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CÓD: OP-104JL-23

7908403539406

CORE-RO
CONSELHO REGIONAL DOS REPRESENTANTES COMERCIAIS
NO ESTADO DE RONDÔNIA

Assistente Administrativo
EDITAL Nº 1, DE 30 DE JUNHO DE 2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos literários e/ou informativos, extraídos de livros, revistas e jornais. Interpretação de
textos verbais, não verbais e mistos: quadrinhos, tiras, outdoors, propagandas, anúncios etc................................................. 7
2. Nova ortografia........................................................................................................................................................................... 16
3. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 17
4. Pontuação................................................................................................................................................................................... 18
5. Crase........................................................................................................................................................................................... 19
6. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Morfossintaxe: classes de palavras: estrutura, formação, flexão e
emprego no contexto da enunciação......................................................................................................................................... 20
7. Frase, oração e período. Termos da oração e suas funções morfossintáticas. Relações sintático-semânticas entre as orações
de um período. Processo de coordenação e de subordinação................................................................................................... 27
8. Sintaxe de concordância e regência............................................................................................................................................ 29
9. Semântica: sinônimos e antônimos. Conotação e denotação.................................................................................................... 32
10. Figuras de Linguagem................................................................................................................................................................. 33

Raciocínio Lógico-Matemático
1. Operações, propriedades e aplicações (soma, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação). Conjuntos numé-
ricos (números naturais, inteiros, racionais e reais) e operações com conjuntos....................................................................... 47
2. Princípios de contagem e probabilidade. Arranjos e permutações. Combinações..................................................................... 56
3. Razões e proporções (grandezas diretamente proporcionais, grandezas inversamente proporcionais).................................... 62
4. Porcentagem............................................................................................................................................................................... 63
5. Regras de três simples e compostas........................................................................................................................................... 65
6. Equações e inequações............................................................................................................................................................... 66
7. Sistemas de medidas. Volumes................................................................................................................................................... 69
8. Compreensão de estruturas lógicas. Lógica de argumentação (analogias, inferências, deduções e conclusões). Diagramas
lógicos......................................................................................................................................................................................... 71

Noções de Informática
1. Sistema operacional Windows 10 ou superior: área de trabalho, uso dos menus, barra de tarefas, barras de título, programas
e aplicativos................................................................................................................................................................................ 95
2. Conceitos básicos de pastas e arquivos: manipulação (criar, mover, copiar, excluir, renomear) compartilhamento, principais
extensões, atalhos...................................................................................................................................................................... 97
3. Software de elaboração de textos (Word versão 2013 ou superior): estrutura básica dos documentos, edição e formatação
de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de
quebras e numeração de páginas, legendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto.................... 99
4. Software de planilhas eletrônicas (Excel versão 2013 ou superior): estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas,
colunas, pastas, tabelas e gráficos; formatação; elaboração de tabelas e gráficos; uso de fórmulas e funções mais básicas;
impressão; inserção de objetos; classificação de dados............................................................................................................. 108
5. Software de apresentação de slides (Power Point versão 2013 ou superior): estrutura básica das apresentações, conceitos
de slides; edição, formatação e impressão de apresentações; inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides............................................................................................................................................... 114
6. Correio eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos..................................... 119
ÍNDICE

7. Internet: principais navegadores, tipos de ameaças virtuais e defesas, navegação na internet, conceitos de URL, links, sites,
busca e impressão de páginas.................................................................................................................................................... 120
8. Hardware: dispositivos de entrada de dados, de saída de dados, periféricos e dispositivos de armazenamento..................... 125
9. Suíte de Escritórios LibreOffice: Writer, Calc e Impress, versão 6, ou superior.......................................................................... 126

Noções de Direito Constitucional e Direito Administrativo


1. Constituição Federal de 1988: Dos Princípios Fundamentais...................................................................................................... 135
2. Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Dos direitos sociais. Da Organização do Estado. Da Administração Pública. Da Orga-
nização dos Poderes. Da Ordem Social........................................................................................................................................ 135
3. Organização Administrativa: Centralização e Descentralização. Autarquia, Fundação, Empresa Pública e Sociedade de Econo-
mia Mista..................................................................................................................................................................................... 153
4. Lei da improbidade administrativa (Lei nº 8.429/1992, alterada pela Lei nº 14.230, de 25 de outubro de 2021) e suas altera-
ções.............................................................................................................................................................................................. 161
5. Licitações e Contratos Administrativos: Lei nº 14.133, de 1 de abril de 2021 e suas alterações. Dos Princípios. Das Definições.
Das Modalidades, Limites e Dispensa. Dos Contratos................................................................................................................. 170
6. Processo Administrativo na Administração Federal (Lei nº 9.784/99) e suas alterações............................................................ 211
7. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, Lei de Acesso a Informação................................................................................... 216
8. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018: Lei Geral de Proteção de Dados................................................................................... 223
9. Lei nº 12.514, de 28 de outubro de 2011 (arts. 3º ao 11)........................................................................................................... 236

Organização
1. Conceito e tipos de estrutura organizacional.............................................................................................................................. 239
2. Relações humanas, desempenho profissional, desenvolvimento de equipes de trabalho......................................................... 241
3. Noções de cidadania e relações públicas..................................................................................................................................... 246
4. Comunicação............................................................................................................................................................................... 248
5. Redação oficial de documentos oficiais. Expedição de correspondência: registro e encaminhamento...................................... 258
6. Protocolo: recepção, classificação, registro e distribuição de documentos................................................................................. 268

Funções administrativas
1. Planejamento, organização, direção e controle........................................................................................................................... 273
2. Noções de Administração Financeira........................................................................................................................................... 280
3. Administração de Pessoas........................................................................................................................................................... 281
4. Administração de Materiais......................................................................................................................................................... 283
5. Noções de Procedimentos Administrativos e Manuais Administrativos...................................................................................... 303
6. Noções de Organização e Métodos............................................................................................................................................. 305

Noções de Arquivologia
1. Conceitos fundamentais de arquivologia. Gerenciamento da informação e a gestão de documentos. Diagnósticos. Arquivos
correntes e intermediário. Protocolos. Arquivos permanentes.................................................................................................. 313
2. Avaliação de documentos........................................................................................................................................................... 321
3. Tipologias documentais e suportes físicos.................................................................................................................................. 323
ÍNDICE

4. Microfilmagem. Automação....................................................................................................................................................... 326


5. Preservação, conservação e restauração de documentos.......................................................................................................... 331

Atendimento ao Público
1. Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade; apresentação; atenção; cortesia; interesse; presteza; eficiência;
tolerância; discrição; conduta; objetividade............................................................................................................................... 337
2. Trabalho em equipe: personalidade e relacionamento; eficácia no comportamento interpessoal; fatores positivos do relacio-
namento; comportamento receptivo e defensivo; empatia; compreensão mútua.................................................................... 341
3. servidor e opinião pública. o órgão e a opinião pública............................................................................................................. 347
4. Postura profissional.................................................................................................................................................................... 348
5. relações interpessoais................................................................................................................................................................. 350
LÍNGUA PORTUGUESA

Apreensão
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Captação das relações que cada parte mantém com as outras
LITERÁRIOS E/OU INFORMATIVOS, EXTRAÍDOS no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender
DE LIVROS, REVISTAS E JORNAIS. INTERPRETAÇÃO o sentido integral.
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS E MISTOS: Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não
QUADRINHOS, TIRAS, OUTDOORS, PROPAGANDAS, compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
ANÚNCIOS ETC desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO interior do qual ganha sentido.
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que Compreensão
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
em se entender um texto? to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
receita; assim também não é superpondo frases que se constrói uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
um texto”.1 possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada uma série de etapas:
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, ali empregadas.
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já 2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
presentes. Veja a diferença: ídas dentro do texto
3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações ob-
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? tidas na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
Qual opção abaixo pertence ao grupo? procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
ao que é lido.
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer ler o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
curto e muitas questões. técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- contidas no texto e a localização das informações procuradas.
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come-
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de- E assim teremos:
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura,
compreensão e interpretação. Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto

Apreender X Compreensão X Interpretação2 Interpretação


Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
níveis. na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011. conclusões, formando opiniões.
2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar
sobre a interpretação de texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos envolvidos na interpretação textual3


Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais
que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes
aos tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A con-
sideração desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações
estabelecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos
sua posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a
sucedem. Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.

Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/

3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
não vai ou vai à escola tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textu-
al utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a
estrutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, es-
pecialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
textualidade/ ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
diferentes fases da leitura de um texto.
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
para uma ampla compreensão. São eles: leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- texto, na qual você faz um reconhecimento do “território” do tex-
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- to. Nesse momento identificamos os elementos que compõem o
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos enunciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis nessa fase que entramos em contato pela primeira vez com o as-
em um texto. sunto, com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa- Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar in-
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando formações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei-
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- contém uma determinada informação procurada.
das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são 8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO
do Texto. São Paulo: Contexto, 2006. À LEITURA CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE
7 https://bit.ly/2P415JM. LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor- Observemos mais um exemplo:
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e um longo caminho a trilhar (...).”
julgamos as informações discutidas no texto. (Veja São Paulo,1990)
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda-
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações Esse texto diz explicitamente que:
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
que foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.

Os sentidos no texto O texto deixa implícito que:


Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
do texto. Alguns desses sentidos são mais literais enquanto outros ques citados;
são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão - Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
por parte do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais de esportiva;
escondidos e precisam se localizados. - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
peito ao tempo disponível para evoluir.
Sentidos denotativo ou próprio
O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os
em estado de dicionário. O sentido geral que ela tem na maioria dos subentendidos
contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor
está em seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido lite- A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logica-
ral dessa palavra (planta). O sentido próprio, na acepção tradicional mente a partir de ideias e palavras presentes no texto. Apesar do
não é próprio ao contexto, mas ao termo. pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir
da relação com marcas linguísticas e informações explícitas. Obser-
Sentido conotativo ou figurado vemos um exemplo:
O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito Maria está bem melhor hoje
presente em metáforas e a interpretação é geralmente subjetiva e
relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte
isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. As- informação pressuposta: Maria não estava bem nos dias passados.
sim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido figura- Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
do, pois significa delicadeza e beleza. deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.

Sentidos explícitos e implícitos9 Marcadores de Pressupostos


Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substan-
ou podem ser compreendidos por uma inferência (uma dedução) a tivo
partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
a isso, afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
as implícitas. nasceram depois de Julinha.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas
dentro de um texto, enquanto as implícitas são aquelas informa- Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.
ções contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
a partir de relações com outras informações e conhecimentos pré- da usada como referência.
vios do leitor.
Observemos o exemplo abaixo - Certos verbos
Maria é mãe de Joana e Luzia. Ex.: Renato continua doente.
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma mento anterior ao presente.
explícita e uma implícita. A explícita refere-se ao fato de Maria ter
duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos instanta- Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.
neamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implí- O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
cita, que é o fato de Joana ser irmã de Luzia, só é compreendida a desque não existia em português.
medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que
possuem a mesma mãe são irmãs. - Certos advérbios
Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas
mãos das multinacionais.
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indús-
9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/ tria automobilística nacional.
implicitos-e-pressupostos.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Você conferiu o resultado da loteria? Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:
Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi-
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade,
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua,
fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só


se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fe-
cham os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti- https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-re-


va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à dentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não ver-
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa bal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendi-
segundo o pressuposto que quiser comunicar. mento e compreensão da temática.
Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor
B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a
não estão marcados linguisticamente no texto. A compreensão do denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa inter-
subentendido se dá a partir de relações que você estabelece com pretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos ques-
seus conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos tionamentos como:
o exemplo a seguir: - Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto
a riscos”?
Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em - O que significam as balas que o cercam por todos os lados?
sua casa. Após sentar em seu sofá, ela diz: - Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de ba-
- Nossa! Esse calor dá uma sede. las?

A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa A partir de questionamentos como os citados acima é possível
ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura
Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expres- críticas e denúncias a determinada realidade.
sa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela. Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos Ampliação de Sentido
no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de-
entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que
compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguis- originariamente.
ticamente materializados no texto. Toda vez que uma questão de “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
deverá deduzir os sentidos baseados na relação que essa palavra ou o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos.
frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguís- Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
tico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico- - embarcou num ter.
-cultural (contexto extralinguístico). - embarcou no ônibus dás dez.
- embarcou no avião da força aérea.
- embarcou num transatlântico.

“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que esca-


la os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por ampliação
de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do espor-
te de escalar montanhas.

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Restrição de Sentido tenção. E, nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se,


Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do
de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exem- projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
plo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas específico, certa margem final de opção entre os limites — máximo
com sentido determinado, dentro de um universo restrito do co- e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica,
nhecimento. condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- programa, — cabendo então ao sentimento individual do arquiteto,
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a
porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de pa- cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.”
lavras por composição em que a junção dos elementos acarreta al- COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporâ-
teração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). nea (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo:
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu- Empresa das Artes, 1995 (fragmento), com adaptações.
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno
por aglutinação, mas por justaposição. de uma ideia principal. No texto anterior podemos observar que
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi- toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de
cado das palavras para dar precisão à comunicação. se conceituar arquitetura. Essa discussão em um texto argumentati-
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não vo não é desordenada, mas há um padrão de estruturação da ideia
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em central e das ideias secundárias.
torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o constituem o texto. Cada parágrafo se constrói em torno de uma
movimento do Sol. ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central.
Dentre os vários períodos que compõem o parágrafo, um traz a
Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as ideias
outros implícitos (ou pressupostos). principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos pa-
Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem- rágrafos.
plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamen- No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é
te a existência de ao menos uma além daquela indicada. construído em torno de uma ideia núcleo. No primeiro parágrafo
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primei-
lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro. ro período “Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na
O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes técnicas ou
daquele que está sendo autografado. ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa
também é a ideia principal do texto. Dessa forma, concluímos que
A interpretação e a organização do texto e a ideia central todo o texto se construirá em torno da definição do conceito de
Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a iden- arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia
tificação da ideia principal do texto e do ponto de vista defendido principal, expressa no período “Arquitetura é antes de mais nada
pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar construção, mas construção concebida com o propósito primordial
e resumir informações dentro do texto. Para isso é necessário um de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e vi-
conhecimento acerca da forma como um texto é construído e como sando a determinada intenção”. Todas as informações que apare-
as ideias são organizadas. cem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as
Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemen- respectivas ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la,
te, o tipo argumentativo. Dessa forma, abordaremos essa organiza- exemplificá-la, entre outros propósitos.
ção das informações dentro de um texto argumentativo e as formas Para compreender as temáticas bem como as opiniões discuti-
de como encontrar as ideias principais bem como as opiniões de- das é importante encontrar cada uma dessas ideias núcleos como
fendidas pelo autor. veremos no exemplo abaixo
Observemos o seguinte exemplo
“Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista aus-
O que é arquitetura? tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atu- humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas
alidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas ou camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e sub-
ciências, pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão consciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos
aceleradas, a dinâmica da vida toma indispensável um constante anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colabora-
reexame do pensamento teórico e prático. Entretanto, há um notá- ção com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre
vel consenso acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugeri- a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipno-
da, já em 1940, pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998): tismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o
“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas constru- das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas pela
ção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir
o espaço para determinada finalidade e visando a determinada in- a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de regresso às

12
LÍNGUA PORTUGUESA

origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
é de origem sexual.” Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
(Salvatore D’Onofrio) necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição do o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a forma clara e objetiva ao leitor.
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique Outras dicas para Interpretar um Texto
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma, - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
e subconsciente. talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- ficar uma possível resposta.
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje - Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a
é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e
sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao pontuar melhor os assuntos de um texto.
paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.” - Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im-
A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por - Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc.,
meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres pois fazem diferença na escolha adequada.
associações de ideias e de sentimentos”. - Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às pelo autor.
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- - Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível.
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici- - Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples,
tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção
compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica na leitura.
dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta,
já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela.
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da to no qual estávamos mais atentos.
tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir- - Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual-
ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me-
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. lhor o assunto do texto.

Relação entre ideias Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec- lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para distração, mas também um aprendizado.
que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
transmitir. ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa
Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras, imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos-
como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de
relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação, melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual,
como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias. Erros de Interpretação
Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a
estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa seleção e compreensão das ideias presentes no texto:
que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em 1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por
uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa- menor que pareça, deve ser levada em consideração. Às vezes uma
nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma
efetiva. falha na interpretação.

13
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
de relações excessivas com outras ideias e contextos, você pode fa- atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
zer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre dade na discussão.
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
sugeridas ou motivadas pelo texto. tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a al-
guns aspectos e ideias do texto, deixando de lado outras que pa- Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
recem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e con- desenvolvimento e conclusão):
siderável.
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
de argumentação dentro do texto. A fim de defender um ponto de Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
cuidado para não interpretar erroneamente e confundir a opinião trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
defendida pelo autor. estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de caos. ”
discutir as ideias do texto, você deve considerar a opiniões do autor, (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
materializadas e defendidas no texto.
Elemento relacionador: Nesse contexto.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
PARÁGRAFOS Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
São três os elementos essenciais para a composição de um tex- consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
cada uma de forma isolada a seguir: de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
Introdução
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial. Tipologia Textual
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
Desenvolvimento dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a classificações.
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- Tipos textuais
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
específico para se fazer a enunciação.
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
ção do desenvolvimento: cas:
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros. Apresenta um enredo, com ações e
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, relações entre personagens, que ocorre
dificultando a linha de compreensão do leitor. em determinados espaço e tempo. É
TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
Conclusão da seguinte maneira: apresentação >
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- desenvolvimento > clímax > desfecho
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
tos levantados pelo autor. Tem o objetivo de defender determinado
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
Parágrafo desenvolvimento > conclusão.
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem Procura expor ideias, sem a necessidade
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve de defender algum ponto de vista. Para
conter introdução, desenvolvimento e conclusão. isso, usa-se comparações, informações,
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
sintética de acordo com os objetivos do autor. estrutura segue a do texto dissertativo-
argumentativo.
10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbe-
tes/extrapolacao-na-leitura

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LÍNGUA PORTUGUESA

Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, • Lista


de modo que sua finalidade é descrever, • Manual
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com • Notícia
isso, é um texto rico em adjetivos e em • Poema
verbos de ligação. • Propaganda
• Receita culinária
Oferece instruções, com o objetivo de • Resenha
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica • Seminário
são os verbos no modo imperativo.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
Gêneros textuais
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial
dade e à função social de cada texto analisado.
saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo tex-
tual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém
Gêneros Textuais e Gêneros Literários
é preciso ter atenção, cada uma possui um significado totalmente
diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
literário e um tipo textual:
rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos tex-
ferem apenas aos textos literários.
tos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características
ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalísti-
formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
ca, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textu-
rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
ais: romance, conto, receita, notícia, bula de remédio.
- Gênero lírico;
Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a consti-
- Gênero épico ou narrativo;
tuição da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da
- Gênero dramático.
linguagem possuem uma preocupação estética. São classificados de
acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático
Gênero Lírico
ou épico. Pode-se afirmar que todo gênero literário é um gênero
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po-
textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo-
Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente
de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, poden-
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da
do ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertati-
função emotiva da linguagem.
vo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas
classificações varia de acordo como o texto se apresenta e com a
Elegia
finalidade para o qual foi escrito.
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor-
Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa
um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema
textual.
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
Shakespeare.
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
Epitalâmia
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro-
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
Ode (ou hino)
• Artigo
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
• Bilhete
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a
• Bula
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom-
• Carta
panhamento musical.
• Conto
• Crônica
Idílio (ou écloga)
• E-mail
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à
11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema
nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas
as questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração, e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais
enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalha- a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com
remos com essa diferença. diálogos (muito rara).

15
LÍNGUA PORTUGUESA

Sátira Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e


É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun- malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.
Acalanto
Canção de ninar. Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Acróstico tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
mam uma palavra ou frase. Ex.: papéis das personagens nas cenas.

Amigos são Tragédia


Muitas vezes os É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Irmãos que escolhemos. compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Zelosos, eles nos presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Ajudam e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/ Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de
Balada processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca-
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se engano.
destinam à dança.
Comédia
Canção (ou Cantiga, Trova) É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento
Poema oral com acompanhamento musical. comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu-
lares.
Gazal (ou Gazel)
Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio. Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi-
Soneto cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
tos e dois tercetos. Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo
Vilancete linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár- realidade vivida por este povo.
nio e de maldizer); satíricas, portanto.
NOVA ORTOGRAFIA
Gênero Épico ou Narrativo
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto, rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
a crônica, a fábula. também faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
Épico (ou Epopeia) entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, atento!
gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem- Alfabeto
plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero. O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
Ensaio alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, consoantes (restante das letras).
expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da
POR QUÊ
pontuação final (interrogação, exclamação, ponto final)
É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral,
PORQUÊ
adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

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Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de “S”,
saída, faísca, baú, país
desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).

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Indicar expressão de emoção Que absurdo!


Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a crase:


• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor termos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te atender daqui a pouco.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha fica a 50 metros da esquina.

Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo


• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei minha avó até à feira.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à Ana
da faculdade.

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DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no masculino.
Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos à escola / Amanhã iremos ao colégio.

PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E COLOCAÇÃO. MORFOSSINTAXE: CLASSES DE PALAVRAS:


ESTRUTURA, FORMAÇÃO, FLEXÃO E EMPREGO NO CONTEXTO DA ENUNCIAÇÃO

Formação de Palavras
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológicos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra palavra. Ex: flor; pedra
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras palavras. Ex: floricultura; pedrada
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radical (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; azeite
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de palavras:

Derivação
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à palavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgovernado
(des + governar + ado)
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a palavra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo para
substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo próprio – sobrenomes).

Composição
A formação por composição ocorre quando uma nova palavra se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elementos for-
madores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex: aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, mantendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos formadores.
Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-flor / passatempo.

Abreviação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto (fo-
tografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Hibridismo
Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binóculo
(bi – grego + oculus – latim).

Combinação
Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (aborrecer
+ adolescente).

Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alargamento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita adicionan-
do o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / protocolizar (em vez de protocolar).

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

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Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.

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O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

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• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pente-
ar-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Finalidade: A filha retornou para o enterro.


• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO. TERMOS DA ORAÇÃO
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. E SUAS FUNÇÕES MORFOSSINTÁTICAS. RELAÇÕES
• Lugar: O vírus veio de Portugal. SINTÁTICO-SEMÂNTICAS ENTRE AS ORAÇÕES DE
• Companhia: Ela saiu com a amiga. UM PERÍODO. PROCESSO DE COORDENAÇÃO E DE
• Posse: O carro de Maria é novo. SUBORDINAÇÃO
• Meio: Viajou de trem.
A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
Combinações e contrações belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- dos e suas unidades: frase, oração e período.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
havendo perda fonética (contração). que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Combinação: ao, aos, aonde e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
Conjunção bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante opcional.
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
mento de redigir um texto. lizados com a pontuação adequada.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas. Análise sintática
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
Conjunções coordenativas do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em nominais, agentes da passiva)
cinco grupos: • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
• Aditivas: e, nem, bem como. biais, apostos)
• Adversativas: mas, porém, contudo.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. Termos essenciais da oração
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
• Explicativas: que, porque, porquanto. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
Conjunções subordinativas onde o verbo está presente.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: centra no verbo impessoal):
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas Lúcio dormiu cedo.
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Aluga-se casa para réveillon.
• Causais: porque, que, como. Choveu bastante em janeiro.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
• Condicionais: e, caso, desde que. Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
• Comparativas: como, tal como, assim como. inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. da oração:
• Finais: a fim de que, para que. Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
• Temporais: quando, enquanto, agora. Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do


predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
uma qualidade sua)

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LÍNGUA PORTUGUESA

As crianças brincaram no salão de festas.


Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
oração anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informa-
O candidato, que é do partido socialista, está sen-
EXPLICATIVAS ção.
do atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocupou
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjun- com a fome no país.
tivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções
sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a corrup-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ção.
ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:

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LÍNGUA PORTUGUESA

• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

Regência
A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

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LÍNGUA PORTUGUESA

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

SEMÂNTICA: SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo:
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

Polissemia e monossemia Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta


As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a pensamento.
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns;
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati-
va: como, tal qual, assim como.
Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam “Sejamos simples e calmos
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. Como os regatos e as árvores”
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam Fernando Pessoa
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
da cadeira. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Hiperonímia e hiponímia Observe os exemplos abaixo:
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
ficado entre as palavras. -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
Limão é hipônimo de fruta.
- continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
Formas variantes bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
farto / gatinhar – engatinhar. -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
Arcaísmo seja, mulheres grávidas).
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que - instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- gadores.)
mácia / franquia <—> sinceridade.
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
(Fumei um saboroso charuto.).
FIGURAS DE LINGUAGEM - símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
As figuras de linguagem são recursos especiais usados por
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
e beleza. (a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos); - indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
Figuras de Construção (de sintaxe); (Alguns astronautas foram à Lua.).
Figuras de Pensamento. - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
Figuras de Palavra ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)

É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego - gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui- frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida-
de. São as seguintes as figuras de palavras: - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais
nome de Sinédoque. comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da
oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá-
Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de Castelo Branco)
antonomásia.
Exemplos: Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
bem. pressos. A silepse pode ser:
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
lêncio = auditivo; negro = visual) rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
pessoal sugere).
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço que fala está incluída em os brasileiros).
da cadeira” .
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
Figuras de Construção de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres- Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de
construção: As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no um verso).
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- “Vozes veladas, veludosas vozes,
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do volúpias dos violões, vozes veladas,
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos vagam nos velhos vórtices velozes
e garrafas vazias). dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes (Cruz e Sousa)


para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz. Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de ção ou sugerir insistência, progressão:
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa- “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar sona.” (Bernardo Élis)
para dentro”, etc. “O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”. Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun-
Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam. ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se-
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
orações com o fim de lhes dar destaque: gosto de português.).
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam
de Andrade) se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim,
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não vi, venci.
sei.” (Graciliano Ramos)
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
início da frase. texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
e que um dia nos há de salvar

34
LÍNGUA PORTUGUESA

Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-


ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo: REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS
Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.
O que é Redação Oficial12
Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira
do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo- pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.
rário). Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A reda-
ção oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão
Figuras de Pensamento culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou
as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias, fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
pensamentos. Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega-
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias, Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de
que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de toda administração pública, claro está que devem igualmente nor-
mãos dadas. tear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe
que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma
Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa-
alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe rência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de to- dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
das as mulheres. um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade
implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de atender
Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as ex- à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece
pressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a ex- a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remontam ao
pressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.) período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos
crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no
sentaram, comeram e dançaram. período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, cla-
reza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se
Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única in-
expressa uma ideia de forma exagerada. terpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também
várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais). que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois
há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar- expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos
cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).
apagou o que estava gravado? Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de
Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa- tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos
radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos
absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro
mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.) de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei-
ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracio- ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação
nais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa que se buscou fazer das características específicas da forma oficial
manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha
não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.) a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente
Exemplo: se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
sei se digo.” (Machado de Assis) do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases.
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im-
Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso
seria o procedimento. que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do

12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

35
LÍNGUA PORTUGUESA

texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que
essas características fundamentais da redação oficial, passemos à auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para
análise pormenorizada de cada uma delas. mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân-
cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma-
A Impessoalidade ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre-
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
a) alguém que comunique, exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
b) algo a ser comunicado, e minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema-
c) alguém que receba essa comunicação. mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di- faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre
visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór- uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul-
gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce- to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal,
be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci-
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che- ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro- por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes os cidadãos.
setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex-
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre-
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir,
soal; então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
alcançada a necessária impessoalidade. por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca- mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida-
de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati- Formalidade e Padronização
vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é,
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi-
sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é
se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata
informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da-
dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento);
o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é
uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema- una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo
mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-

36
LÍNGUA PORTUGUESA

nual, exige que se atente para todas as características da redação ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima.
datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de As comunicações oficiais
normas específicas para cada tipo de expediente. A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da
Concisão e Clareza Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego
essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar do signatário.
o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias Pronomes de Tratamento
de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre- Breve História dos Pronomes de Tratamento
gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após
não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos,
reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a
inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis-
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de
secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de- tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e
que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com
relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência,
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes
estritamente das demais características da redação oficial. Para ela de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de-
concorrem: pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- des civis, militares e eclesiásticas.
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação
restrita, como a gíria e o jargão; Concordância com os Pronomes de Tratamento
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
cindível uniformidade dos textos; apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
ticos que nada lhe acrescentam. matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
É pela correta observação dessas características que se redige concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu- referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente, soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e
terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de- não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in-
corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa-
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni- Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa- Emprego dos Pronomes de Tratamento
riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu- Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro- a secular tradição. São de uso consagrado:
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

37
LÍNGUA PORTUGUESA

a) do Poder Executivo; Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento


Presidente da República; digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig-
Vice-Presidente da República; nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
Ministros de Estado; sendo desnecessária sua repetida evocação.
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe- Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
deral; para particulares. O vocativo adequado é:
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Senhor Fulano de Tal,
Embaixadores; (...)
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
cargos de natureza especial; No envelope, deve constar do endereçamento:
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Ao Senhor
Prefeitos Municipais. Fulano de Tal
Rua ABC, nº 123
b) do Poder Legislativo: 70.123 – Curitiba. PR
Deputados Federais e Senadores;
Ministro do Tribunal de Contas da União; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em-
Deputados Estaduais e Distritais; prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
c) do Poder Judiciário: indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
Ministros dos Tribunais Superiores; comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
Membros de Tribunais; concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
Juízes; doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Auditores da Justiça Militar. Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese-
jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec- nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
tivo: vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Magnífico Reitor,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede- (...)
ral.
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, hierarquia eclesiástica, são:
seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador, Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca-
Senhor Juiz, tivo correspondente é:
Senhor Ministro, Santíssimo Padre,
Senhor Governador, (...)

No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co-
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
A Sua Excelência o Senhor Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
Fulano de Tal (...)
Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
A Sua Excelência o Senhor nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
Senador Fulano de Tal religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
Senado Federal e demais religiosos.
70.165-900 – Brasília. DF
Fechos para Comunicações
A Sua Excelência o Senhor O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Fulano de Tal óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
Juiz de Direito da 10a Vara Cível para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
Rua ABC, no 123 taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
01.010-000 – São Paulo. SP

38
LÍNGUA PORTUGUESA

padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to- a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en-
das as modalidades de comunicação oficial: dereço.
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
pública: e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento
Respeitosamente, de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in- – Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura,
ferior: na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
Atenciosamente, uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-
-me informar que”, empregue a forma direta;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au- – Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto
toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de- contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Relações Exteriores. – Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
tada a posição recomendada sobre o assunto.
Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú- Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina- Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte: a estrutura é a seguinte:
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
(espaço para assinatura) solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
NOME sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
Chefe da Secretária-geral da Presidência da República nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
(espaço para assinatura) sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
NOME segundo a seguinte fórmula:
Ministro de Estado da Justiça “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi-
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me- dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento,
nos a última frase anterior ao fecho. a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de
O Padrão Ofício projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ”
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi- – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme- encaminhamento.
lhanças.
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
Partes do documento no Padrão Ofício
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes g) assinatura do autor da comunicação; e
partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa-
o expede: tário).
Exemplos:
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME Forma de diagramação
Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- forma de apresentação:
mento à direita: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
Exemplo: 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
13 b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
Brasília, 15 de março de 1991. der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
c) assunto: resumo do teor do documento da página;
Exemplos: d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
espelho”);

39
LÍNGUA PORTUGUESA

e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân- caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex-
cia da margem esquerda; posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni- determinado setor do serviço público. Sua característica principal é
mo, 3,0 cm de largura; a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro-
constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni-
mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem). cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim-
comportar tal recurso, de uma linha em branco; plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões,
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer memorando.
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
documento; — Forma e Estrutura
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio-
e ilustrações; nado pelo cargo que ocupa.
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser Exemplos:
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche-
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo fe para Assuntos Jurídicos
Rich Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem Exposição de Motivos
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
veitamento de trechos para casos análogos; — Definição e Finalidade
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do República ou ao Vice-Presidente para:
documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório a) informá-lo de determinado assunto;
produtividade ano 2002” b) propor alguma medida; ou
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Aviso e Ofício
— Definição e Finalidade Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica- República por um Ministro de Estado.
mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe- Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi-
dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de nisterial.
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
no caso do ofício, também com particulares. — Forma e Estrutura
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
— Forma e Estrutura padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex-
Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
Exemplos: formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Excelentíssimo Senhor Presidente da República exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
Senhora Ministra medida ou submeta projeto de ato normativo.
Senhor Chefe de Gabinete No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
tes informações do remetente: sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
– Nome do órgão ou setor; Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
– Endereço postal; sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
– telefone E endereço de correio eletrônico. ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam
também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-
Memorando rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
apontar:
— Definição e Finalidade a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades medida ou do ato normativo proposto;
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter tuais alternativas existentes para equacioná-lo;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo,
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro-
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de
modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a
de 2002. ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de
ou órgão equivalente) nº de 200. motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o
1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, rever-
medida proposta são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração,
3. Alternativas existentes às medidas propostas demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
Mencionar: o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; Ressalte-se que:
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
- Outras possibilidades de resolução do problema. não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
4. Custos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
Mencionar: comentários a serem ali incluídos.
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la; Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
especial ou suplementar; impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
- Valor a ser despendido em moeda corrente; linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
tramitar em regime de urgência) no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
Mencionar:
- Se o problema configura calamidade pública; Mensagem
- Por que é indispensável a vigência imediata;
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te- — Definição e Finalidade
nham sido previstos; É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
prevista. do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi- da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
da proposta possa vir a tê-lo) matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
7. Alterações propostas veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
8. Síntese do parecer do órgão jurídico de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa-
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro- gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re-
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se-
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, guintes finalidades:
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são
anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
resolver; nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos,
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
cutivo (v. 10.4.3.). to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria-
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao

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LÍNGUA PORTUGUESA

Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais
da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi- porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em
nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do forma de livro.
regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co- Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde
processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma- a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san-
materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no ção.
assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União. i) comunicação de veto.
Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66,
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
de encaminhamento ao Congresso. vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
b) encaminhamento de medida provisória. Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, j) outras mensagens.
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada mensagens com:
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República. – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
c) indicação de autoridades. cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos ções e prestações interestaduais e de exportação
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di- – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci- dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência – Pedido de autorização para operações financeiras externas
privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado, (Constituição, art. 52, V); e outros.
devidamente assinado, acompanha a mensagem. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- – Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui-
te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata- ção, art. 57, § 6o);
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de (Constituição, art. 84, XX);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso tituição, art. 137);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem – Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga – Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo (Constituição, art. 166, § 5o);
administrativo. – Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante- despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as § 8o);
contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), – Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi-
para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui- cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc.
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- — Forma e Estrutura
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. As mensagens contêm:
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação talmente, no início da margem esquerda:
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- Mensagem no
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente.
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe-
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al-
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de
da República, não traz identificação de seu signatário. leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe-
dido de confirmação de recebimento.
Telegrama
—Valor documental
— Definição e Finalidade Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce- correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser
dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda aceito como documento original, é necessário existir certificação di-
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos em lei.
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
QUESTÕES
bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza). 1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu
biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
— Forma e Estrutura safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guara-
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio ni e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
na Internet. Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nati-
vistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor
Fax de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e
até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas fa-
— Definição e Finalidade cetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for- será digitalizada.
ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen- História Viva, n.º 99, 2011.
volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa- Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alen-
gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo car e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do (A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele possam compreender seus romances.
segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário (B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante
o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com porque deixou uma vasta obra literária com temática atempo-
o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida- ral.
mente. (C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digi-
talização, demonstra sua importância para a história do Brasil
— Forma e Estrutura Imperial.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura (D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importan-
que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o te papel na preservação da memória linguística e da identidade
documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário nacional.
com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor- (E) o grande romancista José de Alencar é importante porque
me exemplo a seguir: se destacou por sua temática indianista.

Correio Eletrônico 2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a su-


pressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
— Definição e finalidade na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos,
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela
transformou-se na principal forma de comunicação para transmis- cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida.
são de documentos. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica
— Forma e Estrutura nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difu-
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es- são desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí- termos que os tornem acessíveis a todos.
vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e (Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo Se ele ajoelhar


“chamadas” indica que o autor Se ele se rasgar todo
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise Não acredite não Teresa
crítica da sociedade. É lágrima de cinema
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências. É tapeação
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ci- Mentira
ências sociais”. CAI FORA
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências. Manuel Bandeira
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”. Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima, sugerem
que:
3. (IBADE – 2020 adaptada) (A) Há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
(B) Há um tratamento realista da relação homem/mulher.
(C) A relação familiar é idealizada.
(D) A mulher é superior ao homem.
(E) A mulher é igual ao homem.

5. (UFPR – 2010) Considere as seguintes sentenças.


1 - Ainda que os salários estejam cada vez mais defasados, o
aumento de preços diminui consideravelmente seu poder de com-
pras.
2 - O Governo resolveu não se comprometer com nenhuma das
facções formadas no congresso. Desse modo, todos ficarão à vonta-
de para negociar as possíveis saídas.
3 - Embora o Brasil possua muito solo fértil com vocação para o
plantio, isso conseguiu atenuar rapidamente o problema da fome.
https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de 2020 4 - Choveu muito no inverno deste ano. Entretanto, novos pro-
jetos de irrigação foram necessários.
O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que 5 - As expressões grifadas NÃO estabelecem as relações de sig-
representa sua definição nificado adequadas, criando problemas de coerência, em:
(A) 2 apenas.
(A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito (B) 1 e 3 apenas.
de persuadir o leitor. (C) 1 e 4 apenas.
(B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para de- (D) 2, 3 e 4 apenas.
talhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender. (E) 2 e 4 apenas.
(C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em crono-
logia obrigatória o enredo por meio de personagens. 6. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
(D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por in- grafadas corretamente.
tuito explicar um conceito, mais comumente em um dicionário (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
ou enciclopédia. (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares. (C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
4. (ENEM) (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz

Texto I 7. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas


as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames, de acentuação da língua padrão.
Quando a teus pés um homem terno e curvo (A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
jurar amor; chorar pranto de sangue, na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
Não creias, não, mulher: ele te engana! (B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
as lágrimas são gotas de mentira apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
E o juramento manto da perfídia”. (C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
Joaquim Manoel de Macedo seguia se recompôr e viver tranquilo.
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou,
Texto II Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
“Teresa, se algum sujeito bancar o interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.
sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar

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LÍNGUA PORTUGUESA

8. (ENEM – 2018) 12. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em:


“Depressa esqueci o Quincas Borba”.
Física com a boca (A) objeto direto
Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador? (B) sujeito
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando (C) agente da passiva
você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as on- (D) adjunto adverbial
das da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi (E) aposto
Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade
Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o de- 13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
sencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distor- a orações subordinadas substantivas, exceto:
ção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”, (A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propaga- (B) Desejo que ela volte.
ção das ondas contribuem para distorcer sua bela voz. (C) Gostaria de que todos me apoiassem.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
(adaptado). (E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on-
tem.
Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organi-
zar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o 14. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte (A) fazem, havia, existe
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi (B) fazem, havia, existe
Akkerman. (C) fazem, haviam, existem
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do espe- (D) faz, havia, existem
cialista. (E) faz, havia, existe
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida
anteriormente. 15. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais tas nos itens a seguir:
para o desenvolvimento temático. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
migos de hipócritas;
9. (BANCO DO BRASIL) Opção que preenche corretamente as II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
lacunas: O gerente dirigiu-se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___ desprezo por tudo;
todas as pessoas convocadas. III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
(A) à - à – à funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(B) a - à – à A frase reescrita está com a regência correta em:
(C) à - a – a (A) I apenas
(D) a - a – à (B) II apenas
(E) à - a - à (C) III apenas
(D) I e III apenas
10. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irre- (E) I, II e III
conhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
(A) sufixação - prefixação – parassíntese 16. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
(B) sufixação - derivação regressiva – prefixação I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
(C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
(D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
(E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese para os carros e os pedestres.
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
11. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! mônimos e parônimos.
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o (A) I e III.
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem (B) II e III.
pela ordem, a: (C) II apenas.
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome (D) Todas incorretas.
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 17. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX-
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome CELÊNCIA - 2019)
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem,
assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi-
cação corretamente:

”Hoje o tempo voa, amor

45
LÍNGUA PORTUGUESA

escorre pelas mãos


...Vamos viver tudo que há pra viver . GABARITO
..eu vejo um novo começo de era
de gente fina, elegante, sincera
com habilidade para dizer mais sim do que não 1 D
(A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese. 2 E
(B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese.
(C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese. 3 D
(D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação. 4 B
(E) Nenhuma das alternativas.
5 B
18. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA – 6 A
2019) 7 E
Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti- 8 B
nado ao presidente do Congresso Nacional é 9 C
(A) Senhor Presidente.
(B) Excelentíssimo Senhor Presidente. 10 D
(C) Presidente. 11 E
(D) Excelentíssimo Presidente.
12 D
(E) Excelentíssimo Senhor.
13 E
19. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR 14 D
ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi- 15 E
cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm 16 C
várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que 17 A
se quer dizer. 18 B
(A) Dois-pontos. 19 B
(B) Ponto-e-vírgula.
(C) Ponto-de-interrogação. 20 C
(D) Ponto-de-exclamação.

20. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)


Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. ANOTAÇÕES
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
mentem esses usos.
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: ______________________________________________________
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
______________________________________________________
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª ______________________________________________________
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime.
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- ______________________________________________________
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes
de desferir os golpes. ______________________________________________________
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso
da vírgula em cada frase. ______________________________________________________
( ) Para destacar deslocamento de termos.
( ) Para separar adjuntos adverbiais. ______________________________________________________
( ) Para indicar um aposto.
______________________________________________________
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(A) 1 – 2 – 3. ______________________________________________________
(B) 2 – 1 – 3.
(C) 3 – 1 – 2. ______________________________________________________
(D) 3 – 2 – 1.
______________________________________________________

______________________________________________________

46
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES (SOMA, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, POTENCIAÇÃO E


RADICIAÇÃO). CONJUNTOS NUMÉRICOS (NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS) E OPERAÇÕES COM
CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

47
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Operações Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder. Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
negativo.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis-
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode Exemplo:
ser dispensado. (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- (A) 10
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a (B) 15
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre (C) 18
será do maior número. (D) 20
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., (E) 22
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti-
do, ou seja, é dado o seu oposto.
Resolução:
Exemplo: São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- temos:
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um Resposta: D
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
anotadas, o total de pontos atribuídos foi base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
(A) 50. plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(B) 45. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(C) 42. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
(D) 36. inteiro positivo.
(E) 32. – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
mero inteiro negativo.
Resolução:
50-20=30 atitudes negativas Propriedades da Potenciação
20.4=80 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
30.(-1)=-30 e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
80-30=50 2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
Resposta: A base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado 4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. (+a)1 = +a
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo
pelo módulo do divisor. Conjunto dos números racionais – Q
m
ATENÇÃO: Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

48
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado.
Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente.
Exemplos:

49
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

50
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução: Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
Resposta: B (D) 4/5
(E) 3/2
Caraterísticas dos números racionais
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in- Resolução:
teiros. Somando português e matemática:

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número


(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

O que resta gosta de ciências:

Representação geométrica Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração • Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma ÷ q = p × q-1
de frações, através de: b d

Exemplo:
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
p – q = p + (–q) dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual, (C) 220
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- (D) 260
tada. (E) 120

51
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução: Procedimentos
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões;
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
cem.

2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
Resposta: A chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- – Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
meros racionais. chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra-
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base Exemplo:
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
expoente anterior. VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da (D) 2,5
base. (E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Resposta: E

52
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Múltiplos Outros critérios


Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
existir algum número natural n tal que:
x = y·n Fatoração numérica
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
podemos escrever: x = n/y mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
Observações: obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo. presenta o número fatorado. Exemplo:
2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares, e a
fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são chama-
dos de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k +
1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios: Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibili- 20 . 31=3
dade/ - reeditado) 21 . 30=2
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 21 . 31=2.3=6
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub- 22 . 31=4.3=12
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo 22 . 30=4
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12} É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:
A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28

Máximo divisor comum (MDC)


É o maior número que é divisor comum de todos os números
dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
primos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
EXPOENTE.

Exemplo:
MDC (18,24,42) = Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA –
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros.

Resolução:
Escrevendo em forma de equações, temos:
C = M + 0,05 ( I )
Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então C = A – 0,10 ( II )
pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor A = D + 0,03 ( III )
Comum entre 18,24 e 42 é 6. D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então:
Mínimo múltiplo comum (MMC) ( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos ( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, ( I ) 1,63 = M + 0,05
apenas com a seguinte ressalva: M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, Resposta: B
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos: (CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em
MMC (18,24,42) = três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7 derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504. que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
(A) R$ 498,00
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (B) R$ 450,00
(A,B). MMC (A,B)= A.B (C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00
Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e sub- (E) R$ 324,00
trações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, Resolução:
isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos Primeiro mês = x
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com Segundo mês = x + 126
utilização da álgebra. Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176
3.x = 1176 – 204
x = 972 / 3
x = R$ 324,00 (1º mês)
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
Resposta: B

54
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE • Denominadores diferentes dos citados anteriormente: Enun-
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos cia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da pa-
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o lavra “avos”.
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra- Tipos de frações
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven- – Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem Ex.: 7/15
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de – Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
(A) 1 / 4. nador. Ex.: 7/6
(B) 1 / 3. – Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
(C) 2 / 5. As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
(D) 1 / 2. Ex.: 6/3
(E) 2 / 3. – Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
Resolução: forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú- – Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim: a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I ) – Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

, ou seja, 7.Q = 2.B ( II ) Operações com frações


• Adição e Subtração
Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos: Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
7.Q = 2. (360 – Q) ma-se ou subtrai-se os numeradores.
7.Q = 720 – 2.Q
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270 Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mesmo
denominador através do MMC entre os denominadores. Usamos
tanto na adição quanto na subtração.

Resposta: B

Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma


a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
dados. Ex.:

O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi


dividida a unidade.
O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a
unidade.
Lê-se: um quarto.

Atenção:
• Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
• Frações com denominadores potências de 10: décimos,
centésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de
milésimos etc.

55
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da


segunda fração. Ex.: PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE.
ARRANJOS E PERMUTAÇÕES. COMBINAÇÕES

A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen-


volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve-
jamos eles:

Princípio fundamental de contagem (PFC)


É o total de possibilidades de o evento ocorrer.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o
fração resultante de forma a torna-la irredutível.
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.
Exemplo:
Exemplos:
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IADES)
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5 pes-
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três
soas. Cada uma recebeu
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
(A) passando necessariamente por B?
(A) Oito.
(B) Dez.
(C) Quinze.
(B) (D) Dezesseis.
(E) Vinte.

Resolução:
(C) Observe que temos uma sucessão de escolhas:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
(D) primeira opção.

2ª possibilidade: 5 (B para Roma).


(E) Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
uma sucessão de escolhas.
Resolução: Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas, Resposta: C.
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos: (PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com
que ele poderia fazer o seu pedido, é:
Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de (A) 19
suco é de 3/5 de suco da garrafa. (B) 480
(C) 420
Resposta: B (D) 90

Resolução:
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Fatorial
Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.
Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
Exemplos: tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120. com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040. ao conjunto P.
Resolução:
ATENÇÃO P = {A, B, C, D}
n=4
0! = 1 p=2
1! = 1 A(n,p)=np
A(4,2)=42=16
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6. Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
Arranjo simples zamos todos os elementos.
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre • Sem repetição
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.

Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos


arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
assim sucessivamente. Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser
resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).
• Sem repetição
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por: Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
(A) 24.
(B) 25.
Onde: (C) 26.
n = Quantidade total de elementos no conjunto. (D) 27.
P =Quantidade de elementos por arranjo (E) 28.

Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão Resolução:


escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó- Anagramas de RENATO
gico. Quantas as possibilidades de escolha? ______
n = 18 (professores) 6.5.4.3.2.1=720
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico)
Anagramas de JORGE
_____
5.4.3.2.1=120

Razão dos anagramas: 720/120=6


• Com repetição Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re- Resposta: C.
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
mesmo elemento em um agrupamento. • Com repetição
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
por: ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

57
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas coloridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitrine de
uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistinguíveis e 1
faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.

Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular) de 4 lugares.

Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocupados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o número
de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os participantes da reunião é superior a 102.
( ) CERTO
( ) ERRADO

Resolução:
É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resposta: CERTO.

Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.

• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que diferem entre si pela natureza de seus elementos.

Fórmula:

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles.
Como esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse
grupo é:
(A) 4

58
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

59
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o núme-
ro de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa repartição
pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

Resposta: D

60
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

61
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
forma de razão , logo :

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su-
cesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.
Resposta: C
ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
Razões Especiais
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
n vezes.
mas:
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas-
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
to para percorrê-la.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre-
rem três faces 6?

Resolução: Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-


n: número de tentativas ⇒ n = 5 me ocupado por esse corpo.
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

RAZÕES E PROPORÇÕES (GRANDEZAS DIRETAMENTE


Proporção
PROPORCIONAIS, GRANDEZAS INVERSAMENTE
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.
PROPORCIONAIS)

Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que: Lemos: a esta para b, assim como c está para d.
Ainda temos:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias • Propriedades da Proporção
“outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
o produto apreendido, o traficante usou produto dos extremos:
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas. a.d=b.c
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas. – A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri-
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas. meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas. dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).

62
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife- nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em
o seu consequente. relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5.

Resolução:
Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do
comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni-
mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi
igual a
(A) 588.
Resposta: B
(B) 350.
(C) 454.
Lucro e Prejuízo em porcentagem
(D) 476.
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
(E) 382.
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
temos PREJUÍZO (P).
Resolução:
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
L = 21 ladrilhos
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588 Exemplo:
Resposta: A (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
PORCENTAGEM 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
PORCENTAGEM ao de compra?
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou (A) 67%.
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou (B) 61%.
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu- (C) 65%.
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se: (D) 63%.
“por cento”). (E) 69%.

63
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Preço de venda: V
Preço de compra: C
V – 0,16V = 1,4C
0,84V = 1,4C

O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.


Resposta: A

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fato-
res de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).
Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o
preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e

64
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, Resolução:


juntar tudo em uma única equação: Utilizaremos uma regra de três simples:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ ano %
5.200,00
11442 100

REGRAS DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTAS 17136 x

11442.x = 17136 . 100


Regra de três simples x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou 149,8% – 100% = 49,8%
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um Aproximando o valor, teremos 50%
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES. Resposta: E
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di- (PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa
minui. transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
• Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan- toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa. sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra-
balho?
Exemplos: (A) 3 h 12 min
(PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio (B) 5 h
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação (C) 5 h 30 min
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas. (D) 6 h
(E) 6 h 15 min

Resolução:
Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto me-
nos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar a carga:
caminhões horas
15 4
(15 – 3) x

12.x = 4 . 15
x = 60 / 12
x=5h
Resposta: B

Regra de três composta


Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos:
De acordo com essas informações, o número de casos regis-
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007,
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia.
aproximadamente, de
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500
(A) 70%.
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(B) 65%.
(A) 8 horas e 15 minutos.
(C) 60%.
(B) 9 horas.
(D) 55%.
(C) 7 horas e 45 minutos.
(E) 50%.
(D) 7 horas e 30 minutos.
(E) 5 horas e 30 minutos.

65
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x. EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES

M² ↑ varredores ↓ horas ↑ Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma
relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).
6000 18 5
7500 15 x Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser re-
Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais) presentadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes
reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro- de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descri-
porcionais) tas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma
equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa-
ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

• Membros de uma equação


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é
chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita
da igualdade, de 2º membro da equação.
Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-
ras e 30 minutos.
Resposta: D

(PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons- • Resolução de uma equação
tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60 Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam
dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va-
equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a: 5x – 8 = 12 + x
(A) 4500 m² 5x – x = 12 + 8
(B) 5000 m² 4x = 20
(C) 5200 m² X = 20/4
(D) 6000 m² X=5
(E) 6200 m²
Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos
Resolução: o seguinte:
5x – 8 = 12 + x
Operários ↑ horas ↑ dias ↑ área ↑ 5.5 – 8 = 12 + 5
25 – 8 = 17
20 8 60 4800 17 = 17 ( V)
15 10 80 x
Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope-
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo: ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.

Exemplo:
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru-
po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas
famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar.
Resposta: D Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou
R$ 57,00 a mais.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00

66
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(E) R$ 1.520,00

Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram) des quanto á natureza da equação dada.
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
6.x = 570
x = 570 / 6
x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que
não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
Equação do 2º grau existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser re-
presentadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são cons- • Relações entre raízes e coeficientes
tantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11).

2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se


diz incompleta.
Exs.:
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0). Exemplo:
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0). (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0). equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
(A) x²-3x+4=0
• Resolução da equação (B) -3x²-5x+1=0
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta) (C) 3x²+5x+2=0
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência (D) 2x²-5x+3=0
x . (x – 16) = 0,
x=0 Resolução:
x – 16 = 0 Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x = 16 x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação. raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
multiplicadas resultam no valor de c.
2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)
x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença
de dois quadrados.
(x + 7) . (x – 7) = 0,

x+7=0 x–7=0
x=–7 x=7

ou

x2 – 49 = 0
x2 = 49
x2 = 49
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
Logo, S = {–7, 7}.

3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa) Resposta: D


Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.

67
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Inequação do 1º grau Resolução:


Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.:
Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
Solução: Resposta: B
-2x > -7
Multiplicando por (-1) Inequação do 2º grau
2x < 7 Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
x < 7/2 presentada da seguinte forma:
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. ax2 + bx + c > 0
Atenção: ax2 + bx + c < 0
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por ax2 + bx + c ≥ 0
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen- ax2 + bx + c ≤ 0
tido invertido. Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- Resolução da inequação
dimento: Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero; do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
2. Localiza-se a raiz no eixo x; > , ≥ , < , ≤.
3. Estuda-se o sinal conforme o caso. Ex.: x2 -3x + 2 > 0

Pegando o exemplo anterior temos: Resolução:


-2x + 7 > 0 x2 -3x + 2 > 0
-2x + 7 = 0 x ‘ =1, x ‘’ = 2
x = 7/2 Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
de x isso ocorre.

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


Exemplo: e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de Exemplo:
que satisfazem a seguinte inequação: (VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no
universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R

(C)
(A) x > 2
(B) x - 5
(C) x > - 5 (D)
(D) x < 2
(E) x 2 (E)

68
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Resolvendo por Bháskara:

Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:

Resposta: C

SISTEMAS DE MEDIDAS. VOLUMES

O sistema métrico decimal é parte integrante do Sistema de Medidas. É adotado no Brasil tendo como unidade fundamental de me-
dida o metro.
O Sistema de Medidas é um conjunto de medidas usado em quase todo o mundo, visando padronizar as formas de medição.

Medidas de comprimento
Os múltiplos do metro são usados para realizar medição em grandes distâncias, enquanto os submúltiplos para realizar medição em
pequenas distâncias.

UNIDADE
MÚLTIPLOS SUBMÚLTIPLOS
FUNDAMENTAL
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
km hm Dam m dm cm mm
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Para transformar basta seguir a tabela seguinte (esta transformação vale para todas as medidas):

Medidas de superfície e área


As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o me-
tro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.

Vejamos as relações entre algumas essas unidades que não fazem parte do sistema métrico e as do sistema métrico decimal (valores
aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros
1 pé = 30 centímetros

Medidas de Volume e Capacidade


Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o centímetro cúbico(cm3).
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal. Acrescentamos a nomenclatura cúbico.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.

Medidas de Massa
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). Assim as denominamos:
Kg – Quilograma; hg – hectograma; dag – decagrama; g – grama; dg – decigrama; cg – centigrama; mg – miligrama
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). Medidas Especiais:
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg
1 Quilate = 0,2 g

Em resumo temos:

Relações importantes

1 kg = 1l = 1 dm3
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2
1 m3 = 1000 l

Exemplos:
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Uma peça de um determinado tecido tem 30 metros, e para se confeccionar
uma camisa desse tecido são necessários 15 decímetros. Com duas peças desse tecido é possível serem confeccionadas:
(A) 10 camisas

70
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(B) 20 camisas O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-


(C) 40 camisas vam os conteúdos:
(D) 80 camisas - Lógica sequencial
- Calendários
Resolução:
Como eu quero 2 peças desse tecido e 1 peça possui 30 metros RACIOCÍNIO VERBAL
logo: Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
30 . 2 = 60 m. Temos que trabalhar com todas na mesma unida- conclusões lógicas.
de: 1 m é 10dm assim temos 60m . 10 = 600 dm, como cada camisa Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
gasta um total de 15 dm, temos então: bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
600/15 = 40 camisas. vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
Resposta: C gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
conhecimento por meio da linguagem.
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Um Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
veículo tem capacidade para transportar duas toneladas de carga. trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
Se a carga a ser transportada é de caixas que pesam 4 quilogramas ções, selecionando uma das possíveis respostas:
cada uma, o veículo tem capacidade de transportar no máximo: A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
(A) 50 caixas formações ou opiniões contidas no trecho)
(B) 100 caixas B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
(C) 500 caixas formações ou opiniões contidas no trecho)
(D) 1000 caixas C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)
Resolução:
Uma tonelada(ton) é 1000 kg, logo 2 ton. 1000kg= 2000 kg ESTRUTURAS LÓGICAS
Cada caixa pesa 4kg Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
2000 kg/ 4kg = 500 caixas. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
Resposta: C atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA Elas podem ser:
DE ARGUMENTAÇÃO (ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
DEDUÇÕES E CONCLUSÕES). DIAGRAMAS LÓGICOS co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- – Fez Sol ontem?
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte televisão.
consiste nos seguintes conteúdos: - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Operação com conjuntos. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
- Cálculos com porcentagens. do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé-
tricos e matriciais. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
- Geometria básica. valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
- Álgebra básica e sistemas lineares. rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
- Calendários.
- Numeração. Proposições simples e compostas
- Razões Especiais. • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
- Análise Combinatória e Probabilidade. nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
- Progressões Aritmética e Geométrica. proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
Argumentação. cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo. por duas proposições simples.

71
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

72
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) CERTO
( ) ERRADO

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

73
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resposta: Certo ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


por duas proposições simples.
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa- Exemplos:
mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa- 1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a – “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
respeito de determinados conceitos ou entes. – A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
Valores lógicos – Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma – O que é isto?
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos Há exatamente:
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente. (A) uma proposição;
Com isso temos alguns aximos da lógica: (B) duas proposições;
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não (C) três proposições;
pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo. (D) quatro proposições;
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é (E) todas são proposições.
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso. Resolução:
Analisemos cada alternativa:
“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: (A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos
V ou F.” atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valo-
res lógicos, logo não é sentença lógica.
Classificação de uma proposição
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos
Elas podem ser:
atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também po-
co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
demos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quan-
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
tidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
F a sentença).
– Fez Sol ontem?
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
Resposta: B.
televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO


valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-


cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

74
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q

75
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) CERTO
( ) ERRADO

76
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

77
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

78
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-
te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
• Mais sobre o Conectivo “ou” 4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
– “inclusivo”(considera os dois casos) verdade:
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos) V

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das


proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi- Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
vo”(considera apenas um dos casos) posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

Exemplo: ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a


R: Paulo é professor ou administrador tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qual-
S: Maria é jovem ou idosa quer questão referente ao assunto.

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das Ordem de precedência dos conectivos:
proposições é verdadeira, podendo ser ambas. O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
proposições poderá ser verdadeiro mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer Em resumo:
sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou
operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de
acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, res-
pectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando
(D) p v p, p -> q, ¬ q
a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.
(E) p v q, ¬ q, p v q

79
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução: Exemplo:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o
conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
da pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES Observe:
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo- - Toda proposição implica uma Tautologia:
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua
tabela-verdade:

- Somente uma contradição implica uma contradição:


Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo-
sição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.
Propriedades
Resolução:
• Reflexiva:
Montando a tabela teremos que:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
P ~p ~p ^p
V F F • Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
V F F Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
F V F P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
F V F
Regras de Inferência
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de uma CONTRADIÇÃO.
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
Resposta: C
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que
pode ou não existir entre duas proposições.

80
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

• Silogismo Disjuntivo Inferências


• Regra do Silogismo Hipotético

Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
• Modus Ponens p ^ ~p ⇒ q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
• Modus Tollens te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
Tautologias e Implicação Lógica – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
• Teorema – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...) uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.
Observe que: • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das Teremos duas possibilidades.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.

81
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B” Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes- conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
mo que dizer “nenhum B é A”. que Algum B não é A.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
grama (A ∩ B = ø): • Negação das Proposições Categóricas
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição
categórica particular geramos uma proposição categórica universal.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro- uma proposição de natureza afirmativa.
posição: Em síntese:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo mação anterior é:
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três (C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
representações possíveis: não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

82
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução: Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação. -se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum). esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
Logo, podemos descartar as alternativas A e E. ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção, dos e Nenhum, que também são universais.
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a


afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
(C) Nenhum psicólogo é professor. Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor. quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo. nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
Resolução: cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega- Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra- negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo Resposta: D
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
• Equivalência entre as proposições mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
resolução de questões. dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB
Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação Se um elemento pertence ao conjunto A,
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual então pertence também a B.
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

83
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
NENHUM casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
E
AéB (A) existem cinemas que não são teatros.
Existe pelo menos um elemento que (B) existe teatro que não é casa de cultura.
pertence a A, então não pertence a B, e (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
vice-versa. (D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Existe pelo menos um elemento co- Analisando as proposições temos:
mum aos conjuntos A e B. - Todo cinema é uma casa de cultura
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

- Existem teatros que não são cinemas

- Algum teatro é casa de cultura

ALGUM
O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B, Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
ou seja, na intercessão). Segundo as afirmativas temos:
Temos também no segundo caso, a dife- (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
rença entre conjuntos, que forma o con- diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
junto A - B menos um dos cinemas é considerado teatro.

84
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- Exemplo:
mo princípio acima. P1: Todos os cientistas são loucos.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, P2: Martiniano é louco.
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos Q: Martiniano é um cientista.
afirma isso
O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento
formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- ria do seu conjunto de premissas.
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- Exemplo:
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo O silogismo...
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também P1: Todos os homens são pássaros.
não é cinema. P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


Resposta: E do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo- todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse- pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu- essa frase da seguinte maneira:
mento.

85
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Argumentos Inválidos
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade das
premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois as


premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. Patrícia
pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois a primeira
premissa não afirmou que somente as crianças gostam de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é


criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença “Ne- trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
nhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em comum. facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos: concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:


NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!

86
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “• ” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

87
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi- Resolução:


ções simples? A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
2º método. A = Chove
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi- B = Maria vai ao cinema
ção simples ou uma conjunção? C = Cláudio fica em casa
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar D = Faz frio
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos E = Fernando está estudando
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos: F = É noite
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta Lembramos a tabela verdade da condicional:
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo
3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)• r é verdade. Sabendo que r é falsa, con-
cluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma con- A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
junção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas utilizando isso temos:
forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, estava estudando. // B → ~E
por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é Iniciando temos:
ou NÃO VÁLIDO. 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
Resolução pelo 4º Método tem que ser F.
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
mos: // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- vai ao cinema tem que ser V.
deiro! 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
verdadeiras! Teremos: sai de casa tem que ser F.
- 1ª Premissa) (p∧q)• r é verdade. Sabendo que p e q são ver- 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: ser V ou F.
r é verdadeiro. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que Resposta: Errado
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!
(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
Exemplos: JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
seguintes proposições sejam verdadeiras. é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. bruxa.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Durante a noite, faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
item subsecutivo.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
( ) CERTO
( ) ERRADO

88
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão o
valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

89
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.

90
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia

Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, todos
para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

É correto concluir que, em janeiro,


(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;

91
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA


Luiz N
Tipos de quantificadores
Arnaldo N
Mariana • Quantificador universal (∀)
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Exemplo:
Arnaldo N N Todo homem é mortal.
Mariana N N S N A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Paulo N mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria:
− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Paulo N N mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
− Luiz não viajou para Fortaleza. 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
Luiz N N N
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
Arnaldo N N (x) (A (x) → B).
Mariana N N S N Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.
Paulo N N
Aplicando temos:
Agora, completando o restante: x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En- ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul-
Luiz N S N N gar, logo, é uma proposição lógica.

Arnaldo S N N N • Quantificador existencial (∃)


Mariana N N S N O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
Paulo N N N S

Resposta: B

Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
Exemplo:
proposição aberta em uma proposição lógica.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase
é:

92
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-


cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- Existe sim! y = 0.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ X + 0 = X.
(x)) (A (x) ∧ B). Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
Aplicando temos: reto.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ N Resposta: CERTO
/ x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x +
2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira? ANOTAÇÕES
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica. ______________________________________________________

ATENÇÃO: ______________________________________________________
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”. ______________________________________________________
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é ______________________________________________________
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.
______________________________________________________
Forma simbólica dos quantificadores
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). ______________________________________________________
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). ______________________________________________________
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
______________________________________________________
Exemplos:
______________________________________________________
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo. ______________________________________________________
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo. ______________________________________________________
(D) Nenhum animal é cavalo.
______________________________________________________
Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu- ______________________________________________________
sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal. ______________________________________________________
– Se é cavalo, então é um animal. ______________________________________________________
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma ______________________________________________________
de conclusão).
Resposta: B ______________________________________________________

(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi- ______________________________________________________


ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
______________________________________________________
Resolução:
______________________________________________________
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R) ______________________________________________________
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores. ______________________________________________________
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade. ______________________________________________________

93
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

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_______________________________________________________________________________________________________________

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 10 OU SUPERIOR:


ÁREA DE TRABALHO, USO DOS MENUS, BARRA
DE TAREFAS, BARRAS DE TÍTULO, PROGRAMAS E
APLICATIVOS
Área de trabalho
WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
Arquivos e atalhos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, tas, criar atalhos etc.
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza


internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas. • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar pia de segurança.
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS BÁSICOS DE PASTAS E ARQUIVOS: MANIPULAÇÃO (CRIAR, MOVER, COPIAR, EXCLUIR, RENOMEAR)
COMPARTILHAMENTO, PRINCIPAIS EXTENSÕES, ATALHOS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)1.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:

1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

SOFTWARE DE ELABORAÇÃO DE TEXTOS (WORD VERSÃO 2013 OU SUPERIOR): ESTRUTURA BÁSICA DOS
DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS, FONTES, COLUNAS, MARCADORES
SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS, IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS,
LEGENDAS, ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO

Word 2013
Conhecido como o mais popular editor de textos do mercado, a versão 2013 do Microsoft Word traz tudo o que é necessário para
editar textos simples ou enriquecidos com imagens, links, gráficos e tabelas, entre outros elementos3.
A compatibilidade entre todos os componentes da família Office 2013 é outro dos pontos fortes do Microsoft Word 2013. É possível
exportar texto e importar outros elementos para o Excel, o PowerPoint ou qualquer outro dos programas incluídos no Office.
Outra das novidades do Microsoft Word 2013 é a possibilidade de guardar os documentos na nuvem usando o serviço SkyDrive. Dessa
forma, é possível acessar documentos do Office de qualquer computador e ainda compartilhá-los com outras pessoas.

3 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4685295/mod_resource/content/1/Apostila%20de%20Word.pdf
4 Fonte: http://www.etec.sp.gov.br/view/file/wv_file.aspx?id=84AFA42DFAD089D53534D753C0488CE2E8CCFF5EC8324596BECE07A8164EDF-

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os menus e as barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções (Guias e Comandos) e pelo modo de exibição Backstage
(área de gerenciamento de arquivo)5.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Esta barra permite acesso rápido para alguns comandos que são executados com frequência: como iniciar um novo arquivo, salvar um
documento, desfazer e refazer uma ação, entre outros.

Na parte superior do Word 2013 você encontra uma faixa de opções, que também é organizada por guias. Cada guia tem várias faixas
de opções diferentes. Estas faixas de são formadas por grupos e estes grupos têm vários comandos. O comando é um botão, uma caixa
para inserir informações ou um menu.

Botão Arquivo
Ao clicar sobre ele será exibido opções como Informações, Novo, Abrir, Salvar, Salvar como, Imprimir, etc. Portanto, clique sobre ele e
visualize essas opções.

12521C97DA04C93379CD1A503BE1561B8D7DFDD0202571B27264EF62AF01F952C6
5 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/20/word-2013-estrutura-basica-dos-documentos/

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Página inicial
Área de transferência, Fonte, Parágrafo, Estilo e Edição.

Inserir
Páginas, Tabelas, Ilustrações, Aplicativos, Links, comentários, Cabeçalho e Rodapé, Texto e Símbolos.

Design
Formatação do documento.

Layout da Página
Configurar Página, Parágrafo e Organizar.

Referências
Sumário, Notas de Rodapé, Citações e Bibliografia, Legendas e Índice.

Correspondências
Criar, Iniciar Mala Direta, Gravar e Inserir Campos, Visualizar Resultados e Concluir.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ição
Modo de Exibição, Mostrar, Zoom, Janela e Macros.

Formatos de arquivos Word 2013


Formatos de arquivo suportados e suas extensões6:
.doc: documento do Word 97-2003
.docm: documento para macro do Word. Baseado em XML par macro do Word 2019, 2016, 2013 2010 e 2007
.docx: padrão Word 2019, 2016, 2013, 2010 e 2007 e Documento Strict de Open XML
.htm e .html: página da Web Página da Web, Filtrado
.mht e .mhtml: página da Web de Arquivo Único
.odt: texto do OpenDocument. Este é a extensão do LibreOffice, mas o Word dá suporte para que os arquivos salvos do Word 2019,
2016 e 2013 possam ser abertos no Writer do LibreOffice e arquivos do Writer possam ser abertos no Word 2019, 2016 e 2013, mas aten-
ção, a formatação do documento pode ser perdida.
.dot: modelo do Word 97-2003
.dotm: modelo habilitado para macro do Word
.dotx: modelo do Word
.pdf: arquivos que usam o formato de arquivo PDF podem ser visualizados, editados e salvos em .docx ou .pdf usando o Word 2019,
o Word 2016 e o Word 2013. Atenção: Os arquivos PDF podem não ter uma correspondência perfeita de página para paginação com o
original.
.rtf: formato Rich Text . Formato para ser multiplataforma. Os documentos criados em diferentes sistemas operacionais e aplicativos
de software podem ser utilizados entre eles.
.txt: texto simples. Quando o documento é salvo perde sua formatação. É o formato do bloco de notas e WordPad.
.xml: documento XML do Word 2003 e Word 2019, 2016, 2013 e 2007 (Open XML). É também chamado de MetaFile e arquivo de
MetaDados (arquivos com informações extras).
.xps: XML Paper Specification, um formato de arquivo que preserva a formatação do documento e habilita o compartilhamento de
arquivos.
.wps: documento Works 6-9. Este é o formato de arquivo padrão do Microsoft Works, versões 6.0 a 9.0.

Criando um documento
Ao criar um documento no Word 2013, é possível começar com um documento em branco ou deixar que um modelo faça a maior
parte do trabalho7.

Iniciando um documento
A maioria das pessoas costuma criar um documento a partir de uma página em branco, apesar de o Word ter vários modelos com
temas e estilos pré-definidos, assim só é preciso adicionar conteúdo.

6 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/17/word-2013-formatos-de-arquivos/
7 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/21/edicao-e-formatacao-de-textos-word-2013/

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abrir um documento
Ao iniciar o Word, aparece uma galeria de modelo separado por categorias. É só clicar em uma delas e escolher um modelo que atenda
melhor seu objetivo.
Aparecerá do lado esquerdo (ver imagem anterior) uma lista com os documentos recentes que você usou.
É só clicar em uma delas e escolher um modelo que atenda melhor seu objetivo.
Caso queira outro documento que não está nesta lista você verá bem abaixo desta coluna a opção abrir outros documentos.

Se já estiver trabalhando no Word e quiser abrir um arquivo é só ir na Barra de Opções e clicar em Arquivo > Abrir e navegar até o local
onde se encontra o arquivo.
Caso você esteja abrindo um documento criado em versões anteriores do Word, você verá Modo de Compatibilidade na barra de título
da janela do documento. Você pode trabalhar no modo de compatibilidade ou atualizar o documento e usar os recursos do Word 2013.
Ctrl + O: atalho para abrir um documento novo documento.
Ctrl + A: atalho para abrir um documento já existente.

Salvando e Fechando o Arquivo


Para salvar um documento digitado, clique na guia Arquivo.

Em seguida, clique na opção Salvar como.

Após o clique, a caixa de diálogo Salvar como será aberta, onde devemos informar o nome do arquivo e o local onde será salvo.
É possível também salvar na nuvem (on-line) clicando em OneDrive e assim podendo compartilhar o arquivo em vários dispositivos
como no celular ou outros computadores.
O Word já salva automaticamente o arquivo no formato .docx mas caso queira salvar em outro formato, logo abaixo do nome do ar-
quivo tem uma lista de tipos de arquivos suportados pelo Word 2013.

No Word tem uma barra de acesso rápido no topo do editor na qual o documento pode ir sendo salvo
conforme se vai trabalhando nele.
Ctrl + B: atalho para salvar documento.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções básicas em um editor de texto


Ctrl + C (Copiar): é quando copiar um texto para repetir no mesmo texto ou colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com direito
do mouse e clique em Copiar.
Ctrl + X (Recortar): recurso para tirar o texto selecionado e colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com botão direito do mouse
e selecione Recortar. Este arquivo copiado ou recortado irá para a área de transferência.
Área de transferência: área separada do sistema operacional para guardar uma pequena quantidade de dados.
Ctrl + V (Colar): recurso para colar o texto que foi copiado ou recortado. Selecione o local que quer colar e clique no botão direito do
mouse e selecione o tipo de colagem.

Cabeçalho e rodapé
Para colocar números das páginas, título ou data em todas as páginas de seu documento, você deve adicionar um cabeçalho ou ro-
dapé8.
Basta clicar na aba Inserir e em adicionar Cabeçalho ou rodapé.
Seleciona o formato clicando no modelo de seu interesse. Abrirá o cabeçalho para editar a parte interna dele.

Digite o Título e feche o cabeçalho.

Todas as páginas do documento terão o mesmo cabeçalho.

Parágrafos
No Word 2013 tem dois lugares em que encontramos funções para formatarmos parágrafos9.

Guia Página Inicial

8 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/28/cabecalho-e-rodape-word-2013/
9 https://centraldefavoritos.com.br/2019/10/28/paragrafos-word-2013/

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Layout de Páginas

A formatação propriamente dita é feita na página inicial.

Alinhamento de parágrafos

Alinhar à esquerda (Ctrl+Q): alinha todo parágrafo na margem esquerda do documento.


Centralizar (Ctrl+E): centraliza o texto no centro da página, dando ao documento uma aparência mais formal
Alinhar à direita (Ctrl+G): alinha o conteúdo à margem direita do documento.
Justificar (Ctrl+J): distribui o texto uniformemente entre as margens

Espaçamento de linhas e parágrafos

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolhe o espaçamento entre linha ou parágrafos. Classificar


Clicando na seta de opções tem os valores de espaçamento.
Quanto maior o número maior o espaçamento.

Sombreamento de parágrafo

Nesta opção, pode-se classificar itens selecionado em ordem


alfabética ou numérica.
Ex.: Lista de animais
Vaca
Elefante
Porco
Girafa

Ao selecionar a lista e clica na opção ela fica em ordem


alfabética; Na janela que abrir, pode-se colocar a lista em ordem
crescente ou decrescente.

Recuos
Para realçar o texto, parágrafo ou célula de tabela selecionada.
Ele simplesmente muda a cor atrás dando maior destaque.

Bordas
Além do sombreamento, você pode dar um destaque a um tex-
to colocando uma borda. E clicando na seta você poderá alterar o
estilo da borda.

A primeira opção o parágrafo vai para mais perto da margem


(DIMINUIR RECUO)
A segunda opção o parágrafo vai para mais longe da margem
(AUMENTAR RECUO)
É só selecionar o parágrafo e clicar na opção. Cada clicada ele
salta 1,25 cm.

Mostrar tudo (Ctrl+*)

Mostra as marcas de parágrafo e outros símbolos de formata-


ção ocultos. É útil para formatação de layouts avançados.

Para colocar a borda basta selecionar o texto ou parágrafo e


clica na borda desejada.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Inserir (Grupo Tabelas)

Tabela: permite inserir e trabalhar com tabelas no


documento10. Ao clicar na setinha logo abaixo do botão
Tabela, abre-se um menu com opções.

Selecionando-se uma sequência de quadradinhos, é possível inserir uma tabela automaticamente, após soltar o mouse.
Exemplo: Na figura abaixo, é possível notar a seleção de alguns quadradinhos e a indicação Tabela 3x2, o que significa que ao soltar o
botão do mouse, será inserida no documento uma tabela com 3 colunas e 2 linhas.

Inserir Tabela: permite inserir uma tabela na posição do cursor.


Note que a opção tem reticências no final, o que significa que será
aberta uma janela de opções, para que sejam feitas as configurações
da tabela que será inserida no documento.

10 https://bit.ly/2BH2KiN

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Neste quadro é possível configurar o número de colunas e o número de linhas da tabela, além de largura de coluna fixa, ajustada
automaticamente.

SOFTWARE DE PLANILHAS ELETRÔNICAS (EXCEL VERSÃO 2013 OU SUPERIOR): ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS,
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS, TABELAS E GRÁFICOS; FORMATAÇÃO; ELABORAÇÃO DE
TABELAS E GRÁFICOS; USO DE FÓRMULAS E FUNÇÕES MAIS BÁSICAS; IMPRESSÃO; INSERÇÃO DE OBJETOS;
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS

É o principal software de planilhas eletrônicas entre as empresas quando se trata de operações financeiras e contabilísticas11.
O Microsoft Excel 2013 tem um aspeto diferente das versões anteriores.

Tela inicial do Excel 2013.

As cinco principais funções do Excel são:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.

11 http://www.prolinfo.com.br

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e adminis-


trar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando
operações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual
seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada. Guia de Planilhas.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramen-
tas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar – Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As co-
apresentações de alta qualidade. lunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem
ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias no total de 16.384 colunas em cada planilha.
macros. – Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As
linhas de uma planilha são representadas em números, formam um
Planilha Eletrônica total de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical es-
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma querda da planilha.
de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos
de cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que cal-
culam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos,
imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a dei-
xar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de Linhas e colunas.
impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na
figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um
endereço que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna
B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome
logo acima da planilha.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas Células.


Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula poden-
do conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)
melhor a sua utilidade. Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções
está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anterio-
res ao MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma repre-
senta tarefas principais executadas no Excel.
Barra de Fórmulas. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados
reunidos.
Guia de Planilhas Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos informações ou um menu.
abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráfi-
cos, tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada Pasta de trabalho
item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um. É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por pa- Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm,
drão encontramos apenas uma planilha. xltx ou xlsb.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de prioridade de cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

• Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SOFTWARE DE APRESENTAÇÃO DE SLIDES (POWER POINT VERSÃO 2013 OU SUPERIOR): ESTRUTURA BÁSICA DAS
APRESENTAÇÕES, CONCEITOS DE SLIDES; EDIÇÃO, FORMATAÇÃO E IMPRESSÃO DE APRESENTAÇÕES; INSERÇÃO DE
OBJETOS, NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, BOTÕES DE AÇÃO, ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO ENTRE SLIDES

O PowerPoint 2013 é um do programa para produção de apresentações incluído no conjunto de programas do Microsoft Office 201312.
Munido de um vasto conjunto de ferramentas, o PowerPoint permite ao utilizador produzir apresentações dinâmicas e profissionais.

Tela inicial do PowerPoint 2013.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informações
entre si através do documento, através de comentários.

1. Guia Arquivo: ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar,
Enviar, Publicar e Fechar.

2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido13 : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão
do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento. É
possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

12 https://carlosdiniz.pt/manuais/Manual_PowerPoint2013.pdf
13 http://www.professorcarlosmuniz.com.br

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa Power-
Point.

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou
disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia
Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos14.

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

14 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; es-
colher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura e criar
efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento exis-
tente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de cores,
fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.


3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado clicando
sobre ele.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

40

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.

Fonte: altera o tipo de fonte.


Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, promoven-
do uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2013 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE


ARQUIVOS

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto e ou-
tras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.

Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.com.br / @editora.com.br


– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a criação
de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Mail,
Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos tópicos
adiante, lembrando que todos funcionam de formas bastante parecidas.

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Preparo e envio de mensagens • Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa-
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down-
load), etc.

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.
• Sites
• Anexação de arquivos Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde
o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento
qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns


dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane- Internet Explorer 11


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
• Identificar o ambiente
INTERNET: PRINCIPAIS NAVEGADORES, TIPOS DE
AMEAÇAS VIRTUAIS E DEFESAS, NAVEGAÇÃO NA
INTERNET, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA E
IMPRESSÃO DE PÁGINAS

Navegação e navegadores da Internet


O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Micro-
• Internet soft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador sim-
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção plificado com muitos recursos novos.
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co- Dentro deste ambiente temos:
municam. – Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que
protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mozila Firefox Google Chrome

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto


de nosso estudo: O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem: A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
1 Botão Voltar uma página acionado e exibe os resultados.

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8
detalhar adiante) Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

9 Mostra menu de contexto com várias opções


1 Botão Voltar uma página
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 2 Botão avançar uma página
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado 3 Botão atualizar a página
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- 4 Barra de Endereço.
dos seguros após o uso.
5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual
Exibe um menu de contexto que iremos
7
relatar seguir.

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma- • Pesquisar palavras
dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe- Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio- podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
nalidades.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
• Favoritos Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi- direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e • Downloads
pronto. Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa- site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
Para removê-lo, basta clicar em excluir. progresso e os downloads concluídos.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, • Sincronização
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
dia a dia se preferir. portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bas- • Pesquisar palavras
tante comuns. Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
Vejamos algumas de suas funcionalidades: busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
• Lista de Leitura e Favoritos demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere- • Salvando Textos e Imagens da Internet
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você • Downloads
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo- Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
vê-lo, basta clicar em excluir. gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

HARDWARE: DISPOSITIVOS DE ENTRADA DE DADOS,


DE SAÍDA DE DADOS, PERIFÉRICOS E DISPOSITIVOS DE
• Histórico e Favoritos ARMAZENAMENTO

Hardware
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu-
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi-
do, monitor, scanner, etc.

Software
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta-
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas
em linguagem de máquina e executadas por computador.
O software pode ser categorizado em dois tipos:
– Software de sistema operacional
– Software de aplicativos em geral

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Software de sistema operacional • Aplicativos e Ferramentas


O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do São softwares utilizados pelos usuários para execução de tarefas
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access,
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo- além de ferramentas construídas para fins específicos.
ws, Linux, Unix , Solaris etc.

• Software de aplicação
SUÍTE DE ESCRITÓRIOS LIBREOFFICE: WRITER, CALC E
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para
IMPRESS, VERSÃO 6, OU SUPERIOR
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati-
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc. LIBREOFFICE OU BROFFICE

Para não esquecer:

HARDWARE É a parte física do computador


São os programas no computador (de fun-
SOFTWARE
cionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.

Tipos:

PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades
PERIFÉRICOS de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, Po-
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA werPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice:
Writer, Calc e o Impress).
• Periféricos de entrada mais comuns. O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux
– O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Windo-
essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos ws, visto a sua concorrência com o OFFICE.
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular; Abaixo detalharemos seus aplicativos:
– Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
para uso no computador; LibreOffice Writer
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com- na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti-
putador. las e comunicações em geral.
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.
• Periféricos de saída populares mais comuns
– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário; Área de trabalho do Writer
– Impressoras, que permite a impressão de dados para mate- Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
rial físico; com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
– Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador; às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
– Fones de ouvido. nossos documentos.

Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Iniciando um novo documento


Itálico

Sublinhado

Taxado

Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

OU

Conhecendo a Barra de Ferramentas Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada
na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa
Alinhamentos necessidade e estilo que ser aplicado no documento.
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:

Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
GUIA PÁGINA Mudar cor de Fundo
ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO Mudar cor do texto
INCIAL
Alinhamento a Inserir Tabelas
Control + L Inserir Imagens
esquerda
Inserir Gráficos
Centralizar o texto Control + E Inserir Caixa de Texto

Alinhamento a direita Control + R Verificação e correção ortográfica

Justificar (isto é Salvar


arruma os dois lados,
direita e esquerda Control + J
de acordo com as LibreOffice Calc
margens. O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu-
Formatação de letras (Tipos e Tamanho) los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins.

Área de trabalho do CALC


Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme-
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO lhantes às já conhecidas do Office.

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cálculos automáticos
Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

Vamos à algumas funcionalidades


— Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que


nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exem-
Aumenta / diminui plo coluna A, linha 2 ( Célula A2 )
tamanho Podemos também ter o intervalo A1..B3
Itálico

Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo

Outros Recursos interessantes

ÍCONE FUNÇÃO
Ordenar
Ordenar em ordem
crescente
Auto Filtro
Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e
Inserir gráfico digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.
Verificação e correção
ortográfica

Salvar

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação células

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es-


crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por
exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos Formatação dos textos:
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um


tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:
Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de-
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de-
senvolvimento do trabalho.

Itens demarcados na figura acima:


— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
— Caractere: Letra, estilo, tamanho.
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

— Marcadores e numerações: Organização dos elementos e Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli-
tópicos. des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre-
tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra,
Outros Recursos interessantes: trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer
necessário.
ÍCONE FUNÇÃO
Transições
Inserir Tabelas Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições,
Inserir Imagens que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta-
Inserir Gráficos ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecio-
Inserir Caixa de Texto nar a transição desejada:
Verificação e correção
ortográfica

Salvar

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no


mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
criar os próximos.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também aces-
sível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. (TJ/RN - TÉCNICO DE SUPORTE SÊNIOR - COMPERVE/2020)


QUESTÕES Um técnico de suporte recebeu uma planilha elaborada no Micro-
soft Excel, com os quantitativos de equipamentos em 3 setores di-
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como ferentes e o valor unitário em reais de cada equipamento, conforme
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as imagem abaixo.
versões em papel para o formato digital, é denominado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
adicionada para resolver o problema constatado por João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb Para que uma célula mostre o valor em reais do somatório dos
(D) Placa de captura valores de todos os equipamentos do departamento de informáti-
(E) Placa de vídeo ca, seria necessário utilizar a fórmula:
(A) =SOMA(B3:B8 + C3:C8)
3. (PREFEITURA DE EDÉIA/GO - TÉCNICO DE ENFERMAGEM - (B) =SOMA(B3:B8 * C3:C8)
ITAME/2020) Em relação a arquivos e pastas no sistema operacio- (C) =SOMA(B3:B8 * D3:D8)
nal Windows é correto afirmar: (D) =SOMA(B3:B8 + D3:D8)
(A) a extensão da Pasta no Windows é .EXE;
(B) arquivos com extensão .xlsx são próprio do Power Point; 6. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP - MÉDICO - INSTITUTO EX-
(C) a estrutura de uma Pasta pode ser composta com Pastas e CELÊNCIA/2018) Tendo por base o programa Microsoft Excel na sua
Subpastas; configuração padrão e versão mais recente, responda: Qual opera-
(D) arquivos com extensão .docx podem ser abertos pelo sof- dor aritmético é utilizado quando for preciso inserir uma potencia-
tware PAINT. ção?
(A) !
4. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO (B) $
AMBIENTAL - COTEC/2020) Acerca do Windows Explorer, analise as (C) *
seguintes afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as (D) @
falsas. (E) ^
( ) - A partir da versão do Windows 10 em diante, a ferramenta
Windows Explorer passou a se chamar Navegador de Arquivos. 7. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2019) O PowerPoint permite, ao
( ) - É considerada uma das ferramentas mais importantes do preparar uma apresentação, inserir efeitos de transições entre os
Sistema Operacional Windows. slides. Analise os passos para adicionar a transição de slides.
( ) - Existem basicamente três formas de acessá-lo: no Menu ( ) Selecionar Opções de Efeito para escolher a direção e a na-
Iniciar, acionando as teclas do Windows + a letra E ou clicando no tureza da transição
ícone com o desenho de uma pasta, localizada na Barra de Tarefas. ( ) Selecionar a guia Transições e escolher uma transição; sele-
( ) - Tem recebido novos incrementos a cada nova versão, pas- cionar uma transição para ver uma visualização.
sando a oferecer também suporte a novos recursos, como reprodu- ( ) Escolher o slide no qual se deseja adicionar uma transição.
ção de áudio e vídeo. ( ) Selecionar a Visualização para ver como a transição é exi-
( ) - Trata-se de uma espécie de pasta utilizada somente para bida.
movimentar os arquivos do computador. A sequência está correta em
A sequência CORRETA das afirmações é (A) 3, 2, 1, 4.
(A) F, V, F, V, F. (B) 1, 2, 3 ,4.
(B) V, F, F, V, V. (C) 3, 4, 1, 2.
(C) F, V, V, V, F. (D) 1, 4, 2, 3.
(D) F, V, F, F, V.

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

8. (PREFEITURA DE VILA VELHA/ES - PSICÓLOGO - IBADE/2020) 14. (UFPEL - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - UFPEL-
O programa utilizado para criação/edição e exibição de slides é: -CES/2019) Analise as afirmações:
(A) Excel. I) O Calc do LibreOffice funciona no Linux mas não no Windows.
(B) Word. II) O LibreOffice tem Editor de Texto e Planilha Eletrônica, mas
(C) Photoshop. não tem Banco de Dados.
(D) Power Point. III) A planilha eletrônica do LibreOffice é o Writer.
(E) Media Player. IV) Arquivos gerados no Calc do LibreOffice no ambiente Linux
podem ser abertos pelo Microsoft Excel no ambiente Windows.
9. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER- Está(ão) correta(s),
MAGEM - FUNDATEC/2018) (A) III e IV, apenas.
Os ícones , pertencentes ao programa Microsoft Word (B) I e II, apenas.
2013, são chamados, respectivamente, de: (C) II e IV, apenas.
(A) Maiúsculas e Minúsculas. (D) IV, apenas.
(B) Subscrito e Sobrescrito. (E) I, apenas.
(C) Negrito e Itálico.
(D) Imprimir e Substituir. 15. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
(E) Itálico e Imprimir. MINISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e com-
ponentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, pre-
10. (FUNDATEC - CONTADOR - FUNDATEC/2018) Em que Guia sente na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
do programa Microsoft Word 2013, em sua configuração padrão, Item
está localizado o recurso Inserir Nota de Rodapé? 1- Spam
(A) Inserir. 2- IMAP
(B) Página inicial. 3- Cabeçalho
(C) Referências. 4- Gmail
(D) Revisão. Definição
(E) Layout da Página. ( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico.
( ) Um serviço gratuito de webmail.
11. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJE- ( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa
TIVA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, anali- para múltiplas pessoas.
sar os itens abaixo: ( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail.
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela. A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é:
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por (A) 1, 2, 3, 4.
ano. (B) 3, 1, 2, 4.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários. (C) 2, 1, 4, 3.
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall (D) 2, 4, 1, 3.
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware (E) 1, 3, 4, 2.
e ransomware.
Estão CORRETOS: 16. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO
(A) Somente os itens I, II e III. AMBIENTAL - COTEC/2020) LEIA as afirmações a seguir:
(B) Somente os itens I, III e IV. I - É registrada a data e a hora de envio da mensagem.
(C) Somente os itens II, III e IV II - As mensagens devem ser lidas periodicamente para não
(D) Todos os itens. acumular.
III - Não indicado para assuntos confidenciais.
12. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER- IV - Utilizada para comunicações internacionais e regionais,
MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema economizando despesas com telefone e evitando problemas com
operacional Microsoft Windows 10, possui a função de: fuso horário.
(A) Selecionar tudo. V - As mensagens podem ser arquivadas e armazenadas, per-
(B) Imprimir. mitindo-se fazer consultas posteriores.
(C) Renomear uma pasta. São vantagens do correio eletrônico aquelas dispostas em ape-
(D) Finalizar o programa. nas:
(E) Colocar em negrito. (A) I, IV e V.
(B) I, III e IV.
13. (IF/TO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - IF/TO/2019) (C) II, III e V.
Quais são as extensões-padrão dos arquivos gerados pelo LibreOffi- (D) II, IV e V.
ce Writer e LibreOffice Calc, ambos na versão 5.2, respectivamente? (E) III, IV e V.
(A) .odt e .ods
(B) .odt e .odg
(C) .ods e .odp
(D) .odb e .otp
(E) .ods e .otp

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

17. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -


GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet: GABARITO
(A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
(B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
(C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados. 1 C
(D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito. 2 E

18. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD- 3 C


MINISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide 4 C
Web (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na lin-
5 B
guagem corrente, e não são porque
(A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági- 6 E
nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de 7 A
acesso a um computador.
(B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co- 8 D
nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço 9 B
especial de acesso ao Google.
(C) a internet é uma rede mundial de computadores especial, 10 C
enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun- 11 B
cionam dentro da internet.
12 A
(D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico. 13 A
(E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan- 14 D
to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
especial ao Google. 15 D
16 A
19. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE SER-
VIÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na internet, 17 B
analisar a sentença abaixo: 18 C
Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente re- 19 C
alizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam com
o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não garante que 20 A
os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A sentença está:
(A) Totalmente correta.
(B) Correta somente em sua 1ª parte. ANOTAÇÕES
(C) Correta somente em sua 2ª parte.
(D) Totalmente incorreta.
______________________________________________________
20. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER -
______________________________________________________
IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções ______________________________________________________
dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador ______________________________________________________
Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome.
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens ______________________________________________________
do navegador Firefox.
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan- ______________________________________________________
do uma página é fechada incorretamente.
(D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na ______________________________________________________
intranet.
______________________________________________________
(E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
quando estão em uma rede da internet. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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134
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
E DIREITO ADMINISTRATIVO

Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os go-


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: DOS PRINCÍPIOS vernantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo
FUNDAMENTAIS. povo.
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e Mu-
— Princípios fundamentais nicípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais –
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica do
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e in-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: dependência no exercício de suas funções, para que possam atuar
I - a soberania; em harmonia.
II - a cidadania Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais
III - a dignidade da pessoa humana; (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da República
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os fundamentos
nº 13.874, de 2019). ou princípios fundamentais representam a essência, causa primá-
V - o pluralismo político. ria do texto constitucional e a base primordial de nossa República
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação, ao que se
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos pretende, às finalidades e metas traçadas no texto constitucional
desta Constituição. que a República Federativa do Estado brasileiro anseia alcançar.
O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições li-
estão previstos no art. 1º da Constituição e são: vres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo res-
A soberania, poder político supremo, independente interna- peito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamen-
cionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o tais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, o
poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordena- Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema
mento jurídico. de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela se-
A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado, paração dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos
dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeito-
jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado. so com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público.
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo
inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no
respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DOS
condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igual-
DIREITOS SOCIAIS. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. DA
dade de direitos.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DA ORGANIZAÇÃO DOS
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é através
PODERES. DA ORDEM SOCIAL.
do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui para
com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio que — Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak):
defende a total liberdade para o exercício de atividades econômi- Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade individual – di-
cas, sem qualquer interferência do Estado. reitos civis e políticos;
O pluralismo político que decorre do Estado democrático de Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – direitos so-
Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubs- ciais e econômicos;
tanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade ou solida-
Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e riedade – direitos transindividuais, difusos e coletivos.
não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou
democratas e republicanos. — Direitos e deveres individuais e coletivos
Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Mu- Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles
nicípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, que trazem
de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da alguns dos direitos e garantias fundamentais.
impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o
vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indis- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
solúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se trans- quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
formar em um novo país. sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

135
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da igualdade entre homens e mulheres: A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos se recusar a cumprir determinada obrigação ou a praticar determi-
termos desta Constituição; nado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou
Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de di- à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma
reitos e deveres entre homens e mulheres. prestação alternativa, fixada em lei.

Princípio da legalidade e liberdade de ação: Liberdade de expressão e proibição de censura:


II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
coisa senão em virtude de lei; fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de ex-
não fazer algo que esteja previsto em lei. pressão e a vedação da censura.

Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento desu- Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
mano e degradante: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma-
mano ou degradante; terial ou moral decorrente de sua violação;
É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolá-
de tratamento desumano, degradante ou contrário à dignidade vel a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana, assegurando
humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios o direito à reparação material ou moral em caso de violação.
cidadãos. A vedação à tortura é uma cláusula pétrea de nossa
Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal Proteção do domicílio do indivíduo:
brasileira. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano- te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicula- por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
ção de ideias e práticas prejudiciais:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o Proteção do sigilo das comunicações:
anonimato; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a mani- ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
festação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não é absoluta no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí, lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
a vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem cessual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apuração de A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das co-
crimes de denúncia anônima. municações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de sigilo
telefônico só pode se dar por ordem judicial.
Direito de resposta e indenização:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, Liberdade de profissão:
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pes- são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
soa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação, conceito, É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. Essa
nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização liberdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita às qualificações
por dano moral ou material. profissionais que a lei estabelece.

Liberdade religiosa e de consciência: Acesso à informação:


VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguarda-
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; O direito à informação é assegurado constitucionalmente, ga-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência rantido o sigilo da fonte.
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
prestação alternativa, fixada em lei; manecer ou dele sair com seus bens;
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial, Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do ter-
mas que adota a liberdade de crença e de pensamento, assegurada ritório nacional em tempos de paz.
a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não priva-
ção de direitos em razão da crença pessoal.

136
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Direito de reunião: Direitos autorais:


XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o ros pelo tempo que a lei fixar;
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
petente; a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
uso comum do povo, desde que não venham a interferir ou atrapa- desportivas;
lhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local. b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
Liberdade de associação: pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri-
a de caráter paramilitar; vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
estatal em seu funcionamento; desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- ampla proteção às obras intelectuais: criação artística, científica,
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (es-
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- critas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escultura,
necer associado; pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto- fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não
extrajudicialmente; é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei
No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de as- da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral
sociações e cooperativas para fins lícitos, não podendo sofrer inter- busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade industrial busca
venção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atri- conter a concorrência desleal.
buição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares
(milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com Direito de herança:
fins político-partidários, religiosos ou ideológicos) são vedadas. XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
Direito de propriedade e sua função social: regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
XXII - é garantido o direito de propriedade; brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; do “de cujus”;
Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico
privada deve atender a interesses coletivos, não sendo nociva ou do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas decorrentes do
causando prejuízo aos demais. falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens
e direitos aos seus sucessores.
Intervenção do Estado na propriedade:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação Direito do consumidor:
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos sumidor;
previstos nesta Constituição; O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- as relações entre fornecedores e prestadores de bens e serviços
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação
prietário indenização ulterior, se houver dano; jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional,
encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legis-
O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do lação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado,
interesse público sobre o particular, nas hipóteses legais é permiti- responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que
da a intervenção do Estado na propriedade. atuam na proteção do consumidor.

Pequena propriedade rural: Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto


XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- aos órgãos públicos:
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa-
A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu-
por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva. rança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527,
de 2011).

137
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei pe-
gamento de taxas: nal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal, não é crime e
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a con-
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; dutas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe- mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu.
sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem Princípio da não discriminação:
direito à obtenção de informações, protocolo de petição e obtenção XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessi- tos e liberdades fundamentais;
dades, salvo necessidade de sigilo. Decorre do princípio da igualdade.

Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
trole jurisdicional: e anistia:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
ou ameaça a direito; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apre- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
ciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam até ele. graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
Segurança jurídica: dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
perfeito e a coisa julgada; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido. o Estado Democrático.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen- crático;
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prática
portanto, ser modificada. de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e crimes
hediondos.
Tribunal de exceção:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança,
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva- ou seja, que não dão ao acusado o direito de responder seu
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante
os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda pagamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento de determinadas obrigações;
dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e po-
pré-fixadas. dem ser julgados e punidos em qualquer tempo, independente-
mente da data em que foram cometidos;
Tribunal do Júri: Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não per-
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização mitem a exclusão do crime com a rescisão da condenação e extin-
que lhe der a lei, assegurados: ção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade,
a) a plenitude de defesa; ainda que parcial (graça).
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; Princípio da intranscendência da pena:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
a vida; do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusi- executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
vamente para o julgamento da prática de crimes dolosos contra a A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser
vida. cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade Individualização da pena:


da lei penal: XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena outras, as seguintes:
sem prévia cominação legal; a) privação ou restrição da liberdade;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

138
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas, Contraditório e a ampla defesa:
observado o histórico pessoal a atuação individual, de modo que LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida. acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;
Proibição de penas: Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido pro-
XLVII – não haverá penas: cesso legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de nulidade ab-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do soluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transita-
art. 84, XIX; da em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou
b) de caráter perpétuo; autoridade judiciária competente.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; Provas ilícitas:
e) cruéis. LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;
Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pes- Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulen-
soa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena de morte, to, ou que infrinja as normas e princípios básicos de direito, motivo
pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis. pelo qual não são aceitas no processo judicial.
Estabelecimentos para cumprimento de pena:
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, Presunção de inocência:
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
gado de sentença penal condenatória;
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o con-
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física trário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
e moral; Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi-
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela pre- cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
sidiária mulher: A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- da validade e veracidade dos documentos cíveis apresentados ou
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identifi-
ção; cada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais.
Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Cons-
tituição Federal de 1988 determina que as penas sejam cumpridas Ação Privada Subsidiária da Pública:
em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se esta não for intentada no prazo legal;
sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher,
o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos ca-
amamenta-los. sos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como
pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério
Extradição: Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta a
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofen-
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de dido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e ação penal privada subsidiária da pública.
drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
político ou de opinião; LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando, acusado ou Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o se-
condenada pela prática de um ou mais crimes em território estran- gredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo juiz da
geiro, ao país que o reclama. A Constituição determina que não ha- causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses
verá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o natu- de menor, interesse social ou demanda de grande repercussão etc.,
ralizado somente nas exceções previstas. ou a requerimento justificado das partes do processo.

Direito ao julgamento pela autoridade competente Legalidade da prisão:


LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
autoridade competente; dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
Devido Processo Legal: litar, definidos em lei;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por
o devido processo legal; autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e devidamente
fundamentada.

139
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Comunicabilidade da prisão: Mandado de Segurança:


LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
do preso ou à pessoa por ele indicada; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
Informação ao preso: atribuições do Poder Público;
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa- por:
mília e de advogado; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
Identificação dos responsáveis pela prisão: mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por defesa dos interesses de seus membros ou associados;
sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Mandado de Injunção:
Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao juízo com- de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
petente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
por sua prisão e interrogatório. dade, à soberania e à cidadania;

Relaxamento da prisão ilegal: Habeas data:


LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- LXXII – conceder-se-á habeas data:
dade judiciária; a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no ato de sua de entidades governamentais ou de caráter público;
prisão. b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Garantia da liberdade provisória:
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a Ação Popular:
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do pro- entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
cesso criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal con- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
denatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
condições e a colaboração com as investigações. da sucumbência;
A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por
Prisão civil: meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a validade de
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad-
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
alimentícia e a do depositário infiel;
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão Assistência Judiciária:
civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente (pensão ali- LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
mentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil aos que comprovarem insuficiência de recursos;
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias
sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família, para se ter o
São remédios constitucionais em casos de violação de: acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.
- Liberdade: Habeas Corpus
- Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança Indenização por erro judiciário:
- Informações: Habeas data LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
- Preceito constitucional que necessite de norma regulamenta- assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
dora: Mandado de Injunção
Gratuidade de serviços públicos:
Habeas corpus: LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so- forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua a) o registro civil de nascimento;
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania
(Regulamento).

140
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratuidade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de certidão de
óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economicamente hipossuficientes.

Princípio da Celeridade Processual:


LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual pela
demora do Judiciário.

Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamentais:


§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fundamentais são autoaplicáveis.

Rol é exemplificativo:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não ex-
cluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacionais.
Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubstanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.

Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos


§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015,
DEC 9.522, de 2018).
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser reconhe-
cidas como normas de hierarquia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros
em dois turnos de votação.

Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:


§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004).

O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de Haia,
instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão
força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores de crimes contra a humanidade.

— Direitos sociais
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvimento da
personalidade. São meios de se atender ao princípio basilar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015).

Do direito ao trabalho
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas ordens:
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a 11, CF.

Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destinados a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigualdade,
de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação
trabalhista.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:


I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá inde-
nização compensatória, dentre outros direitos;

141
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indetermi- Piso salarial:


nado e a legislação protege a continuidade das relações laborais V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
contra dispensa imotivada. trabalho;
O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada
Seguro-Desemprego: categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho,
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido
O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assis- e devendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional.
tência financeira temporária, que tenha prestado serviços laborais
a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis Irredutibilidadade do salário:
meses. Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o be- VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
nefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período ou acordo coletivo;
máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha
alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empregador, du-
que deu origem à última habilitação, nos seguintes critérios: rante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à es-
tabilidade econômica do trabalhador.
SEGURO DESEMPREGO
Proteção aos que percebem remuneração variável:
1ª Solicitação: VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Parcelas Tempo de trabalho percebem remuneração variável;
Os empregados que recebem salários com valores variáveis,
4 (quatro) 12 a 23 meses como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber salário in-
5 (cinco) 24 meses ou mais ferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei
corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia
2ª Solicitação:
mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora.
Parcelas Tempo de trabalho
3 (três) 9 a 11 meses Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
4 (quatro) 12 a 23 meses integral ou no valor da aposentadoria;
5 (cinco) 24 meses ou mais O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário inte-
gral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso) por oca-
3ª Solicitação: sião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores,
Parcelas Tempo de trabalho aposentados e pensionistas do INSS.
3 (três) 6 a 11 meses
Remuneração superior por trabalho noturno:
4 (quatro) 12 a 23 meses IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
5 (cinco) 24 meses ou mais Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer
a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior em 20% a
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos
III – fundo de garantia do tempo de serviço; e 25%, para os trabalhadores rurais.
Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança
compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômica Federal Considera-se trabalho noturno:
e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve – entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para traba-
depositar nas contas vinculadas de seus funcionários o valor cor- lhadores urbanos;
respondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador. – entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os traba-
lhadores rurais da agricultura; e
Salário mínimo: – entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os traba-
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, lhadores rurais pecuária.
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, Proteção do salário contra retenção dolosa:
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação retenção dolosa;
para qualquer fim; É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas
O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 ho- os descontos salariais autorizados em Lei.
ras semanais, podendo ser proporcional, em caso de jornada inferior.
Participação nos lucros:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
sa, conforme definido em lei;

142
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

A Participação nos Lucros e Resultados da empresa correspon- Férias remuneradas:


de a uma recompensa pelo reconhecimento do bom desempenho XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada em- terço a mais do que o salário normal;
presa sobre o lucro excedente de determinado período de suas ati- Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo
vidades. trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias para
descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido
Salário-família: de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empre-
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- gador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda para concedê-las (período concessivo).
Constitucional nº 20, de 1998).
O salário-família é um benefício da previdência social corres- Licença à gestante:
pondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que receba XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
rio, com a duração de cento e vinte dias;
salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao tra-
Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao
balhador avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou
período em que a mulher está prestes a ter um filho, acabou de
portadores de deficiência, sem limite de idade.
ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mu-
lher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o
Jornada de Trabalho: salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção aderente ao Programa Empresa Cidadã.
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de tra- Licença-paternidade:
balho não superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
semanais, facultada a compensação e a redução. A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no
primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no progra-
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; ma Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias,
O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele totalizando 20 dias.
prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de traba-
lho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas Proteção da mulher no mercado de trabalho:
que funcionam em tempo integral, sem pausas. A jornada do traba- XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
lhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias. incentivos específicos, nos termos da lei;
A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública,
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim, são
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da ati-
mingos; vidade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferen-
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a ciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação
um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a ser concedi- profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez,
proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a digni-
do preferencialmente aos domingos.
dade feminina são alguns dos exemplos de medidas de proteção do
mercado de trabalho da mulher.
Pagamentos de horas extras:
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- Aviso Prévio:
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
59 § 1º). mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remunera- Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunica-
ção superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas, além da ção da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes, empre-
jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o gador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência
excedente em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indeniza-
10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É lici- do, quando concedido por qualquer uma das partes.
ta também a compensação de jornada (banco de horas), quando
ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o tra- Redução dos riscos do trabalho:
balhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o normas de saúde, higiene e segurança;
cumprimento de alguns requisitos legais pela empregadora. É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às
atividades desempenhadas por seus colaboradores, através do
cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde,
higiene e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos
de proteção individual e da exigência da execução de todas as
normas da empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa.

143
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: Seguro contra acidentes de trabalho:
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente des- incorrer em dolo ou culpa;
gastante para a pessoa humana, em que o trabalhador depreende O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao em-
um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. pregado, às expensas do empregador, que assume os riscos da ativi-
Não há regulamentação de um adicional. dade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exercí- salários de seus empregados, com administração atribuída à Previ-
cio de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico dência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destina-
ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem do a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam
ocasionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de
pode variar entre: trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.
- 10% (dez por cento) em grau mínimo; Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
- 20% (vinte por cento) em grau médio; XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, cal- de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
culado sob o salário mínimo, nos termos da lei. trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profis- Constitucional nº 28, de 2000).
sionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre outros. A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclama-
E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante tória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos processuais
risco à integridade física do trabalhador. Como exemplos, temos as legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02
atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétri- anos, a partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo
ca, segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta, para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O
entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a 30% prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Consti-
(trinta por cento) sobre o salário-base. tuição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados,
A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direitos corres-
não são cumulativos! pondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.

Aposentadoria: Não discriminação:


XXIV – aposentadoria; XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência So- ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
cial ao trabalhador segurado da previdência que preencher os requi- estado civil;
sitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme suas e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral.
Proibição de distinção do trabalho:
Assistência aos filhos pequenos: XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o intelectual ou entre os profissionais respectivos;
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). Trabalho do menor:
A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
genitores de filhos e dependentes pequenos, garante assistência menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo, anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício. dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
- De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra- - De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
balho: perigoso ou insalubre.
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de - A partir de 18 anos: Trabalho normal.
trabalho;
Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as conven- Igualdade ao trabalhador avulso:
ções e acordos coletivos como instrumentos com força de lei entre XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
as partes, desde que conformes com o texto constitucional. empregatício permanente e o trabalhador avulso.
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma
Proteção em face da automação: empresa de maneira eventual e que, apesar de não possuir vínculo
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei; empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com
A proteção em face da automação consiste em proteger a vínculo e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser in-
classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva, bem termediada por um sindicato de sua categoria.
como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio
ambiente de trabalho automatizado.

144
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Empregados domésticos: optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela


Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, nal nº 54, de 2007).
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII II - naturalizados:
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
Constitucional nº 72, de 2013). tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exercidos 3, de 1994).
pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma coleti- Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
vidade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa dos I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e eco- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
nômicos. III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea V - da carreira diplomática;
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos VI - de oficial das Forças Armadas.
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- Constitucional nº 23, de 1999).
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017)
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- Naturalização
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese. A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos que preencher determinados requisitos.
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
discussão. mais de uma nacionalidade.
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de natos e naturalizados.
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
— Direitos de nacionalidade
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que Portugueses:
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio- Aos portugueses com residência permanente no país serão
nalidade se dá por dois critérios: atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- ciprocidade.
cional;
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo Art. 12
nascido no exterior. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. 3, de 1994).

Art. 12 São brasileiros: Perda da Nacionalidade:


I - natos: § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
país; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação dada
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
tiva do Brasil; trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- 1994).
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e

145
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
Extradição, repatriação, deportação e expulsão dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas res de setenta anos.
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu- São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
giada em seu território a outro Estado estrangeiro. militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato foram convocados a prestar serviço militar.
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes-
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
opinião. va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
Repatriação é medida administrativa consistente no processo mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou dos os devidos requisitos.
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra-
sileiro após determinado período. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- I - a nacionalidade brasileira;
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação II - o pleno exercício dos direitos políticos;
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território III - o alistamento eleitoral;
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- V - a filiação partidária; Regulamento.
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada VI - a idade mínima de:
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
rado pela prática de crimes em território brasileiro. Senador;
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado trito Federal;
pela Constituição. c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
— Direitos políticos d) 18 anos para Vereador.
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso Inelegibilidades:
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci- A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre- § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
sentantes junto aos poderes públicos.
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos- rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
do processo governamental, sobretudo pelo voto. §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
tos de participação semidireta pelo povo. haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
à elaboração da lei. tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje- trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re-
to de lei já existente. condução por um período somente, no Brasil, após o período de um
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
usar deste instrumento em nível estadual e municipal. substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 16, de 1997).

146
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
pleito. financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- a lei.
dições: De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se permitidas.
da atividade; Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral
da diplomação, para a inatividade.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE
O Mandato Eletivo pode ser impugnado: 1988
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída CAPÍTULO I
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
fraude;
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
manifesta má-fé. sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, termos desta Constituição;
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença coisa senão em virtude de lei;
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar mano ou degradante;
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- anonimato;
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
suspensão será, da mesma forma, temporária. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
suspensão só se dará nos casos de: ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
julgado; prestação alternativa, fixada em lei;
II - incapacidade civil absoluta; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
rarem seus efeitos; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma-
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII terial ou moral decorrente de sua violação;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
— Partidos Políticos te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- determinação judicial;(Vide Lei nº 13.105, de 2015)(Vigência)
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
vontade popular, determinando o governo e a orientação política ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí- no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e cessual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)
autonomia para gerir sua organização interna. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguarda-
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

147
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
manecer ou dele sair com seus bens; que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- gamento de taxas:
petente; a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
a de caráter paramilitar; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
estatal em seu funcionamento; ou ameaça a direito;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- perfeito e a coisa julgada;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
necer associado; que lhe der a lei, assegurados:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto- a) a plenitude de defesa;
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou b) o sigilo das votações;
extrajudicialmente; c) a soberania dos veredictos;
XXII - é garantido o direito de propriedade; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; a vida;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- sem prévia cominação legal;
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
previstos nesta Constituição; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- tos e liberdades fundamentais;
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
prietário indenização ulterior, se houver dano; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecen-
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, podendo evitá-los, se omitirem;(Regulamento)
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ros pelo tempo que a lei fixar; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: o Estado Democrático;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
desportivas; bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; outras, as seguintes:
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- a) privação ou restrição da liberdade;
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria- b) perda de bens;
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas c) multa;
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o d) prestação social alternativa;
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; e) suspensão ou interdição de direitos;
XXX - é garantido o direito de herança; XLVII - não haverá penas:
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos art. 84, XIX;
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal b) de caráter perpétuo;
do “de cujus”; c) de trabalhos forçados;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- d) de banimento;
sumidor; e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral;

148
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

L - às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamen- de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
tação; liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, dade, à soberania e à cidadania;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de LXXII - conceder-se-á habeas data:
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
drogas afins, na forma da lei; pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime de entidades governamentais ou de caráter público;
político ou de opinião; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
toridade competente; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
devido processo legal; entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
com os meios e recursos a ela inerentes; da sucumbência;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
meios ilícitos; aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
gado de sentença penal condenatória; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identifi- LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;(Regulamento) ma da lei:(Vide Lei nº 7.844, de 1989)
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se a) o registro civil de nascimento;
esta não for intentada no prazo legal; b) a certidão de óbito;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- (Regulamento)
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
litar, definidos em lei; celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre nº 45, de 2004)(Vide ADIN 3392)
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
do preso ou à pessoa por ele indicada; dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o Constitucional nº 115, de 2022)
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
lia e de advogado; tais têm aplicação imediata.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
sua prisão ou por seu interrogatório policial; excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati-
dade judiciária; va do Brasil seja parte.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- bros, serão equivalentes às emendas constitucionais.(Incluído pela
tícia e a do depositário infiel; Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(Vide DLG nº 186, de 2008),
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer (Vide Decreto nº 6.949, de 2009), (Vide DLG 261, de 2015), (Vide
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda- Decreto nº 9.522, de 2018) (Vide ADIN 3392)(Vide DLG 1, de 2021),
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; (Vide Decreto nº 10.932, de 2022)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger di- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas nacional a cuja criação tenha manifestado adesão.(Incluído pela
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;

149
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO II XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-


DOS DIREITOS SOCIAIS centivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência normas de saúde, higiene e segurança;
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade XXIV - aposentadoria;
social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
público em programa permanente de transferência de renda, cujas nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observa- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
da a legislação fiscal e orçamentária(Incluído pela Emenda Consti- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
tucional nº 114, de 2021) trabalho;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá incorrer em dolo ou culpa;
indenização compensatória, dentre outros direitos; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- nº 28, de 2000)
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, a) (Revogada).(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos 28, de 2000)
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
para qualquer fim; 28, de 2000)
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
trabalho; ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção estado civil;
ou acordo coletivo; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
percebem remuneração variável; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral intelectual ou entre os profissionais respectivos;
ou no valor da aposentadoria; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
retenção dolosa; dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- empregatício permanente e o trabalhador avulso.
sa, conforme definido em lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
Constitucional nº 20, de 1998) e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
coletiva de trabalho;(Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos Constitucional nº 72, de 2013)
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- o seguinte:
mingos; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
nimo, em cinqüenta por cento à do normal;(Vide Del 5.452, art. 59 ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
§ 1º) dical;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
terço a mais do que o salário normal; qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
com a duração de cento e vinte dias; dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; área de um Município;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
administrativas; tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratan- brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio nº 3, de 1994)
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
dependentemente da contribuição prevista em lei; houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
sindicato; tituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 3, de 1994)
coletivas de trabalho; § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
organizações sindicais; § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do III - de Presidente do Senado Federal;
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- V - da carreira diplomática;
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas VI - de oficial das Forças Armadas.
as condições que a lei estabelecer. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- Constitucional nº 23, de 1999)
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
interesses que devam por meio dele defender. que:
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação dada
da lei. pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- trangeira;(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão 1994)
e deliberação. b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- vis;(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
gadores. Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
Federativa do Brasil.
CAPÍTULO III § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
DA NACIONALIDADE o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
Art. 12. São brasileiros: símbolos próprios.
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de CAPÍTULO IV
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu DOS DIREITOS POLÍTICOS
país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
tiva do Brasil; termos da lei, mediante:
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- I - plebiscito;
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- II - referendo;
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e III - iniciativa popular.
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
nal nº 54, de 2007) II - facultativos para:
II - naturalizados: a) os analfabetos;
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, b) os maiores de setenta anos;
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;

151
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

II - o pleno exercício dos direitos políticos; § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
III - o alistamento eleitoral; submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda
V - a filiação partidária; Regulamento gratuita no rádio e na televisão.(Incluído pela Emenda Constitucio-
VI - a idade mínima de: nal nº 111, de 2021)
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
pública e Senador; suspensão só se dará nos casos de:
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
do Distrito Federal; julgado;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual II - incapacidade civil absoluta;
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
d) dezoito anos para Vereador. rarem seus efeitos;
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitu- na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
cional nº 16, de 1997) um ano da data de sua vigência.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos CAPÍTULO V
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do DOS PARTIDOS POLÍTICOS
pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
juge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja humana e observados os seguintes preceitos:Regulamento
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já I - caráter nacional;
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
dições: III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
da atividade; § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
da diplomação, para a inatividade. organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi- lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside- de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou Constitucional nº 97, de 2017)
indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
4, de 1994) rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Superior Eleitoral.
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
fraude. políticos que alternativamente:(Redação dada pela Emenda Consti-
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo tucional nº 97, de 2017)
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
manifesta má-fé. mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições munici- menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
pais as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído
Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no- pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
venta) dias antes da data das eleições, observados os limites ope- II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
racionais relativos ao número de quesitos.(Incluído pela Emenda tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.(In-
Constitucional nº 111, de 2021) cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza-
ção paramilitar.

152
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre- REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:
vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a • Forma de Estado: Federação
filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atin- • Forma de Governo: República
gido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição • Regime de Governo: Democrático
dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de • Sistema de Governo: Presidencialismo
rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97,
O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente
de 2017) pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi-
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Depu- bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira:
tados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido pelo a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai-
anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabele- co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa,
cidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração de par- admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção.
tido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de
outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. Fundamentos da República Federativa do Brasil
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021) O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federa-
tiva do Brasil:
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco
- soberania;
por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na manu- - cidadania;
tenção de programas de promoção e difusão da participação po- - dignidade da pessoa humana;
lítica das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. - valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) - pluralismo político.
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Cam-
panha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas elei- Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
torais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art.
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao 3.º da CF/88:
- construir uma sociedade livre, justa e solidária;
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor-
- garantir o desenvolvimento nacional;
me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual-
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti- dades sociais e regionais;
dário.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: CENTRALIZAÇÃO Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas re-
E DESCENTRALIZAÇÃO. AUTARQUIA, FUNDAÇÃO, lações internacionais
EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é
MISTA. regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
- independência nacional;
- prevalência dos direitos humanos;
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, - autodeterminação dos povos;
municípios e territórios - não intervenção;
- igualdade entre os Estados;
Estado Federal Brasileiro - defesa da paz;
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o - solução pacífica dos conflitos;
território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
bem comum de um povo situado em determinado território”. - concessão de asilo político.
Soberania é o poder político supremo e independente que o
Competências
Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autorida-
próprias normas e seu ordenamento jurídico. de pública para a prática de atos administrativos e tomada de deci-
A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem sões. As competências dos entes federativos podem ser:
comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral da Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e
pessoa humana. comuns;
Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes,
comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da nacio- complementares e suplementares;
nalidade. Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos en-
Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu tes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com
poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se organiza exclusão dos demais.
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente,
com ânimo de permanência.
com possibilidade, entretanto, de delegação para outro.
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover- Concorrente, que é a competência legislativa conferida em co-
no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de mum a mais de um ente federativo.
Estado. Note tratar-se de três definições distintas.

153
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Na complementar, o ente federativo tem competência naqui- Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF
lo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e na Art. 21. Compete à União:
suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com organizações internacionais;
base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe II - declarar a guerra e celebrar a paz;
for contrário.
III - assegurar a defesa nacional;
Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva,
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos em le-
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
gislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência
neçam temporariamente;
privativa ou concorrente.
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
ção federal;
Entes Federativos
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico;
União
VII - emitir moeda;
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as ope-
namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
rações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio
autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena-
Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
ção do território e de desenvolvimento econômico e social;
Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
elencados, no art. 20, CF.
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
São bens da União:
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
gão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela
atribuídos;
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95)
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
ou permissão:
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re-
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95)
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, exclu-
tuária;
ídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aque-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal,
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi-
e as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucio-
tes de Estado ou Território;
nal nº 46, de 2005).
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
cional de passageiros;
econômica exclusiva;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
VI - o mar territorial;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Ter-
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
ritórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
(Produção de efeito)
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polí-
e pré-históricos;
cia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execu-
ção de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada
Como ente federativo, a União possui competências adminis-
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
públicas e de programas de rádio e televisão;
cípios (art. 24, CF).
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
Competências midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
Administrativas XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
Competências Privativas e hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Re-
Arts. 22 e 24, CF gulamento)
Legislativas Concorrentes

154
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; rança do trânsito.
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coope-
de viação; ração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ten-
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária do em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
de 1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
cio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
princípios e condições: II - desapropriação;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso em tempo de guerra;
Nacional; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu-
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- são;
ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e V - serviço postal;
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
2022) metais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso mé- lores;
dicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022) VIII - comércio exterior e interestadual;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da IX - diretrizes da política nacional de transportes;
existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
2006) aérea e aeroespacial;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XI - trânsito e transporte;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
atividade de garimpagem, em forma associativa. XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados XIV - populações indígenas;
pessoais, nos termos da lei. XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
estrangeiros;
Competências administrativas comuns da União, Estados, Dis- XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
trito Federal e Municípios: art. 23, CF: para o exercício de profissões;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri- XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
to Federal e dos Municípios: Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela
democráticas e conservar o patrimônio público; Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF 672) nacionais;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais popular;
notáveis e os sítios arqueológicos; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- ferroviária federais;
quer de suas formas; XXIII - seguridade social;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste- XXV - registros públicos;
cimento alimentar; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
IX - promover programas de construção de moradias e a me- XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (Vide modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
ADPF 672) e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginaliza- obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
ção, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Re-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,
territórios; defesa civil e mobilização nacional;

155
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XXIX - propaganda comercial. autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na


XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) (formação) ou anexação a outro Estado já existente.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
neste artigo. Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Consti-
Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Dis- tuição.
trito Federal: art. 24, CF: § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- sejam vedadas por esta Constituição.
gislar concorrentemente sobre: § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
II - orçamento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
III - juntas comerciais; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
IV - custas dos serviços forenses; regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
V - produção e consumo; constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e públicas de interesse comum.
controle da poluição; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís- I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
tico e paisagístico; e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu- rentes de obras da União;
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís- II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
tico e paisagístico; seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, ou terceiros;
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emen- III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
da Constitucional nº 85, de 2015) IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
causas; Municípios
XI - procedimentos em matéria processual; O Município, que também é um ente federado que possui au-
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi-
672) zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação,
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de-
deficiência; terminado por lei complementar federal, além da realização de ple-
XV - proteção à infância e à juventude; biscito.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido
de 2019) pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es-
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF.
não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais
13.874, de 2019) e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi-
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados tantes do município.
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.
peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) Art. 30. Compete aos Municípios:
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais I - legislar sobre assuntos de interesse local;
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Lei nº 13.874, de 2019). III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
Estados tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-organização, estadual;
auto legislação, autogoverno e autoadministração.
Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi- V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane- são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados

156
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e maneira descentralizada.
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona-
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu-
e da ocupação do solo urbano; lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi-
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá especializado de certas atividades, são consideradas como sendo
sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu- manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica,
nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici- de modo geral.
pal, nos termos do art. 31, CF.
Desconcentração e Descentralização
Distrito Federal e Territórios Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in-
O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe- terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim
deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído
nem como estado-membro ou município. Sua principal função é entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre
servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe
municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ- a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica.
nica própria, que define os princípios básicos de sua organização, Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra-
suas competências e a organização de seus poderes governamen- ção direta como na administração indireta de todos os entes fede-
tais, nos termos do art. 32, CF. rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen-
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União,
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla- âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais,
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e
Constituição. as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista,
legislativas reservadas aos Estados e Municípios. ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos
duração. estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su-
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi-
o disposto no art. 27. nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
Constitucional nº 104, de 2019). outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin-
Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser-
CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per- que transfere e a que acolhe as atribuições.
nambuco.
Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
Administração direta e indireta Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação e
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei de
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de forma
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização e fun-
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a cionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar aumento
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos (art. 84,
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e extinção de
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dispor sobre a
administrativa de maneira centralizada. organização e o funcionamento, denota-se que poderá ser utilizado
ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto. Caso o Poder
Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais, o presidente
da República deverá encaminhar projeto de lei ao Congresso Na-

157
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

cional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estruturação inter- tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser-
na deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os regimentos vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo
internos dos ministérios são realizados por intermédio de decreto, regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles,
pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do órgão. as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe-
Vejamos: cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação
a que estão vinculadas.
ÓRGÃO — é criado por meio de lei. As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri-
ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, desde gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do
que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que
extinção de outros órgãos. a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica-
ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re-
controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu- gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais
nal de Contas da União. situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na
Pessoas administrativas qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga-
Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad- toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo
ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias, Poder.
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Empresas Públicas
De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político Sociedades de Economia Mista
e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di-
existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in- reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de
direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido, empresas estatais.
uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia
entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan-
funções para as quais foram criadas de forma correta. tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco-
Pessoas políticas nomia mista.
As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons- Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado-
tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu-
Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida
Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político. pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais
Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven- legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
çadas na Constituição Federal. exclusiva e prioritária pelo direito público.
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco-
leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte-
rística que se encontra presente somente no âmbito da República O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati- de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
vos. é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
Autarquias nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
lização. reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- tuição Federal, que assim determina:
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socie-
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em

158
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

dade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem ati- No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis-
vidade econômica de produção ou comercialização de bens ou de tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado.
prestação de serviços, dispondo sobre: O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a
sociedade; Administração Pública.
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva- No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra- por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so-
balhistas e tributários; mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie- que o foro de ambas é na Justiça Federal.
nações, observados os princípios da Administração Pública;
IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Ad- Delegação Social
ministração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili- Organizações sociais
dade dos administradores As organizações sociais são entidades privadas que recebem
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas
Vejamos em síntese, algumas características em comum das por particulares sob a forma de associação ou fundação que de-
empresas públicas e das sociedades de economia mista: sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao
• Devem realizar concurso público para admissão de seus em- passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma
pregados; ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do
• Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com
constitucional; o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos
• Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá
bem como ao controle do Poder Legislativo; constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito
• Não estão sujeitas à falência; privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam
• Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis- dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec-
trativo no que se refere às suas atividades-meio; nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à
• Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades
constitucionalmente; privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali-
• Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis- ficação de OSs.
lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores. Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por
Fundações e outras entidades privadas delegatárias intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas, por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza-
duas características que se encontram presentes de forma contun- ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo,
dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior-
e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa. mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para
O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988 que seja feita a qualificação da entidade como organização social é
conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre- estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as
dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe- Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili-
deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades zação de bens públicos e servidores públicos.
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso Organizações da sociedade civil de interesse público
das autarquias. São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado,
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu-
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com
Autárquica. o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos:
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
Observação importante: a autarquia é definida como serviço qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
a uma finalidade específica de interesse social. objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
Vejamos como o Código Civil determina: II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) histórico e artístico;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. complementar de participação das organizações de que trata esta
Lei;

159
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- Entidades de utilidade pública


plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em
V – promoção da segurança alimentar e nutricional; seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o
promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo- setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
luntariado; Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública,
combate à pobreza; os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos socio- plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil
produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em- de interesse público (OSCIP).
prego e crédito; É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda-
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da
direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga-
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos.
manos, da democracia e de outros valores universais;
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de-
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al- mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa
técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici-
neste artigo. ência da sociedade.
A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do
receber a qualificação. Vejamos: Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor
qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei: público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos
I – as sociedades comerciais; do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es-
II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um
de categoria profissional; todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que
III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; civil de interesse público.
IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas O termo publicização também é atribuído a um segundo sen-
fundações; tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; fins lucrativos.
VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú- No que condizente às características das entidades que com-
de e assemelhados; põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten-
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
mantenedoras;
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra- 1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te-
tuito e suas mantenedoras; nham sido autorizadas por lei;
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú-
IX – as Organizações Sociais;
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado);
X – as cooperativas;
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi-
e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi- nistração
cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me- 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga-
nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. do parcialmente por normas direito público;
13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de
o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam-
da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi-
Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De reta.
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri-
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de
consultorias, cooperação técnica e assessoria. algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.

160
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais


LEI DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº do Poder Judiciário.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI
8.429/1992, ALTERADA PELA LEI Nº 14.230, DE 25 DE 7236)
OUTUBRO DE 2021) E SUAS ALTERAÇÕES. Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi-
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 das no art. 1º desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
da Constituição Federal; e dá outras providências.(Redação dada Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
pela Lei nº 14.230, de 2021) sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
cooperação ou ajuste administrativo equivalente.(Incluído pela Lei
CAPÍTULO I nº 14.230, de 2021)
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade dolosamente para a prática do ato de improbidade.(Redação dada
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no pela Lei nº 14.230, de 2021)
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
pela Lei nº 14.230, de 2021) probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
14.230, de 2021) em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- Lei nº 14.230, de 2021)
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
2021) do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan- 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não 2021)
bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competên- Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
cias públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade
a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.(Incluído que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe-
pela Lei nº 14.230, de 2021) tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta 14.230, de 2021)
Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona- Parágrafo único. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230,
dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza- Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa-
diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.(Incluído Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º
pela Lei nº 14.230, de 2021) desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida- transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú- Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo.(Incluído responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
pela Lei nº 14.230, de 2021) ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade prati- decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão
cados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº
ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, 14.230, de 2021)
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente
de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain-
da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente

161
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO II XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,


DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
SEÇÃO I XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO art. 1° desta lei.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- SEÇÃO II


do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do PREJUÍZO AO ERÁRIO
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati-
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido Lei nº 14.230, de 2021)
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
agente público; incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;(Redação
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
preço superior ao valor de mercado; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne- patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
mercado; à espécie;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de em- das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
pregados ou de terceiros contratados por essas entidades;(Redação mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; por preço inferior ao de mercado;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- ou serviço por preço superior ao de mercado;
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre VI - realizar operação financeira sem observância das normas
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. nea;
1º desta Lei;(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, pécie;
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô- seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- das em lei ou regulamento;
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a co;(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
atividade; XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; gular;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara- queça ilicitamente;
ção a que esteja obrigado;

162
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- SEÇÃO III
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, PÚBLICA
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
nº 11.107, de 2005) legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda-
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dades previstas na lei.(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) II - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, a segurança da sociedade e do Estado;(Redação dada pela Lei nº
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli- 14.230, de 2021)
cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos de outras hipóteses instituídas em lei;(Redação dada pela Lei nº
pela administração pública a entidade privada mediante celebração 14.230, de 2021)
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regu- V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
lamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
2014) (Vigência) rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regu- VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
lamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
2014) (Vigência) irregularidades;(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fis- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
calização e na análise das prestações de contas de parcerias firma- ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
das pela administração pública com entidades privadas; (Redação econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- blica com entidades privadas.(Vide Medida Provisória nº 2.088-35,
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação de 2000) (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
irregular.(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada IX - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 13.204, de 2015) X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
14.230, de 2021) cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratifica-
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais da na administração pública direta e indireta em qualquer dos Po-
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei.(Incluído pela pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
nº 14.230, de 2021) gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
cos.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
SEÇÃO II-A § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a
(Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica-
Art. 10-A. (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para
si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)

163
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos o poder público na época do cometimento da infração, podendo
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis- caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de Lei nº 14.230, de 2021)(Vide ADI 7236)
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
Lei nº 14.230, de 2021) reprovação e prevenção do ato de improbidade.(Incluído pela Lei
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem nº 14.230, de 2021)
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. a viabilizar a manutenção de suas atividades.(Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídi-
CAPÍTULO III ca, conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
DAS PENAS 14.230, de 2021)
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo.(Incluído pela
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes Lei nº 14.230, de 2021)
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen- § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
te, de acordo com a gravidade do fato:(Redação dada pela Lei nº dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
14.230, de 2021) do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou 14.230, de 2021)
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder pú-
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, blico deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos;(Redação dada pela Lei e Suspensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto
nº 14.230, de 2021) de 2013, observadas as limitações territoriais contidas em decisão
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores judicial, conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- nº 14.230, de 2021)
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;(Redação dada valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado
pela Lei nº 14.230, de 2021) da sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa ci- (Vide ADI 7236)
vil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração per-
cebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público CAPÍTULO IV
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta DA DECLARAÇÃO DE BENS
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
anos;(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven-
IV - (revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser-
de 2021) viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in- 2021)
cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti- § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a
go será atualizada anualmente e na data em que o agente público oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com-
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função. provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de a urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a § 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores
declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
pela Lei nº 14.230, de 2021) cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
CAPÍTULO V caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
JUDICIAL instrução do processo.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e cessado na forma da lei processual.(Incluído pela Lei nº 14.230, de
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações 2021)
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
conhecimento. no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).(In-
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
probidade. § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
acompanhar o procedimento administrativo. e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo- longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique- § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre-
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da 14.230, de 2021)
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
14.230, de 2021) até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man- § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van-
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re- Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili- comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda- de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei
mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)
em 5 (cinco) dias.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá
§ 4º (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre-
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.230, de
proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa 2021)
jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar- partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro-
tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste- duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de improbidade administrativa que:(Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi- tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
bilidade devidamente fundamentada;(Incluído pela Lei nº 14.230, 2021)
de 2021) § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
II - será instruída com documentos ou justificação que con- tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo dente.(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de § 12. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provisó- § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
rias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil (Inclu- 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
ído pela Lei nº 14.230, de 2021), (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
14.230, de 2021) probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem 2021)
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do § 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- ação civil pública caberá agravo de instrumento.(Incluído pela Lei
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento.(Incluí- § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
do pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- caso de revelia;(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias.(Incluído pela Lei 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
nº 13.964, de 2019) Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida- de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
de;(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou
instrução processual.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de- de 2021)
cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi- § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a
dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis-
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (In- trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)(Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)

166
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
decisão transite em julgado.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
(Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (In-
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita- § 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
2021) de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042)(Vide ADI
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 7043)
III - (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Inclu-
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In- que decidir com base em valores jurídicos abstratos;(Incluído pela
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)(Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) Lei nº 14.230, de 2021)
I - o integral ressarcimento do dano;(Incluído pela Lei nº 14.230, III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
de 2021) e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído
14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar- IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de ou cumulativa:(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;(Inclu-
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções de 2021)
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
ação;(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade Lei nº 14.230, de 2021)
administrativa.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a na- Lei nº 14.230, de 2021)
tureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230,
de improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, de 2021)
da rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que Lei nº 14.230, de 2021)
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)(Vide quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
ADI 7236) responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso indevidas;(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje-
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re- 14.230, de 2021)
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042)(Vide ADI 2021)
7043) § 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades

167
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata CAPÍTULO VI


esta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca- Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas da denúncia o sabe inocente.
e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle imagem que houver provocado.
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con-
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de va- denatória.
lor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer § 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o
outro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego
urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou reli- ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for
giosos e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de novos ilícitos.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median-
arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con- Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. § 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên- conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí- ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
do pela Lei nº 14.230, de 2021) duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão 2021)
ser descontados os serviços efetivamente prestados.(Incluído pela § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
Lei nº 14.230, de 2021) tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).(Incluído pela Lei
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de nº 14.230, de 2021)(Vide ADI 7236)
imediato.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
seguinte:(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
nas, o que for mais benéfico ao réu;(Incluído pela Lei nº 14.230, de policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas ale-
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos gações e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre- 14.230, de 2021)
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

168
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VII Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
DA PRESCRIÇÃO ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
repressão de atos de improbidade administrativa.(Incluído pela Lei
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei nº 14.230, de 2021)
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per- haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela
I - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
II - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des-
III - (revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) pesas processuais serão pagas ao final.(Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administra- de 2021)
tivo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso § 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em
do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada
corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não má-fé.(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
pela Lei nº 14.230, de 2021) monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri- responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun- 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)(Vide ADI 7236)
damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído CAPÍTULO VIII
pela Lei nº 14.230, de 2021) DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação
deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
arquivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
2021) 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter- em contrário.
rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa; 104° da República.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:
nº 14.230, de 2021) LEI Nº 14.133, DE 1 DE ABRIL DE 2021 E SUAS
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justi- ALTERAÇÕES. DOS PRINCÍPIOS. DAS DEFINIÇÕES.
ça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condenató- DAS MODALIDADES, LIMITES E DISPENSA. DOS
ria ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei CONTRATOS.
nº 14.230, de 2021)
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma LEI Nº 14.133, DE 1º DE ABRIL DE 2021
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór-
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) TÍTULO I
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO I
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DESTA LEI
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contra-
2021) tação para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e funda-
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, cionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- e abrange:
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no § Estados e do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos
4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela Municípios, quando no desempenho de função administrativa;
Lei nº 14.230, de 2021) II - os fundos especiais e as demais entidades controladas dire-
ta ou indiretamente pela Administração Pública.

169
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as II - no caso de contratação de obras e serviços de engenharia,
sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela às licitações cujo valor estimado for superior à receita bruta máxima
Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no art. admitida para fins de enquadramento como empresa de pequeno
178 desta Lei. porte.
§ 2º As contratações realizadas no âmbito das repartições pú- § 2º A obtenção de benefícios a que se refere o caput deste
blicas sediadas no exterior obedecerão às peculiaridades locais e artigo fica limitada às microempresas e às empresas de pequeno
aos princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na forma de regula- porte que, no ano-calendário de realização da licitação, ainda não
mentação específica a ser editada por ministro de Estado. tenham celebrado contratos com a Administração Pública cujos va-
§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos pro- lores somados extrapolem a receita bruta máxima admitida para
venientes de empréstimo ou doação oriundos de agência oficial de fins de enquadramento como empresa de pequeno porte, devendo
cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil o órgão ou entidade exigir do licitante declaração de observância
seja parte, podem ser admitidas: desse limite na licitação.
I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados § 3º Nas contratações com prazo de vigência superior a 1 (um)
pelo Congresso Nacional e ratificados pelo Presidente da República; ano, será considerado o valor anual do contrato na aplicação dos
II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes limites previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo.
de normas e procedimentos das agências ou dos organismos, desde
que: CAPÍTULO II
a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação; DOS PRINCÍPIOS
b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor;
c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
doação e tenham sido objeto de parecer favorável do órgão jurídi- da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
co do contratante do financiamento previamente à celebração do da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
referido contrato; da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
d) (VETADO). segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
§ 4º A documentação encaminhada ao Senado Federal para julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
autorização do empréstimo de que trata o § 3º deste artigo deverá competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
fazer referência às condições contratuais que incidam na hipótese cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
do referido parágrafo. disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei
§ 5º As contratações relativas à gestão, direta e indireta, das de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
reservas internacionais do País, inclusive as de serviços conexos ou
acessórios a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo CAPÍTULO III
próprio do Banco Central do Brasil, assegurada a observância dos DAS DEFINIÇÕES
princípios estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Fede-
ral. Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
Art. 2º Esta Lei aplica-se a: I - órgão: unidade de atuação integrante da estrutura da Admi-
I - alienação e concessão de direito real de uso de bens; nistração Pública;
II - compra, inclusive por encomenda; II - entidade: unidade de atuação dotada de personalidade ju-
III - locação; rídica;
IV - concessão e permissão de uso de bens públicos; III - Administração Pública: administração direta e indireta da
V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais es- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive
pecializados; as entidades com personalidade jurídica de direito privado sob con-
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia; trole do poder público e as fundações por ele instituídas ou man-
VII - contratações de tecnologia da informação e de comuni- tidas;
cação. IV - Administração: órgão ou entidade por meio do qual a Ad-
Art. 3º Não se subordinam ao regime desta Lei: ministração Pública atua;
I - contratos que tenham por objeto operação de crédito, inter- V - agente público: indivíduo que, em virtude de eleição, nome-
no ou externo, e gestão de dívida pública, incluídas as contratações ação, designação, contratação ou qualquer outra forma de inves-
de agente financeiro e a concessão de garantia relacionadas a esses tidura ou vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou função em
contratos; pessoa jurídica integrante da Administração Pública;
II - contratações sujeitas a normas previstas em legislação pró- VI - autoridade: agente público dotado de poder de decisão;
pria. VII - contratante: pessoa jurídica integrante da Administração
Art. 4º Aplicam-se às licitações e contratos disciplinados por Pública responsável pela contratação;
esta Lei as disposições constantes dos arts. 42 a 49 da Lei Comple- VIII - contratado: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pes-
mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. soas jurídicas, signatária de contrato com a Administração;
§ 1º As disposições a que se refere o caput deste artigo não são IX - licitante: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pesso-
aplicadas: as jurídicas, que participa ou manifesta a intenção de participar de
I - no caso de licitação para aquisição de bens ou contratação processo licitatório, sendo-lhe equiparável, para os fins desta Lei, o
de serviços em geral, ao item cujo valor estimado for superior à fornecedor ou o prestador de serviço que, em atendimento à solici-
receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como tação da Administração, oferece proposta;
empresa de pequeno porte;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

X - compra: aquisição remunerada de bens para fornecimen- cionados com suas atividades, permite inferir que o seu trabalho
to de uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela é essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do
com prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de forneci- objeto do contrato;
mento; XX - estudo técnico preliminar: documento constitutivo da pri-
XI - serviço: atividade ou conjunto de atividades destinadas a meira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza
obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao
da Administração; anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem
XII - obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação;
privativa das profissões de arquiteto e engenheiro que implica in- XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de ati-
tervenção no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico vidades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou
de ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físi- material, de interesse para a Administração e que, não enquadra-
co da natureza ou acarreta alteração substancial das características das no conceito de obra a que se refere o inciso XII do caput des-
originais de bem imóvel; te artigo, são estabelecidas, por força de lei, como privativas das
XIII - bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de desem- profissões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos especializados,
penho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo edital, que compreendem:
por meio de especificações usuais de mercado; a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia
XIV - bens e serviços especiais: aqueles que, por sua alta hete- que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos
rogeneidade ou complexidade, não podem ser descritos na forma de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de
do inciso XIII do caput deste artigo, exigida justificativa prévia do adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das caracte-
contratante; rísticas originais dos bens;
XV - serviços e fornecimentos contínuos: serviços contratados e b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta he-
compras realizadas pela Administração Pública para a manutenção terogeneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na defini-
da atividade administrativa, decorrentes de necessidades perma- ção constante da alínea “a” deste inciso;
nentes ou prolongadas; XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles
XVI - serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões
mão de obra: aqueles cujo modelo de execução contratual exige, de reais); (Vide Decreto nº 10.922, de 2021) (Vigência)
entre outros requisitos, que: XXIII - termo de referência: documento necessário para a con-
a) os empregados do contratado fiquem à disposição nas de- tratação de bens e serviços, que deve conter os seguintes parâme-
pendências do contratante para a prestação dos serviços; tros e elementos descritivos:
b) o contratado não compartilhe os recursos humanos e mate- a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos,
riais disponíveis de uma contratação para execução simultânea de o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorro-
outros contratos; gação;
c) o contratado possibilite a fiscalização pelo contratante quan- b) fundamentação da contratação, que consiste na referência
to à distribuição, controle e supervisão dos recursos humanos alo- aos estudos técnicos preliminares correspondentes ou, quando não
cados aos seus contratos; for possível divulgar esses estudos, no extrato das partes que não
XVII - serviços não contínuos ou contratados por escopo: aque- contiverem informações sigilosas;
les que impõem ao contratado o dever de realizar a prestação de c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ci-
um serviço específico em período predeterminado, podendo ser clo de vida do objeto;
prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo necessário à d) requisitos da contratação;
conclusão do objeto; e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de
XVIII - serviços técnicos especializados de natureza predomi- como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos desde o
nantemente intelectual: aqueles realizados em trabalhos relativos seu início até o seu encerramento;
a: f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execu-
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos e projetos ção do objeto será acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou enti-
executivos; dade;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; g) critérios de medição e de pagamento;
c) assessorias e consultorias técnicas e auditorias financeiras e h) forma e critérios de seleção do fornecedor;
tributárias; i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos pre-
d) fiscalização, supervisão e gerenciamento de obras e serviços; ços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documen-
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais e administrativas; tos que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados para a obten-
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; ção dos preços e para os respectivos cálculos, que devem constar
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; de documento separado e classificado;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en- j) adequação orçamentária;
saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento XXIV - anteprojeto: peça técnica com todos os subsídios neces-
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais sários à elaboração do projeto básico, que deve conter, no mínimo,
serviços de engenharia que se enquadrem na definição deste inciso; os seguintes elementos:
XIX - notória especialização: qualidade de profissional ou de a) demonstração e justificativa do programa de necessidades,
empresa cujo conceito, no campo de sua especialidade, decorrente avaliação de demanda do público-alvo, motivação técnico-econô-
de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, orga- mico-social do empreendimento, visão global dos investimentos e
nização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos rela- definições relacionadas ao nível de serviço desejado;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

b) condições de solidez, de segurança e de durabilidade; XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos
c) prazo de entrega; e de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilí-
d) estética do projeto arquitetônico, traçado geométrico e/ou brio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus
projeto da área de influência, quando cabível; financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação,
e) parâmetros de adequação ao interesse público, de economia contendo, no mínimo, as seguintes informações:
na utilização, de facilidade na execução, de impacto ambiental e de a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura
acessibilidade; do contrato que possam causar impacto em seu equilíbrio econô-
f) proposta de concepção da obra ou do serviço de engenharia; mico-financeiro e previsão de eventual necessidade de prolação de
g) projetos anteriores ou estudos preliminares que embasaram termo aditivo por ocasião de sua ocorrência;
a concepção proposta; b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das
h) levantamento topográfico e cadastral; frações do objeto com relação às quais haverá liberdade para os
i) pareceres de sondagem; contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas,
j) memorial descritivo dos elementos da edificação, dos com- em termos de modificação das soluções previamente delineadas no
ponentes construtivos e dos materiais de construção, de forma a anteprojeto ou no projeto básico;
estabelecer padrões mínimos para a contratação; c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das
XXV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e sufi- frações do objeto com relação às quais não haverá liberdade para
cientes, com nível de precisão adequado para definir e dimensionar os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnoló-
a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de serviços objeto gicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a
da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técni- solução predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, conside-
cos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado radas as características do regime de execução no caso de obras e
tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que pos- serviços de engenharia;
sibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do XXVIII - empreitada por preço unitário: contratação da execu-
prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: ção da obra ou do serviço por preço certo de unidades determina-
a) levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e en- das;
saios geotécnicos, ensaios e análises laboratoriais, estudos socio- XXIX - empreitada por preço global: contratação da execução
ambientais e demais dados e levantamentos necessários para exe- da obra ou do serviço por preço certo e total;
cução da solução escolhida; XXX - empreitada integral: contratação de empreendimento em
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente de- sua integralidade, compreendida a totalidade das etapas de obras,
talhadas, de forma a evitar, por ocasião da elaboração do projeto serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do
executivo e da realização das obras e montagem, a necessidade de contratado até sua entrega ao contratante em condições de entrada
reformulações ou variantes quanto à qualidade, ao preço e ao prazo em operação, com características adequadas às finalidades para as
inicialmente definidos; quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos e legais para
c) identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais sua utilização com segurança estrutural e operacional;
e equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas especifi- XXXI - contratação por tarefa: regime de contratação de mão de
cações, de modo a assegurar os melhores resultados para o empre- obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem forne-
endimento e a segurança executiva na utilização do objeto, para os cimento de materiais;
fins a que se destina, considerados os riscos e os perigos identificá- XXXII - contratação integrada: regime de contratação de obras e
veis, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; serviços de engenharia em que o contratado é responsável por ela-
d) informações que possibilitem o estudo e a definição de mé- borar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e
todos construtivos, de instalações provisórias e de condições orga- serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais
nizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações
sua execução; necessárias e suficientes para a entrega final do objeto;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da XXXIII - contratação semi-integrada: regime de contratação de
obra, compreendidos a sua programação, a estratégia de suprimen- obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável
tos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e
caso; serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamen- e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações
tado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente necessárias e suficientes para a entrega final do objeto;
avaliados, obrigatório exclusivamente para os regimes de execução XXXIV - fornecimento e prestação de serviço associado: regime
previstos nos incisos I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 desta Lei; de contratação em que, além do fornecimento do objeto, o contra-
XXVI - projeto executivo: conjunto de elementos necessários tado responsabiliza-se por sua operação, manutenção ou ambas,
e suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento por tempo determinado;
das soluções previstas no projeto básico, a identificação de servi- XXXV - licitação internacional: licitação processada em terri-
ços, de materiais e de equipamentos a serem incorporados à obra, tório nacional na qual é admitida a participação de licitantes es-
bem como suas especificações técnicas, de acordo com as normas trangeiros, com a possibilidade de cotação de preços em moeda
técnicas pertinentes; estrangeira, ou licitação na qual o objeto contratual pode ou deve
ser executado no todo ou em parte em território estrangeiro;
XXXVI - serviço nacional: serviço prestado em território nacio-
nal, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

XXXVII - produto manufaturado nacional: produto manufatura- L - comissão de contratação: conjunto de agentes públicos in-
do produzido no território nacional de acordo com o processo pro- dicados pela Administração, em caráter permanente ou especial,
dutivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder com a função de receber, examinar e julgar documentos relativos às
Executivo federal; licitações e aos procedimentos auxiliares;
XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contrata- LI - catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e
ção de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e obras: sistema informatizado, de gerenciamento centralizado e com
especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: indicação de preços, destinado a permitir a padronização de itens a
a) menor preço; serem adquiridos pela Administração Pública e que estarão dispo-
níveis para a licitação;
b) melhor técnica ou conteúdo artístico;
LII - sítio eletrônico oficial: sítio da internet, certificado digital-
c) técnica e preço;
mente por autoridade certificadora, no qual o ente federativo divul-
d) maior retorno econômico; ga de forma centralizada as informações e os serviços de governo
e) maior desconto; digital dos seus órgãos e entidades;
XXXIX - concurso: modalidade de licitação para escolha de tra- LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação
balho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento
será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão de de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante,
prêmio ou remuneração ao vencedor; na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra-
XL - leilão: modalidade de licitação para alienação de bens imó- tado com base em percentual da economia gerada;
veis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a LIV - seguro-garantia: seguro que garante o fiel cumprimento
quem oferecer o maior lance; das obrigações assumidas pelo contratado;
XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para aquisição LV - produtos para pesquisa e desenvolvimento: bens, insumos,
de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o serviços e obras necessários para atividade de pesquisa científica e
de menor preço ou o de maior desconto; tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecnológi-
XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para contra- ca, discriminados em projeto de pesquisa;
tação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública LVI - sobrepreço: preço orçado para licitação ou contratado em
realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante valor expressivamente superior aos preços referenciais de mercado,
critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alter- seja de apenas 1 (um) item, se a licitação ou a contratação for por
preços unitários de serviço, seja do valor global do objeto, se a lici-
nativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os lici-
tação ou a contratação for por tarefa, empreitada por preço global
tantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos; ou empreitada integral, semi-integrada ou integrada;
XLIII - credenciamento: processo administrativo de chamamen- LVII - superfaturamento: dano provocado ao patrimônio da Ad-
to público em que a Administração Pública convoca interessados ministração, caracterizado, entre outras situações, por:
em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os re- a) medição de quantidades superiores às efetivamente execu-
quisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para tadas ou fornecidas;
executar o objeto quando convocados; b) deficiência na execução de obras e de serviços de engenharia
XLIV - pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licita- que resulte em diminuição da sua qualidade, vida útil ou segurança;
ção, convocado por meio de edital, destinado à análise das condi- c) alterações no orçamento de obras e de serviços de engenha-
ções de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto; ria que causem desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em
XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos favor do contratado;
para realização, mediante contratação direta ou licitação nas moda- d) outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebi-
lidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relati- mentos contratuais antecipados, distorção do cronograma físico-fi-
vos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens nanceiro, prorrogação injustificada do prazo contratual com custos
para contratações futuras; adicionais para a Administração ou reajuste irregular de preços;
XLVI - ata de registro de preços: documento vinculativo e obri- LVIII - reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção
gacional, com característica de compromisso para futura contrata- do equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na apli-
cação do índice de correção monetária previsto no contrato, que
ção, no qual são registrados o objeto, os preços, os fornecedores, os
deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a
órgãos participantes e as condições a serem praticadas, conforme
adoção de índices específicos ou setoriais;
as disposições contidas no edital da licitação, no aviso ou instru- LIX - repactuação: forma de manutenção do equilíbrio econô-
mento de contratação direta e nas propostas apresentadas; mico-financeiro de contrato utilizada para serviços contínuos com
XLVII - órgão ou entidade gerenciadora: órgão ou entidade da regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância
Administração Pública responsável pela condução do conjunto de de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos contra-
procedimentos para registro de preços e pelo gerenciamento da ata tuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à apre-
de registro de preços dele decorrente; sentação das propostas, para os custos decorrentes do mercado, e
XLVIII - órgão ou entidade participante: órgão ou entidade da com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio
Administração Pública que participa dos procedimentos iniciais da coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os custos de-
contratação para registro de preços e integra a ata de registro de correntes da mão de obra;
preços; LX - agente de contratação: pessoa designada pela autoridade
XLIX - órgão ou entidade não participante: órgão ou entidade competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos dos
da Administração Pública que não participa dos procedimentos ini- quadros permanentes da Administração Pública, para tomar deci-
ciais da licitação para registro de preços e não integra a ata de re- sões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedi-
gistro de preços; mento licitatório e executar quaisquer outras atividades necessá-
rias ao bom andamento do certame até a homologação.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO IV I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situ-
DOS AGENTES PÚBLICOS ações que:
a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo
Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, do processo licitatório, inclusive nos casos de participação de socie-
ou a quem as normas de organização administrativa indicarem, pro- dades cooperativas;
mover gestão por competências e designar agentes públicos para o b) estabeleçam preferências ou distinções em razão da natura-
desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que pre- lidade, da sede ou do domicílio dos licitantes;
encham os seguintes requisitos: c) sejam impertinentes ou irrelevantes para o objeto específico
I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado do contrato;
público dos quadros permanentes da Administração Pública; II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial,
II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra entre empresas
possuam formação compatível ou qualificação atestada por certifi- brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, mo-
cação profissional emitida por escola de governo criada e mantida dalidade e local de pagamento, mesmo quando envolvido financia-
pelo poder público; e mento de agência internacional;
III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contra- III - opor resistência injustificada ao andamento dos processos
tados habituais da Administração nem tenham com eles vínculo de e, indevidamente, retardar ou deixar de praticar ato de ofício, ou
parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de na- praticá-lo contra disposição expressa em lei.
tureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil. § 1º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licita-
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá obser- ção ou da execução do contrato agente público de órgão ou enti-
var o princípio da segregação de funções, vedada a designação do dade licitante ou contratante, devendo ser observadas as situações
mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais que possam configurar conflito de interesses no exercício ou após
suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação o exercício do cargo ou emprego, nos termos da legislação que dis-
de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva contratação. ciplina a matéria.
§ 2º O disposto no caput e no § 1º deste artigo, inclusive os § 2º As vedações de que trata este artigo estendem-se a tercei-
requisitos estabelecidos, também se aplica aos órgãos de assesso- ro que auxilie a condução da contratação na qualidade de integran-
ramento jurídico e de controle interno da Administração. te de equipe de apoio, profissional especializado ou funcionário ou
Art. 8º A licitação será conduzida por agente de contratação, representante de empresa que preste assessoria técnica.
pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores Art. 10. Se as autoridades competentes e os servidores públi-
efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Ad- cos que tiverem participado dos procedimentos relacionados às
ministração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitações e aos contratos de que trata esta Lei precisarem defen-
licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar quais- der-se nas esferas administrativa, controladora ou judicial em razão
quer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame de ato praticado com estrita observância de orientação constante
até a homologação. em parecer jurídico elaborado na forma do § 1º do art. 53 desta Lei,
§ 1º O agente de contratação será auxiliado por equipe de a advocacia pública promoverá, a critério do agente público, sua
apoio e responderá individualmente pelos atos que praticar, salvo representação judicial ou extrajudicial.
quando induzido a erro pela atuação da equipe. § 1º Não se aplica o disposto no caput deste artigo quando:
§ 2º Em licitação que envolva bens ou serviços especiais, desde I - (VETADO);
que observados os requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, o II - provas da prática de atos ilícitos dolosos constarem nos au-
agente de contratação poderá ser substituído por comissão de con- tos do processo administrativo ou judicial.
tratação formada por, no mínimo, 3 (três) membros, que respon- § 2º Aplica-se o disposto no caput deste artigo inclusive na hi-
derão solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, pótese de o agente público não mais ocupar o cargo, emprego ou
ressalvado o membro que expressar posição individual divergente função em que foi praticado o ato questionado.
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que hou-
ver sido tomada a decisão. TÍTULO II
§ 3º As regras relativas à atuação do agente de contratação e da DAS LICITAÇÕES
equipe de apoio, ao funcionamento da comissão de contratação e à
atuação de fiscais e gestores de contratos de que trata esta Lei se- CAPÍTULO I
rão estabelecidas em regulamento, e deverá ser prevista a possibili- DO PROCESSO LICITATÓRIO
dade de eles contarem com o apoio dos órgãos de assessoramento
jurídico e de controle interno para o desempenho das funções es- Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:
senciais à execução do disposto nesta Lei. I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de
§ 4º Em licitação que envolva bens ou serviços especiais cujo contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive
objeto não seja rotineiramente contratado pela Administração, po- no que se refere ao ciclo de vida do objeto;
derá ser contratado, por prazo determinado, serviço de empresa II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem
ou de profissional especializado para assessorar os agentes públicos como a justa competição;
responsáveis pela condução da licitação. III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços mani-
§ 5º Em licitação na modalidade pregão, o agente responsável festamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos con-
pela condução do certame será designado pregoeiro. tratos;
Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sus-
área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei: tentável.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é com direito a voto, responsável técnico ou subcontratado, quando
responsável pela governança das contratações e deve implementar a licitação versar sobre obra, serviços ou fornecimento de bens a
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles in- ela necessários;
ternos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios III - pessoa física ou jurídica que se encontre, ao tempo da lici-
e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos tação, impossibilitada de participar da licitação em decorrência de
estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente ínte- sanção que lhe foi imposta;
gro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao plane- IV - aquele que mantenha vínculo de natureza técnica, comer-
jamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, cial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do
efetividade e eficácia em suas contratações. órgão ou entidade contratante ou com agente público que desem-
Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte: penhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do
I - os documentos serão produzidos por escrito, com data e lo- contrato, ou que deles seja cônjuge, companheiro ou parente em
cal de sua realização e assinatura dos responsáveis; linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, devendo
II - os valores, os preços e os custos utilizados terão como ex- essa proibição constar expressamente do edital de licitação;
pressão monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o dispos- V - empresas controladoras, controladas ou coligadas, nos ter-
to no art. 52 desta Lei; mos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, concorrendo en-
III - o desatendimento de exigências meramente formais que tre si;
não comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a com- VI - pessoa física ou jurídica que, nos 5 (cinco) anos anteriores
preensão do conteúdo de sua proposta não importará seu afasta- à divulgação do edital, tenha sido condenada judicialmente, com
mento da licitação ou a invalidação do processo; trânsito em julgado, por exploração de trabalho infantil, por sub-
IV - a prova de autenticidade de cópia de documento público missão de trabalhadores a condições análogas às de escravo ou por
ou particular poderá ser feita perante agente da Administração, me- contratação de adolescentes nos casos vedados pela legislação tra-
diante apresentação de original ou de declaração de autenticidade balhista.
por advogado, sob sua responsabilidade pessoal; § 1º O impedimento de que trata o inciso III do caput deste
V - o reconhecimento de firma somente será exigido quando artigo será também aplicado ao licitante que atue em substituição a
houver dúvida de autenticidade, salvo imposição legal; outra pessoa, física ou jurídica, com o intuito de burlar a efetividade
VI - os atos serão preferencialmente digitais, de forma a permi- da sanção a ela aplicada, inclusive a sua controladora, controlada
tir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados ou coligada, desde que devidamente comprovado o ilícito ou a utili-
por meio eletrônico; zação fraudulenta da personalidade jurídica do licitante.
VII - a partir de documentos de formalização de demandas, os § 2º A critério da Administração e exclusivamente a seu serviço,
órgãos responsáveis pelo planejamento de cada ente federativo po- o autor dos projetos e a empresa a que se referem os incisos I e II
derão, na forma de regulamento, elaborar plano de contratações do caput deste artigo poderão participar no apoio das atividades
anual, com o objetivo de racionalizar as contratações dos órgãos e de planejamento da contratação, de execução da licitação ou de
entidades sob sua competência, garantir o alinhamento com o seu gestão do contrato, desde que sob supervisão exclusiva de agentes
planejamento estratégico e subsidiar a elaboração das respectivas públicos do órgão ou entidade.
leis orçamentárias. § 3º Equiparam-se aos autores do projeto as empresas inte-
§ 1º O plano de contratações anual de que trata o inciso VII grantes do mesmo grupo econômico.
do caput deste artigo deverá ser divulgado e mantido à disposição § 4º O disposto neste artigo não impede a licitação ou a con-
do público em sítio eletrônico oficial e será observado pelo ente tratação de obra ou serviço que inclua como encargo do contratado
federativo na realização de licitações e na execução dos contratos. a elaboração do projeto básico e do projeto executivo, nas contra-
§ 2º É permitida a identificação e assinatura digital por pessoa tações integradas, e do projeto executivo, nos demais regimes de
física ou jurídica em meio eletrônico, mediante certificado digital execução.
emitido em âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira § 5º Em licitações e contratações realizadas no âmbito de pro-
(ICP-Brasil). jetos e programas parcialmente financiados por agência oficial de
Art. 13. Os atos praticados no processo licitatório são públicos, cooperação estrangeira ou por organismo financeiro internacional
ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja imprescin- com recursos do financiamento ou da contrapartida nacional, não
dível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei. poderá participar pessoa física ou jurídica que integre o rol de pes-
Parágrafo único. A publicidade será diferida: soas sancionadas por essas entidades ou que seja declarada inidô-
I - quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva aber- nea nos termos desta Lei.
tura; Art. 15. Salvo vedação devidamente justificada no processo lici-
II - quanto ao orçamento da Administração, nos termos do art. tatório, pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio,
24 desta Lei. observadas as seguintes normas:
Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar da execu- I - comprovação de compromisso público ou particular de cons-
ção de contrato, direta ou indiretamente: tituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
I - autor do anteprojeto, do projeto básico ou do projeto execu- II - indicação da empresa líder do consórcio, que será responsá-
tivo, pessoa física ou jurídica, quando a licitação versar sobre obra, vel por sua representação perante a Administração;
serviços ou fornecimento de bens a ele relacionados; III - admissão, para efeito de habilitação técnica, do somatório
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela dos quantitativos de cada consorciado e, para efeito de habilitação
elaboração do projeto básico ou do projeto executivo, ou empre- econômico-financeira, do somatório dos valores de cada consorcia-
sa da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, controlador, do;
acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital

175
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - impedimento de a empresa consorciada participar, na mes- § 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o in-
ma licitação, de mais de um consórcio ou de forma isolada; ciso IV do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá,
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos prati- em relação ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análise
cados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execu- e avaliação da conformidade da proposta, mediante homologação
ção do contrato. de amostras, exame de conformidade e prova de conceito, entre
§ 1º O edital deverá estabelecer para o consórcio acréscimo de outros testes de interesse da Administração, de modo a comprovar
10% (dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor exigido sua aderência às especificações definidas no termo de referência ou
de licitante individual para a habilitação econômico-financeira, sal- no projeto básico.
vo justificação. § 4º Nos procedimentos realizados por meio eletrônico, a Ad-
§ 2º O acréscimo previsto no § 1º deste artigo não se aplica ministração poderá determinar, como condição de validade e efi-
aos consórcios compostos, em sua totalidade, de microempresas e cácia, que os licitantes pratiquem seus atos em formato eletrônico.
pequenas empresas, assim definidas em lei. § 5º Na hipótese excepcional de licitação sob a forma presen-
§ 3º O licitante vencedor é obrigado a promover, antes da ce- cial a que refere o § 2º deste artigo, a sessão pública de apresenta-
lebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio, nos ção de propostas deverá ser gravada em áudio e vídeo, e a gravação
termos do compromisso referido no inciso I do caput deste artigo. será juntada aos autos do processo licitatório depois de seu encer-
§ 4º Desde que haja justificativa técnica aprovada pela auto- ramento.
ridade competente, o edital de licitação poderá estabelecer limite § 6º A Administração poderá exigir certificação por organização
máximo para o número de empresas consorciadas. independente acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia,
§ 5º A substituição de consorciado deverá ser expressamente Qualidade e Tecnologia (Inmetro) como condição para aceitação de:
autorizada pelo órgão ou entidade contratante e condicionada à I - estudos, anteprojetos, projetos básicos e projetos executi-
comprovação de que a nova empresa do consórcio possui, no míni- vos;
mo, os mesmos quantitativos para efeito de habilitação técnica e os II - conclusão de fases ou de objetos de contratos;
mesmos valores para efeito de qualificação econômico-financeira III - material e corpo técnico apresentados por empresa para
apresentados pela empresa substituída para fins de habilitação do fins de habilitação.
consórcio no processo licitatório que originou o contrato.
Art. 16. Os profissionais organizados sob a forma de cooperati- CAPÍTULO II
va poderão participar de licitação quando: DA FASE PREPARATÓRIA
I - a constituição e o funcionamento da cooperativa observa-
rem as regras estabelecidas na legislação aplicável, em especial a SEÇÃO I
Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, a Lei nº 12.690, de 19 de DA INSTRUÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO
julho de 2012, e a Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009;
II - a cooperativa apresentar demonstrativo de atuação em re- Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracte-
gime cooperado, com repartição de receitas e despesas entre os rizada pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano
cooperados; de contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12
III - qualquer cooperado, com igual qualificação, for capaz de desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem
executar o objeto contratado, vedado à Administração indicar no- como abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e
minalmente pessoas; de gestão que podem interferir na contratação, compreendidos:
IV - o objeto da licitação referir-se, em se tratando de coope- I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada
rativas enquadradas na Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, a em estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público
serviços especializados constantes do objeto social da cooperativa, envolvido;
a serem executados de forma complementar à sua atuação. II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade,
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou
em sequência: projeto executivo, conforme o caso;
I - preparatória; III - a definição das condições de execução e pagamento, das
II - de divulgação do edital de licitação; garantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços uti-
IV - de julgamento; lizados para sua formação;
V - de habilitação; V - a elaboração do edital de licitação;
VI - recursal; VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária,
VII - de homologação. que constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de servi-
mediante ato motivado com explicitação dos benefícios decorren- ços ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados
tes, anteceder as fases referidas nos incisos III e IV do caput deste os potenciais de economia de escala;
artigo, desde que expressamente previsto no edital de licitação. VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a for- modo de disputa e a adequação e eficiência da forma de combina-
ma eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que ção desses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a
motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administra-
em áudio e vídeo. ção Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais nho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá ser
como justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico, dis-
indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor signifi- pensada a elaboração de projetos.
cativo do objeto, e de qualificação econômico-financeira, justificati- Art. 19. Os órgãos da Administração com competências regula-
va dos critérios de pontuação e julgamento das propostas técnicas, mentares relativas às atividades de administração de materiais, de
nas licitações com julgamento por melhor técnica ou técnica e pre- obras e serviços e de licitações e contratos deverão:
ço, e justificativa das regras pertinentes à participação de empresas I - instituir instrumentos que permitam, preferencialmente,
em consórcio; a centralização dos procedimentos de aquisição e contratação de
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da bens e serviços;
licitação e a boa execução contratual; II - criar catálogo eletrônico de padronização de compras, ser-
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento viços e obras, admitida a adoção do catálogo do Poder Executivo
da licitação, observado o art. 24 desta Lei. federal por todos os entes federativos;
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do III - instituir sistema informatizado de acompanhamento de
caput deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e obras, inclusive com recursos de imagem e vídeo;
a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabili- IV - instituir, com auxílio dos órgãos de assessoramento jurídico
dade técnica e econômica da contratação, e conterá os seguintes e de controle interno, modelos de minutas de editais, de termos de
elementos: referência, de contratos padronizados e de outros documentos, ad-
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o pro- mitida a adoção das minutas do Poder Executivo federal por todos
blema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público; os entes federativos;
II - demonstração da previsão da contratação no plano de con- V - promover a adoção gradativa de tecnologias e processos
tratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu integrados que permitam a criação, a utilização e a atualização de
alinhamento com o planejamento da Administração; modelos digitais de obras e serviços de engenharia.
III - requisitos da contratação; § 1º O catálogo referido no inciso II do caput deste artigo pode-
IV - estimativas das quantidades para a contratação, acompa- rá ser utilizado em licitações cujo critério de julgamento seja o de
nhadas das memórias de cálculo e dos documentos que lhes dão menor preço ou o de maior desconto e conterá toda a documenta-
suporte, que considerem interdependências com outras contrata- ção e os procedimentos próprios da fase interna de licitações, assim
ções, de modo a possibilitar economia de escala; como as especificações dos respectivos objetos, conforme disposto
V - levantamento de mercado, que consiste na análise das al- em regulamento.
ternativas possíveis, e justificativa técnica e econômica da escolha § 2º A não utilização do catálogo eletrônico de padronização de
do tipo de solução a contratar; que trata o inciso II do caput ou dos modelos de minutas de que tra-
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos pre- ta o inciso IV do caput deste artigo deverá ser justificada por escrito
ços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documen- e anexada ao respectivo processo licitatório.
tos que lhe dão suporte, que poderão constar de anexo classificado, § 3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arqui-
se a Administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão tetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será prefe-
da licitação; rencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção
VII - descrição da solução como um todo, inclusive das exigên- (Building Information Modelling - BIM) ou tecnologias e processos
cias relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la.
o caso; Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as deman-
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da contratação; das das estruturas da Administração Pública deverão ser de quali-
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de dade comum, não superior à necessária para cumprir as finalidades
economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos huma- às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
nos, materiais e financeiros disponíveis; § 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário definirão em
X - providências a serem adotadas pela Administração previa- regulamento os limites para o enquadramento dos bens de consu-
mente à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de mo nas categorias comum e luxo.
servidores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual; § 2º A partir de 180 (cento e oitenta) dias contados da promul-
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes; gação desta Lei, novas compras de bens de consumo só poderão ser
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas efetivadas com a edição, pela autoridade competente, do regula-
medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de mento a que se refere o § 1º deste artigo.
energia e de outros recursos, bem como logística reversa para des- § 3º (VETADO).
fazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável; Art. 21. A Administração poderá convocar, com antecedência
XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequação da contra- mínima de 8 (oito) dias úteis, audiência pública, presencial ou a dis-
tação para o atendimento da necessidade a que se destina. tância, na forma eletrônica, sobre licitação que pretenda realizar,
§ 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os com disponibilização prévia de informações pertinentes, inclusive
elementos previstos nos incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º deste de estudo técnico preliminar e elementos do edital de licitação, e
artigo e, quando não contemplar os demais elementos previstos no com possibilidade de manifestação de todos os interessados.
referido parágrafo, apresentar as devidas justificativas. Parágrafo único. A Administração também poderá submeter a
§ 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contra- licitação a prévia consulta pública, mediante a disponibilização de
tação de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada seus elementos a todos os interessados, que poderão formular su-
a inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempe- gestões no prazo fixado.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de ris- § 2º No processo licitatório para contratação de obras e servi-
cos entre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo ços de engenharia, conforme regulamento, o valor estimado, acres-
do valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco cido do percentual de Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) de re-
compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos ao ferência e dos Encargos Sociais (ES) cabíveis, será definido por meio
contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente fe- da utilização de parâmetros na seguinte ordem:
derativo. I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana
§ 1º A matriz de que trata o caput deste artigo deverá promo- do item correspondente do Sistema de Custos Referenciais de Obras
ver a alocação eficiente dos riscos de cada contrato e estabelecer (Sicro), para serviços e obras de infraestrutura de transportes, ou do
a responsabilidade que caiba a cada parte contratante, bem como Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices de Construção
os mecanismos que afastem a ocorrência do sinistro e mitiguem os Civil (Sinapi), para as demais obras e serviços de engenharia;
seus efeitos, caso este ocorra durante a execução contratual. II - utilização de dados de pesquisa publicada em mídia espe-
§ 2º O contrato deverá refletir a alocação realizada pela matriz cializada, de tabela de referência formalmente aprovada pelo Poder
de riscos, especialmente quanto: Executivo federal e de sítios eletrônicos especializados ou de domí-
I - às hipóteses de alteração para o restabelecimento da equa- nio amplo, desde que contenham a data e a hora de acesso;
ção econômico-financeira do contrato nos casos em que o sinistro III - contratações similares feitas pela Administração Pública,
seja considerado na matriz de riscos como causa de desequilíbrio em execução ou concluídas no período de 1 (um) ano anterior à
não suportada pela parte que pretenda o restabelecimento; data da pesquisa de preços, observado o índice de atualização de
II - à possibilidade de resolução quando o sinistro majorar ex- preços correspondente;
cessivamente ou impedir a continuidade da execução contratual; IV - pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na
III - à contratação de seguros obrigatórios previamente defini- forma de regulamento.
dos no contrato, integrado o custo de contratação ao preço oferta- § 3º Nas contratações realizadas por Municípios, Estados e Dis-
do. trito Federal, desde que não envolvam recursos da União, o valor
§ 3º Quando a contratação se referir a obras e serviços de gran- previamente estimado da contratação, a que se refere o caput des-
de vulto ou forem adotados os regimes de contratação integrada te artigo, poderá ser definido por meio da utilização de outros siste-
e semi-integrada, o edital obrigatoriamente contemplará matriz de mas de custos adotados pelo respectivo ente federativo.
alocação de riscos entre o contratante e o contratado. § 4º Nas contratações diretas por inexigibilidade ou por dis-
§ 4º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos pensa, quando não for possível estimar o valor do objeto na forma
decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à estabelecida nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo, o contratado deverá
escolha da solução de projeto básico pelo contratado deverão ser comprovar previamente que os preços estão em conformidade com
alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos. os praticados em contratações semelhantes de objetos de mesma
Art. 23. O valor previamente estimado da contratação deverá natureza, por meio da apresentação de notas fiscais emitidas para
ser compatível com os valores praticados pelo mercado, considera- outros contratantes no período de até 1 (um) ano anterior à data da
dos os preços constantes de bancos de dados públicos e as quan- contratação pela Administração, ou por outro meio idôneo.
tidades a serem contratadas, observadas a potencial economia de § 5º No processo licitatório para contratação de obras e ser-
escala e as peculiaridades do local de execução do objeto. viços de engenharia sob os regimes de contratação integrada ou
§ 1º No processo licitatório para aquisição de bens e contrata- semi-integrada, o valor estimado da contratação será calculado nos
ção de serviços em geral, conforme regulamento, o valor estimado termos do § 2º deste artigo, acrescido ou não de parcela referente
será definido com base no melhor preço aferido por meio da uti- à remuneração do risco, e, sempre que necessário e o anteproje-
lização dos seguintes parâmetros, adotados de forma combinada to o permitir, a estimativa de preço será baseada em orçamento
ou não: sintético, balizado em sistema de custo definido no inciso I do §
I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana 2º deste artigo, devendo a utilização de metodologia expedita ou
do item correspondente no painel para consulta de preços ou no paramétrica e de avaliação aproximada baseada em outras contra-
banco de preços em saúde disponíveis no Portal Nacional de Con- tações similares ser reservada às frações do empreendimento não
tratações Públicas (PNCP); suficientemente detalhadas no anteprojeto.
II - contratações similares feitas pela Administração Pública, em § 6º Na hipótese do § 5º deste artigo, será exigido dos licitantes
execução ou concluídas no período de 1 (um) ano anterior à data da ou contratados, no orçamento que compuser suas respectivas pro-
pesquisa de preços, inclusive mediante sistema de registro de pre- postas, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento do orçamento
ços, observado o índice de atualização de preços correspondente; sintético referido no mencionado parágrafo.
III - utilização de dados de pesquisa publicada em mídia espe- Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da con-
cializada, de tabela de referência formalmente aprovada pelo Poder tratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuízo da divulgação do
Executivo federal e de sítios eletrônicos especializados ou de domí- detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessá-
nio amplo, desde que contenham a data e hora de acesso; rias para a elaboração das propostas, e, nesse caso:
IV - pesquisa direta com no mínimo 3 (três) fornecedores, me- I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno
diante solicitação formal de cotação, desde que seja apresentada e externo;
justificativa da escolha desses fornecedores e que não tenham sido II - (VETADO).
obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) meses de antecedência Parágrafo único. Na hipótese de licitação em que for adotado o
da data de divulgação do edital; critério de julgamento por maior desconto, o preço estimado ou o
V - pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na máximo aceitável constará do edital da licitação.
forma de regulamento.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras § 1º A margem de preferência de que trata o caput deste artigo:
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e I - será definida em decisão fundamentada do Poder Executivo
às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à federal, no caso do inciso I do caput deste artigo;
entrega do objeto e às condições de pagamento. II - poderá ser de até 10% (dez por cento) sobre o preço dos
§ 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração adotará bens e serviços que não se enquadrem no disposto nos incisos I ou
minutas padronizadas de edital e de contrato com cláusulas uni- II do caput deste artigo;
formes. III - poderá ser estendida a bens manufaturados e serviços ori-
§ 2º Desde que, conforme demonstrado em estudo técnico ginários de Estados Partes do Mercado Comum do Sul (Mercosul),
preliminar, não sejam causados prejuízos à competitividade do desde que haja reciprocidade com o País prevista em acordo inter-
processo licitatório e à eficiência do respectivo contrato, o edital nacional aprovado pelo Congresso Nacional e ratificado pelo Presi-
poderá prever a utilização de mão de obra, materiais, tecnologias dente da República.
e matérias-primas existentes no local da execução, conservação e § 2º Para os bens manufaturados nacionais e serviços nacionais
operação do bem, serviço ou obra. resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica no País, de-
§ 3º Todos os elementos do edital, incluídos minuta de con- finidos conforme regulamento do Poder Executivo federal, a mar-
trato, termos de referência, anteprojeto, projetos e outros anexos, gem de preferência a que se refere o caput deste artigo poderá ser
deverão ser divulgados em sítio eletrônico oficial na mesma data de de até 20% (vinte por cento).
divulgação do edital, sem necessidade de registro ou de identifica- § 3º (VETADO).
ção para acesso. § 4º (VETADO).
§ 4º Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de § 5º A margem de preferência não se aplica aos bens manu-
grande vulto, o edital deverá prever a obrigatoriedade de implanta- faturados nacionais e aos serviços nacionais se a capacidade de
ção de programa de integridade pelo licitante vencedor, no prazo de produção desses bens ou de prestação desses serviços no País for
6 (seis) meses, contado da celebração do contrato, conforme regu- inferior:
lamento que disporá sobre as medidas a serem adotadas, a forma I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
de comprovação e as penalidades pelo seu descumprimento. II - aos quantitativos fixados em razão do parcelamento do ob-
§ 5º O edital poderá prever a responsabilidade do contratado jeto, quando for o caso.
pela: § 6º Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços
I - obtenção do licenciamento ambiental; e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade com-
II - realização da desapropriação autorizada pelo poder público. petente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão ou
§ 6º Os licenciamentos ambientais de obras e serviços de en- entidade integrante da Administração Pública ou daqueles por ela
genharia licitados e contratados nos termos desta Lei terão priori- indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação
dade de tramitação nos órgãos e entidades integrantes do Sistema comercial, industrial ou tecnológica ou acesso a condições vantajo-
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e deverão ser orientados sas de financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabele-
pelos princípios da celeridade, da cooperação, da economicidade cida pelo Poder Executivo federal.
e da eficiência. § 7º Nas contratações destinadas à implantação, à manutenção
§ 7º Independentemente do prazo de duração do contrato, e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e
será obrigatória a previsão no edital de índice de reajustamento de comunicação considerados estratégicos em ato do Poder Executivo
preço, com data-base vinculada à data do orçamento estimado e federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecno-
com a possibilidade de ser estabelecido mais de um índice especí- logia desenvolvida no País produzidos de acordo com o processo
fico ou setorial, em conformidade com a realidade de mercado dos produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de
respectivos insumos. 2001.
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o inter- Art. 27. Será divulgada, em sítio eletrônico oficial, a cada exer-
regno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento será por: cício financeiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência
I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver regi- do disposto no art. 26 desta Lei, com indicação do volume de recur-
me de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de sos destinados a cada uma delas.
mão de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
II - repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva SEÇÃO II
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de- DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO
monstração analítica da variação dos custos.
§ 9º O edital poderá, na forma disposta em regulamento, exigir Art. 28. São modalidades de licitação:
que percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução I - pregão;
do objeto da contratação seja constituído por: II - concorrência;
I - mulheres vítimas de violência doméstica; (Vide Decreto nº III - concurso;
11.430, de 2023) Vigência IV - leilão;
II - oriundos ou egressos do sistema prisional. V - diálogo competitivo.
Art. 26. No processo de licitação, poderá ser estabelecida mar- § 1º Além das modalidades referidas no caput deste artigo, a
gem de preferência para: Administração pode servir-se dos procedimentos auxiliares previs-
I - bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a tos no art. 78 desta Lei.
normas técnicas brasileiras; § 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou,
II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme ainda, a combinação daquelas referidas no caput deste artigo.
regulamento.

179
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 29. A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental c) impossibilidade de as especificações técnicas serem defini-
comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o pregão das com precisão suficiente pela Administração;
sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
que possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta-
especificações usuais de mercado. que para os seguintes aspectos:
Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de a) a solução técnica mais adequada;
serviços técnicos especializados de natureza predominantemente b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços nida;
de engenharia de que trata a alínea “a” do inciso XXI do caput do
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
art. 6º desta Lei.
III - (VETADO).
Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
em edital, que indicará: § 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as
I - a qualificação exigida dos participantes; seguintes disposições:
II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho; I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do
III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as exigências
concedida ao vencedor. já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias
Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de úteis para manifestação de interesse na participação da licitação;
projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter- II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes de-
mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao verão ser previstos em edital, e serão admitidos todos os interessa-
projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e dos que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
oportunidade das autoridades competentes. III - a divulgação de informações de modo discriminatório que
Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a ser- possa implicar vantagem para algum licitante será vedada;
vidor designado pela autoridade competente da Administração, e IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as
regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais. soluções propostas ou as informações sigilosas comunicadas por
§ 1º Se optar pela realização de leilão por intermédio de leilo- um licitante sem o seu consentimento;
eiro oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante creden- V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administra-
ciamento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de ção, em decisão fundamentada, identifique a solução ou as solu-
julgamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
ções que atendam às suas necessidades;
utilizados como parâmetro máximo os percentuais definidos na lei
que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão regis-
serem leiloados. tradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos tecnoló-
§ 2º O leilão será precedido da divulgação do edital em sítio gicos de áudio e vídeo;
eletrônico oficial, que conterá: VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas,
I - a descrição do bem, com suas características, e, no caso de caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou as propos-
imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à matrícula e aos tas a serem discutidas;
registros; VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi
II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo concluído, juntar aos autos do processo licitatório os registros e as
qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divul-
caso, a comissão do leiloeiro designado; gação de edital contendo a especificação da solução que atenda às
III - a indicação do lugar onde estiverem os móveis, os veículos suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
e os semoventes; seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60
IV - o sítio da internet e o período em que ocorrerá o leilão, (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na
salvo se excepcionalmente for realizado sob a forma presencial por forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas,
comprovada inviabilidade técnica ou desvantagem para a Adminis- que deverão conter os elementos necessários para a realização do
tração, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de projeto;
sua realização;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes
V - a especificação de eventuais ônus, gravames ou pendências
às propostas apresentadas, desde que não impliquem discrimina-
existentes sobre os bens a serem leiloados.
§ 3º Além da divulgação no sítio eletrônico oficial, o edital do ção nem distorçam a concorrência entre as propostas;
leilão será afixado em local de ampla circulação de pessoas na sede X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo
da Administração e poderá, ainda, ser divulgado por outros meios com critérios divulgados no início da fase competitiva, assegurada a
necessários para ampliar a publicidade e a competitividade da lici- contratação mais vantajosa como resultado;
tação. XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de con-
§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase tratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou
de habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da
de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo Administração, admitida a contratação de profissionais para asses-
licitante vencedor, na forma definida no edital. soramento técnico da comissão;
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata- XII - (VETADO).
ções em que a Administração: § 2º Os profissionais contratados para os fins do inciso XI do §
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: 1º deste artigo assinarão termo de confidencialidade e abster-se-ão
a) inovação tecnológica ou técnica; de atividades que possam configurar conflito de interesses.
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e

180
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO III § 3º O desempenho pretérito na execução de contratos com a


DOS CRITÉRIOS DE JULGAMENTO Administração Pública deverá ser considerado na pontuação técni-
ca, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 88 desta Lei e em
Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo regulamento.
com os seguintes critérios: Art. 37. O julgamento por melhor técnica ou por técnica e pre-
I - menor preço; ço deverá ser realizado por:
II - maior desconto; I - verificação da capacitação e da experiência do licitante, com-
III - melhor técnica ou conteúdo artístico; provadas por meio da apresentação de atestados de obras, produ-
IV - técnica e preço; tos ou serviços previamente realizados;
V - maior lance, no caso de leilão; II - atribuição de notas a quesitos de natureza qualitativa por
VI - maior retorno econômico. banca designada para esse fim, de acordo com orientações e limi-
Art. 34. O julgamento por menor preço ou maior desconto e, tes definidos em edital, considerados a demonstração de conheci-
quando couber, por técnica e preço considerará o menor dispêndio mento do objeto, a metodologia e o programa de trabalho, a qua-
para a Administração, atendidos os parâmetros mínimos de quali- lificação das equipes técnicas e a relação dos produtos que serão
dade definidos no edital de licitação. entregues;
§ 1º Os custos indiretos, relacionados com as despesas de ma- III - atribuição de notas por desempenho do licitante em con-
nutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto ambiental tratações anteriores aferida nos documentos comprobatórios de
do objeto licitado, entre outros fatores vinculados ao seu ciclo de que trata o § 3º do art. 88 desta Lei e em registro cadastral unifica-
vida, poderão ser considerados para a definição do menor dispên- do disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).
dio, sempre que objetivamente mensuráveis, conforme disposto § 1º A banca referida no inciso II do caput deste artigo terá no
em regulamento. mínimo 3 (três) membros e poderá ser composta de:
§ 2º O julgamento por maior desconto terá como referência o I - servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes
preço global fixado no edital de licitação, e o desconto será estendi- aos quadros permanentes da Administração Pública;
do aos eventuais termos aditivos. II - profissionais contratados por conhecimento técnico, experi-
Art. 35. O julgamento por melhor técnica ou conteúdo artísti- ência ou renome na avaliação dos quesitos especificados em edital,
co considerará exclusivamente as propostas técnicas ou artísticas desde que seus trabalhos sejam supervisionados por profissionais
apresentadas pelos licitantes, e o edital deverá definir o prêmio ou designados conforme o disposto no art. 7º desta Lei.
a remuneração que será atribuída aos vencedores. § 2º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, na
Parágrafo único. O critério de julgamento de que trata o caput licitação para contratação dos serviços técnicos especializados de
deste artigo poderá ser utilizado para a contratação de projetos e natureza predominantemente intelectual previstos nas alíneas “a”,
trabalhos de natureza técnica, científica ou artística. “d” e “h” do inciso XVIII do caput do art. 6º desta Lei cujo valor es-
Art. 36. O julgamento por técnica e preço considerará a maior timado da contratação seja superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil
pontuação obtida a partir da ponderação, segundo fatores objeti- reais), o julgamento será por: (Vide Decreto nº 11.317, de 2022)
vos previstos no edital, das notas atribuídas aos aspectos de técnica Vigência
e de preço da proposta. I - melhor técnica; ou
§ 1º O critério de julgamento de que trata o caput deste artigo II - técnica e preço, na proporção de 70% (setenta por cento) de
será escolhido quando estudo técnico preliminar demonstrar que a valoração da proposta técnica.”
avaliação e a ponderação da qualidade técnica das propostas que Art. 38. No julgamento por melhor técnica ou por técnica e
superarem os requisitos mínimos estabelecidos no edital forem re- preço, a obtenção de pontuação devido à capacitação técnico-pro-
levantes aos fins pretendidos pela Administração nas licitações para fissional exigirá que a execução do respectivo contrato tenha parti-
contratação de: cipação direta e pessoal do profissional correspondente.
I - serviços técnicos especializados de natureza predominante- Art. 39. O julgamento por maior retorno econômico, utilizado
mente intelectual, caso em que o critério de julgamento de técnica exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência, consi-
e preço deverá ser preferencialmente empregado; derará a maior economia para a Administração, e a remuneração
II - serviços majoritariamente dependentes de tecnologia so- deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional
fisticada e de domínio restrito, conforme atestado por autoridades à economia efetivamente obtida na execução do contrato.
técnicas de reconhecida qualificação; § 1º Nas licitações que adotarem o critério de julgamento de
III - bens e serviços especiais de tecnologia da informação e de que trata o caput deste artigo, os licitantes apresentarão:
comunicação; I - proposta de trabalho, que deverá contemplar:
IV - obras e serviços especiais de engenharia; a) as obras, os serviços ou os bens, com os respectivos prazos
V - objetos que admitam soluções específicas e alternativas e de realização ou fornecimento;
variações de execução, com repercussões significativas e concreta- b) a economia que se estima gerar, expressa em unidade de
mente mensuráveis sobre sua qualidade, produtividade, rendimen- medida associada à obra, ao bem ou ao serviço e em unidade mo-
to e durabilidade, quando essas soluções e variações puderem ser netária;
adotadas à livre escolha dos licitantes, conforme critérios objetiva- II - proposta de preço, que corresponderá a percentual sobre
mente definidos no edital de licitação. a economia que se estima gerar durante determinado período, ex-
§ 2º No julgamento por técnica e preço, deverão ser avaliadas pressa em unidade monetária.
e ponderadas as propostas técnicas e, em seguida, as propostas de
preço apresentadas pelos licitantes, na proporção máxima de 70%
(setenta por cento) de valoração para a proposta técnica.

181
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º O edital de licitação deverá prever parâmetros objetivos I - a economia de escala, a redução de custos de gestão de con-
de mensuração da economia gerada com a execução do contrato, tratos ou a maior vantagem na contratação recomendar a compra
que servirá de base de cálculo para a remuneração devida ao con- do item do mesmo fornecedor;
tratado. II - o objeto a ser contratado configurar sistema único e inte-
§ 3º Para efeito de julgamento da proposta, o retorno econômi- grado e houver a possibilidade de risco ao conjunto do objeto pre-
co será o resultado da economia que se estima gerar com a execu- tendido;
ção da proposta de trabalho, deduzida a proposta de preço. III - o processo de padronização ou de escolha de marca levar a
§ 4º Nos casos em que não for gerada a economia prevista no fornecedor exclusivo.
contrato de eficiência: § 4º Em relação à informação de que trata o inciso III do § 1º
I - a diferença entre a economia contratada e a efetivamente deste artigo, desde que fundamentada em estudo técnico prelimi-
obtida será descontada da remuneração do contratado; nar, a Administração poderá exigir que os serviços de manutenção
II - se a diferença entre a economia contratada e a efetivamente e assistência técnica sejam prestados mediante deslocamento de
obtida for superior ao limite máximo estabelecido no contrato, o técnico ou disponibilizados em unidade de prestação de serviços
contratado sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções cabíveis. localizada em distância compatível com suas necessidades.
Art. 41. No caso de licitação que envolva o fornecimento de
SEÇÃO IV bens, a Administração poderá excepcionalmente:
DISPOSIÇÕES SETORIAIS I - indicar uma ou mais marcas ou modelos, desde que formal-
mente justificado, nas seguintes hipóteses:
SUBSEÇÃO I a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;
DAS COMPRAS b) em decorrência da necessidade de manter a compatibilidade
com plataformas e padrões já adotados pela Administração;
Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a ex- c) quando determinada marca ou modelo comercializados por
pectativa de consumo anual e observar o seguinte: mais de um fornecedor forem os únicos capazes de atender às ne-
I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do se- cessidades do contratante;
tor privado; d) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais
II - processamento por meio de sistema de registro de preços, bem compreendida pela identificação de determinada marca ou
quando pertinente; determinado modelo aptos a servir apenas como referência;
III - determinação de unidades e quantidades a serem adquiri- II - exigir amostra ou prova de conceito do bem no procedimen-
das em função de consumo e utilização prováveis, cuja estimativa to de pré-qualificação permanente, na fase de julgamento das pro-
será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas postas ou de lances, ou no período de vigência do contrato ou da
quantitativas, admitido o fornecimento contínuo; ata de registro de preços, desde que previsto no edital da licitação e
IV - condições de guarda e armazenamento que não permitam justificada a necessidade de sua apresentação;
a deterioração do material; III - vedar a contratação de marca ou produto, quando, median-
V - atendimento aos princípios: te processo administrativo, restar comprovado que produtos adqui-
a) da padronização, considerada a compatibilidade de especifi- ridos e utilizados anteriormente pela Administração não atendem
cações estéticas, técnicas ou de desempenho; a requisitos indispensáveis ao pleno adimplemento da obrigação
b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e econo- contratual;
micamente vantajoso; IV - solicitar, motivadamente, carta de solidariedade emitida
c) da responsabilidade fiscal, mediante a comparação da des- pelo fabricante, que assegure a execução do contrato, no caso de
pesa estimada com a prevista no orçamento. licitante revendedor ou distribuidor.
§ 1º O termo de referência deverá conter os elementos previs- Parágrafo único. A exigência prevista no inciso II do caput deste
tos no inciso XXIII do caput do art. 6º desta Lei, além das seguintes artigo restringir-se-á ao licitante provisoriamente vencedor quando
informações: realizada na fase de julgamento das propostas ou de lances.
I - especificação do produto, preferencialmente conforme catá- Art. 42. A prova de qualidade de produto apresentado pelos
logo eletrônico de padronização, observados os requisitos de quali- proponentes como similar ao das marcas eventualmente indicadas
dade, rendimento, compatibilidade, durabilidade e segurança; no edital será admitida por qualquer um dos seguintes meios:
II - indicação dos locais de entrega dos produtos e das regras I - comprovação de que o produto está de acordo com as nor-
para recebimentos provisório e definitivo, quando for o caso; mas técnicas determinadas pelos órgãos oficiais competentes, pela
III - especificação da garantia exigida e das condições de manu- Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou por outra enti-
tenção e assistência técnica, quando for o caso. dade credenciada pelo Inmetro;
§ 2º Na aplicação do princípio do parcelamento, referente às II - declaração de atendimento satisfatório emitida por outro
compras, deverão ser considerados: órgão ou entidade de nível federativo equivalente ou superior que
I - a viabilidade da divisão do objeto em lotes; tenha adquirido o produto;
II - o aproveitamento das peculiaridades do mercado local, com III - certificação, certificado, laudo laboratorial ou documento
vistas à economicidade, sempre que possível, desde que atendidos similar que possibilite a aferição da qualidade e da conformidade
os parâmetros de qualidade; e do produto ou do processo de fabricação, inclusive sob o aspecto
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a ambiental, emitido por instituição oficial competente ou por enti-
concentração de mercado. dade credenciada.
§ 3º O parcelamento não será adotado quando:

182
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O edital poderá exigir, como condição de aceitabilidade V - contratação integrada;


da proposta, certificação de qualidade do produto por instituição VI - contratação semi-integrada;
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e VII - fornecimento e prestação de serviço associado.
Qualidade Industrial (Conmetro). § 1º É vedada a realização de obras e serviços de engenharia
§ 2º A Administração poderá, nos termos do edital de licita- sem projeto executivo, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do
ção, oferecer protótipo do objeto pretendido e exigir, na fase de art. 18 desta Lei.
julgamento das propostas, amostras do licitante provisoriamente § 2º A Administração é dispensada da elaboração de projeto
vencedor, para atender a diligência ou, após o julgamento, como básico nos casos de contratação integrada, hipótese em que deverá
condição para firmar contrato. ser elaborado anteprojeto de acordo com metodologia definida em
§ 3º No interesse da Administração, as amostras a que se refere ato do órgão competente, observados os requisitos estabelecidos
o § 2º deste artigo poderão ser examinadas por instituição com re- no inciso XXIV do art. 6º desta Lei.
putação ético-profissional na especialidade do objeto, previamente § 3º Na contratação integrada, após a elaboração do projeto
indicada no edital. básico pelo contratado, o conjunto de desenhos, especificações,
Art. 43. O processo de padronização deverá conter: memoriais e cronograma físico-financeiro deverá ser submetido à
I - parecer técnico sobre o produto, considerados especifica- aprovação da Administração, que avaliará sua adequação em re-
ções técnicas e estéticas, desempenho, análise de contratações an- lação aos parâmetros definidos no edital e conformidade com as
teriores, custo e condições de manutenção e garantia; normas técnicas, vedadas alterações que reduzam a qualidade ou a
II - despacho motivado da autoridade superior, com a adoção vida útil do empreendimento e mantida a responsabilidade integral
do padrão; do contratado pelos riscos associados ao projeto básico.
III - síntese da justificativa e descrição sucinta do padrão defini- § 4º Nos regimes de contratação integrada e semi-integrada, o
do, divulgadas em sítio eletrônico oficial. edital e o contrato, sempre que for o caso, deverão prever as provi-
§ 1º É permitida a padronização com base em processo de ou- dências necessárias para a efetivação de desapropriação autorizada
tro órgão ou entidade de nível federativo igual ou superior ao do pelo poder público, bem como:
órgão adquirente, devendo o ato que decidir pela adesão a outra I - o responsável por cada fase do procedimento expropriatório;
padronização ser devidamente motivado, com indicação da neces- II - a responsabilidade pelo pagamento das indenizações devi-
sidade da Administração e dos riscos decorrentes dessa decisão, e das;
divulgado em sítio eletrônico oficial. III - a estimativa do valor a ser pago a título de indenização pe-
§ 2º As contratações de soluções baseadas em software de uso los bens expropriados, inclusive de custos correlatos;
disseminado serão disciplinadas em regulamento que defina pro- IV - a distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o
cesso de gestão estratégica das contratações desse tipo de solução. risco pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa
Art. 44. Quando houver a possibilidade de compra ou de lo- de valor e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso
cação de bens, o estudo técnico preliminar deverá considerar os na disponibilização dos bens expropriados;
custos e os benefícios de cada opção, com indicação da alternativa V - em nome de quem deverá ser promovido o registro de imis-
mais vantajosa. são provisória na posse e o registro de propriedade dos bens a se-
rem desapropriados.
SUBSEÇÃO II § 5º Na contratação semi-integrada, mediante prévia autoriza-
DAS OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA ção da Administração, o projeto básico poderá ser alterado, desde
que demonstrada a superioridade das inovações propostas pelo
Art. 45. As licitações de obras e serviços de engenharia devem contratado em termos de redução de custos, de aumento da qua-
respeitar, especialmente, as normas relativas a: lidade, de redução do prazo de execução ou de facilidade de ma-
I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- nutenção ou operação, assumindo o contratado a responsabilidade
lidos gerados pelas obras contratadas; integral pelos riscos associados à alteração do projeto básico.
II - mitigação por condicionantes e compensação ambiental, § 6º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedi-
que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental; da da conclusão e da aprovação, pela autoridade competente, dos
III - utilização de produtos, de equipamentos e de serviços que, trabalhos relativos às etapas anteriores.
comprovadamente, favoreçam a redução do consumo de energia e § 7º (VETADO).
de recursos naturais; § 8º (VETADO).
IV - avaliação de impacto de vizinhança, na forma da legislação § 9º Os regimes de execução a que se referem os incisos II, III,
urbanística; IV, V e VI do caput deste artigo serão licitados por preço global e
V - proteção do patrimônio histórico, cultural, arqueológico e adotarão sistemática de medição e pagamento associada à execu-
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi- ção de etapas do cronograma físico-financeiro vinculadas ao cum-
reto causado pelas obras contratadas; primento de metas de resultado, vedada a adoção de sistemática de
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobi- remuneração orientada por preços unitários ou referenciada pela
lidade reduzida. execução de quantidades de itens unitários.
Art. 46. Na execução indireta de obras e serviços de engenha-
ria, são admitidos os seguintes regimes:
I - empreitada por preço unitário;
II - empreitada por preço global;
III - empreitada integral;
IV - contratação por tarefa;

183
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SUBSEÇÃO III cumprimento das obrigações trabalhistas e com o Fundo de Garan-


DOS SERVIÇOS EM GERAL tia do Tempo de Serviço (FGTS) em relação aos empregados direta-
mente envolvidos na execução do contrato, em especial quanto ao:
Art. 47. As licitações de serviços atenderão aos princípios: I - registro de ponto;
I - da padronização, considerada a compatibilidade de especifi- II - recibo de pagamento de salários, adicionais, horas extras,
cações estéticas, técnicas ou de desempenho; repouso semanal remunerado e décimo terceiro salário;
II - do parcelamento, quando for tecnicamente viável e econo- III - comprovante de depósito do FGTS;
micamente vantajoso. IV - recibo de concessão e pagamento de férias e do respectivo
§ 1º Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser adicional;
considerados: V - recibo de quitação de obrigações trabalhistas e previdenci-
I - a responsabilidade técnica; árias dos empregados dispensados até a data da extinção do con-
II - o custo para a Administração de vários contratos frente às trato;
vantagens da redução de custos, com divisão do objeto em itens; VI - recibo de pagamento de vale-transporte e vale-alimenta-
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a ção, na forma prevista em norma coletiva.
concentração de mercado.
§ 2º Na licitação de serviços de manutenção e assistência téc- SUBSEÇÃO IV
nica, o edital deverá definir o local de realização dos serviços, admi- DA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS
tida a exigência de deslocamento de técnico ao local da repartição
ou a exigência de que o contratado tenha unidade de prestação de Art. 51. Ressalvado o disposto no inciso V do caput do art. 74
serviços em distância compatível com as necessidades da Adminis- desta Lei, a locação de imóveis deverá ser precedida de licitação e
tração. avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos
Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as ativi- de adaptações e do prazo de amortização dos investimentos neces-
dades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos sários.
assuntos que constituam área de competência legal do órgão ou da
entidade, vedado à Administração ou a seus agentes, na contrata- SUBSEÇÃO V
ção do serviço terceirizado: DAS LICITAÇÕES INTERNACIONAIS
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar di-
reta ou indiretamente o objeto contratado; Art. 52. Nas licitações de âmbito internacional, o edital deverá
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio exterior
a ser pago pelo contratado; e atender às exigências dos órgãos competentes.
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de § 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar preço
empresa prestadora de serviço terceirizado; em moeda estrangeira, o licitante brasileiro igualmente poderá fa-
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo reembolso zê-lo.
dos salários pagos; § 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de servi- contratado em virtude de licitação nas condições de que trata o § 1º
ço terceirizado a execução de tarefas fora do escopo do objeto da deste artigo será efetuado em moeda corrente nacional.
contratação; § 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão
VI - prever em edital exigências que constituam intervenção in- equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.
devida da Administração na gestão interna do contratado. § 4º Os gravames incidentes sobre os preços constarão do edi-
Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao tal e serão definidos a partir de estimativas ou médias dos tributos.
contratado contratar cônjuge, companheiro ou parente em linha § 5º As propostas de todos os licitantes estarão sujeitas às mes-
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente do mas regras e condições, na forma estabelecida no edital.
órgão ou entidade contratante ou de agente público que desem- § 6º Observados os termos desta Lei, o edital não poderá pre-
penhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do ver condições de habilitação, classificação e julgamento que cons-
contrato, devendo essa proibição constar expressamente do edital tituam barreiras de acesso ao licitante estrangeiro, admitida a pre-
de licitação. visão de margem de preferência para bens produzidos no País e
Art. 49. A Administração poderá, mediante justificativa expres- serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras, na
sa, contratar mais de uma empresa ou instituição para executar o forma definida no art. 26 desta Lei.
mesmo serviço, desde que essa contratação não implique perda de
economia de escala, quando: CAPÍTULO III
I - o objeto da contratação puder ser executado de forma con- DA DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO
corrente e simultânea por mais de um contratado; e
II - a múltipla execução for conveniente para atender à Admi- Art. 53. Ao final da fase preparatória, o processo licitatório se-
nistração. guirá para o órgão de assessoramento jurídico da Administração,
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, a que realizará controle prévio de legalidade mediante análise jurídi-
Administração deverá manter o controle individualizado da execu- ca da contratação.
ção do objeto contratual relativamente a cada um dos contratados. § 1º Na elaboração do parecer jurídico, o órgão de assessora-
Art. 50. Nas contratações de serviços com regime de dedicação mento jurídico da Administração deverá:
exclusiva de mão de obra, o contratado deverá apresentar, quando I - apreciar o processo licitatório conforme critérios objetivos
solicitado pela Administração, sob pena de multa, comprovação do prévios de atribuição de prioridade;

184
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

II - redigir sua manifestação em linguagem simples e compre- b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios
ensível e de forma clara e objetiva, com apreciação de todos os de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de
elementos indispensáveis à contratação e com exposição dos pres- serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia;
supostos de fato e de direito levados em consideração na análise c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de
jurídica; contratação integrada;
III - (VETADO). d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução
§ 2º (VETADO). for o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangi-
§ 3º Encerrada a instrução do processo sob os aspectos técnico das pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso;
e jurídico, a autoridade determinará a divulgação do edital de licita- III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de
ção conforme disposto no art. 54. maior lance, 15 (quinze) dias úteis;
§ 4º Na forma deste artigo, o órgão de assessoramento jurídico IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento
da Administração também realizará controle prévio de legalidade de técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35
de contratações diretas, acordos, termos de cooperação, convênios, (trinta e cinco) dias úteis.
ajustes, adesões a atas de registro de preços, outros instrumentos § 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulga-
congêneres e de seus termos aditivos. ção na mesma forma de sua divulgação inicial, além do cumprimen-
§ 5º É dispensável a análise jurídica nas hipóteses previamente to dos mesmos prazos dos atos e procedimentos originais, exceto
definidas em ato da autoridade jurídica máxima competente, que quando a alteração não comprometer a formulação das propostas.
deverá considerar o baixo valor, a baixa complexidade da contrata- § 2º Os prazos previstos neste artigo poderão, mediante deci-
ção, a entrega imediata do bem ou a utilização de minutas de edi- são fundamentada, ser reduzidos até a metade nas licitações rea-
tais e instrumentos de contrato, convênio ou outros ajustes previa- lizadas pelo Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de
mente padronizados pelo órgão de assessoramento jurídico. Saúde (SUS).
§ 6º (VETADO). Art. 56. O modo de disputa poderá ser, isolada ou conjunta-
Art. 54. A publicidade do edital de licitação será realizada me- mente:
diante divulgação e manutenção do inteiro teor do ato convocató- I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas
rio e de seus anexos no Portal Nacional de Contratações Públicas propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes ou
(PNCP). decrescentes;
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publi- II - fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em
cação de extrato do edital no Diário Oficial da União, do Estado, do sigilo até a data e hora designadas para sua divulgação.
Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de consórcio público, § 1º A utilização isolada do modo de disputa fechado será ve-
do ente de maior nível entre eles, bem como em jornal diário de dada quando adotados os critérios de julgamento de menor preço
grande circulação. (Promulgação partes vetadas) ou de maior desconto.
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do in- § 2º A utilização do modo de disputa aberto será vedada quan-
teiro teor do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do do adotado o critério de julgamento de técnica e preço.
ente federativo do órgão ou entidade responsável pela licitação ou, § 3º Serão considerados intermediários os lances:
no caso de consórcio público, do ente de maior nível entre eles, I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o
admitida, ainda, a divulgação direta a interessados devidamente critério de julgamento de maior lance;
cadastrados para esse fim. II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados
§ 3º Após a homologação do processo licitatório, serão dispo- os demais critérios de julgamento.
nibilizados no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e, § 4º Após a definição da melhor proposta, se a diferença em
se o órgão ou entidade responsável pela licitação entender cabível, relação à proposta classificada em segundo lugar for de pelo menos
também no sítio referido no § 2º deste artigo, os documentos ela- 5% (cinco por cento), a Administração poderá admitir o reinício da
borados na fase preparatória que porventura não tenham integrado disputa aberta, nos termos estabelecidos no instrumento convoca-
o edital e seus anexos. tório, para a definição das demais colocações.
§ 5º Nas licitações de obras ou serviços de engenharia, após o
CAPÍTULO IV julgamento, o licitante vencedor deverá reelaborar e apresentar à
DA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS E LANCES Administração, por meio eletrônico, as planilhas com indicação dos
quantitativos e dos custos unitários, bem como com detalhamento
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais
lances, contados a partir da data de divulgação do edital de licita- (ES), com os respectivos valores adequados ao valor final da pro-
ção, são de: posta vencedora, admitida a utilização dos preços unitários, no caso
I - para aquisição de bens: de empreitada por preço global, empreitada integral, contratação
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamen- semi-integrada e contratação integrada, exclusivamente para even-
to de menor preço ou de maior desconto; tuais adequações indispensáveis no cronograma físico-financeiro e
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alí- para balizar excepcional aditamento posterior do contrato.
nea “a” deste inciso; Art. 57. O edital de licitação poderá estabelecer intervalo míni-
II - no caso de serviços e obras: mo de diferença de valores entre os lances, que incidirá tanto em
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julga- relação aos lances intermediários quanto em relação à proposta
mento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços que cobrir a melhor oferta.
comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;

185
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 58. Poderá ser exigida, no momento da apresentação da § 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate,
proposta, a comprovação do recolhimento de quantia a título de será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços
garantia de proposta, como requisito de pré-habilitação. produzidos ou prestados por:
§ 1º A garantia de proposta não poderá ser superior a 1% (um I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distri-
por cento) do valor estimado para a contratação. to Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual
§ 2º A garantia de proposta será devolvida aos licitantes no pra- ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou
zo de 10 (dez) dias úteis, contado da assinatura do contrato ou da entidade de Município, no território do Estado em que este se lo-
data em que for declarada fracassada a licitação. calize;
§ 3º Implicará execução do valor integral da garantia de pro- II - empresas brasileiras;
posta a recusa em assinar o contrato ou a não apresentação dos III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
documentos para a contratação. de tecnologia no País;
§ 4º A garantia de proposta poderá ser prestada nas modalida- IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, nos ter-
des de que trata o § 1º do art. 96 desta Lei. mos da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009.
§ 2º As regras previstas no caput deste artigo não prejudicarão
CAPÍTULO V a aplicação do disposto no art. 44 da Lei Complementar nº 123, de
DO JULGAMENTO 14 de dezembro de 2006.
Art. 61. Definido o resultado do julgamento, a Administração
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que: poderá negociar condições mais vantajosas com o primeiro colo-
I - contiverem vícios insanáveis; cado.
II - não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas § 1º A negociação poderá ser feita com os demais licitantes, se-
no edital; gundo a ordem de classificação inicialmente estabelecida, quando
III - apresentarem preços inexequíveis ou permanecerem aci- o primeiro colocado, mesmo após a negociação, for desclassificado
ma do orçamento estimado para a contratação; em razão de sua proposta permanecer acima do preço máximo de-
IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exi- finido pela Administração.
gido pela Administração; § 2º A negociação será conduzida por agente de contratação
V - apresentarem desconformidade com quaisquer outras exi- ou comissão de contratação, na forma de regulamento, e, depois
gências do edital, desde que insanável. de concluída, terá seu resultado divulgado a todos os licitantes e
§ 1º A verificação da conformidade das propostas poderá ser anexado aos autos do processo licitatório.
feita exclusivamente em relação à proposta mais bem classificada.
§ 2º A Administração poderá realizar diligências para aferir a CAPÍTULO VI
exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja DA HABILITAÇÃO
demonstrada, conforme disposto no inciso IV do caput deste artigo.
§ 3º No caso de obras e serviços de engenharia e arquitetura, Art. 62. A habilitação é a fase da licitação em que se verifica o
para efeito de avaliação da exequibilidade e de sobrepreço, serão conjunto de informações e documentos necessários e suficientes
considerados o preço global, os quantitativos e os preços unitários para demonstrar a capacidade do licitante de realizar o objeto da
tidos como relevantes, observado o critério de aceitabilidade de licitação, dividindo-se em:
preços unitário e global a ser fixado no edital, conforme as especifi- I - jurídica;
cidades do mercado correspondente. II - técnica;
§ 4º No caso de obras e serviços de engenharia, serão consi- III - fiscal, social e trabalhista;
deradas inexequíveis as propostas cujos valores forem inferiores a IV - econômico-financeira.
75% (setenta e cinco por cento) do valor orçado pela Administração. Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão observadas
§ 5º Nas contratações de obras e serviços de engenharia, será as seguintes disposições:
exigida garantia adicional do licitante vencedor cuja proposta for I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que aten-
inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor orçado pela Ad- dem aos requisitos de habilitação, e o declarante responderá pela
ministração, equivalente à diferença entre este último e o valor da veracidade das informações prestadas, na forma da lei;
proposta, sem prejuízo das demais garantias exigíveis de acordo II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação
com esta Lei. apenas pelo licitante vencedor, exceto quando a fase de habilitação
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, se- anteceder a de julgamento;
rão utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: III - serão exigidos os documentos relativos à regularidade fis-
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados po- cal, em qualquer caso, somente em momento posterior ao julga-
derão apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; mento das propostas, e apenas do licitante mais bem classificado;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, IV - será exigida do licitante declaração de que cumpre as exi-
para a qual deverão preferencialmente ser utilizados registros ca- gências de reserva de cargos para pessoa com deficiência e para
dastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações pre- reabilitado da Previdência Social, previstas em lei e em outras nor-
vistos nesta Lei; mas específicas.
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade en- § 1º Constará do edital de licitação cláusula que exija dos lici-
tre homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme regula- tantes, sob pena de desclassificação, declaração de que suas pro-
mento;(Vide Decreto nº 11.430, de 2023) Vigência postas econômicas compreendem a integralidade dos custos para
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integrida- atendimento dos direitos trabalhistas assegurados na Constituição
de, conforme orientações dos órgãos de controle.

186
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Federal, nas leis trabalhistas, nas normas infralegais, nas conven- III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
ções coletivas de trabalho e nos termos de ajustamento de conduta lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
vigentes na data de entrega das propostas. licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc-
§ 2º Quando a avaliação prévia do local de execução for impres- nica que se responsabilizará pelos trabalhos;
cindível para o conhecimento pleno das condições e peculiaridades IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe-
do objeto a ser contratado, o edital de licitação poderá prever, sob cial, quando for o caso;
pena de inabilitação, a necessidade de o licitante atestar que co- V - registro ou inscrição na entidade profissional competente,
nhece o local e as condições de realização da obra ou serviço, asse- quando for o caso;
gurado a ele o direito de realização de vistoria prévia. VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de to-
§ 3º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, o edital de lici- das as informações e das condições locais para o cumprimento das
tação sempre deverá prever a possibilidade de substituição da vis- obrigações objeto da licitação.
toria por declaração formal assinada pelo responsável técnico do § 1º A exigência de atestados será restrita às parcelas de maior
licitante acerca do conhecimento pleno das condições e peculiari- relevância ou valor significativo do objeto da licitação, assim consi-
dades da contratação. deradas as que tenham valor individual igual ou superior a 4% (qua-
§ 4º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, se os licitantes tro por cento) do valor total estimado da contratação.
optarem por realizar vistoria prévia, a Administração deverá dispo- § 2º Observado o disposto no caput e no § 1º deste artigo, será
nibilizar data e horário diferentes para os eventuais interessados. admitida a exigência de atestados com quantidades mínimas de até
Art. 64. Após a entrega dos documentos para habilitação, não 50% (cinquenta por cento) das parcelas de que trata o referido pa-
será permitida a substituição ou a apresentação de novos docu- rágrafo, vedadas limitações de tempo e de locais específicos relati-
mentos, salvo em sede de diligência, para: vas aos atestados.
I - complementação de informações acerca dos documentos já § 3º Salvo na contratação de obras e serviços de engenharia, as
apresentados pelos licitantes e desde que necessária para apurar exigências a que se referem os incisos I e II do caput deste artigo, a
fatos existentes à época da abertura do certame; critério da Administração, poderão ser substituídas por outra prova
II - atualização de documentos cuja validade tenha expirado de que o profissional ou a empresa possui conhecimento técnico e
após a data de recebimento das propostas. experiência prática na execução de serviço de características seme-
§ 1º Na análise dos documentos de habilitação, a comissão de lhantes, hipótese em que as provas alternativas aceitáveis deverão
licitação poderá sanar erros ou falhas que não alterem a substância ser previstas em regulamento.
dos documentos e sua validade jurídica, mediante despacho fun- § 4º Serão aceitos atestados ou outros documentos hábeis
damentado registrado e acessível a todos, atribuindo-lhes eficácia emitidos por entidades estrangeiras quando acompanhados de tra-
para fins de habilitação e classificação. dução para o português, salvo se comprovada a inidoneidade da
§ 2º Quando a fase de habilitação anteceder a de julgamento e entidade emissora.
já tiver sido encerrada, não caberá exclusão de licitante por motivo § 5º Em se tratando de serviços contínuos, o edital poderá exi-
relacionado à habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes gir certidão ou atestado que demonstre que o licitante tenha exe-
ou só conhecidos após o julgamento. cutado serviços similares ao objeto da licitação, em períodos suces-
Art. 65. As condições de habilitação serão definidas no edital. sivos ou não, por um prazo mínimo, que não poderá ser superior a
§ 1º As empresas criadas no exercício financeiro da licitação 3 (três) anos.
deverão atender a todas as exigências da habilitação e ficarão au- § 6º Os profissionais indicados pelo licitante na forma dos inci-
torizadas a substituir os demonstrativos contábeis pelo balanço de sos I e III do caput deste artigo deverão participar da obra ou serviço
abertura. objeto da licitação, e será admitida a sua substituição por profissio-
§ 2º A habilitação poderá ser realizada por processo eletrônico nais de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada
de comunicação a distância, nos termos dispostos em regulamento. pela Administração.
Art. 66. A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidade § 7º Sociedades empresárias estrangeiras atenderão à exigên-
de o licitante exercer direitos e assumir obrigações, e a documenta- cia prevista no inciso V do caput deste artigo por meio da apre-
ção a ser apresentada por ele limita-se à comprovação de existência sentação, no momento da assinatura do contrato, da solicitação de
jurídica da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercí- registro perante a entidade profissional competente no Brasil.
cio da atividade a ser contratada. § 8º Será admitida a exigência da relação dos compromissos
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis- assumidos pelo licitante que importem em diminuição da disponi-
sional e técnico-operacional será restrita a: bilidade do pessoal técnico referido nos incisos I e III do caput deste
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no artigo.
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de § 9º O edital poderá prever, para aspectos técnicos específicos,
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser- que a qualificação técnica seja demonstrada por meio de atestados
viço de características semelhantes, para fins de contratação; relativos a potencial subcontratado, limitado a 25% (vinte e cinco
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse- por cento) do objeto a ser licitado, hipótese em que mais de um
lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem licitante poderá apresentar atestado relativo ao mesmo potencial
capacidade operacional na execução de serviços similares de com- subcontratado.
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem § 10. Em caso de apresentação por licitante de atestado de de-
como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do sempenho anterior emitido em favor de consórcio do qual tenha
art. 88 desta Lei; feito parte, se o atestado ou o contrato de constituição do consór-

187
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

cio não identificar a atividade desempenhada por cada consorciado § 1º A critério da Administração, poderá ser exigida declaração,
individualmente, serão adotados os seguintes critérios na avaliação assinada por profissional habilitado da área contábil, que ateste o
de sua qualificação técnica: atendimento pelo licitante dos índices econômicos previstos no edi-
I - caso o atestado tenha sido emitido em favor de consórcio tal.
homogêneo, as experiências atestadas deverão ser reconhecidas § 2º Para o atendimento do disposto no caput deste artigo, é
para cada empresa consorciada na proporção quantitativa de sua vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior e
participação no consórcio, salvo nas licitações para contratação de de índices de rentabilidade ou lucratividade.
serviços técnicos especializados de natureza predominantemente § 3º É admitida a exigência da relação dos compromissos as-
intelectual, em que todas as experiências atestadas deverão ser re- sumidos pelo licitante que importem em diminuição de sua capa-
conhecidas para cada uma das empresas consorciadas; cidade econômico-financeira, excluídas parcelas já executadas de
II - caso o atestado tenha sido emitido em favor de consórcio contratos firmados.
heterogêneo, as experiências atestadas deverão ser reconhecidas § 4º A Administração, nas compras para entrega futura e na
para cada consorciado de acordo com os respectivos campos de execução de obras e serviços, poderá estabelecer no edital a exi-
atuação, inclusive nas licitações para contratação de serviços téc- gência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo equiva-
nicos especializados de natureza predominantemente intelectual. lente a até 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação.
§ 11. Na hipótese do § 10 deste artigo, para fins de comprova- § 5º É vedada a exigência de índices e valores não usualmente
ção do percentual de participação do consorciado, caso este não adotados para a avaliação de situação econômico-financeira sufi-
conste expressamente do atestado ou da certidão, deverá ser junta- ciente para o cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.
da ao atestado ou à certidão cópia do instrumento de constituição § 6º Os documentos referidos no inciso I do caput deste artigo
do consórcio. limitar-se-ão ao último exercício no caso de a pessoa jurídica ter
§ 12. Na documentação de que trata o inciso I do caput deste sido constituída há menos de 2 (dois) anos.
artigo, não serão admitidos atestados de responsabilidade técnica Art. 70. A documentação referida neste Capítulo poderá ser:
de profissionais que, na forma de regulamento, tenham dado causa I - apresentada em original, por cópia ou por qualquer outro
à aplicação das sanções previstas nos incisos III e IV do caput do art. meio expressamente admitido pela Administração;
156 desta Lei em decorrência de orientação proposta, de prescrição II - substituída por registro cadastral emitido por órgão ou en-
técnica ou de qualquer ato profissional de sua responsabilidade. tidade pública, desde que previsto no edital e que o registro tenha
Art. 68. As habilitações fiscal, social e trabalhista serão aferidas sido feito em obediência ao disposto nesta Lei;
mediante a verificação dos seguintes requisitos: III - dispensada, total ou parcialmente, nas contratações para
I - a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadas- entrega imediata, nas contratações em valores inferiores a 1/4 (um
tro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); quarto) do limite para dispensa de licitação para compras em geral
II - a inscrição no cadastro de contribuintes estadual e/ou muni- e nas contratações de produto para pesquisa e desenvolvimento
cipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinen- até o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).(Vide Decreto nº
te ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; 11.317, de 2022) Vigência
III - a regularidade perante a Fazenda federal, estadual e/ou Parágrafo único. As empresas estrangeiras que não funcionem
municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, no País deverão apresentar documentos equivalentes, na forma de
na forma da lei; regulamento emitido pelo Poder Executivo federal.
IV - a regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, que
demonstre cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei; CAPÍTULO VII
V - a regularidade perante a Justiça do Trabalho; DO ENCERRAMENTO DA LICITAÇÃO
VI - o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
Constituição Federal. Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e
§ 1º Os documentos referidos nos incisos do caput deste artigo exauridos os recursos administrativos, o processo licitatório será
poderão ser substituídos ou supridos, no todo ou em parte, por ou- encaminhado à autoridade superior, que poderá:
tros meios hábeis a comprovar a regularidade do licitante, inclusive I - determinar o retorno dos autos para saneamento de irregu-
por meio eletrônico. laridades;
§ 2º A comprovação de atendimento do disposto nos incisos III, II - revogar a licitação por motivo de conveniência e oportuni-
IV e V do caput deste artigo deverá ser feita na forma da legislação dade;
específica. III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante pro-
Art. 69. A habilitação econômico-financeira visa a demonstrar vocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável;
a aptidão econômica do licitante para cumprir as obrigações de- IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação.
correntes do futuro contrato, devendo ser comprovada de forma § 1º Ao pronunciar a nulidade, a autoridade indicará expressa-
objetiva, por coeficientes e índices econômicos previstos no edital, mente os atos com vícios insanáveis, tornando sem efeito todos os
devidamente justificados no processo licitatório, e será restrita à subsequentes que deles dependam, e dará ensejo à apuração de
apresentação da seguinte documentação: responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.
I - balanço patrimonial, demonstração de resultado de exercí- § 2º O motivo determinante para a revogação do processo li-
cio e demais demonstrações contábeis dos 2 (dois) últimos exercí- citatório deverá ser resultante de fato superveniente devidamente
cios sociais; comprovado.
II - certidão negativa de feitos sobre falência expedida pelo dis- § 3º Nos casos de anulação e revogação, deverá ser assegurada
tribuidor da sede do licitante. a prévia manifestação dos interessados.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º O disposto neste artigo será aplicado, no que couber, à h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en-
contratação direta e aos procedimentos auxiliares da licitação. saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais
CAPÍTULO VIII serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
DA CONTRATAÇÃO DIRETA IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento;
SEÇÃO I V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins-
DO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO DIRETA talações e de localização tornem necessária sua escolha.
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a
Art. 72. O processo de contratação direta, que compreende os Administração deverá demonstrar a inviabilidade de competição
casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser ins- mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, de-
truído com os seguintes documentos: claração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de com-
I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, provar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa
estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, ou representante comercial exclusivos, vedada a preferência por
projeto básico ou projeto executivo; marca específica.
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, con-
estabelecida no art. 23 desta Lei; sidera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que pos-
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que sua contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a
demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a
orçamentários com o compromisso a ser assumido; possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos empresário com representação restrita a evento ou local específico.
de habilitação e qualificação mínima necessária; § 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo,
VI - razão da escolha do contratado; considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa
VII - justificativa de preço; cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de de-
VIII - autorização da autoridade competente. sempenho anterior, estudos, experiência, publicações, organização,
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados
extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essen-
disposição do público em sítio eletrônico oficial. cial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do
Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida contrato.
com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público § 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erá- deste artigo, é vedada a subcontratação de empresas ou a atuação
rio, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. de profissionais distintos daqueles que tenham justificado a inexi-
gibilidade.
SEÇÃO II § 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput
DA INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO deste artigo, devem ser observados os seguintes requisitos:
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de
em especial nos casos de: utilização, e do prazo de amortização dos investimentos;
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e dis-
contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, poníveis que atendam ao objeto;
empresa ou representante comercial exclusivos; III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem van-
ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela tagem para ela.
crítica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados SEÇÃO III
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou DA DISPENSA DE LICITAÇÃO
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação: Art. 75. É dispensável a licitação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje- I - para contratação que envolva valores inferiores a R$
tos executivos; 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenha-
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; ria ou de serviços de manutenção de veículos automotores; (Vide
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras Decreto nº 11.317, de 2022)
ou tributárias; III - para contratação que mantenha todas as condições defini-
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- das em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quan-
viços; do se verificar que naquela licitação:
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresen-
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; tadas propostas válidas;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;

189
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

b) as propostas apresentadas consignaram preços manifesta- V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto
mente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro
os fixados pelos órgãos oficiais competentes; de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes
IV - para contratação que tenha por objeto: da referida Lei;
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estran- VI - para contratação que possa acarretar comprometimento
geira necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiri- da segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de
dos do fornecedor original desses equipamentos durante o período Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Ar-
de garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for in- madas ou dos demais ministérios;
dispensável para a vigência da garantia; VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, in-
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo tervenção federal ou de grave perturbação da ordem;
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan- VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
a Administração; ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços pú-
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a con- blicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
tratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos
300.000,00 (trezentos mil reais); (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou cala-
Vigência mitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser con-
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de cluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocor-
uso ou de exploração de criação protegida, nas contratações re- rência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos
alizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada
pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada vanta- com base no disposto neste inciso;
gem para a Administração; IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público in-
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no terno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou en-
período necessário para a realização dos processos licitatórios cor- tidade que integrem a Administração Pública e que tenham sido
respondentes, hipótese em que a contratação será realizada direta- criados para esse fim específico, desde que o preço contratado seja
mente com base no preço do dia; compatível com o praticado no mercado;
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que en- X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
volvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa para regular preços ou normalizar o abastecimento;
nacional; XI - para celebração de contrato de programa com ente fede-
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de ma- rativo ou com entidade de sua Administração Pública indireta que
teriais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos ter-
de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logísti- mos autorizados em contrato de consórcio público ou em convênio
co dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por de cooperação;
ato do comandante da força militar; XII - para contratação em que houver transferência de tecnolo-
h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS),
das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive
no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de ab-
quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratifica- sorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles defini-
da pelo comandante da força militar; dos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em esta- XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão
da eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de profissional
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional técnico de notória especialização;
ou de adestramento; XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiên-
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos cia, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta entidade da Administração Pública, para a prestação de serviços,
seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas forma- desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
das exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas mercado e os serviços contratados sejam prestados exclusivamente
pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com por pessoas com deficiência;
o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, am- XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por
bientais e de saúde pública; finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensi-
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históri- no, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e
cos, de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para gerir administrati-
do órgão ou com elas compatível; va e financeiramente essas atividades, ou para contratação de ins-
l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipa- tituição dedicada à recuperação social da pessoa presa, desde que
mentos destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previs- o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e
tas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de não tenha fins lucrativos;
agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de manu- XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público inter-
tenção de sigilo sobre a investigação; no, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar
tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde; órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação

190
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento insti- CAPÍTULO IX


tucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive DAS ALIENAÇÕES
na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnolo- Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública, subordi-
gia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do nada à existência de interesse público devidamente justificado, será
caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às
contratado seja compatível com o praticado no mercado; e (Reda- autarquias e às fundações, exigirá autorização legislativa e depen-
ção dada pela Medida Provisória nº 1.166, de 2023) derá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de
XVII - para a contratação de entidades privadas sem fins lucrati- licitação nos casos de:
vos para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais a) dação em pagamento;
de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca tidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo,
ou pela falta regular de água. (Incluído pela Medida Provisória nº ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e “h” deste inciso;
1.166, de 2023) c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos re-
§ 1º Para fins de aferição dos valores que atendam aos limites lacionados às finalidades precípuas da Administração, desde que a
referidos nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão ser obser- diferença apurada não ultrapasse a metade do valor do imóvel que
vados: será ofertado pela União, segundo avaliação prévia, e ocorra a torna
I - o somatório do que for despendido no exercício financeiro de valores, sempre que for o caso;
pela respectiva unidade gestora; d) investidura;
II - o somatório da despesa realizada com objetos de mesma e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública
natureza, entendidos como tais aqueles relativos a contratações no de qualquer esfera de governo;
mesmo ramo de atividade. f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis
serão duplicados para compras, obras e serviços contratados por residenciais construídos, destinados ou efetivamente usados em
consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas como programas de habitação ou de regularização fundiária de interesse
agências executivas na forma da lei. social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pú-
§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput blica;
deste artigo serão preferencialmente precedidas de divulgação de g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis
úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifes- comerciais de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e
tação de interesse da Administração em obter propostas adicionais cinquenta metros quadrados) e destinados a programas de regu-
de eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta larização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou
mais vantajosa. entidade da Administração Pública;
§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
deste artigo serão preferencialmente pagas por meio de cartão de rosa, de terras públicas rurais da União e do Instituto Nacional de
pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à disposi- Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde incidam ocupações até
ção do público no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de
§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV do caput des- junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os
te artigo, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá requisitos legais;
procedimentos especiais instituídos em regulamentação específica. i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383,
§ 6º Para os fins do inciso VIII do caput deste artigo, considera- de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos
-se emergencial a contratação por dispensa com objetivo de man- órgãos da Administração Pública competentes;
ter a continuidade do serviço público, e deverão ser observados os j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata a
valores praticados pelo mercado na forma do art. 23 desta Lei e Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017;
adotadas as providências necessárias para a conclusão do processo II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na mo-
licitatório, sem prejuízo de apuração de responsabilidade dos agen- dalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de:
tes públicos que deram causa à situação emergencial. a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interes-
§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às contrata- se social, após avaliação de oportunidade e conveniência socioeco-
ções de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de serviços de manuten- nômica em relação à escolha de outra forma de alienação;
ção de veículos automotores de propriedade do órgão ou entidade b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
contratante, incluído o fornecimento de peças. (Vide Decreto nº des da Administração Pública;
11.317, de 2022) Vigência c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob-
servada a legislação específica;
d) venda de títulos, observada a legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades
da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível
por quem deles dispõe para outros órgãos ou entidades da Admi-
nistração Pública.

191
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A alienação de bens imóveis da Administração Pública cuja § 7º Na hipótese do § 6º deste artigo, caso o donatário neces-
aquisição tenha sido derivada de procedimentos judiciais ou de da- site oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de
ção em pagamento dispensará autorização legislativa e exigirá ape- reversão e as demais obrigações serão garantidas por hipoteca em
nas avaliação prévia e licitação na modalidade leilão. segundo grau em favor do doador.
§ 2º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I do Art. 77. Para a venda de bens imóveis, será concedido direito
caput deste artigo, cessadas as razões que justificaram sua doação, de preferência ao licitante que, submetendo-se a todas as regras do
serão revertidos ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada edital, comprove a ocupação do imóvel objeto da licitação.
sua alienação pelo beneficiário.
§ 3º A Administração poderá conceder título de propriedade CAPÍTULO X
ou de direito real de uso de imóvel, admitida a dispensa de licitação, DOS INSTRUMENTOS AUXILIARES
quando o uso destinar-se a:
I - outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer SEÇÃO I
que seja a localização do imóvel; DOS PROCEDIMENTOS AUXILIARES
II - pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ato
normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações e das con-
mínimos de cultura, de ocupação mansa e pacífica e de exploração tratações regidas por esta Lei:
direta sobre área rural, observado o limite de que trata o § 1º do I - credenciamento;
art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009. II - pré-qualificação;
§ 4º A aplicação do disposto no inciso II do § 3º deste artigo III - procedimento de manifestação de interesse;
será dispensada de autorização legislativa e submeter-se-á aos se- IV - sistema de registro de preços;
guintes condicionamentos: V - registro cadastral.
I - aplicação exclusiva às áreas em que a detenção por parti- § 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste
cular seja comprovadamente anterior a 1º de dezembro de 2004; artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regu-
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime lamento.
§ 2º O julgamento que decorrer dos procedimentos auxiliares
legal e administrativo de destinação e de regularização fundiária de
das licitações previstos nos incisos II e III do caput deste artigo se-
terras públicas;
guirá o mesmo procedimento das licitações.
III - vedação de concessão para exploração não contemplada na
lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas ou nas normas
SEÇÃO II
legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico;
DO CREDENCIAMENTO
IV - previsão de extinção automática da concessão, dispensada
notificação, em caso de declaração de utilidade pública, de necessi-
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hi-
dade pública ou de interesse social; póteses de contratação:
V - aplicação exclusiva a imóvel situado em zona rural e não I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa
sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente à exploração me- para a Administração a realização de contratações simultâneas em
diante atividade agropecuária; condições padronizadas;
VI - limitação a áreas de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção
11.952, de 25 de junho de 2009, vedada a dispensa de licitação para do contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação;
áreas superiores; III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante
VII - acúmulo com o quantitativo de área decorrente do caso do valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a
previsto na alínea “i” do inciso I do caput deste artigo até o limite seleção de agente por meio de processo de licitação.
previsto no inciso VI deste parágrafo. Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão
§ 5º Entende-se por investidura, para os fins desta Lei, a: definidos em regulamento, observadas as seguintes regras:
I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de área rema- I - a Administração deverá divulgar e manter à disposição do
nescente ou resultante de obra pública que se tornar inaproveitável público, em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de inte-
isoladamente, por preço que não seja inferior ao da avaliação nem ressados, de modo a permitir o cadastramento permanente de no-
superior a 50% (cinquenta por cento) do valor máximo permitido vos interessados;
para dispensa de licitação de bens e serviços previsto nesta Lei; II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o ob-
II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele, jeto não permitir a contratação imediata e simultânea de todos os
ao poder público, de imóvel para fins residenciais construído em credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de distribui-
núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que considerado ção da demanda;
dispensável na fase de operação da usina e que não integre a cate- III - o edital de chamamento de interessados deverá prever as
goria de bens reversíveis ao final da concessão. condições padronizadas de contratação e, nas hipóteses dos incisos
§ 6º A doação com encargo será licitada e de seu instrumen- I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da contratação;
to constarão, obrigatoriamente, os encargos, o prazo de seu cum- IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administra-
primento e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, ção deverá registrar as cotações de mercado vigentes no momento
dispensada a licitação em caso de interesse público devidamente da contratação;
justificado. V - não será permitido o cometimento a terceiros do objeto
contratado sem autorização expressa da Administração;
VI - será admitida a denúncia por qualquer das partes nos pra-
zos fixados no edital.

192
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO III § 2º A realização, pela iniciativa privada, de estudos, investiga-


DA PRÉ-QUALIFICAÇÃO ções, levantamentos e projetos em decorrência do procedimento
de manifestação de interesse previsto no caput deste artigo:
Art. 80. A pré-qualificação é o procedimento técnico-adminis- I - não atribuirá ao realizador direito de preferência no proces-
trativo para selecionar previamente: so licitatório;
I - licitantes que reúnam condições de habilitação para parti- II - não obrigará o poder público a realizar licitação;
cipar de futura licitação ou de licitação vinculada a programas de III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento de valores
obras ou de serviços objetivamente definidos; envolvidos em sua elaboração;
II - bens que atendam às exigências técnicas ou de qualidade IV - será remunerada somente pelo vencedor da licitação, veda-
estabelecidas pela Administração. da, em qualquer hipótese, a cobrança de valores do poder público.
§ 1º Na pré-qualificação observar-se-á o seguinte: § 3º Para aceitação dos produtos e serviços de que trata o
I - quando aberta a licitantes, poderão ser dispensados os do- caput deste artigo, a Administração deverá elaborar parecer fun-
cumentos que já constarem do registro cadastral; damentado com a demonstração de que o produto ou serviço en-
II - quando aberta a bens, poderá ser exigida a comprovação tregue é adequado e suficiente à compreensão do objeto, de que
de qualidade. as premissas adotadas são compatíveis com as reais necessidades
§ 2º O procedimento de pré-qualificação ficará permanente- do órgão e de que a metodologia proposta é a que propicia maior
mente aberto para a inscrição de interessados. economia e vantagem entre as demais possíveis.
§ 3º Quanto ao procedimento de pré-qualificação, constarão § 4º O procedimento previsto no caput deste artigo poderá ser
do edital: restrito a startups, assim considerados os microempreendedores
I - as informações mínimas necessárias para definição do ob- individuais, as microempresas e as empresas de pequeno porte,
jeto; de natureza emergente e com grande potencial, que se dediquem
II - a modalidade, a forma da futura licitação e os critérios de à pesquisa, ao desenvolvimento e à implementação de novos pro-
julgamento. dutos ou serviços baseados em soluções tecnológicas inovadoras
§ 4º A apresentação de documentos far-se-á perante órgão ou que possam causar alto impacto, exigida, na seleção definitiva da
comissão indicada pela Administração, que deverá examiná-los no inovação, validação prévia fundamentada em métricas objetivas, de
prazo máximo de 10 (dez) dias úteis e determinar correção ou rea- modo a demonstrar o atendimento das necessidades da Adminis-
presentação de documentos, quando for o caso, com vistas à am- tração.
pliação da competição.
§ 5º Os bens e os serviços pré-qualificados deverão integrar o SEÇÃO V
catálogo de bens e serviços da Administração. DO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS
§ 6º A pré-qualificação poderá ser realizada em grupos ou seg-
mentos, segundo as especialidades dos fornecedores. Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
§ 7º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, com alguns as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
ou todos os requisitos técnicos ou de habilitação necessários à con- I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
tratação, assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de condi- quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
ções entre os concorrentes. II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
§ 8º Quanto ao prazo, a pré-qualificação terá validade: no caso de serviços, de unidades de medida;
I - de 1 (um) ano, no máximo, e poderá ser atualizada a qual- III - a possibilidade de prever preços diferentes:
quer tempo; a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
II - não superior ao prazo de validade dos documentos apresen- rentes;
tados pelos interessados. b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
§ 9º Os licitantes e os bens pré-qualificados serão obrigatoria- c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
mente divulgados e mantidos à disposição do público. lote;
§ 10. A licitação que se seguir ao procedimento da pré-qualifi- d) por outros motivos justificados no processo;
cação poderá ser restrita a licitantes ou bens pré-qualificados. IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
SEÇÃO IV nos limites dela;
DO PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mercado;
mediante procedimento aberto de manifestação de interesse a ser VI - as condições para alteração de preços registrados;
iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a pro- VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi-
positura e a realização de estudos, investigações, levantamentos e ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante
projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com
relevância pública, na forma de regulamento. a ordem de classificação;
§ 1º Os estudos, as investigações, os levantamentos e os proje- VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais
tos vinculados à contratação e de utilidade para a licitação, realiza- de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de
dos pela Administração ou com a sua autorização, estarão à dispo- validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de
sição dos interessados, e o vencedor da licitação deverá ressarcir os ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto
dispêndios correspondentes, conforme especificado no edital. no edital;

193
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora deverá, na fase pre-
e suas consequências. paratória do processo licitatório, para fins de registro de preços, re-
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de alizar procedimento público de intenção de registro de preços para,
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- nos termos de regulamento, possibilitar, pelo prazo mínimo de 8
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a (oito) dias úteis, a participação de outros órgãos ou entidades na
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de respectiva ata e determinar a estimativa total de quantidades da
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. contratação.
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados § 1º O procedimento previsto no caput deste artigo será dis-
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, pensável quando o órgão ou entidade gerenciadora for o único con-
a contratação posterior de item específico constante de grupo de tratante.
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua § 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput
vantagem para o órgão ou entidade. deste artigo, os órgãos e entidades poderão aderir à ata de registro
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a de preços na condição de não participantes, observados os seguin-
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, tes requisitos:
apenas nas seguintes situações: I - apresentação de justificativa da vantagem da adesão, inclusi-
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou ve em situações de provável desabastecimento ou descontinuidade
entidade não tiver registro de demandas anteriores; de serviço público;
II - no caso de alimento perecível; II - demonstração de que os valores registrados estão compa-
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento tíveis com os valores praticados pelo mercado na forma do art. 23
de bens. desta Lei;
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória III - prévias consulta e aceitação do órgão ou entidade gerencia-
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação dora e do fornecedor.
de outro órgão ou entidade na ata. § 3º A faculdade conferida pelo § 2º deste artigo estará limi-
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para tada a órgãos e entidades da Administração Pública federal, esta-
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de dual, distrital e municipal que, na condição de não participantes,
engenharia, observadas as seguintes condições: desejarem aderir à ata de registro de preços de órgão ou entidade
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; gerenciadora federal, estadual ou distrital.
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re- § 4º As aquisições ou as contratações adicionais a que se refere
gulamento; o § 2º deste artigo não poderão exceder, por órgão ou entidade, a
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos dos itens do instru-
IV - atualização periódica dos preços registrados; mento convocatório registrados na ata de registro de preços para o
V - definição do período de validade do registro de preços; órgão gerenciador e para os órgãos participantes.
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que § 5º O quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de
aceitar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante preços a que se refere o § 2º deste artigo não poderá exceder, na
vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão do totalidade, ao dobro do quantitativo de cada item registrado na ata
licitante que mantiver sua proposta original. de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participan-
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- tes, independentemente do número de órgãos não participantes
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- que aderirem.
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de § 6º A adesão à ata de registro de preços de órgão ou entida-
serviços por mais de um órgão ou entidade. de gerenciadora do Poder Executivo federal por órgãos e entidades
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro- da Administração Pública estadual, distrital e municipal poderá ser
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri- exigida para fins de transferências voluntárias, não ficando sujeita
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licitação ao limite de que trata o § 5º deste artigo se destinada à execução
específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente descentralizada de programa ou projeto federal e comprovada a
motivada. compatibilidade dos preços registrados com os valores praticados
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de no mercado na forma do art. 23 desta Lei.
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que § 7º Para aquisição emergencial de medicamentos e material
comprovado o preço vantajoso. de consumo médico-hospitalar por órgãos e entidades da Adminis-
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de tração Pública federal, estadual, distrital e municipal, a adesão à
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- ata de registro de preços gerenciada pelo Ministério da Saúde não
posições nela contidas. estará sujeita ao limite de que trata o § 5º deste artigo.
Art. 85. A Administração poderá contratar a execução de obras § 8º Será vedada aos órgãos e entidades da Administração Pú-
e serviços de engenharia pelo sistema de registro de preços, desde blica federal a adesão à ata de registro de preços gerenciada por
que atendidos os seguintes requisitos: órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal.
I - existência de projeto padronizado, sem complexidade técni-
ca e operacional;
II - necessidade permanente ou frequente de obra ou serviço
a ser contratado.

194
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO VI TÍTULO III


DO REGISTRO CADASTRAL DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Ad- CAPÍTULO I
ministração Pública deverão utilizar o sistema de registro cadastral DA FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS
unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas
(PNCP), para efeito de cadastro unificado de licitantes, na forma Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas
disposta em regulamento. suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles serão
§ 1º O sistema de registro cadastral unificado será público e aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contra-
deverá ser amplamente divulgado e estar permanentemente aber- tos e as disposições de direito privado.
to aos interessados, e será obrigatória a realização de chamamento § 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e os
público pela internet, no mínimo anualmente, para atualização dos de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua lavra-
registros existentes e para ingresso de novos interessados. tura, o número do processo da licitação ou da contratação direta
§ 2º É proibida a exigência, pelo órgão ou entidade licitante, e a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas
de registro cadastral complementar para acesso a edital e anexos. contratuais.
§ 3º A Administração poderá realizar licitação restrita a forne- § 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão
cedores cadastrados, atendidos os critérios, as condições e os limi- as condições para sua execução, expressas em cláusulas que defi-
tes estabelecidos em regulamento, bem como a ampla publicidade nam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes,
dos procedimentos para o cadastramento. em conformidade com os termos do edital de licitação e os da pro-
§ 4º Na hipótese a que se refere o § 3º deste artigo, será admi- posta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contra-
tido fornecedor que realize seu cadastro dentro do prazo previsto tação direta e os da respectiva proposta.
no edital para apresentação de propostas. Art. 90. A Administração convocará regularmente o licitante
Art. 88. Ao requerer, a qualquer tempo, inscrição no cadastro vencedor para assinar o termo de contrato ou para aceitar ou re-
ou a sua atualização, o interessado fornecerá os elementos neces- tirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições
sários exigidos para habilitação previstos nesta Lei. estabelecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à
§ 1º O inscrito, considerada sua área de atuação, será classifica- contratação, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei.
do por categorias, subdivididas em grupos, segundo a qualificação § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez,
técnica e econômico-financeira avaliada, de acordo com regras ob- por igual período, mediante solicitação da parte durante seu trans-
jetivas divulgadas em sítio eletrônico oficial. curso, devidamente justificada, e desde que o motivo apresentado
§ 2º Ao inscrito será fornecido certificado, renovável sempre seja aceito pela Administração.
que atualizar o registro. § 2º Será facultado à Administração, quando o convocado não
§ 3º A atuação do contratado no cumprimento de obrigações assinar o termo de contrato ou não aceitar ou não retirar o instru-
assumidas será avaliada pelo contratante, que emitirá documento mento equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convo-
comprobatório da avaliação realizada, com menção ao seu desem- car os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a
penho na execução contratual, baseado em indicadores objetiva- celebração do contrato nas condições propostas pelo licitante ven-
mente definidos e aferidos, e a eventuais penalidades aplicadas, o cedor.
que constará do registro cadastral em que a inscrição for realizada. § 3º Decorrido o prazo de validade da proposta indicado no
§ 4º A anotação do cumprimento de obrigações pelo contra- edital sem convocação para a contratação, ficarão os licitantes libe-
tado, de que trata o § 3º deste artigo, será condicionada à implan- rados dos compromissos assumidos.
tação e à regulamentação do cadastro de atesto de cumprimento § 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contrata-
de obrigações, apto à realização do registro de forma objetiva, em ção nos termos do § 2º deste artigo, a Administração, observados
atendimento aos princípios da impessoalidade, da igualdade, da o valor estimado e sua eventual atualização nos termos do edital,
isonomia, da publicidade e da transparência, de modo a possibilitar poderá:
a implementação de medidas de incentivo aos licitantes que possu- I - convocar os licitantes remanescentes para negociação, na
írem ótimo desempenho anotado em seu registro cadastral. ordem de classificação, com vistas à obtenção de preço melhor,
§ 5º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou can- mesmo que acima do preço do adjudicatário;
celado o registro de inscrito que deixar de satisfazer exigências de- II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas
terminadas por esta Lei ou por regulamento. pelos licitantes remanescentes, atendida a ordem classificatória,
§ 6º O interessado que requerer o cadastro na forma do caput quando frustrada a negociação de melhor condição.
deste artigo poderá participar de processo licitatório até a decisão § 5º A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o con-
da Administração, e a celebração do contrato ficará condicionada à trato ou em aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo
emissão do certificado referido no § 2º deste artigo. estabelecido pela Administração caracterizará o descumprimento
total da obrigação assumida e o sujeitará às penalidades legalmente
estabelecidas e à imediata perda da garantia de proposta em favor
do órgão ou entidade licitante.
§ 6º A regra do § 5º não se aplicará aos licitantes remanescen-
tes convocados na forma do inciso I do § 4º deste artigo.

195
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 7º Será facultada à Administração a convocação dos demais XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio
licitantes classificados para a contratação de remanescente de obra, para conversão, quando for o caso;
de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão contra- XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a exe-
tual, observados os mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e 4º cução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele
deste artigo. assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licita-
Art. 91. Os contratos e seus aditamentos terão forma escrita e ção, ou para a qualificação, na contratação direta;
serão juntados ao processo que tiver dado origem à contratação, XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de re-
divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico serva de cargos prevista em lei, bem como em outras normas espe-
oficial. cíficas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência
§ 1º Será admitida a manutenção em sigilo de contratos e de Social e para aprendiz;
termos aditivos quando imprescindível à segurança da sociedade XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisi-
e do Estado, nos termos da legislação que regula o acesso à infor- tos definidos em regulamento;
mação. XIX - os casos de extinção.
§ 2º Contratos relativos a direitos reais sobre imóveis serão for- § 1º Os contratos celebrados pela Administração Pública com
malizados por escritura pública lavrada em notas de tabelião, cujo pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as domiciliadas no exterior,
teor deverá ser divulgado e mantido à disposição do público em deverão conter cláusula que declare competente o foro da sede da
sítio eletrônico oficial. Administração para dirimir qualquer questão contratual, ressalva-
§ 3º Será admitida a forma eletrônica na celebração de con- das as seguintes hipóteses:
tratos e de termos aditivos, atendidas as exigências previstas em I - licitação internacional para a aquisição de bens e serviços
regulamento. cujo pagamento seja feito com o produto de financiamento con-
§ 4º Antes de formalizar ou prorrogar o prazo de vigência do cedido por organismo financeiro internacional de que o Brasil faça
contrato, a Administração deverá verificar a regularidade fiscal do parte ou por agência estrangeira de cooperação;
contratado, consultar o Cadastro Nacional de Empresas Inidône- II - contratação com empresa estrangeira para a compra de
as e Suspensas (Ceis) e o Cadastro Nacional de Empresas Punidas equipamentos fabricados e entregues no exterior precedida de au-
(Cnep), emitir as certidões negativas de inidoneidade, de impedi- torização do Chefe do Poder Executivo;
mento e de débitos trabalhistas e juntá-las ao respectivo processo. III - aquisição de bens e serviços realizada por unidades admi-
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que esta- nistrativas com sede no exterior.
beleçam: § 2º De acordo com as peculiaridades de seu objeto e de seu
I - o objeto e seus elementos característicos; regime de execução, o contrato conterá cláusula que preveja perí-
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante odo antecedente à expedição da ordem de serviço para verificação
vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à de pendências, liberação de áreas ou adoção de outras providên-
respectiva proposta; cias cabíveis para a regularidade do início de sua execução.
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive § 3º Independentemente do prazo de duração, o contrato de-
quanto aos casos omissos; verá conter cláusula que estabeleça o índice de reajustamento de
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento; preço, com data-base vinculada à data do orçamento estimado, e
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data- poderá ser estabelecido mais de um índice específico ou setorial,
-base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios em conformidade com a realidade de mercado dos respectivos in-
de atualização monetária entre a data do adimplemento das obri- sumos.
gações e a do efetivo pagamento; § 4º Nos contratos de serviços contínuos, observado o inter-
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o regno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento de preços
caso, e o prazo para liquidação e para pagamento; será por:
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, en- I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver regi-
trega, observação e recebimento definitivo, quando for o caso; me de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da mão de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
classificação funcional programática e da categoria econômica; II - repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva
IX - a matriz de risco, quando for o caso; de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, monstração analítica da variação dos custos.
quando for o caso; § 5º Nos contratos de obras e serviços de engenharia, sempre
XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do que compatível com o regime de execução, a medição será mensal.
equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso; § 6º Nos contratos para serviços contínuos com regime de de-
XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, dicação exclusiva de mão de obra ou com predominância de mão
quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo contratado de obra, o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços
no caso de antecipação de valores a título de pagamento; será preferencialmente de 1 (um) mês, contado da data do forne-
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os pra- cimento da documentação prevista no § 6º do art. 135 desta Lei.
zos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas aplicá- Art. 93. Nas contratações de projetos ou de serviços técnicos
veis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando especializados, inclusive daqueles que contemplem o desenvolvi-
for o caso; mento de programas e aplicações de internet para computadores,
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalida- máquinas, equipamentos e dispositivos de tratamento e de comu-
des cabíveis e os valores das multas e suas bases de cálculo; nicação da informação (software) - e a respectiva documentação
técnica associada -, o autor deverá ceder todos os direitos patri-

196
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

moniais a eles relativos para a Administração Pública, hipótese em CAPÍTULO II


que poderão ser livremente utilizados e alterados por ela em outras DAS GARANTIAS
ocasiões, sem necessidade de nova autorização de seu autor.
§ 1º Quando o projeto se referir a obra imaterial de caráter Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, po-
tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos a que derá ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia
se refere o caput deste artigo incluirá o fornecimento de todos os nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
dados, documentos e elementos de informação pertinentes à tec- § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes moda-
nologia de concepção, desenvolvimento, fixação em suporte físico lidades de garantia:
de qualquer natureza e aplicação da obra. I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos
§ 2º É facultado à Administração Pública deixar de exigir a ces- sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado
são de direitos a que se refere o caput deste artigo quando o objeto de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil,
da contratação envolver atividade de pesquisa e desenvolvimento e avaliados por seus valores econômicos, conforme definido pelo
de caráter científico, tecnológico ou de inovação, considerados os Ministério da Economia;
princípios e os mecanismos instituídos pela Lei nº 10.973, de 2 de II - seguro-garantia;
dezembro de 2004. III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financei-
§ 3º Na hipótese de posterior alteração do projeto pela Admi- ra devidamente autorizada a operar no País pelo Banco Central do
nistração Pública, o autor deverá ser comunicado, e os registros se- Brasil.
rão promovidos nos órgãos ou entidades competentes. § 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou ina-
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públi- dimplemento da Administração, o contratado ficará desobrigado de
cas (PNCP) é condição indispensável para a eficácia do contrato e de renovar a garantia ou de endossar a apólice de seguro até a ordem
seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados de reinício da execução ou o adimplemento pela Administração.
da data de sua assinatura: § 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; data de homologação da licitação e anterior à assinatura do contra-
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta. to, para a prestação da garantia pelo contratado quando optar pela
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia modalidade prevista no inciso II do § 1º deste artigo.
a partir de sua assinatura e deverão ser publicados nos prazos pre- Art. 97. O seguro-garantia tem por objetivo garantir o fiel cum-
vistos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena de nulidade. primento das obrigações assumidas pelo contratado perante à Ad-
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando re- ministração, inclusive as multas, os prejuízos e as indenizações de-
ferente à contratação de profissional do setor artístico por inexigibi- correntes de inadimplemento, observadas as seguintes regras nas
lidade, deverá identificar os custos do cachê do artista, dos músicos contratações regidas por esta Lei:
ou da banda, quando houver, do transporte, da hospedagem, da I - o prazo de vigência da apólice será igual ou superior ao prazo
infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas espe- estabelecido no contrato principal e deverá acompanhar as modifi-
cíficas. cações referentes à vigência deste mediante a emissão do respecti-
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio ele- vo endosso pela seguradora;
trônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias úteis após a assinatura II - o seguro-garantia continuará em vigor mesmo se o contrata-
do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais que con- do não tiver pago o prêmio nas datas convencionadas.
tratar e, em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do Parágrafo único. Nos contratos de execução continuada ou de
contrato, os quantitativos executados e os preços praticados. fornecimento contínuo de bens e serviços, será permitida a subs-
§ 4º (VETADO). tituição da apólice de seguro-garantia na data de renovação ou de
§ 5º (VETADO). aniversário, desde que mantidas as mesmas condições e coberturas
Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas se- da apólice vigente e desde que nenhum período fique descoberto,
guintes hipóteses, em que a Administração poderá substituí-lo por ressalvado o disposto no § 2º do art. 96 desta Lei.
outro instrumento hábil, como carta-contrato, nota de empenho de Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos,
despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço: a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial
I - dispensa de licitação em razão de valor; do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10%
II - compras com entrega imediata e integral dos bens adquiri- (dez por cento), desde que justificada mediante análise da comple-
dos e dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive quanto a xidade técnica e dos riscos envolvidos.
assistência técnica, independentemente de seu valor. Parágrafo único. Nas contratações de serviços e fornecimen-
§ 1º Às hipóteses de substituição do instrumento de contrato, tos contínuos com vigência superior a 1 (um) ano, assim como nas
aplica-se, no que couber, o disposto no art. 92 desta Lei. subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do contrato
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Ad- para definição e aplicação dos percentuais previstos no caput deste
ministração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação de artigo.
serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de
não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).(Vide Decreto nº 11.317, grande vulto, poderá ser exigida a prestação de garantia, na moda-
de 2022) Vigência lidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art.
102 desta Lei, em percentual equivalente a até 30% (trinta por cen-
to) do valor inicial do contrato.

197
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 100. A garantia prestada pelo contratado será liberada ou I - às alterações unilaterais determinadas pela Administração,
restituída após a fiel execução do contrato ou após a sua extinção nas hipóteses do inciso I do caput do art. 124 desta Lei;
por culpa exclusiva da Administração e, quando em dinheiro, atua- II - ao aumento ou à redução, por legislação superveniente,
lizada monetariamente. dos tributos diretamente pagos pelo contratado em decorrência do
Art. 101. Nos casos de contratos que impliquem a entrega de contrato.
bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, § 6º Na alocação de que trata o caput deste artigo, poderão ser
o valor desses bens deverá ser acrescido ao valor da garantia. adotados métodos e padrões usualmente utilizados por entidades
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o públicas e privadas, e os ministérios e secretarias supervisores dos
edital poderá exigir a prestação da garantia na modalidade seguro- órgãos e das entidades da Administração Pública poderão definir os
-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadim- parâmetros e o detalhamento dos procedimentos necessários a sua
plemento pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto identificação, alocação e quantificação financeira.
do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, CAPÍTULO IV
como interveniente anuente e poderá: DAS PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o con-
trato principal; Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
b) acompanhar a execução do contrato principal; confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil; I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra-
ou pelo fornecimento; tado;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta
ela indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde que Lei;
demonstrada sua regularidade fiscal; III - fiscalizar sua execução;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial
total ou parcialmente. do ajuste;
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contrata- V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar
do, serão observadas as seguintes disposições: pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, de:
estará isenta da obrigação de pagar a importância segurada indica- a) risco à prestação de serviços essenciais;
da na apólice; b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pa- contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
gará a integralidade da importância segurada indicada na apólice. § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con-
tratos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do con-
CAPÍTULO III tratado.
DA ALOCAÇÃO DE RISCOS § 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as
cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais para que se mantenha o equilíbrio contratual.
previstos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alo-
cando-os entre contratante e contratado, mediante indicação da- CAPÍTULO V
queles a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado DA DURAÇÃO DOS CONTRATOS
ou daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a
considerará, em compatibilidade com as obrigações e os encargos prevista em edital, e deverão ser observadas, no momento da con-
atribuídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário tratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos
das prestações a que se vincula e a capacidade de cada setor para orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual, quando
melhor gerenciá-lo. ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.
§ 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com pra-
serão preferencialmente transferidos ao contratado. zo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços e fornecimentos
§ 3º A alocação dos riscos contratuais será quantificada para contínuos, observadas as seguintes diretrizes:
fins de projeção dos reflexos de seus custos no valor estimado da I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante
contratação. deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em razão
§ 4º A matriz de alocação de riscos definirá o equilíbrio eco- da contratação plurianual;
nômico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos super- II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e
venientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos de cada exercício, a existência de créditos orçamentários vinculados
das partes. à contratação e a vantagem em sua manutenção;
§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e da ma- III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem
triz de alocação de riscos, será considerado mantido o equilíbrio ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários para sua con-
econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de resta- tinuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece
belecimento do equilíbrio relacionados aos riscos assumidos, exce- vantagem.
to no que se refere:

198
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo CAPÍTULO VI


ocorrerá apenas na próxima data de aniversário do contrato e não DA EXECUÇÃO DOS CONTRATOS
poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da re-
ferida data. Art. 115. O contrato deverá ser executado fielmente pelas par-
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamen- tes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, e
tos e à utilização de programas de informática. cada parte responderá pelas consequências de sua inexecução total
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos ou parcial.
poderão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência § 1º É proibido à Administração retardar imotivadamente a
máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a auto- execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, inclusive na hipó-
ridade competente ateste que as condições e os preços permane- tese de posse do respectivo chefe do Poder Executivo ou de novo
cem vantajosos para a Administração, permitida a negociação com titular no órgão ou entidade contratante.
o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das § 2º (VETADO).
partes. § 3º (VETADO).
Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo § 4º Nas contratações de obras e serviços de engenharia, sem-
de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas nas alíneas “f” e “g” do pre que a responsabilidade pelo licenciamento ambiental for da
inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei. Administração, a manifestação prévia ou licença prévia, quando
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por cabíveis, deverão ser obtidas antes da divulgação do edital. (Pro-
prazo indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço mulgação partes vetadas)
público oferecido em regime de monopólio, desde que comprova- § 5º Em caso de impedimento, ordem de paralisação ou sus-
da, a cada exercício financeiro, a existência de créditos orçamentá- pensão do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
rios vinculados à contratação. automaticamente pelo tempo correspondente, anotadas tais cir-
Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de efici- cunstâncias mediante simples apostila.
ência que gere economia para a Administração, os prazos serão de: § 6º Nas contratações de obras, verificada a ocorrência do dis-
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento; posto no § 5º deste artigo por mais de 1 (um) mês, a Administração
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, deverá divulgar, em sítio eletrônico oficial e em placa a ser afixada
assim considerados aqueles que impliquem a elaboração de ben- em local da obra de fácil visualização pelos cidadãos, aviso público
feitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do de obra paralisada, com o motivo e o responsável pela inexecução
contratado, que serão revertidas ao patrimônio da Administração temporária do objeto do contrato e a data prevista para o reinício
Pública ao término do contrato. da sua execução.
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo § 7º Os textos com as informações de que trata o § 6º deste
predefinido, o prazo de vigência será automaticamente prorrogado artigo deverão ser elaborados pela Administração.
quando seu objeto não for concluído no período firmado no con- Art. 116. Ao longo de toda a execução do contrato, o contra-
trato. tado deverá cumprir a reserva de cargos prevista em lei para pes-
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do soa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para
contratado: aprendiz, bem como as reservas de cargos previstas em outras nor-
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as mas específicas.
respectivas sanções administrativas; Parágrafo único. Sempre que solicitado pela Administração, o
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, contratado deverá comprovar o cumprimento da reserva de cargos
nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para a continuida- a que se refere o caput deste artigo, com a indicação dos emprega-
de da execução contratual. dos que preencherem as referidas vagas.
Art. 112. Os prazos contratuais previstos nesta Lei não excluem Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
nem revogam os prazos contratuais previstos em lei especial. fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes
Art. 113. O contrato firmado sob o regime de fornecimento e da Administração especialmente designados conforme requisitos
prestação de serviço associado terá sua vigência máxima definida estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos,
pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los
obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, com informações pertinentes a essa atribuição.
este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do § 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as
objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma do art. 107 desta ocorrências relacionadas à execução do contrato, determinando o
Lei. que for necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos
Art. 114. O contrato que previr a operação continuada de siste- observados.
mas estruturantes de tecnologia da informação poderá ter vigência § 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tem-
máxima de 15 (quinze) anos. po hábil para a adoção das medidas convenientes, a situação que
demandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência.
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assesso-
ramento jurídico e de controle interno da Administração, que deve-
rão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para
prevenir riscos na execução contratual.
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput
deste artigo, deverão ser observadas as seguintes regras:

199
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

I - a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabi- § 1º O contratado apresentará à Administração documentação


lidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações que comprove a capacidade técnica do subcontratado, que será
prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e avaliada e juntada aos autos do processo correspondente.
não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de fiscal de con- § 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restrin-
trato; gir ou estabelecer condições para a subcontratação.
II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade § 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica,
o fiscal do contrato, nos limites das informações recebidas do ter- se aquela ou os dirigentes desta mantiverem vínculo de natureza
ceiro contratado. técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com
Art. 118. O contratado deverá manter preposto aceito pela Ad- dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente públi-
ministração no local da obra ou do serviço para representá-lo na co que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou
execução do contrato. na gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge, companheiro ou
Art. 119. O contratado será obrigado a reparar, corrigir, re- parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro
mover, reconstruir ou substituir, a suas expensas, no total ou em grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de
parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos licitação.
ou incorreções resultantes de sua execução ou de materiais nela Art. 123. A Administração terá o dever de explicitamente emitir
empregados. decisão sobre todas as solicitações e reclamações relacionadas à
Art. 120. O contratado será responsável pelos danos causados execução dos contratos regidos por esta Lei, ressalvados os reque-
diretamente à Administração ou a terceiros em razão da execução rimentos manifestamente impertinentes, meramente protelatórios
do contrato, e não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade a ou de nenhum interesse para a boa execução do contrato.
fiscalização ou o acompanhamento pelo contratante. Parágrafo único. Salvo disposição legal ou cláusula contratual
Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encar- que estabeleça prazo específico, concluída a instrução do requeri-
gos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da mento, a Administração terá o prazo de 1 (um) mês para decidir,
execução do contrato. admitida a prorrogação motivada por igual período.
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à Administração a CAPÍTULO VII
responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto DA ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS E DOS PREÇOS
do contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e das
edificações, inclusive perante o registro de imóveis, ressalvada a hi- Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
pótese prevista no § 2º deste artigo. dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos I - unilateralmente pela Administração:
com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a Administra- a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
ção responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e ções, para melhor adequação técnica a seus objetivos;
subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha b) quando for necessária a modificação do valor contratual em
na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado. decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de de- nos limites permitidos por esta Lei;
dicação exclusiva de mão de obra, para assegurar o cumprimento II - por acordo entre as partes:
de obrigações trabalhistas pelo contratado, a Administração, me- a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
diante disposição em edital ou em contrato, poderá, entre outras b) quando necessária a modificação do regime de execução da
medidas: obra ou do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-ga- de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
rantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas; originários;
II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das c) quando necessária a modificação da forma de pagamento
obrigações trabalhistas vencidas relativas ao contrato; por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada; inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação
IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o paga- ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contrapres-
mento das verbas trabalhistas, que serão deduzidas do pagamento tação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
devido ao contratado; d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial
V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo do contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do prínci-
terceiro salário, a ausências legais e a verbas rescisórias dos em- pe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de con-
pregados do contratado que participarem da execução dos serviços sequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato
contratados serão pagos pelo contratante ao contratado somente tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição ob-
na ocorrência do fato gerador. jetiva de risco estabelecida no contrato.
§ 4º Os valores depositados na conta vinculada a que se refere § 1º Se forem decorrentes de falhas de projeto, as alterações
o inciso III do § 3º deste artigo são absolutamente impenhoráveis. de contratos de obras e serviços de engenharia ensejarão apuração
§ 5º O recolhimento das contribuições previdenciárias obser- de responsabilidade do responsável técnico e adoção das providên-
vará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. cias necessárias para o ressarcimento dos danos causados à Admi-
Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das respon- nistração.
sabilidades contratuais e legais, o contratado poderá subcontratar § 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso II do caput
partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autoriza- deste artigo às contratações de obras e serviços de engenharia,
do, em cada caso, pela Administração. quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de proce-

200
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

dimentos de desapropriação, desocupação, servidão administrativa IV - por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz
ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias ao contra- de riscos como de responsabilidade da Administração.
tado. Art. 134. Os preços contratados serão alterados, para mais ou
Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I para menos, conforme o caso, se houver, após a data da apresen-
do caput do art. 124 desta Lei, o contratado será obrigado a acei- tação da proposta, criação, alteração ou extinção de quaisquer tri-
tar, nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões butos ou encargos legais ou a superveniência de disposições legais,
de até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do com comprovada repercussão sobre os preços contratados.
contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e, Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos com
no caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para os regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou com predominân-
acréscimos será de 50% (cinquenta por cento). cia de mão de obra serão repactuados para manutenção do equi-
Art. 126. As alterações unilaterais a que se refere o inciso I do líbrio econômico-financeiro, mediante demonstração analítica da
caput do art. 124 desta Lei não poderão transfigurar o objeto da variação dos custos contratuais, com data vinculada:
contratação. I - à da apresentação da proposta, para custos decorrentes do
Art. 127. Se o contrato não contemplar preços unitários para mercado;
obras ou serviços cujo aditamento se fizer necessário, esses serão II - ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao
fixados por meio da aplicação da relação geral entre os valores da qual a proposta esteja vinculada, para os custos de mão de obra.
proposta e o do orçamento-base da Administração sobre os preços § 1º A Administração não se vinculará às disposições contidas
referenciais ou de mercado vigentes na data do aditamento, respei- em acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho que tra-
tados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei. tem de matéria não trabalhista, de pagamento de participação dos
Art. 128. Nas contratações de obras e serviços de engenharia, trabalhadores nos lucros ou resultados do contratado, ou que es-
a diferença percentual entre o valor global do contrato e o preço tabeleçam direitos não previstos em lei, como valores ou índices
global de referência não poderá ser reduzida em favor do contra- obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários, bem como de
tado em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha preços para os insumos relacionados ao exercício da atividade.
orçamentária. § 2º É vedado a órgão ou entidade contratante vincular-se às
Art. 129. Nas alterações contratuais para supressão de obras, disposições previstas nos acordos, convenções ou dissídios coleti-
bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais vos de trabalho que tratem de obrigações e direitos que somente se
e os colocado no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela aplicam aos contratos com a Administração Pública.
Administração pelos custos de aquisição regularmente comprova- § 3º A repactuação deverá observar o interregno mínimo de 1
dos e monetariamente reajustados, podendo caber indenização por (um) ano, contado da data da apresentação da proposta ou da data
outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde que da última repactuação.
regularmente comprovados. § 4º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas
Art. 130. Caso haja alteração unilateral do contrato que aumen- quantas forem necessárias, observado o princípio da anualidade
te ou diminua os encargos do contratado, a Administração deverá do reajuste de preços da contratação, podendo ser realizada em
restabelecer, no mesmo termo aditivo, o equilíbrio econômico-fi- momentos distintos para discutir a variação de custos que tenham
nanceiro inicial. sua anualidade resultante em datas diferenciadas, como os decor-
Art. 131. A extinção do contrato não configurará óbice para o rentes de mão de obra e os decorrentes dos insumos necessários à
reconhecimento do desequilíbrio econômico-financeiro, hipótese execução dos serviços.
em que será concedida indenização por meio de termo indeniza- § 5º Quando a contratação envolver mais de uma categoria
tório. profissional, a repactuação a que se refere o inciso II do caput des-
Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do equilíbrio te artigo poderá ser dividida em tantos quantos forem os acordos,
econômico-financeiro deverá ser formulado durante a vigência do convenções ou dissídios coletivos de trabalho das categorias envol-
contrato e antes de eventual prorrogação nos termos do art. 107 vidas na contratação.
desta Lei. § 6º A repactuação será precedida de solicitação do contrata-
Art. 132. A formalização do termo aditivo é condição para a do, acompanhada de demonstração analítica da variação dos cus-
execução, pelo contratado, das prestações determinadas pela Ad- tos, por meio de apresentação da planilha de custos e formação de
ministração no curso da execução do contrato, salvo nos casos de preços, ou do novo acordo, convenção ou sentença normativa que
justificada necessidade de antecipação de seus efeitos, hipótese em fundamenta a repactuação.
que a formalização deverá ocorrer no prazo máximo de 1 (um) mês. Art. 136. Registros que não caracterizam alteração do contrato
Art. 133. Nas hipóteses em que for adotada a contratação inte- podem ser realizados por simples apostila, dispensada a celebração
grada ou semi-integrada, é vedada a alteração dos valores contratu- de termo aditivo, como nas seguintes situações:
ais, exceto nos seguintes casos: I - variação do valor contratual para fazer face ao reajuste ou à
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro repactuação de preços previstos no próprio contrato;
decorrente de caso fortuito ou força maior; II - atualizações, compensações ou penalizações financeiras de-
II - por necessidade de alteração do projeto ou das especifica- correntes das condições de pagamento previstas no contrato;
ções para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, III - alterações na razão ou na denominação social do contra-
a pedido da Administração, desde que não decorrente de erros ou tado;
omissões por parte do contratado, observados os limites estabele- IV - empenho de dotações orçamentárias.
cidos no art. 125 desta Lei;
III - por necessidade de alteração do projeto nas contratações
semi-integradas, nos termos do § 5º do art. 46 desta Lei;

201
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VIII II - assegurarão ao contratado o direito de optar pela suspen-


DAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS são do cumprimento das obrigações assumidas até a normalização
da situação, admitido o restabelecimento do equilíbrio econômico-
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual -financeiro do contrato, na forma da alínea “d” do inciso II do caput
deverá ser formalmente motivada nos autos do processo, assegura- do art. 124 desta Lei.
dos o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações: § 4º Os emitentes das garantias previstas no art. 96 desta Lei
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas edi- deverão ser notificados pelo contratante quanto ao início de pro-
talícias ou de cláusulas contratuais, de especificações, de projetos cesso administrativo para apuração de descumprimento de cláusu-
ou de prazos; las contratuais.
II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração,
por autoridade superior; exceto no caso de descumprimento decorrente de sua própria con-
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutu- duta;
ra da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato; II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da mediação ou por comitê de resolução de disputas, desde que haja
sociedade ou falecimento do contratado; interesse da Administração;
V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláu-
impeditivos da execução do contrato; sula compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão ju-
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibili- dicial.
dade de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto que dela § 1º A extinção determinada por ato unilateral da Administra-
resultar, ainda que obtida no prazo previsto; ção e a extinção consensual deverão ser precedidas de autorização
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a escrita e fundamentada da autoridade competente e reduzidas a
desocupação ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de termo no respectivo processo.
liberação dessas áreas; § 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Adminis-
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade tração, o contratado será ressarcido pelos prejuízos regularmente
máxima do órgão ou da entidade contratante; comprovados que houver sofrido e terá direito a:
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de car- I - devolução da garantia;
gos prevista em lei, bem como em outras normas específicas, para II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data
pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou de extinção;
para aprendiz. III - pagamento do custo da desmobilização.
§ 1º Regulamento poderá especificar procedimentos e critérios Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Adminis-
para verificação da ocorrência dos motivos previstos no caput deste tração poderá acarretar, sem prejuízo das sanções previstas nesta
artigo. Lei, as seguintes consequências:
§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas se- I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
guintes hipóteses: em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
I - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos equi-
compras que acarrete modificação do valor inicial do contrato além pamentos, do material e do pessoal empregados na execução do
do limite permitido no art. 125 desta Lei; contrato e necessários à sua continuidade;
II - suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da III - execução da garantia contratual para:
Administração, por prazo superior a 3 (três) meses; a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decor-
III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, rentes da não execução;
independentemente do pagamento obrigatório de indenização b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciá-
pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e rias, quando cabível;
mobilizações e outras previstas; c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto
nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos do contrato pela seguradora, quando cabível;
pela Administração por despesas de obras, serviços ou fornecimen- IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
tos; dos prejuízos causados à Administração Pública e das multas apli-
V - não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, cadas.
de área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou forneci- § 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II do caput
mento, e de fontes de materiais naturais especificadas no projeto, deste artigo ficará a critério da Administração, que poderá dar con-
inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações atri- tinuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
buídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapropria- § 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato deverá
ção, a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento ambiental. ser precedido de autorização expressa do ministro de Estado, do
§ 3º As hipóteses de extinção a que se referem os incisos II, III e secretário estadual ou do secretário municipal competente, confor-
IV do § 2º deste artigo observarão as seguintes disposições: me o caso.
I - não serão admitidas em caso de calamidade pública, de gra-
ve perturbação da ordem interna ou de guerra, bem como quando
decorrerem de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do
qual tenha participado ou para o qual tenha contribuído;

202
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO IX II - pagamento a microempresa, empresa de pequeno porte,


DO RECEBIMENTO DO OBJETO DO CONTRATO agricultor familiar, produtor rural pessoa física, microempreende-
dor individual e sociedade cooperativa, desde que demonstrado o
Art. 140. O objeto do contrato será recebido: risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
I - em se tratando de obras e serviços: III - pagamento de serviços necessários ao funcionamento dos
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamen- sistemas estruturantes, desde que demonstrado o risco de descon-
to e fiscalização, mediante termo detalhado, quando verificado o tinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
cumprimento das exigências de caráter técnico; IV - pagamento de direitos oriundos de contratos em caso de
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela falência, recuperação judicial ou dissolução da empresa contratada;
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove V - pagamento de contrato cujo objeto seja imprescindível para
o atendimento das exigências contratuais; assegurar a integridade do patrimônio público ou para manter o
II - em se tratando de compras: funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou entidade,
a) provisoriamente, de forma sumária, pelo responsável por
quando demonstrado o risco de descontinuidade da prestação de
seu acompanhamento e fiscalização, com verificação posterior da
serviço público de relevância ou o cumprimento da missão institu-
conformidade do material com as exigências contratuais;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela cional.
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove § 2º A inobservância imotivada da ordem cronológica referida
o atendimento das exigências contratuais. no caput deste artigo ensejará a apuração de responsabilidade do
§ 1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em agente responsável, cabendo aos órgãos de controle a sua fiscali-
parte, quando estiver em desacordo com o contrato. zação.
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não excluirá a res- § 3º O órgão ou entidade deverá disponibilizar, mensalmente,
ponsabilidade civil pela solidez e pela segurança da obra ou serviço em seção específica de acesso à informação em seu sítio na inter-
nem a responsabilidade ético-profissional pela perfeita execução net, a ordem cronológica de seus pagamentos, bem como as jus-
do contrato, nos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. tificativas que fundamentarem a eventual alteração dessa ordem.
§ 3º Os prazos e os métodos para a realização dos recebimen- Art. 142. Disposição expressa no edital ou no contrato poderá
tos provisório e definitivo serão definidos em regulamento ou no prever pagamento em conta vinculada ou pagamento pela efetiva
contrato. comprovação do fato gerador.
§ 4º Salvo disposição em contrário constante do edital ou de Parágrafo único. (VETADO).
ato normativo, os ensaios, os testes e as demais provas para afe- Art. 143. No caso de controvérsia sobre a execução do objeto,
rição da boa execução do objeto do contrato exigidos por normas quanto a dimensão, qualidade e quantidade, a parcela incontrover-
técnicas oficiais correrão por conta do contratado. sa deverá ser liberada no prazo previsto para pagamento.
§ 5º Em se tratando de projeto de obra, o recebimento defini-
Art. 144. Na contratação de obras, fornecimentos e serviços,
tivo pela Administração não eximirá o projetista ou o consultor da
responsabilidade objetiva por todos os danos causados por falha inclusive de engenharia, poderá ser estabelecida remuneração va-
de projeto. riável vinculada ao desempenho do contratado, com base em me-
§ 6º Em se tratando de obra, o recebimento definitivo pela tas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental
Administração não eximirá o contratado, pelo prazo mínimo de e prazos de entrega definidos no edital de licitação e no contrato.
5 (cinco) anos, admitida a previsão de prazo de garantia superior § 1º O pagamento poderá ser ajustado em base percentual so-
no edital e no contrato, da responsabilidade objetiva pela solidez bre o valor economizado em determinada despesa, quando o obje-
e pela segurança dos materiais e dos serviços executados e pela to do contrato visar à implantação de processo de racionalização,
funcionalidade da construção, da reforma, da recuperação ou da hipótese em que as despesas correrão à conta dos mesmos créditos
ampliação do bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou incorre- orçamentários, na forma de regulamentação específica.
ção identificados, o contratado ficará responsável pela reparação, § 2º A utilização de remuneração variável será motivada e res-
pela correção, pela reconstrução ou pela substituição necessárias. peitará o limite orçamentário fixado pela Administração para a con-
tratação.
CAPÍTULO X Art. 145. Não será permitido pagamento antecipado, parcial ou
DOS PAGAMENTOS total, relativo a parcelas contratuais vinculadas ao fornecimento de
bens, à execução de obras ou à prestação de serviços.
Art. 141. No dever de pagamento pela Administração, será ob- § 1º A antecipação de pagamento somente será permitida se
servada a ordem cronológica para cada fonte diferenciada de recur-
propiciar sensível economia de recursos ou se representar condição
sos, subdividida nas seguintes categorias de contratos:
indispensável para a obtenção do bem ou para a prestação do ser-
I - fornecimento de bens;
II - locações; viço, hipótese que deverá ser previamente justificada no processo
III - prestação de serviços; licitatório e expressamente prevista no edital de licitação ou instru-
IV - realização de obras. mento formal de contratação direta.
§ 1º A ordem cronológica referida no caput deste artigo poderá § 2º A Administração poderá exigir a prestação de garantia adi-
ser alterada, mediante prévia justificativa da autoridade competen- cional como condição para o pagamento antecipado.
te e posterior comunicação ao órgão de controle interno da Admi- § 3º Caso o objeto não seja executado no prazo contratual, o
nistração e ao tribunal de contas competente, exclusivamente nas valor antecipado deverá ser devolvido.
seguintes situações: Art. 146. No ato de liquidação da despesa, os serviços de con-
I - grave perturbação da ordem, situação de emergência ou ca- tabilidade comunicarão aos órgãos da administração tributária as
lamidade pública; características da despesa e os valores pagos, conforme o disposto
no art. 63 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964.

203
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XI CAPÍTULO XII


DA NULIDADE DOS CONTRATOS DOS MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE
CONTROVÉRSIAS
Art. 147. Constatada irregularidade no procedimento licitatório
ou na execução contratual, caso não seja possível o saneamento, a Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser uti-
decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de lizados meios alternativos de prevenção e resolução de controvér-
nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se sias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução
revelar medida de interesse público, com avaliação, entre outros, de disputas e a arbitragem.
dos seguintes aspectos: Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo
I - impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na às controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis,
fruição dos benefícios do objeto do contrato; como as questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio
II - riscos sociais, ambientais e à segurança da população local econômico-financeiro do contrato, ao inadimplemento de obriga-
decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do con- ções contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo de indeni-
trato; zações.
III - motivação social e ambiental do contrato; Art. 152. A arbitragem será sempre de direito e observará o
IV - custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas; princípio da publicidade.
V - despesa necessária à preservação das instalações e dos ser- Art. 153. Os contratos poderão ser aditados para permitir a
viços já executados; adoção dos meios alternativos de resolução de controvérsias.
VI - despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados
às atividades; arbitrais e dos comitês de resolução de disputas observará critérios
VII - medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou isonômicos, técnicos e transparentes.
entidade para o saneamento dos indícios de irregularidades apon-
tados; TÍTULO IV
VIII - custo total e estágio de execução física e financeira dos DAS IRREGULARIDADES
contratos, dos convênios, das obras ou das parcelas envolvidas;
IX - fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em CAPÍTULO I
razão da paralisação; DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
X - custo para realização de nova licitação ou celebração de
novo contrato; Art. 155. O licitante ou o contratado será responsabilizado ad-
XI - custo de oportunidade do capital durante o período de pa- ministrativamente pelas seguintes infrações:
ralisação. I - dar causa à inexecução parcial do contrato;
Parágrafo único. Caso a paralisação ou anulação não se reve- II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave
le medida de interesse público, o poder público deverá optar pela dano à Administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou
continuidade do contrato e pela solução da irregularidade por meio ao interesse coletivo;
de indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de III - dar causa à inexecução total do contrato;
responsabilidade e da aplicação de penalidades cabíveis. IV - deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
Art. 148. A declaração de nulidade do contrato administrativo V - não manter a proposta, salvo em decorrência de fato super-
requererá análise prévia do interesse público envolvido, na forma veniente devidamente justificado;
do art. 147 desta Lei, e operará retroativamente, impedindo os efei- VI - não celebrar o contrato ou não entregar a documentação
tos jurídicos que o contrato deveria produzir ordinariamente e des- exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de
constituindo os já produzidos. validade de sua proposta;
§ 1º Caso não seja possível o retorno à situação fática anterior, VII - ensejar o retardamento da execução ou da entrega do ob-
a nulidade será resolvida pela indenização por perdas e danos, sem jeto da licitação sem motivo justificado;
prejuízo da apuração de responsabilidade e aplicação das penalida- VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida
des cabíveis. para o certame ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a
§ 2º Ao declarar a nulidade do contrato, a autoridade, com vis- execução do contrato;
tas à continuidade da atividade administrativa, poderá decidir que IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução
ela só tenha eficácia em momento futuro, suficiente para efetuar do contrato;
nova contratação, por prazo de até 6 (seis) meses, prorrogável uma X - comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qual-
única vez. quer natureza;
Art. 149. A nulidade não exonerará a Administração do dever XI - praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da
de indenizar o contratado pelo que houver executado até a data em licitação;
que for declarada ou tornada eficaz, bem como por outros prejuízos XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de
regularmente comprovados, desde que não lhe seja imputável, e 1º de agosto de 2013.
será promovida a responsabilização de quem lhe tenha dado causa. Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações admi-
Art. 150. Nenhuma contratação será feita sem a caracterização nistrativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:
adequada de seu objeto e sem a indicação dos créditos orçamentá- I - advertência;
rios para pagamento das parcelas contratuais vincendas no exercí- II - multa;
cio em que for realizada a contratação, sob pena de nulidade do ato III - impedimento de licitar e contratar;
e de responsabilização de quem lhe tiver dado causa. IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

204
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Na aplicação das sanções serão considerados: Art. 158. A aplicação das sanções previstas nos incisos III e IV
I - a natureza e a gravidade da infração cometida; do caput do art. 156 desta Lei requererá a instauração de processo
II - as peculiaridades do caso concreto; de responsabilização, a ser conduzido por comissão composta de 2
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (dois) ou mais servidores estáveis, que avaliará fatos e circunstân-
IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública; cias conhecidos e intimará o licitante ou o contratado para, no prazo
V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de inte- de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de intimação, apresentar
gridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle. defesa escrita e especificar as provas que pretenda produzir.
§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste artigo será § 1º Em órgão ou entidade da Administração Pública cujo
aplicada exclusivamente pela infração administrativa prevista no quadro funcional não seja formado de servidores estatutários, a
inciso I do caput do art. 155 desta Lei, quando não se justificar a comissão a que se refere o caput deste artigo será composta de 2
imposição de penalidade mais grave. (dois) ou mais empregados públicos pertencentes aos seus quadros
§ 3º A sanção prevista no inciso II do caput deste artigo, calcula- permanentes, preferencialmente com, no mínimo, 3 (três) anos de
da na forma do edital ou do contrato, não poderá ser inferior a 0,5% tempo de serviço no órgão ou entidade.
(cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento) § 2º Na hipótese de deferimento de pedido de produção de
do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta novas provas ou de juntada de provas julgadas indispensáveis pela
e será aplicada ao responsável por qualquer das infrações adminis- comissão, o licitante ou o contratado poderá apresentar alegações
trativas previstas no art. 155 desta Lei. finais no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data da inti-
§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será mação.
aplicada ao responsável pelas infrações administrativas previstas § 3º Serão indeferidas pela comissão, mediante decisão funda-
nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do art. 155 desta Lei, quando mentada, provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias, protelató-
não se justificar a imposição de penalidade mais grave, e impedirá rias ou intempestivas.
o responsável de licitar ou contratar no âmbito da Administração § 4º A prescrição ocorrerá em 5 (cinco) anos, contados da ciên-
Pública direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a san- cia da infração pela Administração, e será:
ção, pelo prazo máximo de 3 (três) anos. I - interrompida pela instauração do processo de responsabili-
§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será zação a que se refere o caput deste artigo;
aplicada ao responsável pelas infrações administrativas previstas II - suspensa pela celebração de acordo de leniência previsto na
nos incisos VIII, IX, X, XI e XII do caput do art. 155 desta Lei, bem Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013;
como pelas infrações administrativas previstas nos incisos II, III, IV, III - suspensa por decisão judicial que inviabilize a conclusão da
V, VI e VII do caput do referido artigo que justifiquem a imposição apuração administrativa.
de penalidade mais grave que a sanção referida no § 4º deste artigo, Art. 159. Os atos previstos como infrações administrativas nes-
e impedirá o responsável de licitar ou contratar no âmbito da Ad- ta Lei ou em outras leis de licitações e contratos da Administração
ministração Pública direta e indireta de todos os entes federativos, Pública que também sejam tipificados como atos lesivos na Lei nº
pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis) anos. 12.846, de 1º de agosto de 2013, serão apurados e julgados conjun-
§ 6º A sanção estabelecida no inciso IV do caput deste artigo tamente, nos mesmos autos, observados o rito procedimental e a
será precedida de análise jurídica e observará as seguintes regras: autoridade competente definidos na referida Lei.
I - quando aplicada por órgão do Poder Executivo, será de com- Parágrafo único. (VETADO).
petência exclusiva de ministro de Estado, de secretário estadual ou Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada
de secretário municipal e, quando aplicada por autarquia ou fun- sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir
dação, será de competência exclusiva da autoridade máxima da ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para
entidade; provocar confusão patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das
II - quando aplicada por órgãos dos Poderes Legislativo e Judici- sanções aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus ad-
ário, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública no desempe- ministradores e sócios com poderes de administração, a pessoa
nho da função administrativa, será de competência exclusiva de au- jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo com relação de
toridade de nível hierárquico equivalente às autoridades referidas coligação ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado, ob-
no inciso I deste parágrafo, na forma de regulamento. servados, em todos os casos, o contraditório, a ampla defesa e a
§ 7º As sanções previstas nos incisos I, III e IV do caput deste obrigatoriedade de análise jurídica prévia.
artigo poderão ser aplicadas cumulativamente com a prevista no Art. 161. Os órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legis-
inciso II do caput deste artigo. lativo e Judiciário de todos os entes federativos deverão, no prazo
§ 8º Se a multa aplicada e as indenizações cabíveis forem supe- máximo 15 (quinze) dias úteis, contado da data de aplicação da san-
riores ao valor de pagamento eventualmente devido pela Adminis- ção, informar e manter atualizados os dados relativos às sanções
tração ao contratado, além da perda desse valor, a diferença será por eles aplicadas, para fins de publicidade no Cadastro Nacional de
descontada da garantia prestada ou será cobrada judicialmente. Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e no Cadastro Nacional de
§ 9º A aplicação das sanções previstas no caput deste artigo Empresas Punidas (Cnep), instituídos no âmbito do Poder Executivo
não exclui, em hipótese alguma, a obrigação de reparação integral federal.
do dano causado à Administração Pública. Parágrafo único. Para fins de aplicação das sanções previstas
Art. 157. Na aplicação da sanção prevista no inciso II do caput nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 156 desta Lei, o Poder Exe-
do art. 156 desta Lei, será facultada a defesa do interessado no pra- cutivo regulamentará a forma de cômputo e as consequências da
zo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de sua intimação. soma de diversas sanções aplicadas a uma mesma empresa e deri-
vadas de contratos distintos.

205
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 162. O atraso injustificado na execução do contrato sujei- data de intimação ou de lavratura da ata de habilitação ou inabilita-
tará o contratado a multa de mora, na forma prevista em edital ou ção ou, na hipótese de adoção da inversão de fases prevista no § 1º
em contrato. do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento;
Parágrafo único. A aplicação de multa de mora não impedirá II - a apreciação dar-se-á em fase única.
que a Administração a converta em compensatória e promova a ex- § 2º O recurso de que trata o inciso I do caput deste artigo será
tinção unilateral do contrato com a aplicação cumulada de outras dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a deci-
sanções previstas nesta Lei. são recorrida, que, se não reconsiderar o ato ou a decisão no prazo
Art. 163. É admitida a reabilitação do licitante ou contratado de 3 (três) dias úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, exigidos, à autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo
cumulativamente: máximo de 10 (dez) dias úteis, contado do recebimento dos autos.
I - reparação integral do dano causado à Administração Pública; § 3º O acolhimento do recurso implicará invalidação apenas de
II - pagamento da multa; ato insuscetível de aproveitamento.
III - transcurso do prazo mínimo de 1 (um) ano da aplicação da § 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mesmo
penalidade, no caso de impedimento de licitar e contratar, ou de 3 do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de divulga-
(três) anos da aplicação da penalidade, no caso de declaração de ção da interposição do recurso.
inidoneidade; § 5º Será assegurado ao licitante vista dos elementos indispen-
IV - cumprimento das condições de reabilitação definidas no sáveis à defesa de seus interesses.
ato punitivo; Art. 166. Da aplicação das sanções previstas nos incisos I, II e III
V - análise jurídica prévia, com posicionamento conclusivo do caput do art. 156 desta Lei caberá recurso no prazo de 15 (quin-
quanto ao cumprimento dos requisitos definidos neste artigo. ze) dias úteis, contado da data da intimação.
Parágrafo único. A sanção pelas infrações previstas nos incisos Parágrafo único. O recurso de que trata o caput deste artigo
VIII e XII do caput do art. 155 desta Lei exigirá, como condição de será dirigido à autoridade que tiver proferido a decisão recorrida,
reabilitação do licitante ou contratado, a implantação ou aperfeiço- que, se não a reconsiderar no prazo de 5 (cinco) dias úteis, encami-
amento de programa de integridade pelo responsável. nhará o recurso com sua motivação à autoridade superior, a qual
deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 20 (vinte) dias
CAPÍTULO II úteis, contado do recebimento dos autos.
DAS IMPUGNAÇÕES, DOS PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO E Art. 167. Da aplicação da sanção prevista no inciso IV do caput
DOS RECURSOS do art. 156 desta Lei caberá apenas pedido de reconsideração, que
deverá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado
Art. 164. Qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edi- da data da intimação, e decidido no prazo máximo de 20 (vinte) dias
tal de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei ou para so- úteis, contado do seu recebimento.
licitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o Art. 168. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito
pedido até 3 (três) dias úteis antes da data de abertura do certame. suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que sobrevenha de-
Parágrafo único. A resposta à impugnação ou ao pedido de es- cisão final da autoridade competente.
clarecimento será divulgada em sítio eletrônico oficial no prazo de Parágrafo único. Na elaboração de suas decisões, a autoridade
até 3 (três) dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à data da competente será auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico,
abertura do certame. que deverá dirimir dúvidas e subsidiá-la com as informações neces-
Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação sárias.
desta Lei cabem:
I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de CAPÍTULO III
intimação ou de lavratura da ata, em face de: DO CONTROLE DAS CONTRATAÇÕES
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de in-
teressado ou de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou Art. 169. As contratações públicas deverão submeter-se a prá-
cancelamento; ticas contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle
b) julgamento das propostas; preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de tecnologia da
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante; informação, e, além de estar subordinadas ao controle social, sujei-
d) anulação ou revogação da licitação; tar-se-ão às seguintes linhas de defesa:
e) extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e empre-
e escrito da Administração; gados públicos, agentes de licitação e autoridades que atuam na
II - pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, estrutura de governança do órgão ou entidade;
contado da data de intimação, relativamente a ato do qual não cai- II - segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de as-
ba recurso hierárquico. sessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão ou
§ 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto entidade;
nas alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste artigo, serão obser- III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de
vadas as seguintes disposições: controle interno da Administração e pelo tribunal de contas.
I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamen- § 1º Na forma de regulamento, a implementação das práticas a
te, sob pena de preclusão, e o prazo para apresentação das razões que se refere o caput deste artigo será de responsabilidade da alta
recursais previsto no inciso I do caput deste artigo será iniciado na administração do órgão ou entidade e levará em consideração os
custos e os benefícios decorrentes de sua implementação, optan-
do-se pelas medidas que promovam relações íntegras e confiáveis,

206
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

com segurança jurídica para todos os envolvidos, e que produzam tratação, devendo, ainda, ser perquirida a conformidade do preço
o resultado mais vantajoso para a Administração, com eficiência, global com os parâmetros de mercado para o objeto contratado,
eficácia e efetividade nas contratações públicas. considerada inclusive a dimensão geográfica.
§ 2º Para a realização de suas atividades, os órgãos de contro- § 1º Ao suspender cautelarmente o processo licitatório, o tribu-
le deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações nal de contas deverá pronunciar-se definitivamente sobre o mérito
necessárias à realização dos trabalhos, inclusive aos documentos da irregularidade que tenha dado causa à suspensão no prazo de 25
classificados pelo órgão ou entidade nos termos da Lei nº 12.527, (vinte e cinco) dias úteis, contado da data do recebimento das in-
de 18 de novembro de 2011, e o órgão de controle com o qual foi formações a que se refere o § 2º deste artigo, prorrogável por igual
compartilhada eventual informação sigilosa tornar-se-á correspon- período uma única vez, e definirá objetivamente:
sável pela manutenção do seu sigilo. I - as causas da ordem de suspensão;
§ 3º Os integrantes das linhas de defesa a que se referem os II - o modo como será garantido o atendimento do interesse
incisos I, II e III do caput deste artigo observarão o seguinte: público obstado pela suspensão da licitação, no caso de objetos es-
I - quando constatarem simples impropriedade formal, adota- senciais ou de contratação por emergência.
rão medidas para o seu saneamento e para a mitigação de riscos § 2º Ao ser intimado da ordem de suspensão do processo lici-
de sua nova ocorrência, preferencialmente com o aperfeiçoamento tatório, o órgão ou entidade deverá, no prazo de 10 (dez) dias úteis,
dos controles preventivos e com a capacitação dos agentes públicos admitida a prorrogação:
responsáveis; I - informar as medidas adotadas para cumprimento da deci-
II - quando constatarem irregularidade que configure dano à são;
Administração, sem prejuízo das medidas previstas no inciso I deste II - prestar todas as informações cabíveis;
§ 3º, adotarão as providências necessárias para a apuração das in- III - proceder à apuração de responsabilidade, se for o caso.
frações administrativas, observadas a segregação de funções e a ne- § 3º A decisão que examinar o mérito da medida cautelar a que
cessidade de individualização das condutas, bem como remeterão se refere o § 1º deste artigo deverá definir as medidas necessárias e
ao Ministério Público competente cópias dos documentos cabíveis adequadas, em face das alternativas possíveis, para o saneamento
para a apuração dos ilícitos de sua competência. do processo licitatório, ou determinar a sua anulação.
Art. 170. Os órgãos de controle adotarão, na fiscalização dos § 4º O descumprimento do disposto no § 2º deste artigo ense-
atos previstos nesta Lei, critérios de oportunidade, materialidade, jará a apuração de responsabilidade e a obrigação de reparação do
relevância e risco e considerarão as razões apresentadas pelos ór- prejuízo causado ao erário.
gãos e entidades responsáveis e os resultados obtidos com a con- Art. 172. (VETADO).
tratação, observado o disposto no § 3º do art. 169 desta Lei. Art. 173. Os tribunais de contas deverão, por meio de suas es-
§ 1º As razões apresentadas pelos órgãos e entidades respon- colas de contas, promover eventos de capacitação para os servido-
sáveis deverão ser encaminhadas aos órgãos de controle até a con- res efetivos e empregados públicos designados para o desempenho
clusão da fase de instrução do processo e não poderão ser desen- das funções essenciais à execução desta Lei, incluídos cursos pre-
tranhadas dos autos. senciais e a distância, redes de aprendizagem, seminários e con-
§ 2º A omissão na prestação das informações não impedirá as gressos sobre contratações públicas.
deliberações dos órgãos de controle nem retardará a aplicação de
qualquer de seus prazos de tramitação e de deliberação. TÍTULO V
§ 3º Os órgãos de controle desconsiderarão os documentos DISPOSIÇÕES GERAIS
impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum interesse
para o esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO I
§ 4º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica DO PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (PNCP)
poderá representar aos órgãos de controle interno ou ao tribunal
de contas competente contra irregularidades na aplicação desta Lei. Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas
Art. 171. Na fiscalização de controle será observado o seguinte: (PNCP), sítio eletrônico oficial destinado à:
I - viabilização de oportunidade de manifestação aos gestores I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por
sobre possíveis propostas de encaminhamento que terão impacto esta Lei;
significativo nas rotinas de trabalho dos órgãos e entidades fiscali- II - realização facultativa das contratações pelos órgãos e en-
zados, a fim de que eles disponibilizem subsídios para avaliação pré- tidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os
via da relação entre custo e benefício dessas possíveis proposições; entes federativos.
II - adoção de procedimentos objetivos e imparciais e elabo- § 1º O PNCP será gerido pelo Comitê Gestor da Rede Nacional
ração de relatórios tecnicamente fundamentados, baseados exclu- de Contratações Públicas, a ser presidido por representante indica-
sivamente nas evidências obtidas e organizados de acordo com as do pelo Presidente da República e composto de:
normas de auditoria do respectivo órgão de controle, de modo a I - 3 (três) representantes da União indicados pelo Presidente
evitar que interesses pessoais e interpretações tendenciosas inter- da República;
firam na apresentação e no tratamento dos fatos levantados; II - 2 (dois) representantes dos Estados e do Distrito Federal
III - definição de objetivos, nos regimes de empreitada por indicados pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Ad-
preço global, empreitada integral, contratação semi-integrada e ministração;
contratação integrada, atendidos os requisitos técnicos, legais, III - 2 (dois) representantes dos Municípios indicados pela Con-
orçamentários e financeiros, de acordo com as finalidades da con- federação Nacional de Municípios.
§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes informações
acerca das contratações:

207
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

I - planos de contratação anuais; CAPÍTULO II


II - catálogos eletrônicos de padronização; DAS ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
III - editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de
contratação direta e editais de licitação e respectivos anexos; Art. 177. O caput do art. 1.048 da Lei nº 13.105, de 16 de mar-
IV - atas de registro de preços; ço de 2015 (Código de Processo Civil), passa a vigorar acrescido do
V - contratos e termos aditivos; seguinte inciso IV:
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso. “Art.1.048. ..................................................................................
§ 3º O PNCP deverá, entre outras funcionalidades, oferecer: .....................
I - sistema de registro cadastral unificado; ....................................................................................................
II - painel para consulta de preços, banco de preços em saúde e ......................
acesso à base nacional de notas fiscais eletrônicas; IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas ge-
III - sistema de planejamento e gerenciamento de contrata- rais de licitação e contratação a que se refere o inciso XXVII do caput
ções, incluído o cadastro de atesto de cumprimento de obrigações do art. 22 da Constituição Federal.
previsto no § 4º do art. 88 desta Lei; ....................................................................................................
IV - sistema eletrônico para a realização de sessões públicas; ............” (NR)
V - acesso ao Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus- Art. 178. O Título XI da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848,
pensas (Ceis) e ao Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep); de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido
VI - sistema de gestão compartilhada com a sociedade de infor- do seguinte Capítulo II-B:
mações referentes à execução do contrato, que possibilite:
a) envio, registro, armazenamento e divulgação de mensagens “CAPÍTULO II-B
de texto ou imagens pelo interessado previamente identificado; DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
b) acesso ao sistema informatizado de acompanhamento de ADMINISTRATIVOS
obras a que se refere o inciso III do caput do art. 19 desta Lei;
c) comunicação entre a população e representantes da Admi- Contratação direta ilegal
nistração e do contratado designados para prestar as informações e Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação dire-
esclarecimentos pertinentes, na forma de regulamento; ta fora das hipóteses previstas em lei:
d) divulgação, na forma de regulamento, de relatório final com Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
informações sobre a consecução dos objetivos que tenham justifi-
cado a contratação e eventuais condutas a serem adotadas para o Frustração do caráter competitivo de licitação
aprimoramento das atividades da Administração. Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si
§ 4º O PNCP adotará o formato de dados abertos e observará as ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da
exigências previstas na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. licitação, o caráter competitivo do processo licitatório:
§ 5º (VETADO). Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 175. Sem prejuízo do disposto no art. 174 desta Lei, os en-
tes federativos poderão instituir sítio eletrônico oficial para divulga- Patrocínio de contratação indevida
ção complementar e realização das respectivas contratações. Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
§ 1º Desde que mantida a integração com o PNCP, as contrata- vado perante a Administração Pública, dando causa à instauração
ções poderão ser realizadas por meio de sistema eletrônico forneci- de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser
do por pessoa jurídica de direito privado, na forma de regulamento. decretada pelo Poder Judiciário:
§ 2º Até 31 de dezembro de 2023, os Municípios deverão rea- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
lizar divulgação complementar de suas contratações mediante pu-
blicação de extrato de edital de licitação em jornal diário de grande Modificação ou pagamento irregular em contrato administra-
circulação local. (Promulgação partes vetadas) tivo
Art. 176. Os Municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
terão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data de publicação desta dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
Lei, para cumprimento: do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput do art. 8º Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licita-
desta Lei; ção ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar
II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
eletrônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta Lei; Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
III - das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico oficial.
Parágrafo único. Enquanto não adotarem o PNCP, os Municí- Perturbação de processo licitatório
pios a que se refere o caput deste artigo deverão: Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qual-
I - publicar, em diário oficial, as informações que esta Lei exige quer ato de processo licitatório:
que sejam divulgadas em sítio eletrônico oficial, admitida a publica- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
ção de extrato;
II - disponibilizar a versão física dos documentos em suas re- Violação de sigilo em licitação
partições, vedada a cobrança de qualquer valor, salvo o referente Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em pro-
ao fornecimento de edital ou de cópia de documento, que não será cesso licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
superior ao custo de sua reprodução gráfica. Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

208
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Afastamento de licitante e demais elementos ambientais impactantes, considerados requi-


Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de vio- sitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qual- elaboração de projetos.
quer tipo: § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena pre-
da pena correspondente à violência. vista no caput deste artigo.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos nes-
desiste de licitar em razão de vantagem oferecida. te Capítulo seguirá a metodologia de cálculo prevista neste Código
e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato
Fraude em licitação ou contrato licitado ou celebrado com contratação direta.”
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, lici- Art. 179. Os incisos II e III do caput do art. 2º da Lei nº 8.987, de
tação ou contrato dela decorrente, mediante: 13 de fevereiro de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qua- “Art. 2º .......................................................................................
lidade ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos ......................
instrumentos contratuais; ....................................................................................................
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria .......................
falsificada, deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,
validade vencido; feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
III - entrega de uma mercadoria por outra; concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mer- de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
cadoria ou do serviço fornecido; sua conta e risco e por prazo determinado;
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais III - concessão de serviço público precedida da execução de
onerosa para a Administração Pública a proposta ou a execução do obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, refor-
contrato: ma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. público, delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica
Contratação inidônea ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional decla- realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
rado inidôneo: concessionária seja remunerado e amortizado mediante a explora-
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. ção do serviço ou da obra por prazo determinado;
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado ....................................................................................................
inidôneo: ..............” (NR)
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa. Art. 180. O caput do art. 10 da Lei nº 11.079, de 30 de dezem-
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, bro de 2004, passa a vigorar com a seguinte redação:
declarado inidôneo, venha a participar de licitação e, na mesma “Art. 10. A contratação de parceria público-privada será prece-
pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a dida de licitação na modalidade concorrência ou diálogo competiti-
contratar com a Administração Pública. vo, estando a abertura do processo licitatório condicionada a:
....................................................................................................
Impedimento indevido .............” (NR)
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscri-
ção de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover CAPÍTULO III
indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de re- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
gistro do inscrito:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 181. Os entes federativos instituirão centrais de compras,
com o objetivo de realizar compras em grande escala, para atender
Omissão grave de dado ou de informação por projetista a diversos órgãos e entidades sob sua competência e atingir as fina-
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pú- lidades desta Lei.
blica levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante Parágrafo único. No caso dos Municípios com até 10.000 (dez
dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo mil) habitantes, serão preferencialmente constituídos consórcios
da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vanta- públicos para a realização das atividades previstas no caput deste
josa para a Administração Pública, em contratação para a elabora- artigo, nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005.
ção de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo Art. 182. O Poder Executivo federal atualizará, a cada dia 1º
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse: de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a substituí-lo, os valores
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no PNCP.
os levantamentos suficientes e necessários para a definição da so- Art. 183. Os prazos previstos nesta Lei serão contados com ex-
lução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos clusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento e obser-
sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais varão as seguintes disposições:
I - os prazos expressos em dias corridos serão computados de
modo contínuo;

209
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

II - os prazos expressos em meses ou anos serão computados Art. 192. O contrato relativo a imóvel do patrimônio da União
de data a data; ou de suas autarquias e fundações continuará regido pela legislação
III - nos prazos expressos em dias úteis, serão computados so- pertinente, aplicada esta Lei subsidiariamente.
mente os dias em que ocorrer expediente administrativo no órgão Art. 193. Revogam-se:
ou entidade competente. I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na
§ 1º Salvo disposição em contrário, considera-se dia do começo data de publicação desta Lei;
do prazo: II - em 30 de dezembro de 2023: (Redação dada pela Medida
I - o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da infor- Provisória nº 1.167, de 2023)
mação na internet; a) a Lei nº 8.666, de 1993; (Incluído pela Medida Provisória nº
II - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quan- 1.167, de 2023)
do a notificação for pelos correios. b) a Lei nº 10.520, de 2002; e (Incluído pela Medida Provisória
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se- nº 1.167, de 2023)
guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente, c) os art. 1º a art. 47-A da Lei nº 12.462, de 2011. (Incluído
se o expediente for encerrado antes da hora normal ou se houver pela Medida Provisória nº 1.167, de 2023)
indisponibilidade da comunicação eletrônica. Art. 194. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 3º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, se no mês do
vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, Brasília, 1º de abril de 2021; 200o da Independência e 133o da
considera-se como termo o último dia do mês. República.
Art. 184. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber e
na ausência de norma específica, aos convênios, acordos, ajustes e
outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades PROCESSO ADMINISTRATIVO NA ADMINISTRAÇÃO
da Administração Pública, na forma estabelecida em regulamento FEDERAL (LEI Nº 9.784/99) E SUAS ALTERAÇÕES.
do Poder Executivo federal.
Art. 185. Aplicam-se às licitações e aos contratos regidos pela LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, as disposições do Capítulo
II-B do Título XI da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de Vide Decreto nº 10.882, de 2021
dezembro de 1940 (Código Penal). Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
Art. 186. Aplicam-se as disposições desta Lei subsidiariamente Pública Federal.
à Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, à Lei nº 11.079, de 30 de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
dezembro de 2004, e à Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 187. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
aplicar os regulamentos editados pela União para execução desta CAPÍTULO I
Lei. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 188. (VETADO).
Art. 189. Aplica-se esta Lei às hipóteses previstas na legislação Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
que façam referência expressa à Lei nº 8.666, de 21 de junho de ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,
1993, à Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e aos arts. 1º a 47-A visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido assinado an- § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
tes da entrada em vigor desta Lei continuará a ser regido de acordo Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
com as regras previstas na legislação revogada. de função administrativa.
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
caput do art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou con- I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad-
tratar diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis ministração direta e da estrutura da Administração indireta;
citadas no referido inciso, desde que:(Redação dada pela Medida II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
Provisória nº 1.167, de 2023) jurídica;
I - a publicação do edital ou do ato autorizativo da contratação III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
direta ocorra até 29 de dezembro de 2023; e(Incluído pela Medida de decisão.
Provisória nº 1.167, de 2023) Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
II -a opção escolhida seja expressamente indicada no edital ou princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
no ato autorizativo da contratação direta. (Incluído pela Medida porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
Provisória nº 1.167, de 2023) ça jurídica, interesse público e eficiência.
§ 1º Na hipótese do caput, se a Administração optar por licitar Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
de acordo com as leis citadas no inciso II do caput do art. 193, o dos, entre outros, os critérios de:
respectivo contrato será regido pelas regras nelas previstas durante I - atuação conforme a lei e o Direito;
toda a sua vigência.(Incluído pela Medida Provisória nº 1.167, de II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
2023) tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
§ 2º É vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
no inciso II do caput do art. 193. (Incluído pela Medida Provisória a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
nº 1.167, de 2023)

210
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e CAPÍTULO IV


boa-fé; DO INÍCIO DO PROCESSO
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
hipóteses de sigilo previstas na Constituição; Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- pedido de interessado.
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita- Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
mente necessárias ao atendimento do interesse público; que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter- conter os seguintes dados:
minarem a decisão; I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos II - identificação do interessado ou de quem o represente;
direitos dos administrados; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co-
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- municações;
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi- IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
nistrados; fundamentos;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale- V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in-
litígio; teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
as previstas em lei; modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem preju- pretensões equivalentes.
ízo da atuação dos interessados; Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me- tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula-
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
aplicação retroativa de nova interpretação.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO II DOS INTERESSADOS
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi-
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad- nistrativo:
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re-
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de presentação;
suas obrigações; II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có- III - as organizações e associações representativas, no tocante a
pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões profe- direitos e interesses coletivos;
ridas; IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci- to a direitos ou interesses difusos.
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor-
quando obrigatória a representação, por força de lei. mativo próprio.

CAPÍTULO III CAPÍTULO VI


DOS DEVERES DO ADMINISTRADO DA COMPETÊNCIA

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
I - expor os fatos conforme a verdade; delegação e avocação legalmente admitidos.
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
III - não agir de modo temerário; houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo- tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
rar para o esclarecimento dos fatos. mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;

211
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,
dade. no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- o processo.
cados no meio oficial. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
de exercício da atribuição delegada. autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo-
autoridade delegante. tivo de força maior.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- até o dobro, mediante comprovada justificação.
legado. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de o local de realização.
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi- CAPÍTULO IX
camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor administrativo determinará a intimação do interessado para ciência
grau hierárquico para decidir. de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 1o A intimação deverá conter:
CAPÍTULO VII I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad-
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO ministrativa;
II - finalidade da intimação;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser- III - data, hora e local em que deve comparecer;
vidor ou autoridade que: IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; representar;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste- V - informação da continuidade do processo independente-
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao mente do seu comparecimento;
cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte- § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias
ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro. úteis quanto à data de comparecimento.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen- § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
de atuar. meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi- § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor meio de publicação oficial.
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte- § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
e afins até o terceiro grau. pre sua falta ou irregularidade.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
administrado.
CAPÍTULO VIII Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO do direito de ampla defesa ao interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em de outra natureza, de seu interesse.
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somen-
te será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
ser feita pelo órgão administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüen-
cialmente e rubricadas.

212
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO X Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou


DA INSTRUÇÃO a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e forma e condições de atendimento.
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór-
de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces- gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a
so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
probatórias. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au- interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o
tos os dados necessários à decisão do processo. não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec-
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessa- tiva apresentação implicará arquivamento do processo.
dos devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan-
obtidas por meios ilícitos. do-se data, hora e local de realização.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin-
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para prazo.
a parte interessada. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti-
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva
pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos- apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale- § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
gações escritas. emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de quem se omitiu no atendimento.
de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser
comum a todas as alegações substancialmente iguais. previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res-
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú- ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór-
blica para debates sobre a matéria do processo. gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for
administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa- legalmente fixado.
ções legalmente reconhecidas. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou- poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
tros meios de participação de administrados deverão ser apresen- prévia manifestação do interessado.
tados com a indicação do procedimento adotado. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que
cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali- o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote-
zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre- gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi-
ser juntada aos autos. tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale- conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci-
gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori-
instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. dade competente.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
registrados em documentos existentes na própria Administração CAPÍTULO XI
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór- DO DEVER DE DECIDIR
gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos
documentos ou das respectivas cópias. Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla-
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili- mações, em matéria de sua competência.
gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad-
objeto do processo. ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro-
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na gação por igual período expressamente motivada.
motivação do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun-
damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

213
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XI-A Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao
DA DECISÃO COORDENADA objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada
será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações:
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de- (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210,
setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci- de 2021)
são coordenada, sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pela Lei nº
2021) 14.210, de 2021)
I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;
Lei nº 14.210, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - houver discordância que prejudique a celeridade do pro- IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das
cesso administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº 14.210, de propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca-
2021)
ção; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada
V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atu-
a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua
de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces- ação governamental em matéria idêntica ou similar; e (Incluído
so administrativo mediante participação concomitante de todas as pela Lei nº 14.210, de 2021)
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria su-
técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida- jeita à sua competência. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti- § 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun-
nente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) matéria de competência do órgão ou da entidade representada.
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade origi- § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
nária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído pela Lei § 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União,
nº 14.210, de 2021) do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV do
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali- caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada
dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor,
necessário, da simplificação do procedimento e da concentração para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº 14.210,
das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) de 2021)
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi-
nistrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
CAPÍTULO XII
I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei DA MOTIVAÇÃO
nº 14.210, de 2021)
III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin- Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
tos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde- I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art. II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir pública;
direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
responsável pela convocação da decisão coordenada. (Incluído tatório;
pela Lei nº 14.210, de 2021) V - decidam recursos administrativos;
Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) VI - decorram de reexame de ofício;
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
intimados na forma do art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei nº ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
14.210, de 2021) VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável ção de ato administrativo.
pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po-
respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar
dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos
o processo da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021) de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo neste caso, serão parte integrante do ato.
abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre- § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode
cedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte-
coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma ressados.
fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte- § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis-
ração necessárias para a resolução da questão. (Incluído pela Lei sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo
nº 14.210, de 2021) escrito.

214
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XIII III - as organizações e associações representativas, no tocante a


DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO direitos e interesses coletivos;
PROCESSO IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
difusos.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re- para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ci-
nunciar a direitos disponíveis. ência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
atinge somente quem a tenha formulado. trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o do recebimento dos autos pelo órgão competente.
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administra- § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
ção considerar que o interesse público assim o exige. prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces- Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
CAPÍTULO XIV efeito suspensivo.
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan- ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de efeito suspensivo ao recurso.
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis- conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários de cinco dias úteis, apresentem alegações.
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
salvo comprovada má-fé. I - fora do prazo;
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de- II - perante órgão incompetente;
cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. III - por quem não seja legitimado;
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- IV - após exaurida a esfera administrativa.
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à va- § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a au-
lidade do ato. toridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra-
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen- ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad- administrativa.
ministração. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con-
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci-
CAPÍTULO XV são recorrida, se a matéria for de sua competência.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi-
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de cado para que formule suas alegações antes da decisão.
razões de legalidade e de mérito. Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a deci- súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso ex-
são, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encami- plicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
nhará à autoridade superior. conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vi-
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra- gência
tivo independe de caução. Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclama-
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa con- ção fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-
traria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prola- -se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
tora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplica- administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabiliza-
bilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído ção pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela
pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san-
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- veis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
cesso; Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente agravamento da sanção.
afetados pela decisão recorrida;

215
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011, LEI DE
ACESSO A INFORMAÇÃO
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin- LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
do-se o do vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se- Regulamento
guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art.
ou este for encerrado antes da hora normal. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Consti-
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. tuição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
os prazos processuais não se suspendem. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO XVII CAPÍTULO I


DAS SANÇÕES DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser-
tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa- vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim
zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art.
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constitui-
CAPÍTULO XVIII ção Federal.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju-
reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente diciário e do Ministério Público;
os preceitos desta Lei. II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu-
parte ou interessado:(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). nicípios.
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza-
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente
pela Lei nº 12.008, de 2009). do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão,
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen-
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, tos congêneres.
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan- Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en-
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui- tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos
losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, a que estejam legalmente obrigadas.
síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as-
com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser
doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído executados em conformidade com os princípios básicos da adminis-
pela Lei nº 12.008, de 2009). tração pública e com as seguintes diretrizes:
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra- como exceção;
tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri- II - divulgação de informações de interesse público, indepen-
das.(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). dentemente de solicitações;
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído nologia da informação;
pela Lei nº 12.008, de 2009). IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência
§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). na administração pública;
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). V - desenvolvimento do controle social da administração pú-
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. blica.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e 111o Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
da República. I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti-
lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
qualquer meio, suporte ou formato;

216
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

II - documento: unidade de registro de informações, qualquer b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
que seja o suporte ou formato; de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in-
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022)
para a segurança da sociedade e do Estado; § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen-
identificada ou identificável; to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu-
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à rança da sociedade e do Estado.
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, § 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação
transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena- por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa- sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
ção; parte sob sigilo.
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co- § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au- neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
torizados; e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci-
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido sório respectivo.
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in- § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for-
divíduo, equipamento ou sistema; mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in- fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
clusive quanto à origem, trânsito e destino; termos do art. 32 desta Lei.
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações. interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor- de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu-
mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e mentação.
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res-
preensão. ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro-
CAPÍTULO II vem sua alegação.
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa- acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte-
das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces- § 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput,
so a ela e sua divulgação; deverão constar, no mínimo:
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, I - registro das competências e estrutura organizacional, en-
autenticidade e integridade; e dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi-
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, mento ao público;
observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even- II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur-
tual restrição de acesso. sos financeiros;
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen- III - registros das despesas;
de, entre outros, os direitos de obter: IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in-
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os
acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou contratos celebrados;
obtida a informação almejada; V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações,
II - informação contida em registros ou documentos, produ- projetos e obras de órgãos e entidades; e
zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
não a arquivos públicos; § 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti-
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí-
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios
ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; oficiais da rede mundial de computadores (internet).
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; § 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regula-
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti- mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú- acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis- linguagem de fácil compreensão;
trativos; e II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
VII - informação relativa: eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
como metas e indicadores propostos; em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;

217
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura- II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
ção da informação; parcial, do acesso pretendido; ou
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
disponíveis para acesso; seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co- interessado da remessa de seu pedido de informação.
municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida- § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais
de detentora do sítio; e 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientifi-
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili- cado o requerente.
dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po-
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar
pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008. a informação de que necessitar.
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha- § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor-
bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor-
a que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe-
financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com- tente para sua apreciação.
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade § 5º A informação armazenada em formato digital será forneci-
Fiscal). da nesse formato, caso haja anuência do requerente.
Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me- § 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público
diante: em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o
entidades do poder público, em local com condições apropriadas lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão
para:
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
ções;
mesmo tais procedimentos.
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é
pectivas unidades;
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser
mações; e
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à custo dos serviços e dos materiais utilizados. (Vide Lei nº 14.129,
participação popular ou a outras formas de divulgação. de 2021) (Vigência)
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos
CAPÍTULO III no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa-
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.
SEÇÃO I Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação
DO PEDIDO DE ACESSO é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência)
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma-
acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da
desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela
identificação do requerente e a especificação da informação reque- entidade pública consultada.(Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021)
rida. (Vigência)
§ 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi- § 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º deste
ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem
a solicitação. prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da
§ 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.(Incluído pela Lei nº 14.129,
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de de 2021) (Vigência)
seus sítios oficiais na internet. Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de-
determinantes da solicitação de informações de interesse público. verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce- confere com o original.
der o acesso imediato à informação disponível. Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
§ 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve- de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: ponha em risco a conservação do documento original.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
efetuar a reprodução ou obter a certidão; de negativa de acesso, por certidão ou cópia.

218
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO II § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor-


DOS RECURSOS marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do
Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou recurso, negarem acesso a informações de interesse público.
às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re- Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº
curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este
ciência. Capítulo.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se CAPÍTULO IV
manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à SEÇÃO I
Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) DISPOSIÇÕES GERAIS
dias se:
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
gado; à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par- Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi- sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati-
ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não
pedido de acesso ou desclassificação; poderão ser objeto de restrição de acesso.
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi- industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi-
mentos previstos nesta Lei. ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri- qualquer vínculo com o poder público.
gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior SEÇÃO II
àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E
de 5 (cinco) dias. PRAZOS DE SIGILO
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro-
ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que ado- Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie-
te as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor-
nesta Lei. mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida-
União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia- de do território nacional;
ção de Informações, a que se refere o art. 35. II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica- relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas
ção de informação protocolado em órgão da administração públi- em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava- IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica
liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. ou monetária do País;
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri- V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi-
gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia- cos das Forças Armadas;
ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen-
autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens,
Armadas, ao respectivo Comando. instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori-
objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in-
prevista no art. 35. vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre-
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias venção ou repressão de infrações.
proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica- Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi-
ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró- cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer ultrassecreta, secreta ou reservada.
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido. § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
Art. 19. (VETADO). conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data
§ 1º (VETADO). de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e

219
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

III - reservada: 5 (cinco) anos. d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e


§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju- no exterior;
ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si- II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos
gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda-
em caso de reeleição. des de economia mista; e
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , poderá ser III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia,
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
do prazo máximo de classificação. Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula-
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis-
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au- posto nesta Lei.
tomaticamente, de acesso público. § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: no exterior, vedada a subdelegação.
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do § 2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre-
Estado; e to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de-
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo
defina seu termo final. previsto em regulamento.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classificar in-
SEÇÃO III formação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que
DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a
que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si-
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os
assegurando a sua proteção. (Regulamento) seguintes elementos:
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas- I - assunto sobre o qual versa a informação;
sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne- II - fundamento da classificação, observados os critérios esta-
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na belecidos no art. 24;
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
públicos autorizados por lei. dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
§ 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a previstos no art. 24; e
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. IV - identificação da autoridade que a classificou.
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo mesmo grau de sigilo da informação classificada.
a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela au-
divulgação não autorizados. toridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente supe-
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne- rior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previs-
cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente tos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução
conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu- do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24. (Regulamento)
rança para tratamento de informações sigilosas. § 1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto-
razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades ridades ou agentes públicos.
de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne- § 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa-
cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de
observem as medidas e procedimentos de segurança das informa- danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
ções resultantes da aplicação desta Lei. § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação,
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua
SEÇÃO IV produção.
DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO, RECLASSIFICAÇÃO Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pu-
E DESCLASSIFICAÇÃO blicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da regulamento:
administração pública federal é de competência: (Regulamento) I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: últimos 12 (doze) meses;
a) Presidente da República; II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
b) Vice-Presidente da República; identificação para referência futura;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro-
gativas;

220
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa- à informação;
ções genéricas sobre os solicitantes. IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi- acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes. V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo por outrem;
e dos fundamentos da classificação. VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in-
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo
SEÇÃO V de terceiros; e
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con-
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito agentes do Estado.
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, § 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão con-
individuais. sideradas:
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas,
vas à intimidade, vida privada, honra e imagem: transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios ne-
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica- les estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou
ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da contravenção penal; ou
sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
à pessoa a que elas se referirem; e de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei- ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa estabelecidos.
a que elas se referirem. § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata agente público responder, também, por improbidade administrati-
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950,
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será exi- e 8.429, de 2 de junho de 1992.
gido quando as informações forem necessárias: Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor-
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder
física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamen- público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
te para o tratamento médico; seguintes sanções:
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi- I - advertência;
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a II - multa;
identificação da pessoa a que as informações se referirem; III - rescisão do vínculo com o poder público;
III - ao cumprimento de ordem judicial; IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe-
IV - à defesa de direitos humanos; ou dimento de contratar com a administração pública por prazo não
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. superior a 2 (dois) anos; e
§ 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito administração pública, até que seja promovida a reabilitação peran-
de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o te a própria autoridade que aplicou a penalidade.
titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol- § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli-
tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata- do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
mento de informação pessoal. § 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti-
CAPÍTULO V dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
DAS RESPONSABILIDADES aplicada com base no inciso IV.
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên-
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili- cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
dade do agente público ou militar: facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des- de 10 (dez) dias da abertura de vista.
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamen-
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; te pelos danos causados em decorrência da divulgação não autori-
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili- zada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci- casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou
função pública;

221
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi- Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea-
ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na- valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre-
tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de
ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. vigência desta Lei.
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia-
CAPÍTULO VI ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS vistos nesta Lei.
§ 2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação
Art. 35. (VETADO). prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co-
§ 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa- missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos
ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so- desta Lei.
bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto
competência para: no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da
I - requisitar da autoridade que classificar informação como ul- legislação precedente.
trassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou inte- § 4º As informações classificadas como secretas e ultrassecre-
gral da informação; tas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas,
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se- automaticamente, de acesso público.
cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que
ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór-
acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;
do art. 24. II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre-
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno- sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
vação. III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º deve- e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum-
ou secretos. primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º implicará a tração pública federal responsável:
desclassificação automática das informações. I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo-
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e mento à cultura da transparência na administração pública e cons-
funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, cientização do direito fundamental de acesso à informação;
observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de- II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
mais disposições desta Lei. (Regulamento) desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi-
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra- nistração pública;
tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco- III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
mendações constantes desses instrumentos. ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi-
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti- cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre- IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório
denciamento (NSC), que tem por objetivos: (Regulamento) anual com informações atinentes à implementação desta Lei.
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei
de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu-
tratamento de informações sigilosas; e blicação.
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem-
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, “Art. 116. ...................................................................
acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo ............................................................................................
das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
órgãos competentes. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
ganização e funcionamento do NSC. dade competente para apuração;
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no- .................................................................................” (NR)
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover- passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
namentais ou de caráter público.

222
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- I - a operação de tratamento seja realizada no território nacio-
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- nal;
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o
autoridade competente para apuração de informação concernente fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de in-
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, divíduos localizados no território nacional; ou (Redação dada pela
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun- Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
ção pública.” III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido cole-
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, tados no território nacional.
em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas § 1º Consideram-se coletados no território nacional os dados
nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis- pessoais cujo titular nele se encontre no momento da coleta.
posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III. § 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo o tratamen-
Art. 46. Revogam-se: to de dados previsto no inciso IV do caput do art. 4º desta Lei.
I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais:
II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente parti-
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após culares e não econômicos;
a data de sua publicação. II - realizado para fins exclusivamente:
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e a) jornalístico e artísticos; ou
123º da República b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11
desta Lei;
III - realizado para fins exclusivos de:
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018: LEI GERAL a) segurança pública;
DE PROTEÇÃO DE DADOS. b) defesa nacional;
c) segurança do Estado; ou
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018 d) atividades de investigação e repressão de infrações penais;
ou
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). (Redação IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes
de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pesso-
ais adequado ao previsto nesta Lei.
CAPÍTULO I § 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES regido por legislação específica, que deverá prever medidas pro-
porcionais e estritamente necessárias ao atendimento do interesse
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, público, observados o devido processo legal, os princípios gerais de
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurí- proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei.
dica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os § 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desen- III do caput deste artigo por pessoa de direito privado, exceto em
volvimento da personalidade da pessoa natural. procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de direito público, que
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de in- serão objeto de informe específico à autoridade nacional e que de-
teresse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Dis- verão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo.
trito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou reco-
Vigência mendações referentes às exceções previstas no inciso III do caput
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como deste artigo e deverá solicitar aos responsáveis relatórios de impac-
fundamentos: to à proteção de dados pessoais.
I - o respeito à privacidade; § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
II - a autodeterminação informativa; de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que possua
e de opinião; capital integralmente constituído pelo poder público. (Redação
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consu- I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural iden-
midor; e tificada ou identificável;
VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personali- II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou
dade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento re- organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referen-
alizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público te à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou do vinculado a uma pessoa natural;
país onde estejam localizados os dados, desde que:

223
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res-
identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento des-
e disponíveis na ocasião de seu tratamento; ta Lei em todo o território nacional. (Redação dada pela Lei nº
IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, 13.853, de 2019) Vigência
estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão
físico; observar a boa-fé e os seguintes princípios:
V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legí-
que são objeto de tratamento; timos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibi-
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público lidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas
ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamen- finalidades;
to de dados pessoais; II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalida-
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou des informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo neces-
controlador; sário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera- dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às
dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os finalidades do tratamento de dados;
titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e
(ANPD); (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre
IX - agentes de tratamento: o controlador e o operador; a integralidade de seus dados pessoais;
X - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão,
como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a ne-
utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processa- cessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;
mento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações cla-
controle da informação, modificação, comunicação, transferência, ras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamen-
difusão ou extração; to e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos
XI - anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e dis- comercial e industrial;
poníveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrati-
perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indi- vas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados
víduo; e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração,
XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívo- comunicação ou difusão;
ca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência
pessoais para uma finalidade determinada; de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação IX - não discriminação: impossibilidade de realização do trata-
de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de mento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;
dados; X - responsabilização e prestação de contas: demonstração,
XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de compro-
armazenados em banco de dados, independentemente do proce- var a observância e o cumprimento das normas de proteção de da-
dimento empregado; dos pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
XV - transferência internacional de dados: transferência de da-
dos pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do CAPÍTULO II
qual o país seja membro; DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, trans-
ferência internacional, interconexão de dados pessoais ou trata- SEÇÃO I
mento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e DOS REQUISITOS PARA O TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
entidades públicos no cumprimento de suas competências legais,
ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser
específica, para uma ou mais modalidades de tratamento permiti- realizado nas seguintes hipóteses:
das por esses entes públicos, ou entre entes privados; I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;
XVII - relatório de impacto à proteção de dados pessoais: docu- II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
mentação do controlador que contém a descrição dos processos de controlador;
tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades III - pela administração pública, para o tratamento e uso com-
civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas partilhado de dados necessários à execução de políticas públicas
e mecanismos de mitigação de risco; previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, con-
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração vênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do
pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem Capítulo IV desta Lei;
fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com IV - para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garanti-
sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em da, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais;
seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de V - quando necessário para a execução de contrato ou de pro-
caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (Reda- cedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte
ção dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência o titular, a pedido do titular dos dados;

224
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - para o exercício regular de direitos em processo judicial, § 6º Em caso de alteração de informação referida nos incisos
administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei nº 9.307, I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controlador deverá informar ao
de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ; titular, com destaque de forma específica do teor das alterações,
VII - para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular podendo o titular, nos casos em que o seu consentimento é exigido,
ou de terceiro; revogá-lo caso discorde da alteração.
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autorida- sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibiliza-
de sanitária; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi- das de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras
gência características previstas em regulamentação para o atendimento do
IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do princípio do livre acesso:
controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direi- I - finalidade específica do tratamento;
tos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos II - forma e duração do tratamento, observados os segredos
dados pessoais; ou comercial e industrial;
X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na III - identificação do controlador;
legislação pertinente. IV - informações de contato do controlador;
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) V - informações acerca do uso compartilhado de dados pelo
Vigência controlador e a finalidade;
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamen-
Vigência to; e
§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos conti-
deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse público que jus- dos no art. 18 desta Lei.
tificaram sua disponibilização. § 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse
§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no será considerado nulo caso as informações fornecidas ao titular te-
caput deste artigo para os dados tornados manifestamente públi- nham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresen-
cos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios tadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca.
previstos nesta Lei. § 2º Na hipótese em que o consentimento é requerido, se hou-
§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no in- ver mudanças da finalidade para o tratamento de dados pessoais
ciso I do caput deste artigo que necessitar comunicar ou comparti- não compatíveis com o consentimento original, o controlador de-
lhar dados pessoais com outros controladores deverá obter consen- verá informar previamente o titular sobre as mudanças de finalida-
timento específico do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses de, podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde das
de dispensa do consentimento previstas nesta Lei. alterações.
§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não § 3º Quando o tratamento de dados pessoais for condição para
desobriga os agentes de tratamento das demais obrigações previs- o fornecimento de produto ou de serviço ou para o exercício de di-
tas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e reito, o titular será informado com destaque sobre esse fato e sobre
da garantia dos direitos do titular. os meios pelos quais poderá exercer os direitos do titular elencados
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se re- no art. 18 desta Lei.
ferem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas Art. 10. O legítimo interesse do controlador somente poderá
finalidades, desde que observados os propósitos legítimos e espe- fundamentar tratamento de dados pessoais para finalidades legí-
cíficos para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titu- timas, consideradas a partir de situações concretas, que incluem,
lar, assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. mas não se limitam a:
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência I - apoio e promoção de atividades do controlador; e
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei II - proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus
deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre direitos ou prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as
a manifestação de vontade do titular. legítimas expectativas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse de- nos termos desta Lei.
verá constar de cláusula destacada das demais cláusulas contratu- § 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo interesse do
ais. controlador, somente os dados pessoais estritamente necessários
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o consenti- para a finalidade pretendida poderão ser tratados.
mento foi obtido em conformidade com o disposto nesta Lei. § 2º O controlador deverá adotar medidas para garantir a
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício transparência do tratamento de dados baseado em seu legítimo
de consentimento. interesse.
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades determi- § 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao controlador re-
nadas, e as autorizações genéricas para o tratamento de dados pes- latório de impacto à proteção de dados pessoais, quando o trata-
soais serão nulas. mento tiver como fundamento seu interesse legítimo, observados
§ 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer momento os segredos comercial e industrial.
mediante manifestação expressa do titular, por procedimento gra-
tuito e facilitado, ratificados os tratamentos realizados sob amparo
do consentimento anteriormente manifestado enquanto não hou-
ver requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI do caput
do art. 18 desta Lei.

225
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO II Art. 12. Os dados anonimizados não serão considerados dados


DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS SENSÍVEIS pessoais para os fins desta Lei, salvo quando o processo de anoni-
mização ao qual foram submetidos for revertido, utilizando exclusi-
Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente po- vamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis, puder
derá ocorrer nas seguintes hipóteses: ser revertido.
I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma § 1º A determinação do que seja razoável deve levar em con-
específica e destacada, para finalidades específicas; sideração fatores objetivos, tais como custo e tempo necessários
II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóte- para reverter o processo de anonimização, de acordo com as tecno-
ses em que for indispensável para: logias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro- § 2º Poderão ser igualmente considerados como dados pesso-
lador; ais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para formação do perfil
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, comportamental de determinada pessoa natural, se identificada.
pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis § 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões e téc-
ou regulamentos; nicas utilizados em processos de anonimização e realizar verifica-
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sem- ções acerca de sua segurança, ouvido o Conselho Nacional de Pro-
pre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis; teção de Dados Pessoais.
d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em pro- Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos
cesso judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da de pesquisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que se-
Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ; rão tratados exclusivamente dentro do órgão e estritamente para
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em
terceiro; ambiente controlado e seguro, conforme práticas de segurança pre-
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado vistas em regulamento específico e que incluam, sempre que pos-
por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sani- sível, a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem como
tária; ou (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência considerem os devidos padrões éticos relacionados a estudos e
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos pesquisas.
processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas § 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do es-
eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta tudo ou da pesquisa de que trata o caput deste artigo em nenhuma
Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades funda- hipótese poderá revelar dados pessoais.
mentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais. § 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela segurança
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tratamento da informação prevista no caput deste artigo, não permitida, em
de dados pessoais que revele dados pessoais sensíveis e que possa circunstância alguma, a transferência dos dados a terceiro.
causar dano ao titular, ressalvado o disposto em legislação especí- § 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será objeto de
fica. regulamentação por parte da autoridade nacional e das autorida-
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas “a” e “b” des da área de saúde e sanitárias, no âmbito de suas competências.
do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos e pelas entidades pú- § 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização é o tra-
blicas, será dada publicidade à referida dispensa de consentimento, tamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de as-
nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei. sociação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de in-
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais formação adicional mantida separadamente pelo controlador em
sensíveis entre controladores com objetivo de obter vantagem eco- ambiente controlado e seguro.
nômica poderá ser objeto de vedação ou de regulamentação por
parte da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do Poder SEÇÃO III
Público, no âmbito de suas competências. DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS DE CRIANÇAS E DE
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre ADOLESCENTES
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela- Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de ado-
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica lescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, deste artigo e da legislação pertinente.
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser
dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: (Redação realizado com o consentimento específico e em destaque dado por
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal.
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo,
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência os controladores deverão manter pública a informação sobre os ti-
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do pos de dados coletados, a forma de sua utilização e os procedimen-
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. (In- tos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção for necessária para contatar os pais ou o responsável legal, utiliza-
de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como na dos uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e
contratação e exclusão de beneficiários. (Incluído pela Lei nº em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consen-
13.853, de 2019) Vigência timento de que trata o § 1º deste artigo.

226
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º Os controladores não deverão condicionar a participação V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou
dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula-
de internet ou outras atividades ao fornecimento de informações mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer-
pessoais além das estritamente necessárias à atividade. cial e industrial; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi-
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis gência
para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste ar- VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o consenti-
tigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tecno- mento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei;
logias disponíveis. VII - informação das entidades públicas e privadas com as quais
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas o controlador realizou uso compartilhado de dados;
neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e VIII - informação sobre a possibilidade de não fornecer consen-
acessível, consideradas as características físico-motoras, percepti- timento e sobre as consequências da negativa;
vas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de re- IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art.
cursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a 8º desta Lei.
informação necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada § 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em
ao entendimento da criança. relação aos seus dados contra o controlador perante a autoridade
nacional.
SEÇÃO IV § 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado com funda-
DO TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS mento em uma das hipóteses de dispensa de consentimento, em
caso de descumprimento ao disposto nesta Lei.
Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá § 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos mediante
nas seguintes hipóteses: requerimento expresso do titular ou de representante legalmente
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os constituído, a agente de tratamento.
dados deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da § 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata da pro-
finalidade específica almejada; vidência de que trata o § 3º deste artigo, o controlador enviará ao
II - fim do período de tratamento; titular resposta em que poderá:
III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito I - comunicar que não é agente de tratamento dos dados e indi-
de revogação do consentimento conforme disposto no § 5º do art. car, sempre que possível, o agente; ou
8º desta Lei, resguardado o interesse público; ou II - indicar as razões de fato ou de direito que impedem a ado-
IV - determinação da autoridade nacional, quando houver vio- ção imediata da providência.
lação ao disposto nesta Lei. § 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo será atendi-
Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de do sem custos para o titular, nos prazos e nos termos previstos em
seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das atividades, regulamento.
autorizada a conservação para as seguintes finalidades: § 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro- agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti-
lador; lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo-
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possí- queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
vel, a anonimização dos dados pessoais; nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos-
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisi- sível ou implique esforço desproporcional. (Redação dada pela Lei
tos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou nº 13.853, de 2019) Vigência
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por tercei- § 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se refere o inciso
ro, e desde que anonimizados os dados. V do caput deste artigo não inclui dados que já tenham sido anoni-
mizados pelo controlador.
CAPÍTULO III § 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também po-
DOS DIREITOS DO TITULAR derá ser exercido perante os organismos de defesa do consumidor.
Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a dados pesso-
Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de ais serão providenciados, mediante requisição do titular:
seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liber- I - em formato simplificado, imediatamente; ou
dade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei. II - por meio de declaração clara e completa, que indique a ori-
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do con- gem dos dados, a inexistência de registro, os critérios utilizados e a
trolador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qual- finalidade do tratamento, observados os segredos comercial e in-
quer momento e mediante requisição: dustrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) dias, contado da data
I - confirmação da existência de tratamento; do requerimento do titular.
II - acesso aos dados; § 1º Os dados pessoais serão armazenados em formato que
III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualiza- favoreça o exercício do direito de acesso.
dos; § 2º As informações e os dados poderão ser fornecidos, a cri-
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desneces- tério do titular:
sários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse fim; ou
nesta Lei; II - sob forma impressa.

227
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º Quando o tratamento tiver origem no consentimento do § 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas jurídicas
titular ou em contrato, o titular poderá solicitar cópia eletrônica in- mencionadas no caput deste artigo de instituir as autoridades de
tegral de seus dados pessoais, observados os segredos comercial e que trata a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Aces-
industrial, nos termos de regulamentação da autoridade nacional, so à Informação) .
em formato que permita a sua utilização subsequente, inclusive em § 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos direitos do
outras operações de tratamento. titular perante o Poder Público observarão o disposto em legislação
§ 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma diferencia- específica, em especial as disposições constantes da Lei nº 9.507,
da acerca dos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo de 12 de novembro de 1997 (Lei do Habeas Data) , da Lei nº 9.784,
para os setores específicos. de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) ,
Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de e da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à
decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa- Informação) .
tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as § 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter pri-
decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de vado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. (Re- dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, nos
dação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência termos desta Lei.
§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas, § 5º Os órgãos notariais e de registro devem fornecer acesso
informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos pro- aos dados por meio eletrônico para a administração pública, tendo
cedimentos utilizados para a decisão automatizada, observados os em vista as finalidades de que trata o caput deste artigo.
segredos comercial e industrial. Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de economia
§ 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata mista que atuam em regime de concorrência, sujeitas ao disposto
o § 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e no art. 173 da Constituição Federal , terão o mesmo tratamento
industrial, a autoridade nacional poderá realizar auditoria para veri- dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos
ficação de aspectos discriminatórios em tratamento automatizado termos desta Lei.
de dados pessoais. Parágrafo único. As empresas públicas e as sociedades de eco-
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi- nomia mista, quando estiverem operacionalizando políticas pú-
gência blicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento
Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos
direitos pelo titular não podem ser utilizados em seu prejuízo. deste Capítulo.
Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato interoperá-
dados poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na vel e estruturado para o uso compartilhado, com vistas à execução
forma do disposto na legislação pertinente, acerca dos instrumen- de políticas públicas, à prestação de serviços públicos, à descen-
tos de tutela individual e coletiva. tralização da atividade pública e à disseminação e ao acesso das
informações pelo público em geral.
CAPÍTULO IV Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder Pú-
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO blico deve atender a finalidades específicas de execução de políticas
públicas e atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,
SEÇÃO I respeitados os princípios de proteção de dados pessoais elencados
DAS REGRAS no art. 6º desta Lei.
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a entidades privadas
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas dados pessoais constantes de bases de dados a que tenha acesso,
de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº exceto:
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , I - em casos de execução descentralizada de atividade pública
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, que exija a transferência, exclusivamente para esse fim específico
na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as e determinado, observado o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de
competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço pú- novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ;
blico, desde que: II - (VETADO);
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exercício de suas III - nos casos em que os dados forem acessíveis publicamente,
competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecen- observadas as disposições desta Lei.
do informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a fina- IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
lidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou
dessas atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
em seus sítios eletrônicos; V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
II - (VETADO); e vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta que vedado o tratamento para outras finalidades. (Incluído pela Lei
Lei; e (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência nº 13.853, de 2019) Vigência
IV - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi- § 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º deste artigo
gência deverão ser comunicados à autoridade nacional.
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as formas de
publicidade das operações de tratamento.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de dados pes- VII - quando a transferência for necessária para a execução de
soais de pessoa jurídica de direito público a pessoa de direito priva- política pública ou atribuição legal do serviço público, sendo dada
do será informado à autoridade nacional e dependerá de consenti- publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei;
mento do titular, exceto: VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consentimento es-
I - nas hipóteses de dispensa de consentimento previstas nesta pecífico e em destaque para a transferência, com informação prévia
Lei; sobre o caráter internacional da operação, distinguindo claramente
II - nos casos de uso compartilhado de dados, em que será dada esta de outras finalidades; ou
publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; ou IX - quando necessário para atender as hipóteses previstas nos
III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta Lei. incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste artigo, as pessoas
trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação. (Inclu- jurídicas de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Infor-
Art. 28. (VETADO). mação) , no âmbito de suas competências legais, e responsáveis, no
Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo- âmbito de suas atividades, poderão requerer à autoridade nacional
mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de a avaliação do nível de proteção a dados pessoais conferido por país
operações de tratamento de dados pessoais, informações específi- ou organismo internacional.
cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra- Art. 34. O nível de proteção de dados do país estrangeiro ou do
tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar organismo internacional mencionado no inciso I do caput do art.
para garantir o cumprimento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 33 desta Lei será avaliado pela autoridade nacional, que levará em
13.853, de 2019) Vigência consideração:
Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer normas I - as normas gerais e setoriais da legislação em vigor no país de
complementares para as atividades de comunicação e de uso com- destino ou no organismo internacional;
partilhado de dados pessoais. II - a natureza dos dados;
III - a observância dos princípios gerais de proteção de dados
SEÇÃO II pessoais e direitos dos titulares previstos nesta Lei;
DA RESPONSABILIDADE IV - a adoção de medidas de segurança previstas em regula-
mento;
Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em decorrência do V - a existência de garantias judiciais e institucionais para o res-
tratamento de dados pessoais por órgãos públicos, a autoridade peito aos direitos de proteção de dados pessoais; e
nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer VI - outras circunstâncias específicas relativas à transferência.
cessar a violação. Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-padrão contra-
Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a agentes do Po- tuais, bem como a verificação de cláusulas contratuais específicas
der Público a publicação de relatórios de impacto à proteção de da- para uma determinada transferência, normas corporativas globais
dos pessoais e sugerir a adoção de padrões e de boas práticas para ou selos, certificados e códigos de conduta, a que se refere o inciso
os tratamentos de dados pessoais pelo Poder Público. II do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela autoridade na-
CAPÍTULO V cional.
DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS § 1º Para a verificação do disposto no caput deste artigo, de-
verão ser considerados os requisitos, as condições e as garantias
Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais so- mínimas para a transferência que observem os direitos, as garantias
mente é permitida nos seguintes casos: e os princípios desta Lei.
I - para países ou organismos internacionais que proporcionem § 2º Na análise de cláusulas contratuais, de documentos ou de
grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei; normas corporativas globais submetidas à aprovação da autoridade
II - quando o controlador oferecer e comprovar garantias de nacional, poderão ser requeridas informações suplementares ou
cumprimento dos princípios, dos direitos do titular e do regime de realizadas diligências de verificação quanto às operações de trata-
proteção de dados previstos nesta Lei, na forma de: mento, quando necessário.
a) cláusulas contratuais específicas para determinada transfe- § 3º A autoridade nacional poderá designar organismos de cer-
rência; tificação para a realização do previsto no caput deste artigo, que
b) cláusulas-padrão contratuais; permanecerão sob sua fiscalização nos termos definidos em regu-
c) normas corporativas globais; lamento.
d) selos, certificados e códigos de conduta regularmente emi- § 4º Os atos realizados por organismo de certificação poderão
tidos; ser revistos pela autoridade nacional e, caso em desconformidade
III - quando a transferência for necessária para a cooperação ju- com esta Lei, submetidos a revisão ou anulados.
rídica internacional entre órgãos públicos de inteligência, de inves- § 5º As garantias suficientes de observância dos princípios ge-
tigação e de persecução, de acordo com os instrumentos de direito rais de proteção e dos direitos do titular referidas no caput deste
internacional; artigo serão também analisadas de acordo com as medidas técnicas
IV - quando a transferência for necessária para a proteção da e organizacionais adotadas pelo operador, de acordo com o previsto
vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; nos §§ 1º e 2º do art. 46 desta Lei.
V - quando a autoridade nacional autorizar a transferência;
VI - quando a transferência resultar em compromisso assumido
em acordo de cooperação internacional;

229
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas como sufi- SEÇÃO III
cientes de observância dos princípios gerais de proteção e dos di- DA RESPONSABILIDADE E DO RESSARCIMENTO DE DANOS
reitos do titular referidas no inciso II do art. 33 desta Lei deverão ser
comunicadas à autoridade nacional. Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercí-
cio de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem
CAPÍTULO VI dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legis-
DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS lação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo.
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos da-
SEÇÃO I dos:
DO CONTROLADOR E DO OPERADOR I - o operador responde solidariamente pelos danos causados
pelo tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de
Art. 37. O controlador e o operador devem manter registro das proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas
operações de tratamento de dados pessoais que realizarem, espe- do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao con-
cialmente quando baseado no legítimo interesse. trolador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei;
Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao contro- II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no
lador que elabore relatório de impacto à proteção de dados pes- tratamento do qual decorreram danos ao titular dos dados respon-
soais, inclusive de dados sensíveis, referente a suas operações de dem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art.
tratamento de dados, nos termos de regulamento, observados os 43 desta Lei.
segredos comercial e industrial. § 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova
Parágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a
relatório deverá conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova
coletados, a metodologia utilizada para a coleta e para a garantia ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessiva-
da segurança das informações e a análise do controlador com re- mente onerosa.
lação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco § 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham
adotados. por objeto a responsabilização nos termos do caput deste artigo
Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento segundo as podem ser exercidas coletivamente em juízo, observado o disposto
instruções fornecidas pelo controlador, que verificará a observância na legislação pertinente.
das próprias instruções e das normas sobre a matéria. § 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regres-
Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões de so contra os demais responsáveis, na medida de sua participação
interoperabilidade para fins de portabilidade, livre acesso aos da- no evento danoso.
dos e segurança, assim como sobre o tempo de guarda dos regis- Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabiliza-
tros, tendo em vista especialmente a necessidade e a transparência. dos quando provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes
SEÇÃO II é atribuído;
DO ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS II - que, embora tenham realizado o tratamento de dados pes-
soais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de pro-
Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado pelo trata- teção de dados; ou
mento de dados pessoais. III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos
§ 1º A identidade e as informações de contato do encarrega- dados ou de terceiro.
do deverão ser divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregular quando
preferencialmente no sítio eletrônico do controlador. deixar de observar a legislação ou quando não fornecer a segurança
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: que o titular dele pode esperar, consideradas as circunstâncias rele-
I - aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar vantes, entre as quais:
esclarecimentos e adotar providências; I - o modo pelo qual é realizado;
II - receber comunicações da autoridade nacional e adotar pro- II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
vidências; III - as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à
III - orientar os funcionários e os contratados da entidade a res- época em que foi realizado.
peito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes da viola-
pessoais; e ção da segurança dos dados o controlador ou o operador que, ao
IV - executar as demais atribuições determinadas pelo contro- deixar de adotar as medidas de segurança previstas no art. 46 desta
lador ou estabelecidas em normas complementares. Lei, der causa ao dano.
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas comple- Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular no âmbito
mentares sobre a definição e as atribuições do encarregado, inclusi- das relações de consumo permanecem sujeitas às regras de respon-
ve hipóteses de dispensa da necessidade de sua indicação, confor- sabilidade previstas na legislação pertinente.
me a natureza e o porte da entidade ou o volume de operações de
tratamento de dados.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi-
gência

230
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VII SEÇÃO II


DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS DAS BOAS PRÁTICAS E DA GOVERNANÇA

SEÇÃO I Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de


DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS suas competências, pelo tratamento de dados pessoais,
individualmente ou por meio de associações, poderão formular
Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de regras de boas práticas e de governança que estabeleçam as
segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados condições de organização, o regime de funcionamento, os
pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou procedimentos, incluindo reclamações e petições de titulares,
ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer as normas de segurança, os padrões técnicos, as obrigações
forma de tratamento inadequado ou ilícito. específicas para os diversos envolvidos no tratamento, as ações
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técni- educativas, os mecanismos internos de supervisão e de mitigação
cos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo, de riscos e outros aspectos relacionados ao tratamento de dados
considerados a natureza das informações tratadas, as característi- pessoais.
cas específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, es- § 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o controlador e
pecialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os o operador levarão em consideração, em relação ao tratamento e
princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei. aos dados, a natureza, o escopo, a finalidade e a probabilidade e a
§ 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser gravidade dos riscos e dos benefícios decorrentes de tratamento de
observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até dados do titular.
a sua execução. § 2º Na aplicação dos princípios indicados nos incisos VII e VIII
Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa do caput do art. 6º desta Lei, o controlador, observados a estrutura,
que intervenha em uma das fases do tratamento obriga-se a ga- a escala e o volume de suas operações, bem como a sensibilidade
rantir a segurança da informação prevista nesta Lei em relação aos dos dados tratados e a probabilidade e a gravidade dos danos para
dados pessoais, mesmo após o seu término. os titulares dos dados, poderá:
Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional I - implementar programa de governança em privacidade que,
e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acar- no mínimo:
retar risco ou dano relevante aos titulares. a) demonstre o comprometimento do controlador em adotar
§ 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme de- processos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de
finido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo: forma abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção
I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados; de dados pessoais;
II - as informações sobre os titulares envolvidos; b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que este-
III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas jam sob seu controle, independentemente do modo como se reali-
para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e in- zou sua coleta;
dustrial; c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas ope-
IV - os riscos relacionados ao incidente; rações, bem como à sensibilidade dos dados tratados;
V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em
sido imediata; e processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacida-
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter de;
ou mitigar os efeitos do prejuízo. e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o
§ 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente titular, por meio de atuação transparente e que assegure mecanis-
e poderá, caso necessário para a salvaguarda dos direitos dos ti- mos de participação do titular;
tulares, determinar ao controlador a adoção de providências, tais f) esteja integrado a sua estrutura geral de governança e esta-
como: beleça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos;
I - ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e g) conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e
II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente. h) seja atualizado constantemente com base em informações
§ 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual obtidas a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódi-
comprovação de que foram adotadas medidas técnicas adequadas cas;
que tornem os dados pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e II - demonstrar a efetividade de seu programa de governança
nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não autorizados em privacidade quando apropriado e, em especial, a pedido da au-
a acessá-los. toridade nacional ou de outra entidade responsável por promover o
Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados cumprimento de boas práticas ou códigos de conduta, os quais, de
pessoais devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos forma independente, promovam o cumprimento desta Lei.
de segurança, aos padrões de boas práticas e de governança e aos § 3º As regras de boas práticas e de governança deverão ser pu-
princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas regulamen- blicadas e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhecidas
tares. e divulgadas pela autoridade nacional.
Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção de padrões
técnicos que facilitem o controle pelos titulares dos seus dados pes-
soais.

231
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VIII § 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
DA FISCALIZAÇÃO artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem
prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
SEÇÃO I na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS novembro de 2011. (Promulgação partes vetadas)
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o inciso II do
Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em razão das in- caput deste artigo, a autoridade nacional poderá considerar o fa-
frações cometidas às normas previstas nesta Lei, ficam sujeitos às turamento total da empresa ou grupo de empresas, quando não
seguintes sanções administrativas aplicáveis pela autoridade nacio- dispuser do valor do faturamento no ramo de atividade empresarial
nal: (Vigência) em que ocorreu a infração, definido pela autoridade nacional, ou
I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medi- quando o valor for apresentado de forma incompleta ou não for
das corretivas; demonstrado de forma inequívoca e idônea.
II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da § 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD,
pessoa jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no Brasil inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa
no seu último exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, a de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração; julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. (Incluído
III - multa diária, observado o limite total a que se refere o in- pela Lei nº 13.853, de 2019)
ciso II; § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste
IV - publicização da infração após devidamente apurada e con- artigo serão aplicadas: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
firmada a sua ocorrência; I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san-
V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo
a sua regularização; para o mesmo caso concreto; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de
VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração; 2019)
VII - (VETADO); II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e
VIII - (VETADO); entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos.
IX - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con-
prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o
tratamento pelo controlador; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata
XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da- este artigo. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6 Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de regulamen-
(seis) meses, prorrogável por igual período; (Incluído pela Lei nº to próprio sobre sanções administrativas a infrações a esta Lei, que
13.853, de 2019) deverá ser objeto de consulta pública, as metodologias que orien-
XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio- tarão o cálculo do valor-base das sanções de multa. (Vigência)
nadas a tratamento de dados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) § 1º As metodologias a que se refere o caput deste artigo de-
§ 1º As sanções serão aplicadas após procedimento administra- vem ser previamente publicadas, para ciência dos agentes de trata-
tivo que possibilite a oportunidade da ampla defesa, de forma gra- mento, e devem apresentar objetivamente as formas e dosimetrias
dativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades do para o cálculo do valor-base das sanções de multa, que deverão
caso concreto e considerados os seguintes parâmetros e critérios: conter fundamentação detalhada de todos os seus elementos, de-
I - a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais monstrando a observância dos critérios previstos nesta Lei.
afetados; § 2º O regulamento de sanções e metodologias corresponden-
II - a boa-fé do infrator; tes deve estabelecer as circunstâncias e as condições para a adoção
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; de multa simples ou diária.
IV - a condição econômica do infrator; Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às infrações
V - a reincidência; a esta Lei deve observar a gravidade da falta e a extensão do dano
VI - o grau do dano; ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional.
VII - a cooperação do infrator; (Vigência)
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e pro- Parágrafo único. A intimação da sanção de multa diária deverá
cedimentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao conter, no mínimo, a descrição da obrigação imposta, o prazo razo-
tratamento seguro e adequado de dados, em consonância com o ável e estipulado pelo órgão para o seu cumprimento e o valor da
disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei; multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento.
IX - a adoção de política de boas práticas e governança;
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensi-
dade da sanção.
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11
de setembro de 1990, e em legislação específica. (Redação dada
pela Lei nº 13.853, de 2019)

232
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO IX § 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de


DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o
(ANPD) E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis-
PESSOAIS E DA PRIVACIDADE são especial constituída por servidores públicos federais estáveis.
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
SEÇÃO I § 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas-
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (ANPD) tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul-
Art. 55. (VETADO). gamento. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de Proteção de Da- Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o
dos (ANPD), autarquia de natureza especial, dotada de autonomia exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de
técnica e decisória, com patrimônio próprio e com sede e foro no maio de 2013. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Distrito Federal. (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022) Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo
§ 1º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) caracteriza ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
§ 2º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) nº 13.853, de 2019)
§ 3º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es-
Art. 55-B. (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) trutura regimental da ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-C. A ANPD é composta de:(Incluído pela Lei nº 13.853, § 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen-
de 2019) tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil
I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; (Incluído da Presidência da República para o exercício de suas atividades. (In-
pela Lei nº 13.853, de 2019) cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- § 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da
vacidade;(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - Corregedoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança da
IV - Ouvidoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022) Executivo federal.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
V-A - Procuradoria; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022) Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções
VI - unidades administrativas e unidades especializadas ne- de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no-
cessárias à aplicação do disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº meados ou designados pelo Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei
13.853, de 2019) nº 13.853, de 2019)
Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 (cin- Art. 55-J. Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº 13.853,
co) diretores, incluído o Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei nº de 2019)
13.853, de 2019) I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legis-
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- lação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial,
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de fundamentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
nível 5. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) 2019)
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa- Dados Pessoais e da Privacidade;(Incluído pela Lei nº 13.853, de
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para 2019)
os quais serão nomeados.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de dados
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 realizado em descumprimento à legislação, mediante processo ad-
(quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ministrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o direi-
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor to de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação.(Inclu- provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação; (Inclu-
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será completa- VI - promover na população o conhecimento das normas e das
do pelo sucessor. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão de segurança; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade; (Inclu-
trativo disciplinar.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ído pela Lei nº 13.853, de 2019)

233
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri-
que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra-
pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificida- ção pública federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
des das atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído pela Lei nº XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas
13.853, de 2019) para exercer suas competências em setores específicos de ativida-
IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote- des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e (Incluído
ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional pela Lei nº 13.853, de 2019)
ou transnacional; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por
X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra- meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento
tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. (Incluído pela
industrial; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Lei nº 13.853, de 2019)
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú- § 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento
blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in- de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência de
detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa- mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios e
recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei; os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fede-
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ral e nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativida- § 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem
des; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná-
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de lises de impacto regulatório. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac- § 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela
to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento regulação de setores específicos da atividade econômica e gover-
representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes
de dados pessoais previstos nesta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas
de 2019) atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio-
XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em matérias namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o
de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e pla- tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. (Incluído
nejamento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) pela Lei nº 13.853, de 2019)
XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de § 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in-
gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha- clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades
mento de suas receitas e despesas;(Incluído pela Lei nº 13.853, de da administração pública responsáveis pela regulação de setores
2019) específicos da atividade econômica e governamental, a fim de faci-
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âmbi- litar as competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD.
to da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a devi- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
da observância do disposto no inciso II do caput deste artigo, sobre § 5º No exercício das competências de que trata o caput deste
o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de trata- artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do
mento, incluído o poder público; (Incluído pela Lei nº 13.853, segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei.
de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen- § 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas
acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de forma padronizada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe-
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifi- te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
cados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que mi- que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
croempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autode- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
clarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetua- afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão cen-
do de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu entendi- tral de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e
mento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de diretrizes para a sua implementação. (Incluído pela Lei nº 13.853,
2003 (Estatuto do Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2019)
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (Incluído pela Lei nº
sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos 13.853, de 2019)
omissos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re-
nais das quais tiver conhecimento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de passes que lhe forem conferidos;(Incluído pela Lei nº 13.853, de
2019) 2019)

234
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e
lhe forem destinados; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu-
III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública.
imóveis de sua propriedade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X
das receitas previstas neste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.853, e XI do caput deste artigo e seus suplentes: (Incluído pela Lei nº
de 2019) 13.853, de 2019)
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) I - serão indicados na forma de regulamento; (Incluído pela Lei
VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou con- nº 13.853, de 2019)
tratos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públi- II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no
cos ou privados, nacionais ou internacionais;(Incluído pela Lei nº Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon-
VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da- dução. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dos e informações, inclusive para fins de licitação pública. (Incluído § 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Da-
pela Lei nº 13.853, de 2019) dos Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço
Art. 55-M. Constituem o patrimônio da ANPD os bens e os di- público relevante, não remunerada. (Incluído pela Lei nº 13.853,
reitos: (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022) de 2019)
I - que lhe forem transferidos pelos órgãos da Presidência da Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da-
República; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022) dos Pessoais e da Privacidade: (Incluído pela Lei nº 13.853, de
II - que venha a adquirir ou a incorporar. (Incluído pela Lei nº 2019)
14.460, de 2022) I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela-
Art. 56. (VETADO). boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
Art. 5 7. (VETADO). Privacidade e para a atuação da ANPD; (Incluído pela Lei nº 13.853,
Seção II de 2019)
Do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das
vacidade ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
Art. 58. (VETADO). vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; (Incluído pela
e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes, Lei nº 13.853, de 2019)
titulares e suplentes, dos seguintes órgãos: (Incluído pela Lei nº IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas
13.853, de 2019) sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e (Incluído
I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
II - 1 (um) do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, soais e da privacidade à população. (Incluído pela Lei nº 13.853,
de 2019) de 2019)
III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (Incluído pela Lei nº Art. 59. (VETADO).
13.853, de 2019)
IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Lei CAPÍTULO X
nº 13.853, de 2019) DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público; (Inclu-
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; (Incluído Internet) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
pela Lei nº 13.853, de 2019) “Art. 7º ..................................................................
VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela- .......................................................................................
cionada a proteção de dados pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.853, X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a
de 2019) determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao térmi-
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de inova- no da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda
ção; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) obrigatória de registros previstas nesta Lei e na que dispõe sobre a
IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das proteção de dados pessoais;
categorias econômicas do setor produtivo; (Incluído pela Lei nº ..............................................................................” (NR)
13.853, de 2019) “Art. 16. .................................................................
X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial .......................................................................................
relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e (Incluído II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finali-
pela Lei nº 13.853, de 2019) dade para a qual foi dado consentimento pelo seu titular, exceto nas
XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral. (In- hipóteses previstas na Lei que dispõe sobre a proteção de dados
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) pessoais.” (NR)
§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente
da República, permitida a delegação. (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)

235
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e intimada de to- Parágrafo único. O inadimplemento ou o atraso no pagamento
dos os atos processuais previstos nesta Lei, independentemente de das anuidades previstas no inciso II do caput deste artigo não en-
procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa sejará a suspensão do registro ou o impedimento de exercício da
do agente ou representante ou pessoa responsável por sua filial, profissão. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil. Art. 5º O fato gerador das anuidades é a existência de inscrição
Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional de Estudos no conselho, ainda que por tempo limitado, ao longo do exercício.
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito de suas Art. 6º As anuidades cobradas pelo conselho serão no valor de:
competências, editarão regulamentos específicos para o acesso a I - para profissionais de nível superior: até R$ 500,00 (quinhen-
dados tratados pela União para o cumprimento do disposto no § 2º tos reais);
do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire- II - para profissionais de nível técnico: até R$ 250,00 (duzentos
trizes e Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema e cinquenta reais); e
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de que trata a III - para pessoas jurídicas, conforme o capital social, os seguin-
Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 . tes valores máximos:
Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas sobre a a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais): R$ 500,00 (quinhen-
adequação progressiva de bancos de dados constituídos até a data tos reais);
de entrada em vigor desta Lei, consideradas a complexidade das b) acima de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e até R$
operações de tratamento e a natureza dos dados. 200.000,00 (duzentos mil reais): R$ 1.000,00 (mil reais);
Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei não excluem c) acima de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e até R$
outros previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à ma- 500.000,00 (quinhentos mil reais): R$ 1.500,00 (mil e quinhentos
téria ou nos tratados internacionais em que a República Federativa reais);
do Brasil seja parte. d) acima de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e até R$
Art. 65. Esta Lei entra em vigor: (Redação dada pela Lei nº 1.000.000,00 (um milhão de reais): R$ 2.000,00 (dois mil reais);
13.853, de 2019) e) acima de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e até R$
I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55- 2.000.000,00 (dois milhões de reais): R$ 2.500,00 (dois mil e qui-
C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e nhentos reais);
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) f) acima de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e até R$
I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52, 53 e 54; 10.000.000,00 (dez milhões de reais): R$ 3.000,00 (três mil reais);
(Incluído pela Lei nº 14.010, de 2020) g) acima de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais): R$
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação, 4.000,00 (quatro mil reais).
quanto aos demais artigos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) § 1º Os valores das anuidades serão reajustados de acordo com
Brasília , 14 de agosto de 2018; 197º da Independência e 130º a variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor -
da República INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, ou pelo índice oficial que venha a substituí-lo.
§ 2º O valor exato da anuidade, o desconto para profissionais
LEI Nº 12.514, DE 28 DE OUTUBRO DE 2011 (ARTS. 3º recém-inscritos, os critérios de isenção para profissionais, as regras
AO 11). de recuperação de créditos, as regras de parcelamento, garantido o
mínimo de 5 (cinco) vezes, e a concessão de descontos para paga-
LEI Nº 12.514, DE 28 DE OUTUBRO DE 2011. mento antecipado ou à vista, serão estabelecidos pelos respectivos
conselhos federais.
Dá nova redação ao art. 4º da Lei nº 6.932, de 7 de julho de Art. 7º Os Conselhos poderão, nos termos e nos limites de nor-
1981, que dispõe sobre as atividades do médico-residente; e trata ma do respectivo Conselho Federal, independentemente do dispos-
das contribuições devidas aos conselhos profissionais em geral. to no art. 8º desta Lei e sem renunciar ao valor devido, deixar de
cobrar: (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 3º As disposições aplicáveis para valores devidos a conse- I - administrativamente, os valores definidos como irrisórios;
lhos profissionais, quando não existir disposição a respeito em lei ou (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
específica, são as constantes desta Lei. II - judicialmente, os valores considerados irrecuperáveis, de
Parágrafo único. Aplica-se esta Lei também aos conselhos pro- difícil recuperação ou com custo de cobrança superior ao valor de-
fissionais quando lei específica: vido.(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
I - estabelecer a cobrança de valores expressos em moeda ou Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas, de
unidade de referência não mais existente; quaisquer das origens previstas no art. 4º desta Lei, com valor total
II - não especificar valores, mas delegar a fixação para o próprio inferior a 5 (cinco) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º
conselho. desta Lei, observado o disposto no seu § 1º.(Redação dada pela Lei
Art. 4º Os Conselhos cobrarão: nº 14.195, de 2021)
I - multas por violação da ética, conforme disposto na legisla- § 1º O disposto no caput deste artigo não obsta ou limita a
ção; realização de medidas administrativas de cobrança, tais como a no-
II - anuidades; e tificação extrajudicial, a inclusão em cadastros de inadimplentes e
III - outras obrigações definidas em lei especial. o protesto de certidões de dívida ativa.(Incluído pela Lei nº 14.195,
de 2021)

236
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Os executivos fiscais de valor inferior ao previsto no caput 3. MS CONCURSOS - 2023 - Prefeitura de Patrocínio - MG - Ad-
deste artigo serão arquivados, sem baixa na distribuição das exe- vogado
cuções fiscais, sem prejuízo do disposto no art. 40 da Lei nº 6.830, Pedro é dono de uma fazenda e, após uma denúncia anônima,
de 22 de setembro de 1980. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) a Polícia fez uma operação policial até ela e constatou que muitas
Art. 9º A existência de valores em atraso não obsta o cancela- pessoas que lá trabalhavam, estavam em condições análogas à de
mento ou a suspensão do registro a pedido. escravidão. De acordo com a Constituição da República Federativa
Art. 10. O percentual da arrecadação destinado ao conselho re- do Brasil (CR), de 1988, qual das opções abaixo apresenta os direi-
gional e ao conselho federal respectivo é o constante da legislação tos e garantias fundamentais que estão sendo violados por Pedro?
específica. (A) Não há crime sem lei anterior que o defina e a lei penal não
Art. 11. O valor da Taxa de Anotação de Responsabilidade Téc- retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
nica - ART, prevista na Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977, não (B) Direito de petição aos órgãos públicos e a lei não prejudica-
poderá ultrapassar R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). rá o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Parágrafo único. O valor referido no caput será atualizado, anu- (C) É livre o exercício de qualquer trabalho e ninguém será obri-
almente, de acordo com a variação integral do Índice Nacional de gado a fazer, ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude
Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto de lei.
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ou índice oficial que ve- (D) Função social da propriedade e ninguém será submetido a
nha a substituí-lo. tratamento desumano ou degradante.

QUESTÕES 4. IF Baiano - 2019 - IF Baiano - Administrador


Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, assi-
nale a alternativa correta.
1. IADES - 2019 - CAU-MT - Assistente Administrativo (A) As normas definidoras dos direitos e garantais fundamen-
No que se refere ao art. 5o da Constituição Federal, assinale a tais têm aplicação condicionada às leis ordinárias e comple-
alternativa correta. mentares elaboradas pelo Legislativo.
(A) Aplica-se aos brasileiros e não se aplica aos estrangeiros. (B) Os direitos e garantias expressos na Constituição são taxati-
(B) Trata dos direitos sociais do trabalhador. vos, não podendo o legislador inovar no ordenamento jurídico.
(C) Assegura às empresas brasileiras vantagens competitivas. (C) O Brasil não se submete à jurisdição de Tribunal Penal In-
(D) Organiza a administração do Estado. ternacional, haja vista que representa violação à sua soberania.
(E) Trata dos direitos e dos deveres individuais e coletivos. (D)São direitos sociais somente a educação, a saúde, a alimen-
tação e o transporte.
2. INAZ do Pará - 2019 - CRF-AC - Advogado (E) É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus-
Acerca dos Direitos e Garantias Fundamentais previstos no art. pensão se dará nos casos de improbidade administrativa, entre
5º, da Constituição Federal, é correto afirmar: outras hipóteses constitucionais.
(A) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, 5. CETREDE - 2023 - Câmara de Ipu - CE - Agente Administrativo
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma Os poderes EXECUTIVO e LEGISLATIVO no Município de Ipu são
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou ins- exercidos, respectivamente, pela
trução processual penal. (A) Câmara dos Vereadores e Prefeitura.
(B) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- (B) Assembleia legislativa e Prefeitura.
cais abertos ao público, independentemente de autorização ou (C) Prefeitura e Assembleia Legislativa.
aviso à autoridade competente, desde que não frustrem outra (D) Câmara dos Vereadores e Tribunal de Justiça.
reunião anteriormente convocada para o mesmo local. (E) Prefeitura e Câmara dos Vereadores.
(C) No caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao 6. FGV - 2022 - AGE-MG - Procurador do Estado
proprietário indenização anterior, independentemente se hou- O Estado Delta editou norma exigindo prévia arguição e apro-
ver dano. vação pela Assembleia Legislativa do nome indicado pelo Governa-
(D) É livre a locomoção no território nacional a qualquer tem- dor do Estado para exercer o cargo de Procurador-Geral do Estado.
po, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, Consoante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, tal
permanecer ou dele sair com seus bens. norma é
(E) A prática do racismo constitui crime inafiançável e impres- (A) Constitucional, porque atende ao princípio da simetria ou
critível, sujeito à pena de detenção, nos termos da lei. paralelismo, em observância à Constituição Federal, e prestigia
a autonomia do Estado Delta.
(B) Inconstitucional, caso se trate de lei ordinária estadual, mas
é constitucional se consistir em emenda à Constituição Esta-
dual.
(C) Inconstitucional, por violação ao princípio da separação dos
poderes, diante de indevida interferência direta do Poder Le-
gislativo na estrutura hierárquica do Poder Executivo.

237
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

(D) Constitucional, pois, em tema de controle da administração 10. Quadrix - 2019 - CONRERP 2ª Região - Agente de Fiscaliza-
pública, a norma fomenta o controle legislativo externo, com ção
base no sistema de freios e contrapesos. No que se refere à Administração Pública, julgue o item.
(E) Constitucional, desde que a norma tenha sido fruto de pro- Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e auto-
posta de emenda à Constituição de iniciativa do Governador rizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia
do Estado. mista e de fundação.
( )Certo
7. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Arujá - SP - Advogado ( )ERRADO
Com relação às Agências Reguladoras, assinale a alternativa
correta.
GABARITO
(A) A Constituição Federal contempla as Agências Reguladoras
como autarquias de regime especial.
(B) A autonomia financeira das Agências Reguladoras pode de-
1 E
correr do recolhimento de taxa e de outras fontes de recursos.
(C) As Agências Reguladoras são dotadas de personalidade jurí- 2 A
dica de direito privado e devem executar função administrativa 3 D
de caráter normativo.
(D) As Agências Reguladoras correspondem às fundações sob 4 E
regime especial criadas para o desempenho de funções norma- 5 E
tivas ou reguladoras de serviço público.
6 C
(E) Aos Municípios é vedada a possibilidade de constituição de
Agências Reguladoras. 7 B
8 C
8. FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA - Especialista em
Políticas Públicas 9 D
No que concerne às Agências Reguladoras, importantes entida- 10 CERTO
des criadas para fiscalizar e regular serviços de determinados seto-
res econômicos, assinale a afirmativa incorreta.
(A) As agências devem ter necessariamente personalidade jurí- ANOTAÇÕES
dica de direito público, dotadas de independência administrati-
va e autonomia financeira.
(B) Seus dirigentes devem possuir mandatos fixos, sendo estri- ______________________________________________________
tamente vedada a possibilidade de exoneração ad nutum.
(C) As agências são autarquias ou fundações públicas que cele- ______________________________________________________
braram contrato de gestão com o Poder Público.
(D) Seus atos não podem ser revistos ou alterados pelo Poder ______________________________________________________
Executivo, apenas pelo Judiciário, devendo, no entanto, agir
conforme suas finalidades específicas. ______________________________________________________
(E) As agências podem existir tanto em âmbito federal quanto ______________________________________________________
estadual e municipal, desde que criadas por lei.
______________________________________________________
9. Instituto Consulplan - 2023 - CORE-GO - Assistente Adminis-
trativo ______________________________________________________
Considerando os conceitos de centralização e descentralização,
e também os conceitos de autarquia, fundação, empresa pública e ______________________________________________________
sociedade de economia mista, assinale a afirmativa correta.
(A) O CORE/GO é pessoa jurídica de direito público constituída ______________________________________________________
sob a forma de autarquia e, portanto, decorre de descentraliza-
______________________________________________________
ção política da União.
(B) Os Conselhos de Fiscalização das Atividades Profissionais ______________________________________________________
são autarquias especiais e, portanto, integram a Administração
Pública Centralizada Federal. ______________________________________________________
(C) O CORE/GO é pessoa jurídica de direito privado constituída
sob a forma de autarquia e, portanto, decorre de descentraliza- ______________________________________________________
ção política do estado de Goiás.
(D) O desaparecimento de uma autarquia, por sua extinção me- ______________________________________________________
diante lei, implica o processo de centralização administrativa,
ao contrário da criação de entidade que é uma descentraliza- ______________________________________________________
ção. ______________________________________________________

238
ORGANIZAÇÃO

Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de


CONCEITO E TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações
planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicio-
Organização nal de divisão de trabalho ao se referir às diferentes atividades e
O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como “um à coordenação existente na organização e aos recursos humanos
sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo como participantes ativos dos destinos dessa organização.
(ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as orga- No que se refere à importância econômica e social, a organi-
nizações têm dois outros componentes importantes: processos de zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital,
transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3). trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de
modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as
Maximiano explica: necessidades são ilimitadas.
• Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a
produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais como sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos,
satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empregos, promo- infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado.
ver bem-estar social etc.
• Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser
organizações; além dos recursos humanos são necessários recur- públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não.
sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tempo, Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei
conhecimentos, tecnologias). 10.406, de 2002):
• Processos de transformação – os processos viabilizam o al- • Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados,
cance dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de ativi- Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as as-
dades interligadas com início, meio e fim, combinando os recursos sociações públicas) e demais entidades de caráter público criadas
para fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de ação de um por lei (art. 41);
sistema, sendo os mais importantes: processo de produção (trans- • Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran-
formação de matérias-primas) e processo de administração de re- geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público
cursos humanos (transformação de necessidades de mão-de-obra (art. 42);
em pessoas capacitadas e motivadas para atuarem na organização). • Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda-
• Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pessoas des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44).
são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos objetivos Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos.
da organização, sendo que a especialização faz superar limitações Funções organizacionais são as tarefas especializadas que ocor-
individuais. A soma das especializações de cada um produz sinergia, rem nos processos da organização, resultando em produtos e servi-
um resultado maior que o trabalho individual. ços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes são:
• Operações – também chamada de produção, é a responsável
Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização “é a pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma-
ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos e atri- ção dos recursos.
buição de trabalho em um departamento para que as atividades • Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a li-
possam ser realizadas conforme o planejado”. gação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários
Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de ati- ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro-
vidades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função
que cooperam entre si, comunicando-se e participando em ações que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que
conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Continua o au- não visam lucro em suas operações.
tor em uma abordagem mais ampla: • Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca
As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos huma- a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive
nos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa-
objetivos específicos. Isso significa que as organizações são constru- -se com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange
ídas de maneira planejada e elaboradas para atingir determinados financiamento (busca de recursos financeiros), investimento (apli-
objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e cação), controle do desempenho financeiro e destinação dos resul-
redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou que se tados.
descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e me- • Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas,
nor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização
e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a constantes mu- necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun-
danças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13). cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen-
to de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação
de desempenho e remuneração etc.

239
ORGANIZAÇÃO
• Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa- • Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga-
ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
como melhora os processos produtivos para redução de custos. tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
• Estrutura organizacional Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
A estrutura organizacional na administração é classificada equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades, melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma do a eficiência e ganhos em produtividade.
organização ou empresa.
É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol- • Departamentalização por produtos: A organização se estru-
vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer tura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou serviços.
alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura Justificando-se quando a organização possui uma gama muito va-
pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para riada de produtos que utilizem tecnologias bem diversas entre si,
qualquer transformação. ou mesmo que tenham especificidades na forma de escoamento da
Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal produção ou na prestação de cada serviço.
e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en-
controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi-
controle. litando maior inovação na produção.
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or-
• Tipos de departamentalização ganização, dificultando a coordenação entre eles.
É uma forma de sistematização da estrutura organizacional,
visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação • Departamentalização geográfica: Ou departamentalização
com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa. territorial, trata-se de critério de departamentalização em que a
Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te- empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do mundo,
nham esse ponto em comum. alocando recursos, esforços e produtos conforme a demanda da
Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos região.
de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de- pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen-
partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo juatificarão que
relação com a divisão e variedade de tarefas. cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a
cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional,
• Departamentalização funcional ou por funções: É a forma poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de
mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan- cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará
do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru- tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel-
pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial
financeira, marketing, pessoal, dentre outras. geográfica com os objetivos gerais da empresa.
Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a
cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi- • Departamentalização por projetos: Os departamentos são
cada para ambientes estáveis. criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa- Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno das
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter grande
todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró- autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos objetivos de
prios objetivos e problemas. cada projeto.
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto
• Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização e proporciona melhores resultados.
ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organização Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como
possui. Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêne- um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas
as entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua
roupas): departamento masculino, departamento feminino, depar- continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão
tamento infantil. alocados se findar.
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às deman-
das específicas de cada nicho de clientes. • Departamentalização matricial
Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu-
globais da organização e multiplicação de funções semelhantes ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos.
poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res-
diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal.
cliente. Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada:
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade;
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os
gerentes de projeto e funcional.

240
ORGANIZAÇÃO
Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização
matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo RELAÇÕES HUMANAS, DESEMPENHO PROFISSIONAL,
de estrutura organizacional. DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO

Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono- — Trabalho em equipe


mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra- Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços con-
tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os juntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um proble-
empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões ma. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a
e dificuldade de coordenação. realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira
• Organização formal e informal Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta,
Organização formal trata-se de uma organização onde duas ou possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas
mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com um áreas.
relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela alta ad- Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o
ministração e tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir. trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo.
O principal objetivo da organização é atingir as metas estabeleci- Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que
das. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é ne-
base em suas capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia cessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de
de comando com uma hierarquia organizacional e as autoridades cada tarefa.
são delegadas para fazer o trabalho.
Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times
lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman- esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função específi-
do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois ca, devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função dos
membros é apenas por meio de canais planejados. seus companheiros de time.
Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que
Tipos de estruturas de organização formal: apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande
— Organização de Linha maioria das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes
— Organização de linha e equipe setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que
— Organização funcional essencial.
— Organização de Gerenciamento de Projetos A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você
— Organização Matricial apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um
ambiente corporativo composto por pessoas que se comunicam
Organização informal refere-se a uma estrutura social inter- bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando
ligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É muito a qualidade de vida de todos os envolvidos.
possível formar organizações informais dentro das organizações. O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons
Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua, líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você
ajuda e amizade entre os membros devido ao relacionamento precisa desenvolver essa capacidade.
interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com
e interações governam o relacionamento entre os membros, ao trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm
contrário da organização formal. mais qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de rece-
Embora os membros de uma organização informal tenham ber uma promoção.
responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacio-
nem com seus próprios valores e interesses pessoais sem dis- Quais as principais competências para trabalhar bem em
criminação. equipe
A estrutura de uma organização informal é plana. Além dis- O trabalho em equipe é uma competência composta de dife-
so, as decisões são tomadas por todos os membros de forma co- rentes habilidades. São capacidades que podem ser aprendidas e
letiva. A unidade é a melhor característica de uma organização desenvolvidas, e que devem ser trabalhadas por todos os profis-
informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não sionais. Independente da sua área, o autoconhecimento visando a
existem regras e regulamentos rígidos dentro das organizações melhora nunca deve cessar.
informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis​​ A seguir, confira quais habilidades precisam ser desenvolvidas
às mudanças. para aprimorar sua capacidade de trabalho em equipe.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relaciona-
dos. Existem muitas organizações informais dentro de organiza- • Gerenciar conflitos
ções formais, portanto, eles são mutuamente exclusivos. Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos a
todo custo. No entanto, muitas vezes eles aparecem, e ignorá-los
não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para traba-
lhar em equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar e re-
solver conflitos.
Para isso, é necessário desenvolver um conjunto de habilidades
sociais. Destacam-se a empatia e a assertividade. A empatia é fun-
damental para que você consiga acessar o ponto de vista das outras
pessoas, compreendendo a situação por diferentes perspectivas. Já
a assertividade ajudará a não fugir das situações socialmente des-
confortáveis e estabelecer os seus limites sem agressividade.

241
ORGANIZAÇÃO
Falando na agressividade, a inteligência emocional é outra ha- Para delegar, é preciso confiar. Se sua equipe sentir que a lide-
bilidade importantíssima tanto para a gestão de conflitos quanto rança e seus pares confiam em seu trabalho, tem muito mais chan-
para o ambiente profissional como um todo. ces de realizar as tarefas eficientemente e com motivação.

• Comunicação eficiente • Respeito


Se comunicar de forma clara e eficiente é essencial para um O respeito mútuo é importantíssimo para o bom trabalho em
bom trabalho em equipe. Alinhar as metas e objetivos é o primei- equipe. Colaboradores que não se respeitam como profissionais e
ro passo para que tudo funcione sem problemas. Quando todos os como pessoas jamais terão um bom relacionamento. Sem o respei-
colaboradores entendem qual a direção que devem seguir com o to, nenhuma outra habilidade que citamos anteriormente é possí-
trabalho, é mais fácil orquestrar a execução. vel.
A comunicação também é importante para que todas as partes Para estimular o respeito entre a equipe, é necessário trabalhar
saibam o que é esperado delas. A delegação de tarefas deve ser as habilidades de empatia e construir uma boa convivência entre os
clara, e ser respeitada. Novamente, a assertividade será uma habili- membros. Dinâmicas e exercícios de team building são ferramentas
dade essencial para a boa comunicação. valiosíssimas nesse cenário.
Quando um colaborador não sabe expressar seus limites, pode
acabar pressionado a aceitar prazos que não pode cumprir ou tare- — Relacionamento interpessoal
fas que não sabe realizar. Isso prejudicará tanto o desempenho da Para Albuquerque (2012), uma maneira de desenvolver a in-
equipe, quanto a confiança dos colaboradores. E claro, o produto dividualidade de cada ser é aprender a aceitá-los como são, pois
final também será amplamente afetado. assim nos adaptamos a cada um, construindo um comportamento
Por isso a comunicação pode ser vista como um dos principais tolerante. Quando estamos dispostos a aceitar as pessoas, conse-
pilares do bom trabalho em equipe. quentemente nos tornamos mais flexíveis e observadores, o que
facilita o convívio, o aprendizado, e a capacidade de desenvolver-se,
• Proatividade descobrindo valores a partir de fraquezas de outros.
A proatividade é antecipar necessidades e, de forma autôno- Mesmo sendo impossível agradar a todos o ser humano ne-
ma, todas as atitudes para atendê-las. Para o bom trabalho em cessita entender que precisa conviver com as pessoas a sua volta,
equipe, é preciso que todos os colaboradores tenham a habilidade ninguém consegue viver sozinho, por isso tratar as pessoas bem ou
de identificar situações-problema antes que elas aconteçam. O mais saber lhe dar com a presença de vários a sua volta é o mínimo que
importante, no entanto, é tomar uma atitude e oferecer soluções. se precisa diante de uma sociedade em decorrente ascensão.
Uma equipe formada por colaboradores proativos tem um fun- De acordo com Chiavenato (2010), o relacionamento inter-
cionamento mais eficiente. Os resultados são melhores e obtidos pessoal é uma variável do sistema de administração participativo,
de forma mais rápida. Essa característica também possibilita que que representa o comportamento humano que gera o trabalho em
os processos sejam otimizados, elevando a qualidade do trabalho equipe, confiança e participação das pessoas. “As pessoas não atu-
como um todo. am isoladamente, mas por meio de interações com outras pessoas
Para que funcionários sejam proativos, no entanto, é necessá- para poderem alcançar seus objetivos” (CHIAVENATO, 2010, p. 115).
rio que o estilo de liderança da organização seja flexível. A abertura Manter um bom relacionamento é imprescindível, o sucesso
a feedbacks, sugestões e opiniões entre os gestores é essencial para no dia a dia, na convivência com pessoas e também no ambiente
estimular a proatividade. profissional depende muito de como você trata as pessoas a sua
volta, não se pode escolher com quem trabalhar, ou com quem
• Inovação dividir uma mesa no trabalho, somos “convidados” a lidar com as
A criatividade e inovação são habilidades capazes de transfor- diferenças em todos os aspectos.
mar a forma que uma equipe interage. Para o bom trabalho em Um relacionamento interpessoal saudável entre o líder e seus
equipe, é preciso que seus integrantes estejam sempre inovando liderados facilita no desbloqueio da insegurança que rodeiam os co-
os processos e procurando soluções criativas. Isso possibilita a ob- laboradores no dia a dia, o respeito e admiração trazem harmonia
tenção de melhores resultados, aumento da eficiência e otimização para o ambiente de trabalho.
dos processos. O aprimoramento deste relacionamento é diário, construído
Da mesma forma que a proatividade, a criatividade na equipe aos poucos e deve ser regado para que futuras frustrações e discór-
precisa de espaço concedido pela liderança para florescer. Estimular dias no trabalho não venham a aparecer.
a autogestão na equipe possibilita que os profissionais criem solu- Algumas vezes, lidar com as diferenças causa incompatibilida-
ções inovativas para realizar suas tarefas. de, desentendimentos, problemas, que devem ser solucionados a
partir do bom relacionamento e diálogo entre os colaboradores,
• Confiança pois, “pequenas ações são as sementes dos grandes resultados”
Não existe trabalho em equipe sem confiança mútua. Afinal, (ALBUQUERQUE, 2012, p. 85).
cada um precisa fazer a sua parte das tarefas e acreditar no po- “As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do
tencial de seus companheiros. Quando você confia no resto na sua processo de interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira
equipe, consegue delegar tarefas sem temer pela qualidade do pro- de conhecer mais, aprender com situações diversas no grupo social,
duto final. vivenciando e trocando informações.
Isso é especialmente verdadeiro para os líderes. Muitos gesto- Interagir com o outro ou se comunicar muita das vezes se torna
res cometem o erro de praticar a microgestão, tentando controlar uma tarefa complicada, quando essa prática costuma falhar alguns
todos os aspectos das tarefas de toda a equipe. Isso passa aos co- conflitos surgem e não são fáceis de serem resolvidos. O ser hu-
laboradores a mensagem de que o líder não confia em suas habili- mano é envolvido por sentimentos, sensações e quase nunca pela
dades, afetando o relacionamento entre a equipe, a autoconfiança razão, para se trabalhar em equipe é necessário a flexibilidade e
e a motivação. compreensão, afinal realizar tarefas em equipe e estar no meio de
pessoas no ambiente de trabalho pode gerar eficiência nas ativi-
dades e os objetivos lançados são alcançados com mais facilidade.

242
ORGANIZAÇÃO
“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação. Obstáculos – Algumas palavras transmitidas não possuem o
A cooperação vai além do favor, que é uma gentileza espontânea, mesmo significado para o emissor e receptor, surge então proble-
além da obrigação e do poder de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p. mas devido diferenças de interpretação.
84). As pessoas se sentem parte do grupo quando podem colaborar. Para que a importante comunicação exerça seu papel dentro
O trabalho em equipe também é muito característico do rela- das empresas é necessário as ferramentas citadas acima, através
cionamento interpessoal, o individuo precisa aprender a trabalhar delas as pessoas terão mais facilidade em transmitir suas ideias e
dentro de uma organização. opiniões e também de ouvir o que está sendo falado.
Equipe é considerada um “conjunto ou grupo de pessoas com A valorização do seu quadro de pessoal é primordial para que
habilidades complementares, comprometidas umas com as outras a empresa cresça e dê frutos, através disto os colaboradores se tor-
pela missão comum, objetivos comuns, obtidos pela negociação en- naram mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho e com as
tre os membros envolvidos em um plano de trabalho bem difundi- atividades designadas.
do” (CARVALHO, 2009, p. 94). Para ARGENTI (2006, p. 169), “A comunicação interna no sé-
As empresas necessitam de funcionários qualificados e com culo XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve
desenvoltura, transformar um grupo em equipe é um grande de- desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a
safio, os funcionários estão cada dia mais isolados uns dos outros, mudança organizacional”.
possuem egoísmo e temem se aproximar demais do outro temendo O ideal é envolver os colaboradores certos na área certa e no
perder a vaga para um colega da mesma equipe. Gestores estão local correto, resultados positivos virão e uma gestão mais eficaz
a procura de pessoas que pensam juntas, desenvolvem juntas e irá surgir.
buscam crescimentos visando os lucros da empresa, hoje em dia Baseado nos conceitos acima se entende que a comunicação
funcionários estão sendo desligados por falta destas características. interna exerce um importante papel dentro das empresas, através
Muitos visam somente o salário no começo do mês ou benefí- dela os colaboradores executam suas funções de forma mais objeti-
cios que a empresa pode oferecer a ele, é necessário abrir a mente, va e de acordo com os negócios da organização.
pensar e agir alto, ter ações que vão deixar a empresa orgulhosa de Para DUBRIN (2003) os canais formais de comunicação são os
ter um funcionário que possua os valores da organização, proativo caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora da em-
e faz acontecer na área de atuação. presa, tendo como fonte de informação o organograma organiza-
A comunicação é uma poderosa ferramenta capaz transformar cional, que indica os canais que a mensagem deve seguir.
situações, resolver conflitos e também esclarecer fatos embaraço- A metodologia utilizada neste trabalho foi à pesquisa de cam-
sos decorrentes do dia a dia, bem como ser gentil e educado no po, onde foi elaborado um questionário fechado com perguntas
ambiente de trabalho. direcionadas ao relacionamento interpessoal dentro das organiza-
Além de influenciar os outros, uma boa comunicação contribui ções.
para a imagem de si mesmo, em um ambiente de trabalho não é O uso do questionário para Luz (2003) é a técnica mais utilizada
diferente, saber conversar com o gestor ou com a equipe de traba- nas pesquisas de clima, pois permite o uso das questões abertas ou
lho é necessário, expressar ideias, expor opiniões, concordar com fechadas, o custo é relativamente baixo, e pode ser aplicada a todos
palavras e atitudes que vão levar a empresa a resultados positivos ou só a uma amostra de colaboradores.
é essencial. A escolha do questionário com questões fechadas deu-se pelo
A comunicação é uma “ferramenta muito poderosa para o co- fato dos resultados obtidos serem mais reais, o leitor e responsável
mando, tanto que é considerada uma das competências essenciais por responder as perguntas necessita de mais atenção e compro-
para o êxito profissional. Nos relacionamentos humanos tem seu metimento em analisar e interagir com o responsável pela pesquisa.
valor potencializado” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 104). O questionário elaborado foi aplicado a gestores de uma em-
A dificuldade em expressar ideias ou falar em público existe e presa, logo em seguida os dados foram abordados e analisados sob
acompanha diversas pessoas, somente o fato do colaborador saber uma estatística, objetivando descrever qual o grau de satisfação e
que precisa apresentar sua proposta em uma reunião ou expor sua de interesse dos mesmos em seus subordinados.
opinião em algo importante dentro da organização gera medo e an- Através do gráfico 4.3 podemos observar que as mulheres
siedade. O desenvolvimento pessoal de cada profissional é neces- possuem maior dificuldade no relacionamento interpessoal dentro
sário, aperfeiçoar nas habilidades propostas deixa de lado o fato de desta organização. Não foi identificada a quantidade de homens e
não entregar o trabalho ofertado pela empresa. mulheres em cada área, porem com este questionário foi possível
Um assunto mal falado gera confusão de informações tornando identificar que o publico feminino tem certa dificuldade em se re-
o ambiente de trabalho confuso e tenso, a união do relacionamento lacionar.
interpessoal com uma boa comunicação torna-se eficaz diante de Mesmo possuindo certa dificuldade com as colaboradoras,
uma organização que necessita de colaboradores fluentes e certos este índice não prejudica a gestão dos gerentes, conforme gráfico
do seu papel no trabalho. 4.4 podemos ver que é maior a satisfação dos gestores quando hou-
“O desenvolvimento de competência interpessoal exige a aqui- ve falar em relacionamento interpessoal.
sição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de comunicação Olhando de um modo geral os colaboradores conseguem se
para facilidade de compreensão mútua” (MOSCOVICI, 2011, p. 102). adequar uns aos outros e também com a empresa, a organização
Existem vários elementos primordiais e fundamentais dentro oferece benefícios que fazem com que os mesmos se sintam moti-
da comunicação e que devemos utilizar em nosso dia a dia. vados a trabalhar em equipe.
Elementos - Segundo NASSAR (2005, p. 51), a estrutura comu- Lacombe (2005) afirma que a satisfação do pessoal com o am-
nicacional possui quatro características essenciais. Tais como: Emis- biente interno da empresa está vinculada a motivação, á lealdade
sor – está ligado a organização é quem inicia a mensagem; Meio ou e á identificação com a empresa, facilitando, assim, a comunicação
Canal de transmissão – ligado as ferramentas de comunicação, é o interna e o relacionamento entre as pessoas.
meio através do qual é transmitida a mensagem; Receptor – público
interno, a quem a mensagem é dirigida e as Respostas ou Feedback
– que são os resultados obtidos.

243
ORGANIZAÇÃO
— Relações humanas Elton Mayo
O principal conceito dessa teoria administrativa é procurar Elton Mayo é considerado por muitos como o pai da teoria das
identificar e entender os sentimentos dos trabalhadores, bem como relações humanas.
relacionar essas emoções com as atividades por eles desempenha- O pesquisador australiano foi o principal responsável pela me-
das. todologia da experiência de Hawthorne, assim como pela sua apli-
Em outras palavras, é quando o colaborador deixa de ser trata- cação.
do apenas como um “homem profissional” e começa a ser analisa-
do por um viés mais humano, como um “homem social”, que tem – Primeira fase:
um comportamento complexo e mutável. Conhecida como estudos de iluminação, essa etapa contava
Assim, o seu desempenho não poderia ser avaliado apenas pe- com dois grupos de funcionárias que realizavam o mesmo tipo de
los números finais apresentados, mas por todo o processo de pro- atividade, só quem em condições distintas.
dução. Na primeira equipe, a experimental, as colaboradoras deve-
Surgem aí questões como: o que o levou a produzir assim? Por riam desempenhar suas funções com uma exposição variável de
que em determinado mês ele tinha uma performance melhor ou luz. Ora elas recebiam mais luminosidade, ora menos.
pior? No time dois, o de controle, as trabalhadoras produziam com
Tudo começou a fazer parte de uma questão maior e, a partir uma exposição constante à luz.
de então, fatores externos ao ambiente organizacional passaram a O resultado foi que, em ambos os casos, a eficiência aumentou.
ser observados como elementos impactantes na mensuração dos Foi, então, que os pesquisadores procuraram entender o que
resultados. levava a isso.
Depois de aumentar, diminuir e deixar os dois grupos em uma
Características da teoria das relações humanas exposição contínua de luz, a conclusão foi de que a melhora no de-
Também conhecida como Escola das Relações Humanas, essa sempenho se dava mais por um fator psicológico do que algo fisio-
teoria se baseava em três princípios básicos, que contrastavam com lógico.
o modelo vigente até então, chamado de clássico ou mecanicista. Ou seja, as mulheres se viam mais pressionadas a produzirem,
muito em função da pressão colocada sobre elas do que propria-
Confira as suas principais características: mente por uma mudança drástica causada pela luz.
1 – O homem não é somente um ser mecânico, pois suas ações Por isso, os resultados encontrados nessa primeira fase foram
são muito mais complexas do que as de uma máquina deixados à margem do experimento.
2 – Todo ser humano tem seu comportamento direcionado pelo
sistema social, em conjunto com as suas necessidades biológicas – Segunda fase:
3 – As pessoas precisam de alguns elementos fundamentais A segunda fase também era composta por dois grupos.
para viver, tais como: carinho, aprovação social, influência, prote- Um deles era formado por seis moças, sendo que cinco delas
ção e autorrealização. realizavam o trabalho de montar as relés – parte dos aparelhos te-
lefônicos – e a outra era responsável por prestar ajuda a elas, alcan-
• Como surgiu a teoria das relações humanas? çando ferramentas para abastecer o trabalho. Esse era o chamado
A teoria das relações humanas surgiu no período entre o final time experimental.
da década de 1920 e início da década de 1930, nos Estado Unidos. O outro grupo era formado por apenas cinco funcionárias e um
Na época, o país vivia a chamada Grande Depressão, que cul- contador, que contabilizava o número de peças produzidas. Essa era
minou com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. a equipe de controle.
O movimento, então, aparece como uma tentativa de encon- O estudo foi dividido em 12 períodos e identificou que o time
trar respostas para os problemas econômicos vividos no país. experimental produziu melhor, pois a supervisão era mais branda
Soluções que até então eram inquestionáveis passaram a ser e não havia aquela cobrança induzida pelo instrumento que fazia a
problematizadas. quantificação do trabalho.
Tudo o que os empresários e a população em geral queriam No cenário um, o ambiente mais amistoso possibilitava um cli-
naquele momento era se reerguer como nação. ma mais descontraído, no qual as colegas passaram a ficar amigas e
Justamente por isso, a teoria traz uma nova visão administra- a construir uma boa relação fora dali.
tiva para as empresas, com o intuito de rever o entendimento do Isso sem falar nos sentimentos de colaboração e de empatia,
capital humano dentro das organizações. também bastante reforçados.
Era o oposto do encontrado no grupo de controle, no qual a
Experiência de Hawthorne competitividade imperava e o individualismo tomava conta.
O grande marco da teoria das relações humanas foi a chamada
“experiência de Hawthorne”. – Terceira fase:
Hawthorne é um bairro da cidade de Chicago, onde ficava a Nesse momento, as questões físicas começaram a ser deixadas
Western Electric Company, empresa de componentes telefônicos um pouco de lado para dar mais atenção ao emocional e às relações
na qual foi realizado o primeiro estudo, dividido em quatro etapas e interpessoais no trabalho.
conduzido por Elton Mayo e Fritz Roethlisberger. Foi quando iniciou o programa de entrevistas, que tinha como
Os dois professores da Universidade de Harvard foram contra- objetivo ouvir as opiniões dos funcionários a respeito de suas atri-
tados para analisar a produtividade dos funcionários e a sua relação buições.
com as condições físicas de trabalho. O objetivo era entender como eles se sentiam ao realizar deter-
minadas atividades e também como mudanças dentro da empresa
poderiam ser conduzidas e em quais aspectos.
No início, essas conversas eram dirigidas: o entrevistador con-
duzia o bate-papo conforme desejava.

244
ORGANIZAÇÃO
No entanto, com o passar do tempo, os diálogos se tornaram – Foco maior nos sentimentos do trabalhador
mais livres e os colaboradores podiam abrir o coração e falar aber- A maior conclusão tirada da teoria das relações humanas foi,
tamente sobre os seus anseios. sem dúvidas, o aprofundamento do lado social do profissional.
Durante as entrevistas, foi descoberta uma organização com- O comportamento teve atenção total dos chamados autores
posta pelos operários, algo informal, mas muito sério, que servia humanistas, que viam nos operários gente de carne e osso, que
também tem anseios, dificuldades e sentimentos irracionais.
como uma rede de apoio para que a classe se protegesse dos even-
tuais desmandos das chefias. – Quais são as críticas à teoria das relações humanas?
Mas como nem tudo são flores, também existem muitas críti-
– Quarta fase: cas referentes a alguns métodos desenvolvidos pelos pensadores
A quarta e última fase se propôs, justamente, a entender um da teoria.
pouco mais sobre esse movimento iniciado pelos empregados.
A ideia foi de apresentar uma alternativa que poderia ser van- Conheça os pontos mais desaprovados dentro da escola das
tajosa para todos os funcionários: que tal oferecer aumento às relações humanas:
equipes caso houvesse um crescimento geral da produção?
De pronto, a maioria aceitou e o que se observou foi um senti- – Negação total de outras teorias
É natural que um pensamento surja para contrapor uma norma
mento de solidariedade total.
vigente. No entanto, para muitos estudiosos, a teoria das relações
Cada trabalhador ajudava o outro, a fim de que todos conse- humanas simplesmente negou todos os preceitos das chamadas
guissem cumprir suas metas e, assim, aumentassem os seus salá- teorias clássicas e não debateu nem confrontou nenhum posicio-
rios ao final do mês. namento anterior.
Foi criada uma uniformidade de comportamento, de modo que
todos tinham que produzir em um determinado ritmo, com um ní- – Desvio do principal problema das indústrias
vel de exigência que pudesse ser acompanhado pelos demais. Muitos críticos defendem que a falta de produtividade nas em-
presas ainda não tem uma resposta conclusiva.
Conclusão da experiência Segundo eles, o que a teoria das relações humanas fez foi ma-
A experiência de Hawthorne não trouxe só uma, mas inúmeras quiar o problema, melhorando as relações de trabalho e valorizan-
do o empenho coletivo.
conclusões, que serviram como verdadeiras bandeiras para a teoria
das relações humanas. – Visão romântica do trabalhador
Nos próximos tópicos, vamos trazer detalhes sobre elas. Essa objeção vai muito ao encontro do que foi citado no item
anterior.
– Produtividade e interação social Os defensores da escola das relações humanas acreditavam
Diferentemente do que defendiam as teorias clássicas, que que um trabalhador feliz teria um desempenho melhor, mas muitos
entendiam que o desempenho profissional estava baseado única e argumentam que isso nem sempre representa a realidade.
exclusivamente em questões fisiológicas e físicas, a escola das rela-
ções humanas trouxe o contraponto, que relacionava produtividade – Baixo nível de amostragem em seus estudos
e interação social. Outro ponto bastante criticado é a limitação do campo expe-
rimental. Afinal, como basear um experimento em um grupo tão
Ou seja, quanto mais uma equipe trabalhar em sintonia, me-
pequeno?
lhores vão ser os resultados alcançados. Autores resistentes à teoria defendem que as pesquisas deve-
riam ser aprofundadas para se alcançar resultados mais conclusi-
– A influência do grupo no pensamento individual vos.
A reação dos trabalhadores não acontece de forma isolada,
mas sim como membros de uma coletividade. Escola das relações humanas e seus teóricos
Isso fica evidente ao observar a maneira como todos procuram Como já dito, Elton Mayo é considerado o maior expoente da
se adequar a determinados padrões e evitar punições por não se- escola das relações humanas. Mas isso não significa dizer que ele é
guirem uma diretriz aceita pelo grande grupo. o único.
Nomes como o próprio Fritz Roethlisberger, co-autor da expe-
riência de Hawthorne, William Dickson e Idalberto Chiavenato tam-
– O reconhecimento além do monetário
bém contribuíram com temas relevantes para a área.
Receber um aumento é importante, é claro. Mas o que a teo-
ria das relações humanas busca mostrar é que o trabalhador busca Roethlisberger e Dickson
uma aprovação social, mais do que qualquer reajuste salarial. Ele Juntos, os pesquisadores lançaram em 1939 a obra “Manage-
também deseja participar das atividades em grupo com maior re- ment and the worker”, na qual analisaram um grupo de emprega-
presentatividade e da criação de outras estruturas organizacionais. dos trabalhando.
Quem foi que disse que a única estrutura possível dentro de Entre outros elementos, o livro trouxe contribuições importan-
uma empresa é a tradicional, aquela montada pelos gestores? tes para a corrente teórica, enfatizando, por exemplo, que costu-
A teoria das relações humanas mostrou o contrário, com os mes e códigos de comportamento eram mais importantes do que
próprios operários montando o seu próprio grupo classista. incentivos financeiros.
Além disso, os autores abordaram o desenvolvimento natural
da liderança. Segundo eles, essa é uma habilidade inata, mas que
– A especialização e a troca de funções pode ser aprimorada.
A especialização não era vista como uma forma de tornar uma Em outras palavras, você pode se tornar o líder que tanto de-
empresa mais eficaz. Na verdade, a busca por mais capacitação era seja ser.
a oportunidade que os profissionais tinham de se livrar da rotina Ainda de acordo com Roethlisberger e Dickson, todas as pes-
monótona e repetitiva de seus cargos. soas têm necessidades sociais, que são tão importantes quanto às
Assim, era possível buscar uma promoção e trocar de função físicas.
dentro da organização.

245
ORGANIZAÇÃO
Em outras palavras, o lado técnico e humano estão intimamen-
te ligados e, para a compreensão total de um trabalhador, precisam NOÇÕES DE CIDADANIA E RELAÇÕES PÚBLICAS
ser analisados em conjunto.
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade
Chiavenato para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca
Idalberto Chiavenato é um pensador contemporâneo da teoria se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser
das relações humanas. divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação
O escritor brasileiro tem diversos livros publicados nas áreas de para o bem estar e desenvolvimento da nação.
administração de empresas e de recursos humanos. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua,
Com algumas adaptações para a realidade atual em relação ao não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais
texto original da Escola, como a correlação da satisfação profissio- velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefo-
nal e os índices de turnover, por exemplo, Chiavenato é visto como nes públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia
um dos maiores pensadores dos processos administrativos corpo- quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão
rativos no mundo. das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros
grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
“A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para
Qual a importância da teoria das relações humanas para as
garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso
empresas?
dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora - Militar e polí-
Criada há quase um século, a teoria das relações humanas ain-
tico brasileiro).
da é bastante atual e tem diversos pontos que podem ser explora- Consciência ecológica é uma expressão, exaustivamente utiliza-
dos nos dias de hoje. da na bibliografia especializada, de anos recentes, sem uma preo-
cupação da maioria dos autores de precisarem a que, exatamente,
A importância de olhar e valorizar o colaborador estão se referindo. A noção focalizada se contextualiza, historica-
Um dos principais ensinamentos da teoria que pode ser trazido mente, no período pós Segunda Guerra Mundial, quando setores
para a atualidade é o de que o colaborador é parte fundamental do da sociedade ocidental industrializada passam a expressar reação
desempenho da empresa e que, como tal, precisa ser valorizado. aos impactos destrutivos produzidos pelo desenvolvimento tecno-
Por isso, enfatizar questões sociais e humanísticas defendidas pela científica e urbano industrial sobre o ambiente natural e constru-
teoria é algo que deve ser feito, mesmo 90 anos depois. ído. Representa o despertar de uma compreensão e sensibilidade
Valorizar esse profissional significa dar todas as condições para novas da degradação do meio ambiente e das consequências desse
que ele desempenhe o seu papel da melhor maneira possível, além processo para a qualidade da vida humana e para o futuro da es-
de recompensar sua atuação acima da média. pécie como um todo. Expressa a compreensão de que a presente
Escutar o que ele tem a dizer, suas principais necessidades e crise ecológica articula fenômenos naturais e sociais e, mais que
suas inseguranças, é um meio de oferecer esse suporte, assim como isso, privilegia as razões político-sociais da crise relativamente aos
dar feedbacks constantes. motivos biológicos e/ou técnicos. Isto porque entende que a degra-
dação ambiental é, na verdade, consequência de um modelo, de
Como medir o desempenho do colaborador? organização político-social e de desenvolvimento econômico, que
Garantir a valorização do seus funcionários é certeza de uma estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir,
produtividade mais elevada e com qualidade. como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto
implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológico
Mas como se certificar de que esse desempenho é, de fato, e de uso dos recursos naturais, associados a uma forma específi-
aquele esperado? ca de organização do trabalho e de apropriação das riquezas so-
Quanto a isso, você pode ficar tranquilo. Existem formas de cialmente produzidas. Comporta, portanto, interesses divergentes
entre os vários grupos sociais, dentre os quais aqueles em posição
mensurar a performance do seus colaboradores.
hegemônica decidem os rumos sociais e os impõe ao restante da
sociedade. Assim, os impactos ecológicos e os desequilíbrios sobre
Resolução de situações com a avaliação de desempenho
os ciclos biogeoquímicos são decorrentes de decisões políticas e
Com os Key Performance Indicators (KPIs), popularmente co- econômicas previamente tomadas. A solução para tais problemas,
nhecidos como indicadores de performance, é possível recolher da- por conseguinte, exige mudanças nas estruturas de poder e de pro-
dos confiáveis para basear uma avaliação de desempenho. dução e não medidas superficiais e paliativas sobre seus efeitos.
Existem diferentes tipos, capazes de avaliar questões como Essa consciência ecológica, que se manifesta, principalmente, como
produtividade, eficácia e vendas, por exemplo. compreensão intelectual de uma realidade, desencadeia e materia-
Basta escolher as melhores opções para o seu caso e manter liza ações e sentimentos que atingem, em última instância, as rela-
um acompanhamento contínuo. ções sociais e as relações dos homens com a natureza abrangente.
Isso quer dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto
Teoria das relações humanas e o ciclo motivacional ideia ou teoria, dada sua capacidade de elaborar comportamentos
A partir dos estudos propostos pela teoria das relações huma- e inspirar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa,
nas, outros elementos comportamentais dos profissionais começa- também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre
ram a ser analisados. os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibili-
A motivação foi um deles, entendendo que um indivíduo moti- dade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilida-
vado tem maior propensão a atingir um objetivo pré-determinado de desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um
do que aquele que já não tem perspectivas. novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse
Em um primeiro momento, isso parece uma dedução lógica, a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, histo-
mas foi fazendo com que cada vez mais e mais empresas se preo- ricamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas oci-
cupassem em manter seus colaboradores dispostos e comprome- dentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973;
tidos, inclusive a partir de incentivos e melhorias na qualidade do
ambiente organizacional.1 ibccoaching.com.br/www.sbcoaching.com.br/www.administradores.
com.br . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 Fonte: www.administradores.com.br/www.rhportal.com.br/www.

246
ORGANIZAÇÃO
Boff, 1995; Morin, 1975). O PAPEL DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA CIDADANIA
Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de de- Partindo da premissa que só com a cidadania haverá o desen-
finir o fenômeno: volvimento social em qualquer campo do direito à vida: econômi-
“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira ra- co, social e cultural, assim, um profissional de relações públicas é o
dicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, no- responsável por “quebrar os paradigmas” sociais, usando inúmeras
cividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação ferramentas que estão ao seu alcance. A comunicação perpassa por
aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um proje- estratégias com o intuito de problematizar a realidade dos públicos
to político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamentos envolvidos, visto que tais públicos possuem suas singularidades,
do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento e do havendo também uma interação no processo de relacionamento
desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” (Morin, social.
1975) A base para a construção da metodologia teórica das relações
Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que indi- públicas situa-se no funcionalismo e positivismo.
cam o significado aqui atribuído à expressão consciência ecológica. Assim, Comte decorre sobre o positivismo defendendo a uni-
A participação e o exercício da cidadania, com empenho e dade das ciências propondo uma hierarquia entre elas. Ou seja, o
responsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova positivismo defende a premissa de que as ciências sociais precisam
sociedade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto, passar por uma análise sob a perspectiva dos padrões matemáticos.
é urgente descobrir novas formas de organizar as relações entre Em relação ao conceito de funcionalismo, a definição é expres-
sociedade e natureza, e também um novo estilo de vida que res- sa como: “[...] a essência do funcionalismo é sua forma de ver a so-
peite todas as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são ciedade como um todo organizado, em que as partes existem para
nossas irmãs. Queremos contribuir para melhorar a qualidade de satisfazê-lo, legitimá-lo” (KUNSCH; KUNSCH 2007, p. 123). A lógica
vida através da construção de um ambiente saudável, que possa do funcionalismo consiste em olhar a sociedade como um local em
ser desfrutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos que há partes interdependentes no processo de convergência da
hoje sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado sociedade em geral. Cabe aqui colocar um exemplo para melhor
em relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a na- entendimento: o funcionalismo ocorre parecido com uma empresa,
tureza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra onde os setores que compões a organização ajudam para que ela,
este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres, em geral, funcione positivamente.
animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco Após ser visto as premissas que perpassam pela a realidade co-
que transcende valores utilitários. municacional das relações públicas, passaremos agora para a análi-
Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a se dos caminhos come enfoque na participação comunitária.
continuidade. O ser humano tem a missão de administrar respon- Para haver desenvolvimento, é necessária que haja alteração
savelmente o ambiente natural, não dominá-lo e destruí-lo com sua do capital humano e do capital do social. [...] Combater a pobreza e
sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro ecoló- a exclusão social não é transformar pessoas e comunidades em be-
gico ser extremamente inquietante, existem cada vez mais pessoas neficiários passivos e permanentes de programas assistenciais, mas
e entidades que têm a consciência de que uma mudança é neces- significa, isto sim, fortalecer as capacidades de pessoas e comuni-
sária, e possível. dades de satisfazer necessidades, resolver problemas e melhorar
sua qualidade de vida (PERUZZO, 2002, p.253, FRANCO, 2002, apud
Relações Públicas KUNSCH; KUNSCH, 2007, p. 85).
Têm a ver com conscientização, educação, cultura, comporta- A priori, devemos nos atentar para qual desenvolvimento esta-
mento, sustentabilidade, RELACIONAMENTOS. E quando se fala em mos falando aqui.
relacionamentos, incluem-se aí as relações de cidadania, de pesso- É certo que a palavra em questão nos remete a progresso,
as e grupos de pessoas com órgãos governamentais, com empresas avanço e afins, porém o avanço que faz parte do pacto pela cida-
de todo tipo e de todos os setores, de funcionários com chefias e de dania tem que ser a satisfação do coletivo. O desenvolvimento dito
chefias com funcionários, de organizações com comunidades. aqui é entender as necessidades das comunidades com suas sin-
As relações públicas têm a competência de saber ouvir e falar gularidades e se apropriar de estratégias capazes de tornar a vida
a linguagem de cada público e, desta forma, buscar a aproximação do indivíduo mais satisfatória. Ou seja, fornecer ferramentas que
entre os interessados para que possam resolver questões insatis- sejam o alicerce para a eficiência individual.
fatórias. É, entre tantas outras coisas, profissão mediadora entre o O papel das relações públicas neste contexto é deveras enri-
cidadão e o Estado, buscando aparar arestas, atender necessidades, quecedor, pois ele é o responsável por compreender as necessida-
harmonizar interesses e, também, educar ambos os lados prestan- des das demandas sociais e, assim, buscar reivindicações visando
do informações, promovendo campanhas de conscientização, nive- fomentar a cidadania. As relações públicas comunitárias atuam em
lando conhecimento, estabelecendo diálogo. diferentes contextos, como exemplo, trazemos o aspecto informa-
Não estou dizendo que é fácil. Se fosse, não seria preciso um cional e o educacional. O segundo termo nos remete a um papel
curso superior de quatro anos para aprender teorias e técnicas, nem de produção de autoconhecimento entre os indivíduos da comu-
muitos e muitos anos de prática para antecipar necessidades, saber nidade.
o momento certo de agir, com quais recursos, quem são os contatos Porém, para que toda a teoria comunicacional se torne uma
certos e como abordá-los. Sem falar que é preciso experiência e ma- prática de sucesso, as ações traçadas pelo profissional têm muito a
turidade para saber lidar com diferentes tipos de pessoas, saber ser ver com o tipo de comunicação usado para tal. Deve ser considera-
suave ou firme na forma de agir, conforme a circunstância. da, sobretudo, a evolução dos instrumentos da contemporaneidade
que contribuem para um feedback maior entre os públicos envolvi-
dos. Assim, o que o profissional fala, como fala e por onde fala, in-
fluencia o processo de interação entre a organização e seu público,
a opinião pública e toda a sociedade.

247
ORGANIZAÇÃO
Ademais, a autenticidade do profissional em relações públicas comunitárias é muito mais que trabalhar para a comunidade, por meio
de ações. É atuar de maneira interativa, articulando e incentivando os indivíduos em seus diferentes contextos. Deve ser dito que o rela-
ções públicas atua dentro da comunidade e em função dela.
A atribuição do papel de um relações públicas em prol de comunidade vem atender as demandas sociais, pois o estado mostrou-se
incapaz de deter de estratégias nesse segmento. Nesta perspectiva, temos:
[...] Criou-se um espaço para um crescimento enorme de fundações, organizações não-governamentais e movimentos da sociedade
civil.
Além disso, as ações de responsabilidade social desenvolvidas pelas empresas privadas já não são uma tendência, mas uma realidade
em curso. Com esse novo cenário, o planejamento voltado para as políticas sociais e para os processos comunicacionais tem passado por
muitas mudanças e exige a adoção de novos paradigmas e novas metodologias (KUNSCH; KUNSCH, 2007, p.230).
Com base nesta citação temos a resposta para a pergunta “por que o papel das relações públicas é tão importante no contexto so-
cial?”. É possível dizer também em novas formas de planejamento, dado a necessidade de promoção de bem-estar, redefinição da missão
e visão, além do advento de novas formas de planejar as múltiplas ações estratégicas.
Em relação à tática para fomentar uma estratégia de relacionamento positiva com a comunidade, devemos dizer que não pode se
atentar a uma estratégia de marketing, ela deve fazer parte da cultura da instituição, por esse motivo é importante que os valores estejam
definidos. Dessa forma, o diálogo a ser estabelecido entre organização e público, frisará a responsabilidade social e filosofia inerentes à
organização em questão.
Ademais, para que as ações se tornem uma prática vivenciada por todos os que necessitam, é essencial, antes de tudo, fazer um
planejamento de ações, e quanto a isso é preciso o desenvolvimento de duas questões. Em primeira instância é preciso fazer um levan-
tamento de dados com o intuito de conhecer e mensurar a real situação dos públicos e identificar também quem são os líderes políticos
responsáveis por essa questão.
Após ter todos os dados referenciais é feito o planejamento propriamente dito.
Neste segundo momento, serão traçadas as possíveis soluções. Posteriormente ao plano, é feita a execução da estratégia. Serão atrelados
os aspectos estratégicos, as pesquisas de opinião, o plano de ação e a execução visando dispor de uma comunicação efetiva para a transformação
social. A mídia também se faz necessária no que tange a divulgação das informações necessárias, por isso, é essencial uma relação positiva entre
organização e os diferentes veículos da comunicação.

COMUNICAÇÃO

A comunicação empresarial passa por mudanças profundas. Com globalização, aumentaram as exigências de velocidade e produtivi-
dade e, por essa razão, hoje, todos os empregados de uma empresa devem ser bons comunicadores.
- A partir de 1980, quando a disputa no mercado comercial acirrou-se, as empresas criaram um diferencial, sobretudo no que se refere
ao estilo da linguagem. Assim iniciou -se um processo de modernização e racionalização da redação comercial ou oficial.
- A qualidade das relações humanas é um ponto crucial de sobrevivência nos negócios. As lideranças perdem força quando os empre-
gados se comunicam de forma confusa e imprecisa, o que gera prejuízo e retrabalho.
- Assim, o redator deve ser preparado para redigir considerando os pormenores da linguagem empresarial. Ao desenvolver bem tal
procedimento, o funcionário ajuda a criar uma imagem positiva da empresa.

ENTENDENDO O TEXTO EMPRESARIAL NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO


Para iniciarmos nosso estudo, vamos refletir um pouco sobre a seguinte questão:
Por que as organizações devem modernizar seu estilo e sua linguagem?
Alguém pode argumentar que um texto mal escrito não representa perda financeira substancial para uma empresa. Entretanto, veja-
mos o que pode ocorrer quando circulam documentos desse tipo:

248
ORGANIZAÇÃO
- Memorandos, relatórios, atas e cartas comerciais fazem parte das atividades desenvolvidas dentro de uma empresa e possibilitam a
formalização e o registro da escrita.
- Elas representam o registro formal das informações que circulam interna ou externamente. O investimento na competência comu-
nicativa hoje diferencia as empresas modernas das antiquadas, pois o interlocutor não dispõe mais de tempo nem vontade para decifrar
textos mal - elaborados.

O QUE UM TEXTO MAL - ELABORADO ACARRETA


• Desmotivação pela leitura: embromação afasta os leitores.
• Privilégio da troca oral de informações: se os textos não forem bons, as pessoas recorrerão à oralidade. Nesse caso, não há registros
formais, o que torna a comunicação temerária.
• Falta de credibilidade: mensagens mal - elaboradas, ambíguas ou obscuras podem comprometer a credibilidade de uma área ou de
toda a empresa diante de seus clientes.
• Retrabalho e prejuízos: pode ocorrer tanto para o emissor quanto para o receptor da mensagem. Um zero colocado por distração
pode ser fatal. Uma vírgula muda tudo. Um memorando escrito de maneira inadequada pode causar falência.
• Conflitos internos constantes: falta de clareza gera insegurança e interpretações equívocas e perigosos erros de comunicação, o que
pode levar à desagregação –algo contrário à sinergia positiva necessária ao sucesso de qualquer ambiente profissional.
• Ineficiência para novos negócios: o poder de persuasão de um texto é seriamente comprometido pela ocorrência de equívocos, o
que pode resultar em perdas de lucratividade.

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS DO ESTILO EMPRESARIAL


Veremos, a partir de agora as virtudes e os vícios do estilo empresarial para que você melhore sua comunicabilidade no ambiente
profissional.

A linguagem funciona como um espelho da qualidade dos produtos ou serviços de uma empresa.

EXEMPLOS DAS VIRTUDES TEXTUAIS

Objetividade
Quando falta objetividade em uma comunicação, a imagem da empresa fica violentamente comprometida. Textos confusos fazem crer
que a organização é antiquada, ultrapassada e incapaz de se instalar num mercado altamente competitivo.

249
ORGANIZAÇÃO
O que deve pensar quem emite textos no ambiente empresarial
- O contato direto do leitor com o assunto depende de trabalho intenso do emissor.
- Simplicidade não é pobreza, mas deputação que permite a eficácia da comunicação.
- A peça-chave para conquistar objetividade é empatia: focar no receptor e avaliar seus conhecimentos, dúvidas e expectativas

Concisão
A necessidade de entendimento rápido das mensagens torna o texto conciso desejável no contexto profissional.

Na redação empresarial, evite adjetivos, pronomes excessivos, advérbios:


Ex:. Ao entardecer de hoje, a mercadoria elegante que os proprietários encomendaram chegou à loja trazida pelos mesmos.
Prefira substantivos e verbos. Valorize a objetividade (dos exatos, números).

Melhor:
Ex:. Os proprietários trouxeram a mercadoria às 17h.
Evite períodos composto por subordinação, principalmente longos e intercalados

A redação empresarial não reflete somente a imagem de quem a redigiu, mas sim de toda a empresa. A escrita empresarial é coletiva,
isto é, você não escreve em seu próprio nome, mas em nome da companhia para a qual trabalha e, por isso, deve pensar não em “eu”,
mas em “nós”. A maioria dos documentos referem-se à empresa e exigem respeito aos posicionamentos da companhia diante dos fatos
relativos à correspondência.

Mesmo na comunicação interna, a exatidão é essencial, pois nesse caso, a empresa está interagindo verbalmente com seus funcioná-
rios. Assim como nos documentos oficiais, o empresarial deve primar pela clareza, formalidade, padrão único de apresentação, linguagem
coerente e correta.
Dentro das normas de correspondências empresariais e oficiais se entende como REMETENTE, aquele que envia a mensagem, como
DESTINATÁRIO, aquele que a recebe; como FORMA, seria o tipo de correspondência (carta, ofício, circular, memorando, bilhete, etc.) e em
qual linguagem, FORMAL OU INFORMAL, ela foi escrita.
Para cada um desses elementos, a redação possui normas técnicas de criação, confecção, apresentação, formatação, conteúdo e
linguagem. Toda Redação Empresarial ou Oficial deve ser produzida dentro de normas específicas (uma para cada tipo de documento),
criadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e, também, pelo Governo Federal, com o Manual de Redação Oficial. O conteúdo deve seguir o rigor da língua
culta e pátria, bem como, estrutura textual rígida e pré-formatada.
Entretanto, com o avanço da tecnologia e, sua consequente popularização, essa rigidez vem aos poucos definhando e dando lugar a
documentos bem escritos, porém, com menor formalidade. O uso do correio eletrônico (e-mail) é um bom exemplo disso, mas mesmo
esses documentos possuem algum tipo de apresentação e formalidade básicas.
Quanto ao uso da linguagem escrita informal dentro do ambiente profissional, não existem regras específicas, tudo irá se resumir a
diferentes graus subjetivos de afetividade, parceria, amizade, criatividade.

Coerência e unidade

AVALIAÇÃO DA MENSAGEM:
O que o receptor desse informativo pensará dessa comunicação? Será que ela é eficaz?
Já fizemos uma leitura crítica e você deve, agora, tentar identificar os erros apontados abaixo no texto.
- Existe uma confusão de assuntos nesse texto.
- O tom é, por vezes, agressivo, outras vezes cordial, não há harmonia de tom na mensagem.
- O objetivo principal está perdido em meio a informações menos relevantes e urgentes.

250
ORGANIZAÇÃO
- A sequência das frases é incoerente e o texto poderia ser reduzido sem perda de conteúdo ou dividido em três mensagens menores
e autônomas.
- Do ponto de vista da estrutura o texto “vai e volta” nos assuntos, sem ordem e sem progressão.
- A linguagem está carregada de expressões antigas e chavões desnecessários.
- Os conectivos são antiquados e mal colocados.
- Os parágrafos misturam assuntos diferentes.
- Quais os documentos devem ser levados?
- Deve confirmar a presença no jantar apenas se for levar acompanhante?
- O fecho é antiquado.
- Apresenta gerundismo (vão estar sendo isentos).

LINGUAGEM FORMAL
Quanto ao uso da linguagem escrita formal dentro do ambiente profissional, não existem regras específicas, tudo irá se resumir a dife-
rentes graus subjetivos de afetividade, parceria, amizade, criatividade. Acima de tudo, a linguagem será usada conforme forem as regras e
o perfil desta e de quem a comanda. Mas, mesmo com certa flexibilidade, a linguagem formal (norma culta) é ideal no texto empresarial.
A linguagem formal (norma culta) é ideal no texto empresarial.
Ela previne problemas como:

Ruídos na compreensão
A linguagem informal pode causar confusão, pelo uso de termos compreendidos apenas por parte dos envolvidos na comunicação
(como gírias e regionalismos);

Intimidade excessiva
O que é bom numa carta de amor não funciona na redação empresarial. Frases “emocionais” e “desabafos” não cabem no contexto
profissional. O equilíbrio do emissor é traduzido pelo uso objetivo e impessoal da linguagem. Evite adjetivos, apelidos e subjetividade.

- Descrédito
O coloquialismo, que cai bem numa conversa entre amigos, pode afugentar consumidores mais exigentes. Comunicações formais
sugerem seriedade, objetividade e imparcialidade e previnem a vagueza e a ambiguidade.

- Má impressão
Linguagem informal pode significar desleixo gramatical, erros e texto sem planejamento estrutural. Erros gramaticais sugerem que a
empresa emprega pessoal pouco “escolarizado”.
Quanto à correção gramatical, última virtude do texto empresarial, já dedicamos uma aula a este problema.

VÍCIOS DO TEXTO EMPRESARIAL MODERNO


O emissor de redações empresariais deve evitar:
1 – Verbosidade — o emissor usa estilo erudito e complicado.
2 – Chavões — o emissor emprega expressões gastas, inúteis e irritantes.
3 – Coloquialismo/ gírias — o emissor escreve como fala.
4 – Jargão técnico descontextualizado — uso de termos técnicos com leigos.

VINTE LEMBRETES PARA O REDATOR DE CARTAS EMPRESARIAIS


1- Trate todos os clientes com a máxima cortesia.
2- Responda sem demora às cartas recebidas.
3- Antes de escrever, reúna todos os dados necessários.
4- Vá diretamente ao assunto, pois os clientes são pessoas ocupadas.
5- Seja claro e conciso, pois assim economizará o tempo do cliente e o seu próprio.
6- Quando tiver de redigir, evite o nervosismo e a preocupação; sem serenidade, é difícil reunir ideias apropriadas.
7- Seja original: evite as expressões rotineiras, vagas e confusas.
8- Não empregue gíria: não convém ser “natural” demais! Também não use, desnecessariamente, termos técnicos. Afinal, por que
complicar?
9- Mostre simpatia e compreensão: evite controvérsias e os antagonismos.
10- Não se gabe por estar sempre com a razão: você também pode equivocar-se.
11- Se for preciso apresentar queixas, evite o tom ofensivo, que pode resultar em reações indesejáveis e prejudiciais. “Não se apa-
nham moscas com vinagre”, diz o ditado.
12- Em vez de censurar, peça explicações.
13- Consulte seguidamente o dicionário, para certificar-se de que as palavras têm efetivamente o significado que você lhes atribui.
14- Use, de preferência, a voz ativa: ela é mais direta, mais eficaz, mais vigorosa.
15- Examine cópias de cartas suas e de outros e procure encontrar-lhes uma redação melhor.
16- Escreva para expressar-se, não para impressionar.
17- Não faça borrões nem rasuras, que enfeiam a carta e depõem contra a organização.
18- A quem você está escrevendo? Se possível, forme uma ideia do destinatário. O tom de sua carta pode variar de acordo com o
relacionamento ou conhecimento que há entre remetente e destinatário.

251
ORGANIZAÇÃO
19- Faça com que suas cartas reflitam uma atitude alegre e espírito de cooperação. Mostre que você tem interesse sincero em ajudar,
pois cativa as pessoas.
20- Lembre-se: uma carta bem redigida assegura bons negócios.

CARTA EMPRESARIAL

Partes da carta empresarial


A carta empresarial consta das seguintes partes básicas: cabeçalho, texto e fecho.

NOTA – Alguns dos elementos citados, tanto no cabeçalho como no fecho, não aparecem em todas as cartas, tratando-se apenas de
componentes eventuais. Nos capítulos respectivos, ver-se-á a necessidade ou a utilidade da presença, na carta, de cada um desses ele-
mentos.

O cabeçalho da carta empresarial


Como vimos o cabeçalho compreende: o timbre, o índice e o número, a data, o endereço, a linha de atenção, a referência ou o assunto
e o vocativo.

1- TIMBRE
O timbre oferece ao leitor três informações sobre o remetente: a) quem é; b) o que faz; c) qual é o seu endereço. Contém: o nome (ra-
zão social) da empresa, a especificação do seu ramo de atividades, o endereço completo do estabelecimento, inclusive número de telefone
e telex, denominação telegráfica, etc. Havendo filiais, sucursais, agências, etc., essas indicações também dão dadas.
O timbre requer uma apresentação artística, identificando o ramo de negócios e também a personalidade da empresa. Deve ter so-
briedade e simplicidade, pois o exagero de elementos pode fazer com que os fundamentais passem despercebidos.
O timbre não é um catálogo ou um guia telefônico.
Nas cartas de vendas, todavia, admite-se que o timbre apresente ilustrações e mensagens específicas.
Prática mais comum é o uso do logotipo ou um “slogan” de especial impacto no timbre.

2- ÍNDICE E NÚMERO
O índice indica o setor ou o departamento especializado que está expedindo a carta. Serve para o remetente arquivar os papéis, e
também ao destinatário, que sabe a que setor da empresa dirigir-se, em função do assunto. É necessário em grandes empresas, quando
a correspondência é descentralizada.

Após o índice, aparece o número de ordem da carta. Como essa numeração é reiniciada a cada ano, ela é seguida do número indica-
tivo do ano: DC/214-90 ( Carta nº 214, de 1990, expedida pelo Departamento de Crédito ). O índice e o número da carta costumam ser
separados por uma diagonal ( / ). É recomendável separar os dois números, o da carta e do ano, por um hífen, o que torna mais fácil a
leitura do conjunto. O índice e o número da carta são colocados no canto superior esquerdo ou direito do papel, na mesma altura da data:
DCM/748-89

Do lado direito, facilita a procura da carta no arquivo, geralmente feita pelo respectivo número de ordem: CM/748-89

3 – DATA
É indicação do lugar, dia, mês e ano da expedição: Ex. Penápolis, 23 de maio de 2013.

252
ORGANIZAÇÃO
Quando o papel é timbrado, pode-se omitir a indicação do lugar, desde que a carta seja expedida da localidade constante no timbre e
que este não apresente vários endereços, como de filiais, sucursais, etc.
Na correspondência externa, deve-se escrever por extenso o nome do mês (e sempre com inicial minúscula, conforme determinam
as normas ortográficas); deve-se evitar abreviação dos algarismos indicativos do ano: 89, 90, etc.. O ponto após a data depende de se
empregar a pontuação aberta ou a fechada, como se verá adiante.

4 – ENDEREÇO
Também chamado de endereço interno, compreende o nome (pessoa física) ou a razão social (pessoa jurídica) e o endereço propria-
mente dito do destinatário. É colocado junto à margem esquerda do papel, logo abaixo da posição tradicional do índice e do número da
carta, devendo ser idêntico ao constante no envelope (endereço externo). Ocupa de três a cinco linhas, sempre dispostas em bloco, isto é,
começando junto à margem esquerda:

5- LINHA DE ATENÇÃO
A linha de atenção é empregada quando se deseja que a correspondência seja aberta por determinado funcionário, que deverá en-
carregar-se do assunto exposto. Pode-se indicar o nome da pessoa e/ou do departamento a que se deseja encaminhar especificamente a
correspondência.

6- REFERÊNCIA / ASSUNTO
A referência ou assunto é uma síntese do conteúdo da carta.
Esse dado é útil para a pessoa que classifica e arquiva a correspondência, e para quem a recebe, pois, num relance, toma conhecimen-
to do assunto exposto.
Alguns autores fazem distinção entre referência e assunto ou objeto. Também há os que empregam a palavra epígrafe como sinônimo
de referência. Há certa impropriedade nesse emprego, já que os dois termos não são sinônimos. Epígrafe, na linguagem comum, significa
“título ou frase que serve de um tema a um assunto”; em bibliografia, tem o sentido de “sentença ou divisa posta no frontispício ( página
de rosto ) de livro, capítulo, princípio de discurso, conto, composição poética, etc.”; em técnica de redação legislativa, finalmente, epígrafe
é a “parte da norma que indica sua natureza ( nome ), número e data”: Decreto-Lei nº 2.227, de 16 de janeiro de 1985.
A referência aparece, tradicionalmente, entre o endereço e o vocativo, a igual distância dos dois, junto à margem esquerda ou do
meio em direção à margem direita, dependendo do estilo de disposição da carta no papel. A posição do meio em direção à margem direita
oferece a vantagem da melhor visualização. Pode vir antecipada, ou não, da abreviatura Ref.

7 – VOCATIVO
O vocativo é a saudação de cortesia que se dirige ao destinatário. Recomenda-se não abreviar qualquer dos termos do vocativo. Se for
o caso, pode ser seguido do cargo, função ou título profissional:
Senhores: Senhor Gerente: Senhor Professor:
Havendo um relacionamento maior entre o remetente e destinatário, o vocativo pode vir antecedido da palavra prezado:
Prezado Senhor: Prezados Senhores:
Ainda um maior grau de intimidade entre remetente e destinatário, o vocativo passa a ser individualizado, nominal:
Prezado Senhor Ricardo:

O TEXTO DA CARTA EMPRESARIAL


O texto é a parte central da carta ou corpo e podemos distinguir três partes: a introdução, o desenvolvimento e o encerramento.

1- INTRODUÇÃO
Visa a despertar o interesse do leitor e captar sua atenção. Nas cartas de rotina, é a entrada pura e simples no assunto.

2- DESENVOLVIMENTO
Deve expor ao destinatário o motivo da carta e referir-se a um só assunto, em torno do qual há de estruturar-se todo o conjunto da
mensagem. Se for necessário tratar de diversos assuntos, convém que haja uma certa relação entre eles. Os assuntos devem ser expostos
em ordem de importância. Separe cada assunto com números, títulos e tópicos

253
ORGANIZAÇÃO
Quando os assuntos são muito importantes, é preferível escre- MT/CT
ver uma carta para cada um, garantindo a atenção devida a cada um JL:TB
deles. Também não se deve colocar na mesma carta assuntos que GMC-FNB
devem ser resolvidos em departamentos diferentes. Se for necessá- ITK/ETD/NGT
rio fazer isso, coloque várias cópias no mesmo envelope. Será mais
fácil encaminhar as cópias aos setores competentes do que circular Como se vê, todas as iniciais são maiúsculas, uma vez que sem-
a mesma carta pelos diversos setores, o que pode causar o extravio pre se trata de iniciais de nomes próprios, que, pelas normas or-
do documento. tográficas vigentes, são maiúsculas. Por se tratar de siglas, não se
coloca ponto entre as diversas letras.
3- ENCERRAMENTO Se quem assina a carta é o mesmo que a redigiu, não há ne-
É o parágrafo que encerra o corpo da carta (pode vir junto com cessidade de se registrarem suas iniciais, aparecendo, neste caso,
o fecho de cortesia). apenas as do digitador. No caso, as iniciais do redator são supér-
Ele sempre deverá atender a um dos seguintes objetivos: fluas, uma vez que sua responsabilidade já está caracterizada na
- levar o leitor a agir, ou assinatura.
- causar uma boa impressão, caso não se pretenda a ação do
destinatário. 4 – INDICAÇÃO DE ANEXOS
É frequente a necessidade ou a conveniência de juntar algum
O FECHO DA CARTA EMPRESARIAL documento à carta: contrato, recibo, lista de preços, pedido, etc.,
O fecho da carta empresarial compreende a despedida (fór- esses anexos devem ser mencionados na carta, em seguida às ini-
mula de cortesia), a assinatura, as iniciais, a indicação de anexos, ciais ( do redator e do digitador ), junto à margem esquerda:
o aviso de cópias, o pós-escrito e o aviso de folha de continuação. Anexo: 1 pedido
Algumas das partes citadas não aparecem na totalidade das Anexos: 1 fatura;
cartas. 2 recibos.
Anexa: 1 ficha de inscrição.
1 – DESPEDIDA ( fórmula de cortesia ) Anexas: 2 faturas;
Para finalizar a carta, emprega-se uma fórmula de cortesia de 2 listas de preços.
acordo com o tom geral da mensagem. Note-se que a palavra anexo, por ser adjetivo, concorda em gê-
nero e número com aquilo que se vai anexar.
2 – ASSINATURA
A assinatura compõe-se de três elementos: o nome de quem 5 – AVISO DE CÓPIAS
assina, seu cargo ou função na empresa digitados e sua assinatura Quando se envia (m) cópia (s) de uma carta à outra (s) pessoa
propriamente dita. (s) ou departamento (s), indica-se o destinatário dessa (s) cópia (s)
• Na assinatura, não cabe a anteposição de título profissional abaixo das iniciais de identificação do redator e do digitador. Essa
(doutor, engenheiro etc.) ao nome de quem assina. Somente se for indicação será precedida da abreviatura C/c ( ou
uma exigência, como nas repartições oficiais, por exemplo, haverá C. c., menos usual ):
exceção a essa norma. C/c: SPC
• Não se usa traço para assinatura. C/c: Sr. Mateus ( Departamento de Compras )
• Se o papel é timbrado, não há necessidade de se colocar o C/c: Departamento de Pessoal
nome da empresa junto à assinatura. C/c: Banco do Brasil ( Agência Central )
• Não se usa mais o carimbo na assinatura, exceto em certas
cartas e outros documentos enviados para determinadas reparti- Às vezes não se quer que o destinatário da carta tenha conhe-
ções públicas que exigem isso. cimento de envio de cópia (s) a outra (s) pessoa (s) ou entidade
• Carta sem assinatura não merece consideração. (s). Nesse caso, a indicação de cópias não figura no original, mas
• Se duas pessoas assinarem a carta, a diretamente responsá- somente nas demais vias. A essa forma dá-se o nome de cópia cega
vel assina à direita, e a outra à esquerda, dando a entender que a ou cópia confidencial.
chefia avaliza a mensagem com sua assinatura.
• A expressão Visto deve restringir-se às comunicações inter- 6 – PÓS-ESCRITO
nas, pois denota falta de confiança da empresa nos seus prepostos, O pós-escrito é o acréscimo de alguma (s) frase (s) a uma carta
nos diversos escalões. depois de esta ter sido composta no seu formato original.
Emprega-se geralmente a abreviatura P. S. ( do latim, “post
3 – INICIAIS scriptum” ) para indicar essa circunstância.
As iniciais servem para identificar quem redigiu ou ditou a carta O pós-escrito, que é colocado ao pé da página, cabe em dois ca-
e quem a anotou e/ou digitou. Às vezes indicam mais um terceiro sos específicos: para cobrir um ponto importante omitido no corpo
elemento: o revisor. da carta; para dar ênfase a um aspecto importante da mensagem.
Essas indicações são realmente vantajosas quando, numa em- Não se deve abusar no emprego do pós-escrito.
presa de grande porte, várias pessoas se ocupam de redigir ou ditar Os americanos chegam a usar dois pós-escritos na mesma car-
e outras de transcrever e/ou datilografar a correspondência, com ta, primeiro abreviado sob forma P. S., e o segundo P. P. S.
vista a se fixarem às respectivas responsabilidades. Por se tratar de expressão de uso internacional, não se deve
Em primeiro lugar colocam-se as iniciais de quem redigiu ou substituí-la, na correspondência, por outras, como em tempo, etc.
ditou a carta; em seguida, as de quem a transcreveu e/ou datilo- Em tempo (E.T.) serve especificamente para indicar correções,
grafou, separando-as por diagonal (/), por dois pontos (:) ou por alterações, ressalvas ou acréscimos em atas, certidões, etc..
hífen (-).
Havendo revisor, suas iniciais aparecem por último, separadas
de forma idêntica:

254
ORGANIZAÇÃO
7 – AVISO DE FOLHA DE CONTINUAÇÃO
A maioria das cartas ocupa somente uma folha. Às vezes, no entanto, se faz necessária uma segunda folha. Nesse caso, procede-se
assim:

RELATÓRIOS
Relatório é um documento que visa expor: ocorrências, situações e fatos administrativos. Servem para informar acerca de uma situa-
ção e recomendar providências futuras.

Objetivos comuns:
Recomendar soluções para um problema de negócios;
Examinar e analisar novas oportunidades e iniciativas de novos negócios;
Divulgar informações importantes.
Pode ser acompanhado de gráficos, tabelas, mapas e ilustrações.

Características do relatório
- linguagem ordenada por critérios de tempo, espaço, causa e efeito;
- brevidade;
- objetividade máxima;
- os parágrafos são numerados, exceto o primeiro;
- pode vir como anexo de um ofício.

Defina o objetivo e público:


Descubra quais são as informações necessárias para atingir o objetivo definido.
Determine o público-alvo e seu conhecimento prévio sobre o tema. Escolha a linguagem compatível. Se for redigido para um leigo,
deve-se procurar “traduzir” as expressões que possam causar dúvidas.
Considerar o destinatário. Para alguns, os argumentos racionais e técnicos são prioridade. Outros preocupam-se com estética, deta-
lhes ou linguagem cordial.

PARTES DO RELATÓRIO

Capa
A capa conterá o nome da organização, o título do trabalho, setor que elaborou, data e nome do autor.

Título
É desejável que o título não seja vago nem impreciso. É necessário delimitá-lo. Outras exigências são: nome do destinatário, do autor,
título e data no início do relatório.

Folha de Rosto
A folha de rosto indicará o título do relatório, o autor, a quem é dirigido e a data.

Sumário
Contém três colunas: as divisões e subdivisões do relatório; o número das páginas e os itens. As partes são ligadas por linhas pontua-
das. Deve ser feito depois de terminado o relatório e numeradas as folhas ou páginas.

Sinopse
A sinopse é a condensação objetiva do relatório, na qual se indica o tema ou assunto da obra e suas partes principais.

Introdução
Descreva o tema de forma breve
Corpo do texto
Organize o corpo do relatório em diversos itens, seções e subseções, conforme o caso. O objetivo determina a organização da men-
sagem: informativa, persuasiva ou de orientação. Determinado o objetivo, é preciso estabelecer o tipo de estrutura narrativa: será crono-
lógica ou apresentará os fatos mais importantes no início? Pode-se redigir em forma de dissertação, com introdução, desenvolvimento e
conclusão. Um método eficaz é o que parte da estrutura: o que, quem, quando, como, onde e por que.

Conclusão
Deve sintetizar os pontos fundamentais, evidenciando a contribuição de modo objetivo.
Pode avaliar as implicações trazidas pelos dados expostos e determinar a necessidade de outras pesquisas.
Nesse momento, não apresente novas informações.

Apêndice (anexos)
Abrange informações complementares sobre fontes primárias citadas no relatório. Entre os tópicos encontra-se:
- Fotos;
- Ilustrações;

255
ORGANIZAÇÃO
- Mapas;
- Diagramas;
- levantamentos;
- Resumos estatísticos;
- Cálculos e formas.

Referências
Citar fontes de consultas, trabalhos, pessoas, etc.. Referenciar cientificamente a bibliografia consultada.

Formato
Utilizar preferentemente o papel A 4 (21 x 29,7 cm), conforme ABNT de uso mais comum no país. Digitar de um lado só.

256
ORGANIZAÇÃO
MEMORANDO No caso de erros constatados no momento de redigi-la, em-
É uma comunicação interna simples e clara. Não use precio- prega-se a partícula corretiva “digo”. Se o erro for notado após a
sismos e terminologia excessivamente técnica em memorandos redação de toda a ata, recorre-se à expressão: “em tempo”, que é
(memo). Também chamados de CI (Comunicado Interno). colocada após todo o escrito, seguindo-se então o texto emendado:
O memorando é um documento breve usado para passar infor- Em tempo: na linha onde se lê “bata”, leia-se “pata”.
mações a pessoas dentro de uma empresa. Quando ocorrem emendas à ata ou alguma contestação opor-
Partes: tuna, a ata só será assinada após aprovadas as correções.
Para: nome ou cargo do destinatário. Os números são grafados por extenso
De: nome ou cargo do emissor. Há um tipo de ata que se refere a atos rotineiros e cuja redação
Assunto: o título que resume o teor da comunicação. tem procedimento padronizado. Nesse caso, há um formulário a ser
Data. preenchido.
Mensagem. A ata é redigida por um secretário. No caso da ausência deste,
Assinatura.
nomeia-se outro secretário (ad hoc) designado para essa ocasião.
São elementos da ata
Checklist do memorando:
• Siga o formato adotado por sua empresa;
• Dê espaçamento duplo entre cada item; Dia, mês, ano e hora da reunião ( por extenso );
• Não se dirija às pessoas por apelidos; Local da reunião;
• Inclua o cargo das pessoas hierarquicamente acima de você; Relação e identificação das pessoas presentes;
• Seja claro e objetivo; Declaração do presidente e secretário;
• Resuma discussões anteriores; Ordem do dia;
• Use subtítulos para facilitar a visualização do conteúdo rele- Fecho.
vante no texto;
• Use tópicos e marcadores para dividir memorandos. EDITAL
Ato escrito oficial em que há determinação, aviso, citação, etc.,
A repetição do cargo abaixo da assinatura é desnecessária; e que se afixa em lugares públicos ou se anuncia na imprensa para
Saudação final: “atenciosamente”. conhecimento geral ou de alguns interessados, ou ainda, de pessoa
Explicar siglas e esclarecer dados. determinada.
Outros procedimentos desejáveis:
Manter um arquivo com as cópias e a assinatura de recebimen- OFÍCIO
to. • Forma de correspondência oficial trocada entre chefes de
Evitar chavões, frases feitas, adjetivações inúteis. hierarquia equivalente ou enviada a alguém de hierarquia superior
a daquele que assina.
Conteúdo: • Tem como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos
Memorandos não devem ser exaustivos, o objetivo é resumir órgãos da Administração Pública entre si e também com particula-
as informações essenciais. res.
Como evitar erros em memorandos: • Circula entre Agentes Públicos ou entre um Agente Público e
• Use tom cordial; um Particular.
• Não seja rebuscado; • A linguagem deve ser formal sem ser rebuscada, pois “as
• Apresente as informações importantes imediatamente; comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser
• Descreva, em linhas gerais, os passos que você pretende se-
compreendidas por todo e qualquer “cidadão brasileiro” ( Manual
guir;
de Redação da Presidência da República ).
• Não se esqueça de incluir os anexos, caso sejam menciona-
• A finalidade é informar com o máximo de clareza e precisão,
dos;
• Não apresente muitas informações de uma só vez; utilizando-se o padrão culto da língua.
• Oriente seus leitores para as questões mais importantes;
• Não deixe de contextualizar as informações; REQUERIMENTO
• Não exagere em expressões supérfluas. É um pedido baseado em direito legal que se encaminha a uma
autoridade do Serviço Público ou estabelecimentos de ensino. En-
ATA tre a invocação e o texto deve haver espaço de sete espaços duplos
Ata é um registro do que passou numa reunião, assembleia ou para o despacho.
convenção. Foram abolidas as expressões abaixo assinado, muito respeito-
Espécies: ata de assembleia geral, de assembleia geral ordiná- samente e tantas outras.
ria, ata de condomínio. É portanto, um relatório pormenorizado de
tudo o que se passou em uma reunião. São componentes de um requerimento
Deve ser assinada em alguns casos pelos particulares da reu- 1. Invocação: forma de tratamento, cargo ou órgão a que se
nião (conforme estatuto da empresa), e pelo presidente ou secretá- dirige;
rio, sempre. Para sua lavratura, devem ser observadas as seguintes Ilustríssimo Senhor:
normas: Diretor-Geral do Departamento de Pessoal do Ministério da
- Lavrar a ata em livro próprio ou em folhas soltas. Deve ser la- Educação e Cultura:
vrada de tal modo que impossibilite a introdução de modificações. Não se menciona no vocativo o nome da autoridade.
- Sintetizar de maneira precisa as ocorrências verificadas. Não se coloca após o vocativo nenhuma fórmula de saudação.
- O texto será digitado ou manuscrito sem rasuras. 2. Texto: nome do requerente, sua filiação, sua naturalidade,
- O texto será compacto, sem parágrafos ou com parágrafos seu estado civil, sua profissão e residência ( cidade, Estado, rua e
numerados. nº.).
- Na ata do dia, são consignadas as retificações feitas à anterior.

257
ORGANIZAÇÃO
Acrescente-se, ainda, exposição do que se deseja, justificativa ( fundamentada em citações legais e outros documentos ).

3. Fecho: NESTES TERMOS PEDE DEFERIMENTO em letras maiúsculas, ou:


Nestes termos pede deferimento.
Espera deferimento.
Aguarda deferimento.
Pede deferimento.
Termos em que pede deferimento;

4. Local e data.

5. Assinatura.

Obs.: Evite-se o “pede e aguarda deferimento”, pois ninguém pede e se recusa a aguardar.

PROCURAÇÃO
Procuração é um documento que uma pessoa passa a alguém para que possa tratar de negócios em nome de outra. É um documento
em que se estabelece legalmente essa incumbência, se outorga o mandato e se explicitam os poderes conferidos.

ATESTADO
Atestado é uma declaração firmada por uma autoridade em favor de alguém ou algum fato de que se tenha conhecimento. É um
documento oficial com que se certifica, afirma, assegura, demonstra algo que interessa a outrem.

CIRCULAR
A circular é uma comunicação reproduzida em muitos exemplares, é dirigida a muitas pessoas ou a um órgão. Serve para transmitir
avisos, ordens ou instruções. Em geral, contém assunto de caráter ou interesse geral.

CONVOCAÇÃO
Convocação é uma forma de comunicação escrita em que se convida ou chama alguém para uma reunião. Na elaboração do texto, é
necessário especificar local, data, finalidade. A garantia da clareza das ideias do texto advém da escolha de um vocabulário simples (pala-
vras conhecidas, utilizadas no dia a dia ) e uso de frases curtas e, de preferência, orações coordenadas. O objetivo da convocação deve ser
reconhecido prontamente.

DECLARAÇÃO
Declaração é documento expedido por pessoa ou empresa que informa ou explica algo. Tem valor probatório. Nela se manifesta opi-
nião, conceito, resolução ou observação.

RECIBO
Significa o documento em que se confessa ou se declara o recebimento de algo. Normalmente, é um escrito particular. Alguns tipos
de recibo: recibo de pagamento, que é o mais comum, indica a quitação do pagamento de uma dívida, em sua totalidade ou parcialmente;
recibo por conta é sempre parcial; recibo por saldo indica quitação referente a todas as transações até a data da emissão, e é uma quitação
total.

TELEGRAMA
Característica:
• Curto e claro – Códigos: PT (ponto); ABRASPAS (abrir aspas); VG (vírgula) ; FECHASPAS (fechar aspas);
• Não se escrevem os acentos;
• Não se usa hífen;
• Não se divide palavra no final da linha;
• Tudo em maiúscula.

REDAÇÃO OFICIAL DE DOCUMENTOS OFICIAIS. EXPEDIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: REGISTRO E


ENCAMINHAMENTO

A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da República foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas mudanças
quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado em 1991 e surgiu de uma necessidade de padronizar os protocolos à
moderna administração pública. Assim, ele é referência quando se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas.
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar regras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Expressões
usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno ou
digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas apenas por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público entender
que não foi atendido pelo decreto e exigir o tratamento diferenciado.

258
ORGANIZAÇÃO
A redação oficial é c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma insti-
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi- tuição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Execu-
ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e pre- tivo ou dos outros Poderes.
cisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade,
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua por- Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a fina-
tuguesa. lidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação
comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabele-
Sinais e abreviaturas empregados cem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento
dos órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O
agramatical mesmo ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
§ Parágrafo é a de informar com clareza e objetividade.
adj. adv. Adjunto adverbial
Atributos da redação oficial:
arc. Arcaico • clareza e precisão;
art.; arts. Artigo; artigos • objetividade;
• concisão;
cf. Confronte • coesão e coerência;
CN Congresso Nacional • impessoalidade;
Cp. Compare • formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.
EM Exposição de Motivos
f.v. Forma verbal Clareza Precisão
fem. Feminino Para a obtenção de clareza,
ind. Indicativo sugere-se:
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira a) utilizar palavras e expres-
sões simples, em seu sentido
masc. Masculino comum, salvo quando o texto
obj. dir. Objeto direto versar sobre assunto técnico,
hipótese em que se utilizará
obj. ind. Objeto indireto
nomenclatura própria da área;
p. Página b) usar frases curtas, bem
p. us. Pouco usado estruturadas; apresentar as O atributo da precisão comple-
orações na ordem direta e menta a clareza e caracteriza-
pess. Pessoa evitar intercalações excessi- -se por:
pl. Plural vas. Em certas ocasiões, para a) articulação da linguagem
pref. Prefixo evitar ambiguidade, sugere-se comum ou técnica para a
a adoção da ordem inversa da perfeita compreensão da ideia
pres. Presente oração; veiculada no texto;
Res. Resolução do Congresso Nacional c) buscar a uniformidade do b) manifestação do pensamen-
tempo verbal em todo o texto; to ou da ideia com as mesmas
RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
d) não utilizar regionalismos e palavras, evitando o emprego
RISF Regimento Interno do Senado Federal neologismos; de sinonímia com propósito
s. Substantivo e) pontuar adequadamente o meramente estilístico; e
texto; c) escolha de expressão ou
s.f. Substantivo feminino f) explicitar o significado da palavra que não confira duplo
s.m. Substantivo masculino sigla na primeira referência a sentido ao texto.
SEI! Sistema Eletrônico de Informações ela; e
g) utilizar palavras e expres-
sing. Singular sões em outro idioma apenas
tb. Também quando indispensáveis, em
razão de serem designações ou
v. Ver ou verbo
expressões de uso já consa-
v.g. verbi gratia grado ou de não terem exata
var. pop. Variante popular tradução. Nesse caso, grafe-as
em itálico.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se
a) alguém que comunique: o serviço público. deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso,
b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia prin-
órgão que comunica. cipal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao
contato mais direto com o assunto e com as informações, sem sub-

259
ORGANIZAÇÃO
terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú-
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome
rude e grosseiro. do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informa- nome do destinatário nas hipóteses de:
ções com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma enten- I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da ad-
dê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar ministração ser insuficiente para a identificação do destinatário; ou
passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público
em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, específico.
redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atri- Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expe-
butos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elemen- dientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela for-
tos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência ma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os -los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. o que chamamos de padrão ofício.
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um
texto são: Consistem em partes do documento no padrão ofício:
• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à • Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página
sua interpretação); do documento, centralizado na área determinada pela formatação.
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo
ou no lugar de uma oração); da página; nome do órgão principal; nomes dos órgãos secundá-
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto); rios, quando necessários, da maior para a menor hierarquia; espa-
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, perío- çamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como
dos ou parágrafos). endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio
eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço pú- do documento, centralizados.
blico e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos.
Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não de- • Identificação do expediente:
vem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal. a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, todas as letras maiúsculas;
isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”,
comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais padronizada como Nº;
documentos impressos. Recomendações: c) informações do documento: número, ano (com quatro dí-
• A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra gitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor
a sua simplicidade; para a maior hierarquia, separados por barra (/);
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de d) alinhamento: à margem esquerda da página.
modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo
literário; • Local e data:
• A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na reda- a) composição: local e data do documento;
ção de um bom texto. b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o
documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da uni-
O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com dade da federação depois do nome da cidade;
agentes públicos federais é “senhor”, independentemente do nível c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do
hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião. mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se
deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino e d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
para o plural. e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem
São formas de tratamento vedadas: direita da página.
I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
II - Vossa Senhoria; • Endereçamento: O endereçamento é a parte do documento
III - Vossa Magnificência; que informa quem receberá o expediente. Nele deverão constar :
IV - doutor; a) vocativo;
V - ilustre ou ilustríssimo; b) nome: nome do destinatário do expediente;
VI - digno ou digníssimo; e c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
VII - respeitável. d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente,
dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/
Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos prono- logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão,
mes de tratamento, mediante invocação de normas especiais refe- informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-
rentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo ração, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e
modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato administrativo unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obriga-
na forma de tratamento empregada. tória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da
cidade/unidade da federação;
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

260
ORGANIZAÇÃO
• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata • Fechos para comunicações: O fecho das comunicações ofi-
o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte ciais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar
maneira: o destinatário.
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, in-
conteúdo do documento, seguida de dois-pontos; clusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia infe-
documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utili- rior ou demais casos: Atenciosamente,
zar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o títu- • Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assi-
lo, deve ser destacado em negrito; nadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
e) alinhamento: à margem esquerda da página. a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em le-
tras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do
• Texto: signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigi-
do apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
NOS CASOS EM QUE
QUANDO FOREM USADOS palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
NÃO SEJA USADO PARA
PARA ENCAMINHAMENTO c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centra-
ENCAMINHAMENTO
DE DOCUMENTOS, lizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar
DE DOCUMENTOS, O
A ESTRUTURA É a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
EXPEDIENTE DEVE CONTER
MODIFICADA: página ao menos a última frase anterior ao fecho.
A SEGUINTE ESTRUTURA:
a) introdução: deve iniciar com • Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigató-
referência ao expediente que ria apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
solicitou o encaminhamento. centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
Se a remessa do documento a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm
a) introdução: em que é apre-
não tiver sido solicitada, deve da margem inferior; e
sentado o objetivo da comuni-
iniciar com a informação do b) fonte: Calibri ou Carlito.
cação. Evite o uso das formas:
motivo da comunicação, que
Tenho a honra de, Tenho o
é encaminhar, indicando a Quanto a formatação e apresentação, os documentos do pa-
prazer de, Cumpre-me infor-
seguir os dados completos drão ofício devem obedecer à seguinte forma:
mar que. Prefira empregar a
do documento encaminhado a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
forma direta: Informo, Solicito,
(tipo, data, origem ou signatá- b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
Comunico;
rio e assunto de que se trata) c) margem lateral direita: 1,5 cm;
b) desenvolvimento: em que o
e a razão pela qual está sendo d) margens superior e inferior: 2 cm;
assunto é detalhado; se o tex-
encaminhado; e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da mar-
to contiver mais de uma ideia
b) desenvolvimento: se o autor gem superior do papel;
sobre o assunto, elas devem
da comunicação desejar fazer f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
ser tratadas em parágrafos
algum comentário a respeito g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
distintos, o que confere maior
do documento que encaminha, ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
clareza à exposição; e
poderá acrescentar parágrafos querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
c) conclusão: em que é afirma-
de desenvolvimento. Caso (margem espelho);
da a posição sobre o assunto.
contrário, não há parágrafos h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
de desenvolvimento em expe- pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para
diente usado para encaminha- gráficos e ilustrações;
mento de documentos. i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o
negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado,
Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
deve ser formatado da seguinte maneira: outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padroniza-
a) alinhamento: justificado; ção do documento;
b) espaçamento entre linhas: simples; j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafa-
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após das em itálico;
cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve
numeram o vocativo e o fecho; ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos; lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no servi-
citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho ço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas,
pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.

261
ORGANIZAÇÃO
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
+ número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo.

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único órgão
receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

262
ORGANIZAÇÃO
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para de intervenção federal.
mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes cons-
tarão na epígrafe. As mensagens contêm:
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o a) brasão: timbre em relevo branco;
órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes dos b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à
órgãos que receberão o expediente. margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o
Exposição de motivos (EM) pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de
É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice- parágrafo dado ao texto;
Presidente para: d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
a) propor alguma medida; e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinha-
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou dos à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados
c) informa-lo de determinado assunto. pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signa-
tário.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República
por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado en- A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática
volva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada comum, não só em âmbito privado, mas também na administra-
por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos.
de interministerial. Independentemente de ser uma EM com ape- Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endere-
nas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica ço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documen-
dentro de um mesmo ano civil. to oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunica- linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como en-
ção dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso, dereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacio- ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como
nal ou ao Poder Judiciário. sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e
(Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a re- recebimento de documentos na administração pública.
dação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a ge- Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
rência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República. que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatá- os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
rio são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurí- O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
dico que assinou o parecer jurídico da Pasta. certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; con-
tudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico re-
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas conhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover- os parâmetros da ICP-Brasil.
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa-
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que gem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi- quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na cai-
nal. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso xa do correio eletrônico.
Nacional têm as seguintes finalidades: O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or- conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
çamentos anuais e créditos adicionais. nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
b) Encaminhamento de medida provisória. Senhora”.
c) Indicação de autoridades. Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias. “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
concessão de emissoras de rádio e TV. devem ser utilizados em e-mails profissionais.
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. Sugere-se que todas as instituições da administração pública
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa. adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
i) Comunicação de veto. fone do remetente.

263
ORGANIZAÇÃO
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de documento
ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Muitas
vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência particular
seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial ou de um ato
normativo. Assim, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em conta também a correção
ortográfica.

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
a) títulos de publicações
As aspas têm os seguintes (livros, revistas, jornais,
O hífen é um sinal usado para:
empregos: periódicos etc.) ou títulos de
a) ligar os elementos de pala-
a) antes e depois de uma congressos, conferências,
vras compostas: vice-ministro;
citação textual direta, quando slogans, lemas sem o uso de Usa-se o negrito para realce de
b) para unir pronomes átonos
esta tem até três linhas, sem aspas (com inicial maiúscula palavras e trechos. Deve-se evitar
a verbos: agradeceu-lhe; e
utilizar itálico; em todas as palavras, exceto o uso de sublinhado para realçar
c) para, no final de uma linha,
b) quando necessário, para nas de ligação); palavras e trechos em comunica-
indicar a separação das sílabas
diferenciar títulos, termos b) palavras e as expressões ções oficiais.
de uma palavra em duas par-
técnicos, expressões fixas, em latim ou em outras línguas
tes (a chamada translineação):
definições, exemplificações e estrangeiras não incorpora-
com-/parar, gover-/no.
assemelhados. das ao uso comum na língua
portuguesa ou não aportugue-
sadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos,
serão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração
Os parênteses são empregados para intercalar, em um texto, ex-
de Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em
plicações, indicações, comentários, observações, como por exem-
que:
plo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma sigla.
a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um
O travessão, que é representado graficamente por um hífen pro-
título; e
longado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos.
b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas
ou partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.

Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas
vezes dificulta a compreensão.

A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.

264
ORGANIZAÇÃO
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases
palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que depen- e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe
dem. Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa-
gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi-
e pessoa (nos verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e con- xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em
cordância verbal. que se apresenta.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto
oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina-
CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL
da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões
Adjetivos (nomes ou prono- ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao
mes), artigos e numerais con- sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de-
O verbo concorda com seu
cordam em gênero e número vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês.
sujeito em pessoa e número.
com os substantivos de que Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo
dependem. utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordi- as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o
nação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de depen- sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite
dência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo em deixar o texto como está.
rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes É importante lembrar que o idioma está em constante muta-
ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da
regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas
lhes completam o sentido. palavras e de formas de dizer.
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as se- A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações,
guintes finalidades: nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula-
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na lei- res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi-
tura; tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o au- uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar.
tor, devem merecer destaque; e De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu-
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades. rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria-
ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na ora- inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve-
ção, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa es- locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar
truturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu-
usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer. guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, da Língua Portuguesa.
marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um re- O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
sumo ou uma consequência do que se afirmou. dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. corporação acrítica do estrangeirismo.
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, • A homonímia é a designação geral para os casos em que pa-
admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos
restrito aos discursos e às peças de retórica. homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como
cunstâncias: nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta)
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver pró- verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do
ximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se redige. sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente.
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. em que são empregados.
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
do mais longínquo, ou histórico. descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, gir) e ratificar (confirmar).
ainda será mencionado; No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio- justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
nada no texto. harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos
objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com-
pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da
vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais);

265
ORGANIZAÇÃO
II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização, Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem-
de definição e de distribuição de competências; -se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de
III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí- vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná-
trio ao vincular os próprios órgãos do Estado; lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b)
IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios
condutas por meio de modelos; de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados
V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju- mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De-
rídica e no plano social. vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais
efeitos colaterais negativos.
Requisitos da elaboração normativa: O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en-
• Clareza e determinação da norma; tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor-
• Princípio da reserva legal; mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração
• Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece- normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências
didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada produzidas pelo novo ato normativo.
situação ou destinada a atingir determinado objetivo); É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um
• Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi- espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia
nistrativo; interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção
• Princípio da proporcionalidade; no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa
• Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli- uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às
na suficientemente concreta); exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem
• Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi- uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do
sa julgada; Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática
• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se- interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição lógi-
jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre- ca) e sistemática externa (estrutura da lei).
ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido). Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação:
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro- a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo em um mesmo contexto ou agrupamento;
legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
tomada da decisão legislativa. cronológica, se possível;
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de ao ato normativo que está sendo alterado.
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa.
A análise da situação questionada deve contemplar as causas • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti-
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen- alteração do trecho do artigo.
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter- O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina-
leis antigas, mudanças de concepção etc. do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro- muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re-
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos
efetivamente pretende. com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam ser considerado inválido com efeitos retroativos.
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori-
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e a mera alteração da norma.
simplesmente, a preservação do status quo. A correção de erro material que não afete a substância do ato
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de-
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno-
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador, por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis- de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa
lativa. nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.

266
ORGANIZAÇÃO
Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos- privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa
tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de- reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu-
corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda- lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o
ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio-
essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual,
sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui- lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual).
co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição
de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é
com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legislati-
a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de vas.
alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da
entrada em vigor de seu decreto. Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra
A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen- proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda.
tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis- Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for
lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto; de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular
a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato. também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra, meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos
normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal- Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen-
mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con- tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re-
têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati- servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa
vo de efeitos concretos). e que tenha estrita pertinência temática.
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri- A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re- jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com
vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas, provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo-
sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi- situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
de cada uma das Casas do Congresso Nacional. A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre- do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje-
sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le- to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo
gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von-
com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos formação da lei.
de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro- O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei.
modo expresso ou implícito, na lei. Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: a) inconstitucio-
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po- nalidade; ou b) contrariedade ao interesse público.
dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15
referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa- dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
nacionalidade, etc.). ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
• Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são superado por deliberação do Congresso Nacional.
atos normativos subordinados ou secundários. A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da
• Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da
e funcionamento da administração pública federal, quando não im- República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor-
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú- rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o
blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre-
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori- para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do
dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento Senado Federal, em prazo idêntico.
de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe- O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
tência. chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de- gatoriedade (45 dias).
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções. a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati- leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a mentares.
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons-
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias,

267
ORGANIZAÇÃO
b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento dis-
pensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a delibera- QUESTÕES
ção terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões Per-
manentes. 1. (Com a abordagem humanística, a teoria administrativa pas-
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas sa por uma revolução conceitual: a transferência da ênfase antes
regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir colocada na tarefa e na estrutura organizacional para a ênfase nas
urgência a certas proposições. pessoas que trabalham nas organizações ou que delas participam.
d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Casas
do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação ins- Sobre a abordagem humanística, analise os itens a seguir:
tantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação. I. Surgiu na Europa, como consequência das conclusões da Ex-
e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le- periência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colabora-
gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação dores.
das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex. II. Foi um movimento tipicamente americano e voltado para a
para leis financeiras e delegadas. democratização dos conceitos administrativos.
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, en- III. A sociologia de Pareto foi fundamental para o humanismo
globam-se dois ritos distintos com características próprias, um des- na Administração.
tinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de códigos.
Está correto o que se afirma em
PROTOCOLO: RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, REGISTRO E (A) I, II e III.
DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS (B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III apenas.
O protocolo de um arquivo é um serviço auxiliar responsável (E) II, apenas.
pelo controle tanto das correspondências recebidas por uma insti-
tuição tanto pelo trâmite dos documentos produzidos pela mesma.
2. Autêntico(a) precursor(a) da Escola de Relações Humanas,
Não há um padrão para a execução da função exercida pelo
formulou os três métodos de solução do conflito industrial. Trata-se
protocolo. No entanto, alguns parâmetros são utilizados para a ges-
de
tão desse serviço. No que tange às correspondências temos as se-
(A) Fritz Roethlisberger.
guintes atividades:
(B) Willian Dickson.
Recebimento: receber a correspondência ou outros materiais,
(C) Mary Parker Follet.
separar os particulares dos oficiais, distribuir as correspondências
(D) George Elton Mayo.
particulares, separar as correspondências oficiais ostensivas das si-
gilosas. Abrir, ler, verificar a existência de antecedentes, analisar e
classificar as correspondências ostensivas; 3. Em ambientes de trabalho onde não há boas relações inter-
Classificação: analisar ou interpretar o conteúdo do documen- pessoais, os processos tendem a tornarem-se morosos. A falta de
to, determinar o assunto do mesmo e enquadrá-lo no plano de clas- empatia, por exemplo, significa:
sificação de documentos adotado pela instituição; (A) Dificuldade de se colocar no lugar do outro, permanecendo
Registro: colocar o carimbo com a data, número e outras infor- distante e indiferente às dificuldades e problemas alheios.
mações que o documento deve receber; (B) Excesso de fofocas e “picuinhas”.
Recibo de entrega: entregar as correspondências ou outros ma- (C) Desorganização quanto ao tempo de trabalho.
teriais mediante recibo; (D) A competitividade que se torna uma neurose por parte de
Expedição: receber a documentação expedida pelos setores da algum profissional, gerando hostilidades.
instituição para envio, datar original e cópias, expedir o original e (E) Situações quando não há motivação em lidar com as dife-
devolver a cópia ao setor responsável; renças.
Atendimento: prestar informações de sua área de competên-
cia, bem como realizar empréstimos. 4. Sobre o experimento de Hawthorne e a teoria das relações
humanas, afirma-se:
No que se refere aos documentos produzidos e recebidos pela I- O experimento de Hawthorne foi conduzido com o objetivo
instituição em decorrência de suas atividades, são atribuições do de determinar o nível ótimo de iluminação para maximizar a pro-
protocolo: dutividade
Análise do conteúdo: verificar a existência de despachos em II- Foram criados dois grupos de trabalhadores, um experimen-
todos os documentos que chegar ao setor; tal e outro de controle, com as mesmas características.
Conservação para preservação: retirar o excesso de objetos III- Quando se reduziu o estímulo proposto no grupo experi-
metálicos (grampos, clips) e se for imprescindível o uso dos mes- mental, a produtividade diminuiu nos dois grupos.
mos, tentar, dentro do possível substituir todos os objetos metáli-
cos por objetos de plásticos; É correto o que se afirma em:
Análise da classificação: avaliar se a classificação atribuída está (A) I e II, apenas.
correta (principalmente em caso de pedido de arquivamento defi- (B) II, apenas.
nitivo) retificando-a, se for o caso; (C) I, II e III.
Arquivamento: arquivar o documento de acordo com os crité- (D) I, apenas.
rios adotados; (E) III, apenas.
Empréstimo: talvez a mais “especial” das atividades arquivísti-
cas, afinal, essa é uma das essências da criação dos arquivos.
Controle de empréstimo: controlar através de ficha manual ou
sistema.

268
ORGANIZAÇÃO
5. Qual teoria constatou a influência da liderança sobre o com- As afirmativas são, respectivamente,
portamento das pessoas? (A) V, F e V.
(A) Teoria Clássica. (B) F, F e V.
(B) Teoria Neoclássica. (C) F, V e V.
(C) Teoria das Relações Humanas. (D) V, V e F.
(D) Teoria Comportamental da Administração. (E) V, F e F.
6.Uma organização dotada de uma estrutura do tipo matricial 10. A distribuição organizada dos poderes com subordinação
possui como característica a existência de órgãos
sucessiva de uns aos outros é denominada
(A) �otados de autonomia executiva, porém sem autonomia
(A) �stratégia organizacional.
para apuração de resultados, esta que somente está presente
na estrutura funcional. (B) �rocesso administrativo.
(B) �e existência limitada no tempo, vinculada a projetos, além (C) �adeia governamental.
dos órgãos de apoio funcional, estes últimos de natureza per- (D) �ierarquia.
manente. (E) �rganização sucessória.
(C) �entrais, responsáveis pela execução de projetos e dotados
de natureza permanente, e os de assessoramento, que pos- 11. Acerca da comunicabilidade, julgue o item.
suem natureza transitória. A comunicação é o processo pelo qual as pessoas transmitem
(D) �locados na estrutura sob o critério de departamentaliza- umas às outras informações a respeito de ideias, sentimentos e
ção funcional por produtos, sem especialização de atribuições. emoções.
(E) �ujeitos a uma administração centralizada, dotados de baixa ( )CERTO
autonomia, ao contrário da estrutura divisional na qual operam ( ) ERRADO
como centros de resultados.
12. Acerca da comunicabilidade, julgue o item.
7. Uma organização cuja estrutura seja do tipo divisional apre- A comunicação enfatiza a maneira como os indivíduos se co-
senta unidades municam.
(A) �e duração temporária, vinculadas a projetos por elas exe- ( )CERTO
cutados, além dos órgãos permanentes (staff).
( ) ERRADO
(B) �ue operam com relativa autonomia, denominados centros
de resultados, organizados por produto, área geográfica ou
clientela. 13. Acerca da comunicabilidade, julgue o item.
(C) �ubmetidas a estrutura externa à organização, que apura A comunicação faz parte de todas as interações sociais.
resultados de forma centralizada. ( )CERTO
(D) �rincipais, ou de primeiro nível: financeiro, contábil e nor- ( ) ERRADO
mativo, e subordinadas: encarregadas da produção.
(E) �riadas a partir de critério de departamentalização funcio- 14. Acerca da comunicabilidade, julgue o item.
nal, sem autonomia para apurar lucros ou prejuízos de forma Na interação social, para evitar falhas de comunicação, que
individualizada. podem ter consequências sérias para os envolvidos no processo,
é necessária, além da transferência, a compreensão do significado.
8.Na Administração Pública, é correto afirmar que, quanto à ( )CERTO
organização administrativa, a distribuição de competências de uma ( ) ERRADO
para outra pessoa, sendo esta física ou jurídica, ocorre na
(A) �entralização 15. Acerca da comunicabilidade, julgue o item.
(B) �oncentração O canal inicia a mensagem pela codificação de uma informa-
(C) �elegação ção.
(D) �escentralização
( )CERTO
(E) �esconcentração
( ) ERRADO
9. Embora seja alvo de muitas críticas ao longo da evolução das
teorias organizacionais, a departamentalização continua sendo um 16. (O serviço de protocolo de um órgão municipal precisa en-
modelo de organização predominante em muitos setores. Há, no viar um documento a um destinatário externo. Essa atividade é de-
entanto, diferentes maneiras de definir a departamentalização e nominada
buscar adequá-la ao ambiente em que a organização atua. (A) �istribuição.
(B) �lassificação.
Considerando os tipos de departamentalização, assinale V (C) �ovimentação.
para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. (D) �utuação.
( ) A departamentalização por produtos ou serviços é conside- (E) �xpedição.
rada adequada para promover a cooperação entre departamentos
e, assim, facilitar a inovação em ambientes onde a tecnologia muda 17.Em relação às atividades do protocolo, assinale a alternativa
rapidamente. correta.
( ) A departamentalização funcional promove a cooperação (A) Registra correspondências particulares.
entre especialistas com competências comuns, o que por sua vez (B) Toma decisão quanto ao assunto do documento.
pode dificultar a cooperação interdepartamental e a flexibilidade (C) Estabelece os metadados iniciais dos documentos.
para responder às mudanças tecnológicas quanto estas são muito
(D) Determina o arquivamento dos documentos.
frequentes.
(E) Avalia os documentos.
( ) A departamentalização por processos facilita a adaptação à
realidade local, incluindo delimitações geográficas, sendo recomen-
dada para níveis estratégicos por sua flexibilidade às mudanças.

269
ORGANIZAÇÃO
18. O protocolo torna possível o acesso às informações refe- 22. A realização dos direitos sociais, na concepção de Marshall
rentes ao fluxo de documentos expedidos ou recebidos em uma (1992), depende de um Estado dotado de infraestrutura adminis-
instituição. A unidade protocolizadora é responsável pelo serviço de trativa, a fim de propiciar políticas sociais que garantam o acesso
(A) �ecebimento, separação, análise, codificação, controle de universal a um mínimo de bem-estar e segurança material. Consi-
tramitação e envio de documentos. derando o que Marshall busca enfatizar nos seus estudos, analise as
(B) �ntrada, conferência, registro, avaliação, movimentação e afirmativas a seguir.
expedição de documentos.
(C) �hegada, anotação, codificação, distribuição, controle de I. Universalidade da cidadania: garantia do status de direitos
acesso e despacho de documentos. universais para categorias sociais devidamente definidas.
(D) �ecebimento, registro, classificação, distribuição, controle II. Territorialização da cidadania: o princípio da universidade
da tramitação e expedição de documentos. articula-se com a territorialidade para delimitar o alcance político
(E) �cesso, checagem, escrituração, distribuição, tramitação e da cidadania, a extensão do mesmo no território para delimitar a
entrega de documentos. abrangência desse status, contrapondo- se aos princípios corporati-
vos da cidadania que vigoravam no Antigo Regime.
19. Considerando a criação de um sistema de protocolo em III. Individualização da cidadania: ampliação dos vínculos dire-
qualquer tipo de instituição, pública ou privada, analise as ativida- tos entre o indivíduo e o Estado, consubstanciados pelo princípio
des propostas e assinale a alternativa que apresenta, corretamente, da participação a partir da consulta popular, opondo- se às antigas
um dos objetivos para a implantação do sistema. tutelas corporativas. A intenção era superar o princípio funcional
(A) Carimbar, em até dois dias úteis, os documentos que che- da tutela e o chamado governo indireto, quer dizer, a delegação
gam à instituição com a data do dia de sua entrada. das funções do Estado às camadas locais de intermediários entre
(B) Receber somente documentos e objetos oriundos de em- os poderes centrais e os donos de terras, os mercenários, o clero, e
presas privadas de entrega de documentos e mercadorias. diversos tipos de oligarquias.
(C) Emitir relatórios diários sobre os documentos não retirados IV. Nacionalização da cidadania: o princípio da cidadania com
e extraviados para apresentação aos gestores da instituição. status de pertencimento ao Estado-nação, garantindo um senti-
(D) Registrar e informar a tramitação de processos e de proto- mento de pertencimento e vinculação direta e coparticipante na
colados sempre que solicitado. constituição do Estado-nação.
(E) Registrar a entrada ou a retirada de documentos, não de-
vendo ultrapassar três dias para a realização do registro. Está correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV.
20. O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005) (B) I e IV, apenas.
define que ______________ é o serviço encarregado do recebi- (C) II e III, apenas.
mento, registro, classificação, distribuição, controle da tramitação (D) III e IV, apenas.
e expedição de documentos. (E) II, III e IV, apenas.

Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do 23.No que tange à linguagem utilizada em correspondências
trecho acima. oficiais de acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
(A) �rotocolo pública, assinale a alternativa correta.
(B) �atálogo (A) A informalidade e a impessoalidade são princípios que
(C) �ustódia norteiam a elaboração de comunicações oficiais. O primeiro,
(D) �egistratur para tornar o corpo do texto mais acessível aos técnicos, e o
(E) �rquivo segundo, para não haver interferências ideológicas por parte
dos membros da equipe.
21. O processo de transição para a democracia envolve a re- (B) O emprego adequado de pronomes de tratamento nos ex-
construção das instituições do Estado e a transformação das insti- pedientes oficiais escritos refere-se à modalidade exigida por
tuições da sociedade civil. Implica o desmantelamento de formas essas situações de comunicação, ou seja, é um traço linguístico
antidemocráticas de exercício do poder e uma mudança nas regras que está mais relacionado ao princípio da impessoalidade que
de instituição do poder, o reconhecimento e vigência dos direitos ao da formalidade.
e da legitimidade dos atores sociais. As pessoas precisam adotar (C) O uso de assinatura e identificação do cargo em ofícios, em-
comportamentos e crenças adequadas ou coerentes relativamente bora seja uma obrigatoriedade, viola o princípio da impessoali-
à noção de democracia, aprendendo a atuar dentro do renovado dade, uma vez que o nome do servidor em si já caracteriza uma
sistema institucional. Os líderes políticos e as classes dominantes marca linguística de subjetividade.
necessitam aprender a reconhecer e levar em conta os direitos e as (D) Na redação de ofícios e memorandos, deve-se utilizar a
identidades de atores sociais diversos, renunciando à arbitrarieda- linguagem técnica específica do órgão, mesmo que esses do-
de e à impunidade. O desafio da transição atual reside na capacida- cumentos tratem de temas mais genéricos da Administração
de de combinar as mudanças institucionais formais com a criação e Pública.
expansão de práticas democráticas e de uma cultura de (E) Para a comunicação institucional, podem ser utilizados
(A) �idadania. e-mails com certificação digital do remetente, desde que a lin-
(B) �iberalismo. guagem se mantenha impessoal, coesa, objetiva e formal.
(C) �ocialismo.
(D) �omunismo. 24. De acordo com o Manual de Redação da Presidência da
(E) �ositivismo.. República, caracteriza-se uma relação de emissor e destinatário da
redação oficial uma comunicação entre, respectivamente:
(A) �nstituição privada e cidadão comum.
(B) �nstituição privada e instituição privada.

270
ORGANIZAÇÃO
(C) �idadão comum e instituição pública ou privada. 10 D
(D) �erviço público e instituição privada ou pública.
(E) �erviço público e organismos internacionais. 11 CERTO
12 ERRADO
25. No Manual de Redação da Presidência da República, afir-
ma-se que “a clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi- 13 CERTO
cial.” Uma das orientações citadas no documento para que a clareza 14 CERTO
seja atingida é “apresentar as orações na ordem direta e evitar in-
15 ERRADO
tercalações excessivas.” Segue-se tal princípio em:
(A) O presente Projeto de Lei representa medida importante 16 E
para institucionalizar instrumentos de gestão voltados à melho- 17 C
ria da qualidade da educação básica das populações do campo.
(B) Na próxima semana, serão apresentados aos servidores, em 18 D
módulos organizados por esta Subchefia, os novos recursos do 19 D
Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais.
(C) A Subchefia, que se responsabilizou pela atualização do Sis- 20 A
tema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais, inse- 21 A
riu-lhe, com sucesso, como solicitado, novas funcionalidades.
22 A
(D) Depois de ser longamente analisado, debatido e adequado,
do Congresso Nacional o Programa de Incentivo à Alfabetiza- 23 E
ção de Jovens e Adultos recebeu a aprovação pelo mérito. 24 D
(E) O interventor – no papel de democrático e jurídico que lhe
cabe – tem obrigação não só de apurar a fraude (vergonha para 25 A
a sociedade) como também de punir, com rigor, os culpados. 26 B
27 A
26. Nos documentos oficiais, a redação segue os princípios de
formalidade, manifestados na polidez e na civilidade que envolvem
uma comunicação. Esses princípios estão presentes em:
(A) O projeto para reorganização da documentação oficial está ANOTAÇÕES
fresquinho, pois acabou de ser impresso pelo coordenador.
(B) Conforme solicitação dos moradores do bairro, a viela que ______________________________________________________
liga as ruas principais será pavimentada no próximo mês.
(C) Infelizmente, devolvemos os documentos porque os técni- ______________________________________________________
cos apostaram em uma linguagem chata para elaborá-lo.
(D) Os trabalhos de reurbanização das praças começaram on- ______________________________________________________
tem à tardinha. Como diz o ditado: “Antes tarde do que nunca”.
(E) Optamos pela inclusão de novas obras ao edital do concur- ______________________________________________________
so, aproveitando para dar uma oxigenada nas leituras.
______________________________________________________
27.A impessoalidade de um documento oficial fica comprome-
______________________________________________________
tida com emprego de
(A) �mpressões subjetivas. ______________________________________________________
(B) �ados estatísticos.
(C) �itações entre aspas. ______________________________________________________
(D) �inguagem formal.
(E) �ocabulário seleto. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 A
5 C ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 B
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8 D
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9 D
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271
ORGANIZAÇÃO
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272
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

Funções de administração

• Planejamento, organização, direção e controle

• PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

— Planejamento
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada. A organização estabelece num primeiro momento, através de
um processo de definição de situação atual, de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de planeja-
mento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
• Ele é o passo inicial;
• É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
• Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
• Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o futuro;
• Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como as ações presentes podem desenhar o futuro;
• Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
• Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas competências;
• O processo de Planejamento é muito mais importante do que seu produto final (assertiva);

Idalberto Chiavenato diz: “Planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
• Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO;
• Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim;
• Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar.

• Passos do Planejamento
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
— Determinar a situação atual: Situar a Organização.
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar eventos.
— Analisar e escolher entre as alternativas.
— Implementar o plano e avaliar o resultado.
• Vantagens do Planejamento
— Dar um “norte” – direcionamento;
— Ajudar a focar esforços;
— Definir parâmetro de controle;
— Ajuda na motivação;
— Auxilia no autoconhecimento da organização.

273
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

— Processo de planejamento

• Planejamento estratégico ou institucional


Estratégia é o caminho escolhido para que a organização possa chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o nível mais amplo
de planejamento, focado a longo prazo. É desdobrado no Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdobrado no Planejamento
Operacional.
— Global — Objetivos gerais e genéricos — Diretrizes estratégicas — Longo prazo — Visão forte do ambiente externo.

Fases do Planejamento Estratégico:


— Definição do negócio, missão, visão e valores organizacionais;
— Diagnóstico estratégico (análise interna e externa);
— Formulação da estratégia;
— Implantação;
— Controle.

• Planejamento tático ou intermediário


Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o operacional, de média complexidade e compõe uma abrangência depar-
tamental, focada em médio prazo.
— Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
— Determina objetivos específicos de cada unidade ou departamento;
— Médio prazo.

• Planejamento operacional ou chão de fábrica


Baixa complexidade, uma vez que falamos de somente uma única tarefa, focado no curto ou curtíssimo prazo. Planejamento mais
diário, tarefa a tarefa de cada dia para o alcance dos objetivos. Desdobramento minucioso do Planejamento Estratégico.
— Observa o Planejamento Estratégico e Tático;
— Determina ações específicas necessárias para cada atividade ou tarefa importante;
— Seus objetivos são bem detalhados e específicos.

• Negócio, Missão, Visão e Valores


Negócio, Visão, Missão e Valores fazem parte do Referencial estratégico: A definição da identidade a organização.
— Negócio = O que é a organização e qual o seu campo de atuação. Atividade efetiva. Aspecto mais objetivo.
— Missão = Razão de ser da organização. Função maior. A Missão contempla o Negócio, é através do Negócio que a organização alcança a
sua Missão. Aspecto mais subjetivo. Missão é a função do presente.
— Visão = Qual objetivo e a visão de futuro. Define o “grande plano”, onde a organização quer chegar e como se vê no futuro, no
destino desejado. Direção mais geral. Visão é a função do futuro.
— Valores = Crenças, Princípios da organização. Atitudes básicas que sem elas, não há negócio, não há convivência. Tutoriza a escolha
das estratégias da organização.

• Análise SWOT
Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.

274
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Ou FFOA
Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.

É a principal ferramenta para perceber qual estratégia a organização deve ter.


É a análise que prescreve um comportamento a partir do cruzamento de 4 variáveis, sendo 2 do ambiente interno e 2 do ambiente
externo. Tem por intenção perceber a posição da organização em relação às suas ameaças e oportunidades, perceber quais são as forças
e as fraquezas organizacionais, para que a partir disso, a organização possa estabelecer posicionamento no mercado, sendo elas: Posição
de Sobrevivência, de Manutenção, de Crescimento ou Desenvolvimento. Em que para cada uma das posições a organização terá uma
estratégia definida.
Ambiente Interno: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela tem o poder de controle. Pontos Fortes: Elementos que
influenciam positivamente. Pontos Fracos: Elementos que influenciam negativamente.
Ambiente Externo: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela NÃO tem o poder de controle. Oportunidades: Elementos
que influenciam positivamente. Ameaças: Elementos que influenciam negativamente.

• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência
Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.
Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impacto.
Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.

PROBLEMA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA TOTAL


X 1 3 3 7
Y 3 2 1 6

• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada uma
delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.
5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem fará?
2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?

Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.

WHAT WHY WHERE WHEN WHO HOW HOW MUCH


Padronização de Contratação de
Otimizar tempo Coordenação Agosto 2021 João Silva 2.500,00
Rotinas Assessoria externa
Sistema de
Impedir entrada Compra de
Segurança
de pessoas não Setor Compras 20/08/21 Paulo Santos equipamentos e 4.000,00
Portaria
autorizadas instalação
Central

• Análise competitiva e estratégias genéricas


Gestão Estratégica: “É um processo que consiste no conjunto de decisões e ações que visam proporcionar uma adequação competiti-
vamente superior entre a organização e seu ambiente, de forma a permitir que a organização alcance seus objetivos”.
Michael Porter, Economista e professor norte-americano, nascido em 1947, propõe o segundo grande essencial conceito para a com-
preensão da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias competitivas genéricas”.
Porter apresenta a estratégia competitiva como sendo sinônimo de decisões, onde devem acontecer ações ofensivas ou defensivas
com finalidade de criar uma posição que possibilite se defender no mercado, para conseguir lidar com as cinco forças competitivas e com
isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento.
Observa ainda, que há distintas maneiras de posicionar-se estrategicamente, diversificando de acordo com o setor de atuação, capa-
cidade e características da Organização. No entanto, Porter desenha que há três grandes pilares estratégicos que atuarão diretamente no
âmbito da criação da vantagem competitiva.

275
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

As 3 Estratégias genéricas de Porter são: • Balanced scorecard


1. Estratégia de Diferenciação: Aumentar o valor – valor é a Percepção de Kaplan e Norton de que existem bens que são
percepção que você tem em relação a determinado produto. Exem- intangíveis e que também precisam ser medidos. É necessário apre-
plo: Existem determinadas marcas que se posicionam no mercado sentar mais do que dados financeiros, porém, o financeiro ainda faz
com este alto valor agregado. parte do Balanced scorecard.
2. Estratégia de Liderança em custos: Baixar o preço – preço Ativos tangíveis são importantes, porém ativos intangíveis me-
é quanto custo, ser o produto mais barato no mercado. Quanto vai recem atenção e podem ser ponto de diferenciação de uma organi-
custar na etiqueta. zação para a outra.
3. Estratégia de Foco ou Enfoque: Significa perceber todo o Por fim, é a criação de um modelo que complementa os dados
mercado e selecionar uma fatia dele para atuar especificamente. financeiros do passado com indicadores que buscam medir os fato-
res que levarão a organização a ter sucesso no futuro.
• As 5 forças Estratégicas
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma • Processo decisório
análise em relação a determinado mercado, levando em conside- É o processo de escolha do caminho mais adequado à organiza-
ração 5 elementos, que vão descrever como aquele mercado fun- ção em determinada circunstância.
ciona. Uma organização precisa estar capacitada a otimizar recursos e
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensi- atividades, assim como criar um modelo competitivo que a possibi-
dade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força ten- lite superar os rivais. Julgando que o mercado é dinâmico e vive em
ciona as demais forças. constante mudança, onde as ideias emergem devido às pressões.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tec- Para que um negócio ganhe a vantagem competitiva é neces-
nologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado sário que ele alcance um desempenho superior. Para tanto, a or-
oferece. ganização deve estabelecer uma estratégia adequada, tomando as
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organi- decisões certas.
zações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito.
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial
— Organização
das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder de
negociar preços e condições.
• Estrutura organizacional
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos
A estrutura organizacional na administração é classificada
clientes, poder de negociar preços e condições.
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades,
sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma
• Redes e alianças
organização ou empresa.
Formações que as demais organizações fazem para que tenham
uma espécie de fortalecimento estratégico em conjunto. A forma- É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
ção de redes e alianças estratégicas de modo a poder compartilhar vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
recursos e competências, além de reduzir seus custos. alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
Redes possibilitam um fortalecimento estratégico da organi- pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
zação diante de seus concorrentes, sem aumento significativo de qualquer transformação.
custos. Permite que a organização dê saltos maiores do que seriam Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
capazes sozinhas, ou que demorariam mais tempo para alcançar in- e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a
dividualmente. controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a
Tipos: Joint ventures – Contratos de fornecimento de longo controle.
prazo – Investimentos acionários minoritário – Contratos de forne-
cimento de insumos/ serviços – Pesquisas e desenvolvimento em • Tipos de departamentalização
conjunto – Funções e aquisições. É uma forma de sistematização da estrutura organizacional,
Vantagens: Ganho na posição de barganha (negociação) com visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
seus fornecedores e Aumento do custo de entrada dos potenciais com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa.
concorrentes em um mercado = barreira de entrada. Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te-
nham esse ponto em comum.
• Administração por objetivos Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos
A Administração por objetivos (APO) foi criada por Peter Duc- de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
ker que se trata do esforço administrativo que vem de baixo para de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de-
cima, para fazer com que as organizações possam ser geridas atra- partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem
vés dos objetivos. relação com a divisão e variedade de tarefas.
Trata-se do envolvimento de todos os membros organizacio-
nais no processo de definição dos objetivos. Parte da premissa de • Departamentalização funcional ou por funções: É a forma
que se os colaboradores absorverem a ideia e negociarem os obje- mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan-
tivos, estarão mais dispostos e comprometidos com o atingimento do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções
dos mesmos. e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru-
Fases: Especificação dos objetivos – Desenvolvimento de pla- pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como
nos de ação – Monitoramento do processo – Avaliação dos resul- financeira, marketing, pessoal, dentre outras.
tados.

276
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a • Departamentalização por projetos: Os departamentos são
cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi- criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
cada para ambientes estáveis. Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno das
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa- construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter grande
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos objetivos de
todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró- cada projeto.
prios objetivos e problemas. Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto e
proporciona melhores resultados.
• Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como
ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organiza- um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas
ção possui. Justificando-se assim, quando há necessidades hete- (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua
rogêneas entre os diversos públicos da organização. Por exemplo continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão
(loja de roupas): departamento masculino, departamento feminino, alocados se findar.
departamento infantil. • Departamentalização matricial
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às deman- Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu-
das específicas de cada nicho de clientes. ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos.
globais da organização e multiplicação de funções semelhantes Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res-
nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal.
poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada:
diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de • Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade;
cliente. • Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os
• Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga- gerentes de projeto e funcional.
nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização
tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo
nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
de estrutura organizacional.
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono-
melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra-
do a eficiência e ganhos em produtividade.
tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os
• Departamentalização por produtos: A organização se estru- empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões
tura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou serviços. e dificuldade de coordenação.
Justificando-se quando a organização possui uma gama muito va-
riada de produtos que utilizem tecnologias bem diversas entre si, • Organização formal e informal
ou mesmo que tenham especificidades na forma de escoamento da Organização formal trata-se de uma organização onde duas ou
produção ou na prestação de cada serviço. mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com um
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en- relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela alta ad-
volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi- ministração e tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir.
litando maior inovação na produção. O principal objetivo da organização é atingir as metas estabeleci-
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or- das. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com
ganização, dificultando a coordenação entre eles. base em suas capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia
de comando com uma hierarquia organizacional e as autoridades
• Departamentalização geográfica: Ou departamentalização são delegadas para fazer o trabalho.
territorial, trata-se de critério de departamentalização em que a Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do mun- lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
do, alocando recursos, esforços e produtos conforme a demanda do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois
da região. membros é apenas por meio de canais planejados.
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen- Tipos de estruturas de organização formal:
te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justificarão que — Organização de Linha
cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a — Organização de linha e equipe
cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional, — Organização funcional
poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de — Organização de Gerenciamento de Projetos
cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará — Organização Matricial
estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel-
mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial
geográfica com os objetivos gerais da empresa.

277
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Organização informal refere-se a uma estrutura social interligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É possível
formar organizações informais dentro das organizações. Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e amizade
entre os membros devido ao relacionamento interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações governam o
relacionamento entre os membros, ao contrário da organização formal.
Embora os membros de uma organização informal tenham responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com seus
próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso, as decisões são tomadas por todos os membros de forma coletiva. A
unidade é a melhor característica de uma organização informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem regras e
regulamentos rígidos dentro das organizações informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis às
​​ mudanças.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados. Existem muitas organizações informais dentro de organizações formais,
portanto, eles são mutuamente exclusivos.

• Cultura organizacional
A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas internas
e externas da organização.

— Direção
Direção essencialmente como uma função humana, apêndice de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços para que os
indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela organização.
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacidade de sobrevivência (gatilhos da motivação)

• Motivação
“Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e motivos que são responsáveis pela direção, intensidade e persistência do
comportamento humano em busca de resultados. ” É o que desperta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos. Algo acontece
no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa.
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio.
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sempre uma resposta interna aos estímulos.

Liderança
Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança – influên-
cia: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para influenciar o
comportamento de outras pessoas, ocorrendo em uma dada situação.
— Liderança precisa de pessoas.
— Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude de comportamento.
— Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via informal.
— Situação: em determinadas situações a liderança pode aparecer.

278
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por — Controle


algum aspecto) – Liderança – Poder.
A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde Segundo Djalma de Oliveira:
essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal. “Controle é uma função do processo administrativo que, me-
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém diante a comparação com padrões previamente estabelecidos, pro-
fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que cura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a
este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alistamento militar finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que
para homens. possam corrigir ou reforçar esse desempenho ou interferir em fun-
— Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao car- ções do processo administrativo, para assegurar que os resultados
go e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já poderes satisfaçam aos desafios e aos objetivos estabelecidos. ”
informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do
cargo que o indivíduo ocupe. Segundo Robbins e Coulter:
— Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém “O processo de monitorar as atividades de forma a assegurar
tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de con- que elas estejam sendo realizadas conforme o planejado e corrigir
duzir ações. quaisquer desvios significativos. ”
— Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações
baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes for- Segundo Maximiano:
mais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue “Consiste em fazer comparação e tomar a decisão de confirmar
liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente ou modificar os objetivos e os recursos empregados em sua reali-
do cargo que ocupe. zação. ”

Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança é o que No processo administrativo o controle aparece como a etapa
consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes for- final, porém, o controle acontece durante todas as fases do proces-
mais e informais. so, é contínua.

• Tipos de Liderança: • Objetivo:


Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incenti- — Identificar os problemas, falhas, erros e desvios.
vos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e — Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos dos
liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si. resultados esperados.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Ins- — Fazer com que a organização trabalhe de forma mais ade-
pira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima quada.
da transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de — Proporcionar informações gerenciais periódicas.
agentes de mudança e inovação. — Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback).

• Comunicação • Características
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é ne- - Monitorar e avaliar ações.
cessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo - Verificar desvios (positivos e negativos)
dentro da organização. A organização que possui uma boa comuni- - Promover mudanças (correção e aprimoramento)
cação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente
gera melhores resultados. • Tipos, vantagens e desvantagens.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o — Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva prevenir,
êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarreta- evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles aconteçam.
rá um grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificul- — Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a execução
tando a organização de atingir seus objetivos. das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as margens
Através da comunicação a organização, bem como sua lideran- de erro de produção. Avaliação, monitoramento.
ça, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais — Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do
efetiva. processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví-
duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e • Sistema de medição de desempenho organizacional
resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de
organização competitiva no mercado. medição de desempenho, onde pode-se:
— Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e desem-
• Descentralização e delegação penho esperado.
Centralização ocorre quando uma organização decide que a — Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informação,
maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos car- andar simultaneamente ao processo. Determinar o que medir,
gos no topo somente. Descentralização ocorre quando o contrário como medir e quando medir.
acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está — Comparação com o padrão: análise dos resultados reais em
dispersa pela empresa, na base, através dos diversos setores. comparação com o objetivo previamente estabelecido.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e res- — Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a orga-
ponsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierár- nização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar
quicos inferiores. nada. Corrigir desempenho. Alterar padrões.

279
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

• Tomada de decisões de investimento


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Consiste na decisão da aplicação dos recursos financeiros em
ativos correntes (circulantes) e não correntes (ativo realizável a lon-
— Indicadores de desempenho, Tipo e Variáveis go prazo e permanente), o administrador financeiro estuda a situa-
A administração financeira pode ser dividida em áreas de atua- ção na busca de níveis desejáveis de ativos circulantes , também é
ção, que podem ser entendidas como tipos de meios de transações ele quem determina quais ativos permanentes devem ser adqui-
ou negócios financeiros: ridos e quando os mesmos devem ser substituídos ou liquidados,
busca sempre o equilíbrio e níveis otimizados entre os ativos cor-
Finanças Corporativas rentes e não-correntes, observa e decide quando investir, como e o
Abrangem na maioria, relações com cooperações (sociedades custo, se valerá a pena adquirir um bem ou direito, e sempre evita
anônimas). As finanças corporativas abrangem todas as decisões da desperdícios e gastos desnecessários ou de riscos irremediável, e
empresa que tenham implicações financeiras, não importando que até mesmo a imobilização dos recursos correntes, com altíssimos
área funcional reivindique responsabilidade sobre ela. gastos com imóveis e bens que trarão pouco retorno positivo e mui-
ta depreciação no seu valor, que impossibilitam o funcionamento
Investimentos
do fenômeno imprescindível para a empresa, o ‘capital de giro’.
São recursos depositados de forma temporária ou permanente
Como critérios de decisão de investimentos entre projetos mu-
em certo negócio ou atividade da empresa, em que se deve levar
tuamente exclusivos, pode haver conflito entre o VAL (Valor Atual
em conta os riscos e retornos potenciais ligados ao investimento
em um ativo financeiro, o que leva a formar, determinar ou definir o Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Rendibilidade). Estes conflitos de-
preço ou valor agregado de um ativo financeiro, tal como a melhor vem ser resolvidos usando o critério do VAL.
composição para os tipos de ativos financeiros.
Os ativos financeiros são classificados no Balanço Patrimo- • Tomada de decisões de financiamentos
nial em investimentos temporários e em ativo permanente (ou imo- Diz respeito à captação de recursos diversos para o financia-
bilizado), este último, deve ser investido com sabedoria e estratégia mento dos ativos correntes e não correntes, no que tange a todas
haja vista que o que traz mais resultados é se trabalhar com recur- as atividades e operações da empresa; operações estas que neces-
sos circulantes por causa do alto índice de liquidez apresentado. sitam de capital ou de qualquer outro tipo de recurso necessário
para a execução de metas ou planos da empresa. Leva-se sempre
Instituições financeiras em conta a combinação dos financiamentos a curto e longo prazo
São empresas intimamente ligadas às finanças, onde analisam com a estrutura de capital, ou seja, não se tomará emprestado mais
os diversos negócios disponíveis no mercado de capitais — poden- do que a empresa é capaz de pagar e de se responsabilizar, seja a
do ser aplicações, investimentos ou empréstimos, entre outros — curto ou a longo prazo. O administrador financeiro pesquisa fontes
determinando qual apresentará uma posição financeira suficiente à de financiamento confiáveis e viáveis, com ênfase no equilíbrio en-
atingir determinados objetivos financeiros, analisados por meio da tre juros, benefícios e formas de pagamento. É bem verdade que
avaliação dos riscos e benefícios do empreendimento, certificando- muitas dessas decisões são feitas ante a necessidade (e até ao certo
-se sua viabilidade. ponto, ante ao desespero), mas independentemente da situação de
emergência é necessária uma análise e estudo profundo e minu-
Finanças Internacionais cioso dos prós e contras, a fim de se ter segurança e respaldo para
Como o próprio nome supõe, são transações diversas podendo decisões como estas.
envolver cooperativas, investimentos ou instituições, mas que se-
rão feitas no exterior, sendo preciso um analista financeiro interna- — Planejamento financeiro de curto e longo prazo
cional que conheça e compreenda este ramo de mercado. A administração financeira de uma empresa pode ser realiza-
da por pessoas ou grupos de pessoas que podem ser denominadas
— Princípios gerais de alavancagem operacional e financeira
como: vice-presidente de finanças (conhecido como Chief Financial
Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, por-
Officer – CFO), controller e gerente financeiro, sendo também de-
tanto, devem ser conduzidas para a obtenção de lucro. As ativida-
nominado simplesmente como administrador financeiro.
des do porte financeiro têm como base de estudo e análise dados
retirados do Balanço Patrimonial, mas principalmente do fluxo de
caixa da empresa já que daí, é que se percebe a quantia real de Sendo que, independentemente da classificação, tem-se os
seu disponível circulante para financiamentos e novas atividades. mesmos objetivos e características, obedecendo aos níveis hierár-
As funções típicas do administrador financeiro são: quicos, coordenando o diretor financeiro e este coordena a contabi-
lidade, a tesouraria com relação ao diretor financeiro encontram-se
• Análise, planejamento e controle financeiro a níveis hierárquicos iguais, onde existem distinções entre as fun-
Baseia-se em coordenar as atividades e avaliar a condição fi- ções definidas pelo organograma da empresa.
nanceira da empresa, por meio de relatórios financeiros elaborados
a partir dos dados contábeis de resultado, analisar a capacidade de Contudo, é necessário deixar bem claro que, cada empresa
produção, tomar decisões estratégicas com relação ao rumo total possui e apresenta um especifico organograma e divisões deste se-
da empresa, buscar sempre alavancar suas operações, verificar não tor, dependendo bastante de seu tamanho. Em empresas peque-
somente as contas de resultado por competência, mas a situação nas, o funcionamento, controle e análise das finanças, são feitas
do fluxo de caixa desenvolver e implementar medidas e projetos somente no departamento contábil — até mesmo, por questão de
com vistas ao crescimento e fluxos de caixa adequados para se ob- encurtar custos e evitar exageros de departamentos, pelo fato de
ter retorno financeiro tal como oportunidade de aumento dos in- seu pequeno porte, não existindo necessidade de se dividir um se-
vestimentos para o alcance das metas da empresa. tor que está inter-relacionado e, que dependendo da capacitação

280
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

do responsável desse setor, poderá muito bem arcar com as duas


funções: de tesouraria e controladoria. Porém, à medida que a em- ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
presa cresce, o funcionamento e gerenciamento das finanças evo-
luem e se desenvolvem para um departamento separado, conec- É o método dentro da administração, que abrange um conjunto
tado diretamente ao diretor-financeiro, associado à parte contábil de técnicas dedicadas a extrair a máxima competência do indivíduo
da empresa, já que esta possibilita as informações para a análise e dentro da organização.
tomada de decisão. As tarefas dessa gestão são:
• Desenvolvimento de líderes
No caso de uma empresa de grande porte, é imprescindível • Atração
esta divisão, para não ocorrer confusão e sobrecarga. Deste modo, • Conservação
a tesouraria (ou gerência financeira) cuida da parte específica das • Administração
finanças em espécie, da administração do caixa, do planejamento • Reconhecimento
financeiro, da captação de recursos, da tomada de decisão de de- • Orientação
sembolso e despesas de capital, assim como o gerenciamento de
crédito e fundo de pensão. Já a controladoria (ou contabilidade) é Utilizando uma série de estratégias administrativas, a Gestão
responsável com a contabilidade de finanças e custos, assim como, de Pessoas compreende e ocupa-se com os interesses do indivíduo
do gerenciamento de impostos — ou seja, cuida do controle contá- dentro da organização, dedicando-se principalmente pelo espírito
bil do patrimônio total da empresa. de equipe, sua motivação e qualificação. É o conjunto integrado de
processos dinâmicos e interativos, segundo a definição de Idalberto
— Conceitos básicos de análise de balanços e demonstrações Chiavenato (escritor, professor e consultor administrativo, atua na
financeiras área de administração de empresas e recursos humanos). Nela en-
Todo administrador da área de finanças deve levar em conta, os contramos ferramentas que desenvolvem habilidades, comporta-
objetivos dos acionistas e donos da empresa, para daí sim, alcançar mento (atitudes) e o conhecimento, que beneficiam a realização do
seus próprios objetivos. Pois conduzindo bem o negócio — cuidan- trabalho coletivo, produzindo valor econômico (Capital Humano).
do eficazmente da parte financeira — consequentemente ocasiona- Dedica-se a inserir melhoradas práticas de gestão, garantindo
rá o desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprie- satisfação coletiva e produtividade otimizada que visa alcançar re-
tários, sócios, colaboradores internos e externos — stakeholders sultados favoráveis para o crescimento saudável da organização.
(grupos de pessoas participantes internas ou externas do negócio
da empresa, direta ou indiretamente) — e, logicamente, de si pró- Histórico
prio (no que tange ao retorno financeiro, mas principalmente a sua O departamento pessoal foi iniciado no século XIX. Com a res-
realização como profissional e pessoal). ponsabilidade apenas de medir os custos da empresa, produtivida-
Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a se- de não era o foco. Os colaboradores eram apenas citados como Ati-
rem alcançadas nesta área, dependendo da situação e necessidade, vo Contábil na empresa. Não havia amplas relações de motivação,
e de que ponto de vista e posição serão escolhidos estes objetivos. ou de entendimento de ambiente organizacional com o indivíduo
Mas, no geral, a administração financeira serve para manusear da ou vice-e-versa.
melhor forma possível os recursos financeiros e tem como objetivo A teoria clássica (mecanicista), entendia que o homem teria
otimizar o máximo que se puder o valor agregado dos produtos e que ter uma organização racional no trabalho e seria estimulado
serviços da empresa, a fim de se ter uma posição competitiva dian- através de recursos financeiros, falava-se mais na eficiência opera-
te de um mercado repleto de concorrência, proporcionando, deste cional. O homem era entendido como homem econômico, que se-
modo, o retorno positivo a tudo o que foi investido para a realização ria recompensado e estimulado a partir da quantidade de recursos
das atividades da mesma, estabelecendo crescimento financeiro e financeiros que fossem a ele fornecido.
satisfação aos investidores. Existem muitas empresas que, mesmo Após isso, a Teoria das Relações Humanas começou a compre-
fora do contexto operacional, alocam as suas poupanças em inves- ender que o homem teria outras demandas e que o ambiente or-
timentos financeiros, com o objetivo de maximizarem os lucros das ganizacional agora, também influenciava a sua produtividade, pas-
mesmas. sou-se então, a entender o indivíduo a partir da teoria das relações
Subdivisões da administração financeira: humanas.
• Valor e orçamento de capital; Iniciando a CLT, na década de 30 - 50, as leis trabalhistas de-
• Análise de retorno e risco financeiro; veriam ser seguidas e isso deveria ser supervisionado de perto por
• Análise da estrutura de capital financeira; um responsável, foi aí que a estrutura do RH (Recursos Humanos)
• Análise de financiamentos de longo prazo ou curto prazo; começou a ser formada.
• Administração de caixa ou caixa financeira. Com a evolução do RH, a partir dos anos 70 o foco voltava-se
então para pessoas e não para o burocrático e operacional apenas.
Tornando a estrutura mais humanizada inicia-se então, o conceito
do planejamento estratégico para conservar talentos e engajar a
equipe, motivando-a; mais tarde chamaríamos de Gestão de Pes-
soas.

281
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Processo evolutivo Desafios da Gestão de Pessoas


Uma vez que a Gestão de Pessoas tem como intuito atingir re-
Contabilidade e processos relacio- sultados favoráveis, se torna cada vez mais desafiador dentro do
1º DEPARTAMENTO cenário empreendedor formar líderes dentro das organizações, e
nados a contratação e demissão de
PESSOAL liderança é parte fundamental na Gestão de Pessoas. Desafios:
funcionários: burocracia
• A compreensão efetiva de adequar a necessidade da organi-
Treinamento e desenvolvimento zação ao talento do indivíduo. Entender que dependendo do tipo
2º GESTÃO do indivíduo e suas capacidades, de mão-de-obra que a organização necessita, ela terá um perfil es-
DE PESSOAS potencializando-as: comunicação, pecífico de trabalhador.
manutenção • Alinhar os objetivos da Organização com os do Indivíduo.
• Entender e balancear os aspectos internos e externos. Exem-
Definição dos níveis de uma organiza-
plo: A organização saberá o valor monetário do indivíduo mediante
ção (pirâmide)
a pesquisa de mercado para aquela área específica, isso é aspecto
3º GESTÃO Topo: estratégico
externo.
ESTRATÉGICA Intermediário: tático
• Criar um ambiente de trabalho favorável ao indivíduo que
DE PESSOAS Base: operacional
pode estar descontente com sua organização porque seu ambiente
Passam a fazer parte das decisões da
de trabalho é ruim, isso é aspecto interno.
organização – planejamento.
Características da Gestão de Pessoas
Objetivos da Gestão de Pessoas Gestão de Pessoas é Responsabilidade de Linha e Função de
Permitir que as metas da organização, em conjunto com os ob- STAFF.
jetivos pessoais, sejam alcançadas. Visa:
• Gerir pessoas para que a organização atinja seus objetivos, Exemplo:
missão e visão estratégica sejam atingidos com sucesso: Resultados Dentro do Organograma temos os conceitos funcionais da or-
satisfatórios. ganização: Áreas e responsáveis por elas; Se vamos trabalhar a mo-
• Gerir pessoas para que a manutenção dos talentos seja efeti- tivação de um determinado indivíduo dentro da organização, o res-
va e contínua: Manter as pessoas motivadas, desenvolvidas, treina- ponsável diretamente (líder) é chamado de Responsável de Linha:
das e principalmente atraí-las e retê-las à organização. seria seu supervisor ou gerente direto.
• Gerir pessoas de maneira a ampliar a competitividade da or- A assessoria para esse trabalho de desenvolvimento e motiva-
ganização: planos de carreira. ção do indivíduo, fica por conta do RH (Recursos Humanos) que é a
• Gerir pessoas para aumentar a satisfação do cliente: melhora Função de STAFF.
a qualidade do produto/serviço.
• Gerir pessoas melhorando a qualidade de vida: aumenta a
produtividade e a satisfação do indivíduo. Principais Mecanismos da Gestão Estratégica de Pessoas
• Gerir pessoas desenvolvendo culturas dentro da organização: • Planejamento de RH (Recursos Humanos): Que pessoas de-
possibilitando o desenvolvimento de mudanças, facilitando e agili- vemos contratar/demitir? Que áreas temos a melhorar, desenvol-
zando a resposta da organização para com as exigências do merca- ver? Para que a organização seja mais forte, cresça e atinja seus
do: Competência. objetivos.
• Gerir pessoas mantendo condutas com base na ética: Dire- • Gestão de Competências: A sinérgica relação do CHA com o
trizes. atingimento dos objetivos organizacionais:
(CHA - Conhecimento: saber teórico, formação - Habilidade: sa-
Conceitos da Gestão de Pessoas ber prático - Atitude: vontade de executar. Ou seja, pessoas certas
Administração de Recursos Humanos - entendimento mais an- nos cargos certos, gerando resultados favoráveis.
tigo (técnicas - tarefas):
• É a Provisão, o Treinamento, o Desenvolvimento, a Motivação • Capacitação Contínua com base na Competência: Capacitar,
e a Manutenção dos empregados. desenvolver e treinar o indivíduo, ampliando suas habilidades para
o que a organização necessita, atingindo seus resultados.
Gestão de Pessoas (relação – elemento imaterial): • Avaliação de desempenho e competências (permanente).
• É o elemento que constrói e é responsável pelo cuidado do
capital humano. Equilíbrio organizacional
É uma teoria que diz respeito a relação das Pessoas com a Or-
Principais diferenças ganização e vice-e-versa; ou seja, a Organização e seus colabora-
• Gestão de Pessoas não é nomeado normalmente como de- dores, seus clientes, ou fornecedores = Pessoas. Em meio a essa
partamento, como é o RH (Recursos Humanos); relação, a Organização entrega incentivos (produtos, serviços, sa-
• A competência da Gestão de Pessoas é responsabilidade dos
gestores, dos líderes, que operam em união com a área de Recursos lários) e recebem contribuições (pagamentos, matérias-primas e
Humanos; Assim, para que as atividades de Gestão de Pessoas pos- mão de obra) estabelecendo assim uma balança, pela necessidade
sam acontecer da melhor forma, o RH disponibiliza as ferramentas de equilíbrio entre incentivos e contribuições, para a continuidade
e os mecanismos. de operação da Organização. Ou seja, a relação entre Organização
• Sendo um processo que também foca no desenvolvimento do e Pessoas deve estar em equilíbrio para que ela continue a existir.
indivíduo dentro da organização, a estratégia é mais voltada para o O sucesso desse conceito transmite o resultado da Organiza-
lado humano das relações de trabalho. Portanto, a Gestão de Pes- ção quando na motivação e remuneração (não somente moneta-
soas não se restringe a apenas uma área da organização, mas inter- riamente, mas também de fins não-materiais) dos colaboradores,
corre em todos os setores. ferramenta da Gestão de Pessoas.

282
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

• Organização: Sistemas de Comportamentos Sociais, Sistema Motivação


de relações de Contribuições e Incentivos. É o conjunto de recursos É um fator dos principais que cooperam para atingir grandes re-
e pessoas que estão alinhados para o alcance de um resultado. sultados e, assim, uma boa rentabilidade para a organização. Uma
Os participantes recebem recompensas em troca das contribui- equipe motivada se dedica mais e tem maior facilidade em entregar
ções. a demandas segundo a qualidade esperada ou até acima.
Nesse ponto, para obter sucesso é indispensável que o RH (Re-
cursos Humanos) e os líderes tenham sinergia. Atentando-se aos
pontos vulneráveis que podem ser corrigidos com métodos e capa-
citações. Já os pontos fortes podem ser desenvolvidos de modo a se
tornarem efetivamente crescentes.
Não se trata apenas de ações pontuais, as atividades precisam
ser bem planejadas. É importante ter em mente que a continuida-
de traz resultados a curto, médio e longo prazo. Se torna crucial
o comprometimento com a gestão correta para que se alcance o
desenvolvimento de pessoas.

Liderança
É responsável pelo desafiador papel de gerir e conduzir pesso-
as à resultados satisfatórios. Nesse papel, as organizações conside-
ram de extrema importância colocar um indivíduo de excelência,
pois cada área necessita de talentos adequados.
Administrar a equipe sinergicamente, alcançando metas, cum-
Exemplo: Se o colaborador perceber, ao decorrer de sua traje- prindo prazos, motivando e inspirando cada indivíduo a entregar
tória na Organização que está fornecendo mais do que recebendo, cada vez melhor seu trabalho é função de um bom líder. Para tanto
a relação aqui é rompida, e a partir daí a Organização entra em De- o comprometimento, planejamento, empatia e inteligência emocio-
sequilíbrio Organizacional. nal, geram e mantêm bons relacionamentos interpessoais.
Quanto mais a Organização se mantém em Equilíbrio organiza-
cional, mais sucesso ela terá nos seus resultados de suas relações Desempenho
de recompensa e motivação de Pessoas. É o resultado de uma liderança efetiva e equipe motivada. O
RH (Recursos Humanos) junto aos líderes de cada área, se torna
Comportamento organizacional responsável por desenvolver, medir, avaliar regularmente esse de-
É o estudo da conduta das pessoas e suas implicações no am- sempenho, estimulando a melhoria contínua. As ferramentas para
biente de uma organização. Visa alcançar maior compreensão acer- essa avaliação são: feedbacks periódicos, que promovem a auto
ca do contexto empresarial para compor o desenvolvimento seguro avaliação, análise crítica de cada área e da organização no geral. O
e contínuo do trabalho. O indivíduo aqui tem um papel importante plano de carreira que considera evolução de cargos e salários tem
na participação da organização, contudo, ele pode ser ou não o pro- esse processo como primeiro passo.
tagonista nos resultados.
Aqui são abandonadas as posições prescritivas e afirmativas
(de como deve ser) para uma abordagem mais explicativa e descri- ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
tiva. A ênfase nas pessoas é mantida dentro de uma posição organi-
zacional de forma mais ampla. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Os principais temas de estudos serão sobre: Estilos de admi- Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de
nistração, Processo decisório, Motivação, Liderança e Negociação. forma efetiva, riqueza.
Evolução no entendimento do indivíduo:
Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que planeja,
A análise do comportamento humano garante muitos benefí- executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o
cios à organização no geral. Como por exemplo reter talentos e pro- fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e comprar
mover engajamento e sinergia entre os públicos alvo. até a entrega do produto terminado para o cliente.
Garantir benefícios e um ambiente de trabalho harmônico que É um sistema integrado com a finalidade de prover à
encoraje a motivação é responsabilidade da organização, assim administração, de forma contínua, recursos, equipamentos e
como, a cocriação e o engajamento. Aplicando ações referente à informações essenciais para a execução de todas as atividades da
essa área de conhecimento fica claro para os colaboradores que a Organização.
organização visa desenvolver cada indivíduo da forma mais adequa-
da possível. Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
Os agentes que influem no resultado satisfatório de um com- niais
portamento organizacional são diversos: A evolução da Administração de Materiais processou-se em
várias fases:
- A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da
empresa, pois comprar era a essência do negócio;

283
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

- Atividades de compras como apoio às atividades produtivas Sendo assim:


se, portanto, integradas à área de produção;
- Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
acabados, em uma organização independente da área produtiva; EFICIENCIA EFETIVIDADE
- Agregação à área logística das atividades de suporte à área ESPECIFICA SISTEMICA
de marketing.
QUANTITATIVA E
QUANTITATIVA
Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente QUALTAITIVA
de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO
Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para
QUANTO QUANDO
manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-
prima, porém não haja excedentes.
Princípios da Administração de Recursos Materiais e
Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas
Patrimoniais
fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de - Qualidade do material;
produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração - Quantidade necessária;
de Materiais tem como função principal o controle de produção e - Prazo de entrega
estoque, como também a distribuição dos mesmos. - Preço;
- Condições de pagamento.
As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patri-
moniais Qualidade do Material
1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência. O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar aceitação dentro e fora da empresa (mercado).
outras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender Quantidade
bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade. Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades
da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci-
Visão Operacional e Visão Estratégica mento geral da empresa bem como o excesso em estoque.
Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a
atividades específicas. Melhorar algo que já existe. Prazo de Entrega
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendi-
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de
mento aos consumidores e evitar falta do material.
um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance
de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de Menor Preço
maneira interrelacional. O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posi-
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor ção da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um
era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações lucro maior.
dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são
recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da Condições de pagamento
Fábula a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha
investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos maior flexibilidade na transformação ou venda do produto.
não só garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos
invernos como, também, fazê-los em Paris. Diferença Básica entre Administração de Materiais e Adminis-
Historicamente, a administração de recursos materiais e tração Patrimonial
patrimoniais tem seu foco na eficiência de processos – visão A diferença básica entre Administração de Materiais e Admi-
operacional. Hoje em dia, a administração de materiais passa a nistração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a
ser chamada de área de logística dentro das Organizações devido distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é respon-
à ênfase na melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre sável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a
conservação e manutenção de bens.
produtores e consumidores, de forma a obter o melhor nível de
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de ativi-
rentabilidade para a organização e maior satisfação dos clientes.
dades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais
Estratégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições.
não baseado na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento,
a Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o
conhecida por LOGISTICA. fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as opera-
ções gerais de controle de estoques etc.
A Administração de Materiais destina-se a dotar a adminis-
tração dos meios necessários ao suprimento de materiais impres-
cindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno,
na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor
custo.

284
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

A oportunidade, no momento certo para o suprimento de de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a
materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi-
momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as
necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providên- despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com
cia do suprimento após esse momento poderá levar a falta do ma- capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que
terial necessário ao atendimento de determinada necessidade da haja a normalização.
administração. Ao requisitar uma quantidade desse material, o usuário irá for-
São tarefas da Administração de Materiais: necer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), o
- Controle da produção; que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como tam-
- Controle de estoque; bém o desempenho daqueles que se servem do material, pois a não
- Compras; simplificação (padronização) pode confundir o usuário do material,
- Recepção; se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de
- Inspeção das entradas; maneira totalmente diferente.
- Armazenamento;
- Movimentação; Especificação
- Inspeção de saída Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do
- Distribuição. material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten- material a ser requisitado.
dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza-
ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de Normalização
atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili-
aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for- zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização
mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar
de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino-
serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature- logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida
za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), e formato.
ou do tipo de demanda, estocagem, etc.
Codificação
Classificação de Materiais É a apresentação de cada item através de um código, com as
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou
dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu- letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena-
são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em
seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica- função de uma boa classificação do material, poderemos partir para
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode- necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le-
rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si. tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al-
Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se
critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e
contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utili-
qualidade. zado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo- precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a
gação, simplificação, especificação, normalização, padronização respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de
empresa. afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresen-
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa- tarem na pronta identificação de um material.
mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle O sistema classificatório permite identificar e decidir prioridades
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
correto do almoxarifado. estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento
da empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: materiais.

Catalogação Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas


A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação características: ser abrangente, flexível e prático.
de materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um - Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados e em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas - Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
da empresa. de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi- mento do estoque;
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.

285
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária Os materiais são classificados em:
uma divisão que norteie os vários tipos de classificação. - Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra-
Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados
materiais. aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone-
tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são
Para o autor Viana os principais tipos de classificação são: orientativos e não são regra).
- Por tipo de demanda - Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
- Materiais críticos logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
- Pericibilidade gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem
- Quanto à periculosidade em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
- Possibilidade de fazer ou comprar 30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são
- Tipos de estocagem regra).
- Dificuldade de aquisição
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
- Mercado fornecedor.
movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após
- Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda
se divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, so-
Materiais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível mente 5% do valor monetário total representam esta classe, po-
para os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são
Esses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência orientadores e não são regra).
de regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais
somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em Metodologia de cálculo da curva ABC
que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques,
quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de
forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no prioridades, para a programação da produção.
estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são materiais
que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para que
não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimento
automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
automático, com base na demanda prevista e na importância para
a empresa.

Os materiais de estoque se subdividem ainda;


Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que
compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos
como materiais em processamento que estão sendo processados
ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por- Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é
que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque
uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes,
ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já
desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes,
prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manu-
segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos
tenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais
não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. importantes. Assim, economiza-se tempo e recursos.
Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o
diversos setores da empresa. processo em 6 etapas a seguir:
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada
gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consu- estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
mo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são:
chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a im- quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com
portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a
consumo em determinado período. Curva ABC é um importante quantidade pelo custo unitário.
instrumento para se examinar estoques, permitindo a identifica- 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
ção daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo 4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados
espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total
em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque acumulado e os percentuais do custo total acumulado de cada item
eles possam ser classificados em ordem decrescente de importân- em relação ao total.
cia. 5º) Construir a curva ABC

286
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total
acumulado.

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.

Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?

287
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Ainda em relação aos tipos de materiais temos; - Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente
- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja ligada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do
demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais
risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país;
devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais estão
portanto, sujeitos ao controle de obsolescência. desenvolvendo fornecedores nacionais.
A quantidade de material cadastrado como material crítico
dentro de uma empresa deve ser mínimo. Recebimento e Armazenagem
Os materiais são classificados como críticos segundo os Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de
seguintes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade
importado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de a conferência dos materiais destinados à empresa.
difícil obtenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de As atribuições básicas do Recebimento são:
materiais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de - Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo-
transporte; Críticos por problemas de armazenagem ou transporte lução de materiais;
de materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou - Analisar a documentação recebida, verificando se a compra
grandes dimensões; Críticos por problema de previsão, por ser está autorizada;
difícil prever seu uso; Críticos por razões de segurança de materiais - Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto
de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção. de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
- Proceder a conferência visual, verificando as condições de
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se
de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu-
físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classifica- mentos;
ção; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado - Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate-
em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utiliza- riais recebidos;
ção poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem - Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
por longos períodos. Ex. alimentos, remédios; - Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe-
ração de pagamento ao fornecedor;
- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite - Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa-
a identificação de materiais que devido a suas características físico- rifado;
-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, trans-
porte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis. A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir
a função em quatro fases:
- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa de-
terminar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabri- 1a fase - Entrada de Materiais
cados internamente ou comprados: A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria
- Fazer internamente: fabricados na empresa; da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem
- Comprar: adquiridos no mercado; os seguintes objetivos:
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; - A recepção dos veículos transportadores;
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a - A triagem da documentação suporte do recebimento;
análise de custos. - Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
está autorizada pela empresa;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em - Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
materiais de estocagem permanente e temporária. contratual;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis - Constatação se o número do documento de compra consta
de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. na nota fiscal;
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
mento, ou seja, é um material não de estoque. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- O encaminhamento desses veículos para a descarga;
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classifica-
dos por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisi- As compras não autorizadas ou em desacordo com a programa-
ção e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: ção de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os motivos
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para as opera-
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no ções de análise de avarias e conferência de volumes é o “Conheci-
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- mento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido quando
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos do recebimento da mercadoria a ser transportada.
do ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
único fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte es- relação às condições de contrato devem motivar a recusa do rece-
pecial, ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves bimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as circuns-
burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos. tâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do
transportador. O exame para constatação das avarias é feito através

288
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens, 1. Acompanhamento durante a fabricação: torna-se convenien-
quanto a evidências de quebras, umidade e amassados. te acompanhar in loco todas as fases de produção, por questão de
Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser segurança operacional;
encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do mate- 2. Inspeção do produto acabado no fornecedor: por interesse
rial no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de vo- do comprador, a inspeção do P. A. será feita em cada fornecedor;
lumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros 3. Inspeção por ocasião do fornecimento: a inspeção será feita
e controles de compra. Para a descarga do veículo transportador pôr ocasião dos respectivos recebimentos.
é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam:
paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes. Documentos Utilizados no Processo De Inspeção:
O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece- 1. especificação de compra do material e alternativas aprova-
bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis- das;
temas: 2. desenhos e catálogos técnicos;
- Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto- 3. padrão de inspeção, instrumento que norteia os parâmetros
ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque, vi- que o inspetor deve seguir para auxiliá-lo a decidir pela recusa ou
sando ao seu controle; aceitação do material.
- Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de
pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da Seleção do Tipo de Inspeção
posição de fornecedores; A depender da quantidade, a inspeção pode ser total ou por
- Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal- amostragem, utilizando-se de conceitos estatísticos.
dos e baixa dos processos de compras; A análise visual tem por finalidade verificar o acabamento do
material, possíveis defeitos, danos à pintura, amassamentos.
2a fase - Conferência Quantitativa A análise dimensional tem por objetivo verificar as dimensões
É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo forne- dos materiais, tais como largura, comprimento, altura, espessura,
cedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A confe- diâmetros.
rência por acusação também conhecida como “contagem cega “ é Os ensaios específicos para materiais mecânicos e elétri-
aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebida, desco- cos comprovam a qualidade, a resistência mecânica, o balancea-
nhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A confrontação mento e o desempenho de materiais e/ou equipamentos.
do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por meio do Re- Testes não destrutivos de ultrassom, radiografia, líquido pene-
gularizador que analisa as distorções e providencia a recontagem. trante, dureza, rugosidade, hidráulicos, pneumáticos também po-
Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po- dem ser realizados a depender do tipo de material.
dem ser contados utilizando os seguintes métodos:
- Manual: para o caso de pequenas quantidades; 4a fase - Regularização
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens Caracteriza-se pelo controle do processo de recebimento, pela
padronizadas com grandes quantidades; confirmação da conferência qualitativa e quantitativa, respectiva-
- Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que mente por meio do laudo de inspeção técnica e pela confrontação
envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos, das quantidades conferidas versus faturadas.
porcas, arruelas; O processo de Regularização poderá dar origem a uma das se-
- Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa- guintes situações:
gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias; 1. liberação de pagamento ao fornecedor (material recebido
- Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas; sem ressalvas);
2. liberação parcial de pagamento ao fornecedor;
3a fase - Conferência Qualitativa 3. devolução de material ao fornecedor;
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. A 4. reclamação de falta ao fornecedor;
análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio da 5. entrada do material no estoque;
confrontação das condições contratadas na Autorização de Forneci-
mento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa ga- Documentos envolvidos na Regularização:
rantir o recebimento adequado do material contratado pelo exame Os procedimentos de Regularização, visando à confrontação
dos seguintes itens: dos dados, objetivando recontagem e aceite ou não de quantida-
- Características dimensionais; des remetidas em excesso pelo fornecedor, envolvem os seguintes
- Características específicas; documentos:
- Restrições de especificação; 1. nota Fiscal;
2. conhecimento de transporte rodoviário de carga;
Modalidades de Inspeção De Materiais 3. documento de contagem efetuada;
São selecionadas a depender do tipo de material que se está 4. relatório técnico da inspeção;
adquirindo, quais sejam: 5. especificação de compra;
6. catálogos técnicos;
7. desenhos;

289
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Devolução ao Fornecedor Desvantagens da armazenagem:


O material em excesso ou com defeito será devolvido ao For- Algumas desvantagens segundo:
necedor, dentro de um prazo de 10 dias a contar da data do rece- - Imobilização de capital;
bimento, acompanhado da Nota Fiscal de Devolução, emitida pela - A armazenagem requer serviços administrativos de controles
empresa compradora. e gerenciamento;
ARMAZENAGEM - A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser res-
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções peitados;
que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arrumação e
- Um armazém de grande porte requer máquinas com tecno-
conservação de matérias – primas, produtos acabados ou semi –
logia.
acabados.
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resulta-
dos quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe acres- Armazenagem em função das prioridades
centar valor. A armazenagem pode ser definida como o compromis- Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
so entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na prática teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão de-
isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam pende de vários fatores. Senão veja-se:
os custos de armazenagem, bem como a importância relativa dos
mesmos. Armazenagem por agrupamento:
A função de armazenamento de material é agir com maior agi- Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca de
lidade entre suprimento e as necessidades de produção. materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espaço. É o
O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes das caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos quais se
operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento não atribui um número que por sua vez pertence a um grupo, identifi-
se enquadra nitidamente em esquemas de classificação utilizados cando-os com a divisão da estante respectiva .
quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário ou trans-
porte. Armazenagem por tamanho, peso e característica do mate-
rial.
As atividades que compõem a armazenagem são: Neste critério o talão de saída deve conter a informação relati-
- Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a
va ao setor do armazém onde o material se encontra. Este critério
identificação do material recebido, analisar o documento fiscal com
o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal. permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas exige um
- Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda controlo rigoroso de todas as movimentações.
do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque
de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais Armazenagem por frequência
auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos acabados e O controle através da ficha técnica permite determinar o local
estoques de materiais administrativos. onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência com
- Distribuição: está relacionada à expedição do material, que que este é movimentado. A ficha técnica também consegue veri-
envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem, ficar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o aproveita-
a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu des- mento do espaço.
tino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de
saída para que haja controle do estoque. Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote di-
ário
Tipos de armazenagem: Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém de
A armanezagem temporária tem como função conseguir uma pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades do dia-
forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a coloca- -a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada gama de
ção de estrados para uma armazenagem direta entre outros. Já a ar- materiais.
mazenagem permanente tem um local pré-definido para o depósito
de materiais, assim o fluxo do material determina a disposição do
Armazenagem por setores de montagem
armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garantin-
do a organização do mesmo. Neste tipo de armazenagem as peças de série são englobadas
num só grupo, de forma a constituir uma base de uma produção por
Vantagens da armazenagem: família de peças. Este critério conduz à organização das peças por
A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode prioridades dentro de cada grupo.
trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução de
custos. A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o
- Redução dos custos de movimentação bem como das exis- critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple-
tências; mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem
- Facilidade na fiscalização do processo;
- Redução de perdas e inutilidades.
- Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
- Agiliza o processo de entrega;
- Compensa defasagens de produção
- Melhor aproveitamento do espaço;

290
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Tipos de Armazenagem Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras ta-


xativas que regulem o modo como os materiais devem ser dispostos
Armazenagem temporária no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto, os
Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a conse- parâmetros citados anteriormente, para depois decidir pelo tipo de
guir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados para arranjo físico mais conveniente, selecionando a alternativa que me-
uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a força da lhor atenda ao fluxo de materiais:
gravidade joga a favor. a) armazenagem por tamanho: esse critério permite bom apro-
veitamento do espaço;
Armazenagem permanente
É um processo predefinido num local destinado ao depósito de b) armazenamento por frequência: esse critério implica arma-
matérias. zenar próximo da saída do almoxarifado os materiais que tenham
O fluxo de material determina: maior frequência de movimento;
- A disposição do armazém - critério de armazenagem; c) armazenagem especial, onde destacam-se:
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém; d) os ambientes climatizados;
- Os acessórios do armazém; e) os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígidas
- A organização da armazenagem. normas de segurança;
f) os produtos perecíveis (método FIFO)
Armazenagem interior/exterior 1. Armazenagem em área externa: devido à sua natureza, mui-
A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem a tos materiais podem ser armazenados em áreas externas, o que
nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de ferra- diminui os custos e amplia o espaço interno para materiais que ne-
gens e essencialmente material pesado. cessitam de proteção em área coberta. Podem ser colocados nos
pátios externos os materiais a granel, tambores e “containers”, pe-
Armazenagem em função dos materiais ças fundidas e chapas metálicas.
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais
2. Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão do
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo
importante classificá-los. almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos, que dis-
- Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e cere- pensam fundações, permitindo a armazenagem a um menor custo.
ais;
- Armazém para granel: A armazenagem deste material deve Independentemente do critério ou método de armazenamento
ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte des- adotado é oportuno observar as indicações contidas nas embalagens
te tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades deste em geral.
material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios de gran-
des dimensões. Para quantidades menores utilizam-se bidões, latas Estudo do layout
e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc; Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do
- Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comida layout de um almoxarifado, de forma que se possa obter as
congelada, etc; seguintes condições:
- Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produtos 1. Máxima utilização do espaço;
domésticos e mobiliário; 2. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e
- Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O equipamentos);
principal objetivo é agregar o material em unidades de transporte e
3. Pronto acesso a todos os itens;
armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a preencher
o veiculo por completo. 4. Máxima proteção aos itens estocados;
- Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de precau- 5. Boa organização;
ção, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a altas 6. Satisfação das necessidades dos clientes.
pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem de gar-
rafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades de trans- No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os
porte são por norma de grandes dimensões. seguintes aspectos:
1. Itens a serem estocados (itens de grande circulação, gran-
Critérios de Armazenagem de peso e volume);
Dependendo das características do material, a armazenagem 2. Corredores (facilidades de acesso);
pode dar-se em função dos seguintes parâmetros: 3. Portas de acesso (altura, largura);
- Fragilidade; 4. Prateleiras e estruturas (altura x peso);
- Combustibilidade; 5. Piso (resistência).
- Volatilização;
- Oxidação;
Distribuição De Materiais
- Explosividade;
- Intoxicação;
- Radiação; O processo de distribuição: conceitos e estratégias
- Corrosão; Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a necessi-
- Inflamabilidade; dade que esse produto chegue até o cliente da melhor forma possí-
- Volume; vel, seja esse um produto de consumo ou industrial. Nesse sentido,
- Peso; é necessário identificar adequadamente os meios para distribuir o
- Forma. produto, para que esse chegue ao cliente certo, na quantidade cer-
ta e no momento certo.

291
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse - Transformação das transações em processos repetitivos e ro-
não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Portan- tineiros, simplificando atividades e os processos de pedido, paga-
to, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depende de mento, etc.
sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade certa. O - Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o
cliente ao procurar uma determinada marca, não encontrando-a, acesso dos clientes a uma gama maior de produtos.
esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. Dessa forma, um
dos instrumentos da Logística que busca solucionar esse problema FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
e o desenvolvimento e utilização de um correto Processo de Distri- As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
buição. tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produtos,
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribuição bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no processo;
e distribuição física Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de orga- o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
nizações interdependentes envolvidas na disponibilização de um como a coleta de informações de marketing, tornando mais fáceis
produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa forma, os processos de compra e venda. Produtores e intermediários po-
entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto de or- dem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes por meio
ganizações que executam as funções necessárias para deslocar os de previsões de vendas, análises competitivas e relatórios sobre as
produtos da produção até o consumo. Nesse contexto surgem os condições do mercado, focando atingir as reais necessidades dos
intermediários que são as organizações que constituem o canal de clientes;
distribuição, ou seja, são empresas comerciais que operam entre os Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de pro-
produtores e os clientes finais. dutos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produtos
para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) corretos, DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou seja, refere-se Para se projetar um canal de distribuição é necessário avaliar
ao uso correto das estratégias de logística relacionadas ao processo alguns atributos:
de distribuição, tais como, armazenagem/estocagem, embalagem, Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem
transporte, movimentação interna de materiais, bem como dos sis- trabalhados.
temas e equipamentos necessários para essas funções. - Determinar as características dos clientes (segmentação), em
termos de números de clientes, dispersão geográfica, frequência de
INTERMEDIÁRIOS compra, etc.
Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais interme- - Determinar as características dos produtos quanto à perecibi-
diários atuantes em um canal de distribuição: lidade, dimensões, grau de padronização e necessidades dos clien-
- Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é re- tes.
alizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final. - Determinar as características dos intermediários, quanto ao
Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados, etc. tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem utili-
- Atacadista: intermediário que compra e revende mercadorias zado, sistemas de TI, etc.
para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para estabelecimen- - Diagnosticar as características ambientais quanto às condi-
tos industriais, institucionais e usuários comerciantes, mas que não ções locais, legislação, etc.
vende em pequenas quantidades para clientes finais. Ex.: Martins, - Avaliar as características das empresas envolvidas quanto so-
Atacadão lidez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível de
- Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o serviço, estratégias de marketing, etc.
Atacadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além
da venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma área TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
geográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender demandas FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é o
mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e implementos canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o usu-
agrícolas em uma determinada região. ário final, sendo também o mais comum no cenário empresarial.
- Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de Quando essse canal de distribuição é usado em mercados de con-
curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem uma li- sumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda Direta que
nha de produtos de uma empresa sob relação contratual. Podem envolve contatos de vendas pessoais entre o comprador e o ven-
trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma única em- dedor, como aqueles que ocorrem com os produtos agrícolas (fei-
presa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos similares de ras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda forma é o Marketing
empresas diferentes (agentes não exclusivos). Direto, o qual abrange uma comunicação direta entre o comprador
e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de catálogos
IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos são mais
Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a impor- importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior parte
tância dos intermediários no canal de distribuição, dentre esses dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por meio
destacam-se: de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse canal é
- Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois não requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os intermediá-
seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar atender clien- rios disponíveis no mercado, optando pela força de venda própria
tes individualmente; e providenciando a movimentação física dos produtos até o cliente

292
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior controle - Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem a necessi- - Dificuldades de comunicação.
dade de motivar intermediários e depender de resultados de tercei-
ros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores investimentos, Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos
uma vez que as funções mercadológicas são assumidas. canal de distribuição:
- O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fa- diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de
bricante transfere ao intermediário grande parte das funções mer- conflito vertical entre esse e seus varejistas.
cadológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas - O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre
Bahia, Supermercado Extra, etc. membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata-
cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer,
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de dos preços praticados.
clientes (ampliar capilaridade). - Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen- mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio- sentantes.
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc.
Poder no canal
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro.
reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um inter- Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou até
mediário que não compra produtos, apenas representa o fabricante modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De
ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na busca uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci-
de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de fontes dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar
de suprimento para esses fabricantes. o comportamento de outro(s) membro(s) do canal.

Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços Fontes de Poder no canal


para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer-
a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos cidos no canal:
serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos pre- - Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um
ocupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque e, outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A
normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a contí- recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas.
nua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais en- - Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o
tre produtores e usuários de serviços. exercício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes
Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de em relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se
serviços também há a possibilidade da utilização de agentes, os submeta às tentativas de influência do primeiro.
quais nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais - Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
comuns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de (contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de
investimentos, agentes de viagem, etc. influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência.
- Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor-
GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO mações valorizadas por outros membros do canal.
- Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um
Conflitos no Canal membro detem em relação a outro membro.
Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos
relacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribui- Liderança do canal
ção, o conflito surge quando um membro do canal crê que outro Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coo-
membro esteja impedindo a realização de seus objetivos especí- peração entre os membros do canal, essas características podem
ficos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de conflito resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como,
entre os membros do canal: alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tor-
- Incongruência de papéis entre os membros; nam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificaram
- Escassez de recursos e discordância na sua alocação; um padrão consistente de condições que determinam o surgimento
- Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am- de uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir quando
bientais; o canal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, aqueles
- Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es- onde a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a incer-
perado dos outros membros; teza é elevada.
- Discordância no domínio da decisão;

293
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Construindo a confiança no canal - Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos


Muitos canais estão rumando para a construção da confiança parceiros da cadeia de suprimentos;
mútua como base para o sucesso das relações entre os membros - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par-
do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros re- ceiros; e
conheçam sua interdependência e saibam compartilhar processos - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando
e informações. em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos
na sua totalidade.
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO
Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de distri- Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções
buição: básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ- chain management:
to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região, - Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos
visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de venda. necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca-
Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra são dorias;
vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem con- - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi-
veniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, os ços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
clientes podem encontrar os produtos no maior número de locais - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
possíveis. ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fabri- - Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
cante vender produtos por meio de mais de um dos intermediários ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam-
disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os in- bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante
termediários escolhidos são considerados osmelhores para vender tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
os produtos com base em sua localização, reputação, clientela e
outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quando Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo
osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ainda podem ser levantadas as seguintes questões:
destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal, - Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com atendem às necessidades de mercado,
cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu- - Se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos
ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com custos de abastecimento são compatíveis,
a distribuição intensiva. - Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama-
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende seus nho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
produtos por meio de um único intermediário em uma determina- - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases
da região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir tais pro- compatíveis com o mercado,
dutos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um determinado - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificá-
produto requer um esforço especializado de venda ou investimen- veis com os resultados operacionais gerados,
tos em estoques e instalações específicas. A distribuição exclusiva é - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à medida em
que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos de canal Em conformidade com o potencial do mercado, é importante
que possam apoiar ou servir o produto de forma adequada, ou seja, analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o
enfatizando uma determinada imagem que possa caraterizar luxo tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
ou exclusividade.
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis- A distribuição física de produtos ou distribuição física são os
tribuição depende essencialmente de cada organização, da forma processos operacionais e decontrole que permitem transferir os
com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mer-
de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais, cadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES, 1994).
comum na maioria deles: Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos certos,
- Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço
identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis- desejado, pelo menor custo possível.
ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor- A distribuição física tem, como foco principal, todos os produ-
reto; tos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o instante
- Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob em que a produção é terminada até o momento em que o cliente
enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que recebe a mercadoria (produto).
possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas; Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos do
- Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su- consumidor.
primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati- “Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma institui-
vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos ção que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos desejam
dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de que seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que estes não
acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri- sejam financeiros.
ções de tempo de espera, etc. Uma boa distribuição, associada a um produto de boa qualida-

294
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

de, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com que os pro- MODALIDADES DE TRANSPORTE
dutos sejam disponibilizados a seus consumidores, de modo que O transporte de mercadorias é parte fundamental do comér-
estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas prateleiras, o cio. Como o produto é entregue e a qualidade com que chega até o
produto passa a fazer parte de uma gama de produtos concorrentes cliente final é o que define a satisfação do comprador e a possibili-
que podem ser comprados ou não. dade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar o modal – meio
O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de de transporte – que atenda às expectativas do comprador.
compra é estar disponível nas prateleiras. Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos
Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do produ- logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na qua-
to, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distribuição lidade dos serviços logísticos, impactando diretamente no tempo
é uma condição obrigatória para todas as empresas que querem de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos.
vender seus produtos.
Se o produto não está disponível na prateleira, independente Qual o melhor modal?
de todos os outros fatores que influenciam a compra, este não po- São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário, aqua-
derá ser comprado. viário, aéreo e dutoviário.
Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas van-
uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imbatível, tagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de escolha
mas não disponível no mercado. e esta deve ser feita mediante análise profunda dos custos e carac-
A distribuição física acontece em vários níveis dentro de uma terísticas do serviço.
instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierárquica inter-
fere no processo. Uma decisão tomada pela alta administração de O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
uma empresa é chamada de decisão estratégica e deve ser seguida classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:
pelos demais níveis hierárquicos. - Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);
A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e a - Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodoviário
operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de fazer e Ferroviário);
com que os projetos sejam cumpridos e executados. - Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido
por um único contrato;
Para um melhor entendimento, seguem os níveis da adminis- - Segmentados: envolve diversos contratos para diversos mo-
tração da distribuição física. dais;
• Estratégico; - Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino fi-
• Tático; nal, necessita ser transbordada para prosseguimento em veículo da
• Operacional. mesma modalidade de transporte (regido por um único contrato).

a. Nível Estratégico VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE


Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo
que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser Transporte Rodoviário
relacionadas às seguintes preocupações: É aquele que se realiza em estradas, com utilização de cami-
• Localização dos armazéns; nhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil,
• Seleção dos modais de transportes; apesar do custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.
• Sistema de processamento de pedidos etc.
Vantagens Desvantagens
b. Nível Tático
É o nível em que a média gerência da empresa estará envolvida • Capacidade de tráfego por
• Menor capacidade de cargas
em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. Suas qualquer rodovia (flexibili-
entre todos os modais;
preocupações são: dade operacional)
• Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos ser • Usado em qualquer tipo
a mínima; • Alto custo de operação
de carga.
• Ocupação otimizada da área de armazéns;
• Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis má- • Agilidade no transporte e • Alto risco de roubo/Frota
ximos possíveis à carga etc. no acesso às cargas antiga- acidentes
• Vias com gargalos gerando
c. Nível Operacional • Não necessita de entre-
gastos extras e maior tempo
É o nível em que a supervisão garante a execução das tarefas postos especializados
para entrega.
diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo canal
• Amplamente disponível • Alto grau de poluição
de distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
• Carregar caminhões; • Fácil contratação e geren-
• Alto valor de transporte.
• Embalar produtos; ciamento.
• Manter registros dos níveis de inventário etc. • Adequado para curtas e • Menos competitivo à longa
médias distâncias distância;

295
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis, carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não
mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400 há vias para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante /
Km), trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quan- Encontra-se uma redução de custo de frete.
do o tempo de trânsito for valor agregado.
Tipos de navios:
Transporte Ferroviário
Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas, Navios para cargas gerais ou convencionais:
para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transpor- Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados
tadas neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quan- para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.
tidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, de-
rivados de petróleo, etc. Navios especializados:
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e só-
Vantagens Desvantagens lido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por
• Grande capacidade de rampa, vários decks de diversas alturas.
• Alto custo de implantação
cargas
• Baixo custo de transporte • Transporte lento devido às suas Navios Multipropósito:
(Inexistência de pedágios) operações de carga e descarga Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados
ao mesmo tempo.
• Adequado para longas • Pouca flexibilidade de equipa- Granel sólido + líquido
distâncias mentos. Minério + óleo
• Baixíssimo nível de aci- Ro-ro + container
• Malha ferroviária insuficiente.
dentes.
Navios porta-container:
• Alta eficiência energética. • Malha ferroviária sucateada
Transportam exclusivamente cargas em container.
• Melhores condições de • Necessita de entrepostos espe- Sólido, líquido, gasoso
segurança da carga. cializados. Desde que seja em container
• Menor flexibilidade no trajeto Tem apenas 01 (um) deck (o principal)
• Menor poluição do meio (nem sempre chega ao destino
ambiente final, dependendo de outros Transporte Aéreo
modais.) O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e
pode ser dividido em Nacional e Internacional.
Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de
cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclu- Vantagens Desvantagens
sivos (não há vias para outros modais) • Menor capacidade de
• É o transporte mais rápido carga (Limite de volume e
Transporte Aquaviário peso|)
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto
o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os ma- • Não necessita embalagem • Valor do frete mais eleva-
res abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transpor- mais reforçada (manuseio mais do em relação aos outros
te mais utilizado no comércio internacional. cuidadoso); modais
• Os aeroportos normalmente
• Depende de terminais de
Vantagens Desvantagens estão localizados mais próximos
acesso
aos centros de produção.
• Necessidade de transbor-
• Maior capacidade de carga • Transporte de grandes distân-
do nos portos
cias.
• Menor custo de transporte
• Longas distâncias dos • Seguro de transporte é muito
(Frete de custo relativamente
centros de produção baixo.
baixo)
• Menor flexibilidade nos
• Apesar de limitado às zonas Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de
serviços aliado a frequentes
costeiras, registra grande compe- cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis /
congestionamentos nos
titividade para longas distâncias Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via
portos
para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.
• É de gerenciamento
• Mercadoria de baixo valor
complexo, exigindo muitos Tipos de Aeronaves:
agregado.
documentos. Full pax = somente de passageiros.
Full cargo = somente de cargas.
Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de Combi = misto de carga e passageiros

296
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Transporte Dutoviário Razões para manter estoque


Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma flexi- A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exi-
bilidade, visto que há uma limitação no número de produtos que ge investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita
podem utilizar este modal. O transporte é feito através de dutos sincronização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a
cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, produtos manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impos-
derivados do minério, gases e grãos. sível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre
os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se
Vantagens Desvantagens acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias
e minimizar os custos totais de produção e distribuição.
• Muitas dutovias são Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades,
subterrâneas e/ou submarinas, • Pode ocasionar um gran- ou seja:
considerado uma vantagem, de acidente ambiental caso - Melhoram o nível de serviço.
pois minimizam os riscos suas tubulações se rompam - Incentivam economias na produção.
causados por outros veículos; - Permitem economias de escala nas compras e no transporte.
• O dutoviário transporta de - Agem como proteção contra aumentos de preços.
• Possui uma capacidade - Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo
forma segura e para longas
de serviço muito limitada de ressuprimento.
distancias
- Servem como segurança contra contingências.
• Proporciona um menor índice • Custos fixos são mais
de perdas e roubos elevados Abrangência da Administração de Estoques
• Investimento inicial A administração de estoques é de importância significativa na
• Baixo consumo de energia. maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos itens
elevado.
mantidos em estoque, associação direta com o ciclo operacional da
• Requer mais licenças
• Alta confiabilidade. empresa. Da mesma forma como as contas a receber, os níveis de
ambientais.
estoques também dependem em grande parte do nível de vendas,
• Simplificação de carga e com uma diferença: enquanto os valores a receber surgem após a
descarga realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes
• Transporte de volumes granéis das realizações das vendas.
muito elevados.
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as ven-
Tipos de dutos das antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques, torna
- Subterrâneos sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar também que
- Aparentes os erros na fixação dos níveis de estoque podem levar à perda das
- Submarinos vendas (caso tenham sido subdimensionados) ou a custos de es-
tocagem excessivos (caso tenham sido superdimensionados), resi-
Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel. dindo, portanto, na correta determinação dos níveis de estoques,
Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático. a importância da sua administração. Seu objetivo é garantir que os
Gasodutos = gás natural. estoques necessários estejam disponíveis quando necessários para
manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os
Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimiza-
inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em dos.
escala, capacidade no movimento de cargas e diferencial na oferta
de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa integração Os estoques podem ser classificados como:
multimodal muitas vezes é dificultado pela infraestrutura ofertada - Matéria-prima
pelos setores privados e públicos. - Produtos em processo
- Materiais de embalagem
Estoques - Produtos acabados
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas - Suprimentos
nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de A razão para manutenção de estoques depende fundamental-
estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab- mente da natureza desses materiais.
sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção Para manutenção dos estoques de matérias primas, são utiliza-
substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta das justificativas como a facilidade para o planejamento do proces-
compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge- so produtivo, a manutenção do melhor preço deste produto, a pre-
renciados”. venção quanto à falta de materiais e, eventualmente, a obtenção de
descontos por aquisição de grandes quantidades.
Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. Atu-
almente, as modernas técnicas de administração de estoques,
o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a reduzir
custos, representam alternativas eficientes para evitar-se falta de

297
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

materiais. Adicionalmente, a realização de contratos futuros pode • Diminui os tempos de fabricação.


representar um instrumento eficiente para proteger a empresa de • Em função do aumento da flexibilidade, permite aumentar a
eventual oscilação de preços de seus insumos básicos. variedade dos produtos ofertados.
Para manutenção de estoques de materiais em processos, jus-
tifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso ocorra 2. MRP-Material Requirement Planing
interrupção em alguma das linhas de produção da empresa. Obvia- O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabri-
mente, essa questão deve ser substituída pela adoção de proces- cação, de compras, controlar estoques e administrar a carteira de
sos de produção mais confiáveis, para evitar a ocorrências destas pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo com isso
interrupções. uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a permitir a ge-
A manutenção de estoques de produtos acabados é justificada ração de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema pode
por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as vendas operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras,
realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de produção. fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de
material em processo, como estoque de matérias primas, partes,
Técnicas de Administração de estoques submontagens e produtos acabados.A maior vantagem do MRP
consiste em utilizar programas de computadores complexos, levan-
CURVA ABC do em consideração todos os fatores relevantes para conseguir o
Segrega os estoques em três grupos, demonstrando grafica- melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos,
mente com eixos de valores e quantidades, que considera os mate- mesmo que a fábrica tenha muitos produtos em quantidade, de
riais divididos em três grandes grupos, de acordo com seus valores uma semana para outra.
de preço/custo e quantidades, sendo assim materiais “classe A” re- Um ponto fundamental para o correto funcionamento do sis-
presentam a minoria da quantidade total e a maioria do valor total, tema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcionários que
“classe C” a maioria da quantidade total e a minoria do valor total, interagem com o sistema MRP, em relação à informação de dados
“classe B” valores e quantidades intermediárias. para computador. Sem essadisciplina, a memória do MRP vai acu-
O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da “classe mulando erros nos saldos em estoques e nas quantidades neces-
B e C” menos sofisticados.
sárias.
MODELO DE LOTE ECONÔMICO
3. Sistema Periódico
Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os
A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica em
custos totais de estocagem de pedido para um item do estoque.
vários setores de processamento sucessivo de vários produtos simi-
Considerando os custo de pedir e os custos de manter os materiais.
lares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de fabricação para
Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos ao se efetuar e
serem iniciados e terminados no período. Com isso, no fim de cada
receber um pedido e o custo de manter são os variáveis por unidade
da manutenção de um item de estoque por umdeterminado período, se todos os setores cumprirem sua carga de trabalho, não
período (custo de armazenagem) segundo, “oportunidade” de haverá qualquer material em aberto. Isso facilita o controle de cada
outros investimentos. setor da fábrica, atribuindo responsabilidades bem definidas.
Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas ca-
Custo total = custo de pedir + custo de manter racterísticas, não se tornou obsoleto face aos sistemas modernos,
nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores que uma
PONTO DE PEDIDO semana.
Determina em que ponto os estoques serão pedidos levando em
consideração o tempo de entrega dos principais itens. 4. OPT-Optimezed Production Technology
O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem diferen-
Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x demanda diária te dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do fluxo
de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fábrica. Os
SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações ma-
Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques temáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como
são: tendo de passar por filas de espera de atendimento nos diversos
postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de trabalho
1. FMS (Flexible Manufacturing System) forma então uma rede de filas de espera.
Nesse sistema, os computadores comandam as operações O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para
das máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub-
ferramentas das operações de manuseio de materiais, ferramentas, montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên-
acessórios e estoques. Pode-se incluir no software módulos de fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção.
monitoração do controle estatístico da qualidade. Normalmente, é
aplicado em fábricas com grande diversidade de peças de produtos
finais montados em lotes. Podemos destacar entre as vantagens do
FMS, as seguintes:
• Permite maior produtividade das máquinas, que passam a ter
utilização de 80% a 90% do tempo disponível.
• Possibilita maior atenção aos consumidores em função da fle-
xibilidade proporcionada.

298
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

5. Sistema KANBAN-JIT existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este siste-
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber- ma obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados períodos iguais para um grande número de itens em estoque pois,
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um traba- procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter
lhador parar a linha de montagem ou produção porque achou algo condições vantajosas na transação (compra e transporte).
errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, aju-
dando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as neces- Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta duas
sidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a produção subdivisões:
da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessidades ge- a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
radas na montagem final. As peças ou submontagens são colocadas -determinado:
em caixa feitas especialmente para cada uma dessas partes, que, ao É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo
serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao posto de traba- que estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de
lho que faz a última operação a essa remessa, que funciona como produção. A programação (para vários períodos, semanas e meses)
uma ordem de produção. elaborada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos,
desde o recebimento do material até o embarque do produto
6. Sistema Just in Time acabado.
É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de
distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do Vantagens:
sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a * Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva-
responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando mente controlados por se conhecer a demanda futura.
esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar * Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se
em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa-
responsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi-
para seus terceirizados. dos de fornecimento para cada lote de material.
O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é
suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa, b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de
somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as produção ou a uma requisição: É o método empregado nas produ-
relações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos ções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomenda,
de comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários es-
de tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados poradicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas
pela logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na programa-
expressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja ção geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em que o pe-
uma cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus dido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do pro-
fornecedores externos e internos. Um ponto muito favorável no duto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do material estar
Just in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabricação
perdas de produtos. excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios.

Outros sistemas de estoques Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande
Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia
duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a ro-
encomenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a data tatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo
da encomenda e a data do recebimento do novo lote. A grande de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos
vantagem deste sistema está na substancial redução do processo custos totais, conforme mencionado anteriormente.
burocrático de reposição de material (bujão de gás). A denominação
“DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em Gestão patrimonial
duas gavetas distintas. O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi-
ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio
Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando a seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o
separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamente, elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo
mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o ponto econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos ele-
de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo estiver mentos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a
sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo suficiente uma entidade que vise alcançar determinados fins.
para adquirir e repor o material no estoque. Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado uma
riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva,
Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob
para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe- o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo =Pas-
lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de sivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza
estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com- o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade visualiza o
prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade patrimônio de forma qualitativa.

299
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conhecida A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação
como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus artigos de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens
44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio públi- semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior
co. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens móveis direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior direi-
e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público não po- ta, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre com
derá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a lei auto- relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes: a pla-
rizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previdência queta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à posição
social, geral e própria dos servidores. de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho e/ou
àqueles móveis que foram projetados para ficarem encostados em
Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de fácil visu-
ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em alização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior
despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas- do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser
sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen- fixada no lado externo direito, em relação a quem opera a máquina;
to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a plaqueta
forma a manter preservado o valor do patrimônio público. nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin, couro
ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança. A pla-
TOMBAMENTO DE BENS queta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte mais sólida; f)
O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em aparelhos de
dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con- ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais fixa e per-
ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada manente do aparelho, nunca no painel removível ou na carcaça; g)
do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, o automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na par-
responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de te lateral direita do painel de direção, em relação ao motorista, na
Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e parte mais sólida e nãoremovível, nunca em acessórios; h) quadros
outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste caso, deve ser feita
de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em esto-
de tal forma que não lhes tire a estética, nem diminua seu valor
que, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saí-
comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na
da deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo
base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na lateral
Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino
direita; j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta
final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio,
deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso não seja
juntamente com os demais documentos do processo de empenho.
possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição na parte
O tombamento consiste na formalização da inclusão física de
posterior do quadro; e k) fixação de plaquetas em outros bens: en-
um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um
único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequ- tende-se como outros bens aqueles materiais que não podem ser
ência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denomi- classificados claramente como aparelhos, máquinas, motores, etc.
nado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma Em tais bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são
conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada material, de manuseados.
acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários
a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba-
incorporação (valor de aquisição). mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição
A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de pla- básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/
queta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac-
o número de registro patrimonial. terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor
Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres-
aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras);
meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem; classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data
evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos- de emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e
sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes ano; tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura,
que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremida- comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter-
des ou sobre alguma indicação importante do bem. mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do
Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes fornecedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de
de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do manutenção); localização (identificação do centro de responsabili-
órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua dade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comodato,
própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito para
terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para aliena-
em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja ção, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado de con-
de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en- servação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); histórico
costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao do bem vinculado a um sistema de manutenção, quando existir. Tal
peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo informação permitirá o acompanhamento da manutenção dos bens
ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da e identificação de todos os problemas ocorridos nestes números
plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de- do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou não plaquetável.
verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio.

300
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebimen- visível a todos, dentro de seu recinto de trabalho, visando facilitar
to da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que procederá o controle dos bens (sugestão: atrás da porta de acesso ao setor).
ao tombamento e cadastramento em sistema específico, utilizando Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois
diversos dados, tais como: número do registro; tipo de imóvel; de- setores pertencentes a um mesmo órgão, deverão ser observados
nominação do imóvel; características (descrição detalhada do bem); os seguintes parâmetros:solicitação, por escrito, do interessado em
valor de aquisição (valor histórico); forma de ingresso (compra, do- receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do setor
ação, permuta, comodato, construção, usucapião, desapropriação, cedente com a autorização de transferência ; solicitação do agente
cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; número do em- patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão do Termo de
penho e data de emissão; fonte de recurso; número do processo Responsabilidade; após a emissão do Termo de Responsabilidade, o
de aquisição e ano; tipo/número do documento de aquisição (nota Setor de Patrimônio remeterá o mesmo ao agente patrimonial, para
fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de que este colha assinaturas do cedente e do recebedor.
Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois
nome do fornecedor (código); localização (identificação do centro setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados
de responsabilidade); situação do bem (registrado, alocado, cedido os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado
em comodato, em manutenção, em depósito para manutenção, em em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do
depósito para triagem, em depósito para redistribuição, em depó- setor cedente com a autorização de transferência e anuência das
sito para alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); unidades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solicitação
estado de conservação (bom, regular, precário, inservível); data da do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão do
incorporação; unidade da federação; tipo de logradouro; número; Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do
complemento;bairro/distrito; município; cartório de registro; ma- Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao
trícula; livro; folhas; data do registro; data da reavaliação; moeda agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente
da reavaliação; valor do aluguel; valor do arrendamento; valor de e do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do
utilização; valor de atualização; moeda de atualização; data da atu- bem ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer
alização; reavaliador; e CPF/CNPJ do reavaliador. a mudança da responsabilidade patrimonial de um servidor para
outro, desde que não pressuponha mudança de local do bem,
CONTROLE DE BENS deverão ser observados os seguintes procedimentos: o Setor de
Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o Recursos Humanos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de
conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência, Patrimônio cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de
saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos posse das informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio
no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação. emite o respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade;
Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de emitido o Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da
material permanente recém adquirido, de acordo com a destinação unidade, que providenciará a conferência dos bens e assinatura do
dada no processo administrativo de aquisição correspondente. Termo; uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que
A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante o uma das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e
preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá conter outra encaminhada ao Setor de Patrimônio.
no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de Res- Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela
ponsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo tam- movimentação de bens patrimoniais para fora da instalação
bém o nome do sublocal de lotação); declaração de responsabilida- ou dependência onde estão localizados, em decorrência da
de; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação se é necessidade de conserto, manutenção ou da sua utilização
plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados no temporária por outro centro de responsabilidade ou outro órgão,
Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura do quando devidamente autorizado. Qualquer que seja o motivo da
responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo. saída provisória, esta deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão
A transferência é a operação de movimentação de gestor ou por outro servidor que recebeu delegação para autorizar
bens, com a consequente alteração da carga patrimonial. A tal ato. Toda a manutenção de bem incorporado ao patrimônio
autoridade transferidora solicita ao setor competente do órgão de um órgão deverá ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou
a oficialização do ato, por meio das providências preliminares. responsáveis e resultará na emissão de uma Ordem de Serviço
É importante destacar que a transferência de responsabilidade pelo Setor de Manutenção, que tomará todas as providências para
com movimentação de bens somente será efetivada pelo Setor de proceder à assistência de bem em garantia ou utilizando-se de seus
Patrimônio mediante solicitação do responsável pela carga cedente recursos próprios.
com anuência do recebedor. A devolução ao Setor de Patrimônio de Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamento
bens avariados, obsoletos ou sem utilização também se caracteriza de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, sem
como transferência. Neste caso, a autoridade da unidade onde envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser
o bem está localizado devolve-o com a observância das normas evitado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos
regulamentares, a fim de que a o Setor Patrimonial possa manter devem manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a
rigoroso controle sobre a situação do bem. Os bens que foram devolução do bem na mesma condição em que estava na ocasião
restituídos ao Setor de Patrimônio do órgão também ficam sob do empréstimo. Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes
a guarda dos servidores deste setor (fiéis depositários), e serão ao poder público é vedado, salvo exceções previstas em leis.
objetos de análise para a determinação da baixa ou transferência Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros também
a outros setores. É importante colocar que uma cópia do Termo deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum respaldo
de Responsabilidade de cada setor deverá ser fixada em local legal.

301
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

INVENTÁRIO dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término da ges-


O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque tão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso de
e em processos, para comparar a quantidade física com os dados bens móveis.
contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históri-
que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que cos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constan-
realmente existe em estoque. tes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.
O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica vedada
elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos
contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário ro- endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante
tativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou
tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada do dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a
grupo de itens em determinados períodos. Comissão de Inventário de Bens.
Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi- Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados
nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou
consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen- contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento
to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos
de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxari- componentes patrimoniais.
fados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de
ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples
atualizados e conciliados os registros do sistema de administração arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple-
patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento
disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as to- serve apenas para controle da existência dos componentes patri-
madas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularida- moniais.
des e providenciar as medidas cabíveis. O inventário é dividido em três fases: Levantamento: compre-
Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribui- ende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos
ção da carga de cada material permanente, permitindo a atualiza- do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identificação,
ção dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das carac-
da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando a ocor- terísticas e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento
rência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. Podem- pode apresentar os componentes patrimoniais deforma resumida
-se verificar também no inventário as necessidades de manutenção e recebe a denominação “sintética”. Quando tais componentes são
e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens móveis, relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; Avaliação:
possibilitando maior racionalização e minimização de custos, bem é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento pa-
como a correta fixação da plaqueta de identificação. Na Adminis- trimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais
tração Pública, o inventário é entendido como o arrolamento dos devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos com-
direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, feito periodica- ponentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua na-
mente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos valores que tureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade.
são registrados na contabilidade e que formam o Ativo e o Passivo
ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade dos agen- ALIENAÇÃO DE BENS
tes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os diversos De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se
tipos de inventários são realizados por determinação de autorida- como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou
de competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimônio e das gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga-
unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor de car- mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio.
ga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente ou a Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela
qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública devem Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas.
ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de dispo- Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que
sição legal, mas também como medida de controle, tendo em vis- a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem-
ta que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa física, bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que
mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quaisquer institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório, pois a 37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação especí-
legislação estabelece que o levantamento geral de bens móveis e fica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a alienação
imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade gestora por leilão.
e os elementos da escrituração sintética da contabilidade (art. 96 da Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor-
Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964). dinada à existência de interesse público devidamente justificado.
A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais, A alienação de bens está sujeita à existência de interesse público
bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previstos
bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário median- em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por
te verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de atu- comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para
alização física e monetária e de controle, a época da inventariação a Administração Pública.
será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsabi-
lidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação dos

302
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alie- Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por
nação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio
Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo; verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro-
sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procede-
seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoria- rá à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo,
dos in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no pró- o Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de
prio órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida responsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
útil, o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de responsabilidade do bem.
avaliação dos bens, classificando-os em: a) bens móveis permanen- Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao
tes inservíveis: quando for constatado serem os bens danificados, dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para que
obsoletos, fora do padrão ou em desuso devido ao seu estado pre- seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou
cário de conservação; e b) bens móveis permanentes excedentes desfazimento.1
ou ociosos: quando for constatado estarem os bens em perfeitas “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
condições de uso e operação, porém sem utilização. nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proi- estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab-
bida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção
nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora. substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta
compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge-
ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS renciados”.
O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencente
ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu valor NOÇÕES DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E
do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a retirada de MANUAIS ADMINISTRATIVOS
bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da transfe-
rência deste para o controle de bens baixados, feita exclusivamente
MANUAIS ADMINISTRATIVOS
pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo gestor. O
Manual é todo e qualquer conjunto de normas, procedimen-
número de patrimônio de um bem baixado não deverá ser utilizado
tos, funções, atividades, políticas, objetivos, instruções e orienta-
em outro bem.
ções que devem ser obedecidas e cumpridas pelos funcionários da
A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a
empresa, bem como a forma como estas serão executadas, quer
seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; como-
seja individualmente, ou em conjunto.
dato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em
qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa PRINCIPAIS VANTAGENS DO USO DE MANUAIS ADMINISTRA-
definitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por TIVOS
seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço • Fonte de informação sobre os trabalhos na empresa;
público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em • Fixação de critérios e padrões;
cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de ges- • Possibilitam adequação, coerência e continuidade nas nor-
tão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada. mas e nos procedimentos pelas várias unidades organizacionais da
Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse em empresa;
utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições • Evitam discussões e equívocos;
de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão • Possibilitam treinamentos aos novos e antigos funcionários
deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto, da empresa;
o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado • Representam um efetivo instrumento de consulta, orientação
pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que e treinamento na empresa;
poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópicas • Representam uma restrição para a improvisação; e
reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou bi- • Representam um elemento importante de revisão e avaliação
bliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se objetivas das práticas e dos processos institucionalizados;
existe interesse pelos bens.
Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar PRINCIPAIS DESVANTAGENS DO USO DOS MANUAIS ADMI-
o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado permane- NISTRATIVOS
cerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um • Quando não são atualizados adequada e permanentemente,
servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente perdem rapidamente o seu valor;
proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de • São, em geral, pouco flexíveis;
baixa até sua destinação final. • Quando muito sintéticos, tornam-se pouco úteis e, por outro
O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no lado, quando muito detalhados, correm o risco de se tornarem ob-
Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados: soletos diante de quaisquer mudanças pequenas;
número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando 1Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de materiais e
se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; motivo distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia
de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa. Vi- de informação: planejamento e gestão/www.administradores.com.br /www.
sando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial, itsmnapratica.com.br/www.purainfo.com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio
faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de Araujo)

303
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

REQUISITOS BÁSICOS A SEREM OBSERVADOS NA ELABORA- MANUAL DE INSTRUÇÕES ESPECIALIZADAS


ÇÃO É aquele que agrupa instruções de aplicação específica a deter-
• Ter redação simples, concisa, eficiente, clara e, bem como minado tipo de atividade ou tarefa. Tem como finalidade possibili-
bom índice ou sumário; tar maior e melhor treinamento e capacitação a determinado grupo
• Ter instruções autênticas, necessárias e suficientes; de funcionários no desenvolvimento das atividades. Ex.: Manual do
• Ter adequada flexibilidade; e Vendedor, Manual da Secretária, Manual de Operações , etc. 4
• Ter um processo contínuo de revisão, atualização e distribui-
ção. MANUAL DE INTEGRAÇÃO
É aquele que agrupa informações sobre a empresa, que propi-
TIPOS DE MANUAIS ADMINISTRATIVOS MANUAL DE POLÍTI- ciam ao novo funcionário um rápido entendimento da organização,
CAS E DIRETRIZES explicitam os deveres e direitos e facilitam seu posterior treinamen-
O Manual de Políticas tem como objetivo orientar a ação dos to. Conteúdo Usual
executivos responsáveis por funções de direção e de assessoramen- • Atividades desenvolvidas pela empresa:
to, estabelecendo o modo de agir da empresa, expresso de maneira • Breve resumo histórico
geral e filosófica.. Conteúdo Básico São as políticas dos vários níveis • Explicação sobre o sistema de autoridade:
da empresa, desde o geral até das diversas áreas, tais como: • Direitos e obrigações dos funcionários:
• políticas de marketing • Normas de comportamento básico e de cumprimento obriga-
• políticas de recursos humanos tório para todo o pessoal:
• políticas de produção • Serviços que a empresa presta aos funcionários:
• políticas de finanças • Regimes de incentivo e de sanção e outros.

Quando nos referimos a políticas pensamos na filosofia da ESTRUTURA DE UM MANUAL


empresa, ou seja, a forma de condução do negócio. Empresas bem Normalmente um manual pode conter as seguintes partes bá-
sucedidas, normalmente, refletem o comportamento alinhado com sicas:
uma filosofia claramente divulgada, entendida e vivenciada em to- • apresentação
dos os níveis da estrutura. • índice numérico ou sumário
• instruções de uso
MANUAL DE ORGANIZAÇÃO • conteúdo básico
Tem por objetivo enfatizar e caracterizar os aspectos formais • glossário ( dicionário de termos técnicos)
das relações entre os diferentes departamentos (ou unidades or- • bibliografia
ganizacionais) da empresa, bem como estabelecer os deveres e
responsabilidades relacionados a cada um dos cargos de chefia ou 5 FASES DE ELABORAÇÃO DE UM MANUAL ADMINISTRATIVO
assessoria da empresa. Finalidades Definição do objetivo do manual e do responsável pela prepa-
• identificar de maneira formal e clara como a empresa está ração; Análise preliminar da empresa;
organizada; • entrevistas com o pessoal de nível superior da empresa;
• estabelecer os níveis de autoridade e as responsabilidades • estudo de documentação como organogramas, manuais pre-
inerentes a cada unidade organizacional da empresa. existentes e outros que um conhecimento global da organização.
Planejamento
MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS • definição clara do tipo de informação e das fontes ;
Tem como objetivo descrever e detalhar o desenvolvimento ou • definição dos recursos materiais e humanos necessários;
a operacionalização das atividades que compõem os diversos siste- • estabelecimento de um cronograma de atividades. Levan-
mas funcionais da empresa. 3 Finalidades tamento das informações Principais técnicas de levantamento das
• Definir critérios e procedimentos que possibilitem a execução informações:
uniforme dos serviços; • entrevistas
• Coordenar as atividades dos departamentos, permitindo a • observação direta
consecução racional dos propósitos da empresa. Conteúdo Os ele- • questionário
mentos principais que fazem parte do Manual de Normas e Proce- • análise da documentação.
dimentos são:
• Normas: documentos que contêm orientações e instruções Checagem das Informações quanto aos aspectos: relevância e
necessárias ao desenvolvimento de determinadas atividade que veracidade. Elaboração Fatores a serem considerados:
são de interesse e aplicação por todas as unidades administrativas Redação: clara, concisa, evitar ambigüidades, utilizar o tom
da empresa. formal, manter estilo uniforme, não usar terminologias técnicas a
• Procedimentos: é o detalhamento da operacionalização das não ser quando absolutamente necessário, ser específico, concreto
atividades que compõem um sistema. dar preferência à utilização dos verbos na voz ativa. Diagramação
• Formulários: é a indicação dos impressos que circulam no (distribuição do assunto) Definição do lay-out (formato, formulá-
processo administrativo, bem como da forma de manipulação; rios, capa, cores, etc.) Impressão: observar os aspectos de custo e
• Fluxogramas: é a indicação dos gráficos representativos dos qualidade através dos parâmetros: quantidade de cópias, qualidade
diversos procedimentos descritos; de impressão, custo de impressão, vigência estimada do conteúdo
• Anexos (tabelas, documentos, reproduções de textos, legisla- do manual e outros. Encadernação Aprovação pela direção superior
ção, ou qualquer outra informação referente ao assunto específico). Distribuição

304
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

6 Normalmente o Manual é distribuído aos responsáveis pelas unidades administrativas da organização. Instrução para uso Acompa-
nhamento do uso: tem por objetivo verificar a eficácia e a eficiência do Manual. Normalmente essa verificação é feita usando-se as técni-
cas da entrevista, observação, elaboração de registros estatísticos e outros. Atualização do Manual Tem por objetivo manter a validade dos
manuais Formas de alteração: revisão ( nova impressão das folhas corrigidas), reemissão ( nova edição completa, substitui a publicação
original), cancelamento Avaliação dos Manuais

NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS

— Sistemas: Sistemas administrativos e Funções Administrativas

Abordagem Sistêmica – Início


A partir do ano de 1950, muitas das teorias começaram a aparecer paralelamente, entre elas a abordagem sistêmica. Ludwig Von Ber-
talanffy, biólogo alemão, coordenava um estudo interdisciplinar afim de transcender problemas existentes em cada ciência e proporcionar
princípios gerais. Princípios esses que darão a visão de uma organização como organismo, ensinando quatro princípios importantes que
devem ser pensados dentro das organizações:
– Nasce a Teoria Geral dos Sistemas:
– Visão Totalizante;
– Visão Expansionista: Sistêmica;
– Visão Integrada.

— Classificação de Sistemas

Abordagem Sistêmica – Características


– Expansionismo: tem uma ideia totalmente contrária ao Reducionismo, significa dizer que o desempenho de um sistema menor,
depende de como ele interage com o todo maior que o envolve e do qual faz parte.
– Pensamento Sintético: é o fenômeno visto como parte de um sistema maior e é explicado em termos do papel que desempenha
nesse sistema maior. Juntando as coisas e não as separando. Há uma coordenação com as demais variáveis, onde as trocas das partes de
um todo estão completamente ajustadas. Verificando-se assim, o comportamento de cada parte, no todo.
– Teleologia: a lógica sistêmica procura entender a inter-relação entre as diversas variáveis de um campo de forças que atuam entre
si. O todo é diferente de cada uma das suas partes. Exemplo: o indivíduo é o que é pelo meio onde nasceu, pela educação que recebeu,
pela forma de relacionamentos e cultura que conviveu. Existe grandes diferenças entre os indivíduos devido as influências que sofreram
ao longo da vida e é isso que a Teoria Geral de Sistemas vai procurar explicar, o indivíduo é produto do meio em que vive, não está sozinho
e isolado, tudo está fortemente conectado.
– Os sistemas existem dentro de sistemas (uma pequena parte, faz parte de um todo maior);
– Os sistemas são abertos (intercambio com o todo);
– As funções de um sistema dependem de sua estrutura (pessoas, recursos, do meio onde está).

— Teoria dos Sistemas – Características dos Sistemas

Objetivo: Todo sistema tem algum objetivo que define um arranjo para alcançar essa finalidade.
O sistema sempre reagirá globalmente (todas as partes e outros sistemas) a qualquer alteração feita em uma das partes. O ajusta-
mento é contínuo.
— Teoria dos Sistemas – Sistema Aberto
– Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente.
– É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições.
– É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.

— Sistemas de Gestão Empresarial


Existem diversos tipos de sistemas de gestão empresarial, uma vez que, atualmente, dois deles estão em destaque.
– BPM – Bussiness Process Management
– ERP – Enterprise Resource Planning.

305
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

São ferramentas que pretendem sistematizar os processos internos da empresa, gerenciando as informações.

— Organização: Estrutura e recursos

Planejamento – Conceito
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada. A organização estabelece num primeiro momento, através
de um processo de definição de situação atual, de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de
planejamento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
– Ele é o passo inicial;
– É uma maneira de ampliar as chances de sucesso.
– Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
– Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o future
– Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como as ações presentes podem desenhar o future;
– Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
– Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas competências;
– O processo de Planejamento é muito mais importante do que seu produto final (assertiva).

Idalberto Chiavenato: “Planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
– Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO.
– Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim.
– Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar.

Passos do Planejamento
– Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
– Determinar a situação atual: Situar a Organização.
– Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar eventos.
– Analisar e escolher entre as alternativas.
– Implementar o plano e avaliar o resultado.

Vantagens do Planejamento
– Dar um “norte” – direcionamento
– Ajudar a focar esforços
– Definir parâmetro de controle
– Ajuda na motivação
– Auxilia no autoconhecimento da organização

— Fatores Humanos
– Estrutura organizacional: na administração é classificada como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades, sejam
elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma organização ou empresa.
É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvolvimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
qualquer transformação.
Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a controle,
porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a controle.
– Tipos de departamentalização: É uma forma de sistematização da estrutura organizacional, visa agrupar atividades que possuem
uma mesma linha de ação com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa. Assim, a organização junta recursos, unidades
e pessoas que tenham esse ponto em comum.
Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre departamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem relação
com a divisão e variedade de tarefas.

306
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

— Departamentalização funcional ou por funções te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justificarão que
É a forma mais utilizada dentre as formas de departamentali- cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a
zação, se tratando do agrupamento feito sob uma lógica de iden- cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional,
tidade de funções e semelhança de tarefas, sempre pensando na poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de
especialização, agrupando conforme as diferentes funções organi- cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará
zacionais, tais como financeira, marketing, pessoal, dentre outras. estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel-
cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi- mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial
cada para ambientes estáveis. geográfica com os objetivos gerais da empresa.
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um Departamentalização por projetos
todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró- Os departamentos são criados e os recursos alocados em cada
prios objetivos e problemas. projeto da organização. Exemplo (construtora): pode dividir sua
organização em torno das construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada
Por clientes ou clientela projeto tende a ter grande autonomia, o que viabiliza a melhor
Este tipo de departamentalização ocorre em função dos dife- consecução dos objetivos de cada projeto.
rentes tipos de clientes que a organização possui. Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto e
Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêneas proporciona melhores resultados.
entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de rou- Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como
pas): departamento masculino, departamento feminino, departa- um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas
mento infantil. (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às demandas continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão
específicas de cada nicho de clientes. alocados se findar.
Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
globais da organização e multiplicação de funções semelhantes Departamentalização matricial
nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu-
poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos.
cliente. Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res-
ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal.
Por processos Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada:
Resume-se em agregar as atividades da organização nos pro- – Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade;
cessos mais importantes para a organização. Sendo assim, busca – Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
ganhar eficiência e agilidade na produção de produtos/serviços, – Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os
evitando o desperdício de recursos na produção organizacional. É gerentes de projeto e funcional.
muito utilizada em linhas de produção.
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização
equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo
melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan- de estrutura organizacional.
do a eficiência e ganhos em produtividade. Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono-
mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra-
Departamentalização por produtos tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os
A organização se estrutura em torno de seus diferentes tipos de empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões
produtos ou serviços. Justificando-se quando a organização possui e dificuldade de coordenação.
uma gama muito variada de produtos que utilizem tecnologias bem
diversas entre si, ou mesmo que tenham especificidades na forma Organização formal e informal
de escoamento da produção ou na prestação de cada serviço. Trata-se de uma organização onde duas ou mais pessoas se
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en- reúnem para atingir um objetivo comum com um relacionamento
volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi- legal e oficial. A organização é liderada pela alta administração e
litando maior inovação na produção. tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir. O principal
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or- objetivo da organização é atingir as metas estabelecidas. Como
ganização, dificultando a coordenação entre eles. resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com base em suas
capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia de comando
Departamentalização geográfica com uma hierarquia organizacional e as autoridades são delegadas
Ou departamentalização territorial, trata-se de critério de de- para fazer o trabalho.
partamentalização em que a empresa se estabelece em diferentes Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
pontos do país ou do mundo, alocando recursos, esforços e produ- lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
tos conforme a demanda da região. do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu- membros é apenas por meio de canais planejados.
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen-

307
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Tipos de estruturas de organização formal:


– Organização de Linha;
– Organização de linha e equipe;
– Organização functional;
– Organização de Gerenciamento de Projetos
– Organização Matricial.

Organização informal
Refere-se a uma estrutura social interligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É possível formar organizações
informais dentro das organizações. Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e amizade entre os membros
devido ao relacionamento interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações governam o relacionamento entre
os membros, ao contrário da organização formal.
Embora os membros de uma organização informal tenham responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com
seus próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso, as decisões são tomadas por todos os membros de forma coletiva. A
unidade é a melhor característica de uma organização informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem regras e
regulamentos rígidos dentro das organizações informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis às ​​ mudanças.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados. Existem muitas organizações informais dentro de organizações formais.
Portanto, eles são mutuamente exclusivos.
– Cultura organizacional: A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e
morais e as políticas internas e externas da organização.
– Direção: Direção essencialmente como uma função humana, apêndice de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços
para que os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela organização.
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacidade de sobrevivência (gatilhos da motivação).
– Motivação: “Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e motivos que são responsáveis pela direção, intensidade e per-
sistência do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que desperta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos.
Algo acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa.
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio.
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sempre uma resposta interna aos estímulos.

— Liderança
Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança – influ-
ência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para influenciar
o comportamento de outras pessoas, ocorrendo em uma dada situação.
– Liderança precisa de pessoas.
– Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude de comportamento.
– Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via informal.
– Situação: em determinadas situações a liderança pode aparecer.

Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por algum aspecto) – Liderança – Poder.
A influência acontece e gera a liderança, o poder é onde essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal.
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que
este ofereça resistência.” Exemplo: votação, alistamento militar para homens.
Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao cargo e ficam no cargo independente de quem o ocupe.
Poderes informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do cargo que o indivíduo ocupe.
Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de conduzir
ações.
Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes formais. E o
líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente do cargo que
ocupe.

308
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança: é o que consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes formais
e informais.

Tipos de Liderança:
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incentivos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e lide-
rados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Inspira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima da
transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de agentes de mudança e inovação.

Comunicação:
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é necessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo
dentro da organização.
A organização que possui uma boa comunicação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente gera melhores resulta-
dos.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarretará um
grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificultando a organização de atingir seus objetivos.
Através da comunicação a organização, bem como sua liderança, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais
efetiva.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indivíduos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e resulta-
dos obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a organização competitiva no mercado.

Descentralização e delegação:
Centralização ocorre quando uma organização decide que a maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos cargos no
topo somente.
Descentralização ocorre quando o contrário acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está dispersa pela empre-
sa, na base, através dos diversos setores.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e responsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierárquicos
inferiores.

Representação gráfica de processos:


A representação gráfica de um processo é tradicionalmente realizada através de um fluxograma. Os fluxogramas são de grande
importância como instrumento para melhor compreensão e avaliação de como os processos são realizados, bem como uma representação
esquemática de um processo ou algoritmo.

Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o entendimento de como funciona a organização. A série de atividades
estruturadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com base
na departamentalização, onde os procedimentos existentes dentro de cada setor da organização eram separados por departamentos e
cada área pensava separadamente, sem sinergia umas com as outras. Focada em cilos verticais separados.

309
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

6. No que se refere à administração financeira, julgue o item.


QUESTÕES O quociente Operações de Crédito (fluxo)/Receita Própria (flu-
xo) indica a capacidade do ente de financiar seus empréstimos com
1. As principais funções administrativas (planejamento, orga- arrecadação própria.
nização, direção e controle) apesar de serem distintas, operam de ( ) Certo
forma articulada e complementar. A função planejamento implica ( ) Errado
fazer com que o administrador responda a algumas questões, tais
como: O que fazer? Para que fazer? Como fazer? Com que recursos 7. No que se refere à administração financeira, julgue o item.
fazer? Quando fazer? Com quem fazer? De que forma a resposta a Suponha-se que um ente tenha previsto uma receita e fixado
essas questões pode orientar a função controle? uma despesa de duzentas unidades monetárias (U. M.) no seu pri-
(A) Oferecer um feedback sobre o desempenho organizacional. meiro orçamento anual e tenha arrecadado duzentas e dez U. M.,
(B) Estabelecer a forma adequada de comando a ser desem- empenhado 180 U. M. e pago 160 U. M. durante o exercício. Nesse
penhada. caso, é correto concluir que ele teve um superavit orçamentário de
(C) Determinar o que deve ser feito na dinâmica organizacional. 20 U. M. e um saldo financeiro de 30 U. M.
(D) Instituir indicadores de adequação da ação ao que foi pro- ( ) Certo
posto. ( ) Errado
(E) Definir as ações a serem executadas.
8. Os trabalhadores são para as organizações o capital humano
2. No nível operacional, a função administrativa de organização e seu talento é valioso como valor agregado e competências. De
se manifesta por meio da promoção de acordo com Chiavenato talento significa que um profissional conse-
(A) �esenho departamental. gue reunir quatro componentes básicos:
(B) �esenho organizacional. 1. Conhecimento
(C) Planejamento estratégico. 2. Habilidades
(D) Modelagem de trabalho. 3. Julgamento
(E) Planejamento de cargos e salários. 4. Atitude

3. O conhecimento e a correta utilização, na prática, das fun- Habilidades, de acordo com a Composição do capital humano
ções administrativas e seus instrumentos no ambiente empresarial definido por Chiavenato, significa:
podem ser considerados alguns dos principais meios para garantir a (A) Aprender a utilizar o conhecimento de maneira concreta e
estabilidade e a longevidade de uma organização. proveitosa. Em outras palavras, saber aplicar o conhecimento
Tendo isso em consideração, assinale a opção que apresenta na solução dos problemas, na inovação e na contribuição ao
uma definição adequada para a função administrativa “organiza- sucesso da organização.
ção”. (B) Preparação contínua para receber novos conhecimentos.
(A) Dividir o trabalho e atribuir responsabilidades para sua re- Isso implica em aprender a aprender, aprender a aprender
alização. mais rapidamente e melhor, aprender continuamente para que
(B) Estabelecer objetivos e definir meios para alcançá-los. sejam fornecedoras de conhecimento e não simplesmente for-
(C) Monitorar e corrigir atividades operacionais. necedoras de mão de obra.
(D) Orientar e motivar os colaboradores. (C) Aprender a analisar e discernir as situações para tomar de-
(E) Liderar e coordenar os processos de um grupo. cisões a respeito de como aplicar suas habilidades, definir ne-
cessidades e prioridades a serem satisfeitas.
4. As quatro funções administrativas são: planejamento, orga- (D) Empreender, sair da zona de conforto e assumir respon-
nização, direção e controle. Assinale a alternativa correta: sabilidades e iniciativa no sentido de trabalhar como parceiro
(A) O planejamento é o momento de definir os objetivos e os da organização e não simplesmente passivo e dependente de
meios para alcançá-los, com a intenção de reduzir as certezas e tarefas.
orientar tomadas de decisões nos processos jurídicos. (E) Aprender a utilizar o conhecimento de maneira concreta e
(B) Na organização a empresa deve olhar para os seus recursos proveitosa. Em outras palavras, saber aplicar o conhecimento
e definir a estrutura administrativa e a divisão de trabalho que na solução dos problemas, na inovação e na contribuição ao
irão gerenciá-los. sucesso pessoal.
(C) Direção é indispensavelmente voltada para as relações pes-
soais. 9. A base para as relações humanas são os vínculos que desen-
(D) Controle é essencial para mostrar os caminhos aos colabo- volvemos com as pessoas, seja na vida pessoal ou no ambiente de
radores e motivá-los em seu trabalho. trabalho e o entendimento de que, embora iguais:
(A) Cada um age de maneira diferente e têm necessidades di-
5. No que se refere à administração financeira, julgue o item. ferentes.
A relação entre estoque da dívida (estoque) e receita dispo- (B) Todos agem de forma diferente, muitas vezes não agregan-
nível (fluxo) indica a quantidade de vezes que a dívida acumulada do nenhum valor ao grupo.
poderia ser quitada com a receita disponível. (C) Todos devem se comportar da mesma maneira e ter as mes-
( ) Certo mas necessidades.
( ) Errado (D) Estamos sempre pensando a partir dos pensamentos e de-
sejos do outro.

310
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

10. De acordo com a abordagem da gestão de recursos huma- (A) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.
nos, analise as afirmativas a seguir, assinalando com V as verdadei- (B) Apenas as alternativas II e IV estão corretas.
ras e com F as falsas. (C) Apenas as alternativas I, II, III e V estão corretas.
( ) A rotatividade de pessoal é definida pelo número de pessoas (D) Apenas a alternativa II está correta.
que saem de seus departamentos de origem na empresa para ou- (E) Todas as alternativas estão corretas.
tros departamentos da mesma empresa.
( ) A rotatividade de pessoal não é uma causa, mas o efeito ou 13. A produção de bens requer o processamento de elementos
consequência de fenômenos internos da organização. que serão transformados em bens finais ou produto acabado. O pe-
( ) Política salarial, política de benefícios, tipo de supervisão tróleo, por exemplo, passa por diversos processos até sua utilização
exercido sobre os funcionários e programas de treinamento são final por indústrias e lares. Esses elementos que originam e desen-
exemplos de fenômenos internos da organização. cadeiam todo o processo de transformação recebem o nome de
( ) Criar, manter e desenvolver uma força de trabalho com habi- (A) Matéria em processamento.
lidades e competências, motivação e satisfação para o alcance dos (B) Matéria em acabamento.
objetivos da instituição é um objetivo primário da gestão de recur- (C) Matéria-prima.
sos humanos. (D) Matéria acabada.
(E) Matéria semi-acabada.
Assinale a sequência correta.
(A) V V F F 14. No processo de gestão de materiais, a classificação ABC é
(B) F F V V uma ordenação dos itens consumidos em função de um valor finan-
(C) V F V V ceiro. São considerados classe A os itens de estoque com as carac-
(D) F V F F terísticas de
(A) Muitos itens em estoque e baixo valor de consumo acumu-
11. Sobre política de compras, condizem com a verdade: lado.
I. Política de compras significa ter os materiais necessários, na (B) Poucos itens em estoque e baixo valor de consumo acumu-
quantidade certa, no local certo e no tempo certo. lado.
II. Departamento de compras é o responsável pelo fluxo de ma- (C) Muitos itens em estoque e alto valor de consumo acumu-
teriais a partir do fornecedor, passando pela produção até o con- lado.
sumidor. (D) Poucos itens em estoque e alto valor de consumo acumu-
III. Compras ditas centralizadas são aquelas concentradas num lado.
único órgão de compras e as descentralizadas são aquelas em que (E) Número médio de itens em estoque e alto valor acumulado.
cada unidade dispersa da empresa tem o seu próprio órgão de com-
pras. 15. A área de Organização, Sistemas e Métodos (OSM) surgiu
IV. Conceito de melhor compra baseia-se em boas cotações e como uma necessidade natural para as entidades se organizarem
melhores preços, apenas. de forma mais eficiente. Sobre o tema, analise as afirmativas e mar-
V. Quando planejamos as compras de uma UAN, consideramos que C (CERTA) ou E (ERRADA).
cardápios, per capitas, fatores de correção e fatores de cocção. ( ) Está no campo de atuação da OSM montar e reformular es-
VI. Para adquirir alimentos a preços interessantes é preciso truturas organizacionais, buscando eficiência em sua estrutura.
fazer boas cotações, ter bom relacionamento com fornecedores e ( ) Um bom profissional de OSM é uma peça importante para
boa política de pagamento. Implantar e controlar métodos voltados para a elevação da produ-
tividade.
(A) As alternativas I, II, III, V. ( ) A elaboração de gráficos organizacionais, como organogra-
(B) As alternativas I, III, IV, V, VI. mas, fluxogramas e demais diagramas, faz parte do campo de atua-
(C) As alternativas I, II, III, V, VI. ção do profissional de OSM.
(D) As alternativas II, III, V, VI. ( ) O profissional de OSM pode ter, entre as suas atividades, a
(E) Todas as alternativas estão corretas. tarefa de racionalizar e simplificar os métodos de trabalho.

12. Sobre aquisição de materiais, temos que: Pode-se afirmar que:


I. As empresas não são autossuficientes, por isso dependem de (A) Todas estão CERTAS.
terceiros para se abastecer. (B) Somente uma está CERTA.
II. O conceito de compras envolve todos os processos de loca- (C) Somente duas estão CERTAS.
lização de fornecedores e fontes de suprimento, além da aquisição (D) Somente três estão CERTAS.
de materiais. (E) Nenhuma está CERTA.
III. A aquisição de materiais assegura que as matérias-primas
exigidas pelo setor de produção estejam nas quantidades certas,
nos períodos desejados.
IV. O grande objetivo da aquisição de materiais e insumos é
comprar aos menores preços.
V. Na aquisição de materiais, intenciona-se procurar, sempre
dentro de uma negociação justa e honrada, as melhores condições
para a empresa, principalmente em condições de pagamento.

311
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 D ______________________________________________________
2 D
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 B
5 ERRADO ______________________________________________________
6 CERTO ______________________________________________________
7 ERRADO
______________________________________________________
8 A
9 A ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 C
14 D ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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312
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA. GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DE


DOCUMENTOS. DIAGNÓSTICOS. ARQUIVOS CORRENTES E INTERMEDIÁRIO. PROTOCOLOS. ARQUIVOS
PERMANENTES

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante
a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em
documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá
sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, insti-
tuições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou pri-
vada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de
prova ou informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas
atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Ma-
rilena Leite, 1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua
atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena
Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar
o acervo.
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.
Vejamos:

313
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteri-
za como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção,
utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria
atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das
suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por
outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes
no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua pro-
dução.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade
explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se
referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta
o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada
e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.
Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a
Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-
-se de conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos
públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas
e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entida-
des privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à
instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público –
mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

314
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Arquivos Privados Através da Gestão Documental é possível definir qual a po-


De acordo com a mesma Lei citada acima: litica arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patri-
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de docu- mônio arquivistico. Outro aspecto importante da gestão docu-
mentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, mental é definir os responsáveis pelo processo arquivistico.
em decorrência de suas atividades.” A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implan-
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido tação do programa de gestão, que envolve ações como as de
artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz res- acesso, preservação, conservação de arquivo, entre outras ati-
peito à pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo, vidades.
portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos Por assegurar que a informação produzida terá gestão ade-
que compõe a administração indireta da União, Estados, Distrito quada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de
Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas ser rastreada, a Gestão de Documentos favorece o processo de
de poder político e dotadas de personalidade jurídica própria, Acreditação e Certificação ISO, processos esses que para deter-
porém, de direito público. minadas organizações são de extrema importância ser adquirido.
Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a
Exemplos: racionalização de espaço para guarda de documentos e o con-
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc. trole deste a produção até arquivamento final dessas informa-
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, ções.
etc. A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso
• Comercial: companhias, empresas, etc. adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamen-
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional to Eletrônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia
com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo no processo de atualização da documentação, interrupção no
Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, processo de deterioração dos documentos e na eliminação do
centros de documentação, arquivos privados ou públicos, insti- risco de perda do acervo, através de backup ou pela utilização
tuições culturais etc. de sistemas que permitam acesso à informação pela internet e
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da intranet.
gestão documental, conservação, preservação e disseminação A Gestão de Documentos no âmbito da administração pú-
da informação contida nos documentos, assim como pela pre- blica atua na elaboração dos planos de classificação dos docu-
servação do patrimônio documental de um pessoa (física ou ju- mentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão
rídica), institução e, em última instância, da sociedade como um permanente de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso
todo. rápido à informação e preservação dos documentos.
Também é função do arquivista recuperar informações ou Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e
elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.1 expedição de documentos.
Esse processo acima descrito de gestão de informação e
GESTÃO DE DOCUMENTOS documentos segue um tramite para que possa ser aplicado de
Um documento (do latim documentum, derivado de docere forma eficaz, é o que chamamos de protocolo.
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, dis-
uma afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequen- tribuição e movimentação dos documentos em curso.
temente sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um A finalidade principal do protocolo é permitir que as infor-
valor probatório. mações e documentos sejam administradas e coordenadas de
Documento arquivístico: Informação registrada, indepen- forma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desneces-
dente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no de- sários, de forma que mesmo havendo um aumento de produção
correr da atividade de uma instituição ou pessoa e que possui de documentos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e
conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova organização.
dessa atividade. Para atender essa finalidade, as organizações adotam um
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma ta- sistema de base de dados, onde os documentos são registrados
refa de considerável importância para as organizações atuais, assim que chegam à organização.
sejam essas privadas ou públicas, tarefa essa que encontra su- A partir do momento que a informação ou documento che-
porte na Tecnologia da Gestão de Documentos, importante fer- ga é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou pro-
ramenta que auxilia na gestão e no processo decisório. blemas decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos
A gestão de documentos representa umconjunto de pro- perceber:
cedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e Recebimento:
intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos
guarda permanente. e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensi-
vos são abertos e analisados, anexando mais informações e as-
sim encaminhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados
1Adaptado de George Melo Rodrigues diretos para seus destinatários.

315
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto
dentre outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momen-
to pode-se ate dar um código a ele.

Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da
empresa seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na
empresa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo
consiga localizar o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou
por exemplo, ajudará aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a cor-
respondência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão
encaminhadas ao arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração
de um plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais
simples forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, fo-
cando a estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se
entender conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar
sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento
e acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete
a atividade que o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos
documentos arquivados, constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades de-
sempenhadas pelo órgão.
A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, so-
ciedades e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.

316
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tem- - ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobe-
po de vida de um arquivo) rania e à integridade territorial nacional, a plano ou operações
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a militares, às relações internacionais do País, a projetos de pes-
documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode quisa e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da
ser mantido em local de fácil acesso para facilitar a consulta. defesa nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui não autorizado possa acarretar dano excepcionalmente grave à
documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram segurança da sociedade e do Estado.
de ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consul-
tados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir Arquivamento e ordenação de documentos
uma situação idêntica àquela que os gerou. O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se que visa ao acondicionamento e armazenamento dos documen-
encontram os documentos que perderam o valor administrativo tos no arquivo.
e cujo uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são con- Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades
servados somente por causa de seu valor histórico, informativo competentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu des-
para comprovar algo para fins de pesquisa em geral, permitindo tino para arquivamento, após receber despacho final.
que se conheça como os fatos evoluíram. O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda
De acordo com a extensão da atenção a atenção é necessária, pois um documento arquivado erronea-
Os arquivos se dividem em: mente poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio- O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os do-
cumentos correntes provenientes dos diversos órgãos que inte- As operações para arquivamento são:
gram a estrutura de uma instituição. 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atri-
De acordo com a natureza de seus documentos buir um código conforme o assunto;
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas 3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, micro- 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência
formas (fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam
merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armaze- do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
namento das peças, mas também quanto ao registro, acondicio- 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos
namento, controle e conservação. – usar uma pasta para cada código, evitando a classificação “di-
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como ar- versos”;
quivo técnico, é responsável pela guarda os documentos de um 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes
determinado assunto ou setor/departamento específico. de acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética,
geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as.
De acordo com a natureza do assunto Caso não exista o original manter uma única cópia;
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudi- 7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em
cam a administração; caixa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, conteúdo e registrando a sua localização no documento que o
com divulgação restrita. encaminhou.
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
De acordo com a espécie documentos/processos estão armazenados.
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente ad-
ministrativas; Devemos considerar duas formas de arquivamento: A hori-
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; zontal e a vertical.
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos
jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternati- uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indica-
vas para evitar a esfera judicial. do para arquivos permanentes e para documentos de grandes
dimensões, pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
De acordo com o grau de sigilo - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não- atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição
neles previstos; dos documentos.
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, instala-
ções, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a assuntos Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arqui-
diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, programas ou vo, devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
instalações estratégicos, cujo conhecimento não autorizado possa Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a pos-
acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Estado; sibilidade ou não de recuperação da informação sem o uso de
instrumentos.

317
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado
uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) quando os documentos são ordenados por números. É possível
para localizar um documento em um arquivo. escolher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples,
Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sis- cronológico ou dígito-terminal.
tema direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os
métodos alfabético e geográfico. - Método numérico simples
Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema Esse método é usado quando o modo de organizar é feito
indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos nu- pelo número da pasta ou do documento em que ele foi arqui-
méricos. vado. É muito utilizado na organização de prontuários médicos,
filmes, processos e pastas de funcionários.
A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram clas-
sificados dentre de um mesmo assunto. - Método numérico cronológico
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organi- Um método usado para fazer a organização dos documentos
zada e categorizada previamente para posterior arquivamento. por data. É extremamente utilizado para organizar documentos
Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza financeiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento
dos documentos, podendo ser:2 essencial para buscar a informação.

1. Arquivamento por assunto - Método numérico dígito-terminal


Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de docu- A partir do momento em que se faz uso de números maio-
mentos é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já res, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso
adianta, essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos ocorre porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por
documentos de acordo com o assunto tratado neles. isso, nesse caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-ter-
Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos minal.
correlatos e permite encontrar informações completas sobre Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois
determinada matéria de forma simples e direta, sendo especial- últimos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada
mente interessante para empresas que lidam com um grande a partir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arqui-
volume de documentos de um mesmo tema. vamento mais ágil e eficiente.

2. Método alfabético 4. Método eletrônico


Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de do- O método eletrônico consiste em arquivar os documentos
cumentos é o método alfabético, que consiste em organizar os de forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permi-
documentos arquivados de acordo com a ordem alfabética des- te não só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo
ses, permitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente. com o método que mais se encaixa na organização e nas neces-
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o sidades da empresa, mas fazer sua gestão online e até mesmo
elemento principal considerado é o nome. Estamos falando so- remota.
bre um método muito usado nas empresas por apresentar a van- 5. Método geográfico
tagem de ser rápido e simples. Esse método é aquele usado quando os documentos apre-
No entanto, quando se armazena um número muito grande sentam a sua organização por meio do local, isto é, quando a
de informações, é comum que existam alguns erros. Isso acon- empresa escolhe classificar os documentos a partir de seu local
tece devido à grande variedade de grafia dos nomes e também de origem.
ao cansaço visual do funcionário. No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas
Para que a localização e o armazenamento dos documentos normas precisam ser empregadas para que o método geográfico
se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com seja utilizado de forma adequada. Confira!
a escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a
letra procurada. - Norma do método geográfico 1
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores Quando os documentos são organizados por país ou por es-
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a locali- tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa for-
zação e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é ma, fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as
somente uma variação do método alfabético. É possível, ainda, cidades de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem
combinar esse método ao de arquivamento por assunto, usando alfabética. Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da
a ordem alfabética para subdividir a organização. lista, uma vez que elas são, normalmente, as mais procuradas,
tendo uma quantidade maior de documentos.
3. Método numérico
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma - Norma do método geográfico 2
ótima escolha para empresas que lidam com um grande volu- Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não exis-
me de documentos. Ele consiste em determinar um número te separação por estado, não há a exigência de que as capitais
sequencial para cada documento, permitindo sua consulta de fiquem no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. En-
acordo com um índice numérico previamente determinado. tretanto, ao final de cada cidade, o estado a que ela corresponde
precisa aparecer na identificação.
2Adaptado de www.agu.gov.br

318
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

6. Método temático
Esse é um método que propõe a organização dos documentos por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e
temas básicos, que podem admitir diversas composições.

7. Índice onomástico (opcional)


Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser utilizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve
ser organizado da mesma maneira que o índice remissivo.

Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descar-
te de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/administra-
tivo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na ins-
tituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição
no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda
permanente, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:


1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com
as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para
agilizar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária,
visando atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e
até quitação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da
tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação
dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

319
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos es-
pecíficos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda
estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são
diversas, como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além
da segurança, a facilidade de acesso.

Armazenamento

Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-
-se, por exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos.

Áreas Internas
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de
armazenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.

Condições Ambientais
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos de-
pósitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades específicas de preservação
para cada tipo de suporte.

A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por
flutuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações lumino-
sas, especialmente dos raios ultravioleta.
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa entre
45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de inves-
timento em equipamentos, manutenção e energia.
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a
ocorrência de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorganismos, que aumentam as proporções dos danos.

Com base nessas constatações, recomenda-se:


- armazenar todos os documentos em condições ambientais que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabeleci-
do, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a cada suporte documental;
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previa-
mente definida;

320
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direcio- As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar
nadas à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos docu-
estabilizados na média, evitando variações súbitas; mentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quan- preenchidos para proteger o documento.
do os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
em funcionamento sem interrupção; mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência ao longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações
direta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; que afetem a preservação dos documentos.
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das ra- Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e
diações ultravioleta; invólucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas de preservação dos documentos.
fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino,
luminárias; recomenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino,
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos para evitar o contato direto de documentos com materiais ins-
rasteiros nas áreas de armazenamento; táveis.3
- manter um programa integrado de higienização do acervo
e de prevenção de insetos;
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira
AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS
e poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes,
utilizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento A avaliação de documentos, juntamente com a classificação, é
e a abertura controlada de janelas; fundamental para a gestão de documentos, pois organizam as infor-
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magné- mações de forma racional, favorecendo a recuperação e a elimina-
ticos e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa tem- ção de documentos, quando estes não são mais aplicadas na forma
peratura e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos administrativo, histórica e cultural.
mecânicos bem dimensionados, sobretudo para a manutenção A eliminação de documentos consiste na destruição dos docu-
da estabilidade dessas condições, a saber: fotografias em preto mentos que já cumpriram prazo de guarda e não possuem valor
e branco T 12ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± secundário. O objetivo da eliminação é evitar o acúmulo desneces-
1ºC e UR 35% ± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e sário de documentos em depósitos, diminuindo os gastos com re-
UR 40% ± 5%. cursos humanos e materiais. A eliminação é resultado da avaliação
documental e deve ter como base a Tabela de Temporalidade de
Acondicionamento Documentos em vigor.
Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e A função da avaliação de documentos é de desprezar o que
invólucros apropriados, que assegurem sua preservação. não é mais de serventia para a organização. Sendo assim, as regras
A escolha deverá ser feita observando-se as características de avaliação devem ser elencado na visão crítica nas utilizações
físicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição arquivísticas. Bernardes e Delatorre apud Schäfer e Lima4 dizem
do mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre quali- que “existem documentos que jamais podem ser eliminados, pois
dade e resistência e sobre segurança no trabalho. comprovam fatos e atos fundamentais para nossa existência civil e
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, pro- para nossa vida pessoal. Ao mesmo tempo, não é possível e nem de-
move a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os sejável que todos os documentos sejam preservados, afinal, docu-
documentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armá- mentos que cumprem uma função importante durante determinado
rios ou prateleiras, apropriados a cada suporte e formato. tempo, posteriormente, perdem o seu valor original, devendo ser
Os documentos de valor permanente que apresentam gran- eliminados, para que não dificultem o acesso a outros documentos
des formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser ar- com valor informativo e probatório relevantes”.
mazenados horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas O processo de avaliação de documentos busca a estabelecer
medidas, ou enrolados sobre tubos confeccionados em cartão a destinação desses documentos: arquivamento, recolhimento ou
alcalino e acondicionados em armários ou gavetas. Nenhum do- eliminação. Isso varia de acordo com seus valores informativos, his-
cumento deve ser armazenado diretamente sobre o chão. tóricos, ou probatórios.
As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de com- A avaliação deve ser feita na fase corrente, a fim de se distingui-
putador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos rem não só os documentos de valor eventual, de eliminação sumá-
que possam causar a distorção ou a perda de dados. O armaze- ria, como os de valor informativo e probatório.
namento será preferencialmente em mobiliário de aço tratado
com pintura sintética, de efeito antiestático.
As embalagens protegem os documentos contra a poeira e
danos acidentais, minimizam as variações externas de tempera- 3Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.ebox-
tura e umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e digital.com.br
fogo em casos de desastre. 4 SCHÄFER, Murilo Billig; LIMA, Eliseu dos Santos. A classificação e a avaliação
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao de documentos: análise de sua aplicação em um sistema de gestão de documen-
peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilha- tos arquivísticos digitais. Perspectivas em Ciência da Informação, v.17, n.3, p.137-
das. Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e 154, jul./set. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v17n3/a10v17n3>.
limpeza, de forma a proteger os documentos. Acesso em: 08 mai. 2015.

321
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

As ferramentas fundamentais para a classificação e avaliação Observações:


de documentos são o plano de classificação e a tabela de tempo- a) De acordo com o prazo de guarda, os documentos têm as
ralidade. Essas duas ferramentas devem ser compostas tendo re- seguintes características:
ferência nos princípios arquivísticos, dentre elas a organicidade, • Guarda eventual – de interesse efêmero, sem valor adminis-
coerência e adaptabilidade. trativo para o órgão.
• Guarda temporária – possuem valor administrativo, retido
Objetivos de Avaliação de Documentos5 por um tempo específico.
- Redução da massa documental • Guarda permanente – considerados de suma importância,
- Agilidade na recuperação dos documentos e das informações possuem valores probatório e informativo.
- Eficiência administrativa
- Melhor conservação dos documentos de guarda permanente a) Instrumentos de destinação
- Racionalização da produção e do fluxo de documentos (trâ- Há 2 instrumentos básicos: tabela de temporalidade e lista de
mite) eliminação
- Liberação de espaço físico
- Incremento à pesquisa Destinação de Documentos7
A destinação de documentos é um conjunto de operações que
Classificação6 ocorre após a avaliação, que determina o encaminhamento dos do-
1. Organização dos documentos de um arquivo ou coleção, de cumentos à guarda temporária, permanente ou eliminação. Esse
acordo com um plano de classificação ou quadro de arranjo. conjunto de operações identificam os documentos produzidos e
recebidos por um órgão e indicam o destino que se deve dar aos
2. Ato ou efeito de analisar e identificar o conteúdo de docu- mesmos.
mentos, selecionar a categoria de assunto sob a qual devem ser Os tipos de instrumentos de destinação de documentos8
basicamente recuperados, podendo-se atribuir um código. são: Tabela de Temporalidade de Documentos (TTD), Calendário
de Transferência e Calendário de Recolhimento, Relação de
3. Ato pelo qual se atribui a documentos ou às informações ne- Transferência e Relação de Recolhimento, Termo de Eliminação,
les contidas, graus de sigilo conforme legislação específica. Também Ata de Eliminação de Documentos e Edital de Ciência de Eliminação
chamada classificação de segurança. de Documentos.

Plano de classificação A Tabela de temporalidade, conforme o Dicionário Brasileiro


É um esquema elaborado a partir do estudo das estruturas e de Terminologia Arquivística, “tabela de temporalidade é um instru-
funções da instituição e análise do arquivo por ela produzido, pelo mento de destinação, previamente aprovado por uma autoridade,
qual se distribuem os documentos em classes, de acordo com mé- que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a trans-
todos de arquivamento específicos. Expressão geralmente adotada ferência, recolhimento, descarte ou eliminação de documentos (pra-
em arquivos correntes. zo de eliminação). O grupo de comissão de avaliação e destinação é
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, o órgão responsável pela elaboração da tabela de temporalidade”.
“plano de classificação é um esquema de distribuição de documen-
tos em classes, de acordo com os métodos de arquivamento especí- Também podemos dizer que a tabela de temporalidade é: o
ficos, elaborado a partir do estudo das estruturas e funções de uma registro esquemático do ciclo de vida documental do órgão. A apli-
instituição e da análise do arquivo por ela produzido. Esse plano cação da tabela de temporalidade permite eliminar documentos
geralmente é adotado em arquivos correntes”. ainda no arquivo corrente.

Etapa O principais elementos constantes numa tabela de temporali-


A avaliação deverá ser feita na fase corrente a fim de se dis- dade são:
tinguir não só os documentos de valor eventual, de eliminação • tipo e/ou assunto dos documentos;
sumária, como os de valor informativo e probatório. Na avaliação, • período (datas-limites);
primeiro devemos observar o valor “probatório” dos documentos. • quantificação;
• prazos de retenção (arquivos corrente e intermediário);
Competência • destinação (transferência, recolhimento, microfilmagem ou
Equipe técnica será constituída para integrar uma comissão de eliminação);
avaliação e destinação documental, formada por pessoas ligadas a • campo destinado a observações.
áreas profissionais diversas, tais como:
• arquivista ou responsável pela guarda da documentação; O Calendário de Transferência e o Calendário de Recolhimento
• profissionais ligados ao campo de conhecimento que trata o determina a época de transferência de documentos dos arquivos
acervo, objeto de avaliação, entre outros. correntes para os arquivos intermediários.
A comissão de avaliação e destinação documental deve conhe- A Relação de Transferência e Relação de Recolhimento é
cer a estrutura e o funcionamento da instituição a ser avaliada (com um instrumento de controle utilizado para a transferência de
o propósito de poder exercer de forma competente o seu trabalho). documentos de um arquivo para outro. Esses instrumentos devem
5 De acordo com Ieda Pimenta Bernardes 7 BRASIL, Plano de Destinação de Documentos. Porto Alegre, 2001.
6 CONARQ. Classificação, Temporalidade, e destinação de documentos de arqui- 8 BRASIL, plano de destinação de documentos da universidade federal da frontei-
vo relativos às atividades-meio da administração pública. Rio de Janeiro, 2001. ra sul – UFFS

322
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

identificar as séries e os tipos documentais, as datas abrangentes, se apoiem no princípio básico da arquivística, isto é, no “princípio
a quantidade de documentos, o órgão de origem da documenta- da proveniência” que deve ser a diretriz fundamental para o tra-
ção e devem ser elaboradas em duas vias a serem encaminhadas tamento dos fundos de arquivo. Além disso, Pedro López Gómez
juntamente com a documentação. Quando do recebimento, após a ressalta que:
assinatura, uma via deve retornar ao órgão de origem e a outra fica Este método deve ser combinado com a análise documental,
junto ao órgão receptor. que mediante o processo analítico dos documentos, nos permite,
a partir do conhecimento das características externas e internas,
O Termo de Eliminação é o instrumento em que consta o re- chegar à identificação das séries documentais a que pertencem, e
gistro de informações sobre documentos eliminados após terem mediante um processo de síntese, pelo estudo das agrupações do-
cumprido o prazo de guarda, e comprova e especifica que um de- cumentais, reconstruir tanto a organicidade como a funcionalidade
terminado conjunto de documentos foi eliminado. dos arquivos e consequentemente das instituições que os produzi-
ram. (LÓPEZ GÓMEZ 1998, p.39).
A Ata de Eliminação de Documentos é um documento onde
deverá ser registrados todos os procedimentos relacionados à ava- O método analítico sustentado por Pedro López Gómez é deno-
liação e destinação de documentos, e está deverá ser elaborada por minado de análise documental para fins de normalização das séries
uma Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD), documentais. A partir dos parâmetros da tipologia documental e
que aprova a relação/listagem dos documentos a serem eliminados. diante da necessidade deimplantar sistemas de gestão de docu-
mentos automatizados, que supõe padronização, as séries devem
O Edital de Ciência de Eliminação de Documentos, tem como estar perfeitamente identificadas de maneira prévia, o que exige
objetivo dar publicidade, em periódicos oficiais, ao ato de elimina- também o estudo prévio de tipos documentais.
ção dos acervos arquivísticos sob a sua guarda. De acordo com a
Resolução nº 5 do CONARQ, os editais para eliminação de docu- Na dimensão desta necessidade de caracterizar os tipos docu-
mentos deverão consignar um prazo de 30 a 45 dias para possíveis mentais, inicia-se o debate das relações estabelecidas entre a arqui-
manifestações ou, quando for o caso, possibilitar as partes interes- vística e a diplomática. O resultado deste debate fica evidente nos
sadas requererem, a suas expensas, o desentranhamento de docu- vários projetos que foram surgindo. A Espanha registra numerosas
mentos ou cópias de peças de processos. iniciativas de criação de grupos de trabalho para identificar e ava-
liar documentos de arquivo.
No âmbito municipal outras propostas se destacam, “com forte
TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS personalidade”, apresentando resultados que somados se traduzem
numa “verdadeira teoria da gestão de documentos em âmbito lo-
Identificação Arquivística e Tipologia Documental cal”, como observa Pedro López Gómez (1998).
Carmona Mendo (2004, p.41), referindo-se ao conceito de Os manuais de tipologia documental, elaborados com rigor
identificação definido na Espanha nas Actas de las Primeras Jorna- pelo Grupo de Madri, passaram a servir de modelo para outros
das sobre Identificación de Fondos Documentales en las Adminis- arquivistas e para outros conjuntos de documentos. (RODRIGUES,
traciones Públicas, realizadas em Madrid, em 1991, explica que a 2008, p.55).
identificação compreende:
[...] o processo de investigação e sistematização de categorias Na mesma linha, Carmona Mendo (2004, p.42 tradução nossa,
administrativas e arquivísticas nas quais se sustenta a estrutura de grifo da autora) aponta que:
um fundo, sendo um dos seus objetivos principais assegurar através A identificação é a melhor ferramenta para aplicar o princípio
dos seu resultados a avaliação das séries documentais. (CARMONA básico da arquivística: o de respeito à proveniência e da ordem
MENDO, 2004, p.41). original. Consiste na investigação das características dos elemen-
tos implicados na gênese do fundo: o sujeito produtor e o objeto
Merece referencia os estudos de Martín-Palomino y Benito e produzido. Entende-se por sujeito produtor a pessoa física, família
La Torre Merino, autores que definem a identificação como “[...] ou organismo que produziu e/ou acumulou o fundo. Entende-se por
fase do tratamento arquivístico que consiste na investigação e sis- objeto produzido a totalidade do fundo e cada uma das agrupações
tematização de categorias administrativas e arquivísticas em que se documentais que o compõem.
sustenta a estrutura de um fundo” (LA TORRE MERINO; MARTÍN-
-PALOMINO y BENITO 2000, p.14 tradução nossa). Neste sentido, Carmona Mendo (2004) ressalta que a identifi-
Essa definição foi desenvolvida no âmbito dos estudos de Ma- cação é um método analítico que sustenta todo o tratamento arqui-
ría Luisa Conde Villaverde, que toma por referencia os trabalhos do vÍstico dos documentos que compõem o fundo de arquivo de qual-
Grupo de Archivistas Municipales de Madrid, marcando o pionei- quer organização, seja pública ou privada, e que pode ser aplicado
rismo da Espanha na difusão da teoria e da metodologia a respeito em todo o ciclo de vida dos documentos e que tem dois objetos: o
dos processos de identificação como fase independente no âmbito órgão produtor e os documentos por ele produzido.
das metodologias arquivísticas, diferenciando-a da classificação e Rodrigues (2008), Martín-Palomino y Benito e La Torre Merino
da avaliação, afirmando que a identificação antecede à essas fun- (2000), Carmona Mendo (2004), analisam este método a partir de
ções e todas antecedem à descrição. duas grandes etapas, a saber: identificação do órgão produtor (ele-
Quando nos referimos à identificação para o tratamento dos mento orgânico e funcional); e identificação e do tipo documental,
fundos acumulados em arquivos, estamos falando do conhecimen- para definir as séries documentais.
to dos elementos que constituem as séries documentais. Pedro Ló-
pez Gómez (1998, p.39), aponta que é importante que essas tarefas

323
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Identificação do órgão produtor Identificação de tipos documentais


A primeira etapa do método proposto pelos autores analisados A segunda etapa da metodologia se caracteriza pelo estudo
é a identificação do organismo produtor, ou seja, é a coleta de da- detalhado do tipo documental, através da análise dos elementos
dos sobre as informações essenciais a respeito da estrutura orgâni- que identificam os documentos e que por comparação se agrupam
ca do órgão produtor. na mesma série documental, tornando seguro o tratamento técnico
A autora ressalta que também é necessária a investigação de destes conjuntos (as séries documentais) durante todas as fases do
seu elemento funcional nesta primeira etapa, com a finalidade de seu ciclo de vida, bem como a elaboração de instrumentos estáveis
entender as competências, funções, atividades, tarefas e procedi- que normalizem os procedimentos para o correto funcionamento
mentos administrativos da instituição em análise, que se materia- dos sistemas de arquivos.
lizam nos documentos de arquivo que formam as diferentes séries Segundo Duplá Del Moral (apud CARMONA MENDO, 2004,
documentais. p.43),
A finalidade dessa primeira etapa do método proposto pela [...] se define a série documental como o conjunto de documen-
identificação é conhecer o completo funcionamento do órgão, as tos que correspondem a um mesmo tipo documental, produzido por
estruturas hierárquicas e suas atribuições, através de uma exaustiva um mesmo órgão, seu antecessor e sucessor, sempre que não forme
investigação destes elementos orgânicos e funcionais, a partir das parte de outro fundo de arquivo; no exercício de uma função de-
fontes de informações específicas, como explica Carmona Mendo: terminada. Geralmente estão sujeitos a um mesmo procedimento
administrativo e apresentam a mesma aparência e um conteúdo
As fontes que devemos consultar são as externas e internas. informativo homogêneo.
Entre as primeiras podemos citar: boletins oficiais, legislação, estu-
dos históricos realizados...; entre as internas: a própria documenta- Para Rodrigues (2008, p.74), este mesmo grupo de autores par-
ção que é objeto de estudo, ou seja, as normas internas produzidas te de um parâmetro conceitual normalizado de série documental,
pelas instituições, e quando seja possível, realizar entrevistas com “[...] representado pela seguinte fórmula: série = sujeito produtor +
os responsáveis pela gênese dos documentos. (CARMONA MENDO, função tipo documental”.
2004, p.42) No Brasil, de acordo com o Dicionário de Terminologia Arqui-
vística de São Paulo (2010, p.76), o conceito de série documental
Carmona Mendo (2004, p.43) e Rodrigues (2008, p.71), apon- remete “à sequência de unidades de um mesmo tipo documental”,
tam que os elementos a serem considerados neste estudo sobre as cuja denominação obedece a seguinte fórmula: espécie + atividade.
categorias administrativas são: O núcleo duro da definição esta no reconhecimento da ativida-
• As datas de criação e/ou extinção de órgão das administra- de como fundamento do reconhecimento do tipo documental e de
ções; seu agrupamento em séries.
• As normas e a legislação que regularam ou regulam o seu
funcionamento (competências, funções, atividades e procedimen- Entende-se por tipo documental, a ”unidade produzida por
tos administrativos); um organismo no desenvolvimento de uma competência concreta,
• Órgão que tenham precedido o desenvolvimento das compe- regulamentada por uma norma de procedimento e cujo formato,
tências análogas; e, conteúdo informativo e suporte são homogêneos” e por série do-
• Órgãos que herdaram competências semelhantes. cumental, “o conjunto de documentos produzidos por um mesmo
sujeito produtor no desenvolvimento da mesma função e cuja atu-
Como resultado deste levantamento de dados, são elaborados ação administrativa foi plasmada num mesmo tipo documental”
os seguintes instrumentos, produtos dessa primeira etapa da iden- (RODRIGUES, 2008, p.74).
tificação:
• Índices de organismos produtores (também chamados de fi- O conceito de espécie e tipo documental, introduzidos por He-
cheiros de organismos); loisa Bellotto na arquivística brasileira, são objetos de estudos da
• Repertório de organogramas (permitem conhecer a estrutura Diplomática e da Tipologia Documental, respectivamente.
e suas modificações de forma gráfica durante sua vigência); O que se verifica na literatura, é que o objeto da Diplomática e
• Índice legislativo (também chamado de repertório legislati- seu campo de estudos sofrem uma adaptação na sua metodologia
vo de órgãos produtores), um instrumento que tem por objetivo para atender às necessidades de sua aplicabilidade no campo das
o estudo de cada norma individualizada referenciada no primeiro outras ciências que auxilia, ou seja, num primeiro momento o Direi-
instrumento. to, depois a História e hoje a Arquivística.

A partir desses dados coletados e estruturados nos instrumen- Sempre adequado às necessidades de registro de dados sobre
tos referenciados, o arquivista estará apto e bem preparado com o documento arquivístico e considerando as informações que serão
condições para obter uma imagem fiel e completa da organização usadas nas análises posteriores efetuadas no campo das demais
produtora, desenvolvendo parâmetros seguros para a gestão de do- funções arquivísticas, este modelo metodológico vai além da carac-
cumentos. terização da estrutura documental, campo de estudos da diplomáti-
Concluída esta etapa, inicia-se a segunda etapa do método ca clássica, buscando a contextualização do documento, chave para
proposto, ou seja, a identificação do tipo documental e das séries a compreensão e tratamento do documento arquivístico, campo de
documentais. estudos da tipologia documental. (RODRIGUES, 2008, p. 162).

324
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

A partir da metade do século XX até os dias atuais, os arquivistas Como aponta segundo Carmona Mendo (2004, p.44-46), o re-
veem na diplomática novos usos para essa ciência no campo de inves- sultado do desenvolvimento, análise e aplicação das duas etapas de
tigação daarquivística, isto é, como um método de análise imprescin- identificação arquivística permitirá ao arquivista conhecer e desen-
dível para compreender o complexo processo de produção dos docu- volver parâmetros seguros para:
mentos criados pela burocracia moderna. Bellotto (2002) explica que: • A correta denominação da série, ou seja, sua definição; o as-
O objeto do moderno campo de estudos da Diplomática é a uni- pecto externo e a materialidade do documento: meio pelo qual se
dade arquivística elementar analisada enquanto espécie documental, transmite a mensagem; o suporte; o formato; e, a tradição docu-
servindo-se dos seus aspectos formais para definir a natureza jurídica mental, ou seja, se cópia, minuta ou original.
dos atos nela implicados, tanto relativamente à sua produção, como • O organismo produtor, as modificações orgânicas e funcio-
a seus efeitos (CARUCCI, 1987 apud BELLOTTO, 2002, p.17). nais decorrentes de sua evolução no tempo e no espaço, chegando
até a unidade administrativa encarregada da gestão das séries do-
Nessa perspectiva, a autora faz distinção entre o objeto da di- cumentais em sua responsabilidade.
plomática clássica e da nova diplomática, a tipologia documental, e • A legislação que regulamenta as funções materializadas nos
seu método de análise, que são complementares para a identifica- distintos tipos documentais. Os tramites ou procedimentos admi-
ção dos documentos arquivísticos. nistrativos que explica a gênese do tipo documental,conhecimento
As metodologias de tratamento documental num e noutro importantíssimo para delimitar corretamente a vigência administra-
campo são distintas, porém, ao mesmo tempo, imbricadas. O cam- tiva, jurídica e/ou histórica dos documentos para a sua avaliação.
po de aplicação da Diplomática gira em torno do verídico quanto à • A tipologia documental, os documentos básicos que com-
estrutura e à finalidade do ato jurídico. Já o da Tipologia gira em põem um processo ou dossiê, no caso de documentos compostos.
torno da relação dos documentos com as atividades institucionais/ • A ordenação das séries, que dependerá das características
pessoais. (BELLOTTO, 2002, p. 21) identificadas nos tipos documentais que vem determinada pelo ór-
gão produtor.
Heloisa Bellotto (apud Rodrigues 2008, p.140), aponta que po- • O conteúdo dos documentos, sobre as pessoas, datas, luga-
demos estabelecer dois pontos de partida para a análise tipológica: res, etc. e os assuntos que aparecem em cada série.
o da diplomática ou o da arquivística. • A vigência administrativa que virá determinada por uma nor-
1. Quando se parte da diplomática, o elemento inicial é a de- ma administrativa do direito para cada série documental.
codificação do próprio documento, sendo suas etapas: da anatomia • A conveniência de conservar ou eliminar as séries documen-
do texto ao discurso, do discurso à espécie, da espécie ao tipo, do tais de acordo com seus prazos de vigência administrativas e jurí-
tipo à atividade, da atividade ao produtor. dicas.
2. Quando se parte da arquivística, o elemento inicial tem que • O acesso e o grau de consulta dos documentos pelos usuá-
ser necessariamente a entidade produtora, cujo percurso é: da com- rios, ou seja, é possível orientar a informação determinada pelas
petência à estrutura, da estrutura ao funcionamento, do funciona- próprias normas ou necessidades dos usuários.
mento à atividade refletida no documento, da atividade ao tipo, do
tipo à espécie, da espécie ao documento. A gestão de documentos se caracteriza como um processo
de intervenção no ciclo de vida dos documentos de arquivo, inci-
A Tipologia documental é a ampliação da Diplomática na dire- dindo sobre o momento de produção e acumulação na primeira e
ção da gênese documental, ou seja, é a determinação e contextua- segunda idade e que se sustenta na classificação e avaliação. Para
lização da competência, funções e atividades da instituição gerado- o desenvolvimento destes programas é necessário a padronização
ra/acumuladora em um determinado contexto documental. de procedimentos, o que tem inicio pela denominação correta dos
documentos contextualizada no âmbito das competências, funções,
Enquanto a espécie documental é o objeto da Diplomática, a Tipo- atividades, tarefas e procedimentos desenvolvidos pelo órgão que
logia Documental, representando melhor uma extensão da Diplomática os produziram.
em direção à Arquivística, tem por objeto o tipo documental, entendido Posto isso, verificamos que existe uma estreita relação da iden-
como a “configuração que assume a espécie documental de acordo com tificação arquivística com a gestão de documentos, uma vez que ela
a atividade que a gerou” [...] (BELLOTO, 2002, p.19, grifo da autora). se apresenta no campo teórico como um método analítico baseado
nos princípios propostos pela diplomática, mais especificamente
Os autores analisados apontam que uma vez coletadas, estru- nos parâmetros dos estudos de tipologia documental.
turadas e analisadas as informações da primeira etapa da identifica-
ção arquivística (estruturas orgânicas e funcionais – competências, TIPOLOGIA DOCUMENTAL
funções, atividades), passase a estudar as normas e os procedimen-
tos administrativos, bem como os trâmites que tiveram cada tipo SUPORTE:
documental desde sua produção. Nesta etapa será formatado o ins- Material sobre o qual as informações são registradas. Ex: Fita
trumento que registra os dados de cada série documental, produzi- magnética, filme de nitrato, papel, CD
da ou acumulada, denominados:
• ficha de identificação e avaliação de séries documentais (Conde FORMA
Villaverde, 1996; Martín-Palomino y Benito e La Torre Merino, 2000) Características físicas de apresentação, das técnicas de registro
• ficha de tipos documentais (Molina Nortes e Leyva Palma, e da estrutura da informação, conteúdo de um documento. Estágio
1996 apud RODRIGUES, 2008, p.75). de PREPARAÇÃO e TRANSMISSÃO de documentos. Ex: Cópia, origi-
• sistemas ou manuais de tipologia documental (RODRIGUES, nal, rascunho, minuta.
2008)

325
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

FORMATO SIGILOSO
Configuração física de um suporte de acordo com a sua natu-
reza e o modo como foi confeccionado. Ex: Formulário, ficha, livro,
caderno, planta, folha, cartaz, microficha, rolo de filme, tira de mi-
crofilme

GÊNERO
Designação dos documentos segundo aspecto de sua formata-
ção nos diferentes suportes. Segundo a maneira que a informação
foi registrada.
A)Documentos textuais: informações escrita ou textual. Ex:
contrato, ata, relatório, certidão MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO
B)Documentos audiovisuais (analógico): informação esteja em
forma de som e/ou imagem em movimento. Ex: filme, registro so- De acordo com a obra Estudos Avançados em Arquivologia9, as
noro em fita cassete. Temos os sonoros (em som) e os filmográficos organizações podem apresentar as seguintes tipologias documen-
(em filme) tais:
C)Documentos micrográficos: em microforma. Ex: microfilmes - Informação estratégica que apoia o planejamento e o proces-
e microfichas. so de tomada de decisão e, por sua vez, possibilita definir ações de
D)Documentos iconográficos: em imagem estática. Ex: fotogra- médio e longo prazo;
fia, negativos, diapositivos (slides), desenhos, gravuras - Informação sobre o negócio que possibilita a prospecção e o
E)Documentos cartográficos: representação de forma reduzida monitoramento de concorrentes e entrantes, bem como observar o
de uma área maior. Ex: mapa, perfil, planta comportamento dos clientes;
F)Documentos informáticos ou digitais: codificado em dígitos - Informação financeira que possibilita o processamento de
binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema computa- custos, lucros, riscos e controles;
cional. Ex: arquivo em MP3, arquivo do Word, DVD - Informação comercial que subsidia as atividades relacionadas
às transações comerciais no país e no exterior;
ESPÉCIE - Informação estatística como séries históricas, estudos com-
Designação do documento segundo seu aspecto formal e da parativos etc.;
aplicação a que esse documento se destina - Informação gerencial que auxilia a gestão da qualidade, o ge-
Carta, certidão, decreto, edital, ofício, relatório, requerimento, renciamento de projetos, a gestão de pessoas etc.;
gravura, diapositivo (slide), planta, mapa - Informação tecnológica que subsidia a pesquisa e desenvol-
vimento (P&D) buscando a inovação de produtos, materiais e pro-
TIPO cessos.
Soma da espécie documental com atividade fim (finalidade) a
que o documento se destina Cada tipologia congrega inúmeros tipos documentais que, por
Atestados médicos, atas de reunião dos empregados, cartas sua vez, são relacionados às responsabilidades, funções, atividades
precatórias, cartas régias, cartas-patentes, decretos sem número, e tarefas desempenhadas na organização, dessa forma os docu-
decreto-leis, decretos legislativos, fotografias temáticas, retratos, mentos devem ser gerenciados desde a sua gênese, por meio da
litogravuras, serigrafias e xilogravuras gestão documental.
A gestão documental permite a integração, importação e ex-
portação de conteúdos de diversos tipos, formatos, produtos e
ambientes: texto, imagem, folhas de dados, gráficos, áudio, vídeo,
e-mail, fax e páginas web.
A impressão de documentos ou a gravação em CD-ROM, DVD,
ou outro suporte eletrônico/digital poderá ser feita, desde que o
usuário tenha sido autorizado (níveis de acesso) para tal ação. Além
disso, a GD propicia maior segurança no que tange às assinaturas
eletrônicas, à certificação cronológica e controle de acessos aos do-
Natureza do Assunto: cumentos/informações.
A)Ostensivos/Ordinário: pode ser de livre conhecimento O suporte físico é o meio físico empregado para registrar docu-
mentos, ou seja, é a base onde se encontra determinada informa-
B)Sigiloso: deve ser de conhecimento restrito ção ou mesmo um documento. A matéria do concurso pede especi-
ULTRASSECRETO ficamente para tratarmos de microfilmagem:
SECRETO

9 Estudos avançados em Arquivologia/Marta Lígia Pomim Valentim (org.) – Marí-


lia. Oficina Universitária; São Paulo. Cultura Acadêmica, 2012.

326
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Microfilmagem10 Art 3º O Poder Executivo regulamentará, no prazo de 90 (noven-


Microfilme é o resultado do processo de reprodução em filme, ta) dias, a presente Lei, indicando as autoridades competentes, nas
de documentos, dados e imagens, por meios fotográficos ou ele- esferas federais, estaduais e municipais para a autenticação de trasla-
trônicos, em diferentes graus de redução. O microfilme reduz os dos e certidões originárias de microfilmagem de documentos oficiais.
espaços em aproximadamente 98%, em relação ao documento ori- § 1º O decreto de regulamentação determinará, igualmente,
ginal. Dessa forma, há um domínio maior da massa documental, quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para efetuarem a
implicando a busca mais eficiente da informação. microfilmagem de documentos particulares, bem como os requisi-
A microfilmagem não elimina o prévio tratamento da docu- tos que a microfilmagem realizada por aquêles cartórios e órgãos
mentação. O objetivo da microfilmagem é reduzir o volume docu- públicos devem preencher para serem autenticados, a fim de pro-
mental e garantir a durabilidade das informações documentais. Um duzirem efeitos jurídicos, em juízo ou fora dêle, quer os microfil-
microfilme tem vida útil de 500 anos. mes, quer os seus traslados e certidões originárias.
A microfilmagem está prevista na Lei Nº 5.433, de 8 de maio de § 2º Prescreverá também o decreto as condições que os car-
1968, regulamentada pelo Decreto Nº 1.799/1996). tórios competentes terão de cumprir para a autenticação de mi-
crofilmes realizados por particulares, para produzir efeitos jurídicos
contra terceiros.
Art 4º É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade
que autenticar os documentos oficiais arquivados, para efeito de
microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes.
Art 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art 6º Revogam-se as disposições em contrário.

DECRETO N° 1.799, DE 30 DE JANEIRO DE 1996


A seguir apresentaremos a legislação pertinente a microfilma-
gem: Regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula
a microfilmagem de documentos oficiais, e dá outras providências.
LEI Nº 5.433, DE 8 DE MAIO DE 1968 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
Regula a microfilmagem de documentos oficiais e dá outras posto na art. 3° da Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968,
providências. DECRETA:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO Art. 1° A microfilmagem, em todo território nacional, autoriza-
NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: da pela Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, abrange os documentos
Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a microfil- oficiais ou públicos, de qualquer espécie e em qualquer suporte,
magem de documentos particulares e oficiais arquivados, êstes de produzidos e recebidos pelos órgãos dos Poderes Executivo, Judi-
órgãos federais, estaduais e municipais. ciário e Legislativo, inclusive da Administração indireta da União,
§ 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as certi- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os documentos
dões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas diretamente dos particulares ou privados, de pessoas físicas ou jurídicas.
filmes produzirão os mesmos efeitos legais dos documentos origi- Art. 2° A emissão de cópias, traslados e certidões extraídas de
nais em juízo ou fora dele. microfilmes, bem assim a autenticação desses documentos, para
§ 2º Os documentos microfilmados poderão, a critério da autori- que possam produzir efeitos legais, em juízo ou fora dele, é regula-
dade competente, ser eliminados por incineração, destruição mecâni- da por este Decreto.
ca ou por outro processo adequado que assegure a sua desintegração. Art. 3° Entende-se por microfilme, para fins deste Decreto, o
§ 3º A incineração dos documentos microfilmados ou sua resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, da-
transferência para outro local far-se-á mediante lavratura de têrmo, dos e imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes
por autoridade competente, em livro próprio. graus de redução.
§ 4º Os filmes negativos resultantes de microfilmagem ficarão Art. 4° A microfilmagem será feita em equipamentos que ga-
arquivados na repartição detentora do arquivo, vedada sua saída rantam a fiel reprodução das informações, sendo permitida a utili-
sob qualquer pretexto. zação de qualquer microforma.
§ 5º A eliminação ou transferência para outro local dos docu- Parágrafo único. Em se tratando da utilização de microfichas,
mentos microfilmados far-se-á mediante lavratura de têrmo em li- além dos procedimentos previstos neste Decreto, tanto a original
vro próprio pela autoridade competente. como a cópia terão, na sua parte superior, área reservada à titula-
§ 6º Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfil- ção, à identificação e à numeração seqüencial, legíveis com a vista
mados não poderão ser eliminados antes de seu arquivamento. desarmada, e fotogramas destinados à indexação.
§ 7º Quando houver conveniência, ou por medida de segurança, Art. 5° A microfilmagem, de qualquer espécie, será feita sempre
poderão excepcionalmente ser microfilmados documentos ainda não em filme original, com o mínimo de 180 linhas por milímetro de defini-
arquivados, desde que autorizados por autoridade competente. ção, garantida a segurança e a qualidade de imagem e de reprodução.
Art 2º Os documentos de valor histórico não deverão ser eli- § 1° Será obrigatória, para efeito de segurança, a extração de
minados, podendo ser arquivados em local diverso da repartição filme cópia do filme original.
detentora dos mesmos. § 2° Fica vedada a utilização de filmes atualizáveis, de qualquer
10 VALENTINI, Renato. Arquivologia para concursos. Elsevier, 4. ed. Rio de tipo, tanto para a confecção do original, como para a extração de
Janeiro, 2013. cópias.

327
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

§ 3° O armazenamento do filme original deverá ser feito em Art. 11. Os documentos, em tramitação ou em estudo, poderão,
local diferente do seu filme cópia. a critério da autoridade competente, ser microfilmados, não sendo
Art. 6° Na microfilmagem poderá ser utilizado qualquer grau permitida a sua eliminação até a definição de sua destinação final.
de redução, garantida a legibilidade e a qualidade de reprodução. Art. 12. A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á
Parágrafo único. Quando se tratar de original cujo tamanho ul- por meios que garantam sua inutilização, sendo a mesma precedida de
trapasse a dimensão máxima do campo fotográfico do equipamen- lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme cópia.
to em uso, a microfilmagem poderá ser feita por etapas, sendo obri- Parágrafo único. A eliminação de documentos oficiais ou públicos
gatória a repetição de uma parte da imagem anterior na imagem só deverá ocorrer se prevista na tabela de temporalidade do órgão,
subseqüente, de modo que se possa identificar, por superposição, a aprovada pela autoridade competente na esfera de sua atuação e res-
continuidade entre as seções adjacentes microfilmadas. peitado o disposto no art. 9° da Lei n° 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
Art. 7° Na microfilmagem de documentos, cada série será pre- Art. 13. Os documentos oficiais ou públicos, com valor de guar-
cedida de imagem de abertura, com os seguintes elementos: da permanente, não poderão ser eliminados após a microfilmagem,
I - identificação do detentor dos documentos, a serem micro- devendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de atuação
filmados; ou preservados pelo próprio órgão detentor.
II - número do microfilme, se for o caso; Art. 14. Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em
III - local e data da microfilmagem; filme de documentos microfilmados, para produzirem efeitos legais
IV - registro no Ministério da Justiça; em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade
V - ordenação, identificação e resumo da série de documentos competente detentora do filme original.
a serem microfilmados; § 1° Em se tratando de cópia em filme, extraída de microfilmes
VI - menção, quando for o caso, de que a série de documentos de documentos privados, deverá ser emitido termo próprio, no qual
a serem microfilmados é continuação da série contida em microfil- constará que o filme que o acompanha é cópia fiel do filme original,
me anterior; cuja autenticação far-se-á nos cartórios que satisfizerem os requisi-
VII - identificação do equipamento utilizado, da unidade filma- tos especificados no artigo seguinte.
dora e do grau de redução; § 2° Em se tratando de cópia em papel, extraída de microfil-
VIII - nome por extenso, qualificação funcional, se for o caso, mes de documentos privados, a autenticação far-se-á por meio de
e assinatura do detentor dos documentos a serem microfilmados; carimbo, aposto em cada folha, nos cartórios que satisfizerem os
IX - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do requisitos especificados no artigo seguinte.
responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro- § 3° A cópia em papel, de que trata o parágrafo anterior, poderá
filmagem. ser extraída utilizando-se qualquer meio de reprodução, desde que
Art. 8º No final da microfilmagem de cada série, será repro- seja assegurada a sua fidelidade e a sua qualidade de leitura.
duzida a imagem de encerramento, imediatamente após o último Art. 15. A microfilmagem de documentos poderá ser feita por
documento, com os seguintes elementos: empresas e cartórios habilitados nos termos deste Decreto.
I - identificação do detentor dos documentos microfilmados; Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 10.148, de 2019)
II - informações complementares relativas ao inciso V do artigo Art. 16. As empresas e os cartórios que se dedicarem a microfil-
anterior; magem de documentos de terceiros, fornecerão, obrigatoriamente,
III - termo de encerramento atestando a fiel observância às dis- um documento de garantia, declarando:
posições deste Decreto; I - que a microfilmagem foi executada de acordo com o dispos-
IV - menção, quando for o caso, de que a série de documentos to neste Decreto;
microfilmados continua em microfilme posterior; II - que se responsabilizam pelo padrão de qualidade do serviço
V - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do respon- executado;
sável pela unidade, cartório ou empresa executora da microfilmagem. III - que o usuário passa a ser responsável pelo manuseio e con-
Art. 9° Os documentos da mesma série ou seqüência, eventu- servação das microformas.
almente omitidos quando da microfilmagem, ou aqueles cujas ima- Art. 17. Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior,
gens não apresentarem legibilidade, por falha de operação ou por somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
problema técnico, serão reproduzidos posteriormente, não sendo I - autenticados por autoridade estrangeira competente;
permitido corte ou inserção no filme original. II - tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a
§ 1° A microfilmagem destes documentos será precedida de firma da autoridade estrangeira que os houver autenticado;
uma imagem de observação, com os seguintes elementos: III - forem acompanhados de tradução oficial.
a) identificação do microfilme, local e data; Art. 18. Os microfilmes originais e os filmes cópias resultantes
b) descrição das irregularidades constatadas; de microfilmagem de documentos sujeitos à fiscalização, ou neces-
c) nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do respon- sários à prestação de contas, deverão ser mantidos pelos prazos de
sável pela unidade, cartório ou empresa executora da microfilmagem. prescrição a que estariam sujeitos os seus respectivos originais.
§ 2° É obrigatório fazer indexação remissiva para recuperar as Art. 19. As infrações às normas deste Decreto, por parte dos cartó-
informações e assegurar a localização dos documentos. rios e empresas registrados no Ministério da Justiça sujeitarão o infra-
§ 3° Caso a complementação não satisfaça os padrões de quali- tor, observada a gravidade do fato, às penalidades de advertência ou
dade. exigidos, a microfilmagem dessa série de documentos deverá suspensão do registro, sem prejuízo das sanções penais e civis cabíveis.
ser repetida integralmente. Parágrafo único. No caso de reincidência por falta grave, o re-
Art. 10. Para o processamento dos filmes, serão utilizados equi- gistro para microfilmar será cassado definitivamente.
pamentos e técnicas que assegurem ao filme alto poder de defini- Art. 20. O Ministério da Justiça expedirá as instruções que se
ção, densidade uniforme e durabilidade. fizerem necessárias ao cumprimento deste Decreto.

328
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Art. 21. Revoga-se o Decreto n° 64.398, de 24 de abril de 1969.


Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Comentários sobre a Legislação Pertinente à Microfilmagem


A Lei Nº 5.433, de 08 de maio de 1968 regula a microfilmagem de documentos oficiais em 6 artigos.
Ressaltamos o Art. 1º que trata da autorização da utilização da microfilmagem de documentos particulares e oficiais, e do arquivamen-
to e eliminação dos microfilmes; e o Art. 2º apresenta o fato de que os documentos “históricos” não devem ser eliminados, podendo ser
arquivados em local diferente do organismo detentor dos mesmos.
O Decreto Nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 regulamenta a Lei Nº 5.433/1968.
Ressaltamos o Art. 3º que define microfilme como o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens,
por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução; os artigos 7º e 8º que tratam dos elementos de imagem de abertura, e
dos elementos de imagem de encerramento, respectivamente; e o Art. 13 que trata da guarda permanente dos documentos oficiais e públicos
após a microfilmagem pelo arquivo público ou órgão detentor, pois os documentos microfilmados não poderão mais ser eliminados.

Propósitos da Microfilmagem
1º Microfilmagem de Substituição: ocorre quando o documento microfilmado não tem valor permanente (secundário), podendo,
dessa forma, ser eliminado. Assim, libera espaço nos arquivos corrente e intermediário. Como o documento original (no suporte papel)
será eliminado, substituiremos o mesmo pelo microfilme.
2º Microfilmagem de Preservação: ocorre quando o documento original tem valor permanente (secundário). Por essa razão, mesmo
microfilmado, ele nunca poderá ser eliminado. Será preservado em definitivo. A razão da microfilmagem é preservar o documento original,
sendo utilizado o microfilme para fins de consulta.

Etapas do Processo de Microfilmagem


Etapa 1: Preparo do Documento: para preparar os documentos para a microfilmagem é necessário remover os grampos e clips,
desamassar todos os documentos e definir o arranjo da documentação. Outros procedimentos do preparo podem envolver pequenos
remendos e reparos.

Etapa 2: Microfilmagem: depois que os documentos estiverem preparados os documentos serão microfilmados por microfilmadoras
rotativas ou planetárias. Fatores como tamanho e estado de conservação dos documentos devem ser levados em consideração ao escolher
os equipamentos a serem utilizados.

Etapa 3: Processamento: o processamento é o procedimento que dará visibilidade ao documento microfilmado.

Etapa 4: Duplicação: a microforma original deve ser preservada em um arquivo de segurança, e as cópias poderão ser acessadas por
quem possuir os direitos.

A seguir apresenta-se um quadro com as vantagens e as desvantagens da microfilmagem:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Validade legal (confere ao microfilme o mesmo valor do documento original); Alto custo
Economia de espaço; Dificuldade de comparação entre
imagens em um mesmo documento.
Redução do volume de papéis e documentos;
Segurança na conservação dos documentos vitais da empresa;
Facilidade de consulta a documentos arquivados;
Durabilidade do suporte;
Complementação de acervos;
Reprodução fiel e exata do documentos microfilmado (às vezes, um documento encontra-se
em mau estado de conservação, mas a imagem não será a reprodução exata do documento
original, e sim do documento microfilmado, mas a imagem não será a reprodução exata do
documento original, e sim do documento microfilmado). Portanto, a leitura do documento não
ocorrerá de forma tão fácil. Haverá um pouco de dificuldade, nesses casos específicos.
Preservação dos documentos originais;
Favorece o sigilo documental.

329
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Digitalização e Automação11
O termo automação é um termo polissêmico, ou seja, a palavra é capaz de reunir diversos significados. O termo – ou os seus sinônimos:
“automatização” e “informatização” – representa, de uma maneira geral, a substituição do trabalho do homem, manual, por sistemas pre-
viamente programados que se auto-controlam, regulam e realizam uma série de operações em velocidade superior à capacidade humana.
Em arquivos, ou na literatura da área, a automação pode se referir, primeiramente, à utilização de computadores para realizar as práticas
arquivísticas (produções de índices, inventários, pesquisa, acesso etc.). Dessa maneira, a máquina é utilizada para substituir o longo traba-
lho manual que vários profissionais teriam que dispensar para produzir instrumentos de recuperação em arquivos. O termo automação,
nesse sentido, é utilizado no sentido genérico, para designar qualquer atividade que envolva a utilização de computadores.
A inserção de documentos eletrônicos num ambiente arquivístico é considerado um “sintoma” de automação das unidades arquivísticas.
Sendo assim, o termo automação é utilizado nos discursos sobre as práticas de produção, uso e armazenamento de documentos arquivís-
ticos eletrônicos.
Outro uso comum para o termo automação é o que associa o fornecimento de serviços relacionados aos documentos arquivísticos através
da Internet. O atendimento de referência em arquivos – ou a disseminação da informação – tem atingido cada vez mais usuários através
dos sites de instituições arquivísticas naquilo que alguns autores podem designar como automação dos serviços de atendimento ao usuá-
rio de arquivos.
Mas é com o processo de seleção de sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos, ou seja, o que pode ser designa-
do, grosso modo, como a busca por um software que gerencie a produção, uso e destinação dos documentos arquivísticos produzidos em
uma organização, que o termo automação está mais associado. É comum, portanto, na literatura encontrar a expressão “automação de
arquivos” no sentido de processo de seleção de um aplicativo indicado para o controle da gestão documental arquivística.

Dica: O Gerenciamento Eletrônico dos Documentos (GED) funciona com softwares e hardwares específicos e usa, geralmente, as mí-
dias ópticas para armazenamento. A sua finalidade é otimizar e racionalizar a gestão documental.
Principais Conceitos
A digitalização é o processo de conversão de um documento para o formato digital por meio de dispositivo apropriado, como um
escâner (definição do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, do Arquivo Nacional)
Os documentos eletrônicos são elaborados por meio de um computador, sendo seu autor identificável por meio de um código, chave
e outros procedimentos técnicos, e conservados, grande parte deles, em memórias eletrônicas de massa.

Vantagens e Desvantagens dos Documentos Digitais

No GED, os documentos são preparados para serem digitalizados em “escâners especiais”. Depois de digitalizados, eles são conferidos
e gravados em meios magnéticos ou discos ópticos.

Tecnologias Relacionadas à Arquivologia


- Document Management - DM (Gerenciamento de Documentos): é a tecnologia que permite gerenciar a produção, revisão, aprova-
ção e eliminação de documentos eletrônicos. O setor de protocolo se beneficiou bastante com ela.
- Document Imaging - DI (Gerenciamento da Imagem dos Documentos): é a tecnologia mais divulgada do GED. Converte papel em
imagem (meio físico para o digital), através do processo de digitalização, com o uso de scanners.
- Record and Information Management - RIM: é o gerenciamento do ciclo vital de um documento, não importando a mídia em que
ele se insira.
- Workflow (Gestão do Fluxo de Trabalho): controla e gerencia processos dentro de uma organização, garantindo que as tarefas sejam
executadas por pessoas capacitadas, e no espaço de tempo previsto.

11 VALENTINI, Renato. Arquivologia para concursos. Elsevier, 4. ed. Rio de Janeiro, 2013.
NEGREIROS, L. R.; DIAS, E. W. AUTOMAÇÃO DE ARQUIVOS NO BRASIL: OS DISCURSOS E SEUS MOMENTOS. Rio de janeiro, v.3, n.1, p. 38-53, jan./jun.2007.

330
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

2. Agentes biológicos
PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, en-
DOCUMENTOS tre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os
fungos, cuja presença depende quase que exclusivamente das
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE AR- condições ambientais reinantes nas dependências onde se en-
QUIVO contram os documentos.
A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na
tabela de temporalidade dependem de três aspectos: - Fungos
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e
Fatores de deterioração em acervos de arquivos umidade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos
Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos papéis, amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umi-
acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais es- dade é fator indispensável para o metabolismo dos nutrientes e
tão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos noci- para sua proliferação. Essa umidade é encontrada na atmosfe-
vos e traçar políticas de conservação para minimizá-los. ra local, nos materiais atacados e na própria colônia de fungos.
A grande maioria dos arquivos é constituída de documen- Além da umidade e nutrientes, outras condições contribuem para o
tos impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de circulação
celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da de ar e falta de higiene.
celulose e descobrir soluções para evita-los é um grande passo
na preservação e na conservação documental. As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos são:
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se li- - estabelecer política de controle ambiental, principalmente
mita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa temperatura, umidade relativa e ar circulante
degradação ocorrer, como veremos a seguir: - praticar a higienização tanto do local quanto dos docu-
mentos, com metodologia e técnicas adequadas;
1. Fatores ambientais - instruir o usuário e os funcionários com relação ao manu-
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, seio dos documentos e regras de higiene do local;
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Ra- - manter vigilância constante dos documentos contra aci-
diação da Luz, Qualidade do Ar. dentes com água, secando-os imediatamente caso ocorram.

- Temperatura e umidade relativa - Roedores


O calor e a umidade contribuem significativamente para a A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arqui-
destruição dos documentos, principalmente quando em supor- vos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir
te-papel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. as possíveis entradas para os ambientes dos acervos é um co-
O calor acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações meço. As iscas são válidas, mas para que surtam efeito devem
químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da ser definidas por especialistas em zoonose. O produto deve ser
umidade relativa proporciona as condições necessárias para de- eficiente, desde que não provoque a morte dos roedores no
sencadear intensas reações químicas nos materiais. recinto. A profilaxia se faz nos mesmos moldes citados acima:
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante temperatura e umidade relativa controladas, além de higiene
importante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade periódica.
relativa elevada.
- Ataques de insetos
- Radiação da luz Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto reves-
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de timentos, provocam perdas de superfície e manchas de excre-
acervos, provocando consideráveis danos através da oxidação. mentos. As baratas se reproduzem no próprio local e se tornam
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos infestação muito rapidamente, caso não sejam combatidas.
acervos: Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imen-
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas sos em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao
que bloqueiem totalmente o sol; acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento,
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no con- que ocorre no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o
trole da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâm- papel e seus derivados, como também a madeira do mobiliário,
padas fluorescentes. portas, pisos e todos os materiais à base de celulose.
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os mate-
- Qualidades do ar riais para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe
O controle da qualidade é muito importante porque os ga- ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.
ses e as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para
de materiais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses po- as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áre-
luentes podem tanto vir do ambiente externo como podem ser as internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações
gerando no próprio ambiente. elétricas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas ve-
zes fora do alcance dos nossos olhos.
Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes
coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc.

331
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

3. Intervenções inadequadas nos acervos 8. Higienização


Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os do-
em um conjunto de documentos com o objetivo de interromper cumentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a con-
ou melhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam dições ambientais inadequadas, provoca reações de destruição
em danos ainda maiores. de todos os suportes num acervo. Portanto, a higienização das
Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige um coleções deve ser um hábito de rotina na manutenção de biblio-
conhecimento das características individuais dos documentos e tecas ou arquivos, razão por que é considerada a conservação
dos materiais a serem empregados no processo de conservação. preventiva por excelência.
- Processos de higienização
4. Problemas no manuseio de livros e documentos - Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos
O manuseio inadequado dos documentos é um fator de de- de bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e,
gradação muito frequente em qualquer tipo de acervo. portanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir po-
O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento, eira, partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos
sejam elas durante a higienização pelos funcionários da institui- de insetos ou outros depósitos de superfície.
ção, na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisa- - Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser
dor, nas foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc. avaliado individualmente para determinar se a higienização é
necessária e se pode ser realizada com segurança. No caso de
5. Fatores de deterioração termos as condições abaixo, provavelmente o tratamento não
Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são ir- será possível:
reversíveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma • Fragilidade física do suporte
política de conservação, existem medidas que podemos tomar • Papéis de textura muito porosa
sem despender grandes somas de dinheiro, minimizando dras- - Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da
ticamente os efeitos desses agentes. Alguns investimentos de sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita
baixo custo devem ser feitos, a começar por: através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras
- treinamento dos profissionais na área da conservação e ferramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, es-
preservação; pátula, agulha, cotonete;
- atualização desses profissionais (a conservação é uma ci- - Limpeza de livros
ência em desenvolvimento constante e a cada dia novas técni- - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel
cas, materiais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encader-
a conservação dos documentos); nação;
- monitoração do ambiente – temperatura e umidade relati- - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lom-
va em níveis aceitáveis; bada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os
- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos docu- cortes, começando pela cabeça do livro, que é a área que está
mentos; mais exposta à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada
- adoção de política de higienização do ambiente e dos acer- e intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó de baixa po-
vos; tência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
- contato com profissionais experientes que possam asses-
sorar em caso de necessidade. - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa pri-
meira higienização;
6. Características gerais dos materiais empregados em - Oxigenar as folhas várias vezes.
conservação
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de bi- - Higienização de documentos de arquivo - materiais arqui-
bliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de vísticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis,
materiais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais distorcidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao
livres de quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resisten- alto índice de acidez resultante do uso de papéis de baixa quali-
tes, duráveis. Suas características, em relação aos documentos dade. As más condições de armazenamento e o excesso de ma-
onde são aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutralida- nuseio também contribuem para a degradação dos materiais.
de, reversibilidade e inércia.Dentro das especificações positivas, Tais documentos têm que ser higienizados com muito critério
encontramos vários materiais: os papéis e cartões alcalinos, os e cuidado.
poliésteres inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis
orientais, borrachas plásticas etc., usados tanto para pequenas - Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com
intervenções sobre os documentos como para acondicionamento. os livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exa-
me dos documentos, testes de estabilidade de seus componen-
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para tes para o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de
a conservação de acervos intervenção devem ser cuidadosamente realizados.
Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter
conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos - Documentos em grande formato
acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais danos. - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha,
grande importância para a estabilização dos documentos. após testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e

332
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

embebido em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis po- 3. Na implementação de programas de gestão de documentos
dem ter distorções causadas pela umidade que são irreversíveis é muito importante a utilização de método de ordenação. Em uma
ou de difícil remoção. situação cuja necessidade é um eixo de plano prévio de distribuição
- Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são dos documentos em dez grandes classes, cada uma podendo ser
muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo subdividida em dez subclasses e assim por diante. Assinale a opção
cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamen- que indica esse método de ordenação.
to. (A)Decimal.
- Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção (B)Dígito-terminal.
especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas (C)Duplex.
condições, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar gran- (D)Geográfico.
des áreas. (E)Soundex.

9. Pequenos reparos 4. Preservação de documentos é o conjunto de medidas adota-


Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode- das visando proteger, conservar ou restaurar os documentos arma-
mos executar visando interromper um processo de deterioração zenados em um arquivo. Na conservação dos documentos, vários
em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a elementos devem ser evitados, pois tendem a danificar ou acelerar
critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar sua degradação. Sobre medidas e cuidados com a preservação dos
o estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios documentos, considere os seguintes itens.
não sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito I. Deve-se evitar a entrada de água, fogo ou luz no ambiente de
grande e muitas vezes de caráter irreversível. arquivo, pois esses elementos tendem a danificar os documentos.
Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de- II. A limpeza do ambiente, sempre que possiv́ el, deve ser feita
vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documen- a seco (aspirador de pó) ou com a utilização de panos úmidos nas
tos permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. estantes e no chão.
Os materiais utilizados para esse fim devem ser de qualidade III. Deve-se evitar a utilização de saliva ou umedecedor de de-
arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a in- dos ao passar as páginas dos documentos.
tervenção deve obedecer a técnicas e procedimentos reversí- IV. Ao fazer anotações nos documentos, como o código de clas-
veis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, sificação, por exemplo, deve-se utilizar lápis.
não pode existir nenhum obstáculo na técnica e nos materiais V. Os objetos metálicos, como clipes, grampos e colchetes, de-
utilizados. vem ser evitados por provocar a oxidação do papel. Quando neces-
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoria- sária a juntada de folhas para formar um processo ou documento,
mente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de é indicada a utilização de clipes ou colchetes plásticos.
Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, VI. Colas e fitas adesivas também devem ser evitadas, por pro-
óculos de proteção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas ma- vocar manchas irreversiv́ eis no documento, produto de sua alta
nifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas acidez. Na restauração de documentos, existem colas e fitas ade-
respiratórios, protegendo assim a saúde do profissional.12 sivas com qualidade arquiviś tica (sem acidez) adequadas a essa
tarefa.
QUESTÕES Quantos dos itens apresentados estão corretos?
(A)Todos.
1. No processo de arquivamento, se enquadram como Tipolo- (B)Cinco, somente.
gias documentais e suportes físicos, EXCETO: (C)Quatro, somente.
(A)Microfilmagens. (D)Três, somente.
(B) Preservação e conservação documental. (E)Dois, somente.
(C) Restauração de documentos.
(D) Protocolos e avaliação de documentos. 5.O procedimento de arquivo que visa a desacelerar o proces-
so de degradação de documentos, por meio de controle ambiental
2. O princípio da arquivologia segundo o qual os arquivos refle- e de tratamentos específicos, tem a seguinte denominação:
tem a estrutura, as funções e as atividades da entidade produtora, (A) limpeza.
em suas relações internas e externas é denominado como: (B) conservação.
(A) Indivisibilidade. (C) vaporização
(B).Unicidade (D) desinfestação.
(C) Organicidade (E) higienização
(D) Cumulatividade.
(E) Proveniência.

12Adaptado de Norma Cianflone Cassares

333
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

6. A restauração deve ser entendida como um conjunto de me- Assinale a alternativa correta.
didas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos (A) Nenhum item está certo.
ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do (B) Apenas o item III está certo.
uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu (C) Apenas os itens I e II estão certos.
caráter histórico. A técnica de restauração de documentos que con- (D) Apenas os itens II e III estão certos.
siste na aplicação de reforço de papel ou tecido em qualquer face (E) Todos os itens estão certos.
de uma folha, denomina-se:
(A) velatura 11. (CEFET-MG – Arquivista - CEFET-MG) Em gestão arquivística,
(B) laminação são objetivos da avaliação de documentos, EXCETO
(C) encolagem (A) incrementar a pesquisa.
(D) encapsulação. (B) reduzir a massa documental.
(E) alisamento. (C) assegurar a eficiência administrativa.
(D) melhorar a conservação dos documentos de guarda per-
7. Acerca das atividades de protocolo, julgue os itens subse- manente.
quentes. (E) disponibilizar para a consulta pública os documentos de ca-
Os documentos considerados sigilosos são recebidos pelos ser- ráter corrente.
viços de protocolo, mas devem ser enviados em envelope lacrado
com a indicação da classificação de sigilo. 12. IF-PA - Técnico em Arquivo – FUNRIO/2016) O instrumento
( ).CERTO arquivístico resultante da avaliação que tem por objetivos definir
( ) ERRADO prazos de guarda e destinação de documentos é
(A) lista de eliminação.
8. Quando o protocolo remete documentos aos setores de (B) termo de eliminação.
trabalho para estes decidirem sobre a matéria contida nesses do- (C) quadro de arranjo.
cumentos, ele realiza uma de suas principais atividades, que é o (D) tabela de temporalidade.
registro. (E) plano de classificação.
( ).CERTO
( ) ERRADO 13. Para que os documentos de um acervo arquivístico possam
ser microfilmados, é necessário que, além de estarem higienizados:
9. Os fatores ambientais são cruciais para a conservação de do- (A) possuam as mesmas dimensões;
cumentos, pois são responsáveis por reações químicas que podem (B) possuam um mesmo assunto;
gerar alta nocividade ao papel e favorecer sua destruição. Consi- (C) estejam devidamente organizados;
derando essa informação, assinale a alternativa que apresenta um (D) estejam fora de uso corrente;
fator de degradação de agente químico. (E) não possuam mais valor de uso.
(A) iluminação
(B) temperatura 14. (INFRAERO - Arquivista – FCC) No processo de microfilma-
(C) poluição atmosférica gem,
(D) acondicionamento (A) recomenda-se a utilização de filmes atualizáveis, tanto para
(E) umidade relativa a confecção do original quanto para a extração de cópias.
(B) os documentos eventualmente omitidos dentro de uma se-
10. A principal finalidade do arquivo é servir como fonte de quência poderão ser inseridos no filme original, mediante corte.
consulta à administração, pois é constituído, em sua essência, dos (C) o armazenamento do filme original não pode ser feito em
documentos produzidos e dos documentos recebidos pela entidade local diferente do seu filme cópia.
mantenedora do acervo, podendo, ao longo do tempo, servir como (D) deve-se utilizar filme com o mínimo de 180 linhas por mi-
elemento de história. Quando os documentos passam a ter um va- límetro de definição, para garantir segurança e qualidade de
lor histórico, sem utilidade administrativa, seu arquivamento deve imagem.
obedecer a alguns cuidados especiais. Acerca desses cuidados, jul- (E) a imagem de abertura deverá ostentar, entre outros dados,
gue os itens que se seguem. o aval do Ministério da Cultura.
I O arranjo é o conjunto de operações que organizam os docu-
mentos conforme o planejamento previamente estabelecido. 15. Conforme estabelece o Decreto nº 1.799, de 30 de janei-
II A descrição é o conjunto de procedimentos que consideram ro de 1996, assinale, entre os elementos a seguir, aquele que não
os elementos formais e de conteúdo dos documentos para a elabo- consta na imagem de abertura de uma série de documentos micro-
ração de instrumentos de pesquisa. filmados.
III A preservação e o acesso dizem respeito à prevenção de de- (A) Identificação do detentor dos documentos a serem micro-
terioração e danos em documentos, por meio do adequado con- filmados.
trole ambiental e de tratamentos físico-químicos, se necessário, (B) Local e data da microfilmagem.
com a finalidade de se viabilizar a consulta aos documentos e às (C) Registro no Ministério da Justiça.
informações. (D) Identificação do equipamento utilizado, da unidade filma-
dora e do grau de redução.
(E) Menção, quando for o caso, de que a série de documentos
microfilmados continua em microfilme posterior.

334
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

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GABARITO
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1 D ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 B
5 B ______________________________________________________
6 A ______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 ERRADO
9 C ______________________________________________________

10 E ______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 C
14 D ______________________________________________________
15 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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335
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

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336
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Todo cliente possui expectativas ao procurar um atendimento,


QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO: e neste sentido o ideal para se construir um relacionamento sólido
COMUNICABILIDADE; APRESENTAÇÃO; ATENÇÃO; e duradouro, não é apenas atender as suas expectativas, mas sim,
CORTESIA; INTERESSE; PRESTEZA; EFICIÊNCIA; superá-las, pois aqueles clientes que têm suas expectativas supera-
TOLERÂNCIA; DISCRIÇÃO; CONDUTA; OBJETIVIDADE das acabam se tornando fiéis a organização.
O início do processo de atendimento que busca a satisfação dos
As organizações buscam, constantemente, adequar suas ativi- clientes ocorre com o mapeamento das necessidades do cliente e
dades para chegar o mais próximo possível de seus objetivos e da isso é possível por meio de uma comunicação clara e objetiva. A
satisfação de seus clientes. Conduto, para se alcançar a satisfação comunicação deve dirigir-se para o oferecimento de soluções e res-
de um cliente também se faz necessário, um bom atendimento, no postas na qual o cliente busca e isso não significa falar muito, mas
qual exige dela a capacidade de conhecer seu perfil, definir seus de- sim ser um excelente ouvinte e estar atento aquilo que o cliente
sejos e necessidades, e definir como os recursos da empresa serão fala.
empregados para que se alcance tais perspectivas. Em razão disso um relacionamento entre uma organização e
Posto isso, com a evolução da gestão tradicional para gestão da um cliente é construído por meio de bons atendimentos. Analisar
qualidade, o atendimento ao cliente passou a fazer parte do plane- o comportamento e os interesses do cliente pode ajudar na estra-
jamento estratégico das organizações, que passaram a integrar em tégia de retê-lo, criando relacionamentos consistentes, com quali-
suas atividades um canal de relacionamento para a efetiva comuni- dade e fidelização, a atenção, a cortesia e o interesse também são
cação com seus clientes. Canal que tem como objetivo promover a os três pontos iniciais para se atentar na preparação de um bom
interação entre a organização e o consumidor, o auxiliando assim na atendimento.
resolução de seus interesses diante dos produtos ou serviços que
utilizam. Ninguém procura uma empresa que oferece produtos ou servi-
Atualmente, pode-se dizer, que o atendimento ao cliente é vis- ços, sem ter uma necessidade por alguma coisa, em vista disso toda
to como um dos principais serviços de uma organização que busca a atenção deve ser concentrada em ouvir e atender prontamente
pela satisfação, criação de valor e fidelização de seus clientes. o cliente sem desviar-se para outras atividades naquele momento,
pois o cliente pode interpretar esta ação como uma falta de profis-
Atender as Expectativas dos Clientes sionalismo.

Podemos considerar que atender significa: Lembre-se de utilizar uma linguagem clara e compreensível,
- Receber; nem sempre os clientes compreendem termos muito técnicos e
- Ouvir atentamente; científicos que para uma organização pode soar normal ou comum.
- Acolher com atenção; Esteja atento aquilo que irá perguntar para que não repita a mesma
- Tomar em consideração, deferir; pergunta demonstrando falta de interesse ou atenção, seja educa-
- Atentar, ter a atenção despertada para; do e cortês, mas isso não significa que se possa invadir a privacida-
de/intimidade do cliente, evite perguntas ou situações que possam
Sendo assim, o atender está associado a acolher, receber, ouvir causar qualquer tipo de constrangimento ou inconveniência.
o cliente, de forma com que seus desejos sejam resolvidos, assim Utilize um tom de voz agradável ao dirigir-se a um cliente, te-
o atendimento é dispor de todos os recursos que se fizerem ne- nha percepção sobre suas limitações, fique atento a sua faixa etária
cessários, para atender ao desejo e necessidade do cliente. Esses e adeque a forma de tratamento a senhores(as).
clientes podem ser internos ou externos, e se caracterizam por ser Com a grande competitividade entre as empresas, a velocidade
o público-alvo em questão. em que se atende as necessidades de um cliente, pode ser um fator
determinante para que estes retornem a empresa, entretanto não é
Clientes Internos: os clientes internos são aqueles de dentro da um ponto positivo ter que refazer uma atividade/ação para corrigir
organização, ou seja, são os colegas de trabalho, os executivos. São algo que foi feito de forma rápida e com pouca qualidade.
as pessoas que atuam internamente na empresa. Um ambiente de trabalho organizado também pode contribuir
para um atendimento mais rápido, ágil e eficiente.
Clientes Externos: já os clientes externos, são as pessoas de A empresa deve ser leal ao cumprimento dos prazos, sendo as-
fora que adquirem produtos ou serviços da empresa. sim, não prometa prazos que não seja capaz de cumprir. Envolva ou-
tros setores ao processo de atendimento para que possa responder
O comprometimento e profissionalismo são importantes para mais prontamente as questões que possam surgir.
um bom atendimento, atualmente, mais importante do que se ter Nas reações e percepções do cliente é possível identificar sua
um cliente, é o relacionamento que se cria com ele, no qual é alcan- aprovação ou reprovação em relação as negociações ou atendimen-
çado por meio do atendimento. to, busque oportunidades para agir.

337
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Seja sempre objetivo ao realizar um atendimento, busque rapi- Princípios para o Bom Atendimento
damente soluções para as necessidades do cliente que se encontra
em atendimento. 1. Foco no Cliente: as organizações buscam reduzir os custos
Os colaboradores de uma organização devem buscar conheci- dos produtos, aumentar os lucros, mas não podem perder de vista
mento dos negócios da empresa, das decisões que ela toma e da a qualidade e satisfação dos clientes.
situação que ela se encontra. A falta de informação, de uma comu-
nicação entre empresários e funcionários acaba gerando desmoti- 2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade
vação, falta de comprometimento e dificuldades para se argumentar do usuário: um serviço ou produto deve ser exatamente como o
e demonstrar confiança aos clientes no momento do atendimento. usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.
Assim torna-se fundamental comunicar a missão da empre-
sa, seus valores, metas e objetivos ao público interno, pois quanto 3. Manutenção da qualidade: o padrão de qualidade mantido
maior for seu envolvimento com a organização, maior será o seu ao longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade.
comprometimento.
A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por
A Importância da Comunicação Interna para o Atendimento algumas ações que imprimem a qualidade ao atendimento, tais
como:
A Comunicação Interna compreende os procedimentos co- - Atenuar a burocracia;
municacionais que ocorrem na organização e que segundo Scro- - Fazer uso da empatia;
ferneker1 “Visa proporcionar meios de promover maior integração - Analisar as reclamações;
dentro da organização mediante o diálogo, troca de informações, - Acatar as boas sugestões.
experiências e a participação de todos os níveis”. - Cumprir prazos e horários;
Com isso, observamos, que a mesma forma que um bom aten- - Evitar informações conflitantes;
dimento pode cativar, conquistar, e reter um cliente, um mal aten- - Divulgar os diferenciais da organização;
dimento pode facilmente trazer prejuízos e colocar uma empresa - Identificar as necessidades dos usuários;
em uma situação difícil. - Cuidar da comunicação (verbal e escrita);
A satisfação do cliente deve ser uma das grandes prioridades de - Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
uma empresa que busca competitividade e permanência no merca- - Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade.
do. E por isso toda empresa deve estabelecer princípios, normas e
a maneira adequada de transmitir essas informações aos seus co- Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser
laboradores, que devem estar sujeitos a constantes treinamentos. percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles:
A comunicação interna, em um nível adequado, oferece um competência, presteza, cortesia, paciência, respeito.
atendimento eficiente, rápido e objetivo, com isso podemos perce- Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, des-
ber que a empresa adota estratégias que satisfaçam o consumidor, respeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o aten-
tendo em vista que há uma preocupação em qualificar as pessoas dente intolerável, na percepção dos usuários.
de modo a obterem conhecimentos, habilidades, atitudes específi- Atender o cliente significa identificar as suas necessidades e
cas de acordo com o ramo de atividade da empresa e domínio sobre solucioná-las, ao passo de não deixar o telefone tocar por muito
os produtos que serão promovidos. tempo para atendê-lo e assim que receber a ligação já transferi-la
O treinamento pode ensinar, corrigir, melhorar, adequar o para o setor correspondente.
comportamento das pessoas em relação as mudanças ou mesmo Afinal o profissional de qualquer área ou formação tem capaci-
exigências de um mercado extremamente disputado e concorrido. dade de atender o telefone, visto que é um procedimento técnico,
O atendente deve sempre responder ao cliente com entusias- enquanto que para atender o cliente são necessárias capacidades
mo e com uma saudação positiva, e mesmo que o cliente perca a humanas e analíticas, é necessário entender o comportamento das
paciência, o profissional, deve se manter calmo de acordo com a pessoas, ou seja, entender de gente, além de ter visão sistêmica do
conduta esperada pela empresa. negócio e dos seus processos.
E lembre-se que um atendimento de sucesso ocorrerá se o Muitos profissionais chegam a ter pânico do telefone porque
atendente priorizar e estiver preparado para: ele não para de tocar e porque ele atrapalha a realização de outras
1. Fazer uma boa recepção; atividades, que erroneamente são consideradas mais importantes.
2. Ouvir as necessidades do cliente;
3. Fazer perguntas de esclarecimento; Mas será que existe algo mais importante do que o cliente que
4. Orientar o cliente; se encontra do outro lado da linha, aguardando pelo atendimento?
5. Demonstrar interesse e empatia; É claro que não existe, ocorre que nem sempre se tem a consciência
6. Dar uma solução ao atendimento; de que é o cliente que será atendido e não o telefone. Não se tem
7. Fazer o fechamento; a consciência que cada ligação recebida significa uma oportunida-
8. Resolver pendências quando houver. de de negociar, de vender, de divulgar a empresa, de manter laços
amistosos com o cliente.

1 SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico conceituais da Comuni-


cação Organizacional, 2006.

338
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

O cliente sempre espera um tratamento individualizado, consi- Dimensões de um Atendimento de Qualidade


derando que cada situação de atendimento é única, e deve levar em
conta as pessoas envolvidas e suas necessidades, além do contexto Comunicabilidade
da situação. Como as pessoas são diferentes, agem de maneira dife- É a qualidade do ato comunicativo, no qual a mensagem é
renciada, a condução do atendimento também necessita ser perso- transmitida de maneira integral, correta, rápida e economicamente.
nalizada, apropriada para cada perfil de cliente e situação. A transmissão integral supõe que não há ruídos supressivos, defor-
Assim, o cliente poderá se apresentar: bem-humorado, tímido, mantes ou concorrentes. A transmissão correta implica em iden-
apressado, paciente, inseguro, nervoso, entre outras característi- tidade entre a mensagem mentada pelo emissor e pelo receptor.
cas. O mais importante é identificar no início da interação como o
cliente se encontra, pois assim o atendimento ocorrerá de maneira Apresentação
assertiva. O responsável pelo primeiro atendimento representa a pri-
meira impressão da organização, que o cliente irá formar, como a
A chave para o sucesso do bom atendimento depende muito imagem dela como um todo. E por isso, a apresentação inicial de
da boa comunicação, isto é, de como é realizada a transmissão e quem faz o atendimento deve transmitir confiabilidade, segurança,
recepção de informação. técnica e ter uma apresentação ímpar.
É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am-
Atender às necessidades dos clientes é a parte essencial da ex- biente de trabalho.
celência do atendimento ao cliente, certamente tudo gira em torno Se a organização adotar uniforme, é indispensável que o use
desse fator: somente irá existir interação se estiver fornecendo algo sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. Unhas e ca-
de que o cliente precise. belos limpos e hálito agradável também compreendem os elemen-
tos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da empresa,
Exemplificando: O cliente vai ao banco porque precisa receber por meio do atendente.
e/ou pagar contas; toma o trem porque precisa ir do ponto A ao B; A expressão corporal e a disposição na apresentação se tor-
procura o médico porque precisa ficar com boa saúde. Entretanto, nam fatores que irão compor o julgamento do cliente e a satisfação
será tudo tão simples? O que diferencia as interações que o cliente do atendimento começa a ser formado na apresentação, assim a
descreveria como excelentes ou satisfatórias ou péssimas? Quais saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de forma que
são suas necessidades básicas ou mínimas e o que mais pode ser transmita compromisso, interesse e prontidão. O tom de voz deve
importante para ele? ser sempre agradável.

É difícil saber se o comportamento humano é intencional ou Lembre-se!! O que prejudica o relacionamento das empresas
não, mesmo que, segundo a psicanálise, existem as intenções in- com os clientes, é a forma de tratamento na apresentação, pois é
conscientes. Por isso é preciso classificar tudo o que o homem faz fundamental que no ato da apresentação, o atendente mostre ao
em sociedade. Até mesmo o silêncio, é comunicação, ele pode sig- cliente que ele é bem-vindo e que sua presença na empresa é im-
nificar concordância, indiferença, desprezo, etc. portante.
Assim, a comunicação, tanto interna quanto externa das orga-
nizações, é uma ferramenta de extrema importância para qualquer Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial
organização e determinante no que se refere ao sucesso, indepen- para um bom atendimento. Com por exemplo: O que dizer antes de
dente do porte e da área de atuação. iniciar o atendimento? O nome do atendente; O nome da empresa;
É uma ferramenta estratégica, pois muitos erros podem ser Bom dia; Boa tarde; Boa noite; Pois não, em que posso ajudá-lo?;
atribuídos às falhas de comunicação. Portanto, um sistema de co- entre outros.
municação eficaz é fundamental para as organizações que buscam
o crescimento e cultura organizacional. A sequência não importa, o que deve ser pensado na hora, é
Na era da informação, a rapidez e o valor das informações faz que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva de
com que as organizações se vejam no imperativo de reestruturarem acordo com seu contexto. E o atendente também deve se lembrar
sua comunicação (seja ela interna ou social) adotando um padrão que os clientes não aguentam mais ser atendimentos com apresen-
moderno aproximando suas ações e o discurso empresarial. tações mecânicas, pois o que eles esperam é uma apresentação
Diante disso, emergem os problemas de comunicação. Os pro- receptiva.
blemas de comunicação surgem por uma situação de fala distorcida
em que os participantes do ato comunicativo encontram-se em po- Por isso, saudar com “bom dia, boa tarde, ou, boa noite” é óti-
sições desiguais de poder e conhecimento de informações. mo! Mas, diga isso, com sinceridade, assim o cliente perceberá a
O principal problema da comunicação organizacional a sobre- veracidade em suas palavras.
carga de input de informação, podendo este estar relacionado a má
seleção de informações por parte do indivíduo ou a uma cultura Dizer o nome da empresa se o atendimento for por meio do
organizacional valorizadora de grande quantidade de informações. telefone também faz parte, porém, faça de forma clara e devagar.
Não dê margem, ou fale de forma que ele tenha que perguntar de
onde é logo após o atendente ter falado. Dizer o nome, também é
importante. Mas, isso pode ser dito de uma forma melhor como,
perguntar o nome do cliente primeiro, e depois o atendente diz o
seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Oi Maria, eu sou a Mada-
lena, hoje posso ajuda-la em quê?

339
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também, Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom
irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do de voz e a forma com que se dirige ao cliente, o tom de voz deve ser
atendimento. agradável, mas, precisa ser audível, ou seja, que dê para compreen-
Segundo a sabedoria popular, leva-se de 5 a 10 segundos para der. É vale ressaltar que apenas o cliente deve escutar, e não todo
formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve mundo que se encontra no estabelecimento.
trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o
atendimento, fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Algumas palavras e
da organização. tratamentos podem ser ofensivos a eles, portanto, deve-se utilizar
O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora.
o atendimento, ou seja, o excesso de intimidade na apresentação é Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por
repudiável, o cliente não está procurando amigos de infância, mas telefone, quem o faz, está oferecendo a sua imagem (vendendo sua
sim, soluções aos seus problemas. imagem) e a da organização que representa. Pois todas as ações
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser abo- representam o que a empresa pretende.
lidos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminu- É importante lembrar que não se deve ficar pensando na res-
tivo. posta na hora em que o interlocutor estiver falando. Concentre-se
Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora em ouvir. Outro item que deve ser levado em conta no atendimento
no atendimento, principalmente quando ele observa que o aten- é não interromper o interlocutor, pois, quando duas pessoas falam
dente está conversando com outros seus assuntos particulares em ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está
paralelo, ou, fazendo ações que são particulares e não condizem dizendo. E assim, não há a comunicação.
com seu trabalho. O atendente também não deve se sentir como se estivesse
A instantaneidade na apresentação do atendimento configura sendo atacado, pois alguns clientes dão um tom mais agressivo à
seriedade e transmite confiança ao cliente, portanto, o atendente sua fala, porém, isso deve ser combatido por meio da atitude do
deve tratar a apresentação no atendimento como ponto inicial, de atendente, que deve responder de forma calma, tranquila e sensa-
sucesso, para um bom relacionamento com o cliente. ta, sem elevar o tom da voz, ou seja, sem se alterar.

Atenção, Cortesia e Interesse Presteza, Eficiência e Tolerância


O atendimento é mais importante que preço, produto ou ser- Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que a
viço para o cliente, quando ele procura a organização é porquê tem instituição tem um foco totalmente nele e que esta prima por solu-
necessidade de algo. O atendente deve desprender toda a atenção cionar as dúvidas, problemas e necessidades dos clientes, ser ágil,
para ele, por isso deve interromper tudo o que está fazendo, e pres- sim, mas, a qualidade não pode ser deixada de lado.
tar atenção única e exclusivamente no cliente. De nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito novamente,
Assuntos particulares e distrações são encarados pelos clientes a presteza deve ser acompanhada de qualidade, para isso, é impor-
como falta de profissionalismo, por isso, atentar-se ao que ele diz, tante que o ambiente de trabalho esteja organizado, para que tudo
questiona ou traduz em forma de gestos e movimentos, devem ser seja encontrado facilmente.
compreendidos e transformados em conhecimento ao atendente. Estar bem informado sobre os produtos e serviços da organiza-
Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo que ção, também tornam o atendimento mais ágil. Em um mundo em
já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como desprezo. É que o tempo está relacionado ao dinheiro, o cliente não se sente
importante ter atenção a tudo o que o cliente faz e diz, para que o bem em lugares que tenha que perder muito tempo para solucionar
atendimento seja personalizado e os interesses e necessidades dele algum problema.
sejam trabalhados e atendidos. Instantaneidade é a palavra de ordem, por mais que o proces-
É indispensável que se use do formalismo e da cortesia, pois so de atendimento demore, o que o cliente precisa detectar, é que
o excesso de intimidade pode constranger o cliente, ser educado e está sendo feito na velocidade máxima permitida.
cortês é fundamental, porém, o excesso de amabilidade, se torna A demora também pode afetar no processo do próximo aten-
tão inconveniente quanto a falta de educação. dimento, porém, é importante atender completamente um cliente
Por isso, é necessário que o cliente se sinta importante, envolto para depois começar a atender o próximo.
por um ambiente agradável e favorável para que seus desejos e ne- Ser ágil não está ligado a fazer as coisas com rapidez, mas sim,
cessidades sejam atendidos. O atendente deve estar voltado com- fazer de maneira otimizada. Neste sentido o comportamento do
pletamente para a interação com o cliente, estando sempre atento atendente deve ser eficiente para cumprir com o prometido, e solu-
para perceber constantemente as suas necessidades. Logo, deve-se cionar o problema do cliente, assim ser eficiente é realizar tarefas,
demonstrar interesse em relação às necessidades dos clientes e resolvendo os problemas inerentes a ela, para que se atinja a meta
atendê-las prontamente e da melhor forma possível. estabelecida.
Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamen- Posto isso, o atendimento eficiente é aquele que não se perde
to com o cliente, a educação deve permear em todo processo de tempo com coisas que são irrelevantes, e sim, agiliza o processo
atendimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o para que o desejado pelo cliente seja cumprido em menor tempo.
cliente, utilizar de: obrigado, por favor, desculpas por imprevistos, Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento eficiente
são fundamentais em todo o processo. é aquele que rende o suficiente para ser útil.
O atendente precisa compreender que o cliente está ali para
ser atendido, e por isso, não deve perder tempo com assuntos ou
ações que desviem do pretendido.

340
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, como: Discrição


- Todos fazem parte do atendimento. Atitudes discretas preservam a harmonia do ambiente e da re-
- Saber o que todos os colaboradores da organização exercem lação com o interlocutor. No trabalho, a pessoa deve ter acima de
evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez o que deseja tudo discrição em seus atos, pois certas brincadeiras ou comentá-
e que fique esperando mais tempo que o necessário. rios podem ofender as pessoas que estão sendo atendidas e gerar
- Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e situações constrangedoras. Nestes casos, a melhor maneira de con-
profissionalismo. tornar a situação é pedir desculpas e cuidar para que não ocorram
- Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao novamente.
cliente, se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e proces- Todas as atitudes que incomodam as pessoas são consideradas
sar o que está sendo feito, dê esse tempo auxiliando-o com infor- falta de respeito e por isso deve haver uma série de cuidados, como
mações e questões que o auxilie no processo de compreensão. por exemplo: não bater o telefone, não falar alto, importunar seu
- Ser positivo e otimista e ao mesmo tempo ágil fará com que o colega com conversas e perguntas o tempo todo, entre outros.
cliente tenha a mesma conduta. Ser elegante em um ambiente de trabalho e não expor o visi-
- Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma tante/usuário, sendo bem-educado, não significa bajular o atendido
a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- e sim ser cortês, simpático e sociável. Isto certamente facilitará a
mento. comunicação e tornará o convívio mais agradável e saudável.
- Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar Conduta e Objetividade
o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a A conduta do atendente deve ser proativa, passando confiança
inteligência e não só com o ouvido”. e credibilidade, sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo
- Interpretar cada cliente, procurando identificar a real impor- simpatia, ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma
tância de cada “fala” e os valores do que foi dito. gentil e educada, sorrindo e tendo iniciativa.
- Saber falar a linguagem de cada cliente procurando identificar O sigilo é importante, e por isso, o atendimento deve ser ex-
o que é especial, importante e ou essencial em cada solicitação, clusivo e impessoal, ou seja, o assunto que está sendo tratado no
procurando ajudá-lo a conseguir o que deseja, otimiza o processo. momento, deve ser dirigido apenas ao cliente, como já dito antes,
- O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é as demais pessoas que estão no local não podem e nem devem es-
ser breve sem tornar-se desagradável. cutar o que está sendo tratado no momento.
- Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o A conduta de impessoalidade e personalização transformam o
cliente não tenha dúvida sobre a organização e, sendo assim, não atendimento, e dão um tom formal à situação, por outro lado a ob-
desperdice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da jetividade está ligada à eficiência e presteza, e por isso, tem como
empresa. foco, como já vimos, eliminar desperdiçadores de tempo, que são
- O atendente deve saber que sempre há uma solução para aquelas atitudes que destoam do foco.
tudo e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acor- Possui objetividade é pensar fundamentalmente apenas no
dos em todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem. que o cliente precisa, e para que ele está ali, ou seja, solucionar o
- O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa- seu problema e atender às suas necessidades devem ser tratados
ções. como prioridade, pois na maioria das vezes os clientes têm pressa e
- O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações necessita de uma solução rapidamente.
sempre falaram mais que as palavras”. Afirmamos que o atendimento com qualidade deve ser pauta-
do na brevidade, porém, isso não exclui outros fatores tão impor-
Outro aspecto que deve ser observado é que em todos os ní- tantes quanto, como: clareza, presteza, atenção, interesse e comu-
veis de atendimento será inevitável deparar-se com clientes ofensi- nicabilidade.
vos e agressivos, para tanto, o atendente deve ter tolerância para
acalmar o cliente e mostrar que ele está ali para auxiliá-lo e resolver
o problema.
TRABALHO EM EQUIPE: PERSONALIDADE E
Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na em-
RELACIONAMENTO; EFICÁCIA NO COMPORTAMENTO
presa é a palavra de ordem, o acalma e tranquiliza, por isso, a tole-
INTERPESSOAL; FATORES POSITIVOS DO
rância é importante para que não se perca a linha e comprometa a
RELACIONAMENTO; COMPORTAMENTO RECEPTIVO E
imagem da empresa e a qualidade no atendimento.
DEFENSIVO; EMPATIA; COMPREENSÃO MÚTUA
Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente
deve demonstrar interesse, presteza e tolerância, para que o cliente Aumenta-se cada vez mais a necessidade do nível de excelência
insista em construir uma situação de discussão, o atendente deve- das organizações e, portanto, das pessoas que as compõem. Para
-se manter firme, tolerante e profissional. Portanto, a presteza, efi- tanto, faz-se necessário, cada vez mais, propiciar o desenvolvimen-
ciência e a tolerância, formam uma tríplice que sustentam os aten- to das competências pessoais e profissionais, para dar conta dos
dimentos pautados na qualidade, tendo em vista que a agilidade e desafios do trabalho, e para garantir resultados eficazes que mante-
profissionalismo permeiam os relacionamentos. nham as organizações saudáveis e competitivas2.

2 AMARAL, V.L. Trabalho em equipe. Programa de Formação de Coor-


denadores do Colégio Sesi - Módulo II: Gestão de Pessoas, Trabalho em
Equipe. S.D.

341
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Assim, enfatiza-se a necessidade do efetivo “Trabalho em Equi- A maioria dos profissionais que exercem cargos de liderança
pe” ao qual visa o desenvolvimento pessoal, profissional e a maxi- ainda tem dificuldade de identificar e definir se os profissionais tra-
mização dos resultados empresariais. balham em equipe, em time ou em grupo. Portanto, segue abaixo
características que diferem cada um:
Grupo X Equipe
Grupo: conjunto de pessoas em um mesmo ambiente de tra-
A equipe é mais evoluída do que um simples grupo, e por isso balho, que exercem funções diferenciadas em busca resultados in-
se trata de um grupo de trabalho cujo os membros sabem interagir dividuais.
de forma assertiva e produtiva, somando seus talentos individuais e
lidando de forma positiva com suas diferenças, atingindo assim um Equipe: formação de pessoas com habilidades diferentes, para
alto nível de desempenho. execução de um trabalho em conjunto em busca de um único re-
Não é tarefa fácil desenvolver equipes, pois isto envolve o pro- sultado.
cesso de aprendizagem e além de ser é preciso também aprender Time: pessoas que executam a tarefa do outro (se necessário) e
para “saber ser”. No entanto toda empresa que investe neste pro- todos reconhecem as diferenças entre elas e suas funções.
cesso colhe excelentes resultados.
Cabe então a todos, profissionais, líderes e a empresa, terem O trabalho em equipe não é um desafio fácil e simples, pois
certas atitudes que são condições básicas para que o desenvolvi- somos competitivos e estamos acostumados a trabalhar individual-
mento de uma equipe seja efetivo. mente. Para trabalharmos em equipe, precisamos exercer o apren-
O profissional deve ter predisposição para a colaboração, para dizado coletivo.
a integração com os demais, para lidar com as diferenças pessoais Cabe ressaltar que a maioria das atitudes positivas ou negati-
positivamente, para estabelecer relações de confiança e para o pro- vas, somente são tomadas quando os homens estão em grupo, pois
cesso de desenvolvimento contínuo. sozinhos estas não se manifestam. Desta forma, o sucesso de uma
Ao líder é necessário o desenvolvimento de sólidas competên- organização é substancialmente influenciado pelo desempenho de
cias que o façam alcançar resultados verdadeiramente produtivos diversos grupos, que interagem entre si, e por toda a hierarquia da
junto à sua equipe. Para tanto, o líder deve gostar e saber lidar com empresa.
as pessoas, assim como: conhecer, respeitar, envolver-se, motivar, As soluções dos problemas, lançamentos de novos produtos,
ser um comunicador competente, saber estabelecer relações de ações e decisões são resultados de esforços em conjunto, entre os
confiança, ter um canal de comunicação aberto e bilateral, ouvir empresários e suas equipes de trabalho.
seus colaboradores, não fragmentar informações desnecessaria- E um grupo coeso torna-se mais determinado e criativo, além
mente apenas para se “manter no controle”, não estimular a com- disso, a interação entre seus membros é mais rápida e não neces-
petitividade, ensinar sua equipe a lidar com os erros e sempre reco- sita de supervisão constante. Mas em contrapartida, por vezes, o
nhecer os acertos de seus colaboradores, enfim, cabe ao líder um grupo reluta mais as novas ideias e é geralmente mais reivindicador.
alto nível de capacidade para gerenciar e liderar com o ser humano.
Para isso a liderança deve possuir uma grande dose de predis- Para que o grupo realmente funcione satisfatoriamente, é pre-
posição para aprender e para o aprendizado contínuo. ciso que os integrantes tenham:
Cabe à empresa proporcionar as condições necessárias para - Certa independência;
que estas atitudes se estabeleçam e se desenvolvam. A missão, as - Sejam reconhecidos como tais; e
diretrizes, a estrutura organizacional, a maneira como são organiza- - Tenham objetivos em comum.
das as funções e a cultura da empresa são determinantes para que
se crie um ambiente favorável ou desfavorável para o desenvolvi- O trabalho em equipe é um trabalho de grupo com alto desem-
mento de equipes. penho, onde seu potencial geralmente é grande e precisa ser bem
Isto significa que devem ser conhecidos e compartilhados por administrado, pois necessita obter uma participação mais objetiva,
todos, a missão, os objetivos e as metas da empresa, deve haver alcançando altos estágios de desempenho, ou seja, ultrapassando
coerência entre o discurso e as práticas da empresa para que se os modos tradicionais.
estabeleça uma relação de confiança, envolvimento e comprome-
timento. É necessário que haja no trabalho em equipe:
O desenvolvimento de equipes envolve a habilidade para lidar - Desafios;
com o complexo sistema do comportamento humano, mas sem isto - Coesão;
dificilmente os resultados tão desejados serão atingidos. - Comprometimento;
Uma equipe é como um sistema/organismo vivo, composta de - Responsabilidade;
partes interdependentes. Se uma delas estiver “doente”, ou a in- - Estímulos; e
teração entre elas estiver com problemas, o organismo como um - Motivação.
todo, sofre.
A liderança tem como uma de suas missões mais importantes,
desenvolver na empresa o espírito de equipe. Um grupo de pessoas
alinhadas em torno de um objetivo e uma visão comum. Para ser
capaz de realizar essa missão, o líder tem que se esforçar para que
todos se sintam e ajam como órgãos interdependentes de um todo.

342
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

O Trabalho em Equipe Integrar: resgatar a vontade e motivação pelo trabalho, prin-


cipalmente, considerando experiências traumáticas já vividas, tais
Personalidade e Relacionamento como conflitos, corte de pessoal, etc., que podem levar os funcio-
O bom funcionamento de uma equipe vai depender da per- nários a se sentirem totalmente instáveis no trabalho. Integrando-o
sonalidade de cada elemento da equipe e do grau relacionamen- ao novo contexto e mantendo uma uniformidade.
to entre eles. Alguns tipos de personalidade são mais compatíveis
com outros e quando dois tipos de personalidade compatíveis tra- Desenvolver: planejar e acompanhar o desenvolvimento do
balham juntos, a equipe se beneficia. trabalho a ser executado, motivando a equipe e promovendo o au-
Um ambiente saudável e agradável é também essencial para toconhecimento.
o trabalho em equipe. Desta forma, cada elemento deve colocar a
equipe em primeiro lugar e não procurar os seus próprios interes- Adequar: aproveitar e desenvolver as habilidades de cada fun-
ses, pois é importante haver empatia para que o trabalho exercido cionário, buscando a sinergia grupal.
seja o mais eficaz e prazeroso possível.
Trabalhar em equipe requer muitas horas de convivência, e por Buscar resultados: o êxito na execução das tarefas em equipe
isso, a harmonia e respeito a personalidade, bem como as diferen- está diretamente ligado ao sucesso que a organização visa alcançar
ças de todos devem ser cultivados em todas as ocasiões. tendo bem claro o seu propósito.
As diversas habilidades de seus componentes devem ser usa-
das da melhor forma possível, apesar da visão diferenciada que Identificar e respeitar: identificar o ritmo de cada profissional,
cada um. A falta de coordenação pode levar a conflitos, à duplicida- pois as pessoas não são iguais e cultivar o saber ouvir, pois cada
de de função e à ineficiência, ou seja, a organização precisa prepa- profissional tem o seu ritmo e suas habilidades específicas, por isso
rar-se para o trabalho em time. devem ser respeitadas.
Assim, é necessário identificar pontos que podem bloquear Cabe a liderança a identificação destas habilidades para apro-
ações criativas, trabalhos em equipe, e desmistificar a competitivi- veitar o que cada profissional tem de melhor, e de providenciar o
dade. Para isso torna-se importante uma comunicação adequada e desenvolvimento das habilidades faltantes. Tendo em vista que é
uma liderança eficaz. fundamental gerenciar as diferenças de personalidades e estilos,
Trabalhar em equipe exige maturidade e significa saber escutar já que estes podem causar muitos problemas. Idade, experiência e
pessoas, respeitar opiniões divergentes, concordar que a opinião de cultura podem contribuir para as dificuldades de relacionamento e
outros membros podem ser melhores que as nossas, etc. de trabalho em equipe, especialmente se a equipe sente que eles
Dessa forma, é importante que estejamos seguros das nossas não têm nada em comum e não podem trabalhar juntos.
habilidades para conseguirmos controlar nossas emoções, aprovei-
tando ao máximo da equipe, reconhecendo falhas e desenvolvendo Buscar coesão: deve-se criar um ambiente onde as metas e ob-
habilidades. jetivos individuais possam se materializar.
Segue abaixo alguns pontos que são importantes considerar na
tentativa de dar resposta a esta questão. Buscar abertura: comunicação livre e aberta, estimulando e
premiando novas ideias, levando-as à concretização; propiciando
Autoconhecimento assim a participação e comunicação aberta.
A busca do autoconhecimento é acompanhada de uma cons-
tante autoanálise, o que nos permite aprofundar nossas questões Objetivar: estabelecer perspectivas através da administração
existenciais, junto ao conhecimento de nossas possibilidades e li- por objetivos, onde as funções e atribuições do trabalho tornem-se
mitações. claras.
O autoconhecimento deve resultar num melhor ajustamento,
no desenvolvimento da maturidade e no controle emocional, ou Respeitar: as características individuais, posicionamentos e li-
seja: mitações buscando a sinergia e o desenvolvimento da equipe. Al-
- Na capacidade de entender os outros e de nos fazermos en- guns problemas com as equipes surgem quando os especialistas
tender pelos outros; sentem que não estão sendo levados a sério ou a sua experiência
- Na maior objetividade dos julgamentos, tanto pessoais quan- não está sendo valorizada. Deve-se respeitar a opinião e a experi-
to dos outros; ência de cada membro na equipe, mesmo que tenha que rejeitar
- Na aceitação de si e dos outros, admitindo que ninguém é algumas de suas recomendações de vez em quando.
isento de falhas, mas que também encontraremos qualidades em
nós e em qualquer outro ser humano, se desejarmos realmente en- Quebrar paradigmas: estimular novas formas de pensar, ou
contrá-las; e seja, novos modelos mentais, para oportunizar novas soluções e ou
- No conhecimento de suas habilidades e defeitos, junto a alternativas.
como e o que devemos melhorar.
Estimular a criatividade: incentivar geração de ideias, novos
Atitudes, Habilidades da Liderança na Equipe produtos, soluções de problemas, etc.
A obtenção do sucesso está também relacionada às atitudes e Discordância civilizada: a equipe deve estar confortável para
as habilidades da liderança designada para, juntamente com a sua discutir posicionamentos divergentes com respeito, buscando um
equipe, atingir os objetivos traçados pela organização. consenso.
Inicialmente, a liderança deve levar a sua equipe à obtenção do
sucesso. Para tanto, deverá:

343
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Liderança situacional: modificá-la conforme as circunstâncias e O grupo enriquece a informação, reconstituindo e atualizando-
a maturidade da equipe. -a permitindo que se trabalhe com maior profundidade. Para que
ocorra a sinergia de um grupo é preciso saber compartilhar conhe-
Feedback: desenvolver o dar e o receber feedback em todos os cimentos, bem como existir envolvimentos.
seus níveis hierárquicos. Esta sinergia emerge quando o grupo entende o(s) objetivo(s)
organizacional(ais).
Gerenciar conflitos: há muitas fontes diferentes de conflito, que
vão desde o não preenchimento dos quadros de horários online até Eficácia no Comportamento Interpessoal
aos conflitos de personalidade que podem ocasionar em conflitos No fundo, a eficácia de uma equipe de trabalho depende, qua-
de equipe. E diante disso só há uma coisa a se fazer: gerenciar a se sempre, das seguintes condições:
situação de conflito e resolvê-la para que a equipe possa superar o 1. Grau de lealdade dos membros entre si e com o líder da equi-
problema e continuar com o trabalho. pe.
Ao se identificar um conflito, é recomendado chamar as pes- 2. Os membros e líder têm confiança mútua e acreditam uns
soas envolvidas e falar com elas antes que este problema se torne nos outros.
algo realmente grande, pois é sempre mais fácil lidar com o conflito 3. Os membros têm habilidade para ajudar os demais a desen-
antes que ele se torne em algo difícil de controlar. No entanto, de volver seu pleno potencial.
um modo geral, ter conflitos é normal e pode até ajudar a equipe a 4. Os membros se comunicam plena e francamente sobre to-
trabalhar junta, em busca de mais eficácia. dos os assuntos.
5. Os membros estão seguros em tomar decisões apropriadas.
Colaborar: as equipes trabalham melhor quando têm as ferra- 6. Os valores e necessidades de cada membro se coadunam
mentas de que precisam para fazer seu trabalho de forma eficaz. com os valores e objetivos da equipe.
Isso, para a maioria das equipes, significa ferramentas de colabo- 7. O grau de espírito empreendedor e de responsabilidade indi-
ração, para que possam trabalhar em conjunto para resolver pro- vidual e coletiva pelos resultados e consequências.
blemas e completar tarefas. É importante mostrar-se prestativo e 8. A ação inovadora e o senso de inconformismo com o pre-
envolvido. Arranje tempo para reuniões, mesmo se elas sejam re- sente. Em outros termos, a vontade dos membros de aprender, de
alizadas virtualmente por conferência web, pois isso irá construir melhorar, de ultrapassar e de ser excelente.
confiança e boas relações na equipe e ajudar os indivíduos a traba-
lhar juntos. Dentro das empresas, o responsável pela criação e desenvol-
vimento de equipes é o gerente. O gerente é o responsável pela
Definir objetivos claros: uma das principais razões para os pro- administração das pessoas dentro de cada organização. É ele quem
blemas em equipes é que as pessoas não sabem o que estão ten- deve escolher os membros da sua equipe, desenhar o trabalho a ser
tando alcançar e ter objetivos claros podem ajudar a respeito disso. realizado, preparar a equipe, liderá-la, motivá-la, avaliá-la e recom-
Todos devem ter uma visão dos objetivos gerais e do panorama ge- pensá-la adequadamente.
ral, bem como objetivos pessoais que mostram como eles podem Assim, em qualquer área de atividade - seja na área de pro-
contribuir para alcançar este objetivo. Lembre-se que se as pessoas dução, finanças, marketing, recursos humanos, processamento de
sabem o que devem fazer, e recebem metas claras, a equipe se jun- dados, etc. - o gerente é o responsável pela sua equipe de trabalho.
ta em torno de um objetivo comum. Para poder gerenciá-la e liderá-la e dela obter eficiência e eficácia, o
gerente precisa selecionar desenhar cargos, treinar, liderar, motivar,
Definir papéis e responsabilidades: na sequência dos objetivos, avaliar e remunerar seu pessoal.
certifique-se de que todos os membros da equipe tenham os papéis Lidar com pessoas é uma tarefa altamente complexa e desa-
e responsabilidades claramente definidos. Isso vai impedir que as fiante, mas sobretudo, gratificante para quem souber fazê-lo de for-
pessoas pisem nos calos uns dos outros tentando fazer o trabalho, ma a enaltecer o trabalho e dignificar o ser humano.
ou que descubra que duas pessoas tenham concluído a mesma ta-
refa, porque achavam que era seu trabalho fazê-la. Estágios no Desenvolvimento de Equipe

Ser claro sobre limites de autoridade: diferentes membros da Formação


equipe têm diferentes níveis de autoridade, então seja claro sobre Quando diversas pessoas passam a compor uma equipe, seus
isto também. papéis e interações ainda não estão estabelecidos. Esse estágio é
um período exploratório, muitas vezes marcado pela incerteza e an-
O excesso de trabalho em detrimento de outros papéis sociais siedade. As pessoas não sabem o que esperar dos outros membros
que o ser humano possui pode levar o profissional e, também, a da equipe, de forma que frequentemente tornam-se cautelosas e
organização a níveis de estresse elevado, trazendo prejuízos pesso- reservadas em suas interações.
ais e, consequentemente, organizacionais. Um exemplo disso são as Adicionalmente, procuram descobrir qual é o comportamento
doenças ocupacionais cada vez mais crescentes, como a depressão adequado, quais são as normas, o que as pessoas esperam dela e
e fobias. que papel elas gostariam de desempenhar. Começam a se conhecer
Cabe a liderança o entendimento de que o ser humano é movi- em suas mútuas opiniões e habilidades, bem como formam opini-
do a desafios e ou necessidades, mais que estas são mutáveis e va- ões a respeito dos outros, verificam o que tem em comum e avaliam
riáveis, para que possa despertar ações e ou comportamentos que as principais diferenças.
assegurem a sua diversidade.

344
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Nessa fase a produtividade é baixa e as pessoas relacionam-se Estas características são muito comuns, no entanto, cada pes-
com cautela. Segundo Torres[ TORRES, Cresencio & FAIRBANKS, De- soa em uma equipe possui sua própria personalidade e isso vai
borah. Teambuilding. New York: McGraw-Hill, 1996.] o líder pode além da questão profissional, tendo em vista a personalidade de
guiar o time para a próxima fase compartilhando informações re- cada um, ou seja, é preciso haver uma conscientização da própria
levantes, encorajando o diálogo aberto, providenciando estrutura, pessoa quanto a importância de se adequar ao modo da equipe,
dando direção à equipe e desenvolvendo um clima de confiança e assim o da equipe se adequar à personalidade de cada membro.
respeito.
Desempenho
Tumulto Os indivíduos já aprenderam a trabalhar juntos como uma
Nesse estágio, é provável que surjam conflitos à medida com equipe funcional. Existe um senso de identidade e os membros es-
que os seus membros tentem alcançar acordo quanto ao propó- tão comprometidos com a equipe e seus objetivos. A liderança é
sito, às metas e aos objetivos da equipe. Diferenças pronunciadas participativa e compartilhada. A comunicação é aberta e sem medo
de opinião podem surgir na busca de obter consenso sobre como de rejeição.
exatamente executarão as tarefas. De acordo com Wagner [ WAG- Nessa fase, a equipe é capaz de lidar com tarefas complexas e
NER III, John & HOLLENBECK, John. Comportamento Organizacio- solucionar os problemas entre os membros de forma criativa. Os
nal: criando vantagem competitive. São Paulo: Saraiva, 2000.] a de- principais desafios desse estágio estão ligados a um trabalho con-
finição de quem fará o quê, (quando, onde, porque e como) e que tinuado sobre os relacionamentos e o desempenho, com um forte
recompensa os membros receberão por seu desempenho costuma comprometimento com o progresso e a auto renovação. Os mem-
ser extremamente difícil e pode ameaçar a existência da equipe. bros devem ser capazes de se adaptar bem às oportunidades e às
Segundo Schermerhorn[ SCHERMERHORN, Jr., John, HUNT, Ja- exigências que mudam com o passar do tempo.
mes & OSBORN, Richard. Fundamentos de Comportamento Organi-
zacional. 2a. edição. Porto Alegre: Bookman, 1999.] nessa fase, os Acomodação
estilos individuais entram em conflito e podem se formar “paneli- A visão da empresa já não motiva com a mesma intensidade os
nhas”, assim como conflitos em relação à liderança e à autoridade, membros da equipe, havendo enfraquecimento do propósito. Há
na medida em que as pessoas competem para impor suas preferên- barreiras de comunicação entre os membros e uma perda de inte-
cias ao tentar obter a posição de status desejada. resse sobre o que ocorre com os “outros”. As diferenças individuais
Com isso a capacidade de adaptação e flexibilidade é discutida. e percepções diferentes não são utilizadas adequadamente e trans-
Alguns membros aceitam as mudanças no trabalho e buscam for- formando-se em causa de conflitos.
mas de melhorar a convivência. Que se bem sucedida, essa fase cria Surgem reações contrárias à liderança compartilhada e alguns
uma estrutura de papéis e normas que garante a funcionalidade da membros da equipe se omitem diante de certas situações. Existem
equipe. choques frequentes entre as lideranças. Não há preocupação de
rever periodicamente os procedimentos de trabalho. A equipe per-
Normalidade de sua eficácia e seus membros têm dificuldade em mudar os seus
Esse estágio é caracterizado por maior coesão entre os mem- padrões.
bros da equipe. Após superar a fase de tumulto, os membros per- Nesta etapa os membros da equipe estão acomodados e não
cebem que tem interesses em comum. Aprendem a apreciar as há a preocupação de se reciclarem, com isso a equipe tende a se
diferenças, resolver problemas juntos e conviver de forma mais tornar obsoleta.
harmoniosa.
Passam a renegociar seus papéis e o processo para realizar as Transformação
tarefas, fazendo surgir assim um compromisso com a equipe, com Há uma mudança do propósito e os membros da equipe pas-
o desenvolvimento de relações funcionais e comportamento inter- sam a rediscutir a visão e os objetivos.
dependente. Reveem os seus processos de comunicação, com fins de eli-
Torres[ TORRES, Cresencio & FAIRBANKS, Deborah. Teambuil- minar barreiras e ampliar a rede de informações. Os processos de
ding. New York: McGraw-Hill, 1996.] considera que há um aumento trabalho são questionados, rediscutidos e reformulados. A equipe
na confiança, ingrediente essencial para a dinâmica da equipe, jun- busca novos membros com outros talentos, habilidades, estilos e
to a um fortalecimento do sentimento de pertencimento ou seja o compartilha essas diferenças, visando ampliar as possibilidades de
de “fazer parte”. criar e inovar.
Assim alcança-se um consenso sobre o propósito da equipe, Os componentes da equipe buscam e experimentam novos pa-
o que contribui para desenvolver um sentido de identidade entre drões e olham além da estrutura e do contexto para se adaptar às
seus membros e fornece o fundamento para o desenvolvimento de mudanças do ambiente. A equipe e seus membros buscam constan-
regras, normas e procedimentos adicionais para coordenar as inte- temente sua renovação e novas formas de aprendizagem.
rações e facilitar o atingimentos de metas.
Neste estágio, vemos que toda e qualquer equipe tem sua pró- Em vista disso ressalta-se a importância do trabalho em equipe
pria identidade, por exemplo, uma equipe de gestão de pessoas é como um contínuo desafio e aprendizado tanto para as pessoas,
caracterizada por conter pessoas comunicativas, espontâneas, que quanto para as organizações.
lidam bem com as diferenças entre as pessoas, etc. Enfatizando que o trabalho em equipe e a atuação de uma li-
derança inspiradora, estimula o desenvolvimento e o autoconhe-
cimento de seus membros, como também, maximiza o potencial
das pessoas de maneira sistêmica e interdependente em prol dos
resultados empresariais.

345
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

E lembrando que todo gestor deve compreender que quando Decisões e soluções adotadas simultaneamente, com todos:
o ser humano é satisfeito em suas necessidades e respeitado em gerando e avaliando um maior número de opção do que uma única
sua subjetividade, seja na dimensão individual seja na dimensão de pessoa poderia fazê-lo. As decisões são tomadas por consenso e
grupo, estes fatores contribuem para o aumento de seu “índice de isso significa que são geralmente melhores do que aquelas a qual a
felicidade”[ Grifo da autora, que considera o índice de felicidade pessoa mais inteligente do grupo de trabalho poderia ter chegado
como o nível de satisfação e ou motivação, onde o ser humano sen- sozinha.
te-se feliz e realizado em todas as suas dimensões e papéis huma-
nos. ] e, consequentemente, para potenciar e garantir os resultados Forte compromisso com a própria equipe: com o intuito de
organizacionais. que ela não se desagregue.

Fatores Positivos do Relacionamento3 Qualidade: existe uma preocupação para alcançar qualidade
Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num soma- e precisão porque os funcionários sentem que fazem parte de um
tório geral, irão contribuir para uma boa qualidade da equipe e pro- esforço de equipe e querem que esta pareça a melhor possível.
mover bons resultados. Assim, desde que cumpridos ou atendidos Além disso, como os membros trabalham em colaboração, estão
todos os requisitos, estaremos falando de um bom relacionamento assegurando que cada um obtenha da equipe o que necessita para
entre os componentes da equipe e dos usuários da informações, produzir o melhor trabalho.
serviços e produtos fornecidos por estes.
A principal característica de uma equipe é que seus membros Algumas pessoas dentro da organização são receptivos e fazem
têm como prioridade atingir as metas propostas pela empresa. parte de um grupo porque possuem elevadas necessidades sociais.
Estes membros possuem forte personalidade, habilidades es- Psicólogos as denominam de necessidades de filiação. Essas pesso-
pecializadas altamente desenvolvidas e comprometem-se com uma as gostam de fazer parte de um grupo compatível e bem sucedido,
diversidade de objetivos pessoais que esperam atingir através de ou seja encontram a motivação pelo simples fato de participar “da-
sua atividade; porém, para eles, o aspecto mais importante a en- quela equipe”.
frentarem de imediato é o sucesso do grupo em alcançar a meta
que seus membros, coletivamente e em uníssono, estabeleceram. Comportamento
Deste modo os membros dão apoio uns aos outros, colaboram
livremente e se comunicam abertamente e com clareza entre si. Receptividades - Comportamento Receptivo e Defensivo[ht-
tp://metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com.br/2010/04/com-
Benefícios e Resultados Vantajosos portamento-receptivo-e-defensivo.html]
O trabalho em equipe traz benefícios e resultados vantajosos Muitas vezes, diante de uma situação real ou imaginária de pe-
tanto para seus membros quanto para a organização em que traba- rigo, as pessoas normalmente mobilizam suas energias de autode-
lham, no qual podemos destacar: fesa para enfrentar tal situação. A pessoa passam então, a adotar
um comportamento defensivo. Isto é, olhar as pessoas com descon-
Colaboração: as pessoas querem realizar juntas um bom traba- fiança, procurar ver no comportamento dos outros fatos, palavras
lho, dar apoio umas às outras, porque se identificam com a equipe; ou situações que possam reforçar suas defesas.
desejam que está se destaque e seja bem-sucedida. Estas coisas impedem a pessoa de se concentrar na mensagem
que ela está de fato recebendo e faz com que ela distorça o signifi-
Competição individual reduzida: no interesse do grupo, elas cado real da comunicação.
querem ir além da cooperação entre si. Elas colaboram e de boa Quanto mais uma pessoa se mostra defensiva, menos capaz
vontade entregam-se ao esforço da equipe. ela será de perceber os objetivos, valores e emoções que o emis-
sor está tentando transmitir. Por outro lado, quanto mais um clima
Compartilhamento de conhecimentos: as pessoas compreen- for receptivo ou ausente de defesa, menos o receptor distorcerá o
dem o quanto é importante para uma equipe fazer circular as in- conteúdo da comunicação. Isso é possível, porque o clima receptivo
formações que os membros necessitam para operar de modo mais permite que o receptor da mensagem seja capaz de se concentrar
eficaz. no conteúdo e no significado real da mensagem.

Comunicação: a informação flui livremente para cima, para bai- Comportamento Defensivo
xo e para os lados. As pessoas defendem-se inconscientemente da ansiedade que
sentem numa situação perturbadora. Podem fazê-lo distorcendo a
Aplicação mais eficiente de recursos, talentos e forças: porque realidade e enganando a si mesmas. Esses são dois processos sub-
eles são usados de boa vontade e compartilhados com os demais jacentes que Freud denominou mecanismos de defesa. Todos nós
companheiros. Toda vez que falta a um membro da equipe certo usamos desses mecanismos para proteger nossa autoimagem, o
conhecimento ou competência, um outro está pronto para supri-lo. que é bastante comum em nossa vida diária.
Também temos a necessidade de uma autoimagem positiva,
3 http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/os-beneficios- de aprovar nosso comportamento, e justificá-lo quando necessário.
-do-trabalho-em-equipe-administrar-conflitos-e-a-importancia-do-fee- Às vezes, a única maneira de conseguir isto é através de processos
dback-nas-organizacoes/43583. inconscientes, iludindo-nos e alterando os fatos reais, de modo a
http://docslide.com.br/documents/3-fatores-positivos-do-relaciona- preservar a nossa autoimagem.
mento.html]

346
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Comportamento Receptivo Vida pessoal e vida profissional


Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das Atualmente todos já entenderam que é praticamente impossí-
pessoas ignora ou rejeita prematuramente. É uma característica de vel separar o pessoal do profissional, como tantos pregam.
pessoas que possuem uma “mente aberta” e sem preconceitos à O ser humano é único e indivisível, mas em equipe é necessário
novas ideias. A curiosidade é inerente a este tipo de comportamen- respeitar as escolhas que cada um faz em sua vida particular. E mui-
to. tas vezes esse limite não é respeitado, uns dos motivos pelo qual
Uma pessoa reduz a defesa do ouvinte quando parece estar surgem os problemas de relacionamento.
querendo experimentar e explorar novas situações. Interessar-se em demasia pela vida pessoal do outro, princi-
Se a expressão, modo de falar, tom de voz ou conteúdo verbal palmente para sanar a curiosidade em relação aos seus problemas
do emissor parece estar avaliando ou julgando o ouvinte, ele se co- domésticos, tem como consequências, quase que naturais, a fofoca
loca em guarda. Quando tentamos mudar a atitude de uma pessoa e o mal-entendido. Desta forma, as pessoas de uma equipe devem
ou influenciar o seu comportamento isso pode ser sentido como respeitar a diversidade cultural e as preferências de cada um.
uma desaprovação a sua conduta.
Em resumo, a regra de ouro para o bom trabalho em equipe é
Empatia a prática contínua do respeito, compreensão e tolerância. Somente
Empatia transmite respeito aos problemas do ouvinte e con- com esses valores as equipes conseguem ganhar com a diversidade,
fiança, sem qualquer esforço para mudá-la. aproveitando o que cada um tem de melhor a oferecer. E cabe aos
Tentar colaborar na solução de um problema permitindo ao bons líderes identificarem as oportunidades e despertarem esses
receptor designar seus próprios objetivos, tomar suas próprias potenciais.
decisões cria no ouvinte um clima receptivo. Tentar ocultar seus
objetivos ou não deixá-los claro pode deixar no receptor um clima
SERVIDOR E OPINIÃO PÚBLICA. O ÓRGÃO E A OPINIÃO
defensivo.
PÚBLICA
Se o emissor é visto tendo intenções claras, franco, honesto
e se comportando espontaneamente em função da situação, está
propenso a gerar uma defesa mínima. — O servidor e a opinião pública
Aqueles que se consideram sabedores de tudo, que não neces- Visão estereotipada: até pouco tempo, a opinião pública a
sitam de informações adicionais tendem a colocar as pessoas em respeito do servidor era formada principalmente com base em as-
estado de guarda. pectos negativos, como a acomodação nas rotinas do emprego, o
menor empenho no trabalho, o descaso na prestação de serviços,
Compreensão Mútua4 etc. Tudo isso em razão, especialmente, da estabilidade vitalícia
As melhores ideias normalmente aparecem a partir de pessoas no cargo. O típico servidor era aquele que pendurava o casaco no
com opiniões diferentes. Como disse o escritor Nelson Rodrigues encosto da cadeira para dar a impressão de sua presença física no
“toda unanimidade é burra”. Pensamentos divergentes resultam ambiente de trabalho. Hoje em dia, essa visão evoluiu satisfatoria-
em inovações mais amplas ou soluções mais completas. Mas, isso mente e, agora, segundo a opinião pública, os maus servidores não
só gera frutos se houver compreensão mútua e objetivos em co- têm direitos nem mesmo de fazer greve, por serem dispensáveis.
mum. Quanto aos bons servidores, é o contrário: são vistos como com-
petentes e atenciosos, tornam-se mais fortes, reconhecidos e, até
Cada um no seu Quadrado mesmo, imprescindíveis. Diante disso, é preciso ter em mente que
Em um time as pessoas podem ter papéis diferentes. Tomando não adianta simplesmente lutar pelo salário sem ter postura e ética
o cuidado para não “engessar” a equipe, isso é uma forma interes- na hora de servir.
sante de se organizar para evitar a sobreposição de ações ou esfor-
ços em duplicidade. Em times auto gerenciáveis, por exemplo, esses Impasses que influenciam a opinião pública negativa
papéis podem se alternar periodicamente, as equipes podem ter, – Cargos comissionados: uma boa parte dos cargos comissio-
projetos específicos, os líderes podem assumir esse papel mesmo nados, a maioria cargos de gestão, são ocupados por servidores
não tendo cargos de chefia. Outros podem assumir papéis diferen- nomeados segundo critérios de interesses políticos. Isso gera um
tes, mais e tão importante quanto estes. quadro onde o servidor tem uma boa formação, mas os chefes são
No entanto para cada papel existe um conjunto de responsabi- amadores.  
lidades e objetivos que devem ser compreendidos por todos. – Indicações: há uma gama de outros funcionários seleciona-
dos pelo critério “quem indica”, contratados temporariamente, ou
O Momento de Cada Pessoa terceirizados, ou para consultoria e cujos contratos são renovados
Existem momentos em que as pessoas, mesmo sem motivo inúmeras vezes equivalendo na prática a quase um cargo perma-
aparente, têm variações de comportamento. É natural ter mudan- nente.
ças no humor e temperamento. Alguém que de manhã está com a
cara amarrada à tarde pode estar sorridente. Conscientização da sociedade civil: é preciso que haja uma
Fadiga, estresse, ansiedade e preocupações também provocam estratégia, progressiva e permanente de elucidação da razão da
alterações que devem ser compreendidas antes de se fazer qual- existência do servidor público e sua necessidade, bem como da sua
quer julgamento em relação ao outro. valorização necessária e contínua.  
4 http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/carreira/os-li-
mites-do-trabalho-em-equipe/89636/

347
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

– A sociedade está cada vez mais consciente de que o serviço – Reduz custos de pesquisa, gerar informações relevantes para
público que lhe é prestado não é gratuito e, pelo contrário, é bas- tomada de decisão e gerar índices de satisfação consolidados entre
tante oneroso. Tributos de várias espécies são recolhidos para isso, órgãos diferentes.
numa complexa configuração fiscal (cumulatividade, bi-tributação, – Desenvolve o questionário de acordo com as necessidades de
efeito cascata, guerra fiscal, etc.) para que se possa sustentar, in- cada organização.
clusive, com os custos da intensa burocracia e do provimento para – Calcula a amostra necessária para alcançar um índice confiá-
eventuais fraudes. vel dos resultados.
– Os cidadãos estão cientes de que o serviço público deve ser – Facilita a entrada de dados.
eficiente e de que o servidor público está ali para servir a sociedade. – Assiste a análise dos resultados, onde conta com relatórios
– Quanto à valorização do servidor, o emprego público deve automatizados que exploram os principais dados de maneira a ge-
explorar as habilidades que fizeram o candidato ser empossado. A rar gráficos, tabelas e índices de satisfação.
remuneração, em conformidade com a carreira, deve ser mantida
em níveis competitivos ao da área privada. O fim público visa à sa- Os objetivos do IPPS
tisfação das necessidades coletivas e é isso que se objetiva com a – Fornecer informações relevantes para a melhoria da gestão
valorização da remuneração.   das organizações públicas. Para isso, o IPPS provê um conjunto de
perguntas de avaliação de satisfação que possam interessar a uma
– Uma nova política de recursos humanos é necessária, e de- organização pública.
verá ser constante e estar em aprimoramento contínuo. Assim, – Fornecer um diagnóstico permanente sobre a qualidade geral
produzir-se-ão servidores mais competentes, inovadores, críticos e do serviço público brasileiro na ótica do cidadão. Para isso, o IPPS
conscientes de sua missão na função pública. Esse é o único modo apresenta um módulo, denominado Módulo Geral, que apresenta
de se recuperar, diante da população, o reconhecimento devido e a perguntas que podem ser aplicadas a qualquer tipo de organização
dignidade da função. pública que presta serviço ao cidadão. Com o módulo geral será
– Exames rigorosos para admissão: a Constituição de 1988 possível mensurar o Índice Nacional de Satisfação das organizações
estabelece que a única maneira de provimento de cargos públi- públicas que utilizarem o IPPS.
cos efetivo é através de concurso. Atualmente, a maior parte do – A pesquisa de satisfação é perfeitamente aplicável a órgãos
funcionalismo público de cargos efetivos é formada por servidores que prestam serviço diretamente ao cidadão.
concursados, aprovados em certames que exigem muito preparo.

— O órgão e a opinião pública POSTURA PROFISSIONAL


Programa GESPÚBLICA: criado em 1991, o Programa Nacio-
nal de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA), tem sido A postura profissional é um conjunto de características pes-
uma ferramenta eficaz e efetiva no incentivo do aprimoramento da soais e atitudes que são tomadas no ambiente de trabalho, ela é
qualidade da gestão das organizações públicas nacionais. formada pela conduta ética, hábitos, habilidades, conhecimentos,
Simultaneamente, esse projeto tem acompanhado as transfor- comportamentos e atitudes, que o profissional possui.
mações ocorridas na administração pública moderna, e com isso, Assim, o modo como as pessoas se comportam e se relacionam
aperfeiçoado e incorporado ações para atender satisfatoriamente no ambiente organizacional, define a postura profissional de cada
as demandas do Estado. De 1999 em diante, prezando cada vez um, o ambiente de trabalho exige profissionalismo e seriedade, e
mais pela transparência, pela participação cidadã e pelo controle com isso o sucesso profissional advém da postura profissional ade-
social, o programa introduziu em seu escopo de ação, a mobilização quada.
das organizações públicas para a melhoria da qualidade de atendi- Possuir uma postura profissional ideal não é difícil, porque bas-
mento direto ao cidadão. ta lembrar que em todos os setores de uma organização, seja ela
pública ou privada, e de qualquer ramo de atividades, é necessário
IPPS: o Instrumento Padrão de Pesquisa de Satisfação ofere- que o colaborador tenha postura e comportamento adequados que
ce às organizações um instrumento para incentivar a melhoria da exige educação, respeito, impessoalidade, cortesia e outros itens.
prestação de seus serviços. Trata-se de um método de pesquisa de
opinião padronizada que investiga o nível de satisfação dos usuários Comportamento Profissional
de um serviço público, e foi desenvolvido para se adequar a qual-
quer organização pública prestadora de serviço direto ao cidadão, O comportamento é um conjunto de atitudes esperadas do
e também, gerar informações consolidadas entre essas diferentes colaborador no exercício da sua função, estabilizando a ética no co-
organizações. tidiano de suas atividades prestadas, esse comportamento abran-
ge muito além da ética, ou seja, as atitudes profissionais como um
Os Benefícios do IPPS: todo deve favorecer o ambiente organizacional.
– Propicia que a organizações com poucos recursos possam A ética é composta por valores reais e presentes na sociedade,
implementar uma avaliação de satisfação “caseira”, mas, mesmo a partir do momento em que, por mais que às vezes tais valores
assim, metodologicamente rigorosa e, por essa razão, proveitosa. pareçam corrompidos no contexto social, não é possível falar em
Desse modo, organizações com poucos recursos não precisam de- convivência humana se esses fatores forem desconsiderados.
senvolver o seu próprio questionário, podem simplesmente adap-
tar o IPPS para suas necessidades.

348
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Cada vez mais as organizações procuram profissionais adequa- 2. Cumprimente todas as pessoas com quem se cruza na em-
dos para trabalharem, com isso, é evidente que não há mais espaço presa, “bom dia” ou “como tem passado?” são exemplos, e ofereça
no mercado de trabalho para profissionais medíocres, desqualifica- ajuda sempre que for oportuno;
dos e despreparados, mas sim para profissionais que sejam habili- 3. Em ambiente profissional utilize, preferencialmente, o aper-
dosos, com pré-disposição para o trabalho em equipe, com visão to de mão em vez do beijo na face;
ampliada, conhecimento de mercado, iniciativa, espírito empreen- 4. Lembre-se que em trabalho o comportamento tende a ser
dedor, persistente, otimista, responsável, criativo, disciplinado e formal e não informal;
outras habilidades e qualificações. 5. Levante-se quando apresenta ou é apresentado e sempre
que algum superior entra na sua sala. Em caso de esquecimento do
É importante procurar estar preparado para o mercado de tra- nome do interlocutor não entre em pânico e caso seja incontorná-
balho, a qualquer momento da vida, independentemente do fato vel, lamente o fato de forma elegante e prossiga o diálogo;
de estar ou não empregado. A história do mercado de trabalho atu- 6. Não use o celular durante reuniões ou almoços de trabalho.
al tem mostrado que independentemente do cargo exercido, deve- 7. Só em caso de extrema urgência se deve levantar de uma
-se estar sempre preparado para mudanças que poderão surgir e mesa de refeição antes da sobremesa;
mudarão todo o rumo da carreira, as organizações não são eternas 8. Evite as bebidas alcoólicas durante festas e eventos do tra-
e nem os seus colaboradores. balho;
Não se engane, não existem mais quaisquer garantias de em- 9. Agradeça sempre cada reunião ou refeição de negócios;
prego por parte das organizações, trazendo aos profissionais em- 10. Vista-se adequadamente para cada atividade da sua agen-
pregados nelas um ônus constante para manter o seu emprego. Se da de trabalho.
para aqueles que estão empregados manter a sua empregabilidade
não é uma tarefa fácil, para aqueles que estão ingressando no mer- Características dos Bons Profissionais
cado de trabalho atual, as dificuldades são ainda maiores.
De acordo com Tarrafa5, dentro do contexto profissional, as Preparado para Mudanças
pessoas devem adaptar os seus comportamentos consoante as áre- As organizações atualmente buscam por profissionais adap-
as profissionais em que estarão inseridas, ou seja, conhecer bem as táveis, porque tudo no mundo moderno muda, as tecnologias, as
regras do meio onde estão inseridos é fundamental para o sucesso relações de emprego, o mercado, os valores e o modo de encontrar
profissional, tanto das pessoas quanto das empresas. soluções para os problemas mudaram, enfim tudo mudou significa-
A cada dia, surgem novas tecnologias e novas formas de se exe- tivamente nos últimos anos e continuarão mudando. Portanto de-
cutar as tarefas, e junto com elas as relações de trabalho que exi- ve-se de acompanhar o ritmo das coisas, muitos profissionais pen-
gem uma nova postura profissional, a de desenvolver as “habilida- sam que podem fazer as mesmas coisas e do mesmo modo durante
des” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na verdade, toda a vida e depois reclamam porque não são bem-sucedidos.
algumas dessas habilidades só ganharam destaque recentemente,
enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando-se. Veja-se Competência
algumas delas: Competência é uma palavra de senso comum, utilizada para
1. Espera-se que os profissionais tenham uma apresentação designar uma pessoa capaz de realizar alguma coisa, o antônimo
básica, e o novo profissional deve demonstrar também esforço e disso, é incompetência, e implica não só na negação dessa capaci-
interesse incansáveis para aprender. dade como também na depreciação do indivíduo diante do circuito
2. É necessário ter um ânimo permanente, disposição para o do seu trabalho ou do convívio social.
trabalho e para correr atrás do que se quer. Para ser contratado em uma organização ou para a sua ma-
3. O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e nutenção de emprego não basta ter diplomas e mais diplomas se
boa administração do seu tempo e das suas tarefas. não existir competência. Por exemplo, um profissional que se for-
4. Muitas organizações começam a mostrar interesse em inves- mou em direito, até mesmo na melhor universidade, mas que não
tir na capacitação de seus colaboradores, mas para isso, é preciso sabe preparar uma peça processual não terá valor competitivo quer
uma sólida relação de confiança mútua. como profissional empregado, quer como prestador de serviços.
5. A ética é fundamental no trabalho, sem ela nenhuma relação A competência é o fator chave que atrelada à diplomação lhe
profissional pode dar certo. dará subsídios profissionais para ser bem-sucedido, por isso pode-
mos afirmar categoricamente que a competência não é composta
Regras para uma boa Postura Profissional pelo diploma por si só, apesar de que ele contribui para a composi-
ção da competência.
De forma a deixar transparecer uma boa imagem pessoal e,
consequentemente, uma correta postura profissional, apresenta-se Espírito Empreendedor
10 regras elementares que contribuem para isto: Os dias do funcionário que se comporta apenas como funcio-
1. Sorria sempre que é apresentado ou que lhe apresentam al- nário podem estar contados, a visão tradicionalista de empregador
guém, quando rever um conhecido acrescente sempre que possível e empregado, chefe e subordinado está caminhando para o desuso.
uma frase cordial como “que surpresa agradável”; O sorriso é sem- As organizações com visão moderna estão encarando seus
pre um facilitador nas relações humanas. funcionários como colaboradores ou parceiros e implementando a
visão empreendedora. Isso significa que os empresários percebe-
ram que dar aos funcionários a possibilidade de ganhar mais do que
5 TARRAFA, A. Imagem Pessoal vs Postura Profissional; Comunicação simplesmente o salário mensal fixo, tem sido um bom negócio, pois
Empresarial; SP, 2010.

349
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

faz com que o profissional dê maiores contribuições à organização, Aquele que vive mal-humorado: esses são, sem dúvida, uns
garantindo assim o comprometimento da equipe na busca de resul- dos mais evitados pelos outros colaboradores. Existe algo pior do
tados positivos. que conviver com quem vive reclamando da vida ou que vive de
mau humor? Pessoas de “mal com a vida”, repelem as outras pesso-
Equilíbrio Emocional as de perto delas. Ninguém tem a obrigação de estar sorrindo todos
Dito de modo simples, é o preparo psicológico para superar os dias, mas isso não significa que temos o direito de estar sempre
adequadamente as adversidades que surgirão na empresa e fora de mau humor.
dela. Vamos chamar o conjunto de problemas que todos nós pos-
suímos de saco de problemas. As empresas querem que deixemos Aquele que não tem higiene pessoal: somente o próprio pro-
o nosso saco de problemas em casa. Por outro lado, os nossos fami- fissional é capaz de conseguir conviver com ele mesmo. Isso porque
liares querem que deixemos nosso saco de problemas no trabalho. o corpo dele está condicionado a suportar isso. É necessário cuidar
Diante disso, a pergunta que surge é: onde colocar nosso saco da própria higiene e minimamente da aparência. Cabelos bem es-
de problemas? Realmente é uma boa pergunta, é justamente por covados, unhas cuidadas e limpas.
isso que para tornar-se um profissional de sucesso é necessário que
tenhamos equilíbrio emocional, pois não importa quais problemas Aquele que não respeita os demais: o respeito aos outros é
tenhamos de caráter pessoal, nossos colegas de trabalho, subordi- fundamental para o convívio em grupo. A falta de respeito, existem
nados, diretores e gerentes, enfim, as pessoas como um todo não em profissionais que não sabem respeitar seus colegas.
tem culpa deles e não podemos descarregar esses problemas neles.
Quando falamos em equilíbrio, emocional, é importante ava- Aquele que é egoísta: egoísmo é algo difundido nas organiza-
liar também as situações adversas pelas quais todos os profissionais ções até mesmo porque a competitividade interna é muito grande.
passam. É justamente aí que surge o momento da verdade que o Pensar somente em si mesmo o tempo todo não é a melhor alter-
profissional mostrará se tem o equilíbrio emocional. nativa para o profissional.

Marketing Pessoal Aquele que brinca demais: brincar é bom, desde que as brinca-
O marketing pessoal pode ser definido como o conjunto de fa- deiras sejam saudáveis, num clima de respeito e equilíbrio. Aqueles
tores e atitudes que transmitem uma imagem da pessoa. Esses fato- que brincam a todo o momento são pessoas extremamente incon-
res incluem vestimenta como um todo, os modos pessoais, o modo venientes e irritam quem está a sua volta. Isso tira a credibilidade
de falar e a postura do profissional diante dos demais. do profissional e pode lhe trazer problemas com a ambientalização.
Referindo-se à vestimenta, cabe salientar que o profissional
deve vestir-se adequadamente ao ambiente em que está inserido. Aqueles que são inflexíveis: já observou aqueles profissionais
Se a sua empresa adota um padrão formal, obviamente a sua vesti- que são os únicos que se acham certos? Pois bem, isso é um grande
menta deve estar em conformidade com ela e o mesmo se refere a problema para a convivência em grupo. É importante que todos te-
uma entrevista de emprego. Da mesma forma, seria um contrassen- nham em mente que não estamos certos o tempo todo e nem tam-
so usar terno e gravata para trabalhar em uma linha de produção. pouco precisamos fazer valer perante os outros as nossas próprias
Portanto, a regra básica é vestir-se em conformidade com o que ideias a todo o momento.
pede o seu ambiente de trabalho.
Então, Marketing Pessoal é divulgar a imagem do “produto” As qualificações, comportamentos e atitudes dos bons profis-
que é você, cuidar de você como uma marca para ser atrativo aos sionais são muitas e estão em constante mudança. Mas com certe-
olhos do mercado de trabalho. za aqueles que procuram o auto aprimoramento estarão mais bem
preparados para tornarem-se excelentes profissionais.
Comportamentos que o profissional deve evitar

Vou destacar alguns dos defeitos que além de prejudicar a RELAÇÕES INTERPESSOAIS
ambientalização dentro da organização, caracterizam tais pessoas
como maus profissionais: Segundo Brondani6, o Relacionamento Interpessoal ou Rela-
ções Interpessoais, no âmbito da sociologia e psicologia, significa
Aquele que fala demais: já viu aqueles profissionais que são uma relação entre duas ou mais pessoas, isto é, a ligação, conexão
os primeiros a propagar as notícias ou as “fofocas” dentro da em- ou vínculo entre elas, que ocorre em um determinado contexto, po-
presa? Essas pessoas recebem uma informação, sequer sabem se dendo ser o ambiente de trabalho, familiar, social, religioso, amo-
são confiáveis, mas passam adiante e o que é pior, incluindo infor- roso, educacional e etc. Para compreendermos o Relacionamento
mações que sequer existiam inicialmente, alterando totalmente a Interpessoal, é necessário conceituar o que é Relacionamento In-
informação recebida. trapessoal e Competência Interpessoal, vejamos:

Aquele que fala mal dos outros: são aqueles profissionais, se é


que existe algum profissionalismo nisso, que insistem em falar so-
bre seus colegas de trabalho, longe destes é claro, aquilo que com
certeza não seriam capazes de falar na frente deles. Por isso, a regra
é: se você não tem coragem de falar algo na frente do seu colega, 6 BRONDANI, J. P. Relacionamento interpessoal e o trabalho em equi-
nunca fale pelas suas costas. pe: uma análise sobre a influência na qualidade de vida no trabalho.
Porto Alegre, 2010.

350
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Relacionamento Intrapessoal (relacionamento da empresa com intervenientes do exterior). Elton


É a aptidão que uma pessoa tem de se relacionar com ela mes- Mayo[ Elton Mayo foi um cientista social, australiano, falecido em
ma, ou seja, com os seus próprios sentimentos e emoções, esse tipo 1949, ele é considerado o fundador do movimento das Relações
de relacionamento é de elevada importância porque vai determinar Humanas, movimento esse que se opôs aos princípios do trabalho
como cada pessoa age quando é confrontada com situações do dia de Taylor.] e Fritz Jules Roethlisberger[ Fritz Jules Roethlisberger
a dia. Para ter um relacionamento intrapessoal saudável, um indi- (1898 - 1974) foi um cientista social, teórico da administração da
víduo deve exercitar áreas como a autoafirmação, automotivação, Harvard Business School.] foram dois dos nomes mais sonantes no
autodomínio e autoconhecimento. estudo das teorias das relações humanas.
Alguns profissionais preocupados com o desenvolvimento hu-
Competência Interpessoal mano e organizacional, começaram a perceber e valorizar a impor-
Para Moscovici[ MOSCOVICI, Fela. Equipes Dão Certo. Rio de tância de estudar e desenvolver as relações humanas e interpesso-
Janeiro: José Olympio, 1994.], a Competência Interpessoal é a ha- ais para favorecer o aumento da produtividade, eficácia e qualidade
bilidade que o ser humano tem para lidar de forma eficaz em rela- de vida dentro do ambiente de trabalho em que, geralmente, é o
ções que ocorre entre duas ou mais pessoas, ou seja com o rela- espaço onde as pessoas passam o maior tempo do seu dia.
cionamento interpessoal. Além dessa habilidade, as pessoas devem Se considerarmos a interação de pessoas num ambiente orga-
possuir flexibilidade em lidar com outros indivíduos dentro de sua nizacional, temos que levar em consideração que elas não funcio-
diversidade de maneira que possa suprir às necessidades de cada nam como máquinas e que muitas vezes o comportamento de cada
uma e às exigências da situação. indivíduo é diferente do que se espera. Isso porque, quando esta-
mos em interação com outras pessoas, o funcionamento de ser de
De acordo com o dicionário de significados, o Relacionamento cada um é afetado, alterando o que se poderia chamar de “previsto
Interpessoal sugere uma relação social, isto é, um conjunto de nor- ou esperado”. Para Moscovici[ MOSCOVICI, Fela. Equipes Dão Cer-
mas comportamentais que orientam as interações entre membros to. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.], a interação humana ocorre
de uma sociedade7. em dois níveis concomitantes e interdependentes nas organizações,
O contento desse relacionamento pode ser de múltiplos níveis que são eles:
e abranger diferentes sentimentos como o amor, a amizade, a com- - Nível 1: Nível da Tarefa, que é a execução das atividades indi-
paixão, e etc. Sendo assim, um relacionamento interpessoal pode viduais e em grupos.
ser também marcado por características e situações como compe- - Nível 2: Socioemocional, refere-se às sensações e sentimentos
tência, transações comerciais, inimizade, etc. Assim ele poderá ser que são gerados pela convivência.
determinado e alterado de acordo com um conflito interpessoal,
que aparece de uma divergência entre dois ou mais indivíduos. Se esses sentimentos são positivos, o nível da tarefa é facilita-
do, gerando uma produtividade satisfatória, caso contrário, o clima
Relacionamento Interpessoal no Ambiente de Trabalho emocional não é satisfatório, a tarefa passa a sofrer os efeitos, que
muitas vezes se manifestam com interações de desagrado, antipa-
O processo de interação humana encontra-se presente em to- tia, aversão etc.
dos os ambientes, principalmente nas organizações, e a maneira A interação socioemocional pode favorecer o resultado do tra-
como se dão essas interações influencia os resultados da organiza- balho e as relações interpessoais. Se os processos são construtivos,
ção como um todo. A convivência não é uma tarefa fácil, e conviver a colaboração e o afeto predominam, o que possibilita a coesão do
com o outro no trabalho sem entender o comportamento de cada grupo, caso contrário, o grupo passa a ter conflitos internos. O que
um é praticamente impossível. se observa é que para trabalhar bem, e em grupo, as pessoas pre-
No contexto profissional, o Relacionamento Interpessoal é de cisam possuir não apenas Competências Técnicas para realizar suas
extraordinária importância, quando positivo contribui para um bom funções, mas também Competências Emocionais.
ambiente no clima organizacional, o que pode proceder em um au-
mento da produtividade e melhoria dos resultados como um todo. O Relacionamento Interpessoal e os Conflitos
O ser humano é um ser social e interage em diversos grupos,
Nas organizações o relacionamento saudável entre duas ou entretanto nem todo indivíduo consegue relacionar-se com as di-
mais pessoas é alcançado quando: ferenças sociais e acaba, conscientemente ou não, ocasionando
- Elas conhecem a si mesmas (autoconhecimento); problemas e/ou conflitos nas relações com ele mesmo ou com as
- São capazes de se colocar no lugar dos outros (empatia); outras pessoas, sejam elas colegas de trabalho, familiares, amigos e
- Expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofen- da sociedade em geral.
der o outro (assertividade);
- São cordiais e têm um sentido de ética. O processo de interação humana é complexo, e ocorre perma-
nentemente entre pessoas, então no momento em que um indi-
A sociologia nos Estados Unidos abordou de forma intensiva víduo faz parte de um determinado grupo ele começa a aprender
as questões relacionadas com relações humanas e as suas aplica- assimilar os valores, códigos e regras básicas de relacionamento do
ções no contexto das políticas organizacionais. Estas relações hu- grupo, que poderão entrar em conflito com os seus valores já apren-
manas podem ser categorizadas em relações industriais (relativas didos, no primeiro grupo em que desenvolveu seu processo de so-
à indústria), laborais (no ambiente de trabalho) e relações públicas cialização, dificultando a interação, a comunicação e a expressão de
7 Disponível em: https://www.significados.com.br/relacionamento-in- emoção. Contudo, se estiver disposto a trabalhar a Competência In-
terpessoal/ terpessoal, possivelmente, não terá problemas no relacionamento.

351
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Quem escolher desenvolver a competência interpessoal preci- A seguir listamos algumas dicas, que acreditamos ser essenciais
sará estar disposto e disponível a entrar no processo de crescimen- para que as pessoas tenham sucesso pessoal e profissional em seus
to pessoal, com o auxílio de um profissional, que ajudará a desen- relacionamentos, vejamos:
volver:
- Autopercepção; - Seja Cordial: a educação é fundamental em todos os tipos de
- Autoconscientização; relacionamentos, falar “bom dia”, “obrigado”, “por favor”, “com li-
- Autoaceitação; cença” faz toda a diferença no dia de quem fala e no dia da pessoa
- Autoconhecimento; que ouve. Além do mais, receber as pessoas com um sorriso no
- Flexibilidade perceptiva e comportamental; rosto, alegria, disposição e uma palavra de incentivo, faz com que
- Criatividade para soluções mais originais; todos o admirem e respeitem ainda mais.
- Feedback; e
- Dimensão afetiva. - Seja Otimista (não seja uma pessoa negativa): pessoas que só
reclamam das adversidades e tem uma postura negativa diante das
O profissional que conseguir aliar a competência interpessoal mais diversas experiências e situações que acontecem em sua vida,
com a técnica, demonstrará estar mais preparado e fará a diferença acaba afastando os outros, por conta deste tipo de comportamen-
para ingressar em um ambiente de trabalho com valores, atitudes to, pois isso é altamente contagioso, pois a pessoa passa a reclamar
e conteúdos intelectuais e emocionais que contribuirão na relação de tudo e não consegue enxergar mais nada de positivo nas coisas
com a organização, sua carreira, família e sociedade. que acontecem em sua vida.
O ser humano busca sempre a felicidade, a realização de seus Portanto evitar este tipo de comportamento, seja na vida pes-
sonhos e a convivência pacífica e harmoniosa com os outros, tanto soal ou profissional, é muito benéfico para a qualidade dos relacio-
dentro quanto fora das organizações, sendo assim as relações de namentos. Quando as pessoas são otimistas, veem o lado bom das
amizade e respeito fortalecem o convívio entre as pessoas. Por isso coisas, independente se foi algo ruim ou não, afeta positivamente o
que um bom relacionamento interpessoal deriva de relações que ambiente. Pois o mundo está repleto de pessimistas, e não é disso
respeitam a ética em primeiro lugar. que as pessoas precisam. Os seres humanos precisam serem mais
corrompidos por atitudes de amor e colaboração, e estas também
Dicas para melhorar o seu Relacionamento Interpessoal é uma excelente forma de tornar as relações mais leves, confiantes
Como já expresso anteriormente, todas as pessoas são relacio- e seguras.
nais, e devido a isso todos nós precisamos construir bons relaciona-
mentos para assim conseguirmos alcançar nossos sonhos, metas e - Desenvolva a Empatia: segundo o dicionário de significados a
objetivos e, consequentemente, sermos pessoas felizes na vida. Isso empatia leva os indivíduos a ajudarem uns aos outros, e ela está for-
tudo faz parte do processo de desenvolvimento, como empreender temente ligada ao altruísmo (amor e interesse pelo próximo), sendo
e ser humano tanto em casa, com os familiares, amigos, quanto no assim ela é a capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue
ambiente profissional, com os empresários, colegas de trabalho, co- sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar,
laboradores/servidores, clientes, parceiros, sócios e fornecedores. desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.
A forma como as pessoas se comportam e mantém as suas Empatia é uma das palavras chave em todos os tipos de rela-
relações interpessoais é determinante para que elas obtenham o cionamentos, pois entender o que o outro passa, como ele se sente
sucesso que tanto almejam, por isso que é necessário manter uma e, com isso, buscar ajudá-lo com os recursos que estiverem ao seu
relação harmoniosa e respeitosa com todos. alcance, fará com que as relações deem um salto incrível de me-
Lidar com os diferentes aspectos que cada ser humano apre- lhoria. As pessoas podem e devem se colocar no lugar dos outros,
senta não é uma das tarefas mais fáceis que existem, porém, não é porém sem esquecer dos seus próprios anseios e expectativas, já
por causa disso que as pessoas devem desistir, afinal não há muita que também é parte importante nas relações que desenvolve ao
opção, já que, todo mundo, todos os dias precisam desenvolver, da longo de seu caminho.
melhor maneira possível, os relacionamentos.
Marques[ MARQUES, M.; Relacionamento Interpessoal: a for- - Ouça mais e fale quando necessário: presentemente, o que
ma como você se relaciona com as pessoas; Brasília, 2018.] afirma mais pode-se observar nos relacionamentos é uma vontade das
que mesmo as pessoas ouvindo muito falar que para ter sucesso na pessoas em falar e emitir opiniões, e vê-se muito pouco alguém ou-
vida é preciso investir em conhecimento, isto é, ler bastante livros, vindo verdadeiramente, prestando atenção no que o outro tem e
jornais, portais de notícias, fazer uma boa graduação e pós-gradu- quer dizer. Diante do exposto, as pessoas precisam fazer este exer-
ação, mestrado ou doutorado, assistir a filmes, vídeos e documen- cício diário de ouvir mais e falar menos, pois muitas pessoas ne-
tários, as pessoas, antes de tudo isso, precisam também saber se cessitam serem ouvidas e não encontram espaço para se expressar.
relacionar.
Ser cordial, educado, prestativo, ético, entre outros compor- Toda vida, isso não significa que as pessoas têm que serem
tamentos e características na relação interpessoal, farão com que omissas. Elas podem sim e, inclusive, devem dar opiniões e suges-
as pessoas sejam respeitadas e consequentemente, com que todos tões, oferecer feedbacks à equipe desde que, elas não ofendam ou
se coloquem à disposição para ajudá-lo a alcançar seus objetivos. denigram a integridade de ninguém. No entanto, é essencial com-
Sendo assim, o conhecimento teórico/técnico é bem importante, preender todos os ângulos das situações, para não sair por aí fa-
porém, de nada adianta, se a pessoa é alguém que trata mal os lando o que não deve. Além disso, ouvir mais representa também
demais, que não respeita o jeito de ser do outro, não tem empatia buscar receber feedbacks sobre sua atuação como empreendedor e
e não aceita cada pessoa como ela é. fazer isso uma oportunidade de melhoria contínua.

352
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

- Coloque-se à Disposição: Assim como ouvir mais, os seres hu- preensão de como a pessoa atua no trabalho, dificultando ou facili-
manos precisam se colocarem mais à disposição das pessoas para tando as relações. Ela ainda afirma que as dificuldades encontradas
ajudá-las a alcançarem seus objetivos, pois todos dispomos de habi- são a falta de objetivos pessoais e dificuldade em priorizar e ouvir.
lidades e conhecimentos que, às vezes, a pessoa ao nosso lado não O envolvimento de todos na organização é importante: desde
tem. Quando ajudamos o outro, sem cobrar ou pressioná-lo para o gestor que saiba ouvir seus colaboradores e que forneça feedback
nos devolver algo em troca, conseguimos ficar muito mais satisfei- para seus subordinados até o colaborador que deve procurar seu
tos e realizados e deixar as demais pessoas com o mesmo sentimen- autoconhecimento, priorizar seus objetivos e também saber ouvir
to, trazendo assim mais gratidão. o outro. Estas são ações que contribuem para que o ambiente de
trabalho seja saudável.
- Julgue menos: a partir do momento que os indivíduos buscam As emoções, inerentes ao indivíduo, inevitavelmente se fazem
compreender mais a forma como o outro se comporta, julgando presentes nas relações de trabalho tanto positivas quanto negati-
cada vez menos as suas atitudes, mostram que valorizam a pessoa vas. De acordo com Bom Sucesso[ Idem], três emoções primárias
e a aceitam da forma que ela é, independentemente de seus pontos atuam sobre o comportamento: o medo, a ira e o afeto, que se
de melhoria. apresentam de forma direta ou através de disfarces ou máscaras.

- Desenvolva o Autoconhecimento: para obter melhorias contí- O Medo: é um entrave dentro das organizações, porque as pes-
nuas nos relacionamentos interpessoais, é preciso que todos invis- soas não demonstram essa emoção, o que fazem é disfarçar; em
tam em autoconhecimento, pois, dessa forma, as pessoas saberão consequência disso tornam-se desmotivadas, descrentes de suas
como se comportar melhor em determinadas situações e também capacidades de inovar e criar. O medo aparece sob várias situações,
irão reconhecer os recursos internos que tem para ajudar aqueles como por exemplo, demissões por atritos com gestores ou por en-
que estão ao seu redor. xugamento de quadro, pressão, punição, levam a climas desagradá-
veis dentro das organizações, influenciando o comprometimento, a
O Líder e a sua Influência no Relacionamento Interpessoal motivação e a confiança.

Numa organização, a presença de um líder habilidoso é bem A Ira: também está presente sob diversas formas, como por
importante no processo de Relacionamento Interpessoal, pois ele exemplo, a inveja do outro, de suas capacidades ou competências,
poderá conduzir sua equipe para o sucesso e, se possuir habilidades disputa por cargos, causando até humilhação. A ironia é uma for-
para lidar com as emoções e com a qualidade de vida, fará a dife- ma de raiva dissimulada, que agride, fere e magoa, assim como a
rença de forma positiva no seu grupo de trabalho. hostilidade que começa com irritação, falta de cortesia e queixas e
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) não decorre apenas de que aos poucos vai crescendo chegando a transformar-se em ódio.
bons salários e planos de benefícios, mas também do tratamento
humano que valorize a gentileza, a possibilidade de expressar os O Afeto: nas relações de trabalho é a emoção capaz de cons-
pontos de vista divergentes, do respeito, do relacionamento since- truir dias melhores nas organizações que requerem coragem, leve-
ro. za, consistência, rapidez, exatidão e multiplicidade.
No ambiente organizacional, as pessoas apresentam seu modo
pessoal de lidar com seus sentimentos e emoções, e esse modo Essas emoções, quando negativas causam sofrimento e preci-
própria entra em contato com outros indivíduos, que também pos- sam ser trabalhadas para que as relações interpessoais se tornem
suem sua maneira própria. Essas emoções entram em contato dia- saudáveis melhorando a qualidade de vida no trabalho. Requer par-
riamente, criando uma atmosfera diferente em cada setor, cada de- ceria, cooperação, polidez e respeito (virtudes derivadas do amor).
partamento, visto que cada local tem suas características próprias Os líderes têm grande papel na mudança e manutenção das re-
de conduzir seu trabalho, de discutir os problemas e de liderança. lações interpessoais, por meio de incentivos e medidas que tornem
o clima positivo, que levem a satisfação do trabalho mantendo um
As pessoas são compostas de sentimentos e emoções, e ne- diálogo aberto e franco prevenindo conflitos.
cessitam amar e serem amadas, compreender e serem compreen- Mudar o comportamento e alterar hábitos enraizados, como a
didas, aceitar e serem aceitas. Dito isso, aprendendo a lidar com as falta de objetivos pessoais, dificuldades em priorizar e dificuldade
diferenças, essa segurança afetiva pode levar a um equilíbrio emo- em ouvir, entre outros, exige disciplina, persistência e determina-
cional e, consequentemente, a um ambiente de trabalho saudável ção e dependem somente do próprio indivíduo, do valor que atribui
e produtivo. à vida, da autoestima e autoimagem e do engajamento profissional,
político e social.
As relações interpessoais estão cada vez mais sendo valoriza-
das no cenário das organizações, o capital humano faz a diferença, Ética nas Relações Interpessoais
pois as pessoas que são a vantagem competitiva das organizações De acordo com Sá8, a ética deve ser compreendida como “a
e o bem-estar no ambiente de trabalho resulta em produtividade e ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes”. Dito
resultados. isso a ética relaciona a conduta de uma pessoa à sua relação com
De acordo com a autora Edina de Paula Bom Sucesso[ BOM SU- outra pessoa. Arantes9 podemos nos lembrar daquela frase que
CESSO, Edina de Paula. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida praticamente todas as pessoas conhecem: “a liberdade de uma
no Trabalho. São Paulo: Qualitymark, 2002.], o autoconhecimento
e o conhecimento do outro são componentes essenciais na com-
8 SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 8.Ed. São Paulo: Atlas, 2009.
9 ARANTES, E.; Ética e Relações Interpessoais, Curitiba/PR, 2013.

353
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

pessoa termina quando começa a liberdade do outro”, isso significa (C) a satisfação do funcionário está diretamente relacionada
que existem limites para o convívio, existem regras que impomos e com a avaliação positiva do público.
que desejamos que sejam respeitadas. (D) o treinamento não é uma das estratégias para a melhoria
A ética está presente na vontade e nas atitudes honradas de contínua do nível de satisfação do público.
uma pessoa em relação a ela mesma e em relação aqueles com
quem convive. A virtude está presente nas relações em que se bus- 4. Uma forma de feedback negativo, no atendimento telefônico
ca o bem comum. Assim sendo, a ética existe quando o indivíduo ao usuário, que deve ser evitado, é o robotismo expresso por
está na presença de outras pessoas, mas também, principalmente, (A) atendente tentar livrar-se do usuário.
quando está sozinho. (B) tratamento distante, sem envolvimento.
Arantes expõe também que, a ética é uma questão que compõe (C) dúvidas ou informações respondidas de forma automática.
a base da formação profissional de qualquer pessoa, e o reconheci- (D) atendente dirige-se ao usuário com tom de superioridade.
mento dela se faz na mesma proporção em que é demonstrada por (E) atendente informa que nesse sentido a organização é infle-
meio de palavras e atitudes, portanto, desempenhar uma atividade xível e autoritária.
profissional de maneira ética significa seguir os princípios morais
daquela sociedade, dentro do que prevê a lei, conforme o código de 5. (SEAP/DF - Técnico - IADES) Para que haja uma equipe de
ética de cada profissão. O cotidiano e os relacionamentos (princi- trabalho, é necessário que as pessoas tenham comportamentos dis-
palmente o interpessoal), exigem o comportamento ético de todos tintos. A respeito de equipes de trabalho e do comportamento dos
os indivíduos e as relações interpessoais compõem as habilidades membros dessas equipes, assinale a alternativa correta.
humanas que juntamente com habilidades técnicas e conceituais (A) Compartilham suas ideias, visando melhorar o desempenho
são exigidas dos profissionais que o mercado de trabalho busca.10 do processo como um todo, pensando no desempenho coleti-
vo.
(B) Mantêm postura autoritária, de maneira a garantir o foco
QUESTÕES
nos objetivos traçados.
(C) Desconfiam dos integrantes da equipe, pois acreditam que
1. Ao atender o público, deve-se ter boa vontade, profissiona- sempre existe alguém querendo tirar vantagem das situações.
lismo e, acima de tudo, respeito, tendo como foco ouvir o que as (D) Traçam os objetivos pessoais dos membros da equipe, de
pessoas têm a dizer. Um atendimento eficiente acontece quando: forma a garantir que cada um lute pelo próprio objetivo, pois
(A) não anotamos todos os recados e deixamos de encaminhar a competição entre os integrantes garante o crescimento da
à pessoa que precisa recebê-los. equipe.
(B) não temos paciência ao ouvir a pessoa, e a interrompemos (E) Realizam comunicação passiva, ou seja, se perguntarem
bruscamente. algo, o integrante responde; caso não seja questionado, ele
(C) tratamos a todos com desigualdade e impaciência. não colabora com o trabalho dos outros.
(D) falamos alto ou gritando e não transmitimos às informações
de maneira rápida e correta. 6. Oferecer um atendimento de qualidade envolve diferen-
(E) se não tiver resposta para a questão, procura a solução e tes desafios que devem ser enfrentados diariamente por aqueles
dá um retorno à pessoa atendida. Nunca deixe o atendimento servidores que estão na ponta do processo. Um deles é lidar com
sem reposta. usuários insatisfeitos que, muitas vezes, podem se comportar de
maneira inapropriada. Nestes casos, é fundamental que o servidor
2. O atendimento ao público pode ser feito de forma presen- demonstre estar preparado e treinado para gerenciar conflitos, fa-
cial ou por meio de telefone e requer conhecimentos, atitudes e zendo o melhor possível para oferecer ao cidadão alguma solução
comportamentos adequados. Em relação às atitudes e comporta- ou encaminhamento de reclamação. Sobre a postura correta do
mentos, assinale a alternativa que apresenta alguns dos aspectos servidor diante de situações de conflito no atendimento, incluem-
implícitos no atendimento ao público. -se, EXCETO:
(A) Palavras, diferenciação e apoio pessoal. (A) Evitar interpretações: toda reclamação deve ser tratada
(B) Aparência, expressão corporal e voz. com seriedade; diga que a reclamação será analisada e que
(C) Roteiro padrão, idoneidade e sigilo. será dada uma resposta.
(D) Honestidade, praticidade e visão. (B) Ouvir com atenção: procure ouvir o que o usuário tem a di-
(E) Confrontação, impessoalidade e zelo. zer para saber como identificar o problema e resolvê-lo, anote
todos os fatos importantes.
3. (IFN/MG - Assistente em Administração - FUNDEP) Com re- (C) Desculpar-se: diga que sente pelo ocorrido e acompanhe o
lação à comunicação interpessoal e atendimento ao público, é IN- problema; se possível, marque um prazo para que uma solução
CORRETO afirmar que seja apresentada ao usuário.
(A) o funcionário que tem capacidade de trabalhar com outras (D)Tentar justificar: diante do problema, o servidor deve tentar
pessoas é mais feliz e mais produtivo. apresentar ao usuário alguma justificativa ou desculpa com o
(B) o funcionário do setor de serviços frequentemente interage intuito de minimizar o problema.
com o público.

10 KATZ, R. L. Skills of an effective administrator. Harvard Business


Review, 1955.

354
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

7. Um grande diferencial para quaisquer organizações, sejam 9. Sobre o tema qualidade em atendimento, assinale a alterna-
elas públicas ou privadas, é a prestação de um atendimento de qua- tiva INCORRETA:
lidade. Atendimento de qualidade significa, dentre outros fatores, (A) O atendimento ao cidadão não deverá ser pautado pelos
oferecer ao usuário soluções ou encaminhamento às suas deman- princípios constitucionais da administração pública.
das e, ainda, preocupar-se com o seu conforto e bem-estar. Para (B) O cidadão pode utilizar as ouvidorias dos órgãos públicos
tanto, é importante que as organizações ofereçam treinamento para realizar reclamações sobre os serviços prestados.
adequado aos seus servidores, para que eles estejam sempre em (C) No atendimento ao público, ser tolerante é imprescindível.
conformidade com as boas práticas no atendimento ao cidadão. So- (D) As reclamações sobre os atendimentos oferecidos pelos
bre os requisitos essenciais para se alcançar a excelência no atendi- órgãos públicos devem servir de subsídio para a melhoria do
mento, assinale a afirmativa INCORRETA. serviço prestado.
(A) Empatia: consiste em tentar compreender sentimentos e
emoções, procurando experimentar, de forma objetiva e racio- 10. (UFGD - Assistente em Administração - UFGD/2019) A co-
nal, o que sente o outro indivíduo, ou seja, colocarse no lugar municação é uma ferramenta de gestão que contribui para o pro-
do outro. cesso de interrelação profissional no ambiente do serviço público
(B) Proatividade: ser proativo é ter a capacidade de realizar ou privado. No processo de comunicação, o meio pelo qual a men-
atividades que sejam necessárias antes mesmo de serem so- sagem é transportada, sendo um espaço, um ambiente, meio escri-
licitadas, é realizar uma ação antes que algo aconteça para ser to ou falado, é o
remediado. Quem age proativamente não espera, se antecipa. (A) ruído.
(C) Ética: a ética profissional proporciona ao profissional um (B) canal.
exercício diário e prazeroso de honestidade, comprometimen- (C) receptor.
to, confiabilidade, dentre tantos outros, que conduzem o seu (D) destino.
comportamento e tomada de decisões em suas atividades. (E) feedback.
(D) Foco: o servidor público deve ser transparente, no sentido
de transmitir confiança, honestidade e segurança ao prestar in-
GABARITO
formações e orientações ao usuário. O servidor deve trajar-se
adequadamente, utilizar roupas limpas e usar crachá, além de
mostrar organização. 1 E

8. É comum em entidades da Administração Pública a existên- 2 B


cia de setores direcionados ao atendimento externo (pessoas que 3 D
são apenas usuárias do serviço público prestado) e interno (pessoas
4 C
que trabalham dentro do órgão público: servidores, terceirizados,
estagiários etc.). Em ambas as situações, para que um usuário ou 5 A
um colega de trabalho receba um bom atendimento é necessária a 6 D
observância de algumas competências. Sobre as competências ne-
cessárias para que o servidor possa prestar um bom atendimento, 7 D
incluem-se, EXCETO: 8 B
(A) Conhecimento: é o resultado do processamento cognitivo
de informações necessárias para saber o que deve ser feito e 9 A
compreender as tarefas a serem realizadas. 10 B
(B) Organização: compreende as ações que interferem na ima-
gem do local onde o atendimento é realizado, ou seja, manter
o local limpo e arrumado, oferecer um ambiente climatizado e
iluminado, visando conforto e bem-estar do usuário. ANOTAÇÕES
(C) Habilidade: como instância da competência profissional, re-
fere-se à capacidade de comunicação e negociação, destreza
______________________________________________________
no uso de ferramentas e de instrumentos, e domínio no uso
de rotinas, normas e procedimentos específicos do dia a dia ______________________________________________________
de trabalho.
(D)Atitude: como instância da competência profissional, com- ______________________________________________________
preende o comportamento, postura e modo de atuação no
ambiente de trabalho. Nossa atitude é sustentada em valores, ______________________________________________________
princípios e crenças que desenvolvemos durante nossa vida, e
que são reforçados ou modificados em nossa vivência no mun- ______________________________________________________
do do trabalho.
______________________________________________________

______________________________________________________

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355
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

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