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PREFEITURA MUNICIPAL DE

ACOPIARA
ESTADO DO CEARÁ

Agente Administrativo
ELABORADA DE ACORDO COM EDITAL DO CONCURSO PÚBLICO
• Não estamos vinculados às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.
ÍNDICE

Português
1. Ortografia oficial ................................................................................................................................................................................. 01
2. Acentuação gráfica ............................................................................................................................................................................. 01
3. Pontuação........................................................................................................................................................................................... 02
4. Compreensão, interpretação e reescrita de textos e de fragmentos de textos, com domínio das relações morfossintáticas, semânticas,
discursivas e argumentativas .............................................................................................................................................................. 03
5. Tipologia Textual................................................................................................................................................................................. 05
6. Figuras de linguagem .......................................................................................................................................................................... 06
7. Coesão e coerência ............................................................................................................................................................................. 04
8. Formação, classe e emprego de palavras ........................................................................................................................................... 08
9. Significação de palavras ...................................................................................................................................................................... 03
10. Coordenação e Subordinação ............................................................................................................................................................. 08
11. Concordância nominal e verbal .......................................................................................................................................................... 16
12. Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................. 18
13. Regência Nominal e Verbal ................................................................................................................................................................. 18
14. Novo acordo ortográfico..................................................................................................................................................................... 01

Conhecimentos Gerais
1. Aspectos geográficos, históricos, políticos e administrativos do Mundo, Brasil, Ceará e do Município de Acopiara – CE; ................. 01
2. Atualidades históricas científicas, sociais, políticas, econômicas, culturais, ambientais e administrativas do Mundo, Brasil, Ceará e do
Município de Acopiara – CE. ............................................................................................................................................................. 101

Conhecimentos Específicos
Agente e/ou Auxiliar
Administrativo
1. Relações interpessoais........................................................................................................................................................................ 01
2. Postura e atendimento ao público...................................................................................................................................................... 09
3. Noções de Relações Humanas no Trabalho ........................................................................................................................................ 20
4. Código de Ética do Servidor Público (Decreto 1171/94) ..................................................................................................................... 25
5. Apresentação pessoal ......................................................................................................................................................................... 27
6. Serviços públicos: conceitos, elementos de definição, princípios, classificação ................................................................................. 27
7. Atos e contratos administrativos. Lei 8666/93 e suas alterações e complementações ...................................................................... 32
8. Lei Complementar nº 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal....................................................................................................... 44

Noções de Informática
1. Conceitos básicos de operação de microcomputadores ..................................................................................................................... 01
2. Conceitos básicos de operação com arquivos em ambientes Windows ............................................................................................. 02
3. Conceitos básicos para utilização do pacote Office............................................................................................................................. 04
4. Conceitos de Internet: conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados a
internet; ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de busca e pesquisa ....................................... 09
PORTUGUÊS
1. Ortografia oficial ................................................................................................................................................................................. 01
2. Acentuação gráfica ............................................................................................................................................................................. 01
3. Pontuação........................................................................................................................................................................................... 02
4. Compreensão, interpretação e reescrita de textos e de fragmentos de textos, com domínio das relações morfossintáticas, semânticas,
discursivas e argumentativas .............................................................................................................................................................. 03
5. Tipologia Textual................................................................................................................................................................................. 05
6. Figuras de linguagem .......................................................................................................................................................................... 06
7. Coesão e coerência ............................................................................................................................................................................. 04
8. Formação, classe e emprego de palavras ........................................................................................................................................... 08
9. Significação de palavras ...................................................................................................................................................................... 03
10. Coordenação e Subordinação ............................................................................................................................................................. 08
11. Concordância nominal e verbal .......................................................................................................................................................... 16
12. Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................. 18
13. Regência Nominal e Verbal ................................................................................................................................................................. 18
14. Novo acordo ortográfico..................................................................................................................................................................... 01
PORTUGUÊS

ORTOGRAFIA OFICIAL. NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)

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PORTUGUÊS
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de “S”,
saída, faísca, baú, país
desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enu-
Esse é o problema da pande-
merações ou sequência de palavras para
: Dois-pontos mia: as pessoas não respeitam
resumir / explicar ideias apresentadas an-
a quarentena.
teriormente
Como diz o ditado: “olho por
Antes de citação direta
olho, dente por dente”.
Indicar hesitação
Interromper uma frase Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências
Concluir com a intenção de estender a re- Quem sabe depois...
flexão
A Semana de Arte Moderna
Isolar palavras e datas
(1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa
Eu estava cansada (trabalhar e
(podem substituir vírgula e travessão)
estudar é puxado).

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PORTUGUÊS
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de Excla-
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
mação
Após interjeição Ufa!
Ponto de Interro-
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
gação
Iniciar fala do personagem do discurso di- A professora disse:
reto e indicar mudança de interloculor no — Boas férias!
— Travessão diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases O corona vírus — Covid-19 —
explicativas ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E REESCRITA DE TEXTOS E DE FRAGMENTOS DE TEXTOS, COM DOMÍNIO DAS RE-
LAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS, SEMÂNTICAS, DISCURSIVAS E ARGUMENTATIVAS, SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS

Compreender e interpretar textos é essencial para que o objetivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é impor-
tante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido completo.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explícita. Só
depois de compreender o texto que é possível fazer a sua interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que está
escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpretação é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do repertório do leitor.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou visuais,
isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar expressões,
gestos e cores quando se trata de imagens.

Dicas práticas
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um conceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada parágrafo,
tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhecidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fonte de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, questões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguintes
expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do texto
aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor quando afirma
que...

Significação de palavras
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

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PORTUGUÊS
Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

Polissemia e monossemia
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a frase.
Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).

Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da
cadeira.

Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de significado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, portanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta.

Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – infarto
/ gatinhar – engatinhar.

Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que ainda
podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> farmácia /
franquia <—> sinceridade.

COESÃO E COERÊNCIA

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)

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PORTUGUÊS
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

TIPOLOGIA TEXTUAL

Descrever, narrar, dissertar


Tudo o que se escreve é redação. Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de questões discursivas, contos, crônicas, roman-
ces, empregando as modalidades redacionais ou tipos de composição: descrição, narração ou dissertação. Geralmente as modalidades
redacionais aparecem combinadas entre si. Seja qual for o tipo de composição, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de ideias,
mensagem, assunto), estrutura (organização das ideias, distribuição adequada em introdução, desenvolvimento e conclusão), lingua-
gem (expressividade, seleção de vocabulário) e gramática (norma da língua).

Narra-se o que tem história, o que é factual, o que acontece no tempo; afinal, o narrador só conta o que viu acontecer, o que lhe
contaram como tendo acontecido ou aquilo que ele próprio criou para acontecer.

Descreve-se o que tem sensorialidade e, principalmente, perceptibilidade; afinal, o descrevedor é um discriminador de sensações.
Assim, descreve-se o que se vê ou imagina-se ver, o que se ouve ou imagina-se ouvir, o que se pega ou imagina-se pegar, o que se prova
gustativamente ou imagina-se provar, o que se cheira ou imagina-se cheirar. Em outras palavras, descreve-se o que tem linhas, forma, vo-
lume, cor, tamanho, espessura, consistência, cheiro, gosto etc. Sentimentos e sensações também podem ser caracterizados pela descrição
(exemplos: paixão abrasadora, raiva surda).

Disserta-se sobre o que pode ser discutido; o dissertador trabalha com ideias, para montar juízos e raciocínios.

Descrição
A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de seres animados ou inanimados — em seus traços mais peculiares e mar-
cantes —, captados através dos cinco sentidos. A caracterização desses entes obedece a uma delimitação espacial.

O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boemia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de Amâncio secava-se no chão,
azedando o ambiente; a louça, que servia ao último jantar, ainda coberta pela gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata abominável,
cheia de contusões e roída de ferrugem. Uma banquinha, encostada à parede, dizia com seu frio aspecto desarranjado que alguém estivera
aí a trabalhar durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas últimas gotas de estearina se derramavam melancolicamente pelas bor-
das de um frasco vazio de xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal.
(Aluísio Azevedo)

Narração
A narração constitui uma sequência temporal de ações desencadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina num clí-
max e que, geralmente, esclarecesse no desfecho.
Ouvimos passos no corredor; era D. Fortunata. Capitu compôsse depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou à porta, ela aba-
nava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo e claro, que ela explicou por estas
palavras alegres:

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PORTUGUÊS
— Mamãe, olhe como este senhor cabeleireiro me penteou; pe- Numa aparente contradição à famosa lei da oferta e da procu-
diu-me para acabar o penteado, e fez isto. Veja que tranças! ra, o livro no Brasil é caro porque o brasileiro não lê. Vencer esse
— Que tem? acudiu a mãe, transbordando de benevolência. suposto paradoxo, alfabetizando a população e incentivando-a a ler
Está muito bem, ninguém dirá que é de pessoa que não sabe pen- cada vez mais, poderia resultar num salutar processo de queda do
tear. preço do livro e valorização da vida.
— O quê, mamãe? Isto? redarguiu Capitu, desfazendo as tran- Um país se faz com homens e livros. Mas é preciso que os ho-
ças. Ora, mamãe! mens valham mais, muito mais, do que os livros.
E com um enfadamento gracioso e voluntário que às vezes ti- (Folha de S. Paulo)
nha, pegou do pente e alisou os cabelos para renovar o penteado. D.
Fortunata chamou-lhe tonta, e disse-lhe que não fizesse caso, não Na narração, encontramos traços descritivos que caracterizam
era nada, maluquices da filha. Olhava com ternura para mim e para cenários, personagens ou outros elementos da história.
ela. Depois, parece-me que desconfiou. Vendo-me calado, enfiado, A descrição pode iniciar-se com um pequeno parágrafo narrati-
cosido à parede, achou talvez que houvera entre nós algo mais que vo para precisar a localização espacial.
penteado, e sorriu por dissimulação... A dissertação pode apresentar tese ou breves trechos argu-
(Machado de Assis) mentativos de natureza descritiva ou narrativa, desde que sejam
exemplificativos para o assunto abordado.
O narrador conta fatos que ocorrem no tempo, recordando,
imaginando ou vendo... O descrevedor caracteriza entes localizados Resumindo:
no espaço. Para isso, basta sentir, perceber e, principalmente, ver. O A descrição caracteriza seres num determinado espaço → fo-
dissertador expõe juízos estruturados racionalmente. tografia.
A trama narrativa apreende a ocorrência na sua dinâmica A narração sequencia ações num determinado tempo → his-
temporal. O processo descritivo suspende o tempo e capta o ente tória.
na sua espacialidade atemporal. A estrutura dissertativa articula A dissertação expõe, questiona e avalia juízos → discussão.
ideias, relaciona juízos, monta raciocínios e engendra teses.
O texto narrativo é caracterizado pelos verbos nocionais
(ações, fenômenos e movimentos); o descritivo, pelos verbos rela- FIGURAS DE LINGUAGEM
cionais (estados, qualidades e condições) ou pela ausência de ver-
bos; o dissertativo, indiferentemente, pelos verbos nocionais e/ou
relacionais. As figuras de linguagem são recursos especiais usados por
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade
Dissertação e beleza.
A dissertação consiste na exposição lógica de ideias discutidas São três tipos:
com criticidade por meio de argumentos bem fundamentados. Figuras de Palavras (tropos);
Figuras de Construção (de sintaxe);
Homens e livros Figuras de Pensamento.

Monteiro Lobato dizia que um país se faz com homens e livros. Figuras de Palavra
O Brasil tem homens e livros. O problema é o preço. A vida humana É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego
está valendo muito pouco, já as cifras cobradas por livros exorbi- figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui-
tam. dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida-
A notícia de que uma mãe vendeu o seu filho à enfermeira por de. São as seguintes as figuras de palavras:
R$ 200,00, em duas prestações, mostra como anda baixa a cotação
da vida humana neste país. Se esse é o valor que uma mãe atribui Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
a seu próprio filho, o que dizer quando não existem vínculos de pa- em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
rentesco. De uma fútil briga de trânsito aos interesses da indústria da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
do tráfico, no Brasil, hoje, mata-se por nada. entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo:
A falta de instrução, impedindo a maioria dos brasileiros de co-
nhecer o conceito de cidadania, está entre as causas das brutais “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
taxas de violência registradas no país.
Os livros são, como é óbvio, a principal fonte de instrução já Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta
inventada pelo homem. E, para aprender com os livros, são neces- estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
sárias apenas duas condições: saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo pensamento.
menos 23% dos brasileiros já encontram um obstáculo intransponí-
vel na primeira condição. Um número incalculável, mas certamente Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns;
bastante alto, esbarra na segunda. semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati-
Aqui, um exemplar de uma obra de cerca de cem páginas sai va: como, tal qual, assim como.
por cerca de R$ 15,00, ou seja, 15% do salário mínimo. Nos EUA,
uma obra com quase mil páginas custa US$ 7,95, menos da metade “Sejamos simples e calmos
da brasileira e com 900 páginas a mais. Como os regatos e as árvores”
O principal fator para explicar o alto preço das edições nacio- Fernando Pessoa
nais são as pequenas tiragens. Num país onde pouco se lê, de nada
adianta fazer grandes tiragens. Perde-se, assim, a possibilidade de Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
reduzir o custo do produto por meio dos ganhos de produção de tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
escala. Observe os exemplos abaixo:

6
PORTUGUÊS
-autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes
de Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
-efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho. Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de
(o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado). reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa-
- continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que para dentro”, etc.
contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
-abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”.
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam.
seja, mulheres grávidas).
- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os micro- Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou
fones foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos orações com o fim de lhes dar destaque:
jogadores.) “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana. de Andrade)
(Fumei um saboroso charuto.). “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas- sei.” (Graciliano Ramos)
tes da cruz. (Não te afastes da religião.). Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados. início da frase.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
- indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua. Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais
(Alguns astronautas foram à Lua.). comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da
- singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá-
ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma) tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so- consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.) O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
- matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma- A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”). Castelo Branco)

Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
nome de Sinédoque. com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
pressos. A silepse pode ser:
Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
antonomásia. rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
Exemplos: pessoal sugere).
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
bem. os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
que fala está incluída em os brasileiros).
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- de palavras os sons da realidade.
lêncio = auditivo; negro = visual) Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
da cadeira” . Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
um verso).
Figuras de Construção
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao “Vozes veladas, veludosas vozes,
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres- volúpias dos violões, vozes veladas,
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de vagam nos velhos vórtices velozes
construção: dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(Cruz e Sousa)
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do ção ou sugerir insistência, progressão:
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-
e garrafas vazias). sona.” (Bernardo Élis)

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PORTUGUÊS
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão) ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracio-
nais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa
Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun- manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que
ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se- não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.)
gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
gosto de português.). Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado.
Exemplo:
Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam “De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não
se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim, sei se digo.” (Machado de Assis)
vi, venci.
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior.
Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual
texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons- seria o procedimento.
trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
e que um dia nos há de salvar
FORMAÇÃO, CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS;
Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi- COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa. A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
cos, de modo que as palavras se dividem entre:
Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo- palavra. Ex: flor; pedra
rário). • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
vras. Ex: floricultura; pedrada
Figuras de Pensamento • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias, azeite
pensamentos. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias,
que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
mãos dadas. palavras:

Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de Derivação


alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de to- palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
das as mulheres. • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as ex- • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
pressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a ex- radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
pressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.) • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem do (des + governar + ado)
crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
sentaram, comeram e dançaram. vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
expressa uma ideia de forma exagerada. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou próprio – sobrenomes).
várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
Composição
Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar- se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
apagou o que estava gravado? modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa- aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.) dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
-flor / passatempo.

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PORTUGUÊS
Abreviação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto (fo-
tografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Hibridismo
Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binóculo
(bi – grego + oculus – latim).

Combinação
Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (aborrecer
+ adolescente).

Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alargamento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita adicionan-
do o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / protocolizar (em vez de protocolar).

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

CLASSES DE PALAVRAS
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.

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PORTUGUÊS
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:

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PORTUGUÊS
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).

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PORTUGUÊS
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

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PORTUGUÊS
Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

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PORTUGUÊS

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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PORTUGUÊS

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura.
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila.
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo.
• Meio: Viajou de trem.

Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras palavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração).
• Combinação: ao, aos, aonde
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso

Conjunção
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabelecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante de
conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e interpre-
tação de textos, além de ser um grande diferencial no momento de redigir um texto.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.

Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintática entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma função
gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em cinco grupos:
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer.

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PORTUGUÊS
• Conclusivas: logo, portanto, assim.
• Explicativas: que, porque, porquanto.

Conjunções subordinativas
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Desse
modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas substantivas, definidas pelas palavras que e se.
• Causais: porque, que, como.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
• Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Temporais: quando, enquanto, agora.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.

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PORTUGUÊS
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

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PORTUGUÊS
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o
verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quan- REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
to com o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa. A regência estuda as relações de concordâncias entre os ter-
mos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes.
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando Dessa maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e
como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa o termo regido (complemento).
do singular: A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do
• Nenhum de nós merece adoecer. nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa
relação é sempre intermediada com o uso adequado de alguma
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, preposição.
porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular.
Exceto caso o substantivo vier precedido por determinante: Regência nominal
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser
sumiram. um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome
ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma prepo-
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE sição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras
que pedem seu complemento:
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- PREPOSIÇÃO NOMES
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. acessível; acostumado; adaptado;
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- adequado; agradável; alusão; aná-
prego da crase: logo; anterior; atento; benefício;
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- comum; contrário; desfavorável;
na. devoto; equivalente; fiel; grato;
A
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- horror; idêntico; imune; indiferen-
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. te; inferior; leal; necessário; nocivo;
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito obediente; paralelo; posterior; pre-
estresse. ferência; propenso; próximo; seme-
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- lhante; sensível; útil; visível...
xando de lado a capacidade de imaginar. amante; amigo; capaz; certo; con-
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima temporâneo; convicto; cúmplice;
à esquerda. descendente; destituído; devoto;
diferente; dotado; escasso; fácil;
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- DE feliz; imbuído; impossível; incapaz;
se: indigno; inimigo; inseparável; isen-
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. to; junto; longe; medo; natural; or-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- gulhoso; passível; possível; seguro;
mos uma reunião frente a frente. suspeito; temeroso...
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
opinião; discurso; discussão;
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te
dúvida; insistência; influência; in-
atender daqui a pouco. SOBRE
formação; preponderante; proemi-
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
nência; triunfo...
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha acostumado; amoroso; analogia;
fica a 50 metros da esquina. compatível; cuidadoso; desconten-
te; generoso; impaciente; ingrato;
COM
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo intolerante; mal; misericordioso;
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. ocupado; parecido; relacionado;
/ Dei um picolé à minha filha. satisfeito; severo; solícito; triste...
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei abundante; bacharel; constante;
minha avó até à feira. doutor; erudito; firme; hábil; incan-
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): EM sável; inconstante; indeciso; mo-
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à rador; negligente; perito; prático;
Ana da faculdade. residente; versado...
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em atentado; blasfêmia; combate;
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no conspiração; declaração; fúria; im-
CONTRA
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos potência; litígio; luta; protesto; re-
à escola / Amanhã iremos ao colégio. clamação; representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

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PORTUGUÊS
Regência verbal Rosa Maria Torres
15
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
16
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
também por adjuntos adverbiais. pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
verbo vai depender do seu contexto. tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
indesejadas.
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que […]
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: mo, em relação à “diversidade”.
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- no paradigma argumentativo do enunciado.
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
o sentido completo: loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- dade e identidade”.
panha eleitoral.
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o ção(ões) verdadeira(s).
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- (A) I, apenas
ção) e de um objeto indireto (com preposição): (B) II e III
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda (C) III, apenas
à senhora. (D) II, apenas
(E) I e II

EXERCÍCIOS 3. (UNIFOR CE – 2006)


Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
1. (FMPA – MG) sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
te aplicada: rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário,
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. o silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. as suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. Perguntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
(E) A cessão de terras compete ao Estado. de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
2. (UEPB – 2010) de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralidade.
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
maiores nomes da educação mundial na atualidade. diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
Carlos Alberto Torres mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver- tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida- estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver- p.68)
sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se
a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográ- cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
fica em termos de constante articulação 11democrática, você não o contexto, é
sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há (A) ceticismo.
o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso (B) desdém.
e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, (C) apatia.
de classe. (D) desinteresse.
[…] (E) negligência.

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PORTUGUÊS
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. 6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. na salada – o meu jeito de querer bem.”
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
para os carros e os pedestres. de:
(A) objeto indireto e aposto
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
mônimos e parônimos. (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(A) I e III. (D) complemento nominal e aposto
(B) II e III. (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
(C) II apenas.
(D) Todas incorretas. 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
pressa esqueci o Quincas Borba”.
5. (UFMS – 2009) (A) objeto direto
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de (B) sujeito
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (C) agente da passiva
30/09/08. Em seguida, responda. (D) adjunto adverbial
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (E) aposto
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima- tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
mente do jeito correto. (A) Sujeito
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, (B) Objeto direto
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (C) Predicativo do sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (D) Adjunto adverbial
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (E) Adjunto adnominal
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
mática na cabeça. 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré- manhã de segunda-feira”.
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me (A) Predicativo
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa (B) Complemento nominal
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (C) Objeto indireto
la, lá vinham as palavras mágicas. (D) Adjunto adverbial
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (E) Adjunto adnominal
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. 10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
– Ainda não fomos apresentados – ela disse. te”. O termo destacado funciona como:
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de (A) Objeto indireto
terror. (B) Objeto direto
– E ele faz o quê? (C) Adjunto adnominal
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (D) Vocativo
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia (E) Sujeito
usar trema nem se lembrava da regrinha.
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no 11. (UFRJ) Esparadrapo
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com cara
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, que
rão ao menos para determinar minha idade. parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incunábulo*”.
– Esse aí é do tempo do trema.” QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
Assinale a alternativa correta. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu- texto. Sua função resume-se em:
ída por “nós”. (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito coisa.
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
acordo com a norma culta da língua portuguesa. te.
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. to.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
dos.

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PORTUGUÊS
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
É preciso que ela se encante por mim! apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
hora (...)”
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. netas, borracha (...)”
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal.
16. (FUNRIO –2012) “Todos querem que nós
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem .”
a orações subordinadas substantivas, exceto: Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. mente a frase acima. Assinale-a.
(B) Desejo que ela volte. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. (B) desista da ação contra aquele salafrário.
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
tem. (E) tentamos aquele emprego novamente.

14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente
No texto acima temos uma oração destacada que é e as lacunas do texto a seguir:
um “se” que é . . “Todas as amigas estavam ansiosas
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora ler os jornais, pois foram informadas de que as
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito críticas foram indulgentes ra-
(C) relativa, pronome reflexivo paz, o qual, embora tivesse mais aptidão ciên-
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora cias exatas, demonstrava uma certa propensão
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito arte.”
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece (C) bastante - por - meias - ao - a - à
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos (D) meias - para - muito - pelo - em - por
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e com a gramática:
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
dos dois, a mãe ficava furiosa.) II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá- (A) em I e II
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- (B) apenas em IV
riam rompidas mais uma vez. (C) apenas em III
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os pro- (D) em II, III e IV
fessores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, (E) apenas em II
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem que
ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas açuca- 19. (CESCEM–SP) Já anos, neste local árvores e flores.
radas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionante. Hoje, só ervas daninhas.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (A) fazem, havia, existe
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, (B) fazem, havia, existe
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. (C) fazem, haviam, existem
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (D) faz, havia, existem
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (E) faz, havia, existe
oitenta ainda está ativo e presente.
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- 20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” dância verbal, de acordo com a norma culta:
LUFT, 2014, p.104-105 (A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir: (C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que (D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
queria correr nas lajes do pátio (...)” (E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.

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PORTUGUÊS
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
culta é: (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
líderes pefelistas. (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
íses passou despercebida. 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
social. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um erroneamente, exceto em:
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (B) É um privilégio estar aqui hoje.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
a aventura à repetição. (D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
te as lacunas correspondentes. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
A arma se feriu desapareceu. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
Estas são as pessoas lhe falei. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
Aqui está a foto me referi. classificação.
Encontrei um amigo de infância nome não me lembrava. “ o céu é azul?”
Passamos por uma fazenda se criam búfalos. “Meus pais chegaram atrasados, pegaram trân-
sito pelo caminho.”
(A) que, de que, à que, cujo, que. “Gostaria muito de saber o de você ter faltado
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. ao nosso encontro.”
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. diais. ?”
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(E) Por que – porque – por quê – Porquê
(B) Informei-lhe a nota obtida.
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
sinais de trânsito.
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
(E) Muita gordura não implica saúde. frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem Assinale-a.
ser seguidos pela mesma preposição: (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(A) ávido / bom / inconsequente (B) O infrator foi preso em flagrante.
(B) indigno / odioso / perito (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(C) leal / limpo / oneroso (D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
(D) orgulhoso / rico / sedento (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
(E) oposto / pálido / sábio
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri- grafadas corretamente.
tas nos itens a seguir: (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini- (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
migos de hipócritas; (C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu (D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
desprezo por tudo; (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento. 31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
A frase reescrita está com a regência correta em: de acentuação da língua padrão.
(A) I apenas (A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D.
(B) II apenas Firmina, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(C) III apenas (B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
(D) I e III apenas apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
(E) I, II e III (C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
seguia se recompôr e viver tranquilo.

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PORTUGUÊS
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
Remígio resolveu pedí-la em casamento. importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
tuadas devido à mesma regra: sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) saí – dói sofrimento da infância mais pobre.”
(B) relógio – própria (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(C) só – sóis importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(D) dá – custará sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(E) até – pé sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sofrimento da infância mais pobre.”
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se 37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. tuação:
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
L. se atrasaram.
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – atrasaram, porém.
eu. (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
assinale a afirmação verdadeira. 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, pontuação.
como “também” e “porém”. (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
mesma razão. articulações.”.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
mesma razão que a palavra “país”. parte dos pacientes são baixas.
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí- (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
rem monossílabos tônicos fechados. nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrup-
que todas as paroxítonas são acentuadas. ção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o
doente confie em seu médico).
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- (E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
vra é acentuada graficamente: da inflamação é bastante intensa!
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu 39. (ENEM – 2018)
(C) saudade, onix, grau, orquídea
(D) voo, legua, assim, tênis Física com a boca
(E) flores, açucar, album, virus Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando
36. (IFAL - 2011) você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as on-
das da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi
Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”. Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade
Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o de-
“Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor- sencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distor-
tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos ção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propaga-
infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices ção das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.
vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012
tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi- (adaptado).
nião, 12.10.2010)
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua- Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organi-
do na alternativa: zar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por
importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, (A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so- (B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi
frimento da infância mais pobre.” Akkerman.

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(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa:
(A) tatuar
(B) quando
(C) doutor
(D) ainda
(E) além

42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sonoras?


(A) rosa, deve, navegador;
(B) barcos, grande, colado;
(C) luta, após, triste;
(D) ringue, tão, pinga;
(E) que, ser, tão.

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43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. ticamente.
Verifique a que nível se referem as características do português (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). raria o sentido do texto.
() Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
formas com gerúndio, como estou fazendo. informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
() Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em informação nova.
palavras como académico e antónimo, (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
() Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
como em contacto e facto. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
() Certos empregos do pretérito imperfeito para designar futu- qual são introduzidas de forma mais generalizada
ro do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria de
ir até lá. 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
dem a um adjetivo, exceto em:
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
cima para baixo, é: (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(B) 2 – 1 – 2 – 1. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(C) 1 – 2 – 1 – 2. sem fim.
(D) 1 – 1 – 2 – 2. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
(E) 1 – 2 – 2 – 1.
48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
guintes palavras: respectivamente:
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas (A) adjetivo, adjetivo
(B) descompõem, desempregados, desejava (B) advérbio, advérbio
(C) estendendo, escritório, espírito (C) advérbio, adjetivo
(D) quietação, sabonete, nadador (D) numeral, adjetivo
(E) religião, irmão, solidão (E) numeral, advérbio

45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras 49. (ITA-SP)
não é formada por prefixação: Beber é mal, mas é muito bom.
(A) readquirir, predestinado, propor (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
(B) irregular, amoral, demover
(C) remeter, conter, antegozar A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
(D) irrestrito, antípoda, prever (A) adjetivo
(E) dever, deter, antever (B) substantivo
(C) pronome
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (D) advérbio
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (E) preposição
Uma organização não governamental holandesa está propondo
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! (Mas
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o ponto de
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. vista morfológico, as palavras destacadas correspondem pela ordem, a:
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
um contador na rede social. (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam GABARITO
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”. 1 C
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
2 B
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa- 3 D
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
4 C
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
usuários longe da rede social.” 5 C
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:

25
PORTUGUÊS

6 A ANOTAÇÕES
7 D
8 C
9 B
10 E
11 C
12 B
13 E
14 B
15 A
16 C
17 A
18 C
19 D
20 C
21 E
22 C
23 A
24 D
25 E
26 A
27 B
28 C
29 B
30 A
31 E
32 B
33 E
34 B
35 B
36 E
37 A _____________________________________________________
38 A
_____________________________________________________
39 B
40 A
41 D
42 D
43 B
44 D
45 E
46 D
47 B
48 B
49 B
50 E

26
CONHECIMENTOS GERAIS
1. Aspectos geográficos, históricos, políticos e administrativos do Mundo, Brasil, Ceará e do Município de Acopiara – CE; ................. 01
2. Atualidades históricas científicas, sociais, políticas, econômicas, culturais, ambientais e administrativas do Mundo, Brasil, Ceará e do
Município de Acopiara – CE. ............................................................................................................................................................. 101
CONHECIMENTOS GERAIS
Mesopotâmia: o berço da civilização
ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS, POLÍTICOS E As grandes civilizações e suas organizações
ADMINISTRATIVOS DO MUNDO, BRASIL, CEARÁ E DO As primeiras civilizações se formaram a partir de quando o ho-
MUNICÍPIO DE ACOPIARA – CE mem descobriu a agricultura e passou a ter uma vida mais sedentá-
ria, por volta de 4.000 a.C. Essas primeiras civilizações se formaram
em torno ou em função de grandes rios: A Mesopotâmia estava
História Geral ligada aos Rios Tigre e Eufrates, o Egito ao Nilo, a Índia ao Indo, a
A Pré-História ainda não foi completamente reconstruída, pois China ao Amarelo.
faltam muitos elementos que possam permitir que ela seja estu- Foi no Oriente Médio que tiveram início as civilizações. Tem-
dada de uma forma mais profunda. Isso ocorre devido à imensa pos depois foram se desenvolvendo no Oriente outras civilizações
distância que nos separa desse período, até porque muitas fontes que, sem contar com o poder fertilizante dos grandes rios, ganha-
históricas desapareceram pela ação do tempo e outras ainda não ram características diversas. As pastoris, como a dos hebreus, ou as
foram descobertas pelos estudiosos. mercantis, como a dos fenícios. Cada um desses povos teve, além
Nesse trabalho, o historiador precisa da ajuda de outras ciên- de uma rica história interna, longas e muitas vezes conflituosas re-
cias de investigação, como a arqueologia, que estuda as antigui- lações com os demais.
dades, a antropologia, que estuda os homens, e a paleontologia,
que estuda os fósseis dos seres humanos. Tais ciências estudam os Mesopotâmia
restos humanos, sendo que, a cada novo achado, podem ocorrer A estreita faixa de terra que localiza-se entre os rios Tigre e Eu-
mudanças no que se pensava anteriormente. Assim, podemos afir- frates, no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque, foi chamada
mar que a Pré-História está em constante processo de investigação. na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa “entre rios” (do gre-
A Pré-História está dividida em 3 períodos: go, meso = no meio; potamos = rio). Essa região foi ocupada, entre
- Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) vai da origem do ho- 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma série de povos, que se encontraram
mem até aproximadamente o ano 8.000 a.C, quando os humanos e se misturaram, empreenderam guerras e dominaram uns aos ou-
dominam a agricultura. tros, formando o que denominamos povos mesopotâmicos. Sumé-
- Neolítico (ou Idade da Pedra Polida) vai de 8.000 a.C. até 5.000 rios, babilônios, hititas, assírios e caldeus são alguns desses povos.
a.C, quando surgem as primeiras armas e ferramentas de metal, es- Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.
pecialmente o estanho, o cobre e o bronze.
- Idade dos Metais que vai de 5.000 até aproximadamente Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.)
4.000 a.C. quando surgiu a escrita. Foi nos pântanos da antiga Suméria que surgiram as primeiras
- O Neolítico cidades conhecidas na região da Mesopotâmia, como Ur, Uruk e
Nipur.
É no Neolítico que o homem domina a agricultura e torna-se Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais.
sedentário. Com o domínio da agricultura, o homem buscou fixar-se Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios Tigre e Eu-
próximo às margens dos rios, onde teria acesso à água potável e a frates. Para conter a força das águas e aproveita-las, construíram
terras mais férteis. Nesse período, a produção de alimentos, que diques, barragens, reservatórios e também canais de irrigação, que
antes era destinada ao consumo imediato, tornou-se muito grande, conduziam as águas para as regiões secas.
o que levou os homens a estocarem alimentos. Consequentemente Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de es-
a população começou a aumentar, pois agora havia alimentos para crita, chamada cuneiforme, que inicialmente, foi criada para regis-
todos. Começaram a surgir as primeiras vilas e, depois, as cidades. trar transações comerciais.
A vida do homem começava a deixar de ser simples para tornar-se A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus e
complexa. Sendo necessária a organização da sociedade que surgia. persas – era uma escrita ideográfica, na qual o objeto representado
Para contabilizar a produção de alimentos, o homem habilmen- expressava uma ideia, dificultando a representação de sentimento,
te desenvolveu a escrita. No início a escrita tinha função contábil, ações ou ideias abstratas, com o tempo, os sinais pictóricos con-
ou seja, servia para contar e controlar a produção dos alimentos. verteram-se em um sistema de sílabas. Os registros eram feitos em
uma placa de argila mole. Utilizava-se para isso um estilete, que
As grandes civilizações tinha uma das pontas em forma de cunha, daí o nome de escrita
As grandes civilizações que surgiram no período conhecido cuneiforme.
como Antiguidade foram as grandes precursoras de culturas e patri- Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através das
mônio que hoje conhecemos. inscrições da Rocha de Behistun. Na mesma época, outro tipo de
Estas grandes civilizações surgiram, de um modo geral, por cau- escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito.
sa das tribos nômades que se estabeleceram em um determinado
local onde teriam condições de desenvolver a agricultura. Assim, Os babilônios
surgiram as primeiras aldeias organizadas e as primeiras cidades, Na sociedade suméria havia escravidão, porém o número de
dando início às grandes civilizações. escravos era pequeno. Grupos de nômades, vindos do deserto da
Estas civilizações surgiram por volta do quarto milênio a.C. com Síria, conhecidos como Acadianos, dominaram as cidades-estados
a característica principal de terem se desenvolvido às margens de da Suméria por volta de 2300 a.C.
rios importantes, como o rio Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo e do Os povos da Suméria destacaram-se também nos trabalhos em
Huang He ou rio Amarelo. metal, na lapidação de pedras preciosas e na escultura. A constru-
A Mesopotâmia é considerada o berço da civilização. Esta re- ção característica desse povo é a zigurate, depois copiada pelos po-
gião foi habitada por povos como os Acádios, Babilônios, Assírios e vos que se sucederam na região. Era uma torre em forma de pirâmi-
Caldeus. Entre as grandes civilizações da Antiguidade, podemos ci- de, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno
tar ainda os fenícios, sumérios, os chineses, os gregos, os romanos, templo.
os egípcios, entre outros.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Os Sumérios eram politeístas e faziam do culto aos deuses uma O exército era comandado por um rei, que também tinha as
das principais atividades a desempenhar na vida. Quando interrom- funções de juiz supremo e sacerdote. Na sociedade hitita, as rai-
piam as orações deixavam estatuetas de pedra diante dos altares nhas dispunham de relativo poder.
para rezarem em seu nome. No aspecto cultural podemos destacar a escrita hitita, basea-
Dentro dos templos havia oficinas para artesãos, cujos produ- da em representações pictográficas (desenhos). Além desta escrita
tos contribuíram para a prosperidade da Suméria. hieroglífica, os hititas também possuíam um tipo de escrita cunei-
Os sumérios merecem destaque também por terem sido os pri- forme.
meiros a construir veículos com rodas. As cidades sumérias eram Assim como vários povos da antiguidade, os hititas seguiam o
autônomas, ou seja, cada qual possuía um governo independente. politeísmo (acreditavam em várias divindades). Os deuses hititas
Apenas por volta de 2330 a.C., essas cidades foram unificadas. estavam relacionados aos diversos aspectos da natureza (vento,
O processo de unificação ocorreu sob comando do rei Sargão I, água, chuva, terra, etc).
da cidade de Acad. Surgia assim o primeiro império da região. Em torno de 1200 a.C., os hititas foram dominados pelos as-
O império construído pelos acades não durou muito tempo. sírios, que, contando com exércitos permanentes, tinham grande
Pouco mais de cem anos depois, foi destruído por povos inimigos. poderio militar.
A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C.
Os babilônios (1900 a. C – 1600 a.C.)
Os babilônios estabeleceram-se ao norte da região ocupada Os assírios (1200 a. C – 612 a.C.)
pelos sumérios e, aos poucos, foram conquistando diversas cidades Os assírios habitavam a região ao norte da babilônia e por volta
da região mesopotâmica. Nesse processo, destacou-se o rei Hamu- de 729 a.C. já haviam conquistado toda a Mesopotâmia. Sua capital,
rabi, que, por volta de 1750 a.C., havia conquistado toda a Meso- nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje pertence
potâmia, formando um império com capital na cidade de Babilônia. ao Iraque.
Hamurabi impôs a todos os povos dominados uma mesma ad- Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de
ministração. Ficou famosa a sua legislação, baseada no princípio uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das principais
de talião (olho por olho, dente por dente, braço por braço, etc.) O formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Eram ex-
Código de Hamurabi, como ficou conhecido, é um dos mais antigos tremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam, im-
conjuntos de leis escritas da história. Hamurabi desenvolveu esse punham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de
conjunto de leis para poder organizar e controlar a sociedade. De manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com es-
tas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares
acordo com o Código, todo criminoso deveria ser punido de uma
nas regiões que conquistavam.
forma proporcional ao delito cometido.
Empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí começa-
Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calen-
ram a alargar as fronteiras do seu Império até atingirem o Egito, no
dário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as cheias do norte da África. O Império Assírio conheceu seu período de maior
rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvol- glória e prosperidade durante o reinado de Assurbanipal.
vimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e com Assurbanipal foi o último grande rei dos assírios. Durante o
grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso seu reinado (668 - 627 a.C.), a Assíria se tornou a primeira potência
relógio de sol. mundial. Seu império incluía a Babilônia, a Pérsia, a Síria e o Egito.
Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhe- Ainda no reinado de Assurbanipal, os babilônios se libertaram
cido por sua administração foi Nabucodonosor, responsável pela (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte de Assurbanipal, a
construção dos Jardins suspensos da Babilônia, que fez para satisfa- decadência do Império Assírio se acentuou, e o poderio da Assíria
zer sua esposa, e a Torre de Babel. Sob seu comando, os babilônios desmoronou. Uma década mais tarde o império caía em mãos de
chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém. babilônios e persas.
Após a morte de Hamurabi, o império Babilônico foi invadido e O estranho paradoxo da cultura assíria foi o crescimento da ci-
ocupado por povos vindos do norte e do leste. ência e da matemática. Este fato pode em parte explicado pela ob-
sessão assíria com a guerra e invasões. Entre as grandes invenções
Hititas e assírios matemáticas dos assírios está a divisão do círculo em 360 graus,
tendo sido eles dentre os primeiros a inventar latitude e longitude
Os hititas (1600 a. C – 1200 a.C.) para navegação geográfica. Eles também desenvolveram uma so-
Os Hititas foram um povo indo-europeu, que no 2º milênio a.C. fisticada ciência médica, que muito influenciou outras regiões, tão
fundaram um poderoso império na Anatólia Central (atual Turquia), distantes como a Grécia.
região próxima da Mesopotâmia. A partir daí, estenderam seus do-
mínios até a Síria e chegaram a conquistar a Babilônia. Sociedade Mesopotâmica
Provavelmente, a localização de sua capital, Hatusa, no centro
da Ásia Menor, contribuiu para o controle das fronteiras do Império Os caldeus (612 a. C – 539 a.C.)
Hitita. A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principal-
mente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o ter-
Essa sociedade legou-nos os mais antigos textos escritos em
mo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. A região
língua indo-europeia. Essa língua deu origem à maior parte dos
da Caldeia é uma vasta planície formada por depósitos do Eufrates
idiomas falados na Europa. Os textos tratavam de história, política,
e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250 quilômetros ao longo do
legislação literatura e religião e foram gravados em sinais cuneifor-
curso de ambos os rios, e cerca de 60 quilômetros em largura.
mes sobre tábuas de argila.
Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham emigrado
Os Hititas utilizavam o ferro e o cavalo, o que era uma novida- da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e se tornou parte do
de na região. O cavalo deu maior velocidade aos carros de guerra, Império da Babilônia. Esse império ficou conhecido como Neobabi-
construídos não mais com rodas cheias, como as dos sumérios, mas lônico ou Segundo Império Babilôncio. Seu mais importante sobe-
rodas com raios, mais leves e de fácil manejo. rano foi Nabucodonosor.

2
CONHECIMENTOS GERAIS
Em 587 a.C., Nabucodonosor conquistou Jerusalém. Além de Cada divindade era uma força da natureza como o vento, a
estender seus domínios, foram feitos muitos escravos entre os habi- água, a terra, o sol, etc, e do dono da sua cidade. Marduk, deus de
tantes de Jesuralém. Seguiu-se então um período de prosperidade Babilônia, o cabeça de todos, tornou-se deus do Império, durante o
material, quando foram construídos grandes edifícios com tijolos reinado de Hamurabi. Foi substituído por Assur, durante o domínio
coloridos. dos assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor.
Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, apoderou-se de Babilônia e Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os deuses
transformou-a em mais uma província de seu gigantesco império. a defender-se contra os demônios, contra as divindades perversas,
contra as enfermidades, contra a morte. Os homens procuravam
A organização social dos mesopotâmios conhecer a vontade dos deuses manifestada em sonhos, eclipses,
Sumérios, babilônios, hititas, assírios, caldeus. Entre os inú- movimento dos astros. Essas observações feitas pelos sacerdotes
meros povos que habitaram a Mesopotâmia existiam diferenças deram origem à astrologia.
profundas. Os assírios, por exemplo, eram guerreiros. Os sumérios
dedicavam-se mais à agricultura. Política e economia
Apesar dessas diferenças, é possível estabelecer pontos co- A organização política da Mesopotâmia tinha um soberano
muns entre eles. No que se refere à organização social, à religião e divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes, que adminis-
à economia. Vamos agora conhecê-las: travam a distribuição de terras, o sistema de irrigação e as obras
hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um templo, que
A sociedade funcionava como um verdadeiro banco, emprestando sementes,
As classes sociais - A sociedade estava dividida em classes: no- distribuído um documento semelhante ao cheque bancário moder-
bres, sacerdotes versados em ciências e respeitados, comerciantes, no e cobrando juros sobre as sementes emprestadas.
pequenos proprietários e escravos. Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção pre-
A organização social variou muito pelos séculos, mas de modo dominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva das
geral podemos falar: terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos só usu-
Dominantes: governantes, sacerdotes, militares e comercian- fruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-
tes. -se que quase todos os meios de produção estavam sobre o contro-
Dominados: camponeses, pequenos artesãos e escravos (nor- le do déspota, personificações do Estado, e dos templos. O templo
malmente presos de guerra). era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo
Dominantes detinham o poder de quatro formas básicas de com as necessidades, alem de proprietário de boa parte das terras:
manifestação desse poder: riqueza, política, militar e saber. Posição é o que se denomina cidade-templo.
mais elevada era do rei que detinha poderes políticos, religiosos e Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras,
militares. Ele não era considerado um deus, mas sim representante que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos campone-
dos deuses. ses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao tem-
Os dominados consumiam diretamente o que produziam e plo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra.
eram obrigados a entregar excedentes para os dominantes Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou
arrendatários.
A vida cotidiana na mesopotâmia Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número de es-
Escravos e pessoas de condições mais humildes levavam o mes- cravos era relativamente pequeno.
mo tipo de vida. A alimentação era muito simples: pão de cevada,
um punhado de tâmaras e um pouco de cerveja leve. Isso era a A agricultura
base do cardápio diário. Às vezes comiam legumes, lentilha, feijão e A agricultura era base da economia neste período. A economia
pepino ou, ainda, algum peixe pescado nos rios ou canais. A carne
da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C. base-
era um alimento raro.
ava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho,
Na habitação, a mesma simplicidade. Às vezes a casa era um
gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e ilu-
simples cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era pla-
minação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de
no e feito com troncos de palmeiras e argila comprimida. Esse tipo
trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O
de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a água nas chuvas
bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C.,
mais torrenciais, mas em tempos normais era usado como terraço.
porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto já
As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lam-
no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado
piões de óleo de gergelim. Os insetos eram abundantes nas mora-
semeador, a grade e carros de roda;
dias.
Os ricos se alimentavam melhor e moravam em casas mais
confortáveis que os pobres. Mesmo assim, quando as epidemias se A criação de animais
abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a mesma em todas as A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastan-
camadas sociais. te desenvolvida.

A religião O comércio
Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do
diversas divindades, e acreditavam que elas eram capazes de fazer palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A
tanto o bem quanto o mal, não acreditavam em recompensas após situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os
a morte, acreditavam em crença em gênios, demônios, heróis, adi- empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam ven-
vinhações e magia. Seus deuses eram numerosos com qualidades der seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano,
e defeitos, sentimentos e paixões, imortais, despóticos e sanguiná- o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de
rios. linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.

3
CONHECIMENTOS GERAIS
As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando tensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e escribas
um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha ne-
pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem nhuma relação com o objeto representado.
jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um As convenções eram conhecidas por eles, os encarregados da
comércio muito intenso deu origem a uma organização economia linguagem culta, e procuravam representar os sons da fala huma-
sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, correta- na, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita
gem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizado
de crédito. nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos.
O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopo- Quem decifrou a escrita cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A chave
tâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças dessa façanha ele obteve nas inscrições da Rocha de Behistun, na
significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da for- qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros de
ma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia. comprimento por 7 de Altura.
A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e Rawlinson
As ciências a astronomia identificou três tipos diferentes de escrita (antigo persa, elamita
Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os e acádio - também chamado de assírio ou babilônico). O alemão
conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent também se
ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos destacaram nos estudos da escrita sumeriana.
serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças
entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e A Literatura era pobre
solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as se- Destacam-se apenas o Mito da Criação e a Epopeia de Guilga-
manas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta mesh - aventura de amor e coragem desse herói semi-deus, cujo
minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da as- objetivo era conhecer o segredo da imortalidade.
tronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à as-
tronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos O Direito
europeus. O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro código de
leis que se tinha notícia, não é original. É uma compilação de leis
A matemática sumerianas mescladas com tradições semitas. Ele apresenta uma
Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de penas
do dia a dia levaram a um certo desenvolvimento da matemática. para uma vasta gama de crimes.
Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexage- Contém 282 leis, abrangendo praticamente todos os aspectos
simal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados das da vida babilônica, passando pelo comércio, propriedade, herança,
|multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz cúbica e equa- direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações e escravi-
ções do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem dão. Suas principais características são: Pena ou Lei de Talião, isto
seguidos nessas operações, através da multiplicação dos exemplos. é, “olho por olho, dente por dente” (o castigo do criminoso deveria
Jamais divulgaram as formulas dessas operações, o que tornaria as ser exatamente proporcional ao crime por ele cometido), desigual-
repetições dos exemplos desnecessárias. Também dividiram o cír- dade perante a lei (as punições variavam de acordo com a posição
culo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas social da vitima e do infrator), divisão da sociedade em classes (os
dos logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento, su- homens livres, os escravos e um grupo intermediário pouco conhe-
perfície e capacidade de peso; cido - os mushkhinum) e igualdade de filiação na distribuição da
herança.
A medicina O Código de Hamurabi reflete a preocupação em disciplinar
Os progressos da medicina foram grandes (catalogação das a vida econômica (controle dos preços, organização dos artesãos,
plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito e a mate- etc.) e garantir o regime de propriedade privada da terra. Os textos
mática, a medicina estava ligada a adivinhação. Contudo, a medici- jurídicos mesopotâmicos invocavam os deuses da justiça, os mes-
na não era confundida com a simples magia. Os médicos da Meso- mos da adivinhação, que decretavam as leis e presidiam os julga-
potâmia, cuja profissão era bastante considerada, não acreditavam mentos.
que todos os males tinham origem sobrenatural, já que utilizavam
medicamentos à base de plantas e faziam tratamentos cirúrgicos. As artes
Geralmente, o medico trabalhava junto com um exorcista, para ex- A mais desenvolvida das artes, porém não era tão notável
pulsar os demônios, e recorria aos adivinhos, para diagnosticar os quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo.
males. Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias dos
existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na região. O
As letras zigurate, torre de vários andares, foi a construção característica das
A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de ga- cidades-estados sumerianas. Nas construções, empregavam argila,
rantir a comunicação e o desenvolvimento da técnica. ladrilhos e tijolos.

A escrita Escultura e a pintura


A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pe- Tanto a escultura quanto a pintura eram fundamentalmente
los sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de conta- decorativas. A escultura era pobre, representada pelo baixo relevo.
bilização dos templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objeto Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original. Os relevos
representado expressava uma ideia. Os sumérios - e, mais tarde os do palácio de Assurbanipal são obras de artistas excepcionais. A
babilônicos e os assírios, que falavam acadiano - fizeram uso ex- pintura mural existia em função da arquitetura.

4
CONHECIMENTOS GERAIS
A música e a dança pescadores, comerciantes, guerreiros, etc.). As diferentes funções
A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilôni- criaram diferenças sociais, uns tinham mais recursos do que os ou-
cos, estava ligada à religião. tros.
Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor Esta divisão do trabalho ocasionou a necessidade de criarem-
dos deuses, com acompanhamento de música. Esses hinos começa- -se leis. Estas leis serviam para controlar e justificar as diferenças
vam muitas vezes, pelas expressões: “ Glória, louvor tal deus; quero sociais que passaram a existir. Para garantir o cumprimento das leis,
cantar os louvores de tal deus”, seguindo a enumeração de suas os homens organizaram-se em cidades-Estado, a liderança era exer-
qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel. cida, em geral, por um ancião ou por um chefe guerreiro.
Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: Com o tempo, as cidades-Estados iniciaram um processo de
“aí de nós”, exclamavam eles, relembrando os sofrimentos de tal ou unificação, seja por motivo de guerras ou de alianças políticas. Sur-
qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam sobre a cida- giam assim, os primeiros reis e reinos. Como por exemplo, os reis na
de. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa Mesopotâmia e os faraós no Egito.
recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto interromper-se e
as onomatopeias “ua”, “ui”, “ua”, sucederem-se em toda uma linha. A FORMAÇÃO DO EGITO E DA MESOPOTÂMIA
A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la se- No Egito e na Mesopotâmia, surgiram as primeiras grandes
não quando todos, em coro tivessem gemido bastante. civilizações da humanidade. A base econômica destas civilizações
A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimô- estava na agricultura, ou seja, estava na produção de alimentos.
nias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo No texto “O Homem na História: A Pré-História” vimos que a
assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de partir do momento em que os seres humanos passaram a produzir
Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante mais alimentos do que a sua necessidade de consumo, teve que
do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do corte- estocar estes alimentos. Com o tempo, passando a comercializar
jo batem palmas à oriental para compassar a marcha. estes produtos excedentes com outras regiões. Deste comércio sur-
O canto também tinha ligações com a magia. Há cantos a favor giu uma nova classe de trabalhadores, a classe dos comerciantes.
ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, de guerra, Mas o comércio não se organizou da mesma forma nas civili-
cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, en- zações antigas. Em algumas, como no antigo Egito, o comércio de
tre os viajantes, o estado de transe. grandes distâncias por mar era dirigido pelo poder político, quer
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apoia em magia so- dizer, pelo faraó e seus funcionários. Sob sua direção foram criadas
bre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há filiais do comércio egípcio em regiões distantes.
danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor etc. Em outros lugares, como na Mesopotâmia, durante largos
períodos de sua história, o comércio esteve nas mãos de pessoas
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da
particulares e não dos reis. Isso permitiu a criação de um grupo de
Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Te-
mercadores muito importantes, que adquiriam muitas riquezas.
pe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos
Entre os principais produtos comercializados estavam:
arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, ca-
- Mesopotâmia: Trigo, cevada, linho e azeite de sésamo (gerge-
belos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-
lim). Metais como ferro, cobre, estanho e bronze (uma liga de cobre
-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).
e estanho). Pedras: lápis lazúli (pedra azula).
O legado dos povos mesopotâmicos
Herdamos dos povos mesopotâmicos vários elementos de nos- - Egito Antigo: Trigo, centeio, cevada, vinho, linho e papiro (os
sa cultura. Vejamos alguns: dois últimos se produziam tecidos, papiros, sandálias, etc.).
-o ano de 12 meses e a semana de 7 dias; - Metais: ouro, ferro, cobre e turquesa. Pedras: lápis lazúli.
-a divisão do dia em 24 horas;
-a crença nos horóscopos e os doze signos do zodíaco; A MESOPOTÂMIA
-a previsão dos eclipses. Os primeiros a se estabelecerem na região da Mesopotâmia fo-
-o hábito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua; ram os Sumérios (aproximadamente no ano 4000 a.C.). Foram eles
-a circunferência de 360 graus; os inventores da escrita. Desenvolveram a escrita cuneiforme (na
-o processo aritmético das operações matemáticas; multiplica- forma de cunhas). Além da escrita, acredita-se que foram os inven-
ção, divisão, soma e subtração além de raiz quadrada e cúbica. tores da roda. As principais cidades sumérias foram: Ur, Lagash e
Uruk.
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/p7.php Por volta do ano 2.000 a.C., os Acádios conquistaram a Sumé-
ria. Os Acádios fundaram o primeiro império da região. Seu princi-
Mapa da Mesopotâmia pal imperador foi Sargão I.
Tradicionalmente se associa o início da História com a invenção O Império acadiano durou pouco tempo, sendo conquistado
da escrita, que ocorreu aproximadamente em 3.500 a.C. na região pelos Babilônios. Hamurábi, rei da Babilônia, unificou as cidades
da Mesopotâmia. Os registros escritos mais antigos que se conhe- da região e construiu um grande reino. Foi o autor do Código de
cem foram descobertos na Mesopotâmia. Trata-se de tabletes de Hamurábi, o mais antigo código de leis conhecido. Hoje, este có-
argila com inscrições cuneiformes, ou seja, inscrições em forma de digo encontra-se no Museu do Louvre em Paris. Com a morte do
cunha. rei Hamurábi, o reino foi dividido por seus sucessores, esta divisão
As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia e no Egito, enfraqueceu o império que caiu de vez no ano 1.200 a.C. com a
onde o homem passa a organizar-se em sociedades. Nas cidades invasão dos Assírios.
surge o comércio, no início o comércio era feito somente com os ex- Os Assírios, que vinham do norte, possuíam um poderoso e
cedentes da produção, mas com o tempo passou-se a plantar visan- sanguinário exército que conquistou uma a uma as cidades da re-
do o comércio. Nas cidades os homens passaram a ser classificados gião. Os Assírios estenderam seu império até a Palestina, dominan-
de acordo com suas funções (sacerdotes, agricultores, professores, do o Reino de Israel.

5
CONHECIMENTOS GERAIS
Por volta de 620 a.C., os habitantes da Caldéia, região localiza- A base religiosa estava no politeísmo, isto é, na crença em vá-
da no sul da Mesopotâmia, expulsaram os Assírios de volta para o rios deuses. Os mais populares eram Rá, Osíris, Ísis, Hórus, Seth e
norte. Os caldeus fundaram um novo império, o Império Babilônico. Amon. Estes deuses eram apresentados em histórias mitológicas
Estabeleceram sua capital na cidade da Babilônia. Seu maior rei foi cheias de simbolismos e referências a sociedade da região.
Nabucodonosor, conhecido pela História bíblica de Daniel. Outra característica importante desta mitologia estava na apa-
Nabucodonosor foi o construtor dos famosos Jardins Suspen- rência dos deuses. Eles eram representados de forma antropozoo-
sos da Babilônia, uma das 7 maravilhas do mundo antigo. Além des- mórfica, isto é, misturavam a aparência humana com a de animais.
se jardim também construiu palácios, templos, as muralhas da cida- Normalmente tinham corpo humano e cabeça de animal.
de e o Portal de Ishtar - hoje este portal está num museu alemão. O Quanto a hierarquia das divindades, ela mudava de acordo com
Império da Babilônia estendeu-se por quase todo o Oriente Médio a dinastia no poder. Por esse motivo, encontramos templos dedica-
e somente foi destruído por Ciro, o rei dos persas, no ano 550 a.C. dos a diferentes divindades dependendo da época e de que faraó
O domínio Persa colocou fim aos impérios da Mesopotâmia. estava no governo. Por exemplo, na época da unificação do Egito,
A partir deste momento os povos da Mesopotâmia foram sempre o deus Hórus passou a ter a preferência, já que o faraó Menés cul-
dominados por outras nações. A organização social mesopotâmica tuava este deus. Por outro lado, durante o Império Novo, o faraó
Considerando as diferenças que existiam em cada um dos po- Akhenaton instituiu a adoração ao deus Áton, mas após sua morte
vos que habitou a Mesopotâmia, podemos dizer que, de um modo a adoração a Amon voltou a ser a preferida.
geral, a sociedade mesopotâmica estava dividida em dois grupos Contudo, o mais importante da religião egípcia é que o faraó
principais, aquelas formadas pelas classes privilegiadas e as forma- também era um deus e, como tal, deveria ser adorado. Esse fator da
religião egípcia tornava-a o principal instrumento de manutenção
das por classes exploradas.
da sociedade tal e qual ela era. Pois, a divinização do faraó tornava
Das classes privilegiadas faziam parte os nobres, os sacerdotes
o seu poder político legítimo e inquestionável. E tornava a classe
(responsáveis pelo culto e pelas festividades) e os militares. Tam-
sacerdotal em importantes intermediários entre a sociedade e o
bém fazia parte deste grupo os grandes comerciantes que desfruta-
desejo dos deuses.
vam de relativo prestígio dentro da sociedade.
Já as classes exploradas eram formadas por camponeses, arte-
A HISTÓRIA EGÍPCIA
sões e escravos, que eram explorados pelas massas privilegiadas.
Como vimos na introdução, a história egípcia cobre um longo
Claro que existiam grandes diferenças entre eles, especialmente
período de tempo. Por isso, são várias as fontes de informação so-
entre os livres e os escravos, contudo, legalmente camponeses e
bre a história da região. Pois, cada período histórico egípcio nos dei-
artesões não possuíam direitos, apenas deveres.
xou diferentes fontes arqueológicas sobre ele.
Acima de toda esta organização está o rei. Ele ocupava o topo
Dos períodos pré-dinástico e dinástico existe uma série de ar-
da organização social. O monarca era considerado o representante
tefatos como estátuas, vasos e ornamentos como joias e amuletos.
dos deuses na Terra.
As matérias-primas de tais artefatos eram ossos, lápis-lazúli, ouro,
marfim, terracota, conchas, sílex e cerâmicas. Também existem ruí-
O EGITO ANTIGO nas de cemitérios na região Delta do Nilo.
O Egito Antigo é, sem sombra de dúvidas, a civilização da an-
Já no Império Antigo encontramos importantes ruínas de cons-
tiguidade que mais desperta o interesse do público em geral. E os
truções preservadas, tais como templos e palácios. Mas, sem dúvi-
motivos para isso são muitos. Afinal, os artefatos arqueológicos, os
da o destaque são as três grandes pirâmides de Quéops, Quéfren e
templos, as múmias, as pirâmides e as ruínas de construções mile-
Miquerinos e a Esfinge de Gizé. Também são encontradas estátuas
nares nos mostram uma cultura incrível e única. Nenhuma outra
de faraós, de nobres e de escribas. Em muitos templos e palácios
sociedade da antiguidade possui, hoje, tantas referências como a
existem inscrições em hieróglifos narrando a vida de faraós e de
egípcia.
deuses.
Sua fascinante história de quase três milênios inicia por volta
do ano 3100 a.C., quando o Egito ainda estava dividido em dois rei-
No período denominado de Império Médio existem evidências
nos distintos, já o seu término ocorre com a conquista macedônica
de que a capital egípcia tenha passado para cidade de Itjtawy, na
em 332 a.C., quando as tropas lideras por Alexandre Magno subju-
região de Fayum, próximo ao Delta. Nas ruínas da cidade existe um
garam o Egito.
importante sítio arqueológico que, entre outras coisas, revela que
a cidade dispunha de um ótimo sistema de irrigação. Os amuletos
Geografia
e estátuas demonstram um grande avanço artístico. A literatura é
O Egito Antigo surgiu e se desenvolveu ao redor do rio Nilo,
outra que se manteve preservada em templos, tumbas e palácios.
uma região muito fértil, mas rodeada de desertos. Por isso, o grego Também existem ruínas de pirâmides.
Heródoto afirmou que “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Mas os de-
Entre o Médio e o Novo Império existem evidências de que um
sertos não eram de todo mal, pois formam uma proteção natural
povo de origem semita, os hicsos, tenha dominaram a região do
repelindo possíveis invasões estrangeiras.
Delta do Nilo. Deste período foram encontrados ossos de cavalos,
No norte, próximo ao Mar Mediterrâneo, ficava do Delta do
não existiam em fases anteriores, e instrumentos musicais diferen-
Nilo, a mais fértil das regiões egípcias. No Delta havia muitos ani-
tes daqueles localizados em outras épocas.
mais como hipopótamos, aves e jacarés. A fauna e a flora local eram
No Império Novo encontramos ferramentas e armas feitas em
as mais ricas do Egito. Já no sul ficava a Núbia, um reino rival. Ao
bronze e ferro, o que mostra que este foi um período de transição
leste ficava o Mar Vermelho e ao Oeste existiam somente desertos.
entre a Idade do Bronze e a do Ferro. É um período de construções
de grande escala com destaque para o Templo de Karnak, o Palácio
A RELIGIÃO EGÍPCIA de Malaqata, as colossais estátuas de Ramsés II e o Templo de Lu-
A religião fazia parte da vida cotidiana de todos no Egito Antigo.
xor. Também foi construída a cidade de Akhetaten (atual Amarna).
Da arte à política, todos os aspectos da sociedade egípcia estavam
É deste período a incrível tumba do faraó Tutancâmon, a mais bem
impregnados de elementos religiosos.

6
CONHECIMENTOS GERAIS
preservada tumba encontrada até hoje. Cabe destacar que foram Escravidão no Egito e o Êxodo: período em que os hebreus, li-
preservados importantes documentos como os fragmentos do tra- derados pelo profeta Moisés saíram do Egito após dois séculos de
tado de paz entre os egípcios e os hititas e um baixo relevo da Ba- escravidão. É nesta época que os hebreus recém as Tábuas da Lei,
talha de Kadesch. mais conhecido como “Dez Mandamentos”.
Por fim, o Baixo Império marca uma série de domínios estran- Era dos Juízes: período marcado pela conquista de Canãa pelos
geiros sobre o Egito Antigo. Os objetos arqueológicos do período hebreus. Nesta fase os hebreus estavam organizados em tribos fa-
mostram as mudanças e influências que cada povo opressor causou miliares, cada qual liderada por um patriarca. Acima de todos esta-
a cultura egípcia. Seja na arte, na escrita ou na construção de tem- va o juiz, os juízes eram os mediadores entre as tribos e os respon-
plos e palácios os povos que dominaram o Egito Antigo deixaram sáveis por liderarem os exércitos. Dentre os juízes se destacou uma
suas marcas nesta cultura. Existem evidências de batalhas entre o mulher chamada Débora. Outros importantes juízes foram Josué,
Egito e os exércitos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, em 586 a.C. Gideão e Sansão.
Por fim, em 332 a.C., Alexandre Magno invadiu a região dando início Reinado: Por volta do ano mil a.C. Saul foi coroado como o pri-
ao período Ptolomaico. Este feito coloca fim a autonomia do Egito meiro rei de Israel. Saul foi o responsável por reunir todas as tribos
Antigo enquanto reino. debaixo de uma só autoridade política. Mas somente com Davi, o
segundo rei, é que Israel experimenta um crescimento econômico
Característica da sociedade egípcia e territorial. Sob a liderança de Davi, os hebreus conquistam prati-
Apesar das diferenças que dependiam da dinastia que ocupava camente toda a região de Canaã. Os exércitos hebreus vencem Fi-
o poder, de um modo geral a sociedade egípcia estava organizada
listeus, Amonitas, Moabitas e Midianitas. O terceiro rei, Salomão,
debaixo da autoridade do faraó. Ele era considerado como uma di-
constrói o Templo de Jerusalém e conhece um período de grande
vindade. Devia ser obedecido por sua autoridade política e adorado
prosperidade e paz.
por ser um deus.
Cisma: Apesar da prosperidade do reinado de Salomão, após
Logo abaixo do monarca estavam os sacerdotes. Estes eram
sua morte o reino é dividido. No Norte foi formado o Reino de Is-
responsáveis pelas atividades religiosas e pelas festividades. Ti-
rael, cuja capital ficava na cidade de Samaria. Já o reino do Sul, foi
nham um grande prestígio dentro da sociedade.
Depois vinham os nobres e os líderes militares. Estes desfru- fundado o Reino de Judá. Apesar do reino do Sul afirmar serem os
tavam de muitos privilégios e ocupavam os cargos de chefia. Deste herdeiros do reino unido, a verdade é que os dois reinos tinham
grupo também faziam parte os escribas, os responsáveis pela escri- políticas muito parecidas.
ta. Os escribas registravam as vidas dos faraós e a história do Egito. Cativeiro Babilônico: Em 720 a.C. o Reino de Israel é conquis-
Outra classe que desfrutava de algum prestígio eram os comercian- tado pela Assíria. A partir deste momento os hebreus nortistas
tes e mercadores. Através deles o comércio interno e externo acon- praticamente desaparecem da história. Apesar de não se curvarem
tecia. perante os assírios, o Reino de Judá acabou capitulando frente ao
Sem privilégios ou prestígio vinham os soldados, os campo- exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia em 595 a.C. Com isso,
neses e os artesãos. Representavam a grande maioria das pessoas os judeus (hebreus de Judá) são levados cativos para a Babilônia.
livres, mas não possuíam direitos. Por fim, vinham os escravos. Ge- Reconstrução: Período que inicia quando Ciro, rei da Pérsia,
ralmente formado por cativos capturados nas guerras. conquista a Babilônia. O monarca persa concede autorização para
que os judeus retornarem à Jerusalém para a reconstrução da cida-
OS HEBREUS de e do reino. Liderados por Esdras e Neemias, os hebreus retor-
De todos os povos da antiguidade os hebreus talvez sejam os nam para Canaã.
que mais influência cultural e religiosa nós sejamos herdeiros. Pois Domínios Estrangeiros: Período marcado pelo controle estran-
as raízes da cultura judaico-cristã, da qual fazemos parte, estão inti- geiro sobre Israel. Primeiro ocorreu o domínio do Império Mace-
mamente ligadas às origens deste povo. dônico, depois foram os Selêucidas (vencidos pelos hebreus, que
Podemos considerar que a História dos Hebreus inicia com a foram liderados pelos irmãos e por fim o domínio romano. E foi
formação da tribo liderada pelo patriarca Abraão, por volta do ano exatamente no período de domínio romano que os hebreus foram
2000 a.C, e o seu encerramento com a Diáspora judaica no ano 70 expulsos de Canãa no ano 70 d.C., no evento que ficou conhecido
d.C. Este último ocorreu quando o Império Romano expulsou os he- como Diáspora. A partir daí os judeus foram espalhados por todas
breus de Israel. as regiões do Império Romano e o Templo de Jerusalém foi destru-
Fontes ído.
A principal fonte de informações sobre a História dos Hebreus Escravidão no Egito e o Êxodo: período em que os hebreus,
é, sem dúvida, o Antigo Testamento bíblico. Especialmente as co-
liderados pelo profeta Moisés saíram do Egito após dois séculos de
leções de livros denominados de Pentateuco (também conhecidos
escravidão. É nesta época que os hebreus recém as Tábuas da Lei,
como Torá) e os denominados livros históricos.
mais conhecido como “Dez Mandamentos”.
O Pentateuco é uma coleção de cinco livros: Gênesis, Êxodos,
Levítico, Números e Deuteronômio. Livros que segundo a tradição Era dos Juízes: período marcado pela conquista de Canãa pelos
foram escritos pelo profeta Moisés. hebreus. Nesta fase os hebreus estavam organizados em tribos fa-
Já os livros históricos são Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Crôni- miliares, cada qual liderada por um patriarca. Acima de todos esta-
cas, I e II Reis, Esdras e Neemias. Livros que possuem uma variedade va o juiz, os juízes eram os mediadores entre as tribos e os respon-
de autores, sendo que na maioria a autoria é desconhecida. sáveis por liderarem os exércitos. Dentre os juízes se destacou uma
mulher chamada Débora. Outros importantes juízes foram Josué,
História Gideão e Sansão.
Período dos Patriarcas: nesta época os hebreus eram tribos nô- Reinado: Por volta do ano mil a.C. Saul foi coroado como o pri-
mades lideradas por um patriarca. Neste período os hebreus habi- meiro rei de Israel. Saul foi o responsável por reunir todas as tribos
tavam a região de Canãa conjuntamente com outros povos. Dentre debaixo de uma só autoridade política. Mas somente com Davi, o
todos os patriarcas do período destacaram-se Abraão, Isaque, Jacó segundo rei, é que Israel experimenta um crescimento econômico
(também conhecido como Israel) e José. e territorial. Sob a liderança de Davi, os hebreus conquistam prati-

7
CONHECIMENTOS GERAIS
camente toda a região de Canaã. Os exércitos hebreus vencem Fi- Contudo, a vitória sobre os persas não representou a paz da
listeus, Amonitas, Moabitas e Midianitas. O terceiro rei, Salomão, região, ao contrário, a rivalidade entre atenienses e espartanos se
constrói o Templo de Jerusalém e conhece um período de grande tornou ainda maior. As disputas entre as duas polis chegou ao ápice
prosperidade e paz. com a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.). Nesta guerra, Esparta
Domínios Estrangeiros: Período marcado pelo controle estran- e Atenas, e suas respectivas ligas, enfrentaram-se em uma batalha
geiro sobre Israel. Primeiro ocorreu o domínio do Império Mace- terrível. A vitória dos espartanos causou perdas severas para as
dônico, depois foram os Selêucidas (vencidos pelos hebreus, que duas cidades.
foram liderados pelos irmãos e por fim o domínio romano. E foi Atenas, derrotada, nunca mais seria a mesma e Esparta não
exatamente no período de domínio romano que os hebreus foram teria fôlego suficiente para liderar a Grécia sozinha.
expulsos de Canãa no ano 70 d.C., no evento que ficou conhecido Aproveitando-se do vácuo no poder grego, os exércitos mace-
como Diáspora. A partir daí os judeus foram espalhados por todas dônicos, do rei Felipe II, invadiram a região. O Reino da Macedônia,
as regiões do Império Romano e o Templo de Jerusalém foi destru- um reino grego localizado no norte da região, tornou-se a nova po-
ído. tência da época. Nos anos que se seguiriam, o rei Alexandre, filho
de Felipe, venceria definitivamente os persas, em 331 a.C., incor-
GRÉCIA ANTIGA porando seus territórios à Grécia. Seria ele, Alexandre o grande, o
Ao estudarmos a história grega, precisamos entender que a responsável por fundir a cultura e a civilização grega com a oriental
Grécia Antiga não era formada por um Estado único e centralizado. (do Império Persa), desta união resultaria a Civilização Helênica, da
Na verdade, a região era habitada por várias tribos independentes, qual a Civilização Ocidental atual é herdeira.
que muitas vezes rivalizavam entre si.
Destas tribos se destacaram os aqueus (que fundaram o Reino A MONARQUIA ROMANA
de Minos), os eólios (Macedônia), os dórios (Esparta) e os jônios Roma nasceu da fusão de um grupo de aldeias Latinas e Sabi-
(Atenas). Portanto, os gregos não eram um único povo, mas a mistu- nas existentes nas colinas desta região. Os etruscos, povo que inva-
ra de várias tribos de origem indo-europeia que chegaram à região diu a região em 625 a.C., transformaram a federação destas aldeias
em épocas diferentes. em uma cidade, impondo-lhes um governo monárquico, ou seja,
Na região onde se instalou, cada uma das tribos fundou uma com um rei e uma nobreza.
importante cidade-Estado, das quais se destacaram Esparta e Ate- Na base da cidade, as Gentes, grandes famílias, cujos mem-
nas. bros, denominados de patrícios se diziam descendentes de um an-
Para melhor entendermos a estrutura política e administrativa tepassado comum. Os patrícios formavam a aristocracia, sendo os
das diferentes cidades-Estados gregas, precisamos compreender o proprietários das terras e os únicos com acesso às honras públicas
conceito de polis. Segundo a pesquisadora Marilena Chauí, as polis e ao sacerdócio (cargos religiosos). Já a massa popular, chamada de
eram cidades-Estados, entendidas como comunidades organizadas, plebe, não tinha, no princípio, nenhum direito político ou judiciário.
independentes e autossuficientes. Sendo Esparta e Atenas as prin- O rei governava absoluto, sendo assistido pelo senado e pelo conse-
cipais polis gregas da antiguidade. lho de anciões, composto pelos chefes das Gentes, todos patrícios.
As polis gregas eram independentes e tinham, cada uma, um O povo era dividido em três tribos e dez cúrias e reuniam-se
sistema administrativo próprio. Se a democracia nasceu em Atenas, nas assembleias dos comícios curiais. Cada tribo contribuía para a
em Esparta ela nunca teve espaço. Se os atenienses cultivavam a defesa do estado com cem cavaleiros e 10 centúrias (unidade básica
filosofia e as artes, os espartanos viviam em uma sociedade milita- do exército romano).
rizada e rigidamente controlada. Alguns historiadores afirmam que o rei Tarquínio, último mo-
No campo político-econômico, as duas cidades viviam da agri- narca etrusco, deixou de privilegiar a aristocracia, estes se pondo
cultura, da pecuária e do comércio de longa distância. Para melho- contra a monarquia, já bastante enfraquecida, formaram a Repú-
rar suas relações comerciais e militares, Esparta fundou a Liga do blica Romana. O poder executivo (poder de executar as Leis) pas-
Peloponeso (nome da região sul da Grécia, onde ficava a cidade). sou do rei para dois magistrados, os pretores, depois chamados de
Longe de ser forjada por acordos pacíficos, a Liga do Peloponeso cônsules.
recrutava seus membros na base da imposição militar. Muitos estudiosos da história romana, entre eles Moses I. Fin-
Para não ficar para trás, Atenas fundou a Liga de Delos (em 476 ley, discordam desta relação de monarcas por vários motivos. Den-
a.C.). Com isso, os atenienses também lideravam uma confedera- tre os motivos podemos citar o fato de Rômulo, possível fundador
ção de cidades-Estados independentes. A liderança na Liga de Delos de Roma e seu primeiro rei, ter sua história baseada em uma série
impulsionou a economia ateniense. A prosperidade da cidade pos- de lendas. Outra questão duvidosa está no fato de se tratarem de
sibilitou a modernização da polis. A riqueza permitiu o surgimento sete reis que governaram dentro de um período de aproximada-
de uma classe ociosa de intelectuais e, com isso, as artes e a filoso- mente 250 anos (os primeiros 7 imperadores governaram por um
fia ganharam grande impulso. O auge da cidade ocorreu durante o período de 100 anos), sendo que Numa Pompílio, o segundo rei,
governo democrático de Péricles (461-431 a.C.). Apesar de garantir tem sobre si somente uma lenda e nenhum fato histórico registra-
grande prosperidade à Atenas, foi também nesta época que a riva- do.
lidade com os espartanos foi acentuada.
Somente a ameaça do Império Persa uniu as duas polis gregas. A REPÚBLICA NA ROMA ANTIGA
As Guerras Medicas (contra o império Medo Persa) obrigaram as Na Roma Antiga, a República foi formada para acabar com o
duas cidades-Estados a deixarem suas divergências de lado para lu- domínio dos etruscos, os últimos três reis de Roma foram etruscos.
tarem unidas contra os exércitos de Dário e Xerxes. A República fortaleceu o senado. Pois a política ficou centrali-
O filme 300 (EUA, 2007), baseado na graphic novel, Os 300 de zada nas mãos dos senadores. Faziam parte do senado somente os
Esparta (1998) de Frank Miller, retrata a história do combate entre patrícios, os únicos com direitos políticos.
a elite do exército espartano, formada por 300 hoplitas liderados Os plebeus, excluídos da vida política, formavam a maior parte
pelo rei Leônidas, e o poderoso exército da Pérsia. A Batalha das dos trabalhadores e do exército romano. Exigiam maior participa-
Termópilas (480 a.C.) se tornou o primeiro capítulo da vitória grega ção política.
que aconteceria anos mais tarde.

8
CONHECIMENTOS GERAIS
Divisão social romana: O IMPÉRIO ROMANO
Patrícios – formavam a aristocracia, eram os donos das terras e Com o fim do regime de triunviratos, Otávio Augusto e Marco
os únicos com direito à cidadania romana. Antônio passam a lutar pelo poder absoluto da república romana.
Plebeus - camadas populares. Acredita-se que eram os antigos Otávio vence no ano de 27 a.C., Marco Antônio suicida-se.
moradores da região. Otávio Augusto muda seu nome para César Augusto, dando
Expansão Romana (400 - 270 a.C.) origem a tradição dos imperadores romanos de adotarem o nome/
• Conquista da Península Itálica; título de César. Otávio funda o Império Romano.
• Guerras Púnicas, contra o Reino de Cartago
• Conquista da Grécia, Egito e Ásia Menor; A Pax Romana (Paz Romana)
A política adotada por César Augusto foi denominada de Pax
Consequências da Expansão Romana Romana. Esta política tinha algumas características, sendo as prin-
• Enfraquecimento da cidade de Roma; cipais:
• Economia deixa de ser agrária passando a ser baseada no co- • Investimentos em infra-estrutura, com isso foram construídas
mércio; estradas, pontes, aquedutos (abastecimento de água na cidade),
• Empobrecimento dos pequenos agricultores; templos, palácios, banhos públicos, anfiteatros, estádios, etc.;
• Aumento do número de escravos; • Conflitos entre plebeus • Embelezamento e organização das regiões conquistadas;
e patrícios; • Ampliação e melhora dos serviços de correio e de limpeza
• Crise no sistema republicano. pública;
• Ampliação ao direito de cidadania. Foi estendido aos povos
Em 133 a.C. os irmãos Tibério e Caio Graco criam uma lei para a conquistados;
Reforma Agrária, mas são assassinados e a lei anulada. • Fim das Guerras de Conquistas.
Em 123 a.C., numa tentativa de amenizar a crise, assumem o
poder os generais Mário e Sila, iniciando uma tradição romana, Contudo, em longo prazo, a Pax Romana causaria uma série de
sempre que há uma crise os militares assumem o poder. problemas de ordem econômica devido aos altos gastos desta po-
Por volta do ano 100 a.C., os senadores, temendo o fim da Re- lítica, assim como a ausência de trabalhadores devido ao término
pública, criam os triunviratos, onde três homens de diferentes se- das conquistas e, com isso, a diminuição do número de escravos.
guimentos sociais governam Roma ao mesmo tempo.
Primeiro Triunvirato: Crasso (patrício) representava as elites ri- Imperadores romanos (27 a.C. – 476 d.C.)
cas de Roma, morreu em seguida, numa batalha no Oriente. • Otávio Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) - governo marcado pela paz,
Pompeu (general) representava o exército. Júlio César (general) ordem e prosperidade romana (foram construídas estradas, aque-
representava o povo, tinha um grande carisma entre as camadas dutos, pontes, templos, palácios, etc.);
mais humildes de Roma. • Tibério (14 - 37) - deu continuidade ao governo de Otávio, foi
César e Pompeu passaram a disputar pela centralização do po- assassinado no ano 37;
der, iniciando uma sangrenta guerra civil em Roma. Júlio César ven- • Nero (54 - 68) - em 64 incendiou a cidade de Roma, mas cul-
ce a disputa com Pompeu, assumindo o poder. Derrotado, Pompeu pou os cristãos. Acredita-se que queria reconstruir a cidade de acor-
foge para o Egito, onde é assassinado pelo faraó Ptolomeu XIV. do com seus caprichos;
Ptolomeu presenteia Júlio César com a cabeça de Pompeu, Cé- • Vespasiano (69 - 79) - construtor do Coliseu;
sar horrorizado por receber a cabeça do adversário numa bandeja, • Constantino (312 - 337) - construiu Bizâncio, deu liberdade de
destitui Ptolomeu do reinado egípcio. No processo de domínio ro- culto aos cristãos. Foi o primeiro imperador cristão.
mano sobre o Egito, Cleópatra torna-se a rainha regente. Em 385, o Império Romano foi dividido em Império Romano do
Ao voltar para Roma, Júlio César inicia um processo de refor- Ocidente (capital em Roma) e Império Romano do Oriente (capital
mas sociais: em Bizâncio, depois Constantinopla - posteriormente ficou conheci-
• combate a corrupção; do por Império Bizantino).
• diminuição de impostos;
• distribuição de trigo ao povo. O Direito Romano
O mais significativo legado romano foi seu sistema jurídico: Có-
Em consequência a política de “Pão e Circo”, César passa a ter digo de Justiniano ou Corpus Juris Civilis (ver ao lado).
o apoio do povo (plebe), mas acaba sendo traído e assassinado em Causas da queda do Império Romano:
pleno senado romano. Os assassinos são senadores patrícios que • Invasões Bárbaras: eslavos, tártaros, godos (visigodos e os-
estavam descontentes com as políticas populares de Júlio César. trogodos), hunos e germânicos (francos, bretões, anglos, saxões,
Segundo Triunvirato: Marco Antônio (general) representante burgúndios, vândalos);
do exército. Tinha grande carisma entre o povo; Otávio Augusto (se-
nador) herdeiro político de Júlio César. • Gigantismo: dificuldade em administrar um Império gigantes-
Alguns historiadores acreditam que era sobrinho de César. Otá- co e com enormes gastos para manter a proteção territorial, assim
vio tinha apoio do senado; Lépido (patrício) representante da elite como a perda de controle sobre parte das regiões conquistadas;
romana, logo foi afastado. • Pax Romana (ou Paz Romana): a construção e os investimen-
Marco Antônio e Otávio passam a disputar pela unificação do tos em infra-estrutura (pontes, estradas, aquedutos, banhos públi-
poder. O novo período de disputas políticas enfraquece o senado e, cos, estádios, anfiteatros, etc.) levou ao aumento dos impostos e a
principalmente, a República Romana. uma grave crise financeira;
Ao vencer Marco Antônio, Otávio Augusto funda o Império Ro- • Falta de escravos: o fim das guerras de conquista levou ao fim
mano, tornando-se o primeiro imperador de Roma. da renovação do número de escravos (a maioria era formada pelos
cativos de guerra);

9
CONHECIMENTOS GERAIS
• Cristianização: expansão do cristianismo no Império, inclusive O Império Bizantino
tornando-se um entrave ao trabalho escravo e às guerras (já que os O Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla,
cristãos não eram simpáticos à escravidão). Outro problema é que fundada por Constantino em 330, inicialmente chamada de Nova
após a oficialização do cristianismo, parte da hierarquia da Igreja Roma, atingiu o máximo esplendor no governo de Justiniano (527-
passou a ser sustentada pelo Estado. 565) e conseguiu atravessar toda a Idade Média, como um dos es-
tados mais poderosos do Mediterrâneo.
Fonte No poder, Justiniano procurou organizar as leis do Império. En-
FABER, M. E. E. Disponível em: www.historialivre.com carregou uma comissão para elaborar o Digestor, uma espécie de
manual de Direito destinado aos principiantes.
A ALTA IDADE MÉDIA Publicado em 533, esse manual reunia as leis redigidas por
Lembre-se que a Idade Média esteve dividida em dois perío- grandes juristas. Foram publicadas também as Institutas, com os
dos: princípios fundamentais do Direito Romano, e no ano seguinte, foi
• Alta idade Média: que se estendeu do século V ao século concluído o código Justiniano.
IX
• Baixa Idade Média: que se estendeu do século X ao século Fim da Alta Idade Média
XV O sistema feudal estava completo nos séculos IX e X, com a
invasão dos árabes no Sul da Europa, dos vikings (normandos) no
Características da Alta Idade Média norte e dos húngaros no leste.
Por volta do século V, o Império Romano do Ocidente enfrenta- A partir do século XI, quando se iniciaram diversas mudanças
va grave crise, a economia havia perdido parte do seu dinamismo e significativas na economia feudal, é que as atividades baseadas no
a atividade econômica começou a girar cada vez mais em torno da comércio e na vida em cidades, pouco a pouco, ganhavam impulso.
vida agrária. Essas mudanças deram início ao período chamado de Baixa Idade
A crise favoreceu a invasão do império por diversos povos, so- Média.
bretudo os de origem germânica, chamados de “povos bárbaros”,
pelos romanos, por serem estrangeiros e não falarem o latim. O Império cristão
Os germanos formaram novos reinos dentro do território ro- O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de
mano. A partir do século IV, se formaram reinos independentes, en- 313 d.C., com o Édito de Milão, assinado durante o império de Cons-
tre eles: os vândalos (no norte da África), ostrogodos (na península tantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente), no mesmo dia em que
Itálica), anglo-saxões (na Britânia – atual Inglaterra), visigodos (na ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã do impera-
península Ibérica) e os francos (na Europa Central – atual França). dor da porção oriental do Império. Com este édito, o Cristianismo
Os francos constituíram o reino mais poderoso da Europa Oci- deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do
dental na Alta Idade Média. Carlos Magno foi o mais importante rei Império.
da dinastia Carolíngia. No século VIII, foi coroado imperador pelo
papa Leão III, em Roma. O Cristianismo tornou-se a única religião oficial do Império sob
Teodósio I (379-395 d.C.) e todos os outros cultos foram proibidos.
A Alta Idade Média e o Feudalismo na Europa Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja.
O feudalismo, estrutura econômica social, política e cultural, A decisão não foi aceita uniformemente por todo o Império; o
baseada na posse da terra, predominou na Europa Ocidental duran- paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos.
te a Idade Média. Foi marcado pelo predomínio da vida rural e pela Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratifica-
ausência ou redução do comércio no continente europeu. da foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre
A sociedade feudal baseava-se na existência de dois grupos de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição
sociais – senhores e servos. O trabalho na sociedade feudal estava do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do Império e a
fundado na servidão, onde os trabalhadores viviam presos à terra tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma
e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços. prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.
O feudalismo variava de região para região e de época para
época, ao longo da Idade Média. Islamismo
Saiba também sobre as Relações de Suserania e Vassalagem no O Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, acredita na
Feudalismo. existência de um único Deus; é fundamentada nos ensinamentos de
Mohammed, ou Muhammad, chamado pelos ocidentais de Mao-
A Igreja Medieval mé. Nascido em Meca, no ano 570, Maomé começou sua pregação
A influência da religião em todos os aspectos da vida medieval aos 40 anos, na região onde atualmente corresponde ao território
era imensa, a fé inspirava e determinava os mínimos atos da vida da Arábia Saudita. Conforme a tradição, o arcanjo Gabriel revelou-
cotidiana. -lhe a existência de um Deus único.
A palavra islã significa submeter-se e exprime a obediência à lei
O homem medieval foi condicionado a crer que a igreja era a e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores são os
intermediária entre o indivíduo e Deus, e que a graça divina só seria muçulmanos (Muslim, em árabe), aquele que se subordina a Deus.
alcançada através dos sacramentos. Atualmente, é a religião que mais se expande no mundo, está pre-
A vida monástica e as ordens religiosas começaram a surgir na sente em mais de 80 países.
Europa a partir de 529, quando São Bento de Múrcia fundou o mos-
teiro no monte Cassino, na Itália e criou a ordem dos beneditinos.

10
CONHECIMENTOS GERAIS
Sunitas – defendem que o chefe do Estado mulçumano (califa)
deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capacidade
de trabalho, porém, não acham que ele deve ser infalível ou impe-
cável em suas ações. Além do Alcorão, os sunitas utilizam como fon-
te de ensinamentos religiosos as Sunas, livro que reúne o conjunto
de tradições recolhidas com os companheiros de Maomé.
Xiitas – alegam que a chefia do Estado muçulmano só pode ser
ocupada por alguém que seja descendente do profeta Maomé ou
que possua algum vínculo de parentesco com ele. Afirmam que o
chefe da comunidade islâmica, o imã, é diretamente inspirado por
Alá, sendo, por isso, um ser infalível. Aceitam somente o Alcorão
como fonte sagrada de ensinamentos religiosos.
Alguns pontos em comum entre Xiitas e Sunitas são: a individu-
alidade de Deus, a crença nas revelações de Maomé e a crença na
ressurreição do profeta no Dia do Julgamento.
No Brasil, o Islamismo chegou, primeiramente, através dos
escravos africanos trazidos ao país. Posteriormente, ocorreu um
grande fluxo migratório de árabes para o território brasileiro, con-
Alcorão, livro sagrado do Islamismo tribuindo para a expansão da religião. A primeira mesquita islâmica
no Brasil foi fundada em 1929, em São Paulo. Atualmente existem
O livro sagrado do Islamismo é o alcorão (do árabe alqur´rãn, aproximadamente 27,3 mil muçulmanos no Brasil.
leitura), consiste na coletânea das revelações divinas recebidas por
Maomé de 610 a 632. Seus principais ensinamentos são a onipotên- BAIXA IDADE MÉDIA
cia de Deus e a necessidade de bondade, generosidade e justiça nas O feudalismo é um modo de produção ou a maneira como as
relações entre os seres humanos. pessoas produziam os bens necessários para sua sobrevivência. Du-
Dentre os vários princípios do Islamismo, cinco são regras fun- rante a Idade Média, este foi um sistema de organização social que
damentais para os mulçumanos: estabelecia como as pessoas se relacionavam entre si e o lugar que
- Crer em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta; cada uma delas ocupava na sociedade.
- Realizar cinco orações diárias comunitárias (sãlat);
- Ser generoso para com os pobres e dar esmolas; Surgimento do Feudalismo
- Obedecer ao jejum religioso durante o ramadã (mês anual de O feudalismo teve suas origens no final do século 3, se consoli-
jejum); dou no século 8, teve seu principal desenvolvimento no século 10 e
- Ir em peregrinação à Meca pelo menos uma vez durante a chegou a sobreviver até o final da Idade Média (século 15). Pode-se
vida (hajj). afirmar que era o sistema típico da era medieval e que com ela se
iniciou, a partir da queda do Império Romano do Ocidente (473)
e com ela se encerrou, no final da Idade Média, quando houve a
queda do Império Romano do Oriente (1543).
Entre as principais causas do surgimento deste sistema feudal
está a decadência do Império Romano (falta de escravos e prestígio,
declínio militar) já no século 3 d.C., na grave crise econômica no
Império Romano. Ocorreram invasões germânicas (bárbaros) que
fizeram os grandes senhores romanos abandonarem as cidades
para morar no campo, em suas propriedades rurais. Esses podero-
sos senhores romanos criaram ali as vilas romanas, centros rurais
que deram origem aos feudos e ao sistema feudal na Idade Média.
Nestas vilas romanas, pessoas menos ricas buscaram trabalho
e a proteção dos grandes senhores romanos e fizeram com eles
um tratado de colonato, ou seja, os mais pobres poderiam usar as
terras, mas seriam obrigados a entregar parte da produção destas
terras aos senhores proprietários. Isso fez com que o antigo siste-
Oração dos mulçumanos ma escravista de produção fosse substituído por esse novo sistema
servil de produção, no qual o trabalhador rural se tornava servo do
Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu ramifica- grande proprietário.
ções, ocorrendo divisão em diversas vertentes com características
distintas. As vertentes do Islamismo que possuem maior quantida-
de de seguidores são a dos sunitas (maioria) e a dos xiitas. Xiita
significa “partidário de Ali” – Ali Abu Talib, califa (soberano mu-
çulmano) que se casou com Fátima, filha de Maomé, e acabou as-
sassinado. Os sunitas defenderam o califado de Abu Bakr, um dos
primeiros convertidos ao Islã e discípulo de Maomé. As principais
características são:

11
CONHECIMENTOS GERAIS
Funcionamento Sociedade feudal
Em uma sociedade feudal havia estamentos ou camadas estan-
ques, não havia mobilidade social e não se podia passar de uma
camada social para outra. Havia a camada daqueles que lutavam
(Nobreza), a camada dos que rezavam (Clero) e a camada dos que
trabalhavam (camponeses e servos). Com diferentes componentes:
os servos – que trabalhavam nos feudos, não podiam ser vendidos
como escravos, nem tinham a liberdade de deixarem a terra onde
nasceram; os vilões – homens livres que viviam nas vilas e povoa-
dos e deviam obrigações aos suseranos, mas que podiam deixar o
feudo quando desejassem; os nobres e o clero, que participavam da
camada dominante dos senhores feudais, tinham a posse legal da
terra, o poder político, militar e jurídico.
No alto clero estavam o papa, os arcebispos e bispos e na alta
nobreza estavam os duques, marqueses e condes. No baixo clero
estavam os padres e monges e na baixa nobreza os viscondes, ba-
rões e cavaleiros.
Esses feudos eram isolados uns dos outros e necessitavam da
proteção de seus senhores. Nasceram sob o medo das invasões bár-
baras sofridas e que ocasionaram o final do próprio Império Roma-
no Ocidental. Os povos que formavam os novos feudos eram as an-
tigas conquistas dos romanos e passaram a se organizar em reinos,
condados e povoados isolados para se protegerem de invasores
Ilustração de um Feudo estrangeiros. Esse isolamento também os obrigava a produzirem o
A base do sistema feudal era a relação servil de produção. Com necessário para a sua sobrevivência e consumo próprio.
base nisto foram organizados os feudos, que respeitavam duas tra- Os senhores mais ricos submetiam os mais pobres aos traba-
dições: o comitatus e o colonatus. O comitatus (que vem da palavra lhos no campo e, em troca, lhes davam a proteção contra esses
comites, “companheiro”) era de origem romana e unia senhores de ataques dos estrangeiros. Tinham as armas e soldados para pro-
terra pelos laços de vassalagem, quando prometiam fidelidade e tegerem as populações mais pobres e delas exigiam lealdade. Com
honra uns aos outros. No colonatus, ou colonato, o proprietário das esse tratado de suserania e vassalagem foram dominando muitas
terras concedia trabalho e proteção aos seus colonos, em troca de partes do Império Romano extinto. A dependência fez com que os
parte de toda a produção desses colonos. camponeses passassem a entregar aos seus suseranos também os
Um senhor feudal dominava uma propriedade de terra (feudo), produtos que cultivavam, suas terras e seus serviços, e se tornavam
que compreendia uma ou mais aldeias, as terras que seus vassalos servos destes seus protetores.
(camponeses) cultivavam, a floresta e as pastagens comuns, a terra A servidão dos vassalos era uma forma de escravidão mais
que pertencia à Igreja paroquial e a casa senhorial – que ficava na branda. Os servos não eram vendidos, mas eram obrigados a en-
melhor parte cultivável. tregarem esses produtos aos senhores durante toda a sua vida. Não
As origens desse sistema feudal, de “feudo”, palavra germânica se tornavam proprietários das terras que cultivavam e elas eram
que significa o direito que alguém possui sobre um bem ou sobre emprestadas para que nelas trabalhassem. Essa servidão passava
uma propriedade. Feudo, portanto, era uma unidade de produção dos pais para os filhos, perpetuando essa relação de dependência e
onde a maior parte das relações sociais passava a acontecer, porque proteção por gerações.
os senhores feudais (suseranos) eram poderosos e cediam a outros
nobres (que se tornavam seus vassalos) as terras em troca de ser- Expansão comercial e as Cruzadas
viços e obrigações.
No século XI, a expansão do mundo islâmico estabeleceu o
domínio da região da Palestina. Inicialmente, o controle territorial
Suserania e Vassalagem
exercido pelos árabes ainda permitiu que a cidade sagrada de Jeru-
Os senhores feudais possuíam terras e exploravam suas rique-
zas cobrando impostos e taxas desses nobres em seus territórios. salém fosse visitada por vários cristãos que peregrinavam em dire-
Era um tratado de suserania e de vassalagem entre eles. Esses vas- ção ao lugar em que Cristo viveu o seu calvário. Contudo, nos fins
salos podiam ceder parte das terras recebidas para outros nobres desse mesmo século, a dominação realizada pelos turcos impediu
menos poderosos que eles e passavam a ser os suseranos destes que a localidade continuasse a ser visitada pelos cristãos.
segundos vassalos, enquanto permaneciam como vassalos daquele Nessa mesma época, a ordenação do mundo feudal sofria gra-
primeiro suserano. Um vassalo recebia parte da terra e tinha que ves transformações. O fim das invasões bárbaras e a experimenta-
jurar fidelidade ao seu suserano, num ritual de poder e de honra, ção de uma época mais estável permitiram que a produção agrí-
quando o vassalo se ajoelhava diante de seu suserano e prometia cola aumentasse e, seguidamente, a população europeia também
fidelidade e lealdade.No sistema feudal quem concedia terras era sofresse um incremento. Interessados em não dividir o seu poder,
suserano e quem as recebia era vassalo em relações baseadas em muitos senhores feudais preferiram repassar sua herança somente
obrigações mútuas e juramentos de fidelidade. O rei concedia ter- ao filho mais velho, obrigando os outros descendentes a viverem
ras aos grandes senhores e esses, por sua vez, concediam partes de outras formas.
dessas terras aos senhores menos poderosos - os chamados cava-
leiros – que passavam a lutar por eles. Um suserano se obrigava a
dar proteção militar e jurídica aos vassalos. Um vassalo investido na
posse de um feudo, se obrigava a prestar auxílio militar.

12
CONHECIMENTOS GERAIS
Aqueles que não ingressavam na vida religiosa, buscavam na Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social in-
prestação de serviço militar ou em um casamento vantajoso uma teressada na formação de um regime político centralizado. As leis
forma de buscar alguma garantia. Contudo, aqueles que não tinham de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, encareciam as
como recorrer a tais alternativas, acabavam vivendo de pequenos atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios
crimes, assaltos e cobrança de pedágios sobre aqueles que circu- que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso,
lavam a Europa Medieval. Além disso, em algumas propriedades, a falta de uma moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no
muitos camponeses não suportavam as obrigações servis e passa- cálculo dos lucros e na cotação dos preços das mercadorias.
vam a viver como mendigos e assaltantes. Além disso, a crise das relações servis causou um outro tipo de
Foi nesse contexto que o papa Urbano II, em reunião do Concí- situação favorável à formação de um governo centralizado. Amea-
lio de Clermont, convocou a cristandade europeia para lutar contra çados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade Mé-
os infiéis que impediam o acesso à Terra Santa. dia – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam
Todo aquele que participasse da luta contra os muçulmanos à autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente
teriam os seus pecados automaticamente perdoados. Dessa forma, preparados para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a
dava-se início às Cruzadas ou movimento cruzadista. partir do século XI, observamos uma gradual elevação das atribui-
Mais do que conceder salvação àqueles que pegassem em ar- ções políticas do rei.
mas, as Cruzadas também representaram uma interessante alterna- Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado monár-
tiva às tensões sociais que se desenhavam na Europa Medieval. A quico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal, jurídica e
escassez de terras para a nobreza poderia ser finalmente resolvida militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e legitimida-
com o domínio dos territórios a leste. De fato, ao conquistarem do- de suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos.
mínios na Síria, no Império Bizantino e na Palestina, vários nobres Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se esta-
formaram propriedades que deram origem a diversos Estados feu- belecendo por meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto
dais, conhecidos como reinos francos ou latinos. da burguesia comerciante, quanto da nobreza feudal.
A conquista foi logo contra-atacada pelos muçulmanos, que Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram exércitos mer-
contaram com a liderança militar do sultão Saladino na Terceira cenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao longo
Cruzada. Ao fim desse novo embate, as terras conquistadas pelos dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as
cristãos se reduziram a algumas regiões do litoral Palestino e da Sí- milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu
ria. Dessa forma, não podemos dizer que o movimento cruzadista a atuação dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interes-
representou uma solução definitiva à falta de terras que tomava ses de seu suserano. A formação de exércitos foi um passo impor-
conta da Europa Cristã. tante para que os limites territoriais fossem fixados e para que fosse
Em contrapartida, o domínio de certas regiões do Oriente possível a imposição de uma autoridade de ordem nacional.
Médio acabou permitindo o enriquecimento de algumas cidades A partir de então, o rei acumulava poderes para instituir tribu-
comerciais que sobreviveram ao processo de ruralização da era tos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo, regulamentaria
feudal. Locais como Gênova e Veneza aproveitaram as novas opor- os impostos a serem cobrados em seu território. Concomitantemen-
tunidades de comércio, chegando ao ponto de incitar seus merca- te, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz
dores a financiarem a ação militar dos cruzadistas disponibilizando de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e
recursos materiais, embarcações e dinheiro para a Quarta Cruzada a cobrança de impostos. A fixação de tais mudanças personalizou
(1202 - 1204). a supremacia política dos Estados europeus na figura individual de
Dessa forma, mesmo não sendo uma solução duradoura para um rei.
os problemas europeus, as Cruzadas foram importantes para a cria- Além de contar com o patrocínio da classe burguesa, a forma-
ção de um fluxo comercial que permitiu a introdução de várias mer- ção das monarquias absolutistas também contou com apoio de or-
cadorias orientais no cotidiano da Europa. Além disso, o contato dem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença
com os saberes do mundo bizantino e árabe foi importantíssimo criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desem-
para o progresso intelectual necessário para o desenvolvimento das penhado pelo rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades
posteriores grandes navegações. religiosas se mostrava importante para que os antigos servos agora
se transformassem em súditos à autoridade de um rei.
Formação das monarquias nacionais
No decorrer da Idade Média, a figura política do rei era bem
Crise do feudalismo
distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O poder
A crise do feudalismo é um processo de longa duração que con-
local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto de leis
ta com uma série de fatores determinantes. Entre outros pontos,
impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia ter
podemos destacar que a mudança nas relações econômicas foi de
influência política sobre os nobres que recebiam parte das terras
grande importância para que as práticas e regras que regulavam o
de suas propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades
comerciais, na Baixa idade Média, transformou a importância polí- interior dos feudos sofressem significativas transformações. Essa
tica dos reis. nova configuração econômica, pouco a pouco, influiu na transfor-
A autoridade monárquica se estendeu por todo um território mação nos laços sociais e nas idéias que sustentavam aquele tipo
definido por limites, traços culturais e linguísticos que perfilavam de ordenação presente em toda a Europa.
a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso superar O caráter auto-sustentável dos feudos perdeu espaço para uma
os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político economia mais integrada às trocas comerciais. Ao mesmo tempo, a
que marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se ampliação do consumo de gêneros manufaturados e especiarias, e
na ampla autoridade da Igreja, constituindo a posse sobre grandes a crise agrícola dos feudos trouxeram o fim do equilíbrio no acordo
extensões de terra e a imposição de leis e tributos próprios. Já o estabelecido entre servos e senhores feudais. Essa fase de instabi-
particularismo desenvolveu-se nos costumes políticos locais enrai- lidade envolvendo as relações servis trouxe à tona um duplo movi-
zados nos feudos e nas cidades comerciais. mento de reorganização dos feudos.

13
CONHECIMENTOS GERAIS
Por um lado, as relações feudais em algumas regiões sofrerem um processo de relaxamento que dava fim a toda rigidez constituída na
organização do trabalho. Os senhores de terra, cada vez mais interessados em consumir produtos manufaturados e adquirir especiarias,
passavam a estreitar relações com a dinâmica econômica urbana e comercial. Para tanto, acabavam por dar mais espaço para o trabalho
assalariado ou o arrendamento de terras em troca de dinheiro.

Entret
anto, não podemos dizer que a integração e a monetarização da economia faziam parte de um mesmo fenômeno absoluto. Em al-
gumas regiões, principalmente da Europa Oriental, o crescimento demográfico e a perda da força de trabalho para a economia comercial
incentivaram o endurecimento das relações servis. Imbuídos de seu poder político, muitos senhores de terra da Rússia e de partes do Sacro
Império Germânico passariam a exigir mais obrigações e impostos da população campesina.
De forma geral, esse processo marcou um período de ascensão da economia européia entre os séculos XII e XIII. No entanto, o século
seguinte seria marcado por uma profunda crise que traria grande reformulação (ou crise) ao mundo feudal. Entre 1346 e 1353, uma grande
epidemia de peste bubônica (peste negra) liquidou aproximadamente um terço da população européia. Com isso, a disponibilidade de
servos diminuiu e os salários dos trabalhadores elevaram-se significativamente.
Esse processo fez com que as obrigações servis fossem cada vez mais rígidas, tendo em vista a escassez de trabalhadores. Os grandes
proprietários de terra acabaram criando leis que dificultavam a saída dos servos de seus domínios ou permitia a captura daqueles que
fugissem das terras. A opressão dos senhores acabou incitando uma série de revoltas camponesas em diferentes pontos da Europa. Essas
diversas rebeliões ficaram conhecidas como “jacqueries”.
No século XV, o declínio populacional foi superado reavivando a produção agrícola e as atividades comerciais. Essa fase de recupe-
ração ainda não foi capaz de resolver as transformações ocorridas naquela época. A baixa produtividade dos feudos não era capaz de
atender a demanda alimentar dos novos centros urbanos em expansão que, ao mesmo tempo, tinham seu mercado consumidor limitado
pela grande população rural.
Além disso, o comércio sofria grandes dificuldades por conta dos monopólios que dificultavam e encareciam a circulação de mercado-
rias pela Europa. Os árabes e os comerciantes da Península Itálica eram os principais responsáveis por esse encarecimento das especiarias
vindas do Oriente. A falta de moedas, ocorrida por conta da escassez de metais preciosos e o escoamento das mesmas para os orientais,
impedia o desenvolvimento das atividades comerciais.
Tantos empecilhos gerados à economia do século XV só foram superados com a exploração de novos mercados que pudessem ofere-
cer metais, alimentos e produtos. Esses mercados só foram estabelecidos com o processo de expansão marítima, que deflagrou a coloni-
zação de regiões da África e da América. Dessa forma, a economia mercantilista dava um passo decisivo para que um grande acúmulo de
capitais se estabelecesse no contexto econômico europeu.

A IDADE MODERNA - A ECONOMIA MERCANTILISTA E A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL.


A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVIII quando alguns povos europeus partiram para
explorar o oceano que os rodeava.
Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comercial, ao encontro de culturas diferentes e da exploração do novo mundo,
possibilitando a interligação dos continentes.

Expansão Ultramarina
As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade Média, o desenvolvimento da economia
mercantil e o fortalecimento da burguesia.
A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos.
A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão para ou-
tros territórios.
Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao Ocidente pelos navegadores e o ano das viagens:

14
CONHECIMENTOS GERAIS

Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu, a oferta era de madeira, pedras,
cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas, cravo, canela, pimenta,
noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas medicinais e perfumes.
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino eram as cidades ita-
lianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do continente.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um caminho alternati-
vo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na Europa, onde as minas já davam sinais de
esgotamento.
Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e burguesia que formaram
as monarquias nacionais.
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios, armas, navegadores e
mantimentos.
Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi um modo de fortalecer os Estados nacionais
e submeter à sociedade a um governo centralizado.
No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da cartografia, da astronomia e da engenharia náutica.
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma instituição do
modo que conhecemos hoje, serviu para reunir navegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique (1394-1460).

Portugal
A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na costa da África e se expandiram para os arquipélagos próximos.
Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos barcos, o barinel, para explorar o entorno.
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus a fim de poderem ir mais longe com mais segurança.
A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, vindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos no século XII
e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as distâncias tomando como
medida a posição dos corpos celestes.

15
CONHECIMENTOS GERAIS
No mapa a seguir é possível ver as rotas empreendidas pelos Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Es-
portugueses: perança sob o comando de Bartolomeu Dias (1450-1500). Esse feito
constitui entre as importantes marcas das conquistas marítimas de
Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota para o Oceano
Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo.
Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conse-
guiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí estabelecer negociações com
os chefes locais.
Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral
(1467-1520), se afasta da costa da África a fim de confirmar se havia
terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria o Brasil,
em 1500.

Espanha
A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda
de Granada, em 1492, com a derrota do último reino árabe. A pri-
meira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da Améri-
ca, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo (1452-1516).
Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela,
Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pinta
e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América em
outubro do mesmo ano.
Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado de
Tordesilhas, que dividia as terras descobertas e por descobrir entre
espanhóis e portugueses.

As navegações portuguesas na África foram denominadas França


Périplo Africano Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei
Francisco I, os franceses se lançaram em busca de territórios ultra-
Com tecnologia desenvolvida e a necessidade econômica de marinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das
explorar o Oceano, os portugueses ainda somaram a vontade de lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores feudais.
levar a fé católica para outros povos. A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições,
As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal foi a chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde foram expulsos.
primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos interesses Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá
mercantis através da Revolução de Avis. e o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma co- No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul, na
ordenação central para as estimular e organizar as incursões maríti- Guiana.
mas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de obra, de
produtos agrícolas e metais preciosos. Inglaterra
O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos
Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de conquista religiosa contra os Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos com se-
muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o destino nhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as Ín-
de várias expedições comerciais árabes. dias passando pela América do Norte.
Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Cana-
interceptar as caravanas carregadas de escravos, ouro, pimenta, dá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a Jamaica e Baha-
marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram outras rotas mas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana.
e os portugueses foram obrigados a procurar novos caminhos para Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos
obter as mercadorias que tanto aspiravam. e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com a anuência
Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses rainha Elizabeth I (1558-1603).
foram contornando a África e se estabelecendo na costa deste con- Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América
tinente. Criaram feitorias, fortes, portos e pontos para negociação Espanhola e também ocuparam várias ilhas no Pacífico, colonizando
com os nativos. as atuais Austrália e Nova Zelândia.
A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e tinham o
objetivo de obter lucro através do comércio. Não havia o interesse Holanda
em colonizar ou organizar a produção de algum produto nos locais A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim
explorados. de melhorar o próspero comércio que dominavam. Conseguiram
Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas dos ocupar vários territórios na América estabelecendo-se no atual Su-
Açores, e mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde. O Cabo do riname e em ilhas no Caribe, como Curaçao.
Bojador foi atingido em 1434, numa expedição comandada por Gil Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova
Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade em Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a rebatizaram de
1460, com retirada de pessoas do Senegal até Serra Leoa. Nova Iorque.

16
CONHECIMENTOS GERAIS
Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a - Racionalismo – em vez de explicar o mundo pela fé, era pre-
União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e portugueses. ciso explicá-lo pela razão, desenvolvendo o racionalismo, principal-
No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permanece- mente nas ciências.
riam por três séculos e meio. - Individualismo – em vez da ênfase no aspecto coletivo e fra-
ternal da cristandade, era preciso reconhecer e respeitar as dife-
O Renascimento cultural europeu renças individuais dos homens livres, valorizando o individualismo,
A Europa foi revitalizada, nos últimos séculos da Idade média, diretamente associado ao espírito de competição e à concorrência
pelo reaquecimento do comércio e pela agitação da vida urbana. A comercial.
transição do feudalismo para o capitalismo foi, aos poucos, modi-
ficando os valores, as idéias, as necessidades artísticas e culturais Renascimento
da sociedade européia. Mais confiante em suas próprias forças o A maneira moderna de compreender e representar o mundo
homem moderno deixou de olhar tanto para o alto, em busca de De modo geral, o movimento intelectual e cultural que carac-
Deus, passando a prestar mais atenção em si mesmo. O homem terizou a transição da mentalidade medieval para a mentalidade
se redescobre como centro de preocupações intelectuais e sociais, moderna foi o Renascimento.
como criatura e criador do mundo em que vive. Tudo isso refletiu O termo Renascimento tem sua origem na própria vontade de
nas artes, na filosofia e nas ciências. muitos artistas e intelectuais dos séculos XV e XVI de recuperar ou
retomar a cultura antiga, greco-romana, que o período medieval
A mentalidade moderna passou a ser rotulado como “Idade de Trevas”, época de “barba-
rismo” cultural. Entretanto, essas rotulações correspondem, sem
A construção de um novo modelo de homem dúvida, a exageros dos renascentistas.
Durante boa parte da Idade Média, encontramos na Europa um
tipo de sociedade em que as pessoas estavam presas a um deter- A inspiração na cultura greco-romana
minado status que integrava a hierarquia social. Servo ou senhor, O Renascimento não pode ser considerado como um retorno
vassalo ou suserano, mestre ou aprendiz, a posição de cada pessoa à cultura greco-romana, por uma simples razão: nenhuma cultura
inseria-se numa estrutura social verticalizada e rigidamente esta- renasce fora de seu tempo.
belecida. Assim, devemos interpretar com prudência o ideal de imitação
A fidelidade era a principal virtude dessa sociedade, na medida (imitatio) dos antigos, proposto como objetivo maior sublime dos
em que conformava cada pessoa dentro dessa estrutura estática. humanistas por Petrarca, um de seus mais notáveis representan-
Com a Idade Moderna, os laços dessa estrutura de dependên- tes. A imitação não seria a mera repetição, de resto impossível, do
cia social romperam-se, abrindo espaço para que o indivíduo pu- modo de vida e das circunstâncias históricas de gregos e romenos,
desse emergir. mas a busca de inspiração em seus atos, suas crenças, suas realiza-
ções, de forma a sugerir um novo comportamento do homem eu-
O espírito burguês de competição ropeu. Comportamento que estava de alguma maneira relacionado
O florescimento do comércio e a crescente participação do Es- com os projetos da burguesia em ascensão.
tado na economia favoreceram, dentro de cada país e internacio-
nalmente, a disputa por mercados, o aumento da concorrência e a Um fenômeno cultural urbano
busca do lucro. Assim, uma das principais virtudes dessa sociedade O Renascimento foi um fenômeno tipicamente urbano, que
efervescente era a capacidade de competição, uma das caracterís- atingiu a elite economicamente dominante das cidades prósperas.
ticas da burguesia. Caracterizou-se não apenas pela mudança na qualidade da obra in-
Entretanto, essa virtude somente se desenvolvia em pessoas telectual, mas também pela alteração na quantidade da produção
ansiosas por crescimento, observadoras do mundo em expansão, em sentido crescente. Entre os fatores que influenciaram esse cres-
capazes de utilizar a razão a serviço das mudanças e do progresso cimento quantitativo, destacam-se:
social. O espírito burguês exigia, portanto, crença em si mesmo e - desenvolvimento da imprensa – por intermédio do alemão
confiança na possibilidade de vencer sozinho, de dominar as adver- Johann Gutenberg (1398-1468) foi desenvolvido o processo de
sidades, de encontrar soluções racionais e eficientes. impressão com tipos móveis de metal, dando-se um grande passo
Todos esses valores burgueses chocavam-se, de alguma manei- para a divulgação da literatura em maior escala. Surgiram famosos
ra, com a mentalidade dominante na Idade Média, que concebia impressores, que passaram a divulgar os ideais humanistas do Re-
um modelo de homem obediente à Igreja, integrado à cristandade nascimento.
e acomodado às restrições feudais. Enfim, um homem resignado - A ação dos mecenas – homens ricos, conhecidos como me-
ante Deus onipotente e submisso à Igreja, seu representante na cenas, estimularam o desenvolvimento cultural, patrocinando o
Terra. trabalho de artistas e intelectuais renascentistas. Entre os grandes
Em contraposição à mentalidade cristã medieval, os tempos mecenas, encontram-se banqueiros, monarcas e papas.
modernos formularam um modelo de homem, caracterizados pela
ambição, pelo individualismo e pela rebeldia. Alguém disposto a A importância do humanismo
empregar suas energias na análise e na transformação do mundo O Renascimento não pode ser separado do humanismo, mo-
em que vivia. vimento amplo (séculos XV e XVI) pelo qual o homem torna-se o
centro das preocupações intelectuais.
Os novos valores culturais O termo humanista designava, inicialmente, um grupo de pes-
Em substituição aos valores dominantes da Idade Média, a soas que, mesmo antes do século XV, dedicava-se à reformulação
mentalidade moderna formulou novos princípios. dos estudos ministrados nas universidades.
- Humanismo – em vez de um mundo centrado em Deus (te-
ocêntrico), era preciso construir um mundo centrado no homem
(antropocêntrico), desenvolvendo uma cultura humanista.

17
CONHECIMENTOS GERAIS
O objetivo era dar nova orientação ao ensino universitário atra- Os temas abordados por esses artistas variavam entre os clássi-
vés dos estudos humanísticos, que abrangiam matérias como filo- cos e os cristãos. A Igreja Católica era um dos grandes financiadores
sofia, história, poesia e eloqüência. Nesses estudos, considerava-se desses artistas, assim como outros mecenas (termo que remonta
como elemento indispensável o conhecimento do grego e do latim, ao patrocinador de artistas da época do imperador Augusto, Caio
uma vez que utilizavam, permanentemente, textos da Antiguidade Mecenas), como os membros da família Médici – sendo Cosme de
Clássica. Médici o mais famoso entre eles.
Embora fossem, em sua maioria, cristãos, os humanistas eram
grandes admiradores da cultura greco-romana, desenvolvida antes Literatura e filosofia
do nascimento de Cristo. Estavam dispostos a revitalizar o cristianis- No campo das letras, pensamento político e filosófico, bem
mo, tendo como base certas idéias da Antiguidade que apontavam como das artes cênicas, o Renascimento é saturado de exemplos.
para a valorização da liberdade individual, bem como para a crença Três nomes são importantíssimos para se entender o desenvolvi-
no poder da razão. mento da literatura renascentista: Francesco Petrarca, Giovanni
Não demorou muito para que o termo humanista adquirisse Boccaccio e Dante Alighieri. Foram esses três literatos que deram a
um sentido amplo, passando a ser aplicado a todas as pessoas (ar- base para o tipo de literatura escrita em vernáculo (isto é, na língua
tistas, clérigos e intelectuais) inconformadas coma a cultura tradi- comum a cada povo que estava se formando na Europa daquela
cional da Idade Média. Pessoas que se revelam dispostas a construir época). Francisco Sá de Miranda e Luís de Camões, em Portugal,
um novo sistema de valores para uma época marcada pelo desen- consolidaram por meio de suas obras a língua portuguesa. Cervan-
volvimento da competição comercial. tes e Calderón de la Barca, o espanhol. Shakespeare e Chistopher
A nova visão de mundo teria como elementos essenciais a exal- Marlowe, o inglês, etc.
tação do indivíduo e a confiança em suas potencialidades racionais.
Otimistas quanto ao futuro humano, os humanistas demonstravam No campo da filosofia houve grandes reflexões sobre política e
acreditar na construção de uma sociedade mais feliz, baseada no teologia na obra de autores como Thomas Hobbes e Thomas Mo-
progresso das ciências e na difusão educacional dos conhecimen- rus, na Inglaterra; Maquiavel, na Itália; e Jean Bodin, na França. Esse
tos. autores contribuíram para a reflexão sobre o Estado Moderno. Bo-
din, por exemplo, é considerado o pai intelectual do Absolutismo
A diversidade do Renascimento Monárquico.
Apesar do esforço para apresentar os elementos comuns que Outras reflexões filosóficas tiveram como preocupação central
marcaram o Renascimento, devemos ter em mente que esse mo- o Humanismo, isto é, um tipo de reflexão sobre a natureza humana
vimento histórico, desenvolvido em diferentes regiões geográficas e seus problemas diante do mundo e de Deus. Erasmo de Rotterdan
da Europa Ocidental, não foi algo uniforme ou sempre coerente em e Michel de Montaigne estão entre os principais autores dessa cor-
suas manifestações. rente. O Humanismo pode ser constatado nas obras de literatos e
O rótulo Renascimento abrangeu manifestações intelectuais e dramaturgos do período também, como os citados acima.
artísticas de grande variedade, que muitas vezes se assemelhavam
entre si, mas outras vezes eram diferentes e até contraditórias. Ciência
Entretanto, o traço comum a todas essas manifestações foi a Foi também no período do Renascimento que houve o desen-
busca de alternativas para a sociedade da época, embora nem to- volvimento dos principais traços da ciência moderna, como a prá-
das as soluções apresentadas apontassem para a mesma direção. tica da anatomia – com o estudo de cadáveres – e a observação
astronômica. A moderna física começou com estudiosos que pas-
O que “renasceu” no período do Renascimento, portanto, não saram a se valer de instrumentos para ampliar o sentido da visão.
foi a cultura clássica pagã pura e simplesmente. O que renasceu foi Foi o caso de Johannes Kepler e Tycho Brahe, que exerceram grande
a cultura urbana, a cultura ligada às cidades, com amplo comércio, influência sobre Galileu Galilei e, depois, Isaac Newton.
vida intelectual e apreciação artística, como ocorria nas cidades-Es-
tado da Antiguidade Clássica. Contudo, o Renascimento não rom- Iluminismo
peu com o cristianismo; ao contrário, o resgate dos elementos da Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o
cultura clássica deu mais vigor à tradição cristã. domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa
desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma
Artes plásticas de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se
A arte da Renascença, tanto na Itália quanto no norte europeu, encontrava a sociedade.
teve grande parte de seus modelos na Idade Média., em especial
na pintura produzida por Giotto di Bondone e Fra Angelico e nos Os ideais iluministas
escultores do século XIII. Aquele que é considerado o precursor da Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que
pintura com noções claras de profundidade e proporção geomé- o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as
trica – características centrais da pintura renascentista – foi Piero crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam
della Francesca. No século XVI, os grandes nomes das artes plásticas a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a
italiana foram Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafa- buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas
el Sanzio. Outros vieram mais tarde, como Caravaggio e Tintoretto somente pela fé.
(italianos), El Greco (grego radicado na Espanha), Velázquez (espa-
nhol) e Rembrandt (holandês) – esses dois últimos já identificados
com a escola do Barroco.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Século das Luzes As “luzes” além da Europa
A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, Embora tenha sido na França que o Iluminismo se compôs ori-
passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi ginalmente, seus valores foram amplamente divulgados por diver-
mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa sos países da Europa, chegando, inclusive, em suas colônias. Assim,
através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também influenciados por tal ideologia os franceses fizeram sua “Revolução”
teve influência em outros movimentos sociais como na indepen- em 1789 e os colonos americanos iniciaram as lutas de independên-
dência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência cia ainda no desenrolar do século XVIII.
Mineira, ocorrida no Brasil. Talvez resida aí uma das grandes novidades ofertadas pelo
Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, Iluminismo: embora muitas de suas concepções já tivessem sido
porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles debatidas anteriormente (como nas argumentações desenvolvidas
acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, por John Locke favoravelmente à limitação do poder real ainda em
com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por meados do século XVII), somente com o movimento iluminista tais
esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, con- valores se difundiram mais amplamente. Ultrapassando as frontei-
tra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além ras do Velho Mundo e se fazendo presente nas mais diversas reali-
dos privilégios dados a nobreza e ao clero. dades sociais, desencadearam revoluções burguesas, insurreições
Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, coloniais e tantas outras mobilizações populares.
pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não tinham poder em
questões políticas devido a sua forma participação limitada. Naque- Revolução Industrial na Inglaterra – (SÉCULO XVIII)
le período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta for- A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra integra o conjunto
ma de governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise
impedimento aos burgueses eram as práticas mercantilistas, onde, do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o
o governo interferia ainda nas questões econômicas. industrial.
No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Os outros dois movimentos que a acompanham são: a inde-
Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, em ter- pendência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob in-
ceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com fluência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade
o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para Moderna para Contemporânea. Em seu sentido mais pragmático,
ampliar significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela
do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de poucos (clero máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de
e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem
a expansão comercial para a classe burguesa. da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evo-
lução tecnológica, social e econômica, que vinha se processando na
Principais filósofos iluministas Europa desde a Baixa Idade Média.
Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632- A grande Revolução Industrial começou a acontecer a partir de
1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o 1760, na Inglaterra, no setor da indústria têxtil, a princípio, por uma
passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele razão relativamente fácil de se entender: o rápido crescimento da
defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intole- população e a constante migração do homem do campo para as
rância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a grandes cidades acabaram por provocar um excesso de mão-de-o-
idéia de um estado democrático que garanta igualdade para todos; bra nas mesmas.
Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder políti- Isto gerou um excesso de mão-de-obra disponível e barata -
co em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) que permitiria a exploração e a expansão dos negócios que propor-
e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma cionarão a acumulação de capital pela então burguesia emergente.
enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos Isto tudo, aliado ao avanço do desenvolvimento científico - princi-
da época. palmente com a invenção da máquina a vapor e de inúmeras outras
inovações tecnológicas - proporcionou o início do fenômeno da in-
Despotismo Esclarecido dustrialização mundial.
Frente à propagação e fortalecimento dos ideais iluministas, No século XVII, no ano de 1600, a população da Inglaterra pas-
muitas monarquias absolutistas passaram por um processo de rela- sou de 4 milhões de habitantes para cerca de 6 milhões; no século
tiva modernização. Por um lado, buscavam manter a centralização seguinte, no ano de 1700, a população já beirava os 9 milhões de
política em torno dos governantes, mas agora adotando determi- habitantes!
nadas medidas iluministas, como o aumento dos investimentos em Na Europa Continental, esse crescimento foi ainda mais rápi-
ensino público e o incentivo às manufaturas nacionais. do: na França, por exemplo, a população passou de 17 milhões, em
Marquês de Pombal, representante do rei português D. José I, 1700, para 26 milhões em 1800. O crescimento demográfico em
pode ser citado como um desses déspotas iluminados. Sua política tal escala proporcionou uma forte expansão dos mercados consu-
para a América Portuguesa, por exemplo, comportou medidas cen- midores para bens manufaturados, especialmente vestuários. Um
tralizadoras (como a ampliação do aparelho fiscalizador tributário outro fator importante no acontecimento revolucionário industrial
colonial), mas também ações “esclarecidas”, como a expulsão da foi que na Inglaterra, o consumo de tecidos de lã era muito maior
ordem jesuítica do Brasil, que representa em certa medida a laiciza- que os de algodão.
ção da Coroa lusitana. Os tecidos de algodão eram importados da índia, de modo que
para proteger a indústria local de lã, o Parlamento inglês criou ta-
rifas pesadas sobre as importações dos tecidos de algodão estran-
geiros e, dessa forma, acabou por incentivar a industrialização dos
tecidos de algodão na própria Inglaterra – que, com a medida, fica-
vam sem concorrentes.

19
CONHECIMENTOS GERAIS
Até meados do século XVIII (1760), a fiação tanto de lã como de MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
algodão era feitas manualmente em equipamentos toscos chama- As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas
dos rocas, rocadoras, de baixíssimo rendimento. A partir de 1764, de problemas concretos colocados para homens práticos. O invento
James Hargreaves inventou e introduziu no mercado a sua famosa atende à necessidade social de um momento; do contrário, nasce
máquina “Spinning Jenny”, que consistia numa máquina de fiar que morto. Da Vinci imaginou a máquina a vapor no século XVI, mas
multiplicou a produção em 24 vezes em relação ao rendimento das ela só teve aplicação no século XVIII. Para alguns historiadores, a
antigas rocas. Logo em seguida, o mesmo inventor colocava à dis- Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira
posição do mercado tinha uma nova invenção: a lançadeira volante volante, por John Kay.
“Fly-Schepel”. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a ca-
A combinação desse processo de tecelagem com a fiação pacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da lar-
das “Spinning Jenny” produziu uma verdadeira revolução, que se- gura de seus braços. A invenção provocou desequilíbrio, pois come-
ria completada com a invenção do Bastidor Hidráulico de Richard çaram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James Hargreaves
Arkwright, que tornou possível a produção intensiva das tramas inventou a spinning jenny, que permitia ao artesão fiar de uma só
longitudinais e latitudinais – invento que foi otimizado com a cha- vez até oitenta fios, mas eram finos e quebradiços.
mada Mula Fiadora (Spinning Mule) inventada por Samuel Cropton, A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era econô-
em 1789, uma combinação da Spinning Jenny de James Hargreaves mica, no entanto, produzia fios grossos. Em 1779, Samuel Cromp-
com o bastidor de Richard Arkwright. Com esses novos processos ton combinou as duas máquinas numa só, a Mule, conseguindo fios
mecânicos, a produção aumentou de 200 a 300 vezes em compa- finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, desequilíbrio corrigi-
ração com o que era produzido antes, no mesmo tempo. Por outro do em 1785, quando Edmond Cartwright inventou o tear mecâni-
lado, melhorou substancialmente a qualidade do fio. Ainda no sé- co. Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear
culo XVIII, em 1792 um outro invento de Eli Whitney conseguiu se- mecânico, era necessária uma energia motriz mais constante que
parar mecanicamente as sementes da fibra do algodão, de modo a a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a
reduzir substancialmente o seu preço. As primeiras máquinas eram máquina a vapor, chegou à máquina de movimento duplo, com bie-
suficientemente baratas para que os fiandeiros pudessem continu- la e manivela, que transformava o movimento linear do pistão em
ar a trabalhar em suas casas. movimento circular, adaptando-se ao tear. Para aumentar a resis-
No entanto, na medida em que aumentavam de tamanho, dei- tência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por me-
xaram de ser instaladas nas habitações para serem instaladas nas tal, o que estimulou o avanço da siderurgia. Nos Estados Unidos, Eli
oficinas ou fábricas perto dos cursos d´agua que podiam ser utiliza- Whitney inventou o descaroçador de algodão.
dos como fontes de força motriz. É importante lembrar, que, até en-
tão, toda força motriz utilizada na indústria incipiente era de fonte REVOLUÇÃO SOCIAL
hidráulica. A transição da indústria doméstica para o sistema fabril A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábri-
não se fez do dia para a noite, de modo que, durante muito tempo, cas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação
a fiação de algodão continuou sendo feita em casa, assim como nas no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e
primeiras fábricas. meios de produção de outro, o trabalho. Os operários passaram a
Entretanto, em 1851, já três quartos das pessoas ocupadas na assalariados dos capitalistas. Uma das primeiras manifestações da
manufatura trabalhavam em fábricas de médio e grande porte. Po- Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao mi-
rém, a tecelagem continuou sendo uma indústria doméstica, até lhão de habitantes em 1800.
que surgiu a invenção de um tear mecânico, que era barato e prá- O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manches-
tico. Com essas invenções, os tecelões manuais foram deslocados ter, abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis.
para as fábricas e, praticamente, com o passar do tempo, acabaram Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, ago-
por desaparecer. ra tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer
As inovações introduzidas na indústria têxtil deram à Inglaterra a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algo-
uma extraordinária vantagem no comércio mundial dos tecidos de dão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhado-
algodão, a partir de 1780. O tecido era barato e podia ser comprado ra. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia
por milhões de pessoas que jamais haviam desfrutado o conforto de garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias
usar roupas leves e de qualidade. Em 1760, a Inglaterra exportava parados neste caso. A mecanização desqualificava o trabalho, o que
250 mil libras esterlinas de tecidos de algodão e, em 1860, já esta- tendia a reduzir o salário.
va exportando mais de 5 milhões. Em 1760, a Inglaterra importava Havia freqüentes paradas da produção, provocando desempre-
2,5 milhões de libras-peso de algodão cru, e já em 1787 importava go. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para
366 milhões. Ao lado das grandes invenções e inovações no campo reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros
da indústria têxtil, surgiu uma outra grande invenção: a máquina a se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lan-
vapor, de James Watts, em 1763. caster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e governo orga-
Segundo alguns historiadores, foi essa combinação das inven- nizaram uma defesa militar para proteger as empresas.
ções no campo da indústria têxtil e a máquina a vapor, principal- A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima
mente na indústria de mineração, dos transportes ferroviários e estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as clas-
marítimos, que, num período de 100 anos (1770 a 1870), carac- ses dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistên-
terizaram e promoveram a grande Revolução Industrial. O rápido cia mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho.
crescimento da população no continente europeu e nas colônias, Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas.
principalmente entre 1800 e 1850, fizeram com que, também, em Havia mais organização entre os trabalhadores especializados,
outros países da Europa, se construísse um clima favorável à proli- como os penteadores de lã.
feração industrial.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de asso- A Primeira etapa da Revolução Industrial
ciados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim sur- Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, pri-
giram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente os sindicatos meiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de
conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do tra- tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o
balho feminino, o direito de greve. A Revolução Industrial vai além aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continua-
da idéia de grande desenvolvimento dos mecanismos tecnológica ção da Revolução.
aplicados à produção, na medida em que: consolidou o capitalismo;
aumentou de forma rapidíssima a produtividade do trabalho; origi- A Segunda Etapa da Revolução Industrial
nou novos comportamentos sociais, novas formas de acumulação A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao con-
de capital, novos modelos políticos e uma nova visão do mundo; e trário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e
talvez o mais importante, contribuiu de maneira decisiva para divi- Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização
dir a imensa maioria das sociedades humanas em duas classes so- da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a in-
ciais opostas e antagônicas: a burguesia capitalista e o proletariado. venção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvol-
vimento de produtos químicos foram as principais inovações desse
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que acon- período.
teceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particulari-
dade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo A Terceira Etapa da Revolução Industrial
assalariado e com o uso das máquinas. Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos
Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vi- do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O
via no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas
produtor dominava todo o processo produtivo. das inovações dessa época.
Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, paí-
ses como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manu- A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
faturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as Vários problemas atingiam as principais nações europeias no
tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis
manufatura. de curar.
Alguns países estavam extremamente descontentes com a par-
tilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e
Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial.
Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colô-
nias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumi-
dor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser
considerada uma das causas da Grande Guerra.

A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a


diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do
país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o
êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava
a exploração dos mercados ultramarinos.
Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operá-
rio era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em
troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também
eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias.
Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as pés-
simas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as
máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de máqui- Vale lembrar também que no início do século XX havia uma for-
nas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o ob- te concorrência comercial entre os países europeus, principalmente
jetivo de defender o trabalhador. na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou
O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimen- vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo,
to de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista,
etapa. já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro
próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo
entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.

21
CONHECIMENTOS GERAIS
Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma
rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século
XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra
Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os france-
ses esperando uma oportunidade para retomar a rica região per-
dida.
O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e
aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade
nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos
os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países
eslavos.

O início da Grande Guerra


O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdi-
nando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Sa-
ravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao crimino-
so, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra,
contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O
império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sér-
via com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou
guerra à Servia.

Política de Alianças
Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e mi- De cima para baixo e da esquerda para a direita: Trincheiras
litares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas na Frente Ocidental; o avião bi-planador Albatros D.III; um tanque
alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Aliança forma- britânico Mark I cruzando uma trincheira; uma metralhadora au-
da em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itá- tomática comandada por um soldado com uma máscara de gás; o
lia passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice afundamento do navio de guerra Real HMS Irresistible após bater
Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e em uma mina.
Reino Unido.
O Brasil também participou, enviando para os campos de bata- Principais causas que desencadearam a Primeira Guerra
lha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Mundial
Entente. - A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do
século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações euro-
Desenvolvimento peias.
As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territórios
Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheira- com muitos recursos para explorar, Alemanha e Itália tiveram que
dos, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. A se contentar com poucos territórios de baixo valor. Este descon-
fome e as doenças também eram os inimigos destes guerreiros. Nos tentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo do século
combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas nações queriam
como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os ho- mais territórios para explorar e aumentar seus recursos.
mens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indús- - No final do século XIX e começo do XX, as nações europeias
trias bélicas como empregadas. passaram a investir fortemente na fabricação de armamentos. O
aumento das tensões gerava insegurança, fazendo assim que os in-
Fim do conflito vestimentos militares aumentassem diante de uma possibilidade de
Em 1917, ocorreu um fato histórico de extrema importância: a conflito armado na região;
entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado
da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, prin-
cipalmente com Inglaterra e França.
Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da
Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que
assinar oTratado de Versalhes, que impunha a estes países fortes
restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua
indústria bélica controlada, perdeu a região do corredor polonês,
teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter
que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado
de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início
da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o tri-
plo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além
de gerar grandes prejuízos econômicos.

22
CONHECIMENTOS GERAIS
- A concorrência econômica entre os países europeus acirrou A Alemanha, que no decorrer dos anos 1920 se recuperava da
a disputa por mercados consumidores e matérias-primas. Muitas Grande Guerra, enfrentou recuo econômico com a Crise de 1929,
vezes, ações economicamente desleais eram tomadas por determi- fortalecendo o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Ale-
nados países ou empresas (com apoio do governo); mães (Partido Nazista), fundado em 1920. Liderado por Adolf Hitler,
- A questão dos nacionalismos também esteve presente na o Partido Nazista culpabilizava judeus pela situação econômica do
Europa pré-guerra. Além das rivalidades (exemplo: Alemanha e In- país e defendia a superioridade alemã. Em 1933, Hitler chegou ao
glaterra), havia o pan-germanismo e o pan-eslavismo. No primeiro poder, apoiado por grande parte da sociedade alemã, que via no
caso era o ideal alemão de formar um grande império, unindo os seu discurso a saída para a crise econômica e moral em que se en-
países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era um sentimento contrava desde a derrota em 1918.
forte existente na Rússia e que envolvia também outros países de Também a Itália viveu no período a ascensão de um regime to-
origem eslava. talitário, o fascista, cujo líder era Benito Mussolini. Como o nazismo,
era antiliberal e anticomunista, e via na construção de um Estado
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/ forte e autoritário a chave para o desenvolvimento italiano. O Parti-
p1.php do Fascista chegou ao poder em 1922, quando o rei Vítor Emanuel
III nomeou Mussolini primeiro-ministro.
Período entreguerras Itália e Alemanha formaram, em 1936, uma aliança de prote-
Chama-se de Período Entreguerras os anos compreendidos en- ção mútua, o Eixo Roma-Berlim, que lutaria junto na Segunda Guer-
tre o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e o início da Segun- ra Mundial. Foi também em 1936 que o general espanhol Francisco
da Grande Guerra, em 1939. Para o historiador Eric Hobsbawn, há Franco se recusou a aceitar a vitória da Frente Popular, formado por
uma continuidade da Primeira Guerra Mundial no conflito iniciado socialistas e republicanos, e deu início ao conflito conhecido como
em 1939, assim, os 21 anos que separam os dois acontecimentos Guerra Civil Espanhola. Franco, simpatizante do fascismo, recebeu
seriam uma pausa nas ações bélicas, mas os eventos do período ajuda de alemães e italianos para derrotar a Frente Popular e insta-
seriam o elo entre elas. lar um governo forte e autoritário, o qual durou até 1975, quando
Após o fim da Primeira Guerra, foi assinado entre as potências morreu o general.
europeias o Tratado de Versalhes, em 1919. Derrotada na guerra, o
Tratado impôs sanções à Alemanha, dentre as quais a perda dos ter- Segunda Guerra Mundial
ritórios conquistados, como a Alsácia-Lorena e as colônias africanas A Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, é as-
e asiáticas; a redução das Forças Armadas; proibição de fabricação sim chamada por ter se tratado de um conflito que extrapolou o es-
de armamentos pesados e o pagamento de indenização aos países paço da Europa, continente dos principais países envolvidos. Além
Aliados, vencedores do conflito. O alto valor da indenização e os do norte da África e a Ásia, o Havaí, território estadunidense, com o
custos de 4 anos de guerra deixaram a Alemanha em uma profunda ataque japonês a Pearl Harbor, foi também palco de disputas terri-
crise econômica. toriais e ataques inimigos.
Mas não só a Alemanha saiu destruída da Grande Guerra. Tam- Compreender o que levou à eclosão do conflito implica lem-
bém o restante dos países europeus envolvidos precisou encarar brar as consequências da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918,
a reconstrução, e o dinheiro para isso veio sobretudo dos Estados culminando com a derrota alemã e a assinatura, entre as potên-
Unidos da América, considerado o grande vencedor da Guerra. A cias europeias envolvidas, do Tratado de Versalhes, que, culpando
década de 1920 foi de euforia econômica naquele país, e é desse a Alemanha pela guerra, declarou a perda de suas colônias e forçou
momento o chamado american way of life (estilo de vida america- o desarmamento do país. Diante desse quadro, o país derrotado
no), caracterizado pela alta produção e consumo em massa. Produ- enfrenta grande crise econômica, agravada pela chamada Crise
tos como carros e eletrodomésticos tornam-se acessíveis para parte de 1929. Iniciada nos Estados Unidos da América, que ao fim da
da população americana, que consumia também cinema, música Primeira Guerra tinham se estabelecido como a grande economia
(jazz e charleston eram os ritmos mais populares) e esportes eram mundial e financiador da reconstrução da Europa devastada pela
populares e muito procurados. guerra, entraram em colapso econômico, levando consigo as eco-
nomias de países dependentes da sua e agravando as dificuldades
A euforia econômica, no entanto, logo teve fim. A desigualda- econômicas na Europa.
de social era gritante: metade da população estava abaixo da linha O agravamento da crise econômica aumentou o sentimento de
da pobreza. A modernização da agricultura resultou em produção derrota e fracasso entre alemães e alemãs, que viram nos ideais do
superior à demanda, diminuindo o preço dos alimentos e aumen- Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Ale mães, o Partido
tando os estoques. Também a produção industrial atingiu níveis Nazista, a saída para a situação enfrentada pelo país. A frente do
maiores do que a população era capaz de consumir, resultando em Partido, fundado em 1920, estava Adolf Hitler, que chegou ao po-
demissões e diminuição da produção. der em 1933, defendendo ideias como a da superioridade do povo
Em 1929, o mercado não aguentou a especulação de ações na alemão, da culpabilização dos judeus pela crise econômica e da per-
Bolsa de Valores e essas passaram a perder valor, culminando no seguição, isolamento e eliminação dos mesmos e de outros grupos
Crash (queda) da Bolsa de Nova York, em 29 de outubro de 1929, e como ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais. Pre-
no início de uma grave crise econômica que atingiria todos os países gava ainda a teoria do espaço vital (Lebensraum), a qual defendia
de economia capitalista. A crise começaria a ser resolvida com a a unificação do povo alemão, então, disperso pela Europa e seria
adoção, em 1933, do New Deal, conjunto de medidas adotadas pelo utilizada como justificativa para o expansionismo nazista.
presidente Roosevelt.

23
CONHECIMENTOS GERAIS
Também na Itália a crise econômica do Período Entreguerras Fim da guerra
foi aproveitada por um grupo político antiliberal e anticomunista, Os Aliados começaram a derrotar o Eixo em 1942. No Pacífico,
que via na formação de um Estado forte a solução para os proble- Estados Unidos e Austrália derrotaram os japoneses. Em fevereiro
mas econômicos e sociais. Tal grupo organizou-se como Partido Fas- de 1943, os nazistas perderam a batalha de Stalingrado, na União
cista, liderado por Benito Mussolini, que em 1922 foi nomeado pri- Soviética, e foram expulsos da Bulgária, Hungria, Polônia, Tchecos-
meiro-ministro pelo rei Vítor Emanuel III. Mussolini, chamado pelos lováquia e Iugoslávia. Na África, Egito Marrocos e Argélia foram
italianos de duce, combateu rivais políticos e defendeu a expansão conquistados pelos forças Aliadas. Em julho do mesmo ano, Vitor
territorial italiana, culminando na invasão da Etiópia em 1935 e na Emanuel III, rei da Itália, destituiu Mussolini do governo e assinou
criação da chamada África Oriental Italiana, anexada à Itália. a rendição italiana aos Aliados. No dia 6 de junho de 1944, os Alia-
Os dois líderes totalitários, Hitler e Mussolini,assinaramem dos desembarcaram na Normandia, França, na operação que ficou
1936 um tratado de amizade e colaboração entre seus países. Es- conhecida como “Dia D”. Era o início da libertação francesa e, no
tava formado o Eixo Roma-Berlim, que em 1940 passaria a ser Eixo fim da agosto, Paris estava livre. Em 2 de maio de 1945, soviéticos
Roma-Berlim-Tóquio, marcando a aliança do Japão com os dois paí- e estadunidenses tomaram Berlim, dois dias depois do suicídio de
ses europeus, formalizada com a assinatura do Pacto Tripartite, que Hitler e do alto-comando do Partido Nazista. Iniciou-se o proces-
garantia a proteção dos três países entre si. Estava formado o Eixo, so de rendição das tropas nazistas, colocando, assim, fim à guerra
que duranteo conflitomundial enfrentaria os Aliados, aliança forma- na Europa. Só o Japão resistia, mas, em agosto, diante das bombas
da inicialmente por Inglaterra e França que mais tarde contou com atômicas jogadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, o
a entrada de outros países, como os Estados Unidos, em 1941, após imperador Hirohito se rendeu aos Aliados. Chegava ao fim a Segun-
sofrer um ataque japonês na ilha de Pearl Harbor, seu território no da Guerra Mundial, deixando cerca de 50 milhões de mortos e 35
Oceano Pacífico; a União Soviética, em 1941, quando a Alemanha milhões de feridos.
de Hitler quebrou o Pacto Germano-Soviético de não agressão as- Os países vencedores levaram oficiais nazistas a julgamento no
sinado dois anos antes; e até mesmo o Brasil, que em 1942 saiu Tribunal de Nuremberg, criado para esse fim, sob acusação de cri-
da neutralidade e entrou na Guerra, em 1944 enviou combatentes mes contra a humanidade. Outra consequência da guerra foi a cria-
(Força Expedicionária Brasileira) para combater na Europa. ção, em 1945, da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo ob-
jetivo é mediar conflitos entre países a fim de evitar novas guerras.
Mas o que, afinal, levou à eclosão da guerra?
Os nazistas decidiram levar a teoria do espaço vital adiante, Referências:
promovendo assim o expansionismo alemão, primeiramente com a HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-
anexação da Áustria, em 1938, depois com a tentativa de incorporar 1991). São Paulo: Companhia das Letras. 2009. RODRIGUES, Joelza
a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pois ali viviam cerca de 3 Esther. Projeto Athos: História, 9º ano. São Paulo: FTD, 2014.
milhões de falantes da língua alemã. França e Reino Unido acorda- Fonte: https://www.infoescola.com/historia/segunda-guerra-
ram com a Alemanha, na Conferência de Munique, a anexação de -mundial/
apenas 20% do território tcheco, mas Hitler não respeitou acordo,
ocupando e em 1939 todo o país. O próximo passo foi a invasão Geografia Geral
da Polônia na tentativa de recuperar Danzig, cidade perdida pelos Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em
alemães na Primeira Guerra. França e Reino Unido exigiram que os que vivemos. Através desse estudo, podemos entender melhor tan-
alemães voltassem atrás e, diante da negativa de Hitler, declararam to o lugar onde vivemos (cidade, área rural) quanto o país do qual
guerra à Alemanha em 3 de setembro de 1939. Tinha início o confli- fazemos parte, bem como os demais países da superfície terrestre.
to mais destrutivo da história. O conhecimento da Geografia também pode abranger o estu-
do de um povo, de uma civilização sobre um território; em última
A guerra relâmpago análise, a relação entre homem e natureza, mediada pelo trabalho,
Erich Von Manstein, general alemão, foi o principal responsável tendo como resultado o espaço geográfico. A Geografia é definida
pelo desenvolvimento da Blitzkrieg, a guerra relâmpago, uma tática como ciência que estuda as relações entre sociedade e natureza.
militar que tinha como objetivo destruir o inimigo por sua surpresa, Sendo assim, o espaço geográfico é um produto histórico da ativi-
rapidez e brutalidade. Tal técnica foi utilizada nas invasões alemãs dade humana.
da Polônia e da França, que levaram pouco mais de um mês para
A Geografia Geral abarca os temas relacionados com a intera-
se consolidar, haja vista a eficiência da na África, Egito Marrocos e
ção entre a sociedade e a natureza e a transformação do espaço por
Argélia eram conquistados pelos forças Aliadas.
meio do trabalho humano.
São contempladas pela Geografia Geral as temáticas universais
Antissemitismo
sobre a produção e reprodução do espaço geográfico
Além do expansionismo e das disputas territoriais, a perse-
A Geografia enquanto ciência é uma ferramenta para a análise
guição a grupos étnicos, sobretudo aos judeus e ciganos, foi uma
e produção do espaço geográfico. Ser o instrumento de estudo da
realidade na Segunda Guerra Mundial. Para o nazismo, os judeus
paisagem e de sua dinâmica é a função da ciência geográfica. Uma
eram os grandes culpados pela crise do país passara no Período En-
definição tão ampla justifica a ramificação de temas relacionados
treguerras, devendo, portanto, ser combatidos. Antes da eclosão com a Geografia.
da guerra, políticas segregacionistas já eram colocadas em prática Por questões didáticas e de organização e por levar em conta
pelos nazistas, como a obrigatoriedade da identificação pelo uso de a amplitude de temáticas que envolvem a Geografia, dividiu-se o
uma Estrela de Davi, símbolo religioso do judaísmo; proibição do estudo em dois ramos: Geografia do Brasil e Geografia Geral. Essa
casamento entre judeus e alemães; demissão de judeus de cargos última contempla os conteúdos e temas mais universais e concei-
públicos; criação dos guetos e de campos de concentração; e a mais tuais da ciência geográfica e da Geografia ensinada nas instituições
radical de todas, a chamada solução final, que consistia na elimina- de ensino. Nesse compartimento científico, estão abrigadas, além
ção de prisioneiros através do uso de gás tóxico. do próprio conceito de Geografia, as categorias de análise dessa
ciência:

24
CONHECIMENTOS GERAIS
Paisagem
A paisagem, que é composta por elementos do presente e do
passado, é dotada de aspectos naturais e culturais do mundo.

Exemplo de um tipo de paisagem natural sem a intervenção


direta do ser humano
A paisagem carrega consigo os elementos perceptíveis do
espaço

Existem vários elementos conceituais sobre os quais nós po-


demos melhor observar e compreender o espaço geográfico e suas
inúmeras formas de análise. Um dos elementos mais importantes
nesse ínterim é o conceito de paisagem, que representa um dos as-
pectos mais notórios e necessários para a compreensão do mundo
em que vivemos.
A paisagem é, pois, os aspectos perceptíveis do espaço geo-
gráfico, isto é, a forma como compreendemos o mundo a partir de
nossos sentidos, tais como a visão, o olfato, o paladar, entre outros.
É claro que a visão é, geralmente, o mais preponderante dos sen-
tidos quando falamos em compreensão da paisagem, porém não é
o único, de forma que podemos perceber o espaço também pelos
seus cheiros, sons, sabores e aspectos externos.
A análise da paisagem permite-nos verificar as diferentes di-
nâmicas concernentes ao funcionamento das sociedades, pois ela
revela ou omite informações, de forma a denunciar as característi- Exemplo de paisagem cultural, uma cidade construída a partir
cas econômicas, políticas e culturais que estruturam o processo de da alteração do meio
formação e organização do espaço social. Afinal de contas, o espaço
geográfico é o resultado de uma complexa interação entre socieda- O obstante, é preciso considerar que as paisagens também
de e a sua paisagem. possuem seus aspectos diferenciados não tão somente pelas suas
É interessante observar que as paisagens apresentam aspectos características físicas em si, mas também de acordo com o olhar
e elementos referentes ao presente e ao passado, que muitas vezes de quem observa. É comum que duas pessoas diferentes observem
convivem em um mesmo espaço. Se observarmos, por exemplo, a uma mesma paisagem e possuam visões, impressões e opiniões dis-
paisagem de uma cidade histórica, podemos notar elementos do tintas sobre ela, fazendo com que exista uma relação de identidade
passado que foram conservados em conjunto com aspectos do pre- e subjetividade entre a paisagem e o ser humano, o que remete à
sente ou que surgiram em tempos mais recentes. Assim, é possível ideia de cultura, que influencia a forma como a sociedade enxerga
comparar essas paisagens e observar ao menos algumas de suas a sua realidade.
principais características, como a sua arquitetura, estilos culturais
e outros.
Além do mais, a paisagem carrega consigo aspectos naturais e
também aspectos culturais ou humanizados. Quando uma deter-
minada área é formada apenas pelos elementos da natureza, fala-
mos de uma paisagem natural, mas quando ela apresenta alguma
intervenção humana, então falamos de paisagem cultural, também
chamada de “paisagem humanizada” ou de “paisagem geográfica”.
Uma área de floresta com rios, cachoeiras e animais silvestres
constitui um exemplo de paisagem natural. Já a área de uma cidade
ou um campo de cultivo agrícola são exemplos de paisagens cultu-
rais. Em muitos casos, é possível observar cenários em que os dois
tipos se apresentam conjuntamente, o que representa, ao menos
em tese, um equilíbrio entre natureza e sociedade.

25
CONHECIMENTOS GERAIS
Território
O território é uma das categorias conceituais da Geografia. Seu
entendimento é necessário para uma melhor compreensão sobre
o espaço.

O jogo de Xadrez pode ser visto como uma metáfora da dispu-


ta pelo território

O Território é um dos principais e mais utilizados termos da Ge- As expressões espaciais podem se expressar em redes territo-
ografia, pois está diretamente relacionado aos processos de cons- riais
trução e transformação do espaço geográfico. Sua definição varia Dessa forma, podemos compreender que o território possui
conforme a corrente de pensamento ou a abordagem que se rea- vários níveis, variando desde o local até o global. Além disso, ele
liza, mas a conceituação mais comumente adotada o relaciona ao pode se expressar através de relações naturais ou biológicas, cultu-
espaço apropriado e delimitado a partir de uma relação de poder. rais, políticas, sociais, econômicas, militares, entre outras.
Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um dos pioneiros na elabora-
ção e sistematização do conceito de território. Em sua análise, esse Região
está diretamente vinculado ao poder e domínio exercido pelo Es- Na ciência geográfica o conceito de região está ligado à ideia de
tado nacional, de forma que o território conforma uma identidade diferenciação de áreas. As regiões podem ser estabelecidas de acor-
tal que o povo que nele vive não se imagina sem a sua expressão do com critérios naturais, abordando as diferenças de vegetação,
territorial. clima, relevo, hidrografia, fauna e etc., e sociocultural que corres-
Outro importante autor que discutiu esse conceito foi o geó- ponde à avaliação das condições sociais e culturais que insere neste
grafo suíço Claude Raffestin (1936-1971), que ressaltava o fato de contexto o índice de desenvolvimento humano para explicitar como
o espaço ser anterior ao território. Com isso, ele queria dizer que vivem as pessoas em determinado lugar.
o território é o espaço apropriado por uma relação de poder. Essa Para uma melhor análise dos dados e das diferenças existentes
relação encontra-se, assim, expressa em todos os níveis das rela- no mundo, e para não generalizar as informações, faz-se necessário
ções sociais. a regionalização de áreas de abordagens, oferecendo várias vanta-
Atualmente, o território é concebido, nas mais diversas análi- gens aos estudos geográficos.
ses e abordagens, como um espaço delimitado pelo uso de frontei- A partir das considerações, em 1960, o mundo foi regionalizado
ras – não necessariamente visíveis – e que se consolida a partir de e/ou classificado em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.
uma expressão e imposição de poder. No entanto, diferentemente A expressão Terceiro Mundo foi utilizada pela primeira vez pelo
das concepções anteriores, o território pode se manifestar em múl- economista Francê Alfred Sauvy, em 1952, ele construiu essa ex-
tiplas escalas, não possuindo necessariamente um caráter político. pressão observando as desigualdades econômicas, sociais e polí-
O geógrafo Marcelo Lopes de Souza, por exemplo, cita que o ticas, verificou que os países industrializados eram desenvolvidos,
processo de formação territorial nem sempre ocorre por meio de sua população vivia melhor, enquanto os outros países enfrentam
expressões concretas sobre o espaço. Ele evidencia a existência de muitos problemas de ordem econômica, sua população vivia em
múltiplas territorialidades, como as das prostitutas, as do narcotrá- condição não muito satisfatória.
fico, as do comércio ambulante, entre outras. Além de receber essas denominações o mundo foi regionaliza-
Assim, os territórios podem possuir um caráter cíclico (que va- do e/ou classificado em países ricos e pobres ou centrais e periféri-
ria com o tempo), móvel (que se desloca nos mais diferentes espa- cos; os ricos (centrais) são países que estão no centro das decisões
ços) e que se organiza a partir de redes que se interligam pelo fluxo mundiais, são desenvolvidos, industrializados, avançados tecnologi-
de informações ou contatos. Um exemplo de território em rede se- camente, com economia estável, os países pobres (periféricos) são
ria o dos traficantes, que se organizam em células que nem sempre países subdesenvolvidos, pouco industrializados, com produção pri-
se encontram próximas uma das outras, mas que se articulam em mária, dependente economicamente e de economia instável com
redes de transporte de armas, drogas e comunicação. grande incidência de crises.

26
CONHECIMENTOS GERAIS
E por último o mundo pode ser regionalizado ou denominado Atribui-se a Carl Sauer a primeira grande contribuição para a
de desenvolvidos e subdesenvolvidos. Desenvolvidos são aqueles valorização do conceito de lugar[1]. Para o autor, a paisagem cultural
países que além de ter um grande crescimento econômico e indus- é quem define o estudo da Geografia e o sentido do lugar estaria
trial, oferece para seu cidadão uma boa qualidade de vida, como vinculado à ideia de significação dessa paisagem em si. A partir daí,
saúde, preocupação com os idosos, acesso ao conhecimento, a esse importante termo foi sendo vinculado não ao local, mas ao
cultura, segurança, boa renda pra maioria da população etc., em significado específico, ou seja, aos atributos relativos e únicos de
contrapartida, os países subdesenvolvidos possuem características um dado ponto do espaço, transformando suas impressões em sen-
inversas, como não oferece boa condição de vida à sua população, sações únicas.
economia dependente, grande concentração de renda, educação Com essa evolução, sobretudo pelas contribuições de autores
deficiente assim como a saúde. como Yi-Fu Tuan e Anne Butiimer, a ideia de lugar passou a asso-
Em suma, pode-se constatar que não basta mudar as denomi- ciar-se à corrente filosófica da fenomenologia que, basicamente,
nações, pois as diferenças são sempre as mesmas, a classificação trata os fatos como únicos, partindo da compreensão do ser sobre
não transforma suas características somente pela mudança de no- a realidade e não da realidade em si, esta tida como inatingível. Por
mes: desenvolvidos, ricos, centrais, subdesenvolvidos, pobres e pe- isso, o lugar ganhou a ideia de significação e, mais do que isso, de
riféricos, pois as suas particularidades permanecem. afeto e percepção.
Assim, uma rua onde passei a infância pode ser chamada de
Lugar lugar, ou a região onde moro, ou até mesmo a minha casa e a fazen-
O conceito de lugar é muito importante para a Geografia, pois da onde gosto de passar os finais de semana. Tudo isso, de acordo
representa a porção do espaço geográfico dotada de significados com a Geografia, é um lugar e apresenta-se como um fenômeno
particulares e relações humanas. concernente à dinâmica do espaço geográfico.
Espaços públicos de convivência e lazer são frequentemente
abordados e estudados pela Geografia a partir da ideia de lugar. Em
alguns casos, estudos geográficos com base nessas premissas foram
responsáveis pela mudança na arquitetura de praças e espaços de
lazer, sobretudo no sentido de adequar tais locais à compreensão e
percepção das pessoas e à ideia que essas tinham de como deveria
ser o seu lugar.

CARTOGRAFIA

Uma rua, por exemplo, pode ser uma expressão do lugar no


espaço geográfico

A expressão “lugar” é polissêmica, ou seja, possui uma varie-


dade de significados. Se pesquisarmos no dicionário, por exemplo,
veremos conceitos relacionados a espaço ocupado, pequenas áre-
as, localidades, pontos de observação, região de referência, entre
outros. No entanto, o conceito de lugar para a Geografia é alvo de
um debate mais específico, ganhando novos contornos.
Não há entre os geógrafos um consenso sobre o que seria pro- Antigo mapa da América do Sul
priamente o lugar. Tudo depende da abordagem empregada na
utilização do termo, bem como da corrente de pensamento rela- A produção de mapas ocorre desde a pré-história, antes mes-
cionada com a teoria em questão. Por isso, ao longo da história do mo do surgimento da escrita. Sua confecção se dava em placas de
pensamento geográfico, esse conceito foi alvo de vários debates, argila suméria e papiros egípcios. Ao longo da história a cartogra-
ganhando gradativamente novos contornos. fia foi evoluindo e desenvolvendo novas técnicas e, atualmente, é
Nos estudos clássicos da Geografia, o estudo tinha uma impor- uma ferramenta de fundamental importância nas representações
tância secundária, tendo sua noção vinculada ao local. Em uma es- de áreas terrestres.
cala de análise, referia-se, dessa forma, apenas a uma porção mais Conforme a Associação Cartográfica Internacional, a cartogra-
ou menos definida do espaço. No entanto, essa ideia foi sendo enri- fia é definida como o conjunto de estudos e operações científicas,
quecida ao longo do tempo e do avanço das discussões. artísticas e técnicas baseado nos resultados de observações diretas
ou de análise de documentação, com vistas à elaboração e prepa-
ração de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como
sua utilização.

27
CONHECIMENTOS GERAIS
A cartografia é a junção de ciência e arte, com o objetivo de - Plantas – representação cartográfica realizada a partir de uma
representar graficamente, em mapas, as especificidades de uma escala muito grande, ou seja, com uma área muito pequena e um
determinada área geográfica. nível de detalhamento maior. É muito utilizada para representar
É ciência, pois a confecção de um mapa necessita de conhe- casas e moradias em geral, além de bairros, parques e empreen-
cimentos específicos para a representação de aspectos naturais e dimentos.
artificiais, aplicação de operações de campo e laboratório, metodo- - Croqui – é um esboço cartográfico de uma determinada área
logia de trabalho e conhecimento técnico para a obtenção de um ou, em outras palavras, um mapa produzido sem escala e sem os
trabalho eficaz. procedimentos padrões na sua elaboração, servindo apenas para a
A arte na cartografia está presente em aspectos estéticos, pois obtenção de informações gerais de uma área.
o mapa é um documento que precisa obedecer a um padrão de or- - Escala – é a proporção entre a área real e a sua representação
ganização. Necessita de distribuição organizada de seus elementos, em um mapa. Geralmente, aparece designada nos próprios mapas
como: traços, símbolos, cores, letreiros, legendas, título, margens, na forma numérica e/ou na forma gráfica.
etc. As cores devem apresentar harmonia e estar de acordo com sua - Legenda – é a utilização de símbolos em mapas para definir
especificação, exemplo, a cor azul em um mapa representa água. algumas representações e está sempre presente em mapas temá-
O mapa é o principal objeto do cartógrafo, ele é uma represen- ticos. Alguns símbolos cartográficos e suas legendas são padroni-
tação convencional da superfície terrestre, e até de outros astros, zados para todos os mapas, como o azul para designar a água e o
como a Lua, Marte, etc. Apresenta simbologia própria e deve ser verde para indicar uma área de vegetação, entre outros.
sempre objetivo, além de transmitir o máximo de precisão. - Orientação – é a determinação de ao menos um dos pon-
Existem vários modelos de mapas, entre eles podem ser cita- tos cardeais, importante para representar a direção da área de um
dos: Mapa-múndi; mapas topográficos; mapas geográficos que re- mapa. Alguns instrumentos utilizados na determinação da orienta-
presentam grandes regiões, países ou contingentes; mapas políti- ção cartográfica são a Rosa dos Ventos, a Bússola e o aparelho de
cos; mapas urbanos; mapas econômicos; cartas náuticas e aéreas; GPS.
entre outros. - Projeções Cartográficas – são o sistema de representação da
Mediante a compreensão dos principais conceitos básicos da Terra, que é geoide e quase arredondada, em um plano, de forma
cartografia, podemos ter um entendimento mais facilitado do pro- que sempre haverá distorções. No sistema de projeções cartográfi-
cesso de leitura e produção de mapas. cas, utiliza-se a melhor estratégia para definir quais serão as altera-
ções entre o real e a representação cartográfica com base no tipo
de mapa a ser produzido.

- Hipsometria – também chamada de altimetria, é o sistema


de medição e representação das altitudes de um determinado am-
biente e suas formas de relevo. Portanto, um mapa hipsométrico
ou altimétrico é um mapa que define por meio de cores e tons as
diferenças de altitude em uma determinada região.
- Latitude – é a distância, medida em graus, entre qualquer
ponto da superfície terrestre e a Linha do Equador, que é um traça-
do imaginário que se encontra a uma igual distância entre o extre-
mo norte e o extremo sul da Terra.
- Longitude – é a distância, medida em graus, entre qualquer
A cartografia é uma ciência repleta de conceitos técnicos e no- ponto da superfície terrestre e o Meridiano de Greenwich, outra
ções basilares que permitem o seu entendimento linha imaginária que é empregada para definir a separação dos he-
A cartografia, como sabemos, é a área do conhecimento res- misférios leste e oeste.
ponsável pela elaboração e estudo dos mapas e representações car- - Paralelos – são as linhas imaginárias traçadas horizontalmen-
tográficas em geral, incluindo plantas, croquis e cartas gráficas. Essa te sobre o planeta ou perpendiculares ao eixo de rotação terres-
área do conhecimento é de extrema utilidade não só para os estu- tre. Os principais paralelos são a Linha do Equador, os Trópicos de
dos em Geografia, mas também em outros campos, como a Historia Câncer e Capricórnio e os Círculos Polares Ártico e Antártico. Todo
e a Sociologia, pois, afinal, os mapas são formas de linguagem para paralelo da Terra possui um valor específico de latitude, que pode
expressar uma dada realidade. variar de 0º a 90º para o sul ou para o norte.
Existem, dessa forma, alguns conceitos básicos de Cartografia - Meridianos – são as linhas imaginárias traçadas verticalmente
que nos permitem entender os elementos dessa área de estudos sobre o planeta ou paralelas ao eixo de rotação terrestre. O prin-
com uma maior facilidade. Saber, por exemplo, noções como as cipal meridiano é o de Greenwich, estabelecido a partir de uma
de escala, legenda e projeções auxilia-nos a identificar com mais convenção internacional. Todo meridiano da Terra possui um valor
facilidade as informações de um mapa e as formas utilizadas para específico de longitude, que pode variar entre 0º e 180º para o leste
elaborá-lo. ou para o oeste.
- Coordenadas Geográficas – é a combinação do sistema de
Confira, a seguir, um resumo dos principais conceitos da Car- paralelos e meridianos com base nas longitudes e as latitudes para
tografia: endereçar todo e qualquer ponto da superfície terrestre.
- Mapa – um mapa é uma representação reduzida de uma dada - Curvas de Nível – é uma linha ou curva imaginária que indica
área do espaço geográfico. Um mapa temático, por sua vez, é uma os pontos e áreas localizados sob uma mesma altitude e que possui
representação de um espaço realizada a partir de uma determina- a sua designação altimétrica feita por números representados em
da perspectiva ou tema, que pode variar entre indicadores sociais, metros.
naturais e outros. - Aerofotogrametria – é o registro de imagens a partir de fo-
tografias áreas, sendo muito utilizado para a produção de mapas.

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CONHECIMENTOS GERAIS
- SIG – sigla para “Sistemas de Informações Geográficas”, é o conjunto de métodos e sistemas que permitem a análise, coleta, arma-
zenamento e manipulação de informações sobre uma dada área do espaço geográfico. Utiliza, muitas vezes, técnicas e procedimentos
tecnológicos, incluindo softwares, imagens de satélite e aparelhos eletrônicos em geral.

Alguns conceitos a destacar...


Os Mapas são desenhos que representam qualquer região do planeta, de maneira reduzida, simplificada e em superfície plana.
Os mapas são feitos por pessoas especializadas, os Cartógrafos. A Ciência que estuda os mapas e cuida de sua confecção chama-se
Cartografia. Vários mapas podem ser agrupados em um livro, que recebe o nome de Atlas.

Elementos cartográficos
Todos os mapas possuem símbolos, que são chamados de Convenções Cartográficas. Alguns são usados no mundo todo, em todos os
países: são internacionais. Por isso, não podem ser modificados.
Os símbolos usados são colocados junto ao mapa e constituem a sua Legenda. Normalmente, a legenda aparece num dos cantos
inferiores do mapa.
As Escalas indicam quantas vezes o tamanho real do lugar representado foi reduzido. Essa indicação pode ser feita de duas formas: por
meio da escala numérica ou da gráfica. As escalas geralmente aparecem num dos cantos inferiores do mapa.
Vamos analisar então mais detalhadamente esses elementos.
Devemos considerar o mapa como um meio de comunicação, contendo objetos definidos por pontos, linhas e polígonos, permeados
por uma linguagem composta de sinais, símbolos e significados. Sendo a sua estrutura formada por uma base cartográfica, relacionada
diretamente a objetos e fenômenos observados ou percebidos no espaço geográfico.
Essa base cartográfica é composta pelos chamados elementos gerais do mapa, que são pelo menos cinco componentes que contri-
buem para a leitura e interpretação do produto cartográfico. São eles: o título, a orientação, a projeção, a escala e a legenda, sendo que a
ausência e erros em mapas, na maioria das vezes, ocorre quando um desses elementos é apresentado de forma incompleta ou distorcida,
não seguindo as normas da ciência cartográfica, o que pode contribuir para a apreensão incorreta das representações do espaço geográ-
fico pelos leitores. Então, vamos aqui procurar entender cada um deles de forma resumida:

O Título
O título no mapa deve ser visto como ocorre em uma apresentação de um texto escrito, ou seja, é a primeira apresentação do con-
teúdo do que se quer mostrar; é o menor resumo do que trata um documento, neste caso, a representação cartográfica. Quando se está
diante de um “mapa temático”, por exemplo, o título deve identificar o fenômeno ou fenômenos representados por ele (Figura 1). Nesse
sentido, o título deve conter as informações mínimas que respondam as seguintes perguntas a respeito da produção: “o quê?”, “onde?”
e “quando?”.
Um título deve responder a pergunta “o quê?” E ser fiel ao que se desenvolve no produto cartográfico. Pode ser escrito na parte su-
perior da carta, do mapa ou de outro produto da cartografia, isto é, deve ter um destaque para que o leitor identifique automaticamente
do que se trata esse produto cartográfico.

A Orientação
A orientação é sem dúvida um elemento fundamental, pois sem ela fica muito difícil de responder a pergunta “onde?”, considerando
que a carta, o mapa, a “planta” ou outro tipo de representação espacial, sob os preceitos da Cartografia, é uma parcela de um sistema
maior, o planeta Terra (se for esse o planeta trabalhado). E, em sendo assim, é preciso estabelecer alguma referência para se saber onde
se está localizado, na imensidão da superfície deste planeta.
A orientação deve ser utilizada, de preferencia, de forma simultânea à apresentação das às coordenadas geográficas (meridianos e
paralelos cruzados na forma de um sistema chamado de rede geográfica), no mapa, as quais também servem para se marcar a posição de
um determinado objeto ou fenômeno na superfície da Terra, de modo que a direção norte aponte sempre para a parte de cima da repre-
sentação (seguindo o sentido dos meridianos). E caso a representação não contenha coordenadas geográficas é importante dotá-la de um
norte, ou de uma convenção que dê a direção norte da representação, geralmente na forma de seta ou da conhecida “rosa dos ventos”
(presente na figura 1).

29
CONHECIMENTOS GERAIS

Figura 1. Exemplo de carta contendo os elementos gerais da representação. Fonte: Elaborado pelo autor.

A Projeção
A ideia de projetar algo em outro meio, no caso, a forma da Terra, deu origem a técnica que definiu os tipos de projeções cartográficas.
Para isto foi preciso conhecer as dimensões do planeta, pois os modelos propostos para representar a Terra precisaram ajustar as suas
próprias dimensões a superfície deste planeta. Inicialmente os gregos, por intuição ou por desejo entenderam que a Terra era redonda.
Embora outras ideias tenham surgido e medidas demonstrem que este planeta não é tão bem acabado, como consideravam os gregos da
antiguidade, a esfera ou globo ainda é o seu modelo mais conhecido.
Entendido como a Terra pode ser vista, é importante lembrar que para representá-la ou para escolher o seu modelo de representação
é necessário conhecer os atributos de uma projeção, tendo em vista que esses atributos são em função do uso que se quer do mapa:
dimensão, forma e posição geográfica da área ou do objeto a ser mapeado. Principalmente porque as projeções são a maneira pela qual a
superfície da Terra é representada em superfícies bidimensionais, como em uma folha de papel ou na tela de um monitor de computador.
Como na hora de representar o planeta Terra (como uma esfera, tridimensional – com um volume) se utiliza quase sempre um meio
bidimensional (um plano – com largura e altura), deve-se minimizar as distorções em área, distância e direção dos traços que irão compor
o modelo terrestre ou parte dele (carta, mapa, planta e outras). Ou seja, se faz necessário compreender como a superfície esférica do
planeta Terra – o globo, pode se tornar uma superfície plana – o mapa.
Os modos de conversão do modelo esférico para a forma plana são os mais diversos, cada qual gerando certas distorções e evitando
outras. O que significa que precisamos colocar a esfera terrestre numa folha de papel, portanto, adaptá-la à forma plana, mas para que isso
ocorra é preciso pressionar o globo terrestre para que ele se torne plano, porém, tal pressão faz com que o globo se “parta” em vários lu-
gares. gerando uma série de deformações que precisaram ser compensadas com cálculos matemáticos que procuram resolver os “vazios”
criados com a abertura do globo (Figura 2).

Figura 2. A Terra é dividida em segmentos ou “gomos” ao longo das linhas de longitude. Fonte: Phillipson (2010, p. 07)

30
CONHECIMENTOS GERAIS
A Cartografia buscou solucionar este problema com base no estudo das projeções cartográficas, e nessa busca concluiu que nenhum
tipo de projeção pode evitar as deformações em parte ou na totalidade da representação, por isso mesmo, um mapa nunca será perfeito.
Assim, a Cartografia se propôs a considerar três tipos de projeção: a azimutal ou plana, a cilíndrica e a cônica (figura 3). E para isto teve que
desenvolver processos geométricos ou analíticos para representar a superfície do planeta Terra em um plano horizontal.

Figura 3. Projeções cartográficas. Fonte: http://migre.me/aij9b

A definição dessas projeções solicitou ajustes quanto ao modelo da projeção a ser adotada: no Modelo Cilíndrico, as projeções são do
tipo: a) normais, b) transversas e c) oblíquas; no Modelo Cônico ou Policônico, as projeções são do tipo: a) normais e b) transversas; e, no
Modelo Plano, as projeções são do tipo: a) polares, b) equatoriais e c) oblíquas.
Quanto aos atributos as projeções conservam três propriedades importantes: a equidistância, quando a distância sobre um meridiano
(ou paralelo) medido no mapa é igual à distância medida no terreno; a equivalência, quando a área representada no mapa é igual à área
correspondente no terreno; a conformidade, quando a forma de uma representação do mapa é igual à forma existente. As projeções
azimutais permitem a direção azimutal no mapa igual à direção azimutal no terreno.
Essas características das projeções cartográficas garantem a elaboração de mapas para todos os tipos de uso e aplicação, porém, ne-
nhum mapa pode conter todas as propriedades: a equidistância, a equivalência e a conformidade ao mesmo tempo. Caso a representação
cartográfica não estiver submetida a nenhuma dessas propriedades, é chamada de projeção afilática.

31
CONHECIMENTOS GERAIS
A Escala
Na elaboração de um produto cartográfico observamos dois problemas importantes: 1º) a necessidade de reduzir as proporções dos
acidentes existentes, a fim de tornar possível a sua representação num espaço limitado - esta ideia é a escala, concebida a partir da pro-
porção requisitada pela representação dos fenômenos e; 2º) determinados acidentes, dependendo da escala, não permitem uma redução
acentuada, pois se tornariam imperceptíveis, mas como são importantes devem ser representados nos documentos cartográficos. Por isto,
no caso de mudança de escala de trabalho, poderá acontecer uma modificação na forma de representar o objeto, ou seja, a cada momento
em que a escala for aumentando, acontecerá a aproximação do objeto, aumentando o seu tamanho, acontecendo ao contrário, na dimi-
nuição da escala, o distanciamento do objeto, o que, consequentemente, modificará sua representação (Figura 4).

Figura 4. Relação entre a mudança de escala e representação espacial dos objetos. Fonte: o autor com base em Silva (2001) e Cruz e
Menezes (2009)

A figura 4 (A) mostra a representação de um objeto em uma grande escala – destacando o bairro de Nazaré, em Belém do Pará, na
qual se pode perceber as quadras do bairro (polígonos) e seus confinantes. Numa escala menor vê-se o município (4 B), depois o estado no
território nacional (4 C) e a localização global (4 D), na qual as quadras e os limites políticos administrativos dos municípios desaparecem,
e os estados são imperceptíveis. Nessa redução drástica da escala, as quadras, os municípios brasileiros e até certos estados são represen-
tados por pontos, uma vez que não se pode perceber a área desses objetos.
E para identificar essa relação a escala pode ser definida como escala numérica, na forma de fração, cujo denominador lhe determi-
na, ou como escala gráfica, definida por um seguimento de reta fracionado e usado de acordo com a unidade de medida admitida para a
representação (metro, quilômetro ou outras).

32
CONHECIMENTOS GERAIS

Figura 5. Escala numérica e gráfica. Fonte: http://migre.me/aijJK (adaptado pelo autor)

Com isto se pode entender a escala como uma relação entre grandezas e é neste caso que a relação entre as medidas dos objetos ou
áreas da região representada no espaço cartografado (numa folha de papel ou na tela de um monitor, por exemplo) e suas medidas reais
define a maior ou menor resolução espacial do objeto (visibilidade).

A Legenda e as Convenções
As representações espaciais sempre estiveram presentes, pois antes mesmo da escrita e da fala os símbolos e desenhos represen-
tavam o meio vivido. Com eles o homem delimitava e ocupava os territórios. Mas foi somente a partir do século passado que os mapas
passaram a ter o padrão normativo atual, estabelecido por leis e convenções transformadas em normas aceitas pelos estudiosos e por
todos os que usam produtos da Cartografia.
Assim, estabeleceu-se uma linguagem artificial, padronizada, associativa e universal com o objetivo de promover uma melhor compre-
ensão para quem produz e para quem lê os mapas, alcançando leitores com menor e maior nível de conhecimento. Os mapas passaram
então a fazer parte do dia-a-dia do homem em sociedade, figurando em livros, revistas, jornais, televisão, internet, e muitos outros meios
de comunicação humana. De modo que, as técnicas cartográficas modernas permitiram que as representações ganhassem mais e melhor
sentido.
Assim, para a melhor simbolização dos objetos e fenômenos que são transportados e contidos em um mapa, e demais representações
cartográficas, foi necessário se aprimorar as chamadas legendas, ou seja, a parte de uma carta ou mapa que contém o significado dos fe-
nômenos representados nela, geralmente traduzidos por símbolos, cores e traços desenhados cuidadosamente para que o leitor de mapas
entenda do que trata a representação cartográfica.
A legenda de um mapa está situada, geralmente, dentro da moldura do mesmo, com todos os símbolos, cores e outros artifícios
capazes de explicar de modo resumido a ocorrência de um determinado objeto ou fenômeno, de acordo com sua distribuição no espaço
geográfico.
Faz-se necessário atentar para uma componente muito confundida com legenda, embora faça parte de outra categoria de informação
– as convenções, que não possuem a função de explicar o fenômeno temático, mas a de definir o significado de linhas, símbolos e outras
representações, geralmente, referentes aos componentes gerais do mapa.
Assim podemos ter mapas que mostram fenômenos qualitativos e quantitativos e/ou quantitativos (Figura 8), dispostos sobre uma
base de referência, geralmente extraída dos mapas e cartas topográficas. Desse modo, os mapas e cartas geológicas, geomorfológicas,
de uso da terra e outras, constituem exemplos de representação temática em que a linguagem cartográfica privilegia a forma e a cor dos
símbolos como expressão qualitativa que surge na forma de legendas
Desse modo, podemos entender que a descrição qualitativa é aquela que mostra os atributos (qualidades), a cada uma das circuns-
tâncias ou características dos fenômenos (como os aspectos nominais do fenômeno), as quais podem ser classificadas segundo um deter-
minado padrão.
Os mapas de densidade de população, de precipitação pluviométrica, de produção agrícola, de fluxos de mercadorias, constituem
exemplos de que pontos, dimensões dos símbolos, linhas iguais (isarítmicas), áreas iguais (corópletas), figuras (diagramas) e outros recur-
sos gráficos podem ser utilizados para representar as formas de expressão qualitativa, assim como a descrição quantitativa (Figura 8), que
pode mensurar o fenômeno através de uma unidade de medida ou através de um percentual (aspecto ordinal do fenômeno) quantitativo.

33
CONHECIMENTOS GERAIS

Figura 8. Mapa contendo temática quantitativa: a concentração do PIB do Brasil. Fonte: Fonte: Brasil (2006)

Assim, para finalizar essa contribuição, devemos reconhecer que os conceitos e categorias da Cartografia não podem ser desprezados
durante o uso ou a elaboração de um produto cartográfico. O uso das ferramentas mais atuais, pelos profissionais que utilizam a Cartogra-
fia, deve se dar sob o entendimento do meio que os circunda e dos elementos que compõem a ciência cartográfica.
A interpretação do espaço geográfico e dos fenômenos e objetos inerentes a ele depende sobretudo dessa linguagem empregada
pela Cartografia, básica para a leitura dos seus produtos (mapas, plantas, croquis e outros), tendo em vista que eles são usados por um
número cada vez maior de pessoas de todas as profissões e interesses, principalmente estudantes de todas partes do mundo e áreas do
conhecimento.
Desse modo, um plano de representação do espaço só se consolida se apoiado na linguagem cartográfica. As ações mecânicas que se
estabelecem com o “apertar botão”, seleção de cores e possibilidade de zoom automático, colocam uma cortina sobre os fatos importan-
tes, e encobrem a capacidade crítica do profissional sobre o objeto de estudo. A discussão não deve ser apenas sobre o ferramental, mas
também sobre conceitos, categorias e elementos da Cartografia para compreender o espaço geográfico.

Tipos de Mapa
Para compreendermos o que se passa na superfície da Terra existem diferentes tipos de mapas:
- Mapas Políticos – mostram os continentes, um país, estados e municípios, limites, capitais e cidades importantes;
- Mapas Físicos – representam um ou alguns elementos naturais. Podem ser de relevo, hidrografia, clima, vegetação, etc;
- Mapas Econômicos – apresentam as riquezas de uma região (agricultura, indústrias, etc);
- Mapas Demográficos – mostra a distribuição de pessoas que vivem em um continente, país, estado, cidade etc.

Hoje em dia, a cartografia é feita por meios modernos, como as fotografias aéreas (realizadas por aviões, drones) e o sensoriamento
remoto por satélite.
Além disso, com os recursos dos computadores, os geógrafos podem obter maior precisão nos cálculos, criando mapas que chegam
a ter precisão de até 1 metro. As fotografias aéreas são feitas de maneira que, sobrepondo-se duas imagens do mesmo lugar, obtém-se a
impressão de uma só imagem em relevo. Assim, representam-se os detalhes da superfície do solo.
Depois, o topógrafo completa o trabalho sobre o terreno, revelando os detalhes pouco visíveis nas fotografias.

Coordenadas geográficas
O planeta Terra possui uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados, devido esse imenso espaço a localização se torna
mais complexa, dessa forma o homem criou linhas imaginarias para facilitar a localização, os principais são os paralelos e latitudes e me-
ridianos e as longitudes.
É através da interseção de um meridiano com um paralelo que podemos localizar cada ponto da superfície da Terra.

34
CONHECIMENTOS GERAIS
Os paralelos são linhas imaginarias que estão dispostas ao re- Através do conhecimento da latitude e longitude de um lugar
dor do planeta no sentido horizontal, ou seja, de leste a oeste. O pa- é possível identificar as coordenadas geográficas, que correspon-
ralelo principal é chamado de Linha do Equador que está situado na dem a sua localização precisa ao longo da superfície terrestre. A
parte mais larga do planeta, a partir dessa linha tem origem ao he- partir dessas informações a definição de coordenadas geográficas
misfério sul e o hemisfério norte. Existem outros paralelos secundá- são medidas em graus, minutos e segundos de pontos da Terra lo-
rios mais de grande importância como Trópico de Câncer, O Trópico calizadas pela latitude e longitude.
de Capricórnio, o Circulo Polar Ártico e o Circulo Polar Antártico.
Os Pontos de Orientação - Os meios que as pessoas utilizam
para orientar-se no espaço geográfico dependem do ambiente em
que elas vivem.
Para isso, foram definidos os pontos globais de referência, cha-
mados de pontos cardeais:
- Norte (N)
- Sul (S)
- Leste (L ou E)
- Oeste (O ou W)

Para ficar mais exata a orientação entre os pontos cardeais, te-


mos os pontos colaterais: noroeste (NO), nordeste (NE), sudoeste
(SO) e sudeste (SE). Além desses, temos os pontos subcolaterais:
norte-noroeste (NNO), norte-nordeste (NNE), sul-sudoeste (SSO),
sul-sudeste (SSE), leste-nordeste (ENE), leste-sudeste (ESSE), oeste-
-noroeste (ONO) e oeste-sudoeste (OSO).
Todos estes pontos formam uma figura chamada de Rosa-dos-
-Ventos ou Rosa-dos - Rumos.

As Zonas Climáticas - Os paralelos especiais exercem papel


As latitudes são medidas em graus entre os paralelos, ou qual- muito importante na definição das zonas climáticas, que são de-
quer ponto do planeta até a Linha do Equador, as latitudes oscilam marcadas por eles. Tais paralelos são os seguintes:
de 0º Linha do Equador e 90º ao norte e 90º ao sul. - Zonas polares ou glaciais norte e sul – são limitadas pelos cír-
Meridianos correspondem a semicircunferências imaginarias culos polares, possuem altas altitudes. São zonas muito frias.
que parte de um pólo até atingir o outro. O principal meridiano é o - Zonas temperadas – com latitude medias, estão compreen-
Greenwich, esse é o único que possui um nome especifico, esse é didas a norte entre o circulo polar ártico e o tropico de câncer e a
utilizado como referência para estabelecer a divisão da Terra entre sul entre o circulo polar antártico e o tropico de capricórnio. Possui
Ocidente (oeste) e Oriente (leste). temperaturas mais amenas que as zonas polares.
- Zona tropical – compreendida entre os trópicos de câncer e
capricórnio, também é chamada de zona intertropical. E a região
do planeta que recebe mais raios solares, portanto, a mais quente.

Fuso Horário
Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram
estabelecidos através de uma reunião composta por representan-
tes de 25 países em Washington, capital estadunidense, em 1884.
Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em 24 fusos ho-
rários distintos.
A metodologia utilizada para essa divisão partiu do princípio de
que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56 minutos
e 4 segundos) para que a Terra realize o movimento de rotação, ou
seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizando um movi-
mento de 360°. Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°. Esse
dado é obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°)
pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento de rotação
(24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o Greenwi-
ch, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado inicial,
atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oeste da Euro-
As longitudes representam o intervalo entre os meridianos ou pa e da África. A hora determinada pelo fuso de Greenwich recebe
qualquer ponto do planeta com o meridiano principal. As longitu- o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos os outros limites
des podem oscilar de 0º no meridiano de Greenwich até 180º a de fusos horários.
leste e a oeste. A Terra realiza seu movimento de rotação girando de oeste para
leste em torno do seu próprio eixo, por esse motivo os fusos a leste
de Greenwich (marco inicial) têm as horas adiantadas (+); já os fu-
sos situados a oeste do meridiano inicial têm as horas atrasadas (-).

35
CONHECIMENTOS GERAIS
Alguns países de grande extensão territorial no sentido leste- Sua extensão territorial é de 42.550.000 km², e a população
-oeste apresentam mais de um fuso horário. A Rússia, por exem- é estimada em 1 bilhão de habitantes, distribuídos em 35 países e
plo, possui 11 fusos horários distintos, consequência de sua grande 16 territórios. Sua posição geográfica isola-o completamente de ou-
área. O Brasil também apresenta mais de um fuso horário, pois o tro continente: a oeste, pelo Oceano Pacífico; a leste, pelo Oceano
país apresenta extensão territorial 4.319,4 quilômetros no sentido Atlântico.
leste-oeste, fato que proporciona a existência de quatro fusos ho- O PIB total do continente americano é calculado em 20,3 tri-
rários distintos, no entanto, graças ao Decreto n° 11.662, publicado lhões de dólares. Os Estados Unidos, isoladamente, respondem por
no Diário Oficial de 25 de abril de 2008, o país passou a adotar so- 65% desse montante. As demais nações de destaque econômico no
mente três. continente são: Brasil, Argentina, Uruguai, Canadá e México.
A compreensão dos fusos horários é de extrema importância, No que se refere aos aspectos histórico-culturais do continente
principalmente para as pessoas que realizam viagens e têm contato americano, pode-se subdividi-lo em duas porções: América Anglo-
com pessoas e relações comerciais com locais de fusos distintos dos -saxônica e América Latina. A primeira refere-se à porção de terras
seus, proporcionado, portanto, o conhecimento de horários em di- ocupada pelos ingleses e que se constituiu como colônias de po-
ferentes partes do globo. voamento. A segunda foi colonizada por portugueses e espanhóis,
CONTINENTES em sua maioria, e constituiu-se como colônias de exploração. Con-
siderando que a raiz do idioma dos colonizadores ibéricos é o latim,
O PLANETA TERRA POSSUI SEIS GRANDES CONTINENTES: esses países ficaram conhecidos como latinos.
ÁFRICA, ÁSIA, EUROPA, OCEANIA, AMÉRICA E ANTÁRTIDA. Outra divisão pode ser feita a partir dos aspectos físicos e natu-
Os continentes formaram-se no período Pré-cambriano, há rais do continente e, nesse caso, a subdivisão ocorre entre América
cerca de 4,5 bilhões de anos, sobre as placas tectônicas, que ini- do Norte, América Central e América do Sul. Essa divisão conside-
cialmente estavam agrupadas em uma imensa massa territorial, a ra que o continente é formado por duas massas de terra (América
Pangeia. O movimento milimétrico desses blocos de terra originou do Norte e América do Sul) ligadas por uma estreita faixa (América
os atuais continentes. Considera-se que o planeta Terra possui seis Central)
continentes: América, África, Ásia, Europa, Oceania e Antártida.
A definição do termo continente não é um consenso entre os Continente europeu
geógrafos. Pelo menos três versões podem ser consideradas. A pri-
meira e mais utilizada considera que no planeta há seis continentes
– extensas massas de terra cercadas por oceanos e que abrigam
diversos países. A segunda considera a existência de apenas cinco
continentes – ora considerando a Antártida um não continente, ora
considerando a Europa e Ásia como um único continente, a Eurásia,
por se situarem em uma mesma placa tectônica. A terceira amplia
para oito o número de continentes, por considerar as subdivisões
do continente americano (Norte, Central e Sul) como continentes
autônomos. Neste texto, utilizaremos a definição mais aceita e usu-
al de seis continentes.

Continente americano O continente europeu é composto por 50 países e 8 territórios.


Suas fronteiras foram diversas vezes alteradas, com os avanços e
recuos dos impérios que o conquistaram ao longo dos séculos. Suas
fronteiras são: ao norte, Mar Glacial Ártico; a noroeste, mar da No-
ruega; a leste, o Oceano Atlântico; ao sul, o Mar Mediterrâneo; a
sudoeste, o Mar Negro; e, a noroeste, os Montes Urais.
A população do continente europeu é estimada em 743,1 mi-
lhões de habitantes, distribuídos em 10.180.000 km². Sua localiza-
ção geográfica permite que o continente possua distintas variações
climáticas: desde a severidade do clima frio do norte, próximo ao
Círculo Polar Ártico, e zonas mais amenas de clima temperado ao
sul.
O relevo do continente europeu caracteriza-se por elevações
de planaltos ao sul, com os Montes Pirineus e os Alpes; a noroeste,
com os Montes Escandinavos e, a nordeste, os Montes Urais. O res-
tante do território constitui-se de planícies.
O continente europeu possui os melhores indicadores socio-
O continente americano possui a maior extensão latitudinal econômicos do planeta. A elevada arrecadação e concentração de
do mundo, ocupando, praticamente, todas as faixas de norte a sul. renda faz com que os países da Europa tornem-se objeto de desejo
Essa distribuição permite que o continente experimente todas as de milhares de migrantes. Atualmente, o continente tem vivenciado
variações climáticas do planeta, desde as camadas mais quentes da a migração de uma enorme população que foge das situações de
região equatorial às zonas temperadas e camadas polares. Do mes- risco em países do Oriente Médio e África.
mo modo, observam-se as mais variadas expressões de vegetação,
solo e relevo.

36
CONHECIMENTOS GERAIS
Continente asiático Historicamente, o continente caracterizou-se por um conjunto
de conquistas, imposições culturais, colonizações e exploração. Ao
longo dos séculos, vários países, especialmente europeus, reivindi-
caram parte do território africano, assim como suas riquezas e sua
população. Durante séculos, o continente europeu beneficiou-se
dos recursos naturais e humanos oriundos da África.
Apesar de uma imagem cristalizada de um continente pobre,
a África possui importantes potências econômicas regionais, como
Egito, África do Sul e Nigéria. Destacam-se ainda Argélia, Angola e
Líbia como grandes produtores de petróleo. No vasto território do
continente africano, ainda se encontram variadas reservas de re-
cursos minerais, como diamante (Botsuana, Congo e Angola) e ouro
(Gana, África do Sul e Sudão).
O clima quente e a vegetação de savana são característicos do
continente africano, que possui ainda extensos desertos, como o
Saara e o Kalarari. A maior parte do relevo do continente é formado
O continente asiático possui 48 países e seis territórios, dis- por planaltos e depressões – estas acompanham os grandes cursos
tribuídos em uma extensão de 44.580.000 km². A população do d’água do continente: Nilo, Congo, Chade e Níger.
continente é estimada em 4,436 bilhões de habitantes. Esse é o
continente mais populoso do planeta, com destaques para a China Oceania
(1.376.048.943), Índia (1.311.050.527), Paquistão (188.924.874) e
Bangladesh (160.995.642).
O elevado número de habitantes do continente faz com que
as desigualdades sociais sejam extremas. Enquanto se observam
países altamente desenvolvidos, como a Coreia do Sul e Japão, ou-
tros permanecem nas menores faixas de renda, na linha da pobre-
za, como Nepal e Bangladesh. Deve-se recordar que na Ásia estão
alguns dos principais produtores de petróleo do mundo, como Irã
e Afeganistão. Além disso, há países que possuem extenso parque
industrial, como a China e a Índia.
Entre os aspectos físicos do continente asiático, é possível
apontar: ao sul, encontram-se os planaltos, assim como na porção
centro-oeste do continente; ao norte e noroeste, planícies predo- A Oceania é o menor continente do planeta, com 8. 526,000
minam. A Ásia ainda possui alguns mares internos, como Mar Cás- km². Sua extensão territorial praticamente se confunde com o ter-
pio, Mar Aral e Mar Negro. ritório da Austrália, de 7.692.000 km², ou seja, um pouco mais de
A parte climática do continente asiático também é bastante di- 90% do continente. Assim, alguns autores classificam a Austrália
versificada em função da sua extensão longitudinal e latitudinal. As- como um país continental. O território restante é distribuído entre
sim se observam nas porções de menores latitudes climas quentes 14 micropaíses e 11 territórios.
– equatorial, tropical úmido e desértico – e, nas zonas de maiores A população da Oceania é calculada em 21.292.893 habitantes.
latitudes, climas mais frios, como continental e polar. A Austrália responde por 60% desse quantitativo. Papua-Nova Gui-
né (6,7 milhões de habitantes) e Nova Zelândia (4,2 milhões) são as
Continente africano outras nações populosas da Oceania.
Os micropaíses que compõem a Oceania, assim como a Austrá-
lia, são ilhas que se espalham pelo Oceano Pacífico. Elas são classi-
ficadas em Melanésia, Micronésia e Polinésia.
Melanésia é um conjunto de ilhas que forma uma área de apro-
ximadamente 500.000 km² e localiza-se próximo da Austrália, como
Ilhas Fiji, Nova Guiné e Lusíadas. A cor da pele dos habitantes da
região serviu de inspiração para seu nome, Melanésia, dado em
1832 pelo francês Jules Dumont d’Urville. Apalavra vem do grego
melos (que significa “negro”) e nesoi (que quer dizer “ilhas”). “Me-
lanésia” significa, portanto, “ilhas negras”. Pela diversidade de po-
O continente africano possui 54 países e 9 territórios. Sua ex- vos que ocupam a região, estima-se que sejam falados 250 idiomas
tensão territorial é de 30.370.000km², e sua população é estimada diferentes;
em 1.216.000 milhões de habitantes. Com uma extensa distribuição Micronésiaé um pequeno estado independente do Pacífico Sul,
latitudinal, o continente ocupa parte do hemisfério norte e parte do localizado a leste das Filipinas e ao norte de Papua-Nova Guiné. Sua
hemisfério sul, sendo cortado praticamente ao meio pela linha do área é de 702 km²;
Equador. Assim, somente os extremos norte e sul escapam da zona Polinésia compreende o conjunto de ilhas mais distantes da
tropical, localizando-se na zona temperada. Austrália, tendo como principais territórios os quatro estados inde-
pendentes: Kiribati, Samoa, Tonga e Tuvalu.

37
CONHECIMENTOS GERAIS
Antártida Serra Nevada, localizada nos EUA, entre a cadeia da Costa e os
planaltos de grandes altitudes. O prolongamento da serra Nevada
em direção norte, penetrando no Canadá, recebe o nome serra das
Cascatas.
Montanhas Rochosas, propriamente ditas, cadeia montanhosa
que se localiza mais no interior da América do Norte, estendendo-
-se do Alasca ao México.

Planaltos e Planícies

PLANALTO
Entre as serras Madre Ocidental (próxima ao Atlântico) e Madre
Ocidental (próxima ao Pacífico) estão localizadas os planaltos eleva-
A Antártida, ou Antártica, é o mais recente a ser explorado e dos do México. No norte do país encontra-se o planalto Chihuahua
ainda pouco se conhece sobre suas principais características, fau- e, no sul, o planalto Anuahac, onde foi fundada a cidade do México.
na e flora. Sua dimensão territorial é estimada em 14.000.000 km². Na América Central situam-se planaltos elevados, localizados entre
Sua população caracteriza-se basicamente por pesquisadores, que as planícies costeiras do Atlântico e as montanhas do oeste.
se revezam na intenção de desenvolver pesquisas e trabalhos cien-
tíficos sob condições extremas. Cordilheira dos Andes
Atualmente, existem no território antártico 29 bases de pes- A cordilheira dos Andes, que fica da Venezuela até o extremo
quisa de diversos países. A base brasileira na Antártida chama-se sul do Chile, possui aproximadamente 7 500 km de extensão e 300
Ferraz de Vasconcelos e foi instalada em 1984. km de largura.
Por uma convenção internacional, definiu-se que o território Em alguns trechos, os Andes são formados por duas ou três
antártico não pertence a nenhum país, não podendo ser reivindica- cadeias paralelas, entre as quais surgem vastos planaltos elevados
do ou invadido sob nenhum pretexto. Conhecido como Tratado da danominados de altiplanos, como os da Bolívia, Peru e Chile.
Antártida, foi assinado em 1 de dezembro de 1959. Porção Oriental
A Antártida é o mais frio e seco continente do mundo. Suas A parte leste do continente americano é composta por cadeias
temperaturas podem alcançar -89ºC, e suas médias de precipita- de montanhas e extensos planaltos. A cadeia montanhosa, que não
ção são extremamente baixas, em torno de 30 mm a 70 mm. Desse ultrapassam de 2000 m de altitude, são os montes Apalaches, nos
modo, pode-se afirmar que o continente é um imenso deserto frio. EUA.
Entre os planaltos, na América do Norte, destaca-se o Planalto
Canadense, que tem a forma de uma grande ferradura voltada para
a baía de Hudson. Na América do Sul, os mais importantes são os
planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste.
Nessas formações mais antigas tem muitos recusos minerais,
encontra-se ferro e o manganês que são muito explorados no Ca-
nadá, EUA e Brasil.

PLANÍCIE
A porção central da América do Norte e da América do Sul é
formada por extensas planícies, em geral atravessadas por grandes
rios.
RELEVO, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO DA AMÉRI- Na América do Norte são encontradas:
CA Planície do rio São Lorenço, que acompanha o vale desse rio,
A América do Norte e a América do sul apresentam semelhan- corresponde à área mais povoada do Canadá e possui grande ex-
ças quando a disposição das suas formas de relevo. No sentido tensão economica.
oeste-leste, três grandes unidade de relevo: as grandes cadeias de Pradarias, próximas aos Grandes samente cultivada, onde so-
montanha, as planícies centrais e os planaltos. bressai a cultura do trigo.
As grandes cadeias montanhosas do oeste estendem-se do Planície Central dos EUA, Atravessada por diversos rios, onde
Alasca (América do Norte) ao sul do Chile (América do Sul). também se desenvolve intensa atividade agrícola, destacando-se o
Nos EUA e no Canadá, o conjunto de cadeias montanhosas trigo, o milho e o algodão. É a região menos povoada.
do oeste recebe a denominação geral de montanhas Rochosas; na América do NorteUma das particularidades da hidrografia do
América do Sul de cordilheiras dos Andes. subcontinente da América do Norte é a abundância de lagos que se
No México o prolongamento das montanhas Rochosas forma a estabelecem na região. Os quais, muitos deles, tem sua formação
serra Madre Oriental e a serra Madre Ocidental. a partir do derretimento de geleiras ou origem glacial que aconte-
ceu há milhões de anos, como por exemplo, a região dos Grandes
Montanhas Rochosas Lagos que abriga dentre outros o Superior, Michigan, Huron, Eriê e
As montanhas rochosas se subdividem em três: Ontário.
Cadeia da Costa, que acompanha o litoral do Pacifico, desde o A região dos Grandes Lagos se estabelece entre os Estados Uni-
Alasca até o México. É nessa cadeia que se encontra o ponto cul- dos e o Canadá, na fronteira norte-nordeste. No entanto, a riqueza
minante do relevo da América do Norte, o monte Mackinley em hidrográfica do subcontinente não se restringe somente aos lagos,
Alasca, com 6 187 m de altitude. isso porque a América do Norte possui uma generosa quantidade
de rios, dos quais se destacam o São Lourenço, Mississipi, Colorado,
Colúmbia, Yukon e Mackenzie.

38
CONHECIMENTOS GERAIS
Em decorrência da quantidade de rios presentes no território O rio Paraná é o principal rio da bacia. Ele tem 4 mil e quinhen-
da América Anglo-Saxônica, muitos deles oferecem condições viá- tos quilômetros de extensão, sendo um rio de planalto em seu tre-
veis para a implantação de hidrovias e também para a geração de cho superior e de planície em seu curso inferior. Seu enorme po-
energia elétrica por meio da instalação de usinas hidrelétricas ao tencial hidráulico já é, em parte, aproveitado por grandes usinas
longo de rios. hidrelétricas. Dentre as hidrelétricas do rio Paraná,destacam-se as
No transporte hidroviário, os mais usados são os lagos (Gran- usinas de Jupiá e Ilha Solteira, que formam o Complexo Urubupun-
des Lagos) e rios que se encontra em áreas de planícies como São gá,entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e a de Itai-
Lourenço e o Mississipi. Para geração de energia são explorados os pu, entre o Estado do Paraná e o país do Paraguai.
lagos, mais precisamente, as cataratas do Niágara que se encontra
entre os lagos Eriê e Ontário. Podemos destacar também os rios Tipos de clima e paisagens vegetais do continente americano
que percorrem áreas de planaltos que são propícios para produção Na América, os fatores que exercem influencia no clima inte-
de energia, com essa característica temos o Colúmbia e o Colorado, ragem em diferentes combinações, constituindo diferentes tipos
ambos nos Estados Unidos. climáticos que se espalham por todo o continente americano.

A Hidrografia no Continente Americano Clima polar


Um rio com seus afluentes forma uma rede hidrográfica. A área No extremo norte da América, onde o clima polar é dominante,
drenada por uma rede hidrográfica recebe o nome de bacia hidro- as temperaturas médias anuais são negativas, com a ocorrência de
gráfica. neve praticamente o ano todo. Por essa razão, o solo está sempre
Um conjunto de bacias hidrográficas, cujos rios correm para o coberto de gelo e neve. Durante os meses do verão polar desenvol-
mesmo destino, que pode ser um oceano ou um mar, constituiu ve-se a tundra, vegetação formada de musgos e liquens.
ma grande vertente. De modo geral, o continente americano possui
uma hidrografia farta, pois suas terras são drenadas por numerosos Clima frio
rios. Ao norte do continente americano, nas altas latitudes, ao sul da
região de clima polar, no Canadá, prevalece o clima frio. Nessas áre-
A maior bacia fluvial das Américas é a do Amazonas, que está
as os invernos são extensos e as temperaturas estão sempre abaixo
localizada na América do Sul.
de zero grau. Como consequência, durante a maior parte do ano, o
Na América do Norte, a maior e principal bacia fluvial é a do
solo fica coberto por neve. Os verões proporcionam temperaturas
rio Mississipi. Ele nasce no norte dos Estados Unidos, ao oeste do
médias próximas dos 10 °C.
Lago Superior, e percorre a Planície central até o delta da sua foz, Nessas regiões desenvolve-se a taiga, constituída fundamental-
no Golfo do México. Os principais afluentes do rio Mississipi são o mente por coníferas, muito explorada economicamente.
Missouri e Ohio. Desde a confluência com o Missouri, na montan-
te da cidade de Saint Louis, o grande rio passa a ser chamado de Clima frio de montanha
Mississipi – Missouri. Os rios São Lourenço e Grande destacam-se O clima frio de montanha domina no oeste do continente, onde
na formação hidrográfica dos Estados Unidos. O rio São Lourenço se localizam as montanhas Rochosas e a cordilheira dos Andes. Nes-
nasce no Lago Ontário, é o mais navegadodo continente americano sas áreas as temperaturas médias anuais variam entre 5°C e 15°C.
e possui um sistema de eclusa. O rio Grande (Bravo Del Norte) é a Em regiões com essas temperaturas prevalece a vegetação de
maior parte da fronteira natural entre os Estados Unidos e o Méxi- altitude, que apresenta características variáveis, de acordo com a
co. Ele deságua no Golfo do México. altitude do terreno.
Na América Central, os rios e as bacias fluviais são de pequenas
extensões,sem destaques no conjunto dos rios americanos. Clima temperado
Na vertente do Atlântico, na América do Sul, as maiores ba- Áreas de clima temperado proporcionam estações do ano bem
cias fluviais são a do Amazonas, a Platina, a do Orinoco. A Bacia do definidas, com verões quentes e invernos muito frios. Este tipo de
Amazonas banha as terras do Brasil, da Bolívia, da Colômbia,Peru, clima ocorre sobretudo na América do Norte, onde ocupa ampla
Equador, Venezuela e Guiana, num total de aproximadamente 6,5 área. Na América do Sul manifesta-se apenas em pequenas áreas
milhões de quilômetros quadrados dos quais quase 4 milhões de ao sul.
quilômetros quadrados encontram-se no território brasileiro. O rio A vegetação predominante dessas áreas é a floresta tempe-
principal dessa bacia nasce no pico Huagro, nos Andes peruanos. rada, com árvores de grande porte e folhagens densas que caem
Depois de ingressar em terras do Brasil, recebe o nome de Solimões no inverno. Essa vegetação foi praticamente destruída e deu lugar,
e, após receber as águas do Rio Negro, seu principal afluente, passa principalmente, a áreas destinadas à agricultura.
a se chamar Rio Amazonas. Nas regiões de clima temperado também ocorrem as prada-
A Bacia Platina é formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uru- rias, constituidas basicamente por gramíneas e alguns arbustos. No
guai, cada qual com seus afluentes. O Paraguai é estuário do Pa- Brasil, as pradarias são chamadas de campos e ocorrem especial-
mente no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul e na Argentina,
raná. O Uruguai, por sua vez,desemboca junto à foz do rio Paraná,
os campos também são conhecidos como pampas.
no chamado rio do Prata. Por isso, o conjunto hidrográfico recebeu
o nome de bacia Platina ou do Prata. O rio Paraguai nasce no terri-
Clima subtropical
tório brasileiro, serve de fronteira entre Brasil,Bolívia e o Paraguai, O clima subtropical ocorre em áreas de passagem entre as zo-
atravessa o território Paraguaio e deságua no rio Paraná. É um rio nas temperadas e as zonas tropicais. Os invernos são agradáveis e
de planície, navegável, de grande importância no transporte e co- os verões são quentes, apresentam temperatura média de 18 °C. As
municação tanto para o Estado do Mato Grosso do Sul (BR) quanto chuvas bem distribuídas durante o ano todo. Ocorre no sul do Brasil
para o país que atravessa, o Paraguai. e no sudeste dos Estados Unidos.
O rio Uruguai serve de divisa entre os Estados brasileiros de As regiões no Brasil onde esse tipo climático ocorre apresen-
Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Serve, também, de limite tam vegetação de matas de araucária ou matas dos pinhais.
entre o Brasil e a Argentina e entre a Argentina e o Uruguai.

39
CONHECIMENTOS GERAIS
Clima tropical A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e li-
Nas áreas onde o clima tropical predomina a temperatura mé- ga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No
dia anual comumente é superior a 200 °C, com ocorrência, normal- entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da
mente, de chuvas concentradas no verão e invernos secos. Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática. Sua base geo-
Esse tipo de climático é influenciado pelas massas de ar úmido lógica é formada por grandes e antigas placas tectônicas, fraturadas
oriundas do oceano. A umidade permite o aumento das florestas em algumas regiões; apresentando áreas bastante desgastadas pela
tropicais, como no Brasil e em áreas da América Central. No interior erosão.
da América do Sul, onde a umidade é menor encontramos as sava- Pontos extremos - do seu ponto mais a norte, Cabo Branco, até
nas, um tipo de vegetação que vem sendo destruída e suprimida ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas, na África do Sul, vai uma
pela agricultura comercial. distância de aproximadamente 8.000 km. Do ponto mais oeste, o
Cabo Verde, até ao ponto mais a leste, vai uma distância de cerca
Clima equatorial de 7.500 km.
O tipo climático equatorial, típico de áreas próximas à linha do Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque
Equador, apresenta temperaturas elevadas e altos índices de chu- o Golfo da Guiné, no Atlântico Sul; e o Estreito de Gibraltar, entre o
vas bem distribuídas o ano todo. Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica,
Nessas regiões predomina a floresta equatorial, ou floresta na Europa. Há ainda no leste do continente, a Península da Somália,
Amazônica, que diferencia-se pela diversidade de animais e vege- chamada também de Chifre da África, o Golfo de Áden, formado
tais. por águas do oceano Índico e limitado pela península Arábica, que
pertence à Ásia e a Ilha de Madagascar que delimita importante via
Clima semiárido de tráfego marítimo, o canal de Moçambique.
O tipo climático semiárido apresenta altas temperaturas ele-
vadas, normalmente superiores a 25 °C, com chuvas insuficientes Relevo
e mal distribuídas. O relevo africano se caracteriza pelo predomínio de imensos
Na região Nordeste do Brasil, o clima semiárido favoreceu o tabuleiros (planaltos pouco elevados) e considerável altitude média
desenvolvimento da Caatinga, tipo de vegetação de estepe que - cerca de 750 metros. As regiões central e norte são ocupadas, em
apresenta árvores de pequeno porte, com troncos retorcidos e es- sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos, constituídos
pinhosos, e cactos, que armazenam água no seu caule. de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos.

Na América do Norte há uma ampla área de clima semiárido Há 200 milhões de anos a África fazia parte, juntamente com a
no centro-oestedos Estados Unidos. Igualmente na porção centro- América do Sul, do supercontinente de Gondwana. A separação for-
-sul da América do Sul, na Argentina, encontramos uma grande área mou o oceano Atlântico e isolou os dois continentes, que ainda têm
desse tipo climático, com regiões recobertas por estepes. algumas semelhanças de estrutura geológica e formas de relevo.
Ao norte predomina área planáltica, ampla e desértica - o Saa-
Clima árido ou desértico ra - que se estende do oceano Atlântico ao mar Vermelho. A maior
Esse tipo climático tem como principais características a es- formação rochosa desta área são os montes Tibesti (Chade), onde
cassez de chuvas, as temperaturas elevadas durante o dia e muito se localiza o pico culminante da região, o Emi Koussi - 3.415 metros.
baixas à noite. Este clima aparece em áreas dos Estados Unidos, Além do deserto encontra-se a Cadeia do Atlas, que ocupa a
México e Chile. região norte do Marrocos, da Argélia e da Tunísia. Sua formação
A vegetação dessas regiões é insignificante, às vezes constitu- recente apresenta montanhas cujos picos chegam a atingir 4.000
ída por plantas espinhosas e de raízes profundas; em outras vezes metros de altura; nesta região, o subsolo apresenta significativas
é inexistente. reservas de petróleo, gás natural, ferro, urânio e fosfato, além de
representar grande importância para a geografia local, pois ela bar-
RELEVO, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO DA ÁFRICA ra os ventos úmidos, favorecendo a formação de rios temporários.
A África é um grande continente com pouco mais de 30,3 mi- No leste encontra-se uma de suas características físicas mais
lhões de quilômetros quadrados; é o terceiro mais extenso (atrás da marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o
Ásia e da América) com 20,3 % da área total da terra firme do pla- Grande Vale do Rift, uma fenda tectônica em que se sucedem mon-
neta. É o segundo mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca tanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. Nessa
de 900 milhões de pessoas, representando cerca de um sétimo da região se localizam os maiores lagos do continente, circundados por
população do mundo, e 54 países independentes; apesar de existi- altas montanhas, destacando-se: o Quilimanjaro (5.895 metros), o
rem colônias pertencentes a outros países de fora desse continente, monte Quênia (5.199 metros) e o Ruwenzori (5.109 metros).
principalmente ilhas, por exemplo, Madeira, pertencente a Portu- Ao sul, surgem planaltos, onde merecem destaque os montes
gal, Ilha de Ascensão, pertencente ao Reino Unido, entre outras. Drakensberg, com poucos picos elevados acima dos três mil metros,
O continente africano é cercado pelos oceanos Atlântico (oes- mas suficientes para barrar os ventos úmidos do oceano Índico, for-
te) e Índico (leste), além dos mares Mediterrâneo (norte) e Verme- mando uma costa de climas mais amenos. Ao longo do litoral, situ-
lho (nordeste). Seu litoral, com mais de 27 mil km de extensão, é am-se as planícies costeiras, por vezes bastante vastas. As planícies
bastante regular, com poucos recortes e ilhas, sendo raras as baías, ocupam área menor do que a dos planaltos. Podemos citar as planí-
golfos ou penínsulas, o que torna difícil seu aproveitamento para cies do Níger e do Congo.
instalações portuárias. A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, se
Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equador, localizam algumas, formadas por picos submarinos, como as Ilhas
Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Canárias e a Ilha da Madeira, bem como os arquipélagos de São
Greenwich. Cerca de 80% de seu território fica na zona intertropi- Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encontra-se
cal, sendo que a maior parte de suas terras localiza-se no hemisfério uma grande ilha - a de Madagáscar - e outras de extensão reduzida,
oriental (leste) e só uma pequena parte delas no hemisfério oci- entre as quais Comores, Maurício e Seychelles.
dental (norte). O continente possui cinco diferentes fusos horários.

40
CONHECIMENTOS GERAIS
Hidrografia Do Centro ao Sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima de-
Sendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por de- sértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da África,
sertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são acompanhando os desertos do Saara e de Calaari.
muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões O clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos do
tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornan- extremo norte e do extremo sul do continente, apresentando-se
do a vida possível ao longo de suas margens. Poucos rios de grande quente com invernos úmidos. Apresenta temperaturas mais ame-
extensão se destacam. nas; nessas áreas as temperaturas variam entre 15ºC e 20ºC.
A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais extenso A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a principal
do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é supe- responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas.
rior a 6.500 km. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são
nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo na forma de um insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer, onde se lo-
delta de 20 mil Km2, onde se situa uma das mais importantes áreas caliza o deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio, região pela
agrícolas do continente. qual se estende o Calaari.
Além do Nilo, há outros rios importantes para a África, como
o Congo, um rio da zona equatorial, com grande volume de água Vegetação
e elevado potencial hidrelétrico. Após percorrer 4.400 km, desem- A vegetação africana é um reflexo do clima, uma vez que as
boca no Atlântico, com a segunda maior vazão do mundo. Há ainda paisagens se organizam e se distribuem pelo espaço geográfico de
o Níger, que nasce na Guiné, próximo ao oceano Atlântico, e cor- forma muito parecida com os tipos climáticos. Na porção equa-
re para o interior, penetrando no deserto do Saara. Na metade do torial, onde as chuvas são abundantes o ano inteiro, há florestas
caminho muda de direção e cai numa longa e estreita planície em densas, diversificadas e sempre verdes - a vegetação dominante é a
direção ao sul, desaguando no golfo da Guiné, após percorrer 4.160 floresta equatorial. À medida que avançam para regiões mais secas,
km. Menos extensos, mas igualmente relevantes, são o Zambeze, o ao norte e ao sul, essas florestas vão perdendo a densidade e se
Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire. transformam em savanas - que constituem o tipo de vegetação mais
Quanto aos lagos, a África possui alguns mais extensos e pro- abundante no continente.
fundos, de origem tectônica e vulcânica; a maioria situada no leste As estepes aparecem entre as savanas e os desertos e à medida
do continente, como o Vitória, terceiro maior do mundo, com qua- que alcançam áreas mais secas, tornam-se progressivamente mais
se 70 mil m2, o Rodolfo, o Niassa e o Tanganica. Este último, com ralas, até se transformarem em regiões desérticas. Nos desertos,
quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com mais ênfase pode, eventualmente haver oásis, onde se desenvolvem tamarei-
a grande falha geológica na qual se alojaram os lagos. Milhares de ras, arbustos e gramíneas. Finalmente, nos extremos do continente
pequenos lagos da região têm água contaminada por sais e ácidos há maquis e garrigues, conhecidos como vegetação mediterrânea.
provenientes dos vulcões, o que inviabiliza seu uso pela população. RELEVO, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO DA ÁSIA
A Ásia, maior continente do mundo, tem cerca de 44,5 milhões
Clima de km2. Seus pontos extremos no eixo leste-oeste são, ao leste,
A linha do Equador divide a África em duas partes distintas: o estreito de Bering, e ao oeste a cadeia do Cáucaso e os montes
o Norte é bastante extenso no sentido leste-oeste; o Sul, mais es- Urais que o separam da Europa, além dos mares Cáspio, Egeu, Ne-
treito, afunila-se onde as águas do Índico se encontram com as do gro e Mediterrâneo. Ao norte, a Ásia é banhada pelo oceano Glacial
Atlântico. Quase três quartos do continente estão situados na zona Ártico e ao sul pelos oceanos Índico e Pacífico. As terras da Ásia
intertropical da Terra, apresentando, por isso, altas temperaturas estão compreendidas entre as zonas tropical, subtropical, tempera-
com pequenas variações anuais. da e polar. Por sua imensa extensão no sentido longitudinal, a Ásia
Localizados no interior do território africano, os desertos ocu- apresenta enormes diferenças de fuso horário em seu território.
pam grande parte do continente. Situam-se tanto ao Norte (Dyif, Os altos planaltos asiáticos compreendem as maiores altitudes do
Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao Sul (da Namí- mundo: localizados na zona central da Ásia.os do Tibete, por exem-
bia - denominação local do Deserto de Calaari). O deserto do Saara plo, apresentam altitude máxima em cerca de 5.000 metros.
Esse planalto é cercado de um cinturão de cadeias montanho-
ocupa um terço do território africano. Ali são registradas tempera-
turas superiores a 40º C. sas como o Himalaia, que contorna o Tibete, apresentando altitude
máxima de 8.840 metros, no monte Everest. O Himalaia apresen-
O clima do continente é bastante diversificado, sendo deter-
ta cerca de 3.000 quilômetros em sua extensão. Acredita-se que
minado principalmente pela conjunção de dois fatores: as baixas
o território correspondente à Índia, outrora separado do restante
altitudes e a predominância de baixas latitudes. Distinguem-se na
da Ásia, aproximou-se da área continental, ocorrendo um choque
África os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo. As
que teria resultado nos dobramentos terciários de que o Himalaia
médias térmicas mantêm-se elevadas durante o ano todo, exceto
é formado.
nos extremos norte e sul e nos picos das montanhas mais altas. A Ásia pode ser dividida em grandes áreas geográfico-culturais:
O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange par- Ásia Central, Caúcaso, Extremo Oriente, Indochina, Oriente Médio,
te da região Centro-Oeste do continente. Apresenta-se na parte Sibéria e Subcontinente indiano.
central, com temperaturas que variam entre 25ºC e 30ºC e índices
pluviométricos que atingem até 3.000 mm ao ano. Em razão das Relevo
altas taxas de umidade relativa do ar e da abundância de chuvas, Dois grandes conjuntos de cordilheiras podem ser destacados:
praticamente não existe estiagem, o que proporciona a proliferação o primeiro estende-se de Anatólia até o Pamir, compreendendo as
de florestas equatoriais. montanhas do Cáucaso, os montes Zagros, o Hindu Kush, o Kolima
O tropical quente com invernos secos domina quase inteira- e o Himalaia. A outra linha de cordilheiras é formada pelos montes
mente as terras africanas. As temperaturas médias presentes osci- Urais e pelas montanhas de Nova Zembla. Ao sul, existem planal-
lam entre 22ºC e 25ºC com índices pluviométricos que atingem até tos e planícies importantes, como os planaltos da Arábia, do Irã e
1.400 mm ao ano. Nas regiões onde esse clima predomina existem do Deccan; e as planícies da Mesopotâmia e os vales do Indo e do
duas estações bem definidas, sendo uma seca e uma chuvosa. Mekong.

41
CONHECIMENTOS GERAIS
A região central é ocupada pelos planaltos do Tibete e da Mon- gumas delas, as maiores ilhas da Oceania, são consideradas conti-
gólia, as estepes do Casaquistão e do Quirguistão, o deserto de Gobi nentais, por terem a mesma estrutura rochosa dos continentes. A
e as planícies do norte da China. geologia dessas ilhas é baseada em rochas cristalinas muito antigas,
Ao norte, a região é composta pela planície siberiana e pelo assim como a Austrália.
planalto de Kolima. A norte e nordeste da Melanésia, localiza-se a Micronésia. Fa-
zem parte dessa região ilhas que, em geral, se formaram de corais
Hidrografia ou atividades vulcânicas. São elas: as ilhas Marianas, Palau, ilhas
O norte do continente é cortado pelos grandes rios siberianos: Marshall, Kiribati, entre outras.
Ob, Ienissei, Lena e Kolima, que desaguam no oceano Ártico e per- A terceira região é a Polinésia, que representa o conjunto mais
manecem congelados durante a maior parte do ano. Na Ásia Cen- afastado da Austrália. Suas diversas ilhas estão distribuídas na área
tral, encontram-se bacias, como a do Tarim no noroeste da China central do oceano Pacífico, a leste do continente. Pode-se destacar
e os rios Amu Daria e Sir Daria, que desembocam no mar de Aral. nesse conjunto de ilhas os arquipélagos do Havaí, Bora Bora, Cook,
Nas regiões meridionais e orientais localizam-se os maiores e Samoa, Midway, Tonga, Tuamotu e Taiti. Em geral, as maiores ilhas
mais importantes rios asiáticos: o Amarelo e o Yangzi na China; e o são vulcânicas. O relevo dessas ilhas é marcado por dezenas de pi-
Brahmaputra, o Ganges e o Indo na Índia. No Oriente Médio, os rios cos de origem vulcânica com mais de 2.500m de altitude. Na Ilha
mais importantes são o Tigre e o Eufrates. do Sul, na Nova Zelândia, se erguem os Alpes neozelandeses, cor-
dilheira de origem recente que tem o Monte Cook como seu ponto
Clima culminante, com 3.764m. As menores ilhas da Polinésia, costumam
Há quatro tipos de clima: siberiano, mediterrâneo, desértico e ser coralíneas, e a maior corrente de atóis do mundo concentra-se
monções. O siberiano estende-se por toda a faixa norte e se carac- na região.
teriza pelos longos invernos. Na região do litoral predomina o cli- A Austrália é um enorme maciço antigo e, como se encontra no
ma mediterrâneo. Já no interior do continente o clima é desértico, centro da placa tectônica Indo-australiana, não possui dobramen-
muito quente e seco durante o dia e gélido à noite. O regime das tos modernos nem vulcões ativos. Sua superfície é composta basi-
monções determina as condições climáticas das regiões meridio- camente de extensos planaltos rochosos, elevações montanhosas
nais e orientais. suaves e bacias sedimentares ao longo dos vales dos rios.
No relevo da Oceania existem quatro grandes unidades geo-
Flora e fauna morfológicas: o escudo australiano, a geossinclinal da Tasmânia, os
A cobertura vegetal do continental ao norte é constituída pela arcos melano-zelandeses e o próprio Oceano Pacífico. Os territórios
tundra. Ao sul encontra-se a região coberta por bosques de coní- mais antigos são do escudo pré-cambriano, no oeste e no centro
feras. Estepes e grandes regiões desérticas predominam no sul da da Austrália. Os maciços de Hamersley, a noroeste, e de Kimberley,
Sibéria e na Ásia central. As chuvas periódicas na Índia, China, Indo- ao norte, bem como a região central de Alice Springs, afloramentos
china e Indonésia favorecem o desenvolvimento de florestas tropi- desse escudo, que em outras áreas é recoberto por sedimentos de
cais e da vegetação de savana. idades diversas, inclusive do período quaternário.
A vida animal do continente asiático é muito rica. Ursos-bran- A leste do escudo australiano, está a geossinclinal da Tasmânia,
cos, renas e diversos animais de peles raras como as focas, martas, que possui as maiores elevações da Austrália. Seu ponto culminante
lontras e arminhos deslocam-se para a região no verão, vindos da é o monte Kosciuszko, com 2.228m. Montanhas de altitude mode-
zona da taiga onde vivem alces, cervos, ursos-pardos, linces e le- rada formam o divisor continental denominado Grande Cadeia Divi-
bres. Nas estepes e nos desertos habitam antílopes, gazelas, cabras, sória, a cerca de 300km do mar.
ovelhas, camelos, lobos, hienas e vários tipos de répteis. Leopardos Os arcos que se estendem da Nova Guiné à Nova Zelândia são a
e marmotas são encontrados nas terras altas da Ásia Central, en- continuação das guirlandas insulares da Ásia oriental e meridional,
quanto aves tropicais e diversas espécies de ursos e de tigres habi- áreas de intenso vulcanismo. De um modo geral, o relevo se dispõe
tam a área de monções. Na Índia, vivem também elefantes, croco- em alinhamentos paralelos a depressões, emersas na nova Guiné e
imersas em outras partes. Nas ilhas Fiji existem alinhamentos maio-
dilos e cobras.
res, separados por depressões. Na Melanésia, os relevos emersos
do continente são mais elevados, atingindo 5.000m no pico Sukar-
RELEVO, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO DA OCEA-
no, na Nova Guiné Ocidental, que possui ostenta uma geleira em
NIA
plena linha do Equador. Por ser um processo recente, a orogênese
ainda está ocorrendo em algumas áreas, como é o caso na Nova
Relevo
Guiné.
A Oceania compreende a Austrália e os arquipélagos da Me-
lanésia, Micronésia e Polinésia. É o menor continente do planeta, Hidrografia
com uma área semelhante à do Brasil. Contém mais de 10 mil ilhas, A rede hidrográfica australiana é pouco expressiva e apresenta
abrangendo uma superfície de cerca de 8.500.000 km². Aproxima- muitos rios temporários, refletindo a baixa pluviosidade do país.
damente 86% desse território é ocupado pela Austrália, única pla- -região de grandes planaltos e vastas bacias de fundo plano;
taforma continental, enquanto o restante é formado pelas inúme- cordilheira australiana (litoral E); Planície de Perth (litoral SO);
ras ilhas de origens diferenciadas, podendo ser: ilhas continentais, -planalto de Kimberly (litoral NO); escudo australiano (interior
vulcânicas ou coralíneas (atóis). O relevo do continente apresenta ocidental) formando 3 desertos (o Grande Deserto de Areia, NO; o
características muito diversificadas devido ao fato de ser formado Deserto Gibson, O; o Grande Deserto de Vitória, SO);
por terrenos de idades geológicas muito diferentes. -3 bacias hidrográficas:
Situada ao centro do continente, a nordeste da Austrália, a Me- -Carpentária, NE;
lanésia é um conjunto de ilhas das quais fazem parte: as Salomão, -Artesiana, E;
o arquipélago de Bismarck, Vanuatu, Fiji, Nova Caledônia, Nauru, -Murray-Darling, SE (interior oriental).
Tuvalu e, a maior delas, a da Nova Guiné (Papua-Nova Guiné). Al- -ponto mais elevado: monte Kosciuszko (2.228 m).

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CONHECIMENTOS GERAIS
Fauna, Vegetação e Clima Clima
A fauna da Oceania possui muitos animais, entretanto, sua O clima leva em consideração dois principais fatores: as tem-
posição isolada levou ao surgimento de algumas espécies exóticas peraturas médias e a quantidade média de precipitação. A tempe-
encontradas somente naquela região. Dessas, se destacam os can- ratura média faz referencia as médias de cada mês e sua variação
gurus. sazonal. O índice pluviométrico mede a quantidade de precipitação
Outros animais típicos da Oceania são: coala, dingo, cacatua, mensal e suas variações sazonais. Os dois fatores são influenciados
diabo da tasmânia, ornitorrinco, quivi, cisne negro, elefante mari- por diferentes características do local, como a insolação e umidade.
nho, kaluta e kowari. O nível de insolação, ou nível de energia solar, é dado principalmen-
Sua flora é predominantemente composta por florestas tropi- te pela latitude, controlando em grande medida a temperatura do
cais, as quais convivem com o clima desértico na parte interior da local. A altitude do relevo, a proximidade ou não de grandes corpos
Austrália e clima tropical nas ilhas. de água (maritimidade/continentalidade), a pressão atmosférica e
as correntes marítimas, também influenciam na umidade que uma
Vegetação região recebe e suas temperaturas.
A vegetação tem como principal fator de formação o clima. A A Oceania pode ser divida em duas partes. A primeira é a con-
Oceania possui territórios localizados no hemisfério sul entre a li- tinental cujo único país é a Austrália. A segunda é a porção insular,
nha do Equador e o círculo polar Antártico, além de ter uma célula que compreende países como Papua-Nova Guiné, Nova Zelândia,
de alta pressão subtropical sobre o território australiano, que forma Timor Leste, além de inúmeros arquipélagos de pequenas ilhas
um deserto no interior desse país. Podemos observar que a Oceania como Fiji, Tonga, Tuvalu, entre outras.
apresenta diferentes tipos de clima, o que faz com que esse conti- Os climas na região insular, exceto na Nova Zelândia, são consi-
nente apresente variados tipos de formações vegetais. A Oceania derados climas quentes e tropicais. O clima que abrange a maioria
pode ser dividida entre duas porções: continental, sendo a Austrália das ilhas e uma pequena parte ao norte da Austrália é o de floresta
o único país; e insular com algumas ilhas grandes, como Papua Nova tropical pluvial, com temperaturas altas e pouca variação. O clima
Guiné e Nova Zelândia, e inúmeras pequenas ilhas. também apresenta umidade alta, resultante das altas temperaturas
As vegetações de climas tropicais dominam as ilhas, salvo a e da proximidade com o oceano, o que faz com que o índice pluvio-
Nova Zelândia, além de grande parte do território australiano. A ve- métrico seja alto durante o ano todo. Uma pequena porção sofre
getação de floresta tropical ocupa a porção insular do continente e
a ação do clima tropical de monções, com uma estação seca (de
uma pequena faixa do litoral nordeste da Austrália. O clima quente
um a seis meses) e uma estação úmida (de seis a 11 meses), com
e úmido dessas florestas favorece o aparecimento de uma grande
temperaturas altas e com pouca variação. No centro de Papua-Nova
biodiversidade, e de uma densa cobertura vegetal. O dossel na flo-
Guiné, encontramos o clima de montanha, menos severo que em
resta tropical é contínuo e dividido em três níveis: superior, entre
regiões subtropicais ou regiões com maiores altitudes. Na região,
50 e 60 metros, médio (o mais denso), entre 20 e 40 metros, e o
esse clima é seco e com temperaturas mais brandas.
inferior, entre cinco e 15 metros. O norte da Austrália é dominado
pela floresta tropical sazonal e o complexo arbustivo com árvores Outro clima tropical é o de savana, encontrado no norte da
de pequeno e médio portes, com não mais do que 15 metros, pos- Austrália. Esse clima apresenta duas estações, com verões úmidos e
suindo galhos em forma de guarda-chuva virado de cabeça para bai-
invernos secos, e temperaturas quentes com pouca variação.
xo, além de arbustos xerófitos, adaptados ao clima seco. A savana
Os climas mesotérmicos (subtropicais) são encontrados no li-
tropical ocupa a parte periférica do deserto australiano, que fica
toral da Austrália, exceto a oeste, e Nova Zelândia. Encontramos no
no centro do país, e faz a transição entre o deserto e climas mais
nordeste australiano uma pequena porção de terras sob influência
úmidos. Apresenta grandes campos de gramíneas, com árvores es-
do clima subtropical úmido de invernos secos, com quatro estações
parsas e de copas achatadas. Nas áreas mais secas, as gramíneas
bem definidas, verão quente com alto índice de precipitação, e in-
crescem em moitas, deixando o resto do solo descoberto.
Os climas mesotérmicos (subtropicais) são encontrados no lito- verno brando e seco. Essa variação provém do efeito das monções,
ral sul e oeste da Austrália e na Nova Zelândia, salvo o centro leste que cria no inverno uma área de alta pressão, tornando o tempo
do litoral neozelandês. O litoral sul e grande parte do litoral leste da seco. O litoral centro leste da Austrália apresenta precipitações bem
Austrália são cobertos pela vegetação de complexo arbustivo me- distribuídas durante o ano, com quatro estações bem definidas, cli-
diterrâneo. Arbustos lenhosos adaptados aos verões secos, folhas ma típico subtropical úmido de verões quentes. O clima marítimo
e caules “duros”, com entre um e dois metros de altura, e ramos da costa oeste é encontrado no sudeste da Austrália e em toda a
retorcidos, dominam essa paisagem em conjunto com bosques e Nova Zelândia, com quatro estações bem definidas, verão e inver-
gramíneas. O leste da Austrália apresenta pequenos enclaves de nos brandos, e precipitação bem distribuída durante o ano. O litoral
floresta temperada, vegetação que domina quase toda a Nova Ze- sul da Austrália é dominado pelo clima mediterrâneo de verões se-
lândia. A floresta temperada apresenta poucas espécies vegetais, cos, onde, ao contrário da média global, a precipitação se concentra
sendo uma mistura de grandes pinheiros e árvores latifoliadas, com no inverno. Isso é decorrente da corrente marítima fria do leste aus-
folhas largas. Essas florestas, junto com suas correlatas norte ame- traliano e da movimentação das zonas de alta pressão no verão, que
ricanas, são os lares das maiores árvores do mundo. impedem que a umidade se acumule no sul australiano.
Os climas secos (árido e semiárido) são encontrados no centro Os climas desérticos são encontrados no centro da Austrália,
da Austrália e no litoral centro leste da Nova Zelândia. A vegeta- onde uma zona de alta pressão subtropical impede que ventos car-
ção desértica varia de quase nenhuma cobertura vegetal a arbus- regados de umidade adentrem o continente. O deserto australiano
tos xerófitos, adaptados à seca, e plantas de caule suculento, como é um típico deserto subtropical, com precipitação concentrada no
os cactos. Entre as adaptações encontramos cascos duros e folhas verão, inferior a 350mm por ano, e estações que variam entre um
cobertas por cera ou pelos, para evitar a transpiração, e raízes pro- verão muito quente e um inverno brando.
fundas e fasciculadas, para aumentar a absorção de água. O litoral
leste da Nova Zelândia é coberto por campos de latitudes médias.
Grandes campos de gramíneas com arvores latifoliadas nos cursos
de água.

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CONHECIMENTOS GERAIS
RELEVO, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO DA EUROPA As características do relevo promovem uma interferência di-
reta nos cursos fluviais, em superfície repleta de aclives e declives
Relevo na qual apresenta planaltos, depressões e áreas montanhosas. As
O relevo predominante no continente são as planícies, princi- águas dos rios deslocam de forma mais rápida, promovendo um
palmente no leste e centro do continente. Destacam-se em meio grande desgaste do relevo, esse processo forma vales fluviais, além
às planícies algumas cadeias montanhosas, com destaque para o de promover o transporte de sedimentos para as áreas mais baixas
Planalto Central Russo e o Maciço Central Francês. do relevo.
Há também montanhas famosas, como a Cadeia do Cáucaso, a Nos lugares mais aplainados, como as áreas de planícies, os rios
Cordilheira Penibética, os Montes Escandinavos, os Montes Urais, geralmente possuem trajetória em curva e a velocidade das águas
Pirineus, Cárpatos, Bálcãs e o traço geográfico mais famoso do con- é bastante lenta, além de promover a sedimentação nas margens,
tinente: os Alpes. formando as planícies fluviais.
O relevo interfere em alguns casos no clima de uma região,
Clima quando o relevo impede a passagem de massas de ar que poderiam
O clima temperado continental é predominante na maior parte determinar as configurações climáticas de um lugar.
do continente. O clima temperado continental, mais úmido, se faz
presente no extremo oeste europeu. A temperatura média gira em BRASIL
torno dos 15 graus C.
No sul do continente, o clima predominante é o mediterrâneo, História do Brasil
marcado por um verão quente e seco, enquanto o inverno tem Na História do Brasil, estão relacionados todos os assuntos re-
clima ameno e chuvoso. A temperatura média fica na casa dos 20 ferentes à história do país. Sendo assim, o estudo e o ensino de
graus C. História do Brasil abordam acontecimentos que se passaram no
O clima frio está presente nas regiões montanhosas e, princi- espaço geográfico brasileiro ou que interferiram diretamente em
palmente, no norte do continente. Na região central e no leste eu- nosso país.
ropeu os invernos são bastante rigorosos, mas a temperatura média Portanto, os povos pré-colombianos que habitavam o território
anual é de 12 graus, enquanto no norte do continente o clima é que hoje corresponde ao Brasil antes da chegada dos portugueses
polar. fazem parte da história de nosso país. Isso é importante de ser men-
cionado porque muitas pessoas consideram que a história brasileira
Hidrografia iniciou-se com a chegada dos portugueses, em 1500.
Devido ao grande recorte do continente, a Europa é banhada
por diversos mares. No continente também pode ser encontrado di- Nossa história é marcada pela diversidade em sua formação,
versos rios, como o Danúbio (nasce na Alemanha e deságua no Mar decorrente dos muitos povos que aqui chegaram para desbravar e
Negro), o Volga (Rússia) e o Rio Reno (Alemanha, França e deságua conquistar nossas terras.
na Holanda). O rio Volga é o maior da Europa. Esse processo de colonização e formação de uma nova socieda-
de se deu através de muitos movimentos e manifestações, sempre
Vegetação envolvendo interesses e aspectos sociais, políticos e econômicos.
Por ser um território bastante heterogêneo, vários tipos de Movimentos esses que estão entrelaçados entre si, em função
vegetação podem ser encontrados na Europa, como a Tundra, nas dos fatores que os originavam e dos interesses que por traz deles se
áreas de baixas temperaturas; a Floresta de Coníferas ou Taiga; a apresentavam.
Floresta temperada, que é a vegetação predominante no continen- Diante disso, faremos uma abordagem sobre nossa história,
te, entre outros. desde o tempo da colonização portuguesa, até os dias de hoje,
abordando os movimentos que ao longo do tempo foram tecendo
A RELAÇÃO ENTRE HIDROGRAFIA, CLIMA E RELEVO as condições para que nosso Brasil apresente hoje essas caracterís-
Preservar todos os elementos da natureza é indispensável para ticas políticas-sócio-economicas.
a proliferação da vida, além de garantir o funcionamento dos ecos-
sistemas. A biosfera é constituída por elementos como atmosfera, Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em 1500,
litosfera e hidrosfera, que produzem espaços naturais que propi- o processo de colonização do nosso país teve início somente em
ciam um dinamismo completo. Para um bom desenvolvimento 1530. Nestes trinta primeiros anos, os portugueses enviaram para
natural dos ecossistemas é necessário que haja uma relação entre as terras brasileiras algumas expedições com objetivos de reconhe-
solo, sol, ar, água, temperatura entre outros. cimento territorial e construção de feitorais para a exploração do
Em um caso mais específico está a interdependência direta que pau-brasil. Estes primeiros portugueses que vieram para cá circula-
há entre hidrografia, clima e relevo, pois estabelecem influências ram apenas em territórios litorâneos. Ficavam alguns dias ou meses
determinantes entre eles. e logo retornavam para Portugal. Como não construíram residên-
Um exemplo claro desse processo está vinculado à hidrografia, cias, ou seja, não se fixaram no território, não houve colonização
quando rios e lagos surgem a partir do derretimento de neve e ge- nesta época.
leiras, além de sofrer alterações na vazão pela chuva. Neste período também ocorreram os primeiros contatos com
As oscilações ocorridas nos mananciais são provenientes das os indígenas que habitavam o território brasileiro. Os portugueses
estações do ano, dessa forma, na medida em que as estações mu- começaram a usar a mão-de-obra indígena na exploração do pau-
dam, rios e lagos são influenciados, derivando os períodos de cheias -brasil. Em troca, ofereciam objetos de pequeno valor que fascina-
e vazantes. vam os nativos como, por exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, etc.
As cheias correspondem aos períodos do ano nos quais a esta-
ção é chuvosa e também há derretimento de gelo e neve, elevan-
do significadamente os níveis das águas. Os períodos de vazantes
acontecem nas estações secas, momento em que há uma grande
diminuição das águas dos rios.

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CONHECIMENTOS GERAIS
O início da colonização capitalismo mercantil, mas o comércio colonial era mais o comér-
Preocupado com a possibilidade real de invasão do Brasil por cio exclusivo da metrópole, gerador de super-lucros, o que completa
outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o rei de Portugal aquela caracterização.
Dom João III, que ficou conhecido como “o Colonizador”, resolveu Para que este sistema pudesse funcionar era necessário que
enviar ao Brasil, em 1530, a primeira expedição com o objetivo de existissem formas de exploração do trabalho que permitissem a
colonizar o litoral brasileiro. Povoando, protegendo e desenvolven- concentração de renda nas mãos da classe dominante colonial, a
do a colônia, seria mais difícil de perdê-la para outros países. Assim, estrutura escravista permitia esta acumulação de renda em alto
chegou ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Souza grau: quando a maior parte do excedente seguia ruma à metrópole,
com as funções de estabelecer núcleos de povoamento no litoral, uma parte do excedente gerado permanecia na colônia permitindo
explorar metais preciosos e proteger o território de invasores. Teve a continuidade do processo.
início assim a efetiva colonização do Brasil. Importante ressaltar que as colônias encontravam-se intei-
Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à Martim Afon- ramente à mercê de impulsos provenientes da metrópole, e não
so de Souza nomear funcionários e distribuir sesmarias (lotes de podiam auto estimular-se economicamente. A economia agro-ex-
terras) à portugueses que quisessem participar deste novo empre- portadora de açúcar brasileira atendeu aos estímulos do centro
endimento português. econômico dominante. Este sistema colonial mercantilista ao fun-
A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou por fases cionar plenamente acabou criando as condições de sua própria cri-
(ciclos) relacionadas à exploração, produção e comercialização de se e de sua superação.
um determinado produto. Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro Flama-
Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pacífica, pois rion Cardoso e Héctor P. Buiquióli:
teve como características principais a exploração territorial, uso de O processo de acumulação prévia de capitais de fato não se
mão-de-obra escrava (indígena e africana), utilização de violência limita à exploração colonial em todas as suas formas; seus aspectos
para conter movimentos sociais e apropriação de terras indígenas. decisivos de expropriação e proletarização se dão na própria Euro-
O conceito mais sintético que podemos explorar é o que define pa, em um ambiente histórico global ao qual por certo não é indife-
como Regime Colonial, uma estrutura econômica mercantilista que rente à presença dos impérios ultramarinos. A superação histórica
concentra um conjunto de relações entre metrópoles e colônias. O da fase da acumulação prévia de capitais foi, justamente o surgi-
fim último deste sistema consistia em proporcionar às metrópoles mento do capitalismo como modo de produção.
um fluxo econômico favorável que adviesse das atividades desen-
volvidas na colônia. A relação Brasil-África na época do Sistema Colonial Portu-
Neste sentido a economia colonial surgia como complementar guês.
da economia metropolitana europeia, de forma que permitisse à A princípio parece fácil descrever as relações econômicas entre
metrópole enriquecer cada vez mais para fazer frente às demais na- metrópole e colônia, mas devemos entender que o Sistema Colo-
ções europeias. nial se trata de uma teia de relações comerciais bem mais complexa
e nem sempre fácil de identificar.
De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial definia uma
Os portugueses detinham o controle do tráfico de escravos en-
série de considerações que prevaleceriam sobre quaisquer outras
tre a África e o Brasil, estabelecia-se uma estrutura de comércio que
vigentes. A colônia só podia comercializar com a metrópole, for-
foge um pouco ao modelo apresentado anteriormente.
necer-lhe o que necessitasse e dela comprar os produtos manu-
Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde adquiriam
faturados. Era proibido na colônia o estabelecimento de qualquer
fumo e aguardente (geribita), daí partiam para Angola e Luanda
tipo de manufatura que pudesse vir a concorrer com a produção
onde negociariam estes produtos em troca de cativos. A cachaça
da metrópole. Qualquer transação comercial fora dessa norma era
era produzida principalmente em Pernambuco, na Bahia e no Rio
considerada contrabando, sendo reprimido de acordo com a lei de Janeiro; o fumo era produzido principalmente na Bahia. A im-
portuguesa. portância destes produtos se dá em torno do seu papel central nas
A economia colonial era organizada com o objetivo de permitir estratégias de negociação para a transação de escravos nos sertões
a acumulação primitiva de capitais na metrópole. O mecanismo que africanos.
tornava isso possível era o exclusivismo nas relações comerciais ou A geribita tinha diversos atributos que a tornavam imbatível
monopólio, gerador de lucros adicionais (sobre-lucro). em relação aos outros produtos trocados por escravos. A cachaça
As relações comerciais estabelecidas eram: a metrópole ven- é considerada um subproduto da produção açucareira e por isso
deria seus produtos o mais caro possível para a colônia e deveria apresentava uma grande vantagem devido ao baixíssimo custo de
comprar pelos mais baixos preços possíveis a produção colonial, produção, lucravam os donos de engenho que produziam a cachaça
gerando assim o sobre-lucro. e os traficantes portugueses que fariam a troca por cativos na Áfri-
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise do Anti- ca, além é claro do elevado teor alcoólico da bebida (em torno de
go Sistema Colonial ressalta o papel fundamental do comércio para 60%) que a tornava altamente popular entre seus consumidores.
a existência dos impérios ultramarinos: O interessante de se observar é que do ponto de vista do con-
O comércio foi de fato o nervo da colonização do Antigo Regi- trole do tráfico, o efeito mais importante das geribitas foi trans-
me, isto é, para incrementar as atividades mercantis processava- feri-lo para os comerciantes brasileiros. Os brasileiros acabaram
-se a ocupação, povoamento e valorização das novas áreas. E aqui usando a cachaça para quebrar o monopólio dos comerciantes me-
ressalta de novo o sentido que indicamos antes da colonização da tropolitanos que em sua maioria preferia comercializar usando o
época Moderna; indo em curso na Europa a expansão da economia vinho português como elemento de troca por cativos.
de mercado, com a mercantilização crescente dos vários setores Pode-se perceber que o Pacto Colonial acabou envolvendo
produtivos antes à margem da circulação de mercadorias – a pro- teias de relações bem mais complexas que a dicotomia Metrópole-
dução colonial, isto é, a produção de núcleos criados na periferia de -Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez de forma
centros dinâmicos europeus para estimulá-los, era uma produção mais frequente do que se imagina. Na questão das manufaturas as
mercantil, ligada às grandes linhas do tráfico internacional. Só isso coisas se complicavam um pouco, mas não podemos esquecer do
já indicaria o sentido da colonização como peça estimuladora do intenso contrabando que ocorria no período.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Despotismo esclarecido em Portugal Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:
Na esfera política, a formação do Estado absolutista correspon- Capitania do Maranhão
deu a uma necessidade de centralização do poder nas mãos dos Capitania do Ceará
reis, para controlar a grande massa de camponeses e adequar-se ao Capitania do Rio Grande
surgimento da burguesia. Capitania de Itamaracá
O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado Absolutista Capitania de Pernambuco
que predominou em alguns países europeus no século XVIII. Filóso- Capitania da Baía de Todos os Santos
fos iluministas, como Voltaire, defendiam a ideia de um regime mo- Capitania de Ilhéus
nárquico no qual o soberano, esclarecido pelos filósofos, governaria Capitania de Porto Seguro
apoiando-se no povo contra os aristocratas. Esse monarca acabaria Capitania do Espírito Santo
com os privilégios injustos da nobreza e do clero e, defendendo o Capitania de São Tomé
direito natural, tornaria todos os habitantes do país iguais perante a Capitania de São Vicente
lei. Em países onde, o desenvolvimento econômico capitalista esta- Capitania de Santo Amaro
va atrasado, essa teoria inspirou o despotismo esclarecido. Capitania de Santana
Os déspotas procuravam adequar seus países aos novos tem-
pos e às novas odeias que se desenvolviam na Europa. Embora Governo Geral
tenham feito uma leitura um pouco diferenciada dos ideais ilumi- Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias hereditá-
nistas, com certeza diminuíram os privilégios considerados mais rias, o governo português realizou a centralização da administração
odiosos da nobreza e do clero, mas ao invés de um governo apoia- colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre as justifi-
do no “povo” vimos um governo apoiado na classe burguesa que cativas mais comuns para que esse primeiro sistema viesse a entrar
crescia e se afirmava. em colapso, podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua tarefa de falta de interesse ou experiência administrativa e a própria resistên-
modernizar o país nas mãos de seu principal ministro, o Marquês cia contra a ocupação territorial oferecida pelos índios.
de Pombal. Sendo um leitor ávido dos filósofos iluministas e dos Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a criação
economistas ingleses, o marquês estabeleceu algumas metas que de novos engenhos, a integração dos indígenas com os centros de
ele acreditava serem capazes de levar Portugal a alinhar-se com os colonização, o combate do comércio ilegal, construir embarcações,
países modernos e superar sua crise econômica. defender os colonos e realizar a busca por metais preciosos. Mesmo
A primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, combatendo que centralizadora, essa experiência não determinou que o gover-
os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos do clero (principal- nador cumprisse todas essas tarefas por si só. De tal modo, o gover-
mente da Companhia de Jesus). Na tentativa de modernizar o país, no-geral trouxe a criação de novos cargos administrativos.
o marquês teve de acabar com a intolerância religiosa e o poder da O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela resolução de
inquisição a fim de desenvolver a educação e o pensamento literá- todos os problemas de natureza judiciária e o cumprimento das leis
rio e científico. vigentes. O chamado provedor-mor estabelecia os seus trabalhos
Economicamente houve um aumento da exploração colonial na organização dos gastos administrativos e na arrecadação dos
visando libertar Portugal da dependência econômica inglesa. O impostos cobrados. Além destas duas autoridades, o capitão-mor
Marquês de Pombal aumentou a vigilância nas colônias e combateu desenvolvia ações militares de defesa que estavam, principalmen-
ainda mais o contrabando. Houve a instalação de uma maior cen- te, ligadas ao combate dos invasores estrangeiros e ao ataque dos
tralização política na colônia, com a extinção das Capitanias heredi- nativos.
tárias que acabou diminuindo a excessiva autonomia local. Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo go-
verno-geral estavam subordinadas a um tipo de documento oficial
Capitanias Hereditárias da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A metrópole ex-
As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração ter- pedia ordens comprometidas com o aprimoramento das atividades
ritorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema fiscais e o estímulo da economia colonial. Mesmo com a forte preo-
consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e entre- cupação com o lucro e o desenvolvimento, a Coroa foi alvo de ações
gar a administração para particulares (principalmente nobres com ilegais em que funcionários da administração subvertiam as leis em
relações com a Coroa Portuguesa). benefício próprio.
Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou apri-
colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam morar o sistema de Governo Geral realizando a divisão do mesmo
o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai em duas partes. Um ao norte, com capital na cidade de Salvador, e
para filho (de forma hereditária). outro ao sul, com uma sede no Rio de Janeiro. Nesse tempo, os re-
Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania sultados pouco satisfatórios acabaram promovendo a reunificação
eram conhecidas como donatários. Tinham como missão colonizar, administrativa com o retorno da sede a Salvador. No ano de 1621,
proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham o direito um novo tipo de divisão foi organizado com a criação do Estado do
de explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios). Brasil e do Estado do Maranhão.
O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de capitanias
de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos citar como hereditárias não foi prontamente descartado com a organização do
motivos do fracasso: a grande extensão territorial para administrar governo-geral. No ano de 1759, a capitania de São Vicente foi a úl-
(e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os constantes tima a ser destituída pela ação oficial do governo português. Com
ataques indígenas. isso, observamos que essas formas de organização administrativa
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de conviveram durante um bom tempo na colônia.
1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal.

46
CONHECIMENTOS GERAIS
Economia e sociedade colonial - Mineração
A colonização implantada por Portugal estava ligada aos in- A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais estados de
teresses do sistema mercantilista, baseado na circulação de mer- Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final do século XVII e a
cadorias. Para obter os maiores benefícios desse comércio, a Me- segunda metade do século XVIII.
trópole controlava a colônia através do pacto colonial, da lei da
complementaridade e da imposição de monopólios sobre as rique- Ouro
zas coloniais. Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de faiscação (re-
alizada nas areias dos rios e riachos, em pequena quantidade, por
- Pau-Brasil homens livres ou escravos no dia da folga); e ouro de lavra ou de
O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta avermelhada, mina (extração em grandes jazidas feita por grande quantidade de
que dele se extraía e por isso atraía para cá muitos piratas contra- escravos).
bandistas (os brasileiros). Foi declarado monopólio da Coroa por- A Intendência das Minas era o órgão, independente de qual-
tuguesa, que autorizava sua exploração por particulares mediante quer autoridade colonial, encarregado da exploração das jazidas,
pagamento de impostos. A exploração era muito simples: utilizava- bem como, do policiamento, da fiscalização e da tributação.
-se mão-de-obra indígena para o corte e o transporte, pagando-a - Tributação: A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o Quin-
com bugigangas, tais como, miçangas, canivetes, espelhos, tecidos, to) e a Capitação (imposto pago de acordo com o número de escra-
etc. (escambo). Essa atividade predatória não contribuiu para fixar vos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro em pó ou em
população na colônia, mas foi decisiva para a destruição da Mata pepita, em 1718 foram criadas as Casas de Fundição e todo ouro
Atlântica. encontrado deveria ser fundido em barras.
Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por ano
- Cana-de-Açúcar (1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era alcançada, o go-
O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas ilhas da verno poderia decretar a Derrama (cobrança forçada dos impostos
Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portuguesas no Atlântico), atrasados). A partir de 1762, a taxa jamais foi alcançada e as “der-
Sicília e pelo Oriente, mas a quantidade era muito reduzida diante ramas” se sucederam, geralmente usando de violência. Em 1789, a
da demanda. Derrama foi suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidên-
Animada com as perspectivas do mercado e com a adequação cia Mineira.
do clima brasileiro (quente e úmido) ao plantio, a Coroa, para ini-
ciar a produção açucareira, tratou de levantar capitais em Portugal Diamantes
e, principalmente, junto a banqueiros e comerciantes holandeses, No início a exploração era livre, desde que se pagasse o Quinto.
que, aliás, foram os que mais lucraram com o comércio do açúcar. A fiscalização ficava por conta do Distrito Diamantino, cujo centro
Para que fosse economicamente viável, o plantio de cana de- era o Arraial do Tijuco. Mas, a partir de 1740, só poderia ser re-
veria ser feito em grandes extensões de terra e com grande volume alizada pelo Contratador Real dos Diamantes, destacando-se João
de mão-de-obra. Assim, a produção foi organizada em sistema de Fernandes de Oliveira.
plantation: latifúndios (engenhos), escravidão (inicialmente indíge- Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a Intendência
na e posteriormente africana), monocultura para exportação. Para Real dos Diamantes, com o objetivo de controlar a atividade.
dar suporte ao empreendimento, desenvolveu-se uma modesta
agricultura de subsistência (mandioca, feijão, algodão, etc). Sociedade mineradora
O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São Vicente, A sociedade mineira ou mineradora possuía as seguintes ca-
por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona da Mata nordestina racterísticas:
que a produção se expandiu. Em 1570, já existiam no Brasil cerca - Urbana.
de 60 engenhos e, em fins do século XVI, esse número já havia sido - Escravista.
duplicado, dos quais 62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na - Maior Mobilidade Social
Bahia e os restantes nas demais capitanias. A decadência se iniciou
na segunda metade do século XVII, devido à concorrência do açúcar OBS.
holandês. É bom destacar que nenhuma atividade superou a rique- 1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, garimpeiros
za de açúcar no Período Colonial. e mascates.
OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da mão-de- 2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, tornaram-se
-obra, existiam trabalhadores brancos remunerados, que ocupavam muito ricos e obtiveram ascensão social.
funções de destaque, mas por trabalharem junto aos negros, so- 3- É um erro achar que a população da região mineradora era
friam preconceito. abastada, pois a maioria era muito pobre e apenas um pequeno
grupo era muito rico. Além disso, os preços dos produtos eram mais
Sociedade Açucareira elevados do que no restante do Brasil.
A sociedade açucareira nordestina do Período Colonial possuía 4- A mineração contribuiu para interiorizar a colonização e para
as seguintes características: criar um mercado interno na colônia.
- Latifundiária.
- Rural.
- Horizontal.
- Escravista.
- Patriarcal

OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, constituíam um


pequeno grupo social.

47
CONHECIMENTOS GERAIS
- Pecuária As atividades exploratórias do interior
A criação de gado foi introduzida na época de Tomé de Sou- 1) Entradas: expedições patrocinadas pela Coroa com intuito
sa, como uma atividade subsidiária à cana-de-açúcar, mas como o de procurar metais, fundar povoados, abrir estradas etc.
gado destruía o canavial, sua criação foi sendo empurrada para o 2) Bandeiras: expedições particulares que partiam de São Vi-
sertão, tornando-se responsável pela interiorização da colonização cente com o intuito de explorar riquezas no interior. As bandeiras
do Nordeste, com grandes fazendas e oficinas de charque, utilizan- podem ser classificadas em três tipos:
do a mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago através da a) Bandeiras de prospecção: procuravam metais preciosos
“quartiação”. Mais tarde, devido às secas devastadoras no sertão (ouro, diamantes, esmeraldas etc);
nordestino, a região Sul passou a ser a grande produtora de carne b) Bandeiras de apresamento ou preação: capturavam índios
de charque, utilizando negros escravos. no interior para vendê-los como escravos. Os principais alvos do
apresamento indígena foram as missões jesuíticas, onde os índios já
- Algodão se encontravam em acentuado processo de aculturação pela impo-
A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, principal- sição de uma cultura europeia caracterizada pelo catolicismo, pelo
mente no Maranhão e tinha uma importância econômica de caráter regime de trabalho intenso e pela língua vernácula (português ou
interno, pois era utilizado para fazer roupas para a população mais espanhol).
pobre e para os escravos. c) Bandeiras de sertanismo de contrato: expedições contrata-
das por donatários, senhores de engenho ou pela própria Coroa
- Tabaco para o combate militar a tribos indígenas rebeldes e quilombos. O
Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade comercial, exemplo mais importante foi a bandeira de Domingos Jorge Velho,
escravista e exportadora, pois era utilizado, juntamente com a rapa- responsável pela destruição do Quilombo de Palmares.
dura e a aguardente, como moeda para adquirir escravos na África.
3) Monções: expedições comerciais que partiam de São Paulo
- Drogas do sertão para abastecer as áreas de mineração do interior.
Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pimentas, 4) Missões jesuíticas: arrebanhavam índios de várias tribos,
ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram coletadas pelos principalmente daquelas já desmanteladas pela ação das bandeiras
índios na Amazônia e exportadas para a Europa, tanto por contra- de apresamento. Os índios eram reunidos em aldeamentos chefia-
bandistas, quanto por padres jesuítas. Como o acesso à região era dos pelos padres jesuítas, que impunham a esses índios uma dura
muito difícil, a floresta foi preservada. disciplina marcada pelo regime de intenso trabalho e educação
voltada à catequização indígena. As principais missões jesuíticas
Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. XVII) portuguesas se concentravam na Amazônia e tinham como base
Até o século XVI, com a extração de pau-brasil e a produção econômica a extração e a comercialização das chamadas “drogas do
açucareira, o povoamento do Brasil se limitou a uma estreita faixa sertão”, isto é, especiarias da Amazônia como o cacau e a baunilha.
territorial próximo ao litoral, em função da vegetação e do solo fa- As principais missões espanholas em áreas atualmente brasileiras
voráveis a tais práticas respectivamente, porem, como vimos acima, se situavam no sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde
esses não eram os únicos produtos explorados, o sistema econômi- hoje figura um importante patrimônio arquitetônico na região de
co exploratório envolvia outras fontes, isso potencializou o povoa- Sete Povos das Missões. A base econômica dessas missões era a
mento do interior. pecuária, favorecida pelas gramíneas dos Pampas.
5) Mineração: atividade concentrada no interior, inclusive em
As causas da interiorização do povoamento áreas situadas além dos antigos limites de Tordesilhas, como as mi-
1) União Ibérica (1580-1640): a união entre Espanha e Portugal nas de Goiás e Mato Grosso. A mineração nessas áreas, principal-
por imposição da Coroa Espanhola colocou em desuso o Tratado de mente em Minas Gerais, provocou nas primeiras décadas do século
Tordesilhas, permitindo que expedições exploratórias partissem do XVIII um decréscimo populacional em Portugal em função do inten-
litoral brasileiro em direção ao que antes era definido como Amé- so povoamento dessas áreas mineradoras do interior.
rica Espanhola. 6) Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abastecimento
2) Tratado de Madri (1750): o fim da União Ibérica foi marcado das cidades mineradoras de Minas Gerais. Os tropeiros conduziam
pela incerteza acerca dos limites entre terras portuguesas e espa- verdadeiras tropas de gado do Rio Grande do Sul até a feira de So-
nholas. Alguns conflitos e acordos sucederam a restauração portu- rocaba, em São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para os pólos mine-
guesa de 1640, até que os países ibéricos admitissem o princípio do radores de Minas Gerais. Além de venderem gado (vacum e muar
“uti possidetis” como critério de divisão territorial no Tratado de principalmente) nessas áreas, os tropeiros também transportavam
Madri. O princípio legitima a posse territorial pelo seu uso, ou seja, e vendiam mantimentos no lombo do gado. Ao longo do “Caminho
pela sua exploração. Com base nesse princípio, Portugal passou a das Tropas” surgiram vários entrepostos de comércio e pernoite dos
ter salvo-conduto em áreas ocupadas e exploradas desde a União tropeiros, os chamados “pousos de tropa”, que deram origem a im-
Ibérica por expedições com origem no Brasil. portantes povoados no interior de Santa Catarina e Paraná.
3) Crise açucareira (séc.XVII): a crise açucareira no Brasil impul- 7) Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açucareiras,
sionou a busca por novas riquezas no interior. A procura por metais conforme determinava a Coroa no início da colonização, permitiu
preciosos, pelo extrativismo vegetal na Amazônia e por mão-de-o- o desenvolvimento de fazendas pecuaristas no interior nordestino,
bra escrava indígena foram alguns dos focos principais das expedi- principalmente durante a invasão holandesa, quando a expansão
ções exploratórias intensificadas no século XVII. canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. A expansão da pe-
cuária para o interior de Pernambuco seguiu a rota do Rio São Fran-
cisco até alcançar Minas Gerais no início do século XVIII, quando a
pecuária passou a abastecer muito mais as cidades mineradoras do
que os engenhos.

48
CONHECIMENTOS GERAIS
Invasões estrangeiras talismo industrial defendia o seu fim e substituição pela mão-de-o-
Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques, ataques e bra assalariada para que se ampliasse o seu mercado consumidor. A
ocupações de países europeus. Estes ataques ocorreram na região abolição da escravidão no Brasil acabou se dando de forma tardia,
litorânea e eram organizados por corsários ou governantes euro- mas os ingleses acabaram se adaptando à situação.
peus. Tinham como objetivos o saque de recursos naturais ou até
mesmo o domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e A chegada da família real portuguesa ao Brasil e o início do
holandeses foram os povos que mais participaram destas invasões Período Imperial
nos primeiros séculos da História do Brasil Colonial. Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e econô-
micas tiveram seu ápice com a chegada da família rela portuguesa
- Invasões francesas ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa.
Comandados pelo almirante francês Nicolas Villegaignon, os Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e a corte
franceses fundaram a França Antártica no Rio de Janeiro, em 1555. portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de 1808. Um mês
Foram expulsos pelos portugueses, com a ajuda de tribos indígenas depois, a corte se transferiu para o Rio de Janeiro, onde instalou-se
do litoral, somente em 1567. a sede do governo.
Em 1612, sob o comando do capitão da marinha francesa A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com o mo-
Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade de São Luis nopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de 1808, D. João de-
(Maranhão), criando a França Equinocial. Foram expulsos três anos cretou a abertura dos portos às nações amigas. Sendo a Inglaterra a
depois. principal beneficiária da abertura dos portos, pois pagaria menores
Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram novamen- taxas sobre seus produtos no mercado brasileiro em relação às ou-
te, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de Janeiro. tras nações, inclusive Portugal.
O governo de D. João foi responsável pela implantação de di-
- Invasões holandesas versas estruturas culturais, sociais e urbanas inexistentes no Brasil
As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram atacadas como: a fundação da Academia Militar e da Marinha; criação do en-
pelos holandeses no ano de 1599. sino superior com a fundação de duas escolas de Medicina; criação
Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holandeses. Com do Jardim Botânico; inauguração da Biblioteca Real; fundação da
a ajuda dos espanhóis, os portugueses expulsam os holandeses da imprensa Régia; criação da Academia de Belas-Artes.
Bahia em 1625. Mas a transformação mais forte se deu na forma de se viver
Em 1630 tem início o maior processo de invasão estrangeira no o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de mineração, o
Brasil. Os holandeses invadem a região do litoral de Pernambuco. Brasil nunca deixara efetivamente de ser um país rural.
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no litoral do
Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte. Urbanização e pobreza
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em Pernambu- A intensa urbanização nas principais capitais de províncias do
co, em 1637, com o objetivo de organizar e administrar as áreas Império do Brasil no século XIX, não estava associado ao desenvol-
invadidas. vimento de grandes indústrias. As cidades brasileiras que foram
antigas sedes da administração colonial portuguesa acabaram con-
Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os holande- servando muitas das suas tradicionais funções burocráticas e co-
ses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurreição Pernambucana. merciais.
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na famosa e Geralmente explica-se o decréscimo populacional do Nordeste
sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a expulsão definitiva dos e o consequente “inchamento” do Sudeste, especialmente o Rio de
holandeses ocorreu no ano de 1654. Janeiro pela decadência da região algodoeira e açucareira nordesti-
na, contrapondo-se à expansão da agricultura cafeeira e da econo-
- Invasões inglesas mia industrial do sul, fatores estes que explicariam pelo menos em
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas Cavendish, parte a grande onda de migrações internas do período.
ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, por quase três meses, Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século XIX,
as cidades de São Vicente e Santos. houve um acentuado crescimento demográfico, impulsionado pela
chegada constante de estrangeiros, principalmente portugueses.
A crise do Sistema Colonial Outras cidades também sofreram mudanças consideráveis em
A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial come- suas estruturas urbanas, sofreram também um considerável cres-
çou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos da transforma- cimento demográfico; respeitando-se, é claro, as especificidades
ção econômica desencadeada pela Revolução Industrial nos países econômicas locais.
mais desenvolvidos economicamente da Europa. Nestes países, o As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador e Recife
capitalismo deixava o estágio comercial e encaminhava-se para a constituíram-se dos principais cenários de reformas urbanas e da
etapa industrial. atuação dos poderes públicos com o objetivo viabilizar o ordena-
Portugal neste período se encontrava em profunda crise e de- mento do espaço urbano.
pendia fortemente da política econômica inglesa. Neste cenário o Neste período as classes dominantes imperiais buscavam des-
capitalismo industrial inglês acabou entrando em choque com o co- vincular-se da imagem de atraso colonial, buscava-se a ordem na
lonialismo mercantilista português. sociedade e nas cidades.
O principal ponto deste choque se dava em torno das principais A vida urbana intensificava-se, a imponência e riqueza se tra-
características da economia colonial: o monopólio comercial e o re- duzia na construção dos prédios públicos que refletiam o desejo
gime de trabalho escravista. Era necessária a criação de mercados de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios pertencentes à
livres para que os donos de indústria pudessem ter um maior nú- administração provincial contrastavam com a arquitetura barroca e
mero de mercados consumidores. Com relação à escravidão, o capi- colonial dos estabelecimentos religiosos.

49
CONHECIMENTOS GERAIS
Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às melho- Para fora do campo da economia, podemos salientar como a
res moradias ou desfrutassem dos confrontos proporcionados pela reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embele-
vida na cidade. Pelo contrário, a maioria da população, constituída zamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital
em sua maioria de negros e mestiços, vivia no limiar da pobreza. da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para
Políticas de intervenção urbana se intensificaram por volta de ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se
1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de bondes, praças, a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a
parques, construção de prédios públicos, instalação de fábricas e insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da admi-
políticas de saneamento e saúde pública passaram a integrar o co- nistração de Lorde Protetor do exército inglês.
tidiano urbano. Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um
Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho, novos me- movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam
canismos de sobrevivência. A população sai do campo em busca de abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contex-
melhores oportunidades e, em sua maioria, acaba ocupando uma to que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros
esfera marginal da vida econômica e social da cidade. políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do
Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a sociedade Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portu-
acabam por surgir novos elementos reguladores da conduta urba- guesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do
na. Neste sentido surgem os asilos para loucos, reformatórios e rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia.
abrigos para pessoas da rua. O discurso higienista começa a ganhar Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assem-
adeptos e a medicalização da sociedade de torna evidentemente bleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, as prin-
necessária para a elite. Prostitutas, mendigos, loucos e crianças de cipais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retor-
rua, vão ser constantemente vigiados e reprimidos nas suas idas e nasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas
vindas pela cidade. em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu
A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros “exclu- do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe
ídos” da política urbana. As novas praças, ruas e prédios não são
regente do Brasil.
para todos, muitas mulheres precisavam trabalhar nas ruas para
A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres bra-
ajudar no sustento da família e muitas vezes tinham seus movimen-
sileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras.
tos pela cidade impedidos pelas normas de conduta vigentes. A vi-
Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às inten-
gilância sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mulher assumem
ções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas
caráter científico e caráter de importância fundamental para o bom
funcionamento da sociedade. em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas,
Sob o discurso da racionalidade científica e dos conceitos de or- o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades
dem e progresso que se desejavam implantar, os poderes públicos militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagra-
procuravam transformar e modernizar as cidades, além de atingir daram bastante as Cortes de Portugal.
também os hábitos e costumes da população moldando-os, sob es- Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigi-
truturas repressoras a uma imagem de salubridade e modernidade. ram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil
A maioria destes discursos continua, talvez com ainda mais força, ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A
durante a primeira República e desta vez, com a tônica de romper ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira
com o “atraso” da Monarquia. para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do
período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e co-
Independência do Brasil merciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, dese- I à líder da independência brasileira.
nhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I pro- No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua
clamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. força máxima, os defensores da independência organizaram um
De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação in- grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro
dependente, devemos perceber como as transformações políticas, no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em
econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Cor- 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no
te Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da indepen- conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente
dência. assinalou qual era seu posicionamento político.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-
grande importância para que possamos iniciar as justificativas da -independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre
nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tra- eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom
tou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se com- Pedro e defensor de um processo de independência conservador
prometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pe-
a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de
dro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda
chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos
de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
portos brasileiros às demais nações do mundo.
Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como
um primeiro “grito de independência”, onde a colônia brasileira não com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a
mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exi-
pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e gindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de inva-
comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver são militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao
um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em
em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de
nossas elites. 1822, às margens do rio Ipiranga.

50
CONHECIMENTOS GERAIS
Primeiro Reinado Nesse momento, duas das mais importantes categorias de
O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico do sustentação do regime também retiram seu apoio. A Nobreza e o
Brasil após a independência. Esse período se inicia com a declara- Exército abandonam o Imperador e tornam a situação política in-
ção da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831, com a sustentável.
abdicação do imperador. Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou do cargo
Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em de imperador em abril de 1831, deixando o Brasil sob comando da
7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão das elites por- Regência enquanto seu filho Pedro de Alcântara, de 5 anos, atingia
tuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica co- a maioridade.
lonial, resistiu o quanto pôde, procurando resguardar os privilégios
dados aos lusitanos em terras brasileiras. Política externa no Primeiro Reinado – A aceitação da indepen-
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa re- dência do Brasil foi gradual. Vale destacar o caso de Portugal, que
sistência dão ao monarca um aumento considerável de prestígio e só reconheceu a independência brasileira após receber a indeniza-
poder. ção de 2 milhões de libras esterlinas, paga através de empréstimo
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar concedido ao Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o Brasil pagou pela in-
e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao mesmo dependência que já havia conquistado, o que gerou grandes dívidas
tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas externas com a Inglaterra.
revolucionárias que já estavam acontecendo no Brasil.
A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira ten- Período Regencial
tativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompatibilidade en- Chamamos de período regencial o período entre a abdicação
tre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tentativa, de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do Brasil, compreen-
a Constituição é promulgada em 1824, a primeira do Brasil inde-
dendo os anos de 1831 a 1840.
pendente.
Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria o trono
Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o
seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de D. Pedro II, ainda
poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais, manobran-
criança à época não obedecia as determinações de maioridade da
do, portanto, o legislativo, além de eliminar cargos quando necessá-
rio, instituir ministros e senadores com poderes vitalícios e indicar Constituição. Nesse sentido, se tornou clara a necessidade da Re-
presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do gência, um governo de transição que administraria o país enquanto
poder de decisão nas mãos do imperador e evidenciavam um cará- o imperador ainda não tivesse idade suficiente para governas. A re-
ter despótico e autoritário de um governo que prometeu ser liberal. gência seria trina, a princípio, formada por membros da Assembleia
Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e Geral (Senado e Câmara dos deputados). Nesse sentido e diante da
insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país recém in- situação do país, a adoção da regência provisória era questão de
dependente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equador. urgência.
Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos revoltosos contra o O período regencial foi dividido em duas partes: Regência Trina
governo foram reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840). Naquele momento, a
sua insatisfação com os rumos do país. Assembleia possuía três grupos: Moderados (maioria, representa-
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplatina, que vam a elite e era defensores da centralização), Restauradores (de-
transformou essa antiga parte da colônia no independente Uruguai fendiam a restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
em 1828. Essa guerra causa danos ao país, tanto políticos quanto diam a descentralização do poder).
econômicos. Com problemas com importações, baixa arrecada- A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo
ção de impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos por causa composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos, repre-
da extensão do território e a produção agrícola em baixa, causada sentante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos Vergueiro,
por uma crise internacional, a economia brasileira tem uma queda representando os liberais moderados e o brigadeiro Francisco de
acentuada. Lima e Silva que representava os setores mais conservadores dos
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um grande emba- militares, sobretudo no Exército.
te quanto a sucessão do trono português. Diante de reivindicações Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Regência Trina
de brasileiros e portugueses, Dom Pedro abdica em favor da filha, Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela Assembleia Ge-
D. Maria da Glória. No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe ral. Era composta pelo já integrante da Regência Provisória, Francis-
de Estado e usurpa o poder da irmã. co de Lima e Silva, o deputado moderado José da Costa Carvalho e
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras para solu- João Bráulio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência.
cionar o embate e restituir o poder à filha. Esse fato irrita os brasi-
Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o padre Diogo
leiros, uma vez que o Imperador está novamente priorizando os as-
Antônio Feijó.
suntos de Portugal em detrimento do Brasil. Essa “reaproximação’
No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda enfrenta
entre Portugal e Brasil incomoda e gera temor de uma nova época
sérios problemas de governabilidade. A oposição entre restaurado-
de dependência. Com isso, o Imperador perde popularidade.
res e exaltados de um lado e os regentes do outro torna o cenário
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, jornalis-
ta conhecido e desafeto do imperador. Naturalmente, as suspeitas político bastante delicado. Por segurança contra os excessos, Diogo
pelo atentado sofrido pelo jornalista recaem no governante luso- Feijó cria a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de
-brasileiro. Esse episódio faz a aprovação do Imperador cair ainda aristocratas em sua formação.
mais junto da população. Um momento delicado acontece quando A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos internos, mui-
o Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pelos minei- tos separatistas, eclodem pelo país. A Cabanagem, no Pará dá início
ros por conta desse assassinato. Portugueses no Rio de Janeiro ime- à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a
diatamente respondem aos mineiros, se mobilizando em favor do Sabinada e a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Mara-
imperador. As ruas do Rio de Janeiro testemunham momentos e nhão.
atos de desordem e agitação pública.

51
CONHECIMENTOS GERAIS
No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cenário político. questões fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente,
A assembleia passa a abrigar a disputa entre progressistas defenso- membros das elites econômicas e intelectuais passaram a compre-
res do diálogo com os revoltosos e regressistas, adeptos da repres- ender a república como um passo necessário para a modernização
são às mesmas revoltas. das instituições políticas nacionais.
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de 1834. Por O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu no
esse documento, denominado “Ato Adicional”, conquista-se um ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação de
“avanço liberal”, substituindo a Regência Trina pela Regência Una. todos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos escra-
Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antônio Fran- vocratas, último pilar que sustentava a existência do poder imperial.
cisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre Diogo No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e o
Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a disputa por apertada Império foi suficiente para que um quase encoberto golpe militar
margem de votos. Feijó sobe ao poder em 1835, mas tem governo estabelecesse a proclamação do regime republicano no Brasil.
breve, deixando o poder em 1837, ainda que eleito para o período
de 4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta de re- A crise no Império
cursos e isolamento político. O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro Pre-
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada por Pedro to”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal Visconde do Ouro
de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos liberais e se elege Re- Preto, assim que assume em junho de 1889 propõe um programa
gente Uno em 19 de setembro de 1837 – fortalecimento da centrali- de governo com reformas profundas no centralismo do governo im-
zação política. A disputa com os liberais gera, entre outras medidas, perial. Pretendia dar feição mais representativa aos moldes de uma
a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com monarquia constitucional, contemplando aos republicanos com o
o chamado “golpe da maioridade”. fim da vitaliciedade do senado e adoção da liberdade de culto. Ouro
A contenda entre liberais e conservadores traz desconfiança Preto é acusado pela Câmara de estar dando inicio à República e
para a elite, que prefere centralizar o poder, apoiando a posse de D. se defende garantindo que seu programa inutilizaria a proposta da
Pedro II. Os Liberais criam o “Clube da Maioridade” e fazem propa- República. Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal
ganda pela maioridade antecipada de D Pedro II. por não discutir o problema do Federalismo.
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria a Cons- Os problemas no Império estavam em várias instâncias que da-
tituição e aprova a Declaração de Maioridade em 1840, quando D. vam base ao trono de Dom Pedro II:
Pedro II tem apenas 14 anos de idade. - A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica frente
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para conser- ao Padroado exercido por D. Pedro II que interferia em demasia nas
vadores e liberais, controlar D. Pedro II em proveito próprio garan- decisões eclesiásticas.
tindo assim seus privilégios. - O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo escalão
do Exército Brasileiro pela determinação de D. Pedro II que os im-
Segundo Reinado pedia de manifestar publicamente nos periódicos suas críticas à
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda fase da monarquia.
história do Brasil monárquico, época em que o país esteve sob a - Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre os
liderança de Dom Pedro II. grandes fazendeiros um clamor pela República, conhecidos como
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades enfrentadas Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela decisão monárqui-
por D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil recém indepen- ca do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros
dente e, ao mesmo tempo, garantir sua influência em Portugal, a paulistas que já importavam mão de obra imigrante, também estão
responsabilidade de comandar o Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que contrários à monarquia, pois buscam maior participação política e
assume o poder com apenas 15 anos de idade. poder de decisão nas questões nacionais.
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro • A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão bus-
II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao expresso cam maior participação política e encontram no sistema imperial
apoio dos liberais. Nessa época, a eclosão de revoltas em diferente um empecilho para alcançar maior liberdade de econômica e poder
parte do território brasileiro e a clara instabilidade política possibili- de decisão nas questões políticas.
tou sua chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais A escravidão no Brasil
importante figura política do país por praticamente cinco décadas. As viagens dos europeus à África e Ásia fizeram com que os
Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom Pedro negros participassem do sistema econômico vigente na época, não
II teve habilidade suficiente para negociar com as demandas polí- de uma maneira igualitária como mercadores, mas como escravos
ticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos partidos da a serviço dos seus donos. A partir de então, os negros passaram a
época, percebeu que a divisão de poderes seria um meio eficiente ser levados para terra que estavam sendo descobertas, tanto para
para que as antigas disputas fossem equilibradas. Não por acaso, as colônias europeias como as colônias na América. E com isto, che-
uma das mais célebres frases de teor político dessa época concluía garam os negros no Brasil, para devastar matas, cuidar da roça, do
que nada poderia ser mais conservador do que um liberal no poder. gado, trabalhar na cana de açúcar e dinamizar a economia da época
Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova situação Neste sentido, os negros foram fortes colaboradores para a
que a economia brasileira experimentou. O aumento do consumo economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas no impulso di-
do café no mercado externo transformou a cafeicultura no susten- reto da dinamização do sistema econômico. No ciclo da mineração,
táculo fundamental da nossa economia. Mediante o fortalecimento o trabalho era árduo e impiedoso, na busca de satisfazer os desejos
da economia, observamos que o café teve grande importância para ambiciosos dos Reis de Portugal que objetivavam única e exclusi-
o desenvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos que vamente, extrair os minérios existentes no País. Eram quilômetros
a economia industrial trilhou em terras brasileiras. e quilômetros de mata a dentro, passando todo tipo de miséria e
Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial entrou sofrimento, com o ficto de se conseguir minerais preciosos. Do mes-
em declínio com o desenrolar de várias transformações. O fim do mo modo, aconteceu na época do ciclo da cana de açúcar e, em fim,
tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as contendas de toda economia, com uma escravidão de negros, de participação
com militares e religiosos e a manutenção do escravismo foram tão ativa e indesprezível.

52
CONHECIMENTOS GERAIS
O negro não tinha direito a nada unicamente a ração diária e Portugal eliminou a escravidão em seu território e continuou pra-
um cantinho simples para dormir. A vida do negro era o trabalho, o ticando seu ato de selvageria em outros lugares que estravam sob
máximo possível, para retornar de maneira eficaz os custos imputa- seu domínio e ai está o Brasil.
dos na compra de um negro trabalhador. Diante de tantos sofrimentos, a Nação brasileira começava a
A relação feitor-negro era o mesmo que máquina e quem a dar os primeiros passos no sentido de abolir os escravos brasileiros.
comanda, com uma diferença, é que o negro não tinha nenhum Esse trabalho foi lento e acima de tudo, não obedecendo as Leis
privilégio e a máquina tem a seu favor a limpeza de manutenção, internacionais de abolição da escravatura. Portugal declara extinta
entretanto, o negro tinha como recompensa, as chicotadas e o cas- a escravidão negra nas ilhas de Madeira e dos Açores e, pela Lei de
tigo. O tratamento recebido do patrão era de tamanho desprezo e 16 de janeiro de 1773, declaravam livres os recém-nascidos de mu-
distanciamento, porque branco é branco e negro é negro, e o que lher escrava desta Nação - Lei do Ventre Livre. No Brasil continua do
resta por último é o trabalho e o conforto, somente na hora da dor- mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807 ficou proibido o tráfico de
mida, poucas horas. escravos com barcos ingleses e entrada de escravos nas possessões
A escravidão de negros não pode sobreviver por muito tempo, inglesas, mesmo havendo um grupo denominado “Abolition Socie-
partiu-se para escravizar índios, mas este não aguentou este méto- ty” fundada em 1787 que não podia avançar muito.
do de trabalho, tendo em vista o ritmo da atividade e a dependên- No Brasil, a abolição foi implantada vagarosamente, mesmo
cia que estava submetido o escravo. Nesta hora o negro mostrou existindo uma proibição internacional contra o tráfico negreiro,
que só ele serviria para tal atividade, por causa de sua robusteza e como as normas de 19 de fevereiro de 1810, implementada em
resistência de sua pele, que aguentava sol causticante, com poucos 1815, com mais adições em 1817 e realmente posta em prática em
problemas para sua saúde física. O negro na economia era o tra- 1826, onde foi criada uma Comissão internacional luso-inglesa que
balho desqualificado. Era o trabalho bruto, quer dizer, não era um ficariam, uma na África, outra na Serra Leoa e outra no Brasil, para
trabalho que usasse a inteligência, pois não era do interesse de seu coibir o tráfico negreiro. Não foi desta vez que foi extinta a escra-
proprietário, educá-lo para atividades de servidão e total subordi- vidão, mas a luta continuava empunhada pelos abolicionistas que
nação ao seu senhor. tanto se dedicaram pela causa do negro que era acima de tudo,
Falando-se da importância do negro na economia brasileira, sentimental. Entretanto, foi a 13 de maio de 1888 que a escravidão
Pandiá CALÓGERAS, em seu livro intitulado “Formação Histórica foi eliminada para sempre no País.
do Brasil” fez uma síntese das causas principais dessa atividade na A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por pura
economia, quando coloca: o Brasil, não tendo ainda revelado ha- bondade da Princesa Isabel, mas das dificuldades que atravessava
veres minerais, só podia ser colônia agrícola. Os portugueses, por o país na obtenção do negro e nos custos que eles imputavam. O
demais escassos, não possuíam braços bastantes para o cultivo de momento internacional exigia uma mudança na estrutura produtiva
suas fazendas nem para a extração do pau-brasil. Saída única para predominante no Brasil, devido inovações que foram ocorrendo e a
tais dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer meios, traba- necessidade do mercado internacional se abrir para a tecnologia. A
lhadores baratos do viveiro aparentemente inesgotável da popula- forma de escravidão já não era lucrativa e a substituição pelo assala-
ção regional. Essa foi a origem do negro na economia do país e que riamento seria mais viável às condições patronais de rentabilidade.
durou muito tempo. Sendo assim, o negro não tinha condições de participar do processo
O negro na economia brasileira, como em qualquer outra eco- produtivo com custos compatíveis com a situação empresarial.
nomia que usava o negro como mão-de-obra escrava, era tratado A escravidão foi eliminada somente no aspecto de compra e
como uma mercadoria que era vendável, como bem retrata este venda de escravos para o trabalho cotidiano na roça, nas casas par-
anúncio da época: compram-se escravos de ambos os sexos, com ticulares, ou em qualquer trabalho que seus donos quisessem. A
ofício e sem ele, e paga-se bem contanto que sejam boas pessoas, escravidão foi substituída pelo assalariamento que não é muito, só
na rua do Príncipe no 66 loja ou então este: quem tiver para vender com diferença na forma de dependência, mas o processo de servi-
um casal de escravos, dirija-se a rua do Príncipe no Armazém de dão é o mesmo, miserável e impiedosa. A escravidão agora deixou
Molhados no 35 que achará com quem tratar. Desta forma, os jor- de ser unicamente do negro e passou a ser de negros e brancos,
nais da época anunciavam constantemente transações de compra e entretanto, o negro traz consigo o pior, a discriminação, o estigma.
venda de seres humanos, como se fossem produtos que vendidos, O País precisa de tomar consciência da situação do negro e intro-
pudessem passar de mão em mão sem nenhum poder de reação. duzi-lo na sociedade de igual com os brancos, pois são todos seres
Desta forma, pergunta-se normalmente, quais as origens do humanos e mortais.
negro no território Brasileiro? Para esta pergunta, pode-se citar um Finalmente, a abolição aconteceu por conveniência circunstan-
trecho de Walter F. PIAZZA40 (1975) quando escreveu que “Entre- cial do momento, não deixando de continuar a escravidão sobre os
tanto, conseguimos, em buscas nos arquivos eclesiásticos, anotar as negros de maneira geral. Os longos anos de subordinação criaram
seguintes “nações” de origem dos elementos africanos que povoa- um estigma de negro sobre branco que não é uma simples Lei Impe-
ram Santa Catarina: “congo”, “moçambique”, “cabinda”, “angola”, rial que vai torná-los iguais perante a sociedade. Criou-se na cultura
“costa da guiné” e rebolla”, ou então “mina”, “benguella” e “monjo- universal, em especial, nos países pobres que negro é negro e bran-
lo””. Esses países de origem foram encontrados no Arquivo Históri- co é branco e não há quem mude este estado de coisas. Portanto,
co - Eclesiástico de Florianópolis do ano de 1821-1822, os jornais “O deve-se ficar claro que o negro é um ser humano cheio de virtudes
Argos” no 154 de 1857 e no 857 de 1861 e “O Despertador” no 77 e defeitos que devem ser aplaudidos e reprovados do mesmo modo
de 1863, onde isto pode ser extrapolado para o país. que os brancos, banindo de uma vez por todas as diferenciações
A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhuma pie- que existem entre negros e brancos ou vice-versa.
dade pela classe dominante, porque só queriam extrair ao máxi-
mo possível, o retorno sobre seu capital empregado. Mas, interna- Revoltas e Quilombos
cionalmente, a utilização e o tráfico de escravos já estavam sendo Uma questão que marcou o período colonial, mas também o
combatidos, desde 1462 quando o Papa PIO II publicou a sua Bula período imperial brasileiro foi a escravidão africana. A luta desses
de 7 de outubro deste mesmo ano. Toda trajetória de escravidão povos africanos no Brasil contra o trabalho compulsório foi uma das
do negro já vinha sendo combatida de maneira muito intensa, mas mais significativas na história do nosso país por mais de trezentos
ecoava pouco nos países ou colônias subdesenvolvidas. É tanto que anos.

53
CONHECIMENTOS GERAIS
No desenvolvimento do regime escravocrata no Brasil, obser- A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos milita-
vamos que os negros trazidos para o espaço colonial sofriam um res que se veriam a partir de então como os defensores da Pátria
grande número de abusos. A dura rotina de trabalho era geral- brasileira. A República foi proclamada por um monarquista. Deodo-
mente marcada por longas jornadas e a realização de tarefas que ro da Fonseca assim como parte dos militares que participaram da
exigiam um grande esforço físico. Dessa forma, principalmente nas movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novem-
grandes propriedades, observava-se que o tempo de vida de um bro pretendiam derrubar apenas o gabinete do Visconde de Ouro
escravo não ultrapassava o prazo de uma década. Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente,
Quando não se submetiam às tarefas impostas, os escravos Deodoro age por acreditar que haveria represália do governo mo-
eram severamente punidos pelos feitores, que organizavam o tra- nárquico com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à insur-
balho e evitavam a realização de fugas. Quando pegos infringindo gência dos militares.
alguma norma, os escravos eram amarrados no tronco e açoitados A população das camadas sociais mais humildes observam atô-
com um chicote que abria feridas na pele. Em casos mais severos, as nitos os dias posteriores ao golpe republicano. A República não fa-
punições poderiam incluir a mutilação, a castração ou a amputação vorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a par-
de alguma parte do corpo. De fato, a vida dos escravos negros no ticipação desses na ação efetiva. O Império, principalmente após
espaço colonial era cercada pelo signo do abuso e do sofrimento. a abolição da escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e
Entretanto, não podemos deixar de salientar que a população mesmo uma gratidão pela libertação. Há então um empenho das
negra também gerava formas de resistência que iam contra o siste- classes ativamente participativas da República recém-fundada para
ma escravista. Não raro, alguns escravos organizavam episódios de apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis repu-
sabotagem que prejudicavam a produção de alguma fazenda. Em blicanos e símbolos que garantissem que a sociedade brasileira se
outros casos, tomados pelo chamado “banzo”, os escravos aden- identificasse com o novo modelo Republicano Federalista.
travam um profundo estado de inapetência que poderia levá-los à
morte. A Maçonaria e o Positivismo
Não suportando a dureza do trabalho ou a perda dos laços afe- O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal
tivos e culturais de sua terra natal, muitos negros preferiam atentar Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal Floriano Peixoto
contra a própria vida. Nesse mesmo tipo de ação de resistência, como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quin-
algumas escravas grávidas buscavam o preparo de ervas com pro- tino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio
priedades abortivas. Além disso, podemos salientar que o plane- Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na
jamento de emboscadas para assassinar os feitores e senhores de nata gestora da República eram membros regulares da Maçonaria
engenho também integrava esse corolário de ações contra a escra- Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre
vidão. as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais
Segundo a perspectiva de alguns estudiosos, as manifestações da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republica-
culturais dos negros também indicavam outra prática de resistên- no, principalmente no que tange o Direito.
cia. A associação dos orixás com santos católicos, a comida, as lutas A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente prin-
(principalmente a capoeira) e as atividades musicais eram outras cipalmente na construção dos símbolos da República. Desde a
formas de se preservar alguns dos vínculos e costumes de origem produção da Bandeira Republicana com sua frase que transborda
africana. Com o passar do tempo, vários itens da cultura negra se a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”, ou no uso
consolidaram na formação cultural do povo brasileiro. dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana.
Do ponto de vista histórico, os quilombos foram a estratégia Positivistas Ortodoxos como Miguel Lemos e Teixeira Mendes fo-
de resistência que melhor representou a luta contra a ordem es- ram os principais ativistas, usando das alegorias femininas e o mito
cravocrata. Ao organizarem suas fugas, os negros formaram comu- do herói para fortalecer entre toda a população a crença e o amor
nidades no interior das matas conhecidas como quilombos. Nesses pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão plena-
espaços, organizavam uma produção agrícola autônoma e formas mente em sua missão política de fortalecimento da República que
de organização sociopolítica peculiares. Ao longo de quatro séculos, apesar de ridicularizados por seus opositores não esmorecem e
os quilombos representaram um significativo foco de luta contra a seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos,
lógica escravocrata. O quilombo mais famoso foi o de Palmares, mitos e alegorias.
localizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, tendo A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas
como grande líder Zumbi. de controle social, nem mesmo há mudanças na pirâmide econômi-
BRASIL REPÚBLICA ca, onde se agrupam na base o motor da economia, e onde estão
A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de presentes os extratos mais pobres da sociedade, constituída prin-
novembro de 1889. Resultado de um evante político-militar que cipalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas cama-
deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica marcada a fi- das mais altas dessa pirâmide econômica organizam-se oligarquias
gura de Marechal Deodoro da Fonseca como responsável pela efeti- locais que assumem o poder da máquina pública gerenciando os
va proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira projetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao qual
em um governo provisório (1889-1891). pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai com a Proclamação da República, o que há de imediato é a abertu-
(1864-1870), comandando um dos Batalhões de Brigada Expedicio- ra da política aos homens enriquecidos, principalmente pela agri-
nária. Sempre contrário ao movimento republicano e defensor da cultura. Enquanto o poder da maquina pública no Império estava
Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com seu sobrinho concentrado na figura do Imperador, que administrava de maneira
Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os centralizadora as decisões políticas, na República abre-se espaço de
seus problemas a Monarquia continuava sendo o “único susten- decisão para a classe enriquecida que carecia desse poder de deci-
táculo” do país, e a república sendo proclamada constituiria uma são política.
“verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados
para ela.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Republica das espadas e republica oligárquica mada República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob o comando
A República brasileira proclamada em novembro de 1889 nasce do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o país durante o
de um golpe militar realizado de maneira pacífica pela não resistên- Governo Provisório (1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Mare-
cia do Imperador D. Pedro II que sai sem grandes problemas e se chal Floriano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até 1894.
exila na Europa. No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a oli-
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presidência da garquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir o po-
República em um governo provisório. Deodoro era declaradamen- der e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto.
te monarquista, amigo de D. Pedro II, mas por acreditar que have- Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de março de
ria uma retaliação do Império contra a movimentação insurgente 1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista
do exército contra o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resolve (PRP). A partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito
apoiar a causa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, Mare- às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período
chal Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao Imperador e grita conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio político
“«Viva Sua Majestade, o Imperador!», esse momento será lembra- presidencial durante esse intervalo de tempo prevaleceu entre São
do posteriormente como o momento da Proclamação da República. Paulo e Minas Gerais, efetivando a política do café-com-leite.
O primeiro momento da República brasileira é marcada pelo au- Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902), a
toritarismo militar, visto que são esses que ficam responsáveis por República Oligárquica efetivou o que marcou fundamentalmente a
manter a ordem e garantir a estabilidade para o novo sistema que Primeira República: a chamada política dos governadores, que se
vislumbram para o Brasil. Através do princípio Liberal havia chances baseava nos acordos e alianças entre o presidente da República e
de que a partir desse momento um novo pacto social se estabe- os governadores de estado, que foram denominados Presidentes
lecesse no Brasil, com participação ampla das camadas populares, de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo
mas isso não ocorre. federal; em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições
O que acontece é a conservação e até o aumento da exclusão locais (estaduais).
social mediante ações influenciadas pelo pensamento positivista Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à pre-
onde militares acreditavam que com autoritarismo poderiam man- sidência da República do governo federal pelos governadores dos
ter a ordem e levar o Brasil ao progresso, ideais do Positivismo. Três estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo: o título de
mandatos marcam a República da Espada: o primeiro, Governo Pro- coronel surgiu no período imperial, mas com a proclamação da Re-
visório de Deodoro da Fonseca que faz a transição e sai garantindo pública os coronéis continuaram com o prestígio social, político e
a primeira eleição de forma indireta, apesar do dispositivo da Cons- econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de suas
tituição de 1891 prever eleições diretas. Eleito sem participação po- propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam
pular pelo Congresso Nacional Deodoro da Fonseca assume então o mandonismo sobre a população.
com vice Marechal Floriano Peixoto. Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favores,
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da República mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de afilhados
e fecha o Congresso, a fim de garantir seus poderes frente à “Lei de políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente, sob a tutela
Responsabilidade”, anteriormente aprovada pelo congresso devido dos coronéis, os afilhados eram as principais articulações políticas.
à crise econômica. Dá inicio então a um governo ditatorial que é Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava
precipitado pela ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de Ja- todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conheci-
neiro feito pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomentado dos como “currais eleitorais”).
pela Marinha Brasileira). Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependentes)
Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em favor de seu, dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (coronel)
Floriano Peixoto, que mantém um regime linha dura contra oposito- apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido como
res. Realiza uma verdadeira campanha de combate aos revoltosos voto de cabresto, presente durante toda a Primeira República, e foi
da Segunda Revolta da Armada, assim como aos revoltosos Fede- o que manteve as oligarquias rurais no poder.
ralistas no Rio Grande do Sul, recebe a alcunha de “Marechal de Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter agro-
Ferro” devido essas ações. exportador e o principal produto da economia brasileira era o café.
No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, a
No entanto, a República da Espada chegava ao fim após reali- economia cafeeira brasileira enfrentou uma enorme crise, pois as
zar uma transição necessária aos interesses das elites, pacificaram grandes estocagens de café fizeram com que o preço do produto
e garantiram a ordem para que assumissem o comando aqueles sofresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior crise
que viriam a se estabelecer, não apenas como elite econômica, financeira brasileira durante a Primeira República.
mas também como lideranças políticas no cenário republicano. Os Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder após
militares deixam a política ainda com sentimento de guardiões da um golpe político que liderou juntamente com os militares brasilei-
República (serão chamados ao ofício da garantia da Ordem diversas ros. Os motivos do golpe foram as eleições manipuladas para pre-
vezes no decorrer da história republicana brasileira). Mas o sistema sidência da República, as quais o candidato paulista Júlio Prestes
Liberal proposto em teoria pelas elites vitoriosas seguiria, e a partir havia ganhado, de forma obscura, em relação ao outro candidato, o
de 1894 a República deixaria de ser um aparato ideológico para tor- gaúcho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, efeti-
nar-se instrumento de poder nas mãos das Oligarquias. vou o golpe político, acabando de vez com a República Oligárquica e
com a supremacia política da oligarquia paulista e mineira.
Republica Oligarquica
Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se um MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
novo período na história política do Brasil: o poder político passou Do período colonial à república, conheça principais revoltas
a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente as oligar- econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de história.
quias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido pelas oligar- A seguir veremos os movimentos que marcaram nossa história.
quias não aconteceu logo em seguida à proclamação da República Vale, portanto, ressaltar, que dentre esses movimentos é necessário
– os dois primeiros governos (1889-1894) corresponderam à cha- diferenciar a essência que os causou.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Os movimentos a seguir ou eram nativistas ou emancipacio- - Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
nistas. Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, que ocu-
Nativistas: representa movimentos de defesa da terra, sem pavam extensas áreas no Nordeste, contra a dominação dos coloni-
qualquer caráter separatista. zadores portugueses. Foram cerca de 20 anos de confrontos.
Emancipacionistas: eram mais radicais e pretendiam, de fato,
separar o Brasil de Portugal, criando um governo próprio e sobera- - Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão
no, sem interferência externa de qualquer natureza. Provocada em grande parte pelo descontentamento com a
Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu entre 1684 e 1685.
Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que ocor- Entre as reclamações estava o fornecimento de escravos negros em
reram, temos aqueles que foram chamados de movimentos nativis- quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesuítas eram contrá-
tas, que representa o conjunto de revoltas populares que tinham rios a escravização dos indígenas. Com a rebelião, os jesuítas são ex-
como objetivo o protesto em relação a uma ou mais condições ne- pulsos. Um novo governador é enviado e os revoltosos condenados.
gativas da realidade da administração colonial portuguesa no Brasil.
Em retrospectiva, tais revoltas também foram importantes em um - Em 1708 – Guerra dos Emboabas
âmbito maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a
locais, que não visavam em um primeiro momento a separação po- 1709 pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de
lítica, o seu protesto contra algum abuso do pacto colonial contri- ouro na região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O conflito
buiu para a construção do sentimento de nacionalidade em meio a contrapôs os desbravadores vicentinos e os forasteiros que vieram
tais comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados do depois da descoberta das minas.
século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa na metró- - Em 1710 – Guerra dos Mascates
pole com a receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobrança A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado ocorrido na
de impostos, a criação frequente de novos tributos e o abuso dos Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1709 e 1714, envolven-
comerciantes portugueses na fixação de preços começam a gerar do os grandes senhores de engenho de Olinda e os comerciantes
insatisfação entre a elite agrária da colônia. portugueses do Recife, pejorativamente denominados como “mas-
Este é o ambiente propício para o nascimento dos chamados cates”, devido sua profissão.
movimentos nativistas, onde surgem a contestação de aspectos do Não obstante, apesar do sentimento autonomista e antilusi-
colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os senhores tano dos pernambucanos de Olinda, que chegaram até mesmo a
do Brasil e os de Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a propor que a cidade se tornasse uma República independente, este
revolta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, não foi um movimento separatista.
em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco Contudo, não há consenso em afirmar que seja um movimento
(1710) e a Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720). nativista, uma vez que os “mascates” envolvidos na disputa eram
Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se localiza predominantemente comerciantes portugueses.
o marco inicial destes movimentos.
Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos. - Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos
Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica (atual
- Em 1562 - Confederação dos Tamoios Ouro Preto), contra a exploração do ouro e cobrança extorsiva de
A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma revolta de impostos da metrópole sobre a colônia. A revolta contou com cerca
uma coligação de tribos indígenas - com o apoio dos franceses que de dois mil populares, que pegaram em armas e ocuparam pontos
haviam fundado a França Antártica - contra os portugueses. O mo- da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos Santos
vimento foi pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e Freire, acabou enforcado.
José de Anchieta.
Movimentos emancipacionistas
- Em 1645 - Insurreição Pernambucana A partir da segunda metade do século XVIII, com os desdobra-
Revolta da população nordestina (a partir de 1645) contra o mentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os conceitos do
domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os colo- Iluminismo penetrando em meio à sociedade brasileira, os descon-
nos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabocas e de tentamentos vão se avolumando e a metrópole portuguesa parece
Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até insensível a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas
que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses passarão a incorporar em seu ideal a busca pela independência,
foram derrotados e expulsos do País. ainda que somente da região dos revoltosos, pois a noção de um
É considerada o marco inicial dos movimentos nativistas. Inicia- país reunindo todas as colônias portuguesas na América era algo
da logo após a campanha pela expulsão dos invasores holandeses, impensado. O mais conhecido em meio a estes movimentos é a In-
e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali que pela confidência Mineira de 1789, da qual surgiu o mártir da indepen-
primeira vez que se registrou a divergência entre os interesses dos dência, Tiradentes.
colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os habitantes de Per-
nambuco começaram a desenvolver a noção de que a própria colô- As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocor-
nia conseguiria administrar seus próprios destinos, até por que eles ridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de con-
conseguiram expulsar os invasores praticamente sozinhos, num quistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Estes
esforço que reuniu negros escravos, brancos e indígenas lutando movimentos possuíam certa organização política e militar, além de
juntos, com um punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de contar com forte sentimento contrário à dominação colonial.
comando.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Causas principais - 1835 - Guerra dos Farrapos
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o Brasil. Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil (de 1835
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações comerciais a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul tinha caráter republicano.
com Portugal, além de ser impedido de desenvolver indústrias. O grupo liberal dos chimangos protestava contra a pesada taxação
- Privilégios que os portugueses tinham na colônia em relação do charque e do couro e chegou a proclamar independência do RS.
aos brasileiros. Depois de várias batalhas, o governo brasileiro concedeu a anistia
- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que tinham que a todos.
ser seguidas pelos brasileiros.
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as ordens e - 1837 - Sabinada
leis vinham de Portugal. A revolta feita por militares e integrantes da classe média e rica
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que não se- da Bahia pretendia implementar uma república. Em 7 de novembro
guiam as determinações de Portugal. de 1837, os revoltosos tomaram o poder em Salvador e decretaram
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimentos separa- a República Bahiense. Cercados pelo exército governista, o movi-
tistas ocorridos em outros países (Independência dos Estados Uni- mento resistiu até meados de março de 1838. A repressão foi vio-
dos em 1776 e Revolução Francesa em 1789). lenta e milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.

Principais revoltas emancipacionistas - 1838 - Balaiada


Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a importante re-
- 1789 - Inconfidência mineira volta que se deu no Maranhão do século XIX. É mais um capítulo
Inconformados com o peso dos impostos, membros da elite das convulsões sociais e políticas que atingiram o Brasil no turbu-
uniram-se para estabelecer uma república independente em Mi- lento momento que vai da independência do Brasil à proclamação
nas. A revolta foi marcada para a data da derrama (cobrança dos da República.
impostos em atraso), mas os revolucionários foram traídos. Como Naquele momento, a sociedade maranhense estava dividida,
consequência, os inconfidentes foram condenados à prisão ou exí- basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos e ser-
lio, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado. tanejos, e uma classe alta, composta por proprietários rurais e co-
merciantes.
- 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos Alfaiates) Para ampliar sua influência junto à política e à sociedade, os
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocorrida na conservadores tentam através de uma medida, ampliar os poderes
Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de republicanismo e ódio dos prefeitos. Essa medida impopular faz com que a insatisfação
à desigualdade social, homens humildes, quase todos mulatos, social cresça consideravelmente, alimentando a revolta conhecida
defendiam a liberdade com relação a Portugal, a implantação de como Balaiada.
um sistema republicano e liberdade comercial. Após vários motins A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses contra
e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do governo, sendo injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades sociais
que vários revoltosos foram presos, julgados e condenados. Um dos que assolavam o Maranhão do século XIX.
principais líderes foi o alfaiate João de Deus do Nascimento. O go- A origem da revolta remete à confrontação entre duas facções,
verno baiano debelou o movimento. os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados “bem-te-vis”
(de linha liberal). Eram esses dois partidos que representavam os
- 1817 - Revolução Pernambucana interesses políticos da elite do Maranhão.
Foi um movimento que defendia a independência de Portugal. Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, mantendo seu
Os revoltosos (religiosos, comerciantes e militares) prenderam o go- domínio social na região. No entanto, diante da ascensão de Araújo
vernador de Pernambuco e constituíram um governo provisório. O de Lima ao governo da província e dos conservadores ao governo
movimento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, mas central, no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão afastaram os
a república durou menos de três meses, caindo sob o avanço das bem-te-vis e ocuparam o poder.
tropas. Participantes foram presos e condenados à morte. Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro de 1838,
quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Gomes in-
- 1824 - Confederação do Equador vade a cadeia local para libertar amigos presos. O sucesso da inva-
Foi um movimento político contrário à centralização do poder são dá a chance de ocupar o vilarejo como um todo.
imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, Pernambuco decla- Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Raimundo
rou independência. A revolta ampliou-se rapidamente para outras Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam a revolta até
províncias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos, o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era artesão, e fabricava
em setembro, os revolucionários já estavam derrotados e seus lí- cestos de palha, chamados de balaios na região, daí o nome da re-
deres foram condenados ao fuzilamento, forca ou prisão perpétua. volta. Essa interferência externa altera o cenário político da revolta
e muda seu rumo.
- 1833 - Cabanagem Devido aos problemas causados aos interesses da elite da re-
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas gião, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios.
e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistência oferecida A agitação social causada pela revolta beneficia os bem-te-vis e
pelo presidente do conselho da província, que impediu o desem- coloca o povo em desagrado contra o governo cabano. Em 1839 os
barque das autoridades nomeadas pela regência. Grande parte dos balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda cidade mais importante
revoltosos era formada por mestiços e índios, chamados de caba- do Maranhão. Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos fo-
nos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram derrotados depois de ram as tentativas de suborno e desmoralização que visavam desar-
longa resistência. ticular o movimento.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva (depois - 1893 - Revolução Federalista
conhecido como Duque de Caxias) para ser presidente da província Foi um levante contra o governo de Floriano Peixoto, de 1893 a
e, ao mesmo tempo, organizar a repressão aos movimentos revol- 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado estavam os maragatos (an-
tosos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início da brilhante tiflorianistas), do outro, os pica-paus (governistas). Remanescentes
carreira do militar. da Revolta da Armada, que haviam desembarcado no Uruguai, uni-
O Comandante resolveu os problemas que atravancavam o fun- ram-se aos maragatos. Ocorreram batalhas em terra e mar. Ao final,
cionamento adequado das forças militares. Pagou os atrasados dos os maragatos foram derrotados pelo exército governista.
militares, organizou as tropas, cercou e atacou redutos balaios já
enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. - 1896 - Guerra de Canudos
Organizou toda a estratégia e a execução do plano que visava aca- Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade deram iní-
bar de vez por todas com a revolta. cio à guerra contra os habitantes do arraial de Canudos, no inte-
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula a rior da Bahia, onde viviam, em 1896, cerca de 20 mil pessoas sob
rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido exército. Os o comando do beato Antonio Conselheiro. De novembro de 1896
que resistiram, foram derrotados. A Balaiada chega ao fim, entran- à derrota em outubro de 1897, o arraial resistiu às investidas das
do pra história do Brasil como mais um momento conflituoso da tropas federais (quatro expedições militares). A guerra deixou 25
ainda frágil monarquia e da história do Brasil. mil mortos.
Movimentos da República Velha até Era Vargas
O período da História brasileira conhecido como República Ve- - 1904 - Revolta da Vacina
lha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, representou pro- Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em novem-
fundas mudanças na sociedade nacional, principalmente na com- bro de 1904. A principal causa foi a campanha de vacinação obriga-
posição da população, no cenário urbano, nos conflitos sociais e na tória contra a varíola, comandada pelo médico Oswaldo Cruz. Mi-
produção cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças lhares de habitantes tomaram as ruas em violentos conflitos com a
tão profundas, o que permaneceu delas na vida social atual? polícia, revoltados por terem de tomar a vacina. Forças governistas
Uma mudança da sociedade da República Velha ocorreu na prenderam quase mil pessoas e deportaram para o Acre metade
economia. A produção agrícola ainda era o carro-chefe econômico delas.
da República Velha e o café continuava a ser o principal produto de
exportação brasileiro. Mas o desenvolvimento do capitalismo e a - 1912 - Guerra do Contestado
criação de mercadorias que utilizavam em sua fabricação a borra- Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Paraná e
cha (como o automóvel) fizeram com que a exploração do látex na Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim como Canudos, era
região amazônica se desenvolvesse rapidamente, chegando a com- um terreno fértil para o messianismo e via crescer a insatisfação
petir com o café como o principal produto de exportação. Porém, o popular com a miséria e a insensibilidade política. Forças policiais
período de auge da borracha foi curto, pois os ingleses conseguiram e do exército alcançaram a vitória, deixando milhares de mortos.
produzir de forma mais eficiente a borracha na Ásia, desbancando
a produção brasileira. - 1922 - Movimento Tenentista
Durante a década de 1920 diversos fatores se conjugaram para
Outro aspecto econômico da República Velha foi o início da in- acelerar o declínio da República Velha. Os levantes militares e te-
dustrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São nentistas, o fim da política do café-com-leite, o agrupamento das
Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira possibilitou oligarquias dissidentes na Aliança Liberal e o colapso da economia
aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando novo dinamis- cafeeira foram alguns fatores que criaram as condições para a revo-
mo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram lução de 1930, que assinalou o fim da República Velha e o início da
por uma profunda urbanização, criando avenidas, iluminação públi- Era Vargas.
ca, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e, principalmen- - A República do Café com Leite: Os principais Estados que do-
te, afastando as populações pobres dos centros das cidades. Mas minavam o conjunto da federação eram Minas (maior produtor de
não foi apenas nestas duas cidades que houve mudanças, já que a leite)e São Paulo(maior produtor de café) . Sabendo fazer as devi-
mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do inte- das coligações com as oligarquias dos demais estados brasileiros,
rior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas. Minas e São Paulo mantiveram, de modo geral, o controle político
Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões do País.
de imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto nas in- - A situação econômica do período: Os principais produtos
dústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na Repú- agrícolas brasileiros em condições de competir no exterior (açúcar,
blica Velha alterou substancialmente a composição da sociedade, algodão, borracha, cacau) sofrem a concorrência de outros países
intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das elites do dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil teve suas expor-
país, poderia levar a um embranquecimento da população, apro- tações cada vez mais concentradas num único produto, o café que
fundando o preconceito contra os negros de origem africana. Mas chegou a representar 72,5% de nossas receitas de exportação. O
a modernização na República Velha apresentou também contradi- café, contudo, padecia de frequentes crises de produção que a polí-
ções sociais que resultaram em conflitos de várias ordens. tica de valorização do produto ( compra e estocagem pelo Governo)
Vejamos os movimentos dessa época: não conseguiu contornar A burguesia agrária mais progressista des-
viou capitais para outras atividades econômicas. Durante Primeira
- 1893 - Revolta da Armada Guerra Mundial (1914-1918), surgiu toda uma conjuntura favorável
Foi um movimento contra o presidente Floriano Peixoto que ir- a um expressivo impulso industrial brasileiro. Pelo mecanismo de
rompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1893. Praticamente substituição de importações a indústria nacional foi progressiva-
toda a marinha se tornou antiflorianista. O principal combate ocor- mente conquistado o mercado interno do país.
reu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894. O
governo conseguiu a vitória graças a uma nova esquadra, adquirida
e aparelhada no exterior, e debelou a rebelião em março.

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CONHECIMENTOS GERAIS
- A crise da República Velha : No início da década de 1920, cres- A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo da década
cia o descontentamento social contra o tradicional sistema oligár- de 1920 por via de suas expressões armadas. A primeira ação deste
quico que dominava politicamente o país. As revoltas tenentistas ( tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no evento conhecido como
Revolta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924, a Coluna Pau- Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1924 veio a Comuna de
lista e o desdobramento da Coluna Prestes) são reflexos do clima de Manaus e a Revolução de 1924. Concomitantemente teve início o
elevada tensão político-se oficial do período. A contestação contra evento mais duradouro e que percorreu grande território no Brasil,
as velhas estruturas do País manifestaram-se também no plano cul- a Coluna Prestes.
tural, por intermédio do movimento culturista, cujo marco inicial foi A Coluna Prestes foi um movimento em forma de guerrilha
a Semana de Arte Moderna de 1922. A crise mundial de 1929, refle- e composto por militares, liderada por Luís Carlos Prestes o mo-
tida no Brasil pela violenta queda dos preços do café, enfraqueceu vimento saiu da região sul do país e percorreu mais de 3.000 Km
o poder da oligarquia cafeeira e, indiretamente, afetou a estrutura combatendo as tropas do governo. Em todos os confrontos a Colu-
política da República Velha. na Prestes saiu vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia para ar-
- A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: Por ocasião quitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou efeitos ime-
das eleições presidenciais de 1930 ocorreu uma ruptura do tradi- diatos no Brasil, mas o somatório dos acontecimentos na década de
cional acordo político entre Minas e São Paulo. Os demais grupos 1920 foi importante para abalar a estrutura política das oligarquias
sociais de oposição aproveitaram-se da oportunidade para formar e mudar significativamente a ordem política no Brasil em 1930.
uma frente política ( Aliança Liberal) com os nomes de Getúlio Var- Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nesse mo-
gas e João Pessoa, respectivamente para Presidente e Vice-Presi- mento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista e não mais
dente da República. O programa da Aliança Liberal incorporava as integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a luta Tenentista
principais metas reformistas do período (voto secreto, leis traba- que envolvia o voto secreto e também feminino com a evolução do
lhistas, industrialização).Realizadas as eleições, a Aliança Liberal direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para que Getúlio
não conseguiu vencer o candidato do PRP e imputou o resultado Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução de 1930 o
adverso às costumeiras fraudes de um sistema eleitoral corrompi- presidente nomeou vários tenentes como interventores em quase
do. A revolta contra o Governo Federal teve como estopim o assas- todos os estados.
sinato de João Pessoa. Explodiu a Revolução de 1930 que, em um O Tenentismo se manteve presente na política e passa por uma
mês, atingiu o poder da República. cisão em 1937 quando um grupo decide seguir Luís Carlos Prestes
e outro rompe com o presidente Getúlio Vargas e passa a exercer
a oposição. O Movimento Tenentista esteve presente na deposição
Revoltas Tenentistas
de Getúlio Vargas em 1945 e disputou as eleições presidenciais no
Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento conhecido
mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu a Revolução de
como Tenentismo, formado em geral por militares de média e baixa
1964 que colocou os militares no poder no Brasil quase todos os co-
patente. Questionavam o sistema vigente no país e, mesmo sem mandantes eram tenentes na ocasião da Revolução de 1930, como
defender uma causa ideológica específica, propunham mudanças é o caso de Ernesto Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa forma o
no sistema eleitoral e na educação pública da República Velha. Tenentismo se manteve vivo até meados da década de 1970 quan-
Foram os militares que governaram o Brasil nos dois primeiros do os membros do movimento nascido na década de 1920 come-
mandatos da República, mas após Floriano Peixoto foram afastados çaram a morrer.
da presidência para darem lugar aos governos civis. Tem início tam-
bém a partir de então o domínio de uma oligarquia que mantinha Ainda em 1922, tivemos um importante movimento social:
o controle do poder no país e que revezava os grupos no poder.
Durante toda a República Velha, Minas Gerais e São Paulo eram os Semana da Arte Moderna
dois principais estados brasileiros no cenário político, o predomínio No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e o samba,
dos mesmos na ocupação do principal cargo no país envolvendo um gêneros musicais que ainda fazem parte da cultura popular nacio-
esquema de mútua cooperação caracterizou tal período da história nal. Na elite, a influência europeia, principalmente francesa, mudou
brasileira. O Tenentismo surgiu justamente como forma de contes- o comportamento das pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e
tação ao sistema político que dominava o Brasil e não permitia es- se portar em público, o que ficou conhecido como a Belle Époque
paços para grupos que não fizessem parte da oligarquia. (Bela Época) no Brasil. Surgiu também na República Velha a Semana
Logo no início da década de 1920 se espalharam pelos quar- de Arte Moderna de 1922, animada por vários artistas como Villa-
téis os ideais do Movimento Tenentista. Carregando a bandeira da -Lobos e Mário de Andrade, e que pretendia fazer uma antropofagia
democracia, o grupo que era formado basicamente por militares cultural, misturando elementos das culturas europeia e brasileira
de baixa patente colocava em questão as principais marcas da Po- na produção artística.
lítica do Café com Leite. Os militares defendiam a dinamização da A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo,
estrutura do poder no país, almejando que o processo eleitoral se no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal
tornasse mais democrático e permitisse o acesso de mais grupos propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urba-
ao poder, questionavam o voto de cabresto e eram favoráveis ao no, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura
direito da mulher ao voto. Descontentes com a realidade política e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma
arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas
do Brasil, acreditavam que se fazia necessário uma reforma no en-
tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos moder-
sino público, assim como a concessão da liberdade aos meios de
nistas.
comunicação, a restrição do Poder Executivo e a moralização dos
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cul-
ocupantes das cadeiras no Poder Legislativo.
tural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artís-
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao projeto, mas ticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente
com o tempo foi ficando claro que a defesa era pela implantação de rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e
um Estado forte e centralizado, através do qual as necessidades do despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na
país poderiam ficar explícitas e resolvidas. literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.

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CONHECIMENTOS GERAIS
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de nal, não ocorreu uma transformação drástica dos quadros políticos
agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este que continuaram a pertencer às oligarquias estaduais. As reformas
redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e lingua- realizadas eram imperiosas para agregar as oligarquias periféricas
gens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda ino- ao governo federal. Desse modo, o emprego do termo “Revolução
vação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica de 1930”, costumeiramente adotado para esse processo político,
não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência não é o mais adequado.
da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da políti- Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda fase do
ca conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, período republicano, desencadeada pela emergência do movimen-
habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se to político de 1930. A quebra da bolsa de Nova Iorque, em outubro
violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências de 1929, provocou a queda da compra do café brasileiro pelos pa-
artísticas. íses Europeus e Estados Unidos. O café era o principal produto ex-
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de portado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras afetou a eco-
transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal nomia. No início do século XX era comum o financiamento federal à
centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, parti- produção cafeeira, por meio da aquisição de empréstimos externos.
cularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e Com a eclosão da crise de 1929 esse subsídio foi inviabilizado, debi-
o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. litando o principal investimento nacional da época. As revoltas te-
Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências van- nentistas ocorridas durante a década de 1920 e as manifestações e
guardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, greves operárias também foram importantes aspectos que geraram
que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira expo- instabilidade política no país. A fragilidade da economia nacional e
sição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo a insatisfação de parcelas da população suscitaram a vulnerabilida-
e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nasci- de do regime oligárquico.
mento da Semana de Arte Moderna. Durante a Primeira República destacavam-se econômica e po-
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita liticamente as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, por isso as
Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo sucessões presidenciais eram decididas pelos políticos desses Esta-
Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, dos. Essa prática ficou conhecida como política do café com leite,
Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio em referência aos principais produtos de São Paulo e Minas Ge-
Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escrito- rais. Em 1929, esperava-se que a candidatura para a presidência da
res encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Pic- República fosse de um político mineiro, já que o então presidente
chia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava consolidara a carreira política no Estado de São Paulo. No entanto,
representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Washington Luís apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes para
Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana. a presidência da República e de Vital Soares para a vice-presidência,
Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cul- descontentando a oligarquia mineira.
tivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, Os dissídios entre as oligarquias geraram as articulações para
realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas construir uma oposição à candidatura situacionista. O presidente
com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, en-
voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propí- trou em contato com o presidente do Estado do Rio Grande do Sul,
cio. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar Getúlio Vargas, para formar uma aliança de oposição. O presidente
da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a do Estado da Paraíba, João Pessoa, negou-se a participar da candi-
empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposi- datura de Júlio Prestes e agregou-se aos oposicionistas. Além dos
ção de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada presidentes desses três Estados, parcelas do movimento tenentista
por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com e as oposições aos demais governos estaduais formaram a Aliança
a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a re- Liberal, e lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência e
alização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retorna- João Pessoa à vice-presidência. Dentre algumas das propostas da
ram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores Aliança Liberal para a reformulação política e econômica no país,
artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, fa- constavam no programa: a representação popular pelo voto se-
ziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras. creto, anistia aos insurgentes do movimento tenentista na década
A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, de 1920, reformas trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e
mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural tal- a adoção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para
vez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes além do café.
uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela se dividiu em A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março de 1930 e
diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes – Vital Soares. Apesar
entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e de a Aliança Liberal acusar o pleito eleitoral de fraudulento, a prin-
Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios cípio não houve requisição do posto de presidente da República. Os
de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista partidários oposicionistas apenas decidiram pegar em armas e alçar
de Antropofagia. Getúlio Vargas à presidência com a morte de João Pessoa, em 26 de
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a julho de 1930. João Pessoa foi assassinado por conta de um conflito
arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus, da política regional da Paraíba, no entanto, o governo federal foi
e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional. responsabilizado por esse atentado.
Membros da Aliança Liberal entraram em contato com os ge-
1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas nerais para apoiarem a deposição de Washington Luís e garantirem
A designação movimento político de 1930 é a mais apropria- que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do país.
da para o processo de destituição do presidente Washington Luís Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as incursões
(1926-1930) e a ascensão de Getúlio Vargas ao governo do país. armadas. Na região Nordeste, as tropas foram lideradas por Juarez
Não obstante, ter havido uma alteração no cenário político nacio- Távora, e tiveram como área de disseminação o Estado da Paraíba.

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CONHECIMENTOS GERAIS
E na região Sul, as tropas possuíam maior quantidade de membros Estado Novo implantou no Brasil a doutrina política de intervenção
comandados pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se estatal sobre a economia e, ao mesmo tempo em que proporcio-
para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas nava estímulo à área rural, apadrinhava o crescimento industrial,
seria elevado à presidência da República. Nesse processo, uma jun- ao aplicar fundos destinados à criação de infra-estrutura industrial.
ta provisória militar depôs Washington Luís e assumiu o comando Foram instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da Aero-
do país, em 24 de outubro de 1930. Quando Getúlio Vargas chegou náutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, posteriormente, no
com as tropas ao Rio de Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta ano de 1953, daria origem à Petrobrás, fundou-se a Companhia
provisória lhe transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Provi- Siderúrgica Nacional – CSN -, a Companhia Vale do Rio Doce, a
sório de Getúlio Vargas. Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Nacional de
Motores – FNM -, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código
Era Vargas de Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -,
A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 e expul- todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também
sou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se em três momentos: o pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho,
Governo Provisório -1930-1934 -, o Governo Constitucional - 1934- do salário mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos
1937 - e o Estado Novo - 1937-1945. Durante o Governo Provisório, de serviço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remune-
o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização rado. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os
do poder, eliminou os órgãos legislativos - federal, estadual e muni- países do Eixo foi a brecha que surgiu para o crescimento da opo-
cipal -, designando representantes do governo para assumir o con- sição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização
trole dos estados, e obstruiu o conjunto de leis que regiam a nação. do país ganhou fôlego. O governo foi forçado a indultar os presos
Nesse momento temos a Revolução Constitucionalista (1932) - políticos e os degredados, além de constituir eleições gerais, que
Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de julho de 1932, o Estado foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo,
de São Paulo se rebelou contra a ditadura Vargas. Embora o movi- o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era Vargas, mas não o
mento tenha nascido de reivindicações da elite paulista, teve ampla fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo
participação popular. Apesar da derrota - São Paulo lutou isolado voto popular.
contra as demais unidades da federação -, a resistência foi um mar- É comum vermos a expressão Quarta República, que relata fa-
tos que aconteceram nesse período, então temos aqui uma síntese
co nas lutas em favor da democracia no Brasil.
do que a quarta republica representa.
A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava
-se em São Paulo, que de forma violenta começou uma agitação ar-
enfraquecido. Um golpe comandado pelo general Eurico Gaspar
mada – este evento entrou para a história, exigindo a realização de
Dutra o retirou do poder. Uma nova Constituição foi adotada em
eleições para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. Apesar
1946, garantindo a realização de eleições diretas para presidente
do desbaratamento do movimento, o presidente convocou eleições da República e para os governos dos estados. O Congresso Nacional
para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta. voltou a funcionar e houve alternância no poder.
A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto femi- Entretanto, foi um período de forte instabilidade política. As
nino, além de conferir vários direitos aos trabalhadores, os quais mudanças sociais decorrentes da urbanização e da industrialização
vigoram até hoje. projetavam novas forças políticas que pretendiam aprofundar o
Durante o Governo Constitucional, a altercação política se deu processo de modernização da sociedade e do Estado brasileiro, o
em volta de dois ideários primordiais: o fascista – conjunto de ideias que desagrava as elites conservadoras. O período foi marcado por
e preceitos político-sociais totalitários introduzidos na Itália por várias tentativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio
Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira, e o demo- de Getúlio Vargas, em 1954.
crático, representado pela Aliança Nacional Libertadora, que conta- O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado desenvolvi-
va com indivíduos partidários das reformas profundas da sociedade mento industrial em algumas áreas, mas não pôde resolver o pro-
brasileira. blema da exclusão social na cidade e no campo. Essas medidas de
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centralização mudança social iriam compor a base das propostas do Governo de
do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da es- João Goulart. O estado brasileiro estava caminhando para resolver
querda - a histórica Intentona Comunista -, ele suspendeu outra demandas há muito reprimidas, como a reforma agrária. Frente ao
vez as liberdades constitucionais, fundando um regime ditatorial perigo que representava aos seus interesses econômicos e políti-
em 1937. Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição, cos, as classes dominantes mais uma vez orquestraram um golpe de
influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos pode- Estado, com a deposição pelo exército de João Goulart, em 1964.
res ao Presidente. A nova constituição acabava com o Legislativo
e determinava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando Sindicalismo
um domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas instituiu o O sindicalismo surgiu no final do século XIX com a chegada dos
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o Depar- imigrantes europeus, que traziam consigo a influência do sindicalis-
tamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar os mo de seu país. Dessa forma, as condições trabalhistas brasileiras
meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem positiva do começaram a ser questionadas. Assim, tem-se um primeiro contato
governo e, especialmente, do Presidente. com os ideais sindicais no Brasil.
Em 1930 com a entrada de Getúlio no poder, instaura-se uma
As polícias estaduais tiveram suas mordomias expandidas e,
política de industrialização em que é criada a “lei de Sindicalização”
para apoderar-se do apoio da classe trabalhadora, Vargas conce-
n° l9. 770 (imposto sindical), na qual o controle e repressão impe-
deu-lhes direitos trabalhistas, tais como a regulamentação do tra-
diam a participação dos estrangeiros nas direções, controlavam-se
balho noturno, do emprego de menores de idade e da mulher, fixou as finanças dos sindicatos, além de proibir suas atividades políticas
a jornada de trabalho em oito horas diárias de serviço e ampliou o e ideológicas. Nessa época, era imposto para a classe trabalhadora
direito à aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar filiar-se ao sindicato oficial, desestruturando os sindicatos autôno-
de conservar a atividade sindical nas mãos do governo federal. O mos existentes e também desarticulando a luta de classes, tornan-

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CONHECIMENTOS GERAIS
do-se um órgão assistencialista. “Mas isso não impediu que as lutas licos, militares de diferentes ordens, estudantes, sindicalistas entre
operárias, sociais e sindicais se desenvolvessem amplamente du- outros. Todos eles voltados para a aprovação das Reformas de Base
rante os anos 1930-64.” (ANTUNES, 2007: 290) e estendendo suas influências por diversos campos da vida pública.
Em 1964, com o golpe de Estado e entrada da Ditadura Militar, Diante desse abismo entre os grupos de direita e de esquerda
houve uma repressão ao movimento Sindical. A economia do país durante o Governo de Jango, o golpe começou a ser elaborado pe-
teve expansão para o exterior, o que emergiu uma problemática los grupos conservadores e pelas Forças Armadas em diálogo com
para a classe trabalhadora: o rebaixamento dos salários, super ex- os EUA (Estados Unidos da América) através da CIA (Central Intelli-
ploração do trabalho, alta jornada de trabalho. “De modo sintético, gence Agency) pensando nas eleições de 1962 para o Congresso
pode-se dizer que o movimento operário e sindical no pré-64 foi Nacional e para o governo dos estados da União. A composição que
predominantemente reformista sobre a hegemonia forte do PCB, assumiria no ano seguinte seria de vital importância para os avan-
que aceitava a política de aliança policlassista entre o capital e o ços das propostas da esquerda e, por isso, interessados na queda
trabalho. Mas foi também um período de grandes lutas sociais e de Jango financiaram de forma ilegal campanhas de candidatos de
grevistas.” (ANTUNES, 2007: 291) oposição ao governo. Esse financiamento foi realizado pelo empre-
No período da Ditadura Militar, houve uma privatização de em- sariado nacional e estrangeiro através do IBAD (Instituto Brasileiro
presas estatais e uma expansão do capitalismo que ampliou signifi- da Ação Democrática). Os EUA também investiram nessa campanha
cativamente a classe trabalhadora. através de fontes governamentais, como provam documentos e áu-
Após vários anos de repressão e controle, em 1978, as greves dios da Casa Branca. Nesse contexto o diplomata Lincoln Gordon
voltaram com intensidade e, em 1980, emerge um novo movimento participou ativamente da conspiração, trabalhando juntamente ao
sindical denominado ou chamado “novo sindicalismo”. Esse movi- IBAD e ao IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais), respon-
mento sindical tem força junto à classe trabalhadora e atua forte- sáveis por diversas propagandas anticomunistas que contribuíram
mente na defesa dos interesses igualitários e na luta de classes por para a desestabilização de um governo que já enfrentava diversos
seus direitos. Vai também abranger os trabalhadores rurais que desafios.
vêm com um forte movimento de luta pela reforma agrária. Em 1963, a votação favorável ao retorno do presidencialismo
deu novos ânimos ao governo de Jango que, apesar das ações con-
O movimento de 1964 trárias, ainda se mostrava com grande popularidade. Mesmo assim,
O Golpe Militar de 1964 redesenhou o panorama político, so- o ano de 1963 foi marcado por intensa atuação da direita e da es-
cial, econômico e cultural brasileiros pelas duas décadas seguintes. querda e esse embate começou a ser favorável a direita a partir da
Executado no dia 31 de março daquele ano, o golpe levou à depo- derrota da emenda constitucional que buscava viabilizar a reforma
sição de João Goulart e fez se instalar no país uma ditadura militar agrária. Outro fato que abalou Brasília em 1963 foi a Rebelião dos
que durou até o ano de 1985. Sargentos na qual sargentos da Aeronáutica e da Marinha invadi-
Apesar de ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser ram o Supremo Tribunal Federal em protesto contra a declaração
desenhado desde as primeiras medidas de João Goulart, conhecido de inelegibilidade dos sargentos eleitos em 1962.
como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de 1961 já O cenário ficou ainda mais conturbado após a entrevista con-
era conturbado: desestabilidade política, inflação, esgotamento do cedida por Carlos Lacerda a um jornal norte-americano, no qual de-
ciclo de investimentos do governo Juscelino Kubitschek, grande de- clarou que o cenário político brasileiro sob o governo de Jango era
sigualdade social e intensas movimentações em torno da questão de incertezas, ato que foi visto com maus olhos pelo presidente e
agrária. Diante desse cenário e de acordo com suas tendências polí- o levou a solicitar ao Congresso a instalação do estado de sítio. Sua
ticas, declaradamente de esquerda, Jango apostou nas Reformas de atitude foi vista de forma negativa pelos governadores dos estados
Base para enfrentar os desafios lançados a seu governo. que lhe recusaram apoio. Uma nova coligação entre PTB, UDN e PSD
As Reformas de Base propunham diversas reformas: urbana, mostrou ter a mesma posição, o estado de sítio não seria aprovado
bancária, eleitoral, universitária e do estatuto do capital estrangei- pelo Congresso. Desse embate, Jango saiu com seu poder abalado.
ro. Dentre elas, três incomodavam de forma especial à direita. A Com inflação anual na casa de 79,9%, um crescimento econô-
reforma eleitoral colocaria novamente no jogo político o Partido Co- mico tímido (1,5%) o Brasil passou a sofrer restrições dos credores
munista e permitiria que analfabetos votassem, o que correspondia internacionais. Nesse contexto, os EUA passaram a financiar o golpe
a 60% da população brasileira. Essas medidas poderiam provocar através dos governos dos estados de São Paulo, Guanabara (atual
grandes mudanças no equilíbrio dos partidos políticos dominan- Rio de Janeiro) e Minas Gerais. Frente às pressões sofridas nos me-
tes naquele contexto. A reforma do estatuto do capital estrangeiro ses que se seguiram, Jango articulou o Comício da Central do Brasil.
também provocou polêmica ao propor nova regulamentação para Ocorrido em uma sexta-feira, 13 de março de 1964, o evento esteve
a remessa de lucros para fora do Brasil e propunha a estatização da cercado de simbologias que o ligavam a figura de Getúlio Vargas e
indústria estratégica. Mas nenhuma delas foi alvo de tantas espe- mobilizou entre 150 e 200 mil pessoas por mais de 4 horas de dura-
culações e mitos quanto a proposta de implementação da reforma ção. Como havia se comprometido em seu discurso, Jango encami-
agrária. Essa reforma mexeria com a histórica estrutura latifundiária nhou ao Congresso o pedido de convocação de um plebiscito para
brasileira que, em muitos casos, remontavam aos séculos de colo- a aprovação das reformas sugeridas e a delegação de prerrogativas
nização. do Legislativo para o Executivo, o que foi visto como uma tentativa
Para os grupos economicamente hegemônicos, tais propostas de centralização do poder nas mãos do presidente.
eram alarmantes não apenas por serem defendidas pelo Presidente Em reação às ações de Jango, o Congresso passou a suspeitar
da República, mas porque naquele momento a esquerda encontra- de suas intenções e essa posição repercutiu nos meios de comuni-
va-se unida e organizada, movimentando-se em todo o território cação em um tom que indicava que o presidente poderia a qual-
nacional e mostrando sua cara e seus objetivos em passeatas, publi- quer momento dissolver o Congresso para colocar em prática as
cações e através de forte presença no meio político. Longe do ima- reformas na base da força. A partir desse clima de desconfianças
ginário do século XIX, a esquerda daquele momento era formada e alardes, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liber-
por uma grande diversidade de grupos, tais como comunistas, cató- dade, preparada pelo IPES sob a figura da União Cívica Feminina

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CONHECIMENTOS GERAIS
com o apoio de setores de direita. A Marcha reuniu cerca de 500 Com o fim do regime militar, a legislação que prevê crimes que
mil pessoas na Praça da República, na capital paulista, em protesto ameacem ou comprometam a soberania nacional, o regime demo-
contra o governo de Jango e suas pretensões, classificadas como co- crático e os chefes dos Três Poderes continuou sendo aplicada pela
munistas. Sendo um movimento prioritariamente de classe média, Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
a Marcha foi menosprezada pela esquerda, mas demonstrou seu
poder em converter a opinião pública a respeito de João Goulart em DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA REPUBLICA
diversas capitais, alastrando-se pelos estados com a contribuição BRASILEIRA
dos meios de comunicação.
Ainda faltava a unificação das forças militares em favor do gol- 1964 - Golpe de 1964
pe, o que foi provocado pelas atitudes tomadas por Jango em rela- Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da
ção aos marinheiros que participaram da Revolta dos Marinheiros, política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta
realizada em 25 de março. Ao anistiar os revoltosos e passar por época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia,
cima das autoridades militares responsáveis, Jango deu o último supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política
elemento necessário à realização do golpe de 1964: o apoio das e repressão aos que eram contra o regime militar.
Forças Armadas. Os EUA já estavam a postos para colocar em prá- A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Qua-
tica a Operação Brother Sam e, em 31 de março de 1964, o pon- dros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a
tapé foi dado pelos mineiros, sob a liderança do general Olympio presidência num clima político adverso. O governo de João Gou-
Mourão Filho, que marchou com suas tropas de Juiz de Fora para lart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais.
o Rio de Janeiro e iniciou o processo de deposição do presidente Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam es-
João Goulart com o apoio dos EUA e das Forças Armadas. O Gol- paço, causando a preocupação das classes conservadoras como,
pe foi concluído na madrugada de 02 de abril de 1964, quando o por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares
Congresso, em sessão secreta realizada de madrugada, declarou a e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado
Presidência da República vaga. socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge
A Lei de Segurança Nacional é um documento legal que os pa- da Guerra Fria.
íses instituem para regular as regras referentes à segurança nacio- Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo
nal, a ordem e contra distúrbios sociais em seus territórios. preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras bra-
Lei de Segurança Nacional do Brasil é uma lei que visa garantir a sileiras, temiam um golpe comunista.
segurança nacional do Estado contra a subversão da lei e da ordem. Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional
No Brasil, a atual Lei de Segurança Nacional (LSN) é a de número (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de es-
7.170, de 14 de dezembro de 1983,[8] que define os crimes contra a tar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela
segurança nacional, a ordem política e social, além de estabelecer carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
seu processo e julgamento. No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande
O Brasil teve diversas leis de segurança nacional, desde 1935: comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Re-
• Lei 38, de 4 de abril de 1935. Foi posteriormente reforçada formas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na
pela Lei nº 136, de 14 de dezembro do mesmo ano, pelo Decreto- estrutura agrária, econômica e educacional do país.
-Lei 431, de 18 de maio de 1938 e pelo Decreto-Lei 4.766, de 1º de
Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam
outubro de 1942, que definia crimes militares e contra a segurança
uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Mar-
do Estado.
cha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de
• Lei 1.802, de 5 de janeiro de 1953.
pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
• Decreto-Lei 314, de 13 de março de 1967. Transformava em
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a
legislação a Doutrina de Segurança Nacional, que se tornara fun-
cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e
damento do Estado após a tomada do governo pelos militares em
São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o
1964.
país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9
• Decreto-Lei 898, de 29 de setembro de 1969. Essa Lei de Se-
de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato
gurança Nacional foi a que vigorou por mais tempo no regime mi-
litar. cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a
estabilidade de funcionários públicos.
Após a queda da ditadura do Estado Novo em 1945, a Lei de
Segurança Nacional foi mantida nas Constituições brasileiras que GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
se sucederam. No período dos governos militares (1964-1985), o Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Na-
princípio de segurança nacional iria ganhar importância com a for- cional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pro-
mulação, pela Escola Superior de Guerra, da doutrina de segurança nunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar
nacional. Setores e entidades democráticas da sociedade brasilei- seu governo, assume uma posição autoritária.
ra, como a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre se opuseram Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissol-
à sua vigência, denunciando-a como um instrumento limitador das ver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais
garantias individuais e do regime democrático. tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos
Mas a lei 7170/83 é a versão mais recente de uma legislação políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam in-
que ganhou forma em 1935, durante o governo do então presiden- tervenção do governo militar.
te Getúlio Vargas, e foi sendo alterada por novas leis ou decretos Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava au-
presidenciais ao longo do tempo. torizado o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrá-
Durante o período dos governos militares (1964-1985), diferen- tico Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
tes versões da Lei de Segurança Nacional foram usadas, principal- Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o
mente, contra os que se opunham à ditadura. segundo representava os militares.

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CONHECIMENTOS GERAIS
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Cons- GOVERNO GEISEL (1974-1979)
tituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que
1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu
atuação. governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insa-
tisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e créditos e empréstimos internacionais diminuem.
Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A
governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A opo- oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o
sição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos
Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários parali- Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos
sam fábricas em protesto ao regime militar. do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á as-
idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixado- sassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro
res para obterem fundos para o movimento de oposição armada. de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Ins- semelhante.
titucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e
pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969) A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar for- processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo
mada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Ra- decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil
demaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica). para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condena-
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embai- dos por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com
xador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da
de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de
em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de
Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promo-
psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”. vido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto provado.
pelas forças de repressão em São Paulo. Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartida-
rismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normali-
GOVERNO MÉDICI (1969-1974) dade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos
Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
e repressivo do período, conhecido como «anos de chumbo». A
repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários
filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censu- problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a
radas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com
são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi o fortalecimento dos sindicatos.
(Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Opera- Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol
ções de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repres- e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O
são do governo militar. movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para
Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas for- a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos
ças militares. Deputados.
É denominado «Nova República” na história do Brasil, o perí-
O Milagre Econômico odo imediatamente posterior ao Regime Militar, época de exceção
Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do po-
que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre der.
Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao É exatamente pela repressão do período anterior que afloram,
ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos inter- de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma
nos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma nova fase do governo republicano no país, com eleições diretas,
base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões além de uma nova constituição que contemplasse as aspirações de
de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também como a
foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio- Sexta República Brasileira.
-Niterói.
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a con-
ta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram
uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.

64
CONHECIMENTOS GERAIS
A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presi- eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva, que, a exemplo de
dente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo Fernando Henrique, governou o país por oito anos, de 2002 a 2010.
antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e de A sucessora de Lula, a também filiada ao PT, Dilma Rousseff, gover-
cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o legislativo nou o país de 2010 até 2016, quando teve aprovado no senado o
a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a Campanha processo de impeachment, saindo de cena portanto e tendo seu
das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de vice o papel de assumir o governo em meio à maior crise econômica
Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou e politica que o Brasil já viveu dentro da nova republica.
não sendo aprovada. Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise que
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos sobre o
deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como sistema de produção, o mercado de trabalho e a qualidade de vida
novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democráti- das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos que dão sustenta-
ca – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. ção à percepção de que os dias são difíceis: o achatamento do valor
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente real dos salários, a redução do poder de compra, os elevados níveis
antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumentos nos
Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A preços dos combustíveis (apesar do momentâneo controle da in-
Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e esta- flação), o crescimento da concentração de renda, certa estagnação
beleceu princípios democráticos no país. da economia (estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada
da política de privatizações e o fenômeno da desindustrialização
Brasil na atualidade que assola o país (apesar da recente baixa de juros), a falência de
Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos referimos a empresas e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits públi-
temas que dizem respeito aos últimos trinta anos de nossa história, cos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela do IRPF,
isto é, desde o fim dos Governo Militares até os dias de hoje. Nes- por exemplo), a comprovada mobilidade social descendente (com
muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o
se sentido, comentaremos temas relativos a esse período, que vai
crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enorme
desde a abertura democrática, começada com a Lei de Anistia (de
desigualdade social que caracteriza o Brasil.
1979), até as manifestações populares que ocorreram nos anos de
Em relação ao cenário político, o novo presidente eleito her-
2013 e 2015.
dará enormes desafios: crescente e insustentável dívida pública,
Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O Movi- uma população polarizada e uma oposição ferrenha, uma indústria
mento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais significativos. em frangalhos, além da “obrigação” de cumprir algumas promessas
Com a abertura política articulada entre civis e militares, entre os eleitorais que analistas dizem beirar o infactível.
anos de 1979 e 1985, a população vislumbrou a possibilidade de
voltar a exercer o direito ao voto direto na eleição de seus represen- Geografia do Brasil
tantes. Entretanto, o primeiro presidente civil, após o longo período A Geografia do Brasil compreende aspectos como área, clima,
militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu nome era Tancredo hidrografia, relevo, vegetação, entre outros.
Neves, que faleceu antes de tomar posse. José Sarney, eleito vice, Localizado na América do Sul, sua extensão é de mais de 8,5 mi-
assumiu o cargo, exercendo-o até 1989. lhões de quilômetros quadrados de extensão (8.515.759,090 km2) o
O governo Sarney foi um dos mais conturbados da chamada que faz dele o quinto maior país do mundo.
“Nova República”, sobretudo pelos transtornos econômicos pelos Também é um dos países mais populosos. Apesar de ter
quais o país passou. Todavia, foi durante o governo Sarney que foi 204.450.649 habitantes é qualificado como pouco povoado pelo
reunida a constituinte para a elaboração da nova Constituição Fede- fato de que conta com 22,4 hab./km2.
ral. O processo de elaboração da carta constitucional foi encabeça- O país está dividido em cinco regiões (Nordeste, Norte, Centro-
do por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo partido herdeiro -Oeste, Sudeste e Sul) e tem 26 estados e um Distrito Federal.
do MDB, o PMDB. A versão oficial da Constituição ficou pronta em Faz fronteira com Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Fran-
1988. Nela havia o restabelecimento da ordem civil democrática e cesa, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Isso
das liberdades individuais, bem como a garantia das eleições dire- quer dizer que faz fronteira com quase todos os países desse sub-
tas. continente americano, exceto com Chile e Equador.
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi eleito O relevo brasileiro é formado principalmente por planaltos e
como presidente Fernando Collor de Melo. Collor também de- depressões. O Brasil é banhado pelo oceano Atlântico e possui as
senvolveu um governo com forte instabilidade econômica, porém maiores bacias hidrográficas do mundo.
permeado também com grandes escândalos políticos, que desen-
cadearam contra ele um processo de impeachment, diante do qual População Brasileira
A expectativa de vida da população brasileira é de 73 anos.
preferiu renunciar ao cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil com 41,2 milhões
Franco, continuou no poder até o término do mandato, na passa-
de habitantes. Depois dele, Minas Gerais, com 19,5 milhões de ha-
gem de 1993 para 1994.
bitantes.
Nesse período, um importante dispositivo financeiro foi criado
Esses dados mostram que a região brasileira com maior con-
para resolver o problema das sucessivas crises econômicas: o Plano centração populacional é o Sudeste.
Real, elaborado e efetivado por nomes como Gustavo Franco e Fer- Enquanto isso, o estado brasileiro que tem a população mais
nando Henrique Cardoso. pequena é Roraima, com 451,2 mil habitantes.
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, candida- Relevo Brasileiro
tou-se à presidência, vencendo o pleito e ocupando esse cargo de Os planaltos, áreas elevadas e planas, ocupam a maior parte do
1994 a 1998. Depois, foi reeleito e governou até 2002. Nas elei- nosso território, cerca de 5.000.00 km2. São divididos em:
ções de 2002, um dos partidos que haviam nascido no período da • Planalto das Guianas
abertura democrática, o PT – Partido dos Trabalhadores, conseguiu • Planalto Brasileiro

65
CONHECIMENTOS GERAIS
• Planalto Central Relevo brasileiro
• Planalto Meridional
• Planalto Nordestino Estrutura Geológica do Brasil
• Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste, Três estruturas geológicas distintas compõem o Brasil: escudos
• Planalto do Maranhão-Piauí cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.
• Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-Riograndense)

Junto com as depressões, áreas mais baixas, os planaltos ocu-


pam cerca de 95% do território nacional. As principais depressões
do nosso país são Depressões Norte e Sul Amazônica.
As principais planícies do Brasil, que se caracterizam pela áreas
planas quase sem variação de altitude são: Planície Amazônica, Pla-
nície do Pantanal e Planície Litorânea.

Hidrografia Brasileira
Ao todo, o Brasil tem 12 regiões hidrográficas, dentre as quais
a bacia amazônica, a maior de todas. São elas:
• Região Hidrográfica Amazônica
• Região Hidrográfica Tocantins Araguaia
• Região Hidrográfica do Paraná
• Região Hidrográfica do São Francisco Área de mineração na Serra dos Carajás, nesse local é extraído
• Região Hidrográfica do Paraguai minério de ferro formado em escudos cristalinos.
• Região Hidrográfica do Uruguai
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental A realização de estudos direcionados ao conhecimento geoló-
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental gico é de extrema importância para saber quais são as principais
• Região Hidrográfica do Parnaíba jazidas minerais e sua quantidade no subsolo. Tal informação pro-
• Região Hidrográfica Atlântico Leste porciona o racionamento da extração de determinados minérios,
• Região Hidrográfica Atlântico Sudeste de maneira que não comprometa sua reserva para o futuro.
• Região Hidrográfica Atlântico Sul A superfície brasileira é constituída basicamente por três estru-
turas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e terre-
Clima Brasileiro nos vulcânicos.
Na maior parte do país o clima é quente, o que decorre da sua • Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu no
localização, entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproximadamen-
Apesar disso existem 6 principais tipos de climas no Brasil: te 36% do território brasileiro. Nas regiões que se formaram no éon
Equatorial, Tropical, Tropical Semiárido, Tropical de Altitude, Tropi- Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país) existem diversos ti-
cal Litorâneo e Subtropical. pos de rochas, com destaque para o granito. Em terrenos formados
no éon Proterozoico são encontradas rochas metamórficas, onde se
Vegetação Brasileira formam minerais como ferro e manganês.
No nosso país localiza-se a maior floresta tropical do Mundo. • Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação mais
Parte da Floresta Amazônica, o “Pulmão do Mundo”, também en- recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões onde o
contra-se em outros 8 países da América do Sul. terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas carboníferas.
Em terrenos formados na era Mesozoica existem jazidas petrolífe-
A vegetação brasileira é constituída principalmente por: ras. Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso processo de sedi-
• Caatinga mentação que corresponde às planícies.
• Cerrado • Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somente
• Mangue 8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação mais
• Pampa rara. Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcânicos, as la-
• Pantanal vas deram origem a rochas, como o basalto e o diabásio, o primeiro
• Mata Atlântica é responsável pela formação dos solos mais férteis do Brasil, a “ter-
• Mata das Araucárias ra roxa”.
• Mata dos Cocais
• Amazônia

66
CONHECIMENTOS GERAIS
Tipos de Relevo guidos um sobre o outro; e as dobradas, que se originam a partir
A superfície terrestre é composta por diferentes tipos de rele- dos dobramentos terrestres causados pelo tectonismo. De todos
vo: montanhas, planícies, planaltos e depressões. esses tipos, o último é o mais comum.

Planaltos

As diferentes feições da superfície formam os diferentes tipos


de relevo
Imagem do planalto tibetano
O relevo corresponde às variações que se apresentam sobre
a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o relevo Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos
terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com dife- como áreas mais ou menos planas que apresentam médias altitu-
rentes características: algumas mais altas, outras mais baixas, al- des, delimitações bem nítidas, geralmente compostas por escarpas,
gumas mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições. e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predomina o proces-
Para melhor analisar e compreender a forma com que essas so de erosão, que fornece sedimentos para outras áreas.
dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo ter- Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, for-
restre com base em suas características principais, dividindo-o em mados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas) e
quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os planaltos, as compostos por restos de montanhas que se erodiram com o tempo;
planícies e as depressões. os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou vulcânicas)
originadas de antigas e extintas atividades vulcânicas; e os sedimen-
Montanhas tares, formados por rochas sedimentares que antes eram baixas e
que sofreram o soerguimento pelos movimentos internos da crosta
terrestre.

Planaltos do Brasil
No território brasileiro há um predomínio de planaltos. Esse
tipo de relevo ocupa cerca de 5.000.00 km2 da área total do país,
do qual as formas mais comuns são os picos, serras, colinas, morros
e chapadas.
De maneira geral, o planalto brasileiro é dividido em planalto
meridional, planalto central e planalto atlântico:

Planalto Central
O planalto central está localizado nos Estados de Minas Gerais,
Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O local possui grande potencial elétrico com presença de mui-
tos rios, donde se destacam os rios São Francisco, Araguaia e To-
cantins.
Além disso, há o predomínio de vegetação do cerrado. Seu
Os Alpes, na Europa, formam uma cadeia de montanhas ponto de maior altitude é a Chapada dos Veadeiros, localizada no
estado de Goiás e com altitudes que variam de 600 m a 1650 m.
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam pela Planalto das Guianas
elevada altitude em comparação com as demais altitudes da su- Localizado nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá,
perfície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam cadeias o planalto das guianas é uma das formações geológicas mais antigas
chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes, na do planeta.
América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia. Ele se estende também pelos países vizinhos: Venezuela, Co-
Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se for- lômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
mam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir da ero- Formado em sua maioria, por vegetação tropical (Floresta Ama-
são do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para serem zônica) e serras. É aqui que se encontra o ponto mais alto do relevo
formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamentos na crosta, brasileiro, ou seja, o Pico da Neblina com cerca de 3.000 metros de
que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres, ficando soer- altitude, localizado na Serra do Imeri, no Estado do Amazonas.

67
CONHECIMENTOS GERAIS
Planalto Brasileiro São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito
Formado pelo Planalto Central, Planalto Meridional, Planalto próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próximas
Nordestino, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Ma- a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo áreas
ranhão-Piauí e Planalto Uruguaio-Rio-Grandense. litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo de acu-
O ponto mais alto do planalto brasileiro é o Pico da Bandeira mulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior parte dos
com cerca de 2.900 metros, localizado nos estados do Espírito Santo sedimentos provenientes do desgaste dos demais tipos de relevo.
e de Minas Gerais, na serra do Caparaó.
Planície Amazônica
Planalto Meridional Localizada no estado de Rondônia, esse tipo de relevo caracte-
Localizado, em sua grande maioria, no sul do país, o planalto riza a maior área de terras baixas no Brasil. As formas mais recorren-
meridional estende-se também pelas regiões do centro-oeste e su- tes são a região de várzeas, terraços fluviais (tesos) e baixo planalto.
deste no Brasil.
Seu ponto mais alto é Serra Geral do Paraná presente nos esta- Planície do Pantanal
dos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Situada nos estados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a
É dividido em: planalto arenito-basáltico, os quais formam as planície do pantanal é um terreno propenso às inundações. Portan-
serras (cuestas) e a depressão periférica, caracterizada por altitudes to, ele é marcado por diversas regiões pantanosas.
menos elevadas. Lembre-se que o Pantanal é a maior planície inundável do mun-
do.
Planalto Nordestino
Localizado na região nordeste do país, esse planalto possuem a Planície Litorânea
presença de chapadas e serras cristalinas, donde destaca-se a Serra Também chamada de planície costeira, a planície litorânea é
da Borborema. uma faixa de terra situada na região costeira do litoral brasileiro,
Ela está localizada nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraí- que possui aproximadamente 600 km.
ba e Rio Grande do Norte, com altitude máxima de 1260 m.
Os picos mais elevados na Serra ou Planalto da Borborema é o Depressão
Pico do Papagaio (1260 m) e o Pico do Jabre (1200 m).

Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste


É conhecido pela denominação “mar de morros”. Envolve gran-
de parte do planalto atlântico, no litoral do país, as serras e os pla-
naltos do leste e do sudeste.
Abrangem os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo,
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Destacam-se a Serra da Canastra, Serra do Mar e Serra da Man-
tiqueira.

Planalto do Maranhão-Piauí
Também chamado de planalto meio-norte, esse planalto está
localizado nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.

Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-rio-grandense) Mar morto, exemplo de depressão absoluta
Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o escudo sul-rio-
-grandense apresenta elevações de até 550 metros, o qual caracte- São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da
riza o conjunto de serras do estado. superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o seu
Um dos pontos mais altos é o Cerro do Sandin, com 510 metros entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra
de altitude. abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar morto,
no Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja,
Planícies é a área continental que apresenta as menores altitudes, com cerca
de 396 metros abaixo do nível do mar.

Urbanização: crescimento urbano, problemas estruturais,


contingente populacional brasileiro
Para chegar ao tamanho atual, com um território integrado e
sem riscos iminentes de fracionamento, muitos conflitos e proces-
sos de exploração econômica ocorreram ao longo de cinco séculos.
Uma série de fatores contribuiu para o alargamento do território, a
partir da chegada dos portugueses em 1500, alguns desses fatores
foram:
- a sucessão de grandes produções econômicas para exporta-
ção (cana-de-açúcar, tabaco, ouro, borracha, café, etc.), além de
culturas alimentares e pecuária, em diferentes bases geográficas do
território;

O Rio Amazonas é cercado por uma área de planície

68
CONHECIMENTOS GERAIS
- as expedições (bandeiras) que partiam de São Paulo – então um colégio e um pequeno povoado fundado por padres jesuítas – e se
dirigiam ao interior, aproveitando a topografia favorável e a navegabilidade de afluentes do rio Paraná, para a captura de indígenas e a
busca de metais preciosos;
- a criação de aldeias de missões jesuíticas, em especial ao sul do território, buscando agrupar e catequizar grupos indígenas;
- o esforço político e administrativo da coroa portuguesa em assegurar a posse do novo território, especialmente após as ameaças da
efetiva ocupação de frações do território – ainda que por curtos períodos – por franceses e holandeses.

É importante destacar que a construção da unidade territorial nacional significou também o sistemático massacre, deslocamento ou
aculturação dos povos indígenas. Além de provocar a redução da diversidade cultural do país, determinou a imposição dos padrões cul-
turais europeus. A geração de riquezas exauriu também ao máximo o trabalho dos negros africanos trazidos a força, tratados como mera
mercadoria e de forma violenta e cruel. Nesse caso, houve imposições de ordem cultural: muitos grupos, ao longo do tempo, perderam os
ritos religiosos e traços culturais que possuíam.

Expansão Territorial do Brasil Colônia


Durante o período do capitalismo comercial (séculos XV a XVIII), as metrópoles europeias acumularam capital com a prática de ativi-
dades de retirada e comercialização de produtos primários (agrícolas e extrativistas), empreendida nos territórios conquistados. O Brasil
na condição de colônia portuguesa, consolidou-se como área exportadora de matérias-primas e importadora de bens manufaturados.
Esse sistema de exploração de matérias-primas permite explicar a formação e a expansão territorial do Brasil, juntamente com os tra-
tados assinados entre Portugal e Espanha (Tratado de Tordesilhas e Tratado de Madri), que acabaram por definir, com alguns acréscimos
posteriores, a área que hoje consideramos território brasileiro.

Tratado de Tordesilhas

Espanha e Portugal foram pioneiros na expansão maritimo-comercial europeia, iniciada no século XV, que ficou conhecida como Gran-
des Navegações e que resultou na conquista de novas terras. Essas descobertas geraram diversas tensões e conflitos entre os dois países
que, na tentativa de evitar uma guerra, em 7 de junho de 1494 assinaram o Tratado de Tordesilhas, na pequena cidade de Tordesilhas, na
Espanha. Esse tratado estabeleceu uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde (África), dividindo
o mundo entre Portugal e Espanha: as terras situadas a leste seriam de Portugal enquanto as terras a oeste da Espanha.
Os limites do território brasileiro, estabelecidos por esse tratado, se estendiam do atual estado do Pará até o atual estado de Santa
Catarina. No entanto, esses limites não foram respeitados, e terras que seriam da Espanha foram ocupadas por portugueses e brasileiros,
contribuindo para que nosso país adquirisse a forma atual.

69
CONHECIMENTOS GERAIS
Tratado de Madri

O Tratado de Madri, assinado em 1750, praticamente garantiu a atual extensão territorial do Brasil. O novo acordo anulou o Tratado
de Tordesilhas e determinou que as terras pertencial a quem de fato as ocupasse, seguindo o princípio de uti possidetis.
Dessa forma, a Espanha reconheceu os direitos dos portugueses sobre as áreas correspondentes aos atuais estados de Mato Grosso
do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá, entre outros.

70
CONHECIMENTOS GERAIS
De Arquipélago a Continente
É costume dizer que, ao longo do período de colonização portuguesa, o território brasileiro se assemelhava a um arquipélago – um
arquipélago econômico.
Por que um arquipélago? As regiões do Brasil colônia que foram palco da produção agroexportadora se mantiveram sob o domínio
do poder central da metrópole portuguesa, formando assim um arquipélago geográfico. Já que não existiam ligações entre as regiões. O
mesmo ocorreu no Brasil independente.

A expansão econômica
A expansão de atividades dos colonizadores avançou gradativamente das faixas litorâneas para o interior. Nos primeiros dois séculos,
formou-se um complexo geoeconômico no Nordeste do país. Para cultivar a cana-de-açúcar, os colonos passaram a importar escravos
africanos. A primeira leva chegou já em 1532, num circuito perverso do comércio humano que durou até 1850. Conforme os geógrafos
Hervé Théry e Neli Mello, a produção de cana gerou atividades complementares, como a plantação do tabaco, na região do Recôncavo
Baiano, a criação de gado nas zonas mais interiores e as culturas alimentares no chamado Agreste (transição da Zona da Mata úmida para
o semiárido).
A pecuária desempenhou importante papel na ocupação do interior, aproveitando-se o rebrotar das folhas na estação das águas nas
caatingas arbustivas mais densas, além dos brejos e dos trechos de matas. Com a exploração das minas de ouro descobertas mais ao sul,
foram necessários também carne, couro e outros derivados, além de animais para o transporte.
Desse modo, a pecuária também se consolidou no alto curso do rio São Francisco, expandiu-se para áreas onde hoje se encontram
o Piauí e o Ceará, e para o Sul, seguindo o curso do “Velho Chico”, até o Sudeste e o Sul do território. Vários povoados foram surgindo ao
longo desses percursos, oferecendo pastos para descanso e engorda e feiras periódicas.
A organização do espaço no Brasil central ganhou contornos mais nítidos com a exploração do ouro, diamantes e diversos minerais
preciosos, especialmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao longo do século XVIII, o que deu origem à criação de inúmeros núcleos
urbanos nas rotas das minas.
Nos séculos XVIII e XIX, a constituição do território começou a se consolidar com a ocupação da imensa frente amazônica. Por motiva-
ções mais políticas do que econômicas – a defesa do território contra incursões de corsários estrangeiros -, a região passou a ser ocupada
com a instalação de fortes e missões, acompanhando o curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes. Esse avanço ocorreu inclusive
sobre domínios espanhóis, que estavam mais interessados no ouro e na exploração dos nativos do México e do Peru e em rotas comerciais
do mar do Caribe (América Central) e no rio da Prata, na parte mais meridional da América do Sul.
A dinamização das fronteiras amazônicas ocorreu mais efetivamente com o surto da borracha, no fim do século XIX e início do século
XX. O desenvolvimento da indústria automobilística justificava a demanda por borracha par a fabricação de pneus. Esse período curto,
mas virtuoso, foi responsável pela atração de mais de 1 milhão de nordestinos, que fugiam da terrível seca que se abateu sobre o sertão
nordestino em 1877.

71
CONHECIMENTOS GERAIS
Os períodos econômicos indicados, em seus momentos de apogeu e crise, contribuíram para determinar um processo de regionaliza-
ção do território, marcando a diferenciação de áreas. Ao mesmo tempo, contribuíram para a integração territorial.

Café, Ferrovias, Fábricas e Cidades


O enredo de formação do território brasileiro culminou, ainda no século XIX, com a economia cafeeira e a constituição de um núcleo
econômico no Sudeste do país. A cultura do café, em sua origem próxima à cidade do Rio de Janeiro, expandiu-se pelo vale do rio Paraíba
do Sul para os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Mas foi no planalto ocidental paulista, sobre os solos férteis de terra roxa (do ita-
liano rossa, que significa vermelha), que o café mais se desenvolveu. Em torno desse circuito econômico, foram construídas as ferrovias
para escoar o produto do interior paulista ao porto de Santos. No caminho, São Paulo, a pequena vila do final do século XIX, foi crescendo
rapidamente, transformando-se em sede de empresas, bancos e serviços diversos e chegando a sediar a nascente industrialização do país.
O Rio de Janeiro, já na época um núcleo urbano considerável, também veio a exercer esse papel.
Ao longo do século XX, intensificou-se a concentração regional das riquezas. O Sudeste, e particularmente o eixo Rio – São Paulo,
passou a ser o meio geográfico mais apto a receber inovações tecnológicas e novas atividades econômicas, aumentando sua posição de
comando do país.

72
CONHECIMENTOS GERAIS
Pero Coelho se instalou às margens do rio Pirangi (depois bati-
zado rio Siará), onde construiu o Forte de São Tiago, depois destru-
ído por piratas franceses. A esquadra de Pero Coelhoteve que en-
frentar ainda a revolta dos índios da região que inconformados com
a escravidão, destruíram o forte obrigando os europeus a migrarem
para a ribeira do rio Jaguaribe. Lá, a esquadra de Pero Coelho cons-
truiu o Forte de São Lourenço. Em 1607, uma seca assolou a região
e Pero Coelho abandonou a capitania.
Em 1612 foi enviado ao Siará o português Martim Soares Mo-
reno, considerado o fundador do Ceará, que também se instalou às
margens do Rio Siará (atualmente Barra do Ceará), onde recuperou
e ampliou o Forte São Thiago e o batizou de Forte de São Sebastião.
Deu-se início a colonização da capitania do Siará, dificultada pela
oposição das tribos indígenas e invasões de piratas europeus.
No ano de 1637, região foi invadida por holandeses, enviados
pelo príncipe Maurício de Nassau, que tomaram o Forte São Sebas-
tião. Anos depois a expedição foi dizimada pelos ataques indígenas.
Os holandeses ainda voltaram ao litoral brasileiro em 1649, numa
expedição chefiada por Matias Beck e se instalaram nas proximida-
des do rio Pajéu, no Siará, onde construíram o Forte Schoonenbor-
ch.
Em 1654, o Schoonenborch foi tomado por portugueses, che-
fiados por Álvaro de Azevedo Barreto, e o forte foi renomeado de
Forte de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. A sua volta for-
mou-se a segunda vila do Ceará, chamada de vila do Forte ou Forta-
leza. A primeira vila reconhecida foi a de Aquiraz. Em 1726, a vila de
Fortaleza passou a ser oficialmente a capital do Ceará após disputas
com Aquiraz.

Observação: Ocupação
Durante o século XVIII e início do XIX, diversos tratados foram Duas frentes de ocupação atuaram no Siará, a primeira, cha-
assinados para o estabelecimento dos limites do território brasilei- mada de sertão-de-fora foi controlada por pernambucanos que vi-
ro. nham do litoral, e a segunda, do sertão-de-dentro, controlada por
Esses tratados sempre envolveram Portugal e Espanha, com baianos. Ao longo do tempo o Siará foi sendo ocupado o que impul-
exceção do Tratado de Utrecht (1713), assinado também com a sionou o surgimento de várias cidades. A pecuária serviu de motor
França, para definir um trecho de limite no norte do Brasil (atual es- para o povoamento e crescimento da região, transformado o Siará
tado do Amapá), e do Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual, num na “Civilização do Couro”.
acordo com a Bolívia, o Brasil incorporou o trecho que corresponde Entre os séculos XVIII e XIX, o comércio do charque alavancouo
atualmente ao estado do Acre. Em 1801, ao ser estabelecido o Tra- crescimentoeconômico da região. Durante esse período, surgiram
tado de Badajós, entre portugueses e espanhóis, os limites atuais as cidades de Aracati, principal região comerciária do charque, So-
de nosso país já estavam praticamente definidos. bral, Icó, Acaraú, Camocim e Granja. Outras cidades como Caucaia,
Pelo Tratado de Santo Ildefonso ou Tratado dos Limites, assi- Crato, Pacajus, Messejana e Parangaba (as duas últimas bairros de
nado em 1777 entre Portugal e a Espanha, esta última ficaria com Fortaleza) surgiram a partir da colonização indígena por parte dos
a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, jesuítas.
mas devolveria à Coroa Portuguesa as terras que havia ocupado nos A partir de 1680, o Siará passou à condição de capitania subal-
atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Resolviam-se terna de Pernambuco, desligada do Estado do Maranhão. A região
assim as contendas abertas pelo Tratado de Madrid de 1750. só se tornou administrativamente independente em 1799, quando
foi desmembrada de Pernambuco e o cultivo do algodão despontou
História do Ceará como uma importante atividade econômica. Às vésperas da Inde-
Com a decisão do rei de Portugal D. João III em dividir o Brasil pendência do Brasil, em 28 de fevereiro de 1821, o Siará tornou-se
em capitanias hereditárias, coube ao português Antônio Cardoso de uma província e assim permaneceu durante todo o período do Im-
Barros, em 1535, administrar a Capitania do Siará (como era cha- pério. Com a Proclamação da RepúblicaBrasileira, no ano de 1889, a
mada a região correspondente as capitanias do Rio Grande, Ceará província tornou-se o atual estado do Ceará.
e Maranhão). Entretanto a região não lhe despertou interesse. Só
então, em 1603, é que o açoriano Pero Coelho de Sousa liderou a Momentos históricos
primeira expedição a região, demostrando interesse em colonizar Em 1817, os cearenses, liderados pela família Alencar, apoia-
aquelas terras. ram a Revolução Pernambucana. O movimento, que se restringiu
ao município do Cariri, especialmente na cidade do Crato, foi rapi-
damente sufocado.
Em 1824, após a independência, foi a vez dos cearenses das
cidades do Crato, Icó e Quixeramobim demonstrarem sua insatisfa-
ção com o governo imperial. Assim eles se aderiram aos revoltosos
pernambucanos na Confederação do Equador.

73
CONHECIMENTOS GERAIS
No século XIX, vários fatos marcaram a história do Ceará, como A Formação do Território Nacional
o fim da escravidão no Estado, em 25 de março de 1884, antes da O território dominado pelos portugueses, desde 1500, já havia
Lei Áurea, assinada em 1888. O Ceará foi portanto o primeiro esta- sido antes povoado por diversas tribos indígenas. Assim, a expro-
do brasileiro a abolir a escravidão. Um cearense se destacou nessa priação de terra das populações nativas e a devastação das florestas
época: o jangadeiro Francisco José do Nascimento que se recusou litorâneas pelo colonizador deram-se desde o século XVI. A atuação
a transportar escravos em sua jangada. José do Nascimento ficou da metrópole portuguesa visava à expansão capitalista necessária à
conhecido como Dragão do Mar (atualmente nome de um centro acumulação ampliada do capital mercantil, sendo introduzidas for-
cultural em Fortaleza). mas antigas de escravidão para o cultivo da cana-de-açúcar.
Entre 1896 e 1912, o comendador Antônio Pinto Nogueira Os índios que não se submeteram ao processo de colonização,
Accioly governou o Estado de forma autoritária emonolítica. Seu pois fizeram resistência à capitulação de seus territórios e à escra-
mandato ficou conhecido como a “Política Aciolina” que deu início vidão, entraram em confronto com o colonizador (com seus servos
ao surgimento de diversos movimentos messiânicos, alguns deles e vassalos), movimentando-se pelo território em busca de locais
liderados por Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina, Padre Cícero e o de resistência e de sobrevivência alternativas ao jugo português
beato Zé Lourenço. Os movimentos foram uma forma que a popula- (ARAÚJO; CARLEIAL, 2001).
ção encontrou de fugir da miséria a qual se encontrava a região. Foi A ocupação do território brasileiro fez-se, inicialmente, pelo
também nessa época que surgiu o movimento do cangaço, liderado litoral (cultivo da cana-deaçúcar) e foi adentrando para o interior
por Lampião. com atividades complementares, contando com a presença de
Nos anos 30, cerca de 3 mil pessoas se reuniram, sob a lideran- rios caudalosos, de fundamental importância para o transporte e
ça do beato Zé Lourenço, na região no sítio Baixa Danta, em Juazeiro o acesso às áreas de florestas, destacando-se o São Francisco, o Pa-
do Norte. O sítio prosperou e desagradou a elite cearense. Em se- raguaçu, dentre outros. Assim, os engenhos tanto localizaram-se no
tembro de 1936, a comunidade foi dispersa e o sítio incendiado e litoral como em áreas de várzeas, nas margens de rios ou em canais,
bombardeado. O beato e seus seguidores rumaram para uma nova contribuindo para a formação dos povoados e vilas mais importan-
comunidade. Alguns moradores resolveram se vingar e preparam tes. Hoje, nestas áreas, concentra-se a maior parte da população
uma emboscada, que culminou num verdadeiro massacre. O episó- (ANDRADE, 1995).
dio ficou conhecido como “Caldeirão”. As condições naturais e a proximidade com a metrópole euro-
Nos anos 40, com a Segunda Guerra Mundial, foi montado uma péia, de certa forma, deter minaram as primeiras formas de ocu-
base norte-americana no Ceará mudando os costumes da popula- pação portuguesa no espaço brasileiro. Os indígenas tanto avança-
ção, que passou a realizar diversos manifestos contra o nazismo. ram para o confronto, nessas terras banhadas pelos principais rios,
Também na mesma década, o governo, afim de estimular a migra- quanto seguiram em sentido contrário, adentrando em áreas ainda
ção dos sertanejos para a Amazônia realizou uma intensa propagan- pouco exploradas, e situando-se, estrategicamente, em pontos de
da. Esse contingente formou o “Exército da Borracha”, que trabalha- alto relevo (nas montanhas e serras) para a resistência e o refúgio.
ram naexploração do látex das seringüeiras. Milhares de cearenses Distante do litoral e a montante dos rios navegáveis, alguns
migraram para o Norte e acabaram morrendo no combate entre povoados surgiram em torno da pecuária e da agricultura de sub-
Estados Unidos e Aliados com os exércitos do Eixo, sem os seringais sistência, com a presença dos pequenos engenhos. Essa produção
da Ásia para abastecê-los. sertaneja necessitava de animais para ser escoada internamente,
Fonte: www.secult.ce.gov.br bem como para chegar até o litoral e seguir por via marítima aos
diferentes pontos do país, lugares que, na sequência, também se
O TERRITÓRIO CEARENSE NA FORMAÇÃO NACIONAL transformaram em povoados (IPLANCE, 1982).
A expansão capitalista européia produziu espacialidades que Mas, a ocupação portuguesa não teve um movimento de opo-
foram importantes na formação do território brasileiro. Um pro- sição proveniente apenas da população nativa. A efetivação da
cesso nem sempre contínuo, que se iniciou com a colonização ao conquista com a exploração sistemática da colônia portuguesa re-
associar uma soma considerável de capitais com formas primitivas quereu combate a corsários e confl ito com outras metrópoles eu-
de escravidão. ropéias dominantes. Em particular, os corsários exploravam o litoral
Tal combinação permitiu a expropriação da população nativa e clandestinamente e fundavam feitorias, tais como: Itamaracá, em
o desmatamento de grandes porções do espaço pelo extrativismo, Pernambuco, Santa Cruz, na Bahia e Cabo Frio, no Rio de Janeiro
que seria depois ampliado pela produção agrícola e o beneficia- (ANDRADE, 1995).
mento da cana-de-açúcar, além da pecuária extensiva. Esta divisão de forças com as demais metrópoles européias
Neste capítulo, procura-se resgatar o processo de uso e de ocu- poderosas suscitou a fragmentação do território brasileiro em 15
pação do espaço na formação do território brasileiro e, consequen- capitanias hereditárias, na quarta década do séculoXVI, seguindo o
temente, na confi guração do território cearense. modelo das ilhas do Atlântico, embora não obtendo o mesmo su-
Observa-se tal movimento no contexto de integração entre o cesso. Ascapitanias tiveram destinos bem diferentes: algumas se-
sertão e as áreas de colonização portuguesa, com seus movimentos quer foram ocupadas, a exemplo doMaranhão, Ceará, Rio Grande
populacionais e correntes migratórias dos principais centros (Salva- e Santana; outras tiveram um pequeno povoamento inicial, coma
dor e Olinda). Relacionam-se os deslocamentos com a ampliação da implantação de vilas e de engenhos de açúcar, fracassando, porém,
fronteira agrícola e a apropriação de terras para o criatório de bo- em decorrência de váriosfatores (Itamaracá, Ilhéus, Porto Seguro,
vinos e equinos, suprindo às necessidades de alimento e de tração Espírito Santo, Paraíba do Sul e Santo Amaro); e houve sucesso limi-
animal dos lugares de produção para exportação, conforme maio- tado às capitanias de Pernambuco e de São Vicente, com a expan-
res detalhes a seguir. são de culturastropicais, que deram surgimento às vilas e povoados
no seu entorno (ANDRADE, 1995).

74
CONHECIMENTOS GERAIS
O sistema de capitanias não duraria muito no Brasil, embora a Na luta pela ocupação das terras férteis entre proprietários de
alternativa seguinte aindanão rompesse com o domínio português currais de gado e população nativa, teve início a Guerra dos Bárba-
e abafasse o sentimento nacionalista que estava emergindo no ros que durou dez anos, aniquilando várias tribose conduzindo ao
território brasileiro. Este sistema que dependia de Lisboa, possuía aldeamento dos remanescentes, à escravização de índios e à forma-
relativa autonomia,por serem administradas por seus Donatários ção deagregados nas fazendas de gado. Assim se deu a ocupação
retrocedeu para um modelo de total centralização administrativa, do Ceará, Rio Grande do Norte equase toda Paraíba. Aqui o sistema
que era o Governo-Geral. A capitania da Bahia e a cidade de Salva- de criação era o mesmo do Agreste, o que as diferenciavaeram as
dor teriam sido escolhidas como sede para a capital do Brasil, des- fazendas serem mais importantes, mais extensas e terem maior nú-
locando o poder da zona canavieiraapenas de um lugar para outro, mero de cabeças(ANDRADE, 1989).
mantendo-se na faixa litorânea (IPLANCE, 1982). A pecuária, sem dúvida, foi o modelo de produção que deter-
A influência da Bahia e do Sudeste cresceu com a expansão ter- minou a ocupação dos SertõesNordestinos. No séc. XVII, os “cur-
ritorial do fi nal do séculoXVI, quando os bandeirantes retornaram rais” estavam relacionados às duas correntes que adentraram para
do interior do continente após o movimento que fi -zeram para pro- o interior. Os “currais baianos se estabeleceram à margem direita
curar pedras e metais preciosos. Andrade (1995, p. 22) observa no do São Francisco epelas ribeiras do Rio das Velhas (território Mi-
número deescravos trazidos para o Sudeste com as Bandeiras uma neiro), das Rãs, Parnamirim, Jacuipe, Itapecuru,Real, Várzea Barris
dupla consequência: “a expansão territorial e o despovoamento do e Sergipe. E, os “currais” pernambucanos, assentados à margem es-
interior”. Na Bahia, as correntes migratórias buscavam o desenvol- querdado São Francisco e nos vales do Rio Preto, Guaraira, Corren-
vimento da pecuária e a proteção de vilas e fazendas próximas ao te, Pajeú, Moxotó, São Miguel, emAlagoas, do Paraíba do Norte, do
litoral contra o ataque deíndios. Mas pelas necessidades de supor- Piranha, Açu, do Apodi, do Jaguaribe, do Acaraú, do Piauíe até do
te à produção principal (cana-de-açúcar), emergiu ummovimento Parnaíba. Ainda conforme Andrade (2005), se estendia desde Olin-
contrário, partindo do Recôncavo para os Sertões, sendo feito pe- da até a fronteirado Maranhão a Oeste.
los grandes criadores de gado. As fazendas estendiam-se do morro O caminho do gado de Olinda e, posteriormente, de Recife ser-
do Chapéu, na Bahia, até o rio das Velhas,em Minas Gerais. O fato viu para o surgimento depequenas povoações e vilas nos sertões
de a pecuária e a mineração não absorverem grandes contingen- do Nordeste. De Olinda, se dirigia para o Norte porGoiana, Espírito
tes demão-de-obra, assim como a agricultura, que fi cou restrita ao Santo (PB), Mamanguape, Canguaretama, Papari, São José do Mi-
alimento de subsistência, foramos motivos pelos quais os centros pibu, Natal,Açu, Mossoró, Praia do Tibau (RN), Aracati e Fortaleza
urbanos de expressão nos Sertões Nordestinos tiveram relativo re- (CE). Outra estrada que fazia escoar ogado piauiense para Olinda se
tardo em relação àqueles dos espaços litorâneos. fazia através do Ceará, Paraíba e Pernambuco, partindo do Piauíe,
A divisão territorial do trabalho naquele período fazia-se pela em Crateús, cruzando várias localidades até chegar a Olinda (IPLAN-
ocupação litorânea do açúcar e a ocupação do interior pelo gado, CE, 1982).
além da extração de minerais preciosos. Isto é, a partirde Pernam- Constata-se, portanto, que o território nordestino foi confi
buco, Bahia e São Vicente, a ocupação do interior seguiu caminhos gurado visando tanto o mercadoexterno, para suprir a metrópole
e motivos variados: para o Nordeste, a procura de pastagens deu portuguesa de bens e mercadorias, quanto o fornecimento alimen-
origem à formação de grandes latifúndios;para o Sul, o trabalho es- tar do mercado interno. Nos espaços da produção açucareira hou-
cravo indígena e a descoberta das minas de ouro e diamantes ori- ve abundância e riquezamontada na escravidão indígena e negra,
ginaram três novas capitanias- Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. mas nos espaços da pecuária contou-se apenas como trabalho de
No século XVIII, o domínio dos latifúndios já se fazia presen- poucos escravos, que foi substituído pelo trabalhador agregado à
te, sendo expressivo naBahia, no território banhado pelo Rio São fazenda, dandoorigem aos parceiros e posseiros, ou pequenos pro-
Francisco e no Sertão Setentrional do Nordeste,incluindo o Estado dutores de subsistência, que ainda hoje perduram em algumas lo-
do Ceará. A ocupação destes territórios está associada tanto à eco- calidades.
nomiaaçucareira quanto à pecuária extensiva, sendo que, no últi-
mo caso, a exploração da terra sedava por sesmeiros e por sitiantes O Processo de Formação Territorial do Ceará
posseiros. O processo de formação do território do Ceará pode ser visto
Ainda de acordo com Andrade (op. cit., p. 148), o gado teve pela ocupação desta capitania pelos europeus, que aconteceu de
grande importância na formação do território nordestino, em es- forma tardia, comparada à conquista da zona da mata nordestina
pecial no Sertão e no Litoral Setentrional, embora apareçaem toda ou ao litoral açucareiro, cuja ocupação foi no início do século XVI.
extensão da região. As necessidades de terras motivaram as con- No território da pecuária no Nordeste, ela só vem acontecer no fi
cessões de sesmarias,nas áreas sertanejas, em direção ao Rio São nal do século XVII. A produção açucareira avançava pelas terras do
Francisco. Vaqueiros e prepostos ocupavam terrase estabeleciam litoral, desde a Paraíba até a Bahia, enquanto a pecuária, atividade
currais na margem esquerda do rio, no território de Pernambuco subsidiária, expandia-se para o interior. Desta forma, a interioriza-
até chegar aoPiauí e ao Cariri cearense. ção das capitanias do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte se de-
As sesmarias consistiam em grandes extensões de terras dos ram pela formação de territórios da pecuária, onde as populações
Sertões Nordestinos quemotivavam as disputas de famílias. Isto é, nativas foram dizimadas em função da mercantilização do território,
a conquista do sertão foi marcada pela luta entreos poderosos (em além da subordinação ao europeu, como retrata Pinheiro (2000).
particular, de Salvador) e aqueles que, sem prestígio para obter ter-
ras, assumiram a condição de foreiros. Iniciava-se o arrendamento “As terras deveriam ser doadas de acordo com o número de
da terra e as relações clientelísticasentre proprietários e trabalha- índios de cada aldeia. Nesse caso o que prevalecia era a noção
dores. Estes foreiros, na Bahia, eram colocados sob a proteçãodos mercantil de propriedade, deixando-se de lado não só todo o
“grãos-senhores”, ao reconhecê-los com domínio sobre a terra, caráter simbólico do território como a necessidade de áreas de
comprometendo-se com opagamento de 10 mil réis, em foro, por dispersão, que era um dado marcante no modo de vida dos povos
um lote de uma légua de terra em quadra, dando margem à forma- originários.” (2000, p. 23).
ção de sítios a partir dos currais de reses.

75
CONHECIMENTOS GERAIS
É importante ressaltar que o confl ito entre colonizadores e po- O beneficiamento da carne do gado proporcionou uma nova
vos indígenas acentuou-se em todo o Nordeste, em função das ati- expressão econômica ao território cearense, pois possibilitou uma
vidades desenvolvidas e do processo de “limpeza” dos nativos para outra estratégia de participação no mercado interno deabasteci-
a efetivação da produção mercantil. No Ceará, a problemática foi mento alimentar para as principais regiões produtoras. Quando o
a mesma, pois, à medida em que as terras foram sendo ocupadas ciclo econômico dacana-de-açúcar esteve localizado em Pernambu-
pela pecuária, ia-se expulsando indígenas. co, o gado poderia ser transportado vivo, por rotas terrestres que
No contexto geral da colonização, cabe destacar a atuação dos abriam novas estradas e ocupações nos territórios cearense, per-
sesmeiros e dos bandeirantes no processo de restrição do território nambucano, se extendendo até a Bahia. Entretanto, com o desloca-
dos povos indígenas. mento da economia, através do cicloda mineração,para o sudeste
A pecuária possibilitou a ocupação da capitania do Ceará a par- do país (Minas Gerais), havia a necessidade de outra inserção do
tir da necessidade de terra para o desenvolvimento da atividade. principal produto cearense no mercado interno.
As primeiras doações de sesmarias ocorreram no período de 1678- A “industrialização” da carne, contudo, não permaneceu como
1782, nas imediações do Rio Jaguaribe no sentido Aracati para o um modo de saber fazerapenas dos cearenses. Tal técnica migrou
Sul, em direção ao Rio Salgado. para longe, chegando ao Rio Grande do Sul, atravésde viajantes que
conheciam a arte do benefi ciamento da carne do sol, adaptando-a
“Das 2.378 datas solicitadas, num período de mais de um para a realidade do clima frio e úmido dos pampas gaúchos. Assim,
século e meio, 91% justifi cava a necessidade de terra para ocupar enquanto parte do rebanho cearenseera dizimada pela grande seca
com a pecuária. [...] Entre 1679-1699, num período de 20 anos, (1790-1793), os produtores do sul, há mais de uma década,apro-
foram doadas 261 sesmarias, o que representa uma média de 13 veitavam os altos níveis de produtividade de seu rebanho, favoreci-
cartas ao ano. [...] entre 1700 e 1740, num período de 40 anos dos por pastagens naturais, para avançar e concorrer com o benefi
foram 1.700 sesmarias, representando uma média de 42 sesmarias ciamento da carne. Os sulistas aplicavam preçosalternativos para
por ano. [...] há um subperíodo entre 1700-1720. Nestes decênios atingir o principal mercado interno- a zona da mineração. As locali-
foram distribuídas 932 cartas, dando uma média de 46 por ano.” dadesvizinhas da zona produtora de Aracati (Açu e Mossoró), per-
(op. cit, p. 30). tencentes ao Rio Grande do Norte,também tiveram acesso à técnica
e instalaram ofi cinas que foram, contudo, controladas pelaProvín-
Ainda segundo Pinheiro (2000), a ocupação da capitania do Ce- cia de Pernambuco, que também se benefi ciava de parte da riqueza
ará se consolida em 1720,com a transformação do território dos gerada pelo Ceará(GIRÃO, 1995, p.71-72).
indígenas em território da pecuária. Tal atividade inviabilizou o uso Segundo pesquisa histórica do IPLANCE (1982, p.36) “o Cea-
de mão-de-obra escrava negra, pelos altos preços diante dos va- rá participou de uma formaexclusivamente dependente da zona
lores obtidos comos produtos agrícolas no mercado interno. Por- produtora de açúcar, e, indiretamente, de Portugal”. Masnão ha-
tanto, necessitou de mão-de-obra livre e migrante de outras áreas via somente dependência de produtos e tecnologias importadas,
de produção, além de parte da população indígena que havia sido houve também sangriade recursos que muito atrasou a ocupação e
aculturadae catequizada nos aldeamentos indígenas. Daí porque a o desenvolvimento cearense, cessando somente aofinal do século
expansão das culturas agrícolas, emtermos de áreas, fi cou restrita XVIII (1799), com a separação das duas províncias. Isto signifi cou
à agricultura de subsistência. que, durantetodo período do gado e do charque, parte da riqueza
Discute-se, contudo, que a agricultura não expandiu neste pe- produzida pelo território cearense foradestinada ao território per-
ríodo colonial devido tanto às grandes distâncias do mercado (en- nambucano, além da metrópole portuguesa colonizadora.
tre sertão e litoral), quanto às péssimas condiçõesdas estradas que, Nesse momento de emancipação política da província do Ceará
assim, reduziam a comercialização interna dos produtos agrícolas inicia-se um novo ciclo econômico, o do algodão, que seria favore-
(GIRÃO,1995, p.36). Mas, não se pode deixar de considerar o fato cido pelos novos rumos políticos e econômicos tomados em níveis
de que havia uma agricultura desubsistência sendo praticada pelos nacionais e mundiais.
trabalhadores das fazendas pecuárias, que se mantinhampratica- O algodão já era explorado no território nordestino desde o
mente auto-sufi cientes, não fosse a importação de determinados início de seu povoamentocomo forma de suprir os trabalhadores
produtos vindos daMetrópole ou das principais Vilas. O algodão é de tecidos para suas confecções pessoais e domésticas,como já co-
um exemplo desta fase, em que a agricultura eo beneficiamento mentado anteriormente. Contudo, em termos de mercado externo,
artesanal eram praticados apenas para o consumo de servos e tra- ainda em 1777, osprodutores e comerciantes cearenses de algodão
balhadoresdos latifúndios. tentaram atingir o mercado europeu, atravésde Portugal. Mas as
Além disso, desde os primórdios da ocupação do território ce- relações de subordinação à Capitania de Pernambuco impediram
arense pode-se falar de uma espécie de industrialização e urbaniza- esta intenção mercadológica e, de certo modo, contiveram a pro-
ção no Estado, que teria se formado a partir da indústria da carne dução. Mas foi a abertura dos Portos,em 1808, que permitiu, não
seca, ou da charqueada, e do comércio que se desenvolveu no seu apenas o Ceará abrir-se para o mundo, bem como os investidoresin-
entorno. Tal processo surgiu como estratégia para superar a concor- ternacionais passarem a aplicar capital em território cearense, com
rência e para minimizar o fato de o gado sofrer consideravelmente destaque para os comerciantes portugueses e ingleses em Fortaleza
com seu transporte para o mercado interno, em direção às zonas (IPLANCE, 1982, p.36).
produtoras de cana-de-açúcar, inclusive para áreas de mineração. Em particular, a economia algodoeira motivou a fi xação e a
A charqueada foi uma espécie de benefi ciamento que se fez à imigração de trabalhadores,além de demandar o trabalho da po-
carne do gado para evitar as perdas e manter-se na concorrência do pulação indígena residente nos aldeamentos ou sob o controle dos
mercado. Tanto havia perda por mortalidade quanto pela redução padres e jesuítas nas missões. Entretanto, o auge desta economia
do peso do rebanho ao fi nal do percurso, entre as fazendas e as no território cearense e nordestino se deu durante a Guerra de Se-
feiras, onde seriam vendidos (op. cit., p.38). cessão dos Estados Unidos (1861-1865), que erao principal fornece-
dor desta matéria-prima no mercado europeu têxtil.

76
CONHECIMENTOS GERAIS
O algodão foi uma cultura que se adequou à realidade cearense As vilas foram erguidas à princípio nas regiões litorâneas, ratifi
não apenas em termosnaturais, mas sociais e econômicos, tal como cando a hipótese de defesa, tendo em vista que a economia pecu-
foi brevemente resumido no parágrafo seguinte:“Uma nova fase ária nascente se fazia no sentido contrário, do sertão para o litoral,
inicia-se na economia do Ceará, em fi ns do Século XVIII, quandoo ou internamente no sentido leste e oeste, quase que reconfiguran-
algodão surge como negócio altamente rentável, adaptando-se ao do os caminhosdos primeiros migrantes baianos e pernambucanos
clima da zonasemi-árida, bem como ao sistema existente, fornecen- (Figura1). Foram poucos os casos de Vilaserguidas para a defesa do
do, das folhas, a alimentaçãopara o gado e liberando área para a litoral cearense: a Vila de Aquiraz, criada em 1699 e a de Fortale-
agricultura de subsistência. A expansão das exportações de algodão za,em 1725. As vilas oriundas da penetração pernambucana, com
acentua-se no século XIX, graças à demanda por matérias-primas, um raio de ação maior sobreo território cearense, surgiram do mo-
provocada pela Revolução Industrial.” (IPLANCE, 1982, p.36) vimento leste-oeste, do Aracati (1747) em direção aoterritório do
A Capitania experimentaria outros ciclos econômicos, sem dei- Piauí, espraiando-se também do norte para o sul, saindo também
xar de obter riqueza pela pecuária consorciada ao algodão. Assim, do Aracati, peloJaguaribe, até a vila de Icó (1735). A penetração
entraria em nova fase de ocupação e uso de seu território, tal como baiana, por sua vez, teria sido feita pelo sul doEstado, através dos
foi observado por diversos historiadores e geógrafos, dentre eles vales dos Rios Salgado e Jaguaribe e passando por Crato (criado em
cita-se Silva (2000). 1762)até a Paraíba. Ainda na fase das primeiras vilas, destacam-se
A cana-de-açúcar e o café tiveram pouca importância no ter- aquelas que foram erigidas emfunção do aldeamento indígena, que
ritório cearense, pois nuncachegaram a ser produto principal ou foram: Viçosa do Ceará (1759), Caucaia (1759) e Baturité(1762)
monocultura, afi nal o regime de semi-aridez que assolaquase todo (vide Figura 1).
território cearense, torna-o impróprio para tais culturas, ficando
restritas a determinadas áreas de exceção. A título de exemplifi
cação, inicia-se com o plantio de canaviais,que deram sustento ao
mercado interno pelo fornecimento de alimentos, e, em 1840, tais
canaviais, com suas matas adjacentes, foram transformados em
cafezais, como se exemplifi cara nasSerras de Meruoca, Baturité,
Ibiapaba, além de parte do Cariri cearense. Ceará e Pernambuco-
tornaram-se exportadores de café em determinados momentos fa-
voráveis ao mercado externoe, em Baturité (CE), surge uma peque-
na nobreza dos proprietários dos cafezais, a exemplo doque havia
no sudeste do país.
A economia algodoeira e a produção de cana e de café, entre-
tanto, não foram a base do período inicial que chamamos de confi
guração do território cearense, apesar de sua contribuição na proli-
feração de cidades e de municípios.

A Configuração Inicial do Território Cearense


As análises históricas sobre a ocupação do território cearense
referem-se a duas possibilidades: uma decorrente da imigração in-
terna, ou dos deslocamentos das atividades subsidiáriasà economia
principal da Colônia; ou aquela referente à defesa do território con-
tra as investidasde outros países europeus interessados em explo-
rar esta porção da América recém descoberta (IPLANCE, 1982). Sem
entrar no mérito da questão, considera-se que ambas as situações-
contribuíram para a formação de cidades e municípios e merecem,
portanto, atenção destetrabalho.
Como consequência da defesa territorial e dos aldeamentos, as
vilas surgiram também por razões econômicas, que foram a pecu-
ária, com suas rotas e percursos no mercado interno, além de seus
efeitos multiplicadores. Pode-se observar, portanto, dois grandes
períodos dedefinição das primeiras células básicas do Estado, que Até 1758, havia somente Aquiraz, Fortaleza, Icó e Aracati. Esta
chamamos de confi guração inicial doterritório, que estaria sendo data corresponde a ummarco na instalação de Vilas, quando os al-
formado pelas primeiras 16 Vilas, que deram origem aos atuais184 deamentos indígenas foram elevados a categoria deVila e os povos
municípios cearenses. O primeiro período foi relativo ao início da nativos supostamente seriam igualados aos colonos, de acordo com
ocupação, referente àcolonização portuguesa e à retirada do indí- Pinheiro.
gena do território que seria destinado à pecuária(de 1699 a 1762).
No segundo momento, a atividade pecuária teria desencadeado um “[...] a partir de 1758, as aldeias indígenas foram transforma-
fl uxo comercial e de serviços a partir de seus produtos. das em vilas. Com a expulsão dos jesuítas, a administração dos po-
vos indígenas passou para a órbita laica e os povos nativos foram
igualados aos demais moradores.” (2000, p. 46)

Diz-se que somente por hipótese houve uma igualação de di-


reitos, pois, conforme análise anterior, os indígenas foram contro-
lados como mão-de-obra semi-escrava nestas aldeias e depois nas
Vilas, servindo de trabalhadores para as novas Vilas emancipadas.

77
CONHECIMENTOS GERAIS
Na segunda fase, intensifi ca-se o criatório e o comércio do
gado, bem como o benefi ciamento da carne e do couro para o mer-
cado interno, fatos que impulsionaram a formação das outras oito
primeiras Vilas. Na bacia do Banabuiu-Quixeramobim prosperou a
primeira Vila da região central do Estado, que foi a de Quixeramo-
bim (1789); As bacias do Acaraú e do Coreaú tornaram-se os ber-
ços das vilas de Sobral (1766), Granja (1776) e Guaraciaba do Norte
(1791); assim como a bacia do Rio Jaguaribe deu origem às vilas de
Russas (1799) e Tauá (1801) na bacia do Salgado foram criadas as
Vilas de Jardim (1814) e Lavras da Mangabeira (1816) (Figura 2 e
Quadro 1).
Assim, em pouco mais de um século, entre 1699 a 1822, já ha-
via uma relativa concentração populacional e de Vilas ao longo dos
Rios Jaguaribe-Salgado, Acaraú e do Coreaú, com menor destaque
para as bacias do Banabuiu-Quixeramobim.
Cabe destacar que o Ceará, com seu espaço quase totalmente
exposto ao regime de semiaridez, encontrou possibilidades de pe-
cuária extensiva ao longo das margens de seus rios intermitentes.
O historiador Geraldo Nobre comenta que as sesmarias ocupavam
as margens dos rios de forma perpendicular, talvez para possibilitar Neste período colonial, portanto, o gado foi o grande respon-
um maior número de benefi ciados com este recurso tão escasso no sável não apenas pela permanência do homem no sertão, mas tam-
semi-árido, que é a água potável: bém pela movimentação e expansão destas áreas e,
posteriormente, pelo início da urbanização. Além disso, surgi-
“As sesmarias geralmente eram 3x1, 3x2, 3x3, 2x1. Que signifi ram diversas outras Vilas que assumiram funções de destaque na
ca três léguas à margem do rio e uma légua de largura e assim por economia sertaneja, seja como entreposto para parada e recupe-
diante. Assim, as fazendas se constituíam em regra com três léguas ração do gado, no cruzamento de rotas para o mercado, ou ainda
dispostas ao longo de um curso de água por uma de largura, sendo nas cidades litorâneas, que se especializaram no benefi ciamento
meia para a margem, as léguas eram desiguais entre si e quase da carne salgada com destino a locais mais longínquos.
sempre pequenas.” (NOBRE apud MAPURUNGA, 2003, p.171) Dentre as Vilas erigidas pelo maior peso da atividade pecu-
ária destacam-se: Icó, Sobral, Quixeramobim, Russas e Tauá.As
Além disso, chama-se atenção para o fato de que, nestes pri- charqueadas e alguns dos subprodutos do couro iniciaram-se em
mórdios da Capitania do Ceará, as sesmarias iam sendo ocupadas Aracati, como principal entreposto marítimo, que fazia entrega
deixando espaços vazios entre elas, ou seja, sem limites definidos, para Pernambuco e de lá saíam para as áreas demineração e para
colocando-se tal com uma fronteira de faixa, vista na concepção de a metrópole portuguesa (IPLANCE, 1982, p. 56). Conforme Girão
Mattos (1990). (1995,p. 65), as ofi cinas que se instalaram em Aracati começaram
Tais espaços vazios foram sendo ocupados por posseiros, ge- a desenvolver suas atividades apartir da primeira década do sécu-
rando confl ito com os latifundiários vizinhos, visto que seus limi- lo XVIII. Araújo (2002, s/p.), por sua vez, observa que taisoficinas
tes não eram bem demarcados ou protegidos, tendendo o gado a rapidamente se expandiram, associadas às atividades terciárias de
ultrapassá-los, provocando perdas, queixas, desavenças e mortes. prestação de serviços (administrativa, comunicação, fi nanceiro, co-
Em 1850, com a lei das Terras, tais glebas foram consideradas devo- mercial e etc.), atraindo bastante populaçãopara o local, inclusive
lutas e somente poderiam ser adquiridas mediante compra. O de- de estrangeiros, ampliando e enriquecendo a construção dos prin-
poimento de Nobre sobre as terras devolutas no Ceará é bastante cipaisequipamentos e de moradias.
elucidativo da questão: Mas nem toda vila se prestava ao benefi ciamento da carne
(ou para instalar ofi cinas). Erade grande importância, por exemplo,
“É que elas [terras devolutas] existiam limitando as fazendas que o local dispusesse de condições para extração dosal marinho,
entre si. Uma légua de terra permanecia devoluta entre elas. Nes- além de permitir a embarcação e o transporte por cabotagem, o
ses espaços, os donos das fazendas não podiam levantar pontes ou que implicavana existência de uma enseada natural (barras de rios).
quaisquer outras construções, pois a sua utilidade era de servir de No território da Vila de Granja, maisespecifi camente na localidade
marco divisório, pela ausência de muros e cercas na região. Tal me- praiana de Camocim, e na Vila de Sobral, no porto de Acaraú,as con-
dida buscava evitar a mistura entre as cabeças dos reb nhos e as dições ambientais também favoreciam (barra do rio, clima e extra-
incursões do gado nas plantações vizinhas e, mesmo, o seu extravio. ção de sal) o desenvolvimento de ofi cinas de carne seca, tal como
A idéia era evitar também confrontos entre os vizinhos”. (NOBRE comprovado por vários historiadores, dentre elesValdelice Girão:
apud MAPURUNGA, 2003, p. 172). “As povoações de Aracati, Granja, Camocim e Acaraú, possuíam
as condiçõesexigidas. Ali, em toscas ofi cinas, passou a ser fabrica-
do um tipo de carne seca,não prensada, moderadamente salgada e
desidratada ao sol e ao vento, por temponecessário à sua conserva-
ção. Isso com o aperfeiçoamento da técnica empregadapelo índio,
transferida ao vaqueiro, no preparo da carne seca, ainda hoje co-
mumnas regiões sertanejas nordestinas-a chamada carne-de-sol.”
(1995, p.65)

78
CONHECIMENTOS GERAIS
Em resumo, quando se quer reportar a este quadro inicial que À primeira vista, cada um dos 16 municípios que formaram as
conformou as primeirasVilas do território cearense com suas fron- células básicas originais do território cearense está representado
teiras, tal qual hoje se conhece, pode-se atribuirao fato econômico nesta Carta de 1817, com exceção das vilas erigidas posteriormente
da pecuária extensiva e de sua comercialização, além do benefi cia- a esta data que, na ocasião, ainda eram povoados: a Villa de Lavras
mentode seus principais produtos (carne e couro). Uma produção da Mangabeira (antigo Povoado de São Vicente de Lavras), incluída
que reunida à do Piauí, foi levadaem direção aos mercados interno no Termo da Villa de Icó. Outros dois casos chamam ainda atenção:
e externo, tanto por deslocamento interno quanto utilizandotrans- Caucaia (antiga Villa de Soire) por não possuir um território deli-
porte marítimo. Tais trajetórias comerciais teriam expandido os mo- mitado, fazendo parte do Termo da Villa de Fortaleza; ao contrá-
vimentos de instalação de fazendas, bem como haveria fomentado rio, Baturité (antiga Villa de Monte Mor O Novo), apesar de estar
pontos de entrepostos e de portos marítimospara circulação dos delimitado por território específi co, não estava sendo identificado
principais produtos exportados e importados, defi nindo rotas que como um Termo e nem fazia parte de outro.
ligavamos diversos quadrantes do território cearense. Assim, o desenvolvimento e a evolução político-administrativa
As vilas foram as menores unidades territoriais com autonomia do Estado estiveram e estão relacionados às atividades sociais, eco-
política e administrativa,característica do território brasileiro em nômicas, políticas e culturais que se desenvolverama partir deste
formação, da fase da colonização até o fi nal do séculoXIX. A vila é período colonial. As primeiras Vilas fi rmaram-se como células bá-
equivalente a município na divisão administrativa de origem roma- sicas originais,com múltiplas funções dentro da economia pecuá-
na, cuja designação foi adotada na Península Ibérica e transferida ria, como: produtoras, comerciais, administrativas, industriais e de
de Portugal para suas colônias, conformeFurtado (2007, p.202-203) serviços. Algumas com mais de uma função adotada em períodos-
diferentes, e com movimentos de crescimento e de estagnação na
história do Ceará e do Brasil,tal qual pode-se acompanhar nos des-
dobramentos seguintes sobre o território cearense.

FORMAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO CEARÁ E A BASE


Ainda neste período, designava-se como termo “o território da LEGAL
vila, cujos limites são imprecisos; tinha sua sede nas vilas ou cidades A retrospectiva da formação territorial nacional possibilitou
respectivas; era dividido em freguesias (que é um conceito eclesiás- analisar os fatores econômicos como determinantes dos fatores
tico) [...]” (op.cit., p.203). políticos e sociais na confi guração básica do território cearense.
A partir de tais conceitos, pode-se entender melhor a Carta O modelo de ocupação do Ceará traçado pela pecuária extensiva
Marítima e Geográfi ca da Capitania do Ceará, elaborada por An- deu-se, praticamente,no século XVIII, atendendo aos interesses dos
tonio José da Silva Paulet, em 1817, sobre a qual se trabalhou os pecuaristas, diante da necessidade de grandesextensões de terras
principais destaques (Figura 3). Nesta Carta, os territórios de 13 das para a atividade, infl uenciando o surgimento de confl itos e de
antigas Vilas são delimitados e considerados como Termos, cujas manipulação/dominação política da classe trabalhadora.Após essa
sedes lhe prestam o nome. Verifi cam-se algumas diferenciações confi guração básica, o território seria intensamente fragmentado
em relação à Figura 2 construída para representar essa fase inicial por ação degrandes proprietários de terra ou latifundiários, cuja do-
de configuração do território cearense. minação política se fazia sentir desdeas fazendas de criação do gado
e de produção do algodão destinados ao mercado distribuidore em
direção aos centros industriais mais dinâmicos do país.

79
CONHECIMENTOS GERAIS
Assim, as estruturas de poderpolítico e econômico que coman- A Fragmentação do Território Cearense
daram o Estado do Ceará durante séculos, ainda hoje, mantêmfor- Apesar de reconhecer que a fragmentação do território cea-
tes elementos que se manifestam e se materializam nas relações rense teve forte impulso daeconomia algodeira, durante o século
políticas clientelísticas,nas desigualdades sócio-espaciais e na con- XIX, acompanhada de maciços investimentos em infraestrutura
centração da renda, com ampliação da pobreza e da miséria, dentre econômica e urbana, não se pode deixar de observar as questões
outros problemas. de ordem política edemográfi ca.De acordo com Girão apud Rodri-
Este processo de ocupação, contudo, somente foi acompa- gues (1995), as estruturas de poder ligadas à propriedadeda terra,
nhado de uma base legal, que regulamentaria o território como aos latifundiários que se interpuseram no contexto político local e
um todo, bem depois da ocupação e do processo de fragmentação nacional, fi zeramdas emancipações dos municípios uma relação di-
iniciado durante o Império. Apesar da propriedade privada da ter- reta com os interesses políticos, ao afi rmarque:
ra ser fundamental para a dominação política, não havia interesse
local de registrar, formalmente, a transformação do território mu- “A divisão do território cearense, como acontecia com os de-
nicipal com suas fronteiras demarcadas empiricamente. E, mesmo mais Estados, esteve sujeita aos inconfessáveis interesses políticos e
em termos nacionais, houve apenas um determinado momento outros de ordens diversas não inspirados no bem comum. Criava-se,
político no qual se procurou dar uma coerência e uma organização extinguia-se, restaurava-se Municípios sem obediência à sistema
territorial interna e fronteiriça ao país, dentro de uma perspectiva lógico, justo e geral, e daí a confusão reinante neste âmbito da ad-
nacionalista, conforme será demonstrado neste capítulo. ministração pública.” (1995, p. 22).
Por outro lado, não havia um contingente populacional expres-
sivo que viesse ocupar todo o território das Vilas e fazer pressão so- Mesmo nos tempos mais remotos, o processo de criação dos
bre suas fronteiras. O processo de criação de Vilas, identificado por municípios também esteve associado ao crescimento e ao movi-
Andrade, na província de Minas Gerais, pode ser extensivo às de- mento populacional pelo território, mostrando a relação entre o
mais províncias brasileiras, qual seja a princípio, as vilas eram muito problema de fronteiras municipais e a pressão demográfi ca.
distantes umas das outras e praticamente não possuíam fronteiras Portanto, procura-se, realizar análise sobre o processo econô-
bem delimitadas, tal como se apreende da passagem referida por mico de ocupação do espaço, associado à população. Tais aborda-
Andrade: gens são seguidas de considerações sobre a atuação do Estado Bra-
sileiro,31 notadamente quanto às formas de governo e de política
“O povoamento não era continuo, ele se adensava em torno nacional e estadual, para então elucidar-se a discussão do aparato
dos garimpos, dando origem as vilas que se situavam muitas vezes, legal no processo de fragmentação do território cearense.
à grande distância uma das outras [...]. Nos grandes espaços que
se estendiam entre estas vilas desenvolveram-se lavouras de sub- A Questão Populacional Durante a Colônia
sistência, voltadas para o seu abastecimento e também atividades No decorrer da formação básica inicial do Estado do Ceará, en-
pecuárias [...].” (1995, p.22-23) tre 1699 e 1822, referente à criação das 16 Vilas no período colonial
brasileiro, o contingente populacional era ainda bastante diminu-
Portanto, como não havia necessidade de separar as Vilas por to. Apenas a Vila de Crato detinha uma relativa concentração po-
fronteiras, e, anteriormente, nas sesmarias, não havia uma delimi- pulacional (quase 21 mil habitantes), podendo ser considerada a
tação nítida de grandes regiões brasileiras, tal como nos faz concluir principal vila em termos populacionais, embora não fosse a mais
Costa: importante em termos de mercado (Tabela 1).
A explicação para tal destaque populacional estava nas bases
“[...] O espaço para o qual reclamavam providências para o de sobrevivência dos trabalhadores. A fartura de água e de terras
Estado Imperial ainda não tinha fronteiras defi nidas capazes de úmidas permitiu uma base agrícola diversifi cada, incluindo cultu-
circunscrevê-la como região [...].” (2005, p.41) ra da cana-de-açúcar, algodão e pecuária, benefi ciamento da cana
(açúcar, rapadura, melado e outros derivados) e do algodão. Além
Por sua vez, a falta de um critério legal para delimitar fronteiras disso, no Crato deu-se início a um processo de benefi ciamento in-
e separar vilas viriaser reclamada, localmente, somente bem mais dustrial que fora importante para a confi guração dos territórios ce-
tarde, sendo levantada, parcialmente, ou deacordo com os inte- arense, piauiense e pernambucano. Mas, seriam a intelectualidade
resses confl itantes de algumas das partes envolvidas. Portanto, a e a política as bases de sustentação mais forte desta vila, que se
divisãopolítico-administrativa da atualidade está permeada de pro- tornou município-pólo da região sul do estado e cominfluência so-
blemas, ou seja, com pendênciasde litígios e confl itos de fronteiras bre os estados vizinhos (AMORA, 1995).
tanto entre os municípios quanto entre outros estados doNordeste.
São exemplos de litígio do Ceará: os ocorridos com o Rio Grande
do Norte quantoà defi nição do limite na chapada do Apodi; e com
o Piauí, quanto à definição do limite sobrea chapada da Ibiapaba.
Áreas consideradas de exceção do ponto de vista ambiental de
umaregião semi-árida como a nordestina.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Tauá, Sobral e Icó foram as demais Vilas de maior atração populacional nesses primórdios da ocupação cearense. Suas funções ad-
ministrativas e suas bases terciárias de comércio e serviços formaram as principais razões para manter a população ali residente, embora
não se comparassem com a Vila de Crato.
Aracati surpreendia pela contradição de ser a principal Vila econômica (industrial, comercial e de serviços), aquela que daria formação
à rede de cidades (SILVA, 2000, p.227), teve pouca expressão em termos populacionais, com menos de 5 mil habitantes. Um contingente
que era, em 1804, quatro vezes menor que a população de Crato.

O Período Correspondente ao Império


No período do Império, considerando o intervalo de anos entre 1823 a 1889, foram erigidas 48 novas Vilas, que somadas às 16 ante-
riores, totalizavam 64 municípios. Na primeira metade do século XIX, o processo era lento e foram criados somente 11 novos municípios,
desmembrados42 de 6 das 16 células originais, estando concentrados do seguinte modo: dois oriundos do desmembramento de Crato
(Barbalha e Milagres) e Sobral (Itapipoca e Acaraú), três do Município de Icó (Jucás,Jaguaribe e Pereiro). Itapipoca apesar de ter sido criado
neste período passou por desmembramento, originando o Município de Itapajé (1849). Entre 1851 e 1889, ao contrário, a fragmentação
territorial foi bem mais acelerada, pois aconteceram 37 emancipações, sendo que das células originais, à exceção de Tauá e Guaraciaba do
Norte, todos os outros 14 municípios deram origem a novos municípios (Quadro 2).
Faz-se destaque ao quantitativo de municípios criados a partir dos municípios de Quixeramobim (4) e Lavras da Mangabeira (3). O
restante dos municípios originou-se de forma quantitativamente homogênea em 26 dos 64 municípios existentes. Neste período, também
passou a fazer parte do Ceará dois municípios (Crateús e Independência) originários da Vila de Marvão pertencentes ao território do Piauí
(Figura 4).
Essas vilas passaram por experiências comuns, enquanto principais territórios de concentração da riqueza pecuária que, associada à
produção do algodão, permitiu que a população local se estabelecesse e pudesse enfrentar as adversidades climáticas.
A economia algodoeira, além de permitir o consórcio com o gado, constituiu-se no grande fomentador econômico da fragmentação
territorial, tendo por suporte a política local e imperial de enfrentamento das questões da seca, pois adequou-se aos sistemas de poder e
de produção vigente.
Conforme Neves (2000), a seca fazia com que se quebrassem as relações paternalistas entre patrão e empregados, que mantinham
um sistema de lealdade dos moradores (votando em seus partidos e representantes políticos) pela reciprocidade dos donos da terra (que
amparavam seus moradores durante a crise climática).
Mas a seca também gerou motivo político para que os governantes locais conseguissem mobilizar recursos para investimentos em
obras, utilizando os trabalhadores rurais como mãode-obra. Assim, conforme Celeste Cordeiro (2000, p. 140-141), a seca afetaria o sistema
político, pois intensifi cava a dependência local ao governo central; ao mesmo tempo, permitia o favorecimento, a barganha e a corrupção
nas eleições.

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CONHECIMENTOS GERAIS

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CONHECIMENTOS GERAIS
Ainda na opinião de Celeste Cordeiro, a política local possuía Desta experiência vivida entre os territórios cearense e piauien-
características que seriam dadas por essas relações políticas com a se, percebe-se que o litígio é tratado dentro de uma esfera de po-
seca, que em resumo expõe: der que parte do nível local e mais próximo, até o mais distante e
hierarquicamente superior. Sob a influência do litígio, as decisões
“A ausência de autonomia provincial, a dependência agravada referentes ao cotidiano das pessoas e famílias, tais como aquelas
nos períodos de seca, a privatização da política, com seu exercício sobre a propriedade de suas terras são conduzidas em níveis locais
admini trado a partir de interesses familiares, a utilização dos par- e mais próximos, tomando encaminhamento diferente se fossem
tidos com objetivos de manutenção do mandonismo local, a impo- conduzidas ao nível das decisões superiores e distantes. Por exem-
tência do eleitor sertanejo, a força policial como extensão do po- plo, em 1721, a metrópole portuguesa já havia se decidido em favor
der dos ‘coronéis’, a vitória política como legalização do arbítrio, o do Ceará para ter direito sobre o território de Crateús. Entretanto,
controle total dos postos da administração, da professora ao juiz, a determinado proprietário, ao adquirir terras no local, recebeu confi
violência como forma mais efi caz de intimidação dos adversários.” rmação de propriedade do representante de Oeiras, província do
(2000, p.77) Piauí, tal como se pode verifi car no seguinte depoimento:

Vê-se, portanto, a política sendo assentada em base territorial, “[...] Garcia de Ávila Pereira, da Casa da Torre, compra um ex-
fazendo com que houvesseuma disputa por territórios entre dife- tenso vale do Crateús, com área de 180 quilômetros de comprimen-
rentes grupos de poder. Tais fatos, certamente, vinhamcontribuir to por 120 km de largura, pela quantia de 4.000 cruzados. A posse
com a emancipação dos municípios e com o surgimento de discor- lhe foi conferida pelo Ouvidor de Oeiras, [...] A escritura trazia chan-
dância em relaçãoàs fronteiras, a princípio entre as fazendas, de- cela do Ouvidor de Oeiras, sede então da vasta capitania do Piauí
pois provocando litígios entre os estados e osmunicípios. [...].” (op.cit., p.26).
Vários foram os momentos políticos que, durante o Império,
romperam disputas regionaise locais. Para citar apenas os mais im- Tais terras foram adquiridas posteriormente por D. Luiza Coe-
portantes, Cruz Filho (1966, p.39-40) faz menção às Vilasde Crato e lho da Rocha Passos da Casa da Torre (Garcia D’Ávila), na Bahia, para
de Icó, com o movimento revolucionário separatista de 1824, nas- o desenvolvimento da pecuária e foram elas que deram origem aos
cido em Pernambuco, intitulado a Confederação do Equador. Em atuais Municípios de Crateús e Independência. A fazenda denomi-
sentido contrário, em 1831, a guerra civiliniciada por Pinto Madeira, nada Piranhas, situada às margens do Rio Poty, originou o povoado
ao sul do Estado do Ceará, na Vila de Jardim, procurava restauraro de mesmo nome, onde foi erguida a capela de Piranhas em 1770,
Império, avançando sobre o Crato, com uma ação violenta de saque marco para o desenvolvimento do povoado que, posteriormente,
e depredação. foi elevado à categoria de Vila, pelo Decreto Regencial de 6 de ju-
Portanto, não é por acaso que no século XIX, tenha se ‘resol- lho de 1832, recebendo a denominação de Príncipe Imperial, nome
vido’ uma antiga divergênciareferente ao litígio das terras entre o com que se pretendeu homenagear o jovem Imperador.
Piauí e o Ceará, que culminou no acréscimo da porçãosudoeste do Este território foi anexado defi nitivamente, ao Estado do Ce-
Ceará, quando fora incorporada, em 1880, parte do território da ará, em troca de uma parte doMunicípio de Granja (Vila de Amar-
Vila de Marvão,pertencente ao Estado do Piauí e que dera origem ração), localizado na barra do Rio Parnaíba. Conforme oargumento
às Vilas de Crateús e de Independência,conforme já foi citado. da época, tal abertura para o litoral seria de relevante importância
O litígio, é confi gurado quando no processo de negociação para a província do Piauí, devido às possibilidades de relação direta
as partes interessadas nãochegam ao consenso na defi nição das com a metrópole portuguesa e demaismercados europeus.
fronteiras, limites e divisas. Entre o Piauí e o Ceará, eleteve início O povoado de Amarração foi uma estratégia de ocupação ter-
na Serra da Ibiapaba, enquanto local e território de resistência in- ritorial que partiu da Igreja, por meio da ação dos padres, em 1823,
dígena à colonização portuguesa, que perdurou por mais de meio que ampliou sua freguesia com a realização de batizados e casa-
século (PINHEIRO, 2000). Contudo, após acapitulação indígena aos mentos, passando a exercer infl uência direta sobre seus habitan-
portugueses, tal território passou a ser do interesse dos maranhen- tes. Como desdobramentos políticos e econômicos, fundados na re-
ses,que estavam sob a infl uência holandesa, disputando tal área lação comercial do povoado com a cidade de Granja, a Assembléia
com a metrópole portuguesa. Tallinha de raciocínio foi observada Provincial do Ceará elevou o povoado à categoria de distrito (Lei
nos fatos relativos à ordem do rei de Portugal que, em determinado nº 1.777, de 29 de agosto de 1865). Após nove anos, o distrito foi
momento, decidiu a polêmica entre os dois governos (Maranhão e transformado em Vila (Lei nº 1.596, de 5 de agosto de 1874), sendo
Pernambuco), sendofavorável ao Ceará, na época, província subor- instalada somente em 23 de julho de 1879 pelo presidente da Câ-
dinada a Pernambuco: mara Municipal de Granja, de cujo território havia sido desmembra-
do. Contudo, em 1880, a província do Piauí reivindica a sua posse e
“Em 31 de outubro de 1721, [...] pareceu ao El Rei ordenar, que seu território foi então anexado ao desta província, mediante a lei
dita aldeia fi que como dantes no domínio desse governo de Per- geral nº 3.012 de 22 de outubro de 1880, na ocasião de anexação
nambuco e capitão–mor do Ceará, e que se suspendam por ora as das Vilas de Crateús e Independência ao Estado do Ceará.
ordens de se unir ao Maranhão.” (TORRES, 1988, p.26) Ainda neste período, a título das conquistas políticas sobre o
governo central e comoresultado das exportações cearenses de al-
O representante da capitania do Piauí, ainda insatisfeito, e, jun- godão para os ingleses, realizaram-se diversos investimentos públi-
tamente com o governador do Maranhão, recorreu à Coroa solici- cos e privados que visaram apoiar a economia do algodão. Já em
tando o reconhecimento de seus direitos sobre o território da Serra 1857, antes doauge da economia algodoeira (durante 1860 e 1865),
da Ibiapaba e do distrito de Crateús. Tal polêmica perdurou, por foi inaugurado o Trapiche do porto de Fortaleza. Dezoito anos após,
mais de 30 anos, quando a decisão régia pendeu a favor do Ceará. o primeiro trecho da estrada de ferro de Baturité foi entregue pa-
raligar Arronches (Parangaba) a Mondubim e a Maranguape. Em
1876, Pacatuba estaria sendobeneficiada pela ferrovia.

83
CONHECIMENTOS GERAIS
O trecho até Baturité, somente concluiria-se em 1882, no mesmo anoem que se disponibilizava o telégrafo por cabo submarino, me-
lhorando a comunicação entreFortaleza e o sul do país, bem como com a Europa. O ramal da ferrovia Camocim a Granja havia sido ligado
um ano antes (1881) (IPLANCE, 1982).
Toda essa infra-estrutura e essa melhoria das comunicações representavam dupla possibilidade: o ir e vir das mercadorias e o trans-
porte de passageiros. A ferrovia e suas estações foram muito utilizadas para a imigração dos cearenses e para tentativa política de controle
da migração vinda do interior do Estado para Fortaleza e seu destino final, ao norte ou ao sudeste do país. Com isto, muitos dos imigrantes
que deveriam apenas fazer um trampolim nas cidades menores, permaneceram ali. Tais fatos viriam modifi car o processo de erguimento
dos povoados em vilas, com suas emancipações políticas.
Diferentemente deste desenvolvimento econômico e de infra-estrutura neste período, não havia um sistema de organização da di-
visão político-administrativa; para cada novo município correspondia uma legislação individual, tendo por base as Leis Provinciais, os
Decretos Leis e as Resoluções.

O Período Relativo à República Velha


Entre 1890 e 1929, cerca de 40 anos após o conturbado período político imperial, vive-se uma nova fase do algodão na economia ce-
arense, aquela voltada para seu mercado interno de beneficiamento industrial, a criação de novos municípios foi equivalente à registrada
no Império, quando se faz a relação entre o número de anos do período com as emancipações ocorridas. Foram criados 23 municípios,
vindo a se consolidar 87 municípios no território cearense (Quadro 3 e Figura 5).
Desta vez, o destaque é dado a Baturité, que serviu de exemplo tanto na expansão econômica quanto populacional e, portanto, no
desmembramento territorial. Isto porque, possuindo uma economia voltada para produção cafeeira, ela foi fortalecida pela produção
algodoeira, possibilitando seu crescimento populacional.
De acordo com informações populacionais de 1804, Baturité não figurava entre as principais Vilas do Estado, bem como em 1860 não
estava entre as principais áreas produtivas. Em 1872, já era a segunda vila produtiva com maior contingente populacional, atingindo 27
mil habitantes (Tabela 2). A população de Baturité passou a fi xar-se ali como resultado da economia algodoeira, dando origem a cinco
municípios desmembrados de seu território no início da República, no ano de 1890: Mulungu, Aratuba, Aracoiaba, Pacoti e Guaramiranga.

84
CONHECIMENTOS GERAIS
A infra-estrutura básica do Nordeste foi implantada nos perí-
odos de secas, contando com as instituições federais, construindo
não apenas açudes, mas estradas, campos de pouso, reservatórios
d’água, cercas nas propriedades privadas e etc. De acordo com
IPLANCE: “a infra-estrutura física, como elemento de base para o
desenvolvimento das relações econômicas, evoluiu rapidamente
desde fi ns do século passado [XIX], progredindo para o nível de
atividade contínua a partir de 1909, com a criação da Inspetoria de
Obras Contra as Secas (IOCS atual DNOCS) [...].” (1982, p.58).
Tais instituições, criadas em resposta às crises climáticas nor-
destinas, de certo modo, favoreceram a ocupação mais consolida-
da do território regional, contribuindo para a demarcação de suas
fronteiras, tal como textualmente revela Costa:
“A delimitação das fronteiras político-administrativas do Nor-
deste é acionada principalmente na esfera política, sendo o Estado
nacional seu protagonista mais significativo. As ações de socorro
ao fl agelo em tempos de seca, a criação de instituições como o
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, o Instituto do
Açúcar e do Álcool, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do
São Francisco, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco, o Ban-
co do Nordeste do Brasil, culminando com a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste, a qual está diretamente ligada a de-
marcação das atuais fronteiras do Nordeste, são exemplares desse
protagonismo.” (2005, p. 38)
A dependência da província cearense dos recursos centrais não
se limitava à questão das crises climáticas. A sedição de Juazeiro do
Norte, conduzida por Padre Cícero entre 1912 e 1914, constitui-se
um exemplo da repressão do poder constituído e uma consequên-
cia negativa dessa dependência ao poder centralizado. Desta vez,
tal confl ito popular motivou a intervenção Federal, em que, como
nos anteriores, o Imperador controlara nomeando 43 Presidentes,
entre 1841 e 1889. O Ceará, como todo o Norte, além de fi car ilha-
do das decisões que favoreciam a economia sudeste (café com lei-
te), não possuía nem o direito de escolher seus dirigentes (CRUZ
FILHO, 1966, p.41-46).
Fatos que viriam justifi car porque tantas pessoas e famílias,
até multidões de cearenses, abandonariam seu lugar de origem em
busca de melhores condições de vida. Assim, com a emigração dos
cearenses, os desmembramentos perderam força, mas, em contra-
partida, a expansão populacional e territorial de Fortaleza tornara-
-se bastante visível.
As estatísticas populacionais no Brasil vieram melhorar com a
criação do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em
1939. Entretanto, com as fontes disponíveis, constata-se o cresci-
mento populacional vertiginoso do Estado no início do século XX,
cuja população viria a concentrar-se, notadamente, em Fortaleza.
Desde 1860, verifi cava-se que a população de Fortaleza torna-
ra-se a mais representativa do Estado. Assim, entre 1890 e 1920, a
Na crítica de Andrade (1995, p. 56 a 58), a República não viria população estadual mudou de 806 mil para 1.319 mil habitantes,
atender às expectativas dos que defendiam a necessidade de uma enquanto Fortaleza variou de 41 mil para 79 mil habitantes. Mas,
Reforma Agrária no Brasil. Ao contrário, a Constituição de 1891 re- duas décadas depois, em 1940, a população cearense quase dupli-
forçou o fato de as terras públicas continuarem sob o poder dos cara (chegou a 2.091 mil pessoas), enquanto a fortalezense crescera
Estados, de seus coronéis e currais eleitorais, reforçando o destino duas vezes mais (180 mil hab.) (SILVA, 2000, p.221).
traçado, em 1850, pela Lei das Terras, que era de concentrar terra Apesar de todo este crescimento populacional e de novos fatos
na mão dos poderosos. Portanto, os confl itos pela terra persistiram, econômicos, durante o período da República Velha ainda não havia
a exemplo da Guerra dos Canudos, na Bahia, entre 1896 e 1897. sido concebido um sistema de organização da divisão político-ad-
O sistema político local continuava utilizando suas estratégias ministrativa para dar condução ao intenso processo de criação, ex-
de obter recursos federais mediante o apelo social e o drama da tinção e restauração de municípios, o qual permanecera da mesma
seca. A política hidráulica, que havia sido iniciada no século XIX, se forma do período anterior (desordenada e conflituosa).
amplia com a criação da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS)
em 1909.
Entretanto, mais uma vez, tais benefícios políticos viriam favo-
recer as oligarquias dominantes.

85
CONHECIMENTOS GERAIS
A Era Vargas e da República Populista
Este período que compreende o Estado Novo até a Ditadura Militar, ou seja, de 1930 a 1963, foi marcado por grandes transformações
políticas, sociais e econômicas, com fortes impactos sobre o território e a população
Ainda no período da Segunda Guerra, o governo populista de Vargas apóia a emigração demilhares de cearenses e nordestinos para
a Amazônia. Tais imigrantes viriam formar o chamado exército da borracha, pois foram trabalhadores que atuaram como em regime de
guerra, naexploração da borracha, visando o comércio externo. Para tanto, havia sido criada, em 1942, ainstituição Serviço Especial de
Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA) e aHospedaria Getúlio Vargas para os imigrantes em Fortaleza, em 1943 (IPLANCE,
1982).
A população recenseada pelo IBGE, entre 1950 e 1960, mostrou que, apesar da forte perda populacional pela migração e pelas altas
taxas de mortalidade, ainda assim, tinha-se um crescimento expressivo da população urbana e rural.
Pode-se explicar este fato por ser nos anos 50 o período em que se inicia o processo deurbanização no Ceará, quando chega à maioria
das cidades médias a energia da Hidroelétricade Paulo Afonso. É também o tempo de uma nova institucionalização com uma linha maisde-
senvolvimentista do Estado, onde são criados o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE), por exemplos (IPLANCE, 1982).
Foi o momento mais marcante para a industrialização cearense e nordestina, após a políticanacional de regionalização dos recursos
Federais via novas instituições (BNB, SUDENE), queviria transformar as relações sociais e de poder local e, com elas, o espaço.
Assim, deu-se o início da urbanização verifi cada durante os anos 1950 e 1960, embora acaracterística da maioria das sociedades ce-
arenses ainda fosse rural, pois boa parte dos municípios ainda concentrava sua população nessas áreas e, apenas algumas principais cida-
dese outras recém emancipadas, possuíam esse atributo urbano. Em 1950, Fortaleza e Juazeirodo Norte destacavam-se neste processo de
urbanização, com taxas superiores à metade da população total. Em seguida, vinham Camocim, Sobral, Crato, Aracati e Maranguape, que
nãochegaram a 40% de urbanização. Alguns municípios com mais de 50 mil habitantes, considerados populosos para a época, contudo,
ainda eram predominantemente rurais, por exemplo,Cascavel, Acaraú e São Gonçalo do Amarante (Tabela 3).
O processo de urbanização parecia irreversível, pois alguns municípios que sofreram perdas populacionais, motivadas pelo desmem-
bramento de parte de seu território, continuaramcom sua população urbana em crescimento e, portanto, elevando a participação desta
sobreo total. Um exemplo deste fato pode ser visto em Camocim, que sofreu um desmembramentono período, relativo à Chaval; portanto,
sua população total em 1960 foi subtraída em 4.663pessoas, em relação a 1950, porém sua população urbana aumentou na mesma déca-
da de 1.385pessoas. Russas, Icó, São Benedito, Cascavel, Canindé, Itapajé e Tauá são outros casos com omesmo fenômeno de urbanização,
apesar da emancipação de municípios provenientes deles.
Mas poucos foram os casos onde a população total e urbana declinaram: Granja, Baturité e São Gonçalo do Amarante.
Tal pressão demográfi ca nem sempre era acompanhada dos recursos necessários para as necessidades básicas da população, seja
pela centralização Federal ou pela política clientelística local que favorecia seus apadrinhados. E esta função político-administrativa viria a
fazer diferença nas questões de emancipação, que colocaram em segundo plano a ordem econômica.
Assim foi esta a conclusão do IPLANCE (op. cit., p.63) à respeito da formação de cidades, onde, “as cidades brasileiras, de uma maneira
geral, e as cearenses, em particular, foram criadas com a função predominantemente de controle, não um controle mercantil de explora-
ção, mas principalmente político-administrativo”.

86
CONHECIMENTOS GERAIS
É deste período (1930-1963) que fl ui, pela primeira vez, a revisão geral territorial interna e externa, com a preocupação de delimitar,
além das fronteiras nacionais, os limites municipais.
Como já havia sido comentada anteriormente, a criação do IBGE foi um grande marco desta política territorial. O controle sobre a po-
pulação sobre o território viria dar força e prestígio a esta instituição, responsável pelo recenseamento, estimativas populacionais e cartas
geográfi cas, cujas bases de toda política territorial de distribuição dos recursos estaduais e municipais estavam centralizados no governo
federal (ANDRADE, 1995, p.121).
A centralização do poder, característica deste período, não foi um fato novo para os brasileiros. Contudo, a visão intervencionista do
Estado na economia e a versão populista do governo e da política fizeram toda a diferença, conduzindo a novos fatos, inclusive de cunho
territorial.
No Estado Novo e na República Populista, o desmembramento chegou a 54 novos municípios,totalizando 141. Neste último período,
a fragmentação territorial ocorreu com maior densidade emalguns anos, uma vez que durante 20 anos (1930 até 1950) ocorreu a criação
apenas do Municípiode Baixio, em 1932, desmembrado de Lavras da Mangabeira. Constata-se uma concentração nacriação de municípios,
em dois anos desse período: em 1951, com onze emancipações, e em 1957,com 29 emancipações. Os municípios restantes foram criados
em 1953 (dois), 1956 (cinco), 1958(cinco) e um município no ano de 1959 (Quadro 4 e Figura 6)

87
CONHECIMENTOS GERAIS

A Ditadura Militar e a Nova República


Considerando o longo período de 1964 aos dias atuais, pode-
-se resgatar pelo menos três grandes momentos políticos, que, de
certo modo, estão diretamente ligados ao movimento de fragmen-
tação territorial do Ceará.
No primeiro momento, o regime militar em seus dez “anos de
chumbo”, entre 1964 e 1974, teve por característica principal a cen-
tralização política, a repressão das liberdades individuais regimen-
tada nos anos de 1964 a 1967 pelos Atos Institucionais (1, 2, 3 e 4).
Originário de Uruoca, Campanário foi o único município criado
neste período pela lei n.º 7135 de 10/01/1964, sendo extinto em
14/12/1965 pela Lei n.º 8.339 juntamente com os municípios do
Quadro 5. A Lei Complementar Nº 1 de 1967, volta a definir critérios
para a criação de municípios como forma de ordenar a evolução
política do Estado.
O Ato Institucional nº 5 de 1968, conhecido como AI 5, foi o
mais abrangente e autoritário de todos os outros Atos Institucionais,
fechou o Legislativo, suspendeu os direitos políticos e as garantias
constitucionais, deixou os estados e municípios sob intervenção fe-
deral, resultando na paralisação do processo de emancipação mu-
nicipal em todo o país.

O surgimento de novos municípios acontecera em 8 das 16 cé-


lulas básicas originais do Estado, onde Lavras da Mangabeira, Gran-
ja, Sobral , Russas e Tauá estãodentre aquelas com maior número
de desmembramentos. Embora não conste comomunicípio origi-
nal, Limoeiro do Norte foi a célula em que ocorrera maior número
dedesmembramentos no período, dando origem a três novas uni-
dades administrativas.
Na centralização administrativa, emerge uma contradição no
processo de desmembramento dos municípios. Há um movimento
que procura a fragmentação, visando autonomia e decisão própria
sobre os destinos de seu território e de sua população, querendo
fugir do descaso municipal em que se encontrava na forma de po-
voado ou de distrito. Alguns municípios, contudo, por serem tão
minúsculos (econômica e demograficamente), persistem na depen-
dência direta dos recursos federais e, posteriormente, tendem a
serem extintos, tal como fora observado pelo IPLANCE:
“[...] a centralização no tocante à elaboração de planos, pro-
gramas e projetos a nível federal, contribui para que os municípios
percam cada vez mais a sua autonomia. Em contrapartida, certos
municípios, não apresentando o mínimo de condições de sobrevi-
vência, tornam-se um ônus para a União, que os extingue.” (1982,
p. 62).
Foi o que aconteceu com 160 municípios criados, no período
de 1958 a 1963, que não chegaram sequer a serem instalados. Des-
tes municípios, 9 foram criados entre os anos de 1958 e 1962 e os
151 restantes no ano de 1963, não sendo, portanto, contabilizados
nas análises anteriores (Quadro 5).
Nas décadas seguintes, entre os anos 1970 e 1980, durante a
ditadura militar, a urbanização tomou um forte impulso, bem como
a metropolização de Fortaleza.
A centralização do poder implicou na centralização dos investi-
mentos públicos e privados no espaço urbano.

88
CONHECIMENTOS GERAIS

Os dez anos seguintes, de 1975 a 1985, foram marcados pelo


agravamento da crise econômica, com o aumento da inflação, da dí-
vida interna e externa, resultando em recessão e no final do milagre
econômico. A pressão social e política aumentou com as demandas
populares por maiores liberdades que desestabilizavam o governo
brasileiro no fim da década 70.
Inicia-se, então, lenta e gradualmente, a transição para a de-
mocracia com reformas políticas e econômicas, visando a reestrutu-
ração do Brasil. Temos como exemplo a revogação do Ato Institucio-
nal nº 5 (AI 5) em 1978; a Anistia Geral e Irrestrita, a todos os presos
políticos; a implementação do pluripartidarismo; e, no ano de 1982,
a realização das eleições direta para Governadores dos Estados.
Nova alteração na divisão político-administrativa ocorreu so-
mente em 1983, já no período de abertura política, com uma úni-
ca emancipação do município de Maracanaú, desmembrado de
Maranguape, fato explicado pela alta concentração populacional
e industrial. Neste ano, tem início o movimento da sociedade civil
pelas Diretas-já, sendo, no ano seguinte, apresentada e rejeitada a
Emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das
eleições diretas para Presidente da República.
Depois desta fase, tem início no ano de 1985 a Nova República,
momento de transição democrática e de abertura política, consoli-
dada com a convocação da Assembléia Constituinte que elaborou
e promulgou a Constituição Federal de 1988, grande marco na re-
democratização brasileira, quando importantes avanços políticos e
sociais são conquistados.
Neste período, também considerado um outro intervalo políti-
co favorável às emancipações municipais, até 30/06/1988 e ainda
anterior a Constituição de 05/10/1988, 36 distritos foram elevados
a categoria de municípios (Quadro 6 e Figura 7)

89
CONHECIMENTOS GERAIS
Na sequência, a Constituição Federal institui novas regras de
emancipação dos municípios, descentralizando as competências
para esfera estadual e municipal. A Constituição Estadual de 1989
regulamenta parcialmente o processo de ordenamento territorial.
Depois deste momento, foram emancipados somente seis municí-
pios.
Assim, 43 novos municípios obtiveram autonomia politico-ad-
ministrativa durante todos os anos posteriores ao Golpe Militar de
1964, totalizando os atuais 184 municípios cearenses (Quadro 6 e
7, Tabela 4 e Figura 7 e 8).

Merece destaque que, à exceção de sete municípios (Barrei-


ra, Eusébio, Banabuiú, Barroquinha, Jijoca de Jericoacoara, Itaitin-
ga e Fortim) todos os outros 36 municípios criados nesteperíodo,
haviam sido extintos pela Lei Nº. 8.339 de 14/12/1965. Os outros
municípios extintospor esta mesma legislação, também entraram
com processo de emancipação na AssembléiaLegislativa. Mas foi
o momento em que o Executivo encaminhou para o Legislativo a
LeiComplementar Nº 1 (de 5/11/1991) com definição de critérios
necessários para a emancipaçãomunicipal, visando a regimentação
e o ordenamento para estas pretensões de emancipação

90
CONHECIMENTOS GERAIS
Acompanhar toda essa transformação sócio-territorial por ins-
trumento legal seria desejável, porém, não necessariamente pos-
sível. Isto porque a legislação é fruto de uma ordem políticadomi-
nante que tende a conservar as relações de forças em seu benefício
e reverter as que lheacarretam prejuízo. Então, compreende-se
melhor porque permanecem tão longos períodos emtotal descaso
institucional, quando outros, bastante curtos, estão repletos de ins-
trumentos legais. É, portanto, esta a discussão que se remete para
a análise fi nal a respeito da fragmentaçãodo espaço cearense, ao
longo de sua história até os dias atuais.

As Transformações Ordenadas com Base Legal


As emancipações municipais requerem decisões administrati-
vas e políticas. Necessitam de base legal que defi na critérios para a
criação de municípios, determine os limites municipais e consolide
o território como um todo. Mas tal processo não é tão ordenado e
contínuo, temporal e geografi camente falando, como espera-se ou
supõe os menos avisados.
Já comentou-se bastante a respeito das razões que emergiram
para as decisões políticoadministrativas ao longo do processo de
fragmentação do território cearense. Entretanto, especifi camente
quanto ao aparato legal, é preciso que se detalhe melhor a proble-
mática relativa às fronteiras municipais.
A questão legal é um assunto específi co do problema de
fronteiras, ao permitir solução para sua delimitação precisa. Isto
porque, as leis tanto podem surgir individualmente, atendendo
situações particulares dos municípios, como podem corrigir e re-
Nestes últimos quarenta anos, perceberam-se mudanças po- gular todas as confi gurações municipais, dirimindo problemas e
líticas, econômicas e sociais,que espacialmente se fi zeram visíveis ordenando todo o território. No caso cearense, houve período sem
dentro e no entorno das grandes e médias cidades, sem,necessa- qualquer regulação geral, sendo poucas as iniciativas neste sentido,
riamente, terem relação com o território estadual como um todo. acentuando a importância dessa base legal de acordo com a evolu-
E, assim, o processode emancipação dos municípios que possuía ção político-administrativa.
um maior estreitamento com a economia ruralsofreu uma mudan- Antes de entrar nos detalhes do caso cearense é importante
ça considerável ao fi car mais intimamente relacionado à urbaniza- citar que, no Brasil, os Governos Estaduais seguem, mais ou menos,
ção e àterceirização. Com relação à industrialização, nota-se uma o parâmetro nacional da questão territorial tratada em sete consti-
relativa infl uência somente na fasemais recente, revelando-se mais tuições republicanas,51 assim como foi no período do Império, com
como uma tendência dos anos 90, e da metropolização comoconse- a pequena abertura introduzida na Constituição de 1824.
quência da reestruturação produtiva e de abertura de mercado, em O que há de comum nas Constituições Brasileiras sobre o as-
resposta à crise capitalista mundial. sunto do território é a relativa autonomia que se dá ao município,
Em 2000, segundo censo demográfi co do IBGE, tanto a ur- exceto na Constituição de 1937, durante a ditadura populista. Na
banização estaria sendo generalizada, quanto permaneceria uma sequência dos grandes períodos do Estado Brasileiro, o ordenamen-
concentração populacional metropolitana numa relativarede de to territorial sofreu diversas alterações. O sistema de transferências
cidades médias. Apenas 15 dos 184 municípios possuíam taxa de de recursos, por exemplo, foi criado por ocasião da Constituição de
urbanização inferiora 30%. Ao mesmo tempo, 116 municípios es- 1946. Mas a Ditadura Militar modifi cou as regras institucionais de
tavam com sua população rural passando por taxasnegativas, ou transferências e de fragmentação do território, entre 1964 e 1982,
seja, o fenômeno da urbanização ainda não se completou, mas está destacando-se a perda de competência dos Governos Estaduais
bastante avançado. Logo, é coerente dizer que a urbanização este- para regulamentarem o assunto.
ja afetando, inclusive, a formação dos novosmunicípios (IPLANCE, Com a Constituição de 1988, surge um novo pacto federativo,
2002, p. 194-196). ampliando os recursos fi scais e a competência tributária dos Esta-
Aracati, Aquiraz, Sobral, Quixeramobim, Guaraciaba do Norte, dos e Municípios.
Itapipoca foram os municípios dos 16 originais que sofreram frag- A descentralização de recursos fi scais transferidos para os
mentação territorial neste período. Além de densamente povoa- municípios é uma característica da Nova República, destacando-se
dos, possuíam um território expressivo, passível de desdobramen- ainda a autonomia de defi nição de critérios para a criação de mu-
tos. Seriam, noentanto, as razões políticas e econômicas mais fortes nicípios em lei estadual e lei municipal para a criação de distritos.
que estariam subjacentes ao fenômenourbano e populacional. O Estado perdeu o poder formal de decisão interna aos muni-
A redemocratização do país, com a Constituição Federal (1988), cípios, em compensação assumiu a liderança nas transferências do
gerou mais expectativasdo que realizações. Ainda assim, o diálogo Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal
pode ser considerado aberto, bem como a participação popular nos fonte de renda dos pequenos municípios, voltando a regulamentar
movimentos sociais e urbanos. E com isto, também muda o proces- a criação de municípios.
so deemancipação dos municípios, inclusive na sua forma legal, que Tal descentralização motivou o aumento da quantidade de des-
corresponde aos costumes eusos vigentes de cada época. membramentos municipais tal como pode-se acompanhar no de-
senrolar das emancipações cearenses, tendo em vista a perspectiva
de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

91
CONHECIMENTOS GERAIS
Tais fatos recentes estimularam uma nova onda de fragmen- Esta lei, de 1951, descreve os limites dos 99 municípios e de
tação em todo território nacional, fazendo que o governo federal, 545 distritos cearenses existentes àépoca, determinando também
a exemplo do governo cearense da época, emitisse medidas de o impedimento de alterações na divisão territorial e administrativa
controle e restritivas, criando a Emenda Constitucional Nº 15/1996 até31/12/1953. Dos municípios consolidados em 1938 e em 1943,
(TOMIO, 2005, p.2-3, 8-9). foram alteradas algumas toponímiase emancipados 11 municípios,
tais como: Barro, Capistrano, Cariús, Chaval, Frecheirinha, Irace-
A Legislação Territorial ma,Itatira, Jatí, Marco, Monsenhor Tabosa e São Luís do Curu. Os
Ao longo desta investigação, procurou-se ter o cuidado de mos- municípios de Beberibe, Meruoca,Porteiras, Trairi, criados anterior-
trar que para cada município cearense emancipado corresponde mente, porém sem constarem nas três consolidações anteriores,
uma lei de criação e outra de consolidação, conforme os Quadros 1 foramincluídos no quadro territorial de 1951. O município de Para-
a 4, que também revelam durante longos anos a não preocupação, curu voltou a ser consolidado por esta Lei.
de adotar critérios ou de ordenar tal processo de fragmentação do Esta é a legislação mais completa de consolidação do quadro
território como um todo. territorial do Estado e, pode-se dizeraté em termos de parâmetros
No Estado Novo, foi criada legislação dispondo sobre a divisão técnicos para o ordenamento territorial. No Art. 1º, parágrafos 1º
do território (o DecretoLei nº 193 de 20/05/1931), sendo este o pri- e 2º,está determinado um fato relevante na realização de trabalho
meiro instrumento normativo da divisão territorial e administrativa técnico, conforme transcrição do Diário Oficial do Estado do Ceará
do Ceará. Apesar de introduzir um novo regime na ordenação do do ano de 1952:
território, manteve o mesmo contexto de criações, extinções e res- “§1º - Não constituem alteração os atos interpretativos de
taurações de municípios e com alterações de topônimos. linhas divisórias intermunicipais e interdistritais, que se tornarem
Mas esta legislação teve pouca duração sendo revista logo a se- necessários para melhor e mais fi el caracterização destas linhas,
guir, pois fi cou em desacordo com o Decreto Federal nº 20.348 de à luz de documentação geográfi ca ou cartográfi ca mais perfeita,
29/08/1931, baixado três meses depois ordenando a descrição dos desde que da interpretação não resulte um deslocamento tal da
limites, que deviam seguir os acidentes naturais, dando praticida- uma divisória que qualquer cidade ou vila, saia do seu âmbito
de à população quanto ao acesso aos serviços públicos. O Decreto municipal ou distrital.”
Estadual nº 1.156, de 04/12/1933 defi niu, parcialmente, os limites “§2º - Mediante licença da Assembléia Legislativa, poderão os
administrativos municipais, consolidando 66 (75%) dos 88 municí- Municípios fi rmar acordos para modifi car os seus limites.”
pios existentes no Ceará.
Mesmo ordenando boa parte do território cearense, a legisla- Então, conforme determinam estes parágrafos da legislação,
ção de 1933 ainda não defi nia critérios gerais, pois se aplicava ape- são válidas as interpretações técnicas e os ajustes realizados visan-
nas a alguns casos conhecidos. E, assim, em 1938, fez-se necessário do uma melhor confi guração do território e representação carto-
um Decreto Federal (nº 311 de 02/03/1938) dispondo sobre a divi- gráfi ca.
são territorial do país e defi nindo os requisitos fundamentais para Também vale ressaltar a importância da Assembléia Legislativa
o seu ordenamento. A partir de então, o quadro territorial vigente na ofi cialização dos acordos realizados entre os municípios, visan-
só poderia ser alterado pelas leis gerais quinquenais e determinan- do a preservação da identidade cultural e política das populações,
do a exigência da confecção de um mapa, no intervalo máximo de assim como a facilidade e o histórico administrativo.
um ano para cada novo município criado (MAIA, 1992) (ANEXO A). A partir de 1953, os municípios criados possuem uma legisla-
Tendo em vista o cumprimento do referido Decreto Federal, foi ção que defi ne apenas o seu território, sem alterar a descrição dos
homologado o DecretoEstadual nº 448, de 20/12/1938, que modifi limites dos municípios vizinhos. De 1953 à 1959, foram criados 42
cou alguns topônimos e fi xou os limites de 79 municípios e 388 municípios, Entre 1983 e 1992, 43 novas unidades administrativas
distritos cearenses, com vigência de 01/01/1939 a 31/12/1943. Esta obtiveram autonomia perfazendo um total de 184 municípios, sen-
legislação foieditada pelo Interventor Federal no Estado do Ceará do que deste total, 85 municípios com a legislação defi nidora dos
Francisco Menezes Pimentel, momentoem que a nova divisão polí- limites desatualizada, ampliando mais ainda o problema de defasa-
tico-administrativa entrou em vigor em todo o país. gem de legislação com suas consequências refletindo na imprecisão
Na divisão administrativa de 1938, foram consolidados 14 mu- das fronteiras municipais cearenses (Figura 9).
nicípios deixados de ladoem 1933, apesar de terem sido criados por Ressalte-se que o descontrole na criação de municípios pode
leis anteriores, quais foram: Araripe, Boa Viagem,Cariré, Coreaú gerar consequências mais sérias, tal como ocorreu no fi nal da déca-
(antiga Palma), Farias Brito (Ex-Quixará), Ipueiras, Jaguaretama (Fra- da 50 até o ano de 1964, quando foram criados 161 municípios sem
de), Pacajus (Guarani), Pedra Branca, Pentecoste, Reriutaba (Santa qualquer critério de emancipação ou de defi nição das linhas de di-
Cruz), Saboeiro, São Gonçalo doAmarante (São Gonçalo) e Solonó- visas, sendo extintos pela Lei Estadual nº 8.339 de 14/12/1965. Esta
pole (Cachoeira). Ressalte-se, contudo, o caso de Paracuruque ten- é uma situação que representa instabilidade política e fi nanceira
do sido consolidado em 1933, não permaneceu nesta situação em que faz sofrer a população local e desgasta toda a gestão municipal.
1938.
O Decreto Estadual nº 1.114 de 30/12/1943 veio cumprir a
determinação de leis quinque-nais, embora sem criar ou extinguir
qualquer município, cujas alterações eram previstas parasomente o
quinquênio de 1944/1948, mas permanecendo em vigor até a Lei
nº 1.153, de22/11/1951. Mencionada lei de 1951, ao contrário da
anterior, foi prevista para abranger somente doisanos, mas até hoje
não foi atualizada ou substituída, mantendo-se em vigência ape-
sar dos inúmerosproblemas decorrentes desta defasagem (MAIA,
1992).

92
CONHECIMENTOS GERAIS
Em novembro de 1991, foi homologada a Lei Complementar
nº 1 de 5/11/1991, pioneira no paísem disciplinar e regimentar o
processo de criação dos municípios. Dentre os requisitos constam:
aexigência de população igual ou superior a 1,5 (um vírgula cinco)
milésimo da população do Estado,com no mínimo vinte por cento
de eleitores; com distrito defi nido por lei e centro urbano consti-
tuído,com no mínimo 400 prédios construídos; renda tributária de
no mínimo dez milésimos por cento daarrecadação tributária do
Estado, permanecendo esta condição para o município do qual está
sendodesmembrado o distrito.
Os requisitos defi nidos nesta Lei barraram uma avalanche de
desmembramentos em tramitação na Assembléia Legislativa do Es-
tado na época. Na última década do século XX surgiram apenas seis
novos municípios, não sendo observada nenhuma emancipação no
século atual.
No sentido de controle da criação de municípios na instância
Federal, tal como a Emenda Constitucional Estadual de 1991, foi
sancionada a Emenda Constitucional nº 15 de 12/09/1996, deter-
minando a necessidade da realização de estudos para verifi cação
da viabilidade municipal; a consulta prévia às populações envolvi-
das, mediante plebiscito; além da defi nição de período para criação
de novos municípios, conforme Lei Complementar a ser editada, se-
guindo novamente, desta forma, o percurso do Estado do Ceará.
Até o ano 2009, não foi editada a lei Complementar Federal
para regimentar sobre o assunto, encontrando-se suspensa a cria-
ção de municípios em todo o país.
Considerando que, desde 1991, o Estado do Ceará já havia edi-
tado a Lei Complementar nº 1 que disciplinou o processo de criação
de novos municípios, houve entendimento da Assembléia Legisla-
tiva do Ceará que se pode continuar a criar municípios no Estado
cearense, já que esta temática está devidamente regimentada.
A Lei Federal Complementar nº 1, de 1967, voltou a defi nir Diante deste entendimento, foi aprovada pela Assembléia Le-
critérios para a emancipação de municípios; após esta legislação, gislativa e sancionada pelo Governador do Estado a Lei Comple-
não ocorreu nenhuma alteração na divisão político-administrativa mentar nº 84 alterando e atualizando os requisitos da Lei Comple-
durante os anos 70. A partir de 1983, deu-se início novo processo mentar nº 1 de 05/11/1991.
de emancipação, com a criação de 37 novos municípios, já dentro Após a publicação desta nova legislação, frente à possibilida-
do período de relativa descentralização administrativa e de rede- de de autonomia político-administrativa, foram protocolados, na
mocratização do país, e ainda anterior à Constituição Federal vigen- Assembléia Legislativa do Ceará, pelas lideranças locais, até o mês
te de 5/10/1988 quando a regulamentação da divisão territorial foi de março de 2010, 40 processos que foram encaminhados ao IBGE
transferida para os Estados. e IPECE para a realização dos estudos de viabilidade municipal, e,
No Título III, “Da organização do Estado” e no Capítulo I, “Da mediante o atendimento dos requisitos defi nidos na legislação, a
Organização Político-Administrativa” o Art. 18 defi ne a organização elaboração do memorial descritivo e do mapa do pretenso municí-
político-administrativa, determinando no § 4º essa descentraliza- pio para posterior consulta as populações envolvidas.
ção com participação da população: Essa legislação permite ainda a alteração dos limites municipais
com a incorporação e a fusão de áreas, viabilizando soluções para
“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de as questões de desobediência administrativa e litígios municipais,
Municípios preservarão a possibilitando, desta forma, o reordenamento do quadro político-
continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente ur- -administrativo do Estado do Ceará
bano, far-se-ão por lei estadual, obedecidos os requisitos previstos fonte: https://www.ipece.ce.gov.br/wp-content/uploads/si-
em lei complementar estadual, e dependerão de tes/45/2015/02/Formacao_Territorio_Evolucao_Politico_Adminis-
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações direta- trativa_Ceara_Questao_Limites_Municipais.pdf
mente interessadas.”
Geografia do Ceará
Por sua vez, a Constituição do Estado do Ceará, de 1989, em O governo do Ceará prevê a abertura de diversos editais em
seu Art. 31, defi ne os requisitos para a emancipação de municí- breve, somando àqueles que já se encontram em andamento. O
pios, alterados pela Emenda Constitucional nº 3, de 15/08/1991, conteúdo programático abordado nestas seleções é diverso mas,
que determinou: “nenhum Município será criado sem a verifi cação um tema é recorrente em todas as provas regionais – a Geografia
da existência na respectiva área territorial dos requisitos relaciona- do Ceará. Trata-se da valorização do candidato local, bem como da
dos com a população, densidade eleitoral, infra-estrutura, renda, própria região.
ou potencial econômico e demais critérios estabelecidos em Lei Frente à vastidão de informações, reunimos os principais dados
Complementar”. referentes ao tema neste artigo. Confira, então, um resumo sobre
os assuntos mais cobrados em provas no que toca à Geografia do
Ceará para concursos.

93
CONHECIMENTOS GERAIS
Contexto histórico de formação As figuras são o sol e o farol de Mucuripe; a serra e um pássaro;
Registros a respeito do Ceará começaram a ser documentados o mar e uma jangada; o sertão e uma árvore de carnaúba. As cores
na História Moderna, especialmente, a partir do século XVI. Os pri- da bandeira representam as matas, riquezas naturais e a integração
meiros documentos dão conta de que a região era habitada por di- do estado ao Brasil.
versas etnias indígenas que tiravam seu sustento da extração de re-
cursos naturais, pesca, agricultura e comércio com povos europeus. População
A Capitania do Ceará foi doada ao provedor-mor da Fazenda O povo cearense foi formado pela miscigenação de indígenas,
Real, Antônio Cardoso de Barros, em 20 de novembro de 1535. negros e colonizadores europeus. No entanto, a ocupação do ter-
Posteriormente, chegou a ser anexado à Capitania de Pernambu- ritório deu-se sob a influência pelo fenômeno da seca. De acordo
co mas, foi desagregado em 1799. Nesse período, lutas políticas e com dados do IBGE de 2017, a população cearense é estimada em
movimentos armados provocaram instabilidade que persistiu pelo 9.020.460 habitantes.
Império e Primeiro República. Sua distribuição ocorre de forma desregular, apresentando
O cenário tornou-se estável, apenas, na reconstitucionalização contraste demográfico entre as zonas mais e menos populosas. Os
do Brasil, em 1945. Porém, a atual formação histórica é fruto de principais centros urbanos estão nas cidades de Sobral e Fortaleza,
fatores econômicos, sociais e adaptação à natureza. Nesse quadro, seguidas da Chapada do Araripe, devido à produção agrícola. Des-
destacamos a interação entre africanos, europeus e povos nativos, tacam-se as regiões do Vale do Cariri e Pacajus.
além de sua adaptação à seca. O Ceará tem, atualmente, quinze etnias indígenas nativas reco-
Um fato histórico importante foi que a abolição da escravatura, nhecidas com população estimada de 22.500 pessoas.
em 1884, foi assinada no Ceará.
Fortaleza
Detalhes sobre o estado do Ceará A capital do Ceará é, hoje, a cidade mais importante e populosa
O estado do Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil do estado, com estimativa de 2,6 milhões de habitantes. A cidade
dotado de área territorial com 148.920,538 km². Possui 184 muni- abriga a zona portuária, além de ser responsável pelo entronca-
cípios que abrigam, aproximadamente, 8.452.381 habitantes. Geo- mento viário. A influência fortalezense está, também, na concen-
graficamente, faz limites com o Pernambuco (sul), Paraíba (sudes- tração dos serviços industriais e comerciais.
te), Rio Grande do Norte (leste), Piauí (oeste) e Oceano Atlântico
(norte). Principais cidades
Localizado entre 2°S e 7°S, o Ceará se aproxima à Linha do As cidades mais importantes economicamente e, também, po-
Equador e, por isso, sofre a influência dos ventos alísios, intensifi- pulosas do Ceará, além de Fortaleza, são:
cando o regime eólico. O litoral cearense tem 573km de extensão - Juazeiro do Norte: 270.383 habitantes na região metropolita-
e atrai, anualmente, mais de dois milhões de turistas. A Floresta na do Cariri
Nacional do Araripe, no sul, abriga a maior concentração de fósseis - Caucaia: 362.223 habitantes
do Período Cretáceo no mundo. - Sobral: 205.529 habitantes na região metropolitana de Sobral
O IBGE dividiu o estado em em sete mesorregiões e 33 micror- - Crato: 135.604 habitantes na região metropolitana do Cariri
regiões. O governo do Ceará, por sua vez, o dividiu em oito macror- - Itapipoca: 127.465 habitantes na região norte
regiões e vinte regiões administrativas. Existem, ainda, três regiões - Acopiara: 53.931 habitantes na região centro-sul
metropolitanas –Região Metropolitana do Cariri (RMC), a Região - Aracati: 73.188 habitantes na Vale do Jaguaribe
Metropolitana de Sobral (RMS) e a Região Metropolitana de For- - Quixadá: 86.605 habitantes na sertão cearense
taleza (RMF). - Quixeramobim: 75.565 habitantes no sertão cearense
Coordenadas geográficas: 05º 11′ S 39º 17′ W. - Caucaia: 362.223 habitantes na região metropolitana de For-
taleza
Bandeira do Ceará - Eusébio: 52.667 habitantes na região metropolitana de For-
taleza
- Horizonte: 65.928 habitantes na região metropolitana de For-
taleza
- Maranguape: 126.486 habitantes na região metropolitana de
Fortaleza
- Maracanaú: 224.084 habitantes na região metropolitana de
Fortaleza
- Aquiraz: 79.128 habitantes na região metropolitana de For-
taleza
- São Gonçalo do Amarante: 78.265 habitantes, sede do Com-
plexo Industrial e Portuário do Pecém

Relevo
O relevo cearense é caracterizado pelos planaltos, várzeas, pla-
nícies, serras e sertões, além de chapadas e cuestas. É delimitado, a
oeste, pela Cuesta da Ibiapaba; a leste, pela Chapada do Apodi; ao
A primeira versão da bandeira do Ceará foi adotada em 25 de sul, pela Chapada do Araripe; e, ao norte, pelo Oceano Atlântico. O
agosto de 1922. A flâmula seguiu o padrão do símbolo nacional, tra- interior do estado, por sua vez, possui a denominação de Depressão
zendo um retângulo verde, losango amarelo e círculo ao centro. No Sertaneja.
meio deste, está o brasão da província, criado em 22 de setembro
de 1897. Nele, estão sete estrelas brancas, quatro figuras represen-
tativas e um brasão.

94
CONHECIMENTOS GERAIS
Chapada do Araripe: compreende, também, áreas dos estados A ocorrência de chuvas em todo o estado tem a contribuição
do Piauí e Pernambuco. O relevo é horizontalizado e atinge alti- de dois sistemas meteorológicos – a Zona de Convergência Inter-
tudes médias de 750m porém, algumas formações atingem mais tropical – ZCIT (provoca umidade no máximo da sua oscilação no
de 900m. Vegetação variada, incluindo carrasco, caatinga, floresta Hemisfério Sul) e a massa Equatorial Atlântica (transporta os ventos
tropical e cerradão. De suas escarpas, surgem fontes e mananciais alísios úmidos).
que irrigam o sopé, garantindo mais fertilidade, tornando o Vale do A orografia (montanhas) provoca as chuvas de relevo, trazendo
Cariri uma das áreas mais povoadas do Ceará umidade para a Depressão Sertaneja. Nas porções semiáridas, a es-
Chapada do Apodi: tem relevo tabular com origem sedimentar. cassez de chuvas predominam no estado, especialmente, na região
Ocupa o extremo leste cearense e apresenta altitudes modestas de, central. A amplitude térmica anual é baixa enquanto as taxas de
no máximo, 250m de altitude. Compreende área de transição entre evapotranspiração são altas.
a Zona da Mata e a Depressão Sertaneja, com índice pluviométrico Aqui, o período chuvoso dura entre fevereiro e abril mas, as
e taxa de umidade baixos. secas podem chegar a nove meses. Aproximadamente, 92% do ter-
Chapada da Ibiapaba: as altitudes médias chegam a 750m com ritório cearense é influenciado por essa variação climática que afeta
relevo íngreme na parte voltada para o Ceará e suave na porção a Depressão Sertaneja e os sopés de serra. Os índices pluviométri-
direcionada ao Piauí. Apresenta variações climáticas e de vegetação cos variam entre 500 e 800mm anuais, prejudicando a agricultura
ao longo de sua extensão. Na porção da Depressão Sertaneja, a ve- e a população.
getação é tropical frondosa e densa. A oeste, as chuvas diminuem e
o clima toma características de semi-árido na presença da vegeta- Vegetação
ção de carrasco. Ao sul, predomina a caatinga, também, com índice A maior parte do estado é dotado da caatinga, bioma brasi-
pluviométrico baixo. leiro encontrado na região Nordeste. Sua principal característica é
As costas e chapadas do território do Ceará possuem forma- a vegetação xerófila com espécies resistentes à escassez de água,
ção sedimentar enquanto as serras são formadas por maciços de como o cacto. Dois tipos de unidades da caatinga são encontradas
origem cristalina. Como exemplos de serras úmidas, podemos citar: no Ceará, sendo elas:
- Serra de Baturité - caatinga arbórea: árvores altas que chegam a atingir 20m de
- Serra da Meruoca altura de caules retos, além de espécies menores arbustivas. Princi-
- Serra de Uruburetama pais espécies: aroeiras, braúnas e angicos vermelhos.
- Serra de Maranguape - caatinga arbustiva: porte baixo, caules retorcidos e densidade
- Serra do Machado variável entre abertos ou fechados. Principais espécies: mandaca-
rus, sabiás e catingueiras.
Nas serras cuja altitude passa dos 600m, o clima é úmido por Na faixa litorânea, apresenta salinas, matas ciliares e de tabu-
apresentar maior índice pluviométrico. Nessas regiões, a vegetação leiro, além de vegetação de restinga. Nas serras, são encontradas
encontrada tem características de floresta tropical apresentando, florestas tropicais divididas entre matas úmidas (árvores de grande
porém, trechos de caatinga. Outra formação presente, especial- porte) e secas (não estão associadas a cursos d´água). Na divisa com
mente, no Sertão, são os inselbergs, resquícios de relevo antigo alto o Piauí, predomina a vegetação de carrasco, com xerófitas e espé-
erodido. cies variáveis.
O ponto mais alto do estado é o Pico Serra Branca, localizado na Voltando às matas ciliares ou de galeria, estas ocupam os vales
Serra do Olho d´Água, com 1.154m de altitude. Em segundo lugar, úmidos dos rios e riachos, possibilitando a formação de povoados.
vem o Pico Alto, situado em Guaramiranga com 1.114m de altitude. As principais espécies encontradas são o juazeiro, oiticica, carnaúba
Constitui forte atração turística graças à paisagem que une serra e e mulungu. As vegetações de dunas, mangues e tabuleiro são me-
sertão que pode ser observada do alto da Serra de Guaramiranga. nos expressivas, porém, de grande importância.
A vegetação de dunas é caracterizada pelos coqueiros espa-
Geologia lhados nas praias, além de espécies como capim-da-praia, salsa-
A geologia cearense pode ser dividida, de modo geral, em duas -de-praia, murici e grama da areia. Os tabuleiros, por sua vez, são
grandes unidades distintas – o sedimentar e o cristalino que, inclusi- planaltos de baixa elevação compostos por vegetação rala e areia.
ve, ocupam 74% do território, composto por rochas antigas. Por fim, os mangues são encontrados em áreas influenciadas pela
ação das marés.
Clima As principais características desse tipo de vegetação são o
Boa parte do território cearense está localizado na sub-região porto arbustivo, a pouca variedade, raízes suspensas, adaptação à
do sertão nordestino, cuja principal característica é o clima semi-á- umidade e a salinidade. A importância dos mangues está na manu-
rido. Tanto que a área é chamada, também, de Polígono das Secas. tenção do clima, além de evitar o alagamento das áreas ao redor.
O índice pluviométrico é baixo com secas periódicas. As temperatu- Também é fonte de renda para as populações ribeirinhas.
ras variam de acordo com a região do estado.
No litoral, predomina clima quente semiúmido com tempera- Unidades de conservação
turas médias de 27°C. No sertão, os termômetros atingem pontos O Ceará possui mais de 60 unidades de conservação, entre re-
mais altos, normalmente, acima de 29°C. Nas serras, o clima é mais servas extrativistas, corredores ecológicos, jardim botânico, floresta
ameno, com temperaturas mais baixas, umidade relativa do ar alta nacional, monumentos naturais, estações ecológicas, reservas par-
e registros de 22°C, em média. ticulares, parques ecológicos, reservas de patrimônio natural parti-
Nas regiões úmidas, o período de chuvas está compreendido culares e Áreas de Proteção Ambiental (APA).
entre janeiro e julho mas, tem uma estação pré-chuvosa em dezem- As UC’s estão sob cuidados federais, estaduais ou municipais, a
bro. Com altimetria mais alta, tais locais apresentam índices pluvio- maioria voltada para a preservação da vegetação litorânea, caatin-
métricos que ultrapassam os 900mm anuais, o que corrobora para ga e matas úmidas. Como exemplos de unidades de conservação,
a manutenção da umidade por seis meses. podemos citar:
- Parque Estadual do Rio Cocó
- Parque Nacional de Jericoacoara

95
CONHECIMENTOS GERAIS
- Parque Ecológico do Acaraú Economia
- Estação Ecológica de Aiuaba A economia cearense tem base diversificada e destaca a impor-
- Estação Ecológica Castanhão tância das atividades turísticas, industriais, extrativistas, pecuária e
- APA da Bica do Ipú agricultura. Na primeira, atende a diversos tipos de turismo, como o
- APA da Serra da Aratanha religioso, cultural, rural, aventura e ecoturismo, bem como a procu-
- APA da Serra do Baturité ra por um dos pontos localizados em seu extenso litoral.
Na pecuária, é relevante a criação de suínos, caprinos, bovinos,
Fauna carcinicultura, asininos, aves, eqüinos e ovinos. Na agricultura, os
A variedade de habitats permite que o Ceará tenha vasta bio- principais cultivos são milho, arroz, feijão, castanha de caju, cana-
diversidade animal com espécies espalhadas ao longo do litoral, -de-açúcar, laranja, banana, tomate, mamona e mandioca. A ativi-
sertão e serras. Algumas, inclusive, são encontradas apenas em seu dade, entretanto, é limitada pelo regime de chuvas.
território. É o caso do soldadinho-do-araripe, ave que habita, exclu- No sertão, o cultivo de algodão, milho e feijão mostra o sistema
sivamente, a Chapada do Araripe. de consorciação praticado nas culturas de subsistência. No litoral,
Também são característicos do Ceará espécies como: os cajueiros se misturam a estas culturas, em regime de sequeiro
- jandaia e em regime irrigado com o maracujá, melão e melancia. Outra ati-
- garça vidade que contribui para a economia do estado é o extrativismo.
- martim-pescador A mineração está concentrada na exploração de ferro, água
- uirapuru-laranja mineral, petróleo, gás natural, argila, calcário, magnésio e granito.
- beija-flor Em Santa Quitéria, por exemplo, está localizada a maior reserva de
- lavandeira urânio do país. Na indústria, o ponto forte está no Distrito Industrial
- gaivotas de Maracanaú, importante complexo localizado na região metropo-
- galinha-d’água litana de Fortaleza.
- caranguejos Os setores desenvolvidos na indústria cearense incluem o quí-
- cará mico, metalúrgico, têxtil, vestuário, alimentício e calçadista. Mas,
- aratinga-de-testa-azul uma área que merece menção é o artesanato, especialmente, a
- bem-te-vi renda de bilro. A atividade é exercida por mulheres de comunidades
- besouro-hércules do interior e a produção é distribuída na faixa litorânea.
- calango Importante, também, lembrar do labirinto praticado pelas mu-
- cobra-coral lheres de jangadeiros nas regiões de Beberibe, Aracati, Fortaleza e
- cobra-lisa Cascavel, bem como a cestaria encontrada nos municípios de So-
- quati bral, Russas, Limoeiro do Norte, Jaguaruana, Aracati, Massapé, Cra-
- queixada teús, Baturité e Camocim. Este emprega a palha de carnaúba, do
- ema bambu e do cipó.
- tamanduá-bandeira
- gavião-carijó Culinária típica
- teiú-branco A culinária típica cearense é uma das grandes estrelas do esta-
- tatu peba do e tem uma lista extensa de iguarias. Entre elas, estão:
- jaguatirica - Carne de Sol com macaxeira
- veado-mateiro - Rapadura
- veado-catingueiro - Tapioca
- jabuti - Sarapatel
- gavião-carrapateiro - Peixes
- gato-do-mato - Sarrabulho
- Cuscuz
Hidrografia - Bolo Mole
Os rios cearenses são temporários devido à estação das secas. - Moqueca
O norte é banhcado por pequenos rios, como o Aracatiaçu e o Aca- - Baião de Dois
raú. Os principais rios do Ceará são:
- Rio Jaguaribe: com 610km de extensão, abriga os Açudes Oró Realidade e principais problemas
e Castanhão, os maiores reservatórios de água do estado Os cinco municípios com maior PIB per capita no estado são:
- Rio Acaraú: 320km de extensão Eusébio (R$ 23.205), Horizonte (R$ 15.947), Maracanaú (R$ 15.620),
- Rio Banabuiú: 314km de extensão São Gonçalo do Amarante (R$ 14.440) e Fortaleza (R$ 11.461).Todos
- Rio Salgado: 308km de extensão estão acima da média estadual, que é de R$ 7.112. Os dez municí-
- Rio Ceará: 60km de extensão, é a divisa entre Fortaleza e Cau- pios de maior PIB abrangem 67,86% do PIB total.
caia Quanto à realidade da população, 78,44% das crianças e ado-
- Rio Choró: 205km de extensão lescentes até 17 anos frequentam creches ou escolas, enquanto
21,56% encontra-se fora destas instituições. Em 2017, o Ceará teve
Recursos Minerais 389.478 alunos matriculados no ensino médio da rede estadual. A
Os principais recursos minerais encontrados no Ceará são o rede pública de ensino, a propósito, está entre as melhores do país.
calcário, ferro, argila, granito, magnésio e, também, água mineral. O índice de analfabetismo entre pessoas acima de 15 anos é de
19,2%, sendo que 30,7% nessa faixa etária são analfabetos funcio-
nais. Na outra ponta, 82,8% da população é alfabetizada. A expecta-
tiva de vida do estado é de 73,6 anos e o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) é de 0,682.

96
CONHECIMENTOS GERAIS

ambiente são a po- luição do ar nas cidades maiores, o


A seca é uma das principais preocupações da população desmatamento e a consequentedesertificação do solo.
cea- rense. Mais de 1.700 casos de estiagem foram registrados, A criminalidade, também, é um grande problema
somen- te, entre os anos de 1991 e 2012. Nesse período, enfrentado pelos cearenses. A capital, Fortaleza, figura entre
apenas a região metropolitana de Fortaleza não registrou as capitais mais violentas do Brasil, com elevadas taxas de
nenhuma ocorrência. Em 2012, 178 municípios decretaram homicídios, roubos e fur- tos. Sete dos municípios do Ceará
situação de emergência pela faltade chuva. estão entre as 500 cidades com maior taxas de homicídios do
A situação foi mais grave nas cidades de Penaforte, Pedra país.
Bran- ca, Madalena, Catunda, Acopiara, Caridade, Mombaça e
Tauá. Ou- tros problemas graves relacionados ao meio de

97
CONHECIMENTOS GERAIS

EXERCÍCIOS

ATUALIDADES HISTÓRICAS CIENTÍFICAS, SOCIAIS,


POLÍTICAS, ECONÔMICAS, CULTURAIS, AMBIENTAIS E
ADMINISTRATIVAS DO MUNDO, BRASIL, CEARÁ E DO
MUNICÍPIO DE ACOPIARA – CE

A importância do estudo de atualidades

Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu-


dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor-
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, 1. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRE-
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen-
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos TA: Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA:
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a (A) o Brasil é um país com dimensões continentais.
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos (B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân-
de escola. cia de seus pontos extremos.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo (C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos hemisfério ocidental.
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de (D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur- climática do país.
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo. 2. “Moro num país tropical, abençoado por Deus
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con- E bonito por natureza, mas que beleza
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas Em fevereiro (em fevereiro)
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po- Tem carnaval (tem carnaval)”.
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, (JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical. Intérprete: Jorge Ben
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se- Jor).Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho acima está,
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico. em uma perspectiva geográfica,
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons- (A) correto, pois o território brasileiro é cortado por ambos os
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são trópicos da Terra.
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê (B) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta a área do país.
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se (C) correto, pois a maior parte do país encontra-se em uma
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio- zona intertropical.
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex- (D) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na classificação
trema recorrência na mídia. climática do Brasil.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo.
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é 3. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na América
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, mais
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazendo
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, (A) Venezuela e Colômbia
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- (B) Chile e Equador
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in- (C) Uruguai e Guiana Francesa
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de (D) Panamá e Peru
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.

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CONHECIMENTOS GERAIS
4. (Faculdade Trevisan) Em síntese, o Brasil é um país inteira- 8. Sobre os mangues, assinale a alternativa INCORRETA:
mente ocidental, predominantemente do Hemisfério Sul e da Zona (A) São encontrados em ambientes alagados;
Intertropical. (B) São adaptados a cursos d’água com alta concentração de
Considere as afirmações: sal, em razão da proximidade com o mar;
I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Greenwich. (C) No Brasil, são encontrados em regiões litorâneas;
II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador. (D) A extração de caranguejo é a principal atividade econômica
III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer. nesse ambiente;
IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio, apresentando (E) É uma vegetação do tipo homogênea.
92% do seu território na Zona Intertropical, entre os Trópicos de
Câncer e de Capricórnio. 9. A Amazônia é uma área em evidência, seja pela questão
V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do Sul. ecológica ou pela riqueza de seus recursos minerais. A expansão
(A) Apenas I, II e IV são verdadeiras. e a crescente valorização dessa área provocam uma infinidade de
(B) Apenas I e II são verdadeiras. suposições a respeito do seu quadro natural. Sobre a Amazônia são
(C) Apenas IV e V são verdadeiras. feitas as afirmações a seguir:
(D) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras. I - As queimadas podem alterar o clima do planeta e a destrui-
(E) Apenas I, II, III e V são verdadeiras. ção da floresta pode influenciar o aumento da temperatura;
II - A floresta Amazônica funciona como “pulmão do mundo”,
5. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasileira sendo a principal fonte produtora de oxigênio;
apresenta, dentre outras, as seguintes características: III - A bacia hidrográfica do Amazonas é a maior do mundo, dre-
(a) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e nando em torno de 20% da água doce dos rios para os oceanos;
predomínio de foz do tipo delta. IV - Os solos amazônicos são de alta fertilidade, a qual é fa-
(b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e pre- cilmente explicada pela concentração de matéria orgânica e pelo
domínio de foz do tipo estuário. tempo de formação.
(c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e As afirmações corretas são:
grande potencial hidráulico. (A) somente I e III.
(d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e (B) somente II e III.
predomínio de rios de planície. (C) somente I, II e III.
(e) drenagem endorreica, predomínio de rios perenes e regime (D) somente II, III e IV.
de alimentação pluvial. (E) somente I, II e IV

6. (IFCE – com adaptações) Sobre as características da hidrogra- 10. Muitas espécies de plantas lenhosas são encontradas no
fia brasileira, são feitas as seguintes afirmações: cerrado brasileiro. Para a sobrevivência nas condições de longos
I. Considerando-se os rios de maior porte, só é encontrado regi- períodos de seca e queimadas periódicas, próprias desse ecossis-
me temporário no sertão nordestino, onde o clima é semiárido, no tema, essas plantas desenvolveram estruturas muito peculiares. As
restante do país, os grandes rios são perenes. estruturas adaptativas mais apropriadas para a sobrevivência desse
II. Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice grupo de plantas nas condições ambientais do referido ecossistema
pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o gran- são:
de volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade. (A) Cascas finas e sem sulco ou fendas.
III. Na região Amazônica, os rios são muito utilizados como vias (B) Caules estreitos e retilíneos.
de transporte, e o potencial hidrelétrico é amplamente aproveita- (C) Folhas estreitas e membranosas.
do. (D) Gemas apicais com densa pilosidade.
Está correto o que se afirma em: (E) Raízes superficiais, em geral, aéreas.
(A) I apenas.
(B) I e II apenas. 11. O Brasil enfrenta diversos problemas ambientais que pre-
(C) I e III apenas. judicam as diferentes espécies que aqui vivem. De acordo com o
(D) II e III apenas. IBGE, três problemas ambientais são os mais relatados no Brasil.
(E) I, II e III. Marque a alternativa que indica esses problemas:
(A) Poluição do solo, poluição atmosférica e contaminação por
7. (FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afirma- metais pesados.
tivas abaixo sobre a hidrografia brasileira: (B) Contaminação por metais pesados, desmatamento e caça.
I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois (C) Poluição atmosférica, queimadas e caça.
possui 891.309 km2, o que corresponde a 10,4% da área do terri- (D) Assoreamento, desmatamento e queimadas.
tório brasileiro. (E) Queimadas, poluição do solo e contaminação por metais
II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, desta- pesados.
cando-se algumas grandes usinas.
III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil. En- 12. Um dos principais problemas ambientais que acontecem no
tretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas delas já Brasil são decorrentes do acúmulo de sedimentos nos ambientes
possuem eclusas para permitir a navegação. aquáticos, desencadeando obstrução dos fluxos de água e destrui-
Estas características referem-se à bacia do: ção desses habitats. Esse problema é conhecido como:
(A) Uruguai (A) Desertificação
(B) São Francisco (B) Poluição marinha
(C) Paraná (C) Assoreamento
(D) Paraguai (D) Desmatamento
(E) Amazonas (E) Degradação do solo

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CONHECIMENTOS GERAIS
13. (UNINOEST) Entre os impactos ambientais causados nos (A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos
ecossistemas pelo homem, podemos citar: o número de óbitos.
I. Destruição da biodiversidade. (B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
II. Erosão e empobrecimento dos solos. de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi-
III. Enchentes e assoreamento dos rios. nado intervalo de tempo.
IV. Desertificação. (C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o
V. Proliferação de pragas e doenças. saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran-
Assinale a alternativa que melhor representa os impactos con- tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de
sequentes do desmatamento: mortos.
(A) Apenas I (D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
(B) Apenas V em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide-
(C) Apenas III, IV e V se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade
(D) Apenas I, II, III e V reprodutiva da população considerada.
(E) I, II, III, IV e V
17. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR-
14. As queimadas são um problema ambiental grave enfrenta- RETA:
do em nosso país. Analise as alternativas e marque aquela que não (A) o Brasil é um país com dimensões continentais.
indica uma consequência das queimadas: (B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân-
(A) Morte dos micro-organismos que vivem no solo. cia de seus pontos extremos.
(B) Aumento da poluição atmosférica. (C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no
(C) Diminuição dos nutrientes do solo. hemisfério ocidental.
(D) Aumento dos riscos de erosão. (D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
(E) Redução do aquecimento global. climática do país.

18. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé-


15. (UNESP) Os animais da Amazônia estão sofrendo com o
rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total,
desmatamento e com as queimadas, provocados pela ação huma-
mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazen-
na. A derrubada das árvores pode fazer com que a fina camada
do fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
de matéria orgânica em decomposição (húmus) seja lavada pelas
(A) Venezuela e Colômbia
águas das constantes chuvas que caem na região. (B) Chile e Equador
(J. Laurence, Biologia.) (C) Uruguai e Guiana Francesa
O contido no texto justifica-se, uma vez que: (D) Panamá e Peru
(A) a reciclagem da matéria orgânica no solo amazônico é mui-
to lenta e necessita do sombreamento da floresta para ocorrer. 19. No Brasil, a agropecuária é um dos principais setores da
(B) o solo da Amazônia é pobre, sendo que a maior parte dos economia, sendo uma das mais importantes atividades a impulsio-
nutrientes que sustenta a floresta é trazida pela água da chuva. nar o crescimento do PIB nacional. Nesse contexto, o tipo de prática
(C) as queimadas, além de destruírem os animais e as plantas, predominante é:
destroem, também, a fertilidade do solo amazônico, original- (A) a agricultura familiar, com elevado emprego de tecnologias.
mente rico em nutrientes e minerais. (B) o agronegócio, com predomínio de latifúndios.
(D) mesmo com a elevada fertilidade do solo amazônico, pró- (C) a agricultura sustentável, com práticas extrativistas.
prio para a prática agrícola, as queimadas destroem a maior (D) a agricultura itinerante, com técnicas avançadas de cultivo.
riqueza da Amazônia, sua biodiversidade.
(E) o que torna o solo da Amazônia fértil é a decomposição da 20. O processo de concentração fundiária caminha junto à in-
matéria orgânica proveniente da própria floresta, feita por mui- dustrialização da agropecuária com predomínio de capitais. Sobre
tos decompositores existentes no solo. esse tema, assinale o que for incorreto:
(A) O discurso de modernidade das elites tem contribuído para
16. “O conceito de transição demográfica foi introduzido por que a terra esteja concentrada nas mãos da grande maioria dos
Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica mal- agricultores brasileiros.
thusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das transforma- (B) Os pequenos agricultores não conseguem competir e são
ções demográficas sofridas pelos países que participaram da Revo- forçados a abandonar suas lavouras de subsistência e vender
lução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A partir da suas terras.
análise destas mudanças demográficas foi estabelecido um padrão (C) A intensa mecanização leva à redução do trabalho humano
que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado aos demais pa- e à mudança nas relações de trabalho, com a especialização
íses do mundo, embora em momentos históricos e contextos eco- de funções e o aumento do trabalho assalariado e de diaristas.
(D) As modificações na estrutura fundiária provocam desem-
nômicos diferentes.”
prego no campo, intenso êxodo rural, além de aumentar o con-
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cresci-
tingente de trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão
mento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://
social.
educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia-transicao-
demografica-e-crescimento-populacional.htm. Acesso em: março
de 2014.)
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra-
sileira com base no conceito de transição demográfica, deve-se con-
siderar os seguintes conceitos, EXCETO:

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CONHECIMENTOS GERAIS
21. (IFB/2017 – IFB) Nas últimas décadas, as questões ambien- (D) os estudos econômicos que se seguiram a Malthus incorpo-
tais vêm ganhando peso nas preocupações mundiais. As relações raram as pesquisas demográficas como segmento importante
entre o modelo de desenvolvimento econômico e o meio ambiente de seu campo científico, apesar da teoria dos rendimentos de-
vêm sendo profundamente questionadas. Julgue abaixo os questio- crescentes por ele proposta não ter previsto o desenvolvimen-
namentos a este respeito, assinalando (V) para os VERDADEIROS e to das técnicas de produção que surgiram a partir do século
(F) para os FALSOS. seguinte à publicação de sua obra.
( ) As ideias associadas ao modelo de desenvolvimento econô-
mico hegemônico são a da modernização e progresso, que creem e 24. (CESPE/2013 – MPU) Desde o período colonial, o espaço
professam um caminho evolutivo a seguir, tendo como referencial geográfico brasileiro foi transformado e produzido prioritariamente
de sociedade “desenvolvida” aquela que está no centro do sistema segundo as necessidades do mercado externo em detrimento da
capitalista. formação econômica interna. Foi por meio dessa perspectiva colo-
( ) Os diferentes espaços urbano e rural direcionam-se para a nizadora que, a partir de 1530, as propriedades rurais se organiza-
formação das sociedades modernas, mercadologizadas tanto em ram no Brasil.
escala regional, quanto em escalas nacional e global, impulsionados Com relação às questões agrária e agrícola no Brasil, julgue o
por um modelo desenvolvimentista, com características inerentes item.
de preservação ambiental. A partir dos anos 50 do século passado, os países capitalistas
( ) O modelo de desenvolvimento econômico hegemônico pri- desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização da agri-
ma pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens coleti- cultura no mundo subdesenvolvido como parte da estratégia de
vos (meio ambiente). revigoramento do capitalismo em âmbito mundial. Esse fato ficou
( ) A ideia de desenvolvimento econômico hegemônico con- conhecido como Revolução Verde.
substancia-se em uma visão antropocêntrica de mundo, gerador de ( ) CERTO
fortes impactos socioambientais. ( ) ERRADO
( ) A crítica mais comum à sociedade de consumo, representan-
te e representada pelo modelo de desenvolvimento hegemônico, 25. (CESPE/2013 – SEE/AL) No que se refere à globalização, jul-
é que essa sociedade está imersa em um processo de massificação gue o item subsecutivo.
cultural. O mundo globalizado definiu uma nova ordem mundial, mas
A sequência dos questionamentos é: não uma nova geografia do comércio internacional.
(A) F, F, V, V, F ( ) CERTO
(B) V, F, F, V, F
( ) ERRADO
(C) V, V, F, F, V
(D) V, F, V, V, V
26. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição de-
(E) F, V, F, V, V
mográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a con-
22. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima, julgue testação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da in-
os itens a seguir. terpretação das transformações demográficas sofridas pelos países
A afirmação “o aquecimento global deverá elevar a tempera- que participaram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até
tura média da superfície da Terra em até cinco graus Celsius nos os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas
próximos anos” está relacionada ao conceito de clima. foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode
( ) CERTO ser aplicado aos demais países do mundo, embora em momentos
( ) ERRADO históricos e contextos econômicos diferentes.”
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cresci-
23. (FUNDEP/2014 – IS/SP) Considerando-se os estudos popu- mento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://
lacionais, demográficos e econômicos elaborados sob enfoque do educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia-transicao-
planejamento, é INCORRETO afirmar que demografica-e-crescimento-populacional.htm. Acesso em: março
(A) a geografia da população é tão importante quanto é o estu- de 2014.)
do da demografia naqueles trabalhos voltados para o planeja-
mento estratégico, uma vez que a primeira investiga e explica Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra-
as leis de crescimento e mudança na estrutura da população; sileira com base no conceito de transição demográfica, deve-se con-
ao passo que a segunda investiga e explica os fatores das suas siderar os seguintes conceitos, EXCETO:
diferentes formas de distribuição espacial. (A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos
(B) as diferentes sociedades contemporâneas passaram a se o número de óbitos.
preocupar com o conhecimento sistemático do seu efetivo po- (B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
pulacional (estoque populacional disponível), tanto em nível de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi-
quantitativo como qualitativo, notadamente entre os países nado intervalo de tempo.
desenvolvidos, em razão da prática do planejamento como ins- (C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o
trumento para o desenvolvimento. saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran-
(C) o conhecimento da taxa de crescimento demográfico e da tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de
distribuição da população em suas diferentes faixas de idade é
mortos.
condição necessária para qualquer política de empregos e de
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
educação, assim como para os programas habitacionais e de
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide-
saneamentos básicos.
se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade
reprodutiva da população considerada.

101
CONHECIMENTOS GERAIS
27. As tentativas francesas de estabelecimento definitivo no O trecho do texto de Las Casas aponta o processo de dizima-
Brasil ocorreram entre a segunda metade do século XVI e a primei- ção das populações indígenas americanas por parte dos espanhóis.
ra metade do século XVII. As regiões que estiveram sob ocupação Além da guerra, os processos de trabalho e o controle disciplinar
francesa foram: imposto resultaram na morte de milhões de habitantes nativos da
(A) Rio de Janeiro (França Antártica) e Pernambuco (França América. Dentre os processos de trabalho impostos aos indígenas e
Equinocial); que resultaram em sua mortandade, destaca-se:
(B) Pernambuco (França Antártica) e Santa Catarina (França (A) a escravidão imposta a eles, semelhante a dos africanos le-
Equinocial); vados à América para trabalhar na extração de metais.
(C) Bahia (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França Antárti- (B) a encomienda, um processo de trabalho compulsório im-
ca); posto a toda uma tribo para executar serviços agrícolas e ex-
(D) Maranhão (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França An- trativistas.
tártica); (C) o assalariamento, pago em valores muito baixos e geral-
(E) Espírito Santo (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França mente em espécie.
Antártica). (D) a parceria, onde os indígenas eram obrigados a trabalhar
na agricultura e nas minas, destinando dois terços da produção
28. As invasões holandesas no Brasil, no século XVII, estavam aos espanhóis.
relacionadas à necessidade de os Países Baixos manterem e amplia-
rem sua hegemonia no comércio do açúcar na Europa, que havia 31. (Acafe-2015) O início da Primeira Guerra (1914/1918) com-
sido interrompido pletou seu centenário em 2014. Conflito de grandes proporções, ela
(A) pela política de monopólio comercial da Coroa Portuguesa, foi o resultado de disputas econômicas, imperialistas e nacionalis-
reafirmada em represália à mobilização anticolonial dos gran- tas numa Europa industrializada.
des proprietários de terra. Sobre a Primeira Guerra e seu contexto, todas as alternativas
(B) pelos interesses ingleses que dominavam o comércio entre estão corretas, exceto a:
o Brasil e Portugal. (A) A questão balcânica evidencia as disputas entre Alemanha e
Hungria pelo controle do mar Adriático e coloca em choque os
(C) pela política pombalina, que objetivava desenvolver o be-
movimentos nacionalistas: pan-eslavismo, liderado pela Sérvia
neficiamento do açúcar na própria colônia, com apoio dos in-
e o pan-germanismo, liderado pelos alemães.
gleses.
(B) Apesar de ter começado a guerra como aliada da Tríplice
(D) pelos interesses comerciais dos franceses, que estavam pre-
Aliança, a Itália passou para o lado da Tríplice Entente por ter
sentes no Maranhão, em relação ao açúcar.
recebido uma proposta de compensações territoriais.
(E) pela Guerra de Independência dos Países Baixos contra a
(C) A Rússia não permaneceu na guerra até o seu término. Por
Espanha, e seus conseqüentes reflexos na colônia portuguesa,
conta da Revolução socialista foi assinado um tratado com os
devido à União Ibérica.
alemães e os russos se retiraram da guerra.
(D) Quando a guerra iniciou, multidões saíram às ruas nos pa-
29. Durante o século XVII, grupos puritanos ingleses persegui- íses envolvidos para comemorar o conflito: a lealdade e o pa-
dos por suas ideias políticas (antiabsolutistas) e por suas crenças triotismo eram palavras de ordem.
religiosas (protestantes calvinistas) abandonaram a Inglaterra, fi-
xando-se na costa leste da América do Norte, onde fundaram as 32. (FGV-RJ 2015) Sobre a participação brasileira na Primeira
primeiras colônias. A colonização inglesa nessa região foi facilitada: Guerra Mundial, é correto afirmar:
(A) pela propagação das ideias iluministas, que preconizavam (A) O governo brasileiro declarou guerra à Alemanha, em 1914,
a proteção e o respeito aos direitos naturais dos governados. após o torpedeamento de um navio, carregado de café, que
(B) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação à opres- acabara de deixar o porto de Santos.
são metropolitana. (B) O governo brasileiro manteve-se neutro ao longo de todo o
(C) pelo abandono dessa região por parte da Espanha, que en- conflito devido aos interesses do ministro das relações exterio-
tão atuava no eixo México-Peru res Lauro Muller, de origem alemã.
(D) pela possibilidade de explorar grandes propriedades agrá- (C) A partir de 1916, o Exército brasileiro participou de batalhas
rias com produção destinada ao mercado europeu. na Bélgica e no norte da França com milhares de soldados de-
(E) pelas consciências políticas dos colonos americanos, desde sembarcados na região.
logo treinados nas lutas coloniais (D) O Brasil enviou uma missão médica, um pequeno contin-
gente de oficiais do Exército e uma esquadra naval, que se en-
30- Leia o texto abaixo: volveu em alguns confrontos com submarinos alemães.
“Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se têm na (E) Juntamente com a Argentina, o governo brasileiro organi-
conta de cristãos) usaram de duas maneiras gerais e principais para zou uma esquadra naval internacional incumbida de patrulhar
extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma foi a guerra o Atlântico Sul contra as ofensivas alemãs.
injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar todos aqueles
que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar em recobrar a li- 33. (FUVEST) “Esta guerra, de fato, é uma continuação da an-
berdade ou subtrair-se aos tormentos que suportam, como fazem terior.” (Winston Churchill, em discurso feito no Parlamento em 21
todos os senhores naturais e os homens valorosos e fortes; pois co- de agosto de 1941). A afirmativa acima confirma a continuidade la-
mumente na guerra não deixam viver senão mulheres e crianças: e tente de problemas não solucionados na Primeira Guerra Mundial,
depois oprimem-nos com a mais horrível e áspera servidão a que que contribuíram para alimentar antagonismos e levaram à eclosão
jamais tenham submetido homens ou animais.” da Segunda Guerra Mundial. Entre esses problemas, identificamos:
LAS CASAS, Frei Bartolomeu de. O paraíso destruído. Brevíssima re- (A) o crescente nacionalismo e o aumento da disputa por mer-
lação da destruição das Índias [1552]. Porto Alegra: L&PM, 2001. cados consumidores e por áreas de investimentos;

102
CONHECIMENTOS GERAIS
(B) o desenvolvimento do imperialismo chinês da Ásia, com (D) Os jesuítas chegaram ao Brasil como o braço religioso da co-
abertura para o Ocidente; roa portuguesa. Tinham como missão catequizar os indígenas
(C) os antagonismos austro-ingleses em torno da questão da e apoiar os bandeirantes na captura dos índios que passavam a
Alsácia-Lorena; morar nas vilas e missões.
(D) a oposição ideológica que fragilizou os vínculos entre os pa- (E) A ação militar foi a forma pela qual os jesuítas participaram
íses, enfraquecendo todo tipo de nacionalismo; da colonização portuguesa no Brasil. Apoiados pelo Marquês
(E) a divisão da Alemanha, que a levou a uma política agressiva de Pombal estabeleceram Missões na região de São Paulo e no
de expansão marítima. sul do país para manter os índios reunidos.

34. (CEPERJ/2013 - SEDUC-RJ) O Absolutismo tem origens re- 36. (UFMT- IF/MT) Durante o período imperial brasileiro, o libe-
motas que remontam, pelo menos, à Idade Média. Mas, nos sécu- ralismo foi uma das correntes políticas influentes na composição do
los XVI e XVII, multiplicaram-se os principais autores de doutrinas nascente Estado independente, tendo, em diferentes momentos,
justificando o poder absoluto dos monarcas. Entre as justificativas pautado seus rumos. Há que se observar, no entanto, que, diferen-
filosóficas do Absolutismo, podemos destacar aquelas ligadas à temente do modelo europeu, o liberalismo encontrado no Brasil
obra conhecida como O Príncipe, de Maquiavel. A alternativa que tinha suas idiossincrasias. A partir do exposto, marque V para as
expressa possíveis justificativas do poder absoluto dos reis presen- afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
tes em O Príncipe é: ( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marcados pela
(A) No texto de O Príncipe, Maquiavel expõe a doutrina da ori- manutenção da escravidão e da estrutura arcaica de produção.
gem divina da autoridade do Rei, afirmando que o monarca ( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes médias ur-
tem o poder supremo sobre cidadãos e súditos, sem restrições banas, agentes públicos e manumitidos ou libertos.
determinadas pela lei ( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante a ela-
(B) Em O Príncipe, Maquiaveldemonstra que não há poder pú- boração da Constituição de 1824.
blico sem a vontade de Deus; todo governo, seja qual for sua ( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no Brasil
origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é legítimo; todo ajudou a estruturar o pensamento liberal no primeiro reinado.
depositário da autoridade, é sagrado; revoltar-se contra o go- Assinale a sequência correta.
verno, é sacrilégio. (A) F, V, F, V
(C) Maquiavel afirma, em O Príncipe, que os homens viviam ini- (B) V, V, F, F
cialmente em estado natural, obedecendo apenas a interesses (C) V, F, V, F
individuais, sendo vítimas de danos e invasões de uns contra os (D) F, F, V, V
outros. Assim, mediante a adoção de um contrato social, abri-
ram mão de todos os direitos em favor da autoridade ilimitada 37. (IFB/2017 – IFB) “A principal característica política da inde-
de um soberano pendência brasileira foi a negociação entre a elite nacional, a coroa
(D) Em O Príncipe, Maquiavel expressava seu desprezo pelo portuguesa e a Inglaterra, tendo como figura mediadora o príncipe
conceito medieval de uma lei moral limitando a autoridade do D. Pedro”
governante e argumentava que a suprema obrigação do gover- (CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho.
nante é manter o poder e a segurança do país que governa, 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 26).
adotando todos os meios que o capacitem a realizar essa obri-
gação Leia as afirmativas com relação ao processo de emancipação
(E) O Príncipe é a obra na qual Maquiavel expressa o dever de política do Brasil.
todo soberano de combater o obscurantismo medieval repre- I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o Brasil uni-
sentado pela Igreja; o rei absoluto deve enfrentar, com mão ram os luso-americanos em torno da ideia de perpetuar os laços
de ferro, o poder temporal do clero católico, assumindo o seu políticos que uniam, entre si, os lados europeu e americano do Im-
lugar no comando dos corpos e das almas dos homens . pério Português.
II) A escolha da monarquia em vez da república, como alternati-
35. (IBMECSP 2009) A Companhia de Jesus foi criada na Espa- va política para o Brasil independente, derivou da convicção da elite
nha em 1534 no contexto da Contrarreforma, tendo uma atuação brasileira de que só um monarca poderia manter a ordem social e
importante no processo colonizador da América Portuguesa. Sobre a união territorial.
a atuação da Companhia de Jesus na colonização do Brasil podemos III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em 1821, a
afirmar que: elite brasileira percebeu a necessidade de uma solução política que
(A) Os jesuítas foram responsáveis pela fundação das primei- implicasse a separação entre Brasil e Portugal.
ras cidades brasileiras como São Paulo, São Vicente e Salvador. IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para a tran-
A catequização dos indígenas era feita em reduções onde eles sição do Brasil de colônia para emancipado politicamente.
permaneciam em regime de escravidão. V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações dos di-
(B) Os jesuítas se destacaram na ação educativa e catequizado- reitos civis, uma vez que manteve a escravidão.
ra dos grupos indígenas brasileiros. Vários missionários jesuítas Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas
moravam nas aldeias procurando conhecer os hábitos, a cultu- CORRETAS.
ra e respeitando a religiosidade indígena. (A) I, V
(C) A educação foi um dos principais instrumentos de evangeli- (B) II, IV
zação dos jesuítas, que fundaram colégios no Brasil e organiza- (C) II, V
ram aldeamentos conhecidos como Missões para catequizar os (D) I, IV
indígenas e convertê-los para o catolicismo. (E) III, IV

103
CONHECIMENTOS GERAIS
38. (CESPE - Instituto Rio Branco) Durante o Primeiro Reinado 41. (NC-UFPR – UFPR) Sobre a redemocratização no Brasil pós -
consolidou-se a independência nacional, construiu-se o arcabouço ditadura, assinale a alternativa correta.
institucional do Império do Brasil e estabeleceram-se relações di- (A) Uma das ações que marcou o processo de redemocratiza-
plomáticas com diversos países. Acerca desse período da história ção foi a campanha pelas eleições diretas para a presidência da
do Brasil, julgue (C ou E) o item subsequente. República, que ficou conhecida como “Diretas já”.
Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo das (B) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-dita-
relações simétricas entre os Estados envolvidos, a Guerra da Cis- dura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os únicos par-
platina encerrou-se com a interferência de uma potência externa tidos políticos autorizados a funcionar no período
ao conflito. (C) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente elei-
( ) CERTO to pelo voto popular após a ditadura militar.
( ) ERRADO (D) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presidente
José Sarney foi afastado da presidência da República. Esse pro-
39. (MPE/GO– MPE/GO) Acerca da história do Brasil, é incor- cesso ficou conhecido como impeachment
reto afirmar: (E) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes eleitos
(A) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da após a ditadura militar e ficou famoso pela criação do Progra-
República pelo Marechal Deodoro da Fonseca e teve início a ma Bolsa-Família.
República Velha, que só veio terminar em 1930 com a chegada
de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, têm destaque na his- 42. (Prefeitura de Betim/MG - Prefeitura de Betim/MG) É alter-
tória brasileira a industrialização do país; sua participação na nativa verdadeira, correspondente às principais características do
Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos; e o Golpe Feudalismo.
Militar de 1964, quando o general Castelo Branco assumiu a (A) Economia e sociedade agrárias e cultura predominante-
Presidência. mente laica.
(B) A ditadura militar, a pretexto de combater a subversão e a (B) Trabalho assalariado, cultura teocêntrica e poder político
corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e cen- centralizado nas mãos do rei.
surou os meios de comunicação, extinguiu os partidos políti- (C) As relações entre a nobreza feudal baseavam-se nos laços
cos e criou o bipartidarismo. Após o fim do regime militar, os de suserania e vassalagem: tornava-se suserano o nobre que
deputados federais e senadores se reuniram no ano de 1988 doava um feudo a outro; e vassalo, o nobre que recebia o feu-
em Assembléia Nacional Constituinte e promulgaram a nova do.
Constituição, que amplia os direitos individuais. O país se rede- (D) Trabalho regulado pelas obrigações servis e sociedade com
mocratiza, avança economicamente e cada vez mais se insere grande mobilidade.
no cenário internacional.
(C) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derrubada 43. (CESPE/ – DEPEN) Na década de 90 do século passado, pela
do presidente Washington Luís em 1930, até a volta do país à primeira vez em dois séculos, faltava inteiramente ao mundo, qual-
democracia em 1945, é chamado de Era Vargas, em razão do quer sistema ou estrutura internacional. O único Estado restante
forte controle na pessoa do caudilho Getúlio Domeles Vargas, que teria sido reconhecido como grande potência, eram os Estados
que assumiu o controle do país, no período. Neste período está Unidos da América. O que isso significava na prática era bastante
compreendido o chamado Estado Novo (1937-1945). obscuro. A Rússia fora reduzida ao tamanho que tinha no século
(D) Em 1967, o nome do país foi alterado para República Fede- XII. A Grã-Bretanha e a França gozavam apenas de um status pura-
rativa do Brasil. mente regional. A Alemanha e o Japão eram sem dúvida “grandes
(E) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição di- potências” econômicas, mas nenhum dos dois sentira a necessida-
reta para Presidente da República desde 1964. Seu governo de de apoiar seus enormes recursos econômicos com força militar.
perdurou até 1992, quando foi afastado pelo Senado Federal
devido a processo de “impugnação” movido contra ele. Eric Hobsbawm. Era dos extremos. O breve século XX, 1914-
1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 538 (com adap-
40. (MPE/GO– MPE/GO) A volta democrática de Getúlio Vargas tações).
ao poder, após ser eleito no ano de 1950, ficou caracterizada pelo
presidente: A partir das ideias apresentadas no texto, julgue o próximo
(A) ter se aproximado dos antigos líderes militares do Estado item, referentes à política internacional no século XX e à ordem
Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952. mundial instaurada após o fim da Guerra Fria.
(B) ter exercido um governo de tendência populista e ter se A despeito da derrocada da antiga União Soviética em 1991, o
suicidado em 1954. contexto imediatamente posterior à Guerra Fria não foi marcado
(C) ter exercido um governo de tendência autoritária, com o pelo estabelecimento de um sistema internacional organizado para
apoio de Carlos Lacerda. reduzir conflitos e garantir o equilíbrio entre os estados.
(D) ter exercido um governo de tendência populista que foi a ( ) CERTO
base para sua reeleição em 1955. ( ) ERRADO
(E) não ter levado o governo adiante por motivos de saúde,
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951.

104
CONHECIMENTOS GERAIS

GABARITO ANOTAÇÕES

1 D
2 C
3 B
4 D
5 B
6 B
7 C
8 E
9 A
10 D
11 D
12 C
13 E
14 E
15 E
16 A
17 D
18 B
19 B
20 A
21 D
22 CERTO
23 A
24 ERRADO
25 ERRADO
26 A
27 D
28 E
29 A
30 B _____________________________________________________
31 A
_____________________________________________________
32 D
33 A
34 D
35 C
36 C
37 C
38 CERTO
39 E
40 B
41 A
42 C
43 CERTO

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
1. Relações interpessoais........................................................................................................................................................................ 01
2. Postura e atendimento ao público ..................................................................................................................................................... 09
3. Noções de Relações Humanas no Trabalho ........................................................................................................................................ 20
4. Código de Ética do Servidor Público (Decreto 1171/94)..................................................................................................................... 25
5. Apresentação pessoal......................................................................................................................................................................... 27
6. Serviços públicos: conceitos, elementos de definição, princípios, classificação................................................................................. 27
7. Atos e contratos administrativos. Lei 8666/93 e suas alterações e complementações ..................................................................... 32
8. Lei Complementar nº 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal ...................................................................................................... 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
RELAÇÕES INTERPESSOAIS são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional
Personalidade e relacionamento de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito,
Os tipos de personalidade podem contribuir ou não para o de- amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem,
sempenho das equipes. Cada personalidade possui características os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados
definidas com seus respectivos focos de atenção, que, todavia, se inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influen-
interagem, definindo indivíduos com certas características mais sa- ciarão as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos
lientes e que incorporam características de um outro estilo. positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação
Vistos de maneira objetiva, nenhum dos tipos de personalida- e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades e ense-
de é bom ou mau, certo ou errado. Cada um é uma combinação dis- jando maior produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos
tinta de força e fraqueza, beleza e feiura. Nenhum padrão é melhor de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, ao
ou o melhor, pior ou o pior. Às vezes, determinada pessoa pode afastamento nas atividades, com provável queda de produtividade.
achar que o seu padrão é o melhor, outra vezes, que é o pior. Mas Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona
é possível, num momento, encontrar força em um padrão e, num diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio-
outro, encontrar uma fraqueza. nais competentes individualmente podem render muito abaixo de
O que se observa é que as pessoas acabam ficando perplexas sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho.
umas com as outras quando começam a perceber os segredos que Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma
as outras pessoas ocultam das suas personalidades. base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe-
Na análise das personalidades, nada é estanque e tudo pode se cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos,
ajustar, desde que se esteja disposto a fazê-lo. Nunca um protetor, crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças
por exemplo, carrega somente as características da sua tipologia. de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação
Uma pessoa com o centro emocional predominante não será ne- compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório
cessariamente uma boa artista. Talvez brilhe mais como adminis- novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são
tradora, quem sabe? Todos os tipos são interligados e se movimen- encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento
tam fazendo contrapontos e complementos. entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor-
Cada tipo de personalidade é formado por três aspectos: o pre- dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou-
dominante, que vigora na maior parte do tempo, quando as coisas tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma
transcorrem normalmente e que é chamado de seu tipo; o aspecto modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há
que vigora quando se é colocado em ação, gerando situações de es- respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não
tresse; e o terceiro, que surge nos momentos em que não se sente são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A
em plena segurança. maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre
Exemplificando, ao ver-se numa situação de estresse, o obser- as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin-
vador (em geral, quieto e retraído) torna-se repentinamente extro- cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in-
vertido e amistoso, características típicas do epicurista, num esfor- terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade.
ço de reduzir o estresse. Sentindo-se em segurança, o observador Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es-
tende a se tornar o patrão, direcionando os outros e controlando o pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente
espaço pessoal. ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta
Todos têm virtudes e aspectos negativos. Então, vivem-se os ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, basea-
aspectos mais positivos de cada tipo. Essas qualidades pode se so- do naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável.
mar a outras de outro tipo, promovendo integração. Os valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
Se o tipo empreendedor se integra com o sonhador, ele pode Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
passar a ter autoestima apurada e a saber levar a vida sem dramas. ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Re-
Ficará mais otimista, espontâneo e criativo também. Não se prende fletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa.
a fazer coisas que não satisfazem seus desejos e os dos outros. Se o Quando digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha
tipo individualista integra-se com o empreendedor, provavelmen- atitude em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que
te ele poderá ser capaz de agir no presente e com objetividade, os valores, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três com-
aceitando a realidade e vivendo suas emoções como são, sem ten- ponentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
tar ampliá-las. Já se o sonhador integrar-se com o observador, sua A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
capacidade de introspecção será imensa e saberá como ninguém liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela
apreciar o silêncio e a reflexão. estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
Para o sucesso das equipes, se faz necessário que os seus inte- componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
grantes utilizem-se de empatia, coloquem-se no lugar dos outros, ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto
estejam receptivos ao processo de integração e, dessa forma, per- de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
mitam-se amoldar. Se não houver esse tipo de abertura, em que pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
cada um dos elementos ceda, a equipe será composta de pessoas portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar
que competem entre si, o que traz o retrocesso da equipe ao con- de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En-
ceito simplista de grupo, ou seja, apenas um agrupamento de indi- tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
víduos que dividem o mesmo espaço físico, mas que possuem obje- João por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
tivos e metas diferentes, bem como não buscam o aprimoramento Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
e crescimento dos outros.1 nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreen-
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos der sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e
desenvolver relações interpessoais. comportamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos
1 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com estáveis.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Eficácia no relacionamento interpessoal • Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso sig-
A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente nifica orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos ho-
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma rizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.
adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da si-
tuação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmen- Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de
te com relações interpessoais de acordo com três critérios: decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle ou
Percepçãoacurada da situação interpessoal, de suas variáveis liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior, uma
relevantes e respectiva interrelação. vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante de se
Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e melhora
que não haja regressões. a condução dos processos internos à empresa.
Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, Vantagens do empowerment
como quando começaram a resolver seus problemas. Com mencionado anteriormente, a adoção do empowerment
Dois componentes da competência interpessoal assumem im- por parte das empresas traz diversos benefícios para elas, como por
portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos funcionários,
processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada aumentando assim a taxa de retenção dos talentos da empresa, o
da situação interpessoal. compartilhamento das responsabilidades e tarefas, maior agilidade
A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica- e flexibilidade no processo de tomada de decisão, etc. Além, claro,
ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em de estimular o aparecimento de novos líderes dentro das empresas.
suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc. Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres- preparam suas organizações para a prática do empowerment, trei-
sões de uma outra na esperança de compreendê-la. nando e doutrinando seus funcionários para que possam receber
tais responsabilidades de forma correta.
Empoderamento Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma re-
Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é uma lação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces de
ação que permite melhorar a qualidade e a produtividade dos co- uma mesma moeda. Para promovê-lo, não basta transferir verbal-
laboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado seja mente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições de agir
satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acontecem através de no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolvendo o que
delegação de autoridade e de responsabilidade, fomentando a co- chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como intraempreen-
laboração sistêmica entre diferentes níveis hierárquicos e a propa- dedores e como se fossem “proprietárias” do negócio, pensando
gação de confiança entre os liderados e os líderes. como empresários.
Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gestores de
delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, promoven- Aplicação do empowerment
do a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de tomada de Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empower-
decisão da empresa. ment é necessário:
O empowerment permite aos funcionários da empresa toma- 1. Um profundo compartilhamento das informações com to-
rem decisões com base em informações fornecidas pelos gestores, dos os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a incerteza.
aumentando sua participação e responsabilidade nas atividades Ela é fundamental para a correta tomada de decisões. A Informação
da empresa. Geralmente é utilizado em organizações com cultura deve circular, de maneira clara, transparente e adaptada à condição
participativa, que utilizam equipes de trabalho autodirigidas e que e necessidade de cada equipe em particular. Algumas informações
compartilham o poder com todos os seus funcionários. gerais para o bom entendimento do negócio e do cenário devem
O empowerment está diretamente ligado ao conceito de lide- ser compartilhadas com todas as pessoas, outras mais restritas e
rança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se pode sigilosas, apenas com as pessoas-chave.
criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em uma 2. A abertura para uma real autonomia dando às pessoas não
empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de hábitos somente as informações, mas o apoio e a liberdade necessária para
e pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende se agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incentivá-los a lide-
utilizar de uma prática como o empowerment não pode ter uma rar os processos em que estão envolvidos, e sob os quais assumi-
cultura de tomada de decisões centralizada, por exemplo. ram responsabilidades. Uma cultura punitiva impede a autonomia;
erros devem ser corrigidos, não punidos. A autonomia deve guiar-
O empowerment possui quatro bases principais, que são: -se pela visão, missão e valores da empresa, assim como por seus
• Poder – dar poder às pessoas, delegando autoridade e res- objetivos e metas, dentro do contexto dos sistemas e processos em
ponsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar vigor na organização.
importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia 3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocracia que tor-
de ação. nam as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empower-
• Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incen- ment, equipes auto-gerenciadas podem atingir alta performance e
tivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempe- buscar a excelência em níveis muito superiores aos de empresas
nho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas partici- centralizadoras.
pem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das metas. Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adapta-
• Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de ção mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente apropria-
capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa do para o aprendizado dos funcionários a fim de torná-los tomado-
treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento, res de decisão dentro da empresa.2
ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos
na organização.
2 Texto adaptado de Gustavo Periard

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Eficácia no comportamento interpessoal. ✓ Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma ques-
A postura profissional é o comportamento adequado dentro tão de bom senso, mas também uma questão de comprometimen-
das organizações, na qual busca seguir os valores da empresa para to profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um
um resultado positivo. ponto positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do
colaborador.
A importância da qualidade ✓ Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e
As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contí- cumpra os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade
nuas aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao para os compromissos marcados.
fenômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupa- ✓ Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é neces-
ção com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores. sário ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo
Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar é uma obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em
seu perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajus- demais situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os
tando às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os limites no relacionamento com os outros é fundamental.
novos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas ✓ Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e
dos clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e aceitar opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pes-
que realizem suas atividades com qualidade. soas a também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja
Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor- imposto ao demais.
porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia, ✓ Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constan-
significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou te em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a pos-
seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma tura profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é
positiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agre- um ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais.
gam valor ao seu trabalho. ✓ Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico,
Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e inte-
profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas resse incansáveis para aprender.
a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O ✓ É necessário ter um ânimo permanente, disposição para
grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber o trabalho e para correr atrás do que se quer.
se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se ✓ O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e
disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa- boa administração do seu tempo e das suas tarefas.
tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se ✓ Muitas organizações começam a mostrar interesse em in-
fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir). vestir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso
Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâ- uma sólida relação de confiança mútua.
mico, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que re- ✓ A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhu-
presenta qualidade para uma empresa não necessariamente o é ma relação profissional pode dar certo.
para outra. Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional,
procure entender quais são as competências valorizadas naquele Há, ainda, outras características que certamente podem contar
ambiente de trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para reali- pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência
zar suas tarefas com qualidade. diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per-
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta);
As novas exigências cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade.
Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já A Conexão Profissional, na terceira edição da série Desafios
devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien- para se tornar um bom profissional, trata de mais um dos desafios
tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é preci- dos recém-chegados ao mundo corporativo: a atenção aos proces-
so se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já po- sos e às rotinas nas organizações.
dem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática? Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos
Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es- a serem dados é procurar compreender a rotina da organização.
colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve
é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma é indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para
vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas a conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção con-
de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho tínua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel
que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
“habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque recen- o conjunto.
temente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando- Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar
-se. Vejamos algumas delas: e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar
✓ Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissio- melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
nal exige uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar
se comportar em público, honrar os compromissos e prezar pela a qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados.
organização no ambiente de trabalho. Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
✓ Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos
estar sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso
a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur-
com que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti-
certo e o que é errado para cada ambiente. vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocio-
mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho. nal. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se nos recifes das
Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos paixões e dos impulsos desenfreados, pessoas com alto nível de QI
só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior pode ser pilotos incompetentes de sua vida particular.
competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em- A aptidão emocional é uma capacidade que determina até
presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenhamos,
conjunto, melhores resultados.3 incluindo o intelecto bruto.
Inteligência emocional: É a habilidade de lidar eficazmente
A competência interpessoal é habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada as necessidades de cada uma e as exigências da situação,
adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da si- observando as emoções e reações evidenciadas no comportamen-
tuação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmen- to do outro e no seu próprio comportamento.
te com relações interpessoais de acordo com três critérios: Inteligência intrapessoal: É a habilidade de lidar com o seu
✓ Percepção acurada da situação interpessoal, de próprio comportamento. Exige autoconhecimento, controle emo-
suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação. cional, automotivação e saber reconhecer os sentimentos quando
✓ Habilidade de resolver realmente os problemas eles ocorrem.
de tal modo que não haja regressões. Inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmente
✓ Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas com outras pessoas de forma adequada.
envolvidas continuem trabalhando juntas tão eficiente-
mente, pelo menos, como quando começaram a resolver ELEMENTOS BÁSICOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
seus problemas. • Autoconhecimento: Conhecer a si próprio, gerar autocon-
fiança, conhecer pontos positivos e negativos.
Dois componentes da competência interpessoal assumem im- • Controle Emocional: Capacidade de gerenciar as próprias
portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O emoções e impulsos.
processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada • Automotivação: Capacidade de gerenciar as próprias emo-
da situação interpessoal. ções com vistas a uma meta a ser alcançada. Persistir diante de fra-
A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica- cassos e dificuldades.
ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em • Reconhecer emoções nos outros: Empatia.
suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc. • Habilidade em relacionamentos interpessoais: aptidão so-
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres- cial
sões de uma outra na esperança de compreendê-la.
Fatores positivos do relacionamento
Novas COMPETÊNCIAS começam a ser exigidas pelas organiza- Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num soma-
ções, que reinventam sua dinâmica produtiva, desenvolvendo no- tório geral, irão contribuir para uma boa qualidade no atendimento
vas formas de trabalho e de resolução de conflitos. Surgem novos interno e externo. Assim, desde que cumpridos ou atendidos re-
paradigmas de relações das organizações com fornecedores, clien- quisitos básicos de valorização do outro, estaremos falando de um
tes e colaboradores. Nesse contexto, as relações humanas no am- bom relacionamento. Os níveis de relacionamento aqui devem ser
biente de trabalho tem sido foco da atenção dos gestores, para que elevados, tendo em vista sempre o direito de cada indivíduo de re-
sejam desenvolvidas habilidades e atitudes necessárias ao manejo ceber com qualidade a supressão de suas necessidades.
inteligente das relações interpessoais. O relacionamento entre pessoas é a forma como eles se tra-
tam e se comunicam. Quando os indivíduos se comunicam bem, e
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA o gostam de fazer, se diz que há um bom relacionamento entre as
Chamamos de competência a integração e a coordenação de partes. Quando se tratam mal, e pelo menos um deles não gosta de
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A.) que entrar em contato com os outros, é um mau relacionamento.
na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada.
Fatores que interferem no trabalho em equipe
C – conhecimento - SABER
- Estrelismo;
H – habilidade – SABER FAZER
- Ausência de comunicação e de liderança;
A - atitude - QUERER FAZER
- Posturas autoritárias;
- Incapacidade de ouvir;
A COMPETÊNCIA TÉCNICA envolve o C.H.A em áreas técnicas
específicas. - Falta de treinamento e de objetivos;
- Não saber “quem é quem” na equipe.
A COMPETÊNCIA INTERPESSOAL envolve o C.H.A nas relações
interpessoais. Fatores positivos do relacionamento

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Comunicabilidade


Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. • habilidade de expor as ideias;
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora • clareza na comunicação verbal;
certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil. • é a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a men-
Aristóteles sagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente e
sem “ruídos”.
Como trabalhar bem com os outros?Como entender os outros
e fazer-se entender?
3 Por Rozilane Mendonça

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Objetividade • acham que estão sempre certos;
• relacionada com a clareza na informação prestada ao usuá- • tendem a colocar os outros na defensiva.
rio. • age como o “dono da verdade” - transmite a ideia de que
• é importante ser claro e direto nas informações prestadas, todos os outros são “ignorantes” e não têm nada de útil ou inte-
sem rodeios, dispensando informações desnecessárias à situação. ressante a dizer.
• quando afirma suas verdades e não admite contestação -
Eficiência transmite a mensagem de que vê a si mesmo como professor, con-
• A Administração Pública deve atender o cidadão com agili- siderando todos os outros como aprendizes.
dade, com adequada organização interna e ótimo aproveitamento • faz os ouvintes experimentarem sentimentos de inferiorida-
dos recursos disponíveis. de, o que produz um comportamento defensivo.

Presteza Habilidades necessárias ao bom relacionamento no trabalho


• Manifestação do interesse em atender às necessidades do • Habilidade de comunicar ideias de forma clara e precisa em
usuário. situações individuais e de grupo.
• Habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem.
Interesse • Habilidade de aceitar críticas sem fortes reações emocionais
• É importante mostrar-se interessado pelo problema/situação defensivas (tornando-se hostil ou “fechando-se”)
do cidadão-usuário. • Habilidade de dar feedback aos outros de modo útil e cons-
• Mostrar empenho para lhe apresentar as soluções. trutivo.
• O interesse na prestação do serviço está diretamente relacio- • Habilidade de percepção e consciência de necessidades, sen-
nado à presteza, à eficiência e à empatia. timentos e reações dos outros.
• Habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com conflitos
Não apenas nas relações humanas assim como nas relações de e hostilidade dos outros.
trabalho, colocar-se no lugar do outro (empatia) garante maior sen- • Habilidade de modificar o meu ponto de vista e comporta-
sibilidade e interesse ao usuário do serviço público. mento no grupo em função do feedback dos outros e dos objetivos
a alcançar.
Tolerância • Tendência a procurar relacionamento mais próximo com as
• É a tendência em admitir que modos de pensar, agir e sentir pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho.
são diferentes de pessoa para pessoa.
• É tolerante aquele que admite as diferenças e respeita à di- A empatia nas empresas
versidade.
Qual a relação entre empatia e produtividade?
Discrição “O conceito de empatia está relacionado á capacidade de ouvir
• Ser discreto é ter sensatez, ser reservado, recatado e des- o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu ponto
de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas o enten-
cente.
dimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor. No mo-
• Não devemos confundir com o princípio da publicidade. Os
mento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização dialoga e
atos administrativos devem seguir o princípio da publicidade que
conhece saltos de produtividade e de satisfação das pessoas”.
significa manter a total transparência na prática dos atos da Admi-
(Silvia Dias – Diretora de RH da Alcoa)
nistração Pública.
• Ser discreto nas relações de trabalho e nas relações com o “A empatia é primordial para o desenvolvimento de lideran-
cidadão-usuário é preservar a privacidade e a individualidade, não ças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois pressupõe o
invadir a privacidade, não espalhar detalhes da vida pessoal nem respeito ao outro; em uma dinâmica que favorece o aumento da
tampouco detalhes de assuntos que correm em segredo de justiça. produtividade”.
(Olga Lofredi – Presidente da Landmark )
Comportamento receptivo e defensivo
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, um
Comportamento Receptivo tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os va-
Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das lores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações
pessoas ignora ou rejeita prematuramente. humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos in-
Pode ser de natureza sensorial ou psicológica. terpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos.
No primeiro caso a pessoa se caracteriza por estar atento ao Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor
que acontece a sua volta. e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
No segundo a característica é de pessoa de mente aberta e
sem preconceitos à novas ideias. Órgão, servidor e opinião pública
A curiosidade é inerente do comportamento receptivo. A opinião pública tem uma visão estereotipada do funcionário
público. Nesta visão, são realçados os aspectos negativos: menor
Comportamento Defensivo empenho no trabalho, descaso na prestação de serviços e acomo-
O servidor não tem comportamento receptivo quando: dação nas rotinas do emprego etc.
• parecem saber de tudo; Esta é uma visão muito antiga.
• nunca têm dúvidas; Desmistificar um estereótipo social é sabidamente uma tarefa
• que têm resposta para qualquer pergunta; de paciência e que demanda tempo. É necessária uma estratégia,
• sempre têm certeza das coisas; permanente e progressiva de esclarecimento da sociedade civil, a
• que não admitem ser contestados; fim de mostrar o porquê da existência do servidor público e sua
• têm todas as informações; necessidade. O porquê de sua necessária e constante valorização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
A Constituição de 1988 estabelece que a única maneira de pro- administrativos. Independentemente de seu perfil e função, ele é
vimento de cargos públicos efetivo é através de concurso. Atual- reiteradamente indagado pelo cidadão sobre os serviços oferecidos
mente, a maior parte do funcionalismo público de cargos efetivos é pela administração pública, bem como sobre as formas de acesso e
formada por servidores concursados, aprovados em certames que os prazos de execução.
exigem muito preparo. Atendentes, motoristas, recepcionistas, dirigentes, telefonis-
Mas,uma boa parte dos cargos comissionados, a maioria car- tas, técnicos, terceirizados, representam uma instituição aos olhos
gos de gestão, são ocupados por servidores nomeados segundo cri- do público externo.
térios de interresses políticos. Isso gera um quadro onde o servidor Tudo e todos comunicam. Cada integrante de uma organização
tem uma boa formação, mas os chefes são amadores. é um agente responsável por ajudar o cidadão a saber da existência
Além disso,há uma gama de outros funcionários selecionados de informações, ter acesso fácil e compreensão, delas se apropriar e
pelo critério “quemindica”, contratados temporariamente, ou ter- ter a possibilidade de dialogar e participar em busca da transforma-
ceirizados, ou para Consultoria e cujos contratos são renovados ção de sua própria realidade. (DUARTE, Jorge, 2007, p. 68).
inúmeras vezes equivalendo na prática a quase um cargo perma- O Estado, portanto, fala por meio de seus servidores. Ao aten-
nente. Infelizmente há ainda esses que caem de paraquedas no der o cidadão, ele é um braço do Estado em posição estratégica
serviço público. de porta-voz dos serviços disponíveis e “tradutor” de normas e
Entretanto, o que se percebe é que a cena da repartição cheia procedimentos, incumbido de adequar o conteúdo e a linguagem
de máquinas de datilografia e cadeiras com paletós sobre elas re- a cada demanda e a cada interlocutor. Além disso, também está
pousando, hoje é tão pitoresca quanto rara. em situação privilegiada para captar as impressões, críticas, dese-
É claro que exames rigorosos para admissão de novos servido- jos e necessidades do público, na medida em que o contato direto
res aumentam a qualidade do funcionalismo , mas não é só isso. É cotidiano com os cidadãos oferece subsídios para identificar fragi-
preciso estruturar carreiras no serviço público com cursos obrigató- lidades no atendimento, nos processos, na divulgação dos serviços
rios e específicos para o setor público. e na própria política.
Os cidadãos estão cada vez mais conscientes de que o serviço Lipsky (1980) destaca que esses atores têm informações que po-
público que lhe é prestado não é gratuito: é muito caro. Pagam- dem indicar caminhos para aprimorar as políticas e promover a gestão
-se tributos de várias espécies, numa complexa configuração fiscal democrática dos programas. O valor estratégico da mediação que os
(cumulatividade, bi-tributação, efeito cascata, guerra fiscal, etc...) servidores fazem entre o Estado e a sociedade, não só como executo-
que precisam arcar, inclusive, com os custos da burocracia excessi- res, mas também definidores dessa relação, chama a atenção para a
va e da provisão para fraudes. análise do seu papel na grande rede social interligada ao Estado.
A sociedade está ciente de que o serviço público deve ser efi- O que alimenta o funcionamento de uma organização é o que o
ciente e de que o servidor público está ali para servir a sociedade. funcionário sabe. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Nessa perspectiva,
O emprego público deve explorar as habilidades que fizeram o ele é percebido não como cumpridor de planos, mas um negocia-
candidato ser empossado. A remuneração, a depender da carreira, dor, capaz de incentivar o diálogo, coletivizar ideias, formular alter-
nativas e articular a ação conjunta.
deve ser mantida em níveis competitivos ao da esfera privada. Mas,
A complexidade dos problemas sociais requer retroalimenta-
nada disso visa a efemeridade do “status” que alguns servidores
ção e aprendizagem constantes, decodificação das informações re-
públicos apreciam. Tudo visa o fim público, objetiva a satisfação das
cebidas, flexibilização de regras e disseminação de conhecimento.
necessidades coletivas.
Sob essa perspectiva, os servidores se revelam duplamente agen-
Uma nova política de recursos humanos é necessária. Deverá
tes de comunicação pública: como agentes melhor posicionados
ser permanente e estar em constante aperfeiçoamento, produzin- para contribuir com informações e conhecimento para aprimorar
do, na ponta, servidores mais críticos, competentes, inovadores e os serviços públicos (levando informação do cidadão para o Estado
cientes de sua missão pública. Essa é a única forma de se resgatar, e deste para o cidadão) e também como agentes encarregados de
perante a sociedade, a dignidade da função, e se ganhar do público, efetivar as políticas públicas.
o reconhecimento devido. A comunicação dirigida face a face pode viabilizar soluções
Perante a sociedade, maus servidores não têm direitos - nem cotidianas para os cidadãos que solicitam atenção e esperam por
de grevar, porque são dispensáveis. Bons servidores, ao contrário, informações corretas. Além disso, Argenti (2006) afirma que a
competentes e atenciosos, tornam-se mais fortes e reconhecidos, credibilidade adquirida por meio do relacionamento com grupos
porque imprescindíveis. Não adianta simplesmente lutar pelo salá- específicos tende a surtir mais efeito que campanhas e anúncios
rio sem ter postura e ética na hora de servir.4 corporativos massivos.
As organizações públicas, e especificamente as administra-
O servidor na interação entre o Estado e a sociedade ções municipais, que desejam atingir resultados na implantação
Ao trazer para o debate a importância de priorizar os servido- das práticas de comunicação com seus cidadãos precisam utilizar
res públicos nos processos de comunicação e relacionamento, par- com eficiência o contato direto com estes, gerando interatividade e
te-se do pressuposto de que é no dia a dia, no atendimento face a contribuindo para a constituição de imagem favorável. (GERZSON;
face que o Estado mais é chamado a se posicionar. MULLER, 2009, p. 65).
E é nessa circunstância de interação direta entre os represen- Woodrow Wilson, um dos inspiradores do paradigma clássico
tantes do governo e aqueles que compõem a sociedade, que a ima- da administração pública, já em 1887, demonstrava a importância
gem construída nos demais meios de comunicação se confirma ou de aproximá-la da sociedade. Ele defendia a eliminação do anoni-
é atirada por terra. mato burocrático e a discricionariedade como formas de aumentar
A maioria das críticas ao governo é recebida pela equipe de a responsabilidade e criticava a desconfiança ilimitada nos adminis-
trabalho antes de chegar às autoridades eleitas. E quem mais exer- tradores e nas instituições públicas.
ce esse papel de “para-raios” é o servidor que trabalha em contato Considerando tais questões, abordar a comunicação pública
direto com o cidadão. Seja nos setores destinados exclusivamente sob o prisma da relação individual entre servidor e cidadão é uma
ao atendimento de reclamações e solicitações, seja na portaria, na tentativa de compreender as estratégias e os mecanismos envolvi-
rua, na obra, nas escolas, nas unidades de saúde ou nos setores dos na comunicação formal e informal e o modo como os servido-
res lidam com os interesses e as demandas dos cidadãos.
4 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com.br

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Chamar a atenção para o papel dos servidores na adequação quanto a comunicação pública direcionadas ao cidadão só se efeti-
das políticas governamentais é considerar que ações públicas não vam na ação, e o servidor que as implementa pode alterar o curso
são isentas. Elas trazem a marca dos interesses e das percepções de delas.
seus executores, o que pode causar distorções entre as necessida- Do ponto de vista comportamental, muito do que se sabe so-
des dos cidadãos e o que o Estado lhes oferece. (SKOCPOL, 1985). bre as estratégias de interação entre os servidores e os cidadãos
Busca-se, portanto, destacar a necessidade de considerar que o Es- deve-se às pesquisas empíricas desenvolvidas por Lipsky (1980). O
tado se submete não só a interesses localizados na sociedade, mas autor afirma que os servidores públicos desenvolvem um conjunto
também aos interesses de seus próprios membros. de estratégias que são postas em ação de acordo com o tipo de
Segundo Rhodes (1986), implícito à concepção de redes está o demanda existente.
argumento de que a implementação é um elemento-chave no pro- Chamado de “burocrata no nível da rua”, por Michael Lipsky
cesso político, pois os objetivos iniciais podem ser substancialmen- (1980), o servidor focado nesse estudo trata-se de um prestador
te transformados quando levados à prática. de serviços públicos, diretamente atuante na oferta desses servi-
Porém, a concepção tradicional da administração pública pres- ços e com contato pessoal com os usuários. A burocracia de nível
supõe que as políticas são implementadas tal como foram planeja- de rua (street level bureaucracy) considera que os escalões mais
das, desconsiderando o contexto e as especificidades de quem as baixos são essenciais para o funcionamento efetivo e prega que a
implementa e de quem as recebe. Focar as redes numa perspectiva aproximação ajuda a definir a relação entre Estado e sociedade.
micro possibilita perceber in loco como, de fato, a implementação (FERRAREZI, 2007).
das políticas é efetivada. Dasso Junior (2002) destaca que o papel a ser desempenhado
O distanciamento hierárquico e a falta de interação entre os pelos servidores diante da necessidade de flexibilizar procedimen-
formuladores (agentes políticos) e implementadores (agentes ad- tos burocráticos incongruentes com a realidade dos atendimentos
ministrativos) podem gerar distorções em ambos os processos, re- passa por reconstruir a capacidade analítica do Estado. É preciso
fletidas na distância entre a política planejada e a política que chega “dotar a administração pública de capacidade para dar respostas às
ao cidadão. A implementação dos programas criados nos níveis hie- demandas sociais, definidas através de processos participativos”.
rárquicos superiores pode diferir do que foi proposto, por diversos (DASSO JUNIOR, 2002, p. 13). Para isso, o autor defende a flexibili-
motivos: a falta de entendimento, a não explicitação dos objetivos, zação e redução da estrutura hierárquica, bem como a inclusão dos
os interesses políticos de quem implementa a ação, a (re)signifi- servidores na formulação e gestão das políticas.
cação em função da vivência e percepção do servidor, ou mesmo
a adaptação consciente às condições de trabalho ou às condições “O instrumento fundamental de ação do servidor é a informa-
específicas dos cidadãos atendidos. ção, o que requer capacidade de captar, transferir, disseminar e
Dentre os fatores que podem levar a essa desconexão está o utilizá-la de forma proativa e interativa.” (JUNQUEIRA; INOJOSA,
fato de que os trabalhadores que estão em suas atividades diárias 1992, p. 29). Mas, para alterar o formato instrumental de comuni-
em contato direto com os cidadãos possuem suas próprias referên- cação, é preciso vencer resistências e posições arraigadas. A cons-
cias; eles agem em respeito a elas (...). É relevante o fato de as po- trução de relacionamentos requer a superação de barreiras como
líticas públicas serem executadas no nível da rua, por funcionários a resistência de gestores e servidores historicamente acostumados
muitas vezes desconhecedores das políticas conforme o desenho com estruturas hierarquizadas e com um processo verticalizado e
original, desmotivados, sobrecarregados, trabalhando sob situação marcado pela apropriação e pelo controle da informação.
de estresse devido ao alto grau de incerteza inerente à diversida- Ao se analisar o Estado após o processo de redemocratização
de das necessidades dos clientes e aos parcos recursos disponíveis, do Brasil, é possível verificar que a incapacidade de os governos
quer para o pagamento dos salários, quer para a execução mesmo centrais darem respostas a demandas sociais cada vez mais com-
das políticas. (SCHMIDT, 2006, p. 17-18). plexas, diversas e conflitantes, cujos atores reivindicam atenção
Hogwood e Gunn (1993) listam diversas precondições para a diferenciada, resulta na descentralização administrativa.
adequada implementação das políticas públicas. Dentre outros fa- Embora tal medida, baseada no modelo da nova gestão pú-
tores, eles apontam o acordo sobre os objetivos, a perfeita comuni- blica, busque proporcionar mais flexibilidade e autonomia para
cação e coordenação e a obediência aos superiores. Considera-se, aproximar as estruturas de decisão dos cidadãos, a tendência dos
no entanto, que tais aspectos dificilmente serão totalmente atendi- governos em implementar políticas autorreferentes persiste. Veri-
dos porque os indivíduos tendem a resistir a serem tratados como fica-se uma proliferação de decisões “por um pequeno círculo que
meios. Eles interagem como seres integrais, trazendo suas próprias se localiza em instâncias enclausuradas na alta burocracia gover-
perspectivas. namental”.
Mesmo que a formalidade burocrática vise a padronizar proce- (DINIZ, 1998, p. 34).
dimentos, os servidores têm uma certa liberdade de decisão. Sua
adaptação às normas pode ser feita de modo a desvirtuar comple- Assim, o desenho institucional trazido pela nova administração
tamente os objetivos, ampliando ainda mais as cobranças relativas pública aumentou o isolamento dos decisores. (DINIZ, 2000). Via de
aos procedimentos burocráticos irrelevantes ou promovendo uma regra, eles trabalham em gabinetes distantes dos pontos de atendi-
adaptação favorável ao cidadão, explicando os trâmites de forma mento e não mantêm contato frequente com os cidadãos atingidos
simplificada, apontando alternativas ou mesmo flexibilizando as por suas decisões. Por outro lado, a maioria daqueles que mantêm
normas para melhor atender cada cidadão. contato cotidiano com os cidadãos no processo de implementação
Assim, as prioridades outorgadas pelos planejadores também e disponibilização das políticas, nos balcões de atendimento, repre-
são influenciadas pelo poder político de instâncias do próprio po- sentando o governo em reuniões com os diferentes grupos asso-
der público. Destaca-se, então, a importância de focar a tríade go- ciativos da sociedade civil, ou executando políticas de educação,
saúde, habitação, infraestrutura e assistência social, exerce suas
verno-servidor-cidadão na comunicação pública. Entende-se, neste
funções longe dos níveis hierárquicos estratégicos. Não raro, seu
caso, que o governo é o agente do primeiro escalão, responsável
papel é considerado inexpressivo no modelo top-down de imple-
por grandes decisões e por formatar e planejar a implantação das
mentação de políticas.
políticas públicas. Por outro lado, considera-se que tanto a política

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
A participação no gerenciamento pode criar motivação para o No enfoque da rede, ter prestígio significa ser um ator que re-
trabalho e mais independência além, é claro, de proporcionar mui- cebe mais informações do que envia. (WASSERMAN; FAUST, 1999,
tos benefícios para a instituição, que poderá entender melhor as p. 173). Sendo assim, a partir da análise das ligações é possível
demandas do cidadão, ao mesmo tempo em que o beneficia com identificar indivíduos mais bem posicionados em relação ao fluxo
um atendimento mais adequado. relacional e que, em razão desta posição, possuem maior poder de
Resolver problemas, seguidas vezes partindo do zero e utilizar influenciar a comunicação entre os indivíduos com os quais se re-
esforços em duplicata são, segundo Davenport e Prusak (1998), lacionam.
práticas comuns nas quais o conhecimento14 de soluções já criadas A análise de rede aponta o poder de influência dos atores com
não é compartilhado. Os autores destacam que há um saber oculto, base em diferentes aspectos posicionais. Ela identifica não só os
em estado latente no processo de trabalho e na mente dos tra- líderes de opinião, caracterizados como aqueles que mais influen-
balhadores, que pode ser conhecido e socializado. A transferência ciam as atividades, os relacionamentos e as informações na rede,
de conhecimento nas organizações também ocorre nas conversas mas também os membros pelos quais passam os fluxos mais in-
informais e contatos pessoais. O desafio é transformar o conheci- tensos, aqueles que mais intermedeiam contatos ou aqueles cujo
mento latente em linguagem comunicativa, de modo a incorporá-lo potencial pode ser melhor explorado; além das conexões diretas
ao processo de trabalho e ao patrimônio da instituição. e indiretas, o grau de reciprocidade; a interação dentro e entre os
Tal como destacam tais autores, se a realidade política de uma subgrupos e a coesão das relações. De forma análoga, também é
organização permite que se multipliquem enclausuradores do co- possível identificar aqueles que constituem barreiras, comprome-
nhecimento, o intercâmbio será mínimo. Eles defendem que, ao tendo o processo comunicacional.
invés de as informações serem represadas nos altos escalões ou Assim, a análise da comunicação organizacional, sob o prisma
mesmo em nível gerencial, elas tenham fluxo entre os níveis hie- das relações em rede, possibilita responder questões como: com
rárquicos e cheguem à ponta, aos funcionários que representam quem cada indivíduo busca informação sobre determinado assun-
diretamente a organização nos atendimentos cotidianos. Assim, a to; quais deles se conhecem ou quem tem acesso a quem; com que
informação constituiria não sórecurso estratégico para o planeja- frequência trocam informações; se os colegas sabem com quem bus-
mento, controle e tomada de decisão, mas também para embasar car cada tipo de informação; se utilizam tais fontes; que tipo de relação
as ações cotidianas. estabelecem. Mais que responder tais questões, a análise demonstra
como cada aspecto influencia a estrutura de relações do grupo.
Análise de redes sociais na comunicação organizacional A rede considera a dinâmica dos objetos empíricos das ciên-
A abundância de fluxos e demandas informacionais requer cias sociais e, portanto, é mutável. Ela possibilita indicar mudan-
reconhecer aorganização como ator social com influências mul- ças e permanências nos modos de comunicação e transferência de
tidirecionais. Nessa perspectiva, a rede não é apenas uma cadeia informações, nas formas de sociabilidade, aprendizagem, autorias,
de vínculos, mas também uma maneira de analisar e entender os
escritas e acesso aos patrimônios culturais e de saberes das socie-
processos de comunicação no contexto das organizações de uma
dades mundializadas. (MARTELETO, 2010, p. 28).
forma dinâmica e próxima da prática cotidiana, considerando-se as
Com isso, as redes constituem um meio de aprimorar a comu-
relações que as constituem.
nicação, respeitando a autonomia e as diferenças individuais, onde
Ao estabelecer vínculos internos e externos entre diferentes
cada um constitui uma unidade em si, único em forma e posição.
conjuntos de ação, a análise das redes de comunicação possibilita
Ao considerar a capacidade e os recursos informacionais de cada
estabelecer nexos explicativos entre as relações dinâmicas do sis-
tema do “nós” da comunidade de comunicação com o ecossistema membro e sua competência em compartilhá-los, a rede possibilita
externo do “eles” possibilitando, inclusive identificar suas dialéticas melhor promover articulações tanto na concepção quanto na exe-
na definição cognitiva de um campo de ação comum. (HANSEN, cução de suas funções.
2006, p. 2-3). A comunicação no contexto das organizações como processo
Dentro das organizações, pode-se utilizar a metodologia de relacional entre seus membros e destes com redes externas não é
rede para identificar relações de cooperação e conflito, bem como restrita às relações hierárquicas e aos meios formais. Mais que as
para avaliar a influência da hierarquia e de interesses individuais estratégias utilizadas pelos meios de comunicação institucional e
nas relações, as interações dentro dos setores e transetoriais, as mais ainda que os aspectos estritamente hierárquicos, analisar a
competências e as relações de poder. No aspecto das redes exter- comunicação nesse contexto requer uma abordagem a partir dos
nas, cabe considerar o atendimento, a captação de informações vínculos, construídos intencionalmente ou não e que estão em
que possibilitem adequar às demandas e as relações estabelecidas constante interação e transformação.
com outras organizações. A comunicação não é algo estanque. Ela existe a partir de uma
Se por um lado, a análise de redes sociais trabalha com os mes- rede de relações que produz múltiplos sentidos. Nessa concepção,
mos instrumentos de captação de dados utilizados pelas ciências a proposta é abordar acomunicação organizacional como um pro-
sociais: questionários, entrevista, análise documental; por outro, cesso social capaz de reconfigurar-se e reconfigurar continuamente
ela oferece novas possibilidades na análise de tais dados. a organização. Ao mesmo tempo em que ela constitui a realidade
A análise de redes sociais tem uma dimensão propriamente so- da organização, ela modifica estruturas e comportamentos.
cial e comunicacional, que permite traçar os elos, as interações e as Embora a análise de redes possibilite mapear o fluxo informal
motivações dos atores em função do convívio (concreto ou virtual) e de informações, percebe-se que os atores mais centrais são os líde-
dos interesses e dos objetivos compartilhados. (MARTELETO, 2010, res formais. Gerentes e coordenadores possuem grande influência
p.39) sobre o fluxo de informação. A unilateralidade das relações aponta
Nessa rede cujos nós são conectados pela relação que estabe- uma reduzida permeabilidade da rede ao cidadão. Os atendentes,
lecem,percebe-se que não só emissor e receptor se ajustam e se cuja função é manter contato direto com o cidadão, em geral, es-
influenciam na interação como também recebem outras influên- tão à margem. Atores periféricos, eles interagem com o ambiente
cias diretas e indiretas. A análise de redes sociais possibilita mapear externo e captam novos elementos que poderiam possibilitar a ino-
e analisar não apenas a mútua afetação, mas múltiplas afetações vação dentro da rede. No entanto, sua tímida participação no envio
decorrentes das interações intraorganizacionais e sociais mais am- de informações para os demais faz com que grande parte dessas
plas. informações se percam.

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Considerando o servidor como ator com grande potencial não Por que é importante?
só para a definição e implementação de políticas públicas, como A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega-
também para a participação individual do cidadão, o mapeamento mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem
da rede e a análise das relações indicam a necessidade de incentivar sem ser distraídos por erros de pronúncia.
o aumento da densidade das relações e a reciprocidade dos laços. Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pronún-
O histórico de reformas administrativas e a influência dos di- cia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um
versos modelos de gestão pública emergem. A rede está inserida alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabetos árabe,
no centro da aposta de uma administração gerencialista focada em cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita não é feita por
metas e resultados. No entanto, a reprodução do organograma nas meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres que podem ser
relações informais é um indicativo da influência do padrão burocrá- compostos de vários elementos.
tico de administrar. Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou par-
Desconsiderar a ponte entre a rede intraorganizacional e a rede te de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano usem ca-
extraorganizacional do órgão como elemento estratégico de acesso racteres chineses, estes podem ser pronunciados de maneiras bem
ao cidadão por meio da interação pessoal é criar uma barreira. É diferentes e nem sempre ter o mesmo significado.
por meio da interação entre as redes que elas se renovam. A troca Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se
de informações é que as torna dinâmicas e possibilita inovações. use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando
o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do
grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es-
trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia
POSTURA E ATENDIMENTO AO PÚBLICO parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de
letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes,
Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto- simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memo-
maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois rizar as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em
ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus chinês, a pronúncia correta exige a memorização de milhares de
diversos públicos (internos, externos e misto). caracteres. Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda
As organizações têm passado por diversas mudanças buscan- de acordo com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção
do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os a esse aspecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas.
maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im-
competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado, portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse
reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competi- tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí-
tivos e de qualidade. laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a
A reestruturação das organizações gerou um público interno essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna
de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes, relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se
responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica-
todos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar
se propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser corretamente as palavras.
o intermediador, o administrador dos relacionamentos institucio- Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção
nais e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim, aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina-
fica claro que esse profissional tem seu campo de ação na política das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç.
de relacionamento da organização. Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas.
A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de
um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa sig- esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais
nificativamente maior que um simples programa de comunicação coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é
impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre- bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem
sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos, quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo-
treinados, com visões integradas e em permanente estado de aler- ram discutidas no estudo “Articulação clara”.
ta para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente. Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um
Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela- país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo
ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica, país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di-
social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi-
objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio- nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à
namento. instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene-
Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi- ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo-
cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu- cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos
nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e
no nível de persuasão nos negócios. que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade.
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem
Pronúncia correta das palavras familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema
Proferir as palavras corretamente. Isso envolve: numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com
- Usar os sons corretos para vocalizar as palavras; palavras que não usa no cotidiano.
- Enfatizar a sílaba certa;
- Dar a devida atenção aos sinais diacríticos Maneiras de aprimorar
Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se dão
conta disso.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con- esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá- ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais, mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos
usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los. No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal
Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de- para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que
pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas deman-
letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de das de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da
fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta. língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores im-
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al- portantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fun-
guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus damental que o atendente transmita a seu interlocutor segurança,
erros. compromisso e credibilidade.
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir,
aos bons oradores. procedimentos para a excelência no atendimento telefônico:
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gos-
ta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atenden-
Pronúncia de números telefonicos
te da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone.
O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al-
Por outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a
garismo.
tratar o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o
Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.
interlocutor se sinta importante;
Lê-se em caso de uma sequencia de números de tres em tres • assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que
algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro numeros jun- atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja,
tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos. comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta
O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediata-
“11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”. mente saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”.
Se não for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o aten-
Veja abaixo os exemplos dente deverá apresentar formas alternativas para o fazer, como:
011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero – fornecer o número do telefone direto de alguém capaz de resolver
zero, tres o problema rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa
021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – tres, tres – responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de
quatro, tres que alguém confirmará a recepção do pedido ou chamada;
031.386.1198 – zero, tres, um – tres, oito, meia – onze – nove, • Não negar informações: nenhuma informação deve ser
oito negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a for-
necer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é
Exceções adequada a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois en-
110 -cento e dez traremos em contato com o senhor
111 – cento e onze • Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tem-
211 – duzentos e onze po, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar
118 – cento e dezoito que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee-
511 – quinhentos e onze dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor;
0001 – mil ao contrario • Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada;
Atendimento telefônico • Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastró-
fica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas;
Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili-
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comunica-
ção, não se estabele o contato visual, é necessário que o atendente, se ti-
zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
ver mesmo que desviar a atenção do telefone durante alguns segundos,
que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
peça licença para interromper o diálogo e, depois, peça desculpa pela
para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se- demora. Essa atitude é importante porque poucos segundos podem pa-
jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos- recer uma eternidade para quem está do outro lado da linha;
sam receber bom atendimento ao telefone. • Ter as informações à mão: um atendente deve conservar
Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para a informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor-
o atendimento telefônico: mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a
• não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo. rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente;
É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a • Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga:
ligação em seguida; quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços; vai retornar a chamada.
• atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o • Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitu-
atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas; des no atendimento telefônico:
• agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou • Receptividade - demonstrar paciência e disposição para
“boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos
atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome usuários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da
do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im- mesma forma é necessário evitar que interlocutor espere por res-
portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também postas;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di- A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista,
zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, ano- que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com-
tar a mensagem do interlocutor); preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras
• Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro- variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio
nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões constante para todos nós.
como “meu bem”, “meu querido, entre outras); E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica-
• Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evi- ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único
tar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desvian- instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para
do-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber en- um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri-
quanto se fala); mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil
• Comportamento ético na conversação – o que envolve consecução.
também evitar promessas que não poderão ser cumpridas. Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de
modo a atingirmos a excelência, confira:
Atendimento e tratamento 1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for-
O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se-
uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa-
com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma, zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por
uma relação entre o atendente, a organização e o cliente. conta do profissionalismo demonstrado.
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada 2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente
por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a: prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tec- atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos
nológicos adequados; eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha
• confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele- “limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios.
cidos previamente; 3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja
• credibilidade – honestidade no serviço proposto; minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente
• segurança – sigilo das informações pessoais; que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente
• facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de fale mais alto.
contato; 4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não
• comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser- cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encon-
viços. trar o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente
Fatores críticos de sucesso ao telefone: entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com
- A voz / respiração / ritmo do discurso clareza e objetividade.
- A escolha das palavras 5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão
- A educação para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros
de interpretação por parte do cliente.
Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado 6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem
da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o atentamen-
transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao te, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois assim, você
conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que esses “dinossau-
reveladas, tais como: ros” não precisam ser atacados, pois, eles se matam sozinhos.
• Interesse ou desinteresse,
• Confiança ou desconfiança, 7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
• Alerta ou cansaço, que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima
• Calma ou agressividade, confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati-
• Alegria ou tristeza, vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes.
• Descontração ou embaraço, 8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente
para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o
• Entusiasmo ou desânimo. cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone.
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender
O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de-
minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto
monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente
aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
a máxima eficiência.
10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome
A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e
pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra-
que não existe entusiasmo da sua parte. dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando
for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao reafirmando o que foi acordado.
cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa- 11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não está
tia. Está relacionada a: presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça a ele para
• Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente, ou seja, a de
prontamente a solicitação do usuário; retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta à organização.
• Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor- 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é
dialidade; um dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista,
• Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre- que é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais
vistas. que foram abordados.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem - Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da
responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite.
desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da - Essa chamada externa vai solicitar um ramalou pessoa. Você
empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten-
uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esque- deucorretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e
cimentos. transfira a ligação.
14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te-
lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui;
realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble- faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário
mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinte- e evite assuntos pessoais.
ressado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu
do cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e inicia- interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação,
tiva para que a outra parte se sinta acolhida. mantenha-o ciente dos passos desse atendimento.
15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente, Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela.
sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposição
a identificação dos problemas existentes e consequentemente para dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem real-
as possíveis soluções que os mesmos exigem. mente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o cliente
16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido transferida
alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse caso, anote a
para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente in- situação e diga que irá retornar com as informações solicitadas.
conveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon- - Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência,
gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na diga à pessoaque chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar
medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe
não tenha que esperar muito tempo para ser atendido. uma linha ocupadacom uma pessoa que estáapenas esperando a
liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa-
Buscar a excelência constantemente na comunicação huma- mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em
na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligaçãoe
nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente dizer: “Desculpe-me interrompersua ligação, mas há uma chama-
da urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O (a) senhor (a)
algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro-
pode atender?” Se a pessoa puder atender , complete a ligação, se
metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples
não, diga que a outra ligação ainda está em andamento e reafirme
mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos
sua possibilidade em auxiliar.
para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar-
mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante.
Lembre-se:
Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas forma-
Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao
lidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira des-
atendimento de ligações ou transferências
culpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz a
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento.
isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu A conversa: existemexpressões que nunca devem ser usadas,
trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato tais como girias, meias palavras, e palavras com conotação de inti-
com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional.
a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri-
meira impressão é a que fica. Equipamento básico
Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar
seu trabalho: o bom andamento do seu trabalho:
- Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural pos- - Listas telefônicas atualizadas.
sível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo. - Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem
- Calma:Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante que alfabética).
você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta chamando - Relação dos númerosde telefones mais chamados.
merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deveser apressada - Tabela de tarifas telefônicas.
ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grosseira, você não - Lápis e caneta
deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, procure acalmá-la. - Bloco para anotações
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece aten- - Livro de registro de defeitos.
ção especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre
simpática e demonstrar interesse em ajudar. O que você precisa saber:
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhe- O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu ma-
simportantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são terial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você
confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você deve saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que
deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo nas você usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Te-
ligações telefônicas é consideradauma falta grave, sujeita às pena- lefônica, que permite você fazer ligações internas (de ramal para
lidades legais. ramal) e externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS.
- PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
O que dizer e como dizer todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da em-
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama- presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que
das externas: entram, passam pela telefonista.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
- KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de - CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai corrigir.
saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista - Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.
- EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.
Informações básicas adicionais - Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas
- Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificati-
telefônicas. Eles se dividem em: vas”. Este é um problema da empresa.
* Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer
ligações para fora sem passar pela telefonista 4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer?
* Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi- - Concentre-se para entender o que realmente o Cliente quer
lio da telefonista para ligar para fora. ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê.
* Ramais restritos: só fazem ligações internas. - Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até que
-Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Tele- o Cliente entenda.
fônica Pública. - Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente,
- Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica- o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o
mente as linhas que estãoem busca automática, devendo ser o úni- Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução.
co número divulgado ao público.
- Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligaçõesentre ramais e 5ª – Discussão com o Cliente
linhas-tronco. Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você
- Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza- sempre perde!
ção de ligações interurbanas. Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou
- DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran- “discutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de
queado, cuja cobrança das ligaçõesé feita no telefone chamado. forma que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do
- DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão Cliente, quando esta for negativa. Exemplos:
diretopara o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
- Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis- O Cliente está... Reaja de forma oposta
tância e horário. Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente.
- Consultores: empregados da Telems que dãoorientaçãoàs
Irritado Mantenha a calma.
empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele-
comunicações. Desafiando Não aceite. Ignore o desafio.
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar Diga-lhe que é possível resolver o
assistência às CPCTs. Ameaçando problema sem a necessidade de
- Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá- uma ação extrema.
rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em
CPCTs do tipo PBX e PABX. Diga-lhe que o compreende, que
Ofendendo gostaria que ele lhe desse uma
Em casos onde você se depara com uma situação que repre- oportunidade para ajudá-lo.
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à
cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. 6ª – Equilíbrio Emocional
Em uma época em que manter um excelente relacionamento
1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer? com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien-
- Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva. te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os
- Acima de tudo, mantenha-se calmo. profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no
- Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um esta- atendimento a Clientes.
do de nervosismo.
- Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
nervoso (a), tente acalmar-se”. - For paciente e compreensivo com o Cliente.
- Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam acal- - Tiver uma crescente capacidade de separar as questões pes-
mar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo soais dos problemas da empresa.
- Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas,
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer? sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para-
- O tratamento deverá ser sempre positivo, independentemen- -raios”.
te das circunstâncias. - Não fizer pré julgamentos dos clientes.
- Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a entender - Entender que cada cliente é diferente do outro.
que você não é o alvo. - Entender que para você o problema apresentado pelo cliente
- Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para não é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o problema é
parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positivamente, único, é o problema dele.
coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele reaja de - Entender que seu trabalho é este: atender o melhor possível.
modo positivo. - Entender que você e a empresa dependem do cliente, não
ele de vocês.
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa - Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o
- ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível. futuro da relação do cliente com a empresa.
- Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao seu
alcance para que o problema seja resolvido.

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cordia- como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes
lidade) dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de-
pendência recíproca para terem peso.
A FUGA DOS CLIENTES Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo- necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento.
gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento.
Numa escala decrescente de importância, podemos observar Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
os seguintes percentuais: 01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compreen-
- 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de pos- der e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele seja
tura no atendimento; bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo um
- 14% fogem por não terem suas reclamações atendidas; ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente
- 9% fogem pelo preço; para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante-
- 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte. nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessi-
dades. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto
A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas ou serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em rela-
organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem ção às necessidades dos clientes e atendê-las.
uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser- 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
satisfazer plenamente o cliente. entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra- uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente.
tam profissionais com características básicas para atender o públi- Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instante
um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar a
com as características individuais e o bom senso de cada um. felicidade do outro.
A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍ-
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles RITO POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos,
não sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento para ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe
é a tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocu- que é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia
pação. Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que do trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chega-
perpassam pela condição individual e por condições sistêmicas. da do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com
a consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços
1. Falta de uma política clara de serviços; para o cliente.
2. Indefinição do conceito de serviços;
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de atendi- Os requisitos para contratação deste profissional
mento; Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos
4. Falta de um padrão de atendimento; são essenciais ao atendente. São eles:
5. Inexistência do follow up; - Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. - Gostar de lidar com gente.
- Ser extrovertido.
Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação - Ter humildade.
de pessoas com características opostas ao necessário para atender - Cultivar um estado de espírito positivo.
ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... - Satisfazer as necessidades do cliente.
- Cuidar da aparência.
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO
Observando estas duas condições principais que causam a vin- Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
culação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar
a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens: os serviços A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os as-
e a postura de atendimento. pectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua totali-
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e, dade e nossa condição emocional.
como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de serviços, Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados os POSTURA. São eles:
aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como: o 01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por
ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portan- um posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponí-
to, depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado vel para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POS-
com as condições sistêmicas. TURA DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos posi-
tivos nos clientes, como por exemplo:
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dispen- a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o
sado às pessoas, está mais relacionado com o funcionário em si, peito aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e
com as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. Portan- acolhimento;
to, está ligado às condições individuais. b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas transmite ao cliente a humildade do atendente;
das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten- c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem respeito
dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento, e segurança;

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver-
e calorosidade. bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno
de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e
02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que se certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer
caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos e o os seus anseios.
que expressamos no nosso corpo.
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e con- Alguns exemplos são:
fortáveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos sen- 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de
timentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha
livres do stress, das doenças, dos medos. para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as- 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento
pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu- do pagamento;
zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função 3. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos carro entrando no posto e faz uma sudação...
sobre o observador e quem a expressa.
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento A INVASÃO
inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or- Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA-
ganismo e o seu meio ambiente. SÃO DE TERRITÓRIO.
Vamos entender melhor isso.
O olhar Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos mais não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin-
profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
real sentido dos olhos. Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de aco- privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
lhimento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri-
vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas
e desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissa- estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase
bor pelo atendimento. se encostando nele; dar um tapinha nas costas...
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva-
nos nossos olhos ? A resposta é simples: sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes
de ajudar o próximo. grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu-
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, des e situações mais comuns:
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para - Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um bem;
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender - Seguir o cliente por toda a loja;
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. - O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente pas-
sageiro;
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir: - O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
01. Interesse quando: sem ser solicitado;
- Brilha; - O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beijinhos
- Tem atenção; e tapinhas nas costas;
- Vem acompanhado de aceno de cabeça. - O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone
sem avisar.
02. Desinteresse quando:
- É apático; Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio-
- É imóvel, rígido; nal do atendimento.
- Não tem expressão.
O sorriso
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni-
nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar. versal.
Imagine que você tem um exame de saúde muito importante
A aproximação - raio de ação. para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí-
A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante,
deste ser cliente ou não. diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in-
Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros terpretado como um ato de apaziguamento.
de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta- O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das
mente. pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava-
Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná- liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes.
rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a
interação, a tornam mais eficaz.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu- Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se
nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência
informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma, pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “
podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante
diversas emoções no outro. para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente
e o atendente.
Ir ao encontro do cliente
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso no Cumprimento caloroso
atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a importân- O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir-
cia dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten- meza ?
dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades, Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al-
pois ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao en- guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de
contro do cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com mão.
ele. O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa
energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com
A primeira impressão o contato.
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI- Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca
RA IMPRESSÃO É A QUE FICA. a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal
Você concorda com ela? estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres-
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre- peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão,
sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial, mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons-
se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien- compromisso com o contato.
te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus É importante lembrar que o cumprimento deve estar associa-
desejos satisfeitos. do ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito aber-
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen- tos, totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de cum-
empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta, primentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
visitas, mas nem sempre são eficazes.
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien- Tom de voz
tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca- A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda
nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes de intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as
clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re- palavras, são mais importantes do que as próprias palavras.
forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho. Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do
Quando as organizações atentam para essa importância, elas conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi-
passam a aplicar instrumentos de medição. ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida- com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes
de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem do cliente.
a opinião aberta sobre o assunto. Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com
informações reais. calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da- do cliente será de compreensão.
dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
adquiridos da empresa. estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter
Apresentação pessoal um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando...
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as rou- como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso,
pas mal cuidadas... ? cada palavra tem a sua vibração especial.
O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta- Saber escutar
to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se
confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá- você respondeu que não, você errou.
rio, também, ter uma boa apresentação pessoal. Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro
sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo da
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com- comunicação.
pleto. São eles: O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa
01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o
higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça; cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar-
02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação.
cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas as- São elas:
seadas, barba feita; * os nossos PRECONCEITOS;
03. Roupas limpas e conservadas; * as DISTRAÇÕES;
04. Sapatos limpos; * os JULGAMENTOS PRÉVIOS;
05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo * as ANTIPATIAS.
cliente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos Postura inadequada
compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro, A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura físi-
fazendo uma leitura completa da situação. ca ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recep- do cliente.
tividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma boca, o Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa-
que nos sugere que é preciso escutar mais do que falar. do, o atendente:
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa- * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira- birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte-
mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios raja no raio de ação);
e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos * mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
conseguir atende-las. * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos devem ser feitas no banheiro);
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sen- * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso cem lanches ou têm cantina);
que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente. * gritar para pedir alguma coisa;
Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já * se coçar na frente do cliente;
falamos antes. * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).

Agilidade Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:


Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a quali- * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
dade do serviço prestado. exemplo;
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços
em relação à utilização adequada do seu tempo. na frente do cliente;
Quando há agilidade, podemos destacar: * desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende,
- o atendimento personalizado; o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
- a atenção ao assunto; * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do clien-
- o saber escutar o cliente; te;
- cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante todo o * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
seu percurso na empresa. * reclamar na frente do cliente;
* lamentar;
O calor no atendimento * colocar problemas salariais;
O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran- * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados
sobre postura. LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir im-
portante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca Usar chavões
ser reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o aten- O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de
dente satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração. fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a aqui, os mais comuns:
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar ao PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE
atendente como um bumerangue. ATENDENTE?
O EFEITO BUMERANGUE é bastante comum em situações de * o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER...
atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não, do clien- * o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO
te em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes batem e SENHOR...
voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se sente bem e trata * o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS...
o atendente com respeito. Se este atende mal, o cliente reage de * AÍ VEM ELE DE NOVO...
forma negativa e hostil. O cliente não está na esteira da linha de
produção, merecendo ser tratado com diferenciação e apreço. Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libera-
Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que ção do lado bom da pessoa que atende o cliente.
façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo
SERVIR AO PRÓXIMO. vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re- (pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendi-
tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o mento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou sim-
atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá em- plesmente não volta mais.
bora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim, o Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical
atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente FELIZ. no pensamento e postura do atendente.

As gafes no atendimento Impressões finais do cliente


Depois de conhecermos a postura correta de atendimento, Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o
também é importante sabermos quais são as formas erradas, para cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequen-
jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verda- temente, sobre a empresa.
deiro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas par- Duas são as formas de impressões finais mais comuns do clien-
tes, que são: te:

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pes- São eles:
soal) e/ou telefônico com o atendente; 01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse e
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhe- atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos
cê-las com mais detalhes. ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e
Momentos da verdade atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir-
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer epi- -se assistido, valorizado, respeitado, importante.
sódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da
organização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço. 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden-
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do te passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu,
o momento que separa o grande profissional dos demais. mulherzinha, queridinha, colega...
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satis- 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de
fação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATEN- educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li-
DIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação
elementos básicos do processo de interação, que são: para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu
o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a
A ) a pessoa atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. sem atender; dar risadas no telefone.
Então, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente
que está na frente e precisa de atenção. Aspectos psicológicos do atendente
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamen- Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento.
te com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento.
Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, Vamos a eles.
portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente.
Empatia
B ) a hora O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig-
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de
pois somente nele podemos atuar. nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu- as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa
turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente -
fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar
são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisamos dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a
fazer isto da melhor forma. partir de nossas referências e valores.
A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar-
C ) a tarefa mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais impor- isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos
tante diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen-
importante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, aten- tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros.
dendo as suas necessidades. E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na
Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver- capacidade de interpretar os canais não verbais de comunicação
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná- do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais...
rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao
poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma
aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é im-
da Verdade. possível ser empático.
Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira
Teleimagem deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís-
Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo.
empresa e dele mesmo. O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida-
TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua de, impedindo-a de ser feliz.
mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con- Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian-
sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós
atendente). achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar
Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente en- para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
caminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa podemos ajudar.
é comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é nega- Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos
tiva, vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos
atendimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis-
através da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessá- tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos...
rio usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do clien- Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabemos
te. Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as repartir, não sabemos doar.
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM.

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne-
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes
nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har- advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
monização com o outro e passam por cima de tudo. * Atitudes preconceituosas;
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM * Atitudes de exclusão e repulsa;
O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO * Atitudes de fechamento;
LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES- * Atitudes de rejeição.
SIDADES.
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois as para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos clientes e as situações.
lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só
se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é O ENVOLVIMENTO
empatia. A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e
voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o
PERCEPÇÃO verdadeiro sentido de atender.
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e cap- Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado,
tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser-
de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de
passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten-
próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an- clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o
tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta deliderança, o
as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma intera-
cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em ção fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não per-
uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos, mite captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em
usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada insatisfação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por
na cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que parte do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento
imediatamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não entre o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se
era permitido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, desrespeitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a
retirou de um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e empresa é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
disse: “eu quero comprar aquele carro ali”. Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade
Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem-
que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações. po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento.
Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade-
mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni- quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di-
co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações. vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quan-
Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a do normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste
PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual caso, o ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando
vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta problemas desta espécie.
seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém. Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição * atender pessoalmente e interromper com o telefone
física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos entender: * atender o telefone e interromper com o contato direto
a) Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a * sair para tomar café ou lanchar
sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso * conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé-
percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar; rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente.
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro
agradável de comida; Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi-
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente
mais amena da repreensão e reprimir a mais severa. deve ser poupado dele.

Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo Os desafios do profissional de atendimento
de defesa. Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas si-
tuações exigem um alto grau de maturidade do atendente e é nes-
O ESTADO INTERIOR tes momentos que este profissional tem a grande oportunidade de
O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi- mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas situações.
ção interna, o estado de espírito diante das situações.
A atitude de quem atende o público está diretamente rela- Encantando o cliente
cionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo o
um equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessidades do
suas atitudes serão mais positivas frente ao cliente. cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a
sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati- grande diferença no atendimento.
tudes frente ao cliente.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Atuação extra O que são as relações humanas no trabalho?
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que se Basicamente, uma relação humana é aquela em que ocorre a
caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabelecidas interação entre duas ou mais pessoas. Quando eficiente, essa habi-
nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço acima da ex- lidade é trabalhada de maneira ininterrupta. Ocorre, por exemplo,
pectativa do cliente. quando:
- um líder delega atividades para a sua equipe;
Autonomia - uma reunião é convocada;
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamento - um feedback é fornecido;
do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa. Mas, - ideias são sugeridas;
nem sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o consumi- - divergência estabelecem a riqueza de um debate.
dor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja, um balco-
nista que pode resolver as suas queixas sem se dirigir ao gerente. Ou seja: a todo momento as relações humanas no trabalho in-
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo de terpelam o caminho dos colaboradores.
tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o funcionário
precise decidir, deve haver autonomia. Qual é a importância das relações humanas no trabalho?
No atendimento ao público, é fundamental haver autonomia Anteriormente, destacamos que a falta de sintonia no convívio
do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas para o entre os colaboradores pode, lenta e gradualmente, evoluir para
sucesso deste tipo de trabalho. um estado crônico de estresse, desmotivação, desagregação e im-
Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de po- produtividade.
der para atuar de acordo com a situação e esse poder deve ser con-
quistado. O poder aos funcionários serve para agilizar o negócio. Por sua vez, exemplos de boas relações humanas no trabalho
Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca liderança do são, de fato, soluções para minimizar as situações acima. Veja só
chefe. alguns deles que contribuem para um bom clima organizacional:
- respeito aos colegas e superiores;
Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, desbu- - fofocas são erradicadas do dia a dia;
rocratização, respeito, compromisso, organização. - paciência para saber ouvir;
Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro , não - colaboração com os colegas;
precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes: “Esse as- - ideias e sugestões sem atacar os companheiros de trabalho;
sunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro setor...” - respeito e acolhimento de uma cultura de respeito às dife-
A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que a renças.
empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o siste-
ma funciona para atendê-lo integralmente, e essa postura é vital, Isso significa que a importância das relações humanas no tra-
balho está intimamente associada à construção de um ambiente
visto que a imagem transmitida pelo atendente é a imagem que
positivo, de condições favoráveis para o exercício da profissão.
será gerada no cliente em relação à organização, dessa forma, ao
E não pense que o conceito é recente: em 1930, um estudo foi
atender, o atendente precisa se lembrar que naquele cargo, ele re-
conduzido na fábrica de Hawthorne Works (Illinois, EUA) e apontou
presenta uma marca, uma instituição, um nome, e que todas as
que pequenas mudanças, na rotina, já afetam a produtividade das
suas atitudes devem estar em conformidade com a proposta de
equipes.
visão que essa organização possui, focando sempre em um atendi-
Além disso, descobriu-se que as relações humanas têm eleva-
mento efetivamente eficaz e de qualidade. do impacto nessa oscilação de produção. Não à toa, essa é toda a
base estrutural da Gestão de Recursos Humanos.

NOÇÕES DE RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO Quais riscos impedem o desenvolvimento das relações huma-
nas?
As consequências das más relações humanas no trabalho já
As relações humanas no trabalho ocorrem de maneira ininter-
foram identificadas, até aqui. O que muitos profissionais de RH de-
rupta, a partir da interação entre duas ou mais pessoas. Essa habi-
vem estar pensando, então, é: “e o que motiva esse tipo de proble-
lidade é essencial para obter um clima organizacional produtivo e
ma na empresa?”
harmonioso porque gera empatia, colaboração e o alinhamento de
objetivos.
Abaixo, algumas das questões associadas a esse problema se-
As relações humanas no trabalho são essenciais para o esta- rão observadas, como:
belecimento de um clima organizacional produtivo e harmonioso.
Mas que isso não seja o único motivo para a promoção e a con- Falta de empatia
tínua manutenção das boas relações humanas no trabalho: afinal, o Muitos confundem lógica e razão com a ausência de empatia
seu desequilíbrio pode gerar uma série de problemas. — um engano tremendo!
Entre os principais podemos citar a desmotivação, o estresse e Afinal de contas, é por meio da empatia que as pessoas criam
o acúmulo de conflitos internos — sintomas característicos de uma elos, afinidade e a compreensão que facilite as relações humanas
empresa desagregadora e com baixo índice de desenvolvimento. no trabalho.
Como andam as relações humanas no trabalho em sua empre- Por exemplo: funcionários empáticos avaliam todo o proces-
sa? Que tal conferir, conosco, o impacto positivo em trabalhá-la e so de trabalho e entendem como a sua etapa do fluxo impacta os
promover um clima verdadeiramente produtivo? É só seguir com profissionais responsáveis pela sequência do processo. Eles não se
esta leitura, então! limitam, exclusivamente, ao que gira em torno de suas rotinas.
Ao contrário de um profissional que, para ascender na carreira,
focam só no seu sucesso e permanece indiferente às consequências
que suas ações causam aos outros.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Desrespeito O Relacionamento interpessoal é um conceito da área da so-
Outro aspecto que influencia negativamente nas relações hu- ciologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais
manas no trabalho, o desrespeito impede que exista harmonia en- pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto
tre as equipes. onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar,
Perceba, inclusive, que isso pode acontecer em qualquer cargo de trabalho ou de comunidade.
hierárquico e a qualquer momento. Daí a importância em construir O relacionamento interpessoal é fundamental em qualquer or-
um local de trabalho cuja qualidade de vida e o bem-estar coletivo ganização, pois são as pessoas que movem os negócios, estão por
sejam enaltecidos. trás dos números, lucros e todo bom resultado, daí a importância
de se investir nas relações humanas. No contexto das organizações,
Arbitrariedade o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um rela-
Pessoas que se abstêm da imparcialidade geram transtornos cionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente
diversos, no ambiente corporativo. Por exemplo: gestores que au- dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da pro-
xiliam aqueles com quem eles têm afinidade. dutividade.
Como consequência disso, o resto da equipe se sente despro- Em uma empresa é muito importante desenvolver cursos e
tegida e desvalorizada, iniciando um processo de desmotivação e atividades que estimulem as relações interpessoais a fim de melho-
uma falta de compromisso coletiva e crônica. rar a produtividade através da eficácia. Pessoas focadas produzem
mais, se cansam menos e causam menos acidentes. Por isso, o con-
Muita competitividade ceito de relacionamento interpessoal vem sendo aplicado em di-
Até como um complemento ao tópico da empatia, podemos nâmicas de grupo para auxiliar a integração entre os participantes,
apontar a competitividade como um elemento debilitante das boas para resolver conflitos e proporcionar o autoconhecimento.
relações humanas no trabalho. Estimulando as Relações Interpessoais todos saem ganhando,
Afinal, em nome de um reconhecimento maior, muitos podem a empresa em forma de produtividade e os colaboradores em for-
optar por abandonar a gentileza, o respeito e a generosidade no ma de autoconhecimento, o que agrega valores em sua carreira e
dia a dia. em sua relação com a família e a sociedade.
E, aí, os problemas podem se acumular, com o aumento de con- Trabalhar as relações interpessoais dentro das empresas é tão
flitos internos, estresse em níveis desproporcionais e uma insatisfação importante quanto à qualificação e capacitação individual, pois
que pode levar ao aumento do índice de rotatividade na empresa. quanto melhores forem as relações, maiores serão a colaboração, a
produtividade e a qualidade.
Como promover as relações humanas no trabalho?
A seguir, nós vamos destacar alguns pontos-chave que o setor Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho
de RH pode se inspirar para valorizar — continuamente — as rela- são diferenciados por dois motivos: um é que não escolhemos
ções humanas no trabalho. São eles: novos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, inde-
- monte um plano de carreira que envolva a todos os profis- pendentemente do grau de afinidade que temos com as pessoas no
sionais; ambiente corporativo, precisamos relacionar bem com elas para reali-
- consolide um sistema de avaliação com o feedback 360°, per- zar algo junto. A cordialidade desinteressada que oferecemos por ini-
mitindo a transparência e a autonomia para que todos tenham voz ciativa própria, sem esperar nada em troca, é um facilitador do bom
ativa na empresa; relacionamento no ambiente de trabalho. Afinal, os relacionamentos
- treine e capacite as equipes a desenvolverem a inteligência são a melhor escola para o nosso desenvolvimento pessoal.
emocional — individual e coletivamente; Chiavenato (2002), nos leva a compreender que a qualidade
- monte uma comunicação eficaz na empresa; de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante ca-
- coíba ações que possam ferir o orgulho dos colaboradores; pacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois
- promova campanhas de conscientização e respeito à diversi- pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e
dade no ambiente de trabalho; confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade
- estabeleça eventos internos que facilitem e fortaleçam a inte- e produtividade dentro das organizações também deve haver re-
ração e integração das equipes. Isso fomenta, qualitativamente, as lacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações,
relações humanas no trabalho; ninguém consegue ser autossuficiente e saber se relacionar tam-
- oriente a liderança a estimular a competitividade, para gerar en- bém é um aprendizado.
gajamento, mas sempre sob a sua supervisão para evitar os excessos. As convivências ajudam na reflexão e interiorização das pes-
soas, e também apresentam uma rejeição à sociedade egoísta em
Convém adiantar: todas essas ações devem ser planejadas e que vivemos.
executadas pelo setor de RH — sempre em conjunto com as lide- De qualquer forma, não podemos deixar de entender que uma
ranças da empresa. organização sem pessoas não teria sentido. Uma fábrica sem pes-
Pois, assim, há como realizar um monitoramento próximo e soas pára; um computador sem uma pessoa é inútil. “Em sua es-
efetivo a respeito dos resultados de cada ação promovida. Com sência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é
base em métricas previamente estipuladas, os profissionais conse- processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às
guem avaliar o efeito que cada campanha surtiu, podendo intensi- pessoas (LUCENA, 1990, p.52)”.
ficar ou diversificar as ações seguintes. Nesse sentido, Chiavenato (1989) fala que a integração entre
No fim das contas, promover as relações humanas no trabalho indivíduos na organização é importante porque se torna viável um
é uma necessidade. Suas ações e consequências contribuem direta- clima de cooperação, fazendo com que atinjam determinados ob-
mente com o desenvolvimento de uma empresa. jetivos juntos.
Na mesma proporção que a falta de um cuidado, nesse sen- Para Chiavenato (2000, p.47), antigamente, a área de recursos
tido, estabelece um clima desagregador à rotina, com resultados humanos se caracterizava por definir políticas para tratar as pes-
bastante problemáticos. soas de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos
Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e
(https://www.xerpa.com.br/blog/relacoes-humanas-no-trabalho/) idênticas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Hoje, há diferenças individuais e também, há diversidade nas ser humano com capacidades que reunem à produção da empresa,
organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das pes- formarão uma equipe e harmoniosa em que o maior beneficiado
soas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacio-
A diversidade está em alta. As pessoas estão deixando de se- namentos com os outros e, principalmente, o cliente que sentirá
rem meros recursos produtivos para ser o capital humano da orga- isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a
nização. O trabalho está deixando de ser individualizado, solitário fidelização que tanto se busca.
e isolado para se transformar em uma atividade grupal, solidária e O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente,
conjunta. e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal
Hoje, em vez de dividir, separar e isolar tornou-se importan- também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de
te juntar e integrar para obter efeito de melhor e maior resultado resultados.
e multiplicador. As pessoas trabalham melhor e mais satisfeitas Percebe-se que a parte humana da empresa precisa estar sem-
quando o fazem juntas. Equipes, trabalho em conjunto, compar- pre em processo de educação, não a educação escolar, mas uma
tilhamento, participação, solidariedade, consenso, decisão em educação que tenha como objetivo melhorias no comportamento
equipes:essas estão sendo as palavras de ordem nas organizações ( das pessoas, nas relações do dia a dia, pois somos seres de ralações,
CHIAVENATO, 2002, p.71-72 ). não nos bastamos, precisamos sempre um do outro. Precisamos
Como se viu até então, as pessoas são produtos do meio em nos relacionar e se comunicar, somos seres inacabados em proces-
que vivem, têm emoções, sentimentos e agem de acordo com o so de educação constante, estamos em busca contínua de mudar
conjunto que as cercam seja no espaço físico ou social. nossa realidade.
Algumas dicas que podem ajudar a manter boas relações inter-
As Relações Humanas nas Organizações pessoais no ambiente organizacional:
Os indivíduos dentro da organização participam de grupos so- Procure investir em sua equipe e na manutenção de relaciona-
ciais e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar mentos saudáveis.
o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações Evite gerar competição uns com os outros e estimule a colabo-
Humanas passou a estudar essa interação social. As relações huma- ração entre colegas e equipes.
nas são as ações e atitudes desenvolvidas e através dos contatos Investir no desenvolvimento de habilidades e aprimoramento
entre pessoas e grupos. de competências da equipe.
Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada Quando surgirem os conflitos e as diferenças, aja com cautela
e não tome partido de ninguém.
que influi no comportamento e atitudes das outras com quem man-
Promova a conversa e evite brigas e discussões.
tém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas ou-
Algumas Normas de Convivência:
tras. Cada pessoa procura ajustar-se às demais pessoas e grupos,
Fale com as pessoas, seja comunicativo, não há nada melhor
pretendendo ser compreendida, aceita e participa, com o objetivo
que chegar para uma pessoa e conversar alegremente, discutir
de entender os seus interesses e aspirações.
ideias e falar sobre várias coisas.
A compreensão da natureza dessas relações humanas permite
Sorria para as pessoas, é sempre bom encontrar uma pessoa
melhores resultados dos subordinados e uma atmosfera onde cada
alegre, sorridente, ela te deixa mais à vontade.
pessoa é encorajada a expressar-se livre e de maneira sadia. Chame as pessoas pelo nome, nunca coloque apelido de mau
gosto nas pessoas, afinal você não gostaria que fizessem o mesmo
Com o avanço da tecnologia, o trabalho também passa a ser com você.
mais individual, cada funcionário em seu setor, isso faz com que Seja amigo e prestativo, pois ninguém quer um amigo impres-
as pessoas fiquem distantes uma das outras, aumentando o nível tável perto de si, e para que você tenha amigos e pessoas prestati-
de stress, pois não conseguem mais se relacionarem, não há mais vas, cultive isso também, seja amigo e prestativo.
tempo para o diálogo. Seja cordial, faça as coisas com boa vontade, ninguém gosta de
A comunicação hoje é tudo, saber se comunicar é fundamental pessoas que tudo que faz, é com raiva.
e para o sucesso de uma organização isso é essencial. Chiavenato Tenha mais interesse com o que as pessoas falam com você,
(2010, p.47) diz: “A informação não é tocada, palpável nem medi- seja sincero e franco, mas é claro, com toda educação sem deixar as
da, mas é um produto valioso no mundo atual porque proporciona outras pessoas desajeitadas e desconfortáveis ao seu lado.
poder”. A dificuldade de relacionamento entre as pessoas é um dos
Diante do exposto vê-se que o mundo gira em torno da comu- principais problemas vivenciados no mundo moderno, quer seja
nicação e da informação e para que uma organização tenha sucesso entre amigos, entre pessoas da família ou entre colegas de tra-
é necessário que a comunicação seja clara, direta e transparente balho. De modo geral essas desavenças surgem na interação diá-
assim como as relações interpessoais. ria entre duas ou mais pessoas, ocasionadas por divergências de
Conforme diz Chiavenato (1989, p.3): ideias, por diferenças de personalidade, objetivos ou metas ou por
As organizações são unidades sociais (e, portanto, constituídas variedade de percepções e modos de analisar uma mesma infor-
de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar deter- mação ou fato.
minados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações
comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o Atualmente, muito tem se falado da importância das relações
lazer, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações, interpessoais dentro das organizações, de se humanizar o ambiente
porque tudo o que fazemos é feito dentro das organizações. de trabalho, mas afinal o que é essa tal humanização?
Os ambientes de trabalho são, pois, organizações, e nelas so- Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa,
bressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade
humana. que lhe é interna. A prática da humanização deve ser observada
Romão (2002) registra: continuamente.
Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde O comportamento ético deve ser o princípio da vida da orga-
a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário nização, uma vez que se é ético é preocupar-se com a felicidade
como funcionário profissional, e antes de qualquer coisa que é um pessoal e coletiva.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Numa sociedade em que os valores morais estão deixando de desenvolver a percepção de depender reciprocamente, administrar
existir por ações que destroem a ética e a moralidade, existe uma conflitos, a participação de projetos comuns, a ter prazer no espaço
necessidade oculta de se buscar humanizar as pessoas e conse- comum (CESAR; BIACHINI; PIASSA, 2008).
quentemente as organizações. Trabalhar as relações humanas em grupo envolve as diferen-
Diante disso, com o aumento da necessidade das empresas de ças, opiniões, conceitos, atitudes, crenças, valores, preconceitos,
gerarem resultados positivos, tem se enfatizado a importância das diante de sua profissão, enfocando aspectos de Motivação, Autoes-
relações interpessoais com vistas a melhorar o desempenho funcio- tima, Percepção, Comunicação, Colaboração, Feedback, Liderança
nal e consequentemente contribuir para a realização dos objetivos e Grupos, para um melhor conhecimento de si próprio e melhorar
organizacionais. relações com o outro.
O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às ve- Muitas pessoas já perderam a noção do que é um convívio sau-
zes não encontra proteção no ambiente organizacional, gerando os dável e simplesmente se concentram em chegar à frente a qualquer
mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organiza- custo. Como consequências naturais surgem diversos conflitos que
ções. podem comprometer o bom relacionamento dentro das institui-
ções.
Entendendo o Relacionamento Interpessoal: Relações Huma- Quando realmente queremos, as coisas acontecem. O primei-
nas ro passo para a mudança é a aceitação das nossas deficiências, da
Relacionamento interpessoal é atualmente o grande diferen- aceitação de nós mesmos. Para isso, temos que mudar nossa atitu-
cial competitivo das mais variadas organizações, ele por sua vez, de! Pergunte-se: Eu preciso mudar essa relação? Eu quero mudar
está intimamente ligado à necessidade de se ter recursos huma- essa relação? Eu posso fazer algo para transformar essa situação?
nos, mais importantes inclusive que os financeiros e tecnológicos, Eu vou fazer isso? Se a resposta for positiva para as quatro pergun-
ou seja, tem a ver com trabalho em equipe, confiança, amizade, tas, estamos preparados para mudar e reverter o quadro. Sem a
cooperação, capacidade de julgamento e sabedoria das pessoas. nossa mudança de atitude, não há mudança nos relacionamentos.
Chiavenato nos diz que antigamente, a área de recursos hu- É muito fácil querermos mudar o outro, quando na verdade, temos
manos se caracterizava por definir políticas para tratar as pessoas que começar por nós mesmos.
de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos Hu- Enfim, a forma como lidamos com o conflito é o que faz toda a
manos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e diferença. Todo conflito apresenta uma oportunidade de enxergar-
idênticas. Hoje, as diferenças individuais estão em alta: A área de mos o ponto de vista do outro e percebermos se faríamos o mes-
Recursos Humanos está enfatizando as diferenças individuais e a mo, caso estivéssemos no lugar dele. Se agirmos assim, os conflitos
diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a começam a ter um lado extremamente positivo, pois podem ser
diferença das pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e ótimas oportunidades para mudança de percepção, inovação na
inovação. empresa, cooperação entre as pessoas e, principalmente, estímulo
As mais recentes abordagens administrativas enfatizam que para que aconteça maior sinceridade nas relações interpessoais.
são as pessoas que fazem a diferença nas organizações. Em outras Cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar
palavras, em um mundo onde a informação é rapidamente dispo- a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há
nibilizada e compartilhada pelas organizações, sobressaem aquelas pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que
que são capazes de transformá-la rapidamente em oportunidades, se interessam em aprender constantemente, outras não, enfim as
em termos de novos produtos e serviços, antes que outras o façam. pessoas têm objetivos diferenciados e nesta situação muitas vezes
E isto pode ser conseguido não com a tecnologia simplesmente, priorizam o que melhor lhes convém e às vezes em conflito com a
mas com as pessoas que sabem utilizá-la adequadamente. São as própria empresa. Portanto:
pessoas (e não apenas a tecnologia) que fazem a diferença. A tec- O autoconhecimento e o conhecimento do outro são compo-
nologia pode ser adquirida por qualquer organização com facilida- nentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no traba-
de, nas repartições, setores e estabelecimentos. Bons funcionários lho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades
exige um investimento muito mais longo em termos de capacitação mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, difi-
quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, em termos de culdade em priorizar, dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 1997,
confiança e comprometimento pessoal. p.38).
Os sujeitos e os diferentes cenários são universos vivos ou sis- Sem respeito pelo nosso semelhante, um bom relacionamento
temas inacabados em permanente interação e transformação e interpessoal não será possível. Por sermos seres humanos diferen-
que, para compreendê-la, não se pode desprezar essa complexi- tes uns dos outros, costumamos ver as pessoas e as situações que
dade. vivemos de forma como fazem sentido para nós, de acordo com
Entende-se que, no âmbito dos conhecimentos que envolvem nossos vícios e o hábito que temos de ver as pessoas e o mundo,
os seres humanos e suas relações com os outros e com o mundo e não somente e necessariamente da forma como a realidade se
(âmbito das Ciências Humanas e Sociais), torna-se necessário con- apresenta.
siderar motivações, desejos, crenças, ideias, ideologias, intenções. Alguém poderá explicar seu próprio comportamento ou de
Em razão disso, compreende-se que a realidade é uma construção outra pessoa sem os conceitos de amor e de ódio? Geralmente de-
social e que os sujeitos também não estão prontos e acabados, mas senvolvemos nossa própria série de conceitos para interpretar o
se transformam. Também se compreende a realidade como sendo comportamento dos outros. Precisamos saber que uma pessoa só
dinâmica e em constante transformação. Nesse processo de trans- muda quando ela mesma consegue perceber ou for convencida de
formação da realidade, observam-se posições opostas, interesses que a forma como faz ou atua, de fato, não é a mais adequada. Ou
contrários e a instalação de soluções provisórias, porém marcadas seja, a própria pessoa precisa reconhecer a necessidade de mudar.
por contradições que, sendo evidenciadas, produzem a necessida- Em primeiro lugar, além do respeito, é necessário ter no míni-
de de novas transformações. mo um conhecimento razoável sobre pessoas, e conseguir adquirir
É preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo, experiências que nos façam entender que as relações interpessoais
reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais devem ser boas pelo menos para que possamos nos comunicar
do que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros, bem e fazer as coisas acontecer.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
A chave estrutural para que isso ocorra é oferecer o respeito Quando surgirem conflitos e as diferenças, devemos agir com
que todo o ser humano merece reunir uma boa dose de paciência e cautela e não tomar partido de ninguém. E devemos lembrar que
principalmente gostar de pessoas e de gente. todos são peças chave no sucesso do negócio. Sendo assim, promo-
Portanto, precisamos entender que relacionamento interpes- veremos a conversa e evitamos brigas e discussões. Enfim, pode-
soal é um dos quesitos de êxito e sucesso em nossas vidas. E que mos perceber, por meio desses argumentos, que o relacionamento
este relacionamento deve ser o melhor possível. interpessoal é de fundamental importância e ainda contribui signi-
Outro aspecto importante para um bom relacionamento inter- ficativamente para o sucesso de qualquer empresa.
pessoal depende de uma boa comunicação entre emissores e re-
ceptores. Qualquer informação que se pretenda transmitir de uma A Importância na Qualidade do Ambiente de Trabalho
pessoa para outra, de uma pessoa para um grupo, de um professor Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que
para alunos, de um palestrante para ouvintes deve ser bem comu- em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é impor-
nicada e bem compreendida. Quem dá informação é o principal tante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto depende de
responsável por uma boa comunicação. cada um. Devemos refletir sobre qual o nosso papel e a importância
Saber entender e conduzir de forma amigável nossas diferen- na qualidade do ambiente em que trabalhamos.
ças é uma habilidade essencial na forma de nos comunicar. Isto é Além de constituir responsabilidade da empresa, qualidade de
o que as pessoas fazem naturalmente quando compartilham uma vida é uma conquista pessoal. O autoconhecimento e a descober-
visão comum, desejam aprofundar suas amizades ou estabelecer ta do papel de cada um nas organizações, da postura facilitadora,
um bom relacionamento. empreendedora, passiva ou ativa, transformadora ou conformista
Provavelmente ficaríamos positivamente surpresos se efetiva- é responsabilidade de todos (BOM SUCESSO, 1997, p.47).
mente soubéssemos conviver com as diferenças e como é possível É importante que a comunicação seja clara, e é necessário que
conseguir resultados gratificantes procurando entender melhor a se tenham boas relações. É fundamental ter um bom relaciona-
nós mesmos e os outros. mento entre as pessoas, pois isso contribui não somente para uma
Enfim, podemos buscar similaridades e minimizar nossas dife- boa convivência no dia a dia, mas também para um bom clima, e
renças como seres humanos de várias maneiras. É natural que pro- influencia diretamente de forma positiva no resultado da organi-
curemos amenizar nossas diferenças com as pessoas de que gos- zação.
tamos com aquelas que simpatizamos à primeira vista, ou mesmo As organizações são compostas por pessoas, devemos conside-
compartilhamos nossos objetivos de vida. rar que, para um bom andamento do trabalho e uma boa produção,
Da mesma forma, também é natural que criemos barreiras é necessário que as pessoas estejam bem colocadas na organiza-
com pessoas que consideramos difíceis ou até mesmo, de forma ção, com oportunidades de crescimento e, principalmente, com
inexplicável, não simpatizemos. No entanto, quando não consegui- felicidade.
mos minimizar nossas diferenças com essas pessoas, está formada Fatores ambientais colaboram para a qualidade de trabalho,
a base para o conflito. pois quanto maior for à preocupação com o fator humano nas or-
ganizações, mais elevado será o resultado. Enfim, se houver investi-
Relações Humanas da Teoria à Prática mento no desenvolvimento humano de todas as pessoas da empre-
Não é possível generalizar pessoas. Somos todos diferentes em sa, as relações interpessoais saudáveis resultarão em um ambiente
cada uma de nossas relações. Porém, o mais importante é aceitar- favorável onde todos possam deixar fluir suas potencialidades. Os
mo-nos do jeito que somos tratando de destacar as qualidades que valores, aos poucos, mudam, e o empregado está sentindo o gosto
temos e modificar o que deve ser mudado. E isso se refere tanto ao de participar, de arriscar, de ganhar mais e de sobreviver a tantas
aspecto físico quanto ao aspecto psicológico. Não se pode nunca mudanças.
esquecer, que o ser humano é que faz as coisas acontecerem. Por De acordo com Bom Sucesso (1997), “No cenário idealizado de
que não tentar conhecê-lo melhor a cada dia? pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto
Para evoluirmos, é importante entender definitivamente a im- e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão dominados pelo
portância de estabelecer um bom relacionamento interpessoal. De sofrimento emocional. Outros necessitados, conseguindo o alimen-
que forma? Em primeiro lugar, “respeito ao ser humano é funda- to diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes,
mental”. Além disso, dedicarmos um bom tempo à leitura, aos estu- esperançosos.”
dos sobre o ser humano e a conhecer pessoas. Estas ações irão nos No mercado de trabalho hoje em dia, se não tivermos um bom
ajudar a desenvolver a cada dia a habilidade de saber se relacionar relacionamento com as pessoas, acabamos ficando sem emprego,
bem. É fato que, sabendo viver, comunicando-se e relacionando- pois hoje em dia, precisamos nos comunicar, ter contato com as
-se bem, será possível conseguir obter resultados com e através de
pessoas. Mas muitos seres humanos são prejudicados por si mes-
pessoas. Atitude positiva e maturidade caminham sempre juntas.
mo, por falta de compreensão ao outro, falta de paciência, e o prin-
É importante lembrar que: os profissionais desvalorizados ten-
cipal, que é não saber lidar com as diferenças.
dem a perder o foco, se desmotivam facilmente, diminui sua produ-
No nosso dia a dia, convivemos e falamos com várias pessoas
tividade, o que acaba prejudicando e muito o bom andamento da
empresa. Cada pessoa é única, com suas características e persona- de todo lugar, outra classe social ou raça diferente da nossa, enfim,
lidades próprias. Por isso, devemos conhecer nossos funcionários e vemos e convivemos com pessoas de todos os tipos, mas não é só
saber qual é o perfil comportamental de cada um, assim será mais porque ela é diferente, que não podemos ter um bom relaciona-
fácil identificar a melhor maneira de lidar individualmente ou em mento, ainda mais, se esta pessoa está todos os dias do nosso lado
grupo com cada um. no trabalho.
Outra dica importante para manter relacionamentos interpes- Quando estamos reunidos em um ambiente onde há pessoas
soais de forma positiva para organização é investir no desenvolvimen- diferentes é normal que encontremos hábitos diferentes do nosso,
to de habilidades e aprimoramento de competências da equipe. sendo assim, temos que aprender a lidar e ceder aos hábitos dos
Os conflitos podem acontecer em qualquer circunstância, prin- outros e demonstrar o nosso também.
cipalmente no ambiente profissional, por isso, é importante que O problema se instala quando essas situações não são resolvi-
chefes e gestores fiquem sempre atentos aos comportamentos do das ou não são percebidas pelos envolvidos, ficando “mascarados”,
time. invisíveis e internalizados nos colaboradores que acabam demons-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
trando suas emoções somente quando se sentem ameaçados, in- ANEXO
justiçados ou até mesmo temerosos de perder posições ou funções CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO
que ocupam. CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL
Tanto as pessoas quanto as empresas sofrem as consequências
das relações interpessoais negativas que geram desmotivação da CAPÍTULO I
equipe, queda do rendimento e da produtividade.
As trocas constantes de informações e o diálogo são essenciais SEÇÃO I
quando se busca a preservação dos relacionamentos e o trabalho DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
em equipe, o que acaba sendo essencial e indispensável para o bom
andamento das atividades organizacionais. Nesse sentido, o rela- I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
cionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, abrir-se para o novo, princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
buscar ser aceito e ser entendido e entender o outro. vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
No ambiente de trabalho, onde passamos cerca de um terço que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
de nossa vida é fundamental que saibamos viver e conviver com atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
as pessoas e respeitá-las em suas individualidades, caso contrário, vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
somente o fato de pensar em ir para o trabalho passa a ser insupor- II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
tável esta ideia. ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
Para que o clima organizacional seja harmonioso e as pessoas legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
tenham um bom relacionamento interpessoal, é necessário que o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
cada um deixe de agir de forma individualizada e egoísta, promo- o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°,
vendo relações amigáveis, construtivas e duradouras. (https://psi- da Constituição Federal.
cologado.com.br/atuacao/psicologia-organizacional/a-importan- III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
cia-da-relacao-interpessoal-no-ambiente-de-trabalho) tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
a moralidade do ato administrativo.
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO (DECRETO IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
1171/94) tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil fator de legalidade.
do Poder Executivo Federal. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
8.429, de 2 de junho de 1992, Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
DECRETA: vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
vida funcional.
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem
servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego a negar.
permanente. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co- omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria
municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
República, com a indicação dos respectivos membros titulares e su- pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito
plentes. do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes-
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica-
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
da República. mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a
ITAMAR FRANCO qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o,
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas
esperanças e seus esforços para construí-los.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na ção;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
usuários dos serviços públicos. zação do bem comum;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, exercício da função;
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
pública. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase boa ordem.
sempre conduz à desordem nas relações humanas. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- direito;
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
da Nação. dicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
SEÇÃO II ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
quer violação expressa à lei;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou
bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
emprego público de que seja titular;
cumprimento.
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações SEÇÃO III
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
XV - E vedado ao servidor público;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de
sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
para outrem;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu
res ou de cidadãos que deles dependam;
cargo;
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
do o processo de comunicação e contato com o público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios de sua profissão;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
blicos; regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- ou material;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuá- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
rios do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
dano moral; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- rarquicamente superiores ou inferiores;
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
ra em que se funda o Poder Estatal; de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações dor para o mesmo fim;
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe- nhar para providências;
cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-
l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua dimento em serviços públicos;
ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa- j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti-
mente em todo o sistema; cular;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza-
quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi- do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
dências cabíveis; público;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in- Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
ou de terceiros; Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se ob-
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- servar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o
mente; regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras de di-
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra reito público, será serviço público; sendo regras de direito privado,
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; será serviço privado.
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não signifi-
empreendimentos de cunho duvidoso. ca que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto poderá
prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação,
CAPÍTULO II conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo,
DAS COMISSÕES DE ÉTICA titulação para que os prestem, segundo os termos e condições fixa-
das, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução.
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Dessa forma, esses serviços podem ser delegados a outras entida-
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer des públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão ou au-
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder torização.
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra-
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento ção pública.
susceptível de censura.
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos fun-
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda- damentais que configuram seus elementos constitutivos, quais se-
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios jam:
da carreira do servidor público. - Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de seja à coletividade.
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo - Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente.
toso. - Continuidade: não se pode suspender ou interromper a pres-
XXIII -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) tação do serviço público.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en- - Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, técnicas.
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza - Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais ba-
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição rata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se considerar a
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór- capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado,
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de de condições financeiras.
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse - Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira
do Estado. eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com novos
processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa
com o menos dispêndio.

APRESENTAÇÃO PESSOAL Em caso de descumprimento de um dos elementos supra men-


cionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao Judiciário
Prezado Candidato, o tema acima supracitado já foi aborda- e exigir a correta prestação.
do anteriormente no decorrer da matéria.
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE

SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITOS, ELEMENTOS DE A regulação de serviços públicos


DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS, CLASSIFICAÇÃO Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de-
sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consiste no
disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle
CONCEITO do serviço prestado por outro ente da Administração Pública ou
Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Adminis- por concessionário ou permissionário do serviço público, à luz de
tração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previamente poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da
estipuladas por ela para a preservação do interesse público. adequação daquele serviço, do respeito às regras fixadoras da po-
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será lítica tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da composição dos
da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim
particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre como da aplicação de penalidades pela inobservância das regras
fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente condutoras da sua execução.
de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços
administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. executados de forma direta, outorgados a entes da administração
indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, per-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
missão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é
regulatória é diversa e independente da prestação dos serviços. a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja di- já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra-
verso do órgão regulador, do contrário, haverá uma tendência na- ção pública.
tural a que a atividade de regulação seja deixada de lado, em detri- Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada
mento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção, pela administração direta, indireta ou por particulares. Oportuno
indispensável a sua adequada realização. lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não
têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em juí-
Regulamentação e controle zo para propor ou sofrer medidas judiciais.
A regulamentação e o controle competem ao serviço público, A administração indireta é composta por pessoas, surgindo
independente da forma de prestação de serviço público ao usuário. como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, socie-
Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o dades de economia mista.
Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro que Por outro lado, o serviço público também pode ser executado
se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiência para por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização.
o cumprimento do contrato.
Como a Administração goza de poder discricionário, poderão Competência
ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do serviço São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar
público revogada, atendendo ao interesse público. a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio aéreo
O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas nacional.
sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da Adminis- Art. 21, CF Compete à União:
tração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando ()
a sua obrigação. X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional

Características jurídicas: Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo
As características do serviço público envolvem alguns elemen- artigo constitucional:
tos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento Art. 21, CF Compete à União:
material. ()
- Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
que poderá delegar determinados serviços públicos, através de lei ou permissão:
e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Estado a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re-
é responsável pela escolha dos serviços que em determinada ocasião dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
serão conhecidos como serviços públicos. Exemplo: energia elétrica; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte ferroviário e mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; transporte ro- dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
doviário interestadual e internacional de passageiros; portos fluviais e c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia e geologia tuária;
- Elemento Material – o serviço público deve corresponder a d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
uma atividade de interesse público. tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
- Elemento Formal – a partir do momento em que os particula- de Estado ou Território;
res prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do regime e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito cional de passageiros;
Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes
serão indenizados pelo Estado) Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem
prestar, independentemente de concessão, são os serviços sociais.
FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO Ex: serviços de saúde, educação, assistência social.
Titularidade De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Dis-
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será trito Federal:
da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
particular a execução do serviço público. ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Admi- ção.
nistração, independentemente de quem esteja executando o servi-
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes
ço público.
sejam vedadas por esta Constituição.
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
Quando não houver definição constitucional a respeito, de-
a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re-
gras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
privado, será serviço privado. constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de ser- grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
viços públicos, como concessão e permissão, transferem apenas a cas de interesse comum.
prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade
do serviço público.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Ao Distrito Federal: Importante lembrar, que o poder de fiscalização da prestação
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, re- de serviços públicos é sempre do Poder Concedente.
ger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a DELEGAÇÃO
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. As formas de delegação por concessões de serviços públicos e
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis- de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão
lativas reservadas aos Estados e Municípios. pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95,
[...] pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensá-
veis contratos.
O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de compe- Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição Fede-
tência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V ral:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamen-
Art. 30. Compete aos Municípios: te ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
I - legislar sobre assuntos de interesse local; licitação, a prestação de serviços públicos.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Parágrafo único. A lei disporá sobre:
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua pror-
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; rogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e res-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação cisão da concessão ou permissão;
estadual; II - os direitos dos usuários;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- III - política tarifária;
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o IV - a obrigação de manter serviço adequado.
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- serviço público, talvez porque os chamados serviços públicos auto-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) rizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particu-
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e lares beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos,
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; porque atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias ne-
da ocupação do solo urbano; cessidades.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Concessão de serviço público
É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder
Formas de prestação do serviço público concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pes-
a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administra- soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade
ção Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras: de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado.
- pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de habi-
públicos da administração direta. litação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros, no caso
- com auxílio de particulares: quando for realizada licitação, de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que
celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita por responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Constituição Federal)
particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a Ad-
reparação de eventual dano é de responsabilidade do Estado. ministração Direta subsidiariamente.
b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de servi- É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato
ços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especializada criada de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder
pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de prestação é feita pela concedente. A subconcessão corresponde à transferência de par-
Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autarquias, fundações pú- cela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio
blicas, associações públicas, empresas públicas e sociedades de econo- de empresas. É o contrato firmado por interesse da concessionária
mia mista. A responsabilidade pela reparação de danos decorrentes da para a execução parcial do objeto do serviço concedido.
prestação de serviços, neste caso, é objetiva e do próprio prestador do
serviço, mas o Estado (Administração Direta) tem responsabilidade sub- Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens
sidiária, caso a Administração Indireta não consiga suprir a reparação do São formas de extinção do contrato de concessão:
dano. A remuneração paga pelo usuário tem natureza de taxa. - Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95).
- Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95).
c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces- - Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95).
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delegação - Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95).
tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de servi- - Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95).
ço público e se depender de autorização legislativa, é chamada de - Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento
permissão de serviço público. ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual (art. 35,
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos cha- VI da Lei 8987/95).
mados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por danos
causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias, Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público pelo
podendo o Estado responder apenas subsidiariamente. A natureza poder concedente assim que extinta a concessão.
da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei 8.987/75: § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser pre-
“Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata assunção cedida da verificação da inadimplência da concessionária em pro-
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamen- cesso administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
tos, avaliações e liquidações necessários). § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim-
plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente,
Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo,
no contrato) usados durante a concessão. dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta-
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei 8.987/75: das e para o enquadramento, nos termos contratuais.
“Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder conce- § 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a ina-
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos dimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder con-
ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no cedente, independentemente de indenização prévia, calculada no
contrato”. decurso do processo.
a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devi-
contratos de concessão por força do término do prazo inicial previs- da na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor
to. Esta é a única forma de extinção natural. das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.
b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de con- § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder con-
cessão, mediante autorização de lei específica, durante sua vigên- cedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos en-
cia, por razões de interesse público. Tem fundamento na suprema- cargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
cia do interesse público sobre o particular. empregados da concessionária.
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato administra- d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de conces-
tivo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à inde- são, durante sua vigência, por descumprimento de obrigações pelo
nização. poder concedente.
Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75: O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas pre-
“Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço pelo cisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços prestados
poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de in- pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados
até decisão judicial transitada em julgado
teresse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75:
pagamento da indenização na forma do artigo anterior”
“Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por ini-
ciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de con-
contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especial-
cessão durante sua vigência, por descumprimento de obrigações
mente intentada para esse fim”
contratuais pelo concessionário.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o fará
serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrom-
de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder Judiciário. pidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu
uma irregularidade, mas tem direito a um procedimento adminis- O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à rescisão
trativo no qual será garantido contraditório e ampla defesa. do contrato, tais como:
Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75: XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela Admi-
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a nistração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parce-
critério do poder concedente, a declaração de caducidade da con- las destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
cessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as dis- pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado
posições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
as partes. suas obrigações até que seja normalizada a situação;
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo po- XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Administra-
der concedente quando: ção Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- bação da ordem interna ou guerra.
metros definidores da qualidade do serviço;
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão dos
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão; contratos administrativo, sendo elas:
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- 1. Rescisão por ato unilateral da Administração;
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força 2. Rescisão amigável,
maior; 3. Rescisão judicial.
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas
ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo apenas
cedido; uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida pelo
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo
infrações, nos devidos prazos; poder concedente.
VI - a concessionária não atender a intimação do poder conce- e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de conces-
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e são, durante sua vigência, por razões de ilegalidade.
VII - a concessionária não atender a intimação do poder conce- Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta
dente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documenta- espécie de extinção da concessão, diferenciando-se apenas quanto
ção relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo unilate-
do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. ralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
A administração pode anular seus próprios atos, quando eiva- f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
dos de vícios que os tornem ilegais, porque deles não originam di- momento pela Administração, por motivo de interesse público;
reitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem
respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese
a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmula do STF nº 473. em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permis-
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimen- sionário direito à indenização.
to ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual:
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de conces- CLASSIFICAÇÃO
são, durante sua vigência, por falta de condições financeiras do A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públicos:
concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem
promover esta espécie de extinção da concessão. a) Serviços delegáveis e indelegáveis:
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou pelo
forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigên- fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser execu-
cia, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do con- tados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex: serviço de
cessionário. abastecimento de água e energia elétrica
Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados
Permissão de Serviço Público pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: serviço de
É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo po- segurança nacional.
der concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capaci-
dade de desempenho por sua conta e risco. b) Serviços administrativos e de utilidade pública:
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços
jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja “precá- prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e seus
ria”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que pressupõe agentes, basicamente de infraestrutura e de uso geral, como correios
um contrato e um contrato de natureza não precária. e telecomunicações, fornecimento de energia, dentre outros.
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritária Ex: imprensa oficial
entende que concessão é uma espécie de contrato administrativo
destinado a transferir a execução de um serviço público para tercei- c) Serviços coletivos e singulares:
ros enquanto permissão é ato administrativo unilateral e precário. - Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela Ad-
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos ministração à sociedade como um todo, sem destinatário determi-
quando a eles se refere nado e são mantidos pelo pagamento de impostos.
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con- - Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so- usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementari- taxa ou tarifa.
dade dos sistemas privado, público e estatal. Ex: serviço de telefonia domiciliar
[...]
d) Serviços sociais e econômicos:
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven-
- Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender aos
cido o prazo, depende de decisão judicial.
reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propicia-
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para
dora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais e proteti-
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.
vos. Ex: serviços de educação e saúde.
- Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibilidade
Autorização
de lucro, representam atividades de caráter industrial ou comercial.
É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário,
Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado.
pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de
um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não tem e). Serviços próprios
prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri-
qualquer momento. buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra-
grau de precariedade. A autorização de serviço público tem preca- dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não
riedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É apli- podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na
cada para execução de serviço público emergencial ou transitório maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
Relativamente à permissão de serviço público, as suas caracte-
rísticas assim se resumem: f). Serviços impróprios
a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente Por não afetarem substancialmente as necessidades da socie-
pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja tratada pela dade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser
doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, como
oneroso, intuitu personae. é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda
b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da Cons- por delegação.
tituição;
c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a PRINCÍPIOS
titularidade do serviço com o Poder Público; Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as dire-
d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua trizes do serviço público:
conta e risco; a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público:
e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é o
Administração e a sua fiscalização; da continuidade de sua prestação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Na vigência de contrato administrativo, quando o particular Princípios, elementos, características, formalização, prazo
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Adminis- Princípio da autonomia da vontade: é a liberdade de contra-
tração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular tação. A liberdade contratual confere às partes a criação de um
não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da conti- contrato de acordo com as suas necessidades, como acontece nos
nuidade da prestação. contratos atípicos ou nos típicos, que consiste em usar modelos
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi- previstos em lei
nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particular, Princípio da supremacia da ordem pública: primeiramente de-
colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do vemos saber o que significa interesse público.
interesse público. Por interesse entende-se que corresponde a uma porção de
coletividade, que destina-se ao interesse de um grupo social como
b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução um todo. É esse interesse que leva ao princípio do interesse público.
do serviço público pode ser alterada, desde que para atender o in- Podemos utilizar este princípio tanto no momento da elabora-
teresse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de ser- ção da lei quanto à sua execução em concreto pela administração
viços públicos, nem os contratados pela administração pública, têm pública. Desta forma, permite-se que exista o bem estar social para
direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico. atender o interesse da coletividade.
c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula
que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con- Princípio da força obrigatória: entende-se que o contrato é lei
tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas entre as partes, fazendo com que seja válido e eficaz para ser cum-
possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife- prido por ambas as partes, que é o caso do pacta sunt servant.
renciadas. É a base do direito contratual, devendo o ordenamento con-
d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro ferir à parte instrumentos judiciários que obrigue o contratante a
que o serviço adequado é aquele que preenche as condições de re- cumprir o contrato ou a indenizar as partes.
gularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre outros. Dessa Pela intangibilidade do contrato, ninguém pode alterar unila-
forma, se nota que à Administração Pública e aos seus delegados é teralmente o contrato, nem sequer o juiz. Isso ocorre em virtude
necessário que se respeite o que a legislação exige. de terem as partes contratadas de livre e espontânea vontade e,
e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade submetido a sua vontade à restrição do cumprimento contratual,
discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a fazer, no entanto, em se tratando de contratos administrativos regidos
sendo, dessa maneira, um dever jurídico. pelas ordens de direito público, há exceções legais que garantem a
f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor exi- alteração unilateral do contrato.
gido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço deve
ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para Princípio da boa-fé contratual: para se chegar a perfeição do
remunerar o prestador com acréscimo de pequena margem de lu- contrato, é preciso que exista boa- fé das partes contratantes, an-
cro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”, isto é, algo tes, depois e durante o contrato, verificando se essa boa fé está
barato, acessível. sendo descumprida.
Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço Para tanto, deve-se observar as circunstâncias que foi celebra-
remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo do o contrato, como o nível de escolaridade entre os contratantes,
princípio da modicidade da remuneração. o momento histórico e econômico.

g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de receber Este princípio não está expresso na Constituição, por isso, com-
do poder concedente e da concessionária informações para defesa pete ao juiz analisar o comportamento dos contratantes.
de interesses individuais ou coletivos.
Características
a) Presença do Poder Público: o Poder Público tem que estar
ATOS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. LEI 8666/93 E presente no contrato.
SUAS ALTERAÇÕES E COMPLEMENTAÇÕES b) formal: tem várias formalidades previstas pela lei;
c) consensual: é aquele que se aperfeiçoa na manifestação de
vontade. O que vem depois é a execução do contrato (exemplo:
NOÇÕES GERAIS contrato de compra e venda). O contrato consensual já existe desde
Os contratos administrativos são os instrumentos jurídicos ce- o momento da manifestação de vontade. O contrato administrativo
lebrado pela Administração Pública, com base em normas de direito se aperfeiçoa no momento da manifestação de vontade. Isso é di-
público, com o propósito de satisfazer as necessidades de interesse ferente do contrato real, que só se aperfeiçoa a partir do momento
público, previsto na Lei 8.666/93 (Licitações e Contratos). em que há a entrega do bem (exemplo: contrato de empréstimo).
d) Comutativo: é aquele que tem prestação e contraprestação
Os contratos administrativos serão formais, consensuais, co- equivalentes e preestabelecidas. O contrato comutativo é diferente
mutativos e, em regra, intuitu personae (em razão da pessoa). As do contrato aleatório. O contrato administrativo deve ser comuta-
normas gerais sobre contrato de trabalho são de competência da tivo: prestação e contraprestação equivalentes e preestabelecidas.
União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios legislarem e) Personalíssimo: leva em consideração as qualidades pessoais
supletivamente. do contrato. A subcontratação não autorizada pela Administração
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo reconhecendo dá causa à rescisão contratual (artigo 78 da Lei 8666). Assim, pela
que a doutrina majoritária aceita a designação “contrato adminis- letra da lei, em regra não é possível subcontratação, salvo se houver
trativo”, assim o define “são relações convencionais que por força autorização expressa da Administração a esse respeito.
de lei, de cláusulas contratuais ou do objeto da relação jurídica si-
tuem a Administração em posição peculiar em prol da satisfação do Para que a administração autorize, a doutrina majoritária elen-
bem comum”. ca mais 2 (dois) requisitos, a saber:

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
1) a subcontratada deve preencher os mesmos requisitos, as c) aluguel e utilização de materiais de informática – limite de
mesmas condições exigidas na licitação; 48 meses.
2) a subcontratação deve ser parcial – não é admitida a sub-
contratação total do contrato, pois se for possível a subcontrata- As concessões de serviços públicos não estão vinculadas aos
ção total estar-se-ia desestimulando as empresas a participarem da créditos orçamentários anuais, pois exigem prazos mais dilatados
concorrência, podendo optar por aguardar o vencedor e assumir o para que o contratado recupere seu investimento. Requer-se ape-
contrato como subcontratada. nas que o contrato seja firmado por tempo determinado.
Os prazos contratuais podem ser prorrogados nas seguintes si-
f) Adesão: uma das partes tem o monopólio da situação, ou tuações:
seja, define as regras. À outra parte só resta a opção de aderir ou a) alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
não. b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
O licitante, quando vem para a licitação, já sabe que o contrato nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
é anexo do edital. Ele não poderá discutir as cláusulas contratuais. ções de execução do contrato;
Deverá aceitá-las na forma em que foram elaboradas. O monopó- c) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
lio da situação está nas mãos da Administração. Não há debate de de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
cláusula contratual. d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
to, nos limites permitidos na Lei;
g) bilateral: trata-se de acordo de vontades que prevê obriga- e) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
ções e direitos de ambas as partes. terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
porâneo à sua ocorrência;
Formalização f) omissão ou atraso de providências a cargo da Administração,
Para que um contrato seja válido e eficaz ele não pode ser feito inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta-
de qualquer maneira, deverá respeitar algumas peculiaridades que, mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
formalmente, devem seguir em seu corpo de texto. Seguem abaixo sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
as formalidades para que seja firmado um contrato:
a) Procedimento Administrativo Próprio: é o procedimento de Alteração, revisão, prorrogação, renovação, reajuste contra-
licitação, que pode ser substituído pelo procedimento de justifica- tual, execução e inexecução, cláusulas exorbitantes, anulação, re-
ção (artigo 26 da Lei 8666). vogação, extinção e consequências.
b) Forma Escrita: o contrato administrativo deve ser formali-
zado por escrito (regra). O artigo 60, parágrafo único da Lei 8666 Alteração
estabelece que é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal, salvo o A Administração Pública tem o dever de zelar pela eficiência
de pronta entrega, pronto pagamento ou até R$4.000,00 (exceção). dos serviços públicos e, muitas vezes, celebrado um contrato de
c) Publicação: o contrato administrativo deve ser publicado acordo com determinados padrões, posteriormente se observa que
(artigo 61, parágrafo único, 8666). Não se publica a íntegra do con- estes não mais servem ao interesse público, quer no plano dos pró-
trato, mas apenas um resumo do mesmo (extrato do contrato), do- prios interesses, quer no plano das técnicas empregadas.
cumento este que contém as principais informações do contrato. Essa alteração não pode sofrer resistência do particular contra-
Por previsão expressa da lei, a publicação é condição de eficá- tado, desde que o Poder Público observe uma cláusula correlata,
cia do contrato. O contrato não publicado é válido, mas não tem qual seja, o Equilíbrio Econômico-financeiro do contrato.
eficácia. Assim, a Administração Pública deve, em defesa do interesse
A publicação é um dever da Administração. É esta quem deve público e desde que assegurada a ampla defesa, no processo admi-
providenciar a publicação do contrato administrativo. nistrativo, promover a alteração do contrato, ainda que discordante
o contratado.
d) Instrumento de Contrato: instrumento de contrato é o docu- Por óbvio, a possibilidade de alteração do que fora pactuado
mento que define os parâmetros da relação.
sempre se sujeita à existência de justa causa, presente na modifi-
Será obrigatório quando o valor do contrato for corresponden-
cação da necessidade coletiva, ou do interesse público. Ao parti-
te à concorrência ou à tomada de preços. Se a hipótese for de dis-
cular restará, se caso, eventual indenização pelos danos que vier a
pensa ou inexigibilidade de licitação (contratação direta) e o valor
suportar.
do contrato for da concorrência ou da tomada, será obrigatório o
A lei autoriza que a Administração realize modificação unila-
instrumento de contrato. O critério único, portanto, é o valor do
contrato. Será facultativo quando o valor do contrato for correspon- teral no objeto do contrato para melhor adequação às finalidades
dente ao convite, desde que possa se fazer de outra forma. O cri- de interesse público. A alteração pode consistir na modificação do
tério, portanto, é o valor do convite e a possibilidade de se praticar projeto ou em acréscimo e diminuição na quantidade do objeto.
de outra forma. Desse modo, as alterações unilaterais podem ser modificações qua-
litativas ou quantitativas.
Prazo - Qualitativas: Alterações qualitativas são autorizadas quan-
Todo contrato administrativo deve ter um prazo determinado do houver modificação do projeto ou das especificações para me-
e extingue-se normalmente ao final desse prazo. A regra é que os lhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, I, a, da Lei n.
contratos têm sua duração limitada em 12 meses, ou seja, um exer- 8.666/93), desde que não haja descaracterização do objeto descrito
cício financeiro. Porém, a lei prevê as seguintes exceções, em que é no edital licitatório. Ou seja, quando ocorrer modificação do proje-
possível a adoção de prazo mais dilatados: to ou das especificações para melhor adequação técnica;
a) contratos relativos a projetos incluídos no plano plurianual – - Quantitativas: Já as alterações quantitativas são possíveis
o prazo será aquele previsto na lei que aprovou o plano, atendendo quando necessária a modificação do valor contratual em decorrên-
ao limite de quatro anos; cia de acréscimo ou diminuição na quantidade do seu objeto, nos
b) serviços de execução contínua – limite de 60 meses, poden- limites permitidos em lei (art. 65, I, b, da Lei n. 8.666/93).
do ser estendido por mais 12 meses;

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
A alteração unilateral do contrato exige mudança na remunera- Prorrogação e renovação
ção do contratado, ensejando direito ao reequilíbrio econômico-fi- Prorrogação do Contrato é o fato que permite a continuidade
nanceiro. do que foi pactuado além do prazo estabelecido, e por esse motivo
Constituem cláusulas exorbitantes porque podem ser impostas pressupõe a permanência do mesmo objeto contratado inicialmen-
à revelia da concordância do contratado. te. Observe-se, todavia, que apenas nas hipóteses legais poderá o
contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a re-
Revisão do contrato gra, mas sim a exceção.
Os contratos administrativos podem ser alterados por decisão “Se fosse livre a prorrogabilidade dos contratos, os princípios
unilateral da Administração ou por acordo entre as partes. da igualdade e da moralidade estariam irremediavelmente atingi-
Tendo em vista que as hipóteses de alteração são taxativas, dos” (CARVALHO FILHO)
qualquer alteração fora dessas hipóteses será nula. Estas alterações A possibilidade de prorrogação do contrato e do prazo para a
devem vir acompanhadas das razões e fundamentos que lhe deram execução está prevista no art. 57 da Lei nº. 8.666/93.
origem (art. 65 da Lei 8666/93). Os contratos de prestação de serviço de forma contínua podem
ter sua duração prorrogada por sucessivos períodos iguais, com o
Hipóteses de alteração unilateral pela Administração (rol ta- mesmo contratado e o mesmo objeto, se houver cláusula prevendo
xativo): essa possibilidade, com o objetivo de obter preços e condições mais
- Quando houver modificações do projeto ou das especifica- vantajosas para a Administração, no limite máximo de sessenta me-
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, ses, admitindo-se a prorrogação por mais doze meses, em caráter
I, “a” da Lei 8666/93): Esta hipótese não pode ser confundida com excepcional. Somente se permite a prorrogação pelo mesmo prazo
alteração do objeto, pois seria uma fraude à licitação. inicial do contrato original.
- Quando necessária a modificação do valor contratual em de- Não é exigida licitação para a prorrogação do contrato. Nos de-
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, nos mais casos, o prazo da execução do contrato pode ser prorrogado
limites permitidos pela lei (art. 65, I, “b” da Lei 8666/93). de acordo com a previsão da lei, ou seja, desde que ocorram os
motivos que ela elenca:
O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições - alteração do projeto e suas especificações pela Administra-
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, ção;
serviços ou compras, até 25% do valor inicial atualizado do contrato - superveniência de fato excepcional ou imprevisível que altere
e, no caso particular de reforma de prédios ou de equipamentos, as condições de execução;
até o limite de 50% para os seus acréscimos (art. 65, § 1.º da Lei - interrupção da execução ou diminuição do ritmo de trabalho
8666/93). por ordem e interesse da Administração;
A elevação das quantidades além desses limites representa - aumento de quantidades;
fraude à licitação, não sendo admitida nem mesmo com a con- - impedimento da execução por fato ou ato de terceiro reco-
cordância do contratado. Entretanto, as supressões resultantes nhecido pela Administração;
de acordo celebrado podem ser estabelecidas (art. 65, § 2.º da Lei - omissão ou atraso de providências pela Administração.
8666/93).
Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os A renovação em todo ou em parte do contrato é vedada e ne-
encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por cessita de licitação, dando oportunidade à concorrência.
aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial (art. 65, § 6.º A recontratação somente é permitida nas hipóteses de dispen-
da Lei 8666/93). Teoria da Imprevisão também está presente nas sa ou inexigibilidade de licitação.
alterações unilaterais.
Execução do contrato administrativo
Hipóteses de alteração por acordo das partes (rol taxativo): A Administração deve designar servidor para acompanhar e fis-
- Quando conveniente a substituição da garantia da execução calizar o contrato, em data anterior ao início de sua vigência. Pode,
(art. 65, II, “a” da Lei 8.666/93). ainda, contratar terceiros para assessorá-lo nos casos em que, tec-
- Quando necessária a modificação do regime de execução da nicamente, isso se fizer necessário.
obra ou serviço bem como do modo de fornecimento, em face de O fiscal do contrato deve registrar todas as ocorrências verifi-
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais origi- cadas, inclusive o que for determinado para a correção das falhas
nários (art. 65, II, “b” da Lei 8.666/93). observadas. Se as medidas extrapolarem suas competências devem
- Quando necessária modificação da forma de pagamento, por ser comunicadas aos seus superiores em tempo hábil para a adoção
imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial dos procedimentos adequados.
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta- Regime de execução O regime de execução disciplina a forma
ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço (art. de apuração do valor a ser pago à empresa contratada pela presta-
65, II, “c” da Lei 8.666/93). Exemplo: Resolvem mudar a data de ção do serviço, gerando modalidades de empreitada, diretamente
pagamento, pois “cai” no feriado. influenciadas pelo critério para apuração do valor da remuneração
A Teoria da Imprevisão autoriza a modificação ou revisão das devida da contratante à contratada. Quando na modalidade de
cláusulas inicialmente pactuadas em vista de fatos supervenientes empreitada por preço global, o contrato definirá o valor devido ao
e imprevisíveis capazes de impedir ou dificultar o cumprimento do particular tendo em vista a prestação de todo o serviço; quando na
ajuste nos termos inicialmente fixados. Tem por objetivo a manu- modalidade de empreitada por preço unitário o valor será fixado
tenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. – pelas unidades executadas.
Esta teoria só se aplica diante da álea extraordinária (riscos, prejuí- Na categoria de contrato de obras e serviços, a Lei de Licitações
zos anormais ocorridos na execução do contrato). admite a empreitada por preço global, a empreitada por preço uni-
tário, a tarefa e a empreitada integral.

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Empreitada por preço global: é aquela em que se ajusta a exe- referir aos prazos contratuais (mora), como ao modo de realização
cução da obra ou serviço por preço certo e total. Ou seja, a empresa do objeto de ajuste, como a sua própria consecução. É previsto para
contratada receberá o valor certo e total para execução de toda a esse caso multas e até a rescisão do contrato, com a cobrança de
obra. Será responsável pelos quantitativos e o valor total só será perdas e danos, a suspensão provisória e a declaração de idoneida-
alterado se houver modificações de projetos ou das condições pré- de para contratar com a administração.
-estabelecidas para execução da obra, sendo as medições feitas por Quando a rescisão se dá por culpa do contratado, a Administra-
etapas dos serviços concluídos. O pagamento, no entanto, poderá ção Pública terá direito:
ser efetuado parceladamente, nas datas prefixadas, na conclusão - Assunção imediata do objeto do contrato; tratando-se de ser-
da obra ou de cada etapa, conforme ajustado entre as partes. É co- viço essencial;
mum nos contratos de empreitada por preço global a exigência da - Ocupação das instalações, material, equipamentos e, inclu-
especificação de preços unitários, tendo em vista a obrigação da sive, funcionários, para dar continuidade ao contrato em razão do
empresa contratada de aceitar acréscimos ou supressões nos quan- princípio da continuidade do serviço público essencial;
titativos dentro dos limites legais (Art. 65, § 1.º). - A administração poderá executar a garantia prestada;
- Retenção dos créditos decorrentes do contrato até os limites
Art. 65 – [...] dos danos.
§ 1° - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas Sendo assim, o descumprimento do pactuado pelo contratado
obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do leva à imposição de sanções, penalidades e à apuração da respon-
valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma sabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou parcial pode
de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por ensejar a apuração de responsabilidade civil, criminal e administra-
cento) para os seus acréscimos. tiva do contratado, propiciando, ainda, a rescisão do contrato. Já a
inexecução sem culpa é a que decorre de atos ou fatos estranhos
Empreitada por preço unitário: é aquela em que se contrata à conduta da parte, retardando ou impedindo totalmente a execu-
a execução por preço certo de unidades determinadas. Ou seja, o ção do contrato. Nesses casos, seria provinda de força maior, caso
preço global é utilizado somente para avaliar o valor total da obra, fortuito, etc.
para quantidades pré-determinadas pelo Edital para cada serviço, Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua imprevi-
que não poderão ser alteradas para essa avaliação, servindo para sibilidade e inevitabilidade, criam para o contrato impossibilidade
determinar o vencedor do certame com o menor preço. As quan- intransponível de normal execução do contrato. No caso de força
tidades medidas serão as efetivamente executadas e o valor total maior, temos uma greve que paralise os transportes ou a fabricação
da obra não é certo. Nesta modalidade o preço é ajustado por uni- de um produto de que dependa a execução do contrato. No caso
dades, que tanto podem ser metros quadrados de muro levantado, fortuito, é o evento da natureza - como, por exemplo, um tufão,
como metros cúbicos de concreto fundido. O pagamento é devido inundação.
após cada medição. A empreitada por preço unitário é muito utiliza- - Teoria do Fato do Príncipe: Trata-se de todo acontecimento
da em reformas, quando não se pode prever as quantidades certas externo ao controle de natureza geral, que abrange a coletividade.
e exatas que serão objeto do contrato. No caso de alteração unilateral das cláusulas expressas em um con-
trato, a responsabilidade deriva do próprio contrato.
Tarefa: é o regime de execução próprio para pequenas obras Portanto, na hipótese de inexecução pelo fato do príncipe há
ou para partes de uma obra maior. Refere-se, predominantemente, uma determinação estatal, geral, imprevista e imprevisível que one-
à mão de obra. A tarefa pode ser ajustada por preço certo, global ra substancialmente a execução do contrato administrativo, obri-
ou unitário, com pagamento efetuado periodicamente, após a ve- gando o poder público contratante a compensar integralmente os
rificação ou a medição pelo fiscal do órgão contratante. Em geral, o prejuízos suportados pela outra parte, a fim de possibilitar o pros-
tarefeiro só concorre com a mão de obra e os instrumentos de tra- seguimento da execução do ajuste.
balho, mas nada impede que forneça também pequenos materiais. A característica marcante do fato do príncipe é a generalidade
e a coercitividade da medida prejudicial ao contrato, além da sua
Empreitada integral: é a contratação da integralidade de um surpresa e imprevisibilidade, com agravo efetivo para o contratado.
empreendimento, compreendendo todas as etapas das obras, ser- Na teoria do fato do príncipe a administração não pode causar
viços e instalações necessárias, inclusive projeto executivo, sob in- dano ou prejuízo aos administradores, e muito menos aos seus con-
teira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra- tratados. A medida não objetiva fazer cessar a execução do contrato
tante em condições de ocupação. e só incide indiretamente sobre o ajustado pelas partes.

Inexecução do contrato - Teoria da imprevisão: por ela as partes possuem autorização,


É o descumprimento de suas cláusulas, total ou parcial. Cul- possibilidade para a revisão do contrato através do reconhecimento
posa ou não. Pode ocorrer por ação ou omissão, culposa ou sem de eventos novos imprevistos no contrato e que sejam imprevisí-
culpa, de qualquer das partes, caracterizando o retardamento ou o veis.
descumprimento integral do ajustado. Quaisquer dessas situações Com este entendimento aplicamos a cláusula “rebus sic standi-
podem ensejar responsabilidades para o inadimplente e até mesmo bus”, mas só é possível a utilização desta quando sobrevierem fatos
propiciar a rescisão do contrato. imprevistos e imprevisíveis - ou se previsíveis incalculáveis nas suas
Ocorre também a inexecução quando o contratado descumpre consequências desequilibrando assim o contrato celebrado, poden-
obrigações contratuais ou realiza ato que, de acordo com regimes do haver o reajuste contratual de preço - desde que isto seja men-
jurídicos, não poderia fazê-lo; quando não há mais interesse público cionado no contrato inicial.
ou conveniência a mantença do contrato. A presente teoria somente interessa aos contratos de execução
A inexecução ou inadimplência culposa é a que resulta de ação continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo,
ou omissão da parte, decorrente de negligência, imprudência ou uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea.
imperícia no atendimento às cláusulas contratuais. Tanto pode se

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Cláusulas Exorbitantes zações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado,
Os contratos administrativos têm como sua maior particula- nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das
ridade a busca constante pelo interesse público e a consequente obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
sujeição aos princípios basilares do Direito Público, quais sejam, XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos de-
o da supremacia do interesse público sobre o particular e a indis- vidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou forne-
ponibilidade do interesse público. Isto acaba por fazer com que as cimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em
partes do contrato administrativo não sejam colocadas em situação caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
de igualdade, uma vez que, conforme amplamente sabido, são con- ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus-
feridas à Administração Pública prerrogativas que lhe colocam em pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normali-
patamar diferenciado, de superioridade em face do particular que zada a situação;
com ela contrata. São as chamadas “cláusulas exorbitantes”, que XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
constituem poderes conferidos pela lei à Administração no manejo cal ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos
contratual que extrapolam os limites comumente utilizados no Di- prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais es-
reito Privado. pecificadas no projeto.
As cláusulas exorbitantes - também conhecidas como cláusulas
privilégios - fazem parte dos requisitos essenciais para qualificação Equilíbrio econômico-financeiro
do contrato administrativo; buscam garantir a regular satisfação do O art. 37, XXI, da Constituição Federal, ao disciplinar a obrigato-
interesse público presente no contrato administrativo. São cláusu- riedade do procedimento licitatório, prescreve que
las que asseguram certas desigualdades entre as partes. “Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces-
Anulação, Revogação, Extinção so de licitação pública, com cláusulas que estabeleçam obrigações
Anulação: Nos termos do que estabelece o artigo 59 da Lei nº de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta”.
8.666/93, o contrato administrativo revestido de ilegalidades deve-
Essa alusão a “mantidas as condições efetivas da proposta” tor-
rá ser anulado pela Administração, operando retroativamente seus
nou obrigatória a criação de um sistema legal de preservação da
efeitos jurídicos, isto é, tornar-se-ão nulos todos os atos praticados.
margem de lucro do contratado, denominado equilíbrio econômico
Assim a invalidação de um contrato administrativo determina a -financeiro.
supressão de tudo que dele resultou (efeito ex tunc, ou seja, supres- A disciplina legislativa do tema consta da Lei n. 8.666/93 (arts.
são de seus efeitos desde o início) 57, § 1º, e 65, II, d), da Lei n. 8.987/95 (art. 9º, § 2º) e da Lei n.
Da mesma forma, é nulo o contrato administrativo decorrente 9.074/95 (art. 35).
de licitação porventura anulada por ilegalidade. A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro por uma re-
Muito embora seja prerrogativa da Administração Pública, em lação de igualdade a ser perseguida com base na equação formada
homenagem ao Princípio da Autotutela, a nulidade contratual não pelas obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajus-
afasta a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que te e a compensação econômica para realizar essas obrigações. Visa
já tenha executado, até a data de declaração, a não ser que o pró- assegurar uma remuneração justa ao contratante.
prio contratado tenha dado causa à anulação. Para Alexandre Mazza “A manutenção desse equilíbrio é um di-
reito constitucionalmente tutelado do contratado e decorre do prin-
Revogação do ato administrativo: Os atos administrativos po- cípio da boa-fé e também da busca pelo interesse público primário,
derão ser revogados por questões de conveniência e oportunidade, tendo como fundamentos a regra do rebus sic stantibus e a teoria
a partir do momento em que estes se tornarem inconvenientes e da imprevisão.”
inoportunos para a Administração.
Em termos práticos, a garantia do equilíbrio econômico-finan-
Extinção é o fim do vínculo obrigacional entre contratante e ceiro obriga o contratante a alterar a remuneração do contratado
contratado. Pode ser decorrente de: sempre que sobrevier circunstância excepcional capaz de tornar
a) conclusão do objeto: nesse caso, o ato administrativo que mais onerosa a execução. Assim, procura-se recompor a margem de
extingue o contrato é, como visto, o recebimento definitivo; lucro inicialmente projetada no momento da celebração contratual.
b) término do prazo: é a regra nos contratos por tempo deter- Essa alteração remuneratória pode se dar mediante reajuste
minado. É possível a prorrogação antes do fim do prazo previsto no ou revisão.
contrato;
c) anulação; Reajuste é o nome dado para a atualizar o valor remuneratório
d) rescisão: forma excepcional de extinção do contrato, pois ante as perdas inflacionárias ou majoração nos insumos. Normal-
mente, as regras de reajuste têm previsão contratual e são formali-
implica cessação antecipada do vínculo. Pode ser unilateral, bilate-
zadas por meio de instituto denominado apostila.
ral (amigável ou consensual) e judicial. A rescisão amigável, que não
O reajuste pode ocorrer nos seguintes casos:
precisa ser homologada pelo juiz, é possível nos seguintes casos,
a) reajustamento contratual de preços;
previstos no art. 78: b) cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, servi- c) fato do príncipe e fato da administração;
ços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contra- d) caso fortuito e força maior.
to além do limite permitido no § 1.º do art. 65 desta Lei;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad- Revisão ou recomposição são alterações no valor efetivo da ta-
ministração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em rifa, por muitas vezes não possuem uma previsão contratual, diante
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna de circunstâncias insuscetíveis de recomposição por reajuste.
ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mes- Portanto, no reajuste é promovida uma simples atualização
mo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de inde- monetária da remuneração, ao passo que na revisão ocorre um au-
nizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobili- mento real no valor pago ao contratado

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Convênios e Terceirização. artigo tratam-se de princípios gerais, quais são: Legalidade, Impes-
Convênios e consórcios administrativos surgem no direito ad- soalidade, Moralidade, que norteiam toda a atuação administrati-
ministrativo, fundamentalmente, como instrumentos jurídicos que va, sem particularidades no tocante a licitações públicas.
permitem a cooperação de diferentes pessoas de direito público, ou Assim, visando conhecer na integra os princípios que regem as
entre estas e particulares. Estes instrumentos de cooperação pos- Licitações Públicas temos o artigo 3º da Lei 8.666/93, que assim
sibilitam a conjugação de esforços de diversos entes naquilo que, dispõe:
isoladamente, não são capazes de realizar.
Os convênios em primeiro plano - e os consórcios em menor “Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princí-
grau - são os instrumentos jurídicos que permitem que União, Es- pio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajo-
tados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização do sa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
interesse público. Tanto nas áreas em que a Constituição indicou a sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
competência concorrente de todos ou de dois dos entes públicos, com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
quanto naquelas em que, embora a norma de competência indi- moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade adminis-
que um ente como responsável, a realização material da finalidade trativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
pública diz interesse geral e, portanto, também cabe aos demais objetivo e dos que lhes são correlatos.” Grifo nosso.
cooperarem no que for possível.
No âmbito da cooperação interna da Administração, propug- Assim temos:
na-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, inclusive de ges- - Princípio da Legalidade: Para que a administração possa atuar,
tão financeira e orçamentária, a partir da celebração de contratos não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto
de gestão, estabelecendo deveres e responsabilidades do órgão a existência de determinação ou autorização de atuação adminis-
autônomo. Em relação à gestão associada entre vários órgãos ou trativa na lei.
entidades da Administração, sua operação se observa através de Assim, a Licitação Pública possui seu embasamento na Consti-
consórcios públicos e convênios de cooperação. tuição Federal e na Lei (Lei 8.666/93), devendo todos os seus proce-
Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos e dimentos obedecer o que dispõe a norma legal.
consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa como ins- Importante ainda esclarecer que a administração pública está
trumentos de cooperação entre os diversos órgãos da Administra- obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape-
ção e destes com os particulares, com vista à realização do interesse nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princípios
público. jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas pela
própria administração pública.
LICITAÇÕES
Licitação é um procedimento administrativo, de ocorrência - Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Ad-
obrigatória pelas entidades do governo para celebração de contrato ministração Pública tem que manter uma posição de neutralidade
administrativo, em que, atendida a igualdade entre os participan- em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem
tes, deve ser escolhida a melhor proposta dentre as apresentadas mesmo privilegiar quem quer que seja.
pelos interessados, e com elas travar determinadas relações de Pelo princípio da impessoalidade, quando aplicável as Licita-
conteúdo patrimonial, verificado o preenchimento dos requisitos ções, a impessoalidade em relação aos licitantes (particulares in-
mínimos e necessários ao bom cumprimento das obrigações que teressados em participar das licitações), não devendo os atos lici-
forem assumidas perante a Administração Pública. tatórios serem emanados com o objetivo de atender a interesses
Dessa maneira, a Licitação traz em seu bojo a ideia de disputa pessoais do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade
igualitária entre os concorrentes, com a finalidade de selecionar a exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impes-
proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, visando soal.
à celebração de um contrato administrativo, entre ela e o particular Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade possui es-
vencedor da concorrência, para a realização de obras, serviços, con- treita relação com o também principio constitucional da isonomia,
cessões, permissões, alienações, compras ou locações. ou igualdade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou benes-
Dai surge então à necessidade de regulamentar a prática licita- ses pessoais.
tória, atendendo disposição da Constituição Federal, mais precisa- - Princípio da Moralidade: A falta da moral comum impõe, nos
mente no artigo 37, inciso XXI, que assim dispõe: atos administrativos e licitatórios a presença coercitiva e obrigatória
da moral administrativa, que se constitui de um conjunto de regras
“Art. 37: XXI - ressalvados os casos especificados na legisla- e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública.
ção, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados Assim o legislador utilizando-se dos conceitos da Moral e dos
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de Costumes (fonte subsidiária do Direito Positivo), como forma de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um com-
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- portamento obrigatoriamente ético e moral no exercício de suas
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências atribuições administrativas, através do pressuposto da moralidade.
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações”. - Princípio da Publicidade: Por este principio, temos que a ad-
ministração tem o dever de oferecer transparência de todos os atos
Assim, visando à regulamentação do processo de escolha da que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas
melhor proposta (licitação) foi editada Lei 8.666/93, que traz a nor-
em seus bancos de dados referentes aos administrados.
matização da atividade.
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e
busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica-
Princípios
dos devem ser acessíveis aos cidadãos.
O artigo 3º da Lei 8.666/1993 enumera expressamente prin-
Por tal razão, os atos licitatórios devem ter divulgação oficial
cípios que devem ser observados pela administração pública na
realização de licitações. Alguns dos princípios expressos no referido como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei,
onde o sigilo deve ser mantido e preservado.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
- Principio da Probidade Administrativa: Por tal principio temos Art. 24. É dispensável a licitação:
que o agente público no exercício regular de suas funções não pode I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez
violar, ao realizar procedimento licitatório, os princípios gerais e por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo an-
constitucionais da administração pública, que são: legalidade, da terior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra
impessoalidade, da moralidade, da eficiência, da publicidade, além ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
de exigir do agente público atuação leal e de boa-fé nos procedi- mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
mentos licitatórios em que atuar. mente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
- Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: Tal cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso II do artigo ante-
principio veda a Administração Pública o descumprimento das nor- rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não
mas e condições previamente estipuladas no edital, ao qual deve se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
estar estritamente vinculado. O edital é a lei interna da licitação, maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
vinculando os seus termos tanto aos licitantes como a administra- III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
ção que o emitiu. IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
- Princípio do Julgamento Objetivo: É o que se baseia no critério ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
indicado no edital e nos termos específicos das propostas para o serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
seu julgamento. Em linhas gerais, não pode haver qualquer discri- e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
cionariedade na apreciação das propostas pela administração, jul- emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços
gando vencedora a que melhor atende aos enunciados do edital, de que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi-
maneira objetiva. tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos
Competência legislativa contratos;
A competência para legislar sobre matéria que trate especifi- V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
camente de licitações, e consequentemente contratos administra- esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
tivos, é atribuída os entes da federação: União, Estados, Municípios Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
e Distrito Federal. belecidas;
No entanto, muito embora se verifique a competencia dos en- VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
tes mencionados em legislar sobre licitação, é de competência ex- para regular preços ou normalizar o abastecimento;
clusiva da União editar normas gerais sobre a matéria. VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou
Constituição Federal:
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competen-
tes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos
[...]
bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as
preços, ou dos serviços;
modalidades, para a administração pública, direta e indireta, incluí-
das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, nas di- VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
versas esferas de governo, e empresas sob seu controle; interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou en-
tidade que integre a Administração Pública e que tenha sido cria-
Na esfera federal, a matéria relativa as normas gerais sobre lici- do para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei,
tações e contratos administrativos é disciplinada pela Lei Federal nº desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
8.666/93, de obrigatoriedade em todo o território nacional. mercado;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da se-
Dispensa e Inexigibilidade gurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presiden-
Dispensa: a dispensa de licitação engloba hipóteses que, muito te da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
embora exista possibilidade jurídica de competição, a lei autoriza a X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
celebração direta do contrato ou mesmo determina a não realiza- mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi-
ção do procedimento licitatório. dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde
Nos casos em que a lei autoriza a contratação sem a realização que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava-
de licitação, diz que ela é dispensável. Esclarece que nessas hipó- liação prévia;
teses, a competição é viável e possível, entretanto a lei autoriza a XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou forne-
administração pública decidir sobre a sua ocorrência ou não, de cimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que aten-
acordo com critérios de oportunidade e conveniência, dispensar a dida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mes-
sua realização. mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
Entretanto, em outras situações, ha própria lei, diretamente ao preço, devidamente corrigido;
dispensa compulsoriamente a realização da licitação. Nessas hipó- XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
teses temos que a lei denominou licitação dispensada. Neste caso perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
não cabe a Administração Pública decidir sobre a realização ou não licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
da licitação. Não ocorrerá a licitação porque a própria lei garantiu preço do dia;
que, mesmo sendo juridicamente possível a realização da licitação, XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi-
fica dispensada. mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen-
A Lei 8.666/93 traz o rol taxativo das situações em que a licita- volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação
ção é dispensável, mais precisamente nos termos do artigo 24 da social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável re-
referida lei. putação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan- de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de
do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com
o Poder Público; as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi-
inerentes às finalidades do órgão ou entidade. dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa- especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
dronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju- atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras
rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in- empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus-
tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na- ratificadas pelo Comandante da Força.
cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de
desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in- assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio-
dispensável para a vigência da garantia; nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas- e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto
seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004,
duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se- observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
des, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnolo-
quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor- gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS,
malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme
exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião
Lei: da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno-
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, lógica.
com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quan- XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucra-
do houver necessidade de manter a padronização requerida pela tivos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias
estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, sociais de acesso à água para consumo humano e produção de ali-
mediante parecer de comissão instituída por decreto; mentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência pela seca ou falta regular de água.
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público
ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de servi- interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distri-
ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado buídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha
seja compatível com o praticado no mercado. por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de enge- desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à
nharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária
inciso I do caput do art. 23; à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transfe-
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener- rência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou au- de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha
torizado, segundo as normas da legislação específica; sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência des-
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou socie- ta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o pratica-
dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para do no mercado.
a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimora-
ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado mento de estabelecimentos penais, desde que configurada situação
no mercado. de grave e iminente risco à segurança pública.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste
com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista,
gestão. empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na for-
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- ma da lei, como Agências Executivas.
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de § 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora- integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput
ção de criação protegida. deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do nacional do SUS.
autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de § 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput,
cooperação. quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedi-
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- mentos especiais instituídos em regulamentação específica.
lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art.
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Da inexigibilidade de Licitação: Há inexigibilidade quando a lici- II - a de melhor técnica;
tação é juridicamente impossível. A impossibilidade jurídica de rea- III - a de técnica e preço.
lização de licitação decorre da inviabilização de competição, pelo IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens
motivo de não existir a pluralidade de potenciais proponentes, e ou concessão de direito real de uso.
assim inviáveis a disputa entre licitantes. § 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após
A lei 8.666/93 dispõe sobre o rol taxativo das situações em que obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação
é juridicamente impossível a realização da licitação, constituindo se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual
então a inexigibilidade da licitação, devidamente elencado no arti- todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro pro-
go 25 da referida lei. cesso.
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de § 3o No caso da licitação do tipo «menor preço», entre os lici-
competição, em especial: tantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate,
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan- exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior.
te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a ad-
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci- ministração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23
do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con- seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação
federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; «técnica e preço», permitido o emprego de outro tipo de licitação
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não pre-
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de vistos neste artigo.
publicidade e divulgação; § 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consa- demandada na licitação.
grado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Modalidades: concorrência, tomada de preços, convite, con-
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
curso, leilão, pregão presencial e eletrônico,
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
Modalidade de Licitação é forma específica de conduzir o pro-
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
cedimento licitatório, a partir de critérios pré definidos em lei. O
nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
valor estimado para a contratação é o principal fator de escolha da
lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
modalidade a ser adotada pelo administrador público, exceto quan-
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
do se tratar de pregão, que não está limitado a valores.
do objeto do contrato. São modalidades de licitação:
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de Concorrência: De todas as modalidades de licitação existentes
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solida- no ordenamento jurídico brasileiro, esta se revela a mais complexa,
riamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o e uma das diferenças entre as demais modalidades é possuir a fase
prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo da habilitação preliminar, logo após a abertura do procedimento.
de outras sanções legais cabíveis. Modalidade da qual podem participar quaisquer interessados
que na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requi-
Tipos de Licitação: menor preço, melhor técnica e técnica e sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do
preço. objeto da licitação.
É a modalidade exigida por lei, com regra, para a compra de
Os tipos de licitação, são em verdade os distintos critérios ob- imóveis e para a alienação de imóveis públicos, para a concessão de
jetivos utilizados para o julgamento das propostas apresentadas direito real de uso, para licitações internacionais, para a celebração
pelos licitantes. de contrato administrativo de concessão de serviços públicos e para
São os tipos de licitação previstos na Lei 8.666/93: a contratação de parcerias públicos-privadas.
a) Menor preço; O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de
b) Melhor técnica; licitação para a concorrência:
c) Tecnica e preço e a) para obras e serviços de engenharia: acima de R$
d) Maior lance ou oferta. 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais)
b) para compras e serviços: acima de R$ 1.430.000,00 (um mi-
O artigo 45 da Lei Geral de Licitações assim estabelece quanto lhão, quatrocentos e trinta mil reais)
aos tipos de licitação:
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Tomada de Preço: Modalidade realizada entre interessados
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente es- exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
tabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos Na modalidade de tomada de preços, a fase da habilitação
licitantes e pelos órgãos de controle. corresponde ao próprio cadastramento exigido em lei, é prévia a
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, abertura do procedimento licitatório, e assim, objetivando dar cum-
exceto na modalidade concurso: primento ao princípio da competitividade entre os licitantes, os in-
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta teressados em participar do certame não cadastrados previamente
mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor têm a possibilidade de se inscreverem até o terceiro dia anterior à
o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especifica- data do recebimento das propostas, desde que satisfaçam as condi-
ções do edital ou convite e ofertar o menor preço; ções de qualificações exigidas.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Ressalta-se que a modalidade de tomada de preços será ado- Seu processamento quanto às fases e lances poderá ocorrer na
tada para a celebração de contratos relativos às obras, serviços e modalidade presencial ou então por meio da utilização de recursos
compras de produtos de menor vulto do que é exigido para partici- de tecnologia da informação, chamado de pregão eletrônico. Nesta
par da modalidade de concorrência. hipótese a licitação é procedida a distância em sessão pública, por
O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de meio de sistema que promova a comunicação pela internet.
licitação para a Tomada de Preço:
a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 3.300.000,00 Habilitação, julgamento, recursos. Adjudicação e homologa-
(três milhões e trezentos mil reais) ção
b) para compras e serviços: até R$ 1.430.000,00 (um milhão, São fases da licitação o edital, a habilitação, a classificação, a
quatrocentos e trinta mil reais) homologação e a adjudicação.

Convite: Modalidade realizada entre interessados do ramo de Edital: O edital é o instrumento por meio do qual a administra-
que trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número ção torna pública a realização de licitação, sendo o meio utilizado
mínimo de três pela Administração. por todas as modalidades de licitação, exceto na modalidade con-
O convite é a modalidade de licitação mais simples, sendo que vite.
a Administração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis Além de ser o instrumento de divulgação do edital, é ainda a lei
interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita me- interna da licitação, pois nele devem estar previstas todas as regras
diante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do órgão que regerão o procedimento licitatório, e uma vez publicadas de-
ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação. vem ser seguidas, tanto pela administração quanto pelos licitantes.
Na modalidade de convite, com vistas ao princípio da competi- Assim, o edital deve descrever com detalhes o objeto a ser lici-
tividade, é possível a participação de interessados que não tenham tado, os documentos a serem trazidos no momento da habilitação,
sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto o critério objetivo de julgamento das propostas, entre outras nor-
licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora. Es- mas que forem pertinentes.
ses interessados devem solicitar o convite com antecedência de até A publicação do edital deve observar um prazo mínimo de an-
24 horas da apresentação das propostas. tecedência para o recebimento das propostas ou então da realiza-
Na modalidade de Convite, para que a contratação seja possí- ção da licitação, sendo que qualquer modificação que se faça neces-
vel, são necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que sário no edital exige a divulgação pela mesma forma que se deu seu
atendam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente texto inicial e original, tornando a abrir o prazo antes estabelecido
a obtenção de três propostas, é preciso para tanto que as três sejam para a apresentação das propostas, exceto quando a alteração não
válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir o convi- afetar a formulação das propostas.
te e convidar mais um interessado, no mínimo, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações, ressalvadas as Habilitação: É a fase em que a Administração Pública procura
hipóteses de limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos averiguar as condições pessoais de cada licitante, efetuando análise com
convidados, circunstâncias estas que devem ser justifica das no pro- o objetivo de averiguar a documentação e requisitos pessoais dos licitan-
cesso de licitação. tes, tendo em vista futura contratação, e verificando ainda as condições
O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de que o licitante tem de cumprir o objeto da futura contratação.
licitação para o Convite: A habilitação tem a finalidade de garantir que o licitante, futuro
a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 330.000,00 (tre- vencedor do certame, tenha condições técnicas, financeiras e de ido-
zentos e trinta mil reais) neidade para cumprirem o objeto contratado por meio de licitação.
b) para compras e serviços: até R$ 176.000,00 (cento e setenta É possível a dispensa da fase de habilitação, em seu todo ou em
e seis mil reais) parte, nos casos da modalidade de convite, concurso, fornecimento
de bens para pronta entrega e ainda leilão.
Concurso: É a modalidade de licitação entre quaisquer inte- Cumpre ressaltar que, encerrada a fase de habilitação, o lici-
ressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, tante aprovado para participar do certame não poderá mais desistir
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedo- da proposta já apresentada, exceto quando houver motivo justo
res, conforme critérios constantes do edital publicado na imprensa decorrente de fato superveniente, desde que aceito pela comissão
oficial com antecedência mínima de 45 dias. da licitação.
Dessa forma, o que determina a necessidade de escolha da mo-
dalidade de licitação de Concurso, é a natureza do seu objeto, e não Classificação: É a fase em que o Poder Público analisa as pro-
o seu valor contratado. postas comerciais dos licitantes que já foram habilitados, e poste-
riormente escolhe a melhor proposta que atendem aos interesses
Leilão: É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessa- da administração.
dos, para a venda, a quem oferecer o maio lance, igual ou superior Trata-se do julgamento das propostas apresentadas pelos li-
ao valor da avaliação de bens móveis e imóveis. citantes, que deverá sempre obediência aos critérios objetivos de
julgamento constante no edital, sendo que a responsabilidade de
Pregão: Muito embora não esteja presente no rol da Lei efetuar o julgamento, via de regra, fica a cargo da comissão de li-
8.666/93, o pregão é considerada uma das modalidades de licitação citação.
prevista na Lei Federal 10.520/2002. A etapa do julgamento, ou classificação, pode ser subdividida
É a modalidade adequada para aquisição de bens e serviços em duas fases:
comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de desempe- - Desclassificação: A desclassificação ocorre assim que a admi-
nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, nistração verifica a conformidade de cada proposta com os requi-
por meio de especificações usuais no mercado. sitos do edital, especificações técnicas e compatibilidade com os
preços aplicáveis no mercado. Assim, as propostas que estiverem
em desconformidade serão eliminadas, ou então, desclassificadas.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
- Ordem de Classificação: as propostas já classificadas, ou seja, II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
que estão de acordo com os critérios estabelecidos no edital, será III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento seme-
estabelecida a ordem de classificação das propostas, de acordo com lhantes às do setor privado;
o julgamento objetivo previsto em edital e da proposta que melhor IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias
atenda aos interesses da coletividade. para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economici-
Cumpre ao final esclarecer que, no caso de todos os licitantes dade;
forem inabilitados ou então todas as propostas desclassificadas, a V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e
administração pública poderá fixar prazo de 08 (oito) dias aos li- entidades da Administração Pública.
citantes para a apresentação de nova documentação, ou então a § 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de
correção das propostas desclassificadas, objetivando sanar as irre- mercado.
gularidades. No caso da modalidade de convite, o prazo reduz para § 2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente
03 (três) dias úteis. para orientação da Administração, na imprensa oficial.
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por
Homologação: A homologação é a fase da licitação na qual to- decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se-
dos os seus atos e procedimentos são levados ao conhecimento e guintes condições:
avaliação da autoridade que conduziu a licitação, para a confirma- I - seleção feita mediante concorrência;
ção ou não de todas as decisões tomadas. É a confirmação ou não II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos
de todos os atos praticados no procedimento licitatório, conferindo preços registrados;
a validade do certame licitatório. III - validade do registro não superior a um ano.
Nesta etapa é feito o controle de legalidade do procedimento § 4º A existência de preços registrados não obriga a Adminis-
licitatório, sendo que verificado irregularidades nas fases da licita- tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-
ção, a autoridade competente não homologará o procedimento, -lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação
remetendo o processo à comissão de licitação, para a correção das relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
etapas com falhas, e a repetição dos atos com vícios. preferência em igualdade de condições.
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral de preços,
Adjudicação: É a ultima fase que temos no procedimento da quando possível, deverá ser informatizado.
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço
licitação, que nada mais é do que a entrega do objeto da licitação
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse
ao vencedor.
com o preço vigente no mercado.
A adjudicação é o ato pelo qual a administração pública atri-
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:
bui ao vencedor da melhor proposta o objeto ora licitado, sendo
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indi-
que esta etapa tem a finalidade única de garantir ao vencedor que,
cação de marca;
quando a administração for celebrar o contrato referente ao objeto
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adqui-
licitado, assim o fará com o vencedor.
ridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimati-
Com a adjudicação há a efetiva liberação dos demais licitantes va será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas
perdedores de cumprimento de suas propostas, e ao contrário, vin- quantitativas de estimação;
cula o vencedor a obrigatoriedade de manter os termos propostos. III - as condições de guarda e armazenamento que não permi-
tam a deterioração do material.
Registro de Preços § 8º O recebimento de material de valor superior ao limite esta-
O Sistema de Registro de Preços não se confunde com uma das belecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, deverá
modalidades de licitação, pois se trata de um procedimento licitató- ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.
rio, que se efetiva por meio das modalidades de pregão ou concor-
rência, para fins de registro formal de preços relativos a serviços ou O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado pela Admi-
bens, concedendo à Administração Pública, no momento em que nistração Pública nas seguintes hipóteses:
entender oportuno, a possibilidade de futura contratação nos mol- a) quando, pelas características do bem ou serviço, houver ne-
des do melhor preço registrado. cessidade de contratações frequentes;
b) quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de
Segundo os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro1, ¨o entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por
registro de preços foi previsto no art. 15, II, da Lei 8.666/93, como unidade de medida ou em regime de tarefa;
procedimento a ser utilizado preferencialmente para as compras c) quando for conveniente a aquisição de bens ou a contrata-
efetuadas pela Administração Pública¨. ção de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade,
O Decreto nº 7.892/2013, em seu artigo 2º, I define o Sistema ou a programas de governo; ou
de Registro de Preços como o conjunto de procedimentos para re- d) quando, pela natureza do objeto, não for possível definir
gistro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração.
de bens, para contratações futuras.
O principal objetivo desse procedimento de registrar os preços Revogação e anulação da licitação.
é facilitar e agilizar as contratações futuras, sem que seja necessário Caso ocorra motivo superveniente suficientes e motivado pela
a realização de novo procedimento licitatório. Administração Pública com justificatívas de interesse público rele-
Vejamos o que determina o artigo 15 da Lei 8.666/93: vante para que não se proceda a contratação, poderá, mediante ato
fundamentado revogar a licitação, por meio de procedimento que
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: possibilite ao contratado vendedor do certame licitatório a ampla
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compa- defesa e o contraditório.
tibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, No entanto, a autoridade competente deverá anular a licitaçã
quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica de oficio ou por provocação de terceiros quando identificada ilega-
e garantia oferecidas; lidade dos atos licitatórios.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Esta decisão de anulação deve, obrigatoriamente ser precedida III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das
de parecer escrito e fundamentado, assegurando aos interessados definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis ele-
na manutenção da licitação o contraditório e a ampla defesa. mentos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o
A possibilidade jurídica da Administração Pública revogar e orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licita-
anular o procedimento licitatório está previsto no artigo 49 da Lei ção, dos bens ou serviços a serem licitados; e
8.666/93: IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores
do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respec-
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce- tiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebi-
dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse mento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua
público decorrente de fato superveniente devidamente compro- classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do
vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo certame ao licitante vencedor.
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, § 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da adminis-
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile- tração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do
galidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no órgão ou entidade promotora do evento.
parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoei-
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempenhadas
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. por militares
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse- Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convoca-
gurado o contraditório e a ampla defesa. ção dos interessados e observará as seguintes regras:
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de
do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado
ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente,
por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de
LEI Nº 10.520/2002 E DEMAIS DISPOSIÇÕES NORMATIVAS grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art.
RELATIVAS AO PREGÃO 2º;
II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indi-
LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 cação do local, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a
íntegra do edital;
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municí- III - do edital constarão todos os elementos definidos na forma
pios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, mo- do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem o procedimento
dalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e e a minuta do contrato, quando for o caso;
serviços comuns, e dá outras providências. IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à
disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V - o prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a
partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito) dias úteis;
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão públi-
adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por ca para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu
esta Lei. representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para dos necessários poderes para formulação de propostas e para a prá-
os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempe- tica de todos os demais atos inerentes ao certame;
nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes,
por meio de especificações usuais no mercado.
apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plena-
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de
mente os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes con-
recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamen-
tendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à
tação específica.
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos próprios da sua imediata abertura e à verificação da conformidade das propos-
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a participação de tas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório;
bolsas de mercadorias no apoio técnico e operacional aos órgãos VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais bai-
e entidades promotores da modalidade de pregão, utilizando-se de xo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores
recursos de tecnologia da informação. àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a pro-
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar organi- clamação do vencedor;
zadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucrativos e com a IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições
participação plural de corretoras que operem sistemas eletrônicos definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores pro-
unificados de pregões. postas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances verbais e
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte: sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos;
I - a autoridade competente justificará a necessidade de contra- X - para julgamento e classificação das propostas, será adota-
tação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, do o critério de menor preço, observados os prazos máximos para
os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimple- fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de
mento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos desempenho e qualidade definidos no edital;
para fornecimento; XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quan-
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, to ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a
vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desne- respeito da sua aceitabilidade;
cessárias, limitem a competição;

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o a que se refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5
pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os docu- (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no con-
mentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor propos- trato e das demais cominações legais.
ta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital; Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorrentes
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante de meios eletrônicos, serão documentados no processo respectivo,
está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade com vistas à aferição de sua regularidade pelos agentes de controle,
Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fa- nos termos do regulamento previsto no art. 2º.
zendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a compro- Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de
vação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira; Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento Uni- Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns,
ficado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos demais pios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto
licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes; no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, a modalidade de pregão, conforme regulamento específico.
o licitante será declarado vencedor; Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, passa a
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender vigorar acrescida do seguinte artigo:
às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subse- “Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
qüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e pios poderão adotar, nas licitações de registro de preços destinadas
assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, à aquisição de bens e serviços comuns da área da saúde, a mo-
sendo o respectivo licitante declarado vencedor; dalidade do pregão, inclusive por meio eletrônico, observando-se
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pregoeiro o seguinte:
poderá negociar diretamente com o proponente para que seja ob- I - são considerados bens e serviços comuns da área da saúde,
tido preço melhor; aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que integram o Sis-
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá mani- tema Único de Saúde, cujos padrões de desempenho e qualidade
festar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando possam ser objetivamente definidos no edital, por meio de especifi-
lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das cações usuais do mercado.
razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intima- II - quando o quantitativo total estimado para a contratação ou
dos para apresentar contra-razões em igual número de dias, que fornecimento não puder ser atendido pelo licitante vencedor, admi-
começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes tir-se-á a convocação de tantos licitantes quantos forem necessá-
assegurada vista imediata dos autos; rios para o atingimento da totalidade do quantitativo, respeitada
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas a ordem de classificação, desde que os referidos licitantes aceitem
dos atos insuscetíveis de aproveitamento; praticar o mesmo preço da proposta vencedora.
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no inciso II,
importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do excepcionalmente, poderão ser registrados outros preços diferentes
objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor; da proposta vencedora, desde que se trate de objetos de qualidade
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a ad- ou desempenho superior, devidamente justificada e comprovada a
judicação do objeto da licitação ao licitante vencedor; vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao limite máxi-
XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o mo admitido.”
adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo de- Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
finido em edital; e
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da
validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o República.
disposto no inciso XVI.
Art. 5º É vedada a exigência de:
I - garantia de proposta; LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000 E SUAS ALTERAÇÕES
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para par- (LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL)
ticipação no certame; e
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de sua
reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de tecno- Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a respon-
logia da informação, quando for o caso. sabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 (sessenta) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
dias, se outro não estiver fixado no edital. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua
proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar CAPÍTULO I
documentação falsa exigida para o certame, ensejar o retardamen- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
to da execução de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou
fraudar na execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças
ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será descreden- paro no Capítulo II do Título VI da Constituição.
ciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação pla- CAPÍTULO II
nejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem des- DO PLANEJAMENTO
vios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a SEÇÃO I
obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, DO PLANO PLURIANUAL
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí-
vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por Art. 3º (VETADO)
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos
a Pagar. SEÇÃO II
§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3º Nas referências: Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, § 2o do art. 165 da Constituição e:
estão compreendidos: I - disporá também sobre:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os a) equilíbrio entre receitas e despesas;
Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art.
fundações e empresas estatais dependentes; 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; c)(VETADO)
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da d)(VETADO)
União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re-
Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se f) demais condições e exigências para transferências de recur-
como: sos a entidades públicas e privadas;
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal II -(VETADO)
e cada Município; III -(VETADO)
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so- § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane-
cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
Federação; valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re-
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re- sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de
§ 2º O Anexo conterá, ainda:
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí-
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de partici-
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
pação acionária;
metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias,
comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi-
denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes,
política econômica nacional;
deduzidos: III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- com a alienação de ativos;
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
239 da Constituição; a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
minação constitucional; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos reza atuarial;
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên- V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci- de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
tada no § 9º do art. 201 da Constituição. caráter continuado.
§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos
valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris-
87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. cias a serem tomadas, caso se concretizem.
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do § 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apre-
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária,
recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
inciso V do § 1º do art. 19. seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as para o exercício subsequente.
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores,
excluídas as duplicidades. SEÇÃO III
DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL

Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma


compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamen-
tárias e com as normas desta Lei Complementar:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização
programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re-
do documento de que trata o § 1o do art. 4o; sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio
art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limita-
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios
caráter continuado; fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização § 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda
e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
a)(VETADO) § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas desti-
eventos fiscais imprevistos. nadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei
§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou de diretrizes orçamentárias.
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça- § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé-
mentária anual. rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará separada- caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei-
mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária (Vide ADIN 2.238-5)
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre- § 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o
visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali- fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão re-
dade imprecisa ou com dotação ilimitada. ferida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas
§ 5º A lei orçamentária não consignará dotação para investi- Legislativas estaduais e municipais.
mento com duração superior a um exercício financeiro que não es- § 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada se-
teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu- mestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta
são, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição. das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avalia-
§ 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei ção do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária,
orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas
encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a operações e os resultados demonstrados nos balanços.
benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos. Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os
§ 7º (VETADO) beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de
Art. 6º (VETADO) sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de
Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da
a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou- Constituição.
ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subsequente à
aprovação dos balanços semestrais. CAPÍTULO III
§ 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro DA RECEITA PÚBLICA
para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação
específica no orçamento. SEÇÃO I
§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade
§ 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con- na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de to-
terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis- dos os tributos da competência constitucional do ente da Federa-
ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas ção.
cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun-
de emissão da União. tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se
refere aos impostos.
SEÇÃO IV Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni-
DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DO CUMPRIMENTO DAS cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação,
METAS da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons-
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e obser- dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál-
vado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo culo e premissas utilizadas.
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execu- § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só
ção mensal de desembolso.(Vide Decreto nº 4.959, de 2004)(Vide será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica
Decreto nº 5.356, de 2005) ou legal.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida- § 2º O montante previsto para as receitas de operações de cré-
de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob- dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes
jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em do projeto de lei orçamentária.(Vide ADIN 2.238-5)
que ocorrer o ingresso. § 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos
demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá- § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub- I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto
sequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré-
de cálculo. dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho,
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre- não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;
cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça-
medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo- mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos,
res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran- qualquer de suas disposições.
ça administrativa. § 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa-
nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
SEÇÃO II § 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considera-
DA RENÚNCIA DE RECEITA da irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orça-
mentárias.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de § 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro execução de obras;
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me- do art. 182 da Constituição.
nos uma das seguintes condições:(Vide Medida Provisória nº 2.159, SUBSEÇÃO I
de 2001)(Vide Lei nº 10.276, de 2001) DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con-
siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des-
art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato adminis-
no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; trativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no pe- execução por um período superior a dois exercícios.
ríodo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro- § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata
veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso
majoração ou criação de tributo ou contribuição. I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi- § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompa-
to presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu- afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido
ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios no § 1º do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos
que correspondam a tratamento diferenciado. seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita
ou pela redução permanente de despesa.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene- § 3º Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de
fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base
no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
as medidas referidas no mencionado inciso. § 4º A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo pro-
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica: ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas,
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in- sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de-
cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá-
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao rias.
dos respectivos custos de cobrança. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada an-
tes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais inte-
CAPÍTULO IV grarão o instrumento que a criar ou aumentar.
DA DESPESA PÚBLICA § 6º O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas
ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pes-
SEÇÃO I soal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
DA GERAÇÃO DA DESPESA § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela
criada por prazo determinado.
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le-
sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de SEÇÃO II
obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. DAS DESPESAS COM PESSOAL
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go-
vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado SUBSEÇÃO I
de: DEFINIÇÕES E LIMITES
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente
adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e
orçamentárias. de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven- III - na esfera municipal:
tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra- a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, Contas do Município, quando houver;
bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
entidades de previdência. § 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li-
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à
que se referem à substituição de servidores e empregados públicos média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren-
serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.
realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente § 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
anteriores, adotando-se o regime de competência. I - o Ministério Público;
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti- II - no Poder Legislativo:
tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;
da receita corrente líquida, a seguir discriminados: c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con-
I - União: 50% (cinqüenta por cento); tas do Distrito Federal;
II - Estados: 60% (sessenta por cento); d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas
III - Municípios: 60% (sessenta por cento). do Município, quando houver;
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste III - no Poder Judiciário:
artigo, não serão computadas as despesas: a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados; b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
II - relativas a incentivos à demissão voluntária; § 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá-
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui-
art. 57 da Constituição; ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío- § 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Mu-
do anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18; nicípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%
Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma (quatro décimos por cento).
dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen- § 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega
da Constitucional no 19; dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes-
soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen-
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi-
tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes
co, custeadas por recursos provenientes:
orçamentárias.
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 § 6o(VETADO)
da Constituição;
SUBSEÇÃO II
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vin-
DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
culado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens,
direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro. Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas despesa com pessoal e não atenda:
com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o
limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constitui-
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá ção;
exceder os seguintes percentuais: II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas
I - na esfera federal: com pessoal inativo.
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla- Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que
tivo, incluído o Tribunal de Contas da União; resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oi-
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; tenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para Poder ou órgão referido no art. 20.
o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci-
com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór-
a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;(Vide Decreto remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju-
nº 3.917, de 2001) dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
União; II - criação de cargo, emprego ou função;
II - na esfera estadual: III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de de despesa;
Contas do Estado; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo; aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação,
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados; saúde e segurança;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in- CAPÍTULO V
ciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re- Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por
ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca-
sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce- pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. § 1o São exigências para a realização de transferência voluntá-
§ 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun- I - existência de dotação específica;
ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.(Vide ADIN II - (VETADO)
2.238-5) III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Cons-
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho tituição;
com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
2.238-5) a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos,
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquan- empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem
to perdurar o excesso, o ente não poderá: como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele
I - receber transferências voluntárias; recebidos;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa-
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ção e à saúde;
ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
das despesas com pessoal. de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a des- inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre d) previsão orçamentária de contrapartida.
do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos § 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalida-
no art. 20. de diversa da pactuada.
§ 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se apli- § 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans-
cam ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, exce-
(dez por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre tuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência
do exercício financeiro anterior, devido a:(Incluído pela Lei Comple- social.
mentar nº 164, de 2018)Produção de efeitos
I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Partici-
pação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tributá- CAPÍTULO VI
rias pela União; e(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS
Produção de efeitos PARA O SETOR PRIVADO
II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa-
ções especiais.(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamen-
Produção de efeitos te, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas
§ 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condi-
total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite ções estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar previs-
percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considera- ta no orçamento ou em seus créditos adicionais.
da, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre § 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração in-
correspondente do ano anterior atualizada monetariamente.(In- direta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no
cluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de efeitos exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e
o Banco Central do Brasil.
SEÇÃO III § 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos,
DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro-
gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so- participação em constituição ou aumento de capital.
cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes-
fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constitui- soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in-
ção, atendidas ainda as exigências do art. 17. direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres
§ 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o au- não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
mento de despesa decorrente de: Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as
I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações
habilitação prevista na legislação pertinente; de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia-
II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres- mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon-
tados; dente consignado na lei orçamentária.
III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utili-
preservar o seu valor real. zados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia-
servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. mentos para mudança de controle acionário.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo § 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas
de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do alterações conterão:
Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. I - demonstração de que os limites e condições guardam coe-
§ 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com
de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e os objetivos da política fiscal;
de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias. II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma
das três esferas de governo;
CAPÍTULO VII III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por
DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO esfera de governo;
IV - metodologia de apuração dos resultados primário e no-
SEÇÃO I minal.
DEFINIÇÕES BÁSICAS § 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam-
bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi-
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas denciando a forma e a metodologia de sua apuração.
as seguintes definições: § 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera
apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação
Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.
tratados e da realização de operações de crédito, para amortização § 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu-
em prazo superior a doze meses; ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por cada quadrimestre.
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, § 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República
Estados e Municípios; enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições
em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, previstos nos incisos I e II do caput.
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores § 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte-
mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli-
derivativos financeiros; ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de solicitação de revisão dos limites.
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação § 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução
ou entidade a ele vinculada; do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos consolidada, para fins de aplicação dos limites.
para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.
§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reco- SEÇÃO III
nhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES
prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra-
relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser
do Brasil. a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo
§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as ope- o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri-
rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te- meiro.
nham constado do orçamento. § 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver
§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não incorrido:
excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou
final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au- externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinan-
torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, ciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;
acrescido de atualização monetária. II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi-
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em-
SEÇÃO II
penho, na forma do art. 9o.
DOS LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e en-
CRÉDITO
quanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de re-
Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei ceber transferências voluntárias da União ou do Estado.
Complementar, o Presidente da República submeterá ao: § 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o mon-
I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último
da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.
o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como § 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a rela-
de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo ção dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas con-
artigo; solidada e mobiliária.
II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites § 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de
para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci- descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações
so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de crédito internas e externas.
de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da
União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
SEÇÃO IV § 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance-
lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento
SUBSEÇÃO I de juros e demais encargos financeiros.
DA CONTRATAÇÃO § 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso
dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá-
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos ria para o exercício seguinte.
limites e condições relativos à realização de operações de crédito § 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização,
de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro- ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos
ladas, direta ou indiretamente. do § 3o do art. 23.
§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentan- § 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente
do-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da
a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da opera- Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32.
ção e o atendimento das seguintes condições:
I - existência de prévia e expressa autorização para a contra- SUBSEÇÃO II
tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei DAS VEDAÇÕES
específica;
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re- Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida
cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple-
antecipação de receita; mentar.
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um
Federal; ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar-
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive
de operação de crédito externo; suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons- de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída
tituição; anteriormente.
VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei § 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera-
Complementar. ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação,
§ 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autori- inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des-
zadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão tinem a:
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição
§ 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
concedente.
em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de
crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
observado o seguinte:
nibilidades.
I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição
sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida-
o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de de de beneficiário do empréstimo.
competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi-
ou indireta, do ônus deste; nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi-
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida
for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe- de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital; Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
III - (VETADO) I - captação de recursos a título de antecipação de receita de
§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido,
do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis- sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;
tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder
e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão: Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com
I - encargos e condições de contratação; direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;
II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias. operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou
§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conte- serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
rão cláusula que importe na compensação automática de débitos se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
e créditos. IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária,
§ 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condi- com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão
de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no SUBSEÇÃO III
máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017) ORÇAMENTÁRIA
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré-
dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi- Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita des-
liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação tina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício finan-
atende às condições e limites estabelecidos. ceiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as
seguintes:

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do
exercício; próprio ente;
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden- II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município,
tes, até o dia dez de dezembro de cada ano; ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de
que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan-
ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir; tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da
IV - estará proibida: dívida vencida.
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não § 2o No caso de operação de crédito junto a organismo finan-
integralmente resgatada; ceiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a
Prefeito Municipal. ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para
§ 1o As operações de que trata este artigo não serão computa- o recebimento de transferências voluntárias.
das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, § 3o (VETADO)
desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput. § 4o (VETADO)
§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita reali- § 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo
zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu- Senado Federal.
ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo § 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive
competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil. suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda
§ 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acom- que com recursos de fundos.
panhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de § 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia
inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição por:
credora. I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à
prestação de contragarantia nas mesmas condições;
SUBSEÇÃO IV II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:
DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às
normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo
Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco
com a legislação pertinente;
Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza
mais às seguintes:
financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às
I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no
operações de seguro de crédito à exportação.
mercado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;
§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de ga-
II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui-
rantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as trans-
ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por ferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.
título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e § 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela
venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope-
permuta; ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan-
III - concessão de garantia. ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida.
§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei- SEÇÃO VI
ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante DOS RESTOS A PAGAR
novas operações de venda a termo.
§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente Art. 41. (VETADO)
títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede- Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
ral que estiver vencendo na sua carteira. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri-
§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den-
taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público. tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
pública federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mo- serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa-
biliária. gar até o final do exercício.

SEÇÃO V CAPÍTULO VIII


DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA DA GESTÃO PATRIMONIAL

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de SEÇÃO I


crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA
as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as
condições estabelecidos pelo Senado Federal. Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação
§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de con- serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Cons-
tragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedi- tituição.
da, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência
obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas, social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas
observado o seguinte: a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo- çamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
com observância dos limites e condições de proteção e prudência Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
financeira. § 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re-
§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
§ 1o em: I – incentivo à participação popular e realização de audiências
I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla-
em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei
respectivo ente da Federação; Complementar nº 131, de 2009).
II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
Poder Público, inclusive a suas empresas controladas. sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre
a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de
SEÇÃO II acesso público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de
DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO 2016)
III – adoção de sistema integrado de administração financeira
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido
da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído
para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185,
lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores de 2010)
públicos. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis-
Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamen- ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários
tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos
adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser
despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído
que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará § 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha-
ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se-
orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum- rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações
primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul- necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado
gação. e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o
§ 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imó- § 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as
vel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do penalidades previstas no § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da in- mentar nº 156, de 2016)
denização. § 5o Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
SEÇÃO III cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
§ 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e
em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for- fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan- execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei Com-
Constituição. plementar nº 156, de 2016)
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan- Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
ços trimestrais nota explicativa em que informará: único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res- pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluí-
pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
mercado; I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, espe-
realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
cificando valor, fonte e destinação;
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em-
viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições
e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluí-
diferentes dos vigentes no mercado. do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
CAPÍTULO IX a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex-
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO traordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
SEÇÃO I ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrôni- monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
cos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes or- de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação
concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu- para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns- II - demonstrativos da execução das:
tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício. a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita rea-
SEÇÃO II lizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;
DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício,
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;
pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: c) despesas, por função e subfunção.
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de § 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobi-
modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga- liária constarão destacadamente nas receitas de operações de cré-
tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada; dito e nas despesas com amortização da dívida.
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas § 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com- o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51.
plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa; Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e relativos a:
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no
entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusi- inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu
ve empresa estatal dependente; desempenho até o final do exercício;
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso
em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos; IV do art. 50;
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e III - resultados nominal e primário;
as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;
junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no
montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante
pelo menos, a natureza e o tipo de credor; a pagar.
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será
à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de acompanhado também de demonstrativos:
ativos. I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as tituição, conforme o § 3o do art. 32;
operações intragovernamentais. II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas geral e próprio dos servidores públicos;
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en- III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ati-
quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. vos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, I - da limitação de empenho;
financeira e patrimonial. II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con- de fiscalização e cobrança.
tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. SEÇÃO IV
§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
Poder Executivo da União nos seguintes prazos:
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu-
Estado, até trinta de abril; lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão
II - Estados, até trinta e um de maio. Fiscal, assinado pelo:
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo im- I - Chefe do Poder Executivo;
pedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Fede- II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
ração receba transferências voluntárias e contrate operações de decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atua- Poder Legislativo;
lizado da dívida mobiliária. III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
SEÇÃO III tos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto-
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Cons- ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
tituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e Poder ou órgão referido no art. 20.
composto de: Art. 55. O relatório conterá:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco- I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple-
nômica, as: mentar, dos seguintes montantes:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e
como a previsão atualizada; pensionistas;

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
b) dívidas consolidada e mobiliária; gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis-
c) concessão de garantias; trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; das receitas tributárias e de contribuições.
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se SEÇÃO VI
ultrapassado qualquer dos limites; DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL
III - demonstrativos, no último quadrimestre:
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos
de dezembro; Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Po-
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: der e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas
1) liquidadas; desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: (Vide ADIN
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a 2324)
uma das condições do inciso II do art. 41; I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or-
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo çamentárias;
da disponibilidade de caixa; II - limites e condições para realização de operações de crédito
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos e inscrição em Restos a Pagar;
empenhos foram cancelados; III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
inciso IV do art. 38. IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31,
§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in- para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliá-
cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas ria aos respectivos limites;
à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III. V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerra- tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple-
mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi- mentar;
co, inclusive por meio eletrônico. VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu-
§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita nicipais, quando houver.
o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51. § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- referidos no art. 20 quando constatarem:
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no in-
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. ciso II do art. 4o e no art. 9o;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
SEÇÃO V 90% (noventa por cento) do limite;
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária,
das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, acima do limite definido em lei;
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos
mente, do respectivo Tribunal de Contas. (Vide ADIN 2324) programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálcu-
bito: los dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e referido no art. 20.
dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; § 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumpri-
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con- mento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
solidando as dos demais tribunais.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será CAPÍTULO X
proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista perma- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
nente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente
das Casas Legislativas estaduais e municipais. (Vide ADIN 2324) Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli-
das contas, julgadas ou tomadas. dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu- Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente
sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po-
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou
leis orgânicas municipais. em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico,
§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que te- conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe-
oitenta dias. sas de competência de outros entes da Federação se houver:
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça-
existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes mentária anual;
de parecer prévio. II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua le-
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da gislação.
arrecadação em relação à previsão, destacando as providências Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone- cinquenta mil habitantes optar por:

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa-
semestre; dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra-
II - divulgar semestralmente: tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas
b) o Relatório de Gestão Fiscal; e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como
c) os demonstrativos de que trata o art. 53; outros, necessários ao controle social;
III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire- § 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de
trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que
partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com- alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvi-
plementar. mento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pauta-
§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser da pelas normas desta Lei Complementar.
realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre. § 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funciona-
§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com mento do conselho.
pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo
o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da
retorno ao limite definidos para os demais entes. Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur-
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi- sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên-
nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi- cia social.
nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com § 1o O Fundo será constituído de:
vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio-
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desen- nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;
volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados
bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;
art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público. III - receita das contribuições sociais para a seguridade social,
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti-
e valores, o financiamento por intermédio das instituições finan- tuição;
ceiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações ex- IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou
ternas. jurídica em débito com a Previdência Social;
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legis- VI - recursos provenientes do orçamento da União.
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a § 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro
situação: Social, na forma da lei.
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir
estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; regime próprio de previdência social para seus servidores conferir-
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a -lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de
limitação de empenho prevista no art. 9o. contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de esta-
atuarial.
do de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição.
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du-
com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com-
plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto
plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20
Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual
deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli-
ou superior a quatro trimestres.
minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a.
§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real
acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), (cinquenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das
no período correspondente aos quatro últimos trimestres. medidas previstas nos arts. 22 e 23.
§ 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins- Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23.
substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons-
nacional, estadual e regional. tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à
§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as me- entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes-
didas previstas no art. 22. soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em
§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con- percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer-
dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento),
Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.
em até quatro quadrimestres. Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e
Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma- órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da
nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali- receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor
zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin-
de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e te.
de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a: Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar
I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação; serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o
na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei- Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2
tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente.
fiscal;

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou 3-A administração financeira está relacionada com as finanças
sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de da empresa. Com base no exposto, assinale a alternativa que apre-
Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri- senta a função do planejamento financeiro dentro do ambiente
mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (In- empresarial.
cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). (A) O planejamento financeiro tem o foco no mercado, identi-
Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum- fica os clientes em potencial e, principalmente, deve servir de
primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará- base para o desenvolvimento de produtos.
grafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído pela Lei Complemen- (B) No planejamento financeiro, é possível ao administrador
tar nº 131, de 2009). financeiro selecionar, com maior margem de segurança, os ati-
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e vos mais rentáveis e condizentes com os negócios da empresa,
os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído de forma a estabelecer uma rentabilidade mais satisfatória so-
pela Lei Complementar nº 131, de 2009). bre os investimentos.
II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (C) O planejamento financeiro tem o foco em desenvolver pro-
(cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei dutos em larga escala que podem ser facilmente encontrados
Complementar nº 131, de 2009). a preços baixos.
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
(cinquenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, (D) O planejamento financeiro tem o foco em identificar inves-
de 2009). timentos a curto prazo, gerindo permanentemente o capital
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão de giro.
contados a partir da data de publicação da lei complementar que
introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído 4-O processo de análise financeira está ancorado nas variáveis
pela Lei Complementar nº 131, de 2009). compostas pelo risco, retorno e preço. As empresas lidam com a
Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos tomada de decisão de investimentos financeiros de curto, médio
previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III e longo prazo com o intuito de gerar riquezas aos seus acionistas.
do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção Especificamente em relação a variável “risco”, analise as afirmati-
prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Comple- vas a seguir:
mentar nº 131, de 2009). I. A existência de risco é constatada pela variabilidade da ex-
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua pectativa do retorno em função de um determinado ativo.
publicação. II. Quanto menor a variabilidade do retorno esperado, estima-
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio -se maior o risco do ativo.
de 1999. III. Quanto maior a oscilação do ativo, maior será o retorno es-
perado para o investidor.
IV. Risco é a certeza da não concretização das previsões e pro-
EXERCÍCIOS jeções estipuladas em um determinado período.

Assinale
1-Assinale a alternativa que apresenta as funções típicas do (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
gestor financeiro de uma empresa. (B) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
(A) Análise, planejamento e controle financeiro e tomadas de (C) se somente as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
decisões de investimentos e de financiamentos. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(B) Análise de planejamento para a realização do controle dos (E) se somente as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
gastos estratégicos e operacionais.
(C) Análise do quantitativo financeiro aplicado nas ações eco- 5-O processo de revisão orçamentária
nômicas, sociais e políticas. (A) não contempla mudanças na visão estratégica de dada or-
(D) Análise do quadro de remuneração ao pessoal e decisões ganização.
de alterações dos ganhos. (B) não é possível, pois, um orçamento é uma ferramenta rígi-
(E) Análise, coordenação e determinação dos valores das com- da que não permite a incorporação de correções.
pras de suprimentos. (C) pode alterar as premissas que sustentam o orçamento pro-
jetado, mas não pode rever os fluxos de caixa projetados.
2-O objetivo econômico e financeiro de uma empresa é a maxi- (D) são insensíveis às grandes mudanças conjunturais ocorri-
mização de seu valor de mercado. Nesse sentido, é correto afirmar das na economia, pois, consiste em instrumento de ajuste gra-
que a empresa alcança esse objetivo dual, não impactado por choques econômicos.
(A) por meio de recebimentos e pagamentos de suas obriga- (E) pode surgir do cotejo entre o orçamento projetado e o or-
ções em dia. çamento realizado.
(B) por meio de ajustes e adaptações frequentes ao seu mer-
cado. 6- Considere as afirmações sobre Finanças Corporativas a se-
(C) por meio de geração contínua de lucro e caixa no longo pra- guir:
zo. I. O objetivo da administração financeira é maximizar o valor
(D) por meio de planejamento formulado a curto e longo prazo. unitário das ações correntes.
(E) por meio de desenvolvimento permanente de seu pessoal. II. Acionistas de uma empresa são proprietários residuais.
III. Em 2002 o Congresso dos Estados Unidos promulgou a lei
Sarbanes-Oxley com o objetivo de proteger os investidores nortea-
mericanos dos abusos corporativos.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
IV. No Brasil os custos de agência são derivados principalmente (D) legalidade, que quer dizer que para ser legal, tanto as recei-
da possível convergência entre acionistas controladores e acionis- tas quanto as despesas planejadas para o ano seguinte preci-
tas não controladores. sam estar previstas no Planejamento Plurianual do Brasil.
V. Entre as regras do Novo Mercado da BM&FBovespa (atual
B3) relacionadas à estrutura de governança e aos direitos dos acio- 10- Uma forma de definir os procedimentos orçamentários do
nistas estão o tag along de 100%, free float mínimo de 25% e a setor público é via princípios consagrados entre os tratadistas do
emissão exclusiva de ações preferenciais com direito a voto. assunto. Assinale a alternativa que apresenta o princípio orçamen-
tário que é considerado inócuo e inadequado do ponto de vista da
Assinale a alternativa em que todas as afirmativas estão COR- estabilização da economia.
RETAS: (A) Equilíbrio.
(A) Apenas III e IV. (B) Exatidão.
(B) Apenas I, II e III. (C) Clareza.
(C) Apenas I, II e IV. (D) Exclusividade.
(D) Apenas I, II e V.
(E) Apenas II, III e V. 11- Princípio Orçamentário que tem sua regra de ouro tradu-
zida no artigo 167, inciso III, da Carta Magna de 1988 e que diz: “É
7- Em relação à Administração Financeira é INCORRETO afirmar vedado: a realização de operações de créditos que excedam o mon-
que: tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
(A) a função financeira compreende um conjunto de atividades créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, apro-
relacionadas com a gestão dos fundos movimentados por to- vados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta”. Aqui falamos
das as áreas da organização. de qual princípio orçamentário:
(B) esta função é responsável pela obtenção dos recursos ne- (A) Legalidade.
cessários e pela formulação de uma estratégia voltada para a (B) Totalidade.
otimização do uso desses fundos. (C) Equilíbrio.
(C) a função financeira não é encontrada nas empresas públi- (D) Universalidade.
cas.
(D) a atividade financeira do Estado destina-se à obtenção e 12- “A lei orçamentária anual não poderá conter matéria estra-
ao emprego dos materiais e de serviços para a realização das nha à previsão da receita e à fixação da despesa”.
necessidades da coletividade, de interesse geral, atendidas por O trecho acima faz referência ao princípio orçamentário:
meio do serviço público. (A) Especificação, Especialização ou Discriminação.
(B) Exclusividade.
8- Sobre o orçamento empresarial, é correto afirmar que
(C) Não Vinculação ou Não Afetação das Receitas.
(A) o orçamento é uma expressão informal e espontânea do
(D) Clareza ou Objetividade.
planejamento gerencial que poderá, ou não, determinar, em
termos financeiros, os objetivos da organização e as estraté-
13- Caso certo município deixar de incluir na lei orçamentária
gias para atingi-los.
anual uma determinada despesa que pretenda efetuar na execução
(B) um orçamento é um plano da organização para todo e qual-
do orçamento, certamente haverá afronta ao princípio orçamentá-
quer período, de semanas a anos, e não possui vínculo com o
plano estratégico da organização. rio da
(C) a preparação do orçamento é um processo de imposição (A) universalidade.
estabelecida entre o dono da empresa e o gerente, resultante (B) unidade.
de uma determinação vertical sobre a realização de receitas e (C) especialização.
despesas. (D) clareza.
(D) a empresa deve elaborar um planejamento de longo prazo, (E) exclusividade.
incluindo objetivos e metas da administração, antes de iniciar o
processo orçamentário de um determinado período. 14-A legislação orçamentária estabelece alguns critérios de
classificação dos dados inseridos no orçamento de modo a contri-
9- Os princípios orçamentários podem ser caracterizados como buir para uma melhor compreensão das suas funções. Acerca das
regras estabelecidas com a finalidade de aumentar a consistência Receitas Orçamentárias, assinale a alternativa correta.
do orçamento público federal no cumprimento de sua finalidade (A) Em regra, estão previstas na LOA (Princípio da Universali-
de auxiliar o controle parlamentar sobre o poder executivo. Sobre dade).
esses princípios, é correto afirmar que deve ser respeitado o prin- (B)O Estado é mero agente depositário.
cípio da (C) Não integram a lei de Diretrizes orçamentárias.
(A) unidade, o que quer dizer que cada Ministério da República (D) Em geral, não têm reflexos no PL da entidade.
deve ter apenas um orçamento para ser controlado individual- (E) São consideradas de caráter temporário.
mente pelo poder legislativo.
(B) totalidade, o que quer dizer que o Governo Federal poderá 15-Sobre o orçamento público, assinale a afirmativa em que a
constituir múltiplos orçamentos, desde que estes sofram con- hipótese narrada afronta um princípio orçamentário.
solidação, de forma a permitir uma visão geral do conjunto das (A) Lei orçamentária discrimina valores detalhados ao invés de
finanças públicas. prever apenas os montantes globais de forma genérica.
(C) especificação, especialização ou discriminação, o que quer (B) Lei orçamentária dispõe sobre receitas, despesas e sobre
dizer que as receitas e as despesas planejadas devem aparecer extinção de cargos públicos na Administração Pública estadual.
apenas de forma consolidada, de tal forma que se possa via- (C) Lei orçamentária proíbe a vinculação de receitas de impos-
bilizar, com economia de recursos e eficiência, o controle dos to a órgão, fundo ou despesa nos termos da previsão consti-
recursos e sua aplicação. tucional.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
(D) Lei orçamentária é divulgada de forma ampla, transmitindo
a qualquer pessoa informações sobre arrecadação da receita e
ANOTAÇÕES
execução da despesa.

GABARITO

1 A
2 C
3 B
4 D
5 E
6 B
7 C
8 D
9 B
10 A
11 C
12 B
13 A
14 A
15 B

ANOTAÇÕES

_____________________________________________________

_____________________________________________________

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO ADMINISTRATIVO I
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

_____________________________________________________ _____________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Conceitos básicos de operação de microcomputadores ..................................................................................................................... 01
2. Conceitos básicos de operação com arquivos em ambientes Windows ............................................................................................. 02
3. Conceitos básicos para utilização do pacote Office............................................................................................................................. 04
4. Conceitos de Internet: conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados a
internet; ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de busca e pesquisa ....................................... 09
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO DE MICROCOMPUTADORES

Hardware
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o computador.
Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígido, monitor, scanner, etc.

Software
Software, na verdade, são os programas usados para fazer tarefas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software são
programadas em uma linguagem de computador, traduzidas em linguagem de máquina e executadas por computador.
O software pode ser categorizado em dois tipos:
– Software de sistema operacional
– Software de aplicativos em geral

• Software de sistema operacional


O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

• Software de aplicação
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicativos
incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.

Para não esquecer:

HARDWARE É a parte física do computador


SOFTWARE São os programas no computador (de funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionalidades.
Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo melhorar o
desempenho do computador, tais como design, qualidade de som, alto falantes, etc.

Tipos:

PERIFÉRICOS DE ENTRADA Utilizados para a entrada de dados;


PERIFÉRICOS DE SAÍDA Utilizados para saída/visualização de dados

• Periféricos de entrada mais comuns.


– O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
– Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados para uso no computador;
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
putador.

• Periféricos de saída populares mais comuns


– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
– Impressoras, que permite a impressão de dados para material físico;
– Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
– Fones de ouvido.

Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo funcionamento do computador. É a plataforma de execução do usuário. Exem-
plos de software do sistema incluem sistemas operacionais como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

• Aplicativos e Ferramentas
São softwares utilizados pelos usuários para execução de tarefas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access,
além de ferramentas construídas para fins específicos.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO COM ARQUIVOS EM AMBIENTES WINDOWS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)1.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

CONCEITOS BÁSICOS PARA UTILIZAÇÃO DO PACOTE OFFICE

Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas


e baixas

• Iniciando um novo documento Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.
• Outros Recursos interessantes:
• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para GUIA ÍCONE FUNÇÃO
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word. - Mudar
Forma
Página - Mudar cor
GUIA PÁGINA TECLA DE inicial de Fundo
ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO - Mudar cor
Justificar (arruma a direito do texto
e a esquerda de acordo Ctrl + J
com a margem - Inserir
Tabelas
Inserir
Alinhamento à direita Ctrl + G - Inserir
Imagens
Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q Verificação e


Revisão correção ortográ-
fica
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), Arquivo Salvar
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
São exemplos de planilhas: • Formatação células
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
– Podemos também ter o intervalo A1..B3
• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé- de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de veremos os princípios para a utilização do aplicativo.
uma planilha.
• Área de Trabalho do PowerPoint

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro


slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo uma posição para outra utilizando o mouse.
tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópi- para passagem entre elementos das apresentações.
co referente ao Word, itens de formatação básica de texto como:
alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e
recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
trabalho com o programa.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-


sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade


de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários Office 2013
no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe- A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
apresentado anteriormente. (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, • Atualizações no PowerPoint
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
fones diversos. além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
• Atualizações no Word – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários 3D na apresentação.
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; Office 2019
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
editar PDF(s).
• Atualizações no Word
• Atualizações no Excel – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto desenvolvimento de documentos;
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes- • Atualizações no Excel
quisa inteligente; – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to- destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim algum mapa que deseja construir.
a digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
questão do compartilhamento dos arquivos.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS DE INTERNET: CONCEITOS BÁSICOS E


MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMEN-
TAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS A
INTERNET; FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS
DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO, DE BUSCA E
PESQUISA

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-


plo.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint. • WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que
a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
Observações importantes: mos o conceito.
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web sites
para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifica-
do com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
6. Adicionar à barra de favoritos das por concorrentes.
Vejamos:
Mozila Firefox
• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
de nosso estudo: acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página


Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox 1 Botão Voltar uma página

5 Barra de Endereços 2 Botão avançar uma página

6 Ver históricos e favoritos 3 Botão atualizar a página

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 4 Barra de Endereço.


7
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 5 Adicionar Favoritos
8
detalhar adiante)
6 Usuário Atual
9 Mostra menu de contexto com várias opções
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
seguir.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
dos seguros após o uso. nalidades.
Google Chrome • Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, • Sincronização
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
dia a dia se preferir. portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. Safari

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.
O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
ções implementadas.
Vejamos:

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.

• Histórico e Favoritos Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-
nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.


com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
• Pesquisar palavras e-mails que foram enviados;
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o nou de redigir;
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po- – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:
• Salvando Textos e Imagens da Internet – Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão rio do e-mail;
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. – CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
• Downloads destinatários envolvidos;
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al- – CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o mensagem;
progresso e os downloads concluídos. – Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, Computação de nuvem (Cloud Computing)
programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem. • Conceito de Nuvem (Cloud)

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra-
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria-
ção de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas- ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
tante parecidas. mandas de usuários e empresas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuá-
extremo dando muitas voltas; rios e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser-
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas
• Anexação de arquivos usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec-
tado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em
um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro-
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas
de TI, Telecomunicações.

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser acessados
em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos responsáveis
por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem seus dados e
recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos de
praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem que
podem ser contratados.

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
referida no item “Endereços de e-mail”. resposta ou encaminhamento.

Criar nova mensagem de e-mail

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-


ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada
mensagem.

EXERCÍCIOS

1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como


principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
versões em papel para o formato digital, é denominado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
adicionada para resolver o problema constatado por João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb
(D) Placa de captura
(E) Placa de vídeo

3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-


riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
um exemplo de periférico somente de entrada.
(A) Monitor
(B) Impressora
(C) Caixa de som
(D) Headphone
(E) Mouse

4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-


res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
reço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br
(B) HTML:site.estado.gov
(C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br
Imprimir uma mensagem de e-mail (E) www.#social.*site.com
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
pacote Office e seus aplicativos. localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real.
(D) Computação em Block Time.
(E) Computação Visual

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- assinale a alternativa INCORRETA:
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- pela Microsoft.
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
Youtube (http://www.youtube.com). pre visível ao usuário.
( ) Certo (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
( ) Errado 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a Kapersky.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
danos ao computador do usuário. res x86 e 64 bits.
( ) Certo
( ) Errado 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- ( ) Certo
cia de vírus. ( ) Errado
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
adotado no exemplo acima. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
ao administrador de rede. (A) init 0.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
(B) init 6.
de vírus.
(C) exit
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(D) ls.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
(E) cd.
toramento.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
analisá-lo posteriormente.
minúsculas
( ) Certo
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
( ) Errado
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
são para processadores de 64 bits.
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
( ) Certo
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
( ) Errado
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
meros e letras.
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
uma versão oficial do Microsoft Windows
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(A) Windows 7
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
(B) Windows 10
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(C) Windows 8.1
que o Excel.
(D) Windows 9
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(E) Windows Server 2012 gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
e recebimento de páginas web.
Windows:
(A) Windows Gold.
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
(B) Windows 8.
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
(C) Windows 7.
na Inicial” do Word 2010.
(D) Windows XP. (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
do documento.
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(C) Definir o alinhamento do texto.
cuta?
(D) Inserir uma tabela no texto
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
ANOTAÇÕES
cativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.

( ) Certo
( ) Errado

20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-


noros à apresentação em elaboração.
( ) Certo
( ) Errado

GABARITO

1 C
2 E
3 E
4 D
5 B
6 ERRADO
7 CERTO
8 C
9 CERTO
10 D
11 A
12 B
13 D
14 CERTO
15 D _____________________________________________________
16 CERTO _____________________________________________________
17 A
18 D
19 CERTO
20 CERTO

22
PERFIL MUNICIPAL
2017
ACOPIARA
Governador do Estado do Ceará Sobre o PERFIL MUNICIPAL
Camilo Sobreira de Santana
O PERFIL MUNICIPAL é um documento elaborado pelo
Vice-Governadora do Estado do Ceará Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho (IPECE), com o intuito de apresentar uma visão panorâmica
dos municípios que compõem o Estado do Ceará.
Secretaria do Planejamento e Gestão - SEPLAG Sua estrutura é composta por cinco temas: caracterização
geográfica, aspectos demográficos e sociais, infraestrutura,
Francisco de Queiroz Maia Júnior – Secretário
Antônio Sérgio Montenegro Cavalcante – Secretário Adjunto economia e finanças, e por fim, política.
Júlio Cavalcante Neto – Secretário Executivo

Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará -


IPECE

Flávio Ataliba F. D. Barreto – Diretor Geral

Marília Rodrigues Firmiano – Gerente GEGIN

PERFIL MUNICIPAL 2017

Ano I – janeiro de 2018

Elaboração:

Claudia Maria de Pontes Viana


Fátima Juvenal de Sousa
Kathiuscia Alves de Lima
Margarida Maria Sérgio do Nascimento

O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará


(IPECE) é uma autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento
e Gestão do Estado do Ceará. Fundado em 14 de abril de 2003, o
IPECE é o órgão do Governo responsável pela geração de
estudos, pesquisas e informações socioeconômicas e geográficas
que permitem a avaliação de programas e a elaboração de
estratégias e políticas públicas para o desenvolvimento do Estado
do Ceará.

Missão: Propor políticas públicas para o desenvolvimento


sustentável do Ceará por meio da geração de conhecimento,
informações geossocioeconômicas e da assessoria ao Governo
do Estado em suas decisões estratégicas.

Valores: Ética e transparência; Rigor científico; Competência


profissional; Cooperação interinstitucional e Compromisso com a
sociedade.

Visão: Ser uma Instituição de pesquisa capaz de influenciar de


modo mais efetivo, até 2025, a formulação de políticas públicas
estruturadoras do desenvolvimento sustentável do estado do
Ceará.

Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) -


Av. Gal. Afonso Albuquerque Lima, s/n | Edifício SEPLAG |
Térreo – Cambeba | CEP: 60.822-325 |
Fortaleza, Ceará, Brasil - Telefone (85) 3101-3521
http://www.ipece.ce.gov.br
Apresentação

O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do


Ceará (IPECE) disponibiliza para o Governo e a sociedade o Perfil
Municipal 2017.

As informações contidas no Perfil Municipal, na forma


de tabelas e gráficos, envolvem as principais características
geográficas e socioeconômicas para cada um dos 184 municípios
do Estado do Ceará.

Com este documento, almejamos contribuir para a


formação e divulgação de ampla base de indicadores sobre os
municípios cearenses subsidiando o planejamento de projetos,
programas e políticas públicas voltadas para a melhora da
qualidade de vida da população cearense.

Na oportunidade, externamos nossos agradecimentos


a todas as instituições que forneceram os dados, e enfatizamos o
empenho da equipe técnica do IPECE, na concretização deste
trabalho.

Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto

Diretor Geral
Sumário

1- CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA .................................................................. 05


1.1 - ASPECTOS GERAIS .................................................................................................. 05
1.2 - POSIÇÃO E EXTENSÃO ............................................................................................. 05
1.3 - CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS ................................................................................... 05
1.4 - DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ............................................................................ 06

2- ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS .......................................................... 07


2.1 - DEMOGRAFIA ....................................................................................................... 07
2.2 - DOMICÍLIOS .......................................................................................................... 08
2.3 - SAÚDE ................................................................................................................ 08
2.4 - EDUCAÇÃO .......................................................................................................... 10
2.5 - ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 11
2.6 - EMPREGO E RENDA ................................................................................................ 11
2.7 - INDÚSTRIA …......................................................................................................... 12
2.8 - COMÉRCIO .......................................................................................................... 12

3- INFRAESTRUTURA ................................................................................................ 13
3.1 - SANEAMENTO ........................................................................................................ 13
3.2 - ENERGIA ELÉTRICA E COLETA DE LIXO ......................................................................... 13

4 - ECONOMIA E FINANÇAS ................................................................................. 15


4.1 - PRODUTO INTERNO BRUTO ........................................................................................ 15
4.2 - FINANÇAS PÚBLICAS ............................................................................................... 15

5 - POLÍTICA ........................................................................................................... 17

ANEXO .................................................................................................................... 18
5
Perfil Municipal ACOPIARA

1 - CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA

1.1 - ASPECTOS GERAIS


Características
Município de Origem – Iguatu
Ano de Criação - 1921
Lei de Criação – 1.875
Toponímia - Palavra originária do tupi, que significa O que Cultiva ou O Agricultor
Gentílico - Acopiarense
Código Município - 2300309
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

1.2 - POSIÇÃO E EXTENSÃO


Situação geográfica
Coordenadas geográficas Municípios limítrofes
Localização
Latitude(S) Longitude(WGr) Norte Sul Leste Oeste
Solonópole,
Dep. Irapuan Jucás,
Quixelô, Catarina,
6° 05’ 43” 39° 27’ 09” Centro-Sul Pinheiro, Iguatu,
Solonópole Saboeiro
Piquet Carneiro, Quixelô
Mombaça
Fonte:Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

Medidas territoriais
Área Distância em linha reta a
Altitude (m)
Absoluta (km2) Relativa (%) capital (km)

2.265,3 1,52 317,1 280,0


Fonte:Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

1.3 - CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS


Aspectos climáticos
Clima Pluviosidade (mm) Temperatura média (ºC) Período chuvoso

Tropical Quente Semi-árido 748,5 26° a 28° fevereiro a abril


Fonte: Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

Componentes ambientais
Relevo Solos Vegetação Bacia hidrográfica

Solos Aluviais, Solos Litólicos, Caatinga Arbustiva Densa, Floresta


Depressões Sertanejas e Planossolo Solódico, Podzólico Caducifólia Espinhosa e Floresta Alto Jaguaribe
Maciços Residuais Vermelho-Amarelo e Vertissolos Subperenifólia Tropical Pluvial

Fonte: Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).
6
ACOPIARA Perfil Municipal

1.4 - DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA


Divisão territorial
Códigos Distritos Ano de criação
230030905 Acopiara 1921
230030907 Barra do Ingá 1993
230030910 Ebron 1964
230030915 Isidoro 1943
230030920 Quincoê 1934
230030925 Santa Felícia 1964
230030930 Santo Antônio 1964
230030931 São Paulinho ...
230030933 Solidão ...
230030935 Trussu 1882
Fonte:Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

Regionalização

Região administrativa Região de planejamento Mesorregião (IBGE) Microrregião (IBGE)

16 Centro Sul Sertões Cearenses Sertão de Senador Pompeu


Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).
7
Perfil Municipal ACOPIARA

2 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS

2.1 – DEMOGRAFIA
População residente – 1991/2000/2010
População residente

Discriminação 1991 2000 2010

Nº % Nº % Nº %
Total 49.259 100,00 47.137 100,00 51.160 100,00
Urbana 17.768 36,07 22.230 47,16 25.228 49,31
Rural 31.491 63,93 24.907 52,84 25.932 50,69
Homens 24.190 49,11 23.608 50,08 25.624 50,09
Mulheres 25.069 50,89 23.529 49,92 25.536 49,91
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 1991/2000/2010.

População recenseada, por sexo, segundo os grupos de idade - 2000/2010


População recenseada

Grupos de idade Total Homens Mulheres

2000 2010 2000 2010 2000 2010


Total 47.137 51.160 23.608 25.624 23.529 25.536
0 – 4 anos 4.412 3.740 2.271 1.932 2.141 1.808
5 – 9 anos 4.785 4.033 2.443 2.076 2.342 1.957
10 – 14 anos 5.839 4.948 2.996 2.590 2.843 2.358
15 – 19 anos 5.242 4.626 2.696 2.342 2.546 2.284
20 – 24 anos 3.947 4.414 2.019 2.223 1.928 2.191
25 – 29 anos 3.093 3.975 1.522 1.962 1.571 2.013
30 – 34 anos 2.975 3.823 1.456 1.899 1.519 1.924
35 – 39 anos 2.744 3.304 1.320 1.658 1.424 1.646
40 – 44 anos 2.414 3.161 1.189 1.592 1.225 1.569
45 – 49 anos 2.153 2.842 1.013 1.388 1.140 1.454
50 – 59 anos 3.809 4.741 1.835 2.261 1.974 2.480
60 – 69 anos 2.971 3.803 1.413 1.894 1.558 1.909
70 anos ou mais 2.753 3.750 1.435 1.807 1.318 1.943
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 2000/2010.
8
ACOPIARA Perfil Municipal

Indicadores demográficos – 1991/2000/2010


Indicadores demográficos
Discriminação
1991 2000 2010
Densidade demográfica (hab./km2) 24,09 20,62 22,70
Taxa geométrica de crescimento anual (%) (1)
Total -0,49 -0,49 0,82
Urbana 2,93 2,52 1,27
Rural -1,93 -2,57 0,40
Taxa de urbanização (%) 36,07 47,16 49,31
Razão de sexo 96,49 100,34 100,34
Participação nos grandes grupos populacionais (%) 100,00 100,00 100,00
0 a 14 anos 39,68 31,90 24,87
15 a 64 anos 53,42 59,64 64,38
65 anos e mais 6,90 8,46 10,76
Razão de dependência (2) 87,21 67,67 55,34
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 1991/2000/2010.
(1) Taxas nos períodos 1980/91 e 1991/00 para os anos de 1991, 2000 e 2010, respectivamente.
(2) Quociente entre “população dependente”, isto é, pessoas menores de 15 anos e com 65 anos ou mais de idade e a população potencialmente ativa, isto é,
pessoas com idade entre 15 e 64 anos.

2.2 - DOMICÍLIOS
Domicílios particulares ocupados por situação e média de moradores – 2010
Domicílios particulares ocupados
Situação Média de moradores
Quantidade
Município Estado
Total 15.046 3,40 3,56
Urbana 7.885 3,19 3,49
Rural 7.161 3,64 3,79
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censo Demográfico 2010.

2.3 - SAÚDE
Unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), por tipo de prestador - 2016
Unidades de saúde ligadas ao SUS
Tipo de Prestador
Quantidade %
Total 30 100,00
Pública 29 96,67
Privada 1 3,33
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).

Profissionais de saúde, ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) – 2016


Profissionais de saúde ligados ao SUS
Discriminação
Município Estado
Total 335 67.681
Médicos 36 12.470
Dentistas 8 2.954
Enfermeiros 41 7.824
Outros profissionais de saúde/nível superior 20 6.454
Agentes comunitários de saúde 127 15.667
Outros profissionais de saúde/nível médio 103 22.312
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).
Nota: Profissionais de saúde cadastrados em unidades de entidades públicas e privadas.
9
Perfil Municipal ACOPIARA

Crianças acompanhadas pelo Programa Agentes de Saúde - 2015


Crianças acompanhadas pelo Programa Agentes de Saúde (%)
Discriminação
Município Estado
Até 4 meses só mamando 68,75 68,69
De 0 a 11 meses com vacina em dia 96,96 94,71
De 0 a 11 meses subnutridas (1) 0,78 0,93
De 12 a 23 meses com vacina em dia 97,75 94,34
De 12 a 23 meses subnutridas (1) 1,83 1,61
Peso < 2,5 kg ao nascer 10,88 8,05
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).
(1) Crianças com peso inferior a P10.

Casos confirmados das doenças de notificação compulsória – 2016

Casos confirmados das doenças de notificação compulsória


Discriminação
Município Estado
AIDS 2 806
Chikungunya 37 29.837
Dengue 17 37.769
Febre tifoide - -
Hanseníase 12 1.695
Hepatite viral - 451
Leishmaniose tegumentar - 394
Leishmaniose Visceral 3 370
Leptospirose - 48
Meningite 1 19
Raiva - 1
Tétano acidental - 19
Tuberculose 10 3.394
Zika - 112
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).

Principais Indicadores de Saúde – 2016


Principais Indicadores de Saúde
Discriminação
Município Estado
Médicos/1.000 hab. 0,67 1,39
Dentistas/1.000 hab. 0,15 0,33
Leitos/1.000 hab. 2,81 2,14
Unidades de saúde/1.000 hab. 0,56 0,43
Taxa de internação por AVC (40 anos ou mais)/10.000 hab. 35,30 27,06
Nascidos vivos 582 125.387
Óbitos 8 1.591
Taxa de mortalidade infantil/1.000 nascidos vivos 13,75 12,69
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).
10
ACOPIARA Perfil Municipal

2.4 - EDUCAÇÃO
Docentes e matrícula inicial - 2016
Docentes Matrícula inicial
Dependência Administrativa
Município Estado Município Estado
Total 692 97.064 12.375 2.210.221
Federal - 977 - 10.507
Estadual 89 17.680 1.976 444.796
Municipal 571 63.654 9.664 1.318.399
Particular 53 21.300 735 436.519
Fonte: Secretaria da Educação Básica (SEDUC).

Escolas com biblioteca e laboratório de informática - 2016


Federal Estadual Municipal Particular
Discriminação
Nº % Nº % Nº % Nº %
Total de escolas - - 3 - 41 - 3 -
Biblioteca - - 1 0,33 13 0,32 2 0,67
Laboratório de informática - - 3 1,00 19 0,46 1 0,33
Fonte: Secretaria da Educação Básica (SEDUC).

Indicadores educacionais no ensino fundamental e médio – 2016


Indicadores educacionais

Discriminação Ensino fundamental Ensino médio

Município Estado Município Estado


Taxas (%)
Escolarização líquida (1) 87,4 89,6 55,2 54,2
Aprovação 95,6 93,1 78,9 84,6
Reprovação 3,7 5,4 15,6 6,8
Abandono 0,7 1,4 5,6 8,7
Alunos por sala de aula 20,5 25,6 36,5 29,1
Fonte: Secretaria da Educação Básica (SEDUC).
(1) Taxa de escolarização líquida referente a 2015.
11
Perfil Municipal ACOPIARA

2.5 – ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO


Índices de Desenvolvimento
Índices Valor Posição no ranking
Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM) – 2016 20,43 137
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – 2010 0,595 144
Índice de Desenvolvimento Social de Oferta (IDS-O) – 2015 0,706 161
Índice de Desenvolvimento Social de Resultado (IDS-R) – 2015 0,590 58
Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

População extremamente pobre: (com rendimento domiciliar per capita mensal de até R$ 70,00) - 2010
População extremamente pobre
Discriminação
Município % Estado %
Total 15.242 29,79 1.502.924 17,78
Urbana 4.652 18,44 726.270 11,44
Rural 10.590 40,84 776.654 36,88
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censo Demográfico 2010.

2.6 – EMPREGO E RENDA


Número de empregos formais - 2016
Número de empregos formais

Discriminação Município Estado

Total Masculino Feminino Total Masculino Feminino


Total das Atividades 2.402 1.150 1.252 1.443.365 798.560 644.805
Extrativa Mineral - - - 2.999 2.723 276
Indústria de Transformação 180 131 49 232.501 146.558 85.943
Serviços Industriais de Utilidade Pública - - - 8.556 7.099 1.457
Construção Civil 43 39 4 61.516 56.173 5.343
Comércio 654 392 262 260.979 153.633 107.346
Serviços 200 93 107 483.741 267.388 216.353
Administração Pública 1.204 378 826 369.758 144.443 225.315
Agropecuária 121 117 4 23.315 20.543 2.772
Fonte: Ministério do Trabalho (MTb) – RAIS.
12
ACOPIARA Perfil Municipal

Saldo de empregos formais - 2016


Saldo de empregos formais

Discriminação Município Estado

Admitidos Desligados Saldo Admitidos Desligados Saldo


Total das Atividades 271 324 -53 386.494 423.395 -36.901
Extrativa Mineral - - - 788 1.013 -225
Indústria de Transformação 24 44 -20 67.116 76.667 -9.551
Serviços Industriais de Utilidade Pública - - - 2.318 4.388 -2.070
Construção Civil 100 108 -8 54.724 68.814 -14.090
Comércio 107 132 -25 91.134 98.526 -7.392
Serviços 28 27 1 157.950 159.179 -1.229
Administração Pública - - - 436 564 -128
Agropecuária 12 13 -1 12.028 14.244 -2.216
Fonte: Ministério do Trabalho (MTb) – CAGED.

2.7 – INDÚSTRIA
Empresas industriais ativas – 2016
Empresas industriais ativas
Discriminação
Município % Estado %
Total 90 100,00 44.479 100.00
Extrativa mineral 2 2,22 450 1,01
Construção civil 5 5,56 3.253 7,31
Utilidade pública 1 1,11 396 0,89
Transformação 82 91,11 40.380 90,78
Fonte: Secretaria da Fazenda (SEFAZ).

2.8 – COMÉRCIO
Estabelecimentos comerciais – 2016
Estabelecimentos comerciais
Discriminação
Município % Estado %
Total 709 100,00 195.069 100,00
Atacadista 5 0,71 3.862 1,98
Varejista 704 99,29 190.740 97,78
Reparação (1) - - 467 0,24
Fonte: Secretaria da Fazenda (SEFAZ).
(1) de veículos de objetos pessoais e de uso doméstico.
13
Perfil Municipal ACOPIARA

3 - INFRAESTRUTURA

3.1 - SANEAMENTO
Abastecimento de Água - 2016
Abastecimento de água
Discriminação
Município Estado % sobre o total do Estado
Ligações reais 9.350 1.809.105 0,52
Ligações ativas 8.439 1.640.545 0,51
Volume produzido (m3) 1.105.858 350.556.490 0,32
Taxa de cobertura d´água urbana (%) 99,53 91,76 -
Fonte: Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

Esgotamento Sanitário – 2016


Esgotamento sanitário
Discriminação
Município Estado % sobre o total do Estado
Ligações reais 1.887 629.089 0,30
Ligações ativas 1.764 571.608 0,31
Taxa de cobertura urbana de esgoto (%) 25,94 38,57 -
Fonte: Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) Esgotamento Sanitário – 2013

Domicílios particulares permanentes segundo as formas de abastecimento de água - 2000/2010


Município Estado
Formas de abastecimentos
2000 % 2010 % 2000 % 2010 %
Total 11.738 100,00 15.025 100,00 1.757.888 100,00 2.365.276 100,00
Ligada a rede geral 4.980 42,43 8.553 56,93 1.068.746 60,80 1.826.543 77,22
Poço ou nascente 1.107 9,43 834 5,55 360.737 20,52 221.161 9,35
Outra 5.651 48,14 5.638 37,52 328.405 18,68 317.565 13,43
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 2000/2010.

Domicílios particulares permanente segundo os tipos de esgotamento sanitário - 2000/2010


Município Estado
Tipos de esgotamentos sanitários
2000 % 2010 % 2000 % 2010 %
Total (1) 11.738 100,00 15.025 100,00 1.757.888 100,00 2.365.276 100,00
Rede geral ou pluvial 762 6,49 2.509 16,70 376.884 21,44 774.873 32,76
Fossa séptica 806 6,87 461 3,07 218.682 12,44 251.193 10,62
Outra 3.877 33,03 8.059 53,64 731.075 41,59 1.167.911 49,38
Não tinham banheiros 6.293 53,61 3.996 26,60 431.247 24,53 171.277 7,24
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 2000/2010.
(1) Inclusive os domicílios sem declaração da existência de banheiro ou sanitário.

3.2 - ENERGIA ELÉTRICA E COLETA DE LIXO


Consumo e consumidores de energia elétrica - 2016
Classes de consumo Consumo (mwh) Consumidores
Total 34.022 19.904
Residencial 13.336 11.963
Industrial 1.948 22
Comercial 3.664 956
Rural 11.045 6.666
Público 3.990 295
Próprio 40 2
Fonte: Companhia Energética do Ceará (COELCE).
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ACOPIARA Perfil Municipal

Domicílios particulares permanente segundo energia elétrica e lixo coletado - 2000/2010


Município Estado
Discriminação
2000 % 2010 % 2000 % 2010 %
Total 11.738 100,00 15.025 100,00 1.757.888 100,00 2.365.276 100,00
Com energia elétrica 9.131 77,79 14.769 98,30 1.568.648 89,23 2.340.224 98,94
Com lixo coletado 3.351 28,55 7.278 48,44 1.081.790 61,54 1.781.993 75,34
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Censos Demográficos 2000/2010
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Perfil Municipal ACOPIARA

4 – ECONOMIA E FINANÇAS

4.1 - PRODUTO INTERNO BRUTO


Produto Interno Bruto - 2015
Discriminação Município Estado
PIB (R$ mil) 348.566 130.620.788
PIB per capita (R$ 1,00) 6.560 14.669
Valor Adicionado Básico
Agropecuária 9,41 4,49
Indústria 5,21 19,56
Serviços 85,38 75,95
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.

4.2 - FINANÇAS PÚBLICAS


Receita Municipal - 2015
Receita Municipal
Discriminação
Valor corrente (R$ mil) % sobre a receita total
Receita Total 93.726 100,00
Receitas correntes 92.664 98,87
Receita tributária 4.355 4,70
Receita de contribuições 6.199 6,69
Receita patrimonial 3.090 3,33
Receita de serviços 31 0,03
Transferências correntes 78.111 84,29
Outras receitas correntes 879 0,95
Receitas de capital 1.062 1,13
Fonte: Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Despesa Municipal - 2015


Despesa Municipal
Discriminação
Valor corrente (R$ mil) % sobre a despesa total
Total 82.472 100,00
Despesas correntes 76.507 92,77
Pessoal e encargos sociais 45.721 59,76
Juros e encargos da dívida 81 0,11
Outras despesas correntes 30.705 40,13
Despesas de capital 5.965 7,23
Investimentos 5.021 84,18
Inversões financeiras - -
Amortização da dívida 943 15,82
Fonte: Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
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ACOPIARA Perfil Municipal

Receita Estadual arrecadada - 2016


Receita Estadual arrecadada (R$ 1,00)
Discriminação
Município Estado % sobre o Estado
Receita total 7.137.699 11.867.859.675 0,06
Receita tributária 7.137.699 11.825.659.916 0,06
ICMS 5.170.465 10.436.149.947 0,05
Outros 1.967.234 1.389.509.969 0,14
Demais receitas - 42.199.759 -
Fonte: Secretaria da Fazenda (SEFAZ).
Nota: Não foram considerados ajustes e anulações de receitas.

Receita da União arrecadada - 2015


Receita da União arrecadada (R$ 1,00)
Discriminação
Município Estado % sobre o Estado
Receita total 11.497.445 11.828.717.683 0,10
Arrecadação IPI 7.279 413.427.461 0,00
Outros 11.490.166 11.415.290.222 0,10
Fonte: Secretaria Regional da Receita Federal.
Nota: Arrecadação bruta sem retificações.
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Perfil Municipal ACOPIARA

5 – POLÍTICA

Prefeitura
Endereço Telefone / e-mail
Av. Paulino Félix, 362 – Centro (88) 3565-1995 Fax (88) 3565-1567
C.E.P: 63.560-000 prefeitura_acopiara@yahoo.com.br
Fonte: Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (APRECE).

Prefeito eleito - 2016


Nome Partido
Antônio Almeida Neto PMDB
Fonte: Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (APRECE).

Número de Eleitores – 2015

Discriminação Município Estado % sobre o total do Estado


Total (1) 38.623 6.324.780 0,61
Homens 18.729 2.991.782 0,63
Mulheres 19.879 3.328.331 0,60
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE).
(1) Inclusive os eleitores sem informações do sexo.
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ACOPIARA Perfil Municipal

Anexo

Convenções Utilizadas

[…] O dado é desconhecido, podendo o fenômeno existir ou não


existir.

[-] O fenômeno não existe.

[0; 0,0; 0,00] O dado existe, mas seu valor é inferior à metade da
unidade adotada.

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