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José Maria Pascoal Júnior – 27/09/19

O Morro dos Ventos Uivantes


Sofrimentos, desencontros, infelicidades, violência doméstica e, dentre muitos outros sentimentos depreciativos,
um amor platônico por decisão dos envolvidos, este é contexto do Morro dos Ventos Uivantes, conhecido mais por
Wuthering Heights ou por Colina dos Vendavais nas traduções de Portugal. Já adiantando, a escolha desta obra, uma
verdadeira pérola da literatura inglesa, é devida por ser daqueles livros que sempre via na prateleira de minha casa,
quando criança.
O livro conta a história de duas boas famílias, cujas propriedades eram vizinhas em uma Inglaterra agrária, a
Granja dos Tordos e a singular casa do Morro dos Ventos Uivantes, habitadas por pais e filhos que viviam suas vidas
rotineiras, até que Earnshaw, o patriarca de uma destas famílias, em uma de suas viagens por Londres, encontra uma
criança órfão maltrapilha e a leva para viver no seio de sua convivência, desprendendo-lhe um carinho que será fonte de
inveja e discórdia, principalmente por seu filho mais velho, Hindley, apenas compensado pela afeição que a pequena irmã
Catherine (Cathy) vai desenvolver por esse intruso batizado como Heathcliff, o principal personagem deste enredo.
Heathcliff vai viver pouco tempo com cuidado e atenção, brincando alegremente com Cathy, até a morte do Sr.
Earnshaw. Hindley sendo o novo empoderado herdeiro, despreza e desfaz o que pode para humilhar e se vingar daquele
que considerava um usurpador, mas não vai impedir que Heathcliff e Cathy desenvolvam um relacionamento para além
da amizade enquanto crescem, até que a moça conhece, por acidente, seus encantadores e de berços nobres vizinhos,
Edgar e Isabella Linton, por quem desenvolve uma grande simpatia, começando um convívio que descartará, cada vez
mais, a companhia de Heathcliff.
Hindley casa e sua esposa engravida, mas falece ao dar à luz ao pequeno Hareton Earnshaw, que vai crescer aos
cuidados da criada Nelly Dean. Neste interim, Catherine declara seu amor por Heathcliff, mas ao mesmo tempo o despreza
por sua condição simplória e acaba se casando com o filho dos Linton, o que faz seu antigo amor desenvolver uma grande
revolta e sumir no mundo por um bom tempo. Entretanto, Heathcliff retorna com posses e começa aos poucos comprar
e tornar-se senhor do Morro dos Ventos Uivantes, uma vez que Hindley se converte em um ébrio jogador compulsivo que
vai contraindo dívidas em jogatinas. Será a oportunidade de Heathcliff, alçado a uma nova posição social, procurar a agora
casada Sr.ª Catherine, atrapalhando a todo o custo o matrimônio de Cathy com Edgar. Heathcliff também tomará conta
de Hareton como um filho, mas não sem deixar de exercer uma péssima influência.
Para provocar Cathy neste meio tempo, Isabella acaba indo morar e se casa com Heathcliff, mas logo descobre
que este se casou pelo interesse de suas posses e não a ama, muito lhe maltratando, o que determina sua fuga para bem
longe deste cruel marido, tendo um filho dessa relação que se chamará Linton Heathcliff, e falecendo doze anos mais
tarde. Já Heathcliff não se conforma e faz algumas visitas a Cathy que passa a ignorar totalmente seu marido. Cathy,
entretanto, engravida de Edgar e morre ao dar à luz, mas não sem antes amaldiçoar Heathcliff, dizendo que sua alma
sempre estaria presente com ele. Sua filha, a pequena Catherine, nasce sem qualquer amor, atenção ou amparo e ainda
com a promessa de vingança por parte de Heathcliff por ser um dos motivos da perda de sua amada e ser filha de seu
oponente.
A primeira parte do livro até aqui comentada será contada pela criada Nelly que se tornará já no final da trama, a
governanta da Granja dos Tordos e receberá o Sr. Lockwood, inquilino que fica escandalizado com a má recepção por
parte de Heathcliff ao ocupar a propriedade. Nelly contará a Lockwood não somente o começo, mas toda a segunda parte
desta história dos Linton e Earnshaw, marcada pelo casamento a força de Catherine com Linton Heathcliff, em seguida o
falecimento de Edgar e por fim a ida de Catherine para uma vida de total maus tratos e cerceamento no Morro dos Ventos
Uivantes, onde este filho de Heathcliff, de saúde frágil e personalidade nefasta como o pai, estará presente e muito
contribuindo para bem atormentar a vida de sua pretendente.
Não muito menor, a segunda fase deste conto irá retratar o péssimo relacionamento entre Cathy filha e Linton
filho, agregado ao tratamento odioso e de violência que Heathcliff tem por esta, e acabará somente pelo óbito do
debilitado Linton e, principalmente, pela morte em fantasmagóricas condições de Heathcliff, o que ocorrerá bem no
epílogo, indicando que Cathy, herdeira das propriedades e de toda uma vida de angústias, superará por um
relacionamento promissor de carinho com Hareton Earnshaw.
O contexto histórico da obra é o do século XVII, sendo escrito sob o pseudônimo de Ellis Bell por Emily Brontë,
uma jovem escritora irmã de Charlotte (autora de Jane Eyre) e de Anne (autora de Agnes Grey). A família Brontë vivia na
aldeia de Haworth, nos morros de Yorkshire, tendo uma severa criação religiosa por conta do pai, sacerdote da igreja
local. Emily também tinha duas irmãs mais velhas que acabaram morrendo ao frequentar um colégio interno e um irmão
alcoólatra, tendo a escritora morrido aos trinta anos, também com a tuberculose que vitimou suas irmãs. A autora não se
casou e viveu uma vida cercada pela morte e pela frágil condição de saúde, o que é bem retratado em sua obra.

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José Maria Pascoal Júnior – 27/09/19

Leitura fácil e obrigatória para quem busca compreender o significado da vida pelos clássicos, o grande recado
que transmite é em si uma questão moral, destacando o quão a falta de carinho, atenção e amor na vida de um ser
humano pode transformá-lo em um verdadeiro carrasco inerte a qualquer percepção de empatia, o que bem denota a
figura de Heathcliff. Em que pese o título acompanhar algumas edições com a citação Morro dos Ventos Uivantes: Um
Amor que Nunca Morre, em minha visão, é mais um livro de ódio do que de amor e de como pode ser degradante o
relacionamento das pessoas. Há relevantes questões metafísicas, marcantes pelas aparições do fantasma de Catherine
em algumas passagens, também indicando que o verdadeiro amor somente pode ocorrer no plano do além.
A tradução que foca esta resenha é a de Ana Maria Chavez, da edição de 2009 da Editora Luz e Papel, embora
possam ser encontradas ao menos mais vinte edições e traduções. Escrito o original em 1847, foi inspiração de músicas
de cantores renomados como a banda Genesis e a cantora Kate Bush, tendo pelo menos seis adaptações para o cinema.
Pode ser encontrado para venda por valores a partir de R$ 15,00, mas é possível baixá-lo na Internet em:
http://lelivros.love/book/download-livro-o-morro-dos-ventos-uivantes-emily-bronte-em-epub-mobi-e-pdf/, acesso em
27 set. 2019.

Paz e Bem!

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