeitas às regras de respon-
me a natureza e o porte da entidade ou o volume de operações de sabilidade previstas na legislação pertinente.
tratamento de dados.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência CAPÍTULO VII
DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
SEÇÃO III
DA RESPONSABILIDADE E DO RESSARCIMENTO DE DANOS SEÇÃO I
DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS
Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercí-
cio de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de
dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legis- segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados
lação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos da- ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
dos: forma de tratamento inadequado ou ilícito.
I - o operador responde solidariamente pelos danos causados § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técni-
pelo tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de cos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo,
proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas considerados a natureza das informações tratadas, as característi-
do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao con- cas específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, es-
trolador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei; pecialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os
II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei.
tratamento do qual decorreram danos ao titular dos dados respon- § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser
dem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art. observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até
43 desta Lei. a sua execução.

233
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa I - implementar programa de governança em privacidade que,
que intervenha em uma das fases do tratamento obriga-se a ga- no mínimo:
rantir a segurança da informação prevista nesta Lei em relação aos a) demonstre o comprometimento do controlador em adotar
dados pessoais, mesmo após o seu término. processos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de
Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional forma abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção
e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acar- de dados pessoais;
retar risco ou dano relevante aos titulares. b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que este-
§ 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme de- jam sob seu controle, independentemente do modo como se reali-
finido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo: zou sua coleta;
I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados; c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas ope-
II - as informações sobre os titulares envolvidos; rações, bem como à sensibilidade dos dados tratados;
III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em
para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e in- processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacida-
dustrial; de;
IV - os riscos relacionados ao incidente; e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o
V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter titular, por meio de atuação transparente e que assegure mecanis-
sido imediata; e mos de participação do titular;
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter f) esteja integrado a sua estrutura geral de governança e esta-
ou mitigar os efeitos do prejuízo. beleça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos;
§ 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente g) conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e
e poderá, caso necessário para a salvaguarda dos direitos dos ti- h) seja atualizado constantemente com base em informações
tulares, determinar ao controlador a adoção de providências, tais obtidas a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódi-
como: cas;
I - ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e II - demonstrar a efetividade de seu programa de governança
II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente. em privacidade quando apropriado e, em especial, a pedido da au-
§ 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual toridade nacional ou de outra entidade responsável por promover o
comprovação de que foram adotadas medidas técnicas adequadas cumprimento de boas práticas ou códigos de conduta, os quais, de
que tornem os dados pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e forma independente, promovam o cumprimento desta Lei.
nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não autorizados § 3º As regras de boas práticas e de governança deverão ser pu-
a acessá-los. blicadas e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhecidas
Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados e divulgadas pela autoridade nacional.
pessoais devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção de padrões
de segurança, aos padrões de boas práticas e de governança e aos técnicos que facilitem o controle pelos titulares dos seus dados pes-
princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas regulamen- soais.
tares.
CAPÍTULO VIII
SEÇÃO II DA FISCALIZAÇÃO
DAS BOAS PRÁTICAS E DA GOVERNANÇA
SEÇÃO I
Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de suas DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
competências, pelo tratamento de dados pessoais, individualmente
ou por meio de associações, poderão formular regras de boas práti- Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em razão das in-
cas e de governança que estabeleçam as condições de organização, frações cometidas às normas previstas nesta Lei, ficam sujeitos às
o regime de funcionamento, os procedimentos, incluindo reclama- seguintes sanções administrativas aplicáveis pela autoridade nacio-
ções e petições de titulares, as normas de segurança, os padrões nal: (Vigência)
técnicos, as obrigações específicas para os diversos envolvidos no I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medi-
tratamento, as ações educativas, os mecanismos internos de super- das corretivas;
visão e de mitigação de riscos e outros aspectos relacionados ao II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da
tratamento de dados pessoais. pessoa jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no Brasil
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o controlador e no seu último exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, a
o operador levarão em consideração, em relação ao tratamento e R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração;
aos dados, a natureza, o escopo, a finalidade e a probabilidade e a III - multa diária, observado o limite total a que se refere o in-
gravidade dos riscos e dos benefícios decorrentes de tratamento de ciso II;
dados do titular. IV - publicização da infração após devidamente apurada e con-
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos incisos VII e VIII firmada a sua ocorrência;
do caput do art. 6º desta Lei, o controlador, observados a estrutura, V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até
a escala e o volume de suas operações, bem como a sensibilidade a sua regularização;
dos dados tratados e a probabilidade e a gravidade dos danos para VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
os titulares dos dados, poderá: VII - (VETADO);
VIII - (VETADO);

234
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

IX - (VETADO). II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e


X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos.
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados
tratamento pelo controlador; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con-
XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da- ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o
dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata
6 (seis) meses, prorrogável por igual período; (Incluído pela Lei nº este artigo. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de regulamen-
XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio- to próprio sobre sanções administrativas a infrações a esta Lei, que
nadas a tratamento de dados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) deverá ser objeto de consulta pública, as metodologias que orienta-
§ 1º As sanções serão aplicadas após procedimento administra- rão o cálculo do valor-base das sanções de multa. (Vigência)
tivo que possibilite a oportunidade da ampla defesa, de forma gra- § 1º As metodologias a que se refere o caput deste artigo de-
dativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades do vem ser previamente publicadas, para ciência dos agentes de trata-
caso concreto e considerados os seguintes parâmetros e critérios: mento, e devem apresentar objetivamente as formas e dosimetrias
I - a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais para o cálculo do valor-base das sanções de multa, que deverão
afetados; conter fundamentação detalhada de todos os seus elementos, de-
II - a boa-fé do infrator; monstrando a observância dos critérios previstos nesta Lei.
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; § 2º O regulamento de sanções e metodologias corresponden-
IV - a condição econômica do infrator; tes deve estabelecer as circunstâncias e as condições para a adoção
V - a reincidência; de multa simples ou diária.
VI - o grau do dano; Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às infrações
VII - a cooperação do infrator; a esta Lei deve observar a gravidade da falta e a extensão do dano
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e pro- ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional.
cedimentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao (Vigência)
tratamento seguro e adequado de dados, em consonância com o Parágrafo único. A intimação da sanção de multa diária deverá
disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei; conter, no mínimo, a descrição da obrigação imposta, o prazo razo-
IX - a adoção de política de boas práticas e governança; ável e estipulado pelo órgão para o seu cumprimento e o valor da
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento.
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensi-
dade da sanção. CAPÍTULO IX
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san- DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (ANPD)
ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11 E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSO-
de setembro de 1990, e em legislação específica. (Redação dada AIS E DA PRIVACIDADE
pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste SEÇÃO I
artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (ANPD)
prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de Art. 55. (VETADO).
novembro de 2011. (Promulgação partes vetadas) Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de Proteção de Da-
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o inciso II do dos (ANPD), autarquia de natureza especial, dotada de autonomia
caput deste artigo, a autoridade nacional poderá considerar o fa- técnica e decisória, com patrimônio próprio e com sede e foro no
turamento total da empresa ou grupo de empresas, quando não Distrito Federal. (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022)
dispuser do valor do faturamento no ramo de atividade empresarial § 1º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022)
em que ocorreu a infração, definido pela autoridade nacional, ou § 2º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022)
quando o valor for apresentado de forma incompleta ou não for § 3º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022)
demonstrado de forma inequívoca e idônea. Art. 55-B. (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022)
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD, Art. 55-C. A ANPD é composta de: (Incluído pela Lei nº 13.853,
inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa de 2019)
de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; (Incluído pela
julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. (Incluído Lei nº 13.853, de 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste III - Corregedoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
artigo serão aplicadas: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) IV - Ouvidoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san- V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022)
ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste arti- V-A - Procuradoria; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
go para o mesmo caso concreto; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de VI - unidades administrativas e unidades especializadas ne-
2019) cessárias à aplicação do disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)

235
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial,
(cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei nº observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações
13.853, de 2019) quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os fun-
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- damentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do Dados Pessoais e da Privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do 2019)
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de dados
nível 5. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) realizado em descumprimento à legislação, mediante processo ad-
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre ministrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o direi-
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa- to de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
os quais serão nomeados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação; (Inclu-
(quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor VI - promover na população o conhecimento das normas e das
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
e de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. (In- de segurança; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade; (Inclu-
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será completa- ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
do pelo sucessor. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos
Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificida-
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- des das atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído pela Lei nº
trativo disciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) 13.853, de 2019)
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote-
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis- ou transnacional; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis. X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra-
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas- industrial; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú-
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul- blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in-
gamento. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa-
exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
maio de 2013. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativida-
caracteriza ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº des; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de
Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es- dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac-
trutura regimental da ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil de dados pessoais previstos nesta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853,
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. (In- de 2019)
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em matérias
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e pla-
ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nejamento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança da XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de
ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha-
Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) mento de suas receitas e despesas; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções 2019)
de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no- XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
meados ou designados pelo Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
nº 13.853, de 2019) devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
Art. 55-J. Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº 13.853, de sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
2019) tratamento, incluído o poder público; (Incluído pela Lei nº 13.853,
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legis- de 2019)
lação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)

236
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen- § 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas
acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de forma padronizada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe-
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifi- te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
cados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que mi- que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
croempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autode- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
clarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu- afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão cen-
ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten- tral de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e
dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro diretrizes para a sua implementação. (Incluído pela Lei nº 13.853,
de 2003 (Estatuto do Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2019)
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (Incluído pela Lei nº
sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos 13.853, de 2019)
omissos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re-
nais das quais tiver conhecimento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de passes que lhe forem conferidos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
2019) 2019)
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- lhe forem destinados; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ção pública federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas imóveis de sua propriedade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e (Incluído das receitas previstas neste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
pela Lei nº 13.853, de 2019) 2019)
XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamen- VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou con-
to de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. (Incluído tratos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públi-
pela Lei nº 13.853, de 2019) cos ou privados, nacionais ou internacionais; (Incluído pela Lei nº
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento 13.853, de 2019)
de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência de dos e informações, inclusive para fins de licitação pública. (Incluído
mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios e pela Lei nº 13.853, de 2019)
os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fede- Art. 55-M. Constituem o patrimônio da ANPD os bens e os di-
ral e nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) reitos: (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem I - que lhe forem transferidos pelos órgãos da Presidência da
ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná- República; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
lises de impacto regulatório. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) II - que venha a adquirir ou a incorporar. (Incluído pela Lei nº
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela 14.460, de 2022)
regulação de setores específicos da atividade econômica e gover- Art. 56. (VETADO).
namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes Art. 5 7. (VETADO).
esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas
atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio- SEÇÃO II
namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSO-
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. (Incluído pela Lei AIS E DA PRIVACIDADE
nº 13.853, de 2019)
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in- Art. 58. (VETADO).
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
da administração pública responsáveis pela regulação de setores e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes,
específicos da atividade econômica e governamental, a fim de faci- titulares e suplentes, dos seguintes órgãos: (Incluído pela Lei nº
litar as competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD. 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste 13.853, de 2019)
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do II - 1 (um) do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei. 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)

237
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Lei CAPÍTULO X


nº 13.853, de 2019) DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluí-
do pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; (Incluído Internet) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
pela Lei nº 13.853, de 2019) “Art. 7º ..................................................................
VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela- .......................................................................................
cionada a proteção de dados pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.853, X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a
de 2019) determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao térmi-
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de inova- no da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda
ção; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) obrigatória de registros previstas nesta Lei e na que dispõe sobre a
IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das proteção de dados pessoais;
categorias econômicas do setor produtivo; (Incluído pela Lei nº ..............................................................................” (NR)
13.853, de 2019) “Art. 16. .................................................................
X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial .......................................................................................
relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e (Incluído II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finali-
pela Lei nº 13.853, de 2019) dade para a qual foi dado consentimento pelo seu titular, exceto nas
XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral. (In- hipóteses previstas na Lei que dispõe sobre a proteção de dados
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) pessoais.” (NR)
§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e intimada de to-
da República, permitida a delegação. (Incluído pela Lei nº 13.853, dos os atos processuais previstos nesta Lei, independentemente de
de 2019) procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa
§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e do agente ou representante ou pessoa responsável por sua filial,
VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu- agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública. Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional de Estudos
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito de suas
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X competências, editarão regulamentos específicos para o acesso a
e XI do caput deste artigo e seus suplentes: (Incluído pela Lei nº dados tratados pela União para o cumprimento do disposto no § 2º
13.853, de 2019) do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire-
I - serão indicados na forma de regulamento; (Incluído pela Lei trizes e Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema
nº 13.853, de 2019) Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de que trata a
II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 .
Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas sobre a
III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon- adequação progressiva de bancos de dados constituídos até a data
dução. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de entrada em vigor desta Lei, consideradas a complexidade das
§ 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Da- operações de tratamento e a natureza dos dados.
dos Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei não excluem
público relevante, não remunerada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de outros previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à ma-
2019) téria ou nos tratados internacionais em que a República Federativa
Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Dados do Brasil seja parte.
Pessoais e da Privacidade: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 65. Esta Lei entra em vigor: (Redação dada pela Lei nº
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela- 13.853, de 2019)
boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
Privacidade e para a atuação da ANPD; (Incluído pela Lei nº 13.853, C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e
de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52, 53 e 54;
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- (Incluído pela Lei nº 14.010, de 2020)
vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação,
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; (Incluído pela quanto aos demais artigos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Lei nº 13.853, de 2019)
IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas Brasília , 14 de agosto de 2018; 197º da Independência e 130º
sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e (Incluído da República.
pela Lei nº 13.853, de 2019)
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
soais e da privacidade à população. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
2019)
Art. 59. (VETADO).

238
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO II
LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO: LEI Nº 12.846/2013 DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL
OU ESTRANGEIRA
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013.
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio-
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pes- nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados
soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º
nacional ou estrangeira, e dá outras providências. , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro,
contra princípios da administração pública ou contra os compromis-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio-
CAPÍTULO I nada;
DISPOSIÇÕES GERAIS II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad- nesta Lei;
ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física
administração pública, nacional ou estrangeira. ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades identidade dos beneficiários dos atos praticados;
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in- IV - no tocante a licitações e contratos:
dependentemente da forma de organização ou modelo societário a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual-
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida- quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li-
des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial citatório público;
ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato
direito, ainda que temporariamente. de procedimento licitatório público;
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva- c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre- oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
ou não. e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res- participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento,
de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
ilícito. administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen- da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas no g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
caput . contratos celebrados com a administração pública;
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa- V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos,
bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade. entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó- no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do
tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou sistema financeiro nacional.
cisão societária. § 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran-
da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re- geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas
paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans- jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público
ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta de país estrangeiro.
Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou § 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração
incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de pública estrangeira as organizações públicas internacionais.
fraude, devidamente comprovados. § 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça
âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen- cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou
te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin- em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como
do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po-
reparação integral do dano causado. der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter-
nacionais.

239
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO III CAPÍTULO IV


DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO

Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju- Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati-
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
Lei as seguintes sanções: autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu-
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a § 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro-
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
sua estimação; e jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada -Geral da União - CGU terá competência concorrente para instaurar
ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con- processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas
creto e com a gravidade e natureza das infrações. ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei,
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece- para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento.
dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu-
pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público. ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser-
em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da
causado. Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de
utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, 30 de novembro de 2000.
a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses- Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa-
senta milhões de reais). bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor- pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi- vidores estáveis.
ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá- § 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação
tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o
publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a in-
de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta- vestigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e
belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível apreensão.
ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores. § 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade
§ 6º (VETADO). instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san- investigação.
ções: § 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180
I - a gravidade da infração; (cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e
III - a consumação ou não da infração; eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; motivada as sanções a serem aplicadas.
V - o efeito negativo produzido pela infração; § 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante
VI - a situação econômica do infrator; ato fundamentado da autoridade instauradora.
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in- Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon-
frações; sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de para defesa, contados a partir da intimação.
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis-
a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10,
pessoa jurídica; para julgamento.
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de
órgão ou entidade pública lesados; e reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das
X - (VETADO). sanções estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga-
procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda
em regulamento do Poder Executivo federal. pública.
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada
sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir
ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para
provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos

240
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor-
sócios com poderes de administração, observados o contraditório e do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
a ampla defesa. ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili- à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas
dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi- em seus arts. 86 a 88.
nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên-
cia, para apuração de eventuais delitos. CAPÍTULO VI
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL
CAPÍTULO V
DO ACORDO DE LENIÊNCIA Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa
jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na es-
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pú- fera judicial.
blica poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta
responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colabo- Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio
rem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação ju-
sendo que dessa colaboração resulte: dicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas
couber; e infratoras:
II - a obtenção célere de informações e documentos que com- I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem
provem o ilícito sob apuração. vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração,
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebra- ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
do se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito; IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, do-
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento ações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de insti-
na infração investigada a partir da data de propositura do acordo; tuições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coo- prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
pere plena e permanentemente com as investigações e o processo § 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determi-
administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que soli- nada quando comprovado:
citada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual
§2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa ju- para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou
rídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilí-
art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. citos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obri- § 2º (VETADO).
gação de reparar integralmente o dano causado. § 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias cumulativa.
para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do § 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de
processo. representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re-
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes- querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários
soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano
de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do ter-
condições nele estabelecidas. ceiro de boa-fé.
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú- Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão
blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque-
investigações e do processo administrativo. las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito autoridades competentes para promover a responsabilização admi-
investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada. nistrativa.
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o
pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú- Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re-
blica do referido descumprimento. parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da
prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei. sentença.
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe-
tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
cutivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra
a administração pública estrangeira.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO VII Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do
DISPOSIÇÕES FINAIS Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da
Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca- constitua infração à ordem econômica.
dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta
publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de-
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de correntes de:
governo com base nesta Lei. I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de
eles aplicadas. 1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata-
acerca das sanções aplicadas: ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en- 2011.
tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
II - tipo de sanção; e a data de sua publicação.
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador
ou impeditivo da sanção, quando for o caso. Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos de da República.
leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter atuali-
zadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as informações DECRETO Nº 11.129 DE 11/07/2022.
acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse procedimento
vier a causar prejuízo às investigações e ao processo administrativo.
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo DECRETO Nº 11.129, DE 11 DE JULHO DE 2022
de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser
incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex- dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas
cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacio-
ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência nal ou estrangeira.
e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
órgão ou entidade sancionadora. confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e o disposto na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar e manter atua-
lizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional de Empresas Inidô- DECRETA:
neas e Suspensas - CEIS, de caráter público, instituído no âmbito do Poder
Executivo federal, os dados relativos às sanções por eles aplicadas, nos ter- CAPÍTULO I
mos do disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores
aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial- Art. 1º Este Decreto regulamenta a responsabilização objetiva
mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas. administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas a administração pública, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei
nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1º A Lei nº 12.846, de 2013, aplica-se aos atos lesivos prati-
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescri- cados:
ção será interrompida com a instauração de processo que tenha por I - por pessoa jurídica brasileira contra administração pública
objeto a apuração da infração. estrangeira, ainda que cometidos no exterior;
Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi- II - no todo ou em parte no território nacional ou que nele pro-
nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social. duzam ou possam produzir efeitos; ou
§ 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen- III - no exterior, quando praticados contra a administração pú-
tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. blica nacional.
§ 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge- § 2º São passíveis de responsabilização nos termos do disposto
rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su- na Lei nº 12.846, de 2013, as pessoas jurídicas que tenham sede,
cursal aberta ou instalada no Brasil. filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato
Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento ou de direito.
das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pes-
apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati- soa jurídica, decorrente do exercício do poder sancionador da ad-
vamente nos termos da legislação específica aplicável. ministração pública, será efetuada por meio de Processo Adminis-
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa trativo de Responsabilização - PAR ou de acordo de leniência.
jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda
que cometidos no exterior.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CAPÍTULO II SEÇÃO II
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO

SEÇÃO I Art. 4º A competência para a instauração e para o julgamento


DA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR do PAR é da autoridade máxima da entidade em face da qual foi
praticado o ato lesivo ou, em caso de órgão da administração públi-
Art. 3º O titular da corregedoria da entidade ou da unidade ca federal direta, do respectivo Ministro de Estado.
competente, ao tomar ciência da possível ocorrência de ato lesivo à Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exer-
administração pública federal, em sede de juízo de admissibilidade cida de ofício ou mediante provocação e poderá ser delegada, ve-
e mediante despacho fundamentado, decidirá: dada a subdelegação.
I - pela abertura de investigação preliminar; Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará
II - pela recomendação de instauração de PAR; ou comissão, composta por dois ou mais servidores estáveis.
III - pela recomendação de arquivamento da matéria. § 1º Em entidades da administração pública federal cujos qua-
§ 1º A investigação de que trata o inciso I do caput terá cará- dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a
ter sigiloso e não punitivo e será destinada à apuração de indícios comissão a que se refere o caput será composta por dois ou mais
de autoria e materialidade de atos lesivos à administração pública empregados permanentes, preferencialmente com, no mínimo,
federal. três anos de tempo de serviço na entidade.
§ 2º A investigação preliminar será conduzida diretamente pela § 2º A comissão a que se refere o caput exercerá suas ativida-
corregedoria da entidade ou unidade competente, na forma esta- des com imparcialidade e observará a legislação, os regulamentos e
belecida em regulamento, ou por comissão composta por dois ou as orientações técnicas vigentes.
mais membros, designados entre servidores efetivos ou emprega- § 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que necessário
dos públicos. à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse da adminis-
§ 3º Na investigação preliminar, serão praticados os atos neces- tração pública, garantido à pessoa jurídica processada o direito à
sários à elucidação dos fatos sob apuração, compreendidas todas as ampla defesa e ao contraditório.
diligências admitidas em lei, notadamente: § 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de
I - proposição à autoridade instauradora da suspensão cautelar PAR não excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, me-
dos efeitos do ato ou do processo objeto da investigação; diante solicitação justificada do presidente da comissão à autorida-
II - solicitação de atuação de especialistas com conhecimentos de instauradora, que decidirá de maneira fundamentada.
técnicos ou operacionais, de órgãos e entidades públicos ou de ou- Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as cir-
tras organizações, para auxiliar na análise da matéria sob exame; cunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pessoa jurídica pro-
III - solicitação de informações bancárias sobre movimentação cessada para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e
de recursos públicos, ainda que sigilosas, nesta hipótese, em sede especificar eventuais provas que pretenda produzir.
de compartilhamento do sigilo com órgãos de controle; § 1º A intimação prevista no caput:
IV - requisição, por meio da autoridade competente, do com- I - facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de
partilhamento de informações tributárias da pessoa jurídica inves- apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comis-
tigada, conforme previsto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº são de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional; multa, previstos no art. 23; e
V - solicitação, ao órgão de representação judicial ou equiva- II - solicitará a apresentação de informações e documentos,
lente dos órgãos ou das entidades lesadas, das medidas judiciais nos termos estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que
necessárias para a investigação e para o processamento dos atos permitam a análise do programa de integridade da pessoa jurídica.
lesivos, inclusive de busca e apreensão, no Brasil ou no exterior; ou § 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo:
VI - solicitação de documentos ou informações a pessoas físicas I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa
ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou estrangei- jurídica, com a descrição das circunstâncias relevantes;
ras, ou a organizações públicas internacionais. II - o apontamento das provas que sustentam o entendimento
§ 4º O prazo para a conclusão da investigação preliminar não da comissão pela ocorrência do ato lesivo imputado; e
excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, mediante III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa
ato da autoridade a que se refere o caput. jurídica processada.
§ 5º Ao final da investigação preliminar, serão enviadas à auto- § 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será
ridade competente as peças de informação obtidas, acompanhadas feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi-
de relatório conclusivo acerca da existência de indícios de autoria e cial e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública respon-
materialidade de atos lesivos à administração pública federal, para sável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para apre-
decisão sobre a instauração do PAR. sentação de defesa escrita será contado a partir da última data de
publicação do edital.
§ 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua de-
fesa escrita no prazo estabelecido no caput, contra ela correrão os
demais prazos, independentemente de notificação ou intimação,
podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à repe-
tição de qualquer ato processual já praticado.

243
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou IV - o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos
eletrônico que assegure a certeza de ciência da pessoa jurídica pro- termos do disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e
cessada. V - as condições necessárias para a concessão da reabilitação,
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica- quando cabível.
ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo- Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de
-se o dia do vencimento, observado o disposto no Capítulo XVI da encerramento dos seus trabalhos, que formalizará sua desconsti-
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. tuição, e encaminhará o PAR à autoridade instauradora, que deter-
§ 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as minará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final
demais intimações processuais, até que a pessoa jurídica interessa- para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias.
da se manifeste nos autos. Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput, a au-
§ 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e in- toridade instauradora determinará à corregedoria da entidade ou à
timada de todos os atos processuais, independentemente de pro- unidade competente que analise a regularidade e o mérito do PAR.
curação ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será
gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, su- encaminhado à autoridade competente para julgamento, o qual
cursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil. será precedido de manifestação jurídica, elaborada pelo órgão de
Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a perti- assistência jurídica competente.
nência de produzir as provas eventualmente requeridas pela pes- Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório
soa jurídica processada, podendo indeferir de forma motivada os da comissão, esta deverá ser fundamentada com base nas provas
pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes, produzidas no PAR.
desnecessárias, protelatórias ou intempestivas. Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul-
§ 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação, a gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e no
comissão poderá: sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública responsável pelo
I - intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez julgamento do PAR.
dias, sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido
justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, con-
II - lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as tado da data de publicação da decisão.
novas provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de § 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no
indiciação inicial, devendo ser observado o disposto no caput do PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri-
art. 6º. -las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para interposi-
§ 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa- ção do pedido de reconsideração.
ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de § 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para de-
programa de integridade, a comissão processante deverá examiná- cidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e publi-
-lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a dosime- car nova decisão.
tria das sanções a serem aplicadas. § 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para o cumpri-
de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu- mento das sanções que lhe foram impostas, contado da data de
rado amplo acesso aos autos. publicação da nova decisão.
Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repar- Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei
tição pública, sendo autorizada a obtenção de cópias, preferencial- nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou a outras normas de licitações
mente em meio digital, mediante requerimento. e contratos da administração pública que também sejam tipifica-
Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados
funções, poderá praticar os atos necessários à elucidação dos fatos e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito
sob apuração, compreendidos todos os meios probatórios admiti- procedimental previsto neste Capítulo.
dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º. § 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au-
Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a comis- toridades distintas competentes para o julgamento, o processo será
são elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da eventual encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para
responsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual sugeri- que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul-
rá, de forma motivada: gamento pelo Ministro de Estado competente.
I - as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da § 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade respon-
dosimetria, ou o arquivamento do processo; sável no órgão ou na entidade pela gestão de licitações e contra-
II - o encaminhamento do relatório final à autoridade compe- tos deve comunicar à autoridade a que se refere o caput do art. 3º
tente para instrução de processo administrativo específico para eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º da
reparação de danos, quando houver indícios de que do ato lesivo Lei nº 12.846, de 2013.
tenha resultado dano ao erário; Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do
III - o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da Poder Executivo federal, competência:
União, para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e
12.846, de 2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto, II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame
da aplicação das sanções previstas naquele artigo, como retribuição de sua regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive
complementar às do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos; promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qualquer I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do


tempo, a competência prevista no caput, se presentes quaisquer disposto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 -
das seguintes circunstâncias: Código Tributário Nacional;
I - caracterização de omissão da autoridade originariamente II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa
competente; jurídica acusada, no Brasil ou no exterior;
II - inexistência de condições objetivas para sua realização no III - estimativa, levando em consideração quaisquer informa-
órgão ou na entidade de origem; ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios,
III - complexidade, repercussão e relevância da matéria; tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con-
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o tratos, entre outras; e
órgão ou com a entidade atingida; ou IV - identificação do montante total de recursos recebidos pela
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instaura-
um órgão ou entidade da administração pública federal. ção do PAR, excluídos os tributos incidentes sobre vendas.
§ 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública § 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto se-
obrigados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os rão avaliados em conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo
documentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os PAR, devendo-se considerar, para o cálculo da multa, a consolidação
autos originais dos processos que eventualmente estejam em cur- dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas pertencentes
so. de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham pra-
Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar, ticado os ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou
apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos a administração pú- concorrido para a sua prática.
blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen- Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha
tal previsto neste Capítulo. tido faturamento no último exercício anterior ao da instauração do
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração PAR, deve-se considerar como base de cálculo da multa o valor do
pública federal direta e indireta deverão comunicar à Controlado- último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica, excluídos
ria-Geral da União os indícios da ocorrência de atos lesivos a ad- os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado
ministração pública estrangeira, identificados no exercício de suas até o último dia do exercício anterior ao da instauração do PAR.
atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o valor da mul-
e necessários à apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo ta será estipulado observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis
do envio de documentação complementar, na hipótese de novas mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais) e o limite
provas ou informações relevantes, sob pena de responsabilização. mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua estimação.
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores
CAPÍTULO III correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo:
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS ENCAMINHAMEN- I - até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos;
TOS JUDICIAIS II - até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do
corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica;
SEÇÃO I III - até quatro por cento no caso de interrupção no forneci-
DISPOSIÇÕES GERAIS mento de serviço público, na execução de obra contratada ou na
entrega de bens ou serviços essenciais à prestação de serviços pú-
Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes sanções blicos ou no caso de descumprimento de requisitos regulatórios;
administrativas, nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº 12.846, IV - um por cento para a situação econômica do infrator que
de 2013: apresente índices de solvência geral e de liquidez geral superiores
I - multa; e a um e lucro líquido no último exercício anterior ao da instauração
II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio- do PAR;
nadora. V - três por cento no caso de reincidência, assim definida a
Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infra- ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada
ções administrativas à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos
de licitações e contratos da administração pública e tenha ocorrido de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração
a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também anterior; e
estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a VI - no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros
restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar con- instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou
tratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR. com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão
considerados os seguintes percentuais:
SEÇÃO II a) um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to-
DA MULTA talizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);
b) dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos
nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o faturamento bruto mil reais);
da pessoa jurídica no último exercício anterior ao da instauração do c) três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to-
PAR, excluídos os tributos. talizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
§ 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata
o caput poderão ser apurados, entre outras formas, por meio de:

245
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

d) quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos § 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art.
totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de 23 ou quando o resultado das operações de soma e subtração for
reais); ou igual ou menor que zero, o valor da multa corresponderá ao limite
e) cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos mínimo estabelecido no caput.
totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corres-
milhões de reais). ponde ao equivalente monetário do produto do ilícito, assim enten-
Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo cons- dido como os ganhos ou os proveitos obtidos ou pretendidos pela
tante do inciso V do caput será contado a partir da data de celebra- pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato
ção até cinco anos após a declaração de seu cumprimento. lesivo.
Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22 § 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser
serão subtraídos os valores correspondentes aos seguintes percen- estimado mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes me-
tuais da base de cálculo: todologias:
I - até meio por cento no caso de não consumação da infração; I - pelo valor total da receita auferida em contrato administrati-
II - até um por cento no caso de: vo e seus aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica
a) comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica comprove serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na
da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos resultantes do hipótese de atos lesivos praticados para fins de obtenção e execu-
ato lesivo; ou ção dos respectivos contratos;
b) inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida II - pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive
e de danos resultantes do ato lesivo; os de natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à
III - até um e meio por cento para o grau de colaboração da pessoa jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela
pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato lesivo, in- pessoa jurídica infratora; ou
dependentemente do acordo de leniência; III - pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica
IV - até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pes- decorrente de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público
soa jurídica da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e que não ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica
V - até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa infratora.
jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os § 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas pro-
parâmetros estabelecidos no Capítulo V. metidas ou pagas a agente público ou a terceiros a ele relacionados
Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentu- não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo de que trata o §
ais máximos, quando observadas as seguintes condições: 1º.
I - na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do caput, quan- Art. 27. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa apli-
do ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos; cável será reduzida conforme a fração nele pactuada, observado o
II - na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admis- limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013.
são ocorrer antes da instauração do PAR; e § 1º O valor da multa prevista no caput poderá ser inferior ao
III - na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano limite mínimo previsto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013.
de integridade for anterior à prática do ato lesivo. § 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumpri-
Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos mento do acordo de leniência por falta imputável à pessoa jurídica
art. 22 e art. 23 deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató- colaboradora, o valor integral encontrado antes da redução de que
rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre trata o caput será cobrado na forma do disposto na Seção IV, des-
que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida. contando-se as frações da multa eventualmente já pagas.
Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como
limite: SEÇÃO III
I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO ADMINIS-
for possível sua estimativa, e: TRATIVA SANCIONADORA
a) um décimo por cento da base de cálculo; ou
b) R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e Art. 28. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela
II - máximo, o menor valor entre: prática de atos lesivos contra a administração pública, nos termos
a) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que da Lei nº 12.846, de 2013, publicará a decisão administrativa san-
for maior entre os dois valores; cionadora na forma de extrato de sentença, cumulativamente:
b) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício I - em meio de comunicação de grande circulação, física ou ele-
anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos incidentes trônica, na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídi-
sobre vendas; ou ca ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional;
c) R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local
prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor da de exercício da atividade, em localidade que permita a visibilidade
vantagem auferida. pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e
§ 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resultan- III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de trinta dias e
te do cálculo desse parâmetro seja inferior ao resultado calculado em destaque na página principal do referido sítio.
para o limite mínimo. Parágrafo único. A publicação a que se refere o caput será feita
a expensas da pessoa jurídica sancionada.

246
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

SEÇÃO IV Art. 33. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas


DA COBRANÇA DA MULTA APLICADA jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei
nº 12.846, de 2013, e dos ilícitos administrativos previstos na Lei nº
Art. 29. A multa aplicada será integralmente recolhida pela pes- 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e contratos, com
soa jurídica sancionada no prazo de trinta dias, observado o dispos- vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que
to no art. 15. colaborem efetivamente com as investigações e o PAR, devendo re-
§ 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apre- sultar dessa colaboração:
sentará ao órgão ou à entidade que aplicou a sanção documento I - a identificação dos demais envolvidos nos ilícitos, quando
que ateste o pagamento integral do valor da multa imposta. couber; e
§ 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa te- II - a obtenção célere de informações e documentos que com-
nha sido recolhida ou não tendo ocorrido a comprovação de seu pa- provem a infração sob apuração.
gamento integral, o órgão ou a entidade que a aplicou encaminhará
o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das autarquias Art. 34. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar acor-
e fundações públicas federais. dos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal e nos casos
§ 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida de atos lesivos contra a administração pública estrangeira.
Ativa, o valor será cobrado independentemente de prévia inscrição. Art. 35. Ato conjunto do Ministro de Estado da Controladoria-
§ 4º A multa aplicada pela Controladoria-Geral da União em -Geral da União e do Advogado-Geral da União:
acordos de leniência ou nas hipóteses previstas nos art.17 e art. 18 I - disciplinará a participação de membros da Advocacia-Geral
será destinada à União e recolhida à conta única do Tesouro Nacio- da União nos processos de negociação e de acompanhamento do
nal. cumprimento dos acordos de leniência; e
§ 5º Os acordos de leniência poderão pactuar prazo distinto do II - disporá sobre a celebração de acordos de leniência pelo Mi-
previsto no caput para recolhimento da multa aplicada ou de qual- nistro de Estado da Controladoria-Geral da União conjuntamente
quer outra obrigação financeira imputada à pessoa jurídica. com o Advogado-Geral da União.
Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União
SEÇÃO V nos acordos de leniência, consideradas as condições neles estabe-
DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS lecidas e observados os termos da Lei Complementar nº 73, de 10
de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015,
Art. 30. As medidas judiciais, no Brasil ou no exterior, como a poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas
cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da no art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013.
publicação extraordinária, a persecução das sanções previstas no Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delega-
caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013 , a reparação integral dos ção para negociar, celebrar e monitorar o cumprimento de acordos
danos e prejuízos, além de eventual atuação judicial para a finali- de leniência relativos a atos lesivos contra outros Poderes e entes
dade de instrução ou garantia do processo judicial ou preservação federativos.
do acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão de representação Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le-
judicial ou equivalente dos órgãos ou das entidades lesadas. niência deverá:
Art. 31. No âmbito da administração pública federal direta, in- I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a
clusive nas hipóteses de que tratam os art. 17 e art. 18, a atuação apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re-
judicial será exercida pela Procuradoria-Geral da União, observadas levante;
as atribuições da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para ins- II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo
crição e cobrança de créditos da União inscritos em Dívida Ativa. a partir da data da propositura do acordo;
Parágrafo único. No âmbito das autarquias e das fundações III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos le-
públicas federais, a atuação judicial será exercida pela Procurado- sivos;
ria-Geral Federal, inclusive no que se refere à cobrança da multa IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e
administrativa aplicada no PAR, respeitadas as competências da o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem-
Procuradoria-Geral do Banco Central. pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento;
V - fornecer informações, documentos e elementos que com-
CAPÍTULO IV provem o ato ilícito;
DO ACORDO DE LENIÊNCIA VI - reparar integralmente a parcela incontroversa do dano cau-
sado; e
Art. 32. O acordo de leniência é ato administrativo negocial de- VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o
corrente do exercício do poder sancionador do Estado, que visa à caso, os valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevi-
responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos do ou ao enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da
contra a administração pública nacional ou estrangeira. infração, nos termos e nos montantes definidos na negociação.
Parágrafo único. O acordo de leniência buscará, nos termos da § 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput se-
lei: rão avaliados em face da boa-fé da pessoa jurídica proponente em
I - o incremento da capacidade investigativa da administração reportar à administração a descrição e a comprovação da integrali-
pública; dade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde o
II - a potencialização da capacidade estatal de recuperação de momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento.
ativos; e
III - o fomento da cultura de integridade no setor privado.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni-
do caput corresponde aos valores dos danos admitidos pela pessoa ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta-
jurídica ou àqueles decorrentes de decisão definitiva no âmbito do do da data da assinatura do memorando de entendimentos.
devido processo administrativo ou judicial. Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser pror-
§ 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decor- rogado, caso presentes circunstâncias que o exijam.
ra, simultaneamente, dano ao ente lesado e acréscimo patrimonial Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a
indevido à pessoa jurídica responsável pela prática do ato, e haja sua rejeição não importará em reconhecimento da prática do ato
identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão: lesivo.
I - computados uma única vez para fins de quantificação do va- § 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da
lor a ser adimplido a partir do acordo de leniência; e proposta do acordo de leniência, ressalvado o disposto no § 4º do
II - classificados como ressarcimento de danos para fins contá- art. 38.
beis, orçamentários e de sua destinação para o ente lesado. § 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública fe-
Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deve- deral não poderá utilizar os documentos recebidos durante o pro-
rá ser feita de forma escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica cesso de negociação de acordo de leniência.
proponente declarará expressamente que foi orientada a respeito § 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos rela-
de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não atendi- cionados com a proposta de acordo de leniência, quando decorrer
mento às determinações e às solicitações durante a etapa de nego- de indícios ou provas autônomas que sejam obtidos ou levados ao
ciação importará a desistência da proposta. conhecimento da autoridade por qualquer outro meio.
§ 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para as-
da pessoa jurídica, na forma de seu estatuto ou contrato social, ou segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo
por meio de procurador com poderes específicos para tal ato, ob- e conterá as cláusulas e obrigações que, diante das circunstâncias
servado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013. do caso concreto, reputem-se necessárias.
§ 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi-
ser elaborado no PAR. ções, cláusulas que versem sobre:
§ 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos
acesso ao seu conteúdo será restrito no âmbito da Controladoria- incisos II a VII do caput do art. 37;
-Geral da União. II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri-
§ 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existência mento do acordo;
da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja prévia anuência da III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento
Controladoria-Geral da União. do acordo, nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784
§ 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instruída da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil;
em processo administrativo específico, que conterá o registro dos IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa
atos praticados na negociação. de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo
Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será V, bem como o prazo e as condições de monitoramento;
submetida à análise de juízo de admissibilidade, para verificação da V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se
existência dos elementos mínimos que justifiquem o início da ne- refere o inciso VI do caput do art. 37; e
gociação. VI - a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o
§ 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de enten- inciso VI do caput do art. 37 para compensação com outros valo-
dimentos com a pessoa jurídica proponente, definindo os parâme- res porventura apurados em outros processos sancionatórios ou de
tros da negociação do acordo de leniência. prestação de contas, quando relativos aos mesmos fatos que com-
§ 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a põem o escopo do acordo.
qualquer momento, a pedido da pessoa jurídica proponente ou a Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul-
critério da administração pública federal. gar os processos administrativos que apurem infrações administra-
§ 3º A assinatura do memorando de entendimentos: tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013, na Lei nº 14.133, de 2021,
I - interrompe a prescrição; e e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham
II - suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado, sido noticiados por meio do acordo de leniência.
em qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias. Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável
Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR ins- de que trata o § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em
taurado em face de pessoa jurídica que esteja negociando a cele- consideração os seguintes critérios:
bração de acordo de leniência poderá ser suspenso. I - a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos
Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo: lesivos;
I - da continuidade de medidas investigativas necessárias para II - a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e
o esclarecimento dos fatos; e III - o compromisso de assumir condições relevantes para o
II - da adoção de medidas processuais cautelares e assecurató- cumprimento do acordo.
rias indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto de
a instrução processual. ato normativo a ser editado pelo Ministro de Estado da Controlado-
Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos ria-Geral da União.
de processos administrativos em curso em outros órgãos ou enti- Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercial-
dades da administração pública federal relacionados com os fatos mente sensíveis da pessoa jurídica será mantido restrito durante a
objeto do acordo em negociação. negociação e após a celebração do acordo de leniência.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da IV - o atendimento dos compromissos assumidos de que tra-
pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público, tam os incisos II a VII do caput do art. 37 deste Decreto.
ressalvado o disposto no § 4º do art. 38. Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela au-
§ 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência toridade competente, decorrente do seu injustificado descumpri-
da celebração de acordos de leniência poderão ser compartilhados mento:
com outras autoridades, mediante compromisso de sua não utiliza- I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará
ção para sancionar a própria pessoa jurídica em relação aos mes- impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado
mos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa que
própria pessoa jurídica. julgar rescindido o acordo;
Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o pra- II - haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e
zo prescricional da pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos serão executados:
objeto do acordo, nos termos do disposto no § 9º do art. 16 da Lei a) o valor integral da multa, descontando-se as frações eventu-
nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento almente já pagas; e
dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos b) os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento
termos do disposto no art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015. indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo, des-
Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão con- contando-se as frações eventualmente já pagas; e
cedidos em favor da pessoa jurídica signatária, nos termos previa- III - serão aplicadas as demais sanções e as consequências pre-
mente firmados no acordo, um ou mais dos seguintes efeitos: vistas nos termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável.
I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra- Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência
tiva sancionadora; será registrado pela Controladoria-Geral da União, pelo prazo de
II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub- três anos, no Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP.
venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão
e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú- deferir pedido de alteração ou de substituição de obrigações pac-
blico; tuadas no acordo de leniência, desde que presentes os seguintes
III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis- requisitos:
posto no art. 27; ou I - manutenção dos resultados e requisitos originais que funda-
IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs- mentaram o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16
tas no art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de da Lei nº 12.846, de 2013;
licitações e contratos. II - maior vantagem para a administração, de maneira que se-
§ 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução jam alcançadas melhores consequências para o interesse público
de ações judiciais que tenham por objeto os fatos que componham do que a declaração de descumprimento e a rescisão do acordo;
o escopo do acordo. III - imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de
§ 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes- modificação ou à impossibilidade de cumprimento das condições
soas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de fato originalmente pactuadas;
ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjunto, IV - boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a
respeitadas as condições nele estabelecidas. impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do ven-
Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, imple- cimento do prazo para seu adimplemento; e
mentação e aperfeiçoamento do programa de integridade de que V - higidez das garantias apresentadas no acordo.
trata o inciso IV do caput do art. 45 será realizado, direta ou indire- Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput consi-
tamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser dispen- derará o grau de adimplência da pessoa jurídica com as demais con-
sado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de dições pactuadas, inclusive as de adoção ou de aperfeiçoamento do
remediação adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público. programa de integridade.
§ 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado, Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados
dentre outras formas, pela análise de relatórios, documentos e in- em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral
formações fornecidos pela pessoa jurídica, obtidos de forma inde- da União, respeitados os sigilos legais e o interesse das investiga-
pendente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas ções.
e de conformidade com as políticas e visitas técnicas.
§ 2º As informações relativas às etapas do processo de monito- CAPÍTULO V
ramento serão publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE
da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
interesse das investigações. Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in-
Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto
colaboradora, a autoridade competente declarará: de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria
I - o cumprimento das obrigações nele constantes; e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de
II - a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art. códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo de:
6º e no inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e
como das demais sanções aplicáveis ao caso; atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou
III - o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do estrangeira; e
art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; e II - fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente
organizacional.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutu- § 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão
rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e os considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por
riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua meio de aspectos como:
vez, deve garantir o constante aprimoramento e a adaptação do re- I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
ferido programa, visando garantir sua efetividade. II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de
Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º da ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;
Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, quan- III - a estrutura de governança corporativa e a complexidade de
to a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes parâmetros: unidades internas, tais como departamentos, diretorias ou setores,
I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu- ou da estruturação de grupo econômico;
ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao IV - a utilização de agentes intermediários, como consultores
programa, bem como pela destinação de recursos adequados; ou representantes comerciais;
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi- V - o setor do mercado em que atua;
mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi- VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;
nistradores, independentemente do cargo ou da função exercida; VII - o grau de interação com o setor público e a importância
III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri- de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações,
dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornece- licenças e permissões governamentais em suas operações; e
dores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados; VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in-
IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o tegram o grupo econômico.
programa de integridade; § 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao
V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavalia- ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia-
ção periódica, para a realização de adaptações necessárias ao pro- ção de que trata o caput.
grama de integridade e a alocação eficiente de recursos;
VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e preci- CAPÍTULO VI
sa as transações da pessoa jurídica; DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E SUS-
VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e a PENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS
confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
jurídica; Art. 58. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen-
VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos no sas - CEIS conterá informações referentes às sanções administrati-
âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos administra- vas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição
tivos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que inter- ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com a
mediada por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição a fiscali- administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais:
zações ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e certidões; I - suspensão temporária de participação em licitação e impedi-
IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna mento de contratar com a administração pública, conforme dispos-
responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fisca- to no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
lização de seu cumprimento; de 1993;
X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do
tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé; art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156
XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de da Lei nº 14.133, de 2021;
integridade; III - impedimento de licitar e contratar com a União, os Estados,
XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir- o Distrito Federal ou os Municípios, conforme disposto no art. 7º da
regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462,
dos danos gerados; de 4 de agosto de 2011, e no inciso III do caput do art. 156 da Lei nº
XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para: 14.133, de 2021;
a) contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais IV - suspensão temporária de participação em licitação e im-
como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediá- pedimento de contratar com a administração pública, conforme
rios, despachantes, consultores, representantes comerciais e asso- disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de
ciados; novembro de 2011;
b) contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas ex- V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
postas politicamente, bem como de seus familiares, estreitos cola- administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do
boradores e pessoas jurídicas de que participem; e art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011;
c) realização e supervisão de patrocínios e doações; VI - declaração de inidoneidade para participar de licitação com
XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e a administração pública federal, conforme disposto no art. 46 da Lei
reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou nº 8.443, de 16 de julho de 1992;
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas VII - proibição de contratar com o Poder Público, conforme dis-
envolvidas; e posto no art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992;
XV - monitoramento contínuo do programa de integridade VIII - proibição de contratar e participar de licitações com o Po-
visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no der Público, conforme disposto no art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de
combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº fevereiro de 1998; e
12.846, de 2013.

250
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

IX - declaração de inidoneidade, conforme disposto no inciso V CAPÍTULO VII


do caput do art. 78-A combinado com o art. 78-I da Lei nº 10.233, DISPOSIÇÕES FINAIS
de 5 de junho de 2001.
Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS outras san- Art. 64. As informações referentes ao PAR instaurado no âm-
ções que impliquem restrição ao direito de participar em licitações bito dos órgãos e das entidades do Poder Executivo federal serão
ou de celebrar contratos com a administração pública, ainda que registradas no sistema de gerenciamento eletrônico de processos
não sejam de natureza administrativa. administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral
Art. 59. O CNEP conterá informações referentes: da União, conforme ato do Ministro de Estado da Controladoria-
I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de -Geral da União.
2013; e Art. 65. Os órgãos e as entidades da administração pública, no
II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com exercício de suas competências regulatórias, disporão sobre os efei-
fundamento na Lei nº 12.846, de 2013. tos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito das atividades reguladas,
Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniên- inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de leniência.
cia celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013, serão Art. 66. O processamento do PAR ou a negociação de acordo
registradas em relação específica no CNEP, após a celebração do de leniência não interfere no seguimento regular dos processos ad-
acordo, exceto se sua divulgação causar prejuízos às investigações ministrativos específicos para apuração da ocorrência de danos e
ou ao processo administrativo. prejuízos à administração pública federal resultantes de ato lesivo
Art. 60. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros cometido por pessoa jurídica, com ou sem a participação de agente
a serem estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, dados e público.
informações referentes a: Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Ge-
I - nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada; ral da União editar orientações, normas e procedimentos comple-
II - número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacio- mentares para a execução deste Decreto, notadamente no que diz
nal da Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de respeito a:
Pessoas Físicas - CPF; I - fixação da metodologia para a apuração do faturamento bru-
III - tipo de sanção; to e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a
IV - fundamentação legal da sanção; que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013;
V - número do processo no qual foi fundamentada a sanção; II - forma e regras para o cumprimento da publicação extraordi-
VI - data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo nária da decisão administrativa sancionadora;
da sanção ou data de aplicação da sanção; III - avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a for-
VII - data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção, ma de avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas
quando couber; de pequeno porte; e
VIII - nome do órgão ou da entidade sancionadora; IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas
IX - valor da multa, quando couber; e em face de pessoas jurídicas e entes privados.
X - escopo de abrangência da sanção, quando couber. Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advoca-
Art. 61. Os registros no CEIS e no CNEP deverão ser realizados cia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União:
imediatamente após o transcurso do prazo para apresentação do I - estabelecerão canais de comunicação institucional:
pedido de reconsideração ou recurso cabível ou da publicação de a) para o encaminhamento de informações referentes à prática
sua decisão final, quando lhe for atribuído efeito suspensivo pela de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran-
autoridade competente. geira ou derivadas de acordos de colaboração premiada e acordos
Art. 62. A exclusão dos dados e das informações constantes do de leniência; e
CEIS ou do CNEP se dará: b) para a cooperação jurídica internacional e recuperação de
I - com o fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da san- ativos; e
ção ou depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no II - poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, ar-
ato sancionador; ou ticular medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos
II - mediante requerimento da pessoa jurídica interessada, conexos.
após cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis: Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamen-
a) publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica san- te aos processos em curso, resguardados os atos praticados antes
cionada; de sua vigência.
b) cumprimento integral do acordo de leniência; Art. 70. Fica revogado o Decreto nº 8.420, de 18 de março de
c) reparação do dano causado; 2015.
d) quitação da multa aplicada; e Art. 71. Este Decreto entra em vigor em 18 de julho de 2022.
e) cumprimento da pena de publicação extraordinária da deci-
são administrativa sancionadora. Brasília, 11 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da
Art. 63. O fornecimento dos dados e das informações de que República.
trata este Capítulo pelos órgãos e pelas entidades dos Poderes Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das esferas de governo
será disciplinado pela Controladoria-Geral da União.
Parágrafo único. O registro e a exclusão dos registros no CEIS
e no CNEP são de competência e responsabilidade do órgão ou da
entidade sancionadora.

251
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 2º Admite-se a adoção de política de segurança cibernética


SEGURANÇA CIBERNÉTICA: RESOLUÇÃO CMN Nº única por:
4.893, DE 26/02/2021. I - conglomerado prudencial; e
II - sistema cooperativo de crédito.
RESOLUÇÃO CMN Nº 4.893, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2021 § 3º As instituições que não constituírem política de seguran-
ça cibernética própria em decorrência do disposto no § 2º devem
Dispõe sobre a política de segurança cibernética e sobre os re- formalizar a opção por essa faculdade em reunião do conselho de
quisitos para a contratação de serviços de processamento e arma- administração ou, na sua inexistência, da diretoria da instituição.
zenamento de dados e de computação em nuvem a serem observa- Art. 3º A política de segurança cibernética deve contemplar, no
dos pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central mínimo:
do Brasil. I - os objetivos de segurança cibernética da instituição;
II - os procedimentos e os controles adotados para reduzir a
O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, vulnerabilidade da instituição a incidentes e atender aos demais ob-
de 31 de dezembro de 1964, torna público que o Conselho Monetá- jetivos de segurança cibernética;
rio Nacional, em sessão realizada em 25 de fevereiro de 2021, com III - os controles específicos, incluindo os voltados para a ras-
base nos arts. 4º, inciso VIII, da referida Lei, 9º da Lei nº 4.728, de treabilidade da informação, que busquem garantir a segurança das
14 de julho de 1965, 7º e 23, alínea “a”, da Lei nº 6.099, de 12 de informações sensíveis;
setembro de 1974, 1º, inciso II, da Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro IV - o registro, a análise da causa e do impacto, bem como o
de 2001, e 1º, § 1º, da Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de controle dos efeitos de incidentes relevantes para as atividades da
2009, instituição;
V - as diretrizes para:
RESOLVEU: a) a elaboração de cenários de incidentes considerados nos tes-
tes de continuidade de negócios;
CAPÍTULO I b) a definição de procedimentos e de controles voltados à pre-
DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO venção e ao tratamento dos incidentes a serem adotados por em-
presas prestadoras de serviços a terceiros que manuseiem dados ou
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a política de segurança ci- informações sensíveis ou que sejam relevantes para a condução das
bernética e sobre os requisitos para a contratação de serviços de atividades operacionais da instituição;
processamento e armazenamento de dados e de computação em c) a classificação dos dados e das informações quanto à rele-
nuvem a serem observados pelas instituições autorizadas a funcio- vância; e
nar pelo Banco Central do Brasil. d) a definição dos parâmetros a serem utilizados na avaliação
Parágrafo único. O disposto nesta Resolução não se aplica às da relevância dos incidentes;
instituições de pagamento, que devem observar a regulamentação VI - os mecanismos para disseminação da cultura de segurança
emanada do Banco Central do Brasil, no exercício de suas atribui- cibernética na instituição, incluindo:
ções legais. a) a implementação de programas de capacitação e de avalia-
ção periódica de pessoal;
CAPÍTULO II b) a prestação de informações a clientes e usuários sobre pre-
DA POLÍTICA DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA cauções na utilização de produtos e serviços financeiros; e
c) o comprometimento da alta administração com a melhoria
SEÇÃO I contínua dos procedimentos relacionados com a segurança ciber-
DA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA CIBERNÉ- nética; e
TICA VII - as iniciativas para compartilhamento de informações sobre
os incidentes relevantes, mencionados no inciso IV, com as demais
Art. 2º As instituições referidas no art. 1º devem implementar instituições referidas no art. 1º.
e manter política de segurança cibernética formulada com base em § 1º Na definição dos objetivos de segurança cibernética re-
princípios e diretrizes que busquem assegurar a confidencialidade, feridos no inciso I do caput, deve ser contemplada a capacidade
a integridade e a disponibilidade dos dados e dos sistemas de infor- da instituição para prevenir, detectar e reduzir a vulnerabilidade a
mação utilizados. incidentes relacionados com o ambiente cibernético.
§ 1º A política mencionada no caput deve ser compatível com: § 2º Os procedimentos e os controles de que trata o inciso II do
I - o porte, o perfil de risco e o modelo de negócio da institui- caput devem abranger, no mínimo, a autenticação, a criptografia, a
ção; prevenção e a detecção de intrusão, a prevenção de vazamento de
II - a natureza das operações e a complexidade dos produtos, informações, a realização periódica de testes e varreduras para de-
serviços, atividades e processos da instituição; e tecção de vulnerabilidades, a proteção contra softwares maliciosos,
III - a sensibilidade dos dados e das informações sob responsa- o estabelecimento de mecanismos de rastreabilidade, os controles
bilidade da instituição. de acesso e de segmentação da rede de computadores e a manu-
tenção de cópias de segurança dos dados e das informações.
§ 3º Os procedimentos e os controles citados no inciso II do
caput devem ser aplicados, inclusive, no desenvolvimento de siste-
mas de informação seguros e na adoção de novas tecnologias em-
pregadas nas atividades da instituição.

252
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 4º O registro, a análise da causa e do impacto, bem como o II - apresentado ao conselho de administração ou, na sua ine-
controle dos efeitos de incidentes, citados no inciso IV do caput, xistência, à diretoria da instituição até 31 de março do ano seguinte
devem abranger inclusive informações recebidas de empresas pres- ao da data-base.
tadoras de serviços a terceiros. Art. 9º A política de segurança cibernética referida no art. 2º e
§ 5º As diretrizes de que trata o inciso V, alínea “b”, do caput, o plano de ação e de resposta a incidentes mencionado no art. 6º
devem contemplar procedimentos e controles em níveis de com- devem ser aprovados pelo conselho de administração ou, na sua
plexidade, abrangência e precisão compatíveis com os utilizados inexistência, pela diretoria da instituição.
pela própria instituição. Art. 10. A política de segurança cibernética e o plano de ação e
de resposta a incidentes devem ser documentados e revisados, no
SEÇÃO II mínimo, anualmente.
DA DIVULGAÇÃO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA
CAPÍTULO III
Art. 4º A política de segurança cibernética deve ser divulgada DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE PROCESSAMENTO E AR-
aos funcionários da instituição e às empresas prestadoras de servi- MAZENAMENTO DE DADOS E DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM
ços a terceiros, mediante linguagem clara, acessível e em nível de
detalhamento compatível com as funções desempenhadas e com a Art. 11. As instituições referidas no art. 1º devem assegurar
sensibilidade das informações. que suas políticas, estratégias e estruturas para gerenciamento de
Art. 5º As instituições devem divulgar ao público resumo con- riscos previstas na regulamentação em vigor, especificamente no
tendo as linhas gerais da política de segurança cibernética. tocante aos critérios de decisão quanto à terceirização de serviços,
contemplem a contratação de serviços relevantes de processamen-
SEÇÃO III to e armazenamento de dados e de computação em nuvem, no País
DO PLANO DE AÇÃO E DE RESPOSTA A INCIDENTES ou no exterior.

Art. 6º As instituições referidas no art. 1º devem estabelecer Art. 12. As instituições mencionadas no art. 1º, previamente à
plano de ação e de resposta a incidentes visando à implementação contratação de serviços relevantes de processamento e armazena-
da política de segurança cibernética. mento de dados e de computação em nuvem, devem adotar proce-
Parágrafo único. O plano mencionado no caput deve abranger, dimentos que contemplem:
no mínimo: I - a adoção de práticas de governança corporativa e de gestão
I - as ações a serem desenvolvidas pela instituição para ade- proporcionais à relevância do serviço a ser contratado e aos riscos a
quar suas estruturas organizacional e operacional aos princípios e que estejam expostas; e
às diretrizes da política de segurança cibernética; II - a verificação da capacidade do potencial prestador de ser-
II - as rotinas, os procedimentos, os controles e as tecnologias a viço de assegurar:
serem utilizados na prevenção e na resposta a incidentes, em con- a) o cumprimento da legislação e da regulamentação em vigor;
formidade com as diretrizes da política de segurança cibernética; e b) o acesso da instituição aos dados e às informações a serem
III - a área responsável pelo registro e controle dos efeitos de processados ou armazenados pelo prestador de serviço;
incidentes relevantes. c) a confidencialidade, a integridade, a disponibilidade e a recu-
Art. 7º As instituições referidas no art. 1º devem designar dire- peração dos dados e das informações processados ou armazenados
tor responsável pela política de segurança cibernética e pela execu- pelo prestador de serviço;
ção do plano de ação e de resposta a incidentes. d) a sua aderência a certificações exigidas pela instituição para
Parágrafo único. O diretor mencionado no caput pode desem- a prestação do serviço a ser contratado;
penhar outras funções na instituição, desde que não haja conflito e) o acesso da instituição contratante aos relatórios elaborados
de interesses. por empresa de auditoria especializada independente contratada
Art. 8º As instituições referidas no art. 1º devem elaborar rela- pelo prestador de serviço, relativos aos procedimentos e aos con-
tório anual sobre a implementação do plano de ação e de resposta troles utilizados na prestação dos serviços a serem contratados;
a incidentes, mencionado no art. 6º, com data-base de 31 de de- f) o provimento de informações e de recursos de gestão ade-
zembro. quados ao monitoramento dos serviços a serem prestados;
§ 1º O relatório de que trata o caput deve abordar, no mínimo: g) a identificação e a segregação dos dados dos clientes da ins-
I - a efetividade da implementação das ações descritas no art. tituição por meio de controles físicos ou lógicos; e
6º, parágrafo único, inciso I; h) a qualidade dos controles de acesso voltados à proteção dos
II - o resumo dos resultados obtidos na implementação das ro- dados e das informações dos clientes da instituição.
tinas, dos procedimentos, dos controles e das tecnologias a serem § 1º Na avaliação da relevância do serviço a ser contratado,
utilizados na prevenção e na resposta a incidentes descritos no art. mencionada no inciso I do caput, a instituição contratante deve
6º, parágrafo único, inciso II; considerar a criticidade do serviço e a sensibilidade dos dados e
III - os incidentes relevantes relacionados com o ambiente ci- das informações a serem processados, armazenados e gerenciados
bernético ocorridos no período; e pelo contratado, levando em conta, inclusive, a classificação realiza-
IV - os resultados dos testes de continuidade de negócios, con- da nos termos do art. 3º, inciso V, alínea “c”.
siderando cenários de indisponibilidade ocasionada por incidentes. § 2º Os procedimentos de que trata o caput, inclusive as infor-
§ 2º O relatório mencionado no caput deve ser: mações relativas à verificação mencionada no inciso II, devem ser
I - submetido ao comitê de risco, quando existente; e documentados.

253
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

§ 3º No caso da execução de aplicativos por meio da internet, IV - a instituição contratante deve prever alternativas para a
referidos no inciso III do art. 13, a instituição deve assegurar que o continuidade dos negócios, no caso de impossibilidade de manu-
potencial prestador dos serviços adote controles que mitiguem os tenção ou extinção do contrato de prestação de serviços.
efeitos de eventuais vulnerabilidades na liberação de novas versões § 1º No caso de inexistência de convênio nos termos do inciso
do aplicativo. I do caput, a instituição contratante deverá solicitar autorização do
§ 4º A instituição deve possuir recursos e competências neces- Banco Central do Brasil para:
sários para a adequada gestão dos serviços a serem contratados, I - a contratação do serviço, no prazo mínimo de sessenta dias
inclusive para análise de informações e uso de recursos providos antes da contratação, observado o disposto no art. 15, § 1º, desta
nos termos da alínea “f” do inciso II do caput. Resolução; e
Art. 13. Para os fins do disposto nesta Resolução, os serviços II - as alterações contratuais que impliquem modificação das in-
de computação em nuvem abrangem a disponibilidade à instituição formações de que trata o art. 15, § 1º, observando o prazo mínimo
contratante, sob demanda e de maneira virtual, de ao menos um de sessenta dias antes da alteração contratual.
dos seguintes serviços: § 2º Para atendimento aos incisos II e III do caput, as instituições
I - processamento de dados, armazenamento de dados, infra- deverão assegurar que a legislação e a regulamentação nos países
estrutura de redes e outros recursos computacionais que permitam e nas regiões em cada país onde os serviços poderão ser prestados
à instituição contratante implantar ou executar softwares, que po- não restringem nem impedem o acesso das instituições contratan-
dem incluir sistemas operacionais e aplicativos desenvolvidos pela tes e do Banco Central do Brasil aos dados e às informações.
instituição ou por ela adquiridos; § 3º A comprovação do atendimento aos requisitos de que tra-
II - implantação ou execução de aplicativos desenvolvidos pela tam os incisos I a IV do caput e o cumprimento da exigência de que
instituição contratante, ou por ela adquiridos, utilizando recursos trata o § 2º devem ser documentados.
computacionais do prestador de serviços; ou Art. 17. Os contratos para prestação de serviços relevantes de
III - execução, por meio da internet, de aplicativos implantados processamento, armazenamento de dados e computação em nu-
ou desenvolvidos pelo prestador de serviço, com a utilização de re- vem devem prever:
cursos computacionais do próprio prestador de serviços. I - a indicação dos países e da região em cada país onde os ser-
Art. 14. A instituição contratante dos serviços mencionados no viços poderão ser prestados e os dados poderão ser armazenados,
art. 12 é responsável pela confiabilidade, pela integridade, pela dis- processados e gerenciados;
ponibilidade, pela segurança e pelo sigilo em relação aos serviços II - a adoção de medidas de segurança para a transmissão e
contratados, bem como pelo cumprimento da legislação e da regu- armazenamento dos dados citados no inciso I do caput;
lamentação em vigor. III - a manutenção, enquanto o contrato estiver vigente, da se-
Art. 15. A contratação de serviços relevantes de processamen- gregação dos dados e dos controles de acesso para proteção das
to, armazenamento de dados e de computação em nuvem deve ser informações dos clientes;
comunicada pelas instituições referidas no art. 1º ao Banco Central IV - a obrigatoriedade, em caso de extinção do contrato, de:
do Brasil. a) transferência dos dados citados no inciso I do caput ao novo
§ 1º A comunicação mencionada no caput deve conter as se- prestador de serviços ou à instituição contratante; e
guintes informações: b) exclusão dos dados citados no inciso I do caput pela empresa
I - a denominação da empresa contratada; contratada substituída, após a transferência dos dados prevista na
II - os serviços relevantes contratados; e alínea “a” e a confirmação da integridade e da disponibilidade dos
III - a indicação dos países e das regiões em cada país onde os dados recebidos;
serviços poderão ser prestados e os dados poderão ser armazena- V - o acesso da instituição contratante a:
dos, processados e gerenciados, definida nos termos do inciso III do a) informações fornecidas pela empresa contratada, visando a
art. 16, no caso de contratação no exterior. verificar o cumprimento do disposto nos incisos I a III do caput;
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ser realizada até b) informações relativas às certificações e aos relatórios de au-
dez dias após a contratação dos serviços. ditoria especializada, citados no art. 12, inciso II, alíneas “d” e “e”; e
§ 3º As alterações contratuais que impliquem modificação das c) informações e recursos de gestão adequados ao monitora-
informações de que trata o § 1º devem ser comunicadas ao Banco mento dos serviços a serem prestados, citados no art. 12, inciso II,
Central do Brasil até dez dias após a alteração contratual. alínea “f”;
Art. 16. A contratação de serviços relevantes de processamen- VI - a obrigação de a empresa contratada notificar a instituição
to, armazenamento de dados e de computação em nuvem presta- contratante sobre a subcontratação de serviços relevantes para a
dos no exterior deve observar os seguintes requisitos: instituição;
I - a existência de convênio para troca de informações entre o VII - a permissão de acesso do Banco Central do Brasil aos con-
Banco Central do Brasil e as autoridades supervisoras dos países tratos e aos acordos firmados para a prestação de serviços, à docu-
onde os serviços poderão ser prestados; mentação e às informações referentes aos serviços prestados, aos
II - a instituição contratante deve assegurar que a prestação dos dados armazenados e às informações sobre seus processamentos,
serviços referidos no caput não cause prejuízos ao seu regular fun- às cópias de segurança dos dados e das informações, bem como aos
cionamento nem embaraço à atuação do Banco Central do Brasil; códigos de acesso aos dados e às informações;
III - a instituição contratante deve definir, previamente à con- VIII - a adoção de medidas pela instituição contratante, em de-
tratação, os países e as regiões em cada país onde os serviços po- corrência de determinação do Banco Central do Brasil; e
derão ser prestados e os dados poderão ser armazenados, proces-
sados e gerenciados; e

254
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

IX - a obrigação de a empresa contratada manter a instituição Parágrafo único. As instituições devem estabelecer e documen-
contratante permanentemente informada sobre eventuais limita- tar os critérios que configurem uma situação de crise de que trata
ções que possam afetar a prestação dos serviços ou o cumprimento o inciso III do caput.
da legislação e da regulamentação em vigor. Art. 21. As instituições de que trata o art. 1º devem instituir
Parágrafo único. Os contratos mencionados no caput devem mecanismos de acompanhamento e de controle com vistas a as-
prever, para o caso da decretação de regime de resolução da insti- segurar a implementação e a efetividade da política de segurança
tuição contratante pelo Banco Central do Brasil: cibernética, do plano de ação e de resposta a incidentes e dos re-
I - a obrigação de a empresa contratada conceder pleno e ir- quisitos para contratação de serviços de processamento e armaze-
restrito acesso do responsável pelo regime de resolução aos con- namento de dados e de computação em nuvem, incluindo:
tratos, aos acordos, à documentação e às informações referentes I - a definição de processos, testes e trilhas de auditoria;
aos serviços prestados, aos dados armazenados e às informações II - a definição de métricas e indicadores adequados; e
sobre seus processamentos, às cópias de segurança dos dados e das III - a identificação e a correção de eventuais deficiências.
informações, bem como aos códigos de acesso citados no inciso VII § 1º As notificações recebidas sobre a subcontratação de servi-
do caput que estejam em poder da empresa contratada; e ços relevantes descritas no art. 17, inciso VI, devem ser considera-
II - a obrigação de notificação prévia do responsável pelo re- das na definição dos mecanismos de que trata o caput.
gime de resolução sobre a intenção de a empresa contratada in-
terromper a prestação de serviços, com pelo menos trinta dias de § 2º Os mecanismos de que trata o caput devem ser subme-
antecedência da data prevista para a interrupção, observado que: tidos a testes periódicos pela auditoria interna, quando aplicável,
a) a empresa contratada obriga-se a aceitar eventual pedido compatíveis com os controles internos da instituição.
de prazo adicional de trinta dias para a interrupção do serviço, feito Art. 22. Sem prejuízo do dever de sigilo e da livre concorrência,
pelo responsável pelo regime de resolução; e as instituições mencionadas no art. 1º devem desenvolver iniciati-
b) a notificação prévia deverá ocorrer também na situação em vas para o compartilhamento de informações sobre os incidentes
que a interrupção for motivada por inadimplência da contratante. relevantes de que trata o art. 3º, inciso IV.
Art. 18. O disposto nos arts. 11 a 17 não se aplica à contratação § 1º O compartilhamento de que trata o caput deve abranger
de sistemas operados por câmaras, por prestadores de serviços de informações sobre incidentes relevantes recebidas de empresas
compensação e de liquidação ou por entidades que exerçam ativi- prestadoras de serviços a terceiros.
dades de registro ou de depósito centralizado. § 2º As informações compartilhadas devem estar disponíveis
ao Banco Central do Brasil.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 19. As instituições referidas no art. 1º devem assegurar que
suas políticas para gerenciamento de riscos previstas na regulamen- Art. 23. Devem ficar à disposição do Banco Central do Brasil
tação em vigor disponham, no tocante à continuidade de negócios, pelo prazo de cinco anos:
sobre: I - o documento relativo à política de segurança cibernética, de
I - o tratamento dos incidentes relevantes relacionados com o que trata o art. 2º;
ambiente cibernético de que trata o art. 3º, inciso IV; II - a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua
II - os procedimentos a serem seguidos no caso da interrupção inexistência, da diretoria da instituição, no caso de ser formalizada
de serviços relevantes de processamento e armazenamento de da- a opção de que trata o art. 2º, § 2º;
dos e de computação em nuvem contratados, abrangendo cenários III - o documento relativo ao plano de ação e de resposta a inci-
que considerem a substituição da empresa contratada e o reestabe- dentes, de que trata o art. 6º;
lecimento da operação normal da instituição; e IV - o relatório anual, de que trata o art. 8º;
III - os cenários de incidentes considerados nos testes de conti- V - a documentação sobre os procedimentos de que trata o art.
nuidade de negócios de que trata o art. 3º, inciso V, alínea “a”. 12, § 2º;
Art. 20. Os procedimentos adotados pelas instituições para ge- VI - a documentação de que trata o art. 16, § 3º, no caso de
renciamento de riscos previstos na regulamentação em vigor de- serviços prestados no exterior;
vem contemplar, no tocante à continuidade de negócios: VII - os contratos de que trata o art. 17, contado o prazo referi-
I - o tratamento previsto para mitigar os efeitos dos incidentes do no caput a partir da extinção do contrato;
relevantes de que trata o inciso IV do art. 3º e da interrupção dos VIII - os dados, os registros e as informações relativas aos me-
serviços relevantes de processamento, armazenamento de dados e canismos de acompanhamento e de controle de que trata o art. 21,
de computação em nuvem contratados; contado o prazo referido no caput a partir da implementação dos
II - o prazo estipulado para reinício ou normalização das suas citados mecanismos; e
atividades ou dos serviços relevantes interrompidos, citados no in- IX - a documentação com os critérios que configurem uma situ-
ciso I do caput; e ação de crise de que trata o art. 20, Parágrafo único.
III - a comunicação tempestiva ao Banco Central do Brasil das Art. 24. O Banco Central do Brasil poderá adotar as medidas
ocorrências de incidentes relevantes e das interrupções dos ser- necessárias para cumprimento do disposto nesta Resolução, bem
viços relevantes citados no inciso I do caput que configurem uma como estabelecer:
situação de crise pela instituição financeira, bem como das provi- I - os requisitos e os procedimentos para o compartilhamento
dências para o reinício das suas atividades. de informações, nos termos do art. 22;

255
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II - a exigência de certificações e outros requisitos técnicos a 3. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente de Tecnologia
serem requeridos das empresas contratadas, pela instituição finan- - Microrregião 158 - TI- A economia digital propiciou a criação de
ceira contratante, na prestação dos serviços de que trata o art. 12; um modelo de negócios em que uma empresa gerencia uma plata-
III - os prazos máximos de que trata o art. 20, inciso II para rei- forma digital por meio da qual diversas empresas, concorrentes ou
nício ou normalização das atividades ou dos serviços relevantes in- não, ofertam e vendem produtos e serviços on-line num ambiente
terrompidos; e que se assemelha a um shopping virtual. A plataforma digital des-
IV - os requisitos técnicos e procedimentos operacionais a se- crita acima é denominada
rem observados pelas instituições para o cumprimento desta Re- (A) startup
solução. (B) marketplace
Art. 25. As instituições referidas no art. 1º que, em 26 de abril (C) fintech
de 2018, já tinham contratado a prestação de serviços relevantes (D) mobile banking
de processamento, armazenamento de dados e de computação em (E) internet banking
nuvem devem adequar o contrato para a prestação de tais serviços:
I - ao cumprimento do disposto no art. 16, incisos I, II, IV e § 2º, 4. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente de Tecnologia
no caso de serviços prestados no exterior; e - Microrregião 158 - TI- A principal característica dos bancos exclu-
II - ao disposto nos arts. 15, § 1º, e 17. sivamente digitais é a
Parágrafo único. O prazo previsto para adequação ao disposto (A) oferta de produtos e serviços por meio digital.
no caput não pode ultrapassar 31 de dezembro 2021. (B) oferta de serviços por meio de agências bancárias.
Art. 26. O Banco Central do Brasil poderá vetar ou impor restri- (C) oferta de todos os serviços operados pelos bancos múlti-
ções para a contratação de serviços de processamento e armazena- plos.
mento de dados e de computação em nuvem quando constatar, a (D) ausência de operações com moeda estrangeira.
qualquer tempo, a inobservância do disposto nesta Resolução, bem (E) cobrança de taxas similares às cobradas pelos bancos tra-
como a limitação à atuação do Banco Central do Brasil, estabelecen- dicionais.
do prazo para a adequação dos referidos serviços.
Art. 27. Ficam revogadas: 5. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Escriturário - Agente
I - a Resolução nº 4.658, de 26 de abril de 2018; e Comercial - Prova A- O Internet banking facilita a realização de tran-
II - a Resolução nº 4.752, de 26 de setembro de 2019. sações bancárias, mas também oferece risco para usuários finais
Art. 28. Esta Resolução entra em vigor em 1º de julho de 2021. que são pessoas naturais. Para minimizar os riscos, o Banco Central
do Brasil determina que os participantes provedores de conta tran-
sacional do Pix devem estabelecer limites máximos de valor para
QUESTÕES iniciação de um Pix com finalidade de compra ou de transferência,
por conta transacional, e possibilidade de diferenciação do limite
1. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente de Tecnologia estabelecido para o período diurno e para o período noturno.
- Microrregião 158 - TI- No Sistema Financeiro Nacional, identifi- Os participantes poderão, a seu critério, ofertar funcionalidade
cam-se os bancos-sombra (shadow banks) como bancos que para que o usuário final possa solicitar que o período noturno com-
(A) possuem diversos tipos de carteiras em suas operações ati- preenda o período entre
vas. (A) 21 horas e 6 horas
(B) se especializam em transações financeiras como bancos es- (B) 22 horas e 6 horas
trangeiros. (C) 23 horas e 6 horas
(C) se concentram em transações financeiras no mercado local. (D) 0 hora e 7 horas
(D) realizam operações financeiras à margem do sistema de re- (E) 1 hora e 7 horas
gulação e supervisão do Banco Central do Brasil.
(E) se originam a partir de indivíduos que se associam para 6. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Escriturário - Agente
prestar serviços financeiros a seus associados. Comercial - Prova A- Um pesquisador em ciências da informação
busca descobrir como os vários sistemas financeiros nacionais tra-
2. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente de Tecnologia tam a proteção dos seus bancos de dados contra ataques cibernéti-
- Microrregião 158 - TI- Ao longo das crises financeiras agudas, em cos que se tornaram comuns na contemporaneidade.
que se observam elevada incerteza e temor em relação à solvência Nos termos da Resolução CMN nº 4.658, de 26 de abril de
de empresas e bancos, a extrema preferência por liquidez tende 2018, que dispõe sobre a política de segurança cibernética aplicável
a fazer com que os agentes econômicos aumentem as práticas de às instituições financeiras, devem ser observados, no mínimo, os
entesouramento. controles específicos, incluindo os voltados para a rastreabilidade
Nesse contexto, a moeda assume, precipuamente, a função de da informação, que busquem garantir a segurança das
(A) meio de financiamento dos investimentos (A) relações empresariais
(B) meio de troca (B) situações sigilosas
(C) unidade de conta (C) bases financeiras
(D) escambo (D) questões litigiosas
(E) reserva de valor (E) informações sensíveis

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

7. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial - 11. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial
Prova B- Quando um cliente paga uma conta mensal de energia elé- - Prova B- Nos financiamentos destinados à compra de imóveis, as
trica em uma casa lotérica, essa lotérica está atuando como instituições financeiras exigem, do devedor, uma modalidade de
(A) correspondente bancário garantia, operacionalizada através da oferta de um bem, que geral-
(B) banco digital mente assume a forma de um imóvel.
(C) banco comercial A garantia em questão é denominada
(D) banco múltiplo (A) fiança
(E) agência postal (B) penhor mercantil
(C) aval
8. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial - (D) fiança bancária
Prova B- Os contratos celebrados entre um banco e seus clientes (E) hipoteca
estabelecem tarifas, limites de crédito, taxas de juros, pagamentos
mínimos, datas e prazos para pagamento, dentre outros aspectos 12. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial
regulados. O estabelecimento de contratos só pode ocorrer devido - Prova B- Como parte integrante do Sistema Financeiro Nacional,
à função de unidade de conta da moeda. o Conselho Monetário Nacional (CMN) funciona como instituição
A função de unidade de conta da moeda diz respeito à cuja função é predominantemente
(A) possibilidade de separar no tempo e no espaço as transa- (A) normativa
ções de compra das transações de venda. (B) executora
(B) coincidência de interesses entre as partes envolvidas nas (C) bancária
transações, possibilitando que o contrato seja firmado. (D) produtiva
(C) preservação do valor da moeda em data futura, com relação (E) financeira
ao momento da assinatura do contrato
(D) determinação da quantidade de unidades monetárias que 13. CESGRANRIO - 2022 - Banco da Amazônia - Técnico Cientí-
liquidam as obrigações de um contrato. fico - Tecnologia da Informação- Existe um tipo de instituição finan-
(E) capacidade da moeda ser facilmente trocada por outros ati- ceira, formada pela associação de pessoas, cujo objetivo é prestar
vos sem perda significativa do seu valor. serviços financeiros exclusivamente aos seus associados, tais como
conta-corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, emprésti-
9. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial - mos e financiamentos. Trata-se de instituição financeira que, em-
Prova B- Liquidez é a capacidade de conversão de um bem em di- bora supervisionada pelo Banco Central do Brasil, não tem acesso à
nheiro. câmara de compensação de cheques, aos créditos oficiais, à reserva
Considerando-se apenas os efeitos da transformação digital do bancária e ao mercado interfinanceiro.
sistema financeiro sobre a liquidez dos ativos financeiros, espera-se
que todos os ativos abaixo possam apresentar ganhos de liquidez, A instituição financeira descrita é denominada
EXCETO (A) banco comercial
(A) Cédulas e moedas (B) caixa econômica
(B) Certificados de Depósito Bancário e de Depósito Interban- (C) cooperativa de crédito
cário (CDB e CDI) (D) banco comercial cooperativo
(C) Depósitos em caderneta de poupança (E) corretora de títulos e valores mobiliários
(D) Títulos privados, como letras hipotecárias e letras de câm-
bio 14. CESGRANRIO - 2022 - Banco da Amazônia - Técnico Ban-
(E) Títulos Públicos cário- Na composição do Sistema Financeiro Nacional no Brasil, o
órgão normativo responsável pela fixação das metas para a inflação,
10. CESGRANRIO - 2023 - Banco do Brasil - Agente Comercial - pelas diretrizes da política cambial e pelas normas inerentes ao fun-
Prova B- O crédito rural é a modalidade de financiamento destinado cionamento das instituições financeiras é o(a)
ao segmento rural. Ele atende a diversas finalidades das empresas (A) Banco Central do Brasil
que atuam no setor agropecuário. (B) Banco do Brasil
O crédito rural destinado ao financiamento da aquisição de (C) Conselho Monetário Nacional
equipamentos, como tratores e colheitadeiras, por parte dos pro- (D) Caixa Econômica Federal
dutores agropecuários, atende à finalidade de crédito de (E) Comissão de Valores Mobiliários
(A) investimento
(B) custeio
(C) comercialização
(D) industrialização
(E) exportação

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

15. CESGRANRIO - 2023 - BANRISUL - Escriturário- O Pix possui ______________________________________________________


uma estrutura flexível e aberta de participação a fim de garantir o
acesso e o surgimento de participantes que ofertem serviços inova- ______________________________________________________
dores e diferenciados que atendam às necessidades dos usuários
finais. ______________________________________________________
A participação no Pix é obrigatória para as instituições finan-
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ceiras e para as instituições de pagamento autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil, que tenham uma quantidade de con- ______________________________________________________
tas de clientes ativas acima de
(A) 100.000 ______________________________________________________
(B) 200.000
(C) 300.000 ______________________________________________________
(D) 400.000
(E) 500.000 ______________________________________________________

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GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 E ______________________________________________________
3 B ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 B
6 E ______________________________________________________

7 A ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 A
11 E ______________________________________________________
12 A ______________________________________________________
13 C
______________________________________________________
14 C
15 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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