O envelhecimento traz consigo mudanças morfológicas e funcionais no
cérebro, incluindo redução do volume cerebral, diminuição do número de neurônios e sinapses, bem como alterações em diversas regiões corticais. Também é possível observar modificação no aspecto cognitivo, como o declínio na velocidade de processamento de informações. Os idosos podem apresentar uma menor capacidade de processar e responder a estímulos rapidamente, o que pode tornar as tarefas cognitivas mais lentas e desafiadoras. Além disso, a memória de curto prazo tende a sofrer um certo declínio com o envelhecimento. Os idosos podem ter dificuldade em lembrar detalhes recentes ou manter a atenção por longos períodos, o que pode afetar sua capacidade de realizar atividades diárias de forma eficiente. No entanto, é importante notar que nem todas as habilidades cognitivas sofrem um declínio significativo com a idade. Por exemplo, habilidades adquiridas ao longo da vida, como conhecimento prático e vocabulário, tendem a permanecer estáveis ou até mesmo melhorar com o tempo. Além disso, muitos idosos desenvolvem estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com as dificuldades cognitivas. Eles podem aprender a compensar a perda de memória utilizando técnicas de organização ou recorrendo a dispositivos de auxílio. Porém, é necessário ter em vista que estas mudanças podem afetar diversas áreas cognitivas e emocionais. É importante ficar atento e levar o idoso para realizar uma avaliação precisa para identificar possíveis déficits ou até mesmo o desenvolvimento de doenças, que são comuns nessa idade. Caso seja identificado, receberá orientações adequadas. Dentre as causas mais comuns de demência em idosos, destacam-se a doença de Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal. Cada uma dessas condições apresenta padrões distintos de comprometimento cognitivo e emocional, o que ressalta a importância de uma avaliação diferenciada para um diagnóstico preciso. No caso da doença de Alzheimer, por exemplo, o declínio da memória episódica, desorientação espacial e alterações de linguagem são sintomas comuns, decorrentes do comprometimento inicial da formação hipocampal e posteriormente de áreas corticais associativas. Já na demência vascular, os déficits cognitivos podem estar relacionados à presença de lesões cerebrovasculares, podendo afetar diferentes áreas do cérebro dependendo da localização e extensão das lesões. É importante salientar que o diagnóstico diferencial entre as diferentes causas de demência requer uma avaliação neuropsicológica abrangente, que inclua testes específicos para diferentes áreas cognitivas, como memória, linguagem, funções executivas e habilidades visuoespaciais. Além disso, a avaliação emocional também desempenha um papel fundamental, pois sintomas psicóticos e alterações de humor são frequentes em diversas condições demenciais. 1.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
A avaliação neuropsicológica do idoso é importante para a compreensão dos
processos cognitivos e emocionais nessa fase da vida, especialmente considerando o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas nessa faixa etária. Esse processo envolve a detecção, quantificação e interpretação de disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais causadas por lesões ou disfunções cerebrais, bem como a identificação de habilidades cognitivas mais fortes ou mais fracas na ausência de um diagnóstico específico. A avaliação neuropsicológica baseia-se em diversas fontes de dados, incluindo entrevistas com o próprio paciente e informantes, observação contínua da cognição e desempenho em tarefas clínicas, ecológicas ou padronizadas, além de testes neuropsicológicos. Estes testes constituem a principal ferramenta para interpretação neurocognitiva quantitativa, enquanto outros procedimentos possibilitam uma interpretação qualitativa das respostas e padrões de desempenho. Ao realizar uma avaliação neuropsicológica do idoso, é importante considerar diversos aspectos, como a queixa principal que gerou o encaminhamento, a adequação dos testes para o paciente em termos de idade, escolaridade e nível cognitivo, a disponibilidade de dados normativos para os testes e a abrangência da bateria de testes, que deve avaliar amplamente os domínios cognitivos. Além disso, é crucial equilibrar a ordem dos testes para evitar resultados de confusão por influência de estímulos semelhantes entre duas tarefas. Por exemplo, após a avaliação da memória episódico-semântica por meio de uma lista de palavras, é importante administrar tarefas predominantemente não verbais para evitar interferências. A avaliação neuropsicológica detalhada é recomendada, especialmente nos estágios iniciais de demência, onde os testes breves podem não ser sensíveis o suficiente para detectar alterações cognitivas. Essa abordagem fornece dados precisos sobre o perfil das alterações cognitivas, auxiliando no diagnóstico diferencial e na identificação de formas específicas de demência. Dentre os teste utilizados para a avaliação neuropsicológica, destaca-se os seguintes: Teste de construção de palitos, teste de katz, questionário de falhas cognitivas, teste de fluência verbal alternada, mini exame do estado mental e escala de depressão geriátrica.
ZANINI, Rachel Schlindwein. Demência no idoso: aspectos neuropsicológicos. Revista
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