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Com o
avanço das neurociências, dos testes e das técnicas, foi possível passar a abranger pacientes
que sofrem de quaisquer distúrbios que tenham o potencial de causar impacto nas funções
cognitivas, bem como avaliar o impacto do tratamento de outros transtornos da cognição.
ATENÇÃO
A atenção é explicada na literatura a partir de diferentes modelos. De maneira geral, essa função é
definida como um sistema complexo que possibilita ao indivíduo filtrar informações relevantes, por
um período limitado (Schlindwein-Zanini, 2010).
De acordo com Strauss, Sherman e Spreen (2006), a atenção é vista por muitos autores como uma
função que se relaciona com diversos processos básicos, como, por exemplo, o alerta, a vigília, a
seleção sensorial (filtrar, focar ou mudar a seleção do estímulo de forma automática) e a seleção de
respostas (controle supervisor, iniciação e inibição).
A atenção é uma função primordial no cotidiano, que tem efeitos diretos sobre a adaptação do
indivíduo. Essa função encontra-se comprometida em uma série de condições, como o transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), diferentes tipos de demência, dislexia, esquizofrenia,
transtornos invasivos do desenvolvimento ou, até mesmo, casos de lesão cerebral (Coutinho, Mattos,
& Abreu, 2010).
Essa função encontra-se comprometida em uma série de condições, como o transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), diferentes tipos de demência, dislexia, esquizofrenia, transtornos
invasivos do desenvolvimento ou, até mesmo, casos de lesão cerebral (Coutinho, Mattos, & Abreu,
2010).
LINGUAGEM
A linguagem é uma função cortical superior de grande complexidade e relevância para o ser
humano, uma vez que permite a adaptação das pessoas ao ambiente em que vivem via comunicação
e socialização. Portanto, déficits linguísticos, relacionados à compreensão ou à expressão verbal,
podem gerar grande impacto na vida de um indivíduo, sendo necessário investigar detalhadamente o
problema em si e realizar as devidas intervenções (Hillis, 2007). De maneira ampla, essa função é
compreendida em duas classificações: linguagem receptiva e expressiva.
A linguagem é definida a partir de aspectos biológicos e sociais, que exprimem seu caráter essencial
de favorecer a adaptação do indivíduo ao ambiente. No contexto da neuropsicologia, a avaliação da
linguagem não pode ser concebida de forma dissociada de componentes linguísticos, cognitivos e
sociais.
O componente cognitivo refere-se à transformação dos múltiplos inputs do ambiente em
conhecimento, à organização, ao armazenamento, à recuperação e à transformação.
O componente linguístico diz respeito aos aspectos fonológicos e sintáticos, organizados segundo
regras, e aos aspectos semânticos e pragmáticos; diz respeito ao conteúdo lexical (dicionário) e dos
discursos.
A observação de déficits permite caracterizar o diagnóstico das seguintes condições: afasias,
demências, alterações linguístico-cognitivas, síndromes de hemisfério direito e outras disfunções.
Dois questionários merecem destaque: o Índice de Efetividade Comunicativa (CETI) (Lomas et al.,
1989) e a Avaliação Funcional de Habilidades de Comunicação para Adultos (Frattali, Holland,
Thompson, Wohl, & Ferketic, 2004).
No Brasil, dois testes abrangentes para diagnóstico das afasias vêm sendo estudados com vistas à
obtenção de referências de normalidade de população local: o Teste de Boston e o Protocolo de
Avaliação de Linguagem Montreal-Toulouse.
Os rastreios destinam-se à identificação da presença ou ausência de alterações de linguagem e ao
fornecimento de indicadores para a continuidade da avaliação e a introdução de procedimentos
terapêuticos. São interessantes para aplicação em situações de internação, como, por exemplo, em
fase recente de ocorrência de acidente vascular cerebral ou quando o paciente não se apresenta
disposto para a realização de avaliação abrangente.
Afasias
Alexias
• Alterações da leitura
• Pós Lesão
• Tipos
• Posterior
• Central
• Anterior
Agrafia
• Perda de capacidade de produzir linguagem escrita
• Central
• Periférica
Acalculia
• Incapacidade de compreender operações matemáticas básicas
MEMÓRIA
A memória é a capacidade de modificar o comportamento em função de experiências anteriores,
sendo dependente de diferentes estruturas do sistema nervoso central. É um fenômeno complexo
estudado por várias áreas do conhecimento. Tem papel central para o ser humano e para sua
constituição como indivíduo, seu self, justamente por ser primordial para qualquer tipo de
aprendizagem. Para sua avaliação, é necessário conhecimento claro de seus estágios, dos modelos
propostos e do que se pretende avaliar, sendo a entrevista inicial de grande importância. O déficit de
memória pode ocorrer ou ser central em diversos transtornos psiquiátricos, como amnésias e
demências, além de fazer parte do envelhecimento saudável.
Os estágios da memória são os de aquisição (registro ou codificação), consolidação (retenção ou
armazenamento) e evocação (recordação ou recuperação) (Oliveira, 2007). Neste último mecanismo,
dois processos importantes são utilizados: o resgate e o reconhecimento. Uma boa avaliação da
aquisição de memória precisa ser concomitante à avaliação da atenção, uma vez que esta pode
interferir nesse estágio, não significando déficit de memória.
A memória de curto prazo, do ponto de vista funcional, foi assimilada ao conceito de MO. A MO
tem a função de selecionar, analisar, conectar, sintetizar e resgatar as informações já aprendidas,
fazendo conexão com as informações novas, prejuízos nesse componente podem estar associados a
diferentes impactos na aprendizagem (Lima, 2005), já que essa habilidade estaria ligada a atividades
complexas, como raciocínio e compreensão, além do próprio aprendizado.
A investigação da MO e seus componentes contribui de maneira direta para o diagnóstico diferencial
em neuropsicologia, na identificação dos fenótipos cognitivos e nas possíveis relações com a
aprendizagem. As tarefas de Span de Dígitos em ordem inversa, para os aspectos verbais, e Cubos de
Corsi, para os aspectos visioespaciais, são comumente utilizadas para a avaliação da MO. Os dígitos
de ordem inversa avaliam a MO, enquanto os dígitos de ordem direta examinam a retenção de
informação.
Memória declarativa
Também chamada de memória explícita, a memória declarativa consiste no armazenamento e na
recuperação consciente de conhecimentos sobre informações adquiridas, bem como de experiências
vividas pelo indivíduo (Squire & Knowlton, 2000). Tulving (1972) propôs a divisão da memória
declarativa em dois subsistemas: a memória episódica e a memória semântica. A memória episódica
refere-se à recuperação de informações relacionadas a eventos pessoais e autobiográficos (“quando”
e “onde”). A memória semântica, por sua vez, pode ser comparada a uma enciclopédia, em que há o
armazenamento dos conhecimentos de conceitos (“o que”), sendo importante para a linguagem
(Abreu et al., 2014). Uma maneira de avaliar a memória declarativa episódica é por meio do Teste
de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT). Outro instrumento que avalia a memória
episódica é o Figuras Complexas de Rey.
O teste de Fluência Verbal, por sua vez, indica prejuízos na memória semântica. Além de avaliar a
memória semântica, esse teste também examina a linguagem e a função executiva, pois exige
desenvolvimento de estratégias na busca de palavras (Lezak et al., 2004). O Instrumento de
Avaliação Neurológica Breve (NEUPSILIN; Fonseca, Salles, & Parente, 2009) e sua versão para
crianças (NEUPSILIN-Inf; Salles et al., 2016) apresentam subtestes capazes de avaliar memória
operacional, episódica e semântica. As tarefas obedecem ao paradigma do Span de Dígitos e do
RAVLT.
A memória não declarativa envolve a capacidade de evocar e realizar atos ou comportamentos que
anteriormente exigiam esforço cognitivo consciente, mas que, com a exposição repetida da
atividade, já não requerem mais resgate consciente e intencional; por isso também é chamada de
memória implícita (Schacter, 1987). Déficits na memória implícita podem afetar o aprendizado de
atividades da vida diária, como cozinhar ou dirigir um carro (Abreu et al., 2014).
O priming é avaliado por meio de tarefas em que o examinando deve, por exemplo, identificar
ou completar palavras a partir de dicas fornecidas previamente ou de conhecimentos
anteriores que já são automatizados (Rajaram & Roediger, 1993). Tarefas motoras e
visiomotoras são bastante úteis para avaliar habilidades e hábitos. Por exemplo, o indivíduo
pode escrever ou desenhar imagens projetadas em espelhos, bem como realizar tarefas de
labirintos e torres, como Torre de Londres ou Torre de Hanói (Abreu et al., 2014).
A memória prospectiva (MP) corresponde à capacidade de se lembrar de realizar uma ação
pretendida em algum momento futuro, sendo na presença ou na ausência de um lembrete
específico (Eysenck, 2011).
Quanto à avaliação neuropsicológica da MP, os instrumentos mais usados são os questionários
autoaplicáveis, como o Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva (PRMQ). Teste de
Memória Prospectiva de Cambridge (CAMPROMPT) – que incorporam tarefas baseadas em MP
de tempo e eventos na presença de tarefas distratoras lexicais. O NEUPSILIN, avalia a MP por
meio de uma instrução dada no início da aplicação do instrumento, sendo que ela deve ser
cumprida no final da aplicação do teste.
AGNOSIAS
■ Gnosis significa "conhecer"
■ Agnosia significa "sem conhecimento"
“Dificuldade ou incapacidade de reconhecer ou apreciar a identidade ou natureza do estímulo
sensorial”
■ Os critérios para agnosia são
– 1 - falha em reconhecer um objeto
– 2 - percepção normal do objeto, excluindo-se um problema sensorial elementar
– 3 - habilidade de nomear um objeto uma vez que é reconhecido, excluindo-se a
anomia como o principal déficit
– 4 - Ausência generalizada de síndromes neurocognitivas (e transtornos
demenciais)
■ Agnosia é o resultado de lesões que disconectam e isolam as 'entradas' visual, auditiva
e somatosensorial do processamento cognitivo superior
■ definida como uma profunda dificuldade de reconhecimento (de modalidade
específica) na presença do funcionamento normal das funções sensoriais primárias que
não é melhor explicada por
– Deterioração mental
– Distúrbios atencionais
– Falta de familiaridade com o estímulo utilizado para investigação
■ Visual:
– Ventral occitotemporal (o quê) - reconhecimento de objetos
– Dorsal occipitoparietal (onde) - processamento espacial
– Integração das informações das vias dorsal e ventral acontecem no lobo
parietal inferior
– Auxilia no reconhecimento de objetos e fornece informações sobre a
localização no espaço (conhecimento funcional)
– Tipos: Agnosia visual de objeto: Aperceptiva (O objeto não é visto no todo em
uma forma significativa); Associativa (Não consegue interpretar, entender ou
apontar significado ao objeto, face ou palavra, mas consegue copiá-lo).
Simultagnosia (Reconhece objetos isoladamente, mas grande dificuldade com
objetos sobrepostos). Prosopagnosia. Agnosia de cor.
■ Auditiva - Incapacidade de reconhecer determinados sons.
■ Tátil - Incapacidade de reconhecer objeto com o tato.
■ Somatognosia: conhecimento do nosso esquema corporal, a imagem espacial do nosso
próprio corpo.
VISIOCONSTRUÇÃO
Referido também na literatura como praxia construtiva, a visioconstrução é uma habilidade
que está relacionada ao processo de juntar organizadamente estímulos para formar um todo.
Qualquer comportamento em que a manipulação de elementos gere um produto final, seja no
âmbito bidimensional, seja no tridimensional, está ligado à visioconstrução.
MOTIVAÇÃO
Motivação intrínseca e extrínseca na aprendizagem: A motivação intrínseca leva a maior
persistência, se envolve mais, engaja mais e tem um desempenho acadêmico melhor. Testes
projetivos, Escala para avaliação da motivação infanto juvenil. Escala de motivação para
aprender de alunos do ensino fundamental – teoria da auto determinação.