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CÓD: OP-070JL-23

7908403538461

IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

Supervisor de Coleta e Qualidade


EDITAL N° 04/2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais........................... 5
2. Domínio da ortografia oficial....................................................................................................................................................... 15
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores
e de outros elementos de sequenciação textual......................................................................................................................... 16
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras.
Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................. 17
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos
da oração..................................................................................................................................................................................... 23
6. Emprego dos sinais de pontuação............................................................................................................................................... 26
7. Concordância verbal e nominal................................................................................................................................................... 27
8. Regência verbal e nominal........................................................................................................................................................... 28
9. Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................... 29
10. Reescrita de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de
orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade......................................... 30
11. Significação das palavras.............................................................................................................................................................. 31

Matemática e Raciocínio Lógico


1. Princípios de contagem................................................................................................................................................................ 51
2. Razões e proporções. .................................................................................................................................................................. 53
3. Regras de três simples................................................................................................................................................................. 54
4. Porcentagens.............................................................................................................................................................................. 56
5. Equações de 1º e de 2º graus...................................................................................................................................................... 57
6. Sequências numéricas. Progressões aritméticas e geométricas................................................................................................. 60
7. Funções e gráficos. ...................................................................................................................................................................... 64
8. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação. Analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposi-
cional). Tabelas-verdade. Equivalências. Leis de De Morgan. Diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Raciocínio logico
envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciaiS.................................................................................................... 68
9. Proposições simples e compostas............................................................................................................................................... 90
10. Princípios de contagem e probabilidade...................................................................................................................................... 90
11. Operações com conjuntos........................................................................................................................................................... 92

Ética no Serviço Público


1. Código de Ética do IBGE............................................................................................................................................................... 103
2. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo único; art. 117,
incisos I a VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII; art. 136 a art. 141; art.
142, incisos I, primeira parte, II e III, e §1º a §4º)........................................................................................................................ 106
ÍNDICE

Noções de Informática
1. Noções de sistema operacional (ambiente Windows)................................................................................................................. 111
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e LibreOffice)............................................................ 118
3. Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet........................ 128
4. Programas de navegação (Microsoft Edge, Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome).............................. 129
5. Programas de correio eletrônico (Outlook)................................................................................................................................. 133
6. Sítios de busca e pesquisa na Internet........................................................................................................................................ 135
7. Grupos de discussão. .................................................................................................................................................................. 137
8. Redes sociais................................................................................................................................................................................ 138
9. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................................. 140
10. Segurança da informação. Procedimentos de segurança............................................................................................................ 142
11. Procedimentos de backup.......................................................................................................................................................... 145

Noções de Administração e Situações Gerenciais


1. Aspectos gerais da administração. Organizações como sistemas abertos................................................................................... 159
2. Funções administrativas. Planejamento, organização, direção e controle. Motivação, comunicação e liderança...................... 188
3. Processo decisório e resolução de problemas............................................................................................................................. 195
4. Noções básicas de gerência e gestão de organizações e de pessoas........................................................................................... 200
5. Eficiência e funcionamento de grupos. O indivíduo na organização: papéis e interações. Trabalho em equipe. Equipes de
trabalho....................................................................................................................................................................................... 216
6. Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delegação............................................................................................... 239
7. Compromisso com a qualidade nos serviços prestados.............................................................................................................. 249

Geografia
1. Noções básicas de cartografia. Orientação: pontos cardeais. Localização: coordenadas geográficas, latitude, longitude e
altitude. Representação: leitura, escala, legendas e convenções................................................................................................ 257
2. Aspectos físicos do Brasil e meio ambiente no Brasil (grandes domínios de clima, vegetação, relevo e hidrografia; ecossiste-
mas)............................................................................................................................................................................................. 261
3. Organização do espaço agrário: atividades econômicas, modernização e conflitos.................................................................... 273
4. organização do espaço urbano: atividades econômicas, emprego e pobreza............................................................................. 276
5. rede urbana e regiões metropolitanas........................................................................................................................................ 277
6. Dinâmica da população brasileira: fluxos migratórios, áreas de crescimento e de perda populacional...................................... 278
7. Formação territorial e divisão político-administrativa (organização federativa)......................................................................... 282
LÍNGUA PORTUGUESA

Apreensão
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE Captação das relações que cada parte mantém com as outras
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender
GÊNEROS TEXTUAIS o sentido integral.
Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância interior do qual ganha sentido.
em se entender um texto?
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- Compreensão
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma re- A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
ceita; assim também não é superpondo frases que se constrói um cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
texto”.1 forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? uma série de etapas:
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura,
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
presentes. Veja a diferença: ali empregadas.
2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
Qual opção abaixo pertence ao grupo? ídas dentro do texto
3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações obti-
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, das na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece ao que é lido.
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao ler
curto e muitas questões. o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come- responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de- técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura, contidas no texto e a localização das informações procuradas.
compreensão e interpretação.
E assim teremos:
Apreender X Compreensão X Interpretação2
Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses
níveis. Interpretação
Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011. conclusões, formando opiniões.
2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar
sobre a interpretação de texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos envolvidos na interpretação textual3


Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais que
possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes aos
tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A considera-
ção desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações esta-
belecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos sua
posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a sucedem.
Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.

Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textual
utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a es-
trutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, espe-
cialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
textualidade/ ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
diferentes fases da leitura de um texto.
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
para uma ampla compreensão. São eles: leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um tex-
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- to, na qual você faz um reconhecimento do “território” do texto.
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- Nesse momento identificamos os elementos que compõem o enun-
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos ciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É nessa
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis fase que entramos em contato pela primeira vez com o assunto,
em um texto. com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa-
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- 8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO
do Texto. São Paulo: Contexto, 2006. À LEITURA CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE
7 https://bit.ly/2P415JM. LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar infor- Observemos mais um exemplo:
mações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente um longo caminho a trilhar (...).”
contém uma determinada informação procurada.
(Veja São Paulo,1990)
Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor-
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito Esse texto diz explicitamente que:
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi-
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e
- Neto não tem o mesmo nível desses craques;
julgamos as informações discutidas no texto.
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda- - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas O texto deixa implícito que:
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao que - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem ques citados;
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
Os sentidos no texto de esportiva;
Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
do texto. Alguns desses sentidos são mais literais enquanto outros peito ao tempo disponível para evoluir.
são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão
por parte do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os
escondidos e precisam se localizados. subentendidos
Sentidos denotativo ou próprio A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logica-
O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido mente a partir de ideias e palavras presentes no texto. Apesar do
em estado de dicionário. O sentido geral que ela tem na maioria dos pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir
contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor
da relação com marcas linguísticas e informações explícitas. Obser-
está em seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido lite-
ral dessa palavra (planta). O sentido próprio, na acepção tradicional vemos um exemplo:
não é próprio ao contexto, mas ao termo. Maria está bem melhor hoje

Sentido conotativo ou figurado Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte


O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito informação pressuposta: Maria não estava bem nos dias passados.
presente em metáforas e a interpretação é geralmente subjetiva e Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.
isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. As-
sim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido figura- Marcadores de Pressupostos
do, pois significa delicadeza e beleza. - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
Sentidos explícitos e implícitos9 “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto nasceram depois de Julinha.
ou podem ser compreendidos por uma inferência (uma dedução) a
partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.
a isso, afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
as implícitas.
da usada como referência.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas
dentro de um texto, enquanto as implícitas são aquelas informa-
ções contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas - Certos verbos
a partir de relações com outras informações e conhecimentos pré- Ex.: Renato continua doente.
vios do leitor. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Observemos o exemplo abaixo mento anterior ao presente.
Maria é mãe de Joana e Luzia.
Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.
Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
explícita e uma implícita. A explícita refere-se ao fato de Maria ter desque não existia em português.
duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos instanta-
neamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implí- - Certos advérbios
cita, que é o fato de Joana ser irmã de Luzia, só é compreendida a Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas
medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que mãos das multinacionais.
possuem a mesma mãe são irmãs. O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indús-
9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/ tria automobilística nacional.
implicitos-e-pressupostos.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Você conferiu o resultado da loteria?


Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) é
que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O
produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar.

B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que não estão marcados linguisticamente no texto. A compreensão do suben-
tendido se dá a partir de relações que você estabelece com seus conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos o exemplo
a seguir:

Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em sua casa. Após sentar em seu sofá, ela diz:
- Nossa! Esse calor dá uma sede.

A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. Essa
interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expressa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela.

Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas entre-
linhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguisticamente
materializados no texto. Toda vez que uma questão de prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você deverá deduzir
os sentidos baseados na relação que essa palavra ou frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguístico) e nas relações
estabelecidas com os contextos sócio-histórico-cultural (contexto extralinguístico).

Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:

https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-redentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo

Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não verbal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendimen-
to e compreensão da temática.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a outros implícitos (ou pressupostos).
denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa inter- Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem-
pretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos ques- plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamen-
tionamentos como: te a existência de ao menos uma além daquela indicada.
- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca
a riscos”? lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro.
- O que significam as balas que o cercam por todos os lados? O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além
- Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de ba- daquele que está sendo autografado.
las?
A interpretação e a organização do texto e a ideia central
A partir de questionamentos como os citados acima é possível Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a iden-
adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura tificação da ideia principal do texto e do ponto de vista defendido
críticas e denúncias a determinada realidade. pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes e resumir informações dentro do texto. Para isso é necessário um
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva. conhecimento acerca da forma como um texto é construído e como
as ideias são organizadas.
Ampliação de Sentido Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemen-
Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de- te, o tipo argumentativo. Dessa forma, abordaremos essa organiza-
signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que ção das informações dentro de um texto argumentativo e as formas
originariamente. de como encontrar as ideias principais bem como as opiniões de-
“Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para fendidas pelo autor.
designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos. Observemos o seguinte exemplo
Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
- embarcou num ter. O que é arquitetura?
- embarcou no ônibus dás dez. Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualida-
- embarcou no avião da força aérea. de, é como tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas ou ciências,
- embarcou num transatlântico. pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão aceleradas,
a dinâmica da vida toma indispensável um constante reexame do
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que escala pensamento teórico e prático. Entretanto, há um notável consen-
os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por ampliação de so acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugerida, já em
sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte 1940, pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
de escalar montanhas. “Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção
Restrição de Sentido concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, espaço para determinada finalidade e visando a determinada in-
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita tenção. E, nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se,
de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exem- ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis
plo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do
com sentido determinado, dentro de um universo restrito do co- projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
nhecimento. específico, certa margem final de opção entre os limites — máximo
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica,
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, programa, — cabendo então ao sentimento individual do arquiteto,
porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de pala- no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores
vras por composição em que a junção dos elementos acarreta alte- contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a
ração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.”
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu-
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa
por aglutinação, mas por justaposição. das Artes, 1995 (fragmento), com adaptações.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi-
cado das palavras para dar precisão à comunicação. Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não de uma ideia principal. No texto anterior podemos observar que
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de
torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar se conceituar arquitetura. Essa discussão em um texto argumentati-
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o vo não é desordenada, mas há um padrão de estruturação da ideia
movimento do Sol. central e das ideias secundárias.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje
constituem o texto. Cada parágrafo se constrói em torno de uma é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de
ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central. sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao
Dentre os vários períodos que compõem o parágrafo, um traz a paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.”
ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as ideias A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa
principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos pa- estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por
rágrafos. meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres
No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é associações de ideias e de sentimentos”.
construído em torno de uma ideia núcleo. No primeiro parágrafo
podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primei- Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às
ro período “Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua-
atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes técnicas ou gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen-
ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici-
também é a ideia principal do texto. Dessa forma, concluímos que tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da
todo o texto se construirá em torno da definição do conceito de compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica
arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia.
principal, expressa no período “Arquitetura é antes de mais nada
construção, mas construção concebida com o propósito primordial Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud,
de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e vi- que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da
sando a determinada intenção”. Todas as informações que apare- tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir-
cem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando
respectivas ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la, a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual.
exemplificá-la, entre outros propósitos.
Para compreender as temáticas bem como as opiniões discuti- Relação entre ideias
das é importante encontrar cada uma dessas ideias núcleos como A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na
veremos no exemplo abaixo construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec-
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para
“Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista aus- que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja
tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade transmitir.
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras,
camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e sub- como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma
consciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação,
anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual,
com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias.
histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipno- Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto
tismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa
o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em
pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de des- uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa-
cobrir a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de re- nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira
gresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente efetiva.
da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
é de origem sexual.” uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
(Salvatore D’Onofrio) necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a forma clara e objetiva ao leitor.
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique Outras dicas para Interpretar um Texto
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma, - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
e subconsciente. talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- ficar uma possível resposta.
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a Estrutura e organização do texto e dos parágrafos
melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
pontuar melhor os assuntos de um texto. to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
- Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im- cada uma de forma isolada a seguir:
portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
- Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc., Introdução
pois fazem diferença na escolha adequada. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
- Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
pelo autor. Desenvolvimento
- Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível. desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
- Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
na leitura. lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
- Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela. tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
to no qual estávamos mais atentos. São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
- Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual- ção do desenvolvimento:
quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me- - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
lhor o assunto do texto. - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- dificultando a linha de compreensão do leitor.
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma Conclusão
distração, mas também um aprendizado. Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa tos levantados pelo autor.
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
Parágrafo
Erros de Interpretação Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
seleção e compreensão das ideias presentes no texto: conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
menor que pareça, deve ser levada em consideração. Às vezes uma sintética de acordo com os objetivos do autor.
pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
falha na interpretação. atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir dade na discussão.
de relações excessivas com outras ideias e contextos, você pode fa- - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
zer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão
sugeridas ou motivadas pelo texto. Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a al- desenvolvimento e conclusão):
guns aspectos e ideias do texto, deixando de lado outras que pa-
recem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e con- “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
siderável. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
de argumentação dentro do texto. A fim de defender um ponto de trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
cuidado para não interpretar erroneamente e confundir a opinião caos. ”
defendida pelo autor.
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de dis- (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
cutir as ideias do texto, você deve considerar a opiniões do autor,
materializadas e defendidas no texto.

10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbe-
tes/extrapolacao-na-leitura

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elemento relacionador: Nesse contexto. Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos tex-
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. tos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalísti-
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce ca, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textu-
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação ais: romance, conto, receita, notícia, bula de remédio.
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constitui-
Conclusão: Enfim, viveremos o caos. ção da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da lin-
guagem possuem uma preocupação estética. São classificados de
Tipologia Textual acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- ou épico. Pode-se afirmar que todo gênero literário é um gênero
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro
classificações. de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, poden-
do ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertati-
Tipos textuais vo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- classificações varia de acordo como o texto se apresenta e com a
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se finalidade para o qual foi escrito.
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada
específico para se fazer a enunciação. um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi- textual.
cas: A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
Apresenta um enredo, com ações e da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
relações entre personagens, que ocorre não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
TEXTO em determinados espaço e tempo. É
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
NARRATIVO contado por um narrador, e se estrutura
da seguinte maneira: apresentação > sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
desenvolvimento > clímax > desfecho Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
Tem o objetivo de defender determina- • Bilhete
TEXTO do ponto de vista, persuadindo o leitor • Bula
DISSERTATIVO a partir do uso de argumentos sólidos. • Carta
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução > • Conto
desenvolvimento > conclusão. • Crônica
Procura expor ideias, sem a necessidade • E-mail
de defender algum ponto de vista. Para • Lista
TEXTO isso, usa-se comparações, informações, • Manual
EXPOSITIVO definições, conceitualizações etc. A • Notícia
estrutura segue a do texto dissertativo- • Poema
-argumentativo. • Propaganda
• Receita culinária
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
• Resenha
de modo que sua finalidade é descrever,
TEXTO • Seminário
ou seja, caracterizar algo ou alguém.
DESCRITIVO
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
em verbos de ligação.
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
Oferece instruções, com o objetivo de to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
são os verbos no modo imperativo. dade e à função social de cada texto analisado.

Gêneros Textuais e Gêneros Literários


Gêneros textuais Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial ferem apenas aos textos literários.
saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo tex-
tual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma
é preciso ter atenção, cada uma possui um significado totalmente as questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração,
diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalha-
literário e um tipo textual: remos com essa diferença.
11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa

13
LÍNGUA PORTUGUESA

Os gêneros literários são divisões feitas segundo características Balada


formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité- Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas
rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se
- Gênero lírico; destinam à dança.
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático. Canção (ou Cantiga, Trova)
Poema oral com acompanhamento musical.
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po- Gazal (ou Gazel)
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo- Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da Soneto
função emotiva da linguagem.
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
tos e dois tercetos.
Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor-
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa Vilancete
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William nio e de maldizer); satíricas, portanto.
Shakespeare.
Gênero Épico ou Narrativo
Epitalâmia Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
Ode (ou hino) a crônica, a fábula.
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a Épico (ou Epopeia)
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom- Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
panhamento musical. um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Idílio (ou écloga) ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas Ensaio
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
diálogos (muito rara). certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
Sátira
subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém
cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode
malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun-
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.
Acalanto
Canção de ninar. Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Acróstico tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
mam uma palavra ou frase. Ex.: papéis das personagens nas cenas.

Amigos são Tragédia


Muitas vezes os É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Irmãos que escolhemos. compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Zelosos, eles nos presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Ajudam e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Eterna

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LÍNGUA PORTUGUESA

Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a caricatura,
o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.

Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)
Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, excla-
POR QUÊ
mação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

15
LÍNGUA PORTUGUESA

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO


E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar repe- Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
tição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de qua-
CONJUNÇÃO
entre elas rentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes gené-
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a cozi-
COESÃO LEXICAL ricos ou palavras que possuem sentido aproximado e
nha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. EMPREGO


DAS CLASSES DE PALAVRAS. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conecti-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO vos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão que
protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber, dis-
ciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.
Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

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Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Conjunções subordinativas


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
preposição em determinadas sentenças). Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, substantivas, definidas pelas palavras que e se.
per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre. • Causais: porque, que, como.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Condicionais: e, caso, desde que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que.
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Temporais: quando, enquanto, agora.
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
• Lugar: O vírus veio de Portugal. DA ORAÇÃO
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Meio: Viajou de trem. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
dos e suas unidades: frase, oração e período.
Combinações e contrações Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
havendo perda fonética (contração). Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Combinação: ao, aos, aonde Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Conjunção opcional.
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (pe-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois ríodo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finaliza-
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e dos com a pontuação adequada.
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo-
Análise sintática
mento de redigir um texto.
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
conjunções subordinativas.
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
Conjunções coordenativas nominais, agentes da passiva)
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma biais, apostos)
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em
cinco grupos: Termos essenciais da oração
• Aditivas: e, nem, bem como. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
• Adversativas: mas, porém, contudo. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
• Conclusivas: logo, portanto, assim. onde o verbo está presente.
• Explicativas: que, porque, porquanto.
O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intransi-
tivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apresenta
um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse modo,
eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adverbial
(modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza o
sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na ora-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
ção anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel de
substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações subor-
dinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista, está sendo
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
Ele foi o primeiro presidente que se preocupou com
DESENVOLVIDAS conjuntivas.
a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas.
REDUZIDAS Assisti ao documentário denunciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou
infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que, na
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações ou
Esse é o problema da pandemia: as pes-
: Dois-pontos sequência de palavras para resumir / explicar ideias apre-
soas não respeitam a quarentena.
sentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho, den-
Antes de citação direta
te por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de Excla-
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
mação
Após interjeição Ufa!
Ponto de Interro-
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
gação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda está
sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a da aula.
PRÓPRIO que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da formatu-
ra.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um adje-
nheira.
tivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensali-
dade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Exceto
caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

28
LÍNGUA PORTUGUESA

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum; con-
A trário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; do-
DE tado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negli-
EM
gente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado de
um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser reti-
rado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Operações linguísticas de reescrita:
se: A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- trução do texto escrito.
mos uma reunião frente a frente. - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
atender daqui a pouco. várias frases.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
fica a 50 metros da esquina. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha fi-
dificar sua ordem no processo de encadeamento.
lha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei Graus de Formalismo
minha avó até à feira. São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
Ana da faculdade. construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
à escola / Amanhã iremos ao colégio.
As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
DE TEXTO. REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO. REESCRITA cífico de algum campo científico, por exemplo).
DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE
FORMALIDADE Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos aceito
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – acendido, aceso (formas similares) – idem
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – à custa de – e não às custas de
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
forme
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois,
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não
– a meu ver – e não ao meu ver
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto.
– a ponto de – e não ao ponto de
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – em termos de – modismo; evitar
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – enquanto que – o que é redundância
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – implicar em – a regência é direta (sem em)
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- – ir de encontro a – chocar-se com
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer – ir ao encontro de – concordar com
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, sepa-
rado; quando não se pode, junto
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja – todo mundo – todos
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa – todo o mundo – o mundo inteiro
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
do processo de escrever do aluno. for substantivo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Expressões não recomendadas Polissemia e monossemia


– a partir de (a não ser com valor temporal). As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, segun- um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
do...
Denotação e conotação
– devido a. Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
– dito. um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
Opção: citado, mencionado. da cadeira.

– enquanto. Hiperonímia e hiponímia


Opção: ao passo que. Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
ficado entre as palavras.
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
– no sentido de, com vistas a. tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. Limão é hipônimo de fruta.

– pois (no início da oração). Formas variantes


Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
– principalmente. farto / gatinhar – engatinhar.
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sen- encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
tidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as mácia / franquia <—> sinceridade.
principais relações e suas características:
QUESTÕES
Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente 1. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- O Sueco mudará para uma nova residência no próximo mês. Ele
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: elaborou uma lista com algumas pendências a serem solucionadas
forte <—> fraco antes de sua mudança. Leia atentamente as alternativas abaixo e
assinale, dentre as palavras em destaque, a única que apresenta
Parônimos e homônimos uma palavra contendo desvio ortográfico.
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- (A) Reivindicar a alteração do endereço residencial junto ao
núncia semelhantes, porém com significados distintos. banco.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- (B) Solicitar a compania elétrica o religamento da energia.
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). (C) Pintar a fachada.
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma (D) Retirar o enxame de abelhas da varanda.
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo (E) Verificar o funcionamento de registro de água.
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de
A Lição da Borboleta voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole-
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela ta para passar através da pequena abertura eram necessários para
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo.
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em
dia e não conseguia ir além. nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas desafio, pois só assim voar será realmente possível.
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Segundo as regras de acentuação, todas as palavras proparo-
Nada aconteceu! xítonas são acentuadas, entretanto, essa regra não se aplica as pa-
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando lavras paroxítonas. Atente ao trecho (...) “uma pequena abertura
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de apareceu num casulo” (...). A palavra casulo é uma paroxítona não
voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não acentuada. Assinale, dentre as palavras abaixo, a paroxítona que foi
compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole- acentuada incorretamente.
ta para passar através da pequena abertura eram necessários para (A) amigável.
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que (B) Assembléia.
ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo. (C) repórter.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em (D) Abdômen.
nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno 4. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
desafio, pois só assim voar será realmente possível.
Observe atentamente os hábitos do Sueco. Considerando-se a
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido. norma culta da Língua Portuguesa e o uso dos acentos ortográficos,
assinale a alternativa em que há desvio a essas normas.
No que tange a norma culta da língua portuguesa, existem qua- (A) O Sueco está tranqüilo, pois contratou uma empresa de
tro tipos de porquês (por que, porque, por quê e porquê). Analise mudanças.
cuidadosamente o trecho a seguir. (...) “O homem continuou a ob- (B) A empresa de mudanças teve dificuldade em embalar o mi-
servar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, cro-ondas.
as asas dela se abrissem (...)”. Assinale a alternativa que justifica o (C) Como consequência, quebraram o eletrodoméstico.
uso do porquê em destaque. (D) O Sueco reclamou sobre a infraestrutura da empresa de
(A) Ele está exercendo a função de uma conjunção coordena- mudanças.
tiva. (E) A empresa marcou ao meio-dia, mas chegou quase duas
(B) Ele está desempenhando a função de um pronome relativo. horas depois.
(C) Justifica-se devido ao fato de preceder um pronome pes-
soal. 5. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMI-
(D) Ele apresenta o valor de um substantivo. NISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022

3. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 Texto I

A Lição da Borboleta A menina que criava peixes na barriga (fragmento)


Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer sua vez desaguava no rio.
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
dia e não conseguia ir além. nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas ções familiares.
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
Nada aconteceu! do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e

32
LÍNGUA PORTUGUESA

alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda-
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo.
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não
até o barulho delas lhe encantava. tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do
o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita- rebanho.
mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al-
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
acompanhamento da refeição do dia seguinte. cantoria era olhado de lado por alguns.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento “Isso tem que acabar”, disse consigo.
mais isso todo dia. Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio-
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na- nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que
com azeite de copaíba. não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia segredo adiante.
os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia,
restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que
casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida- Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta
mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca- que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam
dores da área. [...] milhares de contos de réis. [...]
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa alterou a
(Fernando Canto) acentuação de algumas palavras. No entanto, “réis” conserva o
acento que recebia em função de seu ditongo aberto. Dentre as pa-
No terceiro parágrafo, há algumas ocorrências do sinal indica- lavras abaixo, assinale a que apresenta, INDEVIDAMENTE, o acento
tivo de crase. De acordo com a Gramática Tradicional, o “a” é sem- gráfico.
pre acentuado nas locuções de natureza adverbial formadas com (A) herói.
palavra feminina, motivo pelo qual a construção “à tarde” recebe o (B) céu.
acento grave. Assinale a alternativa em que esse acento é emprega- (C) dói.
do por essa mesma razão. (D) véu.
(A) Todos passearam à vontade por toda a região. (E) jibóia.
(B) Entregou o material à recepcionista da empresa.
(C) Gosta de usar calça larga e chapéu à Napoleão. 7. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
(D) Normalmente, prestam obediência às leis.
(E) Você fez jus à nota da sua última avaliação. Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
6. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
RANÇA DO TRABALHO/2022 atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Texto I Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
O conto do vigário (Joseli Dias) sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que desses restos não reclamados.
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de-
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu-
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
uma nova por cima. de existir.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol- em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo, pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen- pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha

33
LÍNGUA PORTUGUESA

um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- Todos os vocábulos abaixo, retirados do texto, recebem o acen-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a to gráfico em razão da mesma regra de acentuação, exceto.
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (A) diárias.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (B) sobrevivência.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- (C) geográfica.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões (D) privilégio.
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos 9. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
dedos e os limpa no macacão.
Texto I
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2018, p. 71-72) A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci-
Alguns vocábulos deixaram de ser acentuados a partir do Novo do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam-
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. “Voo” e “colmeia” ilus- bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com
tram essa afirmação. Dentre as palavras abaixo, assinale a alterna- bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general
tiva que apresenta a única que ainda deve receber acento gráfico. e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
(A) leem. do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
(B) jiboia. O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti-
(C) feiura. mou-o a comparecer à delegacia.
(D) herói. O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto
não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
8. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a
VO/2022 ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
É proibido chorar tinha a dizer-lhe o seguinte.
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos- CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
são os quixotes da periferia. general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no senhor.
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
disso. - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas balbuciar humildemente.
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro, - Da ativa, minha senhora?
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa braços desalentado.
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...] Fernando Sabino

(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e


inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilize o texto acima para responder a questão janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
As classes de palavras possuem formações sufixais. Retorne ao arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
texto “A Mulher do vizinho” e observe a lista das palavras abaixo em e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
seu contexto. Assinale a alternativa que apresenta a única em que o frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
sufixo “-ADO” é formador de um substantivo. zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
(A) Reclinado. verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
(B) Delegado. exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
(C) Espantado. diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
(D) Desalentado. os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
(E) Descuidado. deficiência falando alto. [...]

10. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p.
MÁTICA/2022 63-64)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Em “Fabiano esfregou as mãos satisfeito” (3º§), o vocábulo
Texto I destacado ilustra o seguinte emprego das classes de palavras.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que (A) a indicação do modo de realizar uma ação feita pelo ad-
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil vérbio.
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam (B) a representação de uma ideia abstrata feita pelo substan-
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para tivo.
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam (C) a caracterização de um estado provisório feita por um ad-
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no jetivo.
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- (D) uma qualidade própria às mãos atribuída pelo adjetivo.
vam cedo também, trazendo nos
olhos e no estômago a desesperada expectativa. Será que hoje (E) a nomeação de uma qualidade feita por um substantivo.
tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos
no ar exigindo o peito da mãe ou a mamadeira completada com 12. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
mais água sempre.
Texto
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
No contexto em que se encontram, os vocábulos destacados enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
em “para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para o pre- todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
paro das pobres marmitas” devem ser classificados, morfologica- pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
mente, como. dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
(A) verbos. te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
(B) adjetivos. um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
(C) pronomes. sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
(D) substantivos. força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
(E) advérbios. zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
11. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
Texto I dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
Inverno tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no compreender.
pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza. 2020.)
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um Na passagem “O criado, pálido, contava” (2º§), as vírgulas cum-
trovão distante. prem um papel importante em relação ao adjetivo “pálido” porque.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a (A) indicam tratar-se de uma característica momentânea.
ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de (B) revelam um traço intrínseco do personagem apresentado.
luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen- (C) expressam uma interlocução, um modo de chamar o outro.
te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados. (D) mostram o modo como a ação seria desenvolvida.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e (E) indicam a reação do sujeito depois da ação de “contar”.
apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da

35
LÍNGUA PORTUGUESA

13. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 16. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD-
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
O Sueco morou com os parentes desde pequeno. Entretanto
passou a morar com a esposa. Há um padrão de tempo verbal (pre- Texto I
térito perfeito) nessas duas orações.
Assinale a alternativa em que esse padrão se repete. A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
(A) O Sueco passava horas lendo. A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
(B) O Sueco estudou e lecionou português. casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
(C) O Sueco assistia vídeos em português.
sua vez desaguava no rio.
(D) A casa do Sueco estava muito bem conservada.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
(E) Na casa havia lustres de cristal. nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
14. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- ções familiares.
MÁTICA/2022 Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
Utilize o texto abaixo para responder a questão. esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
Texto I longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina,
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para até o barulho delas lhe encantava.
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita-
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe-
acompanhamento da refeição do dia seguinte.
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou mais isso todo dia.
a mamadeira completada com mais água sempre. A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
Na última frase do texto, destaca-se a presença de verbos no e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
gerúndio. Esse emprego indica ações que. os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os
(A) se apresentam como possibilidades futuras. restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
(B) ocorreram, pontualmente, uma só vez no passado. casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
(C) foram interrompidas antes de serem concluídas. mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
(D) denotam o sentido imperativo comum aos pedidos. dores da área. [...]
(E) expressam continuidade em um período de tempo
(Fernando Canto)
15. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
MÁTICA/2022 Ao longo do texto, é recorrente o emprego de verbos flexio-
nados no pretérito imperfeito do modo Indicativo. Considerando
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
o contexto, pode-se compreender que esse emprego revela ações
que.
Texto II (A) se limitam a uma ocorrência única num momento passado.
(B) marcadas pela incompletude, não foram plenamente rea-
ciclo vicioso lizadas.
minha namorada sempre sonha que namora seu namorado an- (C) ocorrerão no futuro em diálogo com fatos ocorridos no pas-
tigo minha ex-namorada sado.
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito (D) se repetem, sendo apresentadas como rotineiras ou habi-
tudo para não sonhar... tuais.
(E) remetem a fatos do universo fantástico, com caráter fabu-
(Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8) loso.

No poema, o emprego do verbo “sonha”, flexionado no presen-


te do indicativo, expressa uma ação.
(A) de caráter repetitivo, habitual.
(B) que se refere a um fato futuro.
(C) ocorrida apenas no momento da fala.
(D) com sentido de possibilidade.
(E) de sentido imperativo, mas atenuada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

17. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 18. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022

Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- Texto


be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
desses restos não reclamados. te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
pois. Sua consciência sobre o fim de todas força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado e princi- zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
palmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
Assim como não teme o pôr do sol, Edgar Wilson entende que não Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
contínuo. De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que faça, seja o cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
bem, seja o mal, ele deixará de existir. tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros compreender.
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido 2020.)
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o Em “como se estivesse em um espetáculo” (1º§), a ideia de in-
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha certeza, de possibilidade pode ser percebida pelo emprego do ver-
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- bo no modo subjuntivo. Assinale a alternativa em que se observa
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a outro exemplo desse modo verbal.
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (A) Realmente faríamos o evento ontem à noite.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (B) É importante que eu esteja pronto para o projeto.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- (C) Não era verdade o que ele acreditara.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões (D) Leremos o documento, na reunião, ou não?
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se (E) Ficávamos atentos à mensagem transmitida.
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
dedos e os limpa no macacão. 19. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022

Na oração “Edgard fora atraído para esse trecho”(1º§), a forma Texto


verbal destacada está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do
modo indicativo. No contexto em que se encontra, constata-se que Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
ela expressa uma ação. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
(A) futura que se relaciona com um fato do passado. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
(B) hipotética que poderia ter ocorrido no passado. todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
(C) passada e anterior a outra ação também passada. pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
(D) incompleta porque interrompida num momento passado. dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia

37
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “quando pela manhã me acordei com um enorme barulho Destaca-se, na passagem, o vocábulo “mesmo” que cumpre
na casa toda.” (1º§), o pronome destacado faz parte de uma cons- um papel de reforço em relação ao pronome “Ele”. Entendendo
trução que provoca certo estranhamento no leitor. Seu uso sugere “mesmo” também como pronome, deve ser classificado morfolo-
um sentido. gicamente como.
(A) passivo. (A) relativo.
(B) recíproco. (B) indefinido.
(C) reflexivo. (C) demonstrativo.
(D) indeterminado. (D) possessivo.
(E) interrogativo. (E) interrogativo.

20. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- 21. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
RANÇA DO TRABALHO/2022
Texto I
Texto I
Inverno
O conto do vigário (Joseli Dias) A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- trovão distante.
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen-
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
uma nova por cima. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol- do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo, e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen- frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda- verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do deficiência falando alto. [...]
rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al- (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de 64)
cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo. Considerando-se o contexto, verifica-se que o pronome de-
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio- monstrativo destacado em “De quando em quando estes se me-
nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto xiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles.”
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que (3º§), foi empregado em uma referência.
não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo (A) espacial, indicando a proximidade entre os personagens.
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o (B) espacial, indicando a proximidade do narrador.
segredo adiante. (C) temporal, aproximando o leitor da ação descrita.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, (D) textual, apontando uma ideia que ainda será apresentada.
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que (E) textual, retomando o último elemento de uma sequência.
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam
milhares de contos de réis. [...]

Considere a passagem abaixo para responder à questão.


“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã
cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja
em construção.”

38
LÍNGUA PORTUGUESA

22. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
Texto estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a
dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa- dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém. prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre dedos e os limpa no macacão.
o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen- Letras, 2018, p. 71-72)
tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender. Sabendo que a classe gramatical de uma palavra deve consi-
derar o contexto em que ela se encontra, na frase “Assim como a
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard.”(1º§),
2020.) os vocábulos destacados são classificados, respectivamente, como.
(A) pronome oblíquo e pronome oblíquo.
O pronome relativo destacado, em “Levaram-me para o fundo
(B) pronome oblíquo e pronome demonstrativo.
da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados.”
(C) pronome demonstrativo e artigo definido.
(2º§), tem seu emprego em conformidade com a Norma Padrão. No
entanto, comumente, esse pronome é empregado de modo equivo- (D) artigo definido e pronome oblíquo.
cado nos mais variados textos. Assinale a alternativa que apresenta
um exemplo desse equívoco. 24. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
(A) A adolescência é sempre aquela fase onde mudanças des- Considere o texto a seguir para responder a questão.
tacam-se.
(B) Levou-me até uma região onde todos se sentiam um pouco Texto II
mais seguros.
(C) Faltam medidas suficientes para os moradores do bairro Senhor Ministro,
onde resido. Tenho a honra de convidar Vossa Excelência a participar do lan-
(D) Custaram a se lembrar da casa onde ficavam nas férias anu- çamento do Ciclo de Debates sobre a Execução do Plano Nacional
ais. da Pessoa com Deficiência, a ser realizado em 15 de março de 2018,
(E) Deixaram as ferramentas na sala onde estávamos anterior- às 9 horas, no Auditório da Escola Nacional de Administração Públi-
mente. ca (Enap), no Setor de Áreas Isoladas Sul, em Brasília. O debate ini-
cial faz parte de uma sequência de cinco encontros, com o objetivo
23. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 de acompanhar o desenvolvimento das diversas ações contidas no
referido Plano.
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
Atenciosamente, (espaço para assinatura)
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como [NOME DO SIGNATÁRIO]
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard [Ministro de Estado]
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assun-
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios tos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-reda-
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem cao.pdf.Adaptado Acesso em 14/05/2022)
desses restos não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu O texto anterior é parte de um ofício, um dos exemplos de
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- correspondência oficiais. Trata-se de um documento enviado a um
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- Ministro de Estado. Em relação aos pronomes de tratamento em-
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher pregados, é correto afirmar que.
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr (A) as formas de tratamento diferenciadas relacionam-se com
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos os momentos distintos em que foram empregadas no texto.
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o (B) o uso da forma “Senhor Ministro” é equivocada, pois indica
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- um registro bastante informal para referir-se a um ministro.
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
(C) o pronome “Vossa Excelência” poderia ser substituído por
de existir.
“Sua Excelência” a fim de reforçar a impessoalidade.

39
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) o redator poderia ter empregado “Vossa Excelência” no vo- A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
cativo e a forma abreviada deste pronome no corpo do texto. o jantarc, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subi-
(E) a substituição, no vocativo, de “Senhor” por “Excelentíssi- tamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
mo” é uma escolha estilística possível ao redator. logo com cachos de açaí para serem debulhadosd e preparados no
acompanhamento da refeição do dia seguinte.
25. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
MÁTICA/2022 mais isso todo dia.
Utilize o texto abaixo para responder a questão A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
Texto III com azeite de copaíba.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui a prote- Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
ção de dados pessoais como direito fundamental do cidadão, apro- e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
vada pelo Senado nesta semana, é extremamente relevante para os os maiores, descamava-os com rapidez e os fritavae para o jantar.
dias de hoje, de acordo com o professor da Singularity University e Os restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
especialista em digital, Ricardo Cavallini. casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
Em entrevista à CNN, ele afirmou que o conceito de privacida- mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
de mudou muito. “No mundo conectado, tudo é gravado, ninguém dores da área. [...]
mais será anônimo, não tem mais escolha, a cada milissegundo tem
alguém capturando dados sobre a gente, com quem fala, onde está, (Fernando Canto)
por onde passa”, explicou.
As preposições, ainda que contraídas, podem introduzir locu-
(Matéria publicada em 22/10/2021. Disponível em. https.//www.cn- ções que conferem características a um substantivo, delimitando-o.
nbrasil. com.br/business/privacidade-e-protecao-de-dados-hoje-sao- Assinale a alternativa que apresenta o fragmento em que se desta-
-sinonimo-deliberdade- diz-especialista/Acesso em 07/12/2021) ca uma preposição ou contração que cumpra essa função.
(A) “para o fundo da casa de madeira”.
Em todas as passagens abaixo, retiradas do texto, destacam-se (B) “formando um córrego que por sua vez” .
termos ou expressões de caráter adverbial, EXCETO em. (C) “Era hora de preparar o jantar”.
(A) “aprovada pelo Senado nesta semana” . (D) “cachos de açaí para serem debulhados”
(B) “é extremamente relevante para os dias de hoje” . (E) “descamava-os com rapidez e os fritava” .
(C) “o conceito de privacidade mudou muito” .
(D) “No mundo conectado, tudo é gravado” . 27. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
(E) “com quem fala, onde está,” .
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
26. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
Texto I fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
A menina que criava peixes na barriga (fragmento) Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
casa de madeiraa. No quintal havia um lago de águas represadas desses restos não reclamados.
que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
por sua vezb desaguava no rio. algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de-
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô- pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu-
nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei- todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
ções familiares. do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o
esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan- de existir.
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
até o barulho delas lhe encantava. pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a

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LÍNGUA PORTUGUESA

colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- (C) porque.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. (D) mas.
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões 29. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos Texto I
dedos e os limpa no macacão.
Inverno
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no
Letras, 2018, p. 71-72) pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o
Em “Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
aguçada desde que abatia o gado”(2º§), o conectivo destacado pos- Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento
sui um valor semântico. Assinale a alternativa em que foi emprega- sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um
do com sentido diferente desse identificado no trecho. trovão distante.
(A) O evento ocorrerá desde que todos ajudem. Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a
(B) Desde que você saiu, comecei a estudar. ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de
(C) Moro na mesma casa desde que nasci. luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen-
(D) Desde que acordei, não levantei da cama. te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e
28. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben-
VO/2022 do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da
janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
É proibido chorar arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos- exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce-
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. deficiência falando alto. [...]
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito:
são os quixotes da periferia. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no 64)
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- No período composto “Como recursos de expressão eram min-
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta guados, tentavam remediar a deficiência falando alto.” (3º8), a con-
disso. junção que o introduz é essencial para a produção de sentido. Con-
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo siderando seu emprego contextual, percebe-se que apresenta valor.
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, (A) causal.
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- (B) conformativo.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os (C) consecutivo.
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como (D) comparativo.
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos (E) condicional.
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- 30. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas Assunto: Questões Variadas de Classe de Palavras
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro,
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa A Lição da Borboleta
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho-
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque-
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...] le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer
Em “Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz so- qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po-
frer.” (4º§), a vírgula separa duas ideias que se relacionam sem uma dia e não conseguia ir além.
conjunção explícita. Caso fosse explicitada, não haveria alteração O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e
de sentido com a presença do seguinte conectivo. cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas
(A) mas também. seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O
(B) portanto.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. tinha a dizer-lhe o seguinte.
Nada aconteceu! - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole- CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
ta para passar através da pequena abertura eram necessários para este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo. o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos tão general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desa- senhor.
fio, pois só assim voar será realmente possível. Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido. licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Pode-se afirmar que as palavras são categorizadas em classes O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
(classes de palavras ou classes gramaticais). Essa categorização - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
depende da sua natureza e da sua função gramatical. Existem dez o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
classes de palavras em português. substantivos, adjetivos, artigos, Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
numerais, pronomes e etc. Considerando-se o trecho. “ele pegou pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
uma tesoura e cortou o (...) casulo”. Leia atentamente as assercões sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
abaixo e assinale a única aternativa em que todas as classificações coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
estão corretas. Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
I. A palavra “ele” é um pronome, mais especificamente, corres- balbuciar humildemente.
ponde a terceira pessoa do singular. - Da ativa, minha senhora?
II. “pegou” é um verbo e está conjugado no pretérito imper- E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
feito. braços desalentado.
III. Pode-se classificar “uma” como um artigo indefinido. - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
IV. A palavra “tesoura” é um substantivo abstrato.
V. Pode-se afirmar que “e” é uma conjunção. Fernando Sabino
VI. “cortou’ também é um verbo e também está conjugado no
pretérito imperfeito. Utilize o texto acima para responder a questão
VII. Pode-se afirmar que “o” é um artigo definido masculino. Sabe-se que a língua é viva, frequentemente, palavras são in-
VIII. A palavra “casulo” é um advérbio de modo. corporadas a ela e, consequentemente, outras caem em desuso. No
trecho “(...) outra vez que eu souber que andaram incomodando o
(A) As asserções I, III, V e VII apenas. general, vai todo mundo em cana. Morou?” Assinale a alternatia
(B) As asserções II, IV, VI e VIII apenas. correta que apresenta o sinônimo da expressão morou .
(C) As asserções I, II, III e IV apenas. (A) Desconheceu.
(D) As asserções V, VI, VII e VIII apenas. (B) Despercebeu.
(C) Ignorou.
31. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 (D) Compreendeu.
(E) Viveu.
Texto I
32. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci- Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce-
do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam- be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra
bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard
e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco. Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti- Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
mou-o a comparecer à delegacia. sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto desses restos não reclamados.
não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a

42
LÍNGUA PORTUGUESA

Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos tinha a dizer-lhe o seguinte.
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa cha-
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará mada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhe-
de existir. cer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉR-
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros CITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha senhor.
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza)
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan- licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po- O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques.
prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo,
dedos e os limpa no macacão. pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que
sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Letras, 2018, p. 71-72) Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e
balbuciar humildemente.
“Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. - Da ativa, minha senhora?
Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhante. Leva a mão até E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os
a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da lín- braços desalentado.
gua.”(3º§) - Da ativa, Motinha! Sai dessa…
O ritmo de um texto é construído também por meio de sua es-
trutura sintática. Na passagem acima, percebe-se que o dinamismo Fernando Sabino
com que os fatos foram apresentados deve-se.
(A) à recorrência de orações subordinadas substantivas e ad- Utilize o texto acima para responder a questão
jetivas. Atente-se ao início do texto, mais especificamente, à expres-
(B) ao excesso de orações coordenadas sindéticas e assindéti- são. “Contaram-me que na rua onde mora (...)”, nessa passagem
cas. manifesta-se um sentido indeterminado do agente. Assinale a alter-
(C) ao predomínio de períodos simples e presença de orações nativa que apresenta esse agente indeterminante.
coordenadas. (A) na rua.
(D) à presença reiterada de orações subordinadas adverbiais. (B) onde.
(C) Contaram-me.
33. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022 (D) mora.
(E) me.
Texto I

A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conheci-
do e antipático general de nosso Exército morava (ou mora), tam-
bém um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com
bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general
e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e inti-
mou-o a comparecer à delegacia.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

34. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
MÁTICA/2022 Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
Utilize o texto abaixo para responder a questão. dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
Texto I prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
dedos e os limpa no macacão.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam Letras, 2018, p. 71-72)
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam “Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte.
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhante. Leva a mão até
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda- a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da lín-
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe- gua.”(3º§)
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns Considerando a transitividade dos verbos presentes na passa-
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou gem acima, é correto afirmar que todos os termos abaixo exercem
a mamadeira completada com mais água sempre. a função de complemento verbal, exceto.
(A) “Nada”.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) (B) “abelhas”.
(C) “a mão”.
No texto, os vocábulos “Uns” e “Outros” relacionam-se entre (D) “um favo de mel”.
si por meio de uma estrutura de paralelismo. Pode-se afirmar que,
sintaticamente, exercem a função de. 36. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
(A) objeto direto. VO/2022
(B) sujeito simples.
(C) adjunto adnominal. É proibido chorar
(D) objeto indireto. Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades
(E) predicativo do sujeito. de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
35. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos-
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- so grito de que não aceitaríamos tudo calados.
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer.
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito:
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. são os quixotes da periferia.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas-
desses restos não reclamados. tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu disso.
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também,
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui-
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos
inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de- devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen-
de existir. tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro,
em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa
estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne- com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa
nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa- (VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e
bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)
colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na seguinte sequência de orações “Vejo e me identifico com a 38. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso”(7º§), repete-se
um tipo de sujeito que. Texto
(A) possui um caráter de indeterminação do agente.
(B) deve ser identificado pela desinência verbal. Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu.
(C) sofre as ações e classifica-se como passivo. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um
(D) pode ser entendido como inexistente. enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para
todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de
37. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe esten-
RANÇA DO TRABALHO/2022 dida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gen-
te toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em
Texto I um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em
sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com
O conto do vigário (Joseli Dias) força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fa-
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que zer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então
o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre
tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes- dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para
se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual- cima, vira meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguen-
quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa tada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o compreender.
que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até
achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer (REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora,
uma nova por cima.
2020.)
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas,
ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol-
O vocábulo “todo”, flexionado ou não, é empregado de forma
teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando
recorrente no primeiro parágrafo do texto. Assinale a alternativa
o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho
em que ele possui um caráter adverbial.
como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
(A) “com um enorme barulho na casa toda”.
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen-
(B) “gente correndo para todos os cantos”.
to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com
Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda- (C) “a gente toda que estava ali”.
deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. (D) “minha mãe estava toda banhada em sangue”.
Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não (E) “mandou então que todos saíssem”.
tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do 39. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
rebanho. MÁTICA/2022
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al- Utilize o texto abaixo para responder a questão.
moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
cantoria era olhado de lado por alguns. Texto II
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio- Ciclo vicioso
nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto minha namorada sempre sonha que namora seu namorado an-
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que tigo minha ex-namorada
não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o tudo para não sonhar...
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, (Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8)
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta O “ciclo vicioso”, indicado no título, é estruturado, nos três pri-
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam meiros versos, por meio do encadeamento de orações principais e.
milhares de contos de réis. [...] (A) coordenadas sindéticas.
O adjunto adverbial “relativamente” reposiciona a caracteriza- (B) subordinadas adverbiais.
ção da vida de Pedro Lulu visto que está, direta e sintaticamente, (C) subordinadas substantivas.
relacionado com o seguinte elemento. (D) subordinadas adjetivas.
(A) verbo de ligação. (E) coordenadas assindéticas.
(B) sujeito simples.
(C) predicativo do sujeito.
(D) adjunto adnominal.
(E) objeto direto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

40. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
MÁTICA/2022 tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
Utilize o texto abaixo para responder a questão. com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia
Texto I e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia
os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da
restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapida-
continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam mente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pesca-
bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para dores da área. [...]
o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam
para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no (Fernando Canto)
balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda-
vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe- A estrutura oracional presente no título é reiterada duas vezes
rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns no primeiro parágrafo do texto. Trata-se de um tipo de oração que
brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou cumpre o papel de.
a mamadeira completada com mais água sempre. (A) explicitar uma circunstância em relação ao verbo.
(B) complementar o verbo da oração principal.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168) (C) caracterizar o substantivo a que se refere.
(D) indicar uma concessão em relação ao referente.
Em “todas as famílias que restavam na favela”, a oração desta- (E) reiterar o significado introduzido pela conjunção.
cada caracteriza o substantivo “família” cumprindo um papel.
(A) restritivo. 42. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU-
(B) elogioso. RANÇA DO TRABALHO/2022
(C) ofensivo.
(D) aumentativo. Texto I
(E) irônico.
O conto do vigário (Joseli Dias)
41. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pedro Lulu, boa vida cuja
única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era
Texto I tocar viola para garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos
os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória que fizes-
A menina que criava peixes na barriga (fragmento) se, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qual-
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da quer para comprar alguma coisa. Sempre vinha com uma conversa
casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o
no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por que queria, deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até
sua vez desaguava no rio. achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida, para fazer
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô- uma nova por cima.
nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas,
de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei- ganhava roupas usadas dos amigos e juras de amor de moças sol-
ções familiares. teironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – o Padre Bastião chegou por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho
esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimen-
longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan- to e assentando tijolos da igreja em construção. Quando deu com
do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verda-
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores deira campanha contra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo.
passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis. “Não
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar
até o barulho delas lhe encantava. e a mendigar comida na mesa alheia”, pregava o padre, diante do
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar rebanho.
o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita- Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os al-
mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria moços oferecidos foram escasseando e até mesmo nas rodas de
logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no cantoria era olhado de lado por alguns.
acompanhamento da refeição do dia seguinte. “Isso tem que acabar”, disse consigo.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessio-
mais isso todo dia. nário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre o mais absoluto
segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que

46
LÍNGUA PORTUGUESA

não faria o mesmo diante das maiores dificuldades, mas que vê-lo a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para
em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
segredo adiante. Nada aconteceu!
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando
ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa figura contou que com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de
Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não
que fez, não podia usufruir de seus bens na capital, que somavam compreendia, era que o casulo apertado e o esforço da borbole-
milhares de contos de réis. [...] ta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que
Considere a passagem abaixo para responder à questão. ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo.
“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em
cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, não seriamos
em construção.” tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno
As três últimas orações do período composto acima conser- desafio, pois só assim voar será realmente possível.
vam, em sua estrutura, um traço comum que nos permite classifi-
cá-las como. Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
(A) reduzidas.
(B) substantivas. Analise atentamente a seguinte estrutura. (...) “Ela nunca foi
(C) adjetivas. capaz de voar” (...). Efetue a análise sintática da estrutura mencio-
(D) assindéticas. nada e assinale a alternativa correta.
(E) justapostas. (A) O pronome “ela” é o sujeito da oração e está se referindo
a borboleta.
43. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- (B) “foi” é o verbo da estrutura e está conjugado no pretérito
VO/2022 mais-que-perfeito.
(C) “capaz de voar” é o predicado.
(D) “de voar” é o objeto direto.
Separação (fragmento)
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem
45. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD-
repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evi-
tar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do
amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, Texto I
onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao
mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
era tudo impossível entre eles. A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da
casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que
(MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor. São Paulo: Compa- no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por
nhia das Letras, 2010, p. 24) sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazô-
Os pronomes oblíquos átonos são largamente empregado no nicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário
texto em análise. Considerando o contexto em que se encontram e de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refei-
a prescrição gramatical, indique, dentre as alternativas abaixo, um ções familiares.
exemplo desse tipo de pronome na função de objeto indireto. Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro –
(A) “mirou-a”. esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da
(B) “como a pedir-lhe”. casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao
(C) “preferia não tê-lo”. longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajan-
(D) “Ela o olhava”. do num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores
44. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina,
pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas
A Lição da Borboleta até o barulho delas lhe encantava.
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um ho- A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar
mem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subita-
se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daque- mente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria
le pequeno buraco. Então, pareceu que ela havia parado de fazer logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no
qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que po- acompanhamento da refeição do dia seguinte.
dia e não conseguia ir além. Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e mais isso todo dia.
cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua na-
seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O tureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina
homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, com azeite de copaíba.

47
LÍNGUA PORTUGUESA

Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia O título do texto possui um caráter imperativo. Considerando
e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia sua estrutura sintática, pode-se afirmar que.
os maioresa, descamava-os com rapidezb e os fritava para o jan- (A) a primeira oração apresenta um verbo transitivo.
tarc. Os restantes eram jogadosd ainda vivos no pequeno igarapé (B) o sentido impositivo é apresentado por um substantivo.
atrás da casa. Eram de várias espéciese e se reproduziam e cresciam (C) a segunda oração exerce a função de sujeito da primeira.
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos (D) o verbo da primeira oração não está flexionado.
pescadores da área. [...]
47. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022
(Fernando Canto)
De acordo com as regras normativas pertinentes à Língua Por-
Para construir as relações sintáticas e de sentido no último pa- tuguesa do Brasil, observe a explicação dada sobre uma das pontu-
rágrafo, o vocábulo “peixes” foi empregado várias vezes de modo ações utilizadas na representação do discurso.
implícito. Caso fosse explicitado nas passagens abaixo, assinale a _________representa uma maior pausa do que a marcada pela
alternativa em que se aponta sua classificação sintática correta. vírgula, comumente utilizada. Seu uso ocorre para separar orações
(A) “A mãe escolhia os maiores” – predicativo do objeto. coordenadas quanto muito longas. Sua função é a de conceder cla-
(B) “descamava-os com rapidez” – objeto indireto. reza em uma frase, principalmente a fim de organizar os itens apre-
(C) “e os fritava para o jantar” – complemento nominal. sentados.
(D) “Os restantes eram jogados” – predicativo do sujeito.
(E) “Eram de várias espécies” –núcleo do sujeito. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
(A) Ponto e vírgula.
46. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- (B) Ponto final.
VO/2022 (C) Trema.
(D) Dois pontos.
É proibido chorar (E) Hífen.
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades
de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de suportar as dores diá- 48. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
rias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta. MÁTICA/2022
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras Utilize o texto abaixo para responder a questão.
espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite, o choro, já era o nos-
so grito de que não aceitaríamos tudo calados. Texto I
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até
hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer. Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: restavam na favela havia muito tempo já estavam de pé. Era difícil
são os quixotes da periferia. continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para
centro do esquecimento da humanidade, quer seja artista (?), ou o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam
não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um cas- para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no
tigo, não sei por que tem tanta gente metida a besta só por conta balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acorda-
disso. vam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desespe-
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo rada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns
atrás de sonhos e também me vejo neles, sou um deles também, brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou
nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio qui- a mamadeira completada com mais água sempre.
meras. Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os
em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como (Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos
devem ter. E a única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que Na passagem “Outros, em busca do primeiro gole de cachaça”,
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no cen- o emprego da vírgula é justificado em função.
tro da cidade, um CD demo debaixo do braço, uns poemas numas (A) da presença de uma enumeração.
folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro, (B) de isolar um aposto explicativo.
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa (C) da elipse de um termo.
com as portas pesadas que cada vez se fecham mais para a nossa (D) de acompanhar um vocativo.
gente, que nasce sem as chaves certas e programadas. (E) da presença de um termo no plural.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a
ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]

(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e


inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020, p. 39-40)

48
LÍNGUA PORTUGUESA

49. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas de-
cisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará
Texto I de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros
Inverno em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, ne-
pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de nhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza. pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha
sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sa-
trovão distante. bendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhan-
ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de te. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o.
luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamen- Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está po-
te os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados. dre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se
apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam receben- prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos
do o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas e gretas da dedos e os limpa no macacão.
janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe (MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das
e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa eram Letras, 2018, p. 71-72)
frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As ve-
zes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na No terceiro parágrafo, há uma construção linguística incomum
verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam em “Distrai-se dos voos dos abutres”. Tal estranhamento deve-se a
exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens suce- uma alteração de regência e sugere o sentido de que Edgar Wilson.
diam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como (A) deixou de prestar atenção nos voos dos abutres.
os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a (B) continuou encantado com os voos dos abutres.
deficiência falando alto. [...] (C) passou a seguir, com cautela, os voos dos abutres.
(D) comprometeu-se com os voos dos abutres.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-
64) GABARITO
No último parágrafo do texto, ao observar o emprego de dois-
-pontos, percebe-se que esse sinal de pontuação foi usado para. 1 B
(A) mostrar a consequência do que se afirmou.
(B) marcar enunciados de diálogo. 2 A
(C) representar a reprodução de citações. 3 B
(D) Indicar um esclarecimento.
4 A
(E) sinalizar a omissão de termos.
5 A
50. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 6 E
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson perce- 7 D
be ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra 8 C
batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como
atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard 9 B
fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. 10 D
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem
11 A
Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios
sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem 12 A
desses restos não reclamados. 13 B
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu
algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas de- 14 E
pois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se agu- 15 A
çada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher
16 D
todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr
do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos 17 C
ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o 18 B

49
LÍNGUA PORTUGUESA

______________________________________________________
19 C
20 C ______________________________________________________
21 A ______________________________________________________
22 A
______________________________________________________
23 B
24 C ______________________________________________________
25 E ______________________________________________________
26 A
______________________________________________________
27 A
______________________________________________________
28 D
29 C ______________________________________________________
30 A ______________________________________________________
31 D
______________________________________________________
32 C
33 C ______________________________________________________

34 B ______________________________________________________
35 A
______________________________________________________
36 B
______________________________________________________
37 C
38 D ______________________________________________________
39 C ______________________________________________________
40 A
______________________________________________________
41 C
42 A ______________________________________________________

43 B ______________________________________________________
44 A ______________________________________________________
45 E
______________________________________________________
46 C
47 A ______________________________________________________
48 C ______________________________________________________
49 B
______________________________________________________
50 A
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
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______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
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50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução:
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen- 6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve- Resposta: B.
jamos eles:
Fatorial
Princípio fundamental de contagem (PFC) Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
É o total de possibilidades de o evento ocorrer. a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem. Exemplos:
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120.
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra. 7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.

Exemplos: ATENÇÃO
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três 0! = 1
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade 1! = 1
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
passando necessariamente por B?
(A) Oito.
Arranjo simples
(B) Dez.
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
(C) Quinze.
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
(D) Dezesseis.
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
(E) Vinte.
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
Resolução:
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
assim sucessivamente.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
• Sem repetição
primeira opção.
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
2ª possibilidade: 5 (B para Roma).
Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
uma sucessão de escolhas.
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.
Onde:
(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em n = Quantidade total de elementos no conjunto.
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes, P =Quantidade de elementos por arranjo
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre- escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com gico. Quantas as possibilidades de escolha?
que ele poderia fazer o seu pedido, é: n = 18 (professores)
(A) 19 p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi-
(B) 480 co)
(C) 420
(D) 90

51
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Com repetição Exemplo:
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re- (CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo-
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri-
mesmo elemento em um agrupamento. ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin-
por: guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no
máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado
Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo Resolução:
com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.
ao conjunto P.

Resolução:
P = {A, B, C, D}
n=4 Resposta: Certo.
p=2
A(n,p)=np • Circular
A(4,2)=42=16 A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
Permutação realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili- a) Pessoas estão em um formato circular.
zamos todos os elementos. b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
de 4 lugares.
• Sem repetição

Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser


resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC). Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
Exemplo: pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL – mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre ticipantes da reunião é superior a 102.
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en- ( ) Certo
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é ( ) Errado
(A) 24.
(B) 25. Resolução:
(C) 26. É um caso clássico de permutação circular.
(D) 27. Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
(E) 28. Resposta: CERTO.

Resolução: Combinação
Anagramas de RENATO Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
______ SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
6.5.4.3.2.1=720
• Sem repetição
Anagramas de JORGE Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples
_____ desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
5.4.3.2.1=120 elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que
diferem entre si pela natureza de seus elementos.
Razão dos anagramas: 720/120=6
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos. Fórmula:
Resposta: C.

• Com repetição
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

52
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo
é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

RAZÕES E PROPORÇÕES.

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto pare-
cido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma mistura
da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o traficante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava apenas 2 kg
da Cannabis sativa; o restante era composto por várias “outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo o produto
apreendido, o traficante usou
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas.
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas.
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas.

53
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
forma de razão , logo :

Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
Resposta: C desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do
Razões Especiais comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu- mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
mas: igual a
(A) 588.
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas- (B) 350.
to para percorrê-la. (C) 454.
(D) 476.
(E) 382.

Resolução:
Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-
me ocupado por esse corpo.

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:


Proporção
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
Lemos: a esta para b, assim como c está para d. L = 21 ladrilhos
Ainda temos: Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A

REGRAS DE TRÊS SIMPLES.

Regra de três simples


Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES.
• Propriedades da Proporção • Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
– Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di-
produto dos extremos: minui.
a.d=b.c • Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan-
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.
– A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri-
meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença Exemplos:
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). (PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

54
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
12.x = 4 . 15
x = 60 / 12
x=5h
Resposta: B

Regra de três composta


Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(A) 8 horas e 15 minutos.
(B) 9 horas.
(C) 7 horas e 45 minutos.
(D) 7 horas e 30 minutos.
De acordo com essas informações, o número de casos regis- (E) 5 horas e 30 minutos.
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007, Resolução:
aproximadamente, de Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.
(A) 70%.
(B) 65%. M² ↑ varredores ↓ horas ↑
(C) 60%.
(D) 55%. 6000 18 5
(E) 50%. 7500 15 x

Resolução: Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais)


Utilizaremos uma regra de três simples:
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro-
ano % porcionais)

11442 100
17136 x

11442.x = 17136 . 100


x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
Resposta: E Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
ras e 30 minutos.
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa Resposta: D
transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras- (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra- tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
balho? dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
(A) 3 h 12 min equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas
(B) 5 h por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
(C) 5 h 30 min (A) 4500 m²
(D) 6 h (B) 5000 m²
(E) 6 h 15 min (C) 5200 m²
(D) 6000 m²
Resolução: (E) 6200 m²
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar Resolução:
a carga:
Operários ↑ horas ↑ dias ↑ área ↑
caminhões horas
4 20 8 60 4800
15 15 10 80 x
(15 – 3) x

55
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo: Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
ao de compra?
(A) 67%.
Resposta: D (B) 61%.
(C) 65%.
PORCENTAGENS. (D) 63%.
(E) 69%.
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
Resolução:
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
Preço de venda: V
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
Preço de compra: C
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
V – 0,16V = 1,4C
“por cento”).
0,84V = 1,4C

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio- Resposta: A
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em Aumento e Desconto em porcentagem
relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra- – Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5. Logo:

Resolução:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Resposta: B
Fator de multiplicação
Lucro e Prejuízo em porcentagem
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se É o valor final de , é o que chama-
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA, mos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos
temos PREJUÍZO (P). de porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo
no valor do produto.
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

56
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos
fatores de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual
o preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

EQUAÇÕES DE 1º E DE 2º GRAUS.

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).

Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser representadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes reais,
com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descritas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equação por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

• Membros de uma equação


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita da
igualdade, de 2º membro da equação.

• Resolução de uma equação


Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam variável, e no segundo membro os termos que não apresentam variável.
Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
5x – 8 = 12 + x
5x – x = 12 + 8
4x = 20
X = 20/4
X=5

Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos o seguinte:


5x – 8 = 12 + x
5.5 – 8 = 12 + 5
25 – 8 = 17
17 = 17 ( V)

Quando se passa de um membro para o outro se usa a operação inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e o que está
dividindo passa multiplicando. O que está adicionando passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.

Exemplo:
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um grupo formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas famí-
lias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar. Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou R$ 57,00
a mais.

57
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
(E) R$ 1.520,00 des quanto á natureza da equação dada.
Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
6.x = 570 Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que
x = 570 / 6 não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
x = 95 existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E • Relações entre raízes e coeficientes

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser
representadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são
constantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11). Exemplo:
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
diz incompleta. (A) x²-3x+4=0
Exs.: (B) -3x²-5x+1=0
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0). (C) 3x²+5x+2=0
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0). (D) 2x²-5x+3=0
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
Resolução:
• Resolução da equação Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta) x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
x . (x – 16) = 0, multiplicadas resultam no valor de c.
x=0
x – 16 = 0
x = 16
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)


x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferen-
ça de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,
x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7

ou
Resposta: D
x2 – 49 = 0
x2 = 49
Inequação do 1º grau
x2 = 49
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
Logo, S = {–7, 7}.
ax + b > 0
ax + b < 0
3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
ax + b ≥ 0
Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
ax + b ≤ 0

58
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Onde a, b são números reais com a ≠ 0 Resposta: B

• Resolvendo uma inequação de 1° grau Inequação do 2º grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto- presentada da seguinte forma:
do é bem parecido com o das equações. Ex.: ax2 + bx + c > 0
Resolva a inequação -2x + 7 > 0. ax2 + bx + c < 0
Solução: ax2 + bx + c ≥ 0
-2x > -7 ax2 + bx + c ≤ 0
Multiplicando por (-1) Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
2x < 7
x < 7/2 Resolução da inequação
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
Atenção: > , ≥ , < , ≤.
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por Ex.: x2 -3x + 2 > 0
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen-
tido invertido. Resolução:
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do x2 -3x + 2 > 0
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- x ‘ =1, x ‘’ = 2
dimento: Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
2. Localiza-se a raiz no eixo x; de x isso ocorre.
3. Estuda-se o sinal conforme o caso.

Pegando o exemplo anterior temos:


-2x + 7 > 0
-2x + 7 = 0
x = 7/2

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}

Exemplo:
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0,
no universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R

Exemplo: (C)
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de (D)
que satisfazem a seguinte inequação:
(E)

Resolução:
Resolvendo por Bháskara:
(A) x > 2
(B) x - 5
(C) x > - 5
(D) x < 2
(E) x 2

Resolução:

59
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:

Resposta: C

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS. PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS.

Progressão aritmética (P.A.)


É toda sequência numérica em que cada um de seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante r, deno-
minada razão da progressão aritmética. Como em qualquer sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.

• Classificação
Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ CRESCENTE. Se r < 0 ⇒ DECRESCENTE. Se r = 0 ⇒ CONSTANTE.

• Fórmula do Termo Geral


Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
n° termo é:

60
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

n° termo é:

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

62
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: B

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

63
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Gráficos
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
0,09; 0,009; …) é ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
(A) 3,1 -se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
(B) 3,9 Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
(C) 3,99 uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
(D) 3, 999 e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
(E) 4 indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
Resolução: tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da exclui a outra.
PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim: Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
S = 3 + S1 ser observadas:
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
infinita para obter S1: chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
Resposta: E pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
eixos.
FUNÇÕES E GRÁFICOS.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
Tabelas corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
das quais o dado numérico se destaca como informação central. 4 cm.
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples − O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
mínimo de espaço. do texto.
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-
Elementos da tabela do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e interpretação.
elementos complementares. Os elementos essenciais são:
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig- Tipos de Gráficos
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos • Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-
os dados. sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
− Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú- de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
do das colunas. tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo
das linhas.

Os elementos complementares são:


− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
cer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
ordem em que foram descritos.

64
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma- b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico
pas). de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo-
rem maiores que a base dos mesmos.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
• Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
como instrumento de comparação.
dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
lizados em situações que exijam maior precisão.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total.
fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°,
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores. subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa-
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa- o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor-
radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical- respondentes a cada divisão.
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Para o cálculo:
(PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es- Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri-
tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição:
dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Exemplo:
Observe os gráficos e analise as informações. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS-
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia
(A) 1,5.
(B) 2,0.
(C) 2,5.
(D) 3,0.
(E) 3,5.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M

(I)

Foi pedido:

Na equação ( I ), temos que:

Resposta: E
A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir- • Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
mar que: plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza Para o cálculo
e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi
maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.
ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou
ponderada), deve ser entendida como média aritmética.
Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os
Exemplo:
gráficos é a C.
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
Resposta: C
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
Média Aritmética
na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Ela se divide em:
Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
e 9,0 na terceira?
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo
(A) 7,0
número de elementos n.

66
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(B) 8,0 (D) o inverso da média aritmética entre AB e CD.
(C) 7,8 (E) o inverso da média harmônica entre AB e CD.
(D) 8,4
(E) 7,2 Resolução:
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a
Resolução: AB, esta será perpendicular a CD também.
Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e
nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos: outra perpendicular a AB passando por D:

Resposta: B

Média geométrica
É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
duto de n elementos de um conjunto de dados.

Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen-


tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é
ponto médio de CD.
• Aplicações Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri-
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter- mento AF vale AB-CD/2.
pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF:
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
definição de média geométrica.

Exemplo:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por: (1)
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013
Aplicamos agora no triângulo ECB:
Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi- (2)
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser Agora diminuímos a equação (1) da equação (2):
calculada:

Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-


mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
substituir na expressão acima AD = AB:

Exemplo:
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir-
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:
Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.
Resposta: B

(A) a média aritmética entre AB e CD.


(B) a média geométrica entre AB e CD.
(C) a média harmônica entre AB e CD.

67
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO. ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES.


LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL). TABELAS-VERDADE. EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE DE MORGAN. DIAGRAMAS
LÓGICOS. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. RACIOCÍNIO LOGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO

Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL

O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL

Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.


Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhe-
cimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

70
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos

71
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.

73
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo por
“e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

74
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

75
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

76
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Ordem de precedência dos conectivos:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

77
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verda-
deira. Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolica-
mente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente


distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um
conectivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação • Silogismo Disjuntivo
lógica que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
Tautologias e Implicação Lógica
• Transitiva:
• Teorema
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,-
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
q,r,...)
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em
outras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de
proposições verdadeiras já existentes.

78
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido
no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é
também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente
de “Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Princípio da inconsistência
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógi-
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
ca p ^ ~p ⇒ q
mesmo que dizer “nenhum B é A”.
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
sição q.
diagrama (A ∩ B = ø):
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam pro-
posições com quantificadores. Numa proposição categórica, é
importante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa. • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
Vejamos algumas formas: posição:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica- Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição. “A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”.
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”


Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
representações possíveis:

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

79
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verda-
que Algum B não é A. deira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
• Negação das Proposições Categóricas (B) Nenhum professor é psicólogo.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar (C) Nenhum psicólogo é professor.
as seguintes convenções de equivalência: (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
uma proposição categórica particular.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma propo- Resolução:
sição categórica particular geramos uma proposição categórica Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a ne-
universal. gação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, através de um quantificador existencial negativo. Logo teremos:
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, Pelo menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Resposta: E
uma proposição de natureza afirmativa.
Em síntese: • Equivalência entre as proposições
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo
na resolução de questões.

Exemplos: Exemplo:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da a cinco”?
afirmação anterior é: (A) Todo número natural é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
dos. (C) Todo número natural é diferente de cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos. Resolução:
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pe-
pardo. de-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
Resolução: esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação. Todos e Nenhum, que também são universais.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, se-
guindo o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou
nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por:
Todo A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

80
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Diagramas lógicos
Podemos ainda representar das seguin-
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários pro-
tes formas:
blemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envol-
vam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumen- ALGUM
I
to podem ser formadas por proposições categóricas. AéB
ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

NENHUM
E
AéB

Existe pelo menos um elemento que


pertence a A, então não pertence a B, e
ALGUM
vice-versa. O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).

Temos também no segundo caso, a dife-


rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

81
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de: (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Cinema = C mo princípio acima.
Casa de Cultura = CC (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Erra-
Teatro = T do, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
Analisando as proposições temos: nos afirma isso
- Todo cinema é uma casa de cultura

- Existem teatros que não são cinemas (D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o últi-
mo diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.

82
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
bem construído), quando a sua conclusão é uma consequência “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto
obrigatória do seu conjunto de premissas. em comum.
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
Exemplo: vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
do? necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Argumentos Inválidos
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
essa frase da seguinte maneira: das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança,
pois a primeira premissa não afirmou que somente as crianças
gostam de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo
artifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

83
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argu-
mento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre
quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “• ” e “↔”. Baseia-se na
construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem
de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilida-
de do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos
o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

84
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q
Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta tam-
bém é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!

85
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- 1ª Premissa) (p ∧ q)• r é verdade. Sabendo que r é falsa, A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma utilizando isso temos:
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernan-
ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores do estava estudando. // B → ~E
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar Iniciando temos:
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
argumento é ou NÃO VÁLIDO. = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
tem que ser F.
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
mos: vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
deiro! = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas sai de casa tem que ser F.
verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 1ª Premissa) (p∧q)• r é verdade. Sabendo que p e q são // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima também ser V ou F.
é verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
Logo: r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois
temos dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no Resposta: Errado
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência
simultânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma
fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então
Exemplos: Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Triste-
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as za é uma bruxa.
seguintes proposições sejam verdadeiras. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Durante a noite, faz frio. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o Resolução:


item subsecutivo. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclu-
( ) Certo são o valor lógico (V), então:
( ) Errado (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V
Resolução:
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
B = Maria vai ao cinema xa(F) → V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio
E = Fernando está estudando Logo:
F = É noite Temos que:
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Esmeralda não é fada(V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será ver-


dadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a
única que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

86
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

87
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

88
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é − Luiz não viajou para Fortaleza.
Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís). Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está
resolvido: Luiz N N N
Arnaldo N N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Mariana N N S N
Carlos Engenheiro Patrícia Paulo N N
Luís Médico Maria
Agora, completando o restante:
Paulo Advogado Lúcia Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi- Luiz N S N N
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Arnaldo S N N N
sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Mariana N N S N
− Mariana viajou para Curitiba; Paulo N N N S
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Resposta: B

É correto concluir que, em janeiro, Quantificador


(A) Paulo viajou para Fortaleza. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os
(B) Luiz viajou para Goiânia. quantificadores são utilizados para transformar uma sentença
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
Resolução:
Tipos de quantificadores
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
• Quantificador universal (∀)
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo
Exemplo:
− Mariana viajou para Curitiba; Todo homem é mortal.
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Na representação do diagrama lógico, seria:
Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;


ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclu-
Luiz N N
sões:
Arnaldo N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Mariana N N S N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Paulo N N
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).

89
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclu- Resolução:
são de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicio- A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
nal. sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
Aplicando temos: – Se é cavalo, então é um animal.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda for-
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? ma de conclusão).
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, Resposta: B
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica. (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
• Quantificador existencial (∃)
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números
reais (R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos
reais (R) tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
Exemplo: cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase – 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
é: x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- de x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ correto.
(x)) (A (x) ∧ B). Resposta: CERTO
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal
que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
sentença será verdadeira? em tópicos anteriores.
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE

ATENÇÃO: PROBABILIDADES
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de
B” é diferente de “Todo B é A”. ocorrência de um número em um experimento aleatório.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. Elementos da teoria das probabilidades
• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam re-
Forma simbólica dos quantificadores sultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). sejam semelhantes.
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). • Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). possíveis de um experimento aleatório.
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). • Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou
seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço
Exemplos: amostral.
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

90
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 =
18
Logo a probabilidade é:

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simulta-
neamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o
número de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos Resposta: D
números de elementos dos espaços amostrais de cada experimen-
to. Probabilidade da união de eventos
n(U) = n(U1).n(U2) Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
a seguinte expressão:
Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩


B = Ø, utilizamos a seguinte equação:
Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja,


todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
Probabilidade de um evento complementar
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
representadas em porcentagem.
de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%
Probabilidade condicional
Exemplo: Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral,
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B)
repartição pública: ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilida-
de de ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que
NÚMERO DE vai ocorrer o evento B, ou seja:
FAIXA DE IDADES (ANOS)
FUNCIONÁRIOS
20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que”
Mais de 50 4 ou “sabendo que” a probabilidade de B.

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade – Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para
de que ele tenha mais de 40 anos é: se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
(A) 30%; sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade
(B) 35%; de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro,
(C) 40%; sabendo que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:
(D) 45%;

91
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (sucesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorrerem três faces 6?

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opostos
dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

92
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por
a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

93
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- Conjunto dos números racionais – Q
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo m
pelo módulo do divisor. Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
ATENÇÃO: de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa m por n.
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)
negativo.
Subconjuntos:
Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten- SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
Conjunto dos números
possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem * Q*
racionais não nulos
espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
(A) 10 Conjunto dos números
+ Q+
(B) 15 racionais não negativos
(C) 18 Conjunto dos números
(D) 20 *e+ Q*+
racionais positivos
(E) 22
Conjunto dos números
- Q_
racionais não positivos
Resolução:
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm Conjunto dos números
*e- Q*_
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, racionais negativos
temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm Representação decimal
36 : 3 = 12 livros de 3 cm Podemos representar um número racional, escrito na forma de
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo. fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possí-
Resposta: D veis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um núme-
• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida ro finito de algarismos. Decimais Exatos:
como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi- 2
plicado por a n vezes. Tenha em mente que: = 0,4
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
5
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo. 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú- algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Deci-
mero inteiro negativo. mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:

Propriedades da Potenciação 1
= 0,333...
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base 3
e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a Representação Fracionária
base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2 É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se possíveis:
os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e 1) Transformando o número decimal em uma fração numera-
(+a) = +a
1
dor é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas de-
a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1 cimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

94
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½

95
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(B) 1 Exemplo:
(C) 3/2 (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
(D) 2 – MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
(E) 3 portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
Resolução: fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução:
Somando português e matemática:
Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in-
teiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número O que resta gosta de ciências:
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
Representação geométrica frações, através de:

• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini- ÷ q = p × q-1
tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a (B) 185
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: (C) 220
p – q = p + (–q) (D) 260
(E) 120

ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,


conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

96
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: 2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.

Exemplo:
Resposta: A (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
meros racionais.
O valor, aproximado, da soma entre A e B é
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra- (A) 2
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base (B) 3
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do (C) 1
expoente anterior. (D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E

Múltiplos
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
Expressões numéricas natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- existir algum número natural n tal que:
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de x = y·n
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
Procedimentos podemos escrever: x = n/y
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na Observações:
ordem que aparecem; 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Depois as multiplicações e/ou divisões; 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem. 3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.

97
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili- 21 . 30=2
dade/ - reeditado) 21 . 31=2.3=6
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 22 . 31=4.3=12
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub- 22 . 30=4
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida- O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7. A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
Outros critérios Máximo divisor comum (MDC)
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é É o maior número que é divisor comum de todos os números
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é primos. Procedemos da seguinte maneira:
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
Fatoração numérica EXPOENTE.
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

98
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sabe-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e que
Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros.

Resolução:
Escrevendo em forma de equações, temos:
C = M + 0,05 ( I )
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então:
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
( I ) 1,63 = M + 0,05

99
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00 O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do dividida a unidade.
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês? O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
(A) R$ 498,00 dade.
(B) R$ 450,00 Lê-se: um quarto.
(C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00 Atenção:
(E) R$ 324,00 • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Resolução: • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
Primeiro mês = x tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
Segundo mês = x + 126 mos etc.
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 • Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
3.x = 1176 – 204 palavra “avos”.
x = 972 / 3
x = R$ 324,00 (1º mês) Tipos de frações
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00 – Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
Resposta: B Ex.: 7/15
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE nador. Ex.: 6/7
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos – Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era Ex.: 6/3
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra- – Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven- outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de – Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
(A) 1 / 4. a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
(B) 1 / 3. – Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
(C) 2 / 5. nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3. Operações com frações

Resolução: • Adição e Subtração


Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú- Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim: ma-se ou subtrai-se os numeradores.
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )

, ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos: Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
7.Q = 2. (360 – Q) mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
7.Q = 720 – 2.Q mos tanto na adição quanto na subtração.
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
Resposta: B
dados. Ex.:
Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:

100
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
segunda fração. Ex.: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da ______________________________________________________


fração resultante de forma a torna-la irredutível.
______________________________________________________
Exemplo:
______________________________________________________
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5 ______________________________________________________
pessoas. Cada uma recebeu
______________________________________________________
(A) ______________________________________________________

______________________________________________________
(B) ______________________________________________________

______________________________________________________
(C) ______________________________________________________

______________________________________________________
(D) ______________________________________________________

______________________________________________________
(E)
______________________________________________________

______________________________________________________
Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas, ______________________________________________________
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
suco é de 3/5 de suco da garrafa. ______________________________________________________
Resposta: B
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

101
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
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102
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

officio, nos Processos de Apuração Ética, e segue de maneira estrita


CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE a Resolução nº 10/2008 da Comissão de Ética Pública, vinculada à
Presidência da República.
Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE A Comissão de Ética do IBGE está à disposição de todos no
e-mail etica@ibge.gov.br.
Apresentação
Todo trabalho realizado no IBGE, seja ele de natureza finalísti- Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE
ca, seja ele de natureza administrativa, está pautado pela compe-
tência e pela excelência técnica adquiridas ao longo desses quase CAPÍTULO I
80 anos em que vimos servindo aos cidadãos brasileiros, sem qual-
quer espécie de discriminação. SEÇÃO I
Considero importante que os princípios éticos sejam mais co- DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
nhecidos por todos os servidores para orientar suas condutas no
trabalho diário. Foi com essa ideia em mente que reconstituímos, I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia, a eficiência e a cons-
em 2013, a Comissão de Ética do IBGE, a qual vem agora apresen- ciência dos princípios morais são primados maiores que devem
tar-nos importante documento: o Código de Ética do IBGE. nortear o servidor público do IBGE, seja no exercício do cargo ou
Tenho a convicção de que todo servidor do IBGE contribui so- função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do pró-
bremaneira para que diariamente cumpramos nossa missão institu- prio poder estatal.
cional, de todos bem conhecida. A expectativa da Direção do IBGE é Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para
a de que nossa missão, no que diz respeito ao ambiente de trabalho a preservação da honra e da tradição do serviço público, como um
profissional, seja agora aperfeiçoada pela presença ainda mais in- todo, e, em especial, das pesquisas estatísticas e geocientíficas ofi
tensa da ética em todos os setores da Casa. ciais, cujas fontes de dados escolhidas devem contemplar a qualida-
Agradeço, por fi m, a todos os servidores a seriedade e a ex- de, a oportunidade, os custos e o ônus para os cidadãos.
tremada dedicação com que realizam seu trabalho. São vocês que II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
fazem do IBGE uma das instituições mais respeitadas do País. ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
Introdução o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
Na Administração Pública brasileira, a ética tem assumido rele- e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e §
vante papel. O IBGE, como não poderia deixar de ser, vem fomen- 4°, da Constituição Federal. Por se integrar à condição de servidor
tando e instigando a disseminação daquilo que se entende por ética do IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além dos primados
no âmbito administrativo federal. Para tanto, a Presidência da Casa, maiores, a adoção dos melhores princípios, métodos e práticas, de
entre outras medidas, delegou à Comissão de Ética do IBGE a elabo- acordo com considerações estritamente profissionais, incluídos os
ração de dois documentos essenciais: o Código de Ética Profissional princípios técnicos, científicos e a ética profissional.
do Servidor Público do IBGE, que ora apresentamos nesta singela III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
publicação em papel, e o Regimento Interno da Comissão de Ética tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que
do IBGE (disponível somente em formato digital, no seguinte ende- o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
reço eletrônico: http://w3.presidencia.ibge.gov.br/etica). finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
O Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE visa a moralidade do ato administrativo. Para melhor exercício de sua
a estabelecer, fundamentalmente, os princípios de natureza deon- função pública no IBGE, o servidor deve ter consciência da relevân-
tológica, os deveres e as vedações a que estão sujeitos os agentes cia das informações estatísticas e geocientíficas, a fi m de atender
públicos lotados no Instituto. Documento de imprescindível leitura ao direito à informação pública de modo imparcial e com igualdade
para todos nós, o Código foi construído, naturalmente, a partir do de acesso. É imprescindível que o servidor do IBGE zele pela quali-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- dade dos processos de produção das informações oficiais, adotan-
cutivo Federal (Decreto n° 1.171/1994), agregando a ele, contudo, do critérios de boas práticas tanto nas atividades finalísticas quanto
algumas particularidades do trabalho realizado no IBGE. nas atividades de apoio.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
O Regimento Interno da Comissão de Ética do IBGE, por sua tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
vez, delimita e define as competências e atribuições da Comissão de por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
Ética do IBGE, cuja função primeira – ressalte-se – é a de orientar e trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
educar cotidianamente o agente público para a ética. O Regimento aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em
também estabelece, não obstante, o rito processual pelo qual se fator de legalidade.
orienta a Comissão quando provocada por denúncia ou, ainda, ex

103
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a ficos nacionais de responsabilidade do IBGE. Portanto, compete ao
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio Instituto propor, discutir e estabelecer, em conjunto com as demais
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito instituições nacionais, diretrizes, planos e programas para a produ-
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. ção estatística e cartográfica – processo que deve irradiar-se à esfera
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional internacional, especialmente na cooperação bilateral e multilateral,
e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. a fim de melhorar as informações estatísticas e geocientíficas oficiais
Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia a dia em sua em todos os países, por meio da utilização de conceitos, classifica-
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na ções e métodos que promovam a coerência e a eficiência entre os
vida funcional. diversos sistemas estatísticos e cartográficos.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, SEÇÃO II
a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE
nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou
negar. Entretanto, os dados individuais de pessoas físicas ou jurídi- emprego público de que seja titular;
cas coletados pelo IBGE são estritamente confidenciais e exclusiva- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-
mente utilizados para fins estatísticos. Ademais, leis, regulamentos to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações
e medidas que regem a operação dos sistemas estatístico e carto- procrastinatórias, principalmente diante de fi las ou de qualquer
gráfico no Instituto devem ser de conhecimento público. outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode que exerça suas atribuições, com o fi m de evitar dano moral ao
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria usuário;
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar cargo;
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-
significa causar lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a do o processo de comunicação e contato com o público;
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, f ) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens blicos;
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
esperanças e seus esforços para construí-los. peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética dano moral;
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
usuários dos serviços públicos. presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais ra em que se funda o Poder Estatal;
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função imorais, ilegais ouaéticas e denunciá-las;
pública. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- cífi cas da defesa da vida e da segurança coletiva;
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua au-
sempre conduz à desordem nas relações humanas. sência provoca danos ao trabalho ordenado, refl etindo negativa-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- mente em todo o sistema;
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da dências cabíveis;
Nação. O caráter colaborativo e participativo deve estar presente n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
nas atividades estatísticas e cartográficas, privilegiando-se, assim, guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
um contato estreito e harmonioso entre ambas as atividades – con- ção;
tato essencial para melhorar a qualidade, comparabilidade e coerên- o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
cia dos dados produzidos. Esse espírito colaborativo e participativo a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
deve estender-se à coordenação dos sistemas estatísticos e cartográ- zação do bem comum;

104
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
exercício da função; de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser- tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções dor para o mesmo fim;
superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí- h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em nhar para providências;
boa ordem; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de dimento em serviços públicos;
direito; j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti-
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais cular;
que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente l) retirar da Instituição, sem estar legalmente autorizado, qual-
aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris- quer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;
dicionados administrativos; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in-
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos
ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes- ou de terceiros;
mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual-
quer violação expressa à lei; mente;
v) apresentar, nas análises estatísticas e geográficas, informa- o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra
ções que estejam de acordo com as normas científicas sobre fontes, a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
métodos e procedimentos, bem como comentar as interpretações p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
errôneas e o uso indevido de informações estatísticas e geocientí- empreendimentos de cunho duvidoso.
ficas; q) disponibilizar informações de caráter sigiloso e confidencial
x) zelar pela qualidade dos processos de produção das infor- sobre pessoas físicas ou jurídicas, bem como antecipar resultados
mações estatísticas e geocientíficas oficiais, adotando critérios de de pesquisas à sua divulgação oficial, exceto quando autorizado.
boas práticas tanto nas atividades finalísticas quanto nas atividades
de apoio; CAPÍTULO II
z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so- DA COMISSÃO DE ÉTICA DO IBGE
bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
cumprimento. A conduta ética do servidor do IBGE deve respeitar XVI – A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de orientar
a legislação e as normatizações do Ministério do Planejamento, Or- e aconselhar sobre a ética profissional dos servidores da Casa, no
çamento e Gestão, assim como as normas internas desta Fundação, tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin-
expressas em suas Resoluções, Ordens de Serviço, Portarias, Nor- do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento
mas de Serviço e Memorandos. susceptível de censura.

SEÇÃO III XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quando


DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE necessário e a quem de direito, os registros sobre a conduta ética
dos servidores da Casa, para o efeito de instruir e fundamentar pro-
XV - É vedado ao servidor público do IBGE: moções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po- de servidor público no âmbito do IBGE.
sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
para outrem; Ética do IBGE é a de censura e sua fundamentação constará do res-
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido- pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciên-
res ou de cidadãos que deles dependam; cia do faltoso.
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente XIX - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,
de sua profissão; contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-
ou material; gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al- as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, do Estado.
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
rarquicamente superiores ou inferiores;

105
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento


LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES (ART. 116, e processo ou execução de serviço;
INCISOS I A IV, INCISO V, ALÍNEAS A E C, INCISOS VI A V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
XII E PARÁGRAFO ÚNICO; ART. 117, INCISOS I A VI E da repartição;
IX A XIX; ART. 118 A ART. 126; ART. 127, INCISOS I A III; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
ART. 132, INCISOS I A VII, E IX A XIII; ART. 136 A ART. vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
141; ART. 142, INCISOS I, PRIMEIRA PARTE, II E III, E §1º sabilidade ou de seu subordinado;
A §4º) IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
trem, em detrimento da dignidade da função pública;
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada
União, das autarquias e das fundações públicas federais. pela Lei nº 11.784, de 2008
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
TÍTULO IV ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
DO REGIME DISCIPLINAR ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
CAPÍTULO I XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
DOS DEVERES quer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
Art. 116. São deveres do servidor: geiro;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
II - ser leal às instituições a que servir; XV - proceder de forma desidiosa;
III - observar as normas legais e regulamentares; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- serviços ou atividades particulares;
mente ilegais; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
V - atender com presteza: que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
ressalvadas as protegidas por sigilo; com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici-
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; tado.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do CAPÍTULO III
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver DA ACUMULAÇÃO
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
de 2011) vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
mônio público; e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra- Estados, dos Territórios e dos Municípios.
tiva; § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; da à comprovação da compatibilidade de horários.
XI - tratar com urbanidade as pessoas; § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu-
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- nerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- 9.527, de 10.12.97)
sentando ampla defesa. Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
CAPÍTULO II nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
DAS PROIBIÇÕES coletiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº neração devida pela participação em conselhos de administração e
2.225-45, de 4.9.2001) fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
torização do chefe imediato; dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla-
qualquer documento ou objeto da repartição; ção específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
III - recusar fé a documentos públicos; de 4.9.2001)

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi-
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário penal cabível.
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
5 (cinco) anos. (Vide ADIN 2975)
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
DAS RESPONSABILIDADES ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamen- Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
te pelo exercício irregular de suas atribuições. do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
a terceiros. durante o período de doze meses.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduida-
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de de habitual, também será adotado o procedimento sumário a que
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. se refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso- nº 9.527, de 10.12.97)
res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
recebida. período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun- a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
ção. ses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
cumular-se, sendo independentes entre si. tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
fato ou sua autoria. cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
CAPÍTULO V julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DAS PENALIDADES Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
Art. 127. São penalidades disciplinares: Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
I - advertência; da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
II - suspensão; tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
III - demissão; der, órgão, ou entidade;
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
I - crime contra a administração pública; mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
II - abandono de cargo; tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III - inassiduidade habitual; III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
IV - improbidade administrativa; respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
VI - insubordinação grave em serviço; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo tratar de destituição de cargo em comissão.
em legítima defesa própria ou de outrem; Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
cargo; cargo em comissão;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
cional; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
XI - corrupção; § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- fato se tornou conhecido.
cas; § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. às infrações disciplinares capituladas também como crime.

107
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo 4.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por formática)
autoridade competente. A Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre o regime jurídico dos servido-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a res públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. federais e trata das penalidades disciplinares. Sobre o assunto, ana-
lise as afirmativas abaixo:
I. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza
QUESTÕES e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
1.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) e os antecedentes funcionais.
Sobre o regime disciplinar previsto na Lei nº 8.112/1990, que II. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fun-
dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da damento legal e a causa da sanção disciplinar.
União, das autarquias e das fundações públicas federais, assinale a III. Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
alternativa que apresente um dever do servidor público: de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 100%
(A) Praticar usura sob qualquer de suas formas (cem por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o
(B) Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando soli- servidor obrigado a permanecer em serviço
citado
(C) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo Assinale a alternativa correta.
(D) Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangei- (A) As afirmativas I, II e III estão corretas
ro (B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
(E) Proceder de forma desidiosa (C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
2.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) (E) Apenas a afirmativa III está correta
A Lei nº 8.112/1990 dispõe que “é dever do servidor público
representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder” (artigo 5.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
116, inciso XII). Acerca do assunto, assinale a alternativa que dispõe formática)
sobre o procedimento adequado da representação: No que se refere à prescrição da ação disciplinar, nos termos
(A) A representação será analisada pela mesma pessoa que das disposições da Lei nº 8.112/1990, assinale a alternativa correta:
realizou abuso de poder, não podendo ser reanalisada por su- (A) O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
perior hierárquico fato foi praticado
(B) A representação será encaminhada pela via hierárquica e (B) Os prazos de prescrição previstos na lei penal não se apli-
apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é for- cam às infrações disciplinares capituladas também como crime
mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa (C) A ação disciplinar prescreverá em 30 (trinta) dias quanto à
(C) No procedimento da representação, por tratar de interesse pena de advertência
público, não é necessário assegurar o direito ao contraditório (D) Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a cor-
e ampla defesa rer a partir do dia em que o ato foi praticado
(D) A representação será enviada pelo servidor público omisso, (E) A abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
que poderá avaliar possibilidade de reconsideração ou não do ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
ato por autoridade competente
(E) Caso o servidor púbico cometa um ato contrário a lei, esse
ato não poderá ser objeto de representação 6.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-
formática)
3.(IBFC - 2022 - Coordenador Censitário de Área (IBGE) O abandono de cargo é uma das hipóteses de aplicação da
No que se refere ao regime disciplinar do servidor público, con- pena de demissão ao servidor público, conforme dispõe a Lei nº
forme dispõe a Lei nº 8112/1990, assinale a alternativa que não 8.112/90.
apresenta uma das proibições previstas em lei:
(A) Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto Sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
da repartição (A) O abandono de cargo pode ser configurado pela ausência
(B) Recusar fé a documentos públicos não intencional, quando ocorrer ausência justificada por mais
(C) Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, de 45 (quarenta e cinco) dias
qualquer documento ou objeto da repartição (B) Abandono de cargo e inassiduidade habitual são sinônimos
(D) Tratar com urbanidade as pessoas (C) O abandono de cargo restará configurado quando o servi-
(E) Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- dor faltar ao serviço, sem causa justificada, por 30 (trinta) dias,
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res- interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses
ponsabilidade ou de seu subordinado (D) Configura abandono de cargo a ausência intencional do ser-
vidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias consecutivos
(E) Para configurar abandono de cargo basta 15 (quinze) faltas
no período de 12 (doze) meses

108
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

7.(IBFC - 2022 - Agente Censitário (IBGE)/Administração e In-


formática)
ANOTAÇÕES
No que se refere à aplicação das penalidades disciplinares, con-
forme previsão na Lei nº 8.112/1990, assinale a alternativa correta. ______________________________________________________
(A) Serão aplicadas pela autoridade que houver feito a nome-
ação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão ______________________________________________________
(B) Deverão ser aplicadas pelo chefe da repartição, em qual-
quer hipótese ______________________________________________________
(C) Não é possível que o Procurador-Geral da República aplique
penalidade disciplinar, por falta de previsão legal ______________________________________________________
(D) A penalidade de advertência apenas poderá ser aplicada
______________________________________________________
pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu-
nais Federais ______________________________________________________
(E) A penalidade de suspensão de até 30 (trinta) dias apenas
pode ser aplicada pelo Presidente da República ______________________________________________________

8.(IBFC - 2021 - Supervisor de Pesquisas (IBGE) ______________________________________________________


A Lei nº 8.112/1990 trata em seu artigo 127 das denominadas
“penalidades disciplinares”. ______________________________________________________

______________________________________________________
Acerca das disposições da supracitada lei, assinale a alternativa
que apresente uma penalidade disciplinar. ______________________________________________________
(A) Acordo de leniência
(B) Suspensão ______________________________________________________
(C) Exoneração
(D) Pena restritiva de direitos ______________________________________________________
(E) Pena privativa de liberdade
______________________________________________________
9.(IBFC - 2021 - Supervisor de Pesquisas (IBGE)
A Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre o regime jurídico dos servido- ______________________________________________________
res públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
______________________________________________________
federais e traz em seu artigo 132 as hipóteses em que a pena de de-
missão será aplicada. Sobre as hipóteses de aplicação da demissão, ______________________________________________________
assinale a alternativa incorreta.
(A) Prática de crime contra a administração pública ______________________________________________________
(B) Inassiduidade habitual
(C) Improbidade administrativa ______________________________________________________
(D) Acumulação legal de cargos, empregos ou funções públicas
(E) Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 E ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 B
9 D ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

109
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE vos.
WINDOWS)
Arquivos e atalhos
WINDOWS 7 Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 7

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.

– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,


estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
Programas e aplicativos
Manipulação de arquivos e pastas • Media Player
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e • Media Center
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos • Limpeza de disco
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- • Desfragmentador de disco
tas, criar atalhos etc. • Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WINDOWS 8

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. Área de trabalho do Windows 8

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.


Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
Arquivos e atalhos
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
estamos copiando dados para esta área intermediária.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
área de transferência.
da pasta ou arquivo propriamente dito.
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Programas e aplicativos

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-


da pasta ou arquivo propriamente dito.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive Área de trabalho


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
Área de transferência
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.
Uso dos menus

Programas e aplicativos e interação com o usuário


• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
tendermos melhor as funções categorizadas.
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
pia de segurança.
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inicialização e finalização • Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
com a necessidade.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

• Iniciando um novo documento

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES


(AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E LIBREOFFICE)

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Justificar (arruma a direito
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para e a esquerda de acordo Ctrl + J
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas com a margem
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
Alinhamento à direita Ctrl + G
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
Centralizar o texto Ctrl + E
Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos Verificação e cor-
Revisão
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), reção ortográfica
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

Arquivo Salvar

Excel
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
Tipo de letra dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
Tamanho – Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Aumenta / diminui tamanho
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente.
Recursos automáticos de caixa-altas
e baixas • Mas como é uma planilha de cálculo?
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
Limpa a formatação calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
• Marcadores entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO – Podemos também ter o intervalo A1..B3


- Mudar Forma
- Mudar cor de
Página inicial Fundo
- Mudar cor do
texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé- Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
uma planilha. mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
• Formatação células também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

• Fórmulas básicas
Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo
tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente
ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti-
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
DIVISÃO =(célulaX/célulaY) Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
• Fórmulas de comum interesse a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
trabalho com o programa.
MÉDIA (em um intervalo de
=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart-
fones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no Excel
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
uma posição para outra utilizando o mouse. melhores formas de apresentar dados.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
para passagem entre elementos das apresentações. • Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando Office 2016
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- quando outro usuário está digitando;
vando a experiência dos usuários a outro nível. – Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
a digitação de equações.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel Office 365


– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
algum mapa que deseja construir. sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE

Iniciando um novo documento

LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades Conhecendo a Barra de Ferramentas
de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, Po-
werPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice: Alinhamentos
Writer, Calc e o Impress). Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Windo- mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:
ws, visto a sua concorrência com o OFFICE.
Abaixo detalharemos seus aplicativos:

LibreOffice Writer
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti- GUIA PÁGINA
las e comunicações em geral. ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.
Alinhamento a
Control + L
Área de trabalho do Writer esquerda
Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
Centralizar o texto Control + E
com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
nossos documentos. Alinhamento a direita Control + R

Justificar (isto é
arruma os dois lados,
direita e esquerda Control + J
de acordo com as
margens.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de letras (Tipos e Tamanho) Área de trabalho do CALC


Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme-
lhantes às já conhecidas do Office.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado

Taxado

Sobrescrito
Vamos à algumas funcionalidades
Subescrito — Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

Marcadores e listas numeradas


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma: GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

OU
Tamanho da letra

Aumenta / diminui
Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada tamanho
na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa
necessidade e estilo que ser aplicado no documento. Itálico

Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo


Outros Recursos interessantes:
Outros Recursos interessantes
ÍCONE FUNÇÃO
Mudar cor de Fundo ÍCONE FUNÇÃO
Mudar cor do texto Ordenar
Inserir Tabelas Ordenar em ordem
Inserir Imagens crescente
Inserir Gráficos Auto Filtro
Inserir Caixa de Texto Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Verificação e correção ortográfica Inserir gráfico
Verificação e correção
Salvar
ortográfica

LibreOffice Calc
Salvar
O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu-
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins.

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cálculos automáticos Formatação células


Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por
exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)
A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que — MÉDIA
nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exem- A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
plo coluna A, linha 2 ( Célula A2 ) exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
Podemos também ter o intervalo A1..B3 =MÉDIA(B2;B6)
x
LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um


tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:
Área de trabalho
Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de-
digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha. parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de-
senvolvimento do trabalho.

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

— Marcadores e numerações: Organização dos elementos e


tópicos.

Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens
Inserir Gráficos
Inserir Caixa de Texto
Verificação e correção
Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es- ortográfica
crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa Salvar
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
quadrados delimitados para adequá-los melhor. Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no
mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
criar os próximos.

Formatação dos textos:

Itens demarcados na figura acima:


— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
— Caractere: Letra, estilo, tamanho.
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Percebemos agora que temos uma apresentação com dois slides padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corretos. Além
de copiar podemos movê-los de uma posição para outra, trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer necessário.

Transições
Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições, que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresentação.
No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecionar a transição desejada:

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando clicar em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também acessível no
menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

REDES DE COMPUTADORES. CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E


INTRANET

— Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


As redes podem ser classificadas de acordo com o quadro abaixo:

Conceitos Básicos

TIPO DE REDE DE COMPUTADORES

Uma rele Local, abrange somente um local definido.


LAN
Exemplo: (casa, escritório e etc.)

Uma rede Metropolitana, pode abranger uma grande cidade


MAN ou inúmeras cidades. As MANS não precisam estar em áreas
urbanas. O termo MAN tem relação ao tamanho da rede.

É uma rede com uma grande abrangência. É maior que a


WAN MAN, abrange uma área global. Podemos usar a INTERNET
para estabelecer a conexão.

– Internet: conhecida como a rede mundial de computadores. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros
dispositivos que se comunicam através de um endereço IP para os usuários trocarem informações. Cada máquina conectada possui um IP
válido e a comunicação se dá através do protocolo TCP/IP.
– Intranet: é um serviço similar a INTERNET, onde somente usuários autorizados acessam as páginas no navegador. As organizações
usam a INTRANET para acessar seus dados tanto localmente (Matrix) ou distante (Filiais).

— Aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


– Navegadores: Aplicativos usados para navegar na internet, como por exemplo, o Google Chrome, Edge, Firefox, Internet Explorer e
etc.).
– Download: utilizado para baixar ou receber arquivos.
– Firewall: Barreira de segurança.
– Correio eletrônico: é a comunicação entre usuários da rede.
– Roteador: equipamento para se conectar na rede.
– Upload: Utilizado para subir ou enviar arquivos.
– HTML: Hyper Text Markup Language (Linguagem de Marcação de Hiper Texto). É uma linguagem utilizada para produzir páginas da
Internet.
– HTTP: Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Hipertexto): Navegação na internet (links).
– HTTPS: Hyper Text Transfer Protocol Secure (Protocolo de Transferência de Hiper Texto Seguro.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– SMTP e POP: são os protocolos de serviços da internet responsáveis pelo envio e recepção de mensagens eletrônicas, como por
exemplo, o e-mail.
– Servidor Proxy: tem a função de mediar as comunicações da rede de uma empresa ou usuário (local) com a Internet (rede externa).
– Servidor FTP: (File Transfer Protocol) é um protocolo que tem a função de transferir arquivos entre dois computadores via INTERNET.
– Servidor WEB: É o local onde reside as páginas WEB para estabelecer o contato para poder acessar conteúdos, páginas HTML,
arquivos de som, imagem, vídeos e etc.

O servidor WEB é um software que verifica a segurança e gera a informação para atender à solicitação.

PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT EDGE, MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E GOOGLE
CHROME)

— Google Chrome Versão 106.0.5249.119 – Versão Oficial – 64 BITS


Vamos detalhar agora o funcionamento do CHROME, objeto de nosso estudo:
Atualmente, o Chrome é o navegador mais popular, ele disponibiliza inúmeras funções, sendo consideradas a melhores, suas técnicas
são abordadas por concorrentes.

Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas, conhecidas também como guias, no exemplo abaixo temos uma aba aberta, caso seja necessário
abrir outra aba para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca que ao digitar
palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados da busca.

1 2 3 4 5 6 7

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

7 Exibe um menu de contexto que iremos relatar seguir.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Oberserva-se que são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no ubuntu, percebemos que o
Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional.

Funcionalidades
– Favoritos: no Chrome é possível adicionar sites aos favoritos, caso seja necessário salvar seus endereços. Para adicionar uma página
aos favoritos, clique na estrela que está localizada à direita da barra de endereços, digite um nome ou o mantenha sugerido.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas é possível criar pastas para organizá-los de maneira que
facilite a procura. Para removê-los, basta clicar em excluir.

– Histórico: o Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados. Para
acessá-lo podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde
é possível pesquisá-lo por partes, utilizando o nome do site ou o dia em que foi realizada a pesquisa.

– Pesquisar palavras: muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra, frase e etc.
Neste caso, utilizamos o atalho do teclado Ctrl F, realizando essa tarefa, obteremos uma janela, onde podemos digitar parte daquilo
que procuramos, dessa forma, teremos sua localização exata no site.
– Salvando textos e imagens da Internet: para realizar tal tarefa é necessário localizar a imagem desejada, clicar com o botão direito
do mouse e em seguida salvá-la em uma pasta.
– Downloads: Fazer um download é copiar um arquivo de um site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes e etc.). Neste
caso, o CHROME possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Sincronização: é importante para manter atualizadas nossas operações, se o computador for trocado, os dados continuarão
disponíveis na sua conta google. Os favoritos, histórico, senhas e outras configurações ficarão salvos de maneira segura e fácil de ser
localizada.
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item para ativar ou desativar.


— Microsoft Edge Versão 91

Identificar o ambiente

O Edge é um navegador desenvolvido pela Microsoft. Nele é possível acessar sites variados. É um navegador simplificado com inúmeros
recursos novos.

Dentro deste ambiente temos:


– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites.
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos e exemplo: https://www.gov.
br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites abertos. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde podemos guardar nossos sites mais usados.
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, histórico e etc. Desta forma o EDGE, torna a navegação da
internet muito mais agradável, textos, elementos gráficos e vídeos possibilitam ricas experiências para os usuários.
À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização , percebemos que a barra de ferramentas fica automaticamente
desativada, possibilitando uma maior área de exibição.
Vamos destacar alguns pontos:
1 – Voltar/Avançar página: como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente.
2 – Barra de Endereços: esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada.
3 – Ícones para manipulação do endereço da URL: estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação, as opções
“fechar” ou “atualizar” podem ficar disponíveis.
4 – Abas de Conteúdo: são mostradas as abas das páginas carregadas.
5 – Página Inicial, favoritos feeds e histórico.

— Mozilla Firefox Versão 78ESR


Vamos detalhar agora o funcionamento do firefox, objeto de nosso estudo:

1 2 3 4 5 6 7 8 9

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

8 Sincronização com a conta FireFox, vamos detalhar adiante.

9
Mostra menu de contexto com várias opções.

Podemos observar que os navegadores FIREFOX não são muito diferente do CHROME.

— Busca e Pesquisa na Web


A INTERNET é um território rico para pesquisas. Dentro deste contexto podemos utilizá-la como uma enciclopédia que contém os mais
variados temas.
Para realizar as pesquisas podemos utilizar o buscador GOOGLE, BING e ETC.

Tela do buscador Google

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK).

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
Barra superior do painel da mensa-
8 Responder Ctrl+R
gem
Barra superior do painel da mensa-
9 Encaminhar Ctrl+F
gem
Barra superior do painel da mensa-
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R
gem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
Mostrar campo cco (cópia
17 ALT +S + B Menu opções CCO
oculta)

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,
na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joao- referida no item “Endereços de e-mail”.
dasilva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas; Criar nova mensagem de e-mail
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ain-
da não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os
e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina-
tário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos. Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos; os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros.) Enviar
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem. De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.
Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con-
forme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimir uma mensagem de e-mail


Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET.

Sites de busca são mecanismos de pesquisa que permitem


buscar documentos, imagens, vídeos e quaisquer tipos de informa-
ções na rede. Eles utilizam um algoritmo capaz de varrer todas as
informações da internet para buscar as informações desejadas. São
exemplos de sites de busca mais comuns: Google, Bing e Yahoo.

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
Formas de acesso
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada
mensagem. GOOGLE www.google.com.br
BING www.bing.com.br
YAHOO www.yahoo.com.br

Tipos de buscadores
Buscadores Horizontais: São aqueles buscadores que varrem
a Internet inteira.
Por exemplo, temos o Google que vai em busca de qualquer
conteúdo relacionado a palavra chave.

Buscadores Verticais: São aqueles mais específicos que var-


rem somente um tipo de site.
Por exemplo, temos o Youtube que é um repositório de vídeos,
logo ao pesquisarmos dentro dele a busca será limitada aos vídeos.

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualmente o site de busca mais utilizado é o Google vejamos Menu do Google à direita, conforme a imagem acima
mais detalhes:
GMAIL Acesso ao E-mail do Google;
Acesso a barra de pesquisa imagens, neste
caso o buscador irá atuar somente na
IMAGENS procura de imagens, podemos digitar uma
palavra-chave, ou até mesmo colar uma
imagem na barra para iniciar a pesquisa;
Acesso a informações de cadastro, nome,
CONTA
celular, etc.;
PESQUISA Acesso ao buscador de pesquisas
Acesso a informações de endereço e
1 – Nesta barra digitaremos o endereço do site: www.google.
MAPS localização. No caso do celular funciona
com.br;
como um GPS;
2 – Nesta barra digitaremos a palavra-chave que queremos en-
contrar; YOUTUBE ACESSO A VÍDEOS PUBLICADOS;
3 – Podemos também acionar este microfone para falar a pala- Acesso a loja de aplicativos, no caso do
vra-chave e a mesma será escrita na barra de pesquisa; PLAY celular temos a Play Store onde encontramos
4 – Podemos também acessar um teclado virtual que irá surgir aplicativos;
na tela, permitindo a seleção dos caracteres desejados.
NOTICIAS Acesso a notícias;
MEET Acesso a Reuniões (vídeo chamadas);
CONTATOS Acesso a todos os contatos;
Acesso ao local de armazenamento na
DRIVE
internet de arquivos, fotos, vídeos, etc.;
Acesso a agenda. É um local onde podemos
AGENDA
marcar compromissos, tarefas, etc.;
TRADUTOR Acesso ao tradutor do Google;
Após a entrada da palavra-chave, estamos prontos para realizar Acesso a todas as fotos armazenadas no
a pesquisa. drive, estas fotos são armazenadas na sua
conta google. Conforme usamos o celular,
Outras funções do site de pesquisa do google FOTOS enviamos as fotos automaticamente para
o drive, a frequência deste envio depende
de uma configuração prévia que temos que
realizar;
Acesso a livros, neste caso somos remetidos
LIVROS para uma barra somente para a pesquisa de
livros.
Acesso a documentos, neste caso são
textos em geral, semelhantes a documentos
DOCUMENTOS
em WORD, podemos acessar e até criar
documentos para o uso;
Acesso a planilhas eletrônicas, neste caso são
PLANILHAS planilhas semelhantes ao EXCEL, podemos
acessar e até criar planilhas para o uso;
Permite a criação e gerenciamento de
um blog. Blog é um site que permite a
BLOGGUER atualização rápida através de postagens,
isso deve-se a sua estrutura extremamente
flexível de uso;
Acesso a uma plataforma Google, onde
HANGOUTS podemos conectar pessoas através de vídeo
conferencia e mensagens, etc.

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Google está frequentemente atualizando esse menu, visto a 3.


adequação de aplicativos ao contexto atual.

GRUPOS DE DISCUSSÃO.

Grupos de Discussão são agrupamentos de pessoas que que-


rem compartilhar um mesmo assunto, baseados em acontecimen-
tos, experiências e informações de diversas naturezas. Atualmente
temos os grupos de WhatsApp cujo conceito é o mesmo.
Temos sites gratuitos como o Google Groups e Grupos.com.br,
sendo que o líder de mercado é o Google Groups, que vamos ver
abaixo:

Passos para usar o Groups


• Possuir uma conta Google, isto é, um e-mail do Google, como 4.
por exemplo: ( usuario@gmail.com )
• Fazer o login com a sua conta no google.
• Acessar o site do Google Groups ( Groups.google.com )
• A partir deste momento já podemos usar o site de grupos do
Google para a discussão de assuntos.

Confira o aplicativo no passo a passo a seguir:

1.

Configurar as opções se necessário

2. 5.

Após digitarmos o nome do grupo será criado automaticamen-


te um e-mail como o nome do grupo, no nosso caso o informati-
ca998@googlegroups.com.
Qualquer mensagem direcionada a este e-mail será visualizada
por todos os integrantes do grupo.

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Moderador WhatsApp
O criador do grupo é o Moderador, isto é, a pessoa que admi- É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
nistra o grupo, ela pode incluir, excluir participantes, excluir mensa- telefônicas através da internet gratuitamente.
gens indevidas e modificar configurações.
O Moderador também pode incluir tópicos para conversas (Fó-
rum de discussão) bem como excluir se necessário.

REDES SOCIAIS A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter- zap”.
net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte- Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
resses ou valores comuns1. Muitos confundem com mídias sociais, operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do
porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais, consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra-
inclusive na internet. vés dele.

O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas. YouTube


Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po-
de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV, O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet, dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de horas de vídeos visualizados diariamente.
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que Instagram
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
tras pessoas.
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook,
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos
como o Youtube que compartilha vídeos.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente- acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
mente, o Tik Tok. publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
dispositivos móveis.
Facebook É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais tros formatos, como vídeos, stories e mais.
de seus membros. Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo.
Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
vídeos em sequência e o uso de GIFs.
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne- transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e cionalidades que atuam dentro dos stories.
família, informar-se, dentre outros2.
Twitter
Rede social que funciona como um microblog onde você pode
seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as
atualizações que seus contatos fazem e eles as suas.

1 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-so-
ciais/
2 https://bit.ly/32MhiJ0

138
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá Snapchat


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam Rede para mensagens baseado em imagens.
de usar a rede social.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
futebol e outros programas.
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
em primeira mão por ali. O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-
deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
LinkedIn nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
emprego por exemplo. de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram
Stories.
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado bem específico, formado por jovens hiperconectados.
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
Facebook. Skype
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon-
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com- ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos. uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio- aparelho conectado à internet
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

Pinterest
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam-
bém compartilha vídeos. O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto
MSN Messenger.
Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em
grupo ou até mesmo enviar SMS.
O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró-
“mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi- prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar a taxas reduzidas.
links para URLs externas. Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
Os temas mais populares são: corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos
– Moda; e tamanhos.
– Maquiagem;
– Casamento; Tik Tok
– Gastronomia; O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS e
– Arquitetura; Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usuá-
– Faça você mesmo; rios mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
– Gadgets; dores3.
– Viagem e design.
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.

3 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/

139
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sincronizar
o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas famo-
sas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)4.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.
4 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

140
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft5.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
5 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

141
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para um
indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização6.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares7:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

Existem outros termos importantes com os quais um profissional da área trabalha no dia a dia.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se refere ao
controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de segurança da informação,
rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada uma delas.

6 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
7 https://bit.ly/2E5beRr

142
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- de encriptação, que transformam as informações em códigos que
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
da informação, ainda que sem intenção certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
explorada por uma ameaça. profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, Criptografia
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- É uma maneira de codificar uma informação para que somen-
ça da informação. te o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a
Tipos de ataques informação9.
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles8: Tem duas maneiras de criptografar informações:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
ção, fraude, reprodução, bloqueio). o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole- chave secreta para poder ler a mensagem.
tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, • Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves re-
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da lacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pes-
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep- soa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada
tação, monitoramento, análise de pacotes). é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Política de Segurança da Informação Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança ser descriptografada pela chave privada.
da organização através de regras de alto nível que representam os Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti- A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo: • Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e per-
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos mitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permi-
de formação e periodicidade de troca. te o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có- ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver algu-
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten- ma alteração de informação invalida o documento.
ção e frequência de execução. • Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pes-
• Política de privacidade: define como são tratadas as infor- soa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.
mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as Firewall
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança ba-
a terceiros. seada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para
Mecanismos de segurança determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni- podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basica-
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa. mente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos
Ele pode ser aplicado de duas formas: bem-vindos.
– Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
8 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-segu- 9 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote-
ranca-da-informacao/ cao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

143
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Representação de um firewall.10

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser11.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e diminuir
o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se instalam
e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.)

• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um papel
fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo de uma
ação inesperada em que o usuário aciona um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como quarentena,
remoção definitiva e reparos.
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as
medidas de segurança.

• Firewall
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele determina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, blo-
queando entradas indesejáveis e protegendo assim o computador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da implementação,
isso pode ser limitado a combinações simples de IP / porta ou fazer verificações completas.
10 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%-
C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
11 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

144
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Antispyware
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em contrário, o antispyware protege o computador funcionando como o
antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação.

PROCEDIMENTOS DE BACKUP.

Procedimentos de backup
Backup é uma cópia dos dados para segurança e proteção. É uma forma de proteger e recuperar os dados na ocorrência de algum
incidente. Desta forma os dados são protegidos contra corrupção, perda, desastres naturais ou causados pelo homem.
Nesse contexto, temos quatro modelos mais comumente adotados: o backup completo, o incremental, o diferencial e o espelho.
Geralmente fazemos um backup completo na nuvem (Através da Internet) e depois um backup incremental para atualizar somente o que
mudou, mas vamos detalhar abaixo os tipos para um entendimento mais completo.

• Backup completo
Como o próprio nome diz, é uma cópia de tudo, geralmente para um disco e fita, mas agora podemos copiar para a Nuvem, visto que
hoje temos acesso a computadores através da internet. Apesar de ser uma cópia simples e direta, é demorada, nesse sentido não é feito
frequentemente. O ideal é fazer um plano de backup combinado entre completo, incremental e diferencial.

• Backup incremental
Nesse modelo apenas os dados alterados desde a execução do último backup serão copiados. Geralmente as empresas usam a data
e a hora armazenada para comparar e assim atualizar somente os arquivos alterados. Geralmente é uma boa opção por demorar menos
tempo, afinal só as alterações são copiadas, inclusive tem um tamanho menor por conta destes fatores.

• Backup diferencial
Este modelo é semelhante ao modelo incremental. A primeira vez ele copia somente o que mudou do backup completo anterior. Nas
próximas vezes, porém, ele continua fazendo a cópia do que mudou do backup anterior, isto é, engloba as novas alterações. Os backups
diferenciais são maiores que os incrementais e menores que os backups completos.

• Backup Espelho
Como o próprio nome diz, é uma cópia fiel dos dados, mas requer uma estrutura complexa para ser mantido. Imaginem dois lugares
para gravar dados ao mesmo tempo, daí o nome de espelho. Este backup entra em ação rápido na falha do principal, nesse sentido este
modelo é bom, mas ele não guarda versões anteriores. Se for necessária uma recuperação de uma hora específica, ele não atende, se os
dados no principal estiverem corrompidos, com certeza o espelho também estará.

SEQUÊNCIA DE BACKUP BACKUP COMPLETO BACKUP ESPELHO BACKUP INCREMENTAL BACKUP DIFERENCIAL
Seleciona tudo e
Backup 1 Copia tudo - -
copia
Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do
Backup 2 Copia tudo
copia backup 1 backup 1
Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do
Backup 3 Copia tudo
copia backup 2 backup 1
Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do
Backup 4 Copia tudo
copia backup 3 backup 1

145
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assinale a alternativa que apresenta a relação correta.


QUESTÕES (A) 1C - 2B - 3A
(B) 1B - 2C - 3A
1. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMI- (C) 1B - 2A - 3C
NISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 (D) 1C - 2A - 3B
Assunto: Conceitos Gerais de Informática e Introdução (E) 1A - 2C - 3B
Quanto às noções básicas sobre Software, Hardware e Sistema
Operacional, analise as afirmativas abaixo. 5. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
I. Exemplos típicos de hardware são as memórias RAM e ROM. Assunto: Memórias (RAM, ROM, CACHE, HD etc.)
II. Os Firewalls somente existem na modalidade de software.
III. Define-se que todo Sistema Operacional é puramente har- Referente ao aumento de memória principal em um compu-
dware. tador, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou
Assinale a alternativa correta. Falso (F). ( ) A velocidade de acesso aos dados no HD aumenta ex-
(A) Apenas I é a tecnicamente verdadeira ponencialmente.
(B) Apenas I e II são tecnicamente verdadeiras ( ) O computador aumenta o clock da CPU aumentando o pro-
(C) Apenas II e III são tecnicamente verdadeiras cessamento.
(D) Apenas I e III são tecnicamente verdadeiras ( ) O sistema poderá acessar maior quantidade de dados na
(E) I, II e III são tecnicamente verdadeiras RAM.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
2. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- cima para baixo.
CA/2022 (A) V - F - F
Assunto: Conceitos Gerais de Informática e Introdução (B) V - V - F
Um arquivo baixado da Internet possui o tamanho de 1MB. Em (C) F - V - V
matéria de quantidade de posições em computador, esse arquivo (D) F - F - V
tem precisamente . Assinale a alternativa que preencha correta-
mente a lacuna. 6. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
(A) 1.000 bytes VO/2022
(B) 1.024 bytes Assunto: Memórias (RAM, ROM, CACHE, HD etc.)
(C) 126.976 bytes Em um computador existem vários tipos de memória. Atual-
(D) 1.048.576 bytes mente, uma típica memória RAM possui a capacidade de.
(A) 32 Bits
3. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁ- (B) 8 GB
TICA/2022 (C) 16 MHz
Assunto: Memórias (RAM, ROM, CACHE, HD etc.) (D) 4 TB
Assinale, das alternativas abaixo, a única que identifica in-
corretamente uma das características técnicas básicas sobre SSD 7. BFC - SOLD (CBM BA)/CBM BA/2020
(Solid State Drives). Assunto: Conceitos de Internet
(A) A pior desvantagem do SSD é o fato dele poder danificarse Sobre navegação em sites na internet, no navegador Firefox,
com possíveis falhas mecânicas assinale a alternativa correta sobre qual formato de endereço de
(B) O custo por gigabyte é mais alto no caso do SSD comparado Internet é válido.
com o HDD (Hard Disk Drive) (A) www\\microsoft@br
(C) Os atuais HDDs (Hard Disk Drive) conseguem armazenar (B) httd.//www.microsoft.com
muito mais dados do que um SSD comum (C) https\\.www.microsoft.com
(D) O pior SSD será, pelo menos, três vez mais ráṕido que um (D) http.//www.microsoft.com
disco rígido de boa qualidade (E) http\\.www.microsoft.com
(E) O SSD recebe esse nome para se diferenciar do HDD (Hard
Disk Drive), já que não utiliza partes móveis 8. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
CA/2022
4. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁ- Assunto: Barramentos, Placa-mãe e BIOS
TICA/2022 O Hard Disk (HD) possui vários padrões de interface de cone-
Assunto: Memórias (RAM, ROM, CACHE, HD etc.) xão. Os mais utilizados são.
(1) IDE
Relacione as duas colunas quanto aos aspectos atuais de uma (2) OCR
configuração de CPU e seus principais componentes. (3) SATA
Da relação apresentada.
(A) existem somente o 1 e 2
(B) existem somente o 1 e 3
(C) existem somente o 2 e 3
(D) existem todos

146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

9. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁ- (A) multiusuário perceptivo


TICA/2022 (B) multitarefa preemptiva
Assunto: Periféricos (Dispositivos de Entrada e Saída) (C) monotarefa preditiva
No caso de um monitor de vídeo que tenha uma resolução Full (D) multiprocessador preeminente
HD 1080p, padrão da indústria, esta tela terá, portanto, uma reso-
lução de. 13. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
(A) 2160 x 1080 pixels CA/2022
(B) 2160 x 1920 pixels Assunto: Conceitos Gerais de Sistemas Operacionais e Sistemas
(C) 1920 x 1080 pixels de Arquivos
(D) 1920 x 720 pixels Quanto ao processo Dual Boot para instalação de Sistemas
(E) 1080 x 720 pixels Operacionais (S.O.), analise as afirmativas abaixo e assinale a alter-
nativa correta.
10. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS- I. Na inicialização do computador existe a necessidade de se ter
TRATIVO/2021 um Boot Manager.
Assunto: Periféricos (Dispositivos de Entrada e Saída) II. Com o Dual Boot pode-se instalar, por exemplo, o Windows
Sobre Hardware, relacione as colunas a seguir. e o Linux no mesmo HD.
Coluna1 III. A mudança de um S.O. para outro é possível por meio das
I. Hardware interno teclas CTRL+TAB.
II. Hardware externo Estão corretas as afirmativas.
Coluna2 (A) I e II são tecnicamente verdadeiras, apenas
A. Processador (B) II e III são tecnicamente verdadeiras, apenas
B. Pen drive (C) I e III são tecnicamente verdadeiras, apenas
C. Impressora (D) I, II e III são tecnicamente verdadeiras
D. Memória RAM
Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre as 14. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
colunas 1 e 2. MÁTICA/2022
(A) I-B, I-D, II-A, II-C Assunto: Windows 7
(B) I-C, II-A, II-B, II-D Quanto à operação do Sistema Windows 7 (ou superior), re-
(C) I-A, I-D, II-B, II-C ferente aos conceitos básicos de diretórios e arquivos, analise as
(D) I-A, I-B, II-C, II-D afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I. Tanto o termo técnico de pasta, como diretório, representam
11. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS a mesma coisa.
DE ÁGUA E ESGOTO/2021 II. Existe como padrão no Windows 7 a pasta denominada Ima-
Assunto: Periféricos (Dispositivos de Entrada e Saída) gens.
Sobre Hardware, relacione as colunas a seguir. III. Um diretório somente pode comportar pastas e não arqui-
Coluna1 vos.
I. Dispositivo de entrada Estão corretas as afirmativas.
II. Dispositivo de saída (A) I apenas
Coluna2 (B) I e II apenas
A. Teclado (C) II e III apenas
B. Monitor (D) I e III apenas
C. Impressora (E) I, II e III
D. Microfone
Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre as 15. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
colunas 1 e 2. MÁTICA/2022
(A) I-B, I-D, II-A, II-C Assunto: Windows 10
(B) I-C, II-A, II-B, II-D O papel desta barra é dar acesso rápido aos programas sendo
(C) I-A, I-D, II-B, II-C executados naquele momento preciso no computador, assim como
(D) I-A, I-B, II-C, II-D abrir softwares que estejam fixados nela. Além de abrir os progra-
mas com um clique simples sobre os ícones na barra, também é
12. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- possível usar o botão direito do mouse para acessar opções adicio-
CA/2022 nais específicas de cada programa. Estamos falando tecnicamente
Assunto: Conceitos Gerais de Sistemas Operacionais e Sistemas da.
de Arquivos (A) barra de caminhos
(B) barra de tarefas
As versões atuais do Windows, Sistema Operacional da Micro- (C) barra de atividades
soft, assim como o Linux e o MacOs (Apple), são considerados como (D) barra de trabalho
sendo. (E) barra de programas

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

16. IBFC - SOLD (CBM BA)/CBM BA/2020 20. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
Assunto:Conceitos de Internet TRATIVO/2021
Barbara selecionou em seu computador os arquivos de fotos da Assunto: Windows 10
última confraternização de sua empresa e Sobre teclas de atalho do Windows 10, idioma Português, con-
fez _________em um e-mail para João. Este por sua vez, re- figuração padrão, assinale a alternativa correta sobre qual combina-
cebeuo e-mail e fez_________dos arquivos enviados por Barbara ção de teclas exibe a propriedade do item selecionado.
em seu computador. Assinale a alternativa que preencha correta e (A) Alt + F8
respectivamente as lacunas. (B) Alt + Enter
(A) Upload e Download (C) Alt + Esc
(B) FTP e Upload (D) Alt + Tab
(C) Download e Upload
(D) Upload e FTP 21. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
(E) Download e Download TRATIVO/2021
Assunto: Windows 10
17. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI- Sobre teclas de atalho do Windows 10, idioma Português, con-
VO/2022 figuração padrão, assinale a alternativa correta sobre qual combina-
Assunto: Windows 10 ção de teclas permite bloquear o computador ou mudar de conta.
Conforme VELLOSO (2017), a plataforma Microsoft Windows (A) Tecla logotipo do Windows + L
é um Sistema Operacional de Rede que é considerado como sendo (B) Tecla logotipo do Windows + B
do tipo . (C) Tecla logotipo do Windows + P
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna. (D) Tecla logotipo do Windows + X
(A) Multiusuário e Monotarefa
(B) Monousuário e Multitarefa 22. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS
(C) Multiusuário e Multitarefa DE ÁGUA E ESGOTO/2021
(D) Monousuário e Monotarefa Assunto: Windows 10
Paulo está utilizando um computador com sistema operacio-
18. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 nal Windows 10, idioma português, configuração padrão e precisa
Assunto: Windows 10 acessar o gerenciador de tarefas.
Quanto aos conceitos básicos de arquivos, pastas e programas Assinale a alternativa correta quanto a teclas de atalho para
no ambiente Windows, analise as afirmativas abaixo, dê valores acessar o menu em que se encontra tal funcionalidade.
Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a (A) Ctrl + Alt + Del
sequência correta de cima para baixo. (B) Crtl + Alt + Esc
( ) Uma vez criado um arquivo dentro de uma pasta jamais po- (C) F2
derá ser renomeado. ( ) Os diretórios são programas para armaze- (D) Shift + Del
nar arquivos de forma compactada.
( ) Uma pasta pode conter no máximo 16 arquivos devido a 23. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
uma limitação do Windows. MÁTICA/2022
(A) V - V - V Assunto: Word 2019
(B) V - V - F Quanto às principais características técnicas do Microsoft
(C) V - F - V Word, avalie se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas a
(D) F - F - V seguir.
(E) F - F - F ( ) Possibilita a inserção simplificada de gráficos, planilhas e de-
senhos. ( ) Não possui Revisor Ortográfico incorporado.
19. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS- ( ) Contém Mala-Direta, com opção para criação de etiquetas,
TRATIVO/2021 cartas modelos e envelopes.
Assunto: Windows 10 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
Organizar o espaço em disco, eliminar fragmentos de arquivos cima para baixo.
e alocar os arquivos mais usados na região de acesso mais rápido (A) V - F - F
do disco, são características de uma das ferramentas do Windows. (B) V - F - V
Assinale a alternativa correta sobre qual ferramenta do Windows (C) F - V - V
10, idioma Português, configuração padrão possui tais recursos. (D) V - V - F
(A) Windows Defender (E) F - F - V
(B) Desfragmentador de disco
(C) Windows Allocation
(D) Prompt do DOS

148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

24. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- 28. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 TRATIVO/2021
Assunto: Word 2019 Assunto: Word 2019
Analise as afirmativas e assinale a alternativa que esteja tecni- Carolina está finalizando o relatório mensal de ocorrências, e
camente incorreta quanto às últimas versões do Editor de Texto do precisa inserir um sumário automático no Microsoft Word 365, idio-
pacote da Microsoft Office. ma Português, configuração padrão. Assinale a alternativa correta
(A) É possível incluir equações e fórmulas no editor de texto sobre qual menu encontra-se disponível está funcionalidade.
MS-WORD (A) Exibir
(B) O tipo mais comum de extensão de arquivo do MS-WORD (B) Revisão
é o DOCX (C) Referências
(C) A tecla de atalho Ctrl+X recorta o conteúdo selecionado (D) Design
para a área de transferência
(D) Não é possível proteger um documento com senha por 29. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
questões de segurança TRATIVO/2021
(E) O MS-WORD permite inserir, redimensionar ou mover ima- Assunto: Word 2019
gens em um documento Paulo está revisando o relatório de não conformidades de seu
departamento utilizando o Microsoft Word 365, idioma Português,
25. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 configuração padrão e precisa formatar todas as palavras TRÂNSITO
Assunto: Word 2019 em negrito. Assinale a alternativa correta sobre qual atalho de te-
Nas últimas versões do Microsoft Word é disponibilizado várias clado permitirá Paulo formatar a palavra em negrito.
funções tais como. (A) Ctrl + N
(1) o recurso denominado “Quebra de Página”. (B) Ctrl + I
(2) transformar um arquivo PDF no padrão do Word. (C) Ctrl + S
(3) selecionar modelos de documentos online. (D) Fn + B
Da relação apresentada.
(A) existem somente o 1 e 2 30. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS
(B) existem somente o 1 e 3 DE ÁGUA E ESGOTO/2021
(C) existem somente o 2 e 3 Assunto: Word 2019
(D) existem todos Miguel redigiu a frase a seguir no editor de texto Microsoft
Word 365.
26. IBFC - ARQ (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022 O Microsoft Word é um editor de texto que faz parte do pacote
Assunto: Word 2019 Office da Microsoft.
Na impossibilidade de utilização de um “mouse” na utilização Assinale a alternativa correta quanto a sua respectiva forma-
de textos do processador de textos Word, é um comando básico de tação.
atalho que ativamos para acessar as faixas da guia de ferramentas e (A) “Microsoft Word” está em “negrito e “Office da Microsoft”
selecionar a ação desejada pelo teclado. está em itálico
Assinale a alternativa correta sobre este comando. (B) “Microsoft Word” está em tachado e “Office da Microsoft”
(A) Tab ou Shift+Tab está em itálico
(B) Ctrl ou Tab (C) “Microsoft Word” está em itálico e “Office da Microsoft”
(C) Ctrl+F1 está em tachado
(D) Alt ou F10 (D) “Microsoft Word” está em tachado e “Office da Microsoft”
está em negrito
27. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
CA/2022 31. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
Assunto: Word 2019 MÁTICA/2022
Quanto aos conceitos básicos do editor de texto do Pacote Mi- Assunto: Excel 2019
crosoft Office, analise as afirmativas abaixo. Com base nos dados da planilha do Microsoft Excel (em
I. No momento da impressão não existe a opção de imprimir português) abaixo assinale a alternativa que apresenta o resul-
várias cópias. tado da fórmula.
II. É mais fácil criar um novo documento do Word usando um =MÍNIMO(B1.C2)*CONT.NÚM(A2.C2)+MÁXIMO(A1.B2).
modelo. A B C
III. Um documento criado em versões anteriores do Word pode
ser aberto. 1 22 11 55
Estão corretas as afirmativas. 2 44 33 66
(A) Apenas I e II são tecnicamente verdadeiras (A) 66
(B) Apenas II e III são tecnicamente verdadeiras (B) 111
(C) Apenas I e III são tecnicamente verdadeiras (C) 99
(D) I, II e III são tecnicamente verdadeiras (D) 77
(E) 88

149
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

32. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- 35. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 Assunto: Excel 2019
Assunto: Excel 2019 Com base na planilha Excel, do Pacote Microsoft Office abaixo,
assinale a alternativa que apresenta a fórmula correta que está em-
Com base no Editor de Planilha da Microsoft abaixo, assinale butida na célula C2.
a alternativa que apresenta o resultado da fórmula. =SOMASE(A1. A B C
C2;”>3”)
1 1 2 3
A B C
2 4 5 10
1 1 2 3
2 4 5 6 (A) =MÉDIA(A1.B2)+SOMA(A1.C1)
(A) 6 (B) =SOMA(A1.C1)-MÉDIA(A1.B2)
(B) 18 (C) =MÉDIA(A1.C1)+SOMA(A1.B2)
(C) 3 (D) =SOMA(A1.B2)-MÉDIA(A1.C1)
(D) 21
(E) 15 36. IBFC - ARQ (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
Assunto: Excel 2019
33. IBFC - ENG (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/CI- O editor de planilhas do Excel possui uma série de comandos
VIL/2022 de atalho que facilitam e agilizam a produção desse tipo de arquivo.
Assunto: Excel 2019 É um comando de aplicar ou remover formatação em tachado. As-
Para se evitar erros de aproximação numérica na elaboração de sinale a alternativa correta sobre este comando.
uma planilha orçamentária utilizando-se o software Excel®, pode-se (A) Ctrl+5
lançar mão de um comando que em uma operação de multiplicação (B) Ctrl+N
promove arredondamentos, evitando-se dízima e inúmeras casas (C) Ctrl+S
decimais. Assinale a alternativa que apresente corretamente este (D) Ctrl+F3
comando. A intenção da operação é conseguir a multiplicação do
conteúdo da célula A pelo da célula B. 37. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
(A) =ARRED (num;núm_digitos) VO/2022
(B) =ARRED(cel A*cel B;2) Assunto: Excel 2019
(C) =ARRED(cel A*cel B) - 2 Com base na planilha Excel, do Pacote Microsoft Office abaixo,
(D) =CUT(Cel A*Cel B;2) assinale a alternativa que apresenta o resultado da fórmula. =MÁ-
(E) =CUT(Cel A*Cel B)-2 XIMO(B1.C2)-MÍNIMO(A1.B2).
A B C
34. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU-
RANÇA DO TRABALHO/2022 1 2 4 6
Assunto: Excel 2019 2 3 6 9
Com base no Editor de Planilha da Microsoft abaixo, assinale (A) 5
a alternativa que apresenta o resultado da fórmula. =MULT(MÁXI- (B) 3
MO(A1.B2);MÍNIMO(B1.C2)) (C) 7
A B C (D) 10
1 1 2 3
38. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
2 4 5 6 CA/2022
(A) 6 Assunto: Excel 2019
(B) 8 Com base na planilha do Excel abaixo assinale a alternativa que
(C) 20 apresenta o resultado da fórmula. =((B2^A1)/(B1*A2)+C1)-C2
(D) 15
A B C
(E) 10
1 2 4 6
2 3 6 9
(A) 9 (nove)
(B) 6 (seis)
(C) 3 (três)
(D) 0 (zero)

150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

39. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 42. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
Assunto: Excel 2019 TRATIVO/2021
Com base na planilha eletrônica do Microsoft Excel abaixo as- Assunto: Excel 2019
sinale a alternativa que apresenta o resultado da fórmula. =A2*C2/ Sobre Microsoft Excel 365, idioma Português, configuração pa-
B1-C1+A1-B2 drão, assinale a alternativa correta para qual função verifica se uma
A B C condição foi satisfeita, e retorna um valor se for VERDADEIRA e re-
torna um outro valor se for FALSA.
1 7 3 4 (A) SENÃODISP
2 2 5 9 (B) SEERRO
(A) 8 (oito) (C) VERDADEIRO
(B) 7 (sete) (D) SE
(C) 6 (seis)
(D) 5 (cinco) 43. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-
(E) 4 (quatro) TRATIVO/2021
Assunto: Excel 2019
40. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Considere a tabela a seguir.
Assunto: Excel 2019
Com base na planilha eletrônica abaixo, assinale a alterna-
tiva que apresenta o resultado da fórmula. =(SOMA(A2.C2)/(B1-
B2)+A1)/C1
A B C
1 10 9 8
2 5 6 7
(A) 10 (dez)
(B) 8 (oito)
(C) 2 (dois) Assinale a alternativa correta sobre qual fórmula do Microsoft
(D) 6 (seis) Excel 365, idioma Português, configuração padrão, contempla a
(E) 4 (quatro) média de gastos mensais com despesas de fretes com base em 12
(doze) meses.
41. IBFC - SUP PESQ (IBGE)/IBGE/SUPORTE GERENCIAL/2021 (A) =(B2+B3+B4+B5+B6+B7+D2+D3+D4+D5+D6+D7)/6
Assunto: Excel 2019 (B) =MÉDIA(B2.B7;D2.D7)
(C) =SOMA(A2.A7;C2.C7)/12
Verificando parte da planilha Excel dada abaixo, pretende-se (D) =CONT.NÚM(A2.A7;C2.C7)/12
determinar o valor total da soma, na célula B7, dos números indi-
cados. 44. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS
DE ÁGUA E ESGOTO/2021
Assunto: Excel 2019
Sobre o Microsoft Excel 365, idioma português, configuração
padrão, assinale a alternativa correta sobre qual função realiza a
soma de todos os números em um intervalo de células.
(A) ADIÇÃO
(B) SOMATÓRIA
(C) AVG
Desse modo, a fórmula correta a ser utilizada para obtenção (D) SOMA
da soma é.
(A) =SOMA(B2-B6) 45. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS
(B) =TOTAL(B2-B6) DE ÁGUA E ESGOTO/2021
(C) =TOTAL(B2;B6) Assunto: Excel 2019
(D) =SOMA(B2.B6) Sobre os componentes de uma planilha eletrônica, assinale a
(E) =SOMA(B2;B6) alternativa incorreta.
(A) Células
(B) Slides
(C) Valores
(D) Fórmulas

151
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

46. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS (D) Menu Inserir – Quebra manual – Quebra de página
DE ÁGUA E ESGOTO/2021 (E) Menu Executar – Quebra manual – Quebra de linha
Assunto: Excel 2019
Considere a fórmula a seguir =(3+4)*10, e assinale a alternativa 51. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022
correta quanto ao seu resultado. Assunto: Questões Mescladas de Suítes de Escritório
(A) 43 Quanto aos principais aplicativos de edição de textos, planilhas
(B) 71 e apresentações, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verda-
(C) 70 deiro (V) ou Falso (F).
(D) 90 ( ) O aplicativo LibreOffice não possui Planilha de Cálculo para
o ambiente Windows.
47. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- ( ) As apresentações no ambiente Windows normalmente são
CA/2022 feitas no PowerPoint.
Assunto: Powerpoint 2019 ( ) Atualmente, no Sistema Operacional Linux, a edição de tex-
As últimas versões do Microsoft Office PowerPoint possuem tos é realizada em ambiente gráfico.
vários recursos, tais como. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
(1) Possibilidade de escolher um tema único para todos slides. cima para baixo.
(2) Para incluir sons nos slides deve-se utilizar o PowerSound. (A) V - F - F
(3) É permitido adicionar anotações do orador em cada slide. (B) V - V - F
Da relação apresentada. (C) F - V - V
(A) existem somente o 1 e 2 (D) F - F - V
(B) existem somente o 1 e 3
(C) existem somente o 2 e 3 52. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
(D) existem todos Assunto: Conceitos, Modelos, Tipos e Topologias de Redes
Leia a frase abaixo referente às estruturas de redes de compu-
48. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS tadores e topologia.
DE ÁGUA E ESGOTO/2021 “As três topologias físicas mais comumente usadas são respec-
Assunto: Powerpoint 2019 tivamente._________,_________e_________.”
Sobre o Microsoft Power Point 365, idioma português, configu- Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
ração padrão, assinale a alternativa incorreta sobre os elementos as lacunas.
disponíveis na Guia Inserir. (A) barramento (bus) / anel (ring) / estrela (star)
(A) Tabela (B) linear (line) / caracol (snail) / quadrada (square)
(B) Verificar Ortografia (C) estrela (star) / caracol (snail) / quadrada (square)
(C) Imagens (D) anel (ring) / linear (line) / barramento (bus)
(D) Formas
53. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
49. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- VO/2022
CA/2022 Assunto: Conceitos, Modelos, Tipos e Topologias de Redes
Assunto: Access 2016 Segundo MANZANO (2207) a rede de computadores que
As partes básicas de um banco de dados típico do Microsoft abrange um país, continente ou mesmo dois continentes, como a
Access, incluem vários itens tais como. Internet, é considerada tipicamente como sendo uma.
(1) Símbolos. (A) PAN
(2) Tabelas. (B) MAN
(3) Macros. (C) LAN
(4) Consultas. (D) WAN
Da relação apresentada,
(A) existem somente o 1, 2 e 3 54. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
(B) existem somente o 1, 2 e 4 CA/2022
(C) existem somente o 2, 3 e 4 Assunto: Conceitos, Modelos, Tipos e Topologias de Redes
(D) existem somente o 1, 3 e 4 Conforme as definições e características de várias topologias
básicas de uma rede, assinale a alternativa que apresenta essas to-
50. IBFC - SUP PESQ (IBGE)/IBGE/SUPORTE GERENCIAL/2021 pologias, conforme a sequência abaixo.
Assunto: Calc 1º Conecta um host ao próximo e o último host ao primeiro.
Ana está trabalhando com o BrOffice calc e pretende dividir 2º Usa um único cabo backbone que é terminado em ambas as
sua planilha em duas páginas. Desse modo, Ana deve posicionar o extremidades.
cursor na célula que deseja inserir a quebra e executar o seguinte 3º Conecta todos os cabos a um ponto central de concentra-
comando, tendo em vista dividir sua planilha para ser impressa em ção. Assinale a alternativa correta.
duas páginas. (A) 1º anel (ring) - 2º barramento (bus) - 3º estrela (star)
(A) Menu Inserir – Quebra manual – Quebra de linha (B) 1º barramento (bus) - 2º anel (ring) - 3º estrela (star)
(B) Menu Inserir – Quebra automática – Próxima página (C) 1º estrela (star) - 2º barramento (bus) - 3º anel (ring)
(C) Menu Executar – Quebra manual – Próxima página (D) 1º anel (ring) - 2º estrela (star) - 3º barramento (bus)

152
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

55. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS- 59. IBFC - ASS ADM (EBSERH)/EBSERH/2020
TRATIVO/2021 Assunto: Conceitos de Internet
Assunto: Conceitos, Modelos, Tipos e Topologias de Redes Quanto à Internet, analise as afirmativas abaixo e dê valores
Leia atentamente a frase abaixo. Verdadeiro (V) ou Falso (F).
“Os dispositivos desta topologia são conectados em série for- ( ) WWW, ou apenas web, significa World Wide Web (Rede de
mando um circuito fechado. Os dados são transmitidos unidirecio- Alcance Mundial).
nalmente de nó em nó até atingir o seu destino”. ( ) Qualquer computador que deseje se comunicar na Internet
Assinale a alternativa correta para qual topologia possui tais precisa se comunicar em PCT/PI.
características. ( ) Browser é um programa que permite ao usuário consultar
(A) Anel (navegar) páginas na Internet.
(B) Barramento Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
(C) Cisco cima para baixo.
(D) Eclipse (A) V, V, V
(B) V, V, F
56. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/AD- (C) V, F, V
MINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022 (D) F, F, V
Assunto: Protocolos de Redes (E) F, F, F
Quanto aos conceitos gerais e básicos da Internet, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). 60. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
( ) HTTP é um protocolo que especifica como o navegador MÁTICA/2022
(Browser) e servidor web se comunicam entre si Assunto: Intranet e Extranet
( ) O IPv6 é a versão mais atual do protocolo de Internet devido Em relação à organização de uma Intranet e/ou Internet, avalie
ao esgotamento de endereços do IPv4. se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas a seguir.
( ) As ferramentas de busca, como o GOOGLE conseguem aces- ( ) A intranet é uma rede interna, fechada e exclusiva.
sar todos os sites existentes na Internet. ( ) Não permitem a conexão entre os computadores e a trans-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de ferência de arquivos.
cima para baixo. ( ) Especificamente a intranet é somente aberta a clientes e a
(A) V - V - V fornecedores.
(B) V - V - F Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
(C) V - F - V cima para baixo.
(D) F - F - V (A) V - F - F
(E) F - F - F (B) V - F - V
(C) F - V - V
57. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- (D) V - V - F
CA/2022 (E) F - F - V
Assunto: Protocolos de Redes
Assinale a alternativa que identifica incorretamente os princi- 61. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
pais protocolos utilizados no serviço de e-mail. CA/2022
(A) IMAP Assunto: Intranet e Extranet
(B) POP3 Quanto aos conceitos e arquitetura da Internet, Intranet e Ex-
(C) SMTP tranet, analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou
(D) FTP Falso (F).
( ) Tanto a Internet, a Intranet, como a Extranet, são considera-
58. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 das redes públicas.
Assunto: Conceitos de Internet ( ) Na intranet o acesso é restrito somente a usuários previa-
Quanto as noções básicas sobre IP o IMEI, analise as afirmati- mente autorizados.
vas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) A extranet é dedicada para atender, por exemplo, clientes e
( ) Existem atualmente duas versões de IP, os denominados IPv4 fornecedores.
e o IPv6. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
( ) O mesmo equipamento pode ter vários IP’s, assim como vá- cima para baixo.
rios IMEI´s. (A) V - F - F
( ) O IMEI é um código de 15 dígitos que identifica de forma (B) V - V - F
internacional os celulares. (C) F - V - V
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de (D) F - F - V
cima para baixo
(A) V - F - V
(B) V - V - V
(C) V - V - F
(D) F - F - V
(E) F - F - F

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

62. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 66. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATI-
Assunto: Intranet e Extranet VO/2022
Quanto aos conceitos básicos sobre Internet e Intranet, analise Assunto: Questões Mescladas de Navegadores
as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. Os principais navegadores de Internet (browsers) atualmente
I. A grande diferença entre as duas é que a Intranet é totalmen- possuem a capacidade de ler vários tipos de arquivos. Assinale, das
te criptografada. alternativas abaixo, o tipo de arquivo que os browsers não conse-
II. O número de usuários em uma Intranet é limitado por ques- guem ler de forma nativa.
tões de privacidade. (A) PPTX
III. Numa Intranet são tipicamente compartilhados. impresso- (B) GIF
ras e Bancos de Dados. (C) PNG
A respeito das afirmativas. (D) JPEG
(A) I é a tecnicamente verdadeira
(B) I e II são tecnicamente verdadeiras 67. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
(C) II e III são tecnicamente verdadeiras Assunto: Questões Mescladas de Navegadores
(D) I e III são tecnicamente verdadeiras Browser é um termo recorrente na Internet e serve como sinô-
(E) I, II e III são tecnicamente verdadeiras nimo, em inglês, para navegador de Internet. Assinale a alternativa
que esteja tecnicamente correta quanto ao que seja respectiva-
63. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU- mente um típico browser e um aplicativo de Correio Eletrônico.
RANÇA DO TRABALHO/2022 (A) Internet Explorer - Mozilla Firefox
Assunto: Google Chrome (B) Google Chrome - Mozilla Thunderbird
Quando uma página na Internet está desatualizada, deve-se (C) Mozilla Thunderbird - Mozilla Firefox
utilizar a seguinte tecla de atalho para recarregá-la. (D) Internet Explorer - Google Chrome
(A) F1 (E) Outlook Express - Google Chrome
(B) F3
(C) F5 68. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS
(D) F7 DE ÁGUA E ESGOTO/2021
(E) F10 Assunto: Recursos, Campos, Endereçamento (Correio Eletrôni-
co)
64. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS Mauricio foi indicado para concorrer a uma vaga de emprego
DE ÁGUA E ESGOTO/2021 como analista de operações, e, precisa enviar seu currículo profis-
Assunto: Google Chrome sional por meio de um correio eletrônico para área de recursos hu-
Roberto trabalha no departamento de manutenção da empre- manos da empresa Líder.
sa de água e esgoto de sua cidade, e precisa pesquisar na internet o Assinale a alternativa correta referente ao formato e estrutura
preço de um motor-bomba para compor três orçamentos. de endereços eletrônicos.
Assinale a alternativa correta sobre navegador. (A) http.//www.lider.com.br
(A) Google Chrome (B) www.lider@recursoshumanos.com
(B) Fireboch (C) lider.recursoshumanos.com
(C) iCloud (D) recursoshumanos@lider.com.br
(D) Gmail
69. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
65. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- MÁTICA/2022
MÁTICA/2022 Assunto: Mozilla Thunderbird
Assunto: Questões Mescladas de Navegadores Assinale, das alternativas abaixo, a única que identifica correta-
Os principais e atuais navegadores de Internet tem como prin- mente e especificamente o cliente de e-mail atual que é software
cipais características técnicas. livre e de código aberto.
(1) suporte aprimorado para HTML5 e CSS3. (A) Outlook Express
(2) a possibilidade da instalação de várias extensões. (B) Mozilla Firefox
(3) permitem ver arquivos PDF diretamente no navegador. (C) MS Outlook
(4) possibilitam a navegação anônima. (D) Lotus Organizer
(A) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 2 e 3 (E) Mozilla Thunderbird
(B) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 2 e 4
(C) Da relação apresentada, somente são aplicados o 2, 3 e 4 70. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
(D) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 3 e 4 MÁTICA/2022
(E) Da relação apresentada, todos podem ser aplicados Assunto: Computação em Nuvem (Cloud Computing)
Quanto aos programas de transferência de arquivos pela In-
ternet, os que são mais utilizados para compartilhar arquivos entre
equipes são.
(1) SPEEDTRANSFER. (2) GOOGLE DRIVE.
(3) ONEDRIVE. (4) DROPBOX.
(A) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 2 e 3

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(B) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 2 e 4 3. Método que tenta “pescar” vitimas para que cliquem em
(C) Da relação apresentada, somente são aplicados o 2, 3 e 4 links ou baixem arquivos com o objetivo de adquirir informações
(D) Da relação apresentada, somente são aplicados o 1, 3 e 4 pessoais.
(E) Da relação apresentada, todos podem ser aplicados (A) 1.Phishing - 2.Worm - 3.Backdoor
(B) 1.Backdoor - 2.Worm - 3.Phishing
71. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- (C) 1.Worm - 2.Phishing - 3 Backdoor
CA/2022 (D) 1.Worm - 2.Backdoor - 3.Phishing
Assunto: Computação em Nuvem (Cloud Computing) (E) 1.Phishing - 2.Backdoor- 3.Worm
Assinale a alternativa que identifica incorretamente as prin-
cipais características técnicas da Computação em Nuvem (Cloud 75. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU-
Computing). RANÇA DO TRABALHO/2022
(A) A grande desvantagem da Computação em Nuvem, para as Assunto: Firewall e Proxy
empresas usuárias, é que existe um maior gasto em equipa- Quanto às Redes de Computadores, analise as afirmativas abai-
mentos e na estrutura de manutenção xo, e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
(B) Existe a plataforma de desenvolvimento de software na nu- ( ) Firewall é considerado um dispositivo de uma rede de com-
vem que permite criar e testar aplicativos via Web e é denomi- putadores. ( ) As redes locais sem fio são denominadas tecnicamen-
nada tecnicamente como Platform as a Service (PaaS) te como Wi-Fi.
(C) Um dos conceitos básicos que serve de base para o funcio- ( ) A sigla americana LAN é utilizada para representar redes lo-
namento e possibilidade da computação em nuvem é a virtu- cais.
alização Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
(D) Os recursos de TI do provedor são utilizados por múltiplos cima para baixo.
usuários e alocados dinamicamente, conforme a demanda dos (A) V - V - V
usuários corporativos (B) V - V - F
(C) V - F - V
72. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- (D) F - F - V
MÁTICA/2022 (E) F - F - F
Assunto: Ameaças (Vírus, Worms, Trojans, Malware, etc.)
Assinale, das alternativas abaixo, a única que identifica incorre- 76. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022
tamente um dos vários tipos comuns de vírus (ou malware). Assunto: Antivírus e Antispyware
(A) Firewall Quanto aos principais aplicativos para segurança (antivírus, an-
(B) Worm ti-spyware, etc) e firewall, analise as afirmativas abaixo e dê valores
(C) Trojan Verdadeiro (V) ou Falso (F).
(D) Keylogger ( ) Os antivírus são programas voltados à detecção e elimina-
(E) Spyware ção de malwares.
( ) Muitos antivírus possuem medidas de segurança também
73. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- contra os spywares.
CA/2022 ( ) Tendo instalado um firewall não existirá a necessidade nem
Assunto: Ameaças (Vírus, Worms, Trojans, Malware, etc.) de instalar um antivírus como um anti-spyware.
Existe um malware que aparenta ser um arquivo totalmente Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
normal e seguro, mas dentro dele há um código malicioso que pode cima para baixo.
ser usado para espionar, controlar e executar várias ações no com- (A) V - F - F
putador. Sobre a definição apresentada anteriormente, assinale a (B) V - V - F
alternativa que esteja tecnicamente correta. (C) F - V - V
(A) Hijacker (D) F - F - V
(B) Spyware
(C) Ransomware 77. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR-
(D) Trojan Horse MÁTICA/2022
Assunto: Criptografia, Assinatura e Certificado Digital
74. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022 Leia a frase abaixo referente aos aspectos de Segurança dos
Assunto: Ameaças (Vírus, Worms, Trojans, Malware, etc.) Sistemas Computacionais.
Dado os três conceitos técnicos abaixo, assinale à alternativa “Quando descrevemos sobre as chaves de segurança é muito
que corresponda, respectivamente, à cada um desses conceitos es- comum mencionarmos os termos
pecificamente. técnicos._________,_________,_________e _________ ”.
1. Vírus que cria cópias em outras unidades ou nos computado- Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente
res de uma rede para executar ações maliciosas. as lacunas.
2. Esse malware é como uma porta criada a partir de um pro- (A) regular / irregular / particular / global
grama cuja instalação não foi autorizada pelo usuário, que explora (B) regular / irregular / específica / geral
as vulnerabilidades ali existentes e permite que terceiros tenham (C) variável / fixa / particular / global
acesso à máquina. (D) variável / fixa / específica / geral
(E) simétrica / assimétrica / privada e pública

155
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

78. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI- 81. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
CA/2022 CA/2022
Assunto: Criptografia, Assinatura e Certificado Digital Assunto: Backup
Quanto aos conceitos básicos de criptografia, analise as afir- Quanto ao Backup e Mídias para armazenamento de dados,
mativas. analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
I. Na Internet, o protocolo HTTPS é seguro sem utilizar cripto- ( ) É necessário checar periodicamente se os backups realizados
grafia. estejam íntegros.
II. Para reforçar a segurança nas redes sem fio é utilizado crip- ( ) O acesso aos dados nas fitas magnéticas é muito mais rápido
tografia. do que em HD’s.
III Na criptografia simétrica se faz uso de apenas uma única ( ) O principal tipo de backup empresarial, e mais seguro, é de-
chave. nominado hierárquico. Assinale a alternativa que apresenta a sequ-
Estão corretas as afirmativas. ência correta de cima para baixo
(A) Apenas I e II são tecnicamente verdadeiras (A) V - F - F
(B) Apenas II e III são tecnicamente verdadeiras (B) V - V - F
(C) Apenas I e III são tecnicamente verdadeiras (C) F - V - V
(D) I, II e III são tecnicamente verdadeiras (D) F - F - V

79. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022 82. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGU-
Assunto: Backup RANÇA DO TRABALHO/2022
Quanto aos procedimentos básicos de backup, assinale a alter- Assunto: Extensão de Arquivos
nativa que apresenta somente aqueles que devem ser observados. As respectivas extensões padrões de arquivos referentes às úl-
1. Tanto o backup incremental como o diferencial são tipos pos- timas versões dos editores de apresentação, editores de planilhas e
síveis de se fazer cópias de segurança. editores de texto, do pacote Microsoft Office, são.
2. Sempre que possível as mídias de backup devem ser armaze- (A) .xlsx .docx .pptx
nadas em local diferente daquele que foram gerados. (B) .docx .pptx .xlsx
3. É importante fazer testes periódicos de restauração daqueles (C) .xlsx .pptx .docx
dados que foram realizados cópias de segurança. (D) .pptx .xlsx .docx
4. Todos os aplicativos e arquivos do sistema operacional de- (E) .docx .xlsx .pptx
vem ser realizados cópias de segurança constantemente.
83. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/INFORMÁTI-
(A) da relação apresentada devem somente ser realizadas o 1, CA/2022
2e3 Assunto: Extensão de Arquivos
(B) da relação apresentada devem somente ser realizadas o 1, Assinale a alternativa que identifica incorretamente as princi-
2e4 pais extensões de arquivos.
(C) da relação apresentada devem somente ser realizadas o 2, (A) .bin
3e4 (B) .exe
(D) da relação apresentada devem somente ser realizadas o 1, (C) .xppt
3e4 (D) .txt

80. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFOR- 84. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
MÁTICA/2022 Assunto: Extensão de Arquivos
Assunto: Backup Quanto à identificação de arquivos, relacione os principais ti-
Para um procedimento básico de realização de backups temos pos de formatos de arquivos da coluna da esquerda com a respecti-
as seguintes opções. va descrição da coluna da direita.
(1) Backup Diferencial.
(2) Backup Gradual. (A) Formato nativo do Microsoft
(3) Backup Incremental. (1) JPEG
Word.
(4) Backup Completo (ou Full).
(A) Da relação apresentada, existem somente o 1, 2 e 3 (B) Associado a páginas e endereços
(2) MPEG
(B) Da relação apresentada, existem somente o 1, 2 e 4 da web.
(C) Da relação apresentada, existem somente o 2, 3 e 4 (C) Formato comum de arquivo de
(D) Da relação apresentada, existem somente o 1, 3 e 4 (3) DOCX
imagem.
(E) Da relação apresentada, existem todos
(4) HTML (D) Formato de arquivo de vídeo.

(A) 1C - 2D - 3A - 4B
(B) 1C - 2D - 3B - 4A
(C) 1D - 2C - 3A - 4B
(D) 1B - 2D - 3A - 4C
(E) 1C - 2A - 3D - 4B

156
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

85. IBFC - AG (PREF SGDA (RN))/PREF SGDA (RN)/ADMINIS-


TRATIVO/2021 GABARITO
Assunto: Extensão de Arquivos
Leia atentamente a frase a seguir.
As extensões de arquivos são_________que designam 1 A
seu_________e principalmente a função que desempenham no 2 D
computador. Umas das extensões utilizadas para arquivos de ima-
gens é a_________que consiste em pixels dentro de uma grade re- 3 A
tangular.
4 D
Assinale a alternativa correta que preencha correta e respecti-
vamente as lacunas. 5 D
(A) sufixos / formato / BMP
(B) números / princípio / JPEG
6 B
(C) caracteres especiais / formato / JPEG 7 D
(D) símbolos / formato / DLL
8 B
86. IBFC - OP (SAAE SGDA (RN))/SAAE SGDA (RN)/SISTEMAS 9 C
DE ÁGUA E ESGOTO/2021
Assunto: Extensão de Arquivos 10 C
Sobre extensões de arquivo, relacione as colunas a seguir. 11 C
Coluna1
I. Microsoft Word 365 12 B
II. Microsoft Power Point 365 13 A
III. Microsoft Excel 365
Coluna2 14 B
A. .xlsx 15 B
B. .pptx
C. .docx 16 A
Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre as 17 C
colunas 1 e 2.
(A) I-B, II-C, III-A 18 E
(B) I-B, II-A, III-C 19 B
(C) I-A, II-C, III-B
(D) I-C, II-B, III-A 20 B
21 A
87. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/TEC-
NOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022 22 A
Assunto: Outros tópicos de Informática 23 B
Quanto ao Sistema de Comunicação e Arquivamento de Ima-
gens (PACS), analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) 24 D
ou Falso (F).
25 D
( ) O PACS elimina a necessidade da utilização da impressão em
filme ou papel 26 D
( ) Permite o armazenamento de imagens de exames como to-
mografia e ressonância.
27 B
( ) Ainda não existe no Brasil o PACS utilizando os recursos da 28 C
computação em nuvem
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
29 A
cima para baixo. 30 A
(A) V - V - V
(B) V - V - F 31 D
(C) V - F - V 32 E
(D) F - F - V
(E) F - F - F 33 B
34 E
35 D
36 A

157
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

37 C 76 B
38 D 77 E
39 E 78 B
40 E 79 A
41 D 80 D
42 D 81 A
43 B 82 D
44 D 83 C
45 B 84 C
46 C 85 A
47 B 86 D
48 B 87 B
49 C
50 A ANOTAÇÕES
51 C
52 A ______________________________________________________

53 D ______________________________________________________
54 A ______________________________________________________
55 A
______________________________________________________
56 B
______________________________________________________
57 D
58 A ______________________________________________________

59 C ______________________________________________________
60 A ______________________________________________________
61 C
______________________________________________________
62 C
______________________________________________________
63 C
64 A ______________________________________________________

65 E ______________________________________________________
66 A ______________________________________________________
67 B
______________________________________________________
68 D
______________________________________________________
69 E
70 C ______________________________________________________

71 A ______________________________________________________
72 A ______________________________________________________
73 D
______________________________________________________
74 A
______________________________________________________
75 A

158
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
E SITUAÇÕES GERENCIAIS

ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO. ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS.

ADMINISTRAÇÃO GERAL

Definição e visão geral da Administração


Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, processo ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente vem
do latim “administrare”, significando “ajudar em alguma coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, executar, admi-
nistrar”. Na mesma linha, “a palavra administração deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação de governar, de dirigir, de
supervisionar, de gerir os negócios próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18).
O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São Paulo (2014)1:
Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica,
habilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos
assuntos administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir
é apresentado a definição das três habilidades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três habilidades do adminis-
trador segundo Katz.
- habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de
tarefas específicas por meio da experiência profissional;
- habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitu-
des e motivações e desenvolver uma liderança eficaz;
- habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pes-
soa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação.

A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de super-
visão a posição de alta direção.
A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de pensar,
de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções.
Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas
em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou
problemas. O administrador para ser bem sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento,
a perspectiva e a atitude.

Figura – Níveis Organizacionais e as três Habilidades do Administrador segundo Katz.

1. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo –
Campus São Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf

159
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a res-
peito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com intensidade
cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter
contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado;
Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar o conhe-
cimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia e independên-
cia ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades;
Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar as coisas
para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o incon-
formismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas.
Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade profis-
sional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a)pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da Ad-
ministração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração
financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se
desdobrem ou aos quais sejam conexos.
Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à sustentabilida-
de e crescimento dos negócios.

Figura – As competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato

160
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do administrador divi-
didos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito
do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar,
organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014).

Figura – Papéis do administrador segundo Mintzberg (apud Pereira, 2014)

O papel do gerente
De acordo com Ronaldo Guedes (2006)2, o administrador deve desenvolver várias habilidades e algumas características são aponta-
das como fundamentais ao bom desempenho para desempenhar suas funções e sustentar sua posição:

Classificação de Administradores
Stoner (1999) classifica o Administrador pelo nível que ocupa na organização (de primeira linha, intermediários e altos administrado-
res) e pelo âmbito das atividades organizacionais pelas quais são responsáveis (os chamados administradores funcionais e gerais).

Pelo nível que ocupam na organização


Gerentes de Primeira Linha: Estão localizados no nível mais baixo de gerência, costumam ser chamados de supervisores, não são res-
ponsáveis por outros supervisores e gerenciam apenas trabalhadores operacionais.
Gerentes Médios: Estão localizados no nível intermediário, são responsáveis por Gerentes de Primeira Linha e podem também geren-
ciar trabalhadores operacionais.
Administradores de Topo: São comumente chamados de CEO (Chief Executive Officer), Presidente, Vice-Presidente, ocupam o cargo
máximo nas organizações, são responsáveis por seu direcionamento e seus recursos.

Pelo âmbito das atividades


Administradores Funcionais: São os Administradores responsáveis por uma área funcional, e pela equipe que compõe essa área fun-
cional. Ex.: Diretor de Marketing, Diretor de Produção, Gerente Comercial.
Administradores Gerais: Comum em pequenas organizações, o Administrador Geral é responsável pelas diversas áreas funcionais da
empresa e pelas pessoas envolvidas nas funções.

Papéis dos Administradores


Mintzberg (apud STONER, 1999) fez um levantamento sobre os papéis dos Administradores dividindo-os em Papéis Interpessoais,
Papéis Informacionais e Papéis Decisórios. Esses papéis são desenvolvidos constantemente no dia a dia dos Administradores.

Papéis Interpessoais
São os papéis que os Administradores executam relativos ao relacionamento com as pessoas e construção conjunto dos resultados.
São divididos em três papéis: Símbolo, Líder e Ligação.

2. Obtido em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/administrador-habilidades-e-caracteristicas/13089/

161
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Símbolo representa a função de estar presente em locais e mo- Habilidades


mentos importantes, basicamente tarefas cerimoniais, comparecer Para ocupar posições nas empresas, executar seus papéis e
a casamentos, e outros eventos. O Administrador representa a or- buscar as melhores maneiras de Administrar, o Administrador
ganização, portanto ele é um símbolo desta organização, e ela será deve desenvolver e fazer uso de várias habilidades. Robert L.
conceituada à partir do Administrador. Katz (apud STONER, 1999) classificou-as em três grandes habi-
Líder é o papel que o Administrador representa o tempo todo, lidades: Técnicas, Humanas e Conceituais. Todo administrador
pois ele é responsável por seus atos e de todos seus subordinados. precisa das três habilidades.
Elemento de Ligação é o papel que o Administrador representa Percebe-se que para desenvolver bem seu trabalho, o Admi-
ao possibilitar relacionamentos que auxiliam o desenvolvimento de nistrador precisar dominar as três habilidades e dosá-las confor-
sua empresa e de outros. Ele faz o intercâmbio entre pessoas que me sua posição na organização.
irão gerar novos negócios ou facilitar os negócios existentes. Habilidades Técnicas são as habilidades ligadas à execução
do trabalho, e ao domínio do conhecimento específico para exe-
Papéis Informacionais cutar seu trabalho operacional.
As organizações, o mercado, as pessoas vivem em torno da um Segundo Chiavenato (2000, p. 3) habilidade técnica “[...]
fluxo intenso e contínuo de informações, para um bom desenvolvi- consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipa-
mento, as empresas e os Administradores precisam saber receber, mentos necessários para o desempenho de tarefas específicas,
tratar e repassar essas informações. Nesse cenário são destacados por meio da experiência e educação. É muito importante para o
três papéis: Coletor; Disseminador; e Porta-voz. nível operacional”.
O Coletor busca as informações dentro e fora das organizações, Logo as habilidades técnicas são mais importantes para os
procura se informar o máximo possível nas mais variadas fontes de gerentes de primeira linha e para os trabalhadores operacionais.
informação. O papel do coletor é possuir o maior volume de infor- Habilidades Humanas são as habilidades necessárias para um
mações relativas à organização. bom relacionamento. Administradores com boas habilidades humanas
Disseminador é o papel que o Administrador representa ao se desenvolvem bem em equipes e atuam de maneira eficiente e efi-
comunicar as informações à equipe para mantê-la atualizada e em caz como líderes. Segundo Chiavenato (2000, p. 3) habilidade humana
sintonia com a empresa. “[...]consiste na capacidade e facilidade para trabalhar com pessoas,
O Administrador deve ser um Porta-voz quando se faz neces- comunicar, compreender suas atitudes e motivações e liderar grupos
sário comunicar informações para pessoas que se localizam fora de pessoas”.
da organização. O Administrador deve possuir a sensibilidade para
discernir entre o que pode ou não ser comunicado as informações Habilidades humanas são imprescindíveis para o bom exer-
empresariais. cício da liderança organizacional
Habilidades Conceituais são as habilidades necessárias ao
Papéis Decisórios proprietário, presidente, CEO de uma empresa. São essas habi-
Com toda a informação disponível, cabe aos Administradores lidades que mantêm a visão da organização como um todo, in-
estudarem-na e tomar decisões baseadas nelas. As decisões são de fluenciando diretamente no direcionamento e na Administração
responsabilidade total dos Administradores, por isso é necessário da empresa.
cautela e preparo para tomá-las. Quatro são os papéis decisórios,
Empreendedor, Solucionador de Problemas, Alocador de Recursos Segundo Chiavenato (2000, p. 3):
e Negociador. “Habilidade conceitual: Consiste na capacidade de compre-
Empreendedor é o papel que o Administrador assume ao ten- ender a complexidade da organização com um todo e o ajusta-
tar melhorar seus negócios propondo maneiras inovadores ou no- mento do comportamento de suas partes. Essa habilidade per-
vos projetos que alavanquem a organização. mite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da
O Administrador é um solucionador de problemas, pois se en- organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as
contra em um ambiente instável e suscetível a um variado leque de necessidades de seu departamento ou grupo imediato.”
problemas. Ele deve atuar identificando esses problemas e apre- As habilidades conceituais são imprescindíveis aos Adminis-
sentando soluções, portanto um Solucionador de Problemas. tradores de Topo.
Alocador de recursos, porque o dirigente está inserido em um
cenário de necessidades ilimitadas para recursos limitados, assim Características
sendo ele deve encontrar o equilíbrio para alocar a quantidade cor- Algumas características são consideradas fundamentais ao Per-
reta de recursos e sua utilização. Todo Administrador deve ser um fil de um bom Administrador moderno.
bom negociador, pois estará praticando esse papel constantemente Segundo pesquisa realizada em empresas:
em suas atividades. Ele deve negociar tanto com o ambiente inter- “[...] as organizações desejam profissionais de Administração
no como com o ambiente externo sempre objetivando os melhores com as seguintes características: Capacidade de identificar priorida-
resultados para sua empresa e para a sociedade. des; Capacidade de operacionalizar ideias; Capacidade de delegar
funções; Habilidade para identificar oportunidades; Capacidade de
comunicação, redação e criatividade; Capacidade de trabalho em
equipe; Capacidade de liderança; Disposição para correr riscos e

162
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

responsabilidade; Facilidade de relacionamento interpessoal; Domínio de métodos e técnicas de trabalho; Capacidade de adaptar-se a
normas e procedimentos; Capacidade de estabelecer e consolidar relações; Capacidade de subordinar-se e obedecer à autoridade. MEI-
RELES (2003, p. 34).”
São características desafiadoras, não é fácil desenvolvê-las, sustentá-las é ainda mais complicado. Essa é exatamente a missão do
Administrador, vencer todos seus desafios e mostrar sua capacidade de se manter e crescer nos mais diferentes cenários. Somente assim
o Administrador será considerado capaz de Administrar (GUEDES, 2006).

Figura – As habilidades administrativas, segundo Chiavenato

Segundo Patrick J. Montana e Bruce H. Charnov (2010, pp.9-10), “competência administrativa é a habilidade que contribui para um
alto desempenho no cargo gerencial”. Estes autores destacam as recomendações da American Assembly of Collegiate Schools of Business
(AACSB) para o desenvolvimento de habilidades pessoais que levem ao sucesso gerencial:
•Liderança – habilidade para influenciar outros na execução de tarefas;
•Auto-objetividade – habilidade da pessoa de se avaliar de modo realista;
•Pensamento analítico – habilidade para interpretar e explicar padrões nas informações;
•Comportamento flexível – habilidade para modificar o comportamento pessoal para atingir um objetivo;
•Comunicação oral – habilidade para se expressar claramente em apresentações orais;
•Comunicação escrita – habilidade para expressar com clareza as próprias ideias ao escrever;
•Impacto pessoal – habilidade para passar uma boa impressão e infundir confiança;
•Resistência ao estresse – habilidade para desempenhar sob condições estressantes; e
•Tolerância à incerteza – habilidade para desempenhar em situações ambíguas.

Funções da Administração

Planejamento
O Planejamento deve ser visto como o processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente,
eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos da empresa (OLIVEIRA, 1999, p.33). Planejar não é prever o futuro! É
preparar-se para um futuro desejado. Antecede a decisão e a ação, em organizações públicas ou privadas.
Com a ação de planejar, busca-se:
• Eficiência: medida do rendimento individual dos componentes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à otimiza-
ção dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados.
• Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados obtidos
para alcance dos objetivos globais da empresa.
• Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcançados e os objetivos propostos ao longo do tempo.

163
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetivi- o desenvolvimento sustentado com atitudes pró-ativas (auto-esti-
dade são assim resumidos por Oliveira (1999): mulação...) com posturas de crescimento (conjuntura de oportuni-
dades × fraquezas) ou de desenvolvimento (conjuntura de oportu-
Eficiência nidades × forças).
- fazer as coisas de maneira adequada; Seu grande foco é a estruturação da organização com o objeti-
- resolver problemas; vo de instalar as condições exigidas no esforço de um planejamento
- salvaguardar os recursos aplicados; estratégico que promoverá a organização à níveis de maior compe-
- cumprir o seu dever; e titividade e consequente vantagem no mercado de inserção. Come-
- reduzir os custos. çando com as premissas básicas (negócio, missão, visão, objetivos
permanentes), diretrizes, políticas, análise do ambiente externo
Eficácia (oportunidades, fraquezas, concorrência...), do ambiente interno
- fazer as coisas certas; (forças, fraquezas), enfim todas as variáveis relevantes para a for-
- produzir alternativas criativas; mulação do plano estratégico (HERRERA, 2007).
- maximizar a utilização de recursos;
- obter resultados; e GLOSSÁRIO
- aumentar o lucro. Análise crítica – avaliação global de um projeto, serviço, pro-
duto, processo ou informação da organização, com relação a requi-
Efetividade sitos, objetivando a identificação de problemas e a proposição de
- manter-se no ambiente; e soluções.
- apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo Alta administração – corpo dos dirigentes máximos da organi-
(permanentemente) zação, conforme definição normativa ou decisão consensual. Geral-
mente abrange o principal dirigente, o seu substituto imediato e o
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na seu staff.
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. Alto desempenho institucional – corresponde ao nível de ex-
celência no exercício da ação pública que se objetiva alcançar, ca-
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados racterizado pelo pleno atendimento às necessidades dos cidadãos
institucionais da organização. usuários e pela imagem positiva de organização pública e por ser
referência em práticas de gestão e resultados.
Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema Benchmark – prática ou resultado considerado um referencial
que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão. ou padrão de excelência, utilizado para efeito de comparação de
desempenho. O melhor da classe. Dependendo da abrangência do
Importância do planejamento conjunto de empresas considerado para sua seleção, o benchmark
A organização pode ser entendida como uma série de com- pode ser internacional, nacional, regional ou setorial.
ponentes – tarefas, indivíduos, organização formal e organização Benchmarking – procedimento de comparar processos, prá-
informal – cuja natureza de interação e relação entre si afeta a ticas, funções e resultados com benchmarkings, para identificar
combinação para se chegar ao produto, definindo o tipo de sistema as oportunidades para melhoria do desempenho. Trata-se de um
organizacional. Planejamento, por sua vez, é uma metodologia de processo contínuo. Essa comparação pode ser feita inclusive com
administração que consiste em determinar os objetivos a alcançar resultados coletados em ramos de atuação diferentes do setor em
e as ações a serem realizadas, compatibilizando-as com os meios que atua a organização.
disponíveis para sua execução. Cargo público – ocupação instituída na estrutura do serviço
Na esfera das organizações o planejamento pode ser concei- público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades
tuado como um processo de gestão desenvolvido para o alcance de específicas e estipêndio correspondente, a ser provido por um ti-
uma situação desejada com o máximo de eficiência, eficácia e efe- tular.
tividade, buscando a melhor concentração de esforços e recursos. Carreira – no setor público é um conjunto de cargos sujeito a
O propósito do planejamento, conforme Djalma P.R. Olivei- regras específicas de ingresso, promoção, atuação, lotação e remu-
ra (1999), pode ser definido como o desenvolvimento de proces- neração, cujos integrantes detêm um repertório comum de quali-
sos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam ficações e habilidades. A carreira é criada por lei e deve aplicar-se
uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões às atividades típicas de Estado. O cargo público pode ser isolado ou
presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão de carreira.
a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, Ciclo para aprendizado – conjunto de atividades visando avaliar,
eficiente e eficaz. Dentro deste raciocínio, pode-se afirmar que o melhorar e/ou inovar as práticas de gestão e os respectivos padrões
exercício sistemático do planejamento tende a provocar aumento de trabalho. As organizações devem possuir eventos específicos e
da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos pró-ativos para reflexão e questionamento das práticas e padrões
para a empresa. Para este autor, planejamento organizacional é a existentes e buscar a sua melhoria contínua.
esquematização dos requisitos organizacionais para poder realizar Ciclo para controle – conjunto de atividades visando verificar
os meios propostos. Como exemplo, cita a estruturação da empresa se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão sendo cum-
em unidades estratégicas de negócios. pridos, estabelecendo prioridades, planejando e implementando,
A administração estratégica se ocupa com o futuro da organiza- quando necessário, as ações de correção e/ou prevenção.
ção, assumindo uma filosofia da adaptação, buscando como resul-
tado a efetividade por meio da inovação ou diversificação visando

164
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Controle social – acompanhamento e fiscalização das ativida- requisitos legais, o nível de desempenho de concorrentes, informa-
des de uma organização, exercidos pelas partes interessadas, pela ções comparativas pertinentes, normas nacionais e internacionais
comunidade, pela sociedade como um todo e pelos meios de co- etc.
municação social. Parceria institucional – relação de trabalho estabelecida entre
Definição dos rumos – procedimento de projetar o estado fu- duas ou mais organizações públicas e/ou privadas, por meio da qual
turo desejado da organização, partindo da sua missão institucional. cada uma desenvolve um conjunto de ações que, integradas, tem a
Desempenho global – desempenho da organização como um finalidade de atingir a objetivos comuns.
todo, explicitado por meio de resultados que refletem as necessida- Partes interessadas – são as pessoas físicas ou jurídicas envol-
des de todas as partes interessadas. Está relacionado com os resul- vidas ativa ou passivamente no processo de definição, elaboração,
tados planejados pela estratégia da organização. implementação e prestação de serviços e produtos da organização,
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados na qualidade de clientes, agentes, fornecedores ou parceiros. Po-
institucionais da organização. dem ser servidores públicos, organizações públicas, instituições
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na privadas, cidadãos, grupos de interesse, associações e a sociedade
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. como um todo.
Fatores Críticos de Sucesso – são condições fundamentais que Pessoal do Quadro Próprio – Pessoal vinculado ao Regime Jurí-
precisam ser satisfeitas para que a instituição ou a estratégia tenha dico Único ou à CLT, pertencente ao quadro de pessoal do órgão ou
sucesso. de outros órgãos públicos.
Fornecedor – aquele que fornece insumos para os processos Pessoal Terceirizado – Pessoal oriundo de empresa contratada
da organização, seja um produto, seja um serviço, seja informa- para prestação de serviços especializados.
ção ou orientação. No setor público, as relações entre organização Práticas de gestão – atividades executadas sistematicamente
e fornecedor, que envolvam a aquisição de bens ou serviços, são com a finalidade de gerenciar uma organização, consubstanciadas
regulamentadas por lei e regidas por um contrato administrativo nos padrões de trabalho. São também chamadas de processos, mé-
com características distintas das observadas em contratos privados, todos ou metodologias de gestão.
tais como a exigência de licitação, só dispensável em determinadas Pró-atividade – capacidade de antecipar-se aos fatos com
situações previstas em lei. ações preventivas e de promover a inovação e o aperfeiçoamento
Função – atribuição conferida a uma categoria profissional ou de processos, serviços e produtos.
atribuída a um colaborador para a execução de serviços eventuais. Processo – conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas
Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As fun- ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos/
ções do cargo são definitivas, as funções autônomas são transitó- serviços (saídas). Esses processos são geralmente planejados e rea-
rias. lizados para agregar valor aos produtos/serviços.
Indicador – dado que representa ou quantifica um insumo, um Processo crítico – processo de natureza estratégica para o su-
resultado, uma característica ou o desempenho de um processo, cesso institucional.
de um serviço, de um produto ou da organização como um todo. Processos de apoio – processos que dão suporte a alguma ati-
Pode ser simples (decorrente de uma única medição) ou compos- vidade-fim da organização, tais como a gestão de pessoas, a gestão
to; direto ou indireto em relação à característica medida; específico de compras, o planejamento e o acompanhamento das ações ins-
(atividades ou processos específicos) ou global (resultados preten- titucionais etc.
didos pela organização como um todo); e direcionadores (indicam Processo finalístico – processo associado às atividades-fim da
que algo pode ocorrer) ou resultantes (indicam o que aconteceu). organização ou diretamente envolvido no atendimento às necessi-
Indicadores de processo – representação objetiva de carac- dades dos seus usuários.
terísticas do processo que devem ser acompanhadas ao longo do Qualidade – adequação para o uso (Juran). Fazer certo a coisa
tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a efici- certa já na primeira vez, com excelência no atendimento. Totalidade
ência e a eficácia dos processos. de características de uma organização que lhe confere a capacidade
Informações relevantes – informações que a organização ne- de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas dos clientes.
cessariamente tem que conhecer e manter atualizadas como subsí- Referenciais comparativos adequados – indicadores, práticas
dio ao seu processo decisório. ou resultados desenvolvidos ou alcançados por organização públi-
Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e prefe- ca ou privada, que possam ser usados para fins de comparação ou
rências dos cidadãos usuários ou das demais partes interessadas. benchmarking.
Organização do trabalho – maneira pela qual as pessoas são or- Requisitos – condições que devem ser satisfeitas, exigências
ganizadas ou se organizam em áreas formais ou informais, tempo- legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo,
rárias ou permanentes, tais como: equipes, áreas funcionais, times, serviço ou produto. São as necessidades básicas dos usuários ou
grupos de trabalho, comissões, forças-tarefa e outras. das demais partes interessadas, explicitadas por eles, de maneira
Padrões de trabalho – qualquer meio que oriente o funciona- formal ou informal, e essenciais e importantes para sua satisfação.
mento das práticas de gestão, podendo estar na forma de diretrizes Responsabilidade pública – consiste na responsabilidade dos
organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho, normas admi- administradores e dos servidores públicos em promover e disse-
nistrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis que se pretende minar os valores e os princípios fundamentais da Administração
atingir ou qualquer meio que permita orientar a execução das prá- Pública e apresentar comportamentos éticos, exercendo um estilo
ticas. O padrão de trabalho pode ser estabelecido utilizando como de administração transparente, voltada para a prestação de contas,
critérios as necessidades das partes interessadas, as estratégias, procurando estar continuamente consciente dos impactos públicos
potenciais relacionados com sua atuação.

165
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Resultados da organização – são os resultados institucionais obtidos pela organização pública, no exercício de suas principais ativida-
des, de acordo com suas atribuições e áreas de competência.
Resultados orçamentários/financeiros – são os resultados relacionados com a utilização eficiente e eficaz dos recursos orçamentários/
financeiros da União ou oriundos de receita própria, medidos, entre outros, por meio da redução de custos dos processos, pela relação
entre o orçamento aprovado e projetos realizados etc.
Sinergia – coordenação de um ato ou esforço simultâneo de várias organizações, unidades ou pessoas na realização de uma atividade
ou projeto. Combinação da ação de dois ou mais agentes que usualmente gera resultados superiores quando comparado à ação individual
desses agentes.
Sistema de liderança – refere-se à forma como a liderança é exercida por toda a organização, de modo a captar as necessidades das
partes interessadas e usar as informações para a tomada de decisão e a sua comunicação e condução em todos os níveis.
Usuários atuais – todos os cidadãos efetivamente atendidos pela organização ou que têm acesso garantido ao serviço quando dele
necessita.
Usuários potenciais – todos os cidadãos com direito a receber o serviço prestado pela organização e que não consegue obtê-lo.
Valores organizacionais – entendimentos e expectativas que descrevem como todos os profissionais da organização se comportam e
sobre os quais todas as relações e decisões organizacionais estão baseadas.
Visão de futuro – representação do que a organização espera de si mesma e de seu desempenho dentro de um cenário futuro. É uma
projeção de si mesma, com base em suas expectativas.

Estrutura do planejamento (estratégico, tático, operacional)


O Planejamento Estratégico fundamenta-se nos princípios da prevenção de problemas e na visão de longo alcance como estratégia
para o progressivo desenvolvimento institucional. Como se estabelecem as diretrizes estratégicas, os fatores críticos para o sucesso e os
principais planos estratégicos, e como são desdobrados em planos e metas para todas as áreas, para os fornecedores e parceiros da orga-
nização, considerando-se os objetivos da organização.
O planejamento estratégico consiste em definir-se de maneira clara, participativa e com base em um diagnóstico atual e futuro dos
ambientes interno e externo, a direção que se quer dar à organização, formulando missão, visão e valores, e ainda programar e controlar
os objetivos, as estratégias3 e os planos de ações definidos. É o modelo de gestão que pauta a administração pública gerencial.4

Figura – Pensamento estratégico

Fonte: LONA, Miriam, 2009.

Percebe-se que o planejamento estratégico tem, na atualidade, um amplo leque de definições, especialmente no que tange a abran-
gência e aplicabilidade (esse conceito refere-se ao processo de planejar como um todo). O plano, por sua vez, refere-se ao documento que
consolida e contempla os resultados das atividades desenvolvidas durante o processo de planejamento que, por si só, tem importância
secundária, já que o processo de planejamento promove o amadurecimento e desenvolvimento efetivo das pessoas envolvidas e, conse-
3. “Caminho, maneira ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os objetivos e desafios,
estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente” (Djalma Oliveira). “A estratégia consiste de ações e abordagens
comerciais que a gerência emprega para atingir os objetivos de desempenho da empresa. “ (Arthur Thompson).
4. A administração pública gerencial caracteriza-se, entre outras coisas, pela descentralização política (os recursos são transferidos para os níveis
regionais e locais) e administrativa, em que os administradores públicos são transformados em gerentes autônomos. Organizações que adotam
esse modelo gerencial contam com poucos níveis hierárquicos, e nelas existe confiança limitada, em substituição à desconfiança total, em rela-
ção aos funcionários e dirigentes. Trata-se de administração voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social.

166
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

quentemente, das empresas. O plano estratégico tem como fim ser o roteiro que deve ser seguido pelos envolvidos na implementação das
estratégias e táticas desenvolvidas durante o planejamento. “Os movimentos estratégicos das empresas referem-se às constantes buscas
por vantagens competitivas no ambiente econômico onde se desenrola o processo de concorrência.” (ANGELONI e MUSSI, 2008).

Os três níveis de decisão em uma organização correspondem aos três tipos de planejamento: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, PLANE-
JAMENTO TÁTICO e PLANEJAMENTO OPERACIONAL.

Planejamento Estratégico 3 a 5 anos Visão, arquitetura, objetivos do negócio


Planejamento Tático 1 a 2 anos Alocação de recursos, seleção de projetos
Planejamento Operacional 6 meses a 1 ano Atendimento de prazos e orçamento

– Tempos e conteúdo do planejamento

Nível
Estratégico
o

Nível
Tático

Nível
operacional

Figura – Níveis de planejamento

O Planejamento Estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo e com as ações que afetarão a organização como um
todo. Deve-se privilegiar a eficácia, a eficiência e a efetividade. “O processo administrativo que proporciona sustentação metodológica
para se esclarecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de
forma inovadora e diferenciada” (OLIVEIRA, 2002).
O plano que ocupa a categoria “Estratégica” tem como foco a empresa ou unidade de negócios como um todo. Ele aborda todos os
aspectos diretos e indiretos vinculados aos negócios, tendo como horizonte temporal o longo prazo, ou seja, tem como objetivo preparar
a empresa para o futuro. O mesmo serve, adicionalmente, como orientador para que os planos de nível hierárquico inferior (táticos e ope-
racionais) possam ser elaborados, criando, assim, uma consonância de pensamento entre os diversos níveis de colaboradores da empresa.
Esse é, usualmente, desenvolvido pela alta administração (presidência, diretoria e alta gerência) enquanto que, empresas pequenas e
médias empresas, pelos proprietários, diretores e gerentes (Marcos Dortes, 2009).

Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo estratégico e envolve toda a organização; é direcionado a longo prazo; foca o
futuro e o destino; tem ação global. É o resultado de análises dos ambientes externos e internos à empresa cujos cenários podem mudar a
qualquer momento. Por isso, deve ser sempre monitorado para que os ajustes sejam feitos periodicamente, deixando-os atualizados. Está
associado a uma linha de atuação de forma a atingir objetivos de longo prazo.
Define qual o negócio da organização, onde ela está hoje e onde quer chegar. Para isso, fixa macro-objetivos que necessitam ser deta-
lhados e compatibilizados com as possibilidades a cada ponto de sua execução. É o caminho a ser seguido pela organização, como forma
de responder às mudanças do ambiente. Deve levar em conta:
• Ameaças e Oportunidades do ambiente externo
• Expectativas da sociedade
• Valores (princípios, motivações)
• Pontos Fortes e Fracos da Organização

167
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

No Planejamento Estratégico, premissas são os grandes balizamentos que mediante análise do ambiente interno e externo orientarão
as ações da empresa. Servem para comunicar os princípios éticos e as intenções maiores da empresa. As premissas são compostas de:
• Missão: Razão de ser da Instituição, do grupo ou organização que planeja.
• Visão de Futuro: Situação desejada onde se pretende chegar.
• Valores: São crenças, normas, princípios ou padrões que orientam a atuação da organização. Também expressam motivações e ne-
cessidades dos componentes das organizações.

Figura – Esquema do planejamento estratégico

Fonte: Chiavenato, 2005.

A situação futura será diferente da situação atual. É fundamental buscar reduzir incertezas e riscos. O planejamento deve ser sistê-
mico, único e integrado. A instituição deve estar permanentemente buscando competitividade. As etapas do planejamento estratégico
envolvem:
• Tendências de mercado
• Potencial de mercado
• Análise da concorrência
• Análise SWOT
• Segmentação
• Visão (Obstáculos/Resoluções)
• Objetivos numéricos de longo prazo
• Estratégias para atingir a visão
• Pessoas/Pensamento
• Execução/Controle

No entanto, a realização de um planejamento estratégico, por si só, não garante os resultados. É necessário desenvolver o planeja-
mento tático e o planejamento operacional, de modo que sejam elaborados os planos de ação de cada item sugerido e implementado com
o seu devido acompanhamento.
As organizações planejam a fim de identificar o que deve ser feito. Para saber qual a direção a ser tomada, é a questão do foco. Não há
como identificar necessidades sem ter conhecimento do meio social em que está inserido e de sua realidade interna. Segundo Mintzberg
(1994), a organização precisa planejar porque:
• necessita coordenar suas atividades de modo integrado;
• necessita considerar o futuro:
• Preparar-se para o inevitável;

168
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Ter opções frente ao indesejável; Etapa 2 – Sensibilização


• Controlar o controlável. Uma vez identificada a necessidade de se desenvolver um pla-
• precisa de racionalidade através da adoção de procedimentos nejamento estratégico, é fundamental sensibilizar os integrantes de
formalizados, padronizados e sistemáticos; toda a organização para a importância do planejamento, desmistifi-
• necessita exercer controle. cando os “fantasmas” que existem em torno de qualquer ação que
provoque mudança.
A questão do que fazer é a fixação dos objetivos que poderão
ser desenvolvidos em um planejamento. Planeja-se: Etapa 3 – Diagnóstico Estratégico
1. Para verificar prioridades – por que fazer? Após a etapa da sensibilização, o próximo passo a ser dado é
2. Para estabelecer metas – quando fazer? o desenvolvimento de um diagnóstico estratégico mais detalhado
3. Para definir estratégias e ações – como fazer? da real situação da organização e de seu ambiente externo – meio
4. Para estabelecer responsabilidades – quem fará? social. É também chamado de análise situacional.
5. Para delinear recursos – qual o custo? Vale a pena observar que deve ser apenas um roteiro, poden-
6. Para executar e acompanhar. do-se acrescentar variáveis e alterando o que pensar ser interes-
sante, a fim de adaptá-lo à realidade da organização na qual está
Antes de desenvolver um planejamento estratégico é impor- sendo desenvolvido o diagnóstico estratégico. Para poder otimizar
tante saber que existem muitas metodologias para essa finalidade. os resultados de qualquer diagnóstico é sempre bom considerar os
Desde a década de 1970, autores clássicos como Ansoff e Steiner conceitos de ponto forte, ponto fraco, oportunidade e ameaça:
passaram a ver a formulação de estratégias como um processo for- • Ponto Forte: é uma diferenciação da organização que lhe pro-
mal, separado e sistemático. O modelo básico de planejamento, de- porciona uma vantagem competitiva;
senvolvido por Steiner surgiu dividido em seis etapas: • Ponto Fraco: é um aspecto negativo da organização que lhe
• Fixação de objetivos; proporciona uma desvantagem competitiva;
• Auditoria Externa; • Oportunidade: é uma força ambiental externa que pode criar
• Auditoria Interna; uma situação favorável para a organização;
• Avaliação da Estratégia; • Ameaça: é uma força ambiental externa que cria uma situa-
• Operacionalização da Estratégia e ção de risco para a organização e que não pode ser evitada.
• Programar o processo.
Um roteiro no estilo de lista de verificação ou check list pode
A direção do planejamento estratégico, o nível hierárquico de ser utilizado para o desenvolvimento estratégico.
início, pode ser uma opção. Existem organizações que preferem de-
senvolvê-la a partir do nível estratégico em direção ao nível ope- Etapa 4 – Definição da base estratégica corporativa
racional. A duplicidade de escolhas tem seus aspectos negativos e Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e conse-
positivos: quentemente slogan, valores e objetivos para a organização. Abor-
• A primeira demanda maior envolvimento da cúpula e pode dando os temas separadamente, temos que:
acarretar falta de comprometimento do nível operacional. Este pro-
blema pode ser sanado se a questão motivacional e de explicitação – A missão deve representar o que a organização quer ser.
dos benefícios for bem trabalhada. Tem uma conotação futura. Da mesma forma que a etapa de
• A segunda busca uma visão geral do que a maior parte dos sensibilização, a definição da missão pode ser feita a partir de uma
colaboradores (servidores) deseja. Mas pode não ter nada a ver reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-chave ou até
com o que a cúpula almeja para a organização. mesmo com todos os colaboradores.
Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, se tivermos
Uma forma eficiente de desenvolver um planejamento estraté- em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais simples. As
gico pode se dar em etapas: questões que devem ser colocadas:
• O que devemos fazer?
Etapa 1 – Pré-diagnóstico • Qual o perfil de nosso “cliente”?
Em uma organização esta etapa é visualizada como um “pri- • Como devemos atender nossos “clientes”? Quais meios de-
meiro olhar” sobre ela e seu ambiente externo, conversas informais vem ser escolhidos?
com os dirigentes nos dirão se: • Qual a responsabilidade social que devemos ter?
- a organização precisa de um planejamento;
- quem poderia desenvolver esse planejamento; – A visão deve representar um sonho a ser perseguido.
- quais as expectativas dos dirigentes com relação aos resulta- Há organizações que querem sobressair pelo tamanho (porte)
dos. e outras pela qualidade de seus produtos e serviços, e há ainda as
Esta etapa é fundamental para que não se inicie o processo de que querem as duas coisas. Cabe a cada organização, e a seu gestor
planejamento estratégico em momento errado. Esta avaliação pode ou gestores, escolher o caminho e o seu sonho.
ser feita em uma reunião ou em circulação pela organização.
A partir da definição de negócio, pode-se formular um slogan
para a organização, que poderá e deverá ser usado como marketing
institucional.
– Os valores devem representar a forma de conduta de todas as
pessoas da organização.

169
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Após a apresentação dos valores de uma organização, desenvolve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que aquele valor é
importante para a organização.
– Os objetivos estratégicos representam um resultado a ser atingido.

Etapa 5 – Definição de estratégias


Para cada estratégia definida, deve-se atribuir uma nota aos fatores. Quanto maior o valor atribuído, maior será o nível de gravidade,
urgência ou tendência. A matriz GUT entra em ação.

Etapa 6 – Definição de Planos de Ação


Para cada estratégia definida, um conjunto de ações, para cada ação uma meta e um responsável em administrá-la. Envolvendo todos
os níveis hierárquicos no planejamento elaborado dentro de um cronograma de execução.

Etapa 7 – Definição de recursos


Todos os gastos devem ser calculados, mesmo que a organização não vá gastar além dos desembolsos normais, tendo em vista que a
partir do momento que as pessoas estão envolvidas com qualquer tipo de atividade, isso representa gasto para a organização.

Etapa 8 – Implementação
Nesta etapa, pode-se definir como será deflagrado o processo de implementação do planejamento e deve-se desenvolver um rela-
tório detalhado do que foi planejado e distribuído aos responsáveis pelos objetivos, estratégias e ações. E mais, um relatório resumido e
personalizado para as outras pessoas.

Etapa 9 – Monitoração, Avaliação e Controle


Como as mudanças ambientais não param somente porque estamos implementando um planejamento, deve-se definir o responsável
pelo monitoramento, isto é, quem irá refazer o diagnóstico estratégico e com qual periodicidade.
Segundo Dortes (2009), a atividade de planejamento estratégico não é uma atividade estática, que uma vez realizada termina em si
própria. Planejamentos estratégicos devem ser realizados e revisados periodicamente, de forma que as diversas mudanças ambientais
possam ser devidamente tratadas, no sentido de que a empresa continue ou efetue ajustes de rota para se manter sempre no melhor
caminho que a leve a seus objetivos e consequentemente a seu sucesso. Neste sentido o processo de planejamento estratégico torna-se
uma atividade cíclica, com periodicidade de revisão anual ou de bienal. A figura abaixo ilustra um ciclo típico de planejamento.

Figura – Dinâmica de planejamento

Fonte: Marcos Dortes, 2009.

170
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

No conjunto “Ambiente Interno”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente interno da empresa, foco do plane-
jamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os ele-
mentos ambientais internos: pontos fortes e fracos, aspectos dos produtos, aspectos da área comercial (estrutura, experiência, número
de funcionários, grau de atuação e agressividade, maturidade, política comercial, canais de distribuição etc.), área de marketing, área
produtiva, área de logística, dentre outros diversos.
Já no conjunto “Ambiente Externo”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente da empresa foco do planejamento,
que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os elementos am-
bientais externos: riscos, oportunidades, mercados alvo, perfil dos consumidores, hábitos de compra e consumo, concorrência (número de
concorrentes, distribuição, grau de agressividade, grau de experiência, posicionamento etc.), aspectos macroeconômicos, político-sociais,
tecnológicos, reguladores, dentre outros (DORTES, 2009).
A ferramenta mais utilizada para a definição de cenários é a matriz de análise SWOT. O termo vem do inglês e representa as iniciais
das palavras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Assim, a análise estratégica
da organização se divide em:
• Análise do Ambiente Externo – Permite construir uma visão integrada das principais tendências de curto, médio e longo prazos do
contexto de atuação, sinalizando as oportunidades5 e ameaças6, no cumprimento de sua Missão e na construção de sua Visão de Futuro.
• Análise do Ambiente Interno – Análise das características internas da organização vai revelar, sob um ponto de vista estratégico, as
forças7 e fraquezas8, bem como, permite identificar as suas causas.

O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação defini-
das pelos próprios membros da organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele deve ser ressaltado
ao máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito.
Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a empresa deve conhe-
cê-lo e monitora-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar ameaças nem sempre é possível,
no entanto pode-se fazer um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA).

Análise AMBIENTE INTERNO


A Situacional
Predominância de Predominância de
M Pontos Fracos Pontos Fortes

B Postura Estratégica: Postura Estratégica:


Predominância de Sobrevivência Manutenção
I Ameaças

E
- Redução de - Estabilidade
custos
- Nicho
N - Desinvestimento
- Especialização
T - Liquidação

E
Predominância de Postura Estratégica: Postura Estratégica:
Oportunidades Crescimento Desenvolvimento

E - Inovação - De produção
X
- Parcerias
- De usuários
T -
-
De capacidade
Expansão
E - De estabilidade
R - De diversificação
N
O

Figura – Análise estratégica da organização

5. Oportunidades são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem contribuir em grau relevante
e por longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
6. Ameaças são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem prejudicar substancialmente e por
longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
7. Forças (pontos fortes) são fenômenos ou condições internas capazes de auxiliarem, por longo tempo, o desempenho ou o cumprimento da
missão e dos objetivos.
8. Fraquezas (pontos fracos) são situações, fenômenos ou condições internas, que podem dificultar a realização da missão e o cumprimento dos
objetivos.

171
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um processo de planejamento estratégico é basicamente um processo de mudança.
Ele visa reduzir a lacuna existente entre o ganho de desempenho incremental, decorrente de uma evolução “natural” da situação atual, e
o esempenho necessário. Superar essa lacuna demanda alteração do status quo, o que gera processos comuns de reação.
A reação diante da mudança tem fonte nas incertezas, novas condições de prestação de contas, alteração nos hábitos profissionais
estabelecidos, mudanças técnicas e sociais. Há quatro grupos de posicionamento tipicamente identificados em pessoas envolvidas em
processos de mudança. Esses grupos podem ser agregados em dois conjuntos de características comportamentais. O processo de comu-
nicação da estratégia precisa levar as pessoas do primeiro grupo ao segundo.

Figura – conjuntos de características comportamentais

Fonte: Conselho Nacional de Justiça-CNJ

Os processos de planejamento estratégico definem três graus de intensidade de mudanças nas organizações:
• Satisfação = é encontrada nos processos em que os aspectos financeiros relacionados são preocupações básicas, não possuin-
do, assim, outros desdobramentos tais como expansão, refinamento operacional, melhoria de qualidade ou outros.
• Otimização = pode ser considerada um avanço da “Satisfação”, pois busca também, além da otimização e maximização dos as-
pectos financeiros, a otimização dos processos diversos da organização, porém atêm-se, somente, ao ambiente interno da empresa.
• Adaptação = pode ser considerada um avanço da “Otimização”, pois, por ser mais abrangente, estabelece o equilíbrio entre
o ambiente interno e externo como preocupação, promovendo, assim, a melhoria constante do processo, independente das altera-
ções do ambiente externo.

O Processo de Gestão da Estratégia (PGE) enfatiza três elementos gerenciais, quais sejam:
• O ciclo de gestão da operação: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação das operações;
• A gestão de projetos: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação da execução da carteira de projetos
necessários à implementação de uma dada estratégia (ou, à entrega de uma missão); e,
• O ciclo de aprendizado estratégico: diz respeito à avaliação da execução da estratégia escolhida pela organização (ou, à entre-
ga de sua missão).

Na análise do ambiente externo, a análise PEST é uma ferramenta do planejamento estratégico, consistindo na análise de quatro
variáveis do ambiente externo: Político-legal, Econômico, Sócio-cultural e Tecnológico.
Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 05) “O acrônimo PEST é utiliza-
do para identificar quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente quantificáveis: a Política,
a Econômica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo afirma que essa ferramenta torna-se mais útil quando utilizada conjuntamente com
outros instrumentos de análises, e a limitação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem uma razão de ser. Pois, quando
há um excesso de informações, uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma variável importante de lado, perdendo
o foco e deixando de agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta de análise qualitativa, Castor (2000) afirma que
a utilização de métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas probabilidades a cada uma das variáveis, e feitas avaliações
sobre os impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa de alcançar seus objetivos corporativos (SOBER, 2010).9
Na análise do ambiente interno, recomenda-se a Cadeia de valor, que consiste na análise de adequação e suficiência do sequen-
ciamento dos processos necessários ao fornecimento dos serviços aos clientes.
Segundo Kaplinsky e Morris (2000), a cadeia de produção é chamada de cadeia de valor, que consiste no arranjo das atividades
necessárias para produzir um bem ou serviço, desde a sua concepção, passando pelas diferentes fases da produção até a entrega
para o consumidor final. Sob esse enfoque, os agentes presentes em cada um dos elos da cadeia de produção dão a sua contribuição
para aumentar o valor do produto final. Vale ressaltar que o produto que chega ao consumidor final é a soma dos valores adiciona-
9. Obtido em http://www.sober.org.br/palestra/15/744.pdf

172
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

dos por cada um dos elos ao longo da cadeia produtiva, resulta- O plano que ocupa a categoria “Operacional” ou de “Ação”
do da ação dos agentes e da coordenação entre eles (BESANKO nada mais é do que um desdobramento dos planos táticos que
et al., 2004). Sendo assim, as condições em que o produto che- contempla o detalhamento de ações, recursos, tempos, prazos,
ga ao consumidor final depende tanto das atividades internas à enfim, todo o necessário ao cumprimento dos objetivos e metas
organização quanto da sua coordenação com os outros elos da estabelecidas nos planos táticos. Usualmente, são desenvolvidos
cadeia produtiva da qual faz parte. por chefes de departamento, supervisores ou outros níveis pró-
Vale ressaltar que as relações entre os diferentes elos de ximos do escalão executivo(Marcos Dortes, 2009).
uma cadeia produtiva geralmente são desiguais, o que revela a Este tipo de planejamento exige também maior atuação do
presença de agentes que capturam maior valor do que outros ao grupo gerencial e envolve cada tarefa/atividade; é direcionado
longo da cadeia (Roberta de Castro Souza e João Amato Neto, a curto prazo; foca o imediato/presente; tem ação específica. É
2005).10 a formalização das metodologias de desenvolvimento e implan-
A abordagem do planejamento estratégico e o desdobra- tação estabelecidas. Apresenta-se principalmente através de
mento dos planos da organização incluem o desenvolvimento, a documentos escritos. São os planos de ação ou planos operacio-
tradução e o desdobramento eficaz dos requisitos globais de de- nais, que correspondem a um conjunto de partes homogêneas
sempenho (operacional e em relação aos clientes), provenientes do planejamento tático. Seu conteúdo abrange:
da estratégia. Enfatizam, portanto, que a qualidade centrada no • Recursos necessários para desenvolvimento e implantação
cliente e a excelência do desempenho operacional são questões • Procedimentos básicos a serem adotados
estratégicas críticas que, obrigatoriamente, precisam ser partes • Produtos ou resultados finais esperados
integrantes do planejamento da organização. • Prazos estabelecidos
Deste modo, a melhoria e a aprendizagem devem fazer par- • Responsáveis pela sua execução e implantação
te das atividades diárias de todas as unidades de trabalho. O
papel fundamental do planejamento estratégico é direcionar o Organização
trabalho cotidiano, alinhando-o com as diretrizes estratégicas da O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como
organização e assegurando, dessa forma, que a melhoria reforce “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de ob-
as prioridades da organização. jetivo (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos,
O Planejamento Tático são os objetivos de médio prazo. É o as organizações têm dois outros componentes importantes: pro-
planejamento dos subsistemas organizacionais. cessos de transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3).
O plano que ocupa a categoria “Tático” tem como foco os Maximiano explica:
departamentos operacionais da empresa. Com base na visão, • Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de
objetivos e metas preestabelecidas pelo plano estratégico, os produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais
planos táticos tratam de estabelecer seus próprios objetivos e como satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empre-
metas que, sendo cumpridos, colaborarão para o cumprimento gos, promover bem-estar social etc.
dos objetivos e metas maiores (Marcos Dortes, 2009).
Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo • Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das
gerencial e envolve cada departamento; é direcionado a médio organizações; além dos recursos humanos são necessários recur-
prazo; foca o mediato; tem Ação departamental. Tem por ob- sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tem-
jetivo otimizar determinada área de resultado e não a empre- po, conhecimentos, tecnologias).
sa como um todo. Trabalha com decomposições dos objetivos, • Processos de transformação – os processos viabilizam o
estratégias e políticas fixadas no planejamento estratégico. De- alcance dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de
senvolve-se em níveis organizacionais inferiores e busca a utili- atividades interligadas com início, meio e fim, combinando os
zação eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de recursos para fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de
objetivos previamente estabelecidos, segundo uma estratégia ação de um sistema, sendo os mais importantes: processo de
predeterminada. Visa às políticas orientativas para o processo produção (transformação de matérias-primas) e processo de ad-
decisório da empresa. Pode ser: mercadológico, financeiro, de ministração de recursos humanos (transformação de necessida-
recursos humanos, de produção, organizacional etc. des de mão-de-obra em pessoas capacitadas e motivadas para
Enquanto o planejamento estratégico relaciona-se com ob- atuarem na organização).
jetivos de longo prazo (institucionais) e com maneiras e ações • Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pes-
para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, o pla- soas são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos
nejamento tático relaciona-se a objetivos de mais curto prazo objetivos da organização, sendo que a especialização faz superar
e com maneiras e ações que geralmente, afetam somente uma limitações individuais. A soma das especializações de cada um
parte da empresa. produz sinergia, um resultado maior que o trabalho individual.
O Planejamento Operacional está relacionado com os ob-
jetivos a curto prazo e com os níveis hierárquicos mais baixos Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização
da organização. Consiste nos planos de ação ou planos opera- “é a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos
cionais, que formalizam o processo de planejamento. “É a for- e atribuição de trabalho em um departamento para que as ativi-
malização, principalmente através de documentos escritos, das dades possam ser realizadas conforme o planejado”.
metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas”
(OLIVEIRA, 2002).

10. Obtido em ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/asp1-2-05.pdf

173
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de Preocupa-se com a liquidez para saldar obrigações da organiza-
atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pes- ção e abrange financiamento (busca de recursos financeiros),
soas, que cooperam entre si, comunicando-se e participando em investimento (aplicação), controle do desempenho financeiro e
ações conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Conti- destinação dos resultados.
nua o autor em uma abordagem mais ampla: • Recursos humanos – também chamada de gestão de pes-
As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos hu- soas, busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a orga-
manos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de nização necessita, envolvendo atividades anteriores à contrata-
atingir objetivos específicos. Isso significa que as organizações são ção do funcionário e posteriores ao seu desligamento, tais como:
construídas de maneira planejada e elaboradas para atingir deter- planejamento de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treina-
minados objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, rees- mento, avaliação de desempenho e remuneração etc.
truturadas e redefinidas, na medida em que os objetivos são atin- • Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as infor-
gidos ou que se descobrem meios melhores para atingi-los com mações de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência
menor custo e menor esforço. Uma organização nunca constitui em produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias,
uma unidade pronta e acabada, mas um organismo social vivo e bem como melhora os processos produtivos para redução de
sujeito a constantes mudanças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13). custos.
Uma organização é a coordenação de diferentes atividades
de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transa- Departamentalização
ções planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção A departamentalização é uma forma de fracionar a estrutura
tradicional de divisão de trabalho ao se referir às diferentes ati- organizacional (divisões, seções, diretorias, departamentos, co-
vidades e à coordenação existente na organização e aos recursos ordenações, serviços etc.), objetivando agrupar as atividades que
humanos como participantes ativos dos destinos dessa organi- possuem uma mesma linha de ação, de forma a aumentar a eficiên-
zação. cia, o controle, e descentralizar a autoridade e a responsabilidade.
No que se refere à importância econômica e social, a organi- Representa a divisão do trabalho no sentido horizontal, ou seja, em
zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital, sua variedade de tarefas, uma vez que a divisão do trabalho no sen-
trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas tido vertical refere-se aos níveis de autoridade.
de modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escas- Surge diante da necessidade de se aumentar a perícia, a efici-
sos e as necessidades são ilimitadas. ência e a melhor qualidade do trabalho em si, correspondendo a
Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a uma especialização de atividade e de conhecimentos.
sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tribu- O grau de complexidade/diferenciação estrutural do núcleo
tos, infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado. operacional está relacionado predominantemente aos seguintes fa-
Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser tores (definidores de critérios de departamentalização): a) diferen-
públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não. ciação de produtos/serviços/áreas de resultado; b) segmentos de
Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei beneficiários; c) regiões de atuação; d) temas ou questões relevan-
10.406, de 2002): tes (vínculos institucionais, assuntos sensíveis que envolvem riscos,
• Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Es- regulações governamentais etc.); etc. (MARTINS, 2010).
tados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (in- Idalberto Chiavenato, em sua obra Introdução à Teoria Geral
clusive as associações públicas) e demais entidades de caráter da Administração, apresenta os seguintes tipos de departamenta-
público criadas por lei (art. 41); lização:
• Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados es- 1. Por funções (ou funcional).
trangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional 2. Por produtos ou serviços.
público (art. 42); 3. Por localização geográfica.
• Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda- 4. Por clientes.
des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 5. Por fases do processo.
44). Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos. 6. Por projetos.
Funções organizacionais são as tarefas especializadas que
ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos Departamentalização por Funções
e serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais impor- Características: Agrupamento das atividades de acordo com as
tantes são: funções principais da empresa.
• Operações – também chamada de produção, é a responsá-
vel pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da trans- Vantagens:
formação dos recursos. • Agrupa especialistas comuns em uma única chefia.
• Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a • Garante plena utilização das habilidades técnicas das pesso-
ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usu- as.
ários ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento • Permite economia de escala pela utilização integrada de pes-
de produtos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É soas e produção.
uma função que ocorre tanto em organizações lucrativas como • Orienta as pessoas para uma única e específica atividade.
naquelas que não visam lucro em suas operações. • Indicada para condições de estabilidade.
• Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, bus- • Reflete auto-orientação e introversão administrativa.
ca a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, in-
clusive a maximização do lucro quando se trata de empresas.

174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Desvantagens: Desvantagens:
• Reduz a cooperação interdepartamental. • As demais atividades da organização – produção, finanças –
• Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis. tornam-se secundárias ou acessórias face à preocupação exclusiva
• Dificulta adaptação e flexibilidade a mudanças externas. com o cliente.
• Faz com que pessoas focalizem sub objetivos de suas espe- • Os demais objetivos da organização – como lucratividade,
cialidades. produtividade, eficiência – podem ser sacrificados em função da
satisfação do cliente.
Departamentalização por Produtos/Serviços
Características: Agrupamento das atividades de acordo com o Departamentalização por Processo
resultado da organização, ou seja, de acordo com o produto ou ser- Características: Agrupamento das atividades de acordo com o
viço realizado. fluxo do processo produtivo.

Vantagens: Vantagens:
• Fixa a responsabilidade dos departamentos para um produto • Muito utilizada no nível operacional de áreas de produção ou
ou serviço. de operações.
• Facilita a coordenação interdepartamental. • Garante plena utilização e vantagens econômicas do equipa-
• Facilita a inovação, que requer cooperação e comunicação de mento ou tecnologia.
vários grupos. • A tecnologia passa a ser o foco e o ponto de referência para
• Indicada para circunstâncias externas mutáveis. o agrupamento.
• Permite flexibilidade. • Enfatiza o processo.
• Permite ações de reengenharia dos processos e de enxuga-
Desvantagens: mento.
• Dispersa os especialistas em subgrupos orientados para dife-
rentes produtos. Desvantagens:
• Contra-indicada para circunstâncias externas estáveis.
• Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis.
• Provoca problemas humanos de temores e ansiedades com
• Pouca flexibilidade a mudanças internas ou externas.
a instabilidade.
• Centraliza demasiadamente a atenção no processo produti-
• Enfatiza a coordenação em detrimento da especialização.
vo.
Departamentalização Geográfica
Departamentalização por Projetos
Características: Agrupamento das atividades de acordo com o
Características: Agrupamento das atividades de acordo com
território, região ou área geográfica.
os projetos planejados pela empresa.
Vantagens:
• Assegura o sucesso da organização pelo ajustamento às con- Vantagens:
dições locais. • Agrupa equipes multifuncionais em projetos específicos
• Fixa a responsabilidade de desempenho e lucro em cada local de grande porte.
ou região. • Ideal para empresas cujos produtos envolvam concentra-
• Encoraja os executivos a pensar em termos de sucesso no ção de recursos e tempo.
território. • Ideal para estaleiros, obras de construção civil ou indus-
• Indicada para empresas de varejo. trial, hidroelétricas.
• Indicada para condições de estabilidade. • Facilita o planejamento detalhado para a execução de pro-
• Permite acompanhar variações locais e regionais. dutos de grande porte.
• Adapta a empresa aos projetos que ela pretende construir.
Desvantagens: • Unidades e grupos são destacados e concentrados durante
• Reduz a cooperação interdepartamental. longo tempo.
• Ocorre principalmente nas áreas de marketing e produção. • É uma departamentalização temporária por produto.
• Inadequada para a área financeira.
Desvantagens:
Departamentalização por Clientes • O projeto tem vida planejada. É descontínuo.
Características: Agrupamento das atividades de acordo com os • Quando ele termina a empresa pode desligar pessoas ou
tipos de clientes servidos. paralisar equipamentos.
• Produz ansiedade e angústia nas pessoas pela sua descon-
Vantagens: tinuidade.
• Quando a satisfação do cliente é o aspecto mais crítico da
organização. Maximiano acrescenta a departamentalização por Áreas do
• Quando o negócio depende de diferentes tipos de clientes. Conhecimento, ou seja, linhas de produto – comum em escolas,
• Predispõe os executivos a pensar em satisfazer as necessida- laboratórios e institutos de pesquisa. Nessas organizações, os de-
des dos clientes. partamentos são criados para realizar atividades especializadas
• Permite concentrar competências sobre distintas necessida- nas diferentes áreas do conhecimento, por exemplo: contabilida-
des dos clientes. de, economia, engenharia elétrica etc. “Este tipo de organização

175
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

promove a concentração de pessoas com as mesmas competên- Delegação


cias e que normalmente têm interesses similares de estudo e en- As delegações são frequentes no âmbito administrativo. O
sino. Por isso, facilita o desenvolvimento da competência técnica conceito de delegação é exposto por Hely Lopes Meirelles da se-
e a acumulação de conhecimentos” (MAXIMIANO, 2010, p.155). guinte forma:
Chiavenato, fazendo uma apreciação crítica da departamentali- Delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente
zação, destaca os seguintes pontos: a) constitui ainda hoje o crité- competiam ao delegante. As delegações dentro do mesmo Poder
rio básico de estruturação das empresas; b) apesar de critérios mais são, em princípio, admissíveis, desde que o delegado esteja em
recentes, não se descobriu ainda uma melhor maneira de organizar condições de bem exercê-las. O que não se admite, no nosso sis-
empresas; c) mesmo a organização por equipes e o modelo adhocrá- tema constitucional, é a delegação de atribuições de um Poder a
tico não conseguiram substituir inteiramente os critérios de departa- outro, como também não se permite delegação de atos de natu-
mentalização; d) o departamento (ou unidade organizacional) ainda reza política, como a do poder de tributar, a sanção e o veto de lei
prevalece apesar de todo o progresso na teoria administrativa. (MEIRELLES, 1998, p. 107).
Pinheiro et al (2012) relatam que o Modelo Adhocrático (la- Meirelles (1998) destaca as seguintes restrições à delegação:
tim ad hoc = para este fim) surgiu como resposta a um ambiente • Como emanam do poder hierárquico, não podem ser recu-
dinâmico e mutável, onde as organizações necessitam de mode- sadas pelo inferior, como também não podem ser subdelegadas
los inovadores que rompam com padrões pré-estabelecidos. De sem expressa autorização do delegante.
acordo com Mintzberg, o modelo Adhocrático propõe um siste- • A delegação de atribuição conferida pela lei especifica-
ma gerencial baseado em projetos, ou seja, sistema provisório, mente a determinado órgão ou agente.
variável e adaptável, no qual as equipes precisam ser enxutas e
multidisciplinares e ter um objetivo específico. Tal formato reduz “Delegáveis, portanto, são as atribuições genéricas, não in-
burocracias, possibilitando maior troca de informações, criando dividualizadas nem fixadas como privativas de certo executor
equipes coesas e comprometidas, nas quais os níveis hierárqui- (Meirelles, 1998, p.107).
cos tornam-se horizontalizados, pois cada projeto terá um líder Vale destacar a delegação de competência, que o Decreto-
que possua as habilidades necessárias para cumprir os objetivos -lei n. 200 de 1967 considera como princípio autônomo, mas
específicos de cada projeto (MINTZBERG, 2000).11 Hely Lopes Meirelles entende ser uma forma de aplicação do
No artigo “Bases Conceituais de um Modelo de Gestão para princípio da descentralização.
Organizações Baseadas no Conhecimento”, o Prof. Heitor José
Pereira fala das vantagens do modelo adhocrático: CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
MINTZBERG (1998) cita que as formas organizacionais tradi- De acordo com o Manual de Orientação para Arranjo Ins-
cionais não são capazes de introduzir “sofisticação inovadora”. titucional de Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal
O modelo adhocrático é o que melhor responde a essa necessi- (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão-MP, 2008), o
dade. Numa adhocracia, os gerentes “raramente gerenciam no princípio da descentralização de processos de trabalho deve ser
sentido usual de dar ordens; em vez disso, passam boa parte do aplicado para descongestionar o núcleo central de atuação do
tempo agindo na forma de elemento de ligação, para coordenar Estado.
o trabalho lateralmente, entre as diversas equipes que executam Ana Patricia da Cunha Oliveira comenta no artigo Adminis-
seu trabalho” (MINTZBERG, 1998, p. 239) tração Gerencial o processo de descentralização no Brasil:
QUINN (1998) destaca que as grandes companhias inovado- A Constituição de 1988, em seu artigo 175, até hoje não al-
ras tentam manter toda a organização horizontal e as equipes de terado por emendas constitucionais, é categórica ao atribuir ao
projetos pequenas, constituindo-se de seis a sete pessoas, que Poder Público, (União, dos Estados, dos Municípios ou do Distri-
segundo o autor, propiciam massa crítica de habilidades e o má- to Federal), conforme a repartição administrativa de competên-
ximo de comunicação e comprometimento entre os membros. cias plasmada nos artigos 21, 23, 25, 30 e 32 da Carta Política,
Grupos de pequenas equipes multidisciplinares reunidos que a prestação de serviços públicos, de ser realizada por meio
sem barreiras organizacionais ou físicas para o desenvolvimen- de órgãos, agentes e pessoas jurídicas e sua organização encon-
to de novos produtos, utilizados por grandes empresas, imita as tra-se calcada em três situações fundamentais: centralização,
práticas das pequenas empresas, o que o autor se refere como descentralização e desconcentração.
“abordagem vale tudo”. Essa abordagem elimina as burocracias, [...]
permite comunicações rápidas e diretas para experiências e in- A existência da centralização e da descentralização, é o que
cute um alto grau de identidade grupal e lealdade. Esse ambien- fundamenta a estrutura da Administração Pública, em Direta
te é altamente interativo e inovador (PEREIRA, 2002).12 (União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal) e Indireta
(Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Eco-
nomia Mista), possuindo por excelência uma função executiva
de governo.
A descentralização administrativa acarreta a especialização
na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em
termos de técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967,
ao disciplinar a denominada – Reforma Administrativa Federal
11. Obtido em http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resulta- –, o Decreto-Lei nº 200, em seu artigo 6º, inciso III, elegeu a –
do/trabalhosPDF/925.pdf descentralização administrativa – como um dos princípios funda-
12. Obtido em http://www.sincor-pr.org.br/arquivos_pdf/bases_ mentais da Administração Federal.
conceituais_para_um_modelo_de_gestao.pdf

176
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Afirmativa de MELLO (2009), é que no processo de descen- trativa por serviços, funcional ou técnica – que ocorre quando o
tralização de atividades do Estado para o particular, aquele deve Poder Público cria uma pessoa jurídica de direito público ou pri-
demonstrar a regularidade do instituto. “O Estado tanto pode vado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado
desenvolver por si mesmo as atividades administrativas que tem serviço público. Dá-se por lei e corresponde às figuras das au-
constitucionalmente a seu encargo, como pode prestá-las atra- tarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas
vés de outros sujeitos.” Da mesma forma ensinava MEIRELLES públicas. Também pode ocorrer a descentralização por colabo-
(2003): “Descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é ração, que se verifica quando, por meio de contrato ou ato ad-
atribuir a outrem poderes da Administração.” ministrativo unilateral, se transfere a execução de determinado
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, foi o mais serviço público a pessoa jurídica de direito privado, conservando
sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da ad- o Poder Público a titularidade do serviço. No Poder Executivo
ministração federal. Esse dispositivo legal era uma espécie de lei Federal, podem ser mencionados como exemplos desse tipo de
orgânica da administração pública, fixando princípios, estabele- descentralização de serviços as organizações sociais, as OSCIPs14
cendo conceitos, balizando estruturas e determinando providên- e os serviços sociais autônomos.
cias. Apoiava-se numa doutrina consistente e definia preceitos Organizações com processos de alta complexidade ou alto
claros de organização e funcionamento da máquina adminis- nível de diferenciação tendem a dispor de estruturas com alto
trativa, eis que prescrevia que a administração pública deveria grau de descentralização ou de atomização. Essas estruturas ne-
se guiar pelos princípios do planejamento, da coordenação, da cessitam de mecanismos integradores, tais como comitês, gru-
descentralização, da delegação de competência e do controle; pos ou forças-tarefa, equipes de projeto, gerentes integradores
estabelecia a distinção entre a administração direta e a indire- etc., que garantam a sinergia entre os seus processos institucio-
ta, constituída pelos órgãos descentralizados; fixava a estrutura nais (MP, 2008).
do Poder Executivo federal, indicando os órgãos de assistência O estabelecimento de cotas de provimento exclusivo para
imediata do presidente da República e distribuindo os ministé- servidores de carreira favorece, ainda, o pacto federativo e a
rios entre os setores político, econômico, social, militar e de pla- política de descentralização da ação pública, ao permitir a mo-
nejamento, além de apontar os órgãos essenciais comuns aos bilidade entre servidores dos órgãos da administração pública
diversos ministérios; desenhava os sistemas de atividades auxi- direta e das suas entidades vinculadas e entre servidores das
liares (pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, três esferas de Governo, para ocupação de cargos comissionados
contabilidade e auditoria e serviços gerais); definia as bases do de direção e assessoramento superiores (MP, 2008).
controle externo e interno; indicava diretrizes gerais para um Paulo Adriano Cunha (2009) explica, em sua monografia so-
novo plano de classificação de cargos; e ainda, estatuía normas bre a análise do modelo de organização do Comando Operacio-
de aquisição e contratação de bens e serviços. nal dos bombeiros militares, que os termos “descentralização e
Do ponto de vista da gestão pública, a Carta de 1988, no desconcentração têm sido tratados muitas vezes como sinôni-
anseio de reduzir as disparidades entre a administração central mos, causando um certo desconforto para muitos autores que
e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade com que consideram haver uma distinção formal entre essas acepções.”
contava a administração indireta que, apesar de casos de inefi- Ambos os modelos (desconcentração e descentralização),
ciência e abusos localizados em termos de remuneração, cons- enquanto técnicas de descongestionamento administrativo, re-
tituía o setor dinâmico da administração pública. Ela foi equipa- velam processos distintos, havendo uma notória diferença nas
rada, para efeito de mecanismos de controle e procedimentos, consequências da implantação de um ou de outro.
à administração direta. A aplicação de um regime jurídico único [...]
(RJU) a todos os servidores públicos abruptamente transformou A desconcentração não ameaça tanto as estruturas conso-
milhares de empregados celetistas em estatutários, gerando um lidadas, quanto a descentralização. Esta sim, em seu sentido
problema ainda não solucionado para a gestão da previdência real, significa uma alteração profunda na distribuição do poder.
dos servidores públicos, pois assegurou aposentadorias com sa- Quando se pretende transformar um aparato políticoinstitucio-
lário integral para todos aqueles que foram incorporados compul- nal consolidado em bases centralizadoras, em uma estrutura
soriamente ao novo regime sem que nunca tivessem contribuído descentralizada, dever-se-á mexer em núcleos de poder bastan-
para esse sistema. te fortes. (LOBO, 1989).
Apesar do propalado retrocesso em termos gerenciais, a Cons-
tituição de 1988 não deixou de produzir avanços significativos, par- Quanto ao significado de desconcentração Brooke (1989,
ticularmente no que se refere à democratização da esfera pública. p.28) diz que ela é:
Atendendo aos clamores de participação nas decisões públicas, Mais o remanejamento de determinadas atividades do que
foram institucionalizados mecanismos de democracia direta, favo- uma descentralização propriamente dita. Para que haja uma
recendo um maior controle social da gestão estatal, incentivou-se desconcentração de um nível governamental para outro, ou mais
a descentralização político-administrativa e resgatou-se a importân- comumente, para um órgão local expressamente criado para
cia da função de planejamento (OLIVEIRA, 2011).13 esta finalidade, deve haver uma relação hierárquica entre eles,
O Manual do MP esclarece que descentralizar processos or- permitindo que o ônus dos encargos remanejados seja assumido
ganizacionais significa deslocar competências do núcleo central sem a parcela de poder de decisão que as acompanha.
da Administração Pública para uma outra pessoa jurídica. No Mello (1968, p.27) acrescenta que “[...] a desconcentração
Poder Executivo Federal, verifica-se a descentralização adminis- pode ser entendida como o fenômeno da distribuição dentro de
13. II Ciclo de Debates Direito e Gestão Pública – Ano 2011; III Seminá- uma hierarquia administrativa.”
rio Democracia, Direito e Gestão Pública, Edição Brasília-DF, 24 e 25 de 14. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, criadas pela
novembro de 2011. Lei Federal nº 9.790 de 1999.

177
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Ao desconcentrar suas atividades, a organização burocrática visa descongestionar sua administração, mantendo o vínculo hie-
rárquico para que os subalternos fiquem adstritos a um dever legal de obediência.
No processo de desconcentração não se verifica de maneira preocupante a desestabilização das estruturas da organização uma
vez que não implica em uma alteração mais importante da distribuição do poder.
O termo desconcentração pode ser compreendido então como a relação de competências sendo distribuídas no âmbito da or-
ganização, mantendo-se o vínculo da hierarquia administrativa.
A desconcentração é a simples distribuição de funções a órgãos que continuam ligados ao poder central do qual são somente
delegados (CUNHA, 2009).
O Manual do MP ensina que o princípio da desconcentração aplica-se na organização de sistemas de trabalho que têm atuação
local.
A desconcentração de processos de trabalho é um mecanismo utilizado para organizar o Nível Técnico dos órgãos e entidades
com atuação direta junto ao cidadão ou a instituições do mercado e da sociedade civil organizada, como é o caso do Ministério do
Trabalho; da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, do Instituto Nacional do Seguro Social, dentre outros.
Desconcentrar significa distribuir competências entre as unidades administrativas do próprio órgão ou entidade, ou seja, dentro
da mesma pessoa jurídica, com o objetivo de descongestionar ou desconcentrar atividades do centro e permitir seu mais adequado
e racional desempenho, próximo do usuário final da atividade, seja ele o cidadão ou outras organizações públicas, privadas ou da
sociedade civil organizada.
A desconcentração de processos públicos é realizada no Poder Executivo Federal por meio da criação das “unidades descen-
tralizadas” que são órgãos de execução em nível local e, portanto, compõem o Nível Técnico da organização. A desconcentração de
atribuições deve decorrer da análise dos sistemas de trabalho e das necessidades do sistema de liderança (MP, 2008).

Estruturas organizacionais
O Professor Humberto Martins, da Universidade de Brasília, citando Donaldson (1999), esclarece que estrutura organizacional é “o
conjunto recorrente de relacionamentos entre os membros da organização [....] o que inclui (sem se restringir a isto) os relacionamentos de
autoridade e de subordinação como representados no organograma, os comportamentos requeridos pelos regulamentos da organização
e os padrões adotados na tomada de decisão, como descentralização, padrões de comunicação e outros padrões de comportamento. [...]
Martins acrescenta que um desenho estrutural apresenta 5 blocos lógicos, cada um deles requerendo uma modelagem específica e
uma “montagem final”:
a) cúpula, onde se inclui a estrutura de governança corporativa (as instâncias máximas deliberativas que controlam a organização);
b) núcleo operacional, o espaço onde os processos de trabalho finalísticos operam para produzir os resultados definidos pela estra-
tégia;
c) suporte administrativo, onde se situam os processos de gestão de insumos (recursos humanos, financeiros, logísticos, materiais etc)
que serão aplicados nos processos finalísticos;
d) suporte técnico-corporativo, onde se incluem os processos de definição de requisitos técnicos, desenvolvimento de produtos, pla-
nejamento corporativo e desenvolvimento institucional; e
e) linha intermediária, a estrutura de coordenação que deve proporcionar integração horizontal (entre os processos finalísticos e entre
estes e os de suporte) e vertical (entre o nível operacional, finalístico e de suporte, e a cúpula.

Figura – Níveis hierárquicos

Fonte: Idalberto Chiavenato, Introdução à Teoria Geral da Administração

178
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Conforme explica Duarte (2011), estrutura organizacional é a maneira pela qual as atividades da organização são divididas, organiza-
das e coordenadas. Constitui a arquitetura ou formato organizacional que assegura a divisão e coordenação das atividades dos membros
da organização. Nesse sentido, a estrutura organizacional costuma apresentar uma natureza predominantemente estática.
A estrutura organizacional é o resultado das decisões sobre a divisão do trabalho e sobre a atribuição de autoridade e de respon-
sabilidades a pessoas e unidades de trabalho. É também o mecanismo de coordenação das pessoas e unidades de trabalho. A estrutura
organizacional é representada pelo gráfico chamado organograma (MAXIMIANO, 2010, p.141).

Figura – Os fatores envolvidos no desenho organizacional.

Fonte: CHIAVENATO, 2004.

A estrutura organizacional pode ser definida como:


a) O conjunto de tarefas formais atribuídas às unidades organizacionais – divisões ou departamentos – e às pessoas.
b) As relações de subordinação, incluindo linhas de autoridade, responsabilidade pelas decisões, número de níveis hierárquicos e
amplitude do controle administrativo.
c) As comunicações para assegurar coordenação eficaz entre órgãos e pessoas ao longo das unidades organizacionais.

A tarefa básica da organização, enquanto função administrativa, é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois caminhos para
se abordar a estrutura organizacional: a especialização vertical e a especialização horizontal.

ESTRUTURA VERTICAL
Refere-se ao aparato que envolve três fatores principais: a hierarquia administrativa, a amplitude e o grau de centralização ou descen-
tralização do processo de tomada de decisões da organização. Esses três fatores são estreitamente relacionados entre si. Se uma organi-
zação adiciona mais um nível administrativo, sua amplitude de controle fica mais estreita, a estrutura administrativa mais elevada e o grau
de centralização/descentralização é afetado. Se ela reduz um nível administrativo, sua amplitude de controle fica mais larga, sua estrutura
administrativa mais achatada e o grau de centralização/descentralização também é afetado. São três fatores interligados que precisam ser
considerados de maneira interdependente (DUARTE, 2011).
Sobre a estrutura horizontal, que busca simplificar as relações internas e é bastante diferente do tradicional modelo verticalizado de
organização, vale apreciar os comentários de Marcos Perez (2011), presidente da Digisystem:

ESTRUTURA HORIZONTAL: SONHO OU REALIDADE?


Hierarquia faz parte do mundo corporativo e a falta dela afeta diretamente a rotina de trabalho. Porém, muitas empresas têm apos-
tado em um novo formato de RH, diferente do convencional, que segue um organograma vertical. Ao contrário deste, baseado em uma
hierarquia larga, com vários diretores, gerentes e subgerentes, a estrutura horizontal busca simplificar as relações internas, diminuindo as
barreiras entre a alta direção e o restante da equipe.
A grande dúvida que paira entre os gestores é se realmente as empresas estão preparadas para esse novo modelo, que garante mais
liberdade aos colaboradores.
Um dos principais diferenciais de uma empresa horizontal é o fato de as relações hierárquicas serem mais amenas, ou seja, o cargo
mais baixo na hierarquia não está numa posição abaixo dos outros (o que pode ser avaliado como menos importante), mas sim ao lado dos
demais. Essa eliminação de camadas intermediárias de gerência aproxima o principal executivo dos subordinados.

179
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Além disso, várias pessoas passam a responder para um único Uma definição possível de estrutura organizacional é: “o con-
representante – normalmente o presidente ou o country manager. junto recorrente de relacionamentos entre os membros da organi-
A estrutura horizontal mescla a centralização e a descentralização zação [...], o que inclui (sem se restringir a isto) os relacionamentos
de suas operações, pois as decisões deixam de vir de cima e passam de autoridade e de subordinação como representados no orga-
a ser delegadas. Por um lado, temos o diretor executivo conecta- nograma, os comportamentos requeridos pelos regulamentos da
do diretamente com os níveis mais baixos na organização, em uma organização e os padrões adotados na tomada de decisão, como
forma de centralização, mas, por outro, a autoridade para tomada descentralização, padrões de comunicação e outros padrões de
de decisões está sendo delegada para os níveis mais baixos, des- comportamento” (Donaldson, 1999 : 105).
centralizando. Embora obedeçam a múltiplos determinantes, as estruturas
O trabalho em uma empresa com RH horizontal é um desafio organizacionais são um ingrediente essencial da própria arquitetura
diário, pois o perfil de profissional indicado para atuar nessas com- organizacional – o conjunto de princípios e padrões que orientam
panhias precisa acumular características de líder e gerente, ter foco, como as atividades devem se organizar para implementar uma es-
clareza e entender que o negócio tem que gerar resultado sempre. tratégia.
Paralelamente, a estrutura tem que ser leve e deve dar feedback Com efeito, distintos determinantes da estrutura organizacio-
aos colaboradores em tempo real. nal (e, consequentemente, distintas concepções de modelagem or-
A grande verdade é que não existe estrutura melhor ou pior. ganizacional) têm sido tratados de forma diferenciada por todo o
Tudo depende do perfil da empresa e, principalmente, dos seus pensamento gerencial.
executivos, do quanto eles estão maduros para lidar com a abertura É o campo da Teoria Estruturalista, que tem como objetivo
dada aos funcionários para a troca de ideias e contribuições. Em principal o estudo das organizações, fundamentalmente na estru-
uma empresa horizontal, todos são líderes e se sentem à vontade tura interna e na interação com outras organizações, que são as uni-
para expor suas vontades e projetos. dades sociais e são concebidas para cumprir e atingir objetivos es-
Antes de optar por essa forma de trabalho, a companhia preci- pecíficos, mantendo relações estáveis a fim de viabilizar o conjunto
sa ser minuciosamente analisada quanto ao seu negócio, perfil de de metas propostas.[...] A análise é feita dentro de uma abordagem
produto, público, etc. A tendência é que, naturalmente, as empre- global e com a dualidade que sua origem compreende; a organi-
sas com RH mais avançados se tornem horizontais, pois essa forma zação que pode ser formal e informal e abrange os mais diversos
de trabalho encurta as distâncias, reduz as operações burocráticas tipos de organizações, com o sistema de recompensa e sanções,
e aumenta a velocidade das informações e tomada de decisões. materiais e sociais, centradas no comportamento organizacional
Quanto maior o nível hierárquico dentro de uma empresa, mais [...] O sistema social é intencionalmente construído e reconstruí-
lentamente as decisões são tomadas e as situações resolvidas, pois do porque as organizações são sistemas em constante mutação e a
sempre precisam passar por consultas e avaliação de vários executi- concepção é de homem organizacional que vive dentro das organi-
vos que têm suas agendas cheias de compromissos. zações, onde os conflitos são inevitáveis. O estruturalismo ampliou
O organograma horizontal para as empresas, portanto, está en- o estudo das interações entre os grupos sociais para as interações
tre as principais tendências do mundo corporativo. Sua estrutura se entre as organizações sociais, que passaram a interagir entre si mes-
destaca porque toda sua organização se dá em torno dos processos mas (CARVALHO, 2008).
e do gerenciamento dos projetos em equipe, gerando recompensa Segundo Chiavenato (2003), o foco é o homem organizacional,
e estímulo. Essa forma de trabalho proporciona mais satisfação dos que desempenha diferentes papéis em várias organizações e que,
envolvidos e, nesse cenário, todos podem contribuir diretamente para ser bem sucedido, necessita possuir as seguintes caracterís-
para o crescimento da companhia onde atuam (PEREZ, 2011) ticas:
De acordo com o Guia de Modelagem de Estruturas Organiza- • Flexibilidade – para enfrentar as mudanças bruscas e a diver-
cionais elaborado pelo governo paulista15, a definição do novo mo- sidade de papéis/ funções bem como novos relacionamentos.
delo de gestão e da nova estrutura organizacional devem abordar, • Tolerância emocional – por causa do desgaste do enfrenta-
necessariamente: mento dos conflitos gerados por necessidades individuais e orga-
• o diagnóstico do modelo de gestão vigente e da estrutura a nizacionais.
ele associada; • Capacidade de adiar as recompensas – compensar o trabalho
• as razões que levaram à escolha da alternativa proposta de rotineiro em detrimento de preferências e vocações pessoais.
(re)modelagem organizacional; • Permanente desejo de realização – garantir a conformidade
• uma análise das vantagens e dificuldades previstas na imple- das normas que controlam e asseguram o acesso às posições de
mentação da alternativa escolhida (destacando aquelas relaciona- carreira dentro da organização.
das ao critério de departamentalização, ao modelo de centralização
ou descentralização, à comunicação interna e ao alinhamento entre Os principais autores e expoentes da Teoria Estruturalista são:
os macroprocessos); James D. Thompson; Victor A. Thompson; Amitai Etzioni; Peter M.
• a definição do papel de cada gestor nas decisões organiza- Blau; David Sills; Burston Clarke e Jean Viet. Os autores da Teoria
cionais; da Burocracia, também são considerados estruturalistas – Weber,
• a definição das principais competências das unidades e dos Merton, Selznick e Gourdner.
cargos da nova estrutura; e
• os ganhos esperados com a mudança (não só de natureza
financeira, mas também operacional e estratégica).

15. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/guia/Guia_


Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012.

180
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Modelos de organização A Profa. Ana Flávia de Moraes Moraes (2013) alinha vários as-
A análise das organizações do ponto de vista estruturalista é pectos das organizações informais:
feita a partir de uma abordagem múltipla e envolve: Os grupos informais não têm chefes, mas é possível que te-
• Organização formal e informal – como ponto de equilíbrio nham líderes. Resultam da interação espontânea dos membros da
entre os clássicos mecanicistas (formais) e sócio-humanistas (infor- organização.
mais). O grupo informal tem sua origem na necessidade do indivíduo
• Recompensas materiais e sociais – significa o uso de recom- de conviver com os demais seres humanos.
pensas salariais e sociais e tudo que possa ser incluído nos símbolos Não existe organização formal sem sua informal contrapartida.
de posição/status. Existem padrões de relações encontrados na empresa mas que
• Os diferentes enfoques da organização – as organizações se- não aparecem no organograma.
gundo duas diferentes concepções: modelo racional e modelo do Encontramos amizades, indivíduos que se identificam com ou-
sistema natural. tros, grupos que se afastam de outros e uma variedade de relações
• Os níveis da organização – as organizações caracterizam-se no trabalho ou fora dele e que constituem o chamado grupo in-
por uma hierarquia de autoridade, pela diferenciação de poder e formal. Esse grupo se desenvolve a partir da interação imposta e
desdobram-se em três níveis: institucional (mais elevado), gerencial determinada pela organização formal.
(intermediário) e técnico ou operacional (mais baixo).
• A diversidade de organizações – ampliação do campo da aná- CARACTERÍSTICAS DO GRUPO INFORMAL
lise das organizações com a finalidade de expandir a classificação • Relação de coesão ou antagonismo;
que existia nas teorias anteriores. • Colaboração espontânea;
• Análise interorganizacional – a análise interorganizacional • A possibilidade de oposição à organização formal;
tornou-se significativa a partir da crescente complexidade ambien- • A organização informal transcende a organização formal.
tal e da interdependência das organizações.
ORIGENS DO GRUPO INFORMAL
O Professor Renato Curto Júnior (2011) define que a organiza- • Interesses comuns;
ção informal é o resultado da interação social entre seus membros • A interação provocada pela própria organização formal;
com o objetivo de atender a suas necessidades. Estas são encontra- • A flutuação do pessoal dentro da empresa;
das em todos os níveis da sociedade. • Os períodos de lazer (os chamados “tempos livres”).
No Modelo de organização informal, a sua liderança é uma con-
cessão do grupo, apresenta uma autoridade mais instável, pois está No texto de Lima e Albano (2002), estes autores concluem que
sujeita aos sentimentos pessoais dos seus membros. As organiza- muitas vezes tenta-se encontrar soluções mágicas para uma melhor
ções informais podem existir como entidades independentes. administração das organizações, mas na verdade não há. Todas as
Os líderes dos grupos informais surgem por várias causas, propostas de gestão devem estar embasadas em um conhecimento
como por exemplo: e compreensão mais profundos da organização a intervir. Deve ficar
• Idade; claro que quando se fala em organizações, as mudanças significati-
• Competência; vas não ocorreram a curto prazo. Isto acontece devido à dificuldade
• Localização de trabalho; natural de não só mudar a cultura vigente como conseguir adminis-
• Conhecimento; trar as forças e influências externas à organização. Portanto, refletir
• Personalidade; sobre clima e cultura organizacional significa rever vários fatores in-
• Comunicação; ternos e externos que influenciam diretamente no desenvolvimen-
• Dentre várias outras situações. to das organizações. E, por isso, volta-se a afirmar que é inviável
adotar um modelo de gestão, medidas em relação às políticas de
Algumas vezes, a estrutura informal se torna uma força nega- recursos humanos ou promover qualquer mudança organizacional
tiva dentro da empresa, porém se a administração conseguir con- se os gestores não tiverem conhecimento de que todo o investi-
ciliar e/ou integrar os grupos formais com os informais haverá uma mento pode ser em vão se essa premissa não for considerada. Não
harmonização nas tarefas, e se torna uma condição favorável de há como negar que a investigação da cultura e do clima organiza-
rendimento e produção (CURTO JÚNIOR, 2011). cional é tarefa árdua e os profissionais da área devem fazê-lo com
muita seriedade, coerência, prudência e bom senso, através de uma
Vantagens Desvantagens metodologia adequada à realidade para, com isso, evitar erros e
descrédito das novas propostas. Portanto, justifica-se novamente
• Rapidez no processo; a impossibilidade de se adotar um modelo de gestão pronto, como
• Redução de comunicação • Desconhecimento de chefia; esses “pacotes” importados, sem considerar a complexidade das
entre chefe e empregado; • Dificuldade de controle; organizações e o contexto sócio-político-econômico e cultural em
• Motiva e integra os • Atrito entre pessoas. que elas estão inseridas.
grupos de trabalho. Entretanto, não há definição de estrutura organizacional que
Figura – Vantagens e desvantagens da organização informal circunscreva firmemente seu objeto a priori; mas cada [abordagem
teórica] focaliza vários aspectos diferentes da estrutura organiza-
Fonte: Renato Curto Júnior, 2011 cional, sem pretender que seu foco esgote as questões” (Donald-
son, 1999: 105). O Professor Humberto Martins destaca ainda que
distintos determinantes da estrutura organizacional (e, consequen-

181
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

temente, distintas concepções de modelagem organizacional) são centivos que buscam guiar o comportamento de distintos atores
tratados de forma diferenciada ao longo do pensamento gerencial, (dotados de interesses não necessariamente convergentes) para a
podendo-se perceber cinco principais enfoques: produção de resultados. Destacam-se, nessa abordagem, três pers-
1) Clássico – a modelagem da estrutura deve obedecer a apli- pectivas: escolha racional (institutional rational choice), teoria da
cação de princípios universalmente válidos, dentre os quais des- firma (e custos de transação) e teoria da agência. A abordagem da
tacam-se os seguintes: divisão do trabalho, autoridade, disciplina, escolha racional destaca a relação entre estruturas e resultados em
unidade de comando, unidade de direção, amplitude de comando, pelo menos dois sentidos: resultados são produtos de estruturas
especialização, diferenciação, amplitude de controle, homogenei- e a estrutura mais eficiente é a que promove os melhores resulta-
dade, delegação e responsabilidade. Este enfoque está amparado dos com menos recursos – o que só pode ser identificado de forma
nas formulações de Fayol (1916), Gulick (1937), Urwick (1937), comparativa. (Ostrom, Gardner & Walker, 1994). A teoria da firma
Mooney (1937) e Graicunas (1937). Segundo esta concepção, es- (Coase, 1937; Williamson (1963, 1985 e 1986) parte de uma com-
truturas são arranjos racionais (deliberadamente concebidos para paração entre a eficiência de formas organizacionais e a eficiência
promover resultados pré-estabelecidos), ordenados segundo pa- do mercado (que, em abstrato, prescindiria de estruturas organiza-
drões “científicos” (mediante a aplicação invariável de princípios cionais) para denunciar o caráter estruturalmente ineficiente das
universais de modelagem), altamente formalizados (implantados e estruturas (um custo de transação a ser adicionado aos custos de
controlados segundo regras formais) e relativamente estáveis (es- produção), tornando-as, na melhor das hipóteses, segundas me-
tabelecidos em bases fixas ou rígidas para durar, sendo a mudança lhores (second best) escolhas racionais (Gibbons, 1999). A teoria
considerada uma perturbação da ordem). da agencia destaca a insuficiência e a inconfiabilidade das estru-
2) Contingencial – a funcionalidade dos desenhos estruturais turas, uma vez que as relações definidas estão sempre sujeitas a
está correlacionada à variáveis tais como porte e dinâmica ambien- diversos problemas (de agência) tais como seleção adversa (baixo
tal (covariação estrutural). Este enfoque se estabeleceu a partir das padrão produtivo), risco moral (auto-orientação) e assimetria de
formulações de Burns & Stalker (1961), Woodward (1965), Lawren- informações etc. Daí, a necessidade de se estabelecerem arranjos
ce & Lorsh (1967), Pugh et al (1968), Perrow (1967), Thompson contratuais mediante incentivos. (Arrow, 1991; Alchian & Demsetz,
(1967), Trist (1981) e Chandler (1962). A dinâmica ambiental está 1972, e Ross, 1973)
relacionada a fatores contingenciais externos e/ou internos de mer- 5) Novo contingencialismo (Morgan, 1997) – uma expansão
cado e tecnologia (competição, novos produtos e inovação), que (incorporando variáveis do ambiente institucional e do imaginá-
impõem um determinado grau de incerteza da tarefa e, por sua vez, rio organizacional) dinamizada (incorporando elementos da teoria
determinam arranjos mais ou menos descentralizados e/ou flexí- avançada de sistemas) do enfoque contingencial. Por um lado, este
veis. Nesse sentido, a proposição central da teoria da contingência enfoque, menos “racional” e normativo que o contingencialismo
estrutural é de que o desempenho organizacional depende de uma original, busca investigar a correlação entre estruturas e ambien-
lógica de contínuo ajustamento estrutural (ou structural adaptation tes institucionais, valores, estruturas de dominação e elementos do
to regain fit – SARFIT). Segundo esta concepção, estruturas são ar- imaginário (tais como estruturas de personalidade e mitos organi-
ranjos altamente específicos (cada configuração representa uma zacionais). A exemplo do enfoque institucional, as estruturas apa-
posição peculiar de ajustamento ao longo do tempo) e dinâmicos, recem como arranjos cuja definição sujeita-se a fatores culturais e
sujeitos a contínuos e deliberados ajustamentos em razão da dinâ- intrapsíquicos. Por outro lado, o novo contingencialismo baseia-se
mica ambiental (determinismo ambiental). numa visão sistêmica avançada (valendo-se de elementos da deno-
3) Institucionalismo sociológico, que considera que as organi- minada “teoria do caos”, paradigma da complexidade e sistemas
zações estão sujeitas a elementos simbólicos, sociais e culturais do dinâmicos) que incorpora dois elementos essenciais: complexida-
seu macro-ambiente institucional (o conjunto de regras sedimen- de e autopoiese. A complexidade está relacionada a altas doses de
tadas que a circunda e penetra) em relação aos quais a adaptação incerteza, ambiguidade, pluralidade e interconexão de eventos em
é muito mais um processo de legitimação que de promoção do de- ambientes externo e interno hiperdinâmicos (Morgan, 1997; Bei-
sempenho. Neste enfoque, destacam-se as proposições de Powell nhocker, 1997), impondo às estruturas formas e lógicas fluídas e
& DiMaggio (1991), Meyer & Rowan (1991) e Pfeffer & Salancik virtuais e padrões orgânicos de organização (rede, estruturas celu-
(1998), que argumentam, respectivamente, que o desenho da es- lares, holográficas etc.). A noção de autopoiese está relacionada a
trutura é altamente sujeito a mimetismo e conformação a padrões um padrão autoreferenciado e circular de organização (estruturas
consagrados (isomorfismo institucional), que a estrutura formal auto-produtivas, auto-organizadas e auto-mantidas) (Luhmann,
pode de descolar (loose-coupling) do conjunto de práticas e relacio- 1990; 1995), a partir de interações internas que se constituem re-
namentos sedimentados e se tornar uma fachada de conformida- lações suficientes para a reprodução e renovação organizacional
de, e que a adoção de determinadas concepções estruturais pode (por meio das quais o ambiente, que não se define a priori, é “cria-
estar relacionada à dependência da organização por recursos num do” pela organização, refletindo muito mais o que a organização é)
contexto que impõe requisitos para acessa-los. Segundo esta con- (Morgan, 1997; Dissanayake, 2004). O novo contingencialismo não
cepção, estruturas não são arranjos tão “racionais” (ou ao menos, valida nem invalida incondicionalmente a perspectiva funcionalista
a racionalidade das escolhas das opções estruturais é altamente li- do ajustamento estrutural, considerando-o limitado por fatores ins-
mitada), possuem uma função simbólica (sinalizar, aparentar e fazer titucionais, pela complexidade ambiental e pela natureza autopoi-
sentido para os integrantes) e sua dinâmica está relacionada a pro- ética (em alguma extensão aplicável a qualquer organização), mas
cessos institucionais (de dependência, identidade, pertencimento baseia-se numa visão mais eclética e abrangente segundo a qual
e legitimação). as estruturas são complexas e instáveis definições que atendem a
4) (neo) institucionalismo econômico – põe-se em relevo, condicionantes tanto externos quanto internos (e, por conseguinte,
numa perspectiva normativa, a eficiência das estruturas, definidas qualquer definição ótima de arranjo estrutural deveria levá-los ex-
em sentido análogo às instituições como conjunto de regras e in- plicitamente em conta).

182
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais oferece elementos importantes para entendimento da estruturação organizacio-
nal no setor público, inspirado nas bases administrativas das organizações privadas:
A questão central da arquitetura organizacional é orientar-se para os resultados da organização, servindo de ponte entre a estratégia
e os processos que a implementam. Nesse sentido, é fundamental atender ao princípio da congruência (Nadler & Tushman, 1997), segun-
do o qual quanto maior for o grau de congruência ou alinhamento dos vários componentes da arquitetura organizacional, maior será o
desempenho da organização.
Em linha com esta função-ponte (entre estratégia e plataforma implementadora) da arquitetura organizacional propõe-se uma meto-
dologia de definição da estrutura organizacional. Esta metodologia busca, em última análise, integrar o planejamento (a agenda estratégi-
ca dos governos, usualmente expressa em programas) e a gestão (a arquitetura organizacional ou as estruturas implementadoras), a partir
da definição de uma matriz de programas e organizações. Essa definição é necessária porque programas não são auto-executáveis nem
organizações são auto-orientadas para resultados.
A metodologia matricial busca, nesse sentido, equacionar uma questão crítica da gestão pública contemporânea (e dos modelos de
gestão por programas, em particular), que é a seguinte: como assegurar que o desenho das estruturas organizacionais seja congruente
com a agenda prioritária de governo, expressa nos programas?
Para que isso ocorra, é necessário que se estabeleça um alinhamento entre programas e organizações (não apenas as organizações
da estrutura do governo, mas também outras, tais como: entes federativos, organizações não-governamentais, organismos internacionais,
parcerias público-privada etc.). O que se pretende com isso é verificar a convergência (ou não) entre as agendas de governo (expressa nos
programas prioritários) e as das organizações implementadoras – que normalmente possuem agenda própria. Embora os resultados este-
jam previstos nos programas, é na arquitetura organizacional que eles se realizam, pois é nela que estão alocados os recursos e a estrutura
de poder. Daí por que é preciso construir dois alinhamentos: um horizontal (alinhar os pontos de implementação das distintas organizações
no âmbito de cada programa, definindo-se arranjos específicos de coordenação); e um vertical (alinhar as organizações com os resultados
dos programas que as perpassam). A figura a seguir ilustra este alinhamento matricial.

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

A construção de uma arquitetura matricial consiste, assim, no desenho de uma rede que considera a matriz de relações entre progra-
mas e organizações. Os passos a serem seguidos são:
o estabelecimento das relações (a plotagem dos nós) entre as unidades programáticas de resultado (os programas do PPA) e as res-
pectivas plataformas implementadoras (as organizações);
a elaboração da arquitetura organizacional dos programas, ou o modelo de gestão das redes de governança, formadas pelos nós das
respectivas organizações implementadoras; e, finalmente,
a elaboração da arquitetura organizacional, propriamente dita, das organizações implementadoras dos programas, a partir (1) do
alinhamento de suas agendas, de modo a incorporar as contribuições dadas para a promoção dos resultados dos programas a que estão
submetidas, e (2) do traçado de uma estrutura condizente com a promoção dos resultados visados.

183
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A rede obtida resulta na sobreposição (integradora) de dois tipos de arquitetura: (1) uma delas orgânica, fluida, virtual, em rede, vin-
culada aos programas (elementos da estratégia); e (2) a outra mais concreta, uma vez que “fixamente associada” a uma dada organização.
Com efeito, nenhuma das duas arquiteturas é capaz de gerar per se o necessário alinhamento para que os resultados programados
aconteçam.

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

Um modelo de gestão adequado, coerente, é aquele em que o sistema de liderança está estruturado com o objetivo de promover
o alinhamento entre seus elementos essenciais: estratégia (ou conjunto de propósitos e resultados visados) e sistemas de trabalho e os
sistemas informacionais (conjunto de dados e informações necessárias ao processo decisório e os recursos informacionais de software e
hardware necessários).
Nesse caso, a estratégia é a variável ordenadora e o sistema de liderança, os sistemas de trabalho e os recursos informacionais devem
ser “formatados” para colocar em ação opções estratégicas específicas.

Sistemas de Liderança Burocrático-Mecanicista


Os Sistemas de Liderança com características burocrático-mecanicista são próprios de organizações que atuam em contextos de baixa
complexidade, onde há maior previsibilidade e estabilidade de demandas, ou seja, baixa variabilidade nas necessidades dos beneficiários
e, por conseguinte, nos produtos/serviços e estabilidade nas ofertas tecnológicas (baixo grau de inovação do produto e do processo).
Geralmente, são organizações de grande porte; com um grande universo de usuários/beneficiários potenciais e reais; baixa variabi-
lidade em seus processos e relativa estabilidade no formato final dos seus serviços e produtos. Esse é o caso dos órgãos e entidades que
prestam serviços direto à sociedade civil organizada e/ou ao cidadão, como, por exemplo, aqueles que atuam na área social, como educa-
ção, saúde e previdência.
Para essas organizações é recomendável, em nome da eficiência, um desenho organizacional mais rígido e programável, o que conduz
a um sistema de liderança mais hierarquizado.
Os modelos de gestão mecanicistas possuem as seguintes características:
• a estratégia é mais estável e reativa;
• o conjunto de produtos (bens ou serviços) é mais padronizado, menos ou pouco diferenciado;
• os processos de trabalho são mais rotinizados, programáveis, regulamentados e autônomos (circunscritos dentro da organização);
• os quadros funcionais são mais fixos – com carreiras estruturadas e com mais servidores do quadro que colaboradores, com compe-
tências pré-definíveis e capacitação orientada por conhecimentos disponíveis no setor;
• a cultura organizacional tende a destacar valores tais como disciplina e impessoalidade;
• a liderança emana mais da autoridade do cargo formal;
• a comunicação é mais formal e tende a seguir a hierarquia; e
• os sistemas de informação são centralizados e herméticos.

O modelo de gestão mecanicista proporciona maior eficiência em ambientes estáveis. Seu sistema de liderança é constituído por es-
truturas rígidas, verticalizadas e que reproduzem uma alta separação entre direção e execução, demarcando de forma muito contundente
instâncias de decisão e planejamento/formulação (uma Alta Administração pensante) e instâncias de execução (uma base operacional).

Sistemas de Liderança Orgânicos


Os sistemas de liderança orgânicos são típicos de organizações que atuam em contextos de alta complexidade, caracterizados pela in-
certeza, ambiguidade, pluralidade e instabilidade das demandas (alta variabilidade nas necessidades dos beneficiários e, por conseguinte,
nos produtos/serviços) e ofertas tecnológicas (alta inovação do produto e do processo).
Os ambientes instáveis ou turbulentos proporcionam alta incerteza da tarefa, que, nesse caso, impõe, em nome da efetividade (o
impacto necessário, a partir dos produtos necessários), um desenho organizacional mais flexível e capaz de se reprogramar para atender
rapidamente às variações do contexto.

184
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Os modelos de gestão orgânicos possuem as seguintes características:


• estratégia mutante, emergente e proativa, voltada, inclusive, para criação do futuro em bases autopoiéticas (na qual a organização
passa a modelar o ambiente mais que este modela a organização);
• o conjunto de serviços/produtos é mais diversificado, mais ou muito diferenciado, podendo, no limite, ser totalmente customizado;
• os processos de trabalho são estruturados, mas menos rotinizados, menos programáveis e menos regulamentados e sujeitos a cons-
tantes inovações e integrações laterais com organizações parceiras;
• os quadros funcionais são mais variáveis (com maior número de colaboradores), algumas competências são pré-definíveis, mas há
competências emergentes e conhecimentos gerados exclusivamente dentro da organização;
• a cultura organizacional tende a destacar valores tais como iniciativa, capacidade de empreender e sensibilidade;
• a liderança emana da capacidade de resolver problemas e lidar com pessoas e situações difíceis sob pressão;
• a comunicação é mais informal e multidirecional; e
• os sistemas informacionais são descentralizados e acessíveis a todos.

Um modelo de gestão com estas características proporciona melhor capacidade de resposta em ambientes instáveis. Seu sistema de
liderança constitui-se por estruturas mais flexíveis, horizontalizadas (menos níveis hierárquicos e eliminação de “intermediários” na média
gerência) e que buscam uma integração entre direção e execução (a Alta Administração se envolve em questões operacionais e a base
operacional pensa estrategicamente e ganha maior autonomia/empowerment).
Modelos mecanicistas ou orgânicos não são bons nem maus a priori, sua adequação é sempre contingente, embora todas as organi-
zações tenham traços de ambos (é muito usual que áreas como produção ou operações e área administrativa sejam mais mecanicistas; ao
passo que áreas de pesquisa e desenvolvimento sejam mais orgânicas).16

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais


16. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/guia/Guia_Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012

185
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

Direção
Saldanha dos Santos cita Amato (1971) para dizer que direção é a função que se refere às relações interpessoais dos administradores
em todos os níveis de organização e seus respectivos subordinados. “É o processo administrativo que conduz e coordena o pessoal na
execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma organização pública significa conseguir que os agentes públicos executem
as tarefas pelas quais respondem” (Santos, 2006, p.51).
Ainda segundo Santos, os meios de direção são: ordens e instruções; motivação; comunicação; liderança.

Um dos fundamentos da Teoria Comportamental da Administração é a motivação humana, onde a teoria administrativa recebeu
vultosa contribuição.
Segundo Chiavenato (2003), a teoria comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas, para explicar o
comportamento organizacional. Os autores dessa Teoria verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas, para
conhecer melhor o seu comportamento e poder usar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações.

186
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A Teoria Comportamental tem seus principais fundamentos a • Recomeço do ciclo de planejamento – tomada de decisões
partir dos estudos e abordagem das ciências do comportamento sobre novos objetivos e novos padrões de controle; o controle
humano individual, para explicar como as pessoas se comportam complementa o planejamento e vice-versa, pois é comum o plane-
organizacionalmente. Esta Teoria, também conhecida como Teoria jamento depender muito mais de informações de controle do que
Behaviorista (behaviorial sciences approach), por causa dos estudos de projeções ou previsões sobre o futuro, segundo Maximiano.
sóciopsicológicos feitos por seus autores, a maioria norte-america-
nos, aprofundou os estudos no campo da motivação humana, na O processo de controle envolve todos os aspectos de uma
qual prestou muitas contribuições à teoria administrativa (CARVA- organização, abrangendo seus três níveis hierárquicos principais:
LHO, 2008). • Controle estratégico – complementa o planejamento es-
Nesta abordagem, Chiavenato (2003) explica que os estudiosos tratégico (sua definição e redefinição), monitorando: grau de
verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades realização das missões, estratégias e objetivos estratégicos, a
humanas para entender o seu comportamento e utilizar a motiva- adequação dos mesmos às ameaças e oportunidades do ambien-
ção como meio para melhorar a qualidade de vida, dentro das or- te; concorrência e outros fatores externos; eficiência e outros
ganizações. A Teoria Comportamental tem abordagem explicativa fatores internos.
e descritiva, atuando nas organizações, formal e informalmente. • Controles administrativos – produzem informações espe-
Possui ênfase nas pessoas e no ambiente. Sua concepção é de um cializadas e possibilitam a tomada de decisão em cada uma das
homem administrativo, tomador de decisões quanto à participação áreas operacionais: produção, marketing, finanças, recursos hu-
nas organizações. manos etc.
Sobre a motivação organizacional, destacam-se estudos de • Controle operacional – focaliza as atividades e o consumo
Abraham Maslow (1908-1970), segundo os quais as necessidades de recursos em qualquer nível da organização, notadamente por
humanas estão organizadas em níveis, numa hierarquia de impor- meio de cronogramas, diagramas de precedência e orçamentos.
tância e de influência. Segundo Maslow, “as necessidades estão
classificadas em fisiológicas (mais baixas na hierarquia piramidal), É preciso eficácia na definição dos procedimentos e das fer-
de segurança, sociais, de estima e de auto-realização (mais eleva- ramentas para produção, processamento e apresentação das in-
das na hierarquia). As necessidades assumem formas que variam formações necessárias ao desempenho do sistema de controle.
de acordo com o indivíduo” (MASLOW apud CHIAVENATO, 2003, p. Maximiano (2010) destaca as principais características de um
330). sistema de controle eficaz:
• Foco nos pontos estratégicos – são aqueles em que há
Controle maior probabilidade de ocorrência de algum desvio em relação
Para Maximiano (2010), controle é o processo de produzir aos resultados esperados; os desvios provocariam os maiores
informações para tomar decisões sobre a realização de objeti- problemas; as atividades, operações ou processos são críticos
vos, permitindo manter a organização orientada para os mesmos para o desempenho da organização. Podem ser detectados nas
através de monitoramento ou acompanhamento contínuo sobre: atividades de transformação ou nos elementos mais significati-
• Quais objetivos devem ser atingidos por uma organização vos de determinada operação.
ou sistema. • Precisão – informação precisa para permitir a decisão ade-
• Desempenho da organização ou sistema em comparação quada, caso contrário será difícil ou impossível decidir.
com os objetivos. • Rapidez – o encaminhamento rápido da informação permi-
• Riscos e oportunidades no trajeto desde o início das ativi- te que a ação corretiva ou de reforço possa ser posta em prática
dades até o objetivo. a tempo de produzir os efeitos esperados. A demora poderá ge-
• O que deve ser feito para assegurar a realização dos ob- rar uma decisão tardia.
jetivos. • Objetividade – informações claras sobre o desempenho e
• Necessidade de mudar o objetivo. indicação qual o desvio em relação ao objetivo.
• Economia – o sistema de controle eficaz tem custo menor
O processo de controle se divide em outros processos, tais que seus benefícios, por exemplo, a fiscalização não pode custar
como: monitoramento ou acompanhamento (buscar informa- mais que a arrecadação.
ções sobre o desempenho), avaliação (comparar e tirar conclu- • Aceitação pelas pessoas – para enfrentar a resistência e a
sões sobre o desempenho). O objetivo é o critério ou padrão de sabotagem dos sistemas de controle, as pessoas precisam enten-
controle e avaliação do desempenho da organização ou sistema. der as razões do controle; perceber o controle como processo
Os componentes de um sistema de controle são: importante para seu trabalho ou sua segurança; enxergar o con-
• Padrões de controle – informações que permitem avaliar o trole como evidência de sua importância como indivíduos.
desempenho e tomar decisões; são extraídos dos objetivos, das • Ênfase na exceção – diante da impossibilidade de controlar
atividades e dos planos de aplicações de recursos. tudo, o controle enfatiza as exceções e seu sistema procura fo-
• Aquisição de informações – sobre o andamento das ativi- calizar a atenção da administração no que é essencial em termos
dades e o progresso em direção aos objetivos; é o processo de de desvios.
monitoramento ou acompanhamento, que define qual informa-
ção deve ser produzida, os meios e o momento de sua obtenção. Os aspectos humanos do processo de controle, segundo Ma-
• Comparação e ação corretiva – na etapa final do processo ximiano (2010), são:
de controle, a informação sobre o desempenho real é comparada • Tipos de controle sobre as pessoas – para que as pessoas
com os objetivos ou padrões, resultando em medidas de correção comportem-se de acordo com padrões definidos por outras pes-
ou de reforço da atividade ou desempenho. soas, existem os seguintes tipos: controle formal (utilização da

187
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

autoridade formal para induzir ou inibir algum comportamento), A avaliação de desempenho traz benefícios para as organiza-
controle social (aceitação das crenças, valores e normas sociais ções, pois:
de um grupo = conformidade social), controle técnico (exercido • abarca o desempenho do funcionário dentro do cargo ocupa-
por sistemas e não por pessoas, como ocorre com o relógio de do, o alcance das metas estabelecidas e objetivos;
ponto, a velocidade das máquinas, o orçamento disponível). • enfatiza o indivíduo no cargo;
• Resistência ao controle – para combater o sentimento de per- • melhora a produtividade do indivíduo à medida em que é
da da liberdade e serem eficazes, os sistemas de controle devem: aceita pelo funcionário e pela organização (MENEZES).
ter legitimidade (reconhecidos como necessários); ser participati- A avaliação permite identificar os aspectos menos desenvol-
vos (promover a participação das pessoas na definição e avaliação vidos (pontos fracos) em relação ao modelo, que devem ser con-
de seu próprio desempenho); ser flexíveis (para possibilitar o erro). siderados como oportunidades de melhoria da organização, ou
• Avaliação do desempenho – todo sistema de controle deve seja, aspectos que devem ser, prioritariamente, objeto de ações de
dar feed-back aos integrantes da equipe do gerente, informando- melhoria. Se realizada de forma sistemática, a avaliação da gestão
-os qual é seu desempenho, para reforçá-lo (feed-back positivo) ou institucional funciona como forma de aprendizado sobre a própria
inibi-lo (feed-back negativo). As características do feed-back eficaz organização e como instrumento de internalização dos princípios,
são: rapidez (o intervalo entre a observação do desempenho do de- valores e práticas da gestão pela excelência.
sempenho e a aplicação do reforço ou correção deve ser o menor
possível, sob pena de esquecimento e ineficácia); descrição em lu- FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS. PLANEJAMENTO,
gar de julgamento (quando se trata de ações corretivas, ao invés ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE. MOTIVAÇÃO,
de julgar os atos ou motivos do avaliado, o avaliador descreve as COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA.
expectativas ou objetivos, o desempenho observado que deve ser
feito para igualar os dois); administração de recompensas (os prin-
cípios do behaviorismo mostram que recompensas incentivam o Funções de administração
bom desempenho e são mais eficazes que as punições, que apenas
suprimem temporariamente o comportamento indesejado). • Planejamento, organização, direção e controle
• Autocontrole – o compromisso e a disciplina interior é o me-
lhor substituto para a obediência ditada pelos controles, o que faz o
autocontrole substituir os sistemas formais e ser uma das ferramen-
tas da autogestão. Maximiano ressalta que criar uma cultura orien-
tada para o compromisso e a disciplina interior é um dos principais
desafios da moderna administração.

Avaliação e feed-back
A Avaliação de Desempenho é um processo que tem como ob- • Planejamento, organização, direção e controle
jetivo conseguir que os membros da equipe de trabalho orientem
seus esforços no sentido dos objetivos da organização. Os gesto-
res utilizando de instrumento específico identificam habilidades e — Planejamento
competências dos funcionários que precisam ser mantidas e as que Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura
necessitam ser desenvolvidas. A avaliação de desempenho é parte desejada. A organização estabelece num primeiro momento, atra-
atuante da estratégia gerencial e orientam as ações e decisões dos vés de um processo de definição de situação atual, de oportunida-
gestores relacionadas a promoções, transferências, treinamentos, des, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de
desligamentos (ROBBINS, 2005). planejamento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um pro-
Pode-se definir desempenho como a forma como os recursos cesso, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
se organizam, interagem e atuam para atingir um objetivo expres- • Ele é o passo inicial;
so ou tácito, segundo um roteiro e sequência de passos formal ou • É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
informalmente estabelecidos. O grau de eficácia com que são at- • Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
ingidos os objetivos realmente pretendidos, associado ao grau de • Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o futuro;
eficiência na utilização dos recursos, determina o nível de desem- • Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como
penho. Mede-se o desempenho através de indicadores diversos. O as ações presentes podem desenhar o futuro;
resultado das medidas permite interpretar o nível do desempenho. • Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
Menezes define que é uma apreciação sistemática do desem- • Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas compe-
penho de cada pessoa em função das atividades que ela desempe- tências;
nha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial • O processo de Planejamento é muito mais importante do que
de desenvolvimento, sendo justificável porque: seu produto final (assertiva);
• toda pessoa precisa receber retroação a respeito de seu de-
sempenho (chefe e funcionário); Idalberto Chiavenato diz: “Planejamento é um processo de es-
• a organização precisa saber como as pessoas desempenham tabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
suas atividades (para fundamentar aumentos salariais, promoções, • Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado
transferências, demissões). fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO;
• Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim;
• Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar.

188
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Passos do Planejamento
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
— Determinar a situação atual: Situar a Organização.
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar eventos.
— Analisar e escolher entre as alternativas.
— Implementar o plano e avaliar o resultado.

• Vantagens do Planejamento
— Dar um “norte” – direcionamento;
— Ajudar a focar esforços;
— Definir parâmetro de controle;
— Ajuda na motivação;
— Auxilia no autoconhecimento da organização.

— Processo de planejamento

• Planejamento estratégico ou institucional


Estratégia é o caminho escolhido para que a organização possa chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o nível mais amplo
de planejamento, focado a longo prazo. É desdobrado no Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdobrado no Planejamento
Operacional.
— Global — Objetivos gerais e genéricos — Diretrizes estratégicas — Longo prazo — Visão forte do ambiente externo.

Fases do Planejamento Estratégico:


— Definição do negócio, missão, visão e valores organizacionais;
— Diagnóstico estratégico (análise interna e externa);
— Formulação da estratégia;
— Implantação;
— Controle.

• Planejamento tático ou intermediário


Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o operacional, de média complexidade e compõe uma abrangência depar-
tamental, focada em médio prazo.
— Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
— Determina objetivos específicos de cada unidade ou departamento;
— Médio prazo.

• Planejamento operacional ou chão de fábrica


Baixa complexidade, uma vez que falamos de somente uma única tarefa, focado no curto ou curtíssimo prazo. Planejamento mais
diário, tarefa a tarefa de cada dia para o alcance dos objetivos. Desdobramento minucioso do Planejamento Estratégico.
— Observa o Planejamento Estratégico e Tático;
— Determina ações específicas necessárias para cada atividade ou tarefa importante;
— Seus objetivos são bem detalhados e específicos.

189
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Negócio, Missão, Visão e Valores


Negócio, Visão, Missão e Valores fazem parte do Referencial estratégico: A definição da identidade a organização.
— Negócio = O que é a organização e qual o seu campo de atuação. Atividade efetiva. Aspecto mais objetivo.
— Missão = Razão de ser da organização. Função maior. A Missão contempla o Negócio, é através do Negócio que a organização alcança a
sua Missão. Aspecto mais subjetivo. Missão é a função do presente.
— Visão = Qual objetivo e a visão de futuro. Define o “grande plano”, onde a organização quer chegar e como se vê no futuro, no
destino desejado. Direção mais geral. Visão é a função do futuro.
— Valores = Crenças, Princípios da organização. Atitudes básicas que sem elas, não há negócio, não há convivência. Tutoriza a escolha
das estratégias da organização.

• Análise SWOT
Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.
Ou FFOA
Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.

É a principal ferramenta para perceber qual estratégia a organização deve ter.


É a análise que prescreve um comportamento a partir do cruzamento de 4 variáveis, sendo 2 do ambiente interno e 2 do ambiente
externo. Tem por intenção perceber a posição da organização em relação às suas ameaças e oportunidades, perceber quais são as forças
e as fraquezas organizacionais, para que a partir disso, a organização possa estabelecer posicionamento no mercado, sendo elas: Posição
de Sobrevivência, de Manutenção, de Crescimento ou Desenvolvimento. Em que para cada uma das posições a organização terá uma
estratégia definida.
Ambiente Interno: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela tem o poder de controle. Pontos Fortes: Elementos que
influenciam positivamente. Pontos Fracos: Elementos que influenciam negativamente.
Ambiente Externo: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela NÃO tem o poder de controle. Oportunidades: Elementos
que influenciam positivamente. Ameaças: Elementos que influenciam negativamente.

• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência
Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.
Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impacto.
Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.

PROBLEMA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA TOTAL


X 1 3 3 7
Y 3 2 1 6

• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada uma
delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.
5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem fará?
2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?
Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.

WHAT WHY WHERE WHEN WHO HOW HOW MUCH


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Central autorizadas

• Análise competitiva e estratégias genéricas


Gestão Estratégica: “É um processo que consiste no conjunto de decisões e ações que visam proporcionar uma adequação competiti-
vamente superior entre a organização e seu ambiente, de forma a permitir que a organização alcance seus objetivos”.

190
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Michael Porter, Economista e professor norte-americano, nas- Vantagens: Ganho na posição de barganha (negociação) com
cido em 1947, propõe o segundo grande essencial conceito para a seus fornecedores e Aumento do custo de entrada dos potenciais
compreensão da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias concorrentes em um mercado = barreira de entrada.
competitivas genéricas”.
Porter apresenta a estratégia competitiva como sendo sinôni- • Administração por objetivos
mo de decisões, onde devem acontecer ações ofensivas ou defensi- A Administração por objetivos (APO) foi criada por Peter Du-
vas com finalidade de criar uma posição que possibilite se defender cker que se trata do esforço administrativo que vem de baixo para
no mercado, para conseguir lidar com as cinco forças competitivas cima, para fazer com que as organizações possam ser geridas atra-
e com isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento. vés dos objetivos.
Observa ainda, que há distintas maneiras de posicionar-se es- Trata-se do envolvimento de todos os membros organizacio-
trategicamente, diversificando de acordo com o setor de atuação, nais no processo de definição dos objetivos. Parte da premissa de
capacidade e características da Organização. No entanto, Porter de- que se os colaboradores absorverem a ideia e negociarem os obje-
senha que há três grandes pilares estratégicos que atuarão direta- tivos, estarão mais dispostos e comprometidos com o atingimento
mente no âmbito da criação da vantagem competitiva. dos mesmos.
As 3 Estratégias genéricas de Porter são: Fases: Especificação dos objetivos – Desenvolvimento de pla-
1. Estratégia de Diferenciação: Aumentar o valor – valor é a per- nos de ação – Monitoramento do processo – Avaliação dos resul-
cepção que você tem em relação a determinado produto. Exemplo: tados.
Existem determinadas marcas que se posicionam no mercado com
este alto valor agregado. • Balanced scorecard
2. Estratégia de Liderança em custos: Baixar o preço – preço é Percepção de Kaplan e Norton de que existem bens que são
quanto custo, ser o produto mais barato no mercado. Quanto vai intangíveis e que também precisam ser medidos. É necessário apre-
custar na etiqueta. sentar mais do que dados financeiros, porém, o financeiro ainda faz
3. Estratégia de Foco ou Enfoque: Significa perceber todo o parte do Balanced scorecard.
mercado e selecionar uma fatia dele para atuar especificamente. Ativos tangíveis são importantes, porém ativos intangíveis me-
recem atenção e podem ser ponto de diferenciação de uma organi-
• As 5 forças Estratégicas zação para a outra.
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma Por fim, é a criação de um modelo que complementa os dados
análise em relação a determinado mercado, levando em conside- financeiros do passado com indicadores que buscam medir os fato-
ração 5 elementos, que vão descrever como aquele mercado fun- res que levarão a organização a ter sucesso no futuro.
ciona.
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensi- • Processo decisório
dade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força ten- É o processo de escolha do caminho mais adequado à organiza-
ciona as demais forças. ção em determinada circunstância.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tec- Uma organização precisa estar capacitada a otimizar recursos e
nologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado atividades, assim como criar um modelo competitivo que a possibi-
oferece. lite superar os rivais. Julgando que o mercado é dinâmico e vive em
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organi- constante mudança, onde as ideias emergem devido às pressões.
zações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito. Para que um negócio ganhe a vantagem competitiva é neces-
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial sário que ele alcance um desempenho superior. Para tanto, a or-
das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder de ganização deve estabelecer uma estratégia adequada, tomando as
negociar preços e condições. decisões certas.
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos
clientes, poder de negociar preços e condições. — Organização

• Redes e alianças • Estrutura organizacional


Formações que as demais organizações fazem para que tenham A estrutura organizacional na administração é classificada
uma espécie de fortalecimento estratégico em conjunto. A forma- como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades,
ção de redes e alianças estratégicas de modo a poder compartilhar sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma
recursos e competências, além de reduzir seus custos. organização ou empresa.
Redes possibilitam um fortalecimento estratégico da organi- É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
zação diante de seus concorrentes, sem aumento significativo de vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
custos. Permite que a organização dê saltos maiores do que seriam alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
capazes sozinhas, ou que demorariam mais tempo para alcançar in- pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
dividualmente. qualquer transformação.
Tipos: Joint ventures – Contratos de fornecimento de longo Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
prazo – Investimentos acionários minoritário – Contratos de forne- e estrutura formal, a estrutura informal é instável e mais flexível
cimento de insumos/ serviços – Pesquisas e desenvolvimento em e não está sujeita a um controle tão rígido, enquanto a estrutura
conjunto – Funções e aquisições. formal é estável e está sujeita a controle.

191
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Tipos de departamentalização Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or-


É uma forma de sistematização da estrutura organizacional, ganização, dificultando a coordenação entre eles.
visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa. • Departamentalização geográfica: Ou departamentalização
Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te- territorial, trata-se de critério de departamentalização em que a
nham esse ponto em comum. empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do mun-
Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos do, alocando recursos, esforços e produtos conforme a demanda
de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis da região.
de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de- Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen-
relação com a divisão e variedade de tarefas. te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justificarão que
cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a
• Departamentalização funcional ou por funções: É a forma cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional,
mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan- poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de
do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará
e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru- estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel-
financeira, marketing, pessoal, dentre outras. mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial
Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a geográfica com os objetivos gerais da empresa.
cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi-
cada para ambientes estáveis. • Departamentalização por projetos: Os departamentos são
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa- criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno das
todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró- construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter grande
prios objetivos e problemas. autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos objetivos de
cada projeto.
• Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto e
ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organização proporciona melhores resultados.
possui. Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêne- Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como
as entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas
roupas): departamento masculino, departamento feminino, depar- (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua
tamento infantil. continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às deman- alocados se findar.
das específicas de cada nicho de clientes.
Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos • Departamentalização matricial
globais da organização e multiplicação de funções semelhantes Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu-
nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos.
diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res-
cliente. ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal.
Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada:
• Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga- • Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade;
nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo • Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ- • Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os
tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga- gerentes de projeto e funcional.
nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização
equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo
melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan- de estrutura organizacional.
do a eficiência e ganhos em produtividade.
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono-
• Departamentalização por produtos: A organização se estru- mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra-
tura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou serviços. tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os
Justificando-se quando a organização possui uma gama muito va- empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões
riada de produtos que utilizem tecnologias bem diversas entre si, e dificuldade de coordenação.
ou mesmo que tenham especificidades na forma de escoamento da
produção ou na prestação de cada serviço.
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en-
volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi-
litando maior inovação na produção.

192
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Organização formal e informal • Motivação


Organização formal trata-se de uma organização onde duas ou “Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e mo-
mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com um tivos que são responsáveis pela direção, intensidade e persistência
relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela alta ad- do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que des-
ministração e tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir. perta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos. Algo
O principal objetivo da organização é atingir as metas estabeleci- acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível
das. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa.
base em suas capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do
de comando com uma hierarquia organizacional e as autoridades próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio.
são delegadas para fazer o trabalho. Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sem-
Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação pre uma resposta interna aos estímulos.
lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois
membros é apenas por meio de canais planejados.

Tipos de estruturas de organização formal:


— Organização de Linha
— Organização de linha e equipe
— Organização funcional
— Organização de Gerenciamento de Projetos
— Organização Matricial

Organização informal refere-se a uma estrutura social interliga-


da que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É pos-
sível formar organizações informais dentro das organizações. Além
disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e
amizade entre os membros devido ao relacionamento interpessoal
que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações go-
vernam o relacionamento entre os membros, ao contrário da orga-
nização formal.
Embora os membros de uma organização informal tenham res-
ponsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com
seus próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso,
as decisões são tomadas por todos os membros de forma coleti-
va. A unidade é a melhor característica de uma organização infor-
mal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem Liderança
regras e regulamentos rígidos dentro das organizações informais; Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto
regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis ​​às mudanças. ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados. – influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não
Existem muitas organizações informais dentro de organizações for- fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para
mais, portanto, eles são mutuamente exclusivos. influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo em
uma dada situação.
• Cultura organizacional — Liderança precisa de pessoas.
A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, — Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude
comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas in- de comportamento.
ternas e externas da organização. — Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via
informal.
— Direção — Situação: em determinadas situações a liderança pode apa-
Direção essencialmente como uma função humana, apêndice recer.
de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços para que
os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela or- Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por
ganização. algum aspecto) – Liderança – Poder.
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacida- A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde
de de sobrevivência (gatilhos da motivação) essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal.
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém
fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que
este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alistamento militar
para homens.

193
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

— Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao car- — Controle


go e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já poderes Segundo Djalma de Oliveira:
informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do “Controle é uma função do processo administrativo que, me-
cargo que o indivíduo ocupe. diante a comparação com padrões previamente estabelecidos, pro-
— Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém cura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a
tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de con- finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que
duzir ações. possam corrigir ou reforçar esse desempenho ou interferir em fun-
— Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações ções do processo administrativo, para assegurar que os resultados
baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes for- satisfaçam aos desafios e aos objetivos estabelecidos. ”
mais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue Segundo Robbins e Coulter:
liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente “O processo de monitorar as atividades de forma a assegurar
do cargo que ocupe. que elas estejam sendo realizadas conforme o planejado e corrigir
quaisquer desvios significativos. ”
Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança é o que Segundo Maximiano:
consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes for- “Consiste em fazer comparação e tomar a decisão de confirmar
mais e informais. ou modificar os objetivos e os recursos empregados em sua reali-
zação. ”
• Tipos de Liderança
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incenti- No processo administrativo o controle aparece como a etapa
vos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e final, porém, o controle acontece durante todas as fases do proces-
liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si. so, é contínua.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Ins-
pira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima • Objetivo
da transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de — Identificar os problemas, falhas, erros e desvios.
agentes de mudança e inovação. — Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos dos
resultados esperados.
• Comunicação — Fazer com que a organização trabalhe de forma mais ade-
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é ne- quada.
cessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo — Proporcionar informações gerenciais periódicas.
dentro da organização. A organização que possui uma boa comuni- — Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback).
cação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente
gera melhores resultados. • Características
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o - Monitorar e avaliar ações.
êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarreta- - Verificar desvios (positivos e negativos)
rá um grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificul- - Promover mudanças (correção e aprimoramento)
tando a organização de atingir seus objetivos.
Através da comunicação a organização, bem como sua lideran- • Tipos, vantagens e desvantagens.
ça, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais — Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva prevenir,
efetiva. evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles aconteçam.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví- — Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a execução
duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as margens
resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a de erro de produção. Avaliação, monitoramento.
organização competitiva no mercado. — Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do
processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.
• Descentralização e delegação
Centralização ocorre quando uma organização decide que a • Sistema de medição de desempenho organizacional
maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos car- Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de
gos no topo somente. Descentralização ocorre quando o contrário medição de desempenho, onde pode-se:
acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está — Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e desem-
dispersa pela empresa, na base, através dos diversos setores. penho esperado.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e res- — Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informação,
ponsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierár- andar simultaneamente ao processo. Determinar o que medir,
quicos inferiores. como medir e quando medir.
— Comparação com o padrão: análise dos resultados reais em
comparação com o objetivo previamente estabelecido.
— Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a orga-
nização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar
nada. Corrigir desempenho. Alterar padrões.

194
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Técnicas de análise e solução de problemas


PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.
O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir- método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou
rada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar melhoria de padrões. É uma metodologia para se manter e contro-
decisões sempre que estamos diante de um problema que apresen- lar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou
ta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos seja, deve ser dominada por todas as partes envolvidas dentro de
uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de uma organização.
adotar ou não essa opção. Esse método apresenta duas grandes vantagens:
O processo de escolher o caminho mais adequado para a em- • permite a solução de problemas de modo eficaz;
presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada • permite que os indivíduos de uma organização se capacitem
de decisão. de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsa-
Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas bilidade.
de decisão:
• minimizar perdas; O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e
• maximizar ganhos; e subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise
• alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor de suas causas, determinação e planejamento de um conjunto de
julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solu-
organização e o estado em que irá se encontrar depois de imple- ção e realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e
mentada a decisão. da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há
Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela
de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar to- que maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos.
das as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visan- Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode
do escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se obter o maior benefício para o menor esforço, o que pode ser defi-
decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse nido como decisão ótima (BAZERMAN).
contexto de competitividade tão agressiva. A construção do MASP como método destinado a solucionar
O que significa decidir problemas dentro das organizações passou pela idealização de um
• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias in-
conjunto de alternativas.”(Caravantes) ter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenôme-
uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de nos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral). Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz,
é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o esta- ele procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com
do desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação al- menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como ca-
ternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema racterística a racionalidade utilizando lógica e dados.
e sobre a necessidade de uma decisão depende da percepção da
pessoa.” (Robbins). O MASP é formado por oito etapas:
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva
a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões se-
jam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégi-
cas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas
pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões
gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões
que permite à organização resolver problemas, aproveitar oportu-
nidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)

Administrar é, em última análise, tomar decisões.


Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e
eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utiliza-
da? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos fi-
nanceiros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada?
Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas duran-
te a gestão de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer
escolhas, é preciso decidir!

195
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O processo de tomada de decisões responsabilidade, pois quem toma uma decisão deve aceitar a res-
A necessidade de tomar decisões rapidamente em um mun- ponsabilidade das consequências. Se não compartilhamos a toma-
do cada vez mais complexo e em contínua transformação, pode ser da de decisões, não é justo dividir a responsabilidade
desconcertante, pela impossibilidade de assimilar toda a informa-
ção necessária para adotar a decisão mais adequada. O importante 1. Identificação do problema
é adotar um enfoque proativo de tomada de decisões, ou seja, de- A identificação do problema é a primeira etapa do processo de
vemos tomar decisões sem esperar que os outros o façam por nós, melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e
ou mesmo sem esperar a nos ver forçados a fazê-lo. criteriosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o
Resumidamente, tudo isso nos leva a pensar que tomar deci- tempo necessário à obtenção do resultado.
sões supõe um processo mental que considera os seguintes passos A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades:
(CASSARRO, 2003, p. 67-72): (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades,
• identificação do problema: temos que reconhecer quando concentrando o esforço para a obtenção do maior resultado pos-
estamos ante um problema para buscar alternativas a ele. Nesse sível; e
primeiro escalão, temos que perguntar: o que decidir? (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um proble-
• análise do problema: nesse passo, devemos identificar as ma que mereça ser resolvido.
causas do problema e suas consequências e recolher a máxima in-
formação sobre ele. Nessa ocasião, a questão a resolver é identifi- O que é um problema?
car as opções possíveis; Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas,
• avaliação ou estudo de opções/alternativas: aqui temos que de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos pro-
nos preocupar em identificar as possíveis soluções ao problema ou pomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa,
tema, assim como suas prováveis consequências; necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo.
• seleção da melhor opção: uma vez analisadas todas as op- Exemplo:
ções, devemos escolher a que nos parece mais conveniente e ade- – Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objeti-
quada; vos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los.
• colocar em prática as medidas tomadas: uma vez tomada a Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes
decisão, devemos levá-la à prática e observar sua evolução; e componentes:
• avaliação dos resultados: nessa última fase temos que consi- • um objetivo a ser alcançado;
derar se o problema foi resolvido conforme o previsto, analisando • um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e
os resultados para conseguir o objetivo pretendido. • a situação inicial do problema.

Segundo Cassarro (2003, p. 75-81), uma vez vistos os passos Outro exemplo:
distintos e elementos que temos que considerar no processo de Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal
tomada de decisões, relacionamos as possíveis falhas ou erros em a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Ad-
que se pode incorrer na forma de tomar decisões, como: mite-se a ocorrência de um problema apenas quando for consta-
• não realizar um bom estudo da situação. Falta de informação tado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10
(falta de dados); parafusos defeituosos por milhão produzido.
• falta de decisão porque não se tem a informação completa; Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indese-
• resolver os sintomas em vez das causas; jável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um
• demora nas decisões por temer o equívoco. Extrema meti- desempenho anterior aceitável.
culosidade; Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma si-
• mudança constante de prioridades, indefinição. Falta de ob- tuação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um
jetivos; conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher
• decisões extremamente rápidas, quase compulsivas, para uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser
acabar quanto antes com o problema; caracterizados por:
• considerar só a primeira alternativa de que se dispõe; (a) diferença entre situação real e ideal;
• decidir entre as alternativas por intuição sem elaborar crité- (b) situação adversa;
rios; (c) missões e objetivos;
• acomodar-se aos critérios tradicionais ou convencionais na (d) situação que oferece escolhas;
tomada de decisões; (e) obstáculos ao tentar atingir metas; e
• pretender resolver um excessivo número de problemas e to- (f) desvios do comportamento esperado.
mar, simultaneamente, muitas decisões; e
• falta de antecipação de riscos. Falta de previsão. Passos da Etapa 1 –
Identificação do problema
Todo o processo de tomada de decisões deve assumir riscos, - Identificação dos problemas mais comuns
porque qualquer decisão, embora planejada cuidadosamente, im- - Levantamento do histórico dos problemas
plica um risco em si. - Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis
Acrescenta-se, também, a necessidade de renúncia, isto é, ao - Escolha do problema
mesmo tempo que se opta por uma alternativa (decisão), renuncia- - Formar a equipe e definir responsabilidades
-se aos benefícios potenciais de outras opções e, finalmente, com - Definir o problema e a meta

196
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

2. Observação Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto


A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con- é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca- MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon- condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
tos de vista.
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- 5. Ação
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen-
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa
com uma investigação criminal observando que “os detetives com- do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução,
parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
equipe que buscam a solução para um problema. com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
ção foi feita de forma correta e conforme planejado.
3. Análise
A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as
Passos da Etapa 5 –
principais causas do problema. Se não identificamos claramente as
causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias Ação
tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor- - Divulgação e alinhamento
tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se - Execução das ações
compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e - Acompanhamento das ações
o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica-
ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste 6. Verificação
da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da- Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA
dos que deem ao processo um caráter objetivo. e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão (problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e
ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão, negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações
assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item de melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as
“quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoesti-
que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o ma, crescimento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que
que se está perdendo e o que é possível ganhar. a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI).
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado
qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a resolvido até que as ações estejam completamente implantadas,
organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível. ela esteja sob controle e apresente uma melhoria em performan-
Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrências ce”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução
de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a imagem implantada são essenciais por um período de tempo para que haja
da organização, provocados pela perda de credibilidade em decor- confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este pon-
rência de algum defeito existente em um determinado produto? to ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos nu-
méricos, comparados com os valores definidos e analisados usando
Passos da Etapa 3 – ferramentas da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram
Análise ou não atingidas.
- Levantamento das variáveis que influenciam no problema
- Escolha das causas mais prováveis (hipóteses)
Passos da Etapa 6 –
- Coleta de dados nos processos
- Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses
- Teste de consistência da causa fundamental Verificação
- Foi descoberta a causa fundamental? - Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Listar efeitos colaterais não previstos.
4. Plano de Ação - Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do pla-
Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden- no de ação)
tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, as
formas de eliminá-las devem então ser encontradas Para Hosotani 7. Padronização
esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as verda- Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham
deiras causas do problema identificadas pela análise e então trans- sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela po-
formar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do dem ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo
processo em que o problema se apresenta, é possível que possa com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro,
existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retor-
causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem nar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o
evitar que o problema se repita novamente.
Passos da Etapa 4:
Plano de ação
- Definir estratégia de ação.
- Elaborar plano de ação.

197
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

problema provavelmente acontecerá novamente quando novas pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem com o
trabalho. A preocupação neste momento é, portanto, a reincidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da ação huma-
na. A padronização não se faz apenas por meio de documentos.

Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui a edu-
cação e o treinamento.

Passos da Etapa 7 –

Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão

8. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo o pro-
cesso de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendizado, aplicar
a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.

Passos da Etapa 8 –
Conclusão
- Identificação dos problemas remanescentes
- Planejamento das ações antirreincidência
- Balanço do aprendizado
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.
O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da Qua-
lidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes e ramos.

FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

198
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma-
envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu- mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos,
midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução
disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilida- podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci-
de do tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc. sões são sempre semelhantes.
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo,
ser tomada: o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base
nas experiências anteriores por que passou.
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante.
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio-
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
da pirâmide hierárquica.
CERTEZA RISCO INCERTEZA Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca-
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois
Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fato- todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência.
res que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre e rotineiras.
custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restrito- Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
res, temos estudos de viabilidade das alternativas etc. da pirâmide hierárquica.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocor-
rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de As decisões não programadas ou não estruturadas são neces-
acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. sárias em situações em que as decisões programadas não conse-
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca guem resolver.
ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência Quando nos referimos a decisões não programadas nos referi-
de cada evento futuro. mos àquelas que resultam de problemas que não são bem compre-
endidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares e
Tipos de decisões não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alter- São situações inesperadas, que a organização está enfrentando
nativas ou possibilidades. pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução,
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de pro- cada uma com suas vantagens e desvantagens.
blemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag-
aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada
estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional. de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi-
nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influenciar râmide hierárquica.
estratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determi- Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio-
nada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas. nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoian- que não existem soluções rotineiras.
do em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente
assertiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam
diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir. tomar decisões não programadas durante o curso de definição de
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias.
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos-
rente para se alcançar as soluções adequadas. sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com- que as metodologias de solução de problemas passados podem não
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques- ser aplicáveis no caso em questão.
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
colocada em prática. tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
principais: as programadas e as não programadas. sua tomada de decisão.

199
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em • decisão em condições de incerteza ou em condições de igno-
que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais rância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados so-
amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com bre as circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela
o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos- dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer
suem consequências de longo prazo. à intuição e à criatividade.
As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis • decisão em condições de competição ou em condições de
das unidades organizacionais ou departamentos. conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo
Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no de tomada de decisão são determinadas pela ação de competido-
dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida- res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever
de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de que não haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa
tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia, decisão como uma decisão programada.
referente a quem é o tomador de decisões:
Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E GESTÃO DE
alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma ORGANIZAÇÕES E DE PESSOAS.
rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
vezes, são decisões de cunho estritamente técnico. Administração de recursos humanos
Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características Finalidades da gestão de pessoas
marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso. Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos
Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul- (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir
ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta. os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou
Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento,
recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões
aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu- integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia
me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor- dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus
mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para objetivos são:
decidir da melhor maneira possível”. • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
missão;
Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da deci- • Proporcionar competitividade à organização;
são o item de: Certeza, risco e incerteza - Podemos chamar de incer- • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
teza aquela situação que, muitas vezes, se configura por existirem bem motivados;
informações insuficientes e dúbias para os tomadores de decisão. • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
Isso certamente inviabiliza a clareza das alternativas e traz consigo no trabalho;
riscos inerentes, fazendo com que a decisão tomada se torne mais • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
difícil de ser operacionalizada. • Administrar a mudança;
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser neces- • Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
sário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mãos ponsável.
informações de qualidade, o gestor precisa possuir também um co-
nhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo Durante muito tempo as organizações consideraram o capital
seus concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu-
são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse gru- almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga-
po é composto especialmente pelas organizações de grande porte. nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento
É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de
a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e
possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e não
competitiva em relação às concorrentes. pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005).
• decisão em condições de certeza – ocorre quando há total co- No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia
nhecimento de todos os estados da natureza do processo decisório. e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente
nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado pelas
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução desde
ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão. o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da década de
• decisão em condições de risco – ocorre quando não são co- 1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento Pessoal), o
nhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da aparecimento de estratégias funcionais (década de 80), a proposta
natureza do processo decisório. de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos anos iniciais
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em da década de 90) até a visão atual, de busca de alinhamento da área
condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob con- aos resultados estratégicos. Essas mudanças na área de RH espelha-
dições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição ram-se nas mudanças do mercado de trabalho e das rupturas veri-
ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de
alternativas ou resultados.

200
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

ficadas no pensamento relacionado às estratégias de negócios, no- III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização
tadamente na discussão que se fez relacionada à competitividade e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana-
e ao desenvolvimento de competências essenciais para o negócio. líticas;
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências
ANTES AGORA para desenvolver o nível de tecnologia da informação;
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento
• operacional • estratégica de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto
• foco no curto prazo • foco no longo prazo desempenho;
• papel administrativo • papel consultivo VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar
• ênfase na função • ênfase no “negócio” oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo
• foco no público interno • foco públicos prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras
• reativa/solucionadora interno e externo palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges-
de problemas • proativa e preventiva tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não
ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros
• foco no processo e atividades • foco nos resultados
altos gestores e não atuam como tal.
Figura – Síntese das mudanças na função de RH
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar de
um modelo mais transacional para atuarem como parceiros estra-
Fonte: Helena Tonet
tégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos Hu-
manos é essencial para que uma empresa se expanda globalmente.
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções
Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contribuído para a
clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda,
emergência de mercados e competidores, crescentes pressões de
as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura,
acionistas e desafios crescentes em relação a custos, tempo de de-
das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos
senvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As organizações
empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos.
precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao propósito da
A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração,
organização, de modo que as mesmas dêem suporte à estratégia do
provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração
negócio (ASHTON et al., 2004).
e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre-
A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos
gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as
apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se
demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão,
para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere
estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças
cinco ações para que RH crie valor para a organização:
no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas que
I. Entender o mundo externo;
podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da em-
II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes, in-
presa. Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área,
vestidores e gerentes de linha);
dependendo das exigências da organização para um determinado
III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance,
momento.17
informação e trabalho);
Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capa-
IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de re-
cidades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar
cursos humanos;
as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir os
V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por
serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos os em-
meio de suas atuações e competências.
pregados possam ter acesso aos canais internos ou externos a eles
relacionados. Em segundo lugar, estabelecer serviços de consultoria
Estas ações nada mais são do que parte das competências de
de gestão de RH que funcionem como parceiros para executivos,
qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling (2008)
unidades de negócio e gestores de linha; esse tipo de consultoria
defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente estratégi-
deve estar ligado às necessidades específicas de cada área, ofere-
ca e realizar mudanças profundas e significativas no modo de ope-
cendo serviços ligados às competências essenciais da área e aos
rar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos; definir,
aspectos de diferenciação que sejam chave para o negócio. Em ter-
remanejar e treinar suas competências, e adequar os sistemas de
ceiro lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços estratégicos
RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de Pessoas con-
para a direção da organização. Esta terceira opção é vista pelos au-
tribui com o dinamismo, a agilidade e a competitividade próprias
tores como o futuro da área e envolve significativas mudanças, que
das organizações de sucesso.
devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas condições de
A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da em-
custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ashton et al. (2004)
presa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do
propõem seis características para que a área de RH seja estratégica:
ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as
I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do
pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos
negócio em si;
elementos constituintes da cultura que é possível compreender os
II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinha-
mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas que
das aos objetivos do negócio;
executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores críti-
cos de sucesso:
17. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; Mauro I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec-
Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da área tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições
de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUISA – v.9 – n.2 – 2006. de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten-

201
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

da às pressões internas e externas da organização. As lideranças As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham
devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abran-
pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos gência às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior
entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima,
resolução dos conflitos surgidos. 2000). Deve-se atentar para:
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos
II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas pro-
atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de dutivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas
adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado- (Resende e Takeshima, 2000)
res e empresa. b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os pro-
III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do jetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da
grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de
tarefas executadas. recursos humano(Resende e Takeshima, 2000).
IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os
colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se:
analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo • Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárqui-
cos, estruturas em rede;
que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o
V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas au- compromisso de agregar valor;
to-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes. • Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das pes-
Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária para soas e orientando resultados;
gerir seus próprios recursos de forma otimizada. • Necessidade da organização aprender continuamente (lear-
Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada ning organization).
pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua
responsabilidade. A área de recursos humanos atua então como ór- As tendências relacionadas à estrutura de RH são:
gão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências do • formações diversas – predomínio administração e psicologia
mercado e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim, os – também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio.
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empresa
profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios internos,
– maior exigência de competências conceituais e interpessoais
buscando sempre novos patamares de desempenho através da apli- • por projetos – redução de funções
cação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007). • com poucas pessoas
• atuação em comissões internas
A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005), ba- • comitês suprassistema
seia-se em três aspectos:
I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem conhe- Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de
cimentos, competências, com uma história pessoal que os torna pessoas identifica:
únicos, diferentes entre si e não como recursos necessitando que • foco nas lideranças
alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das or- • ênfase no trabalho em equipe
• exigência de multiqualificação
ganizações;
• rodízio na execução de tarefas
II – tratar como talentos que impulsionam a organização, do- • interesse relaçãopessoal/profissional
tando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar competi- • ênfase em pesquisa
tiva; • aprendizagem de ferramentas
III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga- • treinamento à distância
nização através de seus esforços, dedicação, comprometimento, • formação in company
responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste investi- • gestão do conhecimento
mento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração, • compartilhamento de conhecimento
reconhecimento, dentre outros. • T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de
negócio
• aprendizado × performance: maior foco no aumento de per-
Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe-
formance
recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos • e-learning × presencial: o crescimento dos programas blen-
empregados. A função de administrar Recursos Humanos é das li- ded
deranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função dos • liderança e coaching: transformação dos modelos de lideran-
profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferramentas e ça
práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte • diversidade: inserção e valorização das diferenças
e apoiar as lideranças na fixação das estratégias, na implementa- • saberes mais demandados:
ção dos processos de mudança organizacional, e nos processos de • técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, nor-
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas; estimular o autode- mas, tecnologia, know-how
senvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização • conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer
relações, know-why
transparente.
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer
relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar
emoções, perceber perfis
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas
organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas

202
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4 objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos capazes de
atender aos desejos e expectativas da empresa; b) manutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das pessoas; d) folha
de pagamento, admissão, demissão.18
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma
área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização dos
objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a gestão
dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo de gestão de
pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial e situacional por ser dependente da cultura da organização, da estrutura
organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada, entre outros fatores.
Seus objetivos são:
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;
• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e bem motivados;
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados no trabalho;
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
•Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável.

As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do Estado e
surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração na administração de
empresas privadas, e porque visa dar ao administrador público profissional condições efetivas de gerenciar (BRESSER-PEREIRA, 1998). As
mudanças na Administração pública se refletem na Administração de Recursos Humanos (ARH), especialmente no estilo de lidar com as
pessoas.

Diferenças de Administração de Recursos Humanos

Estilo Tradicional Estilo Flexível


• Paradigma burocrático-mecanicista – ênfase nas tarefas e na • Preocupação desloca-se da estrutura organizacional
estrutura e visão da organização percebida como “máquina”. para os processos e a dinâmica organizacional.
• Estilo de administração rígido e autocrático, • Estilo aberto, flexível e participativo, que dá
baseado em padrões inflexíveis. oportunidades de crescimento individual.
• As pessoas são preguiçosas por natureza e só • Descentralização e participação nas decisões
são motivadas por recompensas materiais. e delegação de responsabilidades
• Paradigma burocrático-mecanicista - ênfase nas tarefas e na
• Enriquecimento do cargo, substituindo a especialização
estrutura e visão da organização percebida como “máquina”.
estrita pela ampliação de tarefas e responsabilidades.
• Estilo de administração rígido e autocrático,
• O ser humano não tem desprazer inerente em trabalhar,
baseado em padrões inflexíveis.
nem uma natureza intrínseca de passividade e resistência.
• As pessoas são preguiçosas por natureza e só
• As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento
são motivadas por recompensas materiais.
e capacidade de assumir responsabilidades.
• As pessoas não querem responsabilidades e
Falta de ambição, fuga à responsabilidade e
preferem ser dirigidas e dependentes.
preocupação excessiva com segurança são, muitas
• Por sua natureza intrínseca, o ser
vezes, conseqüências de experiências negativas.
humano é resistente à mudança.
• Para que as potencialidades intelectuais não fiquem
As atividades devem ser padronizadas e as pessoas
subutilizadas, deve ser estimulada a criatividade
devem ser persuadidas, controladas, recompensadas
para a solução de problemas organizacionais.
e coagidas para cumprir seu papel.
• As pessoas podem atingir objetivos pessoais ao mesmo
• A remuneração é vista como meio de recompensa, uma
tempo que perseguem os objetivos organizacionais.
vez que o homem é motivado por incentivos econômicos

Fonte: Marcilio de Medeiros Brito, 2008.

18. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recursos Humanos (2007). Obtido em http://www.ogerente.com.br/novo/artigos_sug_ler.
php?canal=16&canallocal=48&canalsub2=154&id=453

203
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Outra distinção é tratar as pessoas como recursos ou como parceiros.

Tratar pessoas Tratar pessoas


como recursos como parceiros
– As pessoas são fornecedoras de conheci-
mentos, competências, habilidades e inteligência.
Constituem o capital intelectual da organização.
– Nesta concepção, as pessoas são vistas como seres
– As pessoas são vistas como recursos de produção, humanos, dotadas de personalidade, possuem uma história
ao lado dos recursos financeiros e materiais. de vida particular, são diferentes e singulares e possuem
– Como recursos, elas precisam ser administradas, o que necessidades que motivam seu comportamento.
envolve planejamento, organização, direção e controle de suas – São elementos impulsionadores e dinamizadores
atividades, já que são sujeitos passivos da ação organizacional. da organização e capazes de dotá-la de inteligência,
talento e aprendizados indispensáveis à sua constante
renovação e adequação a um mundo em mudanças.
– Deve haver reciprocidade entre expec-
tativas pessoais e organizacionais

Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3 momentos de atuação:


1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão, anota-
ções cadastrais, controle de frequência, aplicação de penalidades, férias etc.
2º Momento: departamento de recursos humanos, responsável pelas funções clássicas de RH.
3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto mais complexo de funções, assumindo papel estratégico.

Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que lidam
cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido, o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados de gestão
de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e consultoria às demais áreas:
• Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos comis-
sionados.
• Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificuldade de
implementar programa de avaliação e mensuração de desempenho.
• Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os bons funcionários.
• Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e descontinuida-
de administrativa prejudicam desenvolvimento consistente e contínuo das pessoas, com foco em competências.
• Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG): ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância de
informações que subsidiem o planejamento e a tomada de decisão.

Gestão por competências


O Conceito de competência vai além do conceito de qualificação como um saber acumulado, classificado e certificado pelo sistema
educacional. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades, agregando valor à organização e
aos indivíduos. Segundo Dutra (2004), as pessoas concretizaram as competências organizacionais, ao colocarem em pratica o “patrimônio
de conhecimentos da organização validando ou implementando modificações para aprimorá-lo”.
“COMPETÊNCIA É UM SABER AGIR RESPONSÁVEL E RECONHECIDO, QUE IMPLICA EM MOBILIZAR, INTEGRAR, TRANSFERIR CONHECI-
MENTOS, RECURSOS, HABILIDADES E ATITUDES QUE AGREGUEM VALOR ECONÔMICO À ORGANIZAÇÃO E VALOR SOCIAL AO INDIVÍDUO.”(-
Fleury, 2002)
“COMPETÊNCIAS HUMANAS SÃO ENTENDIDAS COMO COMBINAÇÕES SINÉRGICAS DE CONHECIMENTOS, HABILIDADES E ATITUDES,
EXPRESSAS PELO DESEMPENHO PROFISSIONAL, DENTRO DE DETERMINADO CONTEXTO OU ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL.” (CARBONE E
COLABORADORES, 2005).

Exemplos de algumas Competências:


Orientação para resultados: age para melhorar a performance, com maior agilidade e qualidade. Compete contra padrões de desem-
penho, buscando sempre mais. Busca Inovações.
Iniciativa: assume fazer mais do que é esperado ou solicitado; age antes de ser solicitado (antecipa-se aos problemas); cria novas
oportunidades.
Construção de relacionamentos: constrói e mantém contatos dentro e fora da organização, trazendo conhecimentos. Articula relacio-
namentos voltados para o alcance de objetivos.

204
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Flexibilidade: pensa por diferentes estratégias e por diferentes O levantamento do perfil de competências deverá ser realiza-
padrões de raciocínio. Considera diferentes pontos de vista. Aceita do com o gestor da área e de gestores de áreas afins da organiza-
mudança com naturalidade. ção; através de entrevista e observação de profissionais considera-
Pensamento Estratégico: Habilidade em analisar a posição dos com melhor desempenho, indicado pelo requisitante da vaga.
competitiva, tendências de mercado, clientes potenciais, novas tec- Exemplos de perguntas para identificar as competências (Rabaglio,
nologias, visão a médio/longo prazo, análise da concorrência. 2005):
Foco no Cliente: Identifica o que os clientes precisame valori- • Defina os conhecimentos, atitudes e habilidades para realiza-
zam. Prevê e antecipa-se a atender as necessidades com agilidade e ção do trabalho;
com qualidade visando lucro econômico. • O que torna um candidato perfeito para este cargo?
• SER FLEXÍVEL E NÃO ESPECIALISTA DEMAIS • O que torna um candidato inadequado para este cargo?
• TER MAIS INOVAÇÃO DO QUE INFORMAÇÃO • Desafios que este cargo apresenta e as habilidades que o can-
• ESTUDAR DURANTE TODA A VIDA didato deverá demonstrar para enfrentar e superar estes desafios.
• ADQUIRIR HABILIDADES SOCIAIS E CAPACIDADE DE EX- • Resultados esperados para o desenvolvimento desta posição
PRESSÃO na organização.
• ASSUMIR RESPONSABILIDADES
• SER EMPREENDEDOR Após o levantamento das competências, há necessidade de
• ENTENDER E LIDAR COM DIVERSIDADE CULTURAL agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com
• ADQUIRIR INTIMIDADE COM NOVAS TECNOLOGIAS as estratégias da organização e definindo os indicadores e por fim,
validar com o gestor solicitante da posição. Exemplos de perguntas
Fonte: UNESCO para identificar as competências na entrevista de seleção (Bruno,
2000):
O foco nas competências busca destacar e desenvolver os dife-
renciais de capacitação, desempenho, resultado e competitividade PENSAMENTO ESTRATÉGICO
das pessoas, funções, áreas e organizações. O sistema de gestão • O que sua área está fazendo (ou fez) para garantir o sucesso
por competência leva inevitavelmente à necessidade de valorizar do plano estratégico da empresa atual?
o conhecimento e habilidades humanas e destacar as qualificações • O que você faz para conseguir analisar informações estraté-
e os atributos pessoais que fazem a diferença nos resultados dos gicas?
processos, as áreas e da organização como um todo (Fleury, 2002). • Como você avaliaria nossos produtos em relação aos produ-
tos do concorrente?
Este sistema de gestão conduz a importante mudança de para-
digma relacionado a seleção – treinamento – desempenho – remu- INOVAÇÃO
neração – carreira, pois passam a ser mais objetivamente centrados • O que fez de inovador na última empresa (ou atual)?
nas pessoas. Favorece o aperfeiçoamento das áreas de RH (Gestão • Quais os recursos que utilizou para elaborar essa proposta?
de Pessoas), no sentido de atuar maior integração. • Dê exemplos de pessoas bem-sucedidas. Qual foi sua contri-
As competências da organização são as estratégias formuladas buição?
pelas organizações que determinarão as competências necessárias
para alcançar suas metas e objetivos (FAISSAL et al, 2006). Segundo FLEXIBILIDADE
Resende (2000), envolvem: • O que você faz quando tem de enfrentar obstáculos em mo-
• Processos – ter excelência nos processos de produção, ven- mentos de mudança?
das e serviços, estratégias de marketing, excelência e investimento • O que faz quando discorda de alguém com relação a uma
na gestão de pessoas, logística, etc. política, projeto etc?
• Foco na Inovação e Qualidade: desenvolver novos produtos, • Fale sobre uma situação que teve que abrir mão de suas
investindo em tecnologia e garantindo a qualidade. ideias a favor da equipe
• Orientação para Clientes: gerar impacto positivo, estabele-
cendo parcerias e conhecendo a satisfação dos seus clientes. FOCO NO CLIENTE
• Social: garantir uma imagem positiva perante a sociedade e • Como você identifica tarefas que estejam prejudicando um
clientes, saber ser, incluindo autonomia, flexibilidade, responsabili- bom atendimento ao cliente?
dade e comunicação. • Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis pro-
blemas para seu cliente e qual foi a solução recomendada
A descrição de cargo tradicionalmente utilizada prevê a des- • Fale sobre o feedback recebido de seus clientes no último ano
crição as funções e atividades que compõem o cargo, indepen-
dentemente das estratégias da organização (Faissal et al, 2006). A ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS
identificação do perfil de competências prevê o mapeamento das • O que você fez para atingir um ou dois resultados notáveis?
competências que estão alinhadas com as estratégias e conheci- • Como você organiza seu dia-a-dia?
mentos definidos pela organização. • Qual sua avaliação de seu comportamento numa situação de
As pessoas deverão alcançar resultados através destas compe- pressão e prazos
tências, de forma a contribuir com a competitividade da organiza-
ção.

205
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Nos modelos de competência, há necessidade de identificar os conhecimentos e experiências para o desenvolvimento das atividades.
Após o levantamento das competências, há necessidade de agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com as estraté-
gias da organização e definindo os indicadores e por fim, validar com o gestor solicitante da posição.

Gestão por Competências


Missão, Estratégias,
Objetivos e Metas

Análise das Valorização Identificação


Competências das Pessoas dos Gaps
Identificação e
definição de Gestão por
competências Competências
essenciais, grupais e
individuais
Adequação Envolvimento Coerência com
de Perfil Gerencial o negócio
Formulação do Perfil
de Competências Ideal
individual e grupal, Plano de Ação
segmentados por Área
Hierárquica ou por
Sistemas Operacionais Formais Não-Formais
Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004

Figura – Gestão por Competências

Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004

O conceito de competência emerge na década de 90, com o desenvolvimento de capacidades que podem ser mobilizadas em situa-
ções pouco previsíveis, relacionadas a novos usos e novos processos que fazem parte da organização. Segundo Dutra (2002), as premissas
para a gestão por competências são:
• Passagem do foco no controle para o foco no desenvolvimento.
• Passagem do foco nos instrumentos para o foco no processo.
• Foco no interesse conciliado em vez do foco no interesse da organização, esse foco caracteriza-se pela busca de desenvolvimento
mútuo de forma dinâmica, na qual e a negociação torna-se imprescindível.
• Foco no modelo integrado e estratégico em vez de foco no modelo construído por partes desarticuladas entre si.

Gestão por Competências

Outputs
Integração com demais sistemas de RH

Alinhamento Estratégico
Recrutamento e Seleção

Remuneração Sucessão e
e Incentivo Seleção Interna
GESTÃO POR
COMPETÊNCIA

Educação Corporativa

Gestão do Desempenho
Carreira e Sucessão
Figura – Gestão por Competências – integração com demais sistemas de RH
Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004

Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004

206
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O sistema de gestão por competência leva inevitavelmente à Sua premissa é a de que, se os funcionários realizarem suas
necessidade de valorizar o conhecimento e habilidades humanas e atividades de forma crítica e inovadora, alinhados ao planejamen-
destacar as qualificações e os atributos pessoais que fazem a dife- to estratégico da organização em que atuam, haverá benefícios a
rença nos resultados dos processos, as áreas e da organização como serem desfrutados por ambas as partes. Por um lado, a instituição
um todo (Fleury, 2002). Este sistema de gestão conduz a importante terá sua marca solidificada no mercado através de vantagens com-
mudança de paradigma relacionado a seleção – treinamento – de- petitivas criadas pela atuação de sua força de trabalho, que por sua
sempenho – remuneração – carreira, pois passam a ser mais ob- vez passará a ser mais valorizada pelo seu desempenho. Condições
jetivamente centrados nas pessoas. Favorece o aperfeiçoamento estas altamente desejadas em um contexto de grande competitivi-
das áreas de RH (Gestão de Pessoas), no sentido de atuar maior dade e instabilidade no qual as organizações estão inseridas atual-
integração. mente.
Mudanças no mundo do trabalho que geraram a necessidade Para o correto entendimento do modelo de gestão por com-
de adotar o modelo de gestão por competência petências, faz-se necessário melhor delimitar o conceito de “com-
• Eventos: ocorrem de forma imprevista, afetando o equilíbrio petência” empregado no presente trabalho/artigo. Apesar de ter
ou a normalidade da organização, ultrapassando as habilidades ro- sido estudado ao longo das últimas três décadas, o conceito de
tineiras para solução dos problemas. A competência não está con- competência tem sido utilizado em diferentes formatos e ainda
tida nas precondições das tarefas, o profissional precisa mobilizar permanece em evolução. A corrente mais difundida tem origens
recursos para dar respostas a estas situações; nos trabalhos de Le Boterf (1994) e Zarifian (2001) e caracteriza
• Noção de serviço: as pessoas produzem algo destinado aos a competência dos indivíduos como decorrente da articulação de
outros, portanto o conceito de cliente externo e interno deve estar seus conhecimentos, habilidades e atitudes nas situações enfren-
sempre presente nos processos de trabalho; tadas no trabalho.
• Comunicação: as organizações devem ter fronteiras flexíveis, O conhecimento é o conjunto de saberes acumulados por uma
com comunicação fácil em todos os níveis, partilhando conheci- pessoa durante sua trajetória pessoal e profissional, seja através de
mentos sobre a organização vinculados as estratégias, procedimen- ações formais ou informais de aprendizagem, é o domínio técni-
tos e outros. co sobre determinados conteúdos. A habilidade está relacionada
com a execução de alguma atividade que envolva instauração dos
Fonte: Fleury (2002) conhecimentos armazenados durante a vida por parte de um in-
divíduo. Ter esse recurso indica que o indivíduo sabe como fazer
Na gestão de pessoas, a abordagem de competências tem se uma determinada tarefa, trabalho, etc., dentro de um determinado
mostrado uma forma avançada e inovadora: na identificação dos processo. Por fim, a atitude diz respeito à conduta das pessoas no
conhecimentos requeridos pela organização; na flexibilização do interior de uma organização. Trata-se do comportamento assumi-
conceito de posto de trabalho; no envolvimento e responsabiliza- do diante dos aspectos sociais e afetivos presentes no contexto da
ção permanente do indivíduo em seu desenvolvimento. organização.
Esse modelo tem por objetivos planejar, captar, desenvolver e Destarte, a presença de indivíduos extremamente qualificados
avaliar, nos diferentes níveis da organização pública, as competên- no âmbito de uma empresa não é garantia de rendimento superior
cias necessárias à consecução dos objetivos organizacionais. O con- frente aos concorrentes.
ceito se baseia em três dimensões: conhecimento (saber o quê, sa- Paralelamente, é fundamental que cada integrante de uma or-
ber o porquê); habilidade (saber como fazer); atitude (querer fazer). ganização tenha uma atitude favorável à aplicação destes conheci-
Vale salientar a importância do mapeamento das competências mentos em situações concretas de trabalho para gerar resultados
visando identificar e gerenciar as lacunas (gaps) de competências cada vez melhores.
eventualmente existentes na organização. Essa lacuna diz respeito Dessa forma, não se pode confundir potencial com competên-
à discrepância entre as competências necessárias à consecução dos cia. A competência é a “forma como a pessoa mobiliza seu estoque
objetivos organizacionais e àquelas de que a organização dispõe. e repertório de conhecimentos e habilidades em um determinado
Brandão (2008 apud Mauger et al) relaciona a avaliação de de- contexto, de modo a agregar valor para a organização no qual está
sempenho com a gestão por competências, afirmando que os re- inserida (competência em ação). Esta agregação de valor implica
sultados alcançados na avaliação são comparados com os que eram em uma contribuição efetiva da pessoa ao patrimônio de conheci-
esperados, gerando informações para retroalimentar o processo mento da organização”. (DUTRA, 2004).
de gestão por competências. E completa, afirmando que qualquer Um dos mecanismos mais eficazes para conseguir que o indiví-
que seja o modelo de avaliação de desempenho adotado em uma duo contribua para a consolidação da visão de futuro de sua insti-
organização, é imprescindível a descrição do perfil de competên- tuição é incentivar e valorizar suas competências, direcionando-as
cias básicas que sirvam de paradigma para uma comparação com e desenvolvendo-as de forma alinhada aos objetivos estratégicos
as existentes.19 organizacionais.
A gestão de pessoas por competências tem sido empregada nas Nesse sentido, diversos foram os modelos desenvolvidos, e o
organizações como importante ferramenta por incentivar a criação que parece melhor responder às novas necessidades organizacio-
de soluções que agreguem valor aos seus produtos e/ou serviços nais parece ser o modelo de gestão de pessoas por competências,
por parte de seus colaboradores. que define quais são os conhecimentos, habilidades e atitudes ne-
cessários aos indivíduos.
O grande apelo à adoção da gestão de competências pelas
19. Obtido em <http://www.servidor.gov.br/sad/biblioteca/artigos/ organizações pode ser entendido quando se compreende o ciclo
ad_como_ferramenta_de_gestao-Mauger-clad-nov2010.pdf> Acesso virtuoso que a mesma tende a gerar principalmente no que diz res-
em 3 jul 2012. peito ao processo de inovação e aprendizagem organizacional. O

207
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

pressuposto é o de que as pessoas, vendo suas diferentes entregas tos de trabalho. A intensificação da tecnologia possibilitou ofertas
reconhecidas pela empresa, passem a produzir cada vez mais, ge- de produtos mais acessíveis, aumentando o consumo o que pode
rando maiores benefícios para a organização, que reconhecerá as ser um fator gerador de emprego.
novas tecnologias e processos de produção propiciados pela inicia- O mercado está cada vez mais competitivo fazendo com que as
tiva de cada indivíduo ou equipe, passando a valorizá-las ainda mais organizações criem estratégias para gestão de pessoas mais eficien-
(OLIVEIRA, DIAS, ROQUETTE). tes para atrair e reter pessoas. A responsabilidade por pesquisar
interna e externamente os candidatos potenciais para preencher as
Recrutamento e seleção vagas existentes na organização, cabe ao Recrutamento e Seleção.
O contexto de Gestão de Pessoas, mais conhecido como Recur- Portanto, o processo de recrutamento e seleção desempenha um
sos Humanos, é formado, por pessoas e organização, estabelecen- papel essencial.
do uma relação de dependência mútua para o alcance das metas Para se alcançar a integração estratégica entre a área de Recur-
e objetivos (CHIAVENATO 2005). Para que exista esta relação entre sos Humanos e os negócios da empresa, é preciso que cada ativi-
pessoas e organização, há necessidade de que as organizações es- dade de RH seja integrada verticalmente, de modo a se alinhar aos
colham as pessoas que desejam como empregados e que as pesso- imperativos da estratégia da empresa (MILLMORE, 2003). Recru-
as escolham onde pretendem trabalhar. Este processo de escolha tamento e seleção são práticas que se mantiveram relativamente
mútua ocorre quando as organizações divulgam suas vagas no mer- imutáveis ao longo do tempo, sendo ainda frequentemente rela-
cado de trabalho e as pessoas interessadas, candidatam-se as vagas cionadas aos modelos psicossomáticos, abordagens padronizadas
disponíveis (TEDESCO, 2009). onde se procurava a pessoa certa para o lugar certo. Hoje o enfoque
Em termos tradicionais, a seleção busca entre os candidatos dessas práticas tem se tornado mais orientado estrategicamente,
recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na em- buscando-se pessoas para a organização e não mais para um cargo
presa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do específico. O que importa é a busca de capital humano, que se re-
pessoal, bem como a eficácia da organização (CHIAVENATO, 2009, vela pelo conjunto de competências que as pessoas têm e que se
p.172). alinham às competências essenciais da empresa.20
A seleção é um processo de comparação entre duas variáveis: Se o comportamento estratégico exige que a organização
de um lado, os critérios da organização (como requisitos do cargo a combine seus recursos no longo prazo, às demandas de mudan-
ser preenchido ou as competências individuais necessárias à orga- ças ambientais, as organizações consideram que o capital humano
nização) e, de outro lado, o perfil das características dos candidatos seja uma das principais fontes de vantagem competitiva; sob este
que se apresentam. A primeira variável é fornecida pela descrição aspecto, recrutamento e seleção são funções essenciais dentro da
e análise do cargo ou das competências requeridas, enquanto a se- área de RH para dar suporte à execução da estratégia da corpora-
guida é obtida por meio de aplicação das técnicas de seleção (CHIA- ção, o que já vinha sendo percebido há cerca de quinze anos atrás
VENATO, 2009, p.173). (HENDRY, PETTIGREW; SPARROW, 1988).
Existem dois tipos de mercado: o Mercado de Trabalho onde Mas, para que o recrutamento e seleção sejam considerados
são divulgadas as oportunidades de emprego e o Mercado de Re- estratégicos, eles precisam atender a três condições primárias in-
cursos Humanos, caracterizado pelo conjunto de candidatos que dependentes: integração estratégica; foco no longo prazo; e meca-
estão em busca das oportunidades oferecidas pelas organizações. nismo para transformar demandas estratégicas em especificações
Tanto no mercado de trabalho quanto no mercado de recursos hu- apropriadas para recrutamento e seleção. Sob esta perspectiva, o
manos, existem constantes alterações, que influenciam nas práticas papel das funções de recrutamento e seleção está no provimento
das organizações no que se refere as gestão de pessoas e no com- de pessoas com as competências vistas como críticas para o futuro
portamento das pessoas que estão disponíveis no mercado ou que ou, em outras palavras, em saber escolher as pessoas que “tocarão”
pretendem buscar outro emprego. a gestão da empresa no futuro.
Quando o mercado tem mais ofertas do que procura, os candi- O termo “recrutamento” pode facilmente ser encontrado em
datos podem escolher as organizações que oferecem melhores con- dicionários, como por exemplo, na versão on line do http://www.
dições e oportunidades, aumentando assim seu poder de negocia- priberam.pt/ como ato ou efeito de recrutar uma leva de recrutas.
ção. As organizações por outro lado, investem mais em benefícios Sua morfologia e significado teve origem, praticamente nos exérci-
sociais e salariais, em treinamento e programas de desenvolvimen- tos, pois estava vinculado a prática de captar recrutas para vagas
to, dentre outras, para atrair e reter os candidatos. Geralmente os de futuros soldados ou postos de guerrilha. Rapidamente o termo,
critérios de seleção são mais flexíveis e as pessoas sentem-se mais bem como seu objetivo (captação de pessoas) foi ampliado para
propensas a lançar-se no mercado. o sistema de RH, em especial, ao subsistema de Recrutamento e
Quando a situação é inversa, existe mais procura por emprego Seleção de Pessoal.21
do que ofertas de vagas diminui o poder de negociação por parte O papel do recrutamento é ser o elo entre a organização e o
dos candidatos, sentem-se inseguros em deixar seu emprego, au- mercado de trabalho. Recrutamento e Seleção é um processo que
menta a competição entre os candidatos. Há pouco ou nenhum in- procura integrar pessoas e trabalho, através do estudo das diferen-
vestimento salarial, benefícios, treinamento e a ênfase acaba sendo ças individuais das pessoas que se apresentam às vagas, com a fina-
no recrutamento externo para melhorar o potencial interno.
Vários são os fatores que interferem tanto no mercado de re-
cursos humanos quanto no mercado de trabalho. Um deles está 20. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; Mauro
relacionado ao desenvolvimento tecnológico que aumentou a sofis- Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da área
ticação do trabalho, demandando habilidades e competências mais de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUISA – v.9 - n.2 – 2006.
variadas dos trabalhadores, automatizando os processos, aumen- 21. Eduardo Alencar, Camilla Pauferro, Alcimar Fraga, Érica Soares e
tando a produtividade, gerando novos empregos, eliminando pos- Tatiane Rosa. Introdução ao Recrutamento de Pessoal (2008)

208
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

lidade de prognosticar, através da utilização das técnicas de seleção, desenvolver as funções e atividades; Os comportamento, habilida-
quais estariam capacitadas para ocupar um cargo dentro de uma des e atitudes para o desenvolvimento das funções e atividades;
organização (Bruno, 2000). Desafios e dificuldades características deste cargo; Relações diretas
O processo de Recrutamento e Seleção terá um resultado posi- e indiretas, tanto internas quanto externas; Horário de trabalho;
tivo, quando atender as necessidades com rapidez; com quantidade Oportunidades de desenvolvimento que esta função gera; dentre
suficiente de candidatos considerados potencialmente capacitados; outras.
com custo adequado despendido no processo e que haja perma- Atualmente os processos estão voltados para a Seleção por
nência dos candidatos na organização. O resultado será negativo Competências, mapeando-se as competências da organização e a
quando ocorrer um alto turnover (rotatividade) no período experi- que a organização necessita para cada cargo:
mental, poucos candidatos potenciais para o processo seletivo, alto a) técnicas que são os pré-requisitos do cargo, conhecimentos
custo do recrutamento;poucos funcionários qualificados o que po- e habilidades especificas para atribuições ou funções específicas e;
derá comprometer a eficiência e eficácia da organização. b) comportamentais que são as atitudes e comportamen-
O papel primordial do selecionador de pessoal é garantir, en- tos compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas, por
quanto estratégia de gestão de Recursos Humanos, a eficiência das exemplo comunicação, liderança, negociação, persuasão, flexibili-
atividades mediadas por organismos dentro das organizações man- dade, etc., como vimo anteriormente (para maiores conhecimentos
tendo ou elevando a produtividade via seleção de perfil psicológico. consulte livro “Seleção por Competência” de Maria Odete Rabaglio,
Tal qualidade está automaticamente vinculada a prática de recruta- 2005).
mento, compreendida como as seguintes etapas:
b) Anúncio ou divulgação de vagas em fontes e parceiros de
a) Recebimento da Vaga recrutamento
O trabalho de recrutamento inicia-se no momento em que Na etapa de anúncios, pode-se proceder com três condutas:
se recebe a liberação da vaga, solicitação de pessoal, perfil profis- I – Recrutamento Interno: Consiste nas práticas empregadas
siográfico ou afim. Embora a nomenclatura deste documento se à divulgação de vagas em aberto dentro das empresas ou orga-
diferencie de empresa para empresa, o objetivo é único: munir a nizações, focando o mercado de mão de obra interno, como por
divisão de recrutamento e seleção sobre os dados e critérios que exemplo, um teaser, anúncio na copa, e-mail, comunicado formal
servirão de base para preterir ou aprovar currículos. ou semelhante, com o intuito de recrutar colaboradores de outros
Em algumas empresas, o RH atua como staff ou Consultoria In- departamentos que tenham interesse em mudar de área a título
terna junto aos departamentos requisitantes no desenho do perfil de promoção, interesse profissional ou semelhante. A grande van-
de uma vaga. Em agências de emprego e Consultoria de RH, quando tagem de um recrutamento interno é o baixo custo com fontes de
recebemos uma vaga, ligamos para os clientes para confirmar o re- recrutamento. A desvantagem, é que ingressamos em um circulo
cebimento e automaticamente, aproveitamos a contingência para vicioso, ou como diríamos no senso comum, “cobre um santo e des-
esclarecer ou flexibilizar os requisitos para o desempenho de um cobre outro”. Caso um colaborador venha ser aprovado para um
cargo vago. Negligenciar quaisquer informações a respeito do perfil processo de recrutamento e seleção interno, a vaga dele no seu
de um cargo é sinônimo de comprometer o recrutamento e, portan- antigo cargo, provavelmente abrirá junto ao subsistema de recruta-
to, o processo seletivo como um todo. mento e seleção de pessoal.
Assim, o processo de recrutamento e seleção tem início quan- Assim, o Recrutamento Interno é fundamentado na movimen-
do houver disponibilidade de vaga motivada por substituição em tação dos funcionários seja através de transferências, promoções,
função de desligamentos por aposentadoria, promoções, afasta- baseados geralmente nos programas de desenvolvimento de Recur-
mentos, dentre outros ou por necessidade de aumentar a quanti- sos Humanos.
dade de pessoas em virtude do aumento da produção, novos pro- Este tipo de recrutamento apresenta como vantagens a rapi-
dutos, ampliações da organização, aquisição de novos maquinários, dez, economia, conhecimento, aumento da motivação, utilização
dentre outros. dos investimentos em treinamento e como limitações a frustração
Quando surge a vaga, a área requisitante deve encaminhar a dos candidatos não selecionados; a demora na liberação do candi-
solicitação para recursos humanos, que iniciará o processo de re- dato pela supervisão atual, a quantidade insuficiente de candidatos
crutamento e seleção. para o processo de seleção.
Geralmente o processo tem início com a Análise da Descrição Os meios para divulgação das vagas internamente podem ser
de Cargo e/ou Definição do Perfil de competências, que pode ser o quadro-de-avisos; intranet; consulta aos gestores (gerentes /su-
feita através da leitura da Descrição do Cargo que está sendo solici- pervisores); consulta aos planos de desenvolvimento de recursos
tado ou entrevistando o requisitante para conhecer quais requisitos humanos.
são necessários para este cargo.
São necessárias as seguintes definições: requisitos mínimos im- II – Recrutamento Externo: Consiste nas práticas empregadas
prescindíveis para ocupar o cargo, que se o candidato não possuir, à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra
não poderá ser indicado para a vaga e os requisitos considerados externo à organização/empresa, como por exemplo, anúncios em
como adequados, que se o candidato não possuir, poderão ser de- jornais, contratação de agências de emprego, consultorias de RH e
senvolvido posteriormente e/ou podem servir como diferencial no afins. As vantagens consistem em uma gama diversificada de perfis
momento da decisão. para proceder com seleção de pessoal e agilidade na captação de
As informações que o recrutamento e seleção necessita para pessoas. As desvantagens são geralmente, custo e desmotivação de
iniciar o processo são as seguintes: atividades que a pessoa irá de- colaboradores internos ao não serem considerados para processos
sempenhar; responsabilidades e autonomia; posição do cargo na seletivos da empresa.
hierarquia; Conhecimentos e habilidades técnicas necessárias para

209
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Assim, o Recrutamento Externo é caracterizado pela identifica- – Agência de Emprego, Consultoria de RH; Outplacement e af-
ção de candidatos no mercado externo. Apresenta como vantagens ins;
a geração de novas ideias trazidas pelos candidatos; maior diversi- – Indicação de candidatos ou funcionários;
dade nos recursos humanos da organização, aproveitamento dos – Indicação de empresas parceiras, fornecedores e clientes;
treinamentos de outras empresas; e outros e como limitações, a – Internet e seus recursos;
falta de candidatos potenciais; a demora dos contratados para co- – Etc
nhecer os processos e procedimentos da organização; maior tempo
despendido no processo; custo mais alto do que no processo inter- Em aspectos gerais, a escolha de fontes de recrutamento varia
no, e a possibilidade de gerar insatisfações internamente pelo não conforme perfil da vaga, criatividade do recrutador e recursos fi-
aproveitamento dos funcionários. nanceiros e institucionais da empresa.
Os meios para identificação dos candidatos externos podem
ser a consulta ao Banco de Candidatos; a Indicação de Funcionários; C) Análise e triagem de currículos oriundos destas ações
a colocação das oportunidades em Agências de Empregos, Consul- O currículo é praticamente o “cartão de visita” dos candidatos
torias; Intercâmbio entre Empresas, os Grupos de Profissionais; recrutados ou interessados em oportunidades de trabalho junto a
as Apresentações espontâneas; Associação de Classes, Sindicatos, uma empresa. Não há uma “fórmula” mágica ou modelo padrão,
Universidades; Jornais, Revistas, Internet, e outros. devido à grande diversidade na conduta de confeccionar este “car-
A decisão sobre qual o melhor meio para divulgação das vagas tão de visita”. Entretanto, sugere-se:
está relacionada ao custo operacional, retorno rápido; e a eficiência Origem: A palavra Curriculum Vitae é de origem latina e tra-
e eficácia do processo. duz-se como “trajetória de vida”. Hoje em dia, não utilizamos mais
Por exemplo, os anúncios nos jornais, revistas e internet, têm esta nomenclatura e nem é necessário colocar “Currículo”. Indica-
como vantagens, além de ser uma fonte para atrair candidatos po- -se como título, o nome do candidato.
tenciais, é um meio para propaganda da organização, se bem elabo- Abas: é necessário dados pessoais (endereço, telefone, bairro,
rados. Os anúncios nos jornais e revistas têm como desvantagens, CEP, estado civil, nacionalidade e e-mail), Objetivo (Departamen-
o alto custo e o retorno demorado para receber os candidatos e/ to e cargo de interesse), Experiência profissional (Empresas onde
ou currículos. já trabalhou, tempo que permaneceu, destacando cargo, data de
Após a divulgação da(s) vaga(s) e o recebimento dos currículos entrada, saída e síntese de atividades desenvolvidas), escolaridade
ou dos candidatos, inicia-se o processo de Triagem que compreen- (técnico, médio, graduação, pós-graduação e afins), idiomas (em
de a análise do currículo ou da ficha de solicitação de emprego e caso de tê-los, indicar nível e instituição onde cursou), Informática
uma entrevista inicial. (Indicar softwares que sabe operacionalizar, caso tenha feito cur-
Na análise do currículo ou da Ficha de Solicitação devemos so, adicionar a escola e período), Atividades extra-curriculares (em
considerar: as realizações profissionais; os projetos desenvolvidos e caso de estágios supervisionados, atividades filantrópicas e afins).
implantados; a formação acadêmica; os cursos realizados; a experi- Lay-out: O segredo é nada muito extravagante, com português
ência profissional observando a compatibilidade com os requisitos correto, objetivo, claro, conciso.
solicitados; a compatibilidade entre a formação e as funções ou car- Tendo o currículo em mãos, o recrutador/selecionador de
gos ocupados pelo candidato; as datas de admissões e demissões; pessoal verificará se o candidato tem os pré-requisitos da vaga em
o local onde reside, dentre outros, considerando sempre os requisi- aberto, em caso de afirmativo, abordará o candidato para uma en-
tos definidos pelo requisitante. trevista, em caso de negativo, o candidato fica preterido nesta eta-
Após a triagem, os candidatos deverão ser convocados para pa da seleção.
o processo de seleção. Esta convocação pode ser feita através de Particularmente, em processos de recrutamento em agências e
mensagens eletrônicas, telegramas, telefonemas, cartas, recados consultorias de RH, onde a demanda de currículos é muito grande,
através de funcionários, dentre outros. Deve-se informar horário e qualquer detalhe do candidato que não esteja compatível com o
local. Na convocação via telefone ou correio eletrônico é possível perfil da vaga, o retira do processo. No caso de recrutamento inter-
esclarecer algumas condições de trabalho tais como: horários da no, é possível levar em consideração outros dados além do currícu-
empresa; fases do processo de seleção; faixa salarial; a área em que lo, como por exemplo, a avaliação de seu gestor imediato.
a vaga está disponível e outras. Outro aspecto a ser considerado é a fidedignidade das infor-
Devem-se preparar o local, materiais e todos meios que serão mações mencionadas no currículo. Se o candidato coloca cursos, o
utilizados no processo de seleção. ideal é que traga na entrevista, cópia destes. Se coloca informações
sobre experiência, o ideal é que traga na entrevista sua carteira de
III – Recrutamento Misto: Consiste nas práticas empregadas à trabalho e assim por diante. Como o agendamento de entrevistas é
divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra a ponte entre o recrutamento e a seleção de pessoal propriamente
interno e externo. As vantagens concentram uma flexibilidade de dita, é necessário estes cuidados metodológicos para não incluir-
cenário e vantagens estratégicas mencionadas nos itens anteriores, mos candidatos negligentes ou inadimplentes com as informações
bem como a flexibilidade para com as consequências negativas. mencionadas em seus currículos.
– Instituições de Ensino (Técnico, Médio, Graduação, Pós Grad-
uação, Profissionalizante, Qualificação profissional e afins); D) Convocação de candidatos para processos seletivos
– Sites; O Processo de Seleção tem como objetivo identificar e avaliar
– Jornais (Locais, Nacionais, regionais) e Mídias; o perfil de competências das pessoas no que se referem às habi-
– Instituições diversas (Ongs, Associações, Igrejas, eventos, lidades cognitivas, os conhecimentos técnicos, a comunicação, a
etc); criatividade, a iniciativa, o trabalho em equipe, a liderança, as for-
– Anúncio(s) na porta da empresa ou consultoria; mas de lidar com situações de pressão, os conflitos, as mudanças,

210
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

a flexibilidade, a tomada de decisão, a capacidade para solução de vista; ler novamente o currículo ou Ficha de Solicitação de Empre-
problemas, o comportamento ético, a negociação, e outros, con- go; preparação dos outros entrevistadores; preparação do local de
forme solicitação do requisitante (BRUNO, 2000). atendimento garantindo privacidade e outras características que
O sucesso do processo de seleção depende fundamental- permitam condições éticas e pessoais mínimas; evitar que haja in-
mente da definição clara e objetiva do perfil de competências. terrupções, que a sala seja fechada, iluminada e arejada.
A definição deve estar voltada não só ao cargo em aberto, mas
também a carreira, objetivos da posição e perspectivas da orga- No início da entrevista, deve estabelecer o rapport, quebrar o
nização. gelo através de um conversa informal criando um ambiente des-
Devem-se estabelecer os requisitos que se o candidato não contraído e cordial, falar sobre a empresa, seu histórico, missão, va-
possuir, terá pouca probabilidade de sucesso na posição. lores, produtos, perspectivas, organograma, benefícios, motivo da
Deve-se tomar cuidado com a supervalorização da pessoa abertura da vaga, dentre outras. Deve-se tomar cuidado para não
em detrimento do cargo efetivo. superdimensionar a organização, falar sobre o cargo, o motivo da
As técnicas utilizadas na Seleção são identificadas a partir abertura da vaga, principais atividades, responsabilidades, perspec-
dos requisitos definidos no início do processo. Identificamos al- tivas, fornecer ao candidato as informações sobre o perfil esperado
gumas delas: e como será o processo seletivo. Isto possibilita que o candidato
1) Entrevista; analise se atende suas expectativas e se deseja continuar.
2) Dinâmica de Grupo; O candidato é cliente da seleção e deve ser tratado com consi-
3) Provas Situacionais; deração, ética e respeito.
4) Teste Psicológico; O fechamento da entrevista deve dar oportunidade ao candi-
5) Testes Técnicos ou Prova de conhecimentos e de capaci- dato para expressar opiniões ou fazer alguma pergunta; devem-se
dades, dentre outras técnicas. dar explicações sobre as próximas fases e comprometer-se com o
retorno.
Entrevista A duração da entrevista é de 45 a 60 minutos. Este tempo é
É uma forma de coleta de dados e também o recurso mais efi- utilizado para: Introdução – Informações Pessoais e Profissionais –
ciente do processo seletivo, se bem elaborada. Portanto não deve Informações sobre Perfil de Atribuições e Competências.
ser substituída por outra técnica. Os tipos de entrevistas são: Após a entrevista, deve-se analisar se o perfil do candidato é
a) individual, quando o entrevistador e candidato estão face a compatível com o solicitado pela organização e preencher imedia-
face; tamente o relatório com as devidas avaliações e parecer da seleção
b) em Grupo envolvendo vários candidatos e entrevistadores; (RABAGLIO, 2005).
c) Por Banca envolvendo dois entrevistadores e um entrevis-
tado; Analisando a Entrevista:
d) o Painel de Entrevista envolvendo grupo de entrevistadores, • Correlação entre o que foi narrado e as competências – pos-
geralmente 3, que entrevistam individualmente o candidato. tura e estilo pessoal do candidato e a adequação com a empresa;
• Competências que não atendem as exigências, se são passí-
A entrevista por banca, painel ou grupo, em relação à entrevis- veis de treinamento e a viabilidade para a empresa.
ta individual apresenta algumas vantagens tais como: a redução do • Se as expectativas e reivindicações do candidato vão ao en-
tempo tanto dos profissionais envolvidos quanto dos entrevistado- contro às da empresa;
res; evitam repetições de perguntas ou temas; permitem o confron- • Contribuições que serão efetivas para a empresa (RABAGLIO,
to de percepções dos entrevistadores aumentando a objetividade 2005).
e permitem a participação de profissionais de áreas diferentes, po-
rém interdependentes. Parecer da Seleção: relatar os principais atributos e os aspectos
Podemos ter indicar como desvantagens que alguns dados pes- que não atendem a necessidade. Indicar se está:
soais ou referentes ao emprego anterior não podem ser pesquisa- • acima do esperado.
dos para não expor os entrevistados, pois estes podem perder a • se é favorável ou atende as expectativas.
espontaneidade ou sentir-se constrangidos. • se é Favorável, porém com restrições.
A utilização da técnica de entrevista prevê a preparação dos en- • se é inaceitável ou desfavorável.
trevistadores para que não ocorram perguntas repetidas, que não
façam perguntas dirigidas apenas para um candidato, para não de- Com relação às características do entrevistador, destacam-se:
monstrar falta de planejamento. O método de entrevista pode ser: atenção concentrada, capacidade analítica, receptividade, neutrali-
a) Diretivo – baseia-se em um roteiro planejado, permite man- dade; mobilidade, empatia, sensibilidade, equilíbrio, dentre outras.
ter o controle da situação quanto ao tempo a ser utilizado e per- • Algumas perguntas que podem ser feitas na entrevista:
guntas a serem feitas, é recomendado quando se dispõe de pouco • Descreva suas tarefas e responsabilidades mais importantes.
tempo para coleta de dados; quando os dados a serem pesquisados • Relate duas ou Três situações que experimentou ou projetos
são objetivos. que realizou no último(s) trabalho(s) que representaram realização.
b) Não Diretivo – enfatiza-se a relação entrevistado e entrevis- • Relate situações/atividades/projetos que representaram
tador , assim como suas expressões verbais e não verbais, é ade- frustração e como lidou com estas situações.
quado para situações onde o entrevistado apresenta acentuada • Na sua vida profissional, qual ou quais metas ou situações
tensão emocional; apresenta recursos intelectuais satisfatórios. O que foram as mais desafiadoras – as mais frustrantes e as mais es-
responsável pelo processo de recrutamento e seleção deve prepa- tressantes.
rar-se para a entrevista através da elaboração do Roteiro da Entre- • Quais expectativas para esta posição, nesta empresa.

211
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Como espera contribuir para com esta empresa. Provas situacionais


• Os objetivos para daqui a dois e cinco anos e o que está fa- São simulações de problemas rotineiros e/ou de situações
zendo para alcançá-los. do dia-a-dia ocorridos nas organizações onde os candidatos de-
• O que te levou a deixar a(s) ou que te faz pensar em deixar vem posicionar-se apresentando soluções para estas situações,
a(s) empresa(s) anterior(es). demonstrando suas capacidades para percepção, análise e solu-
• Quais as decisão mais difícil que você já tomou. ção de um problema concreto. As situações problema permitem
• Qual situação faria você desrespeitar alguma norma da em- mais de um caminho ou forma para solução do problema, pois
presa. o objetivo é avaliar como o candidato aplica seus conhecimen-
• Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis pro- tos, como toma decisões muitas vezes colocando-se no lugar do
blemas para seu cliente e qual foi à solução recomendada. gestor, suas atitudes diante das situações. Portanto dependendo
• Exemplifique um trabalho/projeto/nova tecnologia e qual de como formularem esta prova, é possível avaliar a ética, a prio-
metodologia usaria para implementação. ridade que o candidato estabelece em relação às pessoas e a or-
ganização, avaliação da relação custo benefício de suas decisões,
Existem outras questões relevantes dependo da área / cargo/ se consegue enxergar um mesmo problema sob diversos ângulos,
perfil estabelecido. dentre outros Geralmente são aplicadas individualmente e podem
Além disso, podem-se criar situações relacionadas à área/em- ser utilizadas para discussão em grupo. Quanto mais alto o cargo,
presa/atividades e solicitar para que o candidato relate como agiria menor a possibilidade da utilização desta técnica.
ou o que pensa a respeito da situação ou problemática abordada.
Ao convocar candidatos para fase de entrevistas, o ideal é utili- Testes Psicológicos
zar uma abordagem que perpasse os seguintes itens: Os testes avaliam principalmente aptidões, interesses, atitudes
• Empatia; personalidade com a finalidade de identificar o perfil e as caracte-
• Clareza; rísticas e prognosticar o comportamento em determinadas formas
• Apresentação da empresa; de trabalho bem como o potencial de desenvolvimento do candida-
• Apresentação da Vaga, focando condições de trabalho; to. A escolha de um teste psicológico deve ser feita pelo psicólogo e
Etc. este deve observar determinados fatores como atributos e caracte-
rísticas que serão avaliadas.
Pode-se utilizar o período de contato telefônico com os recru- Os testes são ferramentas auxiliares no processo de decisão,
tados para analisar: nunca podem ser vistos como fim. Eles complementam as impres-
• Fluência verbal; sões que são colhidas nas entrevistas, dinâmicas de grupos e nas
• Expectativas; provas. Os testes psicológicos para serem usados devem passar
• Motivação para participar do processo; por um crivo científico que comprovem sua validade (capacidade
• Desenvoltura; de medir aquilo a que se propõe), precisão e fidedignidade (con-
• Etc. sistência dos resultados e estabilidade das respostas, comparando-
-se grupos de pesquisa e instrumentos similares) e padronização
Dinâmica de Grupo (instruções normativas para aplicação dos testes) e a existência de
Técnica que integra o processo seletivo através da aplicação de normas específicas e atualizadas para a população brasileira.
exercícios, jogos e simulações. Ela dá aos examinadores a possibi-
lidade de observar as pessoas exercendo diversos papéis onde são Testes Técnicos ou Prova de conhecimentos e de capacidades
encontrados os requisitos básicos exigidos para o cargo a ser pre- São instrumentos utilizados para avaliar o nível de conheci-
enchido. Faz parte de um conjunto de instrumentos para avaliar o mentos gerais e específicos dos candidatos exigidos pelo cargo a
candidato. Sua finalidade é auxiliar a revelar ao selecionador se o ser preenchido. Podem ser orais ou escritas, através de perguntas e
candidato apresenta as características profissionais e pessoais que respostas ou de realização, aplicadas por meio de execução de uma
a empresa está buscando. Esta técnica consiste em oferecer algu- tarefa (CHIAVENATO, 2005).
mas situações que possam colocar o grupo em funcionamento, a Algumas empresas estão utilizando o recrutamento on-line.
fim de que se estabeleça uma dinâmica, de tal forma que os candi- Existe uma série de funcionalidades de e-Recruitment que organi-
datos venham a se expor. zam cada processo seletivo de modo que cada candidato em cada
Embora as etapas e propostas das dinâmicas mudem de uma vaga mantenha seu status atualizado, tal como: avaliações do re-
empresa para outra, de modo geral, elas consistem de três etapas: crutador – entrevistas e dinâmicas, testes on-line etc. Isso facilita o
Estas atividades grupais possibilitam que algumas características trabalho dos recrutadores, consultores, assistentes e das áreas co-
dos candidatos se revelem e, assim, permitam ao selecionador ava- ligadas como: Administração de Pessoal, Cargos e Salários, Treina-
liar a compatibilidade entre o candidato e a vaga oferecida. Obser- mento e Desenvolvimento, Planejamento de Carreira, já que todas
va-se como cada pessoa se comporta em grupo, como é a comuni- as informações podem ser compartilhadas.
cação, o nível de iniciativa, a liderança, o processo de pensamento, As empresas podem manter um contato mais personalizado
o nível de frustração, se aceita bem o fato de não ter sua ideia leva- com os candidatos, enviando mensagens de atualização, agrade-
da em conta, dentre outros. cimento, informando sobre os processos seletivos etc., podendo
atingir um grande público individualmente, melhorando a sintonia
com todos os profissionais. Por outro lado, beneficia também os
candidatos às futuras vagas, pois eles podem manter seus dados

212
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

atualizados – entrando com login e senha na área destinada a eles, Além disso, a descrição e análise de cargos oferece:
no site – facilitando futuros contatos Rapidez e baixo custo caracte- • Insumo para nomear pessoas para os cargos existentes: Uma
riza o processo virtual. vez que o perfil do cargo já está descrito, basta encontrar a pessoa
Parecer da Seleção após aplicação das técnicas que melhor preencha os requisitos exigidos.
Deve-se relatar os principais atributos e os aspectos que não • Insumo para avaliação de desempenho: O desempenho do
atendem a necessidade. ocupante do cargo pode e deve ser avaliado com base nas caracte-
Indicar se o parecer é favorável ou desfavorável rísticas que o cargo requer.
a) Está acima do esperado • Insumo para levantar necessidades de capacitação: A análise
b) atende as expectativas/requisitos definidos e descrição do cargo contém o perfil de profissional ideal para ocu-
c) Favorável com restrições (citar em quais requisitos) par aquele cargo. Se o ocupante não possui certa habilidade ou co-
d) desfavorável nhecimento requerido pelo cargo, deve desenvolver tal habilidade
ou conhecimento para desempenhar de maneira satisfatória suas
Finalização do Processo Seletivo: Após o parecer da seleção in- funções. A necessidade de capacitação é, portanto, a diferença en-
dicando ou não o(s) candidato(s) e a decisão do requisitante pela tre a descrição do cargo e a avaliação de desempenho do servidor.
aprovação ou não, o recrutamento e seleção deverá tomar as se- • Insumo para ações de segurança no trabalho, porque identi-
guintes ações: fica os cargos em que os riscos a saúde do trabalhador são maiores.
a) Retorno aos Candidatos não aprovados: deve ocorrer logo • Insumo para revisão de leis de carreira: Na medida em que
após a conclusão do processo através de e-mail, carta, telegrama, a descrição dos cargos é analisada periodicamente e sofre mudan-
telefonema ou outra forma julgar conveniente. ças devido as novas demandas dos processos (leia-se sociedade),
b) Retorno ao candidato aprovado: encaminhando para exame aumentando a complexidade das atividades pode-se propor altera-
médico admissional; entrega de documentação para processar a ções nas leis de carreira objetivando adequar o salário/carga horá-
contratação; Integração de Novos Funcionários. ria as exigências do cargo.
c) Após o período de experiência ou outro período designado • Clareza para os ocupantes dos cargos sobre as atividades, res-
pela empresa, deverá haver um acompanhamento do novo fun- ponsabilidades e a importância do seu trabalho para a melhoria dos
cionário objetivando verificar sua adaptação, se suas expectativas serviços públicos.
estão sendo atendidas, dificuldades que está encontrando e como • Etapas da realização da descrição e análise de cargos (Como)
está resolvendo, além de outras e a avaliação do gestor sobre o de- • Objetivamente a descrição de cargos é realizada nas seguin-
senvolvimento do funcionário. tes etapas:
• Elaboração de formulário
Análise e descrição de cargos • Elaboração de manual de instrução de preenchimento do for-
Segundo Joelson Matoso, técnico da Secretaria de Adminis- mulário e/ou treinamento dos facilitadores.
tração do Estado de Mato Grosso, em um modelo de gestão por • Preenchimento dos formulários (pode ser por meio de entre-
processos a quantidade de cargos se dá em função da quantidade vista de um facilitador ao ocupante do cargo, ou o próprio ocupante
de processos e das demandas de trabalho. O conjunto de cargos preenchendo o formulário)
responsáveis por um número específico de processos (sistemas) • Validação/correção dos formulários preenchidos
compõe a estrutura organizacional. • Revisão periódica da descrição para adequação do cargo às
A análise e descrição de cargos é uma ferramenta gerencial mudanças nos processos/atividades
muito eficiente para a uma organização, principalmente pela gran-
de quantidade de informações que gera e que servem de subsídios Entrevista de levantamento de dados para elaboração da des-
para diversos processos de gestão de pessoas. crição e análise de cargos.
Como qualquer outra ferramenta de gestão, possui fundamen- A entrevista é uma das formas de coleta de dados com maior
to teórico, base desse artigo, que objetiva de maneira clara e obje- potencial para refletir de maneira fidedigna a realidade da organiza-
tiva fornecer alguns conceitos e orientações para a sua aplicação. ção. Tanto o entrevistador quanto o entrevistado têm oportunida-
É um documento formal, geralmente um formulário ou rela- des de refletir sobre o cargo de uma forma sistemática. A entrevista
tório com o detalhamento do que um cargo exige em termos de levanta pontos e questões que normalmente passam despercebi-
conhecimentos, habilidades e capacidades para que possa ser dos no dia a dia da organização.
desempenhada determinada função. A descrição e análise de car- A entrevista deve iniciar com o entrevistado dando uma visão
gos tende a otimizar o desenvolvimento de outras atividades, tais geral do cargo, em termos de objetivos e responsabilidades. A se-
como: recrutamento, seleção, treinamentos, planejamento de car- guir o entrevistador deve iniciar as perguntas diretivas que propicia-
gos e salários, avaliação de desempenho e segurança no trabalho rão as respostas para preencher o formulário. As respostas devem
(MATOSO, 2008).22 contemplar os itens de um plano de ação: O que faz? Quando faz?
Matoso explica que, dentro da estrutura, cada cargo está direta Como faz? Onde faz? Porque faz?
ou indiretamente responsável por um ou mais processos, de forma Algumas perguntas que o entrevistador pode fazer:
que estes (os processos) requerem profissionais com características • Qual o objetivo central que o seu cargo deve alcançar?
específicas, daí a necessidade de se fazer a descrição e análise dos • Quais são as principais atividades que você dirige, supervi-
cargos dos Núcleos Sistêmicos com o objetivo de alocar as pessoas siona ou controla? (Esta pergunta pode gerar muitas outras. Pode
certas nos cargos adequados. Destaca-se aqui as ideias deste servi- tomar algum tempo para cobrir todas as atribuições do cargo).
dor público sobre análise e descrição de cargos: • Qual a participação do seu cargo na definição de políticas,
22. Obtido em http://gestaocomaspessoas.blogspot.com.br/2008/01/ objetivos, normas e procedimentos para sua área?
anlise-e-descrio-de-cargos.html

213
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Como são estabelecidos os objetivos e metas de curto/longo ma preestabelecido e atende a uma ação sistemática visando à
prazos para o seu cargo? adaptação do homem ao trabalho. Pode ser aplicado a todos os
• Como é feito o planejamento, o acompanhamento e as corre- níveis ou setores da empresa (CHIAVENATO, 2009, pp.388-389).
ções dos planos e objetivos do seu trabalho? O papel de T&D é o de coordenar e apoiar os processos de
• Como você planeja, acompanha, controla e avalia o resultado mudança, contribuindo para conquista equilibrada e simultânea
do trabalho dos membros da sua equipe? dos resultados das pessoas e das organizações (BOOG, 2005). As
• Quais as principais complexidades do seu cargo? funções de treinamento e desenvolvimento têm um papel es-
• Que tipos de obstáculos ou de oportunidades exigem o máxi- sencial no crescimento de uma organização. Vários estudos mos-
mo de sua habilidade para atingir seus objetivos? tram isto. Pettigrew et al. (1988) já discutiam, há quase vinte
• Como o seu superior pode saber se você está tendo um de- anos, que a função de treinamento podia ir além de promover
sempenho satisfatório em relação aos objetivos estabelecidos para treinamento técnico ou desenvolver capacidades alinhadas ao
o seu cargo? mercado. Para esses autores, há quatro aspectos relacionados
• Quais os principais objetivos que poderiam ser tomados ao crescimento da atividade de treinamento e desenvolvimento
como representativos para o seu cargo? em uma empresa: fatores estratégicos, política e personalidade
• Qual a medida (quantitativa ou qualitativa) poderia ser utili- da empresa, restrições de tempo e mobilização para mudanças.
zada para descrever ou medir o seu desempenho? Os fatores estratégicos relacionam-se às mudanças tecnoló-
gicas ou às mudanças que ocorrem no mercado e que provocam
Sugestão de verbos para iniciar as frases de descrição das ati- gaps de habilidades; isto é especialmente sério em empresas
vidades com base tecnológica onde treinamento em alto nível, às vezes,
Aconselhar, adotar, ajustar, ajudar, analisar, apoiar, apresentar, é uma das únicas opções viáveis para a empresa manter compe-
aprovar, aprimorar, avaliar, aferir, conduzir, consultar, contatar, con- titividade. Quanto aos aspectos relacionados à política e à per-
trolar, desenvolver, determinar, dirigir, elaborar, especificar, estabe- sonalidade da empresa, Pettigrew et al. (1988) comentam a ne-
lecer, estudar, examinar, executar, facilitar, informar, liderar, manter, cessidade de uma filosofia que seja apoiadora de treinamento e
motivar, orientar, organizar, participar, pesquisar, planejar, preparar, que seja traduzida em níveis de responsabilidade da companhia
prever, receber, recomendar, reportar, representar, rever, selecio- no tocante à criação de estruturas para identificação de neces-
nar, supervisionar, treinar, verificar. sidades, criação e compartilhamento de treinamento. O aspecto
relacionado às restrições de tempo refere-se mais a questões
Sugestão de verbos para descrever a missão do cargo operacionais do que estratégicas, pois envolve ações de apoio
Verbos para você usar no meio da frase, depois de palavras para cobertura temporária de postos de trabalho, uma barreira
como “visando a”, “afim de”, “para”, “com o objetivo de” etc. frequentemente apresentada pelos gestores de linha. Quanto à
Alcançar, apoiar, aprimorar, assegurar, assistir, atingir, aumen- mobilização para mudança, os autores comentam a necessida-
tar, auxiliar, conseguir, contribuir, controlar, coordenar, criar, cum- de de alinhamento dos programas de mudança propostos pela
prir, desenvolver, estabelecer, estimular, facilitar, formular, imple- área de RH e as demandas por mudanças nas demais áreas da
mentar, manter, maximizar, minimizar, motivar, obter, otimizar, empresa.
preservar, promover, proteger, reduzir. Mas como fazer para verificar se o investimento em desen-
volvimento de pessoas representa uma estratégia de interven-
Treinamento ção efetiva para a aprendizagem organizacional, tema essencial
O Treinamento e Desenvolvimento (T&D) pode ser definido quando o assunto é competitividade? Berry e Grieves (2003)
de modo amplo como um processo educacional aplicado de ma- apontam que o caminho para a verificação está na extensão em
neira organizada e sistemática, que visa mudança de atitudes e que esse investimento é capaz de promover a transferência de
comportamentos. De modo mais específico: aprendizagem, desenvolver a capacidade de treinamento e en-
Desenvolvimento profissional: é a educação profissional que corajar o desenvolvimento de um RH estratégico. Para os auto-
aperfeiçoa a pessoa para uma carreira dentro de uma profissão. res, a transferência de aprendizagem é avaliada pela capacida-
É a educação profissional que visa ampliar, desenvolver e aper- de que as pessoas têm de transferir para suas situações reais
feiçoar a pessoa para seu crescimento profissional em determi- de trabalho o que aprenderam em programas de treinamento.
nada carreira na organização ou para que se torne mais eficiente A capacidade de treinamento é vista como a habilidade que as
e produtiva no seu cargo. Seus objetivos são menos amplos que organizações têm para promover, desenvolver continuamente e
os da formação e situados no médio prazo, visando proporcionar sustentar as habilidades para aprender e criar novos conheci-
conhecimentos que transcendem o que é exigido no cargo atual, mentos aplicáveis.
preparando-a para assumir funções mais complexas. É dado nas Esta capacidade é uma mistura de recursos aplicados pela
organizações ou em firmas especializadas em desenvolvimento de organização para alcançar um determinado fim e o desenvolvi-
pessoal. mento de competências essenciais à empresa que garantem à
Treinamento: é a educação profissional que adapta a pessoa mesma sua vantagem competitiva. Quanto ao desenvolvimento
para um cargo ou função. Seus objetivos situados no curto prazo de um RH estratégico, os autores apontam que este se relacio-
são restritos e imediatos, visando dar ao homem os elementos na à capacidade que a organização tem de operacionalizar sua
essenciais para o exercício de um cargo, preparando-o adequada- missão através de fatores de sucesso críticos; de criar indicado-
mente para ele. É dado nas empresas ou em firmas especializadas res de desempenho da área que sejam adequados; do desen-
em treinamento. Nas empresas, é delegado geralmente ao chefe volvimento da habilidade para fazer diagnósticos; da aplicação
imediato da pessoa que está trabalhando. Obedece a um progra- de conhecimentos no processo de transformação cultural; da

214
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

capacidade de aplicação de competências para relacionar o processo de mudança em curso com o processo planejado. Segundo os
autores, todas estas ações, embora não exatamente alocadas na área de RH, dependem do suporte da mesma para que a vantagem
competitiva se consolide.
O Processo de T&D prevê as seguintes etapas:
1) Diagnóstico das Necessidades: efetuando o levantamento e análise das necessidades de Treinamento e desenvolvimento;
2) Elaboração e Implementação do Programa de Treinamento e Desenvolvimento;
3) Avaliações: compreende avaliações de reação; de acompanhamento e de conhecimento, quando prevista.
4) Registros e Controles.

PROCESSO DE TREINAMENTO E
DESENVOLVIMENTO

*População
*OBJETIVO
Envolvida

*Diagnóstico
das
Necessidades

*PROGRAMA
*TREINAMENTOS INTERNOS DE TREINAMENTOS EXTERNOS
TREINAMENTO

Implementação Implementação
das ações de das ações de
treinamento treinamento
interno* externo*
AVALIAÇÕES

REGISTROS E CONTROLES

Figura – Processo de Treinamento e Desenvolvimento

Existem diversas oportunidades e meios para identificar as necessidades de treinamento e desenvolvimento. É necessário que haja
clareza do por que, para quê, quem e em quanto tempo precisamos treinar. É fundamental para o Planejamento, definir objetivamente
quais habilidades e competências que precisam ser desenvolvidas e as prioridades para este desenvolvimento (BOOG, 2002). É fundamen-
tal o alinhamento com as Estratégias e metas da organização.
As necessidades apontadas devem ser analisadas considerando os requisitos mínimos da função; as perspectivas para o(s) fun-
cionário(s); as estratégias e metas da organização; dentre outras.
O Diagnóstico de Treinamento e Desenvolvimento compreende o levantamento e a análise das adequações ou inadequações
das Necessidades de treinamento que pode ser feito através:
a) Pesquisa junto ao gestor: que pode ser feita através de entrevista, questionário ou utilizando outros instrumentos abordando
os tipos de necessidades, por exemplo, fortalecer o relacionamento e a comunicação na equipe de trabalho; justificativa; prioridade
que deve ser estabelecida em função da necessidade, por exemplo, capacitar operadores para operar a máquina X que deverá estar
instalada em três meses. Neste caso a prioridade é alta devendo ser atendida em no máximo dois meses; identificar os funcionários
que deverão ser treinados; etc.
b) Avaliação de Desempenho: resultado da avaliação das competências, habilidades e desempenho e da identificação das ações
que podem ser resolvidas através de treinamento e desenvolvimento, como por exemplo: baixa produtividade e erros frequentes em
função de despreparo para efetuar determinadas análises laboratoriais. Envolve ação de treinamento técnico ou uma recomendação
para promoção em função de bom desempenho, envolve ações de treinamento para identificar os gaps e preparar o funcionário
para ocupar a posição indicada.
c) Introdução de novas tecnologias ou Mudanças: fornece demanda para que treinamento e desenvolvimento capacitem as
pessoas para operar os novos equipamentos ou processos, desenvolver novos produtos; efetuar processos de transferências de
tecnologias, dentre outros.
d) Entrevista de Desligamento: quando o funcionário desligar-se da empresa, efetua-se a entrevista para verificar as razões do
desligamento; dificuldades que encontrou no desempenho de suas funções, estilo de liderança, ações para que melhorasse seu
desempenho, dentre outras.
e) Pesquisa de Clima Organizacional: avaliar a percepção dos funcionários relacionadas com as práticas e políticas da organi-
zação relacionadas ao sistema de gestão; capacitação; oportunidades de desenvolvimento; relações interpessoais, processo de co-
municação; imagem da organização; dentre outros, avaliando quais ações de treinamento e desenvolvimento pode contribuir para
melhorar o nível de satisfação ou insatisfação dos funcionários.

215
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

f) Os processos de Qualidade, Segurança e Meio ambiente, e) Programas de Trainees ou estagiários: desenvolvimento de


devem indicar necessidades de treinamento e desenvolvimento recém-formados ou no caso de estagiários, de estudantes de cursos
em função de implementação de políticas, certificações, audito- técnico ou superior, objetivando que ocupem funções superiores
rias, exigências legais, ou aumento de índices de acidentes, não na organização.
cumprimento das normas e procedimentos, dentre outros. f) Outdoor training: realizado em ambiente aberto, utilizando
g) Pesquisa com Clientes ou Reclamações de Mercado: se técnicas vivenciais em situações planejadas, possibilitando fixar
a organização adota esta prática, deve identificar quais ações conceitos importantes na realidade das organizações e de funções
de treinamento e desenvolvimento que contribuem para sanar específicas.
problemas indicados pelos clientes ou para prevenir possíveis g) Integração de Novos funcionários: indicado para preparar os
reclamações. funcionários recém admitidos através de orientações sobre políti-
cas, procedimentos, estrutura, valores, produtos, histórico, dentre
A elaboração de um programa de treinamento deve levar outros, sempre com a utilização de um bom planejamento para im-
em consideração o Estágio de desenvolvimento da organização; pactar de forma positiva no funcionário podendo estabelecer clima
deve-se dimensionar o custo e como pode ser otimizado; cro- de confiança e relação duradoura.
nograma dos treinamentos, conforme prioridades estabelecidas;
os recursos necessários; as instituições ou instrutores que esta- No que se refere aos métodos e técnicas de treinamento, os
rão capacitados para atender a demanda da organização; análise mais usuais são:
dos conteúdos e metodologias; quais e quantas pessoas serão a) Palestras – apresentação de curta duração – atualização
treinadas; e outras. b) Workshops – tem caráter de formação – exercício do conhe-
A implementação requer que os profissionais de treinamen- cimento
to e desenvolvimento cuidem da logística para viabilizar a exe- c) Multiplicadores – profissionais da própria empresa treinados
cução de todos os treinamentos programados, verificando com para reproduzir treinamentos
antecedência o local cuidando do acesso, verificando ilumina- d) Seminários – conceituais – indicados para aperfeiçoamento
ção, ventilação, espaço, ruído; a data, horários; materiais e equi- e) Job Rotation – deslocamento de pessoas de uma função para
pamentos; convites, certificados, crachás; alimentação, dentre outra, para aprender exercitando.
outros. f) On the job – treinamento no local de trabalho
Quando o treinamento for ministrado por instrutores inter- g) Coaching – orientação personalizada para questões especí-
nos, deve-se elaborar o Plano de treinamento que deve abranger ficas
os seguintes tópicos: h) Mentoring – orientação personalizada que visa estimular o
• Título; crescimento e resolução de problemas
• Objetivo a ser atingido; i) Vivencial – reprodução de uma situação similar a do dia a dia,
• População alvo (quem participará do treinamento); através de dramatizações, rol playng, Jogos de Empresa, Dinâmicas
• Carga horária; de Grupo -.
• Período ou data para realização; j) À Distância – (E-Learning) realizado por algum meio de comu-
• Local; nicação, internet, intranet, fitas e vídeo e outros.
• Conteúdo a ser ministrado; k) Estudo de casos – pode ser usado casos reais ou fictícios
• Recursos instrucionais;
• Metodologia; Quanto aos recursos didáticos, salientam-se: datashow, multi-
• Avaliações. mídia, flip-chart, filmadoras, gravadores, televisor, vídeos, blu-ray,
DVD, livros, apostilas, projetores, dentre outros.
Cabe aos profissionais de treinamento e desenvolvimento a
responsabilidade de treinar os instrutores internos para garantir a
eficácia dos treinamentos.
EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DE GRUPOS. O
Com relação aos tipos de treinamento, pode-se fazer a seguinte
INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO: PAPÉIS E INTERAÇÕES.
divisão:
TRABALHO EM EQUIPE. EQUIPES DE TRABALHO.
a) Formação: programas desenvolvidos com a finalidade de
instalar competências ou habilidades básicas e necessárias para As organizações contemporâneas têm percebido a importância
o exercício da função atual ou futura, fornecer uma formação ao do comportamento organizacional como fator competitivo nos úl-
treinando. Podemos incluir idiomas, programas em universidades, timos tempos.
cursos técnicos, dentre outros. Atualmente, devido aos avanços em tecnologia e informação,
b) Aperfeiçoamento ou atualização: indicado para melhorar as pessoas têm tido maiores oportunidades de se desenvolver e se
o padrão de desempenho na própria função. Pode-se citar como tornar diferenciais no mercado de trabalho em termos de conheci-
exemplo, uma selecionadora com experiência no cargo que irá fazer mento técnico, por exemplo.
um curso sobre técnicas inovadoras na área de seleção. Porém, o conhecimento técnico não é o único responsável por
c) Gerenciais: indicados para desenvolver ou aperfeiçoar as ha- gerar diferencial no mercado de trabalho. É possível o trabalhador
bilidades de lideranças, de gestão de pessoas. de forma geral ter muito conhecimento sobre o que faz, ter habili-
d) Técnicos: indicados para estabelecer novas metodologias, dade para realizar, mas não ter atitude para fazer, o que depende
novas tecnologias ou técnicas de trabalho. da decisão do mesmo.

216
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

As empresas por sua vez, têm uma importante tarefa neste con- sobre o nosso papel no mundo. É a partir desses esquemas que
texto. Cada empresa tem seu grupo de crenças, valores e princípios processamos a informação sobre o mundo social e que forma-
que formam sua cultura organizacional. Esta cultura é demonstrada mos opiniões sobre nós e sobre os outros.
a partir do comportamento das pessoas dentro da organização. A Processos de cognição social:
tarefa das empresas diante desta realidade, geralmente do setor de - Impressões
RH ou gestão de pessoas, é de alinhar o mais próximo possível, o - Expectativas
comportamento do colaborador dentro da empresa e até fora dela, - Atitudes
em atuação pelo trabalho, ao comportamento esperado pela orga- - Representações sociais
nização de acordo com sua cultura organizacional.
Comportamento organizacional é o estudo do comportamento Impressões
dos indivíduos e grupos em situação de trabalho e seus impactos Este processo é o primeiro que temos no primeiro contato com
no ambiente empresarial. O estudo desses comportamentos está alguém que não conhecemos, construímos uma ideia/imagem, so-
relacionado a fatores de grande influência nos resultados alcan- bre essa pessoa a partir de algumas características. Isto também
çados pelas empresas como: liderança, estruturas e processos de acontece com os objetos com que contatamos. Contudo, há dife-
grupo, percepção, aprendizagem, atitude, adaptação às mudanças, renças assinaláveis quando se trata de pessoas: a produção da im-
conflito, dimensionamento do trabalho, entre outros que afetam os pressão é mútua (o outro também tem impressões); por outro lado,
indivíduos e as equipes organizacionais. a minha impressão afeta o meu comportamento e por tanto, o seu
Os relatórios gerados pelo estudo do comportamento organiza- comportamento para comigo.
cional geram para os gestores, poderosas ferramentas que auxiliam Um dos aspectos mais importantes das impressões é a relação
na melhor administração diante da complexidade existente devido interpessoal que se estabelecerá no futuro. Se, alguma das primei-
à diversidade, globalização, contínuas mudanças, aumento dos pa- ras impressões for modificada, temos tendência a rejeitar a nova
drões de qualidade, ou seja, consequências dos avanços de modo informação, mantendo a que ficou no primeiro encontro.
geral.
Os setores responsáveis por lutarem por esse alinhamento Impressão e categorização
tão importante usam diversas ferramentas e estratégias para pro- Para se simplificar o armazenamento de toda a informação,
porcionar os resultados esperados, dente eles estão programas de procedemos a um processo de categorização, ou seja, reagrupamos
coaching, questionários de perfis comportamentais, BSC com foco os objetos, as pessoas, as situações, a partir daquilo que considera-
pessoal, PDCA também com foco pessoal, mapeamento de compe- mos serem as suas diferenças e semelhanças.
tências, dentre muitas outras. No caso das impressões classificamos a pessoa em categorias,
Neste processo é necessário que a empresa consiga o máximo esta ideia global vai orientar o nosso comportamento, porque nos
possível, compartilhar com os colaboradores de todos os níveis es- fornece um esboço psicológico da pessoa em questão. A caracte-
tratégicos sua cultura com clareza, de modo que os colaboradores rização permite simplificar a complexidade do mundo social. Esta
possam entender e participar praticando a mesma com responsabi- categorização contempla três tipos de avaliação:
lidade e convicção.23 - Afetiva
- Moral
Indivíduos e grupos - Instrumental
Fundamentalmente a partir da aprendizagem, o comporta-
mento apresenta uma enorme complexidade e diversidade nas A categorização inerente à formação das impressões orienta
mais diferentes relações que se estabelece com o meio. As inte- o nosso comportamento. Ao desenvolvermos expectativas sobre o
rações sociais são aquilo que nos separam dos animais. comportamento dos outros a partir das impressões que formamos,
Grande parte da nossa vida gira à volta de instituições sociais isso possibilita-nos planear as nossas ações, o que é um facilitador
que orientam um novo comportamento. Para além disso, a maior do processo das interações sociais.
parte das interações sociais são orientadas por fatores de ordem
cognitiva, este fatores de carácter cognitivo levam-nos a interpre- A formação das impressões
tar as situações e a organizar as respostas mais adequadas. Na base da formação das impressões está a interpretação. A
maneira como formamos uma impressão tem como base quatro
Cognição social – conjunto de processos que estão adjacen- indícios:
tes ao modo como encaramos os outros, a nós próprios e à for- - Físicos – aparência, expressões sociais e gestos. Ex.: se a pes-
ma como interagimos. soa for magra posso associar a uma personalidade irritável.
A cognição social refere-se, assim, ao papel desempenhado - Verbais – exemplo: o modo como a pessoa fala, surge como
por fatores cognitivos no nosso comportamento social, procu- um indicador de instrução
rando conhecer o modo como os nossos pensamentos são afeta- - Não - verbais – exemplo: vestuário, o modo como a pessoa se
dos pelo contexto social. Este processo é uma forma de conheci- senta ou gesticula enquanto fala.
mento e de relação com o mundo dos outros. - Comportamentais – conjunto de comportamentos. Ex.: o
Como temos uma capacidade limitada de processos de in- modo como os comportamentos são interpretados remete para as
formação relativa do mundo social, recorremos a esquemas que experiências passadas. Daí que o mesmo comportamento possa ter
representam o nosso conhecimento sobre nos, sobre os outros e significados diferentes para diferentes pessoas.

23 Fonte: www.administradores.com.br – Texto adaptado de Deyviane


Teixeira

217
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Teoria implícita da personalidade A cada estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto de


Todos nós a partir de poucas informações estamos preparados comportamentos que esperados de um individuo com determinado
para inferir a personalidade geral de uma pessoa, basta dar duas estatuto. No caso de uma professora nós esperamos que ela ensi-
informações e deduzir algo da pessoa. ne bem. Existe, portanto, uma complementaridade entre estatuto
e papel.
O efeito das primeiras impressões Numa sociedade, os papeis sociais prescrevem todos um con-
A primeira informação é a que tem maior influência sobre as junto de comportamentos, possuem padrões de comportamentos
nossas impressões. Por tanto, a ordem com que conhecemos as ca- próprios, de tal forma institucionalizados que os seus membros sa-
racterísticas de uma pessoa não é indiferente para a formação de bem quais as reações que um seu comportamento pode provocar
impressões sobre ela. – expectativa de conduta.
Uma das características das primeiras impressões é a sua per- Estas experiências (experiência do telefone) mostraram que as
sistência, dado que, a partir de algumas informações constituímos expectativas positivas geram comportamentos positivos e as expec-
uma ideia geral sobre a pessoa, é muito difícil alterarmos a nossa tativas negativas geram comportamentos negativos.
percepção, mesmo que, recebamos informações que contradizem
a nossa impressão inicial. Á como uma rejeição a entregar novas Atitudes
informações. Uma atitude é uma tendência para responder a um obje-
Efeito de Halo – se as primeiras impressões forem positivas, te- to social – situação, pessoa, grupo, acontecimento – de modo
mos tendência a criar algo de bom sobre a pessoa, a idealizar uma favorável ou desfavorável. A atitude não é, portanto, um com-
boa relação, sendo que o contrário também se verifica. portamento mas uma predisposição. É uma tomada de posição
Todos nós tendemos a fazer perdurar no tempo as primeiras intencional de um indivíduo face a um objeto social. As atitudes
impressões que obtemos de alguém, sendo que essas persistem no desempenham um papel importante no modo como processa-
tempo, sendo que tendemos sempre a crer que novas informações mos a informação do mundo social em que estamos inseridos.
contraditórias sejam submetidas ao crivo (separação das primeiras Permitem-nos interpretar, organizar e processar as informações.
impressões). É este processo que explica que, face a uma mesma situação,
diferentes pessoas a interpretem de formas distintas.
Expectativas
Podemos definir as expectativas como modos de categorizar Componentes das atitudes
as pessoas através dos indícios e das informações, prevendo o seu Construídas ao longo da vida, mas com especial incidência
comportamento e as suas atitudes. As expectativas são mútuas, isto na infância e na adolescência, as atitudes envolvem diferentes
é, o outro com quem interagimos desenvolve também expectativas componentes interligadas. Nas atitudes, podem distinguir-se três
relativamente a nós. componentes:
Exemplo: ao entrar num tribunal vimos um homem de toga - Componente cognitiva – é construída pelo conjunto de ideias,
preta e deduzimos que seja um advogado ou um juiz. Isto funciona de informações, de crenças que se têm sobre um dado objeto so-
como um indício que me permitiu incluí-lo numa determina da ca- cial. É o que consideramos como verdadeiro acerca do objeto.
tegoria social. - Componente afetiva - conjunto de valores e emoções, posi-
Na categorização estão envolvidas duas operações básicas: tivas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao
indução e a dedução. É pela indução que passamos da percepção sistema de valores, sendo a sua direção emocional.
da toga preta à inclusão daquela categoria. É pela dedução que, a - Componente comportamental – conjunto de reações, de
partir do momento em que reconhecemos a categoria a que uma respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de de-
pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe determinadas caracterís- terminada maneira depende das crenças e dos valores que se
ticas. Podemos afirmar que, tal como outros processos de cognição têm relativamente ao objeto social.
social, as expectativas formam-se no processo de socialização por
influência da família, da escola, do grupo de pares, da comunidade É a partir de uma informação ou convicção a que se atribui um
social. Estão, portanto, marcadas pelos valores, crenças, atitudes e sentimento que desenvolvo um conjunto de comportamentos.
normas de um dado contexto social, bem como pela história pesso- Por exemplo, uma atitude negativa relativamente ao tabaco
al. O facto de não conhecermos o desconhecido leva-nos a construir pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o taba-
esquemas interpretativos que organizam a informação que capta- co e o cancro (componente cognitiva). A pessoa que partilha desta
mos e que estão na base das impressões e das expectativas. crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradá-
Nós comportamo-nos de acordo com aquilo que pensamos que veis em ambientes onde as pessoas fumam (componente afetiva).
os outros pensam de nós. A esta atitude estão, associados alguns destes comportamentos: a
pessoa não fuma, tenta convencer os outros a não fumar (compo-
Expectativas, estatuto e papel nente comportamental).
Um exemplo muito claro das expectativas na vida social é por
exemplo uma relação entre marido mulher, pais e filhos. Atitudes e comportamentos
Ao exercer as funções respectivas, há um conjunto de expecta- As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se dos
tivas mútuas que regulam as relações. comportamentos. Também é possível, a partir de um comporta-
mento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim, se sou-
bermos que uma pessoa tem uma atitude negativa face ao tabaco,
podemos prever a forma como se comportará face a uma campa-
nha antitabaco, ou como reagirá se fumarmos junto a ela.

218
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situação Representações sociais
podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente. É através das representações que somos capazes de evocar
As atitudes são o suporte intencional de grande parte dos nos- uma pessoa, uma ideia e/ou um objeto, na sua ausência. O conceito
sos comportamentos. de representação foi alargado por Serge Moscovici, que o caracte-
rizou como um conhecimento que se distingue do conhecimento
Formação e mudança de atitudes científico, elaborado a partir de modelos sociais e culturais e que
As atitudes não nascem conosco, formam-se e aprendem-se no dão quadros de compreensão e de interpretação do real.
processo de socialização. São vários os agentes sociais responsáveis Assim, podemos definir as representações sociais como o con-
pela formação das atitudes: os pais e a família, a escola, o grupo de junto das explicitações, das crenças e das ideias que são partilhadas
amigos, a imprensa. e aceites coletivamente numa sociedade e são produto das intera-
São sobretudo os pais que exercem um papel fundamental na ções sociais. Correspondem a determinadas épocas, decorrendo de
formação das primeiras atitudes nas crianças. A educação escolar um conjunto de circunstâncias socioeconómicas, políticas e cultu-
desempenha, na nossa sociedade, um papel central na formação rais, podendo, assim, alterar-se.
das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o grupo de
amigos. A Elaboração das Representações Sociais
Atualmente, os meios de comunicação, têm grande influência As representações são indispensáveis nas relações humanas,
na formação de novas atitudes ou no reforço das que já existem. uma vez que fazem parte do processo de interação social. Moscovci
É através da observação, identificação e imitação dos modelos identificou dois processos que estão na sua origem:
que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem - Objetivação – processo através do qual as representações
ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância complexas e abstratas se tornam simples e concretas. Neste pro-
e na adolescência. Há, contudo, uma tendência para a estabilidade cesso alguns elementos são excluídos/esquecidos e outros valori-
das atitudes. zados/desenvolvidos, de forma a explicar a realidade de um modo
Apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem mu- mais simples. Envolve também o reagrupamento das ideias e ima-
dar ao longo da vida. As experiências vividas pelo próprio podem gens.
conduzir à alteração das atitudes. Por exemplo, uma pessoa é a fa- - Construção seletiva – os elementos do objeto de uma repre-
vor da pena de morte pode mudar de atitude porque viu um filme sentação são selecionados e descontextualizados, sendo que ape-
que a comoveu, um documentário impressionante. Várias pesqui- nas a parte mais importante da informação é mantida.
sas levadas a cabo por psicólogos sociais nas últimas décadas per- - Esquematização figurativa – as informações selecionadas são
mitem identificar situações ou fatores que favorecem a mudança organizadas num «núcleo figurativo», ou seja, são convertidas num
de atitude. esquema figurativo simples.
- Naturalização – a representação é materializada, o abstrato
Dissonância cognitiva torna-se concreto.
Leon Festinger, psicólogo social, levou a cabo uma investigação - Ancoragem – corresponde à assimilação das imagens criadas
a partir da qual elaborou a teoria da dissonância cognitiva. pela objetivação. As novas representações juntam-se às anteriores
Sempre que uma informação ou acontecimento contradiz o sis- formando o «universo de opiniões».
tema de representações, as convicções, a atitude de uma pessoa, Uma vez ancorada, uma representação social desempenha um
gera-se um mal – estar e uma inquietação que têm de ser resolvi- papel de filtro cognitivo, isto é, as informações novas são interpre-
dos: ou se muda o sistema de crenças, ou se reinterpreta a informa- tadas segundo os quadros de representação preexistentes. Estão
ção que a contradiz, ou se reformulam as crenças anteriores. muito marcadas pela cultura e pela sociedade: a cada época, a cada
A dissonância cognitiva é um sentimento desagradável que sociedade correspondem representações próprias.
pode ocorrer quando uma pessoa sustenta duas atitudes que se
opõem, quando estão presentes duas cognições que não se ade- Funções das Representações Sociais
quam ou duas componentes de atitude que se contradizem. Por - Função de saber – as representações dão um sentido à re-
exemplo: a pessoa que gosta de fumar e que sabe que o tabaco alidade: servem para os indivíduos explicarem, compreenderem
pode provocar cancro está perante uma dissonância cognitiva que e desenvolverem ações concretas sobre o real.
lhe pode provocar sentimentos de angústia de contradição ou in- - Função de orientação – são um guia dos comportamentos.
consistência. Poderá atenuar a situação: Prescrevem práticas na medida em que precedem o desenvolvi-
- Mudando as duas convicções; mento de uma ação.
- Alterando a percepção da importância de uma delas; - Função Identitária – permitem ao indivíduo construir uma
- Acrescentando uma outra informação; identidade social, posicionando-se em relação aos outros grupos
- Negando a relação entre as duas convicções/informações. sociais de pertença ou não-pertença.
- Função de justificação – permitem explicar e justificar as
A opção por qualquer uma delas conduz a dissonância cogni- opiniões e comportamentos dos indivíduos.
tiva.
Quanto mais fracas forem as razões para o comportamento dis- Influência Social
crepante, maior é o sentimento de dissonância e maior a motivação Pelo processo de socialização, integramos normas, valores,
para se modificar a atitude que provoca a inconsistência. atitudes, comportamentos considerados desejáveis na sociedade
a que pertencemos. Todas as pessoas que vivem em sociedade
são influenciadas pelas outras, mesmo que não tenham consci-
ência disso.

219
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Podemos definir influência social como o processo pelo qual Existem factos que influenciam e explicam o conformismo:
as pessoas modificam, afetam os pensamentos, os sentimentos, as - A unanimidade do grupo – o conformismo é maior nos grupos
emoções e os comportamentos de outras pessoas. Este processo em que há unanimidade. Basta haver no grupo um aliado que par-
decorre da própria interação social, não tendo de ser intencional tilhe uma opinião diferente (pode ser igual à nossa ou não!), para
ou deliberado. Segundo o psicólogo social W. Doise, influência é: os efeitos do conformismo serem menores. Na experiência de Asch,
“um conjunto de processos que modificam as percepções, juízos, bastava um dos indivíduos respondesse corretamente, que o nível
atitudes ou comportamentos de um indivíduo a partir do conheci- de conformismo baixa de forma significativa.
mento das percepções, juízos e atitudes dos outros.” - A natureza da resposta – o conformismo aumenta quando a
resposta é dada publicamente: a resistência à aceitação da opinião
Processos de influência entre indivíduos da maioria é maior quando a privacidade é assegurada (ex. mesas
A influência social manifesta-se em três grandes processos que de voto).
vamos analisar para compreender o seu efeito no comportamento: - A ambiguidade da situação – a pressão de grupo aumenta
normalização, conformismo, obediência. quando não estamos certos do que é correto. Por isso, é maior o
conformismo quando as tarefas ou as questões são ambíguas, não
Normalização sendo clara e inequívoca a opção (ex. nos testes quando não sabe-
Através do processo de socialização, integramos um conjunto mos a resposta, metemos o que nos disserem, mesmo que discor-
de regras, de normas vigentes na sociedade em que estamos inseri- des parcialmente).
dos e que regulam os comportamentos, dos mais simples aos mais - A importância do grupo – quanto mais atrativo for o grupo
complexos. As normas estruturam as interações com os outros e para a pessoa maior é a probabilidade de ela se conformar. A ne-
são aprendidas nos vários contextos sociais, na sua prática. cessidade de pertença ao grupo implica, por parte do individuo, a
As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que adoção de comportamentos, normas e valores do grupo.
as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações - A autoestima – as pessoas com um nível mais elevado de au-
que implicam o seu cumprimento. As normas são uma expressão toestima são mais independentes do que as que têm uma autoes-
de influência social. A sua interiorização progressiva ao longo do tima mais baixa.
processo de socialização torna-as tão naturais que não nos aperce- O conformismo está ligado às normas do grupo, pois o indivi-
bemos da forma como influenciam os nossos pensamentos e com- duo conforma-se em relação às normas do grupo.
portamentos. As razoes que leva uma pessoa a conformar-se são as mes-
As normas, que regulam as relações interpessoais e que refle- mas que a levam a fazer parte de grupos: a necessidade de ser
tem o que é socialmente desejável, orientam o comportamento. aceite, de interagir com os outros, e de o fazer de forma a terem
Definem o que é ou não é desejável, o que é conveniente num dado sentido.
grupo social, apresentando modelos de conduta.
É graças ao conjunto de normas que os comportamentos dos Processos de relação entre indivíduos e grupos.
indivíduos de um dado grupo social são uniformizados (toda a gen-
te lava os dentes de manha; toda a gente usa talheres para comer, Atração
etc), o que é uma vantagem, porque sabemos o que podemos es- A psicologia social procura compreender o que está na base
perar dos outros e o que os outros esperam de nós (prever o com- destes processos que explicam a atração interpessoal (não é
portamento dos outros). atração erótica). É um tema importante porque, compreender-
As normas traduzem os valores dominantes de uma sociedade -se a atração interpessoal, é compreender também o funciona-
ou de um grupo, constituindo elementos de coesão grupal, dado mento dos grupos sociais: como se originam, desenvolvem, evo-
que estabelecem um sistema de referência comum: atitudes e pa- luem e rompem as relações interpessoais no interior dos grupos.
drões de comportamentos. As normas são facilitadoras do processo Podemos definir atração interpessoal como a avaliação cog-
de adaptação, pois mantêm-se estáveis no tempo, asseguram ao nitiva e efetiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar
grupo uma identidade. a sua companhia. Manifesta-se pela preferência que temos por
Na ausência de normas explícitas, reconhecidas coletivamente, determinadas pessoas que nos levam a gostar de estar com elas,
os indivíduos que constituem um grupo tentam elaborá-las influen- a partilhar confortavelmente a sua presença.
ciando-se uns aos outros. A este processo dá-se o nome de norma- Fatores que influenciam a atração (além da história pessoal):
lização. Esta necessidade decorre do facto de a ausência de normas 1. Proximidade – a proximidade geográfica é um fator po-
ser geradora de desorientação e angústia nos membros do grupo. deroso na medida em que são as pessoas mais próximas aque-
A vida em sociedade seria impossível se não houvesse normas: as las por quem poderemos sentir-nos mais atraídas (também são
interações sociais seriam imprevisíveis, o que comprometeria a vida aquelas com quem poderemos ter mais conflitos)
social. É pelas normas que prevemos o comportamento dos outros 2. Familiaridade – relaciona-se também com a proximidade;
e que orientamos o nosso comportamento. São as normas que as- a atração relativamente a uma pessoa pode aumentar se estiver-
seguram a estabilidade do nosso viver social. mos frequentemente com ela. São as pessoas com quem lidamos
A falta de cumprimento das normas leva a sanções/castigos, com mais frequência que nos são mais acessíveis.
que são aplicados da sociedade ao individuo. 3. Atração física – as pessoas fisicamente mais bonitas (se-
gundo os padrões culturais) causam melhores impressões ini-
Conformismo ciais, o que incentiva a atração por essa pessoa.
O conformismo é uma forma de influência social que resulta 4. Semelhanças interpessoais – sentimo-nos atraídos por
do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas pessoas que têm sentimentos, comportamentos, atitudes, opini-
atitudes por efeito da pressão do grupo. ões, interesses e valores semelhantes aos nossos

220
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

5. Qualidades positivas - gostamos mais de pessoas que Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio
apresentam características que consideramos agradáveis do que do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um ní-
com características que consideramos desagradáveis. vel de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições
6. Complementaridade – Há autores que consideram que, individuais. O quadro abaixo ressalta as diferenças entre grupos de
embora, numa primeira fase, as semelhanças interindividuais trabalho e equipes de trabalho.
sejam um fator de aproximação, no desenvolvimento de uma
relação, as pessoas são atraídas por características que elas não Transformando indivíduos em membros de equipe
possuem; são as assimetrias das características que tornam o - partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de todos
os processos do grupo;
outro atraente, na medida em que se complementam.
- respeitam as individualidades e sabem ouvir;
7. Reciprocidade – gostamos de pessoas que nos apreciam,
- comunicam-se ativamente;
que gostam de nós: simpatizamos mais com quem simpatiza co- - desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos pro-
nosco. pósitos definidos;
- constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas rela-
Existem muitos fatores que influenciam a atração interpes- ções;
soal, existem outros fatores que se interligam com os anteriores - participam do estabelecimento de objetivos comuns;
e entre si: - desenvolvem a cooperação e a integração entre os membros.
- Respeito – quando valorizamos a competência, capacidade ou
talento do outro Fatores que interferem no trabalho em equipe
- Aceitação – pela compreensão e disponibilidade demonstra- - Estrelismo;
da pelo outro - Ausência de comunicação e de liderança;
- Estima – a simpática da outra pessoa aumenta a atração que - Posturas autoritárias;
sinto por ela. - Incapacidade de ouvir;
- Gratidão – pelo bem que o outro propicia.24 - Falta de treinamento e de objetivos;
- Não saber “quem é quem” na equipe.
Trabalho em equipe
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de trabalho São características das equipes eficazes:
- Comprometimento dos membros com um propósito comum
nas organizações do mundo contemporâneo. As evidências suge-
e significativo;
rem que as equipes são capazes de melhorar o desempenho dos - O estabelecimento de metas específicas para a equipe que
indivíduos quando a tarefa requer múltiplas habilidades, julgamen- conduzam os indivíduos a um melhor desempenho e também ener-
tos e experiências. Quando as organizações se reestruturaram para gizam as equipes. Metas específicas ajudam a tornar a comunicação
competir de modo mais eficiente e eficaz, escolheram as equipes mais clara. Ajudam também a equipe a manter seu foco sobre o
como forma de utilizar melhor os talentos dos seus funcionários. obtenção de resultados;
As empresas descobriram que as equipes são mais flexíveis e re- - Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo;
agem melhor às mudanças do que os departamentos tradicionais - Grande habilidade para ouvir;
ou outras formas de agrupamentos permanentes. As equipes têm - Liderança é situacional; ou seja, o líder age de acordo com o
capacidade para se estruturar, iniciar seu trabalho, redefinir seu grau de maturidade da equipe; de acordo com a contingência;
foco e se dissolver rapidamente. Outras características importantes - Questões comportamentais são discutidas abertamente, prin-
é que as equipes são uma forma eficaz de facilitar a participação cipalmente as que podem comprometer a imagem da equipe ou
dos trabalhadores nos processos decisórios aumentar a motivação organização
dos funcionários. - O nível de confiança entre os membros é elevado;
- Demonstram confiança em seus líderes, tornando a equipe
Diferença entre Grupo e Equipe disposta a aceitar e a se comprometer com as metas e as decisões
Grupo e equipe não é a mesma coisa. Grupo é definido como do líder;
- Flexibilidade permitindo que os membros da equipe possam
dois ou mais indivíduos, em interação e interdependência, que se
completar as tarefas uns dos outros.
juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele
Isso deixa a equipe menos dependente de um único membro;
que interage basicamente para compartilhar informações e tomar - Conflitos são analisados e resolvidos;
decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua - Há uma preocupação / ação contínua em busca do autode-
área de responsabilidade. senvolvimento.
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade O desempenho de uma equipe não é apenas a somatória das
de se engajar em um trabalho coletivo que requeira esforço conjun- capacidades individuais de seus membros.
to. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições Contudo, estas capacidades determinam parâmetros do que os
individuais de seus membros. Não existe uma sinergia positiva que membros podem fazer e de quão eficientes eles serão dentro da
possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das equipe. Para funcionar eficazmente, uma equipe precisa de três ti-
contribuições individuais. pos diferentes de capacidades. Primeiro, ela precisa de pessoas com
conhecimentos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para
solução de problemas e tomada de decisões que sejam capazes de
identificar problemas, gerar alternativas, avaliar essas alternativas
e fazer escolhas competentes. Finalmente, as equipes precisam de
pessoas que saibam ouvir, deem feedback, solucionem conflitos e
24 Fonte: www.notapositiva.com - Texto adaptado de Claudia Fernan-
possuam outras habilidades interpessoais.
des

221
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Tipos de Equipe ciarão as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos


As equipes podem realizar uma grande variedade de coisas. positivos de simpatia e atração provocarão aumento de intera-
Elas podem fazer produtos, prestar serviços, negociar acordos, co- ção e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades
ordenar projetos, oferecer aconselhamentos ou tomar decisões. e ensejando maior produtividade. Por outro lado, sentimentos
Equipe de soluções de problemas: Neste tipo de equipe, os negativos de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das in-
membros trocam ideias ou oferecem sugestões sobre os processos terações, ao afastamento nas atividades, com provável queda de
e métodos de trabalho que podem ser melhorados. Raramente, en- produtividade.
tretanto, estas equipes têm autoridade para implementar unilate- Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se rela-
ralmente suas sugestões. ciona diretamente com a competência técnica de cada pessoa.
Equipes de trabalho auto gerenciadas: São equipes autônomas, Profissionais competentes individualmente podem render muito
que podem não apenas solucionar os problemas, mas também im- abaixo de sua capacidade por influência do grupo e da situação
plementar as soluções e assumir total responsabilidade pelos re- de trabalho.
sultados. São grupos de funcionários que realizam trabalhos muito Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há
relacionados ou interdependentes e assuem muitas das responsa- uma base interna de diferenças que englobam valores, atitudes,
bilidades que antes eram de seus antigos supervisores. conhecimentos, informações, preconceitos, experiência ante-
Normalmente, isso inclui o planejamento e o cronograma de rior, gostos, crenças e estilo comportamental, o que traz inevi-
trabalho, a delegação de tarefas aos membros, o controle coletivo táveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em re-
sobre o ritmo de trabalho, a tomada de decisões operacionais e a lação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a
implementação de ações para solucionar problemas. As equipes de constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo.
trabalho totalmente auto gerenciadas até escolhem seus membros Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a
e avaliam o desempenho uns dos outros. modalidade de relacionamento entre membros do grupo, cole-
Consequentemente, as posições de supervisão perdem a sua gas de trabalho, superiores e subordinados. Por exemplo: se no
importância e até podem ser eliminadas. grupo há respeito pela opinião do outro, se a ideia de cada um
Equipes multifuncionais: São equipes formadas por funcio- é ouvida, e discutida, estabelece-se uma modalidade de relacio-
nários do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores da namento diferente daquela em que não há respeito pela opinião
empresa, que se juntam para cumprir uma tarefa. As equipes de- do outro, quando ideias e sentimentos não são ouvidos, ou igno-
sempenham várias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou rados, quando não há troca de informações. A maneira de lidar
seja, não há especificação para cada membro. O sentido de equipe com diferenças individuais criam certo clima entre as pessoas e
é exatamente esse, os membros compensam entre si as competên- tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente
cias e as carências, num aprendizado contínuo. nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal,
As equipes multifuncionais representam uma forma eficaz de no comportamento organizacional e na produtividade.
permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa (ou até Valores: Representa a convicções básicas de que um modo
de diferentes empresas) possam trocar informações, desenvolver específico de conduta ou de condição de existência é individu-
novas ideias e solucionar problemas, bem como coordenar projetos almente ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto
complexos. Evidentemente, não é fácil administrar essas equipes. de conduta ou de existência. Eles contêm um elemento de jul-
Seus primeiros estágios de desenvolvimento, enquanto as pessoas gamento, baseado naquilo que o indivíduo acredita ser correto,
aprendem a lidar com a diversidade e a complexidade, costumam bom ou desejável. Os valores costumam ser relativamente está-
ser muito trabalhosos e demorados. Demora algum tempo até que veis e duradouros.
se desenvolva a confiança e o espírito de equipe, especialmente en-
tre pessoas com diferentes históricos, experiências e perspectivas. Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados até agora reali- ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Re-
zam seu trabalho face a face. As equipes virtuais usam a tecnologia fletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa.
da informática para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e Quando digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha
permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas permitem que atitude em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que
as pessoas colaborem on-line utilizando meios de comunicação os valores, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três
como redes internas e externas, videoconferências ou correio ele- componentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
trônico – quando estão separadas apenas por uma parede ou em A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmati-
outro continente. São criadas para durar alguns dias para a solução va avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma
de um problema ou mesmo alguns meses para conclusão de um atitude. Ela estabelece a base para a parte mais crítica de uma
projeto. Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e cíclicas. atitude: o seu componente afetivo. O afeto é o segmento da ati-
tude que se refere ao sentimento e às emoções e se traduz na
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas va- afirmação “Não gosto de João porque ele discrimina os outros”.
mos desenvolver relações interpessoais. Finalmente, o sentimento pode provocar resultados no com-
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades portamento. O componente comportamental de uma atitude
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser se refere à intenção de se comportar de determinada maneira
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional em relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar no
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito, exemplo, posso decidir evitar a presença de João por causa dos
amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, meus sentimentos em relação a ele.
os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influen-

222
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Encarar a atitude como composta por três componentes – cog- 3- Papéis diferenciados – Cada membro do time deve dar sua
nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender contribuição individual à equipe.
sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor- 4- Autonomia – A liberdade para realizar o trabalho é uma mar-
tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.25 ca registrada das equipes.
5-Dependência dos recursos externos – Os membros da equipe
TRABALHO EM EQUIPE - A COMPETÊNCIA COMPORTAMEN- sabem que dependem de outras equipes ou indivíduos para con-
TAL MAIS VALORIZADA seguir informações, recursos e apoio. Enfim, eles valorizam tudo o
O trabalho em equipe nos revela algo belo que é chegar aon- que possa ajudá-los a cumprir seus objetivos.
de sozinhos não chegaríamos. Consiste ainda em mostrar para nós 6 -Responsabilidade coletiva – Recompensas e feedbacks são
mesmos que precisamos cocriar e estabelecer conexão uns com os uma constante, principalmente para o time como um todo.27
outros. Estar inserido em grupo em busca de um resultado é um re-
lacionamento que assemelha a um conjunto de engrenagens inter- Sustentabilidade organizacional.
ligadas: os atritos são naturais, mas o importante é que a máquina O tema sustentabilidade está cada vez mais em evidência,
continue funcionando. tanto no contexto acadêmico como no empresarial e gover-
Segundo pesquisa da consultoria Manpowergroup, realizada namental. A aproximação entre organizações e princípios da
no Brasil e noutros 40 países, com cerca de 60 mil empresas, de sustentabilidade ganha gradativa relevância na academia e no
diferentes segmentos, para 17% dos entrevistados a Colaboração e mercado em escala global. Entende-se por atividade sustentável
o Trabalho em grupo é a competência comportamental mais rele- aquela que é executada levando em conta a proteção ambiental,
vante em um profissional, e também a mais rara de se encontrar no a atenção às necessidades sociais e a minimização dos custos.
mercado atualmente. Desta forma, a busca pela sustentabilidade organizacional torna-
Portanto, saber trabalhar em equipe é essencial para a sua car- -se um diferencial para uma organização.
reira! E apesar de estarmos expostos a isso por toda a nossa vida, A sustentabilidade aplicada ao contexto das organizações
em várias empresas esse tipo trabalho é prejudicado por colabora- envolve relações múltiplas de troca entre o aspecto social, eco-
dores que não preferem trabalhar individualmente a unir suas for- nômico e ambiental, almejando a seguridade e o bem-estar das
ças e atuar em grupo. gerações presentes e futuras a partir do uso racional e consciente
Para te ajudar a desenvolver esta competência, apresento duas dos recursos disponíveis (BRUNSTEIN, SCARTEZINI e RODRIGUES,
dicas importantes para quem trabalha em equipe: 2012). Nesse cenário, as empresas desempenham um papel de
Use o bom senso – Procure sempre o bom senso em tudo. Pen- fundamental importância, sobretudo pelo comprometimento da
se bem antes de falar e esteja pronto a ouvir o outro. E sempre gestão voltada aos valores sustentáveis e às práticas de desen-
que for emitir alguma opinião, feedback que possa envolver alguma volvimento produtivo, de competição e de tecnologias aplicadas
crítica aos seus companheiros de equipe escolha bem as palavras, na minimização da ação empresarial no meio.
seja assertivo para não ferir ninguém. A articulação entre práticas de gestão sustentáveis e os mo-
Compartilhe a responsabilidade – O trabalho em equipe, às ve- delos de competências adotados pelas organizações tendem a
zes, sofre de um fenômeno chamado “Preguiça Social”. A “Preguiça resultar em procedimentos benéficos para a sociedade, a econo-
Social” é quando membros do grupo não se esforçam ao máximo, mia e o meio ambiente. O conhecimento suficientemente claro
pois têm a sensação de não “ser tão responsável pelo resultado”. a respeito das estratégias empresariais, anseios pessoais e in-
Evite este comportamento, pois a partir do momento que você está teresses da sociedade permite maior participação dos diversos
trabalhando em grupo, não importa que o erro não seja diretamen- stakeholders em situações envoltas por condicionantes susten-
te seu, se alguém falhar a culpa também é sua. Então, assuma a táveis.
responsabilidade, seja leal aos seus colegas e honre o sentimento As organizações envolvidas ativamente no debate sobre a
de grupo.26 sustentabilidade buscam constantemente identificar maneiras
pelas quais possam desenvolver novas formas de produção e de
Muitas pessoas dizem que trabalhar em equipe é mais diver- gestão de recursos que confluam para o aprimoramento de práti-
tido e fácil do que trabalhar individualmente, pois contribui muito cas relacionadas com cada um dos pilares que a fundamentam. É
para melhorar o desempenho de todos. Um exemplo de trabalho necessário reconhecer que o comportamento das organizações,
em equipe é o das formigas e gafanhotos, que se dividem para pe- refletindo as demandas de movimentos internos e externos ao
gar alimentos e se um não faz a sua parte, todo o resto fica compro- ambiente empresarial, suscita o reposicionamento e a reconsi-
metido, dando um modelo de união e força. deração de atitudes e comportamentos. Tais atitudes procuram
Segundo Paula Caproni, os times de alta performance têm seis estar inseridas no posicionamento estratégico que direciona o
características básicas: comportamento socioeconômico dessas empresas, motivo pelo
1-Limites precisos – Todos sabem quem pertence ou não ao qual a sucessão de mudanças, na busca de alinhamento com os
time. Da mesma maneira, a equipe é reconhecida pelos outros anseios da sociedade, governo e demais entidades, se torna um
como uma unidade organizacional. desafio na busca de um desenvolvimento sustentável (MUNCK
2-Objetivos comuns – As metas dizem respeito à equipe, e to- e SOUZA, 2009). Assim, as organizações se empenham em apri-
dos reconhecem e assumem a responsabilidade por seu cumpri- morar suas práticas de gestão em caminhos estratégicos que as
mento. auxiliam a oferecer respostas a tais demandas.
O envolvimento das organizações em problemáticas de
25 Texto adaptado de Marcel Rodrigues cunho socioambiental pode transformar-se em uma oportunida-
26 Fonte: www.coachingconsultores.com.br – Texto adaptado de Jose de de negócios, contribuindo para a melhoria de qualidade de
Roberto Marques 27 Texto adaptado de Ana Carolina Novaes

223
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

vida dos stakeholders e a sustentabilidade dos recursos naturais. a possibilidade de melhoria de suas condições de vida (AUTIO,
Para Claro, Claro e Amâncio (2008), a preocupação de muitas KENNEY, MUSTAR et al., 2014). Os autores atestam que a sus-
organizações com o problema da poluição, por exemplo, tem tentabilidade econômica de uma organização mensura a capa-
feito com que elas reavaliem o processo produtivo, buscando a cidade de desenvolver suas atividades de maneira responsável,
obtenção de tecnologias limpas e o reaproveitamento dos re- com lucratividade suficientemente atrativa para proprietários e
síduos. Isso gera grandes economias de recursos, que não se- investidores.
riam viabilizadas se elas não tivessem tratado dessa situação. Os A sustentabilidade ambiental refere-se ao uso racional dos
benefícios econômicos podem resultar de economia de custos recursos naturais, como energia e materiais, bem como à pre-
ou incremento de receitas. Os benefícios estratégicos resultam servação e à recomposição dos espaços naturais (fauna, flora e
de melhoria da imagem institucional, renovação da carteira de recursos hídricos) (KRAJNC e GLAVIC, 2005). Faz-se indispensável
produtos, aumento da produtividade, alto comprometimento do que a organização, sob a perspectiva dos impactos de suas ope-
pessoal, melhoria nas relações de trabalho, melhoria da criativi- rações e produtos sobre os sistemas naturais vivos e não vivos,
dade para novos desafios e melhoria das relações com os órgãos objetive reduzir os impactos negativos e amplificar os positivos,
governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. desenvolvendo tecnologias com o intuito de melhorar o desem-
Com o intuito de compreender o desenvolvimento sustentá- penho de produção, ao mesmo tempo que se preservam os re-
vel de organizações produtivas, Savitz e Weber (2007) conceitu- cursos naturais.
am essa expressão como a busca de um equilíbrio entre o que é Portanto, a responsabilidade sobre o espaço natural com-
socialmente desejável, economicamente viável e ambientalmen- preende preocupações além do simples cumprimento da lei, ou
te sustentável. A organização sustentável seria aquela que con- iniciativas como reciclagem ou uso eficiente de recursos energé-
segue, efetivamente, gerar lucro para proprietários e acionistas, ticos, envolvendo um tratamento que, efetivamente modifique
protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com as as operações organizacionais (PETRINI e POZZEBON, 2010).
quais mantém interações (LÉON-SORIANO, MUNÕZ-TORRES e A sustentabilidade social remete ao estímulo da igualdade
CHALMETA-ROSALEN, 2010). Ainda de acordo com os autores, a e à participação de todos os grupos sociais na construção e ma-
sustentabilidade organizacional pode ser tomada como a capa- nutenção do equilíbrio do sistema, compartilhando direitos e
cidade de as organizações alavancarem seu capital econômico, responsabilidades (GREENWOOD, 2007). O aspecto social, para
social e ambiental a fim de contribuir para o desenvolvimento as empresas, refere-se a seu impacto na sociedade, comunidade
sustentável em seu domínio político. local e entornos em que operam, sendo o desempenho social
As ações organizacionais sustentáveis são, conforme argu- abordado por meio dessa análise, considerando os diversos ní-
mentação de Munck e Souza (2009), as que causam o menor veis de alcance como local, nacional e global. Para Krajnc e Glavic
impacto ambiental possível por meio de atividades operacio- (2005), o aspecto social da sustentabilidade, se analisado sob o
nais preocupadas em simultaneamente promover um desen- prisma das empresas, refere-se às atitudes organizacionais em
volvimento socioeconômico que propicie a sobrevivência das relação aos próprios colaboradores, fornecedores, contratados
gerações presentes e futuras. A implicação do fomento a esse e consumidores, além de impactos na sociedade em geral, para
desenvolvimento, segundo os autores, deve dar-se de maneira além de seus domínios.
articulada com os indivíduos inseridos em ambientes sociais e Os três aspectos da sustentabilidade organizacional (so-
organizacionais, uma vez que é por meio deles que são estabele- cial, ambiental e econômica) devem ser trabalhados de forma
cidas as decisões finais validadoras de todas essas proposições. conjunta, objetivando o alcance de uma instância maior e mais
Assim, objetivando que uma organização se torne realmente complexa, que é o desenvolvimento sustentável (CALLADO,
sustentável, é necessário que haja integração de ações com foco 2010). Assim, aponta-se que, em um contexto no qual se busca
nos aspectos econômico, social e ambiental, os quais compõem o equilíbrio sistêmico entre as dimensões da sustentabilidade,
um constructo maior, que é a sustentabilidade organizacional. A é indispensável compreender a urgência em fazer uso dos re-
concepção baseada nos três aspectos fundamentais do ser susten- cursos que a natureza oferece para garantir às gerações futuras
tável assegura tanto o crescimento econômico quanto a atenção à uma sociedade de prosperidade e justiça, com melhor qualidade
qualidade ambiental e à justiça social (JAMALI, 2006). Aproximan- ambiental e de vida.
do, portanto, a sustentabilidade do contexto empresarial, busca-
-se compreender e criar meios de promover a sustentabilidade Sustentabilidade e Competências
econômica, ao mesmo tempo que há preocupação com as dimen- A sustentabilidade organizacional pode ser desenvolvida,
sões da eficiência social e da justiça ambiental. Nesse ponto, a também, mediante as competências individuais sob a ótica do
sustentabilidade organizacional assume um caráter complexo, saber agir, assumir responsabilidades e ter iniciativa (DUTRA,
podendo ser segmentada na sustentabilidade organizacional eco- 2012; FLEURY e FLEURY, 2004). A competência voltada para a
nômica, sustentabilidade organizacional ambiental e sustentabili- sustentabilidade deve agregar valor à organização, ao indivíduo,
dade organizacional social (CALLADO, 2010). à sociedade e ao meio ambiente. Entretanto, estudos sobre
A sustentabilidade econômica, conforme afirmam Lorenzet- competências individuais ou coletivas voltadas à sustentabilida-
ti, Cruz e Ricioli (2008), diz respeito à atuação da empresa, in- de ainda não são muito numerosos, embora pesquisas recentes
fluenciando as condições econômicas, o sistema econômico em tenham tratado da temática.
seus diversos níveis, a geração de riquezas para a sociedade e
o fornecimento de bens e serviços. A viabilidade econômica é
o argumento central do desenvolvimento sustentável, uma vez
que é por meio da circulação de riquezas e da geração de lucros
que são providos os empregos e proporciona-se à comunidade

224
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A pesquisa de Wiek, Withycombe e Redman (2011), de cunho bibliográfico, resultou em uma profunda revisão com as sínteses
das principais contribuições da literatura sobre o tema. O quadro abaixo apresenta um resumo detalhado das competências para a
sustentabilidade apontadas pelos autores, evidenciando suas principais características e definições. 28

Competências para a sustentabilidade e características

Competência para a sustentabilida-


Definição/característica
de
Capacidade de analisar coletivamente sistemas complexos em diferentes domínios (socieda-
de, meio ambiente, economia etc.) e em diferentes escalas (local a global), considerando-se,
assim, feedback e outras recursos relacionados com questões de sustentabilidade e quadros
de resolução de problemas sustentáveis. A capacidade de analisar sistemas complexos inclui
Foco em pensamento sistêmico
compreender e verificar empiricamente, articulando sua estrutura, os principais componen-
tes e sua dinâmica. A capacidade de analisar se baseia no conhecimento sistêmico adquirido,
incluindo conceitos como estrutura, função, relações de causa e efeito, mas também percep-
ções, decisões e regulamentos.
Capacidade de, coletivamente, analisar e avaliar o cenário futuro relacionado com questões
de sustentabilidade e de cenários de resolução de problemas de sustentabilidade. A capaci-
Preventiva dade de analisar cenários futuros inclui ser capaz de compreender e articular sua estrutura; a
capacidade de avaliar se refere às habilidades comparativas que se relacionam com o “estado
da arte”; finalmente, a capacidade de criar integra habilidades criativas e construtivas.
Capacidade de especificar, aplicar, conciliar e negociar valores de sustentabilidade, princí-
pios, objetivos e metas. Essa capacidade permite, primeiro, avaliar coletivamente a susten-
tabilidade dos estados atuais e/ou futuros de sistemas organizacionais e, em seguida, criar
Normativa coletivamente as visões de sustentabilidade para esses sistemas. Baseia-se no conhecimento
adquirido normativo, incluindo conceitos de justiça, equidade, integridade socioecológica
e ética. Essas habilidades são adaptadas para abordar questões-chave da sustentabilidade
socioecológica, incluindo integridade, sistemas lógicos e equidade organizacional.
Capacidade de implementar intervenções, transições e estratégias de governança de trans-
formação em direção à sustentabilidade. Essa capacidade requer uma compreensão pro-
funda de conceitos estratégicos, como intencionalidade, inércia sistêmica, dependências de
Estratégica
caminho, barreiras, transportadoras, alianças etc.; conhecimento sobre viabilidade, eficácia,
eficiência de intervenções sistêmicas, bem como o potencial de consequências não intencio-
nais etc.
Capacidade de motivar, possibilitar e facilitar a colaboração e a pesquisa sobre sustentabili-
dade participativa e resolução de problemas. Inclui habilidades avançadas na comunicação,
tomada de decisão e de negociação, colaboração, liderança, pluralista e pensamento cultural,
Interpessoal
e empatia. A capacidade de compreender, aceitar e fomentar a diversidade entre culturas,
grupos sociais, comunidades e indivíduos é reconhecida como um componente-chave dessa
competência.

Clima e cultura organizacionais e aprendizagem nas empresas.


Nesse tópico abordaremos sobre a cultura e o clima organizacional, enquanto que, o conteúdo referente à aprendizagem nas empre-
sas, pela correlação do assunto, será abordado no tópico 12. Gestão do Conhecimento.
A cultura organizacional é um conceito desenvolvido por pesquisadores para explicar os valores e as crenças de uma organização. De
um modo geral, ela é vista como as normas e atitudes comuns de indivíduos e grupos dentro de uma organização. Através deste conjunto
de entendimentos mútuos, a Cultura Organizacional controla a maneira como os indivíduos interagem uns com os outros dentro do am-
biente laboral, bem como com clientes, fornecedores e outras partes interessadas existentes fora dos limites da empresa.
Todas as empresas, independentemente do tamanho, do segmento em que atuam e dos bens ou serviços que produzem, possuem
cultura organizacional, formalmente instituída ou não. Assim, cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados pelos seus
membros, em todos os níveis, que diferencia uma organização das demais. Em última análise, trata-se de um conjunto de características-
-chave que a organização valoriza, compartilha e utiliza para atingir seus objetivos e adquirir a imortalidade.
A título organizacional, várias pesquisas sugerem que uma Cultura Organizacional saudável e vigorosa é capaz de proporcionar vários
benefícios, incluindo os seguintes:
- Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao cliente;
- Maior desempenho dos empregados;
28 Fonte: www.scielo.br – Por Edson Luis Kuzma/Sérgio Luis Dias Doliveira/Adriana Queiroz Silva

225
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

- Coesão da equipe; Clima organizacional


- Alto nível de alinhamento na busca da realização de objetivos. O clima organizacional pode ser definido como os reflexos de
um conjunto de valores, comportamentos e padrões formais e in-
Características formais que existem em uma organização (cultura) e, representa a
De acordo com pesquisadores do assunto, existem sete carac- forma como cada colaborador percebe a empresa e sua cultura, e
terísticas básicas que, em conjunto, capturam a essência da cultura como ele reage a isso. Resumindo, clima organizacional é a percep-
de uma organização: ção coletiva que as pessoas têm da empresa.
Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários Essa percepção pode ser boa ou ruim de acordo com a inter-
são estimulados a inovar e assumir riscos. pretação pessoal que cada colaborador faz das políticas, normas e
Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcio- conduta da empresa frente às diversas questões, tanto referentes
nários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes. ao mercado em que ela atua, como com relação às pessoas e a so-
Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes fo- ciedade.
cam mais os resultados do que as técnicas e os processos emprega- O clima organizacional influi diretamente na motivação da
dos para seu alcance. equipe, no seu grau de satisfação e, conseqüentemente, na quali-
Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos di- dade de seu trabalho. Por isso, é tão importante para as empresas
rigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as mensurar essa percepção que os colaboradores têm dela, ou seja,
pessoas dentro da organização. o clima organizacional.
Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de Através de uma pesquisa de clima organizacional busca-se ob-
trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de ter repostas que auxiliem as empresas a identificar possíveis falhas
indivíduos. ou oportunidades de melhoria.
Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e Esse tipo de pesquisa tem se tornado mais comum, devido aos
agressivas em vez de dóceis e acomodadas. cada vez mais utilizados processos de automação, que reduzem o
Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais en- quadro de funcionários, ao chamado “downsizing”, às fusões e pri-
fatizam a manutenção do status quo em contraste com o cresci- vatizações que misturam culturas organizacionais completamente
mento. diferentes gerando, todos eles, muitas vezes, instabilidade e insegu-
rança aos funcionários o que prejudica seu desempenho e, conse-
Tipos de cultura: quentemente o desempenho da organização como um todo.
Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua maleabilidade O clima organizacional então age como um indicador de como
e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudança. São or- as mudanças estão afetando a organização.
ganizações que adotam e fazem constantes revisões e atualizações, Outro ponto que favorece a realização da pesquisa de clima
em suas culturas adaptativas se caracterizam pela criatividade, organizacional é a questão da imagem da empresa. Os colabora-
inovação e mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a dores são os primeiros clientes que a empresa precisa conquistar
adaptação para garantir a atualização e modernização, e de outro, para que, depois possa conquistar o mercado. De nada adianta,
a necessidade de estabilidade e permanência para garantir a identi- por exemplo, uma empresa fazer uma campanha publicitária milio-
dade da organização. O Japão, por exemplo, é um país que convive nária a respeito da sua responsabilidade social ou ambiental para
com tradições milenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti- os clientes externos, se seus clientes internos não estão satisfeitos
va a mudança e a inovação constantes. com as condições de trabalho ou não sabem de nada que empresa
Culturas conservadoras: Se caracterizam pela manutenção de realiza a respeito destas questões.
idéias, valores, costumes e tradições que permanecem arraigados O clima organizacional pode ser medido, também, através
e que não mudam ao longo do tempo. São organizações conserva- da percepção e alguns “sintomas”: quando o clima é bom, existe
doras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse mudado no alegria no ambiente de trabalho, aplicação e surgimento de ideias
mundo ao seu redor. novas, os funcionários se sentem confiáveis, engajados, e predomi-
Culturas fortes: Seus valores são compartilhados intensamente nam atitudes positivas; já quando o clima é ruim, existe tensão, ri-
pela maioria dos funcionários e influencia comportamentos e ex- validades, desinteresse, erros constantes, desobediência às ordens,
pectativas. falta de comunicação, alto índice de absenteísmo, greves, desper-
Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas. Como dício de materiais e turnover alto (rotatividade de funcionários).29
exemplo, seria uma empresa pequena e jovem, como está no início, Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Recur-
é mais fácil para a administração comunicar os novos valores, isto sos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos que
explica a dificuldade que as grandes corporações tem para mudar possam respaldar ao máximo sua atuação nas organizações.
sua cultura. O objetivo é transformar a área num RH estratégico cuja atu-
Com base nesse conjunto, pode-se dizer que a cultura organi- ação está alinhada aos planos de negócios. Mas como fazer? Como
zacional onde você está inserido é representada pela forma como criar um RH que funcione como agente de mudanças e que vai além
os colaboradores em geral percebem as características da cultura do simples gerenciamento do capital humano, apoiando iniciativas
da empresa. e planos de ação que contribuem para a execução das estratégias
Por que é importante entender a cultura organizacional? Acei- do negócio.
tar melhor a sua existência, compreender os seus meandros, en- Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar
tender como ela é criada, sustentada e aprendida, pode melhorar neste objetivo, mas é sobre o Clima Organizacional que vou dar al-
a sua capacidade de sobrevivência na empresa, além de ajudá-lo a guns “insight” de como podemos realizar este trabalho.
explicar e prever o comportamento dos colegas no trabalho.
29 Fonte: www.infoescola.com – Texto adaptado deCaroline Faria

226
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Mas afinal o que é Clima? Clima é a percepção coletiva que as - Processo decisório – esta variável revela uma faceta da super-
pessoas têm da empresa, através da experimentação de práticas, visão, relativa à centralização ou descentralização de suas decisões;
políticas, estrutura, processos e sistemas e a consequente reação a - Benefícios – apura o grau de satisfação com relação aos dife-
esta percepção. rentes benefícios oferecidos pela empresa;
E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um ins- - Condições físicas do trabalho – verifica a Qualidade das con-
trumento voltado para análise do ambiente interno a partir do dições físicas de trabalho, as condições de conforto, instalações em
levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar geral, riscos de acidentes de trabalho e doenças profissionais;
os aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos - Trabalho em equipe – Mede algumas formas de participação
funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes, na Gestão da empresa;
deficiências, expectativas e aspirações. - Orientação para resultados – Verifica até que ponto a empre-
Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações, sa estimula ou exige que seus funcionários se responsabilizem efe-
identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que im- tivamente pela consecução de resultados.
pactam no Clima e orienta a definição de planos de ação para me-
lhoria do clima organizacional e, consequentemente, da produtivi- Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em re-
dade da empresa. lação a essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer
Esta atitude da empresa eleva bastante o índice de motivação, a realidade familiar, social e econômica em que os mesmos vivem.
pois dentro desta ação está intrínseco a frase «estamos querendo Somente assim poderão encontrar outros fatores do clima organi-
ouvir você», «você e sua opinião são muito importantes para nós». zacional que justificam o ambiente da empresa.
A crença na empresa se eleva sensivelmente. Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa
A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente inter- adapta o questionário a sua realidade, linguagem e cultura de seus
no da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos funcionários.
de problemas melhorando o ambiente de trabalho. Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima
Hoje, neste mundo tão cheio de transformações, em meio à organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e con-
globalização, fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez fiança.
mais, melhorar seus índices de competitividade e para isso ela de- As principais contribuições que podemos obter da Pesquisa de
pende quase que única e exclusivamente de seus Seres Humanos Clima são:
- motivados, felizes e orgulhosos dos valores compartilhados com - O alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa;
a organização. - Promover o crescimento e desenvolvimento dos colabora-
Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de dores;
motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção. - Integrar os diversos processos e áreas funcionais;
Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos co- - Otimizar a comunicação;
laboradores motivados este mesmo índice pode chegar a 60%. - Minimizar a burocracia;
As empresas precisam manter o índice de motivação de seus - Identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento;
colaboradores o mais elevado nível possível de forma que este valor - Enfocar o cliente interno e externo;
passe a ser um dos seus indicadores de resultado. - Otimizar as ações gerenciais, tornando-as mais consistentes;
É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estar - Aumentar a produtividade;
coerente com o planejamento estratégico da organização e deve - Diminuir o índice de rotatividade;
contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, tais - Criar um ambiente de trabalho seguro;
como: - Aumentar a satisfação dos clientes internos e externos.30
- O trabalho em si – com base nesta variável procura-se co-
nhecer a percepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho, Modelos de estudo de clima organizacional
horário, distribuição, suficiência de pessoal, etc; Os instrumentos utilizados para avaliar o clima de uma organi-
- Integração Setorial e Interpessoal – avalia o grau de coopera- zação caracterizam-se como “pesquisas de clima”. De acordo com
ção e relacionamento existente entre os funcionários e os diversos Coda (1997:99), a pesquisa de clima organizacional “é um levanta-
departamentos da empresa; mento de opiniões que caracteriza uma representação da realidade
- Salário – analisa a existência de eventuais distorções entre organizacional consciente” .
os salários internos e eventuais descontentamentos em relação aos A seguir, são apresentados alguns modelos desenvolvidos para
salários pagos por ouras empresas; o estudo de clima organizacional, os quais propõem diferentes fato-
- Estilo Gerencial – aponta o grau de satisfação do funcionário res e/ou variáveis para mensuração de clima:
com a sua chefia, analisando a Qualidade de supervisão em termos - Modelo de Lítwin e Stringer (apud Santos, 1983:31-32)
de competência, feedback, organização, relacionamento, etc; O modelo proposto por Litwin e Stringer para medir o clima
- Comunicação – buscar o conhecimento que os funcionários organizacional apresenta os seguintes fatores:
têm sobre os fatos relevantes da empresa, seus canais de comuni- 1) Estrutura: o sentimento dos trabalhadores sobre as restri-
cação, etc; ções em sua situação de trabalho, com muitas regras, regulamen-
- Desenvolvimento Profissional – avalia as oportunidades de tos, procedimentos;
treinamento e as possibilidades de promoções e carreira que a em- 2) Responsabilidade: o sentimento de ser seu próprio chefe;
presa oferece; não haver dupla verificação em suas decisões;
- Imagem da empresa – procura conhecer o sentimento das 3) Riscos: o senso de arriscar e de desafio no cargo e na situa-
pessoas em relação a empresa; ção de trabalho;
30 Fonte: www.guiarh.com.br/ Texto adaptado de Washington Sorio

227
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

4) Recompensa: o sentimento de ser recompensado por um 4) Proximidade da Supervisão: descreve o quanto a adminis-
trabalho bem feito; a ênfase na recompensa versus criticismo e pu- tração deixa de praticar um controle cerrado sobre as pessoas; o
nições; quanto as pessoas têm liberdade para fixar seus métodos de traba-
5) Calor e apoio: o sentimento de boa camaradagem geral e de lho; o quanto as pessoas têm possibilidade de exercitar a iniciativa;
ajuda mútua que prevalece na organização; 5) Consideração Humana: descreve o quanto as pessoas são
6) Conflito: o sentimento de que a administração não teme tratadas como seres humanos; o quanto recebem de atenção em
diferentes opiniões ou conflitos, a ênfase calcada sobre diferentes termos humanos;
aqui e agora. 6) Adequação da Estrutura: descreve o quanto o esquema or-
ganizacional facilita as ações das pessoas’ e o quanto existe de prá-
- Modelo de Kolb et al. (Kolb et al, 1986:78-80) tica, normas, procedimentos e canais de comunicação consistentes
A partir das dimensões do clima organizacional propostas por com os requisitos de trabalho;
Litwin e Stringer, Kolb et al propõem um novo modelo/escala com 7) Autonomia Presente: descreve o quanto as pessoas se sen-
sete fatores de clima: tem como seus próprios patrões; o quanto não precisam ter suas
1) Conformismo - o sentimento de que existem muitas limi- decisões verificadas;
tações externamente impostas na organização; o grau em que os 8) Recompensas Proporcionais: descrevem quão bem as pesso-
membros sentem que há inúmeras regras, procedimentos, políticas as são recompensadas pelo trabalho que fazem; o quanto de ênfase
e práticas às quais devem-se amoldar ao invés de serem capazes de édada em recompensas positivas antes do que em punições; o quão
fazer seu trabalho como gostariam de fazê-lo; justas são as políticas de pagamento e promoções;
2) Responsabilidade - dá-se responsabilidade pessoal aos 9) Prestígio Obtido: descreve a percepção das pessoas sobre
membros da organização para realizarem sua parte nos objetivos sua imagem no ambiente externo pelo fato de pertencerem à or-
da organização; o grau em que os membros sentem que podem to- ganização; o quanto a organização projeta seus membros no am-
mar decisões e resolver problemas sem terem de verificar com os biente;
superiores cada etapa; 10) Cooperação Existente: descreve o quanto a amizade e as
3) Padrões - a ênfase que a organização coloca na qualidade boas relações sociais prevalecem na atmosfera de trabalho da or-
do desempenho e na produção elevada, incluindo o grau em que ganização; o grau de confiança de uns nos outros; o grau com que a
os membros da organização sentem que ela coloca objetivos esti- interação entre as pessoas é sadia;
mulantes, comunicando-lhes o comprometimento com esses obje- 11) Padrões Enfatizados: descrevem o grau de importância atri-
tivos; buída pelas pessoas às metas e padrões de desempenho: a ênfase
4) Recompensas - o grau em que os membros sentem que estão dada à realização de um bom trabalho;
sendo reconhecidos e recompensados por bom trabalho, ao invés 12) Atitude Frente a Conflitos; descreve o quanto as pessoas
de serem ignorados, criticados ou punidos quando algo sai errado; estão dispostas a servir e considerar diferentes opiniões; a ênfase
5) Clareza Organizacional - o sentimento, entre os membros, relativa dada pelas pessoas em “levantar o problema” antes do que
de que as coisas são bem organizadas e os objetivos claramente em ignorá-lo;
definidos, ao invés de serem desordenados, confusos ou caõticos; 13) Sentimento de Identidade: descreve o quanto as pessoas
6) Calor e apoio - o sentimento de que a amizade é uma forma manifestam um sentimento de pertencer à organização; o quantoas
valorizada na organização, onde os membros confiam uns nos ou- pessoas dão valor à organização da qual fazem parte;
tros e oferecem apoio mútuo. O sentimento de que boas relações 14) Tolerância Existente: descreve o grau com que os erros das
prevalecem no ambiente de trabalho; pessoas são tratados de forma suportável e construtiva antes do
7) Liderança - a disposição dos membros da organização para que punitiva;
aceitar a liderança e a direção de outros qualificados. Quando sur- 15) Clareza Percebida: descreve o grau de conhecimento das
gem necessidades de liderança, os membros sentem-se livres para pessoas relativamente aos assuntos que lhes dizem respeito; o
assumi-la e são recompensados por uma liderança bem sucedida. quanto a organização informa às pessoas sobre as formas e condi-
A liderança é baseada na perícia. A organização não é domina- ções de progresso;
da por uma ou duas pessoas ou depende delas. 16) Justiça Predominante: descreve o grau com que predomi-
nam nos critérios de decisão as habilidades e desempenhos antes
- Modelo de Sbragia (Sbragia, 1983:30) do que os aspectos políticos, pessoais ou credenciais;
Roberto Sbragia, num estudo sobre o clima organizacional em 17) Condições de Progresso: descreve a ênfase com que a or-
instituição de pesquisa, utiliza uminstrumento de coleta de dados ganização provê a seus membros oportunidades de crescimento e
contendo vinte indicadores de clima (variáveis): avanço profissional; o quanto à organização atende suas aspirações
1) Estado de Tensão: descreve o quanto as ações das pessoas e expectativas de progresso;
são dominadas por lógica e racionalidade antes do que por emo- 18) Apoio Logístico Proporcionado: descreve o quanto a organi-
ções; zação provê às pessoas as condições e os instrumentos de trabalho
2) Conformidade exigida: descreve o quanto as pessoas têm necessários para um bom desempenho; o quanto a organização fa-
flexibilidade de ação dentro do contexto organizacional; descreve cilita seus trabalhos principais;
o quanto a organização conscientiza a necessidade de obediência a 19) Reconhecimento Proporcionado: descreve o quanto a orga-
normas e regulamentos formais; nização valoriza um desempenho ou uma atuação acima do padrão
3) Ênfase na Participação: descreve o quanto as pessoas são por parte de seus membros; o quanto os esforços individuais dife-
consultadas e envolvidas nas decisões; o quanto suas idéias e su- renciados são reconhecidos;
gestões são aceitas;

228
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

20) Forma de Controle: descreve o quanto a organização usa Clima organizacional e satisfação do cliente externo
custos, produtividade e outros dados de controle para efeito de Só recentemente, como já vimos neste e no capítulo anterior
autoorientação e solução de problemas antes do que para policia- deste estudo, os desafios da competitividade globalizada vieram a
mento e castigo. ser aceitos como intrinsecamente ligados aos valores e atitudes das
pessoas que trabalham e da qualidade de vida dos ambientes em
- Modelo de Coda (Coda, 1997:101-103) que elas atuam. Hoje, de acordo com Barçante e Castro (1995:XIII),
Este autor realizou cinco estudos de clima organizacional rea- “há uma demanda crescente por níveis razoáveis de autonomia, por
lizados em diferentes organizações brasileiras de grande porte do perspectivas mais sólidas de realização pessoal, e pelo clima da or-
setor público e privado. Os principais fatores obtidos a partir dos ganização”.
indicadores utilizados foram: Humanizar as organizações significa interessar-se pelas pessoas
1) Liderança: encorajamento pelo chefe para o desenvolvimen- não apenas como “recursos humanos”, mas como pessoas integrais
to e crescimento profissional; grau de feedback oferecido pelo che- na sua totalidade e personalidade, mesmo que tal processo seja
fe aos subordinados sobre assuntos que afetam o trabalho na área; complexo, demorado e muito difícil. Uma vez que são as pessoas
discussão sobre os resultados de desempenhos individuais, tendo que fazem a organização ser dinâmica, elas possuem potencial ines-
em vista melhor orientação no trabalho; gotável para o progresso, eficiência e mudança organizacional. O
2) Compensação: balanceamento das diferentes formas de desafio dos dirigentes/gerentes, é fazer com que as pessoas contri-
remuneração adotadas pela empresa; amplitude do programa de buam com seus esforços de maneira organizada para o desempe-
benefícios; pagamento acima do mercado para os melhores profis- nho da atividade a partir de suas personalidades tão diversas. Para
sionais à disposição da empresa; concessão de aumentos por de- Gretz (1996:19),
sempenho e realização de metas; “toda empresa funciona como um sistema, que tem compo-
3) Maturidade empresarial; fornecimento de informações à co- nentes humanos e técnicos. Esses subsistemas, técnico e humano,
munidade sobre as atividades e objetivos da organização; compre- são como pratos de uma balança. O equilíbrio dessa balança é fun-
ensão adequada pelos membros da organização sobre as pressões damental para que toda a organização tenha um bom desempenho.
exercidas pelo mercado, concorrentes e expectativas dos clientes; Muitos empresários e executivos pensam assim: primeiro o lado
real consideração das pessoas como o maior patrimônio e compor- técnico, depois as pessoas”.
tamento compatível com essa crença; valorização de elevados pa- Não se trata de privilegiar o lado humano em detrimento do
drões de desempenho; técnico, mas promover uma equiparação. A diferença é que os seres
4) Colaboração entre áreas funcionais; existência de respeito e humanos precisam ser analisados, percebidos e geridos de forma
integridade entre as diferentes áreas funcionais; estreita colabora- diferente. As suas peculiaridades precisam ser respeitadas e res-
ção entre os departamentos para atingir os objetivos da empresa; saltadas. Moura (apud Barçante e Castro, 1995:XIV) afirma que o
5) Valorização profissional; estímulo à formação e ao desen- desejo e a demanda pela participação “se impõem cada vez mais
volvimento de talentos internos; oportunidades de crescimento e fortemente como sendo o exercício da cidadania corporativa”.
de avanço profissional oferecidas; atendimento de aspirações e de A opinião do empregado (cliente interno) é de extrema impor-
expectativas de progresso; qualidade da desempenho apresentado tância para o aprimoramento da qualidade na empresa. Se a opinião
como o critério de maior ponderação nas promoções; prioridade do do cliente externo pode ser obtida pelo oferecimento de produtos
recrutamento interno para posições de chefia; ou serviços de qualidade, isto só poderá ocorrer se o cliente interno
6) Identificação com a empresa; motivação da equipe e busca estiver igualmente satisfeito com suas condições de trabalho. Não
de objetivos mútuos; sentimento de pertencer a ‘uma grande famí- se pode pretender que alguém insatisfeito com o seu ambiente de
lia’; confiança recebida; compatibilidade da filosofia administrativa trabalho se dedique na elaboração de suas tarefas, de modo a obter
ao porte da empresa; um produto ou serviço de qualidade. Segundo Cannie (1994:28),
7) Processo de comunicação: decisões anunciadas prontamen- “nunca esqueça que os serviços são um relacionamento entre
te; adequação das informações recebidas ao correto desempenho seus funcionários e seus clientes. Se você deprecia os funcionários,
das atividades; instrumento facilitador da integração da empresa; eles irão transm itir essa a mensagem aos clientes.
clareza e compreensibilidade das Informações transmitidas; Para ajudar a garantir a excelência dos serviços, trate bem
8) Sentido de trabalho: importância atribuída ao que acontece aqueles que lidam com seus clientes: desenvolva o respeito próprio,
com a organização; utilidade e importância do trabalho realizado no valorize-os, dê atenção a seus sucessos do dia-a-dia.
contexto organizacional; firmeza nas ações e empreendimento das Reconheça, recompense e comemore tanto os esforços quanto
mesmas até o final por parte da alta direção; as reclamações”.
9) Política global de recursos humanos: importância atribuída Ouvir a voz do cliente interno é mais que um simples processo,
à área de RH diante das demais áreas funcionais existentes; apoio é um indicador de mudança de mentalidade da empresa, em que o
fornecido pelas políticas de RH ao desenvolvimento do trabalho; empregado passa a ser visto não como alguém que deve simples-
disponibilidade para ouvir e considerar a diversidade de opiniões; mente cumprir ordens, mas como um aliado, de cuja competência
10) Acesso: continuidade de realização do mesmo tipo de tra- e empenho dependem o bom resultado do negócio.
balho até o final da carreira. As empresas modernas facilmente atentaram para a impor-
Segundo Coda (1997:101), “uma investigação adequada sobre tância do cliente externo, mas a conscientização de que o cliente
Clima Organizacional começa exatamente pela escolha e definições interno é um parceiro nas mãos do qual, em grande parte, está o
operacionais das variáveis formadoras desse conceito”. São indica- sucesso do negócio, é ainda uma barreira que deve ser quebrada
dores que traduzem a realidade organizacional em um determinado pelas empresas. Segundo Barçante e Castro (1995:66),
momento.

229
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

“uma empresa que se proponha a trabalhar com qualidade Há uma forte correlação entre as percepções dos funcionários
total tem que apresentar evidências objetivas de que centra suas sobre como são tratados, e as percepções dos clientes sobre a qua-
ações nos clientes. De acordo com esta nova visão, o foco no cliente lidade dos serviços que recebem. Segundo Santos (1995:64), “as
é o cartão de embarque para o processo de busca da qualidade to- duas maiores riquezas de uma empresa, registradas em seu ativo
tal, e compreende tanto o cliente externo quanto o interno”. são constituídas de duas medalhas de ouro, uma de louvor à car-
Olhar o cliente interno como um “parceiro” traz resultados al- teira dos clientes felizes e satisfeitos e a outra em honra ao quadro
tamente compensadores para a empresa. Se a empresa consegue de funcionários”.
unir resultados, pessoas e clientes externos, estará traçando seu
próprio caminho rumo ao sucesso. Segundo os estudos de Barçante Pesquisa de clima
e Castro (1995:67), “ouvira voz do cliente interno não é um pro- Toda organização passa por momentos de conflito ou um
cesso que se propõe a garantir a sobrevivência, trazendo inegáveis clima de baixo astral. Mas o que leva as pessoas a passar por
vantagens competitivas àquelas que oimplementam”. situações como essas e qual o impacto disso na produtividade
O vínculo estreito entre a satisfação dos funcionários e a satis- e nos resultados da empresa? Por vezes esses momentos se es-
fação dos clientes cria uma relação de co-responsabilidade entre tendem por mais tempo do que o esperado gerando sérias con-
as empresas e os funcionários. Segundo Eltz (1994:88), “os fun- sequências.
cionários servem de elo entre empresa e cliente. Na verdade, eles Para identificar e melhorar o ambiente de trabalho, uma das
se comunicam com o cliente a todo instante”. Em função disso, a alternativas é aplicar uma pesquisa de clima organizacional. Ela
medida da satisfação dos funcionários proporciona um importante é uma ferramenta poderosa que possibilita visualizar o panora-
indicador dos esforços da empresa no sentido de melhorar a satis- ma das percepções dos colaboradores sobre a companhia para
fação dos clientes e o desempenho operacional. Segundo Cannie criar uma estratégia de RH mais eficaz.
(1994:27), “é necessário o esforço de todos na organização para Uma boa analogia é entender o resultado da pesquisa de
que se possam alcançar 100% de satisfação do cliente”. A equipe clima como uma fotografia, que representa o pensamento e o
de funcionários que está em contato direto com os clientes é uma sentimento daquelas pessoas.
fonte importante, e muitas vezes subestimada, de conhecimento A pesquisa deve ser feita sempre de forma anônima e as per-
sobre as exigências deles. Esta equipe possui uma idéia mais exata guntas devem abordar temas concretos como ambiente físico,
do que está acontecendo e provavelmente tem excelentes idéias, e política de benefícios, comunicação interna, ações de qualidade
mais exatas, do que está acontecendo. de vida.
O desempenho humano é afetado de forma crítica pela forma Temas mais subjetivos como: trabalho em equipe, relaciona-
como as pessoas se sentem, especialmente se estiverem satisfeitos mento com a liderança, segurança do emprego, diversidade e res-
ou insatisfeitos com seu trabalho, o tratamento que recebem, o che- peito também precisam ser levados em consideração, mesmo que
fe, a política da empresa, e outros fatores. Segundo Eltz (1994:67), os resultados não sejam conclusivos em curto espaço de tempo.
“as organizações de vanguarda criaram a figura do cliente inter- As perguntas escolhidas para a abordagem variam conforme a
no, com intuito de educar seus funcionários para o cliente externo. intenção da organização. É preciso ter um planejamento muito cla-
Passaram a divulgar a importância da prestação de serviços inter- ro para saber o que pretende-se analisar com a pesquisa de clima.
nos. Cada área da empresa está ligada a uma outra, formando uma Pense na seguinte situação: a empresa está passando por
engrenagem que é a organização”. uma crise e os gestores não conseguem detectar exatamente em
A parte mais difícil de transformar a cultura de uma organização qual setor está o problema. Nesse caso, uma queda na produti-
de indiferente para orientada para o cliente é resolver os problemas vidade, por exemplo, pode estar relacionada a um ambiente de
que se enfrenta atualmente. A delegação de autoridade simplifica trabalho hostil ou até mesmo a falhas na forma como as infor-
e acelera o processode solução de problemas e faz os empregados mações são repassadas.
concentrarem-se em evitar problemas futuros, ao mesmo tempo Conhecendo o grau de satisfação dos colaboradores, é pos-
em que aprimora continuamente a qualidade dos serviços do ponto sível encontrar o problema e pensar em soluções para que o tra-
de vista do cliente. A delegação de autoridade força a tomada de balho volte a fluir. Isso pode ser feito abordando no questionário
decisão e a solução de reclamações para os níveis hierárquicos mais pontos relevantes para entender o contexto.
baixos. Dá-se às pessoas que lidam com os clientes, a autoridade
para tomar decisões em benefício deles e resolverem os problemas Qual o objetivo da pesquisa?
o mais rápido possível. Com isso, se conquista a participação e a Ao decidir pela realização da pesquisa de clima, surge a dúvida
contribuição das pessoas que melhor conhecem os clientes. mais comum: o que levar em consideração durante o processo? O
A empresa é o local onde as pessoas passam a maior parte do objetivo deve estar relacionado aos principais pontos de atenção
tempo de suas vidas. O ambiente de trabalho deve ser estável e levantados pela gestão e pelo RH. Com a volatilidade das relações
assegurar a harmonia e a amizade entre as pessoas. Somente serão humanas e trabalhistas, o cenário e ações propostas há três anos
alcançados bons resultados quando as pessoas passarem a traba- podem já não fazer mais sentido.
lhar juntas, num ambiente trabalho considerado prazeroso. Segun- Vale ressaltar que, para a pesquisa trazer informações relevan-
do Scott (1995:01), tes e significativas, ela deve contar com um bom planejamento.
“sem o apoio e a cooperação de pessoas internas, é difícil satis- Para que isso aconteça, é essencial ter em mente que é necessário
fazer àqueles que comumente vemos como nossos clientes reais (os envolver a liderança e toda a empresa deve ter acesso aos resulta-
que compram nossos produtos). A satisfação dos clientes internos dos para melhor clareza e credibilidade.
constitui um elo vital na cadeia que conduz à satisfação de clientes
externos. ”

230
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

É importante lembrar que a pesquisa é uma ferramenta de mo- Uma vez cumprido o cronograma, é interessante arquivar as
nitoramento do ambiente, então certas perguntas são imprescindí- enquetes para acompanhar a evolução e as mudanças. Um grande
veis. Você deve avaliar, por exemplo, o relacionamento dos colabo- benefício da pesquisa de clima para as empresas é a integração da
radores com o ambiente, com os colegas, com os líderes e com o equipe e o desenvolvimento de um ambiente favorável à produtivi-
trabalho desenvolvido. dade e à inovação.
A estrutura da pesquisa fica a critério da empresa. Perguntas Da mesma forma que a pesquisa de mercado tem importância
abertas ou fechadas, de múltipla escolha com campos abertos des- para o setor de marketing, uma pesquisa de clima organizacional
tinados a comentários e sugestões. Deve-se deixar a pessoa livre deve ser vista como um investimento estratégico com foco no cola-
para acrescentar algo que não havia sido pensado pelos gestores, borador e em seu desempenho.
essa autonomia é essencial. Preocupar-se com os responsáveis por todo o processo de fun-
Aplicar a pesquisa de clima envolve sapiência da área de Re- cionamento da empresa e não apenas com o produto ou serviço
cursos Humanos já que a comunicação e a sensibilização bem-feita final pode trazer um retorno muito mais efetivo do que o esperado.
contribuem para que os colaboradores entendam qual a razão e a Mostrar que os colaboradores são importantes para o funcio-
importância desse processo. Deve-se garantir o sigilo das respostas namento da empresa e têm espaço para falar sobre seu contenta-
evitando que elas não condizam com a realidade por deixar a pes- mento e suas angústias, fará com que eles apresentem maior enga-
soa inibida. jamento. Consequentemente, haverá mais motivação na entrega de
Levando em consideração que cada indivíduo tem seu mapa resultados e na manutenção de um ambiente de trabalho agradável
de mundo e suas percepções, o RH pode encontrar soluções para e colaborativo.
conflitos e melhorar a relação pessoal entre colaboradores. Tornan- Por isso, entender o que é pesquisa de clima organizacional e
do a convivência mais tranquila e o dia a dia de trabalho menos colocá-la em prática de forma eficiente é fundamental para empre-
estressante. sas de todos os segmentos e dos mais diversos tamanhos, desde
Mais importante do que obter as respostas, a organização deve startups até grandes companhias que buscam uma comunicação
gerar ações relevantes para criar um ambiente de trabalho saudá- direta e sincera entre os envolvidos.
vel. Quando a organização opta por realizar uma pesquisa de clima
organizacional e não agir em nenhum aspecto, o processo cai em Dessa forma, a pesquisa possibilita ser um dos principais meios
descrédito. Na aplicação seguinte, as respostas podem não ser tão para avaliar o seu desempenho, planejar ações e sempre trabalhar
verdadeiras. em busca de um processo de melhoria contínua, proporcionando
Divulgar os resultados para todos — mesmo que eles não se- um ambiente agradável para todos diariamente. E você, na sua em-
jam favoráveis — é parte do processo. Mas somente publicar os presa ou na empresa em que trabalha, possui uma pesquisa de cli-
percentuais obtidos em cada aspecto questionado não é suficiente ma organizacional?
para uma mudança, nem nas atitudes das equipes ou na cultura
institucional. A aplicação da sua pesquisa de clima organizacional
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que, Primeiro decida o meio pelo qual a pesquisa de clima será apli-
quando não há um canal de comunicação efetivo, a pesquisa de cada: pessoalmente com cada funcionário ou a partir de um ferra-
clima serve como repositório de toda insatisfação das pessoas. menta online, como o Google Forms? Lembre-se de que esta deci-
A falta de reconhecimento e feedback rotineiro geram uma são influenciará na tabulação e análise dos dados colhidos.
insatisfação generalizada com a empresa, mesmo que ela oferece Fazendo a pesquisa ao vivo, o ideal é que seja contratado al-
bons benefícios e salário acima da média. Quando a empresa envol- guém de fora da empresa para realizar essa tarefa, já que as respos-
ve os colaboradores para buscar juntos soluções, ela se depara com tas devem ser 100% anônimas, buscando a confiança e sinceridade
colaboradores satisfeitos e se torna atraente para novos talentos. dos respondentes. Porém, com este meio de coleta, e garantindo
a confiança dos colaboradores no anonimato, você pode ter maior
Existe uma frequência ideal para aplicar? veracidade dos dados, uma vez que alguém parou com seu funcio-
Quando falamos sobre o que é pesquisa de clima, é importante nário para que ele respondesse e realmente entendesse o conteúdo
ter em mente que a sua eficácia depende de uma boa implemen- da pesquisa de clima.
tação. Além do planejamento, os indicadores devem ser objetivos Já se você optar por aplicar a pesquisa online, a confiabilida-
e focados em questões que realmente podem ser modificadas, de de no anonimato das respostas para os colaboradores tende a ser
modo a causar impacto no ambiente de trabalho. maior. Porém, se aplicada online, a pesquisa de clima organizacional
É importante, inclusive, que se estabeleça uma periodicidade deve ser muito bem comunicada antes do colhimento das respos-
para desenvolvê-la – que dependerá do cenário de cada empresa e tas, explicando o que é uma pesquisa de clima e por que deve ser
setor. Assim, você terá informações em mãos para ajudar na reali- respondida com atenção e seriedade. As perguntas online correm o
zação de melhorias constantes, evitando problemas e atuando para risco, também, de não serem entendidas por completo, indicando
aumentar o desempenho da equipe. um ponto forte da pesquisa aplicada por meio de entrevistas pes-
A periodicidade com a qual a pesquisa será aplicada é um pon- soais mesmo.
to crucial. O ideal é que se tenha um tempo para analisar as respos- Procure por 100% das respostas entre seus colaboradores!
tas, avaliar as mudanças propostas e colocá-las em prática. Cabe Quanto mais respostas, mais percepções e mais próximos da reali-
então aos profissionais de RH e gestores decidirem qual é a melhor dade os planos de ação serão traçados. Para isso, estipule um prazo
opção, mas muitas empresas optam por realizar o questionário se- para o preenchimento da pesquisa e crie senso de urgência em seus
mestral ou anual. funcionários.

231
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

É comum na implementação de pesquisas de clima que os fun- No caso do NPS, o respondente dá uma nota na escala pro-
cionários desacreditem na efetividade do resultado e nos benefícios posta, que posteriormente é agrupada em 3 grupos distintos. Os
que a pesquisa pode trazer. Por isso, tona-se essencial que enten- grupos representam os clientes promotores da marca avaliada, os
dam a relevância da pesquisa de clima organizacional não só para clientes neutros e os detratores da marca.
a sua empresa, mas também para a melhoria do seu próprio am- Utilizando de uma pesquisa quantitativa, seu projeto terá resul-
biente de trabalho. A intenção é que levem a sério as respostas que tados uniformes, que facilitarão um entendimento mais padroniza-
darão, já que são anônimas e são um meio essencial para que suas do dos dados obtidos. Os resultados de pesquisas quantitativas, a
percepções sejam ouvidas dentro de uma organização. propósito, são facilmente traduzidos em gráficos e tabelas.

Análise dos dados e estratégias de melhoria O que é pesquisa qualitativa


Após a aplicação do instrumento de coleta, concentre-se em Basicamente – e diferente das pesquisas quantitativas -, uma
tabular os dados obtidos e transformá-los em informações úteis pesquisa qualitativa explora informações mais subjetivas e em pro-
para as tomadas de decisão da sua empresa. Agrupe os dados com fundidade. A pesquisa qualitativa leva em consideração as particu-
as frequências das respostas e faça a análise e interpretação esta- laridades dos entrevistados em uma análise ampla e não-mensurá-
tística das respostas. vel ou quantificável.
Esta etapa é essencial para validar as percepções qualitativas Esse tipo de pesquisa é conduzido de forma exploratória, em
colhidas nos questionários, a partir da frequência das respostas em que o entrevistado é estimulado a opinar mais livremente, nem
alternativas positivas ou negativas no questionário. sempre de forma que pode ser expressada em números ou mesmo
A partir dos resultados obtidos na pesquisa, reúna-se com os em palavras. Isso porque pesquisas qualitativas, mais do que seguir
tomadores de decisão da sua empresa e trace planos de ação para um questionário, seguem um roteiro, conferindo mais liberdade e
os resultados mais críticos. Procure resolver os problemas trazidos participação opinativa do entrevistado.
pela visão dos seus colaboradores e faça com que se sintam ouvidos A condução de uma pesquisa qualitativa, portanto, é mais livre
e importantes dentro da empresa. e pode vir em formatos diversos, como entrevistas de profundidade
A elaboração de um relatório com os resultados estatísticos, ou mesmo os conhecidos grupos focais – técnica de marketing que
qualitativos e com as análises e planos de ação elaborados é essen- reúne um grupo de pessoas para discutir determinados assuntos
cial para a divulgação correta dos resultados, buscando manter seus com a presença de um moderador. Opte por realizar uma pesquisa
funcionários informados, alinhados e reconhecendo a importância qualitativa, por exemplo, quando seu objetivo incluir uma contex-
da pesquisa de clima organizacional em seu ambiente de trabalho. tualização mais profunda das respostas para validar o teste de um
Caso já tenha sido feita uma pesquisa de clima na sua empresa, produto, conceito ou campanha.
busque trazer o relatório passado para a análise atual. Compare os Depois de coletados os dados, o resultado de uma pesquisa
resultados e planos de ação. Procure razões para ações que deram qualitativa também é apresentado de forma diferente. Ao invés
ou não certo e tente corrigir e melhorar os planos de ação de um de gerar números, traduzidos em gráficos e tabelas, a pesquisa é
período para outro. apresentada em forma de relatórios aprofundados. Esses relatórios
Com a continuidade das perguntas e análises comparativas, as destacam trechos de entrevistas, frases e opiniões mais relevantes
avaliações serão cada vez mais profundas e sua empresa caminhará encontrados durante a pesquisa.
para um clima organizacional cada vez melhor, com colaboradores
mais engajados, satisfeitos e motivados. Pesquisa quantitativa ou qualitativa: qual das duas fazer?
Como qualquer decisão de um projeto, a escolha entre uma
O que é pesquisa quantitativa pesquisa quantitativa ou uma pesquisa qualitativa será diferente
Como o próprio nome diz, uma pesquisa quantitativa quantifi- para cada situ ação.
ca os dados para responder um questionamento, um problema de Dessa forma, antes de definir o tipo de abordagem que seu
pesquisa. projeto pede, é preciso ter em mente claramente o seu problema,
A quantificação, nesse caso, se dá tanto na forma de coleta seu objetivo e a forma como seus dados deverão ser apresentados
dos dados via questionário quanto na análise dos resultados e sua após a coleta, para tomar a decisão mais acertada. Simplificando,
apresentação posterior. Pesquisas quantitativas são usadas em situ- você precisa pensar se o que você precisa para aquele projeto é
ações nas quais você pretende validar estatisticamente uma hipó- validar estatisticamente uma hipótese, saber a opinião geral de um
tese. Isso sem, necessariamente, entender as motivações por trás grupo de pessoas homogêneo, ou entender em profundidade a opi-
das respostas. nião de um grupo de pessoas.
Uma pesquisa de mercado quantitativa deve, então, seguir um Quando falamos em desenvolvimento profissional, as ferra-
modelo estruturado de questionário e entrevista. mentas de avaliação de desempenho são elementos essenciais à
Nessa modalidade de pesquisa, o respondente tem acesso a hi- melhoria contínua dos processos de gestão do capital humano nas
póteses já formuladas e, com sua opinião, pode comprovar ou der- organizações. Na prática, além de trazer um mapeamento completo
rubar essas hipóteses – ou mesmo formular novas. O questionário, sobre o estado atual da empresa no que tange diferentes aspectos
nesse caso, deve seguir um ou mais caminhos pré-determinados. relacionados aos seus trabalhadores, é algo que ajuda a potenciali-
As informações obtidas em uma pesquisa quantitativa vêm em zar os resultados individuais e coletivos dos funcionários, líderes e a
formato de números ou de dados que possam ser “transformados” maximizar seu desempenho.
em números. Pegando como exemplo a metodologia de NPS (Net
Promoter Score), por exemplo, podemos identificar a abordagem
quantitativa na pergunta padrão da pesquisa. “Em uma escala de
0 a 10, o quanto você indicaria a nossa empresa para um amigo?”.

232
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Neste sentido, não por acaso a avaliação de desempenho é um método bastante aplicado para identificar, de forma concreta: gaps na
gestão, os talentos, pontos de atenção e as oportunidades de crescimento nas empresas. Como tal, é importante entender quais são os
diferentes tipos de avaliações e como elas podem ser utilizadas para melhorar os resultados do negócio.31

O papel das pessoas na organização e a nova organização empreendedora


Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam a pessoas como um dos recursos necessários para a existência da organiza-
ção, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, onde as pessoas não são vistas como um recurso e, sim, como parceiro e
colaborador na busca pelos resultados desejados.

Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A interação da gestão de
pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais.

A seguir, temos três aspectos que dão sustentação à essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:

As pessoas como seres humanos


- O indivíduo é visto como um ser dotados de personalidade própria , diferentes uns dos outros, possuidores de conhecimentos, habi-
lidades, e capacidades indispensáveis à adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não como meros recursos
da organização

As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais


- O indivíduo passa a colaborar como elemento impulsionador e da organização, que aplica à esta sua inteligência, talento e conheci-
mento , garantindo a renovação e competitividade no mercado. As pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e
não como agentes passivos, inertes e estáticos

As pessoas como parceiras da organização


- Nesse ponto, o índivíduo é visto como o responsável e capaz de conduzir a organização à um nível de excelência e, alcançando assim
o sucesso.
Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização — como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento,
riscos etc. — na expectativa de colher retornos desses investimentos — como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional,
carreira etc. Daí o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações, que provoca na prática uma postura de atividade
e autonomia e não mais de passividade e inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da organização e não como meros sujeitos
passivos.

Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem sucedidas e pelo aporte de
capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização, saindo de um con-
ceito onde pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros, sendo nessa transição, as mudanças
práticas são bem claras, conforme vemos a seguir;

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


Colaboradores agrupados em equipes
Horário rigidamente estabelecido
Metas negociadas e compartilhadas
Preocupação com normas e regras
Preocupação com resultados
Subordinação ao chefe
Satisfação do cliente
Fidelidade à organização
Vinculação à missão e à visão
Dependência da chefia
Interdependência entre colegas
Alienação em relação à organização
Participação e comprometimento
Ênfase na especialização
Ênfase na ética e responsabilidade
Executoras de tarefas
Fornecedores de atividade
Ênfase nas destrezas manuais
Ênfase no conhecimento
Valorização da mão de obra
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que nesse contexto, a
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico e, é essa interação entre Gestão de pessoas com outros
subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais.
31 Fonte: www.blog.opinionbox.com/www.blog.solides.com.br/www.repositorio.ufsc.br/ www.esagjr.com.br

233
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, Segundo Barçante e Castro (1995, p. 20),
mais especialmente sobre as analises de comportamento que pro- Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcionários, a
duzem a cooperação por parte dos indivíduos. empresa estará tratando-o como um aliado e não só como um mero
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como cumpridor de ordens, estará vendo que dele dependem os seus re-
sendo um sistema onde a organização recebe cooperação dos co- sultados.
laboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca Mas para obter bons resultados, a empresa precisa abrir mão
oferece vantagens e incentivos, dentre os quais podemos citar os de alguns paradigmas e criar um cenário onde o colaborador possa
salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunida- por em prática toda uma experiência profissional já vivenciada ou
des, etc. praticada em outras ocasiões. O que nem sempre se sucede tor-
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacio- nando um profissional “cumpridor de tarefas” ao invés de um pro-
nal, permitindo assim que se alcance o equilíbrio organizacional. fissional “construtor de cenários e estratégias de desenvolvimento”.
As virtudes e os infortúnios das empresas estão relacionados
diretamente a maneira como as lideranças atuam no sentido de ca-
Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma transição de-
pacitar, estimular e principalmente motivar as pessoas a adquirirem
nominada “Era da Informação e Conhecimento”, no qual as pessoas
cada vez mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a
precisam ser consideradas parte essencial desse processo para que
proposta de negócios atinja grandes resultados e com isso tudo que
as organizações obtenham êxito em suas operações. No âmbito em- ficou determinado pelas organizações sejam cumpridos.
presarial são fundamentais que todos os colaboradores engajados A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é um elo en-
nos processos assimilem a missão e os objetivos da organização, tre metas organizacionais e individuais permitindo a colaboração
como elementos norteadores na formulação e planejamento de e participação eficaz de todas as pessoas envolvidas. Para isso as
estratégias. Por outro lado, os gerentes devem desenvolver uma etapas Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar deve ser bem traba-
atuação que possibilite a ênfase nos focos de aprendizagem da or- lhado pelas lideranças e gerencias da empresa conduzindo todos
ganização. num único objetivo.
Nessa 3ª fase da globalização em que vivemos, é viável que as Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão e o enten-
organizações que almejam crescimento e melhoria contínua invis- dimento sobre Planejamento Estratégico e conseguintemente o pa-
tam em treinamento e qualificação e requalificação de seu pessoal pel potencial das pessoas.
gerando assim uma significativa vantagem competitiva num merca- É primordial nas organizações estabelecerem alguns critérios
do aonde as inovações tecnológicas chegam já com data prevista de para que a gestão de pessoas tenha importância significativa, tais
saída para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem como:
essa interdependência alcançarão gradualmente soluções compen- 1. Motivar e Reconhecer os esforços de todos os envolvidos;
satórias em seus trâmites e processos. 2. As lideranças precisam transmitir suas ideias e saber exercer
Conduzir pessoas numa organização significa disponibilizar o suas influências;
capital (materiais, equipamentos, fatores de produção, treinamen- 3. Transformar Grupos em Equipes;
to), para que todos os envolvidos no processo (funcionários e par- 4. Pensar, Agir e Solucionar problemas;
ceiros) sintam sua importância para a organização e se renovem dia 5. Gerar Ambiente Sinérgico;
após dia no alcance de suas competências profissionais e pessoais 6. Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de fonte de
em busca de suas eficiências e eficácias. aprendizagem;
O desempenho das pessoas no processo de tomada de decisão 7. Saber gerenciar o estresse;
nas instituições quando entendido o que é eficiência (defeito zero 8. Saber delegar;
e qualidade total) e eficácia (alcance das metas empresariais) faz 9. Desenvolver Culturas;
10. Preparar as Pessoas para a Avaliação de Desempenho;
com que as empresas entrem no eixo da maturidade mercadológica
11. Elaborar Planos Individuais de Capacitação por Competên-
(posição no qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido
cias;
pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas caso não
12. Fornecer Opinião sobre as competências individuais;
se identifique a necessidade de constantes melhorias nos processos 13. Identificar segundo o perfil traçado pela empresa, as pesso-
que serão sentidos pela clientela). as que estão acima, na média ou aquém das expectativas;
Justifica-se assim a importância da gestão de pessoas, a espi- 14. Agregar Pessoas (Valorizar o Capital Intelectual);
nha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. 15. Desenvolver Pessoas (Integrar e Motivar os Colaboradores);
16. Adotar Administração Horizontal (Faz com que as lideran-
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), ças estejam em maior proximidade dos liderados, privilegiando o
As pessoas não fazem somente parte da vida produtiva das or- acesso a informação e reduzindo os níveis organizacionais);
ganizações. Elas constituem o princípio essencial de sua dinâmica, 17. Aplicar Benchmarking para obtenção de vantagem compe-
conferem vitalidade às atividades e processos, inovam, criam, re- titiva;
criam contextos e situações que podem levar a organização a po- 18. Desenvolver políticas de parcerias;
sicionarem-se de maneira competitiva, cooperativa e diferenciada 19. Manter e Recompensar pessoas;
com os clientes, outras organizações e no ambiente de negócios em 20. Monitorar as atividades realizadas diariamente;
geral. 21. Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visando através
de críticas construtivas agregarem valores à organização;
22. Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar internamente
o desempenho mensal das equipes de trabalho em comparação a
evolução alcançada com relação às metas estipuladas pela organi-
zação.

234
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Os limites da gestão de pessoas no setor público atingir um melhor desempenho no trabalho. Afinal de contas,
A atuação estratégica da gestão de pessoas está intimamen- prever prazos, controles, orçamentos e indicar responsáveis para
te conectada à gestão de competências. Essa moderna aborda- as atividades faz parte de um planejamento indispensável tanto
gem volta-se para o desenvolvimento e manutenção das com- na gestão privada como na pública.
petências individuais dos colaboradores, visando ao alcance dos A fim de obter resultados positivos, a área de gestão de pes-
objetivos estratégicos organizacionais. soas deve procurar manter um clima positivo e profissional na
Do individual parte-se para o coletivo, sem deixar de lado, organização, através de práticas de planejamento, gerenciamen-
contudo, a essência e a cultura de cada organização. É como re- to, avaliação e recompensas, que conciliem os interesses indivi-
ger uma orquestra, em que o talento e o trabalho individual de duais com os objetivos estratégicos do negócio público. Deve-se
cada músico são incentivados e valorizados, mas cujo desempe- buscar um direcionamento para resultados nos níveis individual
nho deve se ater à proposta melódica a ser executada e à ges- e organizacional, além de preservar a correta e eficaz gestão do
tão do regente. Na regência da orquestra pública, o interesse bem público.
público deve ser o resultado alcançado por qualquer estratégia No setor público, portanto, o papel da área de gestão de
organizacional. pessoas, no contexto da gestão de competências, deve ser o de
O modelo de gestão de competências, apesar de reunir mui- facilitar o desenvolvimento das competências individuais e conse-
tas qualidades, é de complexa implementação prática, em sua quentes entregas, para a implementação da estratégia escolhida,
totalidade, no setor público. Diferentemente do setor privado, sempre de acordo com o bem maior, que é o interesse público.
o gestor público se atém a um cabedal de limitações legais que Planejamento de Recursos Humanos
devem ser respeitadas, como a exigência de concurso público É o processo de decidir sobre os recursos humanos que serão
para contratação de novos talentos. necessários para atingir os objetivos empresariais, dentro de um
Dentre as dificuldades para a implantação de um modelo de determinado período de tempo. Trata-se de antecipar quais forças
gestão de competências estão também limitações tecnológicas de trabalho e talentos humanos serão necessários para a realização
e estruturais, bem como aspectos comportamentais dos servi- de uma ação organizacional futura.
dores que, ao serem avaliados para seu ingresso em determina- A tarefa de contratar pessoal começa com uma previsão sobre
das funções, mostraram-se capacitados em termos de conteúdo quantas pessoas – e de que tipo – serão necessárias para realizar
para exercê-las, mas não foram, por vezes, avaliados em suas o trabalho na empresa. Essa atividade é conhecida como “Planeja-
idiossincrasias psicológicas. mento de Recursos Humanos” e alguns autores o definem como o
A falta de motivação enraizada na cultura organizacional processo de prever e promover o movimento de pessoas para den-
pública, causada, por exemplo, pela dificuldade em implantar tro – internamente – ou para fora de uma organização, com o obje-
políticas de recompensa a servidores exemplares, é conhecida tivo de apoiar a estratégia de negócios da organização.
de longa data, e constitui um dos entraves para levar a termo Esse planejamento consiste de quatro fases:
um complexo processo de gestão de pessoas baseado nas suas - Planejamento para as necessidades futuras: um profissional
competências. A implementação desse modelo ainda é um gran- de RH estima de quantas pessoas – e com que habilidades – a orga-
de desafio, uma vez que a cultura de gestão pública permanece, nização irá necessitar para operar num futuro previsível
na maioria dos casos, voltada para cargos, e não para entregas. - Planejamento para a rotatividade futura: o profissional prevê
As instituições públicas têm a captação de novos talentos quantos funcionários atuais permanecerão na empresa e, a dife-
limitada legalmente por concurso público; a exceção são os car- rença entre este número e o número de empregados necessários, o
gos de confiança comissionados, em número bem menor que o levará à próxima etapa.
dos servidores concursados. Enquanto as organizações privadas - Planejamento para recrutamento, seleção e demissões: a
possuem inúmeros instrumentos para a melhor escolha, como en- organização precisa se envolver em atividades de recrutamento,
trevistas e dinâmicas de grupo, as públicas ficam restritas a esse seleção e demissões a fim de alcançar o número necessário de em-
instrumento legal, sob pena de serem questionadas judicialmen- pregados.
te. No entanto, poderão valer-se de outros meios para melhor alo- - Planejamento para treinamento e desenvolvimento: uma em-
cação do candidato aprovado. presa sempre precisa de trabalhadores experientes e competentes
Por exemplo, apesar de muitas mudanças dependerem de le- e, esta etapa, envolve o planejamento e as providências para pro-
gislação própria, isso não constitui entrave para que se atue, no gramas de treinamento e de desenvolvimento que assegurem o su-
setor público, por meio de outras fontes legais, como concursos primento contínuo de pessoas com habilidades adequadas.
com áreas específicas de atuação, avaliação do perfil comporta-
mental dos aprovados para sua melhor alocação, ou ainda, ações Controle de Recursos Humanos
de desenvolvimento profissional, promovendo educação contí- Controle é a ação que ajusta as operações aos padrões pré-de-
nua e não apenas treinamentos pontuais - a educação ampla das finidos e sua base de ação é a informação de retorno.
pessoas é fundamental nesse contexto, englobando o desenvolvi-
mento das mesmas com foco em sua carreira profissional, e não Pode ser:
apenas no treinamento para as funções do cargo atual. Como função administrativa
No que tange ao desligamento de colaboradores, restrições - fazendo parte do processo de planejar, organizar e controlar;
legais também devem ser obedecidas. Apesar de o ordenamento
jurídico prever que os servidores podem ser demitidos por ava- Como meio de regulação para manter o funcionamento dentro
liação de desempenho insuficiente, essa ainda não é uma prática de padrões desejados
comum no setor público. Sendo assim, o ideal é motivá-los, de - funcionando como um detector de desvios para agir correc-
tal forma que se sintam parte importante no processo e desejem tivamente

235
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Como função restritiva e limitadora de um sistema 2ª Fazer o outsourcing com precauções, assegurando sempre
- mantendo os colaboradores dentro de padrões desejados de o controlo efetivo das operações
conduta As melhores praticas dizem que deve dedicar-se tempo para
decidir o que centralizar internamente, o que será para outsourcing
Etapas do processo de controle: e o que descentralizar. A pratica demonstra que as melhores prati-
Podemos citar como exemplo de meios de controle: cas podem não ser usadas em operações subcontratadas, muitas
- Níveis hierárquicos: pressupõe uma relação de obediência; vezes são utilizadas internamente pelas empresas, que utilizem por
- Regras e procedimentos: meio de controle impessoal que exemplo operações centralizadas, num ambiente de serviços parti-
guiam o comportamento humano organizacional; lhados.
- Estabelecimento de objetivos: Servem como guias para a ação Deve ser feita, por isso, uma analise custo-beneficio, para ava-
das pessoas; liar potenciais alternativas.
- Sistemas de informações verticais: a comunicação chefia-su-
bordinado proporciona a disseminação das informações no sentido 3ª Rentabilizar as tecnologias de informação
descendente (controle do desempenho do subordinado através de Empresas que utilizem um único sistema informático de gestão
comandos, normas, decisões, orientações) e ascendente (retroac- de Recursos Humanos, são mais eficientes e efetivas, e mais focadas
ção do subordinado para os níveis mais altos). estrategicamente, do que empresas com sistemas fragmentados.
A característica principal do sistema de monitoramento é o Alguns pontos-chave, partilhados por empresas bem geridas
controle, que tem como objetivo assegurar o bom andamento das do ponto de vista dos Recursos Humanos;
atividades. Tudo deve estar como foi planejado, os objetivos prees- - Otimizar processos e apoio transacional;
tabelecidos devem ser executados sem falhas ou erros. Qualquer - Fazer o Benchmarking de processos e performance;
distorção no processo tem que ser identificado. Quando há peque- - Consolidar sistemas;
nas variações podem ser aceitas como normais. - Adoptar serviços partilhados;
Caso haja variações muito grande devem ser tratadas com cui- - Investir nas pessoas e no talento;
dado para serem devidamente corrigidas. Os gerentes nesses casos - Alinhar politica e estratégia de Recursos Humanos com a polí-
devem voltar sua atenção para as áreas mais críticas, e que neces- tica e estratégia do negócio;
sitam de apoio para a solução dos problemas (custo - benefício). - Focar atenção no valor e não no esforço.

O processo de controle funciona da seguinte maneira: Gestão empreendedora


Os critérios para um controle ser eficaz: Gestão empreendedora é a aplicação da mentalidade empre-
- Processo deve controlar as atividades apropriadas; endedora nos processos do dia a dia de uma empresa já estabele-
- Processo dever ser oportuno; cida.
- Processo de controle deve possuir relação favorável de custo/ Essa abordagem também pode ser chamada de intraempreen-
benefício; dedorismo, ou seja, o empreendedorismo aplicado dentro de uma
- Controlo dever ser exato; organização.
- Controlo deve ser aceito. Empreendedorismo é “a capacidade e disposição para conce-
ber, desenvolver e gerenciar um negócio a fim de obter lucro”.
RH e linhas de orientação Apesar de o termo também estar ligado com a administração
Empresas com gestão de recursos humanos eficientes, cons- da companhia, é mais usado para se referir à sua criação.
tantemente reavaliam os seus processos, para conseguirem atingir Não é errado, portanto, dizer que um empreendedor pode ou
um equilíbrio na optimização, da eficiência, dos custos e serviços, não ser um administrador, e um administrador pode ou não ser um
num meio em constante mudança. empreendedor.
Para alcançar elevados níveis de performance, as organizações Qual a diferença? O foco principal do empreendedor é desen-
com melhores resultados na gestão de recursos humanos, seguem volver novas soluções, que depois podem ser vendidas, administra-
3 linhas orientadoras: das por outras pessoas ou por ele próprio.
Já o administrador pode ser um investidor que adquiriu uma
1ª Alinhar a politica de recursos humanos com a política de empresa, um profissional contratado para administrá-la ou o pró-
negócio prio empreendedor.
Este “acertar de agulhas”, têm de acontecer a vários níveis. A Tanto faz, desde que ele se dedique à gestão do negócio em
centralização de processos transacionais e processos que requei- seu dia a dia.
ram alguma capacidade técnica e talento, num centro de excelên- Isso não quer dizer que, com o modelo de gestão empreende-
cia, permite a prestação de serviços de qualidade ás várias áreas dora, os funcionários da organização serão estimulados a criar suas
de negocio da empresa. Algumas grandes organizações têm centros próprias empresas.
de apoio aos funcionários, para tratar de benefícios, pensões, pa- Na realidade, eles encontrarão um ambiente que os incentiva a
gamentos, processamento de acontecimentos da vida, dar entrada pensar como empreendedores.
de dados do funcionário, questionários e processamento de dados, O que significa que ideias de novos produtos, serviços, proces-
aumentado a eficiência e satisfação dos mesmos. sos e modelos de negócio são muito bem-vindas, partindo de quem
Os parceiros das empresas na gestão de recursos humanos, são quer que seja.
responsáveis por desenvolver as relações entre funcionários, lide- Em uma empresa tradicional, essas são atribuições de diretores
rar o planeamento da força de trabalho, e prestar apoio a todas as e outros gestores com incumbências estratégicas.
pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente com a empresa.

236
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A gestão empreendedora é mais democrática, no sentido de Nesse tipo de empresa, o colaborador tem controle sobre a
que as oportunidades de criar e causar um grande impacto na com- gestão de seu tempo, podendo iniciar o novo projeto quando qui-
panhia são para todos. ser, desde que ele não impacte em suas demais entregas.
Errar não é um problema e sim manter-se estagnado e corren- O tipo de produto ou serviço prestado pela companhia tam-
do o risco de ser ultrapassado bém deve ser considerado para definir como vão funcionar os pro-
cessos da gestão empreendedora.
Principais características da gestão empreendedora Empresas digitais têm mais facilidade para isso, pois podem ex-
Empresas com gestão empreendedora têm um nível intenso de perimentar novas soluções com testes A/B, testes de usabilidade e
experimentação, pois estão sempre testando novas soluções. outras ferramentas.
Quem gosta de aprender, criar e encarar novos desafios cos- No entanto, também há maneiras de testar produtos físicos,
tuma enxergar nelas os ambientes de trabalho perfeitos, pois há com o desenvolvimento de um MVP (mínimo produto viável, um
muito estímulo para o desenvolvimento. lançamento com o menor investimento possível para testar a nova
Para que uma companhia seja reconhecida assim, porém, ela criação).
precisa que sua cultura organizacional reflita esses valores. Criar uma cultura de inovação e experimentação é um impor-
Não adianta apenas tentar se vender como uma companhia tante primeiro passo
que estimula a inovação e o intraempreendedorismo se, na práti-
ca, os colaboradores não se sentem seguros para apresentar novas Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?
ideias (mais adiante, daremos dicas para que isso não aconteça). Para aplicar a gestão empreendedora em uma empresa, trans-
Outra característica da gestão empreendedora é a presença formar sua cultura organizacional é mais importante do que a cria-
de equipes multidisciplinares, em que pessoas com diferentes for- ção de qualquer processo.
mações e especializações trabalham juntas e trocam informações Cultura organizacional é um conceito relacionado ao conjunto
constantemente. de valores e comportamentos adotados em uma entidade privada.
Além disso, há poucas barreiras para a comunicação entre pro- Não confunda com a definição de missão, visão e valores, que
fissionais de qualquer que seja a equipe, em oposição à gestão tra- são meras palavras para se colocar em um quadro e na página insti-
dicional, com departamentos autônomos e distantes, um modelo tucional do site da companhia.
propício ao surgimento de silos organizacionais. A cultura organizacional é uma qualidade intangível que não é
Essa proximidade também é vista entre profissionais de dife- definida de forma arbitrária, e sim percebida por quem tem alguma
rentes níveis hierárquicos, uma situação que permite ao colabo- ligação com o negócio, seja como colaborador, consumidor, forne-
rador se sentir mais à vontade para sugerir novas ideias aos seus cedor ou parceiro.
superiores. Tem a ver com a essência, portanto, e não com narrativas de
Uma característica comum encontrada em companhias que marketing ou storytelling.
adotam o intraempreendedorismo é a gestão horizontal, em que os Quando os gestores e demais colaboradores sentem uma cul-
colaboradores não têm apenas liberdade, mas também autonomia. tura organizacional verdadeiramente voltada para o estímulo do
Feedbacks constantes, dinamismo, disposição para correr ris- espírito empreendedor, fica muito mais fácil aplicar quaisquer pro-
cos, prototipagem para testar novas soluções e uso de metodolo- cessos nesse sentido.
gias ágeis são outras características comuns em empresas que ado- Por isso, não há como aplicar o intraempreendedorismo sem
tam a gestão empreendedora. acreditar de fato nesse modelo.
Dar espaço para seus colaboradores e sua criatividade é algo O primeiro passo, portanto, é submeter o negócio a essa tera-
necessário pia e pensar em medidas de comunicação interna e gestão de pes-
soas com o intuito de disseminar a nova mentalidade.
Como funciona a gestão empreendedora? É possível promover essa transformação mesmo em empresas
Conforme destacamos no início do texto, não existe uma fór- tradicionalmente mais “quadradas” e pouco voltadas à criatividade
mula pronta, uma metodologia fechada a ser aplicada para colocar e inovação. Pode dar trabalho, mas é possível.
em prática a gestão empreendedora. Depois disso, se o que você quer são dicas mais práticas de pro-
Trata-se de um modelo conceitual, uma mentalidade que pode cessos para implementar a gestão empreendedora no seu negócio,
ser colocada em prática de diversas maneiras. veja os conselhos a seguir.
O funcionamento da gestão empreendedora, portanto, depen- É importante que o gestor tome as rédeas e pense em um pla-
de muito da realidade e estrutura da empresa, e também do estilo no para incentivar o intraempreendedorismo
de gestão de seus comandantes.
É possível aplicar o intraempreendedorismo em negócios que 5 dicas para fomentar o intraempreendedorismo
ainda têm no organograma uma importante ferramenta de organi- As dicas a seguir vão ajudar a difundir a cultura do empreende-
zação de fluxos de trabalho. dorismo entre os colaboradores e melhorar a criatividade e inova-
Nesse caso, é comum haver caminhos formais para dar vazão ção de seu negócio.
às ideias dos colaboradores.
Por exemplo, um canal para solicitar permissão para o início de 1. Invista em conhecimento
um projeto de criação, brainstorms periódicos e definição de crité- Dentro do possível, proporcione aos colaboradores acesso ao
rios para seleção de ideias. conhecimento, disponibilizando cursos e palestras, por exemplo.
Já em companhias que têm a gestão mais horizontal, esse pro- Hoje em dia, na Era da Informação, há tanto conteúdo de qua-
cesso pode ser completamente diferente, mais orgânico e com au- lidade disponível que, mais que investir, o gestor deve pensar em
tonomia para quem quer experimentar. estimular essa busca por conhecimento.

237
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Uma ótima solução é prever um período do dia ou da semana Afinal, do que adiantaria estimular os funcionários a compar-
para os colaboradores estudarem, pesquisarem e debaterem deter- tilharem suas ideias se elas fossem engavetadas sempre? Seria um
minadas matérias. intraempreendedorismo falso.
Tenha em mente que criatividade é a capacidade de fazer cone- A dica aqui é pensar também na recompensa que os colabora-
xões entre o que é observado e o conhecimento que se tem. dores terão por ajudar na criação de um novo produto, serviço ou
Quanto mais disciplinas os profissionais dominarem, portanto, processo.
mais material para conectar terão e, consequentemente, mais cria- Eles precisam saber a resposta para esta pergunta: “Por que
tivos serão. vou trazer minha ideia para a empresa em vez de empreender
criando um novo negócio?”.
2. Crie espaços para diálogo Pense em bônus, promoções, participação nos lucros, enfim, o
Além dos feedbacks 360 graus, existem metodologias de faci- que se encaixar na sua estrutura organizacional.
litação de processos que podem ajudar a fomentar o diálogo entre Não fugir do risco e ter rapidez nos processos é fundamental
profissionais de diferentes áreas e hierarquias. em uma gestão empreendedora
Um exemplo é o world café, em que se reúne um grande gru-
po formado por colaboradores de vários setores, distribuídos em O que diferencia a gestão empreendedora dos outros mode-
mesas redondas, no estilo de um café, com quatro ou cinco com- los de gestão
ponentes em cada. A gestão tradicional de empresas é muito menos afeita a correr
O facilitador propõe um tema geral que será discutido em to- riscos.
dos os grupos, entre as pessoas que estão na mesa. Por isso, empresas que adotam esse modelo são consideradas
Um componente da mesa anota os insights gerados e, após 20 mais conservadoras que aquelas que optam pela gestão empreen-
ou 30 minutos, todos os membros vão para outro grupo, exceto ele. dedora.
A conversa continua com as novas formações. A ideia é que as Aqui, é importante deixar claro que não existe um modelo es-
ideias se cruzem e gerem novos insights. sencialmente melhor que o outro.
Se uma companhia é líder de mercado, têm ótimos resultados
3. Dê um novo significado ao erro há décadas e não enxerga ameaças, uma postura conservadora é
Não há como estimular a criatividade e o espírito empreende- possivelmente a ideal.
dor nos colaboradores de uma empresa se eles tiverem medo de O que acontece é que há cada vez menos segmentos em que é
errar. possível ter tamanha estabilidade, porque a disrupção tecnológica
Entenda que os erros são naturais, estarão sempre presentes está se espalhando por todo o mercado.
em qualquer empreendimento, especialmente naquele que se pro- As companhias com modelo de gestão tradicional também têm
põe a inovar. uma maior tendência ao organograma rígido, com hierarquia bem
Em vez de se concentrar em punir os erros, o ideal é, além de definida e pouco flexível.
corrigir com velocidade, criar processos para aproveitar todo o co- Dentro dessa abordagem, as tomadas de decisão e criações de
nhecimento que eles trazem. novas soluções são atribuições reservadas a determinados profis-
Colocando essa mentalidade em prática, você verá que o erro é sionais, e não a qualquer um.
uma das principais fontes de aprendizado.
Isso não quer dizer que o erro deve ser cultivado (ter manuais e O que podemos aprender com as startups sobre gestão em-
ensinar o modo correto de fazer as coisas ainda é muito importan- preendedora?
te), mas sim ressignificado para resultar em algo positivo. As startups são um tipo de empresa totalmente propício para a
adoção do modelo de gestão empreendedora.
4. Busque a diversidade cognitiva Na realidade, podemos até dizer que nenhuma startup conse-
Já falamos – e voltaremos a falar – neste texto sobre a impor- gue se manter em alta com uma gestão tradicional.
tância de ter equipes com profissionais que conhecem disciplinas O principal fator que caracteriza esse tipo de empreendimento
diferentes. A tal da multidisciplinaridade. é o crescimento rápido – o que se espera de uma startup é que ela
A diversidade cognitiva vai um pouco além disso. Ela trata das nasça enxuta e ainda em seus primeiros anos cresça vertiginosa-
diferenças nos modos de processar informações entre as pessoas. mente.
É um fator que costuma ser bastante subestimado, mesmo em Para que isso aconteça, sua equipe precisa estar constante-
empresas modernas, que adotam vários dos preceitos da gestão mente criando, testando e colocando em prática novas soluções.
empreendedora. O objetivo é atender às novas demandas e necessidades, que
É tentador ter um time com pessoas que pensam, se expres- surgem a todo momento.
sam e veem as coisas do mesmo jeito que nós. Por isso, startups geralmente aplicam vários conceitos de que
No entanto, há estudos que sugerem que as equipes com gran- falamos aqui, como equipes multidisciplinares e trabalho colabo-
de diversidade cognitiva resolvem problemas de forma mais rápida, rativo.
enquanto grupos mais homogêneos têm abordagens limitadas para O fato de essas empresas terem matriz tecnológica e desenvol-
encará-los. verem produtos e serviços escaláveis ajuda muito.
Afinal, essa combinação de fatores permite sustentar o cres-
5. Premie as ideias que deram certo cimento acentuado sem inflar a estrutura, preservando o caráter
Uma das principais preocupações do administrador que quer colaborativo do trabalho das equipes.
implementar a gestão empreendedora na sua empresa é a criação Aceitar o risco não quer dizer negá-lo; dá para fazer um estudo
de mecanismos para dar vazão aos projetos dos colaboradores. antes e saber onde está pisando

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O que é a análise de riscos na gestão empreendedora? Para determinação da abrangência da responsabilidade indivi-
Conforme observamos antes, empresas com gestão tradicional dual a ser exigida é necessário considerar:
geralmente têm menos disposição para correr riscos. a) Organograma;
Isso significa que a gestão empreendedora é tão indômita a b) Processos e tarefas;
ponto de não haver preocupação alguma com os possíveis riscos c) Recursos físicos e humanos necessários, dentre outras.
dos novos projetos?
Não, como qualquer outro negócio, organizações que buscam Coordenação: é a necessidade de integrar as atividades, de
inovar através do intraempreendedorismo também adotam práti- modo que atuem de forma complementar uma a outra, visando o
cas para minimizar os riscos de suas empreitadas. objetivo da empresa.
Aliás, por um certo ponto de vista, até podemos entender que Autoridade: é o poder de cobrar determinadas ações de um
a descentralização da criação ajuda a reduzir certos riscos. colaborador, dar a ordem e exigir seu cumprimento.
Para que você entenda, imagine duas situações distintas de Para determinação da abrangência da autoridade individual a
lançamento de um novo produto. ser delegada é necessário considerar:
Uma delas é em uma empresa com gestão tradicional, em que a) Função;
meses de trabalho e muito dinheiro foi investido na concepção do b) Responsabilidade;
produto. c) Competência;
Foram estudadas minuciosamente as variáveis do mercado d) Nível hierárquico;
para reduzir os riscos do lançamento. e) Confiabilidade;
A outra situação é de uma empresa com gestão empreendedo- f) Liderança;
ra, ou seja, com uma cultura mais voltada para a inovação. g) Objetivo da autoridade;
Nela, novos produtos, serviços e funcionalidades são lançados h) Postura profissional, dentre outras.
e testados o tempo todo e possuem um tempo de desenvolvimento Os objetivos da autoridade podem ser:
muito menor. a) Aprovar recursos físicos e humanos;
Agora pense: se os dois produtos não derem certo, qual das b) Homologar fornecedores de bens e serviços;
duas empresas terá o maior prejuízo? c) Indicar e aprovar materiais;
A gestão empreendedora é uma modelo moderno que, em- d) Qualificar serviços;
bora costume ser vinculado às empresas de tecnologia, é cada vez e) Qualificar novos produtos;
mais utilizado em companhias de todos os tamanhos e segmentos. f) Aprovação de documentos;
É recomendado especialmente para quem quer estimular a g) Definir plano de controle;
criatividade e inovação em sua empresa. h) Qualificar processos;
Duas qualidades fundamentais na Era da Informação, em que i) Definir plano de amostragem, etc.
muitos modelos de negócio têm se tornado obsoletos da noite para
o dia. Poder: é a característica inerente ao superior de poder impor
O segredo para não ficar para trás é estar sempre em busca de sua opinião ou vontade a um subordinado.
oportunidades para melhorar os processos, tornando-se mais efi- Delegação: é a transferência de determinado nível de autori-
ciente, e atender da melhor maneira possível as necessidades do dade de um chefe para seu subordinado, criando a correspondente
público consumidor. responsabilidade pela execução da tarefa delegada.
A delegação é familiar a qualquer pessoa que ocupe posição de
supervisão. Significa simplesmente confiar parte do trabalho opera-
RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO, AUTORIDADE, cional ou administrativo a outros. Todas as vezes que um supervisor
PODER E DELEGAÇÃO. delega trabalho a um subordinado, três ações estão expressas ou
implícitas, são eles deveres, autoridade e obrigação.
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delega-
ção Deveres
A premissa da administração é racionalização da divisão dos Os deveres podem ser descritos de duas maneiras. Primeira-
trabalhos, de modo a conduzir as atividades organizacionais a fim mente, podemos pensar neles em termos de uma atividade, assim
de obter os melhores resultados. O estudo dos processos adminis- a delegação será um processo pelo qual atribuímos atividades a in-
trativos trouxe alguns conceitos que regem as bases do funciona- divíduos.
mento de uma empresa. Em segundo lugar, podemos descrever os deveres em termos
Responsabilidade: é o dever de responder a alguém (que pode dos resultados que queremos conseguir, ou seja, objetivos, assim
ser um superior na hierarquia empresarial, um cliente ou mesmo à os deveres serão não apenas em termos de cumprir o estabelecido,
sociedade), ou sobre os objetivos, o funcionamento ou os resulta- mas também em termos de resultados.
dos de um determinado processo. Por causa das diferenças das atividades, podemos fixar metas
A responsabilidade consiste numa consequência da autoridade tanto a longo quanto a curto prazo, assim o subordinado provavel-
( O termo “autoridade” pode ser definido como “poder legítimo”, mente terá satisfações psicológicas com seu trabalho e saberá os
“direito de mandar”, ou seja, é o direito de mandar e ser obedecido critérios de avaliação do mesmo.
), atribuindo a obrigação de responder pelas ações próprias e dos Deveres e autoridade claramente definidos não implicam que
outros. cada um deva trabalhar isolado em seu próprio canto, pelo contrá-
rio deve haver consultas de forma que todos se informem. Algumas
empresas enfatizam sua preocupação com a cooperação, dizendo

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

que uma pessoa é responsável tanto pelo seu trabalho como pelo O uso amplo da expressão exige que se precise o seu signi-
trabalho do grupo. A cooperação é definitivamente parte de qual- ficado no contexto em que é aplicado. Para este trabalho, inte-
quer atividade e deve ser tão clara quanto os demais deveres. ressa-nos a governança das instituições públicas, portanto, no
campo da governança organizacional, em geral, e da governança
Autoridade institucional, em particular.
Ao atribuímos a uma pessoa deveres a cumprir, devemos dar a Controles internos e governança são assuntos inter-relacio-
ela a autoridade necessária para que o trabalho seja efetuado, mas nados, mas não são sinônimos. A estrutura de controles internos,
isso não é fácil, pois devemos saber que tipo de autoridade está como já vimos, é estabelecida para governar os acontecimentos
implícita no poder de um administrador para concedê-las. dentro de uma organização que possam impactar na consecução
“Autoridade e responsabilidade devem sempre estar equipa- de seus objetivos, isto é, os riscos. Portanto, controle interno é
radas”. Por trás desta afirmação está a convicção de que se atri- a fiscalização das atividades feita pela própria entidade, ou seja,
buímos responsabilidades a uma pessoa, devemos fornecer a ela pela sua própria administração e pelo seu corpo funcional.
autoridade bastante – nem mais nem menos – para que se possa Mas, e a fiscalização da administração da entidade é feita
cumpri-los. E se damos a essa pessoa autoridade, certamente es- por quem? Aqui surge o conceito de governança, representado
peraremos dela a correspondente obrigação de usá-la sabiamente. pela adoção de boas práticas, consubstanciadas nos princípios
A autoridade administrativa consiste em certos direitos ou per- adiante descritos, que assegurem equilíbrio entre os interesses
missões: o direito de agir para a companhia em áreas específicas, o das diferentes partes que, no caso do setor público, inclui a so-
direito de ser porta-voz e requerer que outros empregados desem- ciedade e os seus representantes, o parlamento, as associações
penhem atividades de vários tipos; o direito de impor sanções e civis, o mercado, os órgãos reguladores e de controle, dentre
disciplina se um subordinado desobedecer a suas instruções. Estes outros.
direitos estão consolidados em uma empresa pela lei e pelo costu- A moderna governança surgiu com a necessidade de admi-
me, e são baseados na aprovação moral da sociedade. nistrar os chamados conflitos de agência, que aparecem quan-
A autoridade é um elemento essencial a qualquer empresa do o bem-estar de uma parte (denominada principal) depende
moderna, mas precisamos não confundi-la com poder ilimitado. Os das decisões tomadas por outra (denominada agente). Embora
direitos que os administradores podem transferir estão mais próxi- o agente deva tomar decisões em benefício do principal, muitas
mos da autorização que do poder. vezes ocorrem situações em que os interesses dos dois são con-
Ao lado das limitações inerentes à autoridade que um exe- flitantes, dando margem a um comportamento oportunista por
cutivo pode delegar, toda a companhia virtualmente impõe suas parte do agente (CARVALHO, 2002, p.19 apud SILVA, 2003).
próprias limitações. Tipicamente é permitido a um executivo agir O conceito não é novo, mas só recentemente tomou corpo.
estritamente “dentro das políticas da empresa” e “de acordo com Para Peters (2007, p.27)
os procedimentos estabelecidos”. Um administrador pode teorica- “ele já existe desde que as empresas passaram a ser admi-
mente nistradas por agentes distintos dos proprietários [...] há cerca de
Ter uma autoridade formal de promoção e eliminação sobre o 100 anos. Por essa época, começou a ser delineado o conflito de
pessoal de sua divisão,mas na realidade, ele tem que seguir uma agência, em que o agente recebe uma delegação de recursos [...]
série de procedimentos restritos que requerem dele, por exemplo, e tem, por dever dessa delegação, que gerenciar estes recursos
a apresentação da descrição de tarefas ao departamento de plane- mediante estratégias e ações para atingir objetivos [...], tudo isto
jamento antes de preencher uma nova posição. mediante uma obrigação constante de prestação de contas.”
Alguns dos princípios fundamentais da boa governança co-
Obrigação muns a diversos autores são:
O terceiro aspecto inevitável da delegação é a obrigação – en- - transparência (disclousure): representa o processo de con-
tendermos a compulsão moral sentida por um subordinado para tínua demonstração, pelo agente, de que sua gestão está alinha-
cumprir os deveres que lhe são atribuídos. da às diretrizes estratégicas previamente fixadas pelo principal.
Tendo assumido uma tarefa, ele se compromete moralmente Não é só limitar-se à “obrigação de informar” (accountability), o
a tentar completá-la e pode-se considerar responsável pelo seus agente (a administração) deve cultivar o “desejo de informar”.
resultados. O senso de obrigação é, portanto, fundamentalmente - equidade (fairness): tratamento justo e igualitário a todas
uma atitude da pessoas a quem os deveres são delegados. A con- as partes interessadas, sendo totalmente inaceitáveis atitudes
fiança se apóia no senso de obrigação e sem confiança nossas em- ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto.
presas iriam ao colapso. - prestação de contas (accountability): os agentes da gover-
nança devem prestar contas de sua atuação a quem os fez dele-
Autoridade, responsabilidade e competência gerencial gação e respondem integralmente por todos os atos que pratica-
Nos últimos tempos, a governança tornou-se um conceito- rem no exercício desse mandato; e
-chave, que todos utilizam sem saber exatamente o que é. O que - responsabilidade (responsability): definição de uma políti-
tem a ver governança com riscos e controles? Já que se cunhou ca de responsabilidade que assegure a máxima sustentabilidade
até um acrônimo, GRC, para designar e demonstrar a relação Go- dos negócios, incorporando considerações de ordem ética, so-
vernança, Riscos e Controles. Expressões como governança cor- cial e ambiental em todos os processos e relacionamentos.
porativa, governança organizacional, governança institucional e
governança pública estão por toda parte. A administração pública brasileira deve obediência a todos
esses princípios, espalhados que estão por todo o texto constitu-
cional, e especificamente aos sintetizados no art. 37 da CF/88, que
representam os requisitos de sua atuação.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Os agentes da governança institucional de órgãos, entidades, Benefícios da Governança Corporativa


programas e fundos públicos, por subsunção a tais princípios, de- A boa Governança Corporativa contribui para um desenvolvi-
vem contribuir para aumentar a confiança sobre a forma como mento econômico sustentável, proporcionando melhorias no de-
são geridos os recursos colocados à sua disposição, reduzindo a sempenho das empresas, além de maior acesso a fontes externas
incerteza dos membros da sociedade sobre o que acontece no in- de capital. Por estes motivos, torna-se tão importante ter conselhei-
terior da administração pública. Essa contribuição será tanto mais ros qualificados e sistemas de Governança Corporativa de qualida-
efetiva quanto melhor for a qualidade dos instrumentos e meca- de. Evitando-se assim diversos fracassos empresariais decorrentes
nismos de governança institucional arregimentados e mantidos de:
pelos agentes responsáveis pela coisa pública. - Abusos de poder – Do acionista controlador sobre minori-
Boas estruturas de gestão de riscos e controles internos são tários, da diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre
pré-requisitos para uma organização bem administrada, e esses terceiros;
três elementos são pré-requisitos para uma boa governança. - Erros estratégicos – Resultado de muito poder concentrado
Desse modo, Governança, Riscos e Controles devem ser geridos no executivo principal;
de forma integrada, objetivando o estabelecimento de um am- - Fraudes – Uso de informação privilegiada em benefício pró-
biente que respeite não apenas os valores, interesses e expecta- prio, atuação em conflito de interesses.33
tivas da instituição e dos agentes que a compõem, mas também
de todas as suas partes interessadas, tendo o cidadão e a socie- Gestão de riscos; Tipos de riscos; Gerenciamento de risco: O
dade como os vetores principais desse processo.32 papel do Auditor Interno
Existem muitas definições para o termo Governança Corpo- As empresas num cenário global cada vez mais em constante
rativa, mas nada melhor do que buscar a definição de um órgão evolução no mundo empresarial fazem uso de técnicas que tem o
especializado no assunto, certo? Assim, o Instituto Brasileiro de objetivo de melhorar e aprimorar sua gestão não só dentro da or-
Governança Corporativa (IBGC) define a Governança Corporativa ganização, mas também qual é o impacto que possui na sua relação
como: com a comunidade onde está inserida em que o uso de uma fer-
“Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monito- ramenta chamada de governança corporativa visa no alinhamento
radas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Admi- dessas ideias em que a relação harmônica entre acionistas, stake-
nistração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. holders, gestores de cada setor da organização possam ser fatores
As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de de transparência das informações que são colocadas a público.
aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e A busca de melhores resultados unindo os conceitos da gover-
contribuir para a sua perenidade”. nança corporativa e da gestão de risco são observadas por vários
setores da economia e administração por exigir uma postura mais
Objetivos da Governança Corporativa ética quando do manejo das informações que impactam no merca-
Em sua essência, a Governança Corporativa tem como prin- do em que normalmente a gestão corporativa depende da analise
cipal objetivo recuperar e garantir a confiabilidade em uma de- de risco, tendo este conotação positiva ou negativa já que a estra-
terminada empresa para os seus acionistas. tégia de uma empresa envolve prós e contras quando há um risco
para ser gerenciado.
Criando um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incen- A prática da gestão de riscos aliada à governança corporativa
tivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o compor- traduz-se num marco em que a transparência empresarial é soma-
tamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse da com práticas que visam a minimizar eventos que sejam favorá-
dos acionistas. veis ou desfavoráveis fazendo com que a gestão de riscos seja uma
ferramenta útil em que vai requerer dos gestores uma postura mais
Características e ferramentas ativa no conhecimento das diversas situações em que a organização
São 8 as principais características da “boa governança“, veja: está exposta, ou seja, variáveis econômicas que fazem com que a
Participação estratégia precisa ser revista para melhor adequar o gerenciamento
Estado de direito de risco da empresa.
Transparência O objetivo do estudo será o de expor os conceitos de risco e
Responsabilidade também conceitos básicos de governança corporativa, e como a
Orientação por consenso gestão de risco está ligada a uma boa prática de governança corpo-
Igualdade e inclusividade rativa e qual o seu impacto quando estes dois conceitos são integra-
Efetividade e eficiência dos dentro de uma empresa e no tópico final serão apresentadas
Prestação de conta (accountability) as considerações finais do estudo onde serão recapitulados todos
os conceitos discutidos e suas implicações para a aplicabilidade de
É importante destacar, também, as principais ferramentas uti- maneira conjunta dos conceitos expostos.
lizadas na Governança Corporativa, que asseguram o controle da
propriedade sobre a gestão, são elas: o conselho de administração,
a auditoria independente e o conselho fiscal.

32Fonte: www.portal2.tcu.gov.br 33Fonte: www.sobreadministracao.com – Por Gustavo Periard

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O Risco passados para que o risco seja devidamente quantificado e mensu-


O conceito de risco engloba diversos significados conforme o rado. Dabul e Silva [2011?] citam que o risco apresenta caracterís-
escopo a ser estudado, já que o risco existe nos mais diversos seto- ticas adicionais indo de encontro ao pensamento de Knight, cujas
res econômicos o qual dependendo da ciência que for estudado o características são: Ser mensurável, o qual através de modelos es-
risco poderá ter um entendimento diferente do esperado. Portanto, tatísticos construídos é possível ser quantificado; ter natureza eco-
no presente estudo será apresentado este conceito de uma forma nômica para que seja estimado o prejuízo que determinado sinistro
que possa trabalhar o problema levantado o qual será trabalhado poderá ocorrer para que seja fixado um valor para cliente quando
dentro da problemática levantada o conceito de risco com um foco da contratação de um seguro; e ser independente da vontade das
na estratégia e gestão. partes o qual o risco deverá existir entre as partes contratadas ao
Segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros Pri- fechar um contrato de seguro.
vados e de Capitalização – FENASEG [2011?] através do seu glossá- O risco quando estudado pelo lado da estratégia das empresas,
rio de seguros disponível na Internet conceitua risco como “evento percebe-se que tais empresas estão preparadas em lidar commar-
incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes gens de incertezas o que faz o planejamento das organizações con-
contratantes [...]”. Entende-se que neste conceito, o risco trata-se templarem todos os processos dentro de uma empresa já que as
de um evento incerto porque não é possível ter uma data prová- decisões atingirão todas as esferas cuja importância de tomadas de
vel para acontecer, bem como não é fruto de uma das partes para decisões integradas visam na eficiência da gestão, reduzindo even-
sua origem já que o risco entendido nesta definição trata-se de um tos que sejam classificados como incertezas, sendo de fundamental
evento que poderá vir ou não a acontecer e que a existência do importância a existência de uma inteligência que seja capaz de pre-
risco leva as organizações a criarem estratégias com o objetivo de ver e minimizar eventos que sejam classificados como incertezas.
adaptar suas operações aos mais diversos cenários econômicos, se- A gestão de risco, que será tratado no item posterior com mais
jam estes eventos favoráveis ou não. detalhes, se faz presente como mecanismo de planejamento para
O risco possui componentes que fazem com que as organiza- as empresas poder melhor classificar e quantificar se determinado
ções estejam mais atentas quando da formulação da sua estratégia risco poderá ou não interferir diretamente nas suas atividades ge-
empresarial. De acordo com Dabul e Silva [2011?] ao trazem a luz renciais já que uma gestão eficaz e eficiente é necessária a integra-
as discussões a respeito das características do risco, estes ressaltam ção das esferas mais relevantes das organizações mapeando even-
que o risco possui três características básicas: O risco é possível, tuais eventos que poderão existir para que sejam tratados se como
futuro e incerto ou aleatório. risco ou como incerteza as quais variáveis internas (comportamento
A primeira característica ressaltada pelos autores é que risco e desempenho de cada setor da empresa) e externas (econômicas)
seja possível já que as pessoas de maneira de maneira geral estão podem interferir nesta classificação por parte das empresas. Neste
expostas as mais diversas adversidades de todas as magnitudes sentido, segundo Zamith diz que
sendo estas naturais, atmosféricas ou casuais, ou seja, eventos in- Pode-se depreender que a simples parametrização do risco
dependentes a vontade alheia estão suscetíveis de acontecer. vislumbrará o grau de incerteza que norteia as atividades da ins-
A segunda característica é que o evento é futuro, ou seja, os tituição, o que já colabora com o processo decisório, uma vez que
eventos não são planejados para acontecer já que os sinistros po- delimitam as possibilidades de incertezas que rondam as
dem acontecer futuramente e a qualquer momento, ou seja, a pes- decisões da organização. Além disso, caracterizando-se como
soa não tem domínio sobre o que irá acontecer num determinado uma vantagem a mais a interdisciplinaridade da análise e o envol-
intervalo por ser uma variável que foge ao seu controle alheio para vimento com outras tarefas gerenciais, mensurarão a capacidade
mecanismo de planejamento. interna para admitir e aceitar as consequências das previsões e das
A terceira característica é que o evento é incerto ou aleatório decisões oriundas do tratamento do risco (ZAMITH, 2007, p.48).
onde não se tem o controle das variáveis externas que determina- O item a seguir procurará discutir em detalhes a gestão do risco
rão o acontecimento de um evento, ou seja, não há possibilidade de e qual a sua importância dentro das organizações e como ela age no
conhecer quando um determinado evento adverso poderá ocorrer. dia a dia das empresas.
O risco diferencia-se da incerteza já que na incerteza existe
uma conotação mais de desconhecido já que diferentemente do A gestão do risco
risco que pode ser quantificado, na incerteza já não há tal possibili- Após definir e expor os ângulos que o risco tem, será dado um
dade. Knight (2006) faz uma importante distinção entre o risco e a enfoque neste item sobre a gestão do risco já que por sua vez este é
incerteza uma vez que para este autor são dois eventos totalmente calculado levando-se em conta fenômenos e registros históricos de
independentes o qual é impossível dizer qual impacto nas finanças determinado evento visto que a importância deste ser classificado
de uma, ou seja, trata-se de um elemento totalmente desconhecido como risco é relevante porque as empresas possuem mecanismos
que as organizações podem ter que enfrentar no dia a dia. nos seus setores para poder minimizar ou dependendo do caso ma-
Portanto, ximizar o risco (quando do caso o risco for entendido como ganho)
A diferença prática entre os conceitos risco e incerteza é que que neste caso trata-se de uma oportunidade vislumbrada com ob-
no risco a formação da distribuição do resultado em um grupo num jetivo de retorno positivo.
determinado exemplo é conhecido (ou através de cálculos ou de re- O conceito de gerência de risco é conceituado de acordo com
sultados estatísticos passados), enquanto no caso da incerteza isto o Comitee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission-
não é verdadeiro porque a situação lidada constitui-se num elevado -COSO citado por Dabul e Silva [2011] revelam que
grau único. (KNIGHT, 2006, p.233, tradução nossa). A gestão de riscos corporativos é um processo efetuado pelo
A distinção do conceito de risco e de incerteza torna-se de conselho de administração de uma entidade, sua direção e todo o
grande valia uma vez que para existir o risco, este normalmente é pessoal, aplicável à definição de estratégias em toda a empresa e
calculado não só futuramente, mas também registrado em dados desenhado para identificar eventos potenciais que podem afetar a

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

organização, gerir seus riscos dentro do risco aceito e proporcionar aprovação do mesmo pelo conselho de administração e a forma
uma segurança razoável sobre o alcance dos objetivos (COSO cita- como será implantado para gerir o risco já que a integração dos
dos por DABUL e SILVA [2011], p.5). diversos setores seja de produção, administrativo e comercial pro-
A gestão de riscos trata-se de um macro-processo que afetará duzirão efeitos globais no desempenho da empresa.
todo o pessoal da empresa já que o planejamento da gestão de ris- A avaliação estratégica da gestão do risco visa a alimentar as
co engloba os gestores de setores considerados estratégicos para eventuais falhas do plano original da estratégia de gerenciamento
que estes relatem ao conselho de administração das empresas so- para que o ajuste realizado seja adequado a necessidade da em-
bre a importância, a quantificação e a provável causa que deter- presa, funcionando como uma espécie de feedback ao sistema ela-
minado risco poderá ter na condução da empresa já que a decisão borado, garantindo o seu pleno funcionamento e a confiabilidade
final sobre como o risco deverá ser tratado cabe ao conselho ad- deste quando os gestores a formularam.
ministrativo da empresa que fará os ajustes necessários para que a Portanto, a gestão de risco cria um processo de agregação de
decisão tomada reflita em toda a empresa, procurando gerir o risco valor à empresa já que faz uso de uma sólida base de informações
de forma que cada setor faça a sua parte com o objetivo de mini- tanto passadas como futuras com os quais envolvem o conheci-
mizar ou maximizar o risco, dependendo do contexto da situação. mento de todos os processos intrínsecos levantados via processos
O processo de se avaliar riscos dentro do planejamento deve de auditoria interna da organização dentro da empresa o qual esta
ser entendido como uma “inteligência” a serviço da empresa que deve ser entendida como um sistema integrado para que possa ter
visa na adaptação da empresa a situação que podem afetá-la de for- uma análise que gere valor ao acionista, garantido solidez da orga-
ma negativa ou positiva. Segundo Cendrowski e Mair (2009, p.4, ) nização quando da apresentação das suas práticas de gestão já que
“o processo de avaliação do risco consiste de 5 etapas: A enu- segundo Padoveze
meração dos riscos, a análise qualitativa, a análise quantitativa, a O foco da gestão do risco é manter um processo sustentável de
estratégia de implantação de gerenciamento de risco e a avaliação criação de valor para os acionistas, uma vez que qualquer negócio
estratégica do gerenciamento risco.”. sempre está exposto a um conjunto de riscos. Para tanto, é necessá-
A enumeração dos riscos deve-se ao fato de levantar quais se- rio criar uma arquitetura informacional para monitorar a exposição
rão as adversidades que serão apontadas dentro da organização da empresa ao risco. (PADOVEZE. 2003, p.127)
com o objetivo de um melhor planejamento nas suas atividades No item posterior será realizada uma discussão sobre os prin-
internas o qual esta enumeração abrange os mais diversos setores cipais conceitos e variáveis da governança corporativa e como esta
dentro de uma organização, ou seja, os auditores internos já irão impacta quando existe um gerenciamento de risco ativo dentro de
inteirar-se dos processos que regem o funcionamento para verifi- uma entidade.
car determinadas ineficiências encontradas dentro da organização
para que possam repensar numa outra forma trabalho que tenha Governança Corporativa e sua relação com o gerenciamento
um efeito negativo menor para o seu gerenciamento ou maior em de risco
se tratando de um ganho de oportunidade considerável para a em- De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporati-
presa onde va- IBGC (2009) este é definido como:
Os auditores avaliam os riscos quando eles executam um exa- O sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas
me (geralmente chamada de auditoria quando envolvem demons- e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietá-
trativos contábeis). Ao executar um exame, o auditor deve sele- rios, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As
cionar uma combinação de informações de uma grande escala de boas práticas de Governança Corporativa convertem princípio em
evidências que limitam o risco material da distorção. Os gerentes recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de
de operação devem avaliar os riscos associados com as operações preservar e otimizar valor da organização, facilitando seu acesso a
internas do negócio (CENDROWSKI e MAIR, 2009, p.4) recursos e contribuindo para sua longevidade. (IBGC, 2009, p.19)
A análise qualitativa refere-se ao conhecimento destes riscos A empresa por operar dentro do conceito de sistemas o qual
previamente apontados pela auditoria interna ou mesmo pelos ge- todos os processos estão interligados entre si há a necessidade de
rentes internos o qual através das enumerações feitas na etapa an- uma organização entre todos os membros da empresa, principal-
terior os gestores poderem começar a estruturarem suas decisões mente aqueles que ocupam um posto hierárquico maior de plane-
que afetarão todo o comportamento e a postura empresarial da jarem todo o escopo de tal forma que o risco do planejamento da
empresa reportar todas as informações levantadas ao conselho de governança corporativa ser o mais minimizado possível para que
administração para que estes tomem as decisões necessárias que as margens de incertezas dentro do processo de planejamento da
afetarão a empresa num todo. empresa estejam alinhadas com o seu negócio.
A análise quantitativa refere-se a dar valores numéricos que Neste sentido, práticas de governança corporativa devem ser
determinado risco poderá ter dentro da empresa o qual o uso da englobadas a princípios básicos para serem seguidos para as de-
estatística e de métodos anteriores de avaliação são fundamentais mais entidades já que uma vez que todos os processos estejam
para que a empresa esteja preparada nos seus mais diversos seto- interligados pelo fato das decisões se refletirem nas mais diversas
res a lidar com as adversidades do seu negócio o qual todo o risco camadas da empresa. Segundo a Organização para Cooperação e
(entendido da parte estratégica) gera uma remuneração extra para Desenvolvimento Econômico citado por Brasil (2008, p.21) existem
as pessoas que souberam superar determinado risco. quatro princípios básicos para a governança corporativa: A Presta-
A estratégia da implantação de gerenciamento de risco está ção de Contas ou Accountability; a equidade; a transparência e a
relacionada com a capacidade de alcançar todas as etapas mape- responsabilidade corporativa.
adas anteriormente o qual a iminência a existência de um risco já
é realidade dentro da organização o qual caberão aos responsáveis
de cada setor estratégico da empresa pela formulação de plano, a

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A prestação de contas num conceito amplo refere-se às explicações das informações que são colocadas a disposição ao público no que
tange as informações financeiras e empresariais o qual uma empresa que possui uma boa controladoria consegue produzir informações
de qualidade para os usuários destas informações.
A equidade refere-se ao tratamento igual que é dado aos membros da companhia que optam pela governança corporativa o qual não
há privilégios a serem concedidos para os seus funcionários.
A transparência refere-se a divulgação das informações de tal forma que não exista favorecimentos ou privilégios a determinados
setores onde as informações que são disponibilizadas reflitam os reais acontecimentos dentro da organizações onde não possa prejudicar
tanto usuários internos (gerentes) quanto externos (investidores).
A responsabilidade corporativa refere-se ao papel social que a empresa possui dentro da comunidade onde atua. De acordo com o
Consejo Coodirnador Empresarial do México (2006, p.6, tradução nossa8), os elementos básicos que caracterizam uma boa prática da
Governança Corporativa são dentre os itens mais relevantes:
a) O tratamento igualitário e a proteção dos interesses de todos os acionistas; o reconhecimento da existência de terceiros interessa-
dos no andamento e a continuidade da sociedade;
b) A emissão e a revelação responsável da informação assim como na transparência na administração;
c) A convicção de que existam guias estratégicas na sociedade, o efetivo monitoramento da administração e a responsabilidade
fiduciária do conselho (que é agir de boa fé com a diligência e cuidado, sempre buscando os melhores interesses da companhia e seus
acionistas);
d) A identificação dos controles e riscos que a sociedade está sujeita; a declaração de princípios éticos de responsabilidade social
empresarial (entendido como o equilíbrio e os interesses da sociedade e da comunidade);
e) A prevenção de operações ilícitas e de conflitos de interesses; a revelação de fatos indevidos com proteção aos usuários;
f) O cumprimento das regulamentações a que a sociedade está sujeita e dar a certeza e confiança aos investidores interessados
sobre a condução honesta e responsável dos negócios da sociedade.
A boa prática de uma governança corporativa além de contemplar um processo disciplinado da sua gestão e alinhando interes-
ses dos diversos acionistas da empresa, também é levado em conta o valor que ela representa dentro de uma sociedade já que uma
empresa que saiba respeitar o interesse dos acionistas no que tange a transparência da gestão e o cumprimento das leis societárias
e regulatórias do setor deverá levar em conta os interesses sociais já que uma empresa quando adota práticas de governança cor-
porativa deverá ter em mente que irá gerar valor na medida em que exista um ganho não só no meio empresarial, mas também, no
espaço onde ela atua já que a empresa deve retornar parte dos lucros em prol de melhorias que possam alavancar a qualidade de
vida da comunidade onde está inserida, fazendo com que a governança corporativa não só contemple atos que visem na melhora
da gestão e da transparência empresarial, mas também esteja inserida em valores que visam na melhora da qualidade de vida das
pessoas que moram no espaço onde a empresa está inserida.
O gerenciamento de risco constitui-se de um processo integrado e que a Governança Corporativa possui um fator vital nas tomadas
de decisões que virão a afetar o seu desempenho empresarial já que as decisões tomadas pelos gestores afetarão não só no desempe-
nho financeiro da empresa, mas também na sua imagem ante ao público em geral.
Lam (2003) destaca sete componentes básicos do interrelação do gerenciamento, que é representado na Figura 01- Componentes
do Gerenciamento de Risco das organizações, cuja tradução do original é apresentada no anexo A o qual segundo este autor apresenta
uma visão mais gestora dos impactos que a gestão de riscos aliada a prática de governança corporativa tem na vida da empresa.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

A governança corporativa é estabelecida de cima para baixo, O risco pode ser entendido sob diversos contextos sendo que o
ou seja, parte dos níveis superiores da organização uma vez que os mesmo apresenta características básicas e que o distingue da incer-
formuladores das estratégias e dos riscos que ocorrem quando da teza o qual é um importante divisor de marcos conceitual pelo fato
implantação de novos mecanismos de controle e de disciplinas na do risco pode ser gerenciado pelas empresas que podem ou não ser
implantação de uma gestão para favorecer as pessoas que num pri- uma ameaça ao seu negócio.
meiro momento participamdo sistema para que sejam favorecidos As empresas procurando melhorar seu relacionamento com
outros membros da empresa. a transparência das informações que são disponibilizadas para o
A linha de gerenciamento deve contemplar as estratégias e público sobre suas práticas utilizam-se de práticas de governança
riscos que foram formulados para que a governança corporativa corporativa o qual visa na apresentação de forma transparente dos
seja eficaz onde os gestores de cada setor responsável tenham um dados não só da sua gestão, mas também do relacionamento que a
profundo conhecimento da sua realidade já que o alinhamento da empresa possui com o meio onde está inserida em que o social se
estratégia está diretamente ligado ao conhecimento dos riscos sen- faz presente através da socialização do seu capital quando negocia
do eles de conotação ou negativa ou positiva o qual cada setor em ações na bolsa de valores, por exemplo, em que a transparência e
particular contribuirá para o risco da empresa. a prestação de contas são itens fundamentais para a socialização
O gerenciamento do portfólio, ou seja, adequar seus produtos da empresa.
a linha da governança corporativa para que as informações contidas As práticas de gestão de riscos quando feita de sob a integra-
nele sejam condizentes para a sua oferta onde os riscos envolvidos ção de práticas de governança corporativa propiciam uma clareza
nele sejam conhecidos e que o gerenciador do portfólio, segundo adicional no que tange as suas práticas empresariais já que toda
o autor, deve agir conforme situações e cenários quando o risco a empresa independente do setor possui um risco se investir nela
encontra-se numa perspectiva negativa o qual o gerenciador deve em que agora serão mais detalhadas as formas de como as empre-
estar mais atento a perdas que determinada carteira pode ocorrer, sas estão gerindo tal risco independente de ter uma conotação po-
ou até mesmo num cenário positivo em que o gerenciador pode sitiva ou negativa em que a presença de auditores internos pode
adotar um comportamento mais agressivo para maximizar os ga- ser um fator determinante na verificação das atividades e das ro-
nhos, ou seja, neste caso é remunerado positivamente pelo seu ris- tinas das empresas o qual podem ajudar a prevenir determinados
co ao ganhar além do esperado. eventos não favoráveis que podem comprometer a sociabilidade
A transferência do risco ocorre quando estudados qualitativa e da empresa o qual dentro do gerenciamento quando aplicado fer-
quantitativamente a realidade da empresa quando na fase do pla- ramentas avançadas que possibilitem a análise do risco tais como
nejamento da governança corporativa o que se reflete nas políticas eventos estatísticos passados, como ocorrerá a transferência den-
de formulação do risco executada por cada setor responsável de tre os mais diversos setores da organização, e como os acionistas e
tal forma que o risco de cada setor em particular seja agregado ou stakeholders irão tratar esta informação para que sejam repassadas
subtraído no desempenho global da empresa em que quando os re- as demais pessoas que fazem parte da socialização do capital da
latórios destes setores encontram-se prontos, os acionistas traçam empresa.
estratégias num nível macro levando-se em conta cenários externos O gerenciamento de riscos aliada a práticas de governança cor-
(entendido aqui como cenário macroeconômico) para que o risco porativa pode ser considerada uma revolução não só no relaciona-
seja administrado em cada um dos setores. mento entre a empresa e demais entidades que participam da sua
A análise do risco também se faz necessário o uso de ferramen- “socialização”, através de uma maciça participação na composição
tas analíticas porque é uma forma de auxiliar os gestores na gestão do seu portfólio, mas também como é apresentado em minúcias
das informações relacionadas a um determinado risco em particu- dos efeitos positivos e negativos de determinado risco poderá ter
lar em que os recursos tecnológicos e de informática poderão pro- no andamento das atividades da empresa, o qual as pessoas que
piciar uma base de informações que possibilite aos usuários dados investem na capitalização da empresa são os que mais ganham por
que possam ser confiáveis quando da gestão do risco, em que é de essa transparência de informações.
suma importância o registro de eventos passados para que seja um Ao falarmos da importância da atividade de auditoria interna
instrumento norteador do planejamento visando um gerenciamen- na moderna gestão corporativa, precisamos frisar dois aspectos de
to de risco cada vez mais analítico e preciso em que nesta parte do gestão que irão direcionar, de forma lógica, o nosso entendimento
gerenciamento de risco integrado com a governança corporativa, sobre o assunto,
o uso de ferramentas computacionais aliada ao conhecimento es- O primeiro destes aspectos, e premissa básica de qualquer ati-
tatístico de eventos passados e a possibilidade de prever eventos vidade empresarial, é que ela somente existe para gerar valor às
futuros farão a diferença numa análise mais acurada do risco. partes interessadas, seja ela uma entidade com ou sem fins lucrati-
O gerenciamento dos stakeholders visa manter um bom rela- vos, do setor privado ou governamental.
cionamento com os principais gerenciadores e acionistas dentro da Em outras palavras, se toda e qualquer empresa tem objetivos
empresa que são os responsáveis pelo fornecimento de informa- a serem alcançados, definidos em metas estratégicas que estão in-
ções que visam solidificar todo o gerenciamento corporativo e que timamente ligadas a sua razão de ser, também existem incertezas,
serão eles os principais responsáveis pelas estratégias que determi- isto é, existe uma grande chance, devido a eventos internos e/ou
nado risco ao ser gerido deva englobar toda a organização e que as externos, que estas metas não sejam alcançadas.
decisões sejam tomadas levando-se em conta os fatos históricos re- Outro conceito importante, também relacionado às metas
gistrados, o potencial que este risco oferece a empresa, e também estratégicas, é que a empresa necessita de processos opera-
os recursos tecnológicos envolvidos para que a decisão seja uma cionais para que possa alcançar as metas estratégicas definidas
ferramenta analítica para os acionistas e stakeholders. pela alta administração. Isto quer dizer que os objetivos de um
processo operacional devem estar relacionados a uma ou mais

245
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

metas estratégicas, bem, neste caso, também existem riscos ine- Entender como funcionam os processos e quais são os tipos
rentes ao processo, que são os riscos dos objetivos do processo existentes é importante para determinar como eles devem ser ge-
não serem atingidos como previamente planejado. renciados para obtenção de melhores resultados.
Observem, que em ambos os casos estamos relacionando Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e
objetivos com riscos, sejam eles estratégicos ou operacionais, deve ser gerenciado de maneira específica.
assim, baseado nisto podemos dizer que uma empresa de su- A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfeiço-
cesso será aquela que conseguir minimizar a probabilidade e ar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho
impacto dos riscos através de um bem estruturado processo de que está sendo realizado é transferido de um setor para o seguinte.
gerenciamento de riscos. Nessas transferências é que normalmente ocorrem os erros e a per-
Este entendimento é corroborado também pelo COSO – The da de tempo.
committee of sponsoring Organization of the Treadway Commis- Todo trabalho realizado numa organização faz parte de um pro-
sion, quando define que: cesso. Não existe um produto ou serviço oferecido sem um proces-
“O gerenciamento de riscos corporativos é um processo condu- so. A Gestão por Processos é a forma estruturada de visualização
zido em uma organização pelo conselho de administração, diretoria do trabalho.
e demais empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias, O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais efi-
formuladas para identificar em toda a organização eventos em po- cazes, eficientes e adaptáveis.
tencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a man- Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a elimi-
tê-los compatível com o apetite a risco da organização e possibilitar nação de erros e a minimização de atrasos;
garantia razoável do cumprimento dos seus objetivos.” Eficientes: otimização do uso dos recursos;
Notem que é justamente neste ambiente corporativo que o Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades variá-
auditor interno esta inserido sendo requerido dele uma partici- veis do usuário eorganização.
pação muito mais ativa do que existia em um passado recente,
onde ele se limitava a avaliar se os procedimentos operacionais Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem re-
estavam sendo conduzidos de acordo com as normas e regula- alizando o trabalho através dos processos, eles estarão contribuin-
mentos, sem se preocupar com a eficiência e economia. do para que a organização atinja os seus objetivos.
Hoje com o advento de um processo de governança corpo- Esta relação deve ser refletida pela equipe de trabalho, através
rativa melhor estruturado, o auditor interno esta muito mais da consideração de três variáveis de processo:
próximo da gestão, e isto fica muito claro quando analisamos a - Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organi-
definição que o IIA – Institute of Internal Auditors sobre a audi- zação, das necessidades dos clientes e das informações de ben-
toria interna: chmarking disponíveis;
“A auditoria interna é uma atividade independente e obje- - Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é
tiva, que presta serviços de avaliação e de consultoria, e tem melhor forma de realizar este processo?”
como objetivo adicionar valor e melhorar as operações de uma - Administração do processo: deve-se responder as seguintes
organização. A auditoria auxilia a organização a alcançar seus ob- perguntas: “Vocêsentendem os seus processos? Os subobjetivos
jetivos adotando uma abordagem sistemática e disciplinada para dos processos foram determinados corretamente? O desempenho
avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gerenciamen- dos processos é gerenciado? Existem recursos suficientes alocados
to de riscos, de controle, e governança corporativa.” em cada processo? As interfaces entre os processos estão sendo
Desta forma fica claro que a auditoria interna tem um papel gerenciadas?”
muito importante no mundo corporativo, pois através de suas
recomendações, ela adiciona valor aos diversos processos da Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a exis-
organização, valor este traduzido em melhor eficiência, maior tência da ligação principal entre o desempenho da organização e o
economia e a mitigação dos riscos através de um sistema de con- individual no desenvolvimento de uma estrutura mais competitiva,
troles internos eficazes. além de levantar informações que servem para comparar as situa-
Não é possível falar em um processo de transparência com ções atuais e desejadas da organização, de forma a impulsionar a
governança corporativa sem que exista um departamento de au- mudança.
ditoria interna atuante e presente no suporte a alta administra-
ção e gestores.34 Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência,
redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na agenda de
Gestão por Processo qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao
Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir sem- peso cada vez maior que a tecnologia exerce nos negócios, vem fa-
pre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma a aten- zendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por
der às suas necessidades e preferências, ou seja, o processo começa processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido
e termina no cliente, como sugerido na abordagem derivada da filo- e estudado com crescente interesse pelas empresas.
sofia do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Dentro dessa li-
nha, cada etapa do processo deve agregar valor para o cliente, caso Os principais fatores que tem contribuído para essa tendência
contrário será considerado desperdício, gasto, excesso ou perda; o são:
que representaria redução de competitividade e justificaria uma Aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvi-
abordagem de mudança. mento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais
ágil e rápida.
34Fonte: www.essenciasobreaforma.com.br – Por Eduardo Pardini

246
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão, os cha- crementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na
mados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos pro- primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples
cessos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros.
processos, mesmo depois da implantação sistema. 5.Implantando um novo modelo de gestão: O BPM não deve
As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação
vez mais desatualizados devido ao ambiente de constante mudan- maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de
ça. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são posterga- uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações
das por falta de uma orientação clara. entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados
Maior frequência de entrada e saída de profissionais (turnover) dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar
tem dificultado a gestão de conhecimento e a documentação das fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos.
regras de negócio, gerando como resultado maior dificuldade como É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve
na integração e treinamento de novos colaboradores. ser tratada de forma planejada e orientada em resultados de curto,
Os efeitos destas e outras situações têm levado um número médio e longo prazo.
crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus O BPM representa uma visão bem mais abrangente, onde a
processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. Co-
normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos. locar tal modelo em prática requer uma nova forma de analisar e
Entretanto, fazer isso de imediato é colocar o “carro na frente dos decidir como será o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na
bois”. semana que vem, no próximo ano e assim por diante.
Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os proces-
sos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência. Podemos classificar processos de negócio em três tipos dife-
Questões que podem ajudar nesta análise são: rentes:
Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execução e o Processos primários (ou processos essenciais)
controle dos processos? Processos de suporte
Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas? Processos de gerenciamento
Quais os métodos de monitoramento e controle do desempe-
nho a serem utilizados? Processos primários
Qual é o nível de integração e interdependência entre proces- Processos primários são ponta a ponta, interfuncionais e entre-
sos? gam valor aos clientes. São frequentemente chamados de proces-
A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão sos essenciais, pois representam as atividades essenciais que uma
abrangente por parte da organização sobre os seus processos e de organização desempenha para cumprir sua missão. Esses processos
como estão relacionados. Essa “visão” é o que chama de uma abor- formam a cadeia de valor onde cada passo agrega valor ao passo
dagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco anterior conforme medido por sua contribuição na criação ou en-
5 diferentes passos fundamentais: trega de um produto ou serviço, em última instância, gerando valor
aos clientes.
1.Tradução do negócio em processos: É importante definir Michael Porter descreveu cadeias de valor como compostas de
quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles atividades “primárias” e atividades “de suporte”. A cadeia de valor
que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da Visão do processo de negócio descreve a forma de contemplar a cadeia
Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais de atividades (processos) que fornecem valor ao cliente. Cada uma
e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o Mapa dessas atividades tem seus próprios objetivos de desempenho vin-
Geral de Processos da Organização. culados a seu processo de negócio principal. Processos primários
2.Mapeamento e detalhando os processos: A partir da defini- podem mover-se através de organizações funcionais, departamen-
ção do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos proces- tos ou até entre organizações e prover uma visão completa ponta-
sos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a defi- -a-ponta de criação de valor.
nição de padrões de documentação permite uma análise de todo o Atividades primárias são aquelas envolvidas com a criação físi-
potencial de integração e automação possível. De forma comple- ca de um produto ou serviço, marketing e transferência ao compra-
mentar são identificados os atributos dos processos, o que permite, dor, e suporte pós-venda, referidos como agregação de valor.
por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que com-
põe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da equipe que Processos de suporte
deverá realizá-lo. Esses processos são desenhados para prover suporte a proces-
3.Definição de indicadores de desempenho: O objetivo do BPM sos primários, frequentemente pelogerenciamento de recursos e
é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e me- ou infraestrutura requerida pelos processos primários. O principal
lhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir diferenciador entre processos primários e de suporte, é que proces-
os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a sos de suporte não geram valor direto aos clientes, ao passo que os
serem utilizados. processos primários sim. Como exemplos de processos de suporte
4.Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é garan- têm-se: gerenciamento de tecnologia da informação, de infraestru-
tir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de tura ou capacidade, e de recursos humanos.
esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos Cada um desses processos de suporte pode envolver um ciclo
ao negócio. Para tal é necessário identificar as oportunidades de de vida de recursos e estão frequentemente associados a áreas fun-
melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: in- cionais. Contudo, processos de suporte podem e geralmente atra-
vessam fronteiras funcionais.

247
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

O fato de processos de suporte não gerarem diretamente valor 2. Produtividade


aos clientes não significa que não sejam importantes para a organi- O indicador de produtividade avalia a entrega da equipe quan-
zação. Os processos de suporte podem ser fundamentais e estraté- to ao serviço que prestam ou produto que confeccionam. Este in-
gicos à organização na medida em que aumentam sua capacidade dicador é útil para que uma organização possa ter um claro pano-
de efetivamente realizar os processos primários. rama dos tipos de atividades ou comportamentos que aumentam
ou diminuem a produtividade, bem como as ações causadoras de
Processos de gerenciamento problemas
São utilizados para medir, monitorar e controlar atividades de A baixa produtividade pode estar relacionada a diversos fato-
negócios. Tais processos asseguram que um processo primário, ou res, como falta de incentivo e benefícios, desmotivação da equipe,
de suporte, atinja metas operacionais, financeiras,regulatórias e baixa remuneração, falta de recursos para a execução do trabalho,
legais. Os processos de gerenciamento não agregam diretamente más condições de trabalho. A identificação do motivo por trás de
valor aos clientes, mas são necessários a fim de assegurar que a um alto ou baixo índice de produtividade auxilia a empresa a tomar
organização opere de maneira efetiva e eficiente.35 ações em prol de sua equipe.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO. 3. Qualidade


Um importante indicador de desempenho em uma empresa é
o indicador de qualidade. Ele facilita a identificação dos pontos a
Indicadores de desempenho funcionam como um método de serem aprimorados em um produto, serviço ou nos processos pro-
avaliação organizacional. Eles são elementos cruciais que agem em dutivos. A qualidade é um fator que muito influencia qualquer ou-
prol do funcionamento adequado de uma empresa. Através dos tro ponto do desempenho de uma organização, portanto age como
indicadores de desempenho, uma organização pode facilmente um indicador crucial para toda e qualquer empresa.
visualizar e tomar conhecimentos de seus pontos fortes e fracos,
a fim de incentivar e aprimorar a equipe em direção à objetivos 4. Estratégia
concretos. Ações em prol de melhorias são estratégias estabelecidas por
Os fatores que determinam os indicadores de desempenho um gestor que podem ou não funcionar a curto, médio ou longo
estão pautados nas singulares necessidades de cada empresa de prazo. O indicador de estratégia permite à equipe uma compreen-
modo a medir quão bem-sucedido o negócio tem sido em termos são da aplicabilidade e utilidade de determinados procedimentos
financeiros e administrativos, a fim de implantar melhorias na ges- estabelecidos no mundo corporativo, ele garante à equipe a vali-
tão a partir da identificação de pontos a serem reestruturados e re- dação da capacidade dos líderes e gestores de porem em prática
pensados quanto à administração, visando alcançar metas e obje- estratégias eficazes e rentáveis.
tivos ligados à lucro, produtividade, melhor qualidade de trabalho,
erros, acertos, entre outros aspectos relevantes à empresa como 5. Eficiência
um todo. O indicador de eficiência é estabelecido com o propósito de
Como base para seus negócios, muitas empresas tomam indi- averiguar o índice de alcance de metas, ou seja, avalia se os obje-
cares de desempenho pré-estabelecidos que as auxiliarão no pro- tivos propostos estão sendo atingidos do modo como foram esta-
cesso de avaliação e otimização dos processos. No entanto, deve-se belecidos, além do lado financeiro. Mede-se a eficiência de uma
observar que ainda que um indicador seja previamente estabeleci- empresa através de comparação direta de metas e prazos, erros e
do ou adaptado de outras organizações, ele jamais deverá ser imu- acertos.
tável, pois cada empresa está ambientada em seu próprio contexto
e em sua própria realidade, sendo assim, a flexibilização de indi- 6. Custos fixos
cadores e a criação de novos é natural e pode ocorrer alinhados à Custos como o salário dos funcionários, impostos, contas de
necessidade de cada empresa. luz, água, telefonia, matéria-prima, entre outros, são chamados
custos fixos, são os custos com os quais a organização arca mês a
Os principais tipos de indicadores mês. A avaliação por meio deste indicador serve para que o admi-
nistrador saiba quão proporcional é o crescimento da empresa com
1. Lucratividade relação às suas contas fixas, de modo a precaver-se contra possíveis
Apesar de não ser o único e nem o principal, consideramos lu- dívidas e problemas financeiros em geral.
cratividade o primeiro indicador de desempenho a se observar du-
rante a gestão. Há diversos modos de realizar a avaliação dos lucros 7. Faturamento
de uma organização (planilhas de cálculos, percentuais, cálculos de Faturamento se trata da soma de todos os valores obtidos com
lucro operacional etc.) vendas de produtos ou serviços em uma empresa em um período
Este indicador é responsável por demonstrar se a empresa de tempo (anual, semestral, mensal, semanal). A análise deste in-
gera valores maiores do que os iniciais de modo a gerar uma pers- dicador é feita por meio de um levantamento de tudo que entrou
pectiva de lucratividade para os próximos meses ou anos. Ele ajuda em caixa e tudo o que saiu durante aquele período de tempo (de-
a empresa a se precaver contra riscos e dívidas. terminado de acordo com as necessidades de cada empresa), deste
modo é possível ter noção se os índices de venda, compra e produ-
ção estão de fato alinhados para que se possa cumprir as metas e
objetivos definidos pela gestão.

35Fonte: www.siseb.sp.gov.br

248
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

8. Recebimento
Recebimento é o indicador de desempenho responsável por demonstrar se o que a organização recebe é proporcional ao que vende.
Pagamentos como cheques e notar promissórias impedem que as empresas recebam o valor do produto ou serviço imediatamente após
a compra, o que pode gerar dívidas e inadimplências. Algumas soluções, como propor novas formas de pagamento (cartões, à vista etc)
poderia melhorar o desempenho de uma empresa como um todo, bem como outras medidas que podem ser aplicadas como alteração no
valor do produto, mudança no fornecedor de matéria-prima com valor mais barato, entre outras opções que aumentam o faturamento.

9. Aumento de vendas
Obviamente, o aumento no número de vendas é um ótimo indicador de desempenho para se analisar, pois avalia o sucesso da empre-
sa baseando-se em atividades que promovem as vendas. O sucesso neste índice representa um ótimo retorno ao cliente, pois gera valor
ao mercado e incentiva a continuidade expoente do crescimento. Não apenas por uma questão financeira, mas pela qualidade ou pela
estratégia no setor de vendas, pela forma como o serviço é executado ou o profissionalismo dos colaboradores, o aumento nas vendas
pode ter diversas causas e é sempre um fator indicador de bom desempenho de uma empresa.

10. Turnover
Para concluir, o último indicador pré-determinado é o turnover. Ele está diretamente ligado ao quadro de colaboradores da empresam
analisando índices de admissões e demissões de funcionários. Quando há muitas demissões em determinado período de tempo, pode-se
identificar problemas na empresa, tais como mal recrutamento, técnicas de entrevistas inadequadas, incapacidade de tomar decisões
que sejam pertinentes ao cargo, dificuldades em distribuir tarefas adequadas às funções, entre outros. Estas falhas são um indicativo do
desempenho da empresa, não só selecionar e contratar, mas reter bons funcionários é sinal de uma empresa saudável e estável.

COMPROMISSO COM A QUALIDADE NOS SERVIÇOS PRESTADOS.

Diante de um cenário de grande proliferação da concorrência, as empresas têm percebido a necessidade de dar mais atenção à quali-
dade dos produtos ou serviços que oferecem, a fim de obter vantagem competitiva no mercado. A implantação da gestão de qualidade é
capaz de promover identificação precisa dos fatores deficientes que precisam de mudanças e melhoria contínua, por meio de análises nos
processos de produção e consumo, estabelecendo um panorama focado no produto e em sua relação com o cliente e em sua experiência
a fim de o fidelizar.
De modo que esta otimização geral seja factível é imprescindível conhecer as ferramentas disponibilizadas pela gestão de qualidade,
ideais para não apenas entender processos referentes ao serviço ou produto em questão, mas também para fomentar soluções para os
problemas analisados através de ações preventivas que irão evitar que o mesmo problema se repita prejudicando a performance da em-
presa diante do mercado. São sete ferramentas úteis e aplicáveis dentro de qualquer organização aptas para beneficiar equipes inteiras.
Observe a seguir:

Fluxograma
O fluxograma, também conhecido como gráfico de procedimentos ou fluxograma de processos, tem a função de demonstrar o per-
curso existente durante a produção de determinado serviço/produto de modo real, ou seja, da forma como atualmente ocorre, e de modo
ideal, como deveria ocorrer, podendo haver diversas variáveis e correlações entre atividades e processos.

Esta ferramenta possibilita visualizar o início e o fim de um processo, as atividades pertinentes a ele, os pontos decisivos e o fluxo das
atividades. Através dele é possível identificar deficiências ou desvios no processo de produção. Sua representação se dá através de qua-
dros e formas geométricas que ilustram etapa a etapa o processo, além disso ele conta com elementos em símbolos, cuja representação
facilmente identificável permite a equipe uma visualização clara do passo a passo do processo produtivo de modo que possam identificar
a melhor rota para o produto ou serviço a que se refere, eliminando ou incluindo novas etapas que possam auxiliar a equipe a alcançar
melhores resultados.

249
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, conhecido como Espinha de Peixe devido sua aparência, é um modo de representação gráfica documental
criado por Kaoku Ishikawa útil para indicar o que possivelmente seriam as causas de certos problemas na gestão e suas respectivas reper-
cussões, ele explora com profundidade as possíveis variáveis que influenciam negativamente o processo de produção de um produto ou
serviço, capazes de interferir em sua qualidade.

A fim de aplicar o diagrama corretamente, estabelecem-se categorias em nível macro para levantar as possíveis causas de um proble-
ma, ou seja, o seu local de origem. Estes tópicos podem ser divididos em:

1) Mão-de-obra: pode ser a origem de algum problema quando se refere à ação de um funcionário ou colaborador da empresa.
2) Materiais: trata-se de quando o material usado não está adequado e pode se tornar o causador de problemas no trabalho.
3) Máquinas: quando há defeitos no maquinário da empresa.
4) Medidas: trata-se de quando uma medida tomada foi o causador do problema.
5) Métodos: refere-se ao uso de uma metodologia que não está adequada ao e possivelmente causará problemas.
6) Meio ambiente: trata-se de quando problemas no meio ambiente (como, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas) são
causadoras de problemas.
A partir da identificação de um ou mais destes itens, é possível tomar medidas para atingir o resultado esperado a partir deste pa-
norama das possíveis causas e consequências que os problemas analisados podem sofrer caso não se tome ação, sendo assim uma útil
ferramenta para se visualizar relações de causa e efeito.

Folhas de verificação
Uma outra ferramenta aplicada em gestão de qualidade são as folhas de verificação, documentos comuns, como planilhas e tabelas,
feitos de modo simples, intuitivo e prático para agilizar a coleta de dados e a confirmação de informações pertinentes ao produto ou ser-
viço. As folhas de verificação servem para facilitar a compreensão da realidade do produto ou serviço, economizando tempo da equipe e
otimizando o entendimento dos processos produtivos no trabalho em prol da resolução de problemas e implementação de ideias e solu-
ções úteis para a otimização do produto.

250
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

As informações contidas nos documentos devem ser anteriormente estabelecidas para que nas folhas sejam registrados dados que
serão ticados, como em uma lista, sobre o andamento do processo de produção da empresa. Considere que os pontos mais relevantes a
se analisar quanto a determinado produto sejam seu funcionamento e sua aparência, sendo assim seleciona-se alguns tópicos (eficiência,
agilidade, tempo de uso, ergonomia, facilidade de manejar, entre outros) que poderão auxiliar na melhor visualização de seus pontos
positivos e negativos.

Diagrama de Pareto

Este diagrama em forma de gráfico é capaz de identificar a concentração de uma variável, indicando as causas essenciais de um
processo. Por meio deste diagrama, o é possível compreender melhor e combater a raiz das causas de certos problemas de modo
prioritário a fim de assegurar alto índice de produção e produtividade.
O diagrama de Pareto baseia-se no princípio de Pareto que explica que 80% das consequências ou efeitos de uma ação tem
relação direta com 20% das causas. O gráfico numérico, então, computa dados precisos que, além de oferecer melhor visualização
das relações entre variáveis, facilita a visualização de pontos que precisam de melhoria para aumentar o desempenho da empresa
quando aos processos produtivos, pois redireciona o olhar para campos que de fato precisam de intervenção de modo prioritário.
Os dados do gráfico são específicos para cada empresa ou produto, de modo que não se pode aplicar exatamente os mesmos pon-
tos do diagrama de um produto a outro, pois cada qual possui suas próprias particularidades e especificidades. Por exemplo, a análise
de um serviço requer a presença de tópicos mais subjetivos como o tempo de permanência do cliente no espaço (caso seja um local), a
satisfação do cliente pós-serviço, relacionamento cliente e fornecedor, entre outros, enquanto um produto precisa incluir uma análise
de seus aspectos não apenas financeiros e ligados à experiência, mas a aspectos físicos e cognitivos em relação ao cliente.

251
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Histograma

O histograma é também uma forma de representação gráfica cuja função é representar a distribuição de frequências de alguns dados
em determinado período de tempo, por meio de barras. Este recurso auxilia a compreensão da quantidade ou volume de produtos ina-
dequados, problemas ou conflitos quanto a medidas, entre outros itens como peso, largura, comprimento, tempo, temperatura, volume,
preço, etc.
De modo claro, um histograma possibilita permite que a empresa saiba o número de vezes que algum dos itens ocorreu ao longo do
processo. Seu propósito está em facilitar a resolução de conflitos através da visualização de uma análise real do processo evolutivo e gra-
dativo de determinado produto ou serviço, identificando suas tendências.

Diagrama de dispersão
O Diagrama de Dispersão ou gráfico de correlação, trata-se de uma ferramenta de representação gráfica dos valores de duas variáveis
relacionadas a um mesmo processo simultaneamente, o que possibilita eliminar interferências e interpretações erradas quanto demais
variáveis ou causas de um problema.

Este diagrama se baseia em variáveis independentes, ou seja, quando ações e situações não tem relação, e variáveis dependen-
tes, quando uma ação está diretamente ligada a outra; estas variáveis são identificadas e investigadas através de correlações que se
estabelecem entre elas, podendo ser positivas (quando duas variáveis aumentam na mesma direção no gráfico), negativa (quando
diminuem na mesma direção ou nula (quando não há cruzamento de dados, eles ficam dispersos e, portanto não há correlação).

252
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

Cartas de controle
Cartas de controle são ferramentas utilizadas para identificar as estatísticas e tendências de certos desvios e mudanças de comportamento
quanto a alguns pontos de observação dentro de determinado tempo e espaço. Esta ferramenta é muito utilizada a fim de observar se o processo
está ocorrendo de maneira controlada e ordenada, sem alterações consideráveis que possam prejudicar o andamento do processo produtivo.

Os desvios ou alterações podem ser observados em linhas que divergem em pontos específicos e permitem um acompanhamento
geral da equipe quanto aos processos produtivos a fim de identificar pontos que podem ser preocupantes, e que por vezes passariam
despercebidos, e devem ser melhor trabalhados.

QUESTÕES

1. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e Informática - Edital nº 8- Sobre planejamento, analise as afirmativas
abaixo.
I. Planejamento estratégico é o processo de definir atividades e recursos, ele é feito na base da pirâmide e para realização de qualquer
objetivo.
II. Planos funcionais são elaborados para possibilitar a realização de planos do topo da organização.
III. Planejamento operacional é o processo de definir objetivos e formas de realizá-los e definem planos para toda a organização.

Estão corretas as afirmativas:


(A) I, II e III
(B) I e III apenas
(C) I apenas
(D)II apenas
(E) III apenas

2. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e Informática - Edital nº 8- Leia a afirmação a seguir e assinale a alternativa
que preenche corretamente a lacuna. ____________ são escolhas que as pessoas fazem para enfrentar problemas e aproveitar oportuni-
dades.
(A) Processos
(B) Decisões
(C) Sistemas
(D) Informações
(E) Recompensas

253
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

3. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e Estão corretas as afirmativas:


Informática - Edital nº 8- Motivação para o trabalho é uma expres- (A) I, II e III
são que indica um estado psicológico de disposição ou vontade de (B) I e III apenas
perseguir uma meta ou realizar uma tarefa. Sobre este tema analise (C) I apenas
as afirmativas abaixo. (D) II apenas
I. Desempenho é o resultado que uma pessoa consegue com a (E) III apenas
aplicação de algum esforço intelectual ou físico.
II. Motivos internos têm por objetivo definir os fatores e carac- 7. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital
terísticas pessoais que afetam a motivação e o desempenho. nº 7- Avaliar o desempenho dos colaboradores é um desafio para as
III. Motivos externos têm por objetivo definir o papel do tra- organizações, pois serão verificados, analisados e comparados se os
balho e do ambiente de trabalho na motivação e no desempenho. padrões de desempenho desejados pela gestão foram alcançados.
Assinale a alternativa que apresenta as características do processo
Estão corretas as afirmativas:
de desenvolver pessoas.
(A) I, II e III
(A) Localizar as pessoas com características e atitudes adequa-
(B) I e II apenas
das aos negócios da organização
(C) I apenas
(D) II apenas (B) Indicar se as pessoas estão bem integradas aos seus respec-
(E) III apenas tivos cargos e tarefas
(C) Verificar se as pessoas estão sendo remuneradas adequa-
4. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e In- damente
formática - Edital nº 8- Entender a Administração como um proces- (D) Indicar o desempenho e os resultados alcançados pelas
so que se compõe de outros processos ou funções é a essência do pessoas
chamado enfoque funcional ou abordagem funcional da Adminis- (E) Indicar os pontos fortes e fracos, as potencialidades a serem
tração. Assinale a alternativa que apresenta, dentre as funções ou ampliadas e as fragilidades a serem corrigidas
processos do processo administrativo, aquele que é o processo de
definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela reali- 8. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital
zação, além do processo de distribuir recursos disponíveis. Assinale nº 7- Os gerentes deveriam ser motivados a iniciar as mudanças or-
a alternativa que representa este processo ou função do processo ganizacionais, já que eles estão preocupados em melhorar a eficácia
administrativo. de suas organizações. Entretanto a mudança pode ser uma ameaça
(A) Coordenação para os gerentes e também para o pessoal não-administrativo, pois
(B) Planejamento as organizações e as pessoas dentro dela desenvolvem uma inércia
(C) Organização que as torna propensas a resistir a qualquer mudança, mesmo que
(D) Execução esta seja benéfica. Abaixo estão relacionados os principais motivos
(E) Controle que levam as pessoas a resistirem às mudanças, e sobre isto, assi-
nale a alternativa incorreta:
5. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e (A) Medo de perder algo de valor
Informática - Edital nº 8- Os administradores desempenham papéis (B) Resistência individual
em suas atuações. Henry Mintzberg em seus estudos diz que os ad- (C) Medo do desconhecido
ministradores desempenham 10 papéis divididos em 3 categorias. (D) Crença de que a mudança não é boa para a organização
Essas categorias são: papéis interpessoais, papéis de processamen- (E) Medo de executar as ordens da chefia
to de informação e papéis de decisão. Assinale a alternativa que
contém um papel de decisão.
9. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital
(A) Líder
nº 7- A comunicação é uma prioridade estratégica para a empresa
(B) Monitor
(C) Disseminador e recebe a máxima prioridade de todos os executivos, pois se tra-
(D) Porta-voz ta do processo de transmissão de uma informação de uma pessoa
(E) Empreendedor para outra, podendo ser compartilhada por ambas. A comunicação
é um processo cíclico composto por seis etapas: Emissor ou fonte;
6. IBFC - 2022 - IBGE - Agente Censitário de Administração e In- Transmissor; Canal; Receptor; Destino e Ruído. Assinale a alternati-
formática - Edital nº 8- Administrar é o processo de tomar, realizar e va correta que fala da etapa “Receptor”.
alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos. Sobre (A) É a pessoa, coisa ou processo que emite a mensagem
administrar, analise as afirmativas abaixo. (B) É o espaço situado entre o transmissor e o receptor
I. Administração é um processo de tomar decisões e realizar (C) É o equipamento que liga a fonte ao canal, transportando
ações que compreende quatro processos principais interligados: a mensagem
planejamento, organização, execução e controle. (D) É o equipamento que liga o canal ao destino, pois sincroniza
II. Os quatro processos principais da administração: planeja- a mensagem codificada no canal e a capta para então decodi-
mento, organização, execução e controle são também chamados fica-la
funções administrativas ou funções gerenciais. (E) É a pessoa, coisa ou processo para o qual a mensagem é
III. Há processos ou funções em administração que são impor- enviada
tantes como coordenação, direção, comunicação e participação e
contribuem para a realização dos processos principais da adminis-
tração que são: planejamento, organização, execução e controle.

254
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

10. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital (D) Planejamento é um processo que se destina a produzir um
nº 7- Todo administrador que toma decisão, traz um conjunto singu- ou mais estados futuros desejados
lar de características pessoais para seus esforços na solução de pro- (E) Planejamento tem a necessidade de sua contínua atualiza-
blemas. Por exemplo, um gerente criativo e confortável com a incer- ção
teza, provavelmente elaborará e avaliará alternativas de decisão de
forma diferente daquele que é mais conservador e menos provável 14. IBFC - 2021 - IBGE - Supervisor de Pesquisas - Gestão- Sobre
de aceitar riscos. Neste quadrante de tomada de decisão racional Administração, analise as afirmativas abaixo:
ou intuitivo, foi estabelecido os estilos de tomada de decisão. I. Administração é processo porque tem o significado de norte,
de caminho a ser percorrido e buscar um resultado comum.
II. Administração é solução de problemas porque é uma ativi-
Assinale a alternativa correta que compreende os estilos de
dade contínua.
tomada de decisão. III. Administração é coordenação porque o administrador é
(A) Personalidade colérica, maquiavelismo, autoestima e dra- como um maestro e precisa reger a empresa.
mático
(B) Analítico, conceitual, diretivo e comportamental Assinale a alternativa correta.
(C) Analítico, conceitual, esforço interno e autoestima
(D) Ancoragem, excesso de confiança e racionalidade (A) As afirmativas I, II e III estão corretas
(E) Analítico, comportamental, dramático e racional (B) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
(C) Apenas a afirmativa I está correta
11. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital (D) Apenas a afirmativa II está correta
nº 7- O administrador ao estabelecer padrões de desempenho que (E) Apenas a afirmativa III está correta
demonstram a evolução e qualidade do trabalho de acordo com os
objetivos de longo prazo, monitorando o desempenho dos colabo- 15. IBFC - 2021 - IBGE - Supervisor de Pesquisas - Gestão- Ava-
radores por meio da coleta de dados e fornecendo para as pessoas liar o desempenho das organizações é algo muito importante. Todas
feedback a respeito do seu progresso identificando os erros para as organizações são sistemas de recursos que perseguem objetivos.
correção, são atitudes pertinentes à função da administração deno- Sendo assim, o desempenho de uma organização pode ser avaliado
pela medida em que os objetivos são realizados.
minada________.
Assinale a alternativa que apresenta o nome que se dá ao rea-
lizar tarefas de maneira correta, sem erros sem atrasos, de maneira
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. inteligente, com o mínimo de esforço e o maior aproveitamento dos
(A) liderar recursos disponíveis.
(B) organizar (A) Eficácia
(C) planejar (B) Efetividade
(D) recompensar (C) Competitividade
(E) controlar (D) Eficiência
(E) Produtividade
12. IBFC - 2022 - IBGE - Coordenador Censitário de Área - Edital
nº 7- Administrar, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portu-
GABARITO
guesa, significa: gerir, governar, dirigir (algo próprio ou não). Ve-
rifica-se que a administração é uma tarefa presente no dia a dia,
da mesma forma que uma casa, as empresas também precisam de
controle. O Controle é uma das funções administrativas desenvolvi- 1 D
das pelo francês Henri Fayol. Assinale a alternativa correta que trata 2 B
da importância do Controle.
3 A
(A) Verificar se os objetivos estão sendo alcançados e traçar
planos alternativos caso as metas não sejam atingidas 4 C
(B) Avaliar os recursos disponíveis e organizá-los de forma a ob- 5 E
ter os melhores resultados
(C) Liderar, conduzir a empresa, administrar os recursos e as 6 A
pessoas para que os planos sejam cumpridos e os objetivos al- 7 E
cançados
(D) Verificar quais caminhos a empresa seguirá e de que forma 8 E
esses caminhos serão trilhados 9 D
(E) Analisar quais são as possíveis ações que poderão garantir
o futuro da empresa 10 B
11 E
13. IBFC - 2021 - IBGE - Supervisor de Pesquisas - Geral- Plane-
12 A
jamento é um dos elementos essenciais da administração. Sobre
planejamento, assinale a alternativa incorreta. 13 B
(A) Planejamento é um processo que visa a uma definição ante- 14 E
cipada dos resultados a alcançar e dos meios para tal
(B) Planejamento é medir os resultados alcançados 15 D
(C) Planejamento é anterior à tomada de decisão

255
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO E SITUAÇÕES GERENCIAIS

ANOTAÇÕES

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256
GEOGRAFIA

— Projeções Cartográficas
NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA. ORIENTAÇÃO: O que são: são representações da superfície esférica da Terra
PONTOS CARDEAIS. LOCALIZAÇÃO: COORDENADAS através de desenhos planificados. Essas representações são consti-
GEOGRÁFICAS, LATITUDE, LONGITUDE E ALTITUDE. tuídas por um sistema de coordenadas geográficas, consistindo em
REPRESENTAÇÃO: LEITURA, ESCALA, LEGENDAS E linhas paralelas e meridianos, construindo assim, um mapa.
CONVENÇÕES
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
Cartografia é a ciência em que se estuda o espaço geográfico existem três principais classificações de projeções cartográficas. São
através da sua representação em mapas. elas:
• Projeção Plana (ou Azimutal): a superfície terrestre é proje-
— Coordenadas Geográficas tada sob uma parte plana tocante. Normalmente, utiliza-se a pro-
São linhas imaginárias que dividem o espaço geográfico nos jeção plana para representar uma área menor. Seu formato é feito
sentidos vertical e horizontal. Elas servem para localizar qualquer de forma que as coordenadas geográficas criem círculos concêntri-
ponto no planeta. A distância das coordenadas geográficas é medi- cos. A projeção plana é classificada em três tipos: polar, equatorial
da em graus, minutos e segundos. Um grau tem 60 minutos e um e oblíqua.
minuto tem 60 segundos. As coordenadas geográficas são classifi-
cadas em dois tipos:
• Latitude: são as linhas em sentido horizontal. O maior círcu-
lo da esfera da terra, horizontalmente, é chamado de equador. O
equador é 0° de latitude, dividindo o planeta em dois hemisférios,
norte e sul. Latitudes tem variação de 0° e 90° nos dois hemisférios.
• Longitude: são as linhas em sentido vertical, também chama-
das de meridianos. Divide o planeta em Ocidente (oeste) e Oriente
(Leste). Tem variação de 0° e 180°, nos sentidos leste e oeste. O
meridiano de Greenwich é o ponto de partida, com longitude de 0°.

— Escala Cartográfica
É a proporção do quanto a área geográfica real foi reduzida Projeção plana
para sua representação no mapa. Essa proporção é de muita impor- Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geogra-
tância, pois dessa forma, a representação não é feita de forma ale- fia-enem/
atória, mas proporcional. Ela nos faz entender os mapas e medidas
representadas nos mesmos. • Projeção Cilíndrica: a superfície terrestre é projetada na base
A escala cartográfica é classificada em dois tipos: de um cilindro, de forma que envolve o globo todo. Normalmen-
te, utiliza-se a projeção cilíndrica para representar o mapa inteiro
— Escala numérica como um todo, como o mapa múndi. Ocorre, ao planificar a ima-
Utiliza-se os números para representar as proporções. gem, uma deformação nas áreas de latitude alta, podendo causar
Exemplo: 1:100.000 exagero na representação dos polos.

Os dois pontos demonstram a proporção e o número variante


(nesse caso, 100.000) sempre estará em centímetros. Neste caso, a
proporção é de 1 centímetro no mapa para 1km na área real.

— Escala Gráfica
Outro tipo de representação utilizada nos mapas para demons-
trar as medidas reais do espaço geográfico. É uma linha horizontal
com retângulos brancos e pretos. Ela pode ser expressa em metros
ou quilômetros.

Projeção Cilíndrica
Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geogra-
fia-enem/

257
GEOGRAFIA

• Projeção Cônica: a superfície terrestre é projetada na base de um cone que envolve todo o globo. Seu formato é feito de forma que
as coordenadas geográficas criem arcos concêntricos.Assim como a cilíndrica, a projeção cônica apresenta deformações na base e vértice
do cone.

Projeção Cônica
Imagem: https://blogdoenem.com.br/projecoes-cartograficas-geografia-enem/

— Mapas Temáticos
Diante de uma variedade de características de um espaço geográfico que podem ser representadas em mapas, os cartógrafos criaram
os mapas temáticos, que tratam de temáticas específicas. Eles são de cinco principais tipos. São eles:
• Mapa Político: representam as divisões territoriais (fronteiras) entre um espaço delimitado, como cidades, países, continentes, etc

Mapa político que mostra as regiões do Brasil


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.ht

258
GEOGRAFIA

• Mapa Demográfico: descrevem dados sobre uma população de determinado espaço geográfico, ou seja, são utilizados para repre-
sentar informações como número de habitantes, fluxos migratórios, taxa de natalidade, entre muitas outras.

Mapa Demográfico do Brasil


Imagem: https://www.infoescola.com/mapas/mapa-da-densidade-demografica-do-brasil/

259
GEOGRAFIA

• Mapa Físico: apresentam informações sobre os elementos naturais daquele espaço, como a vegetação, o relevo, clima, hidrografia
(cursos d’água), entre outros.

Mapa físico com informações sobre o relevo da América do Sul


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm

• Mapa Econômico: apresentam informações sobre as atividades econômicas de determinado local (cidade, país, continente). Com
isso, é possível identificar as áreas de maior poder aquisitivo, as atividades agropecuárias, produções industriais e locais com jazidas mi-
nerais.

Mapa econômico que mostra a produção de algodão em diferentes pontos do país


Imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm

260
GEOGRAFIA

• Mapa Histórico: apresentam informações sobre o passado de um local, como por exemplo, como era a delimitação de território do
Brasil colonial.

Mapa do Brasil Colonial


Imagem: Pinterest

ASPECTOS FÍSICOS DO BRASIL E MEIO AMBIENTE NO BRASIL (GRANDES DOMÍNIOS DE CLIMA, VEGETAÇÃO, RELEVO
E HIDROGRAFIA; ECOSSISTEMAS)

— Domínios Morfoclimáticos Brasileiros


Domínios Morfoclimáticos são classificação que divide o espaço geográfico baseado nas características climáticas, vegetativas, do solo
e a hidrografia. Os domínios morfoclimáticos do Brasil são definidos como seis:
• Amazônico: é o maior entre eles. Localizado no Norte do país, possui relevo de terras de baixa latitude e grandes depressões. Seu
clima é quente e úmido (equatorial), com chuvas em todos os meses do ano. A temperatura nesse domínio varia entre 24ºC e 27 ºC, e nele
está a maior bacia hidrográfica do Brasil. O solo da Amazônia não é muito fértil.
• Caatinga: situado na região do Nordeste do país, apresenta características de um relevo com grandes depressões e clima semiárido,
ocorrendo diversas secas. Sua hidrografia é instável, pois os rios secam uma vez por ano, por conta da temperatura alta padrão desse do-
mínio. O solo da Caatinga tem má permeabilidade.
• Mares de Morros: domínio situado no litoral do país, de relevo caracterizado por morros arredondados e serras. Apresenta clima
tropical úmido, com alto índice de chuvas. Esse domínio possui duas bacias hidrográficas importantes: a Bacia do Rio Paraná e a Bacia do
Rio São Francisco. O solo é fértil.
• Cerrado: de relevo caracterizado por planaltos e chapadões, o clima desse domínio é tropical sazonal. A sua temperatura média é de
22ºC, mas pode variar bastante, tendo secas no inverno. É o domínio que abriga 8 de 12 bacias hidrográficas no Brasil, com rios importan-
tes como o Rio Tocantins e o Rio Araguaia. O solo é avermelhado e argiloso.
• Araucárias: o relevo desse domínio é caracterizado por ondulações e montanhas. Seu clima é subtropical, e apresenta as estações
do ano bem definidas. A temperatura varia de 14ºC a 30ºC. O domínio abriga usinas hidrelétricas importantes para o país. Apresenta solo
de bastante umidade e bem fértil.

261
GEOGRAFIA

• Pradarias (ou Pampas): situado no Sul do Brasil, o relevo desse domínio apresenta características de baixa latitude e algumas ondu-
lações. Possui dois tipos de clima, as temperadas, com clima de estações bem definido (verão com temperaturas altas e chuva e inverno
frio e seco), e pradarias tropicais, com clima quente e seco em todos os meses do ano. Abrange rios como o Ibicuí e o Rio Uruguai. Solo
fértil e profundo, bastante utilizado para a agricultura.

— Mudança Climática e Poluição Atmosférica.


Mudanças climáticas são transformações que o clima e a temperatura sofrem ao longo do tempo. Elas são naturais, porém os seres
humanos veem interferindo no ciclo natural desde o século XVIII, principalmente após a Revolução Industrial.
A queima de combustíveis como petróleo e carvão polui a atmosfera Terrestre com gases de efeito estufa, retendo o calor na Terra
e gerando mudanças climáticas intensas. O principal gás liberado pelos combustíveis fósseis utilizados em carros, motos e indústrias é o
dióxido de carbono. Além de causar mudanças climáticas e o aquecimento global, a poluição atmosférica afeta a vida de todos os seres
vivos do planeta, inclusive os seres humanos. Diversas doenças respiratórias e pulmonares, por exemplo, se intensificaram ao longo dos
anos com o aumento do aquecimento global.
A vegetação do Brasil são os diferentes tipos de plantas que se formam em todo o país. Ela é bem diversa, pois o Brasil é um país de
grande extensão territorial. A vegetação pode variar porque, fatores como o clima, o relevo, o solo, influenciam muito no tipo de seres
vivos que irão se formar naquele local. As principais são:
• Floresta Amazônica: floresta tropical de clima úmido e quente, é a maior floresta tropical do mundo e, no Brasil, sua extensão é de
60% da sua superfície. Nela, existem diferentes tipos de vegetação, e é dividida em mata de várzea, mata de igapó e mata de terra firme.
• Mata atlântica: de clima tropical úmido, tem grande biodiversidade, com mais de 20 mil espécies de plantas. Anteriormente, cobria
cerca de 15% do território nacional, porém, com o desmatamento esse número foi reduzido a quase 13% e vem diminuindo.
• Cerrado: é a vegetação que predomina na região do Centro-Oeste do Brasil. Com um clima tropical, sua vegetação é formada por
herbáceas, arbustos e árvores de pequeno porte. Também sofre desmatamento.
• Caatinga: de clima semiárido, é caracterizada por muitos dias de seca e pouca chuva. Sua vegetação consiste em gramíneas, arbus-
tos, árvores pequenas e médias.
• Pantanal: encontrado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é caracterizado por muitas áreas alagadas por conta da
superfície plana. Sua vegetação conta com arbustos, matas ciliares, árvores de grande porte e plantas aquáticas.
• Pampa: encontrado na região do Sul do país, é formado por gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte.

Imagem: IBGE (adaptado)

262
GEOGRAFIA

Uma Bacia Hidrográfica é definida como uma área alimentada Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios
por um rio e seus afluentes. Sua delimitação se dá pelo relevo que a e ecossistemas
contorna e/ou a vegetação em volta. O Brasil possui uma das biodiversidades mais ricas do mundo,
O Brasil se encontra em uma área privilegiada, pois possui cer- detentor das maiores reservas de água doce e de um terço das flo-
ca de 12% da água potável do planeta. Existem 12 bacias ao todo restas tropicais que ainda não foram desmatadas. Segundo o IBGE
no país: o Brasil é formado por seis biomas1 de características distintas:
• Bacia Hidrográfica amazônica: é a maior bacia do planeta, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
com área de drenagem de cerca de 7 milhões de quilômetros qua- Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e
drados, onde 3 milhões estão só no Brasil. Tem enorme potencial de fauna.
em questões de gerar energia hidrelétrica e transportes fluviais. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes
• Bacia Hidrográfica do São Francisco: com cerca de 640 quilô- da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a
metros quadrados, ela liga as regiões Nordeste e Sudeste. existência ou não de hábitats para as espécies, a manutenção de
• Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia: sua área de dre- serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevi-
nagem é de 967.059 quilômetros quadrados, sendo a maior bacia vência de populações humanas.
exclusiva do Brasil. Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o esta-
• Bacia Hidrográfica do Paraná: é encontrada em vários países belecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de
da América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Com gran- oportunidades para a conservação, uso sustentável e repartição de
de potencial hidrelétrico, existem diversas usinas que utilizam desta benefícios da biodiversidade.
bacia, como a usina Ilha Solteira, Itaipu, Capivari, entre outras.
• Bacia Hidrográfica do Parnaíba: área de drenagem de cer-
ca de 340 mil quilômetros quadrados, encontra-se nos estados do
Piauí, Maranhão e Ceará e os rios principais são Balsas, Uruçuí-Pre-
to, Gurguéia, entre outros.
• Bacia Hidrográfica do Uruguai: encontra-se nos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o rio principal é o Rio Uruguai,
com grande potencial hidrelétrico.
• Bacia Hidrográfica do Paraguai: encontra-se nos estados do
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com área de drenagem de cerca
de 360 quilômetros quadrados. O rio principal é o Paraguai.
• Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental: tem área
de drenagem de cerca de 288 quilômetros quadrados e encontra-se
nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco e
Alagoas. os rios principais são Beberibe e Capibaribe.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental: com área
de drenagem de cerca de 254 quilômetros quadrados, encontra-se
nos estados do Maranhão e do Pará e os principais rios são o Mea-
rim, Itapecuru e Turiaçu.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Leste: com área de drenagem
de cerca de 374 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados
de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. O principal rio é o
Jequitinhonha.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste: com área de drenagem
de cerca de 230 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados
do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Amazônia
Seus principais rios são os Doce, Itapemirim, São Mateus, Iguape, A Amazônia é quase mítica: um verde e vasto mundo de águas
Paraíba do Sul, etc. e florestas, onde as copas de árvores imensas escondem o úmido
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sul: de menor porte, sua área de nascimento, reprodução e morte de mais de um-terço das espécies
drenagem tem cerca de 185 quilômetros quadrados. que vivem sobre a Terra.
Os números são igualmente monumentais. A Amazônia é o
— Uso dos Recursos Hídricos e Impactos Ambientais. maior bioma do Brasil: num território de 4,196.943 milhões de km2
A existência de água potável sofre ameaças por conta da po- (IBGE,2004), crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de
luição de rios, lagos e oceanos. A poluição hídrica é causada prin- toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das
cipalmente pelo despejamento de lixo e substâncias químicas das 100 mil da América do Sul).
indústrias. Isso traz diversas consequências, pois influencia negati- A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: co-
vamente as bacias hidrográficas, além de contaminar água que po- bre cerca de 6 milhões de km2 e e tem 1.100 afluentes. Seu princi-
deria ser utilizada para o consumo e outras atividades. pal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlân-
tico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada
segundo.

1 https://www.mma.gov.br/biomas.html

263
GEOGRAFIA

As estimativas situam a região como a maior reserva de madei- Em decorrência dessa parceria e das iniciativas próprias dos estados
ra tropical do mundo. Seus recursos naturais – que, além da madei- da caatinga, os processos de seleção de áreas e de criação de UC´s
ra, incluem enormes estoques de borracha, castanha, peixe e miné- foram agilizados. Os primeiros resultados concretos já aparecem,
rios, por exemplo – representam uma abundante fonte de riqueza como a criação do Parque Estadual da Mata da Pimenteira, em Ser-
natural. A região abriga também grande riqueza cultural, incluindo ra Talhada-PE, e da Estação Ecológica Serra da Canoa, criada por
o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar es- Pernambuco em Floresta-PE, com cerca de 8 mil hectares, no dia
ses recursos naturais sem esgotá-los nem destruir o habitat natural. da caatinga de 2012 (28/04/12). Além disso, houve a destinação de
Toda essa grandeza não esconde a fragilidade do escossistema recursos estaduais para criação de unidades no Ceará, na região de
local, porém. A floresta vive a partir de seu próprio material orgâni- Santa Quitéria e Canindé.
co, e seu delicado equilíbrio é extremamente sensível a quaisquer Merece destaque a destinação de recursos, para projetos que
interferências. Os danos causados pela ação antrópica são muitas estão sendo executados, a partir de 2012, na ordem de 20 milhões
vezes irreversíveis. de reais para a conservação e uso sustentável da caatinga por meio
Ademais, a riqueza natural da Amazônia se contrapõe drama- de projetos do Fundo Clima – MMA/BNDES, do Fundo de Conversão
ticamente aos baixos índices sócio-economicos da região, de baixa da Dívida Americana – MMA/FUNBIO e do Fundo Socioambiental -
densidade demográfica e crescente urbanização. Desta forma, o MMA/Caixa Econômica Federal, dentre outros (documento com re-
uso dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento lação dos projetos). Os recursos disponíveis para a caatinga devem
da região. aumentar tendo em vista a previsão de mais recursos destes fundos
e de novas fontes, como o Fundo Caatinga, do Banco do Nordeste
Caatinga - BNB, a ser lançado ainda este ano. Estes recursos estão apoiando
A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros iniciativas para criação e gestão de UC´s, inclusive em áreas prioritá-
quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os rias discutidas com estados, como o Rio Grande do Norte.
estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Também estão custeando projetos voltados para o uso susten-
Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico tável de espécies nativas, manejo florestal sustentável madeireiro
em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 e não madeireiro e para a eficiência energética nas indústrias ges-
de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 seiras e cerâmicas. Pretende-se que estas indústrias utilizem lenha
abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maio- legalizada, advinda de planos de manejo sustentável, e que econo-
ria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A mizem este combustível nos seus processos produtivos. Além dos
caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços projetos citados acima, em 2012 foi lançado edital voltado para uso
ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explo- sustentável da caatinga (manejo florestal e eficiência energética),
rado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país. A pelo Fundo Clima e Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal –
biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas Serviço Florestal Brasileiro, incluindo áreas do Rio Grande do Norte.
voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos Devemos ressaltar que o nível de conhecimento sobre o bioma,
ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. sua biodiversidade, espécies ameaçadas e sobreexplotadas, áreas
Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de prioritárias, unidades de conservação e alternativas de manejo sus-
forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido princi- tentável aumentou nos últimos anos, fruto de uma série de diag-
palmente ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e nósticos produzidos pelo MMA e parceiros. Grande parte destes
insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio diagnósticos pode ser acessados no site do Ministério: Legislação e
e a conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado des- Publicações. Este ano estamos iniciando o processo de atualização
matamento que chega a 46% da área do bioma, segundo dados do das áreas prioritárias para a caatinga, medida fundamental para di-
Ministério do Meio Ambiente (MMA), o governo busca concretizar recionar as políticas para o bioma.
uma agenda de criação de mais unidades de conservação federais Da mesma forma, aumentou a divulgação de informações
e estaduais no bioma, além de promover alternativas para o uso para a sociedade regional e brasileira em relação à caatinga, assim
sustentável da sua biodiversidade. como o apoio político para a sua conservação e uso sustentável.
Em relação às Unidades de Conservação (UC´s) federais, em Um exemplo disso é a I Conferência Regional de Desenvolvimento
2009 foi criado o Monumento Natural do Rio São Francisco, com 27 Sustentável do Bioma Caatinga - A Caatinga na Rio+20, realizada em
mil hectares, que engloba os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e, maio deste ano, que formalizou os compromissos a serem assumi-
em 2010, o Parque Nacional das Confusões, no Piauí foi ampliado dos pelos governos, parlamentos, setor privado, terceiro setor, mo-
em 300 mil hectares, passando a ter 823.435,7 hectares. Em 2012 vimentos sociais, comunidade acadêmica e entidades de pesquisa
foi criado o Parque Nacional da Furna Feia, nos Municípios de Ba- da região para a promoção do desenvolvimento sustentável do bio-
raúna e Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, com 8.494 ma. Estes compromissos foram apresentados na Conferência das
ha. Com estas novas unidades, a área protegida por unidades de Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20.
conservação no bioma aumentou para cerca de 7,5%. Ainda assim, Por outro lado, devemos reconhecer que a Caatinga ainda
o bioma continuará como um dos menos protegidos do país, já que carece de marcos regulatórios, ações e investimentos na sua con-
pouco mais de 1% destas unidades são de Proteção Integral. Ade- servação e uso sustentável. Para tanto, algumas medidas são fun-
mais, grande parte das unidades de conservação do bioma, espe- damentais: a publicação da proposta de emenda constitucional
cialmente as Áreas de Proteção Ambiental – APAs, têm baixo nível que transforma caatinga e cerrado em patrimônios nacionais; a as-
de implementação. sinatura do decreto presidencial que cria a Comissão Nacional da
Paralelamente ao trabalho para a criação de UCs federais, algu- Caatinga; a finalização do Plano de Prevenção e Controle do Des-
mas parcerias vêm sendo desenvolvidas entre o MMA e os estados, matamento da Caatinga; a criação das Unidades de Conservação
desde 2009, para a criação de unidades de conservação estaduais.

264
GEOGRAFIA

prioritárias, como aquelas previstas para a região do Boqueirão da Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de
Onça, na Bahia, e Serra do Teixeira, na Paraíba, e finalmente a desti- todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor
nação de um volume maior de recursos para o bioma. porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma apresen-
ta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de
Cerrado conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocu- proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sus-
pando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território tentável, incluindo RPPNs (0,07%).
nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás,
Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Mata Atlântica
Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, A Mata Atlântica é composta por formações florestais nati-
além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço vas (Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também
territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidro- denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta;
gráficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual),
Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece e ecossistemas associados (manguezais, vegetações de restingas,
a sua biodiversidade. campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do
Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Nordeste).
Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e Originalmente, o bioma ocupava mais de 1,3 milhões de km²
sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diver- em 17 estados do território brasileiro, estendendo-se por grande
sidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana parte da costa do país. Porém, devido à ocupação e atividades hu-
mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas manas na região, hoje resta cerca de 29% de sua cobertura original.
já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que de-
terminam uma notável alternância de espécies entre diferentes fi- Mesmo assim, estima-se que existam na Mata Atlântica cerca
tofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, de 20 mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil,
e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números aproximadamente), incluindo diversas espécies endêmicas e amea-
de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 es- çadas de extinção.
pécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhe- Essa riqueza é maior que a de alguns continentes, a exemplo da
cido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: América do Norte, que conta com 17 mil espécies vegetais e Euro-
28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, pa, com 12,5 mil. Esse é um dos motivos que torna a Mata Atlântica
o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e prioritária para a conservação da biodiversidade mundial.
23% dos cupins dos trópicos. Em relação à fauna, o bioma abriga, aproximadamente, 850 es-
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande impor- pécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos
tância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos na- e 350 de peixes.
turais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribei- Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiver-
rinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, sidade, a Mata Atlântica fornece serviços ecossistêmicos essenciais
juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e para os 145 milhões de brasileiros que vivem nela.
detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Mais As florestas e demais ecossistemas que compõem a Mata Atlân-
de 220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas tica são responsáveis pela produção, regulação e abastecimento de
na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o ven- água; regulação e equilíbrio climáticos; proteção de encostas e ate-
to, proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores nuação de desastres; fertilidade e proteção do solo; produção de
naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são re- alimentos, madeira, fibras, óleos e remédios; além de proporcionar
gularmente consumidos pela população local e vendidos nos cen- paisagens cênicas e preservar um patrimônio histórico e cultural
tros urbanos, como os frutos do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti imenso.
(Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Euge- Neste contexto, a conservação dos remanescentes de Mata
nia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do cerrado Atlântica e a recuperação da sua vegetação nativa tornam-se
(Anacardium humile), Araticum (Annona crassifolia) e as sementes fundamentais para a sociedade brasileira, destacando-se para
do Barú (Dipteryx alata). isso áreas protegidas, como Unidades de Conservação (SNUC –
Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco Lei nº 9.985/2000) e Terras Indígenas (Estatuto do Índio – Lei nº
de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já 6001/1973), além de Áreas de Preservação Permanente e Reserva
não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies Legal (Código Florestal – Lei nº 12.651/2012).
de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. O bioma também é protegido pela Lei nº 11.428/2006, conhe-
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais cida como Lei da Mata Atlântica, regulamentada pelo Decreto nº
sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pres- 6.660/2008.
são para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produ- No dia 27 de maio é comemorado o Dia Nacional da Mata
ção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo Atlântica.
esgotamento dos recursos naturais da região. Nas três últimas dé-
cadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da frontei- Pampa
ra agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde
exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004). Isto corresponde a
produção de carvão. 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro. As pai-
sagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de

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GEOGRAFIA

morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso patrimônio Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o
cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pam- bioma que menor tem representatividade no Sistema Nacional de
pa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas há Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da
também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de área continental brasileira protegida por unidades de conservação.
pau-ferro, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é
rochosos, etc. signatário, em suas metas para 2020, prevê a proteção de pelo me-
Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa nos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não cada bioma.
completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Re-
em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade partição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”, atualizadas em
de gramíneas, são mais de 450 espécies (campim-forquilha, gra- 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa,
ma-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos de-porco, dentre destas, 41 (um total de 34.292 km2) foram consideradas de impor-
outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as es- tância biológica extremamente alta.
pécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a ba- Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em
bosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e 0,9% de pro-
afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de teção integral), com grande lacuna de representação das principais
cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa valem fisionomias de vegetação nativa e de espécies ameaçadas de extin-
destacar o Algarrobo (Prosopis algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia ção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a re-
farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados cuperação de áreas degradadas e a criação de mosaicos e corredo-
apenas no Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra do res ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
Quaraí. conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, dentre O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é ou-
elas a ema (Rhea americana), o perdigão (Rynchotus rufescens), tro elemento essencial para assegurar a conservação do Pampa. A
a perdiz (Nothura maculosa), o quer-quero (Vanellus chilensis), o diversificação da produção rural a valorização da pecuária com ma-
caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o joão-de-barro (Fur- nejo do campo nativo, juntamente com o planejamento regional, o
narius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o pica-pau zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossis-
do campo (Colaptes campestres). Também ocorrem mais de 100 têmicos são o caminho para assegurar a conservação da biodiversi-
espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro dade e o desenvolvimento econômico e social.
(Ozotoceros bezoarticus), o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), O Pampa é uma das áreas de campos temperados mais impor-
o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita tantes do planeta.
(Dasypus hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco- Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fi-
-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema muito rico, sionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como predomínio
com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos
flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul (Heliomaster furcifer); o sapi- protegidos em todo o planeta.
nho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma
ameaçadas de extinção tais como: o veado campeiro (Ozotocerus área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada por Brasil,
bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o ca- Uruguai e Argentina.
boclinho-de-barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzi- No Brasil, o bioma Pampa está restrito ao Rio Grande do Sul,
nho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003). onde ocupa 178.243 km2 – o que corresponde a 63% do território
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de im- estadual e a 2,07% do território nacional.
portância nacional e global. Também é no Pampa que fica a maior O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à bio-
parte do aquífero Guarani. diversidade. Em sua paisagem predominam os campos, entremea-
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os dos por capões de mata, matas ciliares e banhados.
campos nativos tem sido a principal atividade econômica da região. A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das flo-
Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem restas e das savanas – é mais simples e menos exuberante, mas não
permitido a conservação dos campos e ensejado o desenvolvimen- menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços
to de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional repre- ambientais. Ao contrário: os campos têm uma importante contri-
sentada pela figura do gaúcho. buição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das serem fonte de variabilidade genética para diversas espécies que
pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degra- estão na base de nossa cadeia alimentar.
dação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Esti-
mativas de perda de hábitat dão conta de que em 2002 restavam Pantanal
41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões
bioma Pampa (CSR/IBAMA, 2010). úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desen- o de menor extensão territorial no Brasil, entretanto este dado em
volvimento sustentável da região, seja perda de espécies de valor nada desmerece a exuberante riqueza que o referente bioma abri-
forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo compro- ga. A sua área aproximada é 150.355 km² (IBGE,2004), ocupando
metimento dos serviços ambientais proporcionados pela vegetação assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço
campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de territorial o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por
carbono que atenua as mudanças climáticas, por exemplo. rios que drenam a bacia do Alto Paraguai.

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GEOGRAFIA

O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso sofre in-
fluência do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse
bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do
tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de
peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo
a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e
algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.
Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agro-
pecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes do bioma. De acordo com o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros
por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, o bioma Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa.
Assim como a fauna e flora da região são admiráveis, há de se destacar a rica presença das comunidades tradicionais como as indíge-
nas, quilombolas, os coletores de iscas ao longo do Rio Paraguai, comunidade Amolar e Paraguai Mirim, dentre outras. No decorrer dos
anos essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da população pantaneira.
Apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção
integral e 1,7% a UCs de uso sustentável (BRASIL, 2015).

Os Domínios Morfoclimáticos são conjuntos formados por aspectos naturais, como solo, relevo, hidrografia, vegetação e clima que
predominam em um determinado local, formando uma determinada paisagem. O grande responsável por esta classificação no Brasil foi
o professor Aziz Ab´ Saber.

— Domínio Equatorial Amazônico está situado na região Norte do Brasil, é formado, em sua maior parte, por terras baixas (Planície
Amazônica e as áreas de depressões), predominando o processo de sedimentação, banhado pela Bacia Amazônica, com um clima e flo-
resta equatorial.
— Domínio dos Cerrados está localizado na porção central do território brasileiro, há um predomínio de chapadões (Planalto Central),
apresentando algumas nascentes importantes como dos rios da Bacia do Tocantins-Araguaia, com a vegetação predominante do Cerrado
e o clima tipicamente tropical.
— Domínio dos Mares de Morros está localizado ao longo do litoral brasileiro, o domínio de mares de morros recebe esse nome em
função de sua estrutura geológica. Formada por dobramentos cristalinos da Era Pré-Cambriana, esse relevo sofreu intensa ação erosiva ao
longo dos milhões de anos, o que contribuiu para a formação de morros com vertentes arredondadas, chamadas de “morros em meia laran-
ja”. A vegetação característica desse domínio é a Floresta Tropical Úmida ou Mata Atlântica, que possui cerca de 20 mil espécies de plantas,
das quais 8 mil são consideradas endêmicas.
— Domínio das Caatingas localiza-se no nordeste brasileiro, no conhecido polígono das secas ou Sertão Nordestino, caracterizado por
depressões interplanálticas e alguns chapadões, a hidrografia é bastante limitada pela condição climática que é o Semiárido e a vegetação
é a quem dá o nome a este domínio.

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GEOGRAFIA

— Domínio das Araucárias encontra-se no Sul do país, com pre- Cerrado


domínio de planaltos, com a Bacia do Paraná sendo destaque, o clima O Cerrado é um bioma do tipo savana, com árvores espaçadas
é subtropical e a vegetação é formada por araucárias (quase extintas). uma das outras e de pequeno porte.
— O domínio das Pradarias, também conhecido por Pampa ou Este é considerado um dos ecossistemas brasileiros que mais
Campanha Gaúcha, é composto por uma vegetação rasteira, forma- vem sofrendo com o desmatamento causado pelo avanço das plan-
da por herbáceas e gramíneas. Localizado no sul do país, em espe- tações agrícolas.
cial no estado do Rio Grande do Sul, essa região exibe relevo sua- Localização: Ocupa a região central do Brasil. Abrange os esta-
vemente ondulado (coxilhas), onde se desenvolvem práticas como do de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do
a pecuária extensiva e a agricultura da soja e do trigo. O pisoteio Sul e oeste de São Paulo e Paraná.
constante do gado e a prática da monocultura, respectivamente, Condições climáticas: O clima é relativamente quente. As tem-
têm levado à compactação e à redução da fertilidade do solo, ge- peraturas anuais variam de 21ºC a 27ºC. Possui uma época seca,
rando áreas desertificadas. com possibilidade da vegetação pegar fogo naturalmente.
— Os ecossistemas são todos os sistemas abertos onde estão Flora: As árvores possuem uma casca grossa, troncos retorci-
envolvidos fatores físicos e biológicos de uma área determinada e dos e raízes profundas. Existe um predomínio de gramíneas e plan-
que estão englobados seres vivos, os meios em que vivem e todas tas herbáceas. Destacam-se o ipê, peroba-do-campo e pequi.
as interações entre ambos. Destaca-se que um domínio pode con- Fauna: Alguns animais característicos são os gambás, taman-
ter mais de um bioma e de um ecossistema. duás, lobo-guará, cutias, antas, tatus e suçuarana.
O Brasil apresenta grande extensão territorial, isso confere di- Mata Atlântica
ferentes tipos de clima e de solo, resultando em diferentes condi- Também chamada de floresta Atlântica, é um dos ecossistemas
ções ambientais e ecossistemas. mais devastados do Brasil.
Estima-se que existam apenas 5% da sua vegetação original.
Amazônia2 Aproximadamente 70% da população brasileira vivem na área des-
A Amazônia constitui a maior área remanescente de florestas se bioma.
tropicais do mundo. Ela ocupa cerca de 49,29% do território brasi- Localização: Estende-se do Rio Grande do Norte até o Rio Gran-
leiro. de do Sul.
Localização: Abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Condições climáticas: Clima subtropical úmido ao sul e tropical
Pará, Roraima, Rondônia e uma porção do Mato Grosso, Maranhão úmido ao norte.
e Tocantins. Flora: As plantas apresentam folhas largas e perenes. A vegeta-
Condições climáticas: Clima quente e úmido, com temperatu- ção é rica em plantas epífitas. As plantas características deste ecos-
ras variando entre 20ºC a 41ºC durante o ano. As precipitações plu- sistema são os ipês, pau-brasil, jacarandá, jequitibás e palmeiras.
viométricas são superiores a 1800 mm/ano. A umidade na região Fauna: Os animais representativos da Mata Atlântica são as ja-
apresenta índices de 80 a 100%. guatiricas, saguis, mico-leão-dourado, tucanos e papagaios.
Flora: Castanheiro-do-pará, a seringueira, a sumaúma, o guara-
ná e uma diversidade de plantas epífitas. Mata dos Cocais
Fauna: insetos, anfíbios, jiboias, sucuris, bichos-preguiça, pei- A Mata dos Cocais é considerada uma “mata de transição” e
xe-boi, botos, onças-pintadas e pirarucu. está localizada entre as florestas úmidas da Amazônia e a Caatinga.
Este ecossistema já foi muito explorado, ainda no período colo-
Caatinga nial, para extração de produtos específicos, como o óleo de babaçu
A Caatinga representa 10% do território brasileiro. Uma de suas e a cera de carnaúba. Com o passar do tempo as plantações de soja
principais características são suas plantas que se adaptaram à falta tomaram uma dimensão extensa, o que contribui com a destruição
de água do ambiente. do ambiente.
A sobrevivência das plantas da Caatinga é sua resistência em Localização: Abrange os estados do Maranhão, Piauí e Rio
períodos de seca, visto que elas armazenam água em seus troncos Grande do Norte.
e folhas. Condições climáticas: Apresenta índices elevados de chuva,
Localização: Abrange os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande com 1500 mm a 2200 mm. A temperatura média anual é de 26ºC.
do Norte, Paraíba, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Flora: A espécie mais característica desses ecossistemas é a
Norte de Minas Gerais. palmeira Orbignya martiana, o babaçu. Essa palmeira possui impor-
Condições climáticas: Clima semi-árido, com índices pluviomé- tância econômica para a população, pois de suas sementes se extrai
tricos entre 500 mm a 700 mm anuais e temperatura entre 24ºC a um óleo e as folhas são usadas para cobertura de casas.
26ºC. Fauna: Apresenta diversas espécies de aves, mamíferos, rép-
Flora: A vegetação é formada por plantas adaptadas ao clima teis, anfíbios, insetos, os animais característicos são a arara-verme-
seco. As plantas possuem folhas transformadas em espinhos, cutí- lha, gavião-rei, ariranha, gato-do-mato, macaco-prego, lobo-guará,
culas impermeáveis e caules que armazenam água. Essas caracterís- boto, jacu, paca, cotias, acará-bandeira, dentre outros.
ticas correspondem às plantas xeromórficas. Como exemplos, estão
as cactáceas (mandacaru e facheiro). Pantanal
Fauna: Alguns animais típicos da Caatinga são o preá, veado, O pantanal é considerado a maior planície inundada do Brasil.
calango, iguanas, onças e macaco-preto. Isso ocorre em alguns períodos do ano, onde determinadas áreas
podem ficar parcialmente ou totalmente submersas.
É um dos biomas com maior diversidade de animais e plantas.
2 https://www.todamateria.com.br/ecossistema Localização: Oeste de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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GEOGRAFIA

Condições climáticas: Clima Tropical Continental. No verão, as Desmatamento3


temperaturas atingem 32ºC, enquanto no inverno, chegam a 21ºC. Desmatamento, também chamado de desflorestamento, con-
Flora: Apresenta poucas espécies endêmicas, ou seja, próprias siste na retirada da cobertura vegetal parcial ou total de um deter-
deste ecossistema. A palmeira carandá é a mais representativa. minado lugar. Enquanto alguns enxergam essa prática como uma
Fauna: A fauna é diversificada. Existem moluscos, crustáceos ação necessária ao suprimento das necessidades do ser humano,
e peixes, como o dourado, pau, jaú, surubim e piranhas. Além de outros apontam o desmatamento como um dos maiores problemas
tuiuiús, socós, sara-curas, jacarés, capivaras, onças e veados. ambientais da atualidade. A retirada da cobertura vegetal está rela-
cionada a diversas causas, como a urbanização, mineração e expan-
Mata de Araucárias são do agronegócio, e seus impactos são inúmeros.
Recebe esse nome uma vez que a região está repleta de pinhei-
ro-do-paraná (Araucaria angustifolia), conhecido como Araucária. • Causas do desmatamento
A Mata das Araucárias apresenta, de forma bem definida, as di- A exploração dos recursos naturais acontece desde os primór-
ferentes estações do ano, ou seja, os invernos são frios e os verões dios da humanidade. Contudo, na medida em que a sociedade se
são quentes desenvolveu, essa exploração intensificou-se, colocando em risco o
Localização: Abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa equilíbrio do planeta e comprometendo o suprimento das gerações
Catarina, Paraná e São Paulo. futuras.
Condições climáticas: Apresenta temperaturas baixas no inver- A questão do desmatamento tomou grandes proporções a par-
no. O índice pluviométrico é de 1400 mm anuais. tir da Revolução Industrial. A introdução de novas tecnologias (que
Flora: A espécie mais representativa é a Araucária, que pode proporcionaram o aumento da produção industrial) e o consumo
atingir até 25 m de altura. Também podem ser encontradas samam- (que aumentou consideravelmente) fizeram com que diversas flo-
baias e plantas epífitas. restas temperadas e tropicais fossem devastadas, a fim de atender
Fauna: Existem de mamíferos, aves, répteis e insetos. a essa nova demanda.
Manguezais Os países industrializados apresentaram, durante esse perío-
As plantas com raízes expostas no manguezal do, maiores taxas de desmatamento. Com o passar dos anos, essas
Os manguezais são biomas litorâneos com vegetação arbustiva taxas começaram a cair nesses países e a aumentar nos países em
que se desenvolve em um solo lodoso e salgado. desenvolvimento e subdesenvolvidos.
Para o meio ambiente, este é um importante ecossistema pois
ele evita o assoreamento das praias, funcionado como uma barrei- O desmatamento pode ser atribuído a diversas atividades, sen-
ra. do essas, em sua maioria, antrópicas. A retirada da cobertura vege-
Localização: Estende-se por toda a costa brasileira. Entretanto, tal está relacionada, por exemplo, com a expansão do agronegócio;
pode penetram vários quilômetros no continente, seguindo o curso com o extrativismo animal, vegetal ou mineral; com a necessidade
de rios, cujas águas encontram, as águas salgadas durante a maré de explorar matéria-prima para atividades de todos os setores da
cheia. economia; com a urbanização referente ao aumento das cidades;
Flora: Existem três espécies principais de mangue, o Mangue- e também com atividades ilegais que envolvem queimadas propo-
-vermelho, com predomínio da espécie Rhizophora mangle; Man- sitais e até mesmo exploração de áreas de conservação para fins
gue-branco, com predomínio da espécie Laguncularia racemosa e o pessoais, como especulação fundiária.
Mangue-preto, com predomínio da espécie Avicennia schaueriana. A expansão do agronegócio é considerada uma das principais
Fauna: Predominam caranguejos, moluscos e aves, como as causas do aumento do desmatamento no mundo todo. Segundo a
garças. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), só na América Latina, a expansão da agricultura e da pecuá-
Pampas ria comercial é responsável por aproximadamente 70% do desma-
Também chamado de campos ou campos sulinos. Representa tamento.
um tipo de pradaria. Dados da FAO revelam que a prática agrícola, por meio das pro-
Ocorre em locais onde a região de relevo apresenta topos ar- duções em escala industrial, e a pecuária, por meio do aumento dos
redondados. A pecuária é considerada a principal atividade econô- pastos extensivos, fomentam o desmatamento em vários países do
mica. mundo.
Localização: Predomina no Norte do Rio Grande do Sul. Essa questão tem gerado diversas polêmicas, pois o agrone-
Condições climáticas: O clima do Pampa é subtropical com as gócio é o carro-chefe da economia de diversos países. Portanto,
quatro estações do ano bem definidas. muitos justificam o desmatamento como necessário ao suprimento
Flora: Predomínio de gramíneas e arbustos. Algumas plantas das necessidades humanas, como a produção de alimentos. Contu-
são louro-pardo, cedro, capim-forquilha, grama-tapete, pau-de-lei- do, segundo o relatório O estado das florestas do mundo, de 2016,
te, unha-de-gato, babosa-do-campo, cactáceas, timbaúva, araucá- lançado pela FAO, aponta que não é necessário desmatar florestas
rias, algarrobo, palmeira anã. para produzir alimentos. É necessário, ao invés de expandir as áreas
Fauna: onça-pintada, jaguatirica, macaco-prego, guariba, ta- agrícolas retirando as florestas, intensificar a atividade agrícola e as
manduá, ema, perdigão, perdiz, quero-quero, joão-de-barro, vea- medidas de proteção social.
do-campeiro, preá, tuco-tucos, tucanos, saíras, gaturamos.

3 SOUSA, Rafaela. “Desmatamento”; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-desmatamento.htm.

269
GEOGRAFIA

• Consequências do desmatamento Estados Unidos) divulgou dados que mostram também os países que
Assim como as causas do desmatamento são muitas, suas con- mais desmataram florestas primárias (correspondentes à vegetação
sequências são proporcionais. Apesar de muitos acreditarem que em seu estado original e não ao resultado de reflorestamento).
se trata de um “mal necessário” para a manutenção do bem-estar A lista dos países que mais desmataram é liderada pelo Bra-
social, especialmente com a questão da agropecuária e do extra- sil e seguida por países como a República Democrática do Congo,
tivismo, que são atividades essenciais ao desenvolvimento de um Indonésia, Colômbia, Bolívia e Malásia. Brasil e Indonésia, juntos,
país, a questão do desmatamento tomou proporções jamais vistas, desmataram aproximadamente 46% das florestas tropicais no mun-
colocando em risco todo o equilíbrio biológico do planeta Terra. do em 2018. Acredita-se que esse aumento do desmatamento tem
As principais consequências estão relacionadas ao meio am- prejudicado os esforços para conter o aquecimento global.
biente e a tudo que lhe diz respeito. Ao desmatar, compromete- Paralelamente, alguns países têm diminuído suas taxas de des-
-se toda a biodiversidade da área. Espécies da fauna perdem seu matamento. Entre 2010 e 2015, a diminuição do desmatamento
habitat e espécies da flora podem entrar para a lista de ameaças à mundial foi para cerca de 33 mil quilômetros quadrados líquidos,
extinção e assim causar um enorme desequilíbrio ambiental, preju- segundo a FAO. Esse é o resultado obtido entre a devastação das
dicando até mesmo as atividades primárias, das quais dependem áreas e o reflorestamento. Anualmente são perdidos cerca 76 mil
muitas famílias, e também a economia, como a caça, a agricultura quilômetros quadrados, compensados por 43 mil quilômetros qua-
e a pecuária. drados de reflorestamento.
A retirada da cobertura vegetal também agrava a questão das A Indonésia, por exemplo, tem se esforçado para preservar as
mudanças climáticas. Além do aumento das emissões de gases suas florestas primárias, conseguindo reduzir, de 2018 até os dias
poluentes à atmosfera que tem agravado o efeito estufa e o aque- atuais, cerca de 40% do desmatamento nessas áreas. O Ministro do
cimento global, o desmatamento também é considerado um dos Meio Ambiente da Indonésia alegou o esforço do país para garantir
fatores responsáveis pelas alterações no clima. Os anos estão cada o cumprimento das leis nacionais de política ambiental, punindo e
vez mais quentes, e o aumento da temperatura da Terra tem causa- alertando empresas.
do inúmeros danos aos ecossistemas e também à saúde humana. A Noruega, que desmatou cerca de 10 milhões de m3 em seu ter-
Outra questão diretamente ligada ao desmatamento está rela- ritório desde 2014, reflorestou aproximadamente 25 milhões de m3. A
cionada às alterações provocadas no solo, bem como nos recursos atitude de reflorestar contribui para que o país compensasse cerca de
hídricos. Retirar a vegetação de uma determinada área favorece o 60% das emissões de gases de efeito estufa à atmosfera. Outro exem-
processo de erosão do solo, pois é a cobertura vegetal que auxilia plo é a Alemanha, que desmatou 58 mil hectares de florestas, entre os
na infiltração da água da chuva. Portanto, sem ela, a água escorre anos de 2002 e 2012, e reflorestou cerca de 108 mil hectares.
sobre o solo, provocando deslizamentos e a erosão. A retirada da O Brasil também havia demonstrado redução de desmatamen-
vegetação próxima a áreas de cursos d’água também provoca des- to, entre os anos de 2010 e 2011, para 20 mil quilômetros quadra-
lizamentos de terra, que se deposita nos rios, provocando então o dos devastados, 20 mil a menos que os registros de anos anterio-
assoreamento. res. No entanto, atualmente, o cenário modificou-se novamente.
Todas essas questões convertem para o bem-estar e a quali- As taxas de desmatamento voltaram a subir, e esse assunto será
dade de vida de todos os seres vivos no planeta. Todos nós depen- abordado no tópico seguinte.
demos das florestas, seja para a produção de oxigênio, seja para o
fornecimento de matéria-prima para a produção de itens essenciais • Desmatamento no Brasil
à vida. Se acabamos com esse recurso natural, obviamente somos Como dito, o Brasil lidera o ranking mundial de desmatamento
nós que sofreremos diretamente as consequências. E isso já tem de florestas primárias, especialmente nos biomas Amazônia, Cerra-
sido observado. do e Mata Atlântica. No ano de 2017, o país devastou 45 mil km²,
Diversos recursos naturais estão acabando, comprometendo as demonstrando que o país tornou a aumentar suas taxas de desma-
gerações futuras. O clima tem sofrido mudanças sentidas em todas tamento que haviam caído.
as partes do mundo. E exatamente por essas questões, o desma- Segundo o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Bra-
tamento tem sido apontando como um dos maiores desafios da sil, divulgado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
atualidade. tística, o país perdeu cerca de 7,5% da sua cobertura vegetal. A área
de vegetação do país era de 4.017.505 km2 em 2000. Esse número
• Desmatamento no mundo caiu para 3.719.801 km2 em 2016.
O desmatamento é uma questão de ordem mundial. De acordo Esse levantamento também mostra que mais de 62.000 km2
com dados fornecidos pelo Observatório Mundial das Florestas, a da área do país sofreram alterações entre os anos de 2014 e 2016.
devastação das florestas alcançou cerca de 29,7 milhões de hecta- A perda da vegetação acompanhou o ritmo acelerado da expan-
res no mundo todo em 2016, um aumento de quase 51% compa- são das áreas agrícolas (especialmente em estados da região Norte,
rado a 2015. Os principais contribuintes desse aumento foram os como Rondônia, Amazonas e Pará) e de pastagens próximas ao bio-
incêndios florestais, como os que ocorrem em Portugal e na Cali- ma Amazônia.
fórnia (EUA), e também a expansão da agricultura, do extrativismo O monitoramento do desmatamento no país é feito oficialmen-
vegetal e da mineração. te pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e por algu-
Só em 2018, segundo os dados da Global Forest Watch, o mun- mas organizações independentes, como o Instituto do Homem e do
do perdeu cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais, o Meio Ambiente na Amazônia (Imazon).
que equivale a quase 30 campos de futebol por minuto. A World Re-
sources Institute (organização não governamental ambientalista dos

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GEOGRAFIA

• Desmatamento na Amazônia • Como conter o desmatamento


O desmatamento da Amazônia tem provocado um grande pe- Conter o desmatamento parece óbvio: basta não desmatar. No
sar no mundo todo. A região de maior biodiversidade do planeta entanto, essa não é uma questão tão simples. Sabemos que muitos
tem sofrido com o aumento do desmatamento e preocupado repre- países colocam, à frente dos seus patrimônios ambientais, questões
sentantes de diversos países, assim como inúmeras organizações econômicas. É importante ressaltar que, sim, o agronegócio é fun-
ambientais, considerando que a Amazônia é responsável pelo equi- damental para o desenvolvimento de uma economia, bem como
líbrio ambiental não só do Brasil mas do mundo todo. para o suprimento alimentar do mundo. Entretanto há de buscar-se
Segundo estudos divulgados por pesquisadores da Universida- uma maneira sustentável de desenvolvimento, e esse é atualmente
de de Oklahoma, nos Estados Unidos, publicados na revista Nature um dos maiores desafios da humanidade.
Sustainability, a Amazônia brasileira perdeu 400 mil km² de suas flo- Estamos provocando um colapso ambiental por meio das ativi-
restas, área essa maior que o território da Alemanha, entre os anos dades humanas, e o desmatamento é uma das questões que, como
de 2000 e 2017. dito, possuem inúmeras consequências. Como afirmado pela FAO,
O Inpe divulgou, em 2019, novos dados a respeito da perca da não há necessidade de expandir as áreas voltadas à produção agrí-
cobertura vegetal no bioma. Esses dados apontam que o desmata- cola, mas sim a de intensificar a produção, de modo que as leis am-
mento aumentou em 278% no mês de julho comparado a julho do bientais sejam asseguradas.
ano anterior. Foram devastados, só nesse período, cerca de 2.254,9 Segundo o Estado das Florestas do Mundo 2016 (Sofo, sigla em
km² de florestas. Os dados são levantados pela Detecção do Desma- inglês), o incentivo da administração pública a iniciativas privadas
tamento em Tempo Real (Deter), que monitora instantaneamente o que aliam o recebimento de créditos quando as normas ambientais
desmatamento na região da Amazônia. são cumpridas é um dos caminhos para o combate ao desmatamen-
O aumento entre 2018 e 2019 foi de 49,5%, com relação ao to. De acordo também com o Sofo, países melhoraram sua segu-
período entre 2017 e 2018. A devastação está relacionada com o rança alimentar mantendo sua cobertura vegetal, desde 1990. Isso
aumento das áreas destinadas à agropecuária; com a interferência significa que não há necessidade de desmatar para que se produza
na infraestrutura, como a de transporte; com a construção de hi- a quantidade de alimentos necessária.
drelétricas; com a mineração; e com os incêndios criminosos. Com relação ao Brasil, Paulo Barreto, engenheiro florestal da
Imazon, apontou algumas medidas necessárias para conter o des-
• Desmatamento no Cerrado matamento. Confira alguns exemplos:
O Cerrado, assim como a Amazônia, tem sofrido com a inten- — Políticas de fiscalização e controle devem ser efetivas;
sificação do desmatamento. De acordo com dados divulgados pelo — Cobrança do imposto rural, a fim de evitar a especulação
Inpe em 2018, o bioma perdeu cerca de 6.657 km², 11% a menos fundiária;
que em 2016 e 33% a menos que o registrado em 2010. — Expansão da moratória da soja para o Cerrado. A moratória
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, atrás apenas da da soja é um acordo setorial entre produtores e compradores de
área ocupada pela Amazônia. Apesar da redução da taxa de desma- soja que se comprometem a não comprar soja produzida em áreas
tamento nos últimos anos, é preciso ressaltar que a perca da vege- desmatadas;
tação do bioma já chega a 51%. Esse desmatamento é associado ao — Fechamento do mercado para carne de procedência ilegal,
avanço do agronegócio. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental ou seja, provinda de áreas devastadas;
da Amazônia (Ipam), em 15 anos, o desmatamento do Cerrado foi — Subsidiar crédito apenas para quem cumpre as leis ambien-
superior ao praticado na Amazônia. tais, ou seja, quem desmatar não tem direito ao crédito para pro-
duzir;
• Desmatamento na Mata Atlântica — Reflorestar.
Sem dúvidas, o bioma Mata Atlântica é o que mais sofreu com a
devastação no Brasil, e é no país o único bioma que possui legislação Desenvolvimento Sustentável4
especifica, uma contradição. De acordo com o SOS Mata Atlântica, O objetivo de uma política visando o desenvolvimento susten-
esse bioma, que cobria cerca de 15% do território brasileiro, possui tável é de incentivar o desenvolvimento econômico e, ao mesmo
apenas 1% da sua mata original. Seu desmatamento já chegou a tempo, promover o uso eficiente dos recursos naturais, reduzir a
92%. Nele se encontra o maior número de espécies ameaçadas. degradação do meio ambiente e assegurar os recursos naturais
Dados apresentados pelo SOS Mata Atlântica apontam que o para o futuro. Os modelos atuais de desenvolvimento econômico
desmatamento do bioma caiu cerca de 9,8% entre os anos de 2017 têm levado a uma imensa desigualdade social, além de serem per-
e 2018, se comparado ao período entre 2016 e 2017. Em 2018 fo- dulários e altamente poluidores.
ram desmatados cerca de 113 km². Alguns estados alcançaram o
desmatamento zero (desflorestamento abaixo de 100 hectares), É impossível dissociar a preservação ambiental da péssima
como Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito qualidade de vida de milhares de seres humanos. Ao mesmo tem-
Santo, Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Isso demonstra que os go- po o consumo de energia e a produção de resíduos são, de sobra,
vernos têm se esforçado para cumprir as leis que protegem as áreas maiores nos países desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos
compreendidas pelo bioma. ou em desenvolvimento.
Contudo, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais Para um país em desenvolvimento como o Brasil, seria aparen-
da Mata Atlântica, alguns estados ainda apresentam elevadas ta- temente aconselhável explorar ao máximo seus recursos naturais
xas de desmatamento do bioma, como Minas Gerais, Paraná, Piauí, para aumentar a riqueza da nação. Porém, se os recursos naturais
Bahia e Santa Catarina. A devastação nessas áreas está associada 4 https://www.educabras.com/enem/materia/geografia/meio_am-
a atividades como a produção de carvão, a plantação de soja e a biente_2/aulas/o_desenvolvimento_sustentavel_e_os_impactos_am-
indústria de celulose. bientais

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GEOGRAFIA

forem utilizados mais rapidamente que sua capacidade de repo- mitadas para poluir ou explorar certas áreas, implementando um
sição, o desenvolvimento será insustentável, pois no futuro, eles sistema de cotas ou por outros meios legais que cedem o direito do
deixarão de existir. Mas, se os recursos forem explorados de uma uso limitado dos recursos naturais.
maneira responsável, eles poderão se regenerar e continuar a exis- Essas licenças ou permissões, além de limitarem a degradação
tir perpetuamente. do meio ambiente, passam a ter um valor econômico para quem as
Existem vários recursos naturais que são renováveis e que po- possui. Por exemplo, impostos sobre poluição reduzem o incentivo
dem se regenerar. Os peixes ou outros animais se reproduzem, a de se manufaturar produtos que poluem; também servem como in-
água e o ar se limpam e a grama e as árvores crescem novamente centivo para os produtores acharem alternativas menos poluentes.
- caso o estrago não seja tão grande a ponto de esgotar os recursos Proteger o meio ambiente tem seus custos, por isso muitos paí-
antes de sua reposição. ses pobres são mais tolerantes em relação às indústrias poluentes.
Portanto, é necessário explorar recursos renováveis de uma Porém, os governantes desses países pobres devem se conscienti-
forma sustentável e responsável e com a intervenção dos governos. zar que estão sacrificando o meio ambiente e recursos naturais que
são uma fonte de capital preciosa e insubstituível.
• Assegurando o desenvolvimento sustentável
No último século, a Terra sofreu grandes alterações ambien- • Tratados Internacionais
tais. Ocorreu também o esgotamento de diversos recursos natu- Os problemas ecológicos são problemas mundiais. Danos irre-
rais como o desaparecimento de florestas inteiras e a extinção de versíveis ao meio ambiente, incluindo mudanças na temperatura da
várias espécies. O comprometimento de bens naturais, considera- Terra, não têm fronteiras políticas.
dos livres e abundantes, como o ar e a água, tem chegado a níveis As organizações mundiais e os países desenvolvidos têm tenta-
alarmantes. Acesso ao meio ambiente é disponível para todos. Os do desenvolver políticas para incentivar ou até mesmo pressionar
recursos são limitados e o acesso a eles é ilimitado. É necessário, os países do “sul” a manterem o meio ambiente. Países ricos têm
portanto, uma regulamentação do governo. dado abatimentos nas dívidas externa de países mais pobres com a
Desmatamento por causa de práticas agrícolas e as queimadas condição desses se empenharem para conservar o meio ambiente.
têm alterado drasticamente o habitat de várias espécies. O período Governos e instituições não governamentais têm trabalhado
de reposição dessas florestas é enorme e dependo da situação do para elaborar normas que conciliam o desenvolvimento econômi-
solo após o desmatamento, até impossível. co e a preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento
Internacionalmente, um foco muito grande é sempre dado sustentável. O crescimento econômico deve ser regido por políticas
à Floresta Amazônica. O governo brasileiro, visando o desenvol- capazes de preservar os recursos naturais.
vimento do estado da Amazônia, chegou a subsidiar a criação de Em 1972, na Suécia, as nações do mundo se reuniram na pri-
gado, indústrias e outras atividades que causaram o desmatamento meira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente, com a
de áreas extensas da floresta. Internacionalmente, o governo brasi- finalidade de debater os problemas causados pela poluição e ma-
leiro sofre pressão a respeito de medidas sérias para a preservação neiras de preservar o ambiente. O documento resultante dessa con-
da Floresta Amazônica - que é frequentemente chamada de “o pul- ferência ficou conhecido como Declaração de Estocolmo e discute a
mão do mundo”. importância da manutenção da qualidade do ambiente para garan-
O tempo de recuperação e reposição de florestas é muito maior tir o bem-estar físico, mental e social do homem.
do que o tempo de reposição de peixes ou de outras espécies. Po- O Brasil, em 1992, sediou a segunda conferência da ONU sobre
rém, quando a caça e a pesca não são controladas, a extinção se tor- ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro. O tema central visou ela-
na uma realidade. Acesso livre à pesca acaba desabonando classes borar normas de conduta que conseguissem conciliar o desenvol-
inteiras de peixes. O pacu, por exemplo, um peixe muito apreciado, vimento econômico e a preservação dos ambientes naturais. Essa
antes abundante em todos os rios de Mato Grosso do Sul, parte de problemática sintetiza o chamado desenvolvimento sustentado: o
São Paulo e do Paraná, foi tão perseguido, que hoje é muito raro. crescimento econômico deve ser regido por políticas capazes de
manter os recursos naturais, sem destruir o ambiente. Deve-se en-
Portanto, por mais que a caça, a pesca, a indústria e o desma- contrar alternativas energéticas e novas tecnologias para a produ-
tamento contribuam para a economia, é necessário visar um de- ção de recursos e para o reaproveitamento dos resíduos.
senvolvimento econômico com um dano mínimo aos ecossistemas
naturais. Incêndios na Austrália
O papel do Estado deve ser o de passar e implementar medidas O fogo tomou conta das florestas da Austrália no início de ja-
que integrem as considerações ambientais com as econômicas. neiro. A tragédia matou dezenas de pessoas e mais de meio bilhão
Alguns fatores precisam ser levados em consideração: de animais. Milhares de moradores tiveram que ser deslocados e
Que é o período de reposição de cada recurso natural renová- muitas cidades foram evacuadas em consequência do fogo.
vel? A temporada de incêndios na Austrália começou no fim de
Qual é o perigo de explorar até o limite irreversível cada recur- 2019 mas se intensificou em janeiro e os incêndios ficaram fora do
so natural? controle, segundo as autoridades locais. Barcos e aviões foram utili-
Qual é o perigo de levar espécies à extinção? zados para transportar ajuda humanitária e avaliar os danos, já que
Como o governo pode controlar o uso do meio ambiente? algumas regiões declararam estado de emergência.
Os incêndios florestais acontecem com frequência na Austrália,
Após ser determinada a melhor forma de manter o desenvol- mas de acordo com especialistas a intensidade está fora do nor-
vimento sustentável, o governo pode regular o acesso a recursos mal e a provável causa está relacionada com o clima. Os problemas
através de impostos sobre poluição e da venda de permissões li-

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GEOGRAFIA

foram atribuídos ao fenômeno El Niño, que causa um período de O Governo do Mato Grosso decretou estado de calamidade na
mais calor e seca. Além das altas temperaturas nos últimos meses região. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
na Austrália a causa também foi agravada por incêndios propositais. o incêndio que destrói o Pantanal desde julho já é considerado o
Desmatamento e queimadas na Amazônia maior da história. Uma área 10 de vezes o tamanho das cidades
O mês de agosto moveu as atenções do mundo inteiro para a do Rio de Janeiro e São Paulo juntas já foi queimada. Milhares de
Amazônia. A maior floresta tropical do mundo registrou um aumen- animais, inclusive espécies em extinção, morreram.
to de 196% dos focos de incêndio em relação ao mesmo período no O Governo Federal vem sendo criticado por diversos países por
ano anterior. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto omissão no combate aos crimes ambientais, incluindo a situação do
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao todo foram considerados Pantanal. O Ministério Público Federal (MPF) pede o afastamento
mais de 30 mil focos ativos somente em agosto, sendo o maior nú- do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por sua “política de
mero nos últimos nove anos. destruição ambiental”. Segundo o MPF, “a permanência de Salles à
A crise no país começou assim que o Inpe divulgou os dados frente do Ministério tem trazido consequências trágicas à proteção
do aumento do desmatamento na região durante o mês de julho. ambiental”.
O diretor do instituto, o físico Ricardo Galvão, teve desgastes com Como ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, Ri-
o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro do Meio Ambiente, cardo Salles vem sendo acusado de proteger fazendeiros e grileiros
Ricardo Salles. Bolsonaro contestou os dados do Inpe e alegou que que cometem crimes ambientais para lucrar com o agronegócio e
Galvão estaria prestando serviço a alguma ONG, enquanto o diretor mineração. No final de setembro, Salles, por meio do Conselho Na-
defendeu os dados da pesquisa e também criticou a atitude do pre- cional do Meio Ambiente (Conama), aprovou a extinção de regras
sidente. No dia 2 de agosto, Galvão foi exonerado. que protegiam manguezais. No entanto, a Justiça suspendeu sua
decisão.
“Dia do Fogo”
No meio de toda a confusão, os problemas com as queimadas
começaram a se agravar ainda mais no dia 10 de agosto. Por meio
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIO: ATIVIDADES
de um grupo no WhatsApp, alguns agricultores e grileiros (nome
ECONÔMICAS, MODERNIZAÇÃO E CONFLITOS
dados às pessoas que fazem grilagem de terras, isto é, falsificação
de documentos para, ilegalmente, tomar posse da terra), no Pará, Políticas Agrícolas no Mundo Desenvolvido
programaram incendiar áreas da floresta. A data ficou conhecida
como “Dia do Fogo” e a ação está sendo investigada pela polícia. A agricultura é uma das atividades básicas da humanidade e
De acordo com integrantes do grupo, o motivo dos incêndios era provavelmente foi responsável pela primeira grande transforma-
chamar a atenção dos governantes, alegando que trabalham sem ção no espaço geográfico. Surgiu há cerca de 12 mil anos, no perío-
apoio do governo. do Neolítico, quando as comunidades primitivas passaram de um
O fato é que, após o dia 10, as queimadas aumentaram, prin- modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos,
cipalmente no Pará, nos municípios de Novo Progresso, Altamira e para um modo de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plan-
São Félix do Xingu. Em Altamira, o aumento foi de 179% dos focos. tas e pela domesticação de animais.
Em Novo Progresso e São Félix do Xingu, as queimadas aumentaram Inicialmente foi praticada às margens de grandes rios, como o
em mais de 300%, de acordo com imagens do satélite do Inpe. Tigre e o Eufrates (antiga Mesopotâmia, atual Iraque), o Nilo (no
Além do Pará, os dados mostraram que o crescimento das quei- Egito), o Yang-tse-kiang (na China), o Ganges e o Indo (na Índia). Foi
madas também afetou outros estados: Mato Grosso do Sul, Acre, justamente nessas áreas que se desenvolveram as primeiras gran-
Amazonas, Rondônia e Tocantins. des civilizações.
Com o número de queimadas aumentando, a Nasa, agência do Com a evolução da agricultura começou a haver excedente de
governo dos Estados Unidos, divulgou imagens de um satélite mos- produção, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, ini-
trando o aumento dos incêndios na floresta. A repercussão foi au- cialmente baseado na troca de produtos. Nos locais onde ocorriam
mentando pelo mundo, manifestações começaram a ser realizadas as trocas, surgiram várias cidades.
fora do país e o apelo de populares, celebridades mundiais e gover-
nantes aumentou a pressão em cima do governo por uma solução Da Revolução Agrícola à Revolução Verde
para conter as queimadas. Nas redes sociais, a hashtag #PrayForA- Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas agrícolas,
mazonia (Ore pela Amazônia) foi uma das mais citadas em todo o o que possibilitou aumento da produção sem a necessidade de
mundo durante uma semana. ampliar a área de cultivo, com base apenas no aumento da produ-
Quando falamos em Amazônia, não podemos nos esquecer de tividade. Esse desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura
citar sua ampla biodiversidade. A grande variedade de espécies faz ficou conhecido como Revolução Agrícola.
desse bioma uma das grandes riquezas da humanidade. Esse aumento de produtividade foi necessário em decorrência
do aumento da população em geral, da elevação percentual da po-
Queimadas no Pantanal pulação urbana (cujas atividades de subsistência eram limitadas a
As queimadas e os incêndios criminais no Pantanal atingiram alguns gêneros apenas) e da diminuição proporcional da população
recordes em setembro. Mais de 2 milhões de hectares já foram rural, responsável pela produção agrícola. As bases técnicas da Re-
queimados em 2020 na região e, em relação a 2019, o aumento é volução Agrícola foram propiciadas pelas indústrias consumidoras
de mais de 60%. Boa parte dos incêndios foi criminal e iniciou em de matérias-primas ou fornecedoras de insumos para a agricultura
fazendas, segundo a Polícia Federal. (máquinas e fertilizantes, por exemplo).

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GEOGRAFIA

Os períodos de expansão colonial constituíram fases importan- rioração dos produtos agrícolas após a colheita ou torna-los mais
tes da expansão agrícola. Tanto nas terras conquistadas pelos eu- resistentes às pragas, aos herbicidas e aos pesticidas durante a fase
ropeus na América, desde o século XVI, quanto naquelas tomadas do plantio, assim como possibilitar maior adequação dos vegetais
durante a expansão imperialista na África e na Ásia, no século XIX, aos diferentes tipos de solos e climas. Os vegetais derivados da al-
os colonizadores implantaram um sistema agrícola para a produção teração genética são chamados de transgênicos.
de gêneros alimentícios e de matérias-primas voltado ao abasteci- Nos produtos agrícolas criados através da engenharia genética,
mento do mercado europeu. Esse sistema ficou conhecido como os traços genéticos naturais indesejáveis podem ser eliminados, e
plantation e era baseado na produção monocultora de gêneros tro- outros implantados artificialmente para aprimorar a sua qualidade.
picais para fins de exportação, praticada em grandes propriedades A biotecnologia utilizada para estimular o aumento da produ-
(latifúndios), com mão-de-obra barata (ou escrava). tividade na agropecuária tem sido aplicada já há algum tempo e
Após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de descolo- a avaliação dos resultados é bastante controvertida. Na pecuária,
nização em marcha, os países desenvolvidos criaram uma estraté- são utilizadas injeções de hormônios para aumentar a capacidade
gia de elevação da produção agrícola mundial: a Revolução Verde. reprodutiva, o crescimento e o peso dos animais. O uso de ana-
Concebida nos Estados Unidos, objetivava combater a fome e a mi- bolizantes é outra técnica bastante utilizada na atividade criatória,
séria nos países subdesenvolvidos, por meio da introdução de um inclusive no Brasil: eles permitem maior absorção dos nutrientes
“pacote tecnológico”, contendo: novas técnicas de cultivo; equipa- pelo organismo do animal, promovendo uma elevação substancial
mentos para mecanização; fertilizantes; defensivos agrícolas e se- da massa, que pode atingir até 20% em relação ao processo de cria-
mentes selecionadas. ção natural. Os efeitos desses produtos alimentícios para a saúde
No entanto, essas sementes selecionadas, produzidas nos labo- humana estão sendo estudados.
ratórios dos países desenvolvidos, não eram geneticamente capa- Na agricultura, também há muitas controvérsias sobre os possí-
zes de enfrentar as condições climáticas típicas da região dos tró- veis danos dos vegetais transgênicos não só para a saúde das pes-
picos (clima muito quente), algumas doenças e certas espécies de soas, mas também para os ecossistemas. De modo geral, os crítico
insetos. A solução consistia na utilização de adubos, defensivos e ao uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) apon-
fertilizantes, também importados dos países que haviam subven- tam para a necessidade de se fazer testes mais amplos e específi-
cionado essas novas formas de cultivo, aumentando a dependência cos, ou seja, para cada produto transgênico.
dos países subdesenvolvidos em relação aos países desenvolvidos. Além disso, as novas variedades genéticas são produzidas por
Nos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde aumentou grandes corporações multinacionais.
a distância entre os grandes agricultores, que tiveram acesso ao Essas novas variedades só podem ser utilizadas mediante o uso
“pacote tecnológico”, e os pequenos agricultores, que não tiveram das patentes e do pacote tecnológico necessário à sua produção.
condições de competir com os novos parâmetros de produtividade. Com isso, é reduzida a quantidade de beneficiados por essa tecno-
O aumento da produção abaixou o preço dos produtos agrícolas a logia, além de acentuar a dependência tecnológica dos países sub-
valores inviáveis para os pequenos agricultores. desenvolvido em relação aos desenvolvidos.
Essas novas circunstâncias de mercado criadas pela Revolução Além disso, a biotecnologia não está totalmente isenta de da-
Verde contribuíram para o abandono e/ou a venda de pequenas nos generalizados na produção de alimentos. Com ela, haverá uma
propriedades, que foram sendo incorporadas pelos grandes latifún- homogeneidade cada vez maior das espécies cultivadas, pois os
dios. Nesse sentido, apesar de a Revolução Verde ter contribuído agricultores optarão pela plantação das mais produtivas e mais re-
para um aumento significativo da produção de alimentos no pla- sistentes.
neta, acentuaram-se ainda mais os problemas da concentração de Nos últimos tempos, o desafio da engenharia genética tem sido
propriedade agrícola em vários países do mundo, como Índia, Pa- a criação de produtos sintéticos em laboratórios. O impacto des-
quistão, Indonésia e Brasil. ses produtos deverá ser ainda mais intenso que aquele provocado
pela introdução de novas tecnologias nos setores industriais e de
A Biotecnologia e a Nova Revolução Agrícola serviços.
A biotecnologia é o conjunto de tecnologias aplicadas à Biologia,
utilizadas para manipular geneticamente plantas, animais e micro- A Agricultura Orgânica
-organismos por meio de seleção, cruzamentos naturais e transfor- Ao mesmo tempo em que a engenharia genética enfrenta desa-
mações no código genético. Ela teve grande desenvolvimento nas fios e a biotecnologia avança a passos largos, a prática da agricultu-
décadas de 1970 e 1980, mas vem sendo estudada e aplicada desde ra orgânica ganha muitos adeptos não só nos países desenvolvidos,
os anos 1950, em vários países do mundo. A própria Revolução Ver- sobretudo europeus, mas também em vários países subdesenvolvi-
de, que criou semente híbridas, foi uma das detonadoras da biotec- dos, com a utilização de métodos naturais para correção do solo e
nologia. Embora, em boa parte, ela se associe à atividade agrícola, controle de pragas, por exemplo.
tem aplicabilidade também em outros setores. As suas atividades Vários problemas – como carne bovina contaminada (“doença
estão ligadas à clonagem, à indústria farmacêutica (na manipulação da vaca louca”, na Europa), verduras com excessos de agrotóxicos,
de novas fórmulas de medicamentos, por exemplo), à fabricação de águas poluídas por pesticidas, esgotamento do solo por causa do
plásticos biodegradáveis e de conservantes de alimentos e a outras uso intensivo de irrigação – têm forçado as pessoas envolvidas no
aplicações ainda em fase de desenvolvimento. processo de produção agropecuária a representarem os métodos
Uma das aplicações modernas da biotecnologia consiste na al- utilizados. A agricultura orgânica é, desse modo, uma prática que
teração da composição genética dos seres vivos, quando se inse- pode contribuir para a redução dos danos causados aos ecossiste-
rem, por exemplo, genes de outros organismos vivos no DNA (sigla mas, muitos deles já bastante afetados pela aplicação das técnicas
em inglês para ácido desoxirribonucleico) dos vegetais. Por esse
processo pode-se alterar o tamanho das plantas, retardar a dete-

274
GEOGRAFIA

próprias da agricultura moderna, que contribuem para a degrada- Desde a década de 1950, a participação dos produtos agrícolas
ção dos solos, a poluição dos lençóis freáticos, córregos e rios, a no mercado mundial vem diminuindo gradativamente. Em parte,
destruição de espécies vegetais e animais. isso se deve à expansão odo comércio mundial de mercadorias e
Os consumidores deste início do século XXI, por sua vez, estão à diversificação dos produtos negociados internacionalmente, so-
cada vez mais conscientes em relação aos problemas ecológicos e bretudo nas últimas décadas com a consolidação da globalização.
muitos têm optado por produtos naturais, que apresentam a des- Para defender seus produtores, os países desenvolvidos utili-
vantagem de serem mais caros que os tradicionais, além de, n ocaso zam subsídios e aplicam elevadas tarifas de importação aos produ-
de frutas, verduras e legumes, terem menor volume. tos agrícolas, contrariando as regras da OMC (Organização Mundial
do Comércio). Mas barreiras não-tarifárias, como barreiras zoos-
Política Agrícola e Mercado no Mundo Desenvolvido sanitárias e fitossanitárias, são aplicadas também, de forma indis-
criminada e não raro injustificada (apesar de estar de acordo com
A política agrícola da maior parte dos países ainda não se adap- as normas da OMC), prejudicando as exportações do mundo sub-
tou à economia globalizada e à liberalização da economia mundial. desenvolvido que já são afetadas pelas barreiras tarifárias e pelas
De um lado, os países subdesenvolvidos não dispõem de recursos cotas de importação.
financeiros volumosos para subvencionar seus agricultores. De ou- Entre 1950 e 1973, a produção mundial de cereais duplicou, fa-
tro, os países desenvolvidos, como Japão, Estados Unidos e inte- zendo cair os preços no mercado internacional. A partir de 1973,
grantes da União Europeia, mantêm uma política agrícola com sub- o crescimento da produção de cereais passou a atingir a média de
sídios aos agricultores e protecionismo de mercado. 2% ao ano, índice inferior ao crescimento da população mundial.
Entre os temas mais polêmicos na OMC (Organização Mundial No continente africano, por exemplo, onde a população tem sido
do Comércio) estão as queixas dos países subdesenvolvidos, que bastante afetada por problemas de subnutrição, o crescimento po-
pedem redução dos subsídios para a produção agrícola e o fim da pulacional ultrapassa a média de 2,5% a.a. (ao ano), enquanto o
proteção dos mercados internos (os países protecionistas impõem aumento da produção de cereais gira em torno de 1% a.a. e até
tarifas elevadas às importações de alimentos e matérias-primas de decresce em vários países.
origem agropecuária). A defasagem entre a produção de alimentos básicos e o cres-
Essa elevada taxação, reforçada por uma redução nas cotas de cimento demográfico aumentou o déficit alimentar em vários paí-
importação por parte dos três principais centros da economia mun- ses do mundo, em particular na África subsaariana (países que se
dial (EUA, Japão e União Europeia), agrava ainda mais os problemas situam ao sul do deserto do Saara). Essa situação tem se agrava-
econômicos e sociais dos países que dependem da exportação agrí- do com o fato de que boa parte da produção agrícola dos países
cola e dificulta as importações de produtos fundamentais ao seu subdesenvolvidos é destinada à exportação. Os produtos agrícolas
desenvolvimento, como máquinas, equipamentos industriais e im- (e também os minerais) constituem a fonte de divisa básica dessa
plementos agrícolas. parte do mundo, sem as quais as importações tornam-se inviáveis.
Do ponto de vista do consumidor que vive nos países desen-
volvidos, as políticas agrícolas têm sido duplamente prejudicais. A Questão Agrária na América Latina
Primeiro, porque os recursos (subsídios) destinados aos agriculto- A questão agrária é um problema grave que afeta historicamen-
res são pagos indiretamente por todos os contribuintes. Segundo, te a população da maioria dos países latino-americanos. A coloniza-
porque as altas tarifas para as importações elevam também o preço ção da América Latina foi baseada na exploração mineral e na pro-
pago pelos consumidores no mercado interno desses países. Essa dução agrícola de produtos de exportação, praticada em latifúndios
situação não pode ser generalizada, mas ela atinge a maioria da monocultores e com utilização de trabalho escravo. Esse modelo
população que vive nos países desenvolvidos. agrícola é denominado plantation. Após o processo de indepen-
Por fim, é preciso ressaltar também que os países dência latino-americana, no século XIX, a oligarquia rural escravo-
subdesenvolvidos, de modo geral, exportam, principalmente, crata manteve o modelo colonizador.
gêneros que não são de primeira necessidade, ocorrendo o oposto Atualmente, a produção agropecuária ainda é praticada em
em relação aos países desenvolvidos. Costuma-se afirmar, com base grandes propriedades e concentra os investimentos em produtos
nisso, que os países subdesenvolvidos exportam a “sobremesa”, com ampla aceitação e competitividade no mercado internacional.
enquanto os desenvolvidos, “o prato principal”. Em vário países da América Latina, mais da metade dos pobres e
miseráveis habitam áreas rurais. São milhões de trabalhadores sem
O Espaço Agrário no Mundo Subdesenvolvido terras e sem trabalho, que possuem alguma forma de renda apenas
nas épocas de plantio e colheita, como mão-de-obra contratada. É
As Atividades Agrícolas no Mundo Subdesenvolvido o caso do México, dos países da América Central (Honduras, Guate-
Os países subdesenvolvidos já foram caracterizados como ex- mala, Nicarágua, entre outros), dos países andinos (Peru e Colôm-
portadores de produtos agrícolas e de matérias-primas. Apesar de bia, entre outros), e do Paraguai. Também é o caso do Brasil, embo-
tal caracterização continuar válida para a maioria dos países desse ra aqui exista a particularidade de os pobres das cidades superarem
grupo, são os países desenvolvidos que respondem pelo maior vo- numericamente os pobres das áreas rurais.
lume da produção e exportação de produtos agrícolas. Em contraste com essa situação, na maioria desses países há
Nos países desenvolvidos, a modernização da produção e os abundância de terras, dominadas por grandes fazendas comerciais
enormes incentivos destinados à atividade agrícola têm gerado que são responsáveis pelo maior volume de produção agrícola.
cada vez mais excedentes, colocando-os na liderança mundial das
exportações do setor. Além disso, as políticas protecionistas de seus
mercados dificultam o acesso da produção agrícola dos países sub-
desenvolvidos.

275
GEOGRAFIA

Os países andinos formam um grupo de seis países sul-america- Essas formas de relações de trabalho no mundo subdesenvolvi-
nos situados onde se estende a cordilheira dos Andes: Chile, Bolívia, do tornam pouco estimulante e economicamente inviável o investi-
Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. A maioria da população é de mento em aprimoramento técnico, visando à melhoria da qualida-
origem indígena e, desde as últimas décadas do século XX, tem se de e da produtividade agrícola, para aqueles que de fato trabalham
organizado contra a exclusão social e pela reforma agrária. a terra.
Assim, a reforma agrária também deve ser vista como geradora
Estrutura Fundiária nos Países Subdesenvolvidos de ocupação de mão-de-obra nos países subdesenvolvidos, princi-
Do ponto de vista econômico, a produção de cana, soja, café, palmente naqueles que apresentam um percentual significativo da
cacau, algodão e outros produtos típicos da agricultura dos trópicos população economicamente ativa no setor primário. Além de ge-
não se adapta à pequena propriedade. Essas culturas exigem solo, radora de emprego e de renda, que dinamiza o restante da econo-
clima e relevo adequados e grandes extensões cultivadas para que mia, a reforma agrária constitui a única forma possível de diminuir o
o empreendimento seja rentável e competitivo. A concentração êxodo rural, que pressiona o mercado de trabalho urbano e agrava
fundiária, explicada pelo passado colonial, ganhou um retoque de a crise social das cidades.
modernidade com a Revolução Verde e a mecanização rural.
A Revolução Verde exclui ainda mais os pequenos proprietários,
incapacitados financeiramente para adquirir a parafernália tecno-
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: ATIVIDADES
lógica que ela trouxe consigo: herbicidas, pesticidas, adubos quí-
ECONÔMICAS, EMPREGO E POBREZA
micos, máquinas e outros implementos agrícolas. Ela também não
incentivou a agricultura voltada para o mercado interno, que não O espaço urbano brasileiro foi profundamente marcado pelas
gera dividas no Comércio Exterior. Na maior parte dos países sub- dinâmicas ocorridas no século XX e conta com uma elevada concen-
desenvolvidos do planeta, o desenvolvimento tecnológico da Revo- tração populacional em torno das cidades do Sudeste.
lução Verde resultou em concentração fundiária e marginalização O processo de urbanização no território brasileiro iniciou-se, de
dos trabalhador rural. maneira mais concreta, a partir do final do século XIX, com o início
Não foi por acaso que várias rebeliões e revoluções populares gradativo da industrialização no país. No entanto, foi após os anos
nas últimas duas décadas do século XX tiveram como lema a refor- 1930 que a presença das indústrias tornou-se mais intensiva e a ur-
ma agrária. A necessidade de reformas na estrutura de produção banização começou a intensificar-se. A segunda metade do século
agrícola e de redistribuição da propriedade rural são aspectos que XX serviu de incremento graças ao intenso êxodo rural ocasionado
precisam ser atendidos simultaneamente e são urgentes nos países pela mecanização das atividades produtivas no meio rural, o que
subdesenvolvidos. gerou um maior desemprego no campo e a grande leva de migran-
tes em direção às principais cidades do Brasil.
A Reforma Agrária consiste na adoção de medidas para me- A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela primei-
lhorar a distribuição da terra, promovendo a justiça social, criando ra vez, passou a ter uma população predominantemente urbana,
condições de melhoria de vida do trabalhador rural, elevando a pro- ou seja, a maior parte dos habitantes concentrava-se nas cidades.
dução e a produtividade agropastoris. A redistribuição das terras é Atualmente, mais de 80% dos habitantes do Brasil residem em cida-
apenas uma parte do processo de reforma agrária, que deve incluir des, sendo a maioria desses em grandes centros urbanos e capitais,
apoio técnico, infraestrutura adequada à produção, sistema de ar- tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre
mazenamento e transporte, garantia de preços mínimos, crédito ao e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a urbanização
pequeno agricultor, orientação para a criação de cooperativas e de brasileira contou com um intensivo processo de metropolização —
pequenas agroindústrias, entre outros aspectos. a concentração das populações nas grandes metrópoles.
Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigualdade tanto
A reforma agrária é um processo mais amplo que a simples re- em tamanho das cidades e número de habitantes quanto em níveis
distribuição de terras. Criar as condições para que o trabalhador ru- de avanço econômico e ofertas de infraestrutura no espaço urbano
ral torne-se proprietário e possa produzir sua própria subsistência é brasileiro. A região Sudeste, dessa forma, abrange a maior parte
apenas o primeiro passo de um conjunto de medidas que incluem dos habitantes e possui as maiores taxas de urbanização, com des-
assessoria técnica e administrativa, inclusive um sistema de crédito taque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam
especial. Cabe ao Estado, enfim, estimular e garantir a produção com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades.
agrícola dos pequenos agricultores e criar os mecanismos necessá- Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da região Nor-
rios para coloca-los no mercado. Aliás, muito mais que isso já foi e deste apresentam números mais modestos nesse sentido. Os es-
é feito para os grandes proprietários e para as empresas rurais, me- tados menos urbanizados do Brasil são Pará, Maranhão e Piauí,
diante mecanismos de crédito a juros mais baixos, outros subsídios enquanto outros apresentam números pouco maiores, mas com
e medidas protecionistas. índices populacionais baixos, o que torna suas cidades menores em
termos demográficos, a exemplo do Acre e de Roraima.
Reforma Agrária e Geração de Renda Outro exemplo de estado com pouca população e com elevada
Além dos conflitos e das convulsões sociais constantes, a con- urbanização é Goiás, graças à grande quantidade de pessoas habi-
centração da propriedade da terra é responsável por uma varieda- tando a região metropolitana de Goiânia e o entorno do Distrito Fe-
de de relações de trabalho no meio rural. O arrendamento (aluguel) deral. Assim como os dois estados do Sudeste acima mencionados,
e a parceria (pagamento em espécie pelo uso da terra em cotas esti- o território goiano é cerca de 90% composto por populações urba-
puladas entre o parceiro e o proprietário), para citar duas modalida- nas, mas o seu número total de habitantes é de apenas seis milhões
des bastante difundidas, obrigam o agricultor a dividir o resultado e meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a capital
de seu trabalho com o proprietário da terra. paulista, que, sozinha, ultrapassa os onze milhões.

276
GEOGRAFIA

A densidade populacional mais elevada na região Sudeste de- dam para a zona urbana a fim de encontrar empregos e condições
ve-se às heranças econômicas e estruturais herdadas dos ciclos melhores de vida, o que ocorreu bastante no processo da revolução
produtivos anteriores, sobretudo do auge do período cafeeiro da Industrial.
história da economia brasileira. Por esse motivo, é nessa região
que se encontram as duas únicas cidades globais do país, São Paulo — Urbanização Brasileira e Regiões Metropolitanas
e Rio de Janeiro, que, juntas, formam uma megalópole, ponto de A urbanização brasileira iniciou-se no século XX, com o desen-
intensa aglomeração urbana com níveis internacionais de alcance volvimento da indústria o êxodo rural começou a acontecer, em
produtivo. meados de 1950, e portanto, a urbanização a se desenvolver prin-
Atrás das duas cidades globais estão as metrópoles nacionais, cipalmente no Sudeste do país. Algo que influenciou bastante esse
responsáveis por estabelecer articulações intensivas com pratica- desenvolvimento foi a política de desenvolvimento dos governos
mente todo o território nacional. São elas: Belo Horizonte, Porto Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek que prometiam “50 anos em
Alegre, Curitiba, Fortaleza, Brasília e outras. Enquanto isso, há tam- 5”. Nos anos 60, a urbanização começa a se desenvolver no centro-
bém as metrópoles regionais, com destaque para Campinas, Goiâ- -oeste do país. Hoje, mais de 70% da população do Brasil reside em
nia, Manaus, Florianópolis, entre outras. áreas urbanas, portanto as regiões diferem bastante em relação a
Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e metropoli- infraestruturas. As regiões do Sudeste e do Sul são mais desenvol-
zação vistos ao longo do século XX, o início do século XXI, sobretudo vidas, enquanto o Nordeste ainda tem uma grande carência. Assim,
nessa segunda década, demarca um gradativo processo de descen- a urbanização junto da industrialização causou buracos na socie-
tralização, com o crescimento das metrópoles de médio porte e a dade, como a desigualdade social e falta de oportunidades para as
desmetropolização — quando as cidades médias passam a receber pessoas.
uma maior carga de investimentos, indústrias, empregos e habitan-
tes. No entanto, é errado pensar que as grandes metrópoles do país — A Questão Agrária e Conflitos no Campo no Brasil
perderam a importância, pelo contrário, suas estruturas seguem A questão agrária diz respeito a conflitos que ocorrem no meio
modernizando-se e, de cidades industriais, elas lentamente vão se rural, nos meios de produção agrícolas e a relação entre o capita-
tornando centros burocráticos, concentrando a maior parte das se- lismo e o trabalho rural. Com a modernização deste espaço rural,
des das grandes empresas nacionais e internacionais. problemas como a desigualdade, concentração de terras e êxodo
rural acabaram se intensificando. A urbanização causou um aumen-
to na demanda de produtos agrícolas, e como consequência, meios
REDE URBANA E REGIÕES METROPOLITANAS. de acelerar essa produção, como o uso de agrotóxicos. Isso diminui
o preço dos produtos enquanto produtos industrializados tem seu
— Definição e função preço elevado.
— Rede e Hierarquia Urbana Brasileira
Cidade Hierarquia Urbana é a organização de cidades em níveis hie-
Area industrializada e povoada com zonas residenciais e co- rárquicos de subordinação, ou seja, cidades médias têm influência
merciais. A cidade é uma zona urbana, o contrário de zona rural, ou sobre as menores. Dizemos maior em relação a produtividade, bens
seja, é a parte do município em que há uma grande concentração e serviços oferecidos, e não em relação a seu tamanho físico. A hie-
de pessoas e estruturas industriais. rarquia também integra as cidades em uma rede urbana, uma rede
As zonas rurais, também denominadas de campo, são partes que as conecta econômica, social e culturalmente. Pode ser cate-
de um município em que são utilizadas para atividades da agricul- gorizada em:
tura e agropecuária, onde há pouquíssima industrialização, e são • Metrópole: cidade de grande porte que exerce influência so-
áreas que abrigam paisagens naturais. bre outras cidades. Uma metrópole pode ser nacional (grande cen-
As zonas urbanas e rurais coexistem, são dependentes umas tro urbano) ou regional (uma cidade em que habitam mais de um
das outras, pois a zona urbana utiliza produtos produzidos nas zo- milhão de habitantes e exerce influência em todo o estado).
nas rurais e as zonas rurais comercializam com as zonas urbanas. • Centros Regionais: cidades de médio porte, exercem influên-
cia na região e produzem bens para outras cidades.
— Industrialização e Urbanização • Cidade local: cidades de porte pequeno que dependem de
Os processos de industrialização e urbanização são interligados, cidades maiores.
desde a revolução industrial as cidades começaram a se desenvol- • Vilas: pequena concentração urbana que não atinge critérios
ver de forma que o movimento de pessoas aumentou e consequen- para se considerar uma cidade, e depende muito das grandes me-
temente, a urbanização se desenvolveu. Quanto maior o número trópoles.
de pessoas, mais consumiam e produziam, movimentando assim, a
indústria e ocasionando também deu rápido desenvolvimento. — Concentração e Desconcentração das Indústrias no Brasil
O crescimento da Indústria em todos os países do mundo, Concentração e Desconcentração Industrial é o processo de
mas principalmente na Inglaterra, proporcionou diversas transfor- migração das indústrias dentro de um certo país. No Brasil, a indus-
mações no espaço geográfico. Além de um maior movimento de trialização ocorreu tarde, mas não demorou muito para se solidifi-
pessoas, estruturas relacionadas ao transporte, como trens, metrô, car, nos anos 70, a região do Sudeste já estava bem industrializada
veículos em geral, ruas asfaltadas, grandes centros comerciais, en- e com boa infraestrutura urbana. Há muito tempo, o Sudeste lidera
tre outros, foram criadas e desenvolvidas. Isso, mas principalmente o processo industrial no Brasil, porém atualmente tem acontecido
o fator de empregos na área industrial, acabou causando o êxodo uma mudança nessa concentração, a partir de planejamentos go-
rural, que é quando as pessoas que residem nas zonas rurais se mu- vernamentais de democratizar a indústria pelas regiões do país. São
Paulo continua sendo o estado de maior concentração industrial,

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porém o desenvolvimento desse setor nas outras regiões tem cres- Movimentos migratórios no Brasil
cido e possivelmente causará em breve uma desconcentração das
Indústrias no Brasil. Externos
Até 1934, foi liberada a entrada de estrangeiros no Brasil. A
partir dessa data, ficou estabelecido que só poderiam imigrar 2%
DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: FLUXOS de cada nacionalidade dos estrangeiros que haviam migrado entre
MIGRATÓRIOS, ÁREAS DE CRESCIMENTO E DE PERDA 1884 e 1934.
POPULACIONAL Os fatores que mais favoreceram a entrada de imigrantes no
Brasil foram:
O crescimento da população brasileira, nas últimas décadas, – A dificuldade de encontrar escravos após a extinção do tráfi-
está ligado principalmente ao crescimento vegetativo (ou natural). co, depois de 1850;
A queda nesse crescimento apresenta outras justificativas que me- – O ciclo do café, que exigia mão de obra numerosa;
recem atenção. – Abundância de terras.
• Maior custo para criar filhos;
• Acesso a métodos anticoncepcionais; Para a maior parte dos imigrantes, a adaptação foi muito difí-
• Trabalho feminino extradomiciliar; cil, pois além das diferenças climáticas, da língua e dos costumes,
• Acesso a tratamento médico; não havia no país uma política firme que assegurasse garantias as
• Saneamento básico. pessoas que aqui chegavam. As regiões sul e sudeste foram as que
receberam maior contingente de imigrantes, principalmente por
Para conhecer a população de um país, devemos, primeira- causa do ciclo do café e povoamento da região sul.
mente, definir dois conceitos demográficos básicos:
– População absoluta: corresponde ao número total de pessoas Internos
de uma área. No Brasil, por exemplo, a população absoluta era de Em nossa história, os principais movimentos migratórios foram:
190.755.799 pessoas, pelo censo de 2010. – Migração de nordestinos da Zona da Mata para o sertão, sé-
– População relativa: é também chamada de densidade demo- culos XVI e XVII (gado);
gráfica e é dada pelo número de habitantes por quilômetro quadra- – Migração de nordestinos e paulistas para Minas Gerais, sécu-
do de uma determinada região. lo XVII (ouro);
O declínio da mortalidade deve-se, em grande parte, à dimi- – Migração de mineiros para São Paulo, século XIX (café);
nuição da mortalidade infantil, isto é, dos óbitos de crianças com – Migração de nordestinos para a Amazônia, devido ao ciclo da
menos de um ano de idade. Em 1970, a taxa era de cem mortes em borracha;
cada mil nascimentos vivos; em 1980, caiu para setenta por mil; em – Migração de nordestinos para Goiás, na década de 1950
1991, para 45 por mil; e no ano de 2000, para 35 por mil. (construção de Brasília);
Em relação aos países desenvolvidos, este índice ainda é ele- – Migrações de paulistas para Rondônia e Mato Grosso, na dé-
vado. Por isso, programas de combate à mortalidade vêm sendo cada de 1970.
implementados tanto pelo governo quanto por entidades privadas
A taxa de mortalidade infantil no Brasil está baixando, confor-
me indicadores. A queda da mortalidade infantil indica aumento no
percentual de adultos e melhorias na expectativa de vida, que em
1950 era de mais ou menos 46 anos e, em 2018, chegou a 76 anos
(IBGE).

Migrações populacionais
As migrações populacionais remontam aos tempos pré-histó-
ricos. O homem parece estar constantemente à procura de novos
horizontes. As razões que justificam as migrações são inúmeras Fonte: www.sogeografia.com.br
(político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, ca-
tástrofes naturais, entre outras), ainda que as razões econômicas Os movimentos migratórios mais intensos nas décadas de 1980
sejam predominantes. e 1990 foram nas regiões:
A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores – Centro-oeste: Brasília e arredores; áreas do interior do MT,
condições de vida. Todo ato migratório apresenta causas repulsivas MS e GO, onde ocorre a expansão da pecuária e da agricultura co-
(o indivíduo é forçado a migrar) e/ou atrativas (o indivíduo é atraído mercial.
por determinado lugar ou país). – Norte: zonas de extrativismo mineral em RO, AP e PA; zonas
Considera-se emigração como a saída de uma área para ou- madeireiras no PA e AM; áreas agrícolas em RO e AC.
tra; imigração é a entrada de pessoas em uma área. As migrações – Sudeste: migrações das capitais para o interior dos estados
podem ser internas, quando ocorrem dentro do país, e externas, de SP, RJ e MG.
quando ocorrem de um país para outro. Ainda podem ser perma- – Sul: até o final da década de 1980, os movimentos emigrató-
nentes ou temporárias. rios para o centro-Oeste e norte foram muito significativos. Na dé-
cada de 1990, houve forte migração intraestadual, principalmente
das metrópoles para o interior.

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– Nordeste: tradicionalmente, o Nordeste era uma área de evasão populacional, principalmente do sertão para a Zona da Mata ou
outras regiões do país, como sudeste e centro-oeste. Atualmente, há uma atração devido os incentivos fiscais dos estados às empresas
de fora, mão de obra barata e turismo.

Estrutura etária da população brasileira


Avalia-se a estrutura da população através da sua distribuição etária, condição socioeconômica e sua posição no IDH (Índice de Desen-
volvimento Humano). Em relação aos critérios de avaliação dos países, desde 1950 até o final da década de 1980, a classificação comum
era aquela que enquadrava os países da seguinte forma:

1º mundo: países capitalistas desenvolvidos;


2º mundo: países socialistas de economia planificada;
3º mundo: países subdesenvolvidos.
Acontecimentos na geopolítica internacional, como a queda do Muro de Berlim, fim da Guerra Fria, ressurgimento da Europa como
potência econômica e o fim da experiência socialista soviética, marcam uma nova disposição da ordem mundial, em que se menciona o
mundo multipolar e a globalização da economia.
A partir daí, tornou-se necessário um novo entendimento para classificar os países. A ONU passou a utilizar o IDH (Índice de Desenvol-
vimento Humano), que tem por objetivo avaliar a qualidade de vida através de alguns critérios:
– Expectativa de vida;
– Renda per capita;
– Grau de instrução.

O IDH avalia e aplica uma nota que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do 1, melhor o IDH de uma país, ou de uma região. Veremos
mais informações sobre o IDH nos próximos tópicos.

Essa organização é apresentada em gráficos cartesianos, em que na abscissa (horizontal) são colocadas as populações por milhões,
divididas em homens e mulheres, cada qual ficando de um lado da ordenada (vertical), onde é colocada uma tabela de idades, dividida em
faixas de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos. Esses gráficos cartesianos são chamados de pirâmides etárias. Normalmente, as faixas resultantes
são divididas em três partes ou faixas etárias:
– População jovem: 0 a 19 anos.
– População adulta: de 20 a 59 anos.
– População idosa: acima de 60 anos.

A pirâmide etária do Brasil tem sua base larga e vai estreitando-se até atingir o topo. Isso significa que o número de idosos é relativa-
mente pequeno. O gráfico do Brasil demonstra que, mesmo com todo o crescimento, continuamos a ser um país jovem, pois no caso dos
países mais desenvolvidos, a base da pirâmide costuma ser menos larga e o topo mais amplo.

Fonte: IBGE

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GEOGRAFIA

Fonte: IBGE

PEA (População Economicamente Ativa)


É a população que exerce atividade remunerada nas formas da lei. Nos países desenvolvidos, os ativos são predominantemente a
população adulta, enquanto nos subdesenvolvidos tanto os jovens quanto os idosos trabalham juntamente com os adultos.

— A população e as formas de ocupação do espaço


Quando avaliamos esta regionalização, percebemos também que existem formas de ocupação de espaço e população.
Região Norte: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização), também é vazia de-
mograficamente (baixa concentração populacional);
Região Nordeste: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização, e segunda região
mais populosa do Brasil);
Centro Oeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para
aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também
é vazia demograficamente (baixa concentração populacional).
Sul: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da
produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização). É a terceira região
mais populosa do Brasil.
Sudeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento
da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também é cheia
demograficamente (grande concentração populacional).
Vários aspectos sobre as regiões:
– A Sul é a região que possui menor extensão territorial;
– A Norte é a região que possui maior extensão territorial;
– A Nordeste é a região possui mais estados;
– A Sul é a região que possui menos estados;
– A Sudeste é a mais desenvolvida e a mais populosa do Brasil;
– A Nordeste é a região com maior faixa litorânea;
– A Centro-Oeste é a região que não possui litoral;
– A mais fria do Brasil é a Região Sul.

— Os contrastes regionais do brasil


Vamos caracterizar esses contrastes de acordo com divisão abaixo proposta pelo geógrafo Milton Santos chamada (“os quatro brasis”),
de acordo com a figura abaixo:

280
GEOGRAFIA

Conhecida os “quatro brasis” é o registro técnico-científico-informacional”;


Nesta divisão encontramos a região concentrada que a união das regiões sul e sudeste do modelo do IBGE.
São as regiões: Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Região Concentrada: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tecnologia, genética,
inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil. Nesta região concentrada temos o sul,
resumindo e a união da região sul e sudeste.
Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e pouca industrialização,
Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização).
Região Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária extensiva. Também existem polos industriais
(Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e considerada a maior bacia hidrográfica do
planeta.
Região Centro-Oeste: Temos também a pecuária intensiva (é diferente a extensiva, este se baseia na criação do gado em pequenas
áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras,
tudo isso visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional). O estado de Tocantins nesta
divisão encontra-se incorporado.

— Urbanização e metropolização
O que caracteriza uma metrópole é sua elevada taxa de urbanização. No caso, existe uma centralização de trabalho, serviços, capital,
em fim uma roda econômica.

Dentro deste contexto surgiram diversos problemas de infraestrutura, tais como moradia, saneamento básico, transporte, segurança,
que impacta diretamente na vida da população, temos então o conceito de macrocefalia urbana que nada mais é que o crescimento de-
sordenado das cidades resultando os problemas mencionados e muitos outros.

São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, O estado com a menor índice populacional é
Roraima, que tem 522.636 habitantes.
No cenário econômico, as metrópoles brasileiras impulsionam as mais variadas atividades financeiras e comerciais tornado um motor
econômico.

Isso faz com que as metrópoles se tornam-se importante no contexto nacional tanto no aspecto positivo, quando no aspecto negativo
(desafios, problemas e a complexidade das relações, etc.).

281
GEOGRAFIA

Região Metropolitana Quantidade de Municípios Número de Habitantes (2010)


São Paulo 39 19 683 975
Rio de Janeiro 19 11 835 708
Belo Horizonte 34 5 414 701
Porto Alegre 32 3 958 985
Recife 14 3 690 547
Fortaleza 15 3 615 767
Salvador 13 3 753 973
Curitiba 29 3 174 201
Campinas 19 2 797 137
Goiânia 11 2 173 141
Censo Demográfica IBGE 2010

FORMAÇÃO TERRITORIAL E DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ORGANIZAÇÃO FEDERATIVA).

A cartografia da formação territorial brasileira revela, em diferentes períodos, os processos que levaram o Brasil a chegar até a forma
territorial e as divisões internas atuais. Desde 1500, o país passou por diversas conformações territoriais, fruto de diferentes organizações
políticas e administrativas. Observe o mapa.

Brasil: Capitanias Hereditárias (1534-1536)

282
GEOGRAFIA

A doação de uma capitania era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral. Pela primeira, o donatário re-
cebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa
na extensão de toda a capitania. Devia fundar vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a
pena de morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento
de parte das rendas devidas à Coroa.
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário.
Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o
monopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e de-
fendê-las, tornando-se assim colonos.
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para a exportação. Dois fatores influí-
ram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro africano. A colonização ini-
ciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado
europeu e o trabalho escravo.
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a adaptação às condições climáticas
e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns do-
natários nem chegaram a tomar posse das terras, deixando-as abandonadas.

A cartografia da formação territorial do Brasil

Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o território americano passou a ser cobiçado pelos principais países euro-
peus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, que repartia
as novas terras entre esses dois países. Observe o mapa a seguir.

Brasil: o Tratado de Tordesilhas

Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas seriam de posse de Portugal e aquelas localizadas a oeste seriam de
propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não garantiu na prática a posse dos territórios na América. Primeiro porque esses
territórios não estavam vazios, ou seja, encontravam-se ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espanhóis teriam de
conquistar suas terras, o que envolveu muitas batalhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França, Inglaterra e Holanda) não reco-
nheciam a legitimidade do tratado nem o direito de Portugal e Espanha sobre essas terras e também as disputavam.
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocorreu de fato a partir de 1530. Até então, Portugal limitou-se a criar postos
de comércio no litoral para a comercialização de pau-brasil – as feitorias. Porém, devido a constantes invasões de piratas e expedições
estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar o território para garantir o seu domínio.
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições de exploração e colonização do litoral brasileiro e de algumas regiões
no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a exploração e o povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao seu interior.
No século XVII, o desenvolvimento da economia açucareira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno mercado interno
proporcionou a exploração e ocupação de novos territórios – uma vez que era necessário espaço para desenvolvê-las. Observe o mapa a
seguir.

283
GEOGRAFIA

Brasil: povoamento no século XVI trovérsia. Não devemos esquecer que eles foram responsáveis pela
escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa
a seguir, que mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII.

Brasil: principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)

A exploração e a ocupação de novas terras na Colônia acompa-


nharam o processo de desenvolvimento da economia local, confor-
me é possível observar o mapa anterior. É importante ressaltar que
o desenvolvimento econômico e as consequentes possibilidades de
enriquecimento serviam de estímulo para promover o povoamento
da Colônia. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991
É possível notar ainda que, no século XVII, a maior parte de
cidades e vilas ainda se concentrava no litoral. Porém, graças às ati- Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que par-
vidades como a pecuária e a procura pelas chamadas drogas do ser- tiam de São Paulo tinham como direção o interior da Colônia, ul-
tão, ervas encontradas na região amazônica, foi possível conhecer trapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições
e ocupar novos territórios no continente – ultrapassando, inclusive, foram responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas
os limites da Linha de Tordesilhas. regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país – que até então haviam
Porém, ainda havia uma grande parcela de terras a leste de Tor- sido nada ou pouco exploradas.
desilhas que não tinha sido explorada pelos portugueses. Por mais É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal perma-
que, segundo o tratado, pertencessem à Portugal, na prática esses neceu sob domínio espanhol, época conhecida como a União Ibéri-
territórios ainda eram controlados por indígenas. Portanto, para se- ca. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas pas-
rem conquistados, eles deveriam ser explorados e ocupados. sou a ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação
A exploração desses territórios deu-se a partir do século XVII, de territórios além de seus limites por parte dos bandeirantes.
por meio das entradas e bandeiras. As entradas eram expedições Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tra-
oficiais de exploração do território da Colônia, financiados pela Co- tado que substituía o de Tordesilhas. Ambos os países reconheciam
roa Portuguesa. Já as bandeiras, apesar de também possuírem um que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historica-
caráter exploratório, eram expedições particulares, movidas por in- mente respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de
teresses econômicos e comandadas por homens conhecidos como Madri, que teve como objetivo regularizar a fronteira entre suas
bandeirantes. colônias.
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colô-
As Bandeiras e os Bandeirantes nias deveriam ser estabelecidas como base na lógica de Uti Posside-
tis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado
Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicen- território tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou
te e São Paulo. Devido às dificuldades econômicas enfrentadas no a fronteira brasileira após o Tratado de Madri.
sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos
territórios em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de
escravos indígenas para vender. Outra atividade comum era a cap-
tura de escravos negros fugitivos.
Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram
responsáveis pela exploração de grande parte do atual território
brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão
do território brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de con-

284
GEOGRAFIA

O território brasileiro após o Tratado de Madri (1750)

Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos imites do Tratado de Tordesilhas – aproximando-se, inclusive, de seus
limites atuais.
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu graças à ação exploratória dos bandeirantes, que foram responsáveis por
explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no Tratado de Madri, em 1750.
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões referentes a territórios e fronteiras na região. Até o fim do período co-
lonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados entre Brasil e Espanha.

A Organização Política e Administrativa do Brasil

Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a separação da Colônia portuguesa em dois estados: Estado do Maranhão,
com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital no Rio de Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido em várias
capitanias, conforme representa o mapa que mostra a divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão era composto
pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo sua capital transferida para a cidade de Belém. Em 1763, foi a vez de mudar a capital
do Estado do Brasil, passando de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1774, a Coroa portuguesa decretou a reunificação da Colônia, que
permaneceu assim até a sua independência.
Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil em 1709 e em 1822, ano da independência do país.

Divisão Territorial do Brasil (1709) - São Paulo no seu Máximo


A partir de 1709, o Brasil já estava dividido em sete estados. Onde hoje abrange parte da Amazônia, no Norte do país, localizava-se a
província do Grão-Pará. Abaixo, na área que pertence atualmente a Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais,
Goiás, São Paulo e parte do Paraná, era dominada pelo Estado de São Paulo. O estado do Nordeste era ocupado apenas por Maranhão,
Pernambuco e Bahia. Na região Sul, apenas a província de São Pedro. A Sudeste, o Rio de Janeiro.

285
GEOGRAFIA

Divisão territorial do Brasil (1889)

Divisão territorial do Brasil (1822)

Em 1822, ano da independência brasileira, o território brasileiro Na época da independência, a divisão político-administrativa
configurava-se assim: brasileira era baseada em províncias, e não em estados, como hoje
em dia. Repare como as diversas províncias existentes em 1822, as-
Brasil em 1822 sim como suas fronteiras, deram origem a muitos estados atuais.
Até o fim do Império e a formação da República, em 1889, o ter-
ritório brasileiro sofreu algumas pequenas modificações. Da mesma
forma, alguns territórios deixaram de pertencer a algumas provín-
cias e foram incorporados a outras, como mostra o mapa acima.
Com a instauração da República, a divisão político-administra-
tiva brasileira, que antes compunha várias províncias, passou a se
basear em estados. Dessa forma, o Brasil tornou-se uma República
Federativa, composta por diferentes unidades.
Desde 1889 foram criados alguns estados novos, bem como
uma nova divisão político-administrativa: os territórios federais.
Esses territórios integravam diretamente a União, sem pertencer a
nenhum estado. Em 1988, os territórios federais existentes foram
extintos e suas áreas foram incorporadas a estados vizinhos.

As Unidades Federativas do Brasil

As unidades federativas são entidades político-administrativas


e territoriais vinculadas ao Estado Nacional – no caso brasileiro, à
Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro asse- República Federativa.
melhavam-se aos atuais. Nesse caso, deve-se destacar a região da Elas possuem autonomia no que diz respeito à eleição de seus
Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a governantes, à criação de determinadas leis e à cobrança de im-
Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar postos.
Uruguai. Atualmente, o Estado brasileiro é composto por 27 unidades fe-
derativas: 26 estados e o Distrito Federal, onde se localiza Brasília,
1823: Províncias Imperiais a capital do país.
O estado é composto por diversos municípios. Todos os estados
No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, possuem um governador e uma assembleia legislativa que são res-
foram acrescentados ainda mais territórios. O Brasil ganhou os esta- ponsáveis por gerir e regular as políticas dentro de seu território.
dos do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará
e Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da
Província da Cisplatina, o atual Uruguai.

286
GEOGRAFIA

O Brasil no Mundo: Localização e Extensão europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes
permitem explorar, até a exaustão, os cardumes que se deslocam
Posição Geográfica e Noções Cartográficas do Brasil em alto-mar.
Os pontos extremos do Brasil são: setentrional – nascente do Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspecti-
Rio Ailã, no Monte Caburaí (em Roraima, fronteira com a Guiana); vas às nações, que passaram a considerar o mar não só uma via
meridional: Arroio Chuí (no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uru- de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de
guai); oriental: Ponta do Seixas (na Paraíba); ocidental: a nascente riquezas e matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram-
do Rio Moa, na Serra do Divisor ou Contamana (no Acre, na frontei- -se estratégicos, e muitos países passaram a tentar incorporar áreas
ra com o Peru). marítimas aos seus territórios.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diver-
O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719 sas reuniões sobre os limites marinhos. Elas ficaram conhecidas
quilômetros de fronteiras que o Brasil possui com quase todos os como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nes-
países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos sa época, muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos,
7.367 quilômetros de costa atlântica. situados além das jurisdições nacionais, fossem considerados pa-
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do trimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser ne-
Equador e o Trópico de Capricórnio, e que o predomínio das terras cessário determinar os limites marítimos de cada Estado costeiro.
nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em
país tropical. 1970, para resguardar os interesses econômicos do país e por ra-
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção zões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca
de diferentes fusos horários. de 370 quilômetros) para exploração das águas territoriais brasilei-
ras.
A Posição Latitudinal do Brasil e suas Implicações Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados de
A latitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um superfície aquática – somente navios brasileiros e de empresas es-
lado paralelo em relação à Linha do Equador. trangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exercer
A variação latitudinal implica mudanças da obliquidade, isto é, alguma atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam multas
da inclinação com a qual os raios solares incidem sobre a superfície e seriam apreendidos.
terrestre. Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Uni-
No território brasileiro, dadas as suas grandes dimensões, essa das sobre o Direito do Mar (CNUDM). Foi nessa convenção que os
mudança da inclinação da incidência solar é relativamente percep- limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma:
tível.
O extremo sul do Brasil recebe raios oblíquos, que implicam * mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas
temperaturas médias anuais mais baixas e, consequentemente, cli- (cerca de 22 quilômetros) de largura, medidas a partir do litoral e
mas mais amenos em comparação àqueles dominantes na maior das ilhas brasileiras. Nesse espaço marítimo, o Estado costeiro tem
parte do país. total controle sobre as águas, o espaço aéreo e o fundo do mar;
Quanto a extensão latitudinal do Brasil e a localização espacial
do extremo sul, essa porção do território brasileiro está situada ao * zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do
sul do Trópico de Capricórnio, o que implica obliquidade maior. Por mar territorial. Essa faixa é importante, pois se trata de uma área de
isso, é dominada pelo clima zonal temperado, cujas temperaturas segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações
médias estão entre as mais baixa registradas no país. que nela navegarem;

A Posição Longitudinal do Brasil e suas Implicações * zona econômica exclusiva: área que se estende até 200
A longitude corresponde ao ângulo formado pela distância de milhas além do mar territorial. Pela convenção da ONU, os Estados
um ponto qualquer da superfície terrestre em relação ao meridiano costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os
de Greenwich, que, divide a Terra em dois hemisférios: o Ocidental recursos (sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em
e o Oriental. toda essa região. Desde o início da década de 1980, o Brasil vem
A longitude varia de zero a 180 graus a partir do Meridiano de realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano
Greenwich, tanto para o leste, como para oeste. O território brasi- Atlântico e zelar pela manutenção dele;
leiro se localiza integralmente no Hemisfério Ocidental.
* plataforma continental: conforme a convenção de 1982, cor-
Fronteiras Marítimas do Brasil responde ao leito e ao subsolo das áreas submarinas que se esten-
dem além do seu mar territorial.
Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a
atenção da sociedade e do governo brasileiro: e as águas do Oceano Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para
Atlântico que banham nosso território. além das 200 milhas devem apresentar um relatório para a Conven-
Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Se- ção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga
gunda Guerra Mundial criou navios mais rápidos que os anterio- para além de 200 milhas.
res e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na
distâncias, explorando economicamente as águas longe de seus década de 1980, o projeto Levantamento da Plataforma Continental
territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos japoneses e (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras participaram
dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente

287
GEOGRAFIA

todo aprovado pela comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a Pernambuco – Capital: Recife.
área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o que prati- Piauí – Capital: Teresina.
camente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia. Rio Grande do Norte – Capital: Natal.
Foi por isso que muitos passaram a chamar essa região de Amazô- Sergipe – Capital: Aracaju.
nia Azul.
Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasi- Região Centro-Oeste
leira. Muitos especialistas afirmam que em um futuro próximo será Goiás – Capital: Goiânia.
possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar. Mato Grosso – Capital: Cuiabá.
Por esse tratado, o Brasil também é responsável, por exemplo, Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande.
por operações de resgate em uma área muito maior que a Amazô- Distrito Federal – Capital: Brasília.
nia Azul. Trata-se de uma nova fronteira que ainda precisa ser muito
estudada e conhecida. Região Sudeste
Espírito Santo – Capital: Vitória.
A Divisão Regional do IBGE Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte.
São Paulo – Capital: São Paulo.
Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e foram Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro.
realizados sob a coordenação do engenheiro, geógrafo e professor
Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar as diversas Região Sul
propostas de divisão regional que já existiam naquela época, esse Paraná – Capital: Curitiba.
trabalho visava a elaborar uma única divisão regional do Brasil para Rio Grande do Sul – Capital: Porto Alegre.
a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade socioespacial Santa Catarina – Capital: Florianópolis.
de nosso país.
Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do
IBGE, que levava em conta sobretudo as características naturais.
QUESTÕES
Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste,
Sul e Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste 1.(IBFC - 2023 - Professor (SEC BA)/Educação Básica)
Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez, a região Leste foi subdi-
vidida em Leste Setentrional e Leste Meridional. A região Sudeste concentra o maior número de população re-
Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil, sidente no Brasil, seguida pela região Nordeste (AGÊNCIA BRASIL,
levando em consideração, agora, sub-regiões denominadas zonas 2019). No que se refere às Unidades Federativas (UF) mais populo-
fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao sas do Brasil, segundo o Censo demográfico realizado pelo Instituto
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espa- Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2010, assinale a al-
ciais de dimensão mais reduzida que as das unidades da federação. ternativa incorreta.
Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta (A) São Paulo é a UF mais populosa do Brasil
pelo IBGE. (B) Minas Gerais é a segunda UF mais populosa do Brasil
Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo (C) Rio de Janeiro é a terceira UF mais populosa do Brasil
IBGE, há um aspecto importante em comum: os limites das regiões (D) Bahia é a quarta UF mais populosa do Brasil
coincidem com os limites estaduais. (E) Ceará é a quinta UF mais populosa do Brasil
Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta as
especificidades naturais do nosso país. O norte de Minas Gerais, 2.(IBFC - 2021 - Porteiro (MGS)/Escolar/Ed.01.2021)
por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão “O país chegou a 211,8 milhões de habitantes em 2020, cres-
nordestino, integra a região Sudeste. cendo 0,77% em relação ao ano passado, de acordo com as Esti-
mativas da População divulgadas hoje (27) pelo IBGE para os 5.570
Lista do Estados e Capitais por região municípios” (IBGE, 2020).
No que se refere a aspectos da população brasileira, analise as
Região Norte afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F):
Acre – Capital: Rio Branco. ( ) A maior parte da população brasileira vive nas zonas rurais.
Amapá – Capital: Macapá. ( ) A região Sudeste é a mais populosa entre as grandes regiões
Amazonas – Capital: Manaus. do Brasil.
Pará – Capital: Belém. ( ) O estado de Minas Gerais é o mais populoso entre os estados
Rondônia – Capital: Porto Velho. do Brasil.
Roraima – Capital: Boa Vista. ( ) A população brasileira cresceu entre 2000 e 2010. Assinale a
Tocantins – Capital: Palmas. alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
(A) V, F, V, F
Região Nordeste (B) V, V, V, F
Alagoas – Capital: Maceió. (C) F, V, F, V
Bahia – Capital: Salvador. (D) F, F, F, V
Ceará – Capital: Fortaleza.
Maranhão – Capital: São Luís.
Paraíba – Capital: João Pessoa.

288
GEOGRAFIA

3.(IBFC - 2019 - Professor de Educação Básica II (Pref Vinhedo)/ 6.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa-
Geografia) ção Básica (SEED RR)/Geografia)
“Contando os gatos e outros animais o número sobe para cem Os versos abaixo estão presentes na canção “Carneiro”, de au-
milhões. Segundo o IBGE, as famílias brasileiras cuidam de 52 mi- toria dos compositores cearenses Ednardo e Augusto Pontes, lança-
lhões de cães contra 45 milhões de crianças. E a tendência indica da por Ednardo em 1974. Nela, os autores discutem a possibilidade
que haverá cada vez mais espaço nas casas para os animais e menos de deixar a terra natal e tentar uma nova vida no Rio de Janeiro.
para os filhos pequenos”. (ARIAS, EL PAÍS, jun.2015). Acerca da dinâ- “Amanhã se der o carneiro, o carneiro
mica populacional brasileira, assinale a alternativa correta: Vou-me embora daqui pro Rio de Janeiro.
(A) Tal fato se explica por haver uma verdadeira crise no tocan- As coisas vêm de lá
te a proliferação de cães e gatos nos centros urbanos brasileiros Eu mesmo vou buscar
(B) As taxas de mortalidade infantil no Brasil têm se elevado na E vou voltar em vídeo tapes
primeira década do séc XXI, o que justifica tal fato E revistas supercoloridas
(C) Este fato se relaciona às transformações assistidas na socie- Pra menina meio distraída
dade brasileira, como aumento da população urbana, avanços Repetir a minha voz
nos métodos contraceptivos, inserção das mulheres no merca- Que Deus salve todos nós [...]”.
do de trabalho e planejamento familiar Assinale a alternativa que aponta a forma com que pode ser
(D) Por ser um país de economia retardatária, o Brasil tem co- chamado este tipo de migração.
piado o que acontece nos EUA, Europa e Japão (A) Migração interna
(B) Migração externa
4.(IBFC - 2019 - Professor de Educação Básica II (Pref Vinhedo)/ (C) Nomadismo
Geografia) (D) Diáspora
“Um dado emblemático que caracteriza bem a questão é a
participação do homicídio como causa de mortalidade da juventu- 7.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa-
de masculina (15 a 29 anos), que, em 2016, correspondeu a 50,3% ção Básica (SEED RR)/Geografia)
do total de óbitos. Se considerarmos apenas os homens entre 15
e 19 anos, esse indicador atinge a incrível marca dos 56,5% [...]”. “A ‘Caminhada do Imigrante” partiu no sábado de San Pedro
Os alarmantes dados revelam o crescimento do número de mor- Sula, a cidade mais violenta de ________. […] O argumento repeti-
tes violentas no Brasil, que segundo o mesmo estudo, chegaram do para sair de seu país é o medo da violência das gangues (maras)
à 62.567 mortes em 2016 (Atlas da Violência, 2018, p. 20 e 21). O e da pobreza. Em uma das faixas com as quais partiram se lê: “Não
fragmento nos traz um primeiro recorte, que se refere ao aponta- estamos saindo, estamos sendo expulsos.” (EL PAÍS, 17 out. 2018).
mento do sexo das principais vítimas. Assinale a alternativa correta Com base no fragmento, assinale a alternativa que completa corre-
que complementa este recorte: tamente a lacuna.
(A) Jovens negros e pardos são as principais vítimas dos homi- (A) Nicarágua
cídios, situação que ampliada para a morte de mulheres negras (B) Colômbia
é ainda mais alarmante. A região Nordeste lidera este índice na (C) Honduras
relação número de mortes por 100 mil habitantes (D) Guatemala
(B) Há uma proximidade entre Negros e Não-Negros vitimados
por mortes violentas no caso brasileiro, e a região Norte foi a 8.(IBFC - 2017 - Professor de Educação Básica (SEDUC MT)/Geo-
grande responsável pela alarmante alta das mortes violentas grafia)
(C) A região Sudeste, em específico o Estado de São Paulo, teve Leia a letra da música Fotografia 3X4 do compositor e cantor
expressivo aumento das taxas de mortes violentas cearense Belchior:
(D) O número de mortes no Estado do Rio de Janeiro teve acen-
tuada queda no ano de 2016, o que se liga às políticas postas “Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
em prática e perpetuadas desde a primeira década dos anos Jovem que desce do norte pra cidade grande
2000 Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
E lágrimas nos olhos de ler o Pessoa e ver o verde da cana
5.(IBFC - 2019 - Professor (Pref C Sto Agostinho)/II Geografia)
Dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- Em cada esquina que eu passava um guarda me parava,
tística (IBGE) mostram que a população brasileira permaneceu, em Pedia os meus documentos e depois sorria,
sua maioria, rural até a década de 1960 e, nas décadas seguintes, Examinando o três-por-quatro da fotografia
passou a ser mais urbana. Sobre uma causa do êxodo rural no pe- E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha
ríodo citado, assinale a alternativa incorreta.
(A) A industrialização e a oferta de empregos nas cidades
(B) A ampliação das relações capitalistas e a mecanização do Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
campo Disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
(C) A desestruturação das relações tradicionais de trabalho no São Paulo violento, corre o rio que me engana
campo Copacabana, zona norte e os cabarés da Lapa onde eu morei
(D) A desconcentração das terras no campo e a expansão dos (...)
latifúndios

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GEOGRAFIA

Veloso o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver comando. Ao mesmo tempo expressa a escala local, da cidade e
na rua das referências sócio-espaciais, presentes e fortalecidas em qual-
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia quer escala de vida ampliada e sempre localizada, sobre a temática
e pela dor eu descobri o poder da alegria da urbanização. Em relação a essa temática, leia as afirmativas a
e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer. seguir:
I. Entre os pioneiros da articulação do tempo/espaço, em re-
A minha história é... talvez, é talvez igual a tua, lação à urbanização, temos Henri Lefebvre, para quem o espaço se
jovem que desce do norte e que no sul viveu na rua resumiria a um reflexo das relações sociais de produção, e a urba-
e que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo nização enquanto processo de disseminação do urbano, que se am-
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo pliava e generalizava-se em escala mundial, e deveria ser entendida
e que ficou apaixonado e violento como você enquanto expressão das relações sociais ao mesmo tempo em que
incidiria sobre elas (LEFEBVRE, 1972). O significado dos termos ur-
Eu sou como você que me ouve agora bano e urbanização para Lefebvre, contudo, restringia-se aos limi-
Eu sou como você, eu sou como você. tes das cidades. Em seu entender a urbanização seria uma conden-
Assinale a alternativa correta que reflete elementos identitá- sação dos processos sociais e espaciais, que decorriam das relações
rios que representam essa canção: essenciais de produção do capitalismo, e estaria baseada na criação
(A) Valorização das características dos grandes centros urba- de um espaço social crescentemente abrangente, instrumental e
nos como a cidade de São Paulo mistificado (LEFEBVRE, 1991).
(B) Denúncia da precariedade social provocada pela seca, con- II. A produção teórica a partir da década de 70, sobre o espaço
tribuindo para que os nordestinos migrem para outras locali- e a urbanização, tanto a estruturalista quanto a de reação ao positi-
dades vismo estruturalista, corporificou- se em uma economia política da
(C) Experiência de estranhamento, preconceito e a recepção urbanização e do desenvolvimento. A interdisciplinaridade episte-
vivenciada pelo migrante ao chegar em São Paulo mológica levou a diferentes conceituações e definições do espaço e
(D) Ressalta a profunda desigualdade social entre as regiões do urbano e à percepção das mudanças da urbanização conforme
brasileiras, principalmente entre as Regiões Nordeste e Sudeste o capitalismo se ampliava e avançava, num constante processo de
(E) Retrata a expansão da fronteira agrícola na Região Nordeste reestruturação e globalização.
e a expulsão de imigrantes qualificados do campo para a cidade III. Após analisar a produção teórica relativa à urbanização Cas-
tells define-a enquanto uma noção ideológica (CASTELLS, 1978);
9.(IBFC - 2021 - Professor da Carreira de Magistério da Educa- por partir da proposição que esta se refere tanto a formas espaciais
ção Básica (SEED RR)/Geografia) quanto a um sistema cultural específico, de onde consequentemen-
“Um crescimento que expande a cidade, prolongando-a de te não haveria uma problemática especificamente urbana. Descar-
dentro para fora de seu perímetro, e absorve aglomerados rurais e ta-a, assim, enquanto objeto de estudo e propõe que mais que falar
outras cidades. Estas, até então com vida autônoma, acabam com- de urbanização, trataremos do tema da produção social de formas
portando-se como parte integrante da metrópole. Com a expansão espaciais (CASTELLS, 1978), e reduz o urbano ao espaço funcional
e a integração, desaparecem os limites físicos entre os diferentes onde se concentra uma população.
núcleos urbanos – fenômeno chamado de ” (SCARLATTO, Estão corretas as afirmativas:
2011). Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna. (A) I, II e III.
(A) Cidades gêmeas (B) I e II, apenas.
(B) Anisotropia (C) II e III, apenas.
(C) Conurbação (D) I e III, apenas.
(D) Megacidade
12.( IBFC - 2019 - Professor (Pref C Sto Agostinho)/II Geografia)
10.(IBFC - 2019 - Almoxarife (MGS))
Em relação as causas do êxodo rural no período de 1960 e A figura abaixo apresenta uma charge. Interprete-a atentamen-
2000, assinale a alternativa que apresenta de forma incorreta uma te.
causa do êxodo rural no período citado.
(A) Ampliação das relações capitalistas no campo
(B) Mecanização da agricultura e expansão dos latifúndios
(C) Fortalecimento das relações tradicionais de trabalho no
campo (parceria, arrendamento etc.)
(D) Os atrativos da cidade e a necessidade de mão-deobra na
indústria

11.( IBFC - 2013 - Professor de Educação Básica (SEDF)/Geo-


grafia)
A emergência teórica e a relevância da questão urbana no
mundo contemporâneo são amplamente discutidas teoricamente.
Expressam a inevitabilidade da centralidade do fato urbano, quan-
do as redes de informação e de articulação da economia capitalista Fonte: http://www.arionaurocartuns.com.br/2016/09/
ganham dimensão global têm nas cidades seu principal espaço de

290
GEOGRAFIA

Julgue as alternativas abaixo e assinale a que está relacionada


com a charge, de forma correta. GABARITO
(A) A revolução verde foi um modelo baseado no uso intensivo
de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos na agricultura 1 E
(B) A revolução alimentar teve como intuito reduzir o uso de
agrotóxicos no Brasil, estimulando a agricultura familiar 2 C
(C) A revolução alimentar foi um modelo que visou expandir as 3 C
fronteiras agrícolas brasileiras, produzindo monoculturas em 4 A
países vizinhos para erradicar a fome no Brasil
(D) A revolução verde foi um programa do governo federal que 5 D
teve como intuito promover a educação alimentar do brasileiro 6 A
7 C
13.(IBFC - 2017 - Soldado (PM BA) (e mais 1 concurso)
Assinale a alternativa correta. 8 C
A chamada Revolução Verde teve início na segunda metade do 9 C
século XX. Compreende a implantação de mudanças nas técnicas
agrícolas e na estrutura fundiária, com vistas a aumentar a produ- 10 C
ção. Vários países do mundo implementaram suas medidas, incluin- 11 C
do o Brasil. 12 A
Sobre a Revolução Verde e o seu contexto, assinale a alterna-
tiva correta: 13 E
(A) Compreende o cultivo familiar de sementes não-transgê- 14 A
nicas, mediante uso de adubação orgânica e emprego de força
15 B
animal no preparo do solo
(B) Objetiva a diversificação das espécies cultivadas, com uso
intenso de adubação orgânica e emprego de força humana no
preparo do solo
ANOTAÇÕES
(C) Consiste na política de retorno da população ao campo e
preconiza o cultivo de culturas tradicionais ______________________________________________________
(D) Tem início com a introdução de sementes transgênicas re-
sistentes a herbicidas, combinação que facilita o manejo do ______________________________________________________
campo
(E) Enfatiza o uso de adubos químicos, fertilizantes e agrotóxi- ______________________________________________________
cos, e considera a mecanização do preparo do solo
______________________________________________________
14.( IBFC - 2023 - Analista Ambiental (SEAD GO)/Geografia)
Cinturões orogênicos correspondem aos relevos mais eleva- ______________________________________________________
dos da superfície terrestre. No Brasil, há registros da existência de
______________________________________________________
cadeias orogênicas antigas (Pré-Cambriano) (adaptado de ROSS,
2010). Assinale a alternativa correspondente a um cinturão orogê- ______________________________________________________
nico localizado no território brasileiro, de forma correta.
(A) Cinturão orogênico do Atlântico ______________________________________________________
(B) Cinturão orogênico Amazônico
(C) Cinturão orogênico do São Francisco ______________________________________________________
(D) Cinturão orogênico da bacia do Paraná
(E) Cinturão orogênico dos Parecis ______________________________________________________

______________________________________________________
15. (IBFC - 2018 - PAAFEF (Divinópolis)/Ciências Humanas/Geo-
grafia) ______________________________________________________
O território brasileiro por sua extensão e variada estrutura geo-
morfológica apresenta uma variedade de conjuntos morfológicos ______________________________________________________
compondo seu relevo. Com base em seus conhecimentos a respeito
de Relevos Cársticos no Brasil, assinale a alternativa correta: ______________________________________________________
(A) Esta formação é recorrente na região semiárida brasileira
(B) Por muito tempo relacionou-se quase que diretamente re- ______________________________________________________
levo cárstico à rochas calcárias apenas
(C) A formação cárstica tem o intemperismo físico como prin- ______________________________________________________
cipal agente
______________________________________________________
(D) A definição deste tipo de relevo se faz com base na compo-
sição litológica em primazia a sua morfogênese

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GEOGRAFIA

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