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CÓD: OP-041JL-23

7908403538799

QUATIS - RJ
PREFEITURA MUNICIPAL DE QUATIS – RIO DE JANEIRO

Assistente Administrativo
CONCURSO PÚBLICO - Nº 01/2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

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no prazo de até 05 dias úteis.,

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Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de texto. ................................................................................................................................................ 5
2. Variações linguísticas................................................................................................................................................................... 5
3. Funções da linguagem................................................................................................................................................................. 6
4. Tipos e gêneros de texto.............................................................................................................................................................. 7
5. Coesão e coerência textuais........................................................................................................................................................ 8
6. Ortografia (atualizada conforme as regras do novo Acordo Ortográfico): emprego de letras;.................................................... 8
7. Uso de maiúsculas e minúsculas;................................................................................................................................................. 9
8. Acentuação tônica e gráfica;........................................................................................................................................................ 10
9. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 12
10. Fonologia/ fonética: letra/fonema; encontros vocálicos, consonantais e dígrafos...................................................................... 13
11. Morfologia: elementos mórficos e processos de formação de palavras; classes de palavras..................................................... 14
12. Sintaxe: termos das orações; orações coordenadas e subordinadas;.......................................................................................... 21
13. Concordância nominal e verbal; regência nominal e verbal;....................................................................................................... 25
14. Crase............................................................................................................................................................................................ 28
15. Semântica: denotação, conotação; sinonímia, antonímia, homonímia e paronímia; polissemia e ambiguidade....................... 28
16. Figuras de linguagem................................................................................................................................................................... 29

Conhecimentos Gerais
1. Principais aspectos geográficos, históricos, sociais e econômicos do Brasil, estado do Rio de Janeiro e do Município de Qua-
tis................................................................................................................................................................................................. 39
2. Ecologia e Meio ambiente........................................................................................................................................................... 106

Legislação
1. Estatuto dos Servidores do Município de Quatis ........................................................................................................................ 115
2. Lei Orgânica do Município de Quatis........................................................................................................................................... 136

Informática Básica
1. Conhecimentos sobre princípios básicos de informática, incluindo hardware, impressoras, scanners e multifuncionais.......... 183
2. Segurança da Informação: fundamentos e princípios, procedimentos de segurança, malware (vírus, worms, trojan, etc.),
aplicativos de segurança (antivírus, firewall, anti-spyware, etc.)................................................................................................. 186
3. Sistemas Operacionais Microsoft, Windows XP e Windows 10 ou superior................................................................................ 188
4. Aplicativos do Microsoft Office 2007/2010/2016........................................................................................................................ 198
5. Conceitos e serviços relacionados à Internet e ao correio eletrônico. Navegadores................................................................... 261
ÍNDICE

Conhecimentos Específicos
Assistente Administrativo
1. Noções de documentação: conceito, importância, natureza, finalidade, características, fases do processo de documentação
e classificação.............................................................................................................................................................................. 277
2. Noções de arquivo: conceito, tipos, importância, organização, conservação e proteção de documentos.................................. 283
3. Noções de Direito Constitucional................................................................................................................................................ 287
4. Noções de Direito Administrativo................................................................................................................................................ 304
5. Atos administrativos: atributos, elementos, discricionariedade e vinculação, classificação, espécies, extinção, fatos e atos da
administração.............................................................................................................................................................................. 307
6. Poderes administrativos: regulamentar, disciplinar, hierárquico e de polícia.............................................................................. 318
7. Administração Pública Direta e Indireta...................................................................................................................................... 325
8. Responsabilidade civil do Estado................................................................................................................................................. 328
9. Atendimento ao público.............................................................................................................................................................. 333
10. Elementos da comunicação......................................................................................................................................................... 345
11. Qualidade e Atendimento ao público: Conceitos sobre qualidade, seus princípios e dimensões; o foco no cliente.................. 346
12. Princípios e ações para o bom atendimento................................................................................................................................ 347
13. Ruídos e barreiras (tecnológicas, psicológicas e de linguagem) na comunicação....................................................................... 350
14. Ética Profissional.......................................................................................................................................................................... 355
LÍNGUA PORTUGUESA

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS.

Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- Variedades Linguísticas


tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é A língua escrita e falada apresenta uma série de variações e
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o transformações ao passar do tempo. Tais variações decorrem das
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido diferenças entre as épocas, condições sociais, culturais e regionais
completo. dos falantes. Tomemos como exemplo a transformação ortográfica
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e do vocábulo “farmácia” que antes era grafado com “ph”, assim, a
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- palavra era escrita “pharmácia”.
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que
interpretação. cumpram com eficiência o papel fundamental da língua, o de per-
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do mitir e estabelecer a comunicação entre as pessoas. Apesar disso,
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que há uma entre as variedades que tem maior prestígio social, a norma
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- culta ou norma padrão.
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas,
tório do leitor. contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te-
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem:
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido profissões (policiais, jogadores de futebol, advogados, surfistas).
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade de
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em
nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, somado
Dicas práticas ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais prepa-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- rados para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- já que a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, a mesma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- participamos.
cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Variação social
te de referências e datas. A variação social está relacionada a fatores sociais como etnia,
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de sexo, faixa etária, grau de escolaridade e grupo profissional. Os vá-
opiniões. rios estudos que enfocam este tipo de relação língua/fatores sociais
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- têm privilegiado a variação morfossintática ou a morfo-fonológica.
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Fica claro que a variação social não compromete a compreen-
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de são entre indivíduos, uma vez que alguns momentos de incoerência
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do são sanados pelo contexto em que a fala se forma.
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto Não é difícil perceber que a norma culta – por diversas razões
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor de ordem política, econômica, social, cultural – é algo reservado
quando afirma que... a poucas pessoas no Brasil; talvez porque haja um distanciamento
entre as normatizações gramaticais e a obediência dos falantes em
seguir tais normas. Há uma indagação implícita neste fato: “ Existe
alguma disfunção, alguma impossibilidade de uso da gramática nor-
mativa pela grande maioria dos falantes? ” Ou “Estamos apenas a
observar a língua como um fator de identidade? ”
Sendo esse o caso, a língua como referencial humano traria
inúmeras variações, porque decididamente não somos todos iguais
e devido ao meio espacial ou social em que estejamos haverá uma

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LÍNGUA PORTUGUESA

tendência da língua em se caracterizar por esses agentes, sendo Variações diastráticas


assim, o indivíduo que protagoniza a fala poderá adequá-la a seu As variações diastráticas, também chamadas de variações so-
perfil ou ao grupo a que pertence. ciais, são variações que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura
Comunidades diferentes vivenciam experiências diferentes e de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre porque di-
isto se reflete nos respectivos sistemas linguísticos: léxico, morfo- ferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos
lógico e sintático. Um grupo acadêmico de uma universidade apre- de atuação e sistemas de comunicação.
sentará uma variedade linguística bem diferente de um grupo de Exemplos de variações diastráticas
vendedores ambulantes do interior do Brasil. Cada qual usará o
recurso linguístico que lhe foi concebido em seu processo de apren- Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os
dizagem para efetuar a comunicação. skatistas:
Do exposto, concluímos que a língua signo/privilegiado de – Prefiro freestyle.
identidade não é um instrumento neutro, um contingente meio de – O gringo tem um carrinho irado.
comunicação entre os homens, mas principalmente a expressão de
sua diferença. Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais e
militares:
Tipos de variação linguística – Ele deu sopa na crista.
As variações linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos – Vamos na rota dele.
geográficos, temporais e sociais.
Variações diafásicas
Variações diatópicas As variações diafásicas, também chamadas de variações situ-
As variações diatópicas, também chamadas de variações regio- acionais, são variações que ocorrem de acordo com o contexto ou
nais ou geográficas, são variações que ocorrem de acordo com o situação em que decorre o processo comunicativo. Há momentos
local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado
variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, um registro informal.
com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim di-
ferentes estruturas linguísticas. Variação linguística e preconceito linguístico
O preconceito linguístico surge porque nem todas as variações
Exemplos de variações diatópicas linguísticas usufruem do mesmo prestígio. Algumas são conside-
Diferentes palavras para os mesmos conceitos: radas superiores, mais corretas e cultas e outras são consideradas
– aipim, mandioca, macaxeira; menos cultas ou mesmo incorretas.
– abóbora, jerimum, moranga; Preconceito linguístico ocorre sempre que uma determinada
variedade é referida com um tom pejorativo e depreciativo, estan-
Diferentes sotaques, dialetos e falares: do associada a situações de deboche ou até de violência, o que con-
– dialeto caipira; tribui para a exclusão social de diversos indivíduos e grupos.
– dialeto gaúcho;

Reduções de palavras ou perdas de fonemas: FUNÇÕES DA LINGUAGEM.


– véio (velho);
– muié (mulher); A linguagem é uma ferramenta fundamental para a comunica-
ção humana. Ela está presente em todas as esferas da sociedade
Variações diacrônicas e é utilizada de diferentes formas, de acordo com as condições de
As variações diacrônicas, também chamadas de variações his- produção e recepção social. Nesse contexto, a norma ortográfica
tóricas, são variações que ocorrem de acordo com as diferentes é uma das convenções mais importantes, pois é responsável por
épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o português padronizar a escrita da língua portuguesa e garantir a sua compre-
arcaico do português moderno, bem como diversas palavras que ensão por diferentes públicos.
ficam em desuso.
Exemplos de variações diacrônicas — Finalidade da linguagem
A linguagem é utilizada para diferentes finalidades, que variam
Palavras que caíram em desuso: de acordo com a situação comunicativa. Em um contexto formal,
– vossemecê; por exemplo, a linguagem é utilizada para transmitir informações
– botica; objetivas e claras. Já em um contexto informal, a linguagem pode
ser utilizada para estabelecer vínculos afetivos e emocionais entre
Grafias que caíram em desuso: os interlocutores.
– flôr;
– pharmácia; — Função da linguagem
A função da linguagem está relacionada à intenção do falante
Vocabulário e expressões típicas de uma determinada faixa ao utilizar a linguagem em determinado contexto. De acordo com
etária: Roman Jakobson, há seis funções da linguagem: emotiva, conativa,
– Ele é maior barbeiro. referencial, metalinguística, fática e poética.
– Vá catar coquinho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A função emotiva da linguagem é aquela em que o emissor expressa suas emoções e sentimentos. A função conativa da linguagem é
aquela em que o emissor busca influenciar o receptor a fazer algo. A função referencial da linguagem é aquela em que o emissor transmite
informações objetivas sobre o mundo. A função metalinguística da linguagem é aquela em que o emissor utiliza a linguagem para falar
sobre a própria linguagem. A função fática da linguagem é aquela em que o emissor busca estabelecer e manter o contato com o receptor.
E, por fim, a função poética da linguagem é aquela em que o emissor utiliza a linguagem de forma artística, valorizando a sonoridade, a
beleza e a criatividade.

TIPOS E GÊNEROS DE TEXTO.

A partir da estrutura linguística, da função social e da finalidade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele pertence.
Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas classificações.

Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finalidade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se apre-
senta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:

Apresenta um enredo, com ações e relações entre personagens, que ocorre em determinados espaço e
TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador, e se estrutura da seguinte maneira: apresentação > desenvolvimento >
clímax > desfecho
TEXTO DISSERTATIVO- Tem o objetivo de defender determinado ponto de vista, persuadindo o leitor a partir do uso de argumen-
ARGUMENTATIVO tos sólidos. Sua estrutura comum é: introdução > desenvolvimento > conclusão.
Procura expor ideias, sem a necessidade de defender algum ponto de vista. Para isso, usa-se comparações,
TEXTO EXPOSITIVO
informações, definições, conceitualizações etc. A estrutura segue a do texto dissertativo-argumentativo.
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, de modo que sua finalidade é descrever, ou seja, caracterizar algo
TEXTO DESCRITIVO
ou alguém. Com isso, é um texto rico em adjetivos e em verbos de ligação.

Oferece instruções, com o objetivo de orientar o leitor. Sua maior característica são os verbos no modo
TEXTO INJUNTIVO
imperativo.

Gêneros textuais
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhecimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir da
função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, podendo
se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, assim como a
própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
• Bilhete
• Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual
• Notícia
• Poema
• Propaganda
• Receita culinária
• Resenha
• Seminário

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um texto
literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finalidade e à
função social de cada texto analisado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS.

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar repe- Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
tição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de qua-
CONJUNÇÃO
entre elas rentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes gené-
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ricos ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

ORTOGRAFIA (ATUALIZADA CONFORME AS REGRAS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO): EMPREGO DE LETRAS;

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, excla-
POR QUÊ
mação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

USO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS;

— Inicial Maiúscula
Utiliza-se inicial maiúscula nos seguintes casos:
1) No começo de um período, verso ou citação direta.
Disse o Padre Antônio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”

“Auriverde pendão de minha terra,


Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
As promessas divinas da Esperança…”

(Castro Alves)

2) Nos antropônimos, reais ou fictícios.


Exemplos: Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.

3) Nos topônimos, reais ou fictícios.


Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.

4) Nos nomes mitológicos.


Exemplos: Dionísio, Netuno.

5) Nos nomes de festas e festividades.


Exemplos: Natal, Páscoa, Ramadã.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. 2) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em no-
Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª. mes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos:
7) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
ou nacionalistas. Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Exemplos: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Pátria, União, etc. Santa Maria ou santa Maria

Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e dis-
quando são empregados em sentido geral ou indeterminado. ciplinas.
Exemplo: Todos amam sua pátria. Exemplos:
Português ou português
Emprego Facultativo da Letra Maiúscula Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas moder-
1) No início dos versos que não abrem período, é facultativo o nas
uso da letra maiúscula, como por exemplo: História do Brasil ou história do Brasil
Arquitetura ou arquitetura
“Aqui, sim, no meu cantinho,
vendo rir-me o candeeiro, ACENTUAÇÃO TÔNICA E GRÁFICA;
gozo o bem de estar sozinho
e esquecer o mundo inteiro.”
— Acento Tônico
2) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios. Quando pronunciamos uma palavra que possui duas ou mais
Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade / Igreja do sílabas, é possível perceber que há sempre uma sílaba de maior in-
Rosário ou igreja do Rosário / Edifício Azevedo ou edifício Azevedo. tensidade sonora em comparação com as outras. Ex.:
Ca-lor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
— Inicial Minúscula Fa-cei-ro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
Utiliza-se inicial minúscula nos seguintes casos: Só-li-do - a sílaba só é a de maior intensidade.
1) Em todos os vocábulos correntes da língua portuguesa.
Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc. Classificação da sílaba quanto à intensidade
– Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
2) Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, – Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
usa-se letra minúscula.
– Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre,
Exemplo: “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:
principalmente, em palavras derivadas, correspondendo à tônica da
ouro, incenso, mirra.”
palavra primitiva.
(Manuel Bandeira)
Classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica
3) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana. De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos da Lín-
Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. / segunda, sexta, do- gua Portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são classificados
mingo, etc. / primavera, verão, outono, inverno. em:
– Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última.
4) Nos pontos cardeais. Ex.: avó, urubu, parabéns.
Exemplos: “Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.” / – Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
“Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudo- Ex.: dócil, suavemente, banana.
este.” – Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a antepe-
núltima.
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os Ex.: máximo, parábola, íntimo.
pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
Exemplos: Nordeste (região do Brasil) / Ocidente (europeu) / 1Observações
Oriente (asiático). – As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla tonici-
dade (dupla prosódia): acróbata ou acrobata; alópata ou alopata;
Emprego Facultativo da Letra Minúscula ambrósia ou ambrosia; crisântemo ou crisantemo; hieróglifo ou hie-
1) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica. roglifo; nefelíbata ou nefelibata; Oceânia ou Oceania; ortoépia ou
Exemplos: ortoepia; projétil ou projetil; réptil ou reptil; reseda (ê) ou resedá;
Crime e Castigo ou Crime e castigo sóror ou soror; homília ou homilia; geodésia ou geodesia; zângão
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas ou zangão.
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido

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LÍNGUA PORTUGUESA

– [ https://bit.ly/2tVCYTA.]Nas paroxítonas terminadas em ditongo crescente, há a possibilidade de dupla classificação. Tais palavras
podem ser classificadas como paroxítonas ou proparoxítonas eventuais ou aparentes. Em casos assim, pode-se entender que Patrícia,
secretária, história, inventário e outras palavras são paroxítonas e também que são “proparoxítonas eventuais”.
– Separando Pa- trí-cia, se-cre-tá-ria, his-tó-ria, in-ven-tá-rio, temos paroxítonas. Já se a separação for Pa- trí-ci-a, se-cre-tá-ri-a, his-tó-
-ri-a, in-ven-tá-ri-o, a sílaba tônica é a antepenúltima, ou seja, proparoxítonas.
– Paroxítonas terminadas em ditongo decrescente não deixam dúvida: são paroxítonas (a-má-veis, fá-ceis).

Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para indicar,
dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. Vejamos um por um:

Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre aberto.


Já cursei a Faculdade de História.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este caso afundo mais à frente).
Sou leal à mulher da minha vida.

As palavras podem ser:


– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa-bo-ne-te, ré-gua...)
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)

As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:


• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, dói,
coronéis...)
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)

Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só treinar e fixar as regras.

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LÍNGUA PORTUGUESA

PONTUAÇÃO.

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações ou
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos sequência de palavras para resumir / explicar ideias apresen-
pessoas não respeitam a quarentena.
tadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de Excla-
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
mação
Após interjeição Ufa!
Ponto de Interro-
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
gação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar mu- — Boas férias!
— Travessão dança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

E: sério (oral), entrada (oral, timbre fechado), dentro (nasal)


FONOLOGIA/ FONÉTICA: LETRA/FONEMA; I: antigo (oral), índio (nasal)
ENCONTROS VOCÁLICOS, CONSONANTAIS E O: poste (oral), molho (oral, timbre fechado), longe (nasal)
DÍGRAFOS. U: saúde (oral), juntar (nasal)
Y: hobby (oral)
— Fonologia
Fonologia[ https://bit.ly/36RQAOb.] é o ramo da linguística que Observação: As vogais ainda podem ser tônicas ou átonas.
estuda o sistema sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como Tônica aquela pronunciada com maior intensidade. Ex.: café,
os fones ou fonemas (sons) se organizam dentro de uma língua, bola, vidro.
classifica-os em unidades capazes de distinguir significados. Átona aquela pronunciada com menor intensidade. Ex.: café,
[ https://bit.ly/2slhcYZ.]A Fonologia estuda o ponto de vista bola, vidro.
funcional dos Fonemas.
Semivogais
— Estrutura Fonética São as letras “e”, “i”, “o”, “u”, representadas pelos fonemas (e,
y, o, w), quando formam sílaba com uma vogal. Ex.: No vocábulo
Fonema “história” a sílaba “ria” apresenta a vogal “a” e a semivogal “i”.
O fonema[ PESTANA, Fernando. A gramática para concursos Os fonemas semivocálicos (ou semivogais) têm o som de I e
públicos. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.] é a menor uni- U (apoiados em uma vogal, na mesma sílaba). São menos tônicos
dade sonora da palavra e exerce duas funções: formar palavras e (mais fracos na pronúncia) que as vogais. São representados pelas
distinguir uma palavra da outra. Veja o exemplo: letras I, U, E, O, M, N, W, Y. Veja:
C + A + M + A = CAMA. Quatro fonemas (sons) se combinaram – pai: a letra I representa uma semivogal, pois está apoiada em
e formaram uma palavra. Se substituirmos agora o som M por N, uma vogal, na mesma sílaba.
haverá uma nova palavra, CANA. – mouro: a letra U representa uma semivogal, pois está apoia-
A combinação de diferentes fonemas permite a formação de da em uma vogal, na mesma sílaba.
novas palavras com diferentes sentidos. Portanto, os fonemas de – mãe: a letra E representa uma semivogal, pois tem som de I e
uma língua têm duas funções bem importantes: formar palavras e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
distinguir uma palavra da outra. – pão: a letra O representa uma semivogal, pois tem som de U
e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
Ex.: mim / sim / gim... – cantam: a letra M representa uma semivogal, pois tem som
de U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (= cantãu).
Letra – dancem: a letra M representa uma semivogal, pois tem som
A letra é um símbolo que representa um som, é a represen- de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (= dancẽi).
tação gráfica dos fonemas da fala. É bom saber dois aspectos da – hífen: a letra N representa uma semivogal, pois tem som de I
letra: pode representar mais de um fonema ou pode simplesmente e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (= hífẽi).
ajudar na pronúncia de um fonema. – glutens: a letra N representa uma semivogal, pois tem som de
Por exemplo, a letra X pode representar os sons X (enxame), Z I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (= glutẽis).
(exame), S (têxtil) e KS (sexo; neste caso a letra X representa dois – windsurf: a letra W representa uma semivogal, pois tem som
fonemas – K e S = KS). Ou seja, uma letra pode representar mais de de U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
um fonema. – office boy: a letra Y representa uma semivogal, pois tem som
Às vezes a letra é chamada de diacrítica, pois vem à direita de de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
outra letra para representar um fonema só. Por exemplo, na palavra
cachaça, a letra H não representa som algum, mas, nesta situação, Quadro de vogais e semivogais
ajuda-nos a perceber que CH tem som de X, como em xaveco. Fonemas Regras
Vale a pena dizer que nem sempre as palavras apresentam nú- A Apenas VOGAL
mero idêntico de letras e fonemas. E - O VOGAIS, exceto quando está com A ou quando estão jun-
tas
Ex.: bola > 4 letras, 4 fonemas (Neste caso a segunda é semivogal)
guia > 4 letras, 3 fonemas I - U SEMIVOGAIS, exceto quando formam um hiato ou quando
estão juntas
Os fonemas classificam-se em vogais, semivogais e consoantes. (Neste caso a letra “I” é vogal)
AM Quando aparece no final da palavra é SEMIVOGAL.
Vogais Ex.: Dançam
São fonemas produzidos livremente, sem obstrução da passa- EM - EN Quando aparecem no final de palavras são SEMI-
gem do ar. São mais tônicos, ou seja, têm a pronúncia mais forte VOGAIS.
que as semivogais. São o centro de toda sílaba. Podem ser orais Ex.: Montem / Pólen
(timbre aberto ou fechado) ou nasais (indicadas pelo ~, m, n). As
vogais são A, E, I, O, U, que podem ser representadas pelas letras
abaixo. Veja:

A: brasa (oral), lama (nasal)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Consoantes – Classe de Palavras: substantivo, adjetivo, artigo, numeral,


São fonemas produzidos com interferência de um ou mais ór- pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
gãos da boca (dentes, língua, lábios). Todas as demais letras do al-
fabeto representam, na escrita, os fonemas consonantais: B, C, D, F, A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
G, H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W (com som de V, Wagner), X, Z. cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra pa-
— Encontros Vocálicos lavra. Ex: flor; pedra
Como o nome sugere, é o contato entre fonemas vocálicos. Há • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras palavras.
três tipos: Ex: floricultura; pedrada
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
Hiato cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
Ocorre hiato quando há o encontro de duas vogais, que aca- azeite
bam ficando em sílabas separadas (Vogal – Vogal), porque só pode • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais ra-
haver uma vogal por sílaba. dicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Ex.: sa-í-da, ra-i-nha, ba-ús, ca-ís-te, tu-cu-mã-í, su-cu-u-ba, ru- Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
-im, jú-ni-or. palavras:

Ditongo Derivação
Existem dois tipos: crescente ou decrescente (oral ou nasal). A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
Crescente (SV + V, na mesma sílaba). Ex.: magistério (oral), série • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
(oral), várzea (oral), quota (oral), quatorze (oral), enquanto (nasal), lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
cinquenta (nasal), quinquênio (nasal). • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
Decrescente (V + SV, na mesma sílaba). Ex.: item (nasal), amam • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
(nasal), sêmen (nasal), cãibra (nasal), caule (oral), ouro (oral), veia depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
(oral), fluido (oral), vaidade (oral). do (des + governar + ado)
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a palavra
Tritongo primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
O tritongo é a união de SV + V + SV na mesma sílaba; pode ser • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
oral ou nasal. Ex.: saguão (nasal), Paraguai (oral), enxáguem (nasal), gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
averiguou (oral), deságuam (nasal), aguei (oral). para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
próprio – sobrenomes).
Encontros Consonantais
Ocorre quando há um grupo de consoantes sem vogal interme- Composição
diária. Ex.: flor, grade, digno. A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
Dígrafos: duas letras representadas por um único fonema. Ex.: se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
passo, chave, telha, guincho, aquilo. • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
Os dígrafos podem ser consonantais e vocálicos. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
– Consonantais: ch (chuva), sc (nascer), ss (osso), sç (desça), lh tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
(filho), xc (excelente), qu (quente), nh (vinho), rr (ferro), gu (guerra). aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
– Vocálicos: am, an (tampa, canto), em, en (tempo, vento), im, • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
in (limpo, cinto), om, on (comprar, tonto), um, un (tumba, mundo). tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
LEMBRE-SE! -flor / passatempo.
Nos dígrafos, as duas letras representam um só fonema; nos
encontros consonantais, cada letra representa um fonema. Abreviação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
MORFOLOGIA: ELEMENTOS MÓRFICOS E PROCESSOS totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS; CLASSES DE PALAVRAS. (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Hibridismo
A Morfologia1 é o estudo a respeito da estrutura, formação e Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
classificação das palavras. Estudar morfologia significa estudar, iso- línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
ladamente, as classes das palavras; diferentemente da sintaxe, que culo (bi – grego + oculus – latim).
trata do estudo das funções das palavras na oração.
Podemos dividir o estudo das classes morfológicas da seguinte Combinação
forma: Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
– Processos de estrutura e formação das palavras; radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
1 [ https://portugues.uol.com.br/gramatica/morfologia.html] recer + adolescente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alargamento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita adicionan-
do o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / protocolizar (em vez de protocolar).

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conecti-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO vos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Variação de grau


Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado
Tipos de substantivos substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumenta-
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo tivo e diminutivo.
com os conceitos apresentados abaixo: Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
Ex: mulher; gato; cidade... pequeno).
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou di-
especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte... minuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural,
para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mes- Novo Acordo Ortográfico
ma espécie. Ex: matilha; enxame; cardume... De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de sa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; ca- pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes
chorro; praça... geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designan- e festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou
do sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede; abreviaturas.
imaginação... Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana,
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: meses, estações do ano e em pontos cardeais.
livro; água; noite... Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedrei- é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
ro; livraria; noturno... disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em pala-
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radi- vras de categorização.
cal). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais Adjetivo
de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol... Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-
-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
Flexão de gênero flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um o singular (bonito) e o plural (bonitos).
dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino. Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua naciona-
e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente lidade (brasileiro; mineiro).
o final da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjun-
menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / to de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo.
acentuação (Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou pre- São formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
sença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora). • de criança = infantil
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma for- • de mãe = maternal
ma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto • de cabelo = capilar
ao gênero a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o
acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epi- Variação de grau
ceno (refere-se aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfa-
comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo). ses), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e su-
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com perlativo.
alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, • Normal: A Bruna é inteligente.
trazendo alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fru- • Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente
to X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao que o Lucas.
órgão que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é • Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente
o termo popular para um tipo específico de fruto. que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto
Flexão de número a Maria.
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, • Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inte-
usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: ligente da turma.
bola; escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quan- • Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos
tidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último represen- inteligente da turma.
tado, geralmente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra. • Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de • Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do
contexto, pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados


Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do (ser, ir...)
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
lo, la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (an- (falir, banir, colorir, adequar...)
tes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
verbo). pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- acontecer...)
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
gerúndio antecedidos por “em”. e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
Nada me faria mais feliz. • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da pentear-se...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
Orgulhar-me-ei de meus alunos. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- Vozes verbais
ções, nem após ponto-e-vírgula. As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
podendo ser três tipos diferentes:
Verbos • Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
possuem subdivisões. do lago)
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando). partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per- equivalente ao verbo “ser”.
feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
presente, futuro do pretérito. Conjugação de verbos
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im- Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de ou-
perfeito, futuro. tros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados
são aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo
Os tempos verbais compostos são formados por um verbo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de ori-
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre gem.
flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti- • 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, ima-
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”. ginar, jogar...)
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, • 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr,
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté- erguer...)
rito. • 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ou-
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, vir...)
pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dan-
do, fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou fun-
ção de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (parti-
cípio) ou advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Conjunções subordinativas


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
preposição em determinadas sentenças). Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, • Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre. substantivas, definidas pelas palavras que e se.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Causais: porque, que, como.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Condicionais: e, caso, desde que.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Finais: a fim de que, para que.
• Causa: Morreu de câncer. • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Temporais: quando, enquanto, agora.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. SINTAXE: TERMOS DAS ORAÇÕES; ORAÇÕES
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. COORDENADAS E SUBORDINADAS;
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo. Oração
• Meio: Viajou de trem. É a frase que apresenta estrutura sintática (normalmente, su-
jeito e predicado, ou só o predicado).
Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- Exemplos
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e Ninguém segura este menino. (Ninguém: sujeito; segura este
havendo perda fonética (contração). menino: predicado)
• Combinação: ao, aos, aonde Havia muitos suspeitos. (Oração sem sujeito; havia muitos sus-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso peitos: predicado)

Conjunção Termos da oração


As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois Termos sujeito
1.
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e essenciais predicado
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo-
mento de redigir um texto.
objeto
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
direto
conjunções subordinativas. complemento objeto
verbal indireto
Conjunções coordenativas Termos
2. complemento
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- integrantes
nominal
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma agente da passiva
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em
cinco grupos:
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo. Adjunto
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. Termos adnominal
• Conclusivas: logo, portanto, assim. 3.
acessórios adjunto adverbial
• Explicativas: que, porque, porquanto. aposto
4. Vocativo

Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas


note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo:
Chove. (Não há referência a sujeito.)
Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os termos “acessórios” são assim chamados por serem supos- Exemplo: Chovia. Ventava durante a noite.
tamente dispensáveis, o que nem sempre é verdade.
- haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo de-
Sujeito e predicado corrido.
Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o verbo Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas)
concorda.
- fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo
Exemplos decorrido.
A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singular Exemplo: Fazia 40° à sombra.
concordando com a notícia.)
As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plural, - ser nas indicações de horas, datas e distâncias.
concordando com as notícias.) Exempl: São duas horas.

O núcleo do sujeito é a palavra principal do sujeito, que encerra Predicado nominal


a essência de sua significação. Em torno dela, como que gravitam O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado
as demais. gravitam e que contém o que de mais importante se comunica a
Exemplo: Os teus lírios brancos embelezam os campos. (Lírios é respeito do sujeito, e um nome (isto é, um substantivo ou adjetivo,
o núcleo do sujeito.) ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de ligação (liga o nú-
cleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, continuar, ficar, perma-
Podem exercer a função de núcleo do sujeito o substantivo e necer; também andar, com o sentido de estar; virar, com o sentido
palavras de natureza substantiva. Veja: de transformar-se em; e viver, com o sentido de estar sempre).
O medo salvou-lhe a vida. (substantivo) Exemplo:
Os medrosos fugiram. (Adjetivo exercendo papel de substanti- Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação mais
vo: adjetivo substantivado.) núcleo substantivo: sapos)

A definição mais adequada para sujeito é: sujeito é o termo da Verbos de ligação


oração com o qual o verbo normalmente concorda. São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam um
sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, ficar, pa-
Sujeito simples: tem um só núcleo. recer, permanecer, continuar, tornar-se etc.
Exemplo: As flores morreram. Exemplo: A rua estava calma.

Sujeito composto: tem mais de um núcleo. Predicativo do sujeito


Exemplo: O rapaz e a moça foram encostados ao muro. É o termo da oração que, no predicado, expressa qualificação
ou classificação do sujeito.
Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso e que pode ser deter- Exemplo: Você será engenheiro.
minado pela desinência verbal ou pelo contexto.
Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu) - O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação,
pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com verbos tran-
Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não podemos sitivos.
ou não queremos identificá-lo com precisão.
Ocorre: Predicado verbal
- quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referência a Ocorre quando o núcleo é um verbo. Logo, não apresenta pre-
nenhum substantivo anteriormente expresso. dicativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos.
Exemplo: Batem à porta. Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo do
sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo transitivo
- com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de li- indireto)
gação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice de
indeterminação do sujeito (IIS). Verbos intransitivos
Exemplos: São verbos que não exigem complemento algum; como a ação
Vive-se bem. (VI) verbal não passa, não transita para nenhum complemento, rece-
Precisa-se de pedreiros. (VTI) bem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predicado sozi-
Falava-se baixo. (VI) nhos ou com adjuntos adverbiais.
Era-se feliz naquela época. (VL) Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite.

Orações sem sujeito Verbos transitivos


São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito inexis- São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do sujeito,
tente. exigem um complemento para a perfeita compreensão do que se
quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pessoa ou coisa
Ocorrem nos seguintes casos: para onde se dirige a atividade transitiva do verbo se denomina ob-
- com verbos que se referem a fenômenos meteorológicos. jeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos e indiretos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto. Predicativo do objeto


Exemplo: Espero-o no aeroporto. Exprime qualidade, estado ou classificação que se referem ao
objeto (direto ou indireto).
Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto.
Exemplo: Gosto de flores. Exemplo de predicativo do objeto direto:
O juiz declarou o réu culpado.
Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto direto Exemplo de predicativo do objeto indireto:
e um objeto indireto. Gosto de você alegre.
Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi-
ca aos trabalhadores. (VTDI) Adjunto adnominal
É o termo acessório que vem junto ao nome (substantivo), res-
Complementos verbais tringindo-o, qualificando-o, determinando-o (adjunto: “que vem
Os complementos verbais são representados pelo objeto dire- junto a”; adnominal: “junto ao nome”). Observe:
to (OD) e pelo objeto indireto (OI). Os meus três grandes amigos [amigos: nome substantivo] vie-
ram me fazer uma visita [visita: nome substantivo] agradável ontem
Objeto indireto à noite.
É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição São adjuntos adnominais os (artigo definido), meus (pronome
por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto ou possessivo adjetivo), três (numeral), grandes (adjetivo), que estão
transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que ligam gravitando em torno do núcleo do sujeito, o substantivo amigos;
o objeto indireto ao verbo são a, de, em, com, por, contra, para etc. o mesmo acontece com uma (artigo indefinido) e agradável (adje-
Exemplo: Acredito em você. tivo), que determinam e qualificam o núcleo do objeto direto, o
substantivo visita.
Objeto direto
Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obri- O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo,
gatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo ao passo que o predicativo se refere ao substantivo por meio de
direto e indireto. um verbo.
Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores.
Complemento nominal
Objeto direto preposicionado É o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e
É aquele que, contrariando sua própria definição e característi- advérbios porque estes não têm sentido completo.
ca, aparece regido de preposição (geralmente preposição a). - Objeto – recebe a atividade transitiva de um verbo.
O pai dizia aos filhos que adorava a ambos. - Complemento nominal – recebe a atividade transitiva de um
nome.
Objeto pleonástico O complemento nominal é sempre ligado ao nome por prepo-
É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um sição, tal como o objeto indireto.
pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da noção Exemplo: Tenho necessidade de dinheiro.
contida no objeto direto ou no objeto indireto.
Exemplos Adjunto adverbial
Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico) É o termo da oração que modifica o verbo ou um adjetivo ou
Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto pleo- o próprio advérbio, expressando uma circunstância: lugar, tempo,
nástico) fim, meio, modo, companhia, exclusão, inclusão, negação, afirma-
ção, duvida, concessão, condição etc.
Predicado verbo-nominal
Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é for- Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente
mado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo. sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que
Exemplos: existem na língua portuguesa: oração coordenada e oração subor-
A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do sujeito dinada.
com verbo transitivo indireto)
A riqueza tornou-o orgulhoso. (predicativo do objeto com ver-
bo transitivo direto)

Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação,
pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. Nes-
se caso, o predicado é verbo-nominal.
Exemplo: A criança brincava alegre no parque.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na oração
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel de
substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações subor-
dinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma infor-
O candidato, que é do partido socialista, está sendo
EXPLICATIVAS mação.
atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido. As pessoas que são racistas precisam rever seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocupou com a
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou sub- fome no país.
juntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções
sou locuções conjuntivas.
REDUZIDAS Assisti ao documentário denunciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerún-
dio ou infinitivo

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que,
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL;

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a da aula.
PRÓPRIO que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da forma-
tura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um
nheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensa-
lidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Exceto
caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL;

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum; con-
A trário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; do-
DE tado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negli-
EM
gente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

27
LÍNGUA PORTUGUESA

Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha fi-
verbo vai depender do seu contexto. lha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que minha avó até à feira.
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Ana da faculdade.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: à escola / Amanhã iremos ao colégio.
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indi- SEMÂNTICA: DENOTAÇÃO, CONOTAÇÃO; SINONÍMIA,
reto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer ANTONÍMIA, HOMONÍMIA E PARONÍMIA;
o sentido completo: POLISSEMIA E AMBIGUIDADE.
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam-
panha eleitoral. Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sen-
tidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o principais relações e suas características:
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi-
ção) e de um objeto indireto (com preposição): Sinonímia e antonímia
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
à senhora. semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
CRASE. Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi-
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex:
forte <—> fraco
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só:
preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada Parônimos e homônimos
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considera- As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
da um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. núncia semelhantes, porém com significados distintos.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
prego da crase: go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna. As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
estresse. pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
xando de lado a capacidade de imaginar. As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
à esquerda. bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Polissemia e Ambiguidade
se: Tanto a polissemia quanto a ambiguidade são elementos da
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. linguagem capazes de provocar confusões na interpretação de fra-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- ses. Sobre a ambiguidade, geralmente, o enunciado apresenta uma
mos uma reunião frente a frente. construção de palavras que permite mais de uma interpretação
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. para a frase em questão.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te
atender daqui a pouco.

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Nem sempre se trata de uma palavra que tenha mais de um Exemplos


significado, e sim de como as palavras estão dispostas na frase, per- ...a vida é cigana
mitindo que as informações sejam interpretadas de mais de uma É caravana
forma. É pedra de gelo ao sol.

Ex.: Jorge criticou severamente a prima de sua amiga, que fre- (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
quentava o mesmo clube que ele.
Nesse caso, o pronome que pode estar referindo-se a amiga Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
ou a prima.
(Carlos Drummond de Andrade)
Já no caso da polissemia, por conta de uma mesma palavra
possuir mais de um significado, ela pode fazer com que as pessoas Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, li-
não compreendam o sentido utilizado no primeiro contato com a gados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal
frase e interpretem o enunciado de uma maneira diferente daquele como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
originalmente intencionado. Neste caso, para que isso não ocorra, paração: parecer, assemelhar-se e outros.
é importante que fique claro qual é o contexto em que a palavra foi
empregada. Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando
Denotação e conotação você entrou em mim como um sol no quintal.
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher. (Belchior)
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
da cadeira. qual não existe uma designação apropriada.

Hiperonímia e hiponímia Exemplos


Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- – folha de papel
ficado entre as palavras. – braço de poltrona
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que – céu da boca
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. – pé da montanha
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen-
Limão é hipônimo de fruta. tidos físicos.

Exemplo
FIGURAS DE LINGUAGEM
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva)
mecânica.
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re- (Carlos Drummond de Andrade)
curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor- A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
nando-o poético. sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen-
ça gelada”.
As figuras de linguagem classificam-se em
– figuras de palavra;
– figuras de pensamento; Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade,
– figuras de construção ou sintaxe. atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o.

Figuras de palavra Exemplos


Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven- O filósofo de Genebra (= Calvino).
cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex- O águia de Haia (= Rui Barbosa).
pressivo na comunicação.
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co- a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida.
nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase. Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte)

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Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- Figuras de sintaxe ou de construção
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os
termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro Podem ser formadas por:
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
plural) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
(José Cândido de Carvalho) ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Figuras Sonoras
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,
mente em posição inicial da palavra. frase ou verso.

Exemplo Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- Dentro do tempo o universo
ladas. [na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
(Cruz e Sousa) [do verão.
Dentro da vida uma vida me
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um [conta uma estória que fala
verso ou poesia. [de mim.
Dentro de nós os mistérios
Exemplo [do espaço sem fim!
Sou Ana, da cama,
da cana, fulana, bacana (Toquinho/Mutinho)
Sou Ana de Amsterdam.
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam
(Chico Buarque) vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
vírgulas.
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
na prosódia, mas diferentes no sentido. Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
Exemplo que se estenderam pouco a
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu pouco, todas quatro, pegando-se,
[erro apertando-se, fundindo-se.
quero que você ganhe que
[você me apanhe (Machado de Assis)
sou o seu bezerro gritando
[mamãe. Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde-
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical.
(Caetano Veloso)
Exemplo
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro- Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem
duzido por seres animados e inanimados. tuge, nem muge.

Exemplo (Rubem Braga)


Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um termo
inseto múltiplo reunido já expresso.
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres-
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor são, dando ênfase à mensagem.
da noite em branco
Exemplos
(Carlos Drummond de Andrade) Não os venci. Venceram-me
eles a mim.
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc. (Rui Barbosa)

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Morrerás morte vil na mão de um forte. Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
tassem as mãos.
(Gonçalves Dias)
(José Lins do Rego)
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia-
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado. Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
Exemplos
Ouvir com os ouvidos. Exemplo
Rolar escadas abaixo. ...em cada olho um grito castanho de ódio.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue. (Dalton Trevisan)
Repetir de novo.
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con- Silepse
junções, preposições e verbos. Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu) Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante) (Rachel de Queiroz)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
V. Ex.a parece magoado...
(Camões)
(Carlos Drummond de Andrade)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
mente. Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
o sujeito da oração.
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes. Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
(Camilo Castelo Branco)
(Carlos Drummond de Andrade)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-
tos na frase. Silepse de número: Não há concordância do número verbal
com o sujeito da oração.
Exemplos
Passeiam, à tarde, as belas na avenida. Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Mário Barreto)
Paciência tenho eu tido...

(Antônio Nobre)

Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a


frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
função sintática definida.

Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.

(Manuel Bandeira)

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3. (UDESC – 2008) Identifique a ordem em que os períodos de-


QUESTÕES vem aparecer, para que constituam um texto coeso e coerente.

1. (ENEM – 2014) Há qualquer coisa de especial nisso de botar (Texto de Marcelo Marthe: Tatuagem com bobagem. Veja, 05 mar.
a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos 2008, p. 86.)
anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas
vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do I - Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em gran-
mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá des estúdios onde há cuidado com a higiene.
grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para recla- II - As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pig-
mar: moderna demais, antiquada demais. mentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser tor-
naram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar mais.
ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros ren- III - Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatua-
dem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu gem se resumia à velha âncora de marinheiro.
sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso IV - Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem dei-
que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os es- xou de ser símbolo de rebeldia de um estilo de vida marginal.
tímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é
como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca Assinale a alternativa que contém a sequência correta, em que
fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo os períodos devem aparecer.
que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que (A) II, I, III, IV
iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a (B) IV, II, III, I
sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa (C) IV, I, II, III
é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e (D) III, I, IV, II
continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais se- (E) I, III, II, IV
creto de calar.
4. (UFPR – 2010) Considere as seguintes sentenças.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004. 1 - Ainda que os salários estejam cada vez mais defasados, o
aumento de preços diminui consideravelmente seu poder de com-
Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a ar- pras.
ticulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o 2 - O Governo resolveu não se comprometer com nenhuma das
elemento facções formadas no congresso. Desse modo, todos ficarão à vonta-
(A) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em de para negociar as possíveis saídas.
crônica de jornal”. 3 - Embora o Brasil possua muito solo fértil com vocação para o
(B) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. plantio, isso conseguiu atenuar rapidamente o problema da fome.
(C) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. 4 - Choveu muito no inverno deste ano. Entretanto, novos pro-
(D) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus jetos de irrigação foram necessários.
pais”. 5 - As expressões grifadas NÃO estabelecem as relações de sig-
(E) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. nificado adequadas, criando problemas de coerência, em:
(A) 2 apenas.
2. (FCC – 2007) O emprego do elemento sublinhado compro- (B) 1 e 3 apenas.
mete a coerência da frase: (C) 1 e 4 apenas.
(A) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são (D) 2, 3 e 4 apenas.
influenciados pelos valores socialmente dominantes. (E) 2 e 4 apenas.
(B) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conse-
guinte alguns ainda resistem ao pragmatismo moderno. 5. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(C) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescen-
te, bem como alimentar a confiança em sua própria capacidade Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
criativa. Uma organização não governamental holandesa está propondo
(D) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as ge- um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
rações seguintes serão tão conformistas quanto a atual. sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(E) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, por- grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
quanto parece faltar-lhes a capacidade de sonhar mais alto. O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
um contador na rede social.
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

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Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam 9. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, lacunas do texto a seguir:
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”. _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa- arte.”
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro- (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
usuários longe da rede social.” (C) bastante - por - meias - ao - a - à
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão: (D) meias - para - muito - pelo - em - por
(A) da retomada de informações que podem ser facilmente de- (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
ticamente. 10. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
(B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo com a gramática:
possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte- I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
raria o sentido do texto. II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
informação conhecida, e da especificação, no segundo, com IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
informação nova. V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
(D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo. (A) em I e II
(E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo (B) apenas em IV
qual são introduzidas de forma mais generalizada (C) apenas em III
(D) em II, III e IV
6. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspondem (E) apenas em II
a um adjetivo, exceto em:
(A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. 11. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
(B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
(C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira. culta é:
(D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga (A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
sem fim. seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. líderes pefelistas.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
7. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas só qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são, íses passou despercebida.
respectivamente: (C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
(A) adjetivo, adjetivo dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
(B) advérbio, advérbio social.
(C) advérbio, adjetivo (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
(D) numeral, adjetivo morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) numeral, advérbio (E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
8. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós a aventura à repetição.
____________________.”
12. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- as lacunas correspondentes.
mente a frase acima. Assinale-a. A arma ___ se feriu desapareceu.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. Estas são as pessoas ___ lhe falei.
(B) desista da ação contra aquele salafrário. Aqui está a foto ___ me referi.
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
(E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) que, de que, à que, cujo, que.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.

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13. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.

14. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEIRANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de forma in-
correta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas erroneamente,
exceto em:
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
(B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.

15. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de classificação.
“____________ o céu é azul?”
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trânsito pelo caminho.”
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado ao nosso encontro.”
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mundiais. ____________?”
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(E) Por que – porque – por quê – Porquê

16. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Ira-
cema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de
jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas
desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.

História Viva, n.º 99, 2011.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

17. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na
crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela coope-
ração voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores
conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a
mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem
acessíveis a todos.

(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

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18. (UERJ - 2016)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento fundamental para a instalação de um
tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado.
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
(A) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
(B) configuram julgamentos vazios, ainda que existam crimes comprovados.
(C) emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
(D) apressam-se em opiniões superficiais, mesmo que possuam dados concretos.

19. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”.

20. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo exclusivo
de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse objetivo é a seguinte:
(A) pôr.
(B) ilhéu.
(C) sábio.
(D) também.
(E) lâmpada.

35
LÍNGUA PORTUGUESA

21. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a nature-
za física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

22. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa:
(A) Tatuar
(B) Quando
(C) Doutor
(D) Ainda
(E) Além

23. (UFRJ) Esparadrapo


Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Esparadrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com cara
de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incunábulo*”.

QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.

A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do texto. Sua função resume-se em:
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma coisa.
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamente.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- Sobre seus termos, é correto afirmar que:
to. (A) escorpião é núcleo do sujeito.
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. (B) urbano é predicativo do objeto.
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta- (C) perverso é núcleo do sujeito.
dos. (D) clássico é núcleo do predicativo do objeto.
(E) problema é núcleo do predicativo do sujeito.
24. (IABAS – FARMACÊUTICO - IBADE - 2019)
25. (BANCO DO BRASIL) Opção que preenche corretamente as
Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável lacunas: O gerente dirigiu-se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___
A infestação de escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de todas as pessoas convocadas.
como a vida moderna se tornou imprevisível. É uma característica (A) à - à – à
do que, no complexo campo de problemas, chamamos de um mun- (B) a - à – à
do “VUCA” (Volatility, uncertainty, complexity and ambiguity em in- (C) à - a – a
glês) - um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. (D) a - a – à
Escorpiões, como as baratas que eles comem, são um a espécie (E) à - a - à
incrivelmente adaptável. O número de pessoas picadas em todo o
Brasil aumentou de 12 mil em 2000 para 140 mil no ano passado, 26. (FEI) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as
de acordo com o Ministério da Saúde. A espécie que aterroriza os lacunas das seguintes orações:
brasileiros é o perigoso escorpião amarelo, ou Tityus serrulatus. Ele I. Precisa falar ___ cerca de três mil operários.
se reproduz por meio do milagre da partenogênese, significando II. Daqui ___ alguns anos tudo estará mudado.
que um escorpião feminino simplesmente gera cópias de si mesma III. ___ dias está desaparecido.
duas vezes por ano - nenhuma participação masculina é necessária. IV. Vindos de locais distantes, todos chegaram ___ tempo ___
A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico “pro- reunião.
blema perverso”. Este termo, usado pela primeira vez em 1973, re-
fere-se a enormes problemas sociais ou culturais como pobreza e (A) a - a - há - a – à
guerra - sem solução simples ou definitiva, e que surgem na interse- (B) à - a - a - há – a
ção de outros problemas. Nesse caso, a infestação do escorpião ur- (C) a - à - a - a – há
bano no Brasil é o resultado de uma gestão inadequada do lixo, sa- (D) há - a - à - a – a
neamento inapropriado, urbanização rápida e mudanças climáticas. (E) a - há - a - à – a.
No VUCA, quanto mais recursos você der para os problemas,
melhor. Isso pode significar tudo, desde campanhas de conscien- 27. (TRE) O uso do acento grave (indicativo de crase ou não)
tização pública que educam brasileiros sobre escorpiões até for- está incorreto em:
ças-tarefa exterminadoras que trabalham para controlar sua popu- (A) Primeiro vou à feira, depois é que vou trabalhar.
lação em áreas urbanas. Os cientistas devem estar envolvidos. O (B) Às vezes não podemos fazer o que nos foi ordenado.
sistema nacional de saúde pública do Brasil precisará se adaptar a (C) Não devemos fazer referências àqueles casos.
essa nova ameaça. (D) Sairemos às cinco da manhã.
Apesar da obstinada cobertura da imprensa, as autoridades (E) Isto não seria útil à ela.
federais de saúde mal falaram publicamente sobre o problema do
escorpião urbano no Brasil. E, além de alguns esforços mornos em 28. (ITA) Analisando as sentenças:
nível nacional e estadual para treinar profissionais de saúde sobre o I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas.
risco de escorpião, as autoridades parecem não ter nenhum plano II. Não fale tal coisa as outras.
para combater a infestação no nível epidêmico para o qual ela está III. Dia a dia a empresa foi crescendo.
se dirigindo. IV. Não ligo aquilo que me disse.
Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham reivindi-
cado seu lugar ao lado de crimes violentos, tráfico brutal e outros Podemos deduzir que:
problemas crônicos com os quais os urbanitas no Brasil precisam (A) Apenas a sentença III não tem crase.
lidar diariamente. (B) As sentenças III e IV não têm crase.
* Hamilton Coimbra Carvalho é pesquisador em Problemas So- (C) Todas as sentenças têm crase.
ciais Complexos, na Universidade de São Paulo (USP). (D) Nenhuma sentença tem crase.
(E) Apenas a sentença IV não tem crase.
Texto adaptado de Revista Galileu
(https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/noti- 29. (FMPA – MG)
cia/2019/02/infestacao-de-escorpioes-no-brasilpode-ser-imparavel-di- Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
z-pesquisador.html) te aplicada:
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
Observe a oração destacada: (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
“A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico “pro- (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
blema perverso.” (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
(E) A cessão de terras compete ao Estado.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

30. (UEPB – 2010)


Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos GABARITO
maiores nomes da educação mundial na atualidade.

Carlos Alberto Torres 1 A


1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- 2 A
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- 3 C
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que 4 B
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo
5 D
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade 6 B
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- 7 B
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- 8 C
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade 9 A
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder,
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe. 10 C
[…] 11 E
12 C
Rosa Maria Torres
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre 13 A
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- 14 B
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de 15 C
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a 16 D
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
17 E
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
indesejadas. 18 C
[…] 19 A
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi- 20 A
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. 21 C

Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema 22 B


identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que 23 C
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
24 E
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
mo, em relação à “diversidade”. 25 C
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- 26 A
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
no paradigma argumentativo do enunciado. 27 E
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co- 28 A
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
dade e identidade”. 29 C
30 B
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
(B) II e III
(C) III, apenas
(D) II, apenas
(E) I e II

38
CONHECIMENTOS GERAIS

O início da colonização
PRINCIPAIS ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS, Preocupado com a possibilidade real de invasão do Brasil por
SOCIAIS E ECONÔMICOS DO BRASIL, ESTADO DO RIO outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o rei de Portugal
DE JANEIRO E DO MUNICÍPIO DE QUATIS Dom João III, que ficou conhecido como “o Colonizador”, resolveu
enviar ao Brasil, em 1530, a primeira expedição com o objetivo de
BRASIL colonizar o litoral brasileiro. Povoando, protegendo e desenvolven-
do a colônia, seria mais difícil de perdê-la para outros países. Assim,
História do Brasil chegou ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Souza
Na História do Brasil, estão relacionados todos os assuntos re- com as funções de estabelecer núcleos de povoamento no litoral,
ferentes à história do país. Sendo assim, o estudo e o ensino de explorar metais preciosos e proteger o território de invasores. Teve
História do Brasil abordam acontecimentos que se passaram no início assim a efetiva colonização do Brasil.
espaço geográfico brasileiro ou que interferiram diretamente em Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à Martim Afon-
nosso país. so de Souza nomear funcionários e distribuir sesmarias (lotes de
Portanto, os povos pré-colombianos que habitavam o território terras) à portugueses que quisessem participar deste novo empre-
que hoje corresponde ao Brasil antes da chegada dos portugueses endimento português.
fazem parte da história de nosso país. Isso é importante de ser men- A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou por fases
cionado porque muitas pessoas consideram que a história brasileira (ciclos) relacionadas à exploração, produção e comercialização de
iniciou-se com a chegada dos portugueses, em 1500. um determinado produto.
Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pacífica, pois
Nossa história é marcada pela diversidade em sua formação, teve como características principais a exploração territorial, uso de
decorrente dos muitos povos que aqui chegaram para desbravar e mão-de-obra escrava (indígena e africana), utilização de violência
conquistar nossas terras. para conter movimentos sociais e apropriação de terras indígenas.
Esse processo de colonização e formação de uma nova socieda- O conceito mais sintético que podemos explorar é o que define
de se deu através de muitos movimentos e manifestações, sempre como Regime Colonial, uma estrutura econômica mercantilista que
envolvendo interesses e aspectos sociais, políticos e econômicos. concentra um conjunto de relações entre metrópoles e colônias. O
Movimentos esses que estão entrelaçados entre si, em função fim último deste sistema consistia em proporcionar às metrópoles
dos fatores que os originavam e dos interesses que por traz deles um fluxo econômico favorável que adviesse das atividades desen-
se apresentavam. volvidas na colônia.
Diante disso, faremos uma abordagem sobre nossa história, Neste sentido a economia colonial surgia como complementar
desde o tempo da colonização portuguesa, até os dias de hoje, da economia metropolitana europeia, de forma que permitisse à
abordando os movimentos que ao longo do tempo foram tecendo metrópole enriquecer cada vez mais para fazer frente às demais na-
as condições para que nosso Brasil apresente hoje essas caracterís- ções europeias.
ticas políticas-sócio-economicas. De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial definia uma
série de considerações que prevaleceriam sobre quaisquer outras
Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em 1500, vigentes. A colônia só podia comercializar com a metrópole, for-
o processo de colonização do nosso país teve início somente em necer-lhe o que necessitasse e dela comprar os produtos manu-
1530. Nestes trinta primeiros anos, os portugueses enviaram para faturados. Era proibido na colônia o estabelecimento de qualquer
as terras brasileiras algumas expedições com objetivos de reconhe- tipo de manufatura que pudesse vir a concorrer com a produção
cimento territorial e construção de feitorais para a exploração do da metrópole. Qualquer transação comercial fora dessa norma era
pau-brasil. Estes primeiros portugueses que vieram para cá circula- considerada contrabando, sendo reprimido de acordo com a lei
ram apenas em territórios litorâneos. Ficavam alguns dias ou meses portuguesa.
e logo retornavam para Portugal. Como não construíram residên- A economia colonial era organizada com o objetivo de permitir
cias, ou seja, não se fixaram no território, não houve colonização a acumulação primitiva de capitais na metrópole. O mecanismo que
nesta época. tornava isso possível era o exclusivismo nas relações comerciais ou
Neste período também ocorreram os primeiros contatos com monopólio, gerador de lucros adicionais (sobre-lucro).
os indígenas que habitavam o território brasileiro. Os portugueses As relações comerciais estabelecidas eram: a metrópole ven-
começaram a usar a mão-de-obra indígena na exploração do pau- deria seus produtos o mais caro possível para a colônia e deveria
-brasil. Em troca, ofereciam objetos de pequeno valor que fascina- comprar pelos mais baixos preços possíveis a produção colonial,
vam os nativos como, por exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, etc. gerando assim o sobre-lucro.
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise do Anti-
go Sistema Colonial ressalta o papel fundamental do comércio para
a existência dos impérios ultramarinos:

39
CONHECIMENTOS GERAIS

O comércio foi de fato o nervo da colonização do Antigo Regi- e os traficantes portugueses que fariam a troca por cativos na Áfri-
me, isto é, para incrementar as atividades mercantis processava- ca, além é claro do elevado teor alcoólico da bebida (em torno de
-se a ocupação, povoamento e valorização das novas áreas. E aqui 60%) que a tornava altamente popular entre seus consumidores.
ressalta de novo o sentido que indicamos antes da colonização da O interessante de se observar é que do ponto de vista do con-
época Moderna; indo em curso na Europa a expansão da economia trole do tráfico, o efeito mais importante das geribitas foi trans-
de mercado, com a mercantilização crescente dos vários setores feri-lo para os comerciantes brasileiros. Os brasileiros acabaram
produtivos antes à margem da circulação de mercadorias – a pro- usando a cachaça para quebrar o monopólio dos comerciantes me-
dução colonial, isto é, a produção de núcleos criados na periferia de tropolitanos que em sua maioria preferia comercializar usando o
centros dinâmicos europeus para estimulá-los, era uma produção vinho português como elemento de troca por cativos.
mercantil, ligada às grandes linhas do tráfico internacional. Só isso Pode-se perceber que o Pacto Colonial acabou envolvendo
já indicaria o sentido da colonização como peça estimuladora do teias de relações bem mais complexas que a dicotomia Metrópole-
capitalismo mercantil, mas o comércio colonial era mais o comércio -Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez de forma
exclusivo da metrópole, gerador de super-lucros, o que completa mais frequente do que se imagina. Na questão das manufaturas as
aquela caracterização. coisas se complicavam um pouco, mas não podemos esquecer do
Para que este sistema pudesse funcionar era necessário que intenso contrabando que ocorria no período.
existissem formas de exploração do trabalho que permitissem a
concentração de renda nas mãos da classe dominante colonial, a Despotismo esclarecido em Portugal
estrutura escravista permitia esta acumulação de renda em alto Na esfera política, a formação do Estado absolutista correspon-
grau: quando a maior parte do excedente seguia ruma à metrópole, deu a uma necessidade de centralização do poder nas mãos dos
uma parte do excedente gerado permanecia na colônia permitindo reis, para controlar a grande massa de camponeses e adequar-se ao
a continuidade do processo. surgimento da burguesia.
Importante ressaltar que as colônias encontravam-se intei- O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado Absolutista
ramente à mercê de impulsos provenientes da metrópole, e não que predominou em alguns países europeus no século XVIII. Filóso-
podiam auto estimular-se economicamente. A economia agro-ex- fos iluministas, como Voltaire, defendiam a ideia de um regime mo-
portadora de açúcar brasileira atendeu aos estímulos do centro nárquico no qual o soberano, esclarecido pelos filósofos, governaria
econômico dominante. Este sistema colonial mercantilista ao fun- apoiando-se no povo contra os aristocratas. Esse monarca acabaria
cionar plenamente acabou criando as condições de sua própria cri- com os privilégios injustos da nobreza e do clero e, defendendo o
se e de sua superação. direito natural, tornaria todos os habitantes do país iguais perante a
Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro Flama- lei. Em países onde, o desenvolvimento econômico capitalista esta-
rion Cardoso e Héctor P. Buiquióli: va atrasado, essa teoria inspirou o despotismo esclarecido.
O processo de acumulação prévia de capitais de fato não se Os déspotas procuravam adequar seus países aos novos tem-
limita à exploração colonial em todas as suas formas; seus aspec- pos e às novas odeias que se desenvolviam na Europa. Embora
tos decisivos de expropriação e proletarização se dão na própria tenham feito uma leitura um pouco diferenciada dos ideais ilumi-
Europa, em um ambiente histórico global ao qual por certo não é nistas, com certeza diminuíram os privilégios considerados mais
indiferente à presença dos impérios ultramarinos. A superação his- odiosos da nobreza e do clero, mas ao invés de um governo apoia-
tórica da fase da acumulação prévia de capitais foi, justamente o do no “povo” vimos um governo apoiado na classe burguesa que
surgimento do capitalismo como modo de produção. crescia e se afirmava.
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua tarefa de
A relação Brasil-África na época do Sistema Colonial Portu- modernizar o país nas mãos de seu principal ministro, o Marquês
guês. de Pombal. Sendo um leitor ávido dos filósofos iluministas e dos
A princípio parece fácil descrever as relações econômicas entre economistas ingleses, o marquês estabeleceu algumas metas que
metrópole e colônia, mas devemos entender que o Sistema Colo- ele acreditava serem capazes de levar Portugal a alinhar-se com os
nial se trata de uma teia de relações comerciais bem mais complexa países modernos e superar sua crise econômica.
e nem sempre fácil de identificar. A primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, combatendo
Os portugueses detinham o controle do tráfico de escravos en- os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos do clero (principal-
tre a África e o Brasil, estabelecia-se uma estrutura de comércio que mente da Companhia de Jesus). Na tentativa de modernizar o país,
foge um pouco ao modelo apresentado anteriormente. o marquês teve de acabar com a intolerância religiosa e o poder da
Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde adquiriam inquisição a fim de desenvolver a educação e o pensamento literá-
fumo e aguardente (geribita), daí partiam para Angola e Luanda rio e científico.
onde negociariam estes produtos em troca de cativos. A cachaça Economicamente houve um aumento da exploração colonial
era produzida principalmente em Pernambuco, na Bahia e no Rio de visando libertar Portugal da dependência econômica inglesa. O
Janeiro; o fumo era produzido principalmente na Bahia. A importância Marquês de Pombal aumentou a vigilância nas colônias e combateu
destes produtos se dá em torno do seu papel central nas estratégias de ainda mais o contrabando. Houve a instalação de uma maior cen-
negociação para a transação de escravos nos sertões africanos. tralização política na colônia, com a extinção das Capitanias heredi-
A geribita tinha diversos atributos que a tornavam imbatível tárias que acabou diminuindo a excessiva autonomia local.
em relação aos outros produtos trocados por escravos. A cachaça
é considerada um subproduto da produção açucareira e por isso
apresentava uma grande vantagem devido ao baixíssimo custo de
produção, lucravam os donos de engenho que produziam a cachaça

40
CONHECIMENTOS GERAIS

Capitanias Hereditárias Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo go-
As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração ter- verno-geral estavam subordinadas a um tipo de documento oficial
ritorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A metrópole ex-
consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e entre- pedia ordens comprometidas com o aprimoramento das atividades
gar a administração para particulares (principalmente nobres com fiscais e o estímulo da economia colonial. Mesmo com a forte preo-
relações com a Coroa Portuguesa). cupação com o lucro e o desenvolvimento, a Coroa foi alvo de ações
Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de ilegais em que funcionários da administração subvertiam as leis em
colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam benefício próprio.
o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou apri-
para filho (de forma hereditária). morar o sistema de Governo Geral realizando a divisão do mesmo
Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania em duas partes. Um ao norte, com capital na cidade de Salvador, e
eram conhecidas como donatários. Tinham como missão colonizar, outro ao sul, com uma sede no Rio de Janeiro. Nesse tempo, os re-
proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham o direito sultados pouco satisfatórios acabaram promovendo a reunificação
de explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios). administrativa com o retorno da sede a Salvador. No ano de 1621,
O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias um novo tipo de divisão foi organizado com a criação do Estado do
de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos citar como Brasil e do Estado do Maranhão.
motivos do fracasso: a grande extensão territorial para administrar Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de capitanias
(e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os constantes hereditárias não foi prontamente descartado com a organização do
ataques indígenas. governo-geral. No ano de 1759, a capitania de São Vicente foi a úl-
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de tima a ser destituída pela ação oficial do governo português. Com
1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal. isso, observamos que essas formas de organização administrativa
conviveram durante um bom tempo na colônia.
Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:
Capitania do Maranhão Economia e sociedade colonial
Capitania do Ceará A colonização implantada por Portugal estava ligada aos inte-
Capitania do Rio Grande resses do sistema mercantilista, baseado na circulação de mercado-
Capitania de Itamaracá rias. Para obter os maiores benefícios desse comércio, a Metrópole
Capitania de Pernambuco controlava a colônia através do pacto colonial, da lei da comple-
Capitania da Baía de Todos os Santos mentaridade e da imposição de monopólios sobre as riquezas co-
Capitania de Ilhéus loniais.
Capitania de Porto Seguro
Capitania do Espírito Santo - Pau-Brasil
Capitania de São Tomé O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta avermelhada,
Capitania de São Vicente que dele se extraía e por isso atraía para cá muitos piratas contra-
Capitania de Santo Amaro bandistas (os brasileiros). Foi declarado monopólio da Coroa por-
Capitania de Santana tuguesa, que autorizava sua exploração por particulares mediante
pagamento de impostos. A exploração era muito simples: utilizava-
Governo Geral -se mão-de-obra indígena para o corte e o transporte, pagando-a
Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias hereditá- com bugigangas, tais como, miçangas, canivetes, espelhos, tecidos,
rias, o governo português realizou a centralização da administração etc. (escambo). Essa atividade predatória não contribuiu para fixar
colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre as justifi- população na colônia, mas foi decisiva para a destruição da Mata
cativas mais comuns para que esse primeiro sistema viesse a entrar Atlântica.
em colapso, podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a
falta de interesse ou experiência administrativa e a própria resistên- - Cana-de-Açúcar
cia contra a ocupação territorial oferecida pelos índios. O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas ilhas da
Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a criação Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portuguesas no Atlântico),
de novos engenhos, a integração dos indígenas com os centros de Sicília e pelo Oriente, mas a quantidade era muito reduzida diante
colonização, o combate do comércio ilegal, construir embarcações, da demanda.
defender os colonos e realizar a busca por metais preciosos. Mesmo Animada com as perspectivas do mercado e com a adequação
que centralizadora, essa experiência não determinou que o gover- do clima brasileiro (quente e úmido) ao plantio, a Coroa, para ini-
nador cumprisse todas essas tarefas por si só. De tal modo, o gover- ciar a produção açucareira, tratou de levantar capitais em Portugal
no-geral trouxe a criação de novos cargos administrativos. e, principalmente, junto a banqueiros e comerciantes holandeses,
O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela resolução de que, aliás, foram os que mais lucraram com o comércio do açúcar.
todos os problemas de natureza judiciária e o cumprimento das leis Para que fosse economicamente viável, o plantio de cana de-
vigentes. O chamado provedor-mor estabelecia os seus trabalhos veria ser feito em grandes extensões de terra e com grande volume
na organização dos gastos administrativos e na arrecadação dos de mão-de-obra. Assim, a produção foi organizada em sistema de
impostos cobrados. Além destas duas autoridades, o capitão-mor plantation: latifúndios (engenhos), escravidão (inicialmente indíge-
desenvolvia ações militares de defesa que estavam, principalmen- na e posteriormente africana), monocultura para exportação. Para
te, ligadas ao combate dos invasores estrangeiros e ao ataque dos dar suporte ao empreendimento, desenvolveu-se uma modesta
nativos. agricultura de subsistência (mandioca, feijão, algodão, etc).

41
CONHECIMENTOS GERAIS

O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São Vicente, Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a Intendência
por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona da Mata nordestina Real dos Diamantes, com o objetivo de controlar a atividade.
que a produção se expandiu. Em 1570, já existiam no Brasil cerca
de 60 engenhos e, em fins do século XVI, esse número já havia sido Sociedade mineradora
duplicado, dos quais 62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na A sociedade mineira ou mineradora possuía as seguintes ca-
Bahia e os restantes nas demais capitanias. A decadência se iniciou racterísticas:
na segunda metade do século XVII, devido à concorrência do açúcar - Urbana.
holandês. É bom destacar que nenhuma atividade superou a rique- - Escravista.
za de açúcar no Período Colonial. - Maior Mobilidade Social
OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da mão-de-
-obra, existiam trabalhadores brancos remunerados, que ocupavam OBS.
funções de destaque, mas por trabalharem junto aos negros, so- 1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, garimpeiros
friam preconceito. e mascates.
2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, tornaram-se
Sociedade Açucareira muito ricos e obtiveram ascensão social.
A sociedade açucareira nordestina do Período Colonial possuía 3- É um erro achar que a população da região mineradora era
as seguintes características: abastada, pois a maioria era muito pobre e apenas um pequeno
- Latifundiária. grupo era muito rico. Além disso, os preços dos produtos eram mais
- Rural. elevados do que no restante do Brasil.
- Horizontal. 4- A mineração contribuiu para interiorizar a colonização e para
- Escravista. criar um mercado interno na colônia.
- Patriarcal
- Pecuária
OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, constituíam um A criação de gado foi introduzida na época de Tomé de Sou-
pequeno grupo social. sa, como uma atividade subsidiária à cana-de-açúcar, mas como o
gado destruía o canavial, sua criação foi sendo empurrada para o
- Mineração sertão, tornando-se responsável pela interiorização da colonização
A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais estados de do Nordeste, com grandes fazendas e oficinas de charque, utilizan-
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final do século XVII e a do a mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago através da
segunda metade do século XVIII. “quartiação”. Mais tarde, devido às secas devastadoras no sertão
nordestino, a região Sul passou a ser a grande produtora de carne
Ouro de charque, utilizando negros escravos.
Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de faiscação (re-
alizada nas areias dos rios e riachos, em pequena quantidade, por - Algodão
homens livres ou escravos no dia da folga); e ouro de lavra ou de A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, principal-
mina (extração em grandes jazidas feita por grande quantidade de mente no Maranhão e tinha uma importância econômica de caráter
escravos). interno, pois era utilizado para fazer roupas para a população mais
A Intendência das Minas era o órgão, independente de qual- pobre e para os escravos.
quer autoridade colonial, encarregado da exploração das jazidas,
bem como, do policiamento, da fiscalização e da tributação. - Tabaco
- Tributação: A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o Quin- Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade comercial,
to) e a Capitação (imposto pago de acordo com o número de escra- escravista e exportadora, pois era utilizado, juntamente com a rapa-
vos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro em pó ou em dura e a aguardente, como moeda para adquirir escravos na África.
pepita, em 1718 foram criadas as Casas de Fundição e todo ouro
encontrado deveria ser fundido em barras. - Drogas do sertão
Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por ano Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pimentas,
(1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era alcançada, o go- ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram coletadas pelos
verno poderia decretar a Derrama (cobrança forçada dos impostos índios na Amazônia e exportadas para a Europa, tanto por contra-
atrasados). A partir de 1762, a taxa jamais foi alcançada e as “der- bandistas, quanto por padres jesuítas. Como o acesso à região era
ramas” se sucederam, geralmente usando de violência. Em 1789, a muito difícil, a floresta foi preservada.
Derrama foi suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidên-
cia Mineira. Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. XVII)
Até o século XVI, com a extração de pau-brasil e a produção
Diamantes açucareira, o povoamento do Brasil se limitou a uma estreita faixa
No início a exploração era livre, desde que se pagasse o Quinto. territorial próximo ao litoral, em função da vegetação e do solo fa-
A fiscalização ficava por conta do Distrito Diamantino, cujo centro voráveis a tais práticas respectivamente, porem, como vimos acima,
era o Arraial do Tijuco. Mas, a partir de 1740, só poderia ser re- esses não eram os únicos produtos explorados, o sistema econômi-
alizada pelo Contratador Real dos Diamantes, destacando-se João co exploratório envolvia outras fontes, isso potencializou o povoa-
Fernandes de Oliveira. mento do interior.

42
CONHECIMENTOS GERAIS

As causas da interiorização do povoamento mente em Minas Gerais, provocou nas primeiras décadas do século
1) União Ibérica (1580-1640): a união entre Espanha e Portugal XVIII um decréscimo populacional em Portugal em função do inten-
por imposição da Coroa Espanhola colocou em desuso o Tratado de so povoamento dessas áreas mineradoras do interior.
Tordesilhas, permitindo que expedições exploratórias partissem do 6) Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abastecimento
litoral brasileiro em direção ao que antes era definido como Amé- das cidades mineradoras de Minas Gerais. Os tropeiros conduziam
rica Espanhola. verdadeiras tropas de gado do Rio Grande do Sul até a feira de So-
2) Tratado de Madri (1750): o fim da União Ibérica foi marcado rocaba, em São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para os pólos mine-
pela incerteza acerca dos limites entre terras portuguesas e espa- radores de Minas Gerais. Além de venderem gado (vacum e muar
nholas. Alguns conflitos e acordos sucederam a restauração portu- principalmente) nessas áreas, os tropeiros também transportavam
guesa de 1640, até que os países ibéricos admitissem o princípio do e vendiam mantimentos no lombo do gado. Ao longo do “Caminho
“uti possidetis” como critério de divisão territorial no Tratado de das Tropas” surgiram vários entrepostos de comércio e pernoite dos
Madri. O princípio legitima a posse territorial pelo seu uso, ou seja, tropeiros, os chamados “pousos de tropa”, que deram origem a im-
pela sua exploração. Com base nesse princípio, Portugal passou a portantes povoados no interior de Santa Catarina e Paraná.
ter salvo-conduto em áreas ocupadas e exploradas desde a União 7) Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açucareiras,
Ibérica por expedições com origem no Brasil. conforme determinava a Coroa no início da colonização, permitiu
3) Crise açucareira (séc.XVII): a crise açucareira no Brasil impul- o desenvolvimento de fazendas pecuaristas no interior nordestino,
sionou a busca por novas riquezas no interior. A procura por metais principalmente durante a invasão holandesa, quando a expansão
preciosos, pelo extrativismo vegetal na Amazônia e por mão-de-o- canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. A expansão da pe-
bra escrava indígena foram alguns dos focos principais das expedi- cuária para o interior de Pernambuco seguiu a rota do Rio São Fran-
ções exploratórias intensificadas no século XVII. cisco até alcançar Minas Gerais no início do século XVIII, quando a
pecuária passou a abastecer muito mais as cidades mineradoras do
As atividades exploratórias do interior que os engenhos.
1) Entradas: expedições patrocinadas pela Coroa com intuito
de procurar metais, fundar povoados, abrir estradas etc. Invasões estrangeiras
2) Bandeiras: expedições particulares que partiam de São Vi- Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques, ataques e
cente com o intuito de explorar riquezas no interior. As bandeiras ocupações de países europeus. Estes ataques ocorreram na região
podem ser classificadas em três tipos: litorânea e eram organizados por corsários ou governantes euro-
a) Bandeiras de prospecção: procuravam metais preciosos peus. Tinham como objetivos o saque de recursos naturais ou até
(ouro, diamantes, esmeraldas etc); mesmo o domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e
b) Bandeiras de apresamento ou preação: capturavam índios holandeses foram os povos que mais participaram destas invasões
no interior para vendê-los como escravos. Os principais alvos do nos primeiros séculos da História do Brasil Colonial.
apresamento indígena foram as missões jesuíticas, onde os índios já
se encontravam em acentuado processo de aculturação pela impo- - Invasões francesas
sição de uma cultura europeia caracterizada pelo catolicismo, pelo Comandados pelo almirante francês Nicolas Villegaignon, os
regime de trabalho intenso e pela língua vernácula (português ou franceses fundaram a França Antártica no Rio de Janeiro, em 1555.
espanhol). Foram expulsos pelos portugueses, com a ajuda de tribos indígenas
c) Bandeiras de sertanismo de contrato: expedições contrata- do litoral, somente em 1567.
das por donatários, senhores de engenho ou pela própria Coroa Em 1612, sob o comando do capitão da marinha francesa
para o combate militar a tribos indígenas rebeldes e quilombos. O Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade de São Luis
exemplo mais importante foi a bandeira de Domingos Jorge Velho, (Maranhão), criando a França Equinocial. Foram expulsos três anos
responsável pela destruição do Quilombo de Palmares. depois.
3) Monções: expedições comerciais que partiam de São Paulo Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram novamen-
para abastecer as áreas de mineração do interior. te, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de Janeiro.
4) Missões jesuíticas: arrebanhavam índios de várias tribos,
principalmente daquelas já desmanteladas pela ação das bandeiras - Invasões holandesas
de apresamento. Os índios eram reunidos em aldeamentos chefia- As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram atacadas
dos pelos padres jesuítas, que impunham a esses índios uma dura pelos holandeses no ano de 1599.
disciplina marcada pelo regime de intenso trabalho e educação Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holandeses. Com
voltada à catequização indígena. As principais missões jesuíticas a ajuda dos espanhóis, os portugueses expulsam os holandeses da
portuguesas se concentravam na Amazônia e tinham como base Bahia em 1625.
econômica a extração e a comercialização das chamadas “drogas do Em 1630 tem início o maior processo de invasão estrangeira no
sertão”, isto é, especiarias da Amazônia como o cacau e a baunilha. Brasil. Os holandeses invadem a região do litoral de Pernambuco.
As principais missões espanholas em áreas atualmente brasileiras Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no litoral do
se situavam no sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte.
hoje figura um importante patrimônio arquitetônico na região de O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em Pernambu-
Sete Povos das Missões. A base econômica dessas missões era a co, em 1637, com o objetivo de organizar e administrar as áreas
pecuária, favorecida pelas gramíneas dos Pampas. invadidas.
5) Mineração: atividade concentrada no interior, inclusive em
áreas situadas além dos antigos limites de Tordesilhas, como as mi-
nas de Goiás e Mato Grosso. A mineração nessas áreas, principal-

43
CONHECIMENTOS GERAIS

Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os holande- Urbanização e pobreza
ses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurreição Pernambucana. A intensa urbanização nas principais capitais de províncias do
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na famosa e Império do Brasil no século XIX, não estava associado ao desenvol-
sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a expulsão definitiva dos vimento de grandes indústrias. As cidades brasileiras que foram
holandeses ocorreu no ano de 1654. antigas sedes da administração colonial portuguesa acabaram con-
servando muitas das suas tradicionais funções burocráticas e co-
- Invasões inglesas merciais.
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas Cavendish, Geralmente explica-se o decréscimo populacional do Nordeste
ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, por quase três meses, e o consequente “inchamento” do Sudeste, especialmente o Rio de
as cidades de São Vicente e Santos. Janeiro pela decadência da região algodoeira e açucareira nordesti-
na, contrapondo-se à expansão da agricultura cafeeira e da econo-
A crise do Sistema Colonial mia industrial do sul, fatores estes que explicariam pelo menos em
A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial come- parte a grande onda de migrações internas do período.
çou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos da transforma- Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século XIX,
ção econômica desencadeada pela Revolução Industrial nos países houve um acentuado crescimento demográfico, impulsionado pela
mais desenvolvidos economicamente da Europa. Nestes países, o chegada constante de estrangeiros, principalmente portugueses.
capitalismo deixava o estágio comercial e encaminhava-se para a Outras cidades também sofreram mudanças consideráveis em
etapa industrial. suas estruturas urbanas, sofreram também um considerável cres-
Portugal neste período se encontrava em profunda crise e de- cimento demográfico; respeitando-se, é claro, as especificidades
pendia fortemente da política econômica inglesa. Neste cenário o econômicas locais.
capitalismo industrial inglês acabou entrando em choque com o co- As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador e Recife
lonialismo mercantilista português. constituíram-se dos principais cenários de reformas urbanas e da
O principal ponto deste choque se dava em torno das principais atuação dos poderes públicos com o objetivo viabilizar o ordena-
características da economia colonial: o monopólio comercial e o re- mento do espaço urbano.
gime de trabalho escravista. Era necessária a criação de mercados Neste período as classes dominantes imperiais buscavam des-
livres para que os donos de indústria pudessem ter um maior nú- vincular-se da imagem de atraso colonial, buscava-se a ordem na
mero de mercados consumidores. Com relação à escravidão, o capi- sociedade e nas cidades.
talismo industrial defendia o seu fim e substituição pela mão-de-o- A vida urbana intensificava-se, a imponência e riqueza se tra-
bra assalariada para que se ampliasse o seu mercado consumidor. A duzia na construção dos prédios públicos que refletiam o desejo
abolição da escravidão no Brasil acabou se dando de forma tardia, de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios pertencentes à
mas os ingleses acabaram se adaptando à situação. administração provincial contrastavam com a arquitetura barroca e
colonial dos estabelecimentos religiosos.
A chegada da família real portuguesa ao Brasil e o início do Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às melho-
Período Imperial res moradias ou desfrutassem dos confrontos proporcionados pela
Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e econô- vida na cidade. Pelo contrário, a maioria da população, constituída
micas tiveram seu ápice com a chegada da família rela portuguesa em sua maioria de negros e mestiços, vivia no limiar da pobreza.
ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa. Políticas de intervenção urbana se intensificaram por volta de
Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e a corte 1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de bondes, praças,
portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de 1808. Um mês parques, construção de prédios públicos, instalação de fábricas e
depois, a corte se transferiu para o Rio de Janeiro, onde instalou-se políticas de saneamento e saúde pública passaram a integrar o co-
a sede do governo. tidiano urbano.
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com o mo- Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho, novos me-
nopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de 1808, D. João de- canismos de sobrevivência. A população sai do campo em busca de
cretou a abertura dos portos às nações amigas. Sendo a Inglaterra a melhores oportunidades e, em sua maioria, acaba ocupando uma
principal beneficiária da abertura dos portos, pois pagaria menores esfera marginal da vida econômica e social da cidade.
taxas sobre seus produtos no mercado brasileiro em relação às ou- Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a sociedade
tras nações, inclusive Portugal. acabam por surgir novos elementos reguladores da conduta urba-
O governo de D. João foi responsável pela implantação de di- na. Neste sentido surgem os asilos para loucos, reformatórios e
versas estruturas culturais, sociais e urbanas inexistentes no Brasil abrigos para pessoas da rua. O discurso higienista começa a ganhar
como: a fundação da Academia Militar e da Marinha; criação do en- adeptos e a medicalização da sociedade de torna evidentemente
sino superior com a fundação de duas escolas de Medicina; criação necessária para a elite. Prostitutas, mendigos, loucos e crianças de
do Jardim Botânico; inauguração da Biblioteca Real; fundação da rua, vão ser constantemente vigiados e reprimidos nas suas idas e
imprensa Régia; criação da Academia de Belas-Artes. vindas pela cidade.
Mas a transformação mais forte se deu na forma de se viver A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros “exclu-
o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de mineração, o ídos” da política urbana. As novas praças, ruas e prédios não são
Brasil nunca deixara efetivamente de ser um país rural. para todos, muitas mulheres precisavam trabalhar nas ruas para
ajudar no sustento da família e muitas vezes tinham seus movimen-
tos pela cidade impedidos pelas normas de conduta vigentes. A vi-

44
CONHECIMENTOS GERAIS

gilância sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mulher assumem A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres bra-
caráter científico e caráter de importância fundamental para o bom sileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras.
funcionamento da sociedade. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às inten-
Sob o discurso da racionalidade científica e dos conceitos de or- ções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas
dem e progresso que se desejavam implantar, os poderes públicos em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas,
procuravam transformar e modernizar as cidades, além de atingir o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades
também os hábitos e costumes da população moldando-os, sob es- militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagra-
truturas repressoras a uma imagem de salubridade e modernidade. daram bastante as Cortes de Portugal.
A maioria destes discursos continua, talvez com ainda mais força, Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigi-
durante a primeira República e desta vez, com a tônica de romper ram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil
com o “atraso” da Monarquia. ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A
ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira
Independência do Brasil para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, dese- período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e co-
nhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I pro- merciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro
clamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. I à líder da independência brasileira.
De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação in- No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua
dependente, devemos perceber como as transformações políticas, força máxima, os defensores da independência organizaram um
econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Cor- grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro
te Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da indepen- no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em
dência. 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente
grande importância para que possamos iniciar as justificativas da assinalou qual era seu posicionamento político.
nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tra- Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-
tou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se com- -independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre
prometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom
a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de Pedro e defensor de um processo de independência conservador
chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pe-
portos brasileiros às demais nações do mundo. dro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
um primeiro “grito de independência”, onde a colônia brasileira não Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política
mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a
pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exi-
comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver gindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de inva-
um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado são militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao
em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em
nossas elites. viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de
Para fora do campo da economia, podemos salientar como a 1822, às margens do rio Ipiranga.
reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embele-
zamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital Primeiro Reinado
da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico do
ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se Brasil após a independência. Esse período se inicia com a declara-
a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a ção da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831, com a
insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da admi- abdicação do imperador.
nistração de Lorde Protetor do exército inglês. Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um 7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão das elites por-
movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam tuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica co-
abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contex- lonial, resistiu o quanto pôde, procurando resguardar os privilégios
to que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros dados aos lusitanos em terras brasileiras.
políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa re-
Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portu- sistência dão ao monarca um aumento considerável de prestígio e
guesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do poder.
rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia. Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar
Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assem- e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao mesmo
bleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, as prin- tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas
cipais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retor- revolucionárias que já estavam acontecendo no Brasil.
nasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas
em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu
do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe
regente do Brasil.

45
CONHECIMENTOS GERAIS

A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira ten- Política externa no Primeiro Reinado – A aceitação da indepen-
tativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompatibilidade en- dência do Brasil foi gradual. Vale destacar o caso de Portugal, que
tre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tentativa, só reconheceu a independência brasileira após receber a indeniza-
a Constituição é promulgada em 1824, a primeira do Brasil inde- ção de 2 milhões de libras esterlinas, paga através de empréstimo
pendente. concedido ao Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o Brasil pagou pela in-
Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o dependência que já havia conquistado, o que gerou grandes dívidas
poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais, manobran- externas com a Inglaterra.
do, portanto, o legislativo, além de eliminar cargos quando necessá-
rio, instituir ministros e senadores com poderes vitalícios e indicar Período Regencial
presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do Chamamos de período regencial o período entre a abdicação
poder de decisão nas mãos do imperador e evidenciavam um cará- de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do Brasil, compreen-
ter despótico e autoritário de um governo que prometeu ser liberal. dendo os anos de 1831 a 1840.
Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria o trono
insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país recém in- seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de D. Pedro II, ainda
dependente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equador. criança à época não obedecia as determinações de maioridade da
Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos revoltosos contra o Constituição. Nesse sentido, se tornou clara a necessidade da Re-
governo foram reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar gência, um governo de transição que administraria o país enquanto
sua insatisfação com os rumos do país. o imperador ainda não tivesse idade suficiente para governas. A re-
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplatina, que gência seria trina, a princípio, formada por membros da Assembleia
transformou essa antiga parte da colônia no independente Uruguai Geral (Senado e Câmara dos deputados). Nesse sentido e diante da
em 1828. Essa guerra causa danos ao país, tanto políticos quanto situação do país, a adoção da regência provisória era questão de
econômicos. Com problemas com importações, baixa arrecada- urgência.
ção de impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos por causa O período regencial foi dividido em duas partes: Regência Trina
da extensão do território e a produção agrícola em baixa, causada (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840). Naquele momento, a
por uma crise internacional, a economia brasileira tem uma queda Assembleia possuía três grupos: Moderados (maioria, representa-
acentuada. vam a elite e era defensores da centralização), Restauradores (de-
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um grande emba- fendiam a restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
te quanto a sucessão do trono português. Diante de reivindicações diam a descentralização do poder).
de brasileiros e portugueses, Dom Pedro abdica em favor da filha, A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo
D. Maria da Glória. No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos, repre-
de Estado e usurpa o poder da irmã. sentante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos Vergueiro,
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras para solu- representando os liberais moderados e o brigadeiro Francisco de
cionar o embate e restituir o poder à filha. Esse fato irrita os brasi- Lima e Silva que representava os setores mais conservadores dos
leiros, uma vez que o Imperador está novamente priorizando os as- militares, sobretudo no Exército.
suntos de Portugal em detrimento do Brasil. Essa “reaproximação’ Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Regência Trina
entre Portugal e Brasil incomoda e gera temor de uma nova época Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela Assembleia Ge-
de dependência. Com isso, o Imperador perde popularidade. ral. Era composta pelo já integrante da Regência Provisória, Francis-
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, jornalis- co de Lima e Silva, o deputado moderado José da Costa Carvalho e
ta conhecido e desafeto do imperador. Naturalmente, as suspeitas João Bráulio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência.
pelo atentado sofrido pelo jornalista recaem no governante luso- Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o padre Diogo
-brasileiro. Esse episódio faz a aprovação do Imperador cair ainda Antônio Feijó.
mais junto da população. Um momento delicado acontece quando No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda enfrenta
o Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pelos minei- sérios problemas de governabilidade. A oposição entre restaurado-
ros por conta desse assassinato. Portugueses no Rio de Janeiro ime- res e exaltados de um lado e os regentes do outro torna o cenário
diatamente respondem aos mineiros, se mobilizando em favor do político bastante delicado. Por segurança contra os excessos, Diogo
imperador. As ruas do Rio de Janeiro testemunham momentos e Feijó cria a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de
atos de desordem e agitação pública. aristocratas em sua formação.
Nesse momento, duas das mais importantes categorias de A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos internos, mui-
sustentação do regime também retiram seu apoio. A Nobreza e o tos separatistas, eclodem pelo país. A Cabanagem, no Pará dá início
Exército abandonam o Imperador e tornam a situação política in- à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a
sustentável. Sabinada e a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Mara-
Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou do cargo nhão.
de imperador em abril de 1831, deixando o Brasil sob comando da No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cenário político.
Regência enquanto seu filho Pedro de Alcântara, de 5 anos, atingia A assembleia passa a abrigar a disputa entre progressistas defenso-
a maioridade. res do diálogo com os revoltosos e regressistas, adeptos da repres-
são às mesmas revoltas.
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de 1834. Por
esse documento, denominado “Ato Adicional”, conquista-se um
“avanço liberal”, substituindo a Regência Trina pela Regência Una.

46
CONHECIMENTOS GERAIS

Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antônio Fran- membros das elites econômicas e intelectuais passaram a compre-
cisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre Diogo ender a república como um passo necessário para a modernização
Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a disputa por apertada das instituições políticas nacionais.
margem de votos. Feijó sobe ao poder em 1835, mas tem governo O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu no
breve, deixando o poder em 1837, ainda que eleito para o período ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação de
de 4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta de re- todos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos escra-
cursos e isolamento político. vocratas, último pilar que sustentava a existência do poder imperial.
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada por Pedro No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e o
de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos liberais e se elege Re- Império foi suficiente para que um quase encoberto golpe militar
gente Uno em 19 de setembro de 1837 – fortalecimento da centrali- estabelecesse a proclamação do regime republicano no Brasil.
zação política. A disputa com os liberais gera, entre outras medidas,
a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com A crise no Império
o chamado “golpe da maioridade”. O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro Pre-
A contenda entre liberais e conservadores traz desconfiança to”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal Visconde do Ouro
para a elite, que prefere centralizar o poder, apoiando a posse de D. Preto, assim que assume em junho de 1889 propõe um programa
Pedro II. Os Liberais criam o “Clube da Maioridade” e fazem propa- de governo com reformas profundas no centralismo do governo im-
ganda pela maioridade antecipada de D Pedro II. perial. Pretendia dar feição mais representativa aos moldes de uma
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria a Cons- monarquia constitucional, contemplando aos republicanos com o
tituição e aprova a Declaração de Maioridade em 1840, quando D. fim da vitaliciedade do senado e adoção da liberdade de culto. Ouro
Pedro II tem apenas 14 anos de idade. Preto é acusado pela Câmara de estar dando inicio à República e
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para conser- se defende garantindo que seu programa inutilizaria a proposta da
vadores e liberais, controlar D. Pedro II em proveito próprio garan- República. Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal
tindo assim seus privilégios. por não discutir o problema do Federalismo.
Os problemas no Império estavam em várias instâncias que da-
Segundo Reinado vam base ao trono de Dom Pedro II:
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda fase da - A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica frente
história do Brasil monárquico, época em que o país esteve sob a ao Padroado exercido por D. Pedro II que interferia em demasia nas
liderança de Dom Pedro II. decisões eclesiásticas.
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades enfrentadas - O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo escalão
por D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil recém indepen- do Exército Brasileiro pela determinação de D. Pedro II que os im-
dente e, ao mesmo tempo, garantir sua influência em Portugal, a pedia de manifestar publicamente nos periódicos suas críticas à
responsabilidade de comandar o Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que monarquia.
assume o poder com apenas 15 anos de idade. - Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre os
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro grandes fazendeiros um clamor pela República, conhecidos como
II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao expresso Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela decisão monárqui-
apoio dos liberais. Nessa época, a eclosão de revoltas em diferente ca do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros
parte do território brasileiro e a clara instabilidade política possibili- paulistas que já importavam mão de obra imigrante, também estão
tou sua chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais contrários à monarquia, pois buscam maior participação política e
importante figura política do país por praticamente cinco décadas. poder de decisão nas questões nacionais.
Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom Pedro • A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão bus-
II teve habilidade suficiente para negociar com as demandas polí- cam maior participação política e encontram no sistema imperial
ticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos partidos da um empecilho para alcançar maior liberdade de econômica e poder
época, percebeu que a divisão de poderes seria um meio eficiente de decisão nas questões políticas.
para que as antigas disputas fossem equilibradas. Não por acaso,
uma das mais célebres frases de teor político dessa época concluía A escravidão no Brasil
que nada poderia ser mais conservador do que um liberal no poder. As viagens dos europeus à África e Ásia fizeram com que os
Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova situação negros participassem do sistema econômico vigente na época, não
que a economia brasileira experimentou. O aumento do consumo de uma maneira igualitária como mercadores, mas como escravos
do café no mercado externo transformou a cafeicultura no susten- a serviço dos seus donos. A partir de então, os negros passaram a
táculo fundamental da nossa economia. Mediante o fortalecimento ser levados para terra que estavam sendo descobertas, tanto para
da economia, observamos que o café teve grande importância para as colônias europeias como as colônias na América. E com isto, che-
o desenvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos que garam os negros no Brasil, para devastar matas, cuidar da roça, do
a economia industrial trilhou em terras brasileiras. gado, trabalhar na cana de açúcar e dinamizar a economia da época
Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial entrou Neste sentido, os negros foram fortes colaboradores para a
em declínio com o desenrolar de várias transformações. O fim do economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas no impulso di-
tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as contendas reto da dinamização do sistema econômico. No ciclo da mineração,
com militares e religiosos e a manutenção do escravismo foram o trabalho era árduo e impiedoso, na busca de satisfazer os desejos
questões fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente, ambiciosos dos Reis de Portugal que objetivavam única e exclusi-
vamente, extrair os minérios existentes no País. Eram quilômetros
e quilômetros de mata a dentro, passando todo tipo de miséria e

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CONHECIMENTOS GERAIS

sofrimento, com o ficto de se conseguir minerais preciosos. Do mes- A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhuma pie-
mo modo, aconteceu na época do ciclo da cana de açúcar e, em fim, dade pela classe dominante, porque só queriam extrair ao máxi-
de toda economia, com uma escravidão de negros, de participação mo possível, o retorno sobre seu capital empregado. Mas, interna-
tão ativa e indesprezível. cionalmente, a utilização e o tráfico de escravos já estavam sendo
O negro não tinha direito a nada unicamente a ração diária e combatidos, desde 1462 quando o Papa PIO II publicou a sua Bula
um cantinho simples para dormir. A vida do negro era o trabalho, o de 7 de outubro deste mesmo ano. Toda trajetória de escravidão
máximo possível, para retornar de maneira eficaz os custos imputa- do negro já vinha sendo combatida de maneira muito intensa, mas
dos na compra de um negro trabalhador. ecoava pouco nos países ou colônias subdesenvolvidas. É tanto que
A relação feitor-negro era o mesmo que máquina e quem a Portugal eliminou a escravidão em seu território e continuou pra-
comanda, com uma diferença, é que o negro não tinha nenhum ticando seu ato de selvageria em outros lugares que estravam sob
privilégio e a máquina tem a seu favor a limpeza de manutenção, seu domínio e ai está o Brasil.
entretanto, o negro tinha como recompensa, as chicotadas e o cas- Diante de tantos sofrimentos, a Nação brasileira começava a
tigo. O tratamento recebido do patrão era de tamanho desprezo e dar os primeiros passos no sentido de abolir os escravos brasileiros.
distanciamento, porque branco é branco e negro é negro, e o que Esse trabalho foi lento e acima de tudo, não obedecendo as Leis
resta por último é o trabalho e o conforto, somente na hora da dor- internacionais de abolição da escravatura. Portugal declara extinta
mida, poucas horas. a escravidão negra nas ilhas de Madeira e dos Açores e, pela Lei de
A escravidão de negros não pode sobreviver por muito tempo, 16 de janeiro de 1773, declaravam livres os recém-nascidos de mu-
partiu-se para escravizar índios, mas este não aguentou este méto- lher escrava desta Nação - Lei do Ventre Livre. No Brasil continua do
do de trabalho, tendo em vista o ritmo da atividade e a dependên- mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807 ficou proibido o tráfico de
cia que estava submetido o escravo. Nesta hora o negro mostrou escravos com barcos ingleses e entrada de escravos nas possessões
que só ele serviria para tal atividade, por causa de sua robusteza e inglesas, mesmo havendo um grupo denominado “Abolition Socie-
resistência de sua pele, que aguentava sol causticante, com poucos ty” fundada em 1787 que não podia avançar muito.
problemas para sua saúde física. O negro na economia era o tra- No Brasil, a abolição foi implantada vagarosamente, mesmo
balho desqualificado. Era o trabalho bruto, quer dizer, não era um existindo uma proibição internacional contra o tráfico negreiro,
trabalho que usasse a inteligência, pois não era do interesse de seu como as normas de 19 de fevereiro de 1810, implementada em
proprietário, educá-lo para atividades de servidão e total subordi- 1815, com mais adições em 1817 e realmente posta em prática em
nação ao seu senhor. 1826, onde foi criada uma Comissão internacional luso-inglesa que
Falando-se da importância do negro na economia brasileira, ficariam, uma na África, outra na Serra Leoa e outra no Brasil, para
Pandiá CALÓGERAS, em seu livro intitulado “Formação Histórica coibir o tráfico negreiro. Não foi desta vez que foi extinta a escra-
do Brasil” fez uma síntese das causas principais dessa atividade na vidão, mas a luta continuava empunhada pelos abolicionistas que
economia, quando coloca: o Brasil, não tendo ainda revelado ha- tanto se dedicaram pela causa do negro que era acima de tudo,
veres minerais, só podia ser colônia agrícola. Os portugueses, por sentimental. Entretanto, foi a 13 de maio de 1888 que a escravidão
demais escassos, não possuíam braços bastantes para o cultivo de foi eliminada para sempre no País.
suas fazendas nem para a extração do pau-brasil. Saída única para A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por pura
tais dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer meios, traba- bondade da Princesa Isabel, mas das dificuldades que atravessava
lhadores baratos do viveiro aparentemente inesgotável da popula- o país na obtenção do negro e nos custos que eles imputavam. O
ção regional. Essa foi a origem do negro na economia do país e que momento internacional exigia uma mudança na estrutura produtiva
durou muito tempo. predominante no Brasil, devido inovações que foram ocorrendo e a
O negro na economia brasileira, como em qualquer outra eco- necessidade do mercado internacional se abrir para a tecnologia. A
nomia que usava o negro como mão-de-obra escrava, era tratado forma de escravidão já não era lucrativa e a substituição pelo assala-
como uma mercadoria que era vendável, como bem retrata este riamento seria mais viável às condições patronais de rentabilidade.
anúncio da época: compram-se escravos de ambos os sexos, com Sendo assim, o negro não tinha condições de participar do processo
ofício e sem ele, e paga-se bem contanto que sejam boas pessoas, produtivo com custos compatíveis com a situação empresarial.
na rua do Príncipe no 66 loja ou então este: quem tiver para vender A escravidão foi eliminada somente no aspecto de compra e
um casal de escravos, dirija-se a rua do Príncipe no Armazém de venda de escravos para o trabalho cotidiano na roça, nas casas par-
Molhados no 35 que achará com quem tratar. Desta forma, os jor- ticulares, ou em qualquer trabalho que seus donos quisessem. A
nais da época anunciavam constantemente transações de compra e escravidão foi substituída pelo assalariamento que não é muito, só
venda de seres humanos, como se fossem produtos que vendidos, com diferença na forma de dependência, mas o processo de servi-
pudessem passar de mão em mão sem nenhum poder de reação. dão é o mesmo, miserável e impiedosa. A escravidão agora deixou
Desta forma, pergunta-se normalmente, quais as origens do de ser unicamente do negro e passou a ser de negros e brancos,
negro no território Brasileiro? Para esta pergunta, pode-se citar um entretanto, o negro traz consigo o pior, a discriminação, o estigma.
trecho de Walter F. PIAZZA40 (1975) quando escreveu que “Entre- O País precisa de tomar consciência da situação do negro e intro-
tanto, conseguimos, em buscas nos arquivos eclesiásticos, anotar as duzi-lo na sociedade de igual com os brancos, pois são todos seres
seguintes “nações” de origem dos elementos africanos que povoa- humanos e mortais.
ram Santa Catarina: “congo”, “moçambique”, “cabinda”, “angola”, Finalmente, a abolição aconteceu por conveniência circunstan-
“costa da guiné” e rebolla”, ou então “mina”, “benguella” e “monjo- cial do momento, não deixando de continuar a escravidão sobre os
lo””. Esses países de origem foram encontrados no Arquivo Históri- negros de maneira geral. Os longos anos de subordinação criaram
co - Eclesiástico de Florianópolis do ano de 1821-1822, os jornais “O um estigma de negro sobre branco que não é uma simples Lei Impe-
Argos” no 154 de 1857 e no 857 de 1861 e “O Despertador” no 77 rial que vai torná-los iguais perante a sociedade. Criou-se na cultura
de 1863, onde isto pode ser extrapolado para o país. universal, em especial, nos países pobres que negro é negro e bran-

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CONHECIMENTOS GERAIS

co é branco e não há quem mude este estado de coisas. Portanto, BRASIL REPÚBLICA
deve-se ficar claro que o negro é um ser humano cheio de virtudes A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de
e defeitos que devem ser aplaudidos e reprovados do mesmo modo novembro de 1889. Resultado de um evante político-militar que
que os brancos, banindo de uma vez por todas as diferenciações deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica marcada a fi-
que existem entre negros e brancos ou vice-versa. gura de Marechal Deodoro da Fonseca como responsável pela efeti-
va proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira
Revoltas e Quilombos em um governo provisório (1889-1891).
Uma questão que marcou o período colonial, mas também o Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai
período imperial brasileiro foi a escravidão africana. A luta desses (1864-1870), comandando um dos Batalhões de Brigada Expedicio-
povos africanos no Brasil contra o trabalho compulsório foi uma das nária. Sempre contrário ao movimento republicano e defensor da
mais significativas na história do nosso país por mais de trezentos Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com seu sobrinho
anos. Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os
No desenvolvimento do regime escravocrata no Brasil, obser- seus problemas a Monarquia continuava sendo o “único susten-
vamos que os negros trazidos para o espaço colonial sofriam um táculo” do país, e a república sendo proclamada constituiria uma
grande número de abusos. A dura rotina de trabalho era geral- “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados
mente marcada por longas jornadas e a realização de tarefas que para ela.
exigiam um grande esforço físico. Dessa forma, principalmente nas
grandes propriedades, observava-se que o tempo de vida de um A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos milita-
escravo não ultrapassava o prazo de uma década. res que se veriam a partir de então como os defensores da Pátria
Quando não se submetiam às tarefas impostas, os escravos brasileira. A República foi proclamada por um monarquista. Deodo-
eram severamente punidos pelos feitores, que organizavam o tra- ro da Fonseca assim como parte dos militares que participaram da
balho e evitavam a realização de fugas. Quando pegos infringindo movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novem-
alguma norma, os escravos eram amarrados no tronco e açoitados bro pretendiam derrubar apenas o gabinete do Visconde de Ouro
com um chicote que abria feridas na pele. Em casos mais severos, as Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente,
punições poderiam incluir a mutilação, a castração ou a amputação Deodoro age por acreditar que haveria represália do governo mo-
de alguma parte do corpo. De fato, a vida dos escravos negros no nárquico com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à insur-
espaço colonial era cercada pelo signo do abuso e do sofrimento. gência dos militares.
Entretanto, não podemos deixar de salientar que a população A população das camadas sociais mais humildes observam atô-
negra também gerava formas de resistência que iam contra o siste- nitos os dias posteriores ao golpe republicano. A República não fa-
ma escravista. Não raro, alguns escravos organizavam episódios de vorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a par-
sabotagem que prejudicavam a produção de alguma fazenda. Em ticipação desses na ação efetiva. O Império, principalmente após
outros casos, tomados pelo chamado “banzo”, os escravos aden- a abolição da escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e
travam um profundo estado de inapetência que poderia levá-los à mesmo uma gratidão pela libertação. Há então um empenho das
morte. classes ativamente participativas da República recém-fundada para
Não suportando a dureza do trabalho ou a perda dos laços afe- apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis repu-
tivos e culturais de sua terra natal, muitos negros preferiam atentar blicanos e símbolos que garantissem que a sociedade brasileira se
contra a própria vida. Nesse mesmo tipo de ação de resistência, algu- identificasse com o novo modelo Republicano Federalista.
mas escravas grávidas buscavam o preparo de ervas com propriedades
abortivas. Além disso, podemos salientar que o planejamento de em- A Maçonaria e o Positivismo
boscadas para assassinar os feitores e senhores de engenho também O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal
integrava esse corolário de ações contra a escravidão. Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal Floriano Peixoto
Segundo a perspectiva de alguns estudiosos, as manifestações como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quin-
culturais dos negros também indicavam outra prática de resistên- tino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio
cia. A associação dos orixás com santos católicos, a comida, as lutas Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na
(principalmente a capoeira) e as atividades musicais eram outras nata gestora da República eram membros regulares da Maçonaria
formas de se preservar alguns dos vínculos e costumes de origem Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre
africana. Com o passar do tempo, vários itens da cultura negra se as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais
consolidaram na formação cultural do povo brasileiro. da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republica-
Do ponto de vista histórico, os quilombos foram a estratégia no, principalmente no que tange o Direito.
de resistência que melhor representou a luta contra a ordem es- A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente prin-
cravocrata. Ao organizarem suas fugas, os negros formaram comu- cipalmente na construção dos símbolos da República. Desde a
nidades no interior das matas conhecidas como quilombos. Nesses produção da Bandeira Republicana com sua frase que transborda
espaços, organizavam uma produção agrícola autônoma e formas a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”, ou no uso
de organização sociopolítica peculiares. Ao longo de quatro séculos, dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana.
os quilombos representaram um significativo foco de luta contra a Positivistas Ortodoxos como Miguel Lemos e Teixeira Mendes fo-
lógica escravocrata. O quilombo mais famoso foi o de Palmares, ram os principais ativistas, usando das alegorias femininas e o mito
localizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, tendo do herói para fortalecer entre toda a população a crença e o amor
como grande líder Zumbi. pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão plena-
mente em sua missão política de fortalecimento da República que

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CONHECIMENTOS GERAIS

apesar de ridicularizados por seus opositores não esmorecem e Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em favor de seu,
seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos, Floriano Peixoto, que mantém um regime linha dura contra oposito-
mitos e alegorias. res. Realiza uma verdadeira campanha de combate aos revoltosos
A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas da Segunda Revolta da Armada, assim como aos revoltosos Fede-
de controle social, nem mesmo há mudanças na pirâmide econômi- ralistas no Rio Grande do Sul, recebe a alcunha de “Marechal de
ca, onde se agrupam na base o motor da economia, e onde estão Ferro” devido essas ações.
presentes os extratos mais pobres da sociedade, constituída prin-
cipalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas cama- No entanto, a República da Espada chegava ao fim após reali-
das mais altas dessa pirâmide econômica organizam-se oligarquias zar uma transição necessária aos interesses das elites, pacificaram
locais que assumem o poder da máquina pública gerenciando os e garantiram a ordem para que assumissem o comando aqueles
projetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao qual que viriam a se estabelecer, não apenas como elite econômica,
pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças mas também como lideranças políticas no cenário republicano. Os
com a Proclamação da República, o que há de imediato é a abertu- militares deixam a política ainda com sentimento de guardiões da
ra da política aos homens enriquecidos, principalmente pela agri- República (serão chamados ao ofício da garantia da Ordem diversas
cultura. Enquanto o poder da maquina pública no Império estava vezes no decorrer da história republicana brasileira). Mas o sistema
concentrado na figura do Imperador, que administrava de maneira Liberal proposto em teoria pelas elites vitoriosas seguiria, e a partir
centralizadora as decisões políticas, na República abre-se espaço de de 1894 a República deixaria de ser um aparato ideológico para tor-
decisão para a classe enriquecida que carecia desse poder de deci- nar-se instrumento de poder nas mãos das Oligarquias.
são política.
Republica Oligarquica
Republica das espadas e republica oligárquica Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se um
A República brasileira proclamada em novembro de 1889 nasce novo período na história política do Brasil: o poder político passou
de um golpe militar realizado de maneira pacífica pela não resistên- a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente as oligar-
cia do Imperador D. Pedro II que sai sem grandes problemas e se quias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido pelas oligar-
exila na Europa. quias não aconteceu logo em seguida à proclamação da República
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presidência da – os dois primeiros governos (1889-1894) corresponderam à cha-
República em um governo provisório. Deodoro era declaradamen- mada República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob o comando
te monarquista, amigo de D. Pedro II, mas por acreditar que have- do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o país durante o
ria uma retaliação do Império contra a movimentação insurgente Governo Provisório (1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Mare-
do exército contra o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resolve chal Floriano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até 1894.
apoiar a causa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, Mare- No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a oli-
chal Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao Imperador e grita garquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir o po-
“«Viva Sua Majestade, o Imperador!», esse momento será lembra- der e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto.
do posteriormente como o momento da Proclamação da República. Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de março de
O primeiro momento da República brasileira é marcada pelo au- 1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista
toritarismo militar, visto que são esses que ficam responsáveis por (PRP). A partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito
manter a ordem e garantir a estabilidade para o novo sistema que às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período
vislumbram para o Brasil. Através do princípio Liberal havia chances conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio político
de que a partir desse momento um novo pacto social se estabe- presidencial durante esse intervalo de tempo prevaleceu entre São
lecesse no Brasil, com participação ampla das camadas populares, Paulo e Minas Gerais, efetivando a política do café-com-leite.
mas isso não ocorre. Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902), a
O que acontece é a conservação e até o aumento da exclusão República Oligárquica efetivou o que marcou fundamentalmente a
social mediante ações influenciadas pelo pensamento positivista Primeira República: a chamada política dos governadores, que se
onde militares acreditavam que com autoritarismo poderiam man- baseava nos acordos e alianças entre o presidente da República e
ter a ordem e levar o Brasil ao progresso, ideais do Positivismo. Três os governadores de estado, que foram denominados Presidentes
mandatos marcam a República da Espada: o primeiro, Governo Pro- de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo
visório de Deodoro da Fonseca que faz a transição e sai garantindo federal; em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições
a primeira eleição de forma indireta, apesar do dispositivo da Cons- locais (estaduais).
tituição de 1891 prever eleições diretas. Eleito sem participação po- Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à pre-
pular pelo Congresso Nacional Deodoro da Fonseca assume então sidência da República do governo federal pelos governadores dos
com vice Marechal Floriano Peixoto. estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo: o título de
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da República coronel surgiu no período imperial, mas com a proclamação da Re-
e fecha o Congresso, a fim de garantir seus poderes frente à “Lei de pública os coronéis continuaram com o prestígio social, político e
Responsabilidade”, anteriormente aprovada pelo congresso devido econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de suas
à crise econômica. Dá inicio então a um governo ditatorial que é propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam
precipitado pela ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de Ja- o mandonismo sobre a população.
neiro feito pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomentado Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favores,
pela Marinha Brasileira). mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de afilhados
políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente, sob a tutela
dos coronéis, os afilhados eram as principais articulações políticas.

50
CONHECIMENTOS GERAIS

Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava revolta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas,
todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conheci- em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco
dos como “currais eleitorais”). (1710) e a Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependentes) Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se localiza
dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (coronel) o marco inicial destes movimentos.
apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido como
voto de cabresto, presente durante toda a Primeira República, e foi Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos.
o que manteve as oligarquias rurais no poder.
Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter agro- - Em 1562 - Confederação dos Tamoios
exportador e o principal produto da economia brasileira era o café. A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma revolta de
No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, a uma coligação de tribos indígenas - com o apoio dos franceses que
economia cafeeira brasileira enfrentou uma enorme crise, pois as haviam fundado a França Antártica - contra os portugueses. O mo-
grandes estocagens de café fizeram com que o preço do produto vimento foi pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e
sofresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior crise José de Anchieta.
financeira brasileira durante a Primeira República.
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder após - Em 1645 - Insurreição Pernambucana
um golpe político que liderou juntamente com os militares brasilei- Revolta da população nordestina (a partir de 1645) contra o
ros. Os motivos do golpe foram as eleições manipuladas para pre- domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os colo-
sidência da República, as quais o candidato paulista Júlio Prestes nos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabocas e de
havia ganhado, de forma obscura, em relação ao outro candidato, o Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até
gaúcho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, efeti- que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses
vou o golpe político, acabando de vez com a República Oligárquica e foram derrotados e expulsos do País.
com a supremacia política da oligarquia paulista e mineira. É considerada o marco inicial dos movimentos nativistas. Inicia-
da logo após a campanha pela expulsão dos invasores holandeses,
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali que pela
Do período colonial à república, conheça principais revoltas primeira vez que se registrou a divergência entre os interesses dos
econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de história. colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os habitantes de Per-
A seguir veremos os movimentos que marcaram nossa história. nambuco começaram a desenvolver a noção de que a própria colô-
Vale, portanto, ressaltar, que dentre esses movimentos é necessário nia conseguiria administrar seus próprios destinos, até por que eles
diferenciar a essência que os causou. conseguiram expulsar os invasores praticamente sozinhos, num
Os movimentos a seguir ou eram nativistas ou emancipacio- esforço que reuniu negros escravos, brancos e indígenas lutando
nistas. juntos, com um punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de
Nativistas: representa movimentos de defesa da terra, sem comando.
qualquer caráter separatista.
Emancipacionistas: eram mais radicais e pretendiam, de fato, - Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
separar o Brasil de Portugal, criando um governo próprio e sobera- Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, que ocu-
no, sem interferência externa de qualquer natureza. pavam extensas áreas no Nordeste, contra a dominação dos coloni-
zadores portugueses. Foram cerca de 20 anos de confrontos.
Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que ocor-
reram, temos aqueles que foram chamados de movimentos nativis- - Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão
tas, que representa o conjunto de revoltas populares que tinham Provocada em grande parte pelo descontentamento com a
como objetivo o protesto em relação a uma ou mais condições ne- Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu entre 1684 e 1685.
gativas da realidade da administração colonial portuguesa no Brasil. Entre as reclamações estava o fornecimento de escravos negros em
Em retrospectiva, tais revoltas também foram importantes em um quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesuítas eram contrá-
âmbito maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente rios a escravização dos indígenas. Com a rebelião, os jesuítas são ex-
locais, que não visavam em um primeiro momento a separação po- pulsos. Um novo governador é enviado e os revoltosos condenados.
lítica, o seu protesto contra algum abuso do pacto colonial contri-
buiu para a construção do sentimento de nacionalidade em meio a - Em 1708 – Guerra dos Emboabas
tais comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados do A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a
século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua 1709 pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa na metró- ouro na região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O conflito
pole com a receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobrança contrapôs os desbravadores vicentinos e os forasteiros que vieram
de impostos, a criação frequente de novos tributos e o abuso dos depois da descoberta das minas.
comerciantes portugueses na fixação de preços começam a gerar
insatisfação entre a elite agrária da colônia. - Em 1710 – Guerra dos Mascates
Este é o ambiente propício para o nascimento dos chamados A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado ocorrido na
movimentos nativistas, onde surgem a contestação de aspectos do Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1709 e 1714, envolven-
colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os senhores do os grandes senhores de engenho de Olinda e os comerciantes
do Brasil e os de Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a portugueses do Recife, pejorativamente denominados como “mas-
cates”, devido sua profissão.

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CONHECIMENTOS GERAIS

Não obstante, apesar do sentimento autonomista e antilusi- - 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos Alfaiates)
tano dos pernambucanos de Olinda, que chegaram até mesmo a Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocorrida na
propor que a cidade se tornasse uma República independente, este Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de republicanismo e ódio
não foi um movimento separatista. à desigualdade social, homens humildes, quase todos mulatos,
Contudo, não há consenso em afirmar que seja um movimento defendiam a liberdade com relação a Portugal, a implantação de
nativista, uma vez que os “mascates” envolvidos na disputa eram um sistema republicano e liberdade comercial. Após vários motins
predominantemente comerciantes portugueses. e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do governo, sendo
que vários revoltosos foram presos, julgados e condenados. Um dos
- Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos principais líderes foi o alfaiate João de Deus do Nascimento. O go-
Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica (atual verno baiano debelou o movimento.
Ouro Preto), contra a exploração do ouro e cobrança extorsiva de
impostos da metrópole sobre a colônia. A revolta contou com cerca - 1817 - Revolução Pernambucana
de dois mil populares, que pegaram em armas e ocuparam pontos Foi um movimento que defendia a independência de Portugal.
da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos Santos Os revoltosos (religiosos, comerciantes e militares) prenderam o go-
Freire, acabou enforcado. vernador de Pernambuco e constituíram um governo provisório. O
movimento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, mas
Movimentos emancipacionistas a república durou menos de três meses, caindo sob o avanço das
A partir da segunda metade do século XVIII, com os desdobra- tropas. Participantes foram presos e condenados à morte.
mentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os conceitos do
Iluminismo penetrando em meio à sociedade brasileira, os descon- - 1824 - Confederação do Equador
tentamentos vão se avolumando e a metrópole portuguesa parece Foi um movimento político contrário à centralização do poder
insensível a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, Pernambuco decla-
passarão a incorporar em seu ideal a busca pela independência, rou independência. A revolta ampliou-se rapidamente para outras
ainda que somente da região dos revoltosos, pois a noção de um províncias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos,
país reunindo todas as colônias portuguesas na América era algo em setembro, os revolucionários já estavam derrotados e seus lí-
impensado. O mais conhecido em meio a estes movimentos é a In- deres foram condenados ao fuzilamento, forca ou prisão perpétua.
confidência Mineira de 1789, da qual surgiu o mártir da indepen-
dência, Tiradentes. - 1833 - Cabanagem
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocor- e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistência oferecida
ridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de con- pelo presidente do conselho da província, que impediu o desem-
quistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Estes barque das autoridades nomeadas pela regência. Grande parte dos
movimentos possuíam certa organização política e militar, além de revoltosos era formada por mestiços e índios, chamados de caba-
contar com forte sentimento contrário à dominação colonial. nos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram derrotados depois de
longa resistência.
Causas principais
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o Brasil. - 1835 - Guerra dos Farrapos
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações comerciais Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil (de 1835
com Portugal, além de ser impedido de desenvolver indústrias. a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul tinha caráter republicano.
- Privilégios que os portugueses tinham na colônia em relação O grupo liberal dos chimangos protestava contra a pesada taxação
aos brasileiros. do charque e do couro e chegou a proclamar independência do RS.
- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que tinham que Depois de várias batalhas, o governo brasileiro concedeu a anistia
ser seguidas pelos brasileiros. a todos.
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as ordens e
leis vinham de Portugal. - 1837 - Sabinada
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que não se- A revolta feita por militares e integrantes da classe média e rica
guiam as determinações de Portugal. da Bahia pretendia implementar uma república. Em 7 de novembro
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimentos separa- de 1837, os revoltosos tomaram o poder em Salvador e decretaram
tistas ocorridos em outros países (Independência dos Estados Uni- a República Bahiense. Cercados pelo exército governista, o movi-
dos em 1776 e Revolução Francesa em 1789). mento resistiu até meados de março de 1838. A repressão foi vio-
lenta e milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.
Principais revoltas emancipacionistas
- 1838 - Balaiada
- 1789 - Inconfidência mineira Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a importante re-
Inconformados com o peso dos impostos, membros da elite volta que se deu no Maranhão do século XIX. É mais um capítulo
uniram-se para estabelecer uma república independente em Mi- das convulsões sociais e políticas que atingiram o Brasil no turbu-
nas. A revolta foi marcada para a data da derrama (cobrança dos lento momento que vai da independência do Brasil à proclamação
impostos em atraso), mas os revolucionários foram traídos. Como da República.
consequência, os inconfidentes foram condenados à prisão ou exí-
lio, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado.

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CONHECIMENTOS GERAIS

Naquele momento, a sociedade maranhense estava dividida, posição da população, no cenário urbano, nos conflitos sociais e na
basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos e ser- produção cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças
tanejos, e uma classe alta, composta por proprietários rurais e co- tão profundas, o que permaneceu delas na vida social atual?
merciantes. Uma mudança da sociedade da República Velha ocorreu na
Para ampliar sua influência junto à política e à sociedade, os economia. A produção agrícola ainda era o carro-chefe econômico
conservadores tentam através de uma medida, ampliar os poderes da República Velha e o café continuava a ser o principal produto de
dos prefeitos. Essa medida impopular faz com que a insatisfação exportação brasileiro. Mas o desenvolvimento do capitalismo e a
social cresça consideravelmente, alimentando a revolta conhecida criação de mercadorias que utilizavam em sua fabricação a borra-
como Balaiada. cha (como o automóvel) fizeram com que a exploração do látex na
A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses contra região amazônica se desenvolvesse rapidamente, chegando a com-
injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades sociais petir com o café como o principal produto de exportação. Porém, o
que assolavam o Maranhão do século XIX. período de auge da borracha foi curto, pois os ingleses conseguiram
A origem da revolta remete à confrontação entre duas facções, produzir de forma mais eficiente a borracha na Ásia, desbancando
os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados “bem-te-vis” a produção brasileira.
(de linha liberal). Eram esses dois partidos que representavam os
interesses políticos da elite do Maranhão. Outro aspecto econômico da República Velha foi o início da in-
Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, mantendo seu dustrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São
domínio social na região. No entanto, diante da ascensão de Araújo Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira possibilitou
de Lima ao governo da província e dos conservadores ao governo aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando novo dinamis-
central, no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão afastaram os mo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram
bem-te-vis e ocuparam o poder. por uma profunda urbanização, criando avenidas, iluminação públi-
Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro de 1838, ca, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e, principalmen-
quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Gomes in- te, afastando as populações pobres dos centros das cidades. Mas
vade a cadeia local para libertar amigos presos. O sucesso da inva- não foi apenas nestas duas cidades que houve mudanças, já que a
são dá a chance de ocupar o vilarejo como um todo. mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do inte-
Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Raimundo rior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas.
Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam a revolta até Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões
o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era artesão, e fabricava de imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto nas in-
cestos de palha, chamados de balaios na região, daí o nome da re- dústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na Repú-
volta. Essa interferência externa altera o cenário político da revolta blica Velha alterou substancialmente a composição da sociedade,
e muda seu rumo. intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das elites do
Devido aos problemas causados aos interesses da elite da re- país, poderia levar a um embranquecimento da população, apro-
gião, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios. fundando o preconceito contra os negros de origem africana. Mas
A agitação social causada pela revolta beneficia os bem-te-vis e a modernização na República Velha apresentou também contradi-
coloca o povo em desagrado contra o governo cabano. Em 1839 os ções sociais que resultaram em conflitos de várias ordens.
balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda cidade mais importante
do Maranhão. Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos fo- Vejamos os movimentos dessa época:
ram as tentativas de suborno e desmoralização que visavam desar-
ticular o movimento. - 1893 - Revolta da Armada
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva (depois Foi um movimento contra o presidente Floriano Peixoto que ir-
conhecido como Duque de Caxias) para ser presidente da província rompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1893. Praticamente
e, ao mesmo tempo, organizar a repressão aos movimentos revol- toda a marinha se tornou antiflorianista. O principal combate ocor-
tosos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início da brilhante reu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894. O
carreira do militar. governo conseguiu a vitória graças a uma nova esquadra, adquirida
O Comandante resolveu os problemas que atravancavam o fun- e aparelhada no exterior, e debelou a rebelião em março.
cionamento adequado das forças militares. Pagou os atrasados dos
militares, organizou as tropas, cercou e atacou redutos balaios já - 1893 - Revolução Federalista
enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Foi um levante contra o governo de Floriano Peixoto, de 1893 a
Organizou toda a estratégia e a execução do plano que visava aca- 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado estavam os maragatos (an-
bar de vez por todas com a revolta. tiflorianistas), do outro, os pica-paus (governistas). Remanescentes
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula a da Revolta da Armada, que haviam desembarcado no Uruguai, uni-
rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido exército. Os ram-se aos maragatos. Ocorreram batalhas em terra e mar. Ao final,
que resistiram, foram derrotados. A Balaiada chega ao fim, entran- os maragatos foram derrotados pelo exército governista.
do pra história do Brasil como mais um momento conflituoso da
ainda frágil monarquia e da história do Brasil. - 1896 - Guerra de Canudos
Movimentos da República Velha até Era Vargas Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade deram iní-
O período da História brasileira conhecido como República Ve- cio à guerra contra os habitantes do arraial de Canudos, no inte-
lha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, representou pro- rior da Bahia, onde viviam, em 1896, cerca de 20 mil pessoas sob
fundas mudanças na sociedade nacional, principalmente na com- o comando do beato Antonio Conselheiro. De novembro de 1896

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CONHECIMENTOS GERAIS

à derrota em outubro de 1897, o arraial resistiu às investidas das - A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: Por ocasião
tropas federais (quatro expedições militares). A guerra deixou 25 das eleições presidenciais de 1930 ocorreu uma ruptura do tradi-
mil mortos. cional acordo político entre Minas e São Paulo. Os demais grupos
sociais de oposição aproveitaram-se da oportunidade para formar
- 1904 - Revolta da Vacina uma frente política ( Aliança Liberal) com os nomes de Getúlio Var-
Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em novem- gas e João Pessoa, respectivamente para Presidente e Vice-Presi-
bro de 1904. A principal causa foi a campanha de vacinação obriga- dente da República. O programa da Aliança Liberal incorporava as
tória contra a varíola, comandada pelo médico Oswaldo Cruz. Mi- principais metas reformistas do período (voto secreto, leis traba-
lhares de habitantes tomaram as ruas em violentos conflitos com a lhistas, industrialização).Realizadas as eleições, a Aliança Liberal
polícia, revoltados por terem de tomar a vacina. Forças governistas não conseguiu vencer o candidato do PRP e imputou o resultado
prenderam quase mil pessoas e deportaram para o Acre metade adverso às costumeiras fraudes de um sistema eleitoral corrompi-
delas. do. A revolta contra o Governo Federal teve como estopim o assas-
sinato de João Pessoa. Explodiu a Revolução de 1930 que, em um
- 1912 - Guerra do Contestado mês, atingiu o poder da República.
Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Paraná e
Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim como Canudos, era Revoltas Tenentistas
um terreno fértil para o messianismo e via crescer a insatisfação Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento conhecido
popular com a miséria e a insensibilidade política. Forças policiais como Tenentismo, formado em geral por militares de média e baixa
e do exército alcançaram a vitória, deixando milhares de mortos. patente. Questionavam o sistema vigente no país e, mesmo sem
defender uma causa ideológica específica, propunham mudanças
- 1922 - Movimento Tenentista no sistema eleitoral e na educação pública da República Velha.
Durante a década de 1920 diversos fatores se conjugaram para Foram os militares que governaram o Brasil nos dois primeiros
acelerar o declínio da República Velha. Os levantes militares e te- mandatos da República, mas após Floriano Peixoto foram afastados
nentistas, o fim da política do café-com-leite, o agrupamento das da presidência para darem lugar aos governos civis. Tem início tam-
oligarquias dissidentes na Aliança Liberal e o colapso da economia bém a partir de então o domínio de uma oligarquia que mantinha
cafeeira foram alguns fatores que criaram as condições para a revo- o controle do poder no país e que revezava os grupos no poder.
lução de 1930, que assinalou o fim da República Velha e o início da Durante toda a República Velha, Minas Gerais e São Paulo eram os
Era Vargas. dois principais estados brasileiros no cenário político, o predomínio
- A República do Café com Leite: Os principais Estados que do- dos mesmos na ocupação do principal cargo no país envolvendo um
minavam o conjunto da federação eram Minas (maior produtor de esquema de mútua cooperação caracterizou tal período da história
leite)e São Paulo(maior produtor de café) . Sabendo fazer as devidas brasileira. O Tenentismo surgiu justamente como forma de contes-
coligações com as oligarquias dos demais estados brasileiros, Minas tação ao sistema político que dominava o Brasil e não permitia es-
e São Paulo mantiveram, de modo geral, o controle político do País. paços para grupos que não fizessem parte da oligarquia.
- A situação econômica do período: Os principais produtos Logo no início da década de 1920 se espalharam pelos quar-
agrícolas brasileiros em condições de competir no exterior (açúcar, téis os ideais do Movimento Tenentista. Carregando a bandeira da
algodão, borracha, cacau) sofrem a concorrência de outros países democracia, o grupo que era formado basicamente por militares
dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil teve suas expor- de baixa patente colocava em questão as principais marcas da Po-
tações cada vez mais concentradas num único produto, o café que lítica do Café com Leite. Os militares defendiam a dinamização da
chegou a representar 72,5% de nossas receitas de exportação. O estrutura do poder no país, almejando que o processo eleitoral se
café, contudo, padecia de frequentes crises de produção que a polí- tornasse mais democrático e permitisse o acesso de mais grupos
tica de valorização do produto ( compra e estocagem pelo Governo) ao poder, questionavam o voto de cabresto e eram favoráveis ao
não conseguiu contornar A burguesia agrária mais progressista des- direito da mulher ao voto. Descontentes com a realidade política
viou capitais para outras atividades econômicas. Durante Primeira do Brasil, acreditavam que se fazia necessário uma reforma no en-
Guerra Mundial (1914-1918), surgiu toda uma conjuntura favorável sino público, assim como a concessão da liberdade aos meios de
a um expressivo impulso industrial brasileiro. Pelo mecanismo de comunicação, a restrição do Poder Executivo e a moralização dos
substituição de importações a indústria nacional foi progressiva- ocupantes das cadeiras no Poder Legislativo.
mente conquistado o mercado interno do país. O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao projeto, mas
- A crise da República Velha : No início da década de 1920, cres- com o tempo foi ficando claro que a defesa era pela implantação de
cia o descontentamento social contra o tradicional sistema oligár- um Estado forte e centralizado, através do qual as necessidades do
quico que dominava politicamente o país. As revoltas tenentistas ( país poderiam ficar explícitas e resolvidas.
Revolta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924, a Coluna Pau- A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo da década
lista e o desdobramento da Coluna Prestes) são reflexos do clima de de 1920 por via de suas expressões armadas. A primeira ação deste
elevada tensão político-se oficial do período. A contestação contra tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no evento conhecido como
as velhas estruturas do País manifestaram-se também no plano cul- Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1924 veio a Comuna de
tural, por intermédio do movimento culturista, cujo marco inicial foi Manaus e a Revolução de 1924. Concomitantemente teve início o
a Semana de Arte Moderna de 1922. A crise mundial de 1929, refle- evento mais duradouro e que percorreu grande território no Brasil,
tida no Brasil pela violenta queda dos preços do café, enfraqueceu a Coluna Prestes.
o poder da oligarquia cafeeira e, indiretamente, afetou a estrutura A Coluna Prestes foi um movimento em forma de guerrilha
política da República Velha. e composto por militares, liderada por Luís Carlos Prestes o mo-
vimento saiu da região sul do país e percorreu mais de 3.000 Km

54
CONHECIMENTOS GERAIS

combatendo as tropas do governo. Em todos os confrontos a Colu- da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da políti-
na Prestes saiu vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia para ar- ca conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite,
quitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou efeitos ime- habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se
diatos no Brasil, mas o somatório dos acontecimentos na década de violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências
1920 foi importante para abalar a estrutura política das oligarquias artísticas.
e mudar significativamente a ordem política no Brasil em 1930. A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de
Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nesse mo- transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal
mento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista e não mais centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, parti-
integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a luta Tenentista cularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e
que envolvia o voto secreto e também feminino com a evolução do o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.
direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para que Getúlio Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências van-
Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução de 1930 o guardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem,
presidente nomeou vários tenentes como interventores em quase que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira expo-
todos os estados. sição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo
O Tenentismo se manteve presente na política e passa por uma e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nasci-
cisão em 1937 quando um grupo decide seguir Luís Carlos Prestes mento da Semana de Arte Moderna.
e outro rompe com o presidente Getúlio Vargas e passa a exercer O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita
a oposição. O Movimento Tenentista esteve presente na deposição Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo
de Getúlio Vargas em 1945 e disputou as eleições presidenciais no Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret,
mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu a Revolução de Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio
1964 que colocou os militares no poder no Brasil quase todos os co- Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escrito-
mandantes eram tenentes na ocasião da Revolução de 1930, como res encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Pic-
é o caso de Ernesto Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa forma o chia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava
Tenentismo se manteve vivo até meados da década de 1970 quan- representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar
do os membros do movimento nascido na década de 1920 come- Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
çaram a morrer. Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cul-
tivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha,
Ainda em 1922, tivemos um importante movimento social: realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas
com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só
Semana da Arte Moderna voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propí-
No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e o samba, cio. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar
gêneros musicais que ainda fazem parte da cultura popular nacio- da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a
nal. Na elite, a influência europeia, principalmente francesa, mudou empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposi-
o comportamento das pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e ção de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada
se portar em público, o que ficou conhecido como a Belle Époque por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com
(Bela Época) no Brasil. Surgiu também na República Velha a Semana a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a re-
de Arte Moderna de 1922, animada por vários artistas como Villa- alização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retorna-
-Lobos e Mário de Andrade, e que pretendia fazer uma antropofagia ram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores
cultural, misturando elementos das culturas europeia e brasileira artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, fa-
na produção artística. ziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal,
no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural tal-
propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urba- vez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes
no, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela se dividiu em
e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança,
arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e
tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos moder- Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios
nistas. de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cul- de Antropofagia.
tural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artís- O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a
ticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus,
rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.
despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na
literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de
agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este
redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e lingua-
gens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda ino-
vação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica
não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência

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CONHECIMENTOS GERAIS

1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas julho de 1930. João Pessoa foi assassinado por conta de um conflito
A designação movimento político de 1930 é a mais apropria- da política regional da Paraíba, no entanto, o governo federal foi
da para o processo de destituição do presidente Washington Luís responsabilizado por esse atentado.
(1926-1930) e a ascensão de Getúlio Vargas ao governo do país. Membros da Aliança Liberal entraram em contato com os ge-
Não obstante, ter havido uma alteração no cenário político nacio- nerais para apoiarem a deposição de Washington Luís e garantirem
nal, não ocorreu uma transformação drástica dos quadros políticos que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do país.
que continuaram a pertencer às oligarquias estaduais. As reformas Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as incursões
realizadas eram imperiosas para agregar as oligarquias periféricas armadas. Na região Nordeste, as tropas foram lideradas por Juarez
ao governo federal. Desse modo, o emprego do termo “Revolução Távora, e tiveram como área de disseminação o Estado da Paraíba.
de 1930”, costumeiramente adotado para esse processo político, E na região Sul, as tropas possuíam maior quantidade de membros
não é o mais adequado. comandados pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se
Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda fase do para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas
período republicano, desencadeada pela emergência do movimen- seria elevado à presidência da República. Nesse processo, uma jun-
to político de 1930. A quebra da bolsa de Nova Iorque, em outubro ta provisória militar depôs Washington Luís e assumiu o comando
de 1929, provocou a queda da compra do café brasileiro pelos pa- do país, em 24 de outubro de 1930. Quando Getúlio Vargas chegou
íses Europeus e Estados Unidos. O café era o principal produto ex- com as tropas ao Rio de Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta
portado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras afetou a eco- provisória lhe transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Provi-
nomia. No início do século XX era comum o financiamento federal à sório de Getúlio Vargas.
produção cafeeira, por meio da aquisição de empréstimos externos.
Com a eclosão da crise de 1929 esse subsídio foi inviabilizado, debi- Era Vargas
litando o principal investimento nacional da época. As revoltas te- A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 e expul-
nentistas ocorridas durante a década de 1920 e as manifestações e sou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se em três momentos: o
greves operárias também foram importantes aspectos que geraram Governo Provisório -1930-1934 -, o Governo Constitucional - 1934-
instabilidade política no país. A fragilidade da economia nacional e 1937 - e o Estado Novo - 1937-1945. Durante o Governo Provisório,
a insatisfação de parcelas da população suscitaram a vulnerabilida- o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização
de do regime oligárquico. do poder, eliminou os órgãos legislativos - federal, estadual e muni-
Durante a Primeira República destacavam-se econômica e po- cipal -, designando representantes do governo para assumir o con-
liticamente as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, por isso as trole dos estados, e obstruiu o conjunto de leis que regiam a nação.
sucessões presidenciais eram decididas pelos políticos desses Esta- Nesse momento temos a Revolução Constitucionalista (1932) -
dos. Essa prática ficou conhecida como política do café com leite, Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de julho de 1932, o Estado
em referência aos principais produtos de São Paulo e Minas Ge- de São Paulo se rebelou contra a ditadura Vargas. Embora o movi-
rais. Em 1929, esperava-se que a candidatura para a presidência da mento tenha nascido de reivindicações da elite paulista, teve ampla
República fosse de um político mineiro, já que o então presidente participação popular. Apesar da derrota - São Paulo lutou isolado
consolidara a carreira política no Estado de São Paulo. No entanto, contra as demais unidades da federação -, a resistência foi um mar-
Washington Luís apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes para co nas lutas em favor da democracia no Brasil.
a presidência da República e de Vital Soares para a vice-presidência, A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-
descontentando a oligarquia mineira. -se em São Paulo, que de forma violenta começou uma agitação ar-
Os dissídios entre as oligarquias geraram as articulações para mada – este evento entrou para a história, exigindo a realização de
construir uma oposição à candidatura situacionista. O presidente eleições para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. Apesar
do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, en- do desbaratamento do movimento, o presidente convocou eleições
trou em contato com o presidente do Estado do Rio Grande do Sul, para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta.
Getúlio Vargas, para formar uma aliança de oposição. O presidente A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto femi-
do Estado da Paraíba, João Pessoa, negou-se a participar da candi- nino, além de conferir vários direitos aos trabalhadores, os quais
datura de Júlio Prestes e agregou-se aos oposicionistas. Além dos vigoram até hoje.
presidentes desses três Estados, parcelas do movimento tenentista Durante o Governo Constitucional, a altercação política se deu
e as oposições aos demais governos estaduais formaram a Aliança em volta de dois ideários primordiais: o fascista – conjunto de ideias
Liberal, e lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência e e preceitos político-sociais totalitários introduzidos na Itália por
João Pessoa à vice-presidência. Dentre algumas das propostas da Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira, e o demo-
Aliança Liberal para a reformulação política e econômica no país, crático, representado pela Aliança Nacional Libertadora, que conta-
constavam no programa: a representação popular pelo voto se- va com indivíduos partidários das reformas profundas da sociedade
creto, anistia aos insurgentes do movimento tenentista na década brasileira.
de 1920, reformas trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centralização
a adoção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da es-
além do café. querda - a histórica Intentona Comunista -, ele suspendeu outra
A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março de 1930 e vez as liberdades constitucionais, fundando um regime ditatorial
o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes – Vital Soares. Apesar em 1937. Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição,
de a Aliança Liberal acusar o pleito eleitoral de fraudulento, a prin- influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos pode-
cípio não houve requisição do posto de presidente da República. Os res ao Presidente. A nova constituição acabava com o Legislativo
partidários oposicionistas apenas decidiram pegar em armas e alçar e determinava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando
Getúlio Vargas à presidência com a morte de João Pessoa, em 26 de um domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas instituiu o

56
CONHECIMENTOS GERAIS

Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o Depar- Sindicalismo


tamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar os O sindicalismo surgiu no final do século XIX com a chegada dos
meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem positiva do imigrantes europeus, que traziam consigo a influência do sindicalis-
governo e, especialmente, do Presidente. mo de seu país. Dessa forma, as condições trabalhistas brasileiras
As polícias estaduais tiveram suas mordomias expandidas e, começaram a ser questionadas. Assim, tem-se um primeiro contato
para apoderar-se do apoio da classe trabalhadora, Vargas conce- com os ideais sindicais no Brasil.
deu-lhes direitos trabalhistas, tais como a regulamentação do tra- Em 1930 com a entrada de Getúlio no poder, instaura-se uma
balho noturno, do emprego de menores de idade e da mulher, fixou política de industrialização em que é criada a “lei de Sindicalização”
a jornada de trabalho em oito horas diárias de serviço e ampliou o n° l9. 770 (imposto sindical), na qual o controle e repressão impe-
direito à aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar diam a participação dos estrangeiros nas direções, controlavam-se
de conservar a atividade sindical nas mãos do governo federal. O as finanças dos sindicatos, além de proibir suas atividades políticas
Estado Novo implantou no Brasil a doutrina política de intervenção e ideológicas. Nessa época, era imposto para a classe trabalhadora
estatal sobre a economia e, ao mesmo tempo em que proporcio- filiar-se ao sindicato oficial, desestruturando os sindicatos autôno-
nava estímulo à área rural, apadrinhava o crescimento industrial, mos existentes e também desarticulando a luta de classes, tornan-
ao aplicar fundos destinados à criação de infra-estrutura industrial. do-se um órgão assistencialista. “Mas isso não impediu que as lutas
Foram instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da Aero- operárias, sociais e sindicais se desenvolvessem amplamente du-
náutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, posteriormente, no rante os anos 1930-64.” (ANTUNES, 2007: 290)
ano de 1953, daria origem à Petrobrás, fundou-se a Companhia Em 1964, com o golpe de Estado e entrada da Ditadura Militar,
Siderúrgica Nacional – CSN -, a Companhia Vale do Rio Doce, a houve uma repressão ao movimento Sindical. A economia do país
Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Nacional de teve expansão para o exterior, o que emergiu uma problemática
Motores – FNM -, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código para a classe trabalhadora: o rebaixamento dos salários, super ex-
de Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -, ploração do trabalho, alta jornada de trabalho. “De modo sintético,
todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também pode-se dizer que o movimento operário e sindical no pré-64 foi
pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, predominantemente reformista sobre a hegemonia forte do PCB,
do salário mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos que aceitava a política de aliança policlassista entre o capital e o
de serviço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remune- trabalho. Mas foi também um período de grandes lutas sociais e
rado. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os grevistas.” (ANTUNES, 2007: 291)
países do Eixo foi a brecha que surgiu para o crescimento da opo- No período da Ditadura Militar, houve uma privatização de em-
sição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização presas estatais e uma expansão do capitalismo que ampliou signifi-
do país ganhou fôlego. O governo foi forçado a indultar os presos cativamente a classe trabalhadora.
políticos e os degredados, além de constituir eleições gerais, que Após vários anos de repressão e controle, em 1978, as greves
foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo, voltaram com intensidade e, em 1980, emerge um novo movimento
o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era Vargas, mas não o sindical denominado ou chamado “novo sindicalismo”. Esse movi-
fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo mento sindical tem força junto à classe trabalhadora e atua forte-
voto popular. mente na defesa dos interesses igualitários e na luta de classes por
É comum vermos a expressão Quarta República, que relata fa- seus direitos. Vai também abranger os trabalhadores rurais que
tos que aconteceram nesse período, então temos aqui uma síntese vêm com um forte movimento de luta pela reforma agrária.
do que a quarta republica representa.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava O movimento de 1964
enfraquecido. Um golpe comandado pelo general Eurico Gaspar O Golpe Militar de 1964 redesenhou o panorama político, so-
Dutra o retirou do poder. Uma nova Constituição foi adotada em cial, econômico e cultural brasileiros pelas duas décadas seguintes.
1946, garantindo a realização de eleições diretas para presidente Executado no dia 31 de março daquele ano, o golpe levou à depo-
da República e para os governos dos estados. O Congresso Nacional sição de João Goulart e fez se instalar no país uma ditadura militar
voltou a funcionar e houve alternância no poder. que durou até o ano de 1985.
Entretanto, foi um período de forte instabilidade política. As Apesar de ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser
mudanças sociais decorrentes da urbanização e da industrialização desenhado desde as primeiras medidas de João Goulart, conhecido
projetavam novas forças políticas que pretendiam aprofundar o como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de 1961 já
processo de modernização da sociedade e do Estado brasileiro, o era conturbado: desestabilidade política, inflação, esgotamento do
que desagrava as elites conservadoras. O período foi marcado por ciclo de investimentos do governo Juscelino Kubitschek, grande de-
várias tentativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio sigualdade social e intensas movimentações em torno da questão
de Getúlio Vargas, em 1954. agrária. Diante desse cenário e de acordo com suas tendências polí-
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado desenvolvi- ticas, declaradamente de esquerda, Jango apostou nas Reformas de
mento industrial em algumas áreas, mas não pôde resolver o pro- Base para enfrentar os desafios lançados a seu governo.
blema da exclusão social na cidade e no campo. Essas medidas de As Reformas de Base propunham diversas reformas: urbana,
mudança social iriam compor a base das propostas do Governo de bancária, eleitoral, universitária e do estatuto do capital estrangei-
João Goulart. O estado brasileiro estava caminhando para resolver ro. Dentre elas, três incomodavam de forma especial à direita. A
demandas há muito reprimidas, como a reforma agrária. Frente ao reforma eleitoral colocaria novamente no jogo político o Partido Co-
perigo que representava aos seus interesses econômicos e políti- munista e permitiria que analfabetos votassem, o que correspondia
cos, as classes dominantes mais uma vez orquestraram um golpe de a 60% da população brasileira. Essas medidas poderiam provocar
Estado, com a deposição pelo exército de João Goulart, em 1964. grandes mudanças no equilíbrio dos partidos políticos dominan-

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CONHECIMENTOS GERAIS

tes naquele contexto. A reforma do estatuto do capital estrangeiro através dos governos dos estados de São Paulo, Guanabara (atual
também provocou polêmica ao propor nova regulamentação para Rio de Janeiro) e Minas Gerais. Frente às pressões sofridas nos me-
a remessa de lucros para fora do Brasil e propunha a estatização da ses que se seguiram, Jango articulou o Comício da Central do Brasil.
indústria estratégica. Mas nenhuma delas foi alvo de tantas espe- Ocorrido em uma sexta-feira, 13 de março de 1964, o evento esteve
culações e mitos quanto a proposta de implementação da reforma cercado de simbologias que o ligavam a figura de Getúlio Vargas e
agrária. Essa reforma mexeria com a histórica estrutura latifundiária mobilizou entre 150 e 200 mil pessoas por mais de 4 horas de dura-
brasileira que, em muitos casos, remontavam aos séculos de colo- ção. Como havia se comprometido em seu discurso, Jango encami-
nização. nhou ao Congresso o pedido de convocação de um plebiscito para
Para os grupos economicamente hegemônicos, tais propostas a aprovação das reformas sugeridas e a delegação de prerrogativas
eram alarmantes não apenas por serem defendidas pelo Presidente do Legislativo para o Executivo, o que foi visto como uma tentativa
da República, mas porque naquele momento a esquerda encontra- de centralização do poder nas mãos do presidente.
va-se unida e organizada, movimentando-se em todo o território Em reação às ações de Jango, o Congresso passou a suspeitar
nacional e mostrando sua cara e seus objetivos em passeatas, publi- de suas intenções e essa posição repercutiu nos meios de comuni-
cações e através de forte presença no meio político. Longe do ima- cação em um tom que indicava que o presidente poderia a qual-
ginário do século XIX, a esquerda daquele momento era formada quer momento dissolver o Congresso para colocar em prática as
por uma grande diversidade de grupos, tais como comunistas, cató- reformas na base da força. A partir desse clima de desconfianças
licos, militares de diferentes ordens, estudantes, sindicalistas entre e alardes, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liber-
outros. Todos eles voltados para a aprovação das Reformas de Base dade, preparada pelo IPES sob a figura da União Cívica Feminina
e estendendo suas influências por diversos campos da vida pública. com o apoio de setores de direita. A Marcha reuniu cerca de 500
Diante desse abismo entre os grupos de direita e de esquerda mil pessoas na Praça da República, na capital paulista, em protesto
durante o Governo de Jango, o golpe começou a ser elaborado pe- contra o governo de Jango e suas pretensões, classificadas como co-
los grupos conservadores e pelas Forças Armadas em diálogo com munistas. Sendo um movimento prioritariamente de classe média,
os EUA (Estados Unidos da América) através da CIA (Central Intelli- a Marcha foi menosprezada pela esquerda, mas demonstrou seu
gence Agency) pensando nas eleições de 1962 para o Congresso poder em converter a opinião pública a respeito de João Goulart em
Nacional e para o governo dos estados da União. A composição que diversas capitais, alastrando-se pelos estados com a contribuição
assumiria no ano seguinte seria de vital importância para os avan- dos meios de comunicação.
ços das propostas da esquerda e, por isso, interessados na queda Ainda faltava a unificação das forças militares em favor do gol-
de Jango financiaram de forma ilegal campanhas de candidatos de pe, o que foi provocado pelas atitudes tomadas por Jango em rela-
oposição ao governo. Esse financiamento foi realizado pelo empre- ção aos marinheiros que participaram da Revolta dos Marinheiros,
sariado nacional e estrangeiro através do IBAD (Instituto Brasileiro realizada em 25 de março. Ao anistiar os revoltosos e passar por
da Ação Democrática). Os EUA também investiram nessa campanha cima das autoridades militares responsáveis, Jango deu o último
através de fontes governamentais, como provam documentos e áu- elemento necessário à realização do golpe de 1964: o apoio das
dios da Casa Branca. Nesse contexto o diplomata Lincoln Gordon Forças Armadas. Os EUA já estavam a postos para colocar em prá-
participou ativamente da conspiração, trabalhando juntamente ao tica a Operação Brother Sam e, em 31 de março de 1964, o pon-
IBAD e ao IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais), respon- tapé foi dado pelos mineiros, sob a liderança do general Olympio
sáveis por diversas propagandas anticomunistas que contribuíram Mourão Filho, que marchou com suas tropas de Juiz de Fora para
para a desestabilização de um governo que já enfrentava diversos o Rio de Janeiro e iniciou o processo de deposição do presidente
desafios. João Goulart com o apoio dos EUA e das Forças Armadas. O Gol-
Em 1963, a votação favorável ao retorno do presidencialismo pe foi concluído na madrugada de 02 de abril de 1964, quando o
deu novos ânimos ao governo de Jango que, apesar das ações con- Congresso, em sessão secreta realizada de madrugada, declarou a
trárias, ainda se mostrava com grande popularidade. Mesmo assim, Presidência da República vaga.
o ano de 1963 foi marcado por intensa atuação da direita e da es- A Lei de Segurança Nacional é um documento legal que os pa-
querda e esse embate começou a ser favorável a direita a partir da íses instituem para regular as regras referentes à segurança nacio-
derrota da emenda constitucional que buscava viabilizar a reforma nal, a ordem e contra distúrbios sociais em seus territórios.
agrária. Outro fato que abalou Brasília em 1963 foi a Rebelião dos Lei de Segurança Nacional do Brasil é uma lei que visa garantir a
Sargentos na qual sargentos da Aeronáutica e da Marinha invadi- segurança nacional do Estado contra a subversão da lei e da ordem.
ram o Supremo Tribunal Federal em protesto contra a declaração No Brasil, a atual Lei de Segurança Nacional (LSN) é a de número
de inelegibilidade dos sargentos eleitos em 1962. 7.170, de 14 de dezembro de 1983,[8] que define os crimes contra a
O cenário ficou ainda mais conturbado após a entrevista con- segurança nacional, a ordem política e social, além de estabelecer
cedida por Carlos Lacerda a um jornal norte-americano, no qual de- seu processo e julgamento.
clarou que o cenário político brasileiro sob o governo de Jango era
de incertezas, ato que foi visto com maus olhos pelo presidente e O Brasil teve diversas leis de segurança nacional, desde 1935:
o levou a solicitar ao Congresso a instalação do estado de sítio. Sua • Lei 38, de 4 de abril de 1935. Foi posteriormente reforçada
atitude foi vista de forma negativa pelos governadores dos estados pela Lei nº 136, de 14 de dezembro do mesmo ano, pelo Decreto-
que lhe recusaram apoio. Uma nova coligação entre PTB, UDN e PSD -Lei 431, de 18 de maio de 1938 e pelo Decreto-Lei 4.766, de 1º de
mostrou ter a mesma posição, o estado de sítio não seria aprovado outubro de 1942, que definia crimes militares e contra a segurança
pelo Congresso. Desse embate, Jango saiu com seu poder abalado. do Estado.
Com inflação anual na casa de 79,9%, um crescimento econô- • Lei 1.802, de 5 de janeiro de 1953.
mico tímido (1,5%) o Brasil passou a sofrer restrições dos credores
internacionais. Nesse contexto, os EUA passaram a financiar o golpe

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CONHECIMENTOS GERAIS

• Decreto-Lei 314, de 13 de março de 1967. Transformava em Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam
legislação a Doutrina de Segurança Nacional, que se tornara fun- uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Mar-
damento do Estado após a tomada do governo pelos militares em cha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de
1964. pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
• Decreto-Lei 898, de 29 de setembro de 1969. Essa Lei de Se- O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a
gurança Nacional foi a que vigorou por mais tempo no regime mi- cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e
litar. São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o
país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9
Após a queda da ditadura do Estado Novo em 1945, a Lei de de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato
Segurança Nacional foi mantida nas Constituições brasileiras que cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a
se sucederam. No período dos governos militares (1964-1985), o estabilidade de funcionários públicos.
princípio de segurança nacional iria ganhar importância com a for-
mulação, pela Escola Superior de Guerra, da doutrina de segurança GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
nacional. Setores e entidades democráticas da sociedade brasilei- Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Na-
ra, como a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre se opuseram cional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pro-
à sua vigência, denunciando-a como um instrumento limitador das nunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar
garantias individuais e do regime democrático. seu governo, assume uma posição autoritária.
Mas a lei 7170/83 é a versão mais recente de uma legislação Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissol-
que ganhou forma em 1935, durante o governo do então presiden- ver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais
te Getúlio Vargas, e foi sendo alterada por novas leis ou decretos tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos
presidenciais ao longo do tempo. políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam in-
Durante o período dos governos militares (1964-1985), diferen- tervenção do governo militar.
tes versões da Lei de Segurança Nacional foram usadas, principal- Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava au-
mente, contra os que se opunham à ditadura. torizado o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrá-
Com o fim do regime militar, a legislação que prevê crimes que tico Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
ameacem ou comprometam a soberania nacional, o regime demo- Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o
crático e os chefes dos Três Poderes continuou sendo aplicada pela segundo representava os militares.
Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Cons-
tituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de
DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA REPUBLICA 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de
BRASILEIRA atuação.

1964 - Golpe de 1964 GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)


Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e
política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu
época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A opo-
supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política sição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos
e repressão aos que eram contra o regime militar. Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Qua- Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários parali-
dros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a sam fábricas em protesto ao regime militar.
presidência num clima político adverso. O governo de João Gou- A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens
lart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixado-
Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam es- res para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
paço, causando a preocupação das classes conservadoras como, No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Ins-
por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares titucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar,
e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias
socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
da Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras bra- Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar for-
sileiras, temiam um golpe comunista. mada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Ra-
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional demaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).
(UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de es- Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embai-
tar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela xador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação
carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava. de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém,
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional.
comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Re- Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra
formas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.
estrutura agrária, econômica e educacional do país. No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto
pelas forças de repressão em São Paulo.

59
CONHECIMENTOS GERAIS

GOVERNO MÉDICI (1969-1974) convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promo-
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general vido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido
Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro provado.
e repressivo do período, conhecido como «anos de chumbo». A Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartida-
repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura rismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normali-
é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, dade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB
filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censu- passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos
radas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi
(Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Opera- A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
ções de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repres- Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários
são do governo militar. problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com
Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas for- o fortalecimento dos sindicatos.
ças militares. Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol
e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O
O Milagre Econômico movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira
Na área econômica o país crescia rapidamente. Este perío- que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para
do que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos
Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, Deputados.
enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e É denominado «Nova República” na história do Brasil, o perí-
empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de in- odo imediatamente posterior ao Regime Militar, época de exceção
fraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do po-
pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, der.
como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. É exatamente pela repressão do período anterior que afloram,
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma
deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram nova fase do governo republicano no país, com eleições diretas,
uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil. além de uma nova constituição que contemplasse as aspirações de
todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também como a
GOVERNO GEISEL (1974-1979) Sexta República Brasileira.
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presi-
começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu dente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo
governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insa- antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e de
tisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o legislativo
mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a Campanha
créditos e empréstimos internacionais diminuem. das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou
oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o não sendo aprovada.
MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o
Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades. deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como
Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democráti-
do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos ca – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á as- Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente
sassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José
de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A
semelhante. Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e esta-
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e beleceu princípios democráticos no país.
abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
Brasil na atualidade
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos referimos a
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o temas que dizem respeito aos últimos trinta anos de nossa história,
processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo isto é, desde o fim dos Governo Militares até os dias de hoje. Nes-
decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil se sentido, comentaremos temas relativos a esse período, que vai
para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condena- desde a abertura democrática, começada com a Lei de Anistia (de
dos por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com 1979), até as manifestações populares que ocorreram nos anos de
a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da 2013 e 2015.
imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O Movi-
Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de mento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais significativos.
Com a abertura política articulada entre civis e militares, entre os
anos de 1979 e 1985, a população vislumbrou a possibilidade de

60
CONHECIMENTOS GERAIS

voltar a exercer o direito ao voto direto na eleição de seus represen- Em relação ao cenário político, o novo presidente eleito her-
tantes. Entretanto, o primeiro presidente civil, após o longo período dará enormes desafios: crescente e insustentável dívida pública,
militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu nome era Tancredo uma população polarizada e uma oposição ferrenha, uma indústria
Neves, que faleceu antes de tomar posse. José Sarney, eleito vice, em frangalhos, além da “obrigação” de cumprir algumas promessas
assumiu o cargo, exercendo-o até 1989. eleitorais que analistas dizem beirar o infactível.
O governo Sarney foi um dos mais conturbados da chamada
“Nova República”, sobretudo pelos transtornos econômicos pelos Geografia do Brasil
quais o país passou. Todavia, foi durante o governo Sarney que foi A Geografia do Brasil compreende aspectos como área, clima,
reunida a constituinte para a elaboração da nova Constituição Fede- hidrografia, relevo, vegetação, entre outros.
ral. O processo de elaboração da carta constitucional foi encabeça- Localizado na América do Sul, sua extensão é de mais de 8,5 mi-
do por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo partido herdeiro lhões de quilômetros quadrados de extensão (8.515.759,090 km2) o
do MDB, o PMDB. A versão oficial da Constituição ficou pronta em que faz dele o quinto maior país do mundo.
1988. Nela havia o restabelecimento da ordem civil democrática e Também é um dos países mais populosos. Apesar de ter
das liberdades individuais, bem como a garantia das eleições dire- 204.450.649 habitantes é qualificado como pouco povoado pelo
tas. fato de que conta com 22,4 hab./km2.
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi eleito O país está dividido em cinco regiões (Nordeste, Norte, Centro-
como presidente Fernando Collor de Melo. Collor também de- -Oeste, Sudeste e Sul) e tem 26 estados e um Distrito Federal.
senvolveu um governo com forte instabilidade econômica, porém Faz fronteira com Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Fran-
permeado também com grandes escândalos políticos, que desen- cesa, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Isso
cadearam contra ele um processo de impeachment, diante do qual quer dizer que faz fronteira com quase todos os países desse sub-
preferiu renunciar ao cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar continente americano, exceto com Chile e Equador.
Franco, continuou no poder até o término do mandato, na passa- O relevo brasileiro é formado principalmente por planaltos e
gem de 1993 para 1994. depressões. O Brasil é banhado pelo oceano Atlântico e possui as
Nesse período, um importante dispositivo financeiro foi criado maiores bacias hidrográficas do mundo.
para resolver o problema das sucessivas crises econômicas: o Plano
Real, elaborado e efetivado por nomes como Gustavo Franco e Fer- População Brasileira
nando Henrique Cardoso. A expectativa de vida da população brasileira é de 73 anos.
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, candida- São Paulo é o estado mais populoso do Brasil com 41,2 milhões
tou-se à presidência, vencendo o pleito e ocupando esse cargo de de habitantes. Depois dele, Minas Gerais, com 19,5 milhões de ha-
1994 a 1998. Depois, foi reeleito e governou até 2002. Nas elei- bitantes.
ções de 2002, um dos partidos que haviam nascido no período da Esses dados mostram que a região brasileira com maior con-
abertura democrática, o PT – Partido dos Trabalhadores, conseguiu centração populacional é o Sudeste.
eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva, que, a exemplo de Enquanto isso, o estado brasileiro que tem a população mais
Fernando Henrique, governou o país por oito anos, de 2002 a 2010. pequena é Roraima, com 451,2 mil habitantes.
A sucessora de Lula, a também filiada ao PT, Dilma Rousseff, gover-
nou o país de 2010 até 2016, quando teve aprovado no senado o Relevo Brasileiro
processo de impeachment, saindo de cena portanto e tendo seu Os planaltos, áreas elevadas e planas, ocupam a maior parte do
vice o papel de assumir o governo em meio à maior crise econômica nosso território, cerca de 5.000.00 km2. São divididos em:
e politica que o Brasil já viveu dentro da nova republica. • Planalto das Guianas
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise que • Planalto Brasileiro
o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos sobre o • Planalto Central
sistema de produção, o mercado de trabalho e a qualidade de vida • Planalto Meridional
das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos que dão sustenta- • Planalto Nordestino
ção à percepção de que os dias são difíceis: o achatamento do valor • Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste,
real dos salários, a redução do poder de compra, os elevados níveis • Planalto do Maranhão-Piauí
de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumentos nos • Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-Riograndense)
preços dos combustíveis (apesar do momentâneo controle da in-
flação), o crescimento da concentração de renda, certa estagnação Junto com as depressões, áreas mais baixas, os planaltos ocu-
da economia (estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada pam cerca de 95% do território nacional. As principais depressões
da política de privatizações e o fenômeno da desindustrialização do nosso país são Depressões Norte e Sul Amazônica.
que assola o país (apesar da recente baixa de juros), a falência de As principais planícies do Brasil, que se caracterizam pela áreas
empresas e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits públi- planas quase sem variação de altitude são: Planície Amazônica, Pla-
cos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela do IRPF, nície do Pantanal e Planície Litorânea.
por exemplo), a comprovada mobilidade social descendente (com
muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o Hidrografia Brasileira
crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enorme Ao todo, o Brasil tem 12 regiões hidrográficas, dentre as quais
desigualdade social que caracteriza o Brasil. a bacia amazônica, a maior de todas. São elas:
• Região Hidrográfica Amazônica
• Região Hidrográfica Tocantins Araguaia
• Região Hidrográfica do Paraná

61
CONHECIMENTOS GERAIS

• Região Hidrográfica do São Francisco A superfície brasileira é constituída basicamente por três
• Região Hidrográfica do Paraguai estruturas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares
• Região Hidrográfica do Uruguai e terrenos vulcânicos.
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental • Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental no Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproximada-
• Região Hidrográfica do Parnaíba mente 36% do território brasileiro. Nas regiões que se formaram
• Região Hidrográfica Atlântico Leste no éon Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país) existem di-
• Região Hidrográfica Atlântico Sudeste versos tipos de rochas, com destaque para o granito. Em terrenos
• Região Hidrográfica Atlântico Sul formados no éon Proterozoico são encontradas rochas metamór-
ficas, onde se formam minerais como ferro e manganês.
Clima Brasileiro
Na maior parte do país o clima é quente, o que decorre da sua • Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação mais
localização, entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões onde o
Apesar disso existem 6 principais tipos de climas no Brasil: terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas carboníferas.
Equatorial, Tropical, Tropical Semiárido, Tropical de Altitude, Tropi- Em terrenos formados na era Mesozoica existem jazidas petrolífe-
cal Litorâneo e Subtropical. ras. Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso processo de sedi-
mentação que corresponde às planícies.
Vegetação Brasileira • Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somente
No nosso país localiza-se a maior floresta tropical do Mundo. 8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação mais
Parte da Floresta Amazônica, o “Pulmão do Mundo”, também en- rara. Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcânicos, as la-
contra-se em outros 8 países da América do Sul. vas deram origem a rochas, como o basalto e o diabásio, o primeiro
é responsável pela formação dos solos mais férteis do Brasil, a “ter-
A vegetação brasileira é constituída principalmente por: ra roxa”.
• Caatinga
• Cerrado Tipos de Relevo
• Mangue A superfície terrestre é composta por diferentes tipos de rele-
• Pampa vo: montanhas, planícies, planaltos e depressões.
• Pantanal
• Mata Atlântica
• Mata das Araucárias
• Mata dos Cocais
• Amazônia

Relevo brasileiro

Estrutura Geológica do Brasil


Três estruturas geológicas distintas compõem o Brasil: escudos
cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.

As diferentes feições da superfície formam os diferentes tipos de


relevo

O relevo corresponde às variações que se apresentam sobre


a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o relevo
terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com dife-
rentes características: algumas mais altas, outras mais baixas, al-
gumas mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições.
Para melhor analisar e compreender a forma com que essas
Área de mineração na Serra dos Carajás, nesse local é extraído dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo ter-
minério de ferro formado em escudos cristalinos. restre com base em suas características principais, dividindo-o em
quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os planaltos, as
A realização de estudos direcionados ao conhecimento geoló- planícies e as depressões.
gico é de extrema importância para saber quais são as principais
jazidas minerais e sua quantidade no subsolo. Tal informação pro-
porciona o racionamento da extração de determinados minérios,
de maneira que não comprometa sua reserva para o futuro.

62
CONHECIMENTOS GERAIS

Montanhas Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, for-


mados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas) e
compostos por restos de montanhas que se erodiram com o tempo;
os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou vulcânicas)
originadas de antigas e extintas atividades vulcânicas; e os sedimen-
tares, formados por rochas sedimentares que antes eram baixas e
que sofreram o soerguimento pelos movimentos internos da crosta
terrestre.

Planaltos do Brasil
No território brasileiro há um predomínio de planaltos. Esse
tipo de relevo ocupa cerca de 5.000.00 km2 da área total do país,
do qual as formas mais comuns são os picos, serras, colinas, morros
e chapadas.
De maneira geral, o planalto brasileiro é dividido em planalto
meridional, planalto central e planalto atlântico:

Planalto Central
O planalto central está localizado nos Estados de Minas Gerais,
Os Alpes, na Europa, formam uma cadeia de montanhas Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O local possui grande potencial elétrico com presença de mui-
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam pela tos rios, donde se destacam os rios São Francisco, Araguaia e To-
elevada altitude em comparação com as demais altitudes da su- cantins.
perfície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam cadeias Além disso, há o predomínio de vegetação do cerrado. Seu
chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes, na ponto de maior altitude é a Chapada dos Veadeiros, localizada no
América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia. estado de Goiás e com altitudes que variam de 600 m a 1650 m.
Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se for-
mam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir da ero- Planalto das Guianas
são do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para serem Localizado nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá,
formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamentos na crosta, o planalto das guianas é uma das formações geológicas mais antigas
que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres, ficando soer- do planeta.
guidos um sobre o outro; e as dobradas, que se originam a partir Ele se estende também pelos países vizinhos: Venezuela, Co-
dos dobramentos terrestres causados pelo tectonismo. De todos lômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
esses tipos, o último é o mais comum. Formado em sua maioria, por vegetação tropical (Floresta Ama-
zônica) e serras. É aqui que se encontra o ponto mais alto do relevo
Planaltos brasileiro, ou seja, o Pico da Neblina com cerca de 3.000 metros de
altitude, localizado na Serra do Imeri, no Estado do Amazonas.

Planalto Brasileiro
Formado pelo Planalto Central, Planalto Meridional, Planalto
Nordestino, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Ma-
ranhão-Piauí e Planalto Uruguaio-Rio-Grandense.
O ponto mais alto do planalto brasileiro é o Pico da Bandeira
com cerca de 2.900 metros, localizado nos estados do Espírito Santo
e de Minas Gerais, na serra do Caparaó.

Planalto Meridional
Localizado, em sua grande maioria, no sul do país, o planalto me-
ridional estende-se também pelas regiões do centro-oeste e sudeste
no Brasil.
Seu ponto mais alto é Serra Geral do Paraná presente nos esta-
dos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Imagem do planalto tibetano É dividido em: planalto arenito-basáltico, os quais formam as
serras (cuestas) e a depressão periférica, caracterizada por altitudes
Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos menos elevadas.
como áreas mais ou menos planas que apresentam médias altitu-
des, delimitações bem nítidas, geralmente compostas por escarpas, Planalto Nordestino
e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predomina o proces- Localizado na região nordeste do país, esse planalto possuem a
so de erosão, que fornece sedimentos para outras áreas. presença de chapadas e serras cristalinas, donde destaca-se a Serra
da Borborema.

63
CONHECIMENTOS GERAIS

Ela está localizada nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraí- Lembre-se que o Pantanal é a maior planície inundável do mun-
ba e Rio Grande do Norte, com altitude máxima de 1260 m. do.
Os picos mais elevados na Serra ou Planalto da Borborema é o
Pico do Papagaio (1260 m) e o Pico do Jabre (1200 m). Planície Litorânea
Também chamada de planície costeira, a planície litorânea é
Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste uma faixa de terra situada na região costeira do litoral brasileiro,
É conhecido pela denominação “mar de morros”. Envolve gran- que possui aproximadamente 600 km.
de parte do planalto atlântico, no litoral do país, as serras e os pla-
naltos do leste e do sudeste. Depressão
Abrangem os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo,
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Destacam-se a Serra da Canastra, Serra do Mar e Serra da Man-
tiqueira.

Planalto do Maranhão-Piauí
Também chamado de planalto meio-norte, esse planalto está
localizado nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.

Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-rio-grandense)


Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o escudo sul-rio-
-grandense apresenta elevações de até 550 metros, o qual caracte-
riza o conjunto de serras do estado.
Um dos pontos mais altos é o Cerro do Sandin, com 510 metros
de altitude. Mar morto, exemplo de depressão absoluta

Planícies São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da


superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o seu
entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra
abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar morto,
no Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja,
é a área continental que apresenta as menores altitudes, com cerca
de 396 metros abaixo do nível do mar.

Urbanização: crescimento urbano, problemas estruturais, con-


tingente populacional brasileiro
Para chegar ao tamanho atual, com um território integrado e
sem riscos iminentes de fracionamento, muitos conflitos e proces-
sos de exploração econômica ocorreram ao longo de cinco séculos.
Uma série de fatores contribuiu para o alargamento do território, a
partir da chegada dos portugueses em 1500, alguns desses fatores
foram:
- a sucessão de grandes produções econômicas para exporta-
O Rio Amazonas é cercado por uma área de planície ção (cana-de-açúcar, tabaco, ouro, borracha, café, etc.), além de
culturas alimentares e pecuária, em diferentes bases geográficas do
São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito território;
próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próximas - as expedições (bandeiras) que partiam de São Paulo – então
a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo áreas um colégio e um pequeno povoado fundado por padres jesuítas – e
litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo de acu- se dirigiam ao interior, aproveitando a topografia favorável e a na-
mulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior parte dos vegabilidade de afluentes do rio Paraná, para a captura de indígenas
sedimentos provenientes do desgaste dos demais tipos de relevo. e a busca de metais preciosos;
- a criação de aldeias de missões jesuíticas, em especial ao sul
Planície Amazônica do território, buscando agrupar e catequizar grupos indígenas;
Localizada no estado de Rondônia, esse tipo de relevo caracte- - o esforço político e administrativo da coroa portuguesa em as-
riza a maior área de terras baixas no Brasil. As formas mais recorren- segurar a posse do novo território, especialmente após as ameaças
tes são a região de várzeas, terraços fluviais (tesos) e baixo planalto. da efetiva ocupação de frações do território – ainda que por curtos
períodos – por franceses e holandeses.
Planície do Pantanal É importante destacar que a construção da unidade territorial
Situada nos estados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a nacional significou também o sistemático massacre, deslocamento
planície do pantanal é um terreno propenso às inundações. Portan- ou aculturação dos povos indígenas. Além de provocar a redução da
to, ele é marcado por diversas regiões pantanosas. diversidade cultural do país, determinou a imposição dos padrões

64
CONHECIMENTOS GERAIS

culturais europeus. A geração de riquezas exauriu também ao máximo o trabalho dos negros africanos trazidos a força, tratados como
mera mercadoria e de forma violenta e cruel. Nesse caso, houve imposições de ordem cultural: muitos grupos, ao longo do tempo, perde-
ram os ritos religiosos e traços culturais que possuíam.

Expansão Territorial do Brasil Colônia


Durante o período do capitalismo comercial (séculos XV a XVIII), as metrópoles europeias acumularam capital com a prática de ativi-
dades de retirada e comercialização de produtos primários (agrícolas e extrativistas), empreendida nos territórios conquistados. O Brasil
na condição de colônia portuguesa, consolidou-se como área exportadora de matérias-primas e importadora de bens manufaturados.
Esse sistema de exploração de matérias-primas permite explicar a formação e a expansão territorial do Brasil, juntamente com os tra-
tados assinados entre Portugal e Espanha (Tratado de Tordesilhas e Tratado de Madri), que acabaram por definir, com alguns acréscimos
posteriores, a área que hoje consideramos território brasileiro.

Tratado de Tordesilhas

Espanha e Portugal foram pioneiros na expansão maritimo-comercial europeia, iniciada no século XV, que ficou conhecida como Gran-
des Navegações e que resultou na conquista de novas terras. Essas descobertas geraram diversas tensões e conflitos entre os dois países
que, na tentativa de evitar uma guerra, em 7 de junho de 1494 assinaram o Tratado de Tordesilhas, na pequena cidade de Tordesilhas, na
Espanha. Esse tratado estabeleceu uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde (África), dividindo
o mundo entre Portugal e Espanha: as terras situadas a leste seriam de Portugal enquanto as terras a oeste da Espanha.
Os limites do território brasileiro, estabelecidos por esse tratado, se estendiam do atual estado do Pará até o atual estado de Santa
Catarina. No entanto, esses limites não foram respeitados, e terras que seriam da Espanha foram ocupadas por portugueses e brasileiros,
contribuindo para que nosso país adquirisse a forma atual.

65
CONHECIMENTOS GERAIS

Tratado de Madri

O Tratado de Madri, assinado em 1750, praticamente garantiu a atual extensão territorial do Brasil. O novo acordo anulou o Tratado
de Tordesilhas e determinou que as terras pertencial a quem de fato as ocupasse, seguindo o princípio de uti possidetis.
Dessa forma, a Espanha reconheceu os direitos dos portugueses sobre as áreas correspondentes aos atuais estados de Mato Grosso
do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá, entre outros.

66
CONHECIMENTOS GERAIS

De Arquipélago a Continente
É costume dizer que, ao longo do período de colonização portuguesa, o território brasileiro se assemelhava a um arquipélago – um
arquipélago econômico.
Por que um arquipélago? As regiões do Brasil colônia que foram palco da produção agroexportadora se mantiveram sob o domínio
do poder central da metrópole portuguesa, formando assim um arquipélago geográfico. Já que não existiam ligações entre as regiões. O
mesmo ocorreu no Brasil independente.

A expansão econômica
A expansão de atividades dos colonizadores avançou gradativamente das faixas litorâneas para o interior. Nos primeiros dois séculos,
formou-se um complexo geoeconômico no Nordeste do país. Para cultivar a cana-de-açúcar, os colonos passaram a importar escravos
africanos. A primeira leva chegou já em 1532, num circuito perverso do comércio humano que durou até 1850. Conforme os geógrafos
Hervé Théry e Neli Mello, a produção de cana gerou atividades complementares, como a plantação do tabaco, na região do Recôncavo
Baiano, a criação de gado nas zonas mais interiores e as culturas alimentares no chamado Agreste (transição da Zona da Mata úmida para
o semiárido).
A pecuária desempenhou importante papel na ocupação do interior, aproveitando-se o rebrotar das folhas na estação das águas nas
caatingas arbustivas mais densas, além dos brejos e dos trechos de matas. Com a exploração das minas de ouro descobertas mais ao sul,
foram necessários também carne, couro e outros derivados, além de animais para o transporte.
Desse modo, a pecuária também se consolidou no alto curso do rio São Francisco, expandiu-se para áreas onde hoje se encontram
o Piauí e o Ceará, e para o Sul, seguindo o curso do “Velho Chico”, até o Sudeste e o Sul do território. Vários povoados foram surgindo ao
longo desses percursos, oferecendo pastos para descanso e engorda e feiras periódicas.
A organização do espaço no Brasil central ganhou contornos mais nítidos com a exploração do ouro, diamantes e diversos minerais
preciosos, especialmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao longo do século XVIII, o que deu origem à criação de inúmeros núcleos
urbanos nas rotas das minas.
Nos séculos XVIII e XIX, a constituição do território começou a se consolidar com a ocupação da imensa frente amazônica. Por motiva-
ções mais políticas do que econômicas – a defesa do território contra incursões de corsários estrangeiros -, a região passou a ser ocupada
com a instalação de fortes e missões, acompanhando o curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes. Esse avanço ocorreu inclusive
sobre domínios espanhóis, que estavam mais interessados no ouro e na exploração dos nativos do México e do Peru e em rotas comerciais
do mar do Caribe (América Central) e no rio da Prata, na parte mais meridional da América do Sul.

67
CONHECIMENTOS GERAIS

A dinamização das fronteiras amazônicas ocorreu mais efetivamente com o surto da borracha, no fim do século XIX e início do século
XX. O desenvolvimento da indústria automobilística justificava a demanda por borracha par a fabricação de pneus. Esse período curto,
mas virtuoso, foi responsável pela atração de mais de 1 milhão de nordestinos, que fugiam da terrível seca que se abateu sobre o sertão
nordestino em 1877.
Os períodos econômicos indicados, em seus momentos de apogeu e crise, contribuíram para determinar um processo de regionaliza-
ção do território, marcando a diferenciação de áreas. Ao mesmo tempo, contribuíram para a integração territorial.

Café, Ferrovias, Fábricas e Cidades


O enredo de formação do território brasileiro culminou, ainda no século XIX, com a economia cafeeira e a constituição de um núcleo
econômico no Sudeste do país. A cultura do café, em sua origem próxima à cidade do Rio de Janeiro, expandiu-se pelo vale do rio Paraíba
do Sul para os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Mas foi no planalto ocidental paulista, sobre os solos férteis de terra roxa (do ita-
liano rossa, que significa vermelha), que o café mais se desenvolveu. Em torno desse circuito econômico, foram construídas as ferrovias
para escoar o produto do interior paulista ao porto de Santos. No caminho, São Paulo, a pequena vila do final do século XIX, foi crescendo
rapidamente, transformando-se em sede de empresas, bancos e serviços diversos e chegando a sediar a nascente industrialização do país.
O Rio de Janeiro, já na época um núcleo urbano considerável, também veio a exercer esse papel.

68
CONHECIMENTOS GERAIS

Ao longo do século XX, intensificou-se a concentração regional Fatores da Industrialização no Brasil


das riquezas. O Sudeste, e particularmente o eixo Rio – São Paulo,
passou a ser o meio geográfico mais apto a receber inovações tec-
nológicas e novas atividades econômicas, aumentando sua posição
de comando do país.

Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização


no Brasil:
- a exportação de café gerou lucros que permitiram o investi-
mento na indústria;
- os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fa-
bricação de diversos produtos;
- a formação de uma classe média urbana consumidora, esti-
mulou a criação de indústrias;
- a dificuldade de importação de produtos industrializados du-
rante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a indústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma urbano in-
dustrial, mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras, princi-
palmente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Resumo das fases do desenvolvimento industrial brasileiro

Mais de trezentos anos sem indústrias


Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não
houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole proi-
bia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os
Observação: brasileiros consumissem os produtos manufaturados portugueses.
Durante o século XVIII e início do XIX, diversos tratados foram Mesmo com a chegada da família real (1808) e a Abertura dos Por-
assinados para o estabelecimento dos limites do território brasilei- tos às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do exterior,
ro. porém, a partir deste momento, dos produtos ingleses.
Esses tratados sempre envolveram Portugal e Espanha, com
exceção do Tratado de Utrecht (1713), assinado também com a História do início da industrialização
França, para definir um trecho de limite no norte do Brasil (atual es- Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvi-
tado do Amapá), e do Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual, num mento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a investir
acordo com a Bolívia, o Brasil incorporou o trecho que corresponde parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabeleci-
atualmente ao estado do Acre. Em 1801, ao ser estabelecido o Tra- mento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro.
tado de Badajós, entre portugueses e espanhóis, os limites atuais Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação
de nosso país já estavam praticamente definidos. mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas era, na maioria
Pelo Tratado de Santo Ildefonso ou Tratado dos Limites, assi- das vezes, formada por imigrantes italianos.
nado em 1777 entre Portugal e a Espanha, esta última ficaria com
a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, Era Vargas e desenvolvimento industrial
mas devolveria à Coroa Portuguesa as terras que havia ocupado nos Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945)
atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Resolviam-se que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve
assim as contendas abertas pelo Tratado de Madrid de 1750. como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privile-
giando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na de-
Industrialização no Brasil pendência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retar- mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em
datária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira Revolução infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas
Industrial, o Brasil vivia sob o regime de economia colonial. décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou res-
trito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando
uma grande disparidade regional.

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CONHECIMENTOS GERAIS

Durante este período, a indústria também se beneficiou com Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente
o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países euro- também da expropriação, isso significa a venda de pequenas pro-
peus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando impor- priedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar
tar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil. dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande desen- muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não
volvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa
do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc.). forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm
lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para
Período JK a cidade, chamado de êxodo rural.
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o de- A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é pro-
senvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições. duto histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a pos-
JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias se de terras ou como foram concedidas.
multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação A distribuição teve início ainda no período colonial com a cria-
de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, ção das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela en-
Volkswagen e Willys) em território brasileiro. trega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interes-
se ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi
Últimas décadas do século XX desigual os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou extremamente polêmica e que divide opiniões.
a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela te-
nha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, Agricultura no Brasil atual
produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, má- Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo processo de
quinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios indus- mecanização e expansão das atividades em direção à região Norte.
trializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria nacional A atividade do setor agrícola é uma das mais importantes da
ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por exemplo) economia brasileira, pois, embora componha pouco mais de 5% do
de tecnologia externa. PIB brasileiro na atualidade, é responsável por quase R$100 bilhões
em volume de exportações em conjunto com a pecuária, segun-
Dados atuais do dados da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério
- Felizmente, o Brasil está apresentando, embora pequena, re- da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A produção
cuperação na produção industrial. De acordo com dados do IBGE, agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais responsáveis pelos
divulgados em 1 de fevereiro de 2019, a indústria brasileira apre- valores da balança comercial do país.
sentou crescimento de 1,1% em 2018. Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil passou por
diversos ciclos e transformações, indo desde a economia canaviei-
Estrutura fundiária do Brasil ra, pautada principalmente na produção de cana-de-açúcar durante
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as proprie- o período colonial, até as recentes transformações e expansão do
dades rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tama- café e da soja. Atualmente, essas transformações ainda ocorrem,
nhos, que facilita a compreensão das desigualdades que acontecem sobretudo garantindo um ritmo de sequência às transformações
no campo. A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura técnicas ocorridas a partir do século XX, como a mecanização da
como um dos principais problemas do meio rural, isso por que in- produção e a modernização das atividades.
terfere diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de A modernização da agricultura no Brasil atual está diretamente
salários e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo associada ao processo de industrialização ocorrido no país durante
de vida dos trabalhadores rurais. o mesmo período citado, fator que foi responsável por uma reconfi-
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do guração no espaço geográfico e na divisão territorial do Brasil. Nes-
país se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população, se novo panorama, o avanço das indústrias, o crescimento do setor
essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os minifundiá- terciário e a aceleração do processo de urbanização colocaram o
rios são proprietários de milhares de pequenas propriedades rurais campo economicamente subordinado à cidade, tornando-o depen-
espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas vezes dente das técnicas e produções industriais (máquinas, equipamen-
não conseguem produzir renda e a própria subsistência familiar su- tos, defensivos agrícolas etc.).
ficiente. Podemos dizer que a principal marca da agricultura no Brasil
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma atual – e também, por extensão, a pecuária – é a formação dos
discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que al- complexos agrícolas, notadamente desenvolvidos nas regiões que
guns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem englobam os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e
fundiária brasileira. Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de
É importante conhecer os números que revelam quantas são as soja, a carne para exportação e também a cana-de-açúcar, em razão
propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566 do aumento da necessidade nacional e internacional por etanol.
estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam Na região Sul do país, a produção agrícola é caracterizada pela
no país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de ocupação histórica de grupos imigrantes europeus, pela expansão
tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área da soja voltada para a exportação nos últimos decênios e pela in-
de 24.047.669 hectares.

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CONHECIMENTOS GERAIS

tensiva modernização agrícola. Essa configuração é preponderante no oeste do Paraná e de Santa Catarina, além do norte do Rio Grande
do sul. Além da soja, cultivam-se também, em larga escala, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecuária, a maior parte da produção
é a de carne de porco e de aves.
Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização e produção com base em procedimentos intensivos de alta tecnologia são
predominantes. Embora seja essa a região em que a agricultura encontra-se mais completamente subordinada à indústria, destacam-se
os altos índices de produtividade e uso do solo. Por outro lado, com a maior presença de maquinários, a geração de empregos é limitada
e, quando muito, gerada nas agroindústrias. As principais culturas cultivadas são o café, a cana-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para
os laranjais.

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa pluralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, predomina o cultivo das planta-
tions, presente desde tempos coloniais, com destaque novamente para a cana, voltada atualmente para a produção de álcool e também
de açúcar. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da agricultura familiar e também de algumas zonas com uma produção mais me-
canizada. O principal cultivo é o de frutas, como o melão, a uva, a manga e o abacaxi. Além disso, a agricultura de subsistência também
possui um importante papel.
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o cultivo pela produção mecanizada, que se expande em direção à Ama-
zônia e vem pressionando a expansão da fronteira agrícola para o norte do país. A Revolução Verde, no século passado, foi a principal
responsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa região, pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus solos de elevada acidez.
O principal produto é a soja, também voltada para o mercado externo.

Produção mecanizada de soja no Mato Grosso

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CONHECIMENTOS GERAIS

Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, atualmen- O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em
te, as principais frentes de expansão, vindas do Nordeste e do Cen- apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares re-
tro-Oeste. A região do “matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e lativamente elevados nas décadas seguintes e perdendo força total
Bahia), por exemplo, é a área onde a pressão pela expansão das na entrada dos anos 2000. Segundo estudos publicados pela Em-
atividades agrárias ocorre mais intensamente, o que torna a re- brapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo rural,
gião Norte como o futuro centro de crescimento do agronegócio nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com quase 20% de
brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ainda são de toda a urbanização do país, passando para 3,5% entre os anos 2000
caráter extensivo e de baixa tecnologia, com ênfase na pecuária pri- e 2010.¹
mitiva, na soja em expansão e em outros produtos, que passam a De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divulgado pelo
competir com o extrativismo vegetal existente. IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado nos tempos atu-
ais. Em comparação com o Censo anterior (2000), quando a taxa
de migração campo-cidade por ano era de 1,31%, a última amostra
registrou uma queda para 0,65%. Esses números consideraram as
porcentagens em relação a toda a população brasileira.
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir do número
de migrantes em relação ao tamanho total da população residente
no campo no Brasil, temos que, entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo
rural foi de 17,6%, um número bem menor do que o da década
anterior: 25,1%. Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na
década de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente a ten-
dência de desaceleração, ao passo que as regiões Centro-Oeste e
Norte, até mesmo, apresentam um pequeno crescimento no núme-
ro de habitantes do campo.
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxodo rural
no Brasil são: a quantidade já escassa de trabalhadores rurais no
país, exceto o Nordeste, que ainda possui uma relativa reserva de
Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região Norte migrantes; e os investimentos, mesmo que tímidos, para os pe-
quenos produtores e agricultores familiares. Existem, dessa forma,
As relações de trabalho no campo vários programas sociais do governo para garantir que as pessoas
encontrem melhores condições de vida no campo, embora esses
Diminuição do sistema de parceria: investimentos não sejam considerados tão expressivos.
Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradi-
cionais vão desaparecendo porque são substituídas pelo trabalho Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos destacar:
assalariado, ou porque o proprietário prefere deixar a terra ociosa – Aceleração da urbanização, que ocorreu concentrada, so-
á espera de valorização. bretudo, nas grandes metrópoles do país, sobretudo as da região
sudeste ao longo do século XX. Essa concentração ocorreu, princi-
Expansão de um regime associativo: palmente, porque o êxodo rural foi acompanhado de uma migração
Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradi- interna no país, em direção aos polos de maiores atratividades eco-
cionais tendiam a desaparecer mais, porque são substituídas pelo nômicas e com mais acentuada industrialização;
trabalho assalariado, no entanto, para diminuir custo e encargos, – Expansão desmedida das periferias urbanas, com a formação
as grandes empresas desenvolveram uma nova forma de trabalhar de habitações irregulares e o crescimento das favelas em várias me-
no campo, incentivando o pequeno e o médio produtor a produzir trópoles do país;
para eles. – Aumento do desemprego e do emprego informal: o êxodo
rural, acompanhado do crescimento das cidades, propiciou o au-
Êxodo rural mento do setor terciário e também do campo de atuação informal,
O êxodo rural corresponde ao processo de migração em massa gerando uma maior precarização das condições de vida dos traba-
da população do campo para as cidades, fenômeno que costuma lhadores. Além disso, com um maior exército de trabalhadores de
ocorrer em um período de tempo considerado curto, como o prazo reserva nas cidades, houve uma maior elevação do desemprego;
de algumas décadas. Trata-se de um elemento diretamente associa- – Formação de vazios demográficos no campo: em regiões
do a várias dinâmicas socioespaciais, tais como a urbanização, a in- como o Sudeste, o Sul e, principalmente, o Centro-Oeste, forma-
dustrialização, a concentração fundiária e a mecanização do campo. ram-se verdadeiros vazios demográficos no campo, com densidades
Um dos maiores exemplos de como essa questão costuma ge- demográficas praticamente nulas em várias áreas.
rar efeitos no processo de produção do espaço pode ser visualiza-
do quando analisamos a conjuntura do êxodo rural no Brasil. Sua Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é possível citar:
ocorrência foi a grande responsável pela aceleração do processo – Concentração da produção do campo, na medida em que a
de urbanização em curso no país, que aconteceu mais por valores menor disponibilidade de terras proporciona maior mobilidade da
repulsivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas do população rural de média e baixa renda;
campo do que pelo grau de atratividade social e financeira das ci- – Mecanização do campo, com a substituição dos trabalhado-
dades brasileiras. res rurais por maquinários, gerando menos empregos no setor pri-
mário e forçando a saída da população do campo para as cidades;

72
CONHECIMENTOS GERAIS

– Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como mais em- dos e da União Européia a conduzir sua produção agrícola de modo
pregos nos setores secundário e terciário, o que foi possível graças subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam medidas
ao rápido – porém tardio – processo de industrialização vivido pelo protecionistas (barreiras alfandegárias, impedimento de importa-
país na segunda metade do século XX. ção de produtos de bens agrícolas) para preservar as atividades de
seus produtores.
Agronegócio e a produção agropecuária brasileira Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de destaque na eco-
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de agrobusi- nomia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em
ness (agronegócios em inglês), corresponde à junção de diversas desenvolvimento, pois garante o sustento alimentar das pessoas e
atividades produtivas que estão diretamente ligadas à produção e sua manutenção, além disso, contribui para o crescimento da ex-
subprodução de produtos derivados da agricultura e pecuária. portação e do país que o executa.
Quando se fala em agronegócio é comum associar somente a
produção in natura, como grãos e leite, por exemplo, no entanto Globalização e economia
esse segmento produtivo é muito mais abrangente, pois existe um Sobre a globalização em si já falamos acima, vamos aqui
grande número de participantes nesse processo. abordar a globalização no contexto ecnomômico.
O agronegócio deve ser entendido como um processo, na pro- A globalização da economia é o processo através do qual
dução agropecuária intensiva é utilizado uma série de tecnologias se expande no mercado, trata-se de buscar aumentos cada vez
e biotecnologias para alcançar níveis elevados de produtividade, maiores a fim de ampliar ao máximo o mercado. Discute-se,
para isso é necessário que alguém ou uma empresa forneça tais portanto a ideia de que a globalização econômica poderá de-
elementos. sempenhar este processo num contexto em que as dinâmicas de
Diante disso, podemos citar vários setores da economia que integração global se destacam cada vez mais às dinâmicas das
faz parte do agronegócio, como bancos que fornecem créditos, in- economias nacionais ou até mesmo regionais, também o sistema
dústria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, de relações econômicas e na valorização da inserção coletiva e
sementes selecionadas para plantio entre outros), indústria de tra- individual na economia globalizada.
tores e peças, lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vaci-
nas e rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira Assim, segundo Gonçalves (2003, p. 21):
etapa produtiva. A globalização econômica pode ser entendida como a ocor-
Posteriormente a esse processo são agregados novos integran- rência simultânea de três processos. O primeiro é o aumento ex-
tes do agronegócio que correspondem às agroindústrias responsá- traordinário dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais.
veis pelo processamento da matéria-prima oriunda da agropecuá- O segundo processo é o acirramento da concorrência internacio-
ria. nal. A evidencia empírica é pontual e, portanto, não há indicado-
A agroindústria realiza a transformação dos produtos primários res agregados a esse respeito. O terceiro processo é o da crescen-
da agropecuária em subprodutos que podem inserir na produção te interdependência entre agentes econômicos nacionais.
de alimentos, como os frigoríficos, indústria de enlatados, laticínios, Em uma época de complexidades organizacionais e um am-
indústria de couro, biocombustíveis, produção têxtil entre muitos biente mercadológico globalizado, compreender e aceitar esses
outros. desafios representa um dos mais importantes compromissos da
A produção agropecuária está diretamente ligada aos alimen- sociedade capitalista na atualidade. A globalização por sua vez
tos, processados ou não, que fazem parte do nosso cotidiano, po- compreende um processo de integração mundial que se baseia
rém essa produção é mais complexa, isso por que muitos dos itens na liberalização econômica, os países então se abrem ao fluxo
que compõe nossa vida são oriundos dessa atividade produtiva, internacional de bens, serviços e capitais.
madeira dos móveis, as roupas de algodão, essência dos sabonetes
e grande parte dos remédios têm origem nos agronegócios. Gonçalves (2003, p. 22) coloca ainda que:
A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no setor Este fato é evidente quando levamos em conta que uma das
agroindustrial, especialmente no processamento de café, soja, la- características centrais da globalização econômica (a pós-moderni-
ranja e cana-de-açúcar e também criação de animais, principais dade na sua dimensão econômica) é o próprio acirramento da con-
produtos da época. corrência ou a maior contestabilidade do mercado mundial.
A agroindústria, que corresponde à fusão entre a produção A globalização se apresenta como um ambiente contextual,
agropecuária e a indústria, possui uma interdependência com rela- pois reúne condições de atuar sobre o espaço herdado de tempos
ção a diversos ramos da indústria, pois necessitam de embalagens, passados, compreendendo enfoques organizacionais construídos
insumos agrícolas, irrigação, máquinas e implementos. através da evolução, remodelando as novas necessidades do mer-
Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau de impor- cado.
tância econômica para o país, no ano de 1999 somente a agropecuá-
ria respondeu por 9% do PIB do Brasil, entretanto, se enquadrarmos Segundo Ianni (2002, p. 19) convém ressaltar:
todas as atividades (comercial, financeira e serviços envolvidos) li- A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira,
gadas ao setor de agronegócios esse percentual se eleva de forma articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do traba-
significativa com a participação da agroindústria para aproximada- lho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publicida-
mente 40% do PIB total. de, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas
Esse processo também ocorre nos países centrais, nos quais em jornais, revistas, livros, programas de radio, emissões de tele-
a agropecuária responde, em média, por 3% do Produto Interno visão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de
Bruto (PIB), mas os agronegócios ou agrobusiness representam um comunicação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza
terço do PIB. Essas características levam os líderes dos Estados Uni-

73
CONHECIMENTOS GERAIS

os mercados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritoriali- processo e que determinou a passagem a uma nova fase de evo-
zação e reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o lução da economia mundial em que as dinâmicas de globalização
redimensionamento de espaços e tempos. claramente se tornaram dominantes.
Este contexto da globalização da economia demanda uma inte-
gração dos agentes econômicos dentro de uma realidade competi- Mingst (2009, p. 265) diante dessas circunstancias descreve as
tiva de mercado, a velocidade da mudança e os desafios do mundo seguintes palavras:
globalizado demonstram uma necessidade de considerar circuns- Nos derradeiros do século XX, crenças sobre a teoria econô-
tancias em todos os campos de atuação, que evidenciam alguma mica convergiram. Os princípios do liberalismo econômico mostra-
forma de tecnologia para alcançar seus objetivos. ram-se eficientes para elevar o padrão de vida dos povos no mundo
inteiro. As alternativas radicais que foram criadas para promover o
Quando se trata especificamente da economia, Ianni (1995, p. desenvolvimento econômico não mostraram ser viáveis, ainda que
17-18): as alternativas de capitalismo de estado tenham continuado atrati-
Toda economia nacional, seja qual for, torna-se província da vas para alguns estados.
economia global. O modo capitalista de produção entra em uma Contudo, essa divergência não significou a ausência de conflito
época propriamente global, e não apenas internacional ou multi- sobre questões da economia política internacional. A globalização
nacional. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão econômica resultante do triunfo do liberalismo econômico tem en-
internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital desen- frentado vários desafios.
volvem-se em escala mundial. A década de 70 do século XIX deve ser entendida como um
Tem-se, portanto, o fato de que os termos “globalização” e período fundamental de evolução da economia mundial que marca
“economia global” passaram a fazer parte do vocabulário dos es- a passagem de uma fase inicial de processo de globalização, isso
pecialistas, agentes econômicos e políticos, que normalmente são poderá designar o inicio de uma globalização primitiva, para uma
utilizados para caracterizar o processo atual de integração econô- fase de globalização efetiva, onde se estende até a atualidade. É
mica à escala planetária e a perda de importância das economias importante que não se misture economia global com o conceito
nacionais, afirmações de uma grande economia de mercado glo- de economia mundial, a economia global não tende coincidir com
bal. Traduzindo a realidade de um processo em movimento e em economia mundial, ela deve ser entendida na sua dimensão quali-
permanente transformação, não encontraram ainda uma aplicação tativa, enquanto espaço econômico e de outras realidades econô-
uniforme e uma substancia teórica consolidada. micas, nestes aspectos a globalização transforma a economia mun-
Ainda sobre as questões da inserção internacional de países ou dial numa economia global. O surgimento da economia global não
de espaços econômicos, é absolutamente indispensável o conjunto vem marcar o esgotamento do processo de globalização, mas sim a
de referencias que servirão de suporte a analise que permitem for- entrada de uma nova fase que terá suas fases de desenvolvimento.
mular um conjunto de hipóteses que possam inserir positivamente Assim, diante de suas diferentes fases é possível distinguir a
nas dinâmicas de internacionalização econômica e de constituição sucessão de algumas grandes fases deste processo, a primeira delas
de um espaço econômico integrado. corresponde aos primórdios da globalização, é a fase pré-economia
que podemos chamar de globalização primitiva.
Held (2001, p. 71) diz ainda: A segunda vai do inicio da década de 70 ate o inicio da 1ª Guer-
Embora haja um reconhecimento de que a globalização eco- ra Mundial, é a fase que representa à economia global e coinci-
nômica tanto gera perdedores quanto ganhadores, os neoliberais de com o sistema monetário, é a chamada globalização clássica.
frisam a difusão crescente da riqueza e da prosperidade em toda A terceira é marcada regressão do funcionamento dos sistemas e
economia mundial – o efeito em cascata. A pobreza global, segun- das instituições econômicas internacionais, é a fase que designa-
do padrões históricos, caiu mais nos últimos cinquenta anos do que mos globalização interrompida. A quarta fase apresenta uma dupla
nos quinhentos anteriores, e o bem-estar das populações de quase lógica de integração econômica global, com a cisão da economia
todas as regiões melhorou significamente nas ultimas décadas. mundial, com dois sistemas econômicos rivais, o sistema de eco-
Este processo de globalização trata-se de um desenvolvimento nomia de mercado e o de direção central, onde ambos procuram
da economia mundial, ou, pelo contrario, trata-se de um resultado estender a sua área de influencia, a esta fase chamamos de globa-
intrínseco e necessário do desenvolvimento e expansão das eco- lização rival.
nomias modernas baseadas na produção para o mercado. Existe A quinta fase vai de 1971 a 1989, fundamentalmente o que
também o processo objetivo de integração econômica, de expan- determina esta fase é a recomposição das relações de força a nível
são espacial das economias e de geração e aprofundamento de in- internacional, impulsionada por crises econômicas internacionais,
terdependências que tentam transformar as dinâmicas globais que fase esta que se denomina fase da globalização liberal. E então a
gera as dinâmicas locais e particulares que permanecem. sexta fase que caracteriza o retorno da economia mundial a uma
No entanto considerar um fator importante em que assenta lógica única de integração global, que se sobrepõe às lógicas nacio-
todo o processo de globalização, e que é a existência de uma re- nais ou mesmo regionais de equilíbrio interno e externo, chama-
ferência monetária. Este processo de globalização começa com o mos esta de globalização uniforme.
aparecimento da moeda e expande a utilização desta e se fixam Contudo, esta evolução do processo de globalização conside-
as formas e as regras pelas quais é reconhecida como referencia rando evidencias aos seus marcadores genéticos e suas dinâmicas
comum. de transformação, fatores que darão forma e base para a susten-
Com o aparecimento de formas e funções ao sistema mone- tação atual. Com essa ideia podemos observar que este processo
tário internacional atual, longo e complexo foi o processo de evo- de globalização constitui uma maior tendência do desenvolvimen-
lução da economia mundial e diversas dinâmicas impulsionaram a to das economias de mercado, podendo então sofrer com crises
integração das diferentes economias locais. É fundamental neste econômicas profundas ou de relações de forças internacionais.

74
CONHECIMENTOS GERAIS

Vale ressaltar a importância de distinguir globalização, enquanto fazer parte, podendo tornar-se um membro efetivo ou associado no
processo histórico que encontra-se no século XVI, na sequencia da futuro. No caso do México, isso será muito difícil, haja vista que esse
integração geográfica mundial, as suas bases de desenvolvimentos país já compõe outros dois blocos: o NAFTA e a APEC.
modernos, da economia global, que só tem existência efetiva a par-
tir do século XIX. Em termos de organização interna e estruturação, o Mercosul
Podendo então dar formas as dinâmicas de transformação da é formado por algumas instituições que detêm funções específicas
economia global resultando de modo como se articulam historica- e buscam assegurar o bom andamento e o desenvolvimento do blo-
mente a sustentação das relações econômicas internacionais. co, são elas:
Conforme visto, há vários conceitos e abordagens acerca dos a) CMC (Conselho do Mercado Comum): É o principal órgão do
processos de globalização das relações sociais, abordagens estas Mercosul, sendo responsável pelas principais tomadas de decisões
que diferenciam entre si a definição, escala, cronologia, impacto. no bloco. É composto pelos Ministros das Relações Exteriores e da
Muitos dos argumentos são generalizados, há uma ênfase em al- Economia de todos os membros efetivos e apresenta duas reuniões
guns aspectos sejam eles cultural, econômico, histórico, político, por ano, sendo a presença dos presidentes obrigatória em pelo me-
algo de sumo importância principalmente quando se vê questões nos uma dessas reuniões.
fundamentais que se encontram em jogo neste conceito chamado b) GMC (Grupo Mercado Comum): É o órgão executivo do Mer-
globalização. cosul, sendo composto por representantes titulares e alternativos
O maior efeito ocorrido nas ultimas décadas tem sido o cres- de cada um dos membros efetivos do bloco. Esse grupo reúne-se
cimento do mercado por todo o mundo, como consequências de trimestralmente, mas pode haver encontros extraordinários a pedi-
transnacionalização dos mercados. As mudanças trazidas pelos pro- do de qualquer um dos seus partícipes.
cessos globalizantes dos mercados, com sua força atual dada pelo c) CCM (Comissão de Comércio do Mercosul): É o órgão res-
avanço tecnológico. ponsável pela gestão das decisões sobre o comércio do Mercosul.
Assim, neste circulo vicioso que os Estados menos desenvolvi- Suas funções envolvem a aplicação dos instrumentos políticos e
dos social e economicamente se encontram nesses três primeiros comerciais dentro do bloco e deste com terceiros, além de criar e
anos do século XXI divididos entre as necessidades de prestigiar supervisionar órgãos e comitês para funções específicas.
uma economia globalizada, com o retrocesso do trabalho para atra- d) CPC (Comissão Parlamentar Conjunta): representa os parla-
ção de investimentos a fim de propiciar o crescimento econômico, mentos dos países-membros do Mercosul. É o órgão responsável
e, o dever de corrigir as distorções que o mercado global tende a pela operacionalização e máxima eficiência do corpo legislativo do
produzir diante da fragilidade crescente por esse retrocesso nas bloco.
questões sociais. e) Foro Consultivo Econômico e Social: é o órgão que represen-
A globalização, no entanto, não perdoa as incertezas e as in- ta os setores da economia e da sociedade de cada um dos membros
decisões, é capaz de transnacionalizar mercados, tecnologias, cul- do Mercosul. Ele possui um caráter apenas consultivo, opera por
turas, valores, com a queda das fronteiras nacionais, mundializa meio de recomendações ao GMC e pode incluir em torno de si a
também as crises. participação de empresas privadas.
Um fenômeno decorrente dos avanços tecnológicos e das te- Além desses organismos, existem outros órgãos e secretarias
lecomunicações, um conjunto de ações políticas econômicas e vinculados às denominações acima apresentadas. Juntos, esses ele-
culturais que objetivam a integração do mundo todo permitindo a mentos compõem a estrutura do Mercosul, atuando no sentido de
transmissão de informações com extrema rapidez de uma parte a organizá-lo e fundamentando suas ações e estratégias de mercado.
outra do planeta. O seu correto funcionamento significa a garantia da coesão e har-
monia desse importante bloco econômico.
Organização e estrutura do MERCOSUL
O Mercosul estrutura-se a partir de alguns organismos repre- Protocolos complementares ao tratado fundador
sentados pelos países-membros efetivos do bloco que visam à cor- Em razão da dinâmica presente no processo de integração,
reta estruturação dos acordos realizados. Esse bloco econômico para adequar a estrutura do bloco às mudanças ocorridas, o
possui três grupos diferentes de países integrantes: Conselho do Mercado Comum anexou ao Tratado de Assunção
Membros permanentes: são aqueles países que fazem parte diversos protocolos complementares ao longo do tempo. Para
integralmente do Mercosul, adotam a TEC e compõem todos os ter validade, após receber a assinatura dos presidentes do bloco,
acordos do bloco, além de possuírem poderes de votação em ins- um protocolo geral deve ser aprovado por decreto legislativo em
tâncias decisórias. São membros permanentes a Argentina, o Brasil, todos os países signatários. Ao todo, 15 protocolos receberam
o Paraguai e o Uruguai. (A Venezuela foi aceita como membro per- esta aprovação e estão em vigência:
manente em 2012 e suspensa do bloco em dezembro de 2016 e em Protocolo de Las Leñas, 1992; determinou que sentenças
05 de agosto de 2017). provenientes de um país signatário tenham o mesmo entendi-
Membros associados: são aqueles países que não fazem par- mento judicial em outro, sem a necessidade de homologação
te totalmente dos acordos do Mercosul, principalmente por não de sentença, a que estão submetidas todas as demais decisões
adotarem a TEC, mas que integram o bloco no sentido de ampliar judiciais tomadas em países de fora do bloco. No Brasil, este pro-
suas trocas comerciais com os demais países do bloco. São mem- tocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 55 de
bros associados a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equador, o Peru, o 19 de abril de 1995 e promulgado por meio do decreto 2 067, de
Suriname e a Guiana. 12 de novembro de 1996.
Membros observadores: composto pelo México e pela Nova
Zelândia, esse grupo é destinado aos países que desejam acompa-
nhar o andamento e expansão do bloco sem o compromisso de dele

75
CONHECIMENTOS GERAIS

Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em exercem força de juízo. No Brasil, este protocolo foi registrado
Matéria Contratual, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 712, de 15 de outubro de
pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e 2003, e promulgado por meio do decreto número 4 982, de 9 de
promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de dezem- fevereiro de 2004.
bro de 1996. Protocolo de Assunção sobre o Compromisso com a Pro-
Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de moção e Proteção dos direitos Humanos no Mercosul, 2005; No
Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário, Médio e Téc- Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo
nico, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do de- número 592, de 27 de agosto de 2009 e promulgado por meio do
creto legislativo número 101, de 3 de julho de 1995, e promulga- decreto número 7 225, de 1 de julho de 2010.
do por meio do decreto número 2 726, de 10 de agosto de 1998. Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, 2005;
Protocolo de Ouro Preto, 1994; estabeleceu estrutura ins- No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legisla-
titucional para o Mercosul, ampliando a participação dos parla- tivo número 408, de 12 de setembro de 2006 e promulgado por
meio do decreto número 6 105, de 30 de abril de 2007.
mentos nacionais e da sociedade civil. Este foi o protocolo que
Protocolo de Adesão da República Bolivariana de Venezuela
deu ao Mercosul personalidade jurídica de direito internacional,
ao Mercosul, 2006; Protocolo válido em razão da suspensão da
tornando possível sua relação com outros países, organismos in-
República do Paraguai. No Brasil, este protocolo foi registrado
ternacionais e blocos econômicos. No Brasil, este protocolo foi através do decreto legislativo número 936, de 16 de dezembro
aprovado através do decreto legislativo número 188, de 16 de de 2009 e promulgado por meio do decreto número 3 859, de 6
dezembro de 1995, e promulgado por meio do decreto número de dezembro de 2012.
1 901, de 9 de maio de 1996. Alguns protocolos não receberam esta aprovação e, por este
Protocolo de Medidas Cautelares, 1994; No Brasil, este pro- motivo, são chamados de protocolos pendentes. No entanto,
tocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 192, outros protocolos aprovados por decreto legislativo foram apri-
de 15 de dezembro de 1995 e promulgado por meio do decreto morados posteriormente, tendo assim, sua validade revogada:
número 2 626, de 15 de junho de 1998. Protocolo de Brasília, 1991; foi revogado com a assinatura
Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais, do Protocolo de Olivos em 2002. Modificou o mecanismo de
1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto controvérsias inicialmente previsto no Tratado de Assunção, dis-
legislativo número 3, de 26 de janeiro de 2000, e promulgado ponibilizando a utilização de meios jurídicos para a solução de
por meio do decreto número 3 468, de 17 de maio de 2000. eventuais disputas comerciais. Estipulou a utilização do recurso
Protocolo de São Luís em Matéria de Responsabilidade Civil de arbitragem como forma de assegurar ao comércio regional
Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do estabilidade e solidez. Definiu prazos, condições de requerer o
Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do assessoramento de especialistas, nomeação de árbitros, con-
decreto legislativo número 259, de 15 de dezembro de 2000, e pro- teúdo dos laudos arbitrais, notificações, custeio das despesas,
mulgado por meio do decreto número 3 856, de 3 de julho de 2001. entre outras disposições. No Brasil, este protocolo foi registrado
Protocolo de Integração Educativa para a Formação de Re- através do decreto legislativo número 88, de 01 de dezembro de
cursos Humanos a Nível de Pós-Graduação entre os Países Mem- 1992, e decreto número 922, de 10 de setembro de 1993.
bros do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado
pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e Alguns dados demográficos, econômicos e geográficos do Mer-
promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de dezem- cosul
bro de 1996. - População: 300 milhões de habitantes (estimativa 2017)
Protocolo de Integração Cultural do Mercosul, 1996; No Bra- - Comércio entre os países: US$ 37,9 bilhões (em 2016)
- Área total: 14.869.775 km²
sil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo
- PIB: US$ 4,7 trilhões (estimativa 2017)
número 3, de 14 de janeiro de 1999, e promulgado através do
- PIB per capita: US$ 15.680 (estimativa 2017)
decreto número 3 193, de 5 de outubro de 1999.
- IDH: 0.767 (índice de desenvolvimento humano alto) - Pnud
Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimen- 2016
to de Estudos de Pós-Graduação nas Universidades dos Países
Membros do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi apro- O MERCOSUL oferece ao Brasil a possibilidade de se tornar o
vado através do decreto legislativo número 2, de 14 de janeiro líder de uma região com um PIB da ordem de grandeza de US$ 4,7
de 1999, e promulgado por meio do decreto número 3 194, de 5 trilhões; sem conflitos étnicos, de fronteira, religiosos, históricos ou
de outubro de 1999. culturais; com sistemas financeiros relativamente desenvolvidos;
Protocolo de Ushuaia, 1998; No Brasil, este protocolo foi uma tradição capitalista de décadas; um parque industrial de porte
aprovado através do decreto legislativo número 452, de 14 de razoável; consumo de massa; e uma considerável demanda reprimi-
novembro de 2001 e promulgado através de decreto número 4 da, visto se tratar de uma região com uma renda per capita média,
210, de 24 de abril de 2002. porém com bolsões de pobreza expressivos e portanto com grande
Protocolo de Olivos, 2002; aprimorou o Protocolo de Brasília potencial de expansão de consumo. O MERCOSUL é o grande expo-
mediante a criação do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão ente brasileiro no cenário internacional, nas relações econômicas e
do Mercosul. Esse tribunal passou a revisar laudos expedidos pe- até mesmo políticas, possibilitando uma maior estrutura de nego-
los Tribunais Arbitrais, em caso de contestação. Seus árbitros são ciação ao gozar do status de bloco econômico, é visto, por muitos,
nomeados por um período de dois anos, com possibilidade de como uma forma de fugir da gigantesca influência dos Estados Uni-
prorrogação. As decisões deste tribunal têm caráter obrigatório dos na América Latina que é uma constante preocupação no que
para os Estados envolvidos nas controvérsias, não estão sujei- diz respeito a manter tradições e costumes culturais singulares dos
tas a recursos ou revisões e, em relação aos países envolvidos, latinos.

76
CONHECIMENTOS GERAIS

Integração regional Brasil e América Latina é muito baixa mo da produção chinesa. Logo, quando a China cresce, os demais
Países poderiam aproveitar melhor o aumento de barreiras países crescem junto. Agora, aqui na região, se o Brasil cresce, não
entre EUA e China se houvesse um comércio interregional mais es- acontece nada.
truturado A condição básica para a sustentabilidade de longo prazo na
Enquanto as incertezas no cenário externo aumentam devi- integração da América do Sul é criar a capacidade de oferta nos pa-
do às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, apesar da íses menores de uma forma que eles possam prover insumos para
trégua temporária de 90 dias acordada no encontro do G2 (grupo a produção brasileira pra que quando a economia brasileira cres-
das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta cer, aí o crescimento da região se sustenta, porém, isso requer uma
mais a União Europeia), especialistas alertam para a falta de inte- maior coordenação entre as organizações de fomento da região e
gração do Brasil com os países vizinhos, que poderia ser uma for- de bancos de desenvolvimento. Essas instituições precisam focar
ma de proteção para a região, de acordo com levantamento feito os recursos em projetos para melhorar a infraestrutura regional.
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) e a Comissão O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Interna-
Econômica pra a América Latina (Cepal), ligada à Organização das cionais do Ipea, reforçou que a capacidade de investimento no país,
Nações Unidas (ONU). que é baixa e depende das multinacionais e da agenda de integra-
“Temos um quadro de integração regional que não é muito ção. “O Brasil tem pés de barro para ser um líder regional e uma
satisfatório. Ele é muito baixo. Aproximadamente, apenas 18% do limitação estrutural, que é determinante para qualquer integração.
comércio dos países latino americanos é intrarregional nos últimos A discussão de abertura comercial, cogitada pelo novo governo,
anos. Ainda que ele tenha melhorado um pouco entre 2005 e 2011, precisa ter mecanismos de incentivo ao comércio intrarregional”,
que foram os melhores anos para o comércio na região e o Brasil afirmou. O diretor destaca ainda a necessidade de ampliação dos
aumentou sua participação, mas, nos últimos anos, esse comércio acordos comerciais não apenas do Mercosul como forma de melho-
intrarregional voltou a diminuir”. (Pedro Silva Barros - pesquisador rar a integração regional.
do Ipea Pedro Silva Barros).
O pesquisador lembrou que um dos maiores desafios para o Circulação e custos
aumento dessa integração regional é a infraestrutura precária as- O sistema de transporte é um elemento fundamental das eco-
sim como a falta de garantias para o comércio intrarregional e a nomias nacionais. Os custos de deslocamento incidem sobre os
desorganização das cadeias de valor. “A estruturação das cadeias custos das matérias-primas e dos produtos finais destinados aos
de valor não compreende nossa região como espaço de articulação. mercados internos ou à exportação. Sistemas de transportes caros
Nesse sentido, o Estado pode atuar para estruturar melhor essas e ineficientes reduzem o potencial de geração de riquezas e a com-
cadeias”, disse ele, lembrando que boa parte das exportações bra- petitividade dos países. No Brasil, o desenho do sistema de trans-
sileiras na região é de manufaturas e, no setor de serviços, a parti- porte reflete as desigualdades regionais.
cipação do Brasil cresce em uma velocidade muito lenta. O técnico Nas paisagens coexistem formas espaciais, objetos produzidos
destacou que a Zona Franca de Manaus poderia ser um catalisador pelo trabalho humano em diferentes momentos históricos. Por
do comércio intrarregional, contudo, está longe de cumprir essa mais velozes que sejam as mudanças na sociedade, esses objetos
função. “A Suframa é um polo industrial que foi estruturado como nunca são destruídos ou substituídos por outros ao mesmo tempo.
agência de desenvolvimento regional, mas não cumpre o seu pa- Ao contrário, alguns processos novos se adaptam às formas espa-
pel”, lamentou. ciais preexistentes, e a elas atribuem novos papéis. Isso acontece,
De acordo com o representante da área de Assuntos Econô- por exemplo, quando uma região fabril é desativada e os velhos
micos da Cepal em Santiago, José Duran, destacou que o índice de galpões são reaproveitados para novos fins, como grandes restau-
comércio intrarregional ficou em 17,2% das exportações totais da rantes, danceterias ou áreas de promoção cultural; ou quando uma
América Latina, em 2017, dos quais 54% do valores das trocas entre antiga área portuária se transforma em polo de turismo ou lazer.
países vizinhos são de produtos de tecnologia alta, média e baixa.
A China é o maior destino desses produtos e importa quase 50% do
total embarcado. “A América Latina poderia se beneficiar das maio-
res barreiras comerciais entre Estados Unidos e China se houvesse
maior integração regional”, disse Duran.
A Cepal projetou um crescimento das trocas interregionais, li-
derado pelas manufaturas baseadas em recursos minerais, como
derivados de petróleo, cobre papel e papelão, e de manufaturas de
tecnologia baixa e média. Todavia, ele acrescentou que há também
um potencial de crescimento do comércio eletrônico intrarregional,
mas há quatro desafios que precisam ser enfrentados: melhorar o
capital humano, aperfeiçoar a infraestrutura logística, convergên-
cia regulatória e adequação dos meios de pagamentos. “O Brasil
participa com 42% desse comércio e a região está aumentando o
consumo de produto importado, que vem ocupando o espaço bra-
sileiro”, alertou.
Avaliações demonstram que o modelo de trocas comerciais na Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró - RN. Antigo prédio
região não é sustentável e muito diferente do que ocorre no sudes- do Sistema Ferroviário Federal, foi recuperado pela Petrobras e
te asiático. Os países do sudeste asiático são provedores de insu- hoje abriga a maior parte das festas e eventos sociais da cidade.

77
CONHECIMENTOS GERAIS

O geógrafo Milton Santos chama de «rugosidades» essas formas espaciais produzidas para atender necessidades do passado, mas que
resistiram aos processos de transformação social e econômico e continuam a desempenhar um papel ativo no presente. É o que ocorre,
por exemplo, com as redes nacionais de transporte - espelhos dos diferentes modelos de organização da economia que se sucederam ao
longo da história de um país.
No Brasil, as rodovias dominam a matriz de transportes. O sistema rodoviário responde por 59% da matriz, em contraste com os 24%
das ferrovias e os 17% das hidrovias e outros meios somados. Para efeitos de comparação com o Brasil, um país também de dimensões
continentais como o Canadá tem 46% de ferrovias, 43% de rodovias e 11% de hidrovias e outros. A opção pelas rodovias, responsáveis
pelos elevados custos de deslocamento que vigoram no país, foi realizada no contexto da acelerada industrialização que teve lugar em
meados do século passado.

Ferrovia Transiberiana - maior ferrovia do mundo, corta a Rússia de leste a oeste

No final do século XIX e início do século XX, porém, o modelo de transporte adotado no Brasil contemplava, basicamente, as necessi-
dades da economia agroexportadora. Nesse período, o trem era o meio de transporte mais típico. O traçado das redes regionais interligava
as áreas produtoras de mercadorias tropicais aos portos, pelos quais a produção era escoada para o mercado externo. No caso da malha
ferroviária paulista, que estava a serviço do café, havia uma abertura em leque para as terras do interior e um afunilamento na direção do
Porto de Santos.

78
CONHECIMENTOS GERAIS

Essas redes configuravam as estruturas de “bacia de drenagem”, pois se destinavam a escoar produtos minerais e agrícolas para os
portos, de onde eles seguiam rumo aos mercados internacionais. Os planos de desenvolvimento de transportes visavam integrar as ferro-
vias com as hidrovias, uma vez que os rios eram bastante utilizados para a circulação regional. Um plano esboçado pelo engenheiro militar
Eduardo José de Moraes ainda no século XIX tinha como objetivo criar um sistema hidroviário integrado.

Com a emergência da economia urbano-industrial, as ferrovias e hidrovias foram paulatinamente perdendo importância para a rede
rodoviária. Na década de 1930 esboçou-se uma nova diretriz na política nacional de transporte, que passou a privilegiar a construção de
grandes rodovias. Washington Luís, presidente da República entre 1926 e 1930, adotou como lema de seu mandato a frase “governar é
construir estradas”. Nas décadas seguintes, essa política seria fortalecida pela criação da Petrobras e pelo desenvolvimento da indústria
automobilística.

79
CONHECIMENTOS GERAIS

A opção rodoviária, adotada naquela época, é atualmente uma das maiores dificuldades logísticas do país, pois teve como resultado
um sistema de transporte caro e ineficiente, que traz impactos negativos tanto para a economia quanto para o meio ambiente.

Mapa rodoviário do Brasil

Embora no Brasil existam grandes extensões de rios navegáveis, o país não dispõe de um sistema hidroviário. O sistema ferroviário,
praticamente abandonado nos últimos 80 anos, hoje apresenta enormes trechos desativados ou subaproveitados.
No que diz respeito às rodovias, apesar da presença de estradas modernas e construídas com os mais avançados recursos da engenha-
ria, predominam os trechos esburacados e em péssimas condições. Cerca de 16% delas foram privatizadas e receberam investimentos nas
últimas décadas, ainda que tenham se tornado extremamente caras tanto para os carros de passeio quanto para os caminhões de carga,
em virtude das elevadas tarifas de pedágio.
Entre as rodovias públicas, cerca de 80% da malha foi classificada como deficiente, ruim ou péssima por uma pesquisa da Confedera-
ção Nacional do Transporte (CNT).

80
CONHECIMENTOS GERAIS

Em muitos casos, a transformação de trechos ferroviários de-


sativados em caminhos turísticos foi iniciativa dos apaixonados
por trens; gente que gostava de ver as locomotivas correr sobre os
trilhos e lembrar com saudade da época áurea do transporte fer-
roviário de passageiros no país. Reunidos em associações, esses
militantes preservam a memória ferroviária brasileira, recuperam
locomotivas e vagões e procuram colocá-los novamente em ativi-
dade.

BR-230 (Transamazônica) - Trecho entre Altamira e Marabá, no


Pará

A situação da maior parte da malha ferroviária brasileira tam-


bém é bastante precária. Enquanto a maioria dos países desenvolvi-
dos dispõe de um sistema ferroviário moderno, que permite tráfego
das locomotivas de até 300 km/h, os trilhos no Brasil têm mais de
100 anos, e por eles passam trens vagarosos. Trem Turístico puxado por uma “Maria Fumaça” que liga São João
Além disso, muitos trechos da malha foram cercados por cida- Del Rey a Tiradentes - MG
des: um levantamento feito pela MRS Logística, que opera a malha
sudeste da antiga Rede Ferroviária Federal, aponta a existência de Algumas rodovias brasileiras desempenharam (e ainda desem-
11.000 cruzamentos com estradas no Brasil. A necessidade de desa- penham) papel estratégico na integração do território nacional.
celerar nos trechos próximos a cidades e estradas obriga os trens de O Nordeste e o Sul do país foram conectados ao Sudeste por
carga brasileiros a andarem numa velocidade de 25 km/h, ao passo meio da BR-116 e, depois, da BR-101. Nas décadas de 1950 e 1960,
que em outros países a velocidade média é de 80 km/h. as capitais do Centro-Oeste e Brasília foram ligadas ao Sudeste.
Em seguida, Brasília e Cuiabá tornaram-se os trampolins para
a integração da Amazônia com o restante do território brasileiro.
Os eixos principais foram a BR-153 (Belém-Brasília) e a BR-364, que
parte de Mato Grosso e abre caminho para Rondônia e o Acre. Um
eixo secundário é a BR-163 (Cuiabá-Santarém), cuja pavimentação
se interrompe antes da divisa setentrional de Mato Grosso e só é
retomada nas proximidades de Santarém.

Grande parte da rede ferroviária do Brasil encontra-se sucateada

Atualmente, onze linhas férreas estão convertidas em atrações


turísticas. A maior delas, com 664 km de extensão é a que liga a
capital do Espírito Santo, Vitória, à capital mineira. A menor, com
somente 4 km, fica na cidade do Rio de Janeiro: o Trenzinho do Cor-
covado.
Trecho da BR-010 (Belém-Brasília) em Dom Eliseu (PA)

Na década de 1980, a crise financeira do Estado brasileiro teve


efeitos devastadores sobre a vasta malha rodoviária. Com a capa-
cidade de investimentos bastante reduzido, o governo federal sim-
plesmente deixou de realizar a manutenção das estradas, que, sob
o peso dos caminhões de carga e dos efeitos erosivos da chuva e do
sol quente, se deterioraram em pouco tempo.
O péssimo estado de conservação das rodovias brasileiras não
prejudica apenas os usuários de transporte de passageiros, mas
também o ramo de transporte de cargas, que tem muito mais gas-

81
CONHECIMENTOS GERAIS

tos com a manutenção de caminhões. Além disso, a existência de trechos intransitáveis e a falta de maior integração entre as redes de
transporte, exigem trajetos mais longos e complicados, o que resulta em mais poluição e mais gastos com combustíveis, além de uma
maior exposição a acidentes.

Condições das rodovias federais de acordo com uma pesquisa feita em 2010 pela CNT

82
CONHECIMENTOS GERAIS

Na década de 1990, a administração de inúmeras rodovias federais e estaduais passou ao controle de concessionários privados,
garantindo a modernização e expansão das ligações viárias que servem principalmente aos eixos de circulação do Sudeste. Entre esses
empreendimentos destacam-se as grandes rodovias paulistas, como os sistemas Anhanguera-Bandeirantes (entre São Paulo e Campinas),
Anchieta-Imigrantes (entre São Paulo e a Baixada Santista) e Dutra-Ayrton Senna (entre São Paulo e o Vale do Paraíba).

Rodovia dos Bandeirantes - trecho São Paulo-Cordeirópolis

As estradas da globalização
Nos últimos anos, o Brasil tem realizado um enorme esforço para aumentar sua participação no comércio internacional. Entretanto,
o predomínio das rodovias e a precária integração entre os diferentes modos de transportes geram elevados custos de deslocamento,
que dificultam a chegada dos produtos brasileiros aos mercados externos. Por isso mesmo, uma parcela significativa do orçamento e das
obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2007, está voltado para o setor. Essas obras destinam-se a
configurar uma nova estrutura em “bacia de drenagem”, por meio de empreendimentos ferroviários e hidroviários. A perspectiva do Plano
Nacional de Logística e Transporte (PNTL), do Ministério dos Transportes, é alcançar em 2015 o equilíbrio entre os três sistemas, com a
seguinte repartição: rodoviário, 33%; hidroviário, 29%.

Obras do PAC na BR-101 no município de Goianinha - RN

Alguns dos principais empreendimentos destinam-se a facilitar o escoamento da agropecuária modernizada do Centro-Oeste,
na Amazônia meridional e no leste do Pará. O centro e o sul do Mato Grosso do Sul já estão conectados aos portos de Santos e Para-
naguá por meio das ferrovias Noroeste do Brasil, Novoeste e Ferropar. Os trilhos da Ferronorte alcançaram a porção setentrional do
Mato Grosso do Sul e, numa segunda etapa, devem atingir Cuiabá e Porto Velho. O ramal ferroviário Cuiabá-Santarém é um projeto
de longo prazo, mas o trecho paraense da rodovia que liga essas duas cidades estão sendo asfaltado.

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CONHECIMENTOS GERAIS

A conclusão da segunda etapa da Ferronorte representará uma dupla conexão das áreas agrícolas do oeste do Mato Grosso e de Ron-
dônia. Ao sul, a produção será escoada pelos portos de São Paulo e do Paraná, ou através da Hidrovia do Rio Paraná, rumo à Argentina. Ao
norte, seguirá pela Hidrovia do Madeira até chegar ao Rio Amazonas, de onde seguirá para o oceano. A estrada de ferro também servirá
para aliviar o fluxo que passa pela BR-364.

Ferrovia Ferronorte

A Ferrovia Norte-Sul destina-se a escoar a produção agropecuária de uma vasta área que se estende pelo oeste baiano, Goiás, To-
cantins e nordeste de Mato Grosso. A estrada de ferro está conectada às rodovias e ferrovias do Sudeste. Do outro lado, tanto a ferrovia
quanto a hidrovia projetada interligam-se à Estrada de Ferro Carajás, que transporta minérios e grãos para o porto de Itaqui, no Maranhão.
O novo eixo ferroviário em construção tende a reduzir o transporte de cargas pela BR-153.

Ferrovia Norte-Sul

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CONHECIMENTOS GERAIS

Os investimentos não estão ocorrendo apenas no ramo ferroviário. Desde 2007, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transpor-
tes (DNIT) está preparando uma espécie de “PAC das hidrovias”, que prevê investimentos de até R$ 18 bilhões nos próximos anos.
A mais importante entre essas obras é a ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná. A intenção do governo é ampliar o trecho nave-
gável, dos atuais 800 para 2.000 km. A capacidade de transporte de carga aumentaria de 5 milhões para 30 milhões de toneladas
por ano. Outra vantagem é que a hidrovia terminaria a uma distância de apenas 150 km do Porto de Santos (hoje essa distância é
de 310 km).

HidroviaTietê-Paraná

A segunda obra em análise é a ampliação da Hidrovia do Tocantins-Araguaia. O primeiro trecho da obra contempla a construção da
eclusa de Tucuruí, que dará ao Rio Tocantins 700 km navegáveis. No futuro, pretende-se fazer mais três eclusas, elevando a distância na-
vegável para 2.200 km.
O terceiro projeto trata-se do projeto da implantação da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, que demandará investimentos de R$ 5 bilhões
para ampliar a navegabilidade do rio de 300 km para 1.500 km.

Hidrovia Tocantins-Araguaia

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CONHECIMENTOS GERAIS

A integração intermodal
A nova política de transportes não representa uma mera substituição da prioridade rodoviária pela ênfase nas ferrovias e hidrovias. A
configuração de uma estrutura de “bacia de drenagem” capaz de contribuir para a inserção competitiva do país na economia globalizada
depende da integração intermodal - ou seja, entre diferentes modos de transporte.
As cargas devem ser transferidas, com eficiência e baixos custos, entre caminhões, vagões ferroviários e comboios fluviais. Isso exige
a construção de terminais intermodais e terminais especializados junto às ferrovias, hidrovias e portos marítimos. Os trabalhos de ligações
intermodais desenvolvem-se em todas as regiões. Um exemplo é a ligação da Ferrovia Norte-Sul ao Porto de Santos, que deverá facilitar o
escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste.

86
CONHECIMENTOS GERAIS

Os portos marítimos e fluviais nos quais atracam embarcações de longo curso representam os elos principais entre o sistema nacional
de transporte e o mercado mundial. Segundo o Ministério dos Transportes, existem no país 40 portos públicos, basicamente operados
pelo setor privado. Do ponto de vista da movimentação de cargas, os maiores portos brasileiros são dois grandes terminais exportadores
de minérios e produtos siderúrgicos: Tubarão, no Espírito Santo, e Itaqui, no Maranhão. Ambos prestam serviços para a Companhia Vale
do Rio Doce (Vale), a maior empresa mineradora do país e uma das maiores do mundo.

Os principais portos do Brasil

87
CONHECIMENTOS GERAIS

No litoral Sudeste encontra-se a maior concentração de portos de intenso movimento, com destaque para o Porto de Santos, que mo-
vimenta principalmente produtos industrializados. Na Região Sul, destacam-se as exportações agropecuárias de Paranaguá e Rio Grande.
Os custos portuários brasileiros chegaram a figurar entre os mais elevados do mundo, em razão da fraca mecanização das operações
de embarque e desembarque e da intrincada burocracia administrativa. Faltam equipamentos para movimentar a carga, há poucos esta-
cionamentos para os caminhões e os armazéns são insuficientes. Desse modo, congestionamentos e atrasos tornam-se rotina, o que difi-
culta a vida de quem exporta. Nesse setor, porém, a maior parte dos investimentos está sendo realizada pelo setor privado, que já controla
cerca de 80% da movimentação portuária nacional.

Fila de carretas em direção ao Porto de Paranaguá - PR

Os investimentos em infraestrutura de transporte estão gerando novos polos de crescimento econômico e acendem disputas pela
atração de investimentos. No Nordeste, dois novos e modernos portos foram empreendimentos prioritários dos governos estaduais na
década de 1990: Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. Em torno deles, surgiram, graças a generosos incentivos fiscais, distritos
industriais com vocação exportadora.

O transporte intraurbano
As últimas décadas conheceram uma verdadeira explosão nas taxas de motorização individual. Entre os países desenvolvidos, essa
taxa varia de cerca de 350 mil automóveis por mil habitantes da Dinamarca até 500 ou mais na Alemanha, Itália e nos Estados Unidos.
Nos países subdesenvolvidos industrializados, ela é bem menor, em torno de 100 a 200 automóveis por mil habitantes, embora esteja
crescendo em ritmo acelerado.
Nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, por exemplo, a taxa de motorização passou de 171 veículos/mil habitantes em
2003 para 206 veículos/mil habitantes em 2007. Por isso, e apesar dos programas de redução de poluentes de veículos, a quantidade de
poluentes emitidos pelos habitantes dessas cidades apresentou aumento de 2,3% no período.
A poluição atmosférica causada pelos veículos acarreta distúrbios de saúde em vastas camadas da população. A poluição sonora e os
acidentes de tráfego também fazem parte da lista dos problemas gerados pelo crescimento intensivo do transporte individual.

Ar bastante poluído na cidade de São Paulo - SP

No mundo todo houve expansão da motorização individual, ao passo que o uso dos transportes públicos experimentou estagnação,
ou mesmo declínio. Nas metrópoles brasileiras, carentes de adequados sistemas de transporte público, o automóvel tende a substituir os
deslocamentos a pé ou em bicicletas.

88
CONHECIMENTOS GERAIS

Desde a década de 1960, as estratégias voltadas para reduzir a tal do país é de 190.755.799 habitantes. Essa quantidade faz do Bra-
crise do tráfego urbano concentraram-se na multiplicação das obras sil o quinto mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados
viárias: pistas expressas, vias elevadas, viadutos, túneis, anéis peri- Unidos da América (EUA) e Indonésia, respectivamente.
féricos. Essas estratégias, extremamente caras, desfiguram grande Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoado, pois a
parte da paisagem urbana, ampliaram o espaço consumido pelas densidade demográfica (população relativa) é de apenas 22,4 habi-
infraestruturas de circulação, deterioraram áreas residenciais, par- tantes por quilômetro quadrado. Outro fato que merece ser desta-
ques e praças e fracassaram: o aumento da oferta de vias de tráfego cado é a distribuição desigual da população no território nacional.
estimulou o crescimento, num ritmo ainda maior, da quantidade de Um exemplo desse processo é a comparação entre o contingente
veículos e das distâncias percorridas. populacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) com o da região
A falta de investimentos em transporte público, obriga a popu- Centro-Oeste (14 milhões).
lação a andar em ônibus cada vez mais lotados nas grandes cidades A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência
A experiência do passado recente revelou que novas infraes- que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos popula-
truturas de circulação geram seus próprios congestionamentos. As- cionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da população
sim, surgiram propostas para enfrentar o desafio do tráfego urbano brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns conceitos
que buscam combinar investimentos nos transportes de massa com básicos desse ramo do conhecimento.
restrições ativas à circulação de veículos particulares. No Brasil, as População absoluta: é o índice geral da população de um deter-
experiências de limitação do tráfego de automóveis abrangem prin- minado local, seja de um país, estado, cidade ou região. Exemplo:
cipalmente proibições parciais de circulação, por meio de sistemas a população absoluta do Brasil está estimada em 180 milhões de
de rodízios. O automóvel, antigo ícone da liberdade de deslocamen- habitantes.
to, tornou-se símbolo das mazelas da vida urbana. Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pesso-
as em determinado espaço, geralmente medida em habitantes por
Destaque da Região Centro-Sul quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada de população
Com aproximadamente de 2,2 milhões de km2, cerca de 25% relativa.
do território brasileiro, a região centro-sul abrange os estados da Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantita-
região Sul, Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais) e Centro-Oes- tivo populacional é maior do que os recursos sociais e econômicos
te, (Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sul do Mato Grosso existentes para a sua manutenção.
e de Tocantins. Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povo-
É o complexo regional mais importante e o centro econômico ado e superpovoado?
da nação, com mais de 60% da população brasileira. Aí estão 16 Um local densamente povoado é um local com muitos habi-
das 22 áreas metropolitanas do país. É a mais dinâmica das regiões, tantes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é um
com uma economia muito diversificada. local com uma população muito grande em termos absolutos e um
Apresenta a maior concentração de indústrias do país, uma lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos suficientes
rede complexa e interligada de cidades, a agropecuária mais mo- para abastecer toda a sua população.
derna e a mais densa rede de serviços, comunicações e transportes. Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povo-
É onde se produz mais emprego do que todos os complexos regio- ado. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O Japão
nais e concentra a maior quantidade dos investimentos das grandes é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado.
empresas. Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acontecem
O Centro-Sul é o espaço da modernização e do dinamismo, em- em uma determinada área.
bora apresente ainda estruturas tradicionais e atrasadas, acarretan- Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedi-
do desequilíbrios socioespaciais no seu espaço regional. Podemos dos menos o número de óbitos em nascimentos.
dizer que o Centro-Sul representa o “Brasil novo”, da indústria, das Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um
grandes metrópoles, da imigração e da modernização da economia. determinado local.
É a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento populacio-
maior parte do PIB. Nos setores agrário, industrial e de serviços, nal de uma localidade medido a partir da diminuição da taxa de
além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior natalidade pela taxa de mortalidade.
dinamicidade, o centro-sul possui também as contradições típicas Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local
do desigual desenvolvimento sócieconômico brasileiro. medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas que
chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam).
População Brasileira Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de cresci-
O Brasil é considerado um dos países de maior diversidade ét- mento populacional calculada a partir da soma entre o crescimento
nica do mundo, sua população apresenta características dos coloni- natural e o crescimento migratório.
zadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos indígenas Migração pendular: aquela realizada diariamente no cotidiano
(população nativa), além de elementos dos imigrantes asiáticos. A da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar.
construção da identidade brasileira levou séculos para se formar, Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determinado
sendo fruto da miscigenação (interação entre diferentes etnias) en- período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem de férias.
tre os povos que aqui vivem. Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de migração
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De acordo ou mudança de moradia definitiva.
com dados do último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo Êxodo rural: migração em massa da população do campo para
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população to- a cidade durante um determinado período. Lembre-se que uma mi-
gração esporádica de campo para a cidade não é êxodo rural.

89
CONHECIMENTOS GERAIS

Metropolização: é a migração em massa de pessoas de peque- Atual


nas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões metro- O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia
politanas. de mercado globalizada fez com que as empresas possam contratar
Desmetropolização: é o processo contrário, em que a popula- pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do tra-
ção migra em massa para cidades menores, sobretudo as cidades balho remoto esta tendência só tende a aumentar.
médias. Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho
exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e habilidades
Mercado de Trabalho em informática.
Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados
procura e a oferta das atividades remuneradas oferecidas pelas pes- como população economicamente ativa, tem suficiente formação
soas ao setor público e ao privado. para ingressar no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho acompanhou a expansão da economia
e as taxas de desemprego chegaram a registrar somente 4% de de- Tendências
socupação. As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalha-
Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões mais dor, em 2017, segundo uma consultoria brasileira seriam:
elementares, conhecimento básico de inglês e informática. Devido • Capacidade de Negociação
a desigualdade social do país, nem sempre esses requisitos serão • Execução de planejamento estratégico e projetos
cumpridos durante a vida escolar. • Assumir equipes de sucesso herdadas
O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo, • Domínio do idioma inglês
acumular experiências de trabalho voluntário e se preparar para
entrevistas. Mulher
Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho infantil Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de
e lembrar que uma criança que não estudou durante a infância será trabalho, vários problemas persistem como a remuneração inferior
um adulto com menos chances de conseguir um bom emprego. ao homem e a dupla jornada de trabalho.
Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só au- Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocu-
menta a competição para quem deseja se recolocar ou entrar no pando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além disso, em
mercado de trabalho. casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os ho-
mens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em
todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de trabalhar bus-
cam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por
76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de
trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa diferença é de
22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mu-
lher no mercado de trabalho no Brasil:

Taxa de desemprego no Brasil em 2017


Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens
Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou
não, a fim de escapar da situação de desemprego.

90
CONHECIMENTOS GERAIS

Jovens ou seja, aumentos da escolaridade que são associados a maiores ní-


Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que veis de participação nas atividades produtivas. E a terceira refere-se
nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode ser um desafio à população feminina e sua participação no mercado de trabalho.
complexo. Barbosa (2014) ressalta que a parcela que representa a PIA
Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecno- dentro do conjunto populacional de 2012, tinha um peso próximo a
logias mais recentes, redes sociais e até programação. Possuem 69,0% do total da população brasileira. No entanto a PIA tem cresci-
bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e do a taxas relativamente menores que a população com mais de 65
quem pode, viajou para o exterior. anos de idade, apresentando uma tendência de desaceleração do
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por grupo entre 15 e 64 anos de idade desde 1999, em função da queda
conta de sua formação, desejam começar logo em postos de co- da fecundidade e com projeções para sua intensificação de queda
mando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem para as próximas décadas. 27
empreender seu próprio negócio que buscar um emprego tradicio-
nal. Camarano (2014) explica que o grupo da PIA apresentou uma
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em ge- taxa de crescimento de 1,4% ao ano, entre 2010 e 2015, taxa con-
ral e no Brasil em particular esbarra sempre no acesso à educação siderada relativamente alta por Camarano, mas deve apresentar
formal. crescimento negativo para os períodos finais da projeção até 2050,
atingindo seu máximo até 2040 com um número aproximado de
Profissões mais valorizadas 177 milhões. A desaceleração do crescimento para o grupo da PIA
Apesar de ser apenas uma estimativa, aqui estão as profissões é projetado a partir de 2045, projeta-se também que 60,0% de sua
que estão em alta e devem ser mais demandadas nos próximos formação sejam de indivíduos com mais de 45 anos de idade, e de
anos: 50,0% com mais de 50 anos de idade
- Estatística Camarano (2014) argumenta que as taxas de participação na
- Analista de dados atividade econômica (PEA) de 2010 ficam constantes até a projeção
- Médico de 2020, no entanto para a projeção de 2020- 2030 em decorrência
- Biotecnologia e Nanotecnologia da queda da fecundidade devem resultar em um decréscimo apro-
- Economia Agroindustrial ximado de 380 mil na demanda por postos de trabalho anuais. Res-
- Administração de Empresas salta que para manter o nível de atividade da economia brasileira
- Comércio Exterior de 2010, entre 2030 e 2050, 400 mil novos indivíduos deverão estar
- Turismo dispostos a ocuparem uma vaga no mercado de trabalho brasileiro.
- Geriatria A autora argumenta que esses potenciais demandantes por vagas
- Design com foco em inovação no mercado de trabalho poderiam resultar do declínio de mortali-
dade, aumento da participação feminina ou ainda uma postergação
Estrutura ocupacional da saída do mercado de trabalho.
Nos últimos anos o ritmo de crescimento populacional foi al- Nonato et al (2012) ressalta que os efeitos de curto prazo de
terado pelas modificações das taxas de mortalidade e fecundida- diminuição da população jovem será desdobrado no médio e longo
de. Nonato et al (2012) analisando a força de trabalho, destacam prazo em uma redução da (PIA) e inversão da pirâmide etária. E a
que a transição demográfica altera a quantidade da força de tra- partir de uma perspectiva do mercado de trabalho a consequência
balho, pois altera a composição relativa de peso para cada grupos da transição demográfica resulta diretamente na composição da
da população, principalmente em termos de números de adultos PIA brasileira e impactando a disponibilidade de mão de obra.
que constituem a PIA brasileira, e assim modificando a oferta de Além dos fatores que dizem respeito aos indivíduos e suas con-
mão de obra do país, como será visto na seção nesta seção. dições, existem as barreiras sociais. Uma dessas barreiras sociais é
Para Camarano (2014) o Brasil estaria indo em direção à ter- como absorver um contingente mais envelhecido (ou manter ele
ceira fase da transição demográfica na qual a população apresen- em atividade) como o preconceito em relação ao trabalho das pes-
ta diminuição e envelhecimento. Barbosa (2014) argumenta que a soas mais envelhecidas, embora tenham um nível maior de experi-
demografia brasileira nas últimas décadas vem expondo um menor ência em relação aos jovens, apresentam maior absenteísmo por
ritmo de crescimento populacional e alteração de sua estrutura etá- condições físicas e de saúde como também maior tempo de apren-
ria, fato que modifica população em idade ativa (PIA), assim como, dizado de algumas funções assim como dificuldades para lidar com
modifica o mercado de trabalho. modificações tecnológicas. Logo existe a necessidade para adequa-
Nonato et al (2012) observam a força de trabalho brasileira e ção dos meios de trabalho para esse contingente da população mais
sua disposição de quantidade e qualidade. A quantidade da força de envelhecido, assim como ampliar o número de oportunidade para
trabalho está condicionada ao tamanho da população, número de esse grupo etário (CAMARANO; KANSO E FERNANDES, 2014).
adultos e a disposição de empregabilidade. Enquanto a qualidade A proporção de idosos com mais de 65 anos que continuam
da força de trabalho está condicionada ao nível educacional da po- no mercado de trabalho na maior parte do mundo é baixa, e ape-
pulação. Segundo os autores as características quantitativa e qua- sar desse fato foi observado nos Estados Unidos, um incremento
litativa da força de trabalho brasileira modificaram-se nas ultimas dessa parcela da população na atividade econômica, embora com
décadas por três razões centrais. A primeira diz respeito à transição um quadro diferenciado, pois possuem uma condição socioeconô-
demográfica e alteração da estrutura etária, que altera a composi- mica mais elevada em termos de saúde e escolaridade entre eles.
ção da PIA e consequentemente o número de indivíduos da força de No entanto, esse grupo etário observado também se diferencia dos
trabalho. A segunda são alterações da qualificação, especialização, outros aspectos, além da idade, pois optaram por uma maior flexi-
bilidade em sua permanência nas atividade econômicas, trabalhan-

91
CONHECIMENTOS GERAIS

do menos horas com uma remuneração menor, o que de fato pode trabalho e maternidade, sendo que a presença de creches aponta
ser uma alternativa muito viável para ser aproveitado no contexto para uma maior disposição das mulheres a exercerem atividades
brasileiro, pois se adotadas medidas que favoreça uma maior parti- econômicas.
cipação desse grupo etário na economia, mesmo que não integral- A tomada de decisão em relação a entrar no mercado de traba-
mente, pode levar a um prolongamento do tempo nas atividades lho está ligada a oferta de trabalho e, na teoria neoclássica a decisão
econômicas (CAMARANO; KANSO E FERNANDES, 2014). de ofertar trabalho ou não ofertar trabalho é uma decisão em rela-
ção à maximização da utilidade individual em relação à quantidade
Participação das Mulheres Brasileiras na Atividade Econômica de bens e lazer. Logo, a determinação quanto à oferta de trabalho
nos Últimos Anos do indivíduo está associada ao chamado salário de reserva, ou seja,
A presente seção aponta para um cenário aonde a mulher vem quanto o indivíduo receberá de remuneração adicional para abrir
incrementando sua participação no mercado de trabalho assim mão de uma hora de lazer. Logo o indivíduo estará disposto a ter
como seu nível educacional nos últimos anos. E se comparado o ce- menos horas de lazer quando o salário de mercado exceder seu
nário entre homens e mulheres em termos de participação nas ati- salário de reserva. Barbosa (2014) nota que enquanto para os ho-
vidades econômicas do Brasil e alguns países integrantes da OCDE mens a elasticidade das horas trabalhadas em relação ao salário é a
e Estados Unidos, ainda existe espaço para ampliação das taxa de principal variável dos estudos sobre oferta de trabalho. No entanto
atividades da mulher no mercado de trabalho. não é o mesmo para entender os determinantes da oferta do traba-
O incremento da participação feminina no mercado de traba- lho feminino, justamente pelo contraste da participação de ambos
lho é uma opção que pode ser explorada visto que possui espaço os sexos no mercado de trabalho.
para crescer. Comparativamente aos países da Organização para a Barbosa (2014) aponta que o salário de reserva tem um papel
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aos Estados importante para determinar a inserção ou não da mulher no mer-
Unidos, as taxas por faixa etária dos homens brasileiros ficam nem cado de trabalho, pois o mesmo indica características individuais,
níveis similares. No entanto, com relação a faixa etária entre 40 e 64 familiares ou econômicas que afetam a disposição de seu nível de
anos do grupo das mulheres brasileiras, as taxas de atividade ficam participação. Como exemplo, as mulheres com filhos pequenos,
abaixo das taxas observadas entre as mulheres da OCDE e Estados possuem uma tendência a ter um salário de reserva maior do que
Unidos. as mulheres que não possuem filhos, assim como outros membros
Para Souza Júnior e Levy (2014) o nível de atividade das mulhe- dependentes no domicílio e um número maior de adultos também
res em relação ao nível de atividade do grupo dos homens é menor tendem a aumentar o salário de reserva das mulheres. A autora
para todas as faixas etárias. Esta diferença se amplia se observado ainda observa variáveis como a idade e o estado conjugal com
o grupo das mulheres com mais de 45 anos de idade. Nonato et al grande influencia no salário de reserva e, que podem ter o efeito
(2012) argumentam que apesar da diferença entre a participação positivo ou negativo quanto a participação da mulher no mercado
entre homens e mulheres, existe um crescente incremento das mu- de trabalho.
lheres no mercado de trabalho formal nos últimos anos, passando Camarano (2004) argumenta que a presença de idosos com
de uma taxa de participação de 32,9% para uma taxa de 52,7% en- mais de 75 é uma variável dúbia, pois se o idoso pode gerar um
tre o período de 1981 a 2009 e, que apesar do aumento nos últimos efeito negativo se necessitar de cuidados, assim como pode gerar
anos, ainda existe uma diferença considerável, 20 pontos percentu- um efeito positivo se os idosos auxiliarem no cuidado dos filhos e/
ais em comparação a nível de participação masculina. ou da casa.
Logo Nonato et al (2012) observam um potencial para o au- Barbosa (2014) aponta que vários estudos indicam de forma
mento do grupo das mulheres no mercado de trabalho. Somado a significativa que creches e pré-escolas aumentam a participação
esse potencial, uma melhora do nível de escolaridade tende a incre- das mulheres no mercado de trabalho assim como o aumento das
mentar a participação dos indivíduos nas atividades econômicas as- horas trabalhadas. Barros et al (2011) observa que ao incrementar
sim como tendem a incrementar a sua produtividade. Para Barbosa a oferta de creches públicas em bairros de baixa renda no Rio de
(2014) dentre os fatores que influenciam a entrada das mulheres no Janeiro, elevou consideravelmente a participação feminina no mer-
mercado de trabalho sem sombra de dúvidas a educação possui um cado de trabalho nestas localidades, entre 36,0% e 46,0%.
destaque. Nonato et al (2012) alega que toda a PIA brasileira tem Berlingeri e Santos (2014) argumentam que é previsto em lei
apresentado níveis cada vez maiores de escolarização nos últimos o atendimento gratuito em creches e pré-escolas e que nos últi-
anos e evidencia um maior peso da participação das mulheres para mos anos está ocorrendo um aumentando na demanda nesses ser-
esse aumento no nível de escolaridade da PIA brasileira. viços. Entre 1997 e 2009 a demanda por creches municipais teve
um aumento de quatro vezes. Segundo os autores o aumento na
Determinantes da Participação Feminina no Mercado de Tra- demanda tem dois motivos principais. O primeiro é em relação às
balho conquistas da mulher no mercado de trabalho para complementa-
Nota-se o potencial que ainda pode ser explorado em relação ção da renda familiar, sendo que a creche aparece como uma enti-
às mulheres e sua inserção no mercado de trabalho, como já co- dade que auxilia as mães trabalhadoras na conciliação do trabalho
mentado neste trabalho, observa-se a diferença entre a taxa de e maternidade. O segundo motivo é o benefício no ensino infantil,
participação nas atividades econômica brasileira feminina e a inter- desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças, ou seja,
nacional, como exemplo dos países que compõe Organização para a relevância no processo educacional.
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Estados Várias modificações institucionais visando o ensino infantil fo-
Unidos, mas principalmente, em relação à diferença nas taxas de ram realizadas pelos órgãos públicos tentando suprir a crescente
atividade masculina e feminina no Brasil. A seção aborda o conceito demanda por vagas desse grupo etário como exemplo
de salário reserva da mulher na tomada de decisão de entrada ou
não no mercado de trabalho, assim como trata da conciliação entre

92
CONHECIMENTOS GERAIS

Por meio da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e de atividade dos homens brasileiros, assim como menores, quan-
bases da educação nacional (Brasil, 1996), as creches foram incor- do comparadas aos níveis de atividade das mulheres dos países da
poradas ao sistema de educação e, posteriormente, ao Fundo de OCDE e Estados Unidos.
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoriza- Barros et al (2011) observa uma relação positiva entre aumen-
ção dos Profissionais da Educação (FUNDEB), recebendo recursos to de número de creches e aumento da participação feminina nas
diretos do governo. atividades econômicas. Berlingeri e Santos (2014) argumentam que
Outras medidas, como a Lei nº 11.114/2005 (Brasil, 2005) – a demanda pelo serviço de creches tem aumentando nos últimos
que altera o Artigo 32 da LDB, determinando que o ensino funda- anos, mas observa que um aumento de investimentos na amplia-
mental, gratuito e obrigatório, passa a ter início aos 6 anos de idade ção deste tipo de serviço pode ficar ocioso no futuro, tendo em
e estende sua duração até os 9 anos –, a Emenda Constitucional vista as alterações demográficas, como um número cada vez menor
(EC) nº 59/2009 – que passa a incluir a pré-escola (4 a 5 anos) como de nascimentos para o grupo de crianças de 0 a 3 anos que utilizam
etapa obrigatória do ensino básico –, e o projeto de lei (PL) que cria esse serviço.
o Plano Nacional de Educação (PNE) para vigorar de 2011 a 2020, Barbosa (2014) argumenta ser incerto os cenários de aumento
buscando ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender das mulheres na atividade econômica, e mesmo se houver este in-
a 50% da população de até 3 anos, refletem a preocupação do go- cremento ainda não será o suficiente para suprir a necessidade fu-
verno em universalizar o atendimento escolar destinado ao público tura de mão de obra no mercado de trabalho brasileiro, argumenta
infantil (BERLINGERI; SANTOS, 2014, p.449) a necessidade de melhores níveis educacionais e mais políticas para
O cenário de transformação demográfica da população brasi- permanência do trabalhador no mercado de trabalho.
leira oferece importantes informações a respeito das demandas por Nonato et al (2012) argumenta que para reduzir a diferença
vagas na educação infantil de creches e pré-escolas. Como já visto, entre mulheres e homens em termos de níveis de atividade do mer-
a fecundidade nas ultimas décadas vem decrescendo cada vez mais cado de trabalho depende de modificações culturais, econômicas e
no cenário brasileiro, que com o passar dos anos, foi alterando a sociais. Ressalta ainda que a participação feminina deve incremen-
composição etária da população, modificando principalmente os tar-se para os próximos anos com mais mulheres ocupando cargos
dois grupos extremos, as crianças e os idosos, pois o primeiro grupo e postos nos quais ainda não estão muito presentes.
perde seu peso na composição da população enquanto o segundo
amplia seu contingente. Logo, não é comum para os formulado- Indicadores sócioeconômicos
res de políticas atenderem esse aumento de demanda presente Os indicadores sociais são dados estatísticos sobre os vários
através da expansão dos serviços de educação infantil esperando aspectos da vida de um povo que, em conjunto, retratam o estado
que esses investimentos não possam ficar ociosos no futuro. Assim social da nação e permitem conhecer o seu nível de desenvolvimen-
a demanda por esses serviços são conflitantes, pois o número de to social.
crianças do grupo entre 0 e 3 anos de idade é cada vez menor, mas Os indicadores sociais compõem um sistema e, para que te-
apesar disso, o número de família que buscam por esse serviço é nham sentido, é necessário que sejam observados uns em relação
cada vez maior (BERLINGERI; SANTOS, 2014). aos outros, como elementos de um mesmo conjunto.
Como visto neste capítulo, a população que compõe a PIA bra- A partir destes indicadores sociais, pode ser avaliada a renda
sileira vem apresentando menores taxas de crescimento com proje- per capita, analfabetismo (grau de instrução), condições alimenta-
ções de máximo de sua população em 2040, e taxa de crescimento res e condições médicas-sanitárias de uma região ou país.
negativas para depois desse período. Além disso, vem apresentan-
do maior grau de envelhecimento. Segundo Camarano (2014) para
manter os níveis de atividade de 2010 entre 2030 e 2050 a oferta
de mão obra trabalhadora deve crescer, e indica a possibilidade de
incremento da participação das mulheres e aumento da permanên-
cia dos trabalhadores no mercado de trabalho. Embora não elimine
a tendência de diminuição da população em idade ativa, essas duas
possibilidades retardam o processo.
Apesar disso, uma maior permanência nas atividades labora-
tivas não é uma tarefa simples, pois conforme o trabalhador vai
ficando mais velho tende a apresentar mais problemas relaciona- Ilustração de gráfico para indicadores sociais
dos à sua condição de saúde. Como visto em média ambos os sexos
saem do mercado de trabalho antes da idade mínima prevista em Através destes indicadores, pode-se ainda indicar os países
lei para aposentadoria. como sendo: ricos (desenvolvidos), em desenvolvimento (econo-
Logo a tendência de saída do mercado de trabalho pelo traba- mia emergente) ou pobres (subdesenvolvidos). Para que isso ocor-
lhador brasileiro não está em concordância com as modificações ra, organismos internacionais analisam os países segundo:
demográficas que o país está passando, ou seja, o incremento em • Expectativa de vida (média de anos de vida de uma pessoa
anos de vida que a população brasileira vem ganhando não está em determinado país).
sendo repassada em aumentos em anos nas atividades econômi- • Taxa de mortalidade (corresponde ao número de pessoas que
cas. morreram durante o ano).
Contudo cabe ressaltar que em conjunto de um tempo maior • Taxa de mortalidade infantil (corresponde ao número de
de trabalho o incremento da participação das mulheres nas ativida- crianças que morrem antes de completar 1 ano).
des é outra possibilidade a ser explorada. Pois os níveis de atividade • Taxa de analfabetismo (corresponde ao percentual de pesso-
das mulheres brasileiras são menores comparativamente ao nível as que não sabem ler e nem escrever).

93
CONHECIMENTOS GERAIS

• Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes.
• Saúde (referente à qualidade da saúde da população).
• Alimentação (referente à alimentação mínima que uma pessoa necessita, cerca de 2.500 calorias, e se essa alimentação é equilibra-
da).
• Condições médico-sanitárias (acesso a esgoto, água tratada, pavimentação, entre outros).
• Qualidade de vida e acesso ao consumo (correspondem ao número de carros, de computadores, televisores, celulares, acesso à
internet, etc).

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)


O IDH foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de medir o grau econômico e, principalmente, como as
pessoas estão vivendo nos países de todo o mundo.
O IDH avalia os países em uma escala de 0 a 1. O índice 1 não foi alcançado por nenhum país do mundo, e dificilmente será, pois tal
índice iria significar que determinado país apresenta uma realidade praticamente perfeita, com elevada renda per capita, expectativa de
vida de 90 anos e assim por diante.
Igualmente é importante ressaltar que não existe nenhum país do mundo com índice 0, pois se isso acontecesse seria o mesmo que
apresentar, por exemplo, taxas de analfabetismo de 100% e todos os outros indicadores em níveis catastróficos. Os 10 países que ocupam
o topo no quesito “muito alto desenvolvimento humano” na tabela que apresenta o ranking IDH Global de 2018 são:

Ranking IDH Global País Nota


1 Noruega 0,953
2 Suiça 0,944
3 Austrália 0,939
4 Irlanda 0,938
5 Alemanha 0,936
6 Islândia 0,935
7 Hong Kong 0,933
8 Suécia 0,933
9 Singapura 0,932
10 Holanda 0,931

De acordo com este relatório, o Brasil figura no quesito “alto desenvolvimento humano”, ocupando a posição 79º no ranking IDH
Global, com nota 0,759.

Mapa ilustrando a visualização IDH Global

94
CONHECIMENTOS GERAIS

Que tipo de informação os indicadores podem dar sobre o As UDHs — que podem ser analisadas separadamente na pla-
Brasil? taforma — são áreas menores que bairros nos territórios mais po-
A comparação entre as regiões norte, nordeste, sudeste, sul e pulosos e heterogêneos, mas iguais a municípios inteiros quando
centro-oeste é muito importante para que tenhamos condições de estes têm população insuficiente para desagregações estatísticas.
conhecer melhor uma região ou o país. Quando comparados os in- Através do link a seguir terá acesso, sequencialmente, à plata-
dicadores sociais do nordeste com os do sudeste (por exemplo, nú- forma online e ao atlas apontado no texto.
mero de pessoas que têm em casa esgoto ligado à rede geral, água
tratada e coleta de lixo), fica evidente que no nordeste as famílias http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/arti-
vivem em piores condições de vida do que no sudeste. cles/2016/10/18/atlas-do-desenvolvimento-humano-nas-regi-es-me-
Ao mesmo tempo, estes indicadores possibilitam que tenha- tropolitanas-fornece-indicadores-para-focaliza-o-de-pol-ticas-p-bli-
mos condições de avaliar com mais cuidado as ações dos governos cas-/
no que se refere à administração da vida das pessoas. Um governo
conseguiu melhorar os índices de educação em várias regiões, ou- Consequências do processo de urbanização
tro pode ter incentivado a criação de novas indústrias - os números O processo de urbanização, além de ocorrer de forma desigual,
mostram o que realmente foi realizado. não só no Brasil mas em diversas partes do mundo, dá-se de forma
desordenada, apontando então a falta de planejamento. Isso acar-
Plataforma do PNUD apresenta indicadores sociais de 20 regi- reta diversos problemas urbanos de ordem social e ambiental. São
ões metropolitanas do Brasil alguns deles:
Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolita- Favelização: A falta de planejamento e de políticas públicas faz
nas Brasileiras disponibiliza informações do IDH municipal e outros com que muitas pessoas (ao dirigirem-se às cidades e não encon-
200 indicadores socioeconômicos. Objetivo é melhorar elaboração trar locais para abrigarem-se) ocupem áreas terrenas, muitas vezes
de políticas públicas para as cidades. Iniciativa é tema de apresen- em áreas de risco. A favelização é uma consequência do inchaço
tações na Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvol- urbano e da ocupação desordenada das cidades.
vimento Urbano Sustentável, a Habitat III. Excesso de lixo: Visivelmente, onde há maior concentração de
Para disponibilizar dados sobre 20 regiões metropolitanas bra- pessoas, há também maior produção de lixo. O aumento do núme-
sileiras — de um total de 70 espalhadas pelo país —, o Programa ro de habitantes nas grandes cidades fez com que houvesse maior
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de produção de lixo, que, por vezes, é descartado de maneira incor-
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criaram uma plataforma onli- reta, provocando outros problemas urbanos e também problemas
ne com informações sobre educação, renda, trabalho, demografia, ambientais. Segundo o IBGE, no Brasil, cerca de 50% do lixo gerado
longevidade, habitação e vulnerabilidade de grupos específicos. O é depositado em locais incorretos, a céu aberto.
objetivo é melhorar as políticas públicas para as cidades. Poluição: A questão da poluição pode ter diversas naturezas.
A iniciativa é tema de apresentações da Terceira Conferência As grandes cidades concentram, além de um elevado número de
da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a habitantes, também um grande número de indústrias e automó-
Habitat III, que teve início na segunda-feira (17) e termina na próxi- veis, que, diariamente, emitem diversos gases poluentes à atmos-
ma quinta (20). fera, causando poluição do ar. A poluição sonora e visual também é
Criado também em parceria com a Fundação João Pinheiro, um grande problema vivido nos centros urbanos, comprometendo
o Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas o bem-estar da população.
Brasileiras utiliza informações do projeto Atlas Brasil, que avaliou as Violência: Processos como a marginalização da população por
condições de vida em 5.565 municípios. meio da favelização ou da ocupação desordenada contribuem para
Além de apresentar o índice de desenvolvimento humano de o aumento da violência. O inchaço das cidades associado à inca-
cada cidade (IDHM), o portal exibe outros 200 indicadores socieco- pacidade de abrigar toda a população, às condições insalubres de
nômicos e sua evolução de 2000 a 2010 nas 20 regiões analisadas. moradia e à falta de políticas públicas que atendam essa parcela
Entre as regiões metropolitanas avaliadas, estão São Paulo, Distrito da população tem como consequência direta o aumento da crimi-
Federal e Entorno, Rio de Janeiro, Manaus, Maceió, Curitiba, Porta nalidade.
Alegre, entre outras. Inundações: O processo de urbanização está atrelado a diver-
“O Atlas é um instrumento de democratização da informação sas questões, como o aumento da produção de lixo associado à
que pode auxiliar na melhoria da qualidade de políticas públicas”, impermeabilização do solo. O asfaltamento das cidades e o mau
destaca a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano planejamento prejudicam o escoamento das águas, provocando
no PNUD, Andréa Bolzon. inundações.
Segundo a especialista, com a plataforma “é possível perceber
que a desigualdade em nível ‘intrametropolitano’ ainda persiste Historia do Estado do Rio de Janeiro
como realidade tanto no Sudeste quanto no Nordeste”. O Rio de Janeiro (RJ) é um estado brasileiro localizado na região
“Dentro da mesma região metropolitana, por exemplo, a dife- Sudeste do país, fazendo divisas com os estados do Espírito Santo,
rença em termos de esperança de vida ao nascer pode chegar a a norte; Minas Gerais, a noroeste; e São Paulo, a sudoeste. Toda a
mais de dez anos entre uma Unidade de Desenvolvimento Humano sua costa leste é banhada pelo Oceano Atlântico, o que contribui
(UDHs) e outra, quer estejamos em Campinas ou em Maceió”, ex- para o grande número de praias e pontos turísticos. A sua capital é a
plica Bolzon. cidade do Rio de Janeiro, conhecida turisticamente como a “Cidade
Maravilhosa” e que já foi a capital do Brasil entre os anos de 1763
e 1960.

95
CONHECIMENTOS GERAIS

Em razão de a capital e o estado possuírem o mesmo nome, há parado com as unidades físicas, imprimindo características peculia-
uma distinção com relação à naturalidade. Quando se faz referência res às diferentes modalidades turísticas. Esta porção é conhecida
a alguém do estado do Rio de Janeiro, utiliza-se o adjetivo pátrio como Região Serrana.
fluminense, mas quando a designação é em relação à cidade do Rio Por fim, distingue-se o planalto ondulado, que perde altitude
de Janeiro, o termo correto é carioca. até Vale do Paraíba do Sul, sendo que o rio de mesmo nome re-
presentado o traço marcante nessa paisagem, cortando o território
O estado possui uma população de aproximadamente fluminense de sul para norte, formando uma depressão encaixada
16.370.000 pessoas, a terceira maior do país, habitando em uma entre as escarpas das serras do Mar e Mantiqueira, esta exibindo
área de 43.780 km², uma das menores do Brasil. Isso significa dizer o paredão do Pico das Agulhas Negras, como aproximadamente
que o Rio possui elevadas densidades demográficas, cerca de 366 2800m de altitude, muito aproveitado para diferentes modalidades
habitantes por quilômetro quadrado. Há um total de 92 municípios, de turismo.
dos quais podemos destacar as cidades de Niterói, São Gonçalo, Voltando um pouco na história do Rio de Janeiro, vemos que
Duque de Caxias, Volta Redonda e Nova Iguaçu. 95% da população o elemento histórico e as atividades econômicas são importantes
fluminense habita o meio urbano. condicionantes para o desenvolvimento da atividade turística. Nes-
te sentido, de modo geral, podemos analisar a ocupação do atual
Geomorfologicamente, o Rio de Janeiro encontra-se na região Estado do Rio de Janeiro pelos portugueses a partir do século XVI.
dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, segundo a classi- Este século marca a descoberta da faixa litorânea do Estado,
ficação do relevo brasileiro elaborada por Jurandyr Ross. Localmen- pela expedição em que tornou para Américo Vespúcio (1501-1502),
te, há três subdivisões: a região das Terras Altas, com mais de 200 sendo que em 1503 é instalada uma feitoria na futura cidade de
m de altitude; as Terras Baixas, mais conhecidas como Baixada Flu- Cabo Frio, enquanto em 1565 é fundada a cidade do Rio de Janeiro.
minense, com menos de 200 m de altitude; e os maciços litorâneos, Sendo assim, formas pretéritas criadas no século XVI ainda persis-
que envolvem toda a fisionomia superficial da costa marítima. O tem neste espaço e são testemunhos importantes para a preserva-
ponto mais alto do estado é o Pico das Agulhas Negras, com 2.791 ção da memória e da cultura.
metros acima do nível do mar. Neste período, também houve a ocupação do litoral pela coroa
O Rio de Janeiro representa a segunda maior economia do Bra- portuguesa, destacando-se a importância do sítio, ou seja, o local
sil, com um dos espaços mais industrializados do país. A capital é, no qual estabeleceram-se as futuras cidades, geralmente ocupando
inclusive, uma das duas cidades globais brasileiras, fazendo parte a entrada de baías, rios, etc, com a presença de inúmeras fortifica-
da região que constitui a única megalópole da América do Sul, abar- ções, como as encontradas na Baía de Guanabara.
cando uma área que se estende até São Paulo e a Baixada Santista. As experiências agrícolas vinculadas à produção de cana-de-
-açúcar e seus engenhos no norte fluminense ou mesmo nos ar-
O parque industrial é diversificado, com empresas no ramo da redores da capital também marcaram o século XVII. Esta atividade
metalurgia, siderurgia, produção de alimentos e, principalmente, marca a paisagem dessa região até os dias atuais, encontrando-se
extração e refino do petróleo. Outra significativa fonte de produção fazendas dos antigos barões do açúcar e usina; enquanto na área
de riquezas é a atividade turística, sendo a cidade carioca um dos metropolitana, pelas grandes transformações ocorridas, poucos
principais vetores do turismo no Brasil. vestígios foram deixados na paisagem.
Com a descoberta das reservas auríferas da Minas Gerais, a or-
Geografia do Rio de Janeiro ganização do povoamento fluminense foi profundamente alterada.
O quadro físico do Rio, que será abordado a seguir, constitui- Exploração de ouro influencia indiretamente na ocupação do ter-
-se em suporte para sua organização econômica e social, estando ritório. Concomitante à exploração do aurífera nas Minas Gerais,
diretamente associado ao desenvolvimento da atividade turística, nos primeiros séculos, a cana-de-açúcar atinge definitivamente a
exercendo influência na produção de lugares para o consumo. baixada campista, na porção norte do Estado.
O trecho litorâneo abrange a linha costeira e a região das baixa-
das, em direção à parte setentrional (norte) do estado, constituído Quanto à atividade aurífera mineira, as cargas do referido me-
por lagoas e cordões litorâneos, com vegetação e restinga. Parte tal desciam do planalto das Minas Gerais em lombos de burros, na
desta área integra a região turística denominada Costa do Sol, que direção de Paraty (caminho velho) e eram conduzidas por mar até
começa nos limites da Área Metropolitana (município de Maricá) do Rio de Janeiro.
e vai até o município de Rio das Ostras (baixada litorânea); e parte O Rio de Janeiro se torna rapidamente o principal porto e a
meridional (sul), de constituição rochosa e muito recortada em baí- mais ativa cidade do país, ao mesmo tempo, a atividade aurífera
as e enseadas, prolongando-se até o município de Paraty. contribui para o aparecimento de vilas – embriões para futuras ci-
Este litoral apresenta-se afogado, estreito e alto, constituindo- dades – que serviam de passagem para o interior, como Vassouras,
-se na chamada Costa Verde, a partir do município de Mangaratiba Paraíba do Sul e Paty do Alferes, entre outras.
até o município de Parati. Nesta unidade física, a modalidade de
turismo mais desenvolvida é a do aproveitamento das praias e das Do ponto de vista histórico e político, merece destaque para a
práticas náuticas. antiga Providência do Rio de Janeiro, a transferência da sede do go-
O conjunto montanhoso da Serra do Mar, representando pela verno colonial de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), em decor-
frente escarpada e seu reverso, atravessando quase todo o estado, rência do comercio do ouro das Minas Gerais, além das condições
com altitudes até 2000 metros (Serra dos Órgãos), em alguns pon- geográficas.
tos, é caracterizado por temperaturas mais amenas, quando com-

96
CONHECIMENTOS GERAIS

Cumpre lembrar que no período compreendido entre o séculos XVII e XVIII, os portos tiveram importância fundamental na história
econômica fluminense, primeiramente com o transporte de cana-de-açúcar, e logo em seguida com o ouro.

O início do século XIX vai ser marcado, primeiramente, pela extinção do ouro em Minas Gerais (decadência da mineração), enquanto
a cana-de-açúcar volta a concentrar, mas por pouco tempo, todas atenções.

Outro fato histórico e político importante para o atual Estado do Rio de Janeiro (e mais diretamente para a cidade do Rio de Janeiro)
foi a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, que afetou a estrutura organizacional da urbe carioca. Em 1834, a cidade do Rio de Janeiro
separou-se de sua província e a capital imperial foi elevada à condição de Município Neutro, enquanto a cidade de Niterói tornou-se capital
da Província, em 1835.

À medida que o Império se consolidava, surgia um novo produto-rei na economia fluminense: o café. Esta nova cultura de base ex-
portadora começou o seu trajeto na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Maciço Carioca, nas encostas de Jacarepaguá, além
dos Maciços da Pedra Branca e Mendanha. Foi o planalto em várias áreas do território fluminense, embora não tenha obtido o resultado
esperado, em decorrência da declividade do terreno e das condições climáticas. Mas a maior expressão cafeeira da antiga província ocor-
reu quando, a partir do Mendanha, a rubiácea atingiu São João Marcos (parte do atual município do Rio Claro), Piraí e Resende, chegando,
portanto, ao Vale do Paraíba, em seu trecho médio.
O Café, no Médio Paraíba Fluminense, teve seu plantio expandido para várias direções, sendo cultivado ao norte em Entre Rios (atual
município de Três Rios), seguindo para Nova Friburgo e Cantagalo, na Região Serrana, terminando sua expansão em Itaocara e São Fidélis,
seguindo a direção da Zona da Mata Mineira e do Espírito Santo.

As encostas foram ocupada com o cafezais e o fundo dos vales com as sedes das fazendas e instalações de beneficiamento do produto.
Atualmente, muitas destas fazendas, principalmente aquelas localizadas no Médio Paraíba, nos municípios de Vassouras, Valença e Paraíba
do Sul estão sendo resgatadas para a atividades turísticas.

Os elementos históricos na paisagem, muito deles, fruto das atividades econômicas desenvolvidas em território fluminense, represen-
tam importantes marcos no processo de ocupação, e que hoje podem ser resgatados como elementos culturais e memória de um povo,
constituindo-se em vetores das diferentes modalidades de turismo.

Dados do IBGE
História
O Rio de Janeiro é primeiramente mencionado na expedição portuguesa comandada por Gaspar Lemos que no estado chegou em
1502. Ao chegar na baía do Rio de Janeiro (atual Baía da Guanabara), ele achou que se tratava da foz de um rio, por isso denominou a
região de Rio de Janeiro.
Vinte e oito anos depois, em 1530, a corte portuguesa se interessou em mandar uma expedição para o Rio de Janeiro e lá colonizar.
Se depararam com os franceses, sob o comando do cavaleiro Nicolas Durand de Villegagnon, que lá estavam desde o início do século.
Queriam a todo custo dominar a região. Eles só seriam expulsos pelos portugueses em 1560.
Resultado da fusão do estado da Guanabara com o Rio de Janeiro em 1975, o estado do Rio de Janeiro teve como capital a cidade de
mesmo nome, no lugar de Niterói, antiga capital. Antes de 1975, era o Distrito Federal – ou capital do Brasil. Torna-se mais um estado da
Federação em 1960, com a mudança da capital para Brasília, sendo nomeado como Estado da Guanabara.
Rio de Janeiro é um dos estados da região Sudeste. Possui 92 municípios e faz limite com Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, além
do Oceano Atlântico. Sua área é de 43.781,588 km².

Fonte: RIO DE JANEIRO. Instituto Estadual Do Patrimônio Cultural. Disponível em: <http://www.inepac.rj.gov.br/application/assets/img/site/
Historico_Estado.pdf>. Acesso em: ago. 2017. RIO DE JANEIRO. Fundação CEPERJ. Disponível em: <http://www.ceperj.rj.gov.br/ceep/info_territo-
rios/divis_politico_administrativo.html>. Acesso em: ago. 2017.

97
CONHECIMENTOS GERAIS

POPULAÇÃO

População estimada [2019] 17.264.943 pessoas


População no último censo [2010] 15.989.929 pessoas
Densidade demográfica [2010] 365,23 hab/km²
Total de veículos [2018] 6.725.822 veículos

98
CONHECIMENTOS GERAIS

99
CONHECIMENTOS GERAIS

100
CONHECIMENTOS GERAIS

EDUCAÇÃO

IDEB – Anos iniciais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 5,3


IDEB – Anos finais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 4,2
Matrículas no ensino fundamental [2018] 2.003.315 matrículas
Matrículas no ensino médio [2018] 572.899 matrículas
Docentes no ensino fundamental [2018] 102.737 docentes
Docentes no ensino médio [2018] 45.388 docentes
Número de estabelecimentos de ensino fundamental [2018] 7.677 escolas
Número de estabelecimentos de ensino médio [2018] 2.286 escolas

101
CONHECIMENTOS GERAIS

TRABALHO E RENDIMENTO

Rendimento nominal mensal domiciliar per capita [2018] 1.689,00 R$


Pessoas de 16 anos ou mais ocupadas na semana de referência [2016] 7.398 pessoas (×1000)
Proporção de pessoas de 16 anos ou mais em trabalho formal, considerando apenas as ocupadas na 67,1 %
semana de referência [2016]
Proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência em trabalhos 65,1 %
formais [2019]
Rendimento médio real habitual do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas 3.029 R$
na semana de referência em trabalhos formais [2019]
Pessoal ocupado na Administração pública, defesa e seguridade social [2017] 622.613 pessoas

102
CONHECIMENTOS GERAIS

ECONOMIA

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) [2010] 0,761


Receitas orçamentárias realizadas [2017] 78.488.140,79 R$ (×1000)
Despesas orçamentárias empenhadas [2017] 67.965.548,70 R$ (×1000)
Número de agências [2018] 1.936 agências
Depósitos a prazo [2018] 118.592.194.374,00 R$
Depósitos à vista [2018] 18.388.845.060,00 R$

103
CONHECIMENTOS GERAIS

TERRITÓRIO E AMBIENTE

Área da unidade territorial [2018] 43.750,423 km²

Município de Quatis/rj

O Distrito de Quatis
Primitivamente habitado pelos índios Puris, nossa região demorou muito a ser desbravada devido à Serra do Mar e à reação dos ín-
dios. Somente em 1724, iniciou-se a escalada por ordem do Governador Luis Vahia Monteiro, com a finalidade de abrir um caminho mais
curto para São Paulo, sem os inconvenientes da travessia marítima até Parati. Passou a ser trajeto natural de bandeirantes e tropeiros que
ligavam Minas Gerais ao litoral, que aqui paravam por causa da boa água da área hoje conhecida como Biquinha, marco zero de nossa
história.
A ocupação definitiva se fez a partir de Resende, quando Simão da Cunha Gago, taubateano, vindo de Aiuruoca, descobriu em 1744
uma extensa clareira na Mata Atlântica, de aproximadamente 40 quilômetros, entre Quatis e Itatiaia. Com a fundação do povoado de
Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, mais tarde Resende, esta área começou a ser povoada. Os primeiros mo-
radores dedicaram-se à criação de gado, plantação de cana de açúcar e produção de anil.

Com o declínio do ouro em Minas Gerais, no final do século XVIII, os primeiros mineiros passaram a vir para cá, com seus escravos e o
dinheiro conseguido com a mineração, a fim de plantar café. Várias sesmarias passaram a ser concedidas por boa parte do Vale do Paraíba
fluminense, em virtude deste produto ter se espalhado por todo o vale, tendo Resende como centro irradiador. Na primeira metade do
século XIX já encontramos notícias de várias fazendas em Quatis e uma capela, do outro lado da linha, dedicada a Santo Antônio.

104
CONHECIMENTOS GERAIS

Em 5 de março de 1832, Faustino Pinheiro de Araújo e sua de agosto e 1922 a 12 de junho de 1924), Wanderlino Teixeira Leite
esposa, Gertrudes Maria de Jesus, fazendeiros de Guaratinguetá, (1924 a 1927) e Oscar Teixeira de Mendonça (1927 a 1929). Aliás,
doaram terras que possuíam na encruzilhada do quatis para a cons- foi no período de governo de Wanderlino Teixeira Leite (1925) que
trução de uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Rosá- se instalou aqui a luz elétrica, tendo então se transformado o teatro
rio, além de casas de comércio e residência. Por causa da grande em cinema com o nome de Cine Teatro São Luís, mais tarde Cine
quantidade desses animais aqui existentes o povoado passou a se Quatis.
chamar Nossa Senhora do Rosário da Encruzilhada dos Quatis, mais
tarde abreviado para Quatis. A partir da década de 1960, algumas tentativas pró-emancipa-
ção foram feitas visando a autonomia do distrito, somente conse-
Neste mesmo ano, Barra Mansa separou-se de Resende, mas guida em 1990, quando num plebiscito em 25 de novembro o povo
Quatis continuou com este município até 1848, quando foi des- quatiense decidiu pela separação do município-sede e constituiu
membrado e anexado a Barra Mansa. Quando esta foi elevada à um novo município.
cidade em 1857, Quatis passou a ser seu 5° distrito, situação em
que permaneceu até 9 de janeiro de 1991, quando foi criado o novo Município de Quatis
município pela Lei n° 1787. O novo município foi administrado pelo Conselho Popular de
Quatis (CPQ) presidido por Arquimedes Vieira Motinha, enquanto
Continuamos a produzir café por todo o século XIX. A partir de não se fazia eleição para prefeito. Coube a este Conselho fazer a
1870, começaram os primeiros sinais de decadência deste produto. ligação entre as necessidades da nossa população e o prefeito de
Mesmo assim ele foi produzido até o final da década de 1920. Barra Mansa, até que o Tribunal Regional Eleitoral marcou a primei-
ra eleição para a prefeitura em 3 de outubro de 1992, sendo então
Com a construção da estação ferroviária em Quatis, em 15 de eleito José Laerte D’Elias para o período 1993/1996.
maio de 1897, e a conclusão da Estrada de Ferro Oeste de Minas, O segundo prefeito eleito foi Alfredo José de Oliveira para o
em 1915, nova leva de mineiros criadores de gado, vindos da região período de 1997/2000, sendo substituído por José Laerte D’Elias no
do Rio Grande (Andrelândia, Lavras, Aiuruoca, Liberdade, São Vi- período de 2001/2004. Novamente governou a cidade o prefeito
cente) e outros pontos de Minas Gerais veio para toda a região sul Alfredo José de Oliveira, eleito para o período de 2005 a 2008. Du-
fluminense, onde adquiriram as fazendas de café já em decadência, rante o período de 2009 a 2012 governou mais uma vez o prefeito
implantando assim um novo tipo de economia, a pecuária leitei- José Laerte D’Elias. Para o período de 2013/2016 foi eleito o prefei-
ra. Até por volta de 1930, gado e café conviveram nestas fazendas, to Raimundo de Souza.
quando este foi definitivamente suplantado pela produção do leite.
Com a eleição do primeiro prefeito em 1992, foi eleita também
Com o crescimento desta nova atividade econômica, criou-se, a nossa primeira Câmara de vereadores que foi constituída por:
em 17 de novembro de 1941, a Cooperativa Agropecuária de Quatis Aroldo Cabral, Engrácia Vera Maia Rafael, Rosa Idalina Nunes de
Ltda, órgão máximo da economia quatiense. Macedo, José Cardoso Fonseca, Geraldo de Souza Marques, Cláu-
dio Luiz de Lima, Altamyr Gomes de Oliveira, Raimundo Valeriano
A partir de 1916, com a nova chegada de mineiros, muitas da Silva e Hugo de Elias. Coube a esta Câmara elaborar a nossa Lei
coisas se modificaram no distrito: foram substituídas as casas de Orgânica, promulgada em 30 de junho de 1993, na presidência de
adobe por tijolos e a barca “Mirandópolis” que fazia a ligação até Aroldo Cabral.
Floriano cessou suas atividades, sendo então construída a ponte
metálica que nos liga a Porto Real. O Município de Quatis, após sua emancipação, passou a abran-
ger a seguinte divisão político-administrativa:
Em 1951, foi construído o hospital pela Associação de Prote-
ção à Maternidade e à Infância de Quatis (APAMIQ). Nesta mesma 1° distrito – Sede
época surgiu a Viação Falcão, ligando este distrito a Barra Mansa, 2° distrito – Ribeirão de São Joaquim
passando por Quatis. 3° distrito – Falcão

Nosso distrito teve na segunda metade do século XX, um cur- Distrito de Ribeirão de São Joaquim
to período de apogeu com a produção de frango, hoje não mais Sobre a sua origem do povoado, há uma lenda, segundo a qual
existente. Na década de 1970, o distrito de Quatis aumentou con- três irmãos – Diogo Álvares Pereira, Boaventura Álvares Pereira e
sideravelmente sua população devido à construção da Ferrovia do Joaquim Álvares Pereira – reunidos, marcaram a hora da saída de
Aço, surgindo vários novos bairros, como: Mirandópolis, Jardim In- casa, e convencionaram que onde se encontrassem, ao meio-dia,
dependência, Bondarovski, Jardim Pollastri. seria estabelecida a sede da freguesia, e assim o fizeram, iniciando
a capela do Patriarca São Joaquim.
Social e politicamente, Quatis sempre se destacou dentro do
município de Barra Mansa. Ainda no século XIX, por obra de Luis da Distrito de Falcão
Rocha Miranda (Comendador Miranda) primeiro proprietário da Fa- As terras do atual distrito de Falcão, a 18 km da sede do municí-
zenda Santana da Cachoeira e da fazenda Moquém, foi construído o pio (Quatis), apesar de conhecidas desde a segunda metade do sé-
primeiro teatro do município, o Teatro São Luis. Muitos fazendeiros culo XVIII, só foram desbravadas nos primeiros anos do século XIX.
do município-sede possuíam casas aqui. E nossos políticos sempre Pertenceram, primitivamente, ao município de Resende, passando,
se destacaram no município, sendo os primeiros prefeitos eleitos mais tarde, a integrar o distrito de São Joaquim.
de Barra Mansa os quatienses Coronel Alfredo Dias de Oliveira (2

105
CONHECIMENTOS GERAIS

Dados do município Saúde


6,17 óbitos por mil nascidos
População Mortalidade Infantil [2020]
vivos
População no último censo 13.682 pessoas 2 internações por mil habitan-
[2022] Internações por diarreia [2016]
tes
Densidade demográfica [2022] 48,04 habitante por quilôme- Estabelecimentos de Saúde
tro quadrado 14 estabelecimentos
SUS [2009]
Trabalho e Rendimento Meio Ambiente

Salário médio mensal dos trabalha- Área urbanizada [2019] 2,91 km²
1,7 salários mínimos
dores formais [2021]
Esgotamento sanitário adequa-
Pessoal ocupado [2021] 2.400 pessoas 82,5 %
do [2010]
População ocupada [2020] 16,8 % Arborização de vias públicas
79,5 %
Percentual da população com rendi- [2010]
mento nominal mensal per capita de 34,1 % Urbanização de vias públicas
até 1/2 salário mínimo [2010] 75 %
[2010]
Educação População exposta ao risco
Sem dados
[2010]
Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de Bioma [2019] Mata Atlântica
97,6 %
idade [2010] Sistema Costeiro-Marinho
Não pertence
IDEB – Anos iniciais do ensino funda- [2019]
5,6
mental (Rede pública) [2021]
Território
IDEB – Anos finais do ensino fundamen-
5,3
tal (Rede pública) [2021]
Área da unidade territorial
Matrículas no ensino fundamental 284,826 km²
1.677 matrículas [2022]
[2021]
Hierarquia urbana [2018]
Matrículas no ensino médio [2021] 327 matrículas Centro Subregional A (3A) -
Docentes no ensino fundamental [2021] 120 docentes Município...
Docentes no ensino médio [2021] 29 docentes Região de Influência [2018]
Número de estabelecimentos de ensino Arranjo Populacional de Volta
8 escolas Redonda...
fundamental [2021]
Número de estabelecimentos de ensino Região intermediária [2021] Volta Redonda - Barra Mansa
2 escolas
médio [2021] Região imediata [2021] Resende
Mesorregião [2021] Sul Fluminense
Economia
Microrregião [2021] Vale do Paraíba Fluminense
PIB per capita
21.400,10 R$ ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
[2020]
Percentual das 86 % Índice de
receitas oriundas Desenvolvimento Entende-se, por fluxo de matéria e/ou energia, o “caminho”
0,690
de fontes externas Humano Municipal percorrido pela matéria, também chamada de biomassa, ou pela
[2015] (IDHM) [2010] energia ao longo de um ecossistema. Trata-se de um processo fun-
Total de receitas 65.127,00 R$ damental para o funcionamento e a manutenção de um ecossiste-
realizadas [2017] (×1000) ma, podendo ser representado como uma pirâmide chamada de
pirâmide trófica ou pirâmide ecológica.
Total de despesas 52.943,46 R$ A pirâmide ecológica é, portanto, um modelo didático usado na
empenhadas [2017] (×1000) Ecologia para esquematizar o fluxo de matéria e energia presente
em um ambiente, com base nas relações ecológicas existentes en-
tre os seres vivos que ali habitam.

106
CONHECIMENTOS GERAIS

Ecossistema e Cadeia Alimentar


Para compreender o conceito de fluxo de energia, ou de biomassa, é importante entender como estão dispostos os organismos em
um ecossistema, bem como as relações estabelecidas entre eles, pois é através dessa relação que a energia e a matéria são deslocadas no
ecossistema.
Entende-se por ecossistema o conjunto de fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (clima, água, nutrientes no solo, luminosidade, etc)
que se interagem em uma determinada localidade ou região. Pode ser entendido também como o conjunto de comunidades existentes em
uma região junto com os fatores ambientais e climáticos disponíveis.
Uma característica fundamental de um ecossistema é a relação estável entre o espaço físico, o fluxo de energia e os fatores bióticos
e abióticos. Com isso, nem todo sistema biológico pode ser chamado de ecossistema, caso não seja autossuficiente e não possua autor-
regulação.
Os seres vivos que compartilham o mesmo ecossistema podem se relacionar através de relações ecológicas que podem ser harmô-
nicas, quando há o benefício de pelo menos um dos integrantes sem o prejuízo do outro, ou desarmônicas, quando há o prejuízo de pelo
menos um dos integrantes que se relacionam.
Dentre as relações desarmônicas já conhecidas, o predatismo e a herbivoria estão diretamente relacionadas com o conceito de fluxo
de matéria e energia. O predatismo é a relação ecológica em que um animal consome outro animal para fins alimentares e de sobrevi-
vência. Já a herbivoria, é o consumo de plantas e vegetais por outros animais, estes herbívoros, também para se alimentar e sobreviver.
Dessa forma, a matéria consumida pelos organismos e a energia gerada estão diretamente relacionadas com esse tipo de relação e,
portanto, as relações ecológicas estão relacionadas com o fluxo de energia.
Outro conceito importante para auxiliar a compreender a complexidade do fluxo de matéria em um ecossistema, que também está
relacionado com as relações desarmônicas já citadas, é o conceito de Cadeia Alimentar.
A cadeia alimentar é um modelo didático que visa organizar e exemplificar o percurso de matéria orgânica dentro de um ecossistema
através das relações de herbivoria ou predatismo existentes entre os integrantes desse ecossistema.
Dentro de uma cadeia alimentar, os organismos que a constituem e que se relacionam estão dispostos em níveis chamados de níveis
tróficos. Cada nível trófico apresenta um animal, ou um conjunto de animais, que compartilham, nutricionalmente, o mesmo nicho ecoló-
gico, possuindo, assim, os mesmos hábitos alimentares.

Os níveis tróficos podem ser divididos em:


Produtores: Organismos autótrofos que produzem o próprio alimento. Em termos energéticos, são os organismos que convertem a
energia química inorgânica ou luminosa em energia bioquímica;
Consumidores: Organismos heterótrofos que consomem a energia e a biomassa presente no nível trófico abaixo do que se encontram.
São, portanto, organismos que consomem outros organismos e podem ocupar diferentes níveis tróficos. Por exemplo, os consumidores
primários se alimentam dos produtores através da relação de herbivoria; os consumidores secundários se alimentam dos consumidores
primários; os consumidores terciários se alimentam dos consumidores secundários através de relações de predatismo.
Decompositores: O último nível trófico é composto pelos organismos que se alimentam de matéria morta e em decomposição São
organismos que se alimentam dos restos mortais ou alimentares dos demais níveis tróficos. Dentro desse nível estão os fungos, algumas
bactérias e alguns protozoários.

107
CONHECIMENTOS GERAIS

Exemplo de uma Cadeia Alimentar.

Fluxo de Energia
A energia presente em um ecossistema caminha entre os diversos níveis tróficos com base na alimentação dos organismos, que tem
como objetivo principal adquirir energia para ser armazenada e utilizada nos diversos processos metabólicos. Dessa forma, o fluxo de ener-
gia em um ecossistema inicia-se com os produtores, que conseguem converter a energia luminosa, através da fotossíntese, ou inorgânica,
através da quimiossíntese, em energia bioquímica, que o organismo utilizará para o seu desenvolvimento e sobrevivência.
Conforme o nível trófico vai se elevando ao longo da cadeia, a energia do sistema tende a diminuir, ao passo que um organismo se
alimenta de outro. Parte dessa energia é perdida na forma de calor ou utilizada para os seus próprios processos metabólicos. Portanto, a
energia dentro de uma cadeia alimentar tende a diminuir de um nível trófico para outro.
A pirâmide ecológica de energia, dessa forma, apresentará um único arranjo, com a base sempre maior que os demais níveis, sempre
expressa em cal/m².ano (calorias por metro quadrado ao ano) ou ainda kcal/m².ano (quilocalorias por metro quadrado ao ano).

Os decompositores geralmente não são considerados nas pirâmides ecológicas, pois isto dificultaria o entendimento didático do es-
quema, uma vez que todos os organismos estão submetidos a ação dos decompositores. Ainda assim, em algumas pirâmides, os decom-
positores são representados como um bloco à parte, o qual está presente em todos os níveis tróficos.

Pirâmide de Energia considerando os decompositores


.
Fluxo de matéria ou biomassa
O fluxo de matéria, ou biomassa, está diretamente relacionado com o fluxo de energia em um ecossistema, isso porque ao se alimentar
para adquirir energia e outros compostos, o organismo ingere uma quantidade de biomassa pertencente ao organismo que ele consumiu.
Dessa forma, a quantidade de matéria consumida em um determinado nível trófico pode ser esquematizada em uma pirâmide de
biomassa, geralmente expressa em g/m² (gramas por metro quadrado).

108
CONHECIMENTOS GERAIS

De forma mais comum, em um ecossistema, a quantidade de Uma desvantagem da pirâmide de biomassa é que ela não con-
biomassa ou matéria pertencente ao nível trófico dos produtores é sidera o tempo de produção dessa biomassa e, dessa forma, não
maior e, à medida que se avança para os níveis tróficos posteriores, mostra a velocidade com que a matéria é produzida.
a quantidade de matéria tende a diminuir. No exemplo da cadeia alimentar que tem fitoplânctons como
Por exemplo, a quantidade de vegetais em um determinado produtores, à primeira vista, parece que o ecossistema não está em
bioma é maior em biomassa que a quantidade de gafanhotos que equilíbrio, já que a quantidade de matéria pertencente aos produ-
se alimentam desses vegetais. A quantidade de gafanhotos, por sua tores é menor que a quantidade de matéria dos demais níveis tró-
vez, é maior que a quantidade de pássaros que se alimentam deles. ficos, porém, o fitoplâncton tem uma taxa de reprodução elevada,
Com isso, a pirâmide de matéria é comumente representada com a se dividindo rapidamente e aumentando a biomassa em um curto
base maior que o topo. período de tempo e com uma velocidade elevada, por isso, con-
seguem ser os produtores da maioria das cadeias alimentares de
ambientes aquáticos.

Pirâmide de número
Na pirâmide ecológica de número, cada nível trófico visa repre-
sentar a quantidade de organismos pertencentes àquela posição.
Portanto, esse tipo de pirâmide pode apresentar diversos arranjos,
principalmente quando se analisa pequenos ecossistemas.
Normalmente, a pirâmide de número apresenta bases maiores
que o topo, mostrando, geralmente, que a quantidade de produto-
res em um ecossistema é maior que a quantidade de consumidores
primários, que, por sua vez, é maior que a quantidade de consu-
midores secundários - formando, assim, o arranjo normal de um
pirâmide com a base maior que o topo.

Pirâmide de matéria ou biomassa.

Em alguns casos, entretanto, a pirâmide de biomassa terá a


base menor que os níveis subsequentes. Isso ocorre quando os
produtores, embora ocupem uma área extensa, possuem biomassa
bem pequena, como nos biomas marinhos, em que os produtores
podem ser espécies de fitoplânctons que possuem massa (em gra-
mas) pequena, muito embora ocupem uma extensa área (m²) do
território.

Em alguns casos, como em pequenos ecossistemas, o arranjo


da pirâmide pode mudar. Por exemplo: uma cadeia alimentar com-
posta por uma única árvore produtora, que serve de alimento para
vários insetos, que, por sua vez, servem de alimento para pássaros:
a base da pirâmide será menor que os demais níveis.

Exemplo de uma pirâmide de biomassa de uma cadeia alimen-


tar de ambientes marinhos com o fitoplâncton ocupando a posição
de produtor, zooplâncton ocupando a posição de consumidor pri-
mário e peixes ocupando a posição de consumidores secundários
e terciários.

109
CONHECIMENTOS GERAIS

Pirâmide ecológica de número em um ecossistema compos- Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho acima está,
to por uma árvore, insetos como consumidores primários,pássa- em uma perspectiva geográfica,
ros menores como consumidores secundários e pássaros maiores (A) correto, pois o território brasileiro é cortado por ambos os
como consumidores secundários. trópicos da Terra.
(B) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta a área do país.
No caso de uma cadeia alimentar contendo espécies de parasi- (C) correto, pois a maior parte do país encontra-se em uma
tas, a pirâmide terá outra conformação, esta chamada de pirâmide zona intertropical.
invertida. Considerando o exemplo de uma árvore produtora, da (D) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na classificação
qual se alimentam uma maior quantidade de insetos: se, nesses in- climática do Brasil.
setos, houver a incidência de parasitas, como algumas bactérias, a
quantidade desses parasitas será maior que a população de insetos 3. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na América
presentes na cadeia. Dessa forma, a pirâmide, nesse caso específi- do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, mais
co, terá a base menor que o topo. de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazendo
fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
(A) Venezuela e Colômbia
(B) Chile e Equador
(C) Uruguai e Guiana Francesa
(D) Panamá e Peru

4. (Faculdade Trevisan) Em síntese, o Brasil é um país inteira-


mente ocidental, predominantemente do Hemisfério Sul e da Zona
Intertropical.
Considere as afirmações:
I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Greenwich.
II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador.
III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer.
IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio, apresentando
92% do seu território na Zona Intertropical, entre os Trópicos de
Câncer e de Capricórnio.
Pirâmide ecológica de número invertida em um ecossistema V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do Sul.
composto por uma árvore, insetos como consumidores primários e
parasitas como consumidores secundários. (A) Apenas I, II e IV são verdadeiras.
(B) Apenas I e II são verdadeiras.
A desvantagem da pirâmide ecológica de número é a sua sim- (C) Apenas IV e V são verdadeiras.
plicidade. Ela desconsidera o tamanho do indivíduo presente em (D) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras.
cada nível trófico, bem como não apresenta a quantidade de bio- (E) Apenas I, II, III e V são verdadeiras.
massa ou matéria orgânica que é deslocada de um nível para outro.
Todas essas informações precisam ser fornecidas e não estão incluí- 5. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasileira
das no desenho esquemático da pirâmide de número. apresenta, dentre outras, as seguintes características:
(A) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e
predomínio de foz do tipo delta.
QUESTÕES (B) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e pre-
domínio de foz do tipo estuário.
1. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRE- (C) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e
TA: grande potencial hidráulico.
Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA: (D) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. predomínio de rios de planície.
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân- (E) drenagem endorreica, predomínio de rios perenes e regime
cia de seus pontos extremos. de alimentação pluvial.
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no
hemisfério ocidental.
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
climática do país.

2. “Moro num país tropical, abençoado por Deus


E bonito por natureza, mas que beleza
Em fevereiro (em fevereiro)
Tem carnaval (tem carnaval)”.

(JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical. Intérprete: Jorge Ben Jor).

110
CONHECIMENTOS GERAIS

6. (IFCE – com adaptações) Sobre as características da hidrogra- As afirmações corretas são:


fia brasileira, são feitas as seguintes afirmações: (A) somente I e III.
I. Considerando-se os rios de maior porte, só é encontrado regi- (B) somente II e III.
me temporário no sertão nordestino, onde o clima é semiárido, no (C) somente I, II e III.
restante do país, os grandes rios são perenes. (D) somente II, III e IV.
II. Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice (E) somente I, II e IV
pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o gran-
de volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade. 10. Muitas espécies de plantas lenhosas são encontradas no
III. Na região Amazônica, os rios são muito utilizados como vias cerrado brasileiro. Para a sobrevivência nas condições de longos
de transporte, e o potencial hidrelétrico é amplamente aproveita- períodos de seca e queimadas periódicas, próprias desse ecossis-
do. tema, essas plantas desenvolveram estruturas muito peculiares. As
estruturas adaptativas mais apropriadas para a sobrevivência desse
Está correto o que se afirma em: grupo de plantas nas condições ambientais do referido ecossistema
(A) I apenas. são:
(B) I e II apenas. (A) Cascas finas e sem sulco ou fendas.
(C) I e III apenas. (B) Caules estreitos e retilíneos.
(D) II e III apenas. (C) Folhas estreitas e membranosas.
(E) I, II e III. (D) Gemas apicais com densa pilosidade.
(E) Raízes superficiais, em geral, aéreas.
7. (FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afirma-
tivas abaixo sobre a hidrografia brasileira: 11. O Brasil enfrenta diversos problemas ambientais que pre-
I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois judicam as diferentes espécies que aqui vivem. De acordo com o
possui 891.309 km2, o que corresponde a 10,4% da área do terri- IBGE, três problemas ambientais são os mais relatados no Brasil.
tório brasileiro. Marque a alternativa que indica esses problemas:
II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, desta- (A) Poluição do solo, poluição atmosférica e contaminação por
cando-se algumas grandes usinas. metais pesados.
III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil. En- (B) Contaminação por metais pesados, desmatamento e caça.
tretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas delas já (C) Poluição atmosférica, queimadas e caça.
possuem eclusas para permitir a navegação. (D) Assoreamento, desmatamento e queimadas.
(E) Queimadas, poluição do solo e contaminação por metais
Estas características referem-se à bacia do: pesados.
(A) Uruguai
(B) São Francisco 12. Um dos principais problemas ambientais que acontecem no
(C) Paraná Brasil são decorrentes do acúmulo de sedimentos nos ambientes
(D) Paraguai aquáticos, desencadeando obstrução dos fluxos de água e destrui-
(E) Amazonas ção desses habitats. Esse problema é conhecido como:
(A) Desertificação
8. Sobre os mangues, assinale a alternativa INCORRETA: (B) Poluição marinha
(A) São encontrados em ambientes alagados; (C) Assoreamento
(B) São adaptados a cursos d’água com alta concentração de (D) Desmatamento
sal, em razão da proximidade com o mar; (E) Degradação do solo
(C) No Brasil, são encontrados em regiões litorâneas;
(D) A extração de caranguejo é a principal atividade econômica 13. (UNINOEST) Entre os impactos ambientais causados nos
nesse ambiente; ecossistemas pelo homem, podemos citar:
(E) É uma vegetação do tipo homogênea. I. Destruição da biodiversidade.
II. Erosão e empobrecimento dos solos.
9. A Amazônia é uma área em evidência, seja pela questão III. Enchentes e assoreamento dos rios.
ecológica ou pela riqueza de seus recursos minerais. A expansão IV. Desertificação.
e a crescente valorização dessa área provocam uma infinidade de V. Proliferação de pragas e doenças.
suposições a respeito do seu quadro natural. Sobre a Amazônia são
feitas as afirmações a seguir: Assinale a alternativa que melhor representa os impactos con-
I - As queimadas podem alterar o clima do planeta e a destrui- sequentes do desmatamento:
ção da floresta pode influenciar o aumento da temperatura; (A) Apenas I
II - A floresta Amazônica funciona como “pulmão do mundo”, (B) Apenas V
sendo a principal fonte produtora de oxigênio; (C) Apenas III, IV e V
III - A bacia hidrográfica do Amazonas é a maior do mundo, dre- (D) Apenas I, II, III e V
nando em torno de 20% da água doce dos rios para os oceanos; (E) I, II, III, IV e V
IV - Os solos amazônicos são de alta fertilidade, a qual é fa-
cilmente explicada pela concentração de matéria orgânica e pelo
tempo de formação.

111
CONHECIMENTOS GERAIS

14. As queimadas são um problema ambiental grave enfrenta- 17. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR-
do em nosso país. Analise as alternativas e marque aquela que não RETA:
indica uma consequência das queimadas: (A) o Brasil é um país com dimensões continentais.
(A) Morte dos micro-organismos que vivem no solo. (B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân-
(B) Aumento da poluição atmosférica. cia de seus pontos extremos.
(C) Diminuição dos nutrientes do solo. (C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no
(D) Aumento dos riscos de erosão. hemisfério ocidental.
(E) Redução do aquecimento global. (D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
climática do país.
15. (UNESP) Os animais da Amazônia estão sofrendo com o
desmatamento e com as queimadas, provocados pela ação huma-
na. A derrubada das árvores pode fazer com que a fina camada 18. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé-
de matéria orgânica em decomposição (húmus) seja lavada pelas rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total,
águas das constantes chuvas que caem na região. mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazen-
do fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
(J. Laurence, Biologia.) (A) Venezuela e Colômbia
(B) Chile e Equador
O contido no texto justifica-se, uma vez que: (C) Uruguai e Guiana Francesa
(A) a reciclagem da matéria orgânica no solo amazônico é mui- (D) Panamá e Peru
to lenta e necessita do sombreamento da floresta para ocorrer.
(B) o solo da Amazônia é pobre, sendo que a maior parte dos 19. No Brasil, a agropecuária é um dos principais setores da
nutrientes que sustenta a floresta é trazida pela água da chuva. economia, sendo uma das mais importantes atividades a impulsio-
(C) as queimadas, além de destruírem os animais e as plantas, nar o crescimento do PIB nacional. Nesse contexto, o tipo de prática
destroem, também, a fertilidade do solo amazônico, original- predominante é:
mente rico em nutrientes e minerais. (A) a agricultura familiar, com elevado emprego de tecnologias.
(D) mesmo com a elevada fertilidade do solo amazônico, pró- (B) o agronegócio, com predomínio de latifúndios.
prio para a prática agrícola, as queimadas destroem a maior (C) a agricultura sustentável, com práticas extrativistas.
riqueza da Amazônia, sua biodiversidade.
(D) a agricultura itinerante, com técnicas avançadas de cultivo.
(E) o que torna o solo da Amazônia fértil é a decomposição da
matéria orgânica proveniente da própria floresta, feita por mui-
tos decompositores existentes no solo. 20. O processo de concentração fundiária caminha junto à in-
dustrialização da agropecuária com predomínio de capitais. Sobre
16. “O conceito de transição demográfica foi introduzido por esse tema, assinale o que for incorreto:
Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica mal- (A) O discurso de modernidade das elites tem contribuído para
thusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das transforma- que a terra esteja concentrada nas mãos da grande maioria dos
ções demográficas sofridas pelos países que participaram da Revo- agricultores brasileiros.
lução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A partir da (B) Os pequenos agricultores não conseguem competir e são força-
análise destas mudanças demográficas foi estabelecido um padrão dos a abandonar suas lavouras de subsistência e vender suas terras.
que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado aos demais pa- (C) A intensa mecanização leva à redução do trabalho humano
íses do mundo, embora em momentos históricos e contextos eco- e à mudança nas relações de trabalho, com a especialização
nômicos diferentes.” de funções e o aumento do trabalho assalariado e de diaristas.
(D) As modificações na estrutura fundiária provocam desem-
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e crescimento prego no campo, intenso êxodo rural, além de aumentar o con-
populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://educacao. tingente de trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão
uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐transicao‐demografica- social.
‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso em: março de 2014.)

Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra- GABARITO


sileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se con-
siderar os seguintes conceitos, EXCETO:
(A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos 1 D
o número de óbitos.
(B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número 2 C
de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi- 3 B
nado intervalo de tempo.
(C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o 4 D
saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran- 5 B
tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de
mortos. 6 B
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher 7 C
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐
se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade 8 E
reprodutiva da população considerada.

112
CONHECIMENTOS GERAIS

9 A ______________________________________________________

10 D ______________________________________________________
11 D ______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 E
14 E ______________________________________________________
15 E ______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 D
______________________________________________________
18 B
19 B ______________________________________________________
20 A ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS GERAIS

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114
LEGISLAÇÃO

X - Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilida-


ESTATUTO DOS SERVIDORES DO MUNICÍPIO DE QUATIS des previstas na estrutura organizacional que deve ser cometidas a
um servidor, são criados por lei, com denominação própria e ven-
LEI COMPLEMENTAR Nº 21, DE 15 DE SETEMBRO DE 2022. cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
efetivo, em comissão ou contrato temporário quando cabível;
“REVISA O ESTATUTO DOS SERVIDORES DO MUNICÍPIO DE XI - Cargos de carreira são aqueles organizados em classes ou
QUATIS, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”. categorias escalonadas, em razão do nível de responsabilidade e
atribuições definidas para os agentes que os representam.
Com fundamento na Lei Orgânica do Município, especialmente XII - Cargo em comissão é a unidade indivisível de atribuições,
o previsto em seu Art. 29, a Câmara Municipal de Quatis, APROVA, previstas na estrutura organizacional do Município para execução
e o Prefeito Municipal, SANCIONA a seguinte Lei Complementar: de atribuição de direção, chefia ou assessoramento, podendo ser
ocupadas por pessoas integrantes dos quadros da Administração
TÍTULO I Municipal ou não, mediante livre nomeação e exoneração.
XIII - Cargos efetivos são preenchidos por agentes aprovados
CAPÍTULO ÚNICO em concurso público de provas ou provas e títulos, como forma de
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES garantia de impessoalidade, para atribuição de atividades perma-
nentes do órgão, mediante vínculo estatutário.
Art. 1º Esta Lei revisa o Estatuto de Servidores do Município XIV - Agente Público para efeitos desta lei é qualquer pessoa
e regula as relações jurídicas dos Poderes do Município de Quatis que exerce, em nome do Município, ainda que sem remuneração
com seu funcionalismo. ou transitoriamente, por eleição, nomeação, designação, contrata-
Art. 2º Para os efeitos desta lei são adotados os seguintes con- ção ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
ceitos: cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo
I - Emprego público é o núcleo de encargos de trabalho perma- primeiro;
nentes a serem preenchidos por agentes contratados para desem- XV - Os Servidores Públicos podem ser temporários, na forma
penhá-los sob-relação trabalhista; do art. 37, IX da Constituição Federal, estatutários, comissionados
II - Servidor público é toda pessoa física legalmente investida ou empregados;
em cargo público, efetivo, para cargo de provimento em comissão XVI - Contratos temporários são cargos para atendimento à ne-
ou, ainda, para contratos temporários, que presta serviço de forma cessidade temporária de excepcional interesse público, por meio de
não eventual mediante retribuição pecuniária; processo seletivo nas condições e prazo definidos por Lei própria e
III - Classe é o agrupamento de cargos da mesma natureza fun- provimentos regidos pelas condições de cargo em comissão.
cional, mesmo nível de vencimento, mesma denominação e subs- XVII - Função Pública é o conjunto de atividades atribuídas a um
tancialmente idêntico quanto ao grau de dificuldade e responsabili- cargo ou emprego público seja comissão, temporário ou de carreira.
dade para o seu exercício; XVIII - Funções Gratificadas (FG), de que trata o inciso V do art.
IV - Grupo de atividades é o conjunto de cargos com afinidades 37 da Constituição Federal, pressupõe dedicação integral e devem
entre si quanto à natureza do trabalho ou ao grau de conhecimento ser exercidas exclusivamente por servidores efetivos, que passam
necessário para desempenhá-lo; a perceber a remuneração do cargo de origem, acrescidas de um
V - Nível é o símbolo atribuído ao conjunto de classes equiva- adicional a título de indenização pelas atividades exercidas.
lentes quanto ao grau de dificuldade e responsabilidade para o seu
exercício, visando determinar a sua faixa de vencimentos corres- TÍTULO II
pondentes; DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,
VI - Faixa de vencimentos é a escala de padrões de vencimentos REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO.
atribuídos a um determinado nível;
VII - Padrão de vencimentos é a letra que identifica o vencimen- CAPÍTULO I
to recebido pelo servidor dentro da faixa de vencimentos do nível DO PROVIMENTO
que ocupa;
VIII - Interstício é o lapso de tempo estabelecido como o mí- SEÇÃO I
nimo necessário para que o servidor seja habilitado à progressão; DISPOSIÇÕES GERAIS
IX - Progressão funcional é a elevação do servidor de seu pa-
drão de vencimentos para o padrão imediatamente superior dentro Art. 3º São requisitos básicos para investidura em cargo públi-
da faixa de vencimentos da classe a que pertence, por antiguidade; co:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;

115
LEGISLAÇÃO

III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro
V - a idade mínima de dezoito anos; cargo em comissão, sem prejuízo das atribuições do que atualmen-
VI - aptidão física e mental. te ocupa hipótese em que deverá optar pela remuneração de um
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de deles durante o período da interinidade.
outros requisitos estabelecidos em lei.
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o di- SEÇÃO III
reito de se inscreverem em concurso público para provimento de DO CONCURSO PÚBLICO
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a sua deficiência.
Art. 4º A nomeação para cargo de carreira de provimento efeti- Art. 15. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po-
vo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou dendo ser realizado em mais de uma etapa, conforme dispuserem
de provas e títulos, obedecidos à ordem de classificação e o prazo a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada
de sua validade. a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
Art. 5º Na realização de concurso público para admissão de quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
pessoal no Município de Quatis, serão observadas as disposições isenção nele expressamente previstas.
Constitucionais vigentes, conforme o caso. Art. 16. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos,
Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período, levando-
da autoridade competente. -se em conta os meios de comunicação existentes.
Art. 7º A investidura em cargo efetivo ocorrerá com a posse. § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: realização serão fixados em Edital, que será publicado no Diário Ofi-
I - nomeação; cial do Município, no Portal de Transparência e em Jornal Diário de
II - promoção; grande circulação.
III - readaptação; § 2º Não se abrirá novo concurso para determinado cargo en-
IV - reversão quanto houver candidato aprovado em concurso anterior para o
V - aproveitamento; mesmo cargo com prazo de validade não expirado.
VI - reintegração; § 3º A convocação far-se-á mediante publicação oficial pelos
VII - recondução. meios Oficiais de comunicação e por correspondência pessoal, con-
Art. 9º O provimento e investidura em cargo em comissão ocor- forme previsto em Edital.
rerão com a nomeação e a posse devendo ser observados os princí-
pios da moralidade e impessoalidade. SEÇÃO IV
Art. 10. É vedada, a partir da data de publicação desta Lei, a ad- DA POSSE E DO EXERCÍCIO
missão de pessoal para classes que integram os cargos em extinção,
na forma da Lei Complementar. Art. 17. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo,
Art. 11. Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi-
percentual de 5% (cinco por cento) das vagas oferecidas em concur- lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão
so público, conforme estabelecido em Lei específica. ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a cargos os atos de ofício previstos em lei.
para os quais a lei exija aptidão plena. § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu-
Art. 12. A deficiência física e a limitação sensorial não servirão blicação do ato de provimento, podendo se dar também mediante
de fundamento à concessão de aposentadoria, salvo se adquiridas procuração específica.
posteriormente ao ingresso no serviço público, observando as dis- § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de publi-
posições legais e pertinentes. cação do ato de provimento em licença, o prazo será contado do
Art. 13. O Município estimulará a criação e o desenvolvimento término do impedimento.
de programas de reabilitação ou readaptação profissional para os § 3º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
servidores portadores de deficiência física, limitação sensorial, por- nomeação.
tador de doença ocupacional ou do trabalho ou vítima de acidente § 4º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
de trabalho. bens e valores que constituem seu patrimônio, declaração quan-
to ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública,
SEÇÃO II bem como declaração sobre parentesco com autoridades do Execu-
DA NOMEAÇÃO tivo e Legislativo.
§ 5º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
Art. 14. A nomeação far-se-á: não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de provimento Art. 18. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
efetivo; ção médica oficial.
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-
em comissão vagos. gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
Art. 19. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
cargo público ou da função de confiança.
§ 1º É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor empossado
em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.

116
LEGISLAÇÃO

§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem § 1º 04 (quatro) meses antes de findar o período do estágio
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não probatório, será submetida à homologação da autoridade compe-
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o tente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comis-
disposto no art. 22. são constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser
§ 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para onde a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I
§ 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá com a V do caput deste artigo.
a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exone-
estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hi- rado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado,
pótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impe- observado o disposto nos parágrafos do art. 27.
dimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação. § 3º Antes do encaminhamento à autoridade competente o
Art. 20. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer- servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de
cício serão registrados no assentamento individual do servidor. provimento em comissão no órgão ou entidade de lotação, ficando
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresenta- suspenso o período de avaliação nesse caso.
rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta- § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
mento individual. concedidas as licenças e os afastamentos previstos no art. 87, in-
Art. 21. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que cisos I a V e no art. 103, incisos I a III, bem como afastamento para
é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de participar de curso de formação decorrente de aprovação em con-
publicação do ato que promove o servidor. curso para outro cargo na Administração Pública.
Art. 22. O servidor que deva ter exercício em outro município § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças
em razão de ter sido redistribuído, requisitado, cedido ou posto em e os afastamentos previstos no parágrafo anterior, bem como na
exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a
de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efe- partir do término do impedimento.
tivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o § 6º Na hipótese de suspensão que trata o parágrafo terceiro,
tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. caso as atribuições do cargo em comissão possuam correspondên-
§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afas- cia com as atribuições do cargo efetivo a que o servidor foi nomea-
tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a do, poderá ser mantido o cômputo do período para fins de estabili-
partir do término do impedimento. dade, mediante avaliação junto à CAAEP - Comissão Administrativa
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos de Avaliação de Estágio Probatório.
no caput. Art. 25. O servidor habilitado em concurso público e empossa-
Art. 23. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em do em cargo de provimento efetivo aprovado em estágio probatório
razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeita- adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 3 (três) anos
da a duração máxima do trabalho semanal de 40 (quarenta) horas e de efetivo exercício.
observados o limite máximo de 8 (oito) horas diárias, respeitado o Art. 26. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
intervalo intrajornada, ressalvados os casos previstos em lei. sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra-
§ 1º Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 tivo disciplinar.
(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repou- Art. 27. O servidor em estágio probatório está sujeito às pena-
so ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e não lidades de advertência, suspensão e demissão.
poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º Na apuração de falta grave, punível com demissão de ser-
§ 2º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entre- vidor público não estável (em estágio probatório), será instaurado
tanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a processo administrativo com todos os fatos pela chefia imediata,
duração ultrapassar 4 (quatro) horas. endereçado ao Secretário Municipal de Administração, em confor-
§ 3º Os intervalos intrajornada não serão computados na dura- midade com o procedimento administrativo disciplinar.
ção do trabalho. § 2º As faltas puníveis com advertência ou suspensão prescin-
de de instauração de processo administrativo prévio, em nenhuma
SEÇÃO V hipótese poderão ser aplicadas de forma acumulada, mediante
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO E DA ESTABILIDADE anotação na ficha funcional e envio de cópia à CAAEP - Comissão
Administrativa de Avaliação de Estágio Probatório.
Art. 24. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perío- SEÇÃO VI
do de 3 (três) anos, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão DA READAPTAÇÃO
objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os
seguintes fatores: Art. 28. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
I - assiduidade; atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
II - disciplina; tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins-
III - capacidade de iniciativa; peção médica.
IV - produtividade; § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
V - responsabilidade. será encaminhado para análise de aposentadoria.

117
LEGISLAÇÃO

§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi- servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art.
valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo 33.
vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
ocorrência de vaga. SEÇÃO X
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
SEÇÃO VII
DA REVERSÃO Art. 33. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui-
Art. 29. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen- ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
tado: Art. 34. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis- disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal,
tentes os motivos da aposentadoria; ou salvo doença comprovada por junta médica oficial.
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão; CAPÍTULO II
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; DA VACÂNCIA
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à Art. 35. A vacância do cargo público decorrerá de:
solicitação; I - exoneração;
e) haja cargo vago. II - demissão;
§ 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante III - promoção;
de sua transformação. IV - readaptação;
§ 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será con- V - aposentadoria;
siderado para concessão da aposentadoria. VI - posse em outro cargo inacumulável;
§ 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser- VII - falecimento.
vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência Art. 36. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser-
de vaga. vidor, ou de ofício.
§ 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da admi- Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
nistração perceberá, em substituição aos proventos da aposenta- I - quando não satisfeitas às condições do estágio probatório;
doria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à exercício no prazo estabelecido.
aposentadoria. Art. 37. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
§ 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro- função de confiança dar-se-á:
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo I - a juízo da autoridade competente;
menos cinco anos no cargo. II - a pedido do próprio servidor;
§ 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
Art. 30. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple- CAPÍTULO III
tado 75 (setenta e cinco) anos de idade. DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO

SEÇÃO VIII SEÇÃO I


DA REINTEGRAÇÃO DA REMOÇÃO

Art. 31. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no Art. 38. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans- ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis- Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. por modalidades de remoção:
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará I - de ofício, no interesse da Administração;
em disponibilidade, observado o disposto no art. 33. II - a pedido, a critério da Administração.
§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou SEÇÃO II
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. DA REDISTRIBUIÇÃO

SEÇÃO IX Art. 39. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provi-


DA RECONDUÇÃO mento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pes-
soal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
Art. 32. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo apreciação do órgão de Recursos Humanos, observados os seguin-
anteriormente ocupado e decorrerá de: tes preceitos:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; I - interesse da administração;
II - reintegração do anterior ocupante. II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;

118
LEGISLAÇÃO

IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi- § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
dade das atividades; atribuições iguais ou assemelhadas da Administração Pública Muni-
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação cipal, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
profissional; natureza ou ao local de trabalho.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida- § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
des institucionais do órgão ou entidade. rio mínimo.
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de Art. 42. O servidor perderá:
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou justificado;
entidade. II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ausências justificadas, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de
ato conjunto entre o órgão de Recursos Humanos e os órgãos e en- compensação de horário, se houver a possibilidade, até o mês sub-
tidades da Administração Pública Municipal envolvidos. sequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti- Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso for-
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou tuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da che-
entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado fia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma do art. 33. Art. 43. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis- nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão de § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consig-
Recursos Humanos, e ter exercício provisório, em outro órgão ou nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
entidade, até seu adequado aproveitamento. administração e com reposição de custos, na forma definida em re-
Art. 39-A Os servidores investidos em cargo ou função de dire- gulamento.
ção, chefia ou assessoramento terão substitutos indicados no pró- § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não
prio ato de nomeação ou, no caso de omissão ou impossibilidade, excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração mensal.
serão designados pela autoridade máxima da Administração. Art. 44. As reposições e indenizações ao erário serão desconta-
§ 1º O substituto assumirá automaticamente o exercício do car- das em parcelas mensais não inferiores ao correspondente a 10%
go ou função de direção, chefia ou assessoramento nos afastamen- (dez por cento) da remuneração, provento ou pensão.
tos ou impedimentos regulamentares do titular. § 1º Independentemente do parcelamento previsto neste arti-
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do car- go, o recebimento de quantias indevidas poderá implicar processo
go ou função de direção, chefia ou assessoramento, nos casos dos disciplinar para apuração das responsabilidades e aplicação das pe-
afastamentos ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta nalidades cabíveis.
dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substitui- § 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês
ção, que excederem o referido período. anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime-
§ 3º Nos casos em que a substituição se der por menos de trin- diatamente, em uma única parcela.
ta dias, deverá o servidor, nos autos do processo de designação/ § 3º O funcionário em débito com o Erário, que for demitido,
nomeação, optar pela remuneração de um dos cargos que exerce, exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilidade ex-
sendo que sua não manifestação importará na percepção da remu- tinta, terá o prazo de 60 (sessenta) dias para quitá-la.
neração do cargo que ocupa de origem. (Redação acrescida pela Lei § 4º A não quitação do débito no prazo previsto implicará sua
Complementar nº 34/2023) inscrição em dívida ativa.
Art. 39-B O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de Art. 45. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. (Re- objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres-
dação acrescida pela Lei Complementar nº 34/2023) tação de alimentos resultante de decisão judicial e no caso previsto
no §3º do Art. 14 da Lei Federal 4.717/65.
TÍTULO III
DOS DIREITOS E VANTAGENS CAPÍTULO II
DAS VANTAGENS
CAPÍTULO I
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Art. 46. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor
efetivo as seguintes vantagens:
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de I - indenizações;
cargo público, com valor fixado em lei. II - gratificações e adicionais;
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- III - progressões;
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. IV - cesta básica;
§ 1º O servidor efetivo investido em cargo em comissão de ór- V - salário família;
gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração VI - adicional de qualificação;
de acordo com o estabelecido no neste Estatuto. § 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro-
§ 2º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de vento para qualquer efeito.
caráter permanente, é irredutível. § 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
§ 3º As vantagens pecuniárias não podem integrar o vencimen- mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
to base, que somente pode ser alterado na forma da lei.

119
LEGISLAÇÃO

Art. 47. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem SUBSEÇÃO III
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrés- AUXÍLIO TRANSPORTE
cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun-
damento. Art. 53. Fará jus ao auxílio transporte, o servidor que não tiver
domicílio no município ou que necessite de transporte coletivo para
SEÇÃO I deslocamento de sua residência até seu local de trabalho.
DAS INDENIZAÇÕES § 1º Poderá ser concedido o auxílio transporte apurado no
caput, em pecúnia, destinado ao deslocamento do servidor que op-
Art. 48. Constituem indenizações ao servidor: tar pelo uso de meios próprios, tendo como referência o valor do
I - diárias e ajuda de custo; transporte coletivo necessário ao deslocamento.
II - de transporte; § 2º A Administração descontará até 6% (seis por cento) do sa-
III - Auxílio Transporte; lário base do servidor beneficiário para fins concessão desse auxílio.
Art. 49. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I § 3º É vedada a incorporação do auxílio, em caso de pagamento
a III do art. 48, assim como as condições para a sua concessão, serão em pecúnia, a que se refere o artigo, aos vencimentos e à remune-
estabelecidos em regulamento ou lei específica. ração, bem como não constitui base de incidência de contribuição
de qualquer natureza;
SUBSEÇÃO I
DAS DIÁRIAS E DA AJUDA DE CUSTO SEÇÃO II
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
Art. 50. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede para outro
ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens Art. 54. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraor- Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, grati-
dinárias com pousada, alimentação, estacionamento e locomoção ficações e adicionais:
urbana, conforme dispuser em regulamento. I - gratificação natalina;
§ 1º A diária será concedida por dia de afastamento, devendo II - adicional pelo exercício de atividades insalubres ou perigo-
ser regulamentada sua concessão, valor, forma de requerimento e sas e risco de vida;
pagamento, por meio de Decreto Municipal. III - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
§ 2º O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, IV - sobreaviso;
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no V - prontidão;
prazo de 5 (cinco) dias úteis. VI - adicional noturno;
§ 3º Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo menor VII - adicional de férias;
do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias rece- VIII - gratificação de função;
bidas em excesso, no prazo previsto no caput. IX - pecúlio funeral;
Art. 51. Ajuda de Custo é uma Vantagem Pecuniária concedida X - gratificação para exercer cargo em comissão;
ao agente público que, por absoluta necessidade de serviço, houver XI - abono permanência;
que se deslocar de sua sede, no Município de Quatis, para o cumpri- XII - adicional de qualificação universitário;
mento de Missão Especial, ou para frequentar cursos do interesse XIII - gratificação de difícil acesso;
da Administração. XIV - Adicional de Qualificação
§ 1º A ajuda de custo é calculada sobre o vencimento do agente Parágrafo único. Os servidores de cargo em comissão somente
público, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exce- farão jus aos itens I e VII.
der a importância correspondente a 3 (três) meses do respectivo
vencimento. SUBSEÇÃO I
§ 2º Não será concedida ajuda de custo ao funcionário que se DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
§ 3º O agente público ficará obrigado a prestar contas e resti- Art. 55. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
tuir a ajuda de custo quando não houver mais necessidade de sua avos) da remuneração a que o servidor fizer jus a ser paga no mês
aplicação. de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
SUBSEÇÃO II será considerada como mês integral.
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE Art. 56. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de
dezembro de cada ano.
Art. 52. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor Parágrafo único. Poderá ser parcelada, com pagamento propor-
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- cional do período até o pagamento.
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições Art. 57. O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata-
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a
remuneração do mês da exoneração.
Art. 58. A gratificação natalina não será considerada para cálcu-
lo de qualquer vantagem pecuniária.
Subseção II

120
LEGISLAÇÃO

Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Risco de § 7º O trabalho em condições de periculosidade assegura ao


Vida servidor um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário base
Art. 59. Os servidores que trabalhem com habitualidade em sem os acréscimos resultantes de gratificações ou prêmios.
locais insalubres, conforme legislação específica, fazem jus a um Art. 62. O ato normativo para caracterização e a classificação
adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. da insalubridade ou da periculosidade observará o estabelecido no
§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade, de LTCAT.
periculosidade ou risco de vida deverá optar por um deles. Art. 63. A comprovação da efetiva exposição do segurado aos
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade, periculosidade ou agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabele-
risco de vida cessa com a eliminação das condições ou dos riscos cida pelo regulamento.
que deram causa a sua concessão, que ocorrerá: Art. 64. Os servidores investidos nas funções típicas que exer-
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de cem poder de polícia (administrativa) poderão receber o adicional
trabalho dentro dos limites de tolerância; de risco de vida, desde que observados os termos de cada legisla-
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ção específica.
ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a
limites de tolerância. SUBSEÇÃO III
Art. 60. Haverá permanente controle da atividade de servido- DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
res em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
perigosos. Art. 65. O serviço extraordinário, desde que para atender as
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, situações excepcionais e temporárias plenamente justificadas, res-
enquanto durar a gestação e a lactação, sem prejuízo da remunera- salvados os casos excepcionais previstos em lei específica, será re-
ção, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas munerado em relação à hora normal de trabalho da seguinte forma:
atividades em local salubre e em serviço não perigoso. I - O serviço extraordinário realizado de segunda-feira a sábado
Art. 61. Na concessão dos adicionais de insalubridade e de pe- será pago com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre as
riculosidade, serão observadas as situações estabelecidas em legis- horas trabalhadas.
lação específica. II - O serviço extraordinário realizado aos domingos e feriados
§ 1º Serão consideradas atividades ou operações insalubres será pago com acréscimo de 100% (cem por cento) sobre as horas
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, trabalhadas.
exponham os servidores a agentes nocivos à saúde, acima dos limi- Parágrafo único. O servidor efetivo investido em função gratifi-
tes de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do cada, por razões de estar em regime de dedicação integral de traba-
agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. lho, não poderá receber por esse adicional.
§ 2º Para a caracterização de insalubridade o servidor deve es- Art. 66. Somente será permitido serviço extraordinário para
tar exposto, em caráter habitual e permanente, a agentes nocivos atender as situações excepcionais e temporárias, respeitado o limi-
à saúde, como químicos, físicos e biológicos, que possam causar o te de 2 (duas) horas por jornada.
seu adoecimento. Parágrafo único. Havendo necessidade à continuação do servi-
§ 3º Decreto Municipal aprovará o quadro das atividades e ço extraordinário, poderá ser prorrogado, em no máximo, por igual
operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de ca- período, sempre com a autorização do secretário da pasta.
racterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do SUBSEÇÃO IV
servidor a esses agentes. DO SOBREAVISO
§ 4º O Poder Executivo deverá providenciar o estudo para com-
posição de Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho Art. 67. Considera-se de sobreaviso o servidor efetivo, que per-
(LTCAT) bem como deverá fornecer ao servidores, conforme solici- manecer em seu próprio domicílio ou em estado de disponibilidade
tação desses ou do respectivo Instituto de Previdência competente, fora do ambiente de trabalho, aguardando a qualquer momento o
o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) para os devidos fins de chamado para o serviço.
aposentadoria e/ou benefícios.
§ 5º O exercício de atividades em condições insalubres, acima § 1º Cada escala de sobreaviso será, no máximo, de vinte e qua-
dos limites de tolerância estabelecidos por ato normativo, assegura tro horas, limitado a 25 sessões/mês.
a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por § 2º As horas de sobreaviso, para todos os efeitos, serão conta-
cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário base, das à razão de 1/3 (um terço) do salário-hora normal.
segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. § 3º Havendo a convocação cessará o sobreaviso, devendo o
§ 6º São consideradas atividades ou operações perigosas, na servidor se apresentar no exato momento às dependências do local
forma da regulamentação, aquelas que, por sua natureza ou méto- de trabalho.
dos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposi- § 4º Quando o servidor se apresentar ao serviço, poderá haver
ção permanente do servidor a: a incidência de hora extraordinária, bem como adicional noturno,
I - inflamáveis, explosivos, radiação ionizante ou energia elé- conforme disposto nessa lei.
trica; § 5º O servidor deverá estar de comum acordo, com a proposta
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades de designação do sobreaviso.
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 6º A administração deverá dar condições necessárias para o
deslocamento até o local de trabalho.

121
LEGISLAÇÃO

§ 7º O servidor que não comparecer ao chamado, enquanto SUBSEÇÃO VIII


de sobreaviso, não perceberá o adicional estipulado em escala e DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
responderá administrativamente, podendo sofrer sanções discipli-
nares. Art. 71. Ao servidor efetivo investido em função ad nutum de
§ 8º Não se aplica o regime do sobreaviso ao servidor efetivo direção, chefia ou assessoramento é devida uma gratificação pelo
investido em função gratificada, por razões da dedicação integral seu exercício.
de trabalho. § 1º Os percentuais da gratificação são estabelecidos em Lei
Complementar.
SUBSEÇÃO V § 2º A gratificação de função não será incorporada ao venci-
DA PRONTIDÃO mento ou à remuneração do servidor.
§ 3º O exercício de função gratificada só assegurará direitos ao
Art. 68. Considera-se de prontidão o servidor efetivo que, fora servidor durante o período em que estiver exercendo a função.
do horário normal de trabalho, permanecer nas dependências do § 4º Afastando-se da função gratificada o servidor perderá a
local de trabalho, aguardando a qualquer momento o chamado respectiva remuneração.
para o serviço. § 5º O regime de trabalho do servidor designado para função
§ 1º A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. gratificada será integral.
§ 2º As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, conta-
das à razão de 2/3 do salário-hora normal. SUBSEÇÃO IX
§ 3º Quando, no estabelecimento ou dependência em que se DO PECÚLIO FUNERAL
achar o empregado, houver facilidade de alimentação, as doze ho-
ras da prontidão poderão ser contínuas, garantindo o intervalo de Art. 72. É garantido pecúlio funeral correspondente 1 (um) mês
30 (trinta) minutos para alimentação computados como hora de de remuneração, aos servidores, ativos e inativos, que percebem
prontidão. até 3 (três) salários-mínimos, em caso de morte do cônjuge ou de-
§ 4º Quando não existir essa facilidade, poderá ser concedido 1 pendente.
hora para alimentação, fora das dependências do local de trabalho Parágrafo único. Na hipótese de falecimento do servidor, o
e não poderá ser computado como hora de prontidão. cônjuge e/ou herdeiros farão jus ao auxílio especificado no “caput”
§ 5º Para efeitos de prontidão torna-se necessário ato do Exe- deste artigo, que será depositada na conta informada no requeri-
cutivo, provocado pelo Secretário da pasta, devidamente justificado mento, mediante apresentação de documento de identidade do
no relevante interesse público, de medida excepcional. cônjuge e de todos os herdeiros, certidão de óbito, e instrumento
§ 6º Não se aplica o regime da Prontidão ao servidor efetivo público ou particular que demonstre a anuência de todos.
investido em função gratificada, por razões da dedicação integral
de trabalho. SUBSEÇÃO X
GRATIFICAÇÃO PARA EXERCER CARGO EM COMISSÃO
SUBSEÇÃO VI
DO ADICIONAL NOTURNO Art. 73. O servidor efetivo designado para Cargo em Comissão
receberá, sob a forma de gratificação, a diferença entre a remune-
Art. 69. O serviço noturno, prestado em horário compreendi- ração do seu cargo permanente e a remuneração do Cargo em Co-
do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do missão, podendo optar pela percepção de remuneração do Cargo
dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por Permanente Efetivo.
cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos § 1º Os valores dos cargos em comissão serão estabelecidos em
e trinta segundos, ressalvadas as hipóteses de regime especial ou Lei Complementar.
diferenciado. § 2º A gratificação não será incorporada ao vencimento ou à
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário no remuneração do servidor.
período noturno, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre § 3º O exercício do cargo em comissão só assegurará direitos ao
a remuneração prevista na subseção relativa ao Adicional por Ser- servidor durante o período em que o estiver exercendo.
viço Extraordinário. § 4º Afastando-se do cargo o servidor perderá a respectiva re-
muneração.
SUBSEÇÃO VII § 5º O regime de trabalho do servidor nomeado para cargo em
ADICIONAL DE FÉRIAS comissão será integral.

Art. 70. Independentemente de solicitação, será pago ao servi- SUBSEÇÃO XI


dor, por ocasião de descanso em férias, um adicional corresponden- ABONO PERMANÊNCIA
te a 1/3 (um terço) da remuneração do período aquisitivo das férias.
Art. 74. Os servidores que atingirem os requisitos de aposen-
Parágrafo único. No caso de o servidor efetivo exercer cargo em tadoria, previstos em lei municipal previdenciária específica, farão
comissão ou função gratificada, a respectiva vantagem será consi- jus ao incentivo financeiro para permanecer trabalhando até atingir
derada no cálculo do adicional de que trata este artigo. idade para aposentadoria compulsória.
§ 1º O valor do abono permanência será equivalente ao valor
da contribuição efetivamente descontada do servidor, ou recolhida
por este, relativamente a cada competência.

122
LEGISLAÇÃO

§ 2º O pagamento do abono permanência é de responsabili- Art. 80. Todo aquele que, por ação ou omissão, der causa a pa-
dade do respectivo ente federativo e será devido a partir do cum- gamento indevido de salário família ficará obrigado a sua restitui-
primento dos requisitos para obtenção do benefício conforme dis- ção, sem prejuízo das demais cominações legais.
posto em lei.
SEÇÃO V
SUBSEÇÃO XII DAS CESTA BÁSICA
ADICIONAL DE QUALIFICAÇÃO UNIVERSITÁRIO
Art. 81. É devido ao servidor efetivo o recebimento de Cesta
Art. 75. O Adicional de qualificação universitário poderá ser ga- Básica para manutenção da sua alimentação, ou equivalente, em
rantido ao servidor, desde que disposto em legislação específica. pecúnia, desde que observados os critérios estabelecidos em lei
específica.
SUBSEÇÃO XIII
GRATIFICAÇÃO DE DIFÍCIL ACESSO CAPÍTULO III
DAS FÉRIAS
Art. 76. A Gratificação de Difícil Acesso poderá ser garantida ao
servidor, desde que disposta em legislação específica. Art. 82. O servidor fará jus ao direito de férias, após cada perío-
do de 12 (doze) meses de efetivo exercício, na seguinte proporção:
SUBSEÇÃO XIV I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao servi-
DO ADICIONAL POR QUALIFICAÇÃO ço mais de 5 (cinco) vezes injustificadamente;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6
Art. 77. O Adicional por qualificação poderá ser garantido ao (seis) a 14 (quatorze) faltas não justificadas;
servidor, desde que disposto em legislação específica. III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quin-
ze) a 23 (vinte e três) faltas não justificadas;
SEÇÃO III IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e
DA PROGRESSÃO FUNCIONAL quatro) a 32 (trinta e duas) faltas não justificadas.
V - O servidor que tiver mais de 32 (trinta e duas) faltas injus-
Art. 78. Os servidores do Município de Quatis farão jus à Pro- tificadas durante o período aquisitivo de férias, perderá o direito
gressão Funcional conforme os critérios estabelecidos em lei espe- dessas férias.
cífica. § 1º O pagamento das férias acompanhará a proporção do seu
direito de gozo.
SEÇÃO IV § 2º O período das férias será computado, para todos os efei-
SALÁRIO FAMÍLIA tos, como tempo de serviço.
§ 3º As férias podem ser acumuladas, até o máximo de 2 (dois)
Art. 79. O salário-família será devido ao servidor ativo, cuja re- períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóte-
muneração não ultrapasse o limite estipulado para a concessão do ses em que haja legislação específica.
benefício pelo Regime Geral de Previdência Social. § 4º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
§ 1º Consideram-se dependentes econômicos para efeitos de que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
percepção do salário família, os filhos ou equiparados de até qua- pública.
torze anos de idade, inválidos ou incapazes. § 5º Ficará suspenso no cálculo do período aquisitivo o tempo
§ 2º Quando ambos os responsáveis forem servidores ativos, em que o servidor não se encontrar em efetivo exercício.
apenas um deles terá direito ao salário família, devendo o benefício § 6º Poderá ser antecipado o salário de férias, no início de perí-
ser pago a quem detiver a guardar do menor. odo de gozo, quando o servidor o requerer antecipadamente.
§ 3º O valor do salário família será o mesmo fixado para o Regi- Art. 83. O pagamento por antecipação de férias será efetuado
me Geral de Previdência Social. até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período de gozo.
§ 4º O direito ao salário-família cessará automaticamente: § 1º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
I - por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di-
ao do óbito; reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.
idade, a contar do mês seguinte ao da data do aniversário; § 2º A indenização será calculada com base na remuneração do
III - pela recuperação da capacidade do dependente inválido mês em que for publicado o ato exoneratório.
ou incapaz, a contar do mês seguinte ao da cessação da invalidez § 3º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
ou incapacidade; adicional previsto no inciso XVII do Art. 7º da Constituição Federal
IV - pelo falecimento, exoneração ou demissão do servidor; quando da utilização do primeiro período.
V - quando a remuneração do servidor ultrapassar o valor pre- § 4º Em caso de pedido expresso do servidor, será possível re-
visto no caput deste artigo. ceber apenas o 1/3 de férias de forma antecipada e no mês subse-
§ 5º Nenhum desconto incidirá sobre o salário família, nem quente receber o valor remanescente a fim de que não fique sem
este servirá de base a qualquer contribuição, ainda que para fins de proventos no mês que retornar.
previdência social.

123
LEGISLAÇÃO

Art. 84. As férias somente poderão ser interrompidas por mo- que deverá encaminhar imediatamente o fato ao superior hierár-
tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, quico do servidor em atestado, sendo obrigatória a entrega do do-
serviço militar ou eleitoral, ou por imperiosa necessidade do servi- cumento original até o dia subsequente à data de retorno.
ço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. Art. 90. Dentro do prazo de 60 dias, o servidor que superar o
Parágrafo único. O restante do período interrompido será go- prazo de afastamento de 15 (quinze) dias não consecutivos por mo-
zado de uma só vez. tivos semelhantes, será submetido à inspeção médica que concluirá
Art. 85. O Departamento de Recursos Humanos deverá noti- pela volta ao serviço, pela concessão ou prorrogação da licença ou
ficar os Secretários quanto à existência de servidor que não tenha readaptação funcional.
gozado férias nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o Art. 91. O servidor não poderá permanecer em licença por pra-
servidor tiver adquirido o direito, solicitando a data de concessão, zo superior a 02 (dois) anos, sendo que, decorrido esse prazo, será
sob pena de responsabilidade do Secretário da Pasta. submetido a exame médico, e aposentado se for considerado defi-
Art. 85-A Será permitida a conversão de 1/3 (um terço) das nitivamente inválido, na forma prevista em lei.
férias em pecúnia mediante requerimento do funcionário apre-
sentado 30(trinta) dias antes do seu início, vedada qualquer outra SEÇÃO III
hipótese de conversão em dinheiro. (Redação acrescida pela Lei LICENÇA À GESTANTE, ADOTANTE E DA LICENÇA
Complementar nº 34/2023) PATERNIDADE

CAPÍTULO IV Art. 92. Será concedida licença à funcionária gestante por 180
DAS LICENÇAS (cento e oitenta) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
§ 1º A licença maternidade poderá ter início no primeiro dia do
SEÇÃO I 9º (nono) mês de gestação, salvo antecipação por prescrição mé-
DISPOSIÇÕES GERAIS dica.
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
Art. 86. Conceder-se-á ao servidor as seguintes licenças: partir do parto.
I - para tratamento de saúde; § 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
II - à gestante, adotante e paternidade; to, a funcionária será submetida a exame médico e, se julgada apta,
III - por motivo de doença em pessoa da família; reassumirá o exercício do cargo.
IV - para o serviço militar; § 4º No caso de aborto, atestado por médico assistente, a fun-
V - para atividade política; cionária terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado, des-
VI - para tratar de interesses particulares; de que devidamente homologado pelo médico do trabalho oficial.
VII - para desempenho de mandato classista; Art. 93. Pelo nascimento de filho, o funcionário terá direito à
VIII - prêmio. licença paternidade de 30 (trinta) dias consecutivos.
§ 1º O ocupante de cargo de provimento em comissão somente Art. 94. Para amamentar o próprio filho, até a idade de 06 (seis)
poderá gozar a licença prevista no inciso II. meses, a funcionária terá direito, durante a jornada de trabalho, a
§ 2º É vedado o exercício de atividade remunerada durante o 01 (uma) hora, que poderá ser parcelada em 2 (dois) períodos de
período de concessão das licenças previstas nos incisos desse arti- meia hora.
go, ressalvados os casos para tratar de interesses particulares. Art. 95. Ao servidor adotante, desde que requerido, será con-
Art. 87. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do cedida Licença Adotante remunerada, nos mesmo prazos estabele-
término de outra da mesma espécie será considerada como pror- cidos para as licenças maternidade e paternidade, conforme cada
rogação. caso, para o devido ajustamento do adotado ao novo lar.
Parágrafo único. A Licença Adotante ao servidor só será deferi-
SEÇÃO II da após a comprovada situação de adotante.
PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
SEÇÃO IV
Art. 88. Será concedida ao funcionário licença para tratamento DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem FAMÍLIA
prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 89. Para atestados até 15 (quinze) dias, a inspeção será fei- Art. 96. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
ta por médico do trabalho, podendo ser realizada por junta médica de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do
oficial em casos específicos, e, se por prazo superior à 15 (quinze) padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva às suas
dias, deverá ser feita preferencialmente por junta médica, através expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante com-
de Boletim de Inspeção Médica - BIM, conforme indicação técnica. provação por perícia médica oficial.
§ 1º Os atestados com prazos inferiores ou iguais à 5 (cinco) § 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do
dias, ficam dispensados de serem submetidos a Medicina do Traba- servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen-
lho, todavia poderá o superior hierárquico do servidor requisitar a te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário.
devida inspeção médica do trabalho nos casos em que julgar con- § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
veniente. poderá ser concedida a cada período de doze meses, por no máxi-
§ 2º O atestado deverá ser apresentado pessoalmente ou por mo 90 dias, nas seguintes condições:
meio telemático, até 48 (quarenta e oito) horas após a sua emissão, I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
submetido diretamente ao Departamento de Recursos Humanos, remuneração do servidor; e

124
LEGISLAÇÃO

II - a partir do 61º até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
sem remuneração. ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
§ 3º O início do período de 12 (doze) meses será contado a cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
partir da data do término da primeira licença concedida. ços a seus membros, conforme dispuser regulamento e observados
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- o limite de até 3 (três) servidores por entidade, sendo garantido no
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em mínimo 1 (um) servidor para cada entidade.
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
§ 3º, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I para cargos de direção ou de representação nas referidas entida-
e II do § 2º des, desde que cadastradas no órgão competente.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
SEÇÃO V renovada, no caso de reeleição.
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR § 3º O servidor poderá optar pela remuneração do cargo efeti-
vo ou pela remuneração do sindicato, se houver.
Art. 97. Ao servidor convocado para o serviço militar será con- § 4º A entidade sindical deverá demonstrar o registro junto ao
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe- Ministério do Trabalho e Emprego, que aperfeiçoa a existência legal
cífica. de entidade sindical.
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até § 5º O Sindicato, sem o respectivo registro, não é sujeito de
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car- direitos e, consequentemente, seus dirigentes não fazem jus a qual-
go. quer benefício sindical.

SEÇÃO VI SEÇÃO IX
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA LICENÇA PRÊMIO

Art. 98. O funcionário terá direito a licença, sem remuneração, Art. 101. Após cada cinco anos no serviço público municipal, a
durante o período que mediar entre a sua escolha, em convenção contar da publicação desta lei, o servidor efetivo poderá requerer
partidária, como candidato perante a Justiça Eleitoral. o gozo da licença prêmio por 90 (noventa) dias sem prejuízo da re-
§ 1º A partir do registro da candidatura e até o 10º (décimo) muneração, em período a ser definido pela Administração Pública.
dia seguinte ao da eleição, o funcionário fará jus a licença como se § 1º O servidor que já tenha implementado o período aquisiti-
em efetivo exercício estivesse, sem prejuízo de sua remuneração, vo deverá solicitar, por escrito, através de processo administrativo,
mediante comunicação, por escrito, do afastamento. a concessão da referida licença à Secretaria Municipal de Adminis-
§ 2º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde tração.
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, § 2º O prazo para requerer a Licença Prêmio, neste caso, pres-
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a creverá em 120 dias corridos a contar da implementação do perío-
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a do aquisitivo.
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. § 3º O requerimento da Licença Prêmio poderá ser solicitada
§ 3º O disposto nesse artigo não se aplica aos ocupantes de por inteiro ou em parcelas não inferiores a 30 (trinta) dias.
cargo em comissão. § 4º Ficará a cargo da Administração Pública, segundo critérios
de oportunidade e conveniência, definir, motivadamente, o período
SEÇÃO VII de gozo da Licença Prêmio, devendo, contudo, o período de gozo
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES não ultrapassar o quinquênio aquisitivo subsequente.
§ 5º O servidor perderá o direito à Licença Prêmio se, durante
Art. 99. A critério da Administração, poderá ser concedida ao o quinquênio aquisitivo:
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es- I - Sofrer a penalidade administrativa de suspensão ou supe-
tágio probatório, licença para o trato de assuntos particulares pelo rior;
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. II - Tiver mais de 15 (quinze) faltas não justificadas ao serviço;
§ 1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a III - Sofrer condenação a pena privativa de liberdade, por sen-
pedido do servidor ou no interesse do serviço. tença definitiva transitada em julgado;
§ 2º Não se concederá nova licença antes de decorridos 2 (dois) IV - Gozado licença para tratar de interesses particulares por
anos do término da anterior. mais de 30 (trinta) dias.
§ 6º Suspenderão a contagem do tempo para o período aquisi-
SEÇÃO VIII tivo os seguintes afastamentos:
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO I - os que não ultrapassem os limites estabelecidos nos incisos
CLASSISTA do “caput” deste artigo;
II - as licenças para tratamento de saúde por mais de 180 dias.
Art. 100. É assegurado ao servidor o direito à licença com remu- III - por motivo de doença em pessoa da família pelo tempo que
neração, correspondente ao vencimento base do nível hierárquico for licenciado;
de origem e as vantagens a ele incorporadas, não incluídas parcelas IV - para o serviço militar;
indenizatórias e transitórias concedidas em razão da função ou lo- V - para atividade política;
cal de trabalho, para o desempenho de mandato em confederação, VI - para desempenho de mandato classista;
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re-

125
LEGISLAÇÃO

§ 7º As suspensões não serão computadas para fins de cálculo I - os cargos permutados tenham a mesma natureza ou atribui-
do período aquisitivo. ções similares;
§ 8º O servidor somente iniciará a contagem de novo quinquê- II - seja observado e garantido o interesse público;
nio aquisitivo, depois de findo o quinquênio durante o qual perdeu III - cada órgão/entidade permutante seja o responsável pela
o direito à licença prêmio. remuneração do seu respectivo servidor, e;
§ 9º O servidor deverá aguardar em exercício a concessão do IV - a permuta tenha a anuência expressa dos servidores en-
gozo da licença prêmio. volvidos.
§ 2º É vedada a permuta se as atribuições do cargo em ambos
CAPÍTULO V os órgãos e entidades envolvidos não forem materialmente simila-
DOS AFASTAMENTOS res.
§ 3º A concessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diá-
SEÇÃO I rio Oficial Eletrônico e seu respectivo termo de permuta, a ser ela-
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU borado pela Secretaria Municipal de Administração, devidamente
ENTIDADE instruído com a assinatura de todas as partes, incluídas as dos ser-
vidores a serem permutados.
Art. 102. O servidor estável poderá ser cedido para ter exercício § 4º A permuta far-se-á pelo prazo previsto no termo de per-
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do muta, sendo facultada sua prorrogação, por termo aditivo, median-
Distrito Federal, dos Municípios, nas seguintes hipóteses: te juízo de conveniência e oportunidade a cargo da Administração
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança; dos entes relacionados.
II - em casos previstos em leis específicas.
§ 1º O ônus da remuneração será do órgão ou da entidade ces- CAPÍTULO VI
sionária, salvo pactuação diversa entre as partes. DAS CONCESSÕES
§ 2º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
Oficial Eletrônico e seu respectivo termo de cessão, a ser elaborado Art. 105. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
pela Secretaria Municipal de Administração, devidamente instruído do serviço:
com a assinatura de ambas as partes. I - por um dia para doação de sangue, mediante comprovação,
limitado a 3 (três) vezes por ano;
SEÇÃO II II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
ELETIVO (dois) dias;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
Art. 103. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se a) casamento;
as seguintes disposições: b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará drasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela, irmãos e avós.
afastado do cargo; Art. 106. Poderá ser concedido horário especial ao servidor es-
II - investido no mandato de Prefeito e ou Vice-Prefeito, será tudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo, desde
ção; que não cause prejuízo às atividades do órgão.
III - investido no mandato de vereador: § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; peitada a duração semanal do trabalho.
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do § 2º Também será concedido horário especial, na forma do
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. caput, ao servidor com deficiência, quando comprovada a necessi-
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá dade por junta médica oficial, independente de compensação.
para o regime próprio de previdência como se em exercício esti- § 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas ao servi-
vesse. dor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência.
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista não
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di- CAPÍTULO VII
versa daquela onde exerce o mandato. DO TEMPO DE SERVIÇO

SEÇÃO III Art. 107. A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
DA PERMUTA que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
tos e sessenta e cinco dias.
Art. 104. Permuta é a cessão recíproca entre servidores públi- Art. 108. Além das ausências previstas no Art. 105 (conces-
cos do quadro permanente do Município e qualquer dos demais sões), são considerados como de efetivo exercício os afastamentos
Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário, da União, dos Estados em virtude de:
e dos Municípios, concedida mediante ato do Chefe do Executivo, I - férias;
observada a oportunidade e conveniência. II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão
§ 1º A permuta se dará desde que, cumulativamente: ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis-
trito Federal;

126
LEGISLAÇÃO

III - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici- I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
IV - júri e outros serviços obrigatórios por lei; patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
V - licença: II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
a) à gestante, à adotante e à paternidade; outro prazo for fixado em lei.
b) para tratamento da própria saúde; Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo inte-
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída ressado.
por servidores para prestar serviços a seus membros; Art. 117. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
d) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; veis, interrompem a prescrição.
e) por convocação para o serviço militar; Art. 118. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
f) licença prêmio. relevada pela administração.
Art. 109. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e Art. 119. Para o exercício do direito de petição, é assegurada
disponibilidade: vista do processo ou documento, ao servidor ou procurador por ele
I - o tempo de contribuição público prestado aos demais entes constituído.
federativos; Parágrafo único. Poderá ser disponibilizado, sempre que solici-
II - a licença para atividade política, desde que houver contri- tado, os documentos, preferencialmente por mídia digital, de acor-
buição; do com a Lei de Acesso à Informação;
III - o tempo de contribuição correspondente ao desempenho Art. 120. A administração poderá anular seus próprios atos,
de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, ante- quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
rior ao ingresso no serviço público municipal; se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
IV - o tempo de contribuição em atividade privada, vinculada à oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
Previdência Social; todos os casos, a apreciação judicial.
Parágrafo único. É vedada a contagem cumulativa de tempo Art. 121. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
de serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou neste Capítulo, salvo motivo de caso fortuito ou força maior.
função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distri-
to Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de TÍTULO IV
economia mista e empresa pública. DO REGIME DISCIPLINAR

CAPÍTULO VIII CAPÍTULO I


DO DIREITO DE PETIÇÃO DOS DEVERES

Art. 110. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Art. 122. São deveres do servidor:
Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
Art. 111. O requerimento será dirigido à autoridade compe- II - ser leal às instituições a que servir;
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que III - observar as normas legais e regulamentares;
estiver imediatamente subordinado o requerente. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
Art. 112. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- mente ilegais;
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo V - atender com presteza:
ser renovado. a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
Parágrafo único. O pedido de reconsideração de que tratam os ressalvadas as protegidas por sigilo;
artigos anteriores deverão ser protocolados no prazo de 5 (cinco) b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
dias úteis, a contar da publicação ou da ciência do ato pelo interes- ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
sado, e decididos dentro de 20 (vinte) dias úteis. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
Art. 113. Caberá recurso: VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade imediata- dade competente para apuração;
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri-
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. mônio público;
Art. 114. O prazo para interposição de recurso é de 15 (quinze) VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
dias úteis, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
da decisão recorrida. tiva;
Art. 115. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, X - ser assíduo e pontual ao serviço;
a juízo da autoridade competente. XI - tratar com urbanidade as pessoas;
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi- XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será
ato impugnado. encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su-
Art. 116. O direito de requerer prescreve: perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre-
sentado ampla defesa.

127
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO II § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada


DAS PROIBIÇÕES à comprovação da compatibilidade de horários.

Art. 123. Ao servidor é proibido: § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-


I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
torização do chefe imediato; tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, ções forem acumuláveis na atividade.
qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos; Art. 125. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento comissão, salvo interinamente.
e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto Art. 126. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu-
da repartição; lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe-
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon- tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário
sabilidade ou de seu subordinado; e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
associação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de CAPÍTULO IV
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau DAS RESPONSABILIDADES
civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- Art. 127. O servidor responde civil, penal e administrativamen-
trem, em detrimento da dignidade da função pública; te pelo exercício irregular de suas atribuições.
X - participar de gerência ou administração de sociedade priva- Art. 128. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; a terceiros.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto à reparti- § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários somente será liquidada na forma da lei, na falta de outros bens que
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou assegurem a execução do débito pela via judicial.
companheiro; § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
quer espécie, em razão de suas atribuições; § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran- e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece-
geiro; bida.
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; Art. 129. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
XV - proceder de forma desidiosa; venções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em Art. 130. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
serviços ou atividades particulares; omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo ção.
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; Art. 131. As sanções civis, penais e administrativas poderão
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis cumular-se, sendo independentes entre si.
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; Art. 132. A responsabilidade administrativa do servidor será
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando soli- afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
citado. fato ou sua autoria.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput Art. 133. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil,
deste artigo não se aplica no caso de gozo de licença para o trato de penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade supe-
interesses particulares, na forma deste Estatuto, observada a legis- rior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
lação sobre conflito de interesses. autoridade competente para apuração de informação concernente
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
CAPÍTULO III ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
DA ACUMULAÇÃO ção pública.

Art. 124. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve- CAPÍTULO V


dada a acumulação remunerada de cargos públicos. DAS PENALIDADES E PRESCRIÇÕES

§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos Art. 134. São penalidades disciplinares:
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, I - advertência;
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos II - suspensão;
Estados, dos Territórios e dos Municípios. III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

128
LEGISLAÇÃO

V - destituição de cargo em comissão; Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo,
VI - destituição de função gratificada. a exoneração efetuada nos termos do art. 37 será convertida em
Parágrafo único. Aplicada a penalidade de suspensão o servi- destituição de cargo em comissão.
dor não terá direito a receber qualquer remuneração, ou benefício Art. 142. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
financeiro, durante o período fixado, em razão do caráter sanciona- nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 139, implica a indisponi-
tório da medida, ressalvada a hipótese do § 2º do art. 137. bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
Art. 135. Na aplicação das penalidades serão consideradas a penal cabível.
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela Art. 143. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou por infringência do art. 123, incisos IX e XII, incompatibiliza o ex-ser-
atenuantes e os antecedentes funcionais. vidor para nova investidura em cargo público municipal, pelo prazo
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará de 5 (cinco) anos.
sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público muni-
Art. 136. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de cipal, pelo prazo 10 (dez) anos, o servidor que for demitido ou des-
violação de proibição constante do art. 123, incisos I a V, X, XV, XVII tituído do cargo em comissão por infringência do art. 139, incisos
a XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regu- I, IV, VIII, X e XI.
lamentação ou norma interna, que não justifique imposição de pe- Art. 144. Configura abandono de cargo a ausência intencional
nalidade mais grave. do servidor à repartição, ou local de trabalho, por mais de trinta
Art. 137. A suspensão será aplicada em caso de reincidência dias consecutivos.
das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibi- Parágrafo único. Não se enquadra nesta hipótese, os casos de
ções que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, trabalho remoto desde compatível com o cargo, autorizados pela
não podendo exceder de 90 (noventa) dias. Chefia Imediata e Ato do Chefe do Executivo, na forma da legislação
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser- municipal.
vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido à inspe- Art. 145. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os viço, sem causa justificada, por sessenta dias, não consecutivos, du-
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. rante o período de 12 (doze) meses.
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade Art. 146. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin- habitual, também será adotado o procedimento sumário, obser-
quenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando vando-se especialmente que:
o servidor obrigado a permanecer em serviço. I - a indicação da materialidade dar-se-á:
Art. 138. As penalidades de advertência e de suspensão terão a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa
seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior
anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou- a trinta dias;
ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
Parágrafo único. O cancelamento do registro da penalidade falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
não surtirá efeitos retroativos. a sessenta dias não consecutivos, durante o período de 12 (doze)
Art. 139. A demissão será aplicada nos seguintes casos: meses;
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo; II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
III - inassiduidade habitual; tório conclusivo quanto à responsabilidade do servidor, em que
IV - improbidade administrativa; resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dis-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; positivo legal, opinará na hipótese de abandono de cargo, sobre a
VI - insubordinação grave em serviço; intencionalidade da ausência ao serviço superior a 30 (trinta) dias
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo e remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento.
em legítima defesa própria ou de outrem; Art. 147. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; I - pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara Municipal ou pelo
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do dirigente superior da entidade da Administração Indireta quando se
cargo; tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio pú- de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
blico; II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
XI - corrupção; mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
cas; III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
XIII - transgressão dos incisos VII a IX, XI a XIV e XVI do art. 123. respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
Art. 140. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
missão. tratar de destituição de cargo em comissão.
Art. 141. A destituição de cargo em comissão, exercido por não Art. 148. A ação disciplinar prescreverá:
ocupante de cargo efetivo, será aplicada nos casos de infração sujei- I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
ta às penalidades de suspensão e de demissão. são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
cargo em comissão;

129
LEGISLAÇÃO

II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; § 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo disci-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. plinar submetido ao rito sumário não excederá 30 (trinta) dias úteis,
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr no primeiro dia útil contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
subsequente à data em que o fato se tornou conhecido. admitida a sua prorrogação por até 15 (quinze) dias úteis, quando
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se as circunstâncias o exigirem.
às infrações disciplinares capituladas também como crime. § 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente,
disciplinar suspende a prescrição, até a decisão final proferida por as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
autoridade competente.
§ 4º Suspenso o curso da prescrição, o prazo começará a correr TÍTULO V
a partir do dia em que cessar a suspensão. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

SEÇÃO I CAPÍTULO I
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DISPOSIÇÕES GERAIS
SUMÁRIO
Art. 150. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
Art. 149. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade competente, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção por gurada ao acusado contraditório e ampla defesa.
um dos cargos no prazo improrrogável de 10 (dez) dias úteis, conta- Parágrafo único. A apuração de que trata o caput, por solici-
dos da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedi- tação da autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
mento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha
processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes ocorrido a irregularidade, mediante competência específica para
fases: tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pela
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- autoridade máxima, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou enti-
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultane- dade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir
amente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto à apuração.
da apuração; Art. 151. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e re- apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
latório; denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
III - julgamento. ticidade.
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo § 1º Quando o fato narrado não configurar infração disciplinar
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação § 2º Será permitido o anonimato se a denúncia for circunstan-
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, ciada e houver indicação de documentos e provas.
do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. Art. 152. Da sindicância poderá resultar:
§ 2º A comissão lavrará até 3 (três) dias úteis após a publicação I - arquivamento do processo;
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão trans- II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até
critas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como 30 (trinta) dias;
promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermé- III - instauração de processo disciplinar.
dio de sua chefia imediata, para, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância será de
apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na até 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado até sua conclusão, por
repartição. igual período, a critério do presidente da comissão de sindicância.
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- Art. 153. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta)
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração
remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. de processo disciplinar.
§ 4º No prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, apli- CAPÍTULO II
cando-se, quando for o caso, o disposto no art. 174, § 3º DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
§ 5º A opção por um dos cargos pelo servidor até o último dia
de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se Art. 154. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
cargo. radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, apli- to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
car-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposenta- prejuízo da remuneração.
doria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou fun- Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
ções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os igual período, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. concluído o processo.

130
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO III Art. 163. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o


DO PROCESSO DISCIPLINAR processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
Art. 155. O processo disciplinar é o instrumento destinado a quesitos, quando se tratar de prova pericial.
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer- § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum
do cargo em que se encontre investido. interesse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 156. O processo disciplinar será conduzido por comissão § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
composta de três servidores estáveis designados pela autoridade provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
competente, observado o disposto no parágrafo único do art. 150, Art. 164. As testemunhas serão intimadas a depor mediante
que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupan- mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
te de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de es- da via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.
colaridade igual ou superior ao do indiciado. Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe-
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designado pelo dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re-
seu presidente, devendo a indicação recair em um de seus mem- partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para
bros. inquirição.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou de in- Art. 165. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
quérito, cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, do acusado ou das § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
autoridades máximas dos respectivos poderes. § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infi-
Art. 157. A Comissão exercerá suas atividades com indepen- ram, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
dência e imparcialidade, assegurando o sigilo necessário à elucida- Art. 166. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
ção do fato ou exigido pelo interesse da administração. promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões te- mentos previstos neste Estatuto.
rão caráter reservado. § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi-
Art. 158. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
fases: sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- eles.
missão; § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
II - inquérito administrativo que compreende instrução, defesa bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter-
e relatório; ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-
III - julgamento. -las, por intermédio do presidente da comissão.
Art. 159. O prazo para a conclusão do processo disciplinar será Art. 167. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
de até 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
que constituir a comissão, podendo ser prorrogado até sua conclu- submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
são, por igual período, a critério da autoridade superior, quando as menos um médico psiquiatra.
circunstâncias exigirem. Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa-
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte- do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe-
gral aos seus trabalhos, até a entrega do relatório final. dição do laudo pericial.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que Art. 168. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi-
deverão detalhar as deliberações adotadas. ciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e
das respectivas provas.
SEÇÃO I § 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presi-
DO INQUÉRITO dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10
(dez) dias úteis, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
Art. 160. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do § 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza- 15 (quinze) dias úteis.
ção dos meios e recursos admitidos em direito. § 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para
Art. 161. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada diligências reputadas indispensáveis.
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
fatos. assinatura de duas testemunhas.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con- Art. 169. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in- Art. 170. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido,
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar. será citado por edital, publicado no Diário Oficial Eletrônico do Mu-
Art. 162. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli- nicípio de Quatis ou em jornal de grande circulação na localidade do
nar, como peça informativa da instrução. último domicílio conhecido, para apresentar defesa.

131
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa Art. 179. O servidor que responder a processo disciplinar só
será de 15 (quinze) dias úteis a partir da última publicação do edital. poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
Art. 171. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
citado, não apresentar defesa no prazo legal. so aplicada.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo Parágrafo único. Ocorrida a exoneração por não satisfação das
e devolverá o prazo para a defesa. condições do estágio probatório, o ato será convertido em demis-
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora são, se for o caso.
do processo designará um servidor como defensor dativo, que de-
verá ser ocupante de cargo efetivo de nível superior ou de mesmo SEÇÃO III
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. DA REVISÃO DO PROCESSO
Art. 172. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi-
nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará Art. 180. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
as provas em que se baseou para formar a sua convicção. tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzir fatos novos ou cir-
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou cunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a ina-
à responsabilidade do servidor. dequação da penalidade aplicada.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem servidor, qualquer pessoa da família, nos termos da lei civil, poderá
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. requerer a revisão do processo.
Art. 173. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para requerida pelo respectivo curador.
julgamento. Art. 181. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re-
querente.
SEÇÃO II Art. 182. A simples alegação de injustiça da penalidade não
DO JULGAMENTO constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
ainda não apreciados no processo originário.
Art. 174. No prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados do recebi- Art. 183. O requerimento de revisão do processo será dirigido
mento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. ao Chefe do Executivo, ou autoridade equivalente, que, se autorizar
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida- onde se originou o processo disciplinar.
de competente, que decidirá em igual prazo. Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 156.
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da Art. 184. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
pena mais grave. Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
§ 3º Se a penalidade prevista for à demissão ou cassação de hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autorida- arrolar.
des de que trata o inciso I do art. 148. Art. 185. A comissão revisora terá 45 (quarenta e cinco) dias
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au- úteis para a conclusão dos trabalhos.
toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen- Art. 186. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. que couberem, as normas e procedimentos próprios da comissão
Art. 175. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo do processo disciplinar.
quando contrário às provas dos autos. Art. 187. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as nalidade.
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 15 (quinze)
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de dias úteis, contados do recebimento do processo, no curso do qual
responsabilidade. a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 176. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autorida- Art. 188. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
de que determinou a instauração do processo ou outra de hierar- efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão,
no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração que será convertida em exoneração.
de novo processo. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do agravamento de penalidade.
processo.
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição, será
responsabilizada na forma deste Estatuto.
Art. 177. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
duais do servidor.
Art. 178. Quando a infração estiver capitulada como crime, o
processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.

132
LEGISLAÇÃO

TÍTULO VI CAPÍTULO III


DAS DISPOSIÇÕES FUNCIONAIS DA LOTAÇÃO

CAPÍTULO I Art. 195. A lotação representa a força de trabalho em seus as-


DA COMISSÃO ADMINISTRATIVA DE AVALIAÇÃO DO pectos qualitativo ou quantitativo, necessária ao desempenho das
ESTÁGIO PROBATÓRIO - CAAEP atividades de cada Secretaria ou órgão de igual nível hierárquico da
Prefeitura.
Art. 189. Fica ratificada, por esta lei, a Comissão Administrativa Parágrafo único. A lotação de cada um dos órgãos a que se re-
de Avaliação do Estágio Probatório. fere este artigo será aprovada pelo Prefeito com base em programa
Art. 190. A Comissão Administrativa de Avaliação do Estágio de trabalho apresentado pelo respectivo dirigente.
Probatório será composta por servidores, em sua maioria efetivos, Art. 196. O plano geral de lotação dos servidores da Prefeitura
indicados pelo Chefe do Executivo, ou autoridade equivalente do Municipal será aprovado por decreto do Prefeito, a partir das pro-
respectivo Poder, em número ímpar de membros, igual ou superior postas setoriais de lotação.
a três. § 1º A lotação do servidor deverá ser compatível com o cargo,
Art. 191. A Comissão será presidida por servidor eleito pelos constará de seu contracheque e será divulgada no Portal da Trans-
membros. parência;
Art. 192. Caberá à Comissão Administrativa de Avaliação do § 2º Fica vedada a alteração da lotação por ato informal.
Estágio Probatório proceder à avaliação dos servidores, com base
nas avaliações encaminhadas pelas chefias imediatas, objetivando CAPÍTULO IV
verificação de aptidão para estabilidade. DO TREINAMENTO
Art. 193. A Comissão Administrativa de Avaliação do Estágio
Probatório tem sua organização e forma de funcionamento regula- Art. 197. Fica institucionalizada como atividade permanente o
mentadas por ato normativo dos respectivos Poderes. treinamento dos servidores, tendo como objetivos:
I - Criar e desenvolver mentalidade, hábitos e valores necessá-
CAPÍTULO II rios ao digno exercício da função pública;
DA REMUNERAÇÃO II - Capacitar o servidor municipal para o desempenho de suas
atribuições específicas, orientando-o no sentido de obter os resul-
Art. 194. Os cargos integrantes do Quadro de Cargos do Muni- tados desejados pela administração;
cípio estão hierarquizados na forma Lei que os criou. III - Estimular o rendimento funcional, criando condições propí-
§ 1º É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espé- cias para o constante aperfeiçoamento dos servidores;
cies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do IV - Integrar os objetivos de cada servidor no exercício de suas
serviço público. atribuições às finalidades da administração como um todo.
§ 2º O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto na Cons- TÍTULO VII
tituição Federal. DA SAÚDE GERAL DO SERVIDOR
§ 3º A garantia do salário-mínimo nacional, refere-se ao total
da remuneração percebida pelo servidor público. CAPÍTULO I
§ 4º O cálculo de gratificações e outras vantagens não incide DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
sobre o abono utilizado para se atingir o salário-mínimo do servidor
público. Art. 198. Para fins estatísticos e epidemiológicos, o departa-
§ 5º O abono que trata o parágrafo anterior, ficará limitado mento de Recursos Humanos deverá comunicar à respectiva previ-
à diferença entre o salário-mínimo nacional e o vencimento base dência social o acidente de trabalho, ocorrido com o servidor, até o
acrescido de vantagens e adicionais que o servidor faça jus. primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de
§ 6º A concessão de abono para alcançar o salário-mínimo na- imediato, à autoridade competente.
cional será por meio de Decreto Municipal, a ser editado após a Art. 199. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício
publicação do ato normativo federal, e retroagirá os seus efeitos, do trabalho a serviço do Município provocando lesão corporal ou
desde o início da vigência definida no diploma legal federal. perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, per-
§ 7º Comprovada a disponibilidade financeira e orçamentária, manente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
e existindo impacto financeiro, respeitadas as disposições da Lei § 1º O Município é responsável pela adoção e uso das medidas
de Responsabilidade Fiscal, poderá ser feita revisão geral do venci- coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do servi-
mento base dos Servidores, até o limite da atualização pelo cálculo dor.
através do IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo § 2º É dever do Município prestar informações pormenorizadas
ou outro índice que a substitua, por devido ato legal. sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.
Art. 200. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do
artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desen-
cadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada ativida-
de e constante da respectiva relação oficial;

133
LEGISLAÇÃO

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desen- IL - colaborar com a chefia mediata ou imediata na aplicação
cadeada em função de condições especiais em que o trabalho é re- dos dispositivos deste Capítulo.
alizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação Parágrafo único. Constitui ato faltoso do servidor a recusa in-
mencionada no inciso I. justificada:
Parágrafo único. Não são consideradas como doença do traba- I - à observância das instruções expedidas pela chefia na forma
lho: do inciso II do artigo anterior;
I - a doença degenerativa e/ou congênita; II - ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos
II - a inerente a grupo etário; pelo Município.
III - a que não produza incapacidade laborativa; Art. 204. Em hipótese alguma será considerado como acidente
IV - a doença endêmica adquirida por servidor habitante de de trabalho os casos em que o servidor der causa direta, por dolo
região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é re- ou culpa, ao fato.
sultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza
do trabalho. CAPÍTULO II
DO ASSÉDIO MORAL E SEXUAL
Art. 201. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para
efeitos desta Lei: Art. 205. Fica vedado o assédio moral no âmbito da administra-
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a ção pública municipal direta, indireta e fundações públicas, subme-
causa única, haja contribuído diretamente para a morte do servi- tendo o servidor a procedimentos repetitivos que impliquem em
dor, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou violação de sua dignidade ou, por qualquer forma, que o sujeitem a
produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; condições de trabalho humilhantes ou degradantes.
II - o acidente sofrido pelo servidor no local e no horário do
trabalho, em consequência de: Art. 206. Considera-se assédio moral para os fins da presente
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por ter- lei, toda ação, gesto ou palavra, praticada de forma repetitiva por
ceiro ou companheiro de trabalho; agente, servidor, empregado, ou qualquer pessoa que, abusando
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de da autoridade que lhe confere suas funções, tenha por objetivo ou
disputa relacionada ao trabalho; efeito atingir a autoestima e a autodeterminação do servidor, com
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de tercei- danos ao ambiente de trabalho, ao serviço prestado ao público e ao
ro ou de companheiro de trabalho; próprio usuário, bem como à evolução, à carreira e à estabilidade
d) ato de pessoa privada do uso da razão; funcionais do servidor, especialmente:
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos I - determinando o cumprimento de atribuições estranhas ou
ou decorrentes de força maior; de atividades incompatíveis com o cargo que ocupa, ou em condi-
III - a doença proveniente de contaminação acidental do servi- ções e prazos inexequíveis;
dor no exercício de sua atividade; II - designando para o exercício de funções triviais o exercente
IV - o acidente sofrido pelo servidor ainda que fora do local e de funções técnicas, especializadas, ou aquelas para as quais, de
horário de trabalho: qualquer forma, exijam treinamento e conhecimento específicos;
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a au- III - apropriando-se do crédito de ideias, propostas, projetos ou
toridade do município; de qualquer trabalho de outrem.
b) na prestação espontânea de qualquer serviço do município Parágrafo único. Considera-se também assédio moral as ações,
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; gestos e palavras que impliquem:
c) em viagem a serviço do município, inclusive para estudo I - em desprezo, ignorância ou humilhação ao servidor, que o
quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor ca- isolem de contatos com seus superiores hierárquicos e com outros
pacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de loco- servidores, sujeitando-o a receber informações, atribuições, tarefas
moção utilizado, inclusive veículo de propriedade do servidor; e outras atividades somente através de terceiros;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste II - na sonegação de informações que sejam necessárias ao de-
para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veí- sempenho de suas funções ou úteis à sua vida funcional;
culo de propriedade do servidor. III - na divulgação de rumores e comentários maliciosos, bem
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por como na prática de críticas reiteradas ou na de subestimação de
ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local esforços, que atinjam a dignidade do servidor;
do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exer- IV - na exposição do servidor a efeitos físicos ou mentais ad-
cício do trabalho. versos, em prejuízo de seu desenvolvimento pessoal e profissional.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente Art. 207. O assédio moral praticado pelo agente, servidor, em-
do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se pregado ou qualquer pessoa que exerça função de autoridade nos
associe ou se superponha às consequências do anterior. termos desta lei, é infração grave e sujeitará o infrator às seguintes
Art. 202. O Município é obrigado a fornecer aos servidores, gra- penalidades:
tuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco I - advertência;
e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que II - suspensão;
as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra III - demissão.
os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. § 1º Na aplicação das penalidades serão considerados os danos
Art. 203. Cabe aos servidores: que dela provierem para o servidor/funcionário e para o serviço
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho; prestado ou usuário pelos órgãos da administração direta, indireta

134
LEGISLAÇÃO

e fundacional, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os an- I - Por chantagem, quando a aceitação ou a rejeição de uma
tecedentes funcionais, aquelas comprovadas através do respectivo investida sexual é determinante para que o assediador tome uma
Processo Administrativo, pela autoridade administrativa que presi- decisão favorável ou prejudicial para a situação de trabalho da pes-
di-lo. soa assediada.
§ 2º A advertência será aplicada por escrito nos casos que não II - Por intimidação, que abrange todas as condutas que resul-
justifique imposição de penalidade mais grave, sendo que a pena- tem num ambiente de trabalho hostil, intimidativo ou humilhante.
lidade de advertência poderá ser convertida em frequência a pro- Parágrafo único. Essas condutas podem não se dirigir a uma
grama de aprimoramento e comportamento funcional, ficando o pessoa ou a um grupo de pessoas em particular, e pode ser repre-
servidor/funcionário obrigado a dele participar regularmente, per- sentada com a exibição de material pornográfico no local de traba-
manecendo em serviço. lho.
§ 3º A suspensão será aplicada em caso de reincidência de pu- Art. 213. Por provocação da parte ofendida, ou de ofício pela
nição com a pena de advertência. autoridade que tiver conhecimento da prática de assédio sexual,
§ 4º A demissão será aplicada em caso de reincidência das fal- será promovida sua imediata apuração, mediante sindicância ou
tas punidas com suspensão. processo administrativo disciplinar, nos mesmos moldes previstos
§ 5º Todas as penalidades dispostas neste artigo observarão o para os casos de assédio moral, quando aplicáveis.
disposto nesta lei, referente às ações procedimentais a serem ado-
tadas. TÍTULO VIII
Art. 208. Por provocação da parte ofendida, ou de ofício pela DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
autoridade que tiver conhecimento da prática de assédio moral,
será promovida sua imediata apuração, mediante sindicância ou Art. 214. Quando não disposto o contrário, os prazos previstos
processo administrativo. nesta Lei serão contados em dias corridos, excluindo-se o dia do
Parágrafo único. Nenhum servidor/funcionário poderá sofrer começo e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o
qualquer espécie de constrangimento ou ser sancionado por ter primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja
testemunhado atitudes definidas neste artigo ou por tê-las relata- expediente.
do.
Art. 209. Fica assegurado ao servidor/funcionário, acusado da Art. 215. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosó-
prática de assédio moral, que as acusações que lhe forem imputa- fica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer dos
das serão apuradas por meio do devido processe legal, assegurados seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem se
os princípios do contraditório e da ampla defesa, em conformidade eximir do cumprimento de seus deveres.
com aí normas constitucionais e legislação processual vigente. Art. 216. Ao servidor público é assegurado, nos termos da
Art. 210. Os órgãos da administração pública municipal direta, Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se-
indireta e fundações públicas, na pessoa de seus representantes le- guintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
gais, ficam obrigados a tomar as medidas: necessárias para prevenir I - de ser representado pelo sindicato, inclusive como substitu-
o assédio moral, conforme definido na presente Lei. to processual;
Parágrafo único. Para os fins de que trata este artigo serão ado- II - de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
tadas, dentre outras, a seguintes medidas: final do mandato, exceto se a pedido;
I - o planejamento e a organização do trabalho que: III - de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
a) levará em consideração a autodeterminação de cada servi- que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
dor/funcionário e possibilitar o exercício de sua responsabilidade em assembleia geral da categoria.
funcional e profissional; Art. 217. Consideram-se da família do servidor, além do cônju-
b) dará a ele possibilidade de variação de atribuições, ativida- ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e cons-
des ou tarefas funcionais; tem do seu assentamento individual.
c) assegurará ao servidor/funcionário oportunidade de conta- Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
tos com os superiores hierárquicos e outros servidores/funcioná- companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
rios, ligando tarefas individuais de trabalho oferecendo a ele infor- Art. 218. Consideram-se dependentes do funcionário além do
mações sobre exigências do serviço e resultados; cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
d) garantirá a dignidade do servidor/funcionário constem de seu assentamento individual.
II - o trabalho pouco diversificado e repetitivo será evitado, Art. 219. Os instrumentos de procuração utilizados para tra-
protegendo o servidor/funcionário no caso de variação de ritmo de tamento de direitos ou vantagens de servidores municipais terão
trabalho; validade por 12 (doze) meses, podendo ser renovados após findo
III - as condições de trabalho garantirão ao servidor/funcioná- esse prazo.
rio oportunidades de desenvolvimento funcional e profissional no Art. 220. Para todos os efeitos, os exames de sanidade física
serviço. e mental serão apresentados ao médico do Município, ou, na sua
Art. 211. Fica vedado o assédio sexual no âmbito da administra- falta, por médico credenciado pelo Município, que poderá realizar
ção pública municipal direta, indireta e fundações públicas, sendo ou solicitar os exames que entender pertinentes.
definido, de forma geral, como o constrangimento com conotação Parágrafo único. Em casos especiais, atendendo à natureza da
sexual no ambiente de trabalho, em que, como regra, o agente uti- enfermidade, a autoridade municipal poderá designar junta médi-
liza sua posição hierárquica superior ou sua influência para obter o ca para proceder ao exame, dela fazendo parte, obrigatoriamente,
que deseja. o médico do Município ou o médico credenciado pela autoridade
Art. 212. O assédio sexual pode ser de duas categorias: municipal.

135
LEGISLAÇÃO

Art. 221. É vedada a nomeação de cônjuge, companheiro ou TÍTULO I


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
grau, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, CAPÍTULO I
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de DO MUNICÍPIO
função gratificada na administração pública direta e indireta.
Parágrafo único. Excetuam-se da regra do caput os cargos de Art. 1º O Município de Quatis, pessoa jurídica de direito público
natureza política, conceito no qual se incluem os Secretários Muni- interno, é unidade territorial que integra, como unidade da Federa-
cipais, Controlador Geral do Município e Procurador Geral do Muni- ção, a República Federativa do Brasil e é dotada de autonomia polí-
cípio, desde que possuam qualificação técnica e idoneidade moral. tica administrativa, financeira e legislativa nos termos assegurados
Art. 222. São isentos de taxas, emolumentos ou custas os re- pela Constituição Federal, pela Constituição do Estado, por esta Lei
querimentos, certidões e outros papéis que, na esfera administra- Orgânica e pela legislação ordinária. (Redação dada pela Emenda
tiva, interessarem ao funcionário municipal, ativo ou inativo, nessa nº 014/2020)
qualidade. § 1º A ação municipal desenvolve-se em todo o seu território
Art. 223. É vedado exigir atestado de ideologia como condição sem privilégio de distritos ou bairros, reduzindo as desigualdades
de posse ou exercício em cargo público. regionais e sociais e promovendo o bem estar de todos, sem pre-
Art. 224. Poderão ser admitidos, para cargos adequados, fun- conceitos de origem, raça, cor, gênero, credo, idade e quaisquer ou-
cionários de capacidade física reduzida, aplicando-se processos es- tras formas de discriminação. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
peciais de seleção. § 2º Todo munícipe terá assegurado, nos termos da Constitui-
Art. 225. O dia 28 (vinte e oito) de outubro será consagrado ao ção Federal, da Constituição estadual e desta Lei Orgânica, o direito
funcionário público municipal. a saúde, à educação, ao lazer, ao transporte, à segurança, à prote-
Art. 226. A jornada de trabalho nas repartições municipais po- ção à maternidade e à infância, à assistência dos desamparados, à
derá ser fixada por ato da autoridade competente do respectivo moradia e a um meio ambiente equilibrado. (Incluído pela Emenda
Poder. nº 014/2020)
Art. 227. Fica o Executivo Municipal autorizado a abrir crédito Art. 2º O Município de Quatis terá como símbolo a Bandeira, o
suplementar para atender as despesas decorrentes da implantação Brasão de Armas e o Hino, estabelecidos em Lei Municipal.
da presente Lei. Parágrafo único. O Município terá como cores oficiais o Azul e
Art. 228. O Prefeito Municipal ou autoridade equivalente nor- o Branco.
matizará os regulamentos necessários à execução da presente Lei. Art. 3º Compõem o Município de Quatis os seguintes distritos:
Art. 229. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, I - Sede, 1º distrito;
revogando-se as leis municipais 088/1995, 1.103/2019, 1.162/2020 II - Ribeirão de São Joaquim, 2º distrito; III - Falcão, 3º distrito.
e 1.066/2019. Parágrafo único. Qualquer alteração territorial do Município
Câmara Municipal de Quatis, 15 de setembro de 2022. somente será aprovada em forma de Lei Complementar Estadual,
preservando a continuidade e a unidade histórico-cultural do am-
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE QUATIS biente urbano e a vinculação socioeconômica das unidades dire-
tamente afetadas, dependendo de consulta prévia às populações
interessadas, mediante plebiscito.
LEI ORGÂNICA MUNICIPAL Art. 3º A. A cidade de Quatis é a sede do Município e abriga os
Poderes Executivo e Legislativo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
PREÂMBULO Art. 3º B. O território do Município é composto pelas Áreas Ur-
O Povo Quatiense, invocando a proteção de Deus, inspirado bana, Rural e Distritos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nos princípios da lei natural, respeitando os preceitos Constitucio- Art. 3º C. O Município emancipou-se de Barra Mansa em 25 de
nais da República Federativa do Brasil e, especialmente, visando ao novembro de 1990 e sua criação se deu pela Lei Estadual nº 1787,
bem comum de todos os munícipes e também à atualização dos de 9 de janeiro de 1991. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
atos e normas dos Poderes Executivo e Legislativo, que não podem Parágrafo único. O aniversário do Município é comemorado em
deixar lacunas e omissões de competência nem mesmo colidir com 25 de novembro. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
os preceitos constitucionais federais, estaduais e leis maiores, mo-
tivou a iniciativa desta Casa de Leis em promover a atualização do CAPÍTULO II
texto da Lei Maior do Município, introduzindo emendas visando à DA DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO
sua conformidade com a legislação vigente. Assim, no uso das suas
atribuições constitucionais e legais, em sessão solene de 1º de abril Art. 3º D. O Município poderá dividir-se, para fins administra-
de 2020, promulga a revisão da Lei Orgânica do Município de Qua- tivos, em Distritos a serem criados, alterados, organizados e supri-
tis. (Preâmbulo incluído pela Emenda nº 014/2020) midos por lei após consulta plebiscitária, observada a legislação
Paulo Vitor da Silva Presidente federal e a estadual e o atendimento aos requisitos estabelecidos
Quatis, 1º de abril de 2020. no art. 3º -F desta Lei Orgânica, preservando a continuidade e a uni-
dade histórico-cultural do ambiente urbano. (Incluído pela Emenda
nº 014/2020)

136
LEGISLAÇÃO

§ 1º A criação de Distrito poderá efetuar-se mediante fusão de Art. 3º H. A alteração da divisão administrativa do Município
dois ou mais Distritos, que serão suprimidos, sendo dispensada, far-se-á através de lei municipal, garantida a participação popular.
nesta hipótese, a verificação dos requisitos do art. 3º -F desta Lei (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Orgânica. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 3º I. A instalação do Distrito se fará perante o Juiz de Di-
§ 2º A lei que aprovar a supressão de Distrito redefinirá o perí- reito da Comarca, na sede do Distrito. (Incluído pela Emenda nº
metro do Distrito do qual se originou o Distrito suprimido. (Incluído 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) Art. 4º O Município de Quatis buscará a integração econômica,
§ 3º O Distrito terá o nome da respectiva sede, cuja categoria política, social e cultural com os Municípios da Região, visando a um
será a de vila. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) desenvolvimento harmônico e saudável que garanta a preservação
§ 4º A Sede do Município não será objeto de fusão, extinção ou dos valores culturais e a existência de um meio ambiente ecologi-
desmembramento. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) camente equilibrado.
Art. 3º E. A lei de criação de Distritos somente será aprovada se Art. 5º O Município de Quatis, como entidade autônoma e bá-
obtiver o voto favorável de 2/3 (dois terços) dos membros da Câma- sica da Federação, garantirá vida digna a seus moradores através
ra Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) de políticas públicas e será administrado com: (Redação dada pela
Parágrafo único. A votação será, obrigatoriamente, em 2 (dois) Emenda nº 014/2020)
turnos, com interstício de 10 (dez) dias. (Incluído pela Emenda nº I - transparência dos seus atos e ações; II - moralidade;
014/2020) III - participação popular nas decisões; IV - descentralização ad-
Art. 3º F. São requisitos para a criação de Distritos: (Incluído ministrativa.
pela Emenda nº 014/2020)
I - população, eleitorado e arrecadação não inferiores à quinta TÍTULO II
parte exigida para a criação do Município; (Incluído pela Emenda DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO DO MUNICÍPIO
nº 014/2020)
II - existência de, pelo menos, cinquenta moradias, escola pú- CAPÍTULO I
blica, posto de saúde e posto policial; (Incluído pela Emenda nº
014/2020) Art. 6º Compete ao Município:
III - a comprovação do atendimento às exigências enumeradas I - legislar sobre assuntos de interesse local;
neste artigo far-se-á mediante: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) II - suplementar a Legislação Federal e a estadual no que cou-
a) declaração emitida pela Fundação Instituto Brasileiro de ber; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
Geografia e Estatística - IBGE de estimativa de população; (Incluído III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência;
pela Emenda nº 014/2020) IV - aplicar suas rendas, prestando contas e publicando balan-
b) certidão, emitida pelo Tribunal Regional Eleitoral, certifican- cetes, nos prazos fixados em lei;
do o número de eleitores; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) V - criar, organizar e suprimir distritos, observando o disposto
c) certidão, emitida pelo Agente Municipal de estatística ou nesta Lei Orgânica e na legislação federal e estadual pertinente; (Re-
pela repartição fiscal do Município, certificando o número de mora- dação dada pela Emenda nº 014/2020)
dias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) VI - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
d) certidão do órgão fazendário Estadual e do Municipal, certi- são ou permissão, mediante lei, entre outros, os seguintes serviços:
ficando a arrecadação na respectiva área territorial; (Incluído pela (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) a) transporte coletivo, que terá caráter essencial; (Incluído pela
e) certidão emitida pela Prefeitura ou pelas Secretarias de Edu- Emenda nº 014/2020)
cação, de Saúde e de Segurança Pública do Estado, certificando a b) abastecimento de água e esgotos sanitários; (Incluído pela
existência de escola pública e de postos de saúde e policial na povo- Emenda nº 014/2020)
ação-sede. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) c) mercados, feiras e matadouros locais; (Incluído pela Emenda
Art. 3º G. Na fixação das divisas distritais serão observadas as nº 014/2020)
seguintes normas, além daquelas previstas em lei estadual: (Incluí- d) cemitérios e serviços funerários; (Incluído pela Emenda nº
do pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
I - evitar-se-ão, tanto quanto possível, formas assimétricas, es- e) iluminação pública; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
trangulamentos e alongamentos exagerados; (Incluído pela Emen- f) limpeza pública, coleta domiciliar e destinação final do lixo;
da nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - dar-se-á preferência, para a delimitação, às linhas naturais, VII - manter, com a cooperação técnica e financeira do Estado e
facilmente identificáveis; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) da União, programa de Educação Infantil e de Ensino Fundamental;
III - na inexistência de linhas naturais, utilizar-se-á linha reta, (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
cujos extremos, pontos naturais ou não, sejam facilmente identi- VIII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
ficáveis e tenham condições de fixidez; (Incluído pela Emenda nº do Estado, serviços de atendimento à saúde pública da população;
014/2020) (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
IV - é vedada a interrupção de continuidade territorial do Mu- IX - promover adequado ordenamento territorial mediante pla-
nicípio ou Distrito de origem. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
Parágrafo único. As divisas distritais serão descritas trecho a solo urbano;
trecho, salvo para evitar duplicidade nos trechos que coincidirem
com os limites municipais. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

137
LEGISLAÇÃO

X - promover a proteção e preservação do patrimônio históri- XXIX - instituir a lei geral de incentivo ao desenvolvimento das
co-cultural arquitetônico, paleontológico, etnográfico, bibliográfico, micro e pequenas empresas, em conformidade com a legislação em
paisagístico, ambiental e científico do município de Quatis, observa- vigor; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
das a legislação e a ação fiscalizadora Federal e Estadual; (Redação XXX - realizar atividades de defesa civil, inclusive de combate
dada pela Emenda nº 014/2020) a incêndios e de prevenção de acidentes naturais, em cooperação
XI - elaborar e executar a política de desenvolvimento urbano, com a União e o Estado; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) XXXI -
com o objetivo de ordenar as funções sociais das áreas habitadas no executar obras de: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Município e garantir o bem estar de seus habitantes; a) abertura, pavimentação e conservação de vias; (Incluído
XII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- pela Emenda nº 014/2020)
rial, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e da b) drenagem pluvial; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ocupação do solo urbano, bem como elaborar e executar o Plano c) construção e conservação de estradas, parques, jardins e
Diretor Físico, como instrumento básico da política de desenvolvi- hortos florestais; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
mento e de expansão urbana, na forma da legislação pertinente; d) construção e conservação de estradas vicinais; (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020)
e) edificação e conservação de prédios públicos municipais e,
XIII - exigir do proprietário do solo não edificado, subutilizado quando autorizado em lei, a conservação ou restauração de imóveis
ou não utilizado, que promova o seu adequado aproveitamento, na de interesse social ou do patrimônio histórico do município; (Inclu-
forma do Plano Diretor Físico; ído pela Emenda nº 014/2020)
XIV - instituir a Guarda Civil Municipal, destinada à proteção XXXII - fixar: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
de seu patrimônio, serviços e instalações, conforme dispuser a lei; a) tarifas dos serviços públicos, inclusive dos serviços de táxi e
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) assemelhados; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XV - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- b) horário de funcionamento dos estabelecimentos industriais,
midades públicas; comerciais e de serviços; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XVI - dispor sobre cadastro, vacinação e captura de animais XXXIII - sinalizar as vias públicas urbanas e rurais; (Incluído pela
com a finalidade precípua de preservação da saúde pública e a se- Emenda nº 014/2020)
gurança nas vias públicas; XXXIV - regulamentar a utilização de vias e logradouros públi-
XVII - fiscalizar, nos locais de venda, o peso, medidas e con- cos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
dições sanitárias dos gêneros alimentícios, observada a legislação XXXV - conceder licença, observada a legislação pertinente,
pertinente; para: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XVIII - promover as ações de prevenção e controle de zoonoses, a) localização, instalação e funcionamento de estabelecimen-
mediante o emprego de conhecimentos e técnicas especializadas, tos industriais, comerciais e de serviços; (Incluído pela Emenda nº
de forma a preservar a saúde da população; 014/2020)
XIX - revogar a licença de estabelecimentos cujas atividades se b) fixação de cartazes, letreiros, anúncios, emblemas e utiliza-
tornarem prejudiciais à saúde, higiene, bem-estar, recreação, ao ção de alto-falantes para fins de publicidade e propaganda; (Incluí-
sossego público e aos bons costumes; do pela Emenda nº 014/2020)
XX - dispor sobre depósito e destino de animais e mercadorias c) exercício de comercio eventual ou ambulante; (Incluído pela
apreendidos em decorrência de transgressão da legislação munici- Emenda nº 014/2020)
pal; d) realização de jogos, espetáculos e divertimentos públi-
XXI - ordenar as atividades urbanas, fixando condições e horá- cos, observadas as prescrições legais; (Incluído pela Emenda nº
rios para funcionamento de estabelecimentos particulares, obser- 014/2020)
vadas as normas federais, estaduais e municipais pertinentes; e) prestação de serviço de táxi e assemelhados. (Incluído pela
XXII - instituir planos de carreira para os servidores da admi- Emenda nº 014/2020)
nistração pública direta, das autarquias e das fundações públicas; Art. 7º É da competência do Município, em comum com o Es-
XXIII - promover e incentivar o turismo local, como fator de de- tado e a União:
senvolvimento social e econômico; I - zelar pela guarda da Constituição Federal, da Constituição
XXIV - promover a limpeza pública, coleta domiciliar e desti- Estadual, das leis e das instituições democráticas e conservar o
nação final do lixo, inclusive com tratamento adequado e coleta patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, paleon-
seletiva; tológico e cultural do Município; (Redação dada pela Emenda nº
XXV - realizar serviços de assistência social, diretamente ou por 014/2020)
meio de instituições privadas, conforme critérios e condições fixa- II - cuidar da saúde, educação, reabilitação, habitação e assis-
das em lei; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) tência social, da proteção e integridade das pessoas com deficiên-
XXVI - realizar programas de apoio a práticas esportivas, bem cia, garantindo iguais direitos e oportunidades; (Redação dada pela
como promover a cultura e o lazer; (Incluído pela Emenda nº Emenda nº 014/2020)
014/2020) III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
XXVII - preservar a vegetação natural, a fauna, a flora, os ma- artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis
nanciais e os recursos hídricos e combater a poluição em qualquer e os sítios arqueológicos;
de suas formas, nos termos da legislação pertinente; (Incluído pela IV - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à
Emenda nº 014/2020) ciência;
XXVIII - fomentar as atividades econômicas e sociais, em todas V - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
as suas formas; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) quer de suas formas;

138
LEGISLAÇÃO

VI - fomentar a produção agrícola e demais atividades econô- VI - pela participação popular nas decisões do Município e no
micas, inclusive artesanais, e incentivar o seu desenvolvimento, aperfeiçoamento democrático de suas instituições.
além de organizar o abastecimento alimentar;
VII - promover programas de construção de moradias e melho- CAPÍTULO III
ria das condições habitacionais e de saneamento básico, buscando DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
eliminar os bolsões e sub-habitação;
VIII - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali- Art. 10. O Município garantirá a imediata e plena efetividade
zação, promovendo a integração dos setores desfavorecidos; dos direitos individuais e coletivos, mencionados nas Constituições
IX - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos da República e do Estado, bem como daqueles constantes dos trata-
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu dos e convenções internacionais firmados pela União.
território;
X - estabelecer e implantar programa de educação para a segu- Art. 11. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Art.
rança no trânsito, conservação ambiental e higiene e segurança no 12. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Art. 13. SU-
trabalho; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Art. 14. SUPRIMI-
XI - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de DO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- Art. 15. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
tural; I - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) II - SUPRI-
XII - preservar as florestas, a fauna e a flora; MIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
XIII - manutenção do Horto Florestal, destinado ao cultivo de Parágrafo único. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº
plantas regionais e outras, inclusive incentivando o reflorestamento 014/2020)
através da distribuição gratuita de mudas e sementes; XIV - estabe- Art. 16. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Art.
lecer e implantar política de educação para segurança de trânsito; 17. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Art. 18. SU-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
XV - dispensar tratamento jurídico diferenciado às microem-
presas e às empresas de pequeno porte; (Incluído pela Emenda nº TÍTULO III
014/2020) DA ORGANIZAÇÃO DO GOVERNO MUNICIPAL CAPITULO I
XVI - promover e incentivar o turismo como fator de desenvol- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vimento social e econômico. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 7º A. Compete ao Município, concorrentemente com o Es- Art. 19. A administração pública direta, indireta ou fundacional,
tado: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) de qualquer dos Poderes do Município, obedece aos princípios de
I - promover a educação, a cultura e a assistência social; (Inclu- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilida-
ído pela Emenda nº 014/2020) II - prover a extinção e combate a de, finalidade e motivação, eficiência, segurança jurídica dos atos
incêndios; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) e interesse público, e também ao seguinte: (Redação dada pela
III - promover a orientação aos direitos do consumidor; (Incluí- Emenda nº 014/2020)
do pela Emenda nº 014/2020) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
IV - fiscalizar, nos locais de venda direta ao consumidor, as con- brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, as-
dições sanitárias do estabelecimento e dos gêneros alimentícios; sim como aos estrangeiros naturalizados, na forma da lei; (Redação
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) dada pela Emenda nº 014/2020)
V - fazer cessar, no exercício do poder de polícia administrativa, II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
as atividades que violarem as normas de saúde, sossego, higiene, aprovação prévia em concurso público de provas ou provas e títu-
segurança, funcionalidade, estética, moralidade e outras do interes- los, ressalvadas as nomeações para cargos em comissão declarados
se da comunidade. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) em lei de livre nomeação e exoneração;
III - o Município assegurará o direito à prestação de concurso
CAPÍTULO II público, independente de sexo e sem limite máximo de idade;
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS IV - o edital de qualquer tipo de concurso público municipal
preverá com clareza a divulgação dos gabaritos e o direito de revi-
Art. 8º Todo poder emana do povo, que o exercer por meio de são de provas;
representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição V - o prazo de validade de concurso público é de até dois anos,
Federal e desta Lei Orgânica. prorrogável uma vez, por igual período;
Art. 9º O Município de Quatis reger-se-á por esta Lei Orgâni- VI - durante o prazo improrrogável previsto no edital de con-
ca, atendidos os princípios constitucionais e respeitada a soberania vocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de
popular. provas e títulos deve ser convocado com prioridade sobre novos
Parágrafo único. A soberania popular manifesta-se quando a concursos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
todos são asseguradas condições dignas de existência e será exer- VII - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
cida: servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
I - pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto com igual serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições
valor para todos; e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri-
II - pelo plebiscito; III - pelo referendo; buições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela
IV - pela iniciativa popular no processo legislativo; Emenda nº 014/2020)
V - pela ação fiscalizadora sobre a administração pública;

139
LEGISLAÇÃO

VIII - é garantido ao servidor público o direito à livre associação XXII - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
sindical; os serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
IX - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
definidos em lei complementar federal; todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
X - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de mos da lei, exigindo-se a qualificação técnica e econômica indispen-
sua admissão; sável à garantia do cumprimento das obrigações.
XI - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- XXIII - fica vedado o pagamento de jetom ou benefício asseme-
terminado para atender necessidade temporária de excepcional lhado aos servidores públicos ou agentes políticos do Legislativo e
interesse público; do Executivo; (Incluído pela Emenda nº 005/2010)
XII - a revisão geral da remuneração dos servidores públicos do XXIV - os vencimentos e vantagens de qualquer parcela remu-
Poder Executivo e Legislativo far-se-á sempre na mesma data, sem neratória pagos com atraso deverão ser corrigidos monetariamen-
distinção de índices, sendo de periodicidade anual a revisão tanto te, de acordo com índices oficiais aplicados à matéria; (Incluído pela
da remuneração quando do subsídio e só poderão ser fixados ou Emenda nº 014/2020)
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada XXV - é obrigatória a declaração de bens antes da posse ou no-
caso; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) meação e depois do desligamento de todo dirigente de empresa
pública, sociedade de economia mista e fundação instituída pelo
XIII - a lei fixará o limite máximo entre a maior e a menor re- Poder Público; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
muneração dos servidores públicos, observados, como limite má- XXVI - ao servidor público que tiver sua capacidade de traba-
ximo, os valores percebidos como remuneração, em espécie, pelo lho reduzida em decorrência de acidente de trabalho ou doença do
Prefeito; trabalho, será garantida a transferência para locais ou atividades
XIV - é vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos, compatíveis com sua situação; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
para efeito de remuneração de pessoal do serviço público e garan- XXVII - é vedada a estipulação de limite de idade para ingresso
tida isonomia de vencimentos para cargos e atribuições iguais ou por concurso público na administração direta, empresa pública, so-
assemelhados do mesmo poder ou entre servidores do Poder Exe- ciedade de economia mista, autarquias e fundações públicas, salvo
cutivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter individual quando justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser pre-
ou por natureza ou local de trabalho; (Redação dada pela Emenda enchido; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) XXVIII - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
XV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público determinado para atender a necessidade temporária de excepcio-
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de nal interesse público. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento; § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam-
XVI - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa-
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci- tivo ou de orientação, dela não podendo constar podendo constar
sos XI e XVI do art. 37 da CF e nos art. 39, § 4º; (Redação dada pela nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
Emenda nº 014/2020) de autoridades ou de servidores públicos.
XVII - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III deste
exceto quando houver compatibilidade de horários: artigo implicará na nulidade do ato e Na punição da autoridade res-
a) a de dois cargos de professor; ponsável, nos termos da lei.
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientifico; § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais da administração pública direta e indireta, regulando especificamente:
saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen- (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
da nº 014/2020) I - as reclamações referentes à prestação dos serviços públicos
XVIII - a proibição de acumular estende- se a empregos e fun- em geral, asseguradas a manutenção dos serviços de atendimento
ções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades de eco- ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
nomia mista e fundações mantidas pelo Poder Público; dos serviços; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XIX - a administração tributária do Município, atividade essen- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
cial ao funcionamento do Poder Público, exercidas por servidores mações sobre atos do governo, observando o disposto no art. 5º,
de carreira específica, terão recursos prioritários para a realização X e XXXIII, da Constituição da República; (Incluído pela Emenda nº
de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o 014/2020)
compartilhamento de cadastros e informações fiscais, na forma da III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
lei ou convênio com as da União e dos Estados; (Redação dada pela ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
Emenda nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XX - somente por lei específica poderão ser criadas empresa § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão na sus-
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação pú- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
blica; nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-
XXI - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
assim como participação de qualquer delas em empresa privada; ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. (Reda-
ção dada pela Emenda nº 014/2020)

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LEGISLAÇÃO

§ 6º As reclamações relativas à prestação de serviços serão dis- § 5º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
ciplinadas em lei. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) prévia e justa indenização em dinheiro, com base em avaliação for-
§ 7º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- mulada por 3 (três) empresas imobiliárias da região. (Incluído pela
do prestadores de serviços públicos responderão pelos danos que Emenda nº 014/2020)
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurando § 6º O Município estabelecerá, por lei complementar, critérios
o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou para regularização e urbanização, assentamentos e loteamentos ir-
culpa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) regulares. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 8º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições aos ocupan- § 7º A política de desenvolvimento urbano do Município será
tes de cargos ou empregos da administração direta e indireta que promovida pela adoção dos seguintes instrumentos: (Incluído pela
possibilitem o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) I - lei de diretrizes urbanísticas do Município; (Incluído pela
§ 9º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos Emenda nº 014/2020) II - elaboração e execução de Plano Diretor;
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- III - leis e planos de controle do uso, do parcelamento e da ocu-
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de pação do solo urbano; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
desempenho para órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: IV - códigos de obras e edificações. (Incluído pela Emenda nº
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
I - prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda nº Art. 20-A O direito à propriedade é inerente à natureza do ho-
014/2020) mem, dependendo seus limites e seu uso da conveniência social,
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- sendo assegurado o interesse público. (Incluído pela Emenda nº
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; (Incluído pela 014/2020)
Emenda nº 014/2020) § 1º O Município poderá, mediante lei específica, exigir, nos
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda nº termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
014/2020) subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aprovei-
§ 10. O disposto no inciso XIII aplica-se às empresas públicas tamento, sob pena, sucessivamente, de: (Incluído pela Emenda nº
e às sociedades de economia mista e suas subsidiárias que rece- 014/2020)
berem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou do I - parcelamento ou edificação compulsória; (Incluído pela
Município para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio Emenda nº 014/2020)
em geral. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) II - imposto sobre propriedade predial e territorial urbana pro-
§ 11. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- gressivo no tempo; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
sentadoria com a remuneração de cargo, emprego ou função públi- § 2º Poderá também o Município organizar áreas, através de
ca, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Lei Orgânica, parcerias, para produção agrícola, especialmente o cultivo de hor-
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de tas e pomares comunitários, destinadas à formação de munícipes
livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) aptos às atividades agrícolas. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 21. O Plano Diretor, instrumento básico da política de de-
CAPÍTULO II senvolvimento e da expansão urbana, será elaborado pelo Poder
DO PLANEJAMENTO MUNICIPAL Executivo e aprovado pela Câmara Municipal, observadas as dire-
trizes da Constituição Federal e nos limites da competência muni-
Art. 20. O Município deverá organizar a sua administração, cipal das funções da vida coletiva, abrangendo habitação, trabalho,
exercer suas atividades e promover sua política de desenvolvimen- circulação e recreação, e considerando em conjunto os aspectos fí-
to urbano dentro de um processo de planejamento permanente, sicos, econômicos, sociais e administrativos, nos seguintes termos:
atendendo aos objetivos e diretrizes estabelecidos no Plano Diretor (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
e mediante Sistema de Planejamento. I - no tocante ao aspecto físico-territorial, o Plano deverá con-
§ 1º O Plano Diretor é o instrumento orientador e básico dos ter disposições sobre sistema viário urbano e rural, zoneamento
processos de transformação do espaço e de sua estrutura territo- urbano, loteamento para fins urbanos, edificações e os serviços
rial, servindo de referência para todos os agentes públicos e apro- públicos locais;
vados que atuam na cidade. II - no que se refere ao aspecto econômico, o Plano deve ins-
§ 2º Sistema de Planejamento é o conjunto de órgãos, normas, crever disposição sobre o desenvolvimento econômico e integração
recursos humanos e técnicos voltados à coordenação de ação pla- das economias municipais e regional;
nejada da Administração Municipal. III - no referente ao aspecto social, deverá o Plano conter nome
§ 3º Será assegurada, pela participação em órgão competente de promoção social da comunidade e criação de condição de bem-
do Sistema de Planejamento, a cooperação de associações repre- -estar da população;
sentativas, legalmente organizadas, com o planejamento municipal, IV - no tocante ao aspecto administrativo, deverá o Plano con-
e ficará resguardado o direito de participação permanente dos Ve- signar normas de organização institucional que possibilitem a per-
readores. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) manente planificação das atividades públicas municipais e sua inte-
§ 4º A propriedade urbana cumpre sua função social quando gração nos planos estadual e nacional.
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade. (Inclu- Parágrafo único. As normas municipais de edificação, zonea-
ído pela Emenda nº 014/2020) mento e loteamento para fins urbanos atenderão as peculiaridades
locais e as legislações federal e estadual pertinentes.

141
LEGISLAÇÃO

Art. 22. A elaboração do Plano Diretor deverá compreender as Art. 22-D Os Projetos de loteamentos submetidos à aprova-
seguintes fases, respeitadas as peculiaridades do Município: ção do Poder Público obedecerão, obrigatoriamente, às normas
I - Estudo preliminar, abrangendo: fixadas na Legislação Federal e Estadual. (Incluído pela Emenda nº
a) avaliação das condições de desenvolvimento; 014/2020)
b) avaliação das condições de administração. II - Diagnóstico: Art. 22-E O Município assegurará, nos termos da lei, a coope-
a) do desenvolvimento econômico e social; ração das associações representativas no planejamento municipal
b) da organização territorial; e a participação da comunidade na promoção de desenvolvimento
c) das atividades - fim da Prefeitura; urbano e rural. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
d) da organização administrativa e das atividades - meio da Pre- Parágrafo único. Para fins deste artigo, considera-se entidade
feitura. III - Definição de diretrizes, compreendendo: representativa a que possuir personalidade jurídica e tiver sede no
a) política de desenvolvimento; Município. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
b) diretrizes de desenvolvimento econômico e social; Art. 22-F Lei municipal disporá sobre a forma de participação
c) diretrizes de organização territorial. IV - Instrumentação, in- da comunidade no planejamento municipal e na promoção do de-
cluindo: senvolvimento urbano e rural. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
a) instrumento legal Plano;
b) programas relativos às atividades-fim; CAPÍTULO III
c) programas relativos às atividades-meio; DOS BENS MUNICIPAIS
d) programas dependentes da cooperação de outras entidades
públicas. Art. 23. Constituem bens municipais todas as coisas móveis e
§ 1º O Plano Diretor deverá ser revisto, pelo menos, a cada 5 imóveis, direitos e ações que, a qualquer título, pertençam ao Mu-
(cinco) anos. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) nicípio.
§ 2º Fica vedada a legislação ou regulamentação, por decreto Parágrafo único. O Município não poderá dar nome de pesso-
ou resolução, sobre quaisquer das matérias deste artigo, antes do as vivas a bens e serviços públicos de qualquer natureza. (Redação
prazo determinado no parágrafo anterior. dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 3º O prazo previsto no parágrafo 1º poderá ser prorrogado Art. 24. Cabe ao Prefeito a administração dos bens municipais,
por até 01 (um) ano, excepcionalmente, em razão de força maior respeitada a competência da Câmara quanto àqueles utilizados em
que impeça seu cumprimento, justificadamente. (Incluído pela seus serviços.
Emenda nº 015/2020) Art. 24-A Toda obra pública deve ser concluída, ainda que te-
Art. 22-A O Plano Diretor deverá contemplar em seus disposi- nha sido iniciada em outra gestão, a um ritmo que não onere os
tivos os direitos das pessoas com necessidades especiais ou defi- Cofres Municipais e a paralisação, por prazo superior a noventa dias
ciências, especialmente quanto ao seu acesso a bens, inclusive os do cronograma físico, só será possível quando devida justificativa
privados, e serviços públicos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) for previamente comunicada à Câmara Municipal. (Incluído pela
Art. 22-B O Município promoverá, em consonância com sua po- Emenda nº 014/2020)
lítica urbana e respeitadas as disposições do Plano Diretor, progra- Art. 24-B Todos os bens municipais deverão ser se cadastrados,
mas de habitação popular destinados a melhorar as condições de com a respectiva identificação, numerando-se os móveis segundo
moradia da população carente do Município. (Incluído pela Emenda o que for estabelecido em regulamento. (Incluído pela Emenda nº
nº 014/2020) 014/2020)
§ 1º A ação do Município deverá orientar-se para: (Incluído Art. 25. A alienação de bens municipais, subordinada à exis-
pela Emenda nº 014/2020) tência de interesse público devidamente justificado, será sempre
I - ampliar o acesso a lotes mínimos dotados de infraestrutura precedida de avaliação e obedecerá as seguintes normas:
básica; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa e con-
II - estimular e assistir, tecnicamente, projetos comunitários e corrência, dispensada esta nos seguintes casos:
associativos de construção de habitação e serviços; (Incluído pela a) cessão de uso, constando da lei e da escritura pública os en-
Emenda nº 014/2020) cargos do donatário, o prazo de seu cumprimento e a cláusula de
III - urbanizar, regularizar e titular as áreas ocupadas por po- retrocessão, sob pena de nulidade do ato;
pulação de baixa renda, passíveis de urbanização. (Incluído pela b) permuta;
Emenda nº 014/2020) II - quando móveis, dependerá de licitação, dispensada esta nos
§ 2º Na promoção de seus programas de habitação popular, o seguintes casos:
Município poderá articular-se com os órgãos regionais, estaduais e a) doação, que será permitida exclusivamente para fins de in-
federais competentes e, quando couber, estimular a iniciativa pri- teresse social;
vada a contribuir para aumentar a oferta de moradias adequadas e b) permuta;
compatíveis com a capacidade econômica da população. (Incluído c) venda de ações, que será obrigatoriamente efetuada em bol-
pela Emenda nº 014/2020) sa.
Art. 22-C O Município, em consonância com sua política urba- § 1º O Município, preferentemente à venda ou cessão de uso
na e segundo o disposto em seu Plano Diretor, deverá promover de seus bens imóveis, outorgará concessão de direito real de uso,
planos e programas setoriais destinados a melhorar as condições mediante prévia autorização, legislação e concorrência. A concor-
do transporte público, da circulação de veículos e da segurança do rência poderá ser dispensada por lei, quando o uso se destinar à
trânsito. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) concessionária de serviço público, a entidades assistenciais ou
quando houver relevante interesse público, devidamente justifica-
do.

142
LEGISLAÇÃO

§ 2º A venda aos proprietários de imóveis lindeiros de áreas ur- Art. 27-C O meio ambiente ecologicamente equilibrado cons-
banas remanescentes e inaproveitáveis para edificação, resultantes titui bem público de uso comum do povo, impondo-se ao Governo
de obras públicas, dependerá apenas de prévia avaliação e autoriza- municipal o dever de defendê-lo e preservá-lo. (Incluído pela Emen-
ção legislativa. As áreas resultantes de modificação de alinhamento da nº 014/2020)
de vias públicas serão alienadas nas mesmas condições, quer sejam Art. 27-D Qualquer cidadão, observada a legislação específica,
aproveitáveis ou não. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) é parte legítima para propor ação popular para anular ato lesivo ao
§ 3º Quando se tratar de alienação de bem de uso comum do patrimônio municipal ou de entidade da qual o Município participe.
povo, ou de uso especial, a lei autorizadora há de promover a de- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
safetação do bem e seu ingresso na categoria dos bens dominicais. Art. 28. Poderá ser permitido a particular, a título oneroso ou
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) gratuito, conforme o caso, o uso do subsolo ou do espaço aéreo de
§ 4º A inobservância dessas regras tornará nulo o ato de trans- logradouros públicos, para construção de passagem destinada à se-
ferência do domínio, sem prejuízo da responsabilização da auto- gurança ou conforto dos transeuntes e usuários ou para outros fins
ridade que determinar a transferência. (Incluído pela Emenda nº de interesse urbanístico, com a autorização da Câmara.
014/2020)
Art. 25-A O pedido de autorização legislativa para a alienação CAPÍTULO IV
de bem imóvel deverá ser específico e estar acompanhado do com- DOS SERVIDORES PÚBLICOS
petente arrazoado, onde o interesse público resultante esteja justi-
ficado, juntamente com o laudo de avaliação, sob pena de arquiva- Art. 29. O Município constituirá, no âmbito de sua competên-
mento. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da
Art. 25-B O Município deve preferir a concessão de uso à administração pública Direta, das autarquias e das fundações públi-
alienação de seus bens, observado para essa outorga o que esta- cas, a serem definidos em Lei Complementar. (Redação dada pela
belece esta lei e a legislação pertinente. (Incluído pela Emenda nº Emenda nº 001/1995)
014/2020) § 1º A lei assegurará, aos servidores da administração direta,
Art. 26. A aquisição de bens imóveis, por compra ou permuta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou asse-
dependerá de prévia avaliação e autorização legislativa. melhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Execu-
Art. 27. O uso de bens municipais por terceiros, poderá ser tivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
feito mediante concessão, permissão ou autorização, conforme o relativas à natureza ou ao local de trabalho.
caso e quando houver interesse público, devidamente justificado, § 2º Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7º, inciso I,
devendo ser sempre remunerado, salvo se o interesse público jus- II, III, IV, V, VI, VII, VIII, X, XI, XII,XIII, XIV, XV, XVI, XVIII, XIX, XX, XXI,
tificado o permitir, consoante o valor de mercado. (Redação dada XXII, XXIII, XXIV, XXIX, XXX, XXXI e XXXIII, da Constituição Federal.
pela Emenda nº 014/2020) § 3º O Município proporcionará aos servidores oportunidade
§ 1º A concessão administrativa dos bens público de uso espe- de crescimento profissional, através de programas de formação de
cial e dominicais dependerá de lei e concorrência e far-se-á median- mão-de-obra, aperfeiçoamento e reciclagem, inclusive para habili-
te contrato, sobre pena de nulidade do ato. A concorrência poderá tação no atendimento à mulher, ao menor, ao deficiente físico men-
ser dispensada, mediante lei, quando o uso se destinar a concessio- tal e ao idoso.
nária de serviço público, a entidades assistenciais ou quando hou- § 4º O Município instituirá, no âmbito de sua competência, pla-
ver interesse público relevante, devidamente justificado. nos de carreira para os servidores da administração pública direta,
§ 2º A concessão administrativa de bens públicos de uso co- das autarquias e das fundações públicas.
mum somente será outorgada para finalidades escolares, de as- § 5º O Município reservará percentual dos cargos e empregos
sistência social ou turística, mediante autorização legislativa res- públicos para as pessoas com deficiência, definindo em lei os per-
peitando o disposto em sentido contrário, estabelecido nesta Lei. centuais e critérios de sua admissão. (Redação dada pela Emenda
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
§ 3º A permissão, que poderá incidir sobre qualquer bem públi- Art. 30. São estáveis, após três anos de efetivo exercício, os ser-
co, será feita a título precário, por decreto. (Incluído pela Emenda vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
nº 014/2020) concurso público. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 4º A autorização, que poderá incidir sobre qualquer bem pú- § 1º O servidor público só perderá o cargo em virtude de sen-
blico, será feita por portaria para atividades ou usos específicos e tença judicial transitada em julgado ou mediante processo adminis-
transitórios, pelo prazo máximo de 60 (sessenta) dias. (Incluído pela trativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
Emenda nº 014/2020) § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
§ 5º A remuneração será reajustada anualmente, segundo estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga recon-
índices oficiais de correção monetária. (Incluído pela Emenda nº duzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado
014/2020) em outro cargo ou posto em disponibilidade.
§ 6º O pagamento não libera o usuário de bem da administração § 3º Extinto o cargo ou declarado a sua dispensa, o servidor
de outras responsabilidades. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) estável ficará em disponibilidade remunerada, até o seu adequado
Art. 27-A O parcelamento de áreas municipais só é permitido aproveitamento em outro cargo.
para fins industriais e para habitações de interesse social. (Incluído § 4º É assegurado aos servidores públicos municipais o plano
pela Emenda nº 014/2020) de cargos e salários, ao qual será feito por lei específica.
Art. 27-B O Município, mediante programa instituído por lei, Art. 31. Ao servidor público em exercício de mandato eletivo,
poderá fomentar a aquisição de casa própria por pessoa carente. aplicam-se as disposições do art.
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) 38 da Constituição Federal.

143
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. O Vereador ocupante de cargo, emprego ou § 9º Os benefícios referidos no art. 39, § 1º, da Constituição
função pública municipal é inamovível, de oficio, pelo tempo da du- Federal não poderão ser fixados em percentuais inferiores aos esta-
ração de seu mandato. belecidos na Legislação Federal, ficando desde logo garantidos aos
Art. 32. Inconstitucionalidade (Processo nº 2000.007.00021) servidores municipais aqueles percentuais, enquanto não se editar
Parágrafo único. Inconstitucionalidade (Processo nº a Lei Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
2000.0007.00021) § 10. A revisão anual que trata o caput terá como data base o
Art. 33. Todos os funcionários públicos eleitos para mandatos mês de janeiro. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
sindicais, confederações, federações e sindicatos de servidores pú- Art. 35-B O Município instituirá conselho de política de ad-
blicos, terão direito a licença sindical, sem perda de remuneração, ministração e remuneração de pessoa, integrados por servidores
direitos ou vantagens, inerentes à carreira de cada um. designados pelos respectivos poderes. (Incluído pela Emenda nº
Parágrafo único. A licença sindical, de que trata o ``caput`` des- 014/2020)
te artigo, terá duração do mandato do dirigente sindical. § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
Art. 34. É livre a associação profissional ou sindical do servidor nentes do sistema remuneratório observará: (Incluído pela Emenda
público municipal, conforme o disposto na Constituição Federal e nº 014/2020)
no inciso VIII do art. 19 desta Lei Orgânica, observando o seguinte: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
I - haverá uma só associação sindical para os servidores públi- dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído pela Emenda
cos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, aí incluídas as Autar- nº 014/2020)
quias e Fundações Municipais; II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda nº
014/2020)
II - ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado ao III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda nº
sindicato; 014/2020)
III - o servidor aposentado, filiado, tem direito a votar e ser vo- § 2º O Município deverá celebrar convênios ou contratos com
tado na organização sindical. os demais entes federados para cuidar da formação e o aperfeiço-
Art. 35. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001) amento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
Art. 35-A A revisão anual da remuneração dos servidores pú- cursos um dos requisitos para a promoção na carreira. (Incluído
blicos far-se-á sempre na mesma data. (Incluído pela Emenda nº pela Emenda nº 014/2020)
014/2020) § 3º Os detentores de mandato eletivo e os Secretários Muni-
§ 1º A Lei fixará a relação de valores entre a maior e a me- cipais serão remunerados exclusivamente por subsídios fixados em
nor remuneração dos servidores públicos, observando como limite parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicio-
máximo os valores percebidos como remuneração em espécie pelo nal, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remu-
Prefeito. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) neratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 19, XII
§ 2º A Lei assegurará, aos servidores da administração direta, DA LOM. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
autarquias e fundações públicas, isonomia de vencimentos para § 4º Os Poderes Executivo e Legislativo publicarão anualmente
cargos de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo poder ou os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos
entre servidores dos poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as públicos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local § 5º Lei Municipal disciplinará a aplicação de recursos orça-
de trabalho. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) mentários provenientes da economia com despesas correntes em
§ 3º É vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvi-
para efeito de remuneração de pessoal do serviço público, ressal- mento de programas de qualidade e produtividade, treinamento
vado o disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionaliza-
nº 014/2020) ção do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio
§ 4º Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público de produtividade. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de § 6º A remuneração dos servidores públicos organizados em
acréscimos ulteriores, sob mesmo título ou idêntico fundamento. carreira poderá ser fixada nos termos do § 3º (Incluído pela Emenda
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
§ 5º A remuneração do servidor será pelo menos um salário
mínimo nacional, capaz de atender a suas necessidades vitais bási- TÍTULO IV
cas e as de sua família como: moradia, alimentação, educação, saú- DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES CAPÍTULO I DO PODER
de, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com LEGISLATIVO SEÇÃO I
reajustes periódicos que lhes preservem o poder aquisitivo, sendo DA CÂMARA MUNICIPAL
vedada sua vinculação para qualquer fim. (Incluído pela Emenda nº
014/2020) Art. 36. O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal,
§ 6º Os vencimentos são irredutíveis. (Incluído pela Emenda nº composta de vereadores, eleitos para cada legislatura, em pleito di-
014/2020) reto, pelo sistema proporcional.
§ 7º A remuneração terá um adicional para as atividades peno- Parágrafo único. Cada legislatura terá duração de 4 (quatro)
sas, insalubres ou perigosas, na forma da Lei. (Incluído pela Emenda anos.
nº 014/2020) Art. 37. O número de Vereadores será fixado pela Câmara Mu-
§ 8º A remuneração não poderá ser diferente no exercício de nicipal, tendo em vista a população do Município, observados os
funções e no critério de admissão, por motivo de sexo, idade, cor ou limites estabelecidos no art. 29, IV, da Constituição Federal e as se-
estado civil. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) guintes normas:

144
LEGISLAÇÃO

I - Inconstitucionalidade (Processo nº 2000.007.000120) Art. 42. As sessões serão públicas, salvo deliberação em con-
II - o número de habitantes a ser utilizado como base de cálculo trário de 2/3 (dois terços) dos vereadores, adotada em razão de
do número de vereadores será aquele fornecido, mediante certi- motivo relevante.
dão, pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Art. 43. As sessões somente serão abertas com a presença de
IBGE; no mínimo, 1/3 (um terço) dos membros da Câmara.
III - Inconstitucionalidade (Processo nº 2000.007.000120) IV - Parágrafo único. Considerar-se-á presente à sessão o vereador
Inconstitucionalidade (Processo nº 2000.007.000120) que assinar o livro de presença até o início da Ordem do Dia, parti-
V - na hipótese de Emenda que altere o número de Vereadores cipar dos trabalhos do Plenário e das Votações.
na Lei Orgânica, o Presidente da Câmara comunicará ao Tribunal
Regional Eleitoral. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) SEÇÃO II
Art. 38. As deliberações da Câmara Municipal e de suas comis- DAS ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA MUNICIPAL
sões serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria abso-
luta de seus membros, salvo disposição em contrário na Constitui- Art. 44. Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito,
ção Federal e nessa Lei Orgânica. não exigida esta para o especificado no art. 45, dispor sobre todas
Parágrafo único. O Vereador que tiver interesse pessoal na de- as matérias de competência do Município, essencialmente sobre:
liberação não poderá votar, sob pena de nulidade da votação se o (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
seu voto for decisivo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - tributos municipais, arrecadação e dispêndio de suas rendas;
Art. 39. A Câmara Municipal reunir-se-á, independente de con- II - isenção e anistia em matéria tributária, bem como remissão
vocação, anual e ordinariamente, na Sede do Município de 1º de de dívidas;
fevereiro a 30 de junho e de 16 de julho a 31 de dezembro, em III - orçamento anual, plano plurianual e autorização para aber-
sessão legislativa anual. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) tura de créditos suplementares especiais;
§ 1º As reuniões inaugurais de cada sessão legislativa, marca- IV - operações de credito, auxílio e subvenções;
das para as datas que lhes correspondem, previstas no “caput” des- V - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001) VI - SU-
te artigo, serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001) VII - SUPRIMIDO
quando coincidirem com sábados, domingos e feriados. (Revogado pela Emenda nº 003/2001) VIII - SUPRIMIDO (Revogado
§ 2º A convocação da Câmara é feita no período e nos termos pela Emenda nº 003/2001) IX - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda
estabelecidos no “caput” deste artigo, correspondendo à sessão le- nº 003/2001)
gislativa ordinária. X - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001)
§ 3º A convocação extraordinária da Câmara Municipal far-se-á XI - aprovação do Plano Diretor e demais Planos e Programas
somente no recesso, em caso de urgência ou de interesse público de Governo; XII - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001)
relevante: (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) XIII - delimitação do perímetro urbano;
I - pelo Prefeito quando este a entender necessária, mediante XIV - transferência temporária da sede do governo municipal;
ofício endereçado ao Presidente da Câmara; (Redação dada pela XV - autorização para mudança de denominação de próprios,
Emenda nº 014/2020) vias e logradouros públicos;
II - pelo Presidente da Câmara; (Redação dada pela Emenda nº XVI - normas urbanísticas, particularmente as relativas a zone-
014/2020) amento e loteamento;
III - a requerimento da maioria absoluta dos membros desta, XVII - dispor sobre concessão, permissão e autorização de ser-
em casos de urgência ou interesse público relevante. (Redação viços públicos, estabelecendo os regulamentos da concessão e con-
dada pela Emenda nº 014/2020) dições da delegação dos serviços, minuta de editais e minuta de
§ 4º Na sessão legislativa extraordinária, a Câmara Municipal contratos de concessão, determinando a competência e o funcio-
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocada. namento da agência reguladora dos serviços concedidos; (Incluído
§ 5º Se até 30 de junho a Câmara Municipal não houver apro- pela Emenda nº 005/2010)
vado projeto de lei de diretrizes orçamentárias, o recesso será sus- XVII - criar autarquias municipais, bem como regulamentar sua
penso até a aprovação, como igualmente será suspenso o recesso estrutura e o respectivo funcionamento; (Incluído pela Emenda nº
de verão se, até 31 de dezembro, não estiverem aprovadas as pro- 005/2010)
postas orçamentárias. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) XIX - remissão de dívidas, concessão de isenções e anistia fiscal;
§ 6º As sessões regimentalmente previstas são ordinárias e as (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
demais, extraordinárias, podendo ser solenes. (Incluído pela Emen- XX - concessão de empréstimos, auxílios e subvenções; (Incluí-
da nº 014/2020) do pela Emenda nº 014/2020)
Art. 40. A sessão legislativa ordinária não será interrompida XXI - diretrizes gerais de desenvolvimento urbano, plano dire-
sem a deliberação sobre o projeto de lei orçamentária. tor, plano de controle de uso, do parcelamento e da ocupação do
Art. 41. As sessões da Câmara realizar-se-ão em recinto des- solo urbano; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
tinado ao seu funcionamento. (Redação dada pela Emenda nº XXII - código de obras e edificações; (Incluído pela Emenda nº
014/2020) 014/2020)
§ 1º O horário das sessões ordinárias e extraordinárias da Câ- XXIII - serviços funerários e cemitérios, a administração dos
mara Municipal é o estabelecido em seu Regimento interno. públicos e a fiscalização dos particulares; (Incluído pela Emenda nº
§ 2º Poderão ser realizadas sessões solenes fora do recinto da 014/2020)
Câmara. XXIV - comércio ambulante; (Incluído pela Emenda nº
014/2020)

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LEGISLAÇÃO

XXV - organização dos serviços administrativos locais; (Incluído m) ao estabelecimento das políticas públicas que promovam
pela Emenda nº 014/2020) XXVI - regime jurídico de seus servido- a família, a educação, a saúde, a higiene, os esportes, o lazer e o
res; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) trânsito; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XXVII - criação e extinção de cargos, funções e empregos públi- n) à cooperação com a União e o Estado, tendo em vista o equi-
cos e fixação dos respectivos vencimentos; (Incluído pela Emenda líbrio do desenvolvimento social e do bem integral da pessoa hu-
nº 014/2020) mana, atendidas as normas fixadas em lei complementar federal;
XXVIII - aquisição de bens imóveis, salvo quando se tratar de (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
doação sem encargos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) o) ao estímulo do cultivo de alimentos orgânicos; (Incluído pela
XXIX - proposição de medidas para fomento da produção agro- Emenda nº 014/2020)
pecuária e organização do abastecimento alimentar; (Incluído pela p) à saúde, à assistência pública e à proteção e garantia das
Emenda nº 014/2020) pessoas com deficiência. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XXX - com observância das normas Federais e suplementares
do Estado: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) SEÇÃO III
a) direito urbanístico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) DA COMPETÊNCIA
b) caça, pesca, conservação da natureza, preservação das flo-
restas, da fauna e da flora, defesa do solo e dos recursos naturais; Art. 45. É da competência exclusiva da Câmara Municipal:
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - eleger os membros de sua Mesa Executiva, assim como des-
c) educação, cultura, ensino e desportos; (Incluído pela Emen- tituí-la, na forma desta Lei Orgânica ou de seu Regimento Interno;
da nº 014/2020) (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) II - elaborar o Regimento
d) proteção à infância, à juventude e ao idoso; (Incluído pela Interno;
Emenda nº 014/2020) III - dispor sobre sua organização, funcionamento, política, cria-
e) conservação do meio ambiente e controle de poluição; (In- ção e extinção de cargos, empregos e funções de seus servidores e
cluído pela Emenda nº 014/2020) fixação da respectiva remuneração através de Lei de sua iniciativa,
f) proteção e integração social das pessoas com deficiência; (In- observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orça-
cluído pela Emenda nº 014/2020) g) proteção ao patrimônio históri- mentárias; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
co, cultural, artístico, turístico, paisagístico, arquitetônico; (Incluído IV - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) V - conceder licença ao Prefeito, ao Vice-Prefeito e aos Verea-
XXXI - assuntos de interesse local, inclusive suplementando a dores para afastamento do cargo, nos termos desta Lei Orgânica;
legislação federal e a estadual, notadamente no que diz respeito: (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) VI - autorizar o Prefeito e o Vice-Prefeito a ausentar-se do Mu-
a) ao direito e à defesa da vida e à família nos termos do art. nicípio, quando a ausência exceder a 15 dias; (Redação dada pela
226 e seguintes da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda nº Emenda nº 014/2020)
014/2020) VII - exercer a fiscalização contábil, financeira e orçamentária
b) à proteção de documentos, obras e outros bens de valor his- do Município, mediante controle externo e pelos sistemas de con-
tórico, artístico e cultural, como monumentos, paisagens naturais trole interno do Poder Executivo;
e notáveis e dos sítios arqueológicos do Município; (Incluído pela VIII - tomar e julgar as contas do Prefeito, assegurado direito ao
Emenda nº 014/2020) contraditório e a ampla defesa nos termos da Constituição Federal,
c) a impedir a evasão, destruição e descaracterização de obras deliberando sobre parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado,
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural do no prazo máximo de sessenta dias de seu recebimento, observando
Município; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) os seguintes preceitos: (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
d) à abertura de meios de acesso à cultura, à educação e à ciên- a) o parecer do Tribunal somente deixará de prevalecer por de-
cia; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) cisão de 2/3 (dois terços) dos membros da Câmara;
e) à conservação do meio ambiente e ao combate à poluição; b) decorrido o prazo de sessenta dias, sem deliberação pela Câ-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) mara, o Parecer será incluído na Ordem do Dia, sobrestando-se as
f) ao incentivo à indústria e ao comércio; (Incluído pela Emenda demais proposições, para que se ultime a votação;
nº 014/2020) c) no decurso do prazo previsto na alínea anterior, as contas do
g) à criação de distritos industriais; (Incluído pela Emenda nº Prefeito ficarão à disposição de qualquer contribuinte do Município,
014/2020) para exame e apreciação, que poderá questionar-lhes a legitimida-
h) ao fomento da produção agropecuária e à organização do de, nos termos da lei;
abastecimento alimentar; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) d) rejeitadas as contas, mediante decreto legislativo, serão es-
i) à promoção de programas de construção e moradias, melho- tas imediatamente remetidas ao Ministério Público para os fins de
rando as condições habitacionais e de saneamento básico; (Incluído direito; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) IX - decretar a perda do mandato do Prefeito e dos Vereadores,
j) ao combate das causas da pobreza e dos fatores de margi- nos casos indicados na Constituição Federal, nesta Lei Orgânica e na
nalização, promovendo a integração e inclusão social dos setores Legislação Federal aplicável;
desfavorecidos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) X - autorizar a realização de empréstimo ou de crédito interno
l) ao registro, ao acompanhamento e à fiscalização das conces- ou externo de qualquer natureza, de interesse do Município;
sões de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em XI - proceder à tomada de contas do Prefeito, através de comis-
seu território; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) são especial, quando não apresentadas à Câmara dentro de sessen-
ta dias após a abertura da sessão legislativa;

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LEGISLAÇÃO

XII - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 003/2001) SEÇÃO IV


XIII - estabelecer e mudar temporariamente o local de suas reu- DOS VEREADORES
niões;
XIV - convocar os Secretários do Município ou autoridades Art. 46. Os vereadores, agentes políticos do Município, são in-
equivalentes para prestar esclarecimentos, no prazo de 48 (qua- violáveis, no exercício do mandato e na circunscrição do Município,
renta e oito) horas após recebida a convocação, importando a au- por suas opiniões, palavras e votos, e terão acesso às repartições
sência sem adequada justificativa em crime de responsabilidade, públicas municipais para informar-se do andamento de quais-
punível na forma da legislação federal; (Redação dada pela Emenda quer providências administrativas. (Redação dada pela Emenda nº
nº 003/2001) 014/2020)
XV - encaminhar pedidos escritos de informação a Secretários § 1º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 008/2008)
do Município ou autoridade equivalente, importando crime de res- § 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 008/2008)
ponsabilidade a recusa, o não atendimento ou a prestação de in- § 3º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 008/2008)
formações falsas, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, prorrogáveis, a § 4º Os Vereadores não serão obrigados a testemunhar sobre
pedido justificado, por igual período; informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do man-
XVI - ouvir os Secretários do Município ou autoridades equiva- dato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
lentes, quando, por sua iniciativa e mediante entendimentos pré- informações.
vios com a Mesa, comparecerem à Câmara Municipal para expor Art. 47. É vedado ao Vereador:
assunto de relevância da Secretaria ou do Órgão de Administração I - Desde a expedição do diploma:
de que forem titulares; a) firmar ou manter contrato com o Município, com suas autar-
XVII - deliberar sobre o adiamento e a suspensão de suas reu- quias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mis-
niões; ta ou com suas empresas concessionárias de serviço público, salvo
XVIII - criar Comissão Parlamentar de Inquérito sobre fato de- quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
terminado e prazo certo, mediante requerimento de 1/3 (um terço) b) aceitar cargo, emprego ou função, no âmbito da Administra-
de seus membros; ção Pública Municipal Direta ou
XIX - conceder Título de Cidadão Honorário, Medalha Faustino Indiretamente salvo mediante aprovação em concurso público
Pinheiro, Medalha Professor Emérito, Medalha Profissional Emé- e observado o disposto no art.
rito, Medalha Empresário Empreendedor e Medalha Funcionário 31 desta Lei Orgânica; II - Desde a posse:
Padrão ou conferir homenagem a pessoas que, reconhecidamente, a) ocupar cargo, função ou emprego na Administração Pública
tenham prestado relevantes serviços ao Município ou nele se te- do Município Direta ou Indiretamente, de que seja exonerável “ad
nham destacado pela atuação exemplar na vida pública e particular, nutum”, salvo o cargo de Secretário Municipal ou Diretor equiva-
mediante proposta a ser aprovada por 2/3 (dois terços) dos mem- lente;
bros da Câmara; (Redação dada pela Emenda nº 005/2010) b) exercer outro cargo eletivo federal, estadual ou municipal;
XX - solicitar a intervenção do Estado no Município; c) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze
XXI - julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores nos casos de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito pú-
previstos nesta Lei Orgânica e em Lei Federal; (Redação dada pela blico do Município, ou nela exercer função remunerada;
Emenda nº 014/2020) d) patrocinar causa junto ao Município em que seja interessada
XXII - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, inclu- qualquer das entidades a que se refere a alínea “a” do inciso I deste
ídos os da Administração Indireta, inclusive participando obriga- artigo.
toriamente de todas as reuniões dos Conselhos Municipais, seja Art. 48. No ato da posse, os Vereadores deverão desincompati-
como integrante, seja como auditor; (Redação dada pela Emenda bilizar-se e fazer, anualmente, declaração de seus bens, incluindo de
nº 005/2010) seu cônjuge e dependentes, repetida quando do término do man-
XXIII - apreciar os atos do interventor nomeado pelo Governa- dato, sendo transcrita em livro próprio, resumida em ata.
dor do Estado, na hipótese de intervenção estadual; (Incluído pela § 1º Fica estabelecido o início de cada sessão legislativa como
Emenda nº 014/2020) data limite para apresentação da declaração.
XXIV - dar posse ao Prefeito, ao Vice-Prefeito e aos Vereadores; § 2º Será apresentada a declaração de bens no início do exercí-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) cio do cargo, sob pena de nulidade do ato de posse.
XXV - conhecer da renúncia do Prefeito, Vice-Prefeito e Vere-
adores e afastá-los definitivamente do cargo, nos termos previstos SUBSEÇÃO I
em Lei. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) DA PERDA DO MANDATO
§ 1º É fixado em quinze dias, prorrogáveis por igual período,
desde que a prorrogação seja solicitada e devidamente justificada, Art. 49. Perderá o mandato o Vereador:
o prazo para que os responsáveis pelos órgãos da administração I - que infringir o disposto no artigo anterior; (Redação dada
direta e indireta, autárquica e fundacional do Município prestem pela Emenda nº 014/2020)
as informações solicitadas pela Câmara. (Incluído pela Emenda nº II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
014/2020) parlamentar ou atentatório às instituições vigentes;
§ 2º Não sendo prestadas as informações solicitadas no prazo III - que utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrup-
estipulado no parágrafo anterior, o Presidente da Câmara, sob pena ção, de improbidade administrativa ou infração politico-administra-
de responsabilidade, oficiará ao Ministério Público para as provi- tiva; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
dências judiciais cabíveis, sem prejuízo das demais sanções previs-
tas em lei. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

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LEGISLAÇÃO

IV - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa anual, § 4º A licença para tratar de interesse particular não será infe-
à terça parte das sessões ordinárias da Câmara, salvo doença com- rior a trinta dias e o vereador não poderá reassumir o exercício do
provada, licença ou missão autorizada pela edilidade; mandato antes do término da licença.
V - que fixar residência fora do Município; § 5º Independentemente de requerimento, considerar-se-á
VI - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; como licença o não comparecimento às reuniões de vereador pri-
VII - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos constitu- vado, temporariamente, de sua liberdade, em virtude de processo
cionalmente previstos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) criminal em curso.
VIII - que sofrer condenação criminal, com trânsito em julgado; § 6º Na hipótese do § 1º, o vereador poderá optar pela remu-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) neração do mandato ou do cargo em que for investido. (Redação
IX - do não comparecimento para a posse no prazo previsto dada pela Emenda nº 014/2020)
nesta Lei Orgânica, salvo motivo devidamente justificado e aceito § 7º Os requerimentos de licenças serão deferidos ou indefe-
e deliberado pela maioria absoluta da Câmara Municipal, na data ridos, de plano, pelo Presidente da Câmara, que deverá, em caso
marcada. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) de indeferimento, justificar seu ato. (Incluído pela Emenda nº
§ 1º Além de outros casos definidos no Regimento Interno da 014/2020)
Câmara Municipal, considerar-se- á incompatível com o decoro par- § 8º Ocorrido e comprovado o ato ou o fato extintivo, o Pre-
lamentar o abuso das prerrogativas asseguradas ao Vereador ou a sidente da Câmara, logo na primeira sessão, o comunicará ao Ple-
percepção de vantagens ilícitas ou imorais. nário, fazendo constar da ata a declaração de extinção do manda-
§ 2º Nos casos dos incisos I e II, a perda do mandato será de- to, e convocará o respectivo suplente. (Incluído pela Emenda nº
clarada pela Câmara por voto secreto e maioria absoluta, mediante 014/2020)
provocação da mesa ou de partido político representado na Casa, § 9º Se o Presidente da Câmara se omitir na adoção das provi-
assegurados o contraditório e a ampla defesa. (Redação dada pela dências consignadas no parágrafo anterior, o suplente de vereador
Emenda nº 014/2020) interessado poderá requerer a declaração de extinção de mandato.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III, IV, VII e VIII, a perda será (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
declarada pela Mesa da Câmara, de ofício ou mediante provocação § 10. Ocorrendo vaga e não havendo suplente, se faltarem mais
de qualquer de seus membros ou de partido político representado de quinze meses para o término do mandato, a Câmara representa-
na Casa, assegurados o contraditório e a ampla defesa. (Redação rá à Justiça Eleitoral para a realização das eleições para preenchê-la,
dada pela Emenda nº 014/2020) conforme dispõe o art. 56, § 2º da Constituição Federal. (Incluído
§ 4º O Regimento Interno regulará o processo e o afastamento pela Emenda nº 014/2020)
preventivo do Vereador cuja provocação de perda de mandato for § 11. A licença depende de requerimento fundamentado, lido
recebida pela maioria absoluta da Câmara Municipal. (Incluído pela na primeira sessão após o recebimento. (Incluído pela Emenda nº
Emenda nº 014/2020) 014/2020)
§ 5º A renúncia de Vereador submetido a processo que vise ou § 12. Somente se convocará o suplente na hipótese de a licen-
possa levar à perda de mandato terá seus efeitos suspensos até as ça do titular for superior a quinze dias. (Incluído pela Emenda nº
deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º deste artigo. (Incluí- 014/2020)
do pela Emenda nº 014/2020)
SUBSEÇÃO III
SUBSEÇÃO II DA CASSAÇÃO DO MANDATO
DA LICENÇA
Art. 50-A A Câmara de Vereadores cassará o mandato do Verea-
Art. 50. O vereador poderá licenciar-se: dor quando, em processo regular em que é dado ao acusado amplo
I - por motivo de doença comprovada por atestado médico for- direito de defesa, concluir pela prática das infrações elencadas no
necido por profissional especializado; (Redação dada pela Emenda art. 49 desta lei. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) Art. 50-B O processo de perda de mandato do vereador será
II - para tratar, sem remuneração, de interesse particular, des- regrado no Regimento Interno, nesta Lei Orgânica e na legislação fe-
de que o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão deral específica, observados os seguintes princípios: (Incluído pela
legislativa; Emenda nº 014/2020)
III - para desempenhar missões temporárias, de caráter cultu- I - contraditório, publicidade, ampla defesa e motivação da de-
ral ou de interesse do Município; IV - por gravidez, por prazo não cisão; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
superior a 120 dias. II - iniciativa de denúncia por qualquer cidadão, vereador local
§ 1º Não perderá o mandato, considerando-se automaticamen- ou associação legitimamente constituída; (Incluído pela Emenda nº
te licenciado, o vereador investido no cargo de Secretário Municipal 014/2020)
ou Diretor de Órgão da administração pública direta ou indireta do III - recebimento da denúncia por maioria simples dos mem-
Município, conforme previsto no art.47 inciso II, alínea “a”, dessa bros da Câmara Municipal; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Lei Orgânica. IV - conclusão do processo, sob pena de arquivamento, em até
§ 2º Ao vereador licenciado nos termos do inciso I deste artigo, 90 dias a contar do recebimento da denúncia; (Incluído pela Emen-
a Câmara poderá determinar o pagamento, no valor que estabele- da nº 014/2020)
cer e na forma que especificar, de auxílio-doença.
§ 3º O auxílio de que trata o parágrafo anterior poderá ser fi-
xado no curso da Legislatura e não será computado para efeito de
cálculo da remuneração dos vereadores.

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LEGISLAÇÃO

V - o Vereador denunciante não poderá participar, sob pena de b) como primeiro ato, o Presidente determinará a notificação
nulidade, das deliberações plenárias sobre o recebimento da de- do denunciado, mediante remessa de cópia da denúncia, facultado
núncia e sobre o afastamento do denunciado, da comissão estabe- ao denunciado tomar ciência dos documentos que a instruem dire-
lecida, dos atos processuais e do julgamento do acusado. (Incluído tamente nos autos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) c) a notificação será feita pessoalmente ao denunciado, se ele
§ 1º O processo de cassação por infração político-administra- se encontrar no Município e, se estiver ausente e em local incerto
tiva não impede a apuração de contravenções penais, de crimes e não sabido, a notificação far-se-á por edital publicado duas vezes
comuns e de responsabilidade. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) no órgão oficial, com intervalo de três dias, no mínimo, a contar da
§ 2º O arquivamento do processo de cassação por falta de primeira publicação; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
conclusão não impede, pelos mesmos fatos, nova denúncia, nem a d) uma vez notificado, pessoalmente ou por edital, o denun-
apuração de contravenções penais, crimes comuns e atos de impro- ciado terá direito de apresentar defesa prévia, por escrito, no prazo
bidade administrativa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) de dez dias, indicando as provas que pretende produzir, inclusive o
§ 3º A Câmara Municipal poderá afastar o Vereador cuja de- rol de testemunhas que deseja sejam ouvidas no processo, até três;
núncia por qualquer das infrações previstas no art. 49 desta Lei Or- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
gânica for recebida por dois terços de seus membros. (Incluído pela e) decorrido o prazo de dez dias, com defesa prévia ou sem
Emenda nº 014/2020) ela, a Comissão Processante emitirá parecer dentro de cinco dias,
Art. 50-C Atendidos os princípios elencados no art. 50-B, o pro- opinando pelo prosseguimento ou pelo arquivamento da denúncia;
cesso de cassação pela prática das infrações definidas no art. 50-A (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
obedecerá ao seguinte rito: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) f) se o parecer opinar pelo arquivamento, será submetido a Ple-
I - a denúncia escrita contendo a exposição dos fatos e a indica- nário, que, pela maioria dos presentes, poderá aprová-lo, caso em
ção das provas será dirigida ao Presidente da Câmara e poderá ser que será arquivado, ou rejeitá-lo, hipótese em que o processo terá
apresentada por qualquer cidadão, vereador local, partido político prosseguimento; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
com representação na Câmara ou entidade legitimamente constitu- g) se a Comissão opinar pelo prosseguimento do processo ou
ída há mais de um ano; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) se o Plenário não aprovar seu parecer de arquivamento, o Presiden-
II - se o denunciante for Vereador, não poderá participar, sob te da Comissão dará início à instrução do processo, determinando
pena de nulidade, da deliberação plenária sobre o recebimento da os atos, diligências e audiências que se fizerem necessárias para o
denúncia e sobre o afastamento do denunciado, da Comissão Pro- depoimento e inquirição das testemunhas arroladas; (Incluído pela
cessante, dos atos processuais e do julgamento do acusado, caso Emenda nº 014/2020)
em que o Vereador impedido será substituído pelo respectivo su- h) o denunciado deverá ser intimado de todos os atos pro-
plente, o qual não poderá integrar a Comissão Processante; (Incluí- cessuais, pessoalmente ou na pessoa de seu procurador, com an-
do pela Emenda nº 014/2020) tecedência mínima de vinte e quatro horas, sendo-lhe permitido
III - se o denunciante for o Presidente da Câmara, passará a Pre- assistir às diligências e audiências, bem como formular perguntas
sidência a seu substituto legal para os atos do processo e somente e reperguntas às testemunhas e requerer o que for de interesse da
votará, se necessário, para completar o quórum do julgamento; (In- defesa, sob pena de nulidade do processo; (Incluído pela Emenda
cluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
IV - de posse da denúncia, o Presidente da Câmara ou seu subs- IX - concluída a instrução, será aberta vista do processo ao de-
tituto determinará sua leitura na primeira sessão ordinária, consul- nunciado, para apresentar razões escritas no prazo de cinco dias,
tando o Plenário sobre o seu recebimento; (Incluído pela Emenda vencido o qual, com ou sem razões do denunciado, a Comissão Pro-
nº 014/2020) cessante emitirá parecer final e solicitará ao Presidente da Câmara
V - decidido o recebimento da denúncia pela maioria absoluta a convocação de sessão para julgamento; (Incluído pela Emenda nº
dos membros da Câmara, na mesma sessão será constituída a Co- 014/2020)
missão Processante, integrada por três Vereadores sorteados entre X - na sessão de julgamento, que só poderá ser aberta com a
os desimpedidos, observado o princípio da representação propor- presença de, no mínimo, maioria absoluta dos membros da Câma-
cional dos partidos, os quais elegerão, desde logo, o Presidente e o ra, o processo será lido integralmente pelo Relator da Comissão
Relator; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Processante e, a seguir, os Vereadores que o desejarem poderão
VI - havendo apenas três ou menos Vereadores desimpedi- manifestar-se verbalmente pelo tempo máximo de quinze minu-
dos, os que se encontrarem nessa situação comporão a Comissão tos cada um e, ao final, o acusado ou seu procurador disporá de
Processante, preenchendo-se, quando for o caso, as demais vagas duas horas para produzir sua defesa oral; (Incluído pela Emenda nº
através de sorteio entre os Vereadores que inicialmente se encon- 014/2020)
travam impedidos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) XI - concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações quan-
VII - a Câmara Municipal poderá afastar o denunciado quando a tas forem as infrações articuladas na denúncia, considerando-se
denúncia for recebida nos termos deste artigo; (Incluído pela Emen- afastado definitivamente do cargo o denunciado que for declarado
da nº 014/2020) incurso em qualquer das infrações especificadas na denúncia, pelo
VIII - entregue o processo ao Presidente da Comissão, seguir- voto de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara; (Incluído
-se-á o seguinte procedimento: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
a) dentro de cinco dias, o Presidente dará início aos trabalhos XII - concluído o julgamento, o Presidente da Câmara procla-
da Comissão; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) mará, imediatamente, o resultado e fará lavrar a ata na qual se
consignará a votação sobre cada infração; (Incluído pela Emenda
nº 014/2020)

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LEGISLAÇÃO

XIII - havendo condenação, a Mesa da Câmara elaborará o com- § 1º Na constituição da Mesa é assegurada, tanto quanto pos-
petente Decreto Legislativo de cassação de mandato, que, após de- sível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos par-
liberação plenária, será publicada na imprensa oficial, e, no caso de lamentares que participem da Casa.
resultado absolutório, o Presidente da Câmara determinará o ar- § 2º Na ausência dos membros da Mesa, o vereador mais idoso
quivamento do processo, devendo, em ambos os casos, comunicar dentre os presentes assumirá a Presidência.
o resultado à Justiça Eleitoral. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 3º Qualquer componente da Mesa poderá ser destituído da
Art. 50-D O processo a que se refere o artigo anterior, sob pena mesma, pelo voto de 2/3 (dois terços) dos membros da Câmara, e
de arquivamento, deverá ser concluído dentro de cento e oitenta afastado pela maioria absoluta, com direito a ampla defesa, previs-
dias, a contar do recebimento da denúncia. (Incluído pela Emenda ta regimentalmente, quando praticar ato contra expressa determi-
nº 014/2020) nação de lei ou do regimento ou omitir-se na prática daqueles atos
Parágrafo único. O arquivamento do processo por falta de con- de sua competência, faltoso, omisso ou ineficiente no desempenho
clusão no prazo previsto neste artigo não impede nova denúncia de suas atribuições, elegendo-se outro vereador para a comple-
sobre os mesmos fatos nem a apuração de contravenções ou crimes mentação do mandato. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
comuns. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 54-A Compete à Mesa, dentre outras atribuições: (Incluído
pela Emenda nº 014/2020)
SUBSEÇÃO IV I - baixar, mediante ato, as medidas que digam respeito aos Ve-
DA CONVOCAÇÃO DO SUPLENTE readores; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - baixar, mediante portaria, as medidas referentes aos servi-
Art. 51. Dar-se-á a convocação do suplente de vereador nos ca- dores da Câmara Municipal; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
sos de vaga ou licença. III - propor projetos de resolução que disponham sobre: (Inclu-
§ 1º O suplente convocado deverá tomar posse no prazo de 15 ído pela Emenda nº 014/2020)
(quinze) dias, contados da data de convocação, salvo justo motivo a) organização, funcionamento e serviços administrativos da
aceito pela Câmara, quando se prorrogará o prazo. Câmara e suas alterações; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 2º Enquanto a vaga a que se refere o parágrafo anterior não b) polícia interna da Câmara; (Incluído pela Emenda nº
for preenchida, calcular-se-á o quórum em função dos vereadores 014/2020)
remanescentes. IV - propor projetos de lei que disponham sobre a criação ou
extinção de cargos, empregos e funções de seus servidores e a cor-
SEÇÃO V respondente remuneração ou alteração, observando os parâmetros
DO FUNCIONAMENTO DA CÂMARA estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias; (Incluído pela
Emenda nº 014/2020)
Art. 52. A Câmara reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir V - solicitar ao Chefe do Executivo a abertura de créditos adicio-
de 1º de janeiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de nais para a Câmara, com posterior deliberação legislativa; (Incluído
seus membros e eleição da Mesa. pela Emenda nº 014/2020)
§ 1º A posse ocorrerá em sessão solene, que se realizará in- VI - devolver à Prefeitura, no último dia do ano, o saldo de caixa
dependentemente de número, sob a Presidência do vereador mais existente; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
idoso dentre os presentes. VII - enviar ao Prefeito, até o dia quinze de março, as contas do
§ 2º O vereador que não tomar posse na sessão prevista no exercício anterior; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
parágrafo anterior deverá fazê-lo dentro do prazo de quinze dias no VIII - declarar a perda do mandato de Vereador, de oficio ou por
início do funcionamento ordinário da Câmara, sob pena de perda provocação de qualquer de seus membros ou ainda de partido po-
do mandato, salvo motivo justo, aceito pela maioria absoluta dos lítico representado na Câmara; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
membros da Câmara. IX - propor ação direta de inconstitucionalidade; (Incluído pela
§ 3º Imediatamente após a posse, os vereadores reunir-se-ão Emenda nº 014/2020)
sob a Presidência do mais idoso dentre os presentes e, havendo X - tomar as providências necessárias à regularidade dos
maioria absoluta dos membros da Câmara, elegerão os componen- trabalhos legislativos e fiscalizatórios; (Incluído pela Emenda nº
tes da Mesa, que serão automaticamente empossados. 014/2020)
§ 4º Inexistindo número legal, o Vereador mais idoso dentre os XI - orientar os serviços da secretaria da Câmara Municipal; (In-
presentes permanecerá na Presidência e convocará sessões diárias, cluído pela Emenda nº 014/2020) XII - elaborar até 30 de julho, con-
até que seja eleita a Mesa. forme a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a previsão de despesas do
Art. 53. A Mesa Executiva da Câmara Municipal de Quatis terá Poder Legislativo a ser incluída na proposta orçamentária do Muni-
mandato de 1 (um) ano, sendo vedada a recondução para o mesmo cípio e fazer, mediante ato, a discriminação analítica das dotações
cargo da Sessão Legislativa subsequente, na mesma legislatura. (Re- respectivas, bem como alterá-las nos limites autorizados; (Incluído
dação dada pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
Parágrafo único. A eleição para renovação da Mesa Executiva XIII - promulgar a Lei Orgânica do Município e suas emendas;
realizar-se-á anualmente, no mês de fevereiro, para início de man- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
dato e posse automática em 1º de janeiro do ano seguinte. (Reda- XIV - representar junto ao Executivo sobre necessidade de eco-
ção dada pela Emenda nº 014/2020) nomia interna; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 54. A Mesa da Câmara se compõe do Presidente, do 1º XV - contratar, na forma da lei, por tempo determinado, para
Vice-Presidente, do 2º Vice- Presidente, do 1º Secretário e do 2º atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
Secretário, que se substituirão nessa ordem. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

150
LEGISLAÇÃO

Art. 55. A Câmara terá Comissões Permanentes e Especiais, § 7º As comissões processantes, cujos membros serão sorte-
constituídas na forma e com as atribuições previstas no seu Regi- ados, terão competência para preparar o processo de cassação de
mento Interno. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) mandatos do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores. (Incluído
§ 1º Às comissões permanentes em razão da matéria de sua pela Emenda nº 014/2020)
competência, cabe: § 8º A Comissão de Ética, que é permanente, será regulada no
I - discutir e votar do projeto de lei que dispensar, na forma Regimento Interno da Câmara Municipal. (Incluído pela Emenda nº
do Regimento Interno, a competência do Plenário, salvo se houver 014/2020)
recurso, em contrário, protocolado por um de 1/3 (um terço) dos Art. 55-A Qualquer entidade da sociedade civil poderá solicitar
membros da Casa, e até a sua decisão; (Redação dada pela Emenda ao Presidente da Câmara que lhe permita emitir conceitos ou opini-
nº 014/2020) ões, junto às comissões, sobre projetos que nela se encontrem para
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade ci- estudo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
vil; Parágrafo único. O Presidente da Câmara enviará o pedido ao
III - convocar os Secretários Municipais ou Diretores equiva- Presidente da respectiva comissão, a quem caberá verificar o preen-
lentes, para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas chimento dos requisitos e a conveniência e a oportunidade da ma-
atribuições; nifestação, cabendo deferir ou indeferir o requerimento, indicando,
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas se for o caso, dia e hora para o pronunciamento e seu tempo de
de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou duração. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
entidades públicas; Art. 56. A maioria, a minoria, as representações partidárias,
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão com apenas um membro, e os blocos parlamentares terão líder e,
para a finalidade que fundamenta sua convocação; (Redação dada quando for o caso, vice-líder.
pela Emenda nº 014/2020) § 1º A indicação dos lideres será feita em documento subscrito
VI - exercer, no âmbito de sua competência, a fiscalização dos pelos membros das representações majoritárias, minoritárias, blo-
atos do Executivo e da Administração indireta; cos parlamentares ou partidos políticos à Mesa, nas vinte e quatro
VII - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais horas que se seguirem à instalação da primeira sessão legislativa da
e setoriais de desenvolvimento local e sobre eles emitir parecer; Legislatura.
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 2º Os líderes indicarão os respectivos vice-líderes, se for o
VIII - emitir pareceres e elaborar projetos de lei, de resolução e caso, dando conhecimento à Mesa da Câmara dessa designação.
de decretos legislativos em assuntos de sua competência. (Incluído Art. 57. Além de outras atribuições previstas no Regimento In-
pela Emenda nº 014/2020) terno, os líderes indicarão os representantes partidários nas Comis-
§ 2º As Comissões Especiais, criadas por deliberação do Ple- sões da Câmara.
nário, serão destinadas ao estudo de assuntos específicos; de In- Parágrafo único. Ausente ou impedido o líder, suas atribuições
quérito, com a finalidade de apurar fato determinado que se inclua serão exercidas pelo vice-líder.
na competência municipal; e de Representação, indicada pela Pre- Art. 58. Á Câmara Municipal, observando o disposto nesta Lei
sidência, destinada ao comparecimento da Câmara Municipal em Orgânica, compete elaborar seu Regimento Interno, dispondo so-
Congressos, Debates, Seminários, Simpósios, Cursos, Solenidades bre sua organização, política e provimento de cargos de seu servi-
ou outros atos que justifiquem a sua constituição. (Redação dada dores e, especialmente, sobre:
pela Emenda nº 014/2020) I - sua instalação e funcionamento; II - posse de seus membros;
§ 3º Na formação das Comissões, assegurar-se-á, tanto quanto III - eleição da Mesa Executiva, sua composição e suas atribui-
possível, a representação proporcional dos Partidos ou dos blocos ções; IV - periodicidade das reuniões;
parlamentares que participam da Câmara. V - comissões; VI - sessões;
§ 4º As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão po- VII - deliberações;
deres de investigação próprios das autoridades judiciais, além de VIII - todo e qualquer assunto de sua administração interna;
outros previstos no Regimento Interno da Casa, serão criadas pela IX - participação popular nas decisões do Município e no aper-
Câmara Municipal, mediante requerimento de 1/3 (um terço) de feiçoamento democrático de suas instituições.
seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo Parágrafo único. O Poder Legislativo Municipal implantará uma
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, “Tribuna Livre” para que sejam ouvidos os representantes das enti-
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a res- dades organizadas ao Município.
ponsabilidade civil ou criminal dos infratores. Art. 59. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) I -
§ 5º Haverá, obrigatoriamente, na Câmara Municipal, uma Co- SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
missão Permanente de: I - Direitos do Homem e da Mulher; II - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) III - SU-
II - Direitos do Menor e do Adolescente; III - Direitos do Con- PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) IV - SUPRIMIDO
sumidor. (Revogado pela Emenda nº 014/2020) V - SUPRIMIDO (Revogado
§ 6º A participação das Comissões Especiais da Câmara Muni- pela Emenda nº 014/2020) VI - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda
cipal de Quatis em Congressos, Debates, Seminários, Simpósios e nº 014/2020)
eventos similares dependerá de aprovação do Plenário e será sem- Art. 60. Dentre outras atribuições, fixadas no Regimento Inter-
pre condicionada à disponibilidade financeira do Legislativo Muni- no, compete ao Presidente da Câmara: (Redação dada pela Emenda
cipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020) I - representar a Câmara em juízo e fora dele;
II - dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legislativos e admi-
nistrativos da Câmara; III - interpretar e fazer cumprir o Regimento
Interno;

151
LEGISLAÇÃO

IV - promulgar as leis com sanção tácita, leis cujo veto tenha III - da população, subscrita por 5% (cinco por cento) do eleito-
sido rejeitado pelo Plenário e leis que disponham sobre a orga- rado do Município, por meio de iniciativa popular; (Redação dada
nização administrativa da Câmara ou reajustem os subsídios dos pela Emenda nº 014/2020)
Agentes Políticos do Legislativo; (Redação dada pela Emenda nº IV - de Comissão especial criada para este fim. (Incluído pela
005/2010) Emenda nº 014/2020)
V - promulgar as resoluções, os decretos legislativos e as emen- § 1º A proposta, após parecer escrito de todas as comissões,
das da LOM; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) será discutida e votada em dois turnos, com interstício mínimo de
VI - fazer publicar as portarias e os atos da Mesa, as resoluções, dez dias, considerando-se aprovada se obtiver, em cada uma, 2/3
os decretos legislativos e as leis que vier a promulgar; (Redação (dois terços) dos votos dos membros da Câmara Municipal. (Reda-
dada pela Emenda nº 014/2020) ção dada pela Emenda nº 014/2020)
VII - autorizar as despesas da Câmara; § 2º A emenda à Lei Orgânica Municipal será promulgada pela
VIII - representar, por decisão da Câmara, sobre a inconstitu- Mesa da Câmara, com o respectivo número de ordem.
cionalidade de lei ou ato municipal; IX - solicitar, por decisão da § 3º A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de
maioria absoluta da Câmara, a intervenção no Município, nos casos estado de sítio ou de intervenção no Município.
admitidos pelas Constituições Federal e Estadual; § 4º A proposta apresentada por Comissão Especial não depen-
X - encaminhar, para parecer prévio, a prestação de contas do de de parecer das Comissões Permanentes. (Incluído pela Emenda
Município ao Tribunal de Contas do Estado; nº 014/2020)
XI - conceder licença aos Vereadores nos casos previstos no art. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
50 desta lei; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
XII - declarar a perda do mandato de Vereadores, do Prefeito e mesma sessão legislativa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
do Vice- Prefeito, nos casos previstos nesta Lei Orgânica; (Incluído Art. 62-A Não será objeto de deliberação a proposta de Emen-
pela Emenda nº 014/2020) da à Lei Orgânica tendente a ofender ou abolir: (Incluído pela Emen-
XIII - requisitar o numerário destinado às despesas da Câmara da nº 014/2020)
e aplicar as disponibilidades financeiras no mercado de capitais, em I - a forma federativa de Estado; (Incluído pela Emenda nº
instituições bancárias oficiais; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
XIV - manter a ordem no recinto da Câmara, podendo solicitar a II - o voto direto, secreto, universal e periódico; (Incluído pela
força necessária para esse fim. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020) III - a separação dos Poderes; (Incluído pela
Art. 60-A O Presidente da Câmara ou seu substituto só terá Emenda nº 014/2020)
voto: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) IV - os direitos e garantias individuais. (Incluído pela Emenda
I - na eleição da Mesa: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
II - quando a matéria exigir, para sua aprovação, o voto favorá-
vel de dois terços dos Membros da Câmara; (Incluído pela Emenda SUBSEÇÃO III
nº 014/2020) DAS LEIS COMPLEMENTARES E ORDINÁRIAS
III - quando houver empate em qualquer votação do plenário.
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 63. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
Parágrafo único. O presidente deixará a presidência sempre que a qualquer vereador, Comissão Permanente da Câmara, ao Prefeito
tiver interesse na deliberação. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) e aos cidadãos, através de iniciativa popular. (Redação dada pela
Emenda nº 014/2020)
SEÇÃO VI § 1º A iniciativa popular será exercida pela apresentação, à
DO PROCESSO LEGISLATIVO SUBSEÇÃO I DAS Câmara Municipal, de projeto de lei subscrito por, no mínimo 5%
PROPOSIÇÕES (cinco por cento) do eleitorado do Município, contendo assunto
de interesse específico do Município. (Incluído pela Emenda nº
Art. 61. O processo legislativo municipal compreende a elabo- 014/2020)
ração de: I - Emendas à Lei Orgânica Municipal; § 2º A proposta popular deverá ser articulada, exigindo-se,
II - Leis Complementares; III - Lei Ordinária; para seu recebimento pela Câmara Municipal, a identificação dos
IV - Resoluções; assinantes, mediante indicação do número do respectivo título elei-
V - Decretos Legislativos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) toral, bem como a certidão expedida pelo órgão eleitoral compe-
Parágrafo único. A técnica de elaboração, redação, alteração e tente, informando o total do eleitorado do Município. (Incluído pela
consolidação de leis dar-se-á na conformidade da lei complementar Emenda nº 014/2020)
federal, desta Lei Orgânica e do Regimento Interno. (Incluído pela § 3º A tramitação dos projetos de lei de iniciativa popular obe-
Emenda nº 014/2020) decerá às normas relativas ao processo legislativo. (Incluído pela
Emenda nº 014/2020)
SUBSEÇÃO II § 4º Caberá ao Regimento Interno da Câmara Municipal dispor
DAS EMENDAS À LEI ORGÂNICA sobre o modo pelo qual os projetos de iniciativa popular serão de-
fendidos na Tribuna da Câmara Municipal, assegurando- se o efeti-
Art. 62. A Lei Orgânica Municipal poderá ser emendada me- vo exercício desse direito. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
diante proposta: I - de 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros da Art. 64. As leis complementares somente serão aprovadas se
Câmara Municipal; obtiverem maioria absoluta dos votos dos membros da Câmara Mu-
II - do Prefeito Municipal; nicipal, observados os demais termos de votação das leis ordinárias.

152
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Serão leis complementares, dentre outras pre- Art. 66-A A fixação do subsídio dos secretários municipais será
vistas nesta Lei Orgânica: I - Código Tributário do Município; feita por lei de iniciativa privativa da Câmara Municipal. (Incluído
II - Código de Obras e Edificações; (Redação dada pela Emenda pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) III - Código de Posturas;
IV - Lei instituidora da Guarda Municipal; SUBSEÇÃO V
V - Lei de criação de cargos, funções ou empregos públicos de DO REGIME DE URGÊNCIA
servidores municipais; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
VI - Lei que regular o Plano Diretor do Município; (Redação Art. 67. O Prefeito poderá solicitar urgência para apreciação de
dada pela Emenda nº 014/2020) VII - estatuto dos servidores muni- projetos de sua iniciativa fundamentando sua relevância. (Redação
cipais; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) dada pela Emenda nº 014/2020)
VIII - zoneamento urbano e direitos suplementares de uso e § 1º Solicitada a urgência, a Câmara deverá se manifestar em
ocupação do solo; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) até 45 (quarenta e cinco) dias sobre a proposição, contados da data
IX - concessão de serviços públicos; (Incluído pela Emenda nº em que for feita a solicitação;
014/2020) X - concessão de direito real de uso. (Incluído pela Emen- § 2º Esgotado o prazo previsto no parágrafo anterior sem deli-
da nº 014/2020) beração pela Câmara, será a proposição incluída na Ordem do Dia,
sobrestando-se as demais proposições, para que se ultime a vota-
SUBSEÇÃO IV ção, excetuados os casos dos art. 68, § 4º e demais previstos nesta
DA INICIATIVA DAS PROPOSIÇÕES Lei Orgânica. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 3º O prazo do § 1º não ocorre no período de recesso da Câ-
Art. 65. São de iniciativa exclusiva do Prefeito as leis que dispo- mara nem se aplica aos projetos de lei complementar.
nham sobre:
I - criação, transformação ou extinção de cargos, funções ou SUBSEÇÃO VI
empregos públicos na Administração Direta, Indireta e autárquica DA APROVAÇÃO E DO VETO
ou aumento de sua remuneração; (Redação dada pela Emenda nº
014/2020) Art. 68. Aprovado o projeto de lei, este será enviado, como
II - servidores públicos do Poder Executivo, da Administração autógrafo, ao Prefeito, que, aquiescendo, o sancionará. (Redação
Direta, Indireta e autárquica, seu regime jurídico e provimento de dada pela Emenda nº 014/2020)
cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela Emenda § 1º O Prefeito, considerando o projeto, no todo ou em parte,
nº 014/2020) inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou
III - criação, estruturação e atribuições das Secretarias, depar- parcialmente, no prazo de 15 (quinze) dias úteis contados da data
tamentos ou Diretoria equivalentes e órgão da Administração públi- do recebimento e comunicará, dentro de quarenta e oito horas,
cas, ressalvado o disposto no inciso X, do art. 44 desta Lei Orgânica, ao Presidente da Câmara os motivos do veto. (Redação dada pela
no tocante a especificação das atribuições; Emenda nº 014/2020)
IV - matéria orçamentária e que autorizem a abertura de crédi- § 2º Decorrido o prazo do parágrafo anterior, o silêncio do Pre-
tos ou concedam auxílios e subvenções. feito importará sanção.
Parágrafo único. Não será admitido aumento da despesa pre- § 3º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo,
vista nos projetos de iniciativa exclusiva do Prefeito Municipal. (Re- de parágrafo, de inciso ou de alínea.
dação dada pela Emenda nº 014/2020) § 4º A apreciação do veto, pelo Plenário da Câmara, será feita
Art. 65-A Nenhuma lei que crie ou aumente despesa pública dentro de trinta dias a contar do seu recebimento, em uma só dis-
será sancionada sem que dela conste a indicação dos recursos dis- cussão e votação, com parecer ou sem ele, considerando-se rejei-
poníveis, próprios para atender aos novos encargos. (Incluído pela tado pelo voto da maioria absoluta dos vereadores, em escrutínio
Emenda nº 014/2020) secreto.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a créditos § 5º Rejeitado o veto, projeto será encaminhado ao Prefeito,
extraordinários. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) para, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, promulgá-lo.
Art. 66. É da competência exclusiva da Mesa da Câmara Muni- § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º,
cipal a iniciativa das leis que disponham sobre: o veto será colocado na Ordem do Dia da sessão imediata, sobres-
I - autorização para abertura de créditos suplementares ou es- tadas as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas as
peciais, através do aproveitamento total ou parcial das consigna- matérias de que trata o art. 65 desta Lei Orgânica.
ções orçamentárias da Câmara; § 7º A não promulgação da lei no prazo de 48 (quarenta e oito)
II - organização dos serviços administrativos da Câmara, cria- horas pelo Prefeito, no caso dos
ção, transformação ou extinção de seus cargos, empregos e funções §§ 2º e 5º deste artigo, autoriza o Presidente da Câmara a
e fixação da respectiva remuneração; fazê-lo em igual prazo e, se este não o fizer, caberá ao Vice-Pre-
III - fixação dos subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos Se- sidente fazê-lo, obrigatoriamente. (Redação dada pela Emenda nº
cretários e dos seus servidores. 014/2020)
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 8º Sancionado e promulgado o Projeto de Lei pelo Prefeito
Parágrafo único. Nos projetos de competência exclusiva da Municipal, deverá ser encaminhada cópia da respectiva lei à Câma-
Mesa da Câmara, não serão admitidas emendas que aumentem a ra Municipal, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. (Incluído pela
despesa prevista, ressalvado o disposto na parte final do inciso II Emenda nº 014/2020)
deste artigo, se assinada pela metade dos vereadores.

153
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO VII IX - supressão de dispositivos declarados inconstitucionais pelo


DO PROJETO DE RESOLUÇÃO E DO DECRETO LEGISLATIVO Tribunal de Justiça, observada, no que couber, a suspensão pela Câ-
mara Municipal, de execução de dispositivos. (Incluído pela Emen-
Art. 69. Os decretos legislativos e as resoluções serão elabora- da nº 014/2020)
dos nos termos do Regimento § 3º As providências a que se refere o inciso IX do § 2º deverão
Interno e promulgados pelo Presidente da Câmara. (Redação ser expressas e fundamentadamente justificadas, com indicação
dada pela Emenda nº 014/2020) precisa das fontes de informação que lhes serviram de base. (Inclu-
§ 1º O Decreto Legislativo destina-se a regular matéria de com- ído pela Emenda nº 014/2020)
petência exclusiva da Câmara Municipal que produza efeitos exter-
nos, não dependendo de sanção ou veto do Prefeito. (Incluído pela SEÇÃO VII
Emenda nº 014/2020) DO PLEBISCITO E DO REFERENDO
§ 2º A Resolução destina-se a regular matéria de sua exclusiva
competência e de interesse interno da Câmara Municipal, não de- Art. 70-B Mediante proposta fundamentada da maioria dos
pendendo de sanção ou veto do Prefeito. (Incluído pela Emenda nº membros da Câmara Municipal ou de cinco por cento dos eleitores
014/2020) inscritos no Município e aprovação do Plenário por dois terços de
§ 3º Nos casos de projeto de Resolução e de projeto de Decreto votos favoráveis, será submetida a plebiscito ou referendo questão
Legislativo, considerar-se-á encerrada com a votação final a elabo- de relevante interesse do Município ou do Distrito. (Incluído pela
ração da norma jurídica, que será promulgada pelo Presidente da Emenda nº 014/2020)
Câmara. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 1º Aprovada a proposta, caberá ao Legislativo, no prazo má-
ximo de trinta dias, a convocação do plebiscito ou a autorização do
SUBSEÇÃO VIII referendo a ser realizado pela Justiça Eleitoral, conforme dispõe a
DA REJEIÇÃO DA PROPOSIÇÃO legislação federal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 2º Só poderá ser realizado um plebiscito ou referendo em
Art. 70. A matéria constante do projeto de lei rejeitado somen- cada sessão legislativa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
te poderá ser objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, § 3º A proposta que já tenha sido objeto de plebiscito ou re-
mediante proposta da maioria absoluta dos membros da Câmara, ferendo somente poderá ser apresentada depois de cinco anos de
assim como o Projeto de lei que receber parecer contrário, quanto carência. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ao mérito, de todas as Comissões para as quais for encaminhado. Art. 70-C Convocado o plebiscito ou autorizado o referendo,
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) o projeto legislativo ou medida administrativa não efetivada cujas
Art. 70-A As leis Municipais serão reunidas em codificações e matérias constituam objeto de consulta popular terá sustada sua
consolidações, integradas por volumes contendo matérias conexas tramitação até que o resultado das urnas seja proclamado. (Incluído
e afins, constituindo em seu todo a Consolidação de Legislação Mu- pela Emenda nº 014/2020)
nicipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 70-D O plebiscito ou referendo, convocado nos termos des-
§ 1º A consolidação consistirá na integração de todas as leis ta Lei, será considerado aprovado ou rejeitado, por maioria simples,
pertinentes a determinada matéria num único diploma legal, re- de acordo com o resultado homologado pelo Tribunal Regional Elei-
vogando-se formalmente as leis incorporadas à consolidação, sem toral. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
modificação do alcance nem interrupção da força normativa dos
dispositivos consolidados. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) SEÇÃO VIII
§ 2º Preservando-se o conteúdo normativo original dos dispo- DA FISCALIZAÇÃO
sitivos consolidados, poderão ser feitas as seguintes alterações nos
projetos de lei de consolidação: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) SUBSEÇÃO I
I - introdução de novas divisões do texto legal base; (Incluído DA CONTABILIDADE, DAS FINANÇAS E DO ORÇAMENTO
pela Emenda nº 014/2020)
II - diferente colocação e numeração dos artigos consolidados; Art. 71. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) cional e patrimonial do Município e das entidades da administração
III - fusão de disposições repetitivas ou de valor normativo direta e indireta, quanto a legalidade, legitimidade, economicidade,
idêntico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) eficiência, aplicação das subvenções e renúncia de receitas pró-
IV - atualização da denominação de órgãos e entidades da ad- prias ou repassadas, será exercida pela Câmara Municipal, median-
ministração pública; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) te controle externo, e pelos sistemas de controle interno de cada
poder, conforme previsto em lei. (Redação dada pela Emenda nº
V - atualização de termos antiquados e modos de escrita ultra- 014/2020)
passados; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 1º O controle externo da Câmara será exercido com o auxí-
lio do Tribunal de Contas do Estado, e compreenderá a apreciação
VI - atualização dos valores de penas pecuniárias, com base em das contas do Prefeito e da Mesa da Câmara, o acompanhamento
indexação padrão; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) das atividades financeiras e orçamentárias, bem como o julgamento
VII - eliminação de ambiguidades decorrentes do mau uso do das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e
vernáculo; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) valores públicos.
VIII - homogeneização tecnológica do texto; (Incluído pela
Emenda nº 014/2020)

154
LEGISLAÇÃO

§ 2º As contas do Prefeito, prestadas anualmente, serão julga- SUBSEÇÃO II


das pela Câmara dentro de 60 (sessenta) dias após o recebimento DO CONTROLE INTERNO
do parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado, podendo esse
prazo ser prorrogado por igual período, a requerimento funda- Art. 72. Os Poderes Legislativo e Executivo manterão, de for-
mentado da Comissão de Finanças e Orçamento, e, se não houver ma integrada, sistema de controle interno, a fim de: (Redação dada
deliberação dentro desse prazo, o parecer prévio será incluído na pela Emenda nº 014/2020)
Ordem do Dia, sobrestando-se as demais proposições, para que se I - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à efi-
ultime a votação. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) cácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
§ 3º Somente por decisão de 2/3(dois terços) dos membros da nos órgãos e entidades da Administração Municipal, bem como da
Câmara Municipal deixará de prevalecer o parecer emitido pelo Tri- aplicação de recursos públicos municipais por entidades de direito
bunal de Contas do Estado. privado; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 4º As contas do Município ficarão, no decurso do prazo pre- II - avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plu-
visto pelo § 2º deste artigo, à disposição de qualquer contribuinte, rianual, as execuções dos planos de governo e dos orçamentos do
para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimi- município; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
dade, nos termos da lei. III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
§ 5º As contas relativas à aplicação dos recursos transferidos tias, bem como dos direitos e deveres do município; (Redação dada
pela União e Estado serão prestadas na forma da legislação Federal pela Emenda nº 014/2020)
e Estadual em vigor, podendo o Município suplementá-las, sem pre- IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti-
juízo de sua inclusão na prestação anual de contas. tucional. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 6º Prestará contas, conforme estabelecido pela legislação § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe-
pertinente, qualquer pessoa física, entidade pública ou privada que cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên-
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e cia à Comissão Permanente de Finanças e Orçamento da Câmara
valores públicos do Município, ou que por eles responda, ou que, Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Incluí- § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato
do pela Emenda nº 014/2020) é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
§ 7º O contribuinte poderá questionar a legitimidade das con- ilegalidades perante a Comissão Permanente de Finanças da Câma-
tas mediante petição escrita e por ele assinada, perante a Câmara ra Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 3º A Comissão Permanente de Finanças e Orçamento da Câ-
§ 8º A Câmara apreciará as objeções ou impugnações do con- mara Municipal, tomando conhecimento de irregularidade, poderá
tribuinte em sessão ordinária dentro de, no mínimo, vinte dias a solicitar à autoridade responsável que, no prazo de cinco dias úteis,
contar de seu recebimento. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) preste os esclarecimentos agindo na forma do Parágrafo único do
§ 9º Se acolher a petição, a Câmara remeterá o expediente ao art. 71-A. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Tribunal de Contas, para pronunciamento e, ao Prefeito, para de- § 4º Entendendo pela irregularidade ou ilegalidade, a Comis-
fesa e explicações, depois do que, julgará as contas em definitivo. são Permanente de Finanças e Orçamento proporá as medidas que
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) julgar convenientes à situação. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 10. O balancete do Município, relativo à receita e despesa § 5º O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio do Tri-
do mês anterior, será encaminhado à Câmara e publicado mensal- bunal de Contas do Estado, e o sistema de controle interno de cada
mente até o dia 20 (vinte), mediante edital afixado em local de fácil poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das nor-
acesso, na sede da Prefeitura e da Câmara, bem como no site oficial mas desta Lei Orgânica, com ênfase ao que se refere a: (Incluído
das respectivas instituições. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
§ 11. No processo de julgamento das contas, com apontamento I - atingimento das metas estabelecidas na Lei de Diretrizes Or-
do Tribunal de Contas, deverão ser observados os princípios consti- çamentárias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
tucionais do contraditório e da ampla defesa, sob pena de nulidade. II - limites e condições para a realização de operações de crédito
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) e inscrições em Restos a Pagar; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 12. Rejeitadas as contas, serão estas imediatamente reme- III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pes-
tidas ao Ministério Público para os fins de direito. (Incluído pela soal ao respectivo limite; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) IV - providências tomadas para a recondução dos montantes
Art. 71-A A Comissão Permanente de Finanças e Orçamento, das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; (Incluí-
diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob for- do pela Emenda nº 014/2020)
ma de investimentos não programados ou de subsídios não apro- V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
vados, poderá solicitar da autoridade responsável que, no prazo tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Orgânica;
de oito dias, preste os esclarecimentos necessários. (Incluído pela (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) VI - cumprimento de limite de gastos totais do Legislativo muni-
Parágrafo único. Não prestados os esclarecimentos ou consi- cipal, quando houver. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
derados estes insuficientes, a Comissão Permanente de Finanças e Art. 72-A Ao final de cada quadrimestre, os titulares dos Pode-
Orçamento proporá à Câmara Municipal a sua sustação. (Incluído res Executivo e Legislativo deverão apresentar à Câmara Municipal
pela Emenda nº 014/2020) o relatório de gestão fiscal, na forma disposta no seu Regimento
Interno. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

155
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO IX V - projetos de lei enviados para sanção ou veto do Executivo,


DOS SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS com respectivos prazos; VI - relação do patrimônio imobiliário do
Legislativo Municipal.
Art. 73. Os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos Secretá-
rios Municipais e dos Vereadores serão fixados por Lei de iniciativa CAPÍTULO II
da Câmara Municipal no último ano da Legislatura, até 30 (trinta) DO PODER EXECUTIVO
dias antes das eleições municipais, vigorando para a legislatura se-
guinte, observado o disposto na Constituição Federal, Constituição SEÇÃO I
do Estado do Rio de Janeiro, na Lei Complementar 101/2000 e na DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO
presente Lei Orgânica, determinando-se o valor em moeda corrente
no país, vedada qualquer vinculação, com periodicidade estabele- Art. 75. O Poder Executivo Municipal é exercido pelo Prefeito,
cida nas leis fixadoras. (Redação dada pela Emenda nº 007/2008) auxiliado pelos Secretários Municipais. (Incluído pela Emenda nº
Parágrafo único. Os subsídios serão revistos na mesma época e 014/2020)
na mesma proporção em que for revista a remuneração dos servi- Parágrafo único. Aplica-se à elegibilidade para Prefeito e Vice-
dores municipais, sendo que os subsídios dos Agentes Políticos do -Prefeito o disposto na Constituição Federal e legislação Federal.
Legislativo Municipal através de Lei promulgada pelo Presidente da (Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - SUPRIMIDO (Revogado pela
Câmara. (Redação dada pela Emenda nº 005/2010) Emenda nº 014/2020)
Art. 73-A Os subsídios dos Vereadores terão como limites as II - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
determinações contidas na Constituição Federal. (Incluído pela III - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) IV - SU-
Emenda nº 007/2008) PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) V - SUPRIMIDO (Re-
§ 1º O subsídio do Presidente da Câmara será 10% (dez por vogado pela Emenda nº 014/2020) VI - SUPRIMIDO (Revogado pela
cento) maior que o dos Vereadores. (Incluído pela Emenda nº Emenda nº 014/2020) VII - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº
007/2008) 014/2020)
§ 2º O subsídio do 1º Secretário da Mesa Executiva da Câmara Art. 76. A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizar-se-á
será 5% (cinco por cento) maior que o dos Vereadores. (Incluído simultaneamente com a de
pela Emenda nº 007/2008) Vereadores, nos termos estabelecidos no art. 29, incisos I e II
§ 3º ... (Incluído pela Emenda nº 007/2008) DA Constituição Federal. Parágrafo único. A eleição do Prefeito
§ 4º Os subsídios dos vereadores poderão ser alterados por lei importará a do Vice-Prefeito com ele registrado.
específica de iniciativa da Mesa Executiva da Câmara observando o Art. 77. O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse no dia 1º de
mesmo índice e data estabelecida na revisão geral do funcionalismo janeiro do ano subsequente à eleição, em sessão da Câmara Muni-
público municipal. (Incluído pela Emenda nº 007/2008) cipal, ou, se esta não estiver reunida, perante a autoridade judicial
Art. 73-B O subsídio do Prefeito será duas vezes o fixado para o competente, prestando o compromisso de manter, defender e cum-
Vereador mais 2/3 (dois terços), tendo como limite máximo remu- prir a Lei Orgânica, observar as Leis da União, do Estado e do Muni-
neratório os previstos na Constituição Federal. (Incluído pela Emen- cípio, promover o bem-estar geral dos munícipes e exercer o cargo
da nº 007/2008) sob a inspiração da democracia, da legitimidade, da legalidade e da
Art. 73-C SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) justiça. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
Art. 73-D Ao vereador em viagem a serviço da Câmara para fora Parágrafo único. Decorridos dez dias da data fixada para posse,
do município é assegurado o ressarcimento dos gastos com locomo- se o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo motivo de força maior aceito
ção, alojamento e alimentação (Incluído pela Emenda nº 004/2001) pela maioria absoluta da Câmara Municipal, não tiver assumido o
Art. 73-E Fica assegurado o pagamento de abono de férias e cargo, este será declarado vago, por ato do Presidente da Câmara
13º salário a Vereadores, Vice- Prefeito, Prefeito e Secretários Mu- ou a requerimento de qualquer eleitor. (Redação dada pela Emenda
nicipais. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
Art. 78. No ato da posse o Prefeito e o Vice-Prefeito deverão
SEÇÃO X desincompatibilizar-se e fazer declaração de seus bens, incluindo
DA TRANSIÇÃO ADMINISTRATIVA DA CÂMARA MUNICIPAL de seu cônjuge e dependentes, repetida anualmente e quando do
término do mandato, sendo transcritas em livro próprio, resumidas
Art. 74. Ao término do mandato da Mesa Executiva da Câmara, em ata. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
o Presidente em exercício elaborará relatório a ser entregue ao su- § 1º Fica estabelecido o início de cada sessão legislativa como
cessor, no qual constará os seguintes dados: data limite para a apresentação da declaração anual a que se refere
I - relação detalhada das dívidas, bem como a identificação dos o caput do artigo. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
credores, datas de vencimentos e condições de amortização; § 2º Será apresentada a declaração de bens no início do exercí-
II - receita prevista para o período seguinte, com previsão de cio do cargo, sob pena de impedimento de assumir o cargo. (Reda-
seus gastos; ção dada pela Emenda nº 014/2020)
III - indicação numérica dos projetos de lei, em tramitação, § 3º Enquanto não ocorrer a posse do novo Prefeito, assumirá o
quem tenham relevância para a administração pública; cargo o Vice-Prefeito, e, na falta ou impedimento deste, o Presiden-
IV - quadro nominativo dos funcionários da Casa, com respecti- te da Câmara e, se este também estiver impedido, observar-se-á o
va relação dos cargos em comissão e salários; critério de substituição previsto no art. 80. (Incluído pela Emenda
nº 014/2020)
§ 4º Se o cargo for declarado vago, proceder-se-á nos termos do
art. 79 deste dispositivo legal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

156
LEGISLAÇÃO

Art. 78-A O exercício do mandato dar-se-á automaticamente V - nomear e exonerar os Secretários Municipais; (Redação
com a posse, assumindo o Prefeito todos os direitos e obrigações dada pela Emenda nº 014/2020)
inerentes ao cargo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) VI - dispor por decreto, nos termos da Lei, a desapropriação,
Art. 79. Substituirá o Prefeito, no caso de impedimento e suce- por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social; (Re-
der-lhe-á, no de vaga, o Vice- Prefeito. dação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 1º O Vice-Prefeito não poderá recusar-se a substituir o Prefei- VII - expedir decretos, portarias e outros atos administrativos;
to, sob pena de extinção do seu mandato. VIII - permitir ou autorizar o uso de bens municipais por ter-
§ 2º O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que lhe forem ceiros;
conferidas por lei, auxiliará o Prefeito, sempre que ele for convoca- IX - prover e extinguir os cargos públicos e expedir os demais
do para missões especiais. atos referentes à situação funcional dos servidores, na forma da lei;
§ 3º A investidura do Vice-Prefeito em Secretaria Municipal não (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
impedirá as funções previstas no parágrafo anterior, devendo este X - enviar à Câmara Municipal o Plano Plurianual, o projeto de
optar pelo subsídio de um ou de outro cargo. (Incluído pela Emenda lei das diretrizes orçamentárias e a proposta de orçamento previs-
nº 014/2020) tos nesta Lei Orgânica; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
Art. 80. Em caso de impedimento do Prefeito e do Vice-Prefei- XI - encaminhar à Câmara, até 15 de abril, a prestação de con-
to, ou vacância do cargo, serão sucessivamente chamados a assumir tas, bem como os balanços do exercício findo;
a administração municipal o Presidente e o Vice- Presidente da Câ- XII - encaminhar aos órgãos competentes os planos de aplica-
mara. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) ção e as prestações de contas exigidas em lei;
Parágrafo único. A recusa do Presidente da Câmara, por qual- XIII - fazer publicar os atos oficiais;
quer motivo, a assumir o cargo de Prefeito, importará em automá- XIV - prestar à Câmara, dentro de quinze dias, as informações
tica renúncia à sua função de dirigente do Legislativo, ensejando, pela mesma solicitadas, salvo prorrogação, a seu pedido e por prazo
assim, a eleição de outro membro para ocupar, como Presidente da determinado, em face da complexidade da matéria ou da dificulda-
Câmara, e a chefia do Poder Executivo. de de obtenção, nas respectivas fontes, de dados necessários ao
Art. 81. Verificando-se a vacância do cargo de prefeito e inexis- atendimento do pedido, sob pena de incorrer em ato de infração
tindo Vice-Prefeito, observar-se- á o seguinte: político-administrativa; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
I - ocorrendo a vacância nos dois primeiros anos do mandato, XV - prover os serviços e obras da administração publicas;
dar-se-á eleição noventa dias após a sua abertura, cabendo aos elei- XVI - superintender a arrecadação dos tributos, bem como a
tos completar o período de seus antecessores; guarda e aplicação da receita, autorizando as despesas e pagamen-
II - ocorrendo vacância nos dois últimos anos do mandato, a tos dentro das disponibilidades orçamentárias ou dos créditos vota-
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois de aberta dos pela Câmara, nos termos da Lei Complementar nº 101/2000 e
a última vaga, pela Câmara Municipal, na forma da lei e nos termos desta Lei Orgânica; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
do Regimento Interno.(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) XVII - colocar à disposição da Câmara, dentro de dez dias da sua
Art. 82. O mandato do Prefeito é de quatro anos, podendo ser requisição, as quantias que devam ser dispendidas de uma só vez
reeleito para um único período subsequente, e terá início em 1º e, até o dia vinte de cada mês, os recursos correspondentes às suas
de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela dotações orçamentárias, compreendendo os créditos suplementa-
Emenda nº 014/2020) res especiais;
Art. 83. O Prefeito e o Vice-Prefeito, quando no exercício do XVIII - aplicar multas previstas em lei e contratos bem como
cargo, não poderão, sem licença da Câmara Municipal, ausentar-se revê-las quando impostas irregularmente;
do Município por período superior a quinze dias, sob pena de perda XIX - resolver sobre os requerimentos, reclamações ou repre-
do cargo ou do mandato. sentação que lhe forem dirigidas;
Parágrafo único. O Prefeito regularmente licenciado, terá direi- XX - oficializar, obedecidas as normas urbanísticas aplicáveis, as
to a receber a remuneração, quando: vias e logradouros públicos, mediante denominação aprovada pela
I - impossibilitado de exercer o cargo por motivo de doença de- Câmara;
vidamente comprovada; II - a serviço ou em missão de representa- XXI - convocar, no período de recesso, extraordinariamente a
ção do Município; Câmara, quando o interesse da administração o exigir; (Redação
III - em caso de gestação, se for o caso, por prazo não superior dada pela Emenda nº 014/2020)
a cento e vinte dias. XXII - aprovar projetos de edificação e planos de loteamento,
arruamento e zoneamento urbano ou para fins urbanos;
SEÇÃO II XXIII - apresentar, semestralmente, à Câmara, relatório circuns-
DAS ATRIBUIÇÕES DO PREFEITO tanciado sobre o estado das obras e dos serviços municipais, bem
assim o programa de administração para o exercício corrente;
Art. 84. Compete privativamente ao Prefeito, dentre outras XXIV - organizar os serviços internos das repartições criadas por
atribuições: (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) lei, com observância do limite das dotações a elas destinadas;
I - iniciar o processo legislativo, na forma e casos previstos nes- XXV - contrair empréstimos e realizar operações de crédito,
ta Lei Orgânica; II - representar o Município em juízo e fora dele; mediante prévia autorização da Câmara;
III - sancionar e fazer publicar as leis aprovadas pela Câmara e XXVI - providenciar sobre a administração dos bens do Municí-
expedir os regulamentos para sua fiel execução; pio e sua alienação, na forma da lei;
IV - vetar, todo ou em parte, os projetos de lei aprovados pela XXVII - organizar e dirigir, nos termos da lei, os serviços relati-
Câmara; vos às terras do Município; XXVIII - desenvolver o sistema viário do
Município;

157
LEGISLAÇÃO

XXIX - conceder auxílios, prêmios e subvenções, nos limites das Art. 85-B Os Secretários Municipais, auxiliares diretos e de con-
respectivas verbas orçamentárias e do plano de distribuição, prévia fiança do Prefeito serão responsáveis solidariamente com o mesmo
e anualmente aprovada pela Câmara; pelos atos que praticarem ou referendarem no exercício do cargo.
XXX - providenciar sobre o incremento do ensino; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
XXXI - estabelecer a divisão administrativa do Município, de Art. 85-C A Câmara Municipal poderá cassar o mandato do
acordo com a lei; Prefeito quando, em processo regular, observando os princípios do
XXXII - solicitar o auxílio das autoridades policiais do Estado, na artigo seguinte, com os meios e recursos a ela inerentes, concluir-
garantia do cumprimento de seus atos; -se pela prática de infração político-administrativa. (Incluído pela
XXXIII - solicitar, obrigatoriamente, autorização à Câmara para Emenda nº 014/2020)
ausentar-se do Município por tempo superior a quinze dias;
XXXIV - adotar providências para a conservação e salvaguarda SEÇÃO III
do patrimônio municipal; DA PERDA E DA EXTINÇÃO DO MANDATO
XXXV - estimular a participação popular e estabelecer progra-
ma de incentivo a projetos de organização comunitária, nos campos Art. 86. É vedado ao Prefeito assumir outro cargo ou função
social e econômico, cooperativas de produção e mutirões; XXXVI - na Administração Pública Direta e Indireta, ressalvada a posse em
enviar a Câmara Municipal, até o dia 15(quinze) do mês subsequen- virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, II, IV
te o balancete do mês anterior; e V, da Constituição Federal, e no art. 31 desta Lei Orgânica.
XXXVII - exercer, com o auxílio dos Secretários Municipais, a di- § 1º Ao Prefeito e ao Vice-prefeito é vedado desempenhar fun-
reção superior da administração municipal; (Incluído pela Emenda ção, a qualquer título, em empresa privada com vínculo com a Ad-
nº 014/2020) ministração Municipal.
XXXVIII - dispor sobre a organização e o funcionamento da ad- § 2º A infringência ao disposto neste artigo e em seu § 1º impli-
ministração municipal, na forma da lei; (Incluído pela Emenda nº cará perda do mandato.
014/2020) Art. 87. As incompatibilidades declaradas no art. 47, seus inci-
XXXIX - comparecer ou remeter mensagem e plano de governo sos e alíneas desta Lei Orgânica, estendem-se, no que forem aplicá-
à Câmara Municipal por ocasião da abertura da sessão legislativa, veis, ao Prefeito e aos Secretários Municipais ou autarquias equi-
expondo a situação do município e solicitando as providências que valentes.
julgar necessárias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 88. São crimes de responsabilidade do Prefeito os previstos
XL - nomear, após a aprovação da Câmara Municipal, os servi- na Lei Federal.
dores que a lei determinar; XLI - publicar: (Incluído pela Emenda nº Parágrafo único. O Prefeito será julgado, pela prática de crime
014/2020) de responsabilidade, perante o Tribunal de Justiça do Estado.
a) até trinta dias após o encerramento da cada bimestre, o re- Art. 89. São infrações político-administrativas do Prefeito as
latório resumido da execução orçamentária; (Incluído pela Emenda previstas em Lei Federal.
nº 014/2020) Parágrafo único. O Prefeito será julgado, pela prática de infra-
b) diariamente, por edital, o movimento de caixa do dia ante- ções politico-administrativas, perante a Câmara.
rior; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 90. Será declarado vago, pela Câmara Municipal, o cargo
c) mensalmente, o balancete resumido da receita e da despesa; de Prefeito quando:
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - ocorrer falecimento, ou renúncia ou condenação por crime
d) mensalmente, os montantes de cada um dos tributos arre- funcional ou eleitoral;
cadados e recursos recebidos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) II - deixar de tomar posse, sem motivo justo e aceito pela Câ-
e) anualmente, até 30 de março, pelo órgão oficial do Estado mara, dentro de dez dias;
ou diário de grande circulação local, as contas da Administração, III - quando tiver o mandato cassado na forma do art. 85-C des-
constituídas do balanço financeiro, patrimonial e orçamentário e ta Lei Orgânica; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
demonstração das variações patrimoniais em forma sintética; (In- IV - perder ou tiver suspensos os direitos políticos.
cluído pela Emenda nº 014/2020)
f) a cada dois meses, os gastos com manutenção e desenvol- SEÇÃO IV
vimento do ensino, indicando o percentual em relação à receita; DOS AUXILIARES DIRETOS DO PREFEITO
(Incluído pela Emenda nº 014/2020)
g) as publicações previstas neste inciso serão encaminhadas, Art. 91. São auxiliares diretos do Prefeito: I - os Secretários Mu-
concomitantemente, à Câmara Municipal, em cópias. (Incluído pela nicipais;
Emenda nº 014/2020) II - os Diretores de órgãos da Administração Pública Direta, das
Art. 85. O Prefeito poderá delegar, por decreto, a seus auxilia- Autarquias e Fundações.
res, funções administrativas previstas no incisos IX, XV, XXIV do ar- Parágrafo único. É vedada a nomeação de cônjuge, compa-
tigo anterior. nheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
Art. 85-A O Prefeito poderá delegar, por decreto aos seus se- terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
cretários municipais a função de autorização dc despesas e paga- da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
mentos dentro das possibilidades orçamentárias ou dos créditos ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
votados pela Câmara. (Redação dada pela Emenda à Lei orgânica confiança ou, ainda, de função gratificada na administração públi-
nº 16/2021) ca direta e indireta do Município, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)

158
LEGISLAÇÃO

Art. 92. A lei municipal estabelecerá as atribuições dos auxi- SEÇÃO V


liares diretos do Prefeito, definindo- lhes a competência, deveres e DA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO
responsabilidades.
Art. 93. São condições essenciais para a investidura no cargo de Art. 98-B A Procuradoria Geral do Município é instituição de
Secretário ou Diretor: I - ser brasileiro; natureza permanente, essencial à administração pública municipal,
II - estar no exercício dos direitos políticos; III - ser maior de responsável, direta ou indiretamente, pela advocacia do Município
vinte e um anos. e pela assessoria e consultoria jurídica do Poder Executivo, sendo
Art. 94. Além das atribuições fixadas em lei, compete aos Se- orientada pelos princípios da legalidade e da indisponibilidade do
cretários ou Diretores: interesse público. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e Parágrafo único. Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Municí-
entidades da administração municipal na área de sua competência pio disciplinará sua competência e a dos órgãos que a compõem e
e subscrever atos, decretos, assinados pelo Prefeito que digam res- disporá sobre o regime jurídico dos integrantes da carreira de pro-
peito a sua pasta e regulamentos referentes aos seus órgãos; (Reda- curador do Município. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ção dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 98-C A Procuradoria Geral do Município tem como funções
II - expedir instruções para a boa execução das leis, decretos ou institucionais: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
regulamentos; I - representar judicial e extrajudicialmente o Município; (Inclu-
III - apresentar ao Prefeito relatório anual dos serviços reali- ído pela Emenda nº 014/2020)
zados por suas secretarias ou órgãos; IV - comparecer à Câmara II - exercer as funções de consultoria e assessoria jurídicas do
Municipal, sempre que convocados pela mesma, para prestação de Poder Executivo e da administração geral; (Incluído pela Emenda nº
esclarecimentos oficiais; 014/2020)
V - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem III - prestar assessoria técnico-legislativa ao Prefeito Municipal;
outorgadas ou delegadas pelo Prefeito. (Incluído pela Emenda nº (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
014/2020) IV - preparar petições de ação direta de inconstitucionalidade
§ 1º Os decretos, atos e regulamentos referentes aos serviços exercida pelo Prefeito Municipal, contra Leis ou atos normativos
autônomos ou autárquicos serão referendados pelo Secretário ou municipais, em face da Constituição Estadual; (Incluído pela Emen-
Diretor da Administração. da nº 014/2020)
§ 2º A infringência do inciso IV desde artigo, sem justificação, V - promover a inscrição, manter o controle e efetuar a cobran-
importa em crime de responsabilidade, nos termos da Lei Federal. ça da divida ativa municipal; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 95. Os Secretários e Diretores são plenamente responsá- VI - propor ação civil pública representando o Município; (Inclu-
veis pelos atos que assinarem, ordenarem ou praticarem. ído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 96. Lei Municipal, de iniciativa do Prefeito, poderá criar Ad- VII - exercer outras funções que lhe forem conferidas por Lei.
ministração de Bairros e Administração Distritais. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 1º Aos administradores de Bairros e Distritos, como delega-
dos do Poder Executivo, compete: SEÇÃO VI
I - cumprir e fazer cumprir as leis, resoluções, regulamentos e, DA TRANSIÇÃO ADMINISTRATIVA
mediante instruções expedidas pelo Prefeito, os atos pela Câmara
e por ele aprovados; Art. 99. Conhecidos os resultados das eleições para o Executivo
II - atender as reclamações das partes e encaminhá-las ao Pre- Municipal será constituída uma “Comissão de Transição”, que, nos
feito, quando se tratar de matéria estranha às suas atribuições ou últimos 60 (sessenta) dias, do governo a findar-se, terá livre acesso
quando for o caso; às informações sobre a administração e finanças do Município.
III - indicar ao Prefeito as providências necessárias aos bairros Parágrafo único. À Comissão de Transição, de livre escolha do
ou distritos; IV - fiscalizar os serviços que lhe são afetos; Prefeito a ser empossado, caberá elaborar relatório, a ser publicado
V - prestar contas ao Prefeito mensalmente, ou quando lhes no órgão oficial da Municipalidade, contendo:
forem solicitadas. I - dívida do Município, por credor, com datas de vencimen-
Art. 97. Os Administradores, em caso de licença ou impedimen- tos, inclusive das dívidas a longo prazo, encargos decorrentes de
to, serão substituídos por pessoas de livre escolha do Prefeito. operações de crédito e a capacidade da Administração em realizar
Art. 98. Os auxiliares diretos do Prefeito apresentarão declara- operações de crédito de qualquer natureza;
ção de bens, incluindo a de seu cônjuge e dependentes, no ato de II - medidas necessárias à regularização das contas municipais
posse e no término do exercício do cargo, que constará dos arquivos perante o Tribunal de Contas do Estado;
da Prefeitura, e cujas cópias serão devidamente encaminhadas à III - prestação de contas de convênios celebrados com a União
Câmara Municipal. e o Estado, ou seus organismos, bem como do recebimento de sub-
Art. 98-A Lei Complementar disporá sobre a criação, estrutura- venções e auxílios;
ção e atribuição das Secretarias Municipais. (Incluído pela Emenda IV - situação dos contratos com concessionárias e permissioná-
nº 014/2020) rias de serviços públicos;
§ 1º Nenhum órgão da administração pública municipal, direta V - fase dos contratos de obras e serviços, com informações
ou indireta, deixará de ser estruturada a uma Secretaria Municipal. sobre prazos, pagamentos efetuados, prestações a vencer e demais
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) cláusulas contratuais;
§ 2º A Chefia do Gabinete do Prefeito e a Procuradoria Geral do VI - transferências a serem recebidas da União e do Estado, por
Município terão a estrutura de Secretaria Municipal. (Incluído pela força de mandado constitucional ou convênios; (Redação dada pela
Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020)

159
LEGISLAÇÃO

VII - projetos de lei, de iniciativa do Executivo, em andamento § 3º Na hipótese do imóvel situar-se apenas parcialmente no
no Legislativo Municipal; território do Município, o IPTU será lançado proporcionalmente à
VIII - fluxo de caixa previsto para os 6 (seis) meses subsequen- área nele situada.
tes, com previsão de receitas e despesas;
IX - projetos de lei, enviados ao Executivo, para sanção ou veto § 4º O valor venal do imóvel, para efeito de lançamento do
e seus respectivos prazos; IPTU, será fixado segundo critérios de zoneamento urbano e rural
X - situação dos servidores públicos nomeados ou concursados, estabelecido por lei municipal, atendido, na definição da zona ur-
sem custo, quantidade e órgãos onde estão lotados e em exercício, bana, o requisito mínimo da existência de, pelo menos, dois me-
em relação nominal; lhoramentos construídos ou mantidos pelo Poder Público, dentre
XI - termo de ajustamento de conduta firmado com o Ministério os seguintes:
Público Estadual ou Federal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
TITULO V III - sistema de esgoto sanitário;
DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA CAPÍTULO I DOS IV - rede de iluminação pública, com posteamento para distri-
TRIBUTOS MUNICIPAIS buição domiciliar;
V - posto de saúde ou escola primária a uma distância máxima
Art. 100. O poder impositivo do Município sujeita-se às regras de 03 (três) quilômetros do imóvel considerado.
e limitações estabelecidas nas Constituições Federal e Estadual, no § 5º O IPTU poderá ser progressivo no tempo, especificamente
Código Tributário Nacional e nessa Lei, sem prejuízo de outras ga- para assegurar o cumprimento da função social da propriedade, se-
rantias que a legislação tributária assegure ao contribuinte. (Reda- gundo o disposto no art. 182 da Constituição Federal.
ção dada pela Emenda nº 014/2020) § 6º Não se sujeitam ao IPTU os imóveis destinados à explora-
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e ção agrícola, pecuária, extrativa vegetal, animal ou agroindustrial,
serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, qualquer que seja sua localização.
facultando à Administração Tributária; especialmente para confe- § 7º Sujeitam-se ao IPTU os imóveis que, embora situados fora
rir efetividade a seus objetivos, identificar, respeitados os direitos da zona urbana, sejam comprovadamente utilizados como “sítios de
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as veraneio”, e cuja a eventual produção não se destine ao comércio.
atividades econômicas do contribuinte. § 8º O contribuinte poderá, a qualquer tempo, requerer nova
§ 2º Só lei específica poderá conceder anistia ou remissão fis- avaliação de sua propriedade, para fins de lançamento no IPTU.
cal. § 9º A atualização do valor básico para cálculo do IPTU pode-
§ 3º É vedado: rá ocorrer a qualquer tempo, durante o exercício financeiro, desde
I - conceder isenção de taxas e de contribuições de melhoria; que limitado à variação dos índices oficiais de correção monetária.
II - conceder parcelamento para pagamento de débitos fiscais, § 10. O Imposto de Transmissão não incide sobre a transmissão
em prazo superior a 60 (sessenta) meses na via administrativa ou de bens e direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
na judicial. em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens e direi-
Art. 101. O Município poderá instituir os seguintes tributos: tos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
I - imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do ad-
(IPTU); quirente for a compra e venda desses bens e direitos, a localização
II - imposto sobre a Transmissão Inter Vivos (ITBI), a qualquer de bens imóveis ou o arrendamento mercantil de imóveis.
título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão § 11. Considera-se caracterizada a atividade preponderante
física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem quando mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional
como a cessão de direitos à sua aquisição; da pessoa jurídica adquirente, nos dois anos anteriores e nos dois
III - imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e anos subsequentes à aquisição, decorrer de compra e venda de
Gasosos (IVVC), exceto óleo diesel e gás de uso doméstico; bens imóveis ou de direitos a ele relativos, de locação ou arrenda-
IV - imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), defini- mento mercantil de imóveis.
dos em lei complementar; § 12. Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades
V - taxas, em razão do exercício regular do poder de polícia ou após a aquisição, ou menos de dois anos antes dela, apurar-se-á a
pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos preponderância referida no parágrafo anterior, levando em conta os
e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. três primeiros anos seguintes à data da aquisição.
VI - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas; § 13. Verificada a preponderância, tornar-se-á devido o impos-
VII - contribuição para o custeio da iluminação pública. (Incluí- to, nos termos da lei vigente na data da aquisição, sobre o valor do
do pela Emenda nº 014/2020) bem ou direito naquela data.
§ 1º A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, ou § 14. O Imposto de Transmissão não incidirá na desapropriação
seu valor locativo real, conforme dispuser a lei municipal, nele não de imóveis, nem no seu retorno ao antigo proprietário por não mais
compreendido o valor venal dos bens móveis mantidos, em caráter atender à finalidade de desapropriação.
permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utiliza- § 15. Para fins de incidência sobre Vendas a Varejo de Combus-
ção, exploração, aformoseamento ou comodidade. tível Líquidos ou Gasosos, considera-se “Venda a Varejo” a realizada
§ 2º Para fins de lançamento do IPTU, considerar-se-á o valor ao consumidor final.
venal do terreno, no caso do imóvel em construção. § 16. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de im-
postos, nem serão graduadas em função do valor financeiro ou eco-
nômico do bem, direito ou interesse do contribuinte.

160
LEGISLAÇÃO

§ 17. A Taxa de Localização será cobrada, inicialmente, quan- II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se en-
do da expedição do correspondente alvará, e posteriormente, por contrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em
ocasião da primeira fiscalização efetivamente realizada em cada razão de ocupação profissional, ou função por eles exercidas, in-
exercício. dependente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
§ 18. Qualquer interrupção na prestação de serviços públicos direitos;
municipais, salvo relevante motivo de interesse público, desobriga- III - cobrar tributos:
rá o contribuinte de pagar as taxas ou tarifas correspondentes ao a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da lei
período da interrupção, cujo valor será deduzido diretamente da que os houver instituído ou aumentado;
conta que lhe apresentar o órgão ou entidade prestador do serviço. b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
§ 19. O produto de arrecadação das taxas e das contribuições a lei que os institui ou aumentou; IV - utilizar tributos com efeitos
de melhorias destina-se, exclusivamente, ao custeio dos serviços e de confisco;
atividades ou das obras públicas que lhes dão fundamento. V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por
§ 20. Lei Municipal instituirá Unidade Fiscal Municipal para meio de tributos municipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela
efeito de atualização monetária dos créditos fiscais do Município. utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
§ 21. A devolução de tributos indevidamente pagos, ou pagos a VI - instituir imposto sobre:
maior, será feita pelo seu valor corrigido até sua efetivação, caso o a) patrimônio, renda ou serviços da União ou do Estado; (Reda-
Poder Público seja o causador dessa devolução. ção dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 22. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de im- b) templos de qualquer culto;
postos. c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclu-
§ 23. Legislação Municipal sobre matéria tributária respeitará sive suas fundações, das entidades sindicais, das instituições de
as disposições da lei complementar federal: educação, de assistência social e de entidades representativas da
I - sobre conflito de competência; população, atendidos os requisitos da lei e desde que não tenham
II - regulamentação às limitações constitucionais do poder de fins lucrativos;
tributar; III - as normas gerais sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impres-
a) definição de tributo e suas espécies, bem como fatos gerado- são;
res, bases de cálculos e contribuintes de impostos; VII - conceder qualquer anistia ou remissão que envolva ma-
b) obrigação, lançamento, crédito, preservação e decadência téria tributária ou previdenciária, senão mediante a edição de lei
tributários; municipal específica;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo pelas so- VIII - estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de
ciedades cooperativas. qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino;
§ 24. O Município poderá instituir contribuição, cobrada de IX - instituir taxas que atentem contra:
seus servidores, para custeio, em benefícios destes, de sistema de a) o direito de petição aos Poderes Públicos, para defesa de
previdência social. direitos ou contra ilegalidade de abuso de poder;
Art. 102. A lei complementar estabelecerá as alíquotas relati- b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe-
vas aos impostos e valores das taxas e contribuições de melhorias, sa de direitos e esclarecimentos de situação de interesse pessoal.
estabelecendo os critérios para sua cobrança. (Redação dada pela Parágrafo único. A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às au-
Emenda nº 014/2020) tarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo pode público,
Art. 103. O município poderá, mediante convênio com o Estado no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados ás
e outros municípios, coordenar e unificar os serviços de fiscalização suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. (Redação dada
e arrecadação de tributos, bem como delegar à União, ao Estado e pela Emenda nº 014/2020)
aos Municípios, ou deles receber, encargos de administração tribu-
tária. CAPÍTULO III
Art. 104. São isentos do Imposto Predial e Territorial Urbano DA PARTICIPAÇÃO DO MUNICÍPIO NAS RECEITAS
os aposentados e pensionistas que tenham a propriedade ou posse TRIBUTÁRIAS
civil de um único imóvel no Município, cuja área edificada não ultra-
passe 70 m² (setenta metros quadrados), e que percebam proven- Art. 106. Pertencem ao Município:
tos iguais ou inferiores a 2 (dois) salários mínimos. (Redação dada I - o produto de arrecadação do Imposto da União sobre renda
pela Emenda nº 014/2020) I - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre ren-
nº 014/2020) dimentos pagos, a qualquer título, por ele, suas autarquias e pelas
II - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) fundações que instituir e mantiver;
II - 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do
CAPÍTULO II Imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamen-
DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR te aos imóveis nele situados;
III - 50% (cinquenta por cento) do produto da arrecadação do
Art. 105. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao con- Imposto do Estado sobre propriedade de veículos automotores li-
tribuinte, é vedado ao Município: I - instituir ou aumentar tributos cenciados em seu território;
sem que a lei o estabeleça; IV - 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do
Imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de merca-
dorias e sobre prestação de serviços de transportes interestadual e
intermunicipais e de comunicação.

161
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Mu- a) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) b) SU-
nicípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) c) SUPRIMIDO (Re-
seguintes critérios: vogado pela Emenda nº 014/2020) d) SUPRIMIDO (Revogado pela
a) 3/4 (três quartos) no mínimo, na proporção do valor adi- Emenda nº 014/2020)
cionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, realizados em seu território; § 4º As Diretrizes Orçamentárias atenderão ao disposto no § 2º
b) Até 1/4 (um quarto), de acordo com o que dispuser a lei do art. 165 da Constituição Federal e disporão sobre: (Incluído pela
estadual. Emenda nº 014/2020)
Art. 107. Caberá ainda ao Município: a) as prioridades da Administração Municipal, quer de órgão
I - a respectiva quota no Fundo de Participação dos Municípios, da Administração Direta, quer da Administração Indireta, com as
como disposto no art. 159, inciso I, alínea “b”, da Constituição Fe- respectivas metas, incluindo a despesa de capital para o exercício
deral; financeiro subsequente; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - a respectiva quota do produto da arrecadação do imposto b) orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual;
sobre produtos industrializados, como disposto no art. 159, inciso (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II, e § 3º, da Constituição Federal e art. 150, inciso III, da Constitui- c) alterações na legislação tributária; (Incluído pela Emenda nº
ção Estadual; 014/2020)
III - a respectiva quota do produto da arrecadação do imposto d) autorização para concessão de qualquer vantagem ou au-
de que trata o inciso V, do art. mento de remuneração; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
153, da Constituição Federal, nos termos do § 5º, inciso II, do e) criação de cargos ou alterações de estruturas de carreiras,
mesmo artigo. bem como a demissão de pessoal a qualquer título, pelas unidades
Art. 108. Aplica-se à Administração Tributária e Financeira do governamentais da Administração Direta ou Indireta, inclusive as
Município o disposto no art. 34, § fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público Municipal, res-
§ 2º, I, II, III, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e art. 41, § § 1º e 2º do Ato das salvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista;
Disposições Transitórias da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 108-A O Município acompanhará o cálculo das quotas e a f) equilíbrio entre receita e despesas; (Incluído pela Emenda nº
liberação de sua participação nas receitas tributárias a serem repar- 014/2020)
tidas pela União e pelo Estado. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) g) critérios e forma de limitação de empenho; (Incluído pela
Emenda nº 014/2020)
TÍTULO VI h) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re-
DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
(Incluído pela Emenda nº 014/2020)
CAPÍTULO I i) demais condições e exigências para transferências a entida-
DO ORÇAMENTO des públicas e privadas. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 5º Integrará o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
Art. 109. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: anexo de metas fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais,
I - o Plano Plurianual; em valores correntes e constantes, relativo a receita, despesas, re-
II - as Diretrizes Orçamentárias; III - os Orçamentos Anuais. sultado nominal e primário e montante da dívida pública, para o
§ 1º O projeto do Plano Plurianual, para vigência até o final exercício a que se referirem e para os dois seguintes. (Incluído pela
do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente, será Emenda nº 014/2020)
encaminhado até 31 de agosto do primeiro exercício financeiro e § 6º O anexo conterá, ainda: (Incluído pela Emenda nº
devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. 014/2020)
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) I - avaliação do cumprimento das metas do ano anterior; (Inclu-
a) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) b) SUPRI- ído pela Emenda nº 014/2020)
MIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) c) SUPRIMIDO (Revo- II - demonstrativo das metas anuais, instruídos com memória e
gado pela Emenda nº 014/2020) metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
§ 2º A lei que estabelecer o Plano Plurianual deverá ser ela- comparando-os com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
borada no primeiro ano de mandato, até quatro meses antes do denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
encerramento do exercício, e estabelecerá, por distritos, bairros e política econômica nacional; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
regiões, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública III - evolução do patrimônio líquido, também nos três últimos
municipal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
para as relativas aos programas de duração continuada. (Redação com a alienação de ativos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) IV
dada pela Emenda nº 014/2020) - avaliação da situação financeira atual: (Incluído pela Emenda nº
a) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) b) SU- 014/2020)
PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) c) SUPRIMIDO (Re- a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
vogado pela Emenda nº 014/2020) d) SUPRIMIDO (Revogado pela dores públicos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) b) dos demais fundos públicos e programas municipais de natu-
§ 3º O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será encami- reza atuarial. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nhado até 15 de abril e devolvido para sanção até o encerramen-
to do primeiro período da sessão legislativa. (Redação dada pela
Emenda nº 014/2020)

162
LEGISLAÇÃO

§ 7º A Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá Anexo de Riscos VII - identificação, de forma regionalizada, dos efeitos, sobre as
Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris- receitas e despesas, decorrentes de isenção, remissões, subsídios e
cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên- benefícios de natureza tributária, financeira e creditícia.
cias a serem tomadas, caso se concretizem. (Incluído pela Emenda Art. 111. A Lei Orçamentária anual não conterá dispositivos
nº 014/2020) estranhos à previsão da receita e à fixação de despesas, não se in-
§ 8º O Projeto de Lei Orçamentária Anual será encaminhado cluindo na proibição a autorização para abertura de créditos adicio-
até 31 de agosto e devolvido para sanção até o encerramento da nais e a contratação de operações de créditos, inclusive por anteci-
sessão legislativa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) pação de receita, nos termos da lei.
§ 9º O Projeto de Lei Orçamentária Anual, elaborado de forma Art. 112. Os Planos e programas municipais de execução plu-
compatível com o Plano Plurianual, com a Lei de Diretrizes Orça- rianual ou anual serão elaborados em consonância com o Plano
mentárias e com as normas da Lei Complementar nº 101/2000: (In- Plurianual e com as Diretrizes Orçamentárias, respectivamente, e
cluído pela Emenda nº 014/2020) apreciados pela Câmara Municipal.
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da Art. 113. Os orçamentos previstos no § 8º do art. 109 serão
programação dos orçamentos com os objetivos e metas; (Incluído compatibilizados com o Plano Plurianual e as Diretrizes Orçamentá-
pela Emenda nº 014/2020) rias evidenciando os programas e políticas do Governo Municipal.
II - será acompanhada do documento a que se refere o § 6º do (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
art. 165 da Constituição Federal, bem como das medidas de com-
pensação às renúncias de receita e ao aumento de despesas obriga- CAPÍTULO II
tórias de caráter continuado; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) DA VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização
e montante, definida com base na receita corrente líquida, será es- Art. 114. Os projetos de lei relativos ao Plano Plurianual, às
tabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias, destinadas ao aten- diretrizes orçamentárias e a proposta do orçamento anual, todos
dimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais de iniciativa privativa do Poder Executivo, serão apreciados pela
imprevistos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Câmara Municipal na forma do Regimento Interno, respeitados os
§ 10. Todas as despesas relativas a dívida pública, mobiliária dispositivos deste artigo. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
ou contratual, e as receitas que a atenderão, constarão da Lei Orça- Parágrafo único. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº
mentária Anual. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
§ 11. O refinanciamento da dívida pública constará separada- § 1º Caberá à Comissão Permanente de Finanças e Orçamen-
mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. (Incluído pela tos: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) I - examinar e emitir parecer sobre os projetos e propostas re-
§ 12. A atualização monetária do principal da dívida mobiliária feridos neste artigo e sobre as contas apresentadas pelo Prefeito, e
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre- pela Mesa da Câmara; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) II - exa-
vistos na Lei de Diretrizes Orçamentárias ou em legislação específi- minar e emitir parecer sobre planos e programas municipais, dis-
ca. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) tritais, de bairros, regionais e setoriais previsto nesta Lei Orgânica
§ 13. É vedado consignar na lei orçamentária crédito com fina- e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem
lidade imprecisa ou com dotação ilimitada. (Incluído pela Emenda prejuízo da atuação das demais Comissões Permanentes da Câmara
nº 014/2020) Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 14. A lei orçamentária não consignará dotação para investi- § 2º As emendas serão apresentadas perante a Comissão,
mento com duração superior a um exercício financeiro que não seja que sobre elas emitirá parecer escrito. (Incluído pela Emenda nº
previsto no Plano Plurianual ou lei que autorize sua inclusão. (Inclu- 014/2020)
ído pela Emenda nº 014/2020) § 3º As emendas à proposta do orçamento anual ou aos proje-
§ 15. Obedecerá às disposições de lei complementar federal tos que o modifiquem somente poderão ser aprovadas caso: (Inclu-
específica a legislação municipal referente a: (Incluído pela Emenda ído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) I - sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de
I - exercício financeiro; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Diretrizes Orçamentárias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - vigência, prazo, elaboração e organização do Plano Plurianu- II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro-
al, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual; venientes de anulação de despesas, excluídas as que incidem sobre:
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
III - normas de gestão financeira e patrimonial da administra- a) dotações para pessoal e seus encargos; (Incluído pela Emen-
ção direta e indireta, bem como instituição de fundos. (Incluído pela da nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) b) serviço da dívida municipal; (Incluído pela Emenda nº
Art. 110. O projeto de Lei Orçamentária será instruído com 014/2020) III - sejam relacionadas: (Incluído pela Emenda nº
demonstrativos específicos com detalhamento das ações governa- 014/2020)
mentais, em nível mínimo de: a) com a correção de erros ou omissões; (Incluído pela Emenda
I - órgão ou entidade responsável pela realização da despesa de nº 014/2020)
função; II - objetivos e metas; b) com os dispositivos do texto da proposta ou do projeto de
III - natureza da despesa; lei. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
IV - fontes de recurso; § 4º As emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
V - órgãos ou entidades beneficiários; não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o Plano Plu-
VI - identificação dos investimentos por região do Município; rianual. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

163
LEGISLAÇÃO

§ 5º O Prefeito Municipal poderá enviar mensagem à Câmara III - a realização de operações de créditos que excedam o mon-
Municipal para propor modificações nos projetos e propostas a que tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comis- créditos suplementares ou especiais, com finalidade precisa, apro-
são, da parte cuja alteração é proposta. (Incluído pela Emenda nº vados pela Câmara Municipal, por maioria absoluta;
014/2020) IV - a vinculação de receita de imposto a órgãos, fundos ou
§ 6º Aplicam-se aos projetos e propostas mencionados neste despesa, ressalvada a destinação de recursos para manutenção e
artigo, no que não contrariar o disposto nesta subseção, as demais desenvolvimento do ensino como estabelecido na Constituição Fe-
normas relativas ao processo legislativo. (Incluído pela Emenda nº deral, e prestação de garantias às operações de crédito por anteci-
014/2020) pação de receita; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 7º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou re- V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem pré-
jeição da proposta de orçamento anual, ficarem sem despesas cor- via autorização legislativa, por maioria absoluta, e sem indicação
respondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante dos recursos correspondentes; (Redação dada pela Emenda nº
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto- 014/2020)
rização legislativa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) VI - a transposição, remanejamento ou transferência de recur-
§ 8º As emendas ao Plano Plurianual ficam sujeitas à projeção sos de uma categoria de programação para a outra ou de um órgão
da capacidade econômica do Município. (Incluído pela Emenda nº para outro, sem prévia autorização legislativa, por maioria absoluta;
014/2020) (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
Art. 115. O projeto de Lei Orçamentária Anual para o exercício VII - a concessão de crédito limitado;
financeiro seguinte será enviado pelo Prefeito à Câmara Municipal VIII - a utilização, sem autorização legislativa, por maioria ab-
nos prazos estabelecidos nesta Lei Orgânica. soluta, específica, de recursos do orçamento fiscal e da segurida-
§ 1º Se não receber o projeto de Lei Orçamentária anual no de social, para suprir necessidades ou cobrir déficit de empresas,
prazo fixado, ou se o mesmo for rejeitado pela Câmara Municipal, fundações e fundos do Município; (Redação dada pela Emenda nº
prevalecerá, para o ano seguinte, o orçamento do exercício em cur- 014/2020)
so, aplicando-se-lhe a atualização dos valores. IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
§ 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) autorização legislativa, por maioria absoluta. (Redação dada pela
§ 3º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020)
§ 4º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer-
Art. 116. As entidades autárquicas, fundações e sociedades de cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no Plano
economia mista do Município terão seus orçamentos aprovados Plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
através de lei. contra a administração. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
§ 1º Os orçamentos das entidades referidas neste artigo vincu- § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no
lar-se-ão ao orçamento do Município, pela inclusão: exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de
a) como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo autorização for promulgado nos últimos quatros meses daquele
positivo previsto entre os totais das receitas e despesas; exercício, caso em que, reabertos nos limites dos seus saldos, serão
b) como subvenção econômica, na receita do orçamento da incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admiti-
previsto entre os totais das receitas e das despesas. da para atender despesas imprevisíveis e urgentes, decorrentes de
§ 2º Os investimentos ou inversões financeiras do Município re- calamidade pública, pelo Prefeito, como medida provisória. (Reda-
alizados por intermédio das entidades aludidas neste artigo, serão ção dada pela Emenda nº 014/2020)
classificados como receita de capital destas e despesas de transfe- Art. 120. Os recursos correspondentes as dotações orçamentá-
rência de capital daquele. rias compreendidos dos créditos suplementares e especiais, desti-
§ 3º As previsões para depreciação serão computadas para nados ao Poder Legislativo, ser-lhe-ão entregues em duodécimos,
efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas entidades. até o dia 20 (vinte) de cada mês.
Art. 117. Os orçamentos das autarquias municipais serão publi- Art. 121. A despesa com o pessoal ativo do Município não po-
cados como complemento ao orçamento do Município. derá exceder os limites estabelecidos em lei.
Art. 118. O Tribunal de Contas do Estado é competente para Parágrafo único. A concessão de qualquer vantagens ou au-
decidir as arguições de inexistência ou dualidade de orçamentos mento de remuneração de cargos ou alteração de estrutura de car-
municipais, bem como declarar a ineficácia de dispositivos, rubricas reiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos
ou dotações que, em Lei Orçamentária dos Municípios, contrariem órgãos e entidades da Administração Direta ou Indireta, inclusive
princípios das Constituições Federal e Estadual. Fundação instituída e mantida pelo Poder Público, só poderão ser
feitos:
CAPÍTULO III I - se houver dotação orçamentária suficiente para atender as
DAS VEDAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorren-
tes;
Art. 119. São vedados: II - se houver autorização específica na lei de Diretrizes Orça-
I - o início de programas ou projetos não incluídos na Lei Orça- mentárias, ressalvadas as empresas e as sociedades de economia
mentária Anual; mista.
II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas
que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

164
LEGISLAÇÃO

TÍTULO VII III - promoção de melhoramento na área rural, na medida ne-


DA POLÍTICA ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO cessária ao seu ajustamento ao crescimento dos núcleos urbanos;
(Incluído pela Emenda nº 014/2020)
CAPÍTULO I IV - estabelecimento de prescrição, usos, reservas e destinos
DA POLÍTICA URBANA de imóveis, recursos hídricos e áreas verdes. (Incluído pela Emenda
nº 014/2020)
Art. 122. A política urbana a ser formulada no âmbito do pro- Art. 122-C A política de desenvolvimento urbano do Município
cesso de planejamento municipal terá por objetivo o pleno desen- terá como prioridade básica, no âmbito de sua competência, asse-
volvimento das funções sociais da cidade e o bem-estar de seus gurar o direito de acesso à moradia adequada, com condições míni-
habitantes, obedecidas as normas gerais fixadas em lei federal, me- mas de privacidade e segurança, atendidos os serviços de transpor-
diante a implementação dos seguintes objetivos gerais: (Redação te coletivo, saneamento básico, educação, saúde, lazer, e demais
dada pela Emenda nº 014/2020) dispositivos de habitabilidade condigna. (Incluído pela Emenda nº
I - ordenação da expansão urbana; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
014/2020) II - integração urbano-rural; (Incluído pela Emenda nº § 1º O Poder Público Municipal, inclusive mediante estímulo
014/2020) e apoio a entidades comunitárias e a construtores privados, pro-
III - prevenção e correção das distorções do crescimento urba- moverá as condições necessárias, incluindo a execução de planos e
no; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) programas habitacionais, para a efetivação desse direito. (Incluído
IV - proteção, prevenção e recuperação do patrimônio históri- pela Emenda nº 014/2020)
co, turístico, artísticos, cultural, arquitetônico, ambiental e paisagís- § 2º A habitação será tratada dentro do contexto do desenvol-
tico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) vimento urbano, de forma conjunta e articulada com os demais as-
V - controle do uso do solo de modo a evitar: (Incluído pela pectos da cidade. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) Art. 122-D O Código de Obras e Edificações conterá normas
a) o parcelamento do solo e a edificação vertical excessiva com e diretrizes relativas às construções no território municipal, con-
relação aos equipamentos urbanos e comunitários existentes; (In- signando princípios sobre a segurança, funcionalidade, higiene,
cluído pela Emenda nº 014/2020) salubridade e estética das construções e definirá regras sobre pro-
b) a ociosidade, subutilização ou não utilização do solo urbano porcionalidade entre ocupação e equipamentos urbanos. (Incluído
edificável; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
c) usos incompatíveis ou inconvenientes. (Incluído pela Emen- Art. 123. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
da nº 014/2020) § 1º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
Parágrafo único. As funções sociais da cidade objetivam o § 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
acesso de todos os cidadãos aos bens e aos serviços urbanos, as- § 3º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
segurando-se-lhes condições de vida e moradia compatíveis com o Art. 124. O direito à propriedade é inerente à natureza do ho-
estágio de desenvolvimento do Município, mediante a adoção dos mem, dependendo seus limites e seu uso da conveniência social.
seguintes instrumentos: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 125. A propriedade cumpre sua função social quando aten-
I - Lei de Diretrizes Urbanísticas do Município; (Incluído pela de às exigências fundamentais de ordenação da cidade, expressa no
Emenda nº 014/2020) Plano Diretor.
II - elaboração e execução de Plano Diretor; (Incluído pela Parágrafo único. As desapropriações de imóveis urbanos serão
Emenda nº 014/2020) feitas com prévia e justa indenização em moeda corrente do país.
III - leis e plano de controle do uso, do parcelamento e da ocu- Art. 126. O Poder Público estimulará a criação de cooperativas
pação do solo urbano; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) de moradores, destinadas à construção de casa própria e auxiliará
IV - Código de Obras e Edificações; (Incluído pela Emenda nº o esforço das populações de baixa renda na edificação de suas ha-
014/2020) V - Código de Posturas Municipais. (Incluído pela Emen- bitações.
da nº 014/2020) Art. 127. Na aprovação de loteamentos e desmembramentos,
Art. 122-A A Lei de Diretrizes Urbanísticas do Município com- pelo Poder Executivo, deverão ser observados os requisitos estabe-
preenderá os princípios gerais, os objetivos, a definição de áreas de lecidos em lei.
ordenamento prioritário e as de ordenamento diferido e normas Art. 128. O Município poderá, mediante lei especifica, para
gerais de orientação dos planos diretor e de controle de uso, parce- área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da Lei Federal, do
lamento e ocupação do solo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não uti-
Art. 122-B Os planos urbanísticos aprovados por Lei constituem lizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena su-
os instrumentos básicos do processo de produção, reprodução e cessivamente de:
uso do espaço urbano, mediante a definição, entre outros, dos se- I - parcelamento ou edificação compulsória;
guintes objetivos gerais: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) II - imposto sobre a propriedade territorial urbano progressivo
I - controle do processo de urbanização, para assegurar-lhe no tempo;
equilíbrio e evitar o despovoamento das áreas agrícolas ou pastoris; III - desapropriação, com o pagamento mediante título da divi-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) da pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
II - organização das fundações da cidade, abrangendo habita- com prazo de resgate de até 05 (cinco) anos, em parcelas anuais,
ção, trabalho, circulação, recreação, democratização da convivência iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
social e realização de vida urbana digna; (Incluído pela Emenda nº juros legais.
014/2020)

165
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. As áreas ociosas dos parques industriais te- § 4º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 002/2009) I - SU-
rão de ser arborizadas, sob pena de aplicação do imposto territorial PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 002/2009)
progressivo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 133. O transporte coletivo de passageiros é um serviço pú-
Art. 129. O Plano Diretor e a lei de diretrizes gerais regulamen- blico essencial e um direito fundamental do cidadão, sendo de res-
tarão, segundo as peculiaridades, as seguintes normas básicas den- ponsabilidade do Município o planejamento, a operação direta ou
tre outras: concessão das linhas municipais e dos vários meios de transporte.
I - proibição de construções e edificações sobre dutos, valões, (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
vias e similares de esgotamento ou passagens de cursos d’água; § 1º A concessão será renovada, caso a empresa tenha cum-
II - condição de desafetação de bens de uso comum do povo prido todas as exigências legais, obrigatoriamente no prazo de 120
à prévia aprovação das populações circunvizinhas ou diretamente (cento e vinte) dias, após o início de cada mandato eletivo.
interessadas; § 2º São isentos do pagamento de tarifas nos transportes cole-
III - restrição à utilização da área que apresente riscos geoló- tivos urbanos:
gicos;
IV - regularização dos loteamentos clandestinos, abandonados I - os cidadãos com mais de 65 (sessenta e cinco) anos;
ou não titulados, desde que atendam às conduções mínimas de II - os alunos da rede pública escolar, portadores de vale-trans-
parcelamento do solo e infraestrutura; porte fornecido pela Secretaria Municipal de Educação; (Redação
V - preservação das áreas de exploração agrícola e pecuária, e dada pela Emenda nº 014/2020) III - as crianças até cinco anos de
estímulo a essas atividades primárias; idade;
VI - preservação e recuperação do meio ambiente urbano e IV - portador de deficiência e seu acompanhante, nos Termos
cultural; da Lei regulamentar.
VII - criação de áreas de especial interesse urbanístico, social, § 3º O aumento da tarifa de transporte será definido em lei
ambiental e turístico e utilização pública. complementar.
Art. 130. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) § 4º Não será permitido o transporte de material tóxico ou in-
Parágrafo único. Inconstitucionalidade (Processo nº flamável nos transportes coletivos urbanos.
2000.0007.00026) Art. 133-A Compete ao Município: (Incluído pela Emenda nº
Art. 131. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) I - 014/2020) I - organizar e gerir o tráfego local; (Incluído pela Emenda
SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
II - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) III - SU- II - administrar terminais rodoviários e organizar e gerir o trans-
PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) porte coletivo de passageiros por ônibus; (Incluído pela Emenda nº
Art. 131-A O Município poderá constituir Guarda Civil Munici- 014/2020)
pal e Ambiental destinada à proteção de seus cidadãos, de bens, III - planejar o sistema viário e localização dos polos geradores
serviços e instalações, dos órgãos públicos da Administração direta, de tráfego e transporte; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
indireta, autárquica e fundacional, permitida em lei federal, e terá IV - fiscalizar o cumprimento de horário do transporte coletivo
organização, funcionamento e comando na forma da lei comple- urbano e rural executado pelas empresas concessionárias ou per-
mentar. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) missionárias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 131-B Lei Municipal de iniciativa do Executivo disporá so- V - organizar e gerir os fundos referentes à venda de passes e de
bre a constituição de Comissão de Defesa Civil, destinada a auxiliar aquisição de vale-transporte; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
as autoridades civis na prevenção e socorro às vítimas de acidentes. VI - organizar e gerir os serviços de táxi e de lotação; (Incluído
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
VII - definir e cobrar tarifa para embarque de passageiros atra-
CAPÍTULO II vés de Decreto; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
DO TRANSPORTE E SERVIÇO PÚBLICO VIII - regulamentar e fiscalizar os serviços de transporte escolar,
fretamento e transportes especiais de passageiros; (Incluído pela
Art. 132. Ressalvadas as atividades de Planejamento e controle, Emenda nº 014/2020)
a Administração Municipal poderá desobrigar-se da realização ma- IX - implantar sinalização, obstáculos, parada de ônibus e áreas
terial de tarefas executivas, recorrendo, sempre que conveniente de estacionamento; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ao interesse público, à execução indireta, mediante concessão ou X - manter as vias públicas em perfeito estado de conservação
permissão de serviço público ou de utilidade pública, verificando e uso. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
que a iniciativa privada esteja suficientemente desenvolvida e ca- Art. 133-B O Município poderá implantar vias expressas, mar-
pacitada para o seu desempenho. ginais às rodovias e estradas vicinais, visando facilitar a instalação
§ 1º A permissão de serviço público ou de utilidade pública de novos distritos industriais. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
sempre a título precário, será outorgada por decreto, após edital de Art. 133-C A prestação dos serviços de transporte público aten-
convocação de interessados para escolha do melhor pretendente derá aos seguintes princípios: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
garantida ampla divulgação. I - segurança e conforto dos passageiros, garantindo, em espe-
§ 2º A concessão só será feita com autorização legislativa, me- cial, o acesso às pessoas com necessidades especiais; (Incluído pela
diante contrato precedido de concorrência. Emenda nº 014/2020)
§ 3º O Município poderá retomar, sem indenização, os serviços II - prioridade a pedestres e usuários dos serviços; (Incluído
concedidos, desde que executados em desconformidade com o ato pela Emenda nº 014/2020)
ou contrato, bem como aqueles que se revelam insuficientes para o III - conservação ambiental contra a poluição atmosférica e so-
atendimento dos usuários. nora; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

166
LEGISLAÇÃO

IV - integração entre os sistemas e os meios de transporte e rurais (proprietários ou não), mulheres rurais, jovens rurais e asso-
racionalização de itinerários; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) ciações, diretamente, ou mediante convênio com órgãos públicos
V - participação das entidades representativas das comunida- estaduais.
des e dos usuários, no planejamento e na fiscalização dos serviços. § 3º O Programa de Desenvolvimento Rural deverá dar origem
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) em prazo máximo de 36 (trinta e seis) meses, a um zoneamento
Parágrafo único. A lei regulamentará a prestação de serviço de agrícola para o Município, de modo a preservar as áreas para ativi-
táxi e assemelhados. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) dade agropecuária.
Art. 133-D O Município, em consonância com sua política ur- § 4º O Município instalará, no prazo máximo de 36 (trinta e
bana e segundo o disposto em seu Plano Diretor, deverá promover seis) meses, o Matadouro Público Municipal para atender aos cria-
planos e programas setoriais destinados a melhorar as condições dores locais.
do transporte público, da circulação de veículos e da segurança de Art. 137. O Município poderá destinar à empresa de Assistência
trânsito. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Técnica e Extensão Rural - EMATER - RJ, um percentual de até 2%
Art. 134. Lei específica disporá sobre: (dois por cento) da dotação do Fundo de Participação do Município,
I - regime de empresas concessionárias e permissionárias de que lhe será repassada em duodécimos, em convênio a ser realiza-
serviços públicos ou de utilidade pública, o caráter especial de seu do. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
contrato e de sua prorrogação e as condições de invalidade, fiscali- Art. 138. O Programa de Desenvolvimento Rural do Município
zação e rescisão da concessão ou permissão; terá por objetivo básico o fomento à produtividade e diversificação
II - os direitos do usuário; de atividades agropecuárias, agroindustriais e turismo rural através,
III - política tarifária, levando-se em consideração, entre outros principalmente, das seguintes ações do Poder Executivo Municipal,
elementos, a distância e a estrada a ser percorrida; diretamente ou mediante convênio com Organização de Produtores
IV - a obrigação de manter os serviços adequados; legalmente estabelecidos no Município: (Redação dada pela Emen-
V - as reclamações relativas às prestações de serviços públicos da nº 014/2020)
ou de utilidade pública. I - abertura e manutenção adequada das estradas vicinais no
Art. 134-A É dever do Poder Público fornecer um transporte território municipal, visando facilitar o deslocamento das pessoas
coletivo com tarifa condizente com o poder aquisitivo da popula- envolvidas, bem como insumos e safras produzidas;
ção, bem como assegurar a qualidade dos serviços. (Incluído pela II - criação e manutenção de Patrulha Motomecanizada, com
Emenda nº 014/2020) implementos adequados para os serviços de terraplenagem e dre-
Art. 134-B O Poder Público Municipal só permitirá a entrada nagem, para prestação de serviços aos produtores, diretamente ou
em circulação de novos ônibus no transporte coletivo municipal se mediante convênio com organizações legalizadas, representativas
estes estiverem adaptados para o livre acesso e circulação das pes- dos produtores rurais do Município; (Redação dada pela Emenda
soas com deficiências físicas e motoras. (Incluído pela Emenda nº nº 014/2020)
014/2020) III - orientação aos produtores rurais sobre técnicas de manejo
e conservação do solo e de recursos hídricos; (Redação dada pela
CAPÍTULO III Emenda nº 014/2020)
DA POLÍTICA DE AGRICULTURA E PECUÁRIA IV - manutenção de programas de produção e/ou distribuição
de sementes, mudas, melhoramento genético e outros insumos aos
Art. 135. Compete ao Município o desenvolvimento rural em produtores, mediante compromisso de reciprocidade, visando o fo-
seu território, observado o disposto na Constituição Federal e Cons- mento à produção e à diversificação; (Redação dada pela Emenda
tituição Estadual, de forma a garantir o uso rentável e autossusten- nº 014/2020)
tável dos recursos naturais disponíveis. (Redação dada pela Emenda V - criação de Polos de Comercialização, com os complementos
nº 014/2020) que se fizeram necessários, tais como armazéns, ensacadoras e ou-
Parágrafo único. O Município implantará, em regime de urgên- tros incentivos;
cia, o “Curral Municipal” para depósito dos animais apreendidos VI - desenvolvimento de ações no sentido de colaborar com
nas vias e logradouros públicos, estabelecendo, após a primeira in- os produtores rurais na fase de comercialização de seus produtos,
fração, multas diárias para os proprietários reincidentes. através de transporte rodoviário da fonte de produção para os mer-
Art. 136. O Município terá um plano de desenvolvimento agro- cados adjacentes, mediante convênio a ser celebrado com a pre-
pecuário, com programas anual e plurianual de desenvolvimento feitura;
rural, elaborado e organizado pelo Poder Público Municipal. (Reda- VII - priorização das aquisições de produtores do Município,
ção dada pela Emenda nº 014/2020) (Regulamentado pela Lei nº quando das demandas de produtos alimentícios para órgãos ou
165/1997) serviços públicos municipais, em especial para a merenda escolar;
§ 1º O Programa de Desenvolvimento Rural será integrado por (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
atividades agropecuárias, agroindustriais, reflorestamento, pesca VIII - oferecimento de meios para assegurar, ao pequeno pro-
artesanal, preservação do meio ambiente e bem-estar social, inclu- dutor, ao trabalhador rural e à agricultura familiar, condições de tra-
ídas as infraestruturas físicas e de serviços na zona rural e o abaste- balho e de mercado para os produtos, a rentabilidade dos empreen-
cimento alimentar. dimentos e a melhoria do padrão de vida da família rural; (Incluído
§ 2º O Programa de Desenvolvimento Rural no Município, deve pela Emenda nº 014/2020)
assegurar prioridade, incentivos e gratuidade do serviço de assis- IX - orientação do desenvolvimento rural, combatendo o êxodo
tência técnica e extensão rural aos pequenos e médios produtores rural e suas causas; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
X - fomento ao escoamento da produção, sobretudo o abasteci-
mento alimentar; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

167
LEGISLAÇÃO

XI - utilização racional dos recursos naturais, compatíveis com Art. 143-A A política de desenvolvimento rural integrará o Plano
a preservação do meio ambiente, especialmente quanto à conser- Diretor, que fixará as diretrizes para as atividades agrícola, pastoril,
vação do solo, dos mananciais, córregos e rios, evitando, de toda extrativa, agrossocial, transporte e assistência técnica à população
forma, sua destruição ou contaminação com o uso de defensivos do campo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
agrícolas e dejetos de origem humana ou animal; (Incluído pela Art. 143-B O Município incrementará a circulação da produção
Emenda nº 014/2020) agropecuária através, entre outras, das seguintes ações: (Incluído
XII - como principais instrumentos para o fomento da produção pela Emenda nº 014/2020)
da zona rural, o Município utilizará a assistência técnica, a extensão I - estímulo à criação de canais alternativos de comercialização;
rural, o armazenamento, o transporte, o associativismo e a divulga- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ção das oportunidades de crédito e incentivos fiscais; (Incluído pela II - construção e manutenção de estradas vicinais; (Incluído
Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
XIII - desenvolvimento de campanhas educativas sobre Leis Tra- III - incentivo à manutenção e administração de armazém co-
balhistas pertinentes ao uso da terra, para legalização de Contratos munitário; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
de Comodato, Contratos de Meação e outros acordos legais que IV - incentivo e apoio à realização de feiras municipais, com di-
assegurem direitos e deveres às partes. (Incluído pela Emenda nº vulgação regional, priorizando a participação da agricultura familiar
014/2020) e a produção agroecológica e orgânica. (Incluído pela Emenda nº
Art. 139. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias, no Plano Plurianu- 014/2020)
al e no Orçamento Anual, deverão ser previstos recursos necessário
para o cumprimento e execução do Plano de Desenvolvimento Ru- Art. 143-C O Município incentivará o associativismo e partici-
ral. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) pará de ações integradas para o estabelecimento de zoneamento
Art. 140. O Município aplicará, anualmente, nunca menos agrícola que oriente o desenvolvimento de programas regionais de
que 5% (cinco por cento) da Receita Municipal na manutenção e produção, armazenamento e abastecimento, bem como de preser-
desenvolvimento agropecuário. (Redação dada pela Emenda nº vação do meio ambiente. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
014/2020)
Art. 141. A cada órgão da Administração direta da Prefeitura CAPÍTULO IV
destinar-se-á um percentual de no mínimo 5% (cinco por cento) da DO TURISMO
dotação que lhe couber, para área rural, na forma que a lei dispuser.
Art. 142. O Município fomentará a Política de Desenvolvimento Art. 144. Compete ao Município incentivar o turismo como
Rural por meio das Secretarias competentes, dando aos proprie- fonte de renda para a população, criando infraestrutura básica ne-
tários e trabalhadores rurais todo o apoio social necessário, que cessária, apoiando e realizando investimento na produção, criação
deverá constar, além de outros: (Redação dada pela Emenda nº e qualificação de empreendimentos, instalação e serviço turístico.
014/2020) (Regulamentado pela Lei nº 162/1997)
I - oferta dos serviços das Políticas Públicas; (Incluído pela
Emenda nº 014/2020) Parágrafo único. Será criado o Conselho Municipal de Turismo,
II - instituição de programas de ensino agrícola, para uma me- cuja regulamentação será apreciada pela Câmara Municipal. (Reda-
lhor produtividade; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) ção dada pela Emenda nº 006/2006)
III - incentivo à eletrificação rural e às fontes de energia alterna-
tivas; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 145. Caberá ao Poder Público:
IV - transporte coletivo em ônibus das empresas concessioná- I - inventariar e regulamentar o uso, ocupação e fruição dos
rias no Município; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) bens naturais e culturais de interesse turístico;
V - escolas públicas nos locais onde não existirem; (Incluído II - fomentar o intercâmbio permanente com outras regiões do
pela Emenda nº 014/2020) VI - acesso às tecnologias de comunica- País e do Exterior;
ção. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) III - adotar medidas para o desenvolvimento dos recursos hu-
a) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) b) SU- manos voltados para o turismo; IV - proteger e preservar o patrimô-
PRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) c) SUPRIMIDO (Re- nio histórico cultural e artístico e paisagístico;
vogado pela Emenda nº 014/2020) d) SUPRIMIDO (Revogado pela V - criar condições que facilitem a participação e o acesso de
Emenda nº 014/2020) e) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº pessoas portadoras de deficiência à prática do turismo.
014/2020) f) SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) g) Art. 146. A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas
SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) de alta significação para o Município e elaborará calendário anual
de eventos turísticos.
Art. 143. A comercialização de qualquer produto de alimenta- Art. 147. Ficam tombadas, como patrimônio histórico, cultural
ção humana, “in natura” ou industrializado, dependerá de prévia e turístico, as Fontes das Biquinhas, situadas na sede do Município
e expressa autorização do Poder Executivo Municipal, através de e nos seus distritos.
sua Secretaria de Saúde e fiscalização sanitária. (Redação dada pela Parágrafo único. Novas fontes de água de interesse público si-
Emenda nº 014/2020) tuadas no Município poderão ser tombadas como patrimônio his-
Parágrafo único. A autorização, com prazo de validade definido, tórico, mediante lei específica. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
somente será expedida se o produto e as condições de comerciali-
zação atenderem aos requisitos da lei e da saúde pública. Art. 147-A Fica reconhecido o Quilombo de Santana como pa-
trimônio histórico, cultural e turístico do Município de Quatis. (In-
cluído pela Emenda nº 014/2020)

168
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO V TÍTULO VI
DOS DISTRITOS DA ORDEM SOCIAL

Art. 148. Compete ao Município, especialmente adaptada à CAPÍTULO I


zona rural, uma política destinada à saúde, educação, esporte e la- DA SEGURIDADE SOCIAL
zer.
SEÇÃO I
Art. 149. Aos distritos se aplica todo o contido nesta Lei Orgâni- DA SAÚDE
ca, principalmente: I - Saúde:
a) instalação de postos de saúde; Art. 153 . A saúde é direito de todos e dever do Município, asse-
b) assistência médica-odontológica a toda a população; c) va- gurada mediante política social, econômica e ambiental que vise a
cinação obrigatória segundo as normas de saúde; d) vigilância epi- eliminação de riscos de doenças físicas e mentais e outros agravos,
demiológica; e ao acesso igualitário e universal às ações de saúde e serviços para
e) vigilância sanitária; sua promoção, proteção e recuperação.
f) assistência à infância, ao idoso e ao deficiente físico e mental; Parágrafo único. O Município desenvolverá, junto às escolas
g) assistência à maternidade. II - Educação: públicas municipais e às comunidades carentes, ações de orienta-
ção e utilização das práticas fitoterapêuticas. (Redação dada pela
a) ensino regular a todos, conforme já definido nesta Lei Or- Emenda nº 014/2020)
gânica; Art. 153-A O Poder Público Municipal garantirá o direito à saú-
b) assistência médica-odontológica ao educando; de mediante: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
c) complementação alimentar; I - assistência á saúde em níveis primário, secundário e terciá-
d) distribuição e complementação de material didático escolar; rio; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) II - políticas sociais, econômicas e ambientais que visem o bem-
e) viabilização do acesso aos cursos de Educação de Jovens e -estar físico, mental e social do indivíduo e da coletividade e a re-
Adultos desde a alfabetização até a conclusão do Ensino Funda- dução do risco de doenças e outros agravos; (Incluído pela Emenda
mental; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
f) adequação do atendimento educacional às peculiaridades III - acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saú-
das diversas modalidades de ensino; (Redação dada pela Emenda de, em todos os níveis; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) IV - direito à obtenção de informações e esclarecimento de
g) criação de condições de ensino para os alunos com defici- interesse da saúde individual e coletiva, inclusive os relativos às
ência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e atividades desenvolvidas pelo sistema; (Incluído pela Emenda nº
superdotação; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
h) artes visuais, dança, música e teatro como linguagens que V - atendimento integral ao indivíduo, abrangendo a promoção,
constituirão o componente curricular; (Redação dada pela Emenda preservação e recuperação de sua saúde. (Incluído pela Emenda nº
nº 014/2020) 014/2020)
i) criação de condições para a prática esportiva, bem como dos Art. 154. Para atingir os objetivos estabelecidos no artigo an-
locais adequados para esta finalidade; (Redação dada pela Emenda terior, o Município promoverá por todos os meios ao seu alcance:
nº 014/2020) I - assistência médica-odontológica obrigatória em toda rede
j) incentivar, nas escolas da rede municipal, a divulgação de escolar municipal;
presente Lei Orgânica Municipal. II - condições dignas de trabalho, saneamento, moradia, ali-
mentação, educação, transporte e lazer;
Art. 150. O Plano Diretor do Município deverá conter todo as- III - respeito ao meio ambiente e controle da poluição;
sunto pertinente aos distritos. IV - formação de consciência sanitária individual nas primeiras
idades, através do ensino público;
Art. 151. As estradas de acesso de Distrito a Distrito e de Distri- V - serviços hospitalares indispensáveis, cooperando com a
to à sede do Município deverão ser conservadas com manutenção União e o Estado, bem como as iniciativas particulares e filantró-
frequente. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) picas;
VI - combate a moléstias específicas, contagiosas e infectocon-
Parágrafo único. O Município dará prioridade, em manutenção tagiosas; VII - combate ao uso de tóxicos e tratamento de seus usu-
e conservação, às estradas que se interligam e de distrito a distrito. ários;
VIII - serviços de assistência à maternidade, à infância, ao idoso
Art. 152. Aos Distritos é garantia a política de saneamento bási- e ao deficiente físico e mental;
co e distribuição de água. IX - acesso universal e igualitário de todos os habitantes do Mu-
nicípio a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da
saúde, sem qualquer discriminação.
§ 1º Fica o Poder Público autorizado a criar, através de lei, o
serviço de inspeção e fiscalização sanitária municipal, observando a
Legislação Federal e Estadual sobre alimentos.

169
LEGISLAÇÃO

§ 2º Os estabelecimentos de ensino do Município, em coope- Art. 159. O Município aplicará, anualmente, em ações e serviços
ração com as Unidades de Atenção Primária, promoverão acompa- públicos de saúde, 15% (quinze por cento) do produto de arrecada-
nhamento dos alunos a fim de evitar o contágio de moléstias in- ção dos impostos de sua competência e dos recursos por repasse
fectocontagiosas, tornando indispensável a apresentação do cartão da União e do Estado. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
de vacinação no ato da matrícula. (Redação dada pela Emenda nº Art. 159-A As ações e os serviços de saúde executados e desen-
014/2020) volvidos pelos órgãos e instituições públicas municipais ou munici-
§ 3º A lei municipal instituirá os centros de qualidade devida, palizadas da administração direta, indireta e funcional constituem
para atendimento pré-natal, creche e maternal. o Sistema Único de Saúde, nos termos da Constituição Federal, que
§ 4º Criação do Conselho Municipal de Saúde, através de lei. organizará de acordo com as seguintes diretrizes e bases: (Incluído
§ 5º Instalação de postos de saúde, para atendimento médico e pela Emenda nº 014/2020)
odontológico nos Bairros e Distritos. I - descentralização, com direção única no âmbito do Município,
Art. 155. As ações e serviços de saúde são de relevância pú- sob a direção de um profissional de saúde; (Incluído pela Emenda
blica, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da Lei, sobre nº 014/2020)
sua regulamentação e controle. (Redação dada pela Emenda nº II - municipalização dos recursos, serviços e ações de saúde,
014/2020) com estabelecimento em Lei dos critérios de repasse das verbas
§ 1º As ações e os serviços de preservação da saúde abrangem oriundas das esferas federal e estadual; (Incluído pela Emenda nº
o ambiente natural, os locais públicos e de trabalho. (Incluído pela 014/2020)
Emenda nº 014/2020)
§ 2º As ações e serviços de saúde serão realizados, preferen- III - integração das ações e serviços com base na regionalização
cialmente, de forma direta pelo Poder Público ou através de tercei- e hierarquização do atendimento individual e coletivo adequado
ros, e pela iniciativa privada. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) às diversas realidades epidemiológicas; (Incluído pela Emenda nº
§ 3º A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. (Incluído 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) IV - gratuidade dos serviços prestados, vedada a cobrança de
§ 4º As pessoas físicas e as pessoas jurídicas de direito privado, despesas e taxas, sob qualquer título; (Incluído pela Emenda nº
quando participarem do Sistema Único de Saúde, ficam sujeitas às 014/2020)
diretrizes e às normas administrativas incidentes sobre o objeto de V - gerenciamento do Município; (Incluído pela Emenda nº
convênio ou de contrato. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
§ 5º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílio VI - atendimento integral, com prioridades para as atividades
ou subvenção às instituições privadas com fins lucrativos. (Incluído preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; (Incluído pela
pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020)
Art. 156. É assegurada na área de saúde, a liberdade de exercí- VII - participação da comunidade. (Incluído pela Emenda nº
cio profissional e de organização de serviços privados, na forma da 014/2020)
lei, de acordo com os princípios da política nacional de saúde e as § 1º Visando à primazia do direito a vida, para assegurar o real
normas do Conselho Municipal de Saúde. direito à saúde, garantido na Constituição Federal, o Município, no
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma suple- âmbito de sua competência, assegurará: (Incluído pela Emenda nº
mentar, do Sistema Único de Saúde do Município, mediante contra- 014/2020)
to de Direito Público, com preferência para as entidades filantrópi- I - acesso universal e igualitário às ações e serviços de promo-
cas e as sem fins lucrativos. ção, proteção e recuperação da saúde; (Incluído pela Emenda nº
§ 2º As instituições privadas participantes de forma suplemen- 014/2020)
tar, do SUS, conforme o parágrafo acima, deverão ter um Conselho II - acesso a todas as informações de interesse para a saúde;
Fiscal que, publicará, semestralmente, e enviará para a Câmara Mu- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nicipal, o seu balancete e organograma de atendimentos. III - participação de entidades especializadas na elaboração de
§ 3º Aos serviços de natureza privada que descumprirem as di- políticas, na definição de estratégias de implementação e no con-
retrizes do SUS, ou nos termos previstos nos contratos com o Poder trole de atividades com impacto sobre a saúde pública; (Incluído
Público ou o disposto no Parágrafo anterior, aplicar-se-ão as san- pela Emenda nº 014/2020)
ções previstas em lei. IV - dignidade e humanização do atendimento. (Incluído pela
Art. 157. A lei disporá sobre a organização e funcionamento do: Emenda nº 014/2020)
I - Sistema Único de Saúde; § 2º Para a consecução desses objetivos, sempre que possível
II - Conselho Municipal de Saúde. o Município promoverá:
Parágrafo único. O Conselho Municipal de Saúde, órgão cole- I - a implantação e a manutenção de rede local dos postos de
giado responsável pela colaboração e controle da política de saúde saúde, de higiene, ambulatórios médicos, depósitos de medica-
municipal, tem como objetivo a formulação, fiscalização e acom- mentos e gabinetes dentários, com prioridade em favor das locali-
panhamento do Sistema Único de Saúde e terá sua composição, dades em áreas rurais em que não haja serviços federais ou estadu-
organização e competência fixadas por Lei, garantindo sempre a ais correspondentes; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
participação paritária do poder público e dos representantes da co- II - a prestação permanente de socorros de urgências a doentes
munidade, dos trabalhadores, entidades e prestadores de serviços e acidentados, quando não existir na sede municipal serviço federal
na área da saúde. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) ou estadual dessa natureza; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 158. Todo estabelecimento público ou privado sob fiscali- III - a triagem e encaminhamento de insanos mentais e doentes
zação de órgãos do SUS deverá utilizar coletor seletivo de lixo hos- desvalidos, quando não seja possível dar-lhes assistência e trata-
pitalar. mento com recursos locais; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

170
LEGISLAÇÃO

IV - a elaboração de planos e programas locais de saúde em f) saúde da criança e do adolescente; (Incluído pela Emenda
harmonia com os sistemas nacional e estadual de saúde; (Incluído nº 014/2020) g) saúde da pessoa com deficiência; (Incluído pela
pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020) h) saúde bucal; (Incluído pela Emenda nº
V - o controle e a fiscalização de procedimentos, produtos e 014/2020)
substâncias de interesse para a saúde; (Incluído pela Emenda nº III - a implementação dos planos estaduais de saúde e de ali-
014/2020) mentação e nutrição, em termos de prioridade e estratégias regio-
VI - a fiscalização e a inspeção de alimentos, compreendido o nais, em consonância com os planos nacionais; (Incluído pela Emen-
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para da nº 014/2020)
consumo humano; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) IV - a participação na formulação da política e na execução das
VII - a participação no controle e fiscalização da produção, ações de saneamento básico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- V - a criação de um setor de atendimento aos usuários do Sis-
vos, tóxicos e radioativos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) VIII tema Municipal de Saúde, onde seja garantida e estimulada a parti-
- a participação na formulação da política e na execução das ações cipação popular no tocante ao encaminhamento de queixas, recla-
de saneamento básico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) mações e sugestões; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
IX - a defesa do meio ambiente, nele compreendido o do traba- VI - a colaboração na conservação do meio ambiente, incluindo
lho; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) o do trabalho, atuando juntamente com órgãos da Administração
X - serviços de assistência à maternidade, à infância e à ado- Direta e Indireta na elaboração de Instruções de Trabalho, elabo-
lescência, assim como assistência à saúde do trabalhador, do idoso, ração de ações referentes aos riscos de incidentes, acidentes e do-
da mulher, e da pessoa com deficiência; (Incluído pela Emenda nº enças ocupacionais e seus métodos de prevenção e controle, bem
014/2020) como a elaboração de métodos de avaliação e apresentação de es-
XI - o Poder Público municipal, em conjunto com o estado, ga- tatísticas dos números dos incidentes, acidentes e doenças ocupa-
rantirão o direito à saúde mediante políticas sociais, econômicas e cionais do Município; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ambientais que visem ao bem-estar físico, mental e social do indi- VII - a adoção de política de recursos humanos e saúde para
víduo e da coletividade e à redução do risco de doenças e outros a capacitação, formação e valorização de profissionais da área, no
agravos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) sentido de propiciar melhor adequação ás necessidades especificas
§ 3º As ações e serviços de saúde do Município poderão ser do Município e os segmentos da população cujas particularidades
descentralizados nos bairros, onde se formarão conselhos comuni- requerem atenção especial, de forma a aprimorar a prestação de
tários de saúde, nos termos da lei municipal. (Incluído pela Emenda assistência integral; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) VIII - a implementação de atendimento integral às pessoas com
§ 4º Assegurar-se-á o funcionamento do Conselho Municipal deficiência, podendo ser previsto o fornecimento dos equipamen-
de Saúde, que terá sua composição, organização e competência fi- tos necessários á sua integração social; (Incluído pela Emenda nº
xadas em lei, de iniciativa do Poder Executivo, a fim de ser garan- 014/2020)
tida a participação de representantes da comunidade, em especial IX - a garantia do direito à autorregulação da fertilidade como
dos trabalhadores, entidades e prestadores de serviços na área da livre decisão do homem, da mulher ou do casal, tanto para exer-
saúde, em conjunto com o Município, no controle das políticas de cer a procriação como para evitá-la, provendo meios educacionais,
saúde, bem como na fiscalização e no acompanhamento das ações científicos e assistências para assegurá-lo, vedada qualquer forma
de saúde, nos termos da legislação federal. (Incluído pela Emenda coercitiva ou de indução por parte de instituições públicas ou priva-
nº 014/2020) das; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 159-B O Sistema Único de Saúde será financiado com re- X - a fiscalização e controle de equipamentos e aparelhagem
cursos do orçamento do Município, do Estado, da União e da Segu- utilizados no Sistema de Saúde, na forma de Lei. (Incluído pela
ridade Social, além de outras fontes que constituirão o Fundo Mu- Emenda nº 014/2020)
nicipal de Saúde. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Parágrafo único. O Município adotará um Código Sanitário
Parágrafo único. Os recursos financeiros do Sistema Municipal Municipal, respeitados os critérios mínimos e nas normas técnicas
de Saúde, vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, serão subor- exigidas para sua elaboração. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
dinados ao planejamento e controle do Conselho Municipal de Saú- Art. 159-D Cabe à rede pública de saúde, pelo seu corpo clínico
de. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) especializado, prestar atendimento médico para a prática do aborto
Art. 159-C Compete ao Sistema Único de Saúde Municipal, nos nos casos excludentes de antijuricidade previstos na legislação pe-
termos da Lei, além de outras atribuições: (Incluído pela Emenda nal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
nº 014/2020) Art. 159-E É vedada a nomeação ou designação, para o cargo
I - a assistência à saúde, respeitadas as necessidades especifi- ou função de chefia ou assessoramento na área de saúde em qual-
cas de todos os segmentos da população; (Incluído pela Emenda nº quer nível, de pessoa que participa de direção, gerência ou admi-
014/2020) nistração de entidades que mantenham contrato ou convênio com
II - a identificação e o controle dos fatores determinantes e con- o Sistema Único de Saúde a nível Estadual ou Municipal ou sejam
dicionantes da saúde individual e coletiva, mediante, especialmen- credenciadas. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
te, ações referentes a: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 159-F O município poderá manter unidades terapêuticas
a) vigilância sanitária; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) para recuperação de usuários de substâncias que geram dependên-
b) vigilância epidemiológica; (Incluído pela Emenda nº cia física ou psíquica, resguardado o direito de livre adesão dos pa-
014/2020) c) vigilância do trabalhador; (Incluído pela Emenda nº cientes, salvo ordem judicial. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
014/2020) d) saúde do idoso; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
e) saúde da mulher; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

171
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II Art. 162-B As ações do Poder Público através de serviços, pro-


DA ASSISTÊNCIA SOCIAL gramas, projetos e benefícios na área de Assistência Social serão or-
ganizadas, elaboradas, executadas e acompanhadas com base nos
Art. 160. O Município deve garantir a Assistência Social, política seguintes princípios: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
de seguridade social, que afiança proteção social como direito de ci- I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre
dadania, obedecendo aos princípios e às diretrizes do Sistema Úni- as exigências de rentabilidade econômica; (Incluído pela Emenda
co de Assistência Social (SUAS), cabendo-lhe: (Redação dada pela nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o desti-
I - fazer manutenção dos equipamentos do SUAS preconizados natário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públi-
para Municípios de Pequeno Porte I, a saber: o Centro de Referência cas; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
da Assistência Social (CRAS), da Proteção Social Básica (PSB), e o III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu
Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivên-
da Proteção Social Especial (PSE) de Média Complexidade; (Incluído cia familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexa-
pela Emenda nº 014/2020) tória de necessidade; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - formalizar e manter convênios com outros Municípios para IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem dis-
uso dos equipamentos da Proteção Social Especial de Alta Comple- criminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às
xidade, como as Instituições de Acolhimento; (Incluído pela Emen- populações urbanas e rurais; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
da nº 014/2020) V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e proje-
III - ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de Prote- tos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Pú-
ção Social Básica e Especial a famílias, indivíduos e grupos que ne- blico e dos critérios para sua concessão. (Incluído pela Emenda nº
cessitarem, através de seus equipamentos; (Incluído pela Emenda 014/2020)
nº 014/2020) Art. 162-C A organização da Assistência Social no Município
IV - elaborar o Plano de Assistência Social do Município, que terá as seguintes diretrizes: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
terá por objetivo o planejamento dos serviços, programas, projetos I - descentralização político-administrativa, cabendo a coorde-
e benefícios a serem ofertados, bem como a descrição dos impactos nação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execu-
sociais e financeiros das ações. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) ção dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem
§ 1º Os serviços, programas, projetos e benefícios socioassis- como a entidades beneficentes e de assistência social, garantindo o
tenciais têm por finalidade a garantia das seguranças de renda, de comando único das ações em cada esfera de governo e respeitan-
convívio ou vivência familiar, comunitária e social, de desenvolvi- do-se as diferenças e características socioterritoriais locais; (Incluí-
mento da autonomia, de apoio e auxílio. (Redação dada pela Emen- do pela Emenda nº 014/2020)
da nº 014/2020) II - participação da população, por meio de organizações repre-
§ 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações em
Art. 161. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) todos os níveis; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 162. A Ação do Município no campo da Assistência Social III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da
objetivará promover: Política de Assistência Social em cada esfera de governo; (Incluído
I - a contribuição com a inclusão e a equidade dos usuários e pela Emenda nº 014/2020)
grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioa- IV - centralidade na família para concepção e implementação
ssistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural; (Redação dos benefícios, serviços, programas e projetos. (Incluído pela Emen-
dada pela Emenda nº 014/2020) da nº 014/2020)
II - o atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade e/ Art. 162-D Para a implantação da política municipal de assis-
ou risco pessoal e social; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) tência social, é facultado ao Município: (Incluído pela Emenda nº
III - a convivência e o fortalecimento de vínculos familiares e 014/2020)
comunitários; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) I - firmar convênio com entidade pública ou privada para pres-
IV - a promoção de campanhas socioeducativas para esclareci- tação de serviços de assistência social à comunidade local; (Incluído
mento dos malefícios do uso de drogas e do álcool e a maneira de pela Emenda nº 014/2020)
evitá-los; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) II - celebrar consórcio com outros Municípios, visando ao de-
V - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) senvolvimento de serviços comuns de assistência social. (Incluído
VI - a garantia de que as ações no âmbito da assistência social pela Emenda nº 014/2020)
tenham centralidade na família e que assegurem a convivência fa-
miliar e comunitária; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) CAPÍTULO II
VII - a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência DO MEIO AMBIENTE
e a promoção de sua integração á vida comunitária. (Incluído pela
Emenda nº 014/2020) Art. 163. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
Art. 162-A O Município assegurará o funcionamento do Conse- equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qua-
lho Municipal de Assistência Social, cuja composição e competência lidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e à cole-
serão estabelecidas em lei, tendo como objetivo formular, asses- tividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
sorar e controlar a execução da política municipal de Assistência futuras gerações.
Social. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 1º O Município, em articulação com a União e o Estado, ob-
servadas as disposições pertinentes ao art. 23, VI

172
LEGISLAÇÃO

DA Constituição Federal, desenvolverá as ações necessárias ção em todas as suas formas e impedindo ou mitigando impactos
para o atendimento do previsto neste capítulo. (Redação dada pela ambientais negativos e recuperando o meio ambiente degradado;
Emenda nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
§ 2º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Po- XIV - promover a criação e implementação de Unidades de Con-
der Público, com a colaboração da sociedade: (Redação dada pela servação Ambiental, que serão considerados espaços territoriais
Emenda nº 014/2020) especialmente protegidos, priorizando aquelas do grupo de Uso
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e Sustentável em áreas rurais produtivas, não sendo neles permitidas
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; atividades que degradem o meio ambiente ou que de qualquer for-
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio gené- ma possam comprometer a integridade das condições ambientais.
tico do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à mani- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
pulação do material genético; § 3º Aquele que explorar recursos minerais, inclusive extração
III - definir, em lei complementar, espaços territoriais do muni- de areia, cascalho ou pedreiras, ficará obrigado a recuperar o meio
cípio, e seus ecossistemas mais preservados a serem especialmente ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
protegidos, e a forma de permissão para a alteração e supressão, órgão público competente na forma da lei. (Redação dada pela
permitidas através de lei, vedada qualquer utilização que compro- Emenda nº 014/2020)
meta a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Re- § 4º As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujei-
dação dada pela Emenda nº 014/2020) tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
ou parcelamento de solo, potencialmente causadora de significa- danos causados.
tiva degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto am- Art. 164. O Município buscará estabelecer consórcios com ou-
biental, a que se dará publicidade; (Redação dada pela Emenda nº tros Municípios, Estado e União, objetivando a solução dos proble-
014/2020) mas comuns relativos à proteção ambiental, em particular à pre-
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de servação dos recursos hídricos e ao uso sustentável dos recursos
técnicas, métodos e substâncias que comportem riscos para a vida, naturais. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
a qualidade de vida e o meio ambiente; Parágrafo único. Os proprietários de terras onde haja nascentes
VI - promover a educação ambiental formal, em todos os níveis ficam obrigados a protegê-las, observando os critérios definidos pe-
de ensino, e a informal em todo o território municipal, fomentando las legislações ambientais, no âmbito municipal, estadual e federal.
a conscientização pública para preservação e conservação do meio (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
ambiente; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 164-A O Município apoiará a criação de Programa de Paga-
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei as prá- mento por Serviços Ambientais (PSA) no Município. (Incluído pela
ticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a Emenda nº 014/2020)
extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade; § 1º O PSA buscará incentivar os proprietários rurais a realiza-
VIII - estimular e promover a restauração ecológica em ecossis- rem a adequação ambiental das suas propriedades rurais através da
temas alterados ou perturbados e a recuperação das áreas degra- preservação, conservação e recuperação das áreas de preservação
dadas, objetivando, especialmente: (Redação dada pela Emenda nº permanente de nascentes e matas ciliares, além da adoção de téc-
014/2020) nicas de manejo e conservação do solo. (Incluído pela Emenda nº
a) a proteção das bacias hidrográficas, das faixas marginais ao 014/2020)
longo dos cursos d’água, das nascentes e das encostas suscetíveis à § 2º Os proprietários rurais que aderirem ao Programa de PSA
erosão; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) poderão receber compensação através de auxílio técnico, doação
b) a formação de corredores ecológicos; (Redação dada pela de insumos ou pagamento financeiro, a ser definido na criação do
Emenda nº 014/2020) Programa. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
c) a recomposição paisagística; (Incluído pela Emenda nº Art. 165. Fica proibido o depósito de rejeitos nucleares e de
014/2020) materiais radioativos no Município. (Redação dada pela Emenda nº
IX - celebrar convênios com instituições de ensino, centros de 014/2020)
pesquisa, organizações não governamentais (ONGs), associações Art. 166. O Município incentivará o uso de Sistemas Agroflo-
civis e organizações sindicais para garantir e aprimorar a gestão am- restais, de forma a promover a conservação e o uso sustentável dos
biental; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) recursos naturais nas propriedades rurais, associando a fruticultu-
X - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) ra, olericultura e criação de peixes. (Redação dada pela Emenda nº
XI - firmar convênio com órgãos ambientais estaduais e fede- 014/2020)
rais para a realização de ações de fiscalização em conjunto com o Art. 167. O Município promoverá o inventário e o mapeamento
Município, visando a impedir o comércio ilegal de produtos ambien- da cobertura vegetal nativa, objetivando a adoção de medidas es-
tais, bem como a preservar a fauna e a flora; (Redação dada pela peciais que visem o reflorestamento.
Emenda nº 014/2020) XII - propor uma política municipal de pro- Art. 168. Compete ao Poder Executivo Municipal, através da
teção e uso sustentável do meio ambiente; (Incluído pela Emenda Secretaria de Desenvolvimento Rural e/ou da Secretaria Municipal
nº 014/2020) de Meio Ambiente, a criação e manutenção de um horto florestal
XIII - adotar medidas, nas diferentes áreas de ação pública e Municipal, destinado à produção de mudas de árvores nativas,
junto ao setor privado, para manter e promover o equilíbrio ecoló- frutíferas e outras que forem de interesse, admitindo-se convênio
gico e a melhoria da qualidade ambiental, prevenindo a degrada- com produtores rurais, com o objetivo de conscientizá-los sobre a

173
LEGISLAÇÃO

importância da preservação e conservação dos recursos naturais, Art. 179. A lei regulamentará o zoneamento ambiental, polui-
aspectos educativos e econômicos. (Redação dada pela Emenda nº ção sonora e visual, definindo formas e penalidades que visem à
014/2020) proteção, à preservação da qualidade de vida e paisagística do Mu-
Art. 169. O Município poderá, a qualquer tempo, determinar nicípio.
a construção de unidades de tratamento primário de esgoto (siste- Art. 180. Na concessão, permissão e renovação de serviços pú-
mas de fossas sépticas, filtro e sumidouro) no interesse da melhoria blicos serão consideradas, obrigatoriamente, a avaliação do serviço
do meio ambiente, fornecendo dados técnicos compatíveis com tal a ser prestado e o seu impacto ambiental.
exigência. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 181. A lei regulamentará penalidades que reverterão para
Art. 170. O Município exercerá o controle de utilização de insu- a recuperação e melhoria do meio ambiente.
mos químicos na agricultura e na criação de animais para alimen- Art. 182. O Município exercerá fiscalização em exploração de
tação humana, de forma a assegurar a conservação do meio am- recursos hídricos e mineiras, visando a não agressão ao meio am-
biente e a saúde pública. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) biente e normalizando a sua concessão.
Art. 171. O Poder Público poderá estabelecer restrições admi- Art. 183. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) I -
nistrativas de uso de áreas privadas, para fins de conservação de SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
ecossistemas. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) II - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
Art. 172. A conservação e o uso sustentável da Mata Atlântica Art. 184. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
remanescente no território municipal são prioritários para o Muni- Art. 185. As águas subterrâneas deverão ter programas espe-
cípio, devendo a Prefeitura Municipal capacitar-se para exercer a ciais de conservação contra poluição e superexploração. (Redação
administração da preservação de florestas, fauna e flora com par- dada pela Emenda nº 014/2020)
ticipação comunitária. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 186. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
Art. 173. As indústrias instaladas, ou as que vierem a se instalar Art. 186-A O Município articular-se-á com os órgãos estaduais,
no Município, são obrigadas a promover medidas necessárias e mi- regionais ou federais competentes e, ainda, quando for o caso, com
tigadoras para prevenir e corrigir os inconvenientes e prejuízos da outros municípios objetivando conferir maior eficácia à proteção
população e contaminação do meio ambiente. (Redação dada pela ambiental. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020)
Art. 174. Nas licenças de parcelamento, loteamento e localiza- Art. 186-B O Município deverá atuar, mediante planejamento,
ção o Município exigirá o cumprimento da legislação de proteção no controle e fiscalização das atividades públicas ou privadas, cau-
ambiental emanada da União e do Estado. sadoras efetivas ou potenciais de alterações significativas no meio
Art. 175. O Município assegurará a participação das entidades ambiente. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
representativas da comunidade no planejamento e na fiscalização Art. 186-C O Município, ao promover a ordenação de seu terri-
de proteção ambiental, garantindo o amplo acesso dos interessa- tório, definirá o zoneamento e as diretrizes gerais de ocupação que
dos às informações sobre as fontes da poluição e degradação am- assegurem a proteção dos recursos naturais, em consonância com
biental ao seu dispor. o disposto na legislação federal e estadual pertinente. (Incluído pela
Art. 176. O Poder Executivo Municipal assegurará que as opera- Emenda nº 014/2020)
ções de produção, coleta, transporte, estocagem, tratamento e dis- Art. 186-D A política de desenvolvimento e de expansão urbana
posição final de resíduos de atividades de qualquer natureza, exer- do Município deverá ser compatível com a proteção do meio am-
cidas quer pelo setor público, quer pelo privado e, principalmente, biente, para preservá-lo de alterações que, direta ou indiretamente,
os resíduos tóxicos perigosos e de origem hospitalar, se farão em sejam prejudiciais à saúde, à segurança e ao bem-estar da comuni-
conformidade com os princípios e normas de proteção à saúde hu- dade ou ocasionem danos ao ecossistema em geral. (Incluído pela
mana e ao meio ambiente, inclusive o do trabalho. Emenda nº 014/2020)
Art. 177. O Poder Executivo dará publicidade e informará ade- Art. 186-E Fica vedada a instalação ou o uso de solo de qual-
quada e periodicamente à população sobre: quer processo ou instrumento que use de substância poluidora, em
I - o estado do meio ambiente no Município; todo Território Municipal. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - as atividades efetivas potencialmente poluidoras no Muni- Art. 186-F O Município poderá promover, por meio de incenti-
cípio; vos fiscais, a integração da iniciativa privada na defesa do meio-am-
III - as áreas e espaços especialmente protegidos em razão de biente. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
sua importância ambiental e/ ou histórico-cultural; Art. 186-G O Município assegurará a participação das entida-
IV - as normas sobre o uso e ocupação do solo urbano e rural; des representativas da comunidade no planejamento e na fiscaliza-
V - as zonas de atividades industriais; ção de proteção ambiental, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
VI - todas as fases de planejamento Municipal, notadamente a nº 014/2020)
elaboração e execução dos Planos Diretores Urbano e Rural;
VII - os estudos de impacto ambiental e seus respectivos rela-
tórios.
Art. 178. A Câmara de Vereadores assegurará à população in-
formação e publicidade sobre projetos de lei em matéria de meio
ambiente.
Parágrafo único. A publicidade e informação deverão ser dadas
previamente às decisões administrativas e às votações legislativas,
assegurando prazo suficiente para eventual manifestação da cole-
tividade.

174
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO III VII - suplementar, no que couber, e de acordo com as peculia-


DOS RECURSOS NATURAIS SEÇÃO I DOS RECURSOS ridades municipais, as normas federais e estaduais sobre produção,
HÍDRICOS armazenamento, utilização e transportes de substâncias tóxicas,
perigosas ou poluidoras e fiscalizar sua aplicação; (Incluído pela
Art. 186-H O Poder Público Municipal deverá promover, através Emenda nº 014/2020) VIII - promover a adequada disposição de
dos mecanismos institucionais necessários: (Incluído pela Emenda resíduos sólidos, de modo a evitar o comprometimento dos recur-
nº 014/2020) sos hídricos, em termos de quantidade e qualidade; (Incluído pela
Emenda nº 014/2020)
I - a utilização racional dos recursos hídricos superficiais e sub- IX - disciplinar os movimentos da terra e a retirada da cobertura
terrâneos e sua prioridade para o abastecimento da população; (In- vegetal, para prevenir a erosão do solo, o assoreamento e a polui-
cluído pela Emenda nº 014/2020) ção dos corpos de água; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
II - a proteção dos recursos hídricos contra ações que possam X - exigir, quando da aprovação dos loteamentos, completa in-
comprometer seu uso atual e futuro; (Incluído pela Emenda nº fraestrutura urbana, correta drenagem das águas pluviais, proteção
014/2020) do solo superficial e reserva de áreas destinadas ao escoamento de
III - a defesa contra elementos poluidores e seus agentes, que águas pluviais e as canalizações de esgotos, em especial nos fundos
ofereçam riscos à saúde pública e prejuízos econômicos ou sociais. de vale; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) XI - controlar as águas pluviais, incentivando a manutenção de
Art. 186-I As águas subterrâneas, reservas estratégicas para o áreas verdes e gramadas e a redução de espaços com solo total-
desenvolvimento econômico e social e valiosas para o suprimento mente impermeabilizado, de forma a mitigar e reduzir os efeitos da
d’água ás populações, deverão ter programas permanentes de con- urbanização na concentração do volume de água que escoa, prin-
servação e proteção contra poluição, com diretrizes em Lei. (Incluí- cipalmente durante as precipitações intensas, e na erosão do solo;
do pela Emenda nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 186-J A exploração com fins lucrativos do manancial hídri- XII - zelar pela manutenção da capacidade de infiltração do
co seguirá a regulamentação da legislação estadual e federal rela- solo, principalmente nas áreas de recarga de aquíferos subterrâne-
cionada aos recursos hídricos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) os, protegendo-as por leis específicas, em consonância com as leis
Art. 186-K Fica vedado o lançamento de poluentes e esgotos federais, estaduais e municipais específicas; (Incluído pela Emenda
urbanos e industriais sem o devido tratamento, em qualquer corpo nº 014/2020)
d’água do Município. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) XIII - capacitar sua estrutura técnico-administrativa para o co-
Art. 186-L A proteção dos recursos hídricos, tanto em aspec- nhecimento de meio físico do território municipal, do seu potencial
tos qualitativos como quantitativos, será obrigatoriamente levada e vulnerabilidade, com vistas à elaboração de normas e à prática
em conta na elaboração de projetos relativos à expansão urbana do das ações sobre uso e ocupação do solo, zoneamento, edificações e
Município. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) transportes; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 186-M Caberá ao Município, no campo dos recursos hídri- XIV - compatibilizar as licenças municipais de parcelamento
cos: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) do solo, de edificações e de funcionamento de estabelecimentos
I - instituir programas permanentes de racionalização do uso comerciais e industriais com as exigências quantitativas e quali-
das águas destinadas ao abastecimento público e industrial e à ir- tativas dos recursos hídricos existentes; (Incluído pela Emenda nº
rigação, assim como de combate às inundações e à erosão urbana 014/2020)
e rural, e de conservação do solo e da água; (Incluído pela Emenda XV - adotar, sempre que possível, soluções não estruturais,
nº 014/2020) quando da execução de obras de canalização e drenagem de água;
II - estabelecer medidas para a proteção e conservação das (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
águas, superficiais e subterrâneas, e para sua utilização racional, es- XVI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito
pecialmente daquelas destinadas ao abastecimento; (Incluído pela de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais no territó-
Emenda nº 014/2020) rio municipal; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
III - proceder ao zoneamento das áreas sujeitas a riscos de XVII - aplicar, prioritariamente, o produto da participação do re-
inundações, erosão e escorregamento do solo, estabelecendo res- sultado da exploração hidroenergética e hídrica, em seu território,
trições e proibições ao uso, parcelamento e edificação nas áreas ou a compensação financeira, nas ações de proteção e conservação
impróprias ou críticas, de forma a preservar a segurança e a saúde das águas, na preservação contra seus efeitos adversos e no trata-
públicas; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) mento das águas residuárias; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
IV - recensear as habitações localizadas em áreas de risco, su- XVIII - manter a população informada sobre os benefícios do
jeitas a desmoronamentos, contaminações ou outros danos, pro- uso racional da água, da proteção contra sua poluição e da deso-
videnciando a remoção de seus ocupantes, compulsória, se for o bstrução dos cursos de água; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
caso; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) XIX - registrar, fiscalizar e acompanhar as concessões de direi-
V - implantar o sistema de alerta e defesa civil, para garantir a tos de pesquisa e exploração de recursos minerais, em especial por-
saúde e a segurança pública, quando de eventos hidrometeorológi- tos de areia e extração de argila, conjuntamente com a União e o
cos extremos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Estado; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
VI - proibir o lançamento de efluentes urbanos e industriais em XX - exigir que nos produtos oriundos de recursos naturais ex-
qualquer corpo d’água, sem o devido tratamento; (Incluído pela plorados na circunscrição do Município seja obrigatória, em suas
Emenda nº 014/2020) embalagens e rótulos, a inscrição: “Produzidos em Quatis”. (Incluí-
do pela Emenda nº 014/2020)

175
LEGISLAÇÃO

Art. 186-N O Município cuidará para que haja cooperação de ecossistemas naturais e suas funções ecológicas, buscando promo-
associações representativas e participação de entidades comunitá- ver melhor qualidade de vida à população. (Incluído pela Emenda
rias no estudo, encaminhamento e na solução dos problemas, pla- nº 014/2020)
nos e programas municipais sobre recursos hídricos, que lhe sejam Art. 186-S O Parque Natural Municipal Horto dos Quatis -
concorrentes. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) PNMHQ, a Área de Proteção Ambiental - APA Carapiá, o Parque
Parágrafo único. Será incentivada a formação de associações e Natural Municipal Ribeirão de São Joaquim - PNMRSJ, o Refúgio
consórcios de usuários de recursos hídricos, com o fim de assegurar da Vida Silvestre de Quatis- REVISQ, outros mananciais, o Ribeirão
a sua distribuição equitativa e para a execução de serviços e obras dos Quatis e o Rio Paraíba do Sul e suas margens, nos segmentos
de interesse comum. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) pertencentes a este Município, constituem espaços especialmente
Art. 186-O No estabelecimento das diretrizes e normas sobre protegidos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
desenvolvimento urbano e na elaboração do Plano Diretor, serão Art. 186-T O Município adotará, como critério permanente na
asseguradas: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) elaboração de novos projetos viários e na reestruturação dos já
I - a compatibilização do desenvolvimento urbano e das ativi- existentes, a necessidade do plantio e da conservação de árvores.
dades econômicas e sociais com as características, potencialidade (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
e vulnerabilidade do meio físico, em especial dos recursos hídricos, Art. 186-U O Município coibirá o tráfico de animais silves-
superficiais e subterrâneos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) tres, exóticos e de seus subprodutos e sua manutenção em locais
II - a coerência das normas dos planos e programas municipais inadequados, bem como protegerá a fauna local e migratória do
com os planos e programas estaduais da bacia ou região hidrográ- Município de Quatis, nesta compreendidos todos os animais silves-
fica que o Município integra; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) tres ou domésticos, nativos ou exóticos. (Incluído pela Emenda nº
III - a preservação dos recursos hídricos, sendo a cobrança pelo 014/2020)
uso da água tratada instrumento de sua utilização racional; (Incluí- § 1º Ficam proibidos os eventos, espetáculos, atos públicos ou
do pela Emenda nº 014/2020) privados que envolvam maus tratos e crueldade contra animais, as-
IV - a instituição das medidas das faixas limites de áreas de pre- sim como as práticas que possam ameaçar de extinção, no âmbito
servação permanente das represas utilizadas para abastecimento deste Município, as espécies da fauna local e migratória. (Incluído
da população e a implantação, conservação e recuperação das ma- pela Emenda nº 014/2020)
tas ciliares; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 2º O Poder Público Municipal, em colaboração com entidades
V - a proteção dos recursos hídricos, através de lei, fixando nor- especializadas, executará ações permanentes de proteção e contro-
mas para o uso dos solos nas bacias de contribuição e áreas de re- le da natalidade animal, com a finalidade de erradicar as zoonoses.
carga dos aquíferos; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
VI - a atualização e o controle do Plano Diretor e de suas dire-
trizes de forma periódica e sistemática, de modo compatível com CAPÍTULO IV
os planos da bacia ou região hidrográfica. (Incluído pela Emenda nº DO SANEAMENTO BÁSICO
014/2020)
Art. 186-P O Município deverá manter articulação permanente Art. 186-V A Lei estabelecerá a política das ações e obras de
com os demais Municípios de sua região e com o Estado, visando à saneamento básico do Município, respeitando os seguintes princí-
racionalização da utilização dos recursos hídricos e das bacias hidro- pios: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
gráficas, respeitadas as diretrizes estabelecidas pela União. (Incluí-
do pela Emenda nº 014/2020) I - criação e desenvolvimento de mecanismos institucionais e
financeiros destinados a promover os benefícios do saneamento à
SEÇÃO II totalidade da população; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
DA FAUNA E DA FLORA II - orientação técnica para os programas, visando o tratamento
de despejos urbanos e industriais e de resíduos sólidos e o fomento
Art. 186-Q São áreas de preservação permanente, além das à implantação de soluções comuns, mediantes planos da ação inte-
demais determinadas em lei: (Incluído pela Emenda nº 014/2020) grada. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
I - as faixas marginais de proteção de corpos hídricos; (Incluído Art. 186-W O Município estabelecerá Plano Municipal de Sane-
pela Emenda nº 014/2020) amento Básico, estabelecendo as diretrizes e os programas para as
II - as florestas nativas, que abrigam exemplares raros ou en- ações nesse campo. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
dêmicos da fauna e da fauna; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) § 1º O Plano, objeto desse artigo, deverá respeitar as peculiari-
III - os mananciais d’água urbanos e rurais; (Incluído pela Emen- dades locais e as características das bacias hidrográficas e os respec-
da nº 014/2020) tivos recursos hídricos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
IV - os corredores ecológicos, que favorecem o deslocamento § 2º As ações de saneamento deverão prever a utilização racio-
da fauna e dispersão de propágulos da flora; (Incluído pela Emenda nal de água, do solo e do ar, de modo compatível com a preservação
nº 014/2020) e melhoria da saúde pública e do meio ambiente e com a eficiên-
V - as paisagens notáveis; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) cia dos serviços públicos de saneamento. (Incluído pela Emenda nº
VI - os locais que servem de pouso e reprodução de espécies 014/2020)
migratórias. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Art. 186-X O Município estabelecerá a coleta diferenciada de
Art. 186-R O Poder Público Municipal estabelecerá as Unidades resíduos industriais, hospitalares, de clínicas médicas, odontológi-
de Conservação Municipais e áreas verdes urbanas, áreas destina- cas, farmácias, laboratórios de patologia, núcleos de saúde e outros
das à preservação, conservação, uso sustentável e recuperação dos estabelecimentos que possam ser portadores de agentes patogêni-
cos. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

176
LEGISLAÇÃO

§ 1º O tratamento dos resíduos mencionados no caput deste I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
artigo será feito através de aterro sanitário, de incineração ou de cola; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
outros meios, podendo, para sua implantação, o Executivo recorrer II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
à formação de consórcio, inclusive com outros Municípios. (Incluído samento, a arte e o saber; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
pela Emenda nº 014/2020) III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis-
§ 2º O Município indicará a área fora do perímetro urbano para tência de instituições públicas e privadas de ensino; (Incluído pela
depósito dos resíduos não elencados no caput deste artigo. (Incluí- Emenda nº 014/2020)
do pela Emenda nº 014/2020) IV - gratuidade de ensino público em estabelecimentos oficiais;
Art. 186-Y O Município, em consonância com a sua política ur- (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
bana e segundo o disposto em seu Plano Diretor, deverá promover V - valorização dos profissionais de ensino, garantidos, na for-
programas de saneamento básico, destinados a melhorar as condi- ma da lei, planos de carreira, com piso salarial profissional e ingres-
ções sanitárias e ambientais das áreas urbanas e os níveis de saúde so exclusivamente por concurso público; (Incluído pela Emenda nº
da população. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
Parágrafo único. A ação do Município deverá orientar-se para: VI - gestão democrática do ensino público na forma da lei; (In-
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) cluído pela Emenda nº 014/2020)
I - ampliar progressivamente o índice de atendimento aos ser- VII - garantia de padrão de qualidade; (Incluído pela Emenda
viços de saneamento básico; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
II - executar programas de educação sanitária e melhorar o ní- VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da
vel de participação das comunidades na solução de seus problemas educação escolar pública, nos termos da lei federal; (Incluído pela
de saneamento. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) Emenda nº 014/2020)
Art. 186-Z O Município prestará orientação e assistência sani- IX - envolvimento da comunidade escolar através da participa-
tária às localidades desprovidas de sistema público de saneamento ção nos conselhos da educação. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
básico, e à população rural, incentivando e disciplinando a constru- Art. 187-B O Município manterá seu sistema de ensino em co-
ção de poços e fossas tecnicamente apropriadas e instituindo pro- laboração com a União o Estado, atuando prioritariamente no en-
gramas de saneamento. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) sino fundamental e na educação infantil. (Incluído pela Emenda nº
Parágrafo único. Nas áreas citadas no caput haverá assistência 014/2020)
e auxílio à população, para serviços e obras coletivas de abasteci- Art. 187-C O Sistema Municipal de Ensino disciplina a educação
mento doméstico, animal e de irrigação, tais como a perfuração de escolar que se desenvolve no território de Quatis, abrangendo os
poços profundos, construção de açudes, adutoras e redes de distri- processos formativos que se integram na vida familiar, na convivên-
buição de água, com o rateio de custos, sempre que possível, entre cia humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da
os beneficiários e cobrança de tarifas ou taxas, para manutenção e sociedade civil e nas manifestações culturais. (Incluído pela Emenda
operação do sistema. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) nº 014/2020)
Art. 187-D O Sistema Municipal de Ensino compreende a Edu-
CAPÍTULO V cação Infantil e o Ensino Fundamental nas modalidades Regular e
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA, DO LAZER E DO DEPORTO Educação de Jovens e Adultos, garantindo a autonomia do Municí-
pio para organizar sua rede de escolas, para baixar normas para o
SEÇÃO I seu funcionamento e para supervisionar e avaliar sua própria rede
DA EDUCAÇÃO e as escolas de Educação Infantil da rede privada localizadas em seu
território. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 187. A educação, direito de todos e dever do Poder Público Art. 187-E Integram o Sistema Municipal de Ensino: (Incluído
Municipal e da família, será promovida e incentivada com a colabo- pela Emenda nº 014/2020)
ração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, I - instituições de Educação Infantil e de Ensino Fundamental
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o nas modalidades Regular e Educação de Jovens e Adultos mantidas
trabalho, na forma da Constituição Federal, tendo por fim atender: pelo Poder Público Municipal e seus Conselhos Escolares; (Incluído
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
I - o pleno desenvolvimento da pessoa e formação do cidadão; II - as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela
II - o aprimoramento da democracia e dos direitos humanos; iniciativa privada; (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
III - a eliminação de todas as formas de racismo e discriminação, III - a Secretaria Municipal de Educação; (Incluído pela Emenda
educação não diferenciada e alunos de ambos os sexos, eliminando nº 014/2020) IV - os Conselhos de Educação: (Incluído pela Emenda
práticas discriminatórias nos currículos escolares, de material didá- nº 014/2020)
tico, bem como na orientação sexual, condição política ou filosófica; a) Conselho Municipal de Educação (CME), órgão colegiado
IV - respeito à vida e ao meio ambiente; V - a proteção à família; com função fiscalizadora, normativa, deliberativa, consultiva e de
VI - respeito à dignidade da pessoa, da criança e do idoso; VII - a assessoramento no âmbito da Educação Municipal; (Incluído pela
afirmação do pluralismo cultural; Emenda nº 014/2020)
VIII - o respeito dos valores e do primado do trabalho; b) Conselho Municipal de Alimentação Escolar (CAE), respon-
IX - a convivência solidária e cooperativa a serviço de uma so- sável por acompanhar e fiscalizar diretamente o Programa Nacional
ciedade justa, fraterna, livre e criativa. de Alimentação Escolar (PNAE); (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Art. 187-A O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: (Incluído pela Emenda nº 014/2020)

177
LEGISLAÇÃO

c) Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS) do I - cumprimento às normas gerais da educação nacional e
Fundeb, órgão colegiado que tem como função principal acompa- do respectivo sistema de ensino; (Redação dada pela Emenda nº
nhar e controlar a distribuição, a transferência e a aplicação dos 014/2020)
recursos do Fundo, no âmbito das esferas municipal, estadual e fe- II - autorização de funcionamento e avaliação da qualidade pe-
deral; (Incluído pela Emenda nº 014/2020) los órgãos competentes; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
V - o Fórum Municipal de Educação, de caráter permanente, III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previs-
que tem como finalidade discutir a política educacional do Municí- to no art. 213 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda nº
pio. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) 014/2020)
Art. 188. À família, como instituição social básica, compete de- Art. 195. Os recursos do Município serão destinados às escolas
sempenhar papel responsável na educação de seus filhos e pupilos, públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessio-
observando seu pleno desenvolvimento físico, mental, moral, es- nais ou filantrópicas, definidas em lei federal que:
piritual e social, resguardando a dignidade dos menores. (Redação I - comprovem finalidade não lucrativas e apliquem seus exce-
dada pela Emenda nº 014/2020) dentes financeiros em educação;
Art. 189. Compete à família, representada pelos pais ou res- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola
ponsáveis, matricular as crianças em idade de escolarização obriga- comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Município, no caso
tória e acompanhar a frequência e o aproveitamento escolar. (Re- de encerramento de suas atividades;
dação dada pela Emenda nº 014/2020) III - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos;
Parágrafo único. O não cumprimento das obrigações pelos pais (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
ou responsáveis constituirá de crime de responsabilidade previsto IV - submetam o Projeto Político Pedagógico e o Regimento
na legislação em vigor. Escolar Único a análise e homologação da Secretaria Municipal de
Art. 190. É dever da sociedade comunicar ao Conselho Tutelar Educação e Conselho Municipal de Educação. (Incluído pela Emen-
ou a outra autoridade competente a existência de crianças em ida- da nº 014/2020)
de escolar obrigatória que não estejam recebendo escolarização, Art. 196. A Educação Especial da Rede Municipal de Ensino será
bem como à Secretaria Municipal de Educação nos casos de faltas oferecida através de um sistema educacional inclusivo, sendo asse-
reincidentes. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) gurado pela:
Art. 191. Compete à Administração Municipal, recensear, anu- I - garantia de acesso e permanência, participação e aprendiza-
almente, as crianças em idade escolar, com a finalidade de orientar gem; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
a política educacional e o Plano Municipal de Educação. II - atendimento educacional especializado aos alunos, incluin-
Art. 192. O dever do Município com a educação será efetivado do a estimulação precoce, na rede regular de ensino por professores
mediante garantia de: I - ensino fundamental obrigatório e gratuito; da educação especial; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
II - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 III - uma equipe multidisciplinar para o atendimento aos alu-
(cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) nos. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
III - atendimento educacional especializado aos alunos com de- IV - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
ficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades Parágrafo único. A equipe multidisciplinar comporá o NU-
e superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino; (Re- CLESQ, Núcleo de Educação Especial do Município de Quatis, in-
dação dada pela Emenda nº 014/2020) tegrante do Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de
IV - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, Educação para assuntos relacionados às políticas de atendimento
com características e modalidades adequadas às suas necessidades educacional especializado. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as Art. 197. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
condições de acesso e permanência na escola; (Redação dada pela § 1º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
Emenda nº 014/2020) § 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
V - atendimento ao educando na educação infantil e no ensino Art. 198. A igualdade de condições de acesso e permanência
fundamental, através de programas suplementares, de material di- dos alunos na faixa de escolarização obrigatória nas escolas munici-
dático escolar, transporte, alimentação e assistência social; (Reda- pais, será assegurada através de:
ção dada pela Emenda nº 014/2020) I - garantia de transporte gratuito, em coletivos, sem prejuízo
VI - promoção do ensino da História e Geografia do Município da arrecadação municipal; II - complementação alimentar na esco-
de Quatis. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) la;
VII - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) VIII - III - fornecimento do material didático necessário; (Redação
SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) IX - SUPRIMIDO dada pela Emenda nº 014/2020)
(Revogado pela Emenda nº 014/2020) IV - garantia de transporte para os profissionais de educação
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório gratuito é direito público nas escolas rurais e Distritos, de modo a atender o calendário e o
subjetivo. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) horário da escola;
§ 2º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) V - assistência a saúde dos alunos visando assegurar as condi-
§ 3º Uma vez por semana, no mínimo, serão cantados o Hino ções físicas, psicológicas, ambientais e sociais necessárias à eficiên-
Nacional e o Hino Municipal em todas as escolas do Município, seja cia escolar e à promoção humana.
da rede oficial municipal, seja da rede particular, com presença do Art. 199. O Município assegurará em suas escolas, liberdade
aluno em cada turno. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) de aprender, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte do saber,
Art. 193. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) vedada qualquer discriminação.
Art. 194. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se- Art. 200. O Município assegurará gestão democrática no ensino
guintes condições: público, na forma da lei, atendendo às seguintes diretrizes:

178
LEGISLAÇÃO

I - participação da sociedade na formulação da política educa- Art. 204. O patrimônio Artístico, Histórico e Cultural do Municí-
cional e no acompanhamento de sua execução; pio será preservado pelo Conselho Municipal de Cultura, a ser regu-
II - participação organizada de estudantes, professores, pais e lamentado por lei específica.
funcionários, através do funcionamento dos conselhos comunitá- Art. 204-A Lei municipal, de iniciativa do Poder Executivo, dis-
rios escolares em todas as unidades de ensino, com o objetivo de porá sobre a composição, atribuições e funcionamento do Conselho
acompanhar e fiscalizar a alocação de recursos e o nível pedagógi- Municipal de Cultura. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
co da escola, segundo normas do Conselho Federal e Municipal de Art. 205. O Poder Público, com a colaboração do Conselho Mu-
Educação; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) nicipal de Cultura, promoverá e protegerá o patrimônio cultural do
III - o Município assegurará o direito de eleição direta para a município por meio de inventários, registro, vigilância, tombamen-
direção escolar, regulamentado por lei específica. (Redação dada to, desapropriações e de outras formas de acautelamento e pre-
pela Emenda nº 014/2020) servação.
Art. 201. O Município garantirá aos profissionais efetivos de en- § 1º Os documentos de valor histórico-cultural terão sua pre-
sino estatuto próprio e plano de carreira, que serão submetidos à servação assegurada, mediante recolhimento ao Arquivo Público
Câmara Municipal para sua aprovação. (Redação dada pela Emenda Municipal.
nº 014/2020) § 2º Os danos ou ameaças ao patrimônio cultural terão sua pre-
Art. 202. O Município aplicará, anualmente, nunca menos que servação assegurada, pela municipalidade que punirá, na forma da
25% (vinte e cinco por cento) da receita resultante de impostos, lei, seus autores.
compreendida, e proveniente da transferência, na manutenção e Art. 206. O Poder Público cuidará da criação do Fundo Muni-
desenvolvimento do ensino público municipal. (Redação dada pela cipal da Cultura, com a finalidade de promover o desenvolvimento
Emenda nº 002/2009) cultural no Município, através da realização de programas e proje-
§ 1º Não constituem despesas de manutenção e desenvolvi- tos de interesse da Administração Municipal e da Comunidade.
mento do ensino: Art. 206-A O Município estimulará o pluralismo cultural, incen-
I - programas assistenciais suplementares de alimentação, tivando as manifestações artístico-culturais individuais e coletivas,
transporte, assistência à saúde e outros similares; de modo a garantir a participação de todos na vida cultural. (Incluí-
II - as obras de infraestrutura urbana, mesmo que beneficiem do pela Emenda nº 014/2020)
a rede escolar.
§ 2º À Educação Especial será garantido um percentual mínimo SEÇÃO III
de 5% (cinco por cento) da verba prevista para Educação. DO LAZER E DO DESPORTO
§ 3º Os recursos públicos federais e estaduais destinados à Edu-
cação, serão direcionados exclusivamente à rede pública municipal Art. 207. É dever do Município fomentar práticas desportivas
de ensino. formais e não formais, inclusive para idosos e pessoas com defici-
Art. 202-A Integram o atendimento ao educando os programas ência, como direito de cada um, observados: (Redação dada pela
suplementares de material didático escolar, transporte, alimenta- Emenda nº 014/2020)
ção e assistência à saúde. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) I - a autonomia das entidades desportivas diferentes e associa-
ções quanto à sua organização e ao seu funcionamento;
SEÇÃO II II - atividades educacionais;
DA CULTURA III - projetos para a faixa etária dos 6 aos 17 anos; (Redação
dada pela Emenda nº 014/2020) IV - atividade para a terceira idade;
Art. 203. O Município garantirá a todos o pleno direito dos V - atividades recreativas, de lazer e desportivas, a nível comu-
exercícios culturais e o acesso às fontes de cultura nacional, esta- nitário que impliquem promoções humanas e sociais;
dual e municipal, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das VI - criação, manutenção e ampliação de espaços destinados a
manifestações culturas através de: lazer, a recreação ou atividades físicas em unidades escolares, logra-
I - articulações das ações governamentais e comunitárias no douros públicos e instituições;
âmbito da cultura, da educação, do desporto, do lazer e das comu- VII - tratamento diferenciado para o desporto profissional e o
nicações; não profissional;
II - criação e manutenção de espaços culturais, devidamente VIII - SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
equipados e acessíveis à população; Art. 208. O Poder Público, ao formular o esporte e lazer, con-
III - estímulo à instalação de bibliotecas na sede do Município siderará as características socioculturais das comunidades interes-
e Distritos, assim como atenção especial à aquisição de bibliotecas, sadas.
obras de artes e outros bens particulares de valor cultural; Art. 209. O Município deverá, também, organizar, promover
IV - intercâmbio cultural com outros Municípios; e estimular atividades ao lazer e ao esporte formal e não formal,
V - promoção do aperfeiçoamento e valorização dos agentes da através de projetos específicos direcionados às áreas de deficiência.
cultura e criação artística; § 1º Promoção, em conjunto com outros Municípios, de jogos
VI - proteção às expressões culturais, dos grupos étnicos que e competições esportivas amadoras, inclusive de alunos da rede
compõem a formação do nosso povo; pública.
VII - proteção, restauração e divulgação dos documentos, das § 2º A lei Municipal disporá sobre as providências a serem to-
obras e outros bens de valor histórico, artístico, cultural e científico, madas para a reserva de espaços destinados às atividades recreati-
os monumentos, as paisagens naturais notáveis, os sítios arqueoló- vas, de lazer e desporto, sempre que venha a ser concedida licenças
gicos e ecológicos. para implantação de loteamentos ou construções de conjuntos ha-
bitacionais.

179
LEGISLAÇÃO

Art. 209-A O Município reservará áreas destinadas à prática es- rais, como palestras e seminários, onde poderão contribuir com sua
portiva e ao lazer comunitário nos programas e projetos de urbani- experiência profissional e de vida. (Redação dada pela Emenda nº
zação, moradia popular e nas unidades educacionais. (Incluído pela 014/2020)
Emenda nº 014/2020)
SEÇÃO III
CAPITULO VI DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
DA FAMÍLIA, DA PESSOA IDOSA, DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE, DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E DA Art. 214. À criança e ao adolescente, o Município de Quatis
MULHER assegurará todos os direitos e garantias fundamentais da pessoa
humana, reconhecidos na Constituição da República e nas Leis Fe-
SEÇÃO I derais, Estaduais e Municipais.
DA FAMÍLIA Art. 215. É dever da Família, da Sociedade e do Município de
Quatis assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta priori-
Art. 210. O Município, na formação e aplicação de suas políti- dade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao la-
cas sociais visará, nos limites de sua competência e em colaboração zer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
com a União e o Estado, dar a Família condições para realização de familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
suas relevantes funções sociais, principalmente no tocante ao seu de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
desenvolvimento, segurança e estabilidade. opressão.
§ 1º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020) § 1º A lei disporá sobre a criação e o funcionamento de cen-
§ 2º Lei específica disporá sobre a assistência à maternidade. tros de recebimento e encaminhamento de denúncias referentes
§ 3º Para perfeita execução do disposto neste artigo serão ado- à violência praticada contra a criança e adolescentes, inclusive no
tadas, entre outras, as seguintes medidas: âmbito familiar e sobre as providências cabíveis.
a) amparo à família numerosa e sem recursos; § 2º É dever do Município criar programas de prevenção e
b) ação contra os males que são causadores da dissolução fa- atendimento especializado à criança e ao adolescente dependentes
miliar; de drogas e afins.
c) estímulo aos pais e às organizações sociais para a formação § 3º Será garantido o acesso ao programa Jovem Aprendiz, pre-
moral, cívica, intelectual e física dos componentes familiares; vendo-se horário especial de trabalho em função do adolescente.
d) a criação de Núcleos de Atendimento à Mulher, compreen- (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
dendo neste caso, principalmente, gestante e lactantes. § 4º Ao adolescente trabalhador na condição de aprendiz, fi-
Seção II cam assegurados todos os direitos sociais e previdenciários previs-
Da Pessoa Idosa tos na Constituição da República. (Redação dada pela Emenda nº
Art. 211. O Município dispensará atenção especial à pessoa 014/2020)
idosa e assegurará condições morais, físicas e sociais para a sua § 5º O Município promoverá programas de assistência integral
perfeita integração na Sociedade. (Redação dada pela Emenda nº à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação das
014/2020) entidades não governamentais.
§ 1º O Município promoverá condições que assegurem ampa- § 6º O Município de Quatis, junto com as associações comuni-
ro às pessoas idosas, principalmente no tocante à sua dignidade e tárias, implantará centro de lazer e cultura, quadra de esportes e
bem- estar. demais espaços que venham oferecer formas comunitárias de di-
§ 2º Para assegurar a integração da pessoa idosa na comunida- versão, garantindo, para isso, dotação orçamentária específica.
de e na família, será criado um centro diurno de lazer e amparo à § 7º SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
velhice. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 216. A família, ou agrupamento familiar natural, é sempre
§ 3º O Município poderá criar convênios com clubes recreativos o espaço preferencial para o atendimento da criança e do adoles-
locais, buscando utilizar seus espaços, tempos ociosos para ampliar cente.
o atendimento às pessoas idosas, com palestras, jogos, competi- Art. 217. O Município manterá programas destinados à Assis-
ções e outras atividades. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) tência integral à criança e ao adolescente, incluindo:
Art. 212. O Município dará assistência às pessoas idosas através I - serviço de prevenção de violência sexual; (Redação dada
de: (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) pela Emenda nº 014/2020)
I - celebração de convênios com o Estado, ou entidades civis; II - garantia do acesso a locais apropriados ao acolhimento pro-
II - fortalecimento do serviço de proteção social básica no visório de crianças e adolescentes vítimas de violência, em situação
domicilio para as pessoas idosas; (Redação dada pela Emenda nº de risco social. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
014/2020) Art. 218. O Município atenderá e encaminhará aos órgãos com-
III - garantia do acesso a instituições de longa permanência petentes todos os casos de violação de direitos da criança e do ado-
para pessoas idosas; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) lescente. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
IV - manutenção de instituições de amparo à velhice, direta- Art. 219. SUPRIMIDO (Revogado pela Emenda nº 014/2020)
mente ou por convênio; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) Art. 220. Será criado, mediante lei, como órgão normativo de
V - integração da pessoa idosa na comunidade e na família, deliberação, vinculado ao governo municipal de Quatis, o Conselho
através da implantação de um centro de lazer e amparo à velhice. Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, que terá por
(Redação dada pela Emenda nº 014/2020) finalidade definir, acompanhar e controlar a política, as ações, bem
Art. 213. O Município poderá, com devida remuneração finan-
ceira, promover investimento na pessoa idosa em atividades cultu-

180
LEGISLAÇÃO

como os projetos e propostas que tenham como objetivo assegurar XII - garantir a gratuidade nos transportes coletivos do Municí-
os direitos da criança e do adolescente. (Redação dada pela Emen- pio para todos os deficientes e seus acompanhantes;
da nº 014/2020) XIII - assegurar aos profissionais de ensino ligados à educação
Art. 221. O Município garantirá, na forma da lei, a participação especial, treinamento e reciclagem, para atuarem junto às pessoas
de entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente, na com deficiência, bem como a criação de cursos e seminários de es-
fiscalização do cumprimento dos dispositivos neste capítulo, atra- pecialização; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
vés de sua inclusão no Conselho Municipal de Direitos da Criança e XIV - garantir a todos os profissionais envolvidos direta e exclu-
do Adolescente. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) sivamente na educação especial junto à rede municipal de ensino,
ou outro órgão por ela subvencionado, a inclusão de um adicional
SEÇÃO IV mínimo de 20% (vinte por cento) de seus vencimentos, desde que
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA este profissional seja servidor municipal; (Redação dada pela Emen-
da nº 014/2020)
Art. 222. É dever do Poder Público Municipal garantir à pessoa XV - proporcionar atendimento médico e realização de exames
com qualquer deficiência física, intelectual, sensorial, múltipla ou em outros locais quando não existir no Município tais atendimen-
superdotação, o total desenvolvimento de suas potencialidades e tos, bem como o transporte para o deslocamento do deficiente e
integração na vida cultural, econômica e social do Município, obe- seu acompanhante;
decendo aos seguintes princípios: (Redação dada pela Emenda nº XVI - promover debates comunitários, palestras, discussões e
014/2020) campanhas de esclarecimentos a respeito da situação da pessoa
I - assegurar às pessoas com deficiência o direito à assistência portadora de deficiência, em questões morais, físicas, educacionais,
desde o nascimento, incluindo a estimulação precoce na Educação religiosas e profissionais;
Infantil, oferta do Ensino Fundamental e garantia de acesso ao Ensi- XVII - facilitar o acesso a próteses, colchões d’água e medica-
no Médio; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) mentos, para o pronto atendimento dos deficientes temporários e
II - dar atendimento, com prioridade nas áreas de habilitação e permanentes;
reabilitação, em hospitais ou clínicas, com profissionais especializa- XVIII - assegurar ao deficiente, nos concursos públicos, igual-
dos e equipamentos necessários; dade de condições, adequando as provas à sua capacidade física e
III - promover a criação de programas de orientação e preven- sensorial;
ção contra as doenças ou condições que sejam responsáveis pelas XIX - fazer convênio com outros órgãos públicos ou privados,
deficiências físicas, intelectuais, sensoriais, múltiplas e superdota- para possibilitar a formação profissional dos deficientes, indepen-
ção; (Redação dada pela Emenda nº 014/2020) dentemente do nível de escolaridade;
IV - proceder ao atendimento especializado para as pessoas XX - fornecer esclarecimentos que se façam necessários, das le-
com deficiências físicas, intelectuais, sensoriais, múltiplas ou super- gislações federal, estadual e municipal, quanto aos direitos que são
dotação e de integridade do adolescente com deficiência, mediante concernentes à pessoa com deficiência, a seus familiares e profis-
treinamento para o trabalho e convivência social; (Redação dada sionais das áreas de saúde, educação e outras envolvidas. (Redação
pela Emenda nº 014/2020) dada pela Emenda nº 014/2020)
V - assegurar, na rede municipal de ensino, o atendimento Parágrafo único. Para cumprimento do disposto no presente ar-
educacional especializado aos alunos com deficiência, transtor- tigo, fica assegurada a criação de uma equipe multidisciplinar, com-
nos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação, posta por psicólogo, neurologista, neuropediatra, fisioterapeuta,
preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, psicopedagogo e
Emenda nº 014/2020) nutricionista. (Redação dada pela Emenda nº 014/2020)
VI - garantir verba específica para o atendimento à educação
especial; SEÇÃO V
VII - manter convênios com órgãos públicos e entidades priva- DA MULHER
das para prevenção, atendimento, orientação, e controle de defi-
cientes, envolvendo as áreas de Saúde e Educação; Art. 223. O Município obriga-se a implantar e a manter órgãos
VIII - criar, através do setor competente, áreas próprias para específicos para tratar das questões relativas à mulher, que terão
prática de esportes e atividades de lazer, especialmente equipadas sua composição e competência fixada em lei, garantida a
para utilização pelos deficientes; participação de mulheres representantes da comunidade, com
IX - promover convênios com serviços, empresas e instituições atuação comprovada na defesa de seus direitos.
públicas e privadas, para acolhimento de pessoas com deficiên- Art. 224. O Município criará formas de incentivos específicos,
cia com vínculo familiar rompido; (Redação dada pela Emenda nº nos termos da lei, às empresas que apresentem políticas e ações de
014/2020) valorização social da mulher, através de:
X - fixar normas quanto às edificações de obras públicas e priva- I - incentivo para que as empresas adaptem seus equipamen-
das, garantindo a obrigatoriedade de construção de rampas e aces- tos, instalações e rotinas de trabalho à mulher, em especial, à ges-
sos nos edifícios, vias e logradouros de acesso público; tante e à que amamente;
XI - fixar normas para adaptação dos transportes coletivos para II - incentivo à iniciativa privada para criação ou ampliação de
o acesso dos deficientes, sendo que incentivos poderão ser regu- programas de formação de mão- de-obra feminina, em todos os se-
lamentados, para as empresas concessionárias que aderirem ao tores;
programa de implantação de coletivos adaptados para o acesso de III - incentivo às empresas que tenham por objetivo a criação
deficientes; de mecanismos de estímulo ao mercado de trabalho da mulher.

181
LEGISLAÇÃO

Art. 225. Fica garantida a presença de elementos femininos no Parágrafo único. Os Conselhos Populares são entidades autô-
efetivo da Guarda Municipal. nomas, aconfessionais e apartidárias, com regulamentação própria
Art. 225-A O Município garantirá assistência à mulher em casos e independente.
de violência sexual e doméstica, asseguradas dependências espe- Art. 237. O provimento dos Cargos em Comissão devem ser
ciais nos serviços garantidos direta ou indiretamente pelo Poder exercidos por servidores de livre nomeação e exoneração, nos casos
Público. (Incluído pela Emenda nº 014/2020) declarados em lei. (Redação dada pela Emenda nº 009/2009)
Art. 238. Esta Lei Orgânica, aprovada pela Câmara Municipal,
TÍTULO IX entra em vigor na data de sua promulgação, revogadas as disposi-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ções em contrário.

Art. 226. Os Poderes Executivo e Legislativo são obrigados a DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS


fornecer a qualquer cidadão quatiense contribuinte, interessado, Art. 1º O Conselho Municipal de Saúde será instalado no prazo
no prazo máximo de 15 (quinze) dias, certidão de atos, contratos máximo de 60 (sessenta) dias, a contar da promulgação desta Lei
e decisões, ou cópias reprográficas autenticadas dos mesmos, sob Orgânica.
pena de responsabilidade da autoridade que negar ou retardar a Art. 2º O Município deverá regulamentar, no prazo máximo de
sua expedição. 90 (noventa) dias, a contar da promulgação desta Lei Orgânica, con-
Parágrafo único. No mesmo prazo deverão atender às requi- tido no Art. 200, Inciso III.
sições judiciais, se outro não for fixado pela autoridade judiciária. § 1º Em igual prazo, o Município deverá elaborar o Plano de
Art. 226-A Os prazos estabelecidos nesta Lei Orgânica serão Cargo e Carreira e o Estatuto do Magistério.
contados de modo contínuo, salvo se fixados de forma contrária. § 2º O Município implantará em igual prazo de 90 (noventa)
(Incluído pela Emenda nº 014/2020) dias o Conselho Municipal de Educação.
Art. 227. É obrigatória a publicação, na íntegra, de qualquer ins- Art. 3º Fica estabelecido o prazo máximo de 120 (cento e vinte)
trumento legal municipal que venha a ser alterado no seu todo ou dias, a contar da promulgação desta Lei Orgânica, para criação e
em parte, passando a prevalecer o último texto consolidado apro- instalação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural.
vado. Art. 4º O Município deverá criar, no prazo máximo de 150 (cen-
Art. 228. A Lei municipal proibirá a instalação de estabeleci- to e cinquenta) dias, a contar da promulgação desta Lei Orgânica, o
mentos comerciais ou industriais que agridam o aspecto local, prin- Conselho Municipal de Turismo.
cipalmente depósitos de materiais usados (ferros-velhos) e os que Art. 5º O Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adoles-
manipulem materiais poluentes ou que favoreçam a proliferação de cente será criado pelo Município no prazo máximo de 180 (cento e
animais nocivos à saúde, em região central da cidade ou em áreas oitenta) dias, a contar da promulgação desta Lei Orgânica.
residenciais nos bairros e distritos. Art. 6º O Município criará, no prazo máximo de 210 (duzentos
Art. 229. Será prioritária, nos bairros periféricos e de menor e dez) dias a partir da promulgação desta Lei Orgânica, a figura do
condição financeira, a construção de áreas de lazer e praça de es- Defensor do Interesse Público, que receberá e apurará queixas de
portes. cidadãos que tiverem sido vítimas de injustiças, praticadas pelos
Parágrafo único. Somente se admitirá mudança da destinação Poderes Públicos Municipais, conforme dispuser Lei Complementar.
de área desportiva mediante sua substituição por outra no mesmo Art. 7º Os Conselhos Municipais a serem criados, conforme dis-
bairro ou região. posição desta Lei Orgânica, deverão ter, na sua direção, a participa-
Art. 230. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico ção de membros-representantes da comunidade.
perfeito e a coisa julgada. Art. 8º O Município mandará imprimir esta Lei Orgânica para
Art. 231. O Poder Público restringirá as atividades comerciais distribuição gratuita nas Escolas, Sindicatos e Entidades Represen-
que explorem a venda de armas de fogo e munições, fauna e flo- tativas da comunidade, promovendo, assim, sua ampla divulgação.
ra, bem como de materiais que causem dependência de qualquer Art. 9º O Plano de Proteção ao Meio Ambiente, conforme dis-
natureza. posto no art. 186-E, será instituído pelo Município, mediante lei,
Art. 232. É livre a manifestação do pensamento, a criação, a no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias, a contar da
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veícu- promulgação desta revisão da Lei Orgânica. (Incluído pela Emenda
lo, observados os princípios da Constituição Federal e da legislação nº 014/2020)
própria. Art. 10. Os programas permanentes de conservação e prote-
Art. 233. O controle dos atos da Administração Pública Munici- ção contra poluição, com diretrizes em Lei conforme disposto no
pal será exercido pelo Poder Legislativo, pelo cidadão, pela socieda- art. 186-J, serão instituídos pelo Município no prazo máximo de 360
de através de suas entidades representativas, e pela própria Admi- (trezentos e sessenta) dias, a contar da promulgação desta revisão
nistração Pública, nas formas previstas pelas Constituições Federal, da Lei Orgânica. (Incluído pela Emenda nº 014/2020)
Estadual e por esta Lei Orgânica.
Art. 234. As ações dos Poderes Públicos municipais voltar-se- Quatis, 30 de junho de 1993.
-ão, prioritariamente, para as necessidades sociais básicas da po-
pulação carente.
Art. 235. O pagamento do servidor público municipal prevale-
cerá sobre qualquer outra despesa.
Art. 236. Além das diversas formas de participação popular pre-
vista nesta Lei Orgânica, fica assegurada a existência de Conselhos
Populares, na sede e nos distritos do Município.

182
INFORMÁTICA BÁSICA

Tipos:
CONHECIMENTOS SOBRE PRINCÍPIOS BÁSICOS
DE INFORMÁTICA, INCLUINDO HARDWARE,
IMPRESSORAS, SCANNERS E MULTIFUNCIONAIS PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
Hardware PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os DE SAÍDA
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu-
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- • Periféricos de entrada mais comuns.
do, monitor, scanner, etc. – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
Software para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
Software, na verdade, são os programas usados para fazer tare- – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
fas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software são para uso no computador;
programadas em uma linguagem de computador, traduzidas em lin- – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
guagem de máquina e executadas por computador. podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
O software pode ser categorizado em dois tipos: putador.
– Software de sistema operacional
– Software de aplicativos em geral • Periféricos de saída populares mais comuns
– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
• Software de sistema operacional – Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento rial físico;
do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
de software do sistema incluem sistemas operacionais como Win- – Fones de ouvido.
dows, Linux, Unix , Solaris etc.
Sistema Operacional
• Software de aplicação O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati- Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc. como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

Para não esquecer: • Aplicativos e Ferramentas


São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
HARDWARE É a parte física do computador
cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas) HD (Hard Disk - Disco Rígido)1

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.
O HD é o item responsável pelo armazenamento de dados per-
manentes (os dados armazenados no HD não são perdidos quando
o computador é desligado, como é o caso da memória RAM). O HD
é o local onde é instalado e mantido o sistema operacional, todos
os outros programas que são instalados no computador e todos os
arquivos que do usuário.

1 Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/disco-rigido/

183
INFORMÁTICA BÁSICA

O armazenamento do HD é contado normalmente em GB (Gi- SSD2


gabytes), porem atualmente já existe discos rígidos com capacida-
de de TB (Tera Bytes - 1024 GB). Para se ter acesso aos dados do
HD, é necessário um Sistema operacional.
Atualmente os sistemas operacionais conseguem utilizar o HD
como uma extensão da memória, na chamada Gestão de memória
Virtual. Porém esta função é utilizada somente quando a memória
principal (memória RAM) está sobrecarregada.
Os HD’s Externos são uma grande evolução. Estes podem ser
carregados em mochilas, pastas, no bolso ou mesmo na mão sem
problema algum.
Os dados do HD são guardados em uma mídia magnética, pare-
cida com um DVD. Esta é muito sensível, se receber muitas batidas O SSD (solid-state drive) é uma nova tecnologia de armazena-
pode se deslocar e o HD perde a utilidade. Nestes casos é quase mento considerada a evolução do disco rígido (HD). Ele não possui
impossível recuperar dados do HD. partes móveis e é construído em torno de um circuito integrado
semicondutor, o qual é responsável pelo armazenamento, diferen-
Obs: Um GB Equivale a 1024 MB(Mega Bytes), e cada TB equi- temente dos sistemas magnéticos (como os HDs).
vale a 1024GB. Mas o que isso representa na prática? Muita evolução em re-
lação aos discos rígidos. Por exemplo, a eliminação das partes me-
O número 1024 parece estranho, porém as unidades de arma- cânicas reduz as vibrações e tornam os SSDs completamente silen-
zenamento utilizam códigos binários para gravar as informações ciosos.
(portanto, sempre múltiplo de 2). Outra vantagem é o tempo de acesso reduzido à memória flash
Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo, que presente nos SSDs em relação aos meios magnéticos e ópticos. O
pode ser padrão IDE, SATA, SATA II ou SATA III. SSD também é mais resistente que os HDs comuns devido à ausên-
cia de partes mecânicas – um fator muito importante quando se
HD Externo trata de computadores portáteis.
O SSD ainda tem o peso menor em relação aos discos rígidos,
mesmo os mais portáteis; possui um consumo reduzido de energia;
consegue trabalhar em ambientes mais quentes do que os HDs (cer-
ca de 70°C); e, por fim, realiza leituras e gravações de forma mais
rápida, com dispositivos apresentando 250 MB/s na gravação e 700
MB/s na leitura.
Mas nem tudo são flores para o SSD. Os pequenos velozes ain-
da custam muito caro, com valores muito superiores que o dos HDs.
A capacidade de armazenamento também é uma desvantagem,
pois é menor em relação aos discos rígidos. De qualquer forma,
Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capacida- eles são vistos como a tecnologia do futuro, pois esses dois fatores
de de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Terabytes. negativos podem ser suprimidos com o tempo.
Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada USB do Obviamente, é apenas uma questão de tempo para que as em-
computador. presas que estão investindo na tecnologia consigam baratear seus
As grandes vantagens destes dispositivos são: custos e reduzir os preços. Diversas companhias como IBM, Toshiba
Alta capacidade de armazenamento; e OCZ trabalham para aprimorar a produção dos SSDs, e fica cada
Facilidade de instalação; vez mais evidente que os HDs comuns estão com seus dias conta-
Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar sem dos.
necessidade de abrir o computador.
CD, CD-R e CD-RW
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80 e
é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digital-
mente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
- Uma camada de policarbonato (espécie de plástico), onde fi-
cam armazenados os dados.
- Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de refletir
o laser.
- Uma camada de acrílico, para proteger os dados.
- Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos.

2 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/memoria/202-o-que-e-ssd-.
htm

184
INFORMÁTICA BÁSICA

Na camada de gravação existe uma grande espiral que tem um Cartão de Memória
relevo de partes planas e partes baixas que representam os bits.
Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a informação. Temos
hoje, no mercado, três tipos principais de CDs:
1. CD Comercial: que já vem gravado com música ou dados.
2. CD-R: que vem vazio e pode ser gravado uma única vez.
3. CD-RW: que pode ter seus dados apagados e regravados.

Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de 700


MB ou 80 minutos de música. Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo de
dispositivo de armazenamento de dados com memória flash, muito
DVD, DVD-R e DVD-RW encontrado em máquinas fotográficas digitais e aparelhos celulares
O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje o smartphones.
formato mais comum para armazenamento de vídeo digital. Foi in- Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e nos te-
ventado no final dos anos 90, mas só se popularizou depois do ano lefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ringtones, endere-
2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas, com a ços, números de telefone etc.
diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informações é O cartão de memória funciona, basicamente, como o pen dri-
menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que proporcio- ve, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente no dispositivo
na maior capacidade de armazenamento. e é bem mais compacto.
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de grava- Os formatos mais conhecidos são:
ção única e RW que possibilita a regravação de dados. A capacidade - Memory Stick Duo.
dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de dados, existindo - SD (Secure Digital Card).
ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que contém duas ca- - Mini SD.
madas de gravação, cuja capacidade de armazenamento chega a - Micro SD.
8,5 GB.
Unidade de Disquete
Blu-Ray As unidades de disquete armazenam informações em discos,
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre 25 e também chamados discos flexíveis ou disquetes. Comparado a
50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de gravação. CDs e DVDs, os disquetes podem armazenar apenas uma pequena
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD co- quantidade de dados. Eles também recuperam informações de for-
muns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitura é ma mais lenta e são mais vulneráveis a danos. Por esses motivos,
ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem maior as unidades de disquete são cada vez menos usadas, embora ainda
de dados no disco. sejam incluídas em alguns computadores.
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico
que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta
azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por fins
jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre co-
mercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido no
mercado no ano de 2006.

Pen Drive

Disquete.

Por que estes discos são chamados de “disquetes”? Apesar de a


parte externa ser composta de plástico rígido, isso é apenas a capa.
O interior do disco é feito de um material de vinil fino e flexível.
É um dispositivo de armazenamento de dados em memória
flash e conecta-se ao computador por uma porta USB. Ele
combina diversas tecnologias antigas com baixo custo, baixo
consumo de energia e tamanho reduzido, graças aos avanços nos
microprocessadores. Funciona, basicamente, como um HD externo
e quando conectado ao computador pode ser visualizado como um
drive. O pen drive também é conhecido como thumbdrive (por ter o
tamanho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdrive (por
usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos CDs, ou
seja, armazenar dados para serem transportados, porém, com uma
capacidade maior, chegando a 256 GB.

185
INFORMÁTICA BÁSICA

Tipos de ataques
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: FUNDAMENTOS Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles5:
E PRINCÍPIOS, PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA, – Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar
MALWARE (VÍRUS, WORMS, TROJAN, ETC.), de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
APLICATIVOS DE SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses-
ANTI-SPYWARE, ETC.) são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera-
ção, fraude, reprodução, bloqueio).
Segurança da informação – Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole-
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema,
de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi- máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep-
zação3. tação, monitoramento, análise de pacotes).
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma cor-
poração, sendo também fundamentais para as atividades do negó- Política de Segurança da Informação
cio. Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- da organização através de regras de alto nível que representam os
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro- a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti-
blemas. co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares4: a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí- para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
vel somente a pessoas autorizadas. • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de formação e periodicidade de troca.
de modo permanente a elas. • Política de backup: define as regras sobre a realização de có-
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten-
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e ção e frequência de execução.
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. • Política de privacidade: define como são tratadas as informa-
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria ções pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
do conteúdo seja mesmo a anunciada. • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- a terceiros.
nal da área trabalha no dia a dia.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do Mecanismos de segurança
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada Ele pode ser aplicado de duas formas:
uma delas. – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qual-
quer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informa-
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares ção ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo prote- – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras ele-
gido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança trônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antiví-
da informação, ainda que sem intenção rus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. de encriptação, que transformam as informações em códigos que
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
explorada por uma ameaça. certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
ça da informação. ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

3 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/ 5 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-segu-
4 https://bit.ly/2E5beRr ranca-da-informacao/

186
INFORMÁTICA BÁSICA

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação6.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequência
de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor quanto
o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.7

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser8.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
6 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
7 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%-
C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
8 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

187
INFORMÁTICA BÁSICA

– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Noções de vírus, antivírus

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e diminuir
o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se instalam
e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.)

• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um papel
fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo de uma
ação inesperada em que o usuário aciona um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como quarentena,
remoção definitiva e reparos.
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as
medidas de segurança.

• Firewall
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele determina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, blo-
queando entradas indesejáveis e protegendo assim o computador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da implementação,
isso pode ser limitado a combinações simples de IP / porta ou fazer verificações completas.

• Antispyware
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em contrário, o antispyware protege o computador funcionando como o
antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação.

SISTEMAS OPERACIONAIS MICROSOFT, WINDOWS XP E WINDOWS 10 OU SUPERIOR

O Windows XP é um sistema operacional desenvolvido pela Microsoft. Sua primeira versão foi lançada em 2001, podendo ser encon-
trado na versão Home (para uso doméstico) ou Professional (mais recursos voltados ao ambiente corporativo).
A função do XP consiste em comandar todo o trabalho do computador através de vários aplicativos que ele traz consigo, oferecendo
uma interface de interação com o usuário bastante rica e eficiente.
O XP embute uma porção de acessórios muito úteis como: editor de textos, programas para desenho, programas de entretenimento
(jogos, música e vídeos), acesso â internet e gerenciamento de arquivos.

Inicialização do Windows XP.

188
INFORMÁTICA BÁSICA

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador9.

Tela de Logon.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho

Área de Trabalho

Área de trabalho do Windows XP.

9 https://docente.ifrn.edu.br/moisessouto/disciplinas/informatica-basica-1/apostilas/apostila-windows-xp/view

189
INFORMÁTICA BÁSICA

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

Ícones
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você pode adi-
cionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Computador, Meus Documentos,
Meus Locais de Rede, Internet Explorer.

Alguns ícones de aplicativos no Windows XP.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob
outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus colegas lhe
pede para você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro. Você não precisa fechar o editor de textos.
Apenas salve o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar que a pla-
nilha seja totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no botão correspondente
na Barra de tarefas e volte a trabalhar.

Barra de tarefas do Windows XP.

Botão Iniciar
É o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por sua vez,
acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Botão Iniciar.

Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a direita, significando que há opções adicionais disponíveis em um menu secun-
dário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma seta, será exibido outro menu.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um programa que estiver instalado no computador, ou fazer alterações nas configura-
ções do computador, localizar um arquivo, abrir um documento.

Menu Iniciar

Menu Iniciar.

190
INFORMÁTICA BÁSICA

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir, confi-
gurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das versões anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de tarefas com o botão
direito do mouse e selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.
Esta guia tem duas opções:
• Menu iniciar: oferece a você acesso mais rápido a e-mail e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas usados
recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP
• Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência das versões antigas do Windows, como o Windows ME, 98 e 95.

Propriedades de Barra de tarefas e do Menu Iniciar.

Todos os programas
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro submenu, no qual aparecem todas as opções de programas. Para entrar
neste submenu, arraste o mouse em linha reta para a direção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá selecionar o aplicativo
desejado. Para executar, por exemplo, o desfragmentador de disco, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção Acessórios. O
submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Ferramentas de Sistemas e depois para Desfragmentador de disco.

Todos os programas.

191
INFORMÁTICA BÁSICA

Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o computador.
Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os programas e
arquivos que você estava usando, abertos.
• Desativar: desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segurança.
- Reiniciar: encerra o Windows e o reinicia.

Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.

Acessórios Windows XP.

192
INFORMÁTICA BÁSICA

Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador – programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco, por
exemplo – torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.
O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM).

Tela exibida ao clicar no ícone Meu Computador.

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fazendo,
por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos arquivos.
Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indesejáveis e
muito mais.
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em cada
pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra todas
as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe o conteúdo do
item selecionado à esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz
a janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas).

Tela do Windows Explorer.

193
INFORMÁTICA BÁSICA

Para abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas/Acessórios e clique sobre Windows Explorer ou
clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione a opção Explorar.
Na figura, o painel da esquerda todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas. As pastas que contêm um
sinal de – (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as subpastas).

Lixeira
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área de trabalho, mas pode ser acessada através do Windows Explorer.

Ícone Lixeira.

WordPad
O Windows traz junto dele um programa para edição de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixando-os
com uma boa aparência.
O WordPad é um editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o Wordpad
é uma versão muito simplificada do Word, pois tem um número menor de recursos.

Janela do WordPad.

194
INFORMÁTICA BÁSICA

Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos tra-
balhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em docu-
mentos de textos.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte janela será apresentada:

Janela do Paint.

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

195
INFORMÁTICA BÁSICA

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

196
INFORMÁTICA BÁSICA

Uso dos menus • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center. pia de segurança.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

197
INFORMÁTICA BÁSICA

APLICATIVOS DO MICROSOFT OFFICE 2007/2010/2016.

O Word 2007 faz parte do pacote de produtividade Microsoft Office System de 2007, que sucedeu ao Office 2003.
A área de trabalho do Word 2007 é apresentada de forma extremamente diferenciada das versões anteriores do programa.

A área de trabalho do Word 2007.

O Office 2007 inclui alterações fundamentais na interface gráfica. Isso pode ser sinalizado também pelo novo painel de comandos em
lugar dos menus e das barras de ferramentas. A Microsoft chama de Faixa de Opções a linha composta pelos nomes de várias guias que
substituem os antigos menus do Word10.

Faixa de Opções do Microsoft Word 2007.

10 Monteiro, E. Microsoft Word 2007.

198
INFORMÁTICA BÁSICA

As guias presentes na Faixa de Opções apresentam painéis que a Microsoft chama de Barra de Ferramentas Acesso Rápido. Alguns
desses painéis são fixos, ou seja, não podem ser visualizados em janelas separas. Já a grande maioria possui no canto inferior direito o
ícone que exibe a janela do comando.

Botão Office
Na versão 2007 o acesso aos comandos referentes ao menu arquivo foi substituído pelo botão do Office. Ao manter o ponteiro por
alguns instantes sobre o botão do Office, aparece a descrição:

Criando um novo documento

1. Clique no Botão Office – Novo11.

11 https://www2.unifap.br/unifapdigital/files/2017/01/M%C3%B3dulo-3.pdf

199
INFORMÁTICA BÁSICA

2. Clique em Documento em Branco – Criar.

Salvando um documento
Quando iniciamos a criação de um novo arquivo, como esse texto que digitamos, é essencial guardá-lo em algum local. Na informática
salvar é o nome dado ao ato de guardar ou armazenar.
No Word 2007 podemos salvar o arquivo clicando no Botão office – Salvar. Salve seu arquivo em algum local do computador.

Diferenças entre salvar e salvar como


Uma dúvida muito comum entre as pessoas é saber quando usar o “salvar” e o “salvar como”. Devemos usar o “salvar” quando cria-
mos nosso documento (Word, Excel, Power Point) pela primeira vez. Também podemos utilizar quando estamos modificando o documen-
to, sem problema em modificar e continuar salvando. Existe a tecla para salvar mais rápido: CTRL + B. O “salvar como” deve ser utilizado
para modificar o documento e desejar ter o documento original, para fazer uma cópia ou salvar em outras versões.

200
INFORMÁTICA BÁSICA

Imprimir e visualizar documentos


Microsoft Office você encontrará os comandos Imprimir e Visualizar na mesma janela.
Clique em Botão Office - Imprimir para encontrar os dois.

Início
Contém os principais itens de formatação. Os grupos especializados de comandos desta guia são: Área de Transferência, Fonte, Pará-
grafo, Estilo e Edição.

Guia Início.

Inserir
É a segunda guia da Faixa de Opções, contém comandos para incluir itens externos no documento. Como, por exemplo: inserir pági-
nas, tabelas, ilustrações, gráficos, links, quebras de página, itens de texto como WordArt e Caixa de Texto, equações, cabeçalhos, rodapés,
número de página e símbolos.
Após inserir algum item como uma imagem ou uma tabela, por exemplo, e após selecionar o item, será apresentada uma nova guia
com opções exclusivas de formatações desses itens. Trata-se de guias de contexto.

Guia Inserir.

201
INFORMÁTICA BÁSICA

Cabeçalho e rodapé
Os cabeçalhos e rodapés são áreas situadas nas margens superior, inferior e lateral de cada página de um documento.
Você pode inserir ou alterar textos ou gráficos em cabeçalhos e rodapés.
Por exemplo, é possível adicionar números de página, a hora e a data, uma logomarca de empresa, o título do documento ou o nome
do arquivo ou do autor.

Inserir Cabeçalho ou Rodapé


Na Guia Inserir, no Grupo Cabeçalho e Rodapé, clique em Cabeçalho ou Rodapé.

Tabela
As tabelas permitem organizar colunas de números e texto em um documento. Na tela uma tabela constitui uma grade de linhas e
colunas marcadas por linhas de grade pontilhadas, cada caixa na grade é uma célula.

Inserir tabela
1. Clique no local em que deseja inserir uma tabela.
2. Na guia Inserir, no grupo Tabelas, clique em Tabela, aponte para Tabelas Rápidas e clique no modelo que deseja.

202
INFORMÁTICA BÁSICA

O comando Inserir tabela permite que você especifique as dimensões e o formato da tabela antes da inserção da mesma em um
documento.
1. Clique no local em que deseja inserir uma tabela.
2. Na guia Inserir, no grupo Tabelas, clique em Tabela e, em seguida, clique em Inserir Tabela.

3. Em Tamanho da tabela, insira o número de colunas e linhas.

Trabalhando com imagens


O Microsoft Word 2007 disponibiliza a inserção de imagens em qualquer posição do documento. É possível inserir imagens do próprio
Word, os ClipArts, como também do próprio computador, pen drive, celular, entre outros.

ClipArt
Os ClipArts São Figuras Disponibilizadas pelo Microsoft Office. Ao instalar o Microsoft Word 2007 em nosso computador, esse já vem
com uma biblioteca interna com vários ClipArts, caso precise de novas figuras podemos baixar novos ClipArts da internet.
Pode-se acessar o ClipArt na Guia inserir – Grupo Ilustrações – ClipArt.

203
INFORMÁTICA BÁSICA

A galeria do ClipArt é exibida à direita da janela do programa do Microsoft Word. Nessa galeria é necessário digitar uma palavra-chave,
para que o programa busque figuras relacionadas com o que procuramos. Por exemplo, para pesquisar uma margem do Papai Noel, basta
digitar Natal e clicar no botão Ir.

Inserindo imagens do arquivo


Para inserir uma imagem clique na Guia inserir – Grupo Ilustrações – Imagem.

204
INFORMÁTICA BÁSICA

Wordart
O WordArt é um texto decorativo que você pode adicionar a um documento.

Inserir o WordArt
1. Clique no local onde você deseja inserir um texto decorativo em um documento.
2. Na guia Inserir, no grupo Texto, clique em WordArt.

3. Clique em qualquer estilo de WordArt e comece a digitar.

Layout de Página
Na guia Layout da Página estão todos os comandos relativos à edição de temas, configuração de página, marcas d’água e parágrafos.
É nesta guia que se ajustam os tamanhos das margens, a orientação do papel e a número de colunas.

Guia Layout de Página.

205
INFORMÁTICA BÁSICA

Referências
A faixa de opções aberta pela guia Referências reúne comandos exibidos do submenu Referências do antigo menu Inserir. São recursos
úteis principalmente na elaboração de documentos extensos, como trabalhos técnicos e acadêmicos. Entre esses itens estão opções para
a criação de sumários, notas de rodapé e de fim de documento, citações, legendas e bibliografia.

Guia Referências.

Correspondências
Quem produz documentos e precisa enviar correspondências a partir do Word, seja por e-mail ou por carta, encontra na guia Corres-
pondências os recursos para dar conta desse trabalho.

Guia Correspondências.

Revisão
A guia Revisão incorpora recursos para correção de texto, inserção de comentários e controle de alterações dos documentos. Traz
ainda comandos para proteger o documento com algum tipo de restrição de acesso.

Guia Revisão.

Exibição
É a última guia da visualização normal. Ela corresponde, de certa forma, ao antigo menu Exibir. De fato, contém os recursos desse
menu e de vários outros. Os comandos para gravar e executar macros estão nessa guia.

Guia Exibição.

206
INFORMÁTICA BÁSICA

Ícones e teclas de atalho

Área de transferência

Ctrl+X (Recortar): envia dados para a Área de Transferência retirando-os da tela.

Ctrl+C (Copiar): envia dados para a Área de Transferência sem retirá-los da tela.

Ctrl+V (Colar): recupera os dados enviados para a Área de Transferência.

Ctrl+Shift+C e Ctrl+Shift+V (Pincel): copia e Cola Formatação.

Fonte

Ctrl+Shift+F: (Fonte): apresenta uma lista de opções para modificar a tipografia da fonte (letra).

Ctrl+Shift+P (Tamanho da Fonte): apresenta uma lista de opções para modificar o tamanho da fonte.

Ctrl+> ou Ctrl+]: aumentar fonte.

Ctrl+< ou Ctrl+[: diminuir fonte.

Limpar formatação.

Ctrl+N: negrito.

Ctrl+I: itálico.

Ctrl+S: sublinhado.

Tachado.

Texto Subscrito.

Ctrl+Shift++: texto sobrescrito.

Shift+F3: alternar entre maiúsculas e minúsculas.

Funciona como uma caneta marca-texto.

Cor-da-fonte.

207
INFORMÁTICA BÁSICA

Os ajustes de formatação (bem como vários outros) no Word também podem ser efetuados através de uma caixa de diálogos especí-
fica ao invés de uma subguia12. A caixa pode ser aberta de três formas: através das teclas de atalho Ctrl +Shift + F; através das teclas Ctrl +
D; ou por um clique sobre a seta de extensão da subguia Fonte.

Caixa de diálogo Fonte.

Parágrafo

Marcadores: aplica marcadores aos parágrafos selecionados.

Numeração: formata como lista numerada os parágrafos selecionados.

Tab (para descer um nível) e Shift+Tab (para subir um nível): Numeração de Vários Níveis: formata os parágrafos com
lista numerada em vários níveis.

Diminuir recuo: avança o texto em direção à margem esquerda.

Aumentar recuo: distancia o texto da margem esquerda.

Classificar: coloca em ordem alfabética parágrafos iniciados por textos ou números.

Ctrl+Shift+*: Mostrar Tudo: exibe/oculta caracteres não imprimíveis.

Ctrl+Q: alinhar à esquerda.

Ctrl+E: centralizar.

Alinhar à Direita.

Ctrl+J: justificar.

Ctrl+1 (Espaçamento Simples), Ctrl+2 (Espaçamento Duplo) e Ctrl+5 (1,5 linhas): espaçamento entrelinhas.

Sombreamento: preenche com cor o plano de fundo.

Bordas: opções de bordas para o texto selecionado.

12 Almeida. R. B. MS Word 2007.

208
INFORMÁTICA BÁSICA

A caixa de diálogo contém as seguintes opções. Na parte inferior da caixa de diálogo, você pode ver uma Visualização de qual será a
aparência das opções antes de aplicá-las.

Janela para formatação de parágrafo.

Word 2010
O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que domina o
mercado de suítes de escritório.
Word é um processador de textos versátil com recursos avançados de editoração eletrônica capaz de criar textos, elementos gráficos,
cartas, relatórios, páginas da Internet e e-mail13.
A versão 2010 trouxe muitos novos recursos úteis para o programa, junto com alterações importantes na interface do usuário que foi
projetada para aprimorar o acesso a toda a ampla variedade de recursos do Word.

13 Monteiro, E. Microsoft Word 2007.

209
INFORMÁTICA BÁSICA

A interface do Word 2010 é bem diferente da versão 2003 e bem parecida com o Word 2007. Dentre as vantagens oferecidas pelo
aplicativo, podemos destacar: efeitos de formatação como preenchimentos de gradiente e reflexos, diretamente no texto do documento,
aplicar ao texto e às formas, muitos dos mesmos efeitos que talvez já use para imagens, gráficos e elementos gráficos SmartArt, uso do
Painel de Navegação que facilita a pesquisa e até a reorganização do conteúdo do documento em poucos cliques, além de ferramentas
para trabalhos em rede.

Interface do Word 2010.

1. Barra de título: exibe o nome de arquivo do documento que está sendo editado e o nome do software que você está usando14. Ele
também inclui a minimizar padrão, restauração, botões e fechar.
2. Ferramentas de acesso rápido: comandos que costumam ser usados, como Salvar, Desfazer, e Refazer estão localizados aqui. No
final da barra de ferramentas de acesso rápido é um menu suspenso onde você pode adicionar outros comumente usados ou necessários
comumente comandos.
3. Guia de arquivo: clique neste botão para localizar comandos que atuam no documento, em vez do conteúdo do documento, como
o Novo, Abrir, Salvar como, Imprimir e Fechar.
4. A faixa de opções: comandos necessários para o seu trabalho estão localizados aqui. A aparência da faixa de opções será alterada
dependendo do tamanho do seu monitor. O Word irá compactar a faixa de opções alterando a organização dos controles para acomodar
monitores menores.
5. Janela de editar: mostra o conteúdo do documento que você está editando.
6. Barra de rolagem: permite a você alterar a posição de exibição do documento que você está editando.
7. Barra de status: exibe informações sobre o documento que você está editando.
8. Botões de exibição: permite a você alterar o modo de exibição do documento que você está editando para atender às suas neces-
sidades.
9. Controle de slide de zoom: permite que você alterar as configurações de zoom do documento que você está editando.

Salvar a abrir um documento


No Word, você deve salvar seu documento para que você pode sair do programa sem perder seu trabalho. Quando você salva o
documento, ele é armazenado como um arquivo em seu computador. Posteriormente, você pode abrir o arquivo, alterá-lo e imprimi-lo.
Para salvar um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Salvar na barra de ferramentas de acesso rápido.

14 https://support.microsoft.com/pt-br/office/word-para-novos-usu%C3%A1rios-cace0fd8-eed9-4aa2-b3c6-07d39895886c#ID0EAABAAA=Office_2010

210
INFORMÁTICA BÁSICA

2. Especifique o local onde deseja salvar o documento na caixa Salvar em. Na primeira vez em que você salvar o documento, a primeira
linha de texto no documento é previamente preenchida como nome do arquivo na caixa nome do arquivo. Para alterar o nome do arquivo,
digite um novo nome de arquivo.
3. Clique em Salvar.
4. O documento é salvo como um arquivo. O nome do arquivo na barra de título é alterado para refletir o nome de arquivo salvo.

É possível abrir um documento do Word para continuar seu trabalho. Para abrir um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em documentos.
2. Navegue até o local onde você armazenou o arquivo e clique duas vezes no arquivo. Aparece a tela de inicialização do Word e, em
seguida, o documento é exibido.
É possível também abrir um documento a partir do Word clicando na guia arquivo e, em seguida, clicando em Abrir. Para abrir um
documento que salvo recentemente, clique em recentes.

Criando documentos no Word


O texto padrão criado no Word é chamado de documento, quando salvos no computador, este documento recebe o nome definido
pelo usuário e a extensão .DOCX (ponto DOCX).
Ao salvar um documento do Word, você também poderá criar seus próprios modelos no Word. Bastando para isso informar que o
arquivo será salvo no formato Modelo de documento, na janela do comando Arquivo/Salvar como...
Neste caso, a extensão adotada pelo arquivo será .DOTX e serão gravados em uma pasta específica, ao invés da extensão para docu-
mentos comuns .DOCX. Também é possível usar o comando Arquivo/Salvar como para salvar seu documento em diferentes formatos como
.HTM, .PDF, .ODT e .DOC utilizado pelas versões mais antigas do Word.

Editar e formatar texto


Antes de editar ou formatar texto, primeiro selecione o texto. Siga as etapas abaixo para selecionar o texto.
1. Coloque o cursor no início do texto que você gostaria de editar ou formatar e, em seguida, pressione o botão esquerdo do mouse.
2. Ao manter pressionado o botão esquerdo do mouse, movê-la para a direita (chamada de “arrastar”) para selecionar o texto. Uma
cor de plano de fundo é adicionada no local do texto selecionado para indicar que o intervalo de seleção.
A maioria das ferramentas de formatação de texto são encontrados clicando na guia página inicial e, em seguida, escolhendo no grupo
fonte.

1. Esta é a guia página inicial.


2. Este é o grupo fonte na guia página inicial.
3. Este é o botão negrito. Consulte a tabela abaixo para os nomes e funções de todos os botões no grupo fonte.

211
INFORMÁTICA BÁSICA

Ícones e teclas de atalho

Novo (Ctrl + O): exibe um novo documento em branco.


Ctrl + A (Abrir): abre documentos anteriormente salvos.

Ctrl + B (Salvar): grava o arquivo.

Ctrl + P (Imprimir): imprime o documento.


Visualizar a impressão.

Verificar Ortografia e Gramática F7

Ctrl+U (Substituir): permite substituir um texto no documento.

Ctrl + X (Copiar): copia dados para a Área de Transferência sem deixar de exibir a imagem na tela.

Ctrl + C (Copiar): copia dados para a Área de Transferência sem deixar de exibir a imagem na tela.

Ctrl + V (Colar): recupera dados enviados para a Área de Transferência.

Ctrl+Shift+C e Ctrl+Shift+V (Pincel): copia e cola formatações de texto.

Ctrl + Z (Desfazer): desfazer a última ação.

Ctrl + R (Refazer): retorno ao estado antes de ter acionado o Desfazer.

F4 (Repetir): repete a última ação.

Ctrl + K (Inserir Hiperlink): insere links de parágrafos, arquivos ou Web.

Desenhar Tabela: permite ao usuário inserir uma tabela, desenhando linhas.

Colunas: formata o texto em colunas.

Desenho: exibe ou oculta a Barra de Ferramentas Desenho.

Ctrl + *: exibe ou oculta caracteres não imprimíveis.

Efeito de Texto: atribui um efeito visual (brilho, sombra ou reflexo) ao texto selecionado.

Shift + F3 (Maiúsculas e Minúsculas): alterna a capitalização do texto.

F1: Ajuda do Word

Alterar Estilos: exibe o painel de formatação de estilo.

Ctrl+Shift+F (Fonte): apresenta uma lista de opções para modificar a tipografia da fonte (letra).

Ctrl+Shift+P (Tamanho da Fonte): apresenta uma lista de opções para modificar o tamanho da fonte.

Ctrl+> ou Ctrl+]: aumentar fonte.

212
INFORMÁTICA BÁSICA

Ctrl+< ou Ctrl+[: diminuir fonte.

Limpar Formatação.

Ctrl+N: negrito.

Ctrl+I: itálico.

Ctrl+S: sublinhado.

Tachado.

Texto Subscrito.

Ctrl+Shift++: texto sobrescrito.

Shift+F3: alternar entre maiúsculas e minúsculas.

Funciona como uma caneta marca-texto.

Cor-da-fonte.

Marcadores: aplica marcadores aos parágrafos selecionados.

Numeração: formata como lista numerada os parágrafos selecionados.

Tab (para descer um nível) e Shift+Tab (para subir um nível): numeração de Vários Níveis: formata os parágrafos
com lista numerada em vários níveis.

Diminuir recuo: avança o texto em direção à margem esquerda.

Aumentar recuo: distancia o texto da margem esquerda.

Classificar: coloca em ordem alfabética parágrafos iniciados por textos ou números.

Ctrl+Shift+* (Mostrar Tudo): exibe/Oculta caracteres não imprimíveis

Ctrl+Q: alinhar à esquerda.

Ctrl+E: centralizar.

Alinhar à Direita.

Ctrl+J: justificar

Ctrl+1 (Espaçamento Simples), Ctrl+2 (Espaçamento Duplo) e Ctrl+5 (1,5 linhas): espaçamento entrelinhas

Sombreamento: preenche com cor o plano de fundo.

Bordas: opções de bordas para o texto selecionado.

213
INFORMÁTICA BÁSICA

Word 2016
Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe documen-
tos de maneira fácil e prática15.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de documen-
tos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pouquíssimas no-
vidades, seguiu as tendências atuais da computação, permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo integração direta com
vários outros serviços da web, como Facebook, Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.

Novidades no Word 2016


– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui a caixa
Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um termo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que procurar.

– Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.

15 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

214
INFORMÁTICA BÁSICA

Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou Word
On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, clique em Com-
partilhar para gerar um link ou enviar um convite por e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em compartilhar
automaticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre qualquer
palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela do programa
e lista todas as entradas na internet relacionadas com a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento e
para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

215
INFORMÁTICA BÁSICA

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.
– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout16.

Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.17

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201618.

Área de trabalho do Word 2016.

16 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.


17 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
18 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

216
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

217
INFORMÁTICA BÁSICA

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

218
INFORMÁTICA BÁSICA

Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

219
INFORMÁTICA BÁSICA

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar um
uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por outro
de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados diferen-
tes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela e
vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

220
INFORMÁTICA BÁSICA

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

221
INFORMÁTICA BÁSICA

Excel 2007
O Microsoft Excel 2007 é uma versão do Pacote Office escrito e produzido pela empresa Microsoft e baseado em planilha eletrônica,
ou seja, páginas em formato matricial compostas por células e formadas por linhas e colunas19.
É muito utilizado para cálculos, estatísticas, gráficos, relatórios, formulários e entre outros requisitos das rotinas empresariais, admi-
nistrativas e domésticas.

Área de trabalho do Excel 2007.

As principais funções do Excel são20:


• Planilhas: você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar gráfico
diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos pré-
-definidos em tabelas.
• Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
• Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você pode
personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
• Apresentações: você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
• Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

19 https://www2.unifap.br/unifapdigital/files/2017/01/M%C3%B3dulo-4.pdf
20 http://www.prolinfo.com.br

222
INFORMÁTICA BÁSICA

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Planilha eletrônica.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

223
INFORMÁTICA BÁSICA

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.
– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal.
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 1 e a coluna A, então a célula será chamada 4, como mostra na caixa de nome A1 logo acima da
planilha.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

224
INFORMÁTICA BÁSICA

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).

Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ ( ) ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Copiar Fórmula para células adjacentes


Copiar uma fórmula para células vizinhas representa ganho de tempo ao trabalhar com planilhas.
Para isso, podemos usar a alça de preenchimento. Sua manipulação permite copiar rapidamente conteúdo de uma célula para outra,
inclusive fórmulas.

Alça de Preenchimento.

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.

225
INFORMÁTICA BÁSICA

ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

226
INFORMÁTICA BÁSICA

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.
Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.

227
INFORMÁTICA BÁSICA

Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

Excel 2010
O Microsoft Excel 2010 é um programa de planilha eletrônica de cálculos, em que as informações são digitadas em pequenos quadra-
dos chamadas de células.
É um programa voltado para construção de tabelas simples até as mais complexas. Ao abrir o aplicativo, o que se visualiza é uma folha
composta de colunas e linhas formando células.

Tela inicial do Excel 2010.

228
INFORMÁTICA BÁSICA

Nessa versão temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo especificamente, 1.048.576 linhas e 16.384 colunas.

As cinco principais funções do Excel são21:


– Planilhas: você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar gráfico
diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos pré-
-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você pode
personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.


21 http://www.prolinfo.com.br

229
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical.


– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal.
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 2 e a coluna B, então a célula será chamada B2, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


A “faixa de opções introduzida pela primeira vez no Excel 2007, foi aprimorada na versão 2010 e possui algumas diferenças que estão
listadas:

A volta do “Arquivo”: o botão “Arquivo”, que ficou amplamente divulgado nas versões anteriores à versão 2007 retorna na versão
2010. Na versão 2007 este botão havia sido substituído pelo “Botão do Office”, mas na versão 2010, ele voltou a ser chamado de “Arquivo”,
que ao receber o clique, ingressará no “modo de exibição do Microsoft Office Backstage”.
A faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao MS Excel 2007 a faixa de opções era co-
nhecida como menu.
1. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
2. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
3. Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

230
INFORMÁTICA BÁSICA

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).

Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

231
INFORMÁTICA BÁSICA

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Copiar Fórmula para células adjacentes


Copiar uma fórmula para células vizinhas representa ganho de tempo ao trabalhar com planilhas.
Para isso, podemos usar a alça de preenchimento. Sua manipulação permite copiar rapidamente conteúdo de uma célula para outra,
inclusive fórmulas.

Alça de Preenchimento.

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

232
INFORMÁTICA BÁSICA

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.
Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

233
INFORMÁTICA BÁSICA

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.

Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.


Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

234
INFORMÁTICA BÁSICA

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.

Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

Excel 2016
O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.
A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como22:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

Tela Inicial do Excel 2016.


22 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/

235
INFORMÁTICA BÁSICA

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas23.

As cinco principais funções do Excel são24:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você pode
personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

23 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf
24 http://www.prolinfo.com.br

236
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

237
INFORMÁTICA BÁSICA

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

238
INFORMÁTICA BÁSICA

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

239
INFORMÁTICA BÁSICA

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

240
INFORMÁTICA BÁSICA

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

241
INFORMÁTICA BÁSICA

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

242
INFORMÁTICA BÁSICA

Powerpoint 2007
Programa utilizado para criação e apresentações de Slides. Ele permite um acesso prático, fácil e criativo para todas as necessidades
de apresentações, além de dispor de diversos recursos novos e aprimorados que as tornarão dinâmicas e atraentes, como as novas capa-
cidades para os gráficos, temas do PowerPoint e ferramentas de formatação aprimoradas para tipografia25.

Tela inicial do PowerPoint 2007.

1. Botão do Microsoft Office : substitui o menu Arquivo (versões anteriores) e está localizado no canto superior esquerdo do
programa.
Ao clicar no Botão do Microsoft Office, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar,
Publicar e Fechar.
2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do Mi-
crosoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento. É possível
adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.
4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa Power-
Point.

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou
disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia
Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.

25 https://www2.unifap.br/unifapdigital/files/2017/01/M%C3%B3dulo-5.pdf

243
INFORMÁTICA BÁSICA

Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos.

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


Você pode encontrar os modos de exibição do PowerPoint em dois lugares:
– Na guia Exibição, no grupo Modos de Exibição de Apresentações, onde todos os modos de exibição estão disponíveis.
– Em uma barra de fácil acesso, localizada na parte inferior da janela do PowerPoint, onde estão disponíveis os principais modos de
exibição (Normal, Classificação de Slides e Apresentação de Slides).

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

244
INFORMÁTICA BÁSICA

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2007 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; es-
colher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura e criar
efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento
existente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de cores,
fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

245
INFORMÁTICA BÁSICA

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.


3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado clicando
sobre ele.

Então basta começar a digitar.

246
INFORMÁTICA BÁSICA

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.

1. Fonte: altera o tipo de fonte.


2. Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
3. Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
4. Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
5. Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
6. Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7. Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
8. Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
9. Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
10. Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
11. Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
12. Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
13. Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
14. Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, promo-
vendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
15. Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Para excluir um slide basta selecioná-lo e depois clicar no botão ,localizado na guia Início.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar o Botão do Microsoft Office e clicar em Salvar, ou clicar no botão .

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

247
INFORMÁTICA BÁSICA

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2007 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

248
INFORMÁTICA BÁSICA

Powerpoint 2010
O PowerPoint 2010 é um aplicativo visual e gráfico, integrante do pacote Office, usado principalmente para criar apresentações. Com
ele, você pode criar visualizar e mostrar apresentações de slides que combinam texto, formas, imagens, gráficos, animações, tabelas, ví-
deos e muito mais.
Programa utilizado para criação e apresentações de Slides. Ele permite um acesso prático, fácil e criativo para todas as necessidades
de apresentações, além de dispor de diversos recursos novos e aprimorados que as tornarão dinâmicas e atraentes, como as novas capa-
cidades para os gráficos, temas do PowerPoint e ferramentas de formatação aprimoradas para tipografia26.
É importante ressaltar que a página do Office 2010 não é muito diferente do PowerPoint 2007. O que muda na verdade são algumas
teclas de comando e a distribuição dos recursos.

Tela inicial do PowerPoint 2010.

1. Guia Arquivo: ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, En-
viar, Publicar e Fechar.

2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do Micro-
soft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento. É possível
adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.
4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa Power-
Point.

26 https://www2.unifap.br/unifapdigital/files/2017/01/M%C3%B3dulo-5.pdf

249
INFORMÁTICA BÁSICA

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou
disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia
Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos27.

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

27 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

250
INFORMÁTICA BÁSICA

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2010 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; es-
colher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura e criar
efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento
existente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de cores,
fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.


3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado clicando
sobre ele.

251
INFORMÁTICA BÁSICA

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.

Fonte: altera o tipo de fonte.


Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, promo-
vendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Para excluir um slide basta selecioná-lo e depois clicar no botão , localizado na guia Início.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

252
INFORMÁTICA BÁSICA

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

253
INFORMÁTICA BÁSICA

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

powerpoint 2016

O aplicativo Power Point 2016 é um programa para apresentações eletrônicas de slides. Nele encontramos os mais diversos tipos de
formatações e configurações que podemos aplicar aos slides ou apresentação de vários deles. Através desse aplicativo, podemos ainda,
desenvolver slides para serem exibidos na web, imprimir em transparência para projeção e melhor: desenvolver apresentações para pa-
lestras, cursos, apresentações de projetos e produtos, utilizando recursos de áudio e vídeo.
O MS PowerPoint é um aplicativo de apresentação de slides, porém ele não apenas isso, mas também realiza as seguintes tarefas28:
– Edita imagens de forma bem simples;
– Insere e edita áudios mp3, mp4, midi, wav e wma no próprio slide;
– Insere vídeos on-line ou do próprio computador;
– Trabalha com gráficos do MS Excel;
– Grava Macros.

28 FRANCESCHINI, M. Ms PowerPoint 2016 – Apresentação de Slides.

254
INFORMÁTICA BÁSICA

Tela inicial do PowerPoint 2016.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
– Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informa-
ções entre si através do documento, através de comentários.

Novos Recursos do MS PowerPoint


Na nova versão do PowerPoint, alguns recursos foram adicionados. Vejamos quais são eles.
• Diga-me: serve para encontrar instantaneamente os recursos do aplicativo.
• Gravação de Tela: novo recurso do MS PowerPoint, encontrado na guia Inserir. A Gravação de Tela grava um vídeo com áudio das
ações do usuário no computador, podendo acessar todas as janelas do micro e registrando os movimentos do mouse.

• Compartilhar: permite compartilhar as apresentações com outros usuários on-line para edição simultânea por meio do OneDrive.
• Anotações à Tinta: o usuário pode fazer traços de caneta à mão livre e marca-texto no documento. Esse recurso é acessado por meio
da guia Revisão.

255
INFORMÁTICA BÁSICA

• Ideias de Design: essa nova funcionalidade da guia Design abre um painel lateral que oferece sugestões de remodelagem do slide
atual instantaneamente.

Guia Arquivo
Ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar, Publicar e
Fechar29.

29 popescolas.com.br/eb/info/power_point.pdf

256
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido30


Localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de
comandos independentes da guia exibida no momento. É possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra
de um dos dois locais possíveis.

Barra de Título
Exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

Botões de Comando da Janela

Acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa PowerPoint.

Faixa de Opções
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são organiza-
dos em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição de uma página.
Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferramentas de Imagem
somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos31.

Painel de Anotações
Nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.

30 http://www.professorcarlosmuniz.com.br
31 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

257
INFORMÁTICA BÁSICA

Barra de Status
Exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

Nível de Zoom
Clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

258
INFORMÁTICA BÁSICA

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; es-
colher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura e criar
efeitos, como transições de slides animados.
Ao iniciarmos o aplicativo Power Point 2016, automaticamente é exibida uma apresentação em branco, na qual você pode começar
a montar a apresentação. Repare que essa apresentação é montada sem slides adicionais ou formatações, contendo apenas uma caixa
de texto com título e subtítulo, sem plano de fundo ou efeito de preenchimento. Para dar continuidade ao seu trabalho e criar uma outra
apresentação em outro slide, basta clicar em Página Inicial e em seguida Novo Slide.

Layout
O layout é o formato que o slide terá na apresentação como títulos, imagens, tabelas, entre outros. Nesse caso, você pode escolher
entre os vários tipos de layout.
Para escolher qual layout você prefere, faça o seguinte procedimento:
1. Clique em Página Inicial;
2. Após clique em Layout;
3. Em seguida, escolha a opção.

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.

259
INFORMÁTICA BÁSICA

Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da guia Página Inicial. O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste grupo
aplicar um tipo de letra, um tamanho, efeitos, cor, etc.
Fonte: altera o tipo de fonte.
Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, promoven-
do uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2016 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

260
INFORMÁTICA BÁSICA

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

CONCEITOS E SERVIÇOS RELACIONADOS À INTERNET E AO CORREIO ELETRÔNICO. NAVEGADORES

— Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


As redes podem ser classificadas de acordo com o quadro abaixo:

Conceitos Básicos

TIPO DE REDE DE COMPUTADORES

Uma rele Local, abrange somente um local definido.


LAN
Exemplo: (casa, escritório e etc.)

Uma rede Metropolitana, pode abranger uma grande cidade ou inúmeras cidades. As
MAN MANS não precisam estar em áreas urbanas. O termo MAN tem relação ao tamanho
da rede.

É uma rede com uma grande abrangência. É maior que a MAN, abrange uma área
WAN
global. Podemos usar a INTERNET para estabelecer a conexão.

261
INFORMÁTICA BÁSICA

– Internet: conhecida como a rede mundial de computadores. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros
dispositivos que se comunicam através de um endereço IP para os usuários trocarem informações. Cada máquina conectada possui um IP
válido e a comunicação se dá através do protocolo TCP/IP.
– Intranet: é um serviço similar a INTERNET, onde somente usuários autorizados acessam as páginas no navegador. As organizações
usam a INTRANET para acessar seus dados tanto localmente (Matrix) ou distante (Filiais).

— Aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


– Navegadores: Aplicativos usados para navegar na internet, como por exemplo, o Google Chrome, Edge, Firefox, Internet Explorer e
etc.).
– Download: utilizado para baixar ou receber arquivos.
– Firewall: Barreira de segurança.
– Correio eletrônico: é a comunicação entre usuários da rede.
– Roteador: equipamento para se conectar na rede.
– Upload: Utilizado para subir ou enviar arquivos.
– HTML: Hyper Text Markup Language (Linguagem de Marcação de Hiper Texto). É uma linguagem utilizada para produzir páginas da
Internet.
– HTTP: Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Hipertexto): Navegação na internet (links).
– HTTPS: Hyper Text Transfer Protocol Secure (Protocolo de Transferência de Hiper Texto Seguro.
– SMTP e POP: são os protocolos de serviços da internet responsáveis pelo envio e recepção de mensagens eletrônicas, como por
exemplo, o e-mail.
– Servidor Proxy: tem a função de mediar as comunicações da rede de uma empresa ou usuário (local) com a Internet (rede externa).
– Servidor FTP: (File Transfer Protocol) é um protocolo que tem a função de transferir arquivos entre dois computadores via INTERNET.
– Servidor WEB: É o local onde reside as páginas WEB para estabelecer o contato para poder acessar conteúdos, páginas HTML, arqui-
vos de som, imagem, vídeos e etc.

O servidor WEB é um software que verifica a segurança e gera a informação para atender à solicitação.

— Google Chrome Versão 106.0.5249.119 – Versão Oficial – 64 BITS


Vamos detalhar agora o funcionamento do CHROME, objeto de nosso estudo:
Atualmente, o Chrome é o navegador mais popular, ele disponibiliza inúmeras funções, sendo consideradas a melhores, suas técnicas
são abordadas por concorrentes.

Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas, conhecidas também como guias, no exemplo abaixo temos uma aba aberta, caso seja necessá-
rio abrir outra aba para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca que ao digitar
palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados da busca.

1 2 3 4 5 6 7

262
INFORMÁTICA BÁSICA

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

7 Exibe um menu de contexto que iremos relatar seguir.

Oberserva-se que são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no ubuntu, percebemos que o
Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional.

Funcionalidades
– Favoritos: no Chrome é possível adicionar sites aos favoritos, caso seja necessário salvar seus endereços. Para adicionar uma página
aos favoritos, clique na estrela que está localizada à direita da barra de endereços, digite um nome ou o mantenha sugerido.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas é possível criar pastas para organizá-los de maneira que
facilite a procura. Para removê-los, basta clicar em excluir.

263
INFORMÁTICA BÁSICA

– Histórico: o Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados. Para
acessá-lo podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde
é possível pesquisá-lo por partes, utilizando o nome do site ou o dia em que foi realizada a pesquisa.

– Pesquisar palavras: muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra, frase e etc.
Neste caso, utilizamos o atalho do teclado Ctrl F, realizando essa tarefa, obteremos uma janela, onde podemos digitar parte daquilo
que procuramos, dessa forma, teremos sua localização exata no site.
– Salvando textos e imagens da Internet: para realizar tal tarefa é necessário localizar a imagem desejada, clicar com o botão direito
do mouse e em seguida salvá-la em uma pasta.
– Downloads: Fazer um download é copiar um arquivo de um site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes e etc.). Neste
caso, o CHROME possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

– Sincronização: é importante para manter atualizadas nossas operações, se o computador for trocado, os dados continuarão dispo-
níveis na sua conta google. Os favoritos, histórico, senhas e outras configurações ficarão salvos de maneira segura e fácil de ser localizada.
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item para ativar ou desativar.

— Microsoft Edge Versão 91

Identificar o ambiente

O Edge é um navegador desenvolvido pela Microsoft. Nele é possível acessar sites variados. É um navegador simplificado com inúme-
ros recursos novos.

Dentro deste ambiente temos:


– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites.

264
INFORMÁTICA BÁSICA

– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos e exemplo: https://www.gov.
br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites abertos. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde podemos guardar nossos sites mais usados.
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, histórico e etc. Desta forma o EDGE, torna a navegação da
internet muito mais agradável, textos, elementos gráficos e vídeos possibilitam ricas experiências para os usuários.
À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização , percebemos que a barra de ferramentas fica automaticamen-
te desativada, possibilitando uma maior área de exibição.
Vamos destacar alguns pontos:
1 – Voltar/Avançar página: como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente.
2 – Barra de Endereços: esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada.
3 – Ícones para manipulação do endereço da URL: estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação, as opções
“fechar” ou “atualizar” podem ficar disponíveis.
4 – Abas de Conteúdo: são mostradas as abas das páginas carregadas.
5 – Página Inicial, favoritos feeds e histórico.

— Mozilla Firefox Versão 78ESR


Vamos detalhar agora o funcionamento do firefox, objeto de nosso estudo:

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

8 Sincronização com a conta FireFox, vamos detalhar adiante.

9
Mostra menu de contexto com várias opções.

265
INFORMÁTICA BÁSICA

Podemos observar que os navegadores FIREFOX não são muito diferente do CHROME.

— Busca e Pesquisa na Web


A INTERNET é um território rico para pesquisas. Dentro deste contexto podemos utilizá-la como uma enciclopédia que contém os mais
variados temas.
Para realizar as pesquisas podemos utilizar o buscador GOOGLE, BING e ETC.

Tela do buscador Google

CORREIO ELETRÔNICO
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

266
INFORMÁTICA BÁSICA

Funcionalidades mais comuns:

Para fazer isto Atalho Caminhos para execução


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

267
INFORMÁTICA BÁSICA

Adicionar conta de e-mail Encaminhar e responder e-mails


Siga os passos de acordo com as imagens: Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-


ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

268
INFORMÁTICA BÁSICA

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a nossa
marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada mensagem.

269
INFORMÁTICA BÁSICA

Imprimir uma mensagem de e-mail


Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao com-
putador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

O Mozilla Thunderbird é um aplicativo usado principalmente para enviar e receber e-mails . Também pode ser usado para gerenciar
vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e anotações semelhantes.

Atalhos das funções principais

AÇÃO ATALHO
Nova mensagem CTRL + N
Responder à mensagem (apenas remetente) CTRL + R
Responder a todos na mensagem (remetente e todos os destinatários) CTRL + SHIFT + R
Responder à lista CTRL + SHIFT + L
Reencaminhar mensagem CTRL + L
Editar como nova mensagem CTRL + E
Obter novas mensagens para a conta atual F5
Obter novas mensagens para todas as contas SHIFT + F5
Abrir mensagem (numa nova janela ou separador) CTRL + O ENTER
Abrir mensagem na conversa CTRL + SHIFT + O
Ampliar CTRL +
Reduzir CTRL -

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva
@ – Símbolo padronizado
• Nome do domínio a que o e-mail pertence.

270
INFORMÁTICA BÁSICA

Vejamos um exemplo real: joaodasilva@empresa.com.br


• Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
• Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagem, temos os seguintes campos :


• Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
• CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
• Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
• Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber, enviar ou até mesmo guardar mensagens conforme a
necessidade.

Escrever novo e-mail

Ao clicar em Write é aberta uma outra janela para digitação do texto e colocar o destinatário. Podemos preencher também os campos
CC (outra pessoa que também receberá uma cópia deste e-mail) e o campo CCO ou BCC (outra pessoa que receberá outra cópia do e-mail,
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destinatários).

271
INFORMÁTICA BÁSICA

Enviar e-mail Arquivos anexos


De acordo com a figura abaixo, deve-se clicar em “Enviar” A melhor maneira de anexar é colar o objeto desejado no corpo
(Send) do lado esquerdo para enviar o e-mail. do e-mail. Pode-se ainda usar o botão indicado a seguir, para ter
acesso a caixa de diálogo na qual selecionará arquivos desejados.

Responder e Encaminhar mensagens


Utiliza-se os botões Reply e Forward, ilustrador a seguir
E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
sagem atualmente32. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
O resultado é algo como:

maria@apostilasopcao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio


eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
to de regras para o uso desses serviços.

Destinatário oculto Correio Eletrônico


Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
e recebimento de mensagens33. Estas mensagens são armazenadas
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos
e extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro-
gramas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men-
sagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office)
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa-
gens.

32 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
Avan%E7ado.pdf
33 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-
-webmail-e-mozilla-thunderbird/

272
INFORMÁTICA BÁSICA

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber e-mails
conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever sua mensagem
de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui o formato “nome@
dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comunicando-se com o pro-
grama SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do destinatário (nome antes do
@) e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o
DNS, obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP deste servidor, perguntan-
do se o nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que
armazena a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem que,
automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e pa-
dronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

34

34 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

273
INFORMÁTICA BÁSICA

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

35

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

35 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

274
INFORMÁTICA BÁSICA

6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos


QUESTÕES de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
tos associados à Internet, julgue o próximo item.
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
versões em papel para o formato digital, é denominado áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
(A) joystick. Youtube (http://www.youtube.com).
(B) plotter. ( ) Certo
(C) scanner. ( ) Errado
(D) webcam.
(E) pendrive. 7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provo-
2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um car danos ao computador do usuário.
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem ( ) CERTO
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou ( ) ERRADO
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
adicionada para resolver o problema constatado por João. com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
(A) Placa de som cia de vírus.
(B) Placa de fax modem Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
(C) Placa usb adotado no exemplo acima.
(D) Placa de captura (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
(E) Placa de vídeo ao administrador de rede.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
de vírus.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
toramento.
um exemplo de periférico somente de entrada.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
(A) Monitor
analisá-lo posteriormente.
(B) Impressora
(C) Caixa de som
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
(D) Headphone 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
(E) Mouse são para processadores de 64 bits.
( ) CERTO
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- ( ) ERRADO
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
reço válido na Internet é: uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) http:@site.com.br (A) Windows 7
(B) HTML:site.estado.gov (B) Windows 10
(C) html://www.mundo.com (C) Windows 8.1
(D) https://meusite.org.br (D) Windows 9
(E) www.#social.*site.com (E) Windows Server 2012

5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do Windows:
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (A) Windows Gold.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (B) Windows 8.
presencial, chamamos esse serviço de: (C) Windows 7.
(A) Computação On-Line. (D) Windows XP.
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(D) Computação em Block Time. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(E) Computação Visual cuta?
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica

275
INFORMÁTICA BÁSICA

13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, 19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint 2002
assinale a alternativa INCORRETA: ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse aplicativo.
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
pela Microsoft.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
pre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits. ( ) CERTO
( ) ERRADO
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. noros à apresentação em elaboração.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de GABARITO


um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(A) init 0.
(B) init 6. 1 C
(C) exit
(D) ls. 2 E
(E) cd. 3 E

16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou 4 D


minúsculas 5 B
( ) CERTO
6 ERRADO
( ) ERRADO
7 CERTO
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 8 C
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 9 CERTO
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 10 D
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 11 A
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 12 B
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
13 D
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 14 CERTO
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 15 D
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 16 CERTO
e recebimento de páginas web. 17 A

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen- 18 D


ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági- 19 CERTO
na Inicial” do Word 2010. 20 CERTO
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Administrativo

A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública


NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO: CONCEITO, atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
IMPORTÂNCIA, NATUREZA, FINALIDADE, TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente
CARACTERÍSTICAS, FASES DO PROCESSO DE de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa-
DOCUMENTAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO. ção e preservação dos documentos.
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e ex-
Um documento (do latim documentum, derivado de docere pedição de documentos.
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que Esse processo acima descrito de gestão de informação e do-
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma cumentos segue um tramite para que possa ser aplicado de forma
afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente eficaz, é o que chamamos de protocolo.
sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor pro- O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções
batório. pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, distri-
Documento arquivístico: Informação registrada, independente buição e movimentação dos documentos em curso.
da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da ativi- A finalidade principal do protocolo é permitir que as informa-
dade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto ções e documentos sejam administradas e coordenadas de forma
e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade. concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma tarefa forma que mesmo havendo um aumento de produção de documen-
de considerável importância para as organizações atuais, sejam tos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
essas privadas ou públicas, tarefa essa que encontra suporte na Para atender essa finalidade, as organizações adotam um siste-
Tecnologia da Gestão de Documentos, importante ferramenta que ma de base de dados, onde os documentos são registrados assim
auxilia na gestão e no processo decisório. que chegam à organização.
A gestão de documentos representa um conjunto de proce- A partir do momento que a informação ou documento chega
dimentos e operações técnicas referentes à sua produção, trami- é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou problemas
tação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e interme- decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:
diária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda
permanente. Recebimento:
Através da Gestão Documental é possível definir qual a politi- Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e
ca arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patrimônio onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
arquivistico. Outro aspecto importante da gestão documental é de- Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
finir os responsáveis pelo processo arquivistico. Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implantação são abertos e analisados, anexando mais informações e assim enca-
do programa de gestão, que envolve ações como as de acesso, pre- minhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para
servação, conservação de arquivo, entre outras atividades. seus destinatários.
Por assegurar que a informação produzida terá gestão ade-
quada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de ser Registro:
rastreada, a Gestão de Documentos favorece o processo de Acre- Todos os documentos recebidos devem ser registrados ele-
ditação e Certificação ISO, processos esses que para determinadas tronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto
organizações são de extrema importância ser adquirido. dentre outras informações.
Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a Depois do registro o documento é numerado (autuado) em or-
racionalização de espaço para guarda de documentos e o controle dem de chegada.
deste a produção até arquivamento final dessas informações. Depois de analisado o documento ele é classificado em uma
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamento pode-se ate dar um código a ele.
Eletrônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia no
processo de atualização da documentação, interrupção no processo Distribuição:
de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus
do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
permitam acesso à informação pela internet e intranet. seria feita pela expedição.

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na empre-
sa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga localizar
o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo, ajudará
aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.
A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades
e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser mantido
em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de ser
usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situação
idêntica àquela que os gerou.
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo uso
deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para comprovar algo
para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram.

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

De acordo com a extensão da atenção O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
Os arquivos se dividem em: belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio- atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os docu- O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
mentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
estrutura de uma instituição.
As operações para arquivamento são:
De acordo com a natureza de seus documentos 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas for- 2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir
mas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas um código conforme o assunto;
(fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem 3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de
peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, contro- antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do
le e conservação. mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar
técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determi- uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”;
nado assunto ou setor/departamento específico. 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de
acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ-
De acordo com a natureza do assunto fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam exista o original manter uma única cópia;
a administração; 7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai-
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo
com divulgação restrita. e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
De acordo com a espécie documentos/processos estão armazenados.
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente admi-
nistrativas; Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon-
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; tal e a vertical.
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurí- - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns
dica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para
evitar a esfera judicial. arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões,
pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
De acordo com o grau de sigilo - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-au- atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
torizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
previstos; documentos.
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins-
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arqui-
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, pro- vo, devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas. Os
gramas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não auto- Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibilidade
rizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do ou não de recuperação da informação sem o uso de instrumentos.
Estado; Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobera- ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo-
nia e à integridade territorial nacional, a plano ou operações mi- calizar um documento em um arquivo.
litares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos
nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não autori- alfabético e geográfico.
zado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi-
sociedade e do Estado. reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos.

Arquivamento e ordenação de documentos A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi-
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que cados dentre de um mesmo assunto.
visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e
arquivo. categorizada previamente para posterior arquivamento.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com- Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos
petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino documentos, podendo ser:1
para arquivamento, após receber despacho final.

1Adaptado de www.agu.gov.br

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Arquivamento por assunto - Método numérico dígito-terminal


Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de documentos A partir do momento em que se faz uso de números maiores,
é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já adianta, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso ocorre
essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos documentos porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso, nesse
de acordo com o assunto tratado neles. caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal.
Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos cor- Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois últi-
relatos e permite encontrar informações completas sobre deter- mos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada a par-
minada matéria de forma simples e direta, sendo especialmente tir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arquivamento
interessante para empresas que lidam com um grande volume de mais ágil e eficiente.
documentos de um mesmo tema.
4. Método eletrônico
2. Método alfabético O método eletrônico consiste em arquivar os documentos de
Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de docu- forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permite não
mentos é o método alfabético, que consiste em organizar os docu- só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo com o mé-
mentos arquivados de acordo com a ordem alfabética desses, per- todo que mais se encaixa na organização e nas necessidades da em-
mitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente. presa, mas fazer sua gestão online e até mesmo remota.
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o ele-
mento principal considerado é o nome. Estamos falando sobre um 5. Método geográfico
método muito usado nas empresas por apresentar a vantagem de Esse método é aquele usado quando os documentos apresen-
ser rápido e simples. tam a sua organização por meio do local, isto é, quando a empresa
No entanto, quando se armazena um número muito grande de escolhe classificar os documentos a partir de seu local de origem.
informações, é comum que existam alguns erros. Isso acontece de- No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas nor-
vido à grande variedade de grafia dos nomes e também ao cansaço mas precisam ser empregadas para que o método geográfico seja
visual do funcionário. utilizado de forma adequada. Confira!

Para que a localização e o armazenamento dos documentos - Norma do método geográfico 1


se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com a Quando os documentos são organizados por país ou por es-
escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a letra tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa forma,
procurada. fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as cidades
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem alfabética.
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a localização Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da lista, uma vez
e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é somen- que elas são, normalmente, as mais procuradas, tendo uma quanti-
te uma variação do método alfabético. É possível, ainda, combinar dade maior de documentos.
esse método ao de arquivamento por assunto, usando a ordem al-
fabética para subdividir a organização. - Norma do método geográfico 2
Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não existe
3. Método numérico separação por estado, não há a exigência de que as capitais fiquem
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma óti- no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. Entretanto, ao
ma escolha para empresas que lidam com um grande volume de final de cada cidade, o estado a que ela corresponde precisa apare-
documentos. Ele consiste em determinar um número sequencial cer na identificação.
para cada documento, permitindo sua consulta de acordo com um
índice numérico previamente determinado. 6. Método temático
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado Esse é um método que propõe a organização dos documentos
quando os documentos são ordenados por números. É possível es- por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e te-
colher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, crono- mas básicos, que podem admitir diversas composições.
lógico ou dígito-terminal.
7. Índice onomástico (opcional)
- Método numérico simples Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser uti-
Esse método é usado quando o modo de organizar é feito pelo lizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve ser
número da pasta ou do documento em que ele foi arquivado. É mui- organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
to utilizado na organização de prontuários médicos, filmes, proces-
sos e pastas de funcionários. Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condições
- Método numérico cronológico de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descarte
Um método usado para fazer a organização dos documentos de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação
por data. É extremamente utilizado para organizar documentos fi- a quantos dela necessitem.
nanceiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento es- É um instrumento resultante da atividade de avaliação de do-
sencial para buscar a informação. cumentos, que consiste em identificar seus valores (primário/ad-
ministrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda,
registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanen-
te, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:


1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com as
funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para agili-
zar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visando
atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até qui-
tação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos específicos,
de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
tabela de temporalidade e destinação.

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que - reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando
hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diver- os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em
sas, como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indica- funcionamento sem interrupção;
do hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da - proteger os documentos e suas embalagens da incidência di-
segurança, a facilidade de acesso. reta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas;
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radia-
Armazenamento ções ultravioleta;
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluo-
Áreas de armazenamento rescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminá-
rias;
Áreas Externas - promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras-
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilida- teiros nas áreas de armazenamento;
des de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando- - manter um programa integrado de higienização do acervo e
-se, por exemplo: de prevenção de insetos;
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inunda- - monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e
ções, como margens de rios e subsolos; poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti-
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustí- lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a
veis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares; abertura controlada de janelas;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de po- - armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos
luição atmosférica, como refinarias de petróleo; e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos
depósitos de munições, de material bélico e aeroportos. bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade
dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ±
Áreas Internas 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5%
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão aten- filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%.
der às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de
armazenamento de documentos devem ser totalmente indepen- Acondicionamento
dentes das demais. Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in-
vólucros apropriados, que assegurem sua preservação.
Condições Ambientais A escolha deverá ser feita observando-se as características fí-
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de tra- sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do
balho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depó- mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e
sitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, resistência e sobre segurança no trabalho.
considerando-se as necessidades específicas de preservação para O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove
cada tipo de suporte. a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu-
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou
do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por flu- prateleiras, apropriados a cada suporte e formato.
tuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela
exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas, es- Os documentos de valor permanente que apresentam grandes
pecialmente dos raios ultravioleta. formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes auto- horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou
res (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa en- enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon-
tre 45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de inves- armazenado diretamente sobre o chão.
timento em equipamentos, manutenção e energia. As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu-
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que
do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocor- possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento
rência de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorga- será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura
nismos, que aumentam as proporções dos danos. sintética, de efeito antiestático.
Com base nessas constatações, recomenda-se: As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da-
- armazenar todos os documentos em condições ambientais nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e
que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabeleci- umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em
do, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a casos de desastre.
cada suporte documental; As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas.
ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previamen- Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe-
te definida; za, de forma a proteger os documentos.
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direciona-
das à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa estabi-
lizados na média, evitando variações súbitas;

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos documentos
que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser preenchidos para proteger o documento.
Todos os materiais usados para o armazenamento de documentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao longo do
tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afetem a preservação dos documentos.
Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de preserva-
ção dos documentos.
No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, recomenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para evitar o
contato direto de documentos com materiais instáveis.2

NOÇÕES DE ARQUIVO: CONCEITO, TIPOS, IMPORTÂNCIA, ORGANIZAÇÃO, CONSERVAÇÃO E PROTEÇÃO DE


DOCUMENTOS.

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante a atu-
ação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em documentos
de arquivos.
A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá sobre
arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições
de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de prova ou
informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas ativi-
dades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Marilena Leite,
1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua ativida-
de, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar o acervo.
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.
Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.
2Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.eboxdigital.com.br

283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.


Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e pre-
servada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.
Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à instituição
arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor-
rência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.

284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Exemplos: - As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que


• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc. bloqueiem totalmente o sol;
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc. - Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle
• Comercial: companhias, empresas, etc. da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâmpadas
fluorescentes.
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com
formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. - Qualidades do ar
Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de O controle da qualidade é muito importante porque os gases e
documentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração de ma-
etc. teriais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses poluentes
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da ges- podem tanto vir do ambiente externo como podem ser gerando no
tão documental, conservação, preservação e disseminação da infor- próprio ambiente.
mação contida nos documentos, assim como pela preservação do
patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), institução 2. Agentes biológicos
e, em última instância, da sociedade como um todo. Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, entre
Também é função do arquivista recuperar informações ou ela- outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os fun-
borar instrumentos de pesquisas arquivisticas.3 gos, cuja presença depende quase que exclusivamente das condi-
ções ambientais reinantes nas dependências onde se encontram os
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUI- documentos.
VO
A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na ta- - Fungos
bela de temporalidade dependem de três aspectos: Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e umi-
dade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos papéis,
Fatores de deterioração em acervos de arquivos amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator
Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos indispensável para o metabolismo dos nutrientes e para sua pro-
acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais estão liferação. Essa umidade é encontrada na atmosfera local, nos ma-
expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e tra- teriais atacados e na própria colônia de fungos. Além da umidade
çar políticas de conservação para minimizá-los. e nutrientes, outras condições contribuem para o crescimento das
A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos colônias: temperatura elevada, falta de circulação de ar e falta de
impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de celulo- higiene.
se, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e
descobrir soluções para evita-los é um grande passo na preservação As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos são:
e na conservação documental. - estabelecer política de controle ambiental, principalmente
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita temperatura, umidade relativa e ar circulante
a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa degra- - praticar a higienização tanto do local quanto dos documentos,
dação ocorrer, como veremos a seguir: com metodologia e técnicas adequadas;
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao manuseio
1. Fatores ambientais dos documentos e regras de higiene do local;
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, - manter vigilância constante dos documentos contra acidentes
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Radiação com água, secando-os imediatamente caso ocorram.
da Luz, Qualidade do Ar.
- Roedores
- Temperatura e umidade relativa A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arquivos
O calor e a umidade contribuem significativamente para a des- ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir as pos-
truição dos documentos, principalmente quando em suporte-pa- síveis entradas para os ambientes dos acervos é um começo. As is-
pel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor cas são válidas, mas para que surtam efeito devem ser definidas por
acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações químicas, é especialistas em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que
dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa não provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz
proporciona as condições necessárias para desencadear intensas nos mesmos moldes citados acima: temperatura e umidade relativa
reações químicas nos materiais. controladas, além de higiene periódica.
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante im-
portante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade rela- - Ataques de insetos
tiva elevada. Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto revestimen-
tos, provocam perdas de superfície e manchas de excrementos. As
- Radiação da luz baratas se reproduzem no próprio local e se tornam infestação mui-
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acer- to rapidamente, caso não sejam combatidas.
vos, provocando consideráveis danos através da oxidação. Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imensos
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acer- em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao acervo
vos: é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento, que ocorre
3Adaptado de George Melo Rodrigues

285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes, os
derivados, como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borrachas plás-
todos os materiais à base de celulose. ticas etc., usados tanto para pequenas intervenções sobre os docu-
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os materiais mentos como para acondicionamento.
para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe ovos. Os
ovos eclodem e o ciclo se repete. 7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para a
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para conservação de acervos
as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áreas Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter
internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elétri- conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos
cas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais danos.
alcance dos nossos olhos. Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de
Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes grande importância para a estabilização dos documentos.
coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc.
8. Higienização
3. Intervenções inadequadas nos acervos A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os docu-
Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos em mentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a condições
um conjunto de documentos com o objetivo de interromper ou me- ambientais inadequadas, provoca reações de destruição de todos
lhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam em danos os suportes num acervo. Portanto, a higienização das coleções deve
ainda maiores. ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos,
Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige um razão por que é considerada a conservação preventiva por excelên-
conhecimento das características individuais dos documentos e dos cia.
materiais a serem empregados no processo de conservação.
- Processos de higienização
4. Problemas no manuseio de livros e documentos - Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos de
O manuseio inadequado dos documentos é um fator de degra- bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e, por-
dação muito frequente em qualquer tipo de acervo. tanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir poeira,
O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento, partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de insetos
sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição, ou outros depósitos de superfície.
na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas - Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser avalia-
foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc. do individualmente para determinar se a higienização é necessária
e se pode ser realizada com segurança. No caso de termos as condi-
5. Fatores de deterioração ções abaixo, provavelmente o tratamento não será possível:
Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são irrever- • Fragilidade física do suporte
síveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma política de • Papéis de textura muito porosa
conservação, existem medidas que podemos tomar sem despender - Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da
grandes somas de dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita
desses agentes. Alguns investimentos de baixo custo devem ser fei- através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras fer-
tos, a começar por: ramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, espátula,
- treinamento dos profissionais na área da conservação e pre- agulha, cotonete;
servação;
- atualização desses profissionais (a conservação é uma ciência - Limpeza de livros
em desenvolvimento constante e a cada dia novas técnicas, mate- - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel ma-
riais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar a conserva- cio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação;
ção dos documentos); - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lombada,
- monitoração do ambiente – temperatura e umidade relativa apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os cortes,
em níveis aceitáveis; começando pela cabeça do livro, que é a área que está mais exposta
- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos documentos; à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada e intensa, utili-
- adoção de política de higienização do ambiente e dos acervos; zar, primeiramente, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um
- contato com profissionais experientes que possam assessorar pedaço de carpete sem uso;
em caso de necessidade. - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa primei-
ra higienização;
6. Características gerais dos materiais empregados em conser- - Oxigenar as folhas várias vezes.
vação
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de biblio- - Higienização de documentos de arquivo - materiais arquivís-
tecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de mate- ticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis, distor-
riais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais livres de cidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao alto índice
quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. de acidez resultante do uso de papéis de baixa qualidade. As más
Suas características, em relação aos documentos onde são aplica- condições de armazenamento e o excesso de manuseio também
dos, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade contribuem para a degradação dos materiais. Tais documentos têm
e inércia.Dentro das especificações positivas, encontramos vários que ser higienizados com muito critério e cuidado.

286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com os gação da nova Constituição, ou da entrada em vigor ou introdução
livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exame de novos preceitos por emendas à Constituição, poderá haver a
dos documentos, testes de estabilidade de seus componentes para redução de sua abrangência e limitação ou restrição à eficácia e à
o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de intervenção aplicabilidade que pode se dar por decretação do estado de defesa
devem ser cuidadosamente realizados. ou de sítio, além de outras situações, por motivo de ordem pública,
- Documentos em grande formato bons costumes e paz social.
- Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no ge- Por sua vez, as normas constitucionais de eficácia limitada são
ral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, após aquelas normas que, de imediato, não têm o poder e a força de pro-
testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e embebi- duzir todos os seus efeitos, precisando de norma regulamentadora
do em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem ter dis- infraconstitucional a ser editada pelo poder, órgão ou autoridade
torções causadas pela umidade que são irreversíveis ou de difícil competente, ou até mesmo de integração por meio de emenda
remoção. constitucional. São, portanto, consideradas normas de aplicabilida-
- Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são muito de indireta, mediata e reduzida, ou ainda, diferida.
frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo cuidado é
pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento. — Normas programáticas
- Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção es- As normas programáticas são verdadeiras metas a serem atin-
pecial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas condi- gidas pelo Estado e seus programas de governo na realização de
ções, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas. seus fins sociais, trazem princípios para serem cumpridos em longo
prazo. A Constituição de 1988 é programática, pois traça metas e
9. Pequenos reparos objetivos futuros.
Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode-
mos executar visando interromper um processo de deterioração — Princípios fundamentais
em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito grande e I - a soberania;
muitas vezes de caráter irreversível. II - a cidadania
Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de- III - a dignidade da pessoa humana;
vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documentos IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei
permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os ma- nº 13.874, de 2019).
teriais utilizados para esse fim devem ser de qualidade arquivística V - o pluralismo político.
e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
obedecer a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que, por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum desta Constituição.
obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988
deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de Proteção Indi- estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
vidual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de prote- A soberania, poder político supremo, independente interna-
ção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas, cionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o
como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios, protegendo poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordena-
assim a saúde do profissional.4 mento jurídico.
A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado,
dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL. jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no
A criação de uma norma constitucional não lhe dá eficácia e respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de
aplicabilidade automática. Portanto, as normas constitucionais po- condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igual-
dem ser: de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. dade de direitos.
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é através
— Normas de eficácia plena, contida e limitada do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui para
As normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade di- com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio que
reta, imediata e integral e são aquelas normas da Constituição que, defende a total liberdade para o exercício de atividades econômi-
no momento entram em vigor, estão aptas a produzir todos os seus cas, sem qualquer interferência do Estado.
efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucio- O pluralismo político que decorre do Estado democrático de
nal. Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubs-
Já as normas constitucionais de eficácia contida ou prospecti- tanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O
va têm aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Embora Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e
tenham força de produzir todos os seus efeitos quando da promul- não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou
4Adaptado de Norma Cianflone Cassares democratas e republicanos.

287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Mu- Princípio da legalidade e liberdade de ação:
nicípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da coisa senão em virtude de lei;
impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou
vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indis- não fazer algo que esteja previsto em lei.
solúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se trans-
formar em um novo país. Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento desu-
Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os go- mano e degradante:
vernantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
povo. mano ou degradante;
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e Mu- É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo
nicípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais – de tratamento desumano, degradante ou contrário à dignidade
Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica do humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios
Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e in- cidadãos. A vedação à tortura é uma cláusula pétrea de nossa
dependência no exercício de suas funções, para que possam atuar Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal
em harmonia. brasileira.
Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais
(art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da República Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano-
Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os fundamentos nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicula-
ou princípios fundamentais representam a essência, causa primá- ção de ideias e práticas prejudiciais:
ria do texto constitucional e a base primordial de nossa República IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação, ao que se anonimato;
pretende, às finalidades e metas traçadas no texto constitucional A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a mani-
que a República Federativa do Estado brasileiro anseia alcançar. festação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não é absoluta
O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí,
democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições li- a vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem
vres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo res- identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apuração de
peito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamen- crimes de denúncia anônima.
tais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, o
Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema Direito de resposta e indenização:
de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela se- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
paração dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeito- O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pes-
so com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público. soa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação, conceito,
nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização
— Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak): por dano moral ou material.
Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade individual – di-
reitos civis e políticos; Liberdade religiosa e de consciência:
Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – direitos so- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
ciais e econômicos; assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade ou solida- ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
riedade – direitos transindividuais, difusos e coletivos. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
— Direitos e deveres individuais e coletivos VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, que trazem eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
alguns dos direitos e garantias fundamentais. prestação alternativa, fixada em lei;
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- mas que adota a liberdade de crença e de pensamento, assegurada
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não priva-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à ção de direitos em razão da crença pessoal.
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de
se recusar a cumprir determinada obrigação ou a praticar determi-
Princípio da igualdade entre homens e mulheres: nado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma
termos desta Constituição; prestação alternativa, fixada em lei.
Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de di-
reitos e deveres entre homens e mulheres.

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Liberdade de expressão e proibição de censura: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- a de caráter paramilitar;
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de ex- rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
pressão e a vedação da censura. estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana: das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- -se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
terial ou moral decorrente de sua violação; necer associado;
Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolá- XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
vel a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana, assegurando rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
o direito à reparação material ou moral em caso de violação. extrajudicialmente;
No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de as-
Proteção do domicílio do indivíduo: sociações e cooperativas para fins lícitos, não podendo sofrer inter-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo venção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atri-
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- buição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, (milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência). fins político-partidários, religiosos ou ideológicos) são vedadas.

Proteção do sigilo das comunicações: Direito de propriedade e sua função social:


XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- XXII - é garantido o direito de propriedade;
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro- privada deve atender a interesses coletivos, não sendo nociva ou
cessual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996). causando prejuízo aos demais.
A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das co-
municações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de sigilo Intervenção do Estado na propriedade:
telefônico só pode se dar por ordem judicial. XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
Liberdade de profissão: diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis- previstos nesta Constituição;
são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. Essa petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
liberdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita às qualificações prietário indenização ulterior, se houver dano;
profissionais que a lei estabelece.
O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do
Acesso à informação: interesse público sobre o particular, nas hipóteses legais é permiti-
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguarda- da a intervenção do Estado na propriedade.
do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
O direito à informação é assegurado constitucionalmente, ga- Pequena propriedade rural:
rantido o sigilo da fonte. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde
manecer ou dele sair com seus bens; por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva.
Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do ter- Direitos autorais:
ritório nacional em tempos de paz. XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
Direito de reunião: ros pelo tempo que a lei fixar;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- desportivas;
petente; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
uso comum do povo, desde que não venham a interferir ou atrapa- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
lhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local.
Liberdade de associação:

289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con-
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria- trole jurisdicional:
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o ou ameaça a direito;
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apre-
Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma ciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam até ele.
ampla proteção às obras intelectuais: criação artística, científica,
musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (es- Segurança jurídica:
critas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escultura, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio perfeito e a coisa julgada;
fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico
propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi-
da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente.
busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade industrial busca Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
conter a concorrência desleal. tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo,
portanto, ser modificada.
Direito de herança:
XXX - é garantido o direito de herança; Tribunal de exceção:
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva-
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde
do “de cujus”; os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas decorrentes do dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências
falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens pré-fixadas.
e direitos aos seus sucessores.
Tribunal do Júri:
Direito do consumidor: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- que lhe der a lei, assegurados:
sumidor; a) a plenitude de defesa;
O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina b) o sigilo das votações;
as relações entre fornecedores e prestadores de bens e serviços c) a soberania dos veredictos;
e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional, a vida;
encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legis-
lação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado, O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusi-
responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que vamente para o julgamento da prática de crimes dolosos contra a
atuam na proteção do consumidor. vida.

Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da
aos órgãos públicos: lei penal:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in- XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou sem prévia cominação legal;
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa- XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu- Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei pe-
rança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, nal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal, não é crime e
de 2011). não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a con-
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- dutas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for
gamento de taxas: mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu.
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Princípio da não discriminação:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; tos e liberdades fundamentais;
Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem Decorre do princípio da igualdade.
direito à obtenção de informações, protocolo de petição e obtenção
de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessi-
dades, salvo necessidade de sigilo.

290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pes-
anistia: soa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena de morte,
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres- pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis.
critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; Estabelecimentos para cumprimento de pena:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento). XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de e moral;
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o Estado Democrático. Direito de permanência e amamentação dos filhos pela presi-
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de diária mulher:
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo- L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
crático; sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prática ção;
de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e crimes Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Cons-
hediondos. tituição Federal de 1988 determina que as penas sejam cumpridas
em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade
Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança, e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se
ou seja, que não dão ao acusado o direito de responder seu sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher,
processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de
pagamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento amamenta-los.
de determinadas obrigações;
Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e po- Extradição:
dem ser julgados e punidos em qualquer tempo, independente-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
mente da data em que foram cometidos;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não per-
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
mitem a exclusão do crime com a rescisão da condenação e extin-
drogas afins, na forma da lei;
ção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade,
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime
ainda que parcial (graça).
político ou de opinião;
A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que
Princípio da intranscendência da pena:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando, acusado ou
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de condenada pela prática de um ou mais crimes em território estran-
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles geiro, ao país que o reclama. A Constituição determina que não ha-
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; verá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o natu-
A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser ralizado somente nas exceções previstas.
cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.
Direito ao julgamento pela autoridade competente
Individualização da pena: LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre autoridade competente;
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; Devido Processo Legal:
b) perda de bens; LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
c) multa; o devido processo legal;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos; Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas, acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
observado o histórico pessoal a atuação individual, de modo que com os meios e recursos a ela inerentes;
cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida. Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido pro-
cesso legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de nulidade ab-
Proibição de penas: soluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transita-
XLVII – não haverá penas: da em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do autoridade judiciária competente.
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo; Provas ilícitas:
c) de trabalhos forçados; LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
d) de banimento; meios ilícitos;
e) cruéis.

291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulen- Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de
to, ou que infrinja as normas e princípios básicos de direito, motivo sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao juízo com-
pelo qual não são aceitas no processo judicial. petente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis
por sua prisão e interrogatório.
Presunção de inocência:
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- Relaxamento da prisão ilegal:
gado de sentença penal condenatória; LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o con- dade judiciária;
trário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória. O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto
Identificação criminal: em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no ato de sua
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi- prisão.
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita Garantia da liberdade provisória:
da validade e veracidade dos documentos cíveis apresentados ou LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identifi- lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
cada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais. A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao
acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do pro-
Ação Privada Subsidiária da Pública: cesso criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal con-
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se denatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas
esta não for intentada no prazo legal; condições e a colaboração com as investigações.

A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos ca- Prisão civil:
sos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta a alimentícia e a do depositário infiel;
denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofen- A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão
dido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente (pensão ali-
ação penal privada subsidiária da pública. mentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais São remédios constitucionais em casos de violação de:
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; - Liberdade: Habeas Corpus
Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o se- - Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança
gredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo juiz da - Informações: Habeas data
causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses - Preceito constitucional que necessite de norma regulamenta-
de menor, interesse social ou demanda de grande repercussão etc., dora: Mandado de Injunção
ou a requerimento justificado das partes do processo.
Habeas corpus:
Legalidade da prisão: LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so-
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
litar, definidos em lei; Mandado de Segurança:
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e devidamente reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
fundamentada. data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
Comunicabilidade da prisão: atribuições do Poder Público;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família por:
do preso ou à pessoa por ele indicada; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
Informação ao preso: mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais defesa dos interesses de seus membros ou associados;
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa-
mília e de advogado; Mandado de Injunção:
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
Identificação dos responsáveis pela prisão: de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
sua prisão ou por seu interrogatório policial; dade, à soberania e à cidadania;

292
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Habeas data: Rol é exemplificativo:


LXXII – conceder-se-á habeas data: § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
de entidades governamentais ou de caráter público; Federativa do Brasil seja parte.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo,
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios
Ação Popular: constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio-
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação nais. Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubs-
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de tanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
da sucumbência; humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a validade de membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad- pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na
ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009,
DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018).
Assistência Judiciária: Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re-
aos que comprovarem insuficiência de recursos; conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so-
Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus
sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família, para se ter o membros em dois turnos de votação.
acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
Indenização por erro judiciário: § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Gratuidade de serviços públicos: O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal


LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
a) o registro civil de nascimento; de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
b) a certidão de óbito; esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, punir autores de crimes contra a humanidade.
e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania
(Regulamento). — Direitos sociais
A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratui- Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
dade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de certidão qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi-
de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economica- mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
mente hipossuficientes. lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.

Princípio da Celeridade Processual: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada
nº 45, de 2004). pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de
forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual Do direito ao trabalho
pela demora do Judiciário. Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or-
dens:
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen- - Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
tais: - Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 11, CF.
fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
mentais são autoaplicáveis.

293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destinados Salário mínimo:


a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigualdade, IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e o capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
trabalhista. higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de para qualquer fim;
outros que visem à melhoria de sua condição social: O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 ho-
ras semanais, podendo ser proporcional, em caso de jornada inferior.
Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária Piso salarial:
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
indenização compensatória, dentre outros direitos; trabalho;
Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indetermi- O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada
nado e a legislação protege a continuidade das relações laborais categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho,
contra dispensa imotivada. considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido
e devendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional.
Seguro-Desemprego:
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Irredutibilidadade do salário:
O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assis- VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
tência financeira temporária, que tenha prestado serviços laborais ou acordo coletivo;
a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha
meses. Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o be- a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empregador, du-
nefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período rante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à es-
máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou tabilidade econômica do trabalhador.
alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa
que deu origem à última habilitação, nos seguintes critérios: Proteção aos que percebem remuneração variável:
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
SEGURO DESEMPREGO percebem remuneração variável;
Os empregados que recebem salários com valores variáveis,
1ª Solicitação: como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber salário in-
Parcelas Tempo de trabalho ferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei
corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia
4 (quatro) 12 a 23 meses mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora.
5 (cinco) 24 meses ou mais Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
2ª Solicitação:
integral ou no valor da aposentadoria;
Parcelas Tempo de trabalho O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário inte-
3 (três) 9 a 11 meses gral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso) por oca-
sião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores,
4 (quatro) 12 a 23 meses aposentados e pensionistas do INSS.
5 (cinco) 24 meses ou mais
Remuneração superior por trabalho noturno:
3ª Solicitação: IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Parcelas Tempo de trabalho Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer
a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior em 20% a
3 (três) 6 a 11 meses
mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos
4 (quatro) 12 a 23 meses e 25%, para os trabalhadores rurais.
5 (cinco) 24 meses ou mais Considera-se trabalho noturno:
– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para traba-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): lhadores urbanos;
III – fundo de garantia do tempo de serviço; – entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os traba-
Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança lhadores rurais da agricultura; e
compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômica Federal – entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os traba-
e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve lhadores rurais pecuária.
depositar nas contas vinculadas de seus funcionários o valor cor-
respondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador. Proteção do salário contra retenção dolosa:
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa;

294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas balhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas
os descontos salariais autorizados em Lei. excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o
cumprimento de alguns requisitos legais pela empregadora.
Participação nos lucros:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- Férias remuneradas:
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
sa, conforme definido em lei; terço a mais do que o salário normal;
A Participação nos Lucros e Resultados da empresa correspon- Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo
de a uma recompensa pelo reconhecimento do bom desempenho trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias para
e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada em- descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido
presa sobre o lucro excedente de determinado período de suas ati- de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empre-
vidades. gador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano
para concedê-las (período concessivo).
Salário-família:
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- Licença à gestante:
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
Constitucional nº 20, de 1998). rio, com a duração de cento e vinte dias;
O salário-família é um benefício da previdência social corres- Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao
pondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que receba período em que a mulher está prestes a ter um filho, acabou de
salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao tra- ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mu-
balhador avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou lher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o
portadores de deficiência, sem limite de idade. salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas
condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo
Jornada de Trabalho: ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas aderente ao Programa Empresa Cidadã.
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção Licença-paternidade:
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de tra- A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no
balho não superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem
semanais, facultada a compensação e a redução. direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu
salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no progra-
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: ma Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias,
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos totalizando 20 dias.
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele Proteção da mulher no mercado de trabalho:
prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de traba- XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
lho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas incentivos específicos, nos termos da lei;
que funcionam em tempo integral, sem pausas. A jornada do traba- A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública,
lhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias. com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim, são
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da ati-
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- vidade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferen-
mingos; ciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez,
um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a ser concedi- proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a digni-
do preferencialmente aos domingos. dade feminina são alguns dos exemplos de medidas de proteção do
mercado de trabalho da mulher.
Pagamentos de horas extras: Aviso Prévio:
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
59 § 1º). Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunica-
O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remunera- ção da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes, empre-
ção superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas, além da gador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência
jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indeniza-
excedente em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando do, quando concedido por qualquer uma das partes.
10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É lici-
ta também a compensação de jornada (banco de horas), quando
ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o tra-

295
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Redução dos riscos do trabalho: Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as conven-
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de ções e acordos coletivos como instrumentos com força de lei entre
normas de saúde, higiene e segurança; as partes, desde que conformes com o texto constitucional.
É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às
atividades desempenhadas por seus colaboradores, através do Proteção em face da automação:
cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde, XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
higiene e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos A proteção em face da automação consiste em proteger a
de proteção individual e da exigência da execução de todas as classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva, bem
normas da empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa. como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio
ambiente de trabalho automatizado.
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas:
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, Seguro contra acidentes de trabalho:
insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente des- gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
gastante para a pessoa humana, em que o trabalhador depreende incorrer em dolo ou culpa;
um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao em-
Não há regulamentação de um adicional. pregado, às expensas do empregador, que assume os riscos da ativi-
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exercí- dade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de
cio de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico salários de seus empregados, com administração atribuída à Previ-
ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem dência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destina-
ocasionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade do a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam
pode variar entre: associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de
- 10% (dez por cento) em grau mínimo; trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.
- 20% (vinte por cento) em grau médio;
- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, cal- Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
culado sob o salário mínimo, nos termos da lei. XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profis- trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
sionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre outros. extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante Constitucional nº 28, de 2000).
risco à integridade física do trabalhador. Como exemplos, temos as A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclama-
atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétri- tória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos processuais
ca, segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta, legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02
entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a 30% anos, a partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo
(trinta por cento) sobre o salário-base. para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O
A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Consti-
não são cumulativos! tuição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados,
ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direitos corres-
Aposentadoria: pondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.
XXIV – aposentadoria;
A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência So- Não discriminação:
cial ao trabalhador segurado da previdência que preencher os requi- XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
sitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme suas estado civil;
contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral. XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
Assistência aos filhos pequenos:
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o Proibição de distinção do trabalho:
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). intelectual ou entre os profissionais respectivos;
A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos
genitores de filhos e dependentes pequenos, garante assistência Trabalho do menor:
gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo, XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício. menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de traba- dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
lho: - De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de - De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
trabalho; perigoso ou insalubre.
- A partir de 18 anos: Trabalho normal.

296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Igualdade ao trabalhador avulso: Art. 12 São brasileiros:


XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo I - natos:
empregatício permanente e o trabalhador avulso. a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
empresa de maneira eventual e que, apesar de não possuir vínculo país;
empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
vínculo e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser in- ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
termediada por um sindicato de sua categoria. tiva do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
Empregados domésticos: sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- nal nº 54, de 2007).
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e II - naturalizados:
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Constitucional nº 72, de 2013). b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exercidos tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma coleti- brasileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
vidade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: 3, de 1994).

Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa dos Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e eco- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
nômicos. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea III - de Presidente do Senado Federal;
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados V - da carreira diplomática;
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- VI - de oficial das Forças Armadas.
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- Constitucional nº 23, de 1999).
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese.
Naturalização
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de que preencher determinados requisitos.
discussão. Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, mais de uma nacionalidade.
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
natos e naturalizados.
— Direitos de nacionalidade § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio-
nalidade se dá por dois critérios: Portugueses:
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- Aos portugueses com residência permanente no país serão
cional; atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo ciprocidade.
nascido no exterior.
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- Art. 12
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
3, de 1994).

297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Perda da Nacionalidade: Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou


§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em to de lei já existente.
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1%
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação dada do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei
pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- usar deste instrumento em nível estadual e municipal.
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
1994). Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
Extradição, repatriação, deportação e expulsão res de setenta anos.
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu- militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
giada em seu território a outro Estado estrangeiro. foram convocados a prestar serviço militar.
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes- Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
opinião. mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
Repatriação é medida administrativa consistente no processo dos os devidos requisitos.
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra- § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
sileiro após determinado período. I - a nacionalidade brasileira;
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação III - o alistamento eleitoral;
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. V - a filiação partidária; Regulamento.
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- VI - a idade mínima de:
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- Senador;
rado pela prática de crimes em território brasileiro. b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento trito Federal;
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
pela Constituição. tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) 18 anos para Vereador.
— Direitos políticos
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão Inelegibilidades:
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci- de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre-
sentantes junto aos poderes públicos. Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos- Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
do processo governamental, sobretudo pelo voto. cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
tos de participação semidireta pelo povo. já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
à elaboração da lei. Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-

298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re- — Partidos Políticos
condução por um período somente, no Brasil, após o período de um Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in-
mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto. teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado vontade popular, determinando o governo e a orientação política
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí-
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante
único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitu- o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e
cional nº 16, de 1997). autonomia para gerir sua organização interna.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis-
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos
pleito. políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
dições: lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
da atividade; a lei.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato permitidas.
da diplomação, para a inatividade. Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
O Mandato Eletivo pode ser impugnado: so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude; — Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal,
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo municípios e territórios
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé. Estado Federal Brasileiro
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719)
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a bem comum de um povo situado em determinado território”.
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença Soberania é o poder político supremo e independente que o
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar próprias normas e seu ordenamento jurídico.
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral da
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- pessoa humana.
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da nacio-
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- nalidade.
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu
suspensão será, da mesma forma, temporária. poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se organiza
com ânimo de permanência.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover-
suspensão só se dará nos casos de: no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em Estado. Note tratar-se de três definições distintas.
julgado;
II - incapacidade civil absoluta; REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- • Forma de Estado: Federação
rarem seus efeitos; • Forma de Governo: República
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação • Regime de Governo: Democrático
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII • Sistema de Governo: Presidencialismo
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente
pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi-
bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira:
a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios.

299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai- Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva,
co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa, devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos em le-
admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção. gislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência
privativa ou concorrente.
Fundamentos da República Federativa do Brasil
O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federa- Entes Federativos
tiva do Brasil:
- soberania; União
- cidadania; A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
- dignidade da pessoa humana; namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
- pluralismo político. to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art. elencados, no art. 20, CF.
3.º da CF/88: São bens da União:
- construir uma sociedade livre, justa e solidária; I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
- garantir o desenvolvimento nacional; atribuídos;
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
dades sociais e regionais; das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas re- com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
lações internacionais provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, exclu-
- independência nacional; ídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aque-
- prevalência dos direitos humanos; las áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal,
- autodeterminação dos povos; e as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucio-
- não intervenção; nal nº 46, de 2005).
- igualdade entre os Estados; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
- defesa da paz; econômica exclusiva;
- solução pacífica dos conflitos; VI - o mar territorial;
- repúdio ao terrorismo e ao racismo; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; VIII - os potenciais de energia hidráulica;
- concessão de asilo político. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
Competências e pré-históricos;
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autorida- XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
de pública para a prática de atos administrativos e tomada de deci-
sões. As competências dos entes federativos podem ser: Como ente federativo, a União possui competências adminis-
Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
comuns; tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes, com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
complementares e suplementares; cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos en- cípios (art. 24, CF).
tes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com
exclusão dos demais. Competências
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente, Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
Administrativas
com possibilidade, entretanto, de delegação para outro.
Concorrente, que é a competência legislativa conferida em co- Competências Privativas e
Arts. 22 e 24, CF
mum a mais de um ente federativo. Legislativas Concorrentes
Na complementar, o ente federativo tem competência naqui-
lo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e na Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF:
suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência Art. 21. Compete à União:
federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe organizações internacionais;
for contrário. II - declarar a guerra e celebrar a paz;

300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- de 1998)
neçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
ção federal; enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material cio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes
bélico; princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as ope- admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
rações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio Nacional;
e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 2022)
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso mé-
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- dicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
gão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão 2006)
ou permissão: XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) atividade de garimpagem, em forma associativa.
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- pessoais, nos termos da lei.
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- Competências administrativas comuns da União, Estados, Dis-
tuária; trito Federal e Municípios: art. 23, CF:
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- to Federal e dos Municípios:
tes de Estado ou Território; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- democráticas e conservar o patrimônio público;
cional de passageiros; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF 672)
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Ter- histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
ritórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) notáveis e os sítios arqueológicos;
(Produção de efeito) IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polí- de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
cia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execu- ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
ção de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- quer de suas formas;
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
públicas e de programas de rádio e televisão; cimento alimentar;
XVII - conceder anistia; IX - promover programas de construção de moradias e a me-
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (Vide
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; ADPF 672)
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginaliza-
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Re- ção, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
gulamento) XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; territórios;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
de viação; rança do trânsito.

301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coope- XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela
ração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ten- Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
do em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
neste artigo.
Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Dis-
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, trito Federal: art. 24, CF:
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
II - desapropriação; gislar concorrentemente sobre:
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
em tempo de guerra; banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu- II - orçamento;
são; III - juntas comerciais;
V - serviço postal; IV - custas dos serviços forenses;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos V - produção e consumo;
metais; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
lores; controle da poluição;
VIII - comércio exterior e interestadual; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
IX - diretrizes da política nacional de transportes; tico e paisagístico;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
aérea e aeroespacial; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís-
XI - trânsito e transporte; tico e paisagístico;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emen-
XIV - populações indígenas; da Constitucional nº 85, de 2015)
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
estrangeiros; causas;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições XI - procedimentos em matéria processual;
para o exercício de profissões; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito 672)
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) deficiência;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia XV - proteção à infância e à juventude;
nacionais; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
popular; União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
XX - sistemas de consórcios e sorteios; de 2019)
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada 13.874, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
ferroviária federais; peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
XXIII - seguridade social; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
XXV - registros públicos; Lei nº 13.874, de 2019).
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; Estados
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-organização,
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, auto legislação, autogoverno e autoadministração.
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Re- visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
defesa civil e mobilização nacional; subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados
XXIX - propaganda comercial.

302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
(formação) ou anexação a outro Estado já existente. tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF: do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri-
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Consti- torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
tuição. e da ocupação do solo urbano;
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
sejam vedadas por esta Constituição. observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995). nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir pal, nos termos do art. 31, CF.
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para Distrito Federal e Territórios
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe-
públicas de interesse comum. deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: nem como estado-membro ou município. Sua principal função é
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
rentes de obras da União; nica própria, que define os princípios básicos de sua organização,
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no suas competências e a organização de seus poderes governamen-
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios tais, nos termos do art. 32, CF.
ou terceiros; Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Municípios Constituição.
O Município, que também é um ente federado que possui au- § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- duração.
biscito. § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade o disposto no art. 27.
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es- e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. Constitucional nº 104, de 2019).
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi- Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
tantes do município. CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF. Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
Art. 30. Compete aos Municípios: nambuco.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-


são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Administrativo, bem como entre as
normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir com a instituição do Estado
de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com os movimen-
tos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos específicos para
o exercício da Administração Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante das relações internas da
Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que
o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes desenvolvida por Montes-
quieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito. Até esse momento, o absolutismo reinante e a junção
de todos os poderes governamentais nas mãos do Soberano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que visassem a reco-
nhecer direitos aos súditos, e que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade onipotente do Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por divergências doutrinárias, o
que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para a construção da definição mais apropriada para o
termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,
Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa, Administrativa e Jurisdicional.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmônicos entre si. Os poderes
foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o seguinte:

Funções do Estado
> Legislativa
>> Administrativa
>>> Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado


> Legislativo
>> Executivo
>>> Judiciário

Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER LEGISLATIVO PODER EXECUTIVO PODER JUDICIÁRIO


FUNÇÃO TÍPICA Legislar Administrativa Judiciária
Redigir e organizar o regramento Administração e gestão Julgar e solucionar conflitos por intermé-
ATRIBUIÇÃO
jurídico do Estado estatal dio da interpretação e aplicação das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é o que denominamos de
exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


Tem-se por função atípica desse
Tem-se como função atípica desse Tem-se por função atípica desse
poder, por ser típica do Poder
poder, por ser típica do Poder poder, por ser típica do Poder
Executivo: Fazer licitação para
FUNÇÃO ATÍPICA Judiciário: O julgamento do Presi- Legislativo: A edição de Medida
realizar a aquisição de equipa-
dente da República por crime de Provisória pelo Chefe do Execu-
mentos utilizados em regime
responsabilidade. tivo.
interno.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utilizados pelos autores moder-
nos de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades administrativas em si mesmas, ao passo que outros,
optam por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado, abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes e importantes
autores.

304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Admi- Oswaldo Aranha Bandeira de Mello aduz, em seu conceito ana-
nistrativo, com a evolução que o vem impulsionando contempora- lítico, que o Direito Administrativo juridicamente falando, ordena a
neamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais de relações atividade do Estado quanto à organização, bem como quanto aos
jurídicas, sendo, uma, de caráter interno, que existe entre as pesso- modos e aos meios da sua ação, quanto à forma da sua própria
as administrativas e entre os órgãos que as compõem e, a outra, de ação, ou seja, legislativa e executiva, por intermédio de atos jurídi-
caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em cos normativos ou concretos, na consecução do seu fim de criação
geral.” (2010, Carvalho Filho, p. 26). de utilidade pública, na qual participa de forma direta e imediata,
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado como e, ainda como das pessoas de direito que façam as vezes do Estado.
o ramo do direito público que cuida de princípios e regras que disci-
plinam a função administrativa abrangendo entes, órgãos, agentes — Observação importante: Note que os conceitos classificam o
e atividades desempenhadas pela Administração Pública na conse- Direito Administrativo como Ramo do Direito Público fazendo sem-
cução do interesse público. pre referência ao interesse público, ao inverso do Direito Privado,
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrativo que cuida do regulamento das relações jurídicas entre particulares,
apresenta, ainda, três características principais: o Direito Público, tem por foco regular os interesses da sociedade,
trabalhando em prol do interesse público.
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina re-
cente com sistematização científica; Por fim, depreende-se que a busca por um conceito comple-
2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra em to de Direito Administrativo não é recente. Entretanto, a Adminis-
contínua transformação; tração Pública deve buscar a satisfação do interesse público como
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento, um todo, uma vez que a sua natureza resta amparada a partir do
concluído todo o seu ciclo de abrangência. momento que deixa de existir como fim em si mesmo, passando a
existir como instrumento de realização do bem comum, visando o
Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser concei- interesse público, independentemente do conceito de Direito Ad-
tuado sob os aspectos de diferentes óticas, as quais, no deslindar ministrativo escolhido.
desse estudo, iremos abordar as principais e mais importantes para
estudo, conhecimento e aplicação. Objeto
• Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva, o De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a
Direito Administrativo é conceituado como o acoplado de normas formação do Direito Administrativo como ramo autônomo, fadado
que regulamentam a atividade da Administração Pública de atendi- de princípios e objeto próprios, teve início a partir do instante em
mento ao interesse público. que o conceito de Estado de Direito começou a ser desenvolvido,
• Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito com ampla estrutura sobre o princípio da legalidade e sobre o prin-
Administrativo é conceituado como um conjunto de normas que cípio da separação de poderes. O Direito Administrativo Brasileiro
comandam as relações internas da Administração Pública e as re- não surgiu antes do Direito Romano, do Germânico, do Francês e
lações externas que são encadeadas entre elas e os administrados. do Italiano. Diversos direitos contribuíram para a formação do Di-
Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é reito Brasileiro, tais como: o francês, o inglês, o italiano, o alemão
tido como o objeto da relação jurídica travada, não levando em e outros. Isso, de certa forma, contribuiu para que o nosso Direito
conta os autores da relação. pudesse captar os traços positivos desses direitos e reproduzi-los
O conceito de Direito Administrativo surge também como ele- de acordo com a nossa realidade histórica.
mento próprio em um regime jurídico diferenciado, isso ocorre por Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito Ad-
que em regra, as relações encadeadas pela Administração Pública ministrativo, o critério funcional, como sendo o ramo do direito que
ilustram evidente falta de equilíbrio entre as partes. estuda a disciplina normativa da função administrativa, indepen-
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de dentemente de quem esteja encarregado de exercê-la: Executivo,
Coimbra, Fernando Correia, o Direito Administrativo é o sistema Legislativo, Judiciário ou particulares mediante delegação estatal”,
de normas jurídicas, diferenciadas das normas do direito privado, (MAZZA, 2013, p. 33).
que regulam o funcionamento e a organização da Administração Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Público, o
Pública, bem como a função ou atividade administrativa dos órgãos entendimento que predomina no Brasil e na América Latina, ainda
administrativos. que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito Administrati-
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Pú- vo é a Administração Pública atuante como função administrativa
blico, no qual os princípios, conceitos e institutos distanciam-se do ou organização administrativa, pessoas jurídicas, ou, ainda, como
Direito Privado, posto que, as peculiaridades das normas de Direito órgãos públicos.
Administrativo são manifestadas no reconhecimento à Administra- De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, princí-
ção Pública de prerrogativas sem equivalente nas relações jurídico- pios e regras, compostas de coercibilidade disciplinantes da vida
-privadas e na imposição, em decorrência do princípio da legalida- social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o Direito
de, de limitações de atuação mais exatas do que as que auferem os Administrativo, nada mais é que, um conjunto de princípios e regras
negócios particulares. que disciplina a função administrativa, as pessoas e os órgãos que a
Entende o renomado professor, que apenas com o apareci- exercem. Desta forma, considera-se como seu objeto, toda a estru-
mento do Estado de Direito acoplado ao acolhimento do princípio tura administrativa, a qual deverá ser voltada para a satisfação dos
da separação dos poderes, é que seria possível se falar em Direito interesses públicos.
Administrativo.

305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n. 8.666/1993 A Lei pode ser subdividida da seguinte forma:
que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, insti-
tui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá — Lei em sentido amplo
outras providências; a Lei n. 8.112/1990, que dispõe sobre o regime Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar, me-
fundações públicas federais; a Lei n. 8.409/1992 que estima a recei- dida provisória, tratados internacionais, e atos administrativos nor-
ta e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 1992 e a mativos (decretos, resoluções, regimentos etc.).
Lei n. 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito
da Administração Pública Federal. — Lei em sentido estrito
O Direito Administrativo tem importante papel na identificação Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo
do seu objeto e o seu próprio conceito e significado foi de grande por meio de lei ordinária e lei complementar. Engloba também, ou-
importância à época do entendimento do Estado francês em dividir tras normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida provisó-
as ações administrativas e as ações envolvendo o poder judiciário. ria que possui o mesmo nível da lei ordinária. Pondera-se que todos
Destaca-se na França, o sistema do contencioso administrativo com mencionados são reputados como fonte primária (a lei) do Direito
matéria de teor administrativo, sendo decidido no tribunal admi- Administrativo.
nistrativo e transitando em julgado nesse mesmo tribunal. Definir o
objeto do Direito Administrativo é importante no sentido de com- B) Doutrina
preender quais matérias serão julgadas pelo tribunal administrati- Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas
vo, e não pelo Tribunal de Justiça. decisões administrativas, como no próprio Direito Administrativo.
Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de estu- A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da norma
do do Direito Administrativo sofreu significativa e grande evolução, administrativa, indicando ainda, as possíveis soluções para casos
desde o momento em que era visto como um simples estudo das determinados e concretos. Auxilia muito o viver diário da Adminis-
normas administrativas, passando pelo período do serviço público, tração Pública, posto que, muitas vezes é ela que conceitua, inter-
da disciplina do bem público, até os dias contemporâneos, quando preta e explica os dispositivos da lei.
se ocupa em estudar e gerenciar os sujeitos e situações que exer-
cem e sofrem com a atividade do Estado, assim como das funções Exemplo:
e atividades desempenhadas pela Administração Pública, fato que A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem ser
leva a compreender que o seu objeto de estudo é evolutivo e dinâ- recusadas no processo administrativo. Desta forma, a doutrina ex-
mico acoplado com a atividade administrativa e o desenvolvimento plicará o que é prova protelatória, e a Administração Pública poderá
do Estado. Destarte, em suma, seu objeto principal é o desempe- usar o conceito doutrinário para recusar uma prova no processo
nho da função administrativa. administrativo.

Fontes C) Jurisprudência
Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a origem Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma dire-
das regras que regem o Direito Administrativo. ção, além de ser a reiteração de julgamentos no mesmo sentido.
Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém do
latim fons, fontis, que implica o conceito de nascente de água. En- Exemplo:
tende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de tudo. Fonte do O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada juris-
Direito nada mais é do que a origem do Direito, suas raízes históri- prudência que afirma que candidato aprovado dentro do número
cas, de onde se cria (fonte material) e como se aplica (fonte formal), de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, aduzindo que
ou seja, o processo de produção das normas. São fontes do direito: existem diversas decisões desse órgão ou tribunal com o mesmo
as leis, costumes, jurisprudência, doutrina, analogia, princípio geral entendimento final.
do direito e equidade.” (CUNHA, 2012, p. 43).
— Observação importante: Por tratar-se de uma orientação aos
Fontes do Direito Administrativo: demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, a
jurisprudência não é de seguimento obrigatório. Entretanto, com as
A) Lei alterações promovidas desde a CFB/1988, esse sistema orientador
A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e prin- da jurisprudência tem deixado de ser a regra.
cipal do Direito Administrativo e se estende desde a Constituição
Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos administrativos Exemplo:
normativos inferiores. Desta forma, a lei como fonte do Direito Ad- Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo
ministrativo significa a lei em sentido amplo, ou seja, a lei confec- Tribunal Federal na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), na
cionada pelo Parlamento, bem como os atos normativos expedidos ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de des-
pela Administração, tais como: decretos, resoluções, cumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com as sú-
Incluindo tratados internacionais. mulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº. 45/2004.
Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e primor- Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por vincular e obri-
dial do Direito Administrativo, acaba por prevalecer sobre as de- gar a Administração Pública direta e indireta dos Poderes da União,
mais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as demais dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos dis-
fontes que estudaremos a seguir, são consideradas fontes secundá- postos no art. 103-A da CF/1988.
rias, acessórias ou informais.

306
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

D) Costumes Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a


Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país, declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo ou população tem os jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos aspec- direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
tos, porém, em se tratando do ordenamento jurídico, não poderão O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que regem o explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
Estado como um todo. A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administrati- regulamentos.
vo, os costumes administrativos são práticas reiteradas que devem No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
ser observadas pelos agentes públicos diante de determinadas si- administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
tuações. Os costumes podem exercer influência no Direito Admi- Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
nistrativo em decorrência da carência da legislação, consumando concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
o sistema normativo, costume praeter legem, ou nas situações em públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
que seria impossível legislar sobre todas as situações. tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois ela legitimidade por órgão jurisdicional”.
é a fonte primordial do Direito Administrativo, devendo somente B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema normativo. anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
Exemplo: ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade de exemplo, bem como os atos abstratos.
até 2 anos, não pode um órgão, de forma alguma, atribuir por efei- Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
to de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contrariando análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
disposição expressa na Carta Magna, nossa Lei Maior e Soberana. tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.
podem gerar direitos para os administrados, em decorrência dos De antemão, é importante observar que, embora o exercício
princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, dentre da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
outros, uma vez que um certo comportamento repetitivo da Ad- cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
ministração Pública gera uma expectativa em sentido geral de que de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
essa prática deverá ser seguida nas demais situações parecidas Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
— Observação importante: Existe divergência doutrinária em legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
relação à aceitação dos costumes como fonte do Direito Adminis- todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
trativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos, via de da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
regra, deve ser compreendida como correta a tese no sentido de exclusiva do Poder Executivo.
que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e imediata Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte primária e da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
mediata é a Lei. meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
Nota - Sobre Súmulas Vinculantes de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Supremo emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
Tribunal Federal poderá, de ofício ou mediante provocação, por de- dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
cisão de dois terços de seus membros, após decisões reiteradas que privado e não público.
versam sobre matéria constitucional, aprovar súmulas que terão Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que
e à administração pública direta e indireta”. o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem
como, os entes da Administração Indireta e particulares, como
acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser-
ATOS ADMINISTRATIVOS: ATRIBUTOS,
viços públicos.
ELEMENTOS, DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO,
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre-
CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES, EXTINÇÃO, FATOS E ATOS
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
DA ADMINISTRAÇÃO.
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
Conceito veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara-
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi-
“toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle
que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res- judicial específico.
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria”.

307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em suma, temos: Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-


ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am- a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito da pela lei ou pela Constituição Federal.
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con- b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
trole judicial específico. normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO agente que possui competência primária.

Atos de Direito Privado Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma


Atos materiais aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
Atos políticos matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Contratos Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
Atos normativos a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
Requisitos dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a A competência possui como características:
falta ou o defeito desses elementos pode resultar. a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em vez que se trata de um poder-dever de ambos.
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vontade
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente. da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- a crimes considerados menos graves.
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
Polícia Federal. delegação.
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar estas normas poderão alterá-la.
o desempenho de suas atividades. e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- não tenha sido utilizada por muito tempo.
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con- f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
buição de competências possibilita a organização administrativa mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
política, órgão ou agente. prática.
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam- avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na- parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação
cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior.
penalidades. No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
rárquica.

308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri- Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen-
buição da autoridade delegante, que continua competente para o to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada.
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada,
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve-
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos. rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- Seguindo temos:
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
impedimentos legais vigentes. te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
É importante conhecer a respeito da delegação de competên- de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal,
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
pondo em seus arts. 11 a 14: gação:
• Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
delegação e avocação legalmente admitidos. sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não autoridade avocante.
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- • Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à cunho de mão própria.
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
presidentes. Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
I - a edição de atos de caráter normativo; também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
II - a decisão de recursos administrativos; que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
dade. avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu-
cados no meio oficial. ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
de exercício da atribuição delegada. competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
autoridade delegante. mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
legado. a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação. atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
Importante ressaltar: c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo
rança ou a medida judicial. de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem

309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da Em resumo, temos:


teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados Específica ou Imediata e
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato. FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
Em suma, temos:
Ato praticado com finalidade diver-
sa da prevista em Lei.
VÍCIOS DE COMPETÊNCIA e
DESVIO DE FINALIDADE
Em determinadas situações Ato praticado formalmente com
EXCESSO DE PODER OU DESVIO DE PODER
é possível a convalidação finalidade prevista em Lei, porém,
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente visando a atender a fins pessoais
de autoridade.
Ato válido, se houver boa-fé
FUNÇÃO DE FATO
do administrado Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-
ABUSO DE AUTORIDADE tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
EXCESSO DE PODER Vício de competência
modo de exteriorização do ato administrativo.
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, das no seu curso de formação.
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
de ato administrativo. mação do ato administrativo.
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies
de finalidade pública. São elas: Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse público de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
considerado de forma geral. o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
ato. que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. requisito primordial à validade do ato.
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
de finalidade. ma, mas não vício de motivo.
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
rifica em duas hipóteses. São elas: toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da elemento motivo.
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo
de punição.
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse-
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse
público.

310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Motivo grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva-


O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está
estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo. sendo admitida no direito brasileiro.
Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato A motivação dos atos administrativos
administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res-
ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá- determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi-
tica do ato. gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá
validade se os motivos declarados forem verdadeiros.
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser Exemplo
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
empírico da situação prevista em lei. ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
se integre à tal previsão. lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor- ser anulada.
rer nas seguintes situações: É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
a) quando o motivo é inexistente. pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
b) quando o motivo é falso. aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
c) quando o motivo é inadequado. Em suma, temos:

É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e • Motivo do ato administrativo


motivação. Vejamos: — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do edição do ato administrativo.
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- — Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs-
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo. — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo- racterizando o motivo de direito.
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos,
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo. Inexistente
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o Falso
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se-
Inadequado
guinte:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: • Teoria dos motivos determinantes
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
pública; — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
tatório; está adequado à realidade fática”.
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício; Objeto
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
ção de ato administrativo. da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração objeto é a punição do transgressor.
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
drões aceitos como éticos e justos.

311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir Denota-se que a principal consequência da presunção de vera-
os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen- cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos
tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar
seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos: é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu-
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo
a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspensão do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de
por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica. maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para evi- ser punido.
tar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de • Imperatividade
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são
nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au- impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da
toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro. concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien-
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pesso- te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá
as específicas para a ocupação noturna de determinado trecho de editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações
calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto é para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado
tido como imoral. em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua
Atributos do Ato Administrativo expressa concordância.
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
vados. administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem-
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. • Autoexecutoriedade
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
atos administrativos são: meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
prévia do Poder Judiciário.
• Presunção de legitimidade Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente rapidez e eficiência.
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade, ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
com a lei, até que se prove o contrário. interesse público.
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- Demolição de edifício em situação de risco
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi-
Internação de pessoa com doença contagiosa
das pela administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos Dissolução de reunião que ameace a segurança
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como dos seus direitos.
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas,
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.

312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tipicidade b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem


De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita ser atos vinculados e discricionários.
a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo • Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração
fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis- Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com-
tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção
atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de- de imóvel.
veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos • Já os discricionários são aqueles em que a Administração
que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca- Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância
bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra- com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de-
ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada. cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu
Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl- conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática.
via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi-
lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo, nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad- • Atos de império são atos por meio dos quais a Administra-
ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre- ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais
viamente definido na lei. usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co-
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci-
da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar mentos comerciais.
atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais
autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda- a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove-
de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
inominados. nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se particulares.
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos.
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu- Exemplo:
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
tanto ao interesse público como ao interesse particular. ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
Classificação dos Atos Administrativos • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que impul-
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada sionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e sem
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e pa-
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- péis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante Exemplo:
abordagem nas provas de concursos públicos. Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
devidas análises”.
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de simples, complexos e compostos.
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que • O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór-
mento do Imposto de Renda. gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um
servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole-
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será giado.
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
minados em si. mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
Exemplo: Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por É importante não confundir ato complexo com procedimento
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti- plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS

313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra- Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re-
ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina
de um ato final e principal”. o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da-
f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que queles do que é permitido por Lei.
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre
dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon-
que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo
para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos, admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da
um principal e outro acessório. Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001,
que predispõe a competência privativa do Presidente da República
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei- para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen-
relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da to da administração federal, quando não incorrer em aumento de
vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa- • Atos ordinatórios
minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú- Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem
blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis-
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare-
o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as
vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili- circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e
dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato os despachos.
administrativo composto”. Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a
Espécies atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru-
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni-
normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e camente por particular.
atos punitivos. Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan-
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência.
• Atos normativos Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es- Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução latos aos respectivos Ministérios.
da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas, por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos. Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de-
terminando a instauração de processo disciplinar específico.
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po- Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena-
dem ser: dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais.
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi-
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação ca.
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res-
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita
Casas Legislativas. e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú-
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras de.
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
Imposto de Renda”. nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação nhas.
produz de imediato, efeitos concretos.

Exemplo:
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem
para fim de desapropriação.

314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Atos negociais 2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria-


Também chamados de atos receptícios, são atos administrati- mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a
vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade
o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa-
utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração recer de forma motivada;
Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte 3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de
desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão. forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis-
Vejamos: trativa com o dever de acatá-lo.
a) Licença: possui algumas características. São elas:
— Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem
legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li- o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos
cença; administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po-
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi- rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas.
nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada *Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal
como um todo; consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais,
— Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen-
particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício. dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do- situações de interesse pessoal”.
tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú- c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às cer-
blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico. tidões, posto que também declaram a existência ou inexistência de
A permissão é dotada de características essenciais. São elas: fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as certidões,
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad- uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do ato de
ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada, emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos públi-
bem como da utilização de bem público por particulares; cos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de retratar
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da Admi-
administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve- nistração Pública.
niência e à oportunidade do ato administrativo;
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape- o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos
nas de direito subjetivo ao ato. pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
c) Autorização: é detentora de características iguais às da per- contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis- de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°,
sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou, da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
missão, a autorização possui como características: o ato de consen- • Atos punitivos
timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo. Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com
do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer
específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi-
o particular preencha devidamente os requisitos legais ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te-
• Atos enunciativos nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda, da legalidade.
que certificam fatos no campo da Administração Pública. A doutri- Podemos dividir as sanções em dois grupos:
na reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as 1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe-
certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos: dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu-
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar lares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
a opinião do agente público a respeito de determinada questão de 2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico. pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé- ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
cies de pareceres. São eles: contratada pela Administração.
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
vincula a autoridade competente; de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
espécie:

315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas aos Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de
administrados. um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu-
Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen- lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar.
sivos do exercício de atividades diversas. Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de-
Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções apli- monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar
cadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a po- a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido
pulação em risco. fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento,
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com
autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento
coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si- a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis-
tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo- trativo.
mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi- Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada
da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser
de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé- proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen-
dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior. tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên-
Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio- cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria,
nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de
e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a dados públicas.
Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa-
ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi- recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad-
co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários
cometido falta grave. para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato
particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as ocorreu na formação do ato.
sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da Anulação
Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados. É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo
Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei
da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis- e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle
ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou
denominadas sanções internas. legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o
Extinção do ato administrativo ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse-
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção guinte, revogá-lo, e não o anular.
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen-
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos, discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito, de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida-
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção de.
objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be- Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
neficiário. viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
Poder Judiciário.
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando
meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au-
ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:
efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
situações: PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Cassação A Administração Pública pode decla-
SÚMULA 346
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido rar a nulidade dos seus próprios atos.
condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar
A Administração pode anular seus
continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção
próprios atos, quando eivados de
do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
vícios que os tornam ilegais, porque
sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
deles não se originam direitos; ou
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento SÚMULA 473
revogá-los, por motivo de conveniên-
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
cia ou oportunidade, respeitados os
tuição.
direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in- c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori-
bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou
dade. deixou de ser competente para revogá-lo;
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
provocação do interessado. votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela
Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer- lei;
cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi- e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada novo
nistrativo havendo pedido do interessado. ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal- adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.
mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada Convalidação
uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando
da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu-
o exercício da autotutela. sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora.
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez
Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos
âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os os efeitos.
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua
destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos, razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os
contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez,
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos.
estipulação de prazos diferentes em outras esferas. Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e
Revogação anuláveis.
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró- À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi
pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade, incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi-
conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis,
do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per- levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes-
feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada
pública poderá suprimi-lo por meio da revogação. à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido
A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu- aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de
nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra- dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a
ção que o editou. esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná-
É fundamental compreender que a revogação somente pode ria vigente.
atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá- dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina-
tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do
lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a princípio da segurança jurídica.
conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição Decadência Administrativa
do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des- O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi-
feito pela revogação. to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter-
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin- no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que
cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual- não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos: previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a análi- única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com
se de conveniência e oportunidade; o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con-
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não funde com o exercício da ação para manifestá-lo”.
retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis-
próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú-
transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público, blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses
após o gozo do direito, não há como revogar o ato; vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários.

317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vejamos: Em decorrência da amplitude das competências e das res-


Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi- ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
salvo comprovada má-fé. dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen-
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de tes integrantes da Administração Pública.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se
dade do ato.” encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor-
no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia-
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os
que o beneficia. atos dos agentes subordinados.
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad- Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida- não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
das contando com a proteção da segurança jurídica. de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII,
Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re-
Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali-
sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu: dade, omissão ou abuso de poder.
“No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu-
estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca- mas regras, sendo elas:
dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que
de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético, ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele-
social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive, gar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável o B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
fato de que o Poder Público não se submente também a essa con- plos: o veto e a sanção de lei;
solidação das situações eventualmente antijurídicas pelo decurso C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
do tempo.” da autoridade, não podem ser delegadas;
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe D) O subordinado não pode recusar a delegação;
de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e autorização do delegante.
Administração Pública, suprimindo da administração o poder de Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele-
usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis- gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os
trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes- ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin-
sadas. tes regras relacionadas a esse assunto:
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota- • A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo, delegada se não houver impedimento legal;
propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta- • A delegação de competência é sempre exercida de forma par-
gem do prazo decadencial. cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não
detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
PODERES ADMINISTRATIVOS: REGULAMENTAR, • A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
DISCIPLINAR, HIERÁRQUICO E DE POLÍCIA. ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
e agentes não subordinados à hierarquia.
Poder Hierárquico Não podem ser objeto de delegação:
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade • A edição de atos de caráter normativo;
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus • A decisão de recursos administrativos;
órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi- • As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida-
nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. de;
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com-
petências e a hierarquia.

318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo- -se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida-
gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei. de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos
Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po- serviços administrativos da sua Vara.
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação
os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi-
à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da
delegada. mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super-
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so-
autoridade delegante como forma de transferência não definitiva bre as entidades da Administração Indireta.
de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men- Esquematizando, temos:
cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
como editada pelo delegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
gão subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do
órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem-
porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im-
preterivelmente justificados.
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados, Poder conferido à autoridade administra-
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, tiva para distribuir e dirimir funções em
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do PODER escala de seus órgãos, que estabelece
interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi- ção entre os servidores que estiverem sob
ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se a sua hierarquia.
que pode ocorrer de duas formas:
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato A edição de atos de caráter normativo
válido se tornar inconveniente ou inoportuna; NÃO PODEM SER
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios. A decisão de recursos administrativos
OBJETO
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po- DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva do
derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos órgão ou autoridade
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a Por revogação: quando a manutenção
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se do ato válido se tornar inconveniente ou
DESFAZIMENTO
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver inoportuna
DO ATO
sido criado o direito subjetivo para o particular.
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresentar
Observação importante: “revisão” do ato administrativo não se vícios
confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de ato
é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em rela- Poder Disciplinar
ção à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu subordi- O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de
nado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárquico. Já autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos
na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do ato ad- servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli-
ministrativo é realizada pela própria autoridade que confeccionou o na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi-
ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder hierárquico. co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que
possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan-
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual.
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun- decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri-
ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie- ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o
rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis- cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado,
trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi-
obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu
julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra- chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun-
cional.

319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de Poder regulamentar


alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po- Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste
der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po-
à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas
hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui- e eficaz execução.
co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po-
o particular. der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme-
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres-
punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos
instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com
somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis- conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra-
tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so- tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções,
mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs-
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve- de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor- poder normativo.
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis- como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar
funcional ou contratual com a Administração. regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati-
Em suma, temos: vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo,
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín- de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
culo específico com a Administração Pública. Registra-se que os regulamentos são publicados através de
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
às regulamentações de polícia administrativa. por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge- a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
crimes ou contravenções penais. determinado nome a um prédio público.
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis- Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será tes:
aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a A) Regulamento executivo;
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona- B) Regulamento independente ou autônomo;
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das c) Regulamento autorizado.
sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis- Vejamos a composição de cada em deles:
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re-
fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional Regulamento Executivo
e da exata sanção cabível. Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
Em resumo, temos: gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer
lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes-
Poder Disciplinar mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso,
• Apura infrações e aplica penalidades; suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é detalhar a sua execução.
preciso que possua vínculo funcional com a administração; O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen-
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con-
• Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas.
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo
material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for-
mal.

320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ato de regulamento executivo é constituído por importantes ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para
funções. São elas: o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi
uniformizado.
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa Embora exista uma enorme importância em termos de pratici-
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan- dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie-
do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li- rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica,
berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou
margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo,
de um regulamento executivo que estipula regras de observância atos normativos considerados secundários que são editados pelo
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos
proceder no fiel cumprimento da lei. normativos primários elaborados pelas leis.
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer- Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à
cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe- lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na-
cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme-
autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto
a discussão de casos e fatos sem importância para a administração legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe-
pública. cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento.
Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula- em função de o Presidente da República entender que o projeto
mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum- de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada. o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car- exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
reira de Policial Rodoviário Federal. Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte-
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu- resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como
ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen-
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi-
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi-
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto, controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base Executivo no exercício da autotutela.
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e
privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula- Regulamento independente ou autônomo
mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam-
estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará- bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe-
grafo único da Lei 8.112/1990. cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es- lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado diretamente da Constituição.
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi-
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma, gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi- a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa- Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
do dirigente máximo do órgão. que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe- da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da públicos.
regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad- Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi-
dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi-

321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se Regulamento autorizado ou delegado
de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele-
determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser gado.
veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
hierarquia. não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa- forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui- aos órgãos administrativos.
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto. controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou-
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas trina maior tem aceitado que as competências para regular deter-
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de- minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei
concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar. para a esfera do regulamento autorizado.
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita-
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta- do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade,
ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en- ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc-
contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres-
a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto sa determinação legal.
regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti- confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside- aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora, na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional, jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
do Supremo Tribunal Federal: lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição, que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri- terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio- admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi-
em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm
opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas,
isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên-
difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio- cias reguladoras.
nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta
reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá- Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387- A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio). fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar os regulamentos administrativos ou de organização.
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob- com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
República e ao Advogado tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
do art. 84 da Constituição Federal. com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
públicos ou que possuem um contrato com a Administração.

322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi-
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos, lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no
é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi-
liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí- car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des-
fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados
grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis- de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que
trativos. haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren-
Esquematicamente, temos: te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso
REGULAMENTO das seguintes hipóteses:
QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
DESTINATÁRIOS organização meio de edital;
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
fato; pela decisão condenatória recorrível;
Poder de Polícia
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício
Administração Pública Federal.
de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte-
Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em
resse público.
determinadas situações específicas, quando o interessado inter-
romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão
Limites
do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
parâmetros do art. 3.º.
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
fins, aos motivos ou ao objeto.
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po-
art. 5.º.
lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro-
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a
Atributos
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de
atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida-
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos-
de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas,
estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura.
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in-
buto:
terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria
desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade,
Discricionariedade
seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici-
seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de
ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração
polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori-
no exercício da autotutela.
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção.
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
Prescrição
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe-
respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de-
deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu-
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não
nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia,
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os
desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso
infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver
ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para
cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da
exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re-
Administração também for considerado crime, a prescrição deverá
ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente
se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação
não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis-
de execução da administração pública federal relativa a crédito não
cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma
em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini-
autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma-
tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua
terial bélico.
redação incluída pela Lei 11.941/2009.

323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Autoexecutoriedade Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto- Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo
e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem como fundamento a própria repartição de competências materiais
intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer- e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.
cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz
poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú-
desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser
excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder
para fazer cessar o ato de polícia abusivo. de polícia originário.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia Como uma das mais claras manifestações do princípio segun-
são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no
que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen- exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações
do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida-
não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma-
urgência que demande a execução direta da medida. O que infere nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre-
que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po- sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público,
lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem- o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de
plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado,
o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse
ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o
mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne- Esquematizando, temos:
cessário que promova a execução judicial da dívida.
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em
dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu- DISCRICIONARIE- AUTOEXECUTORIE-
COERCIBILIDADE
toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili- DADE DADE
dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões Liberdade de esco- Faculdade de a Ad-
executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a lha da autoridade ministração decidir e Faz com que o ato
concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade pública em relação executar diretamen- seja imposto ao
de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a à conveniência e te sua decisão por particular, con-
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando
oportunidade do seus próprios meios, cordando este, ou
for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como
exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de exercício do poder sem intervenção do não.
desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar de polícia. Judiciário.
que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não
sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder Uso e abuso de poder
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade). De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente,
a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida- atendimento à consecução dos fins públicos.
de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul- No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para
meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor-
da demolição de prédio.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa
em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por
que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
em situações de urgência. Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas:

Coercibilidade • Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au-


É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja toridade atua extrapolando os limites da sua competência.
imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, • Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a au-
o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está toridade vem a praticar um ato que é de sua competência, porém,
consignado à dependência da concordância do particular para que o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária ao
tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso- interesse público como um todo.
ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe- Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder
xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju-
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do dicial.
desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.

324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
Administração direta e indireta de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
administrativa de maneira centralizada. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi- gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
maneira descentralizada. regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer- de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona- órgão. Vejamos:
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu-
lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, desde
opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi- que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução extinção de outros órgãos.
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica, controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
de modo geral. nal de Contas da União.

Desconcentração e Descentralização Pessoas administrativas


Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre mista.
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen- direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e funções para as quais foram criadas de forma correta.
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, Pessoas políticas
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons-
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su- Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a
bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi- se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven-
nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia. çadas na Constituição Federal.
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos
transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin- Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte-
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser- rística que se encontra presente somente no âmbito da República
viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati-
que transfere e a que acolhe as atribuições. vos.

325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Autarquias nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina


As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
lização. reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- tuição Federal, que assim determina:
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socie-
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em dade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem ati-
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- vidade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo prestação de serviços, dispondo sobre:
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- sociedade;
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
a que estão vinculadas. das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- balhistas e tributários;
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que nações, observados os princípios da Administração Pública;
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica- IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Ad-
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- ministração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no dade dos administradores
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- Vejamos em síntese, algumas características em comum das
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo empresas públicas e das sociedades de economia mista:
Poder. • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
pregados;
Empresas Públicas • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
constitucional;
Sociedades de Economia Mista • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- bem como ao controle do Poder Legislativo;
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de • Não estão sujeitas à falência;
empresas estatais. • Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia trativo no que se refere às suas atividades-meio;
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan- constitucionalmente;
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco- lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
nomia mista.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida duas características que se encontram presentes de forma contun-
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
exclusiva e prioritária pelo direito público. conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco- de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso
das autarquias.
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,

326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- Organizações da sociedade civil de interesse público
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado,
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu-
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da
Autárquica. Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência
do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com
Observação importante: a autarquia é definida como serviço o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos:
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
a uma finalidade específica de interesse social. pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
Vejamos como o Código Civil determina: objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) I – promoção da assistência social;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. histórico e artístico;
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. complementar de participação das organizações de que trata esta
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações Lei;
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
Administração Pública. plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo-
que o foro de ambas é na Justiça Federal. luntariado;
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
Delegação Social combate à pobreza;
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos socio-
Organizações sociais produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em-
As organizações sociais são entidades privadas que recebem prego e crédito;
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma manos, da democracia e de outros valores universais;
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá neste artigo.
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam receber a qualificação. Vejamos:
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- I – as sociedades comerciais;
ficação de OSs. II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os de categoria profissional;
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, fundações;
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as de e assemelhados;
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili- VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
zação de bens públicos e servidores públicos. mantenedoras;
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
tuito e suas mantenedoras;
IX – as Organizações Sociais;
X – as cooperativas;

327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade 4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por
e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi- isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi-
cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido nistração
constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me- 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga-
13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que do parcialmente por normas direito público;
o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de
da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam-
Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi-
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, reta.
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri-
consultorias, cooperação técnica e assessoria. vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de
algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
Entidades de utilidade pública veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta- tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.
setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública,
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil Evolução histórica
de interesse público (OSCIP). De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con-
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor ceito de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda- na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da estéticos que os seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- terceiros. A responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos. dois grupos: a contratual, que advém da ausência de cumprimento
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- de cláusulas inclusas em contratos administrativos, e a extracontra-
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não tual ou aquiliana, que alcança as demais situações.
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel-
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici- so Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do
ência da sociedade. Estado sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do mesmo no período em que não existia dispositivo de norma espe-
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos cífica. Para o mencionado autor, desde os primórdios, predominou
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa no Brasil a tese da responsabilidade do Estado com base na teo-
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor ria da culpa civil. Logo após, houve o avanço para que houvesse a
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos admissão da culpa pela ausência de serviço. Por fim, chegou-se à
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- aprovação da responsabilidade objetiva do Estado.
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo-
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que ca, previa somente a responsabilidade pessoal do agente público,
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade conforme disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são
civil de interesse público. estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen- exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente respon-
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde sáveis aos seus subalternos”.
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão
fins lucrativos. constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina
No que condizente às características das entidades que com- e a jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta-
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- do em alusão aos atos de seus agentes.
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car-
regou e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti-
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- tuição de 1824.
nham sido autorizadas por lei; Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis-
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- pôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon-
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); sáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou fal-
tando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
causadores do dano”. Para a doutrina, o entendimento é de que o

328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

referido dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se-
do Estado tanto no sentido de culpa civil, quanto por ausência de guir a teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988
serviço. e a teoria do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor-
Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man- ma ou regra em nenhuma das constituições brasileiras.
teve a responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó-
art. 171, o seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so- teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas.
lidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por A título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por
quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei
no exercício dos seus cargos”. 6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris-
A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes- tas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasilei-
mo dispositivo da Constituição de 1934. ras (Leis 10.309/2001 e 10.744/2003).
No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre- Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che-
sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir, ga-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma
por sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con- orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo,
forme ditado no dispositivo a seguir: no entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressal-
Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci- ta-se que a omissão, nesse caso, não impede a responsabilização
vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa objetiva dessas pessoas jurídicas, posto que está prevista no texto
qualidade, causem a terceiros. constitucional.
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcio- Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté-
nários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes. ria podem ser resumidas da seguinte maneira:
• A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita
A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi no direito brasileiro.
audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o • A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá-
acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na
ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de
culpa, como era disposto na Constituição de 1946. trabalho até chegar à responsabilidade objetiva.
Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no • A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena-
art. 37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946.
as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão • A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi-
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei- lidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca- pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.
sos de dolo ou culpa”. • A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade
O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor- por danos morais ou extrapatrimoniais.
mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do • A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta
Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí- Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a
dicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por teoria do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses
exemplo: as fundações governamentais de direito privado, as em- excepcionais.
presas públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer • Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não
pessoa jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente haver feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí-
paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título dicas que prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002,
para a prestação de serviços públicos. prevê também a responsabilidade objetiva do Estado.
Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade
civil objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas Responsabilidade por ato comissivo do Estado
e das sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco- De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do
nômica, tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica-
de forma expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas dos por seus agentes.
aplicáveis às empresas privadas. Por consequência, tais entidades Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos
estão sujeitas à responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe- comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de
las normas comuns pertinentes ao Direito Civil. forma positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu-
Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am- tor de veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o
bos da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal efeito de drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
tem ampla abrangência tanto no condizente ao dano material como Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa-
o dano moral. Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes-
as espécies de danos indenizáveis, passando a determinar que o ma a ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se
dano estético se constituiria em uma espécie de dano autônomo que o artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação
no qual a indenização poderia ser expressamente cumulada com a restrita em relação aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a
reparação pelos danos materiais e morais. sua invocação nos casos específicos de responsabilidade por omis-
são estatal.

329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da Em outro ângulo, aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do
Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado, guarda salva-vidas, a mencionada omissão fosse praticada por um
dispõe: Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede-
ração, o Estado não poderia ser responsabilizado, tendo em vista
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- que ao Analista, não era incumbido o dever legal de tentar salvar
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que o banhista.
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37,
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris-
co administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do
O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da Estado.
doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa- Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão
bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro estatal é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade
Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do do artigo 37, § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da
ônus da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe responsabilidade objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense-
somente comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo ja ao entendimento de que a responsabilização do mesmo apenas
sofrido. poderá ser invocada se sua ausência de ação houver sido culposa.
Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do
danos causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú- estatal por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio-
blico ou, ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres- namento já foi referendado por muitos de nossos mais renomados
tam serviço público, não tendo qualquer espécie de alcance às si- e importantes administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely
tuações nas quais o dano tenha decorrido de ato de terceiro ou de Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl-
fatos advindos de caso fortuito ou força maior. timo, o esclarecedor ensinamento de que a partir do momento em
Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe- que o dano foi constatado em decorrência de uma omissão do Esta-
deral de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es- do, sendo pelo serviço que não funcionou, ou, funcionou de forma
tatal, posto que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente ineficientemente ou tardia, aduz-se que caberá a aplicabilidade da
da ação de um agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro, teoria da responsabilidade subjetiva. Entretanto, se o Estado não
denotando que a omissão do Estado apenas contribui para o resul- agiu, não será, por conseguinte, ser ele o autor do dano. E, não sen-
tado. do ele o autor, só será responsabilizado se caso estivesse obrigado
Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa a impedir o dano.
diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter- Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli-
ceiro, razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi cada não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co-
consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es- brança de responsabilização até mesmo quando o dano é advindo
tado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses de atuação lícita do Estado.
de omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili- Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver-
dade objetiva com base no risco administrativo. dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter-
ceiro. Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo-
Responsabilidade por omissão do Estado cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano
Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú- ocorra, isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar
blico deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar também, inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser
diretamente o dano, possibilita sua ocorrência. invocada quando existir a impossibilidade real de impedimento do
Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com dano mediante atuação aplicadora do Estado.
os parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado. Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer
No entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva, apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci-
posto que deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a ta, a Administração não será responsabilizada se houver utilizado e
omissão estatal. esgotado suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo
Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi- e, mesmo desta forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto
cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento que a Administração Pública somente poderá ser responsabilizada
de que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon- por danos que estava obrigada a impedir.
sabilidade objetiva nos atos comissivos.
Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es-
agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A tado
responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da
quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade
determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté- do dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
tica, um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen-
qual um banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo te público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a
que o banhista venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação, agente público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em
o Estado explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis- conduta comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu-
são do agente público, tendo em vista que este tinha o dever legal de, ou não, do comportamento funcional e a inexistência de causa
de agir, ao menos tentando salvar a vida do banhista e não o fez. excludente da responsabilidade do Estado.

330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi- Vejamos:


lidade do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada
pelo agente que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo, Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros
no caso de odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas-
de atuação em hospital público e venha a cometer algum erro, ca- ta o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis-
racterizado como ato ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor tente. A esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não
contra cáries, quando a substância vem a causar situação adversa é cabível a invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na
irreversível caracterizada como ato lícito, são atos que acabam por hipótese de suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se
gerar danos passíveis de reparação, na forma objetiva. encontrar sob a custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe
Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada, a integridade física e moral, buscando sua total proteção, inclusive
deve haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o do suicídio. Nesse sentido, o STF entende que o suicídio de detento
dano” por meio do adimplemento de uma contraprestação de na- é motivo de omissão ilegítima, que por sua vez, gera responsabili-
tureza pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a dade civil objetiva do Estado, que passará a ter o dever de indenizar
violação à dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material por meio de danos morais os familiares do falecido.
que cause prejuízo financeiro a outrem. Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos
Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad-
dano, esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru- ministração pública e que causam danos aos administrados. Tendo
ção de um presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre a atu-
causar danos irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias. ação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á por
Pondera-se também que deve haver o nexo causal, que se trata da excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo imputado
necessária e importante relação de causa e efeito entre a conduta qualquer dever de indenizar.
praticada pelo agente e o dano causado. Não existindo o nexo cau-
sal, ou for disseminado por algum fator, estará afastada a responsa- Caso fortuito e força maior
bilidade do Estado. Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex-
No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de- cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes-
monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex-
e devido também que se prove o nexo causal. pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os
arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem
Observação importante: O STF tem entendido que, havendo conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que
fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo- podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even-
ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a tos naturais.
particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri-
haver mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im-
fuga. Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à
o crime faz com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais administração pública com causídico de danos aos administrados,
possível imputar ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en- a especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a
tende como longo, pondera-se que não existe uma tabela de prazos atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a
que regule tal entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise responsabilização estatal pelos prejuízos causados.
de casos concretos e específicos. Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis-
te a preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas
Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do Es- somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso
tado específico do objeto de exame.
Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas-
algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar ta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortui-
ou não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân- to ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/
cia que explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil RJ), enquanto o STF asseverou que “o princípio da responsabilidade
estatal é a existência de culpa concorrente da vítima, comprovan- objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran-
do assim a inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma, damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil
na situação hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações li-
público e a um particular, na qual tenha ocorrido imprudência de beratórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciadoras
ambos os condutores, o Estado não responde pela integralidade do de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/RJ).
dano, o que faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser
rateados na proporção da culpa de cada responsável pelo ato.
Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade
do Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes:
culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e
força maior.

331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esquematizando, temos: Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do


agente público nasce com o pagamento da indenização à vítima.
CULPA OU DOLO Assim sendo, não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen-
CASO FORTUITO tença que condena o Estado na ação indenizatória, posto que o in-
EXCLUSIVO DA VÍTIMA
E FORÇA MAIOR teresse jurídico para propor a ação regressiva depende em grande
OU DE TERCEIROS
parte do efetivo desfalque nos cofres públicos. Denota-se que caso
O STF e o STJ tem atribuído aos ocorra a propositura da ação regressiva antes do pagamento, pode-
eventos extraordinários, impre- ria denotar e ensejar o enriquecimento sem causa do Estado.
visíveis e de força irresistível, Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face
ocorridos de forma externa à do agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se
É excludente da responsa-
administração pública com causí- tratando de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos
bilidade do Estado, uma vez
dico de danos aos administrados, trâmites legais, providenciar o ressarcimento aos cofres públicos.
que afastam o nexo causal
a especificidade de excludentes Restando ausente o acordo, o Poder Público terá o dever de propor
entre a conduta do agente
do nexo causal ocorridas entre a a ação regressiva contra o agente público culpado.
público e o dano existente
atuação administrativa e o evento Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência compre-
danoso, de modo a impedir a ender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público
responsabilização estatal pelos em face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do
prejuízos causados. disposto na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal,
o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou
Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do por decidir que é prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do
art. 393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifica- Código Civil, no prazo de três anos, a ação de reparação de danos à
-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impe- Fazenda Pública advinda de ilícito civil e de origem de acidente de
dir.” Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a trânsito, o que não alcança à primeira vista, os ilícitos relacionados
referência é a “caso fortuito ou de força maior”, com as expressões às infrações ao direito público, como por exemplo, os de natureza
objeto de tanta discussão acadêmica citadas em conjunto, separa- penal e os atos de improbidade.
das apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar
que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo Direito de regresso
mesmo regime jurídico, não há relevância na tentativa de diferen- O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre-
ciação. nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di-
reito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
Reparação do dano de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na de, causarem a terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres-
esfera administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via tadores de serviços públicos, o direito de regresso contra o agente
judicial. responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa.
O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra- Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe-
tando de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou sa e do contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado
a terceiros. e exercido sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi-
Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada tindo ao Estado efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do
por intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de- servidor, sem o consentimento deste.
fesa e o contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a
agente, o adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou, sua responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente
caso contrário, por medida judicial. a quantia devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o
No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des- valor venha a ser descontado de seus vencimentos, desde que res-
conto em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re- peitados os percentuais máximos previstos em lei para essa espécie
ferentes ao ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização de desconto.
prévia do agente ou procedimento administrativo com a aplicação Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos:
da ampla defesa e do contraditório. A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o
Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode- Poder Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de
rá ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade acordo com o reconhecimento da responsabilidade civil estatal,
objetiva, ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da como em decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado.
responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado- B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é
ção da teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida de natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu
cabível seria o direcionamento da pugnação de reparação em face com culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a
do Estado. indenizar o particular e não reconheça o direito de ser ressarcido
De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o pelo servidor responsável. Para isso, basta que não seja comprova-
dever de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante do dolo ou culpa advinda desse agente público.
o agente público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao
culpa. entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de
ações de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri-

332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tíveis. Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu, Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi-
com repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu-
danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil. nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como no
D)É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação nível de persuasão nos negócios.
de ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de
prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten- Pronúncia correta das palavras
do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva, - Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser de- - Enfatizar a sílaba certa;
mandados pelos danos advindos pelo falecido. - Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a extin-
ção de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação re- Por que é importante?
gressiva não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exone- A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega-
rado ou demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem
os prejuízos causados ao ente público. sem ser distraídos por erros de pronúncia.

Nota – Sobre Súmulas Vinculantes Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pronún-
Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor- cia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um
tador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabetos árabe,
terceiro, contra o qual tem ação regressiva. cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita não é feita por
Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres que podem ser
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite pre- compostos de vários elementos.
visto no contrato de seguro. Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou par-
te de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano usem ca-
racteres chineses, estes podem ser pronunciados de maneiras bem
ATENDIMENTO AO PÚBLICO. diferentes e nem sempre ter o mesmo significado.
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se
Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto- use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando
maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do
ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es-
diversos públicos (internos, externos e misto). trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia
As organizações têm passado por diversas mudanças buscan- parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de
do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes,
maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memorizar
competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado, as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em chinês,
reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competiti- a pronúncia correta exige a memorização de milhares de caracteres.
vos e de qualidade. Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda de acordo
A reestruturação das organizações gerou um público interno com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção a esse as-
de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes, pecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas.
responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em to- Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im-
dos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que se portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse
propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser o tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí-
intermediador, o administrador dos relacionamentos institucionais laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a
e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim, fica essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna
claro que esse profissional tem seu campo de ação na política de relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se
relacionamento da organização. houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica-
A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar
um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa signi- corretamente as palavras.
ficativamente maior que um simples programa de comunicação Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção
impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre- aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina-
sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos, das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç.
treinados, com visões integradas e em permanente estado de alerta Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas.
para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente. A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de
Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela- esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais
ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica, coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é
social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem
objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio- quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo-
namento. ram discutidas no estudo “Articulação clara”.

333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um Atendimento telefônico


país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di- se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili-
cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi- zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene- para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se-
ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo- jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos-
cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos sam receber bom atendimento ao telefone.
falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e
que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade. Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem o atendimento telefônico:
familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo.
numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a
palavras que não usa no cotidiano. ligação em seguida;
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de
Maneiras de aprimorar se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se dão • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
conta disso. atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con- • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “bo-
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá- a-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são ati-
tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais, tudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome do
a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im-
usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los. portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também
Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de- esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que
pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta. No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al- para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que
guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas demandas
erros. de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da língua
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores importan-
aos bons oradores. tes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fundamental
que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, compro-
Pronúncia de números telefônicos misso e credibilidade.
O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al-
garismo. Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, pro-
Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo. cedimentos para a excelência no atendimento telefônico:
Lê-se em caso de uma sequencia de números de três em três • Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gosta
algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro números jun- de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atendente
tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos. da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. Por
O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a tratar
“11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”. o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o interlo-
cutor se sinta importante;
Veja abaixo os exemplos • assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que aten-
011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero – de ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, com-
zero, três prometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta rápida.
021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – três, três – Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediatamente
quatro, três saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”.Se não
031.386.1198 – zero, três, um – três, oito, meia – onze – nove, for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o atendente de-
oito verá apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer o
número do telefone direto de alguém capaz de resolver o problema
Exceções rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa responsável
110 -cento e dez procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de que alguém
111 – cento e onze confirmará a recepção do pedido ou chamada;
211 – duzentos e onze • Não negar informações: nenhuma informação deve ser nega-
118 – cento e dezoito da, mas há que se identificar o interlocutor antes de a fornecer, para
511 – quinhentos e onze confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequada a
0001 – mil ao contrario seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois entraremos em
contato com o senhor

334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tempo, • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar viços.
que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee-
dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor; Fatores críticos de sucesso ao telefone:
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra que o A voz / respiração / ritmo do discurso
atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; A escolha das palavras
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastrófi- A educação
ca: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas;
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni- Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado
cação, não se estabele o contato visual, é necessário que o aten- da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- reveladas, tais como:
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do • Interesse ou desinteresse,
outro lado da linha; • Confiança ou desconfiança,
• Alerta ou cansaço,
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a • Calma ou agressividade,
informação importante perto de si e ter sempre à mão as informa- • Alegria ou tristeza,
ções mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapi- • Descontração ou embaraço,
dez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; • Entusiasmo ou desânimo.
• Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga:
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto
vai retornar a chamada. aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar
atendimento telefônico: que não existe entusiasmo da sua parte.
• Receptividade - demonstrar paciência e disposição para ser-
vir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos usu- O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao
ários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da mes- cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa-
ma forma é necessário evitar que interlocutor espere por respostas; tia. Está relacionada a:
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, dizer • Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando
palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, anotar a prontamente a solicitação do usuário;
mensagem do interlocutor); • Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cordia-
• Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro- lidade;
nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões • Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre-
como “meu bem”, “meu querido, entre outras); vistas.
• Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar
distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desviando-se A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista,
do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber enquanto que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com-
se fala); preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras
• Comportamento ético na conversação – o que envolve tam- variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio
bém evitar promessas que não poderão ser cumpridas. constante para todos nós.
E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica-
Atendimento e tratamento ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único
O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para
uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri-
com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma, mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil
uma relação entre o atendente, a organização e o cliente. consecução.
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a: Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tec- modo a atingirmos a excelência, confira:
nológicos adequados; 1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for-
• confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele- mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se-
cidos previamente; riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa-
• credibilidade – honestidade no serviço proposto; zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por
• segurança – sigilo das informações pessoais; conta do profissionalismo demonstrado.
• facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de
contato;

335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente sado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação do
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e iniciativa
atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos para que a outra parte se sinta acolhida.
eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente,
“limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios. sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja a identificação dos problemas existentes e consequentemente para
minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente as possíveis soluções que os mesmos exigem.
que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para
fale mais alto. alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não co- para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente
meta o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encontrar inconveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon-
o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na
entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente
clareza e objetividade. não tenha que esperar muito tempo para ser atendido.
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão
para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros Buscar a excelência constantemente na comunicação huma-
de interpretação por parte do cliente. na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente
educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o aten- algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro-
tamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples
assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos
esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, eles se matam para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar-
sozinhos. mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante.
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao
confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati- atendimento de ligações ou transferências
vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes. O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por
8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu
para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato
cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone. com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri-
o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de- meira impressão é a que fica.
monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do
a máxima eficiência. seu trabalho:
10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome - Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possí-
da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra- vel. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo.
dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando - Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante
for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta cha-
reafirmando o que foi acordado. mando merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deve ser
11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não apressada ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grossei-
está presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça ra, você não deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, procu-
a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente, re acalmá-la.
ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta - Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece atenção
à organização. especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre simpá-
12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é um tica e demonstrar interesse em ajudar.
dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista, que - Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhes
é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais que importantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são
foram abordados. confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você
13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo nas
responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra ligações telefônicas é considerada uma falta grave, sujeita às pena-
desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da lidades legais.
empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar
uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esqueci- O que dizer e como dizer
mentos. Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama-
14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te- das externas:
lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem - Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da
realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble- sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite.
mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinteres-

336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. Você - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten- todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da em-
deu corretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que en-
transfira a ligação. tram, passam pela telefonista.
- KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui; saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista
faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário Informações básicas adicionais
e evite assuntos pessoais. - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu telefônicas. Eles se dividem em:
interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação, man- * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer
tenha-o ciente dos passos desse atendimento. ligações para fora sem passar pela telefonista
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela. * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi-
Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposi- lio da telefonista para ligar para fora.
ção dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o -Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Tele-
cliente de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido fônica Pública.
transferida várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
caso, anote a situação e diga que irá retornar com as informações mente as linhas que estão em busca automática, devendo ser o úni-
solicitadas. co número divulgado ao público.
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência, - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre ramais e
diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar linhas-tronco.
o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza-
uma linha ocupada com uma pessoa que está apenas esperando a ção de ligações interurbanas.
liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa- - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em queado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone chamado.
falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligação e - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão
dizer: “Desculpe-me interromper sua ligação, mas há uma chamada direto para o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O (a) senhor (a) pode possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
atender?” Se a pessoa puder atender , complete a ligação, se não, - Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis-
diga que a outra ligação ainda está em andamento e reafirme sua tância e horário.
possibilidade em auxiliar. - Consultores: empregados da Telems que dão orientação às
empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele-
Lembre-se: comunicações.
Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas for- - Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar
malidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira assistência às CPCTs.
desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz - Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá-
a outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento. rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em
A conversa: existem expressões que nunca devem ser usadas, CPCTs do tipo PBX e PABX.
tais como gírias, meias palavras, e palavras com conotação de inti-
midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional. Em casos onde você se depara com uma situação que repre-
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à
Equipamento básico cada circunstância. Abaixo alguns exemplos.
Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar
o bom andamento do seu trabalho: 1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer?
- Listas telefônicas atualizadas. Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva.
- Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem al- Acima de tudo, mantenha-se calmo.
fabética). Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um estado
- Relação dos números de telefones mais chamados. de nervosismo.
- Tabela de tarifas telefônicas. Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito ner-
- Lápis e caneta voso (a), tente acalmar-se”.
- Bloco para anotações Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam acal-
- Livro de registro de defeitos. mar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo

O que você precisa saber: 2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer?


O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu mate- O tratamento deverá ser sempre positivo, independentemente
rial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você deve das circunstâncias.
saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que você Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a entender que
usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Telefôni- você não é o alvo.
ca, que permite você fazer ligações internas (de ramal para ramal) e
externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS.

337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para não Tiver uma crescente capacidade de separar as questões pesso-
parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positivamente, ais dos problemas da empresa.
coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele reaja de Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas, sim,
modo positivo. a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para-raios”.
Não fizer pré julgamentos dos clientes.
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa Entender que cada cliente é diferente do outro.
ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível. Entender que para você o problema apresentado pelo cliente é
Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao seu um entre dezenas de outros; para o cliente não, o problema é único,
alcance para que o problema seja resolvido. é o problema dele.
CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai corrigir. Entender que seu trabalho é este: atender o melhor possível.
Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema. Entender que você e a empresa dependem do cliente, não ele
EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar. de vocês.
Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas com Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o fu-
muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificativas”. Este turo da relação do cliente com a empresa.
é um problema da empresa.
POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cordia-
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? lidade)
Concentre-se para entender o que realmente o Cliente quer ou, A FUGA DOS CLIENTES
exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê. As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo-
Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até que gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento.
o Cliente entenda. Numa escala decrescente de importância, podemos observar
Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente, os seguintes percentuais:
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de postu-
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução. ra no atendimento;
14% fogem por não terem suas reclamações atendidas;
5ª – Discussão com o Cliente 9% fogem pelo preço;
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você sem- 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte.
pre perde!
Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou “dis- A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas
cutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de forma organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem
que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do Clien- uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser-
te, quando esta for negativa. Exemplos: viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em
satisfazer plenamente o cliente.
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra-
O Cliente está... Reaja de forma oposta
tam profissionais com características básicas para atender o públi-
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam
Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente. um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo
com as características individuais e o bom senso de cada um.
Irritado Mantenha a calma. A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles não
Desafiando Não aceite. Ignore o desafio. sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento é a
tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocupação.
Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que perpas-
Diga-lhe que é possível resolver o sam pela condição individual e por condições sistêmicas.
Ameaçando problema sem a necessidade de uma Estas condições sistêmicas estão relacionadas a:
ação extrema. 1. Falta de uma política clara de serviços;
2. Indefinição do conceito de serviços;
Diga-lhe que o compreende, que gos- 3. Falta de um perfil adequado para o profissional de atendi-
Ofendendo taria que ele lhe desse uma oportuni- mento;
dade para ajudá-lo. 4. Falta de um padrão de atendimento;
5. Inexistência do follow up;
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal.
6ª – Equilíbrio Emocional
Em uma época em que manter um excelente relacionamento Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação
com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien- de pessoas com características opostas ao necessário para atender
te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os ao público, como: timidez, avareza, rebeldia...
profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no
atendimento a Clientes.
Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
For paciente e compreensivo com o Cliente.

338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO Cultivar um estado de espírito positivo.


Observando estas duas condições principais que causam a vin- Satisfazer as necessidades do cliente.
culação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar Cuidar da aparência.
a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens: os serviços e
a postura de atendimento. Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e, A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os as-
como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. pectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua totali-
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de servi- dade e nossa condição emocional.
ços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
os aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como: POSTURA. São eles:
o ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portan- 01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por um
to, depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponível
com as condições sistêmicas. para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POSTURA
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dispensa- DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos positivos
do às pessoas, está mais relacionado com o funcionário em si, com nos clientes, como por exemplo:
as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o peito
ligado às condições individuais. aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e acolhi-
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas mento;
das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten- b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado
dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento, transmite ao cliente a humildade do atendente;
como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem respeito
dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de- e segurança;
pendência recíproca para terem peso. d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade
Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se e calorosidade.
necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento. 02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que se
caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos e o
Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento: que expressamos no nosso corpo.
01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compre- Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e confor-
ender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele táveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos senti-
seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo mentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais
um ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente livres do stress, das doenças, dos medos.
para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante-
nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessida- 03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as-
des. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto ou pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu-
serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em relação zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função
às necessidades dos clientes e atendê-las. social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos
02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades sobre o observador e quem a expressa.
dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento
entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or-
uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente. ganismo e o seu meio ambiente.
Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instante O olhar
em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar a Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do
felicidade do outro. olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos mais
03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍRITO profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito.
POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos, para Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so-
ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe que mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o
é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia do real sentido dos olhos.
trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de acolhi-
do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com a mento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de von-
consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes tade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza e
a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissabor
para o cliente. pelo atendimento.
Os requisitos para contratação deste profissional Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho
Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos nos nossos olhos ? A resposta é simples:
são essenciais ao atendente. São eles: Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar
Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz. de ajudar o próximo.
Gostar de lidar com gente.
Ser extrovertido.
Ter humildade.

339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva-
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu-
des e situações mais comuns:
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir: Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um bem;
01. Interesse quando: Seguir o cliente por toda a loja;
Brilha; O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente passa-
Tem atenção; geiro;
Vem acompanhado de aceno de cabeça. O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos sem
ser solicitado;
02. Desinteresse quando: O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beijinhos e
É apático; tapinhas nas costas;
É imóvel, rígido; O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone sem
Não tem expressão. avisar.

O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio-
nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar. nal do atendimento.
A aproximação - raio de ação.
A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de O sorriso
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni-
deste ser cliente ou não. versal.
Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros Imagine que você tem um exame de saúde muito importante
de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta- para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí-
mente. nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso
Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná- caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante,
rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in-
interação, a tornam mais eficaz. terpretado como um ato de apaziguamento.
Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver- O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das
bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava-
de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes.
certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu-
os seus anseios. nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente
informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma,
Alguns exemplos são: podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais di-
1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de versas emoções no outro.
limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha
para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”. Ir ao encontro do cliente
2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso no
do pagamento; atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a importân-
3. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o cia dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten-
carro entrando no posto e faz uma sudação... dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades,
pois ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao en-
A INVASÃO contro do cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com
Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA- ele.
SÃO DE TERRITÓRIO.
Vamos entender melhor isso. A primeira impressão
Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ- Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI-
RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território RA IMPRESSÃO É A QUE FICA.
não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin- Você concorda com ela?
cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre-
como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial,
distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação. se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar.
Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien-
privacidade, o que normalmente traz consequências negativas. te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus
Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri- desejos satisfeitos.
queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen-
estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase se te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as
encostando nele; dar um tapinha nas costas... empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta,
visitas, mas nem sempre são eficazes.

340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien- É importante lembrar que o cumprimento deve estar associado
tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca- ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito abertos,
nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re- Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de cum-
forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho. primentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
Quando as organizações atentam para essa importância, elas
passam a aplicar instrumentos de medição. Tom de voz
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida- A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda de
de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as pala-
a opinião aberta sobre o assunto. vras, são mais importantes do que as próprias palavras.
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do
informações reais. conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi-
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da- ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo
dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes
adquiridos da empresa. do cliente.
Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando
Apresentação pessoal pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação
atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as roupas do cliente será de compreensão.
mal cuidadas... ? Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta- estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter
to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando...
confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá- As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
rio, também, ter uma boa apresentação pessoal. como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso,
cada palavra tem a sua vibração especial.
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com-
pleto. São eles: Saber escutar
01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se
higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça; você respondeu que não, você errou.
02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro
cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas as- sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo
seadas, barba feita; da comunicação.
03. Roupas limpas e conservadas; O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa
04. Sapatos limpos; capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o
05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar-
cliente. reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação.
São elas:
Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se * os nossos PRECONCEITOS;
questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência * as DISTRAÇÕES;
pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “ * os JULGAMENTOS PRÉVIOS;
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante * as ANTIPATIAS.
para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente
e o atendente. Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos
compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro,
Cumprimento caloroso fazendo uma leitura completa da situação.
O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir- Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recepti-
meza ? vidade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma boca, o que
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al- nos sugere que é preciso escutar mais do que falar.
guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa-
mão. lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira-
O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios
energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos
o contato. conseguir atende-las.
Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos
a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sen-
estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres- timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso
peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão, que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente.
mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons- Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já
tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e falamos antes.
compromisso com o contato.

341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Agilidade * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só


Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a quali- devem ser feitas no banheiro);
dade do serviço prestado. * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- cem lanches ou têm cantina);
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * gritar para pedir alguma coisa;
em relação à utilização adequada do seu tempo. * se coçar na frente do cliente;
Quando há agilidade, podemos destacar: * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
o atendimento personalizado;
a atenção ao assunto; Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
o saber escutar o cliente; * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante todo o exemplo;
seu percurso na empresa. * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
* fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços
O calor no atendimento na frente do cliente;
O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran- * desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende, o
gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
sobre postura. * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do clien-
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para te;
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir impor- * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
tante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca ser * reclamar na frente do cliente;
reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o atendente * lamentar;
satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração. * colocar problemas salariais;
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar ao
atendente como um bumerangue. LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E
O EFEITO BUMERANGUE é bastante comum em situações de NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.
atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não, do clien-
te em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes batem e Usar chavões
voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se sente bem e trata O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de
o atendente com respeito. Se este atende mal, o cliente reage de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos
forma negativa e hostil. O cliente não está na esteira da linha de aqui, os mais comuns:
produção, merecendo ser tratado com diferenciação e apreço. PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE
Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que ATENDENTE?
façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é * o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER...
SERVIR AO PRÓXIMO. * o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re- SENHOR...
tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o * o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS...
atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá * AÍ VEM ELE DE NOVO...
embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim,
o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libera-
FELIZ. ção do lado bom da pessoa que atende o cliente.
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo
As gafes no atendimento vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões
Depois de conhecermos a postura correta de atendimento, (pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendi-
também é importante sabermos quais são as formas erradas, para mento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou sim-
jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verdadei- plesmente não volta mais.
ro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas partes, Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical
que são: no pensamento e postura do atendente.

Postura inadequada Impressões finais do cliente


A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura física Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o
ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença do cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequente-
cliente. mente, sobre a empresa.
Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa- Duas são as formas de impressões finais mais comuns do clien-
do, o atendente: te:
* se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu 1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pesso-
birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte- al) e/ou telefônico com o atendente;
raja no raio de ação); 2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhe-
* mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento; cê-las com mais detalhes.

342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Momentos da verdade São eles:


Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer epi- 01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse e
sódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos
organização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço. ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir-
o momento que separa o grande profissional dos demais. -se assistido, valorizado, respeitado, importante.
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satis- 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden-
fação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATEN- te passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente
DIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu,
elementos básicos do processo de interação, que são: mulherzinha, queridinha, colega...

A ) a pessoa 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de


A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. En- educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li-
tão, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação
que está na frente e precisa de atenção. para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamen- o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a
te com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes
Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, sem atender; dar risadas no telefone.
portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente.
Aspectos psicológicos do atendente
B ) a hora Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento.
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento.
pois somente nele podemos atuar. Vamos a eles.
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu-
turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como Empatia
fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig-
são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisamos nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de
fazer isto da melhor forma. nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender
as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa
C ) a tarefa forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente -
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar
diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais impor- dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a
tante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, atendendo partir de nossas referências e valores.
as suas necessidades. A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar-
Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver- mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná- isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos
rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen-
poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros.
aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na
da Verdade. capacidade de interpretar os canais não verbais de comunicação
do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais...
Teleimagem Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao
Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma
empresa e dele mesmo. atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é impos-
TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua sível ser empático.
mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con- Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira
sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís-
atendente). mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo.
Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente enca- O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida-
minhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa é de, impedindo-a de ser feliz.
comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é negativa, Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian-
vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no aten- do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós
dimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é atra- achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar
vés da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessário para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do cliente. podemos ajudar.
Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM.

343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos O ESTADO INTERIOR


e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi-
e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis- ção interna, o estado de espírito diante das situações.
tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos... A atitude de quem atende o público está diretamente relacio-
Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabemos nada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém um
repartir, não sabemos doar. equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as suas
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só atitudes serão mais positivas frente ao cliente.
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e
nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har- sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati-
monização com o outro e passam por cima de tudo. tudes frente ao cliente.
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne-
O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes
LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES- advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
SIDADES. * Atitudes preconceituosas;
* Atitudes de exclusão e repulsa;
Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois * Atitudes de fechamento;
as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos * Atitudes de rejeição.
lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só
se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
empatia. para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
clientes e as situações.
PERCEPÇÃO
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e cap- O ENVOLVIMENTO
tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e
de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o
passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais verdadeiro sentido de atender.
próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado,
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an- que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser-
tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de
as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten-
cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com
uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos, clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o
usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada na trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta deliderança, o
cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que imedia- nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma intera-
tamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não era permi- ção fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não permite
tido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em insatis-
um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu fação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por parte
quero comprar aquele carro ali”. do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento entre
Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se desres-
que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações. peitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa
Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni- Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade
co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações. de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem-
Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento.
PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade-
vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di-
seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém. vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quando
Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste caso, o
física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos entender: ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando proble-
a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a mas desta espécie.
sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar; * atender pessoalmente e interromper com o telefone
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro * atender o telefone e interromper com o contato direto
agradável de comida; * sair para tomar café ou lanchar
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte mais * conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé-
amena da repreensão e reprimir a mais severa. rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente.

Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi-
de defesa. cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente
deve ser poupado dele.

344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os desafios do profissional de atendimento


Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas situações exigem um alto grau de maturidade do atendente e é nestes
momentos que este profissional tem a grande oportunidade de mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas situações.

Encantando o cliente
Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo o seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessidades do
cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a grande diferença no atendimento.

Atuação extra
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que se caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabelecidas nos
procedimentos de trabalho. É produzir um serviço acima da expectativa do cliente.

Autonomia
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamento do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa. Mas, nem
sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o consumidor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja, um balconista que
pode resolver as suas queixas sem se dirigir ao gerente.
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo de tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o funcionário
precise decidir, deve haver autonomia.
No atendimento ao público, é fundamental haver autonomia do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas para o su-
cesso deste tipo de trabalho.
Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de poder para atuar de acordo com a situação e esse poder deve ser conquis-
tado. O poder aos funcionários serve para agilizar o negócio. Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca liderança do chefe.
Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, desburocratização, respeito, compromisso, organização.
Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro , não precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes: “Esse assunto
eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro setor...”
A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que a empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o sistema fun-
ciona para atendê-lo integralmente, e essa postura é vital, visto que a imagem transmitida pelo atendente é a imagem que será gerada no
cliente em relação à organização, dessa forma, ao atender, o atendente precisa se lembrar que naquele cargo, ele representa uma marca,
uma instituição, um nome, e que todas as suas atitudes devem estar em conformidade com a proposta de visão que essa organização
possui, focando sempre em um atendimento efetivamente eficaz e de qualidade.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Dentro do processo de comunicação existem alguns fatores que são imprescindíveis de serem citados como elementos da comunica-
ção, que são:
Emissor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de produzir e transmitir uma mensagem.
Receptor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de receber e interpretar essa mensagem transmitida.
Codificar: é transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de signos, ou seja, é interpretar
a mensagem transmitida para a sua correta compreensão.
Descodificar: Decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa.
Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as informações que serão transmitidas ao receptor, ou seja, é qualquer coisa
que o emissor envie com a finalidade de passar informações.
Código: é o modo como a mensagem é transmitida (escrita, fala, gestos, etc.)
Canal: é a fonte de transmissão da mensagem, ou o meio de comunicação utilizado (revista, livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)
Contexto: é a situação que estão envolvidos o emissor e receptor.
Ruído: são os elementos que interferem na compreensão da mensagem que está sendo transmitida, podem ser ocasionados pelo
ambiente interno ou externo. Podem ser tanto os barulhos de uma maneira geral, uma palavra escrita incorretamente, uma dor de cabeça
por parte do emissor como do receptor, uma distração, um problema pessoal, gírias, neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir
no perfeito entendimento da comunicação.
Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de abstração e variedade de senti-
do. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar
as palavras).
Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por palavras, os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, e
a entonação são também importantes (são os elementos não verbais da comunicação).
Retroalimentação ou Feedback: é o processo onde ocorre a confirmação do entendimento ou compreensão do que foi transmitido
na comunicação.

345
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Macromodelo do Processo de Comunicação

Fonte: Kotler e Keller, 2012.

Em resumo, a comunicação é um processo pelo qual a informação é codificada e transmitida por um emissor a um receptor por meio
de um canal, ela é, portanto, um processo pelo qual nós atribuímos e transmitimos significado a uma tentativa de criar entendimento
compartilhado.

QUALIDADE E ATENDIMENTO AO PÚBLICO: CONCEITOS SOBRE QUALIDADE, SEUS PRINCÍPIOS E DIMENSÕES; O


FOCO NO CLIENTE.

O conceito de qualidade pode ser definido como a totalidade de características de um produto ou serviço que possuem a capacidade
de satisfazer uma certa necessidade de um determinado cliente. Em um primeiro momento, ficou associado à definição de conformidade
do produto com as suas especificações, tendo posteriormente evoluído para uma visão de satisfação do cliente.
Do ponto de vista do produto/prestador do serviço: a qualidade associa-se à concepção e produção de um produto/serviço, na busca
do atendimento da satisfação das necessidades do cliente;
Do ponto de vista do cliente: a qualidade está associada ao valor e à utilidade que o cliente reconhece e atribui ao produto/serviço.

Qualidade Total
Paralelamente, com a evolução do conceito de qualidade, cresceu a percepção da sua importância e de quanto ela é fundamental para
o posicionamento estratégico da organização perante o mercado, sendo estendida para todas as atividades da organização.

Objetivo principal de uma empresa é satisfação das necessidades das pessoas: consumidores (através qualidade), empregados (atra-
vés crescimento do ser humano), acionistas (através do lucro), e vizinhos (através contribuição social).

O termo qualidade total representa a busca da satisfação não só do cliente, mas de todos os setores da organização.

A Gestão da Qualidade Total é uma opção para a reorientação gerencial das organizações e tem como pontos básicos:
- foco no cliente;
- trabalho em equipe permeando toda a organização;
- decisões baseadas em fatos e dados; e
- a busca constante da solução de problemas e da diminuição de erros.

Dimensões da qualidade
Para a melhor compreensão da qualidade, tendo em vista a subjetividade dos seus múltiplos pontos de vista, ela é representada em
sete dimensões distintas, apresentadas como forma da sua avaliação.

1. Características/especificações (Atributos dos produtos)


Referem-se às especificações (características complementares), que diferenciam um produto em relação aos seus concorrentes.

346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Desempenho (Características operacionais básicas ) 6) Gerência de Processos


Relaciona-se ao aspecto operacional básico (testes comparati- As organizações, os serviços, devem ser compreendidos como
vos feitos dentro de uma mesma categoria), de qualquer produto. um grande processo organizacional cuja finalidade (missão) deve
ser atender às necessidades dos clientes/usuários.
3. Conformidade (Grau de concordância com especificações)
Reflete a visão mais tradicional (padrões) da qualidade, o quan- 7) Delegação
to um produto está de acordo com as especificações. O melhor controle é aquele que resulta da responsabilidade
atribuída a cada um, o que significa colocar o poder de decisão o
4. Confiabilidade (Probabilidade de ocorrência de falhas) mais próximo possível da ação.
Está associada ao grau de isenção de falhas do produto (bens
duráveis), à probabilidade de que um item desempenhe sem falhas 8) Disseminação de informações
sua função. A participação coletiva na definição dos objetivos é melhor for-
ma de assegurar o compromisso de todos com sua execução.
5. Durabilidade (Medida da vida útil do produto)
Consiste em uma medida da vida útil (substituição) de um pro- 9) Garantia da qualidade
duto, analisada tanto por aspectos técnicos quanto econômicos. Sua base está no planejamento organizacoinal e na sistematiza-
ção (formalização) de processos.
6. Imagem (Percepção inicial do cliente sobre o produto)
Deriva das qualidades (estética e observada) que refletem a 10) Não aceitação de erros
imagem positiva ou negativa, imediata e ao longo do tempo. Deve-se buscar a perfeição nas atividades, tendo-se como pa-
drão de desempenho desejável o de “zero defeito”. (FOLHA DE SÃO
7. Atendimento ao cliente (Apoio ao cliente) PAULO, 1994)
Objetiva assegurar a continuidade dos serviços (assistência téc-
nica, Serviço de Atendimento ao Cliente – SAC, pelo telefone 0800) Ferramentas da Qualidade
oferecidos pelo produto após sua venda. As ferramentas da qualidade são instrumentos facilitadores
para a execução dos processos.
Princípios da Qualidade
1) Total satisfação dos clientes São técnicas administrativas utilizadas com a finalidade de
O cliente deve ser a pessoa mais importante para a organiza- identificar, definir, mensurar, analisar e propor soluções para pro-
ção, pois ele é a razão da existência da mesma. blemas que eventualmente possam interferir no bom desempenho
dos processos organizacionais.
A total satisfação dos clientes é a mola mestra da gestão pela
qualidade. Fonte: Disponível em: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/
conceito-de-qualidade/. Acesso em: 11.jul.2023.
2) Gerência participativa
Gerenciar deve ser sinônimo de liderar, de trabalho em equipe,
PRINCÍPIOS E AÇÕES PARA O BOM ATENDIMENTO
significando mobilização de esforços, atribuição de responsabilida-
des, delegação de competências, motivação, debate, ouvir suges-
tões, compartilhar objetivos e metas, informar, transformar grupos Quando se trabalha com pessoas, é preciso ter em mente al-
em verdadeiras equipes. guns comportamentos e requisitos importantes não apenas para
comunicar uma mensagem ao seu público, mas também para me-
3) Desenvolvimento de Recursos Humanos diar, facilitar, agilizar e impactar positivamente a forma como este
As pessoas são a matéria-prima mais importante na organiza- recebe a mensagem através de seu emissor.
ção por isso é necessário investir em educação, treinamento, for- Muitos fatores impactam a vida de pessoas no atendimento ao
mação e capacitação das pessoas. ciente, as experiências ruins podem perpetuar a má reputação de
uma corporação, mas um bom atendimento atrai e encanta, facili-
4) Constância de propósitos tando relacionamentos e auxiliando todo e qualquer empreendi-
Novos princípios devem ser repetidos e reforçados, estimula- mento.
dos em sua prática, até que a mudança desejada se torne irreversí- Todo tipo de interação deve ser pensada e devidamente estu-
vel. É preciso persistência e continuidade. dada, antes mesmo de iniciar um primeiro contato com o público,
pois pequenos detalhes fazem a diferença, desde a forma como o
5) Aperfeiçoamento contínuo colaborador se porta, sua aparência física, sua dicção e comunica-
Acompanhar e até antecipar as mudanças que ocorrem na so- ção não-verbal até a sua atenção e cortesia, a objetividade de sua
ciedade é uma condição necessária para o sucesso da organização mensagem e a empatia para com o outro.
que deve estar comprometida com a implantação de uma cultura
organizacional de mudança, de contínuo aperfeiçoamento.

347
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Comunicabilidade De todo modo, apresentar-se tem a ver com mais do que ape-
Comunicamos mensagens todos os dias, a todo momento aos nas o “olá” inicial. Vai além do aperto de mão, que deve ser firme e
que estão ao redor. Seja através das expressões faciais, dos gestos, confiante. Vai além do sorriso e de uma boa aparência. Diz respeito
de palavras ou de sons. Estas mensagens podem ser emitidas e a importar-se com o outro a ponto de ser sua melhor versão e es-
transmitidas de maneira intencional ou não-intencional, pois é algo tar em seu melhor estado. Um outro fator de extrema importância
que realizamos naturalmente todos os dias. Pense da seguinte for- é a pontualidade, ao chegar com antecedência, você se apresenta
ma: se alguém está de testa franzida e sobrancelhas arqueadas, de como um indivíduo comprometido e sério que se importa com o
expressão séria e áspera, a mensagem que o indivíduo transmite, tempo disponibilizado pelo outro para ouvi-lo.
ainda que de forma não verbal, assemelha-se às emoções as quais
correlacionamos àquela expressão facial, raiva, tristeza, preocupa- Atenção
ção, entre outras do mesmo gênero. Por outro lado, estamos o tem- Ser atento está ligado a ter olhos para os detalhes e ter ouvidos
po todo expressando e comunicando mensagens verbais àqueles abertos para o outro. Prestar atenção no que o outro diz, oferecer
com quem convivemos de forma natural e cotidiana. ajuda, observar a forma como o público se comunica ou reage dian-
A comunicabilidade, porém, diz respeito a uma qualidade co- te do que você propõe é primordial para estabelecer relação e até
municável, à facilidade de se expressar e transmitir uma mensagem relacionamento com ele. Um atendente sempre fica em evidencia e
clara, a fim de que o receptor dela a compreenda. Pode ser entendi- os olhos ou ouvidos se voltam para ele quase que completamente
do como uma otimização do ato de comunicar em que a mensagem durante seu trabalho. Sendo assim, olhar nos olhos e demonstrar
em questão é realizada de maneira eficaz, correta e rápida. interesse no público, colocando-se em seu lugar e fazendo com que
A forma como as palavras são dispostas em uma frase, a ento- ele perceba que ele está sendo compreendido, são técnicas que
nação usada, a dicção, a pronúncia das palavras e até o pouco co- ajudam o próprio colaborador ou atendente a identificar o que seu
nhecimento de um idioma podem prejudicar a formulação de uma público espera, deseja, sente e se ele está ou não aberto ao que se
mensagem, que dirá a compreensão desta uma vez que é comuni- está comunicando.
cada ao público. Um claro exemplo disto é a comunicação entre um Uma boa comunicação é feita quando emissor e receptor da
falante básico ou intermediário de espanhol ou inglês em relação à mensagem invertem papéis em diversos momentos, tomando um
um falante nativo; é provável que o primeiro vá encontrar dificulda- o lugar do outro diante da prática comunicativa. No entanto, duran-
de de se comunicar com o segundo não apenas por não dominar a te o atendimento ao público, é possível que uma parte seja muito
língua, mas por não saber como transmitir a mensagem adequada- mais ativa que a outra neste processo. É, porém dever do atendente
mente. O mesmo acontece com o próprio português quando não mediar esta situação e tomar posição de falante ativo, quando ne-
usado de maneira adequada. cessário, mas recuando para ser um bom ouvinte das necessidades
Seja na comunicação oral (fala), na comunicação escrita (tex- do cliente, em outros momentos, a fim de ser um bom solucionador
tos, e-mails, chats) ou em termos de comunicação acessível (comu- de problemas. Estar atento ao andamento da conversa é de suma
nicação adequada para surdos, mudos, deficientes etc), a efetiva importância.
comunicabilidade de uma mensagem estabelece laços com o públi-
co, o qual se importa com transparência e veracidade das informa- Cortesia
ções, bem como a clareza e concisão do que recebe. A cortesia é um atributo de todo homem ou mulher civiliza-
do. E quanto ao termo civilizado, este não se propõe aqui como
Apresentação um contraponto ao selvagem, pois até mesmo animais selvagens
Antes mesmo de apresentar-se diante do público, o indivíduo sabem agir de forma cortês, mas sim à ideia da educação não es-
deve se preparar. Uma presença marcante pode ter impactos ex- colar, ligada aos bons modos e à forma de se portar. A polidez no
tremamente positivos na comunicação com possíveis clientes e trato, nas palavras e na maneira de pronunciar palavras e opiniões,
colaboradores. A postura física, um corpo ereto, diz muito sobre a amabilidade e a compreensão são adjetivos que qualificam um
sua própria autoestima e confiança, o que influencia diretamente excelente profissional.
na imagem da empresa a qual você representa. Uma boa aparên- Atender o público não é fácil; ouvem-se mil e uma histórias de
cia, um bom vestuário, adequado ao tipo de público e à empresa clientes rudes, grosseiros e hostis que fazem funcionários saírem
em que se trabalha, bem como boa higiene pessoal (cuidados com chorando diante de tamanha grosseria ou até chorando por conta
cabelos, barba, maquiagem, unhas, hálito etc) são imprescindíveis da pressão que pode existir neste trabalho. Deve-se, porém, ter em
para causar uma boa primeira impressão. mente que ainda que o outro lado, o lado do público, não se porte
O nome próprio, as credenciais e demais informações passadas de uma maneira adequada, o colaborador reflete a imagem da em-
pelo público são importantes, mas não passam de meras formalida- presa e é responsável por parte de sua credibilidade. Ao ser cortês,
des se não acompanhadas de cortesia, empatia e interesse mútuo. prestativo, educado e gentil, o indivíduo se coloca em uma posição
Aprender o nome do outro, sorrir, ser simpático e cordial durante sublime que transpassa confiança capaz de rebater e constranger
uma apresentação entusiasmada é valoroso e pode conquistar o emissores de grosserias e rudezas. Gentiliza gera gentileza.
público antes mesmo da mensagem principal ser veiculada, o que
diz muito sobre a percepção humana sobre o outro. Tratar as pes-
soas com respeito é básico, mas pode se fazer necessário adequar
à sua linguagem para não confundir ou gerar mal entendidos que
possam ser confundidos com ofensas ou depreciações; dependen-
do do ambiente, gírias e expressões mais informais não cabem, em
outros, porém, um linguajar mais informal aproxima o indivíduo de
seu público.

348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Interesse ças não são impedimentos para realizar uma comunicação efetiva é
Atrelado à atenção, o interesse é expresso durante a comuni- o primeiro passo para se tornar um ser humano e um profissional
cação com o público. Um dos elementos cruciais a se atentar em tolerante e respeitoso.
questão de interesse são as expressões faciais, elas demonstram Ainda que seja difícil se controlar diante de uma afirmação
nossas emoções internas de modo involuntário e podem denunciar equivocada por parte do cliente, deve-se ter em mente que para
uma atitude falsa ou errônea. Enquanto suas palavras dizem “claro, ele esta pode ser a verdade e que não se deve perder a paciên-
você está certo, isto é super importante”, uma expressão facial ou cia, muito menos agir de forma grosseira ao corrigi-lo ou indicar
postura que claramente indicam descaso e desinteresse podem de- outras opções e alternativas, mas aceitar a realidade. Em muitas
nunciá-lo e colocar em jogo a confiabilidade da empresa, deixando empresas, adota-se o lema “eu entendo” entre os atendentes como
o cliente inseguro diante de suas necessidades, fazendo inclusive um exercício de empatia no atendimento, pois muitas vezes não é
com que ele se questione sobre a importância do que fala ou so- possível compreender muito bem o cliente, mas é possível agir com
bre o interesse da empresa diante de seu problema, contestação ou tolerância e aceitar o que o outro diz em prol da paz, evitando con-
descontentamento. flitos desnecessários onde eles se veem iminentes.
O interesse demonstrado pelo cliente não deve vir apenas
quando a empresa ou os colaboradores são cobertos de elogios, Discrição
mas em momentos de críticas também. As críticas e reclamações Diante das informações trocadas ali entre cliente e atendente,
são importantes para a evolução da empresa como um todo. De- deve haver respeito. Por vezes, não se deve expor todos os proce-
monstrar verdadeiro interesse e de fato atentar-se ao público é um dimentos da empresa ao cliente, pois existem processos que são
desafio que vale a pena. Não basta conhecer um produto ou um sigilosos, restritos aos funcionários e aos colaboradores. Do lado
serviço para realizar um bom atendimento, mas demonstrar inte- do público, por sua vez, também existem informações e dados dos
resse no que seu público precisa e deseja. clientes que devem ser sigilados ou resguardados, estabelecendo
uma relação de confiança entre empresa e cliente, sendo o aten-
Presteza dente o mediador desta relação.
Ser proativo e prestativo ao realizar um serviço, ainda mais
quando se trata de seres humanos, é uma qualidade louvável. Tem- Conduta
pos de espera muito longos em salas de bate-papo, chats, telefone- Conduta se refere ao modo de agir, ao comportamento de um
mas ou mesmo pessoalmente podem cansar o cliente e passar uma indivíduo. A maneira como o ser humano se porta, vive e age no tra-
má impressão de descaso. Servir café, chá, água, indicar e oferecer balho deve ser adequada às normas, valores e ideias da empresa.
comodidades dos espaços disponíveis, como banheiros, lavadou- Se uma empresa espera que seus funcionários sejam pontuais e o
ros, cantinas, entre outros, podem fazer com que o cliente se sinta à funcionário se atrasa para o trabalho todos os dias, sua conduta não
vontade e veja a forma ativa como o atendente se preta à atende-lo. está adequada ao que a empresa espera dele.
A conduta de um colaborador, de um atendente, age como o
Eficiência espelho da própria empresa, pois ele carrega a imagem física real
Trabalhar com eficiência significa ser capaz, competente, pro- de uma marca, um nome ou um serviço, estes não possuem um
dutivo e conseguir bons resultados ou rendimentos de acordo com rosto, nem emoções, nem comportamentos, mas o funcionário sim
o esperado, possivelmente ultrapassando as expectativas. Para ex- e por isso ele representa a instituição em que trabalha. O cliente
ceder no atendimento ao público é necessário ser eficiente, ser prá- pode não fazer distinção entre uma má postura de um único funcio-
tico na hora de comunicar e transmitir as informações, mas paciente nário e de toda a empresa, o que pode manchar a sua reputação e
o suficiente a ponto de deixar o público confortável e tranquilo, sa- fazer com que ela perca clientes diante da sua falta de credibilidade,
bendo que está em boas mãos e pode se expressar honestamente. tudo isso pois seu colaborador não se portou adequadamente, não
A capacidade de atender e satisfazer muitos clientes é também agiu de maneira correta, com boas intenções, com ética e de forma
uma qualidade de quem trabalha com eficiência. Realizar uma ta- respeitosa.
refa com o menor número de recursos possíveis no menor inter-
valo de tempo, com o menor índice de investimento ou dinheiro é Objetividade
eficiência ao máximo. Nem sempre é possível ticar todas as caixas Para a comunicação entre duas partes ser feita de forma efetiva
e ser cem por cento eficiente, isso por causa da inexperiência do é preciso que ela seja clara e objetiva. Objetividade diz respeito a
profissional ou porque cada caso é único e complexo e o público comunicar de tal modo que se atinja um alvo, sem rodeios. Esta é
vai se modificando, entretanto, quando se combina, conhecimento, uma característica que deve estar presente durante o atendimento
preparo e experiências as chances de se realizar um atendimento ao cliente pois guia a comunicação em direção a um objetivo.
eficiente e ágil são muito maiores. Pense em um cliente que tem alguma insatisfação em relação
à um produto vendido por uma empresa. Este cliente, ao ligar para
Tolerância um SAC (serviço de atendimento ao cliente), por exemplo, deseja
A capacidade de tolerância de um atendente irá dizer muito a expressar a sua insatisfação à empresa não para desabafar seu des-
respeito de sua profissionalidade e sua aptidão em exercer a função contentamento de forma gratuita, mas a fim de a empresa possa
a que foi designado. Nem sempre é fácil lidar com outras pessoas, intervir, compreendendo sua função como solucionadora de pro-
opiniões diferentes, insatisfações, problemas pessoais, tempera- blemas, tendo em mente a necessidade de manter laços entre a
mento, entre outros aspectos perfeitamente naturais e humanos empresa e o consumidor em prol de suas vendas, de sua reputação
do cotidiano podem interferir na forma como as pessoas se comuni- e seu sucesso.
cam e expressam suas necessidades. Ter em mente que as diferen-

349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Neste exemplo, o atendente, por sua vez, deve ter objetividade A ideia de comunicação dentro das organizações, é a de que ela
enquanto comunica ao público as opções existentes e a disposição seja a representação de um conjunto de mensagens que juntas con-
da empresa a qual representa em solucionar a questão, de modo sistem em um só corpo, ou seja, cada mensagem isolada influen-
que não restem dúvidas por parte do cliente, sem deixar nenhuma ciará na percepção final da mensagem da corporação, da geração e
mensagem ambígua, o que pode gerar um grande mal-entendido, manutenção de identidade, imagem e reputação da empresa.
prejudicial para todas as partes. Quantas vezes não ouvimos falar Quando o processo de comunicação das organizações é bem
de informações erradas ou mal expressadas por parte de atenden- definido, aumenta-se a eficiência, a satisfação e a qualidade de to-
tes que prejudicaram empresas inteiras? Este tipo de ocorrência dos os envolvidos na organização, e consequentemente as relações
não deve acontecer de forma alguma, pois coloca em risco todo um interpessoais.
grupo de profissionais. No interior das organizações a maioria das tarefas, se não to-
das, são realizadas por meio da comunicação, como ordens trans-
mitidas, memorandos escritos, palestras assistidas, missões, metas
RUÍDOS E BARREIRAS (TECNOLÓGICAS, PSICOLÓGICAS e objetivos desenvolvidos e avaliações feitas.
E DE LINGUAGEM) NA COMUNICAÇÃO Cada departamento, cada área da organização, cada mensa-
gem formal ou informal pode gerar percepções dos públicos com os
Segundo o dicionário de significados5, comunicação é uma quais se relacione essa dada organização e, por isso, é fundamental
palavra proveniente do termo latim “communicare”, que significa a importância de se agir de forma planejada e orquestrada para a
“partilhar, participar de algo, tornar comum”. Dessa forma, pode- criação e manutenção de relacionamentos.
mos afirmar que a comunicação é o ato de comunicar algo ou de É através da transferência de significados de uma pessoa para
comunicar-se (com alguém). É por meio da comunicação, que os outra que as informações e as ideias podem ser transmitidas. A co-
seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre municação, contudo, é mais do que simplesmente transmitir um
si, tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida significado, ela precisa ser compreendida, incluir a transferência e a
em sociedade. compreensão do significado.
A necessidade de comunicação é tão antiga como a formação
da sociedade humana, isso em razão do homem possuir sempre a A Assertividade na Comunicação
preocupação de registrar suas observações e seus pensamentos A assertividade é um substantivo feminino que expressa a qua-
para as gerações futuras. Assim, os sentimentos, os comportamen- lidade do que é assertivo, afirmativo ou positivo. Essa palavra deri-
tos, as ações, os pensamentos, os desejos e a cultura têm em co- va de “asserto”, que significa uma proposição decisiva. Uma pessoa
mum a necessidade de expressão para se tornarem “reais”, o que é que demonstra assertividade é autoconfiante e não tem dificulda-
viabilizado pela comunicação. des em expressar a sua opinião.
Portanto, desde o princípio dos tempos, a comunicação foi de No âmbito da comunicação, a assertividade consiste em uma
extrema importância para as pessoas, sendo uma ferramenta de estratégia que revela maturidade e alta autoestima, onde uma pes-
integração, instrução, de troca mútua e de desenvolvimento. O pro- soa defende as suas convicções sem ofender nem se submeter a
cesso de comunicação consiste na transmissão de informação entre outras pessoas.
um emissor e um receptor, que é quem descodifica, ou seja, inter- Quem consegue se comunicar com assertividade comunica de
preta uma determinada mensagem. forma clara, objetiva, transparente e honesta, porém nem todas as
Essa mensagem é codificada num sistema de sinais definidos pessoas conseguem se comunicar com assertividade, porque ela é
que podem ser gestos, sons, indícios, uma língua natural (portu- um direito e não uma obrigação.
guês, inglês, espanhol, etc.), ou outros códigos que possam ter um
significado (por exemplo, as cores do semáforo, a linguagem de si- Vantagens da Assertividade na Comunicação:
nais), e transportada até o destinatário por meio de um meio de - Melhora a capacidade de expressão e a imagem social;
comunicação. - Promove o respeito pelas outras pessoas;
- Ajuda a resolver confrontos;
A comunicação pode ser considerada o processo social básico, - Melhora a capacidade de negociação;
primário, porque é ela que torna possível à própria vida em socieda- - Aumenta a autoconfiança;
de, e a vida em sociedade significa intercâmbio. E todo intercâmbio - Confere mais credibilidade;
entre os seres humanos só se realiza por meio da comunicação, ela - Diminui o estresse.
preside e rege todas as relações humanas.
A assertividade é considerada o principal princípio da comuni-
A Comunicação no Ambiente de Trabalho cação, pois ela é a capacidade de nos expressarmos aberta e hones-
tamente. Bons líderes são bons comunicadores, porque eles pos-
A comunicação no ambiente de trabalho, pode ser chamada suem assertividade, ser um bom comunicador não significa apenas
também como: ter habilidade de um grande orador, é necessário ter assertividade
- Comunicação Corporativa; na hora de expor suas ideias, assim ele nunca dá margem à dúvida,
- Comunicação Empresarial; ele é claro e conciso.
- Comunicação Organizacional; e etc. Na comunicação, o comportamento não assertivo ou o agressi-
vo, raramente consegue fazer com que atinjamos o nosso objetivo.
A pessoa não assertiva acaba perdendo negócios, clientes e amigos,
pois sua comunicação gera ressentimentos e hostilidade.
5 https://www.significados.com.br/comunicacao/

350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A assertividade deve ser treinada, quando estamos dispostos a desenvolver uma área que favorece tanto nosso crescimento profis-
sional quanto pessoal, abrimos espaço para o conhecimento. Buscando conhecimento, reconhecemos que sempre podemos melhorar e
que o aperfeiçoamento faz parte deste processo. Assim, investir em nós mesmos significa evoluir e alcançar com sucesso nossos objetivos.

DICAS PODEROSAS PARA TREINAR A SUA ASSERTIVIDADE


TENHA CONHECIMENTO DO Evite sair falando o que não tem um real conhecimento, antes de falar qualquer assun-
QUE FALA to, busque informações a respeito do que quer transmitir.
A comunicação assertiva vai direto ao ponto, mas cuidado para não parecer agressivo.
SEJA CLARO E DIRETO
Exponha suas ideias sem rodeios, mas evite julgar ou impor seu ponto de vista.
Devemos ter cuidados com o nosso idioma. Quando usamos, principalmente, a forma
CUIDADO COM A LINGUAGEM escrita e não prestamos atenção na forma correta do uso da linguagem, podemos pas-
sar uma mensagem diferente de como era para ser transmitida.
Fique atento à linguagem corporal, pois a comunicação também é formada pelo uso do
EXPRESSÃO CORPORAL
corpo. Transmitimos mensagem e sinais o tempo todo durante uma conversa.
USE A EMPATIA Pense em como seria estar no lugar do outro enquanto se comunica.

Sistemas de Comunicação6
Um sistema, como se sabe, é um conjunto de elementos que estão dinamicamente relacionados e que formam uma atividade para
atingir objetivos comuns. Conforme o exposto por Battisti7, o Sistema de Comunicação de uma organização é de grande importância para
ela, não somente no ambiente interno como externo. É neste sistema que se aplica as necessidades organizacionais, é ele que alimente
o fluxo que dá movimento a empresa.
É preciso ser cuidadoso com a comunicação informal, aquela que surge espontaneamente, podendo ajudar a empresa com críticas
internas para um determinado produto, é necessária atenção também à comunicação errada entre os subordinados trazendo constrangi-
mento ou interferindo nas regras estabelecidas mudando até mesmo a cultura da empresa.

No Sistema de Comunicação deve ser considerado:


- O que dizer;
- A quem dizer;
- Quando dizer;
- Com que frequência;
- De que forma;
- Qual meio de comunicação utilizar, entre outras.

Alguns exemplos de comunicação feita por um emissor dentro de uma organização.


- Divulgar para os funcionários a festa de confraternização de final de ano;
- Convidar os funcionários para a festa;
- Divulgar as restrições que poderá exigir essa confraternização;
- Informar os funcionários dos brindes e brincadeiras;
- Agradecer antecipadamente pelo ano que se encerrou e a presença dos funcionários;
- Entre várias outras mensagens.

Funções da Comunicação
A comunicação tem quatro funções básicas dentro de um grupo ou de uma organização, sendo elas:

1. Controlar o Comportamento
As organizações possuem hierarquias e orientações formais que devem ser seguidas pelos funcionários. A comunicação informal
também controla o comportamento. Quando um grupo de trabalho hostiliza ou reclama com um membro que está produzindo demais, e
assim, fazendo comunicando informalmente e controlando o comportamento do colega.

2. Melhorar a motivação dos funcionários


Esclarece aos funcionários o que deve ser feito, qual a qualidade do seu desempenho e o que fazer para melhorá-lo. O estabeleci-
mento de metas específicas, o feedback do progresso em relação a elas e o reforço do comportamento desejável estimulam a motivação
e requerem comunicação.

6 http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/cm/article/viewFile/11624/6664
7 http://juliobattisti.com.br/tutoriais/lucineiagomes/som007.asp

351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. Fornecer o meio para a expressão emocional relação social entre os colaboradores. É a forma pela qual os funcio-
Para muitos funcionários, seu grupo de trabalho é sua fonte nários obtêm mais informações, isto é, por meio de boatos rumores
primária de interação social. A comunicação que ocorre dentro do e conversas.
grupo é um mecanismo fundamental para que seus membros ex- De maneira geral, a comunicação informal aborda mensagens
pressem suas frustrações ou sentimentos de satisfação. que podem ou não ter relação com as atividades de uma organiza-
ção. Por meio desta comunicação pode-se obter mais rapidamente
4. Oferecer as informações necessárias para a tomada de de- a mensuração de opiniões e insatisfações dos colaboradores, do
cisões clima organizacional e da reação das pessoas aos processos de mu-
A função final desempenhada pela comunicação se relaciona a dança.
seu papel como facilitadora de tomada de decisões. Existe também um sistema informal, a rede de rumores, em-
bora seja informal, isto não significa que não seja uma importante
Nenhuma destas quatro funções deve ser vista como mais im- fonte de informações.
portante do que as outras, para que os grupos tenham um bom
desempenho, eles precisam ter algum tipo de controle sobre seus Características da rede de rumores (comunicação informal):
membros, estimulá-los ao esforço, oferecer os meios para sua ex- - Informal, sem controle da administração;
pressão emocional e para a tomada de decisões. Praticamente toda - É tida pela maioria dos funcionários como mais confiável e
interação de comunicação que ocorre dentro de um grupo ou orga- fidedigna do que os comunicados formais;
nização exerce uma ou mais destas quatro funções. - É largamente utilizada para servir aos interesses pessoais dos
que a integra.;
Comunicação Eficaz
Veja a seguir algumas considerações necessárias para uma co- Os segredos e a competitividade que fazem parte da vida na
municação eficaz: organização - em torno de temas como a nomeação de novos che-
- Identificação do Público alvo: é importante considerar o nível fes, a redistribuição das salas ou o realinhamento das atribuições
social, a que grupo que pertence de atitudes, religiões e crenças de tarefas - criam as condições que estimulam e sustentam a rede
desse público. de rumores.
- Elaborar a mensagem: verificar estrutura, formato e o próprio Os executivos podem eliminar os rumores? Não! O que eles
texto. podem fazer, entretanto, é minimizar as consequências negativas
- Determinar os objetivos da comunicação: o que deseja comu- dos rumores, limitando sua abrangência e seu impacto.
nicar e para qual tipo de público.
- Selecionar os meios de comunicação: cada meio traz um be- 3. Comunicação Interna
nefício diferente e com velocidade dos resultados diferentes e com É comumente entendida como um processo de trocas entre os
custo diferenciado que deve ser considerado no que busca com o colaboradores de uma organização, envolvendo toda a equipe no
resultado a ser atingido. Ela poderá ser pessoal ou por meio de pro- processo comunicativo e pulverizando os conteúdos informativos,
paganda por meio de mídias. seja de forma vertical e horizontal.
- Medir e avaliar o resultado do sistema de comunicação: deve- A comunicação interna é uma ferramenta fundamental para as
rá avaliar o resultado atingindo no projeto elaborado nos sentidos organizações no que se refere à obtenção de excelentes resultados
de custos, em melhoria para a empresa e as considerações para me- como: aumento de produtividade e ganho financeiro. Porém, quan-
lhorar a propaganda ou o projeto de comunicação. do há falhas ou barreiras na comunicação interna, ocorrem vários
transtornos que podem levar a organização ao descrédito, ou até
Tipos de Comunicação mesmo ao fracasso.
A comunicação quando malfeita ou feita de forma insatisfatória
1. Comunicação Formal gera ruído, insegurança, desmotivação e falta de comprometimento
A comunicação formal é a comunicação que ocorre por meio dos clientes internos. O importante é que muitas vezes essa comu-
dos canais de comunicação formalmente existentes no organo- nicação precisa ser levada a sério, mas antes disso precisa se mos-
grama da empresa, derivada da alta administração. A mensagem trar estratégica para os gestores.
é transmitida e recebida pelos canais formalmente estabelecidos Sendo assim, a função básica da comunicação é tornar comum
pela empresa na sua estrutura organizacional. os planos, as metas e os objetivos estabelecidos desde os mais altos
É o tipo de comunicação oficial, seja ela interna ou externa, cargos da empresa até o “chão de fábrica”. A ideia é a de envolver
sendo quase toda feita por escrito e devidamente registrada atra- os funcionários, pois a comunicação interna promove a interação
vés de correspondências ou formulários. Podemos exemplificar os e integração das pessoas, departamentos e áreas, para que todos
comunicados gerais da empresa, postados em quadros ou murais caminhem na mesma direção, em busca do mesmo alvo.
com essa finalidade.
4. Comunicação Externa
2. Comunicação Informal8 Ao contrário da comunicação interna, que visa integrar a equi-
A comunicação informal é aquela que surge espontaneamen- pe, a externa visa levar a organização ao conhecimento público, a
te através da estrutura informal e fora dos canais de comunicação ser vista e reconhecida como tal. Essa comunicação se dá muitas ve-
oficiais estabelecidos pelo organograma, abordando todo tipo de zes por meio do trabalho de assessoria de imprensa. A comunicação
externa é importante para a visibilidade de qualquer organização.

8 WATANABE. C, Comunicação Formal e Informal. 2009.

352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dentre os objetivos da comunicação externa, podemos destacar:


- A construção da imagem institucional da empresa;
- Atender às exigências dos consumidores mais conscientes de seus direitos;
- A adequação dos trabalhadores ao aumento da competição no mercado;
- A defesa dos interesses junto ao governo e aos políticos (lobby);
- O encaminhamento de questões sindicais e relacionadas à preservação do meio ambiente etc.

É muito importante que se associe ao nome da empresa os benefícios que a sociedade tem tido por meio das atividades da organiza-
ção e de seu cuidado e preocupação com a coletividade, meio ambiente etc. Ou seja, não basta ter bons produtos e prejudicar a sociedade.
É necessário beneficiar a população.

5. Comunicação Integrada
A comunicação integrada vai além. Pressupõe não apenas um diálogo produtivo, mas um planejamento conjunto. O processo de
tomada de decisões deve incluir outras instâncias da organização que não as vinculadas especificamente à comunicação/marketing. Deve
ser compartilhado, ainda que haja um chefe, um superintendente ou diretor geral a que todos se reportam.
O resultado da comunicação integrada é uma imagem institucionalizada bem mais alinhada e mais global, evidenciando cada setor da
corporação, suas atividades e especificidades. E, ainda que seja algo novo no mercado, esta não é apenas uma opção, mas uma necessida-
de e um diferencial em uma organização, isto é, uma tendência que aponta para o futuro.

Níveis de Interação da Comunicação


As comunicações podem acontecer por meio dos seguintes fluxos:
Horizontal: realizado entre unidades organizacionais diferentes, mas do mesmo nível hierárquico.

Diagonal ou transversal: realizado entre unidades organizacionais e níveis diferentes.

Vertical: realizado entre níveis diferentes, mas da mesma área.

O feedback ajuda a comunicação, pois funciona como um mecanismo corretivo para o indivíduo que quer aprender a ver se o seu
comportamento condiz com as suas intenções, ou seja, compreender melhor as lacunas na sua comunicação com os outros.

353
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Barreiras na Comunicação

As pesquisas indicam que as falhas de comunicação são as fontes mais frequentemente de conflitos interpessoais. Como as pessoas
passam cerca de 70% de suas horas se comunicando, escrevendo, lendo, falando, escutando, parece razoável afirmar que uma das princi-
pais forças que podem impedir o bom desempenho de um grupo é a falta de uma comunicação eficaz.
As barreiras na comunicação podem estar presentes em qualquer processo de comunicação. Pode-se dizer que é mais provável que
ocorra interferência quando a mensagem é complexa, provoca emoções ou se choca com o estado mental do receptor. Dessa forma, faz-se
necessário descrever, de modo sucinto, alguns aspectos que interferem:

AS BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO
Essa barreira está relacionada ao significado diferente que as pessoas vinculam às palavras, nesta situação, é
Semântica
provável que um sujeito atribua um significado errado a uma palavra ou a uma comunicação não-verbal.
Ocorre principalmente de baixo para cima e tende a filtrar os efeitos negativos para não desagradar aos supe-
Filtragem da infor- riores. Além disso, a filtragem ocorre quando há um histórico de punições por parte da gerência executiva com
mação negativa os portadores de más notícias e também quando uma mensagem é passada por várias pessoas, causando perda
de informações e distorções da mensagem original.
Credibilidade do É um dos elementos fundamentais para uma liderança eficaz, quanto mais confiável for a fonte ou transmissor,
transmissor maior será aceitação da mensagem.
Estão intimamente associados à postura do gestor e àquilo que ele enuncia, ou seja, é necessário apresentar
Sinais misturados
coerência entre o que ele fala e como se comporta.
Diferentes estrutu-
Envolve pontos de vista e perspectivas baseadas em experiências passadas.
ras de referência
É fazer julgamentos antes de receber a mensagem completamente. Um julgamento apressado induz a pessoa
Julgamento de valor a ouvir apenas a parte que lhe interessa. É possível que um precipitado julgamento de valor leve o indivíduo a
imediatamente desconsiderar a mensagem, mesmo após tê-la ouvido em sua totalidade.
Refere-se à questão que os funcionários precisam receber informações para desempenhar os seus trabalhos e
a barreira é quando não se passa a informação necessária para execução da tarefa ou se passa informação de-
Sobrecarga de
mais, ocasionando uma sobrecarga de informação em que os funcionários não conseguem absorver tudo. Aqui
comunicação
cabe ressaltar que a comunicação eletrônica contribui para o problema do excesso de informação, à medida
que facilita as transmissões de informações e também devido a sua velocidade e alcance.

Para superar todas estas barreiras deve-se:


- Esclarecer as ideias antes de comunicá-las, o que evita distorções na semântica;
- Motivar o receptor “prendendo” sua atenção no momento da transmissão da mensagem de modo a apelar para seus interesses ou
necessidades;
- Discutir as diferenças dos padrões de referência de forma a saber e entender que as pessoas têm paradigmas diferentes que interfe-
rem no modo como elas interpretam os acontecimentos;
- Transformar a comunicação informal numa aliada e fazer com que encontros casuais dentro da organização se transforme num canal
positivo, além de aproximar a direção de sua equipe de trabalho; comunicar os sentimentos implícitos nos fatos, o que proporciona maior
força e convicção à mensagem;
- Tomar cuidado com o comportamento não-verbal, dar o feedback de maneira a fazer perguntas, encorajando o receptor a demons-
trar suas reações, sendo fundamental também ouvir para saber se a mensagem foi realmente entendida, ou melhor, se o transmissor da
mensagem fez-se entender.

Portanto, para obter melhores resultados no processo da comunicação é necessário saber ouvir, falar, ter habilidade para transmitir
uma mensagem utilizando linguagem adequada, e possuir também habilidade de leitura e compreensão.
A comunicação eficiente é muito mais do que o emprego de uma mesma linguagem, uma vez que envolve identificação, reconheci-
mento e respeito às diferenças entre indivíduos no que se refere aos modos de pensar, sentir e agir.
Por meio do processo de comunicação organizacional é possível encorajar ideias, diálogos, parcerias, mudanças e envolvimento emo-
cional, pois as relações interpessoais são a alma da empresa, capazes de gerar um maior comprometimento de todos, para melhores
índices de qualidade e produtividade.

354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uso Construtivo da Comunicação No entanto, ética e moral caminham juntas, uma vez que a mo-
A comunicação tem de ser canalizada para o lado construtivo, ral se submete a um valor ético. Desta forma, uma ética individual,
ajudando as organizações a buscar respostas muito mais rápidas quando enraizada na sociedade, passa a ser um valor social que é
para as inquietudes ambientais e facilitando o convívio e a gestão instituído como uma lei moral.
das pessoas com vistas em uma administração participativa e mais A consequência de um comportamento antiético afronta os va-
efetiva em seus resultados. lores, caráter e o princípio de uma pessoa, enquanto a quebra de
As organizações, com o intuito de acrescentar seus lucros utili- um valor moral é punida e justificada de acordo com a lei que rege
zam a comunicação para aumentar consideravelmente suas vendas o meio.
seja de produtos ou serviços. E conseguem não somente aumentar,
mas também melhorar a sua marca. Há uma frase que é de grande Características fundamentais de uma conduta ética
importância que diz: A propaganda é a alma do negócio. Alguns conceitos são fundamentais para constituir o comporta-
Portanto a comunicação é muito importante em vários setores, mento ético. São eles:
em outros níveis de comunicação nos informamos sobre tempo, no- - Altruísmo: a preocupação com os interesses do outro de uma
tícias, sobre o que acontece ao nosso redor e na organização é de forma espontânea e positivista.
extrema importância ter uma boa comunicação. - Moralidade: conjunto de valores que conduzem o comporta-
mento, as escolhas, decisões e ações.
- Virtude: essa característica pode ser definida como a “exce-
ÉTICA PROFISSIONAL. lência humana” ou aquilo que nos faz plenos e autênticos.
- Solidariedade: princípios que se aplicados às relações sociais e
Ética profissional. que orientam a vivência e convívio em harmonia do indivíduo com
A ética profissional é um dos critérios mais valorizados no mer- os demais.
cado de trabalho. Ter uma boa conduta no ambiente de trabalho - Consciência: capacidade ou percepção em distinguir o que é
pode ser o passaporte para uma carreira de sucesso. certo ou errado de acordo com as virtudes ou moralidade.
A vida em sociedade, que preza e respeita o bem-estar do ou- - Responsabilidade ética: consenso entre responsabilidade (as-
tro, requer alguns comportamentos que estão associados à condu- sumir consequências dos atos praticados) pessoal e coletiva.
ta ética de cada indivíduo. A ética profissional é composta pelos
padrões e valores da sociedade e do ambiente de trabalho que a O que é Ética Profissional
pessoa convive. A ética profissional é o conjunto de valores, normas e condutas
No meio corporativo, a ética profissional traz maior produti- que conduzem e conscientizam as atitudes e o comportamento de
vidade e integração dos colaboradores e, para o profissional, ela um profissional na organização.Desta forma, a ética profissional é
agrega credibilidade, confiança e respeito ao trabalho. de interesse e importância da empresa e também do profissional
Contudo, há ainda muitas dúvidas acerca do que é ética, por que busca o desenvolvimento de sua carreira.
isso, antes falar sobre ética profissional, é importante entender um Além da experiência e autonomia em sua área de atuação, o
pouco sobre o que é ética e qual a diferença entre ética e moral. profissional que apresenta uma conduta ética conquista mais res-
peito, credibilidade, confiança e reconhecimento de seus superio-
O que é ética res e de seus colegas de trabalho.
A palavra Ética é derivada do grego e apresenta uma translite- A conduta ética também contribui para o andamento dos pro-
ração de duas grafias distintas, êthos que significa “hábito”, “costu- cessos internos, aumento de produtividade, realização de metas e
mes” e ethos que significa “morada”, “abrigo protetor”. a melhora dos relacionamentos interpessoais e do clima organiza-
Dessa raiz semântica, podemos definir ética como uma estrutu- cional.
ra global, que representa a casa, feita de paredes, vigas e alicerces Quando profissionais e empresa prezam por valores e princí-
que representam os costumes. Assim, se esses costumes se perde- pios éticos como gentileza, temperança, amizade e paciência, exis-
rem, a estrutura enfraquece e a casa é destruída. tem bons relacionamentos, mais autonomia, satisfação, proativida-
Em uma visão mais abrangente e contemporânea, podemos de e inovação.
definir ética como um conjunto de valores e princípios que orien- Para isso, é conveniente que a empresa tenha um código de
tam o comportamento de um indivíduo dentro da sociedade. A éti- conduta ética, para orientar o comportamento de seus colaborado-
ca está relacionada ao caráter, uma conduta genuinamente humana res de acordo com as normas e postura da organização.O código de
e enraizada, que vêm de dentro para fora. ética empresarial facilita a adaptação do colaborar e serve como um
manual para boa convivência no ambiente de trabalho.
Qual a diferença de ética e moral
Embora ética e moral sejam usados, muitas vezes, de maneira Ética profissional e valor estratégico
similar, ambas possuem significados distintos. A moral é regida por Em meio ao cenário caótico nacional, problemas políticos, de-
leis, regras, padrões e normas que são adquiridos por meio da edu- sigualdade social, falta de infraestrutura para educação e saúde, a
cação, do âmbito social, familiar e cultural, ou seja, mas algo que ética tornou-se um dos principais assuntos abordados em escolas,
vem de fora para dentro. universidades, trabalho e até mesmo nas ruas.
Para o filósofo alemão Hegel, a moral apresenta duas verten- Com a população mais consciente das questões morais e da
tes, a moral subjetiva associada ao cumprimento de dever por von- responsabilidade social com que as autoridades e as empresas de-
tade e a moral objetiva que é a obediência de leis e normas impos- vem prestar à sociedade e ao meio ambiente, houve um aumento
tas pelo meio. da fiscalização e cobrança pelo comprometimento ético destes ór-
gãos.

355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Com isso, a ética ganhou um novo valor, o valor estratégico. As 2. Respeito o sigilo
empresas se viram obrigadas a modificar seus conceitos, quebrar Algumas empresas trabalham com informações extremamente
paradigmas e apresentar uma postura mais transparente, humana sigilosas. Geralmente, essas condições são expostas ao profissional
e coerente para não perder público. dentro do contrato de trabalho.
Neste contexto, a ética profissional que deveria ser uma virtude Por isso, manter o sigilo, além de ser uma, pode ser importan-
enraizada do indivíduo tornou-se parte da estratégia organizacional te para preservar o emprego. Respeite esta condição, mantendo o
e, consequentemente, um diferencial competitivo no mercado de sigilo!
trabalho.
No entanto, quando a empresa adota a ética profissional como 3. Tenha comprometimento
uma estratégia de mercado, ela também contribui com desenvolvi- Responsabilidade e comprometimento é o mínimo que se es-
mento do profissional, que precisa melhoras suas habilidades com pera de um profissional. Se fazer o seu trabalho parece uma obriga-
relacionamentos interpessoais e liderança. ção, reavalie sua carreira e os seus propósitos, pois algo está errado.
Um profissional com habilidades de liderança e relacionamen- Um profissional com ética tem engajamento com a empresa e
to difunde valores éticos , preza pela harmonia no ambiente de tra- cumpre sua função com empenho e consciência, sempre visando o
balho e coloca em primeiro lugar o respeito às pessoas e o compro- melhor resultado para a organização, consequentemente, isso agre-
metimento com o trabalho. gará valor a sua carreira.

Benefícios da ética no trabalho 4. Seja prudente!


O profissional ético é, naturalmente, admirado, pois o respeito Aprenda a diferenciar as relações pessoais dos profissionais,
pelos colegas e pelos clientes é o que dá destaque a esse colabora- não deixe inimizades e antipatia atrapalharem o seu desempenho
dor. A ética seria uma espécie de filtro que não permite a passagem ou que isso interfira de forma negativa no trabalho de seus colegas
da fofoca, da mentira, do desejo de prejudicar um colaborador, en- e nos resultados da empresa.
tre outros aspectos negativos. Considere sempre como prioridade a realização do seu traba-
E é necessário ressaltar que os líderes são profissionais éticos, lho. Respeite a hierarquia da sua empresa, seja você um líder ou um
ou devem ser, para desenvolver as competências do cargo com êxi- colaborador. Seja profissional!
to. Os que optam pela ética preferem oferecer feedbacks, em vez de
deixar o ambiente de trabalho desarmônico, e são honestos quanto 5. Tenha humildade
às próprias condições, ou seja: não inventam mentiras para se au- Independente de hierarquia, dos conhecimentos e habilidades,
sentar das falhas. entenda que ninguém é melhor que ninguém.Humildade e flexibili-
Cultivar a ética profissional no ambiente de trabalho traz bene- dade são um dos pré-requisitos para o trabalho em equipe.
fícios e vantagens a todos, uma vez que ela proporciona crescimen- Tenha humildade, respeite seus colegas, seja cordial e não faça
to à empresa e a todos os envolvidos.Com uma conduta ética bem julgamentos. Contribua para um bom convívio e bons relaciona-
estruturada é possível , do trabalho em equipe e respeito mútuo mentos no ambiente de trabalho.
entre todos colaboradores.
E com um é possível ter profissionais mais engajados, motiva- 6. Não prometa aquilo que não possa cumprir
dos e satisfeitos. Não prometa aquilo que não pode entregar ou um prazo que
não pode cumprir, ou pior ainda, jogar a responsabilidade em cima
10 dicas para construção de uma postura ética no trabalho de outras pessoas.
Os colaboradores que conseguem construir relações de qua- Com comprometimento e honestidade é possível alinhar en-
lidade entre os colegas e conquistar a confiança dos líderes, com tregas e prazos justos sem comprometer a credibilidade e a ética
uma postura de trabalho adequada e resultados concretos, são os profissional.
que obtêm maior sucesso no desenvolvimento de suas carreiras.
Você precisa entender e respeitar os limites de sua função, ze- 7. Saiba fazer e receber críticas
lar pelos instrumentos de trabalho e o patrimônio da organização Embora as críticas nos ajudem a crescer, muitas pessoas não
e contribuir para o bom rendimento de sua equipe. Essas são con- sabem fazer ou interpretá-las de forma construtiva.
dições básicas para a construção de uma postura ética no trabalho. Por isso, caso precise dar um feedback a alguém, nunca faça
Conheça ainda outros fatores importantes que auxiliam neste isso por impulso, reflita a melhor forma de dizer e como orientar
processo: a melhora. E se receber uma crítica, não leve para o lado pessoal,
entenda que isso pode ser usado para o seu desenvolvimento.
1. Seja honesto!
Fale sempre a verdade e assuma a responsabilidade sobre seus 8. Reconheça o mérito alheio
erros. É muito melhor aprender com os erros do que procurar um Elogios sinceros podem e devem ser usados em um, mas, se
culpado para suas falhas. estiverem dentro do contexto profissional. Não precisa parecer um
A honestidade é uma das principais características de um pro- bajulador elogiando o chefe.
fissional ético ela é prova de credibilidade e confiança. Seja sempre Elogie as atitudes assertivas, aquilo que realmente contribui
sincero consigo mesmo, com os seus princípios, com as normas das com os resultados da empresa ou da equipe. Saiba reconhecer o
empresas e com os outros. empenho de seus colegas, dê a eles os méritos merecidos e não
espere recompensa em troca.

356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9. Respeite a privacidade Estado e o Sigilo Profissional


Nunca mexa no material de trabalho, documentos ou gaveta de O Estado é a forma social mais abrangente, a sociedade de fins
um colega de trabalho, exceto, se lhe for solicitado e ainda assim se gerias que permite o desenvolvimento, em seu seio, das individua-
for algo que vá contribuir com o bem e o trabalho de todos. lidades e das demais sociedades, chamadas de fins particulares. O
Da mesma forma que você não gostaria que mexesse em suas Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formulado pelos
coisas, com certeza seu colega não gostará de saber que teve a pri- homens para organizar a sociedade e disciplinar o poder visando
vacidade desrespeitada. que todos possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalida-
des particulares.
10. Evite fofoca O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve
Fique longe de fofocas, comentários ofensivos e pessoas que se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente o Estado que
gostam de julgar e criticar os colegas. Algumas “brincadeirinhas” é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta ética ou
por mais que pareçam inofensivas, magoam e prejudicam as pes- não aos homens que o compõem.
soas. Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas dentro
Caso tenha algum problema com alguém, chame-a para conver- da administração pública, passando a desempenhar um papel de
sar e esclareça aquilo que está o incomodando.Se cometer algum fundamental interesse para o Estado. Quando estiver nessa condi-
erro, reconheça e peça desculpas, essa é a melhor forma de evitar ção, mais ainda, será exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é
desentendimentos e conservar a atmosfera positiva no trabalho.9 responsável pela manutenção da sociedade, que espera dele uma
conduta ilibada e transparente.
Ética profissional: Sigilo das informações
Sigilo é a condição de algo que é mantido como oculto e secre- E na Administração Pública, qual o papel da ética?
to, fazendo com que poucas pessoas saibam da sua existência. Uma vez que é através das atividades desenvolvidas pela Ad-
Quando uma pessoa pede sigilo sobre determinado assunto, ministração Pública que o Estado alcança seus fins, seus agentes
está implícito que a informação não deve ser reproduzida para ou- públicos são os responsáveis pelas decisões governamentais e pela
tras pessoas, mas sim reservada exclusivamente para aquela que a execução dessas decisões.
está recebendo. Para que tais atividades não desvirtuem as finalidades estatais
Um conteúdo sigiloso é aquele que está sob regime de sigilo, a Administração Pública se submete às normas constitucionais e às
devendo ser mantido em privacidade. Todas as pessoas têm direito leis especiais. Todo esse aparato de normas objetiva a um compor-
ao sigilo pessoal, ou seja, de não cederem informações indesejadas tamento ético e moral por parte de todos os agentes públicos que
sobre as suas vidas privadas. servem ao Estado.

Sigilo profissional Princípios constitucionais que balizam a atividade administra-


Este é um comportamento previsto no Código de Ética de todas tiva:
as profissões. Consiste na condição de manter o sigilo das informa- Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pau-
ções cedidas pelo usuário / cliente ao profissional que o recepciou tar seus atos pelos princípios elencados na Constituição Federal, em
/ atendeu. seu art. 37 que prevê: “A administração pública direta e indireta de
O sigilo profissional também diz respeito ao comprometimen- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
to que o profissional deve ter para com a empresa que trabalha, dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali-
evitando a divulgação de informações para companhias rivais que dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
possam, de alguma forma, prejudicar a sua empresa.
Quando o profissional não segue estas regras, ocorre a chama- Quanto aos citados princípios constitucionais, o entendimento
da “quebra do sigilo profissional”. do doutrinador pátrio Hely Lopes Meirelles é o seguinte:
O sigilo profissional não é absoluto, em muitos casos, esse ele- “- Legalidade - A legalidade, como princípio da administração
mento abre a possibilidade do profissional avaliar, subjetivamente, (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em
se deve manter ou divulgar o fato sigiloso, devendo prevalecer o toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às
disposto no Código de ética Profissional da área de atuação em que exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,
o profissional trabalha. sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade dis-
É importante que o sigilo profissional é encontrado em diversos ciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...)
dispositivos legais como a Constituição Federal, Código Civil, Código - Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nada
Penal, entre outros. mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao admi-
Constitucionalmente, ninguém será obrigado a fazer ou dei- nistrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim
xar de fazer algo, senão em virtude da lei, e que são invioláveis a legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Esse ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse
entendimento norteia os dispositivos legais que se referem ao sigilo princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pes-
profissional. soal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações
administrativas (...)
- Moralidade – A moralidade administrativa constitui, hoje em
dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública
(...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito –

9 Fonte: www.sbcoaching.com.br

357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como – Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda-
“o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o
Administração” (...) que a lei prevê.
- Publicidade - Publicidade é a divulgação oficial do ato para – Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome-
conhecimento público e início de seus efeitos externos. (...) O prin- ter os bons costumes da sociedade.
cípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de – Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público,
assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento salvo os casos previstos em lei.
e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através – Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos
dos meios constitucionais (...) meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra-
- Eficiência – O princípio da eficiência exige que a atividade balho.
administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimen-
to funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS-
que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legali- TRATIVA ÉTICA
dade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satis- Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra-
fatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz e
membros. (...).” moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges-
tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o da Carta Magna.
exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não Para isso a Administração Pública vem implementando políti-
é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revisão
público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.
Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres- Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada
ponde um cargo ou emprego”. com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser-
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba
além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas uma postura governamental com tomada de decisões políticas res-
que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú- ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o
blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade funcionalismo público.
impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar-
acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi- tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública,
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao
para uma imagem negativa do órgão e do serviço. serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol-
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função autoras:
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua – Os processos seletivos para o ingresso na função pública de-
relação com o público. vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer- só o ingresso como carreira no âmbito da função pública;
cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida. – A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-
O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva- nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi-
da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu- tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili- -se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com em benefícios de “outros”;
os colegas e com os usuários do serviço. – A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser
vão muito além da legalidade. positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia-
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o existência da Administração Pública;
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, – A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali-
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°, dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações
da Constituição Federal. sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do
Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum- trabalho administrativo;
prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou – Constitui um importante valor deontológico potencializar o
seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade. orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins
do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins-
Os princípios constitucionais devem ser observados para que titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação
a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com-
princípios são: portamentos éticos;
– Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente os
meandros da lei.

358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí- Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa
vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta 8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua
função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon-
do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão
os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social.
na práxis do servidor público; Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública
– O comportamento ético deve levar o funcionário público à está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
sua tarefa; de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú-
– A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual- blica comprometida com a ética e a eficiência.
dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in- Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés
teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que
que se trabalha; devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e trações.
não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun- “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de realizar as seguintes tarefas, entre outras:
ofício; – Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
– O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito a legitimidade social;
existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor- – Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer- quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os – Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).” lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis- damente em relação à meta eleita;
posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma – Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos se está imerso;
governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração – Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas pessoas.”
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor- Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos na
instrumentos fiscalizatórios. Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res- Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixamno paradig-
ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração ma do atendimentoe do relacionamento que tem como foco prin-
apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções, cipal o usuário.
cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte São eles:
dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle - “atender com presteza ao público em geral, prestando as in-
atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão formações requeridas” e
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. - “tratar com urbanidade as pessoas”.
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne-
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda demonstram as situações descritas a seguir.
mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no- • Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função prazo.
pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos. • Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper- aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para do bom senso:
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
com o interesse social. trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- externos pode ajudar a resolver algumas questões.
blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
mais eficaz e facilitada. sobre a importância desse dever.

359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar acima
habilidades incluem: de seus interesses.
- atualização constante; Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
sionais; padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci-
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
costumes em uma sociedade.
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fértil
Sanz Mulas: para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades públicas
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido
realizar as seguintes tarefas, entre outras: a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e especial-
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra mente, por falta de mecanismos de controle e responsabilização
a legitimidade social; adequada dos atos antiéticos.
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- Pode Público.
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de-
damente em relação à meta eleita; vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma lei”,
se está imerso; isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utilizada e
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evolução
pessoas.” surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa
a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um padrão de
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor- vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear os impulsos
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a cidadania
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para ele
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longo da
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo con-
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão testados posteriormente com a formação de ideias de cada um, po-
seja ético, acima de tudo . rém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos.
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e
ética pública está diretamente relacionada aos princípios funda- sem princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e
mentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a
“Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas ide- assimilar por este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio
ológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao próprio.
comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos
invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da
boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e es-
senciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembran-
do inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali-
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”,
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a
questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes,
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e
expresso, “todos são iguais perante a lei”.
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção
entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do
interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar

360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4. Todos os itens abaixo corresponde a acessórios do arquivo,


QUESTÕES exceto:
(A) notações
1. Em uma repartição pública, o atendimento ao público deve (B) pastas
se traduzir em uma relação entre o servidor e o cidadão, pautada (C) guias
por cortesia, interesse, atenção, eficiência, presteza, discrição, to- (D) bilhetes
lerância e objetividade. Com relação ao exposto, assinale a alter- (E) tiras de inserção
nativa que indica uma situação que viola o que é esperado como
atendimento de qualidade num órgão público. 5. A autonomia de sentido é uma das mais importantes carac-
(A) Um cidadão, que se endereça erroneamente a uma reparti- terísticas dos documentos
ção pública, recebe informações acerca de como proceder para (A) de arquivos intermediários.
alcançar os serviços buscados. (B) de arquivos correntes.
(B) Um cidadão pertencente ao um grupo prioritário (como (C) iconográficos.
idosos, grávidas e pessoas acompanhadas de crianças de colo, (D) de arquivos permanentes.
por exemplo) recebe atendimento mediante procedimentos (E) de biblioteca.
idênticos àqueles exigidos do cidadão médio.
(C) Um cidadão com orientação sexual diferente dos padrões 6. A constituição dos acervos das bibliotecas e dos museus en-
hegemônicos acede aos serviços públicos mediante procedi- volve, quase sempre, mecanismos de compra, doação ou permu-
mentos idênticos àqueles demandados aos cidadãos de orien- ta. No caso dos arquivos institucionais, em que os documentos são
tação sexual hegemônica. acumulados em razão das atividades da entidade produtora, os me-
(D) O cidadão que se declara analfabeto recebe orientações canismos de constituição dos acervos consistem, basicamente, em
e atendimento que o habilitem a compreender os documen- (A) ingresso e incorporação.
tos que lhe compete assinar e as normativas que lhe compete (B) avaliação e seleção.
cumprir. (C) transferência e recolhimento.
(E) O cidadão com dificuldade de locomoção recebe atendi- (D) aquisição e remessa.
mento em local ou instalações diferenciadas daqueles ofereci- (E) recolhimento e depósito legal.
dos ao cidadão médio.
7. Acerca dos princípios e conceitos arquivísticos, marque a al-
2. Todos os itens abaixo são características do método de arqui- ternativa correta.
vamento alfabético, EXCETO: (A) O historiador francês Natalis de Wailly promulgou o prin-
(A) específico ou por assunto; cípio do ciclo vital dos documentos, que passou a ser aplicado
(B)Geográfico; em muitos países.
(C) Duplex; (B) O Decreto de Messidor da legislação de arquivos da Revolu-
(D) Mnemônico; ção Francesa é considerado como o princípio da acessibilidade
(E) Variadex. dos arquivos públicos.
(C) O princípio da Proveniência sagrou-se com o fim da II Guer-
3. Sobre os arquivos públicos, considere os itens abaixo e assi- ra Mundial, quando ocorreu um grande aumento no volume de
nale a alternativa correta. documentos nas instituições.
I. Os conjuntos de documentos oriundos de arquivos provisó- (D) O conceito de gestão de documentos nasceu com a criação
rios que aguardam remoção para depósitos temporários são deno- do Arquivo Nacional da França, quando começaram a valorizar
minados de sistemáticos. os traços administrativos do documento.
II. Os conjuntos de documentos oriundos de arquivos correntes
que aguardam remoção para depósitos temporários são denomina- 8. Sua condição no tempo e no espaço faz com que o documen-
dos de Intermediários. to de arquivo possua a especificidade de sua produção em série,
III. Os conjuntos de documentos atuais, em curso, que são ob- que corresponde às atividades da entidade, formando um organis-
jeto de consultas e pesquisas frequentes denominam- se Correntes. mo total, um corpo vivo.
IV. Os conjuntos de documentos de valor históricos, científico
ou cultural que devem ser preservados indefinidamente são cha- (Bellotto, 2014 Com adaptações.)
mados de Permanentes.
Na citação anterior, a autora refere-se a qual princípio da ar-
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns): quivologia?
(A) I, apenas; (A) Unicidade.
(B)I e II, apenas; (B) Providência.
(C) I, III e IV, apenas; (C) Organicidade .
(D) II, III e IV, apenas; (D) Indivisibilidade.
(E) I, II, III e IV.

361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9. Tendo em vista as recomendações para construção de arqui- 11. Vigência é a qualidade pela qual determinados documentos
vos, considere as afirmativas a seguir. (A) permanecem efetivos e válidos.
I → No que diz respeito à localização do edifício sobre o terre- (B) seguem à risca a norma legal.
no, deve-se observar a influência que o ambiente externo exercerá (C) perdem vigor e são extintos.
sobre o interno, ou seja, o projeto de construção deve considerar o (D) têm precedência sobre outros.
posicionamento da construção em relação à incidência de luz solar, (E) são tempestivos e oportunos.
além da localização da vegetação nos arredores, que pode causar
riscos de raios, térmitas, danos estruturais pelas raízes, queda de 12. Em relação às funções arquivísticas, considere as afirmati-
folhas, galhos e frutos e incidência de sombras, que poderão oca- vas a seguir.
sionar acúmulo de umidade nas paredes. I → A avaliação dos documentos refere-se ao ato de elaborar
II → Os espaços projetados devem ser distribuídos pensando documentos em razão das atividades específicas de um órgão.
em suas funções: depósitos (inclusive para acervos especiais), áreas II → A aquisição contempla a entrada de documentos nos ar-
para o público e áreas de trabalho (gabinetes, recepção, seleção, quivos corrente, intermediário e permanente; refere-se ao arqui-
higienização, restauração, entre outras). vamento corrente e aos procedimentos de transferência e recolhi-
III → As construções espaçosas, com grandes vãos ou abertas mento de acervo.
são mais eficientes quanto à manutenção das condições ambientais III → Classificação é a sequência de operações que, de acordo
e de segurança necessárias para a preservação do que espaços me- com as diferentes estruturas, funções e atividades da entidade pro-
nores, fragmentados e compactos. dutora, visam a distribuir os documentos de um arquivo.
IV → O projeto do edifício deverá levar em conta as condições IV → A descrição torna os documentos acessíveis e promove
e dimensões do terreno; os regulamentos e tradições locais; as con- sua consulta mediante publicações, exposições, conferências, servi-
dições climáticas; o fluxo de trabalho e de atendimento ao público; ços educativos e outras atividades.
as características físicas e formatos dos documentos; o volume do
acervo e a expectativa de crescimento. Está(ão) correta(s)
(A) apenas III.
Estão corretas (B) apenas I e IV.
(A) apenas I e II. (C) apenas I e III.
(B) apenas I e III. (D) apenas II e III.
(C) apenas III e IV. (E) apenas II e IV.
(D) apenas I, II e IV.
(E) apenas II, III e IV. 13. Documento é o suporte da informação. Então, informação é
(A).a idéia ou mensagem contida em um documento.
10. Recentemente, estudiosos, pensadores e profissionais têm (B) todo documento escrito, como livro, revista, relatório etc.
discutido princípios da ciência arquivística que, por muito tempo, (C) um conjunto de documentos que tratam do mesmo assun-
foram considerados inexoráveis para o estudo e a prática dos arqui- to.
vos. Sob esta perspectiva, considere as afirmativas a seguir. (D) a parte material de que os documentos são feitos.
I→O modelo arquivístico vigente não se encaixa aos organis- (E) aquele documento que foi considerado de valor.
mos vivos que são os arquivos hoje. A problemática reside em refi-
nar a informação baseada na proveniência geral, sem obscurecer a 14. Quando uma autoridade determina a guarda de um docu-
conexão documento- atividade. mento que já cumpriu a sua tramitação, esse documento deve ser
II → O arquivista atua como mediador entre documento e usu- (A)descartado.
ário, devendo, para tanto, possuir formação sólida em áreas como (B) arquivado.
história, idiomas e diplomática, que lhe permitam ler e compreen- (C) despachado.
der os documentos, dominando uma série de detalhes técnicos por (D)reproduzido.
meio de extensos esforços práticos. (E) expedido.
III → Os processos de avaliação constituem um elemento vital
do contexto em que os arquivos históricos são formados. Guiados 15. Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autori-
pelos valores de sua sociedade, os arquivistas acham-se implicados dade administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de
na formação dos arquivos que sua época legará ao futuro. seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e su-
bordinação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
Em consonância com as correntes atuais do pensamento arqui- ( ) CERTO.
vístico, está(ão) correta(s) ( ) ERRADO.
(A) apenas I.
(B) apenas II. 16. Poder disciplinar é o poder de investigar e punir crimes e
(C) apenas I e III. contravenções penais não se referem ao mesmo instituto e não se
(D) apenas II e III. confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado somente àqueles
(E) I, II e III. que possuem vínculo específico com a Administração de forma fun-
cional ou contratual, o segundo é exercido somente sobre qualquer
indivíduo que viole as leis penais vigentes.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.

362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

17. Responsabilidade civil do Estado é a obrigação estatal de


8 C
indenizar os danos patrimoniais, morais ou estéticos que os seus
agentes, agindo nessa qualidade, causarem a terceiros. A responsa- 9 D
bilidade civil do Estado pode ser dividida em dois grupos: a contra- 10 C
tual, que advém da ausência de cumprimento de cláusulas inclusas
em contratos administrativos, e a extracontratual ou aquiliana, que 11 A
alcança as demais situações. 12 D
( ) CERTO.
( ) ERRADO. 13 A
14 B
18. (FCC/MPE-AP) - Para o atendimento ao público ser consi-
derado ideal ou próximo ao ideal, existem regras, que inclusive no 15 CERTO
caso brasileiro, têm Decreto e Lei regularizando ou estabelecendo 16 CERTO
regras mínimas.
17 CERTO
Um atendente deve estar à disposição do consumidor em até
(A) 180 segundos, obrigatoriamente 18 D
(B) 90 segundos, obrigatoriamente
19 E
(C) 90 segundos, se ele assim solicitar
(D) 60 segundos, obrigatoriamente 20 CERTO
(E) 60 segundos, se ele assim solicitar

19. (FCC/AL-SP) Um dos fatores de qualidade no atendimento ANOTAÇÕES


ao público é a empatia. Empatia é
(A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e
confiança ao público. ______________________________________________________
(B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que
foi prometido ao público ______________________________________________________
(C) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente de- ______________________________________________________
monstra para com o público, colocando-se em seu lugar para
um melhor entendimento do problema. ______________________________________________________
(D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta-
mente o cidadão ______________________________________________________
(E) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo
atendimento ______________________________________________________

20. A Administração Direta é correspondente aos órgãos que ______________________________________________________


compõem a estrutura das pessoas federativas que executam a ati-
______________________________________________________
vidade administrativa de maneira centralizada. O vocábulo “Admi-
nistração Direta” possui sentido abrangente vindo a compreender ______________________________________________________
todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto os que fazem
parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do Poder Judiciá- ______________________________________________________
rio, que são os responsáveis por praticar a atividade administrativa
de maneira centralizada. ______________________________________________________
( ) CERTO.
( ) ERRADO. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 E
6 C ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________

363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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