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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O envelhecimento traz consigo mudanças morfológicas e funcionais no


cérebro, incluindo redução do volume cerebral, diminuição do número de neurônios
e sinapses, bem como alterações em diversas regiões corticais.
Também é possível observar modificação no aspecto cognitivo, como o
declínio na velocidade de processamento de informações. Os idosos podem
apresentar uma menor capacidade de processar e responder a estímulos
rapidamente, o que pode tornar as tarefas cognitivas mais lentas e desafiadoras.
Além disso, a memória de curto prazo tende a sofrer um certo declínio com o
envelhecimento. Os idosos podem ter dificuldade em lembrar detalhes recentes ou
manter a atenção por longos períodos, o que pode afetar sua capacidade de realizar
atividades diárias de forma eficiente.
No entanto, é importante notar que nem todas as habilidades cognitivas
sofrem um declínio significativo com a idade. Por exemplo, habilidades adquiridas
ao longo da vida, como conhecimento prático e vocabulário, tendem a permanecer
estáveis ou até mesmo melhorar com o tempo.
Além disso, muitos idosos desenvolvem estratégias de enfrentamento
eficazes para lidar com as dificuldades cognitivas. Eles podem aprender a
compensar a perda de memória utilizando técnicas de organização ou recorrendo a
dispositivos de auxílio.
Porém, é necessário ter em vista que estas mudanças podem afetar diversas
áreas cognitivas e emocionais. É importante ficar atento e levar o idoso para realizar
uma avaliação precisa para identificar possíveis déficits ou até mesmo o
desenvolvimento de doenças, que são comuns nessa idade. Caso seja identificado,
receberá orientações adequadas.
Dentre as causas mais comuns de demência em idosos, destacam-se a
doença de Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e
demência frontotemporal. Cada uma dessas condições apresenta padrões distintos
de comprometimento cognitivo e emocional, o que ressalta a importância de uma
avaliação diferenciada para um diagnóstico preciso.
No caso da doença de Alzheimer, por exemplo, o declínio da memória
episódica, desorientação espacial e alterações de linguagem são sintomas comuns,
decorrentes do comprometimento inicial da formação hipocampal e posteriormente
de áreas corticais associativas. Já na demência vascular, os déficits cognitivos
podem estar relacionados à presença de lesões cerebrovasculares, podendo afetar
diferentes áreas do cérebro dependendo da localização e extensão das lesões.
É importante salientar que o diagnóstico diferencial entre as diferentes
causas de demência requer uma avaliação neuropsicológica abrangente, que inclua
testes específicos para diferentes áreas cognitivas, como memória, linguagem,
funções executivas e habilidades visuoespaciais. Além disso, a avaliação emocional
também desempenha um papel fundamental, pois sintomas psicóticos e alterações
de humor são frequentes em diversas condições demenciais.
1.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

A avaliação neuropsicológica do idoso é importante para a compreensão dos


processos cognitivos e emocionais nessa fase da vida, especialmente considerando
o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas nessa faixa etária. Esse
processo envolve a detecção, quantificação e interpretação de disfunções
cognitivas, comportamentais e emocionais causadas por lesões ou disfunções
cerebrais, bem como a identificação de habilidades cognitivas mais fortes ou mais
fracas na ausência de um diagnóstico específico.
A avaliação neuropsicológica baseia-se em diversas fontes de dados,
incluindo entrevistas com o próprio paciente e informantes, observação contínua da
cognição e desempenho em tarefas clínicas, ecológicas ou padronizadas, além de
testes neuropsicológicos. Estes testes constituem a principal ferramenta para
interpretação neurocognitiva quantitativa, enquanto outros procedimentos
possibilitam uma interpretação qualitativa das respostas e padrões de desempenho.
Ao realizar uma avaliação neuropsicológica do idoso, é importante considerar
diversos aspectos, como a queixa principal que gerou o encaminhamento, a
adequação dos testes para o paciente em termos de idade, escolaridade e nível
cognitivo, a disponibilidade de dados normativos para os testes e a abrangência da
bateria de testes, que deve avaliar amplamente os domínios cognitivos.
Além disso, é crucial equilibrar a ordem dos testes para evitar resultados de
confusão por influência de estímulos semelhantes entre duas tarefas. Por exemplo,
após a avaliação da memória episódico-semântica por meio de uma lista de
palavras, é importante administrar tarefas predominantemente não verbais para
evitar interferências.
A avaliação neuropsicológica detalhada é recomendada, especialmente nos
estágios iniciais de demência, onde os testes breves podem não ser sensíveis o
suficiente para detectar alterações cognitivas. Essa abordagem fornece dados
precisos sobre o perfil das alterações cognitivas, auxiliando no diagnóstico
diferencial e na identificação de formas específicas de demência.
Dentre os teste utilizados para a avaliação neuropsicológica, destaca-se os
seguintes: Teste de construção de palitos, teste de katz, questionário de falhas
cognitivas, teste de fluência verbal alternada, mini exame do estado mental e escala
de depressão geriátrica.

ZANINI, Rachel Schlindwein. Demência no idoso: aspectos neuropsicológicos. Revista


Neurociências, v. 18, n. 2, p. 220-226, 2010.

Santos, Flávia, H. et al. Neuropsicologia hoje . Disponível em: Minha Biblioteca,


(2ª edição). Grupo A, 2015.

SOARES, Edvaldo. Memória e envelhecimento: aspectos neuropsicológicos e estratégias


preventivas. Portal dos psicólogos, p. 1-8, 2006.

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