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Historicamente, a avaliação neuropsicológica serviu a pacientes com lesões cerebrais.

Com o
avanço das neurociências, dos testes e das técnicas, foi possível passar a abranger pacientes
que sofrem de quaisquer distúrbios que tenham o potencial de causar impacto nas funções
cognitivas, bem como avaliar o impacto do tratamento de outros transtornos da cognição.

o exame neuropsicológico atende a seis objetivos: diagnóstico; cuidados com o paciente;


identificação de necessidades de tratamento; avaliação da eficácia do tratamento; pesquisa;
resposta a questões forenses. Como esperado, atingir esses objetivos requer preparação e
planejamento adequado dos testes e técnicas que serão utilizados.
Luria trouxe a compreensão de que era preciso ter noção do funcionamento cognitivo global
do indivíduo para compreender determinado quadro clínico em sua totalidade e, assim,
montou a primeira bateria completa de avaliação neuropsicológica, a Investigação
Neuropsicológica de Luria (INL), que serviu como base para a elaboração de muitas outras
(Cosenza, Fuentes, & Malloy-Diniz, 2008).
Luria-Nebraska, que cobria os domínios de atividade motora e percepção, linguagem
expressiva e receptiva, funções visuais, memória, além de habilidades de leitura, escrita e
aritmética.
algumas dimensões importantes das baterias. Em primeiro lugar, consistem em uma coletânea de
testes que permitem avaliar uma variedade de funções cognitivas (em geral com mais de um teste
destinado a cada função), podendo abranger outras medidas de desempenho e potencial acadêmico e
cognitivo. Os resultados obtidos por meio dessa testagem são considerados as informações mais
confiáveis da avaliação neuropsicológica, uma vez que permitem comparação normativa, ou seja,
confrontação do desempenho do paciente com o desempenho médio da população, considerando-se
o grupo de referência quanto a sexo, idade, escolarização, etc. A confiabilidade das informações
extraídas, portanto, depende muito da amostra utilizada na validação dos testes que compõem a
bateria.
A segunda vantagem das baterias é que, por darem acesso a diversos domínios cognitivos
simultaneamente, informam ao profissional tanto aspectos específicos quanto globais do
funcionamento neuropsicológico do paciente. A composição dos escores nos diferentes testes indica
o nível de funcionamento geral do indivíduo no momento da testagem, bem como possibilita inferir
sua adaptação ao mundo real e prever seu desempenho em situações que requeiram múltiplas
habilidades.
As baterias fixas são assim denominadas porque todos os pacientes, independentemente da queixa
inicial, responderão aos mesmos testes e tarefas (Kane, 1991). Também são conhecidas como
baterias compreensivas, tendo em vista que costumam ser abrangentes, mostrando o quadro geral das
funções cognitivas. Baterias fixas podem ser uma ferramenta interessante para avaliações de rastreio,
que sinalizam funções a serem mais bem investigadas com testes específicos. Um dos pontos fortes
desse tipo de bateria é que ele permite descobrir dificuldades e potencialidades não contempladas
pela queixa inicial (Kane, 1991).
As baterias flexíveis, por sua vez, são compostas por uma bateria nuclear ou básica complementada
por testes especializados adequados aos motivos do encaminhamento ou da investigação de um
transtorno específico e, por isso, mais aplicadas em contexto clínico (Werlang & Argimon, 2003).
Para medição das diversas funções, Mäder (1996) propõe um protocolo básico para avaliação
neuropsicológica clínica com testes que avaliam orientação, atenção, percepção, inteligência geral,
raciocínio, memória verbal e visual, de curto e longo prazo, testes de flexibilidade mental, linguagem
e organização visioespacial.

ATENÇÃO
A atenção é explicada na literatura a partir de diferentes modelos. De maneira geral, essa função é
definida como um sistema complexo que possibilita ao indivíduo filtrar informações relevantes, por
um período limitado (Schlindwein-Zanini, 2010).
De acordo com Strauss, Sherman e Spreen (2006), a atenção é vista por muitos autores como uma
função que se relaciona com diversos processos básicos, como, por exemplo, o alerta, a vigília, a
seleção sensorial (filtrar, focar ou mudar a seleção do estímulo de forma automática) e a seleção de
respostas (controle supervisor, iniciação e inibição).
A atenção é uma função primordial no cotidiano, que tem efeitos diretos sobre a adaptação do
indivíduo. Essa função encontra-se comprometida em uma série de condições, como o transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), diferentes tipos de demência, dislexia, esquizofrenia,
transtornos invasivos do desenvolvimento ou, até mesmo, casos de lesão cerebral (Coutinho, Mattos,
& Abreu, 2010).
Essa função encontra-se comprometida em uma série de condições, como o transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), diferentes tipos de demência, dislexia, esquizofrenia, transtornos
invasivos do desenvolvimento ou, até mesmo, casos de lesão cerebral (Coutinho, Mattos, & Abreu,
2010).

• Sistema nervoso tem capacidade limitada de processamento de estímulos


• Atenção é a capacidade de selecionar algumas informações e ignorar outras
• Em termos de sensação e percepção, o que ocorre é que somente alguns estímulos sensoriais
chegam a ser conscientemente percebidos
• Sistema neural complexo
• Sistema multimodal
• Filtro seletivo
• Sistema hierárquico e dinâmico (os níveis atencionais variam ao longo dos dias; diferentes
fatores (muito frequentes no cotidiano) que podem influenciar o exame dessa complexa
função)
• Supervisão de atividades cognitivas e diversas funções cognitivas dependem fortemente da
atenção, em especial a memória.
• Passiva: Alerta (fásica e tônica); Reposta de Orientação
• Ativa: Focal (resistir a distratores, vencer fadiga, motivacional); Sustentada (atenção focal +
tempo); Seletiva (sistemas executivos); Alternada (Maior complexidade cognitiva); Dividida
(estímulos e respostas simultâneas)
• A lentidão de processamento, por exemplo, com frequência indica a presença de déficits
atencionais
• Testes: BPA e Rotas de atenção – Atenção concentrada (sustentada), alternada e dividida;
TAVIS-3 e CPT - II computadorizado; Testes de cancelamento; Span de dígitos e aritmética
• Análise qualitativa dos testes além da quantitativa

LINGUAGEM
A linguagem é uma função cortical superior de grande complexidade e relevância para o ser
humano, uma vez que permite a adaptação das pessoas ao ambiente em que vivem via comunicação
e socialização. Portanto, déficits linguísticos, relacionados à compreensão ou à expressão verbal,
podem gerar grande impacto na vida de um indivíduo, sendo necessário investigar detalhadamente o
problema em si e realizar as devidas intervenções (Hillis, 2007). De maneira ampla, essa função é
compreendida em duas classificações: linguagem receptiva e expressiva.
A linguagem é definida a partir de aspectos biológicos e sociais, que exprimem seu caráter essencial
de favorecer a adaptação do indivíduo ao ambiente. No contexto da neuropsicologia, a avaliação da
linguagem não pode ser concebida de forma dissociada de componentes linguísticos, cognitivos e
sociais.
O componente cognitivo refere-se à transformação dos múltiplos inputs do ambiente em
conhecimento, à organização, ao armazenamento, à recuperação e à transformação.
O componente linguístico diz respeito aos aspectos fonológicos e sintáticos, organizados segundo
regras, e aos aspectos semânticos e pragmáticos; diz respeito ao conteúdo lexical (dicionário) e dos
discursos.
A observação de déficits permite caracterizar o diagnóstico das seguintes condições: afasias,
demências, alterações linguístico-cognitivas, síndromes de hemisfério direito e outras disfunções.

Dois questionários merecem destaque: o Índice de Efetividade Comunicativa (CETI) (Lomas et al.,
1989) e a Avaliação Funcional de Habilidades de Comunicação para Adultos (Frattali, Holland,
Thompson, Wohl, & Ferketic, 2004).
No Brasil, dois testes abrangentes para diagnóstico das afasias vêm sendo estudados com vistas à
obtenção de referências de normalidade de população local: o Teste de Boston e o Protocolo de
Avaliação de Linguagem Montreal-Toulouse.
Os rastreios destinam-se à identificação da presença ou ausência de alterações de linguagem e ao
fornecimento de indicadores para a continuidade da avaliação e a introdução de procedimentos
terapêuticos. São interessantes para aplicação em situações de internação, como, por exemplo, em
fase recente de ocorrência de acidente vascular cerebral ou quando o paciente não se apresenta
disposto para a realização de avaliação abrangente.

Afasias

Alexias
• Alterações da leitura
• Pós Lesão
• Tipos
• Posterior
• Central
• Anterior
Agrafia
• Perda de capacidade de produzir linguagem escrita
• Central
• Periférica
Acalculia
• Incapacidade de compreender operações matemáticas básicas

MEMÓRIA
A memória é a capacidade de modificar o comportamento em função de experiências anteriores,
sendo dependente de diferentes estruturas do sistema nervoso central. É um fenômeno complexo
estudado por várias áreas do conhecimento. Tem papel central para o ser humano e para sua
constituição como indivíduo, seu self, justamente por ser primordial para qualquer tipo de
aprendizagem. Para sua avaliação, é necessário conhecimento claro de seus estágios, dos modelos
propostos e do que se pretende avaliar, sendo a entrevista inicial de grande importância. O déficit de
memória pode ocorrer ou ser central em diversos transtornos psiquiátricos, como amnésias e
demências, além de fazer parte do envelhecimento saudável.
Os estágios da memória são os de aquisição (registro ou codificação), consolidação (retenção ou
armazenamento) e evocação (recordação ou recuperação) (Oliveira, 2007). Neste último mecanismo,
dois processos importantes são utilizados: o resgate e o reconhecimento. Uma boa avaliação da
aquisição de memória precisa ser concomitante à avaliação da atenção, uma vez que esta pode
interferir nesse estágio, não significando déficit de memória.

A memória de curto prazo, do ponto de vista funcional, foi assimilada ao conceito de MO. A MO
tem a função de selecionar, analisar, conectar, sintetizar e resgatar as informações já aprendidas,
fazendo conexão com as informações novas, prejuízos nesse componente podem estar associados a
diferentes impactos na aprendizagem (Lima, 2005), já que essa habilidade estaria ligada a atividades
complexas, como raciocínio e compreensão, além do próprio aprendizado.
A investigação da MO e seus componentes contribui de maneira direta para o diagnóstico diferencial
em neuropsicologia, na identificação dos fenótipos cognitivos e nas possíveis relações com a
aprendizagem. As tarefas de Span de Dígitos em ordem inversa, para os aspectos verbais, e Cubos de
Corsi, para os aspectos visioespaciais, são comumente utilizadas para a avaliação da MO. Os dígitos
de ordem inversa avaliam a MO, enquanto os dígitos de ordem direta examinam a retenção de
informação.
Memória declarativa
Também chamada de memória explícita, a memória declarativa consiste no armazenamento e na
recuperação consciente de conhecimentos sobre informações adquiridas, bem como de experiências
vividas pelo indivíduo (Squire & Knowlton, 2000). Tulving (1972) propôs a divisão da memória
declarativa em dois subsistemas: a memória episódica e a memória semântica. A memória episódica
refere-se à recuperação de informações relacionadas a eventos pessoais e autobiográficos (“quando”
e “onde”). A memória semântica, por sua vez, pode ser comparada a uma enciclopédia, em que há o
armazenamento dos conhecimentos de conceitos (“o que”), sendo importante para a linguagem
(Abreu et al., 2014). Uma maneira de avaliar a memória declarativa episódica é por meio do Teste
de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT). Outro instrumento que avalia a memória
episódica é o Figuras Complexas de Rey.
O teste de Fluência Verbal, por sua vez, indica prejuízos na memória semântica. Além de avaliar a
memória semântica, esse teste também examina a linguagem e a função executiva, pois exige
desenvolvimento de estratégias na busca de palavras (Lezak et al., 2004). O Instrumento de
Avaliação Neurológica Breve (NEUPSILIN; Fonseca, Salles, & Parente, 2009) e sua versão para
crianças (NEUPSILIN-Inf; Salles et al., 2016) apresentam subtestes capazes de avaliar memória
operacional, episódica e semântica. As tarefas obedecem ao paradigma do Span de Dígitos e do
RAVLT.
A memória não declarativa envolve a capacidade de evocar e realizar atos ou comportamentos que
anteriormente exigiam esforço cognitivo consciente, mas que, com a exposição repetida da
atividade, já não requerem mais resgate consciente e intencional; por isso também é chamada de
memória implícita (Schacter, 1987). Déficits na memória implícita podem afetar o aprendizado de
atividades da vida diária, como cozinhar ou dirigir um carro (Abreu et al., 2014).
O priming é avaliado por meio de tarefas em que o examinando deve, por exemplo, identificar
ou completar palavras a partir de dicas fornecidas previamente ou de conhecimentos
anteriores que já são automatizados (Rajaram & Roediger, 1993). Tarefas motoras e
visiomotoras são bastante úteis para avaliar habilidades e hábitos. Por exemplo, o indivíduo
pode escrever ou desenhar imagens projetadas em espelhos, bem como realizar tarefas de
labirintos e torres, como Torre de Londres ou Torre de Hanói (Abreu et al., 2014).
A memória prospectiva (MP) corresponde à capacidade de se lembrar de realizar uma ação
pretendida em algum momento futuro, sendo na presença ou na ausência de um lembrete
específico (Eysenck, 2011).
Quanto à avaliação neuropsicológica da MP, os instrumentos mais usados são os questionários
autoaplicáveis, como o Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva (PRMQ). Teste de
Memória Prospectiva de Cambridge (CAMPROMPT) – que incorporam tarefas baseadas em MP
de tempo e eventos na presença de tarefas distratoras lexicais. O NEUPSILIN, avalia a MP por
meio de uma instrução dada no início da aplicação do instrumento, sendo que ela deve ser
cumprida no final da aplicação do teste.

AGNOSIAS
■ Gnosis significa "conhecer"
■ Agnosia significa "sem conhecimento"
“Dificuldade ou incapacidade de reconhecer ou apreciar a identidade ou natureza do estímulo
sensorial”
■ Os critérios para agnosia são
– 1 - falha em reconhecer um objeto
– 2 - percepção normal do objeto, excluindo-se um problema sensorial elementar
– 3 - habilidade de nomear um objeto uma vez que é reconhecido, excluindo-se a
anomia como o principal déficit
– 4 - Ausência generalizada de síndromes neurocognitivas (e transtornos
demenciais)
■ Agnosia é o resultado de lesões que disconectam e isolam as 'entradas' visual, auditiva
e somatosensorial do processamento cognitivo superior
■ definida como uma profunda dificuldade de reconhecimento (de modalidade
específica) na presença do funcionamento normal das funções sensoriais primárias que
não é melhor explicada por
– Deterioração mental
– Distúrbios atencionais
– Falta de familiaridade com o estímulo utilizado para investigação
■ Visual:
– Ventral occitotemporal (o quê) - reconhecimento de objetos
– Dorsal occipitoparietal (onde) - processamento espacial
– Integração das informações das vias dorsal e ventral acontecem no lobo
parietal inferior
– Auxilia no reconhecimento de objetos e fornece informações sobre a
localização no espaço (conhecimento funcional)
– Tipos: Agnosia visual de objeto: Aperceptiva (O objeto não é visto no todo em
uma forma significativa); Associativa (Não consegue interpretar, entender ou
apontar significado ao objeto, face ou palavra, mas consegue copiá-lo).
Simultagnosia (Reconhece objetos isoladamente, mas grande dificuldade com
objetos sobrepostos). Prosopagnosia. Agnosia de cor.
■ Auditiva - Incapacidade de reconhecer determinados sons.
■ Tátil - Incapacidade de reconhecer objeto com o tato.
■ Somatognosia: conhecimento do nosso esquema corporal, a imagem espacial do nosso
próprio corpo.

■ Hemi-inatenção (Hemi-negligência): negligência de um hemicorpo e do hemi-espaço.


■ Teste dos cookies
■ Teste de LILIA GHENT – simultagnosia ou integrativa
■ Teste de reconhecimento facial de Benton – Prosopagnosia
■ Completar Figuras – Wisc e Wais
■ Completar Figuras: Stanford-Binet
■ Nomeação de partes do corpo humano.
■ Nomeação de cores, figuras (objetos comuns)

VISIOCONSTRUÇÃO
Referido também na literatura como praxia construtiva, a visioconstrução é uma habilidade
que está relacionada ao processo de juntar organizadamente estímulos para formar um todo.
Qualquer comportamento em que a manipulação de elementos gere um produto final, seja no
âmbito bidimensional, seja no tridimensional, está ligado à visioconstrução.

MOTIVAÇÃO
Motivação intrínseca e extrínseca na aprendizagem: A motivação intrínseca leva a maior
persistência, se envolve mais, engaja mais e tem um desempenho acadêmico melhor. Testes
projetivos, Escala para avaliação da motivação infanto juvenil. Escala de motivação para
aprender de alunos do ensino fundamental – teoria da auto determinação.

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