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PROFESSORA: Solange Salete Toccolini Zorzo TURMA: 712

ALUNO: Rodrigo Reis Pereira de Santana DATA: Mar/Abr de 2021


DISCIPLINA: Língua portuguesa CURSO: Informática
O “Romance” de “Tristão e Isolda”

A lenda de Tristão e Isolda, uma linda e trágica história de amor escrita por
Joseph Bédier. Narra o romance do valente cavaleiro Tristão da Cornoalha e da
bela princesa Isolda a loura. Tudo começou com um vinho batizado com uma
poção do amor, que os dois beberam acidentalmente. Para a infelicidade dos
amantes Isolda já estava prometida ao rei Marc, tio de Tristão e o jovem nunca
o trairia, pois era um vassalo fiel, contudo a beberagem fez com que juntos,
Tristão e Isolda, se amassem com todos os seus sentidos e com todos os seus
pensamentos, para sempre, na vida e na morte e assim aconteceu. Isolda casou-
se com o rei, porém vivia um romance proibido com Tristão. muitas coisas os
jovens sofreram por amor até que foram descobertos, Tristão é banido do Reino
e casa-se com outra, mas seu amor por Isolda continuava tão intenso quanto
antes. Depois de muitos acontecimentos, aventuras e tristezas amorosas Tristão
é ferido gravemente e pede para que busquem Isolda para curá-lo, enquanto
Isolda estava a caminho, sua esposa com ciúmes engana-o dizendo que a moça
não iria vir, Tristão acaba morrendo e Isolda ao vê-lo também morre de tristeza.
Os dois foram enterrados lado a lado e nasceu entre seus túmulos uma grande
roseira que liga suas sepulturas para toda a eternidade.
Além de ser uma bela história de amor, o livro Tristão e Isolda sendo um
clássico que se passa na idade média traz muitas características desta época,
como o trovadorismo. O trovadorismo é um movimento literário caracterizado
pelas cantigas líricas, escritas e cantadas pelos trovadores. Uma propriedade do
trovadorismo na história é o fato de Tristão ser um personagem masculino, um
cavaleiro apaixonado, que possuí um amor serviu e vassalo, mesmo sendo
proibido, para com sua amada Isolda a loura e a deixa saber de todo esse amor
por meio de cantigas e cortejos que idealiza exatamente o trovadorismo, já que
esse amor que coloca sua amada como sua senhora é o que podemos relacionar
às famosas cantigas de amor. E Isolda sendo uma figura feminina de uma jovem
mulher apaixonada, com características próprias, que demonstra esse amor
sincero e natural, dirigindo-se ao seu amigo e ele correspondendo-o é o que
podemos afirmar serem as cantigas de amigos, ou seja, outra característica do
trovadorismo.
O amor de Tristão e Isolda vem atravessando vários séculos, influenciando e
expirando muitos obras, tanto que existem várias releituras incríveis dessa lenda,
podemos citar por exemplo o filme Romance de Guel Arraes, uma verdadeira
obra de arte que adapta o contexto histórico e cultural do livro, que se passa na
Europa na idade média, para uma versão brasileira do antigo Nordeste, troca os
trovadores pelos repentistas nordestino, os cavaleiro pelos vaqueiros e os reis e
rainhas pelos grandes proprietários de terras e de gados. Os personagens
principais da história são Ana e Pedro que no filme são artistas que interpretam
Tristão e Isolda em um teatro e acabam se tornando esses mesmos personagens
em suas vidas reais, ou seja, existe uma mistura entre a vida e a arte de um
modo permanentemente e sem volta, esses elementos remetem ao uso de umas
das funções de linguagens de Jakobson, a metalinguística, um código que utiliza
a linguagem para falar da própria linguagem nesse caso utiliza-se um filme pra
falar do próprio filme.
Além da utilização da lenda de Tristão e Isolda em seu filme, Guel Arraes usa
elementos de outras obras, como de livros e pinturas que são mencionados
brevemente durante o desenvolvimento da história, isso é o que podemos
nomear de intertextualidade, ou seja, é uma obra que cita outras obras
existentes. Podemos usar de exemplo a frase “Que importa o som da minha voz!
É o som do meu coração que devias ouvir.” Um trecho do livro de Tristão e Isolda
citado no filme Romance, mesmo sendo em contextos diferentes. No livro essa
frase é usada quando Tristão fica irreconhecível fisicamente, sua voz e aparência
ficam diferente, Isolda não ô-reconhece e Tristão em seguida faz a utilização
dessa frase para justificar que não importa sua aparência, mas o seu amor. Já
no filme Romance a frase é utilizada não para explicar a modificação física e o
amor de Pedro, mas sim para explicar a falta de palavras que ele usa para
expressar sua alegria. Ambas as frases estão no sentido conotativo, uma vez
que não há como escutar o som do coração, pois o coração é apenas um órgão
muscular, mas que no contexto figurado significa que se deve ouvir a voz do
amor acima de qualquer coisa. Os dois trechos sendo iguais possuem o mesmo
significante, porém como já citado antes, as frases foram usadas em dois
contextos diferentes e para justificar coisas diferenciadas, consequentemente
seu significado e seu referente mudam.
Como visto antes o diretor do filme Romance utiliza a função metalinguística
em sua obra, mas além dessa função existem outras cinco funções de Jakobson,
a referencial, a emotiva, a apelativa, a fática e a poética totalizando seis funções
da linguagem. A que mais predomina no livro de Tristão e Isolda é a função
emotiva, caracterizada pela mensagem que tem como objetivo emocionar e é
sempre utilizada em primeira pessoa no plural ou singular. Vemos essa função
no livro nas falas dos personagens, como por exemplo: “Não, a muralha de ar já
está rompida, e não é aqui vergel maravilhoso. Mas um dia, amiga, iremos juntos
ao País Venturoso do qual ninguém volta. Lá se ergue um castelo de mármore
branco; em cada uma das suas mil janelas brilha um círio aceso; em cada uma
delas um trovador toca e canta uma melodia sem fim; lá o sol não brilha e, no
entanto, ninguém sente falta de sua luz: é o feliz país dos vivos.” Uma fala de
Tristão muito comovente utilizada em seu primeiro encontro proibido com Isolda
a loura, essa frase idealiza a função emotiva, uma vez que possuem as
características ciadas acima.
Amor é a palavra que defini as duas obras com grande precisão, pois
perpassam intensamente por ambas. O amor é, na minha humilde opinião, nossa
inacabável fonte de poder, capaz de causar grandes alegrias e grandes
sofrimentos. Segundo o livro de Tristão e Isolda o amor é uma maldição sem
retorno, uma força que impele a razão, uma fúria que liga as almas dos amantes
para sempre, na vida e na morte e faz com que os apaixonados nuca mais
tenham alegria sem dor. No filme Romance o conceito de amor não é muito
diferente. Amar nessa obra significa sofrer. Conforme o filme diz, todas as
histórias românticas incluindo a de Tristão e Isolda, os amantes são felizes e
morrem de amor e isso acaba ocorrendo na realidade, porém com um contexto
de morte mais leve, contudo também é mostrado outro lado que afirma que o
único sofrimento de amor é não ser correspondido e não amar, ou seja, amar é
sofrer e não amar é se torturar.
Neste texto falamos sobre as obras de Joseph Bédier e Guel Arraes, ambas
são histórias que giram em torno do amor. O livro de Tristão e Isolda é uma lenda
muito interessante que não trata apenas o amor, mas também os costumes e a
cultura do local e da época em que ocorreu a história, o amor é visto nesse conto
como a mais poderosas das emoções que vence a honra, a fidelidade, as
dificuldades e todas os outros sentimentos por mais fortes que sejam, é um livro
cheio de detalhes e aventuras muito divertidas de se ler de se viver juntos com
os personagens, sentimos todas as suas aflições, alegrias, medos,
preocupações e a força do amor que os unem, é um livro que mexe muito com
a emoção do leitor, usa falas interessantes e comoventes com a linguagem
medieval da época. O filme Romance é uma releitura interessante da lenda de
Tristão e Isolda, mas tem sua própria história por traz, a história de Ana e Pedro,
dois apaixonados que amam as artes românticas e recitam essas obras durante
suas vidas e acabam vivendo elas muito mais do que eles pensam, um filme
muito bem-produzido cheio de segundas intensões por traz das cenas. foi muito
interessante a utilização do cordel contanto a história de Tristão e Isolda no
sertão e a forma como amor foi representado de diversas formas diferentes
dentro do filme. Concluísse que o amor é imortal e poderoso algo sem definição
e forma, mas que é sentido como fogo ardente tocando a palha e se espalhando
tão rapidamente que quando é percebido já é tarde demais.

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